Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 60 | Edição 3078 | 18 a 24 de novembro de 2015
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www.arquisp.org.br Márcio Britto/Paróquia Nossa Senhora D’Ajuda/fotomontagem de Jovenal Pereira
BEATO PADRE VICTOR: Uma vida marcada pela caridade Filho de mãe escrava, ele encontrou uma madrinha e um bispo que o ajudaram a realizar o sonho de ser padre, algo impensável para um negro brasileiro no século XIX. Ordenado sacerdote, fundou um colégio aberto a crianças pobres, ricas, negras ou brancas, sem distinção. Nesta edição, O SÃO PAULO apresenta os detalhes da
vida do Padre Francisco de Paula Victor, o Padre Victor, beatificado no sábado, 14, em Três Pontas (MG), e mostra como o seu legado de caridade com os mais necessitados inspira as ações de muitos católicos, especialmente na Diocese da Campanha, em Minas Gerais.
Editorial Paz para o Oriente e o Ocidente “Desde o início da crise no Iraque, os papas se pronunciaram contra a guerra. Não foram ouvidos e os conflitos aumentaram, ganhando os terríveis contornos vistos com a crise dos refugiados e os atentados em Paris... Uma guerra só é justa quando evita um mal certo e maior, esgotadas as alternativas pacíficas”.
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Nulidade matrimonial é tema de curso em São Paulo
Páginas 11 a 15
Um curso de extensão inédito no Brasil sobre as reformas apresentadas pelo Papa Francisco em relação aos processos de verificação de nulidade matrimonial, publicadas em setembro, foi oferecido pela Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo, da Arquidiocese, entre os dias 16 e 17.
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Ataques terroristas abalam Paris e assustam o mundo
15 mil pessoas acompanham a celebração de beatificação do Padre Victor, no sábado, 14, no aeroporto da cidade mineira de Três Pontas
Após atentados terroristas em Paris, na sexta-feira, 13, que mataram ao menos 129 pessoas, governo francês decretou estado de urgência em todo país e fechou as fronteiras da nação. Cardeal André Vingt-Trois, arcebispo parisiense, pediu que cristãos sigam como artífices da paz.
Páginas 9, 22 e 23 Vincent Gilardi/Fotos Públicas
Mariana (MG): a difícil rotina após a catástrofe Com ajuda da Igreja, moradores da cidade devastada pela lama após o rompimento das barragens de Fundão e Santarém, no dia 5, tentam reconstruir a vida e cobram punições aos responsáveis pela tragédia. Página 10
Papa Francisco visita Igreja Luterana em Roma Em visita a luteranos, no dia 15, Pontífice enalteceu todos que atuam pelo diálogo e a unidade dos cristãos. Página 9
Pessoas com deficiência incluídas na missa Para aproximar fiéis com alguma deficiência, paróquia na Região Sé realizou primeira missa inclusiva no dia 14. Página 21
Encontro com o Pastor ‘Não ceder ao ódio’
Uma visão solidária sobre o direito público “Pautas para a implementação dos direitos fundamentais sociais” foi o tema de um seminário internacional na Faculdade de Direito da PUC-SP, nos dias 12 e 13, com a participação do Cardeal Odilo Scherer. Página 7
“O convívio humano não pode ser movido por sentimentos de ódio e desejos de vingança, que não são formas aceitáveis e civilizadas para aplacar ofensas ou injustiças sofridas”, diz Dom Odilo em artigo semanal.
Em 2015, esporte brasileiro teve a cada mês ao menos uma situação de racismo, na maioria dos casos no futebol.
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Esporte: palco para racismo mensal no Brasil
Homenagem às vítimas em uma rua de Paris
2 | Ponto de Vista |
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Editorial
Paz para o Oriente e o Ocidente
O
“
s responsáveis políticos de Bagdá têm o urgente dever de colaborar [...] para eliminar todos os motivos da intervenção armada...[mas] perante as tremendas consequências que uma operação militar internacional teria para as populações do Iraque e para o equilíbrio de toda a região do Médio Oriente, já tão provada, mas também para os extremismos que daí poderiam derivar, digo a todos: ainda há tempo para negociar; ainda há espaço para a paz; nunca é tarde demais para se compreender e para continuar a negociar.” (São João Paulo II, Ângelus de 16 de março de 2003). Desde o início da crise no Iraque, os papas se pronunciaram contra a guerra. Não foram ouvidos e os conflitos au-
mentaram, ganhando os terríveis contornos vistos com a crise dos refugiados e os atentados em Paris. Diante do terror, são necessárias ações enérgicas para coibir a violência, mas a guerra pode inibir uma injustiça ou uma violência maior, sem construir a paz. A força das tropas aliadas pode ter destruído a ameaça nazista, mas a paz nasceu da solidariedade entre aqueles que reconstruíram seus países, chegando – com dificuldades e imperfeições – à atual União Europeia. As intervenções militares das grandes potências no Oriente Médio têm se orientado por interesses econômicos e geopolíticos e não por razões humanitárias ou pela solidariedade internacional. Agora que a crise humanitária dos
refugiados e os atentados em Paris e no mundo todo sugerem que a ação militar é inevitável, para evitar males maiores, os princípios de construção da paz não podem ser esquecidos. Uma guerra só é justa quando evita um mal certo e maior, esgotadas as alternativas pacíficas, tendo condições de êxito e não se usando a força além do necessário (cf. Catecismo da Igreja Católica, nº 2.309). Além disso, os terroristas atuais, em boa parte, ainda que venham de famílias árabes, nasceram e cresceram nos países que atacaram. Eles e suas vítimas (assim como os jovens que matam e morrem nas periferias brasileiras) mostram o “lado sombrio” de uma sociedade que apregoa o bem-estar material, a tolerância e a li-
berdade, mas condena grande parte de seus jovens às “periferias da existência” – onde a falta de sentido para a vida e a exclusão social alimentam a violência. “Mais uma vez, nestes últimos dias, o terrorismo cumpriu a sua obra nefasta, [...] continuo a rezar pelas vítimas, renovo a afirmação da minha proximidade espiritual a tantas famílias que choram os seus mortos [...] Ninguém pode abandonar-se à tentação do desencorajamento ou da desforra: o respeito à vida, a solidariedade internacional, a observância à lei devem prevalecer sobre o ódio e sobre a violência [...] Confiamos ao Deus da misericórdia e da paz, pela intercessão de Maria Santíssima, os povos daquela parte do mundo.” (São João Paulo II, Ângelus de 16 de novembro de 2003).
Opinião
Pressuposto para superar a crise Arte: Sergio Ricciuto Conte
Klaus Brüschke O cientista político alemão ErnstWolfgang Böckenförde avança um dilema das democracias: o Estado livre e democrático requer pressupostos que ele mesmo não tem condições de garantir. Pressupõe cidadãos e uma sociedade que cultivem valores livres e democráticos, mas não pode forçá-los a isso. O mesmo vale para atitudes éticas, plurais, inclusivas… O momento que o Brasil atravessa hoje retrata esse dilema. Em tese, nossas instituições são sólidas e funcionam. Mas a atual crise não é apenas a conjunção de fatores políticos, econômicos e éticos desfavoráveis; é também o esgotamento de um modelo que não mais dá conta da sociedade do século XXI em toda a sua globalidade. As instituições por si só não garantem “um Estado democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias”, como reza o Preâmbulo da Constituição. Não garantem os direitos básicos dos cidadãos, nem as necessárias reformas – que se protraem há governos e legislaturas –, nem tampouco a inclusão das minorias
e das diversidades na trama social, ou o desenvolvimento justo e sustentável… Uma nação assim – pela qual gerações inteiras lutaram e muitos pagaram o preço da liberdade ou da vida – pressupõe o compromisso do conjunto dos atores políticos. Não é projeto a ser confiado a um único grupo político, ainda que legitimamente eleito. Contudo, há uma barreira – ao lado de outras – ao en-
volvimento de todos no desenho do “Brasil que queremos”. Nossa cultura ocidental moderna desenvolveu um modo de pensar dualista. Vemos o mundo em binômios antagônicos e excludentes (conservadorismo-progressismo, situação-oposição, direita -esquerda…; para alguns, até mesmo igualdade-liberdade). Isso impregna nosso presidencialismo de coalizão, a dinâmica do Legislativo, os movimentos populares. E tudo é filtrado,
talvez pela forte impregnação moralista que nos acomete, pelo binômio certo-errado. A visão divergente é considerada errada e, portanto, passível de rejeição e desprezo (não só a visão; também quem vê assim…). Há setores bem intencionados – cristãos inclusive – que assumiram como bandeira combater ideias que não compartilham, reconhecendo nelas uma conspiração de agentes do mal. Chiara Lubich sugeria que na política se aplicasse um princípio que parafraseia o Mandamento Novo de Jesus: amar o partido do outro como o próprio. O que parece um aforismo ingênuo e inaplicável, na verdade, implica a atitude de levar a sério as várias linhas políticas (ou econômicas, ou filosóficas, ou sociais, ou religiosas), reconhecendo que todas se revestem de importância, são possuidoras de verdades e valores e têm algo a contribuir. Significa saber que o verdadeiro, o bom e o belo para uma sociedade se descobrem conjuntamente, mediante a humildade e a admissão das próprias insuficiências, a sincera capacidade de diálogo, a escuta desarmada, o reconhecimento de intentos comuns. É o primeiro passo para a árdua e desafiadora operação de articular as forças plurais da sociedade na construção de um projeto de País segundo um princípio de fraternidade, com a perspectiva de dar formas concretas ao bem comum. Klaus Brüschke é membro do Movimento dos Focolares, ex-publisher da editora Cidade Nova, articulista da revista Cidade Nova.
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
Semanário da Arquidiocese de São Paulo
Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Renata Moraes • Institucional: Rafael Alberto e Fernando Geronazzo • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Maria Aparecida Ferreira • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.
cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
P
ela segunda vez neste ano, Paris foi ferida pelos ataques terroristas de sexta-feira passada, dia 13 de novembro. Nada a ver com “sexta-treze”, nem com “gato preto, passando debaixo da escada...”. Não aconteceu por alguma ação oculta e imponderável de amuletos mágicos, mas pela ação humana, fria, estudada e calculada, para semear, pânico, morte e dor pela cidade. A apreensão tomou conta de todo o mundo. O terrorismo tenta justificar suas ações contra cidadãos comuns indefesos e desprevenidos com argumentos inaceitáveis: “lutar por uma causa justa”. A causa foi, de fato, justa? Qual tribunal legítimo proferiu a sentença de morte contra cidadãos indefesos, executados a esmo? “Luta contra o mal, em nome de Deus”: de qual Deus? A violência praticada, supostamente, em nome de Deus, é um grave e inaceitável equívoco; é uma pesada blasfêmia e ofensa a Deus, como definiu o Papa Francisco. Não se honra a Deus
Não ceder ao ódio fazendo o mal ao próximo. Infelizmente, essa instrumentalização do nome de Deus aparece com frequência para justificar atos de intolerância e terror. O uso da religião como ideologia política para a busca do poder e da dominação é altamente reprovável. A violência estaria justificada porque os antepassados também praticaram violência contra este ou aquele grupo? O colonialismo francês do passado justificaria os ataques terroristas de agora, em Paris? Temos que concordar que, injustiças do passado ainda hoje alimentam ódios e discriminações; mas, em sã consciência, isso não pode ser alegado para legitimar atos de barbárie contra as atuais gerações: vingança e ódio não são formas civilizadas para resolver tais pendências; o caminho deve ser o da justiça, da negociação política, da reparação, da reconciliação e do perdão. Entre as causas do terrorismo e das discriminações, que podem degenerar em violência, está o fanatismo religioso, que se baseia numa compreensão equivocada da religião e da sua prática. O fanatismo torna cego e fechado dian-
te das razões do próximo, que pode passar a ser visto como um inimigo incômodo a ser destruído. As alegações religiosas para a violência, geralmente, decorrem de interpretações equivocadas e fundamentalistas de textos sagrados. Por isso, cabe às religiões e suas organizações a promoção de uma adequada formação religiosa, que não leve à instrumentalização fundamentalista e ideológica dos princípios e sentimentos religiosos das pessoas. Tais sentimentos são muito profundos e relacionados com a consciência das pessoas. O convívio humano não pode ser movido por sentimentos de ódio e desejos de vingança, que não são formas aceitáveis e civilizadas para aplacar ofensas ou injustiças sofridas. Esses impulsos negativos da alma humana são destrutivos e podem se tornar verdadeiros vícios e marcas da personalidade, se não forem colocados sob disciplina da vontade e da consciência moral. As tendências à agressividade e à violência precisam ser orientadas para a prática das virtudes da tolerância, do respeito ao próximo e à capacidade de perdoar.
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Expo Arquitetura Sustentável Comodo Jr.
O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, participou na quarta-feira, 11, da feira Expo Arquitetura Sustentável, quando proferiu uma palestra sobre a Encíclica Laudato Si´, do Papa Francisco. Na carta, o Sumo Pontífice aponta que “o urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral”. A palestra de Dom Odilo fez parte do painel “Meio Ambiente, Recursos Naturais e Empreendimentos Sustentáveis”, uma das atividades da feira internacional, que terminou na quinta-feira, 12.
Instalação da Paróquia São José de Anchieta No domingo, 22, às 19h, o Cardeal Scherer presidirá a missa de instalação da Paróquia São José de Anchieta, na Região Belém. O endereço é rua Fernandes Tourinho, 182, no Jardim Vera Cruz, na zona Leste.
Tweets do Cardeal @DomOdiloScherer 16 – “Deus é juiz, ele julga com justiça e salva os que têm reto coração” 14 – “Afasta-te do mal e faze o bem, porque o Senhor Deus ama a justiça e jamais ele abandona os seus amigos”. 13 – Minha solidariedade às famílias que perderam pessoas nos atentados terroristas na França! Atos bárbaros.
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Liturgia e Vida
Você Pergunta Nos perigos da vida, devemos rezar o credo e pedir ajuda a São Miguel Arcanjo?
JESUS CRISTO REI DO UNIVERSO 22 DE NOVEMBRO DE 2015
O Reino da paz ANA FLORA ANDERSON Chegando ao fim do ano litúrgico rendemos homenagem ao nosso Salvador, Jesus Cristo, Rei do Universo. A primeira leitura (Daniel 7, 13-14) introduz o título Filho do Homem que Jesus preferiu usar durante seu ministério. A Bíblia relaciona a presença de Deus no mundo com as nuvens que permanecem sobre a terra. O Filho do Homem vem nas nuvens e nos traz a glória e o poder de Deus. O reino que Ele nos oferece durará para sempre. A segunda leitura (Apocalipse 1, 5-8) apresenta Jesus Ressuscitado como a testemunha fiel, o Rei dos Reis, que por amor nos libertou de nossos pe-
cados. Ele vem nas nuvens e faz de nós um reino de sacerdotes que oferecem o mundo a Deus. Jesus é apresentado como o alfa e o ômega, o começo e o fim, o todo poderoso. O Evangelho de São João (18, 33-37) narra o diálogo entre Jesus e Pôncio Pilatos, o governador romano. Representante de César que era tratado como o único rei das nações. Pilatos quer saber se Jesus se considera igual ou maior do que o Imperador Romano. Jesus afirma que Ele é Rei, mas que seu reino não é deste mundo. Ele veio entre nós para proclamar a Verdade e todos que buscam a Verdade escutam a voz de Jesus, nosso Rei.
padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br
É verdade que quando nos sentimos em perigo devemos rezar o Credo e pedir a proteção de São Miguel Arcanjo? Essa pergunta me foi feita pela Meire Ellen, de Santo Amaro, na zona Sul. Meire Ellen, a sua pergunta coloca o tema da oração. O que é a oração? É um diálogo com Deus, um diálogo em que nos colocamos diante do Senhor com nossas fraquezas, nossos medos, nossas angústias, nossas preocupações, mas também - por que não? – com nossas alegrias, nossa satisfação, com as coisas boas que nos acontecem. Oração é isso, Meire Ellen. Eu penso, minha querida irmã, que é hora de crescermos na nossa fé e aprendermos a orar, a clamar, a gritar a
Deus com as palavras que nos brotam do coração. É hora de falarmos a Deus como filhos falam aos pais. Certas fórmulas que se encontram por aí, como esta que você aponta – rezar o Credo e pedir ao anjo São Miguel – têm lá o seu valor. Mas quem vai se lembrar na hora do perigo do texto do Credo e de pedir ajuda a São Miguel? Na hora do perigo, temos mesmo é que gritar ao Pai do céu: “Pai, socorro, me tira desta! Estou em perigo, viu?” Isto nos faz lembrar os apóstolos no meio da tempestade: “Senhor, o que é isso? Nós estamos a ponto de morrer afogados e o Senhor dormindo? Dá uma força, Senhor! Salva-nos que a coisa está “preta”. Simplicidade na oração, confiança na oração, certeza de que Deus está conosco, é o que é preciso. Se não, Mei-
re, a gente vai acabar caindo naquela de encher nossa casa com livros com oração de poder, de cura, de bênção que outros escreveram pra gente. Façamos nós mesmos as nossas orações. O Credo é uma proclamação de fé. Devemos rezá-lo sempre, é claro. Anjos e santos estão aí para interceder por nós. Mas experimentemos conversar com o “Pai do Céu” com nossas palavras, conversemos com Jesus do nosso jeito, peçamos as luzes do Espírito Santo na hora de tomar atitude, de decidir alguma coisa, de aconselhar alguém. Aprendamos, mais do que rezar ou recitar fórmulas, aprendamos a orar, a abrir o coração para com o nosso Deus cheio de bondade, de amor e de ternura. Fique com Deus, Meire Ellen! Que ele abençoe você e sua família.
Atos da Cúria PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 6 de novembro de 2015, foi prorrogada a nomeação e a provisão de Pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, da Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Carrão/Vila Formosa, do Revmo. Pe. Syllas Reschilliani, pelo período de 3 (três) anos, em decreto retroativo a 16 de agosto de 2015. Em 6 de novembro de 2015, foi prorrogada a nomeação e a provisão de Pároco da Paróquia São Carlos
Borromeu, da Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Vila Prudente, do Revmo. Pe. Fausto Marinho de Carvalho Filho, pelo período de 3 (três) anos, em decreto retroativo a 29 de maio de 2015. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL
Em 11 de novembro de 2015, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Imaculada Conceição, da Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Ipiranga, o Revmo. Pe. Israel Mendes Pereira, pelo período de 1 (um) ano.
NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE CAPELÃO Em 10 de novembro de 2015, foi nomeado Capelão da comunidade de fiéis do Hospital do Servidor Público, na Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Vila Mariana, o Revmo. Pe. Laurício José Pipper, pelo período de 1 (um) ano.
NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE CAPELÃO
Em 27 de outubro de 2015, foi nomeado Capelão da comunidade de fiéis do Hospital do Heliópolis, na Região Episcopal Ipiranga, Setor
Pastoral Anchieta, o Revmo. Pe. José Lino Mota Freire, pelo período de 1 (um) ano.
Errata – Chancelaria do Arcebispado de São Paulo A Chancelaria do Arcebispado de São Paulo informa que na edição 3076, página 4, do O SÃO PAULO, na seção “Atos da Cúria”, no item nomeação, referente à “Nomeação e Provisão de Capelão” o correto é que o Revmo. Pe. José Lino Mota Freire foi nomeado Capelão da comunidade de fiéis do Hospital do Heliópolis e não da comunidade de fiéis do Hospital do Servidor Público.
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Espiritualidade Corpo e Alma Dom Julio Endi Akamine
O
Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa
que é o ser humano? É ele um composto de corpo e alma? Somente a alma é imagem de Deus, ou também o corpo participa dessa dignidade? A alma é criada diretamente por Deus? É ela imortal? “A pessoa humana, criada à imagem de Deus, é um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual. O homem, no seu ser total, foi, portanto, querido por Deus” (Catecismo da Igreja Católica, 362). O termo “alma” na Bíblia significa principalmente a vida e a pessoa humana inteira. Pode significar também (e isso foi o significado que teve ma ior desenvolvimento na Tradição) o que é mais íntimo no homem, o seu princípio transcendente a este mundo, o seu princípio “espiritual”. Desse modo, pela sua alma, o homem é “mais especificamente” imagem de Deus, porque mediante o seu princípio espiritual, o homem pode conhecer Deus
| Fé e Vida | 5
Fé e Cidadania e entrar em comunhão de amor com Ele. Mas isso não significa excluir o corpo da condição de “imagem”. Uma vez que o ser criado à imagem de Deus é o “ser humano”, o seu corpo não pode ser excluído dessa participação à dignidade da imagem. Além disso, sendo a alma a forma do corpo (cf. 365), o corpo é humano somente porque é animado por uma alma. Por sua vez, o ser “forma do corpo” é para a alma uma dimensão da sua própria natureza. A distinção entre alma e corpo não destrói a unidade profunda e substancial do ser humano, que é uno exatamente enquanto alma e corpo. Prestemos atenção: não temos primeiramente uma alma e só depois um corpo que se unem e constituem o ser humano. Não se trata de duas naturezas unidas, mas de uma só natureza corpórea-espiritual. O homem, na sua necessária distinção das dimensões espiritual e corporal, é substancialmente uno. A distinção entre alma e corpo se manifesta também no destino final: segundo a fé cristã, esse destino é a ressurreição, que inclui todo o homem. Por isso, o desprezo do corpo é contrário à nossa fé. Crer em Deus criador significa afirmar a bondade de tudo o que foi cria-
do, inclusive o mundo material e, consequentemente, o corpo. A relação da pessoa humana com Deus é algo imprescindível, e isso exige a intervenção direta de Deus na criação da alma. Enquanto transcende o mundo, enquanto chamado à comunhão com Deus, a origem do homem não pode estar somente nas causas intramundanas. A imortalidade da alma é a garantia da continuidade e da identidade do sujeito humano entre a vida presente e a vida da ressurreição, fim último do homem. Que diferença há entre “alma” e “espírito” (cf. 1Ts 5,23)? Essa distinção sublinha algo de muito profundo: o ser humano não tem sua finalidade em si mesmo; é chamado, desde a sua criação, a uma vocação divina (cf. GS 22). Vive, portanto, na ordem “sobrenatural”. Mas essa vocação não se realiza sem o dom do Espírito divino, que o transforma interiormente. Assim, a salvação humana não provém dos componentes antropológicos (mesmo que não se realize à margem deles), mas de Deus. A noção de “espírito” nos mostra essa relação essencial do homem com Deus; enquanto unido a Cristo e guiado pelo Espírito, o homem se faz “espírito” (cf. Rm 1,10; 1 Cor 6,17).
Corrupção e Doutrina Social da Igreja Padre Sancley Gondim A atual crise ético-política tem gerado enorme dano reputacional à democracia brasileira. Informe da ONG “Latino barômetro” destaca a corrupção como principal problema, deslocando a saúde do primeiro lugar. Entre os 18 países latino-americanos analisados, o Brasil é o único em que a corrupção é vista como a questão que mais aflige a sociedade. Na maioria dos países, delinquência/segurança vem em primeiro lugar. Conforme os diversos relatórios do Índice de Percepção de Descumprimento da Lei (FGV Direito SP), cerca de 80% dos brasileiros entendem que é fácil descumprir a lei e preferem dar um “jeitinho” a cumpri-la. O descompasso com a legalidade não se localiza apenas na política, nas empresas ou nos partidos, mas também no âmbito social. Romper esse círculo vicioso não é fácil tarefa e certamente irá demorar muito tempo. Parte dessa responsabilidade recai sobre a Justiça, a aplicação da lei. A responsabilização daqueles que ilegalmente se apropriaram de recursos públicos é essencial para reverter as expectativas de que vivemos sob o império da impunidade (O. Vilhena Vieira, Folha de S.Paulo, 03/10/15). “A corrupção moral é uma depravação progressiva dos costumes, pela qual um indivíduo, incapaz de impor princípios à sua vida, acaba por considerar a sua vida norma válida. Isto, porque houve uma insensibilidade crescente pelos direitos alheios, uma sedução cada vez mais forte e consentida pelas vantagens presumidas do crime... Sem uma profilaxia moral, um constante autocontrole, é grande o risco do contágio da corrupção... O corrupto não tem escrúpulos nem respeito aos direitos alheios. Tudo vale para realizar seus desejos insaciáveis... A corrupção administrativa é o aproveitamento sistemático do cargo público para a satisfação de interesses pessoais, ou a tentativa de subornar a autoridade com o mesmo objetivo. A Doutrina Social da Igreja (DSI) vê na falta de senso moral, que estimula todas as formas de corrupção, o grande obstáculo para a solução dos problemas sociais” (Pe. F. B. Ávila, SJ. “Pequena Enciclopédia” de DSI, Editora Loyola, p. 122). Para o Papa Francisco, o “‘pecado da corrupção é um pecado fácil de cometer para quem tem autoridade sobre os outros’... Quem tem autoridade sente-se poderoso, quase um ‘deus’”. A corrupção ‘é uma tentação diária, na qual podem cair políticos, empresários e pastores’. Mas quem paga pela corrupção? Certamente não é quem paga ‘o suborno’. Na realidade, o pobre paga pela corrupção! Se falamos de corrupção política ou econômica, quem paga isto? Pagam os hospitais sem remédios, os doentes que não são cuidados, as crianças sem escolas” (Homilia 16/07/15). “Quer sejamos cristãos ou praticantes de outra fé, apliquemos os princípios da nossa religião à vida cotidiana para conduzir uma vida moralmente correta e sermos bons cidadãos” (Idem, 16/01/15).
Erramos Diferentemente do publicado na edição 3077, página 20, a Comunidade São Judas Tadeu localiza-se no Jardim Brasil e não na Vila Medeiros, como noticiado na página da Região Episcopal Santana.
6 | Viver Bem |
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Comportamento
Quem levará a maçã? Valdir Reginato A partir de 8 de dezembro, o Papa Francisco declara aberto o Ano Santo da Misericórdia. Dentre as obras de misericórdia, sempre se recorda o interesse em ajudarmos os doentes, famintos, abandonados e prisioneiros. São atitudes que oferecem oportunidades de todos nós lembrarmo-nos da fragilidade humana e percebermos que necessitamos uns dos outros para superarmos dificuldades que muitas vezes chegam totalmente inesperadas à porta de qualquer um. São gestos de solidariedade pedidos pelo próprio Cristo, a todos aqueles que desejam segui-lo, Mt (25, 34-46). Já ouvi dizer que o velório revela o comportamento da vida de uma pessoa. Na presença e conversa dos presentes, nos comentários sobre o que fez ou deixou de fazer, somos capazes de saber quem era o falecido, sem tê-lo conhecido pessoalmente. Gostaria de comentar, neste mês que se recorda os fiéis defuntos assim como “todos os santos”, duas histórias que ouvi de amigos nestes últimos dias, as quais, associam as duas datas. Primeiro porque ocorreram no velório e segundo porque acredito que os falecidos buscaram a santidade atendendo pelas obras de misericórdia ao chamado de Cri sto. O primeiro comentava a vida de um senhor que após aposentado, espontaneamente, voltou-se a se dedicar sem alardes, de modo oculto, aos necessitados nas circunstâncias que fossem: doentes, presos, desolados, esquecidos... Bastava mencionar numa con-
versa alguém em dificuldades, para lá se dirigir com endereço anotado, conhecer, acolher e ajudar, no que fosse possível, a quem, até então, nem conhecia. Não era homem rico de bens, nem famoso, mas portador da bondade. Gastou-se no tempo ajudando sem outro interesse que ver o próximo um pouco melhor. O resultado, dizia meu amigo, foi um velório de fila interminável de pessoas querendo se despedir do senhor Manuel, pela atenção generosa de uma palavra num momento de desespero, da sua presença bem humorada para quem estava só no hospital, ou um socorro mais substancioso quando necessário. Alguém que viveu a parábola, que muitos leem, a do bom Samaritano. Recentemente, compareci ao velório da avó de um amigo. Senhora quase centenária, que com o marido e outros casais amigos, há mais de 50 anos, tinham firmado o propósito de fundar uma organização para ajudar idosas desamparadas. Senhoras com mais de 70 anos, sem qualquer recurso, que eles “adotariam” até quando a vida exigisse, sem altas. Assim o fizeram oferecendo 40 vagas a pessoas que passaram a ter dignidade na vida. O tempo foi chamando cada um dos fundadores, restando dona Gilda, viúva, lúcida, com disposição e disponibilidade incansáveis, apesar de já contar com mais idade do que as moradoras que assistia. Perseverante nos propósitos, nunca deixou de desamparar aquelas que acolhia. Pessoalmente, lá estava todos os dias, a testa da organização, preocupando-se com todos os detalhes. Agora, também faltará dona Gilda.
Eu, que havia conhecido essa história pelo neto, perguntei: “E como ficarão as ‘meninas’?”. “Já providenciamos o andamento no aspecto da pessoa jurídica... Mas ela levava, pessoalmente, uma vez por semana, uma maçã, para cada uma daquelas senhoras internada. Precisamos da pessoa física.” Este era o maior problema levantado pelo meu amigo: Quem levará a maçã? Voltei para casa, agradecendo a lição aprendida. A quem estamos levando “a maçã”? O que significa levar a maçã? Não é pagar a maçã. Não é simplesmente enviar. Não é pedir para distribuir. É muito mais do que tudo isto: é doar-se na entrega de tempo pessoal, interessar-se pelos olhos de quem recebe, desejar transformar a dor em um sorriso no rosto, entregar com tuas mãos nas mãos cansadas de outro, pelas dificuldades que a vida apresentou, e acariciá-las. Mostrar que a pessoa não está só e nem esquecida, e mais, que alguém se importa de como ela está. Quantos estão à espera de receber uma maçã?! Mais grave são aqueles que nem sequer conhecem a existência da maçã. Para o Natal que se aproxima, talvez pudéssemos fomentar em nossos lares este desejo de “levar a maçã” a quem necessita. Apresentá-la a quem desconhece. Um gesto aparentemente tão pequeno, que revela a grandeza da alma. Obrigado, dona Gilda, que, certamente, já recebeu do Senhor a maçã para a eternidade. Dr. Valdir Reginato é médico de família, professor da Escola Paulista de Medicina e terapeuta familiar
Cuidar da Saúde
Gases doem?
CÁSSIA REGINA Gases intestinais podem doer muito sim, causando grande desconforto porque provocam distensão abdominal. O ar engolido ou os gases formados no aparelho digestivo podem ser expelidos por meio do arroto ou de flatos. A maior parte deles, no entanto, é produzida no intestino por car-
boidratos que não são totalmente degradados pelo estômago. Como o intestino não produz as enzimas necessárias para digeri-los, eles são fermentados pelas bactérias. Esse processo é responsável pela produção e liberação de gases. Os gases distendem o abdômen e provocam dores que podem ser de leve a forte intensidade, simulando dor no peito e falta de
ar. Por isso, é importante andar, pois isso estimula os movimentos intestinais, e não falar muito durante as refeições, para diminuir o volume de ar deglutido. Além disso, consumir leguminosas como feijão, ervilhas, lentilhas e soja em quantidade moderada. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família E-mail: dracassiaregina@gmail.com
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Cultura do encontro inspira seminário de Direito na PUC-SP Luciney Martins/O SÃO PAULO
Fernando Geronazzo e Vitor Alves Loscalzo
Especiais para O SÃO PAULO
“Pautas para a implementação dos direitos fundamentais sociais” foi o tema do Seminário Internacional realizado pela Faculdade de Direito da PUC-SP, nos dias 12 e 13. O evento marcou o convênio entre a Universidade e a Cátedra do Diálogo e da Cultura do Encontro, iniciativa nascida na Argentina com o apoio do então Cardeal Jorge Mario Bergoglio, hoje Papa Francisco. O evento contou a presença do Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo e grão-chanceler da PUC-SP, além da reitora da Universidade, Anna Maria Marques Cintra, autoridades do judiciário, professores da instituição e representantes da Cátedra. “A ideia do seminário é oferecer uma visão solidária do direito público, voltada aos menos favorecidos, tal como estabelece o Papa Francisco”, explicou, ao O SÃO PAULO, Rafael Valin, professor de Direito da PUC-SP e um dos coordenadores do Seminário. “O que propomos é uma visão não autoritária do Direito público, mas uma visão emancipatória, isto é, como meio para emancipar as pessoas em todos os sentidos. “Tratamos aqui dos direitos sociais que oferecem as condições mí-
Para o fundador da Cátedra do Diálogo e da Cultura do Encontro, Pablo Gutierrez, a ciência jurídica, tradicionalmente, tem olhado para o indivíduo, à sua liberdade, e seu desenvolvimento individual, “em alguns momentos da história do Direito, de forma excessiva, olhando somente a relação de indivíduo com seu bem-estar material”, o que explica, por exemplo, em alguma época de sua história, a valorização do direito à propriedade.
Diálogo
Dom Odilo Scherer entre o Desembargador Nalini e a reitora da PUC-SP, Anna Maria Cintra
nimas materiais para o exercício dos demais direitos”, acrescentou. Para o diretor de relações internacionais da Cátedra do Diálogo e da Cultura do Encontro, Darío Maiorana, falar de direitos sociais implica em falar de todos os direitos. “E tal como explica o Papa Francisco em sua Encíclica Laudato Si’ – na qual apela aos Estados e aos organismos internacionais, aos organismos gerados pela sociedade civil, à própria Igreja e a todos os homens e mulheres de boa vontade – ‘...é necessário um diálogo e um encontro, porque é impossível a vigência dos direitos sociais se não há direitos humanos, se não existe também
plena vigência dos direitos trabalhistas e de outros direitos...’”, disse.
Bem comum
O Cardeal Scherer ressaltou que a sociedade atual vive a “época da exacerbação dos direitos individuais” em detrimento do bem comum, dos direitos sociais, sobretudo, da dimensão solidária do agir e conviver das pessoas. “O tema da solidariedade está constantemente presente no ensinamento da Igreja desde os apóstolos”. Dom Odilo lembrou, ainda, que nos tempos atuais, a solidariedade está muito presente na Doutrina Social da Igreja, desde o pontificado do Papa Leão XIII.
Para o presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Desembargador José Renato Nalini, o diálogo pode ser a alternativa à excessiva “judicialização” do Brasil. “Nós temos 156 milhões de processos para 202 milhões de habitantes... E a demanda é pela criação de mais cargos de juízes, promotores, defensores, equipamento policial. Uma estrutura gigantesca que já não cabe no nosso combalido PIB [Produto Interno Bruto]”, destacou. “A Justiça vê o diálogo como algo que traga, ao lado do Direito, uma responsabilidade, uma obrigação, os deveres que foram tão obscurecidos nessa República em que todos reivindicam, clamam por direitos, mas esquecemos de palavras como iniciativa, empenho e abnegação”, completou o Desembargador.
Comissão Justiça e Paz dialoga com secretário sobre a letalidade policial Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
O secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, se reuniu na noite de segunda-feira, 16, com o Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, e integrantes da Comissão Justiça e Paz e representantes das Pastorais Sociais da Arquidiocese de São Paulo para discutir políticas públicas que reduzam a letalidade da ação policial. Dom Odilo demonstrou especial preocupação com o tratamento policial dirigido aos moradores em situação de rua. Ao O SÃO PAULO, o presidente da
Comissão Justiça e Paz, Doutor Funari Filho, destacou que também foi sugerido uma avaliação psicológica periódica dos policiais, além da rearticulação ou recriação de uma comissão, com participação da sociedade civil, para discutir as questões ligadas à letalidade da PM. Segundo Funari, o secretário Alexandre de Moraes apresentou o que está sendo feito, inclusive no sentido de combater essa letalidade, garantindo que “houve uma diminuição da letalidade da ação policial”. Há, nesse sentido, uma proposta “de encaminhar qualquer ação letal da Polícia diretamente ao Ministério Público, para
Dom Carlos Lema Garcia fala sobre catolicismo a universitários da FAAP Mais de 200 jovens universitários da FAAP das faculdades de Direito, Administração, Comunicação, Rádio e TV, Cinema, Engenharia, Economia e Relações Internacionais prestigiaram, no dia 4, a palestra que Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar de São Paulo e vigário episcopal para a Educação e a Universidade, proferiu sobre o tema “Jesus Cristo, Deus e homem”. O evento na FAAP foi parte do curso de extensão “Religiões monoteístas: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo”. Entre os
temas de maior interesse destacaram-se as semelhanças e diferenças entre as religiões, o contexto geográfico e histórico em que surgiram as religiões monoteístas e os conflitos entre elas. Em relação ao Cristianismo e, particularmente ao catolicismo, surgiu o interesse por temas como “fundamentos” do catolicismo, festas e práticas, “funcionamento” do Vaticano, hierarquia da Igreja Católica, ConcílioVaticanoII,CruzadaseInquisição. (Com informações de Maria Clara Guimarães)
que o MP possa acompanhar desde o começo esses casos”. Os participantes do encontro criticaram o fato de a “maior parte das ações letais da Polícia acabarem sendo arquivadas e de não existirem denúncias contra os policiais”, afirmou Funari. No que se refere a ação da PM nas ocupações das escolas estaduais, os participantes do encontro manifestaram preocupação em relação a forma como a Polícia está agindo. Funari destacou que o Secretário está se esforçando para que o “assunto seja resolvido não pela Polícia, mas pela própria Secretaria de Educação. (Com informações da Secretaria de Segurança Pública)
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Dom Odilo, secretário Alexandre e Funari
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Faculdade de Direito Canônico oferece curso inédito sobre nulidade matrimonial
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Fernando Geronazzo
Especial para O SÃO PAULO
Com o objetivo de oferecer uma formação acadêmica sobre as reformas apresentadas pelo Papa Francisco em relação aos processos de verificação de nulidade matrimonial, publicadas em setembro, a Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo ofereceu um curso de extensão inédito entre os dias 16 e 17. Participaram 230 pessoas de todo o Brasil, entre bispos, padres e leigos servidores dos tribunais eclesiásticos, além de estudantes de Direito Canônico, com o objetivo de aprofundar as mudanças contidas na carta apostólica em forma de Motu Proprio “Mitis Iudex Dominus Iesus” (Senhor Jesus, meigo juiz), que entrarão em vigor em 8 de dezembro. A abertura do curso contou com a presença do Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo e grão-chanceler da Faculdade; Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese e moderador do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de Primeira Instância; Dom Tarcísio Scaramussa, bispo de Santos (SP) e membro do Conselho Diretivo da Faculdade, que foi fundada no ano passado, sendo a primeira da área no Brasil. O assessor principal do curso foi o decano da Faculdade e vigário judicial da Arquidiocese, Cônego Martin Segú Girona. Ele explicou que com o Motu Proprio, o Papa propõe “reformar” no Código de Direito Canônico sua terceira parte, que trata dos procedimentos e ações para os processos de declaração de nulidade, abrangendo 20 cânones. “Esses 20 cânones que durante os 32 anos de vigência do Código foram usados o processual, a partir de 8 de dezembro serão ab-rogados pela nova lei”, explicou o Cônego. “Nota-se, antes de mais nada, que o Romano Pontífice não fez uma mera instrução, mas sim uma nova lei”, acrescentou o Decano, salientando a necessidade de uma formação acadêmica a respeito da nova legislação.
Processos breves
Entre as novidades da reforma está a brevidade do processo, que consiste especificamente naquelas questões nas quais se verifica com evidência a nulidade sem a necessidade de uma investigação aprofundada. A própria
Cônego Segú ladeado por Dom Tarcísio Scaramussa e Dom José Roberto durante curso sobre mudanças nos processos de nulidade matrimonial
carta apostólica do Papa diz que entre as circunstâncias que podem permitir o tratamento da causa de nulidade do Matrimônio por meio do processo mais breve, contam-se, por exemplo: “aquela falta de fé que pode gerar a simulação do consentimento ou o erro que determina a vontade, a brevidade da convivência conjugal, o aborto procurado para impedir a procriação, a permanência obstinada numa relação extraconjugal no momento do Matrimônio ou imediatamente depois, a ocultação dolosa da esterilidade ou de uma grave doença contagiosa ou de filhos nascidos de uma relação anterior ou de um encarceramento, a causa do Matrimônio que seja completamente alheia à vida conjugal ou uma gravidez imprevista da mulher, a violência física infligida para extorquir o consentimento, a falta de uso da razão comprovada através de documentos médicos, etc”. Esses processos breves devem ser julgados pelo bispo diocesano que, como ressalta o Papa, é o único juiz da Igreja local. “O Romano Pontífice diz que o juiz é aquele que tem por múnus ou ofício conhecer e dirimir as dúvidas que lhe são propostas por aqueles que procuram a justiça eclesiástica”, afirmou Cônego Segú, acrescentando que o Papa também diz claramente que o juiz não deve ser apenas aquele que se pronuncia e diz com quem está com a razão e o direito, mas tem que ser mitis, isto é,
meigo. Com isso, o Papa Francisco chama a atenção para o papel da “Pastoral Judiciária”. “Nós lidamos com papéis, mas por trás deles há vidas humanas, pessoas que têm fé e que acreditam na Igreja, por isso estão buscando na justiça eclesiástica a solução de seus problemas”, frisou o Decano. Para o vice-decano da Faculdade, Padre Carlos Roberto Santana da Silva, o Código de Direito Canônico é nada mais do que a expressão codificada do Concílio Vaticano II, no qual se fala expressamente sobre a função da “pastoralidade” do Código. “Nós somos pastores, não somos simplesmente juízes ou imbuídos de uma ciência eclesiástica e canônica na qual se aplica a lei pela lei”, disse. “Por isso, quem atua no tribunal precisa ter ciência para que não use do ‘laxismo’ diante de uma situação na qual houve um vínculo matrimonial validamente celebrado que não pode ser tirado por mãos humanas, ou, por outro lado, de um rigorismo muito forte no sentido de pesar mais a cruz dessas pessoas”, complementou
Tribunais diocesanos
Ainda comentando sobre o papel do bispo diocesano como juiz, Padre Carlos Roberto explicou que o Papa evidenciou algo que já existia e precisa ser mais exercido. Tanto que Francisco pede para que sejam criados os tribunais diocesanos,
tornando o acesso mais próximo dos fiéis. Nesse sentido, o curso oferecido em São Paulo contribui para que sejam estruturados esses tribunais. Uma das dioceses que irá implantar um tribunal diocesano é Franca (SP), que enviou alguns de seus padres para o curso, entre eles o Padre Antônio de Pádua Dias, mestre em Direito Canônico e atualmente cojuiz no Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de Ribeirão Preto (SP). “Este curso nos ajudará a formar o tribunal junto com nosso bispo e ajudar as pessoas que o procuram”, disse. Além do serviço no tribunal, Padre Antônio é pároco na cidade de Ribeirão Corrente (SP), com 5 mil habitantes. Ele afirmou ao O SÃO PAULO que a reforma dos processos já gerou uma maior busca por informações em relação à nulidade matrimonial. “Na minha paróquia, houve grande procura principalmente das pessoas mais pobres, depois de ouvirem que o Papa incentiva que os processos sejam mais acessíveis financeiramente ou até gratuitos. São pessoas que carregam um peso e se sentem excluídas e precisam de acolhida e de uma resposta para suas situações”. Para isso, acrescentou o Padre, “é preciso se preparar muito bem nesse serviço, para que os processos de declaração de nulidade não se transformem numa espécie de ‘divórcio’, como erroneamente é compreendido por muitas pessoas”.
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Papa Francisco visita Igreja Luterana de Roma “Houve tempos difíceis entre nós. Pensemos em quantos foram queimados vivos. Devemos pedir-nos perdão por isso.” Foi o que disse o Papa Francisco durante a visita na tarde do domingo, 15, à Igreja Evangélica Luterana de Roma. Com um longo aplauso, o Santo Padre foi acolhido em sua entrada ao templo evangélico. “É com alegria que rezo hoje, em Roma, com os irmãos luteranos. Deus abençoe quantos trabalham em prol do diálogo e da unidade dos cristãos”, escreveu o Papa num tweet lançado na manhã do domingo, antes do Ângelus. Deixando de lado o discurso escrito que tinha preparado, em sua meditação espontânea, partindo do Evangelho pou-
co antes proclamado (Mt 25, 31-46), sobre a parábola do Juízo final, Francisco ressaltou que as perguntas que o Senhor nos fará naquele dia não serão se fomos à missa ou se fizemos uma boa catequese. As perguntas serão acerca dos pobres, “porque a pobreza está no centro do Evangelho”, afirmou. “Essa página do Evangelho nos fala muito sobre o Senhor. E posso fazer-me a pergunta: nós, luteranos e católicos, de que lado estaremos, à direita ou à esquerda? Para concluir - disse Francisco - gosto quando vejo o Senhor Servo que serve, gosto de pedir que Ele seja o Servo da unidade, que nos ajude a caminhar juntos.” Por fim, o Papa agradeceu pela hospitalidade fraterna. Fonte: Rádio Vaticano (Redação Nayá Fernandes)
Reprodução TV Canção Nova
Pastor Jean-Martin Kruse junto ao Papa Francisco em Igreja Luterana de Roma, no domingo, 15
Papa expressa ‘profunda dor pelos ataques terroristas’
‘A identidade cristã procura sempre a coerência’
A semana do Papa Francisco ficou marcada nos últimos dias pelos atentados em Paris. O Pontífice, no Ângelus do domingo, 15, afirmou que utilizar o nome de Deus para justificar a violência é uma blasfêmia. Ele expressou sua “profunda dor pelos ataques terroristas” que aconteceram na noite da sexta-feira, 13, na França e enviou um telegrama, por meio do Cardeal Secre-
Na terça-feira, 17, durante a missa na Casa Santa Marta, o Papa Francisco exortou os cristãos a evitarem a vida dupla, vivendo na coerência para preservar a identidade cristã. O Pontífice, na homilia, inspirou-se na primeira leitura da liturgia do dia, extraída do Segundo Livro dos Macabeus. “A mundanidade espiritual afasta-nos da coerência de vida, faz-nos incoerentes”, uma pessoa “finge ser de uma certa maneira, mas vive de outra”. O Papa Francisco
L’Osservatore Romano
tário de Estado, Pietro Parolin, ao arcebispo de Paris, Cardeal André Vingt-Trois. No telegrama, o Papa invocou a misericórdia de Deus Pai para que acolha as vítimas na paz da sua luz e dê conforto e esperança aos feridos e as suas famílias. Também condenou com vigor a violência e concedeu a bênção apostólica. Fonte: Rádio Vaticana (NF)
L’Osservatore Romano
utilizou a imagem do “caruncho” para caracterizar a mundanidade que lentamente pode destruir e degradar um tecido. Aquele ‘tecido’, entendido como a identidade cristã, com o “caruncho” torna-se inutilizável. Tem uma vida dupla: fala de uma maneira e atua de outra forma. Pelo contrário, a identidade cristã – disse o Papa – “não é nunca egoísta, procura sempre proteger com a própria coerência”. Fonte: Rádio Vaticano (NF)
Visita ao Templo Maior de Roma a convite da comunidade judaica O Papa Francisco visitará o Templo Maior de Roma na tarde de 17 de janeiro, um domingo, após receber o convite do rabino e da comunidade judaica da Urbe. Precederam-no São João Paulo II, que em 13 de abril de 1986 foi o primeiro pontífice que realizou a histórica visita, e Bento XVI, em 17 de janeiro de 2010. A visita será caracterizada pelo encontro pessoal de Francisco com os representantes do Judaísmo e com os membros da comunidade. O programa mais pormenorizado da visita será comunicado posteriormente. Fonte: Rádio Vaticana (NF)
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NAYÁ FERNANDES
Destaques das Agências Nacionais
nayafernandes@gmail.com
‘Destruíram nossa vida, arrasaram nossa cultura e nos ignoram’ “Só saímos quando tiverem a dignidade de conversar com a gente. Destruíram nossa vida, arrasaram nossa cultura e nos ignoram.” A frase foi dita pelo índio Aiá Krenak, da etnia composta por mais de 350 índios que utilizavam a água do rio Doce – o mais importante de Minas Gerais - para consumo, banho e limpeza. E eles não são os únicos: mais de 300 mil pessoas estão sem água após o rompimento das barragens de Fundão e Santarém, na área rural da cidade de Mariana (MG), no dia 5. Parte dos 800 km do rio Doce, contaminado pela lama espessa, atravessa a reserva da tribo. Sem água há mais de uma semana, eles decidiram fazer um protesto na estrada de ferro Vitória-Minas, por onde a Vale, controladora da Samarco e da ferrovia, transporta seus minérios para exportação. Dejanira Krenak, 65, lembrou que o sofrimento não é só dos índios. “Não é ‘só nós’. Os brancos que moram também na beira do rio precisam muito dessa água, muitos pescadores tratam a família com os peixes.” Uma decisão judicial determinou que índios deveriam deixar o local até terçafeira, 17. A Vale informou que “continua, com apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai), as tentativas de negociação com o povo indígena Krenak para liberação da ferrovia”. Oficialmente, até a noite da segunda-feira, 16, estavam desaparecidas 28
pessoas. Mais de 550 desabrigados estão em hotéis. O mar de lama contaminada avança para o oceano e já atingiu a cidade de Governador Valadares (MG).
Tragédia anunciada
Nas redes sociais, poesias como a “Lira Itabirana” e “Olhem bem as montanhas”, de Carlos Drummond de Andrade, foram compartilhadas como forma de solidariedade às pessoas vitimadas pela tragédia, considerada um dos maio-
res crimes ambientais nos últimos anos no País, mas também de alerta pela situação que continua em quase todas as regiões mineiras. Na quarta parte da “Lira Itabirana”, o Poeta pergunta: “Quantas toneladas exportamos/ De ferro?/ Quantas lágrimas disfarçamos/ Sem berro?”. A situação descrita pelo Poeta pode ser constatada por qualquer pessoa que viaje pelo interior do Estado, ao ver as montanhas sendo literalmente destruídas pela retirada de minério. A BHP Rafael Domingues
Diante do caos, moradores de Mariana contam com a solidariedade para reconstruir a vida
Billiton, por exemplo, é dona de 50% da Samarco ao lado da Vale do Rio Doce, que detém a outra metade da mineradora. Elas são responsáveis pelas barragens que romperam em Mariana. A gigante de commodities, que teve lucro de US$ 13,8 bilhões no ano passado, chegou ao Brasil em 1984. Uma análise laboratorial encomendada após o desastre encontrou na água do rio partículas de metais pesados como chumbo, alumínio, ferro, bário, cobre, boro e mercúrio. Segundo Luciano Magalhães, diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Baixo Guando (MG), “a água não tem mais utilidade nenhuma, sendo imprópria para irrigação e consumo animal e humano”. Além desses metais pesados, a própria força da lama prejudicou a biodiversidade do rio para sempre e os ambientalistas não descartam a possibilidade de que espécies inteiras tenham sido soterradas pela lama. Os deputados estaduais desistiram de instaurar uma Cwomissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o desastre de Mariana e a situação das demais barragens em operação em Minas. Porém, o colégio de líderes da Assembleia decidiu criar, no lugar da CPI, a Comissão Extraordinária das Barragens. Juntos, os nove titulares dessa Comissão receberam R$ 587 mil em doações diretas ou indiretas de mineradoras na última campanha eleitoral.
‘Temos que ficar ao lado dos atingidos e não de quem provocou a tragédia’ “É preciso ter agilidade nas ações, mas muita clareza e firmeza no que temos que fazer”, afirmou Joceli Andrioli, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) ao elencar outras experiências que o MAB
já acompanhou em distintas regiões. O plano a que se referiu Joceli prevê a necessária responsabilização das mineradoras. A afirmação foi feita durante a reunião na tarde do domingo, 15, com Dom
Geraldo Lyrio Rocha, arcebispo de Mariana. O Arcebispo disse que a Arquidiocese de Mariana se associa ao MAB nesta tarefa que deve aliar solidariedade, união e organização coletiva. “A opção da Igreja já foi feita. Na luta entre Golias
e Davi, nós ficamos ao lado do menino. A posição tem que ser clara e sem ambiguidades: temos que ficar ao lado dos atingidos e não de quem provocou a tragédia”, concluiu. Fontes: MAB/BBC Brasil/ Revista Galileu/ Jornal O Tempo
Mais de 200 mil ‘não curtem’ vídeo pró-aborto
Cardeal Cláudio Hummes preside reunião internacional da Repam
Duas semanas após ser postado no YouTube, no dia 3, o vídeo “Meu corpo, minhas regras”, que visa divulgar o filme “Olmo e a Gaivota”, já acumula mais de 200,6 mil ‘dislikes’ - ou seja, indicativos de que quem assistiu o conteúdo do vídeo não o aprovou – contra pouco mais de 34 mil “likes” – aprovação do conteúdo. No vídeo, atores que protagonizam algumas das principais novelas e seriados do País defendem abertamente o aborto como “um direito das mulheres” e dão a entender que Nossa Senhora não seria virgem ao ter concebido Jesus, e que tal afirma-
Para analisar a realidade amazônica e construir respostas conjuntas aos desafios que a Igreja enfrenta em seu trabalho pastoral nas comunidades e povoados amazônicos, 25 bispos católicos, vindos de nove países, estão reunidos até quarta-feira, 18, na sede da Conferência Episcopal Colombiana, em Bogotá, em um encontro internacional da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam). Também participam aproximadamente 80 representantes de congregações religiosas, leigos e dirigentes indígenas. Segundo Mauricio Lopez, secretário executivo da Repam, o encontro tem como marco orientador a Encíclica Laudato Si´, do Papa Francisco.
ção bíblica seria um erro de tradução. O vídeo gerou especial indignação entre os católicos. Pelo Facebook, por exemplo, o Padre José Eduardo de Oliveira e Silva, professor de Teologia Moral e doutor pela Pontifícia Universidade Romana da Santa Cruz, manifestou: “Para ajudá-los [atores] em seu desconhecimento bíblico, e também para reparar a blasfêmia que cometeram contra a fé cristã, é meu dever lhes dizer que Nossa Senhora é Virgem, e isso não é um erro de tradução”, enfatizou. Fontes: ACI Digital e YouTube (Redação: Daniel Gomes)
Dias antes do encontro, o Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo e presidente da Repam, destacou o porquê de tamanha atenção da Igreja com a região amazônica. “Os povos é quem vão pagar a conta dessa devastação. Os povos são os que sofrem mais. Então, se trata de uma questão ética, para a qual temos uma grande responsabilidade com as gerações futuras. Mas temos, também, uma responsabilidade religiosa: Deus criou este mundo e nos entregou o planeta com um dom. Entregou-nos o planeta para poder viver, entregou-nos para cultivá-lo e não para destruí-lo”. Fonte: Repam (Redação: Daniel Gomes)
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‘Mo delo universal para todos os fiéis de qualquer cor, raça, nacionalidade ou condição social’ Márcio Britto/Páróquia Nossa Senhora D’Ajuda
missa de beatificação do Padre Victor, em Três Pontas (MG), reuniu cerca de 15 mil pessoas no sábado, 14 NAYÁ FERNANDES
nayafernandes@gmail.com
Debulhar o trigo Recolher cada bago do trigo Forjar no trigo o milagre do pão E se fartar de pão A letra da música “Cio da Terra”, de Milton Nascimento, lembra o milagre do pão “fruto da terra e do trabalho humano”, como é dito durante a apresentação das oferendas em cada celebração eucarística celebrada em qualquer lugar do mundo, em que se reúnem os fiéis católicos ao redor das mesas da Palavra e da Eucaristia. A celebração que aconteceu no sábado, 14, às 16h, na cidade de Três Pontas (MG), a mesma em que Milton Nascimento viveu desde a infância, reuniu cerca de 15 mil fiéis para agradecer a Deus pela vida do Padre Francisco de Paula Victor (1827-1905), mais conhecido por Padre Victor, que foi declarado beato pelo Papa Francisco. Realizada no aeroporto do município, que fica a 290 quilômetros da capital mineira, a solenidade foi presidida pelo bispo da Diocese da Campanha (MG), Dom Diamantino Prata de Carvalho, com a presença de mais de 300 sacerdotes da Diocese. O rito de beatificação, por sua vez, foi conduzido pelo prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, da Santa Sé, o Cardeal Angelo Amato, representante do Papa. “Nós, tendo consultado a Congregação das Causas dos Santos, concedemos
que o venerável servo de Deus, Francisco de Paula Victor, presbítero diocesano, pastor segundo o coração de Jesus, humilde arauto do Evangelho e assíduo educador da juventude, doravante seja chamado beato e que se possa celebrar sua festa todos os anos, no dia 23 do mês de setembro, data do seu nascimento ao céu, nos lugares e segundo as regras estabelecidas pelo direito”, consta na Carta Apostólica do Papa Francisco, escrita no dia 9 de novembro de 2015 e lida durante o rito de beatificação. A biografia do sacerdote mineiro foi recordada durante a missa (leia mais nas páginas 12 e 13) e a miraculada pela intercessão de Padre Victor, a professora Maria Isabel Figueiredo, 37, levou a relíquia do Beato logo após a leitura da Carta Apostólica, enquanto se cantava o hino composto especialmente para a ocasião. A letra foi escrita pelo próprio Dom Diamantino e a melodia pelo maestro Alessandro Carvalho. Ele e outros 120 coralistas e 30 músicos, foram os responsáveis pelos cantos da celebração. Dom Diamantino disse, na homilia, referindo-se ao Beato Padre Victor “que sábio é aquele capaz de amar e, a partir desse amor, acolher os irmãos e irmãs”. Ele recordou, ainda, que o Padre sofreu muito preconceito, mas “superando tudo, soube servir na educação, na pastoral e, assim, era feliz em dar o que possuía e recebia dos outros”. O Bispo recordou, também, as vítimas da tragédia em Mariana (MG), a partir do rompimento das barragens, e que devido aos rejeitos e a lama que segue pelo rio Doce, mais de 300 mil pessoas estão sem água. O Cardeal Angelo Amato, em sua mensagem, ressaltou que “a comunidade cristã de Campanha se apresenta aos olhos da Igreja e do mundo como uma terra de santos. Ele é o modelo universal e válido para todos os fiéis de qualquer cor, raça, nacionalidade ou condição social. Padre Victor pertence à nobreza das pessoas santas, cheias de fé, caridade, bondade e humildade”. Fotos: Márcio Britto/Páróquia Nossa Senhora D’Ajuda
Fiéis de diferentes lugares do Brasil se reúnem para a beatificação doPadre Victor, na cidade mineira de Três Pontas, presidida por Dom Diamantino Carvalho e Cardeal Angelo Amato, dia 14
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‘Victor, no entanto, esperava e esperava sempre’ Fotos: Acervo da Associação Padre Victor
Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
Na cidade de Três Pontas (MG), diversos monumentos e lugares contam a história da vida e da presença do Beato Padre Francicso de Paula Victor. Na igreja onde foi pároco, ou na Associação Padre Victor, que é responsável por manter viva a memória desse sacerdote que ajudou a formar diversos jovens da região, as imagens do Beato se multiplicam e são referência para a devoção de centenas de fiéis
“Num país em que muito se tem lutado para superar os preconceitos de raça e de cor, a causa do Padre Victor enche de coragem a todos que procuram levar uma vida justa e reta. Um santo negro, como nosso Venerável Padre Victor, orienta-nos para Deus, que não faz acepção de pessoas, mas a todas acolhe com ternura e compaixão”, escreve Dom Diamantino Prata de Carvalho, bispo da Diocese da Campanha (MG), na apresentação da biografia “Francisco de Paula Victor – Apóstolo da Caridade”, escrita por Gaetano Passarelli. A biografia, de pouco mais de 200 páginas, conta, com base em documentos e relatos históricos, passagens da vida do primeiro negro ordenado sacerdote no Brasil. Em alguns momentos da vida de Padre Victor, evidencia-se o que diz a Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a santidade: “Todos os fiéis se santificarão cada dia mais nas condições, tarefas e circunstâncias da própria vida e através de todas elas, se receberem tudo com fé da mão do Pai celeste e cooperarem com a divina vontade, manifestando a todos, na própria atividade temporal, a caridade com que Deus amou o mundo” (LG,5). Nascido em Campanha (MG), em 12 de abril de 1827, filho da escrava Lourença Maria de Jesus, Victor teve a sorte de ter como madrinha a senhora Marianna Bárbara Ferreira, como destaca o Padre Ismar Dias Matos, professor de Filosofia e Cultura Religiosa na PUC-Minas, sócio-efetivo da Academia Brasileira de Hagiologia (que estuda os santos) e sócio-efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. “A história de Padre Victor seria outra se ele não tivesse contado com a senhora Marianna Barbosa Ferreira, sua madrinha de Batismo, pois foi ela que o apoiou desde a infância, sustentou os estudos dele e o incentivou quando quis ser padre. Ele entrou para o seminário com 22 anos. Dona Marianna foi a força de que ele precisava para vencer os obstáculos sociais da época. Sendo filho natural, negro e escravo, o destino que se lhe reservava era cruel, não fosse sua madrinha”, garantiu. Outra figura importante na história do Sacerdote foi o então bispo de Mariana (MG), Dom Antônio Ferreira Viçoso. De acordo com a biografia de Padre Victor, Dom Antônio era abolicionista e defendia uma maior independência da Igreja em relação ao Império. Além disso, o Bispo concedeu ao jovem Victor a dispensa canônica “ex defectu natalium” (por defeito de nascimento, ou seja, por ser filho natural), documento que o possibilitou ingressar nas ordens
sacras. “Ele foi [Padre Victor] um seminarista exemplar em todos os sentidos. Ordenar um padre negro, em 1851, muito longe da abolição da escravatura, foi um grande passo dado pela Igreja de Mariana, mérito de Dom Viçoso”, afirmou Padre Ismar.
A vocação
“Não se esqueça de que quem é escravo, é escravo, e basta! Não tem nenhum direito!... Entre as palavras que você pode dizer não está o verbo ‘quero’! Não existe... entendeu? Quem é escravo deve fazer somente a vontade de seu dono. Está me entendendo?”. Essas foram as palavras de mestre Ignácio B arbudo a Victor, quando este lhe disse que queria ser padre. Na juventude, com a ajuda da madrinha, Victor foi tratado diferente dos demais escravos. Tanto que, em vez de trabalhar na fazenda, foi colocado para aprender o ofício de alfaiate na oficina de mestre Ignácio Barbudo. Foi a este que manifestou o desejo de ser padre, sendo severamente repreendido, agredido e expulso da oficina. Isso não desestimulou Victor, que voltou para casa da madrinha e encontrou consolo, apoio e encorajamento. Da madrinha veio o compromisso de que o jovem estudaria e que ainda falaria com o padre da cidade, Padre Antônio Felipe de Araújo, e depois com o bispo. E assim o fez, e de jovem aprendiz de alfaiate, Victor passou a estudante de latim, música e Filosofia, ainda em sua cidade sob a responsabilidade do pároco e do vigário da igreja mariz de Santo Antônio. Quando estava preparado, foi encaminhado para o Seminário de Mariana. Lá conclui os estudos, passou por dificuldades, resistência dos outros seminaristas, mas, por fim, em 14 de junho de 1851, Victor foi ordenado sacerdote.
Legado
O trabalho do Padre Victor na cidade de Três Pontas (MG) não foi fácil, mas a frase que encera alguns capítulos de sua biografia, resume a vida e obra do agora Beato: “Victor, no entanto, esperava e esperava sempre”. Aos poucos, dobrou corações e mentes e passou a ser admirado e apoiado por boa parte da população da cidade. Com o desejo de formar boas pessoas e bons cristãos, fundou em Três Pontas o Colégio Sagrada Família, com nove anos de sacerdócio. “Padre Victor sabia que a Igreja deve estar presente em todos os seguimentos sociais. Sua santidade era abrangente, por isso creio que a valorização da fé e da cultura era, sim, um sinal da santidade dele. Ele possuía um grande amor à cultura e às artes, por isso investiu na educação. É bom ressaltar que ele, a contragosto de muitos, acolheu no Colégio muitas pessoas que não podiam
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Acervo da Associação Padre Victor
pagar as mensalidades, constatando o seu amor aos pobres e pequenos” afirma Padre Ismar. Paulo Costa Campos, historiador da cidade de Três Pontas e da genealogia das famílias locais, registra que grandes personalidades regionais estudaram no Colégio Sagrada Família, das quais destaca “o grande civilista Doutor Manoel Ignácio Carvalho Mendonça; João Paulo Barbosa Lima, magistrado do então Supremo Tribunal Militar; Doutor Samuel Libânio, médico da cidade de Pouso Alegre (MG); Dom João de Almeida Ferrão, primeiro bispo da Diocese da Campanha (MG); além de vários políticos do Sul de Minas Gerais”. Além disso, o historiador afirma: “O Colégio Sagrada Família foi algo de suma importância para a formação da infância e juventude, não só de Três Pontas, mas também de todo o Sul de Minas. A bagagem cultural que Padre Victor trouxe de sua vivência em Campanha e estudos em Mariana, proporcionou um desenvolvimento sociocultural importante. Três Pontas se tornou, àquela época, um polo de irradiação cultural”.
Curiosidades
Vestes de Padre Victor e a máquina de costura com a qual exerceu o ofício de alfaiate
‘A sua vida foi um Evangelho’ Renata Moraes
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Em entrevista à rádio Vaticano, no sábado, 14, o Cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação das Causas dos Santos, falou sobre as principais virtudes do Beato Padre Victor. “O Papa Francisco o chama de ‘bom pastor segundo o coração de Cristo, humilde arauto do Evangelho e zeloso educador dos jovens’. Padre Victor foi um pároco generoso e dinâmico. Garantia sempre a santa missa, celebrada no domingo com grande solenidade e com a participação de pregadores conhecidos. Era muito ativo na Catequese e na administração dos sacramentos. Introduziu o mês em homenagem a Nossa Senhora e percorria a cavalo as áreas rurais para levar conforto espiritual aos mais distantes. De 1852 a 1905, ano de sua morte, batizou 8.790 recémnascidos filhos de brancos e 383 filhos de escravos. Incentivou a educação dos jovens, especialmente os pobres. Por isso, fundou em sua paróquia uma escola gratuita. Dava aos pobres as ofertas que recebia. Benefi-
ciava, também, aqueles que no início o desprezaram. Os seus paroquianos, cerca de 20 anos depois de sua morte, colocaram uma placa em sua homenagem com a inscrição: ‘A sua vida foi um Evangelho’”, expressou o Cardeal. Cardeal Amato também recordou um episódio que sublinha as virtudes da humildade e simplicidade do Padre Victor: “Um dia, Padre Victor voltava de trem de Campanha a Três Pontas. Foi acolhido pelo povo com uma banda de música. No trem, havia um general. Pensando que o acolhimento fosse para ele, pediu a Padre Victor para carregar a sua mala, pois o confundiu com um carregador de bagagens. Com simplicidade, o santo sacerdote carregou a mala do general. Quando o povo viu o seu Pároco, foi ao encontro dele com alegria. Então, o general perguntou quem era aquele homem. Alguém lhe respondeu: ‘É Padre Victor e nós estamos aqui para acolhê-lo’. Por humildade, o Sacerdote não revelou a sua identidade’. E completou: “O seu funeral foi um triunfo. Mais de 3 mil pessoas o acompanharam ao cemitério entre lágrimas
No livro de Batismos dos anos 1852-1993, da Paróquia Nossa Senhora D’Ajuda, onde Padre Victor trabalhou, muitas crianças receberam seu nome: Francisco: 1.551 pessoas; Francisca: 209; Francisco de Paula: 57; Francisco Vitor: 88; Vitor: 862; Vitor Francisco: 12; Vitor de Paula: 71; Vita: 199. Outras homenagens do povo mineiro: Biblioteca Pública Municipal Padre Victor; Farmácia Padre Victor (em Campanha); Ambulatório Padre Victor; Casa de Carne Padre Victor; Centro Odontológico Padre Victor; Centro de Saúde Padre Victor; Cerâmica Padre Victor; Café Padre Victor; Escola Municipal Padre Victor; Tipografia Padre Victor etc.
Acervo da Associação Padre Victor
e homenagens de gratidão. Morreu pobre. Nasceu para o Evangelho e viveu para o povo. Os seus objetos pessoais foram logo considerados relíquias preciosas e conservados com zelo. É um modelo extraordinário de sacerdote e pároco”. Ao portal Zenit, o Doutor Paolo Vilotta, postulador da causa de Padre Victor, comentou sobre o fato de a Diocese da Campanha ser celeiro de santidade, uma vez que além de Padre Victor, são candidatas aos altares a Serva de Deus Madre Tereza Margarida do Coração de Maria e a Beata Nhá Chica. “Na Diocese da Campanha, seguimos três causas, das quais dois beatos e uma serva de Deus, cujo processo está na fase romana. A fé tem sempre o primeiro lugar nessas ocasiões e aqui temos um exemplo concreto. Além disso, a Igreja e todo o povo demonstrou a exigência de querer trabalhar para que a devoção, que pelos dois beatos perdura e aumenta por mais de um século, pudesse ser também reconhecida oficialmente pela Igreja”. (Com informações da rádio Vaticano e Zenit)
Papa Francisco: que Padre Victor possa servir de modelo para os sacerdotes No domingo, 15, após recitar a oração mariana do Ângelus, o Papa Francisco lembrou que no sábado, 14, na cidade mineira de Três Pontas (MG), aconteceu a
beatificação do Padre Francisco de Paula Victor (Padre Victor). “Pároco generoso e zeloso na catequese e na administração dos sacramentos, distinguiu-se, sobretudo por
sua grande humildade. Possa seu extraordinário testemunho servir de modelo para muitos sacerdotes, chamados a ser humildes servidores do povo de Deus.” (RM)
Beato Padre Victor, o primeiro sacerdote negro do Brasil, ordenado em 1851
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Um milagre chamado Sofia Arquivo pessoal
Renata Moraes
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Maria Isabel Figueiredo, 37, professora, é casada desde 2007 com José Mauricio Silvério, 39, cabelereiro, ambos de Três Pontas, sul do Estado de Minas Gerais. A esposa tinha o sonho de ser mãe e desde que se casou iniciou o tratamento para conseguir engravidar, pois já havia constatado que tinha dificuldades. “Até que em um exame em 2009 foi detectado que uma trompa minha era normal e outra totalmente obstruída. Fiz uma indução de ovulação, que resultou em uma gravidez tubária [que é uma gravidez fora do útero]. Com isso, a trompa normal foi retirada, daí a impossibilidade de uma gravidez de forma natural”, relatou ao O SÃO PAULO. Da fé herdada de sua mãe, muito devota de Padre Victor (Padre Francisco de Paula Victor), Maria Isabel pediu a intercessão do Padre em busca do sonho de ser mãe. “Em 2009, fiz a novena no seu aniversário de morte, pedindo a
A família Figueiredo está completa: a filha Sofia (causa do milagre) e Alice, recém-nascida
Padre Victor que intercedesse a Deus por mim. Escrevi também com muita fé o pedido para ser queimado no último dia da novena, como é de tradição. Quase um ano depois, descobri que estava grávida”. A médica que a acompanhava não acreditou inicialmente e pe-
diu que a paciente fizesse um exame de ultrassom para comprovar a gravidez. “Para a minha alegria, eu já estava de algumas semanas e até pude ouvir o coração do bebê. Todos ficaram surpresos e felizes com a notícia e eu tive certeza que havia recebido de Padre Victor
um milagre”, contou a miraculada, que deu à luz a filha Sofia em 2011. José Mauricio, seu esposo, também devoto de Padre Victor desde criança, recordou à reportagem a emoção de ser pai e de alcançar a graça do milagre de Deus. Ele animou os casais que ainda estão tentando ter filhos. “Nunca desistam! Façam todos os tratamentos confiando em Deus e nos santos de devoção. Acreditem que para Deus nada é impossível e quando é da vontade Dele e no tempo Dele, nossos pedidos são atendidos. Nós somos o exemplo disso”. “Espero que o nosso testemunho sirva de exemplo para que as pessoas tenham mais fé, busquem a Deus e vivam segundo a sua Palavra. E que cada vez mais possamos confiar no poder de intercessão de Padre Victor junto a Deus”, enfatizou Maria Isabel. Sofia, a filha tão sonhada e fruto do milagre que deu a causa de beatificação de Padre Victor, hoje têm 4 anos e junto com seus pais, em procissão, levou as relíquias de Padre Victor durante a missa solene de beatificação, no sábado, 14. Recentemente, a família aumentou: há pouco mais de um mês, Maria Isabel e José Mauricio tiveram a segunda filha, Alice. “Ela é a confirmação do milagre e do meu sonho duplamente realizado”, encerrou Maria Isabel.
Testemunho para a solidariedade e atenção à juventude “Minha família e eu, desde criança, temos muita devoção a esse que sempre chamávamos de ‘Santo Padre Vitu’. Toda sua vida foi um exemplo de paciência e caridade, se tornando, assim, um exemplo de pessoa que viveu a verdadeira espiritualidade cristã, soube viver segundo o Espírito de Jesus, com fé, compaixão, justiça e responsabilidade social”, afirmou o Padre Alex José Adão, 44, pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, da cidade de Carvalhos (MG), na Diocese da Campanha. O Sacerdote, natural de Varginha (MG), esteve na celebração de beatificação do Padre Francisco de Paula Victor (1827-1905), mais conhecido por Padre Victor. “Ele foi um promotor da paz, pois mesmo sendo humilhado por causa da sua negritude, não revidava, mas até ajudava seus opositores. Como um sinal de Deus, a celebração de sua beatificação
ocorreu numa época em que tanto se necessita de paz e justamente um dia após os atentados terroristas em Paris. Isso nos lembra de que, como ele, todo cristão e toda pessoa de boa vontade é convidada a não medir esforços pela paz, pois ‘bem-aventurados são os que promovem a paz’ (Mt 5,9)”, afirmou. Ainda segundo Padre Alex, o exemplo de santidade e de pastor do novo Beato influencia muito as pastorais da Diocese, sobretudo na dimensão social e no serviço à caridade com os mais necessitados. “Outra influência do Beato Padre Victor em nossas pastorais é que precisamos aprender sempre mais com ele sobre o amor aos jovens. A sua beatificação aconteceu nas vésperas da celebração diocesana do Dia da Juventude. Padre Victor, como criador e diretor de escola para os jovens, sobretudo os carentes, nos motiva a priorizar a participação dos
jovens na vida da Igreja em geral e das comunidades em particular. Nossa Catequese, Liturgia e nossas ações pastorais não podem deixar de estar atentas à necessidade de atrair e dar espaço às crianças, aos adolescentes e aos jovens – futuro de nossa Igreja e de nossa sociedade”. Padre Alex também ressaltou a atenção para o reconhecimento do milagre da beatificação. “Numa época em que a Igreja tem falado tanto em defesa da vida do nascituro e contra o aborto, ‘Santo Padre Vitu’ é beatificado após o reconhecimento de seu milagre de interceder por uma mulher que pede uma gravidez, considerada impossível pelos médicos. Só temos a agradecer a Deus por ter dado a nós esse querido intercessor e exemplo de vida cristã tão significativa, em um mundo que tanto precisa de exemplos de discípulos fiéis aos ensinamentos de Cristo”, concluiu. (RM)
Arquivo pessoal
Padre Alex José Adão é devoto do novo Beato
Arquivo pessoal
Devota desde criança Há mais de 30 anos, Maria Aparecida dos Reis Oliveira, 64 (foto), atua na Pastoral da Liturgia e Canto da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, da cidade de Três Pontas (MG), na Diocese da Campanha. No sábado, 14, ela trabalhou como voluntária no acolhimento dos devotos na missa de beatificação do Padre Victor, e relatou ao O SÃO
PAULO sua história de fé ao Beato mineiro. “Assim como a maior parte dos trespontanos, desde criança, aprendemos a devoção ao Padre Victor e já estamos passando para as novas gerações. Sou muito devota de Padre Victor, a quem devo muitas graças alcançadas, inclusive a recuperação de meu filho Thiago, que sofreu um
grave acidente de moto e corria o risco de não movimentar mais o joelho esquerdo. Pedi a intercessão de Padre Victor e meu filho se recuperou sem nenhuma sequela”, conta. “O grande exemplo do Beato Padre Victor para nós é a caridade e a humildade, é o que aprendemos dele e tentamos passar para todas as pessoas”. (RM)
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| Entrevista | 15
Com a Palavra: Dom Diamantino de Prata Carvalho
‘O exemplo de Padre Victor veio para renovar o nosso zelo pastoral’ Márcio Britto/Páróquia Nossa Senhora D’Ajuda
Renata Moraes
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Dom Diamantino Prata de Carvalho, OFM, é bispo da Diocese da Campanha, no Regional Leste II da CNBB (Minas Gerais e Espírito Santo), desde 2 de maio de 1998. Já no início de seu pastoreio na Diocese, ele esteve à frente das causas de beatificação do Padre Francisco de Paula Victor (18271905) - popularmente conhecido como Padre Victor, beatificado no sábado, 14, na cidade de Três Pontas (MG) – e de Francisca de Paula de Jesus (1810-1895), a Nhá-Chica, beatificada em maio de 2013, na cidade de Baependi (MG). Padre Victor, filho de escravos, foi o primeiro padre negro brasileiro a ser ordenado, em 1851, ainda quando a escravidão era vigente no Brasil. Nesta entrevista ao O SÃO PAULO, Dom Diamantino fala sobre as virtudes, o testemunho de santidade e o legado do novo Beato O SÃO PAULO – Quem foi Francisco de Paula Victor, o Padre Victor, e qual foi o seu legado na cidade de Três Pontas (MG)?
Dom Diamantino Prata de Carvalho - Padre Victor era filho de escrava, mas era escravo liberado pela sua madrinha, dona Mariana Bárbara Ferreira, dona da fazenda onde ele nasceu. Sob a tutela dela, ele aprendeu a ler, escrever, tocar piano, falar em francês. O sacerdote foi um homem de visão, que buscou promover às crianças e aos jovens a instrução do ensino e da educação para todos. Não apenas para as crianças negras, mas para as brancas, pobres e ricas. Com esse objetivo, fundou o Colégio Sagrada Família, em Três Pontas (MG). Estudou ali João Almeida Ferrão, que depois se tornou padre e o primeiro bispo da Diocese da Campanha, em Minas Gerais, em 1909. O maior legado que Padre Victor nos deixa é essa convicção que também o Papa Francisco nos alerta: cuidarmos da “casa comum” e sabermos nos integrar dentro da natureza, respeitando a todos, acolhendo e amando uns aos outros, como Jesus nos amou. Numa época de preconceito e discriminação, no período da escravatura, um padre negro veio para nos ensinar a amar os inimigos. Eu creio que se nós cuidarmos dessa dimensão humana de amar e acolher, nós teremos um País e também um mundo mais justo, mais fraterno e mais solidário.
de Nhá Chica. Como foi a vivência desses processos?
Desde que cheguei à Diocese, procurei conversar com todas as pessoas que trabalhavam nas causas e vi o quanto era bonito a dedicação e o trabalho que elas realizam em favor dessas beatificações, dessas duas figuras sul-mineiras em que a graça de Deus se manifestou. Os dois de descendência africana, os dois filhos de escravas e mães solteiras. Tudo isso pra dizer que Deus não olha raça e nem a classe social. Então, percebemos que em toda a parte existem os escolhidos, depende da abertura do coração que a pessoa faz para Deus preencher o seu coração magoado, o seu coração triste, na alegria e na paz. Essa é a lição que eles nos dão: uma profunda confiança em Deus.
Quais os próximos passos para divulgar a devoção ao Beato Padre Victor na Diocese da Campanha e em todo o Brasil?
Por que a vida do Beato Padre Victor foi um exemplo de santidade?
Como o próprio Papa Francisco anunciou, no domingo, 15, durante a oração do Ângelus: “Padre Victor foi um grande exemplo de humildade”; e assim como disse o Cardeal Amato [prefeito da Congregação para as Causas dos Santos], “era um sacerdote humilde e, ao mesmo tempo, zeloso na instrução da Catequese das crianças e adolescentes’. Mesmo não sendo um bom pregador, ele chamava pregadores conhecidos, sobretudo para as grandes festas e solenidades. Nunca quis se colocar em primeiro lugar, pelo contrário, se colocava em último lugar para servir a todos. Ele era chamado “Apóstolo da Caridade”, porque o que ele tinha, partilhava com os outros, e, muitas vezes, doava até aquilo que era necessário para ele. Certa vez, doou todo o dinheiro que tinha recebido na igreja a um homem que não tinha o que dar de comer aos seus filhos. Padre Victor era de uma extrema caridade. Era um bom samaritano. Conta-se que se dedicava de corpo e alma aos cuidados de um leproso, que ele levou para a própria casa, o que na época era proibido. Ele levou o doente para sua casa escondido e lá dele cuidou com todo carinho. Padre Victor tinha esse jeito e essa maneira de cuidar do irmão. Era um tempo de excomunhão dos doentes de Hanseníase, mas ele teve a coragem de levá-los para a própria casa, para cuidar deles.
Esses foram gestos de extrema humildade e caridade que caracterizam este novo Beato.
Como esse exemplo de humildade e santidade de Padre Victor pode inspirar ações pastorais na Diocese da Campanha?
Toda a Diocese se animou e se mobilizou para a preparação da beatificação de Padre Victor. Todos deram as mãos para colaborar. Foi uma atitude espontânea e generosa. Centenas de famílias acolheram os devotos que vieram de fora da cidade. As pessoas aqui são muito generosas. Essa é uma característica do povo, e isso tudo é modelo de seu querido pastor, o Beato Padre Victor. A vida dele foi exemplo e serve para todos os padres. Realmente, ele foi um modelo de vida zelosa, apostólica e generosa, que pode levar os sacerdotes hoje a seguir este exemplo, mesmo em tempos diversos e em épocas diferentes. Essa característica e esse espírito que animava o nosso Beato, deve animar a todos nós também, porque, afinal, somos todos convidados a sermos zelosos, apostólicos, caridosos, capazes de atender os doentes, visitar as comunidades rurais, dar atenção e cuidado aos irmãos. O exemplo de Padre Victor veio também para renovar o nosso zelo pastoral.
Como bispo da Diocese da Campanha desde 1998, o senhor acompanhou as etapas para a beatificação do Padre Victor e
A proposta do Cardeal Angelo Amato é que essas figuras simples e humildes, que nos mostram total confiança em Deus, sejam mais conhecidas. E nós temos alguns meios de comunicação, por exemplo, as rádios e tevês locais sempre colaboram e divulgam as notícias, assim como as emissoras católicas. Pedimos também que as pessoas em suas orações façam uma prece, pedindo uma graça especial ao novo Beato, ou uma intercessão por elas próprias ou por alguém que saibam que precise de uma grande graça. E vamos trabalhar rumo à canonização, pois agora tem que se constatar um novo milagre para isso. Já ouvimos muitas histórias de milagres e bênçãos por intercessão do Beato. Temos a Associação Padre Victor de Três Pontas (www.padrevictor.com.br), com o seu memorial e que se encarrega de receber das pessoas os relatos das graças alcançadas, com as pessoas escrevendo e entregando os laudos médicos, radiografias, todos os documentos necessários para encaminhamento e averiguação. E temos agora, já na entrada da Paróquia Nossa Senhora D’Ajuda, do lado esquerdo, a imagem do Beato Padre Victor e, ao lado direito, a imagem da Beata Nhá-Chica, ambos com suas relíquias. E ao fundo da igreja, temos o altar dele com uma pintura muito bonita, com Padre Victor ao centro, com dois anjos e alguns símbolos da cidade e da igreja que ele construiu. E no altar uma urna de madeira, mogno e vidro, que contém os seus restos mortais, suas relíquias, e a imagem jacente que representa muito bem Padre Victor, em vida, vestido com suas vestes litúrgicas. Uma imagem muito bonita, que nos leva à veneração. Louvado seja Deus por tudo!
16 | Fé e Cultura |
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Filipe David
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Dica de Leitura
Cinema
Russel Kirk – O peregrino na terra desolada Como homem de letras, a tarefa de Russell Kirk foi integrar as disciplinas humanísticas, tais como a Literatura, a História, a Filosofia e a Teologia. Sua missão de vida foi reformar as “ferramentas perdidas do aprendizado”, ao restaurar a compreensão das coisas permanentes, daquilo que torna a vida digna de ser vivida. Kirk esclarece o conceito de a sociedade ser um contrato entre aqueles que já faleceram, os que hoje vivem e os que estão por vir, e nos recorda de que, pela “comunicação dos mortos”, podemos discernir a sabedoria das eras passadas. O que fundamenta o conservadorismo de Russel Kirk é a ideia de que os sentimentos, mais do que os dogmas teóricos (tão caros a calculadores, sofistas e economistas, caso pensemos como
Edmund Burke, filósofo do século XVIII), são o centro da vida intelectual. Deduz-se daí a crítica kirkiana ao mundo moderno como uma crítica ao “horror da devastação”. Neste livro, para nos apresentar Kirk, Alex Catharino mostra-o em diálogo com Thomas Stearns Eliot, poeta, escritor e crítico norte-americano que viveu entre os séculos XIX e XX e que é referência essencial, embora às vezes pouco notada entre nós, para entendermos a resistência que caracteriza o pensamento de kirkiano à tentativa de fazer do mundo um “terreno baldio”. Ficha técnica: Autor: Alex Catharino Páginas: 144 Editora: É Realizações
Reprodução
Joe
Chega aos cinemas nesta semana o filme “Joe”de David Green, estrelando Nicolas Cage e Tye Sheridan. Joe Ransom (Nicolas Cage) é um ex-presidiário que vive preso ao passado. Afundado na bebida e amargurado com a vida, ele começa a trabalhar em uma madeireira durante o dia, procurando uma vida simples. Durante seu período de trabalho, ele encontra com Gary (Tye Sheridan), um jovem de 15 anos, que procura trabalho desesperadamente para conseguir sustentar sua família, e cujo pai é alcoólatra. Joe decide proteger e cuidar do menino, oferecendo-o um trabalho. Em uma bela estória de redenção, os dois vão buscar reaprender a gostar da vida como espíritos livres. No elenco, além de Nicolas Cage e Tye Sheridan, estão Gary Poulter, Ronnie Gene Blevins, Sue Rock e Adriene Mishler. Nos Estados Unidos e na Europa, o filme foi bem aceito pela maioria da crítica especializada em cinema.
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| Esporte | 17
Racismo: de mês a mês no esporte brasileiro Daniel Gomes
danielgomes.jornalista@gmail.com
Na semana em que se comemora o Dia da Consciência Negra, na sexta-feira, 20, um levantamento exclusivo do O SÃO PAULO indica que, em 2015, o esporte brasileiro registrou a cada mês ao menos uma situação com indícios de racismo (veja detalhes abaixo). Dos 14 casos catalogados, 11 aconteceram no futebol. Os demais envolveram atletas do MMA, vôlei e ginástica artística. Em apenas três situações, os casos
foram levados a julgamento, seja nas próprias instâncias das modalidades ou na Justiça. No caso mais recente, o jogador Michel Bastos, do São Paulo, acionou a Justiça comum, no começo deste mês, após ser alvo de injúria racial por uma torcedora são-paulina na rede social Instagram. “Se deixarmos esse tipo de situação passar, isso nunca irá cessar. O que pudermos fazer para ser usado de exemplo contra o racismo, seja ele qual for, será sempre importante”, afirmou Michel Bastos, dias depois do episódio.
‘Deixa pra lá’
A postura de Michel Bastos é quase uma exceção. Na maior parte dos casos, os atletas ofendidos expressaram lamento pelo que sofreram, mas adotaram um discurso de perdão aos ofensores. Assim o fez Elias, do Corinthians, ao ser chamado de “macaco”, em 1º de abril, pelo jogador Gonzáles, do Danúbio, em partida da Copa Libertadores da América. “Ele é muito novo ainda e espero que, com o tempo, mais maduro, perceba que o racismo é repugnante. Hoje, com a cabeça mais fria, não
Manifestações de racismo no esporte brasileiro Janeiro Em jogo de vôlei entre o Sesi-SP e o Minas, Fabiana Claudino, capitã da seleção brasileira, é insultada por um torcedor mineiro: “macaca quer banana”. Atleta não leva o caso à Justiça. Fevereiro No campeonato sul-mato-grossense de futebol, Robinho, do Naviraense, é chamado de “negro sujo” e “macaco” por um torcedor do Corumbaense, e deixa o gramado chorando. Tribunal de Justiça Desportiva do Mato Grosso do Sul isenta o Corumbaense de qualquer culpa no episódio. Março Vitinho, do Internacional, é chamado de “macaco” por torcedores do Brasil de Pelotas em jogo do campeonato gaúcho de futebol. Antes, em fevereiro, no jogo contra o Caxias, um torcedor imitou um macaco na frente do atleta. Clube e jogador não levam casos à Justiça. Abril Em partida da Libertadores da América, em São Paulo, Elias, do Corinthians, é chamado de “macaco” pelo jogador Gonzáles, do Danúbio. Clube e atleta não acionam a Justiça sobre o caso. Maio Um vídeo na internet mostra o ginasta Ângelo Assumpção sendo comparado pelos colegas de seleção a uma tela de celular estragada e a um saco de lixo preto. Confederação Brasileira de Ginástica sus-
pende os ofensores por um mês e depois arquiva o caso.
jogo do campeonato russo. Em março ele já sofrera com a mesma situação.
Junho Em coletiva de imprensa durante a Copa América, Dunga, técnico da seleção brasileira, afirma: “Eu até acho que sou afrodescendente de tanto que apanhei e gosto de apanhar. Os caras olham para mim: ‘Vamos bater nesse ai”. Horas depois, o técnico pede desculpas pela declaração.
Outubro Allano, do Cruzeiro, é alvo de ofensas racistas por um torcedora cruzeirense em uma rede social. “Allano não comeu banana, tá fraco”. Jogador não leva o caso à Justiça. Novembro Reprodução
Julho Na Taça BH de Futebol Junior, o jogador Miullen, do Corinthians, diz ter sido ofendido por torcedores da Sociedade Esportiva Guaxupé. “Do que você está rindo, seu macaco?”. Suposto ofensor é detido, mas liberado horas depois. Clube e jogador não levam o caso à Justiça.
AGENDA ESPORTIVA
Agosto Cristóvão Borges, então técnico do Flamengo, conta em entrevista que sofre insultos racistas de torcedores pelas redes sociais. “Por exemplo, foi citado que o Flamengo na hora de escolher o treinador, deixou de escolher o Oswaldo de Oliveira para escolher o do Pelourinho”, afirma. Setembro Às vésperas de uma competição de MMA nos Estados Unidos, Mariana Moraes é ofendida por um brasileiro em uma rede social. “Vai..., sua negra nojenta”. No mesmo mês, Hulk, jogador do Zenit e atacante da seleção brasileira de futebol, afirma ter sido chamado de “macaco” por torcedores em
consigo sentir raiva, só pena”, declarou. O ginasta Ângelo Assumpção, em maio, foi comparado a uma tela de celular estragada e a um saco de lixo, pelos colegas de seleção brasileira Arthur Nory, Felipe Arakawa e Henrique Flores. Dias depois, gravou um vídeo ao lado deles dizendo que tudo estava resolvido. Porém, em julho, em entrevista ao jornal O Globo, disse que a Confederação Brasileira de Ginástica o impediu de falar mais sobre o caso e revelou que não tem mais amizade com os três ginastas. Na avaliação de Clodoaldo Meneguello Cardoso, Doutor em Educação e coordenador do Observatório de Educação em Direitos Humanos da Unesp, muitos atletas vítimas de racismo não acionam a Justiça por temerem represálias no ambiente esportivo. Além disso, para ele, há um histórico de se relevar os casos no Brasil, o que faz com que se repitam. “Uma reação mais positiva seria promover um debate sério sobre isso dentro do esporte. Quando é crime tem que ser punido, porque a punição também educa, mas nas novas gerações é preciso trabalhar na educação e na convivência da diversidade”, comentou à reportagem.
Brasileirão de Futebol
Quinta-feira (19) 22h – São Paulo x Atlético Mineiro (Morumbi) Michel Bastos (foto), do São Paulo, reproduz no dia 1º em uma rede social a ofensa que sofreu de uma torcedora são-paulina no dia anterior, após o jogo contra o Sport. “Macaco, negro safado, respeita a torcida, otário, vagabundo, faz por merecer o dinheiro que recebe”. Jogador leva o caso à Justiça acusando a torcedora de injúria racial.
Sábado (21) 19h30 – Palmeiras x Cruzeiro (Allianz Parque) Domingo (22) 17h- Corinthians x São Paulo (Arena Corinthians)
Benegrip Multi: paracetamol 13,30 mg/mL, cloridrato de fenilefrina 0,33 mg/mL, maleato de carbinoxamina 0,13 mg/mL Indicações: Analgésico e antitérmico. Descongestionante nasal em processos de vias aéreas superiores. MS 1.7817.0768. Setembro/2015. Benegrip Multi é um medicamento. Durante seu uso, não dirija veículos ou opere máquinas, pois sua agilidade e atenção podem estar prejudicadas.
SE PERSISTIREM OS SINTOMAS O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.
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Lapa
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Padre Antonio Francisco Ribeiro e Benigno Naveira
Colaboradores de comunicação da Região
Com ciganos, Padre encontra-se com o Papa Em setembro de 1965, o Papa Paulo VI visitou um acampamento de ciganos na cidade italiana Pomezia, se tornando o primeiro pontífice a realizar tal gesto. Cinquenta anos depois, entre os dias 23 e 26 de outubro, o Pontifício Conselho da Pastoral para os Imigrantes e os Itinerantes promoveu a peregrinação mundial dos povos ciganos a Roma, reunindo mais de 7 mil ciganos, da Europa, América e Ásia.
Entre os participantes da peregrinação esteve o Padre Jorge Pierozan, popularmente conhecido como Padre Rocha, pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, do Setor Pastoral Butantã, coordenador da Pastoral dos Nômades da Arquidiocese e vice-presidente dessa pastoral no Brasil. Em conversa com a reportagem da Pascom Lapa, Padre Rocha destacou a importância dos ciganos no projeto de evangelização da Igreja,
e lembrou que o objetivo do evento foi ressaltar a abertura da Igreja em relação aos que vivem às margens da sociedade, além de ser um “encontro de culturas”, que permitiu maior conhecimento da opinião pública sobre a história e as realidades dos ciganos, muitas vezes vítimas de preconceitos e hostilidades. No dia 26, encerrando a peregrinação, o Papa Francisco recebeu em audiência os representantes das
delegações na Sala Paulo VI, no Vaticano. A comitiva brasileira na peregrinação foi coordenada por Dom José Edson Santana Oliveira, bispo de Eunápolis (BA) e presidente da Pastoral dos Nômades da CNBB. Também participou o diretor executivo da Pastoral dos Ciganos no Brasil, Padre Walace do Carmo Zanon, e mais 16 pessoas entre ciganos e integrantes das pastorais.
Santo Alberto Magno: padroeiro dos estudiosos das ciências naturais Paróquia Santo Alberto Magno
Padre Antonio conduz procissão com a imagem de Santo Alberto Magno, dia 15
Santo Alberto Magno, santo dominicano, foi grande mestre de Teologia, Filosofia e de ciências naturais. Assim comentou o Padre Antonio
Francisco Ribeiro, pároco da Santo Alberto Magno, no Setor Pastoral Butantã, na missa solene da festa do Padroeiro, no domingo, 15, concelebenigno Naveira
Entre os dias 10 e 13, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa, Dom Julio Endi Akamine conduziu uma catequese sobre o sobre 6º Mandamento “Não pecar contra a castidade”, para leigos e padres dos setores Lapa e Leopoldina.
brada pelo Padre Daniel Koo, vigário. Padre Antonio destacou que o Papa Pio XI canonizou e proclamou Santo Alberto Magno doutor da Igreja. Dez anos depois, o Papa Pio XII declarou-o padroeiro dos estudiosos das ciências naturais. Santo Alberto Magno é uma evidência de que a Idade Média não foi a “idade das trevas”, como muitos classificam esse período. Segundo o Sacerdote, a Igreja nunca colocou em contradição ciência e fé e o Santo testemunhou o fato de que a verdadeira fé não nega a ciência, pelo contrário: a verdadeira
Batismo em destaque na Semana de Iniciação Cristã A Pastoral do Batismo dos setores Rio Pequeno e Butantã, com orientação do coordenador regional da Pastoral do Batismo, Padre José Oliveira dos Santos, realizou, entre os dias 9 e 13, a Semana de Iniciação Cristã, com o tema do sacramento do Batismo, na Paróquia São Francisco de Assis. No dia 9, Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, palestrou sobre o tema “Batismo no Catecismo da Igreja Católica”. No dia 10, Padre Geraldo Pereira falou sobre “A acolhida no
Brasilândia Paróquia Nossa Senhora das Dores
No sábado, 14, Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, conferiu o sacramento da Crisma a 82 jovens e adolescentes, e também a alguns adultos, na Paróquia Nossa Senhora das Dores, do Setor Jaraguá, em missa concelebrada pelo Padre Hamilton Wagner da Rosa, pároco.
fé promove o progresso da ciência, chegando a uma conclusão de que a ciência não pode explicar o mistério de Deus, mas ajuda a preparar o caminho para Deus. Ainda no dia 15, houve procissão pelas ruas do Jardim Bonfiglioli com a imagem do padroeiro, e, à noite, Padre Antonio presidiu missa em que realizou a colação de grau de 30 novos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão que atuarão na Paróquia Santo Alberto Magno, na Comunidade Nossa Senhora Auxiliadora e na Área Pastoral São João Batista.
sacramento do Batismo”. Dom Sergio de Deus Borges, também bispo auxiliar de São Paulo, palestrou sobre “O sacramento do Batismo no Direito Canônico”, no dia 11. “Espiritualidade do catequista na preparação do Batismo” foi o assunto tratado por Dom José Roberto Fortes Palau, também bispo auxiliar da Arquidiocese, no dia 12. Por fim, na sexta-feira, 13, Padre Julio Cesar de Mello, falou sobre “A liturgia na celebração do sacramento do Batismo”.
Késia Pereira
Colaboração Especial para a Região
‘Retornai-vos’: um momento para reencontrar a evangelização
Pensando nas pessoas que, por algum motivo, se afastaram do caminho de Deus e deixaram de ser discípulos e missionários da Palavra, a Comunidade Católica Missão Mensagem de Paz, instalada na Região Brasilândia, realizou entre os dias 14
e 15, o encontro Retornai-vos. De acordo com os organizadores, por meio de louvor, leitura da Palavra de Deus e pregações com Moisés Rocha, Anderson Almeida, Anderson Reis e Fernando Baptista, este último fundador da comunidade, além da mis-
sa, presidida pelo Padre Marcos de Miranda, os encontristas puderam analisar seu passado, os momentos em que cometeram algum erro, para, assim reconhecerem-se pecadores e buscarem novamente Cristo e o caminho da evangelização.
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Peterson Prates
Colaborador de comunicação da Região
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Belém
Presença do povo negro na Igreja é enaltecida em missa inculturada “Hoje, celebrando esta missa inculturada, nós celebramos as congadas, nós lembramos as irmandades, a presença do povo negro na Igreja Católica”, expressou o Padre Gilberto Orácio de Aguiar, durante a missa da consciência negra do Setor Pastoral Sapopemba, realizada na Comunidade Imaculada Conceição, da Paróquia Nossa Senhora da Esperança, no domingo, 15. A missa da consciência negra fez memória a Zumbi dos Palmares, líder quilombola martirizado no século XVII em defesa da liberdade do povo negro. Os santos negros como São Benedito, Santa Bakhita, Santo Antonio de Categeró, além do Beato Francisco de Paula Vitor (Padre Victor), beatificado no dia anterior, foram lembrados. A missa organizada pela Pasto-
ral Afro, foi inculturada com elementos da cultura afro-brasileira, em memória da história e da cultura do povo negro. A mortandade da juventude negra também foi lembrada. “A juventude negra é a mais sofrida, o jovem negro é o mais assassinado”, disse Padre Gilberto. “Quando a gente celebra essa missa inculturada, não quer exclusão e sim inclusão”, manifestou. Ao fim da missa, a imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi venerada com cantos da cultura afro-brasileira. “A mãe de Deus apareceu negra, em um momento em que o negro foi mais discriminado, mais excluído”, disse Padre Gilberto, destacando que a aparição mariana no Brasil se deu durante o período em que vigorava a escravidão.
Carlos Alberto Ribeiro
Presidida por Padre Gilberto, missa faz memória da história e da cultura do povo negro
A família em destaque na Festa de Nossa Senhora das Graças A Paróquia Nossa Senhora das Graças, do Setor Pastoral Sapopemba, realiza entre os dias 18 e 27, o no-
venário da padroeira, que faz parte da 25º Festa de Nossa Senhora das Graças. O tema central é “Nossa SePeterson Prates
No dia 10, o grupo das pastorais sociais da Região Belém reuniu-se com Dom Edmar Peron, no Centro Pastoral São José. A principal pauta foi pensar maneiras concretas de viver a CF de 2016, que será ecumênica, tendo como tema “Casa comum, nossa responsabilidade”. Paróquia Coração Eucarístico de Jesus e Santa Mariana
Dom Edmar Peron presidiu na sexta-feira, 13, missa com sacramento da Confirmação na Paróquia Coração Eucarístico de Jesus e Santa Mariana, no Setor Carrão-Vila Formosa. Foram concelebrantes os padres Emerson da Silva, pároco, e Rochus Michael (Padre Roque).
nhora das Graças, mãe e mestra das famílias”. As missas serão às 20h, de segunda a sexta-feira, e às 18h, no sábado e no domingo, sendo que a do dia 20 será presidida por Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, e a do dia 24 por Dom Joércio Pereira, bispo emérito de Coari (AM). No dia 27, festa da padroeira, haverá procissão e missa solene, presidida por Dom Edmar Peron, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém. Durante a festa haverá, ainda, quermesse nos dias 21, 22, 28 e 29 e nos dias 5 e 6 de dezembro. A Paróquia fica na rua Serra de Capivaruçu, 274, na Vila Renato (Jardim Elba).
Assembleia da Associação de Integração Campo Cidade No sábado, 14, na Paróquia São João Batista de Vila Carrão, aconteceu a assembleia geral da Associação de Integração Campo Cidade (MICC). Foram apresentados os trabalhos executados em 2015 e projeções para 2016. Entre as participantes esteve a Doutora Clara Takaki Brandão, criadora da multimistura.
AGENDA REGIONAL Sábado (5), das 8h30 às 12h30 Encontro da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 – “Casa comum, nossa responsabilidade”, no Centro Pastoral São José (avenida Álvaro Ramos, 366, próximo ao metrô Belém). Paróquia Nossa Senhora de Fátima e São Roque
A 54º edição do “Encontro de Jovens com Cristo Despertar”, entre os dias 14 e 15, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima e São Roque, no Setor Pastoral Sapopemba, contou com a participação de 90 jovens. O encontro é realizado desde 1990.
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Santana
Diácono Francisco Gonçalves
Colaborador de comunicação da Região
Cardeal Scherer apresenta carta pastoral ‘Misericordiosos como o Pai’ O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, participou no dia 10, da reunião mensal do clero atuante na Região Santana, também com a presença de Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região. O Arcebispo falou de sua participação no Sínodo dos Bispos, em outubro, e comentou sobre a prepa-
ração e a vivência na Arquidiocese do Ano Santo extraordinário da Misericórdia. Ele também apresentou sua carta pastoral “Misericordiosos como o Pai”, que foi entregue ao clero. A abertura do Ano Santo pelo Papa Francisco será em 8 de dezembro. Na Arquidiocese de São Paulo em cada região episcopal haverá uma Porta Santa, que será aberta no
dia 13 do mesmo mês. Na Região Santana, a abertura será às 15h, na Paróquia Sant’Ana (rua Voluntários da Pátria, 2.060). Na reunião foi apresentada também a Campanha da Fraternidade (CF) 2016. Frei Guilherme Anselmo, coordenador regional da Campanha, informou o cronograma para a formação da CF: No dia 28,
às 9h, na Paróquia São Roque (rua João Roque, 114), para Setores Imirim, Casa Verde e Mandaqui; No dia 5 de dezembro, às 9h, na Paróquia Santana, para os setores Santana, Medeiros e Vila Maria; e no dia 12 do mesmo mês, às 9h, na Paróquia Santa Terezinha (rua Guapira, 2.055, para os setores Tucuruvi, Tremembé e Jaçanã.
Diácono Francisco Gonçalves
Diácono Francisco Gonçalves
Na quinta-feira, 12, 68 secretários (as) paroquiais estiveram em dia de retiro na Cúria de Santana, estudando a bula Misericordiae Vultus, do Papa Francisco. Dom Sergio de Deus Borges realizou a abertura do encontro com o Padre João Luiz Miqueletti, coordenador regional de pastoral. A pregação do retiro foi feita pelo Padre Augusto César Pereira, SCJ.
A Paróquia Nossa Senhora da Livração, no Setor Pastoral Medeiros, estava lotada no sábado, 14, para a celebração da Crisma de 43 paroquianos da matriz e da Comunidade São Judas Tadeu, presidida por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar na Região Santana, e concelebrada pelos padres Edilson Landim de Farias, MSJ, pároco; e Silvano dos Santos, MSJ, vigário.
Marilene Braga
Diácono Francisco Gonçalves
Nos dias 7 e 8, o Setor Medeiros realizou o 88º Encontro de Jovens com Cristo, com participação de 63 jovens, sob orientação do diretor espiritual, Padre Silvano Alves. Dom Sergio acompanhou a parte final do encontro. No domingo, 15, aconteceu o pós-encontro na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, com encenações teatrais e depoimentos dos jovens.
Após dois anos de preparação, 16 jovens receberam o sacramento da Crisma no sábado, 14, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, do Setor Pastoral Medeiros, em celebração presidida por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese, e concelebrada pelos padres Miguel Angel Zarate Macias, OSJ, pároco, e Giovanni Batista Cerutti.
Diácono Francisco Gonçalves
Cacilda Soares Santana
Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar na Região Santana, esteve reunido na Cúria de Santana, na sexta-feira, 13, com os diáconos atuantes na Região para refletir o Motu Proprio Mitis Iudex Dominus Iesus, do Papa Francisco, que trata de mudanças de ordem processual da nulidade de matrimônios, que entrará em vigor dia 8 de dezembro de 2015.
No domingo, 15, Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Santana, conferiu o sacramento da Crisma a 21 pessoas, sendo 14 jovens e sete adultos, na Paróquia São José Operário, no Setor Pastoral Imirim. Ao final da celebração, os crismados posaram para foto com o Bispo.
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Fernando Geronazzo
Colaborador de Comunicação da Região
A missa também é para as pessoas com deficiência A Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, do Setor Pastoral Aclimação, realizou uma missa inclusiva para pessoas com deficiência no sábado, 14. A missa presidida pelo pároco, Padre Antonio Naves, contou com recursos de intérprete da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras), para deficientes auditivos; e audiodescrição e folhetos em Braile, para deficientes vi-
suais. A iniciativa inédita na Paróquia teve o propósito de aproximar os fiéis com alguma deficiência e estimular outras comunidades paroquiais a fazerem o mesmo. Carlos Campos, coordenador arquidiocesano da Pastoral da Pessoa com Deficiência, participou da missa e lembrou a importância desses recursos na celebração. “Enquanto você vê em que lado do altar estão sendo feitas Arsenal da Esperança
O Arsenal da Esperança esteve em festa no sábado, 14, para a primeira missa celebrada no Brasil pelos padres recém-ordenados da Fraternidade da Esperança: Simone Bernardi, Lorenzo Nacheli e Andrea Bisacchi.
as leituras, ou quando o padre levanta a hóstia durante a consagração, com a audiodescrição eu também tenho a possibilidade de saber o que está acontecendo durante a missa”, disse Carlos, que é deficiente visual. Campos destacou, ainda, que é preciso inserir as pessoas com deficiência na comunidade e também fazer com que os leigos estejam preparados para acolhê-las. “Muitas vezes, falta informação e até mesmo interesse da pessoa, mas é possível caminhar lado a lado por uma sociedade mais justa”, completou. Ana Paula Xavier, intéprete de Libras e catequista da Diocese de Osasco, salientou que todos podem se preparar para evangelizar pessoas com deficiência. “Sempre me perguntam se eu estudei Libras porque tenho alguém com deficiência na família, e eu respondo que não. Eles também tem o direito de participar como nós”, explicou. A iniciativa da Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos não está isolada. Outras paróquias também se esforçam para deixar a missa acessível a todos. Na Catedral da Sé,
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Sé
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Carlos Campos, coordenador da Pastoral
por exemplo, na missa das 11h aos domingos, as pessoas com deficiência contam com recursos similares. Além disso, no terceiro sábado de cada mês, a Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto, no Tatuapé, na Região Belém, recebe pessoas com deficiência para a missa das 16h. (Colaborou Roberta Silva)
Ipiranga
Padre Celso Paulo Torres
Colaboração especial para a Região
Há 76 anos, Paróquia Nossa Senhora de Sião anuncia o Evangelho A Paróquia Nossa Senhora de Sião, no Setor Pastoral Ipiranga, esteve em festa na sexta-feira, 13, quando completou 76 anos de existência, com missa presidida por Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região. O Bispo explicou que o termo paróquia significa reunião de peregrinos que caminham para um lugar definitivo. Desse modo, salientou, a paróquia é feita pelo trabalho de todos, pela união e colaboração, sendo um lugar onde se cultiva a fé, se aprende a rezar e a trabalhar em conjunto.
Padre Celso Paulo Torres, pároco, recordou que desde 1928, 11 anos antes da criação da Paróquia, havia na Capela Nossa Senhora de Sião um consolidado movimento de Catequese, animado por moças da Paróquia São José do Ipiranga. Foi o espírito missionário dessas jovens que preparou o caminho para a elevação da capela a paróquia. Segundo Padre Celso, é urgente reviver esse espírito da evangelização como missão. Criada por decreto de Dom José Gaspar d’Afonseca e Silva, então arCláudio Seiji
Com a presença de Dom José Roberto, foi inaugurada no domingo, 15, a escadaria frontal da Paróquia Santa Cristina, no Setor Cursino. As obras foram motivadas pelo Padre Palmiro Carlos Paes, administrador paroquial.
Fotos: Paróquia Nossa Senhora de Sião
Fachada da Paróquia Nossa Senhora de Sião, onde dona Ofélia, 83, é paroquiana ativa
cebispo metropolitano, em 13 de novembro de 1939, a Paróquia Nossa Senhora de Sião começou a funcionar em uma capela já existente, cedida à Arquidiocese pela Congregação dos Padres de Nossa Senhora de Sião. Padre Celso, que assumiu a Paróquia em fevereiro de 2014, sendo o sétimo pároco, foi antecedido pelos seguintes sacerdotes: Carlos Otaviane Gielle, primeiro pároco, responsável por construir uma igreja maior que a primeira capela; José Wang; Alfonso Pei, que iniciou a construção do atual templo; Pedro Sion; Manuel Quinti-
no Alves; e José Geraldo Rodrigues Moura. Padre Celso recordou a atuação evangelizadora dos catequistas ao longo da história da Paróquia e os trabalhos de grupos vicentinos na atenção aos pobres, além das iniciativas de grupos de novenas, oração nas casas e visita aos doentes. Um exemplo do engajamento dos leigos é Dona Ofélia Bertuzzo, com 83 anos. Ela começou a frequentar a Paróquia com o esposo, Gildo Bertuzzo, recentemente falecido, já nos primeiros anos, a convite do Padre Carlos Otaviane.
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Tensão em toda a França após ataques terroristas Filipe David
Correspondente do O SÃO PAULO na Europa (em Paris)
Paris, uma das cidades com o maior número de turistas do mundo, amanheceu triste e vazia no sábado, 14. Na véspera, uma série de atentados terroristas abalou a cidade e comoveu o País. Foram sete ataques coordenados. Às 21h20 (horário local), da sextafeira, 13, duas explosões praticamente simultâneas ocorreram do lado de fora do Stade de France, durante a partida de futebol entre as seleções da França e da Alemanha, onde estava, entre os espectadores, o presidente francês François Hollande. O objetivo dos terroristas era que um deles entrasse no estádio com um ingresso e se explodisse, onde 80 mil fãs acompanhavam o jogo, enquanto o outro se explodiria do lado de fora, no momento em que o estádio fosse evacuado. Os dois explodiram do lado de fora, matando uma pessoa, porque um segurança percebeu o colete explosivo e impediu a entrada. Um terceiro homem bomba também se explodiu, alguns minutos depois, próximo a uma loja da rede McDonald’s, nas vizinhanças do estádio, assustando ainda mais as pessoas que deixavam a área. Em seguida, um grupo de homens em um carro preto abriu fogo contra os clientes de um restaurante cambodjano – o Petit Cambodge – e de um bar do outro lado da rua – o Le Carillon –, na Rue Bichat, no décimo arrondissement, região central de Paris, matando 15 pessoas. O mesmo grupo se dirigiu então à Rue de la Fontaine au Roi, a apenas alguns quarteirões de distância, e abriu fogo contra os clientes da pizzaria Casa Nostra, matando mais cinco pessoas. Em seguida, foram à Rue de Charonne, pouco mais de 2 km ao sul, onde atiraram nos clientes do bar La Belle Equipe, matando pelo menos 19 pessoas. Eram 21h35. O ataque seguinte foi o mais mortífero, na sala de concertos Bataclan, no Boulevard Voltaire, ainda na mesma região, a pouco mais de 1 km ao norte do ataque anterior. Os terroristas entraram no salão com fuzis Kalachnikov AK-47 e coletes explosivos e, calmamente, abriram fogo contra a multidão – aproximadamente 1,5 mil pessoas – que assistia ao show de rock da banda Eagles of Death Metal. Eles mantiveram os reféns durante duas horas e 40 minutos. Ao final, dois terroristas se explodiram e um terceiro foi abatido por policiais, às 0h30 do dia 14.
‘Pareciam cenas de guerra’
Os ataques mataram pelo menos 129 pessoas – algumas ainda estão em estado crítico – e deixaram 352 feridos. Durante a noite de sexta-feira, 80 pessoas foram hospitalizadas em estado de “urgência absoluta”, das quais três morreram até a
terça-feira, 17. “Pareciam cenas de guerra”, contou Philippe Juvin, do hospital Georges-Pompidou. Os ferimentos a bala provocaram danos consideráveis nas vítimas: danos musculares, nos ossos e hemorragias. Philippe descreveu à imprensa como foi a madrugada no hospital: “Durante duas horas, nada aconteceu (...). Depois, de repente, às 2h, 40 ambulâncias chegaram com pacientes. (...) Contrariando os maus filmes americanos, ninguém dizia nada... até os feridos, que deveriam estar gritando de dor, estavam em silêncio”. Outros médicos descreveram o estado das vítimas como “grogue”, “como em nocaute, sem exprimir nenhuma emoção”. A cada bala retirada dos pacientes
Aproveitando essa situação jurídica, centenas de policiais conduziram 168 buscas nos dias seguintes ao atentado. Os alvos foram obtidos dos serviços de inteligência do País, que identifica suspeitos ligados ao fundamentalismo islâmico, bem como traficantes de armas em áreas sensíveis, onde pululam os muçulmanos salafitas – o salafismo é a linha fundamentalista do Islã seguida pelos terroristas. Como resultado, 23 indivíduos foram presos e colocados sob observação da polícia, 31 armas foram apreendidas, bem como munições, telefones, vestes militares e um lança-foguetes. O governo francês também restabeleceu o controle de suas fronteiras, o que deve durar um mês. O controle de fron-
suspeitos de envolvimento nos atentados já estão presos e um – Salah Abdeslam, de nacionalidade francesa – é procurado pela polícia. Os serviços de inteligência belgas, que têm colaborado nas investigações, acreditam que até 20 pessoas estejam envolvidas nos ataques.
Estado Islâmico assume a autoria
O grupo Estado Islâmico assumiu a autoria dos atentados em Paris. Em uma mensagem divulgada pela internet, o grupo cita a Surata 59 do Corão, o livro sagrado do Islã: “eles pensavam que em verdade suas fortalezas os defenderiam contra Alá. Mas Alá veio a eles por onde eles não esperavam e lançou o terror em Reprodução da Internet
Um dia após os ataques terroristas, moradores de Paris depositam flores em homenagem às vítimas em um dos locais atingidos, o bar La Carillon
– e separada para a análise da polícia –, aumentava a indignação do pessoal contra os terroristas.
Estado de urgência
Após os atentados, François Hollande declarou estado de urgência em todo o País. Isso concede às autoridades certos poderes, como o de impedir a circulação de pessoas em certas áreas, fechar salas de espetáculo ou locais de reuniões, bem como desfazer reuniões ou manifestações consideradas potencialmente fontes de desordem. Além disso, o estado de urgência permite às autoridades realizar buscas a qualquer momento em residências e intervir na mídia. Esse estado pode durar até 12 dias. Após esse período, é preciso uma lei que aumente sua duração. A última vez que foi declarado estado de urgência em todo o País foi em 1961, no contexto da guerra da Argélia.
teiras não é mais feito na Europa dentro do espaço Schengen, que estabeleceu a livre circulação de pessoas entre 26 países. Agora, com o controle temporariamente restabelecido, será preciso um passaporte ou documento de identidade para cruzar as fronteiras da França com seus vizinhos.
Os responsáveis pelos ataques
Com o avanço das investigações, a polícia já identificou boa parte dos envolvidos. Dos sete terroristas mortos, acredita-se que Bilal Hadfi lutou com o Estado Islâmico na Síria e entrou na França pela Bélgica. Ahmad al Mohammad detinha um passaporte sírio falso, o que não o impediu de entrar na Europa pela Grécia como refugiado. Outros já eram conhecidos dos serviços de segurança franceses. Além dos sete mortos, outros sete
seus corações”. A mensagem descreve o grupo de terroristas como “um grupo de fiéis, soldados do califado” e Paris, como a “capital das abominações e da perversão”, que “porta a bandeira da cruz na Europa”. O grupo promete novos ataques no futuro contra “a França e os que seguem esse caminho”. François Hollande declarou que os atentados são um “ato de guerra”. Como retribuição, aviões franceses lançaram uma ofensiva contra a “capital” do Estado Islâmico na Síria, Raqqa, destruindo um centro de comando, um campo de treino e depósito de munições. Ao todo, 20 bombas foram lançadas. O Presidente francês promete endurecer o combate ao terrorismo e ao Estado Islâmico, em cooperação com outras nações, como os Estados Unidos e a Rússia. Fontes: Le Figaro/ Le Monde/ FranceTV/ La Croix/ Daily Mail/ The Telegraph
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| Atentado em Paris | 23
Arcebispo de Paris lamenta ‘barbarismo cego’, mas desestimula reação violenta Yannick Boschart/Arquidiocese de Paris
Filipe Domingues
Especial para O SÃO PAULO, em Roma
Os sinos da famosa Catedral de Notre Dame tocaram por 15 minutos no domingo, 15, recordando as vítimas do recente atentado terrorista em Paris, na França, na sexta-feira, 13 (leia mais ao lado). A missa foi celebrada em memória das vítimas. “Os trágicos acontecimentos que assolaram nosso País fazem nossos cidadãos mergulharem no medo e no estupor”, afirmou o arcebispo de Paris, Cardeal André Vingt-Trois, em sua homilia. Segundo ele, os cristãos devem ser artífices da paz, apegando-se a Deus e não esquecendo o valor de toda vida humana. Mesmo diante do que chamou de “barbarismo cego”, o Cardeal procurou desestimular qualquer reação que gere ainda mais violência. “Em que reconhecemos um homem e uma mulher de esperança? Em sua capacidade de assumir as dificuldades e combater as forças destrutivas com a confiança e a serenidade. Essa força interior permite que homens e mulheres comuns, como você e eu, se recusem a curvar-se, façam escolhas difíceis, às vezes heroicas, bem além de suas próprias forças”, declarou. “Podemos responder à selvageria bárbara com uma confiança adicional em nossos semelhantes e sua dignidade.” Segundo o Arcebispo, a sociedade
Moradores de Paris dirigem-se à Catedral de Notre Dame, onde Cardeal André Vingt-Trois preside missa por vítimas de atentado terrorista
francesa precisa refletir sobre seus valores e sobre como as dificuldades de integração social de grupos marginalizados tem levado a uma maior adesão a movimentos radicais. “Como é que este caminho da barbárie pode se tornar um ideal?
O que diz essa mudança sobre os valores que defendemos?” No mesmo dia, à rádio Vaticano, o Arcebispo disse que um dos objetivos dos massacres terroristas é justamente o de provocar ódio e pânico. “Creio que
o modo melhor de reagir seja, especialmente para nós cristãos, nos colocarmos nas mãos de Deus, na fé, também afirmando de maneira clara e inequívoca, como fez o Papa, que a violência não é nunca uma solução.”
Roma em estado de alerta e maior segurança no Vaticano Integrantes do grupo terrorista Estado Islâmico há tempos ameaçam a Itália e, depois do atentado da sexta-feira, 13, publicaram nas redes sociais que seus próximos alvos são Roma, Washington, nos Estados Unidos, e Londres, na Inglaterra. O governo italiano informou que cerca de 700 militares serão enviados à Roma nos próximos dias. O chefe da polícia, Alessandro Pansa, enviou alerta aos edifícios públicos para que aumentem a
vigilância sobre eventos, que prevejam um fluxo elevado de pessoas, desde partidas de futebol a concertos e às manifestações religiosas”. Desde o atentado terrorista ao jornal francês Charlie Hebdo, em janeiro, várias cidades europeias já haviam reforçado seus esquemas de segurança, inclusive Roma. Na capital italiana, é comum encontrar militares e carros armados, especialmente próximo a lugares movi-
mentados, como o Coliseu e a Catedral de São João de Latrão. No Vaticano, desde o fim de semana, há mais guardas na praça e um maior controle de acesso à Basílica de São Pedro e aos museus. Porém, o movimento de fiéis e turistas é normal e sempre tende a diminuir durante o inverno europeu. O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, afirmou ao jornal La Croix que os atentados
‘Jubileu da Misericórdia é mais necessário do que nunca’, diz arcebispo O arcebispo Dom Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, afirmou ao jornal Corriere della Sera que o Jubileu da Misericórdia, convocado pelo Papa Francisco, é mais necessário do que nunca. Os atentados em Paris levaram a uma grande especulação nas redes sociais de que o jubileu pudesse ser cancelado ou alterado, pois deve atrair um grande número de peregrinos a Roma e ao Vaticano. “Esse é o Jubileu da Misericórdia e a sua característica é de ser uma expressão de concórdia”, disse o Arcebispo. “A violência em Paris o torna ainda mais importante,
como momento de pacificação e reflexão. Em vez de cancelá-lo, nunca precisamos tanto do jubileu.” Também o Cardeal Pietro Parolin falou sobre o jubileu ao jornal La Croix, dizendo que este é o momento ideal para lançar uma “ofensiva da misericórdia”. “É compreensível que depois dos atentados haja sentimentos de vingança, mas é necessário, de verdade, combatê-los”, analisou. “A misericórdia é também o mais belo nome de Deus para os muçulmanos, que podem ser envolvidos neste Ano Santo, como quis o Papa.” (FD)
na França mostram que ninguém está totalmente a salvo do terrorismo, mas seria um erro mudar as atividades por causa de ameaças. “O Vaticano pode ser um alvo, por causa do seu significado religioso. Pode-se aumentar o nível das medidas de segurança no Vaticano e nos arredores, mas não se pode deixar paralisar pelo medo. Portanto, isso não muda a agenda do Papa, que continuará”, explicou. (FD)
Papa Francisco manifesta dor e chama atentado de ‘blasfêmia’ “Utilizar nome de Deus para violência e ódio é blasfêmia”, disse o Papa Francisco, na oração do Ângelus do último domingo. “Desejo manifestar minha dor pelos ataques terroristas que na noite de sexta-feira ensanguentaram a França, causando numeroras vítimas”, afirmou. Já no dia dos atentatos, o Papa havia demonstrado dor e comoção. Naquele dia, em ligação telefônica à rede católica italiana TV 2000, afirmou: “Não entendo, mas essas coisas são difíceis de entender,
feitas por seres humanos. Estou comovido, adolorado e rezo.” Em resposta a uma pergunta do apresentador, o Papa disse que o evento é um pedaço daquilo que frequentemente chama de “Terceira Guerra Mundial em pedaços”, referindo-se a centenas de conflitos violentos em todo o mundo, muitos interligados. Durante a ligação, o Pontífice acrescentou que não existem justificações “nem religiosas nem humanas” para tal violência. (FD)
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