O SÃO PAULO 3071

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 60 | Edição 3071 | 30 de setembro a 6 de outubro de 2015

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Nos Estados Unidos, Papa pede às nações paz e solidariedade American US Congress

Em Filadélfia, Papa recorda a missão da família humana No Encontro Mundial das Famílias, que terminou no domingo, 27, em Filadélfia, nos Estados Unidos, famílias do mundo inteiro refletiram o tema “O amor é nossa missão”. O Papa Francisco esteve com os participantes e apontou que se a Igreja não aprofundar sua aliança com a família, a humanidade ficará distante da alegre notícia evangélica de Deus. Representantes da Arquidiocese de São Paulo participaram do Encontro e falaram, ao O SÃO PAULO, sobre a experiência vivida.

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1.600 anos para a escrita de toda a Bíblia. Você sabia? Aplaudido de pé durante discurso no Congresso norte-americano, Francisco aborda temas polêmicos como a pena de morte e venda de armas

Na viagem apostólica aos Estados Unidos, encerrada no domingo, 27, o Papa Francisco cumpriu extensa agenda de atividades, incluindo a inédita visita de um pontífice ao Congresso norte-americano e o discurso na sede da ONU, oportunidades em que convocou as nações à promoção da paz e da solidariedade, a partir do respeito à “casa comum” e do enfrentamento às situações que ferem a dignidade

112 anos de obra social criada por Santa Paulina Presente no bairro do Ipiranga desde 1903, a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição acolhe atualmente no contraturno escolar 286 crianças e adolescentes, no Educandário Sagrada Família. Página 22

o amor com pequenos gestos de carinho Atitudes simples ajudam a preservar a família, diante do crescente número de casamentos desfeitos. Página 9

humana, como as perseguições culturais e religiosas, a pena de morte, o tráfico de drogas e de pessoas, e a exploração da pobreza. O Papa também participou do Encontro Mundial das Famílias, exortou os bispos a serem promotores da “cultura do encontro” e garantiu não estar indiferente aos casos de abusos sexuais cometidos por clérigos.

Inspirados por Deus, mais de 40 autores escreveram a Bíblia, primeiro livro impresso do mundo. Essas e outras curiosidades, e os aspectos teológicos da Sagrada Escritura, essencial para a vivência dos cristãos, são tratados em reportagem especial nesta edição.

Páginas 14 e 15

Páginas 4, 10 a 13

Cardeal Scherer explica atribuições do Sínodo Dom Odilo detalha trabalhos que serão realizados na assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos, a ser iniciada no dia 4. Página 3

Nos templos, ruas e praças, o Mutirão Bíblico No encerramento do mês da Bíblia, setores pastorais das regiões episcopais Brasilândia, Belém e Lapa realizaram no último fim de semana celebrações com reflexões sobre a Sagrada Escritura. Páginas 18, 19 e 21

SP e o desafio de acolher imigrantes e refugiados “I Seminário Imigração e Moradia”, que teve entre os articuladores a Pastoral da Moradia e o Serviço Franciscano de Solidariedade, tratou das políticas de moradia a imigrantes e refugiados. Página 7

Presbíteros do Sul 1 elegem nova diretoria No “Paulistão Presbiteral” também foram escolhidos representantes do clero para o encontro nacional de 2016 Página 8

Ideologia de gênero leva a implicações biológicas e sociais Promovido pelo Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade da Arquidiocese, o “Seminário de Bioética: Ideologia de Gênero” reuniu, no sábado, 26, educadores, religiosos, religiosas e leigos, atentos aos debates sobre as questões de gênero entre os pais, professores e estudantes universitários, visto que a temática tem sido intensamente discutida nos planos nacional, estaduais e municipais de educação.

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2 | Ponto de Vista |

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Editorial

Da Igreja para as nações

P

odemos identificar vários temas no discurso do Papa Francisco na Assembleia das Nações Unidas, em 25 de setembro: paz, finanças internacionais, meio ambiente, desigualdades sociais e entre as nações, tráfico de seres humanos, de drogas e de armas etc. Contudo, uma passagem do discurso sintetiza sua mensagem geral: “A tarefa das Nações Unidas [...] pode ser vista como o desenvolvimento e a promoção da soberania do direito, sabendo que a justiça é um requisito indispensável para se realizar o ideal da fraternidade universal”. Francisco lembra a todas as nações que o ideal de um mundo fraterno e unido, regido pela justiça e o direito, é

a razão de ser da ONU. Pode parecer pouco, mas sabemos como esse ideal está longe da realidade atual. Por outro lado, quem ler o discurso proferido pelo Papa Bento XVI, na Assembleia das Nações Unidas, em 18 de abril de 2008, encontrará uma enorme semelhança tanto nos temas quanto nos apelos. E o mesmo acontecerá em relação a João Paulo II e Paulo VI, que também estiveram na ONU. É que a palavra da Igreja, ao conjunto das nações, será sempre a mesma: um convite à fraternidade, um apelo à paz e à solidariedade. Mas de que adianta os papas, que não têm poder econômico, armas ou exércitos, clamarem pela paz? Para nossos olhos contaminados pela poeira

do mundo, o convite ético parece inútil. Nós também tendemos a acreditar que a paz é fruto da força e da coerção. O século XX viu muitas tentativas de construção da paz baseadas na guerra. Algumas geraram males intermináveis, como os conflitos no Oriente Médio, choques entre povos irmãos que alimentados por intervenções desastradas de grandes potências se transformaram em tragédias mundiais – confirmando as tristes previsões de todos os papas que se pronunciaram sobre o tema nos últimos 50 anos. Patrocinando projetos ideológicos, poderes econômicos também tentam construir a paz mundial. Nesses casos, menos evidentes para a opinião pública, o que se tem visto é o enfra-

quecimento da família e das culturas locais, a dissolução da consciência da dignidade da pessoa humana diante do poder e do mercado. O mais bem-sucedido esforço de uma unidade entre as nações atuais, mesmo que cheio de problemas, é a União Europeia. Mas poucos sabem que ela nasceu fundamentalmente de um grupo de políticos mobilizados pelos ideais cristãos: Schuman, na França; Adenauer, na Alemanha; e Gasperi, na Itália. Não um fruto do poder ou da ideologia, mas sim do encontro e da diplomacia. Na construção do bem comum, a aparente ingenuidade dos papas é mais eficiente que o falso realismo dos que apostam no poder.

Opinião

Misericórdia e unidade: Papa Francisco convoca Ano da Misericórdia Arte: Sergio Ricciuto Conte

Ivanaldo Santos O Papa Francisco convocou um Ano Santo da Misericórdia para ser vivido nas comunidades da Igreja, por religiosos, padres e leigos, e pelas comunidades e pessoas que, por motivos diversos, estão fora da Igreja. O Ano Santo será oficialmente iniciado no dia 8 de dezembro de 2015, na Solenidade da Imaculada Conceição, com a abertura simbólica da Porta da Misericórdia na catedral de Roma, a Basílica de São João de Latrão, e terminará na solenidade litúrgica de Jesus Cristo, Rei do Universo, em 20 de novembro de 2016. De acordo com o Papa, na Bula de proclamação do jubileu extraordinário da misericórdia, Misericordiae Vultus, o ano de 2015 foi escolhido para ser o “Ano da Misericórdia” por se tratar, dentre outros, do ano onde se comemoram os 50 anos do encerramento do Concílio Vaticano II. Um concílio que abriu as portas da Igreja para anunciar o Evangelho de maneira nova, uma nova etapa na evangelização. Um novo compromisso para os cristãos de testemunharem, com mais entusiasmo e convicção, a sua fé. O Papa Francisco coloca que o Ano da Misericórdia tem duas funções principais. A primeira é promover a unidade interna na Igreja, uma unidade necessária diante de tantos radicalismos e incompreensões que abalam internamente a Igreja no mundo contemporâneo.

Atualmente, a Igreja encontra-se profundamente dividida em polos ideológicos e antagônicos e, por isso, o Papa clama por unidade. A segunda é o cristão ir ao encontro das mais variadas periferias existenciais, que, muitas vezes, o mundo contemporâneo cria. Uma das finalidades do encontro com as periferias existenciais é promover a conversão e a misericórdia com os diversos grupos so-

ciais que vivem, de diversas formas, como prisioneiros das novas escravidões da sociedade contemporânea (as drogas, o terrorismo, a corrupção, o desamor, o abuso do poder, as ideologias etc). Para o Papa Francisco, uma das causas, dentre outras, da existência da pobreza, da corrupção e dos demais males que afligem o mundo contemporâneo é o egoísmo e o distanciamento do homem do

amor de Deus. Por causa disso, o Papa coloca que é preciso levar a misericórdia de Deus para a periferia existencial e, com isso, procurar abrir o caminho da ação de Deus e da Doutrina Social da Igreja (DSI). O mundo atual precisa da misericórdia de Deus e da ação da Doutrina Social da Igreja. O Papa espera que nas comunidades cristãs (paróquias, conventos etc), durante o Ano da Misericórdia, as pessoas que estejam com algum problema ou angústia possam encontrar um “oásis de misericórdia”. Por isso, o Papa deseja que sejam praticadas as obras de misericórdia corporal e espiritual. Por obras de misericórdia corporal, espera-se, por exemplo, dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos. Por obras de misericórdia espiritual, esperase, por exemplo, aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as pessoas molestas, rezar a Deus pelos vivos e defuntos. Por fim, afirma-se que a iniciativa do Papa Francisco, ao convocar o Ano da Misericórdia se faz necessária para o mundo atual, marcado pela corrupção, pela violência, pela indiferença e pela desumanização do ser humano. Ivanaldo Santos é Doutor em filosofia, professor do Departamento de Filosofia e do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERN

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

N

o domingo, 4 de outubro, o Papa Francisco celebrará a abertura da 14ª Assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos. Convido o leitor a me acompanhar, neste artigo, para clarear algumas ideias sobre o Sínodo e para acompanhar com mais proveito os trabalhos dessa importante reunião eclesial. Afinal, o que é o Sínodo dos Bispos? É um grande organismo da Igreja Católica, instituído há 50 anos pelo Papa Paulo VI, no final do Concílio Vaticano II. O Sínodo devia continuar, de alguma forma, a bela experiência de comunhão e participação de todos os bispos, com o Papa, na responsabilidade pela vida e a missão da Igreja toda. Paulo VI dispôs que o Sínodo retomasse, de tempos em tempos, os grandes temas do Concílio e atualizasse suas reflexões; assim, o próprio Papa daria novas orientações sobre esses temas, contando com a participação do episcopado do mundo inteiro. Um concílio não poderia ser facilmente reunido a cada poucos anos, pois precisaria reunir os bispos do mundo inteiro; mas um Sínodo, com menos participantes, pode ser reunido com certa frequência para refletir sobre as grandes questões que interessam a vida e a missão da Igreja. O Sínodo tem assembleias ordinárias a cada três anos; de vez em quando, acontece alguma assembleia

Sínodo reunido novamente extraordinária, como no ano passado (2014). O Sínodo é um organismo consultivo, a não ser que o Papa lhe conceda competência decisória em alguma matéria específica. As assembleias do Sínodo recolhem uma ampla reflexão e oferecem indicações ao Papa sobre os temas em pauta. O Sucessor de Pedro, depois, emite um documento, chamado “Exortação Apostólica Pós-Sinodal”; nele, o Papa se baseia nas reflexões do Sínodo, mas pode ir além delas, com sua reflexão pessoal, dando diretrizes e normas para a vida da Igreja em referência à questão tratada. Participam das assembleias do Sínodo, geralmente, mais de 300 pessoas, sobretudo bispos, representando as Conferências Episcopais de todo o mundo e escolhidos por seus pares para representá-los. Mas um certo número de bispos participantes também são escolhidos pelo próprio Papa, conforme previsto no Regulamento do Sínodo. Além dos bispos, há outras pessoas convidadas, de acordo com o tema; há sempre vários teólogos, peritos no tema, e também convidados de Igrejas cristãs não católicas. A assembleia do Sínodo é convocada e presidida pelo Papa; ele, no entanto, não coordena pessoalmente os trabalhos, mas confia essa tarefa a presidentes delegados, que serão quatro nesta 14ª Assembleia; entre eles, também estará o Cardeal de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis. Papel importante desempenham na assembleia o Relator do Sínodo e o Secretário Especial.

O Papa está presente em quase todas as reuniões, que acontecem durante três semanas, pela manhã e à tarde. Mas ele ouve muito e fala pouco; geralmente, só fala brevemente na abertura e na conclusão. O Papa convoca o Sínodo, justamente, para ouvir a Igreja, por meio dos participantes da assembleia sinodal. Depois, ele fala por meio da Exortação Apostólica Pós-sinodal. Durante as três semanas de assembleia, os participantes apresentam suas reflexões, em breves falas, que também entregam por escrito; todos fazem o exercício da escuta, que pode ser cansativa, mas é muito enriquecedora. Em seguida, há o momento de trabalhos em grupo, de acordo com as cinco línguas usadas na assembleia (italiano, inglês, francês, alemão e espanhol); os grupos têm a tarefa de recolher as reflexões mais destacadas e convergentes; e também de oferecer indicações para possíveis encaminhamentos práticos, a partir dos consensos que vão sendo formados. A missão do Sínodo, de fato, é a busca da comunhão e de caminhos comuns para a vida e a missão da Igreja. O tema da 14ª assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos é, novamente, a família: “vocação e missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. A Igreja considera que a família merece um lugar destacado nas preocupações dela mesma, mas também dos governos e responsáveis pela vida dos povos. Resta agora acompanhar a assembleia do Sínodo e, depois, acolher as orientações que o Papa Francisco dará a toda a Igreja e à humanidade sobre esse tema.

| Encontro com o Pastor | 3

Novas comunidades e movimentos Luciney Martins/O SÃO PAULO

As Coordenações Pastorais para o Laicato e para as Novas comunidades e Movimentos se reuniram com o Cardeal Scherer no sábado, 26, na sede da Região Episcopal Ipiranga. O encontro teve como pauta principal a avaliação da proposta de estatuto para a constituição de um conselho de leigos da Arquidiocese de São Paulo. O texto apresentado por Dom Odilo já havia sido amplamente discutido pelo grupo e foi aceito pela maioria dos presentes. Durante a reunião, Dom Odilo também falou sobre a realização do Ano da Misericórdia na Arquidiocese de São Paulo, recomendando que as organizações do laicato procurem realizar obras concretas de caridade e se envolvam nas peregrinações para as igrejas determinadas no território da Arquidiocese. A peregrinação em âmbito arquidiocesano das novas comunidades e movimentos para a Catedral da Sé ficou agendada para o Domingo da Misericórdia, 3 de abril, com missa às 11h. (Por Rafael Alberto)

Com associação de idosos José Luís de Mello Aquino

Na sexta-feira, 25, Dom Odilo esteve na assembleia da Associação Cultural e Beneficente para o Bem-estar do Idoso (ACBBEI), com a participação do Padre Bartolomeu da Silva Paz, pároco da Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrate, na Região Sé. (Por Daniel Gomes)

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Cracóvia Visita ao Santuário da Divina Misericórdia

Wadowice Visita ao Santuário Kalwaria


4 | Papa Francisco |

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L’Osservatore Romano

US Papal Visit

Aos bispos dos Estados Unidos: buscar a unidade No encontro com os bispos dos Estados Unidos, na quarta-feira, 23, na Catedral de São Mateus, em Washington, o Santo Padre reiterou que os bispos são defensores da “cultura do encontro” e garantiu que não mede esforços para incentivar o diálogo. Ao recordar que a primeira missão episcopal é a de “cimentar a unidade”, cujo conteúdo é determinado pela Palavra de Deus, Francisco disse que em um mundo “transtornado que busca novos equilíbrios de paz”, parte essencial da missão do episcopado é “oferecer aos Estados Unidos o fermento humilde e poderoso da comunhão”. (FG)

Ao sair do aeroporto de Filadélfia, no sábado, 26, o Papa Francisco, ao ver um menino em cadeira de rodas, pediu para que parassem o carro e foi ao encontro de Michael Keating, 10. Francisco beijou-lhe a testa e conversou com a família do garoto.

US Papal Visit/Michael Ehrmann

CNS/Paul Haring

‘Deus chora’ pelos abusos O Papa Francisco se reuniu na manhã do domingo, 27, com as vítimas de abusos sexuais cometidos por membros da Igreja. “Peço que acreditem que o Santo Padre ouve e acredita em vocês. Sinto profundamente que alguns bispos tenham falhado em sua responsabilidade de proteger as crianças. É muito preocupante saber que, em alguns casos, tenham sido os próprios bispos a cometerem os abusos. Prometolhes que seguiremos o caminho da verdade, aonde quer que nos leve. O clero e os bispos serão chamados a prestar contas se abusaram de crianças ou não foram capazes de protegê-las”, disse o Papa. “Deus chora profundamente. Os crimes e pecados dos abusos sexuais em menores não podem ser mantidos em segredo por mais tempo”, relatou o Papa, aos bispos hóspedes do Encontro Mundial das Famílias. (Por Fernando Geronazzo, com informações da Rádio Vaticano)

‘Servo dos servos de Deus’ Na tradicional conversa a bordo com os jornalistas realizada ao final das viagens, o Papa disse que não é uma “estrela”, mas que o pontífice é o “Servo dos servos de Deus”. Francisco também se declarou surpreendido pela calorosa acolhida recebida nos Estados Unidos. Falou, ainda, que o maior desafio para a Igreja nos Estados Unidos é estar próxima das pessoas e que “foi duro” com os bispos acerca dos abusos sexuais. Sobre o seu recente Motu Proprio que deu mais agilidade aos processos de nulidade matrimonial, o Papa reiterou que o “divórcio católico” não existe. “Ou não foi Matrimônio – e esta é a nulidade, não existiu – e se existiu é indissolúvel. Isso é claro”.

Pelas vítimas do 11 de setembro

Entre os encarcerados

O Papa visitou, na sexta-feira, 25, o Memorial Ground Zero, onde houve o Encontro Ecumênico e Inter-religioso em memória das vítimas do atentado terrorista de 2001. “Aqui, a dor é palpável [...] É o grito silencioso de quantos sofreram na sua carne a lógica da violência, do ódio, da vingança”, disse o Pontífice, que acrescentou: “Aqui, neste lugar da memória, proponho a cada um de vós que faça, à sua maneira, mas juntos, um momento de silêncio e oração. Peçamos ao Céu o dom de nos comprometermos pela causa da paz”. (FG)

No dia 25, o Pontífice foi à Prisão Curram-Fromhold. Ele disse visitar aquela prisão como pastor, mas sobretudo como irmão, para rezar com eles e encorajá-los. Por isso, citou a passagem evangélica do Lava-pés. Francisco afirmou que neste período de detenção, de modo particular, é necessária uma mão que ajude a reintegração social, desejada por todos. “Sejam artífices de oportunidades, artífices de novos caminhos. Todos temos que ser purificados”. (FG)


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Espiritualidade Espiritualidade e crise (II) Dom Devair Araújo da Fonseca

A

Bispo auxiliar na Região Brasilândia e vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação

o longo de toda a história da Igreja, encontramos relatos de vidas de homens e mulheres que enfrentaram crises e souberam dar uma resposta a partir da fé. A semelhança entre esses relatos e aqueles tirados da Sagrada Escritura não é exagero. Trata-se de uma mesma realidade de vida, alimentada pelo Espírito, em tempos e situações diferentes. Cada pessoa é um capítulo do mesmo livro que narra o encontro entre Deus e sua criatura na História. O apóstolo Paulo é um exemplo dessa síntese. Sua vida transcorreu entre a formação do Novo Testamento e o surgimento das primeiras comunidades cristãs. E foi nesse ambiente que ele fez a sua experiência pessoal de fé e crise. No caminho de Damasco, perseguindo os adeptos da “nova seita”, os seguidores de Jesus, Paulo tinha por objetivo reestabelecer as tradições do seu povo. Mas a experiência do encontro com o Senhor fez com que ele tivesse que reorientar suas iniciativas e sua missão, passando de perseguidor a perseguido. E essa não foi a única crise. Em sua vida ministerial, Paulo precisou mudar os destinatários de sua pregação, partindo para evangelizar os gentios.

Ele precisou, ainda, enfrentar crises de desconfiança da sua pregação, de conflitos internos e entre as comunidades e suas lideranças. Ao final, depois de superar as crises, Paulo contemplou sua vida e concluiu que tudo fazia parte do que ele mesmo chamou de bom combate (cf. 2Tm 4,7). Nenhum desses testemunhos individuais seria capaz de realizar a expectativa de sentido que o pecado impôs ao homem. Foi preciso esperar a “plenitude dos tempos” (cf. Gl 4,4) para que a descendência da mulher cumprisse a promessa, resgatando o sentido da criação: “Na realidade, o mistério do homem só se torna claro verdadeiramente no mistério do Verbo encarnado” (GS 22). Na experiência de Jesus, testemunhada pelos discípulos, a humanidade chega à sua crise definitiva. Em sua pregação, Jesus realizou muitos sinais, curas e milagres, com a intenção de falar do Reino de Deus. Seu agir e suas palavras colocaram em crise um modo de ser e de pensar, as práticas religiosas, culturais e sociais de seu tempo e todos os tempos. Mas sua entrada em Jerusalém marcou um novo desdobramento da missão, com a morte na cruz. Os discípulos foram atingidos por esse acontecimento. Como superar o fracasso da cruz, enxergando nesse lugar a presença e a ação de Deus? Como ver no sacrifício da cruz o gesto que esmaga a cabeça da serpente? Estamos vivendo um tempo de crise. Em nossas conversas, encontros e reuniões festivas ou de trabalho, falamos sobre crise. Melhor seria dizer que estamos vivendo um tempo de novas crises.

| Fé e Vida | 5

Fé e Cidadania Flores de Primavera Mas o povo de Deus é um povo habituado com as crises, não porque as procure, mas porque se encontra com elas em sua história. Assim como o crisol é submetido ao calor intenso para purificar o metal, a vida do cristão é provada pelo calor dos acontecimentos da vida. O Papa, na Bula MisericordiaeVultus, nos convida a não gastarmos esforços em elaborar “diagnósticos desalentadores”, mas a distribuirmos “remédios de esperança”. Assim, a pergunta mais importante não é pela origem de uma crise; o que importa é saber como respondemos a ela: se com esperança ou desânimo, se com coragem e confiança ou com medo. Diante do mistério da cruz, os discípulos se assustaram, se afastaram, alguns começaram a retomar suas atividades (Lc 24,13). O encontro com o Ressuscitado foi o momento da transformação do medo em anúncio. O anúncio de que a promessa foi cumprida e a cabeça da serpente foi esmagada. Assim, se a experiência de fé não esconde a dor do sofrimento, a fé sustentada pela esperança alcança a realização da promessa. No mistério da sua paixão, Jesus venceu a desconfiança do homem em Deus, pela cruz e pela ressureição. Em tempos de crise social, moral, econômica e também de fé, é preciso fortalecer entre nós um modo de vida alimentado pela espiritualidade da esperança, que brota da ressurreição do Senhor e que se torna para o mundo um anúncio profético da certeza da presença de Deus na História. Não escolhemos as crises, mas podemos escolher como vamos enfrentá-las.

Padre Alfredo J. Gonçalves, CS A primavera começo. O calor parece prometer e o inverno ficou para trás. Entramos na estação da luz, dos sons e cores, das flores e dos amores. Renascem novas esperanças, a vida se renova. Do ponto de vista político e econômico, porém, nuvens sombrias pairam ainda no horizonte do Planalto central. Por todo o País, reinam muitas dúvidas e perguntas. Certa dose de desencanto e de perplexidade vem tomando conta, progressivamente, da população em geral. No coração da crise, uma vez mais, está o que a Igreja chama de “questão social”. Na hora de apertar o cinto, os primeiros sacrificados costumam ser os programas voltados para a população de baixa renda. Intocáveis permanecem os lucros do capital financeiro, a renda dos grandes proprietários, a margem de ganho das gigantescas redes comerciais. Os governos se preocupam em salvar os bancos e estes, por sua vez, seguem crescendo mesmo em tempos de “vacas magras”. Por isso, convém olhar com atenção para o fio condutor de toda a Doutrina Social da Igreja (DSI). Desde a Rerum Novarum, publicada em 1891 até a Laudato Si’, de 2015, passando por todos os demais documentos, a preocupação com a “questão social” visa defender a dignidade da pessoa humana. A centralidade da pessoa humana, de fato, tem levado a Igreja a denunciar as injustiças, a corrupção, a exploração e as desigualdades socioeconômicas, por um lado, e, por outro, a promover o primado do trabalho, da saúde, da educação, da habitação e dos direitos humanos básicos. Somente uma economia subordinada à política, e esta guiada por critérios éticos, será capaz de resolver a crise levando em conta a população mais pobre e excluída. O Papa Francisco, seguindo de perto seus predecessores, não se cansa de repetir esse princípio fundamental da DSI. Igualmente, os textos conclusivos das assembleias do episcopado da América Latina e Caribe, com destaque para o Documento de Aparecida, insistem sobre a “opção preferencial pelos pobres”. Os pequenos, indefesos e marginalizados – os “últimos” – devem estar no coração de qualquer política econômica. Essa é a única forma de a primavera chegar também, efetivamente, ao jardim daqueles que habitam a base da pirâmide social. E com a primavera, as flores e os frutos. Caso contrário, a pirâmide seguirá cada vez mais acentuada, privilegiando os que ocupam seu andar superior. Se é verdade que a primavera, com seus cantos, flores e encantos, representa a esperança, também é certo que, sem condições reais de vida, a esperança permanece por um fio.


6 | Fé e Vida |

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Liturgia e Vida

Você Pergunta Foi usada uma toalha na mesa da Santa Ceia?

27º DOMINGO DO TEMPO COMUM 4 DE OUTUBRO DE 2015

Amar como Deus ama ANA FLORA ANDERSON

Os textos litúrgicos deste domingo refletem sobre a criação dos seres humanos, da encarnação e da graça do casamento. Todos esses nascem do grande amor de Deus. Na primeira leitura (Gênesis 2, 18-24), vemos que tudo que Deus criou é para o bem da humanidade. O ser humano, contudo, não pode viver só. O grito de Adão é de fraternidade e de igualdade: osso de meu osso, carne de minha carne! A segunda leitura (Hebreus 2, 9-11) é uma reflexão cristológica que medita sobre a morte e a ressurreição de Jesus. A história de nossa salvação nasce do fato de que Jesus, o santificador, e aqueles

que Ele santificou são descendentes do mesmo ancestral. Por essa razão, Ele nos chama de irmãos. O Evangelho de São Marcos (10,2-16) apresenta o casamento como uma união que sempre cresce. Durante gerações, os estudiosos da Bíblia se perguntaram: Por que esse trecho sobre o casamento está inserido na parte do Evangelho dedicada à vida dos discípulos que devem seguir a Jesus no caminho do sofrimento da cruz? Marcos nos ensina que o casamento é uma união de amor, fruto de dom gratuito. O casamento não é lei, mas é graça. Para vivê-lo cristãmente é preciso que os esposos se amem mutuamente e criem um ambiente de amor, como o próprio Deus ama.

padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br

A Carmen Lúcia, do bairro da Vila Zatt, foi a um restaurante com amigas e as mesas do restaurante não tinham toalhas. Ela perguntou o porquê daquelas mesas sem toalhas. Uma das amigas comentou: “Mas precisa?” E outra pessoa disse: “Ora, a toalha é importante, porque Jesus usou toalha na Santa Ceia”. E a conversa se prolongou pela refeição afora. E a Carmen quis que eu tocasse no assunto neste espaço. E aqui vai o que eu penso. O Evangelho não se preocupa com detalhes, minha irmã.

O que lemos é que a sala para a ceia foi bem preparada por alguns discípulos, a pedido de Jesus. Certamente deveria haver algum pano cobrindo a mesa em volta da qual todos se ajeitaram, deitados sobre tapetes. Leonardo da Vinci, no seu famoso quadro da Santa Ceia, não omitiu a toalha, bem limpinha. Dá para ver até as dobras dessa toalha no seu famoso quadro. Então, minha irmã, podemos imaginar um lugar muito digno e muito bem preparado para aquela ceia pascal em que Jesus nos deu o Santíssimo Sacramento do altar. Podemos imaginar uma toalha de linho branco.

Podemos imaginar o ambiente de festa. Nos nossos altares, Carmen Lúcia, o linho branco lembra ao mesmo tempo a ceia do Senhor e lembra os panos de linho que envolveram o corpo Santíssimo de Jesus. Não há porque inventar outras cores. O linho branco é um sinal dos mais bonitos. Então, Carmen, fica aqui a reflexão que sua pergunta nos proporcionou. E como foi um encontro lindo aquela ceia pascal que se tornou a Ceia do Pão da Vida, podemos sim garantir que uma bela toalha cobria aquela mesa em que Jesus instituiu o Sacramento do seu corpo e do seu sangue.

Atos da Cúria DECRETO DE EREÇÃO CANÔNICA Em 8 de setembro de 2015, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, reconheceu, erigiu e deu por erigida canonicamente na Arquidiocese de São Paulo, a Associação Privada de Fiéis de Direito Diocesano conhecida como “Comunidade Anjos da Vida”, iniciada pelo casal Vanuza Costa Velasco e Reginaldo Sales Velasco, para que realize na comunhão eclesial seus objetivos, expresse as riquezas de seu carisma e responda às suas obrigações, conforme Regra de Vida já aprovada em 14 de abril de 2015.

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Imigrantes e refugiados diante do desafio da moradia em SP Sefras

Brasileiros e refugiados acompanham debates do I Seminário Imigração e Moradia, realizado no dia 24

REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

Que dificuldades encontram os imigrantes e refugiados para conseguir moradia em São Paulo? O que há de políticas públicas para auxiliá-los? Essas foram questões centrais do “I Seminário Imigração e Moradia”, realizado na quinta-feira, 24, no Centro Pastoral São José, na Região Belém, com a participação de representantes da Prefeitura, refugiados, imigrantes e integrantes de movimentos sociais, da Pastoral da Moradia da Arquidiocese de São Paulo e do Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras). Jamal, refugiado palestino da guerra da Síria, contou que ao chegar a São Paulo teve que conviver em uma pensão que cobrava preços abusivos e num ambiente com usuários de álcool e drogas. Nestor, que fugiu do Congo após ser perseguido pelo regime ditatorial vigente naque-

le País, disse que os refugiados congoleses “precisam não só da acolhida, mas da difusão da sua história”. Para Hasan Zarif, do Movimento Palestina para Todos (Mopat) e do Terra Livre, “moradia é o principal drama dos refugiados aqui no Brasil. Para além da crise social que vivemos, também há a questão do idioma e da documentação, que, por sua vezes, acabam refletindo diretamente na questão da moradia. Eles estão sendo explorados em hotéis baratos e pensões que cobram o dobro do que deveriam cobrar. Além disso, não conseguem se adaptar ao sistema burocrático brasileiro, que exige uma série de documentações, fiador, entre outras coisas que eles ainda não têm condições de oferecer”, comentou. Luiz Kohara, engenheiro e membro do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, detalhou que o conceito de moradia não se resume a um abrigo, um

teto com quatro paredes, mas que deve ser pensado em uma relação de comunidade. Assim, em seu entender, é importante lutar por habitação no centro da cidade e pela expansão dos serviços públicos na periferia. Participante do evento, Paulo Illes, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, se comprometeu a visitar as ocupações urbanas e dialogar com os ocupantes sobre as dificuldades e as demandas de moradia. Também afirmou que a Prefeitura proporá, em audiência pública, um novo modelo de moradia para os imigrantes, com a possibilidade de o executivo municipal alugar os imóveis ou expandir as políticas de aluguel social. Como encaminhamento do evento, se decidiu pela elaboração de um documento para cobrar os poderes públicos quanto às políticas de moradia para refugiados e imigrantes. (Com informações de Irene Brito, da Pastoral da Moradia; e de Raphael Sanz, do Sefras)

Pastoral Carcerária Torturas e maus-tratos já podem ser denunciados no Site da PCr Nacional A Pastoral Carcerária Nacional (PCr) já disponibiliza em seu site (www.carceraria.org.br) uma página para que membros da própria Pastoral, familiares, vítimas e demais interessados façam denúncias de situações de tortura e maus-tratos nas prisões. Todos os relatos serão encaminhados às autoridades com-

petentes e a Pastoral acompanhará a apuração das denúncias, quer que sejam de tortura explícita, aprisionamento em condições degradantes e até a revista vexatória, entre outras práticas que impõem intenso sofrimento à pessoa privada de liberdade e seus familiares. Ao acessar a página de De-

PASTORAL DA PESSOA IDOSA – Em todas as quintas-feiras do mês de outubro (dias 1º, 8, 15, 22 e 29), das 14h às 18h, a Pastoral da Pessoa Idosa realizará encontros de formação de lideranças na Paróquia São João Batista do Brás (avenida Celso Garcia, 600, Brás), com assessoria de Telma Maria de Oliveira. A atividade é aberta a todos interessados.

núncia de Tortura, a pessoa encontra um formulário para preenchimento de dados gerais e dos detalhes da situação denunciada, mas não é necessário que preencha todos os campos. O anonimato do denunciante também é garantido, se assim a pessoa desejar. Dúvidas no preenchimento do formulário podem ser esclarecidas pelo telefone (11) 3101-9419 ou pelo e-mail nacional@carceraria.org.br. No mesmo ambiente, também são disponibilizados materiais de informação e formação sobre a prevenção e combate à tortura. (Com informações da Pastoral Carcerária)

| Geral/Pastorais | 7


8 | Pelo Brasil |

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Filipe David e Renata Moraes

Destaques das Agências Nacionais

osaopaulo@uol.com.br

Eleita diretoria da Comissão Regional de Presbíteros do Sul 1 Entre os dias 21 a 24, em Passa Quatro (MG), aconteceu o Curso de Formação Permanente para Presbíteros, também conhecido como “Paulistão Presbiteral”, promovido pela Comissão Regional de Presbíteros (CRP) do Regional Sul 1 da CNBB. Com o tema “Presbíteros no Brasil atual: a alegria no anúncio do Evangelho - Evangelii Gaudium, orientações teológico-pastorais”, o curso foi assessorado pelo Padre Alfonso Garcia Rubio, Doutor em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, na Itália. Participaram aproximadamente 130 padres, 20 dos quais da Arquidiocese de São Paulo, além de Dom Vicente Costa, bispo de Jundiaí, eleito como novo referencial da Comissão Regional de Presbíteros. O objetivo principal do curso foi preparar os representantes e delegados das dioceses para o 16º Encontro Nacional de Presbíteros (ENP), que será realizado em Aparecida (SP), nos dias 19 a 25 de abril de 2016. Houve, ainda, a eleição da nova diretoria da CRP, que agora é composta por: Padre Romeu Leite Izidório, da Diocese

Edcarlos Amorim Moreira

Aproximadamente 130 padres do Regional Sul 1 da CNBB participam do ‘Paulistão Presbiteral’, em Passa Quatro (MG), entre os dias 21 e 24

de Santo André (presidente); Padre Fausto Marinho de Carvalho Filho, da Arquidiocese de São Paulo (vice-presidente); Padre Marcos Garcia, da Diocese de Lins (tesoureiro) e Padre Jorge João Aparecido Nahr, da Diocese de São Carlos (secretário). Os encontros regionais e o nacional acontecem a cada dois anos e as eleições no período de quatro anos. No intervalo, o Regional promove o encontro de

formação, sempre na terceira semana de setembro. Em entrevista ao O SÃO PAULO, Padre Fausto Marinho, pároco da Paróquia São Carlos Borromeu, na Região Belém, e coordenador da Pastoral Presbiteral na Arquidiocese de São Paulo, destacou alguns aspectos do encontro. “A dinâmica do encontro é que fortalece os objetivos da Pastoral Presbiteral: oferecer motiva-

ções necessárias para a realização humana e vocacional dos padres em vista da missão, com os meios necessários para uma formação permanente nas dimensões comunitária, espiritual, humana, intelectual e pastoral; promovendo a comunhão e fraternidade presbiteral no sentido de ser presbítero”, afirmou o recém-eleito vicepresidente do CRP. (RM) Fonte: Regional Sul 1 da CNBB

‘Entidade familiar formada a partir da união de um homem e uma mulher’

Ultramaratonista corre 90 quilômetros em favor da vida

A Comissão Especial que dispõe sobre o Estatuto da Família na Câmara dos Deputados aprovou, na quinta-feira, 24, o relatório do deputado Diego Garcia (PHS-PR). O texto foi aprovado por 17 votos contra apenas cinco deputados do PT, PCdoB, PSOL e PTN. O Estatuto define que família é “a entidade familiar formada a partir da união de um homem e de uma mulher, por meio de casamento ou de união estável, e a comunidade formada por qualquer dos pais e seus filhos.” Já artigo seguinte determina os direitos que devem ser assegurados à família: “direito à vida desde a concepção, à saúde, à alimentação, à moradia, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao

trabalho, à cidadania e à convivência comunitária.” O texto também procura assegurar aos pais o “direito a que seus filhos recebam a educação moral, sexual e religiosa que não esteja de desacordo com as convicções estabelecidas no âmbito familiar”, dando precedência às convicções da família em relação aos “programas oficiais públicos ou privados, quando relacionados à educação moral, sexual e religiosa”. Antes de entrar em vigor, os deputados vencidos ainda podem exigir que o texto seja aprovado pelo plenário da Câmara. (FD)

Alexandre Dias, tenente da Força Aérea Brasileira, decidiu passar o seu aniversário correndo em favor da vida. A iniciativa teve como objetivo arrecadar doações para o trabalho pró-vida da Comunidade Jesus Menino, fundada 1990 e que tem como carisma acolher Jesus Menino presente nas pessoas com deficiência. A Comunidade é também uma referência no trabalho em defesa da vida e contra o aborto. Alexandre conheceu a Comunidade e decidiu contribuir: “Vendo que eles vivem de doações, pensei: ‘o que posso fazer para ajudar?’”. Em 24 horas, foram percorridos 90 quilômetros de corrida. Alexandre já participou de outros eventos como esse, para arrecadar doações ao Hospital do Câncer Infantil. E ele promete dar continuidade ao projeto: “A semente foi plantada. No próximo ano, vamos estudar a melhor data para que outras pessoas possam participar. Vamos ter mais tempo para organizar o suporte”. (FD)

Fonte: ACI

Fonte: ACI


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Comportamento

Cultivando o amor Simone Ribeiro Cabral Fuzaro fica assumir o compromisso sibilidades de que outros se de fazê-lo feliz, de cultivar o aproximem demais e nos conNo artigo anterior, trata- amor com pequenos gestos quistem – já fizemos nossa esmos da difícil situação dos de carinho, com a preocupa- colha e precisamos ser fiéis a filhos diante da separação de ção de manter em casa um ela para que dê certo. seus pais. Neste, gostaria de ambiente agradável (acolheFormar família é uma refletir um pouco mais pro- dor, arrumado, para onde seja aventura maravilhosa! Uma fundamente sobre o fenôme- bom voltar), importando-se viagem única, que traz amano do número crescente de ca- com o que o outro gosta e durecimento, gera novas visamentos desfeitos. O que está com o que é importante para das, nos ensina o verdadeiro acontecendo com o objetivo o outro, crescendo em paci- amor (aquele que implica tão natural e próprio do ser ência e perdão em relação aos servir, decidir, cuidar, abrirhumano de constituir família limites de nosso e compartilhar a vida com um companheiro e companheiro? dos nossos. Afi- Podemos aprender com Se olharmos para trás, ve- nal, todos so- o outro, devemos nos remos em nossas histórias mos humanos e complementar – tirar muitos exemplos de uniões falhamos todos estáveis, duradouras. Famí- os dias. Não de- proveito das diferenças lias bem constituídas, sólidas, vemos esperar e não sofrer com elas. apesar das dificuldades, que do nosso com- Conhecer essas diferenças são referências de um conví- panheiro um é um passo importante para comportamento vio alegre, construtivo. Acontece que atualmente igual ao nosso compreendermos melhor vivemos o hedonismo, a busca – somos dife- nosso “parceiro de viagem” e de prazer rápido e fácil, a feli- rentes tanto no podermos aproveitar melhor cidade do conforto. Optamos, gênero quanto essa viagem maravilhosa! sempre que possível, por aqui- na personalidalo que é mais fácil, mais rápido de. Homens e e mais prazeroso. Será possível mulheres têm modos diferen- se, aprender) e traz a felicidaconstruir uma relação sólida e tes de conversar, de arrumar, de imensa da conquista! de verdadeiro amor assim? Se de trabalhar, de cuidar dos Existem muitos prazeres basearmos nosso casamento filhos..., enfim, de ser. Pode- rápidos, acessíveis sem muino amor sentimento (paixão), mos aprender com o outro, to esforço, porém os maiores ele nascerá fadado ao fracasso, devemos nos complementar bens e alegrias que temos na pois, com certeza, esse senti- – tirar proveito das diferenças vida são aquelas que conquismento, como todo e qualquer e não sofrer com elas. Co- tamos com o esforço diário, sentimento, é volúvel – passa. nhecer essas diferenças é um são os bens que chamamos Porém, se nos decidirmos pela passo importante para com- árduos, mas que nos fazem pessoa que escolhemos como preendermos melhor nosso verdadeiramente melhores e “parceiro de viagem”, toman- “parceiro de viagem” e poder- mais felizes! Vamos lutar por nossas fado as atitudes e as precauções mos aproveitar melhor essa necessárias para construir o viagem maravilhosa! mílias: esse bem é o maior e amor, apesar e a partir das diNossa decisão foi por um mais importante que possuíficuldades de percurso e rotas companheiro determinado, mos! erradas que tomarmos, com que nos atraiu e nos conquisSimone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaucerteza teremos uma união só- tou por algum motivo. Pre- dióloga e educadora; Mestre em Educação/ lida, construtiva e duradoura. cisamos lembrar-nos disso Distúrbios da Comunicação da PUC-SP Decidir pelo outro signi- diariamente e não criar pose especialista em linguagem.

Cuidar da Saúde

Atenção à síndrome do olho seco Cássia Regina Na quinta-feira, 1º de outubro, é celebrado o Dia Nacional de Conscientização sobre a Síndrome do Olho Seco. Os olhos produzem as lágrimas para lubrificá-los, nutrri-los e protegê -los. Os principais sintomas de ressecamento ocular são lacrimejamento, secura, vermelhidão, coceira, ardor, sensação de corpo estranho e de “areia” nos

olhos. Nos quadros mais graves, pode-se apresentar fotofobia, desconforto ao movimentar as pálpebras e maior produção de muco. O tempo seco e o ar condicionado ajudam a evaporar as lágrimas e o uso prolongado de computador e celular diminui o número de piscadas, que ajudam no espalhamento das lágrimas sobre a superfície do olho. Existem, também, medicamentos

que podem deixar os olhos secos. Uma higiene adequada da área externa, lágrimas artificiais e colírios podem melhorar o ressecamento. Mas cuidado: nem todo colírio hidrata. Alguns podem até piorar. Por isso, na presença de sinais do olho seco, identifique se existe algo que esteja lhe prejudicando e procure um médico. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com

| Viver Bem | 9


10 | Especial – Papa nos Estados Unidos |

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O Evangelho da Família é verdadeiramente boa notícia Catholic Philly

Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

Depois de sua passagem por Nova Iorque, o Papa Francisco chegou, no sábado, 26, em Filadélfia, para o Encontro Mundial das Famílias, como parte de sua visita apostólica aos Estados Unidos. Francisco presidiu missa na Catedral Basílica de São Pedro e São Paulo e lembrou o encontro entre a Santa Catarina Drexel, nascida em Filadélfia, e o Papa Leão XIII, em que ela contou àquele Papa sobre a necessidade das missões e este lhe perguntou diretamente: “E você? O que você vai fazer?”. A vida da Santa foi completamente transformada com essa questão. A Igreja deve sempre fomentar em todos os fiéis o sentido de responsabilidade pessoal na sua missão de santificação dos povos, para que trabalhem como “fermento do Evangelho no mundo”, disse Francisco. Em seguida, o Papa falou sobre a liberdade religiosa à comunidade hispânica no Salão da Independência, onde foi declarada a independência dos Estados Unidos, em 1776. Francisco explicou que, no mundo de hoje, “diversas formas de tirania moderna buscam suprimir a liberdade religiosa ou (...) reduzi-la a uma subcultura sem direito à voz e voto em praça pública”. E, na era da globalização, há um esforço para “eliminar todas as diferenças e tradições em uma busca superficial de unidade”. É importante, assim, que as religiões unam suas vozes para defender o respeito ao pluralismo e à liberdade religiosa, preservando suas tradições, com todo o sentido e direção que elas oferecem à sociedade. Durante o Encontro Mundial das Famílias, no domingo, 27, o Papa explicou que “o cristão não é imune às mudanças

Em Filadélfia, Papa Francisco ressalta a importância da aliança entre a Igreja e a família para o anúncio e a vivência do Evangelho no mundo

de seu tempo” e que “a afinidade entre a instituição civil e o sacramento [do Matrimônio] cristão era forte e compartilhada, coincidiam substancialmente e se sustentavam mutuamente”. Francisco comparou o mundo de hoje a um grande supermercado, que substituiu os pequenos mercados locais em que os relacionamentos eram mais humanos e baseados na confiança. Os jovens hesitam cada vez mais a assumir o compromisso do Matrimônio e começar suas famílias. Segundo o Papa, é função da Igreja encorajá-los e prepará-los para esse impor-

tante passo: “O pastor deve mostrar que o ‘Evangelho da família’ é verdadeiramente ‘boa notícia’, para um mundo em que a preocupação por si mesmo reina acima de tudo”. O Papa Francisco também explicou qual é a função primordial de um bispo: “rezar e anunciar o Evangelho”. Para o Papa, “O bom pastor renuncia a uns afetos familiares próprios para se dedicar com todas as suas forças, e com a graça de seu chamamento especial, à benção evangélica do amor dos homens e mulheres que encarnam o desígnio de Deus, co-

meçando por aqueles que estão perdidos, abandonados, feridos”. Se a Igreja não aprofundar a sua aliança com a família, “a família humana, por nossa culpa, ficará irremediavelmente distante da alegre notícia evangélica de Deus e irá ao supermercado da moda para comprar o produto que lhe agrade mais no momento”. Em sua estada na Filadélfia, o Papa também se encontrou com vítimas de abusos sexuais e fez uma visita a uma casa de detenção. Ainda no domingo, iniciou a viagem de volta a Roma.

A família precisa ser uma ‘fábrica do amor’ Arquivo pessoal

Redação

osaopaulo@uol.com.br

A Arquidiocese de São Paulo foi representada no Encontro Mundial das Famílias, em Filadélfia, nos Estados Unidos, por membros da Pastoral Familiar, entre os quais o casal coordenador da Pastoral na Arquidiocese, Sílvio e Ester dos Santos; o assessor eclesiástico arquidiocesano, Padre Zacarias Paiva; e o bispo referencial da Pastoral na Arquidiocese, Dom Sergio de Deus Borges. O tema central “O amor é nossa missão” foi trabalhado em diferentes momentos, inclusive ressaltado pela “acolhida entusiasmada da Arquidiocese local aos participantes do encontro, com um exército de voluntários na estrutura de acolhida e uma organização impecável”, afirmaram Padre Zacarias e Dom Sergio. “Encontramos famílias com todos os filhos, inclusive crianças pequenas. E ha-

Casal Sílvio e Ester dos Santos com Dom Sergio e Padre Zacarias no Encontro Mundial das Famílias

via atividade para todos, apropriadas para as crianças e adolescentes”, disseram, ao explicar, também, que durante os ciclos de palestras foram resgatados os valores fundamentais da vida familiar e o diálogo entre casais como resposta aos desafios para as questões atuais. Outros enfoques

foram a transmissão e a educação da fé como suporte fundamental para a vida familiar e social, e o resgate da espiritualidade cristã na vida do casal e da família. “Foram dias bonitos por ver tantos casais, alguns com cinco ou dez filhos, desde os mais novos até os mais velhos, juntos,

seja na Eucaristia ou nas refeições. Nas reflexões, houve atenção especial para as dificuldades que as famílias enfrentam. Os momentos fortes com o Papa Francisco foram marcados pela convivência e pelo comprometimento que o casal deve ter na educação dos filhos. A Igreja participa na medida em que aproxima de sua missão, pois, como afirmou o Papa, a família precisa ser uma ‘fábrica do amor’”, continuaram. Padre Zacarias e Dom Sergio relataram que a missa do domingo, 27, foi marcada pela emoção na expressão de tantas famílias e que se podia ver “o confirmar da fé e, ao mesmo tempo, o desejo de cada coração que estava ali em seguir a Cristo. O Papa exortou os católicos a se abrirem ao milagre do amor. Somente a ação de Deus é capaz de vencer toda e qualquer forma de exclusão e do sofrimento humano. Viver o Evangelho como uma grande festa é o grande sinal da comunidade de fé hoje”.


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| Papa nos Estados Unidos – Especial | 11

‘O mundo pede a todos os governantes uma vontade efetiva, prática e constante’ Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

Durante a viagem apostólica do Papa Francisco a Cuba e aos Estados Unidos entre os dias 19 e 27, ele visitou a Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, na sexta-feira, 25. No seu discurso que foi proferido na LXX Sessão da Assembleia Geral, o Papa lembrou os seus antecessores que estiveram na ONU, como Paulo VI, em 1965, e Bento XVI, em 2008. Não posso deixar de me associar ao apreçamento dos meus antecessores, reiterando a importância que a Igreja Católica reconhece a esta instituição e as esperanças que coloca nas suas atividades.” Francisco reconheceu a importância da Organização, que em 2015 completa 70 anos, ao mesmo tempo que lembrou haver muitos passos a serem dados, “para além de tudo o que se conseguiu, há constante necessidade de reforma e adaptação aos tempos, avançando rumo ao objetivo final que é conceder a todos os países, sem exceção, uma participação e uma incidência reais e equitativas nas decisões.” Reproduzimos a seguir trechos do discurso do Pontífice, que podem ser lidos na íntegra no site do Vaticano (www. vatican.va).

dada. O caráter dramático de toda esta situação de exclusão e desigualdade, com as suas consequências claras, leva-me, juntamente com todo o povo cristão e muitos outros, a tomar consciência também da minha grave responsabilidade a esse respeito, pelo que levanto a minha voz, em conjunto com a de todos aqueles que aspiram por soluções urgentes e eficazes.

Agendas sociais não bastam

A adoção da “Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, durante a Cimeira Mundial que hoje mesmo começa, é um sinal importante de esperança. Estou confiado também que a Conferência de Paris sobre as alterações climáticas alcance acordos fundamentais e efetivos. Todavia, não são suficientes os compromissos

gurado, antes de mais nada, respeitando e reforçando o direito primário das famílias a educar e o direito das Igrejas e das agregações sociais a apoiar e colaborar com as famílias na educação das suas filhas e dos seus filhos.

Não à guerra

Sem o reconhecimento de alguns limites éticos naturais inultrapassáveis e sem a imediata atuação dos referidos pilares do desenvolvimento humano integral, o ideal de “preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra” e “promover o progresso social e um padrão mais elevado de viver em maior liberdade” corre o risco de se tornar uma miragem inatingível ou, pior ainda, palavras vazias que servem como desculpa para qualquer abuso e

lo a um exame de consciência por parte daqueles que têm a responsabilidade pela condução dos assuntos internacionais. Não só nos casos de perseguição religiosa ou cultural, mas em toda a situação de conflito, como na Ucrânia, Síria, Iraque, Líbia, Sudão do Sul e na região dos Grandes Lagos, antes dos interesses de parte, mesmo legítimos, existem rostos concretos.

Narcotráfico

Muitas das nossas sociedades vivem um tipo diferente de guerra com o fenômeno do narcotráfico. Uma guerra “suportada” e pobremente combatida. O narcotráfico, por sua própria natureza, é acompanhado pelo tráfico de pessoas, lavagem de dinheiro, tráfico de armas, UN Photo/Kim Haughton

Direito a um ambiente sem exclusão

(...) o ambiente natural e o vasto mundo de mulheres e homens excluídos são dois setores intimamente unidos entre si, que as relações políticas e econômicas preponderantes transformaram em partes frágeis da realidade. [...] Antes de mais nada, é preciso afirmar a existência de um verdadeiro “direito do ambiente”, por duas razões. Em primeiro lugar, porque como seres humanos, fazemos parte do ambiente. Vivemos em comunhão com ele, porque o próprio ambiente comporta limites éticos que a ação humana deve reconhecer e respeitar, sobreviver e desenvolver-se, se o ambiente ecológico lhe for favorável. (...) Em segundo lugar, porque cada uma das criaturas, especialmente os seres vivos, possui em si mesma um valor de existência, de vida, de beleza e de interdependência com outras criaturas.

Cultura do descarte

O abuso e a destruição do meio ambiente aparecem associados, simultaneamente, com um processo ininterrupto de exclusão. Na verdade, uma ambição egoísta e ilimitada de poder e bem-estar material leva tanto a abusar dos meios materiais disponíveis como a excluir os fracos e os menos hábeis, seja pelo fato de terem habilidades diferentes (deficientes), seja porque lhes faltam conhecimentos e instrumentos técnicos adequados ou possuem uma capacidade insuficiente de decisão política. (...) Esses fenômenos constituem, hoje, a “cultura do descarte” tão difundida e inconscientemente consoli-

solenemente assumidos, embora constituam certamente um passo necessário para a solução dos problemas. O mundo pede vivamente a todos os governantes uma vontade efetiva, prática e constante, feita de passos concretos e medidas imediatas, para preservar e melhorar o ambiente natural e superar o mais rapidamente possível o fenômeno da exclusão social e econômica, com suas tristes consequências de tráfico de seres humanos, tráfico de órgãos e tecidos humanos, exploração sexual de meninos e meninas, trabalho escravo, incluindo a prostituição, tráfico de drogas e de armas, terrorismo e criminalidade internacional organizada.

Não impor

O desenvolvimento humano integral e o pleno exercício da dignidade humana não podem ser impostos; devem ser construídos e realizados por cada um, por cada família, em comunhão com os outros seres humanos e num relacionamento correto com todos os ambientes onde se desenvolve a sociabilidade humana – amigos, comunidades, aldeias e vilas, escolas, empresas e sindicatos, províncias, países etc. Isso supõe e exige o direito à educação – mesmo para as meninas (excluídas em alguns lugares) –, que é asse-

corrupção ou para promover uma colonização ideológica por meio da imposição de modelos e estilos de vida anormais, alheios à identidade dos povos e, em última análise, irresponsáveis. A guerra é a negação de todos os direitos e uma agressão dramática ao meio ambiente. Se se quiser um desenvolvimento humano integral autêntico para todos, é preciso continuar incansavelmente no esforço de evitar a guerra entre as nações e os povos.

Perseguição religiosa e cultural

[...] Não posso deixar de reiterar os meus apelos que venho repetidamente fazendo em relação à dolorosa situação de todo o Médio Oriente, do Norte de África e de outros países africanos, onde os cristãos, juntamente com outros grupos culturais ou étnicos e também com aquela parte dos membros da religião maioritária que não quer deixar-se envolver pelo ódio e a loucura, foram obrigados a ser testemunhas da destruição dos seus lugares de culto, do seu patrimônio cultural e religioso, das suas casas e haveres, e foram postos perante a alternativa de escapar ou pagar a adesão ao bem e à paz com a sua própria vida ou com a escravidão. Essas realidades devem constituir um sério ape-

exploração infantil e outras formas de corrupção. Corrupção que penetrou nos diferentes níveis da vida social, política, militar, artística e religiosa, gerando, em muitos casos, uma estrutura paralela que põe em perigo a credibilidade das nossas instituições.

O ser humano pode construir ou destruir

“Eis chegada a hora em que se impõe uma pausa, um momento de recolhimento, de reflexão, quase de oração: pensar de novo na nossa comum origem, na nossa história, no nosso destino comum. Nunca, como hoje, (…) foi tão necessário o apelo à consciência moral do homem. Porque o perigo não vem nem do progresso nem da ciência, que, bem utilizados, poderão, pelo contrário, resolver um grande número dos graves problemas que assaltam a humanidade” [disse ao citar Paulo VI]. Sem dúvida que a genialidade humana, bem aplicada, ajudará a resolver, entre outras coisas, os graves desafios da degradação ecológica e da exclusão. E continuo com as palavras de Paulo VI: “O verdadeiro perigo está no homem, que dispõe de instrumentos sempre cada vez mais poderosos, aptos tanto para a ruína como para as mais elevadas conquistas”.


12 | Especial – Papa nos Estados Unidos |

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American US Congress

Na Imprensa Internacional

Die Zeit (Alemanha)

Papst stärkt Einwanderern in den USA den Rücken Papa encoraja imigrantes nos EUA

Corrieri della Sera

(Itália) Papa sulle coppie: ‘Ci vuole più tolleranza. Che vogliamo scomunicarli?’ Papa sobre os casais: ‘É preciso mais tolerância. Que queremos, excomungá-los?’

La Reppublica (Itália) Migranti, il Papa: ‘I muri non sono mai la soluzione’ Imigrantes, o Papa: ‘Os muros nunca são a solução’ Le Figaro (França)

Migrants, pédophilie, mariage, succès personnel: les réponses du Pape Imigrantes, pedofilia, casamento, sucesso pessoal: as respostas do Papa

Le Monde (França)

Aux Etats-Unis, le pape incite les évêques à prendre en compte les ‘changements du monde’ Nos Estados Unidos, o Papa incita os bispos a levarem em conta as ‘mudanças do mundo’

The Telegraph (Inglaterra)

Pope Francis brings message of hope to America’s immigrants in Philadelphia Papa Francisco traz mensagem de esperança para os imigrantes da América em Filadélfia

The Guardian (Inglaterra)

Pope Francis scorecard: liberals take away biggest wins from pontiff’s US visit Balanço [da visita] do Papa Francisco: esquerdistas levam maiores vitórias com a visita do pontífice aos EUA

The Wall Street Journal (EUA) Pope Francis Defends Right to Conscientious Objection Papa Francisco defende o direito à objeção de consciência

The New York Times

(EUA) After Criticism, Pope Francis Confronts Priestly Sexual Abuse Após críticas, Papa Francisco confronta o abuso sexual por padres

Em visita inédita de um pontífice ao Congresso norte-americano, Papa Francisco discursa e é ovacionado por congressistas na quinta-feira, 24

No Congresso norte-americano, Francisco discursa sobre polêmicas mundiais Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com

Um dos momentos mais emblemáticos da visita do Papa Francisco aos Estados Unidos foi o discurso feito no Congresso, na quinta-feira, 24. Aplaudido de pé pelos participantes do encontro, o Pontífice não se furtou a tratar de temas polêmicos e atuais, que afetam o País e todo o planeta. Primeiro Papa a fazer um discurso no Congresso, Francisco recordou o papel de quatro norte-americanos: Abraham Lincoln, Martin Luther King, Dorothy Day e Thomas Merton, destacando que “estes homens e mulheres foram capazes, com todas as suas diferenças e limitações, de construir um futuro melhor com trabalho duro e sacrifício pessoal – alguns à custa da própria vida”. O Pontífice ainda enalteceu o povo norte-americano, por seu agir com solidariedade. A seguir, algumas citações do discurso do Papa Francisco:

Políticos comprometidos com o cuidado das pessoas

(...) A atividade legislativa baseia-se sempre no cuidado das pessoas. Para isso, fostes convidados, chamados e convocados por aqueles que vos elegeram. Penso aqui na história política dos Estados Unidos, onde a democracia está profundamente radicada no espírito do povo americano. Qualquer atividade política deve servir e promover o bem da pessoa humana e estar baseada no res-

peito pela dignidade de cada um. “Consideramos evidentes, por si mesmas, estas verdades: que todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que, entre estes, estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade” (Declaração de Independência, 4 de julho de 1776). Se a política deve estar verdadeiramente ao serviço da pessoa humana, segue-se que não pode estar submetida à economia e às finanças. É que a política é expressão da nossa insuprível necessidade de vivermos juntos em unidade, para podermos construir unidos o bem comum maior: uma comunidade que sacrifique os interesses particulares para poder partilhar, na justiça e na paz, os seus benefícios, os seus interesses, a sua vida social. Não subestimo as dificuldades que isso implica, mas encorajo-vos neste esforço

O extremismo ideológico e a polarização

(...) O nosso mundo torna-se cada vez mais um lugar de conflitos violentos, ódios e atrocidade brutais, cometidos até mesmo em nome de Deus e da religião. Sabemos que nenhuma religião está imune de formas de engano individual ou de extremismo ideológico. Isso significa que devemos prestar especial atenção a qualquer forma de fundamentalismo, tanto religioso como de qualquer outro gênero. É necessário um delicado equilíbrio para se combater a violência perpetrada em nome de uma religião, de uma ideologia ou de um sistema econômico, enquanto,

ao mesmo tempo, se salvaguarda a liberdade religiosa, a liberdade intelectual e as liberdades individuais. Mas há outra tentação de que devemos acautelar-nos: o reducionismo simplista que só vê bem ou mal, ou, se quiserdes, justos e pecadores. O mundo contemporâneo, com as suas feridas abertas que tocam muitos dos nossos irmãos e irmãs, exige que enfrentemos toda a forma de polarização que o possa dividir entre esses dois campos.

Não descartar quem quer que se demonstre problemático

Penso também na marcha que Martin Luther King guiou de Selma a Montgomery, há 50 anos, como parte da campanha para conseguir o seu “sonho” de plenos direitos civis e políticos para os afro-americanos. Aquele sonho continua a inspirar-nos. Alegro-me pela América continuar a ser, para muitos, uma terra de “sonhos”: sonhos que levam à ação, à participação, ao compromisso; sonhos que despertam o que há de mais profundo e verdadeiro na vida das pessoas. Nos últimos séculos, milhões de pessoas chegaram a esta terra perseguindo o sonho de construírem um futuro em liberdade. Nós, pessoas deste continente, não temos medo dos estrangeiros, porque outrora muitos de nós éramos estrangeiros. Digo-vos isso como filho de imigrantes, sabendo que também muitos de vós sois descendentes de imigrantes. Tragicamente, os direitos daqueles que estavam aqui, muito antes de nós, nem sempre fo-


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ram respeitados. Por aqueles povos e as suas nações, desejo, a partir do coração da democracia americana, reafirmar a minha mais alta estima e consideração. Aqueles primeiros contatos foram muitas vezes tumultuosos e violentos, mas é difícil julgar o passado com os critérios do presente. Todavia, quando o estrangeiro no nosso meio nos interpela, não devemos repetir os pecados e os erros do passado. Devemos decidir viver agora o mais nobre e justamente possível e, de igual modo, formar as novas gerações para não virarem as costas ao seu “próximo” e a tudo aquilo que nos rodeia. (...) O nosso mundo está a enfrentar uma crise de refugiados de tais proporções que não se via desde os tempos da II Guerra Mundial. Essa realidade coloca-nos diante de grandes desafios e decisões difíceis. Também neste continente, milhares de pessoas sentem-se impelidas a viajar para o Norte à procura de melhores oportunidades. Porventura não é o que queríamos para os nossos filhos? Não devemos deixar-nos assustar pelo seu número, mas antes olhá-los como pessoas, fixando os seus rostos e ouvindo as suas histórias, procurando responder o melhor que pudermos às suas situações. Uma resposta que seja sempre humana, justa e fraterna. Devemos evitar uma tentação hoje comum: descartar quem quer que se demonstre problemático. Lembremo-nos da regra de ouro: “O que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles” (Mt 7,12).

Pelo fim da pena de morte

Esta convicção levou-me, desde o início do meu ministério, a sustentar a vários níveis a abolição global da pena de morte. Estou convencido de que esta seja a melhor via, já que cada vida é sagrada, cada pessoa humana está dotada duma dignidade inalienável, e a sociedade só pode se beneficiar da reabilitação daqueles que são condenados por crimes. Recentemente, os meus irmãos bispos aqui nos Estados Unidos renovaram o seu apelo pela abolição da pena de morte. Não só os apoio, mas encorajo também todos aqueles que estão convencidos de que uma punição justa e necessária nunca deve excluir a dimensão da esperança e o objetivo da reabilitação.

Trabalhar pelo fim da pobreza

Quanta estrada percorrida neste campo em tantas partes do mundo! Quanto se fez nestes primeiros anos do terceiro milênio para fazer sair as pessoas da pobreza extrema! Sei que partilhais a minha convicção de que se tem de fazer ainda muito mais e de que, em tempos de crise e dificuldade econômica, não se deve perder o espírito de solidariedade global. Ao mesmo tempo, desejo encorajar-vos a não esquecer todas as pessoas à nossa volta encastradas nas espirais da pobreza. Há necessidade de dar esperança também a elas. A luta contra a pobreza e a fome deve ser travada com constância nas suas múltiplas frentes, especialmente nas suas causas. Sei que hoje, como no passado, muitos americanos estão a trabalhar para enfrentar este problema. Naturalmente, uma grande parte desse esforço situa-se na criação e distribui-

| Papa nos Estados Unidos – Especial | 13 White House

Na Imprensa Nacional

Folha de S.Paulo (São Paulo) Politicamente, Francisco tenta se mostrar um pai para todos No Congresso dos EUA, papa pede fim da pena capital e condena extremismo Mesmo em mansão em NY, papa fará refeições simples com arroz e bananas Papa pede que bispos dos EUA acolham imigrantes latinos sem medo

O Estado de S.Paulo

Ladeado por Michelle e Barack Obama, Papa Francisco saúda população norte-americana

ção de riqueza. A utilização correta dos recursos naturais, a aplicação apropriada da tecnologia e a capacidade de orientar devidamente o espírito empresarial são elementos essenciais de uma economia que procura ser moderna, inclusiva e sustentável.

Proteção ao meio ambiente

Este bem comum inclui também a terra, tema central da Encíclica que escrevi, recentemente, para “entrar em diálogo com todos acerca da nossa casa comum” (Laudato si’, 3). (...) Na encíclica Laudato si’, exorto a um esforço corajoso e responsável para “mudar de rumo” (Laudato si’, 61) e evitar os efeitos mais sérios da degradação ambiental causada pela atividade humana. Estou convencido de que podemos fazer a diferença e não tenho dúvida alguma de que os Estados Unidos – e este Congresso – têm um papel importante a desempenhar. Agora é o momento de empreender ações corajosas e estratégias tendentes a implementar uma “cultura do cuidado” (Laudato si’, 231) e “uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza” (Laudato si’, 139). Temos a liberdade necessária para limitar e orientar a tecnologia (Laudato si’, 112), para individuar modos inteligentes de “orientar, cultivar e limitar o nosso poder” (Laudato si’, 78) e colocar a tecnologia “ao serviço de outro tipo de progresso, mais saudável, mais humano, mais social, mais integral” (Laudato si’, 112). A esse respeito, confio que as instituições americanas de investigação e acadêmicas poderão dar um contributo vital nos próximos anos.

Defesa da vida

A medida que usarmos para os outros será a medida que o tempo usará para conosco. A regra de ouro põe-nos diante também da nossa responsabilidade de proteger e defender a vida humana em todas as fases do seu desenvolvimento.

Pelo fim da venda de armas

Estar ao serviço do diálogo e da paz significa também estar verdadeiramente determinado a reduzir e, a longo prazo, pôr termo a tantos conflitos armados em todo o mundo. Aqui devemos interrogar-nos: Por que motivo se vendem armas letais àqueles que têm em mente infligir sofrimentos inexprimíveis a indivíduos e sociedade? Infelizmente, a resposta, como todos sabemos, é apenas esta: por dinheiro; dinheiro que está impregnado de sangue, e muitas vezes, sangue inocente. Perante esse silêncio vergonhoso e culpável, é nosso dever enfrentar o problema e deter o comércio de armas.

Importância, riqueza e beleza da família

(...) Como foi essencial a família na construção deste país! E como merece ainda o nosso apoio e encorajamento! E, todavia, não posso esconder a minha preocupação pela família, que está ameaçada, talvez como nunca antes, de dentro e de fora. As relações fundamentais foram postas em discussão, bem como o próprio fundamento do Matrimônio e da família. Posso apenas repropor a importância e sobretudo a riqueza e a beleza da vida familiar. Em particular, quereria chamar a atenção para os membros da família que são os mais vulneráveis: os jovens. Para muitos deles, anuncia-se um futuro cheio de tantas possibilidades, mas muitos outros parecem desorientados e sem uma meta, encastrados num labirinto sem esperança, marcado por violências, abusos e desespero. Os seus problemas são os nossos problemas. Não podemos evitá-los. É necessário enfrentá-los juntos, falar deles e procurar soluções eficazes em vez de ficar empantanados nas discussões. Correndo o risco de simplificar, poderemos dizer que vivemos numa cultura que impele os jovens a não formarem uma família, porque lhes faltam possibilidades para o futuro. Mas esta mesma cultura apresenta a outros tantas opções que também eles são dissuadidos de formar uma família.

(São Paulo) Papa diz que funcionário público tem direito de recusar licença para casamento gay Tropeço do papa Francisco foi causado por problema na perna Na ONU, papa ataca “sede sem limites” por riqueza e poder Na ONU, papa Francisco pede fim de armas nucleares e elogia acordo com o Irã ‘Vivemos um momento crítico’, diz papa nos EUA sobre o clima

O Globo (Rio de Janeiro) Papa almoça com pessoas semteto e voluntários católicos em Washington Papa pede a Congresso dos EUA que rejeite ‘hostilidade’ sobre imigração Mediação cautelosa entre EUA e Cuba pelo Papa Francisco divide opiniões Americanos homenageiam o Papa com fotos de cachorros Servidores têm direito de negar licença a união gay, diz Papa

Correio Braziliense

(Brasília) Papa Francisco posa com cães de Obama em visita à Casa Branca Papa Francisco e Fidel Castro debateram “temas da atualidade internacional” Obama elogia a mensagem de amor e esperança do papa Francisco

Diário Pernambucano

(Recife) Papa Francisco diz que separação da família às vezes é “moralmente necessária” Papa Francisco agradece funcionários da ONU durante visita Igreja: 70% dos americanos têm impressão favorável do papa Francisco


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Reprodução dos pergaminhos manuscritos do Mar Morto

Bíblia: uma obra de Deus com o Homem

Vitor Alves Loscalzo

P

Especial para O SÃO PAULO

ara os católicos no Brasil, setembro não é apenas o mês que marca o fim do inverno e o começo da primavera. É também o mês da Bíblia. Instituído em 1971 pela CNBB com o intuito de incentivar os fiéis à leitura, estudo e meditação da Sagrada Escritura, trata-se, também, de uma homenagem a São Jerônimo, que no século IV, a pedido do Papa Damaso I, traduziu a Bíblia inteira dos idiomas originais que os tex-

tos foram escritos para o latim, originando a versão conhecida como Vulgata. Poucas pessoas sabem que a Bíblia foi o primeiro livro impresso no mundo; que a primeira edição impressa foi em latim na Alemanha e que é o livro mais popular, vendido (estima-se que já foram publicadas 6 bilhões de unidades) e o mais traduzido de todos os tempos. E poucas pessoas talvez também saibam que a Bíblia, em realidade, não é um livro, mas reúne em si uma verdadeira biblioteca. Escrita por autores humanos diferentes, em épocas, lugares,

Escuta, Israel, os mandamentos, presta atenção, aprende a viver. Que foi, Israel? Que aconteceu para estares em terra inimiga? Estás envelhecendo em terra estranha! Por que te contaminas com os mortos, pelo contato com defuntos? Abandonaste a fonte da sabedoria! Se tivesses andado no caminho de Deus, agora estarias morando em paz sem fim. Aprende, pois, onde está o saber viver, onde está o poder, onde a inteligência, para saber também onde está a vida longa e a saúde, onde a luz dos olhos, onde a paz!

(Br 3,9-14)

línguas e gêneros literários di- cia (qualidade de ser infalível). versos - de canções litúrgicas a A Constituição Dogmática Dei poemas de amor; de relatos his- Verbum (Verbo de Deus), do tóricos a verdadeiras novelas, Concílio Vaticano II, ensina: passando por relatórios oficiais de senso populacional a epístolas, após séculos de Portanto, quando estiveres escritos, seus textos conlevando a tua oferenda ao altar tinuam a ser amplamente e ali te lembrares que teu irmão lidos, citados, transpastem algo contra ti, deixa a tua sando limites geográficos e oferenda diante do altar e vai culturais e impactando diretamente na vida de seus primeiro reconciliar-te com teu leitores. Mas afinal, o que irmão. Só então, vai apresentar a é a Bíblia? Qual o segredo tua oferenda. de tanto sucesso? Quem (Mt 5, 23-24) são seus autores, o que pretendiam e que mensagem traz? “Na redação dos livros sagraDeus é o autor principal dos, Deus escolheu homens, dos A palavra Bíblia vem do gre- quais se serviu fazendo-os usar go e significa “rolos” ou “livros”. suas próprias faculdades e capaReúne a coleção dos livros con- cidades, a fim de que, agindo Ele siderados sagrados pelo Cristia- próprio neles e por eles, escrenismo, porque foram escritos sob vessem, como verdadeiros autoa inspiração do Espírito Santo, res, tudo e só aquilo que Ele prósendo Deus o seu autor principal. prio quisesse”. Assim, a origem Por isso, é também chamada de divina da Bíblia procede do fato Sagrada Escritura ou de Palavra de que cada um de seus autores de Deus. humanos atuaram, em todas as Segundo a teologia católica, a fases de sua composição, inspiBíblia possui duas características rados por Deus. Sendo a Palavra que a distinguem dos demais li- de Deus, “os livros da Escritura vros. A primeira é a sua origem ensinam, com certeza, fielmente divina e a segunda, a inerrân- e sem erro, a verdade que Deus


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em vista da nossa salvação quis que fosse consignada nas Sagradas Escrituras”.

Uma obra de Deus com o Homem

Não é uma tarefa fácil precisar com exatidão os autores humanos dos livros da Bíblia. Estudiosos apontam que os livros mais antigos, do Antigo Testamento, foram textos escritos em hebraico, em fins do século XIII a.C e sua composição fora concluída por volta de 450 a.C. Os cinco primeiros livros da Bíblia (Pentateuco) são atribuídos ao patriarca Moisés, o que não significa que o mesmo os teria escrito de próprio punho. Muitos especialistas aceitam a hipótese da composição múltipla do Pentateuco. Nesse caso, esses livros em parte teriam sido escritos pelo patriarca Moisés, em parte coletam a tradição que se formou em torno do mesmo. Já o Novo Testamento é posterior a Jesus Cristo, tendo a sua vida como matéria prima. Escrito, aproximadamente, entre os anos 50 e 110 d.C, foram São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João os encarregados de – também sob inspiração divina – descrever os passos, as palavras, os milagres e os ensinamentos do filho de Maria. No entanto, apesar dessa divisão (Antigo Testamento e Novo Testamento), de acordo com o Padre Boris Augustin Nef Ulloa, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, é preciso insistir na relação de continuidade entre Antigo e Novo Testamento, pois “Jesus Cristo é a plenitude e o cumprimento das promessas do Antigo Testamento, evidenciando a unidade das Escrituras e um único plano de Salvação”.

Católicos e protestantes: bíblias diferentes?

Segundo o Magistério da Igreja Católica, 73 livros compõem as Sagradas Escrituras (o nome

técnico dessa lista de livros é Cânon). Destes, 46 fazem parte do Antigo Testamento e os outros 27 pertencem ao Novo. Católicos e protestantes divergem sobre o assunto. As edições protestantes da Bíblia excluem de sua lista os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico, Macabeus I e Macabeus II, além de alguns fragmentos dos livros de Ester e de Daniel, todos do Antigo Testamento. Essa diferença se dá pelo fato de os Apóstolos terem recorrido ao idioma grego dominante no mundo Greco-romano no início da era cristã. Por isso, utilizaram o Antigo Testamento traduzido do hebraico - língua original – para o grego. Essa tradução, realizada em Alexandria, é chamada de Septuaginta e incluía esses livros. Padre Boris explicou ao O SÃO PAULO que ao final do século I d.C, a comunidade judaica, seguindo a tendência predominante a partir da Palestina, fechou a sua lista dos livros sagrados que integram o Antigo Testamento, incluindo apenas aqueles que tinham certeza de terem sido escritos originalmente em hebraico. Já o Cônego Celso Pedro da Silva, Doutor em Teologia Bíblica pelo Instituto Angélicum de Roma e diplomado em Arqueologia Bíblica pela Ecole Biblique et Archéologique, de Jerusalém, lembrou que com a reforma protestante promovida pelo monge agostiniano alemão Martinho Lutero, no início do século XVI, surgiram as denominações cristãs protestantes e com elas a discussão dentro do universo cristão sobre quais livros da Bíblia eram realmente inspirados. Lutero decidiu romper com a tradição católica que sempre utilizou a versão da Septuaginta e optou por cópias em hebraico para publicar sua tradução alemã da Bíblia. A partir do século XIX, as igrejas reformadas passaram progressivamente a assumir

Não procureis a morte com uma vida desregrada, e não provoqueis a ruína com as obras de vossas mãos. Pois Deus não fez a morte, nem se alegra com a perdição dos vivos. Ele criou todas as coisas para existirem, e as criaturas do orbe terrestre são saudáveis: nelas não há nenhum veneno mortal, e não é o mundo dos mortos que reina sobre a terra, pois a justiça é imortal.

(Sb 1,12-15)

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Não é sabedoria a ciência da maldade e não é conselho a prudência dos pecadores. Há uma astúcia que é execrável e é insensato aquele que é falto de sabedoria. Entretanto, é melhor aquele que tem pouca sabedoria e é falto de senso, mas com o temor de Deus, do que o que tem muito senso, mas transgride a Lei do Altíssimo. Há uma esperteza eficiente, mas, no entanto, iníqua.

(Eclo 19, 19-22)

o Cânon judaico do Antigo Testamento, o que explica porque as edições da Bíblia dos protestantes têm menos livros que a dos católicos.

Autenticidade

Até o momento, não foram encontrados manuscritos originais de nenhum livro da Bíblia. O que a Igreja conserva são cópias diretas ou indiretas do original. Então, como ter certeza acerca da fidelidade dos copistas? Os dois especialistas consultados para a reportagem sobre a questão afirmaram que apesar de não haver acesso aos textos originais dos livros da Bíblia, a documentação existente que certifica a autenticidade das cópias conhecidas é muito grande, e muito maior do que qualquer outra obra literária da Antiguidade, da qual, vale dizer, também não se tem notícias da existência dos manuscritos originais, como por exemplo, Ilíada e Odisséia de Homero ou as obras de Aristóteles e de Platão. Existem aproximadamente 6 mil cópias antigas dos textos bíblicos, o que permite um estudo comparativo dos mesmos. Paralelamente à rigorosa documentação, as atuais técnicas de crítica textual asseguram que a Bíblia está disponível com, pelo menos, 99% de fidelidade aos textos originais. Além disso, a maioria das discrepâncias presentes nos outros 1% são irrelevantes para a compreensão do conteúdo como um todo.

Lectio Divina

“A Escritura deve ser lida, mas mais do que lida, deve ser interpretada – à luz da Igreja – e colocada em prática.”, afirma Padre Boris. “O Espírito Santo ilumina aquele que lê.”, enfatiza o Cônego Celso. Os dois chamam atenção para o sentido sobrenatural que uma leitura viva oferece. O primeiro é ainda mais contundente

quando afirma que “se não for vivida, não serve para muita coisa”. É isso o que a Lectio Divina (leitura orante da Palavra de Deus), forma tradicional da Igreja de ler a Bíblia, oferece ao leitor. Trata-se de ler como palavra viva, escrita para cada pessoa; diferentemente de um estudo bíblico. É composta de quatro fases: leitura, meditação, oração e contemplação. Na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum Domine, o papa emérito Bento XVI pede aos cristãos para que retomem essa prática.

Você sabia? Existem países em que a Bíblia é proibida, como a Coreia do Norte, Uzbequeistão e Arábia Saudita. Atualmente, a Sagrada Escritura está traduzida para, aproximadamente, 2.539 idiomas e dialetos. A Bíblia foi o primeiro livro a ser impresso e é, até hoje, o mais popular do mundo. Santo Irineu de Lyon foi o primeiro a atribuir símbolos aos Evangelhos: Mateus (homem); Marcos (leão); Lucas (touro); João (águia). São Jerônimo traduziu a Bíblia para o latim, dando origem a Vulgata, versão amplamente difundida. Dia 30 de setembro celebra-se a festa deste Santo. Pentateuco é o nome dado para designar os cinco primeiros livros da Bíblia: Genesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. A autoria desses cinco livros são atribuídos a Moisés. A Bíblia inteira foi escrita em um período que abrange mais de 1.600 anos e teve cerca de 40 autores. Trata-se do livro mais vendido no mundo: aproximadamente 6 bilhões de cópias Os primeiros textos eram escritos em papiro e pergaminho, podendo estes serem de cabra, carneiro, cordeiro e ovelha.


16 | Fé e Cultura |

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Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

Dica de Leitura

Como educar sua mente

Em “Como Educar sua Mente”, da coleção Educação Clássica, Susan Wise Bauer descreve as três fases da tradição clássica: ler para conhecer os fatos; ler para avaliar os fatos e, finalmente, ler para formar as próprias opiniões. Depois de explicar a mecânica de cada fase, Bauer oferece uma seção “lista de livros”, com gêneros separados em capítulos: ficção, autobiografia/biografia, história/política, drama e poesia. Ela introduz cada gênero com um resumo de seu desenvolvimento histórico e os principais debates acadêmicos sobre eles, definindo com clareza todos os termos importantes (por exemplo, “metaficção”). Em seguida, vêm listas, em ordem cronológica, com cerca de 30 grandes obras de cada gênero, acompanhadas de dicas sobre como escolher a edição de cada livro e um resumo do conteúdo do livro. Ficha técnica: Autor: Susan Wise Bauer Páginas: 528 Editora: É Realizações

Divulgação

Música

Jazz ao meio-dia O Tito Martino Jazz Band está se apresentando no Teatro Eva Herz, da Livraria Cultura no Conjunto Nacional, na oitava temporada da já consagrada série de concertos “Jazz ao meio-dia”. O que eles tocam é o jazz de raiz, o “Jazz com swing”, aquele nascido em New Orleans e inspirado em suas raízes originais – blues, ragtimes, marchas, spirituals, canções folclóricas, mas também fazem improvisações sobre os temas que se popularizaram na interpretação dos grandes pioneiros Louis Armstrong, Duke Ellington, Benny Goodman, Charlie Parker. E tocam algumas composições recentes de Tito Martino, presentes em seu último CD “Jazz Jubilee”. Bom humor, musicalidade, liberdade das improvisações individuais e coletivas, mas, principalmente, a honestidade com que exibem sua arte e o seu conhecimento verdadeiro das raízes do jazz, são a marca do conjunto. As apresentações são às terças-feiras, às 12h30, no Conjunto Nacional (avenida Paulista, 2.073, Bela Vista) e vão até 24 de novembro. Para mais informações: (11) 3170-4033 ou www.livrariacultura.com.br.


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| Esporte | 17

O time do padre Divulgação

Nélio Cardoso, sacerdote da Diocese de Santarém, no Pará, transformou o sonho de ser jogador de futebol em uma chance para 55 garotos no Projeto ‘Curumim de Ouro’ Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

Do centro da cidade de Santarém, no oeste do Estado do Pará, até às comunidades de Vila Franca e São Miguel, no interior do mesmo município, às margens do rio Arapiuns, só é possível chegar de barco, após aproximadamente duas horas e meia de viagem. Desde o final de 2014, o Padre Raimundo Nélio Monteiro Cardoso, 37, do clero da Diocese de Santarém, faz regulamente esse percurso para acompanhar o projeto “Curumim de Ouro”, por ele criado, que atende, gratuitamente, 55 garotos, de 8 a 17 anos, nas duas unidades da escolinha de futebol “Os Doze Compadre”. “Dei esse nome à escolinha porque são times com 11 curumins – o mesmo que garotos na linguagem indígena [o local é de tradição indígena] – mais o técnico, que é o padre”, explicou Padre Nélio ao O SÃO PAULO.

Por um sonho e após o 7x1

O projeto foi idealizado em 2014, quando o Padre esteve de licença de suas atribuições sacerdotais na Diocese, já retomadas no começo de setembro. Uma das inspirações foi a eliminação vexatória do Brasil na Copa de 2014.

Padre Nélio (dir.) com crianças e adolescentes participantes do projeto ‘Curumim de Ouro’

“Aquele 7x1 para Alemanha foi uma decepção para todos. A mídia falou muito da falta de futebol na base. E pensei que poderia fazer algo por aqui”, contou. Outra motivação foi a de realizar um sonho. “Sempre quis ser jogador profissional de futebol. Se eu conseguir fazer de um desses garotos profissional, será como se estivesse realizando o meu sonho. Eu sou feliz, pois até hoje jogo futebol e porque Deus me deu outra missão, que me deixa mais feliz ainda: ser padre”, enfatizou. As unidades da escolinha funcionam em dois campos de areia e todos os materiais necessários foram comprados pelo Padre. “Só peço aos pais dos garotos uma ajuda: a de que incentivem seus filhos a levar a sério a participação no Projeto”. Os treinos físico, tático e técni-

co acontecem três vezes por semana e como nem sempre o Padre pode participar, ele conta com o auxílio de seus irmãos, Vilmar e Silvan Cardoso. “Em breve, quero montar um grupo de apoio com um secretário, para fazer anotações durante os treinos, além de um fotógrafo e árbitro. Outro objetivo é formar juízes de futebol. Já estamos estudando as regras”, garantiu o Sacerdote

Mais que boleiros, cidadãos

Além de “descobrir, valorizar e incentivar os talentos dos garotos”, o projeto tem como objetivo, segundo Padre Nélio, formar bons cidadãos. Por isso, quem está na escolinha também participa de palestras educativas. “Quero que aprendam a ser responsáveis, respeitadores e servidores. Que sejam educados com todas as pessoas,

e em todos os lugares e circunstâncias, para que mesmo que não se tornem jogadores profissionais, sejam bons cidadãos e pais de família, se dediquem aos estudos e vão à Igreja. Até já convidei alguns para serem coroinhas, para servir ao altar quando eu estiver presidindo a Eucaristia, além de outras tarefas litúrgicas”, afirmou. Padre Nélio custeia todo o Projeto e não dispensa nenhum tipo de auxílio financeiro ou material para manter a iniciativa. “Precisamos principalmente de material esportivo como bola, jogos de camisa, calção, meião, chuteiras, coletes e redes. Também temos necessidades de material específico para treinos, como as várias espécies de cones. Todo o material disponível eu consegui com meus recursos, incluindo apitos, bombas para encher as bolas, cartões e livretos com as regras de futebol”, detalhou. Quem se interessou pelo Projeto “Curumim de Ouro” e deseja colaborar, pode entrar em contato com o Padre Nélio: (93) 99174-1936 (WhatsApp); Arapiuns Stm (Facebook)ou pelo e-mail nelioarapiuns@yahoo.com.br.

AGENDA ESPORTIVA QUARTA-FEIRA (30) Copa do Brasil 22h – Palmeiras x Internacional (Allianz Parque) QUINTA-FEIRA (1°) Copa do Brasil 21h – Santos x Figueirense (Pacaembu) SÁBADO (3) Brasileirão de Futebol 21h – São Paulo x Atlético Paranaense (Morumbi)

Benegrip Multi: paracetamol 13,30 mg/mL, cloridrato de fenilefrina 0,33 mg/mL, maleato de carbinoxamina 0,13 mg/mL Indicações: Analgésico e antitérmico. Descongestionante nasal em processos de vias aéreas superiores. MS 1.7817.0768. Setembro/2015. Benegrip Multi é um medicamento. Durante seu uso, não dirija veículos ou opere máquinas, pois sua agilidade e atenção podem estar prejudicadas.

SE PERSISTIREM OS SINTOMAS O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.


18 | Regiões Episcopais |

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Brasilândia

Padre Cilto José Rosembach e Ana Lúcia Contarelli Colaboração especial para a Região

Em Perus, 1.200 vão ao Mutirão Bíblico Padre Cilto Jose Rosembach

Fiéis das paróquias do Setor Pastoral Perus participam de Mutirão Bíblico, dia 27

Para demarcar o encerramento do mês da Bíblia, seis dos sete setores pastorais da Região Brasilândia realizaram na tarde do domingo, 27, o Mutirão Bíblico, a partir do Evangelho de João, “permanecei no meu amor para produzir muitos frutos” (Cf. Jo 15, 8-9). No Setor Perus, a atividade começou na praça Inácia Dias, nas proximidades da Paróquia Santa Rosa de Lima. “Sabe-se que a redação desse Evangelho não aconteceu num só momento, mas é o resultado da vivência de uma ou várias comunidades. Nasceu aos poucos, resultado da fé e da luta de várias gerações e de pessoas como nós. Por isso, o Evangelho segundo João não é simplesmente

uma biografia de Jesus, sua morte e ressurreição, mas une, em um único texto, o tempo de Jesus e a trajetória das comunidades”, disseram os animadores do Mutirão. Na sequência, jovens aspergiram os participantes, enquanto estes rezavam em ação de graças pela água, recordando como Deus, ao longo da História, a utilizou em favor do povo. Uma reflexão sobre os aspectos que ceifam a vida – intolerância religiosa, pena de morte, redução da maioridade penal, extermínio da juventude, preconceitos e descasos com a saúde, educação e moradia – demarcou o momento penitencial, que antecedeu a caminhada – com a Bíblia e os padroeiros das paróquias

do Setor - até a Escola Cândido Portinari, na Vila Caiúba, nas proximidades da Área Pastoral Santíssima Trindade. Essa parte conclusiva do Mutirão foi acompanhada por aproximadamente 1.200 pessoas. Cada paróquia e área pastoral apresentou um símbolo de defesa da vida e compromisso com as causas pastorais e sociais, antes da entrada da Bíblia, ladeada por jarros de água, sementes de girassol e um exemplar da Encíclica Laudato si´, do Papa Francisco. Houve, ainda, a proclamação do Salmo 126 e uma encenação teatral a partir do Evangelho de João (4, 5-16), na passagem de Jesus com a samari-

tana; e a lavagem dos pés dos participantes, feita por 35 ministros extraordinários da sagrada comunhão.

Leitura orante

Diferentemente dos setores Cântaros, Jaraguá, Perus, São José Operário, Pereira Barreto e Nova Esperança, o Setor Freguesia do Ó realizou o Mutirão Bíblico na quarta-feira, 23, com base no Evangelho de João (2, 1-10). A atividade, na Paróquia Santa Cruz de Itaberaba, reuniu aproximadamente 200 pessoas das sete paróquias do Setor, que participaram da leitura orante do Evangelho, com proclamação, meditação, oração e partilha do entendimento da Palavra. Paróquia Nossa Senhora das Graças

O Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, no sábado, 26, presidiu missa em que conferiu o sacramento da Crisma a 33 jovens e adultos na Paróquia Nossa Senhora das Graças, no bairro Morro Doce, na Região Brasilândia. Ele reforçou que a Crisma torna cada pessoa um cristão adulto na fé.

Fernando Geronazzo

Colaborador de Comunicação da Região

‘Vai, Francisco, e reconstrói a minha Igreja’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

3291-2416; www.festadesaofrancisco. com.br; ou pelo e-mail pvf@franciscanos.org.br.

O patrono da Ecologia

No domingo, 4, serão celebradas cinco missas e também haverá bênção dos animais

“Vai, Francisco, e reconstrói a minha Igreja” é o tema da Festa de São Francisco de Assis 2015, que acontece no Convento São Francisco de Assis (largo São Francisco, 133, no centro de São Paulo), até o domingo, 4. As comemorações começaram no sábado, 26, em uma missa com tema nordestino, dedicada a São Francisco das Chagas. Nos três dias que antecedem a solenidade do padroeiro haverá o tríduo. Na véspera,

no sábado, 3, às 18h, acontecerá a encenação do trânsito de São Francisco, com os últimos momentos da vida do Santo. No domingo, 4, dia do padroeiro, serão celebradas missas às 7h30, 9h, 10h30, 12h e às 15h, e haverá intensa programação no largo São Francisco, com a bênção dos animais, apresentações culturais, espaço da criança, feira de artesanato, entre outras atividades. Saiba mais detalhes em (11)

A figura de São Francisco de Assis está fortemente relacionada ao meio ambiente. “Ele era um místico e um peregrino que vivia com simplicidade e numa maravilhosa harmonia com Deus, com os outros, com a natureza e consigo mesmo. Nele se nota até que ponto são inseparáveis a preocupação pela natureza, a justiça para com os pobres, o empenho na sociedade e a paz interior” (Encíclica Laudato Si’). Para o Santo, toda a criação estava integrada. Ele chamava por irmãos e irmãs os animais e elementos da natureza e se comunicava com todos os seres. Por isso, é considerado o patrono da Ecologia, título dado em 1979 por São João Paulo II. Em 4 de outubro é comemorado também o Dia dos animais e o Dia da Ecologia, exatamente por ser o Dia de São Francisco de Assis. (Com informações dos Franciscanos)

Festa de Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários A Paróquia Nossa Senhora Aparecida do Ferroviários, na Mooca, realiza, de 3 a 11 de outubro, a novena da padroeira, com o tema “Maria, Mãe do Amor”. De segunda a sexta-feira, as missas serão às 20h na matriz paroquial (rua Almirante Brasil, 125); aos sábados, às 17h, no Arsenal da Esperança (rua Almeida lima, 900) e aos domingos, às 9h, 11h e 18h30, também na matriz. No dia 12 de outubro, solenidade da padroeira do Brasil, serão celebradas missas às 9h e às 16h30. Uma procissão pelas ruas do bairro com a imagem de Nossa Senhora Aparecida acontecerá às 15h30. Para comemorar a padroeira, a Paróquia também realizará quermesse, nos dias 10, 11, 12, 17 e 18, sempre ao final da tarde. Em maio, a Paróquia comemorou 40 anos de fundação, história iniciada na década de 1930, em torno da devoção dos ferroviários que viviam no bairro.


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Peterson Prates

Colaborador de colaboração da Região

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Belém

‘Permanecei no meu amor para dar muitos Frutos’ “Permanecei no meu amor para dar muitos frutos”. Com este tema, o Setor Pastoral Sapopemba realizou no sábado, 26, o 6º Mutirão Bíblico, que neste ano destacou o Evangelho de João. O encontro celebrativo foi na Paróquia Imaculada Conceição, no Jardim Sapopemba, com representantes das sete paróquias do Setor, que apresentaram os trabalhos realizados em cada uma delas. A atividade deu sequência às reflexões do Evangelho de João, feitas em setembro nos círculos bíblicos. Padre Raimundo Aristide, o Padre Ray, cônego regular lateranense e integrante do Centro Bíblico Verbo, assessorou a atividade, destacando os aspectos históricos e as características sociais da comunidade de João.

Diana Feitosa

Padre Ray durante assessoria do 6º Mutirão Bíblico do Setor Pastoral Sapopemba da Região Episcopal Belém, no sábado, 26

Após o Mutirão Bíblico, teve início a Maratona Vocacional, uma pioneira experiência de diferentes atividades vocacionais, que estará nas paróquias Nossa Senhora das Graças, São Sebas-

tião e Santa Maria Madalena, do Setor Sapopemba, até o início de novembro, com três símbolos: a tocha, a cruz, e a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Este primeiro momento foi demarca-

do com uma procissão com os símbolos, partindo da Paróquia Imaculada Conceição até a comunidade Nossa Senhora de Guadalupe, da Paróquia São Sebastião.

Padre Vanin: 40 anos de evangelização aos pobres Paróquia Nossa Senhora da Esperança

Padre Vanin (quarto da esquerda para a direita) festeja 40 anos de sacerdócio

“Olhar com gratidão o passado, viver com paixão o presente, e abraçar com esperança o futuro”. Recordando esta frase do Papa Francisco

Vila Prudente: 125 anos demarcados com a fé Para celebrar os 125 anos da Vila Prudente, acontecerá no domingo 4, às 10h, na Paróquia Santo Emídio (rua Ingaí, 67, próxima à praça Padre Damião), missa em ação de graças pelo aniversário do tradicional bairro da zona Leste da capital. A celebração, a ser presidida por Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, e concelebrada pelo Padre Élcio Rubens Mota Félix, é parte da programação festiva, organizada pela Subprefeitura da Vila Prudente e pelo Círculo dos Trabalhadores Cristãos. Saiba mais detalhes em (11) 2063-1821.

aos consagrados, o Padre Antonio Carlos Vanin Barreiro iniciou a homilia da missa em ação de graças pelos 40 anos de sua ordenação pres-

biteral, no domingo, 27, na Paróquia Nossa Senhora da Esperança, no Setor Pastoral Sapopemba, onde é pároco desde o início do ano. Padre Vanin, como é mais conhecido, é missionário redentorista, tendo feito votos de profissão religiosa em 2 de fevereiro de 1966, e sido ordenado sacerdote em 28 setembro de 1975, sob o lema “O Senhor enviou-me para evangelizar os pobres” (Lc 4,18). Em sua trajetória de padre, já atuou em comunidades ribeirinhas da Amazônia; na Cidade Tiradentes, na zona leste da capital; em Sacramento (MG); além das cidades paulistas de Mauá, Garça, Aparecida e Campinas. Segundo Padre Vanin, nestes 40

anos de sacerdócio, ele nunca esteve sozinho e passou “sempre sentindo a presença amorosa de Deus e de Nossa Senhora, e do povo muito próximo, acolhedor e amoroso”. Ao fim da celebração, Padre Vanin foi homenageado e houve uma confraternização no salão paroquial, com a participação dos fiéis e dos sacerdotes concelebrantes da missa, entre os quais o Padre Domingos Sávio, ex-reitor do Santuário Nacional de Aparecida, que também completou 40 anos de ordenação presbiteral; Padre Cláudio Anselmo, predecessor de Padre Vanin na administração da Paróquia Nossa Senhora da Esperança; e o Padre Valdir Benedito, atual vigário paroquial.


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Santana

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

Pastoral Carcerária entrega doações de itens de saúde para presas Eliana Rocha

Pastoral Carcerária disponibiliza material hospitalar, cadeiras de rodas e de banho à penitenciária

Em visita à Penitenciária Feminina de Santana, na quarta-feira, 23, a equipe da Pastoral Carcerária da Região Episcopal Santana fez doações de materiais hospitalares, cadeira de rodas e cadeiras de banho para serem usadas pelas presas. “Sabemos que os problemas na área da saúde fora da Penitenciária são grandes, agora imaginem dentro de um presídio. No entanto, com a ajuda de pessoas de bem que trabalham para a reinserção da pessoa presa, bem como com o apoio da direção da Penitenciaria Feminina de Santana, a esperança de mudanças é possível”, declarou Eliana Rocha, coordenadora regional da Pastoral Carcerária. Eliana visitou a Penitenciária na companhia de outros agentes da Pastoral e também junto aos leigos Paulo Cesar da Fonseca e Silfredo Rodrigues Guerra; e aos padres Maércio Angelo Pissinatti Filho, assessor eclesiástico regional da Pastoral Carcerária, Aumir Antonio Scomparin, dos Arautos do Evangelho, e Frei Donizete Aparecido dos Santos. Recebidos pelo diretor geral da unidade, Dr. Maurício Guarnieri, e pela Dra. Maria Aparecida Lima, os visitantes foram às oficinas de trabalho das mulheres presas, que agradeceram pela atuação semanal dos agentes da Pastoral na unidade.

‘Com Nossa Senhora, a família ora, reflete e assume sua missão’ Na memória litúrgica de Nossa Senhora das Dores, no dia 15, Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu missa festiva na Paróquia Nossa Senhora das Dores, no Setor Casa Verde. Na ocasião, o Bispo abençoou as crianças, adolescentes e jovens. A celebração foi uma das que marcaram, entre os dias 13 e 19, a festa da padroeira, que teve como tema “Com Nossa Senhora, a família ora, reflete e assume sua missão”. Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC), presidiu a missa de encerramento da festa no domingo, 20, que teve o momento do ofertório conduzido por associações,

movimentos e pastorais que atuam na Paróquia. Na homilia, o Bispo acentuou as passagens bíblicas que mostram Maria presente na história da Salvação. Após a missa, houve procissão com a imagem da padroeira. Segundo o Padre Cido Pereira, pároco, a festa da padroeira, tendo como tema a família, quis colocar a comunidade em sintonia com toda a Igreja que se voltará para Roma, onde o Papa Francisco e os bispos do mundo inteiro vão refletir, no Sínodo, sobre a missão da família no mundo de hoje. Em breve, a Paróquia deverá implantar a Pastoral Familiar e criar núcleos de evangelização em todo o território de sua abrangência. Diácono Francisco Gonçalves

Entre os dias 23 e 25, aconteceu a Semana Bíblica, na Paróquia Menino Jesus. O foco foi o estudo do Evangelho de João. No primeiro dia, o tema tratado foi “A Animação bíblica de toda pastoral”, com assessoria de João Melo. No segundo, com o Padre Paulo César Gil, assessor regional da Animação Bíblico-catequética, o tema tratado foi “Os discípulos missionários de Jesus a partir do Evangelho de João”. No último dia, a temática foi “Permanecei no meu amor para produzir muitos frutos” (Jo 15, 9 -16), com assessoria de Pedro Monteiro, que realizou uma leitura orante.

Pascom Santana

Dom Sergio e Padre Cido oram diante da imagem de Nossa Senhora

Pastoral da Saúde compartilha experiências no interior paulista A Pastoral da Saúde da Região Episcopal Santana realizou missão nos dias 19 e 20 na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no município de Tapiratiba (SP). A Paróquia, pertencente à Diocese de São João da Boa Vista, tem como pároco o Padre Luiz Carlos Gonçalves. A Pastoral da Saúde local entrou em contato com a Arquidiocese de São Paulo e solicitou o curso formativo, que foi ministrado pelos professores José Gimenes, Paulo Moura e Diego Machado, integrantes da Pastoral na Região Santana. Os palestrantes abordaram as três dimensões da Pastoral da Saú-

de – Solidária, Comunitária e Político-Institucional –, com reflexões a partir dos doentes mencionados no Evangelho e a realidade dos doentes de hoje. “Foi uma experiência muito enriquecedora! Que Nosso Senhor abençoe toda a cidade e seus enfermos, cujos nomes foram apresentados durante a missa. E nós, equipe arquidiocesana da Pastoral da Saúde, agradecemos a Deus pela oportunidade da troca de realidades tão distintas; e pedimos que o Senhor nos fortaleça sempre na missão do anúncio”, afirmou o Professor Diego Ferreira Ramos Machado.


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Benigno Naveira

Colaborador de comunicação da Região

No caminho da conversão e da justiça da misericórdia Avaliar o caminho penitencial da conversão e da justiça da misericórdia na Região Lapa. Essa foi a motivação principal da Assembleia Regional, que teve a participação de aproximadamente 90 representantes dos cinco setores pastorais da Região, no sábado, 26, na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, no Setor Pirituba. A assembleia foi coordenada por Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, e pelo Padre Antônio Francisco Ribeiro, coordenador regional de pastoral. O Bispo refirmou as motivações do encontro e recomendou que todos que estão à frente das coordenações pastorais estudem as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2015-

2019. Também pediu atenção especial à urgência pastoral de toda a Arquidiocese de São Paulo para o ano de 2016, “Igreja – lugar da animação bíblica da vida e da pastoral”, conforme consta no 11º Plano de Pastoral. O encontro de sábado foi a primeira etapa da Assembleia Regional, que terá continuidade em novembro com a reunião do Conselho Regional de Pastoral (CRP), antes da qual será enviado às paróquias da Região um questionário de avaliação e de recebimento de propostas, cujas respostas serão encaminhadas para análise e síntese, a serem feitas por Dom Julio, Padre Antônio, Carmen Cecília de Souza Amaral (Caci) e Fátima Ferreira, secretária regional de pastoral.

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Lapa Tony Denomai

Representantes dos cinco setores pastorais durante assembleia regional

Semana Catequética destaca oração, Sagrada Escritura e família “Oração e o decálogo na sagrada escritura” foi o tema de estudo da Semana Catequética dos Setores Rio Pequeno e Butantã, realizada entre os dias 22 e 26, na Paróquia São Patrício, organizada pela equipe de Animação Bíblico-catequética da Região Lapa. Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região,

assessorou a atividade durante os cinco dias. Na sexta-feira, 26, a Pastoral da Comunicação regional acompanhou a Catequese do Bispo, centrada na temática “família e sociedade”. Dom Julio enfatizou que a família é a célula originária da vida social, a sociedade natural, na qual o homem e a mulher são chamados ao dom de

si no amor e no dom da vida, e nela podem assimilar valores morais. Ele também lembrou que a vida em família é iniciação para a vida em sociedade. “O papel dos pais na educação é tão importante que é quase impossível substitui-lo”, afirmou, ressaltando que os pais têm o direito e o dever inalienáveis de educar os filhos.

Dom Julio refletiu, ainda, sobre a “Teoria do Gênero”, afirmando que esta subestima a realidade biológica do ser humano, sendo assim, reducionista, pois supervaloriza que a definição de ser homem ou mulher não dependa da biologia natural de cada ser, mas de uma decisão livre, que pode ser mudada inúmeras vezes ao longo da vida.

Angela Santos

Tony Denomai

No domingo, 27, a Paróquia Santo Alberto Magno realizou o “Show Talentos”, organizado pelo grupo de jovens da Comunidade São João Batista do Butantã, para custear o retiro da Pastoral da Juventude.

Para comemorar do Dia Nacional da Bíblia, no domingo, 27, os fiéis das paróquias do Setor Pastoral Pirituba realizaram o momento celebrativo do Mutirão Bíblico, na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora.


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Ipiranga

Padre Ricardo Antônio Pinto, Padre José Maria Leite e Elis Facchini

Colaboradores de comunicação da Região

Fundada por Santa Paulina, obra social abre perspectivas para crianças e adolescentes Arquivo pessoal

Elis Facchini

da Imaculada Conceição encontram em visitas a espaços de risco social na própria Região Ipiranga. O custo do projeto fica a cargo da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição e da Prefeitura de São Paulo. Além disso, a Congregação tem convênio e parceria com a Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga (Funsai).

Foco na família

Há 102 anos, obra fundada por Santa Paulina proporciona aprimoramento educacional de crianças e adolescentes na zona Sul

Quem passa em frente à Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição (CIIC), no bairro do Ipiranga, em São Paulo, não tem idéia da dimensão do trabalho que já foi desenvolvido ali desde o ano de 1903. Amábile Lúcia Visintainer, hoje Santa Paulina, com a ajuda de mais duas irmãs e uma postulante, iniciou um trabalho para cuidar de idosos ex-escravos e de crianças órfãs. Anteriormente, elas desenvolveram esse tipo de trabalho no pequeno município de Nova Trento (SC), onde adquiriram experiência cuidando de pessoas acamadas, sendo essa a raiz Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. O Conde José ViPadre José Maria Leite

Padre Benedito festeja jubileu sacerdotal

cente de Azevedo (mais tarde Conde Romano) providenciou a construção do espaço para abrigar as irmãs em São Paulo. Após 112 anos, a CIIC prossegue com o acolhimento de 286 crianças e adolescentes, de 6 a 15 anos, em situação de vulnerabilidade social, no hoje chamado Educandário Sagrada Família. “Nossa proposta é acolher estas crianças e adolescentes no contraturno escolar. Aqui, eles participam de oficinas, como capoeira, dança, esporte, arte, música, sempre visando fortalecer o protagonismo, a autonomia e a cidadania, fazendo com que cresçam como pessoas e sejam multiplicadores”, explica Sheila

Cereja, gerente de Serviços do Educandário Sagrada Família.

Acolher com amor

Para que essas crianças e adolescentes cheguem ao Educandário Sagrada Família, há um trabalho de parcerias envolvido. Inicialmente, o próprio Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) faz o direcionamento das famílias que necessitam, principalmente aquelas que vivem próximas ao Educandário, nos bairros do Ipiranga, Sacomã e Cursino. Há também famílias que procuram o serviço espontaneamente. Outras, o próprio serviço de assistência social do Educandário e as Irmãzinhas

Duas assistentes sociais realizam trabalhos diretamente com as famílias dessas crianças e adolescentes: Luciene Pimenta e Thais Santos Lima. Um dos projetos consiste no Diagnóstico Social, em que, pelo contato com as famílias, as assistentes sociais fazem os encaminhamentos para a rede socioassistencial. Por exemplo, algum caso de necessidade pelo benefício Bolsa Família; encaminhamentos para a rede de saúde local, como psicólogo e médico; e também casos com violência doméstica, em que é feito o encaminhamento para o Centro de Defesa da Mulher. Além desse projeto, o Educandário desenvolve apoio alimentar para famílias em situação de extrema pobreza que habitam em áreas de risco. Há, ainda, o projeto “Caminhando para o Futuro”, que visa atender crianças em extrema vulnerabilidade social. “O nível de vulnerabilidade é tão alto, que perdem a referência do que é educação, do que é saúde, dos direitos como cidadãos”, conta Luciene.

Bênção apostólica aos 25 anos de sacerdócio Fiéis da Paróquia São José do Ipiranga e integrantes da Congregação de Nossa Senhora de Sion participaram, no dia 13, da missa em ação de graças pelos 25 anos de sacerdócio do Padre Benedito Donizetti Vieira, NDS, vigário paroquial. Padre Benedito, na homilia, expressou sua “alegria em pertencer a Congregação de Nossa Senhora de Sion, que conheci em 1978”. Nascido

em Gonçalves (MG), o Padre ingressou na Congregação em 1979 e fez profissão religiosa em 1985. Em 15 de setembro de 1990, foi ordenado padre por Dom Antônio Celso Queiroz, então bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga. Nos últimos anos, Padre Benedito atuou em diferentes ações pastorais e de formação como superior e orientador dos formandos de Sion. Atu-

almente, além de vigário paroquial na São José do Ipiranga, é formador do postulantado da Congregação de Sion. Durante a missa, Padre Benedito recebeu das mãos do Padre Manoel Miranda, NDS, assistente geral da Congregação, em nome dos religiosos de Sion, a bênção apostólica do Papa Francisco por ocasião dos 25 anos de ordenação presbiteral.

Dom José Roberto participa de audiência sobre Lei de Zoneamento Os moradores dos distritos do Sacomã, Cursino e Ipiranga participaram de audiência pública na quinta-feira, 24, para discutir o projeto de lei 272/2015, que trata da revisão participativa da Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, mais conhecida como Lei de Zoneamento. Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Re-

gião Ipiranga, e alguns padres e leigos das paróquias estiveram na audiência, com representantes de movimentos sociais, associações de moradores de bairros e empresários, num total de 350 participantes. Coordenaram os trabalhos os vereadores integrantes da Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara Municipal de

São Paulo, com profissionais responsáveis pelo aspecto técnico do projeto. A Arquidiocese tem participado das audiências para dialogar com sociedade, apoiar as propostas de melhor qualidade de vida para a população e defender assuntos referentes aos espaços eclesiais. A definição conceitual desses espaços como “lugar de culto” e não somente como “lugar de reunião

pública” é uma das proposições. A diferença que se encontra na atual Lei tem incidência direta na organização das comunidades. Pela nova Lei de Zoneamento, os espaços religiosos deixarão de ser equiparados aos clubes e outros locais de reunião pública e deverão adquirir a importância de ambiente com fim específico de culto religioso.


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Seminário indica implicações biológicas e sociais da ideologia de gênero Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Evento promovido pelo Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade aconteceu no sábado, 26 Renata Moraes

jornalismorenata@gmail.com

“Pergunto-me, por exemplo, se a chamada teoria do gênero não é expressão de uma frustração e resignação, com a finalidade de cancelar a diferença sexual por não saber mais como lidar com ela. Nesse caso, corremos o risco de retroceder” (Papa Francisco, Audiência Geral no Vaticano, 15/04/2015). Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e vigário episcopal para a Educação e a Universidade, valeu-se dessa citação do Papa Francisco para explicar a preocupação da Igreja com a ideologia de gênero, durante abertura do Seminário de Bioética sobre o tema, no sábado, 26, no Colégio Madre Cabrini, na Vila Mariana. Promovido pelo Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade da Arquidiocese de São Paulo, o Seminário reuniu educadores, religiosos, religiosas e leigos, atentos aos debates sobre as questões de gênero entre os pais, professores e estudantes universitários, visto que a temática tem sido intensamente discutida nos planos nacional, estadual e municipal de educação. A mediação do encontro foi do Padre Vandro Pisaneschi, coordenador de pastoral do Vicariato.

Raízes históricas e filosóficas

“O que é a ideologia de gênero: seus antecedentes históricos e filosóficos” foi o aspecto apresentado pela Professora Fernanda Takitani, formada em História pela Universidade Estadual de Londrina e pesquisadora do Observatório Interamericano de Biopolítica. Fernanda lembrou que a ideologia de gênero surgiu a partir do pensamento dos filósofos Karl Marx e Frederic Engels

Especialistas falam para as famílias, jovens, leigos e religiosas durante o Seminário de Bioética sobre a ideologia de gênero, no sábado, 26

e foi retomada pelo movimento feminista na década de 1960. “Porque usar o termo ideologia, quando falamos de ideologia de gênero? A ideologia é um pensamento construído em cima de uma parte da realidade, e essa parte da realidade é mal compreendida, e ela é usada como chave de leitura de toda realidade e também como instrumento de perseguição ao poder”, disse, destacando que a ideologia de gênero é um instrumento filosófico e político para alcançar o poder, com intuito de acabar com a família.

O que diz a medicina

A visão médica e biológica sobre a ideologia de gênero foi apresentada pela Doutora Elizabeth Kipman, médica, obstetra, ginecologista, coordenadora nacional de bioética do Movimento da Cidadania pela Vida – Brasil Sem Aborto – especialista em logoterapia, e diretora do Centro Interdisciplinar de Estudos em Bioética da CNBB. Elizabeth, ao falar sobre a sexualidade e a afetividade dos seres humanos, comen-

tou que “a sexualidade e a afetividade são um dos mistérios mais profundos, que se manifestam na capacidade de sair de si e ir ao encontro do outro. De uma fala médica e biológica, o ato sexual pleno é o que acontece entre um homem e uma mulher, onde até anatomicamente e fisiologicamente falando existe uma reciprocidade”.

Aspectos morais e a educação como virtude

“A ideologia de gênero visa o esvaziamento jurídico do conceito de homem e de mulher. Se você discorda dessa ideologia, você é taxado: tem professor sofrendo ‘Bullyng’ nas escolas, e diretores que não aceitam essa ideologia estão sofrendo represálias. São coisas absurdas”. Assim afirmou o Padre José Eduardo de Oliveira e Silva, Doutor em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade Santa Cruz, na Itália, professor da Faculdade São Bento, do Instituto de Teologia Madre Ecclesiae de Itapecerica da Serra, que tratou da ideologia de gênero sob o olhar da Teologia Moral e as consequências práticas.

“O objetivo dos defensores da ideologia de gênero é de alterar a ética e a moral da sociedade, criando uma moralidade artificial”. Ainda segundo o Sacerdote, a solução é “educar para a virtude, para o bem, para o amor e para a humanidade. Por isso, a família é necessária. É na família que somos especiais e insubstituíveis. A família educa como pessoa”.

Aos educadores e à família

“Escolhemos tratar da ideologia de gênero por ser um assunto que foi amplamente discutido na imprensa e nas Câmaras Municipais de todo o País”, afirmou Dom Carlos, ao O SÃO PAULO. O Bispo também ressaltou a participação dos jovens e das famílias nas discussões sobre a ideologia de gênero, pois trata-se de uma formação que os pais também devem dar aos seus filhos. “A missão do Vicariato da Educação é promover encontros formativos voltados aos educadores e professores. Educar é conduzir na vida”, lembrou.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

(Colaborou Igor de Andrade)

Segue até quinta-feira, dia 1º, o Encontro “Laudato si´ - um chamado à Ecologia Integral”, promovido pela PUC-SP e a Rede de Ação Política para a Sustentabilidade (RAPS). Na abertura das atividades, na noite da terça-feira, 29, no Tuca, o Cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo e grã-chanceler da PUC-SP, participou da mesaredonda “O compromisso ético, político e econômico com o meio ambiente na Laudato si’”. A programação completa do evento, que acontece em diferentes campi da Universidade, pode ser acessada em http:// feculturapucsp.blogspot.com.br


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