Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 60 | Edição 3075 | 28 de outubro a 3 de novembro de 2015
R$ 1,50
www.arquisp.org.br L’Osservatore Romano
Ato na Sé recorda 40 anos do assassinato de Herzog Após o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, pelos militares, em outubro de 1975, um ato interreligioso foi realizado na Catedral da Sé. Quarenta anos depois, na mesma Catedral, aproximadamente 2 mil pessoas cantaram “a plenos pulmões” não apenas recordando Herzog, mas toda a luta que pôs fim à ditadura militar.
Página 14
Nas cidades, a luta indígena é por igualdade de direitos As lutas porw igualdade de diretos e pela garantia de políticas públicas voltadas à população indígena, como educação, saúde e demarcação de terras, foram destacadas em eventos realizados na Defensoria Pública da União e na PUC-SP entre os dias 21 e 23.
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Luciney Martins/O SÃO PAULO
Padres sinodais e Papa Francisco durante missa de encerramento do Sínodo dos Bispos com a temática sobre a família, no Vaticano, dia 25
Ao final do Sínodo, desejo é o caminhar misericordioso da Igreja com a família
Páginas 3, 22 e 23
Volta da venda de cerveja em estádios no Brasil
Cardeal Scherer sobre a participação no Sínodo
‘Canção Nova Abraça São Paulo’ com 50 mil pessoas
Projeto de lei em discussão na Câmara divide opiniões. Já há comercialização da bebida em alguns estados e cidades.
“Houve uma nova tomada de consciência em relação à família e sobre a necessidade de uma nova pastoral familiar”.
Evento no domingo, 25, lotou o estádio do Morumbi, em programação com diferentes momentos de espiritualidade.
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Assembleia de pastoral nas regiões Sé e Belém
Há 16 anos, a voz da Arquidiocese está no ar
Nostra Aetate: diálogo entre católicos e judeus
Ação evangelizadora foi tratada por leigos, padres, bispos, religiosos e religiosas nas duas regiões nos dias 24 e 25.
No Mosteiro da Luz, padres comunicadores, ouvintes e funcionários festejaram aniversário da rádio 9 de Julho.
No Colégio Sion, evento recordou os 50 anos da declaração conciliar sobre a Igreja e as religiões não cristãs.
Páginas 18 e 19
Página 7
Página 18
Atendido pela Missão Belém, em Jarinu (SP)
Missão Belém: há 10 anos no resgate de vidas em SP Em 2015, a Missão Belém completa 10 anos em SP. Fundada pelo Padre Giampietro Cararro, mantém casas de acolhida a idosos e de recuperação a pessoas com dependências químicas e com deficiências mentais. O SÃO PAULO visitou sítios da Missão em Jarinu e Jundiaí, no interior paulista.
Páginas 12 e 13
2 | Ponto de Vista |
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Editorial
Sínodo: a força da renovação
O
Relatório do Sínodo dos Bispos sobre a família, publicado em 24 de outubro, lembra muito a Exortação Apostólica Familiaris Consortio, de 1981, esta também escrita a partir de um Sínodo sobre a família, realizado em 1980. Essa continuidade frustrou a muitos que esperavam mudanças bombásticas. Mas revelou que, 35 anos depois, numa época de rápidas mudanças, a Igreja considera que, em relação à família, está no caminho certo. A família está em crise. Talvez não tanto no sentido de que agora seus problemas sejam maiores do que no passado, mas sim no sentido de que agora temos mais clareza desses problemas, e isso leva mais
famílias a se romperem e mais jovens a não quererem formar família. As pessoas continuam querendo ter uma família estável e feliz, mas desistem dela por causa das dificuldades que encontram e não sabem como superá-las. O Relatório do Sínodo mostra que a Igreja continua considerando que seu ensinamento é a melhor resposta para quem deseja construir essa família estável e feliz. As mudanças, mesmo que pareçam radicais em alguns pontos, são aperfeiçoamentos de um amplo projeto, se vistas a partir do conjunto. Contudo, o processo do Sínodo como um todo evidenciou a força do desejo de misericórdia que se encontra tanto na sociedade quanto na Igreja.
A mídia, mesmo quando explorou as situações de modo sensacionalista, ao dar tanta ênfase às questões envolvendo homossexuais e casados em segunda união, procurou responder a um anseio por acolhimento que existe entre seus leitores. E os padres sinodais, em seus debates e reflexões, procuraram de coração sincero responder da melhor forma possível a esse desejo. Aqui vale a pena perceber que reformar nem sempre significa renovar, e vice-versa. Muitas vezes, o objetivo de uma reforma é deixar tudo como está (basta ver certas propostas de reforma política circulando pelo nosso Congresso Nacional). Outras vezes, a renovação acontece com poucas reformas formais, mas com uma
renovação do espírito que anima a vida. Nesse sentido, o Sínodo sobre a família tem uma profunda carga renovadora. Ele mostra que o caminho está correto, mas precisa sempre ser vivificado e animado pelo amor e pela acolhida – por uma correta compreensão da misericórdia, tal como recuperada pelo Papa Francisco em sua bula Misericordiae Vultus. Sem essa força renovadora, que implica numa posição moral e espiritual de reconhecimento dos próprios pecados, procura sincera por Deus, amor e abertura aos irmãos, o Magistério da Igreja pode se perder em normas incapazes de ajudar a família. Porém, esse magistério, sempre renovado pela misericórdia, continua sendo o melhor caminho para a família.
Opinião
As famílias se encontram no coração da Igreja Arte: Sergio Ricciuto Conte
José Ulisses Leva Num instante de amor, Deus nos criou. Deus disse: “Façamos o ser humano à nossa imagem e segundo à nossa semelhança” (Gn 1,26). A Misericórdia, o carinho e o afeto de Deus são imensos. “Quando Deus criou o ser humano, ele o criou à semelhança de Deus. Criou-os homem e mulher, e os abençoou” (Gn 5,1). No Mistério da Encarnação (cf. Lc 1,35), Jesus Cristo nasceu na Sagrada Família de Nazaré (cf. Lc 1,27) para nos salvar. A Igreja sempre esteve atenta às tristezas e angústias do nosso tempo. O Concílio Ecumênico Vaticano II aponta para Deus, mas coloca o homem como referência das preocupações e indica a todos as alegrias e as esperanças (GS 1). Assim, nossa centralidade está em Deus Uno e Trino e nosso diálogo se dá com a humanidade. Atualmente, o Papa Francisco utiliza em documentos, homilias e pronunciamentos uma linguagem singela, mas carregada de profundidade. Francisco sugere, não impõe. Indica, não aponta. Propõe, não dificulta. Seguindo-o, precisamos ir ao coração e ao âmago das questões familiares. Como fazer uma parceria entre Igreja e família? O que esperar do Sínodo sobre a Família no mundo contemporâneo? Certamente, as atenções e preocupações sobre a família estão presentes nos pensamentos e atitudes do Papa Francisco. Assim como o Altíssimo Deus cerca-nos de misericórdia, o Papa, como Pai de todos os fiéis batizados, tam-
bém se preocupa com todos os cristãos, sobretudo com as famílias. Quais os temas mais cruciais que o Sínodo expõe diante dos homens e mulheres do nosso tempo? Vários temas sobre a família, o Papa Francisco tem elucidado nas suas homilias e discursos, diante dos prelados e dos demais ouvintes na praça de São Pedro. Recentemente, o Sumo Pontífice brindou-nos com
a Bula Misericordiae Vultus, tendo por motivação central o rosto misericordioso de Deus. “O perdão de Deus não pode ser negado a quem quer que esteja arrependido, sobretudo quando um coração sincero se aproxima do sacramento da Confissão para obter a reconciliação com o Pai” (Carta do Papa Francisco com a qual se concede indulgência por ocasião do Jubileu Extraordinário da
Misericórdia, endereçada a Dom Rino Fisichella, em 1º de setembro de 2015). De fato, quaisquer que forem as propostas apresentadas, todas devem ser guiadas e abalizadas pela Sagrada Escritura. Grande prova de amor manifestou Deus quando nos criou, especialmente Cristo Jesus, que por nós morreu e ressuscitou (Ef 1,20). Assim, a Igreja presente e visível em todos os continentes, quer o melhor para seus filhos e filhas, pois nela, Deus constituiu Jesus Cristo “como cabeça da Igreja, que é o seu Corpo, a plenitude daquele que se plenifica em todas as coisas” (Ef 1,22). Assim, diante das expectativas e especulações do Sínodo, como cristãos participantes da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica - qual deve ser nossa atitude? Reticente? Ouvinte? Envolvido? Historicamente, no século do Conciliarismo (Século XV), a Igreja gemia e se encontrava dividida. Santa Catarina de Sena e Santa Brígida da Suécia, entre tantos outros homens e mulheres, rezaram para a unidade da Igreja. Voltemos, também, nossos olhos a Deus e nossos corações aos lares que sofrem e busquemos, sincera e retamente, à luz da Sagrada Escritura o melhor para as famílias. Rezemos pelo Papa Francisco e por todos os padres sinodais. Esse é o momento privilegiado para buscarmos o melhor para as famílias, com o mesmo espírito fraterno das comunidades primitivas assíduas na oração e na partilha (cf Jo 14, 15-17). José Ulisses Leva é padre secular e professor de História da Igreja da PUC-SP
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
Semanário da Arquidiocese de São Paulo
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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
A
14ª assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos foi encerrada no sábado, 24 de outubro, no final de três semanas de intensos trabalhos. Após a votação, ponto por ponto, do consistente Relatório final, o secretário geral do Sínodo, Cardeal Baldisseri, fez um breve discurso, entregando ao Papa Francisco o trabalho realizado pela assembleia. O Papa mandou que o Relatório fosse logo publicado, para o conhecimento de todos. O Relatório expressa, no final, o desejo de que “o fruto deste trabalho, agora confiado às mãos do Sucessor de Pedro, dê esperança e alegria a tantas famílias no mundo inteiro, orientando os pastores e os agentes de pastoral e dando estímulo à obra da evangelização; foi também pedido que o Papa “avalie a oportunidade de oferecer um documento sobre a família, para que ela, Igreja doméstica, resplandeça sempre mais Cristo, luz do mundo”. Nessas palavras, aparece a chave de compreensão do Sínodo e dos trabalhos realizados. Foi o Papa quem convocou essa assembleia, para ouvir a Igreja através dos seus pastores sobre o assunto tratado. O Sínodo é consultivo e, por isso, o relatório dos trabalhos e das reflexões feitas é entregue ao Sucessor de Pedro. Cabe agora a ele fazer o
Sínodo: uma nova pastoral da família documento magisterial sobre a vocação e a missão da família na Igreja e na sociedade contemporânea. Tradicionalmente, após os Sínodos, houve sempre uma Exortação Apostólica pós-sinodal. O Sínodo dos Bispos não fala com autoridade própria. Por outro lado, ficou claro desde o início dessa assembleia sinodal que a doutrina sobre o Matrimônio não estava em jogo. De fato, nas indicações do Relatório final do Sínodo não constam mudanças doutrinais, mas indicações pastorais. As questões tratadas no Sínodo têm forte conotação pastoral; olhando para a realidade da família na Igreja e na sociedade contemporânea, buscaram-se respostas aos múltiplos desafios que os casais e as famílias enfrentam, mas que também a Igreja enfrenta na sua ação evangelizadora. Por isso, foi pedido ao Papa que dê orientações aos pastores e agentes de pastoral sobre as questões mais delicadas que foram abordadas, como a transmissão da vida e o controle da natalidade, a fidelidade dos cônjuges e a indissolubilidade do Matrimônio nas atuais condições culturais, a própria celebração do Matrimônio, a participação na vida da Igreja dos casais divorciados, que vivem numa nova união. Há muitas perplexidades e incertezas no meio do povo sobre Matrimônio e família e essas incertezas também são vividas pelos próprios pastores e agentes de pastoral. O Sínodo falou praticamente sobre todos os aspectos da família, com orientações e palavras de encorajamento e conforto às
famílias, nas suas mais variadas condições. Os casais e famílias que estão bem são encorajados a continuar aprofundando sua vivência familiar; aquelas que estão passando por dificuldades recebem palavras de orientação e solidariedade; as “famílias feridas” recebem uma atenção especial. A palavra “misericórdia” perpassa todo o texto final do Sínodo e deve marcar uma nova atitude pastoral da Igreja em relação à família. No seu discurso de encerramento, o Papa observou que “falando de família, nos enriquecemos juntos. Agora, a palavra ‘família’ já não significa mais o mesmo que antes do Sínodo”. De fato, o fruto mais importante que se espera dessa assembleia do Sínodo é uma decidida retomada da pastoral da família, com novas atitudes, novos enfoques, novas fundamentações. Deverá ser explicitada muito mais a realidade da família como “Igreja doméstica”, um conceito que vem do Concílio Vaticano II, mas que não foi ainda trabalhado bastante. Penso que será preciso centrar muito mais as atenções da pastoral sobre a família e, por consequência, sobre a pessoa, nas suas variadas situações existenciais: criança, adolescente, jovem, adulto, idoso, doente, necessitado de atenções especiais. E isso só poderá ser conseguido adequadamente através da família. Resta agora tomar em mãos o texto sinodal, que já está na internet, ler e refletir sobre ele. Desde logo, suas indicações pastorais já podem marcar o início de uma nova pastoral familiar.
| Encontro com o Pastor | 3
Com a comunidade judaica em audiência com o Papa Arquivo pessoal
O Cardeal Scherer, arcebispo de São Paulo, acompanhou na quarta-feira, 21, a delegação da comunidade judaica de São Paulo na audiência geral com o Papa Francisco, na praça de São Pedro, em encontro realizado no contexto da celebração dos 50 anos da Nostra Aetate, documento do Concílio Vaticano II que abriu caminhos para o diálogo entre católicos e judeus. Participaram do encontro integrantes da diretoria da Confederação Israelita do Brasil (Conib), entre os quais o presidente Fernando Lottenberg; e o Rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista (CIP) e representante da Conib para o diálogo inter-religioso. “Que esta visita a Roma vos ajude a estar prontos, como Abrahão, a sair cada dia para a terra de Deus e do homem, revelando-vos um sinal do amor de Deus por todos os seus filhos”, saudou o Papa. Coincidentemente, o trecho da Torá lido na semana passada foi “Lech Lechá”, que se inicia com o chamado de Deus a Abraão para que deixasse sua terra de origem e a casa de seu pai e viajasse à terra que Ele lhe mostraria. Na audiência na praça de São Pedro, também foi lido o Salmo 98, que diz: “Lembrou-se [Deus] da sua benignidadeedasuaverdadeparacomacasadeIsrael”. “Este encontro é um marco do trabalho de aproximação que judeus e católicos vêm desenvolvendo no País, ao longo das últimas décadas”, afirmou Lottenberg. (Com informações do Portal da Arquidiocese de São Paulo)
Coletiva de imprensa Na quarta-feira, 28, às 15h, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, concede entrevista coletiva à imprensa, em que falará aos jornalistas sobre as reflexões em torno da família realizadas durante a 14ª Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, da qual foi um dos participantes, em Roma, entre os dias 4 e 25 deste mês. A entrevista será na Cúria Metropolitana (avenida Higienópolis, 890, Higienópolis). (Com informações da Assessoria de Imprensa da Arquidiocese)
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4 | Fé e Vida |
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Liturgia e Vida
Você Pergunta Qual o pensamento da Igreja sobre as células-tronco?
TODOS OS SANTOS 1º DE NOVEMBRO DE 2015
A plenitude da misericórdia ANA FLORA ANDERSON A liturgia deste domingo apresenta uma visão gloriosa do sentido da santidade. Vivemos em comunhão com todos os santos e a oração agradece a Deus a intercessão de tantos modelos de santidade. A primeira leitura (Apocalipse 7, 2-4.9-14) revela que o povo chamado por Deus vem de todas as nações, tribos e línguas. Deus não quer que nenhum mal atinja esse povo ou a terra onde vive. O povo chamado é marcado por Deus e, diante de seu trono, canta louvor. O Apocalipse nos diz que esse grande número de pessoas vem da grande tribulação, em que deram testemunho e lavaram suas roupas no sangue do Cordeiro. A segunda leitura (1 João 3, 1-3) é um dos trechos mais profundos das Sagradas Escrituras. Afirma que o amor do Pai é tão grande a ponto de nos chamar de filhos. E
é esso o verdadeiro sentido de nossa vida. O ponto alto da leitura é que apesar de sermos agora filhos de Deus ainda não se manifestou a plenitude de nossa relação com o Pai. Quando Jesus se manifestar em sua glória seremos semelhantes a Ele! O Evangelho de São Mateus (5, 1-12) revela o caminho da santidade. Jesus prega que toda santidade nasce da pobreza de coração. O pobre é um aflito na realização da missão que recebeu de Jesus. Mesmo na mansidão da vida, tem fome e sede de justiça e vive na misericórdia que recebeu do Pai. Sua autenticidade nasce da pureza de coração e o leva a promover a paz. O mundo onde vive nem sempre aceita essa vida de santidade e quem segue a Jesus conhece a perseguição. Jesus, porém, promete que, mesmo assim, devemos nos alegrar, pois grande será a recompensa da fidelidade.
padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br
“O que a Igreja pensa sobre as células-tronco? Por que não há debates nas igrejas sobre este tema?” É o leitor José Silvestre Dubas quem pergunta. Vamos conversar com ele. José, eu penso que você não tem acompanhado com atenção toda a reflexão da Igreja sobre esse tema. De muitas formas a Igreja tem se posicionado sobre esse assunto. Mas vamos refletir a partir do que a Igreja ensina. Meu irmão, a Igreja vê com bons olhos todos os avanços da medicina e, nesse caso, a utilização das células-tronco é a mesma coisa. Meu Deus do céu, se esse tratamento oferece a você e a tantas pessoas a possibilidade de solucionar um problema de saúde, louvado seja Deus.
A única coisa, José, a que é preciso estar atento é de onde serão tiradas essas células-tronco. Se forem tiradas de embriões vivos que estão sendo conservados em algum laboratório, a Igreja é totalmente contra. E por quê? Porque estará sendo destruída uma vida para salvar outra. Acontece que há muitas outras formas de se obterem células-tronco sem a necessidade de se destruírem embriões humanos. Sabe, meu irmão, a Igreja não abre mão mesmo de sua ética, de sua moral. Uma vez iniciado o milagre da vida, ninguém pode interrompê-lo mesmo que o motivo seja bom. Eu passei para você a posição da Igreja, meu irmão. Cabe agora a você aprofundar a questão e entender as razões da Igreja. Fique com Deus.
Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 9 de outubro de 2015, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia São Francisco de Sales, da Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Cursino, o Revmo. Pe. Sandro Luis Degaraes, DC, pelo período de 6 (seis) anos, em decreto que entrou em vigor em 22 de outubro de 2015.
NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL Em 9 de outubro de 2015, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia São Francisco de Sales, da Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Cursino, o Revmo. Pe. Devair Francisco dos Santos, DC, pelo período de 2 (dois) anos, em decreto que entrou em vigor em 22 de outubro de 2015.
Para assinar O SÃO PAULO: Escolha uma das opções e a forma de pagamento. Envie esse cupom para: FUNDAÇÃO METROPOLITANA PAULISTA, Avenida Higienópolis, 890 São Paulo - SP - CEP 01238-000 - Tel: (011) 3666-9660/3660-3724
ASSINATURA SEMESTRAL: R$ 45 ANUAL: R$ 78 FORMA DE PAGAMENTO CHEQUE (Nominal à FUNDAÇÃO METROPOLITANA PAULISTA) DEPÓSITO BANCÁRIO Bradesco ag 3394 c/c44159-7 COBRANÇA BANCÁRIA
NOME___________________________________________________________ _________________________________________________________________ DATA DE NASC. ___/___/____CPF/CNPJ _________________________________ ENDEREÇO ___________________________________________________________
Coleta do óbulo de São Pedro
__________________________________________________________ nº __________ COMPLEMENTO ______________________ BAIRRO ___________________________
A Procuradoria da Mitra Arquidiocesana informa que o valor arrecadado na Coleta do Óbulo de São Pedro 2015 na Arquidiocese de São Paulo foi de R$ 374.491,77, em valor bruto.
CEP ____________ - ___________ CIDADE____________________________________ E S TA D O _ _ _ _ _ _ E - M A I L : _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ T E L : ( _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ) _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ D ATA _ _ _ _ / _ _ _ / _ _ _ _
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Espiritualidade A caneca da sinceridade Dom Carlos Lema Garcia
U
Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade
m professor de jornalismo escreve numa revista, perguntando-se se é possível hoje ser sincero e se a palavra ainda tem valor: “Um belo dia ao chegar à sala onde trabalho, na biblioteca da Universidade, encontrei em cima da mesa uns pedaços de barro pintado de azul escuro. Eram os restos do pequeno recipiente que uso para guardar canetas, lapiseiras, etc. ‘Que azar – pensei – vou ter que comprar outra caneca’. Como era de barro barato não pôde aguentar ao cair no chão. Mas comecei a perguntar-me porque teriam deixado ali os pedaços daquele utensílio quebrado. Bem, poderiam ter jogado no lixo, pensei. Então, reparei numa notinha, um pequeno papel quadriculado, cuidadosamente escrito com letra grande, redonda, artesanal. E li. ‘Estava limpando a caneca, caiu-me das mãos. Quebrei-a. Desculpe. Fui eu’. E a assinatura. Virei e revirei o papel, e tornei a lê-lo. Os meus olhos contemplavam cheios de admiração aqueles pedaços
de barro, que continuavam ali sobre a mesa recém-limpa. Por que aquela declaração de culpabilidade? Sem dúvida manifestava dor; mas era, sobretudo, uma lição de sinceridade. Senti-me como um aprendiz. Um jornalista, sempre à caça de notícia, deve descobri-la nas menores coisas. Não duvidei em convocar os estudantes que, em uma sala contígua, trabalhavam comigo no departamento. Expliquei-lhes o motivo daquela reunião imprevista: analisar um caso prático de comportamento sincero. Depois de mostrar-lhes os pedaços da caneca e de ler em voz alta a nota, solicitei a opinião deles. Um estudante fez a primeira observação: estavam todos os fragmentos da caneca, portanto, podia ser reconstruída. Outro sugeriu a possibilidade de escrever um artigo para a imprensa louvando aquela atuação. Alguém propôs que eu levasse à Reitoria um ofício de felicitação às pessoas do Serviço de Limpeza da Universidade. Por fim, adotamos duas ideias. Primeiro, colar com cuidado os pedaços de barro, para que a caneca continuasse servindo. Segundo, comprar uma caixa de bombons e deixá-la sobre a mesa - junto à caneca já colada -, com um cartão para a pessoa que costumava limpar a mesa, dizendo: ‘muito obrigado, N.’. Na manhã seguinte veio ao meu escritório a encarregada do Serviço de Limpeza da Universidade. Desejava
| Fé e Vida | 5
Fé e Cidadania comunicar-me que havia visto as senhoras que limpam a biblioteca quase chorando à volta de uma caixa de bombons e sem querer abri-la, pois diziam que não a mereciam. Outra lição, pensei: a sinceridade sempre vem da humildade e vice-versa. A partir de então, passei a chamar a caneca quebrada de ‘caneca da sinceridade’”. Esse professor mostra uma grande valorização de coisas que foram se perdendo no nosso tempo: Por que aquela senhora escreveu o bilhete? Por que queria ser sincera. Por que assinou? Porque queria mostrar que era ela mesma que tinha feito aquilo. Mas ninguém a obrigava?! Aí está o bonito da história. O valor que ela concedeu à sua palavra. Por que o jornalista fez tanta agitação só por causa de uma caneca? Porque essa valorização da palavra é algo raro na nossa época. E ele, como jornalista, é especialmente sensível a isso. A doutrina cristã ensina que a virtude da sinceridade “consiste em mostrar-se verdadeiro no agir e no falar, guardando-se da duplicidade, da simulação e da hipocrisia” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2.468). Nós fomos feitos para a verdade, para a sinceridade. Toda a vida em sociedade se sustenta com a força da verdade, da palavra. Devemos aprender a dar valor à nossa palavra, tal como Jesus nos pede: “seja o vosso sim, sim e o vosso não, não. Tudo o que passar disso vem do Maligno” (Mt 5,37).
Jubileu Extraordinário da Misericórdia Padre Alfredo José Gonçalves, CS Em 11 de abril deste ano, o Papa Francisco lançou a bula de proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia – Misericordiae Vultus. O Ano Jubilar, ou Ano da Misericórdia, terá início no dia 8 de dezembro de 2015, festa da Imaculada Conceição de Maria, e se prolongará até 20 de novembro de 2016. Evidentemente, não se trata de um período de exceção com o objetivo de sublinhar a dimensão misericordiosa de Deus e da Boa Nova de Jesus Cristo. Tal misericórdia, na verdade, percorre todas as páginas bíblicas, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, bem como os escritos da Doutrina Social da Igreja. Em lugar de uma exceção, a iniciativa desse Jubileu Extraordinário tenta chamar a atenção para uma característica que é absolutamente central de toda a Palavra de Deus e da atuação da Igreja ao longo dos séculos. A misericórdia, de fato, consiste no fio condutor ou fundamento de todo Cristianismo. Base não só da ação de Deus que caminha com seu povo pelas estradas do êxodo e da história, mas também do anúncio dessa presença divina por parte dos profetas de todos os tempos e de todos os lugares. O conceito de misericórdia – de acordo com a insistência do Papa Francisco – privilegia os pobres e excluídos, os pecadores e marginalizados, os doentes e indefesos, os pequenos e últimos. São palavras que reavivam e reforçam a “opção preferencial pelos pobres”, relembrando que Deus tem nome de Pai e coração de Mãe. Numa palavra, ama a todos os seres humanos como filhos e filhas, mas tem um cuidado especial para com aqueles cuja vida encontrase mais ameaçada. Entramos aqui no núcleo vivo e dinâmico da “questão social”, a qual, conforme a própria denominação, serve de pano de fundo a todo o ensino social da Igreja, desde o seu documento inaugural, a Carta Encíclica Rerum Novarum, de Leão XIII (maio de 1891). Semelhante “ensino” ou “doutrina” tem por finalidade atualizar, em meio aos desafios concretos e mutáveis do contexto histórico, a dimensão sociopastoral da ação da Igreja. Trata-se, em síntese, de manter acesa e ativa a chama do amor de Deus e da Igreja por todas as pessoas, indistintamente, mas com um olhar mais atento e solícito para com os “caídos” à beira da estrada e da vida, como nos recorda a parábola do Bom Samaritano (Lc 10, 25-37). Entre essa multidão de “caídos”, convém ter em conta os milhões de migrantes, prófugos e refugiados, símbolo da condição humana, errantes pelas estradas do mundo em busca de um solo que possa ser chamado de pátria.
6 | Viver Bem |
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Comportamento
Família – o valor da gentileza na educação dos filhos Simone Ribeiro Cabral Fuzaro Quando pensamos na educação dos filhos é comum surgirem dúvidas sobre como agir em diferentes situações, o que permitir, com quem deixar, como escolher escolas... Às vezes, não paramos para refletir sobre alguns aspectos simples do cotidiano, pequenos detalhes que fazem a diferença. Tratarmos com carinho e gentileza aqueles que nos rodeiam, traz um clima especial à casa e forja pouco a pouco o caráter dos que convivem conosco. Se os pais se tratam desse modo, estarão mostrando aos filhos uma maneira de eles serem no mundo. O Papa Francisco tem repetido orientações aparentemente simples aos casais, porém, de uma sabedoria enorme. Ele trata, por exemplo, de três palavras mágicas que não podem faltar na vida do casal: com licença, obrigado e desculpe. Se refletirmos sobre esse ensinamento simples e antigo que veremos a riqueza de valores que contém. Somos pessoas e, por isso mesmo, dotadas de inteligência e vontade. Por sermos pessoas, temos a dignidade de tal - merecemos o respeito dos demais, assim como devemos aos outros o mesmo respeito. Ao pedirmos licença, estamos dando ao outro o tratamento digno que merece, mostramos e vivemos o respeito à vontade e liberdade dele. Que exemplo forte dá um casal em que um pede licença ao outro e não simplesmente age ou se manifesta mesmo que a revelia de seu companheiro.
Dizer obrigado - virtude da simplesmente desculpar-se. Gesgratidão. É fundamental a cons- to magnânimo, que transforma ciência de que somos beneficia- as pessoas, os relacionamentos, o dos pelo nosso companheiro. mundo. Que exemplo dá ao filho Ele pensa em nós, nos ajuda, um pai que pede perdão por uma nos ouve, enfim, tantos detalhes falha! Que se corrige e que busca próprios da vida do casal. É fá- melhorar. cil identificarmos o que fazemos Aí está a força e a coragem: pelo outro, porém, mais difícil na humildade. Quem tem mais reconhecermos o que o outro faz coragem do que aquele que se aspor nós. Que alegria quando exis- sume passível de erros e procura te e se manifesta a gratidão. Refli- corrigir-se diante dos demais? Na tamos: o quanto podemos mudar mesma perspectiva está o gesto de e melhorar os relacionamentos perdoar, de compreender o outro quando valorizamos os pequenos e amá-lo apesar do erro. Todos benefícios com um “muito obrigado”. É O Papa tem repetido muito comum conorientações aparentemente vivermos com pessoas insaciáveis. Tudo simples aos casais, porém, é pouco para muitos de uma sabedoria enorme. hoje em dia. Para en- Ele trata, por exemplo, de sinarmos nossos fi- três palavras mágicas que lhos a reconhecerem não podem faltar na vida o que é feito por eles do casal: com licença, e serem gratos, além obrigado e desculpe. Se de darmos o exemplo, é bom exerci- refletirmos sobre esse tarmos com eles o ensinamento simples e hábito de agradecer antigo, veremos a riqueza em situações cotidia- de valores que contém nas: agradeça ao papai que trouxe o pão para o jantar, erramos, portanto, não demoreagradeça à mamãe que fez uma mos a perdoar. O perdão diminui comida gostosa, agradeça à vovó distâncias. Esses gestos transformam a que cuidou de você. Pedir desculpas e perdoar - casa em lar, criam laços fortes, são difícil exercício de humildade. exemplos que arrastam e transPara que possamos nos descul- mitem valores. Fazem a diferença par, em primeiro lugar é preciso na vida da família e daqueles que lutar contra o orgulho e reconhe- estão em formação - os filhos. cer o erro. Reconhecer que talvez não tenhamos nos expressado Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é Fonoaudióloga e Educadora; Mestre em Educação/ bem, que tenhamos faltado com Distúrbios da Comunicação pela PUC-SP; o respeito, com o cuidado, com Especialista em linguagem e Coordenadora da Escola de Educação Infantil Pedrita o compromisso. Sem justificar,
Cuidar da Saúde
Dores por todo o corpo por longos períodos? Pode ser fibromialgia Cássia Regina Fibromialgia é uma síndrome comum em que a pessoa sente dores por todo o corpo durante longos períodos, com sensibilidade nas articulações, nos músculos, tendões e em outros tecidos moles. Pode estar acompanhada de fadiga, distúrbios do sono, dores de cabeça, de pressão e ansiedade. É mais comum em mulheres, em especial entre 20
e 50 anos. O diagnóstico é feito clinicamente. Não existem exames laboratoriais que comprovem, mas eles podem ser feitos para descartar outras doenças com o quadro clínico parecido como, por exemplo, a artrite reumatoide. O tratamento deve ser medicamentoso e não medicamentoso, sendo esse último o mais importante. Fisioterapia, programa de exercícios e preparo físico, métodos para alívio
de estresse, incluindo massagem leve e técnicas de relaxamento e terapia cognitivo-comportamental são essenciais para o alívio das dores. Se você tem dores em todo corpo, procure um reumatologista. Ele pode diagnosticar e tratar essa doença que limita você a ter uma vida com qualidade. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com
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| Geral/Pastorais | 7
Pastoral da Comunicação
Pascom em ação: para comunicar melhor e fortalecer vínculos “Cada encontro da Pascom é uma repaginada de conhecimento na área de comunicação. Tudo na Pastoral é trabalhar em equipe, sintonizados e articulados uns com os outros. Precisamos despertar o interesse das regiões episcopais para que possam participar mais de reciclagens como esta”. A afirmação é de Maria Yamasaki, da Paróquia Santo Ivo, na Região Ipiranga, que, no dia 17, participou da formação “Pascom em Ação”, promovida pela Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de São Paulo, em parceria com as Irmãs Paulinas, no Serviço à Pastoral da Comunicação das Paulinas (Sepac), na Vila Mariana. “Pascom em Ação é uma iniciativa que junto com a celebração do Dia Mundial das Comunicações quer movimentar e fortalecer vínculos dos agentes de Pastoral
Padre Luíz Cláudio Braga
Participantes do ‘Pascom em Ação’ posam para foto ao final de dia de formação no Sepac
da Comunicação nas regiões episcopais, para que, com isso, tenhamos uma pastoral de conjunto mais eficiente em nossa Arquidiocese”, destacou o Padre Luiz Claudio Braga, assessor eclesiástico arquidiocesano da Pastoral de Comunicação e organizador do evento. O início do encontro foi marcado por uma palestra ministrada pela Irmã Helena Corazza, jornalista, mestre e doutoranda
em Ciências de Comunicação pela ECA/ USP, coordenadora de cursos do Sepac e presidente da Signis Brasil. A partir das demandas anteriormente apresentadas nas regiões episcopais, foram montadas oficinas com os temas de “Jornal/Boletim: produção de notícias e projetos editoriais”; “Produção de conteúdo para web: áudio e imagens adequados a produtos digitais”; Organização de even-
tos/mural: planejamento, criação e produção de eventos e noção estética de mural”, e “Fotografia: noções gerais de fotografia, produção de imagens para publicação impressa”. “O curso foi construído a partir das necessidades percebidas pelo Padre Luiz Claudio em suas visitas, e procurou dar uma resposta concreta com a metodologia teórico-prática”, expressou Irmã Helena. Além dos integrantes da Pascom das regiões episcopais da Arquidiocese, participaram pessoas de dioceses vizinhas. “É sempre bom se atualizar na metodologia e no planejamento das iniciativas. Foi enriquecedora a dinâmica do trabalho em grupo, que nos ensina a atuar em equipe” relatou Hélio Sussumo, da Paróquia São João Batista, da cidade de Peruíbe (SP). (Com informações da Pascom arquidiocesana)
Com rádio 9 de Julho, voz da Arquidiocese ecoa há 16 anos Fábio Augusto da Silva e Milena Guimarães ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
Na memória litúrgica de Santo Antônio de Sant`Anna Galvão (Frei Galvão), no domingo, 25, padres comunicadores, funcionários e ouvintes da rádio 9 de Julho AM 1.600 kHz, da Arquidiocese de São Paulo, lotaram o Mosteiro da Luz, para festejar o Santo padroeiro da emissora, que em 2015 completa 16 anos de volta ao ar. Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação, presidiu a missa em ação de graças, concelebrada pelos padres comunicadores da rádio, entre os quais José Renato Ferreira, diretor de programação da emissora. “Foi com muita alegria que nós recebemos a oficialização da concessão da parte do governo para a rádio 9 de Julho para trabalhar e atuar como rádio no dia em que tivemos a notícia de que Frei Galvão seria canonizado no ano seguinte, e a missa de abertura oficial da rádio foi justamente no Mosteiro da Luz, na festa de Frei Galvão, há 16 anos”, recordou, ao O SÃO PAULO, Padre José Renato, destacando, ainda, a
atuação de resistência da emissora durante a ditadura militar. Inaugurada em 1956, a rádio foi lacrada pelos militares em 1973. Também comunicador da rádio, o Padre Aberio Christe comentou sobre a importância de Frei Galvão para a 9 de Julho. “Nós da rádio temos Frei Galvão como nosso patrono. Ele tinha esse dom de estar em vários lugares ao mesmo tempo, e a rádio também faz isso de estar em vários lugares, anunciando, levando a esperança, a fé e a Palavra de Deus”. À reportagem, Dom Devair comentou que Frei Galvão “é um santo brasileiro que viveu a sua missão em São Paulo. Foi ele quem construiu essa igreja [Mosteiro da Luz] não só de pedra, mas também de pessoas”. O Bispo salientou, ainda, que é possível perceber a atualidade da missão de Santo Antônio de Sant`Anna Galvão “e o chamado que faz a cada um de nós de também ter esse papel transformador na sociedade de hoje, com nosso testemunho e nossa vivencia cristã”, concluiu. Devota do Santo e ouvinte da emissora, Cleusa Ramos André destacou que a rádio “é uma grande divulgadora da fé, daquilo que as pessoas procuram para amenizar os problemas”. Patrícia Diniz/Rádio 9 de Julho
Padres comunicadores e funcionários da Rádio com Dom Devair, em missa no Mosteiro da Luz
Cidinha Fernandes, que junto ao Padre Cido Pereira apresenta os programas “Bom Dia Povo de Deus” e “Construindo Cidadania”, agradeceu o carinho dos ouvintes. “É impressionante essa energia positiva que recebemos do público quan-
do nos encontramos. Esse contato nos traz muita disposição, muita vontade de continuar esse trabalho de evangelização pela rádio 9 de Julho ou por outros meios de comunicação. Esse carinho é o nosso presente”.
1º Simpósio Família em Diálogo com a Teologia e a Sociedade Divulgação
REDAÇÃO
osaopaulo@uol.com.br
O campus Santana da PUC-SP (rua Voluntários da Pátria, 1.653, Santana) sediará entre os dias 4 e 5 de novembro, o “1º Simpósio Família em Diálogo com a Teologia e a Sociedade: Interfaces e Desafios”. A iniciativa é do grupo de pesquisa “A Relação Pessoa-Família como Fundamento Construtivo da Vida Social e Religiosa”, inserido no Programa de Estudos Pós-Graduados em Teologia da Universidade, com o apoio da Cátedra de Família da PUC-SP. O Simpósio “tratará das circunstâncias em que a família se encontra, com suas luzes e sombras, a fim de que se possam indicar, para as situações e os problemas da re-
alidade, as respostas concretas e adequadas que destaquem o bem-estar humano relacionado à família, pois a centralidade da família para a pessoa dá-se no reconhecimento de sua integridade como primeira e fundamental estrutura a favor da ‘ecologia humana’”, consta no material de divulgação disponibilizado pelos organizadores. Na quinta-feira, 5, às 20h30, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo e Grão-chanceler da PUC-SP, ministrará a conferência sobre “A perspectiva antropológica e pastoral do Sínodo dos Bispos sobre a família”. As inscrições para o Simpósio são gratuitas no site www.pucsp.br/evento/simposio-familia-teologia-sociedade-2015, onde também é possível acessar a programação completa.
8 | Pelo Mundo |
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Destaques das Agências Internacionais
Filipe David
Correspondente do O SÃO PAULO na Europa
Polônia
Vitória conservadora desagrada mídia e União Europeia Pela primeira vez desde o fim do regime comunista, um partido obteve um número suficiente de votos para compor um governo sozinho na Polônia. Também pela primeira vez, os partidos mais à esquerda não conseguiram votos suficientes para ocupar uma posição no Parlamento. A mídia internacional e a brasileira têm anunciado a vitória em
tom catastrofista: “Direita ultraconservadora vence eleições na Polônia”, diz uma manchete de O Globo; “A Polônia já sobreviveu a coisas piores do que essa passagem ao conservadorismo”, diz um analista político do jornal britânico The Guardian. Segundo alguns analistas, o Partido Lei e Justiça (PiS, em polonês)
desagrada porque defende os valores tradicionais da vida e da família, bem como a soberania da Polônia diante da União Europeia. O Partido é um grande opositor do aborto e da fertilização in vitro, com o consequente congelamento e descarte de embriões humanos. Eles são críticos do Euro – a moeda comum da União
Europeia – e querem o fortalecimento da OTAN para a proteção do País diante do poderio russo, bem como a divulgação pública de todos os agentes do antigo regime comunista. Em matéria econômica, o Partido é considerado mais intervencionista que o atual governo. Fontes: BBC/ The Guardian/ DW
Cuba
Nações Unidas
Igreja pede fim das restrições à liberdade religiosa
Relatório sobre HIV inclui crianças na categoria ‘homens que fazem sexo com homens’
A Arquidiocese de Havana pediu publicamente ao governo cubano para “remover definitivamente as restrições que pesam sobre todas as instituições religiosas e permitir que elas desenvolvam livremente seu trabalho”. O pedido foi feito pela revista Palabra Nueva, pertencente à Arquidiocese. O editorial discute o papel da Igreja em
Um novo relatório publicado pelo Fundo Populacional das Nações Unidas com o objetivo de propor ações práticas para combater a epidemia de HIV entre homens homossexuais define o grupo como “homens que fazem sexo com homens”, incluindo até mesmo crianças a partir dos 10 anos de idade. O relatório reconhece que se trata de um grupo de risco, no qual uma em cada seis pessoas é portadora do vírus e a probabilidade de contraí-lo é 20 vezes maior do que no restante da sociedade. Além disso, as infecções têm au-
Cuba, inclusive na libertação de prisioneiros políticos, presos em 2003. O texto trata da importância histórica das visitas de três papas ao País – São João Paulo II, em 1998, Papa Bento XVI, em 2012, e o Papa Francisco, há pouco mais de um mês – e pede o fim das restrições, porque “liberdade religiosa não é apenas liberdade de culto”. Fonte: CNA
Reprodução de vídeo da KCRA.
mentado mesmo em países de alta renda, como os Estados Unidos. O relatório também admite que a promiscuidade aumenta o risco de infecção, principalmente o fato de ter diversos parceiros sexuais. No entanto, o relatório não propõe nenhuma medida para encorajar uma mudança desse comportamento, limitando-se a aconselhar o uso de preservativos e lubrificantes, bem como de remédios profiláticos que reduzam o risco de infecção. Fontes: UNFPA/ LifeSiteNews
Estados Unidos Com o casamento cancelado, família da noiva oferece ‘banquete’ aos pobres
Pessoas sem moradia participam de jantar oferecido por pais de noiva deixada pelo pretendente
Com o buffet pago e a apenas uma semana da data marcada, o noivo desistiu do casamento e a família da noiva, Quinn Duane, 27, decidiu oferecer o jantar para pessoas sem moradia da região de Sacramento, no Estado da Califórnia. Cerca de 120 pessoas haviam sido convidadas antes do cancelamento. O custo foi de 35 mil dólares (cerca de R$ 140 mil). “Sinto muita dor no coração e
angústia por ela, mas tirarei um bom proveito dessa situação”, disse a mãe da ex-noiva, Kari Duane, enquanto organizava a acolhida às pessoas sem moradia que chegavam para o jantar. Entre os novos convidados, estavam o casal Rashad Abdullah e Erika Craycraft. “Perder algo tão importante para si e logo oferecê-lo a alguém é realmente solidário, realmente amável”, disse Erika. Fonte: ACI
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| Papa Francisco | 9
Novo dicastério para os leigos, a vida e a família Na quinta-feira, 22, no início do dia de trabalhos da Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, o Papa Francisco anunciou a criação de um dicastério dedicado aos leigos, à família e à vida. O Santo Padre tomou a palavra no co-
meço da sessão e fez o seguinte anúncio: “Decidi instituir um novo dicastério com competência acerca dos leigos, da família e da vida”. Esse novo dicastério, cuja natureza específica ainda não foi decidida, “substituirá o Pontifício Conselho para
os Leigos e o Pontifício Conselho para a Família, e ao qual será anexada a Pontifícia Academia para a Vida”. “A esse propósito, constitui uma comissão para tal, que providenciará redigir um texto que determine cano-
nicamente as competências do novo dicastério e que será submetido à discussão do Conselho de Cardeais, que se realizará no próximo mês de dezembro”, concluiu o Papa. Fonte: ACI Digital (Redação: Edcarlos Bispo)
‘A Igreja está próxima das muitas famílias de refugiados erradicados de suas terras’ L’Osservatore Romano
No Ângelus do domingo, 25, o Papa fez um agradecimento pelas três semanas de trabalhos intensos do Sínodo dos Bispos (leia mais nas páginas 21 a 23), animados pela oração e o espírito de comunhão. “Foi cansativo, mas um verdadeiro dom de Deus que vai trazer muitos frutos”, prometeu.
A palavra “Sínodo”, explicou, significa “caminhar juntos”, e “nós vivemos a experiência da Igreja em caminho, especialmente com as famílias do povo santo de Deus espalhado pelo mundo”. Assim o Papa recordou a dramática realidade dos migrantes. Inspirando-se na Palavra de Deus na profecia de Je-
remias, Francisco disse que a Igreja não exclui ninguém: “É uma família de famílias, onde quem se cansa não é marginalizado, não é deixado para trás, mas caminha junto com os outros porque este povo caminha com o passo dos últimos; como se faz nas famílias e como nos
ensina o Senhor, que se fez pobre com os pobres, pequeno com os pequenos, último com os últimos. Não o fez para excluir os ricos, os maiores e primeiros, mas porque este é o único modo para salvá-los, para salvar todos”. “Confesso-lhes – continuou o Papa – que comparei esta profecia do povo em caminho com as imagens dos refugiados em marcha nas estradas da Europa: uma realidade dramática dos nossos dias. Também a eles Jesus diz: ‘Partiram no pranto, eu os consolarei após o sofrimento’. Essas famílias que sofrem, extirpadas de suas terras, também estiveram conosco no Sínodo, em nossa oração e nos nossos trabalhos, por meio da voz de alguns pastores presentes na Assembleia”. “A Igreja, disse o Papa, está próxima das muitas famílias de refugiados erradicados de suas terras: Estas pessoas, em busca de dignidade, em busca de paz, permanecem conosco. A Igreja não as abandona porque fazem parte do povo que Deus quer libertar da escravidão e clamar à liberdade”. Fonte: News.va (Redação: Edcarlos Bispo)
Pastor Bonus em pleno vigor O Papa Francisco enviou na terçafeira, 27, ao Cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado, uma carta sobre a regulamentação do processo de reforma
de algumas estruturas da Cúria Romana, que está sendo pensada pelo Conselho de Cardeais instituído pelo Pontífice em 28 de setembro de 2013.
Antes de tudo, o Papa reafirma que este período de transição não é de modo algum um tempo de vacatio legis e confirma, portanto, que ainda
estão em pleno vigor a Constituição Apostólica Pastor Bonus, com as sucessivas alterações nela realizadas, e o Regulamento Geral da Cúria Romana. Tudo isso, na medida compatível com os próprios regulamentos, aplicase também ao Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano e às instituições dependentes da Sé Apostólica, embora não especificamente mencionadas na Constituição Apostólica Pastor Bonus, fazendo exceção para o Instituto para as Obras da Religião, segundo o Documento. O Pontífice termina pedindo ao Secretário de Estado para levar ao conhecimento dos superiores dos dicastérios, gabinetes e organismos da Cúria Romana, bem como das comissões, comitês e as instituições a elas ligadas, e do Governatorato, as disposições que indicou, com destaque, em particular, para os aspectos que requerem mais atenção, e vigiar para o seu cumprimento. Fonte: News.va (Redação: Edcarlos Bispo)
10 | Pelo Brasil |
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Edcarlos Bispo
Destaques das Agências Nacionais
edbsant@gmail.com
50 mil no ‘Abraça São Paulo’ no Morumbi No domingo, 25, o estádio do Morumbi recebeu mais de 50 mil pessoas no evento “Canção Nova Abraça São Paulo”, um encontro promovido pela comunidade Canção Nova, junto com a Arquidiocese de São Paulo e a Renovação Carismática Católica, com o objetivo de evangelizar. Em busca de renovação da fé, pessoas de todos os cantos do Brasil participaram de um dia inteiro de oração e evangelização. A programação contou com momentos de espiritualidade com pregações, Adoração ao Santíssimo Sacramento, cânticos de louvor e missa. Um dos momentos de maior emoção foi o encontro de Monsenhor Jonas Abib com o Padre Marcelo Rossi. Comemorando os 50 anos de sacerdócio do Monsenhor, um bolo foi cortado no palco. Em seguida, Padre Marcelo caminhou por toda pista de atletismo do Estádio do Morumbi rezando e abençoando os presentes nas arquibancadas, cativas e cadeiras inferiores. A terceira edição do “Canção Nova Abraça São Paulo” contou com a presença de diversas personalidades católicas. Além do Monsenhor Jonas e do Padre Marcelo, estiveram: Padre Adriano Zandoná, Padre Reginaldo Manzotti, Padre Serginho e Kátia Roldi Zavaris, presidente da Renovação Carismática Católica Nacional. Conduziram o Kairós os cantores e animadores católicos: diácono Nelsinho Corrêa, Salette Ferreira, Eliana Ribeiro, Orlando Junior e o Ministério de Música Canção Nova. Fontes: Saopaulofc.net e Notícias Canção Nova
Canção Nova - São Paulo
Evento no domingo, 25, reúne mais de 50 mil pessoas; Monsenhor Jonas comemorou 50 anos de ordenação sacerdotal
‘Eucaristia e Ecologia’ é tema de Semana de Teologia em Mogi Entre os dias 19 e 23, o Centro de Cidadania e Arte (Ciarte), em Mogi das Cruzes (SP), sediou a Semana Teológica, atividade que acontece anualmente como parte do curriculo dos alunos do curso de Teologia, da Faculdade de Filosofia e Teologia Paulo VI, e que este ano contou com a participação de pouco mais de cem pessoas. Aberto para toda a população, abordou questões de interesse público como o meio ambiente. Neste ano, o tema foi
a “Eucaristia e Ecologia”, por conta da encíclica Laudato Si´, do Papa Francisco. A teologia é uma área ampla, que envolve questões humanas, políticas, ética e moral. O evento teve como objetivo aproximar as pessoas da ecologia, por meio da Laudato Si’, encíclica em que o Papa Francisco expõe a necessidade de trabalhar e abordar as questões ecológicas, enfrentadas no planeta, incluindo a região do Alto Tietê paulista. De acordo com o coordenador do
curso de Teologia da Faculdade Paulo VI, Padre Claudio Francisco, as apresentações dos temas não são direcionadas apenas para a religião católica, ou seja, todas as pessoas estão envolvidas com o meio ambiente. “Nossa fé nasce do nosso pão, e nosso pão é nosso sustento. É o que mantém nossa fé. Uma coisa está ligada a outra. Nós e nosso planeta somos um”. Para o professor Dr. Cônego Antônio Manzatto, da PUC-SP, “o cuidado com
o planeta está na ordem do dia. Todo mundo está falando dessa realidade, que não é apenas uma questão de moda, mas necessidade”. Esse tema manifesta a importância da conscientização para o estudo e a prática do tema, de forma atual. Cônego Manzatto ainda reforçou que “não é um simples modismo, isto se dá pelo enfoque climatológico, científico e até pelo enfoque administrativo”. (Com informações de Valéria Azevedo)
Indígenas pedem revogação da nova Lei da Biodiversidade
Déficit do Orçamento em 2015 deve ser de R$ 51,8 bilhões, diz relator
Representantes de povos indígenas que foram a Brasília, a convite do Ministério do Meio Ambiente, para uma oficina nacional sobre a nova Lei da Biodiversidade se recusaram a participar da audiência pública na quinta-feira, 22, no Ibama, sobre a regulamentação da lei. A legislação define regras para o acesso a recursos da biodiversidade nacional por pesquisadores e pela indústria. Trata também do direito dos povos tradicionais à repartição dos lucros pelo uso dos conhecimentos que têm sobre plantas e
O Orçamento de 2015 deverá ter um de déficit primário de R$ 51,8 bilhões, disse, na treça-feira, 27, o deputado Hugo Leal (PROS-RJ), relator do projeto de lei que altera a meta do Orçamento de 2015. Segundo ele, o valor não inclui os atrasos nos repasses a bancos públicos. O resultado negativo equivale a 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo Leal, a alteração da meta foi provocada pela queda na arrecadação decorrente da crise econômica, não pelo aumento nos gastos. O Deputado informou o va-
animais e cria um fundo para fazer esse pagamento. Eles entregaram uma carta, lida durante a audiência, em que se manifestam contra a lei nº 13.123, de 2015, e pedem a revogação do texto. Segundo os indígenas, o texto foi feito sem a devida participação dos povos tradicionais do Brasil e não valoriza os conhecimentos dessas populações sobre plantas e animais, além de desrespeitar as crenças e a forma de lidar com a natureza. Fonte: Agência Brasil
lor ao deixar uma reunião com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. Hugo Leal disse que vai apresentar na quarta-feira, 28, seu relatório. De acordo com ele, o projeto poderá ter uma cláusula que permitirá aumentar a meta de déficit, caso o Tribunal de Contas da União (TCU) obrigue o governo a reconhecer os atrasos nos repasses a bancos públicos em 2015. Isso eliminaria a necessidade de o governo alterar a meta novamente. Fonte: Agência Brasil
Ministério da Saúde entrega 117 Unidades Odontológicas Móveis Para ampliar a assistência bucal na rede pública de saúde do Brasil, 107 municípios de 20 estados receberão, até o final de outubro, 117 Unidades Odontológicas Móveis.
Também serão beneficiados com a ação cinco Distritos Sanitários Especiais Indígenas. A projeção do Ministério da Saúde é que mais de 350 mil pessoas residentes em lo-
cais de difícil acesso, populações indígenas e em situação de rua passem a ter acesso a tratamento dentário. Ao todo, foram investidos R$ 18 milhões na compra dos veículos
e equipamentos, além de R$ 6,5 milhões por ano que serão repassados pelo governo federal para o custeio das unidades. Fonte: Ministério da Saúde
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| Reportagem | 11
No contexto urbano, a luta indígena é por igualdade de direitos Educação, saúde e demarcação de terras indígenas foram destacados em seminário realizado na quarta-feira, 21, em São Paulo Renata Moraes
jornalismorenata@gmail.com
No Brasil, a população indígena é de 896,9 mil pessoas, de 305 etnias, com 274 línguas ou dialetos diferentes, segundo dados do Censo de 2010, realizado pelo IBGE. Somente no Estado de São Paulo, há 41.794 indígenas, e no município de São Paulo são 12.977, na cidade com a 4ª maior população indígena do País, sendo que 60% desta vive em situação precária. Desse total na capital paulista, 11 mil estão em contexto urbano e mais de mil em aldeias. Ainda hoje, os povos indígenas lutam pela igualdade de seus direitos e por políticas públicas, sobretudo pela demarcação dos seus territórios. Na quartafeira, 21, a Defensoria Pública da União (DPU), em conjunto com o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), promoveu um seminário com o tema “Povos indígenas em contexto urbano: por uma sociedade do bem viver”, em seu auditório, na Consolação. O evento reuniu especialistas, defensores públicos e representantes indígenas que refletiram sobre a situação social das comunidades indígenas, os problemas jurídicos e os principais desafios urbanos atuais. A história da migração indígena para as grandes cidades foi apresentada pela antropóloga e professora da PUC-SP, Lúcia Helena Rangel, com o tema “Pertencimento: Aldeia e Cidade”. Segundo a Antropóloga, o fluxo migratório dos indígenas para São Paulo no passado recente se deu devido a conflitos com fazendeiros, questões de saúde e trabalho em diferentes regiões do País. O Estado de São Paulo possui dois
Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
conselhos dos povos indígenas: um municipal e um estadual, mas na opinião de Benedito Prezia, assessor do CIMI e coordenador da Pastoral Indigenista da Arquidiocese de São Paulo, esses conselhos não funcionam. “Em São Paulo podemos mapear as prefeituras que têm um trabalho mais consistente. São poucas. Para as outras, índio é folclore”, afirmou. Segundo Roberto Antônio Liebgott, coordenador regional do CIMI-Sul, ainda existem muitas dificuldades para garantir os direitos indigenistas, sobretudo nos âmbitos dos três poderes. Ele acredita que a PEC 215, que prevê que as demarcações das terras indígenas saiam do Poder Executivo e passem a ser de responsabilidade do Legislativo, pode paralisar as demarcações de terras. A Irmã Michael Mary Nolan, assessora jurídica do CIMI, lembrou que “na área criminal, o povo indígena é invisível. Existe uma ausência na identificação da etnia e da língua materna desse povo no processo penal”, lamentou.
Por educação, saúde e moradia
No seminário, representantes das aldeias Guarani Mnyá, Pankararú, Kaimbé e Potyguara apresentaram seus anseios em temas como educação, saúde e moradia. “O índio precisa de um pedaço de terra para sentir o nosso chão e as energias da terra”, expressou Alaíde Pereira Xavier, da etnia Pankararé, que há dez anos luta pela criação de um espaço de referência em Osasco (SP), onde vive. Aparecida Ana, da aldeia Pankakaru, pontuou que apesar da lei nº 11.645/2008 tornar obrigatório o ensino da história e da cultura indígena no ensino público, o indígena ainda é retratado nos livros didáticos com estereótipos e preconceitos. “Se é ensinado para a criança que o indígena é um ser atrasado, ela não vai ter a capacidade para entender a situação dele na sociedade atual. Quando falam que somos de um jeito que não somos, isso também é violência”, afirmou, destacando, ainda, ser necessário capacitar
A cacique Alaide Pereira, da etnia Pankararé, luta pela criação de um espaço de referência
os docentes para que possam ensinar a importância de reconhecer os indígenas como pilares na formação brasileira e como sujeitos da história. “Eu não escolhi estar em São Paulo. A necessidade de tratamento médico contínuo me fez estar aqui”, expressou Égina Gonçalves, da etnia Kaimbé, que deixou sua aldeia em Euclides da Cunha (BA), para buscar atendimento médico especializado em São Paulo. “Em algumas aldeias existem Unidades básicas de Saúde (UBS), porém só tratam de doenças comuns. Quando o problema é mais grave ou crônico, ai temos que sair de nossas aldeias. Lutamos para que a sociedade
entenda que os indígenas precisam de uma saúde diferenciada”, enfatizou, comentando, ainda, que a mortalidade infantil, as doenças respiratórias, o câncer, a malária e a desnutrição são ainda os maiores problemas de saúde da população indígena. Os serviços de saúde são garantidos aos povos indígenas por meio do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. A coordenação e gestão deste cabe à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), ligada ao Ministério da Saúde. Estados e municípios podem atuar de forma complementar no custeio e execução das ações do Subsistema.
8ª Retomada Indígena reforça busca por garantias de saúde Também debatendo sobre os direitos dos indígenas, especialmente sobre as questões de saúde, aconteceu entre os dias 21 a 23, na PUC-SP, a 8ª edição da Retomada Indígena, promovida pelo Programa Pindorama da Universidade e o Museu da Cultura, com o apoio do CIMI, Pastoral Indigenista e Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos. Um dos participantes da atividade foi o médico indigenista Marcos Schaper, da Unifesp, que coordena o projeto de Saúde Indígena da SPDM- Associação Paulista para o Desenvolvimento da
Medicina Unifesp, que em parceria com a Sesai, possui um convênio que oferece tratamento diferenciado aos indígenas nas aldeias. Doutor Marcos contou aos participantes a sua experiência no trabalho com os indígenas desde 1999, quando iniciou o Projeto Xingu. Para ele, além de um tratamento diferenciado nas aldeias, é necessário trabalhar a prevenção de doenças e promover campanhas de saúde, e também criar um projeto voltado para os indígenas que vivem fora das aldeias.
“Para trabalhar nas aldeias é essencial que se conheça a realidade dos indígena. Os profissionais não indígenas têm mais dificuldade pois não conhecem a nossa realidade”, expressou Jibran Xokleng, formado em Serviço Social e também atua no programa da SPDM/ Unifesp.
Programa Pindorama
Criado em 2001, numa parceria entre a PUC-SP e a Pastoral Indigenista, o Programa Pindorama visa a inclusão de indígenas no ensino superior, por
meio de 12 bolsas de estudos oferecidas anualmente na pontifícia universidade, àqueles que são aprovados no vestibular e comprovam ser de etnia indígena. Em 14 anos de existência, passaram pelo Programa 165 alunos, dos quais 67 se formaram na PUC-SP e sete concluíram o curso sem a bolsa de estudo ou em outra universidade. Atualmente, a iniciativa contempla 20 jovens, sendo dez moças e dez rapazes, conforme informou Benedito Prezia, coordenador do Programa Pindorama. (RM)
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Da mesma massa do pão Os 10 anos da Missão Belém em São Paulo mostram o valioso trabalho de recuperação e reinserção de dependentes químicos na sociedade Nayá Fernandes
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Fotos: Luciney martins enviados especiais a Jarinu e Jundiaí (SP)
Eles vivem com a mão na massa, literalmente. Gilson Alves de Lima é o padeiro e auxiliado por Luiz Carlos da Silva fazem uma média de 1.300 pães por dia na padaria do Sítio São Miguel Arcanjo, que fica no município de Jarinu (SP). O Sítio é um dos cinco na região que acolhe e acompanha pessoas com dependências químicas, sobretudo o crack, idosos ou com alguma deficiência mental, encontrados em situação de rua pelos membros da Missão Belém. Gilson tem 35 anos, dois filhos e, há seis meses, conheceu a Missão Belém. Trabalhou 18 anos em padarias na cidade de São Paulo e atualmente sua família mora no Itaim Paulista, bairro no extremo da zona Leste na capital. Sentado, com um caderninho quadriculado sobre a pequena mesa, Gilson marcava os pedidos de pão das casas onde moram os cerca de 420 internos do Sítio e logo mais iria para uma delas almoçar pontualmente ao meio-dia. Disciplina, partilha de vida, trabalho e momentos de espiritualidade fazem parte da rotina daqueles que desejam se recuperar de um vício que, na maioria das vezes, os afastou da família e da profissão. A Missão Belém, que no dia 1º de outubro completou 10 anos em São Paulo, começou ali, naquele lugar escondido em Jarinu, a partir da inspiração do Padre Giampietro Carraro, que reuniu um grupo de moradores de rua e, com muitas do-
ações, iniciou a construção de uma casa. Além do São Miguel Arcanjo, há o Sítio Pai Ernesto, com atividades exclusivamente agrícolas, a Vila São Pedro e Santa Marta, o Rainha da Paz e o Nossa Senhora de Fátima, este último para as mulheres. Ao todo são mais de mil internos homens e cerca de 80 mulheres. Logo na entrada, a reportagem foi acolhida com um cafezinho e um lugar para se abrigar da chuva, que aquele dia não deu trégua em São Paulo. Ainda assim, todos trabalhavam em alguma das diversas oficinas do Sítio. Maicon Lourenço Carmona estava na marcenaria terminando de fazer a réplica em miniatura de uma igreja com a qual iria presentear a esposa. Ali são feitos ou reformados todos os móveis utilizados nas casas, a maioria a partir de madeiras doadas. Logo à frente, estavam Moracy Moraes, mecânico, e Antônio Souza, funileiro na Oficina Mecânica, onde vão para o concerto os carros da instituição. Na serralheria, Francisco José Ramos trabalhava na produção de mais um beliche. Ele tem um filho e está no Sítio há quase um ano, mas pretende voltar para Mauá (SP), onde mora a família, após seu processo de recuperação.
A vida do Márcio, após sete anos
A reportagem foi acompanhada na visita às oficinas por Márcio Antônio dos Santos, que tem 52 anos e, aos 45 anos, conheceu a Missão Belém quando estava em Santos (SP). Márcio nasceu no interior de Minas Gerais, mas veio ainda bem pequeno para São Paulo com a família que era muito pobre. Aos 15 anos, ele começou a usar maconha e após a morte da mãe, passou também traficar, até que, com 25 anos, conheceu o crack. Aos 21, ele tinha conhecido uma moça e com ela chegou a se casar e ter uma filha. “Quando minha esposa soube do meu vício, tentou me ajudar, mas eu não aceitei”, contou. Ele, então, se afastou da família e entrou para o crime. Fez parte
Márcio, há sete anos na Missão Belém, hoje é responsável pelos sítios de recuperação em São Paulo
Gilson é padeiro e trabalha diariamente na padaria da instituição que o acolheu há seis meses
de uma quadrilha que roubava as estações de metrô de São Paulo e, em um dos assaltos à bilheteria da estação Trianon, foi preso. Condenado a 20 anos, Márcio conseguiu a liberdade após oito anos cumprindo pena, quando resolveu morar em Santos. Lá, depois de um ano trabalhando, foi convidado por algumas pessoas que conheceu na prisão a roubar terminais de carga. “Era um tempo de muito perigo e dinheiro também. Às vezes, saía de um assalto com 50, 60 mil reais. Gastava todo o dinheiro com boates, drogas e prostitutas. Depois, partia para novos assaltos. Fui perseguido e baleado pela polícia, mas não conseguiram me prender novamente.” Uma manhã, porém, após três dias em um hotel com uma mulher, Márcio sentiu que aquela vida não tinha mais sentido
para ele. Pediu que a mulher fosse embora e levasse com ela a pedra de crack que eles estavam usando. Ele começou a rezar. Pediu a Deus que o ajudasse. “Saí sem rumo e comecei a perambular pelas ruas de Santos. Foi quando entrei numa igreja. Vi alguns irmãos limpando a Igreja, mas não tive coragem de falar com ninguém. Eles saíram e voltaram e eu ainda estava lá. Então, um deles se aproximou e me chamou para conhecer a Missão Belém. Relutei no início, mas acabei aceitando, com o objetivo de voltar logo. Quando cheguei à casa, começaram a me oferecer roupa, comida, me convidaram para rezar com eles. Fiquei impressionado, pois nunca os tinha visto antes.” Márcio resolveu ficar e nunca mais voltou para a rua. Desde lá, já são sete anos. Hoje ele é o coordenador e responsável jurídico de todos os sítios da Mis-
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idosos e pessoas com deficiência. Durante o percurso, Joana indicou uma barraquinha na estrada. “Essa banca de verduras é de responsabilidade dos internos do Sítio Pai Ernesto. Eles plantam, colhem e vendem aqui”, explicou. Lá estava Carlos Eduardo Dias da Silva, com suas hortaliças fresquinhas. Por causa da chuva, a conversa com Carlos foi interrompida e a viagem prosseguiu até Jundiaí por mais 40 minutos.
Cicatrizes e sentimentos
Sheila junto a uma das internas da Casa de Idosos do Sítio Nossa Senhora de Fátima, em Jundiaí
Com o trabalho, a partilha e a espiritualidade, mulheres buscam saídas para suas dependências
são Belém que estão em Jarinu e também daquele das mulheres, em Jundiaí (SP). Reaproximou-se da esposa e da filha, tem quatro netos e pretende continuar sendo voluntário na Missão Belém em Jarinu ou em outro lugar que precisarem dele. O almoço com arroz, feijão, linguiça e salada da horta foi preparado por um dos acolhidos voluntários da casa onde Márcio mora atualmente. Do Sítio São Miguel, a reportagem seguiu para Jundiaí, para visitar o sítio feminino. Logo mais Gilson e Luiz iriam recomeçar a preparar a massa do pão que eles colocam no forno mais ou menos às duas horas da manhã. Juntos, eles fizeram um enorme bolo para o aniversário de 10 anos da Missão. “Estou aprendendo muito com o Gilson”, comentou Luiz. “Eu tinha feito um curso de auxiliar de padeiro, mas nem se compara à experi-
ência vivida aqui. Da mesma massa, ele faz mais de sete receitas, apenas acrescentando mais ovos, leite ou açúcar. É incrível”, continuou o paulista, que está há sete meses no Sítio e pretende trabalhar como padeiro quando sair.
Percursos desconhecidos
De Jarinu até Jundiaí, onde está localizado o sítio Nossa Senhora de Fátima que acolhe mulheres, a reportagem do O SÃO PAULO foi acompanhada por Joana D’arc Silva de Oliveira, que aos 27 anos decidiu doar seu tempo e seus conhecimentos como voluntária para a Missão Belém. Ela formou-se em educação física e mora em Itatiba (SP) com a família, mas todos os dias, com uma ajuda de custo, se desloca até as casas em Jarinu para desenvolver atividades de ginástica com os internos, sobretudo os
Ali, naquele espaço amplo e bonito funcionava uma granja. Mas o dono decidiu doar para que crescesse algo mais que o alimento do corpo. São mais de 70 mulheres no Sítio Nossa Senhora de Fátima em cinco casas independentes uma da outra. Cada uma tem sua coordenadora e monitora, assim como nos alojamentos masculinos. Em uma delas, o milho estava sendo cozido no fogão de lenha e o chá de erva cidreira espalhava seu cheiro por todos os lados. As mulheres estavam lá, ao redor do fogão O atual espaço da igreja estava com as horas contadas, pois no dia seguinte seria derrubado para a construção de uma nova. Outras três casas também estão sendo construídas, o que ampliará o número de vagas para cerca de 150. Sheila de Jacinto é a responsável pelo Sítio. Aos 36 anos, por causa do vício do álcool, ela se afastou da família e dos filhos e hoje pretende continuar como missionária na instituição. “Quando cheguei aqui, fiquei responsável pela casa onde estão as idosas e no início foi muito difícil, pois eu não tinha nenhuma paciência. Mas com o tempo, fui me afeiçoando tanto por elas que, quando saí, senti muita falta”, contou. No Sítio, há também uma pequena padaria, mas as mulheres ganham uma doação do pão já feito e só é necessário assar. Além da horta, elas estão montando uma oficina de costura, que ensinará o ofício para as mulheres que desejarem e, naquela tarde, estava acontecendo também uma formação para coordenadoras e monitoras. Adriana de Lima é coordenadora da Casa Maria Mãe de Deus e está no Sítio há três meses. “Fiquei 20 anos na Cracolândia e fui presa durante seis meses por uma tentativa de homicídio. Foi na cadeia que eu conheci a Missão Belém. No fim de 2014, cheguei a vir para cá, mas voltei para rua e foi pior do que antes. Tive uma amnésia e até hoje não me lembro onde morava”, disse. Ela tem três filhos, uma menina com 23 anos, outra de 15 e um menino que
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tem 10 anos, mas há sete meses não tem notícias dos filhos. “Dou graças a Deus que não estou morta, pois fui ameaçada muitas vezes, inclusive pela polícia.” Adriana nasceu em Campinas (SP) e foi a terceira criança a ser achada no lixão da cidade, em 1986. “Fui desencantada pelos médicos, mas depois de um ano, fui adotada pelos próprios médicos que fizeram o parto da minha mãe. Vivia numa grande família, mas quando cheguei à adolescência, queria sair, conhecer o mundo e minha mãe não permitia. Comecei, então, a fugir de casa e a usar drogas. Primeiro cola, depois tíner e benzina e fui direto para o crack. Tudo isso com menos de 15 anos.” Ela ficou na rua durante cerca de oito anos. “Sofri estupro, aborto e minha vida é cheia de fatos ruins. Aos 38 anos, nunca consegui ficar em pé, sempre indo e voltando, mesmo com apoio da minha família. Ultimamente, tinha até uma barraca para vender crack na Cracolândia; mas agora, sinto que estou recomeçando porque eu quero. A pessoa precisa querer recomeçar. Se amo meus filhos e minha família, tenho que me cuidar primeiro”, reconheceu Adriana, enquanto mostrava as cicatrizes do último conflito com a polícia, e um quadro pequeno que pintou durante a permanência no Sítio. “Aqui, descobri que pinto e ganhei telas e tintas para desenvolver meu dom”, disse sorrindo a paulista que, enquanto estava cumprindo sua pena participou de um concurso de música e ganhou um violão, roubado após dois dias que ela deixou o cárcere. Nos alojamentos masculinos, a permanência chega a 63%, mas no feminino esse percentual é significativamente menor. Todos os dias, chegam e vão embora meninas do Sítio Nossa Senhora de Fátima. Sheila acredita que um dos motivos é a maior facilidade que a mulher tem de sobreviver na rua. A vida delas em Jundiaí está em constante transformação, mesmo que algumas feridas demorem a cicatrizar. Lá, se pode ver as construções que uma a uma vão dando ao lugar uma cara nova. O pão para o lanche da tarde tinha acabado de sair do forno quando deixamos o lugar. Belém em hebraico significa “casa do pão”, e assim, as portas das casas da Missão Belém, seja no interior do Estado ou na Capital, estão sempre abertas para quem quer colocar a mão na massa, sobretudo naquela massa que faz modificar o coração e o desejo para crescer a liberdade.
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Luciney Martins/O SÃO PAULO
Instituto Wladimir Herzog
40 anos depois, o silêncio dá lugar ao canto O assassinato do jornalista Vladimir Herzog e o Ato Interreligioso, que aconteceu no dia 31 de outubro de 1975, foram recordados no domingo, 25, na Catedral da Sé Nayá Fernandes
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tagem e reviver uma história na qual ela foi também protagonista. A poucos metros estava Raquel Alves Trindade, que veio com a mãe participar do Ato, pois está fazendo um trabalho sobre a ditadura na escola. Raquel tem apenas 10 anos, mas durante todo o tempo ficou de pé, próxima ao presbitério e atenta a cada discurso, gesto ou canção daquela tarde. O evento reuniu, aproximadamente, 2 mil pessoas, dentre elas 800 cantores de 30 corais diferentes, dirigidos pelo Coro Luther King e o maestro Martinho Lutero. Líderes religiosos fizeram seus discursos de recordação e esperança ao mesmo tempo, entre eles
Vladimir Herzog, apoiado pela Casa da Reconciliação, a Rede Cultural Luther King e o Projeto Canta São Paulo. A música deu o tom do evento que teve como tema principal: “Lembrar, respeitar e cantar é preciso”. Músicas como “Calabouço”, de Sérgio Ricardo; “Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, e “Gracias a La Vida”, de Violeta Parra, fizeram parte do repertório. Porém, o momento que emocionou um grande número de pessoas e durante o qual se pôde ver uma grande comoção foi aquele em que a canção “O bêbado e a equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc, foi cantada, à capela, pelas pessoas que acompanharam ou conheceram de alguma maneira a história de tantas Luciney Martins/O SÃO PAULO “Maria e Clarices” que choraram no solo do Brasil. Clarice Herzog, a viúva do Vlado, falou a um pequeno grupo de jornalistas no fim do Ato. Ela recordou aquele dia em que soube que o marido, após ter se apresentado ao DOI-CODI, não voltaria mais. “Quando vi três homens de terno na porta da nossa casa, não tive dúvidas de que ele estava morto”, disse Clarice. A participação neste ato foi diferente daquele há 40 anos atrás. “Naquele dia, eu somente conseguia reviver a morte dele e chorar. Hoje, eu compreendo que a morte do Vlado é um grito pela verdade e pela justiça”, ressaltou.
Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Lapa; o Rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista; e o Reverendo Marcelo Leandro Garcia de Castro, da Igreja Presbiteriana Unida. O primeiro a ter a palavra foi Ivo, que em seu breve discurso de agradecimento, recordou também o momento atual e fez críticas à Polícia Militar de São Paulo: “O que a Polícia Militar de São Paulo tem feito ao assassinar pessoas é inaceitável. É inaceitável também que o Ministério Público arquive processos contra esses policiais. A cultura da violência tem que mudar.” A realização do Ato foi do Instituto
Há 40 anos, o clima era de silêncio e medo e os participantes do Ato Interreligioso do dia 31 de outubro de 1975, uma semana após o assassinato de Vladimir Herzog, dirigiram-se à Catedral da Sé para protestar contra a morte do Vlado, como era conhecido, mas também contra a ditadura, regime estabelecido no País em1964 e durou até 1985. No domingo, 25 de outubro de 2015, às 14h30, um novo ato foi realizado na Catedral da Sé, mas neste, as pessoas chegaram e saíram cantando, “a plenos pulmões”, como disse o filho de Vladimir, Ivo Herzog. Cleide Formigare estava na Catedral há 40 anos. Era estudante de Filosofia, foi perseguida e viveu anos muito difíceis. Tendo voltado domingo à Catedral, hoje com 75 anos, ela tem a mobilidade reduzida e, ajudada por uma cadeira de rodas, Cônego Bizon conduz oração durante ato inter-religioso na Sé, que recorda 40 anos da morte de Herzog se emocionou ao falar com a repor-
O presidente da Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog, o vereador Gilberto Natalini (PV), era estudante de medicina e ativista político em 1975. Em entrevista ao O SÃO PAULO, ele afirmou que “o legado de Herzog foi principalmente o de mudar o paradigma da vida no Brasil. Depois dele, o regime militar começou a ficar mais brando porque o governo percebeu que as pessoas estavam se unindo”. Ao falar sobre a atuação das religiões, Natalini ressaltou que “tiveram um papel importante na resistência e que, inclusive, líderes religiosos foram presos, alguns até assassinados, como o filho do pastor James Wright, que con-
Atores de uma história viva duziu o ato celebrado há 40 anos, juntamente com o Cardeal Paulo Evaristo Arns, arcebispo metropolitano de São Paulo à época, e pelo rabino Henry Sobel, da comunidade judaica. Ela estava na estação da Sé, junto a uma amiga, recordando o dia em que foi presa por militares na cidade de São Paulo. A carioca Beatriz Bargieri participava da Ação Popular em 1969 e, perseguida, veio para São Paulo junto com o marido. Trabalhando como arquiteta, Beatriz foi presa em 1971 e ficou durante 103 dias na cadeia, onde sofreu diferentes tipos
de tortura. Quando saiu, ela não quis sair do Brasil e continuou lutando pela democracia. Hoje, 40 anos depois, aos 72 anos, Beatriz percebe o quanto foi valiosa aquela luta, mas o quanto o País ainda precisa avançar e como a violência institucionalizada continua a acontecer, violando os preceitos básicos dos direitos humanos. “A democracia permitiu que os grupos de jovens se reúnam sem medo para lutar pelos seus direitos, o que não era possível naquela época”, disse sorrindo. A coordenadora das atividades do
(Colaboraram Igor Andrade e Vítor Loscalzo)
Coro Luther King de São Paulo, Sira Milani, enfatizou à reportagem que com o ato, “lançamos luz sobre os fatos, o assassinato de pessoas, a opressão, a violência. E quando a gente empresta a voz de um coro, com a energia, com a sua capacidade agregadora, que é um potencial também de disseminação de informação, torna-se veículo de transformação”. Na segunda-feira, 26, aconteceu a reinauguração da praça Vlado Herzog, localizada na rua Santo Antonio, em frente à praça da Bandeira e, em seguida, houve o lançamento do relatório final da Comissão Municipal da Verdade. (NF)
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‘E a cervejinha durante o jogo, pode?’ Liberação da venda de cerveja em estádios de futebol, em análise na Câmara dos Deputados, divide opiniões Daniel Gomes
danielgomes.jornalista@gmail.com
A venda de cerveja nos estádios de futebol poderá ser permitida em todo o País caso seja aprovado o Projeto de Lei (PL) nº 1.375/15, que tramita em fase conclusiva na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados. De autoria do parlamentar Antonio Goulart (PSD-SP), o PL foi aprovado em setembro na Comissão de Esporte da Câmara, com uma alteração feita pelo relator, o deputado Andres Sanchez (PT-SP), permitindo a venda de cerveja a qualquer tempo nos dias de jogos e não apenas duas horas antes das partidas, como previsto no projeto original. Durante as discussões na Comissão do Esporte, Sanchez afirmou que a atual proibição estimula o comércio ambulante ao redor dos estádios e prejudica a logística dos eventos. “Os torcedores entram
AGENDA ESPORTIVA QUARTA-FEIRA (28) Copa do Brasil - semifinal 22h – Palmeiras x Fluminense (Allianz Parque) SÁBADO (31) Brasileirão de Futebol 17h – São Paulo x Sport (Morumbi) DOMINGO (1º) Paulista de Vôlei Masculino – 2º jogo da final* 13h – Sesi x Taubaté (Ginásio do Sesi - rua Carlos Weber, 835, Vila Leopoldina) *Horário sujeito a alterações
poucos minutos antes do início da partida, sobrecarregando o trabalho de revista pessoal e gerando tumultos”, argumentou. Se não sofrer restrições na CCJC, o PL seguirá diretamente para apreciação do Senado, exceto se ao menos 51 deputados assinarem um requerimento para que seja votado no plenário da Câmara.
Liberação em cidades e estados
Em Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Bahia, Espírito Santo, Goiás e Rio de Janeiro, a venda de cerveja em copos plásticos já é permitida nos estádios para os maiores de 18 anos. Em Ribeirão Preto (SP), desde setembro há igual permissão. Segundo Gerson Engracia Garcia, presidente do Botafogo de Ribeirão, após a liberação da venda o público aumentou. “As pessoas consumem a cerveja moderadamente e até trouxemos de volta ao estádio as famílias. Além disso, a venda traz uma receita significativa para o clube”, disse ao O SÃO PAULO, garantindo que não foram registrados incidentes. Proponente da legislação, o vereador Walter Gomes (PR), presidente da Câmara Municipal, disse que não houve resistência da sociedade de Ribeirão Preto à medida. “Muita gente, antes, tomava cerveja na porta dos estádios. Então, as pessoas chegavam mais cedo e tomavam até a hora de entrar. Alguns ficavam até bêbados”, comentou.
‘Incentivo à prática de atos de violência’
No texto de justificativa do PL nº 1.375/15, o deputado Goulart argumenta que ainda não se produziu “estudo sério, pautado em critérios acadêmicos e cientí-
ficos” que associem o consumo de bebidas alcoólicas à violência no âmbito esportivo. Entendimento diferente à questão tem Márcio Bressani, promotor de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, responsável pela Promotoria do Torcedor. “Temos casos concretos aqui no Rio Grande do Sul de que o consumo de cerveja ou qualquer outra bebida alcoólica incentiva a prática de atos de violência, e pelo o que os próprios psiquiatras demonstram cientificamente, essa combinação de ingestão de bebida alcoólica em um evento desportivo de massa com pessoas confinadas dentro de um espaço físico, com as emoções que o futebol proporciona, faz com que algumas se tornem mais violentas”, garantiu à reportagem. O Promotor também contestou as le-
gislações municipais e estaduais que permitem a venda de cerveja nos estádios. Ele lembrou que o Estatuto do Torcedor, no artigo 13A, proíbe o acesso e a permanência de torcedores nos estádios com bebidas alcoólicas. “Não se pode aceitar dentro do sistema jurídico que se entenda natural e constitucional que uma legislação municipal ou estadual possa afrontar a legislação federal. E é por isso que o Ministério Público tem se movimentado para sensibilizar o Supremo Tribunal Federal de que essas legislações que estão sendo aprovadas em alguns estados e municípios têm vício de inconstitucionalidade”, afirmou, recordando que já existem no STF ações diretas de inconstitucionalidade a tais leis, mas que não houve, ainda, qualquer pronunciamento do Supremo Tribunal. Edcarlos Bispo/O SÃO PAULO
Essa camisa do Corinthians, autografada pelo elenco e pelo técnico Tite, foi obtida pelo Padre Andrés Gustavo Marengo, da Paróquia Natividade do Senhor, na Região Santana, e vai ser sorteada em 15 de novembro, em uma ação entre amigos para a continuidade das obras da igreja. Quem quiser adquirir um número para o sorteio, no valor de R$ 10, pode entrar em contato pelo telefone (11) 2995-7422.
Benegrip Multi: paracetamol 13,30 mg/mL, cloridrato de fenilefrina 0,33 mg/mL, maleato de carbinoxamina 0,13 mg/mL Indicações: Analgésico e antitérmico. Descongestionante nasal em processos de vias aéreas superiores. MS 1.7817.0768. Setembro/2015. Benegrip Multi é um medicamento. Durante seu uso, não dirija veículos ou opere máquinas, pois sua agilidade e atenção podem estar prejudicadas.
SE PERSISTIREM OS SINTOMAS O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.
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Filipe David
osaopaulo@uol.com.br
Dica de Leitura
Aparições de Fátima e Pontmain
Este não é um livro com viés pietista ou espiritualista: é uma descrição e análise das circunstâncias dessas duas aparições de Nossa Senhora, em Fátima, em Portugal, e em Pontmain, na França, e das mensagens nelas divulgadas, que se destacam das demais por terem ocorrido em tempos de guerra, mas tratarem de paz. São palavras que repercutiram no mundo inteiro e influenciaram várias pessoas, mas que ainda podem ter muito a revelar, mesmo com tudo o que já foi publicado sobre elas, até porque nem sempre isso foi feito com o cuidado ou o respeito que elas merecem. As duas histórias aqui relatadas foram divulgadas internacionalmente e inspiraram a edificação de diversas igrejas, capelas e oratórios ao redor do mundo. No entanto, ainda que esse aspecto devocional seja importante, deve-se ter cuidado para que ele não ofusque aquilo que elas têm de mais instrutivo para a humanidade, que é a sua mensagem: não adiantará alguém rezar para Nossa Senhora e ter um nicho com a imagem dela em sua casa, se essa pessoa é incapaz
Divulgação
de ter amor em seu coração, reconhecer os seus erros e se penitenciar deles, se é injusta com os outros ou ofende a Deus. Ficha técnica Autor: Renan II de Pinheiro e Pereira Páginas: 224 Editora: Ecclesiae
Internet
Um blog sobre René Girard e a teoria mimética René Girard é o criador da teoria do desejo mimético, que explica como os nossos desejos são muitas vezes fundados na imitação de uma pessoa que tomamos como modelo, e quais são as consequências disso na sociedade, sobretudo no que se refere à escalada da violência e à busca por “bodes expiatórios” para se reestabelecer um certo tipo de paz social. O blog “Miméticos” publica análises e reflexões sobre temas atuais à luz do pensamento de René Girard. O último artigo publicado analisa a questão da violência urbana e a Teoria das Janelas Quebradas. Segue um pequeno trecho da análise: “Na lógica das Janelas Quebradas, a relação entre delinquência e racionalidade instrumental, que analisa o comportamento do criminoso como fruto da ação racional de um sujeito que considera custos e benefícios, tão cara à tradição economicista anglo-saxã, aparece bastante mitigada, para dizer o mínimo. Afinal, o que parece essencial para a ocorrência de atos disruptivos da ordem social é antes a capacidade que uma determinada comunidade humana tem de partilhar e de manter as regras morais do que a decisão e o cálculo de indivíduos isolados. Nesse jogo, os policiais aparecem como sacerdotes responsáveis por uma atividade quase litúrgica de regulação do tipo de comportamento que deve ou não ser proibido, no esforço de manter intacta a pureza da ordem constituída”. Para ler mais: renegirard.com.br/blog/
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Ipiranga
Padre Pedro Luiz Amorim, Matheus Matos, Elis Facchini e José Antônio de Moraes Colaboradores de comunicação da Região
Paróquia Santa Ângela em missão pelas ruas da Vila Moraes “Felizes os misericordiosos porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7). Este foi o lema que impulsionou 53 missionários da Paróquia Santa Ângela e São Serapião a saírem pelas ruas da Vila Moraes, no
sábado, 24, para compartilharem a misericórdia, em visita a 104 famílias, com palavras de ânimo a quem sofre fisicamente, psicologicamente ou espiritualmente, sempre com uma atitude de tole-
rância aos diferentes pensamentos. Da realização das visitas, segundo os participantes, ficou a certeza de que é preciso manter a frequência da ida às casas das pastorais da Pessoa Idosa, da Saúde,
da Criança e da Catequese, para não perder o primeiro contato. No próximo ano de missão, a meta é visitar casas de outras ruas, além de criar espaços para as visitas no Círculo Bíblico.
Solidariedade na valorização da vida Diariamente, de forma voluntária, um grupo de pessoas está à disposição para uma conversa amiga que pode salvar vidas. São os integrantes do Centro de Valorização da Vida (CVV), que lidam com os mais diversos tipos de situações emocionais de outras pessoas, via telefone, chat, e-mail, por correspondên-
Dom José Roberto apresenta novos superiores oblatos Em missa na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, no Setor Pastoral Vila Mariana, na tarde do sábado, 24, Dom Jose Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Ipiranga, apresen-
Elis Facchini
cia ou mesmo pessoalmente. Entre os dias 17 e 18, 60 integrantes do CCV, Regional São Paulo, estiveram reunidos no Centro de Formação Sagrada Família, no Ipiranga, para participar de oficinas e cursos de aperfeiçoamento do trabalho voluntário que realizam. Segundo o vice-coordenador
tou aos paroquianos os novos superiores dos Oblatos de Maria Virgem: os padres David Nicgorsk, superior geral da Congregação; e Joseph Yves Louis Normandin, superior para o Brasil. Padre Pedro Luiz Amorim
A Paróquia Santa Paulina, no Heliópolis, concluiu no domingo, 25, as missões populares de outubro. Há três anos, a comunidade paroquial busca viver o espírito missionário durante o mês dedicado às missões. O trabalho pastoral já gerou frutos, um deles é a missão permanente que acontece uma vez por mês em algum local específico da comunidade. Nos três finais de semana de missão, doentes e pessoas afastadas da Igreja foram visitados. A missão envolve todas as pastorais da Paróquia.
Integrantes do CVV posam para foto no Centro de Formação Sagrada Família
da Regional São Paulo da CVV, Emerson Ferreira dos Santos, o treinamento para as pessoas voluntárias deve ser contínuo, dadas as situações com as quais lidam diariamente. “Aqui no Centro de Formação Sagrada Família, realizamos uma oficina de coordenação, além de
dois Cursos de Aperfeiçoamento: o CA1, que se baseou no livro ‘Tornar-se pessoa’, do autor Carl Rogers; e o CA3, cujo tema foi ‘conhecer os porões’, ou seja, um convite ao conhecimento interior”, informou Santos. O trabalho se estende por nove pontos estratégicos da capital e cidades próximas.
Na Paróquia Santo Afonso, um dia para recordar os mártires A Paróquia Santo Afonso Maria de Ligório, na Água Funda, sediou na sexta-feira, 23, a 36º Missa dos Mártires da Região Episcopal Ipiranga. Anualmente, essa celebração visa homenagear e relembrar aqueles nomeados Mártires que morreram com base na sua fé, no amor a Cristo e a seus ensinamentos, tornandose, assim, exemplos para uma plena vida cristã. Após a celebração eucarística foi realizada uma apresentação de vídeos e palestras junto com a reflexão e
meditação sobre a Pastoral Operária, com o tema “Suas vestes foram lavadas e alvejadas no sangue do cordeiro” (Ap 7,14). A Pastoral está ativa há mais de 45 anos.
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Sé
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Padre Manoel Quinta
Colaboração especial para a Região
Assembleia regional ressalta o caminhar pastoral com Deus na cidade Após as assembleias setoriais de pastoral, a Região Episcopal Sé reuniu-se em assembleia regional no sábado, 24, convocada por Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região. A Assembleia foi na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, no Setor Pastoral Bom Retiro. Padre José Enes de Jesus, coordenador regional de pastoral, apresentou uma síntese das assembleias setoriais, enfatizando o esforço das pa-
róquias e dos setores em caminhar conforme o 11º Plano de Pastoral da Arquidiocese. O Sacerdote expôs as sugestões pastorais que emergiram das assembleias setoriais, entre as quais o desejo de implantação da “Pastoral da consolação”, para as pessoas enlutadas, a intensificação da formação e dos círculos bíblicos e a atenção especial às famílias. Padre Manoel Quinta desenvolveu o tema central da assembleia:
“Deus na cidade”, convidando a todos a perceberem a presença de Deus na metrópole de São Paulo: nos pobres, nas chamadas “periferias existenciais” e onde se manifesta o sentimento religioso. Dom Eduardo concluiu a Assembleia, exortando todos a partilharem a própria fé e esperança, a acreditarem na possibilidade de transformação pastoral, uma vez que a Igreja pede uma conversão pastoral, deixando de lado “vícios
pastorais” que redundam na desconexão com a realidade. Ao final, Dom Eduardo agradeceu a todos pela presença e de modo especial àqueles que se empenharam pela realização da Assembleia, à comunidade da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora e ao Padre Edmilson Rodrigues de Moraes, pároco, que no começo da Assembleia detalhou as atividades que os salesianos desenvolvem em favor da juventude.
Nostra Aetate: há 50 anos, o diálogo entre católicos e judeus Arterial Foto
Com líderes religiosos, Dom Eduardo Vieira dos Santos participa de evento comemorativo pelos 50 anos da Nostra Aetate, dia 25
Diego Monteiro
Especial para O SÃO PAULO
Lideranças das comunidades cristã, judaica, muçulmana, budista e de matriz africana se reuniram na noite de domingo, 25, no Colégio Nossa Senhora de Sion, em Higienópolis, para celebrar o jubileu de ouro da declaração Nostra Aetate (Nossa Época), do Concílio Vati-
cano II, sobre a Igreja e as religiões não cristãs. Na atividade organizada pela Congregação das Religiosas de Nossa Senhora de Sion, Região Brasil, Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, recordou que a Nostra Aetate é o primeiro compromisso formal de aproximação teológica e social entre as comunidades católi-
ca e judaica. O Bispo lamentou que esteja prosperando no cenário internacional o radicalismo e o fanatismo religioso, os quais não colaboram para a convivência fraterna e a paz no mundo. “Promover o diálogo é dever de todos nós; é o caminho para a paz entre todos os povos e religiões”, concluiu. Michel Schlesinger, representante para o diálogo inter-religioso da Confederação Israelita do Brasil (Conib) e rabino da Congregação Israelita Paulista (CIP), enfatizou que o diálogo não é o fim, mas o meio; que não se deve dialogar por dialogar, mas para mudar a realidade. Afirmou que a aproximação das religiões tem por objetivo a consolidação de uma sociedade mais justa, ética e transparente. “Vamos fortalecer o trabalho com o diálogo inter-religioso. Vamos ver nesse trabalho não simplesmente uma reunião de amigos para bater papo e tomar chá, mas, principalmente, sentir sob os nossos ombros a responsabilidade de consolidar uma so-
ciedade e um mundo melhor. Shalom!”. Segundo o Sheikh Houssam Ahmad El Boustani, consultor religioso e educativo do Instituto Futuro, e ex-presidente da Ordem dos Sábios Muçulmanos do Brasil, a religião islâmica, desde o profeta Mohammad, no século VII, até os dias atuais, orienta os seus seguidores a praticar o diálogo inter-religioso. “Nós muçulmanos acreditamos, conforme o Alcorão sagrado, que, por meio do poder do diálogo, nós podemos realizar muitas coisas. Eu, como muçulmano, condeno e trabalho para combater qualquer tipo de violência praticada em nome de religião ou ideologia”. A monja Heishin, da Comunidade Zen Budista Zendo Brasil, destacou que o diálogo deve ser convertido em ação e propôs uma reflexão sobre um gesto concreto: “Se todos nós religiosos e não religiosos nos deparássemos com situações de violências, qual seria a reação de cada seguimento? A gente exercita o diálogo interferindo na sociedade com a nossa inteligência, com a nossa sensibilidade”, afirmou a Monja. Em momentos intercalados, o público pode apreciar a apresentação conjunta da cantora Fortuna, o coro de monges beneditinos do Mosteiro de São Bento e a orquestra Vozes do Violão do Lar das Crianças da CIP, regida pelo maestro Cláudio Weizmann; Houve, ainda, a apresentação do grupo de dança Sion Vila Maria, conduzida pela professora Vanessa Santos. No final do evento, jovens seguraram banners com imagens dos compromissos concretos: o diálogo católico-judaico em São Paulo; o diálogo católico-judaico em trabalho conjunto com a fraternidade cristã-judaica; e o grupo de diálogo inter-religioso Jovens pela Paz, que em continuidade com as novas gerações, segue o desafio de dialogar para transformar o mundo.
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Peterson Prates
Colaborador de comunicação da Região
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Belém
Testemunho na ação evangelizadora é destaque em assembleia regional Iniciação para a vida cristã, articulação das pastorais sociais, dimensão bíblico-catequética, conversão pastoral, atenção ao Ano Santo da Misericórdia e promoção do cuidado com a casa comum foram alguns dos compromissos eclesiais assumidos pelos representantes dos setores da Região Belém para ação evangelizadora pastoral do próximo ano, durante a assembleia regional, realizada no sábado, 24, no Centro Pastoral São José. Junto a Dom Edmar Peron, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, integrantes de pastorais, padres, religiosos e religiosas refletiram sobre o tema “Testemunhas de Jesus Cristo na Cidade” e o lema “É preciso avançar”, na assembleia conduzida pelo
Padre Marcelo Maróstica, coordenador de pastoral da Região. Dom Edmar, no início da Assembleia, lembrou “que nossa caminhada pastoral, é feita de receber e dar”, disse, explicando que “recebemos de quem está fazendo a caminhada e passamos a quem ainda não faz a caminhada”. Ainda segundo o Bispo, “recebemos de testemunhas e daí o único jeito de passar para frente é pelo testemunho também”. O instrumento de trabalho da Assembleia, dividido em três partes, foi apresentado por setores pastorais. A primeira parte foi uma reflexão, na qual os setores observaram de que forma e como “estão sendo testemunhas de Jesus Cristo”, se “nosso testemunho faz com que as pessoParóquia Divino Espírito Santo
Na quinta-feira, 22, os devotos de São João Paulo II celebraram a memória do Santo, na comunidade de mesmo nome, na Paróquia Divino Espirito Santo, do Setor Sapopemba, em missa presidida por Dom Edmar Peron e concelebrada pelo Padre Antônio Carlos Mariano, pároco.
Peterson Prates
Dom Edmar Peron conduz assembleia pastoral da Região Belém, no sábado, 24
as se encantem por Jesus Cristo”, se “despertamos o desejo de seguir Jesus”, e ainda se formam discípulos missionários, se sentem mudanças profundas na ação pastoral e como estão vivendo nas diversas instâncias da Igreja na Região Belém. A segunda parte do instrumento foi uma avaliação de como foram assumidas as urgências do projeto de evangelização da Arquidiocese de São Paulo, no que se refere à Igreja em estado permanente de missão; Igreja a serviço da vida plena para todos; e à evangelização dos jovens. Na terceira parte do instrumento foram apresentadas as perspectivas pastorais, considerando a urgência arquidiocesana do próximo ano Igreja, lugar de animação bíblica da vida e da pastoral, junto ao estudo
da constituição dogmática conciliar Dei Verbum -, a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 e as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE 2015-2019). “Não é um compromisso funcional, mas a minha missão dentro da minha comunidade faz parte do grande horizonte da missão da Igreja”, apontou Dom Edmar, ao falar dos compromissos pastorais assumidos na Assembleia. Durante a atividade foram definidos os delegados da Região que participarão da Assembleia Arquidiocesana, agendada para 7 de novembro. Ao final foram dados informes e distribuído o calendário atualizado das atividades da Arquidiocese e da Região.
Lapa
Padre Antonio Francisco Ribeiro e Benigno Naveira Colaboradores de comunicação da Região
Casamento comunitário: pela primeira vez na São Patrício No próximo sábado, 31, cinco casais receberão o sacramento do Matrimônio na Paróquia São Patrício, do Setor Pastoral Rio Pequeno. Será a primeira vez que a Paróquia promoverá um casamento comunitário. Por conta disso, no curso de noivos realizado no sábado, 24, pela Pastoral Familiar, na matriz paroquial, os noivos, além de tomarem ciência das responsabilidades do Matrimônio, também ouviram detalhes sobre os procedimentos da celebração.
Para Mario Pereira e Andréa Reis de Souza, que se casarão no dia 31, será uma alegria participar do casamento comunitário, que, segundo eles, permitirá reunir todos os convidados e com as despesas divididas entre os casais, o custo será bem menor do que uma cerimônia particularizada. Em conversa com a Pastoral da Comunicação da Região Lapa, Alexandre Rodrigues, coordenador do curso de noivos, disse esperar que mais casais optem por esse tipo de cerimônia na Paróquia. Divulgação
Na quinta-feira, 22, na Cúria Regional da Lapa, o Padre Antonio Francisco Ribeiro, coordenador regional de Pastoral, orientou o encontro de formação das secretárias paroquiais, que teve por tema “Ano da Misericórdia – como transformar a secretaria paroquial em espaço de acolhida e evangelização”.
Benigno Naveira
Fátima e Alexandre Rodrigues (centro) orientam casais em curso de noivos, dia 24
‘Deus nunca se esquece das boas ações feitas às crianças e aos jovens’ Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, reuniu-se na quinta-feira, 22, com a atual diretoria e os ex-diretores da Associação Civil Gaudium et Spes (Ages), presidida por Dom Fernando Penteado, bispo emérito de Jacarezinho (PR), para agradecê-los pelo trabalho realizado. O Bispo destacou que a Ages conta com 88 funcionários, que atendem cerca de 600 crianças.
“Deus nunca se esquece das boas ações feitas às crianças e aos jovens”, afirmou Dom Julio.
AGENDA REGIONAL Segunda-feira (2) No Cemitério da Lapa (rua Bergson, 347, Alto da Lapa), Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, presidirá missas às 10h e às 15h. Haverá, ainda, missa às 8h e às 12h.
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Santana Pela Pastoral da Saúde, o rosto da misericórdia Diácono Francisco Gonçalves
Padre Augusto César assessora o retiro da Pastoral da Saúde da Região Santana, dia 24
A bula Misericordiae Vultus (O rosto da misericórdia), pela qual o Papa Francisco proclamou o Jubileu Extraordinário da Misericórdia, foi alvo de estudo de 120 integrantes da Pastoral da Saúde da Região Santana, em retiro realizado no sábado, 24, na cúria regional. Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, fez a abertura do retiro, durante a qual alertou que dificuldades podem surgir, muitas vezes exigindo a renúncia das pró-
Diácono Francisco Gonçalves
Colaborador de comunicação da Região
prias ideias para aceitar a dos outros, a fim de manter a comunhão como Igreja e deixar que Cristo prevaleça. A pregação do retiro foi feita pelo Padre Augusto César Pereira, SCJ, que detalhou aspectos da Misericordiae Vultus, proporcionando aos participantes chaves de compreensão da Bula, sem dispensar a meditação e o testemunho. Também esteve na atividade o Padre João Mildner, assessor eclesiástico arquidiocesano da Pastoral da Saúde.
Santo Inácio de Antioquia: exemplo de perseverança e coragem Frei Ernane Marinho, SAI, pároco da Paróquia Jesus no Horto das Oliveiras, acolheu a comunidade dos frades, irmãs e oblatos inacianos, entre os quais o Frei Guilherme Anselmo, SIA, coordenador da Campanha da Fraternidade na Região Santana, para celebrar seu patrono, Santo Inácio de Antioquia, no dia 17, data da memória litúrgica do Santo. “Santo Inácio Mártir, foi bispo de Antioquia no início do segundo século depois de Cristo. Foi um grande líder cristão em tempos de perseguição e, por isso, foi preso e condenado
à morte, foi jogado numa arena de um espetáculo cruel, em que leões e leopardos eram soltos para devorar os condenados. Inácio poderia ter evitado tudo isso se negasse sua fé. Mas, ele escreve em suas cartas que não há outro sentido na vida do cristão a não ser o próprio Cristo. A morte, para ele, foi uma oportunidade de encontrar-se com o horizonte de sua fé: ‘ser trigo de Deus, moído pelos dentes das feras e, assim, tornar-me pão puro de Cristo’ (Inácio aos Romanos, 4). Foi exemplo de perseverança e coragem”, expressou Frei Guilherme.
Adriana Toledo
Procissão com a imagem de Santo Inácio, em missa presidida pelo Frei Ernane Marinho
Diácono Francisco Gonçalves
Pascom Santana
A Animação Bíblica Pastoral, por meio de seu coordenador regional, Padre Paulo Cesar Gil, promoveu, no sábado, 24, na Paróquia Santa Joana D’Arc, um retiro para cerca de 150 catequistas da Região Santana. Dom Sergio de Deus Borges presidiu a missa, concelebrada pelo Padre José Roberto Mattos, pároco. O retiro, com o tema da misericórdia, teve assessoria de Padre Paulo, de Vilma Xavier e do Padre Augusto César Pereira.
Os funcionários da Cúria de Santana realizaram retiro na Abadia de Santa Maria, no dia 7. A irmã beneditina Ana Leticia, pregadora do retiro, destacou a espiritualidade na família, no momento em que a Igreja realizava o Sínodo dos Bispos sobre a família. Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, que participou de todo o evento, refletiu sobre a tristeza na espiritualidade do cristão.
Diácono Francisco Gonçalves
Diácono Francisco Gonçalves
Dom Sergio Borges participou, no sábado, 24, da abertura do 1º Encontro Missionário da Região Santana, que teve como objetivo estruturar a ação missionária regional. O encontro foi coordenado pelo Padre Antonio dos Santos da Silva, SCJ, e pela Irmã Rosa Clara Franzoi, missionária da Consolata, e contou com lideranças dos Setores Tucuruvi, Vila Maria, Mandaqui e Imirim, além do Padre Odacir Lazarretti, SDC, pároco da Paróquia Santa Cruz.
No dia 18, Dom Sergio Borges conferiu o sacramento da Crisma a 107 crismandos da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, da Vila Dionísia, em missa concelebrada pelo Padre José (Zezé) Benedito Brebal Hespaña, pároco. O Bispo comentou que o Espírito Santo que desceu sobre os apóstolos em Pentecostes, desceria sobre os crismandos quando impusesse suas mãos e os ungisse com o óleo do Crisma para que vivessem plenamente na fé.
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| Entrevista | 21
Com a Palavra: Cardeal Odilo Pedro Scherer
Sínodo: uma nova tomada de consciência em relação à família Luciney Martins/O SÃO PAULO
REDAÇÃO
osaopaulo@uol.com.br
De volta ao Brasil, após a participação no Sínodo dos Bispos, encerrado no domingo, 25, no Vaticano, o Cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, concedeu entrevista ao O SÃO PAULO e ao Portal da Arquidiocese (arquisp.org.br), sobre a assembleia ordinária dos bispos, que tratou sobre a vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo. O SÃO PAULO – A 14ª assembleia
ordinária do Sínodo foi encerrada no dia 25. Como descrever a experiência desse Sínodo, na condição de participante dele?
Cardeal Odilo Pedro Scherer - Foi uma experiência eclesial muito intensa e bonita. Deu para perceber a universalidade da Igreja: sendo a mesma em toda parte, pelo mesmo Evangelho, a mesma profissão de fé e pela mesma organização visível, ela tem, ao mesmo tempo, faces muito diferentes, de acordo com as culturas onde ela está inserida. Foram três semanas de reuniões com a presença quase diária do Papa Francisco e com representantes dos episcopados do mundo inteiro, além de outros membros da Igreja. Não se tratou de um Parlamento, onde a maioria decide ou os partidos tentam negociar composições e compromissos para vencer um debate... Procuramos todos falar com liberdade e colocar-nos à escuta do outro, na tentativa de discernir o que o Espírito de Deus ensina.
O Sínodo tratou de muitos temas relativos à família. Em seu parecer, quais serão as contribuições que mais deixarão marcas no presente e no futuro da família?
De fato, mesmo se o tema específico foi “a vocação e a missão da família na Igreja e na sociedade contemporânea”, foram abordados praticamente todos os temas referentes ao casamento e à família. Creio que o resultado foi muito positivo e algumas questões apareceram claras: uma renovada valorização da família pela Igreja, como realidade boa e querida por Deus; o casamento entre um homem e uma mulher dá início a uma família; a família tem uma missão importante em relação a cada pessoa, à comunidade humana e à Igreja; muitas situações novas e complexas envolvem hoje a família e requerem a atenção pastoral renovada da Igreja, que precisa estar próxima das famílias marcadas pela dor e todo tipo de sofrimento. A Igreja, ao mesmo tempo que convida todos a
acolherem a Boa-Nova de Jesus, precisa olhar com paciência e misericórdia para os casais e as famílias que vivem em situações contrastantes com o ensinamento do Evangelho.
Há esperança de que no futuro haja menos casais separados, divórcios e casais em segunda união?
A Igreja é sempre animada pela esperança. Mas o Sínodo refletiu muito sobre a necessidade da boa preparação para o casamento cristão e o casamento em geral. Creio que a preparação para o casamento deverá ser uma das ações principais da pastoral da família, de maneira que haja menos casamentos nulos ou divórcios no futuro. Precisamos perseverar, na certeza de que Deus não pede coisas impossíveis aos homens. É possível casar, perseverar e ser feliz no casamento.
Antes do Sínodo, criou-se uma grande expectativa sobre a questão da comunhão eucarística aos divorciados e recasados. Após o Sínodo, esses casais podem ou não receber a Eucaristia?
O Sínodo não tinha a missão de “resolver” essa questão, pois a natureza do Sínodo é consultiva, e não decisória. O Sínodo refletiu com intensidade sobre isso e ofereceu algumas indicações ao Papa em relação ao eventual acesso à mesa eucarística dos casais que vivem em segunda união. Permanecem válidas as indicações dadas pelo Papa São João Paulo II na Exortação Apostólica Familiaris Consortio, de 1981. A resposta não consiste num generalizado “pode”, ou “não pode”. Os casos não são todos iguais. Em algumas situações, pode haver uma permissão especial para comungar. O que o Sínodo falou com clareza é que esses casais não estão excomungados, nem devem se considerar como tais; são filhos da Igreja e têm muitas possibilidades de se sentirem parte da Igreja e em comunhão com Deus. Além da co-
munhão eucarística, há a comunhão de fé, da escuta e vivência da Palavra de Deus, da oração comum, da caridade, da participação na missão da Igreja...
O que a Igreja ganhou com o Sínodo? Valeu a pena realizar essa assembleia?
Creio que ganhou muito e o Sínodo sobre a família valeu muito a pena. Houve uma nova tomada de consciência em relação à família e sobre a necessidade de uma nova pastoral familiar. Além disso, ficou muito clara a percepção de que é necessário haver uma espécie de aliança entre a Igreja e a família. O conceito de “Igreja doméstica”, aplicado à família cristã, vai ter maior relevância daqui por diante. Por outro lado, não deixou de ser profético para o mundo que a Igreja se ocupasse tão intensamente com a família nesta época, para dizer uma palavra clara e orientadora sobre essa célula básica da sociedade e da Igreja.
Falou-se em “lei da gradualidade”, aplicada à situação dos divorciados e recasados civilmente. Que significa isso?
É um conceito usado na teologia moral e sistemática: nem todos fazem a profissão de fé com a mesma intensidade, podendo haver um crescimento e amadurecimento na fé. Para a mesma ação humana objetiva, a responsabilidade moral subjetiva pode ser diferente, dependendo de uma série de fatores; nem toda ação virtuosa tem o mesmo grau de perfeição, podendo haver crescimento na virtude. Em relação aos casais divorciados, a responsabilidade pela quebra da aliança matrimonial não é sempre igual para as duas partes. Assim, também, os casais que vivem em segunda união também podem estar vivendo graus diversos de responsabilidade moral subjetiva por essa situação; uma é a de quem causou a separação e outra, a situação da parte inocente numa separação. Esse é um fator a ser considerado no acompanhamento dos casais em segunda união.
O Relatório final do Sínodo, nos parágrafos 84 e 85, fala do acompanhamento pastoral dos casais em segunda união, da necessidade de confrontar-se com a sua consciência. Significa que depois disso já podem aproximar-se da comunhão eucarística?
Na consciência moral, a pessoa se confronta com Deus e toma suas decisões morais. A consciência moral subjetiva é importante, mas ela precisa confrontarse com a norma moral objetiva. No caso do divórcio e de uma nova união, há uma questão moral objetiva, que não pode ser desconsiderada e as decisões não podem ficar simplesmente por conta da consciência subjetiva. Por isso, é necessário que esses casais busquem e recebam a ajuda do sacerdote para fazer o adequado discernimento. O Sínodo evitou deixar a decisão simplesmente por conta da consciência moral subjetiva.
No parágrafo 86 fala-se da necessidade do acompanhamento pastoral pelo sacerdote, para fazer o discernimento sobre cada situação. O padre pode decidir sobre a participação desses casais na comunhão?
Acompanhamento, inclusão e misericórdia foram conceitos usados com abundância no Sínodo A Igreja, nas realidades locais, precisa acompanhar, ou seja, tornar-se próxima das situações de casais em crise, ou que se divorciaram, ou que se casaram de novo no civil, após uma separação. Apesar de tudo, essas pessoas não devem ser abandonadas, condenadas ou excluídas da comunidade; há necessidade de discernir, orientar, indicar vias de participação na vida e missão da Igreja. Há situações em que será necessário encaminhar para o reconhecimento da nulidade. A participação da comunhão eucarística é importante, mas esta não deve ser a única preocupação pastoral. Nas indicações dadas pelo Sínodo não consta que o padre esteja autorizado a decidir pelo casal, de modo generalizado, sobre a participação na comunhão eucarística.
Haverá ainda uma palavra do Papa sobre o assunto?
O Sínodo é consultivo e, por si mesmo, não lhe cabia tomar nenhuma decisão. O Papa convocou a assembleia do Sínodo para ouvir a Igreja sobre as questões relativas ao casamento e à família, por meio dos seus pastores locais. Isso foi feito: o Papa ouviu atentamente e recebeu o relatório final, com as indicações dos participantes do Sínodo. Agora, depois de algum tempo, certamente haverá uma palavra “de autoridade” do Papa, como aconteceu nos Sínodos anteriores. Vamos continuar a rezar e aguardar.
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Relatório final do Sínodo – Parte I
Primeira parte do relatório apresenta situação da família no mundo de hoje Filipe David
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O Sínodo dos Bispos sobre a família terminou no domingo, 25. O relatório final – composto a partir das discussões e dos três relatórios de cada um dos 13 grupos de trabalho – foi redigido pela comissão escolhida pelo Papa Francisco e, apresentado aos bispos, foi votado ponto a ponto. O relatório é composto por três partes. A primeira parte, “A Igreja à escuta da família”, lança um olhar sobre a situação da família no mundo de hoje. A segunda parte, “A família no plano divino”, traz o ensinamento da Igreja sobre a família, conforme as Sagradas Escrituras e o Magistério. A terceira parte, “A missão da família”, trata concretamente da vida familiar e de seus desafios, desde a formação até a educação dos filhos, acompanhamento pastoral e missão evangelizadora. O SÃO PAULO traz nesta semana uma síntese da primeira parte do relatório. Nas semanas seguintes, serão expostas as duas outras partes.
A Igreja à escuta da família
O relatório cita, logo na introdução, as palavras do Papa Francisco: “Deus não criou o homem para viver na tristeza ou para estar sozinho, mas para a felicidade”. A família se insere nesse plano e quando Deus Pai enviou seu Filho ao mundo “foi para uma família que ele o enviou”. A primeira parte do relatório é uma espécie de diagnóstico da situação da família no mundo de hoje. Começa-se reafirmando que a família, “baseada no Matrimônio de um homem e de uma mulher, é o local magnífico e insubstituível do amor pessoal que transmite a vida” (em tempos de ideologia de gênero, o documento repete diversas vezes a expressão “entre um homem e uma mulher”). O relatório explica que o sacramento do Matrimônio “é o sinal sagrado no qual se torna eficaz o amor de Deus por sua Igreja” e que, por isso, a família é uma “Igreja doméstica”. O diagnóstico da situação é então apresentado em quatro capítulos: “contexto antropológico e cultural”, “contexto socioeconômico”, “inclusão e sociedade” e “afetividade e vida”.
Contexto antropológicocultural
A primeira constatação é que hoje “os indivíduos recebem menos apoio das estruturas sociais do que [recebiam] no passado em sua vida amorosa e familiar”. Os padres sinodais identificam e denunciam o “desenvolvimento de um individualismo exacerbado, que corrompe a natureza dos laços familiares, dando a entender que cada um é construído se-
A família, baseada no Matrimônio de um homem e de uma mulher, é o local magnífico e insubstituível do amor pessoal que transmite a vida gundo os seus próprios desejos”. O segundo ponto identificado é que, “em algumas regiões do mundo, observa-se uma relevante contração da incidência religiosa no espaço social”, isto é, a religião tem sido banida do espaço público e restringida ao espaço privado e familiar. Para os padres sinodais, isso representa um obstáculo para “o testemunho e a missão da família cristã no mundo atual”. O relatório também menciona a hesitação de muitos jovens, hoje em dia, para assumir o compromisso do casamento e a queda dos índices de natalidade em algumas partes do mundo (principalmente na Europa, poderíamos precisar). Essa é consequência de diversos fatores, entre os quais destacam-se “a revolução sexual, o temor de uma superpopulação, problemas econômicos e o crescimento de uma mentalidade contraceptiva e abortista”, bem como dos efeitos da sociedade de consumo, que leva as pessoas a priorizarem um certo estilo de vida em detrimento do número de filhos. A ideologia de gênero também é mencionada: “um desafio de grande relevo da cultura odierna emerge da ‘ideologia de gênero’, que nega a diferença e a complementaridade natural entre o homem e a mulher” e que promove projetos educativos e leis que desvinculam a identidade pessoal da biológica, de “macho ou fêmea”. Os padres lembram que “a diferença sexual humana porta em si a imagem e semelhança de Deus”, como está escrito no livro do Gênesis (1, 26-27). O relatório também menciona os conflitos sociais, o empobrecimento e as perseguições religiosas, bem como o consequente processo migratório como outros desafios à família, e pede uma luta pela defesa dos direitos humanos no mundo, principalmente no que se refe-
re à liberdade religiosa e de consciência. O primeiro capítulo termina lembrando que a família, embora padeça gravemente com a atual crise social e cultural, guarda ainda uma grande força, fundada “em sua capacidade de amar e de ensinar a amar”.
Contexto socioeconômico
O segundo capítulo trata do contexto socioeconômico da família atual e começa lembrando que a família é uma “escola de humanidade” e o “fundamento da sociedade”. O mundo vive hoje uma época de acentuada fragmentação da situação de vida, em que os laços familiares – sobretudo os que vão além do núcleo familiar imediato – embora tão importantes na educação dos filhos e na transmissão de valores, são cada vez mais enfraquecidos. Os padres pedem o empenho das autoridades na defesa “deste bem social primordial que é a família” com políticas públicas que a fortaleçam, principalmente ajudando os jovens no seu projeto de fundar uma família e permitindo que possam passar tempo com seus filhos. Também chamam a atenção para as famílias marginalizadas – sejam imigrantes, ciganos, sem moradia, refugiados ou simplesmente pobres – e pedem por uma “ecologia integral”, como diz o Papa Francisco, “que inclua não apenas a dimensão ambiental, mas também humana, social e econômica para um desenvolvimento sustentável e a proteção da criação”.
Família, inclusão e sociedade
O terceiro capítulo desta primeira parte trata de alguns grupos de pessoas que são muitas vezes excluídos ou enfrentam dificuldades especiais na sociedade ou na vida da fé, como os idosos, os
O compromisso pleno de dedicação exigido no Matrimônio cristão é um forte antídoto à tentação de uma existência individual voltada para si mesma
viúvos, os deficientes, as pessoas que não se casaram, os imigrantes e refugiados, as famílias fundadas sobre casamentos mistos ou com disparidade de culto e as crianças, que muitas vezes sofrem violência, abuso e exploração sexual. A exploração e a violência contra as mulheres também são mencionadas no relatório, fenômenos que muitas vezes incluem o aborto e esterilização forçada. Os padres sugerem que “uma maior valorização de sua responsabilidade na Igreja” pode contribuir para o reconhecimento de sua importância social. O texto também chama a atenção para o papel do homem na família, principalmente no que se refere à proteção e apoio à mulher e aos filhos, bem como para os problemas oriundos da ausência paterna – seja “física, afetiva, cognitiva ou espiritual”. Finalmente, os jovens que hesitam diante do casamento ou que decidem pôr fim a uma união conjugal são também mencionados.
Família, afetividade e vida
Por fim, o último capítulo trata da afetividade e de sua necessária formação e maturidade para a vida conjugal. “Quem quer dar amor, deve também recebê-lo como dom”, lembram os padres sinodais, chamando a atenção para a necessidade de conhecer-se interiormente e abrir-se para relações afetivas de qualidade. “O compromisso pleno de dedicação exigido no Matrimônio cristão é um forte antídoto à tentação de uma existência individual voltada para si mesma”, afirmam. É preciso uma educação para o dom de si, o que exige acompanhamento pastoral e instrumentos educativos adequados, tendo em vista valorizar “a virtude da castidade, entendida como integração afetiva que favoresce o dom de si”. Contra essa necessidade, diversas tendências se opõem no mundo atual, o que parece favorecer uma sexualidade sem limites. Os padres denunciam “a grande difusão da pornografia e da comercialização do corpo” e a prostituição, por seus efeitos nocivos na família. O relatório também afirma que o declínio demográfico é devido a “uma mentalidade antinatalista e a promoção de uma política mundial de ‘saúde reprodutiva’”. Outra preocupação dos padres sinodais é com as técnicas de reprodução artificial, que separam a concepção de um novo ser humano do ato conjugal e que transformaram a vida humana em uma “realidade que pode ser composta ou decomposta, sujeita ao desejo de uma pessoa solteira ou de um casal, não necessariamente heterossexual ou casado”. Os padres pedem uma atenção pastoral adequada para cada caso e lembram que “a primeira verdade da Igreja é o amor de Cristo. Desse amor, que leva ao perdão e ao dom de si, a Igreja se faz serva e mediadora junto aos homens”.
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| Sínodo da Família - Análise | 23
Sínodo dos Bispos fortalece processo de discernimento na Igreja Concluir o sínodo é voltar a ‘caminhar juntos’ para levar a todos a misericórdia de Deus, diz Papa Francisco Filipe Domingues
Especial para O SÃO PAULO, em Roma
“Discernimento” é uma palavra-chave na última Assembleia do Sínodo dos Bispos sobre a família, realizada de 4 a 25 de outubro. O Sínodo foi um confronto direto de ideias, afinal, ocorre justamente para discutir questões complexas. Apesar das diferenças de opinião sobre como conciliar doutrina e prática pastoral, seu relatório final foi aprovado com significativo consenso dos 270 padres sinodais. “Para a Igreja, concluir o Sínodo significa voltar a realmente ‘caminhar juntos’, para levar a todas as partes do mundo, a cada diocese, a cada comunidade e a cada situação, o sustento da misericórdia de Deus”, afirmou o Papa Francisco, no encerramento dos trabalhos.
O Sínodo é um processo de discernimento
Em várias ocasiões, o Papa Francisco recordou que a palavra “sínodo” quer dizer “caminhar juntos”, um conceito “fácil de exprimir em palavras, mas não tão fácil de colocar em prática”. De fato, desde o início da Assembleia, o porta-voz do Vaticano, Padre Federico Lombardi, relatou que os participantes tinham “diferenças de opiniões, entre quem está mais preocupado em recordar o ensinamento católico e quem destaca mais a necessidade de dialogar com o mundo”. Como declarou o Papa, “no caminho deste Sínodo, as opiniões diferentes que foram manifestadas abertamente certamente enriqueceram e animaram o
diálogo, oferecendo uma imagem viva de uma Igreja que não usa ‘modelos préconfeccionados’, mas que bebe da fonte inesgotável de sua fé, água viva para saciar os corações áridos”. De acordo com o Pontífice, o processo foi cansativo, mas os padres sinodais saem enriquecidos. “Muitos experimentaram a ação do Espírito Santo, que é o verdadeiro protagonista e criador do Sínodo”, disse. Uma imagem parecida foi apresentada na cerimônia dos 50 anos de instituição do Sínodo dos Bispos, em 17 de outubro, pelo Cardeal Christoph Schönborn. O Arcebispo de Viena recordou o “Concílio de Jerusalém”, referindo-se à reunião narrada nos Atos dos Apóstolos, na qual os discípulos de Jesus deviam decidir se sua mensagem era só para os judeus ou também para os pagãos. Aquele debate, contou o Cardeal, começou com um “dramático conflito” e teve “animadas discussões”, mas terminou com o parecer do apóstolo Pedro. Ele simplesmente recordou o que Deus os havia dado até ali: não discriminou os pagãos e “purificou os seus corações com a fé”, contou o Cardeal. Um espírito semelhante deve inspirar o Sínodo, dizia Dom Schönborn. “Em Jerusalém, a questão era o discer-
nimento da vontade e do caminho de Deus”, contou. “Discussões acaloradas, mais do que isso, brigas e a disputa intensa fazem naturalmente parte do caminho sinodal. Já em Jerusalém foi assim. Mas o objetivo dos debates, o objetivo dos testemunhos, é o discernimento comum da vontade de Deus. Até mesmo quando se vota, não se trata de lutas de poder, de formações de partidos, mas desse processo de formação de um juízo comum, como vimos em Jerusalém”. Enfim, o conflito de ideias é parte do processo. Conforme afirmou à rádio Vaticano o cardeal húngaro Péter Erdő, relator-geral do Sínodo, “existiam, existem e podem existir posições diferentes, acentuações pastorais diferentes e também a nossa formação teológica pode ser diferente na mesma e única verdade católica. Mas, diversamente da impressão que algumas notícias da imprensa davam, sempre houve uma atmosfera de fraternidade. Mais do que tudo, houve um confronto de ideias, de propostas, e não de lutas ou combates”.
O discernimento como resposta do Sínodo
Ao final de seu discernimento, o Sínodo indicou que o próprio discernimento
as opiniões diferentes que foram manifestadas abertamente certamente enriqueceram e animaram o diálogo, oferecendo uma imagem viva de uma Igreja que não usa ‘modelos pré-confeccionados’, mas que bebe da fonte inesgotável de sua fé
é um princípio geral para ir ao encontro das famílias. O relatório final o propõe não só para orientar pessoas divorciadas que vivem em segunda união, mas também o discernimento sobre a vocação da família em diversas realidades, sobre os motivos pelos quais muitos jovens se afastam da Igreja, sobre as características do Matrimônio em outras tradições religiosas, no processo de acompanhamento dos noivos, no discernimento vocacional. Enfim, especialmente nas situações de sofrimento, os padres são convidados a “discernir” juntos aos fiéis sobre cada circunstância, conforme o ensinamento da Igreja e a orientação do bispo local. Mais de uma vez, o relatório cita o discernimento baseando-se na Exortação Familiaris consortio, de João Paulo II. “Saibam os pastores que, por amor à verdade, são obrigados a bem discernir as situações. O grau de responsabilidade não é igual em todos os casos, e podem existir fatores que limitam a capacidade de decisão. Portanto, enquanto a doutrina é expressa com clareza, devem ser evitados juízos que não consideram a complexidade das diversas situações, e é necessário estar atentos ao modo como as pessoas vivem e sofrem por causa da sua condição”, diz. O Sínodo não oferece resposta para todos os problemas, pois tem um caráter consultivo, de ajudar o Papa a guiar a Igreja. Conforme comentou o arcebispo italiano Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, o Sínodo se mostrou atento às situações culturais, sociais e religiosas do mundo contemporâneo e analisou como a Igreja pode ser compreendida nesse mundo. À rádio Vaticano, ele declarou: “Nós continuamos presentes no mundo, com uma proposta eficaz, forte, que é exatamente o anúncio do Evangelho. E, não esqueçamos, é um anúncio direcionado a todos, ninguém é excluído.”
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28 de outubro a 3 de novembro de 2015 | www.arquisp.org.br