Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 61 | Edição 3094 | 23 a 29 de março de 2016
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www.arquisp.org.br Arte: Jovenal Pereira sobre foto de Luciney Martins/O SÃO PAULO
Tempo de testemunhar a misericórdia de Deus Com o Domingo de Ramos, no dia 20, teve início a Semana Santa, “um tempo intenso de celebração, um grande retiro espiritual, momento para nos aproximarmos mais de Jesus e da graça da misericórdia de Deus”, como lembrou o Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, em missa na Catedral da Sé. Em toda a Arquidiocese, os fiéis re-
memoraram a entrada messiânica de Cristo em Jerusalém e já estão à espera da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, mistério da fé que neste Ano Santo extraordinário da Misericórdia também faz pensar sobre a necessidade da mudança de atitudes pelo bem da Casa comum, como lembraram os participantes da Via-Sacra da Criança e do Adolescente, na sexta-feira, 18, pelas ruas do centro de São Paulo. Páginas 7, 22 e 23
No Oriente Médio, cristãos reafirmam a fé mesmo diante de perseguições Na Sexta-feira Santa, 25, a coleta das celebrações em todo mundo será destinada às ações da Igreja Católica na Terra Santa e à ajuda aos cristãos que são perseguidos no Oriente Médio por professarem a fé, conforme O SÃO PAULO mostra nesta edição. “Esses irmãos são verdadeiros testemunhos para nós. Não queremos pedras mortas. Queremos pedras vivas”, afirma o Cardeal Leonardo Sandri, prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais. Páginas 11, 12 e 13
Milhares vão à Paulista contra o impeachment de Dilma Luciney Martins/O SÃO PAULO
Papa Francisco condena ataques terroristas na Bélgica Páginas 8 e 9
Cartilha estimula crianças a cuidarem da Casa comum Página 15
PUC-SP lamenta atos violentos próximos à universidade Página 10
Cardeal Odilo Pedro Scherer: Jesus amou-nos até o fim Página 3
Arcebispo faz votos que País supere atual crise política Página 15
Terapeuta familiar recomenda ‘ouvir o silêncio de José’ Página 6
Manifestantes no ‘Ato em defesa da democracia, dos direitos sociais e contra o golpe’, dia 18
O “Ato em defesa da democracia, dos direitos sociais e contra o golpe” reuniu milhares de manifestantes, na sexta-feira, 18, na avenida Paulista. Houve também a defesa da continuidade do mandato da presidente da República, Dilma Rousseff,
e apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que falou aos manifestantes. Críticas à forma como as investigações da operação Lava Jato estão sendo conduzidas foram parte de muitos dos discursos. Página 14
2 | Ponto de Vista |
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Editorial
O que o Brasil precisa
S
egundo a tradição de algumas religiões antigas, quando alguém estava em perigo grave da própria vida, podia recorrer à proteção “divina”, escondendo-se em um templo. Assim, a pessoa se colocava sob a proteção da divindade e não podia ser tirada do templo. Nesse caso, nem a justiça e nem a vingança podiam ser executadas enquanto durasse o asilo divino. Esse recurso era uma alternativa para quem não estivesse em condições de provar a sua inocência, ou de outra forma, para quem estivesse próximo de sofrer um castigo que excedesse a violência do próprio ato. Nos dois casos, o que estava em jogo era o princípio da justiça e não a conivência da divindade. Os avanços sociais e o desenvolvimento dos mecanismos punitivos e legais, criados pela sociedade, provocaram uma mudança no jeito de fazer justiça. Foram criadas formas processuais e tribunais especializados em diferentes níveis - locais, regionais, nacionais e até mesmo internacionais. O uso de novas tecnologias e o conhecimento científico avançado deram novo impulso aos mecanismos legais. Hoje é possível obter provas residuais de um crime com precisão cada vez maior, por meio de impressões digitais, de exames de DNA, de escutas telefônicas, restos de documentos impressos ou digitais. Na prática, quase tudo pode ser submetido a uma perícia, para se tornar prova num processo. Numa situação em que o Estado é laico, como é o caso do nosso País, é perfeitamente claro que os processos pelos quais se chega a fazer justiça devem ser imparciais e precisos. Refugiar-se no “Templo” não é mais uma opção. O interesse da justiça deve prevalecer em todos os âmbitos. Mas entre as engrenagens desses processos legais, foi criada uma saída, ou melhor, uma entrada para
um tipo de “Templo moderno”, onde também se garante proteção. Esse recurso conhecido é chamado de “foro privilegiado”. Segundo essa prática, quem está exercendo um determinado cargo recebe o benefício de não ser julgado como todos os demais. Nesse caso, se resguarda o ofício, mas se instala uma exceção no princípio da igualdade, garantido pela nossa Constituição federal, que afirma que todos são iguais e sem distinção de qualquer natureza, perante a lei. Esses “Templos modernos” são muitos e são servidos por “sacerdotes” e “sacerdotisas”, que ganham o benefício da proteção para si ou o invocam para os seus afiliados. Para que toda a sociedade tomasse consciência da extensão e da conveniência desse benefício, foi necessário acontecer uma grande agitação popular. Mas por tudo isso, parece que chegamos ao tempo de uma verdadeira mudança, de uma metanoia no pensamento e nas atitudes. Não precisamos de novos heróis que venham para substituir os antigos, perpetuando os esquemas de sempre. A crise política atual é fruto de uma situação semelhante e é também uma ocasião que se abre em duas possibilidades. De um lado, podemos nos debater acirradamente, defendendo dois movimentos opostos e carregando bandeiras de cores diferentes. Cada lado enxergando a justiça, o direito e o golpe sob o seu ponto de vista e tentando todos os meios para influenciar e formar a opinião das massas. Nessa luta, os vencedores serão os mesmos, e também os vencidos. Os dois lados dizem que estão lutando para manter os direitos sociais e até fazem propostas de ampliação, mas em nenhum momento se viu a proposta uma reforma que leve à perda dos privilégios. As lideranças continuam
resguardadas. Na prática, o resultado final será a manutenção do sistema, com a troca de lugares entre governo e oposição. Por outro lado, temos a possibilidade de iniciar um processo de mudanças, na ética pública e do comportamento social. As instituições e os poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário - existem para promover e garantir o desenvolvimento e o bem-estar do povo. As pessoas que trabalham nessas repartições são servidores públicos e devem prestar contas de seus atos a toda sociedade, sem privilégios ou obstáculos para a execução da justiça. Quanto mais transparentes as relações de governo e quanto mais éticos os servidores, mais fortes serão as instituições, e por isso é tão urgente uma reforma ética na vida pública. Mas essa reforma não pode avançar se antes, também, não avançar uma reforma na conduta social e pessoal de toda a população. Não podemos continuar buscando obter vantagens e lucros pessoais nas pequenas coisas à nossa volta. Quem fura uma fila de banco ou no trânsito, quem passa e quem recebe notas fiscais frias, quem compra ou revende mercadorias de origem duvidosa ou falsificada, e quem sempre acha um jeito de tirar vantagens de uma situação qualquer, é tão corrupto quanto aqueles que superfaturaram contratos ou que cobraram propina. O que vemos hoje pelos jornais e noticiários, com tristeza, é uma nação dividida pelas manifestações. Em nome da justiça e da igualdade, cada lado repete um gesto patriótico, cantando o hino nacional, cada qual defendendo sua ideologia ou seu partido. Não será apenas um desfile de atores e atrizes principais, rodeados por coadjuvantes? O único gesto, verdadeiramente patriótico, que poderá mudar o destino do País é dizer NÃO a todo tipo de corrupção.
Feliz Páscoa! Desejamos a todas os amigos: leitores, colaboradores e anunciantes, que realizem em suas vidas “as passagens” necessárias com saúde e Paz!
Viva Cristo ressuscitado!
Semanário da Arquidiocese de São Paulo
Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Renata Moraes • Institucional: Rafael Alberto e Fernando Geronazzo • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Maria Aparecida Ferreira • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.
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Amou-nos até o fim cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
C
elebramos mais uma vez o Mistério Pascal da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. As celebrações, iniciadas no Domingo de Ramos, têm o seu momento alto no Sagrado Tríduo Pascal, culminando no Domingo de Páscoa da Ressurreição. Por meio das celebrações e ritos, somos levados ao seu conteúdo e significado: o próprio Jesus Cristo, nosso Salvador, que se entregou por nós sobre a cruz e ressuscitou para nos comunicar o perdão de Deus, salvação e vida eterna. Por isso, é fundamental que participemos das celebrações com fé pessoal e com a fé da Igreja. Na Páscoa, a Igreja não faz apenas afirmações doutrinais abstratas e bem elaboradas: ela fala do drama que envolve uma pessoa, Jesus Cristo; e dos fatos referentes à sua morte violenta e à superação maravilhosa da morte, mediante o poder de Deus. Desde os apóstolos, a Igreja afirma que em Jesus Cristo, Deus estava presente entre os homens e isso foi manifestado de maneira especial nos acontecimentos e fatos ligados à sua paixão, morte e ressurreição. Por isso, o mistério da Páscoa de Jesus Cristo está no centro do anúncio inicial da Igreja. A celebração da Igreja não é formal e ritualista, mas referese a acontecimentos: a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém
e sua aclamação como Filho de Davi e Messias enviado por Deus; as tramas das autoridades para prenderem Jesus e conseguirem a sua condenação à morte; a última ceia e despedida de Jesus, com as últimas e mais sentidas recomendações do Mestre aos discípulos, a serem observadas por eles, como um testamento espiritual, após a morte de Jesus. Finalmente, a prisão, o julgamento iníquo, a condenação injusta à morte, a tortura, a crucificação e morte, a sepultura, o túmulo vazio e o reencontro com os discípulos. Todos esses momentos referentes aos últimos dias de Jesus não são apenas recordados friamente, mas nos envolvem ainda hoje e demandam também de nós um posicionamento pessoal: estamos do lado de Jesus, como tantos discípulos, apesar de suas fraquezas, e nossas também? Somos indiferentes e cínicos, como Herodes e outros? Ou até aprovamos a sua tortura e injusta condenação, como foi o caso de tantos, no drama da Paixão? Nós manifestamos nossa posição através da prática de nossa vida. A celebração do drama da Paixão de Cristo nos convida a estarmos com aqueles que se mantiveram do lado de Jesus, apesar de toda pressão em contrário; com todos aqueles que, finalmente, bateram no peito com convicção, reconhecendo: ele era um justo; este homem, verdadeiramente, é o Filho de Deus! Ou ainda, como o bom ladrão: Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino! No Ano Santo extraordinário da Misericórdia, a celebração da Paixão de Cristo nos leva de novo a perguntar: por que o fez? Deus não podia poupar Jesus de
sofrimento e morte tão atrozes? De desprezo tão humilhante? Jesus mesmo não podia se livrar de tudo isso com um milagre? Fez tantos durante a vida: podia fazer mais um, bem espetacular, como queria Herodes... Não podia descer da cruz, de forma vistosa, aterrorizando o soldado que o desafiava e todos os que estavam por perto? Teriam caído de joelhos, pedindo perdão, ou escapando, cheios de remorso! Por que não o fez? Jesus mesmo disse a Pedro, que tentou defendê-lo com uma espada: guarda a tua espada; eu poderia chamar uma legião de anjos para me defender (cf. Lc 23, 49-51). Não o fez. Deus, por certo, não mandou seu Filho ao mundo para travar batalha contra os homens... A entrega livre de Jesus aos seus perseguidores, aos sofrimentos atrozes e à morte violenta só pode ser compreendida a partir do mistério da misericórdia infinita de Deus. “Deus tanto amou o mundo que lhe entregou seu Filho único, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (cf. Jo 3,16). Deus não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva. O evangelista São João, iniciando a narração do drama da Paixão, nos dá mais uma chave de interpretação: sabendo Jesus tudo o que enfrentaria antes de sua morte, em poucas horas, “tendo amado os seus, amou-os até o fim” (Jo 13,1). E São Paulo compreendeu bem: nisto se manifestou a infinita misericórdia de Deus por nós: “Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores” (cf. Rm 5,8). Só o amor misericordioso de Deus explica por que Jesus enfrentou a Paixão. Foi por amor a nós, até às últimas consequências.
| Encontro com o Pastor | 3
70 anos da PUC-SP
Luciney Martins/O SÃO PAULO
O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo e grão-chanceler da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), presidiu na terça-feira, 22, a missa de abertura dos 70 anos de fundação da Pontifícia Universidade, após a qual foi realizada uma sessão cultural comemorativa (mais detalhes na próxima edição do O SÃO PAULO).
Reunião com os leigos
Philomena Pina
O Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, reuniu-se no sábado, 19, na cúria da Região Ipiranga, com os representantes de associações, movimentos, novas comunidades e grupos eclesiais de leigos que atuam na Igreja em São Paulo para apresentar as principais iniciativas arquidiocesanas que serão realizadas neste ano.
Tweets do Cardeal @DomOdiloScherer
22 - No essencial, unidade; no secundário, liberdade. Em tudo, caridade (Santo Agostinho). 21 - Rm 5, 8-9 – A prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores. Muito mais agora, que já estamos justificados... 15 – “Sede sóbrios e vigilantes. O vosso adversário, o diabo, rodeia como um leão a rugir, procurando a quem devorar. Resisti-lhe, firmes na fé”.
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4 | Fé e Vida |
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Liturgia e Vida
Você Pergunta
PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO 27 DE MARÇO DE 2016
A luz da vida nova ANA FLORA ANDERSON Na leitura da Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse, encontramos o grande dom de Deus: a Vida. Deus, que nos criou e nos abençoou com a vida humana, nos oferece em Jesus Cristo a plenitude da vida. A primeira leitura (Atos dos Apóstolos 10, 34.37-43) faz a memória do batismo de Jesus, que foi ungido por Deus com o poder divino e venceu a morte no mistério da Ressurreição. Ele deixa aos discípulos a missão de pregar ao povo que quem crê em Jesus recebe o perdão dos pecados para viver uma vida nova. A segunda leitura (Colossenses 3, 1-4) apresenta Jesus como o princípio da criação e da nova
criação. A Ressurreição o revela como igual a Deus Pai e fonte da vida que vem do alto. A mensagem dessa leitura é o anúncio da Páscoa como aspiração da vida que está escondida com Cristo em Deus. O anúncio continua: “quando Cristo, nossa vida, aparecer em seu triunfo, então, nós apareceremos também com Ele, revestidos da glória”. O Evangelho de São João (20, 1-9) anuncia que a Festa da Páscoa é a celebração e a memória da Ressurreição testemunhada pelos discípulos. A presença do Ressuscitado provoca vida nova na comunidade. O amor aos irmãos nos faz acelerar o passo para o encontro com Cristo, que está vivo e presente conosco.
Atos da Cúria NOMEAÇÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL Em 01 de março de 2016, foi nomeado e provisionado Administrador Paroquial da Paróquia São Marcos Evangelista, na Região Episcopal Sant´Ana, Setor Pastoral Mandaqui, o Revmo. Pe. Joaquim Ferreira Gonçalves, IMC. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL Em 11 de março de 2016, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Natividade do Senhor, Região Episcopal Sant´Ana, Setor Pastoral Jaçanã, o Revmo. Pe. Antônio Pedro dos Santos.
Pode-se celebrar missa de corpo presente no Sábado Santo? padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br
O Dante não me disse seu sobrenome. Ele mora em Carmo do Rio Claro (MG) e quer saber se no Sábado Santo se pode celebrar missas de corpo presente. Dante, o Sábado Santo é um dia especial na vida da Igreja. Durante o dia todo, nós entramos em profunda reflexão sobre o mistério da Paixão e morte de Cristo. Lembramos o silêncio do mundo após o sepultamento do Senhor. Aguardamos a sua Ressurreição, sua vitória sobre a morte. Não celebramos a Eucaristia, porque o Senhor nos foi tirado.
Somente à noite, vamos celebrar a vitória do Senhor sobre a morte. Assim, no Sábado Santo não se celebra nenhum sacramento, porque tudo vai adquirir sentido com a celebração da Páscoa do Senhor e de nossa páscoa. Sem a Páscoa de Jesus, a nossa páscoa não existiria. Como a Páscoa de Jesus, a nossa páscoa é a vitória sobre a morte. Celebramos primeiramente a Páscoa de Jesus para depois celebrar a nossa páscoa. Isso não nos impede de rezarmos junto ao corpo de um irmão. Deixemos, porém, a Eucaristia para celebrar no terceiro ou no sétimo dia do seu falecimen-
to. Eu sei e já experimentei certa revolta de gente que não entendeu a negativa do padre em celebrar no Sábado Santo. Mas uma consciência maior do significado de nossas celebrações permite entender as razões que se encontram por trás dessa negativa. Durante o ano litúrgico, nós celebramos o mistério de Cristo. E quando celebramos a morte e o sepultamento do Senhor, é melhor celebrar a Eucaristia quando a certeza da Ressurreição e da Páscoa for celebrada com festa. Que a certeza da Páscoa de Jesus ilumine a certeza da páscoa do irmão que faleceu. Fique com Deus, meu irmão.
Erramos Diferentemente do publicado na página 19, da edição 3093 do O SÃO PAULO, o Padre José Antonio Cruz Nunes, mais conhecido como Padre Neco, não é vigário paroquial da Paróquia São Carlos Borromeu, mas sim pároco da Paróquia São Benedito das Vitórias.
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Espiritualidade As três cruzes Dom Carlos Lema Garcia
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Bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e a Universidade
emos três cruzes levantadas no Calvário. Cada uma tem um significado: a cruz da revolta e do desespero; a cruz do arrependimento; e a Cruz da inocência. A primeira não deve ser a nossa, porque leva ao afastamento de Deus. A segunda deve ser a nossa, porque somos culpados pelos nossos pecados. E a terceira não a merecemos, em razão das nossas culpas. Assim, o modo como encaramos a cruz aproxima-nos ou nos afasta de Deus. Isso foi o que aconteceu com os dois ladrões crucificados junto de Jesus. O primeiro se revolta. Não quer aceitar. Blasfema contra Deus. Desafia o próprio Cristo: “Um dos malfeitores, ali crucificados, blasfemava contra ele: ‘Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e a nós!’” (Lc 23,39). Isso nos acontece quando relutamos em aceitar as consequências dos próprios erros. O ladrão condenado volta-se contra Cristo, como se Deus fosse culpado pelas suas decisões erradas. O outro converte-se ao ver Jesus manso e misericordioso. “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Para nós isto é justo: recebemos
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Fé e Cidadania o que mereceram os nossos crimes, mas pecados e os de todos os homens. este não fez mal algum.” (Lc 23, 40-41) Contemplar a Cruz de Jesus deve Essa deve ser a nossa atitude: reconhecer provocar a dor em nossos corações. Essa sinceramente as próprias debilidades. é a maneira de aliviar o peso da Cruz Aceitar as consequências pelo mau uso de Cristo: decidir-nos a romper com os da liberdade. O ladrão arrependido con- nossos pecados. Chegar ao arrependiverte-se no último instante da vida. Essa mento profundo e verdadeiro de quem deve ser a nossa reação: em vez de acu- decide: não quero mais sofrer e fazer sosarmos os outros ou de nos revoltarmos frer com esses meus desatinos. contra Deus, devemos reconhecer huFazer uma boa confissão pela Páscoa mildemente os nossos pecados, sem per- deste Ano Santo da Misericórdia. Morder a esperança de sermos perdoados. rer para o egoísmo, abominar o orgulho, A terceira atitude diante da cruz é a romper com as inquietações proveniende Jesus. O Papa Francisco fala-nos do amor O ladrão arrependido convertede Jesus: “O que foi que se no último instante da vida. Essa a cruz deixou naqueles deve ser a nossa reação: em vez de que a viram, naqueles acusarmos os outros ou de nos que a tocaram? O que revoltarmos contra Deus, devemos deixa em cada um de reconhecer humildemente os nós? Deixa um bem que nossos pecados, sem perder a ninguém mais pode nos esperança de sermos perdoados dar: a certeza do amor inabalável de Deus por nós. Um amor tes da impureza, renunciar a esse clima tão grande que entra no nosso pecado de guerra e de competição com os oue o perdoa, entra no nosso sofrimento tros etc. A mansidão de Jesus nos levará a e nos dá a força para poder levá-lo, entra também na morte para derrotá-la e aceitar o próprio sofrimento como punos salvar. Na Cruz de Cristo está todo rificação. Mesmo que Deus permita o o amor de Deus, a sua imensa miseri- nosso sofrimento, mesmo que venham córdia. E esse é um amor em que po- sobre nós as dores, não nos sentiremos demos confiar, em que podemos crer”. nunca abandonados, porque estamos (Via-Sacra da JMJ no Rio de Janeiro, abraçando a nossa parcela da Cruz. 26/07/2013). Queremos recomeçar uma vida nova, Não sejamos indiferentes diante com a Ressurreição e a Páscoa. A certeza da Paixão de Cristo. Jesus se entre- de que Cristo triunfou definitivamente gou por mim. Tudo o que sofreu du- sobre o pecado e a morte nos dará serante a Paixão foi por causa dos meus gurança.
Momentos de definição Cônego Antonio Manzatto O cenário político brasileiro está inflamado há tempos e as perspectivas para o encaminhamento de soluções não são muito evidentes. A crise se alastra, a economia estaciona e os pobres são os que mais sofrem, como sempre. O País se dividiu em dois por obra e artimanha de grandes veículos de comunicação. Sobre eles pesa a irresponsabilidade de noticiário seletivo e de catequese contínua sobre comportamentos que podem ou devem ser assumidos. Como arautos da nova ordem, determinam o que é certo e o que não é, e ai de quem discordar de seus pontos de vista. Os meios de comunicação obedecem a interesses econômicos de certos grupos familiares e suas preferências políticas. Mas é grave produzir a divisão do País e levá-lo à beira da violência civil, que já campeia em nossas cidades por outras razões e de outros modos. O cenário, no entanto, parece o de capítulos finais. Rito de impeachment definido, discursos inflamados de todos os lados, ministério encaminhado, acusações de todos os tipos. A oposição parece decretar que o governo acabou e se empenha em apear dali quem está no poder. A situação se agarra ao que lhe resta, ao menos institucionalmente, de aparência de poder para dali não sair. A classe média grita nas ruas, os governistas também, e os pobres continuam sofrendo mais que todos. Sempre quando os grandes se engalfinham, ensinou a história, os pobres sofrem mais. Não só pelo desemprego ou pela inflação, mas também pelo corte de programas sociais, os quais, segundo grupos de direita, são o grande pecado que não se pode voltar a cometer. Todo mundo deposita suas esperanças na justiça. Como acontece em briga de vizinhos, oposição e situação apresentam suas queixas e argumentos ao judiciário. O noticiário eleva o jurídico ao poder de semideus, e procuradores, delegados e juízes aproveitam para também terem seus 15 minutos de fama, ou mais, ou se apresentarem como verdadeiros messias, portadores da palavra de salvação. Não é de hoje que o sistema jurídico brasileiro olha para o que lhe interessa e nem se incomoda com a situação dos pobres. Basta ver o quanto ele é lento na solução de processos que se arrastam indefinidamente, enquanto é muito célere para outras situações. Em cenário de capítulos finais, o Poder Judiciário poderia, sim, ajudar a solucionar a crise e, ainda por cima, terminar com a divisão reinante no País. E pode fazer isso já: basta aproveitar a oportunidade, oferecida por delações premiadas que ele mesmo instituiu, e investigar as denúncias de corrupção que atingem pessoas e partidos de oposição. Simples assim. Com isso, de verdade, se confirmaria que suas operações são ações contra a corrupção e não contra uma pessoa, um partido ou um governo. Se não acontecer assim, será difícil escapar da acusação de golpe.
6 | Viver Bem |
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Comportamento
Ouvir o silêncio de José
É bom refletir em como está o Valdir Reginato não permite que estes lhe roubem a paz. Em meio à tempestade de nosso comportamento diante dos Quando se vive tempos de acontecimentos, preserva a sere- tempos de angústias e incertezas. grande agitação, os fatos atro- nidade, não se desvia do norte, ca- Ortega y Gasset, filósofo espapelam a velocidade de comuni- minha por onde deve, leva o que nhol, dizia: “eu sou eu e as minhas cação. O conhecido de manhã é é imprescindível: fé, esperança e circunstâncias”. De fato, o comsuperado pelo que ocorre à tarde. amor. Não há reclamação, nem portamento encerra as atitudes Em todos os corações, certa an- revolta violenta externa, mas uma diante das circunstâncias da hisgústia começa a assumir um ca- revolução íntima constante por tória de vida que se apresentam a ráter epidêmico, como um agen- querer renovar-se no coração a cada um, dos contextos que se rete etiológico, patológico, que se cada dia no crescimento das suas velam. Contudo, também podepropaga por toda população. Há convicções. Para isso, exigem-se mos fazer a leitura sobre como eu uma expectativa de que tudo deva virtudes: fortaleza, temperança, me comporto nas circunstâncias terminar em breve, pois a exaus- prudência e justiça. José é homem que a vida apresenta? Crescemos tão rouba a esperança e coloca de ação sem espetáculos, que não para ser como pinheiros resistennuvens que turvam novos hori- atrai olhares para si, mas para tes ao frio e tempestades, ao calor zontes. O perigo é que quando a quem se dispôs a fadiga se intensifica e o ambien- servir. Passa oculto te asfixia, procura-se qualquer nos cenários, não Em meio à tempestade de porta para sair, abandonando-se se apresenta para acontecimentos, preserva critérios e consequências futuras, ser agradecido, a serenidade, não se apenas para se fugir da condição mas trabalha, per- desvia do norte, caminha manece disponível presente. por onde deve, leva o É nesse cenário tumultuado e reza vigilante. Impressiona, que é imprescindível: fé, que encontramos o desafio em se ouvir o silêncio ativo e deter- em meio à mul- esperança e amor minado de um homem chamado tidão em tempos José. Havia uma profecia sobre o agitados, ouvir os gritos estriden- e à neve, ou temos uma vida efênascimento do Messias por aque- tes dos que se apresentam como mera como folhas secas levadas les tempos. Alguém que nasceria “salvadores”, “honestos”, e de- ao sabor das brisas a qualquer lude uma virgem. E esse homem se fensores dos fracos e oprimidos, gar, sem destino, sem sentido? É necessário voltar-se para vê envolvido como participante apontando para si o caminho da íntimo dessa realidade, desposa- “redenção” e da própria “perfei- José. Ouvir o seu silêncio manido daquela virgem que concebe ção”, sem falsa modéstia. Impres- festado laborioso, viril, casto, huem condição misteriosa um filho siona o esforço escandaloso por milde, humano e justo. Aprender que deverá ser o Salvador. Contu- convencer a todos em palavras do seu esforço, da sua dedicação do, não há espaço para o Salvador públicas de pureza incompatíveis e lealdade de modo incondiciodo mundo repousar após o par- com os fatos enlameados e fétidos nal ao verdadeiro Amor que se to. Pelo contrário, se impõe uma do comportamento revelados na celebrará com toda a plenitude na fuga para lugares desconhecidos, história. Em vez das virtudes, en- Semana Santa, quando o “filho do por caminhos perigosos, após contram-se os vícios: indolência, carpinteiro”, “cumpre a vontade serem presenteados e adorados hedonismo, irresponsabilidade e do Pai”, unindo o humano e o dipor magos de um país longínquo injustiça. Lançam-se como prota- vino numa só pessoa: Aquele que como se fosse um rei! Não há ló- gonistas ao olhar de todos aque- realmente “veio trazer a guerra” gica humana! Nem o melhor es- les, os quais se tornam meios para para todos aqueles que desejam critor poderia imaginar história que possam atingir os seus fins ser “humildes e mansos de corade ficção mais inacreditável. No a qualquer custo. Impressiona ção”. entanto, nada perturba o coração olhar o norte que aponta para inDr. Valdir Reginato é médico de família, de um homem justo, que intei- teresses próprios, atropelando-se professor da Escola Paulista de Medicina ra-se dos fatos, do contexto, mas a tudo e a todos. e terapeuta familiar.
Cuidar da Saúde
2016: Ano mundial contra a dor nas articulações A Associação Internacional para o Estudo da Dor (Iasp) escolheu 2016 como o “Ano mundial contra a dor nas articulações”, que tem como objetivo chamar a atenção para a variedade de doenças e condições que afetam milhões de pessoas em todo o mundo. Conforme dados do Ministério da Saúde, 12 milhões de brasileiros sofrem com doenças reumáticas, como artroses e artrites,
que são as mais frequentes causas de dor articular. Em casos de dor, vermelhidão, edema articular, e principalmente, limitações ao movimento matinal é recomendável que a pessoa procure um médico. O “Ano mundial contra a dor nas articulações” tem o apoio da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (Sbed). “O alívio da dor é um objetivo impor-
tante para a melhoria da qualidade de vida e atividade diária em pacientes com doenças que envolvem as articulações, em condições agudas ou crônicas, tais como a gota, bem como em condições em que a dor crônica muitas vezes se estende ao processo normal de cura”, afirma o professor Dr. Rolf-Detlef Treede, presidente da Iasp. Fontes: Ministério da Saúde e Sbed
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| Geral | 7
Via-Sacra do Menor alerta para o cuidado com a Casa comum Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
Atividade realizada na região central de São Paulo, no dia 18, ressaltou a temática da Campanha da Fraternidade Ecumênica Renata Moraes
jornalismorenata@gmail.com
“A Via-Sacra que vamos viver aqui hoje é a representação daquilo que aconteceu em Jerusalém: Jesus carregou a sua cruz, no meio da cidade, se dirigindo para o Calvário, onde Ele foi crucificado. E aqui nós vamos reproduzir isso, agradecendo a Jesus por esse amor, e também vamos ressuscitar com Ele. A última palavra não é a morte e nem o pecado. As últimas palavras são vitória e a Ressurreição”. Com essas expressões, Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e a Universidade, iniciou a 28ª edição da Via-Sacra da Criança e do Adolescente, promovida pela Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo, na manhã da sexta-feira, 18, pelas ruas do centro da capital. Este ano, a Via-Sacra acompanhou o tema Campanha da Fraternidade Ecumênica “Casa comum, nossa responsabilidade”. Sueli Camargo, coordenadora da Pastoral do Menor da Arquidiocese, salientou que “direito ambiental também é direito social”. Segundo a Coordenadora, quando o direito ambiental é assegurado por políticas públicas, o direito da criança e do adolescente a melhores condições de vida também é garantido. A Via-Sacra partiu do Pátio do Colégio, local da fundação da Cidade, passando pela rua XV de novembro, praça do Patriarca e terminou na Catedral da Sé. Ao longo do percurso, as estações denunciavam a ausência do saneamento básico. Uma lona plástica azul, com cerca de 200 metros de comprimento, representando um rio poluído com lixo e resíduos, era carregada pelos jovens. No final da Via-Sacra, nas escadarias da Catedral, foi apresentado um novo rio, sem poluição, com a imagem de Cristo ressuscitado representando a renovação de todas as coisas. Em outro momento marcante do evento, os adolescentes lembraram a morte recente de um jovem
Via-Sacra da Criança e do Adolescente, promovida pela Pastoral do Menor, percorre região central da Cidade, até a Catedral da Sé, dia 18
da Região Belém, vítima das enchentes ocorridas no começo do ano. A atividade foi animada pelo Padre Luiz Claudio Braga, pároco da Paróquia Santo Antônio da Barra Funda. Também participaram o Padre Carlos Alberto Conter, capelão da Igreja São José de Anchieta (Pátio do Colégio), o Cônego José Miguel de Oliveira, vigário geral da Região Belém, o Padre Sestilio Bartolo Fochesatto, pároco da Igreja Santo Antônio do Patriarca, e Dom Fernando José Penteado, bispo emérito de Jacarezinho (PR).
Em busca de melhores políticas públicas
Erick Alves, 16, e Danton Myller, 17, moradores do Jardim Iguatemi, na zona Leste de São Paulo, participaram da Via-Sacra e aproveitaram a ocasião para reivindicar melhorias para o bairro. Em entrevista ao O SÃO PAULO, Erick reclamou que água que chega nas torneiras das casas já vem suja. “Temos que limpar várias vezes o filtro das caixas d’agua, sem falar o perigo da dengue, devido aos córregos poluídos que temos em nossa região”.
Já Danton contou que conhece muitas pessoas de seu convívio que perderam tudo por causa das enchentes causadas pelas fortes chuvas. “Nós tentamos ajudálos, mas o que fazemos ainda é pouco, é preciso que o governo olhe para essas pessoas”, lamentou.
Saneamento básico é direito fundamental de todos
Em nota ao Jornal, a Sabesp informou que o bairro Jardim Iguatemi, que pertence a área de São Mateus, possui 100% de fornecimento de água tratada e 85,6% de coleta de esgoto e que investe cerca de R$ 10 milhões nesta região. O secretário municipal de Direitos Humanos, Eduardo Suplicy (PT), também participou da Via-Sacra e falou à reportagem sobre o direito de todos ao saneamento básico. “Precisamos dar grande atenção a tudo aquilo que tem a ver com o meio ambiente, à qualidade de vida e à saúde das pessoas. O saneamento básico é fundamental em todos os bairros da cidade, sejam eles na região central ou na periferia”. Suplicy mencionou que no dia 15 vi-
sitou a região do Parque Santa Madalena, que foi afetada pelas chuvas do final de fevereiro, com a queda de um muro em uma favela. “Havia ali um apelo para que a Subprefeitura retirasse o entulho e o lixo que ficou no meio da viela naquele lugar”. A Prefeitura de São Paulo, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que “a área citada é monitorada pela Defesa Civil, pois se trata de região com risco geológico que, inclusive, consta do mapeamento feito pelo SMSP/IPT (2010). As diretrizes indicadas pela Defesa Civil em áreas que apresentam esse tipo de risco é a constante fiscalização do local para coibir invasões e reinvasões, além de ações de limpeza das encostas, tendo em vista que naquela região o maior problema é o descarte irregular de lixo pelos próprios moradores”. A reportagem interrogou a Prefeitura de São Paulo sobre a retirada do lixo no local. Em nota, a Subprefeitura de Sapopemba respondeu que iniciou na terçafeira, 22, a limpeza dos resíduos. “Até o momento, já foram retirados quatro caminhões de detritos e a limpeza ocorrerá semanalmente”, consta no comunicado.
8 | Pelo Mundo |
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Destaques das Agências Internacionais
Filipe David
Correspondente do O SÃO PAULO na Europa
Bélgica
Atentado terrorista mata mais de 30 pessoas Dois ataques coordenados na manhã de terça-feira, 22, em Bruxelas, deixaram ao menos 34 mortos e dezenas de feridos. Um homem bomba no aeroporto Zaventem disparou tiros e gritou palavras em árabe antes de duas explosões ocorrerem diante do check-in da empresa American Airlines. Uma hora depois, houve outra explosão em uma
Reprodução da internet
estação de metrô da Cidade. A Bélgica elevou o seu nível de alerta e a polícia já executa buscas para investigar o incidente. No mesmo dia, o grupo Estado Islâmico reivindicou a autoria do atentado. As autoridades das nações europeias reforçaram a segurança, especialmente nos aeroportos. Fontes: Le Figaro/ Mirror
Aeroporto Zaventem, na Bélgica, é alvo de ataques terroristas na terça-feira, 22
Estados Unidos Pediatras advertem: a ideologia de gênero faz mal às crianças O Colégio Americano de Pediatras publicou na segunda-feira, 21, uma declaração a respeito dos malefícios da ideologia de gênero às crianças. Segundo os pediatras, passar a vida inteira a fazer cirurgias e a se submeter a tratamento químico com hormônios para imitar o sexo oposto não é normal. Eles pedem aos educadores e legisladores que rejeitem todo tipo de política que tente con-
dicionar as crianças a pensar o contrário. A declaração possui oito pontos: a sexualidade humana é um dado biológico, produzida geneticamente de forma binária (macho/ fêmea), cujo propósito óbvio é servir à reprodução da espécie; ninguém nasce com um “gênero”, todo mundo nasce com um sexo; uma pessoa que pensa ser o que ela não é, está, no mínimo, confusa; puberdade não é doença e impedi-la
com hormônios pode ser perigoso; mais de 90% das crianças confusas sobre seu “gênero” acabam aceitando seu sexo biológico após passarem pela puberdade; para imitar o sexo oposto é preciso usar hormônios (testosterona ou estrogênio) próprios ao outro sexo, o que é perigoso à saúde (pode causar aumento da pressão, derrames e câncer); as taxas de suicídio entre adultos que usam esses hormônios é
20 vezes maior que o normal, mesmo nos países mais pró-LGBT do mundo, como a Suécia; condicionar as crianças a pensar que passar a vida imitando o sexo oposto pelo uso de hormônios e cirurgias é normal, é maltrato ou abuso infantil. A declaração pode ser lida integralmente, em inglês, no site da instituição: www.acpeds.org. Fonte: American College of Pediatricians
Tailândia/ Paquistão
Venezuela
Mais de 200 cristãos refugiados presos
Caos e insegurança assolam o País
Mais de duas centenas de cristãos estão detidos na Tailândia. Eles fugiram do Paquistão devido à perseguição religiosa, mas não conseguiram o estatuto de refugiado no prazo dado pelo governo (90 dias) e acabaram presos. Eles devem continuar na prisão até o fim do processo de obtenção desse estatuto. De acordo com a organização Associação Cristã britânico-paquistanesa, que presta auxílio a essa comunidade, os presos estão em celas superlotadas e insalubres. A
Duas semanas após o incidente que resultou no desaparecimento de 28 mineiros (dos quais muitos foram encontrados mortos posteriormente), o cardeal arcebispo de Caracas, Dom Jorge Urosa Savino, disse em um programa de televisão que o País não pode continuar assim, que o modelo econômico marxista destruiu a produção rural e que o governo abandonou a segurança da população. Os 28 mineiros desapareceram após um conflito pelo controle da produção.
perseguição religiosa aos cristãos no Paquistão inclui ameaças de grupos muçulmanos radicais, agressões físicas, estupros e até mesmo assassinatos. Um dos mecanismos que contribui à perseguição religiosa é a lei contra a blasfêmia, segundo a qual qualquer muçulmano pode denunciar um não muçulmano por ter ofendido Alá, Maomé ou o Corão, sem necessidade de outras testemunhas ou provas adicionais. O castigo pode chegar até a morte do condenado. Fonte: ACI
A maior parte deles já foi encontrada: 17 cadáveres achados em uma fossa em outra mina. Para o Cardeal, o incidente mostra o abandono da segurança da população por parte do governo. Dom Jorge afirmou que a situação é insuportável: “Não podemos continuar assim: com carência de alimentos, racionamento de energia elétrica, entre outros problemas… O governo deve entender que não pode continuar assim”. Fonte: Fides
Índia
Cuba
Cristãos pedem proteção para celebrar a Páscoa
Após 88 anos, um presidente norte-americano visita a ilha
A comunidade de cristãos indianos pediu ao governo proteção para poder celebrar a Páscoa em segurança. Segundo comunicado do Conselho Global de Cristãos Indianos, “a proteção é necessária durante a Semana Santa”, já que “a violência contra os cristãos e as igrejas não parece diminuir em várias áreas da Índia”. No mês de março, vários ataques contra cristãos foram registrados, entre os quais o ataque ao Pastor Keshava por grupos hinduístas extremistas perto de Jaipura. Também
Terminou na terça-feira, 22, a visita de três dias do presidente norte -americano Barack Obama a Cuba, onde encontrou-se com o presidente do país caribenho, Raúl Castro. Foi a primeira visita, em 88 anos, de um presidente dos Estados Unidos a Cuba. O propósito da viagem de Obama foi discutir o gradual restabelecimento das relações entre os dois países, que durante mais de meio século viveram sem relações
uma igreja construída recentemente foi vandalizada em Coimbatore e bíblias e textos sagrados foram queimados diante da gruta dedicada a Nossa Senhora de Fátima, em Pune. “A comunidade teme um ataque organizado contra fiéis e igrejas cristãs durante a Semana Santa. Como cristãos, participando das liturgias da paixão, morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, pedimos proteção e segurança para as nossas comunidades de fiéis indefesos”, pediu o Conselho. Fonte: Fides
diplomáticas, até que o Papa Francisco, em 2014, intermediasse o diálogo entre os dois presidentes. O governo de Cuba tem sido questionado pela comunidade internacional sobre a garantia dos direitos humanos no País. Castro e Obama também conversaram sobre as tratativas para o fim do embargo econômico dos Estados Unidos sobre a ilha, desde 1962. Fontes: EBC e BBC Brasil (Redação: Daniel Gomes).
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| Papa Francisco | 9
Atentados em Bruxelas: ‘violência cega’ O Papa Francisco manifestou seu pesar pelos atentados ocorridos em Bruxelas, na Bélgica, na manhã da terça-feira, 22. “O Santo Padre condena novamente a violência cega que causa tanto sofrimento”, lê-se no telegrama enviado pela
Secretaria de Estado ao arcebispo de Bruxelas, Dom Jozef De Kesel. O texto assinado pelo Cardeal Pietro Parolin prossegue dizendo que “o Papa Francisco confia as vítimas à misericórdia de Deus e une-se em oração à dor dos
familiares”. A mensagem termina afirmando que Francisco “implora a Deus o dom da paz, e invoca sobre as famílias e todos os belgas as bênçãos divinas”. Atentados terroristas deixaram dezenas de mortos e feridos no Aeroporto In-
Aos novos bispos: ‘Olhem os fiéis nos olhos para ver o coração’ L’Osservatore Romano
O Papa presidiu no sábado, 19, na Basílica Vaticana, a celebração das ordenações episcopais de Dom Miguel Ángel Ayuso Guixot, espanhol, nome-
ado Secretário do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, e de Dom Peter Bryan Wells, estadunidense, nomeado núncio apostólico na Áfri-
ca do Sul, Botsuana, Lesoto e Namíbia. Francisco recordou, na homilia, que é Cristo que, no ministério do bispo, continua a pregar o Evangelho da salvação e a santificar os fiéis mediante os sacramentos da fé; é Cristo que, na sabedoria e prudência do bispo, orienta o povo de Deus na peregrinação terrena até à felicidade eterna. “Portanto, recebam com alegria e gratidão esses nossos irmãos que nós bispos, com a imposição das mãos, associamos ao colégio episcopal”. Vocês foram eleitos pelo rebanho, – recordou Francisco – que nunca sobrevenham a vaidade, o orgulho e a soberba. E foram constituídos para os homens: que a atitude seja sempre de serviço”.
ção que abre o Tríduo Pascal vai se realizar no centro de requerentes de asilo de “Castelnuovo di Porto”, periferia norte de Roma, que acolhe, sobretudo, jovens refugiados. A decisão de celebrar a Missa da Ceia
do Senhor, com o rito do lava-pés, fora do Vaticano já é uma tradição no atual pontificado: em 2015, Francisco foi ao complexo de Rebibbia, onde lavou os pés de alguns detentos, homens e mulheres.
ternacional de Zaventem e na estação de metrô Maelbeek (leia mais na página 8). O País elevou para o nível máximo o alerta contra o terrorismo após as explosões. Fonte das notícias: rádio Vaticano (redação: Fernando Geronazzo)
Papa agora no ‘Instagram’ O Papa Francisco inaugurou no sábado, 19, sua conta “@franciscus” no Instagram. A primeira foto, postada pelo próprio Pontífice, o mostra em oração, com a legenda “Rezem por mim”, em vários idiomas. A data foi escolhida seja por marcar o início solene do pontificado de Francisco, ocorrido em 19 de março de 2013, seja pelo fato de a Igreja celebrar São José - a quem Francisco já manifestou sua devoção por ser uma imagem relacionada à missão de educar. Reprodução
Lava-pés O Papa Francisco vai lavar os pés de 12 refugiados e refugiadas na próxima Quintafeira Santa, 24, durante a Missa da Ceia do Senhor. Foi o que anunciou na terça-feira, 22, a Sala de Imprensa da Santa Sé. A celebra-
Pesar pelas vítimas do acidente de ônibus na Espanha O Papa Francisco enviou um telegrama de pesar pelas vítimas do acidente de ônibus ocorrido no domingo, 20, na cidade de Freginals, na Catalunha, Espanha, que causou a morte de 13 jovens e deixou 34 feridos. Entre as vítimas estão sete italianas,
duas alemãs, uma romena, uma uzbeque, uma francesa e uma austríaca, que tinham entre 19 a 25 anos, e faziam parte do programa de intercâmbio europeu “Erasmus”. O acidente ocorreu quando o grupo de estudantes voltava de um festival de fogos de artifício, em Valência.
O telegrama, assinado pelo Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, foi enviado ao bispo de Tortosa, Dom Enrique Benavent Vidal. Nele, Francisco manifesta seu pesar, oferece sufrágios pelo descanso eterno dos falecidos e a faz votos de uma rápida recuperação dos feridos.
Lamento pelo desastre aéreo na Rússia O Papa Francisco manifestou seu pesar aos familiares e amigos das 62 vítimas do acidente aéreo ocorrido na madrugada da sexta-feira, 19, para sábado, 20, na Rússia. Em telegrama assinado pelo Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, o Pontífice confia a alma dos mortos ao Senhor misericordioso, ao qual pede que conceda os “dons divinos da consolação, da força e da esperança aos que choram essas perdas”. O avião caiu bruscamente sobre o aeroporto da cidade de Rostov do Don após passar duas horas e meia dando voltas sobre essa cidade no sul da Rússia à espera que as péssimas condições meteorológicas permitissem sua aterrissagem. Mais de 800 pessoas, com 170 veículos, trabalham para coletar os destroços do aparelho e garantir a localização de todas as vítimas.
10 | Pelo Brasil |
23 a 29 de março de 2016 | www.arquisp.org.br
Edcarlos Bispo
Destaques das Agências Nacionais
edbsant@gmail.com
Em Belo Horizonte, igreja é alvo de vândalos Reprodução Facebok
Parede da capela da Igrejinha da Pampulha, com a imagem de São Francisco de Assis, é alvo de pichadores
A Igreja de São Francisco de Assis, mais conhecida como Igrejinha da Pampulha, que faz parte do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), foi alvo de vândalos na madrugada da segunda-feira, 21. Duas paredes da capela, tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foram pichadas. De acordo com a Arquidiocese de Belo Horizonte, responsável pela igreja, um boletim de ocorrência foi feito. Câmeras de segurança na região vão ser examinadas para verificar se há alguma pista dos autores do vandalismo. Os pichadores atacaram justamente a imagem de São Francisco do painel de Cândido Portinari. Uma parede lateral também foi alvo da ação. Fonte: Jornal Estado de Minas
CNBB estimula cristãos ao combate ao Aedes aegypti
Petrobras tem prejuízo de R$ 34,8 bilhões em 2015
“Com um grande mutirão, que envolva todos os setores da sociedade, seremos capazes de vencer estas doenças que atingem, sem distinção, toda a população brasileira”, diz um trecho da mensagem aprovada pelo Conselho Episcopal Pastoral da CNBB, em fevereiro. No texto, a Conferência conclama toda a Igreja no Brasil a continuar e intensificar a mobilização no combate ao mosquito Aedes aegyti, transmissor da dengue, do zika
A Petrobras registrou prejuízo de R$ 34,836 bilhões em 2015. Em 2014, as perdas somaram R$ 21,587 bilhões. Os resultados financeiros foram anunciados, na segunda-feira, 21, pelo presidente da estatal, Aldemir Bendine. Entre as causas do prejuízo, a empresa cita “o impairment (ajuste) de ativos e de investimentos, principalmente em função do declínio dos preços do petróleo e o incremento nas taxas de descon-
vírus e da febre chikungunya. A CNBB também afirma, dada a provável ligação com os casos de microcefalia, que o estado de alerta “não deve levar a pânico”. Outra indicação é que tal situação “tampouco justifica defender o aborto para os casos de microcefalia”. A íntegra da nota está no site da Arquidiocese de São Paulo (http://arquisp. org.br) Fonte: arquisp.org.br
PUC-SP lamenta confusão em frente à universidade Em nota, a PUC-SP “lamenta profundamente os episódios de violência” que ocorreram na noite de segunda-feira, 21, no campus Monte Alegre da universidade, em um protesto de estudantes contrários ao governo Dilma. Com cartazes e a bandeira do Brasil, pediam o impeachment e o fim da corrupção. Um grupo favorável ao governo ficou do outro lado da rua e a Polícia Militar no meio, separando os manifestantes. Depois de muita provocação entre os grupos, a PM reagiu atirando balas de borracha, começando pelos estudantes favoráveis ao governo. Os policiais jogaram bomba de efeito moral e houve mui-
ta correria. Um aluno ficou ferido na cabeça e foi levado para o pronto-socorro. Alunos que estavam na sacada do prédio começaram a jogar objetos nos policiais. Um deles chegou a apontar a arma para os alunos. As aulas foram suspensas e alguns estudantes saíram do prédio passando mal por causa da fumaça.
Leia a íntegra da nota
“A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, por meio de sua Reitoria, lamenta profundamente os episódios de violência que se deram na noite desta segunda-feira, em uma de suas entradas, na rua Ministro Godoy. O evento,
que no final registrou desentendimentos entre grupos políticos rivais, teve intervenção da Polícia Militar, que lançou bombas de gás lacrimogêneo e usou armas com balas de borracha para dispersar a multidão. Diversos alunos da PUC-SP, professores e funcionários foram atendidos no ambulatório da Universidade, com intoxicação provocada pelo gás. Um dos estudantes foi atingido na cabeça por uma bala de borracha e, após ser atendido no ambulatório, foi encaminhado ao pronto-socorro próximo para a realização de exames. A PUC-SP novamente lamenta o episódio e está à disposição de sua comunidade para prestar todo o apoio necessário”.
to, reflexo do aumento do risco Brasil pela perda do grau de investimento (R$ 49,748 bilhões) e despesas de juros e perda cambial (R$ 32,908 bilhões)”. De acordo com a Petrobras, a queda do barril de petróleo tipo Brent provocou impacto negativo no resultado da empresa, que apontou ainda a desvalorização cambial como influência negativa. Fonte: EBC
Na 26ª fase da operação Lava Jato, são cumpridos 110 mandados A Polícia Federal (PF) realizou a 26ª fase da operação Lava Jato na terça-feira, 22. Cerca de 380 policiais federais cumpriram 110 mandados judiciais. A atual fase, batizada de Xepa, tem como alvo o Grupo Odebrecht e foi deflagrada após a identificação de indícios de que a empresa possuía um departamento responsável por fazer pagamentos de vantagens indevidas a servidores públicos em razão de contratos firmados com ela. Fonte: G1
Cardeal Aviz, sobre a crise brasileira: ‘Messianismos não servem’ O Cardeal João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, afirmou em entrevista à rádio Vaticano que diante da crise política no Brasil “Messianismos não servem. ‘Eu sou o salvador’. Não, o povo é o salvador da sua pátria”. Para Dom João, “este momento de
hoje no Brasil é um dos mais importantes que existe na nossa história”. O Cardeal afirmou estar “admirado pelo modo como nosso povo está reagindo nas ruas, que é extraordinário. Isto é, sair para a rua, manifestar a sua própria posição e respeitar a posição do outro também e, ao mesmo tempo, manifestar claramente o que a gente pensa
nessa atitude da construção da história de um povo. Fico feliz de ver que, finalmente, parece que nós demos uma ‘via livre’, uma entrada mais forte à verdade, à autenticidade, e também nós queremos sair deste inferno verdadeiro que é a corrupção”. No entender do Cardeal, todos devem agir pela mudança do País. “Temos
que ir achando as razões que movem cada um nos pontos contrários para poder achar uma história comum. Essa história comum existe! As instituições precisam ser respeitadas, mas nós precisamos também sair da corrupção. Quem sabe esta Semana Santa vai nos dar esta chance”, concluiu. Fontes: Zenit e rádio Vaticano (Redação: Daniel Gomes)
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| Entrevista | 11
Com a Palavra: Adnane Mokrani
‘Cristãos são um componente fundamental do Oriente Médio’ Arquivo pessoal
FILIPE DOMINGUES
Especial para O SÃO PAULO, em Roma
Além dos cristãos, diversas outras minorias são vítimas da violência no Oriente Médio. Sofrem com a pobreza, a guerra e a perseguição, especialmente por parte de grupos terroristas e governos antidemocráticos. Dependendo da história e da situação política de cada país, as relações entre cristãos e muçulmanos podem ser mais ou menos pacíficas. Para entender melhor essa complexa realidade e evitar uma excessiva generalização, O SÃO PAULO conversou com o teólogo muçulmano Adnane Mokrani, tunisiano, especialista no diálogo entre cristãos e muçulmanos, e professor na Pontifícia Universidade Gregoriana e no Pontifício Instituto de Estudos Árabes e de Islamítica, ambos em Roma. Mokrani conhece bem a situação dos cristãos que vivem em meio à maioria muçulmana. Pare ele, o Cristianismo é “um componente fundamental” do Oriente Médio. Cristãos e muçulmanos “precisam trabalhar juntos” para acabar com o discurso de ódio, pois juntos formam a “identidade” da região. A seguir, os principais trechos da entrevista. O SÃO PAULO – Poderia nos dar
uma ideia geral de qual é a situação dos cristãos no Oriente Médio?
Adnane Mokrani - A presença cristã é muito antiga na região. Os habitantes daquela parte do mundo são os primeiros cristãos, como continuidade histórica. Estão no Iraque, no Líbano, na Síria, na Palestina-Israel e no Egito. Talvez os coptas egípcios representem o número maior. Não existem estatísticas exatas, mas são mais de 8 milhões, alguns falam em 12 milhões de cristãos. A maioria é copta ortodoxa, mas há também coptas católicos e evangélicos. A segunda maior presença cristã é no Líbano, onde há mais liberdade, pluralismo, universidades católicas, ortodoxas e evangélicas. Historicamente, nesses países há uma convivência pacífica. Obviamente, de-
Também o bispo de Orano (Pierre Lucien Claverie) foi morto, junto com o motorista muçulmano. Quando contamos histórias de perseguição de cristãos, recordamos pessoas que escolheram compartilhar o destino desses povos. O Padre Paolo Dall’Oglio, na Síria, está desaparecido há mais de dois anos. Ele, um jesuíta italiano, poderia viver na Itália ou em outro país onde há paz, mas escolheu o povo sírio, para sofrer com os que sofrem. E essas pessoas são cristãs, muçulmanas e de outras religiões. Isso é um grande sinal de santidade. Pessoas que vivem a fé de modo radical, são fortes no amor. Esse martírio nunca é usado para nutrir islamofobia, racismo ou exclusivismo.
O que essas guerras têm a ver com a religião?
pende do período histórico. Mas existem vilas mistas e as grandes cidades. Isso marcou a identidade desses países. Os cristãos estão no Oriente Médio desde o Iraque até o Egito, para o mundo árabe, mas também no Irã, no Sul Asiático etc.
Onde há mais dificuldades nas relações entre cristãos e muçulmanos?
Talvez na Arábia Saudita. Os cristãos ali são principalmente imigrantes e não têm liberdade religiosa. Não só cristãos, mas todas as outras religiões, budistas, hinduístas. É proibido construir igrejas. De um modo geral, os cristãos tiveram certa proteção sob as ditaduras do Oriente Médio, porque não representavam uma ameaça. Eram uma minoria limitada, fraca. O poder não tinha medo dos cristãos. Preferiam perseguir outros. No Iraque, Sadam Hussein perseguia os curdos, no Norte, e os xiitas, no Sul. Eram mais numerosos e mais perigosos para ele, dava certa liberdade aos cristãos. A mesma coisa na Síria. Exceto para cristãos ativistas, empenhados nos direitos humanos, que falavam contra o regime. Esses eram perseguidos. Mas depois da Primavera Árabe [em 2010], a fraqueza do Estado e dos regimes tornou a situação mais difícil e mais complexa, porque há um caos. Existem mais terroristas violentos, que matam e perseguem minorias. Na Síria e no Iraque, não só os cristãos, também os yazidi, ou os xiitas, sofrem com esses grupos armados.
Em outros países, como no Egito e no Iêmen, também há conflitos... A situação no Egito é muito difícil. Há uma ditadura militar que interrompeu o percurso democrático. Todos os cidadãos sofrem com isso. Alguém pode até ter certa proteção se não falar de política, mas basta abrir a boca e é perseguido, seja muçulmano ou cristão. No Iêmen é bem diferente. Há meses, vemos a destruição de um país inteiro. O bombardeio contínuo de cidades, lugares populosos, com cumplicidade internacional. Milhares de iemenitas foram mortos, e há um silêncio terrível na mídia internacional. Ouvimos falar das quatro irmãs de Madre Teresa mortas no Iêmen [no começo deste mês], que faziam um serviço humano muito precioso. Foram mortas com enfermeiros iemenitas, com muçulmanos que trabalhavam ali. Não se fala disso porque a Europa vende as armas aos países que combatem no Iêmen. É um escândalo moral.
Como podemos distinguir os terroristas e os muçulmanos autênticos?
Basta olhar os testemunhos de pessoas que viveram entre os muçulmanos. Há cristãos convencidos com o diálogo, que escolheram dar a vida como testemunho, como serviço, até o fim. Vemos o caso da Argélia, durante os anos da guerra civil (1991 a 2002), os monges trapistas de Tibhirine foram massacrados. O superior dos trapistas, Christian de Chergé, expressou seu amor pelo povo argelino. Porque viveu com eles em uma vila muçulmana.
O terrorismo usa a religião como justificativa ideológica, para fazer passar essa violência, para manipular e fazer lavagem cerebral. A religião é usada em modo abusivo, mas não é uma verdadeira experiência religiosa. Temos que estar atentos para não confundir a fé da maioria com esses grupos terroristas. Perseguem as minorias porque, ainda que sejam limitadas, muitas vezes são ativas nos serviços, no plano cultural, nas escolas, nos hospitais, nas estruturas. Como número, são pequenas, mas são significativas como presença ativa, como sinal de pluralismo. Sem elas, o povo se torna menos diversificado, perde uma parte fundamental da própria identidade.
Um grande problema para os cristãos é que, sendo já uma minoria, com a perseguição correm o risco de desaparecer. Como o senhor vê essa possibilidade?
Seria uma grande perda, de um componente fundamental da região. As pessoas tendem a fugir para proteger os filhos, a família. É um comportamento compreensível. Milhões estão fugindo da Síria e do Iraque. Mas esperemos pela paz. Tenhamos esperança. Quando a paz voltar a esses países, se houver um mínimo de estabilidade, de direitos para todos, esperemos pelo retorno dos cristãos. Temos que ser unidos, muçulmanos e cristãos, e trabalhar juntos. Há muçulmanos empenhados no diálogo, é preciso dar voz a eles. Isso será a coisa mais útil para vencer o terrorismo. Apesar de tudo, essa consciência está crescendo.
É preciso haver mais conciliação?
Exato. A coisa mais perigosa é cair na armadilha do ódio. Porque odiando perdemos a alma. Perdemos nossa fé. Porque um muçulmano que odeia um cristão é menos muçulmano. Um cristão que odeia um muçulmano é menos cristão.
As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.
12 | Reportagem |
23 a 29 de março de 2016 | www.arquisp.org.br
A dor dos cristãos Guerras e perseguição religiosa ameaçam existência de comunidades originadas pelos apóstolos de Jesus FILIPE DOMINGUES
Especial para O SÃO PAULO, em Roma
Quem encontra o Padre Jacques Murad pelas ruas de Roma não imagina o que ele passou. Um homem pequeno, de passos curtos, voz mansa e olhar tranquilo, que deixa escapar qualquer sorriso quando fala das coisas de Deus. Nascido em Aleppo, na Síria, Padre Murad foi prisioneiro do Estado Islâmico por mais de cinco meses. Após a invasão do mosteiro Deir Mar Elias, ele foi sequestrado, chamado de infiel, vendado e amarrado. Todos os dias o ameaçavam de morte, caso não se convertesse ao Islã. Firme na fé, ele já esperava, em silêncio, o dia em que seria degolado. “Não seria o primeiro mártir de Cristo. Quando se aceita a situação, quando pensamos na história dos cristãos, nas outras pessoas perseguidas, nas mulheres... Não sou especial entre todos esses”, contou, em encontro com jornalistas na Fundação Terra Santa, em Roma. O Padre sobreviveu ao martírio. Escapou do Estado Islâmico com a ajuda de cidadãos locais, muçulmanos. Muitos outros, entretanto, não resistem à perseguição ou terminam deixando o País. “Provavelmente foi isso o que os primeiros cristãos viveram”, diz o Sacerdote sírio.
Em risco de extinção O número de cristãos no Oriente Médio tem caído muito nos últimos anos. Em 1910, cerca de 14% dos habitantes da região eram cristãos. Hoje, são apenas 4%, e devem encolher ainda mais, conforme estudo de Todd Johnson e Gina Zurlo. Inúmeras guerras e conflitos na história enviaram cristãos do Oriente Médio a todo o mundo. O Cristianismo começou ali, gerando as diversas tradições coptas, ortodoxas, católicas, protestantes e evangélicas. A onda recente de perseguição aumentou depois da Primavera Árabe, em 2010, quando protestos populares derrubaram ditaduras em diversos países da região. Os cristãos ficaram mais vulneráveis, por dois motivos: primeiro, o Cristianismo é frequentemente associado às intervenções do Ocidente na região;
‘Os cristãos sofrem mais como minoria’, diz Padre Jihad Youssef, da Síria; apenas 4% da população do Oriente Médio é cristã e manutenção da fé, ne
segundo, por causa do fundamentalismo islâmico. Na semana passada, o governo dos Estados Unidos declarou que o Estado Islâmico comete um genocídio contra muçulmanos yazidi, cristãos e muçulmanos xiitas, no Iraque e na Síria. “Os cristãos tiveram certa proteção sob as ditaduras do Oriente Médio, porque não representavam uma ameaça”, explica Adnane Mokrani, teólogo muçulmano da Tunísia, professor em duas universidades pontifícias de Roma. “Eram uma minoria fraca. O poder não tinha medo dos cristãos” (leia entrevista completa na página 11). Alguns chegavam a apoiar tais regimes, pois, como minoria, temiam as incertezas. Com a queda de líderes totalitários, agora muitos países estão sem governos capazes de conter a violência. Somente na Síria, os conflitos dos últimos cinco anos deixaram mais de 470 mil mortos, segundo o Syrian Centre for Policy Research. Cerca de 12% da população foi morta ou ferida, a maioria muçulmana. O Padre Jihad Youssef, que pertence à mesma comunidade do Padre Murad, afirma que, numericamente, o terrorismo deixa muito mais vítimas muçulmanas do que cristãs. “Mas os cristãos sofrem mais como minoria. Há o risco de inexistência”, explica. “Os cristãos são perseguidos na Síria como todos aqueles que não têm nada a ver com a guerra.”
Allah, Deus de cristãos e muçulmanos O Padre Youssef estuda na Itália, mas esteve na Síria pela última vez em janeiro. Sua comunidade monástica, Deir Mar Musa, foi fundada pelo jesuíta italiano Paolo Dall’Oglio, também sequestrado pelo Estado Islâmico e desaparecido
há dois anos. São apenas 11 religiosos e religiosas em três mosteiros, cuja missão principal é promover o diálogo inter-religioso. Mas os conflitos dos últimos anos os levaram a agir para socorrer as vítimas da guerra, cristãos ou muçulmanos. “Há misericórdia, há amizade e um sincero culto a
PERSeGUIÇÃO RELIGIO
grau de perseguição
situação de mudança
extrema
melhorou notavelmente
de grave a extrema grave de moderado a grave moderado
inalterado piorou notavelmente melhorou ligeiramente piorou ligeiramente
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no Oriente Médio Fotos: Arquivo pessoal
esta parte do planeta, depende da solidariedade de toda a Igreja, por meio da coleta que será realizada em todo mundo na Sexta-feira Santa
Deus. Temos o mesmo Deus e também usamos o mesmo nome, que é Allah, em árabe”, diz. A comunidade ajuda centenas desabrigados e doentes, acolhendo-os em dois mosteiros, um na Síria e outro no Iraque. “Se queremos ajudar os cristãos no Oriente Médio, temos que restaurar as suas casas. Isso permite
aos cristãos de permanecer, de não deixar a cidade.” O Padre conta que, no início, insistiam para que as famílias cristãs não abandonassem o local, onde estão desde os tempos de Cristo. “Dizíamos para ficar na terra dos pais, onde nasceu a Igreja. Mas agora esse discurso não é mais sustentável. Ago-
OSA NO ORIENTE MÉDIO
* Infográfico reproduzido do site Mostre di Terra Santa (http://www.mostrediterrasanta.it), originalmente em italiano.
ra dizemos: é preciso ajudar quem quer partir a partir e quem quer ficar, a ficar”. Para os que ficam, uma vez refeita a casa, é preciso achar trabalho. “Sobretudo os jovens não têm expectativa. Muitos não creem no projeto de viver em uma sociedade muçulmana”.
Buscar esperança em outro lugar A esperança de dias melhores quase sempre existe, mas muitas vítimas do terrorismo preferem buscá-la em outro país, como Turquia, Líbano, Jordânia, e também na Europa ou nas Américas. No caso da família de Anan Alkass Yousif, leiga consagrada católica e professora de Literatura Inglesa na Universidade de Bagdá, ela foi a única a ficar no Iraque. Numa família de 200 pessoas, quase todos partiram para o Canadá. “Meus pais são de Mosul, que hoje está ocupada pelo Estado Islâmico”, conta. “Minha irmã saiu há muitos anos, depois que seu marido foi raptado e conseguiu escapar.” Ela recorda que depois de 2003 a situação dos cristãos piorou muito no Iraque. Naquele ano, os Estados Unidos invadiram o País para derrubar o governo de Saddam Hussein. “Antes, não nos preocupávamos se alguém era muçulmano, cristão, xiita ou sunita, mas depois eles insistiam muito nisso”, diz. “Pessoas de outros países vieram. E nós, cristãos, ficamos no meio de toda essa disputa política. A
religião é usada para justificar essa situação.” Segundo a professora Anan, as coisas pioraram ainda mais quando 58 pessoas foram mortas e 78 ficaram feridas em um ataque terrorista numa igreja em Bagdá, em 2010. “Foi horrível. Quem ainda esperava melhorar, resolveu ir embora. Alguns vivem em caravanas, sem moradia fixa.” Ainda hoje há riscos e faltam serviços públicos como água e luz. “Sei que a morte é uma possibilidade. Mas não me consagrei para salvar minha vida. Não sou a única em perigo”, reconhece. “O Iraque precisa de uma mudança de mentalidade. Fiquei para ajudar meus alunos.” Segundo o Padre Youssef, para alcançar essa mudança, a Igreja precisa fazer um verdadeiro trabalho pastoral para ajudar os cristãos a viver em países de maioria muçulmana. “Quem fica precisa estar convencido, e não condenado a ficar. Amar o mundo muçulmano, ser uma igreja aberta, e não contra o mundo muçulmano. Se não é assim, a Igreja na Síria será muito pequena, como é hoje na Terra Santa. Quantos são os palestinos originais do local? Pouquíssimos.” O Sacerdote sírio acrescenta que quando há solidariedade, cristãos e muçulmanos compartilham também a esperança de dias melhores e o amor à terra natal. “Vimos nos olhos das pessoas, porque não deixamos os nossos mosteiros. Muitos nos chamam de ‘nossos monges’ e ‘nosso mosteiro’.”
Ajuda material Para apoiá-los com material de sobrevivência, manutenção e ajuda humanitária, a Igreja Católica enviará os recursos obtidos em todo o mundo na coleta da celebração da Sexta-feira da Paixão deste ano aos cristãos da Terra Santa e, de modo geral, do Oriente Médio. O monsenhor Khaled Akasheh, jordaniano, responsável pelas relações com o Islã no Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, explica a iniciativa observando que “a gratidão com a Igreja de Jerusalém se traduz, desde os tempos dos apóstolos, na forma de ajuda aos cristãos da Terra Santa”. Nesse sentido, o Cardeal Leonardo Sandri, prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, afirma que é preciso admirar todas as iniciativas para ajudar as pessoas que sofrem perseguição religiosa, cristãos ou não. “Ser perseguido é uma condição de todo cristão. Jesus já havia dito: vos perseguirão em meu nome”, reflete. “Esses irmãos são verdadeiros testemunhos para nós. Não queremos pedras mortas. Queremos pedras vivas.”
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Em ato na Paulista, manifestantes consideram ser golpe tentativa de impeachment contra Dilma Luciney Martins/O SÃO PAULO
Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
Na tarde da sexta-feira, 18, centenas de milhares de manifestantes se concentraram na avenida Paulista, a partir do vão livre do Masp, para o chamado “ato em defesa da democracia, dos direitos sociais e contra o golpe”, no qual houve também a defesa da presidente da República, Dilma Rousseff (PT), e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, investigado na operação Lava Jato, que apura desvios de recursos da Petrobras. De acordo com os organizadores, 380 mil pessoas estiveram no ato iniciado às 16h e concluído às 21h, após os participantes cantarem o hino nacional. Já a PM contabilizou 80 mil pessoas e o Instituto Datafolha, 95 mil. Os atos, que ocorreram em 55 cidades de todos os estados e no Distrito Federal, foram organizados pela Frente Brasil Popular (FBP), composta pelo PT, Central Única dos Trabalhadores (CUT), MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e outros movimentos sociais e entidades políticas, totalizando 60 organizações. O ato, que transcorreu de forma pacífica, conforme constatou a reportagem do O SÃO PAULO, teve discurso de líderes de movimentos sociais e políticos. O mais aguardado foi o do ex-presidente Lula. Ovacionado, Lula falou por mais de 20 minutos. Sobre sua nomeação a ministro de Estado, afirmou: “Eu não vou lá para brigar, vou para ajudar a companheira Dilma a fazer as coisas que ela tem que fazer por este País”. Até o momento do seu discurso, Lula ainda era ministro da Casa Civil, cargo do qual tomou posse na quintafeira, 17, mas uma liminar do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, na sexta-feira, 18, suspendeu a nomeação do ex-presidente. Em diversos momentos de sua fala, Lula apelou para que a sociedade brasileira volte ao convívio harmônico e ao respeito dos princípios democráticos. “Não quero que quem votou no Aécio [Neves, candidato derrotado nas eleições de 2014] vote em mim. Não quero que quem voltou na Dilma goste deles. Eu quero que a gente aprenda a viver de forma civilizada com nossas diferenças”, desejou. “Tem gente neste País que falava em democracia da boca para fora. Eu perdi eleições em 1989, em 1994 e 1998, e já havia perdido em 1982 para o Governo de São Paulo. Em nenhum momento, vocês viram eu ir para a rua protestar contra quem ganhou. Nunca viram”, afirmou.
Apoio popular
Para Pedrolina Ferreira da Silva, 34, o ex-presidente é uma pessoa que realizou muito pelo Brasil e poderia continuar fazendo, mas deve pagar se fez algo de errado. “Se cometeu ilegalidade isso vai ser descoberto e vai ser pago”. Ela acredita que para ajudar na política econômica do País, “ele é uma pessoa com quem podemos contar”. Da mesma forma pensa Osvaldo Francelino Miguel, 62, que por 20 anos trabalhou na Petrobras como técnico químico. Para ele, Lula mostrou-se competente quando foi presidente do País e agora, diante da atual crise, pode ser capaz de “fazer essa conciliação” para que “o País saia dessa enroscada que está”. Sobre as participações nos protestos, ambos afirmaram que foram para as ruas pois acreditam que a proposta de impeachment é golpe. “Hoje eu vim para rua porque sou a favor da defesa dos direitos e dos movimentos sociais. Eu acredito nesse projeto de Brasil que está aí hoje, eu respeito a democracia e o direito de escolha das pessoas. Eu não aprovo o golpe”, afirmou Pedrolina. Mesmo sendo assumidamente partidária do PT, Pedrolina disse ter críticas ao atual governo, mas em seu entender o impeachment não é uma solução. “Não é com isso [impeachment] que o Brasil vai ser liberto, não vai trazer o que o País precisa”. Já Rui Vasques, 56, disse que foi levado às ruas pela declaração do presidente da comissão especial do impeachment, o deputado federal Ro-
gério Rosso (PSD-DF), que disse que julgamento não vai ser jurídico, e sim político. “Se o julgamento vai ser político, é golpe”, enfatizou. A i n d a p a r a Ru i , o p e d i d o d e impeachment é uma tentativa dos partidos que perderam as eleições e não concordam com o resultado das urnas.
Críticas à condução da Lava Jato
Diversas lideranças que se revezaram nos discursos fizeram críticas à forma como as investigações da operação Lava Jato, conduzidas pelo juiz Sérgio Moro, estão sendo feitas. Para o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos, o que está acontecendo é “um linchamento e não um julgamento”. Para ele, uma coisa é investigar o ex-presidente ou qualquer outro cidadão, outra coisa é linchar. “Nós não aceitaremos! O nome disso é justiça de exceção, o nome disso é rasgar a Constituição do País”. Boulos fez críticas ao governo Dilma, afirmando que muitos que estão nas ruas “não estão satisfeitos com o governo liberal da Presidenta”, mas ressaltou que o que está em jogo “não é defender ou não defender o governo. A questão neste momento é assegurar as garantias democráticas e constitucionais e não permitir um retrocesso”. O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), também aproveitou para dizer que o ato “não é em defesa de um partido, não é um ato em defesa de um homem ou de uma mulher. É um ato
em defesa da República Federativa do Brasil e da democracia brasileira”. Haddad criticou a condução coercitiva a qual Lula foi submetido, no dia 4, destacando que ninguém deve passar por aquilo que ele classificou como violência. A respeito da divulgação das conversas grampeadas do ex-presidente, o Prefeito paulistano afirmou que “ninguém deve ter suas conversas íntimas publicadas quando elas não são de interesse público; ninguém pode ter uma conversa telefônica que diz direito só a ela, publicizada para o deboche e para o escárnio das pessoas; ninguém pode ser preso a não ser com sentença transitado em julgado na forma da Constituição”. “Não existe um cidadão que não esteja aqui na Paulista hoje que não queira levar as investigações até as últimas consequências, mas o que significa levar as investigações as últimas consequências? Significa responsabilizar todos que cometeram delitos, garantindo o amplo direito de defesa e o que se vê no Brasil hoje é o julgamento sumário”, criticou o Prefeito. Quem elevou o tom das críticas foi Wagner Freitas, da CUT. Para ele, o Brasil está sofrendo “um golpe, em que um juiz de toga acha que pode substituir o voto. Juiz é para julgar. Quem manda somos nós que temos voto. Não podemos ter a ditadura do poder judiciário, não podemos ter o que o Moro fez”, afirmou. Para o líder da CUT, o juiz Sérgio Moro “cometeu crime de responsabilidade”, e portanto “tem que ser punido”.
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‘Faço votos que o Brasil possa superar este momento de crise’ Fábio Augusto da Silva e Igor Andrade Especial para O SÃO PAULO
Em coletiva de imprensa na quintafeira, 17, na cúria metropolitana, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, comentou sobre o momento político do País e pediu que as manifestações favoráveis ou contrárias ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) “sejam respeitosas e pacíficas”. “A crise política deixou atual o governo bastante fragilizado por uma série de circunstâncias, mas também por uma série de decisões equivocadas, como o fato de chamar o ex-presidente Lula para ser ministro da Casa Civil, o que enfraqueceu ainda mais o governo da presidente Dilma. O ponto positivo é que as instituições democráticas estão firmes, o que caracteriza um amadurecimento democrático. Não vejo riscos para a democracia. Faço votos que o Brasil possa superar este momento de
crise”, expressou o Cardeal, na coletiva que também teve a participação de Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação. Ao comentar sobre a Semana Santa, Dom Odilo destacou que a Páscoa é a festa central para os católicos e que neste Ano Santo extraordinário da Misericórdia é possível compreende-la melhor “pois a Morte e Ressureição são atos de misericórdia, são o extremo da obra de Jesus Cristo que nos amou até o fim”. Dom Odilo também comentou sobre a coleta a ser feita na Sexta-feira Santa, que este ano será destinada aos lugares santos e também para ações de solidariedade com os que vivem em precárias condições no Oriente Médio (leia mais sobre o assunto nas páginas 12 e 13). O Arcebispo fez menção, ainda, aos três anos de pontificado de Francisco “com muitos sinais e iniciativas, com mudanças menos estruturais e mais de
atitudes na Igreja”; e salientou que com o encerramento da Quaresma chega ao fim da Campanha da Fraternidade, mas não o assunto tratado. “[O assun-
to] continua a se fortificar ao longo do ano, para que se chegue em iniciativas concretas no cuidado da Casa comum”. (Colaborou Daniel Gomes)
Criança também deve aprender sobre saneamento básico e água Luciney Martins/O SÃO PAULO
REDAÇÃO
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Criado pelo ONU em 1992, o Dia Mundial da Água é comemorado em 22 de março. Em 2016, por ocasião da Campanha da Fraternidade Ecumênica, que propõe à sociedade reflexões sobre as condições do saneamento básico no Brasil, a data ganhou ainda mais destaque. Por conta disso, representantes da Arquidiocese de São Paulo e do Regional Sul 1 da CNBB participaram na terça-feira, 22, de uma atividade pelo Dia Mundial da Água no Parque Sabesp Mooca Radialista Fiori Gigliotti, na zona Leste. Também estiveram autoridades, como a primeira-dama do Estado de São Paulo, Lu Alckmin, o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Benedito Braga, o diretor-presidente da Sabesp, Jerson Kelman, e o presidente do Instituto Trata Brasil, Edison Carlos. Na ocasião, houve o lançamento da cartilha “Uso Racional da Água e Saneamento Básico”, com personagens em quadrinhos da “Turma da Mônica”, de autoria do cartunista Mauricio de Sousa, com o objetivo conscientizar as crianças sobre
Cartilha com personagens da ‘Turma da Mônica’ é lançada para conscientização ambiental
como a poluição das águas pode prejudicar o meio ambiente e a saúde pública. O material será distribuído nas escolas públicas de ensino fundamental da rede estadual e também em paróquias. “Essa cartilha é muito importante, pois são as crianças que a lerão e a trarão para casa, para os pais, as ideias mais novas, as ideias do futuro. Com o apoio da CNBB, a Campanha da Fraternidade foca no saneamento, tema fundamental para a saúde pública. Nós vamos trabalhar de
mãos dadas com a Igreja nesse importante movimento durante todo este ano para conscientizar todos da importância de ter um meio ambiente limpo e saudável para essa geração e as futuras também”, afirmou Benedito Braga. Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e a Universidade, enalteceu a iniciativa de lançamento da cartilha e recordou a postura de oração da Igreja durante a crise hídrica. “No ano passado, no
dia 22 de março, estávamos em plena crise hídrica; e na Arquidiocese de São Paulo, por iniciativa de Dom Odilo [arcebispo metropolitano], foi feita uma procissão e uma missa para pedir chuva. A gente, às vezes, pensa que rezar não funciona. Rezar funciona, porque a partir de então, vocês sabem, começou a chover em todo o Estado, não só na Capital”, recordou. Dom Airton José dos Santos, arcebispo de Campinas e presidente do Regional Sul 1 da CNBB, igualmente saudou o governo do Estado pelo lançamento da cartilha. “Valorizar este evento e o lançamento desta cartilha, significa, também, promover essa conscientização das pessoas, de modo especial das crianças e adolescentes, aqueles que estão iniciando seu caminho na sociedade. Que essa atitude seja para a preservação dessas riquezas naturais, que devem ser disponibilizadas para todos nós, seja para o combate às epidemias que nos assolam, como o atual caso do mosquito transmissor da dengue, seja ao de tantas outras doenças. Que não seja apenas uma iniciativa de grupos ou pessoas, mas uma iniciativa de toda a sociedade”, comentou. (Com informações da Sabesp - colaborou Igor Andrade)
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Dica de Leitura
Evento
Pequenas reflexões filosóficas e teológicas
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O ser humano naturalmente é um ser que se interroga sobre diversas questões. Qual o sentido da vida? O que é a morte? Quem sou eu? Tem sentido ter fé em Deus? Há liberdade? O que é o relativismo? O homem não se realiza apenas em existir. Ele sente uma necessidade profunda de conhecer a verdade sobre as coisas e a si mesmo. Apesar de toda a sua fragilidade e limitações, ele coloca o mundo, a vida e os fatos como um objeto a ser compreendido e perscrutado. Na presente obra, o autor, Joel Gracioso, oferece ao leitor a oportunidade de pensar sobre determinados temas e também apresenta alguns esclarecimentos sobre diversas questões tanto de cunho filosófico quanto religioso.
FICHA TÉCNICA: Autor: Joel Gracioso Páginas: 222 Editora: Kenosis Publicações
Este Encontro Peripatético – evento baseado no conceito aristotélico de “ensinar passeando” – discutirá a cidade de São Paulo em plena expansão na primeira metade do século XX, período em que recebeu estrangeiros de diversas origens. Por meio de crônicas de Guilherme de Almeida, escritas na década de 1920 e reunidas nos livros “Cosmópolis” e “Pela Cidade”, serão feitos comparativos entre a óptica do poeta e as obras de pintores do período, como Benedito Calixto e Dario Villares Barbosa. Para tanto, o programa incluirá a leitura de trechos das referidas obras e a observação das pinturas, bem como um passeio pelo Jardim da Luz e pelas imediações de Perdizes. Os locais visitados servirão de referência para a conversa entre os educadores e os participantes sobre a importância cultural trazida pelos imigrantes no processo de transformação da metrópole. O Encontro terá início com uma visita à Pinacoteca, que destacará algumas peças do acervo na sala “Imaginário
Paulista”. Na sequência, o grupo seguirá para o Jardim da Luz, a fim de dar continuidade à discussão sobre a percepção do espaço urbano e cultural da cidade de São Paulo. Após um breve intervalo para almoço, a caminhada prosseguirá até a estação Luz do metrô, rumo à Casa Guilherme de Almeida (rua Macapá, 187, Perdizes). Uma vez na estação Sumaré, será percorrido o trajeto até o Museu, aproveitando-se seu entorno como tema da discussão, que será finalizada em meio a leituras, obras de arte, móveis, fotografias e objetos cotidianos do acervo do Poeta que apontem para a questão imigratória. A entrada na Casa Guilherme de Almeida e na Pinacoteca do Estado de São Paulo é gratuita. Cada participante ficará responsável por sua passagem de metrô e pelo almoço. O encontro será no sábado, 2 de abril, das 10h às 14h30. Para inscrições e mais informações: www. casaguilhermedealmeida.org.br ou (11) 3673-1883.
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Vai começar a maratona da seleção brasileira Daniel Gomes
danielgomes.jornalista@gmail.com
Terceira colocada nas eliminatórias da Copa de 2018, com sete pontos ganhos, a seleção brasileira enfrentará neste mês dois adversários diretos por uma vaga no mundial de futebol: na sexta-feira, 25, às 21h45, na Arena Pernambuco, os comandados de Dunga jogarão contra o Uruguai, vice-líder das eliminatórias, com nove pontos, e na terça-feira, 29, às 21h45, o adversário será o Paraguai, 4° colocado na competição, com sete pontos. Após os quatro primeiros jogos das eliminatórias no ano passado, Dunga parece já ter um time-base, tanto assim que voltou a convocar atletas que recentemente transferiram-se para clubes chineses, como Gil e Renato Augusto, e manteve 18 dos 23 jogadores chamados em novembro. As novidades dessa vez são os goleiros Diego Alves e Marcelo Grohe, o lateral-esquerdo Alex Sandro, o meio-campista Philippe Coutinho e o atacante Jonas, chamado de última hora, no sábado, 19, após o corte de Roberto Firmino, por contusão. Após essas duas partidas, Dunga só voltará a pensar nas eliminatórias em setembro e em outubro, quando o Brasil enfrentará Equador, Colômbia, Bolívia e Venezuela. À frente das seleções principal e olímpica, ele comandará o Brasil na Copa América Centenário, nos Estados Unidos, em junho, e nos Jogos Rio 2016, em agosto, em busca da inédita medalha de ouro olímpica no futebol. Caso o Brasil chegue às finais das duas competições, somando-se às partidas das eliminató-
rias, serão 18 jogos oficiais no ano. Principal atleta da seleção, o atacante Neymar, 24, quer estar em todas as partidas, mas dependerá da liberação do Barcelona, pois a Olimpíada no Rio (em que Dunga poderá contar com até três atletas acima de 23 anos) acontecerá fora das datas-Fifa, quando os clubes não são obrigados a ceder atletas para as seleções. “É difícil escolher tanto Copa América quanto Olimpíada. As Olimpíadas são a única coisa que falta para o Brasil. Se fosse para escolher, eu escolheria as duas, mas para escolher uma eu teria de conversar e pensar bastante”, afirmou Neymar em recente entrevista à TV Globo, em que manifestou a vontade de ser campeão olímpico. No começo do mês, Dunga foi à Espanha conversar com o técnico do Barcelo-
na, Luis Enrique, sobre a liberação do jogador. Segundo a imprensa espanhola, o time catalão tende a aceitar que Neymar dispute a Olimpíada no Rio, mas não a Copa América Centenário, porém ainda não há uma decisão a respeito. “Eu acho um risco o Neymar querer jogar todos os torneios. É preciso poupá-lo até mesmo da superexposição e da questão de querer ser o ‘Salvador da pátria’. Não há dúvidas de que ele é o melhor jogador do País, mas jogar a Copa América Centenário sem o Neymar seria um exercício interessante para sabermos quais as opções que o Brasil tem sem ele”, avaliou, ao O SÃO PAULO, o jornalista esportivo William Douglas, da TV Brasil. Ainda segundo William, a CBF não fez a melhor escolha ao deixar que Dunga seja o treinador das seleções principal e olímpica. “Ter um técnico de ponta Nelson Peres/Fluminense F.C.
| Esporte | 17 Rafael Ribeiro/CBF
Neymar se apresenta à seleção brasileira
comandando a equipe olímpica e focado na busca da medalha de ouro inédita seria o ideal. Dunga terá de confiar no Rogério Micale [treinador que tem comandado os amistosos da seleção olímpica] e manter o trabalho dele”.
AGENDA ESPORTIVA QUARTA-FEIRA (23) Série A2 20h – Portuguesa x São Caetano (Canindé) Série A1 21h45 – São Paulo x Botafogo (Pacaembu) QUINTA-FEIRA (24) Série A1 20h30 – Palmeiras x Red Bull Brasil (Pacaembu) SÁBADO (26) Série A1 21h – Corinthians x Ituano (Arena Corinthians)
Mais de 30 mil pessoas prestigiaram o clássico Flamengo x Fluminense, no estádio do Pacaembu, no domingo, 20, pelo Campeonato Carioca. A partida não aconteceu na cidade do Rio de Janeiro porque os estádios do Maracanã e do Engenhão estão sendo preparados para os Jogos Rio 2016. O placar final, 0 a 0, repetiu o do ano de 1942, na única vez, até então, que os dois clubes haviam se enfrentado no Pacaembu.
DOMINGO (27) Série A2 16h – Portuguesa x Rio Branco (Canindé)
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Brasilândia
Ana Lúcia Contarelli, Flávio Rogério Lopes e Larissa Fernandes Colaboradores de comunicação da Região
Domingo de Ramos: manifestação da fé com a Palavra de Deus que incomoda Ricardo Souza
Dom Devair participa da procissão de Domingo de Ramos no Recanto dos Humildes
Os fiéis da Área Pastoral Santíssima Trindade, no Setor Pastoral Perus, participaram, no dia 20, da procissão do Domingo de Ramos, seguida de missa solene presidida por Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia. Dom Devair, na homilia, destacou que a entrada messiânica de Jesus em Jerusalém, sendo aclamado como rei no Domingo de Ramos, incomodou muitas pessoas e que também hoje a autêntica vivência da fé cristã incomoda. “A Palavra de Deus incomoda e precisa incomodar cada vez mais. Cada um de nós precisa levar essa Palavra na
nossa vida, precisa testemunhá-la e precisa incomodar com a verdade que vem do Evangelho”. O Bispo recordou que assim como tentaram calar Jesus, muitas vezes tentam calar as pessoas. “Mas temos que confiar nos planos de Deus. E lembrar que Jesus morreu na cruz, mas ressuscitou, e isto deve ser sempre proclamado”, encerrou. Dom Devair presidirá as celebrações da Semana Santa na Área Pastoral Santíssima Trindade (rua Antúrio Rosa, 1, no Conjunto Habitacional Recanto dos Humildes). A missa do Domingo de Páscoa, 27, será por ele presidida às 10h.
Com São José, na busca da justiça e da misericórdia Com o tema “justiça e misericórdia”, os fiéis da Paróquia São José, no Setor Pastoral Perus, celebraram, entre os dias 10 e 19, a festa do padroeiro, com missas presididas por padres convidados e por Dom Devair Araújo da Fonseca,
bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia. No sábado, 19, data da memória litúrgica do padroeiro, aconteceram três celebrações, sendo a missa solene presidida pelo Padre Cilto José Rosembach, pároco. Ele
ressaltou, na homilia, o fortalecimento da fé, destacando a figura paterna de São José como referência para a família. “São José foi escolhido como homem justo de Deus, de fé e esperança, um homem humilde”, ressaltou.
Ao final da festa, Padre Cilto agradeceu à equipe litúrgica e a todos os que contribuíram para que esta fosse realizada. Houve, ainda, a partilha do bolo de São José entre os que participaram da missa de encerramento.
Ação pastoral é intensificada nos setores O Conselho Regional de Pastoral (CRP) da Região Brasilândia esteve reunido no sábado, 19, com a participação de padres, lideranças dos setores pastorais e coordenadores de movimentos, novas comunidades e pastorais, junto a Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia.
Entre as atividades relatadas pelos setores, foi mencionado aumento da frequência dos jovens nas reuniões do Setor Pastoral Freguesia do Ó, a realização de quatro formações anuais de catequistas no Setor Jaraguá e as peregrinações dos catequistas do Setor Nova Esperança à Porta Santa da Igreja Nossa Senhora da Expectação.
Também se comentou sobre a participação da Região Brasilândia na Romaria Arquidiocesana a Aparecida, em 1º de maio, com pedido para a presença das paróquias. Houve, ainda, avaliações positivas sobre a Vigília da Juventude realizada no início deste mês e foi enfatizado que a vivência do Ano Santo extraordinário da Misericórdia não
se resume às peregrinações às portas santas, mas também à prática das obras de misericórdia e às confissões para a busca do sacramento da Penitência. A reunião também tratou dos preparativos para a realização da Semana Regional de Formação, que acontecerá de 25 a 28 de abril, com a temática sobre o dízimo.
Julio César dos Santos
Paróquia Santos Apóstolos
No sábado, 19, Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, presidiu a missa de encerramento da festa do padroeiro na Paróquia São José, na Vila Palmeiras, no Setor Pastoral Freguesia do Ó. Junto aos fiéis, o Bispo participou da procissão em honra a São José.
Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC), presidiu, no dia 20, a celebração do Domingo de Ramos na Paróquia Santos Apóstolos, no Setor São José Operário. A missa foi concelebrada pelos padres Antônio Leite Barbosa Júnior, pároco, e Armênio Rodrigues Nogueira, vigário paroquial.
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Peterson Prates
Colaborador de comunicação da Região
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Belém
Há 75 anos, com a intercessão de Nossa Senhora do Bom Conselho Os fiéis da Paróquia Nossa Senhora do Bom Conselho, no Alto da Mooca, festejaram na quinta-feira, 17, os 75 anos da Paróquia, além do bicentenário da Congregação dos Estigmatinos, responsáveis pela igreja. A missa solene de encerramento foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano. Ele ressaltou que as comemorações são ainda mais especiais por acontecerem no Ano Santo extraordinário da Misericórdia. Dom Odilo, na homilia, exortou os fiéis à realização das obras de misericórdia. “Quem não praticar misericórdia, não terá misericórdia”, disse, recordando que todos precisam da misericórdia de Deus.
O Arcebispo fez menção especial à obra de misericórdia “dar bom conselho”, ação que, segundo ele, vem da sabedoria de Deus e que orienta para a prática do bem, a evitar o que é mal e a fazer escolhas justas e certas. “Nestes dias, o Brasil está precisando de um bom conselho. Queremos pedir a Nossa Senhora que ilumine e peça a Deus pelo povo brasileiro, pelos governantes, para que tenham responsabilidade e tomem decisões justas e certas para o bem do nosso País”, salientou. Dom Odilo, ao final da missa concelebrada pelo Padre Paulo Borges Morais, pároco, pediu que os fiéis rezem pela Paróquia e pelas vocações estigmatinas. Dias antes, em preparação ao juPeterson Prates
Fiéis veneram a imagem de São José durante a festa do padroeiro, no sábado, 19
Peterson Prates
Cardeal Scherer preside missa na Paróquia Nossa Senhora do Bom Conselho, dia 17
bileu de brilhantes, houve a novena da divina misericórdia, em missas com os padres estigmatinos, entre os quais o superior provincial, Padre José
Ovídio da Costa. Também durante a novena, o diácono permanente Celso Acuña foi apresentado como novo colaborador pastoral da Paróquia.
São José, rosto paterno de Deus A Paróquia São José do Belém esteve repleta de fiéis no sábado, 19, na festa da padroeiro, quando foram celebradas nove missas, uma delas presidida pelo Padre Julio Lancellotti, vigário episcopal para a Pastoral do Povo da Rua. Ele lembrou ser aquela uma data especial de ação de graças, por conta de festa do padroeiro, do aniversário de três anos do início do pontificado do Papa Francisco e pela vivência do Ano Santo extraordinário da Misericórdia.
“São José transmitiu o rosto paterno de Deus”, disse Padre Julio na homilia. Ele também pediu que os fiéis rezassem pelos desempregados, enfermos, pessoas com depressão, irmãos de rua, idosos, crianças com microcefalia e por todos que passam alguma necessidade. Durante as missas, houve plantão de confissões e nos intervalos entre as celebrações bênção individual, além de barracas e brincadeiras na praça da igreja no último dia da festa.
Centro Pastoral São José: espaço para a formação e vivência da fé “Destinado a ser sinal de unidade na formação e animação pastoral das paróquias e comunidades”. Os propósitos do Centro Pastoral São José estão descritos na placa de inauguração do local que é sede da Região Belém e do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, e que foi criado há 29 anos, em 19 de março de 1987, pelo então arcebispo de São Paulo, o Cardeal Paulo Evaristo Arns, com auxílio das fundações católicas europeias Misereor e Adveniat. Para festejar a data, no sábado, 19, uma série de atividades foram realizadas. Na sala Dom Paulo Evaristo, o bispo emérito de Blumenau (SC), Dom Angélico Sândalo Bernardino, palestrou sobre “o rosto da misericórdia na Arquidiocese de São Paulo”, em evento da promovido pela Cáritas, também com a presença de Dom Antônio Celso de Queiroz, bispo emérito de Catanduva (SP), e que por 25 anos foi bispo auxiliar de São Paulo. O Centro de Estudos Bíblicos (Cebi) realizou três grupos de estudos sobre como a Bíblia foi escrita, os movimentos populares e a “fonte Q”. A Pastoral das Exéquias regional também reuniu neste dia leigos, diáconos e sacerdotes para tratar de
questões sobre a ação pastoral nos cemitérios. Houve, ainda, assembleia do Movimento Sem Terra Leste 1, com a presença de 200 pessoas no auditório Dom Décio; e visita das crianças das turmas de Catequese da Paróquia Santa Clara à exposição “Madre Teresa de Calcutá – vida, mensagem e espiritualidade”, após a qual elas e seus familiares participaram de celebração na capela do centro pastoral, presidida pelo Irmão Alexandre dos Santos, da Ordem Nossa Senhora das Mercês.
Peterson Prates
Participantes de evento da Cáritas no Centro Pastoral São José, no sábado, 19
Dom Odilo visita cemitério de Vila Formosa Em visita pastoral ao cemitério de Vila Formosa, no dia 16, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu celebração eucarística em sufrágio pelos fiéis defuntos que ali estão sepultados, bem como pelos dirigentes e funcionários do local e pelos agentes pastorais dos setores Antonieta e Carrão/Formosa que assistem aos enlutados. Dom Odilo enfatizou a necessidade de os cristãos testemunharem a esperança da Ressurreição. Nesse
sentido, confirmou a importância do servir da Pastoral das Exéquias, que ajuda as famílias no momento de dor e sofrimento. Junto com Dom Odilo estiveram no cemitério o diácono permanente João Bottura, que coordena a Pastoral das Exéquias no cemitério de Vila Formosa, além de padres atuantes na Região e integrantes das equipes que servem a Pastoral das Exéquias em 14 paróquias dos dois setores. (Colaborou Aline Lima)
Douglas Mansur
Dom Odilo preside missa no cemitério
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Santana Dom Sergio dá posse ao novo pároco da São Marcos Evangelista
Diácono Francisco Gonçalves
Colaborador de comunicação da Região
Diácono Francisco Gonçalves
texto do fundador da Congregação, Beato José Allamano, sobre a Eucaristia que o comoveu. Contra a vontade dos pais, aos 15 anos, ingressou na ordem da Consolata. Ele fez seus estudos em Portugal e Itália, no período do Concílio Vaticano 2°, e foi ordenado sacerdote, em 1969, em Roma. Vindo para o Brasil, em 1979, atuou em diversas atividades, dentre as quais a direção da revista Missões. “Ninguém fique pensando muito
em si mesmo, pense mais no outro. Trabalhe a partir das necessidades do outro e não a partir de si próprio”, disse Padre Joaquim em mensagem aos paroquianos. Concelebraram a missa de posse os padres Luiz Carlos Emer, provincial dos missionários da Consolata, e Wilson dos Santos, pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida e São Matias e coordenador do Setor Mandaqui. Pascom Paróquia São José
Padre Joaquim durante posse como pároco da Paróquia São Marcos Evangelista
Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, deu posse, no dia 13, ao Padre Joaquim Gonçalves, missionário português da Consolata, como pároco da Paróquia São Marcos Evangelista, no Setor Pastoral Mandaqui. Padre Joaquim nasceu em Pom-
bal, em Portugal, em 1941. Sua mãe, pertencendo à Ordem Terceira de São Francisco, auxiliava o pároco local e sonhava que algum de seus oito filhos se tornasse franciscano na cidade de Leiria. Certa vez, o jovem Joaquim, indo a Fátima, confessouse com um missionário da Consolata, que lhe deu um folheto com um
“A amizade com Deus é o encontro com a misericórdia daquele que nos ama imensamente”, disse Dom Sergio de Deus Borges, em missa, no dia 13, na novena do padroeiro da Paróquia São José Operário, no Setor Imirim, concelebrada pelo Padre Carlos Alberto Doutel, pároco. O dia do padroeiro foi festejado no sábado, 19.
Ipiranga
Selma Brito
Colaboração especial para a Região
Fiéis testemunham devoção ao padroeiro São José Ao longo de todo o sábado, 19, a igreja matriz da Paróquia São José do Ipiranga, mantida pelos religiosos de Sion, acolheu os devotos do padroeiro, festejado naquele dia. A missa solene de encerramento foi presidida por Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, após
a qual aconteceu uma procissão pelas ruas do bairro. No total, dez missas foram realizadas no dia 19. A Paróquia também organizou uma quermesse e houve um mutirão de bênçãos e confissões. Ao final, os casais coordenadores da festa, Marcelo Salvador e Meire Oliveira e Cleriston Dias e
Andréia Caroline, assim como os religiosos de Sion, agradeceram a todos que colaboraram durante a
novena e no dia do padroeiro para este “momento intenso de vivenciar a fé em Cristo”. Irmão Beguinho
Selma Brito
Fiéis durante procissão com a imagem do padroeiro da Paróquia São José do Ipiranga
Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, presidiu a missa do Domingo de Ramos, 20, na Paróquia Santa Ângela e São Serapião, no Setor Cursino. Participaram da celebração aproximadamente mil fiéis da igreja matriz e das comunidades Santíssimo Sacramento e Imaculada Conceição.
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Lapa Há 50 anos, São Patrício intercede pelos fiéis do Rio Pequeno Benigno Naveira
Colaborador de comunicação da Região
No Ano Santo extraordinário da Misericórdia, a comunidade paroquial de São Patrício, no Setor Pastoral Rio Pequeno, comemorou na quinta-feira, 17, seu padroeiro, no contexto dos 50 anos da Paróquia, que serão celebrados em 27 de maio. Na novena da festa do padroeiro aconteceram missas diárias. No dia 12, a celebração foi presidida por Dom Fernando José Penteado, bispo emérito de Jacarezinho (PR), após a qual houve uma noite cultural com o show de MPB da cantora Paulah Gauss; no dia 13, com a participação dos fiéis das paróquias do Setor Rio Pequeno - São Patrício, São Mateus, São Tomas More e São José Operário, aconteceu uma procissão com a imagem de São Patrício pelas ruas do bairro, até a matriz paroquial, onde houve missa, presidida pelo Cardeal
Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, seguida de show de evangelização da banda CACL, da Diocese de Osasco. Nos três dias seguintes também aconteceram missas, e na quinta-feira, 17, dia do padroeiro, a celebração solene foi presidida por Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, concelebrada pelo Padre João Carlos Borges, pároco, e pelo Padre Benedito Antonio Almeida, com a participação do diácono Giovane de Souza. Dom Julio, na homilia, afirmou que São Patrício foi um missionário exemplar, que procurou, com fidelidade e amor, seguir a missão de Jesus Cristo. Escravo, anunciou o Evangelho pela Irlanda, doou sua vida a favor do Reino de Deus. Ainda segundo o Bispo, São Patrício explicava
Benigno Naveira
Dom Julio em missa na festa do padroeiro da Paróquia São Patrício, no dia 17
o mistério da Santíssima Trindade de uma maneira muito simples: ele pegava da relva um trevo, que tinha sua tríplice folha unida em uma única haste, e dizia que era um único
Deus Pai, Deus Filho e Deus Espirito Santo. Dom Julio também recordou que o Santo iniciou a prática da confissão auricular no sacramento da Reconciliação.
Dia de festejar o padroeiro do Instituto Catequético Secular São José Benigno Naveira
Dom Fernando José Penteado posa para foto após missa no dia de São José, dia 19
Na tarde do sábado, 19, dia de São José, na sede da Ages Associação Civil Gaudium Et Spes, no Setor Pastoral Leopoldina, os catequistas do Instituto Catequético Secular São José comemoraram o dia do padroeiro, com a realização da missa solene presidida por Dom Fernando José Penteado, bispo emérito de Jacarezinho (PR). O Bispo, na homilia, falou que São
José é um dos santos mais populares da Igreja Católica, tendo sido proclamado “Protetor da Igreja Católica Apostólica Romana”; por seu ofício, “Padroeiro os trabalhadores” e, pela fidelidade a sua esposa, como “Padroeiro das famílias”. Dom Fernando comentou que “São José foi um homem que se guiou pela fé”, foi “um homem justo, um homem de oração, um homem aberto à vontade de Deus”.
Paróquia São José
Angela Santos
No sábado, 19, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu a solene missa de encerramento da festa do padroeiro da Paróquia São José, do Setor Pastoral Pirituba.
Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, presidiu, no dia 20, a celebração de Domingo de Ramos na Paróquia São Tomas More, no Setor Rio Pequeno.
REDAÇÃO
osaopaulo@uol.com.br
Festa da Misericórdia 2016 A igreja matriz da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora (praça Cel. Fernando Prestes, s/nº, no Bom Retiro, próximo ao metrô Tiradentes), sediará em 3 de abril, às 10h, a Festa da Misericórdia, celebrada anualmente no primeiro domingo
após a Páscoa. A celebração da Divina Misericórdia é uma tradição na Polônia. A Paróquia realizada todo primeiro domingo do mês missa em polonês, para atender à comunidade de fiéis poloneses em São Paulo. Saiba mais detalhes em (11) 2387-2597.
64 ANOS DE SACERDÓCIO Os fiéis da Paróquia Senhor Bom Jesus dos Passos, no Setor Pastoral Pinheiros, festejaram no dia 8 os 64 anos de sacerdócio do Padre Vitor Bertoli, pároco, ordenado na mesma data no ano de 1952.
Sé
Reprodução
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Paróquia São Pio X e Santa Luzia
Jeferson Mantello
Anderson Braz
Lúcia Dias
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Entrada messiânica de Jesus é recordada na Paróquia São Francisco de Assis (Lapa)
Fiéis com os ramos na matriz da Paróquia Nossa Senhora Mãe e Rainha (Brasilândia)
Padre Julio Lancellotti em procissão com paroquianos da São Miguel Arcanjo (Belém)
Concentração de fiéis em praça próxima à Paróquia São Pio X e Santa Luzia (Belém)
Páscoa Manifestação extrema da misericórdia de Deus Renata Moraes
Cidinha Panhoca
Ernesto Dias
jornalismorenata@gmail.com
Paroquianos da Paróquia Santa Rita de Cássia pelas ruas do Morro Grande (Brasilândia)
Mil pessoas em procissão nas proximidades do Santuário São Judas Tadeu (Ipiranga)
Centenas de pessoas participaram da Missa do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, no dia 20, na Catedral da Sé, marcando o início da Semana Santa. Reunidos na praça da Sé, no marco zero da Cidade, os fiéis acompanharam a cerimônia de bênção dos Ramos. Em seguida, realizaram procissão passando pela Porta Santa da Catedral, com ramos nas mãos, recordando a entrada messiânica de Jesus em Jerusalém. A missa foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo. O Arcebispo, na homilia, enfatizou que é preciso viver a Semana Santa com intensa participação nas celebrações da Igreja, sobretudo no Sagrado Tríduo da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. “Este para nós é um tempo intenso de
celebração, um grande retiro espiritual, momento para nos aproximarmos mais de Jesus e da graça da misericórdia de Deus”. Ele advertiu a todos sobre o perigo do que denominou “páscoa mundana” em que muito se come e bebe, mas pouco se reza. Em entrevista coletiva concedida na quinta-feira, 17 (leia mais na página 15), Dom Odilo reforçou o especial significado de celebrar a Páscoa em um momento extraordinário na vida da Igreja, que é o Jubileu extraordinário da Misericórdia. “O Ano Santo com o tema da misericórdia nos ajuda a perceber melhor que a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus são a manifestação extrema da misericórdia de Deus e é a extrema obra de misericórdia de Jesus Cristo, Salvador”, disse. Nesta página e na seguinte veja algumas fotos do Domingo de Ramos, outras estão em http://facebook.com/jornalosaopaulo
Paróquia Sagrado Coração de Jesus
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Fiéis da Paróquia Sagrado Coração de Jesus pelas ruas do Parque Vitória (Santana)
Semana Santa Caminho de renovação da vida cristã Fernando Geronazzo
DAwid Carvalho de Souza
Anderson Nunes
Especial para O SÃO PAULO
Paroquianos da Nossa Senhora da Consolação em procissão pelo centro da cidade (Sé)
Padre Luiz Claudio em procissão com fiéis da Paróquia Santo Antonio da Barra Funda (Sé)
Também conhecido como “A Grande Semana”, o período entre o Domingo de Ramos e o Domingo de Páscoa convida os cristãos de todo o mundo a renovarem suas experiências com o mistério salvífico de Jesus Cristo. De acordo com o Padre Luiz Eduardo Baronto, cura da Catedral da Sé e diretor do folheto litúrgico Povo de Deus em São Paulo, o grande caminho espiritual dos cristãos é feito pedagogicamente pelo acompanhamento do ano litúrgico da Igreja, cujo ápice é justamente a celebração da Páscoa. “Porque ali se consuma e se realiza o grande mistério da nossa salvação. Nós fomos salvos graças à oferta que Jesus fez da sua vida na cruz”, explicou. Na quinta-feira, 24, de manhã, acontece a Missa do Crisma, quando são abençoados os óleos usados nos sacramentos do Batismo e Unção dos Enfermos e há a consagração do óleo do Crisma, usado no sacramento da Confirmação, Ordem e na dedicação de igrejas e altares. Essa celebração também reúne o arcebispo com todo o clero para a renovação das promessas sacerdotais.
Paróquia Nossa Senhora Aparecida
Tiffany Rocha
Benigno Naveira
Tríduo Pascal
Paróquia Santo Antônio de Pádua lotada de fiéis na missa com o Padre Antônio Soares (Lapa)
Fiéis da Paróquia Santa Cecília concentram-se em frente ao metrô para procissão (Sé)
Paroquianos da Nossa Senhora Aparecida próximos ao metrô Jardim São Paulo (Santana)
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O ponto alto da Semana Santa é o Tríduo Pascal, que tem início com a Missa da Ceia do Senhor, na noite da Quinta-feira Santa, e é concluído nas vésperas do Domingo da Páscoa com a solene Vigília Pascal. Padre Helmo Cesar Faccioli, auxiliar do cura da Catedral e responsável pelo cerimonial litúrgico do Arcebispo, destacou ao O SÃO PAULO que o Sagrado Tríduo possui uma unidade dentro dos diferentes ritos celebrados ao longo dos três dias. “É um único acontecimento, a Paixão e a Morte com uma grande evidência na Ressurreição”, afirmou. Tal unidade pode ser percebida em detalhes do rito, como, por exemplo, o sinal da cruz feito no início da missa da Quinta-feira e a bênção final sendo invocada somente no encerramento da Vigília Pascal, demonstrando que as três celebrações compõem uma única grande celebração. Na Missa da Ceia do Senhor se celebra a instituição da Eucaristia, que recorda o gesto bíblico de Jesus quando lavou os pés dos discípulos. “Após essa celebração, a comunidade é convidada a permanecer em vigília na presença de Jesus eucarístico”, explicou Padre Helmo. A Sexta-feira Santa tem como ponto alto a ação litúrgica da Paixão do Senhor, geralmente celebrada às 15h. “É quando se proclama a Paixão do Senhor segundo o evangelista São João e se faz as grandes preces (Oração Uni-
versal), nas quais são feitos pedidos por todas as intenções do mundo. É a Igreja, diante da cruz de Cristo, fazendo sua súplica para que seja a concretização da própria redenção”, destacou o Cerimoniário. Outro rito significativo da celebração da Paixão é a adoração da cruz. “É lógico que não adoramos o madeiro, mas o madeiro nos leva a compressão da adoração do mistério da entrega de Cristo para que a humanidade fosse salva e liberta do pecado”, esclareceu Padre Helmo. Nessa celebração, também há o rito de comunhão das espécies eucarísticas consagradas na Missa da Ceia do Senhor, na noite anterior, pois este é o único dia dos anos em que não se celebram missas.
A grande noite
O Sábado Santo é o dia em que a Igreja medita a sepultura do Senhor e se prepara para viver a sua Ressureição. Ao longo desse dia, não se celebram sacramentos. A Vigília Pascal, considerada a “mãe de todas as vigílias”, se realiza de noite, isto é, não se pode iniciar antes do anoitecer do sábado e deve terminar antes do amanhecer do domingo. A celebração começa com a bênção do fogo novo, do qual é acesso o círio pascal, grande vela que simboliza Cristo ressuscitado, entronizado na igreja que permanece com as luzes apagadas, enquanto os fiéis acendem suas velas no círio pascal, iluminando o templo. “No esplendor desta noite que viu ressurgir Jesus do sepulcro, exultemos: Pela vitória da Cruz!”, diz o canto de louvor e proclamação da Páscoa, entoado solenemente no início da celebração. A liturgia da Palavra da Vigília Pascal é constituída de até nove leituras – sete do Antigo Testamento e duas do Novo Testamento, incluindo o Evangelho. Nessa celebração, o “Aleluia”, omitido durante toda a Quaresma, é entoado novamente, anunciando a Ressurreição do Senhor. Em seguida, acontecem os ritos batismais, com a bênção da água batismal e renovação das promessas batismais e batismos e, quando possível, o Batismo de adultos ou crianças. O Domingo da Páscoa é marcado pela celebração da Eucaristia solene. Padre Baronto enfatiza que como todas as celebrações da liturgia católica, a Semana Santa não é uma mera repetição dos mesmos ritos. “Sim, em certo sentido, a celebração se repete todos os anos com os mesmos ritos, mas nós somos diferentes, a história é diferente. Portanto, a Páscoa nos atinge de uma maneira diferente do que nos atingiu no ano passado. Um convite que a liturgia nos faz para experimentarmos a Páscoa e fazermos dela também um caminho de renovação da nossa vida”.
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