Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 61 | Edição 3088 | 11 a 16 de fevereiro de 2016
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Quaresma: tempo favorável para a prática da misericórdia
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Jejum, esmola e oração são práticas que os católicos intensificam na Quaresma, iniciada na Quarta-feira de Cinzas, 10. “Neste Ano Santo extraordinário da Misericórdia, o Papa está nos recordando as obras de misericórdia, que são práticas concretas de sair de nós, de modo que nosso jejum não é exercício de emagrecimento, nem dieta, mas é prática religiosa que nos leva a buscar mais a Deus”, afirmou o Cardeal Scherer, em missa na Catedral da Sé.
EDITORIAL
Papa e o sacramento da Reconciliação “É importante que eu vá ao confessionário, que me coloque diante de um sacerdote que personifique Jesus, que me ajoelhe perante a Mãe Igreja, chamada a distribuir a misericórdia de Deus”, diz o Papa no livro-entrevista “O nome de Deus é Misericórdia”.
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Ser misericordioso também é dar de comer a quem tem fome Dar de comer a quem tem fome é uma das obras de misericórdia estimulada pela Igreja neste ano de jubileu, a exemplo do que já acontece no “Chá do Padre”, mantido pelos franciscanos no centro de SP, e na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, na Região Lapa.
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Acabar com o mosquito é missão do Estado e de cada cidadão
Cardeal Odilo Scherer impõe cinzas a jovem fiel em missa na Catedral da Sé, na quarta-feira, 10, que também demarca a abertura da CF 2016
Com o aumento dos casos de zika vírus, todos são chamados colaborar para eliminar o mosquito Aedes aegypti. Igreja está disposta ajudar nessa missão, e não abre mão da defesa da vida dos fetos e bebês com microcefalia.
Páginas 3, 11, 12 e 13 Luciney Martins/O SÃO PAULO
Pastoral Familiar tem novo casal coordenador Com 34 anos de Matrimonio, o casal Ana Filomena Silveira Faleiros Garcia e Luiz Fernando Garcia assumiu a coordenação da Pastoral Familiar da Arquidiocese por três anos, com possibilidade de prorrogação. Pagina 7
No carnaval, viver a alegria que vem de Deus Promovido pela Renovação Carismática Católica, o 23º “Alegrai-vos” reuniu pessoas de diversos grupos de oração. Página 7
Dom Eduardo celebra um ano de episcopado Em missa na Catedral da Sé, no domingo, 7, o bispo aniversariante festejou a data com os padres e fiéis leigos. Página 21
Papa convida à união na conquista de direitos Em mensagem à Igreja no Brasil, o Papa enaltece a realização da Campanha da Fraternidade, aberta na quartafeira, 10, e enfatiza que “todos nós temos responsabilidade por nossa casa comum”. Página 10
2017 será de homenagens à Padroeira do Brasil Os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida no rio Paraíba do Sul, em 1717, será recordado em forma de samba-enredo no carnaval paulistano, em 2017, pela escola Unidos de Vila Maria. Página 15
Exposição homenageia Madre Teresa de Calcutá Mostra apresenta fotos e manuscritos sobre a missão e a obra da beata que dedicou sua vida em favor dos pobres. Página 20
A vida, dom de Deus, é um direito de todos
2 | Ponto de Vista |
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Editorial
Francisco e o Sacramento da Reconciliação
O
Papa Francisco, em entrevista ao vaticanista italiano Andrea Tornielli, recentemente publicada por ocasião do ano da misericórdia sob o título “O nome de Deus é Misericórdia”, relata um episódio pouco conhecido da vida de Santo Inácio de Loyola, o fundador da Companhia de Jesus. Conta-nos Francisco que Santo Inácio, quando ainda era um soldado do exército de Carlos V, foi gravemente ferido durante a Batalha de Pamplona contra os franceses e pensou que iria morrer. Como no momento não havia nenhum padre no campo de batalha e sentindo a necessidade de estar perante outra pessoa no momento de pedir a Deus perdão, chamou um companheiro e confessou-se com ele, contandolhe os próprios pecados. No início do tempo da Quaresma,
neste ano em que celebramos o Jubileu da Misericórdia, é oportuno evidenciar a reflexão que o Papa Francisco, nesta entrevista, nos propõe sobre o sacramento da Confissão. “Confessarse com um sacerdote é uma forma de colocar a minha vida nas mãos e no coração de outra pessoa, que naquele momento age no lugar e em nome de Jesus. É um modo de sermos concretos e autênticos: estarmos perante a realidade, olhando para outra pessoa, e não ver apenas a si mesmo refletindo em um espelho (...). É verdade que eu posso falar com o Senhor, pedir-lhe o perdão imediato, implorar-lhe. E o Senhor perdoa, imediatamente. Mas é importante que eu vá ao confessionário, que me coloque diante de um sacerdote que personifique Jesus, que me ajoelhe perante a Mãe Igreja, chamada a distribuir a misericórdia de Deus.”
O Catecismo da Igreja Católica ensina que os padres devem incentivar os fiéis a receber o sacramento da Penitência e mostrar-se disponíveis aos penitentes (Cf. CIC § 1464). Tendo em vista as múltiplas tarefas que, por vezes, sobrecarregam os sacerdotes nas paróquias, é oportuno que estes reservem horários apropriados e conhecidos pelos fiéis para dedicarem-se a esse ministério tão fecundo, cujos frutos são a reconciliação com Deus, com o próximo e consigo mesmo, acompanhados de grande consolo espiritual. “Ao celebrar o sacramento da Penitência, o sacerdote cumpre o ministério do bom pastor, que busca a ovelha perdida; do bom samaritano, que cura as feridas; do Pai, que espera o filho pródigo e o acolhe ao voltar; do justo juiz, que não faz acepção de pessoa e cujo julgamento é justo e misericor-
dioso ao mesmo tempo”(CIC § 1465). Vale a pena ainda reproduzir o testemunho que Francisco deu na entrevista sobre um caso em sua família: “Tenho uma sobrinha que se casou no civil com um homem antes de ele obter a declaração canônica de que seu primeiro casamento havia sido nulo. Queriam se casar, se amavam, desejavam ter filhos, e tiveram três. Inclusive a justiça civil havia lhe confiado a guarda dos filhos do primeiro casamento. Seu marido era tão religioso que todos os domingos quando ia à missa, procurava o confessionário e dizia ao sacerdote: “Sei que o senhor não pode me absolver, mas pequei nisto e naquilo, ao menos me dê uma bênção. Este é um homem religiosamente formado” (Francisco, “O nome de Deus é misericórdia, uma conversa com Andrea Tornielli”, p. 48, Ed. Planeta).
Opinião
A casa comum, responsabilidade e respeito Arte: Sergio Ricciuto Conte
Marcelo Barroso A inquietação com a casa comum se apresenta tanto na Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016 (CF 2016) quanto na encíclica Laudato si’ (LS), do Papa Francisco, sugerindo a possibilidade de uma forte sinergia entre ambas. A CF 2016 dá ênfase ao saneamento básico como problema referencial a ser debatido, conhecido e reivindicado, assentado na questão das responsabilidades do governo (municípios, estados e União) e da sociedade. Por outro lado, a Laudato si’, mostra a inseparabilidade entre a defesa do meio ambiente e do bem comum na necessária ecologia integral, a qual pressupõe o respeito pela pessoa humana enquanto tal, com direitos fundamentais e inalienáveis orientados para o desenvolvimento integral. O que está acontecendo com a nossa casa comum nos une em uma preocupação comum. “As raízes éticas e espirituais dos problemas ambientais nos convidam a encontrar soluções não só na técnica, mas também na mudança do ser humano” (LS 8), conforme reporta o Patriarca Bartolomeu e de maneira análoga o Papa Bento XVI e o Papa Francisco. Esse é um desafio necessário para um olhar ampliado e mais fidedigno da realidade nesta CF. Nosso olhar não pode se deter na ausência dos serviços de saneamento
básico. É necessário aprofundar o problema, na perspectiva de uma ecologia integral, procurando ver em profundidade tanto os aspectos técnicos e políticos do problema quanto os aspectos pessoais e éticos que envolvem técnicos, profissionais e dirigentes responsáveis. Só assim será possível ver o problema em toda a sua amplitude e dar-lhe a abordagem necessária. Os problemas de saneamento básico devem ser vistos numa perspectiva integrada. Não podem ser dissociados das políticas de desen-
volvimento urbano, que determinam os investimentos prioritários do setor público e como os serviços são distribuídos. O saneamento básico também não pode ser dissociado da gestão por bacias hidrográficas, conforme já preconiza a Política Nacional dos Recursos Hídricos. Os municípios, as empresas e a sociedade em geral que utilizam as águas de uma bacia hidrográfica devem, por meio do diálogo, encontrar soluções que atendam ao bem comum da população. O grande descumprimento da criação e da implantação de planos
municipais de saneamento se dá não somente por ausência de vontade política ou “conversões morais” dos envolvidos, mas é notória a dificuldade de os municípios possuírem profissionais capacitados para tal questão, retardando o desenvolvimento do saneamento básico em muitas situações. Problemas de qualificação técnica, educação, capacidade administrativa e vontade política permeiam todo o processo de organização e uso adequado dos recursos presentes na casa comum. A responsabilidade é de todos, não caiamos no risco de reduzir a esse ou àquele grupo humano a culpa dos problemas ambientais, sociais e culturais, ou mesmo dos direitos básicos como o saneamento. O todo é superior à parte, nos tem exortado o Papa Francisco. Para isso, precisamos de rumos, pois “qualquer solução técnica que as ciências pretendam oferecer será impotente para resolver os graves problemas do mundo, se a humanidade perde o seu rumo, se esquece as grandes motivações que tornam possível a convivência social, o sacrifício, a bondade” (LS 200). Que as nossas lutas e a nossa preocupação por esta casa comum não nos tirem a alegria da esperança (cf. LS 244). Marcelo Barroso é doutor em Engenharia Hidráulica e Saneamento pela USP, coordenador do curso de Engenharia de Inovação do ISITEC-SP e membro da comunidade Totus Mariae.
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
Semanário da Arquidiocese de São Paulo
Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Renata Moraes • Institucional: Rafael Alberto e Fernando Geronazzo • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Maria Aparecida Ferreira • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.
cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
N
unca se falou tanto em mosquito! E não é por nada, pois o bichinho não só é capaz de fazer musiquinha chata no ouvido na hora que a gente quer dormir, mas pode causar uma série de problemas à saúde, transmitindo vírus causadores de doenças perigosas, como febre amarela, dengue, chikungunya e zika. Sua carga viral pode causar danos irreparáveis à saúde dos bebês por nascer. Mesmo sem haver ainda uma comprovação científica cabal até este momento, tudo indica que o vírus zika, transmitido pelo pernilongo pintadinho, chamado com o nome erudito de aedes Aegypti, é causador da microcefalia nos fetos e crianças em gestação. A preocupação é grande no Brasil e no mundo inteiro. Não se pode vacilar e, além de usar proteções diversas para não ser picado pelo mosquito, é preciso lutar para acabar com ele. Nessa guerra contra o inimigo público comum, ninguém está dispensado: nada de água parada descoberta, pois é lá que ele bota os ovos e multiplica sua força de ataque virulenta. Vasos de flor, frascos, pneus velhos ou quaisquer recipientes de água deixados por aí, até as belas bromélias e outras flores, podem virar criadouros do mosquito. O cuidado para não ser picado pelo aedes Aegypti já não basta: já são várias as formas
Zika, microcefalia e aborto de transmissão do vírus zika, causador da microcefalia: pelo sangue, a saliva e pela urina de quem está infectado. Até as relações sexuais poderiam favorecer a proliferação do vírus. Todo cuidado, portanto, é recomendado a quem tem ou teve uma febre por causa do vírus zika, para não passá-lo a outros. A supervisão médica é recomendada em todo caso. Como era de se esperar, o aumento dos casos de microcefalia nestes tempos de zika reanimou os defensores da “descriminalização” do aborto: querem aproveitar a psicose geral para conseguir a aprovação do Congresso Nacional, ou pelo casuísmo no Supremo Tribunal Federal, as possibilidades de mais um caso de “aborto legal”. Até uma autoridade da Organização Mundial da Saúde, da ONU, recomendou com ênfase que os países onde anda o vírus zika devem descriminalizar o aborto. Compreendo a aflição das mulheres, que se veem na situação de gerar um filho com microcefalia. Elas precisam ser amparadas e preparadas para terem seu filho e cuidar dele adequadamente. E a mulher tem uma grande capacidade de acolher e amar o que é pequeno, frágil e necessitado de proteção e amparo. Que outra coisa poderia ser feita, sem deixar de ser uma decisão nobre e digna da condição humana? Afinal, por quais motivos tanta insistência no aborto neste momento? Não é o caso de insistir muito mais no combate ao mosquito e na pesquisa científica, em vista de uma vacina
eficaz contra os efeitos do vírus? Por que os fetos e bebês por nascer têm de ser as vítimas do zika e também da sociedade, que não quer saber de indivíduos com defeitos ou deficiências? Que cálculos são esses que levam logo à petição da pena de morte para esses nascituros, já prejudicados pela natureza impiedosa? Insiste-se em suprimir a vida de seres humanos e inocentes porque são indesejados; ou porque terão um “padrão de qualidade” inferior ao sonhado e estabelecido pela sociedade dos fortes, belos e sadios. De fato, a lógica parece simples: serão seres com baixa capacidade intelectual e renderão pouco para a sociedade; serão pesados a ela e não serão capazes de competir e se afirmar num mundo exigente, que despreza os fracos. Enfim, não serão “vidas viáveis” para eles próprios, nem adequados às expectativas de futuro para a sociedade. Haveria outros motivos mais convincentes para decidir pela supressão de seres humanos, antes mesmo de nascerem? A pressão pela legalização do aborto de seres humanos com deficiência é contrária à misericórdia: quer resolver o sofrimento e o desconforto, suprimindo o ser humano que, sem culpa sua, possa ser o motivo do desconforto. A misericórdia, própria de Deus e ensinada por Jesus, leva a acolher o pequeno, o frágil, o indesejado, o feio, o incapaz, o rejeitado... E a amar com amor infinito, restaurando sua deficiência. Aborto de crianças com microcefalia está em aberto contraste com a misericórdia. De que lado ficamos?
| Encontro com o Pastor | 3 Simpósio Internacional de Direito Canônico Luciney Martins/O SÃO PAULO
O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, será um dos conferencistas do Simpósio Internacional de Direito Canônico, que se realizará entre os dias 15 e 18, no Rio de Janeiro, com o tema “As reformas processuais na Igreja e o Sínodo da Família”. Dom Odilo falará aos participantes na terça-feira, 16. Nos dias seguintes, as conferências ficarão a cargo do Cardeal Francesco Coccopalmerio, do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, e de Dom Dimitrios Salachas, exarca da Igreja Greco-Católica.
Peregrinação dos enfermos e da Pastoral da Saúde Na quinta-feira, 11, às 15h, no contexto do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, o Cardeal Scherer presidirá a celebração eucarística da peregrinação dos enfermos e da Pastoral da Saúde à Porta Santa da Catedral da Sé. Os participantes serão acolhidos às 14h e às 14h30 haverá a recitação do Terço antes da missa.
Tweets do Cardeal @DomOdiloScherer 9 – “Deus dirige os humildes na justiça e aos pobres ele ensina o seu caminho”.
8 – Oração do dia: “Inspirai, Senhor, nossas ações
e ajudai-nos a realizá-las, para que em vós comece e termine tudo aquilo que fizermos”.
7 – “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação!”.
5 – “Misericórdia e piedade é o Senhor, é amor, é paciência, é compaixão. O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura”.
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Liturgia e Vida
Você Pergunta Com 29 anos, ainda posso me preparar para a Comunhão e para a Crisma?
1º DOMINGO DA QUARESMA 14 DE FEVEREIRO DE 2016
Viver da Palavra ANA FLORA ANDERSON O tempo litúrgico da Quaresma sempre convida os cristãos a uma busca mais intensa de conversão e de união com Deus. As leituras de hoje nos ensinam que um dos pontos de partida mais importantes nesse processo consiste em ouvir a Palavra de Deus. Seja no deserto com Moisés, no Império Romano com São Paulo ou na Palestina durante o ministério de Jesus, o mal é vencido pela Palavra divina. A primeira leitura (Deuteronômio 26, 4-10) apresenta o Credo Histórico do povo de Deus. Ao ouvir e crer na ação de Deus no passado, o povo recebe a graça de assumir o presente e marchar junto para o futuro. O povo acredita e espera no
Deus da Vida, que é a fonte da libertação e da esperança. Na segunda leitura (Romanos 10, 8-13), São Paulo pergunta se a comunidade se lembra que a Palavra está perto dela, a Palavra, da fé, que nos leva a alcançar a justiça. Se viverem dessa Palavra todas as famílias humanas se tornarão uma só família que se une profundamente na esperança de uma vida sem fim. O Evangelho (Lucas 4, 6-13) é a narrativa das tentações que Jesus enfrentou durante seu ministério. Jesus mostra o caminho do povo de Deus que supera as provações surgidas durante o transcurso da vida. Esse caminho não está nas coisas materiais ou no poder, mas na Palavra de Deus.
padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br
A Natacha, que não disse seu sobrenome, mora em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Ela me faz a seguinte pergunta: padre, tenho 29 anos e não fiz Catequese e nem sou crismada. Eu gostaria de saber se ainda posso fazer, pois frequento a igreja e nunca posso participar da ceia. Natacha, minha querida. Que bom que você, de repente, se sente com vontade de comungar. Essa é a expressão mais correta do “participar da ceia”, como você me diz no seu e-mail. Na Eucaristia, você entra
em profunda comunhão com Jesus, comungando seu Corpo e Sangue no pão e no vinho consagrados. Já que você não fez Catequese, por que não se preparar bem agora, com a ajuda de alguém da comunidade e do seu pároco, e também para a Eucaristia, a Crisma e a Penitência? Você tem agora muito mais condições de entender a riqueza desses sacramentos. E o seu esforço no sentido de se preparar para eles vai fazer você experimentar com mais força a graça que esses sacramentos nos dão. Eu tenho certeza que alguém da paróquia que
você frequenta pode ajudar você nessa preparação. Toda paróquia tem alguém que ajuda os jovens e os adultos a crescerem na fé e a se prepararem para os sacramentos. Vá firme, minha irmã. Transforme esse seu desejo de comungar no esforço lindo de se preparar para esse momento. Sempre é tempo para a gente entrar em comunhão com Jesus Cristo. Eu vou ficar torcendo daqui de São Paulo por você. Quando chegar o grande dia de sua primeira comunhão me avise, me mande uma foto. Vou rezar muito por você. Fique com Deus, viu?
Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 7 de fevereiro de 2016, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia São Mateus Apóstolo, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral São Mateus, o Revmo. Pe. Edivaldo Batista da Silva, pelo período de 6 (seis) anos. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL Em 2 de fevereiro de 2016,
foi nomeado e provisionado Administrador Paroquial “ad nutum episcopi” da Paróquia Santa Rosa de Lima, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Vila Alpina, o Revmo. Pe. Lauro Wisnieski, em decreto que entrou em vigor em 7 de fevereiro de 2016.
Em 25 de janeiro de 2016, foi nomeado e provisionado Administrador Paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Casaluce, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Brás, o Revmo. Pe. Lorenzo Nacheli.
Em 25 de janeiro de 2016, foi nomeado e provisionado Administrador Paroquial da Paróquia São Vito Mártir, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Brás, o Revmo. Pe. Sérgio Tani.
Em 28 de janeiro de 2016, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial “ad nutum episcopi” da Paróquia São Carlos Borromeu, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Vila Prudente, o Revmo. Pe. Carlos Roberto Fróes.
NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL
Em 27 de novembro de 2015, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia São Judas Tadeu, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Tatuapé, o Revmo. Pe. Marcel Guivarc’h, a.a, em decreto que entrou em vigor em 7 de fevereiro de 2016. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE COLABORADOR Em 25 de janeiro de 2016, foi nomeado e provisionado Colaborador da Paróquia Nossa Senhora de Casaluce, na Região Episcopal Sé, Setor Pasto-
ral Brás, o Revmo. Pe. Simone Bernardi. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE DIÁCONO TRANSITÓRIO COMO ASSISTENTE PASTORAL Em 31 de janeiro de 2016, foi nomeado e provisionado Assistente Pastoral “ad nutum episcopi” na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Região Episcopal Brasilândia, Setor Pastoral Pereira Barreto, o Diácono Transitório Ailton Bernardo Amorin.
Jubileu da
misericórdia
Coleção
Misericordiosos como o Pai A coleção Misericordiosos como o Pai nasceu do esforço da Igreja em orientar os fiéis para o Ano Jubilar da Misericórdia. Convocado pelo Papa Francisco para ser “um convite a receber o amor e o perdão”, o Jubileu propõe a reflexão sobre a misericórdia e a indulgência na vida da Igreja e do cristão.
PAULUS, dá gosto de ler!
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Espiritualidade Pessoas chatas Dom Julio Endi Akamine
Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa
Sobre as pessoas chatas, há conselhos deste tipo: “evite as pessoas problemáticas, pessimistas e resmungonas; fuja das pessoas que consomem suas energias, minam as suas relações e só lhe mostram problemas. Em vez dessas pessoas negativas, procure conviver com pessoas que agregam valor a sua vida”. Esse conselho pode parece bom, mas, na verdade, traz no seu íntimo uma triste falta de caridade e de misericórdia. Nesse sentido, gostaria de refletir sobre uma das obras de misericórdia espiritual: suportar com paciência as pessoas molestas. Por que isso é uma obra de misericórdia? É uma obra de misericórdia porque a convivência com as pessoas molestas nos obriga a superar nossa tendência de nos concentrarmos somente em nós mesmos. É a nossa preocupação egocêntrica que, muitas vezes, está na raiz de nossa irritação, quando a presença de alguém nos causa sofrimento. Conviver com pessoas difíceis é como um teste de qualidade do amor: o amor visa sempre o bem do outro acima e antes do próprio bem. Quando
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Fé e Cidadania A cura da solidão convivemos com pessoas simpáticas, o piente de viver neste mundo tão cenamor é espontâneo, mas pode também trado em si mesmo. A paciência não significa resignanão ser amor verdadeiro: amo tal pessoa pelo bem que ela me faz ou porque ção e rendição. A paciência segue o desejo realmente o seu bem? Mas “se caminho do amor que luta e se esforça amais somente aqueles que vos amam, pela conversão, pela mudança, pela paz que recompensa tereis? Os publicanos e pela unidade. Paciência é a virtude não fazem a mesma coisa? E se saudais dos fortes, porque são eles que sabem somente os vossos irmãos, que fazeis que o bem, mesmo que demore, semde extraordinário? Os pagãos não fa- pre vence. zem a mesma coisa?” (Mt 5, 46-47). Não nos esqueçamos de que Deus A preciosidade dessa obra de mise- nos suporta com infinita e maravilhoricórdia é o fato de que a paciência em sa paciência. Se Deus não tivesse pacisuportar o outro indica a perseverança na cari- É uma obra de misericórdia dade. Suporto porque porque a convivência com amo, porque quero peras pessoas molestas severar no amor e porque, amando, espero o nos obriga a superar melhor do outro, mes- nossa tendência de nos mo que esse outro me concentrarmos somente seja desagradável. em nós mesmos A paciência hoje é uma virtude que está em falta. Os tem- ência conosco, Ele já nos teria largado pos em que vivemos são acelerados; a para trás; já teria nos abandonado em vida na megalópole empurra a gente nosso pecado; já teria desistido de nós para a impaciência. A gente quer tudo e nos entregue ao domínio de Satanás. para ontem, tudo tem que ter resultaDeus suporta com ilimitada pacido imediato, sem enrolação! A nossa ência a nossa preguiça, o nosso relaxo, pressa, que é pressa egocêntrica, nos as nossas obstinações, os nossos erros, leva a ver o outro que não corresponde a nossa lerdeza pecaminosa. Ele nos imediatamente às nossas expectativas, suporta com infinitas paciência e misedesejos, direitos e necessidades como ricórdia, esperando que nosso coração, molesto, lerdo, um peso morto que um dia, finalmente se abra ao seu amor de Pai e nos convertamos a Ele. deve ser largado para trás. Sede misericordiosos como o Pai é Suportar as pessoas molestas é uma exercitação e uma escola para viver a misericordioso. paciência como um modo novo e sa-
Padre Sancley Gondim Vivemos numa época de paradoxos. Fala-se tanto de privacidade, mas causa espanto a epidemia de solidão. Em todos os lugares, jovens, velhos e crianças de todas as idades estão cada vez mais isolados, com fones de ouvido. “Nunca se viveu tanto, nunca tantos foram tão espremidos em centros urbanos e, ao mesmo tempo, nunca se viveu tão só...” Animal social em sua história, o ser humano do século XXI está cada vez mais sujeito à solidão, que mata mais do que ebola. Vários estudos mostram que ela aumenta o risco de câncer, doenças cardiovasculares, demência, alcoolismo, acidentes e suicídio. É um problema grave e generalizado, mas pouco se fala a respeito. Hoje há menos contato humano e o pouco que resta é cada vez mais difícil e menos significativo. Na falta de confidentes pessoais, um batalhão de profissionais é convocado: psicólogos, terapeutas, psiquiatras... A ruptura dos laços sociais, que até há pouco não passava de um comentário nostálgico, rapidamente se tornou problema de saúde” (Luli Radfahrer, Folha de S.Paulo, 26/01/2016). A solidão tem o seu lado positivo. Para filósofos, monges e artistas, o isolamento voluntário sempre foi lugar de inspiração. A Sagrada Escritura tem várias histórias com eremitas no deserto, tidos como sábios e respeitados por transformar a solidão em percepção do mundo. O que os diferencia dos isolados contemporâneos é que sua opção era voluntária, ou pelo menos planejada, não apresentada subitamente como fato da vida. Ao contrário da reflexão voluntária, o isolamento moderno acontece progressivamente, normalmente contra a vontade de suas vítimas, que demoram para reconhecer que estão sós. A revelação em Cristo do mistério de Deus como Amor trinitário é também a revelação da vocação da pessoa humana ao amor: “Ser pessoa à imagem e semelhança de Deus comporta... um existir em relação, em referência ao outro ‘eu’” (São João Paulo II), porque Deus mesmo, uno e trino, é comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Na comunhão de amor que é Deus, em que as três Pessoas divinas se amam reciprocamente e são o Único Deus, a pessoa humana é chamada a descobrir a origem e a meta da sua existência e da história. “Quando o Senhor Jesus pede ao Pai que ‘todos sejam um..., como nós também somos um’ (Jo 17, 21-22), acena para certa semelhança entre a união das Pessoas divinas e a união dos filhos de Deus na verdade e na caridade. Mostra que o homem, única criatura na terra que Deus quis por si mesma, não pode realizar-se plenamente senão pelo dom sincero de si mesmo (cf. Lc 17, 33)” (Gaudium et Spes, 24). Toda a pessoa é por Deus criada, amada e salva em Jesus Cristo, e se realiza tecendo múltiplices relações de amor, de justiça e de solidariedade com as outras pessoas, na medida em que desenvolve a sua multiforme atividade no mundo e tende a promover a dignidade e a vocação integral da pessoa, a qualidade das suas condições de existência, o encontro e a solidariedade dos povos e das nações, e é conforme o desígnio de Deus (Compêndio de Doutrina Social da Igreja, 34-35).
6 | Viver Bem |
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Comportamento
A importância do jejum Valdir Reginato sas religiões e culturas, assim como aconselhado pela mediciSeguiu-se aos dias de car- na, circunstancialmente, desde naval a Quarta-feira de Cinzas. tempos hipocráticos na antiga Um dia que lembra a muitos Grécia, voltou com vigor a faque é preciso retificar “os abu- zer parte do comportamento sos” da folia. No entanto, não de muitos grupos da populaseria assim se os dias de ale- ção, por diferentes razões. Seja gria fossem vividos dentro dos a modelo de passarela, que é limites da boa diversão ou do capaz de restringir-se a ingerir descanso para alguns. A quar- água para manter a aparência ta-feira marca o início da Qua- estética, seja o místico, que enresma, período que todos os controu no jejum uma melhor católicos se preparam para a Se- condição para a sua meditação mana Santa, cujo ápice se vive transcendental, ou o atleta, para no Domingo de Páscoa - da estar dentro do peso necessário Ressurreição do Senhor - após para a competição, e até mesmo a sua dolorosa paixão. Neste pe- como regime para compensar ríodo, duas datas têm algo em na segunda-feira a comilancomum: a Quarta-feira de Cin- ça do fim de semana, cada vez zas e a Sexta-feira da Paixão. mais pessoas constatam a imO que elas têm em comum? A portância do jejum como algo solicitação generosa do jejum e saudável para o corpo e o espíabstinência da carne aos maio- rito. res de idade até os de 60 anos Ainda que seja importante completos. uma avaliação e o aconselhaÉ fato que o mundo moderno, mento médico para essa prática após passar por décadas convi- ser rotineira na vida das pessoas vendo com o comportamento de incluídas nas faixas etárias da uma “gula insaciável”, mediante o adolescência ou idosos, assim oferecimento continuado de pro- como os doentes; não se pode dutos variados e cada vez mais negar que o jejum como um háatraentes ao paladar, foi deixando bito a ser incorporado no coma proposta de jejum esquecida. portamento pessoal é visto peConsiderada quase um castigo los seus adeptos não como um em tempos que a culpabilidade enorme sacrifício, mas como passou a ser vista como um sen- uma condição de melhoria da timento a ser extinto, a ideia de saúde em médio e longo prazo. jejum ficou, para muitos, asso- Oferece um “repouso” ao nosciada a um “sacrifício” totalmen- so organismo. Existem muitas te incompatível e inútil com a propostas a respeito do jejum, realidade dos tempos modernos, que podem variar desde um dia em que o hedonismo reina. Algo sem ingerir absolutamente nada como uma “mania de religiosos (nem água, o que não é aconseretrógados”. lhável), até aqueles que propõem No entanto, em tempos atu- uma limitação com temperança ais, mais recentes, o jejum, um às refeições, omitindo algumas hábito milenar, verificado nos em qualidade e quantidade. costumes e preceitos de diver- Não é o momento de especificar
cada uma dessas possibilidades. O importante é verificar o que está implicado na realização do jejum. Jejuar significa abster-se, total ou parcialmente, de algo que se deseja, por um período. Algo que custa esforço para quem o faz. Precisa-se de um motivo significativo para que ele se incorpore à rotina pessoal. Isso exige virtudes como temperança, fortaleza, perseverança e esperança. O verdadeiro jejum não pode ser seguido por compensações posteriores, ou mesmo ser apresentado como glória pessoal, pois ele pertence a uma atitude íntima e oculta de quem o faz. A prática periódica do jejum, sem exageros que impõem riscos à saúde, favorece o fortalecimento da vontade, coloca o homem no comando dos seus instintos intempestivos, promove a disposição necessária para o enfrentamento dos desafios cotidianos, disponibiliza maior tempo, com alegria, para os demais, fomenta maior liberdade de ação, com menor dependência de recursos que geram o comodismo, fortalece o espírito aos desejos desordenados da sensualidade, afasta as efêmeras recompensas do hedonismo, em troca de uma fidelidade a esperança, pelos caminhos do verdadeiro amor na eternidade. Na intimidade, o jejum quaresmal dos cristãos acrescenta, aos benefícios saudáveis já descritos, um caminho favorecedor ao encontro de identificação ao sacrifício vivido por Cristo. Dr. Valdir Reginato é médico de família, professor da Escola Paulista de Medicina e terapeuta familiar
Cuidar da Saúde
Tenho espinhas, e agora? Cássia Regina A acne, conhecida também como espinha, é uma doença de pele bastante frequente, que acomete a maior parte dos adolescentes, mas também é comum em adultos, principalmente nas mulheres. Pode ocorrer piora no período menstrual, por conta de certos medicamentos como os corticoides, e também devido à exposição exagerada ao sol, contato com óleos, graxas
ou produtos gordurosos. A limpeza excessiva é prejudicial à pele e pode piorar a acne. Deve-se lavar o rosto ao acordar e ao deitar. Quanto mais você lavar o rosto, mais oleosa a pele vai ficar e a oleosidade piora a acne. A exposição ao sol deve ser de maneira cautelosa. A limpeza de pele, quando feita por um profissional especializado, é indicada. Da mesma forma, os chamados “peelings” ou esfoliações químicas podem ser úteis como coadjuvantes ao tra-
tamento. Em nenhuma hipótese, deve-se “cutucar” ou “espremer” as lesões, pois isso pode levar à infecção, inflamação e cicatrizes. A acne não é um problema “bobo”. Deve ser sim tratado, pois pode causar problema psicológico por levar à baixa de autoestima, tanto em adolescentes quanto em adultos. Procure um dermatologista. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com
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| Pastorais e Movimentos| 7
Pastoral Familiar
‘Acreditamos neste projeto querido por Deus, a família’, diz novo casal coordenador da Pastoral Igor de Andrade
Especial para O SÃO PAULO
A Pastoral Familiar da Arquidiocese de São Paulo tem novos coordenadores desde o início deste ano. Trata-se do casal Ana Filomena Silveira Faleiros Garcia, 56, e Luiz Fernando Garcia, 58, que assume em lugar de Sílvio dos Santos e Ester dos Santos. Com 34 anos de Matrimônio e três filhos, o casal ingressou na Pastoral Familiar em 2009 e desde 2010 estava na coordenação da Pastoral na Região Episcopal Santana. Agora, Ana Filomena e Luiz Fernando assumem a coordenação arquidiocesana por três anos, tempo suscetível a prorrogação. “Encaramos o convite como uma convocação à nossa missão de cristãos e porque acreditamos neste projeto querido por Deus desde o início dos tempos, a família”, disse o casal, ressaltando, ainda, a importância da participação das lideranças da Pastoral nas regiões episcopais. “Nosso maior desafio, com certeza, será fomentar a Pastoral Familiar, fortalecendo-a nas paróquias
onde já está implantada e incentivando sua criação onde ainda não existe. Para isso, contamos com o apoio das coordenações da Pastoral Familiar das seis regiões episcopais da Arquidiocese”, comentaram Ana e Luiz Fernando. O casal enalteceu a atenção que a Igreja tem dado à família, especialmente tratando-a nos sínodos dos bispos de 2014 e de 2015. “Em uma época em que a família, principalmente a originada do sacramento do Matrimônio, é tão atacada, os bispos atenderam às necessidades dos fiéis, refletindo sobre o tema da família”, disseram Ana Filomena e Luiz Fernando. “Como esperado, os sínodos não trouxeram nenhuma novidade revolucionária, mas afirmaram o modelo ideal de família como aquele formado por pai e mãe, sacramentados pelo Matrimônio e seus filhos, sem esquecer as outras pessoas que, por algum motivo, não vivem desse modo”. Por fim, o casal ressaltou que todos devem ser “acolhidos com amor e misericórdia e devemos estar atentos às suas necessidades materiais e espiritu-
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Ana Filomena e Luiz Fernando, novos coordenadores da Pastoral Familiar arquidiocesana
ais, sem abrir mão dos valores que defendemos em função da nossa fé, sob orientação da doutrina de nossa Santa Mãe Igreja”. As atividades da Pastoral Familiar em 2016 terão início no próximo dia 20, às 14h30, na Cúria de Santana (avenida Marechal Eurico Gaspar Dutra, 1.877, em Santana), com uma
missa de envio presidida por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese e referencial da Pastoral Familiar. Às 16h, haverá uma reflexão com o tema “Misericórdia na Família, na Sociedade e na Comunidade de Fé”, conduzida pelo Padre Zacarias Paiva, assessor eclesiástico da Pastoral Familiar na Arquidiocese de São Paulo.
Renovação Carismática Católica Cardeal Scherer: ‘A alegria mais genuína é aquela que se encontra em Deus’ Cristiano Morales
REDAÇÃO
osaopaulo@uol.com.br
Levar as pessoas a um encontro pessoal com Cristo de uma maneira querigmática para que comecem um processo de evangelização de cada um dos batizados, participando dos grupos de oração da Renovação Carismática Católica (RCC) espalhados pelas seis regiões episcopais da Arquidiocese de São Paulo. Com esses objetivos e também para anunciar Jesus como fonte de verdadeira alegria e salvação, a RCC da Arquidiocese de São Paulo realiza anualmente o “Alegrai-vos”, que neste ano, em sua 23º edição, realizada entre os dias 7 e 9, no Colégio João XXIII, na Vila Prudente, na zona Leste da cidade, teve como tema “Vê a alegria que te vem de Deus”, vivenciado em pregações, missas e momentos de oração e reflexão.
Cardeal Odilo Pedro Scherer preside missa de encerramento do ‘Alegrai-vos 2016’, dia 9
No encerramento das atividades, na terça-feira, 9, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu missa, em que destacou que apesar de, na época do carnaval, muitos busca-
rem a alegria, de muitas formas, esta só pode ser vivenciada com Deus. “A alegria mais genuína é aquela que se encontra em Deus”, enfatizou, parabenizando os que participaram do “Alegrai-vos”. “Se
a gente está na vontade de Deus, está na fonte da verdadeira alegria, tem motivo para estar alegre. O resto pode ser mais euforia do que alegria”, afirmou. Ainda na homilia, o Cardeal exortou os participantes da missa a vivenciarem de forma intensa o Ano Santo extraordinário da Misericórdia, cujos objetivos centrais são que as pessoas encontrem o Deus misericordioso, ao se reconhecerem pecadoras e necessitadas de perdão, e que pratiquem as obras de misericórdia, uma vez que o próprio Jesus comunicou que todos serão julgados pelas obras misericordiosas que realizarem ou deixarem de fazer. O Arcebispo de São Paulo falou ainda sobre o período da Quaresma, que é o tempo de preparação para a Páscoa, e que deve ser vivido com a prática do jejum, da esmola e da oração. (Colaborou Cristiano Morales)
8 | Pelo Mundo |
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Destaques das Agências Internacionais
Filipe David
Correspondente do O SÃO PAULO na Europa
Estados Unidos
Lei de ‘gênero’ é rejeitada por ameaçar a liberdade de religião O senado do Estado de Indianápolis rejeitou uma lei que proibiria qualquer discriminação com base em “orientação sexual”. Na prática, a lei impediria, por exemplo, escolas católicas de escolherem professores que vivam de acordo com os ensinamentos da Igreja em matéria de sexualidade: “Porque
quando você eleva a orientação sexual e a identidade de gênero ao mesmo nível da raça, a fé normal das pessoas sobre identidade sexual passa a ser rotulada como preconceituosa”, explicou Roger Severino, diretor do Centro para a Religião e a Sociedade da Heritage Foundation.
Morte com Pílula anticoncepcional
Charlotte Foster, uma jovem de 23 anos, morreu devido a uma embolia pulmonar (causada por um coágulo de sangue) que provocou um grave dano cerebral. A causa da embolia pulmonar foi a
pílula anticoncepcional que ela tomava. “Charlotte não é a primeira mulher a morrer por um coágulo de sangue, que é um grande risco dessas pílulas”, afirmou o vice-presidente da American Life League, uma associação norte-americana em defesa da vida, ao site LifeSiteNews. Fonte: LifeSiteNews
Taiwan
Terremoto mata 40 pessoas e deixa centenas de feridos Reprodução da Internet
Operários dos serviços de resgate buscam sobreviventes num prédio que desabou em Tainan, no sul de Taiwan
Um terremoto de 6,4 pontos de magnitude matou pelo menos 42 pessoas e deixou centenas de feridos no sábado, 6. Embora o número de mortes confirmadas fosse de 42 até a manhã da terça-feira, 9, teme-se que o número real seja ainda maior, já que os trabalhos de resgate continuam na busca por sobreviventes. Centenas de pessoas foram resgatadas de estruturas prejudicadas, muitas de um prédio que desabou em Tainan, onde estava a maior parte dos que morreram. Mais de 1,5 mil pessoas estiveram envolvidas no esforço para salvar as vítimas. O Papa Francisco enviou suas condolências às vítimas da tragédia: “O Santo Padre ficou muito entristecido quando soube do sofrimento causado pelo terremoto mortal que atingiu Taiwan, deixando muitos mortos e gravemente feridos”, afirmou o secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin. Fontes: CNA/ CNN
Europa ‘Perseguição do Estado Islâmico aos cristãos é genocídio’ O Parlamento Europeu aprovou por unanimidade uma resolução em que qualifica como “genocídio” a perseguição promovida pelo grupo Estado Islâmico contra cristãos e outros grupos. O
texto diz que o grupo “está perpetrando um genocídio contra cristãos, yazidíes e outras minorias religiosas e étnicas” na Síria e no Iraque. A resolução expressa “terminante
condenação do denominado Estado Islâmico e de suas cruéis violações dos direitos humanos, que constituem crimes contra a humanidade e crimes de guerra, nos termos do Estatuto de Roma da Cor-
te Penal Internacional, e que o Conselho de Segurança de Nações Unidas deve tomar medidas para que esses sejam reconhecidos como genocídio”. Fonte: ACI
França
‘A liberação sexual escravizou as mulheres’ (e os homens) É o que disse Thérèse Hargot – “sexóloga” que fez seus estudos em Filosofia e Ciências da Família e Sexualidade – em entrevista ao jornal Le Figaro: “[Com a liberação sexual,] nós passamos do dever de procriar ao dever do prazer. Do ‘não se deve ter relações sexuais antes do casamento’ ao ‘deve-se ter relações sexuais o quanto antes’”. Segundo Thérèse, a norma antes era definida pela instituição religiosa, mas agora ela é definida pela indústria pornográfica. Antes, as normas eram exteriores e
explícitas, agora elas foram interiorizadas e são implícitas. Ninguém nos diz explicitamente quando devemos ter um bebê, mas todas as mulheres sentem muito claramente que esse momento não deve ser muito cedo, e apenas quando as condições financeiras forem confortáveis. Os novos critérios são a performance e a eficácia, introduzidos na vida sexual, tanto na relação ao prazer quanto com a maternidade. As novas normas afetam não apenas as mulheres, mas também os homens. Thérèse trabalha com crianças e ado-
lescentes, e uma das coisas mais choquantes para ela é o impacto da pornografia em sua forma de ver a sexualidade. Além da pornografia explícita, é preciso considerar também a “cultura pornográfica” nos videoclips, nos programas de televisão, na música, na publicidade etc. “A pornografia sequestra o imaginário da criança sem lhe dar tempo de desenvolver suas próprias imagens”, afirmou, complementando que gera dependência e sentimentos de culpa. Para Thérèse, o fundamental não é
educar as crianças e adolescente para se realizarem na vida sexual, mas para desenvolverem sua personalidade. “A sexualidade é secundária em relação à personalidade. Em vez de falar de camisinha, de contracepção e de aborto às crianças, é preciso ajudá-las a se construir, a desenvolver a autoestima. É preciso criar homens e mulheres que sejam capazes de se relacionar uns com os outros. O que é necessário não são aulas de educação sexual, mas de filosofia!”, concluiu. Fonte: Le Figaro
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| Papa Francisco | 9
Jubileu deve ‘chegar ao bolso’ Fotos: L’Osservatore Romano
Encontro histórico A Santa Sé anunciou que na sexta-feira, 12, o Papa Francisco se encontrará com o Patriarca Kirill de Moscou e de toda a Rússia. É a primeira vez na história que os primazes da Igreja Católica e da Igreja Ortodoxa Russa se encontrarão. O encontro acontecerá no aeroporto internacional de Havana, em Cuba, onde o Patriarca estará em visita oficial e onde o Papa fará uma escala antes de dar início à viagem apostólica ao México. Ao final, será assinada uma declaração comum. Em comunicado conjunto, na sexta-feira, 5, a Santa Sé e o Patriarcado de Moscou “auspiciam que o encontro seja também um sinal de esperança para todos os homens de boa vontade e convidam todos os cristãos a rezar com fervor para que Deus abençoe este encontro, para que possa produzir bons frutos”.
Na Audiência Geral da Quarta-feira de Cinzas, 10, o Papa Francisco afirmou que para ser verdadeiro, o Jubileu deve “chegar ao bolso”. Ao explicar aos fiéis a instituição do Jubileu, que acontecia de 50 em 50 anos como um momento culminante da vida religiosa e social do povo de Israel, o Pontífice disse que era uma espécie de “perdão geral”, que permitia a cada pessoa voltar à sua situação original. O objetivo era criar uma sociedade estável na igualdade e na solidariedade, onde a liberdade, a terra e o dinheiro voltassem a ser um bem para todos e não só para alguns, “como acontece agora”, ponderou Francisco.
“As cifras não são exatas, mas 80% das riquezas da humanidade estão nas mãos de menos de 20% das pessoas. É um jubileu – e isso o digo recordando nossa história de salvação – para converter-se, para que o nosso coração se torne maior, mais generoso, mais filho de Deus, com mais amor. Mas lhes digo uma coisa: se o Jubileu não chegar até ao bolso, não é um verdadeiro jubileu, entenderam? E isso está na Bíblia, não é este Papa que inventa: está na Bíblia”, exortou o Santo Padre. Fontes dos textos: rádio Vaticano (Redação: Fernando Geronazzo)
Confessores são chamados a expressar a ‘maternidade da Igreja’
No sábado, 6, o Papa Francisco fez um instante de oração junto às relíquias dos corpos dos santos confessores Pio de Pietrelcina e Leopoldo Mandic, expostos na Basílica de São Pedro até o dia 11 por ocasião do Ano Santo extraordinário da Misericórdia.
Missionários da misericórdia
Na audiência realizada na terça-feira, 9, com os sacerdotes missionários da misericórdia, no Vaticano, o Papa Francisco pediu que os confessores cubram os pecadores “com o manto da misericórdia”, para expressar a disposição de ânimo e espírito e o coração indulgente com os quais deverão perdoar os fiéis arrependidos. O Santo Padre ressaltou, ainda, que os confessores são “chamados a expressar a maternidade da Igreja” e reiterou que “não é preciso a clave do juízo” para reconduzir a ovelha perdida ao rebanho, mas o testemunho e a santidade de vida. Os missionários da misericórdia são sacerdotes indicados por várias dioceses do mundo por suas capacidades pastorais, espirituais e de escuta. A eles, o Pontífice concedeu a autoridade absolver pecados que são reservados à Sé Apostólica, que, de acordo com o Direito Canônico, são: a profanação das espécies consagradas, a violência física contra o Papa, a ordenação episcopal sem o mandato pontifício, a tentativa de absolvição do cúmplice num pecado contra o sexto mandamento (não cometer adultério) e a violação direta do segredo da confissão. Os missionários são mais de mil e provêm de todos os continentes, inclusive de regiões de especial significado, como China, Líbano, Emirados Árabes Unidos e Egito. Os requisitos são: ser confessor humilde e sábio, capaz de perdoar a quem se aproxima do sacramento da Confissão.
10 | Pelo Brasil |
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Daniel Gomes
Destaques das Agências Nacionais
danielgomes.jornalista@gmail.com
Em mensagem à CF 2016, Papa afirma que todos são responsáveis pela casa comum CNBB/Divulgação
Em mensagem à Igreja no Brasil, datada de 22 de janeiro, o Papa Francisco enaltece a realização da Campanha da Fraternidade, iniciada na Quarta-feira de Cinzas, 10, que pela quarta vez ocorre em parceria com o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (Conic). Francisco enfatiza que “todos nós temos responsabilidade por nossa casa comum” e destaca que “por meio desta Campanha da Fraternidade, as pessoas e comunidades são convidadas a se mobilizar, a partir dos locais em que vivem. São chamadas a tomar iniciativas em que se unam às Igrejas e às diversas expressões religiosas e a todas as pessoas de boa vontade na promoção da justiça e do direito ao saneamento básico”. Abaixo segue a íntegra da mensagem do Papa.
Mensagem do Papa Francisco por ocasião do lançamento da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016 Queridos irmãos e irmãs do Brasil! Em sua grande misericórdia, Deus não se cansa de nos oferecer sua bênção e graça e de nos chamar à conversão e ao crescimento na fé. No Brasil, desde 1963, se realiza, durante a Quaresma, a Campanha da Fraternidade. Ela propõe cada ano uma motivação comunitária para a conversão e a mudança de vida. Em 2016, a Campanha da Fraternidade trata do saneamento básico. Ela tem como tema: “Casa comum, nossa responsabilidade”. Seu lema bíblico é tomado do Profeta Amós: “Quero ver o direito brotar como fonte e a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24). É a quarta vez que a Campanha da Fraternidade se realiza com as Igrejas que fazem parte do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (Conic). Mas, desta vez, ela cruza fronteiras: é feita em conjunto com a Misereor, iniciativa dos católicos alemães que realiza a Campa-
nha da Quaresma desde 1958. O objetivo principal deste ano é o de contribuir para que seja assegurado o direito essencial de todos ao saneamento básico. Para tanto, apela a todas as pessoas convidando-as a se empenharem com políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa casa comum. Todos nós temos responsabilidade por nossa casa comum, ela envolve os governantes e toda a sociedade. Por meio desta Campanha da Fraternidade, as pessoas e comunidades são convidadas a se mobilizar a partir dos locais em que vivem. São chamadas a tomar iniciativas em que se unam às Igrejas e às diversas expressões religiosas e a todas as pessoas de boa von-
tade na promoção da justiça e do direito ao saneamento básico. O acesso à água potável e ao esgotamento sanitário é condição necessária para a superação da injustiça social e para a erradicação da pobreza e da fome, para a superação dos altos índices de mortalidade infantil e de doenças evitáveis, e para a sustentabilidade ambiental. Na encíclica Laudato Si’, recordei que “o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos” (nº 30) e que a grave dívida social para com os pobres é parcialmente saldada quando se desenvolvem programas para prover de
água limpa e saneamento as populações mais pobres (cf. ibid.). E, numa perspectiva de ecologia integral, procurei evidenciar o nexo que há entre a degradação ambiental e a degradação humana e social, alertando que “a deterioração do meio ambiente e a da sociedade afetam de modo especial os mais frágeis do planeta” (nº 48). Aprofundemos a cultura ecológica. Ela não pode se limitar a respostas parciais, como se os problemas estivessem isolados. Ela “deveria ser um olhar diferente, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que oponham resistência ao avanço do paradigma tecnocrático” (Laudato si’, 111). Queridos irmãos e irmãs, insisto que o rico patrimônio da espiritualidade cristã pode dar uma magnífica contribuição para o esforço de renovar a humanidade. Eu os convido, principalmente durante esta Quaresma, motivados pela Campanha da Fraternidade Ecumênica, a redescobrir como nossa espiritualidade se aprofunda quando superamos “a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor” e descobrimos que Jesus quer “que toquemos a carne sofredora dos outros” (Evangelii gaudium, 270), dedicando-nos ao “cuidado generoso e cheio de ternura” (Laudato si’, 220) de nossos irmãos e irmãs e de toda a criação. Eu me uno a todos os cristãos do Brasil e aos que, na Alemanha, se envolvem nessa Campanha da Fraternidade Ecumênica, pedindo a Deus: “ensinai-nos a descobrir o valor de cada coisa, a contemplar com encanto, a reconhecer que estamos profundamente unidos com todas as criaturas no nosso caminho para a vossa luz infinita. Obrigado, porque estais conosco todos os dias. Sustentai-nos, por favor, na nossa luta pela justiça, o amor e a paz” (Laudato si’, 246). Aproveito a ocasião para enviar a todos minhas cordiais saudações com votos de todo bem em Jesus Cristo, único Salvador da humanidade e pedindo que, por favor, não deixem de rezar por mim! Vaticano, 22 de janeiro de 2016. Papa Francisco
Ensino melhora em São Paulo, mas está distante da meta
Igreja reafirma que colaborará no combate ao mosquito Aedes aegypti
O Governo do Estado de São Paulo divulgou, no dia 4, os dados da dados da última edição do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp). O desempenho em Matemática e Português dos alunos da rede estadual paulista melhorou em 2015 nos três ciclos de ensino (fundamentais 1 e 2 e médio), mas a média alcançada ainda está longe do desejado pelo próprio governo estadual. O Saresp avalia a rede em quatro
A presidência da CNBB entregou à presidente da República, Dilma Rousseff, na quinta-feira, 4, em reunião no Palácio do Planalto, a mensagem divulgada no mesmo dia, pela qual a Conferência convoca todos os católicos a se mobilizarem no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, do vírus zika e do chicungunya, e reafirma ser contra o aborto de fetos diagnosticados com microcefalia (leia mais nas páginas 12 e 13). “Temos consciência de que a Igreja tem muito a contribuir, mobilizando, forman-
níveis: “abaixo do básico”, “básico”, “adequado” e “avançado”. Os alunos enquadrados nos níveis “básico” e “adequado” têm aprendizado considerado suficiente para a Secretaria da Educação. Ao anunciar os dados do Saresp, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) comentou que houve avanços importantes e prometeu que até 2030 o Estado de São Paulo chegará a desempenho educacional similar a de países mais desenvolvidos. Fonte: O Estado de S.Paulo
do as pessoas, ajudando para que nossas comunidades tomem as devidas iniciativas para que a redução desse problema ocorra o mais breve possível”, afirmou Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília e presidente da CNBB, após o encontro com Dilma. Segundo Dom Sérgio, a Presidente da República e o ministro da Saúde, Marcelo Casto, se comprometeram a enviar à CNBB todo o material necessário para orientar a população sobre as medidas de combate ao Aedes aegypti. Fonte: Blog do Planalto
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| Entrevista | 11
Com a Palavra: Dalton Ramos
‘É um engano achar que o aborto resolve os problemas de saúde pública’ Luciney Martins/O SÃO PAULO
Renata Moraes
jornalismorenata@gmail.com
O aumento da proliferação do zika vírus a e sua possível ligação com os crescentes números de casos de microcefalia têm gerado grande debate. A gravidade da situação levou a Organização Mundial da Saúde a declarar a microcefalia e o zika como uma emergência internacional. Nos últimos dias, grupos que defendem o “direito” das mulheres em optar pelo aborto anunciaram que pretendem levar o tema ao Supremo Tribunal Federal (STF). A discussão tem tomado várias esferas da sociedade. A Igreja, fiel à Cristo e promotora dos direitos humanos, sempre se coloca a favor da vida. Permitir o aborto é ir contra o 5º mandamento da Lei de Deus – “Não matarás” – e é uma violação ao primeiro e mais fundamental direito humano: o de viver. Nesta entrevista ao O SÃO PAULO, Dalton Ramos, 57, professor titular de Bioética na Universidade de São Paulo e membro da Pontifícia Academia Pro Vita, do Vaticano, responde a algumas questões sobre o tema. O SÃO PAULO – A Igreja é a favor da vida e contra o aborto. Como a posição da Igreja tem repercutido nos meios científicos e acadêmicos? O que falta para os fiéis conhecerem e formarem opinião de acordo como o Magistério?
Dalton Ramos - Creio que o melhor é sempre afirmarmos o positivo, isto é, o valor da vida qualquer que seja a situação em que a pessoa se encontre: saudável ou doente. Daí decorre apontar a incoerência que representa o aborto: uma morte provocada que gera vítimas e que não resolve problema algum, aliás, cria outros; é somar sofrimento ao sofrimento. Assim posto, cientistas honestos e competentes, quaisquer que sejam suas crenças, estarão sempre em concordância com a Lei Natural e também com os ensinamentos da Igreja.
Qual é a possibilidade de o Judiciário permitir que o aborto no caso de microcefalia seja executado? Quais as consequências dessa decisão?
Trágicas. Porque quando se promulgam leis ou sentenças judiciárias contrárias à
vida, se favorece um clima cultural em que o que é um absurdo parece ser natural, razoável, correto. Mesmo que muitos, mais atentos, tenham claro a “injustiça” da lei, para muitos outros pode parecer que, então, “se pode fazer dessa forma”. No aspecto jurídico até se poderá fazer, se a lei ou o Judiciário autorizarem, mas a lei autorizar não elimina o significado moral do gesto. E pior, não elimina as trágicas consequências para as vítimas: a mãe e a criança.
As ações do Executivo têm sido eficazes no combate às doenças causadas pelo Aedes aegypti? Regulamentar o aborto criaria mais um problema, o da demanda dessa prática nos serviços públicos?
É um engano achar que o aborto resolve os problemas de saúde pública. Muda o foco. Se permitimos, como achamos razoável, o nascimento de crianças com microcefalia, isto vai gerar demandas no tratamento e acompanhamento dessas crianças não só em termos de assistência à saúde, mas também em educação, seguridade social etc. Se, tragicamente, se autoriza o aborto, essas demandas não existirão, mas teremos outras, como o acompanhamento das mães vítimas do aborto. E essas serão tão complexas e caras, se não mais, que as decorrentes da assistência às crianças com microcefalia. Esse discurso de economia é um absurdo.
Dados ditos científicos sobre o assunto são citados a todo instante. Afinal, isso ajuda ou atrapalha no debate? Somente conhecer esses dados é o suficiente para uma postura ética e justa?
Esse é um ponto muito importante. A
pesquisa científica e a difusão do conhecimento científico são, à priori, importantes e necessários. Só que é preciso haver um compartilhar de informações honesto. Honesto, no sentido de que não deve ser empregado com o objetivo de criar opinião em prol de uma tendência ou pior, um instrumento de poder for mais forte sobre o mais fraco. Agora bem recentemente, na Mensagem do Santo Padre, Francisco, para a Quaresma de 2016, mais uma vez o Papa aborda um tema que ele retoma com insistência, que é o abuso do uso das tecnologias ou tecnociências. Não que o que a ciência produz seja ruim, mas corre-se o risco de um “delírio de onipotência, no qual ressoa sinistramente aquele demoníaco ‘sereis como Deus’ (Gn 3,5), que é a raiz de qualquer pecado. Tal delírio pode assumir também formas sociais e políticas, como mostraram os totalitarismos do século XX e mostram hoje as ideologias do pensamento único e da tecnociência que pretendem tornar Deus irrelevante e reduzir o homem à massa possível de instrumentalizar”. Aí está a raiz da eugenia. Um delírio. Vou usar a ciência para gerar pessoas do jeitinho que eu quero. Melhor dizendo, do jeitinho que interessa aos poderosos. Tipo assim: pessoas sadias, que, portanto, não geraram despesas para o sistema de saúde; ótimos consumidores, trabalhadores saudáveis, produtivos etc. No fundo, uma fantasia na qual até pessoas de bom coração passam a acreditar.
Além desse amplo debate ético no âmbito social, tais situações requerem de cada cidadão uma posição e uma atitude ética e cristã. O que o senhor gostaria de dizer às pessoas com relação a isso?
Um filho com doença ou má-formação não se constitui no projeto de um pai (tenho três filhos e uma neta) e de uma mãe. Mas, frente à realidade de uma deficiência, doença ou até da morte é que se pode viver a experiência da solidariedade. Creio que todos somos chamados a um caminho de solidariedade e subsidiariedade. São ambos princípios que a Igreja nos propõe. O Documento de Aparecida, tratando desse caminho, proclama: “É necessário educar e favorecer em nossos povos todos os gestos, obras e caminhos de reconciliação e amizade social, de cooperação e integração”; “É necessário um forte sentido de esperança, não obstante as condições de vida que parecem ofuscar toda esperança”... “É necessário aplicar o princípio da subsidiariedade em todos os níveis e estruturas da organização social”. Em outras palavras: a nós cabe crescer nesse empenho de solidariedade frente à situação de uma família com, por exemplo, um filho com microcefalia (ou qualquer outra doença: Down, câncer etc), como também é necessário que os organismos estatais em vez de se preocuparem em leis que liberam a matança dos doentes, em vez de matar os mosquitos, garantam políticas públicas que favoreçam os subsídios (esse o significado da “subsidiariedade”) para que todos possam ter condições de cuidar dos necessitados. Porque, do contrário, uma mãe abandonada (sem uma companhia de pessoas solidárias, e isto é o papel e responsabilidade das comunidades) e sem condições ou recursos sociais (econômicas e de suporte para a saúde: sem, portanto, a “subsidiariedade”) a esta só resta o medo, o desespero. E aí o desenlace pode ser trágico.
Como orientar as mães grávidas que contraíram o zika vírus e estão com medo de que seus bebês possuam a microcefalia? Como ajudar?
A ciência não tem resposta para tudo. Não podemos ter excesso de ênfase numa questão, para não acabar a distorcendo. É preciso antes um diagnóstico correto e honesto, o acompanhamento pelo pré-natal. E caso o diagnóstico seja o da síndrome da microcefalia, é bom recordar que há diversos graus. Porém, o apoio à pessoa é essencial. Se ela se sente apoiada, ela poderá viver esse momento de uma forma mais tranquila. O grande desafio para a comunidade católica e para a sociedade é acolher, antes de rejeitar. Se temos um olhar afetuoso, amoroso, aquilo que era pra ser uma tragédia, pode ser algo em que as pessoas tenham empenho em cuidar do outro. Pode ser um percurso de amor, de solidariedade e de misericórdia.
As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.
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Mitos e verdades sobre o zika vírus Crianças menores de 7 anos, idosos e vetores
MITO: Áudios circularam em grupos de WhatsApp, mencionando a possibilidade e a existência de crianças menores de 7 anos e idosos com sintomas neurológicos decorrentes do zika vírus. Essas informações não têm fundamentação científica. Até o momento, não há qualquer registro de crianças ou idosos apresentando sintomatologias neurológicas relacionadas ao zika vírus. É importante também esclarecer que, assim como outros vírus, a exemplo de varicela, enterovírus e herpes, o zika poderia causar, em pequeno percentual, complicações clínicas e neurológicas em adultos e crianças, sem distinção de idade. Quanto ao vetor, atualmente, não existem estudos científicos que apontem para o envolvimento de outras espécies de mosquitos além do Aedes aegypti na transmissão da doença no Brasil.
Combater o mosquito e não a vida humana O SÃO PAULO apresenta reportagens que reforçam o comprometimento da Igreja no combate à proliferação do mosquito Aedes aegypti, – transmissor da dengue, do zika vírus e chikungunya,
– e na defesa da vida dos fetos e bebês com microcefalia. Duas entrevistadas que convivem com a doença em seus lares mostram que a acolhida fraterna à vida é mais forte que a morte. Ministério da Saúde/Divulgação
Amamentação e transmissão sexual
MITO E VERDADE: Frente a informações confusas que circularam nas redes sociais sobre a amamentação e o zika, a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) esclarece que, embora já se tenha identificado o vírus no leite materno, não houve, até o momento, nenhum relato de caso em que tenha havido a transmissão do zika vírus para o bebê pelo leite materno. Com relação à possiblidade de transmissão pelo sêmen, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (em inglês, Centers for Disease Control and Prevention - CDC), há um caso relatado na literatura científica de transmissão da doença por relação sexual.
Os casos de microcefalia estão relacionados ao uso de vacinas vencidas?
MITO: Não há registro na literatura médica nacional e internacional sobre a associação do uso de vacinas com a microcefalia.
O aumento do número de casos de microcefalia está relacionado ao uso de mosquitos com bactéria?
MITO: Não é verdadeira a informação de relação entre a incidência do zika vírus com os mosquitos portadores da bactéria Wolbachia. Desde 2014, a Fiocruz, em parceria com o Ministério da Saúde, desenvolve o projeto “Eliminar a Dengue: Desafio Brasil”, que propõe o uso de uma bactéria naturalmente encontrada no meio ambiente, inclusive no pernilongo, chamada Wolbachia. Quando presente no Aedes aegypti, a bactéria é capaz de impedir a transmissão da dengue pelo mosquito.
O zika vírus também pode causar Guillain-Barré?
VERDADE: A síndrome de Guillain-Barré é uma reação, muito rara, a agentes infecciosos, como vírus e bactérias, e tem como sintomas a fraqueza muscular e a paralisia dos músculos. Vários vírus, assim como o zika, podem provocar a síndrome de Guillain-barré. Assim como todas as possíveis consequências do zika, a ocorrência da Guillain-Barré relacionada ao vírus continua sendo investigada.
O Ministério da Saúde mudou o parâmetro para identificar a microcefalia para esconder o número de casos?
MITO: Todos os casos de crianças com microcefalia relacionada ao zika vírus serão investigados. A mudança para o parâmetro do perímetro cefálico igual ou menor de 32 centímetros segue recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), é apoiada pela Sociedade Brasileira de Genética Médica e tem suporte da equipe do Sistema Nacional de Informação sobre Agentes Teratogênicos (SIAT). Fonte: Agência Fiocruz de Notícias
Acabar com os focos do mosquito é a maior prevenção Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
Todo ano, durante o verão, os jornais noticiam o aumento do número de casos de dengue. O mosquito transmissor da doença, Aedes aegypti, encontra nessa estação do ano as condições favoráveis para a sua proliferação. O problema está se ampliando, pois além de transmitir a dengue, o mosquito transmite as febres chikungunya e amarela, além do zika vírus, que segundo o Ministério da Saúde está relacionado com o aumento de casos de microcefalia no País. A febre por zika vírus é uma doença viral aguda, caracterizada por dor de cabeça constante; manchas vermelhas pelo corpo - braços, abdômen e pernas; vermelhidão e hipersensibilidade nos olhos; dor nas articulações, especialmente nas mãos e pés; dor nos músculos; cansaço excessivo; dor na barriga; náuseas; diarreia ou prisão de ventre. Apresenta evolução benigna e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente após o período de três a sete dias. Para o doutor Jean Gorinchteyn, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, no momento observa-se um aumento significativo da doença quando se soma todos os casos no conjunto do País, mas a incidência em cada município separadamente não é tão grande. Além disso, ele acrescenta que a doença é “absolutamente benigna, com
sintomas pouco expressivos, que passaram a ter maior relevância quando foi associado ao aumento de casos de bebês, cujas mães foram infectadas pelo vírus durante a gravidez e que nasceram com microcefalia”. Doutor Jean explicou ao O SÃO PAULO que a doença é considerada benigna pelo fato de ser “autolimitada” por período de três a cinco dias, com manifestações suaves dos sintomas, sem comprometimento grave do estado geral da saúde do indivíduo e sem impedi-lo de realizar suas atividades diárias. “Em alguns casos, são tão suaves que passam despercebidas”, declarou. Por isso, o maior risco da doença são suas possíveis consequências para um bebê se sua mãe contrai-la durante a gestação. O infectologista recomenda que as mulheres grávidas sigam algumas recomendações como o uso de roupas longas que cubram tornozelos e punhos, roupas claras, já que a claridade ofusca a visão do mosquito e isso funciona como uma ação repelente, além do uso de repelentes cosméticos. Além disso, podem ser tomados cuidados no ambiente domiciliar com o uso de inseticidas com ação contra o Aedes aegypti e de repelentes elétricos para o ambiente, evitando a proximidade e o acesso desses mosquitos dentro de casa. Entretanto, a maior prevenção é acabar com os focos do mosquito. Nas regi-
ões urbanas, eles se encontram predominantemente nos quintais das residências com acúmulos de tranqueiras e lixo, como latinhas de alumínio amassadas, caixas de papelões, garrafas vazias, pratinhos de plantas, tampas de garrafas, e em qualquer canto onde pode haver um mínimo de acúmulo de água. Esgotos a céu aberto, poças de água parada, lixo nas ruas e em terrenos vazios também representam um problema. “Todas as pessoas devem, sim, cuidar para acabar com o mosquito. No Sudeste e no Sul, de 80% a 85% dos focos estão dentro das casas. Assim, não adianta esperar que só as esferas federais, estaduais e municipais atuem no combate ao mosquito transmissor. A prevenção depende muito de cada cidadão, os cuidados começam dentro de nossa própria casa”, afirmou.
Outras formas de contaminação
Ainda não foi confirmado, mas na sexta-feira, 5, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, constatou a presença do zika vírus ativo (com potencial de provocar a infecção) em amostras de saliva e de urina. A evidência inédita, que sugere a necessidade de investigar a relevância dessas vias alternativas de transmissão viral, foi constatada pelo Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
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| Reportagem | 13 Arquivo pessoal
‘Ele merece ser amado’ Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
“Uma pergunta lógica e racional: você interrompe a gestação de um filho por ele ser deficiente? Se o próximo vier saudável e com 4 ou 5 anos de idade desenvolver alguma doença que o torne especial, vai também desistir dele?”. O questionamento é de Ana Paula Izar Zogbi, 32, mãe de quatro filhos, casada há 11 anos com Luiz Phelipe Izar Zogbi. O casal tem um filho com microcefalia. Quando Luiz Paulo, o primogênito do casal, nasceu, Ana Paula percebeu que algo não estava bem, mas somente quando a criança tinha 2 anos, o diagnóstico foi fechado como sendo microcefalia. Diferentemente dos casos atuais, em que a questão da microcefalia está ligada ao surto do zika vírus, Ana Paula conta que não foram identificadas as causas da doença do seu filho. “Encontrei um geneticista que não era uma pessoa muito piedosa e que me disse: ‘não estou encontrando causa genética e te aconselho a não ter mais filhos’. Para mim, foi muito doloroso, mas me perguntei: ‘se a previsão erra até meteorologia, como ele poderia saber como viria meus outros filhos?’ E meu marido disse: ‘nós vamos ter outros e se vier doente, eu abro um hospital’”, conta. Arquivo pessoal
A microcefalia tem vários graus. Há crianças que conseguem falar e se desenvolver com determinada normalidade, outras, porém, como no caso do filho de Ana Paula, não possuem interação, só acompanham com os olhos os movimentos, não falam e não andam. “É como cuidar de um neném de 3 meses. Tenho que olhar para ele e ficar calculando que a cada três horas tem que comer uma coisinha. Quando mudo de posição, eu mudo ele de posição também, porque já imagino que deve estar cansado”. Apesar disso, Ana Paula é enfática: “Não levamos como um fardo – ‘ai meu Deus, temos um filho doente!’ - Passamos a ver o que Deus queria da gente, amar as limitações dele e amá-lo com essas limitações e sem fazer projeções. Amá-lo como ele é. Meu filho doente não merece ser morto, ele merece ser amado”. Para ela, as mulheres grávidas que estão sendo aconselhadas a abortar por que o filho tem microcefalia precisam perceber que “será muito mais difícil carregar a dor de um aborto”, e que o amor por um filho com necessidades especiais, apesar das dificuldades, pode trazer muitas alegrias e ensinar muitas coisas. “Nós, mães de crianças especiais, amamos tanto e temos tantas alegrias que nos sentimos privilegias de Deus ter confiado esses anjinhos a nós”, conclui.
‘Optar pelo aborto é impedir que um indivíduo tenha a chance de superar os seus limites’ Renata Moraes
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Ana Carolina Dias no dia de sua formatura
Luiz recebe o carinho da mãe, do pai e dos três irmãos; o menino nasceu com microcefalia
A jornalista Ana Carolina Dias Cáceres, 24, nasceu com microcefalia causada por craniossinostose (calcificação prematura do crânio). A jovem hoje é um exemplo de superação e de que é possível viver com a doença. Nascida em Campo Grande (MS), ela é de uma família humilde: o pai é técnico de laboratório e a mãe, assistente de enfermagem. Em entrevista ao O SÃO PAULO, a jovem expressou com o orgulho que o apoio e a luta dos pais foram essenciais na superação do problema. “Meus pais sempre me apoiaram e incentivaram a estudar,
a lutar pelos meus objetivos. Mesmo com pouca condição financeira para custear o tratamento, eles lutaram e não desistiram de mim”. Segundo Ana, os médicos disseram a seus pais que ela não andaria, não falaria e teria pouco tempo de vida. A jornalista conta que quando criança passou por cinco cirurgias, teve que retirar parte do crânio para que o cérebro se desenvolvesse e também fez correções na face para que pudesse respirar. Ana Carolina defende de forma incondicional o direito à vida. “Optar pelo aborto é impedir que um indivíduo tenha a chance de superar seus limites e as pessoas à sua volta de aprender com ele”.
A jovem aconselha os pais que tenham bebês com microcefalia que conheçam melhor a doença. “Não só na teoria, mas na realidade, também por meio de outros pais com crianças nesta mesma condição”. Por amor à arte de ouvir e contar histórias, e de dar voz às pessoas que precisam ser ouvidas, Ana escolheu o jornalismo como profissão. Como projeto final do curso, escreveu um livro sobre a própria vida e de outras cinco pessoas com microcefalia. Ana criou um blog onde conta histórias de pessoas como ela, com suas rotinas e a superação das dificuldades. O endereço é https://microcefaliadiaadia. wordpress.com.
Dom Odilo reafirma que Igreja defende a vida
CNBB divulga mensagem sobre o combate ao Aedes aegypti
Em entrevista à rede BBC Brasil, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, conversou com o repórter Ricardo Senra sobre o aumento dos casos de microcefalia e a discussão sobre o aborto e a defesa da vida. “A mulher que tem a certeza que está gerando um bebê que vai ter microcefalia, deve se preparar para receber esse bebê. Se a humanidade se orientar por acolher e privilegiar somente os que são saudáveis, que são fortes, os que são poderosos, nós estaremos nos en-
Durante entrevista coletiva à imprensa na quinta-feira, 4, a CNBB divulgou uma mensagem chamando toda a Igreja do Brasil a intensificar a mobilização no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, do zika vírus e da chikungunya. “Com um grande mutirão, que envolva todos os setores da sociedade, seremos capazes de vencer essas doenças que atingem, sem distinção, toda a população brasileira”. A CNBB recorda que é necessária uma atenção especial ao zika vírus por sua provável ligação com a microcefalia, embora
caminhando para uma sociedade que se orienta pela eugenia”, afirmou o Arcebispo. “Mas não há que se duvidar que se fazem muitos abortos clandestinos e que há problemas e até mortes de mulheres”, continuou. “Isso é extremamente lamentável”. Destacando a defesa da vida e a formação do ser humano, o Cardeal Scherer afirmou: “O bebê não nascido, [seja com] apenas 12 semanas ou com 20 semanas de gestação, é humano desde o primeiro instante da concepção”. (RM)
isso não tenha disso provado cientificamente. “O estado de alerta, contudo, não deve nos levar ao pânico, como se estivéssemos diante de uma situação invencível, apesar de sua extrema gravidade”. Outra indicação é que tal situação “tampouco justifica defender o aborto para os casos de microcefalia como, lamentavelmente, propõem determinados grupos que se organizam para levar a questão ao Supremo Tribunal Federal num total desrespeito à vida”. Leia a mensagem na íntegra em: www.cnbb.org.br
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‘Dai-lhes vós mesmos de comer’ Na série do O SÃO PAULO sobre as obras de misericórdia, o destaque desta edição são os projetos e pessoas que dão alimentação a quem tem fome
PRATIQUE AS OBRAS DE MISERICÓRDIA
Luciney Martins/O SÃO PAULO
(Cardeal Odilo Pedro Scherer, Carta Pastoral “Misericordiosos como o Pai”, páginas 13 e 14).
Edcarlos Bispo
Obras de misericórdia corporais (materiais)
edbsant@gmail.com
“Ora, o dia começava a declinar e os Doze foram dizer-lhe: Despede as turbas, para que vão pelas aldeias e sítios da vizinhança e procurem alimento e hospedagem, porque aqui estamos num lugar deserto. Jesus replicou-lhes: Dai-lhes vós mesmos de comer”. Esse diálogo, retirado do capítulo 9 do evangelho de São Lucas, termina com um convite de Jesus. Algo tão importante que a Igreja o estabeleceu como uma obra de misericórdia: “Dar de comer a quem tem fome”. O Papa Francisco pede que no Ano Santo extraordinário da Misericórdia, os fiéis reflitam sobre as obras de misericórdia, além de buscar formas concretas de colocá-las em prática.
O ‘Chá do Padre’
O Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) tem, entre seus serviços de acolhida as pessoas em situação de rua o “Chá do Padre”, um ambiente onde os moradores são atendidos e recebem um alimento simples no final da tarde. “O Centro Franciscano de Proteção e Atendimento à População de Rua – ‘Chá do Padre’ – é um espaço de reinserção social, proteção e acolhida da população de rua do centro da cidade de São Paulo. Além de servir diariamente ‘o lanche da tarde’, realiza o atendimento e a mobilização na luta por seus direitos”, descreve o site da entidade. Para a coordenadora do “Chá do Pa-
“O Evangelho foi anunciado por Jesus como um ‘tempo de misericórdia’, marcado pelas obras concretas praticadas por ele mesmo, como lemos no Evangelho: ‘O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres, para proclamar a libertação aos presos, a recuperação da vista aos cegos...’ (cf. Lc 4, 16-20)”.
Dar de comer aos que têm fome Dar de beber a quem tem sede Prover os que não têm o que vestir Acolher o estrangeiro Assistir os doentes Visitar os presos Sepultar os mortos
Obras de misericórdia espirituais
dre”, Márcia Elizabeth dos Santos, não é só a questão da alimentação, mas a busca por dignidade e reinserção social. Para ela, o Sefras se coloca, junto à Pastoral do Povo de Rua, na luta pelos direitos da população em situação de rua. Atualmente, o espaço do “Chá do Padre” está em reforma. Um convênio assinado com a Prefeitura de São Paulo transformará o local em um centro de convivência, ampliando ainda mais os serviços que são ofertados à população em situação de rua. De um simples chá da tarde, o espaço passará a oferecer refeição para 300 pessoas, além de oficinas e outras atividades. Por ora, por causa da reforma, o chá com pão está suspenso, mas Márcia informou que em março o serviço já voltará a ser oferecido e até o meio do ano o espaço poderá fornecer as refeições. Márcia acrescenta que no lugar, semanalmente, é celebrada a Eucaristia. Emocionada, lembra-se do Papa Francisco, de seu convite para que todos vivam a misericórdia no dia a dia, nas pe-
quenas ações. Ela salienta que o Pontífice fala para a humanidade coisas óbvias que foram esquecidas. “A misericórdia, em sua etimologia é ‘meu coração na miséria do outro´. Nesse caso, o outro que está destituído de seu direito, está vulnerável”.
Paróquias: trincheiras da solidariedade
Nas paróquias e comunidades, a Pastoral Social é um exemplo de trabalho que cumpre essa obra de misericórdia. Mas há, ainda, entre as paróquias, casos como a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, na Região Episcopal Lapa, que recebe moradores em situação de rua, oferecendo-lhes uma refeição. Dona Teresinha Luca Mari parou um pouco seu trabalho na cozinha para conversar com a reportagem do O SÃO PAULO e contar que há mais de 20 anos a Paróquia realiza esse serviço, que acontece de segunda a sexta-feira, das 13h às 19h, atendendo a mais de cem pessoas. A coordenadora do projeto, Maria Rosa Negri da Silva, explicou que a ideia da iniciativa foi do Frei Egisto Cansian,
Ajudar os que têm dúvidas Ensinar os que não sabem Aconselhar os pecadores Consolar os aflitos Perdoar as ofensas Suportar com paciência as injustiças Rezar a Deus pelos vivos e mortos então pároco, que ainda hoje vive na Paróquia. Atualmente, mais de 60 pessoas trabalham voluntariamente, divididas em cinco equipes, distribuindo as refeições aos mais necessitados. As refeições, que tem no cardápio arroz, feijão, legumes, carne e sobremesa, são preparadas com alimentos doados pelas pessoas da comunidade. Cada dia da semana, um grupo de trabalho se organiza para prepará-las e servi-las. De acordo com ela, no começo a atividade era mais voltada para moradores em situação de rua, mas atualmente atende a qualquer pessoa que chegar. Dona Teresinha conta que desde que seu marido faleceu, fez dessa atividade a sua terapia. “Deixo tudo em casa e venho para cá”, conta. Por fim, ela fez um apelo para que mais pessoas se disponham a ajudar o próximo.
Testemunho: Misericórdia também se aprende em casa Era a primeira vez que a família da minha noiva vinha em casa para um almoço formal, essas coisas de apresentação de famílias. Os pais dela queriam conhecer minha mãe e meus irmãos. A gente costuma ficar apreensivo nessas ocasiões, tem medo que algo saia errado ou acabe por desagradar aos sogros – conquistar a família de sua noiva ou namorada é tão importante quanto conquistar a própria. Minha mãe havia acordado cedo,
tão apreensiva quanto eu, e, não querendo estragar o relacionamento do filho, decidiu fazer um banquete para receber os convidados. Comida preparada, casa arrumada e todos famintos, a campainha tocou. Fui ao portão ver quem é que nos incomodava. Do outro lado, um senhor pedia algo para comer. Ia dispensá-lo, mas resolvi falar com minha mãe. Não estava com cabeça para aquilo, minha preocupação era
unicamente agradar a meus sogros. Minha mãe parecia estar esperando o convidado, mas foi possível notar no semblante dela um certo incômodo. Quase sussurrando, ela contou se tratar de um senhor que sempre ia em casa pedir comida e ela dava algo para ele comer. Como ninguém havia se servido ainda, alguém sugeriu que minha mãe pedisse para ele esperar um pouco e após todos almoçarem ele seria servi-
do. A proposta foi logo rejeitada por ela, que abriu o armário da cozinha, pegou uma vasilha, colocou comida e levou até o portão. Ninguém falou mais nada. Sentamos e comemos. Hoje, ao escrever esta reportagem, lembrei-me da minha mãe e também das muitas mães, pais e filhos que no silêncio, sem busca de interesses próprios ou glória, cumprem esse mandato de Jesus: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. (Por Edcarlos Bispo)
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Aparecida, rumo aos 300 anos
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Aparição da imagem da Padroeira do Brasil será tema de samba-enredo no carnaval paulistano em 2017 Renata Moraes
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O encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida no rio Paraíba do Sul, no ano de 1717, completará seu tricentenário jubilar em 2017. Para celebrar o fato, diversas homenagens estão sendo preparadas pelo Santuário Nacional de Aparecida. As homenagens em honra à Padroeira do Brasil vão além das paróquias e tomarão conta do sambódromo do Anhembi. A escola de samba Unidos da Vila Maria, da zona Norte de São Paulo, procurou a Arquidiocese de São Paulo para desenvolver um samba-enredo sobre esse jubileu. “Nós queremos um desfile respeitoso em homenagem a Nossa Senhora” expressou Adilson José, presidente da Unidos de Vila Maria, durante a primei-
ra conversa com a Arquidiocese, conforme recordou Rafael Alberto, assessor de imprensa e secretário do Vicariato Episcopal para a Pastoral da Comunicação. Após esse contato, foi criada uma comissão composta de membros da Arquidiocese de São Paulo e do Santuário Nacional de Aparecida com o objetivo de acompanhar todo o processo de construção do desfile, garantindo que a história seja contada com fidelidade. Em entrevista ao portal A12, Renato Candido, diretor executivo e responsável pela área comercial da Vila Maria, afirmou que tudo será pensado respeitando o contexto religioso. “Vetaremos nudez. O desenho das fantasias, carros alegóricos e a letra do samba serão apreciados por uma comissão da Igreja”. Renato adiantou que o samba alusivo será a música “Nossa Senhora”, composição de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Dentre as principais recomendações dessa comissão, a Escola foi orientada para que no desfile sejam respeitadas as seguintes condições: não usar o nudismo; não fazer sincretismo religioso e tratar com muito respeito a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Vale res-
saltar que nem a Arquidiocese de São Paulo e nem o Santuário Nacional contribuirão com qualquer tipo de ajuda financeira à Escola. A Unidos da Vila Maria declarou que todos os custos do desfile de 2017 serão arrecadados com patrocinadores.
‘Que sejam fiéis à mensagem de Nossa Senhora Aparecida’
Em entrevista ao O SÃO PAULO, o Padre João Batista de Almeida, reitor do Santuário Nacional de Aparecida, contou que recebeu com alegria a notícia da homenagem. “Esperamos que 2017 seja um ano jubilar, não só na Igreja e nos templos, mas jubilar na sociedade. Nosso povo brasileiro é muito devoto de Nossa Senhora Aparecida e a imagem dela faz parte do patrimônio cultural do Brasil e não só do patrimônio religioso”. O Reitor ressaltou que o Santuário Nacional forneceu à Escola de Samba toda formação sobre o tema, disponibilizando livros da história da Padroeira, assim como visitas monitoradas à Basílica e ao museu, e que tem acom-
panhando de perto toda a preparação do desfile, assim como a construção do samba-enredo. “Nós pedimos que eles sejam fiéis à história naquilo que for histórico, sejam fiéis à mensagem de Nossa Senhora Aparecida, e sejam também fiéis àquilo que o povo espera com muito respeito à Nossa Senhora”. O pedido é que a Unidos de Vila Maria apresente no carnaval 2017 um desfile bonito e respeitoso, “para que aqueles que são devotos se sintam, de fato, valorizados e que a imagem não seja um objeto, apenas. Que ela seja uma grande estrela nesse momento do desfile”. Segundo Padre João, a homenagem da Vila Maria será o primeiro grande evento do jubileu “300 anos de bênçãos”, promovido pelo Santuário Nacional de Aparecida. “Será uma grande oportunidade de a sociedade brasileira ficar sabendo que 2017 é o ano do tricentenário do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, não só os fiéis que frequentam nossas paróquias e dioceses, mas toda a sociedade e nos demais países em que o carnaval é transmitido pela TV”, encerrou. (Com informações do portal A12)
Arquidiocese monitora escolas de samba no carnaval paulistano Durante o carnaval de 2016, a Arquidiocese de São Paulo acompanhou a preparação do desfile de algumas escolas, sobretudo aquelas que abordaram em seus sambas-enredos temas religiosos. O pedido feito para essas escolas foi de que respeitassem os símbolos de fé e a
devoção católica e, principalmente, que evitassem a nudez nos desfiles. Uma dessas escolas foi a Águia de Ouro, que em seu enredo retratou o tema “Ave Maria cheia de faces”. Para quem acompanhou o desfile pela TV ou na avenida, foi possível perceber a ausência
de componentes nus, respeitando, assim, as orientações da Arquidiocese de São Paulo. Porém, um fato causou estranheza e descontentamento em grande parte dos cristãos católicos. No carro abre-alas, uma bailarina representando Nossa Senhora Aparecida saía de um caldeirão
esfumaçante. A cena não agradou e a Escola já foi questionada e será orientada. O intuito dessa aproximação da Arquidiocese com a Liga das Escolas de Samba de São Paulo é de promover um diálogo de respeito, ressaltando a cultura popular que faz parte do carnaval. (RM)
16 | Fé e Cultura |
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Filipe David
osaopaulo@uol.com.br
Dica de Leitura Aquela que chora Consta nesta edição do livro o relato da aparição de Nossa Senhora na vila francesa da Salette, em 1846 (escrito pela própria vidente), e também os discursos e segredos que Nossa Senhora proferiu aos dois pastorinhos videntes na ocasião (aprovados pela Igreja), o texto original da Regra da Ordem religiosa que Maria pediu que fosse instituída no local, um documento escrito pela pastora vidente Mélanie acerca da conspiração clerical que tentou abafar posteriormente todo o caso, e outros textos de Léon Bloy sobre o assunto, retirados de seus diários. A tradução é inédita no Brasil. “O desígnio desta obra, claramente indicado na introdução, não é fazer o relato do Milagre da Salette. Ele já foi feito tantas vezes que os cristãos são inescusáveis de ignorá-lo. Quando cresceram, os próprios dois pastores escreveram e publicaram-no e as duas
narrativas, que deveriam ter sido espalhadas por todo o mundo, são idênticas no que se refere às circunstâncias do acontecimento e ao texto do discurso público. No que diz respeito aos Segredos, somente Mélanie divulgou o seu, reservando, porém, ao Soberano Pontífice a Regra, dada por Maria, de uma nova Ordem religiosa, a Ordem dos ‘Apóstolos dos Últimos Tempos’, fundação nitidamente profetizada no século XVII pelo venerável Grignion de Montfort. Como não escrevo para a multidão, dirijo-me, então, exclusivamente àqueles que conhecem o Fato da Salette, certo de que os outros não se interessarão por ele. Quero, sobretudo, mostrar, o melhor que puder, o milagre que ocorreu em seguida e que é talvez maior que Aquele da Aparição – o milagre, certamente mais incrível, da indiferença univer-
Evento
Marcelo Tupynambá e a alma musical modernista
sal ou da hostilidade de um grande número” (Léon Bloy). FICHA TÉCNICA: Autora: Léon Bloy Páginas: 236 Editora: Ecclesiae
O evento apresenta uma sequência de concertos comentados a partir da obra de Marcello Tupynambá e seu impacto em torno da Semana de Arte Moderna de 1922. Serão abordados textos e parcerias dos modernistas Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Villa-Lobos, Menotti del Picchia e Darius Milhaud, para que o participante consiga compreender e reconhecer estilos dos escritores que deram corpo ao Modernismo de 22 e possam, também, tomar melhor contato com o sentido da obra do compositor Marcello Typinambá. Será na Casa Guilherme de Almeida (rua Macapá, 187, Perdizes), nos dias 16, 17 e 18, das 19h às 21h. Para mais informações e inscrições: (11) 3673-1883 ou casaguilhermedealmeida.org.br.
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Papa Francisco faz a bola rolar pela paz L’Osservatore Romano
Ao lado de Ronaldinho Gaúcho, Pontífice anunciou a realização da segunda edição da Partida Inter-Religiosa pela Paz Daniel Gomes
danielgomes.jornalista@gmail.com
O Estádio Olímpico de Roma receberá em 29 de maio a segunda edição da Partida Inter-Religiosa pela Paz, também chamada de “Jogo da Paz”. O anúncio foi feito pelo Papa Francisco, no Vaticano, no dia 3, ao lado do brasileiro Ronaldinho Gaúcho, que será uma das estrelas da partida. “Encontro com o Papa Francisco! Muito emocionante! Fico muito honrado pelo convite para o Jogo da Paz! Deus abençoe a todos!”, escreveu o atacante brasileiro, de 35 anos, em seu perfil no Facebook. Ronaldinho já havia sido convidado pelo Papa para a primeira edição do jogo, em setembro de 2014, mas não pôde ir à partida que teve a presença do argentino Diego Maradona, o ucraniano Shevchenko, o colombiano Valderrama, os italianos Roberto Baggio, Del Piero e Zanetti, entre outros atletas. Os anúncios do segundo “Jogo da Paz” e de um encontro de boxe entre um católico e um muçulmano, em 7 de maio, em Las Vegas, nos Estados Unidos, aconteceram ao final de um evento na Casina Pio IV, no Vaticano, da Fundação Pontifícia Scholas Occurrentes, que culminou em um estatuto internacional ao organismo criado pelo próprio Papa Francisco quando era arcebispo de Buenos Aires, na Argentina.
Ronaldinho Gaúcho e Papa Francisco anunciam realização do Jogo da Paz para 29 de maio
Depois da apresentação dos projetos da Fundação Pontifícia e dos testemunhos de alguns jovens, o Papa comentou sobre o valor da educação para a harmonia da pessoa. “Quando se fala de educação, se deve falar de toda a riqueza da pessoa humana”, disse, destacando que deve se dar espaço, sobretudo, à capacidade criativa dos jovens e dos adolescentes para que promovam o diálogo entre religiões e culturas e construam um mundo mais inclusivo. Francisco também comentou que o futebol, assim como todos os esportes, é capaz de educar e promover a cultura do encontro.
Em campo pela paz
A partida de 29 de maio não será a primeira em que Ronaldinho atuará pela paz. Em 2004, por exemplo, o atacante esteve com a seleção brasileira no Haiti, no amistoso que ficou conhecido como
“Jogo pela Paz”. À época principal jogador do Barcelona, da Espanha, ele fez três dos seis gols da seleção no jogo disputado no estádio Sylvio Cator, em Porto Príncipe, capital do País. Antes daquela partida, os jogadores do Brasil desfilaram em carro aberto pelas ruas da cidade, seguidos por uma multidão de haitianos. “Ainda lembro daquele dia. Eu era criança, mas lembro que todos os haitianos corriam para trás do carro que os jogadores do Brasil estavam indo para o estádio. Ficamos ainda mais apaixonados pela seleção brasileira”, recordou, ao O SÃO PAULO, o jogador Jean Anel Louis,17, que está no Brasil com o time do Pérolas Negras, formado por jovens haitianos apoiados pela ONG Viva Rio. A capacidade do futebol de proporcionar momentos de paz não é recente. Marcos Wilson, coordenador de desenvolvimento esportivo da Pastoral do Es-
porte da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, recordou à reportagem um episódio envolvendo o time dos Santos, na década de 1960. “Em 1969, o Santos de Pelé excursionava pela África e acontecia na Nigéria uma guerra civil. O Santos jogou no olho do furacão, na cidade de Benin - visada pelos rebeldes por sua importância econômica e administrativa - mesmo com os ataques que o local sofria. Naquele 4 de fevereiro, não houve bombas, nem tiros, apenas paz. O governador da província decretou feriado naquela data, enquanto as forças militares liberaram uma ponte para que os torcedores pudessem ver a partida no estádio. E 25 mil pessoas viram o Santos vencer por 2 a 1, em momento que simbolizou a única trégua até o fim o conflito, que viria a acontecer em 1970”, recordou Marcos Wilson. (Com informações L’Osservatore Romano e rádio Vaticano)
AGENDA ESPORTIVA Paulistão de Futebol QUINTA-FEIRA (11) – Série A1 21h – Corinthians x Capivariano (Arena Corinthians) SÁBADO (13) – Série A1 17h – Palmeiras x Linense (Allianz Parque) DOMINGO (14) Série A2 10h – Juventus x Rio Branco (Estádio da Rua Javari) Série A1 17h – Corinthians x São Paulo (Arena Corinthians)
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Brasilândia
Vitor Galvani e Késia Pereira
Colaboração especial para a Região
Com missão jovem, Paróquia abre comemorações pelos 300 anos do Padroeiro Arquivo pessoal
Jovens missionários posam para foto em frente à Paróquia São Luís Montfort
A Paróquia São Luís Maria Grignion de Montfort, no Setor Pastoral Jaraguá, recebeu, entre 9 e 17 de janeiro, cem jovens missionários do Grupo de Animação Missionária dos Salesianos (GAM), vindos de várias cidades do interior de São Paulo, que foram à Paróquia para visitar, promover atividades e celebrações. Os missionários visitaram as famílias das cinco comunidades da
Paróquia, rezaram e realizaram brincadeiras e gincanas com as crianças nas quadras e artesanato com os jovens e adultos. Todo dia de missão era concluído com uma celebração. Um momento marcante das atividades foi a representação da Via-Sacra nas ruas do bairro, preparada pelos jovens, que com criatividade representaram a Misericórdia de Deus presente na história da Crucificação e da redenção de Cristo.
Vitória Possignolo, 20, estudante de Engenharia de Produção, veio de Piracicaba (SP) para a missão. Ela frisou que “missionário é aquele que é chamado, ouve o chamado e vai ao encontro dos mais necessitados. No entanto, fomos surpreendidos, pois viemos trazer Jesus e o encontramos no olhar e no sorriso daqueles que aqui vivem. A acolhida foi muito boa e fez o grupo todo sentir-se em casa, desde o primeiro momento.” Reconhecendo o significado que a semana missionária protagonizada pelos jovens proporcionou à Paróquia, Igor Belarmino, 23, eletricista e também catequista de Crisma, destacou que “os missionários salesianos trouxeram para a Paróquia um encontro com Jesus misericordioso por meio das visitas, das atividades, das celebrações, da escuta e da presença de todos”.
300 anos do Padroeiro e reforma da matriz
Em meio à missão, em 10 de janeiro, foram iniciadas na Paróquia as comemorações pelos 300 anos de morte de São Luís Grignion de Montfort (1673-1716). Na oportunidade, tam-
Missão Mensagem de Paz reforça opção de seguir Jesus Os integrantes da comunidade católica Missão Mensagem de Paz se reuniram, entre 22 e 24 de janeiro, na Casa de Oração Maria de Nazaré para um retiro vocacional. O encontro teve a presença de Georgia Moura, do Instituto Finday, que ressaltou o conceito de amor expresso por Santa Teresa d’Ávila, indicando que o amor está voltado ao ato de escolha e, assim, é preciso que cada pessoa busque a concretude do amor, olhando para si e tomando uma posição perante a caminhada na comu-
nidade. Georgia também abordou o conceito de autoridade e domínio próprio e o tempo que cada pessoa deve dispor para si. O pregador Laércio Oliveira, fundador da Comunidade Discipuli Domini, convidou os participantes a refletirem sobre as ações na comunidade, para que atraiam outras pessoas e as ajudem a chegar a Deus. Os membros da Comunidade também refletiram sobre um vídeo que abordou a forma como cada grupo e ministério leva paz aos corações.
O último dia do encontro teve a oração de Laudes e a celebração da Palavra, pelo fundador Fernando Baptista. Houve ainda a apresentação de 25 novos membros da Comunidade, totalizando, agora, 140 mensageiros da paz. Ele ressaltou que “vestir o carisma da comunidade é estar sujeito às provações e dificuldades” e “deixar ser conquistado e conquistar quem e aquilo que amamos’’, afirmou, comentando, ainda, que quem está disposto a viver o carisma sempre deve se perguntar: “Até que ponto seguirei Jesus?”
bém se comemorou os 30 anos de sacerdócio do Padre Luizinho Stefani, missionário monfortino. Padre Sérgio Antônio Bernardi, pároco, enalteceu a presença dos jovens salesianos e fez menção aos três séculos da promoção da espiritualidade do Santo. “Iniciar o Jubileu de 300 anos do nosso Padroeiro com a busca de resoluções para a enchente que prejudicou mais de duzentas famílias do bairro [nos primeiros dias de 2016] e também com uma rica semana missionária é oportunidade única de reconhecer a presença misericordiosa de Deus e o seu impulso para todos nós em nossas comunidades”, afirmou o Sacerdote. Em 28 de abril será celebrada a páscoa de São Luís Maria Grignion de Montfort. A semana missionária com os jovens salesianos abriu a programação das comemorações do Jubileu de 300 anos. Desde janeiro de 2015, a Paróquia tem realizado eventos, campanhas, contribuições espontâneas e bazares e intensificado a campanha do Dízimo para viabilizar a construção de um templo maior.
Ajuda a vítimas de enchentes
A Paróquia São José, no Setor Pastoral Perus, está auxiliando as vítimas das enchentes que assolaram o bairro no sábado, 6. Os interessados em colaborar podem doar roupas, alimentos, colchões, água, fraldas e itens de higiene pessoal e de limpeza na matriz paroquial (rua João Jacinto Mendonça, 134, Perus). Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 39172423.
Josino Monteiro
Viviane Santos
Em missa presidida por Dom Devair, em 30 de janeiro, foram apresentados o novo vigário paroquial da Paróquia Santa Cruz de Itaberaba, no Setor Freguesia do Ó, o Padre João Henrique Novo do Prado, e o novo colaborador paroquial, o Padre José Mário Ribeiro.
Em 31 de janeiro, o Padre Gleidson Luís de Sousa Novaes (centro) foi apresentado como vigário paroquial da Paróquia São Judas Tadeu, no Setor Nova Esperança, durante missa presidida por Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia.
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Peterson Prates
Colaborador de comunicação da Região
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Belém
Cardeal Scherer dá posse a administrador da Paróquia Santa Rosa de Lima Os fiéis da Paróquia Santa Rosa de Lima, no Setor Vila Alpina, acolheram no domingo, 7, o novo administrador paroquial, o Padre Lauro Wisnieski, que tomou posse da função, em missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano. Com a matriz paroquial lotada por aproximadamente 250 pessoas das 12 comunidades da Paróquia São Mateus Apóstolo, onde Padre Lauro exercia seu ministério, e das quatro comunidades da Paróquia Santa Rosa de Lima, o Sacerdote foi saudado pela paroquiana Maria
Elizabeth Tenreiro. “Seja bem-vindo a essa Paróquia e conte conosco em suas dificuldades”, afirmou. “A comunidade católica tem que fazer diferença no bairro”, destacou o Cardeal, na homilia. “Que o Padre Lauro tenha toda força e toda graça de Deus para desempenhar aqui a figura de um pai, dessa família paroquial de Santa Rosa de Lima”, completou, durante a missa concelebrada pelo novo administrador paroquial e pelos padres Jefferson Mendes, Hugo de Blacam e Pedro Augusto Ciola de Almeida. Padre Lauro agradeceu a pre-
sença de todos da Paróquia São Mateus e da Paróquia São José do Belém, onde também trabalhou. “O padre precisa de muita oração, precisa de apoio, precisa conviver com as famílias, com os serviços, pastorais e comunidades. Queremos caminhar”, disse, destacando, ainda, que se solidariza com as vítimas das fortes chuvas que atingiram o bairro neste começo de ano. “Como Igreja, a gente quer estar junto daqueles que sofrem e padecem com essa situação que vez ou outra acontece por aqui”, finalizou.
Peterson Prates
Cardeal saúda Padre Lauro Wisnieski
Padre Edivaldo Batista assume a Paróquia São Mateus Apóstolo Peterson Prates
Padre Edivaldo é aplaudido por fiéis após posse na Paróquia São Mateus Apóstolo
“Que a comunidade aqui me ajude a, de fato, desempenhar o papel a serviço do Evangelho e da evangelização”. Assim expressou o Padre Edivaldo Batista da Silva, ao ser empossado como pároco da Paróquia São Mateus Apóstolo, no Setor Pastoral São Mateus, pelo período de seis anos, na noite do domingo, 7, em missa presidida pelo Cônego José Miguel de Oliveira, vigário episcopal da Região Belém. Concelebrada por seis padres, a missa teve a participação de diáconos, de seminaristas, das irmãs salvatorianas que atuam na Paróquia, de paroquianos e de fiéis da Paróquia Santa Rosa de Lima, onde Padre Edivaldo exerceu seu ministério. Cônego José Miguel, na homilia, recordou que durante os 34 anos de
seu sacerdócio recomeçou 11 vezes a frente de paróquias. “Repito por experiência própria: vale a pena começar tudo de novo”, disse, estimulando o Padre Edivaldo: “Não tenha medo”. Durante o rito de posse, Padre Edivaldo renovou as promessas de sua ordenação, professou o símbolo da fé, fez o juramento junto ao livro dos Evangelhos e recebeu alguns símbolos que marcam o exercício do ministério presbiteral, como as chaves da igreja, a chave do sacrário, o sacramentário, os santos óleos, a estola roxa e o missal. Ao final, fez um pedido aos fiéis da Santa Rosa de Lima: “Fiquem com tudo de bom que transmiti do Evangelho e ajudem o Padre Lauro Wisnieski lá”.
Ipiranga
Padre José Ronaldo de Castro Gouvêa, SCJ Colaboração especial para a Região
Clero é estimulado à intensa vivência do Ano da Misericórdia A atenção ao Ano Santo extraordinário da Misericórdia foi o assunto principal da primeira reunião geral do clero atuante na Região Ipiranga, que aconteceu no dia 2, no campus Ipiranga da PUC-SP. Após a oração dos salmos, Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, conduziu a reunião com uma reflexão sobre o Ano Santo, a partir da bula Misericordiae Vultus, do Papa Francisco. O Bispo ressaltou que a grande preocupação da Arquidiocese é que o Ano Santo não passe como um ano qualquer, mas que seja vivido com intensidade em cada paróquia,
espiritualmente e caritativamente pelas obras de misericórdia. Ele ainda reforçou que trata-se de um ano da evangelização pela prática do perdão e da caridade; e salientou a importância do sacramento da Confissão: “ser confessor é participar ativamente da vida de Cristo, é dar continuidade na missão de Jesus”. Durante a reunião, Dom José Roberto mencionou algumas datas relevantes para a Região Ipiranga e à Arquidiocese de modo geral, e comunicou algumas nomeações e transferências de padres e a configuração dos novos assessores de pastorais. Padre Ricardo Antônio Pinto passa a assessorar o Setor Ju-
Caroline Dupim
Clero atuante na Região Ipiranga posa para foto após primeira reunião geral de 2016
ventude regional; Padre Paulo Siebeneichler, OSJ, é o novo assessor da Pastoral Social; Padre José Ronaldo, SCJ, passa a assessorar a Pastoral da Comunicação; e Padre Sandro Nas-
cimento, SJS, é o novo assessor da Animação Missionária. As nomeações e transferências de padres serão em breve publicadas na seção “Atos da Cúria” do jornal O SÃO PAULO.
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Santana
Diácono Francisco Gonçalves
Colaborador de comunicação da Região
Em exposição, a vida e os ensinamentos de Madre Teresa de Calcutá Diácono Francisco Gonçalves
Cardeal Odilo Scherer e Dom Sergio de Deus Borges abrem exposição sobre Madre Teresa de Calcutá no Hipermercado Andorinha
O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, acompanhado de Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, e de membros da
família Gouveia, proprietária do Hipermercado Andorinha, inauguraram, no dia 1º, a exposição que homenageia a beata Madre Teresa de Calcutá (1910-1997), e que está Diácono Francisco Gonçalves
Com missa presidida por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, a Paróquia Nossa Senhora da Candelária festejou sua padroeira, no dia 2, encerrando as festividades iniciadas com novena.
aberta à visitação gratuita até dia 28, das 8h às 18h, diariamente, na praça de alimentação ao lado da loja Meu Rei – P3, do Hipermercado (avenida Parada Pinto, 2.262, Horto Florestal). Essa exposição veio ao Brasil por ocasião da Jornada Mundial da Juventude de 2013 e agora percorre todo o País. Nela, podem ser vistas fotos da trajetória de vida da Beata, cartas e manuscritos, a réplica do quarto onde ela viveu e um filme sobre sua obra a favor dos pobres. Antes da inauguração, diante dos padres Agostinho Romano Zacchetti, Antonio (Toninho) Moura, Antônio Lima da Silva, Dalmir Oliveira dos Anjos, Fernando da Silva Moreira e das irmãs Missionárias da Caridade, Padre Pietro Plona leu o Evangelho do dia e Dom Odilo fez uma breve homilia e agradeceu à família
Gouveia por promover a exposição daquela que, em setembro próximo, será canonizada, em Roma, pelo Papa Francisco. O Cardeal lembrou que neste Ano Santo extraordinário da Misericórdia, a Igreja vê com alegria a homenagem aos santos que vivenciaram as obras de misericórdia em suas vidas, como Madre Teresa, e ressaltou o trabalho desenvolvido na Região Santana pelas Missionárias da Caridade, congregação fundada pela Beata. Nascida em 27 de agosto de 1910, em Skopje, na Albânia, Agnes Gonxha Bojaxhiu, aos 18 anos, consagrou-se a Deus ingressando na Casa Mãe das Irmãs de Nossa Senhora de Loreto, situada na Irlanda. No entanto, sonhava na missão junto aos pobres. Assim, ainda no noviciado, suas superioras a enviaram para a Índia e, no dia 24 de maio de 1931, fez a profissão religiosa tomando o nome de Teresa, com a intenção, conforme suas palavras, de se parecer com Santa Teresinha do Menino Jesus. Transferida para Calcutá, foi professora das filhas das famílias tradicionais, mas se impressionava com a pobreza existente ao seu redor e teve o discernimento, em 1946, de que sua missão era de dedicar-se aos mais pobres dos pobres. Em 1949, Madre Teresa fundou a congregação das Missionárias da Caridade. Em 1979, recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Ela faleceu em 5 de setembro de 1997 e foi beatificada por São João Paulo II em 19 de outubro de 2003.
Pastoral da Pessoa Idosa
Rodrigo Villa
A Pastoral da Pessoa Idosa realizou reunião de sensibilização de seus integrantes na Paróquia Sagrada Família, no Jardim Antártica, precedendo a formação que terá início no sábado, 13, às 9h, para que se inicie na Paróquia um grupo da Pastoral.
Padre Valdevir Cortezi, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Luz, presidiu missa em honra da padroeira, no dia 2, acolitado pelo diácono Marcio Ribeiro e com presença de grande número de fiéis, que portando velas iluminaram o templo.
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REDAÇÃO
osaopaulo@uol.com.br
CF 2016 ressalta as urgências por saneamento básico no Brasil O clero atuante na Região Episcopal Sé reuniu-se no dia 3, na Paróquia Santíssimo Sacramento, na Vila Mariana, para, entre outras questões, refletir sobre a temática da Campanha da Fraternidade de 2016. A assessoria sobre o tema foi dada pelo Padre Manoel Conceição Quinta, SSP. Ele comentou que a Campanha da Fraternidade de 2016 é ecumênica, diz respeito não só à Igreja Católica, mas às igrejasmembros do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (Conic) - Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja de Confissão Luterana do Brasil, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Igreja Presbiteriana Unida do Brasil e a Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia – e que houve, ainda, a adesão da Confederação das Igrejas Batistas e da Igreja Católica Apostólica Romana na Alemanha, por meio da Misereor, que ajuda
as igrejas da América Latina. Além das igrejas cristãs, outras comunidades não cristãs se engajaram nessa Campanha que tem como foco o saneamento básico. Padre Manoel lembrou que o lema da Campanha foi tirado do profeta Amós: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24). O Profeta compara o direito e a justiça à água. O versículo faz lembrar que direito e justiça devem ser como um rio caudaloso, onde as águas correm perenemente, não sujeito à estiagem. E direito e justiça se referem na Campanha ao saneamento, que é o conjunto de medidas adotadas para melhorar a vida e a saúde das pessoas. O saneamento deve contemplar o abastecimento de água tratada, a coleta e saneamento de esgoto, a limpeza urbana, a drenagem das águas de chuva e, por fim, o manejo dos resíduos sólidos.
À primeira vista parece que a temática é nova, mas, segundo o Assessor, pelo menos seis Campanhas da Fraternidade já trataram o tema: “Por um mundo mais humano: Preserve o que é de todos” (1979); “Saúde e fraternidade: Saúde para todos” (1981); “Fraternidade e moradia: Onde moras?” (1993); “Fraternidade e água: Água, fonte da vida” (2004); “Fraternidade e vida do planeta: A criação geme em dores de parto” (2011) e “Fraternidade e saúde pública: Que a saúde se difunda sobre a terra” (2012). Padre Manoel lamentou que existam graves problemas de saneamento por todo o Brasil e destacou que onde falta saneamento, aumentam os casos de doenças como diarreia, cólera, hepatite, febre tifoide, entre outras. Para o Sacerdote, o primeiro responsável pelo saneamento é o governo, cabendo aos municípios
Sé
tratar a água, proporcionar rede de esgoto, sanear o esgoto, cuidar das galerias de águas pluviais, zelar pela limpeza pública, seja por meio da coleta de lixo, seja pelo destino que se dá aos resíduos sólidos. No Brasil existem 2.906 lixões, onde não há nenhuma espécie de tratamento, recebendo não só lixo orgânico, mas todo tipo de material descartável, inclusive lixo hospitalar. Ao final, ele lembrou que a situação é grave e que os cristãos precisam zelar pelo bem comum. “Como usamos a água? Há desperdício? Por que nossas cidades são sujas e os bueiros entupidos de lixo? Sabendo que muitas pessoas não têm o que comer, ainda jogamos comida no lixo? Esse é um pecado gravíssimo! A Campanha da Fraternidade é instigante e exige nossa conversão para que nossa casa comum seja bela e habitável como Deus quer”, finalizou.
Dom Eduardo Vieira dos Santos festeja 1 ano de episcopado “Que Deus me dê a graça necessária para viver bem o ministério episcopal. Que Vocês rezem por mim, estejam comigo no exercício do meu ministério”. O pedido de Dom Eduardo Vieira dos Santos, ao ser ordenado bispo auxiliar de São Paulo, em 7 de fevereiro de 2015, tem sido atendido de modo especial pelo fiéis e o clero atuante na Região Sé. Prova disso é que no domingo, 7, muitos deles foram a Catedral da Sé para comemorar o primeiro ano do episcopado do Bispo, em missa por ele presidida e que teve por concelebrantes os padres atuantes na Região e Dom Antonio Carlos Altieri, arcebispo emérito de Passo Fundo (RS). Antes da celebração, Dom Eduardo peregrinou até a Porta Santa da Catedral. Após a missa, ele foi homenageado por paroquianos e funcionários da Catedral da Sé, onde foi o cura entre agosto de 2013 até a sua nomeação como bispo auxiliar da Arquidiocese, pelo Papa Francisco, em dezembro de 2014.
Helena Ueno
Dom Eduardo Vieira dos Santos é presenteado na missa comemorativa pelo seu primeiro ano de episcopado, no domingo, 7
Por melhor qualidade de vida na terceira idade A Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima, na Região Sé, tem promovido palestras sobre a saúde, especialmente voltada aos idosos, com especialistas em assuntos diversos sobre as vantagens de se conhecer e tomar medidas visando uma melhor qualidade de vida na terceira idade. Vários assuntos já foram trata-
dos, entre os quais a diabetes e obesidade, a saúde bucal, a prevenção de quedas e a dor crônica. Neste mês, o assunto será “A Insuficiência Renal”, em palestra a ser proferida pelo Doutor Marcelo Loeser, geriatra, no dia 15, às 10h30, no salão paroquial. A entrada é franca e aberta também a pessoas de outras paróquias.
O tema deste mês irá abranger as causas da insuficiência renal, muitas vezes decorrentes de mau uso de remédios por parte de idosos. Tendo em vista o aumento crescente do interesse dos fiéis e dos palestrantes, a equipe da Pastoral da Saúde vê que este é um ótimo caminho que pode cola-
borar muito com a melhoria da saúde na velhice. Muitos relatos de mudança de hábitos já foram testemunhados. A Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima está localizada na avenida Dr. Arnaldo, 1.831, no Sumaré. Saiba mais detalhes pelo telefone (11) 3862-8665. (Com informações da Pastoral da Saúde)
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Lapa É tempo de agir pelo bem da casa comum
Com o tema “Casa comum, nossa responsabilidade” e o lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24), a Campanha da Fraternidade de 2016 já começou, e para que seja bem vivenciada na Região Lapa foi realizado um dia de formação para os integrantes das pastorais e paróquias em 30 de janeiro. Para os setores Lapa e Leopoldina, a formação foi na Paróquia Nossa Senhora da Lapa; para os setores
Butantã e Rio Pequeno, a atividade aconteceu na Paróquia São Mateus; e para o Setor Pirituba, na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora. Os assessores foram Cleide Giust, André Milani, Padre Geraldo Raimundo Pereira e os coordenadores da CF nos setores. O objetivo principal CF 2016 é chamar a atenção para o saneamento básico no Brasil e sua importância na garantia do desenvolvimento do País e da saúde integral e qualidade de vida de todos. A Campanha
também lembra que o bem comum, desejado por Deus, é a mensagem central das sagradas escrituras, e que da adesão ao projeto do Reino de Deus e, portanto, do compromisso com a construção do bem comum, é que depende a salvação individual. A escolha do lema da campanha deve-se ao fato de Amós fundamentar sua pregação profética numa denúncia social, chamando a atenção para um progresso econômico que não se traduzia em
Benigno Naveira
Colaborador de comunicação da Região
igualdade e justiça para todos. A denúncia do Profeta aponta para uma situação de caos social, em que as relações afetivas estavam se rompendo (Amós 2, 6-8). Ainda de acordo com os assessores da formação, a Campanha da Fraternidade deste ano, que é ecumênica, deve motivar o encontro entre todas as pessoas, independentemente da fé que professam, a fim de que ajam conjuntamente e favoreçam o cuidado com a casa comum.
Transbordamento de córrego dificulta ida de fiéis a missas Fotos: benigno Naveira
Com o transbordamento do córrego Ribeirão Vermelho, no Jardim Monte Alegre, fiéis não conseguem ir às missas na Paróquia São José, que às vezes também fica alagada
Por conta das fortes chuvas na cidade neste começo de ano, o córrego Ribeirão Vermelho, no Jardim Monte Alegre, na zona Oeste, tem transbordado e alagado casas e a igreja matriz da Paróquia São José, do Setor Pirituba, na rua José Vicente Ramos. “Quando cheguei nesta Paróquia, em 2005, comecei a conviver com este problema das enchentes.
Por várias vezes, tentei solucionar o problema conversando com os órgãos públicos, que me disseram que este tipo de situação não seria fácil de resolver, porque envolve as três instâncias, que precisariam atuar integradas para a realização das obras: Subprefeitura de Pirituba-Jaraguá, Prefeitura de Osasco e a Concessionária Autoban, porque o rio passa sob a Via
Anhanguera”, detalhou o Padre Amado Lopes de Carvalho, pároco, durante a visita que a reportagem da Pastoral da Comunicação da Região Lapa fez à Paróquia na última semana. Padre Amado lembrou que no fim de 2010 e começo de 2011, as enchentes invadiram o interior do templo, provocando a perda de objetos litúrgicos, livros e até
do sacrário. Ele recordou, ainda, que nos cinco primeiros dias deste ano, os alagamentos no bairro impossibilitaram os paroquianos de irem às missas. “Eu e toda a comunidade ficamos atentos sempre esperando que o prejuízo não seja tão grande”, afirmou, desejando maior atenção do poder público para a situação de repetidas enchentes.
Semana Catequética mobiliza a Região Entre os dias 23 e 26 deste mês, sempre às 20h, acontecerá a Semana Catequética da Região Lapa, com o tema “Jesus, Fonte de Misericórdia”. A atividade, promovida pela coordenação regional da Ani-
mação Bíblico-Catequética, será na Paróquia Nossa Senhora da Lapa (rua Nossa Senhora da Lapa, 298). No dia 23, o tema será “A Misericórdia celebrada – Liturgia”, com assessoria do Padre Julio Cesar
Almo; No dia 24, “A misericórdia no agir cristão – Evangelização”, com Dom José Roberto Fortes Palau; No dia 25, “Jesus Catequista e fonte da Catequese”, com o Padre Geraldo Pereira; e no dia 26, “Cate-
quese sobre a Ano da Misericórdia”, com Dom Julio Endi Akamine. No sábado, 27, às 14h, haverá a acolhida e passagem dos catequistas pela Porta Santa, seguida de missa, às 15h, presidida por Dom Julio.
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Quaresma: caminho para renovar a pertença a Cristo Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
Com rito da imposição de cinzas, missa na Catedral da Sé, presidida pelo Cardeal Scherer, demarcou o início da Quaresma na Arquidiocese Fernando Geronazzo
Especial para O SÃO PAULO
“A Quaresma é tempo de rever o caminho da vida cristã”, afirmou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, na missa em que presidiu com o rito de imposição das cinzas no início da Quaresma, na Catedral da Sé, na Quartafeira de Cinzas, 10, tendo como um dos concelebrantes o Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo. A celebração também abriu a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016, cujo tema foi tratado em coletiva de imprensa por Dom Odilo antes da missa (leia mais abaixo). O Cardeal Scherer, na homilia, enfatizou que trata-se da preparação para celebrar a Páscoa e, por isso, “é um tempo favorável para realizar aqueles exercícios e práticas que a Igreja propõe” para a boa vivência deste período. “Sem olhar para Páscoa, fica difícil viver bem a Quaresma”, acrescentou. “A Páscoa recorda para nós o mistério da Paixão, morte e ressurreição de Jesus, e a nossa participação nesse mistério, mediante o Batismo”, explicou o Cardeal, salientando que este é um tempo de rever o
Com a missa com o rito de imposição das cinzas na Catedral da Sé, na quarta-feira, 10, tem início a Quaresma na Arquidiocese de São Paulo
caminho da vida cristã para, de novo, na Páscoa, poder renovar o compromisso e a alegria da pertença a Cristo. Ao falar das práticas propostas pela Igreja para o tempo quaresmal, o Arcebispo destacou que além da prática da penitência, do jejum, da oração e da caridade intensa, são também importantes a prática de uma maior escuta de Deus, por meio de sua Palavra, e a prática de um exame de vida. “Como anda minha vida em relação aos compromissos assumidos no Batismo?”, indagou.
Obras de misericórdia
Ainda de acordo com Dom Odilo, a Igreja resume em três palavras as práticas da Quaresma -– o jejum, a esmola e a ora-
ção – expressas no Evangelho proclamado na missa da Quarta-feira de Cinzas. “A prática da esmola, toda forma de caridade, resume a solidariedade e misericórdia que se deve praticar”, disse. Como Jesus afirma no texto bíblico, essas práticas não podem ser feitas “como fazem os hipócritas”, de maneira teatral, para chamar a atenção das pessoas. “Quando orares, volta-te para o Pai no segredo do teu coração”, lembrou o Cardeal. “Que o jejum não seja simplesmente uma obra que vai para dentro de você, mas em que você vá ao outro”, completou. “Neste Ano da Misericórdia, o Papa está nos recordando as obras de misericórdia, que são práticas concretas de sair de nós, de modo que nosso jejum não é exer-
cício de emagrecimento, nem dieta, mas é prática religiosa que nos leva a buscar mais a Deus e a lembrar que não só de pão vive o homem”, exortou Dom Odilo. Por fim, o Arcebispo convidou todos a iniciarem bem o caminho quaresmal “sem esquecer que a penitência sempre nos leva a um pedido de perdão dos nossos pecados, ao arrependimento, à conversão do nosso coração a Deus”. Para marcar a abertura da Campanha da Fraternidade na Arquidiocese, foi lida a mensagem que o Papa Francisco enviou para a Igreja do Brasil por ocasião da CF 2016 (leia mais na página 10) e, no final da missa, Dom Odilo entregou exemplares do texto-base da Campanha para representantes das seis regiões episcopais.
Cuidar do ambiente: questão de justiça, fraternidade e solidariedade O tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016 “Casa comum, nossa responsabilidade” e o lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24) foram tratados na coletiva de imprensa concedida pelo Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, na Quarta-feira de Cinzas, 10, na Catedral, antes da missa que demarcou o início da Quaresma na Arquidiocese (leia mais acima). “Não é a primeira vez que a Campanha da Fraternidade tem esse tema ecológico, mas este ano o tema ‘casa comum, nossa responsabilidade’ está ligado com a encíclica Laudato si’, em que o Papa Francisco fala sobre o cuidado da casa comum também do ponto de vista moral e social”, afirmou o Cardeal, comentando, ainda, que a CF 2016 dará mais enfoque à questão do saneamento básico. O Arcebispo também ressaltou a importância da vivência do Cristianismo na prática: vivência da caridade, respeito para com o próximo e cuidado com a natureza criada por Deus, esses foram pontos que o Cardeal assinalou como fundamentais
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Padre Manoel, Dom Devair, Cardeal Scherer e pastor Geraldo Graf, em entrevista coletiva
e que os cristãos são convidados a viver a partir dessa Campanha. “Cuidar bem do ambiente é questão de justiça, de fraternidade e de solidariedade”, enfatizou. Dom Odilo tomou por exemplo o atual problema do zika vírus, para ressaltar que caridade, justiça, atenção ao bem comum e solidariedade são algumas das virtudes que todo o povo, não só os cristãos, é convidado a trabalhar a partir dessa CF 2016. Indagado por jornalistas sobre a proposta da ONU de legalizar o aborto em casos fetos com zika vírus, Dom Odilo
reafirmou a doutrina da Igreja a favor da vida: “A posição da Igreja a favor da vida não muda! O que deve ser feito é uma campanha intensa de superação dos focos. Todo mundo deve arregaçar as mangas para evitar que se espalhe os focos de transmissão do vírus. Por outro lado, um apoio sanitário a todos os portadores que também podem se tornar transmissores dele. E que se faça investimento maciço em pesquisas científicas para se encontrar uma solução rápida e precisa. Acho que introduzir esse tema do aborto é um oportunismo fora de contexto. O feto
que já foi atingido por um mal deveria ser atingido por um outro mal, mais radical, contra sua vida? Isso é muito cruel”. Ainda segundo o Cardeal, duas atitudes permitirão pôr em prática concretamente a Campanha. “Primeiro, uma mobilização social e política, exigindo saneamento básico, especialmente o tratamento da água e do esgoto, por parte dos poderes públicos, que é seu dever; depois, precisamos trabalhar o aspecto pessoal, individual, ou seja, uma educação para o cuidado com o planeta: não jogar lixo na rua, ter cuidado com os focos de mosquito, e assim por diante, criando uma cultura de cuidado da casa comum”, detalhou. Também participaram da coletiva Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação, o Padre Manoel Quinta, coordenador da Campanha da Fraternidade na Arquidiocese, e Geraldo Graf, pastor sinodal da Igreja Luterana no Brasil, que integra o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic). (Colaborou Igor de Andrade)
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11 a 16 de fevereiro de 2016 | www.arquisp.org.br