O SÃO PAULO - 3079

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 60 | Edição 3079 | 25 de novembro a 1º de dezembro de 2015

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www.arquisp.org.br Luciney Martins/O SÃO PAULO

EDITORIAL

Advento com misericórdia, sem ódio ou xenofobia “Inicia-se para os católicos o tempo de Advento, em que os fiéis da Igreja Católica são convidados a prepararem-se para celebrar o nascimento de Jesus Cristo com um tempo maior de oração pessoal e em família, com maior penitência e encontro com Deus”. Página 2

CONVITE Cardeal Arns, 70 anos de sacerdócio

Com templo lotado de fiéis, Cardeal Odilo Pedro Scherer preside a celebração de criação da Paróquia São José de Anchieta, no domingo, 22

Arquidiocese cria paróquia dedicada a São José de Anchieta No domingo, 22, o Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu, no Jardim Vera Cruz, zona Leste da capital, a celebração da criação da Paróquia São José de Anchieta, desmembrada da Paróquia Santa

Adélia, na Região Belém. Aos paroquianos da primeira paróquia da Arquidiocese dedicada ao Apóstolo do Brasil, canonizado em 2014 pelo Papa Francisco, Dom Odilo lembrou que a missão da paróquia é a vivência

da Palavra de Deus, a santificação do povo e a prática da caridade pastoral. “A paróquia é mais que só as estruturas e organizações, é o povo de Deus reunido com o seu pastor”. Página 23

Na Educação, dialogar é indispensável Após o anúncio, em outubro, da reorganização escolar em São Paulo, 170 escolas estavam ocupadas por professores e estudantes até a noite da terça-feira, 24. Eles pedem melhorias no sistema de educação e a suspensão do projeto que prevê o fechamento ou a alteração do ciclo de ensino de 94 escolas no Estado. O SÃO PAULO foi a algumas unidades de ensino da capital e ouviu as preocupações dos jovens e docentes que estão à frente das ocupações. Secretaria Estadual de Educação garantiu, em nota, que “foco das mudanças é estritamente pedagógico”. Falta de diálogo inicial, no entanto, gera desconfiança nos manifestantes. Páginas 12 e 13

Luciney Martins/O SÃO PAULO

No domingo, 29, o Cardeal Paulo Evaristo Arns estará na missa da Catedral da Sé, às 11h, para a ação de graças pelos 70 anos de sua ordenação presbiteral, que se comemora no dia 30 de novembro.

Francisco, o mensageiro da paz, na África Fé, testemunho e paz devem ser os lemas da primeira visita de Francisco ao continente africano, entre os dias 25 e 30. Papa passará pelo Quênia, Uganda e República CentroAfricana, encontrando-se com a população e as autoridades. Página 9

O desafio de evangelizar no mundo educacional Identidade, missão, preparação dos formadores e os desafios das escolas católicas para promover os valores cristãos sem deixar de dialogar com o mundo foram temas do congresso “Educar hoje e amanhã”, realizado no Vaticano. Página 11

Arquidiocese terá dois novos padres no dia 5 Desde a infância, os diáconos João Henrique Novo do Prado e Wellington Laurindo dos Santos sentiram o chamado ao sacerdócio. Após nove anos de preparação, serão ordenados padres por Dom Odilo Scherer, no dia 5, na Catedral da Sé. No Estado, 170 escolas estão ocupadas, conforme dados dos manifestantes, na terça-feira, 24

Página 22


2 | Ponto de Vista |

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Editorial

Advento com misericórdia, sem ódio ou xenofobia

E

m meio à agitação própria das grandes capitais, luzes, bolas coloridas e enfeites colocados nos edifícios, ruas e praças, nesta época do ano, quebram com a habitual frieza dos diversos tons de cinza e pastel das metrópoles, feitas de arranha-céus de concreto, de casas e de favelas e onde a vida, as alegrias e dramas de milhares de pessoas transcorrem sem parar. Nos shopping centers, a regra é a ostentação. Muito brilho, junto com personagens lendários como duendes, renas e Papai Noel convidam os transeuntes a mergulharem na “magia do natal” e a sonharem com roupas novas, sapatos, eletrônicos, brinquedos, joias, bolsas, e procuram vender, junto com tudo isso, a esperança – ou ilusão - de que a vida vai melhorar, contrariando as expectativas que a mídia anuncia de

que em 2016 a crise que assola o País tende a piorar. Em um recente desabafo, o Papa Francisco advertiu o mundo de que toda essa alegria dos enfeites de natal será uma grande mentira porque o mundo está violento e os povos estão em guerra. Portanto, é preciso encontrar a paz. Remando contra a maré, como a Igreja Católica sempre faz, inicia-se para os católicos o tempo de Advento, em que seus fiéis são convidados a prepararem-se para celebrar o nascimento de Jesus Cristo com um tempo maior de oração pessoal e em família, com maior penitência e encontro com Deus. A Igreja, que é mestra, sabe que o caminho para a paz começa por dentro, no coração humano, de onde procede as boas e más ações, os bons e maus sentimentos, a guerra ou a paz. E sabe, também, que a humanidade não alcan-

ça isso tudo sozinha: necessita de Deus. Assim, nas igrejas, não encontraremos a figura do Papai Noel, mas as de José, o carpinteiro, junto com Maria, no estábulo, aquecidos pela presença do fogo e de animais, à espera do nascimento daquele que é o portador da verdadeira paz: Jesus. Quantas lições se pode tirar desta bela piedade cristã – o presépio – criada pelo santo de quem o Papa Francisco tomou o nome. Para o Advento deste ano, a Arquidiocese propõe uma novena focada no tema da família. Quer com isso que as famílias se redescubram como Igreja Doméstica, lugar de oração e de onde se aprende o valor da misericórdia e do perdão. Mas este Advento terá ainda um outro diferencial. Em 8 de dezembro, solenidade da Imaculada Conceição, o Papa Francisco irá abrir em Roma a Porta Santa da Basílica de São Pedro, inaugurando o Ano

Santo da Misericórdia, a ser encerrado na solenidade litúrgica de Jesus Cristo, Rei do Universo, em 20 de novembro de 2016. O Papa acredita que o perdão é o único e verdadeiro caminho para a paz. Deseja que todos os fiéis se saibam peregrinos neste mundo, que caminhando em direção às portas santas façam um percurso de encontro ao amor de Deus e ao próximo. “A Igreja vive um desejo inexaurível de oferecer misericórdia” (MV- cit. Exortação Apostólica Evangelii gaudium, 24). Não nos esqueçamos, neste Advento, de rezar pela paz no mundo e pelo fim dos conflitos que afligem os nossos tempos. Como filhos de Deus, Pai de Misericórdia, não podemos permitir que a indignação e horror que sentimos com relação aos atentados de Paris se transforme em nossos corações em ódio, desejo de vingança e xenofobia.

Opinião

Barragens rompidas, vidas perdidas: o desastre ecológico e a Laudato si’ Arte: Sergio Ricciuto Conte

Dalton Ramos Assistimos, estarrecidos, o noticiário dos recentes acontecimentos em Minas Gerais, quando o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, quase que inteiramente submerge num mar de lama e detritos, matando e sepultando pessoas, destruindo o meio ambiente. Não foi um desastre que se possa atribuir apenas às forças da natureza, como um furacão ou terremoto. Houve um pequeno tremor de terra antes do rompimento das barragens, mas, teoricamente, uma barragem de tal envergadura deve ser segura em relação a acidentes até de grande magnitude. Uma mineradora que processa minérios e produz resíduos, e constrói uma barragem para armazená-los, usa ciência e técnica, frutos do gênio humano. Mas não é a tecnologia em si que é ruim; é seu uso errado que gera a destruição. No caso, um uso imprudente, que não quis arcar com os custos trazidos pelas medidas de segurança. Como nos lembra o Papa Francisco na Encíclica Laudato si’: “A tecnociência, bem orientada, pode produzir coisas realmente valiosas para melhorar a qualidade de vida do ser humano, desde os objetos de uso doméstico até aos grandes meios de transporte, pontes, edifícios, espaços públicos” (nº 103). A ciência e a tecnologia têm valor, mas até que ponto isso pode favorecer o desenvolvimento e a protecão da vida e quando isso passa a ser ferramenta de destruicão?

A construção malfeita de uma barragem e/ou com sua má conservação, ou mesmo não se empregar todos os recursos tecnológicos conhecidos para se processar seus resíduos (o que evitaria que se acumulassem em grandes volumes e reduziria o risco ambiental) representam um mau uso da tecnologia, por negligência ou omissão. Se isso acontece é porque o interesse que está em jogo, o objetivo

primeiro e último da tecnologia, não é a proteção de cada pessoa humana, do bem comum e mesmo do meio ambiente, mas sim os interesses de determinados grupos econômicos e de poder, que visam o lucro. E quem mais sofre com as consequências desses atos? Frequentemente os mais pobres. Não necessariamente porque a enxurrada de lama e de detritos vai destruir só suas casas, mas por-

que estes terão menos recursos para reconstruir o que foi destruído e menos chances de fazer valer seus direitos, por exemplo, pleiteando justas e rápidas indenizações. Clama o Papa Francisco na Laudato si’: “A falta de preocupação por medir os danos à natureza e o impacto ambiental das decisões são apenas o reflexo evidente do desinteresse em reconhecer a mensagem que a natureza traz inscrita nas suas próprias estruturas. Quando, na própria realidade, não se reconhece a importância de um pobre, de um embrião humano, de uma pessoa com deficiência - só para dar alguns exemplos -, dificilmente se saberá escutar os gritos da própria natureza. Tudo está interligado” (nº 117). Como tudo na vida social, a extração dos bens que a natureza nos oferece, na mineração e outras atividades afins, deve partir do reconhecimento do valor e dignidade de cada vida humana que possa estar envolvida. Isso implica em procurar causar um mínimo de agressões ao ambiente, construir instalações seguras, elaborar e implementar planos emergenciais frente a eventuais acidentes etc. Esse deve ser o objetivo do uso de qualquer recurso tecnológico; precisamos nos reeducar nesse olhar voltado para a pessoa e para a vida humana. Do contrário, veremos outros rios de lama. Dalton Ramos é Professor Titular de Bioética da USP – Faculdade de Odontologia. Conselheiro do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP, membro da Comissão de Bioética da CNBB e Membro da Pontifícia Academia para a Vida no Vaticano

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Renata Moraes • Institucional: Rafael Alberto e Fernando Geronazzo • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Maria Aparecida Ferreira • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


www.arquisp.org.br | 25 de novembro a 1º de dezembro de 2015

cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

C

om a solene festa de Cristo, Rei do Universo, chegamos ao final de mais um Ano Litúrgico; e já iniciamos um novo, com o primeiro domingo do Advento. Este momento do Ano Litúrgico nos faz pensar no “tempo de Deus”. Deus é eterno e não está sujeito ao tempo; mas entrou no tempo do mundo e dos homens, caminhando com eles, participando de sua vida, mostrando-se um Deus Salvador; o momento alto dessa revelação de Deus foi a vinda do Filho de Deus ao mundo, sua vida entre os homens, sua paixão redentora, sua ressurreição e glorificação e o envio do Espírito Santo. Por outro lado, Deus também é Senhor do tempo e da história, continuando a realizar no presente e no futuro seu desígnio de amor e salvação para conosco e com o mundo. O início e o final do Ano Litúrgico nos convidam a dar orientação e rumo à nossa vida e a todas as nossas iniciativas. Que sentido tem nossa vida? Para aonde vamos? Para aonde caminha

Quem terá a última palavra? a humanidade? Quem tem a palavra final sobre o mundo e o destino dos homens? Não dominamos o começo, nem o final de nossa vida; fazemos projetos e a maioria deles fica a meio caminho; sonhamos e conseguimos realizar apenas poucas coisas. Quem, ou o que nos faz buscar, sonhar, projetar, esperar? No final de tudo, cantarão vitória os mais espertos? Os corruptos? Os honestos? Os mais ricos? Os políticos mais poderosos? Os cientistas? Os soldados? A fé, celebrada na Liturgia, nos faz olhar para Deus e exclamar, reconhecendo nossos limites e nossa incapacidade de “salvar” este mundo e a nós mesmos: só Deus salva; Jesus Cristo, Filho de Deus vindo a este mundo, é o Salvador! O trecho do livro do Apocalipse, referido a Deus, Senhor, e lido na solenidade de Cristo Rei, é bem significativo: “Eis que ele vem com as nuvens e todos o verão... Todas as tribos da terra baterão no peito por causa dele. Sim... ‘Eu sou o alfa e o ômega’, diz o Senhor Deus, ‘aquele que é, que era e que vem, o todo-poderoso” (Ap 1, 7-8). Essas palavras ensinam que só Deus é o subsistente, que está no princípio de to-

das as coisas (alfa) e também no final de tudo (ômega). A palavra de Deus permanece para sempre, conforme também Jesus ensinou: “o céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão” (Mc 13,31). Deus tem a última palavra sobre a história e a vida dos homens. Também, por isso, é somente Deus que poderá resolver o enigma do mundo, da nossa existência e das nossas aspirações. Só Deus pode salvar. Por isso, logo no início do novo Ano Litúrgico, a Igreja nos coloca diante das promessas de Deus, que alimentam nossa firme esperança; da necessidade de vigilância atenta, de sobriedade no viver e da prática do bem. Isso é que dá sentido à vida e não deixará que nos percamos nas muitas encruzilhadas ao longo da vida. Assim vivendo, esperamos ser considerados dignos de participar da salvação que Deus nos prepara. Enquanto isso, caminhamos ao encontro do Cristo que vem carregado de boas obras, na esperança de sermos reunidos à sua direita na comunidade dos justos (cf. Oração do Dia, do 1º domingo do Advento). De esperança em esperança...

| Encontro com o Pastor | 3

Celebração de Crismas Ernesto Morais

No último fim de semana, o Cardeal Odilo Scherer conferiu o sacramento da Crisma a jovens e adultos de duas paróquias da Região Episcopal Lapa: no sábado, 21, na Paróquia São João Maria Vianney (leia mais na página 18) e no domingo, 22, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima (foto).

Assembleia da Cáritas Cáritas Arquidiocesana

Na quarta-feira, 18, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu as assembleias geral ordinária e extraordinária da Cáritas Arquidiocesana de São Paulo, que trataram de assuntos regulares da Cáritas e do planejamento de atividades para 2016. Participaram os associados e os bispos auxiliares da Arquidiocese.

Conselho do Regional Sul 1 Dom Airton José dos Santos, arcebispo de Campinas e presidente do Regional Sul 1 da CNBB, presidiu na quinta-feira, 19, a reunião da Comissão Episcopal Representativa Ampliada do Regional, cujo tema principal foi a avaliação da 37ª Assembleia das Igrejas Particulares, realizada em outubro. Na oportunidade, o Cardeal Scherer, arcebispo de São Paulo, fez uma síntese sobre o Sínodo dos Bispos, que tratou da temática sobre a família. (Redação: Daniel Gomes)

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4 | Fé e Vida |

25 de novembro a 1º de dezembro de 2015 | www.arquisp.org.br

Liturgia e Vida 1º DOMINGO DO ADVENTO 29 DE NOVEMBRO DE 2015

O Cristo que vem ANA FLORA ANDERSON O tempo de Advento é muito especial no ano litúrgico. Celebramos ao mesmo tempo a primeira vinda de Jesus e nos preparamos para a segunda vinda, quando Ele reunirá todos os justos. Devemos nos tornar aptos para contemplar o grande mistério da encarnação de Jesus. Na primeira leitura (Jeremias

33, 14-16), o profeta anuncia que está chegando o tempo futuro prometido por Deus, cujo dom maior será a justiça que brotará na terra. O povo terá uma nova confiança e conhecerá a salvação. Na segunda leitura (1 Tessalonicenses 3,12-4,2), São Paulo reza a fim de que Deus nos conceda que nosso amor transborde nas comunidades cristãs e no mundo que nos cerca. Assim, Deus nos preparará

para o Dia da Vinda de Cristo, ajudando-nos a crescer na santidade. O Evangelho de São Lucas (21, 25-28.34-36) nos ajuda a compreender os sinais do tempo. Neste mundo, cada geração conhecerá angústia e medo. Haverá guerras e abalos da natureza. Nestes tempos, cada cristão deve ser um profeta, atento e orante, para anunciar ao mundo a esperança em Jesus, que vem e que liberta.

Você Pergunta Por que orar se Deus já sabe de minhas necessidades? padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br

Rafael Nascimento Dias é um garoto de São Miguel Paulista. Ele entende que se Deus conhece suas necessidades, para que pedir graças a Deus? Ô Rafael, tem um prefácio comum usado nas missas da semana em que afirmamos: “Ainda que nossos louvores não vos sejam necessários, eles nos aproximam de vós!” Nós podemos seguir a linha desta proclamação de fé. Ainda que Deus saiba de nossas necessidades, gritar a Deus na hora da angústia nos aproxima dele. Por isso, podemos e devemos pedir ao Senhor que nos fortaleça, nos console, nos favoreça, nos faça reconhecer, de

um lado, a nossa fraqueza, do outro, o poder infinito dele; Na oração, portanto, temos de um lado a nossa fragilidade, do outro lado a ternura imensa que Deus tem por nós. Poderia parecer um ato de fé incrível tocar a nossa vida sem nenhuma referência a Deus, dizendo lá no coração: “Ele sabe do que eu necessito!” Para alguns, este modo de pensar pode ser sincero, mas para muitos é apenas uma desculpa para não dialogar com o Pai do céu, falar de nossos problemas, de nossas angústias. Rafael, pense bem: se não tivesse sentido a oração, porque Jesus passava horas e horas em oração a sós, num lugar deserto? Por que Jesus insistia que nossa oração deve ser constante? Por que ele nos dei-

xou este conselho: “Pedi e recebereis, buscai e achareis, batei e a porta vos será aberta?” Rafael, a oração nos coloca em sintonia com Deus. Não sejamos como o filho ingrato que recebe tudo do pai e não acha um tempinho para falar de si, de seus problemas, de suas necessidades com o pai. Imagine, Rafael, se você tivesse um filho – e vai ter um dia - que nunca conversasse com você, dizendo não ser preciso, porque afinal de contas você já sabe do que ele precisa. Você gostaria disso? Pois Deus, embora não precise de nós, não deixa de nos amar por conta de nosso silêncio, se alegra com nossa oração e nos santifica no diálogo que temos com ele. Fique com Deus, Rafael!

Pe. Juliano Maroso Gonçalves, ao qual foi dada a posse canônica como Administrador Paroquial. No início da celebração fez-se a leitura dos Decretos da criação da nova paróquia e da nomeação e provisão do Administrador Paroquial da mesma. O Rev. mo. Padre Juliano Maroso Gonçalves, após professar a Fé Apostólica e prestar o juramento de fidelidade diante do Arcebispo de São Paulo, tomou posse do seu ofício de administrador paroquial da mesma paróquia. O ato litúrgico foi celebrado conforme as prescrições do Pontifical Romano. Para que o fato constasse, foi lavrada esta ata, que após assinada, será registrada e arquivada na Chancelaria da Arquidiocese e nos arquivos da Paróquia, bem como integralmente transcrita no Livro do Tombo da nova paróquia.

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL

Cardeal Odilo Pedro Scherer Arcebispo Metropolitano de São Paulo

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE DIÁCONO PERMANENTE COMO COOPERADOR

Atos da Cúria ATA DE INSTALAÇÃO DA PARÓQUIA SÃO JOSÉ DE ANCHIETA Região Episcopal Belém da Arquidiocese de São Paulo E POSSE CANÔNICA DO ADMINISTRADOR PAROQUIAL No ano da graça de nosso Senhor de Jesus Cristo de 2015, terceiro do Pontificado de Sua Santidade o Papa Francisco, às 19:00 do Domingo de Cristo Rei, 22 de novembro, em festiva celebração eucarística presidida por Sua Eminência Reverendíssima, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, e concelebrada por Dom Edmar Peron, Bispo Auxiliar de São Paulo e Vigário Episcopal para a Região Belém, além de diversos sacerdotes, foi instalada a nova Paróquia São José de Anchieta, com sede na Rua Fernandes Tourinho, nº 182, Bairro Jardim Vera Cruz, CEP: 08330-120, São Paulo, Capital, integralmente desmembrada da Paróquia Santa Adélia, Região Episcopal Belém da Arquidiocese de São Paulo, identificada enquanto entidade civil como “Mitra Arquidiocesana de São Paulo”. A nova Paróquia foi confiada aos cuidados pastorais do Revmo.

Dom Edmar Peron Bispo Auxiliar de São Paulo e Vigário Episcopal da Região Belém Padre Juliano Maroso Gonçalves Administrador Paroquial da Paróquia São José de Anchieta

Em 19 de novembro de 2015, foi nomeado e provisionado Administrador Paroquial da nova Paróquia São José de Anchieta, da Região Episcopal Belém, o Revmo. Pe. Juliano Maroso Gonçalves, sem prejuízo à sua atual provisão de pároco da Paróquia Santa Adélia. O decreto entrou em vigor em 22 de novembro de 2015. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL Em 19 de novembro de 2015, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da nova Paróquia São José de Anchieta, da Região Episcopal Belém, o Revmo. Pe. Éverton Augusto de Souza, em decreto que entrou em vigor em 22 de novembro de 2015.

Em 18 de novembro de 2015, o Diácono Permanente Wainer Fracaro da Silva foi nomeado como cooperador “ad nutum episcopi” da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, da Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Tatuapé.


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| Fé e Vida | 5

Espiritualidade

Fé e Cidadania

A marca do Cristianismo na história da humanidade

Advento e cidadania

Dom Devair Araújo da Fonseca

O

Bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação

s cristãos, de fato, não se distinguem dos outros homens, nem por sua terra, nem por língua ou costumes... Sua doutrina não foi inventada por eles, graças ao talento e especulação de homens curiosos, nem professam, como outros, algum ensinamento humano... Casam-se como todos e geram filhos, mas não abandonam os recém-nascidos” (Carta a Diogneto, nº 5). O trecho apresentado acima faz parte de um texto conhecido como “Carta a Diogneto”, que data do início do Cristianismo, escrito mais ou menos entre os séculos II e III. O objetivo principal dessa carta era relatar como viviam os cristãos, fazendo ver que eles não se diferenciavam por costumes estranhos e perigos ao bem do Estado ou das pessoas. Se hoje fosse necessário reescrever essa carta, certamente seria preciso reavaliar muito bem o que pensam ou como vivem alguns que dizem ser cristãos. Numa sociedade marcada pelo individualismo, pela busca do prazer, e constantemente ameaçada pela ausência de valores, que faz crescer o relativismo,

parece que a vida humana já não tem a mesma dignidade. Por isso, questões como o aborto, a clonagem e as pesquisas com a vida humana ou mesmo a exploração da natureza, parecem coisas relativas, até mesmo “um preço” muito pequeno a se pagar, quando existe uma promessa de cura e de bem-estar, ou quando o direito dos que já nasceram se sobrepõe ao daqueles estão sendo gerados. Isso nos leva a algumas perguntas. Uma sociedade que não respeita a vida, em todos os seus estágios e formas, pode ser chamada cristã? Os progressos que custam a vida inocente, são dignos de serem chamados progressos? Onde não há valores e critérios que respeitem a vida, quem nos garante que esses progressos serão realmente alcançados por todos? O Papa Francisco recentemente disse: “Quando, na própria realidade, não se reconhece a importância dum pobre, dum embrião humano, duma pessoa com deficiência – só para dar alguns exemplos –, dificilmente se saberá escutar os gritos da própria natureza. Tudo está interligado.” (Laudato sí’, 117). Quando o ser humano se proclama autônomo, em relação a qualquer realidade e se constitui único senhor que pode decidir sobre sua vontade, seu corpo e, sobretudo, mais a sua volta, a existência humana está ameaçada. Quando a razão humana propõe substituir a Deus, ela cria um abismo que afasta o homem do sentido mais profundo de sua existência.

Jesus é o Filho de Deus que assumiu nossa condição humana. O mistério de sua encarnação indica o cuidado devido com a pessoa humana e também com toda a obra criada; “Pois sabemos que toda a criação geme e sofre como que dores de parto até o presente dia. Não só ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a redenção do nosso corpo.” (Rm 8, 2223). Em Cristo, nós reencontramos o sentido original da vida humana, e assumir sua proposta como nossa, é assumir que “o pensamento cristão reivindica, para o ser humano, um valor peculiar acima das outras criaturas, suscita uma valorização de cada pessoa humana e, assim estimula o reconhecimento do outro. A abertura a um ‘tu’ capaz de conhecer, amar e dialogar continua a ser a grande nobreza da pessoa humana.” (Laudato si’ 119). Assim, a “Carta a Diogneto” conserva sua atualidade. Se não nos diferenciamos dos outros pelo lugar onde moramos ou pela língua que falamos, temos que nos diferenciar por nossa espiritualidade cristã e pelo compromisso moral que ela gera, entre as pessoas e com o meio em que vivemos. A marca do Cristianismo foi impressa na história da humanidade, pelo testemunho de homens e mulheres que se comprometeram com a Palavra de Jesus. Esse tempo que vivemos espera a marca do nosso testemunho cristão.

Padre Alfredo José Gonçalves, CS O ano litúrgico inicia praticamente um mês antes do ano civil. Nisso, segue a mesma dinâmica do dia litúrgico, o qual começa na véspera do dia anterior, isto é, ao escurecer do sol poente. Trata-se, na verdade, do simbolismo que se oculta no mistério da morte e ressureição de Jesus Cristo. Ao mesmo tempo em que, ao pôr do sol, a luz se extingue, abre-se a esperança de que logo mais venha a aurora, símbolo de um novo dia e de uma nova vida. Advento é isto: tempo de preparação, de esperança e de abertura, pois algo está a caminho, algo inédito cresce no ventre mesmo da história. Amadurece e se aproxima o mistério da encarnação do Senhor, “verbo que se faz carne e vem habitar enre nós” (Jo 1,15). A história humana se reveste do espírito divino, superando o mal e o pecado, e convertendo-se em história de salvação. “O tempo já se cumpriu, o Reino de Deus está próximo, convertam-se e acreditem na Boa-Notícia!” (Mc 1,15). Do ponto de vista do debate sobre a cidadania, podemos dizer que o entardecer representa a crise política, econômica e social em que o País está mergulhado. Tempo de ocaso, de escuridão, de desencanto – o sol se põe sobre muitos ideais e sobre não poucas esperanças. Os cortes e ajustes fiscais, próprios do período de “vacas magras”, pesam sobretudo sobre os serviços públicos. O que vale dizer, sobre o bolso e os ombros da população de baixa renda. Ao mesmo tempo, porém, a aurora não tarda. A própria crise interpela e exige mudanças, da mesma forma que o Advento reclama conversão. Reformas urgentes se fazem necessárias. Neste momento sombrio, somos chamados a construir uma ponte, uma passagem da crise à encruzilhada. De fato, durante a crise prevalece o pranto, a angústia e as lágrimas. Tornamonos cegos: impossível ver o farol e menos ainda traçar o rumo do porto. A encruzilhada, ao contrário, pressupõe distintas veredas e, ao mesmo tempo, a iniciativa de uma escolha. Abrem-se no horizonte várias possibilidades. O desafio é enxugar as lágrimas, erguer a cabeça e tomar uma decisão. Impõe-se uma opção entre os caminhos disponíveis. Estabelecida a nova ponte, é preciso cruzá-la com fé e coragem – na esperança de que o sol nascerá de novo. Advento é tempo de passar da crise à encruzilhada, na certeza que as festividades do Natal significam o nascimento do Senhor da história. Se é verdade que a noite é ainda escura, brilha com mais força a estrela que anúncia a gruta de Belém, onde repousa o Menino Jesus – esperança de justiça, paz e salvação.


6 | Viver Bem |

25 de novembro a 1º de dezembro de 2015 | www.arquisp.org.br

Comportamento

Saindo das fraldas: primeiros passos para o crescimento e autonomia Simone Fuzaro fica bem molhada, ou seja, já

A vida é uma aventura e um desafio diário. Aprendemos, ensinamos, experimentamos, descobrimos, nos frustramos e tudo vai aos poucos nos formando e transformando. Tudo pode ser vivido e enfrentado de modo positivo e produtivo, basta que vejamos assim. Nossos filhos, desde cedo, vão tomando contato com esses pequenos desafios e que maravilha é quando os ajudamos a enfrentá-los com otimismo, alegria e coragem. Tirar as fraldas é um desses pequenos desafios, que trazem grandes aprendizagens e uma sensação de conquista deliciosa. Como educadora, tenho me surpreendido cotidianamente com orientações pediátricas “estranhas” (até os três anos e meio podemos tirar as fraldas) e medos paternos em relação à retirada das fraldas. Surgem questões como: ele ainda não sabe pedir, ele chora quando faz na calça, tem medo do vaso sanitário... E, aí sim, o grande medo: vai ficar traumatizado. Vamos organizar nossas ideias e fantasias: crianças pequenas não sabem pedir mesmo, aliás, elas ainda nem perceberam, muitas vezes, o que é ter vontade de fazer xixi, simplesmente fazem. Com o tempo, conseguimos perceber que a fralda fica seca por um tempo maior e de repente

fez? Em breve tentaremos nohá maior capacidade de ar- vamente. mazenamento da bexiga e, É comum deixarem escanormalmente o pequeno co- par o xixi na calça assim que meça a perceber quando faz saem do vaso sanitário, dizer xixi - aponta, abre as pernas que não querem e fazerem etc. Começa, também, a se em seguida, se esconderem incomodar ao ficar molhado em algum cantinho para evaou sujo, o que antes não acon- cuar e chorarem ao molhar as roupas. É importante tratartecia. Esse momento normal- mos com naturalidade e sem mente é muito adequado para braveza os escapes, lidarmos nos aventurarmos com co- com bom humor e otimismo ragem ao desfralde. Como? verdadeiro com as diferentes Com bom humor, paciência situações, ou seja, confiando e disposição de trocar muitas e apostando na capacidade vezes a criança e limpar o que de nosso filho de superar essa for necessário (chão, tapete, fase com sucesso, apesar de sofá). Disposição, também, pequenos percalços que posde levá-la ao banheiro várias sam surgir. vezes em curtos períodos de tempo sem per- Vamos organizar guntar : “você nossas ideias e fantasias: quer fazer xixi?” A resposta a crianças pequenas não essa pergunta é: sabem pedir mesmo, “Não”. Isso não aliás, elas ainda nem significa que ela, perceberam, muitas vezes, de fato, não está precisando fazer o que é ter vontade de xixi, mas com fazer xixi, simplesmente certeza, que ela fazem não sabe, não identificou, não quer parar de brincar para ir Como tudo na vida, o desao banheiro etc. O ideal nessa fralde dá trabalho, exige emfase é dizermos: “Vem aqui, penho e determinação. Mas olha, acho que tem xixi nessa os frutos de autonomia, mabarriguinha, vamos esvaziar? turidade e crescimento são Quero ouvir o barulhinho do enormes. seu xixi, vem...” E, de modo positivo, colocar a criança Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é Fonoaudióloga e Educadora, Mestre em Educação/ sentada no penico ou vaso Distúrbios da Comunicação pela PUC-SP; sanitário por uns breves mi- especialista em linguagem e coordenadora da Escola de Educação Infantil Pedrita. nutinhos. Fez? Ótimo! Não

Cuidar da Saúde

Você já ouviu falar sobre coração grande? Cássia Regina A insuficiência cardíaca é o comprometimento da capacidade do coração de suprir as necessidades do organismo. Ao tentar suprir essa necessidade, os ventrículos dilatam aumentando de tamanho e o coração fica grande. Os sintomas são: inchaço das per-

nas, palpitação, falta de ar ao dormir sem travesseiro e cansaço aos grandes esforços no início ou aos pequenos esforços (como ir ao banheiro) quando a doença está avançada. Alguns fatores como a hipertensão arterial, diabetes, doenças reumáticas e doenças coronarianas aumentam as chances de ter insuficiência cardíaca. Na

maioria dos casos, o tratamento é com medicamentos via oral. Em certas situações, é necessário um tratamento mais invasivo. Caso tenha falta de ar e não possua problemas respiratórios, procure um cardiologista. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com


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| Pastorais | 7

Pastoral do Migrante

Em discussão, a realidade migratória na Arquidiocese de São Paulo “O tema da migração em nossa cidade se coloca como um grande desafio. Somos chamados a dar respostas consistentes e orgânicas junto às pessoas envolvidas com essa realidade. Você, então, que em sua paróquia tem a presença de imigrantes, está convidado a participar ou encaminhar um representante para que juntos possamos estabelecer esse elo com o grupo que estará empenhado em

acompanhar com carinho essa realidade na tentativa de buscar respostas pastorais em nível arquidiocesano”. Este é o convite da Pastoral do Migrante para um encontro arquidiocesano no sábado, 28, das 14h às 17h30, na Paróquia Nossa Senhora da Paz (rua do Glicério, 225, Liberdade). Durante o encontro, haverá análise de conjuntura sobre a migração atu-

al, reflexões sobre os posicionamentos do Papa Francisco sobre as migrações, partilha de vivências dos trabalhos com

imigrantes e apresentação da agenda de 2016 da Pastoral do Migrante na Arquidiocese. Divulgação

Pastoral da Saúde Ação de graças por 2015 e envio de 94 novos integrantes A Pastoral da Saúde da Arquidiocese de São Paulo realizará no sábado, 28, às 9h, na Catedral da Sé, missa em ação de graças pelas atividades realizadas em 2015. A celebração também marcará o envio de 94 novos agentes da Pastoral da Saúde das seis regiões episcopais, que realizaram curso de formação durante este ano, para servirem aos enfermos na área

de abrangência de suas comunidades ou em hospitais e também atuarem nas políticas públicas de saúde. Segundo o Padre João Inácio Mildner, assistente eclesiástico da Pastoral da Saúde na Arquidiocese de São Paulo, “para esta missa de ação de graças estão sendo todos convidados, principalmente os agentes da Pastoral da Saúde de nossa Arquidiocese”. Paróquia São João Batista

Fé e resistência - A Pastoral Afro arquidiocesana junto à Pastoral Afro Negritude Fé e Resistência da Região Lapa realizou no domingo, 22, missa inculturada na Paróquia São João Batista, na Vila Mangalot, presidida pelo Padre Luiz Fernando de Oliveira, da Pastoral Afro arquidiocesana. A missa foi uma das atividades da Semana da Consciência Negra. No sábado, 21, houve uma tarde cultural com o tema “São Benedito, carregando o menino Jesus no colo, abraça a pobreza e a causa do povo negro”, com palestras, poesias, danças, capoeira, músicas, momentos de oração e uma confraternização.

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8 | Pelo Mundo |

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Destaques das Agências Internacionais

Filipe domingues

Especial para O SÃO PAULO na europa

França / Síria

Duas semanas após os atentados, ‘mulher-bomba’ e ataques aéreos Nestas duas semanas seguintes aos atentados em Paris, uma operação antiterrorismo terminou com a morte de um terrorista e a explosão de uma “mulher-bomba” em Saint-Denis. Na Síria, ataques aéreos de aviões franceses visam alvos do grupo Estado Islâmico (EI). Durante uma operação que fazia parte das investigações sobre os atentados terroristas em Paris, a polícia francesa entrou em um tiroteio no centro de SaintDenis, ao norte da capital. Acreditava-se que o suposto líder dos atentados, Abdelhamid Abaaoud, estivesse entrincheirado com os suspeitos. Na verdade, ele continua foragido. Alguns policiais ficaram feridos e dois terroristas foram mortos, entre os quais uma “mulher-bomba”, que se explodiu com uma cintura explosiva.

Um cão utilizado pela polícia para detectar explosivos também foi morto durante a operação. Cerca de 70 pessoas tiveram que ser evacuadas do imóvel – que foi sensivelmente afetado pela operação – e têm dormido em um ginásio, enquanto aguardam uma acomodação definitiva. O porta-aviões francês Charles de Gaulle entrou em operação no mar mediterrâneo oriental. Caças franceses realizaram seus primeiros ataques na Síria ao grupo Estado Islâmico, na segundafeira, 23. O presidente François Hollande declarou: “Vamos intensificar os ataques, vamos escolher os alvos que causarão o maior estrago a esse exército terrorista”. Os ataques têm sido coordenados com os russos, também presentes na região. Fontes: Le Figaro/ France 3/ Ouest-France

Reprodução da internet

A partir de porta-aviões no Mediterrânneo, França inicia ataque a áreas controladas pelo EI

Argentina O fim do ‘reinado Kirchner’ Pela primeira vez, a Argentina elegeu um presidente que não pertence nem ao peronismo nem à social-democracia, colocando fim ao reinado da “dinastia” Kirchner (primeiro Nestor e depois sua mulher, Cristina), no poder desde 2003. Mauricio Macri venceu as eleições presidenciais, no domingo, 22, por apenas 3% dos votos a mais que o candidato governista Daniel Scioli. Mauricio é filho de um imigran-

te italiano, Franco Macri, que chegou pobre à Argentina e, trabalhando no ramo de construção civil, tornou-se grande empresário. Mauricio formouse engenheiro civil pela Universidade Católica Argentina, trabalhou durante quase 15 anos no mundo corporativo e lançou-se na vida política alcançando a presidência do clube de futebol Boca Juniors, que dirigiu entre 1995 e 2007. Em 2003, criou o partido políti-

co “Compromiso para el Cambio”, que deu origem ao atual “Propuesta Republicana”. Ele foi eleito deputado nacional em 2005 e prefeito de Buenos Aires em 2007, reeleito em 2011. Visto como um político de direita, Mauricio foi eleito em aliança com dois partidos socialistas, a Unión Cívica Radical e a Coalición Cívica ARI. Para governar, ele precisará lidar com a influência kichnerista no Senado – onde

são maioria – e na Câmara – em que são a maior força política. Macri elegeu-se com a promessa de combater o narcotráfico e trazer segurança aos argentinos. No campo econômico, deverá lidar com uma inflação de dois dígitos (o índice oficial aponta para algo em torno de 14%, mas outras estimativas sugerem que a inflação real seja bem maior que a oficial). Fontes: Clarín/ La Republica/ BBC

Nigéria/ Mali Atentados deixam mais de 50 mortos Um atentado a bomba na terça-feira, 17, deixou 32 mortos e 80 feridos em Yola, no nordeste da Nigéria. A bomba explodiu pela manhã, próxima a um mercado. O atentado foi atribuído ao grupo terroristas Boko Haram, que em outubro foi responsável por

dois outros atentados contra duas mesquitas, que deixaram 42 mortos e uma centa de feridos. No Mali, um ataque terrorista a um hotel de luxo na capital deixou 21 mortos (incluindo dois terroristas). Um grupo de homens fortemente

armados entrou no Hotel Radisson Blu, em Bamako. Eles explodiram granadas, atiraram nos seguranças e fizeram 170 reféns, incluindo diplomatas. A polícia conseguiu retomar o hotel, andar por andar, e os reféns que sobreviveram foram libertados.

Alguns dos terroristas tinham ligações com a Al-Qaeda. O País conta com alguns milhares de soldados franceses que trabalham para estabilizar a região e combater o grupo terrorista. Fonte: Fides/ The Telegraph/ The Guardian


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| Papa Francisco | 9

O que esperar da visita do Papa Francisco à África? Reprodução

FILIPE DOMINGUES

Especial para O SÃO PAULO, em Roma

Fé, testemunho e paz devem ser os lemas da primeira visita do Papa Francisco à África, entre os dias 25 e 30. Paulo VI, São João Paulo II e Bento XVI estiveram no continente. Em apenas seis dias, Francisco pretende passar por três países: Quênia, Uganda e República Centro-Africana. O Pontífice se encontrará com autoridades políticas, o clero, religiosos, religiosas, jovens e, enfim, com as multidões dos eventos públicos. Em cada um desses lugares, é previsto que Francisco leve uma mensagem direcionada à realidade local.

Mensagem de paz em meio à guerra

Pobreza e meio ambiente

“Firmes na fé” é o lema da visita do Papa ao Quênia, onde a presença da Igreja Católica é bastante consolidada, em diálogo com o Anglicanismo e com o Islamismo. No contexto da fé que se manifesta na vida pública e na atuação conjunta de diferentes grupos religiosos para o bem comum, dois discursos do Papa são mais esperados, segundo o porta-voz do Vaticano, o Padre Federico Lombardi. O primeiro ocorrerá na agência das Nações Unidas em Nairóbi, uma das maiores do mundo. Segundo o Padre Lombardi, será “um discurso mais longo e mais amplo sobre o meio ambiente”, na mesma linha das reflexões feitas pelo Pontífice na Encíclica Laudato si’, sobre a “proteção da casa comum”. No documento, o Papa identifica uma origem comum para os problemas sociais e ambientais e pede uma “ecologia integral”. O segundo discurso de grande impacto será no bairro pobre de Kangemi, também em Nairóbi, onde há uma comunidade de jesuítas. Padre Lombardi afirmou que o discurso do Papa será “em continuidade com o que ele fez anteriormente aos movimentos so-

meiro papa da era moderna a visitar a África, Francisco recordará os mártires ugandeses, um grupo de 23 anglicanos e 22 católicos liderados por Carlos Lwanga, um ugandês convertido ao catolicismo. Eles foram executados entre 1885 e 1887, sob ordens do rei de Buganda, e são reverenciados como mártires tanto pela Igreja Católica quanto pela comunhão Anglicana. Segundo o Padre Lombardi, a ideia é recordar “a devoção comum entre povos próximos”, testemunhada na vida de São Carlos Lwanga e seus companheiros.

ciais”, no Vaticano e na Bolívia. É de se esperar uma postura crítica sobre as desigualdades sociais. Quando toca no assunto, Francisco costuma insistir em três “Ts”: terra, trabalho e teto. “O aspecto da presença da Igreja nos bairros pobres não é tanto aquele caritativo ou de beneficência, mas de participação,

num papel ativo que pode ser assumido junto aos habitantes locais”, explicou o Padre.

Martírio

Em Uganda, a visita é direcionada especialmente ao testemunho de vida cristã. Assim como Paulo VI, o priL’Osservatore Romano

Francisco com o Cardeal Jonh Njue, arcebispo de Nairóbi, no Quênia, que terá visita do Papa

Na República Centro-Africana, a situação da visita do Papa é muito difícil. O País, que tem um longo histórico de golpes militares, está em plena guerra civil. Conflitos entre forças do governo e a coalizão rebelde Séléka, de maioria muçulmana, aumentaram desde que o grupo derrubou o presidente eleito em 2013. Além disso, rebeldes cristãos lideram agressivas milícias conhecidas como “anti-Balaka”, que atacam os muçulmanos. Os conflitos armados entre vários grupos produzem enorme fluxo de refugiados nos países vizinhos. Além disso, cerca de um quarto da população do País teve que migrar internamente e mais da metade dos habitantes precisa de ajuda humanitária. Mesmo com a guerra civil, Padre Lombardi confirmou a visita do Papa ao País. “O Papa quer manifestar sua proximidade ao povo que sofre com os conflitos e as tensões. Deve visitar um campo de refugiados onde vivem 2 mil pessoas. Será uma das primeiras coisas que fará”, explicou. O Pontífice também deve visitar uma mesquita, em sinal de respeito e diálogo com os muçulmanos. Agências de inteligência internacional têm informado que a viagem do Papa à República Centro-Africana é de altíssimo risco. A Santa Sé avalia que se a situação do País se agravar, pode ter que cancelar a visita. Neste caso, o Pontífice voltaria a Roma a partir de Uganda. “O Papa quer ir à República Centro-Africana e o programa prevê a visita. Estamos monitorando a situação e, se preciso, serão tomada as decisões necessárias”, declarou o Porta-voz. Num contexto de guerra, um forte gesto simbólico será feito: o Papa antecipará a inauguração do Jubileu da Misericórdia para o País, abrindo uma “Porta Santa” na Catedral de Bangui. Segundo o Padre Lombardi, Francisco deve apoiar a mensagem dos bispos da República Centro-Africana. Em recente documento conjunto intitulado “Escolhe, pois, a vida”, os bispos disseram: “Que as comunidades muçulmanas e cristãs comecem a conversar. Que elas se encontrem mais e mais, buscando ardentemente juntas, a paz.”


10 | Pelo Brasil |

25 de novembro a 1º de dezembro de 2015 | www.arquisp.org.br

Edcarlos Bispo e Nayá Fernandes

Destaques das Agências Nacionais

osaopaulo@uol.com.br

Lama da maior tragédia ambiental do País já chegou ao mar A lama proveniente do desastre acontecido em Mariana (MG) e após o rompimento de duas barragens da Samarco, empresa cujos donos são a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, já chegou ao oceano Atlântico e alcançou na terça-feira, 24, o sul da Bahia. A barreira de 9 km montada pela Samarco na foz do Rio Doce, em Regência, Linhares, na região Norte do Espírito Santo, não foi suficiente para impedir o avanço. A lama de rejeitos de minério, que seguiu pelo rio Doce e afluentes, chegou ao mar no domingo, 22. Segundo o vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica Barra Seca e Foz do Rio Doce, Carlos Sangalia, o resultado já era esperado, já que o material não é apropriado para segurar água. Apesar disso, para a Samarco, mesmo deixando água suja passar, as boias tiveram a eficiência esperada. A empresa informou que a eficiência das barreiras instaladas nas áreas protegidas chegou a ser de até 80% se comparada a cor da água no estuário, que é o local de encontro do rio com o mar.

Os governos do Espírito Santo e Minas Gerais, juntamente com o Governo Federal, se articulam para entrar com ação conjunta na Justiça contra a mineradora Samarco. O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, explicou que desastres ambientais no mundo já mostraram que a saída em casos assim é a ação conjunta. Para o médico patologista Paulo Saldiva, especialista no estudo de poluição ambiental, a ruptura das barragens é a maior tragédia ambiental da história do País. O secretário geral da ONG Transparência Capixaba, Edmar Camata, alega que, mesmo diante da gravidade do caso, os agentes políticos que estão à frente do debate não têm competência para dar as respostas adequadas sobre o problema ambiental, porque não são imparciais. Ele ressaltou que a atividade de exploração de minério é sustentada por um tripé: regulamentação omissa, fiscalização frágil e intervenção fácil nos órgãos de fiscalização. “Os agentes políticos que estão à frente desse debate trazem respostas

Fred Loureiro/Secom ES

Após rompimento de barragem, água enlameada do Rio Doce chega ao litoral capixaba

como se elas tivessem sido muito debatidas. Eles deveriam, na verdade, fazer uma reflexão republicana e ver que não são imparciais para dar essas respostas. Precisamos trazer os melhores pesquisadores, ampliar o debate com a socie-

dade, para que a gente saiba exatamente de que tipo de dano se está falando”, afirmou o representante da Transparência Capixaba. Fontes: Diário do Rio Doce, G1 e Brasileiros (Por Nayá Fernandes)

Marcha da Consciência Negra em busca da cidadania plena Luciney Martins/O SÃO PAULO

Na sexta-feira, 20, centenas de pessoas caminharam pelas ruas do centro de São Paulo “Contra o genocídio da população negra, pela democracia e direito à cidadania plena”, na XII Marcha da Consciência Negra. De acordo com a Polícia Militar, não foi feita a estimativa de quantas pessoas participaram da marcha. O genocídio da população preta e periférica foi uma das principais pautas levadas às ruas no Dia da Consciência Negra. Após a Marcha das Mulheres Negras que

reuniu cerca de 20 mil mulheres em Brasília, na quarta-feira, 18, a participação das mulheres na caminhada em São Paulo também foi massiva. Na concentração, o vão livre do Masp deu espaço tanto às palavras de ordem - que, entre outras, cobraram o fim da militarização da polícia, - como também às diversas expressões culturais do povo negro, com um grande círculo de capoeira, samba de roda e batucadas em meio às faixas e bandeiras. Fonte: G1, Globo e Rede Brasil Atual (Por Edcarlos Bispo)

75 denúncias de racismo em São Paulo A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância abriu 75 inquéritos para apurar casos de racismo em São Paulo, de janeiro até início deste mês. De acordo o levantamento divulgado na sex-

ta-feira, 20, Dia da Consciência Negra, esse número representa 68,2% do total de investigações da delegacia especializada, criada há nove anos As averiguações de intolerância por

raça, cor, etnia e procedência nacional têm aumentado desde 2010, quando os boletins da Decradi passaram a ser classificados por tipo de ocorrência. No ano passado, 60,4% dos inquéritos

Padre Mario de França Miranda recebe Prêmio Ratzinger de Teologia O padre jesuíta Mario de França Miranda recebeu no sábado, 21, o Prêmio Ratzinger de Teologia. Ele foi escolhido com o teólogo libanês Professor Nabil e-Khoury. Padre Mario de França Miranda tem 79 anos, é Doutor em Teologia pela Universidade Gregoriana (Roma) e professor de Teologia na PUC-Rio. Autor de diversos artigos e livros de Teologia, fez parte da

Comissão Teológica do Vaticano de 1992 a 2002. “Até agora, os escolhidos eram teólogos do primeiro mundo. Desta vez, se abriu para a América latina e para o Oriente Médio. Espero que no futuro a África e a Ásia também sejam chamadas, reconhecendo o mérito de seus teólogos”, disse Padre Mario, em entrevista à imprensa. Fonte: Arquidiocese do Rio de Janeiro (Por Nayá Fernandes)

instaurados foram de crimes raciais. Em 2013, a quantidade representou 44,9%, de acordo com dados da Delegacia. Fonte: Agência Brasil (Por Edcarlos Bispo)

Dilma assina decretos de desapropriação de terras para beneficiar quilombolas A presidenta Dilma Rousseff assinou na quinta-feira,19, 11 decretos de desapropriação de terras que serão cedidas a comunidades quilombolas. Na cerimônia em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado na sexta-feira, 20, a Presidente também entregou títulos definitivos de posse a representantes quilombolas. De

acordo com o Governo, as medidas beneficiam 2.457 famílias. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, que esteve no evento, falou sobre a criação do selo Quilombos do Brasil, que identifica e valoriza os produtos oriundos das famílias e cooperativas quilombolas. Fonte: Agência Brasil (Por Edcarlos Bispo)


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| Reportagem | 11

Congresso mundial no Vaticano discute identidade e missão da escola católica FILIPE DOMINGUES

Especial para O SÃO PAULO, em Roma

Identidade, missão, preparação dos formadores e os grandes desafios que as escolas católicas enfrentam para promover valores cristãos sem deixar de dialogar com o mundo. Foram esses os quatro eixos principais das discussões promovidas no congresso mundial “Educar hoje e amanhã”, realizado no Vaticano entre os dias 18 e 25. Uma das inspirações do encontro são os 50 anos dos documentos do Concílio Vaticano II, como a declaração Gravissimum educationis, sobre a educação cristã. Organizado pela Congregação para

identidade católica. E no congresso se falou muito em missão e identidade. Tudo o que foi falado, nós sentimos no dia a dia”, disse.

Identidade e missão inseparáveis

Diversos palestrantes do congresso observaram que é impossível separar a identidade de uma instituição católica de sua missão. A missão educativa de qualquer escola deve ir ao encontro da identidade evangelizadora de uma instituição católica. Porém, segundo eles, quando as duas dimensões se separam, a escola católica falha em sua função social. “Às vezes, por exemplo, a escola começa a

precisam ir além da formação técnica e da excelência acadêmica, embora sejam também essenciais. “É importante que a gente não perca essa visão transcendental do homem”, algo que o Papa também destacou. “Quando a escola assume a sua função social? Quando o ser humano aprende a trabalhar pelo bem comum”, afirmou o Coordenador do Vicariato. Para isso, é preciso que os formadores, ou educadores, também conheçam os princípios da instituição em que trabalham. Dom Carlos explicou que o congresso despertou um olhar mais amplo para esse ponto, que pode ser colocado em prática pelo Vicariato. “Podemos dar esse caminho, ter iniciativas concre-

Cristo publicamente, mas o testemunho do professor ajuda o aluno a entender a ética, a parceria, o não aceitar uma escola competitiva que forma ‘robôs’ para passar em determinados concursos, mas formar o coração dos seres humanos.” Outro grande desafio das escolas católicas é não ser “nem elitista nem seletista”, definiu o Padre Vandro, lembrando novamente o pedido do Papa Francisco de ir ao encontro das periferias existenciais. “Se as faculdades católicas forem muito boas mas continuarem só educando um determinado nível social, elas não vão atingir seu fim. Uma rede de educação católica que não é inclusiva não atinge a sua finalidade.” Dom CarPadre Vandro Pisaneschi

No Vaticano, com o Papa, 2,2 mil pessoas refletem sobre os desafios de evangelizar por meio da Educação, sem se fechar ao diálogo, durante o congresso mundial “Educar hoje e amanhã”

a Educação Católica, o encontro reuniu 2,2 mil representantes de todo o mundo, inclusive muitos brasileiros, entre eles, o bispo auxiliar de São Paulo e vigário episcopal para a Educação e a Universidade, Dom Carlos Lema Garcia, e o Padre Vandro Pisaneschi, coordenador de Pastoral do Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade. Eles conversaram com O SÃO PAULO no Pontifício Colégio Pio Brasileiro, em Roma, sobre os destaques do evento. Uma das grandes riquezas do congresso, segundo Dom Carlos, foi justamente a participação de pessoas de todo o mundo que vivenciam desafios parecidos com os que são encontrados em São Paulo. À frente do Vicariato, o Bispo explicou que vem visitando escolas e universidades católicas presentes na Arquidiocese e que o congresso o ajudou a conhecer melhor outras realidades mundiais. “Nós estamos acompanhando de perto as escolas e as universidades católicas, especialmente para garantir a

derivar para o trabalho de voluntariado, assistência social, e isso é interessante, mas não pode ser desvinculado da identidade. A escola não pode se transformar numa espécie de super ONG, esquecendo que sua razão de ser é a evangelização”, declarou Dom Carlos. O Bispo ainda afirmou que “a escola católica deve existir por ser sujeito de evangelização na Igreja”, mas, ao mesmo tempo, não se fechar dentro dos seus próprios muros, mensagem transmitida também pelo Papa Francisco. “Não podemos formar um grupo católico, nos proteger do clima que há lá fora. Temos que ser conscientes da nossa identidade, mas encontrar maneiras de dialogar com o mundo de hoje.” Nesse sentido, outro tema muito abordado no congresso, segundo o Padre Vandro, foi a “formação integral da pessoa”. Para ele, “o ser humano possui perguntas dentro de si que só os conceitos e conteúdos não respondem”. A ideia é que as escolas com identidade católica

tas. Formação espiritual, religiosa e ética dos formadores”, disse, ao mesmo tempo alegrando-se de que na Arquidiocese já existe a estrutura do Vicariato para esses projetos. “Temos muito o que crescer, mas só o fato de ter um Vicariato nessa linha já corresponde a essa expectativa.”

Transmissão de valores

Padre Vandro acrescentou que a capacitação dos formadores deve ser focada na transmissão de valores. “Os professores da escola católica não precisam ser necessariamente católicos, mas precisam dar testemunho dos valores cristãos”, disse. “Eles educam por meio do testemunho. Na atitude de sala de aula, têm de estar abertos ao diálogo, ao encontro, à fraternidade, porque tudo isso são valores cristãos que devem ser vividos.” Para dar um exemplo, Padre Vandro mencionou o caso de Bangladesh, um país onde prevalecem o Islamismo e o Hinduísmo. “Os professores dão exemplo no silêncio. Não podem falar de

los completou dizendo que o Vicariato tenta promover a presença formativa nas escolas públicas da cidade e do Estado de São Paulo. “A pedido até da secretarias de Educação, promovemos seminários de formação de professores da rede pública, para falar sobre valores, dignidade humana, virtudes”, afirmou. Também Dom Julio Endi Akamine compareceu ao congresso, representando a Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação da CNBB. No mesmo sentido, ele acredita que a educação católica tem como finalidade formar as pessoas, não somente para o mercado de trabalho ou para ter um bom salário, mas para prepará-las para a vida, transmitir valores e princípios. A formação dos educadores é no sentido de ajudá-los a se identificarem com o mesmo “espírito” da instituição católica, mesmo que tenham convicções diferentes. “A instituição católica pode ajudar a lançar pontes de encontro entre as culturas e as religiões”, avaliou o Bispo.


12 | Reportagem |

25 de novembro a 1º de dezembro de 2015 | www.arquisp.org.br

Quando a educação ocupa espaço Jovens se organizam para o movimento de ocupação das escolas em todo o Estado de São Paulo e pedem que o projeto de Reorganização Escolar seja revisto e haja mais investimentos na área NAYÁ FERNANDES

nayafernandes@gmail.com

No momento da entrevista, os alunos receberam a notícia de que a reorganização das escolas, programada para acontecer em 2016 no Estado de São Paulo, estaria suspensa. Em meio à euforia, Thalita Gomes, 17, que está concluindo o terceiro ano do Ensino Médio, afirmou: “Mas só deixaremos a escola se tivermos uma negociação direta da secretaria com os alunos e um documento atestando que nossa escola não será fechada”. A no-

Estudantes Secundaristas (Ubes) e participa, junto com Thalita, da assembleia que os estudantes têm feito semanalmente na Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, zona Oeste, a primeira a ser ocupada na cidade. A estudante quer graduar-se em Direito e espera que os alunos sejam ouvidos em sua manifestação. “Não estamos aqui só pela nossa escola, mas por todos os que sofrerão com esta mudança, que precisarão pegar ônibus, que serão colocados em salas de aula lotadas”, enfatizou. Até o momento do fechamento desta reportagem o número de escolas ocupadas chegou a 170 em todo o Estado – até sexta-feira, 20, eram 100 - segundo dados disponíveis na página do Facebook “Não fechem minha escola”, criada em outubro por estudantes e professores contrários ao plano de reestruturação do ensino no Estado. As jovens reclamaram que não houve nenhum diálogo com a comunidade estudantil e que começaram a saber do

escola, diz saber sobre a reorganização desde 2011, mas considera que o decreto deste ano “foi um passo para a ditadura”. O jovem afirmou também que se vê num “sistema pedagógico ultrapassado”. No número 150 da rua José da Silva Martha, no bairro do Piqueri, na zona Oeste de São Paulo, está localizada outra escola, a Silvio Xavier Antunes, que também está na lista da reorganização. Gabriel de Oliveira Azevedo, 16, cursa o último ano do Ensino Médio e participa da ocupação. “Na noite da terça-feira, 17, eu estava entrando na escola porque era horário de revezamento. Há uma tenda com quatro policiais que fazem guarda fora, e, quando eu abri o portão, um policial tentou forçar e entrar. Conseguimos fechar e comunicamos a todos o ocorrido. Desde então, a escola ficou lotada de pais, alunos, professores e outras pessoas da comunidade. Somos apoiados por muita gente, não somente por quem está dentro da ocupação, contou.”

física e, a princípio, foi informada que haveria transporte para que ele chegue à escola para a qual ele foi transferido. “Ontem, porém, fui à Diretoria de Ensino e eles me disseram que o transporte é só para crianças de até 12 anos. Meu filho tem 13. Então, o que eu faço? Coloco meu filho no bolso porque inclusão é só até os 12 anos?”, desabafou. “No início do ano, vocês acompanharam a greve dos professores do Estado de São Paulo. Havia mais de dez reinvindicações, além da proposta do aumento salarial; uma delas era a reabertura de 3.200 salas, pois nós já desconfiávamos que algumas escolas seriam fechadas”, contou a professora de Biologia, Carla Fernanda Mastrilli, também da Escola Silvio Xavier Antunes. Segundo o relato da professora, após 92 dias de greve sem diálogo, veio a proposta da restruturação. “Só depois, recebemos a mensagem que haveria uma reunião, chamaram os diretores e a dirigente de ensino comunicou quais escolas Luciney Martins/O SÃO PAULO

Alunos e professores da Escola Silvio Xavier Antunes, no Piqueri, ocupam a unidade e pedem revisão nos critérios da reorganização e melhorias na qualidade da educação em todo o Estado

tícia, contudo, foi rapidamente desmentida. A Escola Estadual Castro Alves, onde a jovem estuda desde o 1º ano do Ensino Fundamental, tem cerca de 700 alunos e está localizada na rua Francisco Bruno, uma travessa da avenida Engenheiro Caetano Alvares, zona Norte da capital. Ela é uma das 94 escolas que serão fechadas ou terão seus ciclos de ensino modificados, conforme o projeto de Reorganização Escolar da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (veja mais na página ao lado). Thalita já prestou vestibular e está “com um pé” na Faculdade de Jornalismo, mas embora o fechamento da escola não vá afetá-la diretamente, se diz solidária com os demais alunos. “Tentamos mostrar para o Estado a educação que queremos, que além das disciplinas formais, oferece atividades culturais e artísticas”, disse à reportagem do O SÃO PAULO, na quinta-feira, 19. Uma oficina de desenho foi realizada naquela tarde e outras atividades aconteceram durante o feriado e o fim de semana, como sarau de música, cine-debate e oficinas de vídeo e fotografia. Gabrielly Coelho, também aos 17 anos, faz parte da União Brasileira dos

fechamento da escola pelos boatos que se espalharam, primeiro entre os professores. “Aqui temos três cadeirantes que moram no bairro e foram transferidos para a Cachoeirinha [bairro da zona Norte da cidade]. Eles foram totalmente desconsiderados, como farão para chegar?”, desabafou Thalita.

‘Somos apoiados por muita gente’

Marina de Oliveira Costa Cintra estuda na Escola Estadual Martin Egídio Damy, na Brasilândia, na zona Noroeste de São Paulo. Aos 20 anos, ela contou à reportagem que a Damy existe desde 1977, e acredita que o projeto vai piorar ainda mais a educação. “Temos escolas sem estrutura, salas superlotadas, menos períodos noturnos, o que atrapalha quem quer estudar e trabalhar”. Entre as propostas para uma educação melhor, Marina sugere, por exemplo, que 10% do Produto Interno Bruto (PIB) seja investido na educação pública e se estabeleça o máximo de 25 alunos por sala, “além da valorização dos professores e debates sobre gênero, racismo e homofobia nas escolas”, disse. Renato de Souza Andrade, que cursa o 3° ano do Ensino Médio na mesma

Para aonde iremos?

Greice Lemos é professora de Artes na Escola Estadual Silvio Xavier Antunes. Ela informou à reportagem que, além da ocupação, foram tomadas as medidas legais acerca da decisão da Secretaria de Educação. “Entregamos documentos na Secretaria por duas vezes e até agora a gente não teve resposta alguma, tentamos negociações na Diretoria de Ensino e também não obtivemos respostas. Eles sempre falavam sobre o fechamento, independente da escola fugir completamente do critério de distância”. Ao ser questionada sobre possíveis benefícios da reorganização por ciclos, a professora opinou que, “se a divisão trouxesse benefícios, as escolas particulares também seriam divididas assim”. Ainda sobre o desempenho da função após a reorganização, Greice enfatizou que, na prática, “os professores serão transferidos para longe de suas residências e, provavelmente, terão que lecionar em várias escolas para conseguir completar suas cargas horárias, o que causa desgaste profissional e, para os alunos, aulas com menor qualidade”. Além do impacto profissional, a professora tem um filho com deficiência

seriam reestruturadas. No dia seguinte, todos foram exigir explicações e, quando perguntamos o porquê do fechamento da escola que tem dez salas de aula, todas equipadas com multimídia, uma escola bem cuidada e querida pela comunidade, não recebemos resposta, mas um dos motivos seria a demanda e o número de alunos, que, segundo eles, é de apenas 530, porém, nós temos 982 alunos na Escola Silvio”. O documento sobre o número de alunos na Escola foi enviado para o Ministério Público com o pedido de revisão sobre a questão da demanda. Além disso, a Professora afirmou que as duas escolas para as quais os alunos foram remanejados já estão lotadas. Para Rita Cardoso, professora de uma escola estadual no Grajaú, na zona Sul da capital, “estamos vivendo um momento realmente difícil na educação. A reorganização já aconteceu em outro momento. Mas, dessa vez, as decisões foram tomadas sem consulta e há um desgaste em toda a categoria. Estamos desmobilizados. Por isso, sentimos que a participação dos alunos nessa luta é algo novo e imprescindível”. (Colaboraram Edcarlos Bispo, Fábio Augusto e Renata Moraes)


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| Reportagem | 13

Escolas ocupadas: tecnocracia e fator humano Francisco Borba Ribeiro Neto

O primeiro problema da polêmica reorganização da rede estadual de ensino do Estado de São Paulo é de comunicação. O projeto apresentado pelo secretário da Educação, Herman Voorwald, no Programa Roda Viva (2/11/2015), da TV Cultura, parece totalmente diferente daquele que está gerando protestos e ocupação de escolas. Por trás do problema de comunicação, da aparente dificuldade da Secretaria de Educação em apresentar todas as vantagens e cuidados tomados em sua proposta, está um mal disfarçado tecnicismo, que acredita que estudos bem feitos e consultas ao corpo técnico garantem a qualidade das ações. Nessa perspectiva, a Secretaria fez pesquisas e consultas, optando por um processo descentralizado de decisão sobre o que devia e o que não devia mudar. Mas faltou a integração com a comunidade, o protagonismo dos usuários do sistema (alunos e famílias) e de seus principais executores (os professores). Em defesa dessa gestão, temos que reconhecer que o problema vem de longe. O principal diferencial de uma educação de qualidade é o fator humano: professores capacitados e devotados, alunos motivados, famílias participantes. O Brasil não conseguiu até hoje con-

O Projeto de Reorganização Escolar* A Secretaria da Educação afirma ter utilizado como base para a reestruturação do ensino o levantamento realizado pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), que apontou tendência de queda de 1,3% ao ano da população em idade escolar no Estado de São Paulo. Entre os anos de 1998 e 2015, a rede estadual de ensino perdeu 2 milhões de alunos. Segundo o projeto do Governo, serão criadas 754 escolas de ciclo único, focadas em uma única faixa etária. Assim, 2.197 escolas em todo o Estado (43% do total) passarão a funcionar neste modelo a partir de 2016. O Estado também afirma que haverá a diminuição de 18% de escolas de dois segmentos, passando de 3.209 para 2.635. Com esse processo, serão reabertas 2.956 classes ociosas. *Trecho retirado do site (www.educacao.sp.gov.br), onde há mais informações sobre o Projeto.

ciliar a universalização do ensino público com esse elemento humano ideal. Sem isso, é compreensível que mesmo uma proposta competente e descentralizada se torne tecnicista e desconexa da comunidade envolvida. O problema se agrava porque sabidamente o governo estadual não tem respaldo na comunidade educativa (professores, pais e alunos). As greves de professores mostram a oposição interna, por razões até partidárias, que o governo enfrenta e o descontentamento das famílias se evidencia em todas as pesquisas de opinião pública. Além disso, a proposta acontece num momento político delicado para a sociedade brasileira, descontente e escandalizada com seus políticos, propensa a ir às ruas e protestar antes de tentar os caminhos institucionais de diálogo. Assim, é que as ocupações das escolas antecederam o diálogo que, bem ou mal, agora está acontecendo por meio de audiências de conciliação convocadas pelo Tribunal de Justiça. A Secretaria da Educação alega que esse diálogo vinha acontecendo internamente, por meio de consultas e exposições de motivos. Até aqui, o número de escolas ocupadas é alto (mais de 100), mas a porcentagem é de menos de 5% do total de unidades afetadas (esperemos que os outros 95% estejam ra-

zoavelmente satisfeitos...). Porém o resultado até o momento mostra a pouca capacidade para um diálogo social e político fundamental para o País. A qualidade do ensino depende tanto ou mais da execução da proposta do que de sua concepção. A atual proposta de reorganização não escapa à regra. Pode ser muito boa se tiver uma execução adequada, que leve em consideração as dificuldades e os anseios da comunidade envolvida, realize as melhorias prometidas e procure resolver os problemas que inevitavelmente advêm de qualquer mudança. Será ruim, se mal executada, pois já está evidenciado que sacrifica uma população já sofrida e inadequadamente atendida em suas necessidades educacionais – e aí os sacrifícios não trariam nenhum ganho. Segundo o site criado para apresentar a proposta (www.educacao. sp.gov.br/reorganizacao), escolas de ciclo único (o novo sistema) são 10% mais eficientes que as de vários ciclos. Mas a qualidade do ensino é o resultado de um conjunto de fatores e a mudança do sistema por si só pode não garantir ganhos que compensem os inconvenientes para a população. A Secretaria da Educação promete, com a reorganização, uma série de melhorias. Mas a comunidade afetada ainda não vê essas melhorias no horizonte.

Um dos fatores que interferem positivamente no rendimento do ensino é o número de alunos da escola e nas salas de aula. Num sistema precário como o nosso, escolas pequenas, com maior interação entre alunos, professores e pais, têm maior chance de desenvolver um ensino melhor. Fala-se em reabertura de 2.956 salas ociosas, só que ainda não conseguiram mostrar que salas serão essas. Por agora aparecem só os cortes... Fica a impressão de que se trata de um simples corte de custos, pois a rede perdeu 2 milhões de alunos desde 1998, e a reorganização permitirá uma concentração de estudantes em algumas escolas, com provável aumento do número de alunos por sala e redução do número de aulas pagas aos professores. A insatisfação com a reorganização despertou um sentimento de pertença e solidariedade entre alunos, professores e sociedade que pode ser fundamental para que a proposta da Secretaria da Educação possa acontecer como idealizada. Para isso, é necessário muito mais diálogo e atenção aos fatores humanos envolvidos no processo. O limão pode virar uma gostosa limonada, depende dos protagonistas... Francisco Borba Ribeiro Neto, biólogo e sociólogo, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.

‘Foco das mudanças é estritamente pedagógico’, afirma Secretaria da Educação Em nota ao O SÃO PAULO, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo afirma que “nenhum professor da rede estadual perderá o emprego devido à reorganização, uma vez que a escolha feita por pontuação já é realizada na Secretaria e não sofrerá alterações. Além disso, os docentes terão a possibilidade de atribuir mais aulas em uma mesma unidade, evitando o deslocamento, e de trabalhar estratégias pedagógicas voltadas a um único ciclo, objetivo principal da reorganização da rede de ensino. O foco das mudanças é estritamen-

te pedagógico e se dá no momento em que há uma mudança demográfica significativa no Estado, com 2 milhões de alunos a menos nas escolas”. Ainda segundo a Secretaria, “as 91 diretorias de ensino analisaram durante um mês o cenário demográfico de suas regiões a fim de transferir estudantes para as unidades mais próximas de suas residências, respeitando o limite de 1,5 km, e garantir aos alunos espaços com melhor estrutura física. Algumas escolas têm capacidade de atender mais alunos do que atendem hoje, como a Escola

Estadual Castro Alves, que atende apenas um terço de sua capacidade, e a Escola Estadual Silvio Xavier, que possui 850 alunos e atende 80% de sua capacidade. Os prédios disponibilizados serão utilizados para outros fins educacionais, como creches e ETECs, para atender a demanda de outras faixas etárias nas regiões. A Pasta reitera que nenhuma classe será fechada. Vale ressaltar que os pais podem pedir a transferência dos estudantes até quarta-feira, 25, caso estejam descontentes com a unidade de destino do aluno para 2016”.


14 | Reportagem |

25 de novembro a 1º de dezembro de 2015 | www.arquisp.org.br

Nova eleição de Conselhos Tutelares em São Paulo é marcada para fevereiro Kleber Silva Júnior

falha do sistema e desorganização impediram eleitores de votar no dia 15 e levaram à anulação do pleito que escolheria 260 novos conselheiros Renata Moraes

jornalismorenata@gmail.com

A eleição dos novos Conselhos Tutelares do Munícipio de São Paulo, realizada no dia 15, foi anulada devido a diversas falhas apresentadas na votação que elegeria 260 novos conselheiros tutelares. A decisão foi tomada pela Comissão Central do Processo de Escolha dos Conselhos Tutelares, que faz parte do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), órgão ligado à Prefeitura de São Paulo e responsável pelo processo de escolha dos conselheiros. Um novo pleito já está agendado para 21 de fevereiro de 2016. A votação deveria ter acontecido, inicialmente, em 4 de outubro, em um processo de escolha unificado para todas as cidades no Brasil, mas com a justificativa de não ter o tempo hábil para preparar a estrutura necessária para o processo, e com o objetivo de ampliar os locais de votação e a divulgação em toda a cidade, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos alterou a eleição para 15 de novembro. Em vários locais, as urnas eletrônicas não funcionaram e a votação precisou ser feita com cédulas de papel. Porém, como a quantidade de eleitores era maior que a cédulas disponíveis, houve a necessidade de copiá-las. Conforme apuração do O SÃO PAULO, a lista dos eleitores com nomes de A a J em algumas escolas não foi enviada, sendo substituída pela assinatura em folha de papel sulfite. As urnas de papelão estavam desmontadas e outras abertas nas laterais. Em alguns locais, estas até foram substituídas por caixas de

Após falha no sistema eletrônico, a votação de conselheiros é feita com cédulas de papel

sapato, facilitando, assim, possíveis fraudes no processo de contagem dos votos. O horário de encerramento da votação foi alterado das 17h para as 19h, porém, o comunicado só chegou às escolas por volta das 16h. Algumas acataram, outras não. A ausência de policiamento pela Guarda Civil Metropolitana também foi questionada. Tudo isso gerou filas na porta das escolas, fazendo com que as pessoas impacientes desistissem do voto e voltassem para suas casas.

Justificativas da Prefeitura

Em nota, a assessoria de imprensa

O Conselho Tutelar O Conselho Tutelar foi criado juntamente ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), pela Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990. O órgão, responsável por zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, é composto por cinco membros eleitos pela sociedade para

da Prefeitura de São Paulo informou que a empresa responsável por instalar o sistema desenvolvido pela Prodam (Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Munícipio de São Paulo) nos locais de votação foi a prestadora de serviços G&P, que já atuava nos laboratórios das escolas municipais. “O processo de escolha dos conselheiros custou cerca de R$ 2,4 milhões aos cofres públicos”. Segundo a Prefeitura, foi instalada uma sindicância para apurar as responsabilidades dos problemas ocorridos e o valor poderá não ser pago à empresa.

cada Conselho Tutelar. Dentre suas principais atribuições estão: atender denúncias feitas pelas crianças, adolescente, famílias, comunidades e cidadãos; exercer as funções de escutar, orientar, aconselhar, encaminhar e acompanhar os casos; aplicar as medidas protetivas pertinentes a cada caso a crianças, adolescentes e suas respectivas famílias entre outras.

Repercussões

Para os candidatos inscritos a conselheiros tutelares, os problemas retiram a credibilidade do trabalho dos Conselhos Tutelares junto à sociedade. “Achei uma total falta de respeito, tanto com os candidatos e principalmente com as pessoas que saíram de casa para votar em uma eleição que não é obrigatória e encontraram tamanha desorganização e amadorismo”, afirmou Kleber da Silva Júnior, candidato ao Conselheiro Tutelar da Brasilândia. “Muitos eleitores que saíram de suas casas espontaneamente retornaram sem votar, diziam: ‘Isso aqui é uma bagunça, eu nunca mais saio de casa para votar em Conselho Tutelar’. Todas as irregularidades possíveis aconteceram neste dia, foi uma falta de respeito com a criança, com o adolescente e com os conselheiros tutelares”, opinou Elisabeth Maria da Silva, candidata ao Conselho Tutelar da Freguesia do Ó. “As inscrições dos mais de 1.500 candidatos serão mantidas. Somos o único município que realizará o processo de escolha de 52 Conselhos Tutelares, elegeremos 260 conselheiros e será mobilizado um grande número de eleitores, o que exige uma estrutura e um comprometimento que vai além de uma secretaria. A Comissão Central acredita e está dando um voto de confiança para o Executivo” expressou Sueli Camargo, membro do CMDCA e coordenadora da Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo. Após reunião com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, no dia 18, o CMDCA ratificou a decisão da Comissão Central do Processo de Escolha dos Conselhos Tutelares de tornar nula a votação realizada domingo 15 e a apuração da escolha dos novos conselheiros, orientando que o novo pleito ocorra em 21 de fevereiro de 2016. Até a nova eleição, ficará vigente o mandato dos atuais conselheiros.


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| Geral | 15

São João Bosco: 200 anos de testemunho do Evangelho aos jovens Luciney Martins/O SÃO PAULO

No sábado, 21, salesianos lotaram a Catedral da Sé para comemorar o bicentenário do nascimento do Santo Denis Dutra Marques Especial para O SÃO PAULO

“Dom Bosco soube ouvir a voz de Deus e traduziu-a de maneira dinâmica e criativa aos jovens. A sua pregação foi um verdadeiro testemunho do Evangelho da Alegria”. Assim afirmou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, no sábado, 21, na Catedral da Sé, na homilia da missa em comemoração pelos 200 anos de nascimento de São João Bosco. O Santo, nascido na Itália em 16 de agosto de 1815, aprendeu desde cedo a transformar realidades aparentemente perdidas e de abandono em gestos concretos de amor, e deixou como herança à família salesiana – constituída por cerca de 30 grupos religiosos presentes no mundo todo - um método educativopastoral capaz de transformar situações de morte em vida. Canonizado em 1934 pelo Papa Pio XI, São João Bosco foi proclamado pai e mestre da juventude por São João Paulo II em 1988. Dom Odilo enfatizou a necessidade de uma educação mais efetiva e com

Jovens salesianos diante da relíquia de São João Bosco, levada à Catedral da Sé por conta da celebração dos 200 anos do mestre da juvenude

qualidade para todos, principalmente diante da atual crise que assola o sistema educacional em diferentes instituições de ensino do Brasil. “Que possamos aprender de Dom Bosco e que atentos ao seu exemplo, possamos apoiar as boas iniciativas em favor de uma educação de qualidade”, reiterou o Cardeal, na homilia. As comemorações do bicentenário de Dom Bosco acontecem nos 132 países onde os salesianos estão presentes, e tiveram início no ano de 2009, quando a urna contendo as relíquias do Santo visitou cada obra salesiana no mundo. No

Brasil, além da missa na Catedral, várias ações foram realizadas para festejar a data, tais como homenagens na Câmara e no Senado Federal, na Assembleia Legislativa de São Paulo e o encontro do 10º sucessor de Dom Bosco, Pe Àngel Artime, com toda a família salesiana em Niterói (RJ), primeira casa dos salesianos no País. A missa do dia 21, na Catedral, teve a participação de membros da família salesiana vindos de diferentes regiões da cidade, e foi concelebrada por padres e bispos salesianos, entre os quais Dom

Fernando Legal, bispo emérito de São Miguel Paulista e Dom Hilário Moser, bispo emérito de Tubarão (SC). “Estar aqui nos remete a uma renovada consciência daquilo que aprendemos de Dom Bosco: o sensus ecclesiae (sentido de igreja)”, afirmou o Padre Edson Donizete Castilho, inspetor salesiano de São Paulo, que agradeceu ao Arcebispo pela acolhida e manifestou a alegria de celebrar o bicentenário do fundador na Catedral da Sé. (Com informações complementares do Portal da Arquidiocese de São Paulo)

Libertados por Deus e livres para amar Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Igor Andrade

Especial para O SÃO PAULO

“Deus ouve o clamor do seu povo oprimido” e aqueles que fazem parte dos libertados por Deus são “livres para amar”. Assim expressou Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, durante a missa inculturada em comemoração ao Dia da Consciência Negra, na sexta-feira, 20, no largo do Paissandu, em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, na região central. A igreja, que teve a parte externa recentemente reformada, foi erigida em 1906 pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Paulo, a terceira irmandade mais antiga do Brasil, formada originalmente por negros católicos, libertos e escravos, em 1711, que construíram igrejas para “poderem participar dos sacramentos e serem enterrados num cemitério, já que não eram bem-vindos em outras igrejas onde existiam racistas”, disse Vanilda Aparecida, irmã do Rosário. “É um momento muito forte para nós, negros, no Brasil”, afirmou, ao O SÃO PAULO, Irmã Lindaura Araújo, coordenadora da Pastoral Afro na

Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese, une-se a fiéis no centro de São Paulo para celebração do Dia da Consciência Negra

Arquidiocese de São Paulo, “principalmente agora, com a beatificação do Padre Victor [Francisco de Paula Victor – beatificado no dia 14], o primeiro padre negro do Brasil”, complementou, enfatizando, ainda, que a missa, organizada pela Pastoral e por várias irmandades, foi presidida pelo primeiro bis-

po negro da Arquidiocese de São Paulo. Dom Eduardo, na homilia, ressaltou a importância de “ir ao encontro do outro” durante o Ano Santo extraordinário da Misericórdia, que será iniciado em 8 de dezembro. Ao fim da celebração, o secretário municipal de Promoção da Igualdade

Racial, Maurício Pestana, disse que é necessário “retomar o lugar construído com o suor e o sangue de nossos antepassados”. Logo após a celebração, houve a apresentação do coral Resistência Negra, composto por integrantes da igreja presbiteriana e regido pelo maestro Moisés da Rocha.


16 | Fé e Cultura |

25 de novembro a 1º de dezembro de 2015 | www.arquisp.org.br

Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

Dica de Leitura Desinformação Principal obra sobre o assunto, este livro muda completamente o modo como o leitor compreende os serviços de inteligência, as relações internacionais e a imprensa. Ele demonstra, por meio de exemplos concretos tirados da história mundial recente, que, ao contrário do que geralmente se imagina a princípio, desinformar e informar mal não são a mesma coisa: a desinformação é uma ação estratégica, que inclusive foi e continua sendo utilizada em larga escala por serviços de inteligência para transformar a maneira como o homem e as sociedades interpretam os acontecimentos e a realidade. FICHA TÉCNICA Autores: Ion Mihai Pacepa e Ronald J. Rychlak Páginas: 556 Editora: Vide Editorial

Para meditar

A figura do guerreiro Reprodução

Refletindo sobre os atentados em Paris, o filósofo francês Fabrice Hadjadj publicou recentemente um texto na revista católica Famille Chrétienne. Segue um pequeno trecho traduzido do francês: “Estávamos amolecidos, tínhamos perdido a virilidade, reduzidos ao estado de criança mimada dando chilique, de marionete que só se preocupa com o treino na academia, de ‘crianções’ consumidores de pornografia. Não queríamos a paz que se constroi, mas a que nos é imposta, pouco importa a que preço, com quais ‘efeitos colaterais’. O problema é que ‘a paz é obra da justiça’, diz Isaías, e é normal, quando se recusa a combater pela justiça, que nossa paz aparente exploda em nossa face. E, então, acontece que passear na rua já não é mais tão simples, como para os andarilhos indiferen-

tes. A guerra nos alcançou. Já é alguma coisa na ordem do despertar. Mas será que vamos vencer essa guerra? Combateremos o ‘bom combate’, como diz São Paulo? A figura que domina a vida cristã é a do amor, a do irmão, do filho, de quem dialoga, de quem tem compaixão. Mas não podemos esquecer a figura do guerreiro. Um guerreiro cujas armas são, em primeiro lugar, espirituais, mas que é guerreiro, mesmo assim. É verdade que, contrariamente ao que pensa um certo darwinismo, a vida é comunhão antes de ser combate, dom antes de ser luta. Mas, porque essa vida está ferida desde a sua origem, atacada sem cessar pelo Maligno, é preciso lutar pelo dom, combater pela comunhão, desembainhar a espada para expandir o reino do amor.” O texto original pode ser lido no site famillechretienne.fr.


www.arquisp.org.br | 25 de novembro a 1º de dezembro de 2015

| Esporte | 17

O campeão dos campeões Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians

Sexto título brasileiro do Corinthians é conquistado com a melhor campanha da história do clube na competição Daniel Gomes

Libertadores e Mundial de novo?

danielgomes.jornalista@gmail.com

Com o título garantido, a taça já erguida e a torcida em festa desde a quintafeira, 19, quando assegurou a conquista do Brasileirão 2015, ao empatar em 1 a 1 com o Vasco, no Rio de Janeiro, o Corinthians voltará a jogar no domingo, 29, contra o Sport, em Recife, pela penúltima rodada da competição. Há três meses, o Sport foi o último adversário do Corinthians antes que a equipe paulista assumisse a liderança do campeonato, posição que não deixou mais desde aquela 18ª rodada. Diferentemente do time hoje campeão com o maior aproveitamento dos seis títulos brasileiros do clube (veja tabela abaixo), aquele Corinthians, no mês de agosto, ainda buscava um atacante de referência – Guerreiro deixara o time no meio do ano, Vagner Love não fazia gols e Luciano, que balançou a rede por duas vezes naquela partida terminada em 4 a 3, se contundiu na semana seguinte – e o time também precisou assimilar a eliminação na Copa do Brasil para o Santos, na Arena Corinthians, assim como foi no Paulistão, para o Palmeiras, e na Libertadores, para o Guarani do Paraguai. Hoje, com 74,1% de rendimento, o Corinthians poderá encerrar o Brasileirão com a melhor campanha da era dos pontos corridos, caso vença uma das duas próximas partidas, o que faria o time chegar

completo, com um sistema defensivo e de ataque muito bom. Tem jogadores importantes, que caberiam em qualquer outra equipe, mas são todos jogadores ‘nota 8’, ‘nota 9’, não há nenhum extraordinário, nenhum que chame a atenção por ser diferenciado, e é por isso que o time é tão bom”.

Elenco corintiano e o técnico Tite festejam conquista do Brasileirão na Arena Corinthians

a 72,8% de aproveitamento, superando a campanha do Cruzeiro de 2003, que conquistou 72,5% dos pontos possíveis.

“Treina muito”

Para chegar ao título em uma temporada instável, o Corinthians 2015 não tinha em campo um ídolo de referência, como foi Neto, em 1990, Marcelinho Carioca, em 1998 e 1999, ou Tevez, em 2005. Assim como em 2011, ano da última conquista alvinegra no Brasileirão, o “craque” foi o técnico Tite. “Ele conseguiu recuperar o time das eliminações - principalmente a da Liber-

tadores - e da saída de alguns jogadores, e deu um padrão para equipe muito forte, um futebol mais parecido com o que tem sido jogado na Europa. Não que ele seja um gênio ou tenha revolucionado, mas conseguiu colocar na cabeça dos jogadores que o coletivo é o mais importante, que todos têm que marcar e jogar, valorizando a posse de bola”, avaliou, ao O SÃO PAULO, Arthur Franco Kleiber, jornalista esportivo do Portal UOL. Também para Fausto Favara, locutor esportivo da rádio Jovem Pan, Tite foi o diferencial do Corinthians por montar uma equipe compacta. “É um time

COMPARATIVO DOS TÍTULOS DO CORINTHIANS Gols Gols sofridos Vitórias Jogos Aproveitamento 2015** 70 28 24 36 74,1% 2011** 53 36 21 38 62,3% 2005** 87 59 24 42 64,3% 1999 61 38 18 29 67,8% 1998 57 38 18 32 63,5% 1990* 23 20 12 25 64% *As vitórias valiam 2 pontos ** Campeonato por pontos corridos – Fonte: CBF

Com uma trajetória tão parecida com a da passagem de Tite pelo Corinthians em 2011 – eliminações no Paulistão e na Libertadores, e título Brasileiro – parte da torcida corintiana já espera que em 2016 o time repita a performance de 2012, quando chegou ao título continental e venceu o Mundial de Clubes da Fifa. “Acho que a situação de agora é um pouco diferente de 2011, pois aquela eliminação na Libertadores foi muito mais traumática, mas certamente o Corinthians entra para disputar o título continental com bastante força, entrará como um dos favoritos. O Mundial ainda é um objetivo distante”, comentou Arthur Kleiber. “Se mantiver essa base e contratar uma peça ou outra, acho que o Corinthians é o grande favorito para a conquista da Libertadores, até por ter o Tite”, avaliou Fausto Favara.

AGENDA ESPORTIVA Brasileirão de Futebol SÁBADO (28) 17h – São Paulo x Figueirense (Morumbi) DOMINGO (29) 18h – Palmeiras x Coritiba (Allianz Parque)

Benegrip Multi: paracetamol 13,30 mg/mL, cloridrato de fenilefrina 0,33 mg/mL, maleato de carbinoxamina 0,13 mg/mL Indicações: Analgésico e antitérmico. Descongestionante nasal em processos de vias aéreas superiores. MS 1.7817.0768. Setembro/2015. Benegrip Multi é um medicamento. Durante seu uso, não dirija veículos ou opere máquinas, pois sua agilidade e atenção podem estar prejudicadas.

SE PERSISTIREM OS SINTOMAS O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.


18 | Regiões Episcopais |

Lapa

25 de novembro a 1º de dezembro de 2015 | www.arquisp.org.br

Padres Antonio Francisco Ribeiro e Raimundo Rosimar Colaboradores de comunicação da Região

No Ano Santo, a Igreja é chamada ‘a ser sinal e instrumento da misericórdia do Pai’ Padre Antonio Francisco Ribeiro

Cardeal Scherer apresenta carta pastoral ao clero atuante na Região Lapa, dia 17

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, participou no dia 17 da reunião mensal do clero atuante na Região Lapa, durante a qual apresentou sua carta pastoral “Misericordiosos como o Pai”, por ocasião

do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, que será iniciado pelo Papa Francisco em 8 de dezembro. “Somos chamados à conversão de vida, ao arrependimento, à reconciliação com Deus e com o próximo e a

renovar-nos espiritualmente mediante o perdão de Deus. É o tempo para que toda a Igreja reforce o sentido da missão que o Senhor lhe confiou no dia de Páscoa: ser sinal e instrumento da misericórdia do Pai”, comentou o Cardeal, destacando que o Ano Santo na Arquidiocese será aberto em 13 de dezembro, com celebrações na Catedral da Sé e nas paróquias das regiões episcopais onde haverá as portas santas. Na Região Lapa, o local de peregrinação será a Paróquia Nossa Senhora da Lapa (rua Nossa Senhora da Lapa, 298, Lapa). Dom Odilo também falou de sua participação no Sínodo dos bispos, em outubro, no Vaticano. “Foi uma experiência eclesial muito intensa. Ai se percebe claro a universalidade da Igreja: nutrida pelo mesmo Evan-

gelho, pela mesma profissão de fé e pela mesma organização. Foram três semanas de reuniões com a presença quase diária do Papa Francisco e com representantes dos episcopados do mundo inteiro. Todos procuraram falar com liberdade e colocar-se à escuta do outro, na tentativa de discernir o que o Espírito de Deus ensina. O Sínodo era consultivo e não lhe cabia tomar nenhuma decisão. O Papa convocou a assembleia do Sínodo para ouvir a Igreja sobre as questões relativas ao casamento e a família por meio dos seus pastores locais. Isso foi feito: o Papa ouviu atentamente e recebeu o relatório final com as indicações dos participantes. Agora, daqui algum tempo, certamente haverá uma palavra do Papa. Vamos continuar a rezar e aguardar”, afirmou.

Lucimar Rodrigues dos Santos

Paróquia São João Maria Vianney

No dia 16, foi presidida pelo Padre Marcos Roberto Pires, pároco, a missa solene pelo aniversário de dois anos de dedicação da Paróquia Santíssima Trindade, do Setor Pastoral Rio Pequeno.

Em missa presidida pelo Cardeal Scherer, arcebispo de São Paulo, no sábado, 21, foram crismados 32 jovens e adultos na Paróquia São João Maria Vianney, no Setor Lapa. Padre Raimundo Rosimar, pároco, concelebrou a missa.

Ipiranga

Nei Márcio Oliveira de Sá

Colaboração especial para a Região

Padre Herreros: um coração doado à juventude e à missão da Igreja Anchietanum

Padre Herreros, vida dedicada aos jovens

Um testemunho cristão de amor aos jovens, aos pobres e à Igreja. Assim foi a vida do Padre José Maria Herreros Robles, sacerdote missionário da Companhia de Jesus, que faleceu na sexta-feira, 20, em Belo Horizonte (MG), aos 84 anos, tendo por décadas integrado o clero atuante na Região Episcopal Ipiranga. Nascido em 24 de maio de 1931,

em Madri, na Espanha, Padre Herreros chegou ao Brasil em setembro de 1963. Começou trabalhando com os movimentos de jovens existentes na época, tais como os Cursilhos de Cristandade, TLC (Treinamento de Liderança Cristã) e Movimento de Emaús. Padre Herreros foi um dos principais articuladores da Pastoral da Juventude no Brasil. Em 1972, em Itaici, no município de Indaiatuba (SP), participou do 1º Encontro dos Assistentes Espirituais dos Movimentos de Juventude do Estado de São Paulo. Em 1973, do 1º Encontro Nacional dos Responsáveis pela Pastoral de Juventude. Em maio de 1974, esteve na 1ª Assembleia da PJ do Regional Sul 1, em Itaici, e na Assembleia Geral dos Bispos do Estado de São Paulo, onde foi aprovado o documento “Princípios e Diretrizes para a Pastoral de Juventude”, que, pela primeira vez, destacava a ne-

cessidade de uma formação integral para a juventude, abrangendo também o papel da juventude na sociedade, com base na Doutrina Social da Igreja. Na década de 1970, o Padre acompanhou as principais decisões e pronunciamentos dos bispos da América latina, do Brasil e da Arquidiocese de São Paulo, como Dom Paulo Evaristo Arns, na resistência à ditadura militar. Ao longo da década de 1980, participou das assembleias anuais da PJ do Regional Sul 1 da CNBB. Nas décadas seguintes, em vários períodos, Padre Herreros assumiu a assessoria da Pastoral da Juventude no Regional Sul 1 e na Arquidiocese de São Paulo, mais especificamente na Região Episcopal Ipiranga, a pedido de Dom Antônio Celso Queiroz, então bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, período em que também integrou o conselho presbiteral regional.

Com a colaboração de diversos padres e irmãos jesuítas, contribuiu decisivamente para que o Centro de Pastoral ‘Anchietanum’ estivesse a serviço dos jovens de São Paulo, oferecendo inúmeros cursos de formação sobre metodologia da Pastoral da Juventude, capacitação de coordenadores, formação para a cidadania, afetividade e sexualidade, artes, entre outros, e várias modalidades de retiros espirituais, a partir dos exercícios de Santo Inácio de Loyola. Padre Herreros foi, ainda, diretor e reitor do Colégio São Francisco Xavier, no bairro do Ipiranga, onde até hoje é lembrado, com imenso carinho, pelas famílias. Ele também prestou serviços de orientação e animação vocacional dos candidatos à vida religiosa na Companhia de Jesus, e diversas outras funções na ordem jesuíta. (A íntegra do texto pode ser lida em http://arquisp.org.br/regiaoipiranga)


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Peterson Prates

Colaborador de comunicação da Região

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Belém

Ano Santo extraordinário da Misericórdia em destaque na reunião do clero O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, apresentou, na quarta-feira, 18, ao clero atuante na Região Belém, sua carta pastoral “Misericordiosos como o Pai”, por ocasião do Ano Santo extraordinário da Misericórdia. A reunião do clero aconteceu no Centro Pastoral São José, com a participação de mais de 80 padres e diáconos atuantes na Região Belém, além de Dom Edmar Peron, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, e dos procuradores da Mitra Arquidiocesana. Dom Odilo salientou que mesmo com sua carta pastoral, todos devem ter acesso à Bula Misericordiae Vultus, texto-base para o Ano Santo da Misericórdia, escrito pelo Papa Francisco. O Cardeal também falou de sua participação no

Sínodo sobre a família, em outubro. Membros da procuradoria da Mitra, entre eles os padres Zacarias José de Carvalho e João Júlio e o Doutor Leandro Machado, participaram do encontro para esclarecer dúvidas sobre a gestão arquidiocesana, a transparência da Cúria e a descentralização dos serviços. O contador José Olímpio Neto, da Fundação São Paulo, explicou aos párocos algumas questões da gestão financeira das paróquias e o cuidado fiscal. Dom Edmar Peron lembrou que o objetivo do Ano Santo é “tornar as comunidades, as paróquias, as pastorais, os movimentos, oásis de misericórdia”, e sinalizou que isso “é um caminho bem longo”, a ser percorrido mesmo após o fim do Jubileu da Misericórdia.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Cardeal Odilo Pedro Scherer com a carta pastoral “Misericordiosos como o Pai”

Arquivo pessoal

Núcleo São Mateus da Pastoral da Educação

No dia 14, os integrantes do Núcleo São Mateus da Pastoral da Educação da Região Episcopal Belém se reuniram para avaliar as atividades realizadas ao longo de 2015 e planejar as que deverão ocorrer em 2016. Peterson Prates

A coordenação e o conselho do Setor Pastoral Sapopemba reuniram-se no sábado, 21. Em pauta, a Campanha da Fraternidade de 2016, o Ano Santo da Misericórdia, a peregrinação da imagem de Nossa Senhora Aparecida, por ocasião dos 300 anos de seu encontro, o planejamento da 23ª Semana das CEBs e a Maratona Vocacional Setorial. Wallace Morais

Na quarta-feira, 18, no Centro Pastoral São José, uma comissão especial se reuniu para preparar o subsídio da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016 para grupos de rua, que terá como tema em destaque “Casa comum, nossa responsabilidade”.

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No domingo, 22, na Solenidade de Cristo, Rei do Universo, no encerramento do ano litúrgico, 65 jovens e adultos da matriz e das comunidades da Paróquia Nossa Senhora da Esperança, no Setor Pastoral Sapopemba, receberam o sacramento da Confirmação, durante missa presidida por Dom Joércio Gonçalves Pereira, bispo emérito de Coari (AM).

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Santana

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

Na busca de uma família sólida e feliz Diácono Francisco Gonçalves

Participantes da 8ª edição do encontro “Minha Família” posam para foto com fundadores da Comunidade Anjos da Vida

Inspirado no Sínodo sobre a família, realizado em outubro no Vaticano, aconteceu entre os dias 14 e 15, na Cúria Regional de Santana, a 8ª edição do encontro para casais “Minha Família”, da Comunidade Anjos da Vida. Segundo os organizadores, foram abordados diversos temas por meio de testemunhos de casais que viveram o drama do aborto, do divórcio, das drogas e do álcool. “Podemos testemunhar que, na realidade, todos desejam, por mais pesada que seja sua cruz, ter uma família sólida e feliz, dentro dos princípios cristãos. Um não à separação e ao divórcio e sim à gratuidade. Neste encontro, pela graça e misericórdia do nosso Deus, presenciamos muitas reconciliações”, afirmou Vanuza Velasco, fundadora da Comunidade Anjos da Vida (www.anjosdavida.org.br)

Um dia de cidadania na Paróquia Nossa Senhora da Livração O Conselho Nacional dos Leigos do Brasil (CNLB) e o núcleo da Cáritas da Região Episcopal Santana realizaram, no dia 14, na Paróquia Nossa Senhora da Livração, no Setor Pastoral Medeiros, o 3º Dia da Cidadania. O objetivo foi despertar os atendidos para a dignidade de filhos de Deus, com direitos e deveres na sociedade. Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, compareceu ao evento visitando as oficinas.

“Contamos com a parceria do Instituto Bombril, que inscreveu aproximadamente 45 pessoas para os cursos de Empregada Doméstica, Cuidador de Idoso e Cuidador Infantil. O Colégio Santana atendeu 105 pessoas para cortes de cabelo e limpeza de pele. Além disso, a doutora Simone Souza, cirurgiã dentista, orientou como se proceder na higiene bucal e entregou kits cedidos pela Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD)” informou Elizabeth dos Santos, do CNLB.

Hebe Nunes

Equipe do Colégio Santana durante o Dia da Cidadania na Nossa Senhora da Livração

Formações para a Campanha da Fraternidade de 2016 A Região Episcopal Santana, por meio do coordenador regional da Campanha da Fraternidade (CF) 2016, Frei Guilherme Anselmo, promoverá encontros setoriais de formação sobre a CF, nas seguintes datas: no sábado,

28, às 9h, para os setores Imirim, Casa Verde e Mandaqui, na Paróquia São Roque (rua João Roque, 114); no dia 5, às 9h, para os setores Santana, Vila Maria e Medeiros, na Paróquia Sant’Ana (rua Voluntários da Pátria, 2.060); e

no dia 12, às 9h, para os setores Tremembé, Jaçanã e Tucuruvi, na Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus (avenida Guapira, 2.055). “Pedimos o apoio e envolvimento especial das seguintes pas-

torais/movimentos: Pastorais Sociais em geral; Pastoral da Saúde; Fé e Política; Ecologia; Juventude; Ecumenismo”, convida Frei Guilherme, que está disponível para esclarecimentos pelo e-mail freiguilherme@inacianos.org.br.

Diácono Francisco Gonçalves

Diácono Francisco Gonçalves

Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, ministrou o sacramento da Crisma a 28 jovens e adultos da Paróquia Santa Joana D’Arc, no Setor Pastoral Tremembé, no dia 15, durante missa concelebrada pelo Padre José Roberto Abreu de Mattos, pároco, com a colaboração do diácono permanente Josmar Rodrigues Casemiro.

No sábado, 21, Dom Sergio de Deus Borges conferiu o sacramento da Crisma a 54 jovens da Paróquia Santa Rita de Cássia, no Setor Pastoral Vila Maria, em missa concelebrada pelo Frei Maciel Bueno, pároco. “Hoje, é o Pentecostes de vocês e recebendo o Espírito Santo vão ser sustentados até o fim nesta missão de implantação do Reino”, afirmou o Bispo.


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Fernando Geronazzo

Colaborador de comunicação da Região

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Com a relíquia de Santa Catarina junto aos doentes e pela avenida Paulista Uma pequena procissão chamou a atenção de quem passava pela avenida Paulista, cartão postal de São Paulo, na tarde do sábado, 21. O grupo de fiéis se dirigia ao Hospital Santa Catarina, na Bela Vista, levando consigo a relíquia da Padroeira, trazida pela primeira vez à capital para as comemorações dos 95 anos da Capela dedicada à virgem e mártir do final do século III. A relíquia de Santa Catarina de Alexandria é a única no Brasil, vinda do Monte Sinai e doada para o Governo do Estado de Santa Catarina no ano 2000. Trata-se de um fragmento de uma das costelas da Santa, que atualmente se encontra na capela ecumênica do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, em Florianópolis, capital daquele Estado. Na ocasião, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, presidiu missa, concelebrada pelo capelão do Hospital, Padre Alexandre Massariol, contando com a presença do arcebispo metropolitano da Igreja Ortodoxa Antioquina, Dom Damaskinos Mansour, e seu bispo auxiliar, Dom Romanós Daoud, além da presença do guardião da relíquia, o diácono Pedro Paulo Raimundo, da Igreja Greco-ortodoxa de Florianópolis. Dom Odilo, no início da celebração, afirmou que a presença da relíquia de Santa Catarina era ocasião para pedir intercessão dela por toda a congregação, pela comunidade ligada ao Hospital e demais obras relacionadas, sobretudo junto aos doentes e àqueles que se dedicam aos seus cuidados.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Relíquia de Santa Catarina de Alexandria à frente do presbitério em missa presidida por Dom Odilo, com participação de ortodoxos

Sinal de fé em meio à dor

Fundado em 1906, pela Irmã Beata Heinrich, religiosa da Congregação das Irmãs de Santa Catarina, pelo médico Walter Seng e pelo monge beneditino Dom Miguel Kruse, o Hospital Santa Catarina cuidava inicialmente de pacientes infecto-contagiosos, sempre valorizando o cuidado ao paciente, além do compromisso em prestar uma assistência integralizada, ou seja, o cuidado técnico e também espiritual. Atendendo a essa missão, anos depois, foi erguida a capela dedicada a Santa Catarina. A diretora geral do Hospital, Irmã Rute Redighieri, destacou, em entrevista, o valor histórico e espiri-

tual da capela como sinal de fé em um lugar muitas vezes marcado pela dor e sofrimento. “Diante de todas essas paredes, há muitos segredos, agradecimentos, choros, pedidos, momentos de espiritualidade. É aqui que as pessoas vêm depositar todos os seus anseios e desejos, principalmente os enfermos”, afirmou a Irmã, ressaltando, ainda, que foi uma “graça imensa” receber a relíquia da Padroeira durante as comemorações dos 95 anos da Capela, sendo um incentivo para continuarem firmes na missão.

A padroeira

Catarina nasceu em Alexandria, no Egito, no século III. Era uma jo-

vem bonita, inteligente e pagã, filha de Costus e Sabinela, reis da Cilícia. Tornou-se cristã por influência de sua mãe. Apesar de receber vários pedidos de casamento de homens nobres, Catarina recusou a todos, optando por se consagrar a Deus dedicando-se aos mais excluídos da sociedade. Condenada à prisão por ser firme na sua fé, Catarina foi instrumento de conversão para várias pessoas. Após 12 dias na prisão, foi condenada ao suplício em uma roda com facas. Não obtendo sucesso em tirar a vida de Catarina, o imperador condenou a jovem à decapitação. (Com informações do Hospital Santa Catarina)

Brasilândia

Ana Lúcia Contarelli

Colaboração especial para a Região

Em romaria com o Sagrado Coração de Jesus ao santuário em Itu (SP) Uma romaria até onde tudo começou. Esse foi o roteiro de aproximadamente 80 associados do Apostolado da Oração da Região Brasilândia na sexta-feira, 20, que foram ao Santuário Nacional do Sagrado Coração de Jesus, na cidade de Itu (SP), onde essa associação de fiéis iniciou atividades no Brasil, no ano de 1871, por iniciativa do Padre Bartolomeu Taddei, SJ. Quatro anos antes, em 1867, um pequeno grupo do Apostolado foi iniciado em Recife (PE), mas sem projeção nacional. Os participantes da romaria foram acolhidos pelo Monsenhor Durval de Almeida, reitor do Santuário, e participaram da missa presidida pelo

Padre Eliomar Ribeiro, diretor nacional do Apostolado. Padre Eliomar lembrou que o Apostolado da Oração surgiu na França para interceder e rezar pelas missões. “O Apostolado oferece todo dia as orações, obras, sofrimento, pensamentos, palavras, alegrias em reparação de nossas ofensas, em união com o coração de teu filho Jesus, que continua a oferecer-se a nós pela Eucaristia, para salvação do mundo. Que o Espírito Santo que guiou Jesus, seja nosso guia e nosso amparo, para que nós possamos ser testemunhas do teu amor. Com Maria, Mãe de Jesus e da Igreja, rezamos especialmente pelas intenções do Santo Padre”, disse o Padre.

Ana Lúcia Contarelli

Associadas do Apostolado na Região Brasilândia em missa no Santuário em Itu (SP)


22 | Geral |

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O sim à vocação despertada na infância Renata Moraes

jornalismorenata@gmail.com

Desde criança, eles pensavam em ser padres. Agora, após nove anos de for-

mação, os diáconos João Henrique Novo do Prado, 26, e Wellington Laurindo dos Santos, 32, serão ordenados sacerdotes pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, ar-

cebispo metropolitano, no sábado, 5 de dezembro, às 15h, na Catedral da Sé. Ao O SÃO PAULO, eles falaram sobre o caminho vocacional que percorreram.

‘Deus chama e acompanha’

‘Deus me conduziu por esta estrada’

Paulistano, João Henrique Novo do Prado sentiu o chamado à vocação sacerdotal ainda quando criança na Paróquia Nossa Senhora das Neves, na Região Santana. “Desde pequeno, mesmo sem saber o que era ao certo, eu sempre dizia que queria ser padre. Encantava-me ir à missa com minha família e ver aquele homem de Deus celebrando. Gostava de ver seus gestos e ouvir suas palavras. Na Catequese, descobri mais coisas sobre Deus e fiquei fascinado. Ingressando no grupo de coroinhas, pude estar mais próximo de Cristo no altar e do mistério. A partir daí, Deus foi me modelando e despertando para a vocação à vida sacerdotal”. Na adolescência, João até namorou, mas o chamado de Deus falou mais alto. Em 2006, o jovem participou de encontros vocacionais e com o apoio e as orações da família e amigos ingressou, em 2007, no seminário, aos 18 anos. “Deus chama e acompanha. No seminário, aprendi muitas coisas. Deixo esta etapa inicial da formação sendo, com toda a certeza, um ser humano melhor, um cristão melhor. Sou muito grato à Igreja e agradeço de maneira especial a todos os meus formadores, por terem me formado segundo o coração de Jesus”. João explica o lema sacerdotal que es-

Wellington Laurindo dos Santos, nascido em São Paulo, desde criança acompanhava seus pais na Comunidade Nossa Senhora Aparecida da Paróquia Santa Rita de Cássia, na Região Brasilândia. “Quando tinha 8 anos, vi a dedicação do Padre José Cássio da Costa, que ao deixar a nossa comunidade para servir na Bahia, ao final da última celebração, beijou o altar e passou por mim com um sorri-

colheu: “Que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30): “O sacerdócio bem vivido é aquele que é encarado como serviço e não como um status ou promoção pessoal, é Jesus, luz do mundo, quem tem que brilhar na vida das pessoas, de tal maneira que o padre é apenas o seu reflexo no mundo. Faço, então, dessa frase não só um lema, mas tentarei sempre fazer dela meu projeto de vida”.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Primeiras missas

so. Naquele momento, meu coração ficou inquieto e comecei a questionar as razões daquela alegria em servir a Deus como sacerdote. Foi quando me perguntei: Por que não ser padre?”. Welington namorou durante a adolescência. Em 2005, com a chegada do seminarista Adeildo Machado, hoje padre, à comunidade, Wellington visitou o seminário e decidiu-se pelo sacerdócio. “Depois de 15 anos, o chamado veio de uma forma mais forte, que fez lançar-me nas mãos de Deus. Confesso que estava com medo, mas Deus me conduziu por esta estrada”. Ingressante no seminário em 2007, foi ordenado diácono em 2014, diante de toda a família, incluindo seu pai, Antonio Laurindo dos Santos. “Após a ordenação diaconal, ele falou: ‘peço a Deus mais um ano de vida para ver meu filho sendo padre, mas se ele não me conceder, morro feliz, porque hoje eu o vi sendo ordenado diácono’. Deus preparou um lugar melhor para ele participar da minha ordenação presbiteral: um homem de fé que amo muito e estará lá no céu rezando por mim”. “Meu espírito exulta em Deus, meu Salvador” (Lc 1,47) é o lema sacerdotal do futuro padre. “Meu espírito se alegra por tudo que o Senhor fez na minha vida. Não sou digno de tantas graças, mas Ele, no seu imenso amor, olhou para minha pequenez e deposita em nossas mãos essa tão grande dádiva”, explicou.

Primeiras missas

Domingo, 6 de dezembro 10h – Casa Guadalupe, da Missão Belém (rua Doutor Clementino, 608, ao lado do Metrô Belém). 19h – Paróquia Nossa Senhora das Neves (avenida Maestro Villa Lobos, 681, Parque Vitória, próximo ao Metrô Tucuruvi).

Domingo, 6 de dezembro 10h - Comunidade Nossa Senhora Aparecida (rua Maria Nazaro da Silva, 214, Morro Grande). 19h - Paróquia Santa Rita de Cássia (rua João Melo da Câmara, 47, Vila Progresso).

Discípulos de Cristo, Rei e Senhor Cardeal Odilo Pedro Scherer

Arcebispo metropolitano de São Paulo

Com o Domingo de Cristo Rei, chegamos ao final do ano litúrgico, durante o qual celebramos na Liturgia os grandes Mistérios da nossa salvação e nos unimos a eles com fé. Assim, também nós acolhemos o amor de Deus criador, providente e salvador, que nos ama com amor infinito e nos atrai para a vida plena. A obra salvadora de Deus nunca é apenas um fato passado, mas envolve os homens e mulheres de todos os

tempos, nas circunstâncias próprias do tempo em que vivem. Fazendo “memória” do que Deus fez pela humanidade no passado, tomamos consciência daquilo que Deus continua a fazer também conosco, hoje e continuamente. O Domingo de Cristo Rei, no Brasil, é comemorado como Dia Nacional do Leigo. Quero, pois, saudar hoje especialmente todos os cristãos leigos e leigas, que participam com sua vocação própria na vida e na missão da Igreja. Os cristãos leigos são, no meio do mundo, na família, no vasto campo

das profissões e responsabilidades sociais, o fermento, o sal e a luz do Evangelho do Reino de Deus. Cabe-lhes, como pessoas de fé, orientar todas as coisas “segundo Deus” e “segundo Jesus Cristo Senhor”. Deus abençoe, fortaleça na fé, dê coragem e perseverança a todos os leigos e leigas da Arquidiocese de São Paulo para o testemunho do Evangelho na metrópole paulistana. Por meio deles, Cristo quer chegar a todos os cantos desta cidade imensa! Hoje [Domingo de Cristo Rei] também se abre a Campanha anual

para a Evangelização, promovida pela CNBB em todo o Brasil. Todos os batizados são discípulos e missionários de Jesus Cristo; somos todos evangelizadores e devemos fazer a nossa parte para que a missão de anunciar e testemunhar o Evangelho chegue a todos os homens. O Senhor Jesus, Rei da Glória, que um dia nos há de julgar, nos acompanhe em nossa missão comum de anunciar e testemunhar que seu reino de amor, justiça e paz já está no meio de nós. A Ele, a glória, o poder, a adoração e a ação de graças para sempre!


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| Geral | 23 Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Criada a primeira paróquia dedicada a São José de Anchieta na Arquidiocese partilhada por membros das capelas – comunidades Beato Oscar Romero e São Francisco de Assis, que agora passam a fazer parte da Paróquia São José de Anchieta. A missa de foi concelebrada por Dom Edmar Peron, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, pelo Padre Juliano Moroso, administrador paroquial, pelo Padre Everton Augusto de Souza, recém-nomeado vigário paroquial, e por outros sacerdotes convidados. Dom Odilo afirmou, na homilia, que a missão da paróquia é a vivência da Palavra de Deus, a santificação do povo e a prática da caridade pastoral. “A paróquia é mais que só as estruturas e organizações, é o povo de Deus reunido com o seu pastor”. O Cardeal recordou que as comunidades paroquiais são as comunidades dos cristãos e dos batizados, que se reúnem junto a Jesus. “A paróquia é o rebanho do Senhor reunido com seu pastor, sem ele não tem paróquia. Sem ele no meio, na frente, com os seus não é paróquia. A paróquia é um sinal visível daquilo que é a Igreja, os discípulos do Senhor reunidos com ele”, afirmou.

Instalada no Jardim Vera Cruz, na zona Leste da capital, a igreja deriva de comunidades nas casas e famílias Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com

Há 40 anos, as missas eram celebradas nas casas, nas praças e em um campinho de futebol no Jardim Vera Cruz, na zona Leste da capital. Padre Jose Augusto Machado Moreira, jesuíta, foi quem deu início à missão que formou a comunidade católica local, que unida construiu a igreja onde o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, no domingo, 22, presidiu missa e leu o decreto de criação da paróquia, a primeira na Arquidiocese que tem como santo padroeiro nada menos que São José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil, canonizado em abril de 2014 pelo Papa Francisco. A nova Paróquia foi desmembrada da Paróquia de Santa Adélia, também na Região Episcopal Belém. Aos 77 anos, Thereza de Oliveira Rosa Pinto faz um esforço de puxar pela memória as lembranças de uma época em que a comunidade aos poucos ia se formando e mutirões foram organizados para construir a Igreja que, agora, se tornou a matriz paroquial. Nesta igreja, à época em construção, ela conta, com orgulho, que celebrou as bodas de prata de seu casamento e seus filhos receberam a primeira comunhão. Atualmente, dona Thereza é ministra extraordinária da sagrada comunhão, tem netos e bisnetos e deseja que, com a constituição da nova Paróquia, mais pessoas se sintam chamadas a trabalhar na comunidade. “Há muito trabalho, precisamos de mais gente para trabalhar. A messe é grande e os operários são poucos”, constata, com o desejo de que os mais novos reassumam o trabalho de evangelização nas casas e das famílias. A felicidade de dona Thereza é com-

Juventude apostólica

Paróquia São José de Anchieta, erigida no domingo, 22, em celebração presidida pelo Cardeal Scherer, tem igreja matriz localizada no Jardim Vera Cruz, na zona Leste da capital; na missa, participação e presença dos jovens é um dos pontos marcantes

Não só pelas camisetas vinho que os jovens da Paróquia São José de Anchieta chamam a atenção. A quantidade e o entusiasmo apostólico também saltam aos olhos. A coordenadora do grupo Jaesi (Jovem aí está o seu irmão), Laurita Roque, 20, destacou que o que mais chama atenção na Paróquia é o desejo de servir que as pessoas possuem. “Todos nós aqui estamos dispostos a servir nossa Paróquia. Temos um anseio pelo serviço. Somos muito dedicados a nossa comunidade, tudo que temos aqui nós nos dedicamos ao máximo”, afirmou a jovem, que há mais de dez anos atua na Comunidade. Segundo Laurita, a elevação da condição de comunidade a paróquia representa um chamado e um impulso pastoral a todos os seus membros, para que seguindo os passos de seu Padroeiro, empenhem-se à evangelização.


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