Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 61 | Edição 3092 | 10 a 15 de março de 2016
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Igreja na América Latina conta com a ação dos leigos na vida pública L’Osservatore Romano
editorial
Mulher: importante para a família e para a sociedade “Mulheres são diferentes dos homens. Nascem diferentes, têm funções diferentes na procriação, têm produção hormonal diferente desde antes do nascimento e, exatamente por isso, têm tendências e características próprias do ser mulher (...) A dignidade e a igualdade que a mulher deve almejar são a de ser respeitada e valorizada naquilo que lhe é próprio”, consta no editorial desta edição, em alusão ao Dia Internacional da Mulher, 8 de março. Página 2
Pela internet, mulheres fazem o bem Por ocasião do Dia Internacional da Mulher, O SÃO PAULO traz reportagem sobre o site “Cabeça e Coração”, que criado no fim do ano passado por Cida Nicolau, e suas filhas, Maria Julia e Maria Clara, une mães de crianças com microcefalia que precisam de doações de itens diversos a pessoas que queiram ajudá-las. Página 11
Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, é recebido pelo Papa Francisco em audiência no Vaticano, na sexta-feira, 4
A Pontifícia Comissão para a América Latina, reunida em assembleia plenária entre os dias 1º e 4, no Vaticano, tratou sobre “o compromisso indispensável dos leigos na vida pública”, analisando como os cristãos têm contribuído nos âmbitos das responsabilidades comunitárias e
Luciney Martins/O SÃO PAULO
públicas no continente. Em entrevista ao O SÃO PAULO e em seu artigo semanal, o Cardeal Scherer comenta as principais reflexões realizadas na Assembleia. No Vaticano, ele também encontrou-se com o Papa Francisco. Páginas 3 e 15
Sepultar os mortos é honrar os filhos de Deus Sepultar os mortos, uma das mais antigas tradições da humanidade, é para a Igreja uma obra de misericórdia. Página 14
Migrantes peregrinam à Porta Santa da Catedral No domingo, 6, por ocasião do Jubileu da Misericórdia, fiéis de diferentes nacionalidades peregrinaram da Paróquia Nossa Senhora da Paz, no Glicério, até a Catedral da Sé e participaram da missa. Página 23
Jornada de oração movimenta a Arquidiocese Na sexta-feira, 4, e no sábado, 5, aconteceu em todo o mundo a jornada de oração “24 Horas para o Senhor”. Na Catedral da Sé, nas regiões episcopais e nas centenas de paróquias da Arquidiocese de São Paulo, mutirões de confissões, celebrações penitenciais, adorações eucarísticas, vias-sacras e outras diversas atividades foram realizadas. A iniciativa foi instituída pelo Papa em 2014 e acontece sempre às vésperas do 4º Domingo da Quaresma. Páginas 12, 13, 18, 19 e 21
Site auxilia mães de bebês com microcefalia
Em 10 anos, 157 milhões a mais de fiéis Dados divulgados pelo Vaticano no sábado, 5, mostram que, em 2014, o número de católicos era de 1,27 bilhão de pessoas, 157 milhões a mais que em 2005 (+14%). No mesmo período, a população mundial aumentou de 6,4 bilhões para 7,3 bilhões (+12,6%). Página 8
2 | Ponto de Vista |
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Editorial
Mulher: esposa, mãe, profissional, companheira, amiga...
N
esta semana dedicada à mulher, é essencial refletir sobre esse ser tão importante para vida da família e da sociedade. Nas últimas décadas, a mulher foi conquistando direitos fundamentais que por muito tempo lhe foram negados: ao estudo, ao voto, à vida profissional, à liberdade de expressão. Diversos movimentos femininos reclamam, com justiça, por igualdade de direitos e de oportunidades na vida pública e social. Nesse sentido, muitas foram as conquistas, sobretudo nas sociedades ocidentais. Contudo, no discurso de muitos movimentos feministas observa-se um fenômeno curioso: a negação do ser feminino e das diferenças naturais existentes entre o homem e a mulher. Tais discursos, ao contrário do que pretendem, reforçam estereótipos machistas na medida em que consideram que a mulher é apoderada somente quando faz aquilo que antes só os homens faziam.
Mulheres são diferentes dos homens. Nascem diferentes, têm funções diferentes na procriação, têm produção hormonal diferente desde antes do nascimento e, exatamente por isso, têm tendências e características próprias do ser mulher. Pesquisas mostram que pelas diferenças hormonais desde antes do nascimento, mulheres, ainda bebês, em geral se fixam mais em rostos, e homens em imagens mecânicas. Elas tendem ao cuidado, ao carinho, desenvolvem a empatia mais facilmente, percebem com mais facilidade os sentimentos alheios, ou seja, têm um aparato orgânico e psíquico que as prepara para a possibilidade de gerar a vida - grande privilégio! Correntes femininas desmedidas, que buscam uma igualdade pela negação da diferença, acabam por descaracterizar e desmerecer a mulher. Por que querer a estrita igualdade se são diferentes? Não são menos, nem mais, são diferentes. São naturalmente aptas a
nutrir física e emocionalmente os filhos nos primeiros anos de vida, a estreitar os vínculos e laços familiares, a perceber e cuidar das necessidades dos que as rodeiam, a cuidar com mais detalhe do ambiente em que convivem. Tornaremse iguais aos homens certamente é uma perda e não um ganho. A dignidade e a igualdade que a mulher deve almejar são a de ser respeitada e valorizada naquilo que lhe é próprio, naquilo em que faz de fato diferença e, mais ainda, naquilo em que as mulheres são praticamente insubstituíveis. Talvez, uma das piores consequências do mau feminismo é a desqualificação social da maternidade. Esquecese do grande bem que faz à sociedade a mulher que dedica o tempo necessário a criar os filhos com equilíbrio, atenção e amor! Bom seria que em uma verdadeira revolução, pudessem escolher livremente como dividir o tempo entre a vida familiar e profissional e não fossem
escravizadas pela ideia de que somente as workaholics, as executivas, são “bem sucedidas” e “poderosas”. Quanto poder está “escondido” na feminilidade de uma boa esposa, de uma mãe feliz, inteligente e sagaz – isso pode mudar o mundo. As mulheres precisam ser verdadeiramente livres para gerar, criar, amar, servir, estudar, trabalhar, realizarem-se. O que não se pode permitir é que simplesmente mudem as correntes que as escravizam: se antes eram escravizadas pelo machismo, hoje são escravizadas pelo feminismo desmedido e errôneo, aquele que as leva sem reflexão a se equipararem ao homem, a quererem ter o que eles têm, a ser o que eles são. Isso é insuficiente e não traz a dignidade que merecem. É preciso querer mais: que queiram ser mulheres com toda a potência, serem amadas, respeitadas e valorizadas com suas peculiaridades e habilidades femininas; contribuir com a sociedade do modo que lhes é próprio e único.
Opinião
3 anos de Francisco, há 50 anos do Concílio Arte: Sergio Ricciuto Conte
Francisco Borba Ribeiro Neto Domingo, 13 de março, é o terceiro aniversário da eleição do Papa Francisco. Nesta data, não é necessário comentar sua força renovadora, o peso político de seu compromisso com os pobres e o meio ambiente ou sua preferência por uma Igreja que, nas palavras de São João XXIII, “usa mais o remédio da misericórdia que o da severidade” (cf. Misericordiae Vultus). Muito se tem escrito também sobre a relação entre Francisco e o espírito do Concílio Vaticano II, o grande evento renovador da Igreja contemporânea. Qual é o significado dos quase 50 anos que separam o final do Concílio (1965) da eleição de Francisco (2013)? Hoje, para nós, é até difícil de imaginar o clima político e cultural do pós-Concílio e seu impacto sobre a comunidade cristã da época. Ditaduras de direita na América Latina, ditaduras comunistas na Europa Oriental, o furor revolucionário terceiro-mundista e a utopia hippie – tudo prestes a se desconstruir no pragmatismo político-econômico do mundo globalizado, a se dissolver na fluidez ideológica da pós-modernidade. O Concílio aconteceu sob o signo da secularização. Parecia evidente que as religiões eram coisa do passado, resquí-
cios de uma humanidade ignorante e supersticiosa. Na própria comunidade católica, muitos pensavam que o “aggiornamento”, a atualização, passava necessariamente pela adoção dos valores da Modernidade e das regras do universo político laico (que bania as religiões para um espaço privado e intimista); pela eficiência assistencialista ou política da Igreja (transformando-a na ONG sem Cristo, algo criticado por Francisco no início de seu pontificado). Nestes 50 anos, nem sempre o esforço da Igreja para afirmar o vínculo inevitável entre o ser humano e seu Criador foi adequadamente reconhecido. Leituras ideológicas, à esquerda
e à direita, desfiguraram tanto a mensagem dos papas quanto o testemunho de muitos santos comprometidos com os mais pobres e com a vida. A consolidação da Igreja no pós-Concílio exigiu um grande esforço para se reconhecer a sua origem mística em Deus, se aceitar uma lógica que não era a da Modernidade. Mas, ao longo do tempo, o otimismo quanto aos potenciais da ciência, do humanismo agnóstico, da revolução utópica ou do mercado deram lugar a profundas decepções, ao pragmatismo sem ética e à perda dos ideais daqueles luminosos anos 60. Agora, assistimos muitos casos de renovação das religiões e da bus-
ca mística das pessoas. Alguns poderão criticar, por exemplo, o exotismo de certa espiritualidade ao estilo new age ou a intransigência de grupos tidos como fundamentalistas. Mas, 50 anos depois do Concílio, a pessoa sincera pode reconhecer ainda com mais facilidade a exigência de Deus inscrita no coração humano. Aos cristãos, parece muitas vezes que o mundo é cada vez mais hostil à fé. Mas isso não é verdade. O poder, cada vez mais despersonalizado e despótico no mundo atual, realmente tenta afastar-nos cada vez mais de Deus. Mas, quanto mais o poder tenta afastar Deus do coração da pessoa, mais esta sente a sua falta. Contudo, para que essa falta possa ser suprida, é preciso explicitar a força da misericórdia, de um coração que se percebe pecador, mas amado por Deus mesmo assim. Essa é a raiz oculta do encanto que o Papa Francisco exerce sobre o mundo. Quem lê seus testemunhos pessoais em “O nome de Deus é misericórdia” (Planeta, 2016), compreende como esse diálogo entre o coração contrito do pecador e o coração misericordioso de Deus pode criar, com Francisco, a demonstração eloquente de que a Igreja porta a resposta verdadeira também para o homem de hoje. Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
Semanário da Arquidiocese de São Paulo
Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Renata Moraes • Institucional: Rafael Alberto e Fernando Geronazzo • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Maria Aparecida Ferreira • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.
cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
O tema principal da próxima assembleia geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), de 6 a 15 de abril, será a vida e a missão dos cristãos leigos. São eles o “sal da terra, a luz do mundo e o fermento na massa”, conforme recomendação de Jesus aos discípulos (cf Mt 5, 13-16). A presença e atuação dos leigos na vida pública também foi tema da recente assembleia plenária da Pontifícia Comissão para a América Latina, de 1º a 4 de março passado, em Roma. Partiu-se de uma constatação intrigante: como explicar a generalizada escassez e até ausência de católicos nos espaços da vida pública? A observação vale, de maneira generalizada, para todas as nações onde os católicos têm presença expressiva. Por “vida pública”, entendemse os âmbitos das responsabilidades comunitárias e públicas, como as lideranças sociais, políticas, os serviços da justiça e da educação, a formação da opinião pública, a promoção da cultura e as causas sociais e ambientais. Não é que faltem católicos em todos os espaços do convívio social; a questão é saber se essa presença faz alguma diferença e leva a alguma contribuição específica e significativa para a vida comum e as responsabilidades públicas? No período posterior ao Concílio Vaticano II, houve logo grande movimentação dos leigos na Igreja que, geralmente, deu atenção destacada ao laicato. O Con-
Católicos na vida pública cílio, de fato, evidenciou de forma nova a vocação e a missão dos leigos na vida e na missão da Igreja, sobretudo na Constituição Dogmática Lumen Gentium, sobre a Igreja, e no Decreto Apostolicam Auctoritatem, sobre o apostolado dos leigos. Pelo Batismo, os leigos são membros do Corpo de Cristo a pleno título e com dignidade igual, não podendo ser vistos apenas como “destinatários” da ação da Igreja. Certamente, seguiu-se uma acentuada tendência a valorizar os leigos em vista de sua participação nas responsabilidades internas da vida eclesial; muitos foram incentivados a serem participantes dos diversos serviços da liturgia, da evangelização e da Catequese, das iniciativas missionárias, da administração dos bens da Igreja, dos diversos conselhos da organização e da vida eclesial. Muitas vezes, essa maior responsabilização dos leigos também veio como uma forma de suplência para a escassez de clero. Essa valorização da dignidade do leigo e da sua contribuição na vida interna da Igreja não está errada, nem equivocada. No entanto, muitas vezes, a forma como se fez pode ter deixado na sombra, ou até esquecido, a dimensão propriamente “secular” da vocação e missão do leigo; nem sempre, ele recebeu o mesmo estímulo e orientação para a sua atuação, como discípulo de Cristo, no vasto e complexo mundo da vida social e das responsabilidades públicas, onde a Igreja não está presente como instituição, nem é promotora das ações e iniciativas. E, no entanto, é bem esse o campo ordinário e prioritário da
missão do leigo, conforme ensinamento do Concílio, retomado na Exortação Apostólica Christifideles Laici e em muitos outros pronunciamentos sucessivos do Magistério da Igreja. É participando da vida da sociedade, do mundo do trabalho e da economia, das diversas responsabilidades públicas, entre as quais, a política, que o leigo é chamado e enviado a transformar o mundo, com a força do Evangelho, para que seja permeado pelo Reino de Deus. Essa missão do leigo pode ser bem difícil e desafiadora, necessitando da graça especial de Deus e exigindo dele fé firme e esclarecida e adesão fiel à Igreja. E também requer da comunidade cristã apoio e encorajamento; a comunidade cristã de pertença deveria ser para os leigos o espaço de reabastecimento das energias espirituais e místicas, bem como de discernimento para a sua ação no mundo. A missão do leigo decorre do Batismo e não de um chamado especial da Igreja. Todos os batizados são, pela própria adesão de fé a Cristo e ao Evangelho, discípulos missionários de Jesus Cristo; como tal, recebem a graça da vida nova, que vem do Espírito Santo, e do envio a serem testemunhas de Jesus Cristo no mundo: “vós sois minhas testemunhas”. Os símbolos do sal e da luz, presentes no rito do Batismo, bem lembram que os cristãos recebem a força preservadora e transformadora do Evangelho, que devem irradiar no mundo. No entanto, a pergunta intrigante permanece: como explicar e, sobretudo, mudar, a escassa presença e atuação dos leigos católicos na vida pública?
| Encontro com o Pastor | 3
Encontro com o Papa L’Osservatore Romano
Na sexta-feira, 4, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, foi recebido em audiência pelo Papa Francisco. Em Roma, Dom Odilo participou da assembleia da Pontifícia Comissão para a América Latina (leia mais na página 15).
Encontro com as equipes de coordenação Acontece no sábado, 12, das 8h30 às 12h10, o Encontro das Equipes de Coordenação das Regiões, Setores, Vicariatos, Pastorais, Movimentos, Associações, Novas Comunidades e outros Organismos da Arquidiocese, na Fapcom, com a participação do Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, e os bispos auxiliares da Arquidiocese. Outros detalhes podem ser obtidos pelo telefone (11) 3660-3700.
Tweets do Cardeal @DomOdiloScherer 7 - Rm 12,1-2: Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para distinguir o que é da vontade de Deus. 28 – “Vós sois meu Deus, eu vos exalto com louvores! Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! Eterna é a sua misericórdia!” 27 – “Eu repreendo e educo os que amo. Esforça-te, pois, e converte-te. Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir minha voz...”
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Liturgia e Vida 5º DOMINGO DA QUARESMA 13 DE MARÇO DE 2016
Caminhar com amor e alegria ANA FLORA ANDERSON Ao chegar perto do fim da Quaresma, a liturgia oferece uma oração que nos convida a andar no amor de Jesus para conhecer a verdadeira alegria. A primeira leitura (Isaías 43, 16-21) anuncia que a vida do povo de Deus libertado é uma vida que depende sempre da ação do Senhor, que abre novas estradas. Nas dificuldades e nos desafios deste mundo, o povo de Deus encontra sempre uma saída no dom surpreendente que vem de Deus e que se manifesta na vida de seu povo amado. Na segunda leitura (Filipenses 3, 8-14), São Paulo descreve os efeitos de sua conversão. Ele confessa que o passado
parece ser lixo diante da grande maravilha de conhecer e ser unido a Jesus. O Evangelho de São João (8, 1-11) é o anúncio de que a presença de Deus em Jesus Cristo se revela claramente no ato de perdão a uma mulher pecadora. Os teólogos da época exigem obediência ao pé da letra à Lei Mosaica. Diante da lei, não há espaço para a misericórdia! Esse perdão faz desaparecer todas as falhas dos pecadores e deixa evidente que o dinamismo da história está na força do perdão que leva para a liberdade e à vida plena no amor aos outros. Quaresma é tempo de conversão e a verdadeira conversão consiste em aprender a amar como Deus ama.
Você Pergunta Por que no Advento os textos falam quase somente do fim do mundo? padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br
A Maria, que não disse seu sobrenome, mora em Itaquera. Ela notou que no Advento, os evangelhos dos domingos falam do final dos tempos e só mais perto do Natal é que eles relatam o episódio da anunciação. E ela ficou intrigada e me pediu uma explicação. Vamos conversar. Maria, o ano litúrgico inteirinho proclama o mistério de Cristo, da anunciação até o retorno dele no fim dos tempos. Vamos lembrar juntos: O Ano começa com os cristãos revivendo a expectativa de Israel por um Salvador. E nós rezamos em nossas comunidades uma oração comum em que clamamos: “Vem,
Senhor Jesus!” É o tempo do Advento, tempo da expectativa e da esperança no Deus que vem ao nosso encontro para nos salvar no final dos tempos, a qualquer momento de nossa vida e em todo Natal. E vem o tempo do Natal, a chegada alegre do Salvador. Nós o acolhemos com alegria cantando: “Bendito o que vem em nome do Senhor!”. Depois, celebramos a Epifania, a manifestação da salvação. O Salvador é saudado pelas nações todas representadas pelos magos do Oriente, e Jesus é batizado por João Batista no rio Jordão. Vem em seguida, a preparação para a grande festa da Páscoa. Durante 40 dias, por meio da oração, do je-
jum e da esmola, preparamos o coração para celebrar a paixão, morte e ressurreição de Jesus. E Jesus volta ao céu, com a promessa do envio do Espírito Santo. Pentecostes marca a inauguração da Igreja de Jesus. E o ano litúrgico se encaminha para o fim, quando somos advertidos que Jesus voltará como juiz. Celebramos o último domingo do ano litúrgico aclamando Jesus como Senhor e Mestre de todos nós, como Rei do Universo. E começamos um ano novo, tendo sempre no coração o mistério de Cristo. É isso, minha irmã. Preste atenção nessas celebrações todas que nos aproximam de Cristo e nos fazem experimentar o quanto somos amados por Deus.
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Espiritualidade
A oração, força de Deus em nós Dom Sergio de Deus Borges
Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana
E
stamos percorrendo o tempo da Quaresma em direção à paixão, morte e ressurreição do Senhor Jesus, sua Páscoa e nossa Páscoa. O tempo da Quaresma é um tempo dedicado ao jejum, à caridade e à oração, como vimos na liturgia da Quarta-feira de Cinzas. Neste tempo, somos iluminados pela riqueza dos textos litúrgicos, mas dois momentos da caminhada do Senhor, presentes na liturgia do 1º Domingo da Quaresma e o outro na sagrada liturgia da Sexta-feira Santa, são testemunhos do vigor e do poder da oração no meio das tentações e das dificuldades da vida: os 40 dias no deserto, onde o Senhor foi tentado pelo diabo, e a agonia do Senhor no Monte das Oliveiras, quando rezando suou sangue. Por meio da oração, o Senhor Jesus reconheceu o dissimulado, o tentador, o mal disfarçado em proposta atraente de bem; na ora-
ção, Ele derrotou Satanás e nos fez que falta concentração pela falta do ver que a oração é a primeira e a hábito de rezar ou porque a oração principal arma para enfrentarmos é superficial, ou ainda porque o vitoriosamente o combate contra o tentador oferece muitas distrações tentador, o mal e suas armadilhas. sugestivas, como o consumismo (o A oração, além da força e sus- pão), o viver da aparência (poder) tento para vencer o mal, é também e a autossuficiência (pensamento caminho de purificação interior. E de viver sem Deus). o tempo da Quaresma é especial Mesmo em meio às dificuldades para se vivenciar essa dimensão para rezar, é preciso ter claro que da oração. O papa emérito Bento não há outro caminho, não há ouXVI nos ensina esse processo por tro método para a pessoa ser forte meio de um ilustrativo exemplo tirado de Santo Agostinho: na oração, Ele derrotou Satanás “Supõe que Deus e nos fez ver que a oração é a queira encher-te de primeira e a principal arma para mel (símbolo da ter- enfrentarmos vitoriosamente o nura de Deus e da combate contra o tentador, o sua bondade). Se tu, mal e suas armadilhas porém, estás cheio de vinagre, onde vais pôr o mel? O diante do tentador. Jesus foi forte e vaso, ou seja, o coração, deve pri- nesta Quaresma continua nos conmeiro ser dilatado e depois limpo: vidando para retornar, para olharlivre do vinagre e do seu sabor. Isso mos o seu exemplo de confiança requer trabalho, faz sofrer, mas no Pai e de vitória na oração. O tempo está correndo. A Pássó assim se realiza o ajustamento àquilo para que somos destinados” coa vai chegar. Não deixe passar o tempo em vão com vinagre no (Spe Salvi, 33). A oração é o caminho que se coração. Neste tempo que resta, apresenta para “dilatar”, abrir o co- fortaleça seus joelhos em oração e ração, pelo qual o fiel deixa-se to- peça ao Senhor, vivo, ressuscitado, car por Deus. É um trabalho lento que limpe o coração e o preencha que exige perseverança e firmeza, com o mel de sua misericórdia e de mesmo quando é difícil rezar, por- sua ternura.
| Fé e Vida | 5
Fé e Cidadania Resistência para me converter Frei Patrício Sciadini, OCD Sempre tenho escutado que a Quaresma é um tempo privilegiado para se converter, mudar de vida e ser uma pessoa nova. Porém, neste ano, entrei numa crise existencial, porque depois de tantos anos não consigo considerar-me uma pessoa “convertida”, mas sim me reencontro com um acúmulo de defeitos e uma certa desilusão diante dessa realidade pessoal. Continuo a retomar o caminho e tentando encontrá-lo, porém uma razão para as resistências que há dentro do meu coração é que não consigo superar as barreiras que me impedem de deixar que a Palavra de Deus me transforme numa criatura nova. Essa análise me leva a colocar em evidencia três causas: A primeira é que Jesus, para mim, não é ainda uma pessoa viva, que bate à minha porta e pede para entrar na minha história como “protagonista” e não como hóspede estranho. Escutar o grito de Jesus que diz “convertei-vos” é para mim uma palavra que fortalece a minha vontade para mudar de atitude, para ser capaz de dizer não aos ídolos que preenchem minha vida. Sinto que ainda a minha vontade é fraca, frágil, mas tenho a certeza que, com a graça de Deus, vou conseguir superar tudo isso e um dia vou ser um “convertido”, capaz de crer na força de Jesus, que me chama para uma vida nova. O segundo motivo pelo qual ainda não me converti é porque acho que os meus pecados são, como diz o povo, “pecadinhos” que não fazem mal, que podem coexistir com a palavra de Deus, com minha vida de cristão, de sacerdote e de carmelita. Não sou nem muito ruim e nem muito bom, sou “passável”. Pareceme que sou chamado - e gostaria de também convidar a todos - a ver que não é suficiente ser bom, devemos ser ótimos. Porém, o pecado é como uma gripe que, mal curada, se transforma em pneumonia e em doença grave. O terceiro motivo que impede de me converter é que quero discutir com o “diabo” que me tenta. Quando Jesus no Evangelho nos ensina que com o diabo nunca se deve discutir é por que corremos o risco de perder. Devemos resistir e combatê-lo com a mesma Palavra de Deus, como fez Jesus quando o demônio o tentou. Espero que essa minha confissão e que essa radiografia me ajudem e ajude também aos outros para começarmos o caminho para a Páscoa que está aí. Conversão não é só no tempo da Quaresma, mas em todos os dias da nossa vida.
6 | Viver Bem |
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Comportamento
A revolução necessária! Valdir Reginato dados anteriormente citados
As estatísticas da última década não deixam dúvidas a este respeito: o Brasil é um país que não tem amizade ou convivência com os livros. Nas últimas avaliações do Programa Internacional de Avaliação de Alunos, o Brasil tem ocupado regularmente as últimas posições, ficando atrás de outros como Jamaica, Bósnia, Líbano, Chile e Uruguai. Se considerarmos que o País está dentre as primeiras potências econômicas do planeta, e apresenta uma produção de livros até razoável, por que não temos um povo habituado à leitura? Se verificarmos a média de leitura de um estudante nacional, esta tem se mantido ao redor de quatro livros por ano, sendo que destes, três são livros didáticos obrigatórios nas escolas. Comparado a outros países, encontraremos a Argentina com mais de cinco livros, os Estados Unidos e a Espanha ao redor de dez, a França com mais de 15, sem esquecer os países nórdicos (Finlândia e Suécia), que ultrapassam os 25 livros/ano. Esses achados são corroborados com números de bibliotecas no continente nacional: menos de 3 mil, quando, pela avaliação da Unesco (órgão que se responsabiliza pelos estudos da educação mundial na ONU), deveríamos ter, pela população do País, um ideal ao redor de 10 mil. Soma-se a isso, dados, há menos de uma década, que constatavam que pelo menos 80% dos municípios brasileiros não têm sequer uma livraria! Diante da diversidade socioeconômica e cultural, os
Seja no formato de papel clássico, ou nos e-books modernos, o importante é estimular a leitura. Mediante a leitura de autores selecionados, principalmente os clássicos, os pais promovem uma “nutrição” sadia para a mente e coração de seus filhos. Uma boa leitura forja um bom comportamento quando abre perspectivas, orienta critérios, interage com as emoções, ajuda a vencer desafios, oferece respostas e leva a novas indagações, colaborando na formação ética e moral, pelo bom desenvolvimento das virtudes. Um alerta é necessário: é preciso especial atenção, atualmente, aos livros que estão sendo oferecidos nas escolas
apresentam algumas variáveis dependendo da região, onde a melhor renda salarial e mais anos de escolaridade influenciam favoravelmente. Mas, infelizmente, nenhum estado do País se apresenta nas condições que deveria, pelo contrário. As entrevistas revelam que muitos dos brasileiros não conseguem compreender o que leem. São os chamados “analfabetos funcionais”. A resultante de todos esses dados é que não há no Brasil uma “cultura de leitura”. Isso precisa mudar. A Coreia do Sul que há 60 anos era um país de analfabetos, com maioria de crianças fora da escola, mediante a reforma educacional, ultrapassou em 2006 a Finlândia, que ocupava o primeiro lugar em leitura. A edu- Pais que leem em casa e cação é a base de comentam, demonstram toda “revolução” a importância dos que olha para horizontes de progres- livros na vida das so e melhor quali- pessoas. Pais que dade de vida para a presenteiam os filhos população. E a “revolução educacio- com livros adequados nal” inicia-se nos à idade, provocam uma bancos da escola amizade entre eles que fundamental e não pela universidade. cresce ao longo da vida Vale lembrar que no período em que as crianças às crianças, aos seus filhos, enestão no ensino fundamen- tregues como lobos em pele de tal, a participação da família cordeiro. Não me falem que é determinante. Pais que con- isso é censura! Na educação tam histórias a seus filhos pe- dos pequenos não pode haver quenos formam adultos com um “vale tudo”. Que façam gosto pela leitura; Pais que chegar às escolas bons livros, leem em casa e comentam, de- que se tornarão amigos de seus monstram a importância dos filhos. Essa é a grande revolulivros na vida das pessoas. Pais ção necessária a ser declarada que presenteiam os filhos com neste País. livros adequados à idade, proDr. Valdir Reginato é médico vocam uma amizade entre eles de família, professor da Escola Paulista de Medicina e terapeuta familiar. que cresce ao longo da vida.
Cuidar da Saúde
Cuidado com a irradiação! Cássia Regina A incidência de câncer de tireoide tem aumentado de forma expressiva nos últimos anos e estudos indicam que isso pode ter relação com o exame de mamografia,
por causa da irradiação. Como é um exame rotineiro, a irradiação vai se acumulando. Na hora de realizar a mamografia, nem sempre a tireoide é protegida como se deve. Existe uma placa que protege o pescoço que deveria ser ofertada às
mulheres na hora do exame. Portanto, na hora de fazer sua mamografia, solicite ao técnico essa placa de proteção. Cuide-se! Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com
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| Pastorais | 7
Pastoral da Saúde Pastoral do Menor ‘Reumatismo e Exercícios’ é tema de palestra em igreja no Sumaré A equipe da Pastoral da Saúde da Paróquia-santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima (avenida Dr. Arnaldo, 1.831, no Sumaré), promoverá na segunda-feira, 14, às 10h30, a palestra “Reumatismo e Exercícios”, que visa orientar os participantes sobre como manter a capacidade dos
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músculos do organismo apesar do avanço da idade. O palestrante será o Dr. José Maria Santarém, reumatologista e fisiatra do Instituto Biodelta, que realiza pesquisas com pacientes nessa situação. A atividade é aberta a todas as pessoas. Saiba mais detalhes em (11) 3862-2809. Diácono Francisco Gonçalves
A Pastoral da Saúde promoveu retiro para 46 membros, no sábado, 5, na sede das Irmãs Filhas de São Camilo, tendo como tema a misericórdia. Assessoraram a atividade os padres Ariseu Medeiros, Wagner Scarponi e João Mildner. O retiro foi concluído com missa presidida por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana.
Vicariato da Educação e Universidade Divulgação
Pastoral do Povo da Rua Divulgação
Por ocasião do início do ano letivo, Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e a Universidade, presidiu duas missas em 24 de fevereiro para os alunos e calouros da USP, no campus Butantã, e outra no dia 25 para os alunos e calouros da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Após as celebrações, aconteceram confraternizações, em que foram apresentados os movimentos e os grupos presentes na Universidade.
Atos da Cúria NOMEAÇÃO DE SECRETÁRIO DO ARCEBISPO DE SÃO PAULO Em 2 de fevereiro de 2016, o Revmo. senhor Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, confirmou e formalizou a nomeação e provisão no cargo de secretário particular do Arcebispo Metropolitano de São Paulo, do Revmo. Pe. Pedro Ciola de Almeida.
NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 28 de fevereiro de 2016, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Salette, na Região Episcopal Sant´Ana, Setor Pastoral Jaçanã, o Revmo. Pe. Marcos Antônio Dias de Almeida, ms, pelo período de 6 (seis) anos. Em 17 de fevereiro de 2016, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia São João Batista, na Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Ipiranga, o Revmo. Pe. Antônio César Seganfredo, cs,
pelo período de 6 (seis) anos, em decreto que entrou em vigor em 6 de março de 2016. PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 19 de fevereiro de 2016, foi prorrogada a nomeação e provisão de Pároco da Paróquia São Camilo de Lellis, na Região Episcopal Sant´Ana, Setor Pastoral Tucuruvi, do Revmo. Pe. Raimundo Edmilson Rodrigues, pelo período de 3 (três) anos.
NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL Em 5 de março de 2016, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Região Episcopal Sant´Ana, Setor Pastoral Imirim, o Revmo. Pe. Indemini Ziero (Pe. Hermenegildo). Em 3 de março de 2016, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial “ad nutum episcopi” da Paróquia Imaculado Coração de Maria, na Região Episcopal Brasilândia, Setor Pastoral São José Operário, o Revmo. Pe. Gilson Feliciano Ferreira, sv.
8 | Pelo Mundo |
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Destaques das Agências Internacionais
Filipe david
correspondente do O SÃO PAULO na europa
Iêmen
4 freiras são assassinadas em atentado Rádio Vaticano
Foto das freiras assassinadas no Iemên; país está em guerra civil desde março de 2015
Homens armados invadiram um asilo para idosos criado pela Madre Teresa de Calcutá na cidade de Aden e mataram 16 pessoas, incluindo quatro freiras, na sexta-feira, 4. O ataque começou quando dois homens cercaram o local e quatro entraram no asilo, dizendo que queriam visitar suas mães. Uma vez dentro do asilo, eles mataram o porteiro e as demais vítimas, entrando nos quartos e algemando-as antes de assassiná-las com um tiro na cabeça. Após o ataque, eles fugiram do local. Além das quatro freiras, um cozinheiro e guardas iemenitas também foram mortos. Uma freira conseguiu sobreviver ao ataque se escondendo dentro de uma geladeira. Quando tudo terminou, ela estava chorando e tremendo. As freiras, que deveriam ter voltado a seus países, haviam decidido continuar no Iêmen para servir a população local. Não foi a primeira vez que freiras Missionárias da Caridade foram ata-
cadas no País. Em 1998, três foram assassinadas na cidade portuária de Hodeida. O bispo responsável pela região, Dom Paul Hinder, acredita que as freiras foram alvo desse ataque porque alguns grupos radicais “simplesmente não suportam a presença de cristãos servindo os mais pobres”. O Iêmen está em guerra civil desde março do ano passado. A guerra é entre facções sunitas e facções xiitas que disputam o poder, com o apoio da Arábia Saudita (sunita) e do Irã (xiita). Grupos como o Estado Islâmico e a Al-Qaeda (ambos sunitas) têm se aproveitado do conflito e do caos instalado no País para estabelecer presença na região sul, onde fica Aden. A Cidade sofre com o caos e a anarquia que aumentaram desde que foi recapturada dos rebeldes xiitas por uma coalizão saudita em julho do ano passado. Fontes: abc News/ Radio Vaticana/ CNA
Mundo Percentualmente, número de católicos aumenta mais que a população Segundo as estatísticas mais recentes publicadas pelo Vaticano, o número de católicos no mundo cresceu percentualmente mais que a população mundial nos últimos anos. De 2005 a 2014, o aumento foi de 157 milhões de fiéis, cujo número total passou de 1,12 bilhão para 1,27 bilhão, com 14% de crescimento. No mesmo período, a população mundial passou de 6,4 bilhões para 7,3 bilhões, o que representa um aumento de 12,6%. Assim, o percentual de católicos no mundo aumentou de 17,3% para 17,8%. O maior aumento do número de católicos em relação ao crescimento da população foi na África e, em seguida, na Ásia. Na América e na Europa, o crescimento foi um pouco maior que o avanço da população, enquanto na Oceania, a população cresceu mais que o número de católicos. O continente com o maior quantidade de católicos é a América, que
possui quase metade de todos os fiéis (48%), seguida pela Europa (23%), África (17%), Ásia (11%) e Oceania (menos de 1%). O número de sacerdotes aumentou em 9.381, passando de 406 mil para quase 416 mil padres. Mas essa variação foi muito diferente de um continente a outro. Enquanto na África e na Ásia houve um aumento próximo a 30%, na Europa houve uma queda de 8%. O número de diáconos permanentes aumentou de 33 mil, em 2005, para 44,5 mil, em 2014 (33% de crescimento). Já a quantidade de religiosas caiu 10% neste período e o de seminaristas aumentou apenas 2%, com grande crescimento na África (21%) e na Ásia (14%), mas com queda na Europa (-17,5%) e na América (-7,9%). Em 2014, o número total de seminaristas no mundo era de 116,9 mil. Fonte: Vaticano
Luciney Martins/O SÃO PAULO
1,27 bilhão de pessoas no mundo são católicas, conforme informa recente relatório do Vaticano
França
Um militar que se tornou terapeuta familiar O general Marc d’Anselme estava bastante contente de sua trajetória na vida militar quando, aos 53 anos, decidiu deixar o Exército para se tornar psicólogo especialista em adolescentes e casais. Pai de oito filhos, Marc já tinha iniciado nos anos 1990 diversos círculos de reflexão para colegiais sobre as grandes ques-
tões que os incomodavam. Essas reuniões continuaram por 17 anos, nos quais o Oficial foi desenvolvendo uma paixão cada vez maior pelo conhecimento da alma e da psicologia humana. Então, ele percebeu que poderia ser psicólogo e que deveria se formar para isso. A saída do Exército foi difícil e após
muita hesitação, ele entrou na faculdade de Psicologia, aos 51 anos, e depois especializou-se em terapia familiar. Hoje, seu consultório está cheio. Segundo suas estatísticas, 75% dos casais que o procuram conseguem salvar seus casamentos. Marc reconhece a importância da fé para o psicólogo, mas faz questão de
distinguir terapia e direção espiritual: “Minha fé me libertou da influência de Freud, que rejeita o caráter espiritual do ser humano. Ela me ilumina todos os dias, mas não é por isso que a terapia se transforma em direção espiritual; para isso existem os sacerdotes”. Fonte: Famille Chrétienne
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| Papa Francisco | 9
Francisco elogia iniciativa ecumênica de acolhimento a refugiados No domingo, 6, quando rezou a oração do Ângelus e refletiu sobre a liturgia do dia, o Papa também enalteceu a iniciativa dos “corredores humanitários” para refugiados, praticada ultimamente na Itália. Francisco citou os “corredores” como um sinal concreto de compromisso com a paz e a vida. “Este projeto-piloto, que une solidariedade e segurança, consiste em ajudar pessoas que fogem da guerra e da violência, como os cem refugiados que já foram transferidos para a Itália, dentre os quais crianças doentes, pessoas com deficiências, viúvas de guerra com filhos e pessoas idosas. Felicito-me também porque essa iniciativa é ecu-
mênica, promovida pela Comunidade de Santo Egídio, Federação das Igrejas Evangélicas Italianas, Igrejas valdenses e metodistas”. Em nota, a Comunidade de Santo Egídio agradece o Papa por ter despertado as consciências desde o início da crise humanitária ligada à chegada dos migrantes nas costas europeias. Os “corredores”, recorda a nota, “consentiram até agora a entrada na Itália de 97 refugiados sírios do Líbano, que viajaram de modo seguro, não arriscando as vidas em barcos no Mediterrâneo e nem alimentando a exploração de traficantes de seres humanos. Nos próximos meses, graças a um acordo com o governo italiano,
Fotos: L’Osservatore Romano
chegarão cerca de mil pessoas vulneráveis. Esperamos que esse projeto-piloto, totalmente autofinanciado pelas organi-
zações promotoras, possa ser reproposto em outros países da Europa”. Fonte das notícias: News.va (redação: Edcarlos Bispo)
Exercícios espirituais de Quaresma
Neste ano, os exercícios espirituais quaresmais realizados pelo Papa e por membros da Cúria Romana
acontecem na Casa do Divino Mestre de Ariccia. As meditações são guiadas pelo sacerdote Ermes Ron-
chi, da Ordem dos Servos de Maria. Na terça-feira, 8, Padre Ermes recordou a pergunta feita por Jesus: “Quem diz o povo que eu sou?”. O religioso dos servos de Maria relançou a pergunta de Jesus, recordando que a opinião das pessoas sobre ele era incompleta, embora fosse boa. Consideravam-no um profeta, como Elias ou João Batista, mas essa resposta tem um limite: Jesus não é um homem do passado, um profeta de outrora. Eis, então, a pergunta direta aos seus discípulos: “Mas vós, quem dizeis que eu sou?” Padre Ermes observou que no interior dessa questão existe um adversativo, aquele “mas”, quase em oposição ao que
as pessoas pensam e dizem. Parece até que o Mestre quer solicitar aos apóstolos uma reflexão e convida-os a não se contentarem, porque a fé não progride somente por ouvir dizer. Jesus solicita aos apóstolos que revejam sua relação com ele. Não quer definições abstratas, mas o envolvimento pessoal. A pergunta “Quem sou eu para ti?” é o coração pulsante da fé, explicou o Sacerdote. Jesus formula a pergunta em sinal de amizade: não dá lições, não impõe respostas, mas convida a procurar dentro. Então, e só então, se pode responder como fez o pregador: “Encontrar-te foi a melhor coisa da minha vida!”
Orações a operários mortos em Catedral no México Lamento pelas No sábado, 5, o Papa Francisco manifestou pêsames pela morte de quatro operários, no México, no desabamento do teto, em obras, da nova Catedral de São João Batista em Tuxtepec, no Esta-
do de Oaxaca, no dia 3.Dezenove pessoas, dentre as quais o pároco, ficaram feridas. Em mensagem assinada pelo Secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal
Pietro Parolin, e dirigido ao bispo de Tuxtepec, Dom José Alberto González Suárez, Francisco assegura suas orações “pelo descanso eterno dos mortos” e sua proximidade a seus familiares e feridos.
religiosas mortas no Iêmen O Papa Francisco mostrou-se profundamente triste com a notícia da morte de quatro Missionárias da Caridade no Iêmen, juntamente com outras 12 pessoas, num ataque terrorista, na sextafeira, 4 (leia mais na página 8). Num telegrama assinado pelo Secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal Pietro Parolin, o Santo Padre assegurou as suas orações pelas famílias das vítimas desse “ato de violência insensata e diabólica”. E ainda, o Papa disse rezar para que esse massacre “desperte as consciências, leve a uma mudança dos corações e inspire todas as partes a depor as armas e a empreender um caminho de diálogo”. Em nome de Deus, Francisco pediu a todos que “renunciem à violência, renovem o seu empenho com o povo do Iêmen, especialmente os mais necessitados”, que as missionárias de Madre Teresa “têm tentado servir”. O Papa, por fim, deu a bênção apostólica a todos os que sofrem por causa da violência e, em particular, às Missionárias da Caridade.
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Daniel Gomes
Destaques das Agências Nacionais
danielgomes.jornalista@gmail.com
Ânimos acirrados após a 24ª fase da operação Lava Jato Após a realização, na sexta-feira, 4, da 24ª fase da operação Lava Jato (investigação de possíveis crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro oriundos de desvios da Petrobras), os ânimos estão acirrados entre pessoas e grupos favoráveis e contrários ao ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que naquele dia foi conduzido para prestar depoimentos na Polícia Federal (condução coercitiva). No próprio dia 4, houve agressões físicas e verbais entre simpatizantes e críti-
cos de Lula e da presidente da República, Dilma Rousseff (PT), em frente ao prédio em que o ex-presidente mora em São Bernardo do Campo (SP) e também no aeroporto de Congonhas, na zona Sul da Capital paulista, onde ele foi interrogado em uma sala da Polícia Federal. Há preocupações com novos confrontos especialmente no próximo domingo, 13, quando movimentos como o “Vem Pra Rua Brasil” farão protestos contra o ex-presidente e contra Dilma em todo o País. Militantes do PT, do PC
do B e de alguns movimentos sociais anunciaram a realização de atos em defesa de Lula e de Dilma também no dia 13. Em São Paulo, não está descartada a possibilidade de que os dois atos com propósitos opostos ocorram no mesmo dia na avenida Paulista e em ruas próximas. Em entrevista à rádio Jovem Pan, na terça-feira, 8, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que todas as medidas de segurança estão sendo tomadas para evitar confrontos. “Havia uma solicitação para ter outra manifestação [a
Relatos de violência sexual aumentam 129% em 2015 A Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) contabilizou no ano passado, em comparação a 2014, aumento de 44,74% no número total de relatos de violência e de 129% no número de relatos de violência sexual (estupro, assédio, exploração sexual), com a média de 9,53 registros por dia. Do total de 3.478 relatos de violência sexual registrados em 2015, 2.731 eram de estupro (78,52%); 530 de exploração sexual (15,24%); e 217 de assédio sexual no trabalho (6,24%). Também se constatou aumento de 325% nos relatos de cárcere privado, com a média de 11,8 registros por dia. O balanço divulgado na terça-feira, 8, Dia Internacional da Mulher, também contabilizou aumento de 154% no número de estupros registrados, com a
de defesa a Lula e Dilma] no sentido contrário e nós dissemos que no mesmo local não pode”, afirmou. Na quarta-feira, 9, o secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, disse que a Polícia garantirá a segurança de todos, mas não permitirá que grupos antagônicos se manifestem no mesmo local. “Não importam quais sejam os objetos das manifestações, mas sim que haja absoluta tranquilidade em todas”, disse. Fontes: Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo, Portal no Vermelho e rádio Jovem Pan
‘A questão da água está resolvida’, afirma governador de São Paulo
média de 7,5 casos por dia, e crescimento de 102% no número de relatos de exploração sexual. A cada três horas, um estupro é relatado ao Ligue 180, segundo a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM). O Ligue 180 é um serviço gratuito e confidencial. A Central recebe denúncias de violência, reclamações sobre os serviços da rede de atendimento à mulher e orienta as mulheres sobre seus direitos e a legislação vigente, encaminhando-as para outros serviços, quando necessário.
Em evento na Associação Comercial de São Paulo, na segunda-feira, 7, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou que São Paulo não está mais em situação de crise hídrica. “A questão da água está resolvida, porque nós já estamos chegando a quase 60% do Cantareira e 40% do Alto Tietê. Isso é água para quatro, cinco anos de seca”, garantiu. Segundo Alckmin, com as obras que estão em curso para garantir o abastecimento de água, “a Região Metropolitana estará bem preparada para mudanças climáticas”. Apesar do anúncio do Governador, uma reportagem da TV Globo, na terça-feira, 8, mostrou que a falta de água permanece em bairros da Capital paulista como no M´Boi Mirim, Capão Redondo, Vilão Carrão, Vila Nova Cachoeirinha e Jardim Souza, além de bairros nas cidades de Osasco e Guarulhos. Questionado sobre a situação, o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Benedito Braga, informou que isso não deveria ocorrer com o fim da crise hídrica e que os moradores que enfrentam tal problema devem procurar a Sabesp.
Fonte: Agência Brasil
Fontes: TV Globo, Diário do Grande ABC, Sabesp e O Estado de São Paulo
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A Família GERA O MUNDO Papa Francisco
A família gera o mundo – As catequeses de quarta-feira é o resultado do ciclo de catequeses do Papa Francisco nas audiências de quarta-feira. O livro reúne os ensinamentos e reflexões do Sumo Pontífice sobre a família, na intenção de que o leitor extraia deles sua profundidade espiritual e pastoral. Neste ciclo, temas como a educação, a doença, o luto e o papel desempenhado pelos membros da família são abordados sob o olhar atento e delicado de Papa Francisco.
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| Reportagem | 11 Fotos; Arquivo pessoal
Elas fazem toda a diferença Mãe e filhas criam site para ligar mães de bebês com microcefalia a pessoas dispostas a ajudá-las Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
Já imaginou usar a internet e as redes sociais para fazer o bem? Unir quem necessita de “algo” a quem pode doar esse “algo”? Foi com esse intuito que o site “Cabeça e Coração” (http://cabecaecoracao.com) foi criado em 30 de dezembro de 2015. “Cabeça e Coração é uma plataforma on-line, sem fins lucrativos, que facilita a conexão entre quem tem vontade de ajudar e quem precisa de ajuda. O site reúne histórias de bebês vítimas da epidemia de microcefalia no Brasil - e mostra como é possível auxiliá-los por meio de doações”, consta na apresentação do site. “Nós começamos o projeto ‘Cabeça e Coração’ para ajudar os bebês, por mais simples que essa ajuda fosse. Ficamos tocadas com a quantidade de crianças afetadas pela microcefalia. Nós nos colocamos no lugar das mães mais humildes e resolvemos agir para que não passassem tantas dificuldades. Não fazíamos ideia de que o projeto seria tão bem aceito”, afirmou, em entrevista ao O SÃO PAULO, Cida Nicolau, economista e uma das idealizadoras do projeto. A ideia é bem simples. Em um site, uma página no Facebook e um perfil no Instagram há a apresentação da mãe e do bebê que possui microcefalia, uma relação do que a criança está precisando, e o endereço e número de conta para as doações. “É impossível sabermos exatamente quantas pessoas foram ajudadas, quanto dinheiro, latas de leite ou pacotes de fraldas foram doados. As doações têm chegado na casa dos bebês tanto por correio como presencialmente. Elas vêm de todo o Brasil. E também há muita gente depositando dinheiro na conta das mães. Ficamos sabendo de diversos casos. Há desde doadores que depositam R$ 20 até os que doam R$ 500 de uma vez só. Há quem doe roupinhas, outros mandam caixas com fraldas, produtos de higiene, latas de leite, alimentos para a família. Toda doação é válida e importante”, conta Cida. No site, há pouco mais de 20 histórias publicadas, entre elas a de Maria Eduarda, 20, moradora do Assentamento Monte Alegre, na zona rural de Muqui, no Espírito Santo. Ela é mãe do pequeno João
Pedro, de 1 ano. “No sexto mês de gestação, fiz um ultrassom e deu uma alteração no cérebro dele. Quando nasceu, precisou ficar 30 dias na UTI e foi transferido para São Paulo para investigar o que tinha. Os médicos disseram que ele era portador de citomegalovírus. Meu filho teve que fazer tratamento e só saiu do hospital com 3 meses de vida. Nesse período de internação, ele teve uma parada cardíaca e ficou 25 minutos sem vida, mas depois voltou. Quando teve alta, o neurologista pediu uma ressonância e descobriu que o João tem paralisia cerebral, epilepsia, microcefalia e hidrocefalia não-hipertensiva”. Mãe de mais uma criança, de 3 anos,
Maria Eduarda conta que foi abandonada pelo marido que não presta nenhuma assistência a ela ou aos filhos. Isso, porém, não a impede de sonhar e de ver nos filhos a sua sustentação. “Difícil, para mim? Sim! Mas eu amo em dobro, mil vezes mais. Sabe, ele [o bebê com microcefalia] é minha estrutura e meu outro filho é minha base”, afirmou. Parte das doações que recebeu chegaram de pessoas da própria cidade de São Paulo. Ela conta que conheceu o site por meio da própria fundadora, que explicoulhe o projeto. Desde a publicação de sua história, já ganhou fraldas e leite, e agora pensa em pintar o quarto do bebê. Cabeça e Coração
Histórias de solidariedade “Meu nome é Rosana, moro no Recife (PE) e tenho três filhas. A mais nova, Luana, nasceu com microcefalia em outubro de 2015. Descobri isso só depois que ela nasceu. À princípio, o doutor achou que a micro pudesse ter sido causada por toxoplasmose. Eu não notei sintomas de zika vírus, mas fiz o exame para ver se tive. Ainda estamos esperando o resultado. Atualmente, vou a três hospitais com minha filha para as terapias e consultas. Nossa rotina é de casa para o hospital e do hospital para casa. A Luana fica bastante gripada, mas está se desenvolvendo bem. Eu estou desempregada e não posso contar com ajuda do pai porque não moramos mais juntos. Ele era violento. Só quem me ajuda é uma tia da minha filha. Sonho que a Luana e minhas outras filhas possam estudar, trabalhar e subir na vida pelos próprios esforços”. “Meu nome é Maria Ronise. Minha filha, Raissa Maria, nasceu em dezembro de 2015 com microcefalia. Minha gravidez foi desejada e planejada. Correu bem até o quinto mês, quando fiz um ultrassom morfológico para ter certeza de que estava tudo certo. Foi aí que a médica disse que tinha algo diferente com a minha filha. Eu me desesperei e fiz outro exame – e aí falaram da microcefalia. Eu tive zika vírus no terceiro mês de gestação. Depois que ela nasceu, ficamos nove dias fazendo exames. Agora ela está bem. Moro em Recife (PE) e não tenho familiares aqui. Somos só eu, meu marido e nossos dois filhos. Eu não trabalho. O meu marido trabalha com construção civil, mas não tem carteira assinada. Eu tinha medo que minha filha viesse a esse mundo para sofrer, mas vi que ela só precisa de cuidados e amor”.
O projeto das três mulheres
Cida, uma das idealizadoras do projeto, toca a ideia com suas duas filhas, Maria Julia Vieira, 15, e Maria Clara Vieira, 24 (foto acima). “Desde que começaram a surgir as primeiras notícias sobre os casos de microcefalia, no final do ano passado, nós ficamos muito sensibilizadas. Víamos os números crescerem a cada dia e sentíamos vontade de fazer alguma coisa, ajudar de alguma forma. Conversando sobre o assunto, surgiu a ideia de usar a tecnologia que temos à disposição para chegar até essas famílias. Decidimos criar o ‘Cabeça e Coração’ para conectar quem precisa de ajuda e quem tem vontade de ajudar”, comentou Cida. No projeto, nada passa por elas. Quem deseja doar entra em contato direto com quem precisa. “São muitas doações chegando todos os dias, de várias partes do Brasil. Tudo vai direto para as famílias (nada passa por nós) e elas ficam muito gratas a cada nova contribuição”, afirmou. “Nós ficamos emocionadas e felizes. Está havendo uma movimentação do bem. As pessoas estão ajudando bebês, pais e mães que elas nunca viram. Os brasileiros estão dando as mãos para minimizar a dor e o sofrimento de outros brasileiros em situação menos favorecida. Os relatos que publicamos nos dão lindos exemplos de humanidade e amor, assim como a atitude de quem está doando. Nós ficamos em paz ao ver tudo isso acontecer e saber que, de alguma forma, fazemos parte disso criando pontes e facilitando as conexões entre quem quer ajudar e quem precisa de ajuda”, concluiu Cida.
“Meu nome é Juliene, moro em Bonito (PE). O Davi é meu único filho. Ele nasceu em novembro de 2015 e tem microcefalia. No terceiro mês de gestação, tive pintinhas vermelhas, coceira e dor no corpo. Os exames acusaram que tive rubéola. Com oito meses de gravidez, fiz um ultrassom e o médico percebeu que a cabeça do meu filho não estava se desenvolvendo como deveria. A microcefalia foi confirmada quando ele nasceu. Hoje, ele precisa ir para Recife (PE) fazer terapias e ver médicos de duas a três vezes por semana. O meu marido trabalha, mas eu não consigo trabalhar mais. Eu tive que sair do serviço para cuidar do bebê. Estou morando na casa da minha mãe. A prefeitura daqui dificulta muito para liberar o carro para a gente levar o Davi para o Recife. Gasto cerca de R$ 200 sempre que vamos para lá. Eu quero dar o melhor para o meu filho. Sonho ver o Davi correndo e brincando”. (Reproduzidas do site http://cabecaecoracao.com)
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catedral
Fotos: Divulgação das Paró
quias
12 | Reportagem |
Paróquia Imaculada Conceição (Região Ipiranga)
Paróquia Sant’Anna (Região Santana)
Paróquia Nossa Senhora da Consolação (Região Sé)
#24horaspa jornada de oração foi proposta em 2014 pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, desde então atividade acontece em todo o mundo Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
Paróquia Nossa Senhora de Fatima (Região Santana)
Paróquia Nossa Senhora do carmo (Região Santana)
Paróquia Santo Antônio dos Bancários (Região Santana)
Aconteceu entre os dias 4 e 5, a terceira edição das “24 Horas para o Senhor”, jornada de oração e penitência instituída em 2014 pelo Papa Francisco. No Brasil e em todo o mundo, dioceses organizaram celebrações eucarísticas, momentos de adoração, mutirões de confissões nas igrejas e também nas praças, ruas e outros espaços públicos. Na Arquidiocese de São Paulo, diversas foram as iniciativas realizadas para
que as “24 Horas para o Senhor” aproximassem os fiéis da misericórdia e do perdão de Deus. A Região Episcopal Lapa, por exemplo, reuniu os fiéis e padres dos setores pastorais para celebrarem esse momento penitencial (leia mais nas páginas 18, 19, 20 e 21). Na Catedral da Sé, Igreja Mãe da Arquidiocese de São Paulo, foi escolhido o tema “Senhor, quando foi que te vimos?”, e com base nele foram preparadas reflexões, orações, leitura orante da Bíblia e adoração ao Santíssimo Sacramento. Com o auxílio das novas comunidades que realizam atendimento as pessoas no centro da Cidade, a Catedral da Sé esteve de portas abertas para que houvesse atendimento aos irmãos de rua, com atividades como corte de cabelo, de barba e de unha.
Tempo favorável para de ‘sair da alienação existencial’
As “24 horas para o Senhor” aconte-
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edral da sé
| Reportagem | 13
Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
Fotos: Divulgação das Paró
quias
Setor Pirituba (Região Lapa)
Setor Leopoldina (Região Lapa)
Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviário e Arsenal da Esperança (Região Sé)
araoSenhor cem durante a Quaresma e têm o intuito de aproximar os católicos, e todos quantos desejarem, do sacramento da Penitência de um profundo momento de oração e reflexão. Na mensagem para a Quaresma de 2015, o Papa Francisco recomendou que o momento fosse celebrado em toda a Igreja, para dar “expressão a esta necessidade da oração”, escreveu. “Não subestimemos a força da oração de muitos”, também manifestou na ocasião. Vale recordar que foi naquele ano, durante as “24 Horas para o Senhor”, que o Pontífice manifestou o desejo de realizar um jubileu extraordinário que tivesse como centro a misericórdia. Na Misericordiae Vultus, bula de proclamação do Jubileu extraordinário da Misericórdia, o Santo Padre escreve: “A iniciativa ‘24 Horas para o Senhor’, que será celebrada na sexta-feira e no sábado anteriores ao IV Domingo da Quaresma, deve ser incrementada nas dioceses. Há muitas pessoas – e, em grande número, jovens – que estão a aproximar-se do sa-
cramento da Reconciliação e que frequentemente, nessa experiência, reencontram o caminho para voltar ao Senhor, viver um momento de intensa oração e redescobrir o sentido da sua vida. Com convicção, ponhamos novamente no centro o sacramento da Reconciliação, porque permite tocar sensivelmente a grandeza da misericórdia. Será, para cada penitente, fonte de verdadeira paz interior”. Em mensagem para a Quaresma deste ano, o Papa reiterou ser este “um tempo favorável para todos poderem, finalmente, sair da própria alienação existencial, graças à escuta da Palavra e às obras de misericórdia. Se, por meio das obras corporais, tocamos a carne de Cristo nos irmãos e irmãs necessitados de ser nutridos, vestidos, alojados, visitados, as obras espirituais tocam mais diretamente o nosso ser de pecadores: aconselhar, ensinar, perdoar, admoestar, rezar. Por isso, as obras corporais e as espirituais nunca devem ser separadas”. Luciney Martins/O SÃO PAULO
Paróquia São Miguel Arcanjo (Região Belém)
No Vaticano: ‘Eu quero ver de novo’ Na tarde de sexta-feira, 4, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, o Papa Francisco presidiu a celebração penitencial de abertura das “24 Horas para o Senhor”. Refletindo sobre o Evangelho de São Marcos – a cura do cego Bartimeu –, o Santo Padre afirmou que o desejo do cego, “eu quero ver de novo” é o “pedido que queremos fazer hoje ao Senhor. Ver de novo, depois de os nossos pecados nos terem feito perder de vista o bem e desviar da beleza da nossa vocação, levando-nos para longe da meta”. Segundo o Pontífice, “este trecho do Evangelho [Mc 10, 46-52] possui um grande valor simbólico e existencial, porque cada um de nós se encontra na situação de Bartimeu. A sua cegueira o levou à pobreza e a viver na periferia da cidade, dependendo em tudo dos outros”. “Também o pecado tem este efeito: nos empobrece e nos isola. É uma cegueira do espírito, que impede de ver o essencial, fixar o olhar no amor que dá a vida; e, aos poucos, leva a deter-se no que é superficial até deixar insensíveis aos outros e ao bem. Quantas tentações têm a força de anuviar a vista do coração e torná-lo míope! Como é fácil e errado crer que a vida dependa do que se possui,
L’Ossevatore Romano
do sucesso ou do aplauso que se recebe; que a economia seja feita apenas de lucro e consumo; que as pretensões próprias devam prevalecer sobre a responsabilidade social! Olhando apenas para o nosso eu, tornamo-nos cegos, amortecidos e fechados em nós mesmos, sem alegria nem verdadeira liberdade.” (Com informações dos sites arquisp.org.br e news.va)
14 | Reportagem |
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Sepultar os mortos: uma obra de misericórdia que honra os filhos de Deus Renata Moraes
jornalismorenata@gmail.com
Sepultar os mortos e venerar o lugar onde eles foram enterrados faz parte das mais antigas tradições da Bíblia e também do Cristianismo. Os primeiros cristãos já rezavam, choravam e enterravam seus mortos com devoção, como descreve o livro dos Atos dos Apóstolos sobre o enterro de Santo Estêvão: “Algumas pessoas piedosas sepultaram Estêvão e fizeram um grande luto por causa dele”. (cf. At 8,2). O preceito é bíblico e também doutrinal, é obra de misericórdia não deixar o morto jogado em qualquer lugar, mas dar a ele uma sepultura digna, para que possa aguardar a ressurreição. “A Igreja, quando aconselha como uma obra de misericórdia sepultar os mortos, está reconhecendo a grande dignidade do corpo: a nossa carne e os nossos ossos durante a existência terrena são depositários dos dons divinos, da graça santificante e do próprio autor da graça: o Espírito Santo”, destacou, ao O SÃO PAULO, Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e a Universidade. O Catecismo da Igreja Católica exorta os cristãos a esta prática: “Os corpos
dos defuntos devem ser tratados com respeito e caridade, na fé e na esperança da ressureição. O enterro dos mortos é uma obra de misericórdia corporal que honra os filhos de Deus, templos do Espírito Santo” (CIC 2300).
À espera da Ressurreição
As culturas antigas não tinham o costume de enterrar os seus mortos. Algumas queimavam os corpos dos falecidos, outras ainda deixavam os corpos fora das cidades para que fossem devorados por aves e animais selvagens. No Egito, era comum optarem pela mumificação. Os reis (faraós) eram embalsamados para que fossem
mantidos seus corpos conservados, pois se acreditava que dessa forma iriam garantir a ressurreição. Em Roma, os condenados eram crucificados e abandonados na cruz até apodrecerem ou serem devorados pelas aves carniceiras. Os relatos do Evangelho de São João narram que após a crucificação e morte de Jesus, José de Arimatéia, que era discípulo de Cristo, pediu autorização a Pilatos para retirar o corpo do Mestre da cruz. Nicodemos e José de Arimatéia fizeram, então, o sepultamento. “Eles pegaram o corpo de Jesus e o enrolaram com panos de linho junto com os perfumes, do jeito que os judeus costumam sepultar” (cf. Jo 19,40) Luciney Martins/O SÃO PAULO
Dom Carlos durante celebração em sufrágio da alma do menino Ezra, em outubro de 2015
Pastoral da Esperança: um consolo aos que choram A presença fraterna e solidária no momento da morte, com a finalidade de reconfortar as famílias e dar apoio aos que estão em luto, é a missão da Pastoral da Esperança, também conhecida como Pastoral das Exéquias. Na Região Episcopal Belém há, desde 2014, esse trabalho diário nos cemitérios da Quarta Parada, Vila Alpina e Vila Formosa, todos na zona Leste. “Somos vários ministros de exéquias de diversas paróquias da nossa região, que prestamos assistência religiosa às pessoas que estão velando seus mortos nesses cemitérios todos os dias da semana”, disse, à reportagem, o diácono permanente Carlos Alberto de Paula
Ribeiro, membro da coordenação regional da Pastoral. Os participantes visitam as salas de velório e oferecem orações e consolo espiritual aos familiares. Na presença dos ministros ordenados, são feitos os ritos das exéquias. Para os que desejarem, também é ministrado o sacramento da Confissão por um sacerdote. “Levar a Palavra de Deus aos irmãos que estão em um momento de tristeza, fazer com que eles percebam que Deus não nos abandona nunca, é a nossa missão”, detalhou o diácono Carlos. A Pastoral é composta por diáconos, ministros e leigos, acompanhados pelo Padre Luiz Fernando de Oliveira, vigário
paroquial da Área Pastoral São Francisco de Assis e Nossa Senhora Aparecida. Qualquer pessoa pode fazer parte desse ministério. Basta participar das formações contínuas que são oferecidas no Centro Pastoral São José. Além da formação religiosa, são oferecidas palestras com profissionais do Serviço Funerário Municipal, capacitando também os ministros de exéquias sobre as questões burocráticas. As formações acontecerão aos sábados, nos dias 19 de março, 14 de maio, 27 de agosto e 22 de outubro, às 8h30, no Centro Pastoral São José (rua Álvaro Ramos, 366, Belém). Outras informações podem ser obtidas no e-mail caa.ribeiro1@gmail.com.
Dom Carlos ponderou: “Contrariamente às filosofias maniqueístas, que consideravam de um modo negativo o corpo, como se a alma estivesse presa a ele durante a vida, o Cristianismo oferece uma avaliação extremamente positiva em relação ao corpo humano”, disse, prosseguindo: “O corpo humano foi elevado por Cristo à dignidade de templo de Deus e de portador de Deus. Durante essa vida, o nosso corpo humano é colocado em contato com o Corpo de Cristo eucarístico, que o transforma em semente de ressurreição: ‘Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia’ (cf. Jo 6,54)”.
Obras de misericórdia vividas na prática
Em setembro de 2015, um menino africano de 7 anos, Ezra Lian Joshua Finck, foi encontrado morto dentro de um freezer, na região central de São Paulo, onde residia com a família. A história comoveu a todos e teve repercussão mundial. Como a criança não tinha parentes no Brasil, seu corpo permaneceu por 25 dias no Instituto Médico Legal (IML) enquanto se aguardava a autorização do Consulado Africano para o sepultamento. O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, solicitou à Pastoral do Menor que intervisse no caso, para dar um enterro digno àquela criança. “Iniciamos a articulação com diversos órgãos relacionados aos direitos humanos, com apoio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos (SMDH). O Consulado Geral da África do Sul autorizou que os restos mortais do Ezra fossem enterrados pelas autoridades brasileiras e, no dia 29 de setembro, o IML faz o sepultamento sem comunicar a Pastoral e a SMDH”, lamentou Sueli Camargo, coordenadora da Pastoral do Menor. Em 5 de outubro, a Arquidiocese de São Paulo realizou uma celebração em sufrágio da alma de Ezra, no cemitério de Vila Formosa, na zona Leste de São Paulo. Dom Carlos conduziu a oração das exéquias. “Na ocasião, rezamos pela alma do menino Ezra e por todas as crianças que morreram vítimas da violência em todo o mundo”, recordou o Bispo. Naquele dia, também foi colocada a lápide com a identificação do túmulo da criança. Representantes do Consulado Africano e da Secretaria de Direitos Humanos participaram do ato.
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| Entrevista | 15
Com a Palavra: Cardeal Odilo Pedro Scherer
Ser missionários do Evangelho no mundo é campo privilegiado da ação dos leigos Luciney Martins/O SÃO PAULO
Daniel Gomes
danielgomes.jornalista@gmail.com
No início deste mês, entre os dias 1º e 4, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, participou, no Vaticano, da assembleia plenária da Pontifícia Comissão para a América Latina (PCAL), que tratou do tema “O compromisso indispensável dos leigos na vida pública”. Nesta entrevista exclusiva ao O SÃO PAULO, o Cardeal detalha as atribuições da PCAL, destaca a temática da Assembleia e fala sobre o papel dos cristãos leigos. “A Igreja existe para ser missionária do Evangelho no mundo, em todos os âmbitos da vida da sociedade; e esse é o campo privilegiado da ação dos leigos. No Brasil, desenvolveu-se uma grande participação dos leigos na vida intraeclesial e isso já é positivo; é necessário, agora, trabalhar mais para a presença testemunhal e a ação eficaz dos cristãos leigos no mundo secular e pluralista, para introduzir nele o sal, o fermento e a luz do Evangelho de Cristo”, afirma. Abaixo, segue a íntegra da entrevista. O SÃO PAULO – Quais as prin-
cipais atribuições da Pontifícia Comissão para a América Latina e por que foi realizada esta Assembleia?
Cardeal Odilo Pedro Scherer – A Pontifícia Comissão para a América Latina (PCAL) foi instituída para acompanhar a vida da Igreja nesse Continente e no Caribe, a fim de estimular seu desenvolvimento e sua missão em cada um dos países que fazem parte da área. A PCAL está unida à Congregação para os Bispos, cujo prefeito é também Presidente da Comissão. Por aí se vê que as atribuições da PCAL estão relacionadas estreitamente com o exercício da missão e das responsabilidades dos bispos. A PCAL também acompanha as conferências episcopais de cada país, estimulando iniciativas e ações de âmbito continental.
A partir do tema da Assembleia “O compromisso indispensável dos leigos na vida pública”
e a luz do Evangelho de Cristo. Talvez será preciso compreender melhor a questão da “laicidade do Estado”, muitas vezes invocada como barreira para impedir qualquer ação mais explícita dos cristãos e católicos no mundo secular. A “laicidade do Estado” não deveria ser vista como um impedimento para que os católicos, bem como todos os cidadãos, contribuam com as convicções que lhes são próprias para a vida social e a edificação do bem comum.
Que contribuição os leigos católicos têm a dar diante do conturbado momento político e econômico do Brasil?
quais foram as principais reflexões realizadas?
Participaram da Assembleia os membros da Comissão, nomeados pelo Papa para um quadriênio, no total de 20, além de outros convidados. O tema levou a reflexões interessantes, incluindo uma panorâmica sobre a presença e a atuação dos leigos na vida púbica em cada país. Refletiu-se, também, sobre a vocação e a missão dos cristãos leigos à luz dos documentos do Magistério conciliar e pós-conciliar. Tratou-se do papel dos bispos em relação aos leigos empenhados na vida pública e dos desafios que isso representa. Enfim, tratou-se também do futuro dos países e da Igreja no Continente à luz da atuação dos leigos na vida pública.
Em entrevista à rádio Vaticano, o Cardeal Marc Ouellet afirmou que a Igreja tentará suscitar, formar, encorajar e sustentar as novas formas de presença laical na vida pública. Na avaliação do senhor, como isso já está sendo feito pela Igreja no Brasil e o que ainda pode ser
aprimorado?
O Cardeal Marc Ouellet é prefeito da Congregação para os Bispos e presidente da PCAL. As palavras “suscitar, formar, encorajar, sustentar” estiveram constantemente presentes nas reflexões da Assembleia e resumem a missão que cabe aos pastores da Igreja para que haja o empenho do laicato na vida pública. Não é missão fácil, pois isso esbarra em muitas dificuldades práticas, entre as quais a evangelização apenas superficial com que contamos; por outro lado, é sempre mais fácil e atraente o empenho direto dos leigos no âmbito intraeclesial, necessário, sem dúvida, mas que não pode esgotar o empenho dos leigos na vida e na missão da Igreja. A Igreja existe para ser missionária do Evangelho no mundo, em todos os âmbitos da vida da sociedade; e esse é o campo privilegiado da ação dos leigos. No Brasil, desenvolveu-se uma grande participação dos leigos na vida intraeclesial e isso já é positivo; é necessário, agora, trabalhar mais para a presença testemunhal e a ação eficaz dos cristãos leigos no mundo secular e pluralista, para introduzir nele o sal, o fermento
A contribuição deve ser dada como ação coerente e perseverante, em sintonia com as convicções da fé e da moral cristã. Não temos que pensar logo em aprovação de políticas favoráveis à Igreja: é preciso pensar, mais que tudo, na promoção do bem comum, acima dos partidarismos ou corporativismos, ou da defesa intransigente dos interesses de apenas partes da população; é preciso trabalhar para promover leis e políticas justas e condizentes com a dignidade humana, com uma sã antropologia, a justiça social, a superação das enormes desigualdades sociais, as oportunidades de trabalho, moradia, educação, saúde e vida digna para todos; é preciso trabalhar para a superação dos desvios de finalidade na gestão do poder público, da corrupção, dos negócios perniciosos como a droga, a venda de armas, a exploração do trabalho escravo, da prostituição. Os cristãos leigos, atuantes nos quadros da política, teriam atualmente uma boa oportunidade para fazer a diferença e para unirem-se em torno de plataformas comuns para melhorar nosso País e a vida de todos.
Também segundo o Cardeal Marc Ouellet, o Conselho Episcopal Latino-americano e a Pontifícia Comissão tencionam convocar pela primeira vez um encontro latino-americano entre bispos e leigos católicos que tenham responsabilidades políticas em âmbito governamental, parlamentar ou administrativo nacional e local. Que articulações já há para esse encontro?
Isso seria muito desejável e uma novidade na atuação da hierarquia da Igreja junto aos leigos empenhados nos diversos âmbitos da vida pública. No entanto, o assunto foi apenas acenado, como um projeto futuro, sobre o qual se começa a pensar. Mas ainda não há nada de concreto.
16 | Fé e Cultura |
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Filipe David
osaopaulo@uol.com.br
Cinema
Divulgação
A Linguagem do Coração Com estreia marcada para 17 de março, o drama “A Linguagem do Coração” deve atrair religiosos e filantropos aos cinemas no período quaresmal. A distribuidora de filmes Imovision traz ao circuito de cinema brasileiro a comovente história da menina surda, cega e muda de nascença, incapaz de se comunicar, que é praticamente “adotada” por uma jovem freira provida de fé e compaixão, que enfrenta o enorme desafio de educá-la para o convívio social. Segundo a crítica especializada, o drama biográfico “A Linguagem do Coração” ou “Marie Heurtin”, no título original, dirigido por Jean-Pierre Améris, vai mexer com o lado mais sensível dos espectadores pela intensidade dos sentimentos impressos nessa narrativa de época. Baseado em uma história real ocorrida na França no final do século XIX, o longa teve sua estreia mundial no Festival de Cinema de Locarno 2014, na Suíça, onde foi vencedor do prêmio Variety Piazza. O filme aborda o drama da deficiente visual e auditiva Marie, uma adolescente de 14 anos que vive aprisionada em seu mundo em razão de suas limitações físicas. Como não consegue se comunicar, é levada pelo pai ao Instituto Larnay, na época uma famosa entidade católica por atender meninas surdas. Mesclando humor e drama, o longa narra a esperança das freiras do convento ao tentar ajudá-la com sua educação e, de alguma forma, fazê-la interagir com a vida e se libertar do corpo que a aprisiona. O diretor do célebre “Românticos Anônimos” (Les motins amomes) imprimi uma história que alia o ceticismo inicial de uma madre ao desafio do limite humano e a expectativa de superação pela fascinante linguagem do amor maternal da religiosa intensificada pela fé e sentimentos mútuos de confiança que ganham força no papel da Irmã Marie
Marguerite, interpretado com maestria por Isabelle Carré, ao abraçar o imenso desafio com determinação e incansável paciência.
A misericórdia no cinema
Segundo São Tomás de Aquino e Santo Agostinho, a misericórdia é “a compaixão no nosso coração diante da miséria de outra pessoa, que nos impele a ajudá-la se pudermos”. Por isso, a Igreja fala das obras de misericórdia, corporais e espirituais. Afinal, uma misericórdia que não “impele a ajudar” não é misericórdia. “A Linguagem do Coração” chega aos cinemas no Ano Santo extraordinário da Misericórdia. Aproveitando essa ocasião e o tempo propício da Quaresma, O SÃO PAULO traz nesta edição algumas sugestões de filmes da história recente do cinema que de alguma forma falam de misericórdia.
1- Homens e deuses (2010)
“Homens e deuses” conta a história dos monges trapistas franceses que viviam no monastério de Tibirina, no norte da África, auxiliando a população muçulmana local com assistência médica (um dos monges era médico) e tudo o que podiam. Com a guerra civil e o aumento da violência e do terrorismo, a vida dos monges fica sob ameaça e eles devem decidir se fogem de volta para a França ou se ficam para continuar ajudando a população local, sob o risco de serem sequestrados ou assassinados.
2 - Madre Teresa (1986, 1997, 2014)
A vida de Madre Teresa de Calcutá (1910-1997) tornou-se tão famosa no século XX que motivou diversos filmes. Vale a pena mencionar três. O primeiro é o documentário feito por Ann e Jeanette Petrie, em 1986, enquanto Madre Teresa ainda vivia. Este conta a história
da religiosa, traz entrevistas com pessoas próximas e cenas da Madre em ação com os pobres e com os líderes do mundo. O segundo é o filme biográfico “Madre Teresa – em nome dos pobres de Deus” (1997), que mostra, desde o início, todo o desenrolar do trabalho da Madre com os pobres na Índia. O último e mais recente é “The Letters” (As cartas), lançado no festival de Sedona em 2014 e nos cinemas em dezembro de 2015 nos Estados Unidos. Este busca contar a vida da Madre utilizando as cartas que ela escreveu (e que apenas recentemente tornaram-se públicas) para seu amigo e conselheiro espiritual, o Padre Celeste van Exem, durante 50 anos.
3 - Damião: o santo de Molokai (1999)
O filme conta a história do Padre Damião, missionário da Congregação dos
Sagrados Corações de Jesus e Maria, que foi, em 1873, como voluntário trabalhar numa zona de leprosos em quarentena numa área da ilha de Molokai, no Havaí, antes da sua anexação aos Estados Unidos. O Padre serviu à comunidade local trabalhando intensamente durante 16 anos até a sua morte por lepra, aos 49 anos, em 1889. Ele foi canonizado pelo Papa Bento XVI em 2009.
4 - To save a life (Salvar uma vida, 2009)
“Salvar uma vida” conta a história de Jake Taylor, o garoto popular da escola que deve se confrontar com o suicídio de seu amigo de infância, a desintegração de sua família e a gravidez de sua namorada. O filme é uma história de amadurecimento e abertura ao outro motivado pela fé em Jesus Cristo e pelo desejo de ajudar outros adolescentes em risco.
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| Esporte | 17
Menina também joga bola! No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, O SÃO PAULO mostra os avanços no incentivo e na aceitação do futebol feminino no Brasil
Arquivo pessoal
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Arquivo pessoal
Daniel Gomes
danielgomes.jornalista@gmail.com
Meião, chuteiras e uniforme para jogar bola. Há tempos, esses itens não são apenas “coisas de menino”. Nas últimas duas décadas, especialmente após a inclusão do futebol feminino nos Jogos Olímpicos, em Atlanta 1996, é comum encontrar meninas, moças e mulheres adultas jogando futebol ou futsal nos clubes, escolas ou mesmo pelas ruas. Roberta Ferreira Carriel, 27, aprendeu a jogar bola com o pai. Ela sempre o acompanhava nos treinos de futsal na cidade de São Miguel Arcanjo (SP) e jogava com os garotos que esperavam os pais saírem dos treinos. Era o início dos anos 1990 e nem todos gostavam de ver a menina entre os rapazes. “Sempre treinei e joguei com os meninos, pois não existia time feminino na minha cidade. Quando entrei na equipe, ouvi muitos comentários. Os mais preconceituosos partiam dos pais, avôs e tios dos meninos. Ouvia coisas do tipo: ‘O que essa garota está fazendo aqui, veio pra se machucar?’; ‘Não vai demorar muito para que ela comece a chorar’; ‘Como podem colocar essa menina com eles, se a bola a acertar vai sair chorando’. ‘Irresponsáveis. Cadê o idiota do pai dela?’ Essas atitudes estúpidas é que mais
Futebol feminino tem maior disseminação após Olimpíada de Atlanta 1996; Livian (esq.) e Roberta (dir.) falam sobre a paixão pelo esporte
me machucavam. Já com os garotos era bem engraçado. Eles tinham medo de chegar em mim nos lances, medo de me machucar, mas isso logo mudava quando me conheciam, pois a ‘garotinha’ jogava de igual pra igual”, recordou ao O SÃO PAULO. Atualmente, Roberta participa do projeto Meninas da Vila, um time de futsal amador na Vila Buarque, na região central de São Paulo. Também na Capital paulista, o Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa regularmente realiza peneiras de futebol para selecionar jogadoras. Moradora da Vila das Mercês, na região Sudeste da Cidade, Livian Cristina, 14, esteve uma destas em janeiro. Não foi aprovada, mas segue sonhando em ser jogadora profissional. “É uma coisa que gosto de fazer. Quero seguir carreira. Eu treino na minha escola, participo de uma escolinha de futebol aos sábados e vou às peneiras quando acontecem. Já participei de duas, mas não fui aprovada”, recordou a Adolescente, que começou a jogar futebol aos
10 anos. Ela disse que sempre recebeu incentivo dos familiares e amigos. “Na escola, jogo com os meninos e as meninas. O pessoal não vê problema”, garantiu. Livian quer um dia chegar à seleção brasileira. Caso isso aconteça, ela encontrará uma estrutura melhor do que a oferecida a craques como Marta, Formiga e Cristiane, quando estas ingressaram na seleção nos anos 1990. Hoje, a CBF mantém uma seleção permanente de futebol feminino e desde 2013 organiza de forma ininterrupta o Brasileirão Feminino. Nos estádios, as mulheres em campo ainda não lotam as arquibancadas. A quantidade de patrocinadores do futebol feminino também é escassa e os salários das atletas é bem inferior aos pagos no futebol masculino. Porém, comparado há duas décadas, houve avanços que permitem que garotas como Liviam sonhem com o futebol profissional. Para as mais novas, Roberta Carriel deixa uma mensagem de incentivo: “Você que tem como sonho ser uma jogadora profissional, saiba que tudo é possível quando
você acredita em si. Jogue sempre com ‘o coração nos pés’. Humildade e alegria sempre. Faça de cada jogo único, não importa se você joga hoje em um clube ou em um campo de terra. Honre sua camisa sempre, seja em um time de bairro, de um projeto social, ou no time da escola. A evolução vem com a prática, com os treinos e com trabalho duro”.
AGENDA ESPORTIVA Paulistão de Futebol SÁBADO (12) Série A1 18h30 – Santos x Água Santa (Pacaembu) DOMINGO (13) Série A2 10h – Juventus x Marília (estádio da Rua Javari) Série A1 11h – São Paulo x Palmeiras (Pacaembu)
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Brasilândia
Flávio Lopes, Juçara Zottis, Matheus Maciel e Renata Moraes Colaboradores de Comunicação da Região
‘Aos pés do Senhor para encontrar a misericórdia’ Renata Moraes
Jovens em momento de oração durante as ’24 Horas para o Senhor’ na Brasilândia
O Setor Juventude da Região Episcopal Brasilândia e a Pastoral Vocacional atenderam ao chamado do Papa Francisco para a iniciativa do tempo quaresmal “24 Horas para o Senhor”, celebrada nos dias 4 e 5 em todas as igrejas do mundo. Reunidos na Paróquia Nossa Se-
nhora da Expectação, na Freguesia do Ó, cerca de 500 jovens permaneceram toda a madrugada em vigília e adoração ao Santíssimo Sacramento e também peregrinaram à Porta Santa da igreja. Durante toda a madrugada, Dom Devair Araújo da Fonse-
ca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, e padres atenderam confissões dos jovens. Diversas grupos voltados à evangelização dos jovens na Brasilândia participaram da vigília e ajudaram nas reflexões sobre a misericórdia de Deus. Expressões artísticas com encenações do cotidiano juvenil, meditação sobre as obras de misericórdia corporais e espirituais e reflexão sobre o Ano Santo extraordinário da Misericórdia marcaram a atividade. Diante do Santíssimo Sacramento exposto no altar, os jovens rezaram, cantaram louvores em adoração a Deus. Às 3h, rezaram o Terço da misericórdia e apresentaram, espontaneamente, as suas intenções pelas mais diversas causas que afligem a juventude. Já no raiar do dia, por volta das 5h, os jovens saíram em procissão no entorno da igreja e passaram pela Porta Santa. Em seguida, Dom Devair presidiu a missa de encerramento, na qual destacou o momento
de adoração e peregrinação vivenciado. “Estamos aos pés do Senhor para encontrar a misericórdia”, afirmou, exortando os jovens a viverem aquela vigília também em suas rotinas diárias, pois só se encontra a misericórdia quando dela se é anunciador e mensageiro. Ao final, o Bispo pediu aos jovens que testemunhem a força e a beleza da Igreja àqueles que ainda não conhecem o amor de Deus, que cada um seja missionário em sua escola, na faculdade, no trabalho e na família. Antes da volta para casa, todos receberam um exemplar do Youcat, o catecismo jovem da Igreja Católica, além de um Terço e um cartão de lembrança da peregrinação. “O encontro das diferentes realidades, mesmo com características diferentes, se reuniu e realizou esse momento forte de fé. Esta é a beleza do Setor Juventude, na diferença e juntos celebrando a mesma fé”, concluiu Dom Devair.
‘Mulher, coragem de mudar’ Reunidas na Creche Azul, no bairro Taipas, as mulheres clamaram pelo fim da violência, no domingo, 6, marcando as comemorações do Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março. Em sua 26ª edição, a atividade promovida pela Pastoral da Mulher da Região da Brasilândia apresentou o tema “Por que tanta violência? A casa é nossa. Vamos cuidar”, e o lema “Mulher, coragem de Mudar”, com debates sobre assuntos de interesse feminino. A médica Simone Nascimento falou sobre as causas de morte das mulheres. A principal é a pressão arterial alta. Além disso, mulheres que têm uma vida sedentária ou que possuem excesso de atividades estão mais suscetíveis a sofrer um acidente vascular cerebral. Assim, segundo a médica, é preciso que as mulheres mudem os próprios hábitos de vida.
A segunda maior causa de morte entre as mulheres é a violência. “Em média, são 13 mulheres assassinadas por dia no Brasil e os assassinos são pessoas da própria família”, alertou Simone. Denunciar os agressores antes que a violência e morte aconteçam é fundamental, segundo a médica. As doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS, são a terceira causa de morte feminina, seguida do câncer de mama e de útero. “Fazer exames preventivos anuais aumenta as chances de cura do câncer, sobretudo no colo do útero, que é uma lesão silenciosa”. O professor Sérgio Barbosa, do Coletivo Laço Branco, destacou a necessidade criar espaços de ajuda e recuperação aos homens que cometem violência contra as mulheres. O grupo atua para sensibilizar os homens em ações pelo fim de todas as formas de violência contra a mulher.
Juçara Terezinha Zottis
Respeito à dignidade das mulheres é enfatizado por participantes de evento em Taipas
Também esteve no evento Dulce Xavier, secretária adjunta municipal de Políticas para as Mulheres, que apresentou as ações governamentais voltadas a reduzir as desigualdades entre os sexos. A luz do tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016 “Casa comum, nossa responsabilidade”, a coordenação do evento leu uma carta aberta às mulheres. “A Casa comum que precisamos
cuidar é a nossa terra, as figuras que representam a nossa mãe terra são expressamente femininas”, descrevia um trecho da carta. A violência doméstica, que causa medo, desalento e decepção, foi apontada como fator presente na realidade da Brasilândia. Houve o indicativo de que é preciso alertar as mulheres sobre como denunciar seus agressores para que haja o fim da violência.
Casa comum também é responsabilidade dos jovens Pastoral da Juventude
60 jovens participam de encontro sobre a Campanha da Fraternidade Ecumênica
No domingo, 6, aproximadamente 60 jovens da Pastoral da Juventude da Região Brasilândia
participaram de uma formação sobre a Campanha da Fraternidade deste ano, com assessoria
da Célia Aparecida Leme, das CEBs. Inicialmente, a assessora apresentou os principais pontos da Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano e lembrou que o saneamento básico é uma questão de saúde que impacta diretamente na vida da juventude. Houve, ainda, dois momentos formativos, chamados de oficinas sustentáveis, com o uso de materiais recicláveis: criação de brinquedos e horta vertical. Após as
oficinas, os grupos apresentaram suas reflexões e os materiais produzidos. O encontro, animado pela banda Legião Pejoteira, encerrou-se com uma oração e uma motivação: os jovens foram convidados a continuarem a reflexão em seus grupos, compartilhando nas redes sociais os gestos concretos relacionados ao tema da Campanha deste ano. Saiba mais sobre a Pastoral da Juventude em http://pjbrasilandia. wordpress.com.
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Peterson Prates
Colaborador de comunicação da Região
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Belém
Em exposição, a vida, a mensagem e a espiritualidade de Madre Teresa de Calcutá Peterson Prates
Estátua de Madre Teresa em exposição no Centro Pastoral
O Centro Pastoral São José, sede da Região Episcopal Belém, recebe durante o mês de março a exposição “Madre Teresa de Calcutá – vida, mensagem e espiritualidade”. A exposição, intermediada pela Cáritas Arquidiocesana, revela a vida da beata Teresa de Calcutá (1910-1997), missionária da caridade, e seu trabalho junto aos mais pobres. Há fotografias, painéis, um documentário, relíquias, documentos pessoais, a réplica do quarto de Madre Teresa, além de uma estátua da Beata, em tamanho real, em posição de oração. A exposição é gratuita e já passou por países como Estados Unidos, Espanha e Inglaterra. A visitação pode ser feita até o dia 31, de segunda a quinta-feira, das 9h às 21h, e de sexta-feira a domingo, das 9h às 17h, no Centro Pastoral (avenida Álvaro Ramos, 366, próximo ao metrô Belém). Informações em (11) 2693-0287.
20 anos do Arsenal da Esperança No sábado, 12, às 16h30, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidirá missa pelos 20 anos do Arsenal da Esperança Dom Luciano
Mendes de Almeida (rua Dr. Almeida Lima, 900, Mooca). Na ocasião, estará presente o Ernesto Oliveiro, fundador do Sermig-Fraternidade da Esperança.
Peterson Prates
Em 29 de fevereiro, aconteceu a missa de abertura do ano letivo da Escola de Teologia da Região Belém, no Centro Pastoral São José. Presidiu a celebração o Padre Wesley Pereira. Peterson Prates
No sábado, 5, o Conselho Regional de Pastoral (CRP) esteve reunido no Centro Pastoral São José. A professora Márcia Cabreira, da PUC-SP, conduziu uma reflexão sobre a CFE 2016 e a Encíclica Laudato Si’. “É um documento político”, disse. “Nos chama a olhar o mundo de outra maneira”, continuou. Também foram dados informes sobre a romaria arquidiocesana ao Santuário Nacional em Aparecida, em 1º de maio, e as peregrinações do Ano Santo.
Ipiranga
Padre José Ronaldo Gouvêa e Caroline Dupim Colaboradores de comunicação da Região
24 horas junto ao Cristo eucarístico no Santuário São Judas Tadeu Em comunhão com toda a Igreja, aconteceu no Santuário São Judas Tadeu o momento de oração e experiência com a misericórdia de Deus nas “24 Horas para o Senhor”, em adoração eucarística com a presença das
diversas pastorais e movimentos. “Deus rico de misericórdia” foi o tema desta jornada de oração e confissão. No Santuário, a abertura foi na sexta-feira, 4, às 20h, com missa em ação de graças ao Sagrado Coração de Jesus. A iniciativa teve se-
quência no sábado, 5, sendo encerrada com missa às 19h30, presidida por Dom José Roberto Fortes Palau,
bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, e concelebrada pelos padres atuantes na Região. Padre José Ronaldo Gouvêa
Caroline Dupim
Fiéis em momento de oração no Santuário São Judas Tadeu nas ’24 Horas para o Senhor’
Festa de São José No domingo, 6, Dom José Roberto Fortes Palau deu posse ao Padre Antônio César Segranfredo como pároco da Paróquia São João Batista, no Setor Pastoral Ipiranga. O Padre agradeceu a recepção dos paroquianos e a confiança do Bispo. “Peço ao Senhor que me ajude a viver com abundância a misericórdia de Deus com vocês”, afirmou.
A Paróquia São José do Ipiranga (rua Brigadeiro Jordão, 560, Ipiranga) realizará no dia 19 a festa do padroeiro. A primeira missa do dia será celebrada às 6h e a última, so-
lene, às 19h30, presidida por Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, após a qual haverá procissão com a imagem de São José.
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Santana Sacerdócio exige preparação, não basta boa vontade
Diácono Francisco Gonçalves
Colaborador de comunicação da Região
“O ministério da Reconciliação” foi o tema tratado na reunião mensal do clero atuante na Região Santana, no dia 1º, na cúria regional, com a participação de Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região. A temática foi apresentada pelo Padre Ronaldo Zacharias, SDB, rei-
tor do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal). Ele destacou que o ministério deve ser resposta amorosa a um Deus que chama à vivência como vocacionados, e que os chamados precisam cuidar do dom que receberam de Deus. O Reitor explicou que o maior erro na missão é fazer do eu o centro,
a norma e a meta da própria vida, afastando-se de Deus. O ministro da Reconciliação deve agir para demonstrar a ação de Deus, ser sinal do amor e da misericórdia divina. O exercício do ministério, segundo Padre Ronaldo, exige preparação, não basta boa vontade. “As pessoas nos procuram enquanto
ministros e esperam que sejamos competentes para ajudá-las a realizar uma experiência de Deus. Agora, é preciso deixar claro o que podemos e queremos oferecer. Não somos ‘o remédio’ para as feridas de ninguém e, muito menos, ‘a resposta’ para os problemas das pessoas”, concluiu Padre Ronaldo.
Padre Alfredo assume Paróquia Nossa Senhora do Carmo Diácono Francisco Gonçalves
Dom Sergio dá posse ao Padre Alfredo como pároco da Nossa Senhora do Carmo
Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, deu posse ao Padre Alfredo Celestino dos Santos, MS, como pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, no Setor Pastoral Jaçanã, no domingo, 6. Nascido em Palmeira dos Índios (AL), em 23 de dezembro de 1941, Padre Alfredo mudou-se, ainda na infância, com seus pais para o Paraná. Despertada a vocação sacerdotal pela oração na família, entrou para
o seminário dos vicentinos. Depois, ingressou nos saletinos, sendo ordenado padre no Santuário de Nossa Senhora da Salette, em Marcelino Ramos (RS), em 9 de março de 1975. “Eu vim como irmão entre os irmãos para servir aos irmãos. Na feliz comunhão, espero que juntos caminhemos com a Igreja e espero também que as pessoas entendam que cada padre é diferente, e na diferença vamos nos auxiliar e nos completar”, disse Padre Alfredo.
17 e 18, às 20h. No dia 19, a partir das 16h, haverá festa com barracas de comidas e brincadeiras diversas.
Dia 20, às 10h, missa solene comemorando a finalização da obra da nova capela.
Festa de São José 2016 A Capela São José (rua Albertina Vieira da Silva Gordo, 444, Vila Aurora), pertencente à Paróquia
São Domingos Sávio, no Setor Pastoral Tremembé, promoverá tríduo em honra do Padroeiro nos dias 16, Diácono Francisco Gonçalves
Pastoral Familiar
A Paróquia Nossa Senhora da Candelária realizou nos dias 5 e 6, o 3º Retiro Interparoquial das Santas Missões Populares do Setor Vila Maria, que teve como pregador o Padre Luís Mosconi, fundador desse Movimento. O retiro teve início com missa presidida por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana.
No domingo, 6, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima do Tremembé, foi realizado o envio missionário da nova coordenação regional da Pastoral Familiar, que tem como coordenadores o casal Antonio (Toninho) e Silvana da Silva. A missa foi presidida pelo Padre Eduardo Higashi, assessor regional da Pastoral.
Diácono Francisco Gonçalves
Diácono Francisco Gonçalves
Os fiéis do Setor Casa Verde, constituído pelas paróquias Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora das Graças, Rainha Santa Isabel, Santíssima Trindade, Santo Antonio do Limão, São João Evangelista e São Luiz Gonzaga, realizaram no domingo, 6, peregrinação à Porta Santa da Igreja de Sant`Ana e participaram da missa presidida por Dom Sergio de Deus Borges.
Os secretários e secretárias paroquiais se reuniram na Cúria Regional de Santana, na quinta-feira, 3, para um dia de espiritualidade. Pela manhã, Padre João Luiz Miqueletti abordou o tema da caridade expressa na epístola de São Paulo aos Coríntios. Na parte da tarde, a formaçao esteve a cargo de Dom Sergio Borges, que concluiu o encontro presidindo uma missa.
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Benigno Naveira
Colaborador de comunicação da Região
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Lapa
4 mil participam das ‘24 Horas para o Senhor’ Louvores, adoração ao Santíssimo, confissões, leitura orante da Bíblia, reza do Terço e celebração de missas marcaram as “24 Horas para o Senhor” na Paróquia Nossa Senhora da Lapa, entre os dias 4 e 5, com a participação de mais de 4 mil pessoas. A atividade começou com missa na noite da sexta-feira, 4, presidida por Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, e concelebrada pelos padres Raimundo Rosimar Vieira, Geraldo Pedro dos Santos, Cristiano de Souza Costa e Adalton Pereira de Castro, este último pároco, com a participação dos diáconos permanentes André Iasz Filho e Marcos Adriano Souza. Dom Julio lembrou que as “24 Horas para o Senhor” seriam de vigília e orações pessoais e comunitárias. “Dedicamos as ‘24 Horas para o Senhor’ no sentido que toda nossa vida é consagrada. Queremos dedicar a Deus não somente um dia de nossa vida, mas todos os dias, queremos dedicar ao Senhor nosso último respiro, para que tudo, de fato, seja dele. Nesse tempo da Quaresma, somos convidados à conversão”, afirmou no início da missa. O Bispo, na homilia, recordou a importância de que os cristãos
vivam o primeiro mandamento, o amor a Deus sobre todas as coisas, que é a base dos demais mandamentos. Após a celebração, houve a adoração ao Santíssimo Sacramento. Durante as 24 horas, os fiéis das paróquias da Região Lapa e do Setor Juventude se revezavam em grupos de oração, enquanto padres atendiam confissões e presidiam missas. O Setor Juventude também realizou a acolhida dos fiéis, recebendo as intenções das pessoas que foram depositadas na cesta da misericórdia. No sábado, 5, às 18h, aconteceu a missa de encerramento, presidida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e Universidade, Dom Carlos Lema Garcia, tendo por concelebrantes os padres Adalton, Geraldo e Cristiano. Dom Carlos, na homilia, falou sobre o evangelho do 4º Domingo da Quaresma (Lc 15, 1-3.11-32), em que o pai acolhe o filho que havia se perdido na vida. O Bispo destacou que a atitude do Pai mostra que é preciso perdoar, por mais que seja difícil. Ao final da missa, Dom Julio agradeceu a presença de Dom Carlos e de todos os padres, religiosos e leigos que participaram das “24 Horas para o Senhor”. Lúcia Alves
Entre os dias 1º e 4, aconteceu a Semana Catequética na Paróquia São Francisco de Assis, no Setor Pastoral Butantã, com a participação de Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa.
Benigno Naveira
Dom Julio durante as ‘24 Horas para o Senhor’ na Paróquia Nossa Senhora da Lapa
Ação de graças pela vida de São João de Deus Benigno Naveira
Fiéis e Padre Geraldo Pedro em procissão com a imagem de São João de Deus
Na manhã de domingo, 6, na Casa de Saúde São João de Deus, localizada na Estrada Turística do Jaraguá, os fiéis da Comunidade São João de Deus festejaram antecipadamente o Padroeiro, comemorado em 8 de março. São João de Deus (1495-1550) é o fundador dos Religiosos Hospitaleiros, patrono dos hospitais, doentes, enfermeiros e suas associações. A comemoração começou com procissão da Casa de Saúde até a Capela Formativa de São João de Deus, com a participação do Padre
Geraldo Pedro dos Santos, pároco da Paróquia Santa Luzia, no Setor Pastoral Pirituba, e de fiéis, que carregaram o andor com a imagem do Padroeiro. Padre Geraldo presidiu a missa festiva na Capela. Na homilia, ele destacou que São João de Deus foi um “profeta da caridade”, um homem misericordioso, profundamente tocado pela situação de abandono e marginalização em que viviam os pobres nas praças e ruas da cidade de Granada, na Espanha.
REDAÇÃO
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5 novos párocos tomam posse em 3 setores pastorais Os fiéis de cinco paróquias da Região Episcopal Sé acolheram no fim de semana, dias 5 e 6, seus novos párocos. Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, presidiu a missa de posse de três párocos: no sábado, 5, do Cônego Severino Martins Silva Filho, na Paróquia Nossa Senhora Mãe do Salvador, no Setor Pinheiros; no domingo 6, do Padre Domingos Geraldo Barbosa de Almeida Junior, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, também no Setor Pinheiros; e no
Robrto Seabra
Sé
Paróquia Nossa Senhora Aparecida
Dom Eduardo empossa Cônego Severino, na Nossa Senhora do Salvador, e Padre Domingos Geraldo, na Nossa Senhora Aparecida
mesmo dia, do Padre Luiz Aparecido Tegami, SBD, na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, no Setor Perdizes. As outras duas missas de posse
de párocos foram presididas pelo Padre Aparecido Silva, vigário geral da Região Sé: no sábado, 5, do Padre Lucas Pontel, na Paróquia Nossa Se-
nhora de Lourdes, no Setor Perdizes; e no domingo, 6, do Padre Renato Cangianeli, na Paróquia Santa Margarida Maria, no Setor Aclimação.
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Frei Antônio Moser é assassinado no Rio de Janeiro Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil
REDAÇÃO
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Único teólogo brasileiro a participar do Sínodo dos Bispos sobre a família, em Roma, o frade franciscano Antônio Moser, 75, diretor-presidente da editora Vozes, foi morto com um tiro na manhã da quarta-feira, 9, após ser abordado por assaltantes na Rodovia Rio-Petrópolis, na altura de Duque de Caxias (RJ). Segundo a Polícia Rodoviária Federal, agentes receberam a informação da morte por volta das 7h. Frei Moser, que se doutorou em Teologia, com especialização em Moral, na Academia Alfonsianum – Roma, além de diretor da Vozes, era professor de Teologia Moral e Bioética no Instituto Teológico Franciscano (ITF), em Petrópolis (RJ); pároco da Igreja de Santa Clara de Petrópolis; diretor do Centro Educacional Terra Santa, além de conferencista no Brasil e no exterior. Tem livros traduzidos para outras línguas (“Teologia Moral impasses e alternativas”; “O enigma da esfinge, a sexualidade”; “Biotecnologia e Bioética: para onde vamos?”; “Ecologia: desafios éticos”). Durante nove anos, participou do programa semanal “Em pauta”, na tevê Canção Nova. Nascido em 1939, Frei Moser vestiu o hábito franciscano em 19 de dezembro de 1959 e foi ordenado sacerdote no dia 15 de dezembro de 1965. Em 2015, portanto, completou 50 anos de vida sacerdotal.
Manifestações de pesar
O ministro provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, pediu orações e la-
Frei Antônio Moser, 75, morre vítima da violência em rodovia fluminense, na quarta-feira, 9
mentou a morte trágica de Frei Moser: “A dura realidade que povoa com frequência os nossos noticiários bate à nossa porta. Com susto e tristeza, recebemos a notícia da partida repentina de um irmão, vítima da violência
que infelizmente tem se tornado cada vez mais comum. Frei Antônio Moser sempre teve como marcas o entusiasmo e a determinação. Atuou em muitas frentes simultaneamente, desde o estudo e a pesquisa, o trabalho pastoral, as
Dom Darci José Nicioli é nomeado para a Arquidiocese de Diamantina (MG) Acolhendo o pedido de renúncia apresentado por Dom João Bosco Oliver de Faria, 76, em conformidade com o cân. 401 parágrafo 1º, do Código de Direito Canônico (por limite de idade), o Papa Francisco nomeou na quarta-feira, 9, Dom Darci José Nicioli, C.SS.R, arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Diamantina (MG), transferindo-o da sede titular de “Tito” e do ofício de bispo auxiliar
da Arquidiocese de Aparecida (SP). Natural de Jacutinga (MG), Dom Darci (foto) nasceu em 1959. Foi ordenado sacerdote, em 1986, e bispo, no dia 3 de fevereiro de 2013. No período de 2009 a 2013, exerceu função de superior e reitor do Santuário Nacional de Aparecida e vigário geral da Província Redentorista de São Paulo (2013-2014). É mestre em Teologia pelo Pontifício Ateneo St. Anselmo, de Roma.
aulas, conferências, o trabalho na comunicação, a dedicação a obras sociais. Especialmente nas décadas de 1970 e 1980, dedicou-se de corpo e alma ao pastoreio de comunidades da Baixada Fluminense, atuando na formação do povo e na construção de igrejas. Hoje, infelizmente, devolvemos a Deus a vida desse irmão, vítima de assassinato na mesma Baixada que tanto amou. Que sua partida leve toda a sociedade a buscar caminhos alternativos que vençam a violência e a dor, que suplantem a injustiça e a morte, que abram para o mundo um horizonte de esperança. Para nossa Província fica um vazio e aumenta nossa responsabilidade em levar adiante o legado por ele deixado”. A editora Vozes emitiu comunicado manifestando pesar pelo falecimento de Frei Moser. “Pedimos a todos e todas, união e força neste momento inesperado e difícil e que possamos continuar unidos na fé e esperança da ressurreição”, escreveu Frei Volney José Berkenbrock, que dividia com Frei Moser a direção da Vozes. “A vida de Frei Antônio Moser foi rica e fecunda”, disse o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner, a respeito do falecimento do Frei Antônio Moser. Dom Leonardo destacou a atuação do religioso junto à CNBB: “Assessorou a Conferência na elaboração de textos e na reflexão teológica, especialmente na Teologia Moral. A CNBB é grata pela ajuda recebida e pede ao Pai misericordioso que acolha o frade menor no Reino definitivo. Brilhe para ele a luz da eternidade”, acrescentou. (Com informações do site Franciscanos.org.br e CNBB)
Arquidiocee de Aparecida
“Pedimos a Deus que conceda as bênçãos a Dom Darci, para servir como Bom Pastor o povo de Diamantina, agora sob seus cuidados pastorais, e para que faça brilhar a luz do Evangelho”, manifestou a CNBB, em mensagem assinada pelo bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da Conferência, Dom Leonardo Ulrich Steiner. (Com informações da CNBB)
20 de março é dia da Coleta Ecumênica Nacional da Solidariedade No Domingo de Ramos, 20, acontecerá a Coleta Ecumênica Nacional da Solidariedade no âmbito da Campanha da Fraternidade Ecumênica. Do total arrecadado, 40% será enviado ao Fundo Ecumênico de Solidariedade (FES) para apoio a projetos relacionados ao tema da
CFE, que este ano trabalha a questão do saneamento básico. O outro montante, 60% do valor, permanece nas dioceses, sínodos, presbitérios e comunidades cristãs para apoiar iniciativas sociais em âmbito local. O FES é administrado pelo Conse-
lho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), CNBB e a Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese). Todos os projetos do FES são analisados e aprovados por um conselho gestor, formado pelas entidades que o integram. “Com o valor arrecadado na Coleta
Nacional, apoiaremos projetos e iniciativas comunitárias voltadas para práticas de Cuidado com a Casa comum. Qualquer igreja ou organização pode enviar projetos para o FES”, disse a secretáriageral do Conic, a pastora Romi Bencke. (Com informações da Conic)
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Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
Migrantes africanos e latino-americanos participam de missa na Catedral da Sé, no domingo, 6, após peregrinarem pelas ruas do centro da Cidade até a Porta Santa da Igreja Mãe da Arquidiocese
Acolhidos no Brasil, migrantes peregrinam pelo Ano da Misericórdia Latino-americanos e africanos que vivem em São Paulo passaram pela Porta Santa e participaram de missa na Catedral da Sé Fernando Geronazzo
Especial para O SÃO PAULO
Com orações e cantos em espanhol, francês, italiano e português, migrantes de diferentes nacionalidades caminharam pelas ruas do centro de São Paulo, no domingo, 6, em peregrinação à Catedral da Sé por ocasião do Ano Santo extraordinário da Misericórdia. Fiéis nascidos no Paraguai, Peru, Chile, Equador, Haiti, Itália e Argentina saíram da Paróquia Nossa Senhora da Paz, na baixada do Glicério, indo até a Porta Santa da Catedral, onde participaram da missa presidida pelo cura, o Padre Luiz Eduardo Baronto. Além da paróquia territorial, a Igreja Nossa Senhora da Paz é sede das paróquias pessoais para os fiéis italianos e latino-americanos, e recentemente reúne também a comunidade de migrantes de língua francesa. “O principal objetivo desta peregrinação é experimentar a misericórdia divina que se abre para todas as culturas e não faz distinção nenhuma, sentir na pele que o nosso Deus é bom, nos ama e nos faz ser irmãos”, destacou o mexicano Fernan-
do Damian Cruz Lopez, 26, missionário de São Carlos Borromeu (scalabriniano), que está no Brasil há quatro anos. Desde sua origem, a Paróquia Nossa Senhora da Paz está relacionada com a acolhida dos migrantes. Em 1936, o primeiro arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva, autorizou a abertura de uma casa dos missionários scalabrinianos para o cuidado dos vários trabalhadores italianos da região central da Capital paulista. A pedra fundamental da igreja foi lançada pelo arcebispo seguinte, Dom José Gaspar d’Afonseca e Silva, em 1940, e, cinco anos depois, foi dado início à construção do primeiro Centro Social do Glicério.
Referência
Com o passar dos anos, a Paróquia tornou-se referência na acolhida dos diferentes fluxos migratórios da Cidade, sendo hoje, também, um ponto de acolhida de refugiados haitianos, sírios e de diversas nações da África. “A Paróquia Nossa Senhora da Paz, também conhecida como Missão Paz, está em função dos vários serviços que temos desde a Casa do Migrante, um centro de pastoral com diferentes serviços, especialmente na área da documentação, saúde e
educação; um centro de estudos migratórios, que se encarrega de processar todas as informações que temos sobre o fenômeno migratório; e o serviço e atendimento religioso”, explicou o Padre Alejandro Cifuentes, pároco da Paróquia dos latino-americanos. Para o Padre Antenor João Dalla Vecchia, pároco da paróquia territorial, participar da peregrinação foi um momento para fortalecer o sentimento em Jesus Cristo, que era aberto às culturas, às expressões, manifestações de cada pessoa, de cada povo, de cada grupo. “Para nós, é muito importante este momento, porque reunimos aqui inúmeras nacionalidades que expressam culturas diferentes, manifestações religiosas diferentes e que vêm nos dizer que em Jesus Cristo todos formamos uma única nação, pelo Batismo, nos tornamos cidadãos universais. Portanto, para a nossa Paróquia, esta peregrinação é um momento de graça e até de renovação do nosso Batismo e da nossa disposição de estarmos permanentemente atentos a essa realidade que nos desafia cotidianamente”, salientou. Também missionário scalabriniano, Constant Monkala, 28, deixou a Repú-
blica Democrática do Congo para se dedicar no trabalho junto aos migrantes. Para ele, a peregrinação é a oportunidade de reviver a experiência de êxodo dos muitos homens e mulheres que deixaram sua pátria em busca de uma vida melhor. “É uma alegria fazer esse caminho de sentir de novo a experiência que fizemos de deixar os nossos lugares, os nossos países, as nossas culturas e caminhar com pessoas de diferentes culturas, nacionalidades, cores e línguas”.
Acolhida misericordiosa
“Podemos perceber que, na convivência os migrantes podem experimentar a misericórdia. Eles lutam para se adaptar e nessa adaptação a acolhida dos outros é fundamental e é aí onde eles experimentam a misericórdia do Pai: na inclusão, na convivência pacífica, na igualdade”, comentou o mexicano Fernando Lopez. A professora peruana Nancy Olivares, 42, chegou ao Brasil há 13 anos e logo no início começou a participar da Missão Paz como voluntária. De acordo com ela, a comunidade paroquial é um ponto de encontro, não somente com a língua e cultura, mas, principalmente, com a fé. “Nos momentos de crise, esse é um local de reconforto e alento diante das muitas dificuldades que encontramos para viver aqui”, afirmou. Por fim, Nancy acrescentou que a peregrinação também é uma oportunidade de mostrar para todos o valor da presença dos migrantes em São Paulo: “Somos uma comunidade que pode contribuir com a Cidade”.
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