O SÃO PAULO - 3097

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 61 | Edição 3097 | 13 a 19 de abril de 2016

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www.arquisp.org.br L’Osservatore Romano

Bispos do Brasil estão próximos da redação final do documento sobre o laicato Reunidos em Aparecida (SP) na Assembleia Geral da CNBB, os bispos do Brasil debatem até sexta-feira, 15, o tema “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade: Sal da terra e luz do mundo”, que é o enfoque de um documento que tende a ser aprovado pelo episcopado. Orientações aos fiéis para eleições também poderão ser anunciadas. Página 23 Divulgação/Cortile dei Gentili

Professor e renomado economista mundial, Jeffrey Sachs fala ao O SÃO PAULO

Papa exorta a humanidade à alegria do amor na família Foi apresentada na sexta-feira, 8, a exortação apostólica pós-sinodal Amoris laetitia (A Alegria do Amor), redigida pelo Papa Francisco com base nas reflexões das duas assembleias do Sínodo dos Bispos, em 2014 e 2015. “O Papa Francisco reafirma o ideal elevado do casamento cristão e da família, afirmando que sua intenção não é mudar a doutrina e a moral da Igreja em relação a isso. Mas, ao mesmo tempo, considera que nem todas as pessoas

estão preparadas, ou ainda não são capazes de abraçar inteiramente o ideal cristão do casamento e da moral familiar e matrimonial. Essas pessoas devem conhecer o ideal e serem chamadas a fazer passos na direção do ideal”, comenta o Cardeal Scherer, arcebispo de São Paulo, destacando, ainda, que será preciso uma nova e cuidadosa pastoral do casamento e da família. Páginas 3,12 e 13

O que são as tão faladas ‘pedaladas fiscais’?

Programa da 9 de julho recebe prêmio da CNBB

IMposto de Renda em prol do Museu de Arte Sacra

Temática é detalhada na estreia da editoria de Política do O SÃO PAULO, que também apresentará um resumo do noticiário político nacional.

Cônego Manzatto, idealizador do programa “Certas Canções”, recebeu o prêmio “Microfone de Prata”, oferecido pela CNBB, na sexta-feira, dia 8.

Projeto “Sou mais MAS” permite que ao declarar Imposto de Renda, pessoas físicas ajudem a manter o Museu que é referência nacional em Arte Sacra.

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As soluções para os problemas ambientais do mundo dependem necessariamente do combate à pobreza. Esse argumento, que relaciona desigualdade social e desenvolvimento sustentável, é amplamente defendido pelo Papa na Encíclica Laudato si’, e também é uma das linhas gerais do trabalho do economista norte-americano Jeffrey Sachs (foto). Página 15

Suportar com paciência as pessoas molestas é obra de misericórdia Neste jubileu extraordinário, o Papa Francisco convida os fiéis à vivência plena das obras de misericórdia. Suportar com paciência as pessoas molestas é uma dessas iniciativas. Os exemplos de Jó, descrito na Bíblia, e do Cardeal François-Xavier Nguyen Van Thuan (1928-2002) podem ser seguidos por quem deseja praticar essa obra de misericórdia no dia a dia. Página 22


2 | Ponto de Vista |

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Editorial

Nem peixinhos nem tubarões

A

sabedoria popular expressa, de muitas formas, verdades que têm grande atualidade e relevância. Há um ditado popular que diz: “Filho de peixe, peixinho é”. Por trás dessa afirmação, encontramos uma lei natural, a de que cada ser vivo se reproduz e se perpetua segundo a própria espécie. Mas em que medida essa sentença popular pode iluminar os tempos difíceis que vive o nosso País? Entre as muitas coisas que se fala a respeito do nosso povo e da nossa cultura, está um pensamento e uma prática que precisa ser revista. Parece que existe uma quase aceitação passiva de que a corrupção está na gênese da nossa sociedade. Parece que as atitudes individuais que lesam outras pessoas ou as atitudes corporativas que fraldam os cofres públicos sempre existiram, e por isso alcançaram um tipo de permissão e aceitação geral.

Por esse caminho, o que importa é que cada qual encontre um meio para tirar o máximo de proveito pessoal das circunstâncias. Quanto maior são as possibilidades, maiores e mais elaboradas são as formas de corrupção. Assim, existe quem corrompe ou se deixa corromper por pequenas coisas ou por cifras maiores. A questão parece ser só a oportunidade, ilustrada por outro ditado popular: “A ocasião faz o ladrão”. Por tudo isso, se poderia chegar a uma terrível conclusão: a de que a corrupção estaria impregnada no DNA da sociedade brasileira. Parafraseando a fala de uma eminente autoridade política da atualidade, estaríamos diante de uma subespécie humana, o “homo corruptos”. Nesse caso, estaríamos fadados a viver envolvidos pela corrupção, pois “filho de peixe, peixinho é”. Uma tal conclusão seria equivocada

e falsa, porque não consideraria os legítimos anseios e reponsabilidades da “brava gente brasileira” e nem a liberdade de cada indivíduo. Por isso, o momento atual precisa ser olhado com mais atenção, para que ao sair dele não sejam trocados os personagens e permaneçam as práticas estruturadas. O País carrega uma história de muitas glórias, e junto com ela também carrega histórias de explorações, de violências e usurpações dos seus direitos. Somos uma jovem democracia e não podemos retroceder nas garantias conquistadas, mas precisamos avançar nos processos políticos e legais que gerenciam o governo e os governantes. Na atualidade, estão em vigor os mandatos, legitimamente conquistados pelo voto, mas que estão sofrendo questionamentos, que também são legítimos, já que isso é previsto pela

Constituição Federal. Caberá ao poder Judiciário julgar a questão e definir se as acusações procedem ou não. Porém, parece que a questão vai além, e a pergunta fundamental não é sobre a continuidade ou não dos atuais mandatos, e em caso negativo quem assumiria. A pergunta é se vamos continuar com os mesmos processos eleitorais, com os financiamentos de campanha e com os mesmos processos de governo, com os acordos e conchavos partidários para governar. Se não for assim, se não houver mudanças nos sistemas, vamos continuar reproduzindo “peixinhos” ou “tubarões”. O tempo é propício para mudanças e elas precisam começar pelo cidadão e pelo seu comportamento social, pois qualquer candidato eleito será sempre um cidadão, se corrupto ou honesto, depende de toda a sua formação e convicções pessoais.

Opinião

Uma evangelização profunda que chegue à conversão dos costumes Arte: Sergio Ricciuto Conte

Ana Lydia Sawaya Muito se tem falado que o combate à corrupção no Brasil depende da educação. Mas que educação? Será que basta aumentar a escolaridade? Bom, os corruptos que estamos vendo por aí têm inteligência, pois conseguiram galgar muitos patamares sociais, e muitos também têm alta escolaridade. Isso não quer dizer que a escolaridade média do povo brasileiro não esteja muito aquém do aceitável para um país que deseja se desenvolver economicamente; mas o aumento da escolaridade não é suficiente para levar um povo a desejar não trapacear quando tem oportunidade, roubar mesmo em pequenas coisas que parecem ter pouca valia, deixar de ser egoísta e oportunista e só pensar no interesse próprio. O caminho para amar o bem comum é bem outro. O ato de colocar-se a serviço dos outros com alegria e generosidade, de trabalhar de forma correta e eficiente, e o amor pelo bom fruto do próprio trabalho são atitudes que nascem de outra fonte: uma religiosidade profunda. Mas o que é essa religiosidade profunda, que São Bento ao fundar há 1.500 anos “uma escola de serviço ao Senhor”, também chama de “conversão dos costumes”? No início de sua Regra de Vida, ele diz: “Qual é o homem que quer a vida e

deseja ver dias felizes? Se a essas palavras responderes ‘Sou eu’, Deus te dirá então: Se queres ter a vida verdadeira e eterna, preserva tua língua do mal e não profiram os teus lábios palavras enganadoras, desvia-te do mal e faze o bem; procura a paz e segue-a. Quando tiveres feitos essas coisas, os meus olhos porei em vós e os meus ouvidos estarão atentos às vossas preces, e antes que me invoqueis, direi: ‘Aqui estou.’” (Prólogo, Regra de São Bento). A religiosidade profunda, única capaz de levar à conversão dos cos-

tumes, nasce livremente na pessoa que encontrou o Senhor e experimenta, na relação com Ele, o caminho da felicidade. É fruto de um movimento livre para o bem, porque a pessoa se sente segura num caminho onde ela já experimenta uma possibilidade real de felicidade. Faz o bem quem é feliz, diziam também os antigos filósofos. É evidente como tantos dos nossos políticos, empresários, juízes e até cientistas e artistas não mostram um caminho de real conversão dos costumes, e estão muito longe dis-

so. Seria superficial esperar que leis ou sistemas de governo, por mais eficientes que possam ser, sejam capazes de coibir atitudes tão distantes da busca do bem comum. Porque sempre haverá meios de burlar as regras e as leis. Da mesma forma, seria uma grande ingenuidade acreditar que basta mudar de partido ou de políticos para salvar o Brasil da corrupção. Há ainda que dizer que os que foram eleitos (e o serão), de certa forma, representam a “moral do povo’” sendo parte dela. L. Giussani, no livro “O Eu, o poder e as obras” (Editora Cidade Nova, 2001) explica que a política é a forma última da cultura. O ato político representa a expressão última da cultura e do agir de um povo. A Igreja tem uma responsabilidade importantíssima no Brasil: dela, sobretudo, depende um trabalho de evangelização profunda, única capaz de levar à conversão real dos costumes. Só assim, o Brasil poderá vencer a corrupção sistêmica, a violência e a enorme desigualdade social. Mas, mais que tudo, dar as oportunidades a muitas pessoas de encontrarem a Cristo, único caminho para a felicidade plena e resposta adequada ao desejo mais profundo do coração. Ana Lydia Sawaya é professora da Unifesp, fez doutorado em Nutrição na Universidade de Cambridge e foi pesquisadora visitante do MIT. É conselheira do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Renata Moraes • Institucional: Rafael Alberto e Fernando Geronazzo • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Maria Aparecida Ferreira • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

N

o dia 8 de abril, o Papa Francisco fez publicar a sua Exortação pós-sinodal sobre a família, com o título sugestivo de “Amoris laetitia” (“A Alegria do Amor”). O Papa recolheu as reflexões e contribuições das duas assembleias do Sínodo dos Bispos sobre a família (2014 e 2015) e ofereceu à Igreja a sua própria palavra sobre o tema. Logo no início, Francisco observa que a palavra da Igreja sobre a família é uma “boa notícia”, pois a família é coisa boa e querida por Deus; apesar das dificuldades e problemas que possa enfrentar, ela continua a ser um ideal para tantos que desejam casar e formar família: “o anseio por uma família continua vivo nas jovens gerações” e isso revela que se trata de algo que está na natureza humana e que o ideal de felicidade está enraizado no mais profundo do coração. Em outras palavras, isso vem de Deus, que criou o ser humano, abençoou o homem e a mulher e lhes mandou que casassem e constituíssem família no amor. A Exortação Apostólica é dirigida aos bispos, ao clero e, sobretudo, às famílias. É um texto longo, mas sua leitura não é difícil e será de grande proveito para todos os leitores. O documento foi publicado em numerosas línguas de forma impressa e também na internet, possibilitando o acesso a todos os interessados.

A alegria do amor Logo no início, o Papa deixa claro que esse documento da Igreja foi elaborado à luz da Palavra de Deus, da fé cristã e da missão da Igreja; começa apresentando o olhar de Deus sobre a família; de Jesus, que explicita e confirma o significado e a vocação da família. E fala do amor, que está na base do casamento e da família. O ideal cristão de “amar como Jesus amou” engrandece e eleva a tendência instintiva e natural do amor humano, como mostra o “hino à caridade”, da 1ª Carta de São Paulo aos Coríntios; partindo desse belo texto da Escritura, o Papa fala das diversas situações que hoje desafiam o casamento e a família. A partir dessa Exortação Apostólica, será necessário repensar a pastoral da família em termos novos; grande atenção deverá ser dispensada a uma adequada preparação ao casamento, bem como ao acompanhamento dos casais durante os primeiros anos da vida matrimonial. Aos casais deverá ser oferecida uma espiritualidade conjugal e matrimonial com características próprias, para que cresçam e amadureçam no amor. Os últimos dois capítulos são dedicados a várias questões mais delicadas: o Papa deseja falar às “famílias feridas” ou que vivem situações matrimoniais irregulares; essa mesma palavra é dirigida à Igreja, que deverá ajudar essas pessoas e casais. Eles não devem ser excluídos da Igreja, nem marginalizados, mas integrados nela na maneira possível a eles. Deus não fecha as portas da salvação a ninguém, mesmo que pessoas

vivam naquelas situações em que a Igreja não pode regularizar um casamento. Francisco se refere aos casais que vivem juntos sem estarem casados, nem no civil nem no religioso; àqueles que estão casados apenas no civil; aos que já tiveram um casamento religioso que acabou e que vivem numa nova união. Como ajudar essas pessoas para que elas não sejam marginalizadas nem excluídas da Igreja? O Papa pede que haja um especial acompanhamento pastoral dessas pessoas e situações. Esse acompanhamento deverá ser personalizado e feito sobretudo no âmbito da confissão e da direção espiritual. Quem deverá fazer isso é o bispo com o seu clero; mas também religiosos e leigos especialmente preparados. Um imenso campo de pastoral abrese a partir da “Amoris laetitia”! Afirma também que o único casamento verdadeiro possível é aquele que se dá entre um homem e uma mulher; que o casamento é monogâmico e indissolúvel. A Igreja não pode mudar o que Cristo ensinou; o ideal do casamento cristão permanece intacto e deve ser apresentado aos casais, ajudando-os a compreender sua beleza e seu valor. Porém, é necessário compreender que nem todas as pessoas conseguem viver esse ideal logo e integralmente; por isso, o Papa aponta para uma atitude fundamental ao acompanhamento dos casais que vivem em situação irregular: discernimento, feito à luz da fé. A Exortação Apostólica deverá levar a uma nova e cuidadosa pastoral do casamento e da família.

| Encontro com o Pastor | 3

Sobre a exortação apostólica ‘Amoris laetitia’ Imprensa CNBB

Durante a 54ª Assembleia Geral da CNBB, na sexta-feira, 8, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, concedeu entrevista coletiva em que falou aos jornalistas sobre a Exortação Apostólica PósSinodal “Amoris laetitia”, lançada pelo Papa Francisco naquele dia. “O tema em pauta é a família nas suas questões contemporâneas, na complexidade para a missão da Igreja, para a nova evangelização, bem como a vocação e missão da família na Igreja e na sociedade”, afirmou o Cardeal (leia mais detalhes nas páginas 12 e 13).

Tweets do Cardeal @DomOdiloScherer 11 - Cl 2, 9-12 “Com Cristo, fostes sepultados no batismo; com ele também fostes ressuscitados por meio da fé no poder de Deus, que ressuscitou a Cristo”. 11 - Sl 70,3 Sede uma rocha protetora para mim, um abrigo bem seguro que me salve! 09 - 2 Cor 5, 14-15 “Cristo morreu por todos, para que os vivos não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. 08 - “Os apóstolos saíram do tribunal contentes por terem sido considerados dignos de sofrer injúrias por causa do nome de Jesus”.

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4 | Fé e Vida |

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Liturgia e Vida

Você Pergunta

4º DOMINGO DA PÁSCOA 17 DE ABRIL DE 2016

Um rebanho muito amado ANA FLORA ANDERSON No meio da alegria do tempo pascal, a liturgia de hoje nos faz lembrar que somente o testemunho fiel nos levará à felicidade eterna. Na primeira leitura (Atos dos Apóstolos 13, 14.43-52), encontramos Paulo e Barnabé em missão em Antioquia. O Senhor Jesus os enviou para anunciar a Palavra da Vida como uma luz para as nações. Mas, as autoridades judaicas conseguem expulsá-los da Cidade. Para Paulo e Barnabé, a perseguição era uma reação ao testemunho fiel deles. Eles ficaram alegres e cheios do Espírito Santo. A segunda leitura (Apocalipse 7, 9.14-17) revela que o Povo de Deus de todas as tribos, povos e línguas participa da vida do Cordeiro, que se entregou para

comunicar essa vida nova a todas as nações. Esse povo ressuscitado está unido ao Cordeiro Imolado, que venceu a morte e agora se doa como fonte de vida. O autor define o Povo de Deus como o formado por aqueles que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram suas roupas no sangue do Cordeiro e por isso estão diante do trono de Deus. O Evangelho de São João (10, 27-30) diz que Jesus Ressuscitado está unido às suas ovelhas. Elas ouvem a sua voz, Ele as conhece e elas o seguem. As ovelhas que a Ele se unem são um dom do Pai. E, assim, a vida do Povo de Deus comunica o amor que une o Filho e o Pai. Jesus, o verdadeiro Pastor, doa sua vida para que todos conheçam a plenitude da participação na vida do Pai misericordioso.

Tenho sonhos pavorosos. O que será isso, padre? padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br

A Sabrina, não me disse seu sobrenome. Ela é de Aparecida de Goiânia e está angustiada: me fala de seus sonhos, ou melhor, de seus pesadelos que lhe tiram a serenidade e a paz. Ô Sabrina, minha querida. Já começo a responder para você, dizendo que não se preocupe com sonhos. Os sonhos são frutos de coisas que estão guardadas nas gavetinhas de nossa memória. De repente, uma situação mais estressante pela qual passamos, um momento em que estamos mais cansados, mais nervosos, ou quando uma coisa chamou nossa atenção du-

rante o dia, uma dessas gavetinhas se abre e lá vem o sonho, bonitos alguns, nem tão bonitos outros. No fundo, no fundo, portanto, eles são criações nossas a partir do que ficou impresso na nossa memória ou no nosso inconsciente. Nós, cristãos, não devemos nos preocupar demais com interpretações de sonhos. Não devemos também nos levar por medos. Calma, serenidade, uma vida tranquila, um bom relacionamento com a família, um cuidado extremo para não nos estressarmos, e os sonhos deixarão de ser pesadelos assustadores. Eu vivo incentivando as pessoas a levarem uma vida saudável em casa, no trabalho,

no relacionamento com amigos, parentes, companheiros de trabalho. Sem medo, portanto, minha querida Sabrina. Curta a sua vida, encha seu coração de coisas boas e esses sonhos não se repetirão. Eu penso também que é hora de nos curarmos de nossos medos, de enfrentarmos a vida com mais coragem, otimismo. É hora de alimentar nosso coração com coisas boas. Caso contrário, “a louca da casa”, que é a nossa imaginação, não vai nos deixar em paz. Torço por você, minha irmã Sabrina. Bons sonhos para você. E se os sonhos são maus, aprenda a rir deles. Oremos uns pelos outros.

Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 10 de abril de 2016, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Glória, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Vila Prudente, o Revmo. Pe. Moacyr Leczuk, OSBM, pelo período de 6 (seis) anos. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL Em 10 de abril de 2016, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial “ad

nutum episcopi” da Paróquia Nossa Senhora da Glória, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Vila Prudente, o Revmo. Pe. Josafat Vozivoda, OSBM. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE DIÁCONO PERMANENTE COMO ASSISTENTE PASTORAL Em 22 de março de 2016, foi nomeado e provisionado Assistente Pastoral na Paróquia Santa Teresa de Jesus, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Jardins, o Diácono Permanente José Carlos Iziquiel, pelo período de 1 (um) ano.

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE DIÁCONO COMO ASSISTENTE PASTORAL Em 01 de abril de 2016, foi nomeado e provisionado Assistente Pastoral na Paróquia Santuário São Judas Tadeu, na Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Imigrantes, o Diácono Diego Martins, SCJ, pelo período de 1 (um) ano. Em 01 de abril de 2016, foi nomeado e provisionado Assistente Pastoral na Paróquia Santuário São Judas Tadeu,

na Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Imigrantes, o Diácono Silvano Borba, SCJ, pelo período de 1 (um) ano. NOMEAÇÃO DE MINISTRO EXTRAORDINÁRIO DA BÊNÇÃO Em 01 de abril de 2016, foi nomeado Ministro Extraordinário da Bênção para a Paróquia Santuário São Judas Tadeu, na Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Imigrantes, o Frater Josimar Baggio, SCJ, pelo período de 1 (um) ano.


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Espiritualidade ‘Simão, filho de João, tu me amas?’ Dom Eduardo Vieira dos Santos

E

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé

sta é a pergunta feita por Jesus a Simão Pedro, ao aparecer pela 3ª vez aos discípulos, após sua Ressurreição dos mortos: “Simão, filho de João, tu me amas?” A resposta de Simão Pedro não poderia ser outra: “sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Ao sim de Simão Pedro, profere Jesus: “apascenta as minhas ovelhas”. A aparição, declaração de amor e confiança de uma nova missão, se dá entre Jesus e os que o amam e o testemunham em meio aos compromissos do dia a dia. Após o episódio da Paixão e Morte de Jesus, os discípulos retomam o trabalho de pescadores. Juntos, decidem sair para pesca e, depois de uma noite inteira de trabalho, só trazem frustração, nada pescaram. Na margem está Jesus, de pé, sem que o reconheçam. Jesus pede para aqueles homens tristes e cansados algo para comer: “Moços, tendes algo para comer?” A resposta é seca, “não”. Diferentemente da resposta, um pedido:

“Lançai suas redes a direita da barca e toda uma “noite” de trabalho em achareis”. O resultado surpreende e o vão. Amar Jesus é ter consciência de reconhecimento daquele que está de nossa “nudez” e coragem de se vestir pé na margem, dialogando com eles e revestir da prática de boas obras, se dá: “É o Senhor”, afirma um dos obras de misericórdia, pois a Paixão e discípulos. Em pouco tempo, todos Morte de Jesus se prolonga na vida de estavam sentados ao redor de Jesus, inúmeros irmãos e irmãs que sofrem comendo pão, peixe assado e gozan- perseguições, injustiças e morte. Ao do da companhia do Mestre. Felizes ouvir dizer que era o Senhor, Simão com o resultado da pesca, fartos da Pedro pula e vai ao encontro de Jesus. comida e ainda mais felizes com a O nome de Jesus motiva e encoraja presença de Jesus, surge a pergunta todos os seus discípulos, de ontem e crucial: “Simão, filho de João, tu me amas?”. “Lançai suas redes a direita da A cada uma das três barca e achareis”. O resultado interrogações dirigi- surpreende e o reconhecimento das diretamente a Si- daquele que está de pé na mão Pedro, a resposta margem, dialogando com eles é afirmativa: “Senhor, se dá: “É o Senhor”, afirma um tu sabes tudo, tu sabes dos discípulos. Em pouco tempo, que eu te amo”. Com todos estavam sentados ao a resposta de Simão redor de Jesus, comendo pão, Pedro, Jesus conclui: peixe assado e gozando da “Apascenta as minhas companhia do Mestre ovelhas”. Cada um de nós pode se colocar no lugar de Si- de hoje, a fazer opções audazes, nomão Pedro e, ao ouvir a pergunta de vas, porque sua presença motiva, dá Jesus ...“você me ama?”, como Simão sentido e sabor a tudo o que somos e Pedro, envolvidos nos nossos muitos fazemos. Com Jesus, a vida na famíafazeres, podemos responder: “Sim, lia, na igreja, no trabalho, na escola, Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que junto aos amigos, ou seja, no mundo, eu te amo”. O amor a Jesus é con- é diferente, os frutos são abundantes. creto, exige ter coragem e confiança “Sem mim nada podeis fazer”, nos para lançar as redes, mesmo após ensina Jesus na última ceia.

| Fé e Vida | 5

Fé e Cidadania Além do mosquito Cônego Antonio Manzatto O mundo se preocupa com a proliferação da epidemia de zika, transmitida pelo mesmo mosquito que nos assombra há tempos, porque também transmite a dengue e a chikungunya. O Brasil vive autêntica epidemia dessas doenças já há tempos, e apesar de campanhas para o combate ao mosquito, ele tem resistido. Claro que é extremamente importante combatê-lo, inclusive lembrando que um mosquito não é mais forte que um país inteiro. Todos precisamos nos envolver nessa campanha de combate ao Aedes aegypti: governo e cidadãos. Porém, afirmar que ele é o único responsável pelas epidemias que conhecemos, é uma simplificação perigosa. Responsáveis também são todos os que facilitam sua proliferação, dando condições para o estabelecimento de nascedouros; também aqueles que não o combatem como deveriam, porque só se incomodam quando os números são altos demais ou quando atingem populações mais influentes; também aqueles que fazem questão de esconder informações, manipulando números ou afirmando que a situação está sob controle, o que leva as pessoas a acreditarem que o perigo não é tão real assim. Ou seja, responsáveis são também a população, os governos e a imprensa, pois em grande parte não cumprem seus papéis. Mas, ainda há mais, porque o zika, a dengue e a chikungunya se juntam a outras doenças como a leishmaniose, a doença de Chagas ou mesmo a gripe, que são doenças negligenciadas no Brasil e mesmo na América Latina inteira. É verdade que as instalações de saúde de que dispomos são terríveis, pois os governos por muito tempo desleixaram de suas condições, já que se preocupam unicamente com a próxima eleição. Essas doenças ameaçam milhões de pessoas, porque não houve priorização de investimentos em vacinas, exames e tratamentos efetivos para combatê-las. A razão disso é que são doenças que atacam principalmente os pobres, e estes não são prioridade para a indústria farmacêutica, que visa apenas lucro, nem para os governos. A agenda médica continua controlada pelo mercado. A lógica do combate às doenças deve ir além do combate ao mosquito, sem negligenciá-lo. Há que haver uma mudança no sistema para inverter as prioridades, passando da simples busca de lucro para contemplar as necessidades de saúde das populações mais pobres, no Brasil e no mundo. A recente epidemia de ebola na África pode nos ensinar alguma coisa. Não podemos esperar que as epidemias ameacem os países ou populações mais ricas para que elas comecem a ser combatidas. A indústria não deve priorizar a estética e o lucro em suas pesquisas, mas as reais necessidades de saúde das populações. É preciso combater o mosquito, melhorar as condições de saúde e mudar o sistema para que as próximas epidemias sejam melhor combatidas.


6 | Viver Bem |

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Comportamento

Educar nas virtudes: preparando o terreno Simone Fuzaro

Algumas filosofias modernas e estudos psicológicos levaram a crer que a educação nas virtudes estava vinculada a falta de liberdade, de espontaneidade, a traumas e repressão. Hoje já podemos perceber as consequências práticas desse processo educativo baseado na “espontaneidade” e na realização dos desejos: temos muitos jovens escravizados pelos desejos irracionais, pelos instintos. Normalmente, não se motivam a lutar por valores mais sólidos e que visem o bem comum, sentem-se facilmente deprimidos, mostram-se agressivos e tendem a desrespeitar os demais. São imaturos e agem motivados por uma afetividade desordenada. Segundo João Malheiros, doutor em Educação pela UFRJ, “quem não foi educado nos bons hábitos de escolha (virtude) somente terá uma liberdade aparente. Nossos vícios de preguiça, vaidade, egoísmo nos impedem de ver as coisas como realmente são e fazem com que certos aspectos nos pareçam tão atrativos que prevaleçam sobre outros de maior valor objetivo (...) Para ser autenticamente livre, o querer da nossa vontade deve proceder de um juízo correto sobre a realidade e se esforçar para que não seja desfigurado pelas próprias paixões. Para ele, “para que as escolhas sejam boas, é necessário um critério bem formado e interiorizado”. Se queremos pessoas lúcidas e uma sociedade mais equilibrada, é necessário educar as crianças para que adquiram virtudes,

para que formem critérios sóli- pelo leite, não conseguir o obdos que vão nortear suas esco- jeto que apontou, aguentar por lhas e atitudes. uns minutos o desconforto do Inicio, então, uma pequena calor ou da fralda molhada, são série de artigos que nos ajuda- pequeninos “desafios” que vão rá a refletir sobre a aquisição de enriquecendo o terreno, prepavirtudes no cotidiano da crian- rando-o para a virtude da paça. ciência, da fortaleza. É preciso Neste, quero falar um pou- que saibam o que é fome, o que co sobre “preparar o terreno”. é sede, o que é dor. Já paramos Assim como no plantio é im- para refletir sobre como temos portante o preparo da terra, no oferecido sucedâneos às crianprocesso educativo também pre- ças evitando que sintam os descisamos preparar o ambiente e confortos da vida? Os remédios o coração para alcançarmos os são “gostosos”, os restaurantes, objetivos. supermercados têm brinqueEm primeiro lugar, é preciso dos apropriados, os carros têm ter clareza de que o que se espera é uma criança. Um pequeno quem não foi educado nos ser humano, poten- bons hábitos de escolha cialmente capaz de (virtude) somente terá uma muito, porém, ainda liberdade aparente. Nossos sem nenhuma possibilidade de viver vícios de preguiça, vaidade, sozinho e de fazer es- egoísmo nos impedem colhas. Será uma pes- de ver as coisas como soa com qualidades realmente são e fazem com e limitações como todos nós. Precisa- que certos aspectos nos remos nutrir física e pareçam tão atrativos que emocionalmente esse prevaleçam sobre outros pequeno que só se de maior valor objetivo transformará em um sujeito com nossa ajuda e intervenção. Precisamos tablets - nada de espera e desdedicar tempo e trabalho para conforto. Na verdade, nós pais não suportamos mais o choro de isso. No convívio com o bebê, desconforto dos pequenos, não precisamos ter em mente que aguentamos esperar que reajam um excelente modo de prepa- à frustração e a elaborem. Como rar esse terreno é ir aos poucos, poderão criar soluções se não com tranquilidade, ensinando- vivenciaram o problema? Como os a esperar. Embora seja um poderão depois adquirir virtugrande alívio e alegria atender- des e lidar de modo positivo mos ao desejo dos pequenos com adversidades que surgirem? rapidamente e podermos vê-los Simone Ribeiro Cabral Fuzaro sorrindo satisfeitos, isso não é o é Fonoaudióloga e Educadora; mantém o blog http://educandonacao.com.br melhor. Esperar um pouquinho

Cuidar da Saúde

Cárie de mamadeira Cássia Regina Quando a criança toma mamadeira antes de dormir e não escova os dentes, existe a possibilidade de ter a cárie de mamadeira. Isso acontece porque o leite fermenta e modifica o Ph da cavidade oral, deixando os dentes mais sensíveis. E não precisa ser só leite: qualquer alimento que

contenha açúcar provoca danos. Essa cárie ocorre nos dentes de leite, geralmente nos da frente e tem coloração acastanhada. Outra coisa importante: o que provoca os danos é o consumo constante de açúcar. Se a criança consome açúcar de forma espaçada, esse risco é menor, porque a saliva tem a função de equilibrar o Ph da boca, mas isso

ocorre de forma lenta. Tendo o consumo constante, não há tempo para ocorrer esse equilíbrio, o que aumenta as chances de cárie. Não deixe de levar seu filho regularmente ao dentista. O dente de leite também precisa de cuidados especiais. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com


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| Geral/Pastorais | 7

Programa ‘Certas Canções’, da rádio 9 de Julho, é premiado pela CNBB atração idealizada pelo cônego antonio manzatto inova ao relacionar músicas da mpb com a teologia Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

“Perguntei-me se as letras das canções, que muitas vezes são pura poesia, poderiam também interessar à Teologia. E refletindo sobre elas, a gente percebe que são bonitas e verdadeiras, sobretudo as grandes canções clássicas da MPB. Elas dão uma compreensão do mundo, das pessoas e da cultura que a gente não encontra em outro lugar. E isso pode interessar a Teologia que, em diálogo interdisciplinar, pensa a realidade da fé, da igreja e de sua pastoral. Assim surgiu o programa, relacionando Teologia e canções, e aprendendo como viver a fé cristã nos tempos que são os nossos”. Com essas palavras o Cônego Antonio Manzatto, 59, do clero da Arquidiocese de São Paulo, explica a criação do programa “Certas Canções”, que desde agosto de 2013 vai ao ar na rádio 9 de Julho, AM 1600 kHz, aos sábados, às 15h, com reapresentação aos domingos, às 14h. Na sexta-feira, 8, o Cônego, que também é articulista do O SÃO PAULO, esteve no Santuário Nacional de Aparecida para receber o prêmio “Microfone de Prata”, na categoria entretenimento, oferecido pela CNBB a produções radiofônicas. Na ocasião, também houve a entrega das premiações “Margarida de Prata” (Cinema),

“Clara de Assis” (Televisão) e “Dom Hélder Câmara” (Imprensa). Mais de 200 produções foram inscritas para as premiações. Houve uma triagem dos trabalhos por um júri de profissionais e docentes da área de comunicação, e em seguida uma comissão de bispos selecionou os ganhadores. “Não pensava em premiação, até porque não sou da área de comunicação, sou da área da Teologia. Creio que aquilo que destaca o programa é a qualidade das canções e da reflexão que é feita. Há uma boa dose de criatividade na concepção do programa, na concatenação dos temas e na sua proposta de evangelização”, comentou o Cônego à reportagem. “No programa, uma canção é destacada e depois da análise de sua letra, percebemos a que tipo de reflexão teológica ela pode nos conduzir, questionando a Teologia e a fé a partir de suas afirmações ou posições. A temática é introduzida por uma canção e, depois, completada com outra. Fazemos uma tradução de uma canção internacional e o programa termina com uma oração também em forma de canção. São, então, certas canções que nos ajudam a refletir, conversar e rezar”, detalhou. Ainda segundo o Cônego, “Certas Canções” une entretenimento e evangelização, “mas não é entreter por divertir, e sim para cumprir a finalidade do rádio, que é também a de formar”. Ele destaca que na MPB há músicas que valorizam o ser humano, que buscam reagir à dominação e propõem a fraternidade. “Elas nos ensinam a ser gente e a ser brasileiros. Com isso, a teologia e a pastoral devem dialogar, ouvir, aprender, reelaborar sua reflexão para incenti-

Imprensa CNBB

Cônego Antonio Manzatto recebe prêmio ‘Microfone de Prata’ pelo programa ‘Certas Canções’

var a vivência da fé e a convivência entre iguais”, disse. “Tomara que haja espaço para programas como este em nossos meios de comunicação, para que tudo não se resuma a diversão para alienação ou para dominação”, complementou. Com “Certas Canções”, a rádio 9

de Julho conquistou pela quarta vez o “Microfone de Prata”. As premiações anteriores foram com os programas “A Caminho do Reino”, em 2011; “Nossas Igrejas, uma expressão de Fé, Arte e Cultura”, em 2012; e “Sala Franciscana”, em 2014.

Apostolado da Oração ‘Coração de Jesus, fonte de misericórdia’ Com a participação de cerca de 200 associados, o 13º Encontro Nacional do Apostolado da Oração (AO), foi realizado no dia 2, na sede das Edições Loyola, na zona Sul de São Paulo, tendo como tema central “Coração de Jesus, fonte de misericórdia”. Padre Eliomar Ribeiro, SJ, diretor na-

cional do Apostolado e do Movimento Eucarístico Jovem (MEJ), motivou os participantes a rezarem o Oferecimento diário e a “olharem, com os olhos da fé e da imaginação, o agir misericordioso de Deus”. Também foram lançados os livros do AO-MEJ “Um Ano com o Coração de Jesus” e “A alegria de ser amado”.

Padre Anísio Baldessin, camiliano e diretor do Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde de São Paulo, falou sobre a assistência espiritual aos doentes, apresentando como é possível levar a misericórdia de Deus no momento da doença e diante da morte. Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiran-

ga, também falou aos participantes. “Seguir a Jesus significa assumir suas causas, adotar suas atitudes, viver segundo os valores do Evangelho; ter o mesmo ‘Coração de Cristo’, isto é, ver e julgar a realidade em que vivemos a partir dos mesmos critérios de Jesus Cristo”. (Com informações de Vanessa Fonseca)

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8 | Pelo Mundo |

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Destaques das Agências Internacionais

Filipe David

Correspondente do O SÃO PAULO na Europa

Polônia

Projeto de iniciativa popular deve banir o aborto, sem exceções Um projeto de iniciativa popular pretende banir o aborto do País, sem exceções. A legislação atual permite o aborto em casos de estupro, risco para a saúde da mãe e grave anormalidade do feto. O grupo pró-vida Fundacja Pro tem recolhido assinaturas para o projeto de lei,

que precisa de 100 mil nomes para ser contemplado pelo parlamento polonês. Diversos líderes políticos têm declarado apoio ao projeto, incluindo a primeira ministra Beata Szydlo. O seu partido, Lei e Justiça, também pretende interromper o financiamento para ferti-

lização “in vitro” – procedimento contrário à dignidade humana, que termina com o descarte ou congelamento de embriões humanos – e restringir o acesso à pílula do dia seguinte, por ser abortiva. O movimento para banir o aborto ganhou força com o caso de um bebê de 24

semanas que sobreviveu a um aborto e foi deixado sozinho num hospital, chorando durante uma hora até morrer. O episódio, que ocorreu no início de março, tornou-se público e provocou uma grande comoção no País. Fonte: Church Militant

Chile

Índia

Igrejas católicas são incendiadas

Explosão durante ano novo hindu mata 100

Na segunda-feira, 4, foi incendiada a Capela Padre Hurtado de Mahuidache, na Diocese de Villarrica, em Quepe; na quarta-feira, 6, foi incendiada a Capela Surco e Semilha, bem como parte da Paróquia São Luís Gonzaga, na Diocese de Temuco. No início de março, um grupo já havia atacado a Igreja de São Sebastião, afungentado um guarda a tiros e incendiando o local. A suspeita é que os episódios estejam relacionados a um movimento de mapuches (povo indígena da região), que desejariam “recuperar” seus antigos territórios, conquistados pelos Estados chileno e argentino no final do século XIX. Além do ataque às igrejas, outros atos violentos com o mesmo motivo foram registrados na região. O primeiro foi a ocupação do Seminário Maior São Fidel, na Diocese de Villarrica, que durou de junho de 2014 até março deste ano, quando foram removidos à força do local. Também ocorreram, durante o ano de 2015, ataques contra agricultores e motoristas de caminhões, bem como invasões de áreas de preservação ambiental. Fonte: Capuchinhos/ ACI

O templo hindu Puttingal Devi, no Estado de Kerala, foi palco de uma tragédia no domingo, 10. Aproximadamente 15 mil pessoas estavam reunidas ao redor do templo para celebrar o ano novo local, quando um incêndio provocou a explosão dos fogos de artifício e o desabamento da parte administrativa do templo, causando danos graves também às casas ao redor. Ao menos cem pessoas morreram e centenas ficaram feridas, muitas em estado grave. O Papa Francisco enviou suas condolências às vítimas do acidente e as suas famílias. A mensagem foi enviada por telegrama assinado pelo secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin: “Rezando por

Reprodução da internet

Pessoas ao redor dos destroços após a explosão de um templo hindu no Estado de Kerala

todos os afetados pela tragédia e pelos trabalhos de socorro em andamento, o Papa Francisco invoca as

bênçãos divinas de força e paz sobre a Nação”. Fontes: CNA/ BBC/ Fides/ Reuters

Estados Unidos

7 mil mulheres e seus filhos saem das ruas com ação de solidariedade Christopher Bell trabalhava com moradores de rua e crianças que fugiram de casa em Nova Iorque, quando encontrou uma mulher grávida com um outro filho pequeno que não tinha onde morar. Inconformado, Christopher percebeu a necessidade de oferecer moradia por longo período para mulheres nessa

situação, bem como ajuda para que elas encontrassem estabilidade e autonomia. Conversando sobre isso com seu amigo, o Frei Benedict Groeschel, fundador de uma comunidade fransciscana, que lhe promoteu ajuda, ele decidiu fundar a Good Counsel Homes (Lares do Bom Conselho), uma organização com o ob-

jetivo de ajudar mulheres com crianças a sair das ruas e encontrar estabilidade por meio do trabalho e educação. Desde que foi inaugurada em 1985, a Organização já ajudou mais de 7 mil mulheres e possui quatro casas em Nova Iorque e em Nova Jersey. Durante sua estadia, as mulheres recebem formação financeira

em saúde, relações e outras habilidades importantes para suas vidas, bem como informações sobre o crescimento e desenvolvimento de seus filhos. Em média, elas permanecem 13 meses antes de adquirirem um emprego estável ou alguma outra forma de independência. Fonte: CNA


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| Papa Francisco | 9

Cáritas Internacional

Papa diante do drama dos refugiados em Lesbos O Papa Francisco visitará, no sábado, 16, a ilha grega de Lesbos, atual centro nevrálgico da crise migratória na Europa – que abriga atualmente mais de 3 mil refugiados. O Pontífice será acompanhado pelos patriarcas Bartolomeu e Hieronimus II, arcebispo de Atenas e de toda a Grécia. De acordo com um comunicado divulgado pelo Patriarcado Ecumê-

nico de Constantinopla e pelo Santo Sínodo da Igreja da Grécia, a reunião de líderes religiosos na ilha de Lesbos pretende sensibilizar a opinião pública internacional sobre o problema dos refugiados e dos cristãos perseguidos e pedir medidas eficazes às instituições competentes. Fontes dos textos: rádio Vaticano (redação: Renata Moraes)

Doutores da letra estão fechados à profecia e à vida O Papa Francisco começou a semana presidindo missa na Casa de Santa Marta, na segunda-feira, 11. Ao mencionar, na homilia, a primeira leitura dos Atos dos Apóstolos, em que os doutores da lei acusam Estêvão com calúnias porque não conseguem “resistir à sabedoria

e ao Espírito” com que ele falava, o Pontífice destacou que “o coração fechado à verdade de Deus fica preso somente à verdade da lei”, ou melhor, precisou o Papa, “mais do que pela lei, pela letra”, e “não encontra outra saída a não ser a mentira, o falso testemunho e a morte”. Jesus já os havia

repreendido por essa atitude, porque “seus pais tinham matado os profetas” e eles, agora, construíam monumentos a esses profetas. E a resposta dos “doutores da letra” é mais “cínica” do que “hipócrita”: “Se nós estivéssemos na situação dos nossos pais, não teríamos feito o

Reunião do Conselho de Cardeais Teve início na segunda-feira, 11, a 14ª reunião do Conselho dos Nove Cardeais, o chamado C9, para a reforma da Cúria romana. Está previsto que o Papa Francisco participe dos três dias de encontro, até quarta-feira, 13. Na precedente reunião, em fevereiro passado, foi realizada a “leitura final” das propostas do Conselho para

mesmo”. E “assim – explicou o Papa – lavam as mãos e se julgam puros diante de si mesmos. Mas o coração está fechado à Palavra de Deus, está fechado à verdade, está fechado ao mensageiro de Deus que traz a profecia para levar avante o povo de Deus”. L’Osservatore Romano

a criação dos dois novos dicastérios: “Leigos, família e vida” e “Justiça, paz, migrações”. As propostas foram finalizadas e apresentadas ao Santo Padre, que dará a palavra final. Também foram feitas considerações e propostas para a Secretaria de Estado. Ainda em pauta, estiveram a Comissão para Menores, as atividades econômicas da Santa Sé e a nulidade matrimonial.

Vista à Armênia, Geórgia e Azerbaijão Detentos doam 12 mil hóstias ao Papa A Sala de Imprensa da Santa Sé comunicou no sábado, 9, que o Papa Francisco fará uma visita apostólica à região do Cáucaso. Acolhendo o convite de Sua Santidade Karekin II, Supremo Patriarca e Catholicos de todos os Armênios, das Autoridades civis e da Igreja Católica, o Papa Francisco

fará uma visita à Armênia entre 24 a 26 de junho. Também acolhendo o convite de Sua Santidade e Beatitude Ilia II, Catholicos Patriarca de toda a Geórgia, e das autoridades civis e religiosas da Geórgia e do Azerbaijão, o Santo Padre também visitará esses dois países de 30 de setembro a 2 de outubro.

Em audiência com o Papa Francisco, no sábado, 9, no Vaticano, quatro detentos da prisão de Opera, em Milão, entregaram diretamente ao Pontífice mais de 12 mil hóstias, produzidas por eles e por outros detentos por meio do projeto “o sentido do pão”, promovido pela Fundação Casa do Espírito e das Artes.

Iniciado há cinco meses, o projeto atingiu a 200 paróquias, na Itália e no mundo. As hóstias são doadas gratuitamente a quem faz os pedidos por e-mail. Atualmente, as partículas são enviadas aos cinco continentes, em localidades em guerra ou para países e lugares que vivem realidades difíceis, como Nicarágua, Curdistão iraquiano, Líbano, Jerusalém, Cuba e Sri Lanka. O Santo Padre prometeu consagrar as hóstias em uma das próximas missas que presidirá. Francisco escreveu de próprio punho uma frase, que deixou como presente aos detentos, saudandoos, bem como a todas as pessoas que trabalham na prisão de Opera, assegurando a todos a sua bênção e pedindo para rezar pelo seu ministério. “Para nós é uma grande emoção”, relatou Ciro, um dos presos condenado por homicídio. “Doamos ao Santo Padre o fruto de nosso trabalho e da nossa redenção. Jesus presente com o seu corpo na Eucaristia, transformou o nosso coração, e hoje podemos testemunhar a todos que a misericórdia de Deus é possível para todos, não somente para quem, como nós, cometeu crimes horríveis”, complementou.


10 | Pelo Brasil |

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Edcarlos Bispo

Destaques das Agências Nacionais

edbsant@gmail.com

Jovens participam de romaria em Aparecida (SP) Com o tema “Juventude com Cristo na casa de Maria”, o Santuário Nacional de Aparecida recebeu nos dias 9 a 10 a Romaria Nacional da Juventude. A Romaria faz parte do ROTA 300, cuja programação é uma preparação para o Jubileu dos 300 anos do encontro da imagem

de Nossa Senhora Aparecida, que também foi incorporado no projeto Juventude em Missão (Jumi), do Santuário Nacional. O evento foi encerrado com uma procissão do estacionamento superior do Santuário até a Porta Santa da Basílica. Durante a caminhada, eles foram

CNBB

Encontro Nacional de Presbíteros acontece este mês De 19 a 25 de abril, acontecerá em Aparecida (SP) o 16º Encontro Nacional de Presbíteros, com o tema “Presbíteros no Brasil, alegria no anúncio do Evangelho”, e o lema “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5). Participarão do encontro aproximadamente 542 presbíteros delegados de todas as dioceses do Brasil. A Arquidiocese de São Paulo enviará 18 presbíteros delegados para o 16º ENP

Fonte: EBC

vida e esperança”, afirmou Dom Vilsom Basso, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB. Após a procissão, os jovens participaram de uma missa com os bispos que estão na 54ª Assembleia Geral da CNBB. Fontes: A12 e Jovens Conectados

Em sintonia com o Ano da Misericórdia, é lançado o subsídio ‘Hora da Família’ 2016 Com o tema “Misericórdia na Família: Dom e Missão”, o subsídio “Hora da Família 2016” contém roteiros para sete encontros, além de celebrações como via-sacra em família e para o Dia dos Pais, dos Avós e das Mães. O material, produzido pela Comissão Nacional da Pastoral Familiar e pela Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, foi apresentado, em coletiva de imprensa, na sexta-feira, 8, no contexto da 54ª Assembleia Geral da CNBB. Com uma proposta moderna e explicativa, o material é organizado de forma interativa, sugerindo encontros participativos e celebrativos, buscando envolver a comunidade, famílias, lideranças, crianças, jovens e adultos. O subsídio também apresenta reflexão sobre temas familiares para a Semana Nacional da Família que, este ano, será celebrada de 14 a 21 de agosto. É possível encontrar no livreto roteiros de orações e cantos para motivar a atividade.

Alunos da USP protestam contra agressões Estudantes ocupam desde o dia 6 a sede da Superintendência de Assistência Social de Universidade de São Paulo (USP). O grupo protesta contra a maneira como têm sido tratadas as denúncias de agressão, assédio e até estupro dentro dos apartamentos da moradia estudantil. Em nota, a USP informa que todos os casos que chegam à Superintendência de Assistência Social são apurados por meio de sindicância interna, em que é observado o direito de defesa. “Se comprovado o delito, o responsável responde legalmente pelo ato de agressão, podendo, em alguns casos, chegar até a suspensão e perda da moradia”, diz o comunicado. Além disso, a unidade de ensino e pesquisa à qual o estudante está vinculado também é notificada para tomar providências em relação ao caso. Em dezembro de 2014, foi instalada na Assembleia Legislativa de São Paulo uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar as denúncias de violência dentro da USP, especialmente na Faculdade de Medicina. O relatório final da comissão inclui relatos de 112 estupros, ao longo de dez anos nos campi ligados à área de saúde em Pinheiros, zona Oeste paulistana.

saudados pelos bispos referenciais da Juventude. “Nós queremos a juventude no coração dos bispos e os bispos no coração da juventude. Em outras palavras, nós queremos uma Igreja jovem, apaixonada pela vida, pela missão de levar ao povo do Brasil a mensagem de Jesus, de

Fonte: CNBB

Sabesp vai elevar conta de água em mais de 8% A Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) autorizou a Sabesp a reajustar as tarifas de água e esgoto em 8,45%, a partir do mês de maio. Segundo justificou a Arsesp, a correção corresponde à inflação anual medida pelo Índice de Preços ao Consumidor

Amplo (IPCA), que atingiu 9,39%, nos últimos 12 meses, encerrado em março. Para as famílias de baixa renda que têm direito à tarifa social, o aumento passará de R$ 7 para R$ 7,59 no fornecimento de até 10 metros cúbicos de água, sendo aplicada a mesma tarifa

na cobrança dos serviços de coleta de esgoto. Nas residências onde os consumidores pagam a tarifa normal, o valor sobre essa mesma quantidade de água fornecida subirá de R$ 20,64 para R$ 22,38 por mês, com equivalência sobre a coleta de esgoto. Fonte: EBC

CPT lança relatório ‘Conflitos no Campo Brasil 2015’ Na sexta-feira, 15, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) lançará sua publicação anual, “Conflitos no Campo Brasil 2015”. Trata-se da 31ª edição do relatório que reúne dados sobre os conflitos e violências sofridas pelos trabalhadores e trabalhadoras do cam-

po brasileiro, neles inclusos indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais. Este ano, a CPT fará dois lançamentos nacionais do relatório. Um em Brasília, às 14h30, no Acampamento Nacional pela Democracia, outro em Marabá

(PA), no Centro Diocesano de Pastoral, às 13h30, dentro da programação da Conferência Internacional da Reforma Agrária, que acontece em memória aos 20 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás. Fonte: CPT

Mais de 34 milhões de imóveis são visitados em mobilização contra o Aedes aegypti Na segunda fase da mobilização nacional para o combate ao mosquito Ae-

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des aegypti, realizada no mês de março, os agentes de saúde e de endemias, com a ajuda de militares, visitaram quase 35 milhões de domicílios e prédios públicos, comerciais e industriais brasileiros. Os números fazem parte do balanço do segundo ciclo divulgado pela Sala Nacional de Coordenação e Controle para o Enfrentamento da Dengue, Chikungunya e Zika (SNCC), coordenada pelo Ministério da Saúde.

Do total de imóveis visitados, 29,2 milhões foram efetivamente vistoriados e 5,6 milhões estavam fechados ou houve recusa para o acesso. Do total, foram encontrados focos do mosquito em 912 mil unidades. Os estados que registraram maior número de visitas foram Tocantins, com 98% da totalidade de imóveis visitados, e Piauí, com 90%. Fonte: Ministério da Saúde


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| Política | 11

Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com

O que são ‘pedaladas fiscais’? Valter Campanato/Agência Brasil

No TCU, em 2015, o então Advogado Geral da União, Luís Inácio Adams, faz a defesa das contas do governo rejeitadas pelo Tribunal

Há pelo menos um ano e meio, termo entrou no cotidiano do vocabulário nacional “Pedaladas fiscais” são uma prática do Tesouro Nacional de atrasar, propositalmente, o repasse de dinheiro para bancos (públicos e privados) financiadores de despesas do governo com benefícios sociais e previdenciários, como o Bolsa Família, abono salariais e seguro-desemprego, ou, então, subsídios para que os bancos concedam empréstimos com juros mais baratos a empresários e agricultores. A maior parte das “pedaladas” refere-se a empréstimos do BNDES a empresas. Esses atrasos têm como objetivo fechar as contas de um determinado mês ou até de um ano fiscal, maquiando as contas do governo, de modo que faça parecer que houve aumento do superávit primário (economia que o governo deve fazer para conseguir pagar suas dívidas) ou diminuir e mesmo impedir que apareça um déficit primário nas contas públicas (quando as despesas do governo são maiores que suas receitas). Na prática, é como se você, leitor, protelasse o pagamento de uma conta de um mês para outro, ou de um ano para outro, só para o balanço não ficar negativo. A consequência final é o aumento progressivo da dívida pública do governo, sobretudo quando ele não paga a conta. Pode acontecer, no entanto, que em um determinado mês, o governo que deve repassar previamente valores aos bancos públicos ou privados para o pagamento de benefícios como se-

guro-desemprego, o faça a partir de uma estimativa de valores que depois, devido ao aumento de demissões naquele mês, não se cumpre e o banco use recursos próprios para cobrir a diferença, caracterizando um empréstimo. Segundo o Tribunal de Contas da União, cerca de R$ 40 bilhões estiveram envolvidos nessas manobras entre 2012 e 2014.

Do que acusam o governo?

O Tribunal de Contas da União (TCU) não aprovou as contas públicas do governo em 2015, referente ao ano de 2014, identificando nelas operações de empréstimos a bancos públicos, o que é proibido por lei. Segundo o ministro do TCU, José Mucio, em reportagem no site do jornal O Estado de S.Paulo (15/04/15), houve descumprimento da lei porque um banco público não pode emprestar dinheiro ao governo. “Faltou dinheiro e a conta foi paga por terceiros”, declarou. A comissão de impeachment na Câmara dos Deputados analisa duas acusações de irregularidade na gestão fiscal: o uso de “pedaladas” para maquiar as contas públicas e a publicação de decretos de crédito suplementar para criar despesas extras, mesmo sem autorização prévia do Congresso e com a arrecadação do governo em queda. O que os juristas autores da denúncia apontam como crime de responsabilidade é o fato de, a partir de 2013 e 2014, esses atrasos terem se acumulado por um período longo de tempo, somando valores muito altos – no que seria uma estratégia deliberada de maquiar as contas públicas. Isso, dizem, permitiu que o governo escondesse da sociedade que a situação fis-

cal era pior do que as estatísticas oficiais indicavam – dando margem para que não fossem cortados gastos com seus programas em pleno ano eleitoral de 2014.

O que diz o governo?

Na comissão de impeachment, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, argumentou, em defesa ao governo, que as operações realizadas só foram consideradas irregulares pelo TCU no final de 2015 e que, antes disso, o Tribunal jamais havia repreendido o procedimento. Em um julgamento específico sobre as pedaladas em dezembro do ano passado, o TCU entendeu que a persistência das “pedaladas” configurava operação de crédito e deu prazo de 30 dias para a União estabelecer um cronograma para a normalização dos pagamentos. Barbosa argumenta que a decisão foi atendida prontamente com a publicação de portarias que regularam os prazos de pagamento aos bancos. Além disso, no final de 2015, o Congresso deu autorização para que o governo aumentasse o déficit nas contas públicas – o que permitiu ao Tesouro Nacional quitar todos os valores em atraso, calculados em R$ 55,6 bilhões. Com isso, segundo Nelson Barbosa, o governo concluiu o primeiro ano do novo mandato sem pendências. Quanto aos decretos de suplementação orçamentária, Barbosa afirmou que eles não elevaram as despesas. Segundo o Ministro, esse instrumento serve apenas para remanejar os gastos já autorizados no Orçamento pelo Congresso. Fontes: G1, Folha, Estadão, BBC, Carta Capital e EBC (Colaborou Michelino Roberto)

Deflagrada 28ª fase da operação Lava Jato

Na terça-feira, 12, foi deflagrada a 28ª fase da operação Lava Jato, que recebeu o nome de “Vitória de Pirro”. Foram cumpridos 21 mandados judiciais em Brasília, Rio de Janeiro, Taguatinga (DF) e São Paulo. Entre os mandados está o pedido de prisão preventiva do ex-senador Gim Argello (PTB-DF). O ex-senador é suspeito de ter recebido propina em troca de sua atuação política em comissões parlamentares de inquérito que investigavam a Petrobras, informou o Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR). Segundo o MPF-PR, a prisão do exsenador foi autorizada após terem sido recolhidas provas de que ele recebeu R$ 5 milhões em propina da empreiteira UTC Engenharia, conforme depoimento do dirigente da empresa, Ricardo Pessoa, em delação premiada, à força-tarefa da Lava Jato. Estão sendo cumpridos, também, outros dois mandados de prisão temporária e quatro de condução coercitiva – quando o investigado é levado para depor e depois liberado – além de 14 ordens judiciais de busca e apreensão. São investigados os crimes de associação criminosa, concussão, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

Aprovado parecer favorável ao impeachment

Por 38 votos a favor e 27 contrários, a Comissão Especial do Impeachment da Câmara dos Deputados aprovou, na segunda-feira, 11, o parecer do relator, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), pela admissibilidade da abertura do processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff. Após aprovado, o parecer foi lido no plenário da Câmara, na terça-feira, 12, e publicado no Diário Oficial da Câmara, na quarta-feira, 13. Após a publicação, 48 horas depois, o parecer entrará na pauta de votações da Câmara, como primeiro item a ser discutido e votado. A previsão, até o momento, é que a discussão seja iniciada na sextafeira, 15. A votação deve ocorrer no domingo, 17. Para ser aprovado, serão necessários os votos de dois terços dos deputados, ou seja, 342, dos 513 parlamentares. Se aprovado, o parecer será encaminhado ao Senado, que analisará a admissibilidade do processo em sessão plenária. Se o relatório não obtiver os 342 votos na Câmara, a denúncia será arquivada.

Pesquisa Datafolha

Segundo pesquisa Datafolha, divulgada no sábado, 9 pelo jornal Folha de S.Paulo, o ex-presidente Lula (PT) e a ex-senadora Marina Silva (Rede) lideram a corrida eleitoral para presidente da República em 2018. Entre as opções do PSDB - o senador Aécio Neves, o governador Geraldo Alckmin e o também senador José Serra - todas têm demonstrado tendência de queda nas intenções de voto. Segundo a nova pesquisa Datafolha, em três dos quatro cenários eleitorais pesquisados, Lula e Marina estão empatados dentro da margem de erro. Em apenas um, o ex-presidente lidera. Fontes: Folha e EBC


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Nem rigorismo nem relativis Sem renunciar ao ideal de família, Exortação Amoris laetitia vai ao encontro de pessoas imperfeitas pelo caminho do discernimento, integração e acompanhamento Filipe Domingues

Especial para O SÃO PAULO, na Cidade do Vaticano

Ansiedade por mudanças ou pura e simples aplicação de normas frias? Nem uma coisa nem outra. A exortação apostólica pós-sinodal Amoris laetitia (A alegria do amor), do Papa Francisco, “sobre o amor na família”, foi apresentada na sexta-feira, 8, no Vaticano, como uma resposta intermediária e conciliadora para toda a Igreja. Não é nem a repetição de um rigor excessivo sobre

de um desejo desenfreado de mudar tudo sem suficiente reflexão ou fundamento, à atitude que pretende resolver tudo por meio da aplicação de normas gerais ou tirando conclusões excessivas de algumas reflexões teológicas”, diz o Pontífice, na introdução do documento. “Naturalmente, na Igreja é necessária uma unidade de doutrina e práxis, mas isso não impede que subsistam diferentes maneiras de interpretar alguns aspectos da doutrina ou algumas conse-quências que se derivam dela”, acrescenta o Bispo de Roma. “Em cada país ou região se podem buscar soluções mais inculturadas, atentas às tradições e aos desafios locais.”

Discernir sempre

A grande resposta do primeiro Papa jesuíta da história para as dificuldades das famílias é o discernimento, conceito essencial na espiritualidade de Santo Inácio de Loyola (1491-1556), fundador da Companhia de Jesus. E o discerni-

gica da misericórdia pastoral”. “O Santo Padre afirma claramente a doutrina sobre Matrimônio e família, e a propõe como ideia irrenunciável. Por outro lado, não se esquece de voltar sua atenção às fragilidades das famílias e até mesmo ao seu fracasso”, explica Dom Baldisseri. Na Exortação, o Papa argumenta que, “sem diminuir o valor do ideal Evangélico, é preciso acompanhar com misericórdia e paciência as possíveis etapas de crescimento das pessoas, que vão se construindo no dia a dia”.

Integrar a todos

O documento é bastante abrangente e, como insistiu o Cardeal Baldisseri, precisa ser lido na íntegra. Ao longo de 264 páginas e nove capítulos, o Papa Francisco trata desde mudanças socioculturais mais amplas, como o fenômeno do individualismo, que afeta e até mesmo enfraquece a instituição familiar, até questões relacionadas à

o de “derramar a misericórdia de Deus sobre todas as pessoas que a pedem com o coração sincero”. Nesse mesmo sentido, o cardealarcebispo de Viena, Dom Christoph Schönborn, convidado para comentar o documento na Sala de Imprensa da Santa Sé, declarou que a frase-guia do texto é “integrar a todos”, pois uma ideia fundamental do Evangelho é a de que “todos nós precisamos da misericórdia, estamos em caminho”. Para ele, o próprio Papa esclarece que não se trata de relativismo e tampouco de causar confusão usando a desculpa da misericórdia. “O Papa Francisco não deixa nenhuma dúvida sobre o nosso dever: não podemos renunciar à proposta do Matrimônio para não contradizer a sensibilidade atual, para estar na moda; mas, tampouco, querer impor normas com a força da autoridade”, disse. “Quem esperava uma nova normativa geral, se decepcionará. O Papa diz

Exortação apostólica ‘Amoris laetitia’ é apresentada em coletiva de imprensa pelo Monsenhor Fabio Bene, os cardeais Lorenzo Baldisseri e Christoph Schonborn, Padre Federico Lombardi e os cônjug

regras de comportamento nem uma aceitação sem critérios a qualquer situação proposta pelo mundo moderno. O Papa Francisco abandona essa contraposição e adota uma postura mais complexa: um caminho de formação e acompanhamento pessoal, “misericórdia e paciência” com os que vivem situações de grande sofrimento ou incompatíveis com o modelo proposto pela Igreja e, em todos os casos, discernimento. E propõe o difícil e trabalhoso caminho da reflexão teológica aprofundada, “fiel à Igreja”, “honesta”, “realista” e “criativa”. “Os debates que têm lugar nos meios de comunicação ou nas publicações, e mesmo entre os ministros da Igreja, vão

mento foi uma ideia forte nas duas assembleias-gerais do Sínodo dos Bispos, em 2014 e 2015, sobre os problemas das famílias, que originaram a atual exortação apostólica. No conjunto, a Amoris letitia recolhe as conclusões dos bispos que participaram do Sínodo, acrescidas por diretrizes do próprio Papa, com objetivo de “orientar a reflexão, o diálogo e ou a práxis pastoral, e, simultaneamente, oferecer coragem, estímulo e ajuda às famílias na sua doação e nas suas dificuldades”. De fato, o Cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do Sínodo, afirmou, na apresentação do documento, que a chave de leitura para Amoris laetitia é “a ló-

transmissão da vida, a preparação para o Matrimônio, crises conjugais, a educação sexual dos filhos, a difusão da fé na família e o acolhimento e acompanhamento pastoral de pessoas nas chamadas “situações irregulares”, como as uniões de fato e os divorciados em segunda união. Mesmo nesses casos mais complexos, Amoris laetitia propõe uma pastoral permeada pela “lógica da integração”. Diz o texto do Papa que “o caminho da Igreja, desde o Concílio de Jerusalém em diante, é sempre o de Jesus: o caminho da misericórdia e da integração. O caminho da Igreja é o de não condenar eternamente ninguém”. Pelo contrário, é

com clareza: é possível somente um novo encorajamento a um responsável discernimento pessoal e pastoral dos casos particulares”, completou. Segundo Dom Schönborn, nada atrai e motiva mais as pessoas que uma experiência positiva do amor. E Amoris laetitia é sobre o amor na família. “O Papa fala do amor com grande vivacidade, compreensibilidade, empatia. Recomendo a todos a meditação dessas páginas. Elas encorajam a crer no amor e a ter confiança na sua força.”

Ouvir e ser ouvido

Em outras palavras, um processo de acompanhamento pessoal e “misericór-


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Luciney Martins/O SÃO PAULO

smo

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dia pastoral” é a principal proposta do Sumo-pontífice para acolher aqueles que se encontram em “situações complexas”. A eles, o Papa Francisco faz um convite concreto: “Convido-os a se aproximarem com confiança para uma conversa com os seus pastores e com leigos que vivem na dedicação ao Senhor”, aconselha. “Nem sempre encontrarão neles uma confirmação das próprias ideias e dos próprios desejos, mas seguramente receberão uma luz que lhes permitirá compreender melhor aquilo que está acontecendo e poderão descobrir um caminho de amadurecimento pessoal.” Ao mesmo tempo, o sucessor do apóstolo Pedro pede aos sacerdotes uma atenção especial a essas pessoas em dificuldades. “Convido-os a escutar com afeto e serenidade, com o desejo sincero de entrar no coração do drama das pessoas e de compreender o seu ponto de vista, para ajudá-las a viver L’Osservatore Romano

Cardeal Scherer: ‘Papa reafirma o ideal elevado do casamento cristão e da família’ Michelino Roberto Daniel Gomes osaopaulo@uol.com.br

Participante das assembleias do Sínodo dos Bispos sobre a família, em 2014 e 2015, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, comenta ao O SÃO PAULO suas impressões sobre a exortação apostólica pós-sinodal Amoris laetitia, lançada pelo Papa Francisco na sexta-feira, 8.

O SÃO PAULO – Quais as linhas ge-

rais da exortação apostólica póssinodal Amoris laetitia?

ges Francisco de Miano e Giuseppina de Simone

melhor e reconhecer o seu lugar na Igreja”, insiste, repetindo com firmeza que “o confessionário não é uma sala de tortura”. Nesse contexto, perguntado por O SÃO PAULO sobre como compreende essa questão do acompanhamento individual dos casais em foro interno, o Cardeal Schönborn respondeu em modo simples e indireto: “Neste momento, quando existem tantos ataques à família, só o fato de que o Papa fale em voz alta, com beleza e intensidade, sobre a sua confiança no Matrimônio e na família, já é uma mensagem fortíssima para a sociedade de hoje.” (Colaborou Michelino Roberto)

Cardeal Odilo Pedro Scherer - Este documento pontifício é fruto das duas assembleias do Sínodo dos Bispos sobre a família (2014 e 2015). A partir das propostas apresentadas pelo Sínodo, o Papa trata da realidade contemporânea da família, com suas angústias e esperanças, à luz da Palavra de Deus e da Igreja, para oferecer orientações para uma nova pastoral familiar. O Papa começa falando da beleza e do significado positivo do amor humano que leva ao casamento e a formar família; fala do papel educador da família e da espiritualidade matrimonial e familiar. Enfim, trata do acompanhamento pastoral das situações difíceis e “irregulares” que envolvem muitas famílias, com o desejo de acolher e incluir a todos na vida da Igreja e na experiência do amor salvador de Deus.

A quem é dirigida a Exortação Amoris laetitia?

Ela é dirigida a toda a Igreja: bispos padres, religiosos, religiosas e, muito especialmente às famílias, às quais o Papa se dirige com todo o carinho e encorajamento.

No documento, o Papa trata muito da questão do respeito ao princípio moral da gradualidade no trato pastoral com as famílias no atendimento daquelas situações chamadas “irregulares”, alertando, contudo, que não se trata da gradualidade da lei. Poderia nos explicar esse aspecto?

O Papa Francisco reafirma o ideal elevado do casamento cristão e da família,

afirmando que sua intenção não é mudar a doutrina e a moral da Igreja em relação a isso. Mas, ao mesmo tempo, considera que nem todas as pessoas estão preparadas, ou ainda não são capazes de abraçar inteiramente o ideal cristão do casamento e da moral familiar e matrimonial. Essas pessoas devem conhecer o ideal e serem chamadas a fazer passos na direção do ideal; e já se deve valorizar o que de bom conseguem fazer. Isso, aplicado ao casamento e à família, significa que a Igreja valoriza aquilo que de bom já existe nos casamentos ainda não “completos” ou “regulares”; ao mesmo tempo, vai ao encontro delas e as convida a crescerem e a abraçarem mais generosamente a graça do Matrimônio cristão e da família.

Durante as duas assembleias sinodais, muito se especulou na imprensa sobre a questão da comunhão de divorciados recasados em nova união no civil. A Exortação permite o acesso à comunhão nesse caso?

De fato, essa questão foi abordada nas assembleias do Sínodo sobre a família, onde apareceu claramente o desejo de ajudar acolher melhor esses casais “irregulares” na vida da Igreja. O Papa trata disso na Exortação com a mesma perspectiva, ensinando que a ninguém deve ser fechada a porta da Igreja nem o acesso à salvação de Deus. Mas o Papa não resolve as coisas com um simples “pode -não pode”. Primeiramente, convida essas pessoas a se aproximarem da Igreja e lhes assegura que não estão excomungadas; orienta-as a se inserirem na vida da Igreja, onde podem ter muita participação; e que vivam sua fé, mesmo com generosidade, sem negar que existe algo que precisa ser “sanado”. O problema não é negado nem simplificado. Em seguida, o Papa convida os bispos e padres a exercerem uma ampla e adequada pastoral familiar, de acolhida e acompanhamento dessas pessoas e casais, para conhecer bem a situação e ajudar as próprias pessoas a verem os passos que precisam dar para se inserirem mais plenamente na vida da Igreja; muita direção espiritual e discernimento serão necessários, e o padre

precisa orientar a consciência das pessoas também no confessionário. Em certos casos, haverá também a possibilidade da aproximação da mesa eucarística.

A Exortação dedica um capítulo inteiro sobre o papel dos pais na educação dos filhos. Nele, o Papa lembra que a obsessão não é educativa e que na formação dos filhos “o tempo é superior ao espaço”. Poderia explicar ao nosso leitor o que isso significa?

Sim. Ao se dirigir aos casais e aos pais, o Papa lembra que um dos deveres da família é educar os filhos e também transmitir-lhes a herança espiritual da fé e da vida da Igreja. Em todo o caso, isso não deve ser feito de forma obsessiva e impositiva, mas com paciência e sabedoria. A educação é um processo de motivação e de atração para posturas e valores que vão orientar a vida inteira. No processo educativo, é necessária muita paciência e perseverança e não se pode pretender frutos imediatos.

E sobre a preparação para o Matrimônio: que indicações a Exortação Apostólica apresenta?

A preparação dos nubentes para o Matrimônio é um dos pontos recomendados pelo Papa; e isso para que os namorados e noivos se aproximem de Cristo e da Igreja e aprendam a conhecer a beleza e a alegria do amor matrimonial. Penso que a Exortação Apostólica desafia toda a Igreja a repensar a pastoral familiar e matrimonial. Precisamos fazer mais e melhor nesse sentido em nossas paróquias e comunidades.

Que pretende fazer a Arquidiocese de São Paulo para acolher a Exortação do Papa Francisco?

Antes de tudo, recomendo ler e conhecer o documento, que é precioso e bonito. Desde agora, o texto já está ao alcance de todos na internet, bastando procurar. Em agosto, teremos os dias de estudos e atualização teológica e pastoral para o clero e, então, também veremos como traduzir esse documento em novas práticas pastorais na Arquidiocese.


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Renata Moraes

jornalismorenata@gmail.com

Apaixonada por Arte, a arquiteta Regina de Fátima Alcaide Gimenez, 54, começou a frequentar o Museu de Arte Sacra de São Paulo (MAS-SP), em 2013, quando iniciou um curso de Arte Sacra Barroca. Após sua participação nos cursos, palestras e atividades do MAS-SP, Regina identificou que a vivência no Museu agregou valores à sua formação profissional e contribuiu positivamente para seu conhecimento cultural e sua fé. “Descortinou-se um novo mundo pra mim. Por exemplo: certa vez, participan-

cadar recursos para os projetos do Museu. Os associados, além de contribuírem com o equipamento cultural, recebem em troca benefícios como entrada gratuita durante todo o ano, descontos na loja de produtos da marca e visitas orientadas especiais às exposições do Museu. Há três tipos de categorias no programa: Amigo Barroco, Amigo Presépio e Amigo Ourivesaria, com valores anuais de R$150, R$ 300 ou R$ 600. As formas de pagamento podem ser boleto bancário, cartão de crédito ou transferência bancária. Para as pessoas físicas que realizarem sua adesão, via transferência bancária, o programa permite abater o valor da

meiro arcebispo de São Paulo, iniciou o acervo do Museu, quando em 1907 começou a recolher imagens sacras de igrejas e pequenas capelas de fazendas que sistematicamente foram demolidas após a Proclamação da República, em 1889. “Na passagem do século XIX para o XX, muitas capelas e igrejas mais antigas de São Paulo, fisicamente degradadas, estavam sendo demolidas, reformadas ou substituídas. Dom Duarte ordenou que se recolhessem delas as peças de valores histórico e artístico, transferindo-as para o arquivo geral da Cúria Metropolitana. Imagens, livros raros, vestes e os mais diversificados objetos litúrgicos vieram a compor o que seria futuramente o MuLuciney Martins/O SÃO PAULO

do de um café teológico promovido pelo MAS-SP, aprendi diversas coisas, debatemos desde física quântica até passagens bíblicas, com professores altamente qualificados”, recordou ao O SÃO PAULO. A vocação do Museu de Arte Sacra de São Paulo é, de fato, ser um espaço cultural dedicado ao estudo, conservação e exposição de objetos ligados a Arte Sacra, oferecendo, desde 1970, cultura e arte a quem vive ou está de passagem pela capital paulista. Fruto de um convênio da Arquidiocese de São Paulo com o Governo do Estado de São Paulo, o Museu está instalado no Mosteiro da Luz, na região central da cidade, sendo um dos mais importantes monumentos da arquitetura colonial paulista e referência nacional de história e Arte Sacra.

Seja amigo do Museu Projeto ‘Sou Mais MAS’

Em busca de captação de recursos, o MAS-SP lançou em janeiro deste ano o projeto “Sou mais MAS’, um programa de fidelização que tem por objetivo arre-

contribuição no Imposto de Renda, por meio de incentivo fiscal da Lei Rouanet, considerando até o limite de 6% do valor do IR devido. Esse abatimento valerá para o imposto declarado no exercício do próximo ano. “É um projeto que nós temos, com planos de atividades do Museu que já foram aprovados pelo Ministério de Cultura. A pessoa fica sócia do Museu e por meio desses incentivos terá todos os benefícios, poderá deduzir do imposto de renda a pagar em 2017”, explicou Luiz Henrique Marcon Neves, diretor de planejamento e gestão do Museu. Para adesão ao Programa, basta preencher a ficha em http://museuartesacra. org.br ou presencialmente, na recepção/ loja do MAS (avenida Tiradentes, 676, Luz, São Paulo). Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 33263336 ou pelo e-mail mas@museuartesacra.org.br.

46 anos de história da Arte Sacra

Dom Duarte Leopoldo e Silva, o pri-

seu de Arte Sacra”, contou José Carlos Marçal de Barros, diretor executivo do Museu. Ele lembrou que além do que foi trazido da Cúria por Dom Duarte, grande parte do acervo de mesma categoria e valor foi adquirida pelo Governo do Estado. Atualmente, o Museu abriga mais de 20 mil itens, que inclui prataria, ourivesaria, alfaias, mobiliário, pinturas e desenhos, objetos de uso litúrgico, imagens sacras e presépios. Destes, apenas 15% são expostos, pois o acervo do Museu é muito maior que o espaço disponível, por isso os itens são trocados periodicamente. Com essa dinâmica, sempre é oferecido aos visitantes novidades. “Em 2011, fizemos uma grande exposição ‘Crux, crucis, crucifixos – Universo simbólico da Cruz’, com acervos do Museu com alguns itens que nunca haviam sido expostos”, contou José Marçal. A mostra reuniu aproximadamente 170 peças de diversos períodos, estilos, tamanhos, materiais e nacionalidades. E em 2013, a exposição temporária foi apresentada também no Rio de Janei-

ro, na ocasião da vinda ao País do Papa Francisco para a Jornada Mundial da Juventude. Outros elementos identificam a relevância do Museu, como a coleção de lampadários (a 2ª maior do mundo em variedade, a primeira está no Vaticano), a coleção de ícones russos, a coleção de relicários e sacrários, a coleção de numismática, o acervo de peças de artistas reconhecidos (escultores, pintores, ourives, ceramistas, entre outros) e, entre os de maior destaque, a coleção de presépios. Segundo o Diretor Executivo, quando as pessoas visitam o MAS-SP podem visualizar obras que são importantes não só pela estética, mas cada uma vem de uma época da história ou de uma região específica do País. “Por exemplo: temos aqui uma coleção intitulada ‘As paulistinhas’, que são pequenas imagens de barro que ficavam nas capelas das fazendas ou que ficavam nos cruzeiros à beira da estrada, que representavam o local que as pessoas tinham falecido.” Alguns colecionadores foram reunindo essas imagens ao longo do tempo, uma característica das cidades do interior de São Paulo. Além das exposições, debates e cursos voltados para a Arte Sacra, como restauro e conservação de obras, o MAS-SP oferece atividades para as crianças. Há um extenso programa educativo destinado a estudantes de escolas públicas e particulares, destinado ao ensino sobre a história do Brasil por meio da arte. “É preciso divulgar o Museu de Arte Sacra, pois a história do nosso País está umbilicalmente ligada à Igreja, seja com os padres que fundaram as primeiras artesanias em torno das igrejas, dos mosteiros em que surgem os artífices: os marceneiros, os ourives, tudo em torno de estabelecimentos sacros”, encerrou José Marçal. Não é necessário extenso conhecimento em artes para apreciar as belezas do Museu. Todos os itens expostos no local são identificados com o nome do artista, o tipo do material e a época em que a peça foi produzida, assim como o MASSP dispõe de uma equipe educativa para tirar dúvidas e auxiliar os visitantes. O horário de funcionamento é das 9h às 17h, de terça a domingo, com ingressos a R$ 6. Estudantes pagam meiaentrada. São isentos: idosos acima de 60 anos; crianças até 7 anos; professores da rede pública (com identificação) e até quatro acompanhantes. Aos sábados, a entrada é gratuita.


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Com a Palavra: Jeffrey Sachs

‘O Papa Francisco é o maior líder moral da atualidade’ Divulgação/Cortile dei Gentili

Filipe Domingues

Especial para O SÃO PAULO, em Roma

As soluções para os problemas ambientais do mundo dependem necessariamente do combate à pobreza. Essa tese, que relaciona desigualdade social e desenvolvimento sustentável, foi amplamente defendida pelo Papa Francisco em sua Encíclica Laudato si’ (Louvado seja), mas é também uma das linhas gerais do trabalho do economista norte-americano Jeffrey Sachs, diretor do Earth Institute da Columbia University, nos Estados Unidos. Professor de Desenvolvimento Sustentável na mesma Universidade, Sachs é um dos economistas mais renomados do planeta. Por dois anos seguidos, em 2004 e 2005, ele entrou na lista da revista Time das cem pessoas mais influentes do mundo, na categoria “cientistas e pensadores”. É consultor especial do secretário da Organização das Nações Unidas (ONU) para a iniciativa “Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”. Escreveu diversos livros internacionalmente reconhecidos, entre eles o best-seller mundial “O Fim da Pobreza: Como acabar com a miséria mundial nos próximos 20 anos”, de 2005 (publicado no Brasil pela Companhia das Letras). Em sua obra mais recente, “A era do desenvolvimento sustentável”, de 2015, procura conscientizar cidadãos globais, apresentando o desenvolvimento como única resposta para a extrema pobreza, a degradação ambiental e a injustiça política e econômica. Jeffrey Sachs concedeu entrevista exclusiva a O SÃO PAULO no fim de março, em Roma, após uma conferência para jovens italianos. O evento, organizado pela associação Cortile dei Gentili, que promove o diálogo entre católicos e ateus (ou agnósticos), tinha como tema “Felicidade, Bem-estar e Bem Comum”. “Com a crise econômica e política tão severa, o Brasil está revertendo muitos dos ganhos dos últimos anos. Isso é muito triste e muito perigoso”, afirmou, referindo-se ao combate à desigualdade social no País. “O Brasil precisa superar a crise atual para voltar ao caminho positivo.” Sachs também é um admirador do Papa Francisco: o considera “o maior líder moral da atualidade”. Para o professor, a Encíclica Laudato si’ é “um documento extraordinário”, pois une ética e ciência, “integrando todas as diferentes partes” do problema, em busca de uma solução para o cuidado da “Casa comum”, o nosso planeta. Leia a seguir a íntegra da conversa.

conforme eu viajava pelo mundo para as Nações Unidas, eu vi que em todo o planeta, todo mundo está ouvindo. Líderes de várias fés, chefes de Estado. Eles estão escutando o apelo do Papa Francisco por atenção aos nossos problemas comuns. Ele pediu um plano comum para nossa Casa comum, e por causa de crises como as mudanças climáticas, o aquecimento global, a destruição ambiental, a exclusão social, a marginalização, o tráfico humano, esses são problemas que vão além de qualquer país individualmente. Dizem respeito ao mundo inteiro. E não temos muitas figuras morais no nosso mundo de hoje, nossos políticos não são figuras morais. Nossas estrelas de filmes, nossos atletas, em geral, não são figuras morais. As pessoas que geralmente são vistas na mídia não o são.

Então o Papa está fazendo isso?

O SÃO PAULO – Professor, o senhor conhece bem a realidade da pobreza e da desigualdade em todo o mundo, e o Brasil é um país muito desigual. Em sua opinião, qual é a origem desses problemas?

Jeffrey Sachs - Eu também sou das Américas. E as Américas, por completo, talvez com exceção do Canadá, são muito desiguais. Essa é a história dos nossos dois continentes, porque foram continentes formados pela conquista e pela escravidão. Portanto, a longa história do Brasil, da América Latina e dos Estados Unidos tem sido uma história de desigualdade. Mas a questão real é: como reduzir a desigualdade? E aí, a maneira mais poderosa de fazer isso é garantir uma qualidade de educação adequada para cada uma das crianças na sociedade. Porque, nos nossos tempos, não é tão crucial saber quanta terra você possui. O que é essencial é saber em que você foi treinado, se você tem capacidades pessoais, se você tem habilidades, educação, e assim por diante. Por isso, o Brasil até pouco tempo atrás estava reduzindo a desigualdade, pois a educação estava se espalhando, e houve uma elevação na base [da população]. Mas agora, com a crise na economia e na política tão severa, muitos desses ganhos dos últimos anos estão realmente sendo revertidos. Isso é muito triste e muito perigoso. O

Brasil precisa superar a crise atual para voltar ao caminho positivo.

Qual é o impacto de uma crise política no bem-estar das pessoas, na busca pela felicidade?

É enorme. Um dos principais fatores da sensação de bem-estar é: você confia no seu governo? E no Brasil, as pessoas não confiam no seu governo, porque existe corrupção por toda a parte. E existe impunidade. As pessoas estão muito, muito infelizes com isso, que, definitivamente, atinge pesadamente a população.

Em sua palestra sobre “Felicidade, Bem-estar e Bem Comum”, o senhor disse que o Papa Francisco é a maior figura moral da atualidade e citou o conceito de “globalização da indiferença”. A ideia de que a atitude egoísta de indiferença em relação ao próximo ganha proporções globais. Os líderes mundiais estão ouvindo o Papa Francisco?

O Papa Francisco está falando para todos. Isso fica explícito na sua Encíclica Laudato si’ (Louvado seja). Ele diz algo como “Eu não estou mandando esta encíclica somente aos meus companheiros católicos romanos. Estou mandando para o mundo inteiro. Porque eu quero falar sobre o desafio global que todo ser humano enfrenta”. Nos últimos meses,

O Papa Francisco representa esperança para todos. Esperança por usar nossa ética e moral básicas para resolver problemas que têm solução, que até agora temos visto com indiferença. Portanto, meu sentimento é que ele está atingindo o mundo. Eu diria que ele, em modo muito sistemático, está tentando superar divisões históricas, quando ele encontra com os patriarcas de várias igrejas ortodoxas. Essas ocasiões são inovadoras. Ele encontrou, e em algumas vezes eu estive presente, líderes islâmicos de várias partes da fé islâmica. Ele alcançou, é claro, líderes judeus, budistas, hindus, e há uma tremenda reciprocidade. Porque a língua que ele está falando é para todos no mundo. E quando ele fala de ética, é uma ética para o mundo inteiro.

É assim que a Igreja Católica e as religiões em geral podem ajudar a promover o desenvolvimento sustentável e o bem-estar das pessoas?

Acho que a Laudato si’ é um documento extraordinário. Porque é a mais poderosa expressão, não só da parte Ética do nosso desafio, mas também da Ciência. Se colocarmos elas juntas, temos realmente um documento que une Ciência e a Ética. O Papa Francisco fala a partir de seu próprio treinamento científico. Quando ele escreve, no capítulo dois da Laudato si’, sobre biodiversidade, sobre aquecimento global, sobre destruição de habitat, é muito competente. E, então, ele fala sobre a estrutura moral, sobre a estrutura política global. Portanto, é uma abordagem muito poderosa, em que ele está integrando todas as diferentes partes da solução, para colocar as pessoas para trabalharem juntas e resolver isso. Acho que isso tem um grande efeito.

As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.


16 | Fé e Cultura |

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Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

Dica de Leitura

Bemvindo ao hospício

O mundo enlouqueceu no século XX, especialmente em seus últimos 40 ou 50 anos, seja pela discordância diante do que demonstram nossos sentidos, seja pela ausência total ou parcial dos valores que sempre definiram a nossa civilização. De qualquer forma, é quase impossível encontrar sanidade em um mundo governado por ideologias, pelo pragmatismo raso e pela religião do cientificismo. Ficha técnica: Autor: Alexandre Costa Páginas: 152 Editora: Vide Editorial

Cinema

Divulgação

Mogli - o menino lobo Para os fãs dos clássicos da Disney, está de volta aos cinemas a estória de Mogli, o órfão que foi criado na selva com os lobos. A nova versão é um filme realista, cheio de ação e aventura. Os efeitos

especiais também não deixam a desejar e as músicas do original estão de volta, como “necessário, somente o necessário”. Para assistir com as crianças. A estreia no Brasil é na quinta-feira, 14.

Deus não está morto 2 Já está nos cinemas o filme “Deus não está morto 2”. O filme, cuja produção não custou mais de alguns poucos milhões de dólares, já é um sucesso de bilheteria. Ele conta a estória de Grace Wesley (Melissa Joan Hart), professora cristã que, diante de uma pergunta feita em sala de aula, fala sobre Jesus Cristo aos seus alunos. Isso torna-se motivo de um pro-

cesso administrativo contra Grace, movido pela diretora da escola, que não aceita religião em sala de aula. Quando Grace se recusa a pedir desculpas por ter falado de Jesus em sala de aula, os pais da aluna que fez a pergunta resolvem processá-la: eles acreditam que a polêmica gerada com o julgamento possa ajudar sua filha a entrar em uma boa universidade.


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Esporte: um forte aliado na luta contra o câncer Daniel Gomes

IBCC

danielgomes.jornalista@gmail.com

Neste ano e em 2017, quase 600 mil pessoas no Brasil receberão uma notícia desagradável: o diagnóstico de que estão com câncer. A projeção é do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), órgão vinculado ao Ministério da Saúde. A prática esportiva pode ser uma aliada para aqueles que não desejam ingressar nessa estatística e mesmo para quem já está com a doença e busca mais qualidade de vida. “Pesquisas apontam que pessoas que praticam exercícios físicos regularmente têm menos chances de ter câncer do que pessoas sedentárias. A prática de exercícios físicos pode cooperar para a doença não surgir. É preciso ter em vista que hábitos saudáveis devem estar associados a essa prática, como alimentação adequada, não fumar e ingerir álcool e ter acompanhamento médico”, detalhou, ao O SÃO PAULO, o médico Marcelo Calil, diretor técnico do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC). Ainda segundo Calil, a atividade física regular “reduz a incidência de obesidade, considerada fator de risco para o câncer”. Conforme dados do Inca, obesidade e sedentarismo juntos são responsáveis por 20% dos casos de câncer de mama, 50% dos carcinomas de endométrio, 25% dos tumores malignos do cólon e 37% de câncer no esôfago. Calil ressalta que não há exercícios específicos para evitar tipos de cânceres. “Hábitos saudáveis são aliados impor-

‘Pessoas que praticam exercícios físicos regularmente têm menos chances de ter câncer do que pessoas sedentárias’, afirma médico Marcelo Calil

tantes e sua adoção é reconhecida como medida que colabora com a menor possibilidade de ocorrência de cânceres, e um exemplo deles é a prática de exercícios físicos no mínimo três vezes por semana”.

Pessoas com câncer devem realizar atividade física?

Há tempos, a ciência busca encontrar respostas sobre se é benéfico que quem está com câncer pratique atividades físicas. Em 2015, cientistas da Duke University, nos Estados Unidos, constataram, em testes com ratos, que a atividade física retarda o crescimento de tumores, por proporcionar melhorias consideráveis na funcionalidade e quantidade de vasos sanguíneos ao redor destes, o que retardaria o avanço de um câncer. Nos testes, os ratos receberam células com câncer de mama. Os tumores daqueles que corriam regularmente em uma roda encolheram mais do que o de outros que foram mantidos sedentários. Aqueles também alcançaram melhores resultados à quimioterapia do que estes. Com a ressalva de que o orga-

nismo humano é bem mais complexo do que o de um rato, os resultados do estudo não deixam de ser animadores. De acordo com o médico Márcio Almeida, do Instituto de Oncologia Aliança, “exercícios e boa alimentação ajudam antes, durante e depois do paciente se deparar com o câncer. Melhoram a qualidade de vida, fazem a pessoa se sentir forte e preparada durante o tratamento, e diminuem em 60% a reincidência da doença”. Almeida afirmou que 30 minutos de atividade física leve durante quatro ou cinco dias na semana são suficientes para aumentar a proteção ao câncer, ou mesmo ganhar forças para suportar o tratamento. O médico Calil lembrou à reportagem que no passado a prática de exercícios físicos para pacientes com câncer não era bem vista, entendimento que mudou com o tempo. “Hoje acredita-se que a atividade física é importante no tratamento, pois proporciona mais qualidade de vida ao paciente. Alguns pontos precisam ser levados em consideração, como o tipo e estadiamento da doença, o tipo de tratamento

e o condicionamento físico. Tudo deve ter acompanhamento médico e o profissional que elaborará os exercícios precisa ter ciência da doença e das limitações do paciente, caso haja nas diferentes etapas de tratamento e reabilitação”, concluiu.

AGENDA ESPORTIVA Libertadores da América Quarta-feira (13) 21h45 – S. Paulo x River Plate (Morumbi) Quinta-feira (14) 21h45 – Palmeiras x River Plate-URU (Allianz Parque) Paulistão – Quartas de Final Sábado (16) 16h20 – Corinthians x Rede Bull Brasil (Arena Corinthians) Segunda-feira (18) 21h – Palmeiras x São Bernardo (Allianz Parque)


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Ipiranga Tempo de valorizar o que de melhor o jovem tem para a Igreja

Deborah de Lima e Philomena Pina

Colaboração especial para a Região

Luciney Martins/O SÃO PAULO - Nov.2013

Segundo Nei, a diminuição na quantidade de jovens nas igrejas deve-se ao aumento das críticas, que muitas vezes são destrutivas. “A mídia já fala coisas ruins do jovem, porém nós, que somos e trabalhamos na Igreja, temos e queremos valorizar as coisas boas que estes jovens têm a oferecer”. O Coordenador Regional do Setor Juventude também destacou ser importante valorizar os diferentes carismas dos grupos que atuam com os jovens para que se realizem ações conjuntas. Nei ainda comentou sobre os trabalhos realizados com a juventude nos setores

pastorais, citando os casos dos setores Imigrante e Vila Mariana, que já têm iniciativas integradas. “Temos que formar leigos que sejam formadores dos jovens e nos organizar e também pensar em um projeto para os jovens universitários”, avaliou Nei. No Domingo de Pentecostes, 15 de maio, haverá o lançamento do projeto “Flores que cresce”, que tem como objetivo expor mais os trabalhos realizados pelos jovens, para que seja produzida uma planilha que será enviada ao Papa Francisco sobre a atuação dos jovens no Brasil. Deborah de Lima

‘Os jovens precisam ser acolhidos e se sentirem amados’, afirma Ney Marcio, do Setor Juventude

A presença dos jovens na Igreja foi o foco das reflexões do Conselho Regional de Pastoral (CRP), da Região Ipiranga, reunido no sábado, 9. A atividade no Centro de Formação Pastoral da Região Ipiranga foi iniciada com uma motivação do Padre Pedro Luiz Amorim, coordenador regional de pastoral, sobre o seguimento a Jesus Cristo. Na sequência, Nei Márcio de Oliveira Sá, coordenador regional do Setor Juventude, apresentou o Padre Ricardo

Antonio Pinto, pároco da Paróquia São João Batista, como novo assessor do Setor Juventude na Região. Nei enfatizou que todos devem se sentir responsáveis pelo trabalho de evangelização com a juventude. “Para trabalhar com o jovem é preciso três coisas que são muito importantes: espiritualidade, metodologia e afetividade. É preciso saber trabalhar a linguagem, paciência e acolher, pois eles precisam ser acolhidos e se sentirem amados”, afirmou.

Motivados pelas comemorações dos 45 anos de criação da Paróquia Nossa Senhora da Esperança, completados em junho de 2015, os paroquianos participaram intensamente das atividades do Tríduo Pascal e do Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor, entre 24 e 27 março, em celebrações com os padres Dagoberto Boim, Edson Toneti e Ney de Souza.

Brasilândia

Larissa Alves

Colaboração especial para a Região

Jovens: instrumentos da misericórdia em todos os lugares Carolina Leandro

Integrantes do Movimento Escalada posam para foto com os padres Carlos Alves e Reinaldo, após missa na Igreja Nossa Senhora da Expectação

Considerando que a misericórdia será sempre maior que o pecado, em 8 de dezembro de 2015, o Papa Francisco deu início ao Jubileu extraordinário da Misericórdia, que será vivenciado até 20 de novembro deste ano. Por conta disso, entre os dias 9 e 10 de abril, o Movimento Escalada SP uniu seus grupos de Pirituba, Araras (SP) e Alphaville para aprofundarem conhecimentos sobre a temática da misericórdia.

“Vivemos em um mundo que carece de amor, que precisa da Misericórdia de Deus. E os jovens devem ser instrumentos para que essa misericórdia seja levada aos que mais precisam”, explicou Vinícius Caroli, coordenador do Escalada Nível II 2016. Uma das ações que marcam este Jubileu extraordinário são as peregrinações, em grupo ou individualmente, a uma porta santa. No sábado, 9, o grupo peregrinou

à Porta da Misericórdia da Igreja Nossa Senhora da Expectação, na Freguesia do Ó. “Todos que se reuniram para o Escalada nível II cumpriram uma exigência da Igreja para receber a indulgencia plenária. Foram à peregrinação, passaram pela Porta Santa, participaram da santa missa, rezaram pelo Papa e renovaram a profissão de fé”, recordou o Padre Reinaldo Torres, pároco da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima, no Setor

Pereira Barreto, que acompanha os jovens desde 2006. Ao decorrer de todo fim de semana, os jovens participaram de palestras que abordavam a misericórdia em três vias: “Eu, Deus e o próximo”, explorando temas como a diferença entre o perdão e a misericórdia, obras corporais e espirituais. Eles também foram convidados a refletir sobre as diferentes formas de oração. “A oração sempre foi uma das melhores formas de se aproximar de Deus, e sempre que rezamos, mesmo que indiretamente, buscamos a misericórdia. Com os jovens não é diferente. A oração nos enriquece, e assim podemos entender um pouco mais das obras e vontades de Deus, e colocá-las em prática”, comentou João Fernandes, integrante do Movimento. “Que sejamos sempre peregrinos e que no mistério da fé, Deus nos mostre o caminho de vida em plenitude que ele mesmo preparou para cada um de seus filhos e filhas”, comentou Padre Reinaldo.


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Belém Missionárias do Santo Rosário: sinal vivo do Concílio Vaticano II Peterson Prates

Colaborador de comunicação da Região

“Valeu à pena tudo isso. Valeu ou não valeu?”, indagou Cônego José Miguel, vigário geral da Região Belém, às religiosas do Santo Rosário, na celebração dos 50 anos de presença missionária no Brasil. “Valeu”, responderam as irmãs, complementando que, se necessário fosse, começariam tudo de novo. A celebração que marcou as cinco décadas da Congregação das Missionárias do Santo Rosário no Brasil aconteceu na sexta feira, 8, no Centro Pastoral São José do Belém, presidida pelo Cônego José Miguel e concelebrada por sacerdotes combonianos e espiritanos, com a participação de religiosos e religiosas, leigos de outras dioceses e paróquias onde as missionárias trabalharam e, ainda, da vice-consulesa da Irlanda no Brasil, Ciara Gilvarry. A Congregação chegou ao Brasil por conta de um chamado de Paulo VI após Concílio Vaticano II. Em 1966, três irmãs irlandesas desembarcaram em São Paulo e ao longo dos anos outras vieram. A missão se estendeu por demais dioceses no País, como Volta Redonda (RJ) e Registro (SP). Ann Griffin, mais conhecida por Irmã Ana, agradeceu, antes da missa, a todos que partilharam da “história, memória e caminhada” das missionárias. “Vocês que nos ajudaram a viver nossa vocação missionária”, comentou. A comunidade religiosa conta atualmente com 12 irmãs no Brasil, entre irlandesas, norte-americanas e nigerianas. Nesse contexto, o Cônego José Miguel iniciou a celebração recordando os últimos versículos do Evangelho de Mateus: “Ide por todo o mundo, batizando todos os povos, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, fazendoos meus discípulos e estarei convosco enquanto existir a história humana”, afirmou na homilia, em que também desejou que as missionárias tenham

Peterson Prates

Irmãs da Congregação das Missionárias do Santo Rosário comemoram 50 anos de atuação pastoral em território brasileiro, na sexta-feira, 8

“saúde, paz e coragem para continuar essa missão”.

Multiplicidade de ações

As missionárias do Santo Rosário estão engajadas em diferentes iniciativas na Igreja no Brasil, tais como a Pastoral Carcerária, Pastoral da Criança, atendimento as mulheres marginalizadas e ao povo em situação de rua, acompanhamento às comunidades eclesiais de base e evangelização da juventude. Irmã Holly Chenery chegou ao Brasil em 1974 e foi desempenhar sua missão na zona Leste de São Paulo. Nas fábricas, conheceu o mundo operário e formou, durante o período da ditadura militar, gru-

pos de organização da classe trabalhadora, junto à Pastoral Operária. Irmã Mary Ryan, que chegou da Irlanda em 1967, já trabalhou no Norte do Brasil e há 21 anos mora em Sapopemba. Para ela, “o acolhimento do povo” foi o que mais marcou toda a caminhada missionária e esta experiência de quase 50 anos de missão no Brasil “foi maravilhosa”. Ela é enfermeira e já participou da Pastoral da Saúde e da Criança e hoje se dedica a visitar pessoas presas e doentes. Irmã Patrícia Dervan, uma das pioneiras da Congregação no Brasil, enviou uma carta aos participantes da celebração por ocasião dos 50 anos da Congregação no País. No texto, ela relembrou fatos de sua missão no Brasil entre 1966 a 1987. “Nunca esquecerei o que aprendi

na jornada, compartilhada com o povo organizado”, afirmou, citando, ainda, a “conscientização do povo, com a pedagogia do oprimido, de Paulo Freire; mutirão, luta, CEBs, movimentos populares e direitos humanos, como ação transformadora da sociedade, principalmente na época de repressão militar”. Participante da celebração e da confraternização comemorativa após a missa, o Padre Valdir João Silveira, coordenador nacional da Pastoral Carcerária, comentou que as irmãs são “sinal vivo do Concílio Vaticano II, agindo concretamente na realidade de povo de Deus”, disse, complementando: “Temos agora o Papa Francisco que pede que a Igreja vá para as periferias existenciais, vocês [irmãs] já responderam a isso há 50 anos”.

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Santana

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

Setor Imirim peregrina à Porta Santa Diácono Francisco Gonçalves

Peregrinos participam de missa na Igreja de Sant´Ana após peregrinarem à Porta Santa

“É uma graça concedida por Deus participar desta peregrinação”, disse, emocionada, Cacilda Soares Santana,

que no dia 3 se juntou aos fiéis que foram em peregrinação à Porta Santa da Igreja de Sant’Ana, por ocasião do

Jubileu extraordinário da Misericórdia. A maioria dos peregrinos pertencia às paroquias Nossa Senhora da Consolata, Nossa Senhora de Fátima, Santo Antônio do Lausanne, São Francisco de Paula e São Benedito, São José Operário e São Roque, que constituem o Setor Pastoral Imirim, mas também participaram fiéis de outros setores. “É um momento de alegria poder passar pela Porta Santa, que é renovar nossa esperança na Ressurreição”, declarou Glaucia Máximo, que pertence à Comunidade São Miguel Arcanjo, no Setor Pastoral Casa Verde.

Enquanto os peregrinos faziam a adoração eucarística e rezavam o Terço, Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, e os padres do Setor Imirim, confessavam os fiéis. Muitos deles caminharam de suas respectivas paróquias em grupos até a igreja. Um desses grupos, liderado pelo Padre Antônio Lima da Silva, pároco da Paróquia São Roque, realizou paradas ao longo da caminhada, com rezas e cantos. A peregrinação foi encerrada com missa presidida por Dom Sergio e concelebrada pelos padres atuantes no Setor.

Dom Sergio vivencia a Semana Santa com as pessoas presas A Pastoral Carcerária da Região Santana no seu trabalho permanente de evangelização vai muito além das visitas semanais às cinco unidades prisionais que estão situadas na Região. “Ao adentrarmos nos presídios para visita de escuta às pessoas presas, homens ou mulheres, além de rezarmos com elas, continuamos numa postura apostólica, catequizando-as e preparando-as para receberem os sacramentos e, principalmente, levando ao cárcere as visitas de sacerdotes, diáconos, seminaristas, religiosas e leigos”, contou Eliana Rocha, coordenadora regional da Pastoral. Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região San-

tana, durante a Semana Santa, presidiu missas em todas as unidades prisionais. O Bispo, em 22 de março, celebrou com os funcionários do hospital penitenciário, onde, além de ungir e levar conforto aos enfermos encarcerados, atendeu confissões, abrindo, assim, o Ano Santo extraordinário da Misericórdia nos presídios da Região. Na Sexta Feira Santa, 25 de março, Dom Sergio esteve na Penitenciária Feminina de Santana, atendendo confissões das presas, abençoando o interior da unidade prisional e acompanhando a Pastoral Carcerária nas seis via-sacras que foram realizadas nas unidades prisionais. “Entendemos que a vida da pessoa presa vai muito além dos muros e

Pastoral Carcerária

Dom Sergio e membros da Pastoral Carcerária visitam presos durante a Semana Santa

grades dos presídios. Por isso, visitamos com frequência os familiares dos presos em suas residências e visitamos

também abrigos para menores, onde muitas vezes estão os filhos menores dos presos”, detalhou Eliana.

Paróquia também é lugar de ‘Mutirão da Cidadania’ Com ajuda de paróquias do Setor Medeiros, a Paróquia Nossa Senhora do Loreto realizou, no dia 3, o “Muti-

rão da Cidadania”, um dia com palestras sobre saúde, exames de glicemia e pressão, com o auxílio de voluntários Tadeu Marim

da Cruz Vermelha, além de orientações com esteticistas, oftalmologistas, dentistas, advogados e conselheiros tutelares. As pastorais e movimentos também participaram do evento, como o Encontro de Casais com Cristo, a Pastoral Familiar das Paróquias São Francisco Xavier e Santa Zita, a Renovação Carismática Católica, grupo Conselho e Terço dos Homens. “Eu só tenho que agradecer muito

por Deus ter colocado todas essas pessoas maravilhosas em nosso caminho, em nosso projeto. O mutirão foi tudo e muito mais do que esperávamos”, expressou Marta Costa, coordenadora da Pastoral Familiar e uma das promotoras do evento. Também participaram da atividade o Fundo Social de Solidariedade, os cabelereiros da SPDM e as empresas OI, Bauducco e supermercado Agate. Paróquia Santa Rosa de Lima

‘Mutirão da Cidadania’ acontece na Paróquia Nossa Senhora do Loreto, dia 3

AGENDA REGIONAL Sábado (23), 8h Manhã de formação para integrantes da Pastoral Familiar da Região Santana, na Cúria de Santana (avenida Av. Mal. Eurico Gaspar Dutra, 1.877, Santana), com o tema “Preparação para o Matrimônio e para a Vida Familiar”, com base no Guia de Preparação da CNPF. Dias 14 e 15 de maio 20º Encontro com Jesus, o Bom Pastor para casais separados e recasados, no Recanto Nossa Senhora de Lourdes (rua Luís Carlos Gentile de Laet, 1.736). Outras informações em (11) 2232 ou (11) 97634-9560 e ainda pelo site http://www.bompastor.pfsp.com.br.

Na Vigília Pascal, em 26 de março, na Paróquia Santa Rosa de Lima, no Setor Pastoral Tremembé, Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu o Batismo de cinco crianças, em missa concelebrada pelo Padre Roberto Fernando de Lacerda, pároco.


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Benigno Naveira

Colaborador de comunicação da Região

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Lapa

Na Igreja, em busca do equilíbrio físico, mental e espiritual O Chi Kung (Qigong) é uma disciplina da medicina tradicional chinesa, uma técnica de treino interior que visa o equilíbrio pessoal como um todo: físico, mental e espiritual. É uma prática terapêutica de rotina utilizada com outras especialidades de medicina chinesa ou ocidental. Na Paróquia Santo Alberto Magno, no Setor Pastoral Butantã, a comunidade de fiéis tem participado das aulas práticas dessa técnica, conforme constatou a Pastoral da Comunicação da Região Lapa em visita à Paróquia, na sexta-feira, 8. A atividade é coordenada por Aimar Gonçalves Killinger, que tem formação em Medicina Tradicional Chinesa (MTC), pela Prefeitura de São Paulo, com especialização pela Administração Estatal da Medicina Tradicional da República Popular da China, no Centro de Preparação Internacional de Acupuntura Moxa Bustão e Práticas Terapêuticas, em Pequim. Atualmente, ela é funcionária da Secretaria Municipal de Saúde de

São Paulo e trabalha em algumas UBS e também atua nas paróquias que cederam espaço para realização dessa iniciativa: Santo Alberto Magno, no Setor Pastoral Butantã, e São Mateus e São Patrício, no Setor Pastoral Rio Pequeno. Segundo Aimar, essa disciplina da medicina tradicional chinesa é benéfica para a maioria das pessoas adultas que tiveram problemas de saúde, como acidente vascular cerebral (AVC), infarto, esclerose ou que realizaram cirurgia e precisam de atividades terapêuticas para se recuperar. A prática também é oferecida a todos os interessados, de qualquer idade. Aimar detalhou que a técnica traz benefícios a partir do método de respiração, permitindo flexionar e alongar os tecidos maleáveis do corpo, sendo um exercício suave, a partir de um certo número de movimentos repetitivos, frequentemente esticando o corpo, aumentando a circulação do sangue e desenvolvendo uma conscientização de como se dá a movimentação no espaço.

Clero atento à acolhida das pessoas com deficiência Benigno Naveira

Benigno Naveira

Atividade de Chi Kung é realizada na Paróquia Santo Alberto Magno, no Setor Pastoral Butantã Angela Santos

No dia 3, o Padre Antonio Francisco Ribeiro, pároco da Paróquia Santo Alberto Magno, no Setor Pastoral Butantã, conferiu a 1ª Eucaristia a 31 adolescentes, na igreja matriz. Benigno Naveira

Carlos Campos explica ações da Pastoral das Pessoas com Deficiência em reunião do clero

A Pastoral das Pessoas com Deficiência da Arquidiocese de São Paulo, por meio de seu coordenador, Carlos Alexandre Campos, apresentou ao clero atuante na Região Lapa, reunido no dia 5, um programa de encontros de formação com objetivo de preparar um melhor acolhimento de pessoas com deficiência na Igreja, por meio de recursos de audiodescrição na liturgia e interpretação em libras litúrgicas. Carlos ressaltou a atuação da Pastoral para a conscientização e apresentação de propostas de ações de acessibilidade nas igrejas. Na Arquidiocese, a Pastoral surgiu em 2006, ano em que a Campanha da Fraternidade destacou a realidade das pessoas com deficiência, com o lema “levanta-te e vem para o meio” (Marcos 3,3). Segundo Carlos, a

plena inclusão da pessoa com deficiência exige um trabalho envolvendo pastoral, igreja e leigos. Ainda na reunião do clero, foi apresentado o Projeto Raquel, pelo psicólogo Luis Carmona e pela coordenadora nacional do Projeto, Sonia Ragonha. Ela explicou que a iniciativa consiste em um trabalho que envolve profissionais da saúde e representantes da Igreja, como sacerdotes, religiosos, religiosas, leigos e leigas comprometidos em oferecer cuidados individuais às pessoas que precisam de ajuda e que estão sofrendo por terem se envolvido direta ou indiretamente com o aborto. Sonia pediu aos padres que ajudem o Projeto, deixando em local visível nas paróquias um cartaz com as informações da iniciativa e o telefone para contato.

No sábado, 9, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa, mais de 90 integrantes de Pastoral Litúrgica participaram de um encontro regional, coordenado pelo Padre Cristiano de Souza Costa. O Sacerdote detalhou que a Liturgia “é um ato de estar a serviço do povo e o povo estar a serviço de Deus”, e que cheia de símbolos e de gestos, proporciona a experiência com Jesus Cristo. O Padre comentou, ainda, sobre os ritos e as funções da equipe de Liturgia. Benigno Naveira

No sábado, 9, na Paróquia Santa Maria Goretti, no Setor Pastoral Butantã, dez casais participaram do curso de noivos, orientado pelo Padre Geraldo Pereira, pároco.


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É dever do cristão suportar com paciência as pessoas molestas Prática desta obra de misericórdia é uma das atitudes recomendadas para este jubileu extraordinário Renata Moraes

jornalismorenata@gmail.com

alguém nos causa sofrimento”, escreveu Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, em artigo publicado no O SÃO PAULO, em 11 de fevereiro de 2016. O Bispo reforçou a ideia central desta obra e alertou sobre como deve ser a convivência uns com os outros. “Conviver com pessoas difíceis é um teste de autenticidade, de qualidade do amor. O amor visa sempre o bem do outro acima e antes do próprio bem. Quando convivemos com pessoas simpáticas, o amor é espontâneo, mas pode também não ser amor verdadeiro. Amo tal pessoa pelo bem que ela me faz ou porque desejo realmente o seu bem?”

gelho de São João (cf. Jo 6, 5-11) no episódio em que Jesus faz a multiplicação dos cinco pães e dois peixes. Também o Cardeal Van Thuan compartilha no primeiro capítulo intitulado “Primeiro pão: Viver o momento presente”: “Penso que devo viver cada dia como o último da minha vida. Deixar tudo o que é acessório, concentrar-me no essencial. Cada palavra, cada gesto, cada telefonema, cada decisão é a coisa mais bela de minha vida. Reservo a todos o meu amor, o meu sorriso; tenho medo de perder um segundo, vivendo sem sentido...”. Em sua descrição do período de encarceramento, o Cardeal Van Thuan relata que muitas vezes não tinha forças nem para rezar, mas ainda que cansado dirigia sua prece a Cristo. “Jesus, eis-me aqui, sou Francisco. Vêm-me alegria e consolação, e experimento que Jesus responde: ‘Francisco, eis me aqui, sou Jesus’”. Um dos pontos mais marcantes do livro é o relato do Cardeal vietnamita sobre a força da Eucaristia e o modo Reprodução de que ele encontrou para celebrar a missa. “Não poderei nunca exprimir a minha grande alegria: todos os dias, com três gotas de vinho e uma gota de água na palma da minha mão, celebro a minha missa”.

as injustiças e ao final foi glorificado por Deus, sendo restituído em tudo que havia perdido. “Nu eu saí do ventre de minha mãe, e nu para ele voltarei. Javé me deu tudo e Javé tudo me tirou. Bendito seja o nome de Javé!” (cf. Jo 1,21). O exemplo de Jó demonstra que quando se suporta as adversidades com paciência, a pessoa torna-se exemplo para os outros. Com Jó, aprendemos que a fé nos ajuda a seguir em frente, mesmo que a razão diga ao contrário. Outro exemplo de como superar com paciência é a do Cardeal François-Xavier Nguyen Van Thuan (1928-2002), vietnamita, que por oito anos foi bispo de Nhatrang, no centro do Vietnã, sendo depois promovido a arcebispo-coadjutor de Saigon, pelo Papa Paulo VI. Quando os comunistas chegaram a Saigon, disseram-lhe que sua nomeação era fruto de um complô, e três meses depois Van Thuan foi preso, em 15 de agosto de 1975. Libertado, após 13 anos no cárcere,

No Ano Santo extraordinário da Misericórdia, o Papa Francisco convida a aprofundar e vivenciar as obras de misericórdia corporais e espirituais. Suportar com paciência as pessoas molestas, conforme Exemplos na Bíblia e na História definiu o Pontífice na Bula Misericordiae Vultus ou suportar com paciência “Nós consideramos felizes os que foram perseverantes. Vocês ouviram falar as fraquezas do próximo, é um convite da constância de Jó e conhecem o fim para que todos possam agir com misericórdia, assim como Deus Pai é miseque o Senhor reservou para ele, porque ricordioso com os seus filhos, tendo paciência uns para com os outros. Em nosso cotidiano, lidamos com pessoas de variados tipos de personalidades. Em algumas situações, um determinado comportamento de alguém nos aborrece, a debilidade de outro pode nos parecer insuportável. Porém, muito desses comportamentos que tanto nos afligem, podem ser uma revelação de nós mesmos. “Tal atitude propicia uma reflexão sobre si mesmo para descobrir em nós aquilo que também é perturbador e insuportável para nós mesmos, e que pode sê-lo também para os outros, já que Deus, em Cristo, nos suportou pacientemente, amandonos de forma incondicional”, consta no livro “As obras de misericórdia corporais e espirituais”, do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização. A capacidade de suportar uns aos outros é fundamentada na Palavra de Deus. “Sejam humildes, amáveis, pacientes e suportem-se uns aos outros no amor” (cf. Ef 4,1). Nesse sentido, São Paulo escreve: “Pedimos-vos, porém, irmãos, corrigi os desordeiros, encorajai os tímidos, amparai os fracos e tende paciência para com todos” (cf. 1 Ts 5,14). Ainda segundo São Paulo, quando estamos fortes, devemos suportar as fraquezas dos que são fracos, e não Cardeal Van Thuan (1928-2002) é exemplo de como suportar com paciência as injustiças agir a nosso modo. (cf. Rm 15,1). Ajamos, então, como discípulos de Jesus, o Senhor é rico em compaixão e miserio Cardeal Van Thuan quis partilhar suas córdia” (cf. Tg 5,11). que tomou sobre si as nossas fraquezas e experiências de como encontrou Jesus Na carta de São Tiago é recordada carregou nossas dores (cf. Is 53,4). em todos os momentos de sua existência cotidiana, no discernimento entre as a história de Jó, um homem justo e te“É uma obra de misericórdia porque mente a Deus, que perde todos os seus obras de Deus, na oração, na Eucaristia e a convivência com as pessoas molestas bens, seus filhos e é traído por sua munos irmãos. O resultado desse relato foi nos obriga a superar nossa tendência lher, além de ser julgado por seus amipublicado em 1997 no livro “Cinco pães de nos concentrarmos somente em nós gos. Jó não desanimou e nem blasfemou e dois peixes: Do sofrimento do cárcere mesmos. É a nossa preocupação egocêntrica que, muitas vezes, está na raiz contra Deus por todas as adversidades. um alegre testemunho de fé”. de nossa irritação, quando a presença de Pelo contrário, suportou com paciência O livro é baseado no trecho do Evan-

Assistir aos doentes e suportar as enfermidades

Lidar com pessoas idosas e enfermas também exige comprometimento, paciência e amor. Para suportar as queixas, reclamações e muitas vezes o mal humor delas, causado pela enfermidade ou período de dificuldade, é preciso colocar em prática a misericórdia de Deus. Não somente em suportar com paciência, mas ajudá-las a passar por essa fase, sendo consoladores e agindo com compaixão e empatia. Em entrevista à reportagem, o Padre João Inácio Mildner, Capelão do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, falou sobre o assunto. “Precisamos ver no enfermo, na pessoa idosa, a presença do próprio Cristo, que quer ser amado, acolhido, servido. Mesmo que passemos por situações difíceis com algumas pessoas, devemos amá-las, pois o amor vem de Deus e nos faz vencer. E, uma forma de vencer estes momentos difíceis é nos colocar no lugar dessas pessoas”. Segundo o Sacerdote, é necessário colocar-se no lugar do outro: “Se eu estivesse no lugar delas, como eu gostaria de ser tratado, cuidado e amado? Com certeza, muitas coisas irão mudar na nossa relação com as pessoas que sofrem e necessitam de nossa ajuda”. Para o Capelão, o amor, o diálogo, a oração e o exemplo de Jesus são os caminhos para melhor assistir aos doentes e suportar com paciência as enfermidades.


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Bispos reforçam protagonismo dos leigos na Igreja e na sociedade Luciney Martins/O SÃO PAULO

Proposta de Documento da CNBB sobre o laicato é apresentada ao episcopado na 54ª Assembleia Geral Fernando Geronazzo

Especial para O SÃO PAULO, em Aparecida (SP)

O documento que está prestes a ser aprovado na 54ª Assembleia Geral (AG) da CNBB fará um convite aos leigos e leigas a assumirem seu papel enquanto sujeitos na Igreja e na sociedade. Reunidos em Aparecida (SP), entre os dias 6 e 15, o episcopado brasileiro trabalha sobre o tema central “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade: Sal da terra e luz do mundo”. O arcebispo de Londrina (PR) e presidente da Comissão para o Tema Central da AG, Dom Orlando Brandes, explicou que o texto apresentado para apreciação dos bispos chama atenção para o papel de sujeito do laicato. De acordo com o Arcebispo, às vezes há um esquecimento por parte dos pastores em relação à dignidade dos leigos e que o trabalho por eles desenvolvido não é uma suplência das carências de padres e bispos, mas um direito, reforçando que “os leigos não só pertencem à Igreja, mas que também são Igreja”. Na tarde da segunda-feira, 11, foi apresentada aos bispos uma versão do texto para ser submetida a avaliação, sugestões e emendas. De acordo com Dom Severino Clasen, bispo de Caçador (SC), presidente da Comissão Episcopal Para o Laicato e também membro da Comissão para o Tema Central, o texto teve grande aceitação dos bispos e, por isso, ele está confiante quanto à sua provação final na quarta-feira, 13. “O documento está praticamente votado. Estamos aguardando o resultado. Os bispos ainda podem fazer algumas emendas em cima daquilo que já foi apresentado”, declarou ao O SÃO PAULO. Ainda segundo Dom Severino, as contribuições dos bispos foram mais em questões pontuais em relação à redação do texto. “Não houve mudanças substanciais no documento. Nem houve tensão ou não aceitação do texto. Os acréscimos foram de aperfeiçoamento dos parágrafos já existentes, uma vez que já estávamos trabalhando em cima deste conteúdo há quatro anos”, disse.

Contribuição dos leigos

Marilza José Lopes Shuína, presidente do Conselho Nacional do laicato do Brasil (CNLB), também compõe a comissão que elaborou o texto do novo documento da CNBB. Em entrevista exclusiva ao O SÃO PAULO, ela explicou que o CNLB participou do processo de elaboração do documento de Estudo 107. “Durante o ano de 2014, houve

Assembleia Geral da CNBB segue até sexta-feira, 15, com o tema ‘Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade: Sal da terra e luz do mundo’

encontros, reuniões e seminários pelas dioceses e regionais, nas pastorais, movimentos, associações e comunidades a partir desse texto”, disse. As contribuições desses estudos foram apresentadas ao episcopado na Assembleia Geral de 2015, que resultou em uma nova edição revisada e ampliada do Estudo (107A) para ser novamente aprofundada. “Em todas essas etapas foram colhidas sugestões de emendas oriundas de todos esses encontros que aconteceram não somente no âmbito eclesial, mas também nas universidades, em semanas teológicas, por exemplo”, acrescentou Marilza. Do estudo inicial, de 2014, até a proposta apresentada nesta Assembleia, o texto sofreu o que Marilza considerou uma “mudança substancial” na sua estrutura e formatação, mas ela salientou que permanece a “espinha dorsal” que é o reconhecimento dos leigos como sujeitos na Igreja e na sociedade. “Ao longo do texto, que será dividido em três partes, começamos com uma análise da dimensão globalizada do sujeito envolvido nos aspectos sócio-econômico-culturais, sua participação na vida eclesial. Em seguida, é feita uma reflexão teológica com uma abordagem que acentua a espiritualidade, vocação e missão do leigo, a partir daquilo que os documentos do Magistério da Igreja trazem ao longo da história”, apontou a Presidente do CNLB.

Organizados e inseridos no mundo

Outro aspecto do texto valorizado pelos bispos é quanto à “índole se-

cular” do laicato. “O Documento de Aparecida diz que a eclesialidade e a cidadania dos leigos são um único movimento. Isso não está dissociado. Eu não sou só cristão enquanto estou na Igreja, mas também não sou mundano enquanto estou no mundo. Eu sou Igreja onde estou”, afirmou Marilza, reforçando que é reconhecido que os leigos possuem uma atuação muito intensa na vida interna da Igreja. No entanto, ela reconhece que é preciso dar um “salto no fato de ser Igreja nos diversos campos de atuação próprios do laicato”. O arcebispo de Aparecida, Cardeal Raymundo Damasceno Assis, que era presidente da CNBB quando iniciouse o projeto do documento sobre o laicato, também enfatizou esse aspecto da missão do leigo na sociedade, apontando para o risco de o leigo reduzir o seu trabalho ao interior da Igreja. “É preciso, sobretudo, recuperar que o específico e peculiar do leigo é sua presença no mundo, em meio às suas realidades temporais onde ele vive. Ali ele deve dar o testemunho da sua fé de uma maneira coerente, no mundo da política, do trabalho, da comunicação, educação, na família. Ali que ele deve ser sal da terra e luz do mundo”, avaliou. O Documento também estimula maior organização do laicato nas dioceses, sobretudo por meio dos conselhos de leigos. “Os conselhos devem ter autonomia dos leigos, mas, claro, sempre ligados à hierarquia, sinal de

pertença à Igreja, mas os leigos precisam ser os protagonistas”, destacou Dom Severino, que também afirmou que caberá à Comissão Episcopal para o Laicato, a partir do novo documento, criar mecanismos que facilitem a criação desses conselhos de leigos. “É um documento feito pelos bispos para a Igreja referente aos leigos”, concluiu Dom Severino.

‘Pensando o Brasil’

Entre os diversos temas da AG também está na pauta a votação de um novo documento da série “Pensando o Brasil”. De acordo com Dom Joaquim Mol, bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) e presidente do grupo de trabalho do documento, o texto apresentará percepções da realidade nos campos cultural, econômico, social e político. “Para cada um desses campos, estamos procurando iluminações na Doutrina Social da Igreja que durante séculos vem pensando e repensando como elaborar elementos de iluminação capazes de ajudar os cristãos católicos no mundo a se confrontarem com a realidade e, ao mesmo tempo, oferecerem contribuições de superação dos problemas”, informou. É aguardada, ainda, a publicação, na quarta-feira, 13, de uma nota sobre as eleições de 2016, já aprovada pela AG, com orientações aos fiéis quanto ao voto consciente. Os bispos também discutiram a proposta de uma declaração, esperada para o final da Assembleia, sobre o momento político atual.


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13 a 19 de abril de 2016 | www.arquisp.org.br


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