O SÃO PAULO - 3105

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 61 | Edição 3105 | 8 a 14 de junho de 2016

R$ 1,50

www.arquisp.org.br Douglas Mansur/Celeiro de Memória

Deitada em uma cama, Maria de Lourdes Guarda desenvolve caminhos de solidariedade

São José de Anchieta tem vida marcada pela prática das obras de misericórdia

Maria de Lourdes Guarda (1926-1996) passou a maior parte da vida imobilizada em uma cama, mas isso não a impediu de criar pontes de solidariedade e testemunhar a fé.

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Editorial

Páginas 12 e 13

O coração misericordioso de Cristo é para todos Luciney Martins/O SÃO PAULO

Pela manhã peregrinaram os padres e diáconos, à tarde foi a vez dos membros do Apostolado da Oração. Era a sexta-feira, 3, Solenidade do Sagrado Coração de Jesus e Dia Mundial de Oração pela Santificação do Clero. Na Catedral da Sé, o Cardeal Scherer presidiu as duas celebrações com os peregrinos. “Devemos deixar-nos amar pelo amor misericordioso”, enfatizou. Página 23

Encontro com o Pastor

Maria de Lourdes Guarda, uma história de vida inspiradora Página 2

Espiritualidade Dom Julio Akamine: é preciso aconselhar os que estão na dúvida Página 5

Fé e Cidadania Igreja Santo Antonio é lugar para encontrarse com Deus Página 5

Comportamento

Com o Cardeal Scherer, padres e diáconos peregrinam à Porta Santa da Catedral da Sé, na sexta-feira, 3

Livro lançado em Roma detalha aspectos do pontificado de Bento XVI “ Oltre la crisi della Chiesa ” (Além da crise da Igreja), escrito pelo historiador e padre Roberto Regoli, ressalta a contribuição de Bento XVI para a história da Igreja. Página 14

Delação premiada e suas consequências legais Página 10

Cardeal dedica altar e igreja no Jardim Elba Página 17

Jacques Maritain, um olhar humanista cristão Página 15

Arquidiocese de São Paulo realiza ação nas redes sociais para coletar histórias sobre o Cardeal Arns. Saiba detalhes em http://arquisp.org.br.

PUC-SP homenageia Dom Paulo Evaristo Arns Página 22

Tempo de educar os filhos na virtude da ordem Página 6 COB

Adriana Aparecida: a maratonista de fé nos Jogos Rio 2016 Página 11


2 | Ponto de Vista |

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Editorial

Maria de Lourdes Guarda

S

e considerar a pouca frequência e relevância com que fatos positivos e histórias de vida inspiradoras estampam as páginas impressas dos jornais, um leitor facilmente será induzido a pensar que a humanidade vai muito mal, que não existem políticos comprometidos com o bem comum, que no mundo há só violência, guerra e terrorismo, que a solidariedade foi definitivamente banida da face da terra. O resultado das frequentes e contínuas más notícias que recebemos todos os dias pode ser, no coração de muitos, a falência da esperança e a desmotivação para perseverarem no bem. O sentimento de dever de jornalistas e do público em geral – as novas tec-

nologias e redes sociais transformaram muitos cidadãos comuns em comunicadores de massa – em fiscalizar e denunciar pode ter como efeito colateral a tendência da escolha do que é negativo como critério predominante de notícia e, consequentemente, a propagação unilateral do que é erro, desonesto, repulsivo e condenável, em detrimento do que pode ser positivamente exemplar e inspirar atitudes e ações semelhantes. Boas notícias, bons exemplos, belos testemunhos e fatos positivos acontecem todos os dias e estão só à espera de alguém que saiba valorizá-los, enquadrá-los e transformá-los em notícias. A Igreja, inspirada na mensagem de Jesus Cristo que é uma boa notícia

para o mundo, sempre procurou, sem abandonar sua missão profética, oferecer à opinião pública exemplos de vida que por serem alicerçados nas virtudes humanas e cristãs tiveram impacto transformador em seu tempo e espaço e fizeram a diferença. Na presente edição, o jornal O SÃO PAULO publica uma bela matéria sobre a vida de Maria de Lourdes Guarda. Figura famosa nos ambientes do antigo Hospital Matarazzo, onde viveu acamada por 49 anos, ela foi tudo na vida, menos paralítica. De seu leito hospitalar, foi capaz de ver para além da janela de seu quarto e estabeleceu uma rede de ajuda e solidariedade entre pessoas que sequer se conheciam. Convidada pelo Padre Geraldo Labarrère a parti-

cipar da Fraternidade Cristã de Pessoas com Deficiência, Maria de Lourdes se tornou praticamente uma embaixadora brasileira do Movimento, viajando de Norte a Sul, de Leste a Oeste do País, sempre carregada em sua cama, fundando núcleos do Movimento. Sua ação alcançou até mesmo encarcerados do presídio do Carandiru com deficiência física, que graças à sua ajuda conseguiam licença para participar dos encontros da Fraternidade que aconteciam em São Paulo. Maria de Lourdes é uma forte candidata a alcançar as honras dos altares e se tornar uma santa brasileira. Sua causa de canonização está em curso e já passou da fase diocesana. Ela já foi declarada Serva de Deus.

Opinião

O desemprego e a crise Arte: Sergio Ricciuto Conte

Wagner Balera O tema número um em qualquer debate social recente é o do incremento do desemprego. Para que se tenha uma ideia do tamanho do problema, comparemos os dados já consolidados dos anos de 2004 e 2014. No primeiro ano, foram pagos 4,8 milhões de benefícios enquanto que, em 2014, foram pagos 8,5 milhões. Ocorre que, com a crise, não há incremento de arrecadação apto a acompanhar, digamos assim, o dispêndio com o benefício do seguro-desemprego. Em um acórdão do TCU, registrase que no período de 2009 a 2013, as despesas atingiram R$ 65,5 bilhões, enquanto que as receitas somaram R$ 55,1 bilhões. Percebe-se, claramente, que a situação já era crítica há dois ou três anos. O problema é que o quadro só se agravou de lá para cá. Mesmo assim, as receitas destinadas à cobertura do benefício prosseguiram sendo solapadas com a DRU – Desvinculação das Receitas da União, que arranca 20% do montante arrecadado. Como esse torpe mecanismo deixou de existir em dezembro de 2015, essa sangria poderia deixar de existir. No entanto, está no Congresso Nacional uma nova proposta de prorrogação da DRU que, em vez de 20%, quer tomar 30% das receitas das contribuições sociais. No ano passado, foram tornadas

mais rígidas as regras para concessão do benefício, o que pode ser dado positivo, mormente com o agravamento da crise. Mas o dado só é positivo para o sistema, não para aqueles que terão negado o direito ao benefício. Também foram solapadas as receitas por meio de desonerações das contribuições para certos setores. As desonerações impediram o ingresso de cerca de R$ 10 bilhões nos cofres do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que é a conta de onde sai o dinheiro para o pagamento do benefício.

Já se chamou o desemprego de o mais social de todos os riscos. Com efeito, o trabalho é um bem do homem e está colado à sua dignidade e à vocação que cada qual tem para a vida pessoal e comunitária. O Brasil já ocupa o pouco honroso posto de 4º país a ostentar elevada taxa de desemprego. Dos 200 milhões de desempregados no mundo (dados da OIT), o nosso País já responde com mais de 5%! Em um mundo onde o econômico quer prevalecer a todo o custo sobre o social, os problemas

não se resolvem e tendem a se agravar. Aventemos algumas propostas de solução para o problema, que exigiriam modificação nas leis que regem a matéria. Nem todos os segurados teriam que receber todas as parcela, nem tampouco o benefício deveria ser concedido na mesma quantidade de parcelas a todos os segurados. Cada qual, deveria ter avaliada a respectiva necessidade e, então, obter o benefício por tempo determinado. A carência - período mínimo de trabalho necessário para a aquisição do direito ao benefício – atualmente em seis meses, deve ser ampliada em pelo menos mais seis meses, equiparando-se às carências aplicáveis ao risco da doença e da invalidez. E deveria ser ainda maior para aqueles que pleiteiam seguidamente o benefício. Quem tivesse recebido o benefício nos últimos 36 meses e novamente pleiteasse a prestação, deveria comprovar o cumprimento de uma carência de 18 meses. Outro aspecto a considerar é o da idade do segurado. Todos sabemos que quanto maior a idade, maior a dificuldade para a obtenção de novo posto de trabalho. Para os segurados com idade superior a 50 anos, por exemplo, o benefício deveria ser ampliado quanto ao período de fruição. Enfim, eis um debate que apenas está a começar. Wagner Balera é professor titular de Direitos Humanos na Faculdade de Direito da PUC-SP.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator-chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Fernando Geronazzo • Institucional: Rafael Alberto e Renata Moraes • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Maria Aparecida Ferreira • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

N

o Ano Santo extraordinário da Misericórdia, o Papa Francisco nos convida a buscar, de forma renovada, a misericórdia de Deus. Significa, antes de tudo, reconhecer que Deus é misericordioso e indulgente para conosco; somos criaturas frágeis e, ao aceitar com humildade a mão misericordiosa de Deus estendida para nós, somos vivificados e restaurados em nossa dignidade. O mundo está carente de misericórdia; de vez em quando, algum fato extraordinário consegue mexer um pouco a geral insensibilidade e indiferença diante do sofrimento do próximo: uma jovem, que é vítima de estupro coletivo aviltante; um bebê, encontrado boiando nas ondas do mar, vítima de afogamento com seus pais, enquanto fugiam dos horrores da guerra; um menino de 10 anos, baleado e morto ao volante do veículo que roubava... Nessas situações, percebemos os horrores da violência e da insensibilidade diante dos sofrimentos do próximo. A misericórdia restaura a dignidade e faz voltar à vida; faz perceber de novo a beleza do desígnio de Deus que nos criou para sermos fraternos, membros de uma grande família e atentos uns aos outros, sobretudo às necessidades dos irmãos mais vulneráveis. Jesus, “rosto humano do Pai misericordioso” (“misericordiae vultus”), não fechou o coração diante das necessidades de ninguém que recorresse a Ele; Ele mesmo é o Bom Samaritano da humanidade, que não deseja a morte do peca-

São José de Anchieta e as obras de misericórdia dor, mas que todos se convertam e vivam. O Papa Francisco nos convidou a olhar para o exemplo dos “Santos da misericórdia”, que imitaram Jesus na prática das obras de misericórdia. São tantos, ao longo de toda a história da Igreja, graças a Deus! Proximamente, no dia 4 de setembro, será canonizada Madre Teresa de Calcutá, uma santa dos nossos tempos, cuja imensa caridade para com os mais pobres dentre os pobres ficou bem conhecida no mundo inteiro. Ela deixou a todos um testemunho da prática concreta da misericórdia. Aqui, entre nós, lembramos, sobretudo, Santa Paulina (Madre Paulina) e a Beata Assunta Marchetti, duas mulheres dedicadas às obras de misericórdia, que viveram nesta cidade. No dia 9 de junho, recordamos São José de Anchieta, Apóstolo do Brasil. Ele foi, com seus companheiros missionários jesuítas, o iniciador da evangelização e da vida da Igreja neste lugar, que veio a se tornar a metrópole de São Paulo. Mas São José de Anchieta também se distinguiu pela prática das obras de misericórdia corporais e espirituais. Abandonar a sua pátria e uma carreira promissora, para abraçar a vida missionária e levar a Boa-Nova aos que ainda não a conheciam foi uma grande obra de misericórdia. Mas também o foram seu ardor pela educação dos indígenas; o cuidado aos doentes, que o fazia empreender longas e penosas caminhadas pelas matas; seu zelo e coragem em defender os indígenas, cuja dignidade não estava sendo respeitada; sua dedicação abnegada à paz, no conflito da Confederação dos Ta-

moios; a edificação da primeira “Misericórdia” (Santa Casa) no Rio de Janeiro e no Brasil; seu zelo missionário, que o levou a dar origem a muitas iniciativas missionárias ao longo da extensa costa atlântica. E o foram, ainda, a sua paciência em suportar e aceitar os incômodos da saúde precária, o desconforto das jornadas missionárias, as perseguições, a sua constante oração pelos “gentios”, a quem desejava levar o conhecimento de Jesus Cristo Salvador. Certamente, ele mesmo não chamou tudo isso assim, mas foram obras de misericórdia espirituais e corporais, com certeza! Olhar para os “Santos da misericórdia” é aprender deles a praticar a misericórdia. Muitos deixaram obras duradouras, que continuam sendo um convite a somar com eles na prática das obras de misericórdia. São Vicente de Paulo deixou iniciativas que duram até hoje e nos convidam a aderir e a praticar a caridade organizada; assim também Madre Teresa, Madre Paulina, Madre Assunta. E não esqueçamos as obras voltadas para a educação, iniciadas por santos e continuadas ainda hoje por comunidades de vida consagrada religiosa; e as iniciativas voltadas para a saúde, para os prisioneiros, os drogados e dependentes químicos, para a infância abandonada ou em situação vulnerável... São José de Anchieta e tantos outros “Santos da misericórdia” nos dão o bom exemplo e nos convidam a sermos seus companheiros na escola do Evangelho, onde aprendemos a ser “misericordiosos como o Pai celeste” – misericordes sicut Pater.

| Encontro com o Pastor | 3

Assembleia do Regional Sul 1 Facebook da Pascom Lapa

Segue até quinta-feira, 9, em Aparecida (SP), a Assembleia dos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB, que neste ano tem como tema “A Exortação Apostólica Amoris laetitia no contexto da Misericórdia e da Missão”. Participam bispos de dioceses e arquidioceses paulistas, entre os quais o Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, além de padres coordenadores diocesanos de pastoral, padres subsecretários das Sub-Regiões Pastorais e representantes dos organismos vinculados ao Regional Sul 1.

Encontro com diáconos permanentes No sábado, 4, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, reuniu-se com os diáconos permanentes, no Centro Pastoral São José, no Belém, para tratar da elaboração do novo diretório para os diáconos.

Envio dos jovens para a JMJ Acontece no sábado, 11, das 9h às 16h, o retiro do Setor Juventude da Arquidiocese de São Paulo para os jovens que participarão da Jornada Mundial da Juventude, em Cracóvia, na Polônia, em julho. O retiro será no Instituto Dom Bosco, localizado na praça Coronel Fernando Prestes, 233, Bom Retiro (próximo ao metrô Tiradentes). Às 12h, haverá a missa de envio dos jovens, que será presidida pelo Cardeal Scherer, arcebispo de São Paulo.

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4 | Fé e Vida |

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Liturgia e Vida

Você Pergunta

Posso usar arruda no banho do meu nenê?

11º DOMINGO DO TEMPO COMUM 12 DE JUNHO

Nosso rochedo protetor

padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br

ANA FLORA ANDERSON A liturgia deste domingo é um presente de Deus para nós nos momentos em que mais precisamos de sua graça. A primeira leitura (2 Samuel 12, 7-10.13) apresenta o profeta Natã pregando ao Rei Davi. Deus escolheu o menino Davi e o ungiu como rei de seu povo. Porém, Davi não foi fiel a Deus, desprezando a sua palavra. Ao roubar a mulher de Urias e mandar que ele fosse morto na batalha, pecou contra o Deus que o amou e abençoou. O Rei pede perdão, mas as consequências permanecem. Na segunda leitura (Gálatas 2, 16.19-21), São Paulo ensina que a lei não pode nos salvar. É a fé em Jesus Cristo que nos amou e nos salvou. É ela que nos dá a plenitude da vida. O Evangelho de São Lucas (7,36-8,3) revela a base do ensinamento de São Paulo. Um fariseu, mestre da lei, convida Jesus para uma refeição em sua casa. Uma conhecida pecadora entra e chorando aos pés de Jesus faz-lhe uma unção com perfumes. O mestre da lei se choca. Como pode um profeta permitir ser tocado por uma pecadora? Jesus conta uma parábola sobre dois devedores perdoados. Até o fariseu concorda que quem foi mais perdoado vai amar mais. O amor de Deus perdoa a todos, do rei à prostituta. A Lei têm dificuldade em entender, mas a graça de Deus não tem limites.

A Alessandra, que não disse seu sobrenome, mora em Itabirito (MG). Ela afirma que é muito católica. Ela tem um bebê e dá banho de arruda, porque acha a arruda uma erva medicinal muito boa. Só que uma pessoa viu a arruda na banheirinha do seu nenê e espalhou pelo bairro que ela e a família são “macumbeiras”. “Senti-me muito mal, padre, porque para mim a arruda é uma planta como qualquer outra, embora há quem diga que ela é usada para o mal. Então, padre, podemos ou não usar essa planta?” Alessandra, a arruda, para o nosso povão, é de fato uma erva medicinal muito utilizada. Com ela se lava o corpo, com ela se lavam os olhos. Eu já vi pessoas tratarem dores de cabeça com um raminho de arruda atrás da orelha. Aquele cheirinho enjoativo da arruda não me faz bem, mas na minha infância eu me cansei de ver o uso da arruda para diversos males. Porém, como você mesma afirmou, há outros usos da arruda. E você sabe bem disso. A umbanda se utiliza dela em seus “despachos”, prescreve banhos. O uso da arruda atrás da

orelha espanta, dizem, o “mau olhado”. É por essa razão que essa pessoa que viu você banhar o bebê com arruda fez um julgamento injusto para com você e com a sua família. Como agir? Eu entendo que o uso da arruda como erva medicinal não tem nada demais. Como usamos a erva cidreira, a marcela, a malva, a rosa branca, e tantas outras. Por que não usar a arruda? Se a esse uso não acrescentamos nenhum rito estranho, se a usamos sem fazer menção alguma a outras religiões, qual o problema, não é mesmo? Agora, nós temos que ser discretos em determinados usos e costumes para não escandalizarmos os outros. Precisamos também estar em alerta para não trocarmos o tratamento sério, com a supervisão de um médico, por plantas que tantas vezes são conhecidas por seus efeitos positivos, mas nem sempre pelos efeitos negativos, contraindicações que têm. Portanto, minha irmã, sem mágoas em relação a sua amiga. Numa primeira oportunidade que você tiver, explique a ela porque você usou a arruda com seu bebê, e fale de sua fé cristã, que é bem fundada na Palavra de Deus. E viva em paz. Deus abençoe você e sua família.


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Espiritualidade Aconselhar os que estão na dúvida Dom Julio Endi Akamine

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa

P

ara viver bem o Jubileu da Misericórdia é indispensável a prática das obras de misericórdia. Não devemos deixar passar um dia sem praticar ao menos uma obra de misericórdia. Gostaria de meditar a obra de misericórdia espiritual “aconselhar os que estão na dúvida”. Essa obra não se refere a todo tipo de dúvida, mas somente a que deixa a gente num estado de ânimo de incerteza que paralisa as decisões, que adia indefinidamente as escolhas, que foge das responsabilidades e que faz a se fechar em si mesmo. Para enfrentar e superar esse tipo de dúvida, a tradição bíblica indica o conselho de pessoas sábias. Quem está na dúvida não deve permanecer passivo. Deve buscar um conselheiro sábio que o ajude no caminho da relação virtuosa de amor e de amizade. Aconselhar os que estão na dú-

Vivemos em um mundo cultuvida consiste na arte de orientar as pessoas no caminho da salvação e ralmente desenvolvido que exige da vida. É uma obra urgente hoje muito das pessoas religiosas. As em dia, dadas as condições de con- dúvidas de fé podem ser uma ocafusão, de incerteza, de mentira e sião para compreender melhor a fé de enganação em que vivem tantas e nela crescer. Não pensar a fé leva a gente a espessoas. Em nossa imensa cidade se multiplicam desequilíbrios e pato- tranhar a própria fé, que é também logias do espírito. É impressionante o primeiro passo para perdê-la. Por o número dos que caem nas práti- isso, é indispensável que todos os cas ocultas para encontrar apoio e sustentação. a tradição bíblica indica o Todos nós temos conselho de pessoas sábias. necessidade de en- Quem está na dúvida não deve contrar amigos que permanecer passivo. Deve buscar saibam nos dizer pa- um conselheiro sábio que o ajude lavras boas, que nos no caminho da relação virtuosa ajudem na orientação de amor e de amizade. fundamental de nossa vida. É urgente hoje restabelecer os vínculos de solida- fiéis cristãos se sintam responsáveis riedade entre as gerações (mais ve- pela fé dos outros. A via-mestra dessa obra de milhos/jovens; pais/filhos; avós/netos; veteranos/novatos), restabelecer a sericórdia é a prática da direção esrelação sadia entre as pessoas para piritual. Mesmo que nem todos os constituir um tecido humano de cristãos possam ser orientadores entreajuda capaz de acompanhar, espirituais, todos podem colaborar sobretudo nos momentos difíceis para que a comunidade cristã amplie e alargue essa paternidade espida vida. Aconselhar é uma arte que exige ritual que não permite que ninguém sabedoria, instrução cristã, prática e se sinta sozinho e abandonado em vivência coerente com a sã doutrina meio ao mar em tempestade da vida. Sede misericordiosos como o e capacidade de criar relações sadias Pai é misericordioso. de ajuda, de escuta e de diálogo.

| Fé e Vida | 5

Fé e Cidadania Santo Antonio: Porta para o encontro com Deus Padre Alfredo José Gonçalves, CS “Pauliceia desvairada” é o título de uma obra do poeta e escritor Mário de Andrade (1893-1945). Reúne uma antologia de contos que simultaneamnete reflete e ilumina a passagem da capital paulista do universo rural para o universo urbano. Inicia sua trajetória marcante e irreversível para o cosmopolitismo da modernidade. A obra foi publicada em 1922, na Semana da Arte Moderna, constituindo uma referência na literatura brasileira. A modesta Cidade da década de 1920, viria a se tornar a maior metrópole da América do Sul, mais do que nunca “desvairada” em seu corre-corre frenético, apressado e apelativo. Nessa gigantesca “selva de pedra”, não são muitos os lugares de refúgio, de aconchego, de convívio familiar. Espaços que, nessa “multidão solitária” (David Riesman), poderão ser chamados ambientes de paz, de encontro e de pausa para o repouso. Não é sem razão que as grandes cidades de hoje são comparadas a verdadeiros desertos modernos ou pósmodernos. Em meio aos imponentes blocos de concreto, ferro e vidro; em meio ao asfalto, aos viadutos e aos rumores estridentes; em meio ao rio de gente que se desloca em todas as direções, é possível, sim, descobrir um pequeno lar, um ponto de encontro e de descanso, um oásis em pleno deserto urbano. Refiro-me à Igreja Santo Antonio, localizada no nº 49 da praça do Patriarca, incrustrada entre a rua Direita, a sede da Prefeitura e o viaduto do Chá, no coração da colossal São Paulo. Não se trata apenas de um ponto de encontro consigo mesmo para uma retomada das energias perdidas no ir e vir de ruas e praças. Muito mais do que isso, trata-se de um ouvido atento numa cidade que perdeu a capacidade de escutar, de um coração solidário num mar de edifícos sem coração e sem alma... Mas, sobretudo, trata-se de uma oportunidade para o encontro com a palavra viva da fé e da esperança, uma porta aberta para a reconciliação com Deus, nome de pai e coração de mãe, de forma particular neste ano do Jubileu da Misericódia. Constata-se isso todos os anos, no dia 13 de junho, em plena festa de Santo Antonio, patrono de tantos devotos. Centenas, milhares de fiéis buscam esse pequeno recanto para refazer as próprias forças, reencontrar o caminho, às vezes distorcido pelos embates da vida, dar-se conta que não estão sós nessa floresta sem fim de prédios e lojas de comércio. Mas, especialmente, para redescobrir que “Deus habita esta cidade” e, nessa certeza, buscar o pão abençoado, símbolo da infinita riqueza do Pai e esperança de fartura para a família nos dias vindouros. As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO


6 | Viver Bem |

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Comportamento Ensinando a ordem

Simone Fuzaro na vida e no nosso dia, quanto pegando quantidades excessivas tempo dedicamos a cada coisa, as de jogos e brinquedos, guardanNesta breve série de artigos, escolhas que fazemos. Também do os já usados antes de escolher estamos abordando a importân- está presente nos aspectos mais outros etc. cia de educar os filhos nas virtu- práticos do cotidiano: arrumação Envolvê-los nas atividades de des. Hoje trataremos da virtude da casa, de uma gaveta, dos brin- organização da casa também é da ordem. Ela fecha o ciclo da- quedos e dos objetos de modo uma excelente estratégia: a crianquelas que são ensinadas à crian- geral. É importante vivermos a ça percebe suas capacidades, ça até os 7 anos (obediência, sin- ordem com sentido e sem rigidez. sente-se útil e faz algo que gosta ceridade e ordem). A ordem é necessária para que muito - ajudar os pais. PrecisaNa família, temos nosso ni- façamos escolhas coerentes aos mos valorizar o que ela é capaz de nho, nosso porto seguro. É na nossos valores, para que saibamos fazer e demonstrar nossa confianfamília que descobrimos o amor, priorizar as coisas em nosso coti- ça em suas possibilidades. Um que fazemos os primeiros víncu- diano e para que possamos viver grande erro é imaginarmos que los, que nos estabelecemos como de modo confortável e produti- na primeira infância ainda são pessoas. Nossos vínculos mais vo nos ambientes que profundos são aqueles que for- habitamos. A ordem A ordem rege muitos mamos com nossos familiares, pela ordem pode ser especialmente com os pais. uma “mania” e pode aspectos da vida: o que Sendo assim, a criança sente limitar o uso da casa, priorizamos na vida e no necessidade de pertença: de se dos brinquedos etc, nosso dia, quanto tempo identificar, imitar, agradar àqueles acabando por nos esdedicamos a cada coisa, as que lhe nutrem física e emocio- cravizar. Quem já não nalmente. Os pais serão sempre conheceu uma casa escolhas que fazemos uma referência muito importan- tão organizada que te para os filhos e daí a grande até parece inabitada? Nesse caso, muito pequenos para se envolresponsabilidade de tomarmos já estamos saindo dos limites da verem nessas atividades e espea sério o processo educativo dos virtude e, assim, não será atrativa rarmos ensinar essas virtudes na adolescência. Quando fazem isso, pequenos e termos consciência e nem saudável. de que somos observados cuidaÉ importante que a criança os pais perdem a melhor fase para dosamente por eles. se sinta implicada nessa vivên- que os filhos criem hábitos de Desse modo, é importante cia da ordem. Quando são bem ordem e, depois, quando adolesque lutemos para viver as virtudes pequenos, vivem a ordem no centes, a dificuldade de criarem que desejamos ensinar aos filhos. cotidiano por meio das rotinas: tais hábitos é muitíssimo maior, Não há problema se não somos horário de acordar, tomar banho, gerando, muitas vezes, desententão ordenados, mas que eles per- almoçar, dormir.... Aos poucos, dimentos. cebam que lutamos por ser. Outra vamos ensinando-os a guardar os Se quando pequenos adquicoisa importante é que façamos brinquedos; mais tarde a organi- rem essas virtudes, terão uma isso com alegria e bom humor. Se zar seu material escolar; depois, base sólida em sua formação e vivemos as virtudes ou as busca- a roupa do dia seguinte, e assim seguirão aprendendo outras nas mos como um “fardo”, não iremos por diante. Até mesmo para que diferentes etapas da vida. conquistá-los para elas. aproveitem melhor o próprio Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é A ordem rege muitos aspec- brincar, podemos ensinar que esfonoaudióloga e educadora e mantém tos da vida: o que priorizamos tabeleçam uma certa ordem: não o blog http://educandonacao.com.br.

Cuidar da Saúde

No Brasil, cerca de 50 milhões de pessoas sofrem com mau hálito Cássia Regina A halitose ou mau hálito é uma condição anormal do hálito que se altera de forma desagradável. É um sinal de que algo no organismo está em desequilíbrio. Tem característica multifatorial. Ainda que em mais de 90% dos casos sua origem se dê na cavidade bucal, pode estar ou não acompanhada de alterações sistêmicas. Pode ser por jejum prolongado, hábitos ou alimentação inadequada, má higiene bucal, placas bacterianas na língua (saburra lingual) ou nas amídalas, baixa

produção de saliva, doenças da gengiva, problemas em vias-aéreas (adenoides, rinites, sinusites), diabetes, problemas renais ou hepáticos, prisão de ventre acentuada e outros. O uso excessivo de medicações, cigarro, drogas ou bebidas alcoólicas também pode comprometer o hálito. Algumas dicas: realize pequenas refeições a cada três horas, evite alimentos que contribuam para o ressecamento bucal (muito salgados, quentes ou condimentados), procure não fazer consumo excessivo de alimentos com odor carregado ou contendo enxofre (exem-

plos: alho, cebola, picles, repolho, couve, brócolis), ou de ação estimulante (café, refrigerantes tipo “cola”, achocolatados), ricos em proteínas (carne vermelha, leite e derivados). Beba bastante líquidos, preferencialmente água, realize adequada higiene bucal (incluindo limpeza da língua) e evitando o uso de soluções para bochecho com álcool na composição. Por fim, visite o dentista semestralmente e o médico periodicamente. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com


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Daniel Gomes, Fernando Geronazzo e Edcarlos Bispo osaopaulo@uol.com.br

Educadores criticam proposta da Base Nacional Curricular A necessidade de um maior debate sobre a proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), apresentada pelo Ministério da Educação, motivou o seminário “Educação em Debate - Escola, Família e Desafios Curriculares”, realizado na sexta-feira, 3, na Câmara Municipal de São Paulo. O evento foi promovido pelo Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade, o Movimento Unidos Pela Educação e o Instituto Tomás-Ávila. “O objetivo desse seminário foi trazer para a discussão dos profissionais de educação e também de familiares e membros da comunidade escolar como um todo, uma reflexão sobre a proposta da BNCC”, explicou Maria Nazaré Lins Barbosa, procuradora da Câmara Municipal, mestra e doutora em Administração Pública e Governo. A Procuradora manifestou sua preocupação com a proposta da BNCC, tema que a reportagem do O SÃO PAULO irá aprofundar na próxima edição. “Entendemos que está havendo uma visão unilateral da história, da literatura, da gramática e, ao mesmo tempo, uniformizando padrões para todo o território nacional sem respeitar

a competência da União, do Congresso, para legislar em matéria de educação princípios e objetivos”, disse, enfatizando, ainda, que o Ministério da Educação, foi muito além da apresentação de uma proposta de conteúdo. “Tratamse de princípios e direitos de maneira contrária a algum daqueles elencados na própria Constituição Federal como, por exemplo, a prioridade da família no processo educativo, os parâmetros da Lei de Diretrizes e Base da Educação, que fala que o Ministério deve elaborar currículos para o ensino fundamen-

tal, mas a proposta apresenta também para o ensino médio e, de certa forma, impõe de cima para baixo algo que vai impactar nos livros didáticos no Brasil todo. Acreditamos que, no mínimo, deve haver uma maior discussão da sociedade em relação a isso”. Também participaram do evento o secretário estadual da Educação, José Renato Nalini; Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar de São Paulo e vigário episcopal para a Educação e Universidade; a professora Lenise Garcia, doutora pela Unifesp; o deputado federal Rogério

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Destaques das Agências Nacionais

Marinho (PSDB-RN), membro da Comissão de Educação da Câmara Federal; o vereador Ricardo Nunes (PMDB-SP), entre outros especialistas. Para o diretor geral do Instituto Tomás-Ávila, Edivam Mota, foi dado início a um caminho de reflexão que precisa ser aprofundado. “Nosso maior objetivo foi oferecer a oportunidade de refletir sobre o impacto da proposta da BNCC na sociedade e dialogar com a rede e com os professores, famílias e instituições”. Reportagem: Fernando Geronazzo/O SÃO PAULO André Bueno/CMSP

Seminário ‘Educação em Debate - Escola, Família e Desafios Curriculares’ é realizado na sexta-feira, 3, na Câmara Municipal de São Paulo

Lançado 1º curso de pós-graduação em Mariologia A Mariologia é o ramo da Teologia que estuda o papel de Maria santíssima na salvação da humanidade. Esse setor da Teologia deve estar sempre em sintonia com a Cristologia, a qual reflete sobre a missão que Deus-Pai cometeu a Deus-Filho, isto é, a Jesus Cristo. Assim, Cristologia e Mariolo-

gia são duas ciências que se complementam. A Academia Marial de Aparecida (AMA), com o apoio da Faculdade de Teologia Dehoniana, lança o primeiro curso de pós-graduação lato sensu de Mariologia do Brasil. As aulas serão ministradas em Aparecida (SP), com

a primeira fase presencial, entre 10 e 25 de janeiro de 2017. A segunda e última fase presencial ocorrerá no mês de julho de 2017. Além dessa carga horária, haverá um conteúdo a ser estudado a distância, pela internet. Os interessados, leigos ou clérigos, podem se inscrever até 12 de outubro

de 2016, mas é imprescindível que o candidato disponha de graduação universitária. Outras informações pelos telefones (12) 3104-1549 e (12) 3104-1548 ou pelo e-mail academia@ santuarionacional.com. Com informações de Edson Luiz Sampel (Redação: Daniel Gomes)

Coletas para XVII Congresso Eucarístico Nacional

Possível queda na tarifa de energia

Com o objetivo de colaborar com a organização do XVII Congresso Eucarístico Nacional, que será realizado em Belém (PA), em agosto, a CNBB convocou todas as paróquias e comunidades para uma coleta nacional em benefício do evento, nos dias 11 e 12 de junho. Segundo o arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa, o resultado da coleta será destinado ao custeio das despesas do Congresso Eucarístico. Em car-

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu na terça-feira, 7, retirar R$ 1,094 bilhão do orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) deste ano. Com a decisão, o valor da cota da CDE paga pelos consumidores passa de R$ 12,9 bilhões para R$ 11,8 bilhões. Segundo a Aneel, a mudança poderá resultar na redução de cerca de 1% nas tarifas de energia. O valor será calculado nos reajustes das tarifas que acontecem

ta enviada a todas as dioceses do País, a presidência da CNBB recorda que, em visita ao Brasil, em 2013, o Papa Francisco exortou o episcopado brasileiro a ter um olhar especial para a Amazônia, considerada por ele como um ponto “relevante para o caminho atual e futuro não só da Igreja no Brasil, mas também de toda a estrutura social”. Fonte: http://cen2016.com.br (Redação: Fernando Geronazzo)

durante o ano para cada distribuidora. A mudança foi feita a pedido da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) e da companhia elétrica “Light”, que pediram a exclusão dos recursos de financiamento da Reserva Geral de Reversão (RGR) do orçamento da CDE de 2016, alegando que o custeio da RGR com recursos provenientes da CDE é ilegal. Fonte: EBC (Redação: Edcarlos Bispo)

Brasil registra 3.978 casos de H1N1 em 2016 Dados do Ministério da Saúde mostram que foram registrados 3.978 casos de influenza A (H1N1) entre janeiro e 30

de maio deste ano. Ao todo, 764 pessoas morreram em decorrência desse tipo de gripe. No mesmo período do ano passado,

houve 19 registros da doença em todo o País, com duas mortes. Com 2.013 casos, a Região Sudeste concentra o maior núme-

ro de registros de Influenza A H1N1, dos quais 1.714 no Estado de São Paulo. Fonte: EBC (Redação: Edcarlos Bispo)


8 | Pelo Mundo |

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Destaques das Agências Internacionais

Filipe David

Correspondente do O SÃO PAULO na Europa

Estados Unidos

De bombeiro a sacerdote

Após 20 anos como bombeiro em Nova Iorque, o capitão Tom Colucci se aposentou e decidiu tornar-se sacerdote. Em entrevista ao jornal

NY Daily News , o agora Padre Colucci contou que queria ser sacerdote desde jovem, mas que mudou de opinião ao entrar para o Corpo

de Bombeiros; quando estava para se aposentar, começou a pensar novamente na vocação sacerdotal. Sua ordenação foi em 28 de maio, na

Catedral de Saint Patrick , presidida pelo arcebispo de Nova Iorque, Dom Timothy Dolan. Fontes: ACI/ CBS New York

Facebook censura notícias católicas e conservadoras? O site Gizmodo – blog especializado em tecnologia – divulgou recentemente que os funcionários do Facebook costumam descartar da seção de tendências as notícias que interessam a grupos consi-

derados conservadores nos Estados Unidos, como notícias católicas ou pró-vida. Um ex-funcionário afirmou que boa parte dos encarregados de administrar as notícias que entram na seção

tem uma orientação política de centroesquerda: “acredito que isso tem um efeito negativo em relação às notícias conservadoras”, disse. A Empresa negou que haja uma tendência progres-

sista na seleção de notícias e seu presidente, Mark Zuckerberg, pretende se reunir com líderes conservadores para discutir suas preocupações. Fonte: ACI

México Manifestação em 30 estados contra ‘casamento’ homossexual CitizenGO

Jovens mexicanos contrários à legalização do ‘casamento’ entre pessoas do mesmo sexo

Manifestantes em 30 estados diferentes foram às ruas contra a proposta do presidente Enrique Peña Nieto de legalizar o “casamento” entre pessoas do mesmo sexo. A proposta foi duramente criticada pelos bispos mexicanos e mais de mil organizações decidiram formar a Frente Nacional pela Família (FNF). Uma proposta em sentido contrário – que pretende deixar explícito na constituição do País que o casamento é formado por um homem e

uma mulher – foi apresentada pelo Conselho Mexicano da Família (ConFamilia), com um abaixo-assinado de mais de 240 mil assinaturas. Pela plataforma CitizenGo mais de 90 mil pessoas já se manifestaram contra a iniciativa do Presidente Mexicano. A análise da CitizenGo é que o Presidente está agindo contra o sentimento da maioria dos cidadãos mexicanos devido à pressão de organismos internacionais. Fonte: ACI

Venezuela/ OEA

OEA discutirá situação da democracia venezuelana Luis Almagro, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), convocou uma sessão urgente do Conselho Permanente da OEA para discutir a situação da Venezuela, invocando a Carta Democrática Interamericana. A sessão discutirá a “alteração da ordem constitucional” e como ela afeta a “ordem democrática”. Segundo Almagro, “a crise institucional da Venezuela demanda mudanças imediatas nas ações

do Poder Executivo, sob risco de cair de forma imediata em uma situação de ilegitimidade”. O Cardeal Jorge Urosa Savino, arcebispo de Caracas, disse que a decisão de Almagro “revela a gravidade da situação que estamos vivendo”. O Cardeal afirmou que o País sofre uma grave crise humanitária, que “pode ser vista na situação de escassez cada vez maior dos alimentos e dos remédios, mas também na carência

das peças para veículos e maquinário em geral, necessários para que o País funcione”. Outro problema urgente é a insegurança generalizada, fruto da impunidade: “não há dúvidas de que essa situação de insegurança (…) é consequência dos anos em que o Governo assumiu uma atitude muito suave e permissiva com relação à delinquência”, afirmou. Ainda sobre a segurança, o Cardeal criticou a concessão de poderes a grupos

paramilitares próximos ao governo: “o Estado de exceção concede aos grupos civis poderes para atuar junto com a Força Pública no controle da segurança e na paz dos cidadãos. Isso é extremamente perigoso e negativo, porque se trata de dar aos ativistas e grupos paramilitares próximos ao Governo o poder do uso das armas que somente os organismos policiais deveriam ter”. Fontes: Agência Brasil/ G1/ ACI

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Stanislaw de Maria Jesus e Maria Isabel são canonizados em Roma Fotos: L’Osservatore Romano

No domingo, 5, o Papa Francisco proclamou santos o sacerdote polonês Stanislaw de Maria Jesus Papczynski (1631-1701) e a religiosa sueca Maria Isabel Hesselblad (1870-1957). Com a participação de milhares de fiéis na Praça São Pedro, em Roma, o Pontífice fez uma reflexão sobre a vida dos dois santos a partir das leituras da liturgia do dia. Sobre o Evangelho, o Papa insistiu que Deus revela-se plenamente em Jesus e que o Filho de Deus “não é um mago”. O Papa continuou sua homilia exortando os fiéis sobre a força da vida e da

ressurreição. “A Palavra de Deus que ouvimos nos conduz para o acontecimento central da fé: a vitória de Deus sobre o sofrimento e a morte. É uma Palavra que nos chama a permanecer intimamente unidos à paixão de Jesus, para que se manifeste em nós o poder da sua ressurreição”. O Papa disse que esta foi também a experiência de Stanislaw de Maria Jesus Papczynski e de Maria Isabel Hesselblad: a de permanecerem intimamente unidos à paixão de Jesus e seu mistério pascal. Fontes das notícias: Rádio Vaticano (redação: Nayá Fernandes)

Bem-aventuranças: o ‘GPS’ da vida cristã Na segunda-feira, 6, durante a homilia da missa celebrada na Capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco falou sobre as bem-aventuranças como bússola para não se perder no caminho

da fé, um indicador exato da direção a seguir. “Ignorar as rotas que elas propõem significa escorregar nos três degraus da antítese da lei cristã”, disse o Papa ao refletir sobre o Evangelho de

Mateus, que mostra Jesus instruindo as multidões com o conhecido sermão da montanha. “Esta é a lei nova, esta que nós chamamos ‘as bem-aventuranças’. É a nova lei do Senhor para nós. São o

guia da rota, do itinerário, são a bússola da vida cristã. Nesse caminho, segundo as indicações deste ‘GPS’, podemos prosseguir na nossa vida cristã”, continuou o Papa.

Papa recebe membros do Centro Internacional do Diaconato O Papa Francisco recebeu no sábado, 4, no Vaticano, os membros do Centro Internacional do Diaconato, por ocasião dos 50 anos da Instituição. “Os diáconos manifestam de modo especial o mandamento de Jesus de amar uns aos outros”, disse o Papa. Francisco, lembrando as palavras de Jesus aos apóstolos depois do lava-pés – “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”, disse: “Ao amar-se uns aos outros, os discípulos continuam

a missão pela qual o Filho de Deus veio ao mundo. E compreendem, com a ajuda do Espírito Santo, que esse mandamento implica o serviço aos irmãos e irmãs. Os diáconos manifestam de modo especial o mandamento de Jesus. Eles são a face da Igreja na vida cotidiana, de uma comunidade que vive e caminha em meio ao povo e onde não é grande quem comanda, mas quem serve”, prosseguiu o Pontífice.

Assembleia das Pontifícias Obras Missionárias

Segue até a quarta-feira, 8, no Vaticano, a reunião do Conselho dos Nove Cardeais (C9). Entre os assuntos em pauta estão as atividades da Secretaria para a Economia e da Secretaria para a Comunicação, assim como os trabalhos da Comissão para a Tutela de Menores. Dentro das reformas recentes, estão a reunificação dos Pontifícios Conselhos para os Leigos, para a Família e Vida, formando um único Dicastério, cujo estatuto foi aprovado em fase experimental pelo Papa Francisco, no dia 4. AnuncioPadre_v2.pdf 1 10/09/2015 13:10:03

No sábado, 4, o Papa Francisco falou aos participantes da Assembleia Anual das Pontifícias Obras Missionárias, que foi iniciada em Roma em 30 de maio. Francisco enfatizou que a Pontifícia Obras Missionárias, em 2016, completa 100 anos de fundação, por iniciativa do bem-aventurado Paolo Manna. O Papa elogiou o bem-aventurado italiano, que compreendeu muito bem, à época, que formar e educar ao mistério da Igreja e

APRECIE COM MODERAÇÃO

sua intrínseca vocação missionária são finalidades que dizem respeito a todo o povo de Deus.

Motu Proprio sobre o abuso sexual de vulneráveis O Papa Francisco publicou no sábado, 4, uma carta apostólica sob forma de Motu Proprio sobre o cuidado e a defesa dos pequenos e indefesos, ou seja, as crianças e adultos vulneráveis. O texto, publicado na íntegra no site do Vaticano, aponta que essa proteção deve ser exercitada principalmente por meio dos seus pastores. “Portanto, os bispos diocesanos, os eparcas e aqueles que têm responsabilidade de uma Igreja Particular, devem empenharse numa particular diligência na proteção daqueles que são os mais frágeis entre as pessoas a eles confiadas”. O texto recorda que o Direito Canônico já prevê a possibilidade da remoção do ofício eclesiástico “por causas graves” e a carta escrita pelo Pontífice endossa que entre essas causas está a negligência nos casos de abusos sexuais realizados contra menores de idade e adultos vulneráveis. O Motu Proprio apresenta cinco artigos que especificam como se dará essa remoção. Fonte: Vatican.va


10 | Política |

8 a 14 de junho de 2016 | www.arquisp.org.br

Arte: Jovenal Pereira

Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com

Delações para acabar com organizações criminosas A cada semana, áudios de delações premiadas são “vazados” na grande imprensa. Políticos e empresários têm seus nomes envolvidos em possíveis esquemas de corrupção que envolvem cifras astronômicas. Até março deste ano, por causa das ações da operação Lava Jato na Justiça Federal do Paraná, que julga os outros réus da mesma Operação em primeira instância, já tinham sido feitos 50 acordos de delação premiada. Destes, 41 eram públicos e nove estavam sob sigilo.

Mas o que é a delação premiada?

De acordo com Rogério Taffarello, advogado e coordenador de Comunicação do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM), a delação premiada é um instrumento jurídico que permite ao investigado ou acusado colaborar com as autoridades e com a Justiça em troca de benefícios, como a redução de pena ou a progressão de regime penitenciário na execução penal. Em artigo publicado no site Jusbrasil, o advogado criminalista Francisco Hayashi afirma que a primeira lei a prever essa co-

que os acordos de delação premiada são feitos quando durante a fase de investigação de crimes é detectada a existência de organizações ou associações criminosas, hipóteses em que a cooperação de um ou mais investigados pode contribuir para o desmantelamento da estrutura da organização. Sobre o delator, Rogério Taffarello destaca que “sua palavra é sempre considerada, mas, tecnicamente, não faz prova por si só: a palavra do colaborador precisa ser referendada pelo que a doutrina jurídica chama de ‘provas de corroboração’, ou seja, elementos de prova que sejam autônomos em relação à narrativa contada. Esses elementos podem ter como fonte testemunhos de terceiros que o colaborador possa ter apontado, ou mesmo documentos que tenha fornecido, ou para cuja obtenção ou apreensão ele tenha apontado caminhos às autoridades”. Ao firmar um acordo de delação premiada, um réu renuncia ao direito ao silêncio, prerrogativa legal que parte do princípio de que em um processo ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesAndré Richter/Agência Brasil

PMDB na mira

A terça-feira, 7, foi marcada pelo vazamento de um suposto pedido de prisão preventiva da cúpula do PMDB. Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado; o ex-Presidente da República José Sarney (PMDB-AP); o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o deputado afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) seriam alvo de um pedido de prisão preventiva feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal. É a primeira vez que a Procuradoria Geral da República pede a prisão de um presidente do Congresso e de um ex-presidente da República.

Delação

Em sua delação premiada, o ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, apontou o pagamento de pelo menos R$ 564,1 milhões em propina em negócios da Estatal e da BR Distribuidora, uma de suas subsidiárias. Cerveró também delatou nominalmente 11 políticos como beneficiários do esquema de corrupção. De acordo com jornal O Globo, as cifras são ainda maiores, já que os valores não foram atualizados e não há informação de quanto foi pago em parte dos negócios.

Conselho de ética

Provavelmente ao ler essa nota a ‘novela’ no Conselho de Ética e decoro parlamentar já tenha chegado ao fim. São quase oito meses do processo mais longo do Conselho. Na terça-feira, 7, após manobras, a sessão na Câmara foi suspensa e convocada para o dia seguinte, na quarta-feira, 8. A deputada Tia Eron (PRB-BA), que pode ser o voto decisivo para a cassação ou absolvição do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sequer registrou presença no Conselho para acompanhar os debates.

Presidente afastada

Após a Casa Civil determinar que a presidente afastada Dilma Rousseff só poderá usar avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir ao Rio Grande do Sul, o ex-ministro José Eduardo Cardozo, advogado da Presidente Afastada, protocolou na terça-feira, 7, no Palácio do Planalto, documento no qual afirma que, ao restringir os deslocamentos da petista com aviões da FAB, o governo interino de Michel Temer passará a ter “responsabilidade exclusiva e pessoal” por “quaisquer situações que violem a segurança pessoal” de Dilma. Cardozo afirma, ainda, que a petista passará a fazer suas viagens por avião de carreira e “por meio terrestre”.

Metrô de São Paulo laboração premiada no Brasil foi a Lei de Crimes Hediondos. Porém, o instituto somente foi reforçado e ganhou aplicabilidade prática com a Lei 9.613/98, de combate à lavagem de dinheiro. Essa lei passou a prever prêmios mais estimulantes ao colaborador, como a possibilidade de condenação a regime menos gravoso (aberto ou semiaberto), substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos e até mesmo perdão. A Lei 12.529/2011 regulamentou mais especificamente o “acordo de leniência”, prevendo, além do evidente sigilo, que o colaborador identifique os demais envolvidos e forneça informações e documentos que comprovem a infração noticiada ou sob investigação. Além disso, é preciso que, por ocasião da propositura do acordo, não estejam disponíveis com antecedência provas suficientes para assegurar a condenação; que o colaborador confesse sua participação no ilícito e coopere plena e permanentemente com as investigações. Todavia, um procedimento completo foi descrito apenas na Lei 12.850/2013, que prevê medidas de combate às organizações criminosas. Nas regras legais, é possível perceber

mo ou outros, e assume o compromisso de dizer a verdade sem omissões sobre a matéria investigada. No caso do delator mentir, o acordo é cancelado, com a perda dos benefícios e reduções de pena.

Delatores viram heróis?

Na opinião de Tafarello, isso ainda não está ocorrendo, mas ele destaca que a repercussão midiática de alguns casos com viés político tem gerado distorções. “Algumas pessoas execram um político em um dia e no outro o aplaudem e elogiam por ter delatado um outro político de quem não gostem”. O advogado lembra que as palavras delator não fazem prova sozinhas, e podem conter distorções. Sobre o aspecto de delações beneficiarem delatores, o Advogado afirma que “essa análise deve ser feita com muita cautela, avaliando-se tecnicamente os riscos da investigação ou do processo, as possibilidades estimadas de êxito ou de insucesso, as reduções de pena que podem ser obtidas por meio da colaboração. A relação custobenefício deve ser analisada sempre caso a caso, pois alguns acordos podem ser muito compensadores e outros, não”.

Apesar das promessas do governo Geraldo Alckmin (PSDB) de modernização e melhoria nos trens da CPTM, as falhas se tornaram mais frequentes e as viagens descumpridas quase dobraram no intervalo de cinco anos. Dados obtidos pelo jornal Folha de S.Paulo, por meio da Lei de Acesso à Informação, mostram que as partidas programadas que deixaram de ser feitas pelos trens cresceram de 4,3% do total, em 2010, para 7,9% em 2015 – ano em que a Companhia transportou mais de 831 milhões de passageiros. Na prática, quando uma viagem prevista não é cumprida, à espera dos usuários aumenta nas plataformas – podendo agravar também a superlotação nos vagões.

Gestão Haddad

A gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) recebeu número recorde de reclamações por falta de limpeza de vias e de jardinagem na cidade no primeiro trimestre deste ano. Segundo balanço da Ouvidoria Geral do Município, os dois itens, os mais lembrados pelos cidadãos nos canais de atendimento, foram responsáveis por 773 protocolos, 16,6% do total. É o maior registro para o período desde o início da série histórica, em 2005, quando houve 353 reclamações sobre os dois temas.

Novas eleições

Assim que soube do pedido de prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), na manhã da terça-feira, 7, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) ligou para parlamentares defendendo a realização de novas eleições. Buarque acredita que as acusações da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os caciques do PMDB enfraquecem o governo do presidente em exercício, Michel Temer, e fortalecem a tese “nem Dilma, nem Temer”. Fontes: EBC, Folha de São Paulo, G1, Congresso em Foco, Rede Nossa São Paulo, UOL


www.arquisp.org.br | 8 a 14 de junho de 2016

| Esporte | 11

Adriana Aparecida os passos de uma campeã de fé Facebook de Adriana Aparecida da Silva

Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

Para quem regularmente percorre os 42 quilômetros 195 metros das provas de maratona, ir correndo por 50 quilômetros de Cruzeiro a Aparecida, no Vale do Paraíba, não é uma tarefa das mais complicadas. Foi isso o que fez a maratonista Adriana Aparecida da Silva, 34, no ano passado, quando foi de sua cidade natal até o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida para agradecer à Padroeira do Brasil pela medalha de prata conquistada no Pan de Toronto 2015. “Minha família sempre foi muito devota de Nossa Senhora Aparecida. Minha primeira viagem foi para Aparecida, quando eu tinha 5 anos, então, desde criança sou muito devota, tanto que minha mãe colocou meu nome de Adriana Aparecida. Nossa Senhora é minha mãezinha, que me aconselha, que me dá forças pra tudo”, disse Adriana ao O SÃO PAULO. Quem vai à Sala das Promessas do Santuário de Aparecida encontra inclusive objetos deixados por Adriana como sinal de gratidão a Nossa Senhora, como o tênis que usou para competir na olimpíada de Londres 2012 e quadros da corredora com as medalhas de ouro no Pan de Guadalaraja 2011 e de prata em Toronto 2015. A propósito, a prata, do ano passado transformouse em ouro após a vencedora da prova, a peruana Gladys Tereja, ser flagrada no exame antidoping. Assim, Adriana é atual bicampeã pan-americana da maratona e uma das principais apostas do Brasil para essa prova nos Jogos Rio 2016.

A brincadeira que virou superação

Quando tinha 12 anos de idade, um dos irmãos de Adriana a convidou para participar de uma corrida de 5 quilômetros em Cruzeiro. Para a adolescente, aquela seria só mais uma brincadeira, mas ela venceu a prova e passou a fazer parte de uma equipe da cidade, a Papa Léguas. “Fui pra brincar e acabou virando uma profissão já naquela época, porque como minha mãe passava muita dificuldade para criar os quatro filhos sozinha, o atletismo me fez ganhar um dinheirinho para

Adriana Aparecida da Silva é bicampeã pan-americana da maratona e chega aos Jogos Rio 2016 com o melhor tempo entre as corredoras brasileiras

ajudar em casa”, recordou Adriana. A carreira da Esportista seguiu em plena evolução e ganhou projeção nacional quando ela foi a 3ª colocada na tradicional Corrida de São Silvestre em 2004. Porém, no ano seguinte, Adriana machucou o tornozelo esquerdo, precisou fazer uma cirurgia e ficou afastada do esporte por dois anos. “Foi um momento difícil, pois comecei a ter depressão, não consegui voltar a correr, perdi todos meus patrocínios”, relembrou. Ainda lesionada, Adriana foi contratada pelo Esporte Clube Pinheiros, da Capital Paulista, recuperou-se e voltou a correr. Na fase mais difícil de sua carreira, entre 2005 e 2007, a Atleta do Pinheiros apegou-se ainda mais à fé, intensificando orações e fazendo a novena de Frei Galvão, que em 2007 foi canonizado em São Paulo pelo Papa Bento XVI, em uma celebração no Campo de Marte. Adriana lá estava, junto a outros 1,5 milhão de fiéis. “Não teria chegado onde cheguei se não fosse pela fé. O treino da maratona é muito exaustivo, são 215 quilômetros de corrida por semana. Quando come-

ço a sentir muita dor, muita dificuldade, peço muito a Deus para que ele me dê muitas forças e me ajude a suportála. Só Deus conhece o coração da gente e as dores pelas quais passamos. Não tenho dúvidas que tudo que aconteceu na minha vida, cada conquista, cada medalha, toda essa minha história no atletismo, eu não teria construído sem a minha fé”, ressaltou a Atleta que frequentemente reza o Terço e participa de missas.

Rio 2016: ‘Estou confiante’

Adriana Aparecida será uma das três maratonistas brasileiras nos Jogos Rio 2016. Tendo corrido a maratona de Hamburgo, na Alemanha, em abril, em 2h31m23, ela tem melhor tempo que Marily dos Santos e Graciete Santana, que também representarão o Brasil na Olimpíada. Adriana está em um período de treinamentos nos Estados Unidos. Em julho, quando voltar, participará do Troféu Brasil de Atletismo, e depois seguirá para a Colômbia, para a última etapa de treinos antes da prova olímpica da maratona, marcada para 14 de agosto nas ruas do Rio de Janeiro.

“Estou muito confiante. A gente sempre pensa em uma medalha, mesmo sabendo que é difícil, pois as outras competidoras são muito fortes, mas essa temporada nos Estados Unidos vai me ajudar. Vou voltar com mais experiência e mais preparada para o nível da Olimpíada. Em Londres, eu fui a 47ª, mas agora a esperança é que eu consiga melhorar muito esse resultado no Rio”, detalhou Adriana. Para a Bicampeã pan-americana, disputar uma olimpíada no Brasil será um momento único. “Eu conto com a torcida de todos os brasileiros e sei que isso fará muita diferença, principalmente naqueles momentos difíceis da maratona. É um combustível a mais no momento da competição”. E ser for medalhista olímpica, Adriana já pensa em percorrer uma distância ainda maior que os pouco mais de 42 quilômetros de uma maratona. “Quem sabe eu ganhando uma medalha não faça uma peregrinação de São Paulo até Aparecida. Não sei se levará quatro dias, ou uma semana, mas por essa medalha faria sim e com muita alegria”. Adriana, são “apenas” 170 quilômetros...

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12 | Reportagem |

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Um quarto com vi Maria de Lourdes Guarda viveu por 49 anos imobilizada em uma cama, mas não parou no tempo Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

A partir de um quarto no antigo Hospital Matarazzo, que ficava entre as ruas Itapeva e Pamplona, na região da avenida Paulista, Maria de Lourdes Guarda promoveu uma corrente de ajudas e colaboração entre desconhecidos que uma pessoa hoje, com toda a tecnologia disponível e muita força de vontade, teria dificuldades de concretizar. Durante 49 anos, Lourdes ficou imobilizada em uma cama depois de seis cirurgias realizadas ao longo de cinco anos, para resolver um problema na coluna. Ao fim do processo, com menos de 30 anos de idade, a moça nascida na cidade de Salto (SP), em 1926, tinha uma das pernas amputadas, a outra atrofiada e começou um processo longo e dolorido de aceitação da sua condição de permanecer deitada sobre uma forma de gesso e não ter mais nenhuma possibilidade de recuperação. A partir de então, Lourdes começou uma busca constante para descobrir como poderia ser útil e para que a deficiência não fosse para ela, nem para os outros, um peso a ser carregado durante a vida. E ela conseguiu. Quando, aos 69 anos, faleceu no Hospital Santa Catarina, em São Paulo (SP), a mulher do interior paulista já havia percorrido milhares de quilômetros de carro, Kombi, avião e sobre a cama de rodinhas para ajudar a formar grupos da Fraternidade Cristã de Pessoas com Deficiência (FCD) pelo Brasil, organismo que esteve à frente como coordenadora entre 1980 e 1992. A história de Maria de Lourdes Guarda, cujo processo de canonização já passou da fase diocesana e foi aceito pela Santa Sé, em Roma, está contada no livro “Um quarto com vista para o mundo”, publicado pela GG Guarda editora e distribuidora em uma edição que contém a biografia de Lourdes ilustrada com fotos dos diferentes momentos de sua vida. Ela repetia insistentemente, para si mesma e os demais, que a deficiência não a fazia inválida e que “cada pessoa com deficiência tem de entender que a vida não para porque a perna parou”. E, de fato, a vida de Lourdes foi de uma atividade constante e cercada de gente. Entre os relatos do livro está uma das vezes em que os amigos a levaram para o cinema, deitada na maca. Durante o trajeto, muitos se ofereciam

para levá-la ao hospital e se surpreendiam com a resposta: “Estamos somente indo ao cinema”. E assim, carregada pelos inúmeros amigos que Lourdes fazia sem sair do quarto no Hospital Matarazzo, foi criando pontes e realizando sonhos, não somente os seus, mas de muitos que a procuravam. Encontros e surpresas Um menino, aos 9 anos, sonhava em conhecer o cantor Roberto Carlos. Internado em um hospital público, o garoto Zezinho, no ano de 1966, pediu a Lourdes que escrevesse uma carta e pedisse a Roberto Carlos que fosse visitá-lo. E ela via-se na preocupação de como fazer que a carta chegasse ao artista. Em uma das conversas de Lourdes com suas amigas, descobriu um conhecido que trabalhava na equipe do cantor e assim a carta foi enviada numa segunda-feira de março. Eis que no dia 19 daquele mês, um sábado, Roberto Carlos chegou ao hospital para visitar Maria de Lourdes e o pequeno. Ele tinha uma perna amputada devido ao câncer, que já havia atingido outras partes do corpo. Desde aquele sábado, até o dia 30 de abril, quando Zezinho morreu, o cantor o visitou diversas vezes e até o levou para um de seus shows. “Tia, é a coisa mais gostosa, a Wanderléia [cantora] falou comigo...”. Ele não queria ser enterrado e tinha medo de ser deixado sozinho no necrotério. Mas, na noite de sua morte, Roberto Carlos passou o tempo todo ali e só saiu pela manhã. “Eram umas seis horas quando passou pelo meu quarto e disse que já ia porque tinha programa à tarde e precisava se preparar”, contou Lourdes, conforme está relatado no livro “Uma janela com vista para o mundo”. Outro menino, Chiquinho, que veio do Ceará a São Paulo para uma cirurgia no coração e a quem ela ensinou a ler, conseguiu um emprego e voltou para Fortaleza. Depois de casado, convidou Lourdes para ser madrinha do seu primeiro filho e a recebeu no aeroporto em 1995, quando ela foi à cidade, a serviço da FCD.

A moça de Salto trabalhou como professora quando ainda morava naquela cidade e nem imaginava o que viria a acontecer. Tinha um grande afeto com as crianças e algumas mães até deixavam bebês aos seus cuidados, quando precisavam sair para trabalhar. Assim, a vida de Lourdes era significativa não só para ela mesma, mas para aqueles que a ela confiavam seus problemas, confidências e projetos. Outra moça, Rosana, aos 4 anos, foi atropelada e perdeu as duas pernas. Sua mãe morreu na ocasião e Rosana conseguiu pernas mecânicas graças à solidariedade de uma amiga de Lourdes que proporcionou também um auxílio para que Rosana, já adulta, construísse uma casa no terreno que a empresa de ônibus deu como indenização. Dali, do quarto 259 no Hospital

Matarazzo, no 2º andar, Maria de Lourdes via o céu até o dia em que um edifício alto foi construído e impediu sua visão. Questionada sobre o fato, Lourdes disse não ter ficado chateada, pois passou a contemplar o ser humano e imaginava quem e quantos ali trabalhavam. Assim era Lourdes, impedida fisicamente de se levantar, mas com a capacidade de se interessar pelo outro e ajudar a quem viesse a sua procura.

Fé e fraternidade “Resolvi assumir a vida. Não que tenha me conformado. Isso, aliás, acho que não vai acontecer nunca. Mas aprendi como é importante viver e comecei a passar minha experiência para outras pessoas”, disse Maria de Lourdes, em uma entrevista dada à revista Afinal, em março de 1988. E a


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ista para o mundo

espiritualidade dessa mulher que ficou quase 50 anos deitada em uma forma de gesso, do pescoço ao joelho, e com uma armação de madeira para proteger a pele, que não podia ser tocada nem mesmo pelo lençol, de tão frágil e fina que tinha se tornado, cresceu e alcançou espaços humanos e físicos impressionantes. A Fraternidade Cristã das Pessoas com Deficiência ela conheceu após um encontro do “Movimento da Esperança Cristã”, que participou em 1975 e foi coordenadora no Brasil até 1977. Com o passar do tempo, Lourdes percebeu que esse Movimento valorizava muito a deficiência e não a pessoa. Ao questionar o fundador sobre essa característica que a incomodava, o Padre Aldo Giacchi a indicou outro grupo, fundado na França e já presente no sul

do Brasil. Foi quando o Padre Geraldo Marcos Labarrère, jesuíta e colega do fundador da FCD na França, foi ao encontro de Lourdes no Hospital Matarazzo. Padre Geraldo realizava um trabalho de parapsicologia antes de assumir a FCD e contou ao O SÃO PAULO como foi seu encontro com Lourdes. “Duas moças, irmãs de sangue, que haviam feito o curso de parapsicologia no Peru e tinham gostado muito, mudaram-se para São Paulo e vieram trabalhar no Centro Latino Americano de Parapsicologia (Clap). Uma delas se tornou minha secretária, Janete Vega Lomparte. Como havia atuado junto à Fraternidade no Peru, chegando ao Brasil, além de se empregar no Clap, procurou a FCD na cidade. Janete encontrou Lourdes e passou a me falar

dela todos os dias: ‘Tem uma senhora no Hospital Matarazzo, que você precisa conhecer’. E eu dizia: ‘Sim, irei’, mas não ia. Muitas foram as vezes que eu prometia, mas não ia. No começo de maio de 1977, já não dava mais para adiar e fui com ela conhecer a tal senhora: Maria de Lourdes Guarda. Foi simpatia mútua à primeira vista. Passei a frequentar seu quarto três a quatro vezes por semana. Logo se fez uma grande amizade e confiança.” Lourdes começou a sair acompanhada do Padre Geraldo e de outras pessoas da FCD para promover e formar grupos da Fraternidade em São Paulo, mas a locomoção era difícil. Até que um dia, a Fraternidade ganhou metade de um carro num bingo, durante a Feira da Fraternidade, no Colégio São Luís, que foi vendido para a compra de uma Kombi usada. Agora, com automóvel próprio, seria bem mais fácil realizar a expansão do trabalho. “Aí sim, pudemos viajar por todo o estado iniciando grupos na capital e pelo interior”, contou Padre Geraldo. “Fomos eleitos para a equipe de coordenação nacional da FCD: ela como coordenadora, Celia Leão como vice-coordenadora e eu como assessor. E agora, como fazer para atender os núcleos espalhados pelo País todo? Para se viajar de avião em maca, a norma internacional é de que precisam ser reservados nove assentos. Os pés da maca são retirados e ela é colocada sobre o encosto abaixado dos seis lugares próximos às janelas. Os três assentos do corredor são utilizados pelos acompanhantes: a Célia, eu e um colaborador que ajudava a carregá-la. Sim, mas como comprar nove lugares de avião cada vez? Apareceu o diretor presidente da Transbrasil e atendeu ao pedido. Durante quatro anos, a Transbrasil nos levou, gratuitamente, para todos os cantos do Brasil e foram organizados os cerca de 250 grupos. Uma grande benfeitora da FCD Nacional”, continuou o Padre, que já trabalhou na vice-direção do Centro Latino-americano de Parap-

sicologia; na FCD, em tempo integral, entre 1977 e 1988; como pároco na periferia em Manaus (AM); como diretor na Casa da Juventude “Padre Burnier”, em Goiânia (GO), e recentemente, em 2015, retornou para a assessoria nacional da FCD junto a outros trabalhos em São Paulo. Para o Padre Geraldo, Lourdes conseguiu chegar a diferentes lugares e ajudar tantas pessoas devido a “sua confiança em Deus, como se fosse alguém ‘que caminhasse com ela pela brisa da tarde’. Do mesmo modo que não precisamos nos conscientizar, a cada manhã, que vamos respirar aquele dia, assim também ela tinha um trato com Deus de total confiança e intimidade. Sem nenhuma condição física que favorecesse as tarefas ou trabalhos, assumia os mais difíceis programas e desafios, como se nada fosse. Não recusava nenhum tipo de pedidos de ajuda e sempre dizia: ‘vamos ver o que posso fazer’, sem se esquecer do compromisso. Telefonava, pedia, escrevia, conversava com quem fosse preciso para solucionar a situação que afetava alguém. De casa desabando a parafuso para cadeira de rodas, ela dava um jeito. Sempre alguém a ajudava e se formava, assim, uma corrente de ajudas e entreajudas”. No livro “Um quarto com vista para o mundo”, os autores Margarida Oliveira e Guilherme Salgado Rocha contam como foi escrever sobre a vida de Maria de Lourdes. Para Margarida o principal motivo foi o de “compartilhar a experiência de um testemunho de plenitude de vida atuante num corpo mutilado. Paralítica da cintura para baixo, Lourdes não era uma inválida”. Maria de Lourdes morreu no Hospital Santa Catarina no dia 5 de maio de 1996. Para lá, ela tinha sido transferida há cerca de dois meses, depois de empreender uma de suas últimas batalhas: a resistência contra a desativação do Hospital Matarazzo, depois chamado Humberto Primo, onde ela viveu desde os 21 anos de idade. Lourdes ficou ao lado dos funcionários que tinham seus salários atrasados e foi a última paciente a permanecer ali, num quarto da pediatria. A vida dessa mulher forte e cheia de acontecimentos marcantes, hoje declarada pela Igreja como Serva de Deus, é um milagre não somente pelos fatos extraordinários que aconteceram desde que Maria de Lourdes Guarda ficou sem os movimentos das pernas e passou a viver naquele quarto do antigo Hospital Matarazzo, mas, sobretudo, porque dali e com seu jeito de ser, ela ensinou ao mundo que não existem fronteiras quando o coração é cheio de amor e a mente repleta de desejos do bem. Fotos: Douglas Mansur/Celeiro de Memória, e arquivos pessoais. Montagem: Aurisberg Matutino. Arte: Jovenal Pereira


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Bento XVI: Riqueza da tradição e porta para o futuro L’Osservatore Romano

por causa de um escândalo. “É bom que eu diga com toda a clareza que o Papa, no fim, não renunciou por causa do pobre e mal dirigido ajudante de quarto [o mordomo Paolo Gabriele, que roubou documentos sigilosos]”. De acordo com o Arcebispo, “nenhum traidor ou corvo ou qualquer jornalista” poderia pressionar o Papa àquela decisão. “Aquele escândalo era pequeno demais para uma coisa do gênero. Foi muito maior o bem ponderado passo de grandeza histórica milenar que Bento XVI realizou.”

dom Georg Gänswein, Secretário pessoal do Papa Emérito, comenta o primeiro livro de história sobre o pontificado de Joseph Ratzinger Filipe Domingues

Especial para O SÃO PAULO, em Roma

“O senhor é o fim do velho ou o início do novo?”, perguntou, certa vez, o biógrafo Peter Seewald ao Papa Bento XVI. “As duas coisas”, respondeu. O breve diálogo mostra como o próprio Joseph Ratzinger, agora papa emérito, resume o seu pontificado. A conversa foi lembrada em 20 de maio por Dom Georg Gänswein, secretário particular de Bento XVI e Prefeito da Casa Pontifícia, na apresentação do livro “Oltre la crisi della Chiesa” (Além da crise da Igreja), do historiador e padre Roberto Regoli, professor da Pontifícia Universidade Gregoriana. Na ocasião, Dom Gänswein fez uma profunda e inovadora análise sobre o que o pontificado de Bento XVI representa para a história da Igreja. “Ele é um homem ocidental por excelência, que encarnou a riqueza da tradição católica como nenhum outro; e, ao mesmo tempo, foi audaz a ponto de abrir a porta para uma nova fase, para aquela mudança histórica que ninguém poderia imaginar há cinco anos”, declarou Dom Gänswein, referindose à surpreendente renúncia de Bento XVI, anunciada em 11 de fevereiro de 2013, e a consequente criação da figura do “papa emérito”. A renúncia papal foi a primeira em 600 anos na história da Igreja.

Uma revolução no papado

Pela primeira vez, dois sucessores do apóstolo Pedro vivem em paz nas colinas do Vaticano, sem concorrência e em plena continuidade. “Como nos tempos de Pedro, também hoje a Igreja, una, santa, católica e apostólica, continua a ter um único papa legítimo”, explicou o Arcebispo Alemão. “Desde a eleição do seu sucessor, Francisco, em 13 de março de 2013, não há dois papas, mas, de fato, um ministério alargado, com um membro ativo e um membro contemplativo.” Por esse motivo, esclareceu, Bento XVI não renunciou ao seu nome de papa nem à veste talar branca, típica do sumo-pontífice. “Com um ato de extraordinária audácia, ele renovou esse ofício, e com um último esforço o potencializou”, disse Dom Gänswein. “Não é surpreendente que, para alguns, seja visto como revolucionário, enquanto outros veem nisso um papado secula-

Um processo que continua

Há mais de 20 anos, Dom Georg Gänswein é secretário pessoal de Bento XVI, hoje papa emérito

rizado, mais humano e menos sacro. Outros, ainda, são da opinião de que Bento XVI tenha quase desmistificado o papado”, apontou.

Uma renúncia polêmica

O livro do Padre Regoli analisa diversas fases do pontificado de Bento XVI, mas talvez a que desperte mais curiosidade é aquela final, que culminou na renúncia. Na ocasião, Bento XVI explicou a decisão: “No mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor, tanto do corpo quanto do espírito, vigor que, nos últimos meses, em mim diminuiu de modo tal que devo reconhecer minha incapacidade de administrar bem o ministério a mim confiado”. Nas semanas seguintes ao gesto inesperado, a imprensa internacional e observadores especularam sobre os motivos que o levaram a renunciar, entre eles a possibilidade de uma doença

grave, disputas de poder na Cúria Romana e outros problemas que o Papa não podia mais tolerar. O contexto incluía o vazamento de documentos pessoais do Papa e de escritórios do Vaticano, em algo chamado popularmente de “Vatileaks”. Segundo o secretário pessoal do Papa Emérito, a narração do Padre Regoli não tem a “pretensão de sondar e explicar completamente esse último misterioso passo” e, portanto, “não enriquece ainda mais aquela proliferação de lendas, com novas suposições que nada têm a ver com a realidade”. Dom Gänswein, que há mais de 20 anos colabora com o hoje Papa Emérito, presenciou aqueles dias. “Bento XVI era consciente que lhe faltava a força necessária para seu onerosíssimo ofício. Podia fazê-lo porque já há muito havia refletido a fundo, do ponto de vista teológico, sobre a possibilidade dos papas eméritos para o futuro. E assim o fez.” Sobre os “Vatileaks”, Dom Gänswein insiste que Bento XVI não renunciou

O Padre Roberto Regoli escreve em seu livro que “o pontificado de Bento XVI é significativo não só pela sua imprevisível conclusão – a renúncia com a criação do papa emérito –, mas também pelas questões abertas por ele e ainda não encerradas”. De fato, “o Papa, em virtude da conotação acima de tudo magisterial de seu governo, que exercitou por cerca de oito anos não por meio de grandes reformas ou impressionantes intervenções, mas direcionando cotidianamente a vida da Igreja por meio do magistério, abriu diversos processos centrais para a vida eclesial”. Entre eles, cita a atualização do Concílio Vaticano II; uma nova linha nas relações ecumênicas e interreligiosas, especialmente com o Anglicanismo e o Islamismo; e uma ênfase na Eclesiologia – parte da Teologia que estuda a Igreja como única doutrina e entidade fundada por Jesus Cristo. Portanto, o historiador acredita que “a questão central do pontificado beneditino é a fé em Jesus Cristo, que no mundo ocidental está em nítido regresso”. Porém, para o Padre Regoli, é preciso mais tempo para esclarecer o desenrolar dos debates iniciados sob Bento XVI. É preciso ver “além da crise da Igreja”.

Uma vela que se apaga lentamente

Logo após o aniversário de 89 anos de Bento XVI, Dom Gänswein disse, em entrevista à revista italiana Benessere, que o Papa Emérito é atualmente “como uma vela que lentamente e serenamente se apaga, como acontece com muitos de nós. É sereno, em paz com Deus, consigo mesmo e com o mundo. É interessado por tudo e conserva seu humor fino e sutil”. Conserva, ainda, sua grande paixão pelos gatos – dois deles, Condessa e Zorro, vivem nos jardins de sua residência. De qualquer forma, “na História da Igreja, permanecerá que no ano de 2013 o célebre teólogo que ocupava a Sé de Pedro se tornou o primeiro papa emérito da história”, avalia o Arcebispo. “Um passo como aquele dado por Bento XVI, nunca havia ocorrido.”


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Com a Palavra: Renato Rua de Almeida

Maritain, ‘um olhar de esperança’ para as crises da atualidade Arquivo pessoal

Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com

Com a palestra do Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, sobre a Encíclica Laudato si’, em 31 de maio, o Instituto Jacques Maritain em São Paulo retomou suas atividades. Porém, poucas pessoas sabem quem foi Jacques Maritain (1882-1973) e qual sua contribuição para o pensamento filosófico, político e cristão do século XX. Em entrevista ao O SÃO PAULO, o advogado, professor de Direito da PUC-SP e presidente do Instituto Jacques Maritain, Renato Rua de Almeida, fala da contribuição de Maritain para a elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, a formação de blocos econômicos na Europa e na América Latina, além da democracia cristã e da ideia do humanismo integral. O SÃO PAULO – Quem foi Jacques

Maritain?

Renato Rua de Almeida - O maior filósofo humanista cristão do século XX. Ele se converteu ao catolicismo – sua formação inicial não era católica, era protestante – e, antes da conversão, foi discípulo de um grande filósofo francês chamado Henri Bergson. Maritain era estudante de Filosofia da Sorbonne. Ele e sua colega – que depois se tornou sua esposa – Raissa Maritain – de origem judaica, também convertida ao catolicismo – ficaram angustiados com espírito cético que havia impregnado a Sorbonne. Ele tinha 22 anos e ela 20 quando fizeram um pacto: se não encontrassem um sentido para a vida. eles se suicidariam. Ao frequentarem o curso de Metafísica ministrado por Bergson, encontraram o sentido da busca da verdade. Depois de convertido por influência do escritor católico francês Léon Bloy, conhece um frade dominicano, por quem teve contato com a obra de Santo Tomás de Aquino, da qual se tornou estudioso e faz doutorado na Alemanha. Retorna à França, para lecionar no instituto católico de Paris. Durante, digamos, uns dez anos, escrevia só sobre Metafísica. Então, por meados de 1920, quando começam a dominar as ideias fascistas e nazistas, o Papa Pio XI o chama ao Vaticano e lhe faz um apelo, pedindo que usasse seu talento para escrever sobre Filosofia Política, criticando, assim, aqueles ideais que estavam dominando a Europa. Então, escreve sua

Na verdade, não é o Maritain que inicia o movimento da democracia cristã, mas as pessoas influenciadas por sua obra. Basicamente é o seguinte: Um governo onde haja a participação da população no governo e a descentralização da gestão, para democratizar melhor. Franco Montoro dizia o seguinte: “nós somos nascidos numa cidade, não num estado ou numa união”. Então, temos que descentralizar os poderes o máximo possível para as instâncias de gestão, para que sejam mais eficazes, o que é um grande antídoto contra a corrupção. Então, seria um governo descentralizado e com participação popular. O que acontece por meio de um sistema eleitoral que faça com que as pessoas participem mais das decisões políticas, representado mais estritamente pelo voto distrital. E não existem mais partidos democratas cristãos, nem no Brasil, nem na Europa, com algumas poucas exceções, como a Alemanha. O partido em si não existe, mas as ideias permanecem pulverizadas na sociedade.

No Brasil chegou a existir algum partido na linha da democracia cristã?

primeira grande obra de Filosofia Política, chamada “Humanismo Integral”, publicada em 1936.

O que seria o “Humanismo integral”?

Em duas palavras: é um humanismo teocêntrico, não antropocêntrico. Ou seja, o humanismo é sempre algo que deve ter Deus sempre na base da construção do humanismo.

Em que lugares é possível ver a influência de Maritain e seu pensamento?

Na aprovação da Declaração Universal dos Direitos do Homem, na ONU, praticamente o seu segundo livro, “Os direitos do homem e a Lei Natural”. Em novembro de 1947, a Unesco marcou uma conferência na Cidade do México, onde havia representantes de 40 países, e Maritain fez um discurso de abertura do congresso no qual afirmou, basicamente, que o fundamento da Declaração Universal dos Direitos Humanos – que seria aprovada no ano seguinte – é a “dignidade da pessoa humana”. Na Europa, três jovens adultos, já “alimentados” com os livros do Maritain, formam o que

se chama hoje de União Europeia. Primeiramente pelo Tratado de Paris, de 1951, criam a “Comunidade do Carvão e do Aço”, entre a Alemanha e a França. E depois, em 1956, a Comunidade Econômica Europeia, com o Tratado de Roma, conhecido como a Europa dos 6. Depois, em 1992, se torna, no Tratado de Maastricht, a União Europeia, que hoje é formada por 25 países-membros. Reprodução Na América Latina, foi em Buenos Aires, em 1936, fazer uma conferência; quando estava voltando, parou no Rio de Janeiro a pedido de Alceu Amoroso Lima e fez uma palestra na Academia Brasileira de Letras. Em 1946, se reúnem em Montevidéu, no Uruguai, vários jovens influenciados pelo pensamento dele [o humanismo integral]. Dos jovens que estavam lá presentes, três se destacaram: Eduardo Frei, eleito presidente do Chile; Rafael Caldeira, eleito presidente da Venezuela; e Franco Montoro, governador de São Paulo, que não ascendeu à Presidência do Brasil porque não quis. O resultado disso foi a criação do Mercosul.

E o que seria essa “Democracia Cristã”?

Existiu o Partido Democrata Cristão. Foram membros dele o Franco Montoro, Plínio de Arruda Sampaio, Paulo de Tarso Santos, entre outros.

E qual o papel do Instituto Jacques Maritain?

Existe um instituto principal que fica em Roma. Depois, em vários lugares do mundo, há institutos. Aqui na América Latina tem a Argentina com dois institutos (em Buenos Aires e Córdoba), Chile, Uruguai e Brasil, que existe há mais de 20 anos e foi montado pelo Franco Montoro e por Dom Cândido Padin. O objetivo do Instituto Jacques Maritain é aproveitar as ideias do Maritain com relação à educação, à democracia, à política, à economia e todos os fatores culturais da sociedade que servem de matriz, e procurar refletir sobre a realidade que nós vivemos hoje.

Diante dessa crise que o Brasil vive, uma crise política e moral, como um cidadão comum pode buscar uma luz nos escritos e nas ideias de Jacques Maritain?

Para fazer isso, o ideal é fazer uma leitura compartilhada, conhecer os livros dele, ler em grupo etc. A coleção mais famosa dele é em francês, mas já se tem vários livros traduzidos. Pode-se entrar em contato com os textos e refletir em face da realidade, porque não se trata de entrar num partido “a, b ou c”, mas sim de iniciar esse tipo de trabalho. O pensamento dele traz um olhar de esperança na situação que nós vivemos.

As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.


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Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

Dica de Leitura Contra a escola “Por que a escola não educa e condena tantas vidas ao desperdídico e à esterilidade? A educação (ex-ducere, conduzir para fora) deixou de ser uma abertura à razão e ao espírito, convertendo-se em engenharia social, em manipulação dos instintos baixos para a realização da vontade de poder. O homem, não mais educado naquilo que tem de essencialmente humano, passou a ser instrumentalizado em vista de algum interesse econômico ou social. Em consequência, desumanizou-se, transformando-se no imbecil que, com base em concepções erradas acerca da natureza humana, cria

políticas desumanas. Nessa situação de doença linguística e espiritual, perdeu a experiência de amplas faixas da realidade ligadas à razão e ao espírito, assim como a capacidade de compreendê-las e expressá-las. De nada nos serve essa louca pretensão de alterar a natureza humana e remodelar o mundo. Cabe a nós, então, fazer o inventário dos nossos descaminhos e retomar a estrada mestra abandonada.” Ficha técnica: Autor: Fausto Zamboni Páginas: 296 Editora: Vide Editorial

Divulgação

Evento Contação de histórias

O Núcleo de Ação Educativa promoverá a contação de histórias “A casa da colina – um lugar de transformação”, baseada na crônica “A Casa da Colina” (1954), escrita pelo poeta Guilherme de Almeida (1890-1969), como um registro de seu tempo e memórias de uma residência e um bairro que guardam histórias, mistérios e encantos. Menores de 14 anos devem estar acompanhados dos seus responsáveis e a atividade é indicada para crianças a partir de 5 anos. O evento ocorrerá na Casa Guilherme de Almeida (rua Macapá, 187, Perdizes), no sábado, 18, das 14h às 15h30. Inscrições e informações no site http://casaguilhermedealmeida.org.br ou pelo telefone (11) 3673-1883.


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Belém Cardeal Scherer dedica altar e templo na periferia da zona Leste Peterson Prates

Colaborador de comunicação da Região

“Agora, ainda mais, será lugar de oração, de celebração e de acolher os dons”, afirmou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, ao iniciar a missa em que realizou os ritos de dedicação da igreja e do altar da Paróquia Nossa Senhora das Graças, no Jardim Elba, na periferia da zona Leste, no domingo, 5. Durante a celebração, houve a aspersão do povo, das paredes do templo e do novo altar, onde foram depositadas relíquias de São José de Anchieta, Santa Felicidade, Beata Madre Assunta Marchetti, Santa Paulina e São Frei Galvão. “Somos família de Deus, família de irmãos, onde não se estabelece distinção de pessoas”, disse Dom Odilo durante a homilia. “Somos uma profecia,

Peterson Prates

um anúncio daquilo que de fato deveria ser a sociedade, onde, infelizmente, existem muitas distinções e discriminações, onde não está reinando a fraternidade”, completou. Dom Odilo pediu que a comunidade paroquial – formada pela igreja matriz e sete comunidades - “testemunhe no bairro a presença do amor misericordioso de Deus” dentro e fora do templo. Com o óleo da Crisma, o altar e as paredes do templo foram ungidos, antes de serem incensados. No altar revestido e ornado com flores, o Cardeal ascendeu as sete velas, enquanto os diáconos iluminavam as paredes da igreja. Depois da comunhão eucarística, o novo sacrário foi incensado, como sinal Paróquia São Miguel Arcanjo

Cardeal Scherer asperge altar da Paróquia Nossa Senhora das Graças, no Jardim Elba, dia 5

A Paróquia São Miguel Arcanjo, no Setor Pastoral Conquista, saudou o novo vigário episcopal da Região Belém, Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese, na missa por ele presidida no domingo, 5, na Comunidade Sagrado Coração de Jesus, quando ministrou o sacramento da Confirmação a 39 jovens.

de honra, louvor e adoração, e foram colocadas as âmbulas no tabernáculo. “Foi um sonho que se tornou realidade”, comentou o Padre Francisco Reginaldo, pároco, ao falar sobre a reforma e dedicação da igreja-matriz. “Nós vivemos uma realidade de periferia, uma realidade pobre, mas cada um fez como a viúva do Evangelho e deu sua moeda”, complementou, agradecendo também à colaboração da Fundação

Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, que impulsionou a reforma, realizada ao longo de cinco meses. Para Shirley Verlotta, paroquiana há 32 anos, a celebração “foi muito emocionante”. Tanto ela quanto o Padre acreditam que com a reforma as pastorais da Paróquia terão novo vigor. Em agosto será realizada uma missão nas comunidades e já há articulações para ações de evangelização da juventude.


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Brasilândia

Késia Pereira e Jenniffer Silva

Colaboradoras de comunicação da Região

Imaculada, Mãe dos aflitos que estão junto à cruz Padre Pedro Almeida

Dom Odilo em missa campal na comunidade-matriz da Paróquia Imaculado Coração de Maria

Na comemoração do dia da padroeira, os fiéis da Paróquia Imaculado Coração de Maria, no Setor Pastoral São José Operário, acolheram no sábado, 4, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, que presidiu missa na comunidade de mesmo nome, que é a matriz da Paróquia. “É a primeira vez que venho celebrar nesta que é uma das paróquias mais pobres de nossa Arquidiocese”, disse Dom Odilo, na celebração campal na rua Pascoal D´Amore, no Jardim

Renovação de vínculos: chamado e vocação “Nós somos a Igreja de Deus. Por isso, temos que testemunhar, por meio de nossos ministérios e diversidade de grupos, a fé que professamos”. Essas foram as palavras de Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, na missa de Renovação dos Vínculos dos membros da Comunidade Católica Missão Mensagem de Paz, em 29 de maio.

A renovação dos vínculos acontece uma vez por ano, em maio, no aniversário de fundação da Missão, e serve para aprofundar o carisma de levar paz aos corações e consagrar ainda mais os passos missionários e a vida em Comunidade. Participaram da missa 139 membros da Comunidade, dentre esses dez que iniciaram a vida na Missão neste ano. Todos receberam suas pertenças

pelas mãos do fundador da Missão, Fernando Baptista, e da cofundadora Lidiane Vaz. “Agora é hora de descer a montanha e viver o carisma, colocando em prática o que ouviram. Misturar com a massa do mundo e serem fermento, pois renovar os vínculos é mais que uma celebração, é colocar em prática o chamado e a vocação’, disse Dom Devair aos membros da Missão Mensagem de Paz.

Clarice Aparecida Leme

No domingo, 5, Dom Devair Araújo da Fonseca presidiu missa em que conferiu os sacramentos da iniciação cristã - Batismo, Eucaristia e Crisma – a 47 adultos na Paróquia Santa Rosa de Lima, no Setor Pastoral Perus.

Princesa, realizada debaixo de chuva. O Cardeal, na homilia, ressaltou a importância de que cada pessoa seja fiel a Deus assim como foi Maria, a Mãe da Igreja. Dom Odilo também afirmou que Maria é a mãe de uma nova humanidade e seu coração é imaculado, sem manchas. Ele estimulou que os fiéis rezem o Terço e fortaleçam a devoção mariana nas casas. A celebração foi encerrada com uma coreografia das crianças da Catequese, que coroaram a imagem do Imaculado Coração de Maria. Laércio Silva

Dom Devair e membros da Mensagem de Paz Ricardo Souza

Dom Devair Araújo da Fonseca presidiu no domingo, 5, missa em que conferiu o sacramento da Crisma a 65 jovens da Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, no Setor Pastoral Pereira Barreto.

Geriane Oliveira

Colaboração especial para a Região

Dom Eduardo convida Filhas de Maria a reavivar o dom da fé Divulgação

Dom Eduardo Vieira dos Santos em foto com integrantes da Federação Mariana Feminina

Fundada em 1864 pelo Abade Alberto Passeri, a Pia União das Filhas de Maria está presente na maior cidade do Brasil, por meio da Federação Mariana Feminina da Arquidiocese de São Paulo, que conta com cerca de cem associadas nas seis regiões episcopais.

Em 29 de maio, na sede da Federação, no centro da cidade, aproximadamente 40 leigas consagradas participaram de uma reunião para revisão e atualização do Estatuto religioso e do Manual devocional das Filhas de Maria, e também da missa presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos,

bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, e concelebrada pelo Padre Emilson José Bento, capelão das Filhas de Maria na Arquidiocese, e por Dom Bruno Giuliani, abade geral emérito dos Cônegos Regulares Lateranenses e atual responsável nacional da Pia União das Filhas de Maria. Padre Emilson, no começo da celebração, agradeceu o empenho da coordenação das Filhas de Maria na Arquidiocese, presidida por Maria de Lourdes Pinto José, e destacou o atual esforço para que a Pia União das Filhas de Maria seja um meio eficaz de evangelização e apostolado, contribuindo com a Igreja para o fortalecimento da vocação e missão dos leigos e leigas. Dom Bruno, ao final da missa, reforçou a importância da formação das mulheres cristãs e considerou ser aquele dia um marco para a Federação Mariana,

“porque iniciamos o processo de revisão e atualização do estatuto e de seu livro de orações, com o intuito de fortalecer a formação das consagradas para a evangelização que os tempos atuais exigem. E o clero é o grande responsável pela preparação dos leigos para a difusão da mensagem cristã no mundo”. Durante a celebração, Dom Eduardo coroou a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida que estava na sede das Filhas de Maria. As associadas da Federação Mariana Feminina da Arquidiocese se reúnem sempre às quintas-feiras para participarem da celebração eucarística e também no 4º domingo de cada mês para formações e planejamento das atividades. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 3105-9787, com o Padre Emilson José Bento.


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Ipiranga

Caroline Dupim e Lígia Cássia

Colaboradoras de comunicação da Região

A força das ‘Mães que rezam pelos filhos’ Um grupo de mães da Paróquia Santa Cristina e da Comunidade Nossa Senhora de Sião mantém o projeto “Maria de Nazaré – Mães que rezam pelos filhos”. A ideia surgiu em 2009. Durante a missão dos seminaristas da Arquidiocese na Paróquia e na Comunidade, aconteceu uma noite em que as mães puderam rezar pelos seus filhos. A iniciativa foi tão frutífera que se tornou constante, tendo sua iniciativa concreta em 2013. “Maria de Nazaré – Mães que rezam pelos filhos” acontece mensalmente no salão da Paróquia Santa Cristina ou na casa das mães. Elas partilham experiências, com músicas e pregações, e também rezam e se ajudam mutuamente no caminhar da fé. “É um encontro de mães falando com mães, pregando e rezando com elas e para elas. É lindo, pois existe a empatia, a misericórdia, o conhecimento”, comenta Claudio Seiji, paroquiano da Santa Cristina. Todo mês são enviadas aproximadamente 90 cartas para todas as mães cadastradas, com uma meditação da Pa-

Cláudio Seiji

Participantes do projeto ‘Maria de Nazaré – Mães que rezam pelos filhos’ em procissão com a imagem de Nossa Senhora Aparecida

lavra de Deus e com o reforço do convite para o encontro mensal. No último domingo de maio, dia 29, dedicado a Nossa Senhora, realizouse pela primeira vez na Paróquia San-

ta Cristina a procissão das “Mães que Rezam pelos Filhos”, com a imagem de Nossa Senhora Aparecida. “Estar junto com outras mães em oração é muito bom. Se Deus escuta nos-

sas orações individuais por nossos filhos, imagina quando um grande grupo reza cada uma pelos filhos das outras. Acho algo muito bonito”, comentou Maria José Louredo Rocha, participante do projeto.

Amoris laetitia também é documento para reflexão pastoral Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, acolheu no sábado, 4, os membros do Conselho Regional de Pastoral (CRP) para a reunião que acontece a cada bimestre. O enfoque desse encontro foi a Exortação Apostólica Amoris laetitia, do Papa Francisco, com reflexões conduzidas pelo Monsenhor Sérgio Tani, pároco da Paróquia Bom Jesus do Brás, na Região Sé. O Monsenhor ressaltou a importância de os integrantes das pastorais terem contato constante com os textos que a Igreja apresenta para poderem melhor evangelizar. Amoris laetitia, conforme disse o

Monsenhor Sérgio Tani, é um documento predominantemente pastoral, no qual o Papa Francisco, olhando para a realidade da Igreja e do mundo, indica que a família precisa de auxílio e que não haverá nova evangelização sem a reevangelização da família. Ainda segundo o Monsenhor, o Papa pede para que não se condene eternamente ninguém, mas sim que se derrame a misericórdia de Deus sobre todas as pessoas. O Sacerdote apresentou, ainda, três chaves de leitura para a Amoris laetitia: não perder de vista a comunidade da Tradição e o Magistério na vida ordinária da Igreja; notar a tentativa do Papa de recuperar a sensibilidade para a lei natural, ou seja, a lei mo-

‘O Padre deve ser, antes de tudo, administrador dos dons’ Piedade Coelho

Padre Boris com Dom José Roberto em missa

Os fiéis da Paróquia Imaculada Conceição, no Setor Pastoral Ipiranga, comemoraram no domingo, 5, os 17 anos de ordenação sacerdotal do Padre Boris Augustin Nef Ulloa, pároco, em missa presidida por Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga. O Bispo, na homilia, ressaltou que “o Padre deve ser, antes de tudo, administrador dos dons, um facilitador da graça de Deus. A estola que todo sacerdote usa remete à toalha que Cristo usou no lavapés. Portanto, o Padre é, antes, um servidor do povo de Deus”. Dom José Roberto desejou que Padre Boris continue seu trabalho por muitos anos na Paróquia e o parabenizou pelo o que já tem realizado.

Caroline Dupim

Participantes do Conselho Regional de Pastoral do Ipiranga após reunião no sábado, dia 4

ral impressa no coração de cada homem e cada mulher; e no que diz respeito à moral familiar representada em chaves pastorais,

saber dar a devida orientação aos membros das pastorais para acompanhar e saber orientar as famílias em seus dramas. Padre Pedro Luiz Amorim

Aproximadamente 90 paroquianos da Paróquia Santa Paulina peregrinaram à Porta Santa do Paróquia-santuário São Judas Tadeu, por ocasião do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, no sábado, 4.


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Santana Olhar para o próximo com misericórdia é missão do clero

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

Entre 30 de maio e 2 de junho, padres e diáconos atuantes na Região Santana e Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, participaram do retiro anual do clero, em Atibaia (SP), que teve orientação do Padre José Rafael Solano Duran, da Arquidiocese de Londrina (PR). Padre José Rafael tratou do tema “Olhou-me com misericórdia”. Tendo como análise o capítulo 5 do evangelho de São João, o Padre fez um paralelo com a vida presbiteral e em cada meditação, deu ênfase aos aspectos da misericórdia divina. Ao final do retiro, Padre Rafael apontou que o Ano Santo extraordinário da Misericórdia propõe o encontro com o outro e a descoberta de seu rosto.

Arquivo pessoal

Clero atuante na Região Episcopal Santana posa para foto com Dom Sergio de Deus Borges após celebração no retiro realizado em Atibaia (SP)

“Quando Deus olha para nós, faz um movimento de ternura impressionante. Jesus olhou para a multidão e sentiu compaixão deles (Mt 9,36). Em todas as

Tempo de testemunhar a fé com o Sagrado Coração de Jesus Diácono Francisco Gonçalves

circunstâncias, o que movia Jesus era a misericórdia. Sem ela, a sua presença na Galileia não teria tido sentido”, afirmou. Padre Rafael comentou, ainda, que

o Papa motiva os cristãos à prática da misericórdia, pois apenas assim este ano jubilar terá sucesso, prologando-se por toda vida.

Setor Jaçanã peregrina à Porta Santa da Igreja Sant´Ana Padres, leigos e religiosos de paróquias do Setor de Pastoral Jaçanã peregrinaram à Porta Santa da Igreja Sant’Ana, no domingo, 5, por ocasião do Jubileu extraordinário da Misericórdia. Eles participaram da missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano. Apesar do dia chuvoso, a igreja estava lotada de fiéis. “Não importa a chuva ou o sol, é muito bom estar junto com nossos pastores”, disse Ma-

ria Souza, da Paróquia São Benedito. Ao final da celebração, Dom Odilo pediu ao povo para rezar pelos sacerdotes, incentivou as comunidades a realizarem as obras de misericórdia e conclamou os padres do Setor a continuarem sendo testemunhas do Deus misericordioso. Durante a missa, padres atuantes no Setor e Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, atenderam confissões dos peregrinos. Diácono Francisco Gonçalves

Associados do Apostolado da Oração lotam igreja matriz da Paróquia Sant’Ana, na sexta-feira, 3

A Paróquia Sant’Ana acolheu, na sexta-feira, 3, cerca de mil associados do Apostolado da Oração da Região Santana, coordenados pelo Padre Luiz César Bombonato, na celebração do Sagrado Coração de Jesus. A celebração foi presidida por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, que

foi acolhido pelos padres Maurício de Sousa e Hercules Daniel. O Bispo recordou aos associados do Apostolado o convite que realizou na missa do ano passado para que cada um visitasse 50 enfermos. Ele voltou a pedir que os doentes sejam sempre visitados. “Vamos ser a presença de Jesus para os doentes”, disse.

Fiéis lotam Igreja Sant´Ana na peregrinação do Setor Jaçanã, em missa presidida por Dom Odilo

Diácono Francisco Gonçalves

Na sexta-feira, 3, os fiéis da Paróquia Nossa Senhora das Neves, no Setor Pastoral Tucuruvi, deram início às comemorações dos 50 anos da igreja, com missa presidida por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, e concelebrada Padre Claudinei de Arruda Lúcio, pároco.

Diácono Francisco Gonçalves

Em 30 de maio, o Padre Geraldo Pereira comemorou 80 anos de vida e 44 anos de sacerdócio, junto do clero reunido em Atibaia (SP). Nascido em Promissão (SP), ele foi ordenado aos 36 anos. Na Região Santana, atuou nas paróquias Santo Antônio do Tucuruvi, Santa Joana Darc, São Pedro do Tremembé, Santa Terezinha do Menino Jesus e, atualmente, está na Nossa Senhora dos Prazeres, na Capela Santa Luzia.


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Lapa

Padre Antonio Francisco Ribeiro e Benigno Naveira Colaboradores de comunicação da Região

A peregrinos, Dom Odilo ressalta a misericórdia de Deus Por conta do Jubileu extraordinário da Misericórdia, todos os sábados a Igreja Nossa Senhora da Lapa, no Setor Pastoral Lapa, recebe peregrinações de comunidades, paróquias e grupos à Porta Santa. No sábado, 4, peregrinaram os fiéis da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, do Setor Pastoral Leopoldina. Após realização do roteiro da pere-

grinação, eles participaram da missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, e concelebrada pelos padres Adalton Pereira de Castro, pároco da Nossa Senhora da Lapa, e Tarcísio Justino Loro, pároco da Nossa Senhora de Fátima. Dom Odilo, na homilia, afirmou que naquele dia também ele peregri-

nava à Porta Santa da Igreja Nossa Senhora da Lapa e recordou que em todas as regiões episcopais da Arquidiocese há uma igreja destinada às peregrinações. Ao falar sobre o Evangelho proclamado na missa (Lc 7, 11-17), o Cardeal lembrou que todo sofrimento é oportunidade para que cada pessoa tenha uma experiência da existência e da bondade de Deus.

Paulo Ramicelli

Missa na Igreja Nossa Senhora da Lapa, dia 4

Amoris laetitia e 11º Plano são tratados por líderes de pastorais O Conselho Regional de Pastoral (CRP) da Região Lapa reuniu-se no sábado, 4, na Paróquia São Domingos Sávio com Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região. Um dos assuntos tratados foi o 11º Plano de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo. O Bispo apresentou uma síntese do Plano e motivou que, reunidos em grupos, os participantes do CRP refletissem sobre o quanto o Plano já foi estudado e é conhecido; se foi utilizado nos planejamentos das paróquias, pastorais e movimentos; de que forma colocou-se o Plano em prática e o que faltou ser feito e o que precisa ser mantido ou alterado no

Plano à luz das atuais Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil. Os participantes avaliaram que apesar do esforço para divulgar o Plano, não houve envolvimento suficiente de todos e ainda é preciso dar continuidade às urgências pastorais indicadas pelo documento. Dom Julio também falou sobre a Exortação Apostólica Amoris laetitia, do Papa Francisco, destacando o parágrafo 7, em que o Pontífice pede uma leitura atenciosa do documento por parte das famílias e dos integrantes da Pastoral Familiar. Nesse sentido, os participantes ressaltaram o pa-

Tony Donomai

Padre Antonio Ribeiro e Dom Julio Endi Akamine conduzem reunião do CRP, no sábado, 4

pel da Pastoral Familiar nas paróquias. Ao final do encontro, Caci Amaral, da Pastoral Fé e Política, falou da maior

atenção que toda a sociedade deve ter com as movimentações financeiras nas eleições deste ano.

Dom Julio em atividades nos setores Butantã e Leopoldina Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, assessorou, entre 31 de maio e 3 de junho, a Semana Catequética na Paróquia Nossa Senhora de Fátima,

com o tema “As obras de misericórdia”, com a participação de fiéis de paróquias dos setores Lapa e Leopoldina. Também na sexta-feira, 3, às 15h,

Dom Julio presidiu missa na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, no Setor Pastoral Butantã, por ocasião do dia do padroeiro. A celebração de encerramento da festa, às 19h, teve

como presidente Dom Fernando José Penteado, bispo emérito de Jacarezinho (PR). As duas missas foram concelebradas pelo Padre Jorge Pierozan (Padre Rocha), pároco.

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Nos passos de Santo Antônio

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A emocionante vida do Santo de Pádua Direção Umberto Marino

Nos passos de Santo Antônio deseja recriar algumas das experiências vividas pelo Santo de Pádua. É como se, ao pisar nas pegadas dele, assumíssemos essas experiências como se fossem nossas.

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Dom Paulo Evaristo Arns é homenageado na PUC-SP Déia Silva

Renata Moraes

Especial para O SÃO PAULO

O encerramento da Semana Teológica da PUC-SP, na sexta-feira, 3, foi marcado por uma participação especial: aos 94 anos, o Cardeal Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo, esteve no campus Ipiranga, onde foi homenageado pelos alunos, professores, diretores e funcionários da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. O trabalho missionário, pastoral e humano do Arcebispo Emérito foi recordado com a exibição do videodocumentário “Dom Paulo, o Cardeal do Povo”, produzido pelo Centro Acadêmico Dom Helder Câmara, que traz depoimentos de amigos, religiosos e leigos que conviveram com o Cardeal Arns. Padre Ney de Souza, professor de Teologia da PUC-SP, em nome de todos os estudantes de Teologia, funcionários e professores, leu uma carta em homenagem a Dom Paulo. “Sua atividade ultrapassa a Arquidiocese de São Paulo e a própria Igreja. Um dos grandes responsáveis pelas denúncias ao regime ditatorial militar civil (1964-

e coragem!”, disse, sendo ovacionado. Ao final das homenagens, um quadro com a foto do Cardeal Arns foi apresentado, oficializando aquele espaço acadêmico no campus Ipiranga com o nome de ‘Auditório Dom Paulo Evaristo de Arns’.

50 anos de episcopado

Conêgo Bizon é um dos professores a recepcionar o Cardeal Arns, homenageado na PUC-SP

1985), participando no processo de redemocratização do País”, expressou. “Seu legado é este de ter sido amigo do povo, dos pobres desta cidade. Um episcopado marcado com a recepção do Vaticano II (1962-1965), sobretudo na eclesiologia Povo de Deus e na colegialidade com seus bispos auxiliares e

seu presbitério”, destacou o Sacerdote. Visivelmente emocionado, Dom Paulo agradeceu: “Deus lhes pague, sobretudo por não serem corintianos [brincou, em alusão ao time do qual é torcedor], mas por serem católicos apostólicos e fiéis à Igreja e ao povo de Deus de São Paulo. Deus lhes pague,

O Cardeal Paulo Evaristo Arns completará, em 3 de julho, 50 anos de episcopado. Para marcar esse jubileu de ouro, haverá uma solene celebração eucarística no dia 2 de julho, às 10h, na Catedral da Sé. Até o dia 16 de junho, os meios de comunicação da Arquidiocese – jornal O SÃO PAULO, rádio 9 de Julho e portal ArquiSP promovem a campanha “Dom Paulo por São Paulo: ajude a contar essa história”, na qual todas as pessoas poderão compartilhar relatos e fotos de experiências marcantes com o Cardeal Arns. As contribuições podem ser postadas na página oficial da Arquidiocese no Facebook (facebook.com/ arquiSP), no email dompaulo50anos@ arquisp.org.br; ou pelo WhatsApp (11) 98371-9681.

Alemães contam com paróquia pessoal em São Paulo há 50 anos Luciney Martins/O SÃO PAULO

Fernando Geronazzo osaopaulo@uol.com.br

A Paróquia Pessoal Alemã São Bonifácio, na Vila Mariana, completou 50 anos de criação no domingo, 5. A data foi marcada com uma missa solene presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, com a participação de católicos alemães que vivem na Capital Paulista. A comunidade católica alemã em São Paulo formou-se há 115 anos, quando os imigrantes procuraram assistência espiritual no Mosteiro de São Bento, onde começaram a ser celebrados sacramentos em língua alemã. Na década de 1960, foi construída a igreja atual, inaugurada em 5 de junho de 1966, sendo abençoada pelo Cardeal Agnelo Rossi, então arcebispo de São Paulo. O templo moderno, em estilo brutalista, recentemente foi reconhecido como patrimônio histórico. Diferentemente das paróquias territoriais, uma paróquia pessoal é voltada para assistência pastoral de um grupo de pessoas de determinada língua ou cultura, no caso, os imigrantes alemães e seus descendentes residentes em São Paulo. Os padres são missionários designados pela Conferência dos Bispos da Alemanha. “Aqui, a comunidade se reúne, festeja,

Dom Odilo preside missa no jubileu de ouro da Paróquia Pessoal Alemã São Bonifácio, dia 5

celebra a missa. É um ponto de encontro para manter viva a cultura alemã, uma maneira de nosso povo se sentir abraçado no exterior, não se sentir isolado”, explicou Johanes Krieger, filho de alemães e presidente do conselho paroquial. Descendente de alemães, Dom Odilo celebrou a missa em língua alemã e fez a homilia em dois idiomas, recordando o primeiro padre que conheceu na sua infância, no interior do Paraná, onde foi criado. “A comunidade onde vivíamos era majoritariamente de origem alemã, por isso o padre falava em alemão e em português”, contou.

Lugar do encontro com Deus

“Agradecemos a todos aqueles que

construíram esta igreja e que ao longo destes 50 anos deram a sua participação para que essa comunidade e para que a língua alemã em São Paulo, pudessem continuar a transmitir e professar a alegria da fé de tantas formas”, afirmou o Cardeal. Dom Odilo manifestou, ainda, que ao se festejar os 50 anos da Paróquia, recorda-se que essa igreja aponta sempre para a esperança, para os valores duradouros que todos, por meio da fé, procuram, creem e esperam. “Aqui é o lugar da presença de Deus no meio de nós, do encontro com Deus de muitas formas e, aqui, todos podem sempre renovar a fé, alimentar-se da Palavra de Deus e da Eucaristia”, acrescentou.

Paróquia missionária

Pároco desde janeiro de 2015, Padre Georg Pettinger explicou ao O SÃO PAULO que o jubileu de ouro da Paróquia Alemã foi celebrado pela primeira vez com um novenário, com os bispos auxiliares da Arquidiocese e padres da vizinhança. Ele falou, ainda, sobre os desafios da comunidade. “Hoje existem cerca de 260 mil alemães em São Paulo. Por isso, temos que ser uma Igreja missionária. Nos últimos meses, temos conseguido atrair mais pessoas. A Paróquia também tem estreitado os laços com a comunidade local, celebrando missas em português nas tardes do domingo”, disse. “A maioria dos alemães que vivem aqui hoje estão a cerca de 70 anos e já se inseriram nas comunidades locais”, contou o Pároco, que indicou um papel importante da Paróquia na promoção da convivência entre gerações. “Hoje, nós temos gerações que falam perfeitamente alemão, outras que não sabem uma palavra no idioma e começamos a ver a língua ser ensinada novamente aos mais novos”. Mechtild Peuser chegou ao Brasil em 1950, ainda bebê, com os pais, e testemunhou a história da Paróquia. “Minha mãe, Maria Bulla, foi voluntária na comunidade na época da construção da Paróquia. Aqui eu me casei e batizei meus filhos. Minha vida está muito ligada a esta igreja. É uma alegria muito grande poder celebrar os 50 anos da Paróquia”, comentou.


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‘Precisamos ter o coração igual ao de Cristo’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

É o que destacou Dom Odilo ao clero da Arquidiocese, que peregrinou à Porta Santa da Catedral da Sé na solenidade do Sagrado Coração de Jesus, no dia 3 Fernando Geronazzo osaopaulo@uol.com.br

Os padres e diáconos da Arquidiocese de São Paulo peregrinaram à Porta Santa da Catedral da Sé por ocasião do Jubileu extraordinário da Misericórdia na sexta-feira, 3, quando a Igreja celebrou a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus e o Dia Mundial de Oração pela Santificação do Clero. Reunido na igreja do Pátio do Colégio com o arcebispo metropolitano, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, e os bispos auxiliares, o clero teve um momento de espiritualidade, conduzido pelo Padre Augusto César Pereira, da congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus (dehonianos), que falou sobre o perfil do padre enquanto imagem do coração misericordioso de Cristo. Segundo Padre Augusto, o amor do coração de Jesus, oblativo e solidário, é o elemento essencial dessa identidade do sacerdote com o Senhor. “Esse amor entregue em solidariedade é o nosso modelo. Nós, padres, teremos um coração igual ao de Cristo se também nos deixarmos seduzir por esse projeto de misericórdia do Pai, cultivando esse amor”, disse, acrescentando que o Jubileu Extraordinário, proposto pelo Papa Francisco, reafirma o projeto de mise-

Cardeal Odilo Pedro Scherer, bispos auxiliares, padres e diáconos oram na pia batismal da Catedral da Sé durante a peregrinação do clero

ricórdia com o qual Deus quer salvar o mundo. “Eu me arrisco a dizer que o nosso coração, mais do que parecido com o coração de Jesus, precisa ser igual ao coração de Cristo. Pode ser difícil, mas não impossível”, acrescentou o Padre, que também recordou as orientações do Papa na recente Exortação Apostólica Pós-sinodal Amoris laetitia, sobre “acompanhar, discernir e integrar” a fragilidade humana. “Ter um coração misericordioso é ser capaz de amar a fraqueza humana. Somos chamados para mostrar ao mundo o novo rosto misericordioso”, completou. Em seguida, os sacerdotes seguiram em procissão pelas ruas do centro da cidade até a Catedral, onde passaram pela Porta da Misericórdia e participaram da missa presidida por Dom Odilo.

A qualidade de Deus

“A comemoração da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus neste ano é de maneira toda especial simbólica, porque o Ano da Misericórdia fala exatamen-

te de Deus que tem um coração misericordioso para conosco e revelou sua misericórdia de maneira muito clara em Jesus Cristo, salvador, seu Filho que enviou ao mundo para nos revelar o rosto, o coração da misericórdia do Pai”, afirmou o Cardeal, na homilia, enfatizando, ainda, que a misericórdia é a “qualidade essencial de Deus”. “Sem essa qualidade o Deus da nossa fé não seria o mesmo”. Ao falar do evangelho proclamado no dia, que recordou a alegria do pastor que vem ao encontro da ovelha perdida, Dom Odilo ressaltou que Jesus é o pastor que, em nome do Pai, “veio apascentar, reunir, procurar, defender, dar até a vida pelas ovelhas”. “A nós, sacerdotes, Deus confia o seu povo hoje. Certo, há muitos pastores, mas vamos pensar na porção que Deus nos confiou... para que nós apascentemos com o coração misericordioso de Jesus”. O Cardeal também recordou o que o Papa Francisco, no retiro que pregou aos sacerdotes em Roma, afirmou que os padres, antes de serem pastores, são ovelhas, membros do povo de Deus.

“Devemos deixar-nos amar pelo amor misericordioso. Poderia ser que, de tanto pensar em fazer o bem aos outros, esquecemos de buscar também o bem para nós. Se não experimentamos sempre de novo o amor misericordioso de Deus, corremos o risco de nos tornamos áridos e já não mais misericordiosos e fecundos no nosso cuidado pastoral”, acrescentou. “Ele também acolhe a mim com misericórdia, a cada um de nós e, por isso, voltamo-nos com humildade, sem presunção de já sermos santos, reconhecendo-nos frágeis também... confessando os nossos pecados, pedindo perdão, humildemente. O Papa recorda que para sermos bons confessores, devemos também confessar. Em primeiro lugar, fazermos nós a experiência da misericórdia”. Por fim, o Arcebispo pediu: “Que Deus nos conceda a graça da constante conversão para que tenhamos mais e mais o coração semelhante ao dele, imagem humana do coração do pai, rosto humano do rosto divino da misericórdia”.

No Ano da Misericórdia, a rede mundial de oração também peregrina Luciney Martins/O SÃO PAULO

Fábio Augusto e Millena Guimarães Especial para O SÃO PAULO

Na solenidade do Sagrado Coração de Jesus, na sexta-feira, 3, os associados do Apostolado da Oração – a rede mundial de oração do papa - e do Movimento Eucarístico Jovem (MEJ) peregrinaram à Porta Santa da Catedral da Sé. Eles rezaram na pia batismal e em seguida participaram da missa solene em honra ao Sagrado Coração de Jesus, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano. Dom Odilo explicou, na homilia, que o Sagrado Coração de Jesus “simboliza o amor e a misericórdia de Deus para conosco, que temos a imagem de Jesus apontando para o seu coração, então, o coração humano de Jesus é o coração misericordioso de Deus. Ele nos ama, não apenas de maneira celeste, mas de maneira divina, nos ama por meio de Jesus, que se tornou filho de Deus, se tornou humano para estar mais perto de nós.

Associados do Apostolado da Oração durante peregrinação à Catedral da Sé, na sexta-feira, 3

Em entrevista ao O SÃO PAULO, Padre Armênio Rodrigues, assistente eclesiástico do Apostolado, lembrou que mensalmente é realizada a “Hora Santa” nas regiões episcopais e que cada padre coordenador nas regiões vi-

sita a cada mês um setor pastoral e as paróquias. Para Vera Lúcia da Mota Bofa, associada do Apostolado na Paróquia Nossa Senhora da Consolação, na Região Sé, participar da peregrinação e passar pela Porta

Santa foi um “confirmar da fé” diante de um mundo que precisa de oração. “Jesus merece todo nosso carinho e nossa consideração. Ele está todos os dias conosco e o nosso desejo é que possa permanecer sempre em nossos corações”, destacou. Dom Odilo enfatizou que os membros do Apostolado devem praticar as obras de misericórdia, conforme recomendação da Igreja: “Rezar pelos outros, pelos vivos e mortos, rezar pelos pecadores, para que se convertam. Rezar pelos que têm virtude, para que permaneçam nela, pois rezar já é uma obra de misericórdia para com o próximo”. Também naquela sexta-feira foi celebrado o Dia de Oração pela Santificação do Clero. Nesse contexto, o Arcebispo recomendou que os associados rezem pelos sacerdotes, pelas vocações e pela santificação do clero, “para que eles possam ter um coração semelhante ao amor de Cristo e assim fazer o bem em nome do Coração de Jesus”, encerrou.


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