O SÃO PAULO - 3095

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 61 | Edição 3095 | 30 de março a 5 de abril de 2016

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Agora a missão é testemunhar ao mundo o Cristo ressuscitado Luciney Martins/O SÃO PAULO

Francisco lamenta atentados e ora pela paz entre as nações No domingo, 27, após a celebração da Páscoa da Ressurreição do Senhor, o Papa Francisco concedeu a bênção “Urbi et Orbi”, no Vaticano. O Pontífice expressou solidariedade às vítimas dos recentes atentados terroristas em um estádio de futebol no Iraque e em um parque no Paquistão. O Papa também mencionou as situações de conflito na Síria e desejou “que a mensagem de vida proclamada pelo anjo junto da pedra rolada do sepulcro, vença a dureza dos corações e promova um encontro fecundo entre povos e culturas”. Páginas 8 e 9

Ao comemorar 70 anos, PUC-SP alcança balanço financeiro positivo Para contribuir com a sociedade, por meio da formação universitária orientada pelos princípios da Doutrina Católica, a PUC-SP foi fundada em 1946. No dia 22, com uma cerimônia no campus Perdizes e uma missa presidida pelo Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano e grão-chanceler da Pontifícia Universidade, as comemorações dos 70 anos foram iniciadas, já com a boa notícia de que em 2015, pela primeira vez desde a década de 1980, a Fundação São Paulo, mantenedora da PUC-SP, apresentou balanço financeiro positivo. Página 14

Durante Vigília Pascal na Catedral, Cardeal Scherer confere os sacramentos da iniciação à vida cristã a 12 adultos acolhidos pela Missão Belém

Em comunhão com toda a Igreja, os católicos na Arquidiocese de São Paulo vivenciaram o Tríduo Pascal e a Páscoa da Ressurreição do Senhor. Foram momentos de confirmação da fé e de aprender com Cristo que todos são chamados para servir, que devem testemunhar a verdade e honrar a dignidade recebida no Batismo, ajudando “nossos irmãos

Padre libanês fala do martírio de cristãos no Oriente Médio Página 15

CFE 2016 é destacada em evento na Câmara dos Deputados

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a também viverem a alegria da fé, da participação na família de Deus e a missão de testemunhar Jesus Cristo vivo e ressuscitado no meio do mundo”, como afirmou o Cardeal Scherer, na celebração da Vigília Pascal na Catedral da Sé, no sábado, 26. Páginas 10 a 13 e 18 a 21

Educadora enfatiza o papel das famílias no combate à corrupção Página 6

Em missão, seminaristas vivenciam a fé na Ilha de Marajó

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Arquidiocese de Belém se prepara para Congresso Eucarístico Página 22

Taekwondo do Brasil terá seleção renovada nos Jogos Rio 2016

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Dom Odilo Scherer: Páscoa com mártires no Ano Santo da Misericórdia Em seu artigo semanal no O SÃO PAULO, o Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, comenta que a Páscoa no Ano Santo extraordinário da Misericórdia é ocasião para recordar o amor de Deus pela humanidade. Ele lamenta, porém, que neste ano, esta tenha sido marcada por atentados em vários países, nos quais “numerosos mártires cristãos deram sua vida, nesta Páscoa, em testemunho de Cristo ressuscitado e glorificado, esperança de vida para todos”. O Arcebispo de São Paulo aponta que “o sangue dos mártires testemunha a fé em Cristo crucificado e ressuscitado. É preciso lembrar que a última palavra não pertence ao ódio e à violência, mas ao perdão e à misericórdia”. Página 3


2 | Ponto de Vista |

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Editorial

Eis que faço novas todas as coisas

O

desejo de novidade é fundamental para o ser humano. Basta ver como as crianças de qualquer cultura ficam fascinadas diante de algo novo e belo. Em nossa sociedade, onde as pessoas são massacradas por um cotidiano repetitivo, monótono e frequentemente sem sentido, esse desejo é mais vivo, mas acaba sendo desvirtuado pelo consumismo e pelo escapismo. Não é mais a novidade cheia de sentido e beleza que nos fortalece na caminhada, que ajuda a enfrentar as dificuldades, mas sim a novidade efêmera e vazia, que serve como fuga e alienação da realidade. Em tempos de crise, como os atuais, essa necessidade parece

ainda maior. Quantas vezes ligamos a TV ou abrimos o jornal procurando qualquer coisa que não seja uma deprimente notícia da política ou da economia! Mas, quando vemos alguma coisa assim, seja um capítulo de novela, o “voyeurismo” dos reality-shows ou a partida de futebol em que nosso time goleou, percebemos que a novidade dura apenas o instante fugaz em que a vimos, para nos abandonar logo em seguida na mesmice de sempre. Paradoxalmente, a novidade pela qual ansiamos pode ser fuga ou encontro. Somente a novidade que acontece como encontro pode saciar nosso coração, criar um fascínio tão brilhante que ilumine toda a realidade. Essa novidade

brilhante nos mostra que a vida está repleta de acontecimentos que se apresentam a nós como pequenos espelhos: podem parecer opacos e até tristes, mas ao refletir a luz da novidade, se mostram brilhantes e cheios de beleza. Essa novidade, capaz de mudar nossa vida, é o encontro com a pessoa amada. Quem quer que já tenha feito a experiência de um grande amor sabe que ele acontece sempre de forma imprevista. Não há como prever ou planejar e, mesmo quando estamos procurando o amor, nos surpreendemos ao encontrálo. E a partir dele, tudo se renova, os gestos cotidianos ganham novo sentido e um novo horizonte. Nossa sociedade parece se esforçar para tornar cada vez mais difícil

encontrar um amor assim. Porém, ele acontece sempre como gratuidade, dom imerecido, que nos fragiliza e nos fortalece ao mesmo tempo. E a cultura de hoje imagina o amor como posse, conquista, satisfação planejada e egocêntrica. “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5). O Cristianismo nasceu e cresceu no mundo como encontro com Aquele capaz desse amor sempre novo e sempre capaz de renovar todas as coisas. Em tempos de crise, como os atuais, temos ainda mais necessidade de redescobrir essa novidade verdadeira, de fazer do amor de Deus critério de juízo e discernimento – para que seja a alegria do Evangelho e não a tristeza do mundo a orientar nossa vida.

Opinião

‘Avança mais para o fundo’ (Lc 5,4) Arte: Sergio Ricciuto Conte

José Ulisses Leva Na Edição 3091 do O SÃO PAULO (2 a 8 de março de 2016), na seção “Encontro com o Pastor”, Dom Odilo Pedro Scherer perguntou: “Que tal um sínodo arquidiocesano?”. O Cardeal explica: “Por qual motivo deveríamos pensar um sínodo arquidiocesano em São Paulo? Refletindo sobre a realidade da nossa Arquidiocese, suas estruturas pastorais, com as regiões, vicariatos episcopais e setores pastorais, sobre a coordenação pastoral no seu conjunto e os diversos organismos de animação pastoral [...] não teria chegado o momento de uma grande avaliação e, quem sabe, para novas opções, organizações e práticas na evangelização e na animação pastoral? [...] Que tal refletirmos juntos sobre a proposta da realização de um sínodo arquidiocesano? Ainda não se trata de uma decisão tomada; antes de uma decisão, desejo ouvir a Arquidiocese a esse respeito”. Como lembra Dom Odilo, em São Paulo já houve um sínodo diocesano, realizado por Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, bispo da então Diocese de São Paulo entre 1873 a 1894. Em 1888, ele realizou o sínodo diocesano, apresentando as resoluções dos Concílios Ecumênicos de Trento (15451563) e do Vaticano I (1869-1870). As diretrizes do Sínodo delineavam a dinâmica da vida eclesial em São Paulo e a visibilidade da Igreja Una, Santa, Cató-

lica e Apostólica na diocese paulista. Apesar da vastíssima Diocese, que abrangia à época São Paulo, Paraná e parte de Minas Gerais, o pastoreio de Dom Lino foi muito rico para a Igreja em São Paulo. Preocupou-se com as vocações sacerdotais, realizou muitas visitas pastorais, erigiu paróquias e santuários, tal como o do Senhor Bom Jesus de Monte Alto, escreveu 21 cartas pastorais. Teve postura firme e decidida para orientar e conduzir a Igreja diocesa-

na, abraçou os quantos ajudavam no crescimento espiritual da Diocese. O Sínodo Diocesano buscou orientar as diretrizes para a São Paulo do século XIX e, mesmo não tendo sido publicado, seu pulsar foi marcante. A Diocese de São Paulo aproximouse mais com a Igreja de Cristo Jesus presente em Roma, quer na catolicidade quanto na unicidade. A Igreja no Brasil não se habituou a sínodos, diferentemente da América espanhola. Em 12 de junho

de 1707, na Solenidade de Pentecostes, ocorreu na Bahia o Primeiro Sínodo, realizado por Dom Sebastião Monteiro da Vide, para traçar metas pastorais, resultando nas Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia. Em São Paulo, o Sínodo Diocesano de 1888 teve a finalidade estabelecer a disciplina da Santa Igreja. Em 1890, o episcopado brasileiro reuniu-se em São Paulo para encontrar orientações pastorais após o advento da Proclamação da República. Sentindo sempre com a Igreja, impulsionado pelo Espírito Santo e orientado pelos documentos conciliares do Vaticano II, Dom Odilo continuou no seu artigo: “O sínodo está presente na vida das Igrejas particulares, ou dioceses [...] conforme revela o próprio significado do conceito, o ‘sínodo’ é um caminho feito em comum, feito juntos, na mesma direção. Nada mais próprio da Igreja de Cristo, que é sempre orientada por essa intenção fundamental da unidade, da comunhão e da corresponsabilidade”. Seja, pois, uma proposta o Sínodo Arquidiocesano como convocação, participação, discernimento, letra e espírito vivos. “Sê pastor das minhas ovelhas” (Jo 21,16). José Ulisses Leva é padre secular e professor de História da Igreja da PUC-SP, defendeu tese de doutorado junto à Pontifícia Universidade Gregoriana com o título “O clero secular italiano na reforma da Diocese de São Paulo no Episcopado de Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho (1876-1894)”.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Renata Moraes • Institucional: Rafael Alberto e Fernando Geronazzo • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Maria Aparecida Ferreira • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


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Arcebispo metropolitano de São Paulo

P

áscoa no Ano Santo da Misericórdia, uma ocasião especialíssima para recordar e anunciar a todo mundo que Deus “tanto amou o mundo, que lhe entregou seu Filho único, para que não morra para sempre todo aquele que nele crer, mas tenha a vida eterna” (cf. Jo 3, 16-17). Jesus Cristo crucificado estendeu seu amor e perdão a todos, mesmo àqueles que o condenavam à morte e pregavam na cruz: “Pai, perdoai-lhes, não sabem o que fazem” (cf. Lc 23,34). A Páscoa traz alegria e o renascer da esperança para os desiludidos e desanimados; a paz e um caminho luminoso para quem se deixa encontrar pelo Ressuscitado, que deseja estar ao nosso lado e caminhar em nossa companhia pelas estradas da vida, “aquecendo nossos corações pelo caminho” (cf. Lc 24,32). Após a ressurreição, Jesus não reuniu as suas “tropas” para combater os inimigos ou para se vingar daqueles que o prenderam, torturaram e condenaram à morte injusta. Sua saudação é de paz para todos: “a paz esteja com vocês!” (cf. Jo 20, 19-21). E mandou dar o perdão a todos os que o aceitarem (cf. Jo 20,23). Infelizmente, a celebração da Páscoa deste ano não foi tão pacífica e serena pelo mundo afora e aqui mesmo no Brasil.

Atentados em vários países, com muitas mortes, mancharam de sangue inocente mais uma vez a celebração da Paixão de Cristo; numerosos mártires cristãos deram sua vida, também nesta Páscoa, em testemunho de Cristo ressuscitado e glorificado, esperança de vida para todos. Causou especial impacto o terrível ataque com bomba num parque cheio de gente em Lahore, no Paquistão, onde um grupo de cristãos festejava a Páscoa. Um “homem-bomba” se explodiu no meio da multidão. Naquele País, os cristãos e católicos são uma minoria perseguida pelos grupos islâmicos radicais; diversos já foram os ataques nos anos recentes, com grande número de mortos e destruição de igrejas. Também dessa vez, ao assumir a responsabilidade do ataque, o grupo favorável aos talibãs afirmou que o objetivo era a minoria cristã do País. O ataque matou ao menos 72 pessoas e feriu outras 352; vários feridos estão em estado grave. Dos mortos, dez são cristãos e os demais são muçulmanos. As crianças mortas são 18. A cidade de Lahore está no foco da guerra civil contra os talibãs, sendo um reduto político do atual chefe de governo do Paquistão. O Papa Francisco, na sua mensagem e bênção de Páscoa “urbi et orbi”, solidarizou-se com o povo paquistanês e rezou pelas vítimas e as famílias atingidas; qualificou o ataque como uma tragédia horrível, que lança uma sombra de tris-

teza e de angústia sobre a festa da Páscoa. “Mais uma vez, o ódio homicida se lança de maneira vil contra as pessoas mais indefesas”. Ao mesmo tempo, Francisco desejou que o Senhor crucificado por nós e ressuscitado continue a nos dar a coragem e a esperança necessárias para construir caminhos de compaixão, de solidariedade com os que sofrem, de diálogo, de justiça, de reconciliação e de paz. Vários outros atentados aconteceram recentemente, visando cristãos em vários países. Há poucas semanas, quatro religiosas Missionárias da Caridade, da Beata Teresa de Calcutá, foram assassinadas por um extremista islâmico no Iêmen, onde prestavam serviços de assistência aos mais pobres dentre os pobres, num contexto todo muçulmano. O Padre Thomas Uzunnalil, salesiano da Índia, que as assistia, foi sequestrado e também está ameaçado de morte. O sangue dos mártires testemunha a fé em Cristo crucificado e ressuscitado. É preciso lembrar que a última palavra não pertence ao ódio e à violência, mas ao perdão e à misericórdia. Os fatos de violência cega e irracional deveriam ser um alerta também para nós, aqui no Brasil: o incitamento ao ódio, ao preconceito e à discriminação pode levar a atos violentos e insanos. A grave responsabilidade de tais atos não é só dos seus autores, mas também daqueles que incitam ao ódio e à violência.

Saudações de Páscoa a Dom Paulo Arquivo pesssoal

No sábado, 26, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, na companhia do Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, visitou o Cardeal Paulo Evaristo Arns, também arcebispo emérito, para saudá-lo por ocasião da Páscoa da Ressurreição do Senhor.

Sexta-feira Santa em programas de rádio Rádio 9 de Julho

Na manhã da Sexta-feira Santa, 25, o Cardeal Scherer participou das programações especiais das rádios 9 de Julho, da Arquidiocese de São Paulo, e Jovem Pan, nas quais falou sobre a celebração da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus e também comentou sobre temas atuais da cidade e do País.

Celebração de Páscoa no Emílio Ribas Pastoral da Saúde

Na segunda-feira, 28, o Cardeal Scherer presidiu a missa de Páscoa no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, concelebrada pelo Padre João Inácio Mildner, capelão, com a participação de funcionários, pacientes e seus familiares.

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cardeal odilo pedro scherer

Páscoa, com sangue de mártires

| Encontro com o Pastor | 3

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4 | Fé e Vida |

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Liturgia e Vida

Você Pergunta

2º DOMINGO DA PÁSCOA 3 DE ABRIL DE 2016

A eterna misericórdia ANA FLORA ANDERSON Neste tempo pascal, refletimos sobre as graças que recebemos pela Ressurreição de Jesus. A primeira leitura (Atos dos Apóstolos 5, 12-16) mostra que o Povo de Deus se reúne pela fé na Ressurreição de Jesus Cristo, que é a fonte de seu testemunho e missão, e enfrenta as forças da morte na sociedade. O testemunho do Povo de Deus é luta constante e renovada contra o poder da morte que destrói a vida e a esperança de todo um povo nas suas diversas camadas sociais. A segunda leitura (Apocalipse 1, 9-13.17-19) é a revelação do Ressuscitado, que vive e está presente na vida das igrejas. Ele afirma constantemente: “Eu estive morto, mas agora estou vivo para sempre! Eu tenho a chave da morte e da região da morte”. O Ressuscitado se faz presente para suscitar a força transformadora da esperança nas situações mais difíceis da vida de um povo sofredor. O Evangelho de São João (20, 18-31) mostra a manifestação do Ressuscitado na comunidade dos discípulos como fonte de paz e de vida nova. Essa presença do Ressuscitado é a fonte do Espírito de Deus, que é poder de vida e de paz para toda a sociedade que experimenta os poderes da morte.

Orar em pecado é orar pela própria condenação? padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br

A Letícia não me disse seu sobrenome. Ela mora no Distrito Federal. Notem a pergunta que ela me faz: “Padre, ouvi por aí boatos que quando uma certa pessoa reza o Rosário com atenção, devoção e estando em estado de graça, a oração é recebida como forma de purificação, mas quando é rezada por uma pessoa que está em pecado, ela está orando pela própria condenação. É verdade?” Letícia de Deus! Nós precisamos urgentemente nos libertar da religião do medo. A nossa religião católica, que tanto amamos, é a religião que anuncia um Deus amoroso, um Deus que não desiste de ninguém, um Deus que gosta de perdoar.

Um Deus cheio de misericórdia. Só uma cabeça confusa pode imaginar que um pecador que ora, ora pela sua própria condenação. Eu diria assim, porque está mais de acordo com a infinita misericórdia de Deus: Uma pessoa que busca uma vida de santidade e ora, não importando se essa oração é litúrgica, é o Terço, é uma devoção, essa oração vai mantê-la no caminho da santidade, se já está nesse caminho. E se uma pessoa com a consciência do seu pecado ou não, ora, conversa com Deus, desfia as contas do Rosário, ela não está longe da salvação, porque Deus se aproxima dela, porque Deus abre os braços misericordiosos para ela. O que foi que Nossa Senhora de Fátima nos recomendou rezar depois de cada mistério do Terço? “Ó bom

Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, e socorrei aqueles que mais precisarem...” e o povão de Deus acrescentou sabiamente: “da vossa misericórdia. Amém”. Letícia, sejamos filhos e filhas desse Deus de amor, sejamos discípulos de Jesus, Deus conosco, deixemo-nos guiar pelo Espírito Santo, Deus-amor derramado sobre nós, e olhemos com bondade para os pecadores. Que bom se todos os pecadores, e no grupo deles nos incluímos todos, sentirem saudades de Deus e orarem. Haverá alegria no céu, como o pastor que faz festa pela ovelha perdida que foi encontrada. E coloque no seu coração, Letícia, que Deus não quer a morte do pecador, mas que ele se converta e viva!

Atos da Cúria NOMEAÇÃO DE CAPELÃO Em 21 de março de 2016, foi nomeado Capelão da comunidade de fiéis da Capela do Hospital Sírio Libanês, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Santa Cecília, o Revmo. Pe. Fernando da Silva Moreira. A nomeação é retroativa a 27 de fevereiro de 2016 e tem validade de 1 (um) ano. NOMEAÇÃO DE DIÁCONO COMO ASSISTENTE PASTORAL Em 9 de março de 2016, foi nomeado Assistente Pastoral na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Bom Retiro, o Diácono José Paulino de Godoy Jú-

nior, SDB, pelo período de 1 (um) ano. Em 8 de março de 2016, foi nomeado Assistente Pastoral na Paróquia São Francisco de Assis, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Catedral, o Diácono Frei Edvaldo Batista Soares, OFM, pelo período de 1 (um) ano. RETIFICAÇÃO – NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE DIÁCONO PERMANENTE Na página 4 da edição 3093 do O SÃO PAULO foi informada a nomeação como Assistente Pastoral para a Paróquia Santa Rosa de Lima, na Região Episcopal Sant´Ana, do Diácono Permanente José Jindarley dos Santos, pelo período de 3 (três) anos. Na publicação, o nome “Jindarley” foi grafado erroneamente como “Jindarlei”.

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| Fé e Vida | 5

Espiritualidade

Fé e Cidadania

Queremos ver Jesus...

Microcefalia e solidariedade

Dom Devair Araújo da Fonseca

A

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia e vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação

ntes da Páscoa, alguns gregos se aproximaram de Felipe para fazerem um pedido: eles queriam ver Jesus. A Páscoa era uma festa, mas também uma ocasião perigosa, porque judeus e prosélitos de todas as partes se reuniam para lembrar a libertação do Egito, e com isso traziam de volta o desejo de libertação contra todo tipo de dominação. No tempo de Jesus, os dominadores eram os romanos. Por isso, durante a festa da Páscoa, a guarda romana era sempre reforçada em Jerusalém. Diante de uma situação tão complexa e tão delicada, fica fácil compreender que qualquer anúncio messiânico seria recebido como provocação e poderia desencadear uma revolta popular. Mas o anúncio de Jesus segue justamente um princípio contrário a esse. Ele não convoca uma revolta e nem mesmo exalta os ânimos. Sua palavra não era revolucionária, segundo os ideais políticos de seu tempo, mas era, antes, um convite à conversão e a renúncia de si mesmo. Jesus prefere um movimento de

transformação silenciosa, sem a grita- que ela supôs ser um jardineiro, que a leria das ruas e sem as posições acirra- vasse ao corpo de Jesus. A Ressurreição das das ideologias político-religiosas, revela definitivamente aquele que todos como a dos zelotas, dos fariseus ou procuravam. Jesus é a resposta para a bussaduceus. Nesse movimento não se ca dos gregos, e Ele não está entre os morlevantam bandeiras, mas Jesus é levan- tos, como pensava Maria. tado na cruz, conforme suas palavras: A Ressurreição é a chave para o “Quando eu for levantado atrairei to- encontro com Jesus, e para responder dos a mim” (Jo 12,32). nossas perguntas. Com a Ressurreição, O conhecimento de Jesus não se o projeto de Deus atinge sua plenitude. resume a um encontro casual, e nem Nele, toda a criação conhece sua reasua palavra pode ser comparada a um lidade mais profunda: “Na realidade, sistema de ideias. A quem procuravam o mistério do homem só se esclarece os gregos de ontem, e a quem buscam os ho- Ele não convoca uma revolta mens de hoje? Jesus atraía por suas e nem mesmo exalta os palavras, por seus ensi- ânimos. Sua palavra não era namentos e pelos gestos revolucionária, segundo os salvíficos. Em sua ação, tudo apontava para o ideais políticos de seu tempo, projeto do Pai, mesmo mas era, antes, um convite a morte de cruz. Por isso, levar as pessoas de à conversão e a renúncia ontem ou de hoje ao de si mesmo encontro de Jesus é também levá-las ao encontro do Pai. Jesus é verdadeiramente no mistério do Verbo o caminho para o Pai, mas aqui cabem Encarnado. Adão, o primeiro homem, outras perguntas: Como a morte pode era efetivamente figura do futuro, isto é, revelar o amor de Deus? A morte não é de Cristo Senhor. Cristo, novo Adão, na o fim de tudo? Ela não é o silêncio defi- própria revelação do mistério do Pai e nitivo que foi imposto a Jesus? do seu amor, revela o homem a si mesO silêncio imposto pela morte de Jesus mo e descobre-lhe a sua vocação sublifoi quebrado quando a pedra foi removi- me” (Gaudium et spes, 22). Portanto, da do túmulo. As mulheres que foram ao conhecer Jesus, conhecer o Ressuscitatúmulo também queriam ver Jesus. Assim do, é definitivamente conhecer a finalicomo os gregos pediram a Felipe que os dade última do homem, “ontem, hoje e levassem a Jesus, Maria pediu ao homem, sempre” (Hb 13,8).

Padre Sancley Lopes Gondim “Famílias reúnem doações para ajudar mães de bebês com microcefalia. Site conecta pessoas que precisam com as que querem ajudar; paulistana pediu donativos em chá de bebê” (Folha de S.Paulo, 28/02/2016, B12). Desde que surgiram histórias como a de Mariane, quando grávida de oito meses descobriu que seu bebê tinha microcefalia, Clara Vieira resolveu usar a tecnologia para conectar quem precisa de ajuda e quem tem vontade de ajudar por meio do site “Cabeça e Coração”. “Amor os bebês têm, o que falta são meios materiais e uma boa infraestrutura, médicos e hospitais. Não conseguimos mudar tudo de um dia para o outro, mas dá pra fazer pequenas coisas”. Eis uma bela lição de solidariedade. “Solidariedade, do latim, Solidus, significa estabilidade, segurança. O substantivo evoca a ideia de participação. Atitude pela qual participamos emocionalmente do infortúnio de outrem. Juridicamente, solidária é a condição de sócios de um negócio responsáveis ‘in totum’, pelas perdas eventuais. No solidarismo comunitário, o termo tem uma significação moral: é a condição concreta de duas ou mais pessoas, das quais cada uma só se realiza precisamente à medida que empenha o seu ser e haver na promoção do outro, ou dos outros. O princípio da solidariedade é um dos mais básicos da Doutrina Social da Igreja (DSI). Segundo ele, o desenvolvimento integral do homem todo só é possível mediante o desenvolvimento solidário da humanidade” (Ávila, Pequena Enciclopédia de DSI, p. 411). A Congregação para a Doutrina da Fé declarou que “o mandamento supremo do amor conduz ao pleno conhecimento da dignidade de cada homem, criado à imagem de Deus. Dessa dignidade decorrem direitos e deveres naturais”. Em virtude da solidariedade, o ser humano “deve contribuir, com seus semelhantes, para o bem comum da sociedade, em todos os seus níveis” (Instrução Liberdade e Libertação, 73). São João Paulo II afirmou que “a solidariedade de todos é a verdadeira revolução do amor” (L’Osservatore Romano, 25/11/1990, p.7). “Para superar a mentalidade individualista hoje difundida, requer-se um concreto empenho da solidariedade” (Centesimus Annus, 49). “Todos os cristãos são chamados a cuidar dos mais frágeis. Mas, no modelo “do êxito” e “individualista” em vigor, parece que não faz sentido investir para que os lentos, fracos ou menos dotados possam também singrar na vida... Embora aparentemente não nos traga benefícios tangíveis e imediatos, é indispensável prestar atenção e debruçar-nos sobre as novas formas de pobreza e fragilidade, nas quais somos chamados a reconhecer Cristo sofredor... Entre esses seres frágeis, de que a Igreja quer cuidar com predileção, estão também os nascituros, os mais inermes e inocentes de todos, a quem hoje se quer negar a dignidade humana (Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 209-213).


6 | Viver Bem |

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Comportamento

Onde nascem os corruptos Simone Fuzaro Diante dos últimos acontecimentos políticos em nosso País, impossível não questionarmos: de onde vem tamanha corrupção e ganância? Como surgem tantas mentiras e falsos valores? Refletir sobre essa questão em primeira pessoa é fundamental para podermos iniciar um processo necessário de mudança social – de que modo “eu” posso estar contribuindo com tamanha corrupção? Sabemos que a corrupção não surge como uma produção espontânea de um povo num determinado tempo, sem raízes e sem precedentes. Existem componentes históricos que justificam essa realidade, porém, não podemos ser vítimas da história, está em nossas mãos escrevê-la daqui para frente. Corrupto, em sua origem latina, significa - quebrado em pedaços. Podemos dizer, partido, dúbio. Como antônimo de corrupto encontramos - transparente, ou seja: claro, verdadeiro. Nós, seres humanos, tendemos naturalmente a busca de prazer e conforto e, se não formos educados com valores sólidos, somos capazes de muitos desatinos sem sequer percebermos a dimensão das consequências. Sempre que buscamos de modo egoísta nosso conforto e nossos interesses (ou de nossa família) em detrimento do bem comum, quando criamos nossos filhos para conseguirem o que desejam sempre e rapidamente, para não serem frustrados, estamos “fazendo nossa parte” e contribuindo para uma sociedade onde o que vale é o que me convém e

não o que é melhor para todos. da primeira, e essa é fruto de Em cada “serzinho”, por me- uma educação familiar assennor que seja, em que estejamos tada em valores sólidos que são plantando essa informação, esta- transmitidos por vivências e mos deixando a semente do ego- exemplos cotidianos, muito mais ísmo e da corrupção. Diz Mário do que por palavras. É preciso Sérgio Cortella, filósofo e edu- educarmos a vontade de nossos cador, que se a criança aprende pequenos, ajudá-los no árduo que seu desejo é um direito, fun- processo de adquirir virtudes e ciona socialmente assim: “se eu de descobrir quanta alegria exisquero, tenho que ter, e se eu não te num convívio virtuoso, quanconsigo, eu tomo; se não puder, to prazer podemos encontrar ao eu roubo; e se não der, eu cor- percebermos que nossas atiturompo”. des contribuem para que muiO Ministério Público de tos estejam bem. Generosidade, Goiás, numa campanha inti- honestidade, sinceridade, labotulada “O que você tem a ver riosidade, virtudes que, quando com a corrupção?”, alerta que plantadas no coração dos pe“apenas com a formação de ci- quenos, certamente darão frutos dadãos conscientes, comprometidos com a ética, a Sabemos que a corrupção moral, a cidada- não surge como uma nia e a honesti- produção espontânea de dade, poderemos um povo num determinado construir uma sociedade livre tempo, sem raízes e sem da corrupção”. A precedentes. Existem campanha apon- componentes históricos que ta para a educa- justificam essa realidade, ção ética e moral da sociedade porém, não podemos ser como único meio vítimas da história, está em de transformar a nossas mãos escrevê-la realidade atual e daqui para frente propõe uma formação de consciência dos cidadãos a partir de de integridade e transparência. três tipos de responsabilidades Não nos esqueçamos: os corbaseadas nas ideias da filósofa ruptos nascem em famílias. É Hannah Arendt: a responsa- de cada um o compromisso de bilidade para com os próprios mudar essa realidade de corrupatos - individual; a responsa- ção que vivemos. Toda atenção é bilidade para com os atos de necessária para não nos contaterceiros - social ou coletiva; e minarmos com as ideias de praa responsabilidade para com as zer e conforto em que estamos gerações futuras a partir de um imersos todos os dias. agir consciente. Simone Ribeiro Cabral Fuzaro Para mim, todas as outras é Fonoaudióloga e Educadora e mantém o blog http://educandonacao.com.br. responsabilidades se originam

Cuidar da Saúde

Surto de H1N1 Cássia Regina O vírus H1N1 é o causador de um importante tipo de gripe que voltou mais cedo este ano. Na verdade, ele sempre esteve ai, mas como nós relaxamos e não nos protegemos, ele se dissemina e volta a nos atacar. E pior: ele sempre sofre mutação e volta diferente. Os sintomas da gripe comum e os sintomas da gripe causada pelo vírus H1N1

são exatamente os mesmos. Por isso, para tirar a dúvida e evitar complicações maiores, é preciso procurar um médico para que ele faça o diagnóstico e indique o tratamento correto, que é feito gratuitamente nos postos de saúde. A campanha de vacinação será em abril, quando idosos, crianças de 6 meses a 4 anos de idade, gestantes, puérperas, profissionais da saúde e portadores de doenças crônicas

deverão ser vacinados, mesmo que seu calendário vacinal esteja atualizado. De todo modo, é importante, desde já, começar a se proteger, lavando as mãos várias vezes ao dia, usando álcool em gel, evitando aglomerações, lugares onde haja muitas pessoas, não compartilhando utensílios, nem copo. Previna-se. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com


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| Pelo Brasil | 7 Edcarlos Bispo

Destaques das Agências Nacionais

edbsant@gmail.com

CFE é tema de Comissão Geral na Câmara dos Deputados Gustavo Lima/Câmara dos Deputados

O bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner (foto), participou, no dia 23, de uma Comissão Geral da Câmara dos Deputados que abordou a temática da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016, “Casa comum, nossa responsabilidade”. No evento, Dom Leonardo falou da necessidade da educação sobre o saneamento básico. “Se não nos educarmos para o saneamento básico, inutilmente faremos cobrança. Sabemos das necessidades da fiscalização, mas creio que é fundamental a prática educativa”, observou. A secretária-executiva do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), pastora Romi Márcia Bencke, defendeu a mudança do estilo

de vida das pessoas como principal ação de cuidado com a questão do saneamento. “Trata-se de um tema invisibilizado e não angaria votos. Ele tem a ver tanto com a política pública quanto com o estilo de vida das pessoas. Se não mudarmos o estilo de vida consumista, estaremos destruindo nosso meio ambiente”, afirmou. Na reunião, os parlamentares questionaram a situação de uma parcela da população que não tem acesso à água potável e outros itens do saneamento básico, além da falta de investimento governamental, a relação com problemas de saúde e o envolvimento de seus pares com o tema durante as votações da casa. Fonte: CNBB e Agência Câmara de Notícias

54ª Assembleia Geral da CNBB abordará missão dos leigos A 54ª Assembleia Geral da CNBB acontecerá de 6 a 15 de abril, no Centro de Eventos Padre Vítor Coelho de Almeida, em Aparecida (SP). Este ano, o tema

central será “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade – Sal da Terra e Luz no Mundo”. Entre os assuntos prioritários pre-

vistos estão a “Liturgia na Vida da Igreja”, reflexões sobre a 14ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, a conjuntura político-social, a mensa-

gem “Pensando o Brasil: crises e superações” e as mudanças do quadro religioso no País. Fonte: CNBB

Inaugurado Museu de Cera Nossa Senhora Aparecida O Santuário Nacional de Aparecida, em uma parceria com a empresa Rex Turismo, inaugurou no dia 22, o Museu de Cera Nossa Senhora Aparecida. A cerimônia de inauguração contou com a presença de autoridades civis, militares, eclesiásticas e convidados ho-

menageados nas estátuas de cera. Com a bênção do local e descerramento da placa, o Cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida, cortou a fita de inauguração. Após a cerimônia, os convidados puderam conhecer as 61 estátuas com figuras de papas, bispos,

padres, personalidades e políticos que colaboraram durante toda a história na consolidação da devoção a Nossa Senhora Aparecida. O Museu de Cera Nossa Senhora Aparecida funciona de segunda à sextafeira, das 9h às 18h; aos sábados, das 7h

às 19h, e domingos e feriados, das 7h às 18h. O valor da entrada é R$ 24,00 e o visitante não tem limite de tempo para permanecer no local. Haverá desconto de 50% para idosos, estudantes, e portadores de necessidades especiais. Fonte: A12

PMDB oficializa Polícia cumpre mandados de prisão contra rompimento com acusados de fraudes na merenda em SP governo Dilma A Polícia Civil cumpriu, na manhã dual Leonel Júlio, que chegou a ser são suspeitos de participar de um esO Diretório Nacional do PMDB decidiu na terça-feira, 29, por aclamação, romper oficialmente com o governo da presidente Dilma Rousseff. Na reunião, a cúpula peemedebista também determinou que os seis ministros do Partido e os filiados que ocupam outros postos no Executivo federal entreguem seus cargos. O vice-presidente da República e presidente nacional do Partido, Michel Temer, não participou da reunião que oficializou a ruptura com o governo. O encontro partidário foi realizado em um dos plenários de comissões da Câmara dos Deputados. Comandada pelo primeiro vice-presidente do PMDB, senador Romero Jucá (PMDB-RR), a reunião durou menos de cinco minutos. Após consultar simbolicamente os integrantes do Partido, Jucá decretou o resultado da votação. “A partir de hoje, nessa reunião histórica para o PMDB, o PMDB se retira da base do governo da presidente Dilma Rousseff e ninguém no País está autorizado a exercer qualquer cargo federal em nome do PMDB”, enfatizou. Fonte: G1

da terça-feira, 29, sete mandados de prisão e 11 de busca e apreensão, na segunda fase da operação Alba Branca, em São Paulo. Os alvos das ações

Luciney Martins/O SÃO PAULO

quema de fraudes nos contratos para fornecimento de merenda para escolas da rede pública de ensino. Entre os presos, está o ex-deputado esta-

presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo na década de 1970. Fonte: EBC

Padre da Arquidiocese de São Paulo é nomeado secretário-executivo do Regional Sul 1 da CNBB Foi divulgada, na terça-feira, 29, a nomeação do novo secretário-executivo do Regional Sul 1 da CNBB (São Paulo). Quem assume o cargo é Padre João Carlos Deschamps de Almeida (foto), da Arquidiocese de São Paulo. Ele substitui o Padre Nelson Rosselli Filho, que assumiu a função de assessor das Campanhas da Fraternidade e

da Evangelização na CNBB, em Brasília. O bispo auxiliar de São Paulo e secretário-geral do Regional, Dom Julio Endi Akamine, deu posse ao novo secretárioexecutivo durante a celebração eucarística, celebrada na sede do episcopado paulista. Fonte: Regional Sul 1 da CNBB

Edital de Convocação de Assembleia-Geral Extraordinária do Instituto Brasileiro de Comunicação Cristã - INBRAC Dom Orani João Tempesta, Presidente do Instituto Brasileiro de Comunicação Cristã - INBRAC, com fundamento no artigo 9º caput e inciso II; bem como nos artigos 10 a 15 do respectivo Estatuto Social, convoca os membros fundadores e os membros do CONSUP para a reunião da Assembleia Geral Extraordinária do Instituto, a se realizar no dia 18 de abril de 2016, na sala de reuniões da sede social, na Rua Traipu nº 273, à 9:00h, em primeira convocação e, às 9:30h, em segunda, para

discutir e deliberar sobre os seguintes assuntos: 1. Reforma dos Estatutos do INBRAC, com base no projeto apresentado pelo CONSUP; 2. Decisão sobre requerimentos de renúncia, formulados por membros da Diretoria. São Paulo, 29 de março de 2016


8 | Pelo Mundo |

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Destaques das Agências Internacionais

Filipe David

Correspondente do O SÃO PAULO na Europa

Paquistão

Atentado contra famílias cristãs no Domingo de Páscoa mata mais de 70 Xinhua

Parque em Lahore, no Paquistão, é palco de atentado terrorista de facção ligada ao grupo Talibã, no domingo, dia 27

Um homem-bomba se explodiu na entrada de um parque em que diversas famílias cristãs celebravam a Páscoa. O ataque deixou mais de 70 pessoas mortas, incluindo 29 crianças, e 340 feridos. Uma facção islamista ligada aos talibãs reivindicou o atentado. O ataque ocorreu em Lahore, capital da província de Pendjab, no leste do País. A explosão ocorreu no momento em que muitas famílias deixavam o local, após terem almoçado no Domingo de Páscoa: “o homem-bomba conseguiu entrar no parque e se explodir bem perto de onde as crianças bricam na balança. Por isso, a maior parte das vítimas são crianças e mulheres”, explicou um funcionário da administração municipal. O parque estava lotado no momento do incidente. O grupo Jamaat-ul-Ahrar, que se originou do movimento dos talibãs, reivindicou a autoria do ataque: “Os cristãos eram o alvo”, admitiu o porta-voz do grupo, Ehsanullah Ehsan, segundo a agência Reuters. A cidade de Lahore concentra uma forte comunidade cristã, que é minoritária no País. Menos de 2% da população do Paquistão é cristã; a vasta maioria é muçulmana. Fonte: Le Figaro/ Reuters

Oriente Médio/ Índia Sacerdote sequestrado pelo Estado Islâmico continua vivo Foram desmentidos na segunda-feira, 28, os rumores de que o Padre Tom Uzhunnalil, salesiano, teria sido crucificado na Sexta-feira Santa, 25, pelo grupo terrorista Estado Islâmico. Em entrevista à ACI, Dom Paul Hinder, vigário apostólico

da Arábia do Sul, disse ter “fortes indicações de que o Padre Tom ainda esteja vivo nas mãos dos sequestradores”. A notícia sobre a crucificação do Sacerdote espalhou-se pela mídia internacional após o arcebispo de Viena, na Áustria, o

Cardeal Christoph Schönborn, no sábado, 26, ter confirmado a morte do Padre. Na segunda-feira, o Cardeal disse ter recebido uma informação incorreta do arcebispo de Bangalore, na Índia, Dom Bernard Mora. Padre Tom Uzhunnalil foi sequestrado

em 4 de março, quando o Estado Islâmico atacou um asilo no Iêmen, assassinando quatro freiras Missionárias da Caridade, duas funcionárias, oito idosos e um guarda. Fontes: ACI Digital, Washington Times/ Daily Mail/ IB Times (Redação: Daniel Gomes)

Estados Unidos

Índia

Filho de George Soros doa US$ 1 milhão para multinacional do aborto

Pastor protestante é espancado brutalmente por grupo hinduísta

Jonathan Soros, filho do especulador multimilionário e principal doador financeiro do Partido Democrata, George Soros, doou em fevereiro cerca de US$ 1 milhão para a Planned Parenthood, a maior empresa de aborto do mundo, conhecida nos meios pró-vida

como “a multinacional da morte”. Segundo a revista Forbes, George Soros possui uma fortuna estimada em US$ 24,9 bilhões e é conhecido por seu apoio ao Partido Democrata e a diversos pontos da agenda da esquerda americana. Fonte: Forbes/ Life Site News

O pastor da comunidade protestante Assembleia de Deus, Sumati Prakash Kharadia, foi espancado na aldeia de Sabli, em Rajasthan, por um grupo de 25 extremistas hinduístas e está agora no hospital, com múltiplas fraturas e ferimentos. O ataque foi motivado por acusações de “proselitismo” – tentar converter hindus ao Cristianismo.

O Conselho Global de Cristãos da Índia deplorou o incidente e pediu atuação do governo: “Recordamos que a constituição indiana garante a liberdade religiosa e pedimos ao governo para que seja respeitada”. A agressão ocorreu um mês após um outro espacamento de cristãos no distrito de Churu, também em Rajasthan. Fonte: Fides

Itália Volta a acontecer o milagre do espinho que sangra Em Andria, na Itália, se conserva um espinho que, segundo uma tradição, pertenceu à coroa de espinhos do Cristo. Cada vez que o Dia da Anunciação, 25 de março, coincide com a Sextafeira Santa, o espinho – que permanece preservado sob uma cúpula de vidro

– sangra milagrosamente. Isso voltou a acontecer nesta Sexta-feira Santa. A última vez foi em 2005 e a próxima deverá ser em 2157. O Bispo de Andria, Dom Raffaele Calabro, foi quem anunciou o início do milagre, por volta das 17h40,

no horário local: “tenho o prazer de anunciar-vos de maneira solene que o milagre começou”. Uma hora depois, podiam-se ver três formações esféricas no espinho, verdadeiras gotas de sangue. O milagre foi filmado e testemunhado por inúmeros peregrinos

de toda a Itália e de outros países. A relíquia está na Catedral de São Ricardo desde 1308. A primeira vez que o milagre foi registrado foi em 1633. No século passado, o milagre ocorreu em 1921 e em 1932. Fonte: ACI Digital


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| Papa Francisco | 9

‘Cristo ressuscitado nos dá a força para levantarmos’ Durante a recitação do Regina Coeli, oração mariana que substitui o Ângelus no Tempo Pascal, na segunda-feira, 28, o Papa Francisco convidou os fiéis reunidos na praça de São Pedro a deixarem-se invadir pelas emoções que ressoam na sequência pascal: “Sim, estamos certos: Cristo ressuscitou verdadeiramente. Ele está vivo no meio de nós”. “A vida venceu a morte. A misericórdia e o amor venceram o pecado! Há necessi-

dade de fé e de esperança para se abrir a esse novo e maravilhoso horizonte”, recordou. O Santo Padre enfatizou, ainda, que a “verdade marcou indelevelmente as vidas dos apóstolos que, depois da Ressurreição, sentiram novamente a necessidade de seguir o seu Mestre e, recebido o Espírito Santo, saíram sem medo para anunciar a todos o que tinham visto com seus próprios olhos e experimentado pessoalmente”. “Se Cristo ressuscitou, podemos olhar

com olhos e corações novos a todos os eventos da nossa vida, até mesmo àqueles mais negativos. Os momentos de escuridão, de fracasso e pecado podem se transformar e anunciar um caminho novo. Quando chegamos ao fundo da nossa miséria e da nossa fraqueza, Cristo ressuscitado nos dá a força para levantarmos”, encorajou o Papa.

Fotos: L’Osservatore Romano

Fonte dos textos: rádio Vaticano (Redação: Fernando Geronazzo)

Pela paz nas nações Depois de celebrar a missa solene do Domingo da Páscoa da Ressurreição, na praça de São Pedro, o Papa Francisco concedeu a bênção Urbi et Orbi (da cidade para o mundo), do balcão central da Basílica Vaticana. Ao se dirigir aos fiéis, o Pontífice recordou as nações em conflito. “Cristo ressuscitado indica caminhos de esperança para a querida Síria, um país devastado por um longo conflito, com o seu cortejo triste de destruição, morte, de desprezo pelo direito humanitário e desintegração da convivência civil [...]. Que a mensa-

gem de vida proclamada pelo anjo junto da pedra rolada do sepulcro, vença a dureza dos corações e promova um encontro fecundo entre povos e culturas nas outras regiões da bacia do Mediterrâneo e do Oriente Médio, particularmente no Iraque, Iêmen e na Líbia”, disse. O Santo Padre também pediu que a imagem do homem novo, que resplandece no rosto de Cristo, favoreça a convivência entre israelenses e palestinos na Terra Santa, “bem como a disponibilidade paciente e o esforço diário para trabalhar no sentido de construir

as bases de uma paz justa e duradoura, por meio de uma negociação direta e sincera”. “O Senhor da vida acompanhe também os esforços para alcançar uma solução definitiva para a guerra na Ucrânia, inspirando e apoiando igualmente as iniciativas de ajuda humanitária, entre as quais a libertação das pessoas detidas”, acrescentou. No Domingo de Páscoa, o Santo Padre também manifestou seu pesar pelas vítimas do atentado terrorista ocorrido no estádio de futebol de Iskandariyah,

no Iraque, na sexta-feira, 25, que causou a morte de pelo menos 40 pessoas e deixou aproximadamente 60 feridos. No telegrama, assinado pelo Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, o Papa manifestou suas condolências e rezou pelas vítimas e seus familiares. O Pontífice rezou, também, para que, em resposta a essa “ação de violência insensata”, o povo iraquiano seja determinado em rejeitar os caminhos do ódio e do conflito e trabalhe unido, sem medo, por um futuro baseado no respeito recíproco, na solidariedade e liberdade.

Papa lava os pés de refugiados

O Papa Francisco lavou os pés de 12 refugiados durante a Missa da Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa, 24. A celebração aconteceu em um centro de acolhida na cidade de Castelnuovo di Porto,

no norte de Roma. “Este é o gesto que eu faço com vocês: cada um de nós tem uma história, tantas cruzes e dores, mas também um coração aberto que quer a fraternidade”, disse o Pontífice, na homilia.

Na Vigília Pascal, no Sábado Santo, 26, o Papa Francisco batizou 12 catecúmenos (oito mulheres e quatro homens) provenientes da Itália, Albânia, Camarões, Coreia do Sul, Índia e China.

Atentado ‘execrável’ no Paquistão Também na recitação do Regina Coeli, Francisco condenou o atentado que deixou 72 mortos e 359 feridos no Paquistão, no Domingo de Páscoa, dia 27. O Papa afirmou que a Páscoa “foi ensanguentada por um execrável atentado, que provocou uma tragédia para tantas pessoas inocentes, a maior parte famílias da minoria cristã – principalmente mulheres e crianças –, reunidas em um parque público para passar com alegria a festa pascal”. “Desejo manifestar minha proximidade a quantos foram atingidos por este crime vil e insensato, para, então, rezar junto com os fiéis na praça de São Pedro pelas numerosas vítimas e por suas famílias”, disse.


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10 | Reportagem |

Em Missa do Crisma, na Catedral da Sé, na Quinta-feira Santa, 24, Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, abençoa santos óleos e padres renovam as promessas sacerdotais

‘Sacerdotes por graça de Deus’, necessitados de misericórdia Na Missa do Crisma, na Quinta-feira Santa, padres renovaram promessas sacerdotais e houve a bênção dos santos óleos Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com

“Poder participar dessa celebração é um momento muito emocionante, sobretudo porque é minha primeira renovação das promessas sacerdotais”. Assim o Padre João Henrique Novo do Prado, ordenado em dezembro de 2015, descreveu sua alegria ao participar, pela primeira vez, da Missa do Crisma. Presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, na manhã da Quinta-feira Santa, 24, na Catedral da Sé, a celebração foi concelebrada pelo arcebispo emérito de São Paulo, Cardeal Cláudio Hummes, pelos bispos auxiliares e por centenas de padres do clero arquidiocesano. Na Missa do Crisma, os padres renovam suas promessas sacerdotais. TamLuciney Martins/O SÃO PAULO

bém são abençoados os santos óleos para os sacramentos do Batismo e da Unção dos Enfermos, além de ser consagrado o Santo Óleo do Crisma. “Reafirmamos a relação de pastor e ovelha, que se trata de uma relação de comunhão. O pastor está à frente das ovelhas para encaminhá-las a Deus, e as ovelhas que rezam pelo seu pastor para que ele se santifique e santifique o povo. Essa relação de pastor e ovelhas é o que me marca nessa celebração de hoje”, afirmou o Padre João Henrique.

Servidores da misericórdia

Na homilia, Dom Odilo destacou que a celebração acontece dentro do Jubileu extraordinário da Misericórdia e, por isso, convidou os padres a recordarem a estreita relação do sacerdócio com a misericórdia. “Renovando nossos compromissos sacerdotais, no Ano Santo da Misericórdia, nós recordamos que fomos chamados e ungidos para sermos servidores da misericórdia, com Jesus Cristo, e a seu serviço, chamados a sermos testemunhas da misericórdia de Deus para a humanidade”, afirmou. “Somos sacerdotes por misericórdia de Deus, não por nossos méritos. Sacer-

Santos Óleos

Os óleos foram solenemente apresentados ao Arcebispo pelos diáconos, e, em seguida, foram abençoados os óleos dos Catecúmenos, usado no sacramento do Batismo, e dos Enfermos, administrado na Unção dos Enfermos. O Santo Óleo do Crisma é usado no Batismo, na unção da Confirmação (Crisma), nas ordenações de sacerdotes

(unção das mãos) e de bispos (unção da cabeça), além de ser usado nos ritos de dedicação de igrejas e altares. Antes da consagração do Crisma, o Arcebispo mistura uma porção de bálsamo perfumado no Óleo, que simboliza o bom odor ou perfume de Cristo, que todo cristão ungido deve espalhar pelo mundo por meio de sua vida e obras.

Incidente

Após a conclusão da missa, uma mulher, com perceptíveis sinais de algum transtorno, aproximou-se do Cardeal Scherer e o agrediu fisicamente, provocando nele escoriações no rosto, sem maior gravidade. Em nota, a assessoria de comunicação da Arquidiocese de São Paulo esclareceu que Dom Odilo está bem e lamentou o ocorrido (leia a íntegra da nota no site arquisp.org.br). Ainda na Quintafeira Santa, no início da noite, em sua conta pessoal no Twitter, Dom Odilo manifestou-se sobre o ocorrido. “Aos seguidores: fiquem tranquilos, estou bem. Obrigado pela solidariedade. Devagar com as interpretações: a pessoa que o fez precisa de ajuda”.

Na última ceia: o exemplo do serviço de Jesus à humanidade Fernando Geronazzo

Especial para O SÃO PAULO

Cardeal Scherer lava os pés de criança, dia 24

dotes por graça de Deus, nós também, necessitados de misericórdia, somos servidores da misericórdia para nossos irmãos, apesar de nossas fragilidades”, continuou o Arcebispo. Também de acordo com Dom Odilo, alguns sacramentos, de modo especial, caracterizam o serviço da misericórdia, como o da Reconciliação, o “sacramento do Perdão”, que restaura a vida. “No serviço da Confissão, somos convidados a fazer tantas outras obras de misericórdia”, salientou o Cardeal, recordando que no atendimento aos fiéis, os sacerdotes realizam os serviços da escuta, da paciência, do aconselhamento, do consolo. “Tantas obras de misericórdia estão incluídas no serviço do sacramento da Confissão”, completou.

“Ninguém tem maior amor, ninguém serve mais, do que aquele que dá a vida pelos amigos, por aqueles que ama”, afirmou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, na Missa da Ceia do Senhor, celebração que abriu o Tríduo Pascal, na Quintafeira Santa, 24. Na ocasião, a Igreja recorda a instituição da Eucaristia, na última ceia, e o gesto de Jesus de lavar os pés dos discípulos. Neste ano, Dom Odilo lavou os pés de 12

migrantes e refugiados de diferentes nacionalidades, acolhidos por instituições que atuam na Arquidiocese. O Cardeal, na homilia, explicou que o gesto de lavar os pés, no tempo de Jesus, era um trabalho dos escravos, dos servos, daqueles que estavam a serviço dos seus senhores. “Jesus, que é o Mestre, que é aquele que está à frente dos apóstolos, se põe a lavar os seus pés”, disse. Ainda de acordo com o Cardeal, Jesus faz o gesto de serviço humilde, se coloca a serviço de todos e lhes pede que sigam o seu exemplo. E, dessa forma, Ele realiza aquilo que, no dia seguinte, na

Sexta-feira Santa, faz com a doação da vida. “A sua entrega na cruz é um serviço pela humanidade, o extremo serviço”, comentou. “Lavar os pés é um gesto simbólico, mas há tantas outras formas de traduzir o lavar os pés em relação aos nossos irmãos, e somos convidados a fazê-lo, mais do que o rito, mas fazer, de fato, por meio dos serviços aos nossos irmãos”, explicou o Arcebispo, dando como exemplos diversas maneiras de serviço no dia a dia, como nas relações familiares, profissionais e nas responsabilidades sociais.


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| Reportagem | 11

Rejane Guimarães

Rejane Guimarães

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, e fiéis veneram a cruz de Cristo, na ação litúrgica da Paixão do Senhor, realizada na Catedral da Sé, na Sexta-feira Santa, dia 25

‘Pelos méritos da Paixão, sejamos testemunhas da verdade’ Fernando Geronazzo

Especial para O SÃO PAULO

Na Sexta-feira Santa, 25, dia em que a Igreja recorda a Paixão e Morte de Jesus na cruz, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu a ação litúrgica da Paixão do Senhor, na Catedral da Sé, às 15h. Ao meditar sobre a narrativa bíblica da Paixão segundo o evangelista São João, o Arcebispo de São Paulo destacou que essa celebração sempre leva os cristãos a se confrontarem

com um “drama verdadeiro” que os convida a se questionarem onde cada um se situa nesses fatos. Ao mencionar a traição de Judas, que “vendeu” Jesus por 30 moedas, o Cardeal chamou a atenção para a realidade da corrupção. “Judas foi chamado por Jesus não para ser o traidor, mas para ser apóstolo”, disse, recordando que Judas carregava consigo o vício do apego ao dinheiro, a avareza. “A corrupção é um problema muito sério que se escancara sempre mais na

vida pública brasileira. Mas, cuidado! Muito rapidamente nós apontamos o dedo. A corrupção está por toda parte, pode estar perto de nós, dentro de nossa casa. Podemos nós, de repente, estar praticando corrupção”, alertou Dom Odilo, ressaltando, ainda, que a corrupção é o desvio de finalidade não somente do dinheiro, mas é a “deterioração do coração e da consciência”. Ainda de acordo com Dom Odilo, “a corrupção é a desqualificação humana, quando se perdeu a referência à digni-

dade”. Ele reforçou que isso pode acontecer na política, na economia, na administração, no âmbito profissional, na vida privada, nas relações interpessoais. “Peçamos que, pelos méritos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, não nos deixemos corromper, mas sejamos testemunhas da verdade, ouçamos a sua voz, demos ao mundo testemunho daquele que é o caminho, a verdade e a vida e, por isso, deu a vida pela humanidade, para dar testemunho da verdade”, concluiu o Arcebispo.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

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Na Sexta-feira Santa, 25, foi realizada a Via-Sacra do Povo da Rua, com a participação de aproximadamente 400 pessoas. A cruz carregada pelos participantes fazia menção a pessoas que foram assassinadas nas ruas. Em uma das estações, em frente a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, foi denunciado o iminente fechamento de albergues e centros de acolhida na Capital paulista.

Após a liturgia da Paixão e Morte de Jesus na cruz, na Sexta-feira da Paixão, 25, dezenas de fiéis participaram da procissão do Senhor Morto pelas ruas da região central da Capital paulista, junto ao Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo. Na sequência, houve o sermão das sete palavras no interior da Catedral da Sé.


12 | Reportagem |

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Páscoa

‘Possibilidade de reno nossa adesão de f Fernando Geronazzo

Especial para O SÃO PAULO

Na praça da Sé, Cardeal Scherer acende o círio pascal no início da Vigília da Páscoa no sábado, 26

Na Vigília Pascal, celebração que proclama solenemente a Páscoa da Ressurreição de Jesus e conclui o Tríduo Pascal, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, convidou todos os fiéis a renovarem sua adesão a Cristo pela fé recebida no Batismo. Nesta missa, celebrada na noite do sábado, 26, na Catedral da Sé, 12 adultos que eram dependentes químicos e moravam nas ruas, e que atualmente são acolhidos e acompanhados pela Missão Belém, receberam os sacramentos da Ini-

ciação Cristã – Batismo, Confirmação e Eucaristia. Dom Odilo também batizou a pequena Mariana Nakazawa Sousa, de apenas 1 mês de vida, filha de um casal da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no Sumaré, na zona Oeste da Capital. O Arcebispo ressaltou, na homilia, que na noite santa da Vigília Pascal todos são convidados a proclamar com a Igreja e a renovar interiormente a fé em Jesus, salvador, crucificado, sepultado e ressuscitado para a salvação da humanidade. “Temos a possibilidade de renovar conscientemente nossa adesão de fé a Jesus Cristo, de acolher a água pura, a graça de Deus, do Espírito Santo, da

Diego Monteiro

Vigília Pascal na Paróquia Santa Francisca Xavier Cabrini (Sé)

Priscila Rocha

Vigília Pascal na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Zatt (Brasilândia) Angela Santos

Vigília Pascal na Paróquia Santo Alberto Magno (Lapa)

Rondinelli Luiz Peixoto

Vigília Pascal na Paróquia Santo Antônio de Pádua (Belém) Paróquia São João Batista

Vigília Pascal na Paróquia São Joao Batista (Belém)

Paróquia Santa Ângela e São Serapião

Vigília Pascal na Paróquia Santa Angela e São Serapião (Ipiranga)


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| Reportagem | 13 Luciney Martins/O SÃO PAULO

scoa

ovar conscientemente fé a Jesus Cristo’ vida nova que nos é dada para podermos viver com Cristo a vida nova”. Dom Odilo manifestou a alegria em saber que na noite de Páscoa, assim como na Catedral, tantas pessoas foram batizadas pelo mundo, como na China, de onde chegaram notícias de que cerca de 30 mil pessoas receberam o Batismo. “Alegremo-nos! Tenhamos serena alegria e satisfação por sermos batizados em Cristo, membros da família, seu povo. Honremos sempre em nossa vida a dignidade que nos foi dada no nosso Batismo e ajudemos os nossos irmãos a também viverem a alegria da fé da participação na família de Deus e a missão

de testemunhar Jesus Cristo vivo e ressuscitado no meio do mundo”. Na manhã do Domingo da Páscoa da Ressureição, 27, Dom Odilo também presidiu missa solene na Catedral. Para o Cardeal, assim como Jesus nunca foi vencido, mas venceu a morte e o mal, o cristão também “não pode se dar por vencido”. “Jesus não venceu para derrotar os que o mataram, mas para salvá-los. Que o Senhor ressuscitado renove em nós a graça do seu Espírito, alegria da fé, a alegria da pertença à Igreja e o fervor missionário para transmitirmos aos outros as riquezas da fé que nós mesmos também recebemos”, completou.

Na Missa do Domingo de Páscoa, 27, Cardeal Scherer recebe o carinho de crianças na Catedral da Sé

Tayná Andrade

Procissão de fiéis da Paróquia Nossa Senhora das Dores no Domingo de Páscoa (Santana)

Julio César dos Santos

Missa da alvorada no Domingo de Páscoa na praça do Cruzeiro, na Freguesia do Ó (Brasilândia)

Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus

Vigília Pascal na Paróquia Santa Terezinha Do Menino Jesus (Santana)

Paróquia Nossa Senhora dos Ferroviários

Vigília Pascal na Paróquia Nossa Senhora dos Ferroviários (Sé) Paróquia Santa Paulina

Batismo durante a Vigília Pascal na Paróquia Santa Paulina, no Heliópolis (Ipiranga)

Paróquia São Domingos Sávio

Vigília Pascal na Paróquia São Domingos Sávio (Lapa)


14 | Reportagem |

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Aos 70 anos, PUC-SP registra balanço financeiro positivo após décadas Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

70 anos da PUC-SP são comemorados em evento, no dia 22, com o Cardeal Scherer, bispos auxiliares, reitora Anna Maria Marques Cintra e José Renato Nalini, secretário estadual de Educação

Renata Moraes

jornalismorenata@gmail.com

“A instituição desta Universidade foi movida pelo desejo de contribuir com a sociedade, após o período pósguerra, nos anos 40. Por meio da formação universitária, preparar e capacitar as pessoas, a partir da motivação cristã e do bom anúncio que a Igreja tem a dar a sociedade”. Assim expressou-se o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, na missa de abertura das comemorações dos 70 anos da PUC-SP, no dia 22, na Paróquia Imaculado Coração de Maria, na capela da Pontifícia Universidade, no campus Perdizes. “Muitas pessoas que passaram pela PUC-SP nestes 70 anos deram e dão suas contribuições nos mais diversos âmbitos da sociedade de São Paulo e do Brasil”, destacou Dom Odilo, Grãochanceler da Pontifícia Universidade, na homilia da missa, que contou com a presença de alunos, professores, funcionários e sacerdotes do clero arquidiocesano, além do Secretário Municipal de Educação, Gabriel Chalita, e do Secretário Estadual de Educação, José Renato Nalini.

Sustentabilidade financeira

Ao completar sete décadas de história, a PUC-SP, pela primeira vez desde a década de 1980, apresenta balanço anual com patrimônio líquido positivo, conforme detalhou, ao O SÃO PAULO, o Padre José Rodolpho Perazollo, secretário-executivo da Fundação São Paulo, mantenedora da PUC-SP. “Com muita alegria, em 2015, a Fundação São Paulo conseguiu fechar seu balanço com patrimônio líquido positivo, um marco importante no momento em que a Universidade

completa 70 anos”, informou o Padre, ao citar o balanço que está em fase conclusiva de apresentação aos conselhos, com previsão de publicação até o final de abril. Segundo o Secretário-executivo, com o saldo positivo será possível arcar com todas as obrigações de curto, médio e longo prazo. Esse fato se deu, também, graças a uma negociação que a Fundação São Paulo fez durante 1 ano e 8 meses com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Depois de apresentarmos projetos e documentos, o BNDES aprovou um empréstimo de R$ 30 milhões, para que a Fundação São Paulo fizesse investimentos na estrutura da Universidade, nos seus diversos campi em São Paulo e Sorocaba”, completou. Ainda segundo o Padre, as obras civis e físicas nos campi Monte Alegre, Consolação e Sorocaba já começaram.

Nos dois primeiros, serão instaladas 20 salas inteligentes totalmente informatizadas, e em Sorocaba, o auditório da Faculdade de Medicina e Enfermagem, conhecido como “Maracanã” será restaurado. Em 2017, a reforma segue nos demais campi.

‘A universidade é uma comunidade acadêmica’

Fundada em 1946, a PUC-SP nasceu da união da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Bento, criada em 1908, e da Faculdade Paulista de Direito. Em 1947, o Papa Pio XII concedeu à Universidade Católica o título de Pontifícia, e nomeou como primeiro grão-chanceler da Instituição o então arcebispo de São Paulo, o Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta. A PUC-SP, conforme seu descritivo institucional, tem sua missão orientada

O que caracteriza uma pontifícia universidade católica? Para que uma universidade católica receba o título de pontifícia, ou seja, o reconhecimento oficial da Santa Sé, passando a fazer parte das instituições de ensino superior da Igreja, ela precisa que seus estatutos sejam aprovados pela Congregação para a Educação Católica. “Pelo fato de ser Pontifícia, a Universidade, tal como consta nos estatutos da PUC-SP, se compromete a reger-se pelos princípios da doutrina católica e a ser fiel aos ensinamentos da Igreja nas questões de fé e de moral”, explica Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e a Universidade. Segundo o Padre Denilson Geraldo, SAC, Doutor em Direito Canônico e professor na Faculdade de Teologia da PUC-SP, consta no Can. 808 do Código de Direito Canônico que “nenhuma universidade, mesmo católica de fato, assuma o título ou o nome de universidade católica, a não ser com o consentimento da autoridade eclesiástica competente”. No caso do reconhecimento pontifício, a universidade recebe da Santa Sé uma bula papal após ter seus estatutos reconhecidos, recebendo o título de Pontifícia Universidade Católica.

pelos princípios da Doutrina Católica, assegurando a liberdade de ensino e manifestação de pensamento. Com quatro campi na Capital paulista e um em Sorocaba (SP), a Pontifícia Universidade possui um legado histórico, sobretudo durante o regime militar quando foi abrigo para professores e estudantes. Como parte das comemorações dos 70 anos, após a missa do dia 22, houve uma cerimônia no teatro Tucarena, na qual aconteceu um concerto com as musicistas Helenice Audi (piano) e Constança Almeida Prado Moreno (violino). “A PUC- SP é uma iniciativa de evangelização da Igreja, com a missão de realizar cada vez melhor sua identidade católica. Ainda que esteja aberta para todas as culturas e a todas as mentalidades, ela tem um vínculo muito forte com sua origem”, ressaltou Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e a Universidade. Anna Maria Marques Cintra, reitora da PUC-SP, discursou sobre os desafios e perspectivas dos próximos anos. “São significativas as tensões que passam as universidades brasileiras e isso já há alguns anos, o que nos provoca, para fortalecer cada vez mais a excelência acadêmica da universidade, como compromisso do desenvolvimento humano e social, tanto em conhecimentos quanto em habilidades”, afirmou. Também de acordo com o Padre José Rodolpho, “com um corpo docente qualificado e com alunos muito esforçados, a PUC-SP hoje é uma das universidades de excelência no Brasil. Ela está inserida entre as 300 melhores universidades do mundo, segundo o Quacquarelli Symonds (QS), um dos grandes índices internacionais de qualificação”, declarou à reportagem.


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| Entrevista | 15

Com a Palavra: Padre Souhail Dib Issa

‘Esses martírios são semente, uma nova luz no Oriente Médio’ Arquivo pessoal

Edcarlos Bispo

expulsar os cristãos. Os cristãos libaneses foram obrigados a usar armas para se defenderem, não para matarem, mas para se defenderem. E graças a isso, os cristãos conseguiram segurar o Cristianismo no Líbano. Hoje em dia, o País “mais cristão”, por assim dizer, é o Líbano: conseguiram segurar o presidente, que é cristão, até hoje; os muçulmanos na Arábia Saudita fizeram de tudo para tirar os poderes do presidente, pelo fato dele ser cristão, e distribuí-lo entre os xiitas e os sunitas. E a briga hoje é entre eles, também.

edbsant@gmail.com

Libanês ordenado na Síria aos 25 anos de idade, o sacerdote Souhail Dib Issa, da Igreja GrecoCatólica Melquita, está no Brasil desde 1998 e trabalha, desde 2002, na Catedral Nossa Senhora do Paraíso, em São Paulo, sede episcopal da Eparquia Melquita no País. Nesta entrevista ao O SÃO PAULO, o Sacerdote falou das dificuldades e desafios que enfrentam as igrejas cristãs no Oriente Médio, principalmente em relação a perseguições e martírios.

Há uma média de quantos católicos (ortodoxos e romanos) existem na região?

O SÃO PAULO – Como é a relação

entre católicos e ortodoxos no Oriente Médio?

Padre Souhail Dib Issa - No Oriente Médio, essa divisão ortodoxo e católico existe, mas não é tão forte como aqui no Brasil ou nos países do Ocidente, especialmente para o povo, que têm laços muito fortes de família. Eles não veem problema em participar da liturgia, de casamentos, em que um padre católico vai na celebração do Matrimônio e abençoa, ou um padre ortodoxo vai na celebração católica e participa. Porém, a questão da comunhão é mais delicada para os padres. Um católico pode ir numa celebração ortodoxa, participar, mas não comunga. Da mesma forma, isso acontece com os ortodoxos. Para os fiéis, isso é indiferente. É Jesus Cristo e ponto final. Eles não entram nessas questões teológicas, porque sabem que a Igreja é a mesma, a tradição é a mesma, o povo é o mesmo, só houve uma decisão entre os chefes da Igreja, e eles acatam. Temos uma grande dificuldade em relação a celebração da Páscoa. Lá são celebradas duas páscoas: uma para os ortodoxos e outra para os católicos. Isso porque uma igreja segue o calendário oriental, a outra segue o calendário ocidental. A diferenças entre esses dois calendários [Juliano e Gregoriano] é que um fala 365 dias mais algumas horas e o outro fala 365 dias mais alguns horas e minutos. O Papa Francisco, este ano, tentou muito unir o dia da Páscoa.

Como é a vivência da fé dos fiéis no Oriente? Para os fiéis, a fé é a mesma, porque a primeira coisa que une os cristãos do Oriente Médio é o Cristianismo, o próprio Cristo, mais que o rito. Cada um tem o seu próprio rito, mas este não os une mais que Cristo, que a convivência cristã. Um outro problema no Oriente Médio é o “martirismo” [martírio de cristãos]. A Igreja no Oriente Médio até hoje está sofrendo com o “martirismo”. Os muçulmanos mataram muitos cristãos, muitos padres, muito fiéis. E a Igreja no Oriente Médio ainda hoje sofre muito com isso. Prendem o fiel e dão a escolha: “se falar que é muçulmano, você vive”. O fiel não renuncia sua fé: “Não, sou cristão!”. “Então pode matar”, decidem os algozes. Nossa Igreja, no Oriente Médio, é uma igreja de mártires. Os mártires sempre existiram. E até hoje existem, declarando sua fé no Cristo.

Os extremistas estão matando todos os cristãos? Sim. Começaram com os judeus na época apostólica (século I), que mataram Jesus, perseguiram os apóstolos; depois veio o Império Romano, que era pagão e dominava o Oriente Médio e, politica-

mente, concordava com a perseguição por parte dos judeus; e essa perseguição seguiu até o imperador Constantino, só parou com sua conversão. Mas depois, no século VII, veio o Islamismo e as perseguições seguem até hoje.

Nos anos em que o senhor atuou no Oriente Médio, quais foram as principais dificuldades no exercício do trabalho pastoral? Os cristãos são os donos da terra, mas, pela presença do Islamismo e pelas leis civis, leis muçulmanas - porque a lei dos países é muçulmana, é uma lei civil, conforme o Corão -, eles se sentem em segundo grau. Isso é manifesto no dia a dia do cristão, no seu trabalho... Eles chegaram a um momento em que não acreditam mais que o País é deles. Essa é uma das maiores dificuldades que encontramos no nosso trabalho pastoral, na casa dos fiéis e com as famílias. Com certeza, nós encontramos dificuldades com o governo, também, que trata o cristão como se fosse um cidadão de segunda classe.

Além desses grupos extremistas, há uma perseguição por parte do governo instituído legalmente? A guerra do Líbano era essa e foi para

Na Síria há cerca de 15% a 20% de cristãos. No Líbano, são 40%, mas está diminuindo ainda, antes da guerra era 60%; não há guerra no Líbano, mas os políticos libaneses estão perseguindo politicamente os cristãos. Os muçulmanos sufocam, tiram direitos dos cristãos e põem um monte de dificuldades, o que faz os jovens cristãos irem embora.

Está havendo um grande êxodo de cristãos? Sim, sempre foi assim. Os cristãos que sobraram, depois da invasão dos muçulmanos, no século VII, só sobraram porque foram obrigados a pagar um altíssimo imposto ao governo muçulmano.

O martírio dessas pessoas é doloroso, mas acaba inspirando novos cristãos. “O sangue dos mártires é semente de novos cristãos”? Sim, isso é verdade. Esses martírios são semente, uma nova luz no Oriente Médio. E os próprios muçulmanos, talvez não os que matam, mas os que estão assistindo esses assassinatos, veem que os assassinos o fazem em nome de Alá e de Maomé, então, se questionam: “Alá manda fazer isso com as pessoas?”. E os cristãos, que perderam familiares e amigos que foram decapitados, crucificados, dão o perdão aos muçulmanos. Os cristãos não têm arma, não fazem mal para ninguém, declaram sua fé e são assassinados, perdem família e tudo o mais, apenas rezam e dão aos algozes seu perdão e seu amor.

As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.


16 | Fé e Cultura |

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Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

Cinema Jesus nos filmes e na realidade Segundo o site Movie Guide, existem mais de 140 filmes (históricos ou alegóricos) sobre Jesus. Hoje estão nos cinemas dois novos: “O Jovem Messias” (Estados Unidos, dirigido por Cyrus Nowrasteh) e “Nos Passos do Mestre” (Brasil, dirigido por André Marouço). “Nos Passos do Mestre” é um filme espírita, que busca mostrar “Jesus segundo o espiritismo”. O espiritismo, como se sabe, surgiu a partir dos estudos de Allan Kardec (1804-1869) sobre o fenômeno das “mesas girantes”, em que “espíritos” pareciam responder a perguntas feitas pelos participantes, no século XIX. As fontes da Igreja Católica são bastante diferentes. Para conhecer a história de Jesus, ela não se apoia sobre ensinamentos de “espíritos” transmitidos por “mesas girantes”, mas sobre a Revelação divina. A Revelação é obra do Espírito Santo e se manifesta, em primeiro lugar, na ação real de Deus na história humana, como a formação do povo judeu, a sua libertação do cativeiro do Egito e a encarnação do Verbo divino.

Em segundo lugar, Deus inspirou alguns homens santos a colocar por escrito a história de sua ação: “o autor da Sagrada Escritura é Deus, que tem o poder de falar não apenas pela voz (como fazem os homens), mas também pela própria realidade”, explica São Tomás de Aquino (1225-1274). A Bíblia possui um lugar de destaque na conservação e transmissão da Revelação. Sobre a vida de Jesus, os quatro evangelhos são os documentos mais importantes, tanto do ponto de vista histórico quanto teológico. Mas, além da Bíblia, a Igreja Católica conta com a sua Tradição e o seu Magistério para corrigir eventuais erros prejudiciais à fé, que possam ser feitos pelos fiéis. Por isso, ao contrário do mundo protestante – em que diversas interpretações bíblicas diferentes sobre verdades básicas da fé, que são incompatíveis umas com as outras existem lado a lado – a Igreja Católica foi instituída pelo próprio Cristo para preservar a unidade da fé e possui, por isso, a autoridade de nos transmitir, fielmente, de geração em ge-

ração, o conteúdo da Revelação divina. A Revelação cristã não nos foi dada na forma de um texto. Ela foi comunicada em primeiro lugar aos Apóstolos, cujos sucessores são os bispos da Igreja Católica. Já o filme “O Jovem Messias” (imagem) pretende contar uma parte da história da infância de Jesus de um ponto de vista cristão. Porém, o filme possui algumas falhas importantes. A principal delas é que, no filme, Jesus não sabe quem é e nem por que está aqui. São seus pais que precisam lhe contar. Mas se Ele já era Deus no momento de sua concepção no seio da Virgem Maria, como poderia ignorar, durante sua infância, sua própria identidade? Por acaso Deus pode ignorar quem Ele mesmo é? Logo após o Concílio Vaticano II, a Igreja publicou um documento alertando e condenando alguns erros importantes que vinham sendo repetidos a respeito de Jesus Cristo: “Tem se espalhado um certo humanismo cristológico, que reduz o Cristo à condição de um simples ho-

Reprodução

mem, que adquiriu passo a passo a consciência de sua filiação divina”. Em outras palavras, Jesus sempre soube quem era e por que havia sido enviado por seu Pai. Ele é perfeitamente homem, mas também é perfeitamente Deus.


Rio 2016 marcará a estreia olímpica dos quatro representantes do Brasil na modalidade

| Esporte | 17

Repodução da Internet

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Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

Quando o taekwondo foi disputado como esporte-demonstração nos Jogos de Seul 1988, nenhum deles era nascido. Em Sydney 2000, quando ingressou oficialmente no programa olímpico, eles eram ainda crianças. O tempo passou e agora, já jovens, Venilton Teixeira, 20, Maicon Siqueira, 23, Julia Vasconcelos, 23, e Iris Tang Sing, 25, serão os representantes do Brasil nas competições de taekwondo nos Jogos Rio 2016, que acontecerão entre 17 e 20 de agosto. “Eu procuro encarar com naturalidade os Jogos. Estarei preparada tanto quanto as outras adversárias. Creio que a pressão e a ansiedade podem atrapalhar, mas já estou me preparando, fazendo meditação, treinamento psicológico, e isso tenho certeza que vai me ajudar muito”, conta, ao O SÃO PAULO, Iris Sing, a primeira dos quatro atletas a ser confirmada para a olimpíada no Rio, na disputa da categoria feminina até 49kg. Por ser país-sede dos Jogos, o Brasil tem direito a quatro vagas na modalidade. Maicon, Julia e Venilton se juntaram a Iris após a disputa de um pré-olímpico nacional, organizado pela Confederação Brasileira de Taekwondo, em março, em Vitória, no Espírito Santo. Apesar de jovens, os quatro lutadores possuem currículos vitoriosos: em 2015, Iris conquistou bronze no Pan de Toronto, na categoria até 49kg, e também foi a terceira melhor no Mundial de Taekwondo, entre as atletas com até 46kg; Na mesma competição, Venilton alcançou bronze na categoria até 54kg (na olimpíada, competirá com atletas até 58kg); Julia foi vice-campeã nos Jogos Sul-americanos

Venilton Teixeira, Maicon Siqueira, Julia Vasconcelos e Iris Sing serão os representantes do Brasil nos jogos Rio 2016 nas competições do taekwondo

Os Jogos da renovação do taekwondo brasileiro em 2014 (no Rio atuará na categoria até 57kg); e Venilton faturou bronze nos Jogos Universitários Mundiais em 2015 (na olimpíada, lutará na categoria acima de 80kg). Na avaliação de Natália Falavigna, 31, única medalhista olímpica do Brasil no taekwondo (bronze em Pequim 2008), os quatro esportistas estão no mesmo nível, com condições de alcançar boas posições nos Jogos Rio 2016. Com a experiência de quem também esteve nos Jogos de Atenas 2004 e Londres 2012, Natália comenta que competir no Brasil pode ser benéfico aos brasileiros do taekwondo. “Se eles estiverem bem treinados, bem preparados, conscientes de que os Jogos são no Brasil, não há motivo para que a proximidade da torcida venha a afetá-los, pois ao mesmo tempo que existirá a pressão de lutar ‘em casa’, o atleta estará perto da família, terá o carinho, sua própria alimentação, enfim, facilidades que podem ser vantagens em

relação a outros esportistas”, afirmou à reportagem. Iris Sing está consciente dessa realidade. “Tenho certeza que vai haver cobrança, mas estamos prontos. Apesar de o Brasil não ser o país do esporte olímpico, venho me preparando para isso há vários anos e os outros atletas também”, comentou a esportista que tem feito três treinos diários e que irá à Coreia do Sul antes do Jogos para adaptar-se ao estilo de luta das asiáticas, uma vez que, para ela, chinesas, tailandesas e sul-coreanas, além de croatas e sérvias, serão suas principais adversárias no Rio de Janeiro. Natália avalia como positiva a renovação de atletas da seleção e comenta que muito ainda precisa ser feito. “O trabalho precisa seguir e não só com a Confederação, mas com todas as pessoas envolvidas na modalidade, para que ela cresça, para que a gente consiga uma base sólida, uma unidade do taekwondo no Brasil. Temos dado passos, mas ain-

da é cedo para falar que há uma solidez para existir vários atletas brasileiros no cenário internacional. Temos bons talentos, e teremos ainda mais se conseguirmos desenvolver o esporte de maneira profissional”, finalizou.

AGENDA ESPORTIVA Paulistão de Futebol – Série A1 QUARTA-FEIRA (30) 21h45 – Corinthians x Ponte Preta (Arena Corinthians) QUINTA-FEIRA (31) 20h30 – Palmeiras x Rio Claro (Pacaembu) SÁBADO (2) 18h30 – São Paulo x Oeste (Morumbi) DOMINGO (3) 16h – Palmeiras x Corinthians (Pacaembu)


18 | Regiões Episcopais |

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Brasilândia

Flavio Rogério Lopes e Larissa Fernandes Colaboradores de comunicação da Região

APaixão a Cristo mesmo debaixo de chuva Marcos Paulo dos Reis

Atores durante encenação da Paixão de Cristo, na Sexta-feira Santa, dia 25

Uma mensagem de fé e esperança expressada por meio da arte. Foi dessa forma que a 20ª edição da encenação da Paixão de Cristo emocionou mais de mil espectadores no estacionamento do Hipermercado Atacadão, na Parada de Taipas, mesmo em meio à forte chuva da Sextafeira Santa, 25. Idealizado pelo Grupo Teatral Arte de Viver, Cia de Teatro Montfort, Comunidade Missão Mensagem de Paz e Comunidade de Aliança Cristo Libertador, o evento contou com aproximadamente 160 pessoas, entre elenco e produção, e

abordou a questão do saneamento básico, que foi tratada na Campanha da Fraternidade de 2016. Roberto Bueno, diretor da peça, explicou que a apresentação tem o objetivo de passar uma mensagem de amor e fé de maneira catequética, por isso, é baseada nos quatro evangelhos e aborda desde a criação do mundo até a Morte e Ressurreição de Cristo. “Neste ano, falamos da questão do lixo e também fizemos referência ao Ano Santo da Misericórdia logo no início da encenação, quando Jesus aparece com faixas nas cores azul

Cardeal Scherer exorta fiéis ao testemunho do Cristo Ressuscitado

e vermelho, simbolizando água e o sangue”, revelou. Para o Diretor, a apresentação foi marcada pela superação, tanto dos atores e produção quanto do público, pois a chuva comprometeu a qualidade de algumas cenas por causa do palco molhado, além de ter prejudicado o som, “As pessoas se entregaram, foram ‘para cima’ e fizeram acontecer”. Um dos momentos mais marcantes foi a representação da viacrúcis, quando Jesus, interpretado pelo ator Clayton Lima, desceu do palco e percorreu no meio da plateia o caminho doloroso até o calvário. Diferentemente dos anos anteriores, não houve a procissão do Senhor Morto pelas ruas do bairro. Clayton conta que evoluiu profissionalmente com a peça. Ele atua desde 2001 e interpreta Jesus há oito

anos. A principal mensagem passada ao cristão, segundo ele, é a de esperança. “É uma história que não acaba na cruz, ela continua. Jesus ressurge e dá a vida”. A funcionária pública Vânia Augusto, que assistiu pela primeira vez a peça, disse se sentir renovada. “Foi muito emocionante. Eles se doaram de corpo e alma”, afirmou. Para ela, a Páscoa deve ser uma comemoração de amor e partilha entre as famílias. Ao final da apresentação, Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, parabenizou os espectadores e atores, e discorreu sobre a união da fé e da arte como forma de evangelização. “Muito obrigado a vocês que nos fizeram orar de modo diferente, com a beleza da dança, do teatro e da arte. Valeu a pena estarmos aqui”, comentou. Ernesto Dias

Na Sexta-feira Santa, 25, aproximadamente 700 pessoas, a maioria fiéis da Paróquia Santa Rita de Cássia, acompanharam a encenação da Paixão de Cristo na Escola Estadual Clodomiro Carneiro, no bairro do Morro Grande.

Ricardo Souza Janete Jopetipe

Cardeal Scherer junto aos fiéis e aos padres João Henrique e Airton Bueno, dia 27

Por ocasião da Páscoa, na noite do domingo, 27, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu missa na Paróquia Espírito Santo, no Parque Belém, no Setor Pastoral São José Operário. Dom Odilo foi acolhido pelos fiéis e pelo administrador paroquial, o Padre Airton Pereira Bueno, e pelo sacerdote colaborador na Paróquia, o Padre João Henrique Novo do Prado. Recordando as aparições de Jesus após ter ressuscitado, Dom Odilo falou sobre a passagem de Emaús, em que os discípulos caminhavam o tempo todo com Jesus, e, mesmo tristes e desanimados, ficaram com os corações aquecidos com as pala-

vras que ouviam do Mestre, mas só reconheceram o Messias no partir do pão, mesmo gesto realizado por Jesus na última ceia. O Cardeal exortou a todos sobre a presença de Jesus ressuscitado, que vai ao encontro dos seus apóstolos, para dar a certeza a eles de que tudo aquilo que havia falado durante sua vida era certo e era de Deus, para que não tivessem dúvidas. Ao comentar sobre a Ressurreição, Dom Odilo reforçou que todos os cristãos devem declarar com alegria: “Se nós não recordamos isso para nós e para nossos filhos, isso será esquecido. Quem veio antes de nós recordou e deu testemunho”.

Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, presidiu as celebrações do tríduo pascal e do Domingo de Páscoa na Área Pastoral Santíssima Trindade, no bairro do Recanto dos Humildes. Diego Nicoletti

Reunidos na Praça Dona Amália Solitari, na Freguesia do Ó, mais de 300 pessoas assistiram na Sexta-feira Santa, 25, a encenação da Paixão de Cristo, idealizada pela Paróquia Bom Jesus dos Passos, do Setor Pastoral Freguesia do Ó.


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Ipiranga

Caroline Dupim

Colaboradora de comunicação da Região

Há 25 anos, com as artes do teatro, jovens apresentam a Paixão de Cristo Apesar da chuva no fim da tarde da Sexta-feira Santa, 25, os jovens da Paróquia Santa Ângela e São Serapião, no Setor Pastoral Cursino, não desanimaram em apresentar a 25ª edição da encenação da Paixão de Cristo. Trata-se de uma tradição, transmitida pelas gerações, e que este ano foi interpretada pelos participantes

do grupo Jovens Nascidos do Amor (J.N.A), que se prepararam ao longo de dois meses. A encenação teve duração de 45 minutos, com representações desde a última ceia do Senhor até sua morte de cruz. Jovens do grupo Saluz, da Comunidade São João Batista; do grupo J.A.A.C, da Paróquia Santa Cristina, e jovens participantes da Área

Pastoral São Domingos estiveram entre as 500 pessoas que prestigiaram a apresentação. “Apesar da chuva, foi uma experiência ótima. Ver o empenho

dos jovens em realizar a apresentação foi muito bonito”, comentou Maria das Graças, paroquiana da Paróquia Santa Ângela e São Serapião. Arquivo pessoal

Cláudio Seiji

Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo na Região Episcopal Ipiranga, presidiu a missa do Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor, na Paróquia Santa Cristina, no Setor Pastoral Cursino, no dia 27.

Jovens interpretam crucificação de Jesus Cristo na Sexta-feira da Paixão, dia 25

Belém

Peterson Prates

Colaborador de comunicação da Região

Páscoa: ‘certeza que transforma vidas e renova corações’ “Uma certeza que move homens e mulheres de todos os lugares, que transforma vidas e renova corações há mais de 2 mil anos, é o que celebramos na Páscoa do Senhor”, afirmou o Padre Alex Sandro Sudré, MSC, durante homilia da Vigília Pascal, no Sábado Santo, 26, na Paróquia São Miguel Arcanjo, no Setor Pastoral Conquista. Ao longo da Semana Santa, houve intensa participação dos fiéis das oito comunidades que formam a Paróquia, com destaque para as manifestações públicas de fé na Terçafeira Santa, 22, com a via-sacra pelos

ruas do Jardim da Conquista, onde se localiza a matriz paroquial, em um “testemunho público da fé em Cristo”, conforme comentou o Padre Alex, pároco; e também na Sexta-feira Santa, 25, quando, depois do momento litúrgico da Paixão de Cristo, aconteceu a procissão do Senhor Morto, mesmo sob intensa chuva no bairro, após a qual houve uma encenação dos últimos passos de Cristo até a crucificação. Foram momentos solenes as celebrações da Vigília Pascal, com a renovação das promessas batismais e o acendimento de oito círios pasDivulgação

Tenda de Formação de Lideranças da Juventude acontece na Região Belém

Paróquia São Miguel Arcanjo

Leigos da Paróquia São Miguel Arcanjo durante encenação da Paixão de Cristo, dia 25

cais (um para cada comunidade), e o Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor, 27, quando foram

celebradas sete missas na matriz paroquial. (Colaborou Padre Reuberson Ferreira)

Para pensar um projeto de vida Entre os dias 18 e 20, 33 jovens estiveram na Tenda de Formação de Lideranças da Juventude, dando continuidade ao projeto da Pastoral da Juventude com o BomPar, iniciado em outubro passado. O projeto que visa a formação integral do jovem tratou no primeiro encontro sobre as “relações afetivas”. No segundo encontro, a temática foi a “civilização do amor”, e neste terceiro encontro o tema foi “projeto de vida”.

Essa última atividade teve início com o relembrar da infância. Os jovens refletiram o que é projeto de vida, sua importância, as etapas e métodos de construção, mas, para isso, foi necessário pensar criticamente a própria realidade. Houve quatro tendas temáticas sobre “a relação comigo mesmo”, “a relação com o outro”, “a relação com o ecossistema” e “a relação com o transcendental”. (Colaborou: Mylenna Lírio)


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Santana

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

Cuidar da água é responsabilidade de todos Para comemorar o Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março, a Pastoral da Ecologia, em parceria com o Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz (Cades) da Subprefeitura Santana/Tucuruvi/ Mandaqui, promoveu a 2ª Tertúlia Ecológica“CasaComum,nossaresponsabilidade!”, no dia 19, Dia de São José. Com participação de pessoas da sociedade civil, do Conselho de Planejamento e Orçamento Participativo (CPOP), do Conselho Participativo Municipal, da Pastoral da Saúde, da Escola Técnica Estadual de São Paulo, da Sabesp, da Supervisão de Juventude e Direitos Humanos e do próprio Cades regional e da Pastoral da Ecologia, o evento contou com explanações de Stela Pedreira, do

Conselho Estadual de Saúde, Eliana Guarda, da Sabesp, e Ideval Costa, do Museu de Geociências da USP. Entre as reflexões, foram feitos resgates históricos de como a água veiculou saúde e doença desde a Antiguidade, o histórico do higienismo no Brasil, os sistemas de abastecimento da cidade de São Paulo, doenças atribuídas à falta de saneamento básico e o processo de formação de aquíferos, onde essas águas se encontram em subsuperfície. “É um caminho, por meio da educação ambiental, para um desenvolvimento mais sustentável e uma maior responsabilidade com o nosso planeta, nossa Casa comum!”, declarou Diego Ferreira Ramos Machado, coordenador da Pastoral da Ecologia.

Paróquia Sagrada Família

Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Santana, presidiu na Quinta-feira Santa, 24, a Celebração Solene da Ceia do Senhor, com o rito de Lava-pés, na Capela São Sebastião, da Paróquia Sagrada Família, no Setor Pastoral Mandaqui.

Arquivo pessoal

Diácono Francisco Gonçalves

Funcionários da Cúria de Santana estiveram em retiro na Abadia de Santa Maria, das monjas beneditinas, no dia 9, com pregação do Padre Wagner Scarponi, que falou, entre outros temas, sobre a misericórdia. Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, participou da atividade.

A Pastoral da Criança da Região Santana se reuniu, no dia 12, na Cúria de Santana, para formação de capacitadores. Segundo Arlete Agostinho, coordenadora regional, a formação prosseguirá no mês de abril.

REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

Dom Eduardo vivencia tríduo pascoal junto à Missão Belém

“Foram dias intensos de silêncio, oração, confissão e participação nas celebrações do Tríduo Pascal”. Assim descreve Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da ArquiGrupo de Jovens Divino Coração

Na Sexta-feira Santa, 25, o Grupo de Jovens Divino Coração, da Paróquia Nossa Senhora do Brasil, do Setor Pastoral Jardins, realizou, pelo terceiro ano consecutivo, a encenação da Paixão de Cristo, na praça Nossa Senhora do Brasil, no Jardim Europa.

diocese na Região Sé, sobre a vivência dos dias que antecederam a Páscoa com os quase 900 acolhidos pela Missão Belém, nos sítios São Miguel Arcanjo, Nossa Senhora Rainha da Paz, em Jarinu (SP), e Santa Marta e Nossa Senhora de Fátima, em Jundiaí (SP). Segundo Dom Eduardo, a maioria dos acolhidos nos sítios foram encontrados pela Missão Belém nas ruas de São Paulo ou estão em tratamento para a recuperação de dependências químicas. “Entre eles, muitos idosos e doentes, que viveram uma experiência forte de Igreja, convivendo com os sacerdotes e participando intensamente das celebrações previstas para a Semana Santa”, recordou. Junto ao Bispo estiveram os padres Emilson José Bento e Wellington Laurindo dos Santos. “‘Deus nos ama verdadeiramente’, foi a grande mensagem ouvida diversas vezes por todos durante estes dias. ‘Muito obrigado,

Missão belém

Em sítio da Missão Belém, Dom Eduardo Vieira confere o sacramento do Batismo

muito obrigado mesmo’, foi a frase mais ouvida pelos celebrantes que, junto com os missionários da Missão Belém, não mediram esforços para se deslocarem de São Paulo e, com alegria, compartilhar da vida e sofrimentos desses irmãos que, apoiados pela fé, lutam para deixar

o vício das drogas e o sofrimento das ruas, experiência esta que muitos vivem, já há décadas. A misericórdia divina é para todos. Que nunca nos esqueçamos que Deus olha de modo preferencial para os pobres e sofredores”, finalizou Dom Eduardo.


www.arquisp.org.br | 30 de março a 5 de abril de 2016

| Regiões Episcopais | 21

Lapa

Benigno Naveira

Colaborador de comunicação da Região

Dom Julio: ‘Jesus nos faz também participar da passagem da morte para a vida’ No Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor, na manhã do dia 27, os fiéis da Paróquia São Mateus, no Setor Pastoral Rio Pequeno, participaram da missa presidida por Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa. “Hoje estamos celebrando a passagem da morte para a vida. Jesus ressuscita, passa deste mundo para o Pai, e nós passamos com Ele. Jesus nos faz participar também dessa passagem, por isso que a Páscoa é importante para nós. Aquilo que seria missão de Jesus se realiza também em nós”, afirmou o Bispo, na homilia. Dom Julio falou sobre o Evangelho do dia (Jo, 20, 1-9), destacando que os discípulos não viram a ressurreição, mas que fizeram a experiência de estar com o próprio Cristo Ressuscitado. Ao longo da Semana Santa e no Domingo de Páscoa, Dom Julio presidiu celebrações em paróquias e novas comunidades na Região Lapa (veja fotos abaixo).

Benigno Naveira

Dom Julio Akamine preside missa no Domingo de Páscoa da Ressureição do Senhor na Paróquia São Mateus

Paróquia São Francisco de Assis

Paróquia São João Maria Vianney

Na Sexta-feira Santa, 25, Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo na Região Lapa, conduziu o ato de descendimento de Jesus da cruz e o sermão das sete palavras, na Paróquia São Francisco de Assis, no Setor Pastoral Butantã. Irmão Agostinho

Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, presidiu na Quinta-feira Santa, 24, a celebração solene da Ceia do Senhor, com o rito do lava-pés, na Paróquia São João Maria Vianney, no Setor Pastoral Lapa. Márcia Rodrigues de Lima

No domingo, 27, Dom Julio Akamine presidiu a missa de Páscoa na sede da Comunidade Voz dos Pobres e almoçou com as pessoas que ali são assistidas.

Na Sexta-feira Santa, 25, o Padre Antônio Soares, pároco, presidiu a liturgia da Paixão do Senhor na Paróquia Santo Antônio de Pádua, no Setor Pastoral Rio Pequeno.

Angela Santos

VENDO SOBRADO

JABAQUARA

Os fiéis da Paróquia Santo Alberto Magno, no Setor Pastoral Butantã, participaram na Sexta-feira Santa, 25, da via-sacra pelas ruas próximas à Paróquia.

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22 | Geral |

30 de março a 5 de abril de 2016 | www.arquisp.org.br

Arquidiocese de Belém e Capital paraense estão mobilizadas para o CEN 2016 Fotos: CEN 2016/Divulgação

Congresso Eucarístico Nacional acontecerá em agosto. Mensalmente, O SÃO PAULO, em parceira com a equipe de comunicação do evento, detalha os preparativos para a atividade Alan Monteiro da Silva Leonardo Monteiro

Especial para O SÃO PAULO, em Belém (PA)

Em 2016, são comemorados os 110 anos de elevação da então Diocese de Belém à Arquidiocese e sede metropolitana de Santa Maria de Belém. Também este ano, em 12 de janeiro, foi festejado o 4º centenário do início de evangelização na Amazônia, a partir da fundação da Capital paraense. Neste ano marcante, o XVII Congresso Eucarístico Nacional (CEN 2016), a ser realizado de 15 a 21 de agosto, atrairá a Belém ao menos 550 mil pessoas, entre leigos e leigas, expositores, religiosos, religiosas, padres, bispos, cardeais e o legado pontifício, o representante do Papa Francisco no Congresso. Além de participar do CEN 2016, quem for à Capital paraense poderá conhecer a multiplicidade de uma cidade que tem quase 2 milhões de habitantes, divididos em 75 bairros, distribuídos em oito distritos, onde predominam as atividades comerciais, o turismo, a gastronomia, a pesca e a extração.

Acolhida a todo o Brasil

Para recepcionar os congressistas de todos os cantos do Brasil, a cidade de Belém colocará em prática a experiência de acolhimento pelo ar, terra e água. Somente o Aeroporto Internacional de Belém, que tem o título de maior porta de entrada na Amazônia, chega a receber 2,7 milhões de passageiros por ano. Anualmente, o Círio de Nazaré atrai aproximadamente 84 mil visitantes de todo o País, formando, assim, um “mar de gente”, com cerca de 2,5 milhões de romeiros. O setor hoteleiro de Belém também está preparado para acolher quem for ao Congresso. Sete hotéis da rede hoteleira local fecharam parcerias com a organização do CEN 2016 e oferecem

Dom Alberto Taveira fala ao clero da Arquidiocese de Belém sobre a realização do Congresso Eucarístico Nacional

descontos para os congressistas, com diárias individuais com valor médio entre R$ 168 e R$ 405; diárias duplas entre R$ 192 e R$ 466; e diárias triplas a R$ 286,00. Os hotéis estão localizados próximos aos locais do evento, com fácil acesso às linhas de transporte público. Belém é também conhecida pela sua gente simples e sempre acolhedora, e por isso haverá a opção de hospedagem solidária, com os anfitriões recebendo peregrinos. Segundo Dom Alberto Taveira, arcebispo metropolitano de Belém, a Comissão de Hospedagem Solidária está envolvendo todas as paróquias da Arquidiocese para obter pelo menos 10 mil lugares destinados a receber as pessoas que vierem de outras regiões. “Só para acolhimento dos bispos, já temos mais de 300 lugares garantidos, hoje já são 165 inscritos e deveremos chegar a 300 em breve. Também será preciso acolher sacerdotes de diversas partes, bem como os demais congressistas”, afirmou Dom Alberto. A Igreja em Belém tem muitos motivos para tamanha dedicação à grande festa eucarística, uma vez que há 53 anos recebeu a 6ª edição do Congresso Eucarístico Nacional, em 1953, com o tema “A Sagrada Eucaristia, sacramento da unidade e da comunidade”. Nesta 17ª edição, será refletido o tema “Eucaristia e Partilha na Amazônia Missionária”, e o lema “Eles o reconheceram no partir do Pão” (Cf. Lc 24,35).

Preparativos

Toda a Arquidiocese de Belém tem

se mobilizado para a organização do evento. As 85 paróquias estão engajadas, bem como o clero e os integrantes das comunidades religiosas, novas comunidades, pastorais e movimentos, além dos leigos e consagrados. As atividades preparativas começaram em 2013, e em 12 de janeiro de 2015 foi iniciado um caminho especial com o Ano Eucarístico da Arquidiocese de Belém, encerrado em 12 de janeiro de 2016. A iniciativa foi uma forma de alcançar de modo especial as pessoas mais afastadas, “brotando rios de água viva em nossa Igreja” (Cf. Jo 7,38). As atividades técnicas/organizacional são desenvolvidas pela coordenação do CEN 2016. Há 17 comissões coordenadas por uma comissão central, presidida por Dom Alberto, e também por Dom Irineu Roman, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belém, Cônego José Gonçalo Vieira, secretário geral, e Padre Roberto Emílio Cavalli Junior, secretário executivo. Segundo Dom Alberto, “as decisões inerentes ao CEN 2016 são tomadas mediante reuniões com as comissões ou comissão central e/ou até mesmo com o Conselho Presbiteral da Arquidiocese. Tudo depende das pautas a serem tratadas. Cada comissão é coordenada por um paroquiano-voluntário, que tem funções específicas. Todos têm a responsabilidade de se organizarem com voluntários para desenvolver suas atividades”. Ainda conforme o Arcebispo, o escritório do CEN 2016, com sede na Cúria Metropolitana de Belém, tem como

finalidade dar suporte às comissões, organização institucional do Congresso, coordenação do fluxo de informações entre as comissões, coordenação das atividades com a agência contratada e a divulgação do CEN 2016 por diversos meios.

Inscrições abertas

Já é possível se inscrever para o CEN 2016 pelo site oficial www.cen2016. com.br. A programação do Congresso contempla celebrações eucarísticas, feira católica, exposição de arte-sacra, simpósio teológico, workshops e shows. Ao se inscreverem, os interessados poderão optar por participar de um dos cursos do simpósio teológico ou do workshop (a relação dos cursos estará disponível a partir de abril, haverá limite de inscritos). As demais programações são de livre acesso. Os interessados também poderão incluir membros à sua inscrição, ou seja, formar grupos de caravanas. O membro responsável pelo grupo pode incluir quantas inscrições desejar, inclusive optando pela participação no simpósio teológico e pela hospedagem solidária para cada inscrito. Ao se inscrever, é possível o pagamento por meio do PagSeguro, nas modalidades de cartão de crédito; débito bancário; boleto bancário; carteiras eletrônicas; depósito em conta. O valor é de R$ 50 para os congressistas (leigos, religiosos, diáconos, seminaristas etc.) e de R$ 250 para os sacerdotes, uma vez que estes últimos receberão paramentos personalizados do CEN 2016.


www.arquisp.org.br | 30 de março a 5 de abril de 2016

Arquivo pessoal

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Arquivo pessoal

Arquivo pessoal

Durante quase 30 dias, os seminaristas da Arquidiocese de São Paulo, Edson (na primeira foto) e Cleyton (na segunda foto, ao centro), vivenciam missão em terras marajoaras

Os aprendizados de uma missão na Ilha de Marajó Arquivo pessoal

Cleyton Silva e Edson Amaro, seminaristas da Arquidiocese de São Paulo, relatam experiência missionária de férias no Arquipélago no Pará Renata Moraes

jornalismorenata@gmail.com

Muitos seminaristas aproveitam as férias para descansar ou passear com os amigos ou a família. Muitos, mas nem todos. Os jovens Cleyton Pontes Silva, 20, e Edson Amaro de Oliveira, 23, estudantes do 2º e 3º ano do Seminário de Filosofia Santo Cura D’ars, da Arquidiocese de São Paulo, vivenciaram esse período em uma experiência missionária na Ilha de Marajó, no Pará. A convite da Prelazia de Marajó, de uma paróquia da cidade de Bagre, que pertence à Ilha, e do Padre D’Artagnan de Almeida, da Arquidiocese de Mariana (MG), um grupo de 38 missionários, incluindo sacerdotes, seminaristas, religiosas e leigos de diversas regiões do País, participou da missão de evangelização nas terras marajoaras, entre 11 de dezembro e 5 de janeiro. Localizada no nordeste do Estado do Pará, a Ilha de Marajó divide-se em 17 municípios, sendo os mais populosos Breves, Portel e Melgaço, além da região portuária de Bagre. A Prelazia de Marajó é composta de dez paróquias, tem 22 sacerdotes e 31 seminaristas. A primeira parte da missão aconteceu no município de Bagre. Lá, divididos em grupos, os missionários bateram de porta em porta, com uma mensagem de esperança e fé às famílias formadas pelos

Seminaristas são recebidos com alegria por famílias, que dão testemunho de fé na dificuldade

23,8 mil habitantes do local, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010. “Com eles, aprendemos a dar valor a tudo que temos e conquistamos, aumentando a nossa fé e esperança”, contou, ao O SÃO PAULO, o seminarista Edson. A segunda etapa da missão foi realizada nas comunidades ribeirinhas, no interior da Ilha. Os seminaristas puderam ter contato com as dificuldades do povo para participar das missas e celebrações devido às limitações de acesso e a distância entre as comunidades. Por isso, a presença dos missionários era muito aguardada e foi intensamente festejada. “As comunidades são constituídas por numerosas famílias, que nos recebiam com grande alegria e fraterno acolhimento”, recordou o seminarista Cleyton. Segundo Edson, há evidentes sinais da precariedade das condições de vida na Ilha de Marajó, especialmente no que se refere à falta de saneamento básico em alguns locais. “A população vive em extrema situação de pobreza, esquecida pelo poder público, sem acesso à moradia, educação e transporte público adequado”, garantiu. Esse contexto pouco alentador não

faz as pessoas desanimarem na fé, tanto assim que alguns jovens desejam seguir a vida religiosa consagrada e pediram orientações aos dois seminaristas da Arquidiocese. “Estimulamos os jovens a sonharem e terem esperança, por meio de uma vida baseada no amor a Jesus Cristo, valorizando um projeto profissional que inclua uma mudança para si e para sua comunidade”, comentou Cleyton.

Mais entusiasmados para o anúncio do Evangelho

“A Igreja marajoara expressa alegria em tudo o que faz: na liturgia, nas missas e nos encontros. Em São Paulo, a situação não é diferente. As comunidades mais pobres também expressam sua beleza e seus costumes em relação à fé”, afirmou Edson, ao recordar as semelhanças das diferentes realidades da Igreja. “Ao olharmos para São Paulo, vemos algumas dificuldades, mas nada comparado com as necessidades daquele povo. Em nossa Arquidiocese, temos a oportunidade de ter várias celebrações eucarísticas ao longo do dia, pois existem paróquias próximas e de fácil acesso”, comentou Cleyton, afirmando ter voltado da missão com mais entusiasmo para anunciar a pa-

lavra de Deus. “Somos convocados a levar o anúncio do Evangelho não somente com palavras, mas principalmente com atitudes concretas de um verdadeiro cristão”. O seminarista Edson também se diz mais estimulado à vida sacerdotal depois da missão. “Após essa experiência missionária na Ilha de Marajó, espero como futuro sacerdote ser um bom missionário e testemunhar Jesus Cristo nesta grande Metrópole”, encerrou. A Arquidiocese de São Paulo tem preocupação que a formação dos seminaristas esteja mais próxima das diferentes realidades humanas. Por isso, além de apoiar iniciativas missionárias espontâneas como as dos seminaristas Edson e Cleyton, realiza anualmente uma semana missionária, na qual os futuros padres vivenciam as dificuldades dos fiéis e o agir pastoral das paróquias e capelanias da Arquidiocese.

Atenção do Cardeal Hummes

Entre 23 e 27 de fevereiro, o Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, visitou a Ilha de Marajó, acompanhado de uma comitiva formada por Dom José Luiz Azcona, bispo da Prelazia de Marajó, e por integrantes da CNBB. Ele esteve nos municípios de Melgaço, Breves, Portel e Soure, onde realizou audiências com os moradores e tomou conhecimento dos problemas vivenciados pela população local. Os relatos servirão de base para que Dom Cláudio elabore relatórios que serão entregues pessoalmente ao Papa Francisco, detalhando as condições de miséria e as denúncias da comunidade local de casos de exploração sexual de crianças e adolescentes em balsas de transporte de carga na região.

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