Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 61 | Edição 3106 | 15 a 21 de junho de 2016
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Dom Cláudio será o legado pontifício no CEN 2016 O Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo e presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia da CNBB, foi nomeado por Francisco, no dia 11, como legado pontifício – o enviado do papa - no XVII Congresso Eucarístico Nacional (CEN 2016), que acontecerá em Belém (PA), em agosto. Página 10
2016: ano de eleições sem financiamento empresarial Este ano, nas eleições municipais, passam a vigorar as mudanças nas regras de financiamento de campanha, sendo vedadas as contribuições de pessoas jurídicas. Assim, as campanhas eleitorais serão financiadas exclusivamente por doações de pessoas físicas e pelos recursos do Fundo Partidário. Página 11
Base Nacional Comum Curricular gera debates no País A proposta da Base Nacional Comum Curricular, elaborada pelo Ministério da Educação, está em discussão nos estados, após revisões em sua primeira versão. Evento em São Paulo sobre o assunto mostrou que não há um consenso entre educadores, especialistas, parlamentares e pais. Página 14
Igreja e sociedade têm espaço no Unifai Página 22
Ujucasp reafirma defesa da fé cristã Página 7
Arquidiocese une-se em solidariedade aos ‘irmãos da rua’ Luciney Martins/O SÃO PAULO
O inverno se aproxima e as baixas temperaturas já provocaram a morte de cinco moradores em situação de rua em São Paulo, em menos de uma semana. No Ano Santo extraordinário da Misericórdia, os
cristãos são chamados à solidariedade com aqueles que mais sofrem com o frio: todo o tipo de doação aos ‘irmãos da rua’ pode ser entregue em paróquias, comunidades e organismos da Arquidiocese de São Paulo Páginas 12 e 13
Encontro com o Pastor Arrepender-se dos pecados: caminho para encontrar a misericórdia de Deus Página 3
Editorial Um apelo à unidade da oração diante do terror extremo Página 2
Espiritualidade Dom Devair Araújo da Fonseca: Quando a esperança vence Página 5
Com a Palavra Ricardo de Faria: Por uma Economia de Comunhão Página 15
Comportamento Dr. Valdir Reginato: A felicidade encontrada na simplicidade Página 6
Jovens da Arquidiocese a caminho da JMJ O Setor Juventude da Arquidiocese promoveu no sábado, 11, um retiro em preparação à Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá em Cracóvia, na Polônia, em julho. Os jovens participaram da missa de envio, presidida pelo Cardeal Scherer. Nos últimos meses, os peregrinos fizeram variadas ações com vistas a arrecadar recursos para ida à JMJ. Página 23
2 | Ponto de Vista |
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Editorial
Unidade na oração
N
a madrugada do último domingo, dia 12, um jovem matou 50 pessoas e feriu outras 53 numa boate em Orlando, na Flórida, nos Estados Unidos. Ele próprio morreu no atentado, num confronto com a polícia. O local era um ponto de encontro da comunidade LGBT. O atirador era muçulmano e o Estado Islâmico declarou que ele era um de seus “guerreiros”. O próprio pai do rapaz afirmou que ele ficava escandalizado e enraivecido ao ver pessoas com comportamento homossexual. O atentado recolocou em pauta a proliferação de armas de fogo nos Estados Unidos. Todas essas informações, amplamente divulgadas pela mídia, são importantes e devem ser levadas em
consideração. Porém, existe um fato que vem antes, um dado fundamental para que todas essas informações não gerem mais preconceito, insegurança e violência. “Por favor, tenham a todos [as vítimas do atentado] em suas orações enquanto lidamos com este evento trágico. Obrigado por seus pensamentos e seu amor”. A boate Pulse, onde ocorreu o massacre, postou esse pedido em sua página no Facebook aproximadamente quatro horas após o tiroteio. Assim, iniciou-se nas redes sociais norte-americanas um movimento “Reze por Orlando”. Diante do horror e da tragédia, o coração de todo ser humano sente a necessidade absoluta da misericórdia e do amor do Eterno. Numa declaração sobre
o atentado, o Padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, disse que o Papa Francisco se unia às famílias das vítimas na oração e na compaixão. Em sua simplicidade e aparente impotência, as palavras da Igreja falavam diretamente ao coração daqueles que mais estão sofrendo com a tragédia. Ao mesmo tempo, a declaração empregava uma das poucas palavras que podem realmente superar o ódio e o ressentimento causados pelo preconceito: compaixão, que não é a piedade hipócrita imaginada pela mentalidade atual, mas a capacidade de estar com o outro em sua paixão, sua dor e seu amor. Sem essa paixão sincera e compartilhada com o outro, os discursos de tolerância – por mais justos que sejam – não farão com
que cada um de nós se torne realmente melhor, mais capaz de amar e ser feliz no amor. O site católico Aleteia, em sua edição norte-americana, comentando o evento, termina com uma pequena e singela ladainha para todos os santos, pedindo a paz. O último verso é particularmente eloquente: “Beato Charles de Foucauld e Mártires de Tibhirine [que se dedicaram a conviver com os muçulmanos e foram mortos por eles], rogai por um fim à violência louca do extremismo islâmico, e intercedei para que os muçulmanos pacíficos possam evitá-la”. Da verdadeira compaixão e da oração sincera nasce a unidade, que é a maior força da paz e a única resposta à altura do sofrimento humano.
Opinião
A cidade, as eleições municipais e a ‘cultura do encontro’ Arte: Sergio Ricciuto Conte
Klaus Brüschke Neste ano, teremos eleições municipais. Os partidos políticos já afiam facas na disputa da cadeira de prefeito e abrem suas portas a candidatos a vereador… O legislador foi sábio ao destacar essas eleições daquelas federais e estaduais. A importância política da cidade é única. É nela que moramos, trabalhamos, nos locomovemos, estudamos, nos divertimos… É a cidade o espaço onde nos encontramos e desencontramos, crescemos em meio a possibilidades e obstáculos, exercitamos nossa identidade e diversidade. É o lugar privilegiado em que acontece a “cultura do encontro”, preconizada pelo Papa Francisco. Pio XII dizia que a política é a forma mais alta da caridade. E Chiara Lubich, a fundadora do Movimento dos Focolares, explicava: “A tarefa do amor político é criar e proteger as condições que permitem a todos os outros amores florescer: o amor dos jovens que desejam se casar e precisam de casa e trabalho, o amor de quem quer estudar e precisa de escolas e livros, o amor de quem se dedica à própria empresa e precisa de estradas, ferrovias, regras certas. A política é, portanto, o amor dos amores, que recolhe, na unidade de um desígnio comum, a riqueza das pessoas e dos grupos, consentindo a cada um realizar livremente a própria vocação… A política pode ser comparada ao pedúnculo
de uma flor, que apoia e nutre o renovado desabrochar das pétalas da comunidade”. As questões da nossa cidade – como os espaços de convivência, de cultura e de lazer, a mobilidade e a segurança, o desenvolvimento urbano, a gentrificação e a sustentabilidade, os recursos naturais e aqueles financeiros, as imbricações com o entorno em nível estadual, nacional e mesmo internacional
etc. – podem ser tratadas tendo as relações fraternas como critério norteador e de avaliação. Relações capazes de fazer dos habitantes um “corpo político” que ultrapassa a esfera da utilidade material e alcança a dimensão do bem comum, como já ensinava Aristóteles. Relações que, para os cristãos, se inspiram no fato de nos reconhecermos todos filhos de um único Pai e irmãos uns dos outros, reconheci-
mento que não se limita à esfera religiosa, mas se traduz em participação, iniciativas, projetos, leis, instituições, enfim, em “cultura política”. Por isso também, três cuidados precisam ser tomados nestas eleições municipais: 1) que elas não se contaminem pela crise política federal e pelas narrativas dos diversos grupos políticos; 2) que não se caia num sebastianismo: como no século XVI, quando os portugueses esperavam a volta do rei Dom Sebastião, morto em batalha, para conduzir o país à glória, pode-se esperar por um candidato brilhante, que livre a cidade de todos os seus males; 3) que não se descuide da escolha dos vereadores, a partir do cardápio oferecido nos programas eleitorais gratuitos, em que candidatos prometem segurança, saúde, educação, emprego… O período pré-eleitoral é, pois, um ensejo oportuno para debatermos, articuladamente, o projeto de cidade que almejamos e o confrontarmos com os programas dos partidos e dos candidatos. Dessa forma, votar não será o mero uso de nossa soberania popular para transferir o poder a alguém que, em nosso nome, encontre soluções para nossos problemas. Será uma das formas – ao lado de tantas outras – de expressarmos a cidadania, a corresponsabilidade por nosso destino comum. Klaus Brüschke é membro do Movimento dos Focolares, ex-publisher da Editora Cidade Nova e articulista da revista Cidade Nova.
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
Semanário da Arquidiocese de São Paulo
Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Fernando Geronazzo • Institucional: Rafael Alberto e Renata Moraes • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Maria Aparecida Ferreira • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.
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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
O
Jubileu da Misericórdia ajuda a refletir sobre alguns aspectos centrais da nossa fé e vivência religiosa. “Precisamos sempre contemplar o mistério da misericórdia. É fonte de alegria, serenidade e paz”, ensina o Papa Francisco na Bula Misericordiae Vultus, com a qual promulgou o Ano Santo extraordinário da Misericórdia (nº 2). De fato, o homem soberbo, que pensa poder dispensar a misericórdia de Deus e não reconhece ter pecados, não tem paz, pois coloca a sua confiança e redenção, em última análise, apenas em si mesmo. Não precisa de mais ninguém, nem de Deus. Basta a si mesmo. Será mesmo? Para todos chega a hora de experimentar os próprios limites e de agarrar a mão que se estende e oferece ajuda. Por que não aceitar? As leituras do 11º Domingo do Tempo Comum, 12 de junho, vão nessa direção. O rei Davi bem que achou que já podia fazer o que queria, sem a necessidade de respeitar a Deus, nem aos homens (cf Sm 17, 1-13). Seguindo simplesmente sua paixão e dominado por ela, cometeu adultério e ainda mandou matar o marido da mulher, para casarse com ela. Mas teve que ouvir o profeta Natã: “Por que desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o que lhe desagrada?” Davi caiu em si e reconheceu: “pequei contra o Senhor!” Com essa confissão humilde de sua culpa e de seu limite, reconheceu que, também ele, apesar de rei, tinha que observar a lei de Deus e ser
Teus pecados estão perdoados. Vai em paz! fiel à palavra do Senhor. A oração e a confissão de Davi, rei arrependido e penitente, está no salmo 50, que também nós continuamos a recitar: “Pequei, Senhor, misericórdia!” Deus lhe perdoa e renova para ele seus favores e sua bênção. A misericórdia de Deus é maior que nossos pecados e nos renova, quando nos arrependemos. A outra cena extraordinária sobre o pecado do homem e a misericórdia de Deus está no trecho do Evangelho de São Lucas (7, 36-50), também lido no domingo passado. Jesus está à mesa em casa do fariseu Simão. Os fariseus tinham-se por íntegros no cumprimento da Lei de Moisés; eram soberbos, primavam pela sua perfeição ritual e confiavam nos próprios méritos. Não precisavam da misericórdia de Deus. Jesus censurou diversas vezes essa santidade falsa e fingida: “Sepulcros caiados, brancos por fora mas, por dentro, cheios de podridão!” Durante a refeição, entrou na casa de Simão uma mulher pecadora, sem ser convidada. Chega-se a Jesus, chora e banha os pés dele com as lágrimas, enxuga-os com os cabelos; beija-os e os unge com perfumes. Em seu coração, o fariseu pensa mal de Jesus e da mulher: “Se Jesus fosse um profeta, ele não deixaria fazer o que essa mulher faz, pois é uma pecadora conhecida na cidade!” Ele nem precisa falar, e Jesus já compreende seu pensamento: “Simão, quero lhe dizer uma coisa”. O fariseu respondeu educadamente: “Pode falar, Mestre!” E Jesus conta a história dos dois devedores inadimplentes e
incapazes de saldar sua dívida; ambos foram perdoados pelo patrão. Quem amará mais o patrão? Claro, aquele que foi perdoado da dívida maior! E Jesus cobra de Simão: tudo o que esta mulher fez, era você quem devia fazer para demonstrar amor e boa acolhida em sua casa: lavar os pés do hóspede, dar o beijo de boas-vindas, ungir com óleo a cabeça do hóspede... E não fez. Ela fez tudo isso com muito amor, chorando de arrependimento e reconhecendo que Jesus é um profeta, e muito mais que isso: que também pode perdoar seu pecado. Por isso, Jesus diz a ela: “mulher, teus pecados estão perdoados. Vai em paz, a tua fé te salvou!” Ela teve fé na misericórdia de Deus, que se fazia presente ali mesmo, na pessoa de Jesus, o Filho de Deus. Teve a coragem de enfrentar tudo, mesmo aquele ambiente farisaico, porque teve confiança em Jesus, reconhecendo nele o rosto misericordioso de Deus – “misericordiae vultus” - entre os homens. A soberba religiosa ou a indiferença em relação a Deus levam à insegurança e à falta de paz. Como pode alguém estar totalmente seguro de seus próprios méritos, sem se submeter ao juízo de outrem? E quando se trata da vida eterna, como pode alguém achar que se salva sozinho, sem passar pela aprovação do julgamento de Deus?! A aceitação da misericórdia de Deus e dos próprios limites, com a confissão humilde do pecado, traz serenidade e paz. E quem o faz, pode ouvir as mesmas palavras ditas por Jesus à mulher: tua fé te salvou, vai em paz!
| Encontro com o Pastor | 3 No Conselho Permanente da CNBB
O Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, participa até quinta-feira, 16, em Brasília, da reunião do Conselho Permanente da CNBB. O objetivo principal do encontro será avaliar os trabalhos e frutos da 54ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, realizada em abril, e votar o tema central da Assembleia de 2017. Na programação estão previstos outros assuntos como reflexões sobre a Exortação Amoris laetitia, do Papa Francisco, exposição do Grupo de Trabalho de Enfrentamento ao Tráfico Humano, projeto da Cáritas “10 milhões de estrelas”, prêmios de comunicação da CNBB, projeto Igreja-irmãs e estudo de proposta de um diretório para a Pastoral Vocacional.
Celebração de Santo Antonio Padre Luiz Claudio Braga
Na segunda-feira, 13, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu missa na festa do padroeiro da Paróquia Santo Antônio da Barra Funda, concelebrada pelo Padre Luiz Claudio Braga, pároco. Ao final da missa, Dom Odilo abençoou os pães de Santo Antônio.
Tweets do Cardeal @DomOdiloScherer 14 - “Ó mestre da Verdade! Ó luz da santa Igreja! Santo Antônio, cumpridor da lei divina, rogai por nós a Cristo”. 9 – “Deus onipotente, em vós não há trevas; fazei que vossa luz resplandeça sobre nós e, acolhendo vosso preceito, sigamos fielmente o vosso caminho” 8 – “Deus eterno, para quem mil anos são como o dia de ontem que passou, lembrai-nos que a vida é como a erva que de manhã floresce e à tarde fica seca”
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4 | Fé e Vida |
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Você Pergunta Deus castiga quem fez promessa e não cumpriu? padre Cido Pereira osaopaulo@uol.com.br
A Maria Souza, de Fortaleza (CE), me escreveu dizendo: “Padre Cido, estou feliz por ter esse espaço pra tirar dúvidas sobre nossa fé. Quero saber se uma promessa não cumprida resulta em castigo para quem não a cumpriu? Motivo: fizeram uma promessa para o meu filho não cortar o cabelo duran-
te cinco anos. Se eu não aceitar, meu filho pode ser castigado? A pessoa que fez a promessa foi uma tia. Não seria ela que deveria cumprir a promessa?” Boa pergunta, Maria. Pena que você não deu os detalhes sobre o que motivou a promessa e se a graça foi alcançada. Você faz uma observação importante. Fazer promessa para outros cumprirem não me parece justo.
Escute só: minha irmã mais nova foi mordida por um cachorro louco. No desespero, minha mãe fez uma promessa de vesti-la como a Izildinha, uma menina tida como santa nos anos 50. Foi fácil cumprir a promessa, mas quem cumpriu foi minha irmã que nem sabia por que devia se vestir como a santinha, cujo rosto era mostrado numa lata de aveia. Outro exemplo: o meu ir-
Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE DIÁCONO PERMANENTE COMO ASSISTENTE PASTORAL Em 29 de abril de 2016, foi nomeado e
provisionado Assistente Pastoral “ad nutum episcopi” na Paróquia Menino Jesus, na Região Episcopal Sant´Ana, Setor Pastoral Tucuruvi, o Diácono Permanente Vinício de Andrade Silva. Reprodução
mão, desesperado para encontrar um emprego, prometeu a Nossa Senhora Aparecida oferecer a ela o seu peso em velas. Coitado. Com quase 90 quilos, ele entrou em parafuso, sem saber como cumprir a promessa. Eu volto a repetir, Maria, o que falo a todos que me questionam sobre votos e promessas. O que mais agrada a Deus é viver uma vida em comunhão com Ele, é praticar as obras de misericórdia, é praticar a fé que professamos com os nossos lábios. Por isso, minha irmã, corte
os cabelos de seu filho e ajudeo a agradecer a graça recebida, ajudando alguém necessitado. Lembre-se do que disse Jesus: “Tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, estava nu e você me vestiu. Estive doente ou na prisão e você foi me visitar.” Ai estão lindas promessas a serem feitas e lindas promessas para substituírem aquelas que fizemos sem pensar na dificuldade em cumpri-las e se elas agradam mesmo a Deus ou não. Deus a abençoe, minha irmã!
Liturgia e Vida 12º DOMINGO DO TEMPO COMUM 19 DE JUNHO
Nossa fortaleza e salvação ANA FLORA ANDERSON A antífona de entrada deste domingo proclama que Deus é a força de seu povo, nossa fortaleza e salvação. A oração do dia nos faz lembrar o amor de Deus e pedir a graça de amá-lo por toda a vida. A primeira leitura (Zacarias 12, 10-11; 13,1) nos apresenta um exemplo desse amor. O povo de Israel, como todos os povos, nem sempre tratava os vizinhos ou inimigos segundo o ensinamento de Deus. Porém, o Senhor Deus promete que Ele concederá um espírito de graça e de oração que levaria o povo a chorar o mal que fez aos outros. O amor de Deus perdoa os pecados e purifica o pecador. Na segunda leitura (Gálatas 3, 26-29), São Paulo ensina que pela fé e pelo Batismo,
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fomos revestidos do próprio Cristo. Assim, tudo que poderia ter nos dividido no passado não existe mais. O amor de Deus uniu a humanidade superando as diferenças de raça, classe ou sexo. Existe um só povo em Jesus Cristo. O Evangelho de São Lucas (9, 18-24) narra o diálogo de Jesus com os discípulos sobre o ato de fé na pessoa dele. No meio do povo, há alguns que veem em Jesus a volta de João Batista e outros pensam que Ele é um dos grandes profetas do passado. Jesus, porém, quer saber o que seus discípulos pensam. Em nome de todos, Pedro diz que Jesus é o Messias Salvador, prometido por Deus. Jesus responde falando de sua morte e pedindo que quem o queira seguir compreenda que para salvar a vida deverá perdêla pelo bem dos outros.
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Espiritualidade Quando a esperança vence Dom Devair Araújo da Fonseca
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Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia e vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação
a Sagrada Escritura, encontramos muitas narrativas dos dramas humanos vividos por homens e mulheres, iluminados pela experiência de fé. São dramas familiares, como o de Caim e Abel, ou subversões sociais, como a luta pelo poder travada entre Saul e Davi. Também existem conflitos que envolveram riscos à sobrevivência, como o êxodo no tempo de Moisés, a fome no tempo de José ou a migração no tempo de Noemi e sua família. Esses são alguns dos exemplos nos quais a experiência de fé ajudou a superar a crise e restabelecer a paz, pessoal e social. A história de Noemi é contada no Livro de Rute, que começa dizendo que houve um tempo de grande fome, e isso obrigou essa família a migrar para terras estrangeiras. Em outro país, com uma cultura diversa, também surgiram conflitos culturais e religiosos, pelo casamento dos dois filhos com mulheres pagãs. A história de Noemi se tornou ainda mais dramática quando, depois da morte do marido, morreram também os dois filhos. Na condição de uma viúva sem descendência, Noemi despediu as duas no-
ras e decidiu retornar ao seu país, para minho da fé ou simplesmente lamentanchorar sua amargura e morrer. Quando do e murmurando pela sua própria dor. No fim da história, Noemi recebeu em meio às crises humanas parece não haver mais esperança, eis que acontece nos braços Obed, o filho de Rute, e viu algo surpreendente. Rute, uma estran- nessa criança o sinal da bondade divina, geira e viúva de um dos filhos de Noe- que lhe concedeu uma descendência. Mas mi, não abandonou a sogra, mas seguiu a promessa de Deus aponta para uma reacom ela e disse: “Para onde fores, irei lidade ainda maior: “Booz gerou Obed, de também, onde for tua moradia, será Rute. Obed gerou Jessé. Jessé gerou o rei também a minha; teu povo será o meu Davi.” (Mt 1, 5-6), e essa genealogia segue povo e teu Deus será o meu Deus. Onde e chega a Jesus, o Filho de Deus. Pela sua encarnação, Jesus particimorreres, quero morrer e ser sepultada.” (Rt 1, 16-17) pou da nossa humanidade, de nossas Mas o retorno de Noemi não foi pro- dores e sofrimentos. Ele assumiu a conpriamente uma volta “pelo caminho suave”. “Para onde fores, irei também, Chegando a Belém, ela mesma se denominou onde for tua moradia, será como “Mara”, isto é, a também a minha; teu povo será amarga. As duas mulhe- o meu povo e teu Deus será res passaram, então, a o meu Deus. Onde morreres, viver da caridade de um quero morrer e ser sepultada.” (Rt 1, 16-17) parente e do trabalho de Rute, que coletava os restos deixados pelos trabalhadores do dição humana a partir de um povo, e campo. Os acontecimentos seguintes mis- de uma realidade concreta, feita de hoturam histórias de família, promessas, dí- mens e mulheres, com seus pecados e vidas de tradição e de honra, e, por fim, suas virtudes. um casamento arranjado. Assim, cada história humana não é A vida dessas duas mulheres seria ape- apenas uma sucessão de fatos, que podem nas mais uma história triste, se não fosse provocar dor ou alegria. Cada fato, cada pela experiência de Deus envolvendo passagem da nossa vida, está ligada ao cada acontecimento, do princípio ao fim. acontecimento maior da nossa redenção e Acontecimentos trágicos e sofrimentos salvação. Em Cristo, tudo o que foi assusão realidades pelas quais todos nós pas- mido, foi redimido. O que Noemi acredisamos, são nossas crises pessoais. A dife- tou e contemplou pelos sinais, nós vimos rença está na forma como cada pessoa se cumprido e realizado em Jesus Cristo. Ele coloca diante dos sofrimentos, se pelo ca- é a nossa esperança.
| Fé e Vida | 5
Fé e Cidadania Feminicídio Padre Alfredo José Gonçalves, CS A emergência da própria palavra é marca registrada dos tempos. Não se trata apenas de machismo, um conceito ao qual nos referimos em voz baixa, como se fosse coisa do passado. Fazemos o mesmo com o racismo e outros estigmas. Navegamos à superfície dos fatos, com medo de mergulhar o olhar, as perguntas e as inquietações nas correntes profundas. O machismo encontra-se graniticamente ancorado na sociedade patriarcal desde os tempos remotos. Resíduo de um comportamento desequilibrado e, no fundo, duvidoso da virilidade do homem-macho. Grita-se e levanta-se o punho para espantar a fraqueza oculta. Aqui o grito é sinal da falta de razão. O machismo representa a negação do próprio conceito de homem, como parceiro da mulher. Sua violência, porém, costuma se abater sobre as pessoas que nos são mais vizinhas, vitimando especialmente mulheres e crianças. Dois exemplos. Na Itália, desde o início de 2016, cerca de 50 mulheres (namoradas, noivas, esposas ou “ex”) foram exterminadas por seus parceiros. Não raro o são de forma bárbara, com a crueldade adquirindo primazia gratuita. No Brasil, recentemente, o estupro ocupou os primeiros espaços dos notitiários. Parece que o início de uma relação dá ao homem o direiro de posse sobre a mulher, condenando-a a uma submissão absoluta, a tal ponto que ela se vê numa gaiola sem saída, trancada dentro de casa, como na lenda do joão-de-barro. Observações e desafio. Primeiro, a banalização do amor. Em vez de buscar uma companheira e construir juntos um projeto de vida, muitas vezes está em jogo um experimento, que pode ou não começar pelas redes sociais. Disso pode resultar o uso e abuso da pessoa “amada”, seguido de um descarte puro e simples. Mas, a meio caminho, o relacionamento pode assumir uma dimensão pegajosa, doentia e mórbida – de uma possessão patológica. Então, não estamos longe da tragédia, na qual a vítima é quase sempre a mulher. Segunda observação: banalização da violência. O número de golpes, o requinte de tortura, as marcas no corpo, a queima do mesmo – tudo isso faz pensar na regressão à barbárie nas ligações íntimas. Não tenho a competência nem o espaço para me deter sobre a história das relações amorosas. Mas tudo indica que, ao abrigo das quatro paredes, escondem-se resíduos primordiais animalescos (com respeito pelos animais), seja no convívio brutal de tantas famílias, seja no encontro eu-tu. Desafio: como explicar o silêncio de governos, igrejas, instituições, movimentos, ONGs, entre outros atores, sobre crimes tão hediondos? As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.
6 | Viver Bem |
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Comportamento
A felicidade na simplicidade Valdir Reginato
Existiu na antiga Grécia um filósofo chamado Epicuro, a quem ficou relacionado o conceito de um modo de vida voltado aos prazeres. No entanto, o que de fato Epicuro defendia era uma vida muito simples. Os seus maiores prazeres estavam em conviver com os amigos, alimentar-se de legumes e frutas, sendo o queijo considerado por ele um manjar. Além disso, afirmava que deveríamos ter autonomia para não dependermos muito das necessidades dos bens materiais. Para concluir sua tese para a felicidade, recomendava que refletíssemos, com frequência, sobre o sentido que dávamos ao nosso comportamento na vida. Apesar de alguns criticarem ainda hoje seu estilo um tanto hedonista (o prazer por centro da vida), em Epicuro verificase o ditado popular: “ninguém é tão pobre que não possa dar algo, assim como ninguém é tão rico que nada possa receber”. Ou seja, ainda que se critique o antigo filósofo nos seus hábitos – ele viveu há mais de 2 mil anos não podemos negar que ele ainda tem o que contribuir ao estilo de comportamento que muitas pessoas vivem no século XXI. O cotidiano frequentemente leva a nos acostumarmos com muitas situações que perdem a sua “graça” por se tornarem rotina. Quando dispomos de um tempo, vamos em busca de algo mais sofisticado, diferente, que possa nos distanciar do comum. Será que assim alcançamos momentos de maior alegria, ou mesmo a felicidade? Nem sem-
pre. O esforço desproporcional quando se pode, o valor de empode contribuir para a frustra- penhar-se por algo diferente ção do que se desejava. Exem- que possa agradar mais. O que plo marcante está no almoço de não se pode esquecer é que podomingo. Verifica-se com ante- demos e devemos encontrar a cedência um lugar. Procura-se felicidade nas coisas simples da chegar mais cedo. Até econo- vida, como agradecer a beleza miza-se para se pedir um prato da flor do jardim (que passamais caro. Consegue-se uma mos todos os dias sem notar); o mesa, que pode demorar horas, “bom-dia” sorridente do vizinho almoça-se com os olhos apressa- idoso sentado na porta de casa, dos do garçom pela fila, com o quando saímos; o sol que, ponfilho olhando mais no celular do tualíssimo, se apresenta todos os que falando com você, e corre-se dias; o emprego que nos permite o risco do cozinheiro ainda não estar Apesar de alguns no seu melhor dia. É evidente que criticarem ainda hoje quebrar a rotina e seu estilo um tanto esforçar-se por ofehedonista (o prazer recer algo diferente e melhor à família é por centro da vida), muito recomendá- em Epicuro verificavel. Contudo, Epicuro dizia que mais im- se o ditado popular: portante que o lugar “ninguém é tão pobre e a própria comida, que não possa dar algo, era pensar na companhia com quem assim como ninguém se faz a refeição. é tão rico que nada De fato, uma boa macarronada com possa receber” frango, no quintal de casa (para se dizer que almoçou ganhar o pão; a saúde que nos fora), sem pressões, e muita con- permite trabalhar; a fé que nos versa (sem celulares), com doce alimenta a esperança do por que de banana de sobremesa e um estamos aqui. bom café, podem criar um ótiSimplicidade de vida, ou mo ambiente, se houver alegria seja, ser o que se é, independenna participação dos que estive- temente de onde estamos, prorem à mesa. curando comportar-nos melhor É preciso encontrar o en- a cada dia, sabendo que a vida canto do “macarrão com fran- depende de descobrir a riqueza go” em tantas circunstâncias da da felicidade nas coisas simples, vida, que a tornam mais simples, e não aguardar que a felicidade com menores dependências e só se encontrará nas riquezas. sofisticações, principalmente nos Dr. Valdir Reginato é médico de família, dias que se andam nos últimos professor da Escola Paulista de Medicina e terapeuta familiar. tempos. Insisto que não se nega,
Cuidar da Saúde Sarcopenia afeta a qualidade de vida dos idosos Cássia Regina Sarcopenia é a perda de massa e força na musculatura esquelética, que é mais acentuada durante o envelhecimento, mas que começa na fase adulta em pessoas com déficit nutricional e sedentárias. Podemos diagnosticar a sarcopenia por meio de exame físico, medindo a panturrilha. Trata-se de uma doença que influencia diretamente na vida cotidiana do idoso. Uma perda de massa muscular
implica em uma menor capacidade para a realização de tarefas do dia a dia, bem como em uma menor capacidade de equilíbrio em terrenos acidentados (ruas com desníveis e buracos), causando uma tendência a quedas, o que explicaria a grande quantidade de fratura em idosos. Sarcopenia e osteoporose são alterações que costumam ocorrer conjuntamente. Tentar prevenir a sarcopenia do idoso é uma proposta válida, que com certeza implica-
rá em uma melhora da qualidade de vida no decorrer do envelhecimento. Uma alimentação correta, associada à atividade física com exercícios de resistência, pode prevenir ou mesmo reverter quadros de sarcopenia fisiológica. Prevenir a sarcopenia significa melhor qualidade de vida e diminuição significativa das quedas e, por consequência, menor risco de fraturas. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com
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| Geral/Pastorais | 7
Ujucasp
União dos Juristas Católicos de São Paulo celebra decisão do CNJ que derruba proibição de crucifixos
A União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp) realizou sua assembleia ordinária na manhã de segunda-feira, 13, no salão da Paróquia Nossa Senhora do Brasil. Após oração inicial, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, disse estar satisfeito com o fato de a Instituição estar ganhando corpo e celebrou a recente decisâo do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que, com base em parecer da Ujucasp, derrubou uma medida administrativa adotada pelo Conselho Superior da Magistratura do Estado do Rio Grande do Sul, que determinava a retirada de todos os crucifixos das repartições públicas das dependências do Poder Judiciário em todo aquele Estado. A proibição da retirada de crucifixos e de demais símbolos religiosos no Rio Grande do Sul havia sido motivada por petição conjunta da Rede Feminista de Saúde; do Somos-Comunicação, Saúde e Sexualidade; da Themis-Assessoria Jurídica e Estudo de Gênero; da Marcha Mundial de Mulheres; da Nuance-Grupo pela livre Orientação Sexual; e da Liga Brasileira de Lésbicas. Em sua petição, as ONGs alegavam que a presença dos símbolos religiosos nas repartições do Poder Judiciário fere o princípio da laicidade do Estado. O Conselho Nacional de Justiça, além de reconhecer a inscontitucionalidade da decisão do Conselho Superior
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Membros da União dos Juristas Católicos de São Paulo participam de assembleia na segunda-feira, 13, na Paróquia Nossa Senhora do Brasil
de Magistratura gaúcho viu nela incentivo à intolerância religiosa e desrespeito à liberdade de culto e às convicções da maioria da população brasileira. “A proibição ou retirada dos símbolos existentes em repartições públicas ou em salas e sessões de Tribunais responde à visão preconceituosa daqueles que pretendem apagar os vestígios de uma civilização cristã, invocando a laicidade do Estado, quando, na verdade, professam um laicismo mais próximo do ateísmo do que da posição equilibrada da separação entre Igreja e Estado”, afirma Emanoel Campelo, relator do voto. Em sua fala, o Cardeal Scherer alertou
Comiar
sobre a necessidade de a Ujucasp manter a sua atenção e esforços, exigindo que as autoridades públicas zelem pelos direitos da família e que o Estado garanta moradia, saúde, educação e assistência social.
Boas-vindas aos novos associados
Foram apresentados e receberam as boas-vindas os novos associados da Ujucasp: Dra. Ana Paula Cerqueira Maciel, Dra. Glauciane Leonel Alves, Dr. João Bosco Coelho Pasin, Dr. Mairan Gonçalves Maia Junior, Dr. Matheus Jacob Fialdini; Dr. Markus Albuquerque Entelmann; Dr. Pedro Paulo Teixeira Manus;
Dr. Rafael José Nadim de Lazari; Dr. Renato Rua de Almeida e Dra. Tama Ambra Cioniavei.
Nova publicação
Dr. Ives Gandra da Silva Martins, presidente da entidade que reúne jurístas e advogados católicos de São Paulo, anunciou para o segundo semestre uma nova publicação da Ujucasp sobre a ideologia de gênero, que reunirá artigos dos doutores André Gonçalves Fernandes, Dávio Antonio Prado Zarzana Júnior, Edson Luiz Sampel, Paulo Henrique Cremoneze e Padre Ulisses Leva. (por Padre Michelino Roberto)
Pastoral da Pessoa Idosa
‘1º Encontrão Missionário Combate às situações Arquidiocesano’ acontecerá no dia 18 de violência contra os idosos A Comissão Missionária Arquidiocesana (Comiar) realiza no sábado, 18, das 8h às 16h, na Cúria de Santana (avenida Mal. Eurico Gáspar Dutra, 1.877, Santana), o 1º Encontro Missionário Arquidiocesano. Na oportunidade, haverá missa presidida por Dom Sergio de Deus Borges, bispo refe-
rencial da Animação e Ação Missionária na Arquidiocese. O tema do encontro “A Ação Missionária no contexto atual e na ação do Papa Francisco” será exposto pelo teólogo Paulo Suess. O evento também tem como meta articular um trabalho missionário mais unificado entre as regiões episcopais.
A Pastoral da Pessoa Idosa da Arquidiocese de São Paulo realiza na quartafeira, 15, a partir das 14h30, uma palestra por ocasião do Dia Internacional de Conscientização do Combate à Violência contra a Pessoa Idosa. A atividade será no auditório das Paulinas Livraria
(rua Domingos de Moraes, 660, próximo ao metrô Ana Rosa). Participarão o doutor Délton Esteves Pastore, promotor de Justiça de São Paulo, com atuação na área do Idoso; e o Padre Helmo Faccioli, assistente eclesiástico da Pastoral da Pessoa Idosa.
Divulgação
Divulgação
Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e vigário episcopal para a Educação e a Universidade, representou o Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, na sessão solene da Frente Parlamentar Ambientalista e pelo Desenvolvimento Sustentável, realizada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, no dia 6. A sessão, presidida pelo deputado Carlão Pignatari (PSDB), foi comemorativa pelo Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho.
Para comemorar os 30 anos da Pastoral da Saúde e de seu estatuto foi realizado, em 29 de maio, o 1º Congresso da Pastoral da Saúde do Estado de São Paulo, com o lema “Em defesa dos direitos sociais e suas lideranças”. Entre os palestrantes do evento estiveram Dom Benedito Gonçalves dos Santos, bispo referencial para Pastoral no Regional Sul 1; Padre João Mildner, assessor eclesiástico da Arquidiocese de São Paulo, e Padre Anísio Baldessin, representante da Província Camiliana.
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Destaques das Agências Internacionais
Filipe David
Correspondente do O SÃO PAULO na Europa
Estados Unidos
Adepto do Estado Islâmico assassina 50 pessoas em boate
‘Emersyn tocou centenas de corações’
Um homem abriu fogo contra os clientes de uma casa noturna com frequentadores homossexuais, em Orlando, na madrugada do domingo, 12, matando 50 pessoas e deixando dezenas de feridos. Foi o “tiroteio público” mais mortífero na história do País. Omar Mateen, 29, filho de pais afegãos, ligou para a polícia pouco antes de começar o tiroteio para dizer que agia em nome do grupo Estado Islâmico. O ataque durou até que o terrorista fosse morto pela polícia. O grupo terrorista, posteriormente, divulgou uma nota expressando que “o ataque que teve como alvo uma casa noturna para homossexuais, deixando mais de cem mortos e feridos, foi realizado por um soldado do Estado Islâmico”. Os pais de Omar disseram estar
Omar era violento e mentalmente instável e que costumava agredi-la quando estavam juntos.
Courtney Baker teve um bebê com Síndrome de Down. Quando estava grávida, seu médico lhe aconselhou o aborto. Agora, ela decidiu escrever-lhe uma carta para explicar por que ele estava errado: “(...) Estou triste porque esses pequenos batimentos cardíacos que você via cada dia não o maravilharam completamente. Estou triste porque os pequenos detalhes e o milagre daqueles dedinhos e pés, olhos e orelhas, não o surpreenderam. Estou triste porque você estava muito equivocado quando disse que um bebê com Síndrome de Down diminuiria nossa qualidade de vida. E dói o meu coração só de pensar que talvez você continue dizendo isso a algumas mães. Mas o que mais me entristece é que você não terá o privilégio de conhecer minha filha Emersyn, porque Emersyn não só aumentou nossa qualidade de vida, ela tocou centenas de corações. Ela nos deu um propósito e uma alegria que é impossível explicar. Ela nos deu grandes sorrisos, mais risadas e beijos doces dos que você conhecerá. Ela abriu nossos olhos à verdadeira beleza e ao amor puro.”
Fontes: BBC/ Heavy/ CNN
Fonte: ACI
Reprodução de Internet
Norte-americanos prestam homenagens a vítimas de ataque realizado em Orlando
surpresos pelo ataque e contaram que seu filho ficou muito irritado ao ver dois homens se beijarem. Sua ex-mulher, Sitora Yusufiy, disse que
Venezuela Médicos buscam ajuda da Igreja para crise de medicamentos Médicos do principal hospital do Estado de Aragua prepararam uma petição ao Papa Francisco e ao bispo da Diocese de Maracay, Dom Rafael Ramón Conde Al-
fonzo, para que intervenham na atual crise que tem provocado a escassez de material médico. O doutor Martinez Graterol foi o porta-voz do grupo e pediu “com a ajuda
de Deus, a solução ao grave problema da falta de material médico que há nos hospitais”. Segundo Dom Rafael, o governo nacional tem agravado a situação ao proi-
Chile
bir ajudas do exterior: “Confiamos que o coração dos governantes não seja duro ao ponto de manter essa proibição”. Fonte: Fides
Espanha
‘Estudantes’ arrombam igreja e destroem crucifixo Cardeal denuncia Ao final de uma manifestação de 150 mil pessoas – em grande parte estudantes do ensino médio e universitários – organizada pela Confederação de Estudantes do Chile (Confech), um grupo de jovens mascarados invadiu a igreja
Gratitud Nacional, quebrando a porta e levando a imagem de Jesus crucificado para a rua, onde ela foi destruída. O coordenador da Confech condenou o ato, dizendo que isso “não representa o ideal do movimento estudantil”. O recém-
empossado ministro do Interior, Mario Fernández, foi à igreja prestar sua solidariedade e disse que serão feitas investigações, “porque esse são indícios muito preocupantes e o governo não vai ignorá-los”. Fontes: ACI/ Fides
que há grupos organizados contra a família
O Cardeal Antonio Cañizares, arcebispo de Valência, denunciou há algumas semanas, durante uma homilia, os grupos que têm atuado contra a família. “Nós temos uma legislação contrária à família, produto de forças políticas e sociais às quais se unem movimentos e ações do ‘império gay’, de ideologias como o feminismo radical ou a mais insidiosa de todas, a ideologia de gênero”. Agora um grupo de feministas pressiona o governo a processá-lo por “incitar discriminação e ódio”. Em resposta, o Cardeal decidiu publicar sua homilia completa, juntamente com uma nota em que pergunta se defender a família é a mesma coisa que ser homofóbico. Ele também pediu a advogados “objetivos” que verifiquem se o que foi dito em sua homilia é contra a lei ou homofóbico. Fonte: Church Militant
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| Papa Francisco | 9
Programação das atividades do Papa Francisco na JMJ 2016 é divulgada Na quinta-feira, 9, foi lançado oficialmente o programa detalhado da visita do Papa Francisco à Polônia na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Cracóvia. Na ocasião, foram anunciadas também as imagens dos dois palcos dos Atos Centrais da JMJ, que já começaram a ser construídos. No Parque Blonia, em Cracóvia, acontecerão a missa de abertura da Jornada, a cerimônia de acolhida do Papa e a Via-Sacra da Juventude com o Pontífice. O Campus Misericordiae (imagem), em Wieliczka, será o local da Vigília com o Papa, no sábado, 30 de julho, e da missa de encerramento, no domingo, 31. Francisco chegará ao Aeroporto Internacional João Paulo II em CracóviaBalice em 27 de julho, onde será recebido
JMJ Cracóvia 2016
com uma cerimônia de boas-vindas. No mesmo dia, vai se reunir com autoridades e o corpo diplomático e fará visita
de cortesia ao presidente da República da Polônia. À noite, terá reunião com os bispos poloneses e fará uma saudação
‘Devemos lutar, com o mesmo vigor, pela meta tão ansiada da fome zero’ O Papa Francisco saiu do território do Vaticano na manhã da segunda-feira, 13, para uma visita de quase duas horas à sede do Programa Mundial Alimentar (PMA), onde foi recebido pela diretora executiva Ertharin Cousin. O Papa esteve na Sessão Anual do Conselho Executivo do PMA. Ele agradeceu os esforços e compromissos na luta contra a fome e recordou seu momento de oração diante do “Muro da Memória”, onde membros desse Organismo deram a própria vida
para que, mesmo no meio de complexas vicissitudes, não faltasse o pão aos famintos. “Memória que devemos manter para continuar a lutar, com o mesmo vigor, pela meta tão ansiada da ‘fome zero’. A credibilidade de uma instituição não se baseia nas suas declarações, mas nas ações realizadas pelos seus membros. São tantas as imagens que nos invadem onde vemos o sofrimento, mas não o tocamos; ouvimos o pranto, mas não o
aos fiéis reunidos na praça em frente ao Palácio dos Bispos de Cracóvia. A programação continua de 28 a 31 de julho e entre as atividades do Pontífice está a visita ao Mosteiro de Jasna Góra e uma oração na Capela da Imagem Miraculosa; a missa pelo aniversário de 1050 anos do Batismo da Polônia, a visita à Auschiwitz, onde o Pontífice irá caminhar pelo antigo campo de concentração, atravessando o portão de entrada sozinho e encontrando-se individualmente com 15 sobreviventes do campo. A programação completa está disponível no site www.krakow2016. com/pt. Fonte: www.krakow2016.com (redação de todas as notícias: Nayá Fernandes) L’Osservatore Romano
consolamos; vemos a sede, mas não a saciamos. Assim, muitas vidas entram e fazem parte de uma notícia que, em pouco tempo, acabará substituída por outra. E, enquanto mudam as notícias, o sofrimento, a fome e a sede não mudam, permanecem. Essa tendência – ou tentação – exige de nós um passo a mais e, por sua vez, revela o papel fundamental que instituições como a vossa têm no cenário global”, disse o Papa. Fonte: Rádio Vaticano
Solidariedade às vítimas do massacre de Orlando A Sala de Imprensa da Santa Sé publicou na segunda-feira, 13, uma nota em solidariedade às famílias das vítimas e dos feridos no massacre de Orlando, em que 50 pessoas morreram durante um ataque em uma boate gay. “O terrível massacre suscitou no Papa Francisco e em todos nós ‘os mais profundos sentimentos de execração e
condenação, dor e angústia diante desta nova manifestação de loucura homicida e de ódio insensato’. O Papa Francisco se une na oração e na compaixão ao sofrimento indizível das famílias das vítimas e dos feridos, e recomenda-os ao Senhor para que possam encontrar conforto”, afirma o documento. “Todos esperamos que se possam identificar
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e contrastar de modo eficaz, o quanto antes, as causas dessa violência horrível e absurda que perturba tão profundamente o desejo de paz do povo estadunidense e de toda a humanidade”, conclui o texto assinado pelo diretor da Sala de Imprensa, Padre Federico Lombardi. Fonte: Rádio Vaticano
“Esta não tem medo. Arrisca”, disse o Papa aos participantes do Congresso de Portadores de Necessidades Especiais durante audiência que ele concedeu no sábado, 11, no contexto do Jubileu dos Enfermos. A frase do Papa foi dita quando uma garotinha começou a se aproximar dele, sem se preocupar com os seguranças. “Vem, vem, vem”, disse.
Papa nomeia advogado argentino para Pontifício Conselho Justiça e Paz C
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O Papa nomeou como consultor do Pontíficio Conselho Justiça e Paz o advogado argentino Juan Grabois, cofundador do Movimento dos Trabalhadores Excluídos e da Confederação da Economia Popular, professor de Teoria do Estado e de Prática Profissional, respectivamente, na Universidade de Buenos Aires e na Universidade Católica Argentina. Grabois foi responsável por organizar os encontros do Papa com os Movimentos Sociais no Vaticano, em 2014, assim como a 2ª edição do Encontro durante a visita do Papa Francisco à Bolívia, no ano passado. Fonte: Rádio Vaticano
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Daniel Gomes
Destaques das Agências Nacionais
danielgomes.jornalista@gmail.com
Dom Cláudio Hummes será legado pontifício no Congresso Eucarístico Nacional Com a proximidade do XVII Congresso Eucarístico Nacional (CEN 2016), que será realizado em Belém (PA), entre 15 e 21 de agosto, o Papa Francisco nomeou no sábado, 11, o Cardeal Cláudio Hummes como legado pontifício – o enviado especial do papa – ao Congresso. Dom Cláudio é arcebispo emérito de São Paulo, prefeito emérito da Congregação para o Clero e atual presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia da CNBB. Ao comunicar a nomeação aos fiéis da Arquidiocese de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo metropolitano, leu a carta enviada pelo núncio apostólico do Brasil, Dom Giovanni d’Aniello, sobre a questão, também recordando o 4º centenário de fundação da cidade e do início da evangelização da Amazônia, celebrado em 2016. Nos últimos anos, Dom Cláudio visitou mais de 70 circunscrições eclesiásticas da Amazônia legal. Em entrevista à rádio Vaticano, o Cardeal comentou que o Congresso pretende falar da Amazônia missionária, a partir do tema “Eucaristia e Partilha na Amazônia Missionária”. O
Arcebispo emérito ainda pontuou que “o Congresso vai acontecer dentro de um momento de forte crise política e social no país, uma crise que tem no centro a corrupção de modo geral. Portanto, também será um momento em que tudo isso,
o que está ocorrendo no Brasil, deverá fazer parte das preocupações e dos enfoques deste nosso Congresso Eucarístico”. O último congresso eucarístico nacional aconteceu em 2010, em Brasília. Na ocasião, Dom Cláu-
dio também foi nomeado legado pontifício pelo Papa Bento XVI. Os interessados em participar do CEN 2016 ainda podem se inscrever pelo site http://cen2016.com.br Fontes: rádio Vaticano e CEN 2016 Comissão Episcopal para a Amazônia/CNBB
Com experiência de visitas a comunidades na Amazônia nos últimos anos, Dom Cláudio Hummes será legado pontifício do CEN 2016, em Belém
Regional Sul 1 da CNBB colaborará com evangelização na África A 79ª Assembleia dos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB, realizada em Aparecida (SP) entre os dias 7 e 9, foi concluída com o compromisso das dioceses paulistas de apoiarem um projeto missionário na Diocese de Pemba, em Moçambique, no continente africano. Durante a assembleia, os bispos analisaram o pedido do bispo de Pemba, Dom Luiz Fernando Lisboa, para que o Regional envie padres, diáconos, religiosos e leigos missionários àquela diocese e ajude a manter as paróquias locais. Segundo o presidente da Comissão da Ação Missionária e Cooperação Intereclesial do Regional Sul 1, Dom José Bertanha, a proposta da missão em Pemba será estruturada “a fim de enviar pessoas preparadas para a evangelização e o
trabalho pastoral, sejam sacerdotes, religiosas e leigos, como catequistas e casais que queiram contribuir com a missão”. Conduzida por Dom Airton José dos Santos, arcebispo de Campinas (SP) e presidente do Regional, e também pelo vice-presidente, Dom Pedro Luiz Stringhini, bispo de Mogi das Cruzes (SP), e pelo secretário Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, a assembleia foi espaço para a apresentação dos trabalhos realizados pelas comissões e organismos eclesiais e também para a reflexão do tema “Amoris laetitia no contexto da misericórdia e da missão” A temática foi apresentada pelos cardeais Dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida, e Dom
bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, a partir do estudo sobre a Amoris laetitia, “nasceu uma primeira preocupação, de que é preciso uma revitalização da pastoral a partir da Exortação Apostólica, considerando não apenas a Pastoral Familiar. Também foram dados os encaminhamentos para que na Assembleia das Igrejas, que acontecerá de 14 a 16 de outubro, se volte a estudar a Exortação. Naquela assembleia se espera um número maior de leigos, de casais e de outras realidades ligadas à família, com o objetivo de enriquecer a partilha e também novas propostas pastorais. Por meio dessa iniciativa, se quer melhorar os trabalhos que já estão sendo realizados”. Fonte: Regional Sul 1
Jovens, os mais afetados pelo desemprego
2ª Semana Nacional da Conciliação Trabalhista segue até o dia 17 O Conselho Superior da Justiça do Trabalho realiza até sexta-feira, 17, a 2ª Semana Nacional da Conciliação Trabalhista, que pretende mobilizar os 24 tribunais trabalhistas do País para buscar soluções rápidas e consensuais às disputas judiciais. A expectativa é que ocorram, ao todo, 30 mil audiências. Podem participar da ação grandes empresas, com elevada quantidade de funcionários e processos trabalhistas, e que apresentaram listas
Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo. De acordo com Dom Raymundo, na Exortação Amoris laetitia, o Papa Francisco aponta que nem todas as discussões doutrinais, morais ou pastorais devem ser resolvidas com intervenções magisteriais. Dom Odilo ressaltou que o Papa indica pistas de ação para viver o Matrimônio, a vida em família e a família na sociedade. “A Exortação pretende reafirmar com força não o ‘ideal’ de família, mas a sua realidade rica e complexa. Há nas suas páginas um olhar aberto, profundamente positivo, que se nutre não de abstrações ou projeções ideais, mas de uma atenção pastoral à realidade”, concluiu. Segundo afirmou ao O SÃO PAULO Dom Devair Araújo da Fonseca,
das causas nas quais estão dispostas a negociar um acordo. Na primeira edição da mobilização, em março de 2015, o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), que abrange a região metropolitana de São Paulo e a Baixada Santista, fez mais de 11,5 mil audiências. Foram fechados aproximadamente 4 mil acordos, com indenizações que superaram os R$ 60 milhões. Fonte: Agência Brasil
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou na sexta-feira, 10, a Carta de Conjuntura sobre o mercado de trabalho. De acordo com o documento, os jovens entre 14 a 24 anos foram os mais afetados pelo desemprego no primeiro trimestre deste ano. O desemprego nessa faixa etária subiu de 15,25% no quarto trimestre de 2014 para 20,89% no mesmo período de 2015, avançando entre janeiro e março de 2016 para 26,36%. Entre os adultos até 59 anos, o desemprego atingiu 7,91% no acumulado de janeiro a março. Ainda segundo o documento do Ipea,
a taxa de ocupação de jovens vem caindo desde 2013. O movimento observado entre os jovens é que estão deixando de ser ocupados para passar à situação de desempregados. Entre aqueles denominados “nem-nem”, que nem estudam, nem trabalham, a taxa permaneceu estável em 13%. Em dados gerais, o primeiro trimestre de 2016 teve o fechamento de 323 mil postos de trabalho com carteira assinada, contra 65 mil no ano passado, sendo 167,2 mil vagas perdidas no comércio e 67,5 mil postos formais a menos na indústria. Fonte: Agência Brasil
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| Política | 11 Arte: Jovenal Pereira
Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
As primeiras eleições sem financiamento empresarial de campanha José Luis da Conceição/OAB-SP
‘O desafio das eleições baratas & transparentes’ é assunto de evento promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil, na quinta-feira, 9
A operação Lava Jato deixou exposto um dos maiores escândalos de corrupção no País, com políticos e empresários de mãos dadas para roubar os cofres públicos e tirar dinheiro das maiores estatais da Nação. Na maioria dos depoimentos e delações premiadas, um assunto é sempre recorrente: valores de contribuição para as campanhas eleitorais. Políticos que tiveram suas campanhas pagas por empresas, e empresas que ganharam licitações, superfaturaram obras e com esse dinheiro deram mesadas e comissões a políticos e investiram em suas campanhas: um círculo vicioso que tem se repetido por anos, nas esferas municipal, estadual e federal. Este ano, porém, nas eleições municipais, em outubro – em que se elege vereadores e prefeitos - as regras serão outras. Está proibido o financiamento eleitoral por pessoas jurídicas. Na prática, isso significa que as campanhas eleitorais serão financiadas exclusivamente por doações de pessoas físicas e pelos recursos do Fundo Partidário. Antes da aprovação Lei nº 13.165/2015, conhecida como Reforma Eleitoral 2015, o Supremo Tribunal Federal (STF) já havia decidido pela inconstitucionalidade das doações de empresas a partidos e candidatos. “Não temos mais base jurídica para que uma empresa doe. Teremos a primeira eleição, ao longo de muitos anos, em que foi proibida a doação empresarial”, afirmou, ao O SÃO PAULO, Márlon Reis, doutor em Sociologia Jurídica e Instituições Políticas pela Universidade espanhola de Zaragoza, cofundador e membro do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (Mcce) e um dos redatores do texto da Lei da Ficha Limpa. Márlon participou do evento “O desafio das eleições baratas & transparentes”, promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil secional São Pau-
lo, na quinta-feira, 9, que contou com a palestra do norte-americano Craig Holman, especialista em Reforma do Financiamento de Campanha Eleitoral, Ética nos Governos, Prática de Lobby e Impacto do Dinheiro na Política da ONG norte-americana Public Citizen. Márlon apresentou informações de uma empresa, que ele não quis identificar, que em 2002 fez doações de R$ 200 mil e que em 2014 doou R$ 135 milhões. “Em algum momento, essa empresa decidiu que era importante eleger pessoas, de uma tal maneira que dos 513 deputados federais, 106 foram financiados por essa empresa, que é a maior do mundo em seu segmento”. De acordo Márlon, 354 deputados dos 513, ou seja, 70%, tiveram suas candidaturas financiadas por dez empresas. “Isso não é um financiamento feito pelo empresariado brasileiro, mas por um pequenino número de empresas que decidiu entrar para a política como empresa, para defender seus interesses empresariais e não para financiar a democracia. Temos representantes de empresas e não representantes da sociedade”. A mesma empresa citada por Márlon recebeu entre desonerações e financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) e de apoio governamental uma quantia de R$ 10 bilhões. “Não há mágica. De onde vem o dinheiro? O dinheiro veio dos cofres públicos”, afirmou. Para Márlon, esse debate não acontece apenas no Brasil, mas é um assunto discutido globalmente. “Não estamos tratando de financiamento de campanha apenas nos Estados Unidos e no Brasil, mas no mundo inteiro. Há poucos meses na Espanha, eclodiu um escândalo sobre financiamento de campanha, em Valência. Na Alemanha, há poucos anos, graves problemas relacionados a isso ocasionaram
a queda de um primeiro ministro”, contou.
Será que a grama do vizinho é mais verde?
Para Craig Holman o cenário das eleições norte-americanas está muito complicado. “As eleições de 2016 serão as mais caras, mais confusas, mais sombrias e as mais desreguladas que teremos na história de nosso País”, afirmou. Os gastos das eleições, de acordo com ele, ficarão na ordem de US$ 10 bilhões. Segundo o especialista, em 2010 houve mudança na Suprema Corte e o Tribunal passou a intervir e reverter leis de financiamento de campanha. O primeiro impacto foi o aumento de volume de dinheiro nas eleições federais a ponto de, em 2012, o País alcançar um recorde de gastos da ordem de US$ 7 bilhões. Holman chama atenção para a existência de grupos de origem obscura que ajudam a financiar as eleições. “Não são formados nem por candidatos, nem por partidos e não se sabe quem são. Podem ser até sindicatos criminosos, não sabemos, é um dinheiro sombrio”, acrescenta. No que diz respeito à realidade brasileira, Craig Holman fez um paralelo com os Estados Unidos na década de 1970, quando, após o escândalo que envolveu Richard Nixon, foi editada uma lei para financiamento de campanha bastante severa. “Pode ser um bom momento para uma reforma no Brasil”, concluiu.
Isso basta?
É preciso chamar atenção para o fato de que muitas doações são feitas de forma ilegal, ou seja, para além de proibir o financiamento empresarial de campanha, é necessário criminalizar a prática de caixa dois e aumentar a fiscalização sobre as campanhas políticas. (Com informações da OAB-SP)
Trabalho em conjunto
A Ordem dos Advogados do Brasil-São Paulo (OAB-SP) apresentou proposta de trabalho em parceria com a CNBB em prol da boa política. O encontro aconteceu, de maneira informal, na quinta-feira, 9, durante a 79ª Assembleia do Regional Sul 1 da CNBB, em Aparecida (SP). O presidente da secional paulista da OAB, Marcos da Costa, e o presidente da Comissão de Direito Administrativo da entidade, Adib Kassouf Sad, sugeriram aos bispos um trabalho junto à população a partir das próximas eleições, a ser desenvolvido em conjunto pela CNBB e OAB-SP. “Se pudermos unir as forças da CNBB e da OAB-SP, com toda a capilaridade de contatos com que temos com as nossas Subseções da Ordem em todo o Estado, assim como a rede de difusão da Igreja, realizando eventos e palestras que levem uma mensagem positiva e de formação política, sem, entretanto, qualquer conotação partidária, talvez possamos conseguir, em um futuro não muito distante, deixar algum fruto positivo para as novas gerações sobre a prática da boa política”, ponderou Marcos da Costa. “O que se pretende é levar educação para a cidadania. A OAB e a CNBB sempre estiveram juntas em muitas campanhas, o que produziu resultados fantásticos para a sociedade brasileira. Nessa quadra histórica difícil que passamos, com milhões de desempregados, temos ainda maior obrigação em auxiliar na construção do País que queremos e do tipo de sociedade que vamos deixar para as gerações futuras”, acentuou Adib Sad.
Eduardo Cunha
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira, 14, por 11 votos a favor e 9 contra, o relatório do deputado Marcos Rogério (DEM-RO), que pede a cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por quebra de decoro parlamentar. A reunião do Conselho de Ética concluiu, depois de oito meses, o processo contra o Presidente afastado da Câmara. Agora, o processo deve ser analisado em plenário. Para que Cunha tenha o mandato cassado, é preciso pelo menos 257 votos, a maioria absoluta dos 513 deputados.
Impeachment
Primeira testemunha de defesa a prestar depoimento à comissão do impeachment do Senado, o ex-secretário adjunto da Casa Civil, Gilson Bittencourt, afirmou que não houve ato da presidente Dilma Rousseff em relação aos pagamentos do Tesouro ao Banco do Brasil relativo a despesas do Banco Safra. Segundo Gilson, o que é conhecido como pedaladas ficais, no caso de Dilma, “não é uma operação de crédito e, sim, uma prestação de serviço” do governo afastado junto ao Banco do Brasil, para execução de compromissos do Plano Safra, que é um projeto de atendimento a pequenos e médios agricultores. Fontes: OAB, EBC e Congresso em Foco
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Fernando Geronazzo, Renata Moraes, Fábio Augusto da Silva e MilLena Guimarães osaopaulo@uol.com.br
Pouco se sabe sobre João Carlos Rodrigues, a não ser que ele tinha 55 anos e fazia pequenos “bicos” coletando material reciclável e montando a estrutura de palcos para shows da Prefeitura de São Paulo. Com o dinheiro desses pequenos trabalhos, ele alugou um quartinho na região da estação Belém do Metrô, onde o valor médio do aluguel de um cômodo simples é próximo a R$ 500. Mas os “bicos” acabaram e João teve que voltar para a rua. E foi atrás das escadarias do terminal de ônibus dessa mesma estação, na zona leste de São Paulo, que ele foi encontrado morto, sozinho, na manhã da sexta-feira, 10, dia em que os termômetros da Capital Paulista registraram temperatura mínima de 5 ºC. Ao seu lado, havia apenas uma mochila na qual ele guardava roupas doadas e documentos. “Nós o conhecíamos na convivência com o pessoal de rua, vinha na igreja buscar as coisas que necessitava”, relatou o Padre Julio Lancellotti, vigário episcopal para a Pastoral da Povo da Rua. Entre as coisas que João Carlos buscava na Paróquia São
Miguel Arcanjo, na Região Belém, estava o cobertor com o qual ele foi encontrado enrolado. João Carlos não foi a única vítima do frio que atingiu a Cidade nos últimos dias. Na avenida Paulista, cartão postal de São Paulo, próximo ao cruzamento com a não menos conhecida avenida Brigadeiro Luís Antônio, Adilson Roberto Justino, de idade não identificada, morreu na madrugada do domingo, 12. Uma testemunha chamou a Polícia Militar por volta das 4h, quando o encontrou sofrendo uma convulsão. Os policiais chamaram o socorro, mas Justino não resistiu. No bairro de Santana, na zona Norte, dois corpos não identificados também foram encontrados. Um, localizado na rua Doutor Gabriel Piza, próximo ao metrô Santana, na quinta-feira, 9, é de um homem. O outro é de uma mulher, achado na avenida Cruzeiro do Sul, perto do Terminal Rodoviário do Tietê, no domingo, 12. “Os dois casos de Santana, eu descobri quando estava indo ver a situação do morador morto na Paulista, e lá fiquei sabendo dessas duas pessoas que faleceram por conta do frio, o que acontece normalmente no período da manhã. Sempre há alguém que informa”, relatou o Frei Agostino, da Co-
Luciney Martins/O SÃO PAULO
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E se foss
Reprodução
NOTA Frio em São Paulo -‐ morte de moradores de rua
A Arquidiocese de São Paulo expressa profunda tristeza e preocupação pelos quatro moradores de rua, que morreram nas noites da semana em que a cidade de São Paulo enfrentou uma forte onda de frio: João Carlos Rodrigues, de 55 anos, foi encontrado perto da estação Belém do metrô; Adilson Justino, na Avenida Paulista; outras duas pessoas ainda não identificadas, na área do bairro de Santana. Tudo leva a crer que a causa próxima da morte deles foi o frio. Neste Ano Santo extraordinário da Misericórdia, que a Igreja Católica celebra, recomendamos a todas as paróquias, comunidades e instituições religiosas da Cidade a prática de obras concretas de misericórdia, como: acolher, alimentar, abrigar, aquecer, visitar, assistir, confortar os irmãos e irmãs que vivem nas ruas desta Metrópole. E que se multipliquem as iniciativas de solidariedade e o apoio às obras sociais dedicadas ao cuidado dos pobres. Aos Poderes Públicos apelamos a que se realizem ações emergenciais de socorro aos moradores de rua durante os dias frios e se promovam políticas estáveis e permanentes para assegurar a dignidade dessas pessoas. O “problema dos pobres” desafia toda a cidade de São Paulo a se mostrar acolhedora e sensível diante das necessidades do próximo. Mais do que seu patrimônio e riqueza material, vale cada ser humano, que nela habita e precisa ser acolhido e amparado. A maior riqueza da cidade são as pessoas sensíveis e solidárias diante dos sofrimentos do próximo. Elas humanizam a vida da cidade. Lembremos sempre as palavras de Jesus: tudo o que fizestes ao menor dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes (cf Mt 25,40). Isso mesmo também ensina a sabedoria popular: “o que se dá ao pobre, empresta-se a Deus”. São Paulo, 12 de junho de 2016 Pe. Júlio Renato Lancelloti Vigário para a População de Rua Cardeal Dom Odilo P.Scherer Arcebispo de São Paulo
munidade Voz dos Pobres, que também atua na Pastoral do Povo da Rua. Na madrugada da segunda-feira, 13, dia em que o Centro de Gerenciamento de Emergência (CGE) registrou a temperatura mais baixa dos últimos 12 anos em São Paulo (0 ºC), mais uma vítima foi encontrada, dessa vez diante do número 107 da rua Amazona, no Bom Retiro. Segundo a Polícia Militar, Nailson Paulo Batista, 51, passou mal no período da tarde. O Samu foi acionado, mas o rapaz já estava morto quando a equipe chegou ao local. Ele foi identificado por causa de uma carteirinha do posto de saúde que portava. Quem serão os próximos ‘Joãos’, ‘Nailsons’, ‘Justinos’, vítimas da noite fria nas calçadas, praças, diante de comércios, residências e monumentos? Como ajudar os que mais sofrem com as baixas temperaturas na “selva de pedra”? “O ‘problema dos pobres’ desafia toda a cidade de São Paulo a se mostrar acolhedora e sensível diante das necessidades do próximo. Mais do que seu patrimônio e riqueza material, vale cada ser humano, que nela habita e precisa ser acolhido amparado. A maior riqueza da cidade são as pessoas sensíveis e solidárias diante dos sofrimentos do próximo. Elas humanizam a vida da cidade”, afirma a nota da Arquidiocese de São Paulo, assinada pelo arcebispo metropolitano, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, e
pelo Padre Julio Lancellotti (veja a íntegra ao lado). “Lembremos sempre as palavras de Jesus: tudo o que fizestes ao menor dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes (cf. Mt 25,40). Isso mesmo também ensina a sabedoria popular: ‘o que se dá ao pobre, empresta-se a Deus’”, continua o texto.
Ajuda concreta
Em entrevista ao O SÃO PAULO, Ana Maria da Silva Alexandre, agente de pastoral e colaboradora da Casa de Oração do Povo da Rua, entidade ligada ao Vicariato Episcopal para o Povo da Rua, informou que além dos cobertores, meias e agasalhos, há a ncessecidade de doações de leite, chocolate, açúcar, margarina e água. “Tudo que chega de doação é prontamente destinado aos irmãos em situação de rua. Distribuímos as doações para diversos grupos que acolhem esses irmãos”. Ana destacou, ainda, que todas as noites os grupos se revezam para realizar a visita pastoral nas ruas, levando alimentos, cobertores, indicando locais e abrigos para os que desejam, e também evangelizando os irmãos. Padre Giampetro Carraro, fundador da Missão Belém, também destacou a situação emergencial da comunidade que acolhe por dia aproximadamente 40 pessoas em situação de rua e precisa de 200 quilos de arroz para alimentá-las. A Missão Belém também busca doações
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se...
você? de cobertores, agasalhos e roupas. Frei Tarcísio, da fraternidade O Caminho, que também atua no acolhimento aos pobres, disse ao Semanário da Arquidiocese, em maio, sobre a preocupação com os que mais sofrem no inverno. “Para aqueles que estão em situação de rua, é muito mais difícil. Às vezes, um cobertor numa noite fria pode salvar uma vida”. Para o Frei, o ato de vestir os nus é mais que uma obra de misericórdia. “O que nos move para ir ao encontro do irmão é o próprio Evangelho, é olhar as pessoas com misericórdia e enxergar o Cristo que há em cada uma delas”, disse, complementando que é durante o inverno que eles acolhem muitas pessoas em situação de rua com doenças respiratórias, como pneumonia e tuberculose. Segundo o Censo da População em Situação de Rua de 2015, feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads) da Prefeitura de São Paulo, são 15.905 pessoas em situação de rua na Cidade. Dessas, 13.046 são do sexo masculino e 52,7% do total estão na região da Subprefeitura Sé. Para Frei Agostino, esse número é maior. “A Prefeitura fala em 15 mil, mas segundo a Pastoral do Povo de Rua são 20 mil pessoas”. De acordo com o Padre Julio, que acompanha há mais de 20 anos essa realidade, a Prefeitura não disponibiliza abrigos
emergenciais em toda a Cidade para acolher os irmãos. Em nota, a assessoria de imprensa da Prefeitura de São Paulo respondeu que “a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads) registrou, desde o dia 16 de maio, mais de 240 mil acolhimentos por meio do programa Operação Baixas Temperaturas. Apenas neste final de semana, onde a temperatura chegou a 0 ºC grau na região Sul da cidade, a Prefeitura acolheu por dia, em média, 11 mil moradores em situação de rua. Durante a estação mais fria do ano, a Smads intensifica o trabalho na rede de abordagem. Normalmente, a rede de acolhimento da Prefeitura possui cerca de 10 mil vagas fixas, mas com o plano, a rede foi ampliada em mais 1.437 vagas emergenciais. Há, ainda, a possibilidade da abertura de alojamentos de emergência caso as 11.300 vagas ofertadas forem insuficientes. Ao serem encaminhadas a um equipamento, as pessoas em situação de rua têm acesso a acolhimento, com camas, cobertores, travesseiros, banho, alimentação e kits de higiene pessoal. Em 2015, foram 145.625 abordagens e mais de um milhão de acolhimentos”.
Vença o frio com solidariedade
As notícias das mortes por conta do frio geraram uma onda de solidariedade entre as pessoas, grupos,
famílias, associações, entidades e igrejas, com iniciativas em favor dos irmãos de rua. Nas redes sociais, as pessoas têm se mobilizado em campanhas de arrecadação de agasalhos, cobertores, meias e alimentos. A Arquidiocese de São Paulo, por meio da Cáritas Arquidiocesana de São Paulo, do Jornal O SÃO PAULO e da rádio 9 de Julho, iniciou em maio a Campanha do Agasalho 2016, orientando que as paróquias, comunidades, colégios e instituições coloquem uma caixa de papelão em lugar visível para arrecadação dos agasalhos. A campanha acontecerá enquanto o frio persistir. O material arrecadado pode ser distribuído no entorno das comunidades e poderá também ser enviado às seguintes entidades sociais: Centro de Referência para Refugiados, Aliança de Misericórdia, Missão Belém, Arsenal da Esperança, Casa do Migrante, Casa de Oração do Povo da Rua, ou para algumas outras das várias organizações da Igreja que trabalham com a população em situação de rua e abrigamento. O Centro de Juventude da Companhia de Jesus no Brasil (Anchietanum), dedicado à formação e ao acompanhamento da juventude, e o Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) estão realizando a Campanha “Doar é gesto de Solidariedade”, que arrecadará agasalhos, meias, roupas e cobertores para serem doados em diversos pontos da Cidade. A arrecadação ocorrerá até o fim de junho, podendo ser estendida até julho, nos dias de semana das 8h às 19h, ou em dias de atividade do Anchietanum. O endereço para a entrega das doações é na rua Apinajés, 2.033, Sumarezinho, próximo à estação Vila Madalena do Metrô. Campanhas de arrecadação de dinheiro via internet têm mobilizado diversas pessoas. Este é o exemplo da iniciativa do jornalista André Graziano, no site “Vakinha” (https:// www.vakinha.com.br/vaquinha/cobertores-2016), que arrecada dinheiro para a compra de meias e cobertores para as pessoas em situação de rua. A Campanha começou em 1º de maio e se encerra em 15 de agosto, com o objetivo de bater a meta de R$ 5 mil. Também a página do Facebook “Calor Humano” é voltada para arrecadar dinheiro a ser utilizado para comprar cobertores e meias, que serão distribuídos para entidades ligadas à Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo. O Arsenal da Esperança há muitos anos vem acolhendo moradores, abrindo suas portas diariamente para 1.200 homens que se encontram em dificuldades, o assim chamado “povo em situação de rua”: jovens e adultos que sofrem pela falta de trabalho, casa, alimentação, saúde e família. Segundo o Padre Lorenzo Nacheli, membro do Sermig – Fraternidade e Esperança, a média de pessoas acolhidas nestes tempos frios subiu para 1.250 homens por noite. Padre Reinaldo Torres, pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima,
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na Região Episcopal Brasilândia, diz que a campanha na igreja é um modo de facilitar o trabalho de todos os órgãos. “A iniciativa foi a pedido do Centro de Referência para Refugiados – Cáritas, em maio. No dia 13 de junho, fizemos a primeira remessa do que foi arrecadado, conseguimos encher um carro com produtos de higiene pessoal, roupas agasalhos e cobertores. Nosso objetivo é conseguir mais doações. Tudo o que for arrecadado vai para a Cáritas” explicou. Assim como a Paróquia na Brasilândia, a comunidade Missão Mensagem de Paz, com o grupo Expresso Amor e Paz, abriga alcoólicos e pessoas em situação de rua, e os leva para abrigos da Prefeitura e reabilitação. “Começamos no início deste mês, arrecadando blusas e cobertores e levando até as ruas do centro de São Paulo, principalmente nos locais mais necessitados como na Lapa e na Cracolândia”, afirmou Wellington Cardoso, membro da Missão. Desde segunda-feira, 13, o Convento São Francisco (largo São Francisco, 133, centro), dos frades franciscanos, está acolhendo emergencialmente os moradores em situação de rua, transformando um dos seus salões em um verdadeiro dormitório com várias camas. Pelas redes sociais, Frei Alvaci Mendes, pároco, pede doações de sabonetes, creme e escova dental, lâmina de barbear e shampoo. “Queremos acolhê-los com uma boa refeição, banho, corte de cabelo e um local seguro e protegido para dormir. Contamos com a ajuda de todos”, escreveu o Frei Diego Melo. Também pelo Facebook, a Paróquia São Gabriel da Virgem Dolorosa, na Região Episcopal Santana, convidou todos a levarem até a Paróquia produtos de higiene pessoal, agasalhos, alimentos e cobertores. Outra página do Facebook que propôs esse desafio foi a “SP Invisível”, que chegou à marca de 300 mil curtidas, incentivando todos para que quando forem ao trabalho, escola, faculdade ou qualquer lugar, levem uma blusa a mais para doar a quem passa frio nas ruas.
ONDE DOAR: Casa de Oração do Povo de Rua Rua Djalma Dutra, 3, Bom Retiro/Luz. Informações: (11) 3228-6223 ou (11) 99427-9070, com Ana Maria. Cáritas Arquidiocesana de São Paulo Rua Major Diogo, 834, Bela Vista. Informações: (11) 3115-2674. Fraternidade O Caminho Rua Djalma Dutra, 69, Bom Retiro/Luz. Informações: (11) 3661-1049. Comunidade Missão Belém Rua Doutor Clementino, 608, ao lado da estação Belém do Metrô. Informações: (11) 2694-2746.
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Base Nacional Curricular: avanços e limites Segunda versão do texto tem melhorias, mas ainda precisa de debate aprofundado Fernando Geronazzo osaopaulo@uol.com.br
Um documento que unifique os conteúdos a serem tradados nas salas de aula de todo Brasil para as diferentes etapas da formação escolar. A proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), elaborada pelo Ministério da Educação (MEC), em fase de discussões, ainda está longe de ser um consenso entre educadores, especialistas, parlamentares, pais e representantes da sociedade civil. A BNCC já era prevista desde a aprovação da Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (Ldben), em 1996, embora muitos consideravam que isso já estava contemplado nos Parâmetros Curriculares Nacionais, publicados entre 1996 e 1998, e as Diretrizes Curriculares Nacionais, publicadas entre 2009 e 2011. No Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado pelo Congresso Nacional em 2014, ficou definido que a Base deveria ser lançada até o final de 2016. Uma primeira versão da Base foi colocada em consulta pública em 2015. Até março de 2016, foram apresentadas aproximadamente 12 milhões de contribuições, o que resultou em uma segunda versão do texto, novamente disponibilizada para debate. Essa primeira versão foi muito criticada no próprio ambiente acadêmico quanto ao seu “viés ideológico”, sobretudo na área de ciências humanas, e pela redução significativa de conteúdos de gramática de língua portuguesa.
Delimitação de abordagens
Segundo Lenise Garcia, professora do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília (UNB) e atuante na formação de professores, a BNCC, além de propor os conteúdos, delimita o foco com o qual deveriam ser abordados. “Sabemos que é impossível haver uma visão totalmente neutra. Mas exatamente por isso, é importante que fique a liberdade para uma abordagem mais plural, na qual se tenha diferentes pontos de vista, que naturalmente vão haver até pela diversidade dos professores, dos livros etc. Se a Base Curricular já delimita que uma determinada abordagem é aquela que é adequada, vai completamente contra os próprios princípios da educação”. Também é questionada a extensão do documento, que tem 676 páginas. “Não
precisaríamos ter uma base curricular tão extensa e detalhada. Se a base simplesmente definisse o núcleo dos aspectos fundamentais a serem desenvolvidos, deixaria o espaço para maior flexibilidade na aplicação. Existe uma previsão de que até 40% dos conteúdos possam ser regionalizados, mas, de qualquer modo, há um detalhamento excessivo”, acrescentou a Professora. A secretária-executiva do Movimento pela Base Nacional Comum, Alice Andrés Ribeiro, reconheceu ao O SÃO PAULO que a Base Curricular ficou extensa. “A maior dificuldade nas discussões de currículo é retirar conteúdos, especialmente se pensarmos que as pessoas envolvidas são muito apaixonadas por suas áreas de atuação. Mas é importante notar que esse documento cresceu muito em termos de documentos introdutórios das diferentes áreas”, destacou.
sando competências, pois o PNE explicita que o MEC deve elaborar e encaminhar ao Conselho Nacional de Educação (CNE) a “proposta de direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento”. “O Congresso debateu o PNE por três anos e chegou à conclusão de que a Base Nacional deveria ser elaborada dessa forma”, disse Alice.
Formato do documento
Em um seminário organizado pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, em 31 de maio, entidades e movimentos ligados à educação, especialistas, professores e parlamentares debateram sobre a segunda versão da BNCC. No geral, os participantes concordaram que o texto é melhor em relação ao anterior, mas que ainda não é o ideal. Para o relator do seminário, Padre José Eduardo de Oliveira, doutor em Te-
sino Religioso, de caráter notadamente não confessional, embora apresentado como uma área específica... articula-se de modo especial à área de Ciências Humanas”. Alice Andrés considera que as fragilidades apontadas na primeira versão da Base já foram superadas. A questão de não haver conteúdos da história antiga ocidental, por exemplo, algo que foi criticado na primeira versão, agora está no texto. Quanto à necessidade de mais tempo de discussão, a especialista afirmou que se for necessário para o processo, isso terá que acontecer. “Mas, ao mesmo tempo, não podemos em nenhum momento perder o senso de urgência, porque a cada seis meses que o Brasil continua sem um norte claro para os currículos das escolas e para reorganizar todo o sistema, são milhões de estudantes sacrificados”, avaliou. Luciney Martins/O SÃO PAULO
Direitos e objetivos
Outra polêmica é que o documento estaria ultrapassando limites ao apresentar “os direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que devem orientar a elaboração de currículos para as diferentes etapas de escolarização”, como aponta o texto. Por esse motivo, o deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN), membro da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, propôs um projeto de lei para que haja uma revisão da versão final do texto pelos parlamentares. Para ele, tanto a Constituição Federal quanto a Ldben definem que a Base deve apenas “fixar conteúdos mínimos”. “A BNCC é um instrumento normativo secundário, não pode versar sobre direitos. O que se propõe não é uma base apenas de conteúdos, habilidades e competências, mas também de direitos e objetivos. Está escrita em uma linguagem política, não pedagógica”, comentou. Na avaliação de Alice Andrés Ribeiro, a proposta da BNCC não está ultrapas-
ologia e estudioso de temas da educação, que tem acompanhado os debates, a preocupação não é mais quanto ao conteúdo, mas com o formato do documento em si. “O Brasil possui diversos sistemas de ensino e a LDB diz que se deve garantir uma progressiva autonomia desses sistemas. O nosso País tem um sistema federativo, no qual os entes federados possuem seus sistemas que lidam diretamente com seus alunos e suas famílias e podem formar com eles um ensino mais adequado à realidade local”, explicou.
Ensino religioso
Uma das questões acompanhadas com atenção pelas instituições religiosas é em relação à delimitação de enfoque do Ensino Religioso na Base. “A primeira versão do texto apresentava uma visão ideológica, ao dizer que toda ideia de Deus é fruto de invenções humanas e dos mecanismos de poder... Na nova versão, essa questão está mais diluída, mas ainda presente”, apontou o Padre. O próprio texto da BNCC diz que “o En-
Continuidade
Apesar da mudança no MEC com o governo interino, há sinais de que a processo de discussão da base não será descontinuado. O ministro da Educação, Mendonça Filho, garantiu isso durante seu discurso aos servidores e colaborados do MEC, logo que assumiu o cargo, em maio. “A discussão ampla, aberta e democrática da Base Nacional Comum Curricular é algo fundamental para que possamos integrar o Brasil do ponto de vista educacional: o ensino básico como grande prioridade”, afirmou. O prazo dado pelo PNE para a entrega da Base era até 24 de junho, mas o Ministério da Educação já adiantou que não vai ser possível entregar o texto nessa data e que os debates sobre o assunto serão realizados até o final do ano. As informações sobre os próximos seminários estaduais podem ser obtidas junto às secretarias estaduais da educação ou no site oficial da BNCC (http:// basenacionalcomum.mec.gov.br), onde também está disponível a segunda versão do texto.
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Com a Palavra: Ricardo Meirelles de Faria
‘Nem comunismo, nem capitalismo. Economia de Comunhão’ Arquivo pessoal
Diego Monteiro
Especial para O SÃO PAULO
Ao completar 25 anos de fundação, o projeto Economia de Comunhão (Edc), lançado em todo mundo por Chiara Lubich (1920-2008), fundadora do Movimento dos Focolares, durante visita ao Brasil em maio de 1991, tem como objetivo responder ao drama da pobreza. A proposta da Economia de Comunhão pode ser sintetizada da seguinte maneira: empresas, livremente, colocam seus lucros em comunhão, repartindo-os em três partes, destinadas a ajudar pessoas em dificuldades econômicas, promover formação segundo uma cultura da partilha, bem como o desenvolvimento da empresa. Em entrevista ao O SÃO PAULO, Ricardo Meirelles de Faria, casado há 14 anos, pai de duas filhas, doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas com cursos de pós-graduação na Universidade Luigi Bocconi, em Milão, na Itália, e na Georgetown University, em WashingtonDC, nos Estados Unidos, e membro do Conselho de Empresários da Associação Nacional por uma Economia de Comunhão (Anpecom), explicou sobre essa proposta de empreendedorismo liberto do egoísmo.
O SÃO PAULO – Em que contex-
to surgiu a Economia de Comunhão?
Ricardo Meirelles de Faria - No contexto nacional, vivíamos a difícil realidade da hiperinflação logo após o fim do malfadado Plano Collor. Havia uma situação econômica realmente muito difícil no Brasil, a fome ainda era um problema avassalador. Nesse contexto, as comunidades dos Focolares não conseguiam, com a comunhão de bens de seus membros, suprir as necessidades mais básicas de parte de suas famílias mais necessitadas. No âmbito internacional, acabava de cair o muro de Berlim e toda a ilusão de uma sociedade baseada no sistema comunista. Chiara, em 1990, havia visitado os Estados Unidos e também se chocou com o problema das desigualdades sociais daquele País. Assim, Chiara lançou o projeto da EdC, que propunha em termos mais gerais, um repensar do atual modelo econômico excludente e desigual. Utilizando uma frase de Chiara naqueles dias: “nem comunismo, nem capitalismo, mas comunhão na liberdade”. Em termos práticos, a proposta de Chiara se resumia em colocarmos parte de nossas rendas (salários e lucros recebidos) para suprir as necessidades mais prementes de nossa comunidade.
que seja mais solidário e inclusivo como aquele proposto pela EdC. Tendo a fraternidade como razão de ser, sem sombra de dúvida, as empresas podem ser espaços de fraternidade e comunhão. Isso não pressupõe uma realidade sem conflitos, dilemas, problemas. O que nos move é a razão de ser.
Diante da crise atual, que contribuições a EdC pode dar à sociedade brasileira?
A EdC é uma das inúmeras propostas, projetos, que buscam solucionar os inúmeros problemas econômicos e sociais nas diversas regiões do mundo. Nesse sentido, creio que um dos contributos que a EdC possa dar à sociedade brasileira em crise é esse olhar de coesão social e comunitária; olhar os mais necessitados de nossa comunidade, não como um indigente impessoal, mas como o mais importante membro da família no momento atual. O grande esforço e dilema da EdC é conseguir colocar essa bela proposta em termos práticos. De forma ainda bastante modesta, temos conseguido fazer alguma coisa.
O que a Economia de Comunhão propõe de diferente ao conceito clássico de economia? Como vivenciar a EdC em uma sociedade em que o foco do trabalho é gerar lucro?
Todos os cidadãos de uma comunidade deveriam buscar trabalhar de forma mais eficiente possível, obviamente atendendo a todos os princípios legais, jurídicos, de sustentabilidade e éticos dessa sociedade. O que a Economia de Comunhão sugere é que parte do resultado, da renda, dessa economia - que inclui os salários dos trabalhadores e os lucros dos empresários - possa ser também livremente colocada em comum para atender as necessidades mais preementes da comunidade. Ou seja, a proposta da EdC, em síntese, é muito simples e prática: solucionar as dificuldades econômicas das famílias e dos indivíduos de determinada comunidade, no momento presente. Não podemos esperar
Como está estruturada a Economia de Comunhão no Brasil? O que viria a ser a Associação Nacional por Uma Economia de Comunhão (Anpecom)?
Fazemos parte de uma grande rede internacional de comunhão que se inicia nas nossas comunidades locais no Brasil e em todo o mundo. De alguma forma, essa rede se agrega em regiões e países e, por fim, se interconecta em uma grande rede internacional onde são colocados em co-
mum, por um lado, as necessidades - sejam elas materiais, necessidades de aconselhamentos, necessidades de consultoria técnica, e tantos outros tipos – e por outro, as disponibilidades – dos recursos doados, materiais, financeiros, capacidades intelectuais etc. No Brasil, foi criada a Anpecom, que tem exatamente essa função de agregar as necessidades das comunidades brasileiras, por um lado, e as disponibilidades, por outro, além de fazer essa comunicação com as redes internacionais da EdC.
Como é a aceitação dos empresários em relação à Economia de Comunhão na gestão empresarial? Quantas empresas já aderiram à proposta em todo mundo?
Os dilemas empresariais são inúmeros e desafiadores e nossos seminários sobre EdC têm sido um espaço importante de troca de experiências sobre como trabalhar para enfrentá-los. Atualmente, ao redor de mil empresas estão formalmente inseridas no projeto em todas as regiões do mundo.
De que forma as empresas podem ser lugares e instrumentos de comunhão? Há espaço para a fraternidade na Economia de Comunhão?
Eu diria que a fraternidade é a razão de ser da EdC. É porque nos sentimos como uma grande família global que nos esforçamos por um projeto de economia
Em um recente artigo, o senhor defendeu uma tributação mais progressiva no Brasil que taxe quem ganha mais. O que é preciso para que isso se torne efetivo?
Naquele artigo de minha autoria, do qual se refere, comentei que na minha visão, a taxação mais progressiva seria uma forma justa, honesta e saudável de diminuir ao longo do tempo as desigualdades sociais de um país e de forma premente, do Brasil. Nesse sentido, creio que falta conscientização, mas também um ato de justiça das classes mais abastadas brasileiras de reconhecer esses subsídios perversos da qual usufruem também neste atual sistema tributário altamente regressivo, para aceitar, como um grande avanço social, um sistema tributário mais progressivo, no sentido mais amplo do termo.
Quais as principais dificuldades para gerir uma empresa de EdC atualmente no Brasil?
As mesmas dificuldades de qualquer empresário brasileiro: o excesso de burocracia, altos impostos, custo elevadíssimo do crédito, legislação trabalhista extremamente antiquada e, também, essa cultura nefasta da corrupção nos mais diferentes âmbitos da vida econômica do País. É uma realidade extremamente difícil, mas devemos buscar atacar cada um desses grandes entraves de uma forma clara, prática e objetiva. Sem sombra de dúvidas, isso nos exige esforço e sacrifícios. Mas vale a pena.
As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.
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Filipe David
osaopaulo@uol.com.br
Dica de Leitura
O Rosário - A prece que salvou minha vida “O poder do Rosário trará às nossas vidas um número incontável de bênçãos. Ele é capaz de desfazer as nossas confusões mentais, pôr fim às tormentas do nosso coração, resolver os problemas que nos afligem, restaurar-nos a saúde e encher-nos de alegria e esperança. São grandes promessas e pode ser que soem boas demais para ser verdade - eu mesma provavelmente não acreditaria nelas, não fosse o fato de que elas já se cumpriram em minha vida, e na de inúmeras outras pessoas. A Santíssima Virgem Maria prometeu que quem rezasse o Rosário do fundo do seu coração receberia qualquer coisa que o coração pedisse... E eu sou uma prova de que Nossa Senhora cumpre suas promessas” (Immaculée Ilibagiza). Ficha técnica: Autor: Immaculée Ilibagiza/ Steve Erwin Páginas: 256 Editora: Ecclesiae
Para refletir
Fim do liberalismo?
Divulgação
“Será que é assim tão fácil distiguir um mau liberalismo de uma economia sã, fundada no respeito das liberdades e da justiça? E daí a pensar que o primeiro possa desaparecer para que a segunda possa, enfim, prosperar? É possível comparar o mundo liberal atual dirigido por uma ‘hiper-classe nômade’ (expressão de Jacques Attali) ao sistema soviético governado pela Nomenclatura? Parece-me que por mais sugestiva que seja, essa comparação não leva suficientemente em conta que a oligarquia mundial atual prospera sobre um consentimento implícito dos povos muito mais forte que o sistema comunista. Isso é assim simplesmente porque o sistema ‘liberal’ repousa sobre a cínica exploração econômica das três concupiscências de que fala São João evangelista. Ora, essas são de natureza idolátrica e assim elas podem criar a ilusão de que seremos felizes ao nos entregarmos cada vez mais a elas. Enfim, se o divertimento de que fala Pascal é o motor do mundo liberal, não é nada certo que este vá desmoronar devido a uma contradição interna.”, afirma o filósofo Thibaud Collin (o texto integral pode ser lido em francês no jornal L’Homme Nouveau, n.1.616).
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E após os Jogos Rio 2016, o Brasil vai investir nos esportes? Roberto Castro/ME
Ministro Leonardo Picciani suspende edital que previa R$ 150 milhões para projetos de alto rendimento esportivo após a olímpiada Daniel Gomes
danielgomes.jornalista@gmail.com
Uma decisão de Ministério do Esporte anunciada no início deste mês tem gerado preocupação nas confederações esportivas: por determinação do ministro Leonardo Picciani, foi suspenso um edital de chamada pública que destinaria R$ 150 milhões a projetos de alto rendimento esportivo. Lançado em 11 de maio, um dia antes do afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República, o edital, conforme consta em seu descritivo, tinha como objetivo “ampliar o legado dos Jogos Rio 2016 e fortalecer a Rede Nacional de Treinamento”. Os recursos, no limite de R$ 35 milhões para cada projeto, seriam voltados a investimentos em equipe técnica de apoio aos esportistas, viagens para competições, equipamentos e materiais esportivos, entre outras ações. Já a referida Rede Nacional de Treinamento, instituída pela Lei 12.395, prevê a interligação das instalações esportivas no País para a detecção, formação e treinos dos atletas brasileiros. A reportagem do O SÃO PAULO questionou o Ministério do Esporte, por e-mail, sobre as motivações para a suspensão do edital, e se a medida não afetará o
Leonardo Picciani, ministro do Esporte, durante visita ao Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016
legado dos Jogos Rio 2016 e o desenvolvimento da Rede Nacional de Treinamento. A resposta do Ministério limitou-se ao envio de uma nota pública datada de 1º de junho: “O Ministério do Esporte suspendeu, nesta quarta-feira (1º/06), o Edital de Chamada Pública nº 1/2016, destinado à seleção de propostas de apoio financeiro a projetos voltados ao desenvolvimento do esporte de rendimento. A medida está em conformidade com a decisão já anunciada pelo ministro Leonardo Picciani de reavaliar contratos e atos administrativos da pasta. A suspensão do edital não afeta a preparação dos atletas para os Jogos Olímpicos e os Jogos Paralímpicos Rio 2016”.
Preocupação
Tão logo tomaram ciência da suspensão do edital, representantes de algumas confederações esportivas manifestaram-se, pela imprensa, preocupados com a medida. Antonio Carlos Gomes, superintendente de alto rendimento da Confederação Brasileira de Atletismo, declarou que
a suspensão do edital prejudica os projetos de preparação de atletas para os Jogos de 2020. Também Ricardo de Moura, superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, afirmou estar surpreso com a medida às vésperas da Olimpíada e enfatizou que o legado dos Jogos Rio 2016 depende da continuidade dos projetos esportivos. Em entrevista à reportagem, Hélio Meirelles, presidente da Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno, comentou que, em um primeiro momento, “qualquer postergação de um programa que objetivasse a concessão de recursos para o esporte olímpico causa apreensão, principalmente quando se considera as confederações sem patrocínio”. Porém, segundo ele, é direito de quem assume um cargo público avaliar a liberação dos recursos. Hélio disse que o Ministério do Esporte não entrou em contato com a Confederação para anunciar a suspensão do edital. Para ele, seria impraticável que todas as entidades fossem comunicadas.
Na avaliação de Anderson Gurgel, professor universitário em Jornalismo e estudioso sobre o legado de megaeventos esportivos, os governos de Dilma e de Lula estruturaram uma política “acreditando que a partir do trabalho de alto rendimento se consegue estabelecer ídolos e exemplos que podem contribuir para o desenvolvimento do esporte. Isso começava a trazer alguns resultados, claro que com investimentos altos. Essa ruptura prejudica o legado, no contexto de que o ciclo olímpico não está encerrado e de que se rompe com uma série de investimentos antes de se colher todos os frutos”. Ainda segundo Anderson, é possível que o governo Temer esteja iniciando uma política com o esporte mais atrelado ao social e à educação. Nesta semana, a proposta do governo interino deve ficar mais clara com a posse do nadador Luiz Lima como secretário de Esporte de Alto Rendimento, a convite de Leonardo Picciani. (Com informações do Ministério de Esporte, Globoesporte.com e Máquina do Esporte)
dunga é demitido
A CBF demitiu na terça-feira, 14, o técnico Dunga e toda a comissão técnica responsável pela seleção masculina de futebol, após a eliminação do Brasil na 1ª fase da Copa América Centenário, nos Estados Unidos, no domingo, 12. Até o fechamento desta edição, não havia sido anunciado um novo técnico.
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Brasilândia Apostolado da Oração da Brasilândia peregrina à Porta Santa
Padre Cilto José Rosembach, Ana Lúcia Contarelli e Flavio Rogério Lopes Colaboradores de comunicação da Região
Ricardo Souza
Associadas do Apostolado da Oração em foto com Dom Devair Araújo da Fonseca, dia 10
Os associados do Apostolado da Oração da Região Brasilândia peregrinaram à Porta Santa da Igreja Nossa Senhora da Expectação, na Freguesia do Ó, na sextafeira, 10, por ocasião do Ano Santo extraordinário da Misericórdia. Após passarem pela Porta Santa, os fiéis rezaram o Terço e o oferecimento diário, e em seguida participaram da missa presidida por Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia. “O Apostolado da Oração é um grande grupo dentro da Igreja, com um grande número de pessoas que têm a função de fazer uma oração de intercessão, pedem e suplicam pela Igreja e pelos sofrimentos”, disse Dom Devair, na homilia, enaltecendo o testemunho de fé
dos associados no seguimento a Cristo. Segundo a coordenadora regional do Apostolado, Ana Lúcia Contarelli, atualmente existem 35 grupos ativos na Região Brasilândia, sendo que o mais recente foi inaugurado no dia 3, na Paróquia Santa Rosa de Lima, no Setor Perus. O Apostolado da Oração (AO) é um grupo de fiéis devotos do Sagrado Coração de Jesus, e tem por missão rezar por intenções diversas e principalmente pelas intenções indicadas pelo Papa. É também conhecido como a Rede Mundial de Oração do Papa. Ana também lembrou que tem aumentado o interesse dos jovens em participar do Apostolado e do Movimento Eucarístico Jovem (MEJ), que é o ramo juvenil do AO.
Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão: chamados a servir Com o objetivo de formar Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão para servir nas diversas paróquias e comunidades da Região Brasilândia, foi elaborado um plano comum para todos os setores e em cada um já há uma escola de ministérios. No Setor Freguesia do Ó, que compreende sete paróquias, 315 inscritos estão sendo preparados e essa já é a segunda etapa de formação. Na primeira, houve estudos sobre a constituição do povo de Deus no Antigo e no Novo Testamento, bem como sobre a história da Igreja. Na segunda etapa, que ocorreu entre os dias 6 e 10, na Paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus, foram estudados: Os ministérios na vida da Igreja; os ministérios na comunidade paroquial; Teologia e espiritualidade da celebração eucarística, estrutura e funcionamento da celebração. Na próxima etapa, assuntos práticos da função desse ministério serão tratados e após laboratórios de vivência no serviço, um
retiro espiritual concluirá a formação. Com esse processo, os novos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão serão provisionados conforme as normas da Igreja e da orientação regional. O assessor para os ministros, Padre Roberto Carlos Moura, afirmou que a formação é permanente e que outros encontros regionais contribuirão para o bom desempenho dos novos ministros. Também no Setor Pastoral Perus, aconteceu na Paróquia São José, entre os dias 7 e 10, a formação setorial dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, com a participação de aproximadamente 200 pessoas. Padre Eduardo Bina, pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, assessorou o primeiro e o último dia da formação. Ele destacou a importância do ministério na Igreja e a dimensão do serviço a Deus na comunidade. Sobre a oração eucarística, expressou que “o sentido dessa oração é que toda a assembleia dos fiéis se una a Cristo na proclamação das mara-
Tânia Mandri
Participantes de formação dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão no Setor Perus
vilhas de Deus e na oblação do sacrifício”. Palestrante no segundo dia, Padre Carlos André da Silva Câmara, RCJ, pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, comentou que “os sacramentos são gestos e expressões de fé, de união, da graça e da bênção de Deus, que nos levam a nos comprometer-
mos cada vez mais com nossos irmãos”. Outro assessor do encontro foi o teólogo Emerson Sbardelotti, que refletiu sobre o trecho bíblico “É a misericórdia que eu quero não o sacrifício” (Mt 9,13), com menções às exortações apostólicas Evangelii Gaudium e Amoris laetitia, do Papa Francisco.
Giovanna Silva
Isadora Félix
Na manhã do domingo, 12, o Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu missa com crisma de adultos na Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, no Setor Pastoral Cântaros.
Na noite do sábado, 11, o Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, fez visita pastoral à Paróquia Nossa Senhora da Paz, no Setor Pastoral Jaraguá, onde presidiu missa.
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Santana
Diácono Francisco Gonçalves
Colaborador de comunicação da Região
Fiéis unem-se a Dom Sergio e ao Cardeal Scherer nos festejos de Santo Antonio As seis paróquias dedicadas a Santo Antonio, nos bairros de Tucuruvi, Limão, Lauzane, Mazzei, Vila Ede e Bancários, na Região Santana, festejaram o dia do padroeiro na segunda-feira, 13. Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo na Região Santana, presidiu a missa das 8h na Paróquia Santo Antônio do Limão, concelebrada pelo pároco, Padre Marcos Polonio. Também no dia 13, o Bispo presidiu missa na Paróquia Santo Antônio do Lauzane, sendo acolhido pelo pároco, Padre José Esteves (Padre Gabriel), e na Paróquia Santo Antônio dos Bancários, onde o concelebrante foi
Diácono Francisco Gonçalves
Paróquia Santo Antônio do Limão
Dom Sergio de Deus Borges e Cardeal Odilo Pedro Scherer presidem missas na festa do padroeiro da Paróquia Santo Antônio do Limão
o Padre Geremias dos Santos, pároco. Na noite do domingo, 12, o Cardeal
Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, também presidiu missa na
festa do padroeiro da Paróquia Santo Antônio do Limão.
Bispo faz visita pastoral à Paróquia São Domingos Sávio Diácono Francisco Gonçalves
Dom Sergio de Deus durante homilia na Capela São José, da Paróquia São Domingos Sávio
Entre os dias 10 e 12, Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, fez visita pastoral à Paróquia São Domingos Sávio, no Setor Tremembé. Acolhido pelo pároco, Padre Benedito Borges, o Bispo se reuniu na sexta-feira, 10, com os membros das pastorais. No dia seguinte, fez visitas aos enfermos e idosos em casas de repouso existentes no território paroquial, e tomou ciência do livro tombo, dos documentos paroquiais e das ações pastorais. No sábado, 11, à noite, Dom Sergio presidiu missa na Capela São José, que foi recentemente reinaugurada. O Bispo manifestou sua alegria com o templo, que na época de sua primeira visita
à Paróquia tinha estrutura de madeira. No domingo, 12, Dom Sergio ministrou o sacramento da Confirmação aos jovens, na parte da manhã, e no encerramento da visita, à noite, presidiu missa na matriz paroquial.
AGENDA REGIONAL Festa de São João Batista
A Comunidade São João Batista (avenida Alfredo Zunkeller, 620) da Paróquia São José do Mandaqui realiza a festa do padroeiro com o tema “São João Batista continua nos chamando à conversão”. Haverá tríduo preparatório nos dias 21, 22 e 23, às 20h, e no dia 24, procissão, às 19h45, seguida de missa festiva.
Diácono Francisco Gonçalves
Diácono Francisco Gonçalves
A equipe ampliada das “Santas Missões Populares” reuniu-se no sábado, 11, na Cúria de Santana para articular a implantação regional do projeto e também em outras regiões episcopais por meio da Comissão Missionária Arquidiocesana (Comiar). O assessor eclesiástico, Padre Antonio da Silva, e a coordenadora, Irmã Rosa Clara Franzoi, têm visitado os coordenadores regionais de pastorais para integrar as equipes missionárias.
Os coordenadores e assessores eclesiásticos de pastorais e movimentos da Região Santana se reuniram, dia 4, na Cúria regional com Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, para refletirem a Exortação Apostólica Pós-Sinodal Amoris lætitia, do Papa Francisco, e discutirem ações a serem empregadas pelas pastorais.
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Ipiranga
Frei Fábio Luiz Ribeiro, Alexandre Tinô da Silva e Cesar de Holanda Colaboradores de comunicação da Região
No encontro com Cristo, a família é renovada Alexandre Tinô da Silva
‘Senhor, ouvi a tua voz, por isso estou aqui’ é tema tratado no 3º Encontro de Casais com Cristo, realizado dos dias 10 a 12
A primeira etapa do 3º Encontro de Casais com Cristo (ECC) aconteceu entre os dias 10 e 12 na Paróquia Nossa Senhora Mãe de Jesus, no Setor Pastoral Cursino, com a participação de 20 casais, com o tema “Senhor, ouvi a tua voz, por isso estou aqui”. O ECC promove uma experiência única aos casais que, a partir de então, se reúnem no “Encontro de Famílias” na própria igreja, o chamado pós-encontro, ou seja, iniciam um novo grupo social, mas se mantêm unidos pela vida cristã, trocam experiências e começam a participar mais efetivamente da igreja, alguns até nas pastorais. Segundo os organizadores do ECC, participar do encontro é um recomeço na vida dos casais. A Santíssima Trindade está presente em todos os momentos do encontro e os casais retornam para os lares em um clima de paz e com a fé renovada, entendendo o verdadeiro significado do amor, da humildade e da oração. A missa de encerramento desta etapa do ECC foi presidida pelo pároco, Padre Sandro Nascimento da Cunha, que também é diretor espiritual do Encontro.
Sentinelas da Manhã: jovens anunciadores de Cristo em todas as partes Pregações, louvores, oração, confissões, encenações teatrais e participação na missa. Assim foi o domingo, 5, para os participantes do Retiro Sede Sentinelas da Manhã, realizado na Paróquia Nossa Senhora das Dores do Ipiranga pelo grupo Jovens Renascidos em Cristo.
Durante o retiro, se ressaltou a atenção de São João Paulo II com os jovens. “‘Amados Jovens, é o vosso turno de ser as sentinelas da manhã (Is 21, 11-12) que anunciam a chegada do sol que é Cristo Ressuscitado’. Hoje compete a mim receber essa extraordinária herança espiritual que São João Paulo II
nos deixou. Agora, todos juntos, temos a tarefa de pôr em prática os seus ensinamentos”, afirmou Talita Andrade, participante do retiro. O objetivo do encontro, que teve a participação de 72 jovens, foi mostrar que “ser sentinela” é uma missão, mandato de Deus para o mundo e que um
Em peregrinação, casais renovam compromisso matrimonial Vindos de diferentes regiões de São Paulo, casais de noivos e esposos peregrinaram à Porta Santa do Santuário São Judas Tadeu no domingo, 12. Acolhidos pelo Padre Aloisio Knob, os cerca de cem peregrinos renovaram os compromissos batismais e matrimoniais e participaram da missa do meio-dia. “Há 30 anos, nos casamos aqui na São Judas, e atualmente moramos longe, mas resolvemos comemorar o Dia dos Namorados renovando nosso compromisso. Chega a ser emocionante lembrar a nossa vida 30 anos atrás”, recordou o casal Edson Pereira Silva e Marlene Santana Silva, que pela primeira vez retor-
nou ao templo após o casamento. Para Edson, a vida baseada na fé e nos valores católicos é fundamental para a longevidade do casamento. “A base do nosso casamento é o amor e quando ele é abençoado é ainda melhor. Isso que o faz durar por tanto tempo”. Ansioso pelo casamento após concluir o curso de noivos com a futura esposa, Jussara, Miled Brasil Marota comentou que se casará no final do ano. “Achamos importante demais participar da peregrinação neste Dia dos Namorados. É uma forma de já começar abençoado a comemorar este dia, passando pela Porta da Misericórdia”.
jovem sentinela deve estudar a doutrina da Igreja para melhor evangelizar. Também foi lembrado que os sentinelas devem estar de joelhos aos pés de Jesus Eucarístico, ser corajosos anunciadores da Palavra, evangelizando nas ruas, escolas e faculdades, e ter toda a esperança e confiança em Jesus.
João Joacir
Os integrantes da Pastoral do Dízimo regional reuniram-se no sábado, 11, na cúria da Região Ipiranga para falar dos desafios e perspectivas da Pastoral. Também se recordou que o dízimo mantém as atividades da Igreja e sustenta as ações de evangelização e obras de caridade. Foi meditada, ainda, a vivência das obras de misericórdia corporais e espirituais.
Lapa
Benigno Naveira
Colaborador de comunicação da Região
Catequistas estudam a missa parte por parte A Pastoral da Animação Bíblico-catequética da Região Episcopal Lapa realizou no sábado, 11, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa, um encontro regional de formação permanente, com o tema “Liturgia: explicada a missa parte por parte”. A atividade, que reuniu cerca de cem
pessoas, foi coordenada e ministrada pelo Padre Geraldo Raimundo Pereira, que detalhou cada uma das partes da missa: “Ritos iniciais”, que significam a entrada dos fiéis na casa de Deus; “Liturgia da Palavra”, momento em que todos voltam atenção à escuta da Palavra de Deus; “Liturgia Eu-
carística”, parte da missa que tem como centro o sacrifício de Cristo no calvário e a comunhão; e “Ritos finais”, que são os ritos que encerram a missa. Padre Geraldo ressaltou que o animador ou comentarista da missa não deve atrair atenções para si, pois sua função é
ajudar a comunidade a celebrar o mistério de Deus. Comentou, ainda, que a procissão de entrada significa que Deus entrou na história da humanidade e que com seu amor e sua bondade quer continuar a obra iniciada na criação, fazendo de cada pessoa a sua imagem e semelhança.
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Peterson Prates
Colaborador de comunicação da Região
‘Os que mais fazem bem à humanidade são os santos’ “Como Santo Antônio testemunhou Jesus de uma forma impressionante, nós também, pela nossa experiência, somos chamados a testemunhar Jesus de forma explícita”, exortou Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, durante a segunda das seis missas na festa do padroeiro da Paróquia Santo Antônio de Pádua, no Setor Pastoral Guarani, na segundafeira, 13. O Bispo, na homilia, lembrou que os santos levam as intenções a Deus e essas são atendidas, justamente pela forma que viveram, pela fidelidade com que assumiram as promessas batismais e pela santificação que alcançaram em vida.
“Este é um mês que nos convida a olharmos para a figura dos santos e nossa relação com os santos, o chamado à santidade”, disse, lembrando os santos juninos – São João, São Pedro e Santo Antônio. “Os que mais fazem bem à humanidade são os santos”, afirmou o Bispo. Após a missa, os fiéis caminharam em procissão até o salão da Paróquia, onde houve a bênção dos pães de Santo Antonio. Dom Luiz Carlos Dias lembrou da importância da partilha, especialmente nestes dias de muito frio em que todos são convidados a partilhar “do pão que se chama cobertor”, fazendo memória daqueles que morreram de frio nos últimos dias, na cidade de São Paulo.
Belém
Paróquia Santo Antônio de Pádua
Dom Luiz Carlos Dias acompanha devotos de Santo Antonio durante procissão, no dia 13
Paróquia São José de Anchieta
Na quinta-feira, 9, a Paróquia São José de Anchieta celebrou pela primeira vez a festa do padroeiro, desde a elevação a Paróquia, em novembro de 2015. A comunidade se preparou para a festa de São José de Anchieta com a novena em honra ao padroeiro. A missa solene, da única paróquia dedicada ao Santo na Arquidiocese, foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano.
Dom Luiz Carlos Dias: ‘Nada de desânimo!’ “Estou ansioso em conhecer nossas forças, nossos trabalhos, nossos serviços, nossa articulação pastoral e como nós temos respondido aos desafios”, disse Dom Luiz Carlos Dias, no sábado, 11, no Centro Pastoral São José, na primeira reunião do Conselho Regional de Pastoral (CRP) da Região Belém da qual participou. A avaliação do 11º Plano de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo foi a principal pauta da reunião, com a análise de como foi assumida na Região cada uma das seis urgências da ação evangelizadora da Arquidiocese.
Dom Luiz Carlos disse ter percebido um certo “desencanto com as estruturas”, mas recordou que isso não acontece só na Igreja, mas também na política, na educação e nos sindicatos, como um reflexo do que chamou de “mudança de época”. Porém, ele lembrou que as estruturas são necessárias e ajudam no trabalho pastoral quando bem articuladas. “Nada de desânimo!”, advertiu o Bispo, que sinalizou a intenção de diálogo com todos na Região em busca de um trabalho conjunto por objetivos comuns.
Sé
REDAÇÃO
osaopaulo@uol.com.br
Há 90 anos, Casa Dom Gastão desenvolve ações educacionais Fundada em 21 de abril de 1926 pelo Padre Gastão Liberal Pinto (1884-1945), que mais tarde se tornaria bispo de São Carlos (SP), a Fundação Paulista de Assistência à Infância - Casa Dom Gastão completa 90 anos de história sendo um ambiente de educação e desenvolvimento integral das crianças. Atualmente, são atendidas 160 crianças entre 2 e 5 anos, em período integral, vindas de famílias brasileiras, paraguaias, chinesas, coreanas, bolivianas e peruanas, filhas principalmente de pais que trabalham em fábricas de tecidos. A elas é oferecido café da manhã, almoço e uma sopa da tarde, além de lanches, e principalmente uma educação baseada nos valores morais e cristãos. Nos últimos 60 anos, a Casa Dom Gastão foi mantida pela Congregação das
Irmãs Dominicanas da Beata Imelda. Em assembleia extraordinária realizada no dia 2, com a participação de Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, e do Padre José Enes de Jesus, assessor eclesiástico da Casa, foi oficializada a troca de direção para as Irmãs Dominicanas de São José de Ilanz e aconteceu a alteração do estatuto social da Casa Dom Gastão. Também estiveram na assembleia a antiga presidente, Irmã Maria da Glória Inácio, da Congregação da Beata Imelda; a nova presidente, Irmã Maria José de Sousa Brito, da Congregação das Irmãs Dominicanas de São José, e os benfeitores que voluntariamente atuam na Casa. Durante o assembleia, foi apontada a necessidade de angariar fundos para a execução de projetos de acessibilidade e
Arquivo pessoal
Dom Eduardo Vieira dos Santos posa para foto com nova diretoria da Casa Dom Gastão, no dia 2
a implementação de uma área verde. Os interessados em colaborar com a Casa Dom Gastão podem entrar em contato pelo telefone (11) 3227-3423 ou fazer
uma visita pessoalmente na rua Prates, 263, Bom Retiro. (Com informações da Irmã Vera Ferreira, da Congregação das Irmãs Dominicanas de São José)
22 | Reportagem |
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Unifai oferece bolsas para fiéis das paróquias da Arquidiocese de São Paulo Luciney Martins/O SÃO PAULO
Com 46 anos de atuação, Centro Universitário Assunção tem estreita relação com a Igreja Católica na cidade Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
“Unifai não é uma instituição que visa beneficiar um grupo privado, mas colocar-se a serviço da Arquidiocese e da sociedade de São Paulo como um todo”, assim define a missão da instituição o Padre Edélcio Ottaviani, doutor em Filosofia pela Université Catholique de Louvain (UCL), mestre em Teologia pela PUC-SP, reitor do Centro Universitário Assunção (Unifai) e autor do livro “Coração desnudo”. Neste ano, o Unifai conseguiu parecer favorável de recredenciamento do Conselho Nacional da Educação. “Renovar esse credenciamento nos permite manter a nomenclatura de centro universitário e, mais ainda, nos dá autonomia acadêmica para irmos ajustando a Instituição e os cursos às demandas da sociedade”, afirmou o Reitor em entrevista ao O SÃO PAULO. Fundado em 1970, o Unifai é uma instituição de ensino superior privada, comunitária, confessional, católica, mantida pelo Instituto Seminário Paulopolitano (Iesp), voltada para o ensino de graduação, pós-graduação e cursos tecnológicos. Graças a um convênio com a Mitra Arquidiocesana de São Paulo, no processo seletivo do 2º semestre de 2016, que vai até meados de agosto, os fiéis das paróquias da Arquidiocese que quiserem fazer graduação terão 50% de desconto nas mensalidades do primeiro ano e 35% nas mensalidades dos anos seguintes. Basta fazer download da carta de convênio que está em no site da Instituição (www3.unifai.edu.br) e levar para o pároco assinar, comprovando o vínculo do interessado
Unifai recebe parecer favorável de recredenciamento do Conselho Nacional de Educação
com a paróquia. Há, também, parcerias com empresas privadas, com descontos de 40%, no primeiro ano, e 25%, nos anos seguintes nas mensalidades.
Centro universitário a serviço da comunidade
O Unifai possui vários projetos sociais, que são outro braço da Instituição. Nesse sentido, destaca-se o Núcleo de Práticas Jurídicas, reconhecido e fiscalizado pela OAB e pelo MEC, que atende pessoas que não têm como pagar por assistência jurídica, ao mesmo tempo em que coloca os alunos para assumirem casos reais que tramitam na Justiça. O Centro Universitário possui ainda a Empresa Junior (JuniorFAI), que dá
assessoria aos pequenos empresários ou a quem desejar empreender, e mantém projetos do curso de Pedagogia que visam identificar dificuldades de aprendizado das crianças da rede pública, com acompanhamento psicopedagógico. Trata-se de uma iniciativa que funciona há mais de 20 anos e que tem prestado serviço no que diz respeito ao processo de aprendizagem dos alunos. Outra iniciativa a pleno vapor é a da Pastoral Universitária, ligada a projetos na favela de Heliópolis, por meio do curso de Serviço Social. Recentemente, foi iniciado o curso de Língua e Cultura do Brasil para refugiados e imigrantes, em parceria com a Cáritas Arquidiocesana, Missão Paz e PUC-SP.
Com novos cursos e em crescimento
O Unifai tem tradição em Biblioteconomia e agora inova com a inclusão do curso presencial de bacharelado em Arquivologia. “Com a Lei de Acesso à Informação (nº 12.527/2011), aumenta a preocupação com a transparência na gestão dos documentos, tanto em entidades públicas quanto privadas, e, assim, cresce a demanda por profissionais no gerenciamento eletrônico de documentos e gestão da informação. Embora seja uma profissão em alta, são apenas 15 cursos presenciais de Arquivologia no Brasil, a maioria em universidades federais. Nosso curso é o primeiro da cidade de São Paulo e o segundo no Estado de São Paulo. Apenas a Unesp de Marília o oferece”, afirmou Padre Edélcio. O Unifai lança, também, cinco cursos tecnológicos, de dois anos. O nome já diz, são de formação técnica para atender às necessidades mais imediatas em gestão de Recursos Humanos, Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Gestão Financeira, Marketing e Secretariado. Atualmente, 1.270 alunos, entre graduação, pós-graduação e extensão, estudam no Unifai. Houve forte declínio no número a partir de 2010, com a entrada de grandes conglomerados enveredando pelo segmento da educação. “Sofremos com o poder desses grupos, porque têm muito dinheiro e podem ir ao mercado mais agressivamente”, afirmou o Padre Edélcio. O Reitor salienta que os grandes grupos educacionais possuem “um perfil muito mercadológico e é justamente aí que o Unifai se diferencia”. “Eles [os grupos educacionais] conseguem colocar de 100 a 120 alunos em uma sala de aula, enquanto nossa média não passa de 40 a 50, o que nos permite um atendimento bastante diferenciado. Esses grandes grupos também não estão muito preocupados com a evasão escolar, ao passo que tentamos reter o aluno, suprir suas necessidades, suas lacunas na formação básica”, afirmou.
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E em Cracóvia...
Mãos à obra, começa a contagem regressiva para a JMJ 2016
Representar a Arquidiocese na JMJ... Que responsabilidade! Luciney Martins/O SÃO PAULO
Organizado pelo Setor Juventude, encontro marca o envio de jovens para a JMJ 2016, que acontecerá em Cracóvia, na Polônia, em julho
Vender roupas usadas em feiras da cidade, promover almoços e recolher materiais recicláveis foram algumas das atividades realizadas pelos jovens da Arquidiocese de São Paulo para ir à Jornada na Polônia NAYÁ FERNANDES
nayafernandes@gmail.com
Há mais de um ano, eles se preparam para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que acontecerá de 25 a 31 de julho, em Cracóvia, na Polônia. Fizeram doces, caldos, pães e outros quitutes para vender no fim das missas, pediram doações de roupas e sapatos aos paroquianos e depois promoveram bazares nas diferentes paróquias e comunidades da Região Episcopal Belém. Além disso, venderam roupas usadas na feira do bairro e recolheram materiais recicláveis. São 52 jovens que pertencem à Paróquia Santa Bernadete e se dividiram em pequenos grupos para arrecadar o dinheiro necessário à viagem. Além da Polônia, os jovens irão em peregrinação a outros países da Europa, como Itália, Alemanha e Áustria. “Tivemos todo o apoio do pároco e também de muitas pessoas da comunidade, o que foi fundamental”, afirmou Mariana Menezes Biazi, 20. Ela, as irmãs gêmeas Raquel e Nubia de Mello
Entreportes, 21, e Mayara Foggia de Paula, 20, pertencem ao Caminho Neo catecumenal e participaram, junto a outros jovens de movimentos, pastorais e organismos, do “Retiro JMJ - Setor Juventude”, no sábado, 11. Cerca de 200 jovens da Arquidiocese de São Paulo que irão para a Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia reuniram-se no Instituto Dom Bosco para o encontro, que teve como objetivo preparar os jovens para a JMJ. Além disso, buscou-se promover o conhecimento entre os participantes e ajudálos na vivência deste momento forte para a Igreja Católica. Conhecida após um encontro com o Papa Francisco em agosto de 2015, no qual ambos aparecem nas fotografias com largos sorrisos no rosto, Ana Carolina Santos Cruz tem apenas 20 anos e também trabalhou duro até conseguir o valor suficiente e viajar para a Polônia, onde participará da pré-jornada e da JMJ 2016. “Eu e outro jovem promovemos dois almoços beneficentes com a ajuda do padre e dos paroquianos”, disse. Ana já participava da Paróquia São Geraldo, no bairro das Perdizes, onde está tentando formar um grupo de jovens, mas afirmou que, depois do encontro com o Papa no ano passado, intensificou ainda mais as atividades missionárias. Antonio Ndhonhga Mavinga e a esposa, Bomba Joana Pedro, irão pela primeira vez a uma Jornada Mundial da Juventude. Eles vão para a Polônia levando o filho de apenas 5 anos. “Será um momento de fé, mas também de conhecer outros lugares do mundo”, disse
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ao O SÃO PAULO. Eles pertencem a um grupo de africanos, da Paróquia Nossa Senhora da Paz, no Glicério, e também participaram do retiro em preparação à JMJ, e irão para Cracóvia como voluntários.
Missionários da Misericórdia
Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Lapa, e Dom Carlos Lema Garcia, bispo responsável pelo Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade, falaram, pela manhã, sobre a vivência que tiveram em peregrinações. À tarde, após a missa de envio dos jovens, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, foi a vez dos próprios jovens que participaram de jornadas anteriores contarem suas experiências. Na celebração da Eucaristia, Dom Odilo enfatizou que “os cristãos devem ser pessoas misericordiosas, sensíveis às necessidades do próximo, sobretudo àqueles que sofrem. Devem praticar a misericórdia todos os dias”. Na festa de São Barnabé, celebrada na liturgia daquele sábado, o Cardeal lembrou que o Santo foi um dos grandes apóstolos das primeiras comunidades, especificamente da comunidade de Antioquia, onde pela primeira vez os seguidores de Jesus foram chamados cristãos. Aos jovens, Dom Odilo sugeriu que, a exemplo dos primeiros cristãos, eles devem interagir alegremente e saudar “as pessoas dos vários lugares por onde passarem levando a paz”.
6 °C às sete da manhã. Não foi fácil levantar da cama nesse sábado para ir ao retiro. Mas os jovens fizeram o esforço hercúleo de sair debaixo de suas cobertas quentinhas para pegar o metrô e ir até o Instituto Dom Bosco. Depois de nos aquecermos com o café ao chegar lá, fomos até o auditório para ouvir Dom Julio Akamine contar um pouco da sua experiência visitando Auschwitz, que fica perto de Cracóvia. Dom Julio destacou o silêncio do lugar, que não é um silêncio sereno de fé, mas um silêncio de morte, testemunha da iniquidade e do mal. Muitos podem se perguntar: “Como crer em Deus depois de Auschwitz?” Dom Julio, então, nos fez viajar mentalmente até a cela de São Maximiliano Maria Kolbe. Um modesto cubículo com uma pequena vela acesa e uma singela coroa de flores. Aquele era o único lugar onde pudemos sentir algum alívio. Deus não está em cima com quem faz sofrer, mas embaixo com quem sofre. Ele não nos abandona jamais. Nós é que o abandonamos pelo pecado, mas Jesus sofreu este abandono na cruz exatamente para que não o sofrêssemos. Dom Carlos Lema Garcia nos falou sobre o primeiro discurso do Papa Francisco depois de voltar da JMJ do Rio. Ele dizia que as JMJs não são fogos de artifício, mas etapas de um longo caminho começado por São João Paulo II. Ela precisa ser como a caldeira da locomotiva, que aquece e produz movimento. De nada adianta irmos até a Polônia, se isso não nos toca e nos transforma de algum jeito. Precisamos ser testemunhas de Cristo nos nossos movimentos, comunidade e paróquias, nas escolas, faculdades e trabalhos. Estamos dispostos a enfrentar o que há de mais baixo nos outros e em nós mesmos para viver o amor e a misericórdia de Deus? Sentimo-nos extremamente amados e queridos pela Arquidiocese ao ver, no presbitério, Dom Odilo acompanhado por Dom Carlos, Dom Julio e por mais oito sacerdotes. E, ao mesmo tempo, sentimos a responsabilidade que tínhamos representando a Arquidiocese. Mas sabemos que, com a graça de Deus, nada é impossível. Por favor, orem por nós, pela organização da JMJ e pelo nosso querido Papa Francisco! Esta é a juventude do Papa! Luciney Martins/O SÃO PAULO
Sara Guenka, 23, é graduada em Letras – Português/Inglês pela USP e será cronista do O SÃO PAULO durante a JMJ Cracóvia 2016
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