O SÃO PAULO - Josp 3085

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 60 | Edição 3085 | 20 a 27 de janeiro de 2016

R$ 1,50

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Escolas católicas diante do desafio à missionariedade Luciney Martins/O SÃO PAULO

editorial

Uma Igreja que acompanha o ritmo da cidade “A Igreja celebra a festa da Conversão de São Paulo, patrono da Arquidiocese. No mesmo dia, a Cidade comemora 462 anos de fundação... é impossível contar a história da Cidade prescindindo do impulso missionário e evangelizador que a originou e a acompanhou em toda a sua evolução”. Página 2

Dom Odilo recebe título de Cidadão Honorário do Paraná Página 11

Abertura do 24º Congresso Interamericano de Educação Católica tem a presença do Cardeal Scherer e do ministro da Educação, Aloizio Mercadante

800 pessoas participaram do 24º Congresso Interamericano de Educação Católica, realizado em São Paulo entre os dias 13 e 15. Desafio à missionariedade das escolas católicas,

ESPECIAL 25 de janeiro

ano 60 | Edição 3085 | 20 a 27 de janeiro de 2016

atendendo à exortação do Papa Francisco para uma “Igreja em saída”, foi o destaque das discussões do evento, que contou com a participação do Cardeal Scherer, arcebispo de São

Padre Ney de Souza: ‘Deus habita esta cidade’

São Paulo é o apóstolo da misericórdia de Deus

Diante de desafios, a Igreja intensificou a evangelização e o compromisso com a transformação social da cidade.

Cônego Celso Pedro analisa as cartas de São Paulo, que retratam a certeza do Apóstolo na misericórdia divina.

Na metrópole, a música clássica forma pessoas Maestro João Carlos Martins fala sobre a carreira, a importância da música e seu carinho pela cidade de São Paulo.

da Cidade pelos jesuítas, em 1554, há 462 anos, na festa da Conversão de São Paulo Apóstolo. Mais uma vez, como tem feito desde que foi criado, em 25 de janeiro de 1956, há 60 anos portanto, O SÃO PAULO, reporta esses e outros fatos da maior Metrópole do Brasil e das ações da Arquidiocese.

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Há seis décadas, a notícia sob a ótica católica

Fundado em 1956, o jornal O SÃO PAULO, completa 60 anos de história reportando os fatos da Igreja, do mundo, do Brasil e da cidade de São Paulo sob a perspectiva do Evangelho, da ética e da moral cristã. Páginas E8 e E9

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especial

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25 de janeiro é uma data especial para quem vive em São Paulo. Afinal, a Cidade faz aniversário e sempre há opções para se festejar, seja em uma das muitas atrações culturais, seja com um passeio pelos parques. Nunca se deve esquecer, porém, a motivação das comemorações: a fundação

Paulo. Houve, ainda, vídeo-mensagem do Papa, na qual o Pontífice enfatizou que a educação deve ser direcionada à cultura do encontro.

Nos parques da cidade, muitas opções de lazer

O SÃO PAULO apresenta detalhes de alguns parques espalhados pelos quatro cantos da cidade, nos quais a tranquilidade do contato com a natureza e o lazer estão garantidos. Páginas E4 e E5

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Cardeal Scherer: ‘Deus, Pai das misericórdias!’ Arcebispo de São Paulo destaca a festa da Conversão de São Paulo Apóstolo, patrono da Arquidiocese, que mudou de vida após um encontro com Deus misericordioso, por meio de Jesus Cristo. Página E3

Arquidiocese amplia ações na cidade Com criação de paróquias e atuação de novas comunidades e vicariatos, Igreja acompanha crescimento de São Paulo. Página E10

Pastoral é sinal de misericórdia com os presos Na série do O SÃO PAULO sobre as práticas de obras de misericórdia, a visita aos presos é o destaque desta edição, com os trabalhos realizados pela Pastoral Carcerária da Arquidiocese na atenção às mais de 20 mil pessoas encarceradas na capital paulista e em Franco da Rocha, na Grande São Paulo. Neste Jubileu da Misericórdia, integrantes da Pastoral desejam que mais pessoas visitem os presos. Página 9


2 | Ponto de Vista |

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Uma Igreja que acompanha o ritmo da cidade Luciney Martins/O SÃO PAULO

O relevo da região, com sua abundância de rios, rapidamente atraiu para o planalto outras ordens religiosas, bem como os colonizadores. O crescimento da população da Vila de São Paulo, que na época somava aproximadamente 140 habitantes, possibilitou a fundação da primeira paróquia, em 1591, denominada Paróquia São Paulo do Campo. Segundo a obra “Catolicismo em São Paulo”, do historiador Ney de Souza, seu primeiro vigário foi o Padre Lourenço Dias Machado, sobrinho de Lopo Dias, antigo morador de São Paulo é casado com uma filha do Cacique Tibiriçá. Em 1598, a primeira igreja matriz começou a ser construída e depois dela a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, a Igreja de Santo Antônio, na praça do Patriarca, e a Capela Nossa Senhora da Assunção, que deu origem ao Mosteiro de São Bento. Em 1647, os franciscanos instalam seu convento no largo de São Francisco.

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m 25 de janeiro, a Igreja celebra a festa da Conversão de São Paulo, patrono da Arquidiocese de São Paulo. No mesmo dia, a cidade comemora 462 anos de fundação. A convergência das datas não é fruto do acaso. Na origem desta grande metrópole que hoje abriga cerca de 11,9 milhões de habitantes - é a 8a maior aglomeração urbana do mundo, possui o 10o PIB do planeta, representando sozinha 10,7% de todo o PIB brasileiro e 32% de toda a produção de bens e serviços do Estado de São Paulo - está a instalação de uma missão jesuíta, comandada pelo Padre Manoel da Nóbrega que, junto com São José de Anchieta, fundou em 1554 um colégio com o intuito de catequizar os índios que viviam na região. A fundação do Colégio que deu origem à Cidade foi precedida por uma missão evangelizadora dos jesuítas realizada em 1553 e que iniciou 50 indígenas na fé cristã. Na ocasião, os colonizadores portugueses ainda estavam geografica-

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

mente focados no litoral. A escolha por estabelecer uma missão em uma região no planalto acima da Serra, denominada então Piratininga, atendia ao objetivo de catequizar os indígenas longe da influência dos homens brancos. Além da aldeia no Pátio do Colégio, outras tantas mais distantes surgiram e foram embriões de bairros como Pinheiros e São Miguel Paulista (ambas fundadas por São José de Anchieta) e municípios como Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Itapecerica, Barueri, Guarapiranga, Carapicuíba e Guarulhos. Bem cedo, porém, as expectativas iniciais dos jesuítas foram frustradas. Em 1560, Mem de Sá, então governador-geral da colônia, transferiu os habitantes da Vila de Santo André da Borda do Campo para os arredores do colégio e, assim, fundou a Vila de São Paulo de Piratininga. No mesmo ano, foi criada a sua câmara municipal, então chamada Casa do Conselho, e a Santa Casa da Misericórdia.

Daí por diante, a Cidade não parou de crescer e junto com ela, a Igreja em São Paulo. No século XVIII, foram criadas as Paróquias de Nossa Senhora do Ó e Nossa Senhora da Penha, esta última na atual Diocese de São Miguel Paulista. No mesmo período, em 1745, um decreto assinado por Dom João V e sancionado pelo Papa Bento XIV criou os bispados de São Paulo e Mariana, além das prelazias de Cuiabá e Goiás. O primeiro bispo da Diocese de São Paulo foi Dom Bernardo Rodrigues Nogueira e em 1747 o novo bispado já contava com um cabido. Durante o século XIX, outras paróquias surgiram, como a Santa Ifigênia, São Bernardo e a Bom Jesus do Brás. Como se pode perceber, é impossível contar a história da cidade de São Paulo prescindindo do impulso missionário e evangelizador que a originou e a acompanhou em toda a sua evolução. Ao longo de quase cinco séculos de existência, a cidade de São Paulo viveu várias transformações políticas, econômicas e culturais. À sua composição étnica, constituída na origem por índios e brancos europeus, somaram-se os negros que foram usados como mão de obra nas lavouras durante o ciclo do café e os novos ciclos imigratórios de italianos, ingleses, alemães, espanhóis,

libaneses e orientais, a partir do final do século XIX e durante o século XX. A cidade, que durante o ciclo do café ganhou importância econômica e política, tornou-se a capital econômica do País em meados do século XX, com a ascensão da indústria. A partir de então, sua população cresceu com ciclos migratórios provenientes da região Nordeste do Brasil e atualmente recebe imigrantes em sua maioria procedentes do Haiti, da Bolívia, do Peru e refugiados da Síria. O desenvolvimento econômico da Cidade possibilitou o surgimento de universidades, escolas católicas e públicas e a metrópole foi gradativamente ganhando importância dentro do cenário da política nacional. Junto com o seu desenvolvimento econômico e cultural, surgem também contradições: cortiços, favelas, populações vivendo nas ruas, problemas de saneamento, abastecimento, saúde pública, crescimento desordenado etc. Essas mudanças foram e são acompanhadas pela Igreja em São Paulo, que fiel ao espírito missionário de seu patrono, assume todos esses problemas como desafios pastorais. E assim, ao longo dos quase cinco séculos de história, novas dioceses nasceram na capital, centenas de novas paróquias, comunidades e CEBs foram criadas com o intuito de atender a população em suas necessidades tanto espirituais quanto culturais e materiais; as congregações religiosas se multiplicaram, assim como as escolas, hospitais, núcleos de apoio a moradores em situação de rua, creches e asilos. Pastorais sociais e ambientais foram organizadas, como a Pastoral do Menor, Pastoral Carcerária, Pastoral do Migrante, Pastoral da Terceira Idade, Pastoral da Moradia, Pastoral dos Nômades, Pastoral da Família, Pastoral dos Universitários, Pastoral da Comunicação, Vicentinos, Cáritas etc. Esse esforço missionário e evangelizador tem sido incrementado com o surgimento de novos movimentos evangelizadores como, por exemplo, a RCC, a Aliança da Misericórdia, a Missão Belém. É assim que a Igreja de São Paulo se faz presente em todos os ambientes, tanto no centro quanto nas periferias. Com suas obras de misericórdia, procura ser uma expressão viva do amor de Deus no meio da Cidade.

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Renata Moraes • Institucional: Rafael Alberto e Fernando Geronazzo • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Maria Aparecida Ferreira • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

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ia 25 de janeiro, São Paulo faz festa por vários motivos. É o Dia da Cidade, lembrando a fundação desta Metrópole em 25 de janeiro de 1554. Por esse motivo, cumprimento todo o povo de São Paulo, tão numeroso e diversificado. Que esta grande multidão torne-se cada vez mais um povo unido e solidário, na busca do melhor para nossa Cidade, que também é nossa casa comum. O que cada um fizer de bom resultará em benefício de todos; e se alguém resolve viver de maneira insana, prejudica a vida de todos os paulistanos. São Paulo é muito rica e, ao mesmo tempo, muito pobre. Os moradores de rua, dos bairros humildes, cortiços e favelas, também esperam e merecem ter conforto e dignidade. O amor à cidade vai além do apreço

| Encontro com o Pastor | 3

Festa em São Paulo A Igreja presente nesta metrópopelos seus parques, avenidas e praças, ao redor da escola e de seus mestres. O altar lembra que Deus habita le herdou a missão de São Paulo; ela pelas oportunidades que oferece; amar São Paulo é querer toda a sua gente fe- esta Cidade imensa desde sua primei- também precisa do ardor missionário liz e em paz. ra origem. Se os homens edificarem a do Apóstolo e de seu dinamismo e coSaúdo as Autoridades, que repre- cidade tendo Deus presente, ela será ragem para anunciar e testemunhar o sentam a Cidade e a governam. É um sólida e fraterna. Onde moram os ho- Evangelho de Cristo, hoje mais ainda privilégio representar e governar esta mens e edificam suas cidades, Deus que no passado. Que São Paulo interCidade cosmopolita; ao mesmo tem- também quer estar presente. Que São ceda por nós todos junto de Deus e po, é uma tarefa árdua, que requer Paulo se lembre sempre dessa sua ori- que seu carisma missionário e sua fisabedoria e imensas energias. Desejo- gem e valorize, pois onde Deus está, o delidade a Jesus Cristo nos contagiem. Neste ano, a Festa do nosso Patrolhes a luz e a bênção de Deus para o homem sabe melhor o que deve fazer. Festejamos o Padroeiro da Cidade no transcorre durante o Jubileu extraexercício de tão grande missão. Lembro-lhes que governar para todos re- de São Paulo, do Estado homônimo e ordinário da Misericórdia. Que toda quer, no entanto, um olhar mais aten- da Arquidiocese de São Paulo. Quan- a Cidade se deixe envolver pelo amor to para os desvalidos e à porção mais do ainda era apenas uma pequena misericordioso de Deus, que é pai desta grande comunidade urbana frágil da população, e que os e deseja que todos tenham vida governantes serão julgados por O amor à cidade vai além do plena. E que nós todos, que creaquilo que tiverem feito por apreço pelos seus parques, mos no Pai das misericórdias, eles. avenidas e praças, pelas sejamos testemunhas críveis da São Paulo foi fundada ao oportunidades que oferece; misericórdia de Deus para com redor de um colégio e de um amar São Paulo é querer toda o povo paulistano. Que as obras altar, e isso precisa ser recordado sempre. O colégio lembra de misericórdia ajudem a levana sua gente feliz e em paz tar os caídos, a curar as feridas, infância, juventude, educação; lembra presente e futuro unidos aldeia, o Apóstolo já lhe fazia compa- a socorrer os famintos e desabrigados, no projeto de edificação contínua da nhia; e a Igreja de Cristo, que iniciou a cuidar dos doentes. A Cidade ficará Cidade. Colégio lembra valores assi- sua presença com os missionários mais bonita com a misericórdia de tomilados e transmitidos, memória que Jesuítas, foi colocada desde logo sob dos. se cultiva. O Pátio do Colégio lembra o patrocínio e a intercessão de São Desejo a toda a Arquidiocese de professores e mestres de vida, que são Paulo, na primeira missa celebrada São Paulo um dia abençoado, pela importantes para o cultivo dos valo- neste Planalto de Piratininga. Foi jus- intercessão do Apóstolo São Paulo, res comuns no convívio urbano. São tamente no dia 25 de janeiro, festa da nosso Patrono e intercessor junto de Paulo precisa continuar a se edificar Conversão de São Paulo. Deus! Divulgação


4 | Fé e Vida |

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Liturgia e Vida

Você Pergunta Cumprir ou não a promessa que eu fiz de não cortar os cabelos?

3º DOMINGO DO TEMPO COMUM 24 DE JANEIRO DE 2016

Um só corpo ANA FLORA ANDERSON No começo deste ano litúrgico dedicado à misericórdia, o Espírito Santo nos dá uma graça especial. Vivemos num mundo de divisões culturais, políticas e até pastorais e teológicas. A liturgia de hoje nos chama à conversão! A primeira leitura (Neemias 8, 2-6.8-10) revela que a primeira semente da unidade nasce de ouvir a Palavra de Deus. Para se tomar decisões importantes, deve-se reunir todo o povo numa assembleia, na qual o assunto precisa ser explicado de maneira clara para que todos possam compreender e participar. O ponto alto da liturgia de hoje está na carta de São Paulo à comunidade de Corinto (1 Cor 12, 1230). O Apóstolo escolheu o corpo humano para revelar o mistério da Igreja que é o Corpo de Cristo. Todos compreendem que no corpo

padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br

humano cada membro tem uma função diferente e importante para o conjunto. São Paulo insiste que isso é a riqueza da Igreja, o Corpo de Cristo. De maneira clara, o Apóstolo mostra que os ministérios da Igreja são importantes e precisam ser diferentes. Todos, no entanto, bebem do mesmo Espírito e formam um só Corpo em Cristo. O Evangelho de São Lucas (1, 1-4; 4, 14-21) apresenta Jesus na sinagoga de Nazaré lendo um trecho do profeta Isaías. Ele afirma que esse texto se realiza na missão dele: anunciar a Boa-Nova da Salvação aos pobres, libertar os oprimidos e abrir os olhos dos cegos. Para seguir o caminho do Senhor Jesus, precisamos de uma Igreja com membros diferentes, que assim possam atingir todas as necessidades do nosso mundo tão complexo.

A Ana Raquel me escreve dizendo que durante sua gravidez teve um leve sangramento e, com medo de perder sua filhinha, fez a promessa de não cortar os cabelos até completar 30 anos. Só que ainda faltam dois anos para completar 30 anos e seus cabelos estão grandes de mais. “Quero cortá-los, padre, mas tenho medo de quebrar a promessa e ser castigada, tenho medo de acontecer algo à minha filha. O que fazer?” Ana Raquel, é muito natural que, num momento de desespero, a gente faça qualquer coisa para conseguir resolver um problema. Você entrou em pânico com a possibilidade de

perder a sua filhinha e fez essa promessa maluca de não cortar os cabelos até os 30 anos. Uma promessa maluca, digo eu, porque a Deus não servem os seus cabelos curtos ou longos. Se você tivesse prometido ser uma mãe verdadeiramente cristã para sua filhinha, consagrá-la inteiramente a Deus, encaminhá-la na fé cristã, dar seu testemunho de fé para ela enquanto sua filha fosse crescendo, certamente Deus ficaria mais feliz ainda. Nem por isso, porém, Deus deixou de ser bom e misericordioso com você. Ele compreendeu sua angústia e lhe deu a bênção que você queria. Aí está você agora, com 28 anos, faltando dois para encerrar a promessa e já desesperada com o tamanho

dessa cabeleira toda. Olhe, minha irmã, a misericórdia de Deus é sem fim. Nós estamos no Ano da Misericórdia. Eu acho melhor você prometer ao Senhor falar dessa graça para sua filha, quando ela for capaz de entender. Acho melhor você fazer alguma coisa por uma criança pobre, quem sabe ajudar uma mãezinha pobre a ter seu filhinho sem que lhe falte o essencial para cuidar dele. E viver sua fé com o coração agradecido, entendendo que Deus foi mesmo maravilhoso com você, dando-lhe de presente essa criaturinha linda que agora é a razão de ser de sua vida. E corte este cabelão que o nosso clima não é para deixá -lo crescer do jeito que está. Deus abençoe você e sua família.

Atos da Cúria NOMEAÇÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL Em 1º de janeiro de 2016, foi nomeado Administrador Paroquial da Paróquia São Thomas More, da Região Episcopal Lapa, Setor Pastoral Rio Pequeno, o Revmo. Pe. Jorge Pierozan, pelo período de 1º de janeiro de 2016 até 30 de março de 2016. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE DIÁCONO PERMANENTE COMO ASSISTENTE PASTORAL Em 1º de janeiro de 2016, foi nomeado e provisionado Assistente Pastoral “ad nutum episcopi” no Cemitério Municipal da Vila Formosa, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Carrão/ Formosa, o Diácono Permanente João Aparecido Bottura. Em 1º de janeiro de 2016, foi nomeado e provisionado Assistente Pastoral “ad nutum episcopi” na Paróquia Coração Eucarístico de Jesus e Santa Marina, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Carrão/Formosa, o Diácono Permanente João Aparecido Bottura. Em 1º de janeiro de 2016, foi nomeado e provisionado Assistente Pastoral “ad nutum episcopi” na Paróquia Nossa Senhora de Fátima e São Roque, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Sapopemba, o Diácono Permanente Elias Júlio da Silva.

Em 1º de janeiro de 2016, foi nomeado e provisionado Assistente Pastoral “ad nutum episcopi” na Paróquia Santo Antônio de Pádua, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Guarani, o Diácono Permanente Eduardo Migliorini. Em 1º de janeiro de 2016, foi nomeado e provisionado Assistente Pastoral “ad nutum episcopi” na Paróquia Santa Adélia, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Conquista, o Diácono Permanente Valter Perandré. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE DIÁCONO TRANSITÓRIO COMO ASSISTENTE PASTORAL Em 1º de janeiro de 2016, foi nomeado e provisionado Assistente Pastoral “ad nutum episcopi” na Paróquia Nossa Senhora das Graças, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Sapopemba, o Diácono Transitório Rafael Alves Pereira Vicente.

nutum episcopi” na Missão Belém, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Belém, o Diácono Transitório Gilson Frank dos Reis. Em 1º de janeiro de 2016, foi nomea-

Para assinar O SÃO PAULO: Escolha uma das opções e a forma de pagamento. E n v i e e s s e c u p o m p a r a : F U N DAÇ ÃO ME TROPOLITANA PAULISTA, Ave n i d a Higienópolis, 890 São Paulo - SP - CEP 01238-000 - Tel: (011) 3666-9660/3660-3724

do e provisionado Assistente Pastoral “ad nutum episcopi” na Missão Belém, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Belém, o Diácono Transitório Paulo Gomes da Silva Junior.

ASSINATURA SEMESTRAL: R$ 45 ANUAL: R$ 78 FORMA DE PAGAMENTO CHEQUE (Nominal à FUNDAÇÃO METROPOLITANA PAULISTA) DEPÓSITO BANCÁRIO Bradesco ag 3394 c/c44159-7 COBRANÇA BANCÁRIA

NOME__________________________________________________________ __________________________________________________________________ DATA DE NASC. ___/___/____CPF/CNPJ _________________________________ ENDEREÇO ___________________________________________________________ __________________________________________________________ nº __________ COMPLEMENTO ______________________ BAIRRO ___________________________ CEP ____________ - ___________ CIDADE____________________________________

Em 1º de janeiro de 2016, foi nomeado e provisionado Assistente Pastoral “ad

ESTADO ______ E-MAIL: ________________________________________________ TEL: (__________) ______________________________________ DATA ____/___/____

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Espiritualidade

Envolvido pelos panos, do nascimento ao sepulcro Dom Devair Araújo da Fonseca

Bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação

O nascimento de toda criança está marcado pela passagem da segurança do útero para a realidade do mundo. Por mais que o nascimento seja um acontecimento aguardado, para o pequeno recém-nascido esse contato com o novo deixa à mostra a fragilidade do corpo humano. O bebê é frágil e precisa de cuidados para alimentar-se, para aquecer-se e para todas as suas outras necessidades. Com Jesus não foi diferente. Entre as primeiras coisas que o bebê recebe estão o nome e a roupa. Com os recursos de que dispomos em nossos dias, a escolha do nome e a preparação da roupa são feitas com grande antecedência, já que saber o sexo do bebê não é mais um mistério. O nascimento de Jesus foi marcado pelo anúncio do Anjo, que também comunicou o nome – Jesus (“Iahweh”) que significa salvação”. As circunstâncias não permitiram um ambiente tranquilo como de uma casa, de um hospital ou maternidade. O lugar encontrado por José e Maria foi a “manjedoura”. As roupas que os pais preparam, muitas vezes, seguem os padrões sociais, as cores mais apropriadas ou mesmo algum tipo de gosto pessoal. Não é raro ver a foto

de um recém-nascido com uma roupinha que tem o símbolo do time de futebol do pai ou da mãe. Com Jesus não foi assim. Ao nascer, Jesus foi envolvido em panos, sem distintivos, sem indicação de cores ou de convenções sociais, apenas panos. A roupa, que a princípio serve como proteção para o corpo, ganha valor social. Cada qual começa a se vestir de acordo com a moda, com o gosto pessoal. Outras vezes, as vestes não passam de uma ostentação social e de poder: “Tenham cuidado com os doutores da Lei. Eles gostam de andar com roupas compridas, de ser cumprimentados nas praças públicas, gostam dos primeiros lugares nas sinagogas e dos lugares de honra nos banquetes” (Mc 12, 38-39). Com Jesus não foi assim. Jesus era homem do povo, um povo sofrido e marcado pelas dificuldades, pela escravidão, mas também povo de esperança. Um povo que aguardava a realização da promessa de Deus. É também do meio desse povo que vem o primeiro anúncio de que o cumprimento da promessa está próximo. A presença de Jesus incomoda. Aquele bebê envolvido em panos, que, no passado, causou ternura e adoração aos pastores e aos magos, nos anos que se seguiram, passou a ser alvo de desconfiança, de medo, de intrigas e de violência. O último ato de violência foi a entrega de Jesus para a morte: “Depois de zombarem de Jesus, tiraram-lhe o manto vermelho, e o vestiram de novo com as próprias roupas dele; daí o levaram para crucificar” (Mt 27,31). Com Jesus foi assim.

Diferentemente do corpo do Menino Jesus, que causava ternura, o corpo de Jesus descido da cruz causava espanto, asco e nojo. Como na manjedoura, também ali o seu corpo foi envolvido em panos, como uma última veste que devesse usar: “Então, eles pegaram o corpo de Jesus e o enrolaram com panos de linho junto com os perfumes, do jeito que os judeus costumam sepultar” (Jo 19,40). Mas a morte não teve sua vitória, o medo, a desconfiança, as intrigas e a violência foram vencidas pela esperança. Por isso, nada pode deter o Ressuscitado, nem mesmo os panos ou as ataduras, o túmulo fica vazio. “Então, Pedro, que vinha correndo atrás, chegou também e entrou no túmulo. Viu os panos de linho estendidos no chão e o sudário que tinha sido usado para cobrir a cabeça de Jesus. Mas o sudário não estava com os panos de linho no chão; estava enrolado num lugar à parte” (Jo 20, 6-7). Do nascimento até a morte, Jesus conviveu com diferentes acontecimentos e pessoas, da ternura à rejeição, do encanto ao desencanto, da vida à morte. Mas ao vencer a morte, tudo alcançou a plenitude e é essa vitória que nos garante uma veste nova e eterna: “Vi uma grande multidão, que ninguém podia contar: gente de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam todos de pé diante do trono e diante do Cordeiro. Vestiam vestes brancas e traziam palmas na mão. Em alta voz, a multidão proclamava: ‘A salvação pertence ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro’” (Ap 7, 9-10).

| Fé e Vida | 5

Fé e Cidadania 120 anos a serviço dos migrantes e dos órfãos Padre Alfredo José Gonçalves, CS Embora tenha sido constituído como pessoa jurídica em 1897, o Instituto Cristovão Colombo (ICC) vinha funcionando como orfanato para os filhos dos imigrantes italianos desde o dia 8 de dezembro de 1895. Nasceu como uma obra social da Congregação dos Missionários de São Carlos (Scalabrinianos), fundada pelo bispo Dom João Batista Scalabrini. O ICC celebra seu 120° aniversário de existência. Hoje tem como missão “ser uma casa de acolhimento, defesa e proteção da vida para crianças em situação de risco e vulnerabilidade (ECA, n°90) na opção operacional de 5 a 11 anos (1° ciclo fundamental)”. Verdadeiro lar para meninos e meninas provenientes de famílias pobres. Suas paredes, salas, corredores, igreja e pátio contam uma história de migração que dura mais de um século. De início, a casa esteve à disposição dos filhos dos imigrantes que vinham especialmente para as fazendas de café, no interior de São Paulo. Alguns desses imigrantes perdiam a vida na longa viagem de Gênova, na Itália, até o porto de Santos (SP). Outros, pouco a pouco, viam-se consumidos pelo trabalho do campo. O ICC abria os braços para os órfãos, tanto em sua seção masculina, no Ipiranga, quanto na seção feminina, na Vila Prudente. Prova disso foi a dedicação incansável de duas figuras que souberam dar a vida pela causa da migração e das crianças: o Padre José Marchetti e sua irmã, a Beata Madre Assunta Marchetti, chamados respectivamente “o pai dos órfãos” e a “mãe dos órfãos”. Por volta dos anos 1930-40, houve a diminuição da imigração italiana para o Brasil. Começou, porém, o fluxo de migrantes internos do Nordeste para o Sudeste, com destaque para o Rio de Janeiro e São Paulo. Atento aos “sinais dos tempos”, o ICC soube adaptar-se aos novos desafios, passando a abrigar os filhos de famílias migrantes pobres, vindos dos porões e periferias da cidade em rápida expansão. No final do século XX e início do século XXI, decresce o número de migrantes nordestinos. Mas a cidade de São Paulo passa a receber imigrantes hispano-americanos, africanos e asiáticos, alguns como refugiados. Uma vez mais, o ICC abre suas portas às novas circunstâncias da mobilidade humana, recebendo crianças de outras nacionalidades. Outra mudança significativa foi sua adaptação às exigências do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), acolhendo crianças de ambos os sexos, e sempre voltado para aquelas “em situação de risco e vulnerabilidade”.


6 | Viver Bem |

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Comportamento

O sentido das férias

Simone Fuzaro mos dos pais: “meu Deus, come- quando não forem excessivos. Retornar ao convívio escoçaram as férias, o que fazer com Entender o sentido das férias os filhos em casa?” Simplesmen- lar, depois de férias bem vivicontribui e muito para ajudar- te conviver. Entender que o im- das, bem ‘curtidas’ em família, mos os pequenos a amadurece- portante das férias é o convívio vai demandar um esforço, sem rem e encararem de modo posi- familiar diferente da época de dúvida, porém, não tão grantivo os períodos escolares. Estar aulas. Encarar isso com clareza e de. Toda mudança de rotina é de férias escolares não significa disposição é fundamental. Logi- trabalhosa para os pequenos, estar num período mágico, re- camente, nem todos os pais têm contudo, são momentos ricos pleto de passeios e atividades férias junto com os filhos e sen- de amadurecimento e entenespeciais, viagens dos sonhos. tem dificuldade de administrar dimento do que é a vida - seus Estar de férias, ao contrário, sig- esse tempo. Porém, já sabemos ciclos e suas riquezas. Não estanifica ter um tempo para se des- disso quando decidimos ser pais remos propondo que saiam de ligar dos “compromissos” esco- e somos criativos o lares (acordar tão cedo, colocar suficiente para nos Nas férias também é uniforme, fazer lições...) e poder adaptarmos a essa descansar um pouco mais, con- situação se a abra- saudável haver rotinas viver com os pais, familiares, çamos como pró- e obrigações. a criança irmãos dentro de casa. Ter tem- pria. O que não precisa de rotina (horários po de brincar e conviver em seu podemos é nos para acordar, comer, ambiente, aprender coisas pró- deixar levar pela prias do cotidiano, criar brinca- tentação de preen- dormir, tomar banho). deiras, ouvir histórias, ver fotos. cher de programas Arrumar os brinquedos, Com certeza, pedirão passeios esse período, ou organizar o quarto, diferentes, cinemas, lanches es- de delegá-lo a ou- afinal, sem obrigações peciais, viagens extraordinárias. tros. A “angústia” e e limites as crianças Como adultos, porém, cabe a o vazio próprios da nós estabelecermos o tom desse falta de programas ficarão abandonadas tempo de férias. Alguns progra- são importantes, e não em férias mas especiais fazem parte e são fazem amadurecer, bem-vindos. Porém, uma mara- ensinam a valorizar o pequeno, um oásis de programas mega tona de cursos de férias, viagens o convívio, as conversas, as pe- elaborados e superdivertidos, e atividades preenchendo o es- quenas atividades feitas junto para uma rotina de responsabipaço que a escola deixou, não os com os pais em casa. A ajuda lidades e aprendizagens diárias. ajuda a amadurecer. da babá ou da vovó será bem- Não estaremos re-colocando No início das férias, podem vinda, porém, será programada um “fardo escolar” nos ombros acontecer as mais diversas rea- pelos pais. Nas férias, também é dos pequenos. Aprenderão que ções: crianças perdidas em casa, saudável haver rotinas e obriga- a vida é feita de fases, de épocas exigindo companhia o tempo ções. A criança precisa de rotina em que as rotinas são diferentes todo, sem saber o que fazer ao (horários para acordar, comer, e todas elas, importantes, boas serem tiradas da rotina escolar. dormir, tomar banho). Arru- e produtivas. Outras que curtem a princípio mar os brinquedos, organizar o Simone Ribeiro Cabral Fuzaro essa mudança de rotina e, em quarto, afinal, sem obrigações e é Fonoaudióloga e Educadora; Mestre em Educação/Distúrbios da seguida, se sentem angustiadas limites as crianças ficarão abanComunicação pela PUC-SP; Especialista pela falta do ritmo maior de ati- donadas e não em férias. Os proem linguagem e coordenadora da Escola de Educação Infantil Pedrita vidades. Muito comum ouvir- gramas diferentes virão agregar

Cuidar da Saúde

Hidradenite, o que é isso? Cássia Regina Hidradenite é quando um folículo piloso se obstrui, acumulando substâncias que deveriam ser eliminadas levando a uma inflamação local, que muitas vezes pode ser confundida com furúnculo. Ao contrário do furúnculo, a hidradenite pode tornar-se uma doença crônica, em que a inflamação é recorrente e sempre acomete o mesmo local. O paciente com hidradenite frequentemente reporta um histórico de várias lesões que vão e voltam ao longo

dos anos, quase sempre nos mesmos locais da pele. Essa doença é mais frequente em mulheres, pessoas obesas (ou com sobrepeso), fumantes e naqueles com história familiar de hidradenite. É mais comum em áreas intertriginosas, como as axilas e virilhas (mais frequentes) e região inferior das mamas ou dos glúteos, ao redor do ânus, do saco escrotal ou na parte de dentro das coxas. O nódulo pode regredir de forma espontânea ou formar um abscesso, com necessidade de drenagem. Cicatrizes

podem surgir após a resolução de lesões muito inflamadas. O tratamento vai desde observar a evolução até drenagem ou cirurgia para retirar os folículos doentes, nos casos mais graves com cicatrizes. Porém, na maioria das vezes, a ingestão de antibióticos via oral tem dado bom resultado. O importante é evitar a obesidade, não fumar, e principalmente, não espremer nenhuma lesão antes da avaliação do médico. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com


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| Papa Francisco | 7

Papa na sinagoga: judeus e cristãos, uma única família O Papa Francisco esteve na Sinagoga de Roma no domingo, 17. Ele é o terceiro pontífice a visitar a comunidade judaica romana. Em seu discurso, o Santo Padre recordou São João Paulo II que, em 1986, disse que os judeus são os “irmãos mais velhos” dos cristãos. “Todos nós pertencemos a uma única família, a família de Deus”, afirmou. “No diálogo inter-religioso é fundamental encontrar-nos, como irmãos e irmãs, diante do nosso Criador e a Ele prestar louvor; respeitar-nos e apreciar-nos mutuamente e colaborar”, disse o Papa. O Bispo de Roma recordou, ainda, que o Concílio Vaticano II, com a Declaração Nostra aetate, traçou o ca-

Fotos: L’Osservatore Romano

minho: “‘sim’ à descoberta das raízes judaicas do Cristianismo; ‘não’ a toda forma de antissemitismo e condenação de toda injúria, discriminação e perseguição, que disso derivam”.

Violência é contradição

“A violência do homem contra o homem está em absoluta contradição com qualquer religião, digna deste nome e, em particular, com as três grandes Religiões monoteístas...”, enfatizou Francisco, recordando a Shoah (holocausto). “Seis milhões de pessoas, apenas por pertencerem ao povo judaico, foram vítimas da barbárie mais desumana perpetrada em nome de uma ideologia que queria substituir Deus com

Cerca de 2 mil pobres e imigrantes de Roma assistiram na quinta-feira, 14, a um espetáculo circense a convite do Papa. A atividade foi promovida pela Esmolaria Apostólica, encarregada de realizar as obras de caridade do Pontífice, em conjunto com o circo Rony Roller.

o homem”, afirmou o Pontífice, acrescentando que “a Shoah ensina-nos que é preciso sempre máxima vigilância,

O Papa Francisco fez uma visita surpresa na sexta-feira, 15, a uma casa de repouso para idosos na periferia de Roma. A visita faz parte da série de gestos que o Pontífice realizará às sextas-feiras durante o Ano Santo, como sinais concretos de misericórdia.

Encontro com Luteranos O Santo Padre recebeu em audiência na segunda-feira, 18, a Delegação Ecumênica da Igreja Luterana da Finlândia por ocasião da tradicional peregrinação para a festa de Santo Henrique. Francisco agradeceu a Deus pelos resultados que foram alcançados no diálogo

entre luteranos e católicos, e recordou o documento comum “Justificação na vida da Igreja”. Segundo o Papa, tal diálogo prossegue em seu caminho promissor rumo a uma interpretação comum, no âmbito sacramental, eclesial, eucarístico e ministerial. “Os passos importantes realizados juntos es-

para poder intervir, tempestivamente, em defesa da dignidade humana e da paz”.

Jubileu dos migrantes tão construindo um fundamento sólido de comunhão de vida na fé e na espiritualidade e as relações são cada vez mais imbuídas de um espírito de confronto sereno e partilha fraterna”, destacou o Papa em seu discurso. (Redação : Fernando Geronazzo, com informações da rádio Vaticano)

No Dia Mundial do Migrante, celebrado domingo, 17, aconteceu, no Vaticano, o jubileu do migrante, no contexto do Ano Santo extraordinário da Misericórdia. Mais de 6 mil migrantes e refugiados, provenientes 17 dioceses da região italiana do Lácio, de pelo menos 30 nacionalidades, se reuniram na praça de São Pedro para a oração do Ângelus com o Papa. Em seguida, passaram pela porta santa da Basílica de São Pedro e participaram de uma missa. “Caros migrantes e refugiados. Cada um de vocês traz consigo uma história, uma cultura, valores preciosos, e, frequentemente, infelizmente, também experiências de miséria, de opressão, de medo”, afirmou o Papa ao saudá-los. “Não deixem que vos roubem a esperança e a alegria de viver, que brotam da esperança da Divina Misericórdia, também graças às pessoas que acolhem vocês e os ajudam”, acrescentou.


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Destaques das Agências Internacionais

Filipe David

Correspondente do O SÃO PAULO na Europa

Israel/ Palestina

Ato de vandalismo contra a Abadia da Dormição Frases anticristãs foram pichadas sobre as portas e os muros da Abadia da Dormição, no Monte Sião. Umas das frases dizia “Morte aos cristãos pagãos, inimigos de Israel”. O ato de vandalismo ocorreu

no domingo, 17, pouco mais de três semanas após um outro ato semelhante contra o convento salesiano de Beit Gemal, em cemitério onde cruzes de madeira e de pedra foram destruídas. Esse tipo de vandalis-

Mãe de 6 filhos é assassinada por terrorista

mo contra monastérios cristãos tem ocorrido de forma mais ou menos recorrente desde 2012. A suspeita recai principalmente sobre grupos de judeus extremistas.

Dafna Meir, mãe de seis filhos, foi esfaqueada por um terrorista palestino e morreu em frente à sua filha adolescente. Tropas do exército de Israel estão em busca do terrorista, que fugiu. O ataque ocorreu em sua casa, em um assentamento judeu na Cisjordânia. Meir era enfermeira no Centro Médico da Universidade de Soroka, em Beersheba.

Fonte: Fides

Fontes: BBC/ The Jerusalem Post

bilônia dos Caldeus, que condenou o ataque que teria sido realizado sob o pretexto de combate ao grupo PKK, que defende a independência dos curdos. Boa parte da

população curda vive em território turco e iraquiano, região conhecida como Curdistão.

Iraque/ Turquia

Turquia bombardeia vilarejo cristão Tropas turcas bombardearam o vilarejo iraquiano de Sharanish, próximo à fronteira com a Turquia. O vilarejo é habitado por cristãos caldeus e assírios.

A população fugiu em pânico durante a noite na direção da cidade de Zakho, sob frio intenso. A informação é do Patriarcado da Ba-

Fonte: Fides

Síria

Estado Islâmico sequestra 400 civis No domingo, 17, após um ataque à cidade de Deir ez-Zor, em que dezenas de pessoas foram mortas – a maior parte executadas por apoiar o regime do presidente sírio Bashar al-Assad –, o grupo Estado Islâmico sequestrou mais de 400 civis. A informação é do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). O diretor do OSDH, Rami Abdel Rahmane, disse temer que o grupo “execute os civis ou submeta as mulheres à escravidão sexual, como já aconteceu diversas vezes no passado”. Fonte: Le Figaro

Reprodução da internet

População da cidade de Deir ez-Zor, na Síria, socorre feridos em ataque do Estado Islâmico, no domingo, 17

Ataque curdo tenta tomar barragem controlada por cristãos Em teoria aliados contra os grupos jihadistas como o Estado Islâmico, curdos e cristãos sírios e assírios se enfrentaram quando milicianos curdos tenteram tomar uma barragem em Qamishli, no nordeste da Síria. Os cristãos pertencem a uma milícia de autodefesa chamada Sotoro – que colabora com o exército sírio – e foram atacados na segunda-feira, 11, pelos curdos. Um miliciano assírio, David Gabriel, morreu. Três milicianos curdos ficaram feridos ou – segundo relatos diferentes – também teriam morrido durante o ataque. Fonte: Fides

Estados Unidos Mais de 58 milhões de bebês abortados

Donal Trump explica sua relação com Deus

Desde a aprovação do aborto pela Suprema Corte norte-americana, no caso Roe vs Wade, em 1973, mais 58 milhões de bebês já foram abortados. O número anual mais elevado foi registrado em 1989, quando foram realizados 1,6 milhão de abortos no País. Hoje, esse número está em queda de 4% ao ano, mas, mesmo assim, 1 milhão de bebês ainda são abortados todos os anos nos Estados Unidos, o que significa quase 3 mil bebês mortos todos os dias.

Donald Trump, um dos potenciais candidatos à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano, explicou em entrevista à rede de televisão CNN, como é sua relação com Deus. Pouco antes, Trump já havia dito ser contra o aborto e o “casamento” entre pessoas do mesmo sexo. Ele afirmou que as pessoas ficam admiradas quando descobrem que ele é um protestante: “Eu sou presbiteriano. Eu

A informação é do Comitê Nacional do Direito à Vida (NRLC, na sigla em inglês), que publicou relatório sobre o estado do aborto nos Estados Unidos. Carol Tobias, presidente do NRLC, ressaltou, além dos bebês mortos, o impacto negativo do aborto nas mulheres que o realizam. Para ele, a causa da vida terminará por vencer o combate, já que se trata de “uma verdade imutável: matar bebês ainda não nascidos é errado”. Fonte: Catholic Herald

vou à igreja, amo a Deus e amo a minha igreja”. O entrevistador, então, lhe perguntou se ele já pediu perdão a Deus por algo que ele tenha feito: “Acho que não. Eu apenas sigo em frente e tento melhorar”. Trump explicou que “se eu acho que fiz algo de errado, eu apenas tento consertar. Não envolvo Deus no assunto”. Fonte: WorldNetDaily/ RedState


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| Reportagem | 9

Missionários da misericórdia nas prisões Luciney Martins/O SÃO PAULO

Visita aos presos é a ação misericordiosa praticada regularmente pelos integrantes da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de São Paulo Daniel Gomes

Em 2013, eles foram voluntários na Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro e não ficaram indiferentes ao chamado do Papa Francisco para que os jovens sejam os protagonistas da mudança. Tão logo voltaram a São Paulo, os noivos Anderson José da Silva, 25, e Érica Carolina Rodrigues da Silva, 24, decidiram que se dedicariam às pessoas presas. “Para nós jovens, aquele foi um momento de bastante reflexão quanto à vivência da fé e a necessidade de se ter uma ação mais concreta no trabalho de ajudar o próximo. Então, logo depois da Jornada, a gente entrou na Pastoral Carcerária”, recorda Anderson ao O SÃO PAULO. Aos sábados e domingos, na companhia de outros integrantes da Pastoral Carcerária da Arquidiocese, os noivos visitam os presos do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, na zona Oeste da cidade. “Quem não conhece a realidade animaliza muito os presos, acha que vamos ao encontro de assassinos, de estupradores, de pessoas que cometeram crimes brutais. Sim, eles podem até ter cometido algum desses delitos, mas quando a gente vai lá, se esquece de todos esses crimes e vai encontrar pessoas, gente como a gente, que poderiam ser nossos irmãos, nossos pais ou outro familiar”, comenta Érica.

Com os pés no cárcere

Estranheza e indignação. Essas foram as sensações de Anderson no primeiro dia em que visitou uma prisão, após a formação prévia oferecida pela Pastoral Carcerá-

Arquivo pessoal

danielgomes.jornalista@gmail.com

Nas prisões, Pastoral Carcerária leva a Palavra de Deus e os sacramentos; no detalhe, grupo que visita CDP de Pinheiros junto a Dom Julio Akamine

ria. “Indigna você perceber o ser humano vivendo sem local adequado nem para dormir e, às vezes, abandonado pela família”, comenta. Segundo Érica, na ida ao CDP de Pinheiros, os participantes da Pastoral se reúnem com os presos nas celas, em grupos que podem variar de dez a 50 pessoas, para momentos de oração à luz da Palavra de Deus. “Eles são muito atenciosos. Oferecem água, café, fazem tudo o que podem para nos agradar, porque muitos não recebem visitas. A gente é a visita deles. Eles nos tratam como se fossemos da própria família”. Anderson comenta que muitos dos presos “sabem a Palavra de Deus muito mais do que nós, estudam bastante a Bíblia e assim acrescentam muito para nossa vida aqui fora”.

A misericórdia além da visita

Na carta sobre a concessão de indulgências por ocasião do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, em 1º de setembro de 2015, o Papa Francisco indicou que este Jubileu “constituiu sempre a oportuni-

dade de uma grande anistia, destinada a envolver muitas pessoas que, mesmo merecedoras de punição, todavia, tomaram consciência da injustiça perpetrada e desejam sinceramente inserir-se de novo na sociedade, oferecendo o seu contributo honesto”. Na avaliação do Padre Valdir João Silveira, coordenador nacional e arquidiocesano da Pastoral Carcerária, com o Jubileu extraordinário e especialmente com o convite à retomada das obras de misericórdia, o Papa deseja que todo o cristão haja como Jesus. “Em nossa sociedade, os mais miseráveis, os que são mais odiados, desprezados, são os presos. Cuidar com o coração dessas pessoas é justamente mudar a realidade delas”. Também para Érica, uma postura misericordiosa com os presos vai além de visitá-los. “A misericórdia para com quem está encarcerado não é somente a visita, mas sim uma luta aqui fora para quebrar o paradigma de que a pessoa presa não merece perdão, que merece a morte, que tem só que pagar pelo que fez. A misericórdia com os presos é espalhar que Jesus não olha o que a gente fez, mas olha se nos arrependemos. Essa é nossa maior responsabilidade, fazer essa conscientização, que é o mais difícil”. “O Ano da Misericórdia é para cada

Visita aos presos: ‘atitude profética de gratuidade e fraternidade’ Para orientar aqueles que visitam as pessoas presas, a Pastoral Carcerária criou o “Manual de Formação para Agentes da Pastoral Carcerária” (Paulus Editora, 2014). Um dos primeiros indicativos do manual é que o “objetivo principal na visita não é rezar, celebrar o culto, a missa, converter as pessoas presas. A visita deve ser uma atitude profética de gratuidade e fraternidade”. O material apresenta orientações práticas sobre como se comportar na visita aos encarcerados, entre as quais: sempre ir ao menos em duas pessoas; ter discrição nos comentários sobre a vida dos presos e seus familiares; não perguntar qual o crime que a pessoa cometeu e sua pena; sempre chamá-la pelo nome e não por apelidos; jamais prometer o que não poderá ser cumprido; de forma alguma presentear os presos

individualmente (pode-se, sim, colaborar com as iniciativas de doações coletivas da Pastoral); ter uma postura de escuta atenciosa; e anotar as solicitações que os presos fizerem e repassá-las à coordenação da Pastoral Carcerária. “É preciso dedicação, reflexão em grupo, perspicácia, criatividade, paciência e, também, a experiência do sentimento de impotência perante tantos desafios e mazelas. Esse sentimento não deve, no entanto, resultar numa postura paralisante. Acima de tudo, diante da pessoa presa, inclusive mediante suas limitações, seus medos e seus erros, devemos formar em nós um coração aberto para acolhe-la sem condená-la e, assim, expressar a bondade e a misericórdia com que Jesus Cristo vem até nós para manifestar ou seu amor indistintamente”, consta em um dos trechos do manual.

um de nós. Somos todos miseráveis diante de Deus, somos todos pecadores. Deve-se começar pela conversão, pela mudança de vida, pelo arrependimento dos pecados. Mudar exige atitudes, passos concretos. Como dizia Madre Teresa de Calcutá, ‘As mãos que ajudam são mais santas do que os lábios que rezam’. Então, neste momento, vamos, com um gesto concreto, andar em direção aos miseráveis que são os mais desprezados da nossa sociedade, as pessoas encarceradas”, convida o Padre Valdir. Com um grupo de 180 integrantes cadastrados para as visitas aos mais de 20 mil presos de todas as unidades prisionais da capital e também de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, a Pastoral Carcerária está aberta a novos participantes e também viabiliza a visita aos cárceres daqueles que queiram apenas conhecer as prisões neste Ano Santo. É preciso ter ao menos 18 anos de idade. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 31514272, ou na sede da Pastoral em São Paulo (rua da Consolação, 21, 9º andar, centro).

PRATIQUE VOCÊ TAMBÉM AS OBRAS DE MISERICÓRDIA “A prática diária da misericórdia nos deixará mais humildes e respeitosos em relação aos outros; e nos deixará mais confiantes em Deus, certos de que também nós mesmos precisamos contar com a misericórdia de Deus: ‘Deus resiste aos soberbos, mas dá sua graça aos humildes’ (1 Pd 5,5)”.

(Cardeal Odilo Pedro Scherer, Carta Pastoral “Misericordiosos como o Pai”, página 11).

Obras de misericórdia corporais (materiais) Dar de comer aos que têm fome Dar de beber a quem tem sede Prover os que não têm o que vestir Acolher o estrangeiro Assistir os doentes Visitar os presos Sepultar os mortos Obras de misericórdia espirituais Ajudar os que têm dúvidas Ensinar os que não sabem Aconselhar os pecadores Consolar os aflitos Perdoar as ofensas Suportar com paciência as injustiças Rezar a Deus pelos vivos e mortos


10 | Reportagem |

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Educação católica no século XXI: missionária e ‘em saída’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

Com participação de 800 pessoas, congresso interamericano teve presença do Cardeal Scherer e mensagem especial do Papa Francisco Fernando Geronazzo

Especial para O SÃO PAULO

A escola católica deve ser missionária, expressão de uma “Igreja em saída”. Esse foi o destaque do 24º Congresso Interamericano de Educação Católica, realizado em São Paulo entre os dias 13 e 15. Organizado pela Confederação Interamericana de Educação Católica (Ciec) em parceria com a Associação Nacional de Educação Católica (Anec), o evento reuniu, no Colégio São Luís, na região central da cidade, aproximadamente 800 pessoas, entre educadores, padres, bispos e representantes de instituições de ensino católicas da América, que refletiram sobre o papel da escola católica no século XXI. O Congresso foi aberto com uma missa presidida pelo arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, e contou com a presença do presidente da Comissão de Cultura Educação do Conselho Episcopal Latino-americano (Celam) e arcebispo de Assunção, no Paraguai, Dom Edmundo Valenzuela; e do presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura de Educação da CNBB, Dom João Justino de Medeiros Silva.

Educação ‘em saída’

Ao longo dos três dias de Congresso, os educadores participaram de conferências e debates sobre temas como o pensamento do Papa Francisco sobre a educação católica, seu contexto na América, o papel que deve ser assumido pelas instituições diante dos desafios da educação no século XXI, bem como sua proposta educacional e evangelizadora. Também foram compartilhadas experiências concretas de várias iniciativas realizadas no Continente. De acordo com a secretaria geral da Ciec, Irmã Alba Arreaga Rivas, o Congresso se propôs estabelecer linhas de ação para redefinir o papel da escola católica no século XXI, respondendo aos desafios que a realidade do Continente apresenta. “Que sonhos queremos construir? Que horizontes desejamos alcançar? Que caminhos pretendemos recorrer? Quais pessoas aspiramos educar? E que riscos estamos dispostos a correr?” indagou a Religiosa. Dom Odilo recordou que o Papa Francisco tem convidado a Igreja inteira novamente a ser missionária e “em saída”, a colocar-se no meio do povo, das aldeias, das cidades, “como fez Jesus, para

800 pessoas participam da abertura do 24º Congresso Interamericano de Educação Católica, na quarta-feira, 13, no auditório do Colégio São Luís

compartilhar com humildade a riqueza e a alegria da sua mensagem”. “Por meio da educação, a Igreja precisa e quer participar da edificação da sociedade e da cultura, sempre em mudança, inserindose nos ambientes humanos e culturais novos, talvez desafiadores, que também precisam receber a Boa-Nova do Reino de Deus. Sem esquecer que os primeiros destinatários da Boa-Nova são os pobres, os desvalidos e os excluídos da sociedade opulenta”, completou.

Coerência e identidade

Ainda de acordo com o Cardeal Scherer, a condição necessária para que a educação católica dê uma contribuição própria e válida à sociedade e à cultura é a fidelidade e a coerência com sua identidade. “Sem essa identidade católica, faltar-lhe-ia a contribuição específica para a edificação da cultura e a sociedade plural”, salientou. “A escola católica tem que se colocar em atitude missionária e perguntar-se sobre a coerência de sua identidade e a autenticidade de sua vida e ação, no sentido evangelizador de sua pastoral, a qualidade de seu ardor missionário e do testemunho de vida que está chamada a dar”, acrescentou Irmã Alba. “Nessas perspectivas, o nosso grande compromisso é que a escola católica seja um espaço de educação integral, com um projeto claro e especificamente católico,

que atinja todas as suas áreas e as penetre com a seiva do Evangelho”, comentou a Religiosa.

ciais, mais de 500 municípios com presença de escolas católicas com mais de 100 mil professores e funcionários.

Na formação do povo brasileiro

cultura do encontro na educação

A cerimônia de abertura do Congresso também contou com a presença do ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Ele ressaltou que a história do Brasil como nação está “absolutamente marcada pela presença da Igreja Católica”. “Durante muitos séculos, o Estado brasileiro não elegeu a educação pública como uma grande prioridade. E nesse período, quem sustentou o processo de educação e formação do povo brasileiro foi a Igreja, que desde o primeiro momento sempre teve uma sala de aula no nosso País”, lembrou o Ministro, agradecendo o que as escolas católicas fizeram pelo Brasil e pelo povo brasileiro nestes mais de 500 anos. “Não seríamos o que somos sem esse compromisso de fé, essa dedicação, essa vocação para a educação que a Igreja tem e continua sendo muito importante”, afirmou. De acordo com o presidente da Anec, o Irmão Paulo Fossatti, o Brasil conta atualmente com 2,5 milhões de estudantes em escolas católicas. São 450 mantenedoras, 2 mil escolas, 143 instituições de ensino superior, incontáveis obras soLuciney Martins/O SÃO PAULO

Dom Odilo afirma que, pela educação, Igreja participa da edificação da sociedade e da cultura

Logo no início do evento, os participantes do Congresso se surpreenderam com uma vídeo-mensagem do Papa Francisco gravada especialmente para eles. “Eu os agradeço pelo o que fazem pela educação. É provavelmente um dos maiores desafios. Vocês sabem que o pacto educativo está quebrado. Vocês sabem que a educação, em um mundo no qual ao centro da organização mundial não está o homem, e sim o medo, é cada vez mais elitista– e até diria nominalista – no sentido de dar a ela conteúdo de noções; de maneira que não completa o ser humano, pois a pessoa para sentir-se pessoa tem que sentir, tem que pensar, tem que fazer estas três linguagens tão simples: a linguagem da mente, a do coração e a das mãos”, disse o Pontífice. O Santo Padre também afirmou que a concepção educativa como transmissão de conteúdos “está esgotada” e se referiu ao educador brasileiro Luís Alves de Mattos, que dizia que a educação deve estar baseada em três pilares: transmissão de conteúdos, transmissão de hábitos e transmissão de valores. “Uma linda, expressão! Bom, isso! Agora, traduzam em atividades, e aí sim vão fazer a cultura do encontro e não a do desencontro. Ou pior, a cultura de não integração, da exclusão, na qual somente uma elite, por meio de uma educação seletiva, terá o poder no dia de amanhã ou no dia de hoje mesmo”, manifestou Francisco. O Papa insistiu que é preciso abrir o plano da educação em direção à cultura do encontro. “Que os jovens se encontrem entre eles, saibam sentir, saibam trabalhar juntos. Seja da religião que for, seja da etnia que for, da cultura que for, mas juntos pela humanidade”, acrescentou. (Colaborou Vitor Alves Loscalzo)


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Dom Odilo é Cidadão Honorário do Paraná Joni Lang/Jornal O Presente

Honraria foi entregue ao Arcebispo de São Paulo pela Assembleia Legislativa paranaense no domingo, 17 REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

Em 2016, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, completa 40 anos de sacerdócio. Em 7 de dezembro de 1976, em Quatro Pontes (PR), na Diocese de Toledo, ele foi ordenado padre. Na mesma cidade, no domingo, 17, nas dependências da casa de cultura municipal, Dom Odilo recebeu o título de Cidadão Honorário do Paraná, honraria que lhe foi conferida pela Assembleia Legislativa paranaense. “Pra mim é uma honra e fico muito agradecido às autoridades que concederam esse título. Eu devo dizer que no coração, eu me sinto paranaense. Desde criança, eu vivi aqui, cresci aqui desde os 2 anos de idade. Portanto, o paranaense já está dentro de mim, e agora então com o título isso se confirma também nos documentos, e fico muito agradecido”, afirmou o Cardeal Scherer em coletiva de imprensa durante a solenidade. A homenagem a Dom Odilo, proposta pelo deputado estadual Nereu Moura (PMDB), foi aprovada por unanimidade pelos deputados paranaenses em novembro. “Num mundo repleto de maus exemplos, ontem no município de Quatro Pontes, tive o privilégio de participar de uma sessão em homenagem a um modelo exemplar de vida! Entregamos o Título de Cidadão Honorário do Paraná ao Cardeal Odilo Scherer”, manifestou o

dos estados do Sul, mas também de são Paulo, Minas, Bahia e outros estados do Nordeste do Brasil”, recordou aos jornalistas. Dom Odilo recebeu o honraria durante o 7º Encontro Nacional da Família Scherer, que aconteceu entre os dias 16 e 17 em Quatro Pontes. O evento reuniu os descendentes de Mathias Scherer (bisavô de Dom Odilo), que nasceu em Theley, na Alemanha, e veio para o Brasil na segunda metade do século XIX, aos 15 anos. Ele instalou-se no município de Alto Feliz (RS), onde casou-se com Elisabeth Neis, com quem teve 11 filhos.

Experiência com as comunidades humildes

Cardeal Odilo Pedro Scherer posa para foto com título de Cidadão Honorário do Paraná, dia 17

deputado Nereu Moura em seu site, na segunda-feira, 18.

Homenagem aos paranaenses

Nascido em Cerro Largo (RS), em 1949, Dom Odilo chegou ao Paraná com a família, na região de Toledo, em 1951. Ao longo dos anos, viu o crescimento daquele Estado também pelas mãos de migrantes de outras partes do Brasil. “Eu fiz questão de dedicar essa homenagem também a tantos outros que

talvez mais do que eu a mereçam e que, talvez, não receberão nunca, mas que têm a mesma contribuição ao Estado do Paraná, vivem no Paraná, passaram sua vida aqui trabalhando, pagando impostos, contribuindo para a vida das comunidades de muitas maneiras. Todos esees também são lembrados neste momento, não só os meus familiares que também vieram de outros estados, mas tantos outros que fizeram o progresso do Paraná. Um Estado que foi formado por migrantes em sua grande maioria vindos não só

Em entrevista ao jornal Gazeta de Toledo, no domingo, 17, Dom Odilo comentou que participar do Encontro Nacional da Família Scherer foi um retomar às próprias origens e recordou que ao chegar em Toledo, em 1951, ele e a família encontraram uma cidade pequena e agora se deparava com uma região desenvolvida e bem estruturada. Na conversa com os jornalistas durante a solenidade em que recebeu o título de Cidadão Honorário do Paraná, o Arcebispo de São Paulo comentou que leva consigo a experiência das comunidades humildes também para a realidade da metrópole paulistana. “A grande cidade de São Paulo é feita por gente que migrou para São Paulo. A maioria de sua população tem raízes fora de lá e traz no coração muito do homem interiorano. Portanto, também essa minha experiência de comunidades pequenas, de comunidades humildes, de comunidades, digamos, compactas, isso carrego comigo e ajudame muito no trabalho em São Paulo”. Fontes: Jornal Gazeta de Toledo e Jornal O Presente


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Luciney Martins/O SÃO PAULO

Especial 25 de Janeiro

ano 60 | Edição 3085 | 20 a 27 de janeiro de 2016

25 de janeiro é uma data especial para quem vive em São Paulo. Afinal, a Cidade faz aniversário e sempre há opções para se festejar, seja em uma das muitas atrações culturais, seja com um passeio pelos parques. Nunca se deve esquecer, porém, a motivação das comemorações: a fundação

da Cidade pelos jesuítas, em 1554, há 462 anos, na festa da Conversão de São Paulo Apóstolo. Mais uma vez, como tem feito desde que foi criado, em 25 de janeiro de 1956, há 60 anos, O SÃO PAULO reporta esses e outros fatos da maior Metrópole do Brasil e das ações da Arquidiocese.


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Deus habita esta cidade Arte: Sergio Ricciuto Conte

pADRE Ney de Souza São Paulo completa 462 anos. É tempo de repensar os desafios da Igreja na cidade. A sua origem cristã e católica não pode ser esquecida. Recordamos o nascimento da antiga vila no Pátio do Colégio, onde os padres jesuítas, em especial Anchieta, iniciaram, sob o patrocínio do apóstolo Paulo, a que seria a metrópole atual. São Paulo, cidade da riqueza e pobreza extremas. O pastoreio da Igreja católica acompanhou o seu crescimento econômico gigantesco, mas também vivenciou a complexidade que nos defrontamos pela quantidade imensa de cortiços, favelas, periferias sem água e esgoto, e inúmeras situações violadoras da dignidade humana. O sábio da antiguidade, São João Crisóstomo, alertava que “não fazer os pobres participar dos seus próprios bens é roubá-los e tirar-lhes a vida”. Outro sábio, da atualidade, o Papa Francisco, na Evangelii Gaudium (EG), alerta que “o ser humano é considerado, em si mesmo, como um bem de consumo que se pode usar e depois lançar fora. Devemos dizer não a uma economia da exclusão e da desigualdade social”. A Igreja em São Paulo sofreu ao lado da população e passou pelos anos da tortura e da violação dos direitos humanos durante a ditadura militar (inclusive censura ao

jornal O SÃO PAULO, rádio 9 de Julho, invasão da PUC). Viu aumentar a miséria da população de rua e dos excluídos. Diante de tantos desafios, a Igreja intensificou o seu trabalho de evangelização e de anúncio misericordioso de Deus, e seu compromisso com a transformação social, a defesa dos direitos de todos e o diálogo ecumênico e inter-religioso. A Igreja, escrevia João Paulo II, “vive uma vida autêntica quando professa e proclama a misericórdia” (Dives in misericordia). E “sem misericórdia, poucas possibilidades temos hoje de inserir-nos em um mundo de feridos, que têm necessidade de com-

preensão, de perdão, de amor” (Papa Francisco, Discurso ao Episcopado Brasileiro na Jornada Mundial da Juventude, 2013). Nesse quadro desafiador está mergulhada a evangelização que se empreendeu especialmente a partir dos anos 70. O primeiro deles foi a linha de organização popular para que a população se tornasse, de fato, sujeito que decide o ser presente e futuro da organização da cidade. As prioridades dos Planos de Pastoral em favor das periferias, no mundo do trabalho, dos direitos humanos, das comunidades populares, foram fatores de encarnação do catolicismo dentro do movimento popular

emergente. Essa inserção da Igreja na vida da população fez com que se tornasse lugar de expressão e busca da maior liberdade, símbolo de esperança e lugar de encontro, de unidade de várias forças dispersas e antes desconhecidas. A tonalidade da evangelização em favor dos empobrecidos e em favor de um projeto humano, orientado pela realidade da justiça de Deus, se fez, se faz e se fará por meio de uma obra evangelizadora, por um ponto de humanidade e de convergência que se adquiriu da própria experiência. O catolicismo quer contar ainda mais com todos aqueles que vivem nesta megalópole (independente de credo, de etnia, de língua, de orientação sexual) e que desejam construir aqui os sinais concretos da vida por meio da justiça, do direito, da solidariedade, da fraternidade e da paz. Nesta festa da cidade de São Paulo no ano jubilar da misericórdia, se faz urgente abrir a Porta da misericórdia, do nosso coração para acolher e dar nova perspectiva de vida digna à imensidão dos excluídos desta cidade. “Não deixemos que nos roubem a esperança” (Francisco, EG), pois de esperança em esperança é que se constroem os sinais do Reino de Deus. Padre Ney de Souza, presbítero da arquidiocese de São Paulo, professor de História da Igreja da Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção (PUC-SP).

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.


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Deus, Pai das misericórdias! Cardeal Odilo Pedro Scherer

Arcebispo metropolitano de São Paulo

F

estejamos nosso Patrono, o apóstolo São Paulo, em pleno Ano Santo extraordinário da Misericórdia, durante o qual a Igreja nos convida a olhar para os santos, para aprender deles a viver a misericórdia. São Paulo nem sempre é lembrado logo quando falamos dos “santos da misericórdia”; de fato, ele se sobressai mais como um pregador, um teólogo e missionário. Mas se formos ver mais a fundo, ficamos impressionados com seu enorme amor por Jesus Cristo e pela Igreja, seu ardor missionário e sua perseverança em dar seu testemunho por Cristo e pelo Evangelho, apesar das perseguições e ameaças que sofre. Para São Paulo, a misericórdia não é um conceito intelectual, nem um sentimento vago, mas corresponde ao modo de agir de Deus para com ele e para com toda a humanidade. Ele se refere à sua conversão como um fato de misericórdia de Deus: “Alcancei misericórdia porque agia por ignorância, não tendo ainda fé” (1Tm 1,13). E continua, na mesma Carta: “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o primeiro. Mas alcancei misericórdia...” (1, 15-16). O que mudou a vida de Paulo foi o seu encontro com Deus misericordioso por meio de Jesus Cristo, “rosto visível do Deus misericordioso invisível. Por isso, Paulo volta com frequência ao tema da misericórdia de Deus nas suas pregações e cartas. Na saudação da Carta a Timóteo, ele deseja que “a graça, a misericórdia e a paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus” estejam com seu destinatário (cf. 1Tm 1,2; 2Tm 1,2).

Na 2ª Carta aos Coríntios, logo após a saudação, Paulo exalta a misericórdia de Deus, que o assistiu em suas provações: “Bendito seja o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação!” (2 Cor 1,3). Ele não reconhece a misericórdia de Deus apenas na abundante graça do perdão dos pecados que recebeu, mas também no chamado a ser apóstolo, a anunciar o Evangelho da salvação (cf 2 Cor 4,1) e na assistência contínua que recebe de Deus, que o protege e não o desampara. Paulo tem consciência que vive da misericórdia de Deus.

Paulo também incentiva a praticar as “obras de misericórdia”: ser pacientes uns com os outros, mansos e bondosos, suportar as fraquezas dos demais, perdoar-se reciprocamente (cf. Cl 3,12-17). Na Carta aos Romanos, ele recomenda, “pela misericórdia de Deus”, que os fiéis se dediquem a todo tipo de obra boa e conforme a misericórdia de Deus. A vida cristã, no seguimento de Jesus Cristo, passa a ser identificada pela prática da misericórdia.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Não é sem razão que o Papa Francisco chama toda a Igreja a renovar-se na misericórdia durante este Jubileu extraordinário da Misericórdia. E isso consiste, em primeiro lugar, na acolhida da misericórdia de Deus. Quem fez a experiência profunda do perdão de Deus, da gratuidade do amor e da compaixão de Deus, também é levado a praticar a misericórdia. Essa prática, portanto, não decorre de uma imposição moral, mas de uma gratificante experiência vivida.

E assim, ele pode dizer que “Deus é rico em misericórdia”, porque nos amou quando ainda éramos pecadores (Ef 2,4); e a prova dessa ilimitada e inesgotável misericórdia está no envio do Filho de Deus ao mundo, por amor aos pecadores, para que todos sejam salvos por meio dele. A salvação é obra da misericórdia de Deus (cf. Tt 3,5). Acolher a misericórdia de Deus também significa buscar o perdão de Deus e o arrependimento sincero dos pecados. Por isso, ele recomenda, em nome de Cristo, que cada um busque a misericórdia de Deus com confiança e se reconcilie com Deus (cf. 2 Cor 5,14-21).

De fato, a prática da misericórdia é recomendada por Jesus como forma de sintonia e imitação de Deus: “sede misericordiosos como vosso Pai celeste é misericordioso”; de maneira semelhante, Jesus ainda recomenda: “sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito” (cf Mt 5,48).

Como consequência do encontro com o Deus misericordioso, São Paulo recomenda que também os cristãos e discípulos de Cristo correspondam na sua vida à misericórdia de Deus, acolhendo-a como dom gratuito e sendo misericordiosos uns para com os outros: “Portanto, como eleitos, santos e amados, revesti-vos com sentimentos de misericórdia, bondade, humildade, mansidão, paciência...” (cf. Cl 3,12).

Entre as perfeições de Deus que devemos imitar está a misericórdia. E a religião agradável a Deus inclui a misericórdia, como já recomendavam os profetas e Jesus confirmou: “misericórdia eu quero, e não sacrifícios” (cf. Os 6,6; Mt 9,13). São Paulo é, portanto, um exemplo para nós sobre a acolhida da misericórdia de Deus e a prática quotidiana da misericórdia, em vista de uma vida cristã autêntica.

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São Paulo também é verde! Renata Moraes

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Nem tudo é cinza e concreto na cidade de São Paulo. A Metrópole também possui muitos parques, áreas verdes que contribuem para o equilíbrio do clima e a saúde da população. Dados recentes da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente informam que a média de área verde por habitante na capital subiu, em 2014, para 14,07 m2 por pessoa, dois metros quadrados acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No município de São Paulo existem 107 parques urbanos e naturais, que espalhados pelos quatro cantos da Cidade, oferecem tranquilidade e lazer, com atividades para todas as idades, além de proporcionar aos frequentadores o contato com a natureza.

No Parque Estadual do Jaraguá, a trilha do Pai Zé

Preocupado com a qualidade de vida, o estudante de Educação Física Tomaz Lourenço da Silva, 27, mobilizou algumas pessoas de seu convívio a incluírem em sua rotina a prática dos exercícios físicos, e escolheu o Parque Estadual do Jaraguá como o lugar ideal. “Surgiu da minha vontade de fazer as pessoas se movimentarem pela própria saúde, pois muitas das doenças que hoje levam as pessoas a situações graves, começam por conta do sedentarismo que boa parte da

população se encontra”. No Parque, popularmente conhecido como Pico do Jaraguá, na zona Oeste de São Paulo, o grupo de dez pessoas, liderado por Tomaz, encara mensalmente os cinco quilômetros de subida até a torre principal. Para o estudante, esse simples exercício promove a integração do grupo. “Em algumas vezes, fizemos a subida pela Trilha do Pai Zé, que traz um contato muito legal com a natureza e também é desafiadora pensando na resistência para a atividade física”.

Acessibilidade, biblioteca e lazer para toda a família no Parque Villa Lobos

Depois da chegada da pequena Mariah, de 7 meses, o casal João Sérgio da Silva, 52, contador, e Ana Cristina Zilotti, 39, nutricionista, adquiriram o hábito de frequentar o Parque Villa Lobos todos os domingos. Além de praticarem caminhadas, aproveitam para passear. “Há grandes áreas verdes onde podemos relaxar e exercitar-nos ao ar livre, as crianças podem brincar, tomar sol e ter contato com a natureza. No geral, temos bons parques, com equipamentos e boas áreas de lazer, só que todos são distantes da periferia”, avaliou Sérgio. Os estacionamentos lotados durante os finais de semana e a falta de alimentação saudável nos parques, foram apontados também como pontos a serem melhorados. O Parque Villa Lobos está situado

Joca Duarte/SVMA

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Parque do Carmo

no Alto de Pinheiros, região Oeste de São Paulo, abrangendo uma área de 732 mil m². Possui ciclovia, quadras, campos de futebol, “playground” e bosque com espécies de Mata Atlântica. A área de lazer inclui aparelhos para ginástica, pista de cooper, tabelas de basquete e um anfiteatro aberto com 750 lugares, sanitários adaptados para deficientes físicos e lanchonete. O equipamento recebe mensalmente 294.527 frequentadores, sendo aos finais de semana a maior frequência, com média de 15 mil pessoas. O publicitário Wellington Gama, 29, também escolheu o Villa Lobos para uma melhor qualidade de vida. “Comecei as atividades em um ritmo maior em julho de 2015. De lá para cá, não parei mais. Já são 13 quilos a menos, graças às atividades físicas aliadas à dieta”. WellinSecretaria do Estado do Meio Ambiente

Parque villa lobos

gton tem o acompanhamento de uma personal trainer. Além dos treinos individuais, ele ainda faz parte do grupo que treina no Pico do Jaraguá, liderados por Tomaz. O publicitário aprova as instalações do Parque e também utiliza o espaço para passear com a esposa Renata Gama, 37, e o filho Nicolas, 5. O Parque Villa Lobos possui grandes espaços de gramados, além de equipamentos e pista para as corridas. De responsabilidade do governo estadual, foi um dos primeiros da cidade a ser adequado para possibilitar a acessibilidade de pessoas com deficiência. “A grande área plana e os caminhos praticamente nivelados tornam mais fácil o deslocamento de pessoas. Alguns dos brinquedos de madeira nos parquinhos também foram elaborados para garantir a acessibilidade, como uma caixa de areia e uma casinha na montanha, que permitem acesso por pessoas em cadeiras de rodas”, informa a Secretaria do Estado do Meio Ambiente de São Paulo. Para quem procura no Parque um lugar para descanso e leitura, neste se encontra instalada a Biblioteca Villa Lobos, inaugurada em dezembro de 2014. Com uma área de 4 mil m2 oferece aos frequentadores uma programação cultural diversificada com atividades de interesse para todos os públicos. Cursos, palestras, apresentações musicais e teatrais, exposições, saraus e encontros com escritores. E, ainda, acervo atualizado com foco na literatura e temas ambientais, formado por livros, revistas, jornais, livros eletrônicos, audiolivros, HQs, DVDs e CDs, livros em braille e falados, voltados para pessoas com deficiência. Além do empréstimo de materiais, como toda biblioteca pública, também possui computa-


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Luciney Martins/O SÃO PAULO

Secretaria do Estado do Meio Ambiente

Parque ibirapuera

Parque villa lobos

Inaugurado em 21 de agosto de 1954, localizado na zona Sul de São Paulo, o Ibirapuera é um dos parques mais visitados e mais queridos da cidade de São Paulo. A responsabilidade do projeto arquitetônico foi do arquiteto Oscar Niemeyer e o projeto paisagístico do arquiteto Roberto Burle Marx. Com uma área de 1.584.000 m2, o Ibirapuera em 2014 foi eleito como melhor parque do Brasil e o 8º melhor parque do mundo pelo site de turismo internacional TripAdvisor, em votação de internautas de 41 países em que atua o Portal. Segundo dados da assessoria de imprensa da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, o Ibirapuera recebe 200 mil frequentadores aos finais de semana e feriados, e cerca de 30 mil frequentadores por dia durante a semana. Além da pista de cooper, parques infantis, ciclofaixa, bicicletário com aluguel de bicicletas, quadras poliesportivas, campos de futebol e aparelhos de ginástica, o equipamento abriga espaços de cultura e arte, igualmente. Também na área do Parque Ibirapuera estão o Museu Afro-Brasil, o Pavilhão das Culturas Brasileiras, Museu de Arte Contemporânea (MAC), o Museu de Arte Moderna (MAM), Auditório Ibirapuera, OCA, Pavilhão Japonês, Fundação Bienal, Bosque de Leitura. E, ainda, a

Reabertura do Planetário no Parque do Carmo

Na zona Leste de São Paulo, cerca de 328.692 pessoas (estimativa da Prefeitura) terão acesso gratuito à educação científica com a reabertura do Planetário do Parque do Carmo, com previsão de entrega no primeiro semestre deste ano. O equipamento, inaugurado em 2005, foi fechado em 2007 por problemas de infiltrações no prédio e, desde então, segue em reforma.

Dança e inclusão social no Parque da Água Branca

Criado em 1929, o Parque Doutor Fernando Costa, popularmente conhecido como Parque da Água Branca, é administrado pelo Governo do Estado Joca Duarte/SVMA

Parque do Carmo

de São Paulo. Localizado em uma movimentada avenida da Cidade, a Francisco Matarazzo, oferece ao público diversas atividades, até mesmo para aqueles frequentadores que buscam um ambiente tranquilo para relaxar no horário do almoço. Com 137 mil m2 e com 79 mil m2 de área verde, o espaço abriga o Museu Geológico Valdemar Lefèvre, que além das exposições permanentes de minerais, rochas, fósseis e objetos antigos, apresenta as pesquisas nas áreas de Geociências no Estado de São Paulo. O local também abriga um aquário com as principais espécies da bacia hidrográfica do Estado. Esse parque é marcado pela grande presença da terceira idade, com um amplo espaço com equipamentos de ginástica disponíveis para a prática de atividades físicas na Praça do Idoso. Há, ainda, aulas de yoga e ginástica anti-stress, oficinas de origami, pintura e bijuteria. Para os amantes da dança, o Instituto Melhor Idade Estação Vida promove o baile da terceira idade, que acontece às terças, quintas e sábados, das 13 às 17h. O baile é gratuito voltado para pessoas acima de 50 anos. Com o intuito de promover a inclusão social e interação com o meio ambiente, desde julho de 2014 acontecem no Parque as aulas de equitação voltadas para as pessoas com deficiência. O projeto é fruto de parceria entre Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, e o Instituto Anjos de Deus. As aulas, com atividades lúdicas e equestres, duram cerca de 40 minutos e são ministradas de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, moldadas especificamente para cada aluno. Os interessados devem acompanhar pelo facebook do Instituto Anjos de Deus a abertura de novas inscrições ou ligar para (11) 3835-4270/ 3868-3189. Também nessa parceria existe uma academia adaptada com equipamentos funcionais que motivam a pessoa com deficiência a realizar atividades físicas, contribuindo para a autonomia, qualidade de vida e a melhoria da autoestima. (Com informações da Assessoria de Imprensa da Secretaria do Estado dos direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo)

Parque do Carmo Joca Duarte/SVMA

Parque Ibirapuera: 1,5 milhão metros quadrados de felicidade

Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz – Uma paz, Herbário, Planetário, Escola de Jardinagem, Escola Municipal de Astrofísica, Divisão de Fauna e o Viveiro Manequinho Lopes. O Ibirapuera abriga também em seu espaço um equipamento que já fez muito sucesso entre as crianças de várias gerações: o Planetário Aristóteles Orsini, que foi o primeiro planetário do Brasil, inaugurado em janeiro de 1957, com o objetivo de sensibilizar o público para as questões do universo, em especial da astronomia. É um importante polo de educação, cultura e entretenimento. Porém, o local está fechado desde 2013 devido à queda de um raio que atingiu a cúpula. Segundo a Prefeitura de São Paulo, está previsto para o final deste mês a reabertura do Planetário do Parque Ibirapuera.

Parque ibirapuera Joca Duarte/SVMA

dores com acesso à internet. A biblioteca funciona de terça a domingo, das 10h às 19h.

Joca Duarte/SVMA

Parque ibirapuera

Parque do Carmo


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Luciney Martins/O SÃO PAULO

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Terraço Itália: 48 anos de charme e história com uma das vistas mais bonitas da cidade de São Paulo Renata Moraes

jornalismorenata@gmail.com

Localizado no centro de São Paulo, do alto dos seus 160 metros de altura, o Terraço Itália é uma das mais belas vistas panorâmicas da grande metrópole paulistana. O restaurante instalado no alto do Edifício Itália, inaugurado em 29 de setembro de 1967, é um marco na gastronomia italiana e na história da cidade de São Paulo. O Terraço Itália é um complexo de lazer, gastronomia e eventos, com amplo espaço dedicado a sediar almoços, jantares com piano e música ao vivo, eventos sociais e corporativos. Com adega composta por mais de 200 rótulos selecionados, suas salas, restaurante e bar, oferecem aos paulistanos uma ótima opção para o entretenimento na cidade de São Paulo. Em 2014, o Terraço recebeu o certificado de excelência do Prêmio “Trip Advisor” e também a Medalha de Honra ao Mérito, como ícone da gastronomia em São Paulo, da Academia Brasileira de Honrarias ao Mérito, ambos na categoria restaurante. O chef italiano Pasquale Mancini é o responsável pela cozinha do Terraço Itália, sendo ele o escolhido para pre-

parar as refeições do Papa Francisco durante a estadia do Pontífice no Rio de Janeiro, em julho de 2013, durante a Jornada Mundial da Juventude.

Incêndio e Reforma

Em outubro de 2015, o Salão Nobre do Terraço Itália sofreu um princípio de incêndio, sem vítimas, que danificou os móveis do local. Após três meses de reforma, o espaço foi reaberto em 18 de dezembro. Segundo a arquiteta e designer de interiores Christina Hamoui, responsável pelo projeto, “buscou-se uma proposta que além de bonita, prática e funcional, tenha espaços integrados e luz natural, em ambientes leves e nada ostensivos. Quem for conferir vai encontrar um novo Terraço Itália, que mesmo repaginado em versão mais contemporânea continua chic e clássico em seus detalhes”. A assessoria de imprensa do Terraço Itália informou que o projeto buscou uma mistura equilibrada entre o clássico e o moderno, “porém, o frequentador do Terraço Itália ainda encontrará referências da antiga sala na nova concepção, de modo a preservar sua identidade”.

Reabertura do Mirante

Desde 6 de janeiro de 2016, o Mirante do Terraço Itália foi reaberto para visitação do público. Um dos pontos mais altos da Cidade, oferece uma vista de São Paulo a 360º graus. O local atrai turistas e pessoas vindas de diversos lugares. O carioca Welton do Carmo Ferreira, 32, modelo e ator, reside em São Paulo há seis anos. Na tarde da quinta-feira, 14, mesmo com o tempo nublado, escolheu fazer esse passeio e conhecer o Mirante pela primeira vez. “Valeu a pena ficar uma hora na fila aguardando. É uma vista maravilhosa. O que me fascina é essa visão, todos esses prédios”. Welton, que deixou o Rio de Janeiro para trabalhar com moda e publicidade na capital paulista, ressaltou: “A cidade de São Paulo é atrativa e rica em cultura”. Assim também confidenciou, à reportagem do O SÃO PAULO, a enfermeira potiguar Maria José de Sousa Bezerra, 36. Ela reside na cidade de Goianinha, no Rio Grande do Norte, e veio passar as férias em São Paulo na casa de seus tios. “Conhecer São Pau-

Edifício Itália – no coração de São Paulo

Idealizado pela colônia italiana, inaugurado em 1965, é considerado o segundo maior prédio da cidade de São Paulo, com 165 metros de altura, distribuídos em 46 andares. Sendo o primeiro o Mirante do Vale, com 170 metros de altura, também no centro de São Paulo. O Edifício é um dos maiores exemplos de arquitetura moderna da cidade. Além de escritórios, o local abriga um teatro, uma galeria, o clube Circolo Italiano e o restaurante Terraço Itália.

lo do ponto mais alto é um privilégio e nos proporciona uma visão muito bonita, bem diferente do que a gente vê lá embaixo”. Visitando São Paulo pela primeira vez, Maria também já conheceu o Mercado Municipal, a Rua 25 de Março e o centro de São Paulo, assim como já foi ao teatro e a shoppings centers com familiares. As adolescentes Fabiana Xavier,16, e Amanda Gusmão,16, vieram de Santo Amaro, na zona Sul da cidade, em busca de lugares bonitos para fotografar. Elas têm a fotografia como hobby e escolheram o Mirante do Terraço Itália para os registros. “Estávamos procurando um lugar legal para fotografar e vimos na internet que tinha reaberto e resolvemos conferir”, expressou Amanda. “Mesmo com o dia nublado, é uma visão da Cidade incrível, é lindo e para tirar fotos é maravilhoso”. As amigas que estão em férias escolares ficaram contentes com o passeio. “Só gastamos o valor da passagem do metrô e do ônibus para ter acesso a esta maravilha”, expressou Fabiana. A visitação é gratuita e acontece de segunda a sexta-feira, das 16h às 17h (exceto feriados). O controle é feito com a distribuição de senhas, a partir das 15h, sendo dadas 150 por dia. Nos demais horários, o acesso ao Mirante é possível aos frequentadores do restaurante, localizado na avenida Ipiranga, 41º andar, no centro. Outras informações podem ser obtidas em (11) 21892929.


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São Paulo Apóstolo e a misericórdia L’Osservatore Romano

“Deus encerrou todos na desobediência para a todos fazer misericórdia”

(Rm 11,32)

Cônego Celso Pedro da Silva

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Paulo saúda Timóteo desejando-lhe graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo (1Tm 1,2; 2Tm 1,2). A misericórdia é uma graça concedida por Deus e vem acompanhada da paz. Se você entende paz como concordância sobre os caminhos para se chegar ao mesmo fim, perceberá imediatamente que diante das habituais discordâncias, a misericórdia se faz necessária para se poder caminhar. Sem a misericórdia, paramos no caminho e apenas discordamos. Na saudação final aos Gálatas, Paulo invoca paz e misericórdia sobre os que pautam a sua conduta segundo as orientações dadas pelo Apóstolo e sobre o Israel de Deus (6,16). A misericórdia como um presente ou uma graça especial é desejada a Onesífero e à sua família na segunda carta a Timóteo (1,16.18) por ter ele permanecido fiel companheiro de Paulo em sua prisão romana e por tê -lo procurado até encontrá-lo numa cidade aglomerada sem ruas nem endereços, como era Roma naquele tempo. Onesífero o procurou solicitamente, diz o Apóstolo. Já anteriormente, Onesífero tinha prestado relevantes serviços a Paulo na Igreja de Éfeso. Paulo deseja que no dia do Juízo, Onesífero encontre misericórdia da parte do Senhor. O tom da referência à sua pessoa e a saudação à sua família (4,19) dão a entender que Onesíforo já tinha morrido quando a segunda carta a Timóteo foi escrita. Outro grande colaborador de Paulo em suas missões foi Epafrodito, da comunidade de Filipos, na Grécia, que esteve muito doente, quase à morte, de quem Deus teve misericórdia, dele e de Paulo (Fl 2,17). Deus é rico em misericórdia. Lemos em Efésios 2,4. Sua misericórdia se vê no amor que ele mostrou por nós tirandonos, de graça, da morte em que estávamos em nossos delitos e pecados, dandonos vida por Cristo, salvando-nos pela fé, unindo graça e misericórdia para que ninguém se encha de orgulho atribuindo a salvação ao mérito de suas obras. Assim também na carta a Tito, se reafirma que não foi pelos atos de justiça que tivéssemos praticado que ele nos salvou, e sim por sua misericórdia, porque fomos lavados pelo poder regenerador e renovador do Espírito Santo. Tudo é fruto da misericórdia de Deus. Paulo se reconhece como sujeito da misericórdia de Deus. Desde que Deus agiu nele com misericórdia, suas ações têm a marca da misericórdia de Deus. Em relação à virgindade, ele dá o seu conselho aos cristãos de Corinto (1Co 7,25) como alguém que, ‘tendo sido

Imagem do ‘Apóstolo dos Gentios’ em frente à Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma

agraciado pela misericórdia’ do Senhor, é digno de confiança. Nós não temos um verbo para o substantivo misericórdia como tem a língua grega. Se tivéssemos seria algo como ‘misericordiar’. Paulo, então, diria: “Dou, porém, um conselho como homem que, tendo sido misericordiado pelo Senhor, é digno de confiança”. O texto grego usa um particípio passivo para dizer “tendo sido agraciado pela misericórdia”. Em sua grande apologia na segunda carta aos Coríntios, falando no plural, São Paulo afirma mais uma vez que seu ministério lhe foi dado por misericórdia. Por isso, ele não perde a coragem diante das questões que devem ser enfrentadas. “Por isso, diz ele, tendo este ministério por misericórdia, isto é, já que fomos agraciados pela misericórdia, não perdemos a coragem” (2 Co 4,1). No passado, Paulo foi blasfemo, perseguidor e insolente. Agora é apóstolo de Cristo e irmãos de fé daqueles que ele perseguia. Ele vivia fora da fé e na ignorância e, no entanto, obteve misericórdia. Deus foi generoso para com ele em sua graça (1Ti 1,13). Os que vão crer em Jesus, vendo a misericórdia feita a Paulo, devem se animar pela grandiosidade do coração de Cristo (1Ti 1,16). Se precisarmos de um socorro oportuno, aproximemo-nos com ousadia do

trono da graça para recebermos misericórdia e encontrarmos graça, ou simplesmente a graça da misericórdia (Hb 4,16). São Paulo exorta os cristãos de Roma que exercem a misericórdia a fazê-lo com alegria. O que significaria exercer a misericórdia de má vontade, com mau humor, contrariado? Há muitos dons na comunidade e muitos serviços feitos todos com humildade e na unidade de um só corpo, que é o Corpo de Cristo. Paulo elenca o dom do serviço; o do ensino, o da exortação. Exorta quem distribui seus bens, a fazê-lo com simplicidade; quem preside, a presidir com diligência; e quem exerce misericórdia, a fazê-lo com alegria (Rm 12,8). Nesse contexto, exercer misericórdia indica uma atividade definida na comunidade. Seria uma das sete obras de misericórdia ou todas elas. Em nossa história, as ‘Misericórdias”, chamadas também de Santas Casas, designavam o ato concreto da prática das obras corporais e espirituais de misericórdia, de forma organizada ou espontânea, em lugares definidos ou nas ruas. Para quem não gosta de teorias e prefere ir logo à prática, está aqui a interpretação da exortação paulina: com alegria, visite os enfermos e os presos, liberte os cativos, vista os nus, dê de comer aos fa-

mintos e de beber aos sedentos, abrigue os andarilhos e enterre os mortos; ensine os simples, dê bons conselhos, oriente os que erram, console os tristes, perdoe as ofensas, tenha paciência e ore pelos vivos e pelos mortos. Ainda em tom de exortação, o Apóstolo pede que os cristãos de Roma acolham uns aos outros assim como Cristo os acolheu. Havia dificuldade de relacionamento entre os que vinham do paganismo e os que vinham do Judaísmo, e entre ‘fortes’ e ‘fracos’, equivalentes, mais ou menos, a conservadores e progressistas. Em relação aos judeus, Jesus permaneceu entre eles, honrando a fidelidade de Deus. Em relação aos pagãos, eles glorificam a Deus e realçam a sua misericórdia (Rm 15,9). Os pagãos convertidos são testemunhas vivas de como Deus é misericordioso. O grande canto da misericórdia experimentada pessoalmente por Paulo está nos capítulo 9-11 da carta aos Romanos, nos quais Paulo reflete sobre a salvação do seu povo, os judeus. Se Cristo é o salvador de toda a humanidade, como fica a situação dos judeus que não viram em Jesus o Messias que eles sempre esperaram? A resposta está no mistério da misericórdia de Deus, que é absolutamente livre e tem misericórdia de quem ele quiser. Assim disse Deus a Moisés: “Farei misericórdia a quem eu fizer misericórdia e terei piedade de quem eu tiver piedade. Não depende, portanto, daquele que quer, nem daquele que corre, mas de Deus que faz misericórdia (Rm 9,15-16). E ainda, num versículo paralelo: “De modo que ele faz misericórdia a quem quer e endurece a quem ele quer” Rm 9,18). Aparentemente, o faraó não queria libertar o povo. Na realidade, dentro de um plano maior, só compreendido por Deus, Deus mesmo endureceu o coração do faraó. “E endurece a quem ele quer” (Rm 9,18). Deus quer manifestar a sua cólera diante da infidelidade do povo de Israel, mas, de fato, não manifesta a cólera e sim a pura misericórdia, mostrandose paciente em vista da sua conversão. Apesar de sua cólera, Deus suporta os pecadores com grande longanimidade. Na realidade, estamos diante de uma dupla manifestação de misericórdia, para com Israel e para com os eleitos em Cristo. A grande paciência de Deus ordenase à conversão tanto dos próprios judeus como dos pagãos. A carta já tinha mencionado o “tempo da paciência de Deus” (Rm 3,26). Paulo conclui sua meditação sobre os judeus dizendo aos pagãos convertidos: “Como vós outrora fostes desobedientes a Deus e agora obtivestes misericórdia, graças à desobediência deles, assim também eles agora são desobedientes graças à misericórdia exercida para convosco, a fim de que eles também obtenham misericórdia no tempo presente. Deus encerrou todos na desobediência para a todos fazer misericórdia. (Rm 11, 30-32). Deus permite a desobediência para mostrar a sua misericórdia.


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O SÃO PAULO: há 60 anos, um jornal católico de notícias Reprodução/ O SÃO PAULO

Semanário da Arquidiocese de São Paulo completa seis décadas de história de leitura do mundo sob a ótica do Evangelho, da ética e da moral cristã

Reprodução/ O SÃO PAULO

Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

Em 25 de janeiro de 1956, a cidade de São Paulo completava 402 anos de fundação. Em todo o País, havia expectativa pela promessa desenvolvimentista do novo presidente da República, Juscelino Kubitschek, que no início daquele mês foi ao Vaticano visitar o Papa Pio XII. O Pontífice desejou que seu governo proporcionasse a “prosperidade material e espiritual, nacional e internacional do povo e nação brasileira”. Nesta mesma data surgia o jornal O SÃO PAULO, semanário da Arquidiocese de São Paulo, por iniciativa do Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta. E quais foram as motivações do então Arcebispo Metropolitano para criar o Jornal que substituía O Legionário, impresso oficial da Arquidiocese desde 1930? “Se a imprensa, a boa imprensa, é órgão indispensável na estrutura de qualquer organismo da sociedade moderna, também para a Igreja é elemento necessário à propaganda e à defesa da fé e da moral, da doutrina e da prática da religião”, expressou o Cardeal em artigo na primeira edição do Semanário Arquidiocesano. Em seis décadas de história, os atos e discursos de sete papas (Pio XII, João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II, Bento XVI e Francisco) e cinco cardeais (Motta, Agnelo Rossi, Paulo Evaristo Arns, Cláudio Hummes e Odilo Pedro Scherer) foram retratados nas páginas deste Jornal, bem como os fatos mais importantes do mundo, do Brasil, da Cidade e da Igreja, sempre pautado no princípio de que O SÃO PAULO é um jornal católico de notícias, que lê “os acontecimentos dentro e

primeira edição em 1956

fora da Igreja, sob a ótica do Evangelho, da ética e da moral cristã”, como indica o ponto 18 dos atuais princípios editoriais, que seguem o que se prescreveu há 60 anos no editorial da primeira edição: “Suas seções iniciais e outras que se criarão para o futuro terão como fim precípuo encarar os fatos sob o prisma cristão. A doutrina da Igreja, que é a continuação do Cristo no tempo, a palavra do Papa, que é Pedro perenizado para a garantia da infalibilidade da Igreja, bem como a do Bispo, que é por quem fala o Espírito Santo em cada diocese, esta é a ordem das coisas reveladas, a Verdade pela qual devemos informar a nossa vida e a vida deste Semanário”.

Reformulações em 30 anos

Até maio de 1960, o jornal O SÃO PAULO circulou em formato tablóide (semelhante ao atual), quando passou ao tamanho standard. Desde o princípio, o

Edição de 13 de janeiro de 2016

Jornal mostrava que sua vocação não se limitava a reportar os fatos do interno da Igreja: resultados de concursos públicos, notas informativas sobre acontecimentos na cidade, agenda de eventos culturais e até notícias esportivas são encontradas nas 12 páginas semanais das edições das duas primeiras décadas, em meio a notícias e artigos formativos sobre a presença da Igreja na Arquidiocese, no Brasil e no mundo. Na edição que demarcou os 20 anos do Jornal, em 24 de janeiro de 1976, se notam algumas mudanças incorporadas ao longo dos anos: na capa, os principais destaques da edição são apresentados em textos curtos (chamadas), nas páginas internas está mais nítida a separação dos conteúdos, e o Jornal tem dez e não mais 12 páginas. Uma década depois, em um olhar sobre a edição 1.551, de 24 de janeiro de 1986, quando o Jornal chegou aos 30 anos, se percebe o número expressivo de

charges e ilustrações que ajudam o leitor a melhor compreender as notícias e a capa. Já há informações dispostas em editorias, como os textos sobre as pastorais e as regiões episcopais; e muitas também são as reportagens sobre a presença dos católicos nas diferentes mobilizações sociais em São Paulo e no Brasil.

A tecnologia muda a produção da notícia

Nos 40 anos do Jornal, em 1996, as máquinas de escrever já tinham dado lugar aos computadores modelo 486 na redação, nos quais os jornalistas podiam redigir seus textos e digitar informações chegadas via fax e os artigos de colaboradores escritos à mão. Padre Antonio Aparecido Pereira, o Padre Cido, que trabalhou diretamente na redação do O SÃO PAULO entre 1982 e 2013, recorda-se do impacto das mudan-

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| Especial 25 de Janeiro | E9

digitais, foi mantido até a edição 2.960, de 9 de julho de 2013. Às vésperas da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, o Jornal passou do formato standard (ainda hoje adotado pelos impressos nacionais de grande circulação) para o tablóide (modelo que predomina nas publicações segmentadas), tendo todas as páginas coloridas desde então.

O hoje e o amanhã

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Beatriz Martins/O SÃO PAULO

A mudança do formato levou a aprimoramentos no fazer jornalístico do O SÃO PAULO. Em 2014, a equipe do Jornal decidiu pela criação de novas editorias – Viver Bem, Pelo Brasil, Pelo Atual equipe do Jornal com Dom Devair, vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação Mundo, Com a Palavra, Fé e Dom Odilo lê a edição do centenário da Arquidiocese Cultura, e Esporte. Também ças tecnológicas. “Das velhas máquinas lizávamos o telefone – não o telefone ceBurmester, coordenador do curso de jorse tornaram mais frequentes reportagens lular - usávamos os gravadores grandes e nalismo da PUC-SP, o Semanário da Arde escrever “Remington” e “Olivetti”, nós e cadernos especiais sobre temas do cotidiano da Cidade e do País e há constantes quidiocese de São Paulo é um típico veídepois vieram os pequenos em fita-cassepassamos às máquinas elétricas “Facit”. te. Era um ‘tempo louco’ que gastávamos culo de comunicação especializada, que inovações no layout das páginas para que Um progresso fabuloso. Comemoramos para transcrever uma fita. Os fotógrafos se tende a se manter mesmo diante das incada edição seja mais atraente. felizes. Depois, chegaram os computadores. Aí foi uma festa incrível. Mandávacertezas que pairam sobre o futuro do jorutilizavam dos rolos de filmes”, lembra-se Um novo olhar para os acontecimenmos notícias de longe e matérias prontas tos tem sido pedido aos jornalistas e colanalismo impresso. “O SÃO PAULO fala Padre Cido. boradores do Jornal, para que as notícias já para serem diagramadas. O impacto foi para um público específico e esse público Ao comemorar o jubileu de ouro, em e reportagens não se limitem a resumir imenso. Tivemos que nos adaptar às novas não busca a notícia que está neste Jornal 2006, o Jornal, novamente com 12 páginas, já era publicado semanalmente com a os fatos, mas levem o leitor a refletir, sob tecnologias”, recordou. em outro de grande circulação ou em uma capa e a contracapa colorida, havia maior a perspectiva cristã, sobre a temática apreTambém nos anos 1990, a diagramação revista”, analisou. sentada. quantidade de reportagens temáticas e se das páginas (de modo resumido, a disposiSobre o futuro do jornalismo impresção de fotos e textos) também passou a ser so como um todo, Burmester é enfático: Num contexto em que muitos jornais manteve o expediente prioritário de noticiar as iniciativas da Arquidiocese e da feita no computador. Os arquivos finaliza“Pelo que tenho visto e também ouvido têm diminuído de tamanho e tiragem, O dos eram enviados em disquete para a impresença da Igreja na vida da Cidade. SÃO PAULO está em expansão: dobrou e pesquisado, a mídia impressa não vai pressão na gráfica. A melhoria no produto de tamanho, de 12 para 24 páginas coloriNa redação, a chegada da internet no morrer. O que está se transformando é das, e saltou de 3 mil exemplares semanais final foi notória: textos dispostos de forma início dos anos 2000 facilitou a captação um modelo de negócio que era fundamentado em um veículo especificamenpara 50 mil, sendo distribuído em todas as alinhada nas páginas, fotos mais nítidas das notícias e a recepção dos textos de colaboradores por e-mail. Com o avanço da te, mas hoje não está sendo possível o paróquias da Arquidiocese e também em e pela primeira vez, na edição de Natal de computação, o processo de diagramação impresso ser o carro-chefe do negócio. bancas de jornal da zona Sul da Cidade, 1996, a capa e a contracapa do jornal foram se tornou mais ágil e permitiu alternativas Como se vai reformatar todo esse prohospitais, colégios e comércios. impressas completamente coloridas. cesso? Será que o veículo impresso vai para a disposição da informação de forma Os resultados efetivos das mudanças Na ida às pautas, geralmente com informações prévias apuradas pelo telefone ficar mais integrado com a internet, com mais atraente, como em gráficos ou fototêm sido o crescimento da quantidade e montagens, por exemplo. fixo da redação, o gravador de fita-cassete as redes sociais e a televisão? Vai se torvariedade de anunciantes, a maior interação dos leitores com o Jornal e o aumento nar um subproduto de um conjunto de Esse formato do Jornal e o expediente era o companheiro dos jornalistas, assim das sugestões de pauta que semanalmente formas de interação com o leitor? As de trabalho, com aprimoramentos de novas como o bloco de papel e a caneta, indispensáveis até hoje. chegam à redação. próprias empresas de jornalismo ainda tecnologias, como a busca de informações “No início do anos 1980, ainda utiNa avaliação do Professor Cristiano estão buscando entender isso”, afirmou. pelas redes sociais e o uso dos gravadores Também de acordo com o Professor, Reprodução/ O SÃO PAULO Luciney Martins/O SÃO PAULO hoje vive-se um momento de transição “em que o impresso vai encolhendo no seu perfil, mas as notícias estão ali, de maneira fragmentada, tópicas, talvez concorrendo com a própria internet. Talvez quando os jornais diários e as revistas semanais assumirem esse papel de uma visão mais aprofundada, analítica, crítica, talvez terão um nicho mais específico de leitor e serão mais sustentáveis como negócio. E o dia a dia, a notícia rápida, vai estar em outro formato”, afirmou. Atento às mudanças constantes das comunicação sociais, o O SÃO PAULO já tem um projeto, em fase avançada de estudos, para a implantação de uma versão Em 1994, redação do Jornal recebe primeiros computadores; ao longo dos anos, novas tecnologias facilitam produção do Semanário Arquidiocesano on-line do Jornal.


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A Cidade cresce, a Igreja também São Paulo que nasceu da ação missionária está no coração da arquidiocese, que continua em expansão geográfica e existencial Jucelene Rocha

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Na segunda-feira, 25, a cidade de São Paulo celebra 462 anos de fundação. Quase cinco séculos depois que os padres José de Anchieta e Manoel da Nóbrega subiram a Serra do Mar, o povoado de Piratininga se transformou numa metrópole de quase 12 milhões de habitantes, tornou-se núcleo intelectual, político e econômico e atualmente abriga a terceira maior arquidiocese do mundo. A Cidade, que teve como evento

Uma das formas mais tradicionais de presença da Igreja na Cidade e que continua em expansão são as paróquias. Atualmente, a Arquidiocese conta com mais de trezentas. Entre 2011 e 2015, foram criadas cinco paróquias. A mais recente, erigida há dois meses, fica na zona Leste, integra a Região Episcopal Belém e traz como padroeiro o Apóstolo do Brasil, São José de Anchieta. A história inicial dessa comunidade paroquial do Jardim Vera Cruz começou a partir da ação missionária do também jesuíta, Padre José Augusto Machado, que ainda nas primeiras visitas ao bairro levou com seu desejo evangelizador a devoção a São José de Anchieta, que viria a ser canonizado em 2014 pelo Papa Francisco. Aliás, esse evento reanimou o antigo sonho de elevar a comunidade à condição de paróquia. De acordo com a paroquiana Antô-

também influencia de forma positiva as novas gerações no desenvolvimento humano e cidadão. Jefferson conta que começou a participar das atividades da comunidade. “Eu cheguei aqui muito tímido, não tinha muita expressão, mas no dia a dia com minha catequista e as outras pessoas fui me desenvolvendo. Hoje, coordeno o grupo de jovens que ajudei a fundar e influencio outros jovens a sentir que aqui somos todos irmãos, temos crescido muito na consciência de que nossa ação é fundamental especialmente na vida dos mais excluídos, já que temos uma grande população em situação de vulnerabilidade social”.

Presença em diferentes realidades

A expansão do processo evangelizador na cidade de São Paulo encontra uma forte expressão nas comunidades

ência da graça de Deus é sempre surpreendente”, destaca Vanuza. Consciente de sua responsabilidade histórica para o desenvolvimento dos valores cristãos na Cidade, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, criou em 2014 o Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade, que se encontra sob a liderança de Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese, e com a coordenação do Padre Vandro Pisaneschi. Em um ano e seis meses de existência, o Vicariato também encontra-se em processo de organização e consolidação, mas já conseguiu realizar algumas iniciativas como momentos de vigília orante com universitários, visita a mais de 50% das instituições de ensino católicas, encontros formativos com professores, além de ter iniciado uma parceria com a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Com novas comunidades como os Anjos da Vida, com o Vicariato para a Educação e a Universidade, e com paróquias recentes como a São José de Anchieta, Arquidiocese aumenta ações na Cidade

fundador a celebração de uma missa, cresceu ao redor das muitas torres de igrejas, que em grande parte marcam a história da fundação de bairros e cidades de toda região metropolitana. Se pudéssemos fazer um sobrevoo por São Paulo, certamente não seria difícil ainda hoje perceber em meio às construções mais emblemáticas da Cidade esses sinais sagrados que pontuam a presença da Igreja e testemunham as transformações da Metrópole. Desde sua fundação, Piratininga demorou 157 anos para se tornar uma cidade chamada São Paulo, 191 anos para sediar um bispado, tornando-se assim a terceira diocese a ser instituída no Brasil, após Salvador e Rio de Janeiro, até que depois de 354 anos de sua fundação, tornou-se arquidiocese e sede metropolitana da Província Eclesiástica de São Paulo. Esse percurso histórico é marcado por muitas iniciativas nos quatro cantos da Cidade, desde os mais importantes centros intelectuais até as fronteiras geográficas e existenciais mais esquecidas pelos poderes públicos.

nia Gomes, que viveu a expectativa e o processo de organização para a formação da Paróquia, o maior aprendizado desses primeiros momentos de existência tem sido a convivência diária e constante com um padre. “Nós víamos o Padre uma vez por semana. Agora, temos a presença dele 24 horas com a gente, sempre planejando e realizando as ações necessárias para nossa consolidação como Paróquia”, conta, com nítida felicidade. Em se tratando da ação pastoral, tudo nessa Paróquia é novo, inclusive o padre que vive seu primeiro ano de sacerdócio e atua como primeiro vigário. Cheio de entusiasmo, o Padre Everton Augusto de Souza, 34, destaca a prioridade pastoral. “Neste momento, nosso serviço está focado na organização litúrgica e sacramental. Estamos também encaminhando a continuidade de todo processo formativo bíblico-catequético daqui pra frente tanto na Paróquia quanto nas duas comunidades que ela tem”, revela. O jovem Jefferson Willians, 31, é um claro sinal de como a presença evangelizadora da Igreja forma cristãos, mas

de vida que reúnem pessoas dispostas a compartilhar uma missão. Atendendo ao apelo da Igreja, essas comunidades atuam nas periferias existenciais. Esse é o caso da Comunidade Anjos da Vida, fundada pelo casal Vanuza Velasco, 46, e Regy Velasco, 54. Com aprovação ad experimentum para cinco anos na Arquidiocese de São Paulo recebida em setembro de 2015, uma das inovações pastorais dos 60 membros em processo de formação tem sido a chamada Intervenção Católica. “Neste projeto que exercemos em parceria com outras comunidades, saímos às estações do metrô, praças e outros locais em que estão as pessoas, para evangelizar com pregação, arte e abordagem pessoal”. Com forte atuação junto às famílias, os Anjos da Vida também promovem encontros para casais. Neste espaço eles buscam acolher a todos. “Não participam apenas casais que têm o sacramento do Matrimônio, mas também os que vivem em segunda união, não casados ou até mesmo de outras religiões, e a experi-

“Esperamos que em 2016 continuemos com essas atividades voltadas especialmente para os estudantes da periferia. Temos outros projetos em andamento e vamos anunciá-los assim que estiverem em funcionamento”, comemora Padre Vandro. O Sacerdote destaca que o Vicariato vem para resgatar o protagonismo estudantil cristão na Cidade que forma grande parte das lideranças nacionais. “As universidades católicas tiveram um papel importante na construção da democracia não só em São Paulo, mas em todo o Brasil. A PUC-SP foi um grande instrumento de redemocratização do País e da luta contra a ditadura militar. Sinceramente, sinto falta da manifestação dessas universidades, quanto ao momento politico, social e econômico que estamos atravessando. Os colégios católicos são os grandes responsáveis pela formação dos nossos lideres e formadores de opinião, precisamos ajudá-los a desempenhar sua importante missão evangelizadora, social e estudantil”, conclui.


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| Especial 25 de Janeiro | E11

Com a Palavra: João Carlos Martins

Música clássica ajuda jovem a ter alma de poeta e disciplina de atleta Fundação Bachiana/Divulgação

Rafael Alberto

Especial para O SÃO PAULO

Em 25 de janeiro, solenidade da conversão do apóstolo São Paulo – patrono da Arquidiocese – e aniversário de 462 anos da cidade, a Catedral da Sé receberá um concerto que será regido pelo Maestro João Carlos Martins. Nascido em São Paulo e hoje com 75 anos, o Maestro é considerado um dos maiores pianistas do mundo e se destaca na interpretação das obras de Johann Sebastian Bach (1685-1750). Nesta entrevista exclusiva ao O SÃO PAULO, o Maestro fala sobre sua carreira, os desafios do problema que tem nas mãos, e sua relação com a cidade – que ele afirma amar de norte a sul e de leste a oeste. O SÃO PAULO – É difícil ser

maestro no Brasil? Como foi a trajetória do senhor?

Maestro João Carlos Martins – Não se pode dizer que a profissão de músico clássico no Brasil é fácil, pois não é. Ainda temos muito o que caminhar em direção à democratização da música clássica, para que ela seja conhecida cada vez mais por um número maior de pessoas e, dessa forma, formar um público muito maior do que temos hoje e ampliar o número de orquestras e maestros.

Como a música clássica pode contribuir na formação das pessoas?

Costumo dizer que para ser um músico clássico você precisa ter a disciplina de um atleta e alma de um poeta. Se você desperta nas pessoas a alma do poeta e a disciplina do atleta, elas certamente se tornam pessoas melhores.

Como atrair os mais jovens para

damente 18 anos. Em alguns períodos, confesso que tentei me afastar da música, mas não fui capaz de abandoná-la. Acho que a alma do poeta e, principalmente, a disciplina do atleta fizeram com que eu superasse os obstáculos com os quais me defrontei.

Qual a relação do senhor com a religião? Como vive a fé?

Acredito na força superior de Deus e na força interior do homem. O homem que não crê em Deus e em si mesmo não tem força suficiente para superar as adversidade da vida.

O senhor vai apresentar um concerto no dia do aniversário da cidade de São Paulo, logo após a missa na Catedral da Sé. Como será o concerto?

que tenham interesse por música clássica?

Fazendo com que os jovens tenham a oportunidade de conhecer a música clássica. Não há como o jovem se interessar por alguma coisa que não conhece. Por isso, luto diariamente pela democratização da música clássica, para que ela chegue cada vez mais a um número maior de pessoas, principalmente aos jovens, que a partir do momento

que conhecerem a música clássica, certamente se encantarão com sua beleza.

O senhor passou por alguns problemas de saúde. Como superou as limitações e segue sendo um dos maestros mais respeitados do Brasil?

Na verdade, meus primeiros problemas com as mãos começaram a se manifestar quando eu tinha aproxima-

O concerto será uma homenagem à cidade, em que iniciaremos com “Jesus Alegria dos Homens”, de Bach, até outros grandes compositores.

Como é a relação do senhor com a cidade? Quais os lugares prediletos?

É a cidade que eu amo. Foi aqui onde nasci e de onde parti em busca de meus sonhos. De norte a sul, e de leste a oeste, amo esta cidade.


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SÃO PAULO, 462 ANOS

Arte, lazer e gastronomia no aniversário da Metrópole Para comemorar os 462 anos da cidade de São Paulo, uma série de atividades culturais está programada para o fim de semana, nos dias 23 e 24, e na data do feriado, na segunda-feira, 25.

MÚSICA CLÁSSICA Aniversário de São Paulo no Theatro Municipal Theatro Municipal (praça Ramos de Azevedo, s/nº, centro) Domingo, 24, às 17h Para este dia o programa de atividades contempla: concerto comemorativo pelo aniversário de São Paulo; Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo – OSM (Eduardo Strausser – regência e Daniil Kharitonov – piano). Segunda-feira, 25, às 8h30 Neste dia haverá: concerto em homenagem ao aniversário de São Paulo; Orquestra Experimental de Repertório OER; Coro Lírico Municipal de São Paulo, na Escadaria Interna (Carlos Moreno – regência; Bruno Greco Facio - regência Coro Lírico; e Fabiana Cozza – canto); e Quarteto da Cidade no Salão Nobre. Informações: (11) 3053-2100 Orquestra no Theatro São Pedro Theatro São Pedro (rua Dr. Albuquerque Lins, 207, metrô Marechal Deodoro) Segunda-feira, 25, a partir das 11h A Orquestra do Theatro São Pedro, com regência do Maestro André dos Santos, apresenta o primeiro concerto de 2016 para comemorar o aniversário da cidade de São Paulo. Serão apresentadas, ainda, récitas da Banda Sinfônica e Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo, no evento que se estenderá ao longo de todo o dia. A entrada é gratuita. Informações: (11) 3661-6600

SHOWS - SESC Banda Vanguart SESC Santana (avenida Luiz Dumont Villares, 579, Santana) Sábado, 23, às 21h; Domingo, 24, e segunda-feira, 25, às 18h O show da banda mato-grossense Vanguart homenageia o cantor Bob Dylan, interpretando canções produzidas pelo músico entre 1962 e 1976. Informações: (11) 2971-8700 Bixiga 70 SESC Interlagos (avenida Manuel Alvez Soares, 1.100, Interlagos) Segunda-feira, 25, às 16h No show, os músicos apresentam as canções do terceiro disco, “Bixiga 70 III”, que conta com uma mistura de jazz, funk, música afro-brasileira, dub, reggae, cumbia e carimbó. Informações: (11) 5662-9500

Filipe Catto SESC Pinheiros (rua Paes Leme, 195, Pinheiros) Domingo, 24, e segunda-feira, 25, às 18h O cantor e compositor Filipe Catto faz shows de seu novo álbum “Tomada”, acompanhado por Michelle Abu (Bateria), Fabá (Guitarra), Lucas Vargas (Teclados), Ana Karina (Baixo e Vocais). Informações: (11) 3095-9400 Hamilton de Holanda trio SESC Belenzinho (rua Padre Adelino, 1.000, Belenzinho) Sábado, 23, e domingo, 25, às 16h O bandolinista carioca Hamilton de Holanda se apresenta em show com formato acústico ao lado de Thiago da Serrinha (percussão) e André Vasconcellos (contrabaixo). Informações: (11) 2076-9700 Maria Gadú SESC Itaquera (avenida Fernando do Espírito Santo Alves de Mattos, 1.000, Itaquera) Segunda-feira, 25, às 17h A cantora apresentará seus maiores sucessos, além de canções do mais recente álbum “Guelã”, trabalho com dez faixas que combinam música brasileira com experimentalismo. Informações: (11) 2523-9200 Tulipa Ruiz e Marcelo Jeneci SESC Pompeia (rua Clélia, 93, Pompeia) Sábado, 23, às 21h; Domingo, 24, e segunda-feira, 25, às 19h A cantora Tulipa Ruiz e o cantor Marcelo Jeneci

apresentam o projeto “Dia a Dia, Lado a Lado”, com canções presentes em todos os seus discos, executadas por músicos que acompanham a dupla desde o início de suas carreiras. Informações: (11) 3871-7700

SHOWS – PREFEITURA DE SÃO PAULO Criolo Palco Parelheiros (rua Terezinha Prado de Oliveira) Sábado, 23, às 18h O cantor irá apresentar alguns de seus sucessos, como “Grajauex”, “Chuva ácida” e “No sapatinho”. Informações: (11) 2226-0400 Daniela Mercury Por toda a avenida Faria Lima Domingo, 24, às 16h30 Em cima de um trio elétrico, a cantora de Salvador fará show na avenida Faria Lima, com ritmos do axé e do samba. Informações (11) 2226-0400 Gilberto Gil e Demônios da Garoa Clube de Regatas Tietê (avenida Santos Dumont, 843, próximo ao metrô Armênia) Segunda-feira, 25, às 16h O cantor e compositor baiano Gilberto Gil interpreta sucessos como “Andar com fé”, e “Realce”, enquanto os sambistas do grupo Demônios da Garoa mostram clássicos de Adoniran Barbosa, como “Trem das Onze” e “Saudosa Maloca”. Informações: (11) 3228-5244 Luciana Mello e Jair Oliveira Teatro Arthur Azevedo (avenida Paes de Barros, 955, Mooca) Sábado, 23, às 21h Informações: (11) 2604-5558 Rapper KL Jay CEU Perus (Rua Bernardo José Lorena, s/nº, Vila Fanton)

Sábado, 23, às 18h Informações: (11) 3915-8703 Rappin Hood e Mano Réu Palco Vila Maria/Vila Guilherme (avenida Curuçá esquina com a Avenida Guilherme Cotching) Sábado, 23, às 20h Os cantores Mano Reú e Rappin Hood se apresentam com as faixas dos discos “Sujeito Homem 1” e “Sujeito Homem 2”. Informações: (11) 2226-0400 Trovadores Urbanos e Grupo de Choro Pátio do Colégio (largo Pátio do Colégio, 2, centro) Segunda-feira, 25, às 9h Conhecidos como “Os Seresteiros do Brasil”, os Trovadores Urbanos já fizeram mais de 100 mil serenatas pelo País e pelo mundo. Informações: (11) 3105-6899

GASTRONOMIA PAULISTANA Festival do Pastel no Memorial da América Latina Memorial (avenida Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda) Do sábado, 23, a segunda-feira, 25, das 10h às 21h. Com entrada gratuita, o evento promete oferecer os melhores pastéis da cidade. Informações: (11) 3823-4600 Sampa Gastronômica Club Homs (avenida Paulista, 735) Sábado, 23, das 11h às 04h do dia 24, retornando no domingo às 11h e encerrando às 20h. Aproximadamente 40 expositores particirão com os mais variados tipos de comidas favoritas dos paulistanos. As bebidas também possuem espaço reservado no evento, com drinks especiais em homenagem aos bairros da cidade. Informações: (11) 3289-4088 (Redação e pesquisa: Igor de Andrade)


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