Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 61 | Edição 3086 | 28 de janeiro a 2 de fevereiro de 2016
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Aos 462 anos, Metrópole tem o olhar misericordioso do Apóstolo São Paulo Luciney Martins/O SÃO PAULO
“Na festa da Cidade e na comemoração do Padroeiro da Arquidiocese de São Paulo, queremos também lançar um olhar de misericórdia e solidariedade sobre toda esta Metrópole”. Assim afirmou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, na segundafeira, 25, na Catedral da Sé, na missa solene da Conversão do Apóstolo São Paulo, na qual também se comemorou os 462 anos da Cidade. Dom Odilo comentou, ainda, que a Metrópole é repleta de realidades bonitas, mas que há muitas carências, misérias e sofrimentos a serem resolvidos. Página 23
Escutar as pessoas aflitas é ato de misericórdia
Cardeal Odilo Pedro Scherer incensa imagem de São Paulo Apóstolo em missa na Catedral da Sé na segunda-feira, 25, no aniversário da Cidade
Missão de rua traz esperança a 200 pessoas
Microcefalia: 3,4 mil casos em investigação
Página 7
Comunicar a misericórdia com palavras e gestos A mensagem do Papa para o 50º Dia Mundial das Comunicações Sociais, sobre a “Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo”, mostra que a forma da enunciação é tão importante quanto o conteúdo. Páginas 2 e 11
Nos Estados Unidos, 40 mil marcham pela vida Nem o frio e a neve impediram milhares de pessoas de irem à marcha pelo fim do aborto legal e a favor da vida. Página 8
Página10
Tecnologia 3D reconstrói face de Santa Paulina Parceria das Irmãzinhas da Imaculada Conceição e da Academia de Hagiologia permitiu reconstruir face da Santa. Página 21
Ser cristão e viver a alegria do carnaval
O SÃO PAULO apresenta sugestões de atividades para as pessoas que querem fugir da folia e também mostra histórias de quem vivencia os dias do carnaval sem exageros e dando testemunho da fé cristã. Páginas 14 e 15
Francisco participa de celebração ecumênica Página 9
Matrimônio é compromisso de amor para sempre Doutor Valdir Reginato, médico de família, destaca as estatísticas de 2013 do IBGE que mostram que o número de casamentos aumentou em pouco mais de 1% e a quantidade de divórcios diminuiu em quase 5%. Página 6
Cardeal Scherer: a Igreja de Cristo na Cidade Em artigo, Dom Odilo reflete sobre a fundação da Cidade e a participação da Igreja na vida da Metrópole. Página 3
Na Paróquiasantuário São Judas Tadeu, a Pastoral da Escuta realiza atendimento às pessoas que estão à procura de alguém que ouça suas aflições. Consolar os aflitos é uma das obras de misericórdia a ser realizada pelos cristãos. Página 22
Católicos e judeus dizem não à intolerância Ato pelo Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto foi realizado na sinagoga da Congregação Israelita Paulista, na segunda-feira, 25, com a participação do Cardeal Scherer. Na ocasião, o Rabino Michel Schlesinger destacou ser fundamental “lembrar dos capítulos tristes de nossa história e nos comprometermos com um futuro diferente, com um futuro de diálogo e de respeito à diversidade”. Ao O SÃO PAULO, judeu Julio Gartner conta como sobreviveu ao holocausto. Páginas 12 e 13
2 | Ponto de Vista |
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Editorial
Comunicar a misericórdia para construir a paz
V
ivemos em um mundo contraditório, violento e confuso, em que no âmbito do conhecimento se nega a possibilidade da existência de verdades e princípios universais que orientem a humanidade em seu viver e agir em direção ao bem comum; em que valores que são um bem absoluto são contestados e relativizados – como, por exemplo, o direito à vida em todas as suas etapas, o Matrimônio estável e indissolúvel, o papel da família na construção da sociedade e na formação da pessoa humana, e a própria fé - enquanto que ideias, posicionamentos e perspectivas que deveriam ser assumidas como opináveis e relativas – como pareceres sobre política, economia, estética – são absolutizadas, dividindo o mundo em verdadeiros guetos ideológicos em constante combate. O sociólogo polonês Zygmunt Bauman expressou essa diluição de valores da sociedade contemporânea por meio do
conceito “modernidade líquida”, acusando nesta a ausência dos “valores sólidos” que agreguem os povos. O relativismo dá vida e força a sistemas ideológicos, aqui entendidos não como compreensões distintas da realidade, mas como distorções da verdade. Estes têm o relativismo como pai, a intolerância como mãe e o diabo como criador. Do primeiro, herda seu poder de dividir e separar; do segundo, o ódio e o ressentimento; do terceiro, todas as suas consequências nocivas, entre elas, a guerra e a morte. Dentre os diversos sistemas ideológicos que dividem a humanidade, os mais nocivos, ao que parece, têm relação com a religião e se agrupam em duas direções contrárias: uma que não apenas nega a existência de Deus como vê a supressão da religião como uma necessidade; a outra, desfigurando o rosto de Deus, transforma o senso religioso em força destrutiva e subdivide a humanidade em duas filei-
ras, a dos fiéis e a dos infiéis. Em ambos os grupos, encontramos como elemento comum o proselitismo obsessivo e fanático que se manifesta, por um lado, no desrespeito e na ridicularização do sagrado em nome da “liberdade de expressão”, chegando à proibição de manifestações públicas de fé em honra ao “deus estado laico”, à perseguições com privação da liberdade, cárcere e morte; e, por outro lado, e em outro extremo, à resposta absurda de “guerras santas”, que pretendem impor a “fé” à força da espada. Se apreciada neste contexto conflitivo, em que tudo parece virar pretexto para briga e combates, a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2016, que será celebrada na festa da Ascenção de Nosso Senhor Jesus Cristo, em 8 de maio, dificilmente poderia ser mais pertinente e atual. Em meio a esse caos, Francisco repropõe ao mundo verdades simples e sólidas:
Deus existe; seu rosto é misericórdia; “o amor, por sua natureza, é comunicação que conduz a abrir-se e não a isolar-se”; a Igreja existe para comunicar a misericórdia de Deus e construir pontes de reconciliação entre as pessoas e entre as diversas nações. Vale observar que a relação que o Papa estabelece entre a misericórdia e a comunicação não é teórica, mas possui consequências práticas: “o que dizemos e como dizemos, cada palavra e cada gesto deveriam poder exprimir a compaixão, a ternura e o perdão de Deus por todos”, e exorta os governantes da terra a aplicar essas práticas no exercício da diplomacia e do diálogo entre as nações. A misericórdia é capaz de ativar um novo modo de falar ou de dialogar, como expressou William Shakespeare (15641616): “A misericórdia não é uma obrigação. Desce do céu como o refrigério da chuva sobre a terra. É uma dupla bênção: bendiz a quem a dá e quem a recebe”.
Opinião
O Brasil entre o confronto e o diálogo Arte: Sergio Ricciuto Conte
Francisco Borba Ribeiro Neto A grande piada nesta virada do ano foi que 2016 não era um novo ano, mas o retorno de 2015 estropiado. As notícias do governo, da Lava Jato e agora da operação Zelotes e dos congressistas em recesso parlamentar parecem confirmar a piada. Já os atuais protestos de rua fazem pensar também no retorno de um 2013 desnorteado. Debates, ações policiais capturando corruptos e protestos nas ruas não são obstáculos à democracia. Pelo contrário, são sinais de vitalidade democrática, de uma nação que procura se livrar dos erros do passado e caminhar para o futuro. Obstáculo para o futuro é a falta de perspectiva política, que faz com que os principais atores políticos se engalfinhem (até literalmente) para nada, pois nenhum dos lados têm propostas relevantes para superar a crise. Obstáculo é a eterna rusga entre PT e PSDB, mais preocupados em denegrir um ao outro do que em propor soluções (e agora, em vez de tucanos em cima do muro, parece que temos urubus de outros partidos esperando a carniça). Obstáculos são políticos e militantes preocupados em condenar adversários e absolver partidários e não em ver feita a justiça (que deveria ser dura para os culpados e doce para os inocentes de ambos os lados).
Obstáculos não estão em jovens manifestando-se e protestando. Em médio e longo prazo, seria pior uma geração alienada e apática, esperando não se sabe o que. Obstáculos surgem quando as polícias não sabem ou não conseguem manter a ordem pública nesses protestos, quando umas centenas de manifestantes se imaginam no direito de depredar o patrimônio dos outros e mesmo o público, ou de atrapalhar a vida de milhões (incluindo aí os pobres que querem defender, pois os ricos são sempre os menos afetados por qualquer problema urbano). Parece que as lideranças brasilei-
ras – sejam quais forem – não ouviram as palavras que o Papa Francisco dirigiu a elas, durante a JMJ (em 27/07/2013). Ele insistiu na necessidade do diálogo para a superação dos problemas sociais. Mas o que mais se vê no Brasil de hoje são confrontos estéreis que não conduzem a nada. Os caminhos propostos pelas partes são insatisfatórios e precisam ser revistos para contemplar também as necessidades apresentadas pelos demais grupos. A primeira exigência para o diálogo é a justiça. Em países com longo histórico de conflitos internos, como na Colômbia, os que lutam pela paz
sabem que as partes precisam fazer concessões e perdoar, mas a realização da justiça é o primeiro passo para a conciliação. O Brasil encontra-se num momento de inflexão na luta contra a corrupção. As coisas não podem acabar em pizza, mas para isso nem a impunidade, nem o revanchismo ou a raiva podem dar a última palavra. O diálogo exige sempre, porém mais ainda neste momento, responsabilidade social e um olhar realista diante dos problemas. Não se pode querer que um Estado em crise financeira “fabrique dinheiro do nada” ou que uma nova ordem política e social aconteça simplesmente porque as coisas vão mal. As duas hipóteses já foram tentadas em nossa história – e só pioraram a situação. Por outro lado, não se pode ignorar a ultrajante sensação de dignidade ferida que o povo vive ao saber que terá de apertar o cinto por conta de erros políticos, técnicos e até morais de uns poucos. Justiça, realismo e responsabilidade social são as condições para a credibilidade e o diálogo. Credibilidade e diálogo são as condições para sairmos da crise. É o momento das organizações sociais, como associações, sindicatos, universidades, igrejas, colocarem sua credibilidade a serviço do diálogo em todos os níveis. Francisco Borba Ribeiro Neto é coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
Semanário da Arquidiocese de São Paulo
Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Renata Moraes • Institucional: Rafael Alberto e Fernando Geronazzo • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Maria Aparecida Ferreira • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.
cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
A
cabamos de celebrar a festa do Padroeiro da arquidiocese e da cidade de São Paulo. Lembramos que a Igreja é parte dessa Metrópole desde o primeiro instante do seu surgimento, com a missão dos Jesuítas no Planalto de Piratininga. Ainda não havia a cidade de São Paulo e a Igreja já estava lá. A bem da verdade, São Paulo nasceu em torno de uma escola e de um altar. O primeiro ato da fundação da cidade, reconhecido assim também hoje, foi a celebração da Missa na inauguração do Colégio. O Padre Manuel da Nóbrega era o Superior da missão; São José de Anchieta também estava lá: ainda não era padre, mas apenas um jovem de 19 ou 20 anos de idade, aspirante ao sacerdócio. A participação ativa da Igreja na vida da cidade, desde sua primeira origem, nos leva a refletir sobre a presença da Igreja na Metrópole, ainda hoje. A vida da aldeia de Piratininga gravitava inteiramente em torno do Pátio do Colégio e da humilde capelinha que ali havia. Desse núcleo, irradiava-se a presença e a ação dos missionários para uma vasta região. Ao longo do tempo, a cidade mudou muito, assim como os seus desafios, que também interpelam a missão da Igreja presente nela. Temos a consciência de que a Igreja não é mais o centro da
Igreja de Cristo na Cidade vida da cidade; pelo menos, não é o único. A cidade grande tornou-se eclética, pluralista e complexa, com muitos centros de interesse, inclusive religiosos. A vida política organiza-se em base às estruturas do Estado, nas suas diversas representações e poderes. A sociedade civil organiza-se livremente, de acordo com o Estado democrático de direito. Cada um tem o direito de ser autônomo e de exercer a própria liberdade no respeito às normas da boa convivência. No entanto, a cidade grande poderia transformar-se numa multidão de indivíduos justapostos, que vivem lado a lado sem interagir; na massa caótica, há o risco da solidão em meio à multidão e dos individualismos. Os membros mais frágeis e menos competitivos desta cidade imensa podem ficar esquecidos, à margem, sem chances de participar das oportunidades, cada vez mais disputadas. Qual é o hoje papel da Igreja de Cristo nesta Metrópole? Também a Igreja de Nóbrega, Anchieta, Tibiriçá e Bartira deveria entrar na disputa do espaço social e do poder, do prestígio e da força política em benefício próprio? Deveria também ela entrar na lógica do mercado religioso, para atrair consumidores de bens religiosos a qualquer preço? O Apóstolo São Paulo nos ajuda a compreender melhor a identidade e a missão da Igreja na cidade de São Paulo. Quando escreve aos Coríntios, que a Igreja é como um corpo, com muitos membros, unidos a uma única cabeça, que é Jesus Cristo
(cf. 1Cor 12, 14-27), ele exclui que ela seja uma organização que vive por si e para si. Não é uma “sociedade anônima”, com organização e logística bem esperta para colocar seu produto na praça e influenciar a sociedade em benefício de si mesma. Ele lembra, antes de tudo, que o corpo sem a cabeça está morto e não é ninguém nem tem identidade. É a relação vital entre cabeça e membros, e viceversa, que dá sentido e vitalidade ao corpo. Assim, a Igreja, sem sua referência constante a Cristo Salvador, é como um corpo sem cabeça, sem identidade: um corpo morto. Por outro lado, São Paulo lembra que também os membros não existem apenas para si mesmos: cada um existe em função dos demais e nenhum pode dispensar a ajuda dos outros membros. E cada um desempenha sua própria função. Os mais fortes protegem e servem os mais fracos, os quais são tratados com maior atenção e delicadeza. Essa comparação da Igreja de Cristo com o corpo humano ilustra bem a identidade da Igreja e a forma de participação de cada membro na vida da Igreja e da sociedade. Essa mesma comparação também não poderia ser uma ilustração para a presença e missão constante da Igreja na cidade de São Paulo? Ela é parte da cidade; nela, vivemos e agimos como cristãos e nossa identidade nos ajuda a participar melhor da cidade e a servir os irmãos que vivem nesta grande casa comum, onde Deus também habita.
| Encontro com o Pastor | 3
Visita à Comunidade Famílias Novas Divulgação
O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, visitou na quinta-feira, 21, o 20º Acampamento da Comunidade Católica Famílias Novas do Imaculado Coração de Maria. Neste ano, a Comunidade celebra os dez anos de fundação. Dom Odilo presidiu missa logo pela manhã e conviveu por algumas horas com as famílias acampadas com crianças, jovens e adultos, “em clima de profunda partilha e comunhão, em um evento onde ludicamente se evangeliza com muita criatividade, e todos saem enriquecidos para a vivência da igreja doméstica, o carisma da comunidade, que de maneira simples, alegre e despojada, serve a Igreja em prol da família”, informaram os organizadores do Acampamento da Comunidade.
Na Rede Vida de Televisão Divulgação
Na segunda-feira, 25, o Cardeal Scherer foi entrevistado no programa “Tribuna Independente”, da Rede Vida de Televisão. Na oportunidade, ele falou da presença da Igreja Católica na cidade de São Paulo, da festa de Conversão do Apóstolo São Paulo, do Jubileu extraordinário da Misericórdia e das práticas de misericórdia. A íntegra da entrevista pode ser vista em http:// redevida.com.br/programa/tribuna-independente.
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4 | Fé e Vida |
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Liturgia e Vida 4º DOMINGO DO TEMPO COMUM 31 DE JANEIRO DE 2016
Amar como Deus ama ANA FLORA ANDERSON A liturgia deste domingo nos oferece a base de tudo que o Papa Francisco está nos apresentando para a renovação da vida eclesial. São Paulo escreve no seu hino de amor sobre as manifestações concretas da misericórdia, o tema central do Pontífice. Na segunda leitura (1 Coríntios 12,31 – 13,13), São Paulo ensina que por mais importante que seja nosso ministério na Igreja – profecia, ciência, cuidado com os pobres, falar em línguas, até o martírio, – é como nada se não mostramos amor. Paulo ensina que devemos ser pacientes, suportar tudo, desculpar tudo. Não podemos nos entregar à inveja, à vaida-
de, à cólera ou ao rancor. O amor verdadeiro, que é o ser de Deus, nos levará a vê-lo face a face. A primeira leitura (Jeremias 1, 4-5.11-19) fala da dignidade da vocação que vem de Deus. Todos, como Jeremias, recebem uma missão. Não existe uma autoridade que possa prevalecer contra os profetas de Deus. O Evangelho de São Lucas (4, 21-30) descreve a pregação de Jesus como “palavras cheias de encanto”. Mas, mesmo assim, seus vizinhos de Nazaré não querem aceitar sua pregação. Jesus ensina que os profetas não são bem recebidos na própria terra. O povo o expulsa da cidade. Jesus, a encarnação do amor de Deus, continua no seu caminho abençoado.
Você Pergunta Que livros ler para crescer na minha fé? padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br
O jovem Júlio, não disse seu sobrenome. Ele é daqui de São Paulo, e querendo crescer na fé, procurou e encontrou um livro chamado “Por que sou católico”. Só que ele ficou mais confuso do que estava antes porque no livro, além da história da Igreja, há muitos depoimentos falando de temas polêmicos. “Padre, o livro traz no começo coisas como Jesus não ter nascido em Belém, a Igreja não ter sido fundada por Cristo, sobre Jesus ter aprendido com sábios da Índia. Padre, indique-me algum livro que me ajude mais do que este?” Júlio, preste atenção no que eu quero lhe dizer. Uma pessoa que ainda não é madura na fé tem que começar a entender essa fé a partir do que é
o fundamental. E o que é fundamental em nossa fé cristã? É entender que Deus amou tanto o mundo que lhe enviou seu Filho amado, Jesus Cristo, que, para nossa salvação, para curar em nós as feridas do pecado e nos reconciliar com o Pai, morreu na cruz e ressuscitou. A Jesus, nós devemos conhecer, seguir, amar e testemunhar. Entendido isso, Júlio, podemos aprofundar cada verdade de nossa fé que proclamamos numa prece linda chamada “Credo”. Quando rezamos o “Creio em Deus Pai...”, nós mergulhamos fundo nas verdades fundamentais de nossa fé. O Credo se chama também “Símbolo dos Apóstolos”. Você escolheu um livro, meu irmão, que já começa a discutir coisas que só atrapalham em vez de esclarecer. Se não crescemos ainda na
nossa fé, por que questionála? É como dar de comer uma feijoada para uma criança de colo. Além disso, meu amigo, há dois livros que devem estar na sua cabeceira, para você tê-los nas mãos a qualquer hora. O primeiro é a Bíblia. O segundo é o “Catecismo da Igreja Católica”. Na Bíblia, você tem o fundamento de nossa fé. No Catecismo, você tem a explicação de cada verdade desta fé. Experimente. E eu garanto que você vai caminhar muito bem nos caminhos propostos por Jesus. Ajudará muito você a crescer na fé um livro preparado e oferecido aos jovens na Jornada Mundial da Juventude que aconteceu no Brasil em 2013. É um catecismo bem fácil de ler chamado “Youcat”. Você vai gostar, tenho certeza. Fale com o seu pároco.
nomeado e provisionado Assistente Pastoral “ad nutum episcopi” na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na Re-
gião Episcopal Belém, Setor Pastoral Vila Alpina, o Diácono Permanente Valter Donizete da Silva.
Atos da Cúria NOMEAÇÃO DE VICECHANCELER DO ARCEBISPADO DE SÃO PAULO Em 15 de dezembro de 2015, foi nomeado e constituído Vice-chanceler da Cúria Metropolitana de São Paulo, o Revmo. Pe. Everton Fernandes Moraes, em decreto que entrou em vigor em 25 de janeiro de 2016. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 21 de janeiro de 2016, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Bom Retiro, o Revmo. Pe. Luiz Aparecido Tegami, SDB, pelo período de 6 (seis) anos.
Em 24 de janeiro de 2016, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Santa Rita de Cássia, na Região Episcopal Brasilândia, Setor Pastoral Nova Esperança, o Revmo. Pe. Jaime Estevão Gomes, pelo período de 6 (seis) anos. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL Em 19 de janeiro de 2016, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Santa Cruz, na Região Episcopal Brasilândia, Setor Pastoral Freguesia do Ó, o Revmo. Pe. João Henrique Novo do Prado, em decreto que entrou em vigor em 25 de janeiro de 2016. Em 20 de janeiro de 2016, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial “ad nutum episcopi” da Paróquia São Miguel Arcanjo, na Região Episcopal Belém, Setor Pasto-
ral Conquista, o Revmo. Pe. Reuberson Ferreira Rodrigues, MSC. Em 20 de janeiro de 2016, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Santa Cecília, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Santa Cecília, o Revmo. Pe. Wellington Laurindo dos Santos, em decreto que entrou em vigor em 25 de janeiro de 2016. Em 24 de janeiro de 2016, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Expectação, na Região Episcopal Brasilândia, Setor Pastoral Freguesia do Ó, o Revmo. Pe. Adriano Robson Rodrigues.
Para assinar O SÃO PAULO: Escolha uma das opções e a forma de pagamento. Envie esse cupom para: FUNDAÇÃO METROPOLITANA PAULISTA, Avenida Higienópolis, 890 São Paulo - SP - CEP 01238-000 - Tel: (011) 3666-9660/3660-3724
ASSINATURA SEMESTRAL: R$ 45 ANUAL: R$ 78 FORMA DE PAGAMENTO CHEQUE (Nominal à FUNDAÇÃO METROPOLITANA PAULISTA) DEPÓSITO BANCÁRIO Bradesco ag 3394 c/c44159-7 COBRANÇA BANCÁRIA
NOME___________________________________________________________ _________________________________________________________________ DATA DE NASC. ___/___/____CPF/CNPJ _________________________________ ENDEREÇO ___________________________________________________________
NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE DIÁCONO PERMANENTE COMO ASSISTENTE PASTORAL
__________________________________________________________ nº __________
Em 20 de janeiro de 2016, foi
TEL: (__________) ______________________________________ DATA ____/___/____
COMPLEMENTO ______________________ BAIRRO ___________________________ CEP ____________ - ___________ CIDADE____________________________________ ESTADO ______ E-MAIL: ________________________________________________
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Espiritualidade Fé e Cidadania Paulo: Apóstolo e Missionário de Jesus Cristo Desigualdade Dom Eduardo Vieira dos Santos
Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé
C
om alegria, celebramos no dia 25 de janeiro a Conversão de Paulo Apóstolo, patrono de nossa Arquidiocese. Invocamos a sua proteção sobre todos os que habitam nossa Cidade e o Estado de São Paulo. A vida de São Paulo Apóstolo nos mostra que a conversão é possível, isto é, a mudança no modo de pensar e agir. Paulo, de perseguidor, da Igreja de Cristo, passou a ser perseguido por pertencer à Igreja que ele tanto perseguia. Paulo é um dos grandes convertidos da história do Cristianismo. A sua conversão diz a cada um de nós que sempre é possível mudar de vida, basta abrirse à graça de Deus. Deus Pai, por intermédio de seu Filho Jesus Cristo e do Espírito que habita em nós, sempre bate à nossa porta e espera que cada um de nós acolha livremente a sua graça, a qual sempre vem ao nosso encontro.
É interessante notar nos Atos o bem está ao meu alcance, não, dos Apóstolos, quando Lucas nar- porém, praticá-lo. Com efeito, não ra a perseguição de Paulo à Igreja faço o bem que quero, mas pratico nascente, a identificação de Jesus o mal que não quero” (Rm 7, 18bCristo com a própria Igreja. Paulo 19). Essa era a condição de Paulo ouviu uma voz que lhe dizia: “Sau- e também a nossa condição. Sentilo, Saulo, por que me persegues? Eu mos a proximidade de Cristo, sua perguntei: ‘Quem és tu Senhor?’ e presença em nossa vida, mas, muiEle me respondeu: ‘Eu sou Jesus, tas vezes, sucumbimos ao mal e ao o nazareno a quem tu estás perse- pecado. Não é para desesperar-se guindo’” (At 22, 7b- 9). Daí, tira-se diante da grande misericórdia de um ensinamento bem simples: per- Deus, mas de nossa parte exige-se seguir um cristão, ver-lhe a huma- um comportamento mais adulto e nidade reduzida ou desprezada, é humi- A vida de São Paulo nos mostra lhar e desprezar o que a conversão é possível, isto próprio Cristo. Ele se é, a mudança no modo de pensar identifica com todas e agir. Paulo, de perseguidor da as pessoas humilha- Igreja de Cristo, passou a ser das e perseguidas. perseguido por pertencer à Igreja Uma análise sim- que ele com tanto perseguia ples e despretensiosa da conversão de Paulo nos faz ver um desejo de caminhar no processo que, para além de sua conversão, seu de nossa santificação. Isso se dá por caminho de santificação continuou meio do exame de consciência, não por toda sua vida até chegar à plena da consciência alheia e da meditaidentificação com Cristo: “Já não sou ção. Em outras palavras, é necessáeu mais quem vivo, mas é Cristo que rio autoconhecimento para crescer vive em mim”. (Gl 2,20) ou “Meu vi- espiritualmente como Paulo. Que ver é Cristo”. (Fl 1,21) o Apóstolo, já alcançado pela miPaulo tinha certeza que estava sericórdia de Deus, interceda por ligado a Cristo (podemos dizer que cada um de nós, para que também ele foi capturado por Cristo), mas, sejamos capazes de conversão e de ao mesmo tempo, sentia que essa adesão a Jesus Cristo e ao seu reino ligação era bastante frágil: “querer de justiça, paz e amor.
Cônego Antonio Manzatto O Fórum Econômico Mundial se realiza todos os anos em Davos, na Suíça. O mundo está atento para saber o que dizem e o que pensam as figuras de proa do cenário econômico mundial. A imprensa repercute amplamente o evento, comentando os debates e os índices apresentados. É uma espécie de celebração do triunfo do capitalismo mundial, onde as preocupações sociais não estão presentes, apenas os dados econômicos. Recentemente, a Oxfam, uma ONG britânica, divulgou dados alarmantes: 62 pessoas apenas possuem a mesma riqueza que outras 3,5 bilhões de pessoas, metade da população mundial. Isso mostra a concentração de renda provocada pelo atual capitalismo. É uma concentração crescente, uma vez que há uma década eram 388 pessoas que possuíam a mesma riqueza de metade da população mundial. Agora são 62 os detentores de fortuna que cresceu cerca de 44%, desde 2010. No mesmo período, a população mais pobre do planeta ficou ainda mais pobre, perdendo 41% de sua renda. Como se não bastasse, 1% da população tem mais dinheiro que todo o resto do mundo junto. Desde o início do século 21, a metade mais pobre da população mundial recebeu 1% da riqueza produzida. Se tomarmos os 10% mais pobres do planeta, em aproximadamente 25 anos sua renda cresceu algo como um centavo por ano. E ainda tem gente no Brasil que defende o sistema, dizendo que é a única saída para a crise econômica. Não são apenas números alarmantes, são indecentes. No que se refere ao meio ambiente, a mesma ONG mostra que a metade mais pobre da população mundial seria responsável por apenas 10% da emissão de gases de efeito estufa, enquanto a parcela de 1% mais rica tem uma emissão 175 vezes maior. O atual sistema econômico está montado para 1% da população mundial, e os outros 99% não contam. Mas o mundo não pode continuar produzindo riqueza para poucos e pobreza para muitos. A desigualdade social precisa ser combatida e por isso é preciso mudar o rumo da economia mundial. O Papa Francisco já sinalizou nessa direção. Disse que a economia não pode ser pensada em função do lucro, mas em função das pessoas. Aliás, isso a Igreja vem dizendo há bastante tempo. Mas sempre que fala assim, o Papa e a Igreja são acusados de se meterem onde não são chamados. A preocupação com os pobres não pode se resumir a campanhas humanitárias esporádicas, e o cuidado com o meio ambiente não se resume à reciclagem do lixo. É preciso dar um basta a esta organização que produz tanta desigualdade. O sistema econômico é injusto, produz sofrimento dos pobres e destruição do planeta. Até quando?
6 | Viver Bem |
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Comportamento
Por que o casamento é para sempre? Valdir Reginato
Estatísticas de 2013 do IBGE acusaram que o número de casamentos aumentou em pouco mais de 1% e que, naquele período, diminuíram o número de divórcios em quase 5%. No entanto, o período de duração desses relacionamentos diminuiu e cresceu o número de pessoas que tentam uma segunda união, alcançando mais de 20% do total dos casamentos realizados. Dados significativos estão no fato de as uniões serem consumadas com os noivos em idade cada vez mais madura, perto dos 30 anos, e o número de filhos ter caído drasticamente nos últimos 50 anos, de seis para menos de dois por casal. Por outro lado, não se pode esquecer que o número de uniões e separações não contabilizadas pelo IBGE, por se apresentarem na “informalidade” do comportamento dos jovens da sociedade atual, não é desprezível, mas de avaliação estatística indefinida. Na sociedade que adotou o “namorido” (um termo que associa namorado com marido) como um dos padrões de comportamento, a identificação destes casais como “estáveis” se torna muito difícil. O fato é que homens e mulheres entendem, como desde o início dos tempos, que há uma força de atração entre os sexos masculino e feminino em busca de uma complementaridade que se dirige ao objetivo da felicidade. O que afinal não estaria dando certo para que ao mesmo tempo em que continuam se casando (três vezes mais do que se separam, segundo o IBGE), esses casais
agora se separam e tentam uma segunda, terceira ou mais oportunidades? Ou, por outro lado, por que se sentem inseguros para se dirigir ao altar e optam pela relação “namorido”, totalmente indefinida no tempo e no espaço, assim como no compromisso? Seriam essas novas opções – tentativas e erros ou “namoridos” – caminhos alternativos para uma felicidade mais segura e completa? Estaria decretada a falência da “obsoleta” fórmula “até que a morte vos separe”? Realmente, o homem moderno afastou-se da verdade quanto da eternidade. A “sociedade do descartável” assumiu os padrões desde o copinho de café até os vínculos de amor comprometido com o sacramento do Matrimônio, como uma ameaça terrível ao comportamento humano. Os valores são todos colocados em um plano sem relevos, em que a hierarquia desaparece em defesa de uma “democracia”, na qual a autonomia do individualismo impera soberana, olhando para o próprio umbigo, vivendo o momento presente. O outro é “importantíssimo” nos movimentos sociais, nas estatísticas populacionais, nas ações despersonalizadas, desde que não perturbe a minha “liberdade”. O mesmo raciocínio foi aplicado ao casamento e, consequentemente, às famílias. O que mais escuto ao longo dos anos, durante os cursos de noivos, como condição prioritária para a felicidade do casal é o “respeito”. Sem dúvida uma condição importante. Mas o que não posso traduzir em palavras aqui é a entonação com que falam: o respeito como um distanciamen-
to, impondo limites entre eles, onde não pode haver uma “invasão”; entre duas pessoas que estão se propondo a se tornar “uma só carne”, para sempre. “Uma só carne”, uma nova vida em que somente a morte os separe. Essa decisão estabelece o limite do tempo do casamento, sua data de validade. Iniciar com um pensamento diferente é um erro conceitual. Aceitar o “namorido” seria uma alternativa para os que estão inseguros? Olho para essa proposta como o rosto do palhaço triste, que não consegue esconder as lágrimas que brotam do coração pela maquiagem colorida, que mostra uma falsa alegria, muitas vezes. O compromisso autêntico fortalece para o enfrentamento das dificuldades. Quando o rosto transborda do que preenche o coração com sinceridade, revelamo-nos a verdade, e isso cativa. A mentira, a qual se está acostumando tanto nos dias de hoje, foi sempre a raiz de revolta e indignação na história da humanidade. Quando no coração vibra o esforço por querer amar cada vez mais, previne-se e luta-se com coragem contra as separações. E se desse amor ocorre a graça dos filhos. Generosamente, o casal ganha elos para uma união mais intensa. Diante disso, percebe-se que no Matrimônio abandonase o individualismo, solitário e egoísta, em troca de uma individualidade acolhedora, que nunca está só, mas comprometida com o amor, em que não se deseja viver um tempo, um breve tempo, mas toda a eternidade. Dr. Valdir Reginato é médico de família, professor da Escola Paulista de Medicina e terapeuta familiar.
Cuidar da Saúde
Não vacile com as hepatites B e C Cássia Regina
As hepatites B e C são doenças transmissíveis que levam à inflamação do fígado e raramente apresentam sintomas. Das pessoas que contraem hepatite B, 85% curam-se espontaneamente e 15% desenvolvem a doença, que é crônica e incurável. Do total de pessoas que contraem hepatite C, 70% têm mais chances de obter a cura, desde que iniciem o tratamento nos primeiros seis meses. Recomenda-se
que as mães com hepatite B não amamentem. Já as com hepatite C estão liberadas para fazêlo. Qualquer objeto que tenha contato com sangue se torna contaminado e pode transmitir a doença, tais como: alicates de unha, lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, agulhas, aparelhos de tatuagem e de colocação de piercing. As pessoas que receberam transfusão de sangue antes de julho de 1992 têm chances de estarem infectadas com o vírus da hepatite
C. Na relação sexual, há maior chance de transmissão do vírus da hepatite B do que da hepatite C, algo que ainda está em estudo. Por ora, não existe vacina para hepatite C, que é a que tem maiores chances de complicações como cirrose e câncer. Não se esqueça de conversar com seu médico sobre isso, para que ele possa incluir esses exames em sua rotina, se necessário. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com
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| Pastorais | 7
Movimento dos Focolares
Na unidade, a força do perdão, da misericórdia e do amor evangélico “Fui injustamente acusada diante de todo o conselho paroquial. A minha resposta foi apenas o silêncio e lágrimas. Três dias depois, um telefonema. Uma voz embargada pela emoção: ‘Você me perdoa?’. ‘Já perdoei!’ Depois, veio-me um pensamento: não basta perdoar, é preciso um passo a mais. Devo fazer uma vingança de amor, como dizia a fundadora do Movimentos dos Focolares, Chiara Lubich (1920-2008). Convidei essa pessoa para um jantar em minha casa. Nasceu uma amizade que nada pode destruir”. O relato é de Berenice Sobral, casada, mãe de três filhos, catequista há mais de 20 anos e também ministra da Palavra na Comunidade Santa Rita de Cássia, da Paróquia Imaculada Conceição, na Região Episcopal Belém. Ela foi uma das participantes do Congresso Nacional do Movimento Paroquial, ramificação do Movimento dos Focolares na Igreja local, realizado entre os dias 22 e 24, no centro de formação Mariápolis Ginetta, na cidade Vargem Grande Paulista (SP).
Alicerçado no tema central da “unidade”, específico do carisma do Movimento dos Focolares, e em temáticas pertinentes ao momento atual da Igreja, tais como o Ano Santo extraordinário da Misericórdia e Paróquia - comunidade de comunidades, aproximadamente 150 pessoas, atuantes em 70 paróquias de 18 dioceses de dez estados brasileiros, além dos responsáveis pela Secretaria Internacional do Movimento Paroquial, testemunharam a força do perdão, da misericórdia, do amor evangélico que junto aos movimentos, associações, novas comunidades e pastorais, fazem da paróquia uma comunidade de comunidades. Em 1966, o Papa Paulo VI incentivou a espiritualidade da unidade nas paróquias, e assim Chiara Lubich deu início ao Movimento Paroquial. Muitos são os frutos da Palavra de Deus vivida em bairros, principalmente em regiões periféricas onde os leigos assumem os custos para acolher, em locais sempre maiores, o crescente número de fiéis. É o que acontece na Comunidade João Paulo II,
Diego Monteiro
Congresso Nacional do Movimento Paroquial reúne focolares no centro Mariápolis Ginetta
em Presidente Prudente (SP), na qual oito em cada dez crismandos se engajam nas diversas pastorais, ou nos trabalhos junto aos cárceres e nas obras sociais das paróquias, onde se descobre que a prioridade maior é escutar e dar atenção às pessoas do que apenas a preocupação da organização e de ajudas materiais. Na partilha conclusiva, ecoaram as pala-
Vicariato para a Pastoral do Povo da Rua
‘Queremos ter o coração junto dos que mais sofrem’ O Vicariato Episcopal para a Pastoral do Povo da Rua, a Missão Belém, a Fraternidade O Caminho, a Toca de Assis, a Comunidade Voz dos Pobres e a Comunidade Santa Luzia realizaram, entre os dias 17 e 24, uma missão de rua na região central da Cidade, que teve por objetivo auxiliar crianças, homens, mulheres e pessoas com dependência química que desejam sair das ruas. Mais de 200 pessoas aceitaram o convite para ir às casas de restauração mantidas pelas comunidades. A celebração eucarística de encerramento da Missão, no domingo, 24, na praça da Sé, foi presidida pelo Padre Julio Lancellotti, vigário episcopal para a Pastoral do Povo da Rua, que no início da missa lamentou a repressão que os moradores em situação de rua têm sofrido na cidade de São Paulo. O Sacerdote, na homilia, ressaltou que “foi uma missão, como hoje nos diz o Evangelho, para dar uma boa notícia para os pobres, partilhar a alegria e a vida, ter tempo para conviver com aqueles que ninguém quer, conviver com os irmãos e irmãs que estão pelas ruas da cidade, porque neles mora a dignidade do amor de Deus”. Padre Julio recordou o carinho do Papa Francisco pelos moradores em situação de rua de São Paulo. “Estamos aqui em nome do Papa Francisco, mas,
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Padre Julio Lancellotti preside missa com pessoas em situação de rua na praça da Sé
sobretudo, em nome de Jesus, para dizer que nós queremos ter o nosso coração junto dos que mais sofrem, e queremos ter a alegria de comunicar o amor de Deus. Estamos vivendo o Ano da Misericórdia, e misericórdia é ter o coração para quem está na miserabilida-
de”, afirmou, enfatizando que a missão da Igreja diante dos moradores em situação de rua é libertá-los de toda a opressão que lhes destrói a vida. “O amor de Deus é a nossa salvação, nossa libertação e humanização. Não podemos ser uma pedra, por mais bonita que seja”.
vras de Chiara Lubich, por meio de vídeos, as quais foram assumidas com empenho pelos participantes: “Que tudo desmorone, mas a unidade jamais (...) custe o que custar”. O objetivo final, partilhado por todos, é de mirar à realização do “sonho de Jesus”, conforme o pedido ao Pai: “que todos sejam um”, sendo em toda parte “Igreja em saída”. (Por Carla Cotignoli e Diego Monteiro)
Pastoral da Saúde Em reunião, são definidos detalhes de cursos nas regiões episcopais Com a meta de encaminhar a organização dos seis cursos de Pastoral da Saúde que acontecem nas regiões episcopais da Arquidiocese e a realização de um novo curso que será iniciado neste ano sobre a Pastoral Hospitalar, o Grupo de Trabalho da Pastoral da Saúde arquidiocesana se reuniu na quinta-feira, 21, na Cúria Metropolitana. O novo curso de Pastoral Hospitalar tem como objetivo preparar pessoas para darem assistência religiosa católica em hospitais, clínicas, asilos etc, e surge atendendo a um apelo do Cardeal Odilo Scherer, arcebispo metropolitano, para que na Arquidiocese, neste Ano Santo extraordinário da Misericórdia, todas as pessoas enfermas tenham a assistência religiosa de que necessitam. A reunião também tratou de como adaptar o curso de Agente de Pastoral da Saúde dentro da realidade de cada região episcopal, visto que o currículo do curso está unificado desde o ano passado. Segundo o Padre João Inácio Mildner, assessor eclesiástico arquidiocesano da Pastoral da Saúde, as expectativas são que as novas medidas sirvam para qualificar ainda mais os cerca de 5 mil integrantes da Pastoral na Arquidiocese e atrair novas pessoas. Outras informações sobre os cursos podem ser obtidas pelo e-mail pastoraldasaudeasp@ gmail.com ou em http://facebook.com/saude.arquidiocesedesaopaulo. (Colaborou Igor de Andrade)
8 | Pelo Mundo |
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Filipe David
Correspondente do O SÃO PAULO na Europa
Destaques das Agências Internacionais
Estados Unidos Em frio intenso e sob a neve, 40 mil pessoas marcham pela vida
Alemanha ‘A culpa é das vítimas’
O frio e a neve não impediram que dezenas de milhares de pessoas (40 mil, segundo o site Life Site News) fossem, na sexta-feira, 22, à marcha pela vida, que acontece todos os anos para pedir o fim do aborto legal e a proteção do direito à vida de todo ser humano. A Marcha tem sido historicamente liderada por católicos, mas cada vez mais protestantes e evangélicos têm se unido ao combate a favor da vida. Além disso, diversos políticos estiveram no evento, como a possível candidata à presidência pelo Partido Republicano, Carly Fiorina. O congressista republicano Chris Smith, também presente na Marcha, lembrou o número de vitórias no legistativo norte-americano em favor da vida: foram 282 leis restringindo cada vez mais o aborto e protegendo a vida. “Em breve, os Estados Unidos protegerão o mais fraco e vulnerável. E por toda a eternidade, cada um de vocês terá desempenhado um papel crucial nessa luta importantíssima pelos direitos humanos”, disse à multidão.
Blog Thyselfolord
Fontes: DW/ Valeurs Actuelles
Por conta da neve, participantes da marcha decidem celebrar missa à beira da estrada
Paquistão Ataque Talibã a univesidade mata 30 pessoas Um ataque de grupo terrorista Talibã à Universidade Bacha Khan, de Charsadda, no norte do País, no dia 20, terminou, após a intervenção da polícia, causando a morte de 30 pessoas (incluindo quatro terroristas) e mais de 60 feridos. O ataque foi reivindicado
pelo grupo Tehrik-i-Taliban Pakistan, os “talibãs paquistaneses”. Samuel Pervaiz Ashgar, autoridade da Igreja Anglicana em Peshawar, declarou que “o terrorismo é uma chaga no Paquistão e no mundo inteiro (...) Enquanto cristãos, nós somos um povo
do Iraque. Estima-se em 183 mil os documentos roubados do Iraque e 9,4 mil da Síria. Segundo o Ministro, esses passaportes foram personalizados com impressão de alta qualidade, a tal ponto que é quase impossível distingui-los dos passaportes impres-
Japão Santo Samurai
sos legitimamente pelos governos do Iraque ou da Síria. Isso significa que os terroristas do Estado Islâmico podem utilizar esses documentos falsos para entrar na Europa ou em outros lugares do mundo sem serem detectados.
O Papa Francisco aprovou o decreto de martírio de Takayama Ukon, um poderoso senhor no Japão do século XVI, convertido ao catolicismo, perseguido pela fé e morto no exílio. Takayama nasceu 1552 e seu pai tornou-se católico quando ele tinha 12 anos, graças ao trabalho de missionários jesuítas. Takayama utilizou sua posição de “damimiô” – um senhor feudal, com direito de controle sobre vastos territórios e o poder de formar exércitos – para proteger o trabalho missionário dos jesuítas e a breve expansão do catolicismo no País. Quando começou a perseguição, recusando-se a renegar sua fé, Takayama foi obrigado a abandonar sua posição de prestígio para viver uma vida de pobreza. Anos depois, a perseguição aumentou: 26 católicos foram crucificados e o Cristianismo foi banido do Japão. Takayama e outros 300 fiéis tiveram que deixar o País. Ele morreu no exílio em decorrência dos maus-tratos que sofreu no Japão, por isso foi reconhecido como mártir.
Fonte: Le Figaro
Fonte: CNA
que busca construir a paz e a harmonia na sociedade. (...) Nós utilizamos a arma da oração. Rezamos também pelos terroristas, para que Deus ilumine suas mentes e para que eles abandonem a violência contra inocentes”. Fonte: Fides
Oriente Médio Estado Islâmico detém milhares de passaportes roubados ainda não utilizados Uma mensagem enviada pelo ministro do interior francês, Bernard Cazeneuve, à Comissão Europeia revela que o grupo Estado Islâmico detém milhares de “passaportes virgens” – isto é, antes de serem preenchidos com nome e foto de cada pessoa – roubados durante conflitos na região, sobretudo
Um imã salafista (o salafismo é uma linha do Islã), Sami Abu-Yusuf, em Colônia, disse, em entrevista à uma rede de televisão russa, que as mulheres vítimas de agressões sexuais na véspera do ano novo foram responsáveis pelos ataques que sofreram. “As mulheres são responsáveis pelo ocorrido no 31 de dezembro, porque estavam perfumadas e seminuas. Não é surpreendente que os homens tenham desejado assediá-las”, disse, pedindo que as alemãs “não coloquem mais gasolina na fogueira”. O episódio de agressões sexuais às mulheres foi condenado pela maioria da comunidade internacional.
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Deus jamais desvia o olhar da dor humana Fotos: L’Osservatore Romano
Na Audiência Geral da quarta-feira, 27, o Papa Francisco deu sequência ao ciclo de catequeses sobre a misericórdia, a partir do trecho bíblico do Êxodo (2, 2325) em que Deus ouve o gemido dos filhos de Israel e faz a aliança. “É uma realidade dolorosa que aflige todas as épocas, inclusive a nossa, e que nos faz sentir com frequência impotentes. Deus, ao invés, não é indiferente, jamais desvia o olhar da dor humana. Deus ouve e intervém para salvar, suscitando homens capazes de ouvir o gemido do sofrimento e atuar em favor dos oprimidos”, afirmou o Pontífice. Ao final da Audiência Geral do Papa, houve uma apresentação circense. Fonte: Rádio Vaticano (Redação: Fernando Geronazzo)
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Viagem à Suécia O Papa Francisco viajará à Suécia em outubro. A informação foi confirmada pela Sala de Imprensa da Santa Sé na segunda-feira, 25. “O Papa irá a Lund, na Suécia, em 31 de outubro, onde participará de uma cerimônia conjunta entre a Igreja Católica e a Federação Luterana mundial em virtude dos 500 anos da Reforma”, diz o comunicado.
Mensagem para a Quaresma “Prefiro a misericórdia ao sacrifício” é o tema da mensagem do Papa para a Quaresma deste ano, divulgada terçafeira, 26, no Vaticano. No texto, Francisco destaca que a misericórdia de Deus transforma o coração do homem, tornando-o assim, por sua vez, capaz de misericórdia. A íntegra da mensagem está disponível no Portal da Arquidiocese de São Paulo (arquisp.org.br).
Unidade dos cristãos “Não pode existir autêntica busca da unidade dos cristãos sem um confiar-se plenamente na misericórdia do Pai”. Foi o que disse o Papa Francisco na segunda-feira, 25, nas segundas vésperas, celebradas na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, na festa da Conversão de São Paulo. A celebração ecumênica contou com a participação de representantes de dife-
rentes confissões cristãs, entre os quais o representante do Patriarcado ecumênico de Constantinopla, o representante em Roma do Primaz da Comunhão Anglicana e os representantes das várias Igrejas e Comunidades eclesiais de Roma. Todos, com Francisco, passaram pela Porta Santa do Jubileu extraordinário da Misericórdia.
A família ‘desejada por Deus’ não pode ser confundida com outras uniões
O Santo Padre recebeu, na terça-feira, 26 o Presidente do Irã, Hassan Rouhani. Em uma nota, a Sala de Imprensa da Santa Sé expressa que “durante os cordiais colóquios foram evidenciados os valores espirituais em comum e o bom estado das relações entre a Santa Sé e a República Islâmica do Irã”.
Papa recebe em audiência membros do Tribunal da Rota Romana, na sexta-feira, 22
Durante audiência com os membros do Tribunal da Rota Romana, na sexta-feira, 22, o Papa Francisco lembrou que a família, fundada no Matrimônio indissolúvel, unitivo e procriador, “pertence ao sonho de Deus e da sua Igreja para a salvação da humanidade”. O Pontífice também sublinhou que o caminho sinodal de 2014 e 2015 reiterou que “não pode haver confusão entre a família desejada por Deus e qualquer outro tipo de união”. “A Igreja, com um renovado sentido de responsabilidade, continua a propor o casamento, na sua essência - descendentes, bem dos cônjuges, unidade, indissolubilidade, sacramentalidade - não como ideal para alguns, apesar dos modelos modernos centrados no efêmero e no transitório, mas como uma realidade que, na graça de Cristo, pode ser experimentada por todos os fiéis batizados”, completou.
10 | Pelo Brasil |
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Edcarlos Bispo
Destaques das Agências Nacionais
edbsant@gmail.com
Reprodução
Ministério da Saúde investiga 3,4 mil casos suspeitos de microcefalia O Ministério da Saúde e os estados investigam 3.448 casos suspeitos de microcefalia em todo o País. O boletim divulgado pelo Ministério na quarta-feira, 27, aponta também que 270 casos já tiveram confirmação de microcefalia, sendo seis com relação ao vírus Zika. Outros 462 casos notificados já foram descartados. Ao todo, 4.180 casos suspeitos de microcefalia foram registrados até 23 de janeiro. “O aumento dos casos suspeitos notificados nesta última semana foi inferior, se comparado a semanas anteriores. O crescimento dos casos notificados foi de 7%, com
relação ao boletim do dia 20 de janeiro. Já a quantidade de casos descartados, no mesmo período, cresceu 63%, passando de 282 para os atuais 462”, ressaltou Cláudio Maierovitch, diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde. No total, foram notificados 68 óbitos por malformação congênita após o parto (natimorto) ou durante a gestação (abortamento espontâneo). Destes, 12 foram confirmados para a relação com infecção congênita, todos na região Nordeste, sendo dez no Rio Grande do Norte, um no Ceará e um no Piauí. Continuam em investigação 51 mortes e outras cinco já foram descartadas. Fonte: Ministério da Saúde
Organização internacional recomenda que Brasil combata abusos nas prisões O Brasil tem que combater os abusos cometidos nas prisões e pela polícia, recomenda a organização internacional Human Rights Watch (HRW), no Relatório Mundial 2016, divulgado na quarta-feira, 27. Em 2015, as mortes causadas por policiais – em serviço e fora de serviço – ultrapassaram 3 mil, com aumento de quase 40% em relação ao ano anterior. No Rio de Janeiro foram 644 mortos no ano passado, um aumento de 10% no comparativo com 2014. Em São Paulo, os po-
liciais em serviço mataram 494 pessoas em 2015, registrando aumento de 1%. As prisões brasileiras abrigam mais de 600 mil pessoas, 61% acima de sua capacidade. A superlotação coloca os presos em situação de violência e vulnerabilidade, além de permitir o fortalecimento das facções criminosas. De acordo com a HRW, o País precisa garantir que os responsáveis por torturas e execuções sejam responsabilizados, além de tomar medidas efetivas para aliviar as condições desumanas
que atualmente existem nas prisões superlotadas. Uma ação importante, incluída em um programa piloto iniciado em 2015, é a de permitir que os presos de todas as capitais do País sejam levados rapidamente a uma “audiência de custódia” com um juiz. A medida, além de permitir que o juiz decida se o detido deve permanecer preso ou se aguarda em liberdade, ainda reduz os casos de tortura, pois eles têm a oportunidade de denunciar rapidamente
maus-tratos cometidos pela polícia. A HRW recomenda que essas audiências sejam instituídas em todo o País, além da aprovação pelo Congresso Nacional do projeto de lei que dificulta que policiais encubram evidências de execuções extrajudiciais (PL 4471/12). A organização se manifesta, ainda, contra a redução da maioridade penal (PEC 171/93) e também contrária à aprovação do projeto de lei de combate ao terrorismo (PL 2016/2015). Fonte: Agência Brasil
Imagens da Catedral de Duque de Caxias Papa nomeia bispo auxiliar (RJ) são quebradas em ato de intolerância de Porto Alegre (RS) No fim da tarde da terça-feira, 26, um adolescente de 13 anos entrou na Catedral de Santo Antônio, no centro de Duque de Caxias (RJ), acompanhado de sua mãe. Após interpelar uma fiel que orava no templo sobre sua conduta religiosa, dirigiu-se às imagens de Nossa Senhora Imaculada Conceição e do Sagrado Coração de Jesus que ficavam nos altares laterais da igreja-mãe da Diocese de Duque de Caxias, derrubando-as no chão, quebrando-as irreparavelmente. O caso foi registrado na 62ª DP de Im-
bariê, em Duque de Caxias. Por meio do seu vigário geral, Padre Renato Gentile, a Diocese acredita que o ato de intolerância religiosa, embora gravíssimo e repudiante, tenha sido uma ação isolada provocada pela distorção da mensagem da Sagrada Escritura e pelo fundamentalismo religioso presente e difundido por algumas igrejas que não representam a totalidade dos irmãos e irmãs de outras igrejas e doutrinas evangélicas. Fonte: Facebook da Diocese de Duque de Caxias
O Papa Francisco nomeou na quarta-feira, 27, o Padre Adilson Pedro Busin como bispo titular de “Guardialfieira” e auxiliar na Arquidiocese de Porto Alegre (RS), acolhendo o pedido do arcebispo Dom Jaime Spengler, OFM. Padre Adilson exerce a função de vigário regional dos Missionários de São Carlos para a região Sul-americana. O novo bispo tem 50 anos. Natural de Sarandi (RS), ele nasceu em 20 de maio de 1965. Aos 14 anos, ingressou
no Seminário da Congregação dos Missionários de São Carlos. Realizou o noviciado entre 1984 e 1985, com primeira profissão religiosa em 22 de dezembro do mesmo ano. Cursou Filosofia na Universidade de Caxias do Sul (RS), e Teologia no Instituto Teológico São Paulo (Itesp). Foi ordenado presbítero em 9 de janeiro de 1993. É mestre em Ciências da Educação pela Universidade Pontifícia Salesiana. Fonte: CNBB
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Comunicar a misericórdia L’Osservatore Romano
Em mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, Papa Francisco incentiva o uso de “palavras e gestos” que promovam encontro e inclusão FILIPE DOMINGUES
Especial para O SÃO PAULO, na Cidade do Vaticano
A forma como se transmite a mensagem da misericórdia de Deus é tão importante quanto o conteúdo. Essa é uma possível linha de leitura da mensagem do Papa Francisco para o 50º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que será celebrado no dia 8 de maio. Neste ano, o Pontífice propõe uma reflexão sobre “Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo”. O texto foi divulgado pelo Vaticano na sexta-feira, 22, em coletiva de imprensa da qual O SÃO PAULO participou. “O que dizemos e como o dizemos, cada palavra e cada gesto devem poder exprimir a compaixão, a ternura e o perdão de Deus para todos”, afirma o Papa. Em vários pontos, ele incentiva a Igreja a utilizar uma linguagem inclusiva, dedicando atenção especial ao “modo de comunicar”. E não só a Igreja, mas todos os povos, a política e a diplomacia.
O poder das palavras
“Como filhos de Deus, somos chamados a nos comunicar com todos, sem exclusão. Em especial, é próprio da linguagem e das ações da Igreja transmitir misericórdia, de modo a tocar os corações das pessoas”, detalha. Segundo o Papa, as palavras devem ajudar a “aumentar a comunhão” e, mesmo quando o cristão deve condenar algum mal, precisa procurar “não despedaçar jamais a relação e a comunicação”. Diz no texto: “Como é belo ver pessoas empenhadas em escolher com cuidado as palavras e os gestos para superar as incompreensões, curar a memória ferida e construir paz e harmonia.” Mais adiante, o Pontífice repete que “somente palavras pronunciadas com amor e acompanhadas de brandura e misericórdia tocam os corações de nós, pecadores”. Em vez disso, “palavras e gestos duros ou moralistas correm o risco de alienar ainda mais aqueles que queremos conduzir à conversão e à liberdade, reforçando o seu sentido de negação e defesa”. Para as autoridades públicas e os jornalistas, Francisco faz o mesmo pedido: “Estejam sempre vigilantes sobre o modo como se exprimem a respeito de quem pensa ou age de forma diferente ou ainda de quem possa ter errado. É fácil ceder à tentação de explorar tais situações e, assim, alimentar as chamas da desconfiança, do medo, do ódio.” Segundo o presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações So-
‘Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo’ é o tema escolhido pelo Papa Francisco para o 50º Dia Mundial das Comunicações Sociais
ciais, Dom Claudio Maria Celli, a mensagem do Papa reforça o que o Pontífice chama de “uma Igreja em saída”, aberta aos pobres e em profundo espírito de oração. “Deus nos manda pregar e, ao mesmo tempo, estar com Ele. Parece uma contradição, mas não estar com Ele é cansar-se, ocupar-se de muitas coisas, mas não ‘acordar em nós o espírito de alegria’, como diz São Francisco de Sales”, observou o Arcebispo, em missa celebrada anualmente com jornalistas no Vaticano. Para Dom Celli, os profissionais da comunicação devem descobrir como ajudar os outros a sentir “um pouco de perfume do Evangelho”, nas palavras de São Francisco de Sales.
Uma regra fundamental
A ênfase que o Santo Padre atribui ao “modo” da comunicação leva a uma associação quase imediata com o seu próprio estilo de liderar a Igreja,
marcado por frases de efeito e gestos de aproximação a quem sofre. Porém, questionado pelo O SÃO PAULO sobre essa relação, o Monsenhor Dario Viganò, Prefeito da recém-criada Secretaria para a Comunicação da Santa Sé, respondeu que o “como se diz” é uma regra fundamental da comunicação, presente em todos os pontificados. “Digamos que essa mensagem explicita este elemento do que é dito e como é dito. Mas essa é uma regra fundamental que atravessa todas as grandes mensagens dos papas”, afirmou. “Penso, por exemplo, no modo como Papa Bento XVI comunicou que por graves motivos de saúde, de idade, de força física, não poderia mais gerir a Igreja como papa”, acrescentou. “Naquele modo, emergiu toda a sua dimensão fortemente espiritual. Existia a consciência, claramente manifestada no modo, que a Igreja é acima de tudo a Igreja de Jesus. Portanto, são elementos L’Osservatore Romano
Monsenhor Viganò e Dom Celli detalham mensagem do Dia Mundial das Comunicações Sociais
sempre presentes. Existe uma grande continuidade.” Comentando a mensagem do Papa Francisco, Monsenhor Viganò, que também é professor de Comunicação, recordou que “a misericórdia é o traço distintivo do agir e do ser da Igreja”. Ele explicou que, por ser portadora da memória de Jesus, a Igreja não pode recusar suas palavras de misericórdia. “São palavras esperadas por quem pensa estar longe do Deus da misericórdia, do qual frequentemente temos uma imagem deformada, como Deus sendo um juiz impiedoso e incapaz de se envolver com os limites do sofrimento”, disse. Ele recordou, ainda, as palavras do Papa João XXIII, de que a Igreja “prefere usar o remédio da misericórdia que empunhar as armas do rigor”. De fato, no mesmo sentido, segue a mensagem do Papa Francisco quando afirma: “Como eu gostaria que o nosso modo de comunicar e também o nosso serviço de pastores na Igreja nunca expressassem o orgulho soberbo do triunfo sobre um inimigo, nem humilhassem aqueles que a mentalidade do mundo considera perdedores e descartáveis”. O próprio modo como a mensagem do Papa foi escrita é por si só um exemplo de como “o modo de comunicar” é essencial. Possivelmente buscando mostrar que a misericórdia é um valor também para quem não crê em Deus, o Pontífice escolhe palavras do escritor inglês William Shakespeare em “O mercador de Veneza”, e insiste: “A misericórdia não é uma obrigação. Desce do céu como o refrigério da chuva sobre a terra. É uma dupla bênção: abençoa quem a dá e quem a recebe”.
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Um dia para não esquecer Luciney Martins/O SÃO PAULO
No Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, comunidade judaica em São Paulo protesta contra reedição de livro nazista. Católicos e judeus dizem não à intolerância Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
“Para que a tragédia não seja esquecida pelas gerações futuras e para evitar que atos de genocídio voltem a acontecer”, assim o Rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista (CIP), lembrou a importância do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, instituído pela Organização das Nações Unidas e celebrado em 27 de janeiro, data em que o campo de concentração de Auschwitz foi fechado. O Rabino recordou, ainda, que “lembrar o holocausto é entrar em contato profundo com nossa identidade, com nossa história, mas, ao mesmo tempo,
Durante ato em Memória das Vítimas do Holocausto, seis velas são acesas para recordar todos que sofreram os horrores da 2º Guerra Mundial
é renovar nosso compromisso com a humanidade, com valores humanistas, para que não existam mais perseguições, preconceitos, ódio. Precisamos lembrar dos capítulos tristes de nossa história e nos comprometermos com um futuro
diferente, com um futuro de diálogo e de respeito à diversidade”. A polonesa Rachela Gotthilf, sobrevivente do holocausto, emocionou a todos os presentes na sinagoga da CIP em São Paulo. “Nós, os sobreviventes, somos os últimos testemunhos vivos que contamos e atestamos a tragédia que passamos”, disse ela com voz firme. “Nós sentimos a obrigação moral de contar ao mundo e dizer em voz alta: eu estive lá! Eu vi com meus próprios olhos o chão vermelho com explosões do gueto de Varsóvia! Eu vi levarem as minhas amigas! Eu senti o cheiro das câmaras de gás! A minha geração teve uma infância muito feliz, porém, cortada abruptamente. Psicólogos explicam que graças a essa base sólida, tivemos perseverança para lutar e sobreviver, mas também não tivemos puberdade, tornando-nos
adultos de uma hora para outra por falta de nossos pais, tivemos que nos assumir em momentos decisivos e percebemos a força que a vida tem, pela qual inexplicavelmente lutamos. No fundo, havia uma motivação: cada um de nós teve a esperança de quem sabe um dia encontrar alguém da família com vida”, testemunhou.
Combate à intolerância
O combate à intolerância foi o tema proposto pela Congregação Israelita do Brasil (Conib), parceira da CIP na realização do ato em memória das vítimas do holocausto. Em entrevista ao O SÃO PAULO, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, destacou que a história se repete, em dimensões diversas, mas hoje está acontecendo o mesmo com a intolerância, perseguição a grupos
‘Sobrevivi ao Holocausto’ Aos 91 anos, judeu polonês que sobreviveu ao holocausto pede mais tolerância para que histórias de massacres não voltem a se repetir Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
“Julio Gartner é testemunha ocular do holocausto. Sua história pessoal, entre 1939 e 1945, confunde-se com o maior crime já cometido pela humanidade: o assassinato de 6 milhões de judeus de forma planejada e industrial. O documentário acompanha esse sobrevivente do holocausto, que mostra pessoalmente o que viveu antes, durante e depois da tragédia”.
Essa é uma sinopse do documentário “Sobrevivi ao Holocausto”, onde Julio Gartner, polonês de 91 anos, volta à Polônia e revisita os lugares onde os judeus foram presos, torturados e mortos pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, em um dos fatos históricos mais cruéis da idade moderna, o holocausto. No início da guerra, Julio tinha 15 anos. Aos 17, foi enviado para o “Campo de trabalho”, como os alemães chamavam os Campos de concentração e extermínio. Viu seus dois irmãos mais velhos fugirem para a Rússia, no início da guerra. Separou-se dos pais e anos depois soube que eles morreram na câmara de gás em Majdanek. Fugiu, se escondeu e sobreviveu. Hoje, no Brasil, Julio dá palestras sobre os horrores do holocausto. Ao O
SÃO PAULO, ele recordou os terrores vividos naqueles anos. O SÃO PAULO – Para o senhor o
que foi o holocausto?
Julio Gartner - Dos judeus da Polônia, 90% morreram, foram assassinados, e os outros 10% sobreviveram de diversas maneiras. Eu sobrevivi passando pelos campos de concentração, eram cinco. Eu era jovem, forte, e consegui sobreviver, embora muitos dos meus amigos que eram jovens e fortes morreram. É uma tragédia. Pela primeira vez na história da humanidade, assassinaram 6 milhões de pessoas inocentes, mulheres, crianças, mulheres grávidas, jovens e velhos, indiscriminadamente.
Onde o senhor nasceu?
Nasci na Polônia, morava na Polô-
nia. Em 1º de setembro de 1939, quando começou a guerra, meus dois irmãos – éramos em três irmãos – fugiram para a Rússia, tínhamos um tio com um carro e os levou para a Rússia. Eu era o caçula e fiquei com meus pais, não queria abandoná-los. Sorte que fiquei com eles.
Como foram os anos de guerra?
Com 15 anos, já estava sustentando a casa. Os alemães governavam por decreto e cada decreto era pior que o outro. Por exemplo: um decreto obrigava que os judeus não podiam mais morar na cidade de Cracóvia, tinham que morar em um local reservado, que se chamava gueto e quem saísse do gueto era sujeito à pena de morte. Eu não queria entrar no gueto. Eles, naquela altura, deixavam que os judeus morassem nas localidades perto de Cracóvia. Eram al-
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sociais, étnicos e religiosos. “A história infelizmente está se repetindo, não se aprenderam as lições ainda, então, é preciso falar [sobre o holocausto]”. Para Dom Odilo, é importante que a data não seja esquecida e que o recado chegue às novas gerações. Ainda de acordo com o Cardeal, não é preciso ir ao Oriente Médio, África e Ásia – lugares que as pessoas têm em mente como símbolo de intolerância -, pois existe no Brasil comportamentos de intolerância quando “por fanatismos cegos se condenam pessoas, se discriminam pessoas, simplesmente por razões ideológicas, por um fanatismo que não aceita nem ouvir as razões do outro. Está se repetindo a mesma coisa também aqui entre nós. É muito importante que grupos fanáticos não sejam apoiados. Não se dê aqui entre nós a possibilidade de surgimento de fermento de fanatismo”. Nesse sentido, o Rabino Michel destacou que o caminho para se combater a intolerância é o diálogo, a “construção de um mudo de educação voltado para o diálogo, para a diversidade e para a paz”. E citou como exemplo o Papa Francisco e sua recente visita ao grande templo de Roma, repetindo o gesto de seus antecessores e transmitindo uma mensagem “inequívoca de que o caminho é o caminho do diálogo e da construção da paz”. O presidente da Federação Israelita de São Paulo, Bruno Laskowsky, citou como exemplo o que atualmente acontece na Síria, “fruto da perversidade do Estado Islâmico”. Para ele, “é de lamentar o que acontece com a população inocente da Síria e do Sudão”. Ele recordou o pensamento da filósofa judia Hannah Arendt, chamado de “banalidade do mal”. “Quando o mal é banalizado, ele passa a ser permitido. Os nazistas, como muitos torturadores de regimes totalitários, justificavam suas maldades afirmando que só seguiam ordens. O ISIS, Al-Qaeda, Hamas, Hezbollah, o presidente Bashar al-Assad treinam seguidores para que assassinem sem compaixão, com a maior crueldade, mulheres e crianças,
Durante a segunda guerra, o nazismo envia centena de milhares de judeus para campos de concentração onde, forçados a trabalhar e separados de suas familias, acabam morrendo de fome ou assassinados nas câmaras de gás, nos crematórios e por fuzilamento
pessoas de outras religiões como os cristãos, que não abdicam da sua fé, jornalistas que são testemunhas. Fazem do mal uma coisa normal, burocrática, que qualquer um pode fazer sem remorso e o mundo não quer lembrar o que acontece toda hora”, afirmou, e concluiu: “devemos lutar pela liberdade contra a opressão pelos direitos humanos de todos, até o último minuto de nossas vidas”. George Legmann, nascido em 1944 num campo de concentração na Alemanha nazista, afirmou que a história recente da humanidade parece mostrar que nada foi aprendido com o holocausto. “Passados 70 anos da segunda guerra, foram muitos os atentados contra os direitos humanos. O ser humano não está aprendendo e tudo indica que estamos indo para o caminho errado e, assim, é mais do que necessário relembrar e ensinar, explicar para as novas gerações o que aconteceu para não acontecer de novo”.
editoras querem fazer do “My Kampf ” (A minha luta, em tradução livre), livro de dois volumes de autoria de Adolf Hitler, no qual ele expressou suas ideias. “Peço a vocês, cidadãos do mundo, para que interfiram com tudo o que é possível para impedir [a reedição do livro]”, disse Para Bruno Laskowsky, “é lamentá-
vel, neste mundo conturbado, que algumas editoras cogitem a reedição do nefasto ‘My Kampf ’, de evidente conteúdo discriminatório, fascista, intolerante, racista. É preciso respeitar a memória e a dignidade das vítimas das atrocidades patrocinadas pela ideologia nazistas”, afirmou.
Não ao ‘My Kampf’
Rachela Gotthilf aproveitou sua fala para condenar a reedição que algumas Luciney Martins/O SÃO PAULO
ção], onde tinham as câmaras de gás, assassinaram todos. Fiquei sabendo disso um pouco mais tarde, fiquei durante nove meses me escondendo, porque era proibido não só dar abrigo aos judeus, mas ajudar, dar comida. Tudo era punido com pena de morte. Para me ajudar, os poloneses me davam a comida, deixando fora de casa, como se deixa um prato para cachorro, durante a noite.
deias porque a Polônia é um país agrícola, uma terra bastante fértil. Então, os aldeões cultivavam lá trigo, de qualidade muito boa, tabaco e frutas, faziam queijo e vendiam isso na cidade. Um dos aldeões, que era nosso fornecedor, nos ofereceu uma moradia, um quarto na casa dele, que era a uns 30 quilômetros da cidade de Cracóvia. Aceitamos e levamos tudo que era possível. Ficamos lá por nove meses até que veio um novo decreto determinando que os judeus
não poderiam ficar nessas aldeias, teriam que ir para cidadezinhas perto de Cracóvia. Meus pais falaram: ‘Nós não temos força nem coragem para enfrentar ou desafiar, nós vamos lá para essa cidade, e você escolhe o que quer fazer. Se quiser ficar aqui na aldeia, você fica’ ... Eles foram para essa cidade e no outro dia chegaram alemães com caminhões, cercaram a cidade e levaram todos os habitantes, todos os judeus, para Majdanek [um campo de concentra-
Depois que seus pais saíram da aldeia, o senhor nunca mais os viu?
Nunca mais os vi. A única coisa que vi foi quando voltei em 2008 e passamos por Majdanek e lá tem uma montanha de cinzas. As cinzas das pessoas que foram queimadas. Quando eu vi essas cinzas, resolvi fazer o filme.
Como fazer para que momentos de horror como o holocausto não se repitam?
Tudo pode começar com intolerân-
cia. A intolerância é como uma bola de neve: começa pequena e depois cresce. Hitler quando começou, iniciou fazendo umas tentativas e aí viu que ninguém reagia e foi avançando mais. A intolerância, principalmente, leva ou pode levar, dependendo naturalmente de um líder. Hitler era um grande líder, um grande orador e conseguiu levar toda a Alemanha com ele. A palavra-chave é a intolerância. Um ser humano deveria ver em outro um amigo, mas quando vê no outro um inimigo é muito ruim.
Como o senhor resumiria o holocausto?
Uma barbárie jamais vista na história da humanidade, tendo como origem a intolerância. Eles [os nazistas] chegaram a uma perfeição a qual, talvez, ninguém chegou antes. No holocausto, na Polônia, quem participava não eram só os alemães simples, eram engenheiros, médicos, pessoas de alto nível. E espero que nunca mais isso possa acontecer.
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Para curtir o carnaval longe da folia Luciney Martins/O SÃO PAULO
Renata Moraes
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Para quem não curte a folia e a agitação que tomam conta da cidade durante o feriado de carnaval, O SÃO PAULO apresenta uma programação com opções de tranquilidade e lazer nesses dias de folga, para vivenciar momentos de oração, arte e cultura em atividades voltadas para toda a família.
RETIROS DE CARNAVAL Comunidade Shalom
A Comunidade Católica Shalom realiza retiro o “Reviver” entre 7 e 9 de fevereiro em mais de 50 cidades do Brasil. “Uma vida toda nova” é o tema do evento neste ano. Reprodução
Jovens, adultos e famílias inteiras aproveitarão o feriado de carnaval para participar de retiros e encontros de espiritualidade em São Paulo
cerramento das atividades todos os dias será com missa. Reprodução
Comunidade Canção Nova (rua João Paulo II, Alto da Bela Vista, cidade de Cachoeira Paulista - SP). O evento reunirá peregrinos de diversos lugares do Brasil para participar de cinco dias de oração e louvor, com o tema “Manifestemos nossa alegria ao Senhor” (Sl 95,1). Todos os dias, haverá pregações, momentos de adoração ao Santíssimo Sacramento, missas e shows musicais.
ARTE E CULTURA Reviver - Missão Santo Amaro Quadra da Paróquia Nossa Senhora da Esperança (rua Nossa Senhora de Nazaré, 101, Cidade Dutra). Informações: (11) 5668-6324, (11) 982028408 ou no email eventosantoamaro@ comshalom.org. A atividade é composta por shows, evangelização, adoração, seminário de vida no Espírito Santo, momentos de oração e aconselhamento. No local haverá lanchonete e livraria católica. O encerramento diário das atividades será sempre com missa. Reviver Kids Centro de Evangelização da Comunidade Católica Shalom (rua Maria Aparecida Anacleto, 199, Jardim Satélite II). Retiro de carnaval voltado para as crianças, com brincadeiras e momentos de oração. Reviver - Missão São Paulo Instituto Nossa Senhora Auxiliadora (rua Passos, 36, Belenzinho - próximo ao metrô Belém e travessa da avenida Celso Garcia) Informações: (11) 4380-9750, (11) 98438-6890 ou (11) 98754-9621 Estão confirmadas as presenças de Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, e do Frei Claudiano de São João da Cruz, da Ordem dos Carmelitas Descalços. En-
Alegrai-vos 2016 Renovação Carismática Católica da Arquidiocese de São Paulo
De 7 a 9 de fevereiro, das 8h às 18h Colégio João XXIII (rua José Zappi, 163, Vila Prudente) Informações: (11) 99962-2759 ou no e-mail mhs.soriano@hotmail.com O tema da atividade é “Vê a alegria que te vem de Deus”. Participarão o Padre José Roberto Pereira, assessor eclesiástico da Renovação Carismática Católica na Arquidiocese de São Paulo e demais padres e pregadores da RCC; além do Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano. Reprodução
Acampamento de Oração Vem Louvar Comunidade Canção Nova De 5 a 9 de fevereiro, das 8h às 23h
Carne Vale: exposição sobre o imaginário do Carnaval Galeria de Arte do SESI-SP (avenida Paulista, 1.313) Gratuito, todos os dias, das 10h às 20h (entrada permitida até 19h40) Realizada pelo SESI-SP, segue até o domingo, 31, a exposição “Carne Vale – O Imaginário Carnavalesco na Cultura Brasileira”. A mostra tem curadoria de Roberto Moreira Cruz e reúne ilustrações, fotografias, vídeos e objetos que constroem um mosaico de várias faces da festa popular mais conhecida do Brasil sob um olhar particular. Dividida em eixos temáticos, a exposição explora a diversidade, criatividade e a riqueza cultural dessa manifestação popular em mais de 170 itens. Informações: (11) 3146-7401 ou pelo site www.sesisp.org.br/cultura Fotos feitas por deficientes visuais na Pinacoteca de São Paulo Praça da Luz, 2, próximo à estação da luz da CPTM. Aberto de quarta a segunda-feira, das 10h às 17h30, com permanência até as 18h. Segue até 3 de abril, a exposição “Transver: Fotografias feitas por pessoas com deficiência visual”, com trabalhos de dez alunos do curso de fotografia para deficientes visuais, ministrado na própria Pinacoteca do Estado de São Paulo. A mostra relata como os alunos,
com diferentes graus de deficiência visual, desenvolveram as competências básicas e necessárias a partir dos outros sentidos, excepcionais à visão. Também na Pinacoteca, a exposição “Territórios: Artistas Afrodescendentes no Acervo da Pinacoteca” apresenta ao público obras assinadas por artistas brasileiros afrodescendentes. A mostra segue em cartaz até 17 de abril. E quem estiver próximo à Pinacoteca pode aproveitar para ir ao Parque da Luz, onde, além do verde, é possível apreciar mais de 40 esculturas expostas desde 2002. Valor dos ingressos R$ 6,00 Informações: (11) 3335-4990 e pelo site www.pinacoteca.org.br/pinacoteca-pt *O local estará fechado na terça-feira dia 9 – feriado de carnaval
Exposição: O mundo de Tim Burton Museu da Imagem e do Som (avenida Europa, 158, Jardim Europa) De terça a sexta-feira, das 10h às 20h; aos sábados, das 9h às 21h; aos domingos e feriados, das 11h às 19h. De 4 de fevereiro a 15 de maio, o Museu da Imagem e do Som (MIS) recebe a exposição “O mundo de Tim Burton”. A mostra traz itens raros como desenhos, pinturas, fotografias e instalações esculturais que fizeram parte da filmografia do cineasta norte-americano. Obras de sua filmografia como “Edward mãos de tesoura”, “O estranho mundo de Jack”, “Batman”, “Marte Ataca!”, “Ed Wood”, “Os fantasmas se divertem”, entre outros, e de projetos não realizados e pouco conhecidos que revelam seu talento como artista, ilustrador, fotógrafo e escritor. O MIS será a primeira instituição da América latina a receber a exposição. Ingressos online em www.ingressorapido.com.br/timburton. Informações: (11) 2117 4777 ou www. mis-sp.org.br (Com informações da Assessoria de Imprensa da Pinacoteca do Estado de São Paulo e do Museu da Imagem e do Som) - Colaborou Igor de Andrade
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A festa também é para os cristãos
O carnaval e os cristãos
Arquivo pessoal
O SÃO PAULO apresenta histórias de pessoas que vivenciam os festejos de carnaval sem exageros e testemunhando a fé Renata Moraes
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É possível viver a alegria do carnaval sem desrespeitar os princípios cristãos? Alguns exemplos demonstram que sim, que este pode ser um período de festas sadio com os amigos e a família. Encantado com o que assistia na televisão durante o carnaval, como a grandiosidade dos carros alegóricos, as muitas cores e figurinos, o estudante de Artes Visuais, Bruno Vicente da Silva, 26, sempre teve o desejo de participar dos desfiles das escolas de samba de São Paulo, mas tinha receio. Membro da Paróquia São Roque, no bairro do Imirim, na Região Episcopal Santana, Bruno foi convidado pelos agentes da Pastoral Afro de sua comunidade a conhecer a escola Mocidade Alegre, em 2012. “Eu já tinha uma imagem construída sobre as escolas de samba. Até que fui convidado a fazer uma visita, aceitei
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Segundo alguns registros históricos, o carnaval já era festejado na Grécia, entre 600 e 520 a.C, quando os gregos agradeciam aos deuses pela fertilidade do solo e da colheita. A festividade passou a fazer parte do calendário cristão em 590 d.C, por determinação do Papa Gregório (540-604). No Brasil, há registros da existência do carnaval desde 1723 por influência dos portugueses. O carnaval antecede a Quaresma, que se inicia na Quarta-feira de Cinzas. Ao longo da história e ainda hoje muitos cristãos também aproveitam o período do carnaval para um momento de recolhimento e preparação para a Quaresma, participando de retiros espirituais, por exemplo (leia mais na página 14). (Com informações da Canção Nova e Diário Regional)
Bruno durante o desfile de 2014; em enredo campeão da Mocidade Alegre, sobre a fé
o convite e fui surpreendido. O ambiente era muito familiar, havia pais, mães, crianças, idosos, jovens, adultos”, recordou. Durante os carnavais de 2013 a 2015, Bruno desfilou na Mocidade Alegre e inspirou alguns amigos próximos a fazerem o mesmo. “A Escola de Samba permitiu que aprendêssemos com ótimos profissionais e coreógrafos. Eles têm um trabalho cultural sério, no
Diversão em família com as marchinhas de carnaval
resgate das raízes do samba e um trabalho social muito forte”, destacou. No convívio com os membros da Agremiação, Bruno recorda que além de fazer amigos, também pode dar testemunho da própria fé. “As pessoas me questionavam sobre os sacramentos, como o Batismo e a Primeira Eucaristia. De algum modo, a minha presença e de outras pessoas da Paróquia ali também era um canal de evangelização”, avaliou.
Bruno confidencia, orgulhoso, que alguns jovens da escola de samba começaram a participar da Paróquia São Roque e se engajaram nas pastorais. Ele conta que aprendeu com essa experiência a ter mais responsabilidade e disciplina, sobretudo no comprometimento com os ensaios. “Com a Escola de Samba, aprendi que eu tenho que amar muito mais a minha Igreja. No carnaval, as pessoas se doam ao máximo em busca do título. Na minha comunidade paroquial, eu também tenho que dar o meu máximo, com mais amor e dedicação, para oferecer o melhor a Deus e ao povo”, encerrou.
O Arsenal da Esperança batuca no Bresser Arquivo pessoal
Fábio José Pereira Lima
O bloco de carnaval criado em 2015 garante diversão para todos nas ruas da Vila Madalena
“Esperamos uma folia tranquila, com muita participação de nossas famílias, amigos e da comunidade do entorno. Que as crianças possam brincar, que os idosos possam estar com a gente, que a nossa juventude, e sua felicidade, possa estar presente para mostrar que as marchinhas não morreram e podem fazer um lindo e animado carnaval”. A afirmação é da Professora Mariana Pinhal, 28. Casada há três anos com Gustavo Parizzi, 30, engenheiro, o casal fundou com mais seis amigos, em 2015, um bloco de carnaval que preza pelo resgate das marchinhas. É o “Bloco do Binguelo”, em alusão à mascote do bloco, “um fran-
guinho que fugiu da granja para vir pular o carnaval na cidade grande”, explicou a Professora. “Acreditamos que o avivamento das nossas tradições pode resgatar aquilo que foi perdido: a leveza e a pura alegria do carnaval de rua”, enfatizou Mariana, recordando que o bloco tem como referência as marchinhas do famoso carnaval de São Luiz do Paraitinga (SP) e outras tradições carnavalescas brasileiras. Os desfiles do bloco acontecerão no domingo, 31, às 16h, e em 8 de fevereiro, às 15h. A concentração será na esquina das ruas Mateus Grou com a Cardeal Arcoverde, na Vila Madalena. (RM)
‘Eu me importo com você’ é o tema da terceira edição do projeto ‘Batuca Bresser’
O “Batuca Bresser” é um bloco de carnaval de rua organizado por jovens e amigos de “A Praça”, um projeto do Sermig – Arsenal da Esperança e da Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários. Este ano, o lema do bloco é “Eu me importo com você”. Todos os instrumentos utilizados na apresentação de rua são feitos com sucata pelos próprios componentes do Bloco. São jovens, crianças e adultos que além de cantarem e tocarem as marchinhas de
carnaval pelo bairro, levam a mensagem do encontro, do amor e da atenção ao próximo e do caminhar juntos. Os ensaios já começaram e acontecem aos sábados, às 14h30, aberto a todos os interessados. A batucada será em 6 de fevereiro, a partir das 14h30, com a concentração na sede da “A Praça”, na antiga Capelinha (rua Doutor Almeida Lima, 750, Bresser). Outras informações em http://facebook.com/ aapraca. (RM)
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Filipe David
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Dica de Leitura
Comentário à Metafísica de Aristóteles
A obra filosófica de Tomás de Aquino é extensa e bastante diversa. Seus comentários, especialmente os referentes à obra de Aristóteles, têm como base uma metodologia original, crítica e elucidativa, tão potente que os fizeram sobreviver ao período da escolástica e ao Renascimento, e perdurar até os dias de hoje. Neste volume, além da tradução do texto de Aristóteles, o leitor encontrará o início do Comentário à Metafísica aristotélica - os quatro primeiros livros do “In duodecim libros Metaphysicorum Aristotelis expositivo” -, em tradução inédita na língua portuguesa. No primeiro livro, Tomás comenta a natureza da Metafísica e as opiniões dos filósofos antigos sobre ela. No segundo, trata principalmente do modo de considerar a verdade. No terceiro, entre outros temas, aborda o princípio das coisas. E no quarto, considera as coisas que pertencem à investigação dessa ciência. Portanto, neste primeiro volume, Tomás analisa as bases do pensamento metafísico, esclarece a visão de Aristóteles e aprofunda a noção de filosofia primeira.
Internet
Divulgação
Ficha técnica Autor: São Tomás de Aquino Páginas: 460 Editora: Vide Editorial
Rede em defesa da família Está no ar o site da Rede Nacional de Direitos e Defesa da Família. “Somos um grupo de pais preocupados com a educação de nossos filhos. Como fruto dessa preocupação, reunimos forças e, juntos, através dessa entidade, assumimos como missão informar e esclarecer os pais do Brasil que, como nós, acreditam que a escola deve ser uma ferramenta auxiliar na tarefa de educar nossos filhos”, consta em um dos trechos da apresentação. “Tendo em vista os últimos debates a respeito dos Planos de Educação, um assunto de modo especial nos chamou atenção: a ideologia de gênero. Levando assim em consideração a preponderância do papel dos pais na educação dos seus filhos e a exclusão da ideologia de gênero da maioria dos Planos de Educação, temos por objetivo: auxiliar os pais a fortalecer suas famílias, por meio da defesa de seus direitos; promover e defender o direito à Educação; o desenvolvimento de estudos, formações, seminários e congressos sobre a defesa da família, bem como para a formação dos pais quanto à educação de seus filhos; auxiliar e representar os pais na defesa de seus direitos e de seus filhos, inclusive na esfera judicial; atuar na formação complementar dos professores”. Informações em: http://rededefesadafamilia.com.br
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Após a Copinha, a esperança de ser jogador profissional Rodrigo Corsi/FPF
Copa São Paulo Futebol Júnior terminou com o título do Flamengo e o renovar de sonhos de 2.800 jovens atletas
Vitor Madeira/Viva Rio
Daniel Gomes
danielgomes.jornalista@gmail.com
A alegria final na 47ª edição da Copa São Paulo de Futebol Júnior foi do Flamengo. Na segunda-feira, 25, no estádio do Pacaembu, o Rubro-negro carioca conquistou pela terceira vez a competição (já tinha vencido em 1990 e 2011) ao derrotar o Corinthians nos pênaltis por 4 a 3, após empate no tempo normal em 2 a 2, com gols de Gabriel Vasconcelos e Matheus Pereira, para o Alvinegro-paulista, e Trindade e Matheus Sávio, para o Flamengo. Para os jogadores do time campeão, o desempenho no torneio traz a esperança de ao menos um lugar no elenco principal. As maiores apostas são o goleiro Thiago, o zagueiro Léo Duarte, o volante Ronaldo, os meias Cafu e Lucas Paquetá e o atacante Felipe Vizeu, vice-artilheiro da competição com sete gols. Pelo lado do Corinthians, entre outros destaques, estão o zagueiro Léo Santos, o lateral direito Léo Príncipe e o volante Maycon. Mas não foi só para eles que a Copa São Paulo de Futebol Júnior, popularmente conhecida por Copinha, foi uma competição de esperança. Todos os quase 2.800 atletas de até 20 anos de idade inscritos no campeonato tentaram apresentar “o cartão de visitas” na busca de melhores oportunidades.
Jogadores do Flamengo festejam conquista da Copinha 2016; competição é oportunidade para novos talentos, entre os quais o haitiano Anel
Alguns já conseguiram, como é o caso de Dênis Araujo, que atuou pelo Sabiá, do Maranhão. Mesmo com a eliminação do seu time na primeira fase, ele foi contratado pelo Flamengo, após marcar seis gols na Copinha. Outro destaque do torneio, Giovane Itinga, 17, foi o artilheiro da competição com oito gols (no total, 678 gols foram marcados no campeonato). Ele tem contrato com o Bahia até março de 2017 e após a Copinha já foi promovido ao time sub-20 do Tricolor baiano.
Um sonho nascido no Haiti
Entre os 112 times participantes da competição esteve o Pérolas Negras, do Haiti. Capacitados por um projeto de desenvolvimento esportivo da ONG Viva Rio, que atua naquele País desde 2004, os jovens haitianos fizeram seus três jogos na competição em São Paulo, no estádio do Juventus. No placar final, derrotas, em jogos acirrados, para o Juventus (2x1),
América Mineiro (2x1) e São Caetano (2x0), um desempenho tido por muitos como positivamente surpreendente. “Todos esperavam que a gente viesse pra cá só para participar, que a gente seria só um saco de pancadas, mas os meninos conseguiram desempenhar um bom papel. Nossa principal ideia era ser competitivo e a gente conseguiu”, comemorou o técnico Rafael Novaes Dias, 34, treinador do time. Ele contou ao O SÃO PAULO que nove jogadores do elenco são da primeira turma do projeto de futebol iniciado em 2011 e que a preparação mais intensa para a Copa São Paulo começou em outubro. Após a Copinha, os Pérolas Negras seguiram para o Rio de Janeiro, onde permanecem treinando com perspectivas de disputar a 3ª divisão do Campeonato Carioca. Um dos talentos do time é Anel Jean Louis, 17, que joga como volante. Ele está no projeto desde o início, onde além
de aprimorar seu futebol, aprendeu os idiomas inglês, francês e português. “Sonho em jogar no Flamengo ou no Cruzeiro. Aqui no Brasil existem mais oportunidades que no Haiti para jogar futebol. Tem dinheiro no futebol do Brasil. Acho que minha vida pode mudar aqui pelo futebol”, declarou à reportagem. Anel garantiu que os haitianos são apaixonados pela seleção brasileira e enfatizou qual a meta dos garotos dos Pérolas Negras. “Estamos aqui principalmente para jogar futebol e, claro, estudar também”.
AGENDA ESPORTIVA DOMINGO (31) Paulistão de Futebol – Série A3 10h – Juventus x Penapolense (Estádio da Rua Javari) Paulistão de Futebol – Série A1 17h – Corinthians x XV Piracicaba (Arena Corinthians)
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Brasilândia Padre Jaime Estevão assume a Paróquia Santa Rita de Cássia
Flávio Rogério Lopes
Colaboração especial para a Região
Ricardo Luciano
Padre Jaime concelebra missa presidida por Dom Devair na Santa Rita de Cássia
Os fiéis da Paróquia Santa Rita de Cássia, no Setor Pastoral Nova Esperança, acolheram no domingo, 24, seu novo pároco, o Padre Jaime Estevão Gomes, 51, em missa de posse presidida por Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar
da Arquidiocese na Região Episcopal Brasilândia, e concelebrada pelo Padre Reinaldo Torres, coordenador regional de pastoral. Padre Jaime Estevão foi ordenado presbítero em 7 de maio de 2005, pelo Cardeal Cláudio Hummes e
nos últimos nove anos foi pároco da Paróquia Espírito Santo, no Setor Pastoral São José Operário. Padre Jaime recebeu das mãos de Dom Devair, no início da celebração, as chaves da igreja, sinal da responsabilidade de zelar pelo templo e de cuidar dos fiéis. Após um breve momento de oração diante do Santíssimo, o Bispo afirmou que o novo Pároco deve sempre buscar forças diante do sacrário. Dom Devair, na homilia, destacou a importância da Tradição da Igreja, que na simplicidade da liturgia é rica de sinais, e lembrou, também, a relevância do gesto do padre ao fazer o juramento de fidelidade e se prostrar diante do sacrário. O Bispo ressaltou o amor de Deus por todos, que age corretivamente para o bem. “Os pais corrigem os filhos porque amam, e isso é justo e correto, pois é fruto do amor. É assim
que a Palavra de Deus vem ao nosso encontro”, afirmou, destacando que o padre é a cabeça da comunidade e o povo é o corpo. Em seu agradecimento, Padre Jaime citou seus superiores pela confiança no ministério sacerdotal, agradeceu a todos os fiéis e lideranças pastorais da Paróquia Santa Rita de Cássia pela acolhida e fez menção a seus familiares presentes à celebração, bem como aos paroquianos da Paróquia Espírito Santo. “Só tenho o que agradecer à Paróquia que me ensinou a ser Padre. Fui muito feliz e cresci demais nos desafios”, enfatizou. A Paróquia Santa Rita de Cássia, no Setor Pastoral Nova Esperança, foi fundada em 1995 e conta com duas comunidades além da matriz paroquial: a Nossa Senhora da Alegria e a Nossa Senhora Aparecida. Atualmente, 19 pastorais e movimentos estão ativos na Paróquia.
Na periferia, ‘Família Unes’ testemunha Evangelho com os jovens Com o intuito de reunir os jovens da Comunidade São Benedito, no Jardim Paulistano, na zona Noroeste de São Paulo, surgiu em 2011 o grupo de jovens “Unidos no Espírito Santo”, popularmente conhecido como “Família Unes”. Mesmo com pouca estrutura financeira, a “Família Unes” presta assistência social a pessoas mais necessitadas, por meio de campanhas Lindolfo Figueiredo
No domingo, 24, o Padre Adriano Robson Rodrigues foi apresentado como vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Expectação, no Setor Pastoral Freguesia do Ó, durante missa presidida por Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia.
de arrecadação de donativos, que são distribuídos em orfanatos, asilos e instituições de caridade. Com o decorrer do tempo, os coordenadores observaram a necessidade de criar novas atividades para fortalecer o Grupo. Assim surgiu a ideia de formar um time de futebol, que teve início após a Taça PJ, campeonato realizado em 2011 pela Pastoral da Juventude da Região Brasilândia. A partir daí, o grupo foi se destacando cada vez mais na Comunidade e assumiu diversos serviços pastorais, realizando anualmente uma gincana para arrecadar donativos para a festa junina da Comunidade. Em missa festiva com o tema “Juntos somos mais fortes”, em novembro de 2015, o grupo comemorou quatro anos de fundação e expressou gratidão ao Padre Konrad Körner, grande incentivador da “Família Unes” e que há nove anos está como pároco na Paróquia Bom Pastor, à qual está vinculada a Comunidade São Benedito, assim como as comunidades Divino Pai Eterno e Nossa Senhora Aparecida.
Felippe Camilo
Jovens da Comunidade São Benedito, na Brasilândia, formam a ‘Família Unes’
Durante a Semana Missionária da Jornada Mundial da Juventude, em 2013, a Paróquia Bom Pastor acolheu jovens peregrinos de Honduras. Após a Convivência com os estrangeiros, criou-se um vínculo de amizade fraterna entre eles. Como forma de retribuição pela acolhida recebida, os jovens hondurenhos doaram uma quantia em dinheiro para que a comunidade pudesse custear a ida de um jovem da “Família Unes” à Jornada daquele ano no Rio de Janeiro.
Com muitos esforços, 15 pessoas representaram a Paróquia Bom Pastor na JMJ Rio 2013. “Matamos a saudade que já era grande e foi o momento de agradecê-los. Acima de tudo, os hondurenhos puderam ver que o pouco que tinham doado se multiplicou, assim como os pães e os peixes no milagre de Jesus”, expressou em entrevista à Pastoral da Comunicação da Brasilândia, Felippe Camilo, um dos coordenadores do grupo. Os encontros da “Família Unes” acontecem todos os sábados, às 19h30, na Comunidade São Benedito (rua Sítio D’Abadia, 175, Jardim Paulistano).
ALUGO KITINETE
Avenida Paulista, 671 (esquina com Av. Brigadeiro Luiz Antônio) Falar com Fátima Tel.: 4616-9122
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Belém São Vicente Pallotti: discípulo e missionário da misericórdia Peterson Prates
Colaborador de comunicação da Região
“Não só realizar obras de misericórdia, mas sermos transformados em divina misericórdia”. Assim expressou Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese, em missa na Paróquia São Vicente Pallotti e São Pedro Apóstolo, no Setor Pastoral Carrão-Vila Formosa da Região Belém, na sexta-feira, 22. Naquela data, a Igreja recordou a memória litúrgica de São Vicente Pallotti, fundador dos padres e irmãos palotinos, congregação à qual Dom Julio faz parte. Além da missa no dia da festa do Padroeiro, o Bispo presidiu as celebrações do tríduo preparatório. Dom Julio lembrou que celebrar São Vicente Pallotti no Ano da Misericórdia é “uma graça e um privilégio”, já que São Vicente foi um “discípulo missionário da misericórdia”. “Abolir a prática da esmola seria
nos privar de uma oportunidade de um contato pessoal com os pobres”, enfatizou o Bispo, ao comentar as obras de misericórdia. Ele lembrou, também, que São Vicente “não se esforçava para realizar obras de misericórdia em todo momento e lugar, mas desejava tornar-se a própria misericórdia de Deus aos outros”. Da missa do dia 22, concelebrada por confrades palotinos, entre os quais o Padre Luiz Braz de Rezende, pároco, participaram também as irmãs palotinas. Após a bênção solene com as relíquias de São Vicente, os fieis foram convidados para uma confraternização. São Vicente Pallotti nasceu em Roma, no século XVIII. Ele fundou a Obra do Apostolado Católico e realizava constantes visitas aos presos e doentes. “Quisera eu ser alimento para os famintos e veste para os nus”, dizia São Vicente.
Peterson Prates
Dom Julio Akamine incensa imagem de São Vicente Pallotti durante festa do padroeiro
‘Obedecer mais a Deus que aos homens’ Peterson Prates
Padre Mario Andrighetto durante homilia da missa no dia de São Sebastião
No dia em que a Igreja recordou a memória litúrgica de São Sebastião, em 20 de janeiro, a Paróquia São Sebastião celebrou o seu padroeiro, em festa que reuniu, na matriz paroquial, os participantes das dez comunidades que a compõe.. Na missa presidida pelo padre italiano Mario Andrighetto, pároco, e concelebrada pelo padre mexicano Elias Arroyo Román, também participaram seminaristas combonianos, vindos de diversos países da África, e um irmão consagrado português. Padre Mario destacou um dos aspectos citados na oração da coleta, que dizia que todos devem “aprender com São Sebastião a obedecer
mais a Deus que aos homens”. O Sacerdote lembrou que Sebastião era soldado e como tal uma de suas qualidades era a obediência, vivenciada pelo Santo seguindo mais a Deus do que aos homens. “Somos frutos do martírio de São Sebastião”, expressou, ainda, Padre Mario, lembrando que “o sangue dos mártires faz brotar novos cristãos”. “Quem ama não fica pensando em si, se sacrifica pela pessoa amada”, completou o Pároco, pedindo que os fiéis não se acomodassem, mas que seguindo o exemplo de São Sebastião possam crescer “no amor e na disponibilidade para doar a vida por Deus e pelos outros”.
Pastoral Afro será homenageada por escola de samba A escola de samba Combinados do Sapopemba, que desfilará no grupo 1 do carnaval paulistano (divisão abaixo do grupo especial e do grupo de acesso), homenageará neste ano a Pastoral Afro, com o enredo “Sou quilombola Resistência! Nos olhos do Brasil, a pastoral da pele escura surgiu”. Na segunda-feira, 25, a Pastoral Afro do Setor Pastoral Sapopemba organizou uma celebração da Palavra na quadra da Escola de Samba. A celebração foi presidida pelo diácono permanente Jorge Luiz Souza, atuante na Paróquia Divino Espírito Santo, do mesmo Setor Pastoral. “Que a Escola seja um testemunho de amor
e serviço a Deus, levando a alegria e a esperança aos irmãos e irmãs”, disse o Diácono durante homilia. Para o presidente da Agremiação, Bel Calado, o fato de há quatro anos acontecer, no dia 25 de janeiro, uma celebração na quadra da escola, preparada pela Pastoral Afro, motivou a escolha do enredo que fala do trabalho dessa Pastoral. Em 2008, a Combinados do Sapopemba foi campeã do grupo 1-UESP com um enredo sobre São Benedito. O Diácono conferiu uma bênção especial para a Escola de Samba que irá desfilar na segunda-feira de carnaval no Sambódromo do Anhembi.
Peterson Prates
Diácono Jorge Luiz abençoa integrantes da escola Combinados do Sapopemba
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Lapa Padre Euclides: 80 anos a serviço da evangelização
Benigno Naveira
Colaborador de comunicação da Região
Benigno Naveira
Padre Euclides em foto ao final da missa em que comemora 80 anos de vida, dia 17
Os fiéis da Paróquia Cristo Jovem, do Setor Pastoral Lapa, festejaram, no dia 17, os 80 anos de vida do Padre Euclides Eustáquio de Castro, na data em que também se celebrou os 33 anos que está como pároco daquela igreja. “Deus me criou sem tempo de validade. Estou completando 80 anos. Agradeço a Deus por chegar nesta idade com muita saúde, lúcido, consciente dos meus atos e com muita disposição de trabalhar servindo a Deus no caminho da evangelização, até quando Ele permitir. Agradeço também à comunidade pela acolhida, pelo apoio, pelo incentivo recebido durante todos estes anos. Iniciei meus
Santana
trabalhos como sacerdote há 33 anos e formei uma família, a ‘família Cristo Jovem’, que comemora comigo hoje esta data tão importante em minha vida”, afirmou o Padre aniversariante, que presidiu a missa. Padre Euclides, na homilia, recordou o Evangelho de João sobre o episódio das bodas de Caná, que segundo o Sacerdote mostra a certeza da presença intercessora de Maria junto a Deus diante das necessidades mais elementares da humanidade. O Padre refletiu, ainda, que Maria é símbolo da Igreja, a qual deve sempre estimular as pessoas a ouvirem Jesus e a beberem o vinho bom que Ele oferece, que é a fé.
Diácono Francisco Gonçalves
Colaborador de comunicação da Região
75 anos de devoção a Nossa Senhora dos Prazeres Diácono Francisco Gonçalves
Dom Sergio de Deus Borges durante missa na Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres
Ao longo de 2015, a Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres, no Setor Pastoral Tucuruvi, comemorou seus 75 anos de criação. A Paróquia foi criada pelo decreto de Dom José Gaspar d´Afonseca e Silva, então arcebispo metropolitano, em 25 de janeiro de 1940, sob o titulo de “Nossa Senhora da Consolada”, ou da Consolação, como consta no livro de tombo paroquial, constituída de duas capelas existentes no território: a Capela São José e a Capela Santa Luzia. No entanto, por uma promessa de Dom José Gaspar à colônia da cidade de Bemposta, em Portugal, a devoção da padroeira sempre foi Nossa Senhora
dos Prazeres. A Paróquia só iria receber o “rescrito” da Santa Sé com a mudança do nome da Padroeira em 1º de março de 1957. Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu a missa de encerramento do jubileu em 27 de dezembro, concelebrada pelos padres Humberto Robson de Carvalho, pároco, e Nadir Granzotto, vigário paroquial. O Bispo ressaltou a significativa quantidade de famílias que, ao longo destes 75 anos, tiveram conforto naquela Paróquia ao receber os sacramentos e desejou que a ação evangelizadora tenha sequência.
Diácono Francisco Gonçalves
Diácono Francisco Gonçalves
Com missa presidida por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, a Paróquia Santa Inês, no Setor Pastoral Mandaqui, festejou sua padroeira, na quinta-feira, 21, encerrando as festividades iniciadas com novena. Concelebraram a missa solene os padres Cândido Costa, administrador paroquial, e Edival Alves dos Santos, vigário.
Após a realização de novena, aconteceu, no dia 20, a festa do padroeiro da Paróquia São Sebastião, no Setor Pastoral Vila Maria, com missa presidida por Dom Sergio e concelebrada pelo pároco, Padre Gil Fábio Moretto, IAM. O Bispo conclamou os fiéis a seguirem São Sebastião para que defendam de cabeça erguida sua fé dentro da sociedade.
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Ipiranga
Elis Fachini
Colaboração especial para a Região
Face de Santa Paulina é reconstruída em 3D Uma parceria da Academia Brasileira de Hagiologia (Abhagi) e da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição permitiu a reconstrução facial de Amabile Lucia Visintainer, a Santa Paulina, em comemoração aos 150 anos do nascimento da Santa. A reconstrução facial em 3D foi feita a partir do crânio de Amabile pelo designer Cícero Moraes e por José Luís Araújo Lira, teólogo, que integram a ONG Equipe Brasileira de Antropologia Forense e Odontologia Legal. Também participaram as irmãs Roseli Amorim, coordenadora geral da Congregação, e Terezinha da Silva, conselheira geral. O trabalho foi exposto em dezembro na Capela Sagrada Família e Santa Paulina, na capital paulista, e no Santuário Santa Paulina, em Nova Trento (SC). Em 13 de dezembro foi apresentada a imagem de Santa Paulina, em celebração presidida por Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga. No dia 20 do mesmo mês, a imagem em 3D foi mostrada em um busto, emocionando às mais de 3 mil pessoas presentes ao templo, entre
as quais religiosas da Congregação vindas de diversas partes do Brasil, além de devotos da Santa, nascida em Vigolo Vattaro, na Itália, em 16 de dezembro de 1865. Segundo Cícero Moraes, a parceria com a Congregação foi fundamental para o projeto sair do papel e o resultado final foi mais que uma realização científica. “Me envolvi com esse projeto desde o princípio. Já fiz reconstruções de outras figuras religiosas e nestas horas vemos que o lado técnico e científico é importante, mas o alcance desse tipo de trabalho para os devotos e membros das congregações é ainda mais relevante. A reconstrução da face de Santa Paulina marca mais para enfatizar a mensagem de amor que ela deixou a todos nós”, declarou. Antes da imagem ser aberta ao grande público, Irmã Roseli a apresentou para aprovação de diversas irmãs, especialmente nas Casas de Irmãs Idosas, em Bragança Paulista (SP), na Casa de Oração Madre Paulina, em Nova Trento (SC) e Sete Lagoas (MG), como também no encontro das coordenações e da equipe ampliada. “Celebrar os 150 anos do nascimento de Santa Paulina é dar graças
Lançamento do Livroentrevista de Francisco Divulgação
No domingo, 31, às 18h30, haverá o lançamento nacional do livro-entrevista do Papa Francisco “O nome de Deus é Misericórdia”. A atividade será após a missa na Paróquia Imaculado Coração de Maria, a capela da PUC-SP (rua Monte Alegre, 948, Perdizes). Outras informações em (11) 3862-2498.
Elis Fachini
Face de Santa Paulina, reconstruída com tecnologia 3D, exposta no Ipiranga
a Deus pelo dom da vida e a missão realizada pela nossa fundadora, a primeira santa do Brasil. É também um compromisso com a obra
e missão que ela nos confia há 125 anos: a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição”, afirmou Irmã Roseli.
REDAÇÃO
osaopaulo@uol.com.br
Padre Donato Pasquarelli morre aos 95 anos Acontece na sexta-feira, 29, às 19h30, na Paróquia São Gabriel Arcanjo (avenida São Gabriel, 108, Jardim Paulista), a missa de 7º Dia do Padre Donato Pasquarelli, que faleceu aos 95 anos, na sexta-feira, 22, no Hospital São Luís, no bairro do Itaim. Padre Donato nasceu em 7 de janeiro de 1921, em Pizzoferrato, na região de Abruzzi, na Itália. Ordenado sacerdote em 31 de março de 1945, em Roma, veio ao Brasil por conta da mudança da família à cidade de Campos do Jordão (SP), razão pela qual pertenceu inicialmente ao clero da Diocese de Taubaté, sendo posteriormente incardinado na Arquidiocese de São Paulo. Durante seu ministério presbiteral na Arquidiocese, entre outras funções, foi Professor na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção e também no Seminário Central, notário no Tribunal Eclesiástico de São Paulo, capelão do Instituto de Cegos Padre Chico e vigário paroquial na Paróquia São Gabriel Arcanjo, na Região Episcopal Sé, de janeiro de 1973 até a data de seu falecimento. Ainda na sexta-feira, 22, o Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu na paróquia, a missa de corpo presente, con-
Sé
Arquivo familiar
Padre Donato Pasquarelli, morto na sexta-feira, 22
celebrada por Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé. “Na certeza e na alegria da ressureição, roguemos a Deus que dê o descanso eterno e a recompensa prometida a este trabalhador fiel na messe do Senhor”, manifestou o Cardeal Scherer em seu perfil no Facebook.
22 | Reportagem |
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Sempre é tempo de consolar os aflitos Luciney Martins/O SÃO PAULO
Na série sobre as obras de misericórdia, O SÃO PAULO destaca o trabalho da Pastoral da Escuta com as pessoas em estado de aflição e indica os sinais de quem está em tal situação Daniel Gomes
At o r m e n t a d o, preocupado, inquieto, angustiado, cheio de aflição, em estado de grande desalento e de profunda tristeza e mágoa. Essas são algumas das definições que o Dicionário Aurélio apresenta para a palavra “aflito” e são nessas condições que algumas pessoas chegam à Paróquia-santuário São Judas Tadeu, na zona Sul de São Paulo. Há duas décadas, a Paróquia-santuário possui um serviço de atenção a pessoas aflitas, que há oito anos está sistematizado na Pastoral da Escuta. Atualmente, 12 pessoas realizam os plantões de escuta, de terça-feira a sábado, das 14h às 17h, e nos dias 28 de cada mês em mais horários. Entre os participantes da Pastoral desde o início estão Braz José da Silva, 67, e Luiza Santana da Silva, 64, casados há 43 anos, e há 38 atuantes na Paróquiasantuário. “Sentimos que algumas pessoas tinham a necessidade de alguém para ouvi-las e foi nisso que a gente se identificou, pois queríamos ajudar outras pessoas”, detalhou Luiza ao O SÃO PAULO.
Misericórdia na escuta
Cada pessoa que procura a Pastoral da Escuta é atendida individualmente em uma sala reservada na Paróquia-santuário. “A nossa atividade é mais ouvir do que falar. Muitas vezes, as pessoas se fecham à família, aos amigos e aos mais conheci-
Priscila Thomé
danielgomes.jornalista@gmail.com
PRATIQUE AS OBRAS DE MISERICÓRDIA “A prática da misericórdia deve ser uma das marcas da vida cristã; sem ela, não seremos reconhecidos como ‘filhos do Pai celeste’, nem alcançaremos misericórdia junto de Deus (cf. Mt 18,33); nunca devemos esquecer que, antes de todos, nós mesmos precisamos da misericórdia do Pai” (Cardeal Odilo Pedro Scherer, Carta Pastoral “Misericordiosos como o Pai”, página 12).
Obras de misericórdia corporais (materiais) Consolar os aflitos é a obra de misericórdia praticada pelo casal Braz e Luiza da Silva na Pastoral da Escuta
dos, e lá chegando ficam mais à vontade para expor as próprias aflições”, afirmou Luiza. “As maiores angústias das pessoas estão nos relacionamentos de pais e filhos. É bem angustiante. Já ouvi casos até de filhos que bateram nos pais”, recordou. Ainda segundo Luiza, cada caso leva a uma postura dos voluntários da Pastoral. “Para algumas pessoas, só de a gente ouvi-las já saem saciadas. Com o tempo, muitas até se engajam na Paróquia. Outros chegam muito revoltados com Deus e para esses não é falando para ir à Igreja que vão se aliviar. A gente tem mais que ouvir, dar testemunho, do que falar. Na Pastoral da Escuta, nada se impõe. Não temos algo decorado. Dependendo da necessidade, a gente sugere uma resposta”, explicou. Na carta de São Paulo aos coríntios, o Apóstolo destaca que para ser misericordioso com as outras pessoas e preciso ter sido agraciado pela misericórdia de Deus - “Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias, Deus de toda a consolação,
que nos conforta em todas as nossas tribulações, para que, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus, possamos consolar os que estão em qualquer angústia” (2 Cor 1, 3-4) – e é isso que Luiza procura fazer antes de cada dia de ação na Pastoral. “Antes de eu ir para a sala de escuta, passo primeiro ao sacrário e faço isso novamente ao encerrar as atividades. Entrego a Deus tudo aquilo o que ouvi. Não é fácil não! Precisamos primeiro nos preencher da misericórdia de Deus para poder passar essa misericórdia aos irmãos”, confidenciou. A Pastoral da Escuta ainda não está organizada em âmbito arquidiocesano, mas além da Paróquia-santuário São Judas Tadeu já há iniciativas de escuta a aflitos em outras paróquias, como a Imaculado Coração de Maria, em Higienópolis, e a Nossa Senhora Aparecida, em Moema. Com a realização do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, há a perspectiva de que essa iniciativa, que per-
Dar de comer aos que têm fome Dar de beber a quem tem sede Prover os que não têm o que vestir Acolher o estrangeiro Assistir os doentes Visitar os presos Sepultar os mortos
Obras de misericórdia espirituais
Ajudar os que têm dúvidas Ensinar os que não sabem Aconselhar os pecadores Consolar os aflitos Perdoar as ofensas Suportar com paciência as injustiças Rezar a Deus pelos vivos e mortos
mite especialmente o consolo aos aflitos, seja praticada em mais paróquias, afinal, como lembra o Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, na conclusão da Carta Pastoral “Misericordiosos como o Pai”, que “cada paróquia e organização eclesial também pense na organização do ‘voluntariado da misericórdia’, organizando grupos e iniciativas concretas para o anúncio e o testemunho da misericórdia e para o exercício concreto das obras de misericórdia”.
‘As pessoas dão sinais de que algo não está legal com elas’ Lidar com pessoas em situação de aflição, visando o apoio emocional e a prevenção de suicídio, é algo que o Centro de Valorização da Vida (CVV), associação filantrópica sem fins lucrativos, realiza diariamente desde 1962. Elaine Macedo, 40, é voluntária do CVV há 20 anos, dedicando ao menos quatro horas de um dia da semana para ouvir as angústias de pessoas que ela não conhece, pois todo o atendimento é feito de modo sigiloso, seja via o telefone 141 (24 horas por dia), Voip (também o dia todo), pessoalmente, por chat, e-mail ou pelo site www.cvv.org.br. “A pessoa não precisa se identificar, não precisa falar o nome, nem por que
nos ligou. Ela simplesmente começa a conversar e o voluntário facilita que faça um desabafo dela para ela mesma e, assim, comece a se ouvir e perceber o que está acontecendo. É o vivenciar dos sentimentos, das emoções que estão gerando algum tipo de conflito, de angústia, de aflição”, comentou. Segundo Elaine, a solidão, a angústia e o desespero têm desorientado muitas pessoas, assim como os problemas com relacionamentos, sejam afetivos, familiares, de trabalho ou com os amigos. “No CVV, nós escutamos muitas pessoas que estão vivenciando o desamor. Muitas das mazelas do mundo, das incompreensões, dos conflitos, atritos e desequilíbrios
emocionais são fruto de um amor que fica doente e aí é preciso haver misericórdia”, avaliou. A voluntária do CVV também comentou sobre alguns indícios das pessoas que estão em situação de aflição. “As pessoas dão sinais de que algo não está legal com elas. No caso dos jovens e adolescentes, por exemplo, se pode perceber a queda drástica no rendimento escolar, o não querer mais ir para a escola, ficar muito escondido no quarto, se afastar dos amigos, enfim, evitam a convivência social. No caso dos adultos, os sinais são as mudanças drásticas de comportamento. Por exemplo: uma pessoa que é muito tímida e começa a ficar escancarada demais,
ou uma pessoa que é muito extrovertida começa a ficar mais contida. Outra preocupação é quando alguém abandona um hobby e não assume um outro. Portanto, há sinais e é interessante a gente olhar para o outro e ouvir mais o que ele está falando nas entrelinhas”, detalhou. Elaine enfatizou que a atuação do CVV não substitui terapias ou outros tratamentos clínicos que uma pessoa efetivamente necessite. “Chamamos o que fazemos até de um ‘pronto-socorro emocional’, pois atuamos em um momento pontual, mas se a pessoa estiver em uma depressão mais profunda ou algo similar, é preciso que busque ajuda especializada”. (DG)
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Dia para olhar com misericórdia e solidariedade para a Metrópole Luciney Martins/O SÃO PAULO
“uma cidade só é verdadeiramente humana quando os pequenos, os frágeis e os que vivem em situação de risco recebem atençao prioritária”, afirmou dom odilo Fernando Geronazzo
Especial para O SÃO PAULO
“Na festa da Cidade e na comemoração do Padroeiro da Arquidiocese de São Paulo, queremos também lançar um olhar de misericórdia e solidariedade sobre toda esta Metrópole”, afirmou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, na missa solene da Conversão de São Paulo, apóstolo, celebrada na Catedral da Sé, na segunda-feira, 25. A Catedral da Sé estava lotada para a celebração na qual também se comemoravam os 462 anos de fundação da capital paulista. A missa foi concelebrada pelos bispos auxiliares da Arquidiocese, sacerdotes, bispos das igrejas católicas de rito oriental e houve, ainda, a presença de líderes cristãos ortodoxos e de outras tradições religiosas. Entre as autoridades civis, estavam o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital, Fernando Haddad, acompanhados de suas esposas. Dom Odilo, na homilia, manifestou a alegria da Igreja em celebrar a festa da Conversão do Apóstolo São Paulo. “De perseguidor de Cristo e dos cristãos, ele se tornou um ardoroso discípulo e missionário de Jesus Cristo, depois de haver experimentado pessoalmente que Deus foi paciente e misericordioso para com ele”, afirmou.
Misericórdia
Ao falar do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, o Cardeal destacou que
Cardeal Odilo Scherer preside missa na memória litúrgica da Conversão do Apóstolo São Paulo, na data do aniversário de 462 anos da Cidade
o Apóstolo recorda a todos que “‘Deus é rico em misericórdia’ (cf. Ef 2,4) e acolhe a cada um de nós, quando nos colocamos abertamente diante de Cristo”. Motivando todos a olharem com misericórdia e solidariedade para a Cidade, Dom Odilo ressaltou as “muitas realidades bonitas e nobres”, mas lembrou que, ao mesmo tempo, “ainda há tantas carências, sofrimentos e miséria, que clamam por atitudes de justiça, solidariedade e misericórdia da parte de todos nós”, afirmou, reforçando que o Papa Francisco deseja que este Ano Santo seja vivido com atitudes e ações concretas: “as obras de misericórdia, que se traduzem no atendimento às necessidades básicas de cada pessoa”. “Dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir quem está sem roupa, abrigar quem está sem casa, cuidar dos doentes, visitar os prisioneiros, sepultar os mortos, ensinar quem está na ignorância, orientar
e aconselhar quem está no erro... Tudo isso não é diverso de prover as necessidades básicas da vida e da dignidade de cada pessoa que vive nesta Cidade: alimento, moradia, educação, trabalho, liberdade, segurança, paz...”, acrescentou o Arcebispo. Por fim, o Cardeal pediu que São Paulo, “o grande apóstolo e missionário”, interceda constantemente pela Igreja e pelo povo de São Paulo; pelas autoridades que governam e administram, pelos que educam e formam as novas gerações, pelos que trabalham e pelos que se dedicam às muitas formas de servir ao próximo. “Que São Paulo nos recorde sempre do cuidado solidário que devemos ter com os pobres, com os moradores de rua, com os doentes, idosos, desempregados e prisioneiros. Uma cidade só é verdadeiramente humana quando os pequenos, os frágeis e os que vivem em situação de risco recebem atenção prioritária”, afirmou.
Saudações das autoridades
Antes do início da missa, o prefeito Haddad fez uma breve saudação, ressaltando que a cidade de São Paulo é abençoada. “Um conglomerado urbano onde vivem 22 milhões de pessoas, 12 milhões, apenas na capital, que produzem 20% do produto interno bruto do País... Hoje é aniversário da nossa Cidade, que nos oferece tantas oportunidades... Este é um dia importante para nós, de render homenagens à tolerância, ao combate à desigualdade e, sobretudo, ao amor ao próximo”, disse. O governador Alckmin também fez uma saudação e recordou que foi em uma santa missa, celebrada no Pateo do Collegio, que nasceu a cidade de São Paulo, tendo como um de seus fundadores um santo, São José de Anchieta. “Que São Paulo e São José de Anchieta sejam nossos inspiradores e cubram de bênçãos toda a nossa população”, manifestou.
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Luciney Martins/O SÃO PAULO
As comemorações pelo aniversário de 462 anos de São Paulo, na segunda-feira, 25, começaram com um ato cívico, no Pátio do Colégio, durante o qual houve a deposição de coroas de flores no monumento Glória Imortal dos Fundadores de São Paulo. O Cardeal Scherer e o prefeito Fernando Haddad participaram da solenidade.
Após a missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer na segunda-feira, 25, por ocasião do aniversário da cidade e da festa da Conversão do Apóstolo São Paulo, o maestro João Carlos Martins regeu um concerto na Catedral da Sé, tendo no repertório principalmente obras de Johann Sebastian Bach.
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