Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 60 | Edição 3080 | 2 a 9 de dezembro de 2015
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No Ano da Misericórdia, Papa comunica esperança à África No continente africano, entre os dias 25 e 30, o Papa Francisco encontrou realidades em que a misericórdia e o diálogo se fazem urgentes diante da pobreza, dos extremismos religiosos
e dos diferentes conflitos. O Pontífice também viu muitos sinais de fé e comunicou a esperança nos países que visitou – Quênia, Uganda e República Centro-Africana. Neste
último, abriu uma porta santa, na Catedral de Bangui, no domingo, 29. “O Ano Santo da Misericórdia chega antes nesta terra”, afirmou.
Páginas 2, 12 e 13 L’Osservatore Romano
ENCONTRO COM O PASTOR
Os 270 anos da diocese de São Paulo Dom Odilo recorda a trajetória da diocese de São Paulo, criada em 6 de dezembro de 1745. O SÃO PAULO apresenta lista dos bispos e arcebispos que são parte da história da Igreja em São Paulo. Páginas 3 e 9
Dom Paulo: 70 anos de vida sacerdotal Na semana em que se comemoram os 70 anos da ordenação sacerdotal do Cardeal Arns, O SÃO PAULO mostra uma parte de sua biografia pouco conhecida: o trabalho como frei nos “sete morros abençoados” de Petrópolis (RJ). Página 23
Paranaguá (PR) se prepara para receber Dom Edmar Após seis anos como bispo auxiliar da Arquidiocese, Dom Edmar Peron foi nomeado pelo Papa como bispo da Diocese de Paranaguá (PR). A posse será no dia 17, às 19h30, na Catedral Diocesana Nossa Senhora do Rosário. Página 11
Natal dos Sonhos, com Jesus e na solidariedade Iniciativa da Pastoral do Menor da Arquidiocese, o Natal dos Sonhos proporciona que crianças carentes tenham garantido o direito de brincar. No sábado, 28, aconteceu um dia especial de arrecadação de brinquedos. Página 14
O diaconato e o serviço à caridade na Igreja No sábado, 12, às 15h, na Catedral da Sé, serão ordenados, para a Arquidiocese de São Paulo, 16 diáconos, sendo nove permanentes e sete transitórios, que têm na Igreja a missão do serviço da caridade junto aos necessitados. Francisco abre porta santa na Catedral de Bangui, na República Centro-Africana, no contexto do Ano Santo da Misericórdia, no domingo, 29
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2 | Ponto de Vista |
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Editorial
Os sinais de vida na sabedoria dos mais pobres A visita do Papa Francisco à África teve saldo positivo por vários motivos. Ao longo de sua peregrinação em solo africano, Francisco esteve em três países – Uganda, Quênia e República Centro-Africana. Do conjunto de seus discursos, aquele feito em Kangemi, bairro pobre localizado na periferia de Nairóbi, capital do Quênia, foi considerado o mais forte e emblemático e teve grande impacto na imprensa internacional. Naquele País, que possui paisagens exuberantes e grandes recursos naturais, Francisco denunciou com veemência, como era esperado, a injustiça social, cujas raízes estão na ganância humana e que ganha corpo na corrupção e nas desigualdades sociais. Esta divide e polariza a sua população, confinando a maioria em grandes favelas. Na visão de Francisco, a pobreza extrema é um campo fértil para o nascimento
e crescimento de grupos religiosos e políticos extremistas, uma vez que os jovens, sem acesso à educação, saúde, moradia digna e trabalho, ficam à mercê do proselitismo fanático de seitas, de “organizações criminosas ao serviço de interesses econômicos ou políticos” e que “utilizam crianças e jovens como ‘carne de canhão’ para os seus negócios ensanguentados”. Por mais que possam parecer clichês repetitivos aos ouvidos de muitos, as denúncias de Francisco sobre o que chamou de “marginalização urbana” são reais. O Quênia apresenta um dos maiores índices de concentração e desigualdade na distribuição de bens do planeta: 75% das riquezas estão nas mãos de apenas 1% da população. Como consequência, os bairros populares sofrem com a falta de acesso às infraestruturas e serviços básicos como fossas, esgotos, coleta de lixo, energia elétrica, estradas, escolas, hospi-
tais, centros recreativos, ateliês artísticos e até mesmo água potável. Segundo Francisco, em concordância com o que já havia dito João Paulo II na Exortação Apostólica Ecclesia in Africa, esses problemas “não são uma combinação casual de problemas isolados. São, antes, uma consequência de novas formas de colonialismo que pretendem que os países africanos sejam ‘peças de um mecanismo, partes de uma engrenagem gigantesca’”. Como parte desse novo colonialismo, Francisco também denuncia as pressões existentes para que os países africanos adotem “políticas de descarte, com a redução da natalidade”, que, segundo afirmou na Encíclica Laudato si’ pretende ‘legitimar o modelo distributivo atual, no qual uma minoria se julga com o direito de consumir numa proporção que seria impossível generalizar’ (Laudato si’, 50)”.
Em contraposição a esse estado de coisas, o Papa, logo no início de seu discurso, evidenciou a “sabedoria dos bairros populares” e mostrou o que os pobres têm a ensinar ao mundo. Uma sabedoria que nasce “de valores evangélicos que a sociedade opulenta, entorpecida pelo consumo desenfreado, parecia ter esquecido” e que, conforme citou o Papa, “exprime-se em valores como a solidariedade, dar a vida pelo outro, preferir o nascimento à morte, dar sepultura cristã aos seus mortos; oferecer um lugar para os doentes na própria casa, partilhar o pão com o faminto: ‘onde comem dez, comem 12’; a paciência e a fortaleza nas grandes adversidades etc (Equipa de Sacerdotes para as ‘Villas de Emergência’ (Argentina), Reflexiones sobre la urbanización y la cultura villera, 2010). Valores baseados nisto: cada ser humano é mais importante do que o deus dinheiro”.
Opinião
Esquecer o amor é desfazer-se do homem Arte: Sergio Ricciuto Conte
Ricardo Gaiotti Silva A sociedade internacional novamente se depara com inúmeros problemas que nos levam, inclusive, a desacreditar na possibilidade da construção de um mundo verdadeiramente humano, no qual as pessoas possam respeitar e lutar pelos direitos dos homens. Surge, então, o questionamento: o mundo tem solução? Qual é o remédio para o egoísmo e individualismo presente? A paz é possível? Foram justamente essas inquietações que levaram o Papa Bento XVI a apresentar, no Natal de 2005, sua primeira encíclica Deus Caritas Est – Deus é amor. O pontífice, naquele momento, apontava que a palavra “amor” estava cada vez mais sendo utilizada de forma descontextualizada. Além disso, o próprio nome de Deus – “amor” estava sendo associado a vingança, ódio e violência. Portanto, urgia no mundo, para o Papa, uma mensagem muito concreta sobre o significado e alcance do amor. De fato, o Papa Bento XVI traz consigo e nos comunica a esperança própria do amor, ou seja, uma esperança que parte do acolhimento do dom gratuito de Deus para com os homens. Uma vez que “Deus tanto amou o mundo, que lhe deu seu Filho único” (Jo 3,16), todos podem responder a esse dom, colaborando uns com os outros na construção de um mundo melhor.
A resposta a esse amor torna-se uma proposta concreta para a sociedade, gera concretamente a solidificação de valores almejados por todos como a fraternidade, a tolerância, a paz, a justiça, a honestidade etc. Assim, fundado na esperança própria do amor, o Papa Bento XVI nos apresentou um caminho de colaboração humana, tendo como ponto de partida a caridade. Por meio dela, toda a sociedade possui um caminho seguro na busca da paz, da justiça, da verdade.
O Papa Bento XVI nos ensinou ainda que o amor – caritas – é sempre necessário, mesmo na sociedade mais justa, pois não há qualquer ordenamento estatal justo que possa tornar supérfluo o serviço do amor. Quem quer desfazer-se do amor, prepara-se para se desfazer do homem enquanto homem. De fato, o amor não é uma utopia, mas sim uma resposta a um dom gratuito que recebemos. Isso nos impele a levá-lo para a vida pública, é em
meio à comunidade que somos destinados a viver o amor. Falar de uma atitude positiva das sociedades fundadas no amor se torna uma realidade concreta, um convite sábio e exequível na busca de um mundo melhor. Enfim, se queremos uma sociedade mais justa, devemos primeiramente acreditar no dom do amor. Acolhendo esse mistério, somos levados a corresponder ao amor, com um autêntico espírito de fraternidade, pois ela é o remédio que vence o egoísmo. Há uma proposta concreta à qual a sociedade pode se dirigir: a experiência do amor! A esperança é o amor! Como bem nos ensinou o Pontífice, só haverá paz na sociedade humana se o amor estiver presente em cada um dos membros, se em cada um se instaurar a ordem querida por Deus. A paz permanece palavra vazia de sentido se não se funda na ordem fundada na verdade, se não é construída segundo a justiça, alimentada e consumada na caridade, realizada na liberdade, ou seja, enraizada no amor. Quem quer desfazer-se do amor, prepara-se para se desfazer do homem enquanto homem! Ricardo Gaiotti Silva é Juiz Eclesiástico no Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de Aparecida. Mestrando em Filosofia do Direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mestrando em Direito Canônico na Universidad Pontífica de Salamanca, na Espanha.
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
Semanário da Arquidiocese de São Paulo
Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Renata Moraes • Institucional: Rafael Alberto e Fernando Geronazzo • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Maria Aparecida Ferreira • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.
cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
N
o dia 6 de dezembro de 2015, a diocese (arquidiocese) de São Paulo comemora seu 270º aniversário de criação. Não é um “jubileu”, mas é uma data significativa e vale a pena recordar: fazer a memória ajuda a reatar a história que escrevemos no presente com aquela escrita por aqueles que nos precederam. Em 1551 foi criada a primeira diocese do Brasil, com sede em São Salvador da Bahia: foi apenas quatro anos antes que São José de Anchieta chegasse com outros Jesuítas ao Planalto de Piratininga, para dar início à missão “São Paulo Apóstolo” e a cidade de São Paulo. São Paulo pertenceu ao bispado de Salvador até 1575, quando foi criada a prelazia de São Sebastião do Rio de Janeiro, elevada em diocese em 1676: a partir de então, São Paulo passou à jurisdição do bispo do Rio de Janeiro. Em 6 de dezembro de 1745, com a bula pontifícia Candor Lucis Aeternae (“O resplendor da luz eterna”...), o Papa Bento XIV criou a diocese de São Paulo; o bispado
São Paulo 270 anos de diocese foi instalado oficialmente em 7 de agosto de 1746 e a Catedral foi posta, já naquela ocasião, sob o patrocínio de Nossa Senhora da Assunção e de São Paulo. A extensão territorial era imensa e abrangia toda a área que, atualmente, faz parte dos Estados de São Paulo, Paraná, parte de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Sul de Minas Gerais. A população ainda era muito escassa nesta região, que hoje tem a cerca de cem dioceses! De 1746 a 1908, a diocese de São Paulo teve 12 bispos diocesanos; um outro havia sido nomeado, em 1793, mas não chegou a tomar posse. No dia 7 de junho de 1908, o Papa São Pio X elevou a diocese de São Paulo em sede metropolitana, criando a província eclesiástica homônima com mais outras cinco dioceses, criadas no mesmo dia. Até essa data, todo o Estado de São Paulo formava uma única diocese. Dom Duarte Leopoldo e Silva, que já era bispo de São Paulo por alguns anos, foi o primeiro arcebispo e governou a arquidiocese até 1938; depois, já foi sucedido por mais seis arcebispos: Dom José Gaspar d’Afonseca e Silva (1939 a 1943); Cardeal Dom Carlos Carmelo de
Vasconcelos Motta (1944 a 1964); Cardeal Dom Agnelo Rossi (1964 a 1970); Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns (1970 a 1998); Cardeal Dom Cláudio Hummes (1998 a 2006); Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer (desde 2007). Durante os 270 anos de sua história, a diocese de São Paulo passou por enormes transformações, que também estão relacionadas com as mudanças sociais, demográficas, econômicas, culturais e também religiosas. De Igreja “interiorana”, ela precisou confrontar-se com o surgimento rápido da Metrópole e com todos os desafios daí decorrentes. E não é diferente hoje, quando ela procura ser “testemunha de Jesus Cristo” na complexidade da grande cidade. O 270º aniversário acontece às vésperas de dois jubileus: dia 8 de dezembro comemoram-se os cinquenta anos da conclusão do Concílio Ecumênico Vaticano II; na mesma data, o Papa Francisco faz a solene abertura do Jubileu extraordinário da Misericórdia. Toda essa conjuntura nos leva a renovar os propósitos da missão da Igreja em São Paulo e a confiar, ainda mais, na ação misericordiosa de Deus em favor do povo de São Paulo.
| Encontro com o Pastor | 3
Início do Advento Luciney Martins/O SÃO PAULO
No domingo, 29, o Cardeal Scherer presidiu missa na Catedral da Sé na abertura do Advento. Na ocasião, também se comemorou os 70 anos da ordenação sacerdotal do Cardeal Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo (leia mais na página 23).
Ordenações em dezembro Neste mês, o Cardeal presidirá a ordenação sacerdotal dos diáconos transitórios João Henrique Novo do Prado e Wellington Laurindo dos Santos, no sábado, 5, às 15h, na Catedral da Sé. No dia 12, também às 15h, haverá a ordenação de 16 novos diáconos para a Arquidiocese. No mesmo dia, às 10h, o Cardeal presidirá na Catedral missa pela festa de Nossa Senhora de Guadalupe, com a participação de um coral latino-americano e o canto da “Missa Criolla”.
Jubileu extraordinário da Misericórdia No domingo, 13, haverá o início do Jubileu extraordinário da Misericórdia na Arquidiocese, com a abertura solene da Porta Santa das seis igrejas destinadas às peregrinações no Ano Santo. Na Catedral da Sé, a abertura será realizada na missa das 11h, precedida de uma concentração e procissão, a partir do Páteo do Colégio, às 10h. Nas outras cinco paróquias, a solenidade será às 15h: Paróquia Sant´Ana, Paróquia Nossa Senhora da Expectação, Paróquia Nossa Senhora da Lapa, Paróquia-santuário São Judas Tadeu e Paróquia Nossa Senhora do Sagrado Coração. (por Daniel Gomes)
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4 | Fé e Vida |
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Liturgia e Vida Você Pergunta Que pecados me impedem de comungar sem antes confessá-los? A alegria 2º DOMINGO DO ADVENTO 6 DE DEZEMBRO DE 2015
no Senhor
padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br
ANA FLORA ANDERSON O segundo domingo do Advento faz refletir sobre Deus que é o Guia e a Alegria de seu povo. Na primeira leitura (Baruc 5, 1-9), o profeta nos diz que o tempo de aflição está passando e que a vinda de Deus nos revelará a sua glória. Deus dará ao seu povo um nome novo, uma nova maneira de ser. Deus nos reunirá e nos apontará um caminho mais seguro. São Paulo revela a vocação dos cristãos (Filipenses 1, 4-5.811). Devemos ser pregadores do Evangelho. Vivendo em comunhão, o nosso amor crescerá sempre mais. Esse amor nos fará aprofundar nosso conhecimento e nosso discernimento. Estaremos prontos para o dia de Cristo. O Evangelho de São Lucas (3, 1-6) coloca o ministério de João Batista dentro de seu tempo histórico. No coração do Império Romano e seu culto ao Imperador, a Palavra de Deus se dirige a João Batista no deserto. Este grande profeta passa por toda a região do Rio Jordão anunciando que todos devem se batizar e se converter. João baseia sua pregação nas palavras do profeta Isaías, esclarecendo que sua vocação consiste em preparar os caminhos para a vinda do Senhor. Na nova evangelização, devemos descobrir os obstáculos que impedem que o povo unido em fraternidade caminhe até chegar à plenitude das promessas de Deus.
A Renata Aparecida, da Vila Prudente, quer saber que pecados exigem a confissão para poder comungar. A doutrina da Igreja é clara, Renata: nós precisamos estar em estado de graça. Não está em estado de graça, portanto, quem cometeu um pecado mortal. E o que é “pecado mortal”? Aquele pecado que destrói a graça de Deus em nós. E como saber? Basta refletir sobre os dez mandamentos. Você abandonou sua fé, deixou de amar a Deus sobre todas as coisas? Afastou-se dos irmãos na fé? Sim? Então, não comungue antes de confessar. Você blasfemou, não honrou o nome de Deus? Ridicularizou as coisas sagradas? Usou em vão o nome de Deus para fazer gracinha, para justificar uma mentira? Não comungue sem se confessar. Você, por preguiça, má vontade, falta de fé não vai à missa há várias semanas, meses, anos? Não comungue sem se confessar. Você magoou profundamente seus pais, não respeitou sua família, não cumpriu seu dever de pai, de mãe? Amaldiçoou um filho porque ele o magoou? Antes de comungar, reconcilie-se com Deus. Você feriu alguém, desprezou o outro discriminou alguém, tratou com indiferença ou desprezo uma pessoa por ser negra, por ser pobre, por ser homossexual, por ser uma moradora de rua? Não comungue. Vá se confessar primeiro. Você desrespeitou seu corpo ou o corpo do outro no sexo, fora do casamento? Você contribuiu para que uma mulher ou um homem se prostituísse? Você morbidamente vive do sexo e para o sexo? Como vai querer comungar sem se confessar? Você se apoderou de alguma coisa que não é sua? Foi injusto ao pagar o salário a alguém? Você explora o trabalho de alguém? Você rouba descaradamente sua firma, seu patrão, seus pais? Meu Deus,
você só pode comungar se se confessar. Você mentiu, acusou falsamente alguém, destruiu com palavras a dignidade do outro, insultou, ridicularizou alguém? Não comungue sem se confessar. Você não é fiel ao “sim” que deu diante de Deus à sua esposa, ao seu marido? Você olha para o outro não com o olhar fraterno, mas com o olhar do desejo, do sexo? Não, não! Não comungue! Reconcilie-se com Deus primeiro. Você não está contente com o que tem? Você não se alegra com o que tem e fica triste porque o outro tem algo que você não tem? Você procura ter as coisas a qualquer preço, mesmo pecando contra a
justiça? Confesse-se primeiro e depois vá comungar. Ah, para terminar: se na confissão não houver o desejo de conversão, de mudança de vida, de acertar sua vida com a vontade de Deus... desista da comunhão, viu? Até que o Senhor converta o seu coração. Renata, eu acho que não precisava eu ter dito tudo isso a você. Sabe por quê? Porque todos nós sabemos quando não estamos preparados para comungar. É que tem uma coisa que nos mói e remói e nos tira a paz, chamada consciência. Resumindo tudo, a gente pode dizer: Se seu coração não está em paz... não comungue. Vá se confessar primeiro. Divulgação
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Espiritualidade A Comunhão dos santos Dom Eduardo Vieira dos Santos
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Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé
elebramos no início de novembro a Solenidade de Todos os Santos e proclamamos que o número de santos e santas é muito maior do que aqueles que são reconhecidos e fazem parte oficialmente do calendário litúrgico. Existiu e existe muita gente boa que, na simplicidade da vida, vive os valores do Evangelho e se santifica. Essa solenidade nos recorda a comunhão dos santos, um dos artigos de nossa fé, que é pouco comentado na Liturgia e na Catequese. Para falar de comunhão, nós partimos da comunhão trinitária, na qual a perfeição divina é comum às três pessoas divinas. Como na Trindade tudo é partilhado, também para nós que somos imagem da Trindade, se apresenta o modelo de partilha.
Mas o que partilhamos? Apenas poderia desmoronar pela indifeos bens da terra? Não. Partilha- rença e desamor do homem. Na mos o amor e o perdão. cruz, o pecado foi definitivamenÀ medida que nos deixamos te vencido, porque nela se manitransformar por Cristo, desco- festou o amor misericordioso de brimos que Cristo partilhou tudo Deus. Na cruz aconteceu o choconosco e aprendemos também a que entre o amor e o desamor, e partilhar com os outros com mais Cristo venceu com seu amor todo naturalidade e constância, mesmo o desamor do homem. que no princípio nos custe amor, Deus vence o desamor pelo paciência, tolerância e, princi- perdão e reorienta nossa vida. palmente, o perdão. Devagarzinho, vaComo na Trindade tudo é mos participando partilhado, também para nós que dos mesmos sen- somos imagem da Trindade se timentos de amor apresenta o modelo de partilha. e serviço de Jesus Mas o que partilhamos? Apenas os Cristo, os quais se bens da terra? Não. Partilhamos o resumem em comu- amor e o perdão nhão e perdão. Deus partilha conosco seu Essa é a grande mensagem do amor e perdoa nossos pecados, Evangelho. O rosto de Deus é porque o pecado é a negação do amor e misericórdia. Nós não amor. Se não houvesse o perdão devemos nos preparar apenas dos pecados, seria impossível a para acolher o amor misericorsantidade e a comunhão dos san- dioso de Deus, mas para sermos tos. aos nossos irmãos e irmãs amor Entre nós e Deus se interpôs e perdão. A comunhão dos sano pecado, é verdade, mas o amor tos se dá na misericórdia e no misericordioso de Deus supera a perdão de Deus para conosco e, negação do amor, que tem origem de nossa parte, para com nossos no homem. O amor de Deus não irmãos e irmãs.
| Fé e Vida | 5
Fé e Cidadania Justiça cega?
Cônego Antonio Manzatto A representação antiga vislumbrava a justiça como uma senhora cega que, exatamente por não enxergar, no momento de decidir não estaria sujeita a certas susceptibilidades como a aparência dos requerentes, por exemplo. Então, ela não privilegiaria os ricos e nobres em detrimento dos pobres, mas se ateria ao princípio que justifica sua existência: justiça. Dali derivou a percepção de que todos são iguais perante a lei, um dos princípios que rege a democracia moderna. A justiça paulista é célere em sentenças sobre reintegração de posse. São Paulo é um dos estados em que esse tipo de decisão é numericamente bastante significativa. Os juízes paulistas são favoráveis ao direito de propriedade e rápidos na indicação da decisão que termina o conflito ou deve terminá-lo. Há alguns dias, assistimos à aplicação do mesmo princípio na questão das ocupações das escolas públicas feitas por estudantes, que assim se manifestavam contra a proposta do governo do Estado de reformar o sistema educacional paulista. Logo em seguida, outro juiz, mais equilibrado, mandou suspender a decisão tentando, ainda, conciliação. Independentemente do acerto das decisões, chama a atenção a rapidez da ação da Justiça. Que ela deva ser rápida, não há dúvidas a respeito. Muitas são as queixas contra a lentidão da Justiça que precisa, efetivamente, de tramitação e decisões rápidas para ser justiça. Exatamente em vista disso, chama a atenção o fato noticiado recentemente pela imprensa de que há um ano o processo sobre o chamado “trensalão” em São Paulo está parado no Ministério Público Federal. A formação de cartel na compra de trens foi investigada pela Polícia Federal que apurou fatos ocorridos entre 1998 e 2008 em São Paulo e denunciou algumas pessoas por crimes de corrupção ativa e passiva. Mas o processo não andou e o promotor diz ainda aguardar documentos, segundo as informações. A luta contra a corrupção tem sido um dos poucos pontos consensuais na cena brasileira neste ano. Todos são contra a corrupção, e as ações da Operação Lava Jato causaram impacto nesse sentido, sempre com a devida cobertura midiática. A formação de cartel nas operações da Petrobrás é bem grave, mas a formação de cartel na compra de trens em São Paulo parece ser de outra ordem. Não é demais lembrar que os partidos políticos envolvidos em um e outro caso são diferentes. A questão é que os crimes prescrevem em 16 anos. Assim, as ações criminosas realizadas em 1998 e 1999 já prescreveram, as de 2000 prescrevem agora e assim sucessivamente. Talvez os documentos aguardados pelo procurador cheguem quando prescreverem os últimos atos investigados. A Justiça era cega para decidir com equidade. Aqui parece que ela é cega porque não enxerga nada.
6 | Viver Bem |
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Comportamento
A família no Ano Santo da Misericórdia Valdir Reginato preso para poder amar. É um lar de Nazaré, onde Maria e José dever o zelo de enterrar os en- viviam na simplicidade aquilo Quando se pergunta a al- tes queridos que nos deixam em que seria anunciado pelo seu Figuém sobre o que são as obras momentos esperados ou repen- lho Jesus, no Evangelho. Como de misericórdia, frequentemen- tinos da vida para encontrarem- não imaginar Maria ajudando te, dentre as mais recordadas se em definitivo com o Senhor. aos famintos e sedentos, vestindo estão a dar de comer aos famin- Cumprimos todas as obras em os maltrapilhos e acolhendo os tos e visitar os doentes e prisio- família, e a partir da família nos peregrinos e doentes. Como deneiros, como se lê no Evangelho sentimos mais impulsionados a veria José estar atento aos amigos de Mateus (25, 34-46). Isso leva levá-las para o mundo, em tan- em sofrimento e organizando a a pensar que é necessário visitar tas ocasiões que se apresentam. despedida daqueles que partiam Como as mencionadas obras para o Pai. Hoje e sempre, nos presídios e hospitais, nem sempre ambientes atraentes a todas corporais, também as espiritu- sentimos filhos dessa Sagrada Faas pessoas. Algumas encontram ais, menos faladas, podem de- mília que nos aconselha, ensina, reais dificuldades pessoais para senvolverem-se na pratica do corrige e consola. E intercedem tanto e chegam a lamentar não seio familiar. Dar bom conselho junto do Pai que nos perdoa. estar vivendo as obras pedidas a uma filha que não está bem no Sofrem pacientemente conosco namoro, ou ao irmão que se vê e permanecem rogando a Deus por Cristo. De fato, é importante que se tentado a entrar por caminhos por todos os seus amados filhos visite hospitais e presídios, se ilícitos. Ensinar os ignorantes, vivos em união aos que já partiexistem condições com esfor- que pode ser uma funcionária, ram. ço pessoal e a graça divina. No que não pôde na entanto, é possível viver todas infância apren- É justo que se visitem as obras de misericórdia, muitas der. E enquanto os presos, que poderão vezes sem sair de casa, no pró- ensinamos a ler, prio ambiente familiar. É lá, no aprende-se de- ser parentes e amigos cotidiano, que nos esquecemos les uma história ou desconhecidos em de iniciar as nossas boas obras de vida. Corrigir presídios, mas também aguardando ocasiões especialís- com caridade os simas que não chegam. Nasce que erram, valo- existem muitos presos em casa, na educação dos filhos, rizando o que for fora dos presídios, nessas acorrentados às suas com pais desejosos de aproxi- possível má-los de Cristo, mostrar a ne- ações enquanto cessidade de compartilhar o que um aprendiza- tristezas, em solidão e temos de comer e de beber com do para o bem. pessimismos os mais necessitados, às vezes Não esquecer os Mais uma vez, nos dirigimos vizinhos próximos. O mesmo desconsolados, aflitos por moquando doamos roupas, já fora mentos difíceis como a perda de à gruta de Belém. Desta vez, indo tamanho porque cresceram, e um amigo ou familiar próximo, centivados pelo Papa Francisque podem estar em bom estado diante do desemprego, ou de dí- co a levarmos ao Menino Deus de uso para vestir terceiros. Aco- vida a pagar. Demonstrar o per- como presente de Natal às noslher os amigos e parentes de ou- dão diante dos que injuriarem, sas obras de misericórdia, neste tras cidades que nos visitam; Ter como Cristo soube levar a cruz. Ano Santo que se inicia em 8 de maior atenção com alguém que Assim, aprenderemos a sofrer, dezembro. Que cada ocasião que se encontra enfermo na família; com paciência e serenidade, as se apresente seja nossa a atenção ou passar o sábado com a vovó, fraquezas do nosso próximo, es- para com o próximo. E se as ajudando-a, pois já não pode se perando que possa se reconciliar tribulações da vida do homem levantar sozinha. É justo que se com Deus. Como o ar que res- velho nos fizerem escapar, que visitem os presos, que poderão piramos a todo instante, estare- Maria e José nos ajudem a recoser parentes e amigos ou des- mos rogando a Deus por aqueles meçar, uma vez mais e sempre, conhecidos em presídios, mas com quem convivemos e pelos renovados, pela alegria do nascitambém existem muitos presos defuntos que já participaram da mento do Senhor, fonte de toda fora dos presídios, acorrentados família, esquecendo o rancor, misericórdia. às suas tristezas, em solidão e agradecendo os bons exemplos e Dr. Valdir Reginato é médico de família, pessimismos. São livres das gra- alegrias passadas. professor da Escola Paulista de Medicina des, mas estão com o coração e terapeuta familiar. Todas essas ações estavam no
Cuidar da Saúde
Limpar os ouvidos pode ser um risco Cássia Regina Você sabia que usar aquelas hastes de plástico com pontas cobertas por algodão, o popular cotonete, faz mal aos ouvidos? A cera que é produzida nos ouvidos serve para proteção contra fatores
externos, como corpo estranho e som muito alto. E somente deve ser retirada a cera em excesso. Ao usar cotonete, além de retirar toda cera, você pode estar empurrando -a para o fundo do ouvido, provocando diminuição da audição, dor e zumbido, fazendo com que mui-
tas vezes, seja preciso a lavagem para melhorar. O ideal é retirar apenas o excesso com a ponta da toalha após o banho. Caso apresente algum desses sintomas, procure um otorrinolaringologista. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF)
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Vigília Universitária de Natal O Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade convida para a Vigília Universitária de Natal que acontecerá na sexta-feira, 11, às 20h30, com missa presidida por Dom Carlos Lema Garcia, bispo Auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e a Universidade, após a qual haverá vigília de Adoração ao Santíssimo Sacramento até às 5h do sábado, 13, com momentos de confissões, meditação e música. A Vigília será na Paróquia-santuário Nossa Senhora de Fátima (avenida Dr. Arnaldo, 1.831, próximo ao metrô Sumaré – a partir das 23h, a entrada será pela rua Frei Ignácio Gau, 121). Outras informações pelo telefone (11) 3660-3747 ou pelo e-mail vicariatoedu.arquisp@pucsp.br
Pastoral da Saúde Agentes assumem compromisso de fé e ação na metrópole Arquivo pessoal
Padre João Mildner com agentes da Pastoral
A Pastoral da Saúde arquidiocesana teve agenda cheia de atividades nos últimos dias, sob a supervisão do Padre João Inácio Mildner, assistente eclesiástico da Pastoral na Arquidiocese de São Paulo. Na sexta-feira, 27, os integrantes da Pastoral participaram de uma mobilização no centro da cidade, que alertou a população sobre os cuidados para conter o avanço de casos de dengue na capital paulista. Em todo o País, de janeiro a 14 de novembro, 1,5 milhão de pessoas foram diagnosticadas com dengue, um aumento 176% em relação ao mesmo período do ano passado, conforme dados do Ministério da Saúde. Na Catedral da Sé, na manhã do sábado, 28, Padre João Mildner presidiu missa em ação de graças pelo encerramento dos cursos da Pastoral da Saúde nas seis regiões episcopais, que formou 94 novos agentes ao longo de 2015. Já no domingo, 29, alguns integrantes da Pastoral participaram do seminário da Coalização Inter-Fé Saúde e Espiritualidade, que teve por tema “Capelania Hospitalar – Desafios e Oportunidades”. Na oportunidade, Padre João Mildner participou de uma mesa de diálogo com o Dr. Marcelo Saad, sobre os modelos existentes de apoio religioso nos hospitais, com mediação do Cônego José Bizon, do diálogo ecumênico e inter-religioso da Arquidiocese de São Paulo. Padre João Milder destacou que o encontro de caráter inter-religioso sobre a assistência espiritual nos hospitais foi um evento inédito no Brasil.
| Geral/Pastorais | 7
Dom Odilo recorda os 270 anos de criação das dioceses de São Paulo e de Mariana REDAÇÃO
osaopaulo@uol.com.br
As dioceses/arquidioceses de Mariana (MG) e de São Paulo comemoram no domingo, 6, seus 270 anos de criação, por meio da Bula Pontifícia “Candor Lucis Aeternae”, do Papa Bento XIV, no ano de 1745.
Por conta da data, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, enviou mensagem (leia a íntegra abaixo) a Dom Geraldo Lyrio Rocha, arcebispo de Mariana (MG), no domingo, 29, na qual comenta que não é esquecido o laço de origem que une das duas dioceses/arquidioceses. Dom Odilo também manifesta solidariedade pela
tragédia que assolou Mariana e outras cidades próximas após o rompimento de uma barragem de rejeitos. “Aqui, de São Paulo, queremos manifestar nossa solidariedade para com todas as pessoas atingidas, especialmente às famílias que tiveram graves perdas de patrimônio e até de pessoas queridas, perecidas no desastre”. Reprodução
Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo
8 | Pelo Mundo |
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Destaques das Agências Internacionais
Filipe David
Correspondente do O SÃO PAULO na Europa
Líbia/ Tunísia
Estado Islâmico cria raízes Engana-se quem pensa que o grupo Estado Islâmico está presente somente na Síria e no Iraque. Também na Líbia, quatro anos após a derrocada do governo de Muammar al-Qaddafi, durante a “primavera árabe”, o grupo começa a formar raízes. Em junho, o grupo tomou o controle de Sirte – na costa mediterrânea, a apenas 500 quilômetros da Europa – sem nenhuma resistência. Hoje, o grupo já controla um território que vai dos seus 200 quilômetros de costa – com direito a um porto – até dentro do deserto. Ele também controla um aeroporto e uma central hidrelétrica. O número de combatentes já ultrapassa 2 mil e não para de aumentar, vindos do sul e utilizando o porto para importar armas. A população de Sirte, inicialmente com 70 mil pessoas, hoje está reduzida a menos
Fethi Belaid/ AFP/ Getty Images
Cerimônia na Tunísia pelos guardas presidenciais mortos no ataque terrorista na cidade de Tunis
de 20 mil, devido à fuga em massa da cidade. Dos que permaneceram, os suspeitos de traição são crucificados, as mulheres são obrigadas a usar o nicabe – o véu que
cobre totalmente o rosto – e devem estar sempre acompanhadas de um homem. A situação na Líbia não ajuda. O País está em guerra civil e possui mais de um
governo concorrente. Além do Estado Islâmico, o Congresso Geral Nacional (CGN) – partido vencido nas eleições de 2014, dominado pela Fraternidade Islâmica e contando com o apoio do Qatar, do Sudão e da Turquia – também desafia o governo eleito democraticamente e reconhecido pela comunidade internacional. Na Tunísia, país vizinho da Líbia, um atentado terrorista de um “homem-bomba” provocou a morte de 13 pessoas. O ataque – na cidade de Tunis, capital econômica do País – foi contra um ônibus que transportava guardas presidenciais e aconteceu com mais de 10 quilogramas de explosivos militares. O Estado Islâmico assumiu a autoria do atentado. Fontes: Le Figaro/ The Guardian
Turquia/ Rússia/ Síria Avião russo é abatido na fronteira da Turquia com a Síria A Turquia abateu, no dia 24, um avião militar russo em sua fronteira com a Síria. Segundo os turcos, o avião estava em espaço aéreo turco e foi advertido mais de uma vez antes de ser abatido. Já os russos afirmam que o avião jamais entrou no espaço aéreo turco e não foi advertido antes de ser derrubado. É a primeira vez, desde o fim da guerra fria, que um incidente desse tipo acontece entre a Rússia e um país membro da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte – aliança encabeçada pe-
los Estados Unidos, criada em 1949 para se contrapor ao poderio soviético). Após o abate, o piloto foi morto por rebeldes sírios que lutam – com o apoio da Turquia – contra o presidente Bashar al Assad. O copiloto sobreviveu e foi resgatado. O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou uma série de medidas econômicas punitivas contra a Turquia, mas é provável que a crise não se prolongue por muito tempo, devido aos interesses em comum dos dois países: a Rússia fornece
mais da metade do consumo de gás da Turquia, ao mesmo tempo que a utiliza para driblar as sanções europeias e norte-americanas (em represália à anexação da Criméia, em março de 2014); a Turquia também precisa do apoio russo para impedir a formação de um estado curdo independente, já que ela teme os separatistas curdos presentes em seu próprio território e que são vistos como terroristas. O conflito entre os dois países tem como pano de fundo o apoio russo ao
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Fontes: BBC/ Reuters/ Mirror/ DW/ Haaretz
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presidente sírio Bashar al-Assad e o apoio turco a grupos rebeldes que o combatem. Os países, no entanto, estão em princípio de acordo para bombardear as posições do Estado Islâmico na Síria e a ambos interessa uma solução rápida para o conflito sírio. Diversos países – incluindo a França, após os atentados de Paris – têm pedido à Rússia para concentrar seus bombardeios em alvos do Estado Islâmico e não atacar outros grupos que se opõem ao presidente sírio.
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| Reportagem | 9
São Paulo celebra 270 anos como diocese Apesar de a Igreja estar presente na cidade desde sua fundação, Bispado só foi criado em 1745; em 1908, foi elevada a Arquidiocese e sede de Província Eclesiástica Rafael Alberto e Fernando Geronazzo Especial para o são paulo
N
o próximo domingo, 6, a Arquidiocese de São Paulo celebra 270 anos de criação como diocese. A história da Igreja Católica em São Paulo, no entanto, se confunde com a história da própria cidade – que foi fundada por uma missão religiosa jesuíta em janeiro de 1554 e tem, portanto, 461 anos. Até 1745, São Paulo pertencia à
Diocese do Rio de Janeiro e, com a Bula “Candor Lucis Aeternae” (“Candor da Luz Eterna”), do Papa Bento XIV, foi elevada à sede de Bispado. Desde então, São Paulo teve 12 bispos e sete arcebispos (em 1908, tornou-se arquidiocese e sede metropolitana da Província Eclesiástica de São Paulo). Com a mesma Bula, foram criadas a Diocese de Mariana e as Prelazias de Cuiabá e Goiás. Em carta a Dom Ge-
raldo Lyrio da Rocha, atual arcebispo de Mariana (MG), o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, recorda “o laço da origem comum” que une as duas Igrejas e reafirma a solidariedade pela tragédia ambiental no Rio Doce (leia na página 7). Nesta página, trazemos a galeria dos bispos e arcebispos que conduziram, ao longo destes 270 anos, a Igreja Particular de São Paulo. Fotos: Museu de Arte Sacra e Arquivo jornal O SÃO PAULO
Dom Bernardo Rodrigues Nogueira
Dom Frei Antônio da Madre de Deus Galrão 2º Bispo (1749-1764)
3º Bispo Diocesano (1771-1789)
5º Bispo Diocesano (1795-1824)
6º Bispo Diocesano (1827-1847)
Dom Antônio Joaquim de Melo
Dom Sebastião Pinto do Rego
Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho
Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti
Dom Antônio Cândido de Alvarenga
1º Bispo Diocesano (1746-1748)
Dom Frei Manuel da Ressurreição
Dom Mateus de Abreu Pereira
Dom Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade
7º Bispo Diocesano (1852-1861)
8º Bispo Diocesano (1862-1868)
9º Bispo Diocesano (1871-1894)
10º Bispo Diocesano (1894-1897)
11º Bispo Diocesano (1899-1903)
Dom José de Camargo Barros
Dom Duarte Leopoldo e Silva
Dom José Gaspar d’Afonseca e Silva
Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta
Cardeal Agnelo Rossi
12º Bispo Diocesano (1903-1906)
1º Arcebispo (1907 - 1938)
2º Arcebispo (1939-1943)
Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns
Cópia manuscrita da Bula “Condor Lúcis Aetemae” de criação da Diocese de São Paulo
5º Arcebispo (1970-1998)
3º Arcebispo (1944-1964)
Cardeal Cláudio Hummes
6º Arcebispo (1998-2006)
4º Arcebispo (1964-1970)
Cardeal Odilo Pedro Scherer
7º Arcebispo (desde 2007)
* Dom Miguel da Madre de Deus da Cruz, 4º Bispo Diocesano (1793), com problemas de saúde não tomou posse
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Renata Moraes e daniel gomes
Destaques das Agências Nacionais
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CNBB lamenta o desastre em Mariana e diz não à privatização de presídios Em entrevista coletiva na quinta-feira, 26, a CNBB divulgou nota sobre o rompimento da Barragem de Fundão, ocorrido no dia 5 de novembro, no subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG). No texto, os bispos dizem que “a atividade mineradora no Brasil carece de um marco regulatório que tire do centro o lucro exorbitante das mineradoras ao preço do sacrifício humano e da depredação do meio ambiente com a consequente destruição da biodiversidade”. Dom Leonardo Ulrich Steiner, bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, falou sobre os impactos da tragédia, entre os quais a ruptura da cultura local e das relações entre as pessoas. Segundo o Bispo, a vivência da fé pode “ajudar muito, não para minimizar o drama e a dor, mas para poder construir esperança”. “O homem e a mulher da fé vislumbram mais do que o imediato. O homem e a mulher da fé conseguem caminhar mesmo em cima da lama e dos dejetos da mineradora. O homem e a mulher da
Tomaz Silva/Agência Brasil
fé, porque têm olhos para além do imediato, conseguem perceber uma possibilidade de reconstrução inclusive das suas próprias relações”, afirmou Dom Leonardo aos jornalistas. Na nota, os bispos, tendo em conta a Encíclica Laudato si’, do Papa Francisco, afirmam ser preciso “colocar um limite ao lucro a todo custo que, muitas vezes, faz negligenciar medidas de segurança e a proteção à vida das pessoas e do planeta”. A nota ainda destaca a necessidade de profunda reflexão sobre o desenvolvimento em curso no País. Na mesma coletiva de imprensa, Dom Leonardo também apresentou uma nota em que a Conferência posiciona-se contra o projeto de lei nº 531/2011, que, em tramitação no Senado, prevê a privatização do sistema prisional por meio de contratações de parcerias público-privadas para construir e administrar presídios no País. “Afirma o Papa Francisco e nós bispos com ele: ‘É doloroso constatar sistemas penitenciários que não buscam
CNBB une-se a manifestações de indignação por rompimento de barragem em Mariana (MG)
curar as chagas, sarar as feridas, gerar novas oportunidades(...). É sempre mais fácil encher os presídios do que ajudar a andar para frente quem errou na vida (...). Neste período de detenção, de modo particular, é necessária uma mão que ajude a reintegração social desejada por todos: reclusos, famílias, funcionários, políticas sociais e educativas. Uma reintegração que beneficia e eleva o ní-
vel moral de todos” (Papa Francisco)”, consta em um dos trechos da nota. “A ineficiência do sistema prisional não pode levar à privatização. O ser humano jamais pode ter sua dignidade aviltada, pois lucro e pena não combinam. Um sistema carcerário privatizado abre possibilidades para mais e maiores penas”, enfatiza a CNBB. Fonte: CNBB (Redação: Renata Moraes)
Acnur lança material educativo para refugiados sobre direitos humanos Em apoio à campanha “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) lançou na sexta-feira, 27, um material didático de ensino de português para refugiados e refugiadas que vivem no Brasil. O lançamento aconteceu no audi-
tório da Universidade Cidade de São Paulo, com a participação de refugiados e refugiadas que estudam português em São Paulo. Eles contaram sobre a experiência no aprendizado do idioma. Com conteúdo sobre direitos humanos, a apostila foi elaborada pelo Cursinho Popular Mafalda, com o apoio do Acnur e da Cáritas Arquidiocesana de São Paulo.
Com o título “Pode Entrar: Português do Brasil para Refugiados e Refugiadas”, o material didático é composto por 12 capítulos, elaborados com base nas principais demandas trazidas pelas instituições que trabalham com ensino de português para estrangeiros e também pelos próprios refugiados. Possui um glossário com tradução para qua-
tro idiomas (inglês, francês, árabe e espanhol). Além disso, há informações específicas sobre a violência contra a mulher, incluindo mecanismos de denúncia contra esse crime e serviços de atendimento às vítimas. O material está disponível para consulta e download no site www.acnur.org.br. Fonte: Acnur (Redação: Renata Moraes)
Diocese de Assis despede-se de Dom Simão Luciney Martins/O SÃO PAULO - ago.2009
Dom Simão em missa na Arquidiocese de SP
“Venho como missionário da Igreja de Cristo para auxiliar a Diocese de Assis para que juntos busquemos o caminho de Jesus Cristo”. Com estas palavras, em 23 de agosto de 2009, na Catedral Sagrado Coração de Jesus, em Assis (SP), totalmente lotada, Dom José Benedito Simão assumiu a Diocese de Assis como seu quinto bispo, após ser bispo auxiliar de São Paulo de 2002 a 2009 e padre na Arquidiocese por 20 anos. Na sexta-feira, 27, e no sábado, 28, a Catedral novamente esteve repleta de fiéis, dessa vez para se despedir de Dom Simão, que faleceu na sexta-feira, aos 64 anos, em decorrência de um acidente vascular cerebral hemorrágico, que sofreu no dia 23 na cidade de Marília (SP), onde estava reunido com bispos, padres e leigos da Sub-região de Botucatu. “Agradecemos a Deus pela vida que se fez dom em nosso meio e pelo ministério episcopal que santificou o nosso povo.
Confiantes, rogamos ao Senhor, que conceda definitivamente o gozo das alegrias eternas a este bispo da Igreja”, expressou, em nota, o Padre Oldeir José Galdino, em nome do Colégio de Consultores da Diocese de Assis. A celebração das exéquias de Dom Simão aconteceu no final da tarde do sábado, na Catedral Sagrado Coração de Jesus, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo. Após a missa, sob intensa chuva, os fiéis acompanharam o translado do corpo até à cripta da Catedral, onde houve o sepultamento.
na Arquidiocese de São Paulo
Dom Simão nasceu em Caçapava (SP), em 1º de janeiro de 1951, mas foi em São Paulo que viveu o despertar ao sacerdócio, sendo ordenado padre em 7 de junho de 1981. Além da atuação em paróquias da Arquidiocese, Dom Simão, quando era padre, foi coordenador da Pastoral Voca-
cional e da Pastoral da Juventude. Doutor em Teologia Moral pela Universidade Lateranense, em Roma, ele teve destacada atuação na formação de novos padres, sendo reitor do Teologado Dom José Gaspar, vice-diretor pedagógico e vice-diretor acadêmico da Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, reitor do Seminário Teológico da Arquidiocese de São Paulo, e diretor da Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção. Nomeado bispo auxiliar de São Paulo por São João Paulo II em 28 de novembro de 2001, Dom Simão escolheu “Paz e Esperança” como seu lema episcopal. Em 25 de janeiro de 2002, foi ordenado bispo pela imposição das mãos do Cardeal Hummes, então arcebispo de São Paulo, que o designou vigário episcopal para a Região Brasilândia, função que exerceu até 16 de agosto de 2009, antes de assumir a Diocese de Assis. (Redação: Daniel Gomes)
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Luciney Martins/O SÃO PAULO
Dom Edmar assumirá Diocese de Paranaguá no dia 17 Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
Dom Edmar, bispo auxiliar de SP desde 2009
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“A vocês, jovens – e aqueles que crismei nesses anos e com os quais fizemos muitas fotos... rs –, digo: prossigam firmemente a caminhada, descobrindo cada dia mais a alegria de serem seguidores e seguidoras de Jesus Cristo. Sonhem! Sonhem com comunidades vivas e com uma sociedade mais justa! Estejam sempre unidos! Sem organização não se constrói nada. Não deixem que lhes seja roubada ‘a alegria do Evangelho’, como tem insistido o querido Papa Francisco”. A mensagem de Dom Edmar Peron, 50, destinada à Arquidiocese de São Paulo, e de forma mais especial aos padres e fiéis
atuantes na Região Episcopal Belém, é de despedida. Na quarta-feira, 25, Dom Edmar foi transferido do ofício de bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo para bispo titular da Diocese de Paranaguá, no Paraná, função que assumirá no próximo dia 17, às 19h30, em missa na Catedral Diocesana Nossa Senhora do Rosário. Natural de Maringá (PR), Dom Edmar foi nomeado bispo auxiliar de São Paulo em 30 de dezembro de 2009. Tem como lema episcopal “Eis que venho para fazer a tua vontade”. É mestre em Teologia Dogmática, com especialização em Teologia dos Sacramentos. Na Arquidiocese de São Paulo, além de vigário episcopal da Região Belém, é referencial para a Liturgia, Pastoral Vocacional e Seminários. Desde 2011,
Um Bispo com o ‘barro vermelho nos pés’
Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo
São Paulo, 25.11.2015 Excelentíssimo Dom Edmar Peron Nomeado Bispo diocesano de Paranaguá, PR. Caríssimo Dom Edmar, Hoje o Papa Francisco nomeou o senhor como Bispo diocesano de Paranaguá, PR. Desejo, pois, cumprimentá-lo pela confiança que o Papa mostrou em sua pessoa, encarregando-o de servir, como Bispo e Pastor, a Igreja particular de Paranaguá. Que o Espírito de Deus o ilumine e conforte na sua missão, fazendo frutificar abundantemente sua dedicação pastoral àquela Igreja. Nossa Senhora do Rocio seja sua Mãe protetora e confortadora. Ao mesmo tempo, agradeço de coração pelos anos dedicados, como Bispo Auxiliar, à nossa querida arquidiocese de São Paulo, em especial, como Vigário Episcopal da Região Belém. Tenho a certeza de que experiência pastoral adquirida nesse serviço lhe será agora útil no desempenho das suas novas responsabilidades. Agradeço particularmente toda colaboração e a fraterna amizade. Vamos sentir sua falta em São Paulo! Com meus votos de bênção de Deus para sua missão, acolha também a saudação e o abraço fraterno!
Cardeal Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo
é membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB. Na mensagem, o Bispo agradece ao Cardeal Odilo Scherer e aos colegas bispos auxiliares, além de padres, diáconos, religiosos e religiosas e todo povo de Deus que esteve ao lado dele ao longo destes anos de episcopado. “A Dom Odilo e aos bispos auxiliares, também àqueles que já foram transferidos: muito obrigado pela alegria da fraternidade vivida em cada um dos nossos encontros. De fato, essa foi a primeira comunidade que encontrei no dia 25 de janeiro de 2010, após a missa na Sé. Essa experiência de confiança mútua e de amizade sincera, levarei para sempre comigo. Somos tão diferentes – é verdade! – mas bem unidos, um ajudando o outro!” O Arcebispo de São Paulo, Cardeal Scherer, enviou uma carta a Dom Edmar, na qual agradece o período dedicado à Igreja de São Paulo como bispo auxiliar, “particularmente toda colaboração e fraterna amizade” (leia mais ao lado).
Padre Carlimar Gonçalves de Holanda, secretário do Colégio de Consultores da Diocese de Paranaguá, em entrevista ao O SÃO PAULO, destacou que Dom Edmar irá encontrar “um povo alegre, simples, disponível para a missão e muito devoto de Nossa Senhora do Rosário do Rocio, padroeira do Estado do Paraná e que tem seu santuário aqui em Paranaguá”. A Diocese é composta de 13 municípios, com 20 paróquias, entre essas duas com o título de santuário diocesano, um santuário diocesano sem o título de paróquia, o Santuário Estadual de Nossa Senhora do Rosário do Rocio, e o Seminário Diocesano Senhora do Rocio. Segundo dados do IBGE citados pelo Padre Carlimar, a população estimada da Diocese de Paranaguá é de 351.881 mil pessoas, sendo 75% de católicos. Além desses números, o Sacerdote destaca que a Diocese é um misto de várias realidades. “Temos a realidade litorânea, das serras, algumas cidades da região metropolitana de Curitiba e do Vale da Ribeira. Tudo isso demonstra que somos um povo diversificado no tocante à cultura, à religiosidade e à realidade sociopolítica”. “Com certeza, o fato de o novo bispo ser paranaense nos traz grande alegria. Ele traz o ‘barro vermelho nos pés’, o faz chegar como um que chega à sua casa e será fácil para ele compreender o nosso povo e, ao mesmo tempo, ser compreendido por essa gente simples e de fé vibrante. Também traz a experiência e a riqueza pastoral da Grande São Paulo, vem com qualidades que, com certeza, irão garantir o sucesso do seu pastoreio em nossa Diocese”, afirmou. Pastoralmente, a Diocese de Paranaguá é norteada pelo “Plano da Ação Evangelizadora”, que tem como foco a “renovação paroquial: por uma paróquia discípula, missionária e profética”.
12 | Papa na África |
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Francisco – O mensageiro da esperança no continente africano Pontífice esteve no Quênia, em Uganda e na República CentroAfricana, onde ressaltou que pela fé e o diálogo, a paz é possível
Renata Moraes
jornalismorenata@gmail.com
Em sua 11ª viagem apostólica internacional, o Papa Francisco esteve no Quênia,
em Uganda e na República Centro-Africana, entre os dias 25 e 30. “Venho como um ministro do Evangelho para proclamar o amor de Jesus Cristo
e sua mensagem de reconciliação, perdão e paz”, expressou o Pontífice em uma vídeo-mensagem publicada no dia 23, às vésperas da viagem. L’Ossevatore Romano
Quênia ‘Proteger os jovens é o modo melhor de garantir um futuro digno da sabedoria’ Alvo de recorrentes ataques terroristas nos últimos anos, o Quênia não recebia um papa há 20 anos. Em 1985, São João Paulo II esteve no País que hoje tem entre os seus quase 43 milhões de habitantes, 32% de católicos. Francisco, permaneceu no Quênia entre os dias 25 e 27 e pediu atenção especial aos jovens, a quem chamou de recurso mais valioso de qualquer nação. “Proteger os jovens, investir neles e dar-lhes uma mão amiga é o modo melhor para garantir um futuro digno da sabedoria e dos valores espirituais queridos aos seus anciãos, valores que são o coração e a alma de um povo”. A preocupação com o meio ambiente em todo mundo também foi tema de exortação aos quenianos. “Temos a responsabilidade de transmitir a beleza da natureza, na sua integridade, às gerações futuras e a obrigação de exercer uma justa administração dos dons que recebemos”, disse, encorajando todos a trabalharem com integridade para o bem comum e a se manterem atentos à “autêntica preocupação com as necessidades dos pobres”. Na visita ao bairro pobre de Kangemi, o Santo Padre destacou as injustiças vividas nas periferias. “Quero que saibas que as vossas alegrias e esperanças, as vossas angústias e sofrimentos, não me são indiferentes. Conheço as dificuldades que enfrentais dia a dia. Como não denunciar as injustiças que sofreis?”. Aos mais de 70 mil jovens reunidos no Estádio Kasarani, em Nairóbi, capital do Quênia, Francisco mostrou-se preocupado com as situações que levam os jovens aos extremismos em nome da religião, condenou o tribalismo e apontou o diálogo como solução para que todos se reconheçam como irmãos.
Em sua 11ª viagem apostólica, Papa Francisco visita pela primeira vez o continente africano, levando uma mensagem de paz e esperança
Uganda Mártires: sinais de fé, de retidão moral e de serviço ao bem comum A rápida passagem de Francisco por Uganda foi marcada pela visita aos santuários dedicados aos mártires anglicanos e católicos, no sábado, 28, nos arredores da capital Kampala, quando o Pontífice homenageou os 45 cristãos assassinados no fim do século XIX. No País onde 83,9% dos 24 milhões de habitantes são cristãos (41% católicos), o Papa rezou de joelhos no Santuário Anglicano em Namugongo pelos 23 mártires que foram torturados e assassinados por
causa de sua fé. Em seguida, partiu para o Santuário Católico dos Mártires Ugandenses, onde homenageou e rezou pelos mártires São Carlos Lwanga e seus 21 companheiros, que foram queimados vivos em 1886, durante uma perseguição anticristã. “Os mártires, tanto católicos quanto anglicanos, são verdadeiros heróis nacionais. Dão testemunho dos princípios orientadores expressos no lema de Uganda: ‘Por Deus e pelo meu País’. Eles nos lembram da importância que a fé, a
retidão moral e o serviço ao bem comum desempenharam e continuam desempenhando na vida cultural, econômica e política do País”. Francisco também recordou que Uganda tem um compromisso excepcional no acolhimento aos refugiados. “O modo como tratamos essas pessoas é um teste de nossa humanidade, de nosso respeito pela dignidade humana e, sobretudo, de nossa solidariedade para com nossos irmãos e irmãs que necessitam”.
República Centro-Africana Apelo pela paz em meio à guerra civil Francisco encerrou sua viagem ao continente visitando a República Centro-Africana, onde dos 4,5 milhões de habitantes, 50% declaram-se cristãos. No País que é palco de uma guerra civil entre rebeldes muçulmanos e milícias cristãs, o Papa rezou pela paz e, no domingo, 29, abriu a Porta Santa na Catedral de Bangui, capital do País (leia mais ao lado), no contexto do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, que será iniciado no dia 8, no Vaticano. No campo de refugiados “Carmelo
de São Salvador”, Francisco conheceu de perto a realidade das 7,5 mil pessoas que ali vivem, a maioria crianças. “Que vocês possam viver em paz qualquer que seja a etnia, a cultura, a religião, o estado social, mas em paz, porque todos somos irmãos”, desejou. Nos encontros com as comunidades evangélicas e muçulmanas, em momentos diferentes, ressaltou a necessidade do diálogo para a superação dos conflitos. Aos cristãos de outras denominações, lembrou que as provações e violências
que causam sofrimentos tornam ainda mais necessário o anúncio do Evangelho aos irmãos da fé islâmica. Na última missa em solo africano, no Estádio Esportivo Barthélémy Boganda, o Pontífice exortou. “Cristãos da África Central, cada um de vós é chamado a ser, com a perseverança da sua fé e com o seu compromisso missionário, artesão da renovação humana e espiritual do vosso País”. (Com informações da rádio Vaticano, Portal Canção Nova e IBGE)
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| Papa na África - Análise | 13
De Roma a Bangui: a África no centro da Igreja L’Ossevatore Romano
Em sua primeira viagem ao continente, Papa Francisco abre porta santa no Jubileu da Misericórdia na República CentroAfricana e transforma cidade que está em guerra civil em ‘capital espiritual do mundo’ FILIPE DOMINGUES
Especial para O SÃO PAULO, em Roma
Pelo menos por um dia Bangui se transformou em “capital espiritual do mundo”, nas palavras do Papa Francisco, que antecipou ali a inauguração do Jubileu extraordinário da Misericórdia. Em sua primeira viagem à África, na qual passou também pelo Quênia e por Uganda, o Pontífice abriu, no domingo, 29, uma “porta santa” na Catedral de Bangui, cidade na República Centro-Africana. O local é um cenário de guerra civil entre cristãos e muçulmanos. “Hoje, Bangui se torna a capital espiritual do mundo. O Ano Santo da Misericórdia chega antes nesta terra. É uma terra que sofre há muitos anos por causa do ódio, da incompreensão, da falta de paz”, declarou o Papa aos fiéis, diante da porta da igreja. Abrindo o Ano da Misericórdia em Bangui, o Papa atraiu atenção internacional para uma realidade insustentável. A República Centro-Africana está em guerra e sem grandes alternativas no momento. Conflitos entre forças do governo, a coalizão rebelde de maioria muçulmana (Séléka) e milícias de rebeldes cristãos, conhecidas como “anti-Balaka”, causam milhares de mortes, um enorme fluxo de refugiados e uma urgência humanitária. Eleições foram convocadas, mas o País tem um governo frágil, de transição. Nesse contexto, em sua visita, o Papa Francisco pediu paz, misericórdia, reconciliação, mas não somente nos discursos. Em seu papa-móvel, passou por bairros perigosos da capital dividida. Mais do que isso: visitou a mesquita de Kaudoukou, próxima a uma estrada conhecida como “Km 5”, na qual se corre o risco de ser assassinado somente por atravessar para o outro lado, seja cristão ou muçulmano. Naquela área, ele disse que cristãos e muçulmanos são “irmãos e irmãs” e, portanto, “devemos nos considerar e nos comportar assim”. Tropas das Nações Unidas afirmavam que não podiam garantir a segurança do Papa. Mesmo assim, ele rodou em carro aberto. Um gesto simples de confiança que muitos, como o jornal norte-americano Washington Post, chamaram de “o maior esforço diplomático do Papa até agora”. O repórter Kevin Sieff relatou que a visita foi percebida como o possível início de um processo de paz e uma potencial renovação da atenção internacional. Inclusive o arcebispo de Bangui, Dom Dieudonne Nzapalainga, afirmou à rá-
Santo Padre é acolhido com carinho pelas crianças; povo sofrido diante das guerras vê na visita do Papa Francisco sinais de esperança
dio Vaticano que a visita do Papa deu nova esperança para o País. Ele manifestou confiança nos centro-africanos na busca pela paz. “Não houve sequer um tiro de arma de fogo na praça da Catedral! Era previsto o apocalipse, mas não aconteceu nada. Em vez disso, havia alegria”, disse.
COP 21 vista de Nairóbi
Em sua visita à sede das Nações Unidas em Nairóbi, no Quênia, o Papa também aproveitou para recordar a mensagem de sua Encíclica Laudato si’ (Louvado seja), sobre o cuidado pelo planeta e a promoção do que chamou de uma “ecologia integral”. Para Francisco, as injustiças sociais e os problemas ambientais têm uma mesma origem – como a exploração excessiva dos recursos naturais e das pessoas, numa “cultura do descarte”. Sua Encíclica foi publicada intencionalmente com o objetivo de influenciar a conferência pelo clima de Paris (COP 21), na qual representantes de quase 200 países se reúnem entre 30 de
novembro e 11 de dezembro para discutir problemas ambientais, como o aquecimento global. O fato de Francisco recordar essa mensagem em Nairóbi a reforça. A Laudato si’ foi em grande parte um apelo por uma ação coletiva em defesa do meio ambiente e no combate à pobreza. “O clima é um bem comum”, reafirmou. “Seria triste e, ousarei dizer, até mesmo catastrófico que interesses privados prevalecessem sobre o bem comum [na COP 21] e chegassem a manipular as informações para proteger os seus projetos”, completou, em uma referência indireta a empresas, grupos de interesse e de lobby que procuram negar a existência do aquecimento global, por exemplo. O Pontífice renovou também seu apelo à redução do consumo de combustíveis fósseis e disse que a COP 21 pode ser “um passo importante no processo de desenvolvimento de um novo sistema energético”. De fato, no voo de retorno a Roma, Papa Francisco disse que tem confiança em que os líderes globais assumam
um verdadeiro compromisso em Paris. “Estamos no limite de um suicídio.”
Mártires ugandeses como exemplo de humildade
Em Uganda, o Pontífice recordou, entre outras coisas, que o poder terreno não oferece verdadeira alegria, mas sim o caminhar em direção ao próximo. Na memória de São Carlos Lwanga e companheiros - um grupo de 23 anglicanos e 22 católicos mortos entre 1885 e 1887 pelo rei de Buganda por causa da fé cristã - disse que o testemunho dos mártires mostra que “a fidelidade a Deus, a honestidade, a integridade da vida e a genuína preocupação pelo bem dos outros” dão verdadeira alegria e paz duradoura. Enfim, como escreveu a vaticanista argentina Inês San Martin, do site Crux, a viagem do Papa à África “sem dúvidas, permitiu que Francisco mostrasse duas de suas ambições pessoais mais perceptíveis: colocar as periferias do mundo no centro da Igreja, e colocar a Igreja no centro da misericórdia de Deus”.
14 | Reportagem |
2 a 9 de dezembro de 2015 | www.arquisp.org.br
Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
Natal dos Sonhos é somente com Jesus “Se você pudesse escolher onde Jesus nasceria, que lugar você escolheria?” Todos os colégios e obras sociais participantes do Natal dos Sonhos 2015 tiveram que responder, por meio de seus alunos, a esta pergunta e a partir dela prepararem apresentações que trouxessem a resposta ao público. Eis algumas:
“Queremos que o Menino Jesus nasça no meio do povo brasileiro. Que Jesus venha transformar a realidade dos meninos e meninas das periferias de nossa cidade, que nasça a paz e o amor através da cultura” (CEC São Francisco e Santo André Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto)
“Traga a cada um a esperança de uma educação que transforma e liberta, sonhando um mundo novo. Trazemos hoje a mensagem que o Deus Menino faz morada em nós” (Colégio Notre Dame Rainha dos Apóstolos)
“Queremos que o Menino Jesus venha no meio do povo brasileiro. Um povo que é nordestino, americano, latino e paulista. Que venha nos transformar através da cultura e do respeito à diversidade”. (CEC São Pedro ApóstoloCentro Social Nossa Senhora do Bom Parto)
Crianças de projetos apoiados pela Arquidiocese realizam apresentação no Natal dos Sonhos
Iniciativa da Pastoral do Menor arrecada brinquedos para crianças pobres e reafirma o verdadeiro sentido dos festejos natalinos Renata Moraes
jornalismorenata@gmail.com
Jesus deveria nascer em Israel para acabar com as guerras, pedia um dos cartazes. Em outro cartaz estava expresso o desejo de que Jesus nascesse nas periferias, junto aos pobres, e houve, ainda, quem desejasse que Jesus nascesse em suas casas, para serem os primeiros a verem o Menino Deus. Roger Barbosa da Costa, 18, também esperava ver de perto o nascimento de Cristo. “Eu gostaria que Jesus nascesse nos lugares que ‘ninguém dá nada’”, expressou, em um cartaz, o jovem que é um dos internos da unidade Vila Maria da Fundação Casa, que assim como outros adolescentes apreendidos escreveram mensagens que foram expostas na 14ª edição da campanha Natal dos Sonhos. Promovida pela Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo, a campanha teve um dia especial de arrecadação de brinquedos nos sábado, 28, no Audi-
tório Elis Regina, no bairro de Santana, tendo como tema “Ele está no meio de nós” e como motivação “Se você pudesse escolher onde Jesus nasceria, que lugar você escolheria?” Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e referencial do Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade, e Dom Fernando José Penteado, bispo emérito da Diocese de Jacarezinho (PR), assessor da Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo, conduziram a oração inicial e abertura do evento. “As pessoas estão acostumadas a transformar o Natal em uma festa comercial, de gastos e compras, mas temos que voltar ao fundamental: Jesus é o centro dessa celebração. Sem ele não há Natal. A pergunta lema deste evento já prepara as crianças para receberem Jesus em suas vidas e também as ensina a compartilhar. Doando presentes para depois serem dados às crianças carentes, ensina, desde cedo, que a felicidade consiste em fazer os outros felizes”, expressou Dom Carlos ao O SÃO PAULO. A apresentação do evento foi feita pelo Padre Luiz Cláudio Braga, assessor eclesiástico da Pastoral do Menor na Região Sé e pela modelo Flávia Martins, da agência Mega Model Brasil, que apoia a iniciativa. A Orquestra Filarmônica Padre Moye, do Colégio Padre Moye, foi a
responsável em animar o dia, apresentando canções natalinas, sob a regência do Maestro Marcello Gil Igreja. Padre Reginaldo Manzotti, do clero da Arquidiocese de Curitiba, também participou da festa. “Parabenizo a Arquidiocese de São Paulo em sua 14ª edição do Natal dos Sonhos, pela celebração do Natal com as crianças e voluntários. Que bom que estão reunidos neste sábado. Vendo a encenação do nascimento de Cristo, lembramos do essencial do ser humano: Amar. Natal só tem sentido com Jesus” Com música e dança, as crianças e adolescentes de vários colégios católicos e obras sociais da Arquidiocese de São Paulo apresentaram ao público os locais que eles gostariam que Jesus nascesse, expressando o desejo de paz, esperança e transformação da realidade. Ao final das apresentações, houve o momento mais esperado para as crianças: o nascimento de Cristo, encenado pelos alunos do Colégio Notre Dame, com a participação dos modelos da agência Mega Model Brasil e do cantor Kiko, ex-integrante do grupo musical KLB.
Meta é arrecadar 800 mil brinquedos
A preparação da campanha Natal dos Sonhos começou em meados de agosto e foi feita por voluntários, integrantes das pastorais e membros dos colégios católicos, sob orientação da Pastoral do Menor. A arrecadação dos brinquedos continua até o próximo dia 15, em todas as paróquias da Arquidiocese, quando se iniciará a entrega destes às crianças carentes. A expectativa é de arrecadar até 800 mil brinquedos, conforme a média dos anos anteriores. “Nossas crianças trouxeram a mensagem de um Menino Deus que veio para transformar, para mudar a realidade da família em desavença; da periferia onde prevalece a violência e a morte; da dependência química, que mata a juventude e, por fim, sonhamos que o Menino Deus nasça definitivamente no coração do homem, pois só assim tudo será transformado”, comentou Sueli Camargo, coordenadora da Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo e organizadora da campanha.
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| Entrevista | 15
Com a Palavra: Frei Claudio Monge
‘Um encontro que se faz palavra’ Sermig
NAYÁ FERNANDES
nayafernandes@gmail.com
Claudio Monge é padre dominicano, tem 47 anos e nasceu na Itália, mas vive há 12 anos em Istambul, na Turquia, onde os cristãos representam menos de 0,1% da população. Ele esteve no Brasil a convite da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e fez duas conferências na PUC-SP, nos campi Santana e Ipiranga nos dias 25 e 26, sobre o “Diálogo”, partindo, sobretudo, da sua experiência no diálogo inter-religioso com o Islamismo. Nesta entrevista, Frei Claudio Monge, como é conhecido, sugere algumas “regras de ouro” para que o diálogo seja mais do que troca de informações, uma experiência de vida. O SÃO PAULO – Como é o dia a dia
de um padre num país com minoria cristã?
Frei Claudio Monge – Viver em um país islâmico é diferente de viver no Ocidente. Eu vivo em meio à muita gente que crê e tem uma orientação fundamental da vida. Tenho consciência do risco do relativismo, porém, creio que como Igreja temos responsabilidade sobre isso, porque anos e anos falamos de uma verdade impessoal. Mas dou um exemplo que pode ilustrar bem esse dia a dia. Temos uma pequena igreja no coração de Istambul, que é uma grande megalópole como São Paulo. Aos domingos, celebramos a Eucaristia. Um dia, vi uma moça mulçumana e fiquei curioso, mas não pude entrar em contato com ela imediatamente. No domingo seguinte, ela também estava ali. Ficou alguns domingos sem participar e retornou após um mês, quando fui encontrá-la. Saudei-a e perguntei: “Por que você vem aqui?”. A mulher, com uma simplicidade desarmante, disse: “Eu vivo neste bairro, nossa mesquita é pequena e não há lugares para mulheres. Minha mãe aconselha que eu reze em casa, mas eu gosto de rezar a Deus num lugar em que se fale dele. Então, venho aqui para rezar ao meu Deus”. Para mim, ficou a experiência de que aquela senhora compreendeu que ser diferente não significa ser oposto e eu compreendi que é importante encontrar os crentes concretos e não a ideia que faço deles. Assim, o verdadeiro diálogo é hospitalidade.
Em que medida podemos falar num diálogo islâmico-cristão? O diálogo islâmico-cristão, propriamente dito, não existe, porque não há
pensamos que o outro esteja tão perdido quanto nós e, assim, é inútil falar ou escutar. Mas, escutar o que? Qualquer coisa? Vivemos também uma crise da palavra, porque frequentemente nos confrontamos com palavras vazias. A mídia nos bombardeia com informações e isso reduziu a comunicação, o intercambio pessoal. A palavra se torna um inimigo. Usamos palavras ambíguas, com muitos significados, desgastadas por terem significados diversos. Por isso, as palavras devem ter o sentido resinificado. Diálogo significa um encontro que se faz palavra. Consiste em dar um peso real às palavras que usamos, e, por isso, é preciso conhecê-las para poder falar e escutar.
Quais seriam as “regras de ouro” para o diálogo?
um diálogo de sentido. O que existe é o diálogo entre crentes cristãos e crentes mulçumanos. O Islã vive a mesma complexidade do Cristianismo, não é monolítico e, por isso, para que seja possível, é preciso conhecer a si mesmo e ao outro, ir além do estereótipo. Nós vivemos de estereótipos, da imagem que temos do outro. O Islã é pleno de estereótipos, que se exprimem com imagens, mais do que palavras. Quando eu, no trabalho com os jovens, projeto imagens de mulheres mulçumanas, idosas ou fora dos padrões de beleza e pergunto sobre o sentimento de cada um deles, usam palavras como tradicionalismo, fanatismo, fechamento e uma não comunicação. Depois, apresento imagens parecidas, mas nas quais há mulheres que são modelos usando a burca e, às vezes, só com os olhos à mostra. Ao fazer a mesma pergunta, os jovens começam a usar palavras como exótica, fascinante ou intrigante. Desaparece o fanatismo. As duas posições são estereótipos, não veem a verdade. Assim, insisto que é preciso conhecer e não só conhecer, mas reconhecer, isto é, permitir que o outro viva algo de essencial como eu também o vivo.
pessoa precisa conhecer a si mesma. Se alguém não sabe de onde vem, não dialogue, porque é perigoso. Hoje se diz que há uma crise de diálogo porque as identidades são fortes. Acredito que é exatamente o contrário: as identidades são fracas e, por isso, o outro causa medo. Conhecer o outro requer experiência, não é um fato só cerebral, deve-se ir ao encontro. Semanticamente, diálogo é uma palavra grega composta de duas partes, onde “logos” significa palavra e “dia” significa estar entre, jogar-se. Para dialogar é necessário jogar-se no meio, comprometer-se. Não se pode estar acima, mas junto. É preciso estar no meio, sem apagar a diversidade. Por isso, digo que o diálogo é ascese, não autonegação, mas disciplina, busca do essencial. Para andar ao encontro do outro é necessário conservar só o tesouro essencial. Finalmente, o diálogo não é sempre conversa, ou simplesmente informação recíproca, mas uma troca de experiências que permite às duas partes crescerem no caminho pessoal.
O que significa isto no diálogo inter-religioso?
Hoje é difícil escutar. Ouvimos dizer que o homem não escuta por ser egoísta. É verdade, mas não suficiente. Não escuta porque pensa que não há uma palavra que dê sentido à vida. Frequentemente,
Para mim, essencialmente, é a combinação de inteligência e experiência. A
Quais as principais dificuldades para que o diálogo aconteça?
as identidades são fracas e, por isso, o outro causa medo. Conhecer o outro requer experiência, não é um fato só cerebral, deve-se ir ao encontro.
Vou sugerir algumas, a partir da minha experiência. Primeira: ao dialogar não busque no outro o que é importante pra você, porque não vai descobrir nunca o que é importante para o outro. Esse é um problema do diálogo ecumênico, por exemplo, quando busca no outro o que é bom para si e ignora todo o resto. Mas, o outro não sou eu, é outro. Assim, em um verdadeiro diálogo, o outro tem o direito de oferecer o que é bom para ele, e eu devo aceitar que os seus tempos não são os meus. A segunda regra é reconhecer a limitação das palavras usadas, pois as experiências religiosas são diversas. Quando um cristão fala de unidade, não diz a mesma coisa que um mulçumano ao falar de unidade. Por isso, a experiência permite nos aproximar uns dos outros e não podemos reduzir a experiência do outro ao que não compreendemos. A terceira é aprender a julgar a tradição do outro a partir dos tesouros, das veias fundamentais, permanentes, do que é mais precioso e não dos “subprodutos”. Dividir os tesouros que te habitam não significa ignorar os problemas, mas começando com os tesouros, podemos um dia colocar em comum até o que nos faz sofrer. O dialogo é uma experiência ascética. Devemos encontrar um princípio organizado da verdade que está em nós. Na nossa fé, as coisas não são importantes do mesmo modo. Há coisas marginais, secundárias e devemos oferecer o coração da vida e não as periféricas. Desse modo, outros serão convidados a fazer o mesmo. Por fim, podemos dizer que duas coisas podem ser radicalmente diferentes, mas não necessariamente opostas. O verdadeiro diálogo sabe acolher as diferenças e comporta caminhos diversos e conduz à mesma inspiração e a um único centro. Devemos sair e acolher este centro inspirador. Na minha vida, encontrei, muitas vezes, pessoas sem grandes discursos ou teorias, mas que sabiam acolher o coração do outro.
16 | Fé e Cultura |
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Filipe David
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Dica de Leitura
A santidade através dos tempos A definir o que significa ser santo, corremos o risco de deturpar a realidade, acomodando ao nosso próprio conceito. Santo é uma destas palavras, como tantas outras, cujo sentido foi se transformando ao longo dos tempos. Os santos analisados nesta obra foram homens reais, figuras históricas que revolucionaram a humanidade. Além dos santos canonizados existem miríades de anônimos, pois, graças a Deus, a santidade não constitui monopólio de época, porque, ao falar de santidade, falamos de Deus, de Cristo e das almas, por isso a santidade é um fenômeno perene da Igreja Católica. Pede o Santo: Dai-me almas! O mundo tão necessitado deve pedir: Dai-nos santos! Ficha técnica Autor: Charles Martindale Páginas: 125 Editora: Ecclesiae
Divulgação
Música
4ª sinfonia de Mahler na Sala São Paulo A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo apresenta, entre os dias 10 e 12, na Sala São Paulo, a sinfonia nº 4, de Gustav Mahler: “A Quarta Sinfonia de Gustav Mahler, composta entre 1899 e 1901, é a última de suas várias obras (as três sinfonias anteriores e diversas canções orquestrais) inspiradas pela cornucópica ‘A Trompa Mágica do Menino’, antologia de poemas populares recolhidos e publicados, no início do século XIX, pelos românticos Achim von Arnim e Clemens Brentano. Em contraste com as demais sinfonias de Mahler (até mesmo as posteriores), a Quarta surpreende o ouvinte pela recusa à monumentalidade explícita e por um gesto aparentemente menos trágico e heroico, que desafia as premissas do romantismo tardio. É uma obra relativamente curta, com instrumentação mais tradicional e intenção quase camerística, lembrando na forma o classicismo vienense de Haydn, com momentos de intenso lirismo mesclados a passagens de evidente ironia” (das notas de programa). Serviço
Local: Sala São Paulo Quinta-feira, 10, e sexta-feira, 11, às 21h; sábado, 12, às 16h30 Para mais informações: (11) 3367-9500 ou http://osesp.art.br
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Os melhores do esporte em 2015 Comitê Olímpico do Brasil
Daniel Gomes
danielgomes.jornalista@gmail.com
Às vésperas dos Jogos Rio 2016, há grande expectativa para o anúncio dos vencedores da 17ª edição do Prêmio Brasil Olímpico, que será feito pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) no dia 15. Entre as mulheres, concorrem Fabiana Murer (atletismo – salto com vara), vencedora do prêmio em 2010 e 2011; Ana Marcela Cunha (maratonas aquáticas), finalista em 2010 e 2014; e Ágatha Bednarczuk e Bárbara Seixas (vôlei de praia), que disputam pela primeira vez. Entre os homens, os finalistas são Alison Cerutti e Bruno Schmidt (vôlei de praia), Isaquias Queiroz (canoagem velocidade) e Marcelo Melo (tênis). Líder do ranking mundial entre os tenistas que competem nas duplas, Marcelo Melo, 32, avaliou que os resultados na temporada o levaram à indicação. “Desde o começo de 2015, foram várias conquistas inéditas para o tênis brasileiro”, disse, ao O SÃO PAULO, o vencedor de seis competições no ano, entre as quais o tradicional torneio de Roland Garros. Marcelo comentou, ainda, sobre seus
Fabiana Murer
Bruno e Alison
Ana Marcela Cunha
Atleta da Torcida e campeões por modalidade
Isaquias Queiroz
Ágatha e Bárbara
concorrentes, Isaquias Queiroz (que alcançou dois ouros e uma prata no Pan de Toronto, além de um ouro e um bronze no Mundial de Canoagem Velocidade) e a dupla Bruno e Alison (campeões mundiais de vôlei de praia). “São excelentes esportistas, sempre estão levando com orgulho o nome do País nas competições. Eu acho que todos nós merecemos a indicação para o Prêmio”. Dona de três medalhas nas provas de
Marcelo Melo
maratonas aquáticas do Mundial de Desportos Aquáticos (ouro nos 25 km, prata por equipes nos 5 km e bronze nos 10 km), Ana Marcela Cunha, 23, considera que a regularidade de resultados fez com que fosse uma das finalistas, especialmente o desempenho no Mundial. “Conquistei o único ouro para o Brasil na competição e ainda assegurei a vaga para os Jogos Rio 2016”. Para Ana Marcela, as outras concorrentes ao Prêmio, Fabiana Murer (que teve
Melhores por modalidade (sequência sem interrupções até 2015) Desde 2005: Yane Marques (pentatlo moderno); Desde 2010: Fabiana Beltrame (remo); Desde 2012: Ana Sátila Vargas (canoagem slalom) e Arthur Zanetti (ginástica artística); Desde 2013: Lohaynny Vicente (badminton), Robson Conceição (boxe), Isaquias Queiroz (canoagem velocidade), Renato Rezende (ciclismo BMX), Henrique Avancini (ciclismo mountain bike), Fernando Reis (levantamento de peso) e Hugo Calderano (tênis de mesa); Desde 2014: Fabiana Murer (atletismo), Renzo Agresta (esgrima), Camilla Gomes (ginás-
pratas no Mundial de Atletismo e no Pan de Toronto) e a dupla Ágatha e Bárbara (campeãs mundiais de vôlei de praia) também mereceram a indicação. “São feras no que fazem, grandes atletas com excelente campanha também. Com qualquer uma de nós esse troféu estará em boas mãos”.
tica trampolim), João Victor Oliva (hipismo adestramento), Aline Ferreira da Silva (lutas), Ana Marcela Cunha (maratonas aquáticas), Felipe Perrone (polo aquático), Marcelo Melo (tênis), Marcus Vinicius D’Almeida (tiro com arco) e Martine Grael e Kahena Kunze (vela); Vencedores apenas em 2015: Leandrinho (basquete), Marcelo Suartz (boliche), Flávia Paparella (ciclismo de estrada), Kacio Freitas (ciclismo de pista), Michel Macedo (desportos na neve), Edson Bindilatti (desportos no gelo), Marcelo Giardi (esqui aquático), Lucas Lima (futebol), Natália Gáudio (ginástica rítmica), Lucas Yu Shin Lee (golfe), Ana Paula
Rodrigues (handebol), Ruy Leme (hipismo CCE), Pedro Veniss (hipismo saltos), André Luiz Couto (hóquei sobre a grama), Érika Miranda (judô), Valéria Kumizaki (karatê), Thiago Pereira (natação), Luisa Nunes Borges e Maria Eduarda Miccuci (nado sincronizado), Marcel Stürmer (patinação artística), Paula Ishibashi (rugby), Giovanna Pedroso e Ingrid de Oliveira (saltos ornamentais), Martha Murazawa (softbol), Giovanna Veiga de Almeida (squash), Iris Sing (taekwondo), Cassio Rippel (tiro esportivo), Manoel Messias (triathlon), Alison Cerutti e Bruno Schmidt (vôlei de praia) e Serginho (vôlei).
Na cerimônia do dia 15, o COB também irá premiar o “Atleta da Torcida”, em votação que já está aberta pelo site www. cob.org.br/pbo e na página https://www. facebook.com/timebrasil. Dos indicados ao Prêmio Brasil Olímpico, apenas a dupla Ágatha e Bárbara não concorre. Os outros cinco esportistas/duplas estão na disputa junto com Erika Miranda (judô), Thiago Pereira (natação) e Yane Marques (pentatlo moderno). Ao anunciar os finalistas do Prêmio Brasil Olímpico no dia 24 – a partir da escolha de um júri de jornalistas, dirigentes, ex-atletas e personalidades do esporte –, o COB apresentou os melhores esportistas do País em 49 modalidades (veja ao lado). Em 28 destas, o vencedor foi diferente em relação a 2014. Dos 21 já premiados no ano passado, destaque para Yane Marques, indicada ininterruptamente como a melhor do pentatlo moderno desde 2005.
AGENDA ESPORTIVA QUARTA-FEIRA (2) Copa do Brasil – Final 22h – Palmeiras x Santos (Allianz Parque) DOMINGO (6) Brasileirão de Futebol 17h – Corinthians x Avaí (Arena Corinthians)
Benegrip Multi: paracetamol 13,30 mg/mL, cloridrato de fenilefrina 0,33 mg/mL, maleato de carbinoxamina 0,13 mg/mL Indicações: Analgésico e antitérmico. Descongestionante nasal em processos de vias aéreas superiores. MS 1.7817.0768. Setembro/2015. Benegrip Multi é um medicamento. Durante seu uso, não dirija veículos ou opere máquinas, pois sua agilidade e atenção podem estar prejudicadas.
SE PERSISTIREM OS SINTOMAS O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.
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Brasilândia
Katia Maderic e Larissa Fernandes Colaboração especial para a Região
Dom Devair abençoa novo altar da Paróquia Nossa Senhora das Graças Katia Maderic
Dom Devair junto ao Padre Edemilson em missa na Paróquia Nossa Senhora das Graças
“Nossa Igreja é muito rica de sinais. Rica de testemunhos. Não basta fazer quatro paredes e dizer: isto é uma igreja. Ela precisa de alguns elementos que nos façam experimentar a presença de Deus!” Assim comentou Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, na sexta-feira, 27, na homilia da missa que presidiu na Paróquia Nossa Senhora das Graças, no Setor Freguesia do Ó, durante a qual abençoou o ambão, o altar e a cátedra do templo que foram reformados. O Bispo lembrou que a cátedra
simboliza que é Cristo quem preside a celebração na figura do ministro que ali está; que o ambão é o lugar de onde Deus fala a todos pela sua Palavra; e que no altar Cristo se faz presente pela Eucaristia. A celebração, concelebrada pelo Padre Edemilson Camargo, pároco, foi realizada na memória litúrgica de Nossa Senhora das Graças demarcou a solenidade da festa da padroeira, que teve a participação de cerca de 500 pessoas, entre paroquianos e devotos de Nossa Senhora das Graças vindos de outras paróquias.
Em Perus, jovens querem ser protagonistas de um novo tempo Espiritualidade, oração e interação. Assim foi o encontro dos jovens das paróquias Santa Rosa de Lima e São José, do Setor Pastoral Perus, realizado no dia 18, na matriz da Paróquia São José. No encontro, foi definida e apresentada a coordenação da juventude para o Setor, tendo a representação dos jovens de cada paróquia. Houve, ainda, reflexões em grupo sobre as ações para a construção de uma nova sociedade. Segundo a catequista de Crisma
Thalita Nespoli, o encontro foi marcado por dinâmicas divertidas, que permitiram trazer para a atualidade as situações no tempo de Cristo. “Cada um mostrou interesse e vontade para seguir com novos encontros”, afirmou. Durante o evento, houve missa presidida pelo Padre Gleidson Luis, vigário da Paróquia São José. O pároco, Padre Cilto José Rosembach, enalteceu a empolgação e a seriedade dos jovens no encontro.
Ipiranga
Larissa Fernandes
Padre Gleidson Luis posa para foto com participantes do encontro de jovens, dia 18
Nei Márcio Oliveira de Sá e Regina Fasenella
Colaboradores de comunicação da Região
Com Nossa Senhora das Graças em preparação ao Ano Santo Na memória litúrgica de Nossa Senhora das Graças, na sexta-feira, 27, a paróquia a ela dedicada, no Setor Pastoral Imigrantes, acolheu devotos de diferentes pontos da cidade e até de fora de São Paulo, que participaram de confissões e das missas realizadas às 9h, 15h e Luciney Martins/O SÃO PAULO
Relíquias dos santos Zélia e Luís Martin
às 19h, esta última presidida por Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga. Ao longo do mês de novembro, durante as missas aos finais de semana, o Padre Ubaldo Steri, pároco, promoveu a preparação da festa
da padroeira, tratando de temas ligados ao Ano da Misericórdia, tais como a atenção aos pobres, idosos e às famílias. Entre os dias 18 a 26 aconteceu uma novena de oração, e no dia 27 foram expostas as obras de artesanato e costuras elaboradas
pelo Grupo de Convivência. Na mesma data, foi montada uma lanchonete com alimentos preparados pela padaria cooperativa que funciona na Paróquia. No final da última celebração, houve confraternização entre os participantes da festa.
Zélia e Luís Martin – A santidade em família é motivo para ação de graças Diante das relíquias do casal Zélia e Luís Martin, canonizados pelo Papa Francisco em 18 de outubro, Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, presidiu no dia 21 de novembro, na Paróquia Imaculada Conceição, missa em ação de graças pela canonização dos Santos, pais de Santa Teresinha do Menino Jesus. Dom José Roberto, na homilia, enalteceu o exemplo da família Martin e lembrou que a família foi
a primeira realidade que Jesus santificou. O Bispo exortou as famílias a viverem o profundo sentido do sacramento do Matrimônio e valorizarem a oração conjugal e familiar, frisando que os pais têm o poder de abençoar os seus filhos. Dom José Robrto também citou a importância do diálogo como ponto de crescimento dos casais e ressaltou que defender e conduzir os filhos no percurso da vida é a missão primordial da família cristã.
No final da missa, concelebrada pelo Padre Boris Agustín Nef Ulloa, pároco, o Bispo concedeu a bênção com as relíquias. Após a celebração, aconteceu o show de lançamento do primeiro CD da Comunidade Sagrada Família, que tem como missão “evangelizar e resgatar a família para a construção da civilização do Amor”. Para mais informações sobre a comunidade o e-mail é contato@sagradafamilia. org.br.
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Belém Padre Patrick Clarke – 50 anos dedicados a Deus e ao povo Peterson Prates
Colaborador de comunicação da Região
Na Favela da Vila Prudente, na zona Leste da cidade, está instalada a Capela São José Operário. Há 40 anos, o Padre Patrick Clarke, missionário irlandês da Congregação do Espírito Santo (Espiritanos), atua junto aos moradores em projetos para a melhoria da comunidade, tendo sido fundador do Movimento de Defesa do Favelado (MDF) e do Centro Cultural de Vila Prudente. No domingo, 29, Padre Patrick celebrou os 50 anos de sua ordenação sacerdotal, em missa concelebrada por padres que atuam na Arquidiocese de São Paulo e por confrades espiritanos, com a participação de moradores da favela, de leigos de outras paróquias, do secretário municipal de Direitos Humanos, Eduardo Suplicy, além dos colaboradores do
MDF, do Centro Cultural de Vila Prudente, do Reci-favela e da creche Júlio Cesar Aguiar, construída em mutirão, na década de 1980, pelos moradores do bairro. “Nunca vi o Patrick perder a esperança”, expressou, na homilia, o Padre Pedro Luiz Amorim, coordenador de Pastoral da Região Ipiranga, e um dos nove concelebrantes. “Que Deus seja sempre louvado por seu ministério, sacerdócio e testemunho”, completou Padre Pedro, dizendo, ainda, que Padre Patrick é uma grande inspiração, com quem aprendeu a ser padre, durante todo tempo de estágio pastoral. Padre Jorge Boran entregou ao Padre Patrick o certificado da Medalha São Paulo Apóstolo, honraria com a qual o jubilando foi congratulado no mês de agosto na categoria Ação Mis-
Peterson Prates
Padre Patrick na missa em que comemora 50 anos de sacerdócio, no domingo, 29
sionária, pela atuação na promoção da dignidade. Na ocasião da entrega, Padre Patrick estava na Irlanda para tratamento de saúde. Na mesma celebração, houve a despedida da Irmã Marivone Rodrigues, que vivia na favela há três anos,
Há 30 anos, o sim a Deus de Padre Adilson Os fiéis da Paróquia Nossa Senhora das Graças, no Setor Pastoral Vila Alpina, festejaram no domingo, 29, o 30º aniversário de ordenação presbiteral do Padre Adilson Pinheiro, em missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo.
O Cardeal pediu a intercessão de Nossa Senhora das Graças pelas vocações sacerdotais e religiosas e convidou os fiéis para a abertura da Porta Santa, por conta do Jubileu extraordinário da Misericórdia, no dia 13, às 15h, na Paróquia-santuário Nossa Senhora do
Sagrado Coração (avenida Renata, 1, na Vila Formosa). O Arcebispo recomendou a todos que acompanhem pela tevê a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro, no dia 8, pelo Papa Francisco, e que leiam a Carta Pastoral “Misericordiosos como o Pai”.
em uma comunidade intercongregacional. Ela foi enviada em missão para o Pará. Ao final da missa, foi realizada uma confraternização, com apresentação de percussão na favela pelas crianças do Centro Cultural. Peterson Prates
Padre Adilson presenteia Dom Odilo
Sé
Fernando Geronazzo
Colaborador de Comunicação da Região
Exposição de presépios em sintonia com o Ano da Misericórdia Divulgação
Exposição Franciscana de Presépios acontecerá entre os dias 8 e 30 deste mês
“Sede Misericordiosos, como vosso pai é misericordioso” (Lc 6,36) é o tema da 26ª Exposição Franciscana de Presépios, que acontecerá entre os dias 8 e 30 deste mês, com visitas diárias das 9h às 17h, no Convento São Francisco de Assis (largo São Francisco, s/n°, no centro da cidade).
Com o tema inspirado no Jubileu extraordinário da Misericórdia, proclamado pelo Papa Francisco, a mostra terá cerca de 45 presépios vindos de diversos países. Do Brasil, foram selecionados dez conjuntos provenientes das regiões Sudeste, Norte e Nordeste.
Iniciada em 1989, a Exposição Franciscana de Presépios faz parte do calendário das festividades natalinas da cidade de São Paulo. Em todas as edições são expostos presépios que revelam o mistério do nascimento de Jesus nas mais variadas formas, materiais e técnicas de representação plástica. Em todas as exposições, foram expostos mais de 800 presépios de várias partes do Brasil e de outros países. A representação do nascimento de Jesus é registrada em relevos dos séculos III e IV. As primeiras representações narram o Menino Jesus com Maria e José ou apenas o boi, o jumento e o Menino deitado na manjedoura. Muito pouco são os exemplares da representação desse episódio. Atribuiu-se a São Francisco de Assis o início da tradição de montar os presépios. Foi na noite de Natal de 1223, na cidade italiana de Greccio, que Francisco encenou o nascimento
de Jesus. Os biógrafos citam a cena da noite preparada com tochas, numa gruta, entre o boi e o jumento, estava uma criança. A criativa encenação de São Francisco agradou e se tornou conhecida no mundo inteiro. A divulgação e propagação desse acontecimento se deve, em grande parte, aos franciscanos. A iniciativa de realizar a Exposição Franciscana de Presépios no Convento São Francisco está focada na preservação, valorização e difusão da manifestação da cultura erudita e popular de diversos países. O evento também se configura como uma oportunidade de compreender e apresentar a data natalina fora da perspectiva comercial, permitindo reestabelecer a tradição cultural do tema e as mensagens positivas às quais está relacionado. Nesse sentido, o público que visita a exposição é bastante variado. (Com informações de franciscanos.org.br)
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Santana
Diácono Francisco Gonçalves
Colaborador de comunicação da Região
Religiosos preparam-se para a vivência do Ano Santo da Misericórdia Diácono Francisco Gonçalves
Dom Sergio fala a religiosos e religiosas sobre a abertura da Porta Santa na Região, que será no dia 13
Lideranças de pastorais e movimentos em retiro Com pregação do Padre Wagner Scarponi, IAM, lideranças de pastorais e movimentos da Região Santana fizeram retiro no dia 21, na casa de retiros das Irmãs da Consolata, refletindo sobre “O Pai Misericordioso”, “Perdão, a prática da misericórdia” e “Igreja, a Casa da
Misericórdia”. Eles foram acolhidos pelo Padre João Luiz Miqueletti, coordenador regional de pastoral, e participaram da missa de encerramento, presidida por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana.
A Bula Misericordiae Vultus, pela qual o Papa Francisco proclamou o Ano Santo extraordinário da Misericórdia, que será iniciado no dia 8, foi objeto de estudo dos religiosos e religiosas que atuam na Região Santana e que são membros do Conselho de Religiosos do Brasil (CRB) durante a quarta reunião anual que realizaram no domingo, 29, no Recanto das Irmãs da Consolata. A assessoria do estudo foi do Padre Augusto Cesar Pereira, SCJ, que atuava na Paróquia Nossa Senhora da Candelária. Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, apresentou a programação da abertura da Porta Santa na Região, que ocorrerá na Paróquia Sant’Ana (rua Voluntários da Pátria, 2.060), no domingo, 13. Inicialmente, haverá concentração atrás do Colégio Luiza de Marilac (rua Heróis da FEB), a partir das 14h e, às 15h, em procissão, os fiéis seguirão com o Bispo até a Paróquia. Durante o Ano Santo ocorrerão peregrinações dos setores à Porta Santa. Dom Sergio sugeriu que, havendo interesse, os colégios católicos da Região também peregrinem com seus alunos à Porta Santa.
Padre Pita comemora 80 anos de vida e jubileu sacerdotal A Paróquia Santo Antonio do Tucuruvi (rua Dr. Natalino Righetto, 390) realizará a celebração dos 80 anos de vida e dos 50 anos de sacerdócio do Padre José de Coito Pita, pároco, no dia 12, às 17h, na igreja matriz, para a qual todos são convidados.
Alessandra Santos Brito
Diácono Francisco Gonçalves
No dia 22, Dom Sergio de Deus Borges conferiu o sacramento da Crisma a 78 jovens e adultos na Paróquia Nossa Senhora da Candelária, no Setor Pastoral Vila Maria, em missa concelebrada pelo Padre João Paulo Tabarelli Moreira, SCJ, vigário paroquial.
No sábado, 28, Dom Sergio de Deus Borges presidiu missa na Paróquia Nossa Senhora da Penha, concelebrada pelo pároco, Padre Pietro Plona, IMC, na qual ministrou o sacramento da Confirmação a 70 jovens da Paróquia e das comunidades do Jardim Peri.
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Lapa
Benigno Naveira e Paulo Ramicelli Colaboradores de comunicação da Região
Com vigília, fiéis da Paróquia São Francisco de Assis iniciam o Advento Para demarcar o início do Advento, Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, presidiu na noite do sábado, 28, missa na Paróquia São Francisco de Assis, no Setor Pastoral Butantã, concelebrada pelos padres Flávio Heliton da Silva, pároco, e Joaquim Crispim de Oliveira, vigário paroquial, com a participação do diácono André Iasz Filho. Dom Julio, na homilia, recordou que o Advento é o tempo de preparação para o Natal, que demarca a primeira vinda do Filho de Deus entre homens, mas é também o momento em que os corações deveriam voltar-se para a expectativa da segunda vinda de Cristo no fim dos tempos, com o juízo final. Ainda segundo o Bispo, cele-
brar o Natal é comportar-se com glória, que envolve as condições mais sublimes ou mais humildes da existência e da atividade dos homens, e também estar em paz, que é gozo da fraternidade e o fruto da justiça nas relações. O Bispo comentou, ainda, sobre a leitura do Evangelho do 1º domingo do Advento (Lc 21, 2528.34-36), em que Jesus fala sobre o fim do mundo. Segundo Dom Julio, isso é um simbolismo em relação às condições humanas, no sentido de que há muitas experiências desencorajadoras no interior de cada pessoa e na sociedade, que põem à prova a esperança. Após a celebração, os participantes da missa permaneceram em vigília durante a noite.
Paróquia São Francisco de Assis
Dom Julio em missa no início do Advento na Paróquia São Francisco de Assis
Família, Animação Bíblica e Ano da Misericórdia em destaque Padre Antonio Francisco Ribeiro
Leigos e padres participam de reunião do Conselho Regional de Pastoral, no sábado, 28, na Paróquia Nossa Senhora dos Pobres
sericórdia, proclamado pelo Papa Francisco e que terá início no dia 8. “Temos um compromisso desafiador para o ano de 2016. Participar dos grandes momentos propostos pela Região Lapa e pela
14 anos da Paróquia São José Operário No domingo, 29, Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, presidiu missa em ação de graças pelos 14 anos de instalação da Paróquia São José Operário,
no Setor Pastoral Rio Pequeno, concelebrada pelo pároco, Padre Raimundo Ribeiro Martins, SJC. Após a missa, houve a apresentação do Coral Esporte Clube Pinheiros.
Arquidiocese para fazer acontecer o Ano da Misericórdia na nossa cidade. O primeiro grande momento acontecerá no dia 13, às 15h, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa, com a abertura oficial do Ano da
Misericórdia na Região Lapa”, destacou Padre Júlio Cesar. O encontro foi encerrado com homenagens a Dom Julio, que na segunda-feira, 30, completou 53 anos de vida.
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Com a presença de padres e coordenadores de pastorais e movimentos, aconteceu no sábado, 28, na Paróquia Nossa Senhora dos Pobres, no Setor Pastoral Butantã, a reunião do Conselho Regional de Pastoral da Região Lapa, coordenado por Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região. Na oportunidade, houve a apresentação da síntese da Assembleia Arquidiocesana e dos projetos que serão desenvolvidos pela Região Lapa em 2016. “Serão três os caminhos que conduzirão a comunidade da nossa Região para testemunhar Jesus na cidade de São Paulo: Família, Animação Bíblica e Ano da Misericórdia”, enfatizou Dom Julio. Padre Júlio Cesar apresentou uma reflexão sobre a Carta Pastoral “Misericordiosos como o Pai”, do Cardeal Scherer, dirigida à Arquidiocese de São Paulo por conta do Jubileu extraordinário da Mi-
Você pode viver bem, ter vida saudável melhorando seu modo de ver a si mesmo, os outros e o mundo. O Dr. Bruno e o Dr. José darão a você ajuda continuada, indicando o caminho a seguir Os interessados devem comparecer às quartas-feiras, às 14h30, nas instalações das paróquias:
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Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
candidatos ao sacerdócio que receberão o diaconato Túlio Felipe de Paiva* Gilson Frank dos Reis
*Pertence ao Caminho Neocatecumenal, que não adota um lema diaconal.
Fitando-o, Jesus o amou e disse: Uma só coisa te falta, vai, vende o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro nos céus. Depois vem e segue-me. (Mc 10,21).
Rafael Alves Pereira Vicente
Faça-se em mim segundo a tua palavra. (Lc 1,38).
Ailton Bernardo de Amorim
Eu sei em quem pus minha confiança. (2 Tm 1,12).
Bruno Muta Vivas
Orisvaldo da Silva Carvalho
Eu vim para servir e não para ser servido. (Mt 20,28).
Somos servos inúteis. (Lc 17,10).
Paulo Gomes da Silva Júnior
Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho. (1 Cor 9,16).
Em comum, o desejo de servir No sábado, 12, serão ordenados, na Arquidiocese de São Paulo, 16 diáconos; nove permanentes e sete transitórios NAYÁ FERNANDES
nayafernandes@gmail.com
Desde as primeiras comunidades cristãs, há na história do Cristianismo a preocupação do serviço como algo essencial para os seguidores de Jesus. O livro dos Atos dos Apóstolos, no capítulo 6, narra uma reunião na qual a comunidade deve escolher aqueles responsáveis por servir às mesas. “Procurai, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, e nós os encarregaremos desta tarefa. Quanto a nós, permaneceremos assíduos à oração e ao ministério da Palavra. A proposta agradou a toda a multidão. E escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos.” (cf. At 6, 3-6). A palavra diakonia, de origem grega, significa “serviço” e originalmente era usada sem conotações religiosas para
descrever o trabalho de escravos e pessoas humildes. No Novo Testamento, porém, passa a ter um significado teológico e o próprio Jesus é apresentado como aquele que veio para servir e dar sua vida, como narra o Evangelho de Marcos, no capítulo 10. Hoje, dentro dos serviços ministeriais da Igreja Católica, o diaconato é o primeiro grau do sacramento da Ordem, seguido do presbiterado (padres) e do episcopado (bispos), e imprime caráter àqueles que o recebem, ou seja, assim como o Batismo ou a Crisma, quem recebe o sacramento da Ordem obtém uma marca indelével de fé que não pode ser apagada. Há, porém, uma distinção em relação ao diaconato, que pode ser transitório ou permanente. Os chamados diáconos transitórios são aqueles candidatos ao presbiterado e, por isso, para eles, o diaconato é uma fase transitória. Já os permanentes são homens casados ou não que, na Igreja, recebem a ordem diaconal para exercer de modo estável o serviço da Palavra, da Caridade e da Liturgia na Igreja. Diferentemente dos presbíteros, aos diáconos permanentes não cabe, por exemplo, a presidência na celebração da missa, o atendimento de confissões, a unção aos enfermos e outras tarefas que são destinadas exclusivamente aos
padres. A missão dos diáconos permanentes torna-se, assim, uma oportunidade para que, inseridos num contexto familiar e profissional, possam dar testemunho do seguimento de Jesus. É uma maneira particular e própria de estar a serviço, principalmente exercendo a caridade e a assistência aos necessitados.
Histórias que se cruzam
Embora com características diferentes, as histórias desses jovens ou não tão jovens assim, que receberão o sacramento da Ordem como diáconos, no dia 12, às 15h, na Catedral da Sé, se cruzam e têm muitos aspectos em comum. “A ideia de ser ordenado, de gastar toda a vida por Deus, de entregar-me de forma completa e total ao amor da minha vida foi se definindo e alegrando o meu coração. Nesse processo, várias pessoas me ajudaram”, contou, em entrevista ao O SÃO PAULO, Bruno Muta Vivas, que aos 27 anos vai receber o diaconato após seis anos de formação filosófica e teológica como seminarista na Arquidiocese de São Paulo, com objetivo de ser ordenado presbítero. Já a história de Gilson Frank dos Reis demonstra como o chamado de Deus surpreende e se dá, para cada pessoa, num momento específico da vida. Gilson, membro da Missão Belém, comunidade que completou dez anos em 2015
e mantém casas de recuperação para pessoas com dependências químicas, foi usuário de drogas e chegou a morar na rua. Após um longo processo de recuperação e discernimento, sentiu que queria ser padre para completar “algo que faltava em sua vida”. Para ele, “o diaconato é um serviço aos mais necessitados, o levar a Palavra de Deus aos corações secos que o mundo maltratou e fazer essa terra árida ser viva e produzir frutos”. Aos 59 anos, Eduardo Migliorini está casado há 37 anos com Marina Costa Migliorini. Tem duas filhas, Priscilla e Erika, e três netos, Maria Eduarda, Beatriz e João Pedro. Ele participa da Paróquia Santo Antônio de Pádua, na zona Leste de São Paulo, e assim como os demais candidatos que serão ordenados diáconos permanentes, sabe do desafio de conciliar a vida familiar e profissional com os demais compromissos do diaconato, mas sente-se apoiado pela própria família nessa missão. Reinaldo Bonatti, 47, da Paróquia Santa Rita de Cássia, na Região Episcopal Santana, é esposo de Cristina Garcia Bonatti e tem três filhos: Vinícius, Guilherme e Bruno. Ele disse à reportagem que, com o diaconato, pretende “estar presente onde a Igreja necessita. Estar ao lado das famílias e dos doentes, que nos momentos de sofrimento precisam de ânimo”.
Futuros Diáconos PERMANENTES Valter Perandré
Confia no Senhor, ele te ajudará, endireita teus caminhos e espera nele. (Eclo 2,6).
Elias Julio da Silva
Dai graças ao Senhor porque ele é bom, eterna é a sua misericórdia. (Sl 107,1).
Eduardo Migliorini
Provai e vede como o Senhor é bom, feliz o homem que nele encontra seu refúgio. (Sl 34,8).
Claudio Bernardo da Silva
Feliciano João Aparecido Bonitatibus Neto Bottura
A colheita é gran- Não vim para ser de, mas poucos são servido, mas para os operários. Pedi, servir. (Mc 10,45). pois, ao senhor da colheita que envie operários para sua colheita. (Mt 9,36).
Reinaldo Bonatti Raimundo Alves Se alguém quer Ferreira
De graça recebeste, servir a mim que me siga. Onde Eu de graça dai. estiver está aí tam(Mt 10,8). bém o meu servo. (Jo 12,24).
Tu seduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir. (Jr 20,7).
Marcos Adriano de Sousa
Uma só coisa te falta: vai, vende o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me. (Mc 10,21).
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| Reportagem | 23 Arquivo pessoal/Álbum de família
70 anos de uma vocação dedicada à esperança O SÃO PAULO apresenta detalhes da atuação do Cardeal Arns enquanto frade franciscano Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
“Aqui vivi mais de dez anos com o povo e fui feliz, diante de Deus e de meus amigos”. Assim escreve o Cardeal Paulo Evaristo Arns no livro “Um padre em sete morros abençoados”, escrito em 2005 por ocasião da celebração de seus 60 anos de ordenação presbiteral. Em 2015, ao completar 70 anos de sua ordenação, o Cardeal Arns, arcebispo emérito de São Paulo, concelebrou missa na Catedral da Sé na manhã do domingo, 29. A missa foi presidida pelo arcebispo metropolitano, Cardeal Odilo Pedro Scherer, e contou com a presença dos bispos que colaboraram com Dom Paulo como auxiliares: Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC); Dom Antônio Gaspar, bispo emérito de Barretos (SP); e Dom Fernando Penteado, bispo emérito de Jacarezinho (PR). Logo no início da celebração, Dom Angélico dirigiu uma saudação ao Cardeal Arns, ressaltando que Dom Paulo foi um “cardeal do povo, com cheiro das ovelhas, fome e sede de justiça, apóstolo das periferias”. “Queremos oferecer no altar de Deus tudo aquilo que significaram estes 70 anos de sacerdócio de Dom Paulo, muitos deles vividos na Arquidiocese de São Paulo”, manifestou Dom Odilo, recordando, ainda, que a liturgia do Advento fala da esperança, destaque do lema episcopal de Dom Paulo, “De esperança em esperança”.
Um intelectual em sete morros
Após voltar da França, em 1952, doutorado pela Universidade de Sorbonne, o então Frei Evaristo Paulo Arns trabalhou no interior de São Paulo, nas cidades de Bauru e Agudos, onde lecionou e cuidou da formação dos frades franciscanos no Seminário Menor. Mas foi em Petrópolis (RJ) que, além de cuidar da formação dos seminaristas, ele dedicou parte do seu tempo ao trabalho pastoral e “se apaixonou pelo povo humilde”, como afirma Maria Angela Borsoi, que por mais de 40 anos foi secretária de Dom Paulo. Essa paixão que fica clara nas mais de 80 páginas do pequeno livro: “Um padre em sete morros abençoados”. Entre histórias e memórias, Dom Paulo conta como era o trabalho que realizava junto ao povo, desde o atendimento aos doentes, as catequeses para as crianças, a preocupação com a falta de escola e o alto índice de analfabetos da região.
“O principal era a escola: de cem crianças, 91 não a frequentavam, como já contei. As escolinhas se resumiam a uma sala e a professora sacrificada, gritando entre as crianças sentada na terra batida. Preparei um projeto de reforma das escolas e fui apresentá-lo ao bispo local, homem de muita bondade fineza. Aceitou logo a proposta, pois reconhecia os estudos e a experiência de seu frade amigo. Em que consistia? As salas de aula passariam, por um comodato, à Igreja. O município nomearia os professores e os pagaria. Mas só poderiam nomear aqueles que figurassem na lista do povo que descobre, indica e controla”. No livro estão relatos do sacerdote que se colocava à disposição do povo e não se furtava de subir os morros de Petrópolis para dar bênção em doentes e mulheres grávidas, ou que ajudou um casal de portugueses, moradores da cidade, a adotar uma criança. “Choro. Riso. Viva a criança! Está nos ajudou soltando seus gritinhos. Quando a futura mãe envolveu o neném nos braços, tiveram de segurar o senhor Aurélio para ele não cair de emoção. Eu mesmo o imaginava trazendo o pequeno presente de Deus, agora tão semelhante a Nossa Senhora. Era uma menina”. Em 1966, quatro meses de chuvas provocaram uma calamidade na cidade. Rochas despencaram, rolando morro abaixo e por onde passaram, deixaram um rastro de morte, lama e destruição. Ao receber uma ligação pedindo socorro, Frei Evaristo convocou os estudantes. Todos trocaram os hábitos, por calças, camisas e botas. Os feridos foram encaminhados para o hospital, já os mais de 40 mortos foram velados no salão do convento franciscano. “Fizemos escala, e os frades, após o banho, trajando seus hábitos religiosos, passaram a noite ao lado dos mortos, no salão da Ordem Terceira. Rezaram e cantaram a noite inteira para evitar a confusão do choro e a reclamação contra Deus, que não havia evitado essa quase insuportável calamidade”.
Imagem da profissão solene de religioso franciscano do então Frei Evaristo Paulo Arns, em 1943
fonte de esperança; e a eucaristia como expressão plena de amor”. Como escreve o Cardeal Arns em sua autobiografia: “Me perguntam com frequência jornalistas e amigos íntimos. Qualquer coisa que eu tenha feito em minha vida ou ainda chegue a realizar explica o fato de eu ser padre. Fui por longos anos professor, mas sempre padre-professor, ao ensinar Literatura, Teologia ou Didática.
Escrevi livros e milhares de artigos mesmo antes da ordenação sacerdotal. Trazem a marca de padre. Amei muito na vida e passei por situações humilhantes, por calúnias graves e muito difundidas, mas sempre como padre, porque desejei cumprir a missão que Cristo me confiou. Meu lema de bispo, arcebispo e cardeal – ‘De esperança em esperança’ – foi escolhido na época eu que eu era um simples padre”. Luciney Martins/O SÃO PAULO
A escolha da vocação
Maria Angela destaca que ao olhar para a vida e vocação de Dom Paulo não se pode dissociá-la da vida de franciscano, ou seja, de todas as obrigações que além de ser padre, ele deveria cumprir por ser um frade franciscano. Nesse aspecto, ela cita uma entrevista dada por Dom Paulo, em 1989, para a revista Grande Sinal, da Editora Vozes, onde Dom Paulo, na época comemorando 50 anos de vida religiosa, afirma que “foi a partir do momento que recebi como presente o texto completo do Novo Testamento. Gostei sempre da pessoa e da mensagem de Jesus Cristo, por isso afeiçoei-me com intensidade a todos acontecimentos que tanto empolgaram a São Francisco: o Natal de Jesus a vida terrena; a cruz como
Cardeal Arns junto ao Cardeal Scherer durante missa na Catedral da Sé, no domingo, 29
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