O SÃO PAULO - 3090

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 61 | Edição 3090 | 24 de fevereiro a 1º de março de 2016

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Luciney Martins/O SÃO PAULO

Misericórdia nos atos da vida e no universo de estudos da Teologia Do Mosteiro de São Bento, estudantes e professores dos cursos de Teologia da PUCSP e da Faculdade São Bento peregrinaram pelas ruas do centro da cidade até a Porta Santa

da Catedral da Sé, na quintafeira, 18, realizando, com este testemunho público de fé, uma das práticas recomendadas para este Ano Santo extraordinário da Misericórdia, conforme recordou

o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, ao acolher os peregrinos na missa que presidiu às 12h na Catedral. Boa parte deles era de seminaristas, que na tarde

Francisco sob o olhar da Virgem de Guadalupe em visita ao México

No Brasil, patriarca ortodoxo russo reza por cristãos perseguidos

“Contemplei e me deixei ser olhado por ela, que leva, gravado nos seus olhos, o olhar de todos os seus filhos e reúne suas dores”, disse o Papa, que esteve no México entre os dias 12 e 18, e pediu que se dê atenção às pessoas que mais sofrem.

Em celebrações em SP e no RJ, o Patriarca Cirilo, líder da Igreja Ortodoxa Russa, pediu que todos se empenhem pelo fim da perseguição aos cristãos. O SÃO PAULO apresenta características dos ortodoxos e perspectivas para a unidade dos cristãos.

Página 22

Juventude convocada a viver a misericórdia No sábado, 20, orientados por Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar de São Paulo, jovens da Arquidiocese participaram do retiro do Setor Juventude, com temáticas da JMJ 2016 e do Ano da Misericórdia. Página 7

Iniciação à Vida Cristã é destaque no Belém Catequistas participaram de semana de formação, que indicou o testemunho de vida como a verdadeira Catequese. Página 19

Páginas 11, 12 e 13

‘Não se deve mentir’, orienta terapeuta familiar Doutor Valdir Reginato alerta sobre os perigos do vício da mentira, que, inevitavelmente, causa dor e decepção. Página 6

550 mil pessoas são esperadas para o CEN 2016 De 15 a 21 de agosto, Belém, no Pará, sediará o XVII Congresso Eucarístico Nacional, no ano em que comemora 400 anos de fundação. O SÃO PAULO apresenta os preparativos do evento. Página 15

Cardeal Scherer: ‘Firmes na fé e na esperança’ Em seu artigo semanal, Dom Odilo destaca que o tempo litúrgico da Quaresma está voltado para a Páscoa, e que os cristãos devem se aprofundar nas motivações da fé e no seguimento a Jesus. Página 3

Jesus é fonte de Misericórdia na Catequese Na Região Ipiranga, catequistas refletiram sobre as diferentes dimensões da misericórdia em semana de formação. Página 21

do mesmo dia participaram de encontro com Dom Odilo na abertura do ano formativo dos seminários da Arquidiocese de São Paulo.

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EDITORIAL Pecados capitais estão na raiz de outros males No Ano da Misericórdia, e especialmente na Quaresma, são oportunas as reflexões sobre esses pecados que “calcificam-se progressivamente na alma humana sob forma de tendências e inclinações, mais ou menos permanentes, determinando negativamente comportamentos e atitudes”.

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Diálogo é o caminho para evitar a violência nas manifestações A Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese e a OAB buscam mediar o diálogo entre a Polícia e àqueles contrários ao aumento das tarifas de transporte, para que não haja violência nas manifestações.

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2 | Ponto de Vista |

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Editorial

Pecados capitais

U

m dos grandes benefícios que o Ano Santo extraordinário da Misericórdia trouxe para a Igreja foi o resgate de temas relacionados à vida cristã, tão clássicos como esquecidos, como é o caso das obras de misericórdia espirituais e corporais. Da mesma forma, a Quaresma impõe-se como um tempo oportuno para relembrar outros tantos argumentos que, talvez pela própria simplicidade, talvez porque são presumidos como óbvios e conhecidos, talvez porque dentro do universo cultural em que vivemos são considerados “politicamente incorretos”, “fora de moda”, “coisas do passado” ou “moralistas”, são negligenciados e armazenados em algum recanto obscuro da memória, compondo uma espécie de arquivo morto. Como exemplo, há os pecados capitais: ira, inveja, luxúria, orgulho, gula, preguiça e cobiça. Considerados capitais porque são vícios que estão na raiz e na origem de outros males – há que se observar que hoje os

conceitos vício e pecado fazem pouco ou nenhum sentido para uma grande parte da humanidade imersa e afogada nas profundezas do mar do relativismo – esses pecados calcificam-se progressivamente na alma humana sob forma de tendências e inclinações, mais ou menos permanentes, determinando negativamente comportamentos e atitudes. Assim, a ira é a causa primária das atitudes de um ser humano violento. A vacina contra esta é o perdão e a mansidão. A inveja – tristeza do bem alheio e a alegria diante do mal do outro” – corrói as relações humanas, segundo Fulton Sheen “da mesma forma que o cupim corrói a madeira, provocando o assassinato do amor fraterno”. O orgulho é um amor desordenado da própria excelência e faz com que uma pessoa exagere na sua própria importância. Manifesta-se de múltiplas maneiras: da vaidade intelectual ao ateísmo; da superficialidade que julga os outros pelas

aparências até o esnobismo; da arrogância ao total desprezo pela fé, por Deus e pelo próximo. O orgulho é uma espécie de egoísmo inchado que constituiu o “DNA” da intolerância. Entre os pecados capitais, a luxúria provavelmente é o que atualmente mais se observa o decréscimo do sentido. Sinônimos encontrados no dicionário Aurélio para esta são: “incontinência”, “lascívia”, “sensualidade”, “dissolução”, “corrução”, “libertinagem”. A moral cristã ensina que a luxúria constitui um amor desordenado pelos prazeres físicos do corpo e aponta como remédio a virtude da castidade. Sobre o seu valor, infelizmente, a maior parte dos jovens manifesta total restrição de juízo e ignorância, não obstante os efeitos de sua inobservância serem evidentes: doenças, corrupção do sentido do amor e da sexualidade humana, gravidez precoce, aborto, depreciação da vida humana, enfraquecimento da instituição familiar, só para se citar alguns.

A gula – complacência desordenada na comida e bebida - gera egoísmo, embriaguez, perda de autonomia da vontade em relação ao bem, além de males à saúde. A preguiça provoca a negligência no cumprimento dos deveres com prejuízo certo à sociedade. O livro dos Provérbios descreve com clareza os efeitos da preguiça: “Passei pelo campo do preguiçoso e pela vinha do tolo. E eis que estava cheio de urtigas, e os espinhos haviam lhe coberto a face, e o muro de pedra estava por terra” (Provérbios 24,30). A cobiça, enquanto amor desordenado pelos bens materiais, está na raiz de um cem número de injustiças como a pobreza e miséria, as desigualdades sociais injustificadas e a própria corrupção. Fazem portanto, muito sentido, os contínuos apelos do Papa Francisco, sobretudo em suas homilias, para vivermos uma verdadeira conversão. Na raiz dos grandes males que afligem a humanidade está sempre o pecado.

Opinião

O tecido da realidade Arte: Sergio Ricciuto Conte

Ulisses Barres de Almeida Uma teoria física que descreva alguma lei fundamental é um instrumento intelectual de enorme potência tecnológica e cultural. Tecnológica, porque abre portas para que o homem domine um novo aspecto da realidade, cuja natureza e o controle antes lhe escapavam. Basta pensar no desenvolvimento da termodinâmica no século XVIII, que levou a Inglaterra, berço da máquina a vapor e da revolução industrial, à hegemonia econômica e política mundiais. A mecânica quântica, o transistor e os computadores são outros exemplos, modernos, da mesma dinâmica, donde seguiu-se o Vale do Silício. O potencial cultural não é menos evidente. A mecânica newtoniana, por exemplo, influenciou a gênese de uma concepção mecanicista do mundo na era moderna. Do mesmo modo, várias correntes de pensamento do século XX beberam da fonte escavada por Einstein e os físicos quânticos dos anos 20 e 30. A teoria da relatividade de Einstein, em particular a Relatividade Geral, que substitui a descrição clássica de Newton sobre a gravidade é, em certo sentido, algo ainda mais especial. No pano de fundo da Física Clássica, o espaço e o tempo, e por consequência o próprio universo,

eram eternos e imutáveis, um palco fixo no qual se desenrolava o drama cósmico. A Relatividade de Einstein levou a uma nova visão do espaço e do tempo, isto é, daquilo que poderíamos chamar o próprio “tecido da realidade”. Esses dois entes fundamentais deixaram, então, de ser quantidades passivas, para se tornarem dinâmicos, deformando-se e mudando de aspecto (o espaço se dilata e se contrai, a passagem do tempo se acelera ou se retarda) como resposta aos eventos em curso. Além disso, o próprio tempo deixa de ser algo etéreo e se torna a quarta dimensão daquilo que chamamos hoje o espaço-tempo. Esse espaço-tempo dinâmico

revolucionou a natureza de tudo, tal como entendida pela razão humana. Um espaço-tempo dinâmico abriu portas para a descoberta e entendimento do Big Bang, permitiu a descrição de um universo que se expande e que, portanto, evolui, sujeito à novidade, um universo no qual átomos se formam onde antes não existiam, criando galáxias e estrelas, ao redor das quais planetas dão origem à vida. O espaço-tempo dinâmico da Relatividade Geral permitiu ao cosmos, à realidade, ter uma história própria, e a história humana passa a ser um capítulo desse livro. A Relatividade Geral abriu renovado espaço para discussões filosóficas e teológicas sobre o sentido e destino do cos-

mos, duas palavras que só existem dentro de um conceito de história. Ondas gravitacionais são a comprovação mais forte e direta da realidade deste “tecido dinâmico” no qual estamos imersos. Cada pedaço de matéria que se move no espaço-tempo deixa um rastro do seu passeio, ondas no espaço e no tempo, que os cientistas do experimento “LIGO” registraram ao medir as vibrações microscópicas produzidas por elas. As ondas gravitacionais detectadas pelo “LIGO” nos trazem notícias da colisão de dois buracos negros, ocorrida há mais de 1 bilhão de anos e abrem uma nova era na Astrofísica, uma descoberta que será considerada entre as maiores do século XXI. Elas confirmam a verdade física de uma ideia. Agora podemos dizer: “O mundo é assim!”, e gozar do prazer e alegria inigualáveis de conhecer uma verdade nova, recém-revelada. Contemplamos o mistério de um universo em evolução, de uma realidade e de um futuro que não são fechados, mas abertos à novidade, que marcou toda a história cósmica até nós, como as ondas gravitacionais, que lhes são a memória, nos mostram. Ulisses Barres de Almeida, doutor em Astrofísica, é pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF/MCTI), leciona no programa internacional de pós-graduação IRAP, é membro da Associazione Euresis, dedicada ao debate entre fé e ciência.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Renata Moraes • Institucional: Rafael Alberto e Fernando Geronazzo • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Maria Aparecida Ferreira • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

O

tempo litúrgico da Quaresma está voltado para a Páscoa. Durante 40 dias, a Igreja nos convida a fazermos uma grande avaliação de nossa vida cristã, como discípulos de Jesus Cristo e, na Páscoa, renovamos nossas promessas batismais e a profissão da fé eclesial. Neste “tempo favorável”, a Igreja, mãe e mestra, nos coloca diante das escolhas fundamentais e também diante dos grandes valores e referências da vida cristã. É tempo de aprofundar nossa fé, de corrigir e reorientar, se for preciso, de reencontrar as grandes motivações da nossa fé cristã. O convite da Quarta-feira de Cinzas - “convertei-vos e crede no Evangelho” - nos acompanha durante a Quaresma inteira e nos recorda que a Boa Nova do reino de Deus, anunciado e trazido ao meio dos homens por Jesus, deve ser a grande referência de nossa vida. Poderiam existir outros atrativos, que chamam a nossa atenção; na prática, de fato, nosso olhar e nossa conduta se deixam seduzir por outros apelos, que nos são apresentados ao longo do ano e ao longo da vida. O Evangelho “das tentações de Jesus”, lido no primeiro domingo da Quaresma, nos coloca diante desta realidade: o maligno tentou Jesus e quis desviá-lo de Deus, até mesmo apresentan-

Firmes na fé e na esperança do-se como alternativa, ele próprio, em lugar de Deus: “tudo isso te darei, se te prostrares diante de mim e me adorares” (cf Lc 4,6). Se o demônio tentou Jesus, quanto mais a nós! Por isso, a vigilância e o olhar constante voltado (“convertido”) ao reino de Deus são remédio contra a tentação e a desorientação na nossa vida. No segundo domingo da Quaresma, a Liturgia nos coloca diante da transfiguração de Jesus sobre o monte (cf Lc 9, 2836). Trata-se de mais um momento crucial na vida de Jesus e dos discípulos. Jesus está a caminho de Jerusalém, o lugar da prisão, da condenação à morte, da tortura e da morte na cruz. Mas também da ressurreição. Jesus, transfigurado em glória, fala com Moisés e Elias sobre o que vai acontecer em Jerusalém: é um momento de angústia, mas a visão da sua glória e a voz de Deus Pai - “é meu filho; ouvi-o todos!” – lhe dá forças e também aos discípulos. Pedro já quer ficar “na glória”: Mestre, é bom estarmos aqui! Fiquemos aqui mesmo... (cf Lc 9,36). Mas Jesus, passado o momento de glória, convida os discípulos a seguirem atrás dele na direção de Jerusalém: a cruz está no caminho da glória e não dá para chegar a ela desviando da cruz e sem passar por ela. Jesus convida a tomar a cruz e seguir atrás dele; e quem não fizer isso, vai perder a sua vida (cf Lc 17,33). Mas quem o fizer, ganhará a vida, pois o sentido da nossa vida está na sintonia e comunhão com Deus. Quem não quiser abraçar

as cruzes que decorrem da nossa adesão a Deus e do seguimento de Jesus, acaba ficando sem Deus e sem a salvação trazida por Jesus Cristo, mediante a sua total fidelidade a Deus. No fundo, o que está em jogo é a questão da perseverança cristã: a Quaresma nos recorda que esse é um ponto crucial no caminho da nossa fé. Somos tentados a tomar o caminho mais fácil, a ficar longe da cruz que decorre da coerência com os mandamentos de Deus e dos nossos compromissos batismais. Somos tentados ao imediatismo e a querer vantagens e frutos instantâneos decorrentes da fé. E somos tentados a perder a confiança nas promessas de Deus, ao desânimo e ao abandono de Deus. Eis, pois, a recomendação da Quaresma: permanecer firmes na fé e na vida cristã, no seguimento de Jesus. Não basta ter começado bem; é preciso perseverar, continuar, ter paciência, sem se assustar com as cruzes. Vida cristã sem cruz é vida sem Jesus, pois ele sempre vem ao nosso encontro com a cruz; mas também com a promessa de vida plena e da participação na sua glória. Na oração do segundo domingo da Quaresma, pedimos a “purificação do olhar da nossa fé”, mediante a escuta atenta da palavra do “Filho muito amado”. Só assim, seremos capazes de nos alegrar, na esperança, com as promessas de Deus. Vida cristã é um caminho “na esperança”, inteiramente confiados na fidelidade de Deus às suas promessas.

| Encontro com o Pastor | 3

Encontro com a presidência da Sabesp Luciney Martins/O SÃO PAULO

O presidente da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), Jerson Kelman, encontrou-se com o Cardeal Scherer, arcebispo de São Paulo, na terça-feira, 23, na Cúria Metropolitana, a fim de manifestar o apoio da Companhia às ações da Igreja na Campanha da Fraternidade Ecumênica, que tem como tema “Casa comum, nossa responsabilidade”. Foram discutidas as maneiras de informar e esclarecer a população sobre o que precisa ser feito na cidade para avançar no tema do saneamento básico, sobretudo na coleta e tratamento do esgoto e na distribuição e tratamento da água. Também participaram do encontro Adriano Stringhini, superintendente de comunicação da Sabesp, os padres Zacarias Paiva, Tarcísio Mesquita e Manoel Quinta, e Dom Carlos Lema Garcia.

Comissão representativa do Regional Sul 1 Regional Sul 1 da CNBB

Na quinta-feira, 18, a Comissão Episcopal Representativa do Regional Sul 1 da CNBB, composta pelos bispos presidentes das sub-regiões pastorais, padres subsecretários e organismos vinculados ao Regional, se reuniu na sede do episcopado paulista, em São Paulo (SP). A reunião, coordenada por Dom Airton José dos Santos, arcebispo de Campinas e presidente do Regional Sul 1, tratou das proposta de escolha da metodologia da 79ª Assembleia Regional dos Bispos do Estado de São Paulo, que acontecerá entre 7 e 9 de julho, em Aparecida (SP). O Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, participou da reunião na condição de presidente da Sub-Região SP1, que compreende a Arquidiocese de São Paulo.

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4 | Fé e Vida |

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Liturgia e Vida

Você Pergunta

3º DOMINGO DA QUARESMA 28 DE FEVEREIRO DE 2013

Como será a ressurreição dos mortos?

O caminho da humildade ANA FLORA ANDERSON A oração do dia deste domingo apresenta o tema da liturgia e a mensagem central do tempo da Quaresma. A oração confessa a Deus que temos consciência de nossa fraqueza e que somos sustentados nesta vida por seu amor. A primeira leitura (Êxodo 3, 1-8.13-15) narra a vocação de Moisés. Ao apascentar o rebanho perto da montanha de Deus, ele é chamado pela voz que sai da sarça ardente. Deus revela que conhece o sofrimento de seu povo e que ouviu o seu clamor. Ele quer libertá-lo da escravidão do Egito e levá-lo a uma terra fértil e espaçosa. Moisés é enviado para anunciar a Palavra de Deus ao povo. Mas, primeiro, ele pergunta qual é o nome de Deus. A resposta tem iluminado todos os séculos seguintes: Eu sou Aquele que sou!

Na segunda leitura (1 Coríntios 10, 1-6.10.12), São Paulo usa a experiência dos escravos libertados do Egito como um exemplo para a vida do povo de Corinto. Os antepassados deles receberam todas as graças de Deus e ainda muitos foram infiéis. Assim, os cristãos de Corinto não devem reconhecer a própria fraqueza e não murmurar contra Deus. O Evangelho de São Lucas (13, 1-9) resume o ensinamento de Jesus numa parábola. A figueira representa o povo de Deus que, mesmo recebendo todas as graças divinas, muitas vezes não dá frutos. O vinhateiro pede mais um ano para adubar (evangelizar), oferecendo a possibilidade da árvore dar muitos frutos no futuro. A parábola desenvolve o tema da oração do dia. Devemos reconhecer a nossa fraqueza e nos aprofundar na Palavra e no amor de Deus.

padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br

“Padre, gostaria de tirar uma dúvida sobre a ressurreição dos mortos, pois estou bastante confuso com relação a esse tema. Se os mortos serão ressuscitados após o juízo final, o que acontece com a alma após a morte? Certamente, sabemos que o Paraíso não está vazio, pois o próprio Jesus falou ao ladrão arrependido: ‘Hoje estarás comigo no paraíso’. Eis minhas dúvidas: 1. A alma passará pelo purgatório, paraíso e depois voltará ao corpo ressuscitado após o juízo final? 2. Qual corpo será ressuscitado? O mesmo corpo que temos hoje ou um corpo completamente novo? Pergunto isso porque o nosso corpo irá se decompor e as partes que um dia foram de nosso corpo ficarão espalhadas”. A pergunta ou as perguntas todas são do Fábio, que não disse seu sobrenome. Ele mora aqui em São Paulo.

Vamos lá, Fábio. A primeira coisa a guardar no coração é que nós seres humanos fomos criados de corpo e alma. Um corpo mortal, que se desgasta pelo tempo, que se destrói pela enfermidade, pela violência. Esse corpo, como afirma a Bíblia, volta ao pó de onde foi tirado. A alma, porém, não morre. Ela é imortal. Em todos nós, portanto, há uma semente de imortalidade, temos uma alma imortal. A morte separa o corpo da alma. Quando morremos, nossa alma entra na dimensão eterna e vai descansar em Deus, ou vai se purificar no purgatório antes de contemplar o rosto de Deus, ou vai viver a solidão eterna, que nós chamamos de inferno. A escolha é nossa. Ao morrermos, passamos pelo juízo particular. No final dos tempos, Fábio, teremos o juízo final, o juízo universal. Antes, porém, os mortos ressuscitarão. Quem estiver vivo na ocasião não precisará ressuscitar, já

que estará vivo, não é mesmo? Então, meu irmão, ressuscitaremos todos. Voltaremos ao corpo que tivemos nesta vida. É claro que os que ressuscitarão para a vida eterna terão um corpo glorioso como o corpo de Jesus ressuscitado. Fica bem que nos lembremos de que essa ressurreição difere da reencarnação que os irmãos espíritas pregam. Isso porque nós voltaremos ao mesmo corpo e não num outro corpo. Somos uma unidade, Deus nos criou como pessoas. Quanto à questão da ressurreição, não há por que ficarmos preocupados se o nosso corpo foi despedaçado e espalhado por muitos lugares. Afinal de contas, a ressurreição é obra de Deus e Deus tudo pode, não é mesmo? Lembremo-nos sempre da nossa afirmação de fé: “Creio na Igreja Católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna”. Fique com Deus, meu irmão.

Atos da Cúria NOMEAÇÃO DE REDATOR DO FOLHETO LITÚRGICO POVO DE DEUS EM SÃO PAULO Em 15 de fevereiro de 2016, o Revmo. senhor Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, nomeou para o cargo de Redator do Folheto Litúrgico Povo de Deus em São Paulo,

o Revmo. Pe. Luiz Eduardo Baronto. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ECÔNOMO REGIONAL Em 01 de fevereiro de 2016, foi nomeado e provisionado Ecônomo da Região Episcopal Sé, o Revmo. Pe. José Edivaldo Melo, pelo período de 3 (três) anos, em decreto que entrou em vigor em 22 de fevereiro de 2016.

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL

Em 14 de fevereiro de 2016, foi nomeado e provisionado Administrador Paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Região Episcopal Sant´Ana, Setor Pastoral Medeiros, o Revmo. Pe. Paulo Sergio Rodrigues.

Em 20 de janeiro de 2016, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial “ad nutum episcopi” da Paróquia Nossa Senhora do Sagrado Coração, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Carrão/Vila Formosa, o Revmo. Pe. Lucemir Alves Ribeiro, MSC.


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Espiritualidade

O tempo do vinho novo Dom Devair Araújo da Fonseca

O

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia e vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação

vinho é considerado, entre aspas, um ser vivo, porque sofre mudanças desde a sua produção até o consumo final. A questão do amadurecimento ou envelhecimento dos vinhos é complexa, isso porque alguns tipos estão prontos para serem consumidos rapidamente, enquanto outros precisam de mais tempo para apurar suas qualidades naturais. Mas é preciso ressaltar que esse processo de amadurecimento só pode ajudar a aprimorar as qualidades do vinho que veio de uma uva de boa qualidade. Um vinho ruim não pode ser melhorado só pelo tempo de armazenamento, e nem pelos recipientes em que é guardado. Por isso, se torna tão importante a seleção das videiras. As plantas escolhidas e cultivadas de forma adequada devem produzir uvas de boa qualidade. O cultivo também exige que o agricultor, o vinhateiro, conheça bem os mistérios da cultura das vinhas. Tudo isso posto e organizado de forma adequada deve, então, resultar em boas uvas que a sua volta produzirão um bom vinho,

observado o tempo de sua maturação. tos. Para esses, o tempo consolidou suas O processo de produção do vinho obras. Por outro lado, também encontraguarda uma certa semelhança com a dinâmica da nossa vida espiritual. No mos frutos de menor qualidade. Existem início do capítulo 15 do Evangelho se- pessoas que mesmo recebendo os cuigundo São João, encontramos a seguinte dados do Agricultor, e envolvidas pela afirmativa: “Eu sou a videira verdadei- graça, continuam a espalhar palavras e ra e meu Pai é o agricultor”. Um pouco gestos azedos e amargos. Para usar uma adiante, no versículo cinco, ainda pode- expressão do Papa Francisco, em relamos ler assim: “Eu sou a videira e vós os ção aos sacerdotes, mas que também se ramos. Aquele que permanece em mim aplica a tantas outras pessoas, podemos e eu nele produz muito fruto; porque, falar de “caras de vinagre”. Infelizmente, sem mim, nada podeis fazer”. para essas pessoas o tempo pode não Jesus é a videira de boa qualidade, escolhi- A leitura da vida dos santos nos da, plantada e cuidada faz compreender o seu processo pelo agricultor, que é de amadurecimento espiritual. Eles o Pai. Não há dúvidas ouviram a mesma palavra que ouvimos, sobre a qualidade da celebraram e receberam a mesma videira e nem sobre a Eucaristia, os mesmos cuidados sabedoria e ciência do do Agricultor e responderam na Agricultor. O que pode- forma dos bons frutos mos é perguntar pelos frutos, pela qualidade daquilo que pro- melhorar a qualidade de suas atitudes, duzimos. mas pode piorar. Sem dúvida, podemos afirmar que Porém, ao contrário do vinho que existem muitos frutos de excelente qua- não conhece um processo de converlidade, isso pode ser confirmado pelos são, e por isso não se pode mudar o viinúmeros santos, homens e mulheres nho que é ruim em vinho novo e bom, que marcaram a história da humani- nós podemos nos converter. Mas isso dade e da Igreja, com o testemunho de só é possível se permanecemos ligados suas vidas. A leitura da vida dos santos a Cristo. No lagar da cruz, como disse nos faz compreender o seu processo de São Gaudêncio, o vinho novo, que é o amadurecimento espiritual. Eles ouvi- sangue do Senhor, fermenta nos reciram a mesma palavra que ouvimos, ce- pientes que são os corações dos filhos lebraram e receberam a mesma Eucaris- de Deus, levando à santificação. Esse é tia, os mesmos cuidados do Agricultor o tempo que Deus nos dá, esse é o teme responderam na forma dos bons fru- po da conversão.

| Fé e Vida | 5

Fé e Cidadania Obra de misericórdia Cônego Antonio Manzatto A imprensa tem noticiado fartamente, já há tempos, o tráfico humano que se realiza em pleno centro de São Paulo. Recentemente, um grupo de mais de 70 bolivianos que entraram ilegalmente no País foi detido no Mato Grosso do Sul. Não é de hoje que se conclama por ações contra o tráfico de pessoas, já houve inclusive uma Campanha da Fraternidade especificamente sobre o tema. O que espanta é a permanência da atividade e a passividade das autoridades e de toda a sociedade. Nos últimos dias, o Governador do Estado de São Paulo disse que vai aumentar a fiscalização contra empresas que se utilizam da mão de obra de trabalhadores mantidos em regime análogo ao de escravidão. Todos sabem em São Paulo da existência de oficinas de costura não regularizadas, onde pessoas trabalham por mais de 12 horas. Existem até aplicativos de celulares que divulgam o nome de empresas de moda suspeitas ou condenadas por utilizarem mão de obra escrava. A economia escravagista terminou e o Brasil foi um dos últimos países do mundo a abolir oficialmente a escravidão. No entanto, permanece a prática. Não são poucos os trabalhadores mantidos em situação análoga à de escravidão no campo ou na cidade, na agricultura ou na construção civil, no trabalho doméstico ou na costura. Isso acontece mundo afora, não apenas no Brasil, e as vítimas são sempre os mais pobres. Vulneráveis, não enxergam saída e a ganância dos grandes os mantém em permanente reclusão, não raro sendo vítimas de violências ou ameaças as mais diversas. Já o Catecismo de São Pio V, ao elencar as obras de misericórdia corporais, enumera como uma delas o ato de “remir os cativos”. Formulações posteriores, talvez sob a influência da afirmação de que não há mais escravidão oficialmente no mundo, retiraram-na da lista de ações misericordiosas. O Evangelho de Lucas (4,18) tem uma passagem clara sobre isso, pois, citando Is 61,1, diz ser parte integrante da missão messiânica de Jesus a libertação dos cativos. O “ano da graça do Senhor”, anunciado naqueles textos e atualizado na proposta do Papa Francisco em realizar o Jubileu extraordinário da Misericórdia, bem que pode ser ocasião para, definitivamente, expulsarmos de nossa realidade essa infame prática da escravidão. O Ano Santo da Misericórdia quer ser ocasião para ações que deem atenção aos que mais sofrem, aos que mais têm sua dignidade atacada, àqueles que são vítimas da história. Nenhum ser humano pode ser mantido em escravidão, nem em São Paulo, nem em lugar nenhum, nem nas oficinas de costura, nem em nenhum outro trabalho. A nós, cristãos, cabe mostrarmos como se pode construir, pela misericórdia, um mundo de mais justiça e fraternidade.


6 | Viver Bem |

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Comportamento

Toda mentira tem data de validade Valdir Reginato

O presidente norte-americano Abraham Lincoln afirmava: “Você pode enganar alguém o tempo todo. Poderá enganar a todos por algum tempo. Mas nunca enganará a todos o tempo todo”. Essas sábias palavras nos remetem a uma das questões fundamentais da educação do comportamento humano: não se deve mentir. Assim aprendemos com nossos pais desde pequenos. Pela mentira, infiltrou-se o pecado original no jardim do Éden, dita pela serpente aos nossos primeiros pais. Pela mentira, se é obrigado a reinventar a história que nunca existiu. Pela mentira, se trai a confiança. Pela mentira, justifica-se a covardia. A mentira carrega consigo a indignação, a decepção, a dor, podendo chegar ao ódio e à destruição. Nunca leva à verdade. E o homem foi criado para viver a verdade. Dentro do homem, a mentira nasce, muitas vezes, pequena, ainda criança. O inocente “não fui eu”, já consciente de ter sido quem quebrou o vaso da sala, sai da garganta assustada pelo castigo que viria. O surpreso “não sei como fui mal na prova”, justificado pelo aluno, que nem sequer sabe onde se encontra o livro de estudos. O esperto “foi sem querer”, do adolescente que, fazendo tropeçar o garçom, iniciou a briga na multidão da festa do rival, já soa com ares de inteligência. O “cara de pau” que diz “fiz de tudo, mas não conseguirei chegar a tempo”, explicando para a namorada que ficou esperando uma hora até ouvir isso, porque o encontro com a outra demorou mais tempo do que o esperado. O pai autoritário ao repreender o filho com o “eu

jamais desobedeci ao meu pai”, verdade: “Eu não me lembro”. De esquecendo-se de quando fugiu fato, essa parece ser a única verde casa três dias por não ser auto- dade no mentiroso profissional, rizado a viajar com os colegas. “Eu pois foram tantas invenções, que estava em férias, fora da cidade”, a história real se tornou impossídirá perplexo o funcionário “con- vel de ser reconstruída na sua cafiável”, que organizou o roubo da beça. Quando há tantas mentiras, empresa premeditadamente com o que de fato foi verdadeiro? Nessa hora, encontra-se o homem. parceiros, sem deixar rastros. A mentira repetida pode cor- Venceu a data de validade das rer o risco de tornar-se um vício. mentiras. O juízo cabe a cada um, A sucessão de mentiras quase que a começar do próprio interessado. cria um novo personagem, que Deve-se, antes de concluir, não é outro se não o próprio men- mencionar situações em que a tiroso vivendo uma vida paralela. mentira se torna mais uma omisUma vida que, às vezes, preci- são. “Omitir - diz o ditado - não sa desdobrar-se em várias: para é mentir”. A frase é curta, mas o grupos de amigos, para a família, seu alcance é longo. Porém, em para desconhecidos... Chega uma Dentro do homem, a mentira hora que o próprio nasce, muitas vezes, pequena, já não sabe bem ainda criança. O inocente “não quem é. São tantas fui eu”, já consciente de ter sido histórias a serem conectadas que quem quebrou o vaso da sala, já não se é possí- sai da garganta assustada vel coordená-las, pelo castigo que viria. principalmente O surpreso “não sei como quando os grupos fui mal na prova”, justificado independentes de pelo aluno, que nem sequer convivência pas- sabe onde se encontra sam a fazer parte o livro de estudos. de um só grande universo. Os conflitos necessaria- algumas situações especiais em mente surgem e as justificativas que o benefício da omissão se não se encontram. Dessa forma, torna maior do que a revelação da resta a sobreposição dos fatos verdade por inteiro, deve-se avaverificados na realidade dian- liar. Os campos de aplicação são te das ditas mentiras. Isso pode variados, mas, sem dúvida, uma levar a surpresas, quase sempre dessas situações se encontra nas incomodas aos mentirosos, que más notícias oferecidas às pessodiante disso têm apenas uma úni- as muito idosas, por vezes com a ca saída, que é a de todo menti- crítica comprometida, nas quais a roso contumaz. E assim recorre omissão torna-se uma opção caà mentira máxima, para justifi- ridosa. Fora dessas exceções, recar-se: “Eu não sabia”. No entan- corremos ao oitavo mandamento: to, com frequência, isso leva a não levantarás falso testemunho. uma posição ridícula, que torna Dr. Valdir Reginato é médico de o mentiroso encalacrado, e quanfamília, professor da Escola Paulista de do pressionado, chega a hora da Medicina e terapeuta familiar.

Cuidar da Saúde

‘Minha memória está ruim. É Alzheimer?’ Cássia Regina Muitos pacientes chegam à consulta referindo-se ao problema de memória e com medo de estarem com a doença de Alzheimer. Vamos fazer alguns esclarecimentos. Uma coisa é problema de memória e outra coisa é falta de concentração. Quando fazemos duas coisas ao mesmo tempo, o cérebro consegue gravar uma só. Por exemplo: se ao guardar a chave, estamos pensando

no que fazer na janta, existe uma grande possibilidade de não nos lembrarmos depois onde deixamos a chave. Não se lembrar se trancou a porta, onde guardou o dinheiro, se tomou o remédio ou esquecer-se do nome de um amigo distante é falta de concentração. Já lapsos como esquecer o nome do filho, do marido, se perder em trajetos do dia a dia ou esquecer-se do mês e ano atual (se alfabetizado) devem ser investigados. Porém, mesmo assim, não

significa que a pessoa esteja com Alzheimer. Todo problema de memória deve ser investigado e todo problema de concentração deve ser evitado: fazendo uma coisa de cada vez e com calma, lendo livros, fazendo trajetos novos e fazendo anotações. E a aliada mais importante para resolver esse problema é a atividade física. Comece hoje mesmo. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com


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| Pastorais | 7

Setor Juventude

Em retiro, jovens são convocados a viver a misericórdia e o perdão Nei Márcio Oliveira de Sá

Especial para O SÃO PAULO

Mais de 200 jovens, das seis regiões episcopais da Arquidiocese, participaram no sábado, 20, do retiro do Setor Juventude arquidiocesano no Instituto Dom Bosco, no Bom Retiro. Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese e referencial para o Setor Juventude, foi o orientador do retiro, tendo por base o tema da Jornada Mundial da Juventude deste ano “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”. O Bispo apontou que é dever dos cristãos o ato de perdoar, e que “perdão não consiste simplesmente em ignorar ou tratar de esquecer as ofensas. O ofendido tem que superar o dano recebido, cauterizá-lo, curá-lo. Caso contrário, permanecerá uma ferida aberta, sangrando, com o constante perigo da infecção”, comentou. Dom Carlos recordou o que São Josemaria Escrivá (1902-1975) aconselhava: “Esforça-te, se é preciso, por perdoar sempre aos que ofendem, desde o primeiro instante, já que por maior que seja o teu prejuízo ou a ofensa que te façam, mais tem perdoado Deus a ti”. O retiro foi sinal de comunhão dos grupos que atuam com a juventude na Arquidiocese: jovens do movimento Segue-me, da Região Belém, acolheRegional Sul 1 da CNBB

Padre Walter, assessor das Pastorais Sociais

ram os participantes; a recepção foi feita pela equipe de animação do Setor Juventude; as músicas estiveram sob a responsabilidade da Comunidade Católica Shalom; casais da Paróquia São Joaquim, da Região Sé, prepararam o café da manhã e o almoço; padres assessores do Setor Juventude nas regiões episcopais e outros sacerdotes atenderam confissões; a via-sacra foi organizada pelos integrantes da Comunidade Canto de Maria, da Região Santana; e a preparação da liturgia da missa foi feita pelos jovens da Legião de Maria. Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, presidiu a celebração pela manhã. A jovem Adriana Freitas, da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, da Região Ipiranga, avaliou o retiro como “um momento importante para parada, reflexão sobre a vida e revisão de atitudes neste tempo de Quaresma”. Já o jovem Paulo Renato, da Paróquia de Sant´Anna, relatou: “A experiência do sacramento da Reconciliação renovou minha vida e meus propósitos para uma maior santidade e vida nos valores cristãos”. Para o Padre Roberto Fernando Lacerda, novo assessor arquidiocesano do Setor Juventude, o retiro apresentou um itinerário de misericórdia. “Os jovens ficaram muito atentos a cada pala-

Setor Juventude

Jovens e padres participantes do retiro posam para foto com Dom Carlos e Dom Eduardo

vra do orientador e à contemplação do rosto misericordioso de Jesus, revelador do Pai. A via-sacra foi um momento de muita devoção, na praça Coronel Fernando Prestes, do lado de fora do Instituto, numa atitude contemplativa e missionária”, afirmou, destacando a alegria de constatar que os jovens estão sedentos de Deus e que a Igreja tem muito a oferecer-lhes. Neste Ano Santo extraordinário da Misericórdia, o Setor Juventude faz especial convite aos jovens para a partici-

pação na celebração arquidiocesana de Pentecostes, em 15 de maio, na Catedral da Sé e nas regiões episcopais. O Setor Juventude tem como uma das principais características a vivência da “unidade na diversidade”, a partir do sonho de Jesus Cristo: “Que todos sejam um... Para que o mundo creia...” (Jo 17,21). Por isso, valoriza os carismas e dons de cada grupo de jovens, que colocam a serviço de toda a Igreja seus dons e talentos. Saiba mais em Facebook.com/SetorJuventudeSP.

Pastorais Sociais Padre Walter Merlugo é o novo assessor no Regional Sul 1 A Equipe de Coordenação do Fórum das Pastorais Sociais do Regional Sul 1 da CNBB realizou na quarta-feira, 17, a primeira reunião ordinária do ano, durante a qual foi apresentado o novo assessor do Fórum, o Padre Walter Merlugo Júnior, da Diocese de Bragança Paulista. Padre Walter teve seu nome sugerido pelos integrantes da Equipe de Coorde-

nação e foi aprovado pelo presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz do Regional Sul 1, Dom João Inácio Muller, bispo de Lorena. “Não é possível trabalhar individualmente, é necessário trabalhar em equipe, e neste tempo que venho acompanhando o trabalho do Fórum das Pastorais Sociais, vi

que a unidade e disponibilidade de todos têm sido muito forte”, falou Padre Walter. Também foram escolhidos como secretários do Fórum Norberto Rui Rossi e Margareth Maria Mathavelli, casados, das Pastorais Sociais da Diocese de Bragança Paulista. (Com informações do Regional Sul 1 / Diácono José Carlos Pascoal)

Pastoral do Povo da Rua

Arsenal da Esperança

‘Tive sede e me destes de beber’

Ação de graças por 20 anos de trabalhos em São Paulo

A Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo realizará no domingo, 28, às 15h, missa com a população em situação de rua no centro da cidade, nas esquinas das ruas Helvétia e Dino Bueno, na região conhecida como Cracolândia. No mesmo dia, voluntários da Pastoral e de outros movimentos distribuirão água aos moradores em situação de rua e dependentes químicos.

O Sermig – Fraternidade da Esperança comemora em 2016 os 20 anos de existência do Arsenal da Esperança Dom Luciano Mendes de Almeida, que neste período acolheu mais de 51 mil pessoas, e lhes deu uma perspectiva de uma nova vida. Em 12 de março, às 16h30, as comemorações pelo ano jubilar terão início com uma celebração eucarística em ação de graças, presidida pelo Car-

(Com informações do Observatório do Povo da Rua).

deal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, na sede do Arsenal (rua Dr. Almeida Lima, 900, Mooca). Na ocasião estará presente Ernesto Olivero, fundador do Sermig – Fraternidade da Esperança, além de uma delegação de outras unidades do Arsenal da Itália e da Jordânia. Outros detalhes da celebração podem ser obtidos pelo telefone (11) 2292-0977.


8 | Pelo Mundo |

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Destaques das Agências Internacionais

Filipe David

Correspondente do O SÃO PAULO na Europa

Nações Unidas/ América Latina

ONU usa zika vírus para tentar legalizar o aborto O comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, pediu aos governos latino-americanos que aumentem o acesso aos “serviços de saúde reprodutiva”, devido à epidemia de zika vírus. O termo “saúde reprodutiva” é um eufemismo utilizado para se referir ao aborto e à contracepção. Uma portavoz da ONU, Cecile Pouilly, foi mais explícita: “As mulheres deveriam ter o direito de fazer um aborto se elas quiserem”.

A Nicarágua reagiu à declaração, afirmando que “não podemos admitir que essa epidemia seja manipulada para forçar países” a “mudar a legislação sobre o direito à vida”. A Santa Sé afirmou que o pedido do Comissário para liberalizar as leis sobre o aborto é ilegítimo e que os bebês com microcefalia “merecem ser protegidos e cuidados durante suas vidas, de acordo com nossa obrigação de salvaguardar toda vida humana”. Ainda não foi provado que o zika vírus causa microcefalia. Há uma

denúncia – feita por um pesquisador independente, Plinio Bezerra dos Santos Filho – de que a verdadeira causa da microcefalia estaria em vacinas aplicadas pelo governo brasileiro em mulheres em idade fértil. O Ministério da Saúde negou que isso seja possível e disse que as vacinas utilizadas são seguras e recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Na Colômbia, mais de 30 mil casos de zika vírus foram registrados e não houve nenhum caso relatado de

microcefalia relacionada ao vírus. Pesquisadores do Centro para o Controle de Doenças (CDC, em inglês) – organização governamental dos Estados Unidos – têm trabalhado em conjunto com pesquisadores brasileiros para determinar se há ou não uma relação de causa e efeito entre o vírus e a microcefalia. Segundo o diretor do CDC, Thomas Frieden, a relação parece cada vez mais provável, mas ainda não está comprovada. Fontes: Life Site News/ BBC/ Washington Post/ CDC/ Live Science/ Mother Board

Estados Unidos África/ Estados Unidos Pais de Santa Teresa de Lisieux Fundação de Bill Gates doa milhões de dólares para controlar população africana tornam-se padroeiros de movimento pelo Matrimônio L’Osservatore Romano

Duas grandes fundações – Bill and Melinda Gates Foundation e David and Lucile Packard Foundation –, conhecidas pelo seu apoio ao controle populacional, doaram mais de 7 milhões de dólares à universidade norte-americana Tulane University para “ajudar a controlar o crescimento populacional e o excesso de gravidezes” na República Democrática do Congo. Em nota divulgada à imprensa, a Universidade afirmou que seu trabalho “tem como objetivo aumen-

tar o acesso e reduzir as barreiras ao uso de contraceptivos”. A Fundação Bill and Melinda Gates é uma das grandes promotoras do acesso à contracepção e também ao aborto, especialmente em países pobres. No final do ano passado, a Fundação anunciou um aumento de 120 milhões de dólares em suas doações para o controle populacional em países pobres nos próximos três anos. Fontes: Life Site News/ Tulane University

Espanha Bispo processado por comparar aborto a holocausto vence na justiça Luís Martin e Zélia Guérin, canonizados pelo Papa Francisco em outubro de 2015

O Movimento pela Realidade do Matrimônio, que luta para mostrar aos casais a verdade sobre o amor, a sexualidade e o Matrimônio, escolheu os santos Luís Martin e Zélia Guérin, pais de Santa Teresa de Lisieux, como seus padroeiros. O Movimento foi fundado em setembro

de 2015, por ocasião do Encontro Mundial das Famílias, em Filadélfia, nos Estados Unidos. Os integrantes também lutam pelo direito de toda criança a ser criada em uma família composta por um pai e uma mãe casados. Fonte: ACI

O bispo de Alcalá de Henares, Dom Juan Antonio Reig Pla, foi processado na justiça por “incitação ao ódio” por feministas pró-aborto, após ter comparado o abortismo ao holocausto nazista da segunda guerra mundial. A juíza Olga Iglesias decidiu que as declarações do Bispo são protegidas pelo seu direito constitucional ao livre exercício da religião: “É evidente que o bispo

que é réu deste processo, em conformidade com os princípios da Doutrina Social da Igreja Católica e no exercício de sua liberdade de expressão e religião, entende e declara que o direito exigido por algumas mulheres (de abortar) é equivalente ao assassinato direto e deliberado de crianças nascituras”, escreveu a Juíza em sua decisão. Fonte: Life Site News

Índia Jovens se unem contra o fundamentalismo religioso Mais de 500 jovens de várias religiões participaram em Mumbai, na segunda quinzena de fevereiro, de uma assembleia com o tema “O fundamentalismo religioso: uma ameaça para a humanidade e a criação”, organizada pelas Filhas de São Paulo, em colaboração com outras institui-

ções e escolas, não somente cristãs. “Unidade na diversidade” e “condenação de todo extremismo religioso” foram temáticas marcantes do encontro inter-religioso anual, do qual também participaram pais e professores. A atividade teve a proposta de ser

uma “plataforma para aprender uns dos outros, em um profícuo intercâmbio de tradições religiosas, valores, ideias e experiências”. Tudo isso “com o intento de construir uma Índia melhor, um mundo melhor”, informaram os organizadores à agência Fides. Os jovens mostraram consciência

sobre a ameaça representada pelo fundamentalismo religioso hoje, expressando o desejo de ir além das diferenças religiosas, reconhecendo-se numa Índia pluralista, multicultural e multirreligiosa, buscando uma convivência harmônica. Fonte: Agência Fides (redação: Daniel Gomes)


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L’Osservatore Romano

| Papa Francisco | 9

Jubileu da Cúria Romana: experimentar a misericórdia de Deus O Papa Francisco presidiu na segunda-feira, 22, na festa da Cátedra do Apóstolo Pedro, na Basílica Vaticana, a missa do Jubileu da Cúria Romana, do Governatorato e das Instituições ligadas à Santa Sé. O Jubileu teve início na Sala Paulo VI, com a celebração da Hora Média da Liturgia das Horas e a meditação do diretor do Centro Aletti, o jesuíta Padre Marko Ivan Rupnik. Antes da celebra-

ção eucarística, houve a procissão dos religiosos e leigos até a Porta Santa da Basílica, seguida da procissão dos sacerdotes. O Pontífice explicou a importância da fidelidade e da misericórdia no serviço cotidiano que realizam. “Deixemos que o Senhor nos livre de qualquer tentação que nos afaste do essencial da nossa missão, e redescubramos a beleza de professar a fé no Senhor

Jesus. A fidelidade ao ministério conjuga-se bem com a misericórdia que queremos experimentar”, disse o Santo Padre. Na homília, Francisco destacou que “o primeiro a ser chamado a renovar a sua profissão de fé é o Sucessor de Pedro, que carrega consigo a responsabilidade de confirmar os irmãos”. Fonte dos textos: rádio Vaticano (Redação: Renata Moraes)

Nenhuma condenação de morte no Ano da Misericórdia

Twitter do Papa já registra 27 milhões de seguidores

“O Jubileu extraordinário da Misericórdia é uma ocasião oportuna para promover no mundo formas mais maduras de respeito da vida e da dignidade de toda pessoa”, expressou o Papa Francisco no Ângelus do domingo, 21, na segunda semana da Quaresma, em que a liturgia da Igreja apresenta o evangelho da transfiguração. Referindo-se ao Congresso Internacional para Ministros da Justiça, iniciado na segunda-feira, 22, em Roma, com o tema “Por um mundo sem a pena de morte”, o Santo Padre fez um veemente apelo em favor da abolição da pena capital. “Faço um apelo à consciência dos

Durante a viagem ao México, entre os dias 12 a 18, a conta no Twitter do Papa, @Pontifex, superou os 27 milhões de seguidores. O Papa é mais seguido no Twitter pela língua espanhola (11.146.700), depois pelo inglês (8.680.000), italiano (3.365.500), português (1.909.000), polonês (566.700), francês (433.000), latim (419.300), alemão (299.200) e, por fim, o árabe (234.200). A conta @Pontifex foi criada por Bento XVI em 12 de dezembro de 2012.

governantes, a fim de que se chegue a um consenso internacional em prol da abolição da pena de morte. E proponho àqueles que entre estes são católicos que realizem um gesto corajoso e exemplar: que nenhuma condenação seja executada neste Ano Santo da Misericórdia”. Em seguida, o Papa Francisco fez uma exortação não somente aos cristãos: “Todos os cristãos e os homens de boa vontade são hoje chamados a trabalhar não somente pela abolição da pena de morte, mas também a fim de melhorar as condições carcerárias, no respeito pela dignidade humana das pessoas privadas da liberdade”.

Reprodução

‘Aborto é um crime, é um mal absoluto’ No voo de retorno a Roma após a viagem ao México, o Papa Francisco concedeu, como de costume, uma entrevista coletiva aos jornalistas. Em pauta, questões como pedofilia, aborto em casos de zika vírus, comunhão aos recasados e próximas viagens apostólicas.

Francisco foi questionado pela jornalista Paloma Garcia Ovejero, da rede Espanhola Cope, sobre a proliferação do zika vírus no mundo: “Há muita preocupação em vários países latino-americanos, mas também na Europa, com o vírus ‘zika’. O maior risco seria para as

mulheres grávidas. Há angústia. Algumas autoridades propuseram o aborto, ou, então, evitar a gravidez. Neste caso, a Igreja pode tomar em consideração o conceito de ‘mal menor’?”, questionou a jornalista. “O aborto não é um ‘mal menor’. É um crime. É eliminar uma pessoa para

salvar outra. É aquilo que faz a máfia. É um crime, é um mal absoluto. Quanto à aplicação do ‘mal menor’ ao evitar a gravidez: falamos em termos de conflito entre o quinto e o sexto mandamento. Paulo VI – o grande! –, numa situação difícil, na África, permitiu às Irmãs usarem contraceptivos para os casos de violência. É preciso não confundir o mal de apenas evitar a gravidez com o mal do aborto”, respondeu Francisco. “O aborto não é um problema teológico: é um problema humano, é um problema médico. Mata-se uma pessoa para salvar outra (na melhor das hipóteses!) ou para nossa comodidade. É contra o Juramento de Hipócrates, que os médicos devem fazer. É mal em si mesmo, não um mal religioso – na raiz, não; é um mal humano. E, obviamente, uma vez que é um mal humano – como cada assassinato – é condenável. Caso diferente é evitar a gravidez, que não é um mal absoluto, e em certos casos – como aquele que mencionei do Beato Papa Paulo VI – era claro. Dito isso, gostaria de animar os médicos para que façam o máximo possível por encontrar as vacinas contra estas duas melgas portadoras deste mal: nisto, há que trabalhar”, finalizou o Pontífice.


10 | Pelo Brasil |

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Renata Moraes

Destaques das Agências Nacionais

jornalismorenata@gmail.com

Casos de dengue na cidade de São Paulo crescem 144% no primeiro mês de 2016 Em janeiro de 2016, foram notificados 5.877 casos de dengue na cidade de São Paulo. Os números divulgados na segunda-feira, 23, pela Secretaria Municipal de Saúde indicam aumento de 144%

em relação às 2.406 notificações registradas em janeiro do ano passado. Dos casos informados em 2016, 827 foram confirmados. Segundo o secretário municipal de

Saúde, Alexandre Padilha, a zona Leste da Capital concentra a maior parte dos casos, especialmente nos bairros do Lajeado, na região de Guaianases, e Cangaíba, na região da Penha. Também tive-

Diretora-geral da OMS visita o Brasil No Brasil para discutir os casos de microcefalia e a possível relação da doença com o zika vírus, a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, reuniu-se com a presidente Dilma Rousseff na terça-feira, 23, no Palácio do Planalto, em Brasília. Em seguida, encontrou-se com ministros no Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres. Margaret Chan veio ao Brasil acompanhada da diretora da Organização Pan-Americana de Saúde e diretora regional da OMS para as Américas, Carissa Etienne. De Brasília, elas seguiram para o Recife, porque o estado de Pernambuco registra o maior número de casos de microcefalia, possivelmente associados à infecção (182 casos da má-formação confirmados e 1.203 em investigação). O Ministério da Saúde investiga pelo menos 3.935 casos suspeitos de microcefalia possivelmente associada ao zika vírus. Até o dia 13 de fevereiro, 508 casos foram confirmados e 837 descartados, de um total de 5.280 notificações. Desde a quinta-feira, 18, a notificação de casos suspeitos de infecção pelo zika vírus é obrigatória no País. Fonte: Agência Brasil

Valter Campanato/Agência Brasil

Presidente da Samarco é indiciado por tragédia em Mariana (MG)

presença de estudiosos e especialistas em comunicação e em liturgia. Haverá, ainda, a noite cultural, no sábado, 16 de julho, com workshop “Mão na massa na comunicação católica!” De acordo com bispo auxiliar de Aparecida (SP) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB, Dom Darci Nicioli, o Encontro é um espaço formativo e de evangelização. A expectativa da organização é de receber mais de 800 participantes de diversas regiões do País. Fonte: CNBB

Fonte: Portal G1 e Folha de São Paulo

Margaret Chan, diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS)

Divulgação

Com o tema “Comunicação e Liturgia”, o evento tem como objetivo aprofundar a compreensão e o serviço da comunicação no campo da liturgia da Igreja. Estão previstas quatro conferências e seis seminários temáticos, com

Fonte: Agência Brasil

A Polícia Civil de Minas Gerais pediu na terça-feira, 23, a prisão preventiva de seis funcionários da Samarco e do presidente licenciado Ricardo Vescovi, após o término do primeiro inquérito que apura o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG). O acidente ocorreu em 5 de novembro de 2015, causando uma enxurrada de lama que destruiu o município de Bento Rodrigues, além de poluir o rio Doce até a foz, no Espírito Santo. O inquérito, que apurou as 19 mortes causadas pelo rompimento da barragem, possui 13 volumes, 2.432 páginas e cerca de cem depoimentos. Foram indiciados, além de Ricardo Vescovi, o diretor de operações, Kléber Terra; o gerente de projetos, Germano Lopes; o coordenador técnico, Wanderson Silvério; o gerente de operações, Wagner Milagres; e a gerente de geotecnia, Daviely Rodrigues. Esses funcionários da Samarco estão licenciados de seus cargos. Os pedidos de prisão preventiva não têm prazo determinado. Em nota à imprensa, a Samarco considerou equivocados os indiciamentos e as medidas cautelares de privação de liberdade propostas pela Polícia e informou que tomará as medidas cabíveis após a decisão da Justiça.

‘Comunicação e Liturgia’ é o tema de Encontro Nacional da Pascom Centenas de comunicadores de todo o Brasil são esperados para o 5º Encontro Nacional da Pastoral da Comunicação (Pascom), de 14 a 17 de julho, no Centro de Eventos Padre Vítor Coelho de Almeida, em Aparecida (SP). Entre eles, estão bispos, sacerdotes, leigos e membros da Pastoral Litúrgica das dioceses, paróquias e comunidades. Os interessados em participar devem fazer inscrição até 31 de maio pelo site http://encontronacionalpascom.cnbb. org.br.

ram incidência significativa da doença a região do Parque do Carmo e de Itaquera, além do Jardim São Luiz e o Sacomã, na zona Sul.


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| Entrevista | 11

Com a Palavra: Padre Miguel de Salis Amaral

‘A unidade não quer dizer uniformidade’ Universidade Católica de Petrópolis

edcarlos bispo edbispo@gmail.com

O encontro entre o Papa Francisco e o Patriarca Cirilo (Kirill), líder da Igreja Ortodoxa Russa, no dia 12, fez história. “Estou feliz por te cumprimentar, querido irmão”, disse o Patriarca. “Finalmente”, manifestou o Pontífice. Católicos e ortodoxos estão separados desde o “Grande Cisma do Oriente”, em 1054, e essa foi a primeira vez que um papa e um patriarca ortodoxo russo se reuniram. Em entrevista ao O SÃO PAULO, o professor de Eclesiologia e Ecumenismo da Pontifícia Universidade da Santa Cruz, em Roma, Padre Miguel de Salis Amaral, analisou esse encontro histórico. O SÃO PAULO – Qual a importân-

cia do recente encontro entre o Papa Francisco e o Patriarca Cirilo?

Padre Miguel de Salis Amaral - É a primeira vez que o Patriarca Cirilo, enquanto patriarca, se encontra com um papa. Também é importante porque supõe uma porta aberta que antes não se conseguia abrir, apesar de toda a boa vontade do Papa nesse sentido. Lembro-me que o Papa já tinha afirmado que ele se encontraria com o Patriarca no lugar e no momento que este último dispusesse. Mais disponibilidade católica era difícil de imaginar. Agora, houve a primeira resposta afirmativa do Patriarca ortodoxo russo.

Essa reaproximação muda algo na relação entre as duas Igrejas?

Podemos dizer que algo mudou na parte da Igreja Ortodoxa Russa, que decidiu que desta vez podia haver o encontro. Isso é muito esperançoso. Ao mesmo tempo, será necessário aguardar o regresso do Patriarca a Moscou para perceber concretamente se há mudanças à vista na relação entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa Russa.

Numa eventual unificação de ritos das duas Igrejas, o que mudaria no modo com que católicos apostólicos romanos e ortodoxos russos vivenciam a fé?

Não está prevista uma unificação de ritos da Igreja Católica com as igrejas ortodoxas. A Igreja Católica não quer uma uniformização das vivências da fé. De fato, na Igreja Católica já existe o rito bizantino, vivido pela Igreja Ortodoxa Russa, ao lado do rito latino, maronita, copto etc. Para dizer numa frase: a unidade não quer dizer uniformidade.

conhecimento absoluto sobre a presença dos ortodoxos no Brasil.

Em 2016 haverá o Concílio Panortodoxo? Qual o significado dessa atividade?

Quais as principais diferenças entre católicos e ortodoxos russos?

A principal diferença entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa Russa está na união à Igreja de Roma e ao seu bispo, o Papa. Vários ortodoxos russos reconhecem o Batismo e os outros sacramentos da Igreja Católica, mas esse reconhecimento não é partilhado por todos eles. Aí está outra diferença que, sendo interna ao mundo ortodoxo, terá de ser resolvida entre eles mesmos. Há outras diferenças que têm contribuído para uma falta de entendimento: leituras diferentes do passado, com recriminações mútuas, modos de ver o mundo e de rezar que são diferentes etc. Essas últimas diferenças em si mesmas não impedem a unidade, mas são muito mais significativas e têm sido um obstáculo que impede a aproximação, o diálogo e a mútua compreensão.

Após o encontro, o Papa reforçou que a unidade se faz no caminho. Quais as reais possibilidades de que haja novamente uma plena comunhão entre católicos e ortodoxos?

O Papa está convencido de que se pode colaborar em projetos comuns, como a promoção da paz, da dignidade da pessoa humana em todas as fases de vida, a luta contra a corrupção e exploração das pessoas, a proteção da terra etc. Isso quer dizer que ele vê essa ação como necessária e importante, pois são temas muito caros aos católicos e aos ortodoxos. Também vê nessa colaboração um caminho válido para o conhecimento e compreensão mútuos. Em outro nível da questão, o Papa e o Patriarca desejam que o diálogo teológico continue como está até agora, nas estruturas de diálogo que têm funcionado (por meio da Comissão Mista de Diálogo entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas). As duas vias (do

diálogo teológico e da colaboração em projetos comuns) são certamente de ajuda para fazer passos em direção à plena comunhão visível, que é aquilo que todos desejamos.

A perseguição aos cristãos pode ser um ponto para a convergência entre as duas Igrejas?

Pode sim. De fato, já no ano 2000, o Papa João Paulo II quis ter uma celebração jubilar no Coliseu de Roma com bispos e representantes das igrejas ortodoxas e das comunidades oriundas da Reforma, para celebrar conjuntamente os mártires do século XX. Os mártires católicos e ortodoxos do século XX, que estão bem unidos no céu, rezam por todos nós e pela unidade de todos os cristãos aqui na terra. A perseguição aos cristãos do século XXI, a partilha da mesma experiência de dor por causa da mesma fé em Cristo, também pode ser um fato de convergência entre católicos e ortodoxos.

Além de Cuba, o Patriarca visitou as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Qual o significado dessa viagem ao Brasil?

Ele tem visitado vários países da América do Sul, regressando na última semana do mês a Moscou. Sobre o significado dessa visita para o Brasil, não saberei dizer concretamente. O Brasil é um país com grandes corações e as portas abertas a Deus. O brasileiro e a brasileira são pessoas que naturalmente estão abertas àquilo que não é material, ao além e a Deus. Sei que há estruturas católicas de rito oriental em território brasileiro, nascidas da imigração de pessoas que foram para o Brasil nos séculos XIX e XX. Elas cresceram e continuarão a crescer com a ajuda de Deus. É provável que também haja eparquias (dioceses orientais) ortodoxas, mas não tenho

Este Concílio é muito importante. As Igrejas ortodoxas amam a tradição conciliar do primeiro milênio, mas desde que se separaram da Igreja de Roma não voltaram a reunir-se em um Concílio. No mais, vieram ao Concílio II de Lyon (1274) e ao Concílio de Florença (1439), que foram convocados pela Igreja Católica, entre outras coisas, para tentar um acordo com elas. Infelizmente, esse acordo durou poucos anos e a separação voltou. Agora, as Igrejas decidiram reunir-se para discutir temas comuns em conjunto. Trata-se de um desejo concreto que já tinham há mais de 50 anos, mas que nunca haviam conseguido concretizar. Parece que desta vez vai acontecer e isso é muito bom. A importância de um concílio pan-ortodoxo vai ser medida pelos temas tratados, pelos acordos e pela capacidade de colocá-los em prática. Dou dois exemplos. O primeiro é o tema das relações entre as Igrejas ortodoxas e as outras Igrejas e comunidades não ortodoxas. É a primeira vez que o tema será debatido amplamente entre todos. Como já disse, alguns reconhecem a validade dos sacramentos celebrados na Igreja Católica. Outros fazem um discernimento e não têm uma norma fixa. Esperemos que os ortodoxos cheguem a um acordo sobre esse tema, que dificulta muito o diálogo ecumênico. O segundo exemplo é a questão da jurisdição das Igrejas ortodoxas nos territórios da diáspora (territórios da Europa ocidental, da América, da África e da Oceania). Alguns pensam que o Patriarca de Constantinopla é o chefe dessas comunidades, pois elas são normalmente oriundas da emigração russa, romena, grega, sérvia, árabe, síria ou de outros países. Outros acham que o chefe delas é o primado da Igreja nacional ortodoxa da qual provém essa emigração. Por causa disso, há cidades em que vivem dois, três, quatro, ou mesmo seis bispos ortodoxos, cada um sendo bispo dos emigrantes da sua nacionalidade. Isso é uma situação complicada e anormal, pois é difícil explicar à segunda ou terceira geração de emigrados - já enraizada no país ocidental e em serena comunhão com outros ortodoxos filhos de emigrados de outros países - que a comunidade ortodoxa tem vários bispos, está fragmentada em nacionalidades de proveniência. Eles assim perdem a experiência da catolicidade da Igreja. Outras vezes, uma Igreja ortodoxa nacional cria uma eparquia no território que outra considera ser seu para a atenção dos seus emigrados, e não tem havido possibilidade de resolver essas diferenças. Esperemos que os ortodoxos cheguem a um acordo sobre essa questão.

As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.


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24 de fevereiro a 1º de março de 2016 | www.arquisp.org.br

Em São Paulo, Patriarca de Moscou reza pelos cristãos perseguidos Luciney Martins/O SÃO PAULO

Fernando Geronazzo

Especial para O SÃO PAULO

“Que o Senhor dê a alegria de uma vida pacífica a seus filhos perseguidos”. Esta prece foi entoada repetida vezes durante a Divina Liturgia (rito bizantino da missa) presidida pelo Patriarca Cirilo (Kirill), de Moscou e toda a Rússia, na Catedral Metropolitana Ortodoxa Antioquina de São Paulo, no bairro do Paraíso, no domingo, 21. A Capital Paulista foi o último destino da viagem do líder da Igreja Ortodoxa Russa na América Latina. Cirilo desembarcou em Brasília na sexta-feira, 19, para um encontro com a presidente Dilma Rousseff. Em seguida, visitou o Rio de Janeiro, onde participou de uma celebração ecumênica no Cristo Redentor (leia mais abaixo). Antes, o Patriarca esteve no Paraguai, Chile e Cuba, onde aconteceu o encontro histórico com o Papa Francisco, no dia 12. Essa foi a segunda visita de Cirilo ao Brasil. Em 2008, ele visitou o País como o então chefe do Departamento de Relações Externas do Patriarcado de Moscou. De acordo com o atual chefe deste Departamento, Metropolita Hilarion, a visita do Patriarca ao Brasil foi programada para o celebrar o 95º aniversário da chegada de 1.217 refugiados russos de Gallipoli ao Rio de Janeiro, em 1921, e o 70º aniversário da criação da Arquidiocese Ortodoxa Russa da Argentina e América do Sul. A celebração em São Paulo foi concelebrada por bispos e sacerdotes das Igrejas ortodoxas no Brasil e na América Latina e também contou com a presença de representantes de diferentes Igrejas cristãs, entre eles, o arcebispo metropolitano de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, além de diversas autoridades civis e diplomáticas. “Que Deus salve o Brasil e a América Latina, e as nossas Igrejas, e que ajude todos nós a construir uma nova vida sem guerra, sem conflito e sem violência! Que Deus salve a sua criação!”, afirmou o Patriarca, ao agradecer a acolhida no Brasil. “Hoje eu vou partir da América Latina e essa é minha última oportuniGustavo de Oliveira/Arquidiocese do Rio de Janeiro

Ato ecumênico no Cristo Redentor, dia 20

Patriarca Cirilo preside missa na Catedral Ortodoxa Antioquina de São Paulo, no domingo, 21, último dia de sua viagem à América Latina

dade de me dirigir a esse povo e dizer: muito obrigado por seu amor e por sua hospitalidade, que senti nessa terra. E talvez o fundamento dessa hospitalidade é o amor cristão. É talvez o fundamento mais forte do mundo. É o melhor meio para conseguir justiça”, manifestou. Cirilo recordou especialmente a situação de conflitos e perseguição de cristãos de diferentes confissões no Oriente Médio. “Nós rezamos por aqueles que são vítimas de perseguição, que são nômades e que sofrem apenas por serem cristãos. Rezamos por aqueles que estão sofrendo na Síria, na Líbia e no Iraque, e também agradeço à hospitalidade que vocês dão a nós (cristãos) em seu País”, disse, manifestando solidariedade para com arcebispo ortodoxo antioquino, Dom Damaskinos Mansour, e sua comunidade de origem sírio-libanesa que cedeu a Catedral Antioquina para a missa.

tido de proteger os cristãos que sofrem, mas em outros rumos também, para que o mundo seja mais pacífico, para que as pessoas aprendam a viver conjuntamente, para que as pessoas das diversas crenças entendam uma verdade: não se alcança uma paz duradoura com força e com ação militar”, disse. “A paz duradoura sempre está ligada à justiça. E a situação onde as partes de um conflito militar querem atingir seus objetivos, mas há outros objetivos ocultos e quando esse caminho para a obtenção da paz é feito com força e com a intervenção militar, aquela

paz nunca será duradoura”, salientou. Cirilo reiterou que por esse motivo, ele e o Papa Francisco convidam “a todos os envolvidos no conflito da Síria e do Oriente Médio em geral para superarem as suas diferenças e adotarem uma coalisão conjunta”, e completou: “A Rússia e outros países onde habitam membros da Igreja Ortodoxa Russa estão levando muito perto do coração o sofrimento do povo sírio. Hoje está sendo feito todo o possível para proteger o seu povo, para enviar uma ajuda humanitária àqueles que vêm sofrendo”, completou. (Colaborou Igor Andrade)

Tony Foto e Vídeo

A paz duradoura não se alcança com a força

O Patriarca também fez referências à declaração assinada conjuntamente com o Papa Francisco em Havana. “Essa declaração tem como foco a atenção à perseguição dos cristãos, o sofrimento dos cristãos; e ela oferece uma base para nossa ação conjunta, não somente no sen-

Após a missa do dia 21, o Patriarca Cirilo, líder da Igreja Ortodoxa Russa, saudou, em encontro privado, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo

União pelo fim da perseguição Na cerimônia aos pés do Cristo Redentor, no sábado, 20, com a presença do arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, o Patriarca Cirilo, líder da Igreja Ortodoxa Russa, defendeu a união de todas as pessoas, independentemente de sua fé, para acabar com os conflitos e a perseguição aos cristãos em curso em diversas partes do mundo. “Os ortodoxos e os católicos podem responder juntos a esses desafios. Com certeza, ainda temos diferenças doutrinais, no entanto, podemos combater

juntos para colocar fim à perseguição dos cristãos, para colocar fim à descristianização da civilização humana no século XXI”, afirmou Cirilo. Ele explicou que seu chamado era dirigido a todas as pessoas de boa vontade, “muitos deles pertencentes a outras religiões, confissões, ou mesmo que perderam a fé”. “Necessitamos preservar intacto nosso sentimento moral, porque somente a lei moral que foi dada por Deus pode servir para um consenso da humanidade e pode servir de base para a nossa união

em nome de um futuro melhor para nossos povos e toda a raça humana”, defendeu o líder ortodoxo que, enumerou, ainda, as ameaças contra os cristãos, como a devastação de igrejas e mosteiros em regiões como o Oriente Médio e vários países africanos com uma “barbaridade e crueldade terrível”; a falta de união dos países para combater o terrorismo; o uso do discurso contra o terrorismo para “perseguir outros fins” e o temor da população de uma “grande guerra”. (Com informações de Rádio Vaticano)


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Ortodoxos são 300 milhões em todo mundo Patriarcardo de Constantinopla

O SÃO PAULO apresenta características da Igreja iniciada após o ‘Grande Cisma’ de 1054 Fernando Geronazzo

A Igreja Ortodoxa Russa foi alvo de muitas notícias nas últimas semanas por conta do encontro do Patriarca Cirilo com o Papa Francisco, no dia 12. A Igreja Ortodoxa Russa é uma das várias Igrejas que formam a comunhão ortodoxa. Para entender como se organiza a ortodoxia é preciso retomar sua origem e compreender como se deu a separação da Igreja no ocidente. O catolicismo e a ortodoxia possuem a mesma origem em uma única Igreja nascida em Jerusalém, fundada pelo próprio Cristo. Após a ressureição de Jesus, os apóstolos saíram em missão em direção ao ocidente fundando várias comunidades. Entre os séculos IV e V, as cinco primeiras Igrejas apostólicas receberam o título de patriarcados, dando origem à chamada pentarquia (do grego: penta – cinco, e arquia – governo ou governante), isto é, seus bispos eram patriarcas e tinham primazia sobre as outras comunidades cristãs. Os cinco patriarcados eram Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém. Na pentarquia, o Bispo de Roma, sucessor de Pedro, tinha o primado de honra entre os demais patriarcas, sendo o primus inter pares (o primeiro entre os iguais) na ordem de precedência das Igrejas.

O Grande Cisma

A separação entre os cristãos do Oriente e do Ocidente, chamada de “Grande Cisma” se concretizou no ano de 1054. Os fatores que, num lento processo, levaram à separação são vários: políticos, culturais, eclesiásticos e doutrinários. “O ano que marcou essa separação foi 1054, mas também não podemos achar que, do dia para a noite, as Igrejas se separaram. Foi um processo desgastante para ambas, uma série de mal-entendidos e conflitos que levaram a uma ruptura formal”, explicou, ao O SÃO PAULO o Padre Gregório Teodoro, responsável pelo diálogo ecumênico na Igreja Ortodoxa Antioquina de São Paulo. Com a autonomia dos patriarcados, os cristãos passaram a diferenciar-se em questões de fé e liturgia bastante significativas, como a questão trinitária do filioque, na qual os orientais professam a fé de que o Espírito Santo procede somente do Pai, enquanto os ocidentais professam que este procede do Pai e do Filho. No âmbito político, as tensões entre as duas Igrejas começaram com a divisão do Império Romano em oriental e ocidental, e a transferência da capital da cidade de Roma para Constantinopla, no século IV. Já do ponto de vista eclesiástico, a discordância entre orientais e ocidentais diz respeito à aceitação da au-

Arquivo L’Osservatore Romano

Especial para O SÃO PAULO

Patriarcas e arcebispos primazes ortodoxos reunidos com o Patriarca Ecumênico de Constantinopla em 2014; no detalhe, histórico encontro entre Atenágoras I e o Papa Paulo VI, no ano de 1965, em Jerusalém

toridade do bispo de Roma, o papa, em relação aos demais patriarcas. O fato que marcou o Cisma foi o envio do Cardeal Humberto à Constantinopla como legado do Papa Leão IX na tentativa de solucionar a crise. O resultado, porém, foi uma carta de excomunhão deixada sobre o altar da Basílica de Santa Sofia para o Patriarca de Constantinopla, Miguel Cerulário, que, por sua vez, retribuiu com a excomunhão do pontífice romano. Após o Cisma, os cristãos do Oriente passaram a ser chamados “ortodoxos” (que vem do grego orthos – reto, correto, e doxa – louvor, doutrina ou opinião), enquanto os do Ocidente passaram a ser chamados “católicos romanos”, por sua ligação à Sé Apostólica de Roma. Assim como os católicos, os ortodoxos possuem os sete sacramentos com variações em relação aos ritos elaborados por São João Crisóstomo, São Basílio e São Gregório Magno. Também possuem organização hierárquica semelhante, com bispos (legítimos sucessores dos apóstolos), padres e diáconos, sendo que os padres e diáconos podem ser celibatários, geralmente monges, ou homens casados antes da ordenação. Já os bispos devem ser sempre escolhidos dentre os celibatários.

Caminho de unidade

Ao longo desses quase mil anos, foram muitas as tentativas de reunificação entre Oriente e Ocidente, principalmente nos concílios ecumênicos de Lyon (1274) e Florença (1439), mas sem sucesso. Porém, as mútuas excomunhões só foram levantadas em 7 de dezembro de 1965, pelo Papa Paulo VI e o patriarca ecumênico de Constantinopla, Atenágoras I, em um histórico encontro em Jerusalém e, posteriormente, de uma Comissão de Diálogo Teológico. O jubileu de ouro deste histórico encontro foi celebrado no ano passado entre o Papa Francisco e o Patriarca Bartolomeu, também em Jerusalém.

Ainda em 2015, os primazes de Roma e Constantinopla se encontraram outras vezes, uma delas durante a visita do Pontífice à Turquia. Em 2013, Bartolomeu também foi à missa inaugural do início do pontificado de Francisco. Em 2006, Bento XVI também esteve na Turquia e se encontrou com o Patriarca Ecumênico. Atualmente, católicos e ortodoxos se consideram “Igrejas irmãs”, embora ainda não haja comunhão plena canônica e sacramental. Nesses vários séculos, algumas comunidades orientais independentes voltaram para a plena comunhão com Roma, sendo assim instituídas as Igrejas Católicas de Rito Oriental Sui Iuris, sob a jurisdição do Papa, como as Igrejas Greco-Católica Melquita, Greco-Católica Ucraniana e Católica Siríaca. Ao todo são 23 dessas Igrejas. Já a Igreja Maronita, também de rito oriental, sempre permaneceu unida à Igreja de Roma, não aderindo ao Cisma de 1054.

Organização atual

Desde a separação da Igreja Católica, o Patriarcado de Constantinopla, também chamado de Patriarcado Ecumênico, ocupa o lugar de primus inter pares entre os ortodoxos. Hoje no mundo existem cerca de 300 milhões de ortodoxos, distribuídos em 14 Igrejas “autocéfalas”, isto é, que possuem um patriarca ou primaz com jurisdição própria em plena comunhão umas com as outras. Dessas, nove são patriarcados – os históricos de Constantinopla, Alexandria, Antioquia, Jerusalém, mais os da Rússia, Sérvia, Romênia, Bulgária e Geórgia, instituídos posteriormente – e cinco arcebispados com honras de patriarcados – Chipre, Grécia, Polônia, Albânia, República Tcheca/Eslováquia. Também existem as Igrejas autônomas, independentes em questões internas, mas dependentes de algum patriarcado, como, por exemplo, para a confirmação da eleição de seu líder máximo. Entre elas estão as Igrejas ortodo-

xas da Finlândia (Constantinopla); Igreja do Monte Sinai (Jerusalém); Japão e China (Moscou), entre outras. A Igreja Ortodoxa na América é um caso especial, pois é reconhecida como autocéfala pelo Patriarcado de Moscou e algumas Igrejas eslavas, mas não pelo Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. Cada uma dessas Igrejas é governada pelo seu próprio Santo Sínodo, constituído de todos os bispos e arcebispos e presididos por seu líder máximo, que delibera sobre questões internas e a escolha ou remoção dos bispos, inclusive, patriarcas ou primazes. A reunião dos patriarcas e primazes da comunhão ortodoxa é chamada de Sinaxe, sempre convocada pelo Patriarca de Constantinopla. Em 2016, será realizado o Sínodo (ou Concílio) Pan-ortodoxo, o primeiro desde o “Grande Cisma” (leia mais na página 11).

Igrejas Pré-Calcedonianas

Antes ainda de 1054, durante os séculos IV e V, algumas Igrejas orientais passaram a se organizar independentemente por não aceitarem totalmente as formulações do 4º Concílio Ecumênico de Calcedônia (451) como, por exemplo, a duas naturezas, humana e divina, de Jesus Cristo. Por isso, são chamadas “Pré-Calcedonianas”. Elas não possuem comunhão plena com ortodoxos nem com os católicos. São as Igrejas Apostólica Armênia, Syrian-Ortodoxa, Copta e Ortodoxa da Etiópia.

No Brasil

A primeira Igreja ortodoxa e da América Latina foi construída pelos imigrantes sírio-libaneses em 1904 em São Paulo, na região da rua 25 de Março. Em 1922, foi elevada à Arquidiocese pelo Patriarcado de Antioquia. Posteriormente, os imigrantes gregos, russos, poloneses e ucranianos organizaram suas comunidades ortodoxas segundo suas etnias e patriarcados. (Colaborou Igor Andrade)


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Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Diálogo: um caminho para o fim da violência nas manifestações Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com

A falta de diálogo pode ser uma das causas que acirram os ânimos nas manifestações, tanto por parte da Polícia quanto por parte dos manifestantes. De acordo com Rafael de Paula Aguiar Araújo, pesquisador do Núcleo de Estudos em Arte Mídia e Política e professor do Programa de Estudos Pós-graduados em Ciências Sociais da PUC-SP, o que acontece nas manifestações é “um jogo de ação e reação de um conflito de interesses e de cumprimento de papéis, tanto com os manifestantes cumprindo um papel pela busca de uma causa que acreditam quanto com o Estado cumprindo o papel da manutenção da ordem”. “Pode ser que esteja ocorrendo uma falta de diálogo de uma das partes, porém é difícil dizer de qual das partes, pois varia de caso a caso”, afirmou Rafael. Segundo o Professor, o comportamento do Estado é direcionado de acordo com quem está fazendo a manifestação, sendo o diálogo mais amplo para alguns setores e menos para outros.

Troca de acusações

A Secretaria de Segurança Pública (SSP), por meio de nota, afirmou que a “atuação da PM [Polícia Militar] em protestos ocorre para garantir a segurança de todos os cidadãos, sejam eles participantes ou não do ato. O uso progressivo da força pela corporação ocorre como reação a crimes praticados por bandidos infiltrados em grupos de manifestantes. A opção pelo confronto nunca é da Polícia”. Os integrantes do Movimento Passe Livre (MPL) discordam dessa afirmação. Em entrevista ao O SÃO PAULO, Leticia Cardoso, membro do Movimento, destacou que a violência sempre

Tropa de choque acompanha manifestação contra o aumento da tarifa dos transportes em SP

parte da Polícia e citou como exemplo o 2ª ato contra o aumento da tarifa, realizado em 12 de janeiro, quando a manifestação nem havia saído, os trajetos estavam sendo debatidos e a repressão por parte da PM foi iniciada. Ela afirma que a repressão “cumpre o papel de afastar as pessoas dos atos”. Maria Stela Santos Graciani, professora titular da PUC-SP e coordenadora dos cursos de pós-graduação lato sensu de Formação em Políticas de Gestão e Segurança Pública, Pedagogia e também coordenadora do Núcleo de Trabalhos Comunitários da pontifícia universidade, acredita que “a Polícia não está preparada para manter a ordem sem violência”. “O inimigo não é o manifestante de uma manifestação pública. O papel da Polícia é fazer o controle da violência do bandido, daquele que está para roubar, estuprar etc; não entenderam, ainda, que é um trabalho preventivo, curativo e não um trabalho violento. Assim,

acabam sendo tão violentos quanto aqueles que estão violando os direitos do outro”, analisa a Professora. Maria Stela afirma, ainda, que as ações cometidas por mascarados, ou black-blocs que realizam quebra-quebras, não devem ser vistas como parte do movimento. Por isso, para ela, nesses casos, “a segurança pública tem que agir, porém não precisa agir com violência”.

Comissão Justiça e Paz e OAB como pontes para o diálogo

O presidente da Comissão Justiça e Paz (CJP) da Arquidiocese de São Paulo, Antonio Funari Filho, destacou à reportagem que a CJP “é contra a criminalização dos movimentos sociais, mas não defende crimes praticados por pessoas que se infiltram nos movimentos”. Funari condenou as depredações que eventualmente acontecem nas manifestações, destacando que a CJP é “a

favor da liberdade e contra as ações criminosas, seja de quem for”. Semanalmente, a Comissão realiza reuniões com o Movimento Contra a Criminalização dos Movimentos Sociais para tratar desses assuntos. Nessas ocasiões, de acordo com Funari, a CJP se coloca como intermediária no diálogo entre manifestantes e o poder público. “A Comissão acompanhou desde o começo [as manifestações], acionando a Ouvidoria de Polícia, que é uma instituição criada justamente para poder atender os reclames da população. Acompanhamos cada uma das manifestações por meio dos membros da Comissão e com a Ouvidoria de Polícia, cujo ouvidor é integrante da Comissão Justiça e Paz”, informou Funari. Além do constante contato com o ouvidor das Polícias do Estado de São Paulo, Júlio Cesar Fernandes Neves, a CJP realizou um encontro no final de 2015 com a participação do secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, e do Cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, para “reforçar o diálogo e fazer com que a Polícia compareça para garantir a manifestação e não para impedi-la”, detalhou Funari. Também presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP), Marcos da Costa, destacou que a Entidade tem acompanhado as manifestações, principalmente no que diz respeito à preservação do que pede a Constituição, condenando excessos que surjam dos dois lados. Na busca de promover o diálogo entre as partes, Marcos afirmou que a OAB-SP se coloca ao lado do Ministério Público na busca por um ponto de equilíbrio. “Há um ponto de conflito de interesses sociais relevantes: o direito à manifestação e o direito da sociedade em ter segurança”, ponderou.


www.arquisp.org.br | 24 de fevereiro a 1º de março de 2016

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Belém espera acolher 550 mil pessoas no Congresso Eucarístico Nacional CEN 2016 / Divulgação

Em parceria com a equipe de comunicação do CEN 2016, O SÃO PAULO inicia série de reportagens mensais sobre os preparativos do evento que acontecerá em agosto Alan Monteiro da Silva Leonardo Monteiro Especial para O SÃO PAULO, em Belém (PA)

Dentro de seis meses, entre 15 e 21 de agosto, a cidade de Belém, no Pará, sediará o XVII Congresso Eucarístico Nacional (CEN 2016). A expectativa é que o evento reúna ao menos 550 mil pessoas, entre bispos, sacerdotes, expositores e fiéis que desejam reafirmar a fé no Cristo Eucarístico. O tema do Congresso será “Eucaristia e Partilha na Amazônia Missionária” e o lema “Eles o reconheceram no partir do Pão” (cf. Lc 24,35). A Capital paraense também celebra, neste ano, seu quarto centenário de evangelização na Amazônia. O arcebispo metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa, ressalta a consciência que a Igreja em Belém tem sobre a grandiosidade do CEN 2016. “É a segunda vez que o evento acontece em nossa cidade. Cabenos uma grande responsabilidade, pois seremos a capital eucarística de nosso País, acolhendo pessoas de todas as regiões do Brasil. Temos em mãos a responsabilidade de mostrar para o Brasil as nossas riquezas e a maior delas é a nossa fé. Desejamos tornar visível em todo o Brasil a força da Eucaristia e a ação missionária na Amazônia de um povo de fé que testemunha com sua cultura e maneira de ser a Igreja viva na Amazônia”.

Em diversos pontos de Belém

A programação do Congresso Eucarístico Nacional acontecerá em alguns dos principais pontos da Capital belenense. No Estádio Olímpico do Pará, o Mangueirão, acontecerá a abertura oficial do CEN 2016, em 15 de agosto, uma segunda-feira, quando haverá o acolhimento do legado pontifício (o representante do Papa no Congresso). Em 18 de agosto, acontecerá a celebração com Primeira Comunhão para cerca de 1.300 crianças, e no dia seguinte, os jovens se reunirão para a celebração eucarística. Em 20 de

Complexo Feliz Luzitânia será palco da bênção do Santíssimo Sacramento durante o CEN 2016, em agosto

agosto, um sábado, acontecerá a chamada grande Celebração Eucarística, com adoração ao Santíssimo Sacramento, após a qual serão iniciadas 85 procissões, uma para casa paróquia da Arquidiocese. No Hangar Convenções & Feiras da Amazônia, acontecerão outras atividades principais do Congresso, a começar pelo Simpósio Teológico, com quatro cursos, sendo ministrados pelo Padre Wagner Ferreira, da Comunidade Canção Nova; Padre João Paulo Dantas, doutor em Teologia; Dom José Aparecido, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belém; e Dom Piero Marini, presidente do Pontifício Comitê para os Congressos Eucarísticos Internacionais. O CEN 2016 ainda contará com workshops, feira católica e exposição de arte sacra e artesanato regional. No portal da Amazônia, na orla da cidade, acontecerá a chegada da procissão eucarística fluvial, que terá início em Manaus, passando por dioceses e prelazias da Amazônia até Belém. Na chegada, haverá a bênção com Santíssimo e programações culturais com apresentações de Orquestra Sinfônica e do Padre Reginaldo Manzotti. Estão previstas, também, celebrações eucarísticas na Sé Catedral de Belém, presididas pelos cardeais, pelo núncio apostólico e pelo legado pontifício; jornadas pastorais nas seis regiões episcopais da Arquidiocese de Belém; celebrações nas paróquias e missas em outros ritos. O XVII Congresso Eucarístico Nacional será finalizado na tarde de 21 de agosto, na Basílica Santuário Nossa Senhora de Nazaré, quando acontecerá a missa de encerramento e a procissão eucarística até

o Forte do Presépio (de fronte à Sé Catedral), local da fundação da cidade de Belém do Pará e do início da evangelização da Amazônia, onde será dada a bênção final e se fará o encerramento do CEN 2016.

Inscrições e hospedagem

As inscrições para o Congresso já estão disponíveis pelo site oficial (www.cen2016. com.br). Ao se inscrever, os interessados poderão optar por participar de um dos cursos do Simpósio Teológico ou por Workshops, que têm vagas limitadas. As demais programações são de livre acesso. Todos que se inscreverem para o Congresso estarão contribuindo com a organização do CEN 2016 e também receberão o kit do congressista. A Capital do Pará tem tradição na acolhida daqueles que buscam conhecer a região amazônica. Além disso, anualmente, o Círio de Nazaré atrai 2 milhões de turistas vindos do Brasil e do exterior. No Congresso Eucarístico não será diferente. Vários hotéis fecharam parceria com a Arquidiocese de Belém e oferecerão descontos para os congressistas. Belém é também conhecida pela sua gente simples e sempre acolhedora, e por isso os congressistas terão a opção de hospedagem solidária, isto é, a hospedaria em casas de famílias católicas. Segundo o Padre Carlos Augusto da Silva, responsável pela equipe de hospedagem solidária do Congresso, “é uma oportunidade de acolher os congressistas mediante a hospedagem solidária, pois criamos novos laços de amizades e aprendizados para vida, com pessoas que virão

de todos os cantos do Brasil. É uma troca de experiências, criando verdadeiras amizades, ato de fraternidade”. Outras informações podem ser obtidas em www.cen2016.com.br; pelo telefone (91) 3215-7001; ou pelo e-mail comunicacao@cen2016.com.br.

História e objetivos dos congressos eucarísticos

O 1º Congresso Eucarístico aconteceu em 1881, em Lille, na França, por iniciativa de um grupo de fiéis leigos, apoiados por São Pedro Julião Eymard. Foi uma celebração solene, da qual participaram fiéis e bispos de vários países da Europa. De lá para cá, outros países quiseram repetir a iniciativa. No Brasil já foram realizados 16 Congressos Eucarísticos Nacionais. O primeiro aconteceu em 1933, em Salvador (BA); o último foi em Brasília, de 13 a 16 de maio de 2010, tendo como tema “Eucaristia, Pão da Unidade dos Discípulos Missionários”, inspirado na V Conferência do Episcopado da América Latina e do Caribe, que aconteceu em Aparecida em maio de 2007. Os Congressos Eucarísticos têm como características: aprofundar a doutrina cristã sobre a Eucaristia; prestar culto público e solene ao Santíssimo Sacramento - adoração e reparação; manifestar a universalidade e unidade da Igreja e a sua dimensão missionária; irradiar para a Igreja e para a sociedade os frutos da Eucaristia na ação social; e realizar seminários temáticos para públicos específicos, com temas ligados à teologia da Eucaristia.

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16 | Fé e Cultura |

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Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

Dica de Leitura

A personalidade jurídica da Igreja Católica no Brasil O Acordo entre o Brasil e a Santa Sé foi, para nosso País, um importante marco nas relações entre o Estado e a Igreja. Há décadas, tentativas eram feitas sem sucesso, até que, finalmente, as negociações resultaram na assinatura do Tratado pelo então presidente Lula, em 2008, no Vaticano. O documento trata de diversos assuntos sobre a vida da Igreja, mas um deles possui uma relevância especial: a questão da personalidade jurídica da Igreja e das diversas pessoas de direito canônico. Pendente desde a separação entre o Estado e a Igreja, que se seguiu logo após o golpe militar que proclamou a República, em 15 de novembro de 1889, a questão foi, enfim, solucionada com a assinatura do Acordo. “Aproveitei para não só tratar da

questão jurídica atual, como também para fazer um apanhado histórico da presença da Igreja no Brasil. Por isso, o livro – editado pela LTr – trata desde o regime do Padroado até o Acordo de 2008”, explica o autor Rafael Aguillar. O lançamento do livro em São Paulo será na quinta-feira, 3, das 18h30 às 21h30, na Livraria Martins Fontes (avenida Paulista, 509). O prefácio é de autoria do tributarista Ives Gandra da Silva Martins, para quem a obra é de grande valor para aqueles que, no Direito, dedicam-se às repercussões do perfil legal das instituições religiosas. “É uma obra de história e de direito, em ambas as áreas de reflexão, escrita com particular precisão, o que permite conhecer, de forma abrangente, a disciplina jurídica pertinente a esta evolução, desde sua origem no país,

Reprodução

pela relevância dos temas tratados e pela qualidade do autor”, frisou. Ficha técnica: Autor: Rafael Salomão Safe Romano Aguillar Páginas: 144 Editora: LTr

Evento

2º Encontro ‘Tradução dos clássicos no Brasil’

Durante todo o dia 5 de março, sábado, na Casa Guilherme de Almeida (rua Macapá, 187, Perdizes), será oferecida uma oportunidade para ouvir alguns dos principais tradutores, hoje, de obras clássicas em nosso País. Realizado pela primeira vez em 2015, esse encontro gerou, por seu resultado, a expectativa de sua continuidade em frequência anual. O evento focalizará a performance e a récita de obras traduzidas, acompanhadas de comentários dos tradutores sobre os trabalhos. Entre os convidados, Érico Nogueira falará do salmo 136 (137) em duas versões latinas e na célebre imitação vernácula de Luís de Camões, as Redondilhas de Sôbolos rios. O evento começa às 9h, com a recepção e o café da manhã. Para inscrições e mais informações: casaguilhermedealmeida.org.br ou (11) 36731883.


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‘Numa fria’? Só na temperatura! Christian Dawes/COB

brasileiros conquistam resultados inéditos nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude

Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

Andar na neve ou deslizar no gelo era algo longe do imaginário de Laura Nascimento, 15, e Robert Barbosa, 17, antes de 2015. Moradores da periferia da zona Norte do Rio de Janeiro, eles começavam a se destacar com títulos nacionais nas categorias juvenis do levantamento de peso quando foram convidados a participar de uma seletiva da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG). Aprovados, passaram a competir no skeleton, esporte que um ano depois os levaria a representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude, encerrados no domingo, 21, em Lillehammer, na Noruega. “Foi uma experiência incrível para mim. Quero continuar. Cada vez mais, vou ganhar experiência para poder entrar na briga com os campeões”, disse Robert

Robert Barbosa durante competição do skeleton nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude

em entrevista ao site do Comitê Olímpico do Brasil (COB), após concluir os Jogos na 19ª posição no masculino. Laura foi a 20ª colocada nas disputas do feminino. Em Lillehammer, dez jovens atletas brasileiros competiram no skeleton, curling, esqui alpino, esqui cross country e monobob (veja detalhes ao lado). Na edição anterior, em Innsbruck 2012, na Áustria, o Brasil teve apenas dois representantes. Nenhum brasileiro foi ao pódio na

Noruega, mas houve resultados expressivos: no esqui alpino, na prova do Super-G, Michel Macedo terminou em 15º lugar, sendo o melhor atleta sul-americano da disputa; no monobob masculino, Marley Linhares foi o 8º colocado entre 15 competidores, e na versão feminina da prova, Jessica Victoria, terminou em 9º lugar. O Brasil ainda foi representado no esqui cross country por Altair Firmino, e no curling por Elian Rocha, Giovanna Barros, Raissa Rodrigues e Victor Santos.

Conheça as modalidades em que os brasileiros competiram Curling: Disputado por equipes com quatro jogadores, é dividido em “ends”, que seriam como os sets do vôlei, por exemplo. O objetivo das equipes é deixar as pedras o mais próximo possível do anel central da pista, chamado de “tee”. Vence a equipe que somar a maior quantidade de pontos ao longo dos dez “ends” da partida. Esqui Alpino

Modalidade contra o relógio em que os competidores esquiam na neve por um percurso em declive e realizam passagens obri-

gatórias entre portas que marcam mudanças de direção. Vence o atleta que completar o trajeto no menor tempo possível.

Esqui cross country

Modalidade de resistência em que os atletas percorrem médias e longas distâncias na neve sobre esquis e impulsionados por bastões.

Skeleton

Esporte praticado individualmente, em que os participantes, posicionados de

bruços, deslizam em pistas de gelo em um trenó que lembra a aparência de um esqueleto humano.

Monobob

Corrida feita em estreitas trilhas no gelo sobre um trenó que comporta uma pessoa. O piloto é responsável pelo impulso inicial e por toda pilotagem. A classificação dos esportistas é determinada pelo tempo gasto para percorrer o circuito de gelo. Fontes: CBDN e CBDG

Aposta na juventude

“O resultado foi muito bom, dentro da realidade dos esportes de inverno no Brasil”, avaliou, ao O SÃO PAULO, o jornalista Gustavo Longo, criador do site Brasil Zero Grau (www.brasilzerograu.com), o primeiro do País especializado em esportes de inverno. Para Gustavo, era previsível que o Brasil não alcançasse medalhas, por conta do estágio de desenvolvimento dos esportes de inverno no País, mas esse panorama deve mudar com os investimentos nos atletas mais jovens por parte das confederações brasileiras de Desportes na Neve, a CBDN, e de esportes no gelo, a CBDG. “As confederações perceberam a importância de investir em jovens, de ter um trabalho em longo prazo com garotos de 15 a 17 anos. Isso impulsionará o planejamento até o ciclo olímpico dos Jogos de Inverno 2026. As confederações já têm planos para utilizar esses dez jovens em outras competições”, comentou Gustavo. Quando ao direcionamento dos investimentos, o jornalista acredita ser mais viável criar estruturas para os esportes de gelo no Brasil e apoiar os atletas dos esportes de neve que vivem foram do País. “Os esportes de gelo têm uma perspectiva de treinamento muito boa no Brasil, pois não é preciso que haja neve no ambiente para criar uma arena de gelo. Já para os esportes na neve é mais complicado. As localidades mais próximas com neve estão na Argentina e no Chile, assim, o Brasil ainda vai ter que pagar um pouco mais caro por isso. Acredito que estamos em evolução. Claro que o País não vai ser uma potência olímpica de inverno, mas pode daqui a alguns anos conquistar medalhas nas principais competições”, projetou.


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Brasilândia Pastorais sociais articulam ações conjuntas para este ano

Anderson Braz, Larissa Fernandes e Renata Moraes Colaboradores de comunicação da Região

Fátima Giorlano

Integrantes das pastorais sociais da Brasilândia durante encontro regional, dia 20

As pastorais sociais da Região Brasilândia se reuniram na tarde do sábado, 20, na Paróquia Santos Apóstolos, no Setor São José Operário, a fim de articular e priorizar ações conjuntas em 2016. Participaram aproximadamente 60 pessoas, integrantes das pasto-

rais Afro, Fé e Política, Operária, Carcerária, da Juventude, da Comunicação e da Mulher, além de membros das CEBs, do Conselho de Leigos e do núcleo regional da Cáritas. “Este fórum é muito importante e positivo. É momento de as

pastorais sociais reverem sua atuação e juntas realizarem uma programação em conjunto”, afirmou Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia e referencial arquidiocesano das Pastorais Sociais. Na primeira parte do encontro, Carlos Cordeiro, da Pastoral Fé e Política, retratou a situação política e econômica do País, baseado em estudos da CNBB. “O Brasil vive mais uma crise política do que econômica”, avaliou. Na sequência, houve uma análise de conjuntura eclesial, ministrada por João Décio Passos, doutor em Ciências Sociais, livre docente em Teologia e coordenador do curso de Ciências da Religião da PUCSP. “A Igreja é um subgrupo social que está inserido na sociedade, e à medida que a sociedade muda, a Igreja também muda”, analisou. Ao citar a exortação Evangelii gau-

dium, do Papa Francisco, o especialista ressaltou: “É preciso evitar o mundanismo espiritual. A nossa missão é transformar e colocar o reino de Deus na História”. Reunidos em grupos, os membros das pastorais elencaram os principais desafios para a ação social na Região Brasilândia e as prioridades para a atuação conjunta neste ano. Entre os apontamentos, evidenciou-se que é necessário incentivar e apoiar o trabalho de base das pastorais, realizar o mapeamento da realidade e elencar as ações sociais a serem realizadas, o que se dará por meio da troca de vivências entre as pastorais, com a criação de um Fórum das Pastorais Sociais e a realização de dois seminários formativos ao ano. A partir dessa reunião, serão agendadas novas datas, com um grupo de trabalho menor que fará um projeto de articulação conjunta das pastorais sociais.

Irmãs Concepcionistas inauguram escola na periferia A Paróquia Santos Apóstolos, no Setor Pastoral São José Operário, e a Congregação das Irmãs Concepcionistas Missionárias do Ensino inauguraram em 30 de janeiro a Escola Santa Carmen Sallés, na periferia da zona Noroeste, com missa na nova sede da escola, presidida por Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC), e concelebrada pelo Padre Antonio Leite Barbosa Junior. Dom Angélico enalteceu o

empenho do Padre em trazer a Escola para o local e parabenizou as Irmãs Concepcionistas Missionárias do Ensino pelo acolhimento ao apelo do Papa Francisco para que a Igreja, em missão, se volte para as periferias humanas e geográficas. O Bispo destacou, ainda, que a inauguração da Escola Santa Carmen Sallés é uma obra de misericórdia marcante no encerramento do Ano da Vida Consagrada.

Padre Antônio Leite Barbosa Junior

Dom Angélico junto a crianças atendidas pela Escola Santa Carmen Sallés

Ações regionais da CF têm avaliação positiva no CRP A formação sobre a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016, em 30 de janeiro, bem como a apresentação regional da CFE, no dia 14, receberam avaliação positiva

dos integrantes do Conselho Regional de Pastoral (CRP), reunidos na Paróquia Santos Apóstolos, no Setor São José Operário, no sábado, 20. A apresentação da CFE aconteEmerson Mathias

A Paróquia São José de Perus agradece pelas doações às vítimas das enchentes no dia 6, na comunidade Beija-flor. Aproximadamente 50 famílias ficaram desabrigadas. Doações de alimentos e de itens de higiene ainda estão sendo recebidas. Informações em (11) 3917-2423 ou (11) 99393-9407, com o Padre Cilto.

ceu na Paróquia Santa Rita de Cássia, com significativa presença dos fiéis, e a formação sobre a Campanha reuniu 430 pessoas nas paróquias São José de Perus e Santos Apóstolos. Ainda durante a reunião do CRP, conduzida por Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, e pelo Padre Reinaldo Torres, coordenador regional de pastoral, foram anunciadas mudanças nas assessorias de pastorais e setores. Padre Paulo Roberto Guimarães, pároco na São José Operário, assumiu a coordenação do Setor Cântaros; Padre José Domingos Bragheto, vigário paroquial na Área Pastoral Nossa Senhora e Santana, é o novo coordenador do Setor São José Operário; Padre Eduardo Bina, pároco na Nossa Senhora do Car-

mo, passa a assessorar a Pastoral do Batismo; Padre Gleidson Luís de Sousa Novaes, vigário paroquial na São Judas Tadeu, tornou-se assessor da Pastoral Vocacional; e Padre Cilto José Rosembach, pároco na São José, foi designado como novo representante regional dos presbíteros. Dom Devair exortou os leigos e padres a motivarem suas comunidades a peregrinarem à Porta da Misericórdia da Igreja Nossa Senhora da Expectação. O Bispo recordou, ainda, que em 1º de maio acontecerá a Romaria Arquidiocesana ao Santuário Nacional de Aparecida, e que a Região receberá uma réplica da imagem de Nossa Senhora, como parte das comemorações pelos 300 anos da aparição da representação da Padroeira do Brasil.


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Peterson Prates

Colaborador de Comunicação da Região

‘A Catequese verdadeira é o testemunho de vida’ “Jesus, Fonte de Misericórdia”. Este foi o tema central que motivou os trabalhos da Semana de Iniciação à Vida Cristã da Região Episcopal Belém, entre os dias 15 e 19, com a participação de lideranças dos dez setores pastorais da Região. Em cada dia, os catequistas de Iniciação à Vida Cristã - da Catequese do Batismo à Catequese de adultos - meditaram um tema motivado pelo Ano Santo extraordinário da Misericórdia, com enfoque na evangelização, na liturgia e na Catequese. Os encontros foram ministrados em quatro locais diferentes – Paróquia Santa Luzia e São Pio X, Paróquia São Judas Tadeu, Paróquia Imaculada Conceição e Área Pastoral São Francisco e Nossa Senhora Aparecida. No quarto dia de formação, houve a chamada “prática setorial”, em que os catequistas, divididos por setores, escolheram um símbolo que representasse a iniciação à vida cristã e a unidade setorial, e levantaram um compromisso de mudança assumido para reorganizar e melhorar a prática catequética em cada setor. No último dia do encontro, na sexta-feira, 19, os integrantes de todos os setores se reuniram no Centro

Pastoral São José para a celebração da misericórdia e o envio dos catequistas, em missa presidida pelo Cônego José Miguel, vigário episcopal da Região Belém. “Se nós nos preocuparmos com uma teoria longa, mas não sabermos traduzir isso na prática da vida, para que serve adquirir toda uma teoria teológica sobre o mistério de Deus e sua Palavra?”, indagou o Cônego, que concluiu: “A Catequese verdadeira é o testemunho de vida”. A Comissão de Iniciação à Vida Cristã da Região Belém assumiu o compromisso de auxiliar nas atividades de uma instituição social. A escolhida foi a “A Colmeia”, que presta assistência a cerca de mil crianças e adolescentes em oito centros de atendimento localizados no extremo da Região Belém. No segundo semestre do ano, o objetivo é auxiliar outras instituições indicadas pelos setores pastorais. “Temos muito que agradecer pela participação e empenho de nossos catequistas, que durante toda a semana deixaram de lado seus afazeres e famílias para juntos nos prepararmos para um novo ano, em que a evangelização e a misericórdia

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Belém Peterson Prates

Participantes da Semana de Iniciação à Vida Cristã posam para foto após missa de envio

serão as palavras de ordem para mover os ideais de nossas comunidades”, afirmou Reinaldo Malinauskas, coordenador da Comissão de Animação Bíblico-Catequética da Região Belém e membro da comissão arquidiocesana.

Estiveram na Semana de Iniciação à Vida Cristã aproximadamente 380 pessoas a cada noite, somando-se os quatro pontos de encontro. Na celebração de envio, no último dia, participaram cerca de 300 catequistas. Divulgação

Peterson Prates

No sábado, 20, começou a formação mensal para os catequistas do Setor Pastoral Sapopemba. A formação é ministrada pelo Frei José Edison Biazio, pároco na Paróquia Nossa Senhora de Fátima e São Roque, onde acontecem os encontros. No primeiro dia, a temática foi a Bíblia e a introdução a Lectio Divina. O próximo encontro será em 19 de março, às 15h.

REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br Ana Maria

No domingo, 21, Dom Eduardo Vieira dos Santos presidiu missa na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, no Setor Pastoral Aclimação, durante a qual deu posse ao Padre Vando Valentini como pároco. Participaram da celebração aproximadamente 500 pessoas.

Luzia Ivone

Dom Eduardo Viera dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, deu posse no domingo, 21, ao Padre Marcelo Jordan Vaz da Silva como pároco da Paróquia Nossa Senhora da Assunção e São Paulo, e também da Paróquia Pessoal Nipo-Brasileira São Gonçalo.


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Santana Jovens unidos pelo ecumenismo para zelar pela casa comum

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

Rogério Fonseca

Participantes de encontro sobre a CFE 2016 posam para foto com Dom Sergio, dia 20

Jovens integrantes das pastorais e movimentos da Região Santana se reuniram, no sábado, 20, no Centro

Pastoral de Santana, para refletir sobre a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016.

Um dos assessores do encontro foi Wagner Sanches, professor da PUC-SP e integrante do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (Ceseep). Ele falou sobre a tradição e o significado do ecumenismo, e de como este se reflete na vida das pessoas, no agir na casa comum, para a busca do bem e do cuidado a partir da perspectiva do amor. Daniel Souza, jovem anglicano e integrante da Rede Ecumênica de Juventude (Reju) também assessorou o encontro com reflexões sobre as desigualdades e o racismo socio-

ambiental. Segundo o Assessor, pela Teologia, todos são chamados a ser agentes transformadores na sociedade, rompendo com o modelo de exploração e de falsas soluções. “A atuação pelo direito à cidade e o movimento por uma casa comum, justa e sustentável são atos de fé”. Estiveram também na atividade o assessor regional da Pastoral da Juventude na Região Lapa, Eder Francisco, e Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, que se colocou à disposição da juventude. (Colaborou Hortência Novais)

Preparados para construir o Reino de Deus a partir da família A coordenação do Encontro de Casais com Cristo (ECC) da Região Episcopal Santana reuniu no sábado, 20, na Paróquia Santo Antonio de

Lisboa, no Setor Pastoral Medeiros, casais que irão dirigir, nos próximos dois anos, as atividades do ECC em 18 paróquias da Região. Diácono Francisco Gonçalves

A atividade foi iniciada com missa, presidida pelo Padre Edival dos Santos, assistente eclesiástico regional, após a qual houve uma palestra. Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, esteve no evento. Padre Edival explicou que o objetivo do ECC é construir o Reino de Deus a partir da família e da comunidade paroquial. O trabalho estrutura-se em três etapas distintas e inter-relacionadas e com tempos espaçados entre elas. Na primeira, busca-se o chamamento dos casais

afastados da Igreja para que vivam seu casamento de uma maneira cristã e se engajem nas atividades paroquiais. Na segunda etapa, estes são convidados a refletir sobre os documentos da Igreja e sua atualidade. Por fim, na terceira etapa, é proposto aos casais uma reflexão sobre o papel do casal cristão na atual sociedade cheia de injustiças e de egoísmo. O ECC foi criado em 1970 pelo Padre Alfonso Pastore, já falecido, na Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompéia, na Região Episcopal Sé. Hoje, há grupos em 223 dioceses no Brasil. Diácono Francisco Gonçalves

Com missa presidida por Dom Sergio de Deus Borges e concelebrada pelo Padre Eduardo Higashi, assessor eclesiástico regional da Pastoral Familiar, na Capela São José da Cúria de Santana, foram iniciados, no sábado, 20, os trabalhos deste ano da Pastoral Familiar da Arquidiocese, sob a coordenação do casal Luiz Fernando e Ana Filomena Garcia. Felipe Ribeiro

Padre Edival e dirigentes do ECC em missa de envio na Paróquia Santo Antonio de Lisboa

Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, deu posse canônica, no dia 14, ao Padre Paulo Sergio Rodrigues, da Congregação Oblatos de São José, como administrador paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no Setor Pastoral Medeiros, no bairro da Vila Sabrina. Diácono Francisco Gonçalves

Padre Paulo Cesar Gil, coordenador da Animação Biblico-Catequética na Região Santana, acolheu, no dia 16, no Centro Pastoral de Santana, a equipe de Animação Biblico-Catequética do Regional Sul 1 da CNBB, junto com bispo referencial, Dom Tomé Ferreira da Silva, bispo de São José do Rio Preto (SP). Na oportunidade, foram discutidas as atividades catequéticas.

Equipe Missionária Ampliada está empenhada por uma ‘Igreja em saída’ A Equipe Missionária Ampliada, sob a orientação do assessor eclesiástico, o Padre Antonio da Silva, e da coordenadora, Irmã Rosa Clara Franzoi, missionária da Consolata, esteve reunida no sábado, 20, na Cúria de Santana para uma manhã de oração, formação e estudo. “Com a bênção e o grande apoio de Dom Sergio de Deus Borges, nosso bispo regional e referencial para a Animação e Ação Missionária na Arquidiocese, a Região Santana está caminhando decididamente para ser uma ‘Igre-

ja em Saída’, uma Igreja em ‘Estado permanente de Missão’”, afirmou Irmã Rosa. A equipe considera que precisa de tempo para ir, aos poucos, absorvendo a experiência. “Na Região Santana, iniciamos essa caminhada de conscientização em novembro de 2015 sob a orientação do Padre Luiz Mosconi, referência nacional do ‘Projeto Missões Populares’”, complementou Irmã Rosa. Dom Sergio esteve na reunião e incentivou o grupo a ser perseverante nas iniciativas planejadas.


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Marie Malta, Paulo Machado, Gabriel Antonio Zambrana e Fátima Regina Zambrana Colaboração especial para a Região

A Catequese nas diferentes dimensões da misericórdia Com a participação de aproximadamente 110 pessoas, foi realizada entre os dias 15 e 19 a primeira Semana Catequética da Região Episcopal Ipiranga, no campus Ipiranga da PUC-SP. No primeiro dia da atividade, Padre Pedro Luiz Amorim tratou do tema “Misericórdia e o pobre”, tendo por base a experiência como pároco na Paróquia Santa Paulina, no bairro periférico do Heliópolis. “Misericórdia e Saúde Pública” foi o assunto destacado pelo Padre Ramires Henrique no segundo dia do encontro. O Assessor relacionou saúde e misericórdia com a Campanha da Fraternidade e ainda apresentou dicas para a condução da Catequese de modo eficaz. Padre Marcelo Delcin foi o palestrante no terceiro dia. Ele falou sobre a “Misericórdia e a Campanha da Fra-

ternidade”, mencionando passagens bíblicas que confirmam a misericórdia de Jesus, tais como a cura do leproso e a multiplicação dos pães. “Misericórdia e Sagradas Escrituras” foi o tema destacado pelo Frei Rildo Fonseca no quarto dia de encontro. Ele apresentou passagens bíblicas do Antigo Testamento e do Novo Testamento que demonstram a permanente misericórdia de Deus. No último dia da Semana Catequética foi realizada uma via-sacra e Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, presidiu missa na Paróquia Imaculada Conceição do Ipiranga, durante a qual realizou o rito de envio dos catequistas. O Bispo, citando o Itinerário Bíblico-Catequético, destacou que “Jesus é fonte da Catequese”. Além dos padres assessores, outros presbíteros colaboraram nos en-

contros da Semana Catequética, que, conforme relataram os participantes, proporcionaram orientações para o

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Ipiranga

melhor direcionamento dos encontros de Catequese nas paróquias e comunidades. Gabriel Antonio Zambrana

No sábado, 20, na Paróquia Mãe de Jesus, aconteceu o Dia de Formação para Casais Dirigentes do Encontro de Casais com Cristo, realizado pelo Conselho Diocesano. Participaram 43 casais que integram o ECC na Região. Eles acompanharam as palestras ministradas por padres e por Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, que falou sobre o Ano Santo extraordinário da Misericórdia, antes de presidir a missa de encerramento.

Lapa

Benigno Naveira

Colaborador de comunicação da Região

Dom Julio preside ordenação diaconal de salesianos Pela imposição das mãos de Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, sete seminaristas salesianos foram ordenados diáconos, no sábado, 20, na Paróquia São João Bosco, no Setor Pastoral Leopoldina: Adriano Áureo Toillier, Edilson Agreson da Silva, Giovane de Souza, Herison Leandro da Silva Calvalcanti, Jeferson Junior Moreira, José Paulino de Godoy Júnior e Tércio Rodrigo Santos da Silva. Concelebraram a missa de ordenação os padres Edson Donizete de

Castilho, inspetor salesiano em São Paulo; Orestes Fistarou, inspetor em Belo Horizonte; Asidio Deretti, inspetor em Porto Alegre; Nivaldo Pessinatti, inspetor em Recife; Natale Vitali, conselheiro da América Cone Sul; Ailton dos Santos, pároco; e Assis Moser, diretor do Instituto Pio XI. Dom Julio, na homilia, ressaltou que o diaconato é serviço, e que os diáconos devem receber com gratidão e responsabilidade essa graça de Deus. O diaconato é o primeiro grau do sacramento da Ordem. Os outros dois são o presbiterado e o episcopado.

Mônica Lobato

Pela imposição das mãos, Dom Julio ordena diáconos salesianos, no sábado, dia 20

Paróquia Santo Alberto Magno inicia formação para a Catequese Benigno Naveira

Crianças e adolescentes durante primeiro encontro de Catequese de 2016, dia 19

Aconteceu na sexta-feira, 19, o primeiro dia do encontro de formação de Catequese na Paróquia Santo Alberto Magno, no Setor Pastoral Butantã. Em conversa com a reportagem da Pastoral da Comunicação da Região Lapa, Maria Paula e Genivaldo Vasconcelos, coordenadores da Catequese paroquial, detalharam como se dará o processo de formação. “A Catequese tem duas etapas, com um período de dois anos, começando os encontros de formação, depois do carnaval, com a participação de mais de cem crianças ao longo do ano. A primeira etapa é constituída pela acolhida para a Catequese

infantil e de adultos, com encontros de iniciação à vida cristã, Batismo, Eucaristia e Crisma. No primeiro domingo depois da Páscoa, as crianças que estão na segunda etapa, fazem a Primeira Eucaristia”, detalhou Maria Paula. Das mais de cem crianças e jovens que participam da Catequese, 32 irão fazer a Primeira Comunhão em 3 de abril. Na Paróquia Santo Alberto Magno, as atividades da Catequese são realizadas em seis salas. A comunidade considera que ao assumir a Catequese com dedicação e zelo pastoral, renova a vida comunitária e desperta o interesse missionário dos fiéis.


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Contemplar o México com o olhar da Guadalupana Fotos: L’Osservatore Romano e www.papafranciscoenmexico.org

Não se pode separar o espírito da viagem do Papa Francisco ao país da história de Nossa Senhora de Guadalupe FILIPE DOMINGUES

Especial para O SÃO PAULO, em Roma

A melhor chave de leitura para a viagem do Papa Francisco ao México, que ocorreu entre os dias 12 e 18, é a mensagem da famosa aparição de Nossa Senhora de Guadalupe. O próprio Pontífice sinalizou que a “guadalupana” foi a grande inspiração para a visita apostólica e deu o tom de sua passagem pelo País. “O baricentro espiritual da peregrinação foi o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe. Permanecer em silêncio em frente à imagem da Mãe era o que eu, antes de tudo, me propunha”, explicou o Papa na oração do Ângelus, no domingo, 21, já em Roma. “Contemplei e me deixei ser olhado por ela, que leva, gravado nos seus olhos, o olhar de todos os seus filhos e reúne as dores pela violência, os sequestros, os assassinatos, os abusos a tanta gente pobre, a tantas mulheres”, afirmou. “De toda a América, vão rezar onde a Virgen Morenita se mostrou ao índio Juan Diego, dando início à evangelização do continente e à sua nova civilização, fruto do encontro entre diversas culturas.” Com tudo isso em mente durante a viagem ao México, o Papa pediu aos bispos do País que tivessem “um olhar capaz de interceptar a pergunta que grita no coração da sua gente”, comparando as qualidades de um bom bispo à ternura da guadalupana. Francisco exortou o episcopado a lembrar dos que mais sofrem, vítimas da violência, do narcotráfico, da migração e da corrupção, fenômenos tristes e complexos que assolam o povo mexicano.

Maria junto aos que sofrem

Na missa no Santuário de Guadalupe, o Papa argumentou que Maria está sempre com aqueles que mais sofrem. Francisco visitou crianças doentes em um hospital pediátrico que atende, principalmente, os mais pobres. Também disse aos indígenas que o mundo precisa deles, pois está “desolado pela cultura do descarte”. Encontros que tornam evidente o espírito da Senhora de Guadalupe, que apareceu para o jovem índio Juan Diego no ano 1531. A aparição uniu fortemente a cultura cristã europeia, que chegou ao México com os espanhóis, e as culturas indígenas, já presentes nas Américas. Segundo a tradição, Maria teria sido confidente de Juan Diego e se referia a ele de forma carinhosa, como “Juan Dieguito” ou “o menor dos meus

Em visita ao México, Papa preside missa na fronteira com os Estados Unidos e tem encontros com bispos, presidiários e todo povo mexicano

filhinhos”. A veneração à guadalupana uniu os pobres e os ricos, os índios, os brancos e os mestiços em torno da mesma devoção mariana. Sua imagem, impressa num manto do jovem Juan Diego, é objeto de inúmeros estudos que tentam esclarecer o mistério de sua aparição milagrosa. Mas, de qualquer forma, Nossa Senhora de Guadalupe se tornou um símbolo nacional para o México e foi proclamada padroeira da América Latina, em 1910, pelo Papa Pio X. Curiosamente, no mesmo sentido procurou caminhar o Papa Francisco, o primeiro sumo pontífice latino-americano. Na missa com o clero e os religiosos do México, fez memória ao bispo Vasco Vázquez di Quiroga, que viveu no século XVI e foi o primeiro bispo de Michoacán. O Papa utilizou o báculo de Dom Vasco durante missa, algo que precisa ser lido não só como a escolha de um objeto litúrgico, mas como gesto altamente simbólico, uma memória a um “espanhol que se fez índio”. Dom Vasco escreveu que os índios eram “vendidos, molestados e vagabundos pelos mercados, recolhendo os restos que eram jogados no chão”. Referindose àquele Bispo, o Papa apontou para seu exemplo e, nesse sentido, colocouse na mesma posição. “A dor e o sofrimento de seus irmãos se fez oração, e a oração se fez resposta. E ele ganhou o nome entre os índios de Tatá Vasco,

que em língua purhépecha significa papai.” Novamente, há que se olhar cada gesto de Francisco, associando-o à história da Virgen Morenita. Em encontro com as famílias, o Papa Francisco ouviu testemunhos de fé e incentivou especialmente os pais que, mesmo em situações de grande escassez material, procuram transmitir valores espirituais aos filhos. “É verdade, viver em família não é sempre fácil, muitas vezes é doloroso e cansativo, mas acredito que se pode aplicar à família o que mais de uma vez eu disse para a Igreja: prefiro uma família ferida, que tenta todos os dias conjugar o amor, do que uma família e sociedade doentes por isolamento ou pela comodidade do medo de amar”, insistiu. “Prefiro uma família que uma e outra vez tenta voltar a começar do que uma família e sociedade narcisistas e obcecadas pelo luxo e o conforto.”

Combate à exclusão

No Centro de Readaptação Social de Ciudad Juárez, uma prisão, o Papa Francisco lembrou aos prisioneiros que “quem experimentou o inferno pode se tornar profeta na sociedade”, e convidou os encarcerados a lutarem contra situações que geram ainda mais exclusão. “Agora pode ser para vocês a parte mais dura, mais difícil, mas que possivelmente seja a que gere mais fruto”, afirmou. “Falem com os seus, contem

sua experiência, ajudem a frear o círculo de violência e a exclusão.” O combate à exclusão também marcou o discurso a sindicatos e associações do empresariado, a quem pediu um maior esforço para criar oportunidades de estudo e de trabalho “sustentável e rentável”, que os permita fazer projetos. “A mentalidade reinante, em todas as partes, defende a maior quantidade de ganâncias possíveis, a qualquer tipo de custo e de maneira imediata. Não só provoca a perda da dimensão ética das empresas, como esquece que o melhor investimento que se pode realizar é investir na gente, nas pessoas, nas famílias. O melhor investimento é criar oportunidades.” Enfim, o Papa confirmou no último Ângelus que a viagem ao México foi, para ele, uma verdadeira “transfiguração”, porque “o Senhor nos mostrou a luz da sua glória por meio do corpo da sua Igreja, do seu povo santo que vive naquela terra. Um corpo muitas vezes ferido, um povo muitas vezes oprimido, desprezado, violado na sua dignidade”. Os encontros do Papa no México com as crianças, as famílias, os jovens, os consagrados, o clero, os trabalhadores e os prisioneiros, “foram cheios de luz da fé, que transfigura os rostos e clareia o caminho”. De fato, qualquer semelhança entre o que disse e fez o Papa no México com a forte mensagem de Guadalupe não é mera coincidência.


www.arquisp.org.br | 24 de fevereiro a 1º de março de 2016

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Estudantes de Teologia testemunham a fé em peregrinação à Porta Santa Peregrinos caminharam do Mosteiro de São Bento à Catedral da Sé, onde participaram de missa presidida pelo Cardeal Scherer Renata Moraes

jornalismorenata@gmail.com

“Nós, como teólogos e estudantes de Teologia, somos chamados a reacender o tema de misericórdia em nossos estudos”. A declaração foi feita pelo Frei Osmar Cavaca, Mestre em Teologia Dogmática pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção e professor auxiliar na Faculdade de Teologia, durante a abertura do ano acadêmico das Faculdades de Teologia Nossa Senhora da Assunção (PUC-SP) e da Faculdade de Teologia São Bento, na manhã da quinta-feira,18, no Mosteiro de São Bento, no centro de São Paulo. Durante o encontro, Frei Osmar falou aos estudantes sobre o Jubileu extraordinário proclamado pelo Papa Francisco. “A Igreja é chamada a viver e a comunicar a dimensão da misericórdia de Deus e a misericórdia dos homens entre si. É na vivência da misericórdia que nós testemunhamos que somos responsáveis uns pelos outros”. Após o momento de espiritualidade no Mosteiro de São Bento, os estudantes seguiram em peregrinação pelas ruas do centro até a Catedral da Sé, em um testemunho público de fé. Foi percorrido o roteiro de peregrinação proposto pela Catedral – parada diante da Porta Santa, meditação na pia batismal, caminhada pelo corredor da nave central, parada diante do altar, visita ao Santíssimo Sacramento, oração diante das imagens de Jesus Crucificado e de Nossa Senhora das Dores,

e meditação sobre o sacramento da Reconciliação. Padre Valeriano Santos da Costa, diretor da Faculdade de Teologia da PUCSP, e Frei Márcio Alexandre Couto, reitor da Faculdade de Teologia São Bento, conduziram os momentos de oração na Igreja Mãe da Arquidiocese de São Paulo. A peregrinação é uma das práticas indicadas para que o fiel católico ganhe indulgência plenária durante o Ano Santo extraordinário da Misericórdia, conforme recordou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, ao acolher os peregrinos na missa que presidiu às 12h, na Catedral da Sé. “Deus é misericordioso e nós somos necessitados da misericórdia de Deus, ao longo de toda nossa vida. E sobretudo nas nossas angústias, necessitamos da misericórdia de Deus, que vem ao nosso encontro”, afirmou o Cardeal, na homilia. Ao citar o início do ano acadêmico, especialmente na vivência deste Jubileu extraordinário, Dom Odilo recordou que o ensino e o estudo da Teologia devem

ajudar a compreender melhor o mistério da misericórdia. O Cardeal também encorajou os estudantes e professores: “Ensinar e aprender estão entre as obras de misericórdia recomendadas pela Igreja”.

‘Viver e experimentar a misericórdia de Deus’

Álvaro Moreira Gonçalves, 21, é seminarista da Arquidiocese de São Paulo. Este ano, ele iniciou o curso de Teologia. “Espero que seja um momento propício de cresçer em minha fé, no sentido de conhecê-la melhor, aprofundá-la e firmá-la na própria rocha que é o Cristo. E com isso, se assim for a vontade de Deus, servir o povo de Deus e a Igreja como futuro sacerdote”, disse em entrevista ao O SÃO PAULO. Sobre a participação na peregrinação, o jovem seminarista pontuou: “A Teologia é feita de dois momentos: de sentar e estudar, mas também de dobrar os joelhos para rezar. Essa peregrinação logo no início do ano letivo, nos recorda isso: rezar, viver a condição de experimentar a

misericórdia de Deus como peregrinos na Terra”. O coordenador do curso de Teologia no campus Ipiranga da PUC-SP, o professor Alex Villas Boas, também comentou sobre a realização da peregrinação no Ano Santo extraordinário da Misericórdia, convocando a comunidade teológica a rezar e discernir. “A peregrinação é um símbolo da Igreja em saída. Somos chamados a avançar na consciência da misericórdia, como uma Igreja em saída e uma Igreja que acolhe”. Ao citar Papa Francisco, o Professor destacou que a Igreja deve ser como um “hospital de campanha”. “Uma Igreja que seja hospital de campanha é uma igreja que coloca todo mundo lá dentro. Então, a Teologia ajudará a colocar essa consciência na comunidade, de como acolher o amor de Deus”, encerrou. Na noite da quinta-feira, 18, também houve a abertura do ano letivo para o curso de Teologia no campus Santana da PUC-SP, com missa presidida por Dom Odilo. Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Futuros teólogos participam da peregrinação à Porta Santa, depois de refletirem o Ano Santo da Misericórdia no Mosteiro de São Bento

Encontro com o Cardeal dá início ao ano formativo de seminaristas O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, realizou a abertura do ano formativo dos seminaristas da Arquidiocese na tarde da quinta-feira, 18, no Seminário de Teologia Bom Pastor, no bairro do Ipiranga. Esse primeiro encontro teve o objetivo de apresentar aos seminaristas as expectativas para o ano formativo e os propósitos pastorais de 2016. Dom Odilo falou sobre o processo de formação dos futuros presbíteros, durante o período de discernimento da vocação. “A primeira de todas as formações é a de formar cristãos, seguindo as virtudes teologais: a fé, a esperança e a caridade”.

O Arcebispo também destacou que é preciso “orientar-se na vida de Jesus e a na vida dos santos, que deram grandes exemplos de dedicação aos pobres, à caridade e à evangelização”. Dom Odilo discorreu sobre as dimensões do processo de formação do sacerdote: humana-afetiva, comunitária, espiritual, pastoral-missionária e intelectual. Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, foi apresentado pelo Cardeal como o novo bispo referencial para os seminários e a Pastoral Vocacional, função antes ocupada por Dom Edmar

Peron, transferido em dezembro de 2015 para a Diocese de Paranaguá (PR). Ao final do encontro, houve missa na capela do Seminário, presidida por Dom Odilo, que exortou os seminaristas a serem também promotores vocacionais, rezando pelas próprias vocações e as dos colegas, dando testemunho de vida e convidando outras pessoas para o discernimento ao sacerdócio. Participaram da missa e do encontro com o Cardeal, os seminaristas e padres das três casas de formação que compõe o Seminário Arquidiocesano Imaculada Conceição: Seminário Propedêutico Nossa Senhora da Assun-

ção, cujo reitor é o Padre José Adeildo Machado; Seminário de Filosofia Santo Cura d’Ars, sob a reitoria do Padre Frank Antônio de Almeida; e Seminário de Teologia Bom Pastor, sendo o reitor o Padre Cícero Alves de França. Na oportunidade, também foram acolhidos os seminaristas do Seminário Missionário Arquidiocesano Internacional Redemptoris Mater (ligados ao Caminho Neocatecumenal) e seu reitor, o Padre José Francisco Vitta, além dos seminaristas da Missão Belém e da Aliança de Misericórdia, estes últimos também acompanhados nas casas de formação da Arquidiocese. (RM)


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