Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 61 | Edição 3110 | 14 a 19 de julho de 2016
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Warner Bros/Divulgação - Cena do filme “Como eu era antes de você”
A realidade do suicídio assistido não é como a romanceada no cinema Sucesso nas bilheterias, o filme “Como eu era antes de você” aborda o suicídio assistido superficialmente, dizem especialistas ouvidos pelo O SÃO PAULO em reportagem que analisa motivações de tal prática. Páginas 12 a 14
Editorial O suicídio assistido e o amor vivido em nome da autossatisfação Página 2
Seminaristas testemunham vocação à misericórdia
Encontro com o Pastor Cardeal Scherer: jovens farão experiências de misericórdia na Jornada Página 3
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Espiritualidade Dom Carlos: ‘O que Deus espera dos jovens na próxima JMJ?’ Página 5
Comportamento Simone Fuzaro: hora de encontrar alegria na simplicidade
Página 6
Eles visitaram paróquias, casas, hospitais, pessoas encarceradas e em situação de rua. Entre os dias 2 e 10, os seminaristas da
Arquidiocese de São Paulo, em Missão de Férias, experimentaram a vivência concreta do Evangelho e testemunharam, em
Com a Palavra
Arquivo pessoal
Seminaristas, padres, bispos e integrantes das pastorais e paróquias, durante a avaliação da Missão de Férias, no Seminário de Teologia, dia 11
diferentes realidades, a vocação permanente da Igreja em ser misericordiosa. Páginas 19 a 23
Igreja dialoga com Prefeitura sobre Cardeal Scherer dedica templo e desapropriações na Brasilândia altar de paróquia na Vila Prudente As construções de um hospital e de uma estação de metrô na Vila Cardoso, na zona Noroeste, desapropriarão imóveis, incluindo uma capela. Em reunião com a Arquidiocese e moradores, prefeito Haddad prometeu indenizações justas.
Nas comemorações dos 50 anos da Paróquia São Carlos Borromeu, na Vila Prudente, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu missa na quinta-feira, 7, durante a qual realizou a dedicação do altar e do templo.
Página 11
Página 22
Rebecca Ann Kiessling fala sobre o direito à vida Página 15
2 | Ponto de Vista |
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Editorial
Pobres gatas borralheiras
R
ecentemente, uma nova recriação de “A gata borralheira”, o clássico conto da garota pobre que encontra o príncipe encantado, chegou às livrarias e aos cinemas. Chama-se “Como eu era antes de você” e, pelas reações que tem causado, é tema central desta edição do O SÃO PAULO. É a estória do jovem rico que ficou tetraplégico e deseja se suicidar e de sua bela cuidadora. Obviamente, os dois se apaixonam, mas ele irá se suicidar mesmo assim, deixando uma fortuna, tentando tapar o vazio que sua morte causa na vida da jovem. O romance tem um paralelo nada acidental no erotismo de “50 tons de cinza”, em que a garota pobre encontra um charmoso e problemático jovem rico. As
duas estórias exploram o desejo de um amor romântico que depende da mulher se doar de um modo ou de outro a seu amado, mas que é destruído porque o homem segue de modo autocentrado e sem freios sua instintividade e autonomia (liberando uma sexualidade sádica ou entregando-se à desesperança por não poder mais gozar a vida como antes). As duas narrativas retomam o ideal do homem forte, provedor, mas que não sabe amar, e da mulher submissa que, para alcançar a felicidade, se doa incondicionalmente aos caprichos masculinos. Os livros que originaram os filmes têm continuações e, para quem ficou vivo, ainda são dadas novas possibilidades. Mas retratam o drama de uma
cultura na qual as pessoas têm toda a liberdade e autonomia para amar e fazer o que bem entendem, mas não sabem como usar essa liberdade para viver “a alegria do amor”. Não há porque viver uma vida sem sentido. E não há vida com sentido sem o amor vivido como doação e como beleza. Mas, em nossa sociedade, o amor é vivido só em nome da autossatisfação e, no campo estético, a tristeza e o horror parecem até mais belos que a alegria e a paz. Haverá quem celebre “Como eu era antes de você” como uma defesa do suicídio assistido, da autonomia do indivíduo contra o obscurantismo dos preceitos religiosos. Porém, a narrativa fala por si, basta ter a coragem de olhar – sem
preconceitos ideológicos – para aquilo que ela mostra. Muitos tetraplégicos se rebelaram contra o filme, com a visão pessimista que ele traz de sua condição. Não faz jus a todas aquelas pessoas que, vivendo com alegria e dedicação nessas condições, se tornam um sinal de luz e esperança, inclusive para os que não são tetraplégicos. O primeiro compromisso cristão diante de filmes como esses não é a denúncia de seus erros éticos ou antropológicos – que se tornam evidentes com o tempo -, mas sim testemunhar uma experiência de amor capaz de trazer o sentido e a satisfação pela qual o coração anseia. Esse testemunho é a alternativa ao hedonismo desesperançado de nosso tempo.
Opinião
Brexit e a União Europeia Arte: Sergio Ricciuto Conte
Antonio Carlos Alves dos Santos A escolha dos eleitores britânicos pela saída da União Europeia é, sem dúvida alguma, um duro golpe no projeto de integração do velho continente. No entanto, não é o primeiro, e dificilmente será o último, no longo e tortuoso caminho de superação de um passado cuja melhor síntese, negativa, é a sangrenta batalha do Somme, na 1ª Guerra Mundial, iniciada em 1º de julho de 1916. A memória da carnificina (cerca de 1,2 milhão de mortos e feridos numa disputa por 300 km2) ajuda a compreender a importância do projeto na história da Europa. O processo de integração não é um projeto exclusivamente econômico. Ele é, acima de tudo, um projeto político em busca de fundamentos econômicos. Ele nasce da iniciativa de uma geração de notáveis políticos cristãos, na qual se destacam os católicos Adenauer e De Gasperi, e deve à liderança do católico Delors a superação de vários problemas que impediam o progresso da integração econômica. A incorporação do conceito de subsidiariedade no Tratado de Maastricht atesta a influência da Doutrina Social Católica na proposta de integração europeia. Subsidiariedade é o princípio segundo o qual as instâncias políticas mais amplas devem estar a serviço das subalternas (a união continental a serviço dos países, a federação a serviço
dos estados, o governo a serviço da sociedade organizada). A vitória do Brexit [abreviação de Britain Exit, uma expressão inglesa que significa “Saída Britânica”] no referendo é o desfecho de uma relação nada amigável entre o Reino Unido e os demais parceiros da União Europeia, que remonta ao início do projeto de integração europeu. O Reino Unido sempre foi favorável à integração econômica, mas era reticente a qualquer forma de integração política, o que o levou a participar da criação da
Associação Europeia de Livre Comércio, uma alternativa ao projeto de Mercado Comum. Além disso, por ter uma relação especial com os Estados Unidos, sempre manteve, segundo De Gaulle, uma relação de hostilidade em relação ao projeto de integração europeu. Motivo, aliás, alegado por ele, para vetar a candidatura do Reino Unido ao bloco em 1961: foi aceito somente em 1973 e aprovado por 67% dos votantes no referendo de 1975. A opção, em 1992, por ficar fora da Zona do Euro é a melhor expressão dessa relação
de “tapas e beijos” entre britânicos e demais parceiros da União Europeia. Em que pese o fato de ser uma relação difícil, ela não necessariamente teria que terminar no divórcio do Brexit. Erros foram cometidos de ambos os lados: a burocracia europeia deveria ter levado mais a sério o princípio da subsidiariedade e os políticos britânicos deveriam ter sido menos beligerantes com a União Europeia. A insistência em imputar à tecnocracia europeia a responsabilidade por problemas econômicos e sociais britânicos ajudou a criar um caldo de cultura anti-União Europeia em segmentos da sociedade britânica, fortemente atingida pela crise econômica. Para eles, a livre circulação dos trabalhadores da União Europeia – um dos pilares de todo projeto de integração econômica – era responsável pelo aumento da criminalidade, baixa oferta de empregos e pela longa espera por tratamentos no Sistema Nacional de Saúde. O desafio, agora, é conter as danosas consequências econômicas do Brexit. Os maiores prejudicados serão justamente os que optaram pela saída, já que a recessão no Reino Unido dificilmente poderá ser evitada. O impacto no resto da Europa será menor, mas implicará em crescimento abaixo do esperado e poderá ser sentido com mais força nos países mediterrâneos. Antonio Carlos Alves dos Santos é professor titular de Economia da PUC-SP e conselheiro do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
Semanário da Arquidiocese de São Paulo
Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Fernando Geronazzo • Institucional: Rafael Alberto e Renata Moraes • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Maria Aparecida Ferreira • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.
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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
A
proxima-se a 39ª Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá em Cracóvia, na Polônia, de 26 a 31 de julho. Jovens de muitíssimos países já se põem a caminho, mochilas nas costas, bandeira na bagagem e celular na mão, para enviar tantas imagens, filminhos e mensagens pelas mídias sociais aos amigos e familiares. Esta Jornada será conectada em altíssima escala. Onde há jovens, há alegria e festa; há violão, música e manifestações de criatividade espontânea. Eles vão com fé e alegria, para descobrir o mundo e para encontrar outros jovens de culturas, raças, línguas e jeitos diversos. Mas todos estarão animados pela mesma esperança de que é possível construir juntos um mundo bom para todos. Eles mesmos já são o rosto dessa humanidade boa sonhada, feliz por se encontrar e conviver, pronta para compartilhar e se solidarizar. Levam poucas coisas, não necessitam de muito, pois ainda não estão amarrados a tantos bens supérfluos. Seu coração está livre para sonhar e amar, para confraternizar, para olhar para o futuro. Cracóvia os recebe de braços abertos. Cidade antiga e culta, ela vai encher-se de jovialidade e beleza. São João Paulo II ali foi bispo e cardeal antes de ser eleito papa; ele espera pelos jovens para abençoá-los. Ali também estará o
Jovens na Polônia: a experiência da misericórdia Papa Francisco, a convidar os jovens para serem misericordiosos como o Pai. O tema da Jornada - “felizes os misericordiosos” – está inteiramente relacionado com o Ano Santo extraordinário da Misericórdia. A Jornada é organizada como uma grande peregrinação e os jovens participarão de várias experiências de encontro com a misericórdia de Deus e de prática da misericórdia. Não faltará a Porta Santa da Misericórdia e haverá muitas oportunidades para receber o perdão sacramental. Pontos fortes serão as três manhãs de catequeses, em vários locais, onde cardeais e bispos tratarão da misericórdia com os jovens e os convidarão a serem misericordiosos como o Pai do Céu. A partir de 28 de julho, o Papa Francisco estará na Jornada e terá vários encontros com os jovens. A misericórdia tem a ver com o coração de Deus e vem do coração o impulso para a ação misericordiosa. Mas antes, Francisco os convidará a entrarem no coração do Pai misericordioso e de Jesus, misericordioso Salvador e irmão da humanidade. Todos precisam experimentar a misericórdia e essa experiência muda a vida e faz abrir o coração ao próximo necessitado de nossas obras de misericórdia. Francisco pedirá aos jovens que pratiquem as obras de misericórdia pois, por elas, seremos salvos: “felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”, ensinou Jesus (Mt 5,7). Os
jovens sonham em ser felizes, e o caminho da felicidade está indicado: sejam misericordiosos para com os irmãos que sofrem e não fechem seu coração no individualismo egoísta e sufocante. Em Cracóvia encontra-se o Santuário da Divina Misericórdia, onde Santa Faustina Kowalska, bem conhecida de São João Paulo II, teve suas experiências místicas e as transmitiu à humanidade. A misericórdia é de Deus, é divina, e quem a prática tem algo em comum com Deus. Por isso, será feliz e alcançará misericórdia. Mas perto dali também está situado o campo de concentração e extermínio de Auschwitz, onde o regime nazista matou e queimou inumeráveis judeus e outros cidadãos por puro preconceito e ódio irracional. É um testemunho permanente da falta de respeito pelo homem, pela justiça e a misericórdia. Muitos jovens peregrinarão também para lá e serão tocados pelo grito silencioso das vítimas: “nunca mais, nunca mais!”. A falta de misericórdia deixa o coração árido e duro, a ponto de não ter mais sensibilidade diante do sofrimento do próximo, nem ser mais capaz de compaixão. A falta de misericórdia mata. A misericórdia torna sensíveis e disponíveis diante da dor alheia, restaura e faz viver. Os jovens, que farão fortes experiências de misericórdia na Jornada, poderão ajudar a mudar a cultura da violência e do ódio no mundo...
| Encontro com o Pastor | 3
Liturgia, JMJ e Jogos Rio 2016 Em visita ao Vaticano, para conversas em dicastérios da Cúria Romana, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, concedeu entrevista à rádio Vaticano, na terça-feira, dia 12. O Cardeal descartou os rumores de possíveis mudanças na Instrução Geral do Missal Romano. “Não está em curso uma reforma litúrgica, portanto, não há um projeto de mudança na forma de celebrar a missa nem no altar voltado para o povo”, garantiu. Perguntando sobre a preparação dos jovens da Arquidiocese de São Paulo para a JMJ de Cracóvia, que acontece no final deste mês, o Arcebispo revelou-se surpreso com a quantidade de inscritos da Arquidiocese, aproximadamente 400 jovens. “As jornadas são um grande momento de testemunho da fé dos jovens para os jovens e dos jovens para todo o povo de Deus, para o mundo”, avaliou. Por fim, Dom Odilo comentou sobre a realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. Para ele, os Jogos serão “o grande momento de mostrar a forma brasileira e a forma própria do Rio de Janeiro de acolher, de mostrar hospitalidade, de mostrar o senso da organização e da espontaneidade”, disse, desejando que tudo ocorra bem durante o megaevento esportivo. Fonte: rádio Vaticano (edição: Daniel Gomes)
Na Aliança de Misericórdia Aliança de Misericórdia
O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, visitou no dia 5 a comunidade da Aliança de Misericórdia, onde presidiu missa, com a participação de padres, religiosos e leigos missionários da Aliança. (Com informações da Aliança de Misericórdia)
4 | Fé e Vida |
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Liturgia e Vida
Você Pergunta Minha filha diz que perdeu a fé. O que faço?
16º DOMINGO DO TEMPO COMUM 17 DE JULHO DE 2016
Quem acolhe é o Senhor Padre Boris Nef Ulloa Na liturgia da Palavra deste domingo, se lermos de forma superficial o texto do Gênesis, primeiramente somos levados a pensar que Abraão hospedou três homens e que ao acolhê-los recebeu a bênção do anúncio de que Sara, sua esposa, conceberia o seu primogênito, aquele que ao longo de toda a Escritura é reconhecido como o filho da promessa. Contudo, o refrão do salmo responsorial nos oferece a chave de interpretação, o sentido da Escritura: quem acolhe é o Senhor! De fato, o Salmista se pergunta: “Quem habitará em vossa casa? Quem será recebido nas vossas moradas?” Com isso, a Escritura nos recorda: É Ele que tem a iniciativa, que se aproxima e nos oferece a possibilidade de sermos acolhidos em sua morada, em sua presença. Por outro lado, no texto lucano, somos informados que Jesus, ao ingressar em um povoado, é acolhido por Marta em sua casa. Portanto, inicialmente, Marta é apresentada como a anfitriã. Ela é quem teria o dever de recebê-lo,
de acolhê-lo. Porém, Marta está muito ocupada, tem diversas tarefas a desempenhar! Enquanto isso, Maria, sua irmã, coloca-se aos pés do Senhor e ouve sua Palavra. Nessa cena evangélica, da mesma forma que no texto do Gênesis (primeira leitura), parece que a iniciativa é da pessoa (seja Abraão, Marta, ou até mesmo Maria). Contudo, é justamente o contrário! Se lemos os textos com atenção, notaremos que o verdadeiro anfitrião é Jesus! É ele quem acolhe Maria aos seus pés! Ele é quem a recebe na sua presença. É Ele quem se aproxima para acolher e comunicar sua Palavra. Maria é atraída pela presença do Senhor. Ele se deixa seduzir pela sabedoria de sua Palavra. Na sua presença, ela se deixa atrair por Jesus e saboreia a riqueza de sua Palavra. É alimentada pelo seu ensinamento de vida, pela sua instrução, a qual insere no caminho de salvação. Como discípulos(as), deixemo-nos atrair... deixemo-nos abraçar e instruir por Ele. * Excepcionalmente nas próximas semanas, a articulista Ana Flora Anderson não escreverá para a seção “Liturgia e Vida”
VENERAVEL IRMANDADE DE SÃO PEDRO DOS CLÉRIGOS RUA SANTO AMARO, 71 15 ANDAR CJ 15A - SÃO PAULO - SP CNPJ 43.829.605/0001-00 BALANÇO PATRIMONIAL ENCERRADO EM 31 DE DEZEMBRO DE 2014 E 2015
ATIVO CIRCULANTE...................................................................................................................... CAIXA E EQUIVALENCIA DE CAIXA.................................................................................. CREDITOS A RECEBER..................................................................................................... (-) PROVISÃO DEVEDORES / DUVIDOSOS..................................................................... ADIANTAMENTOS............................................................................................................... ESTOQUES.......................................................................................................................... DESPESAS ANTECIPADAS................................................................................................ TOTAL DO ATIVO CIRCULANTE....................................................................................... NÃO CIRCULANTE INVESTIMENTOS................................................................................................................ IMOBILIZADOS.................................................................................................................... (-) DEPRECIAÇÃO............................................................................................................... TOTAL DO ATIVO NÃO CIRCULANTE.............................................................................. COMPENSADO IMUNIDADES USUFRUIDAS.............................................................................................. TOTAL DO ATIVO COMPENSADO.................................................................................... TOTAL GERAL DO ATIVO.................................................................................................. PASSIVO CIRCULANTE...................................................................................................................... OBRIGAÇÕES FISCAIS...................................................................................................... OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS......................................................................................... OUTRAS CONTAS A PAGAR.............................................................................................. TOTAL DO PASSIVO CIRCULANTE................................................................................... PATRIMONIO LIQUIDO PATRIMONIO SOCIAL......................................................................................................... SUPERAVIT / DEFICIT DO EXERCICIO............................................................................ PATRIMONIO LIQUIDO....................................................................................................... COMPENSADO IMUNIDADES USUFRUIDAS.............................................................................................. TOTAL DO PASSIVO COMPENSADO............................................................................... TOTAL GERAL DO PASSIVO.............................................................................................
31.12.2014 31.12.2015 875.312,84 1.300.281,77 46.425,40 118.908,80 (19.742,13) (38.277,06) 12.164,48 13.519,28 - 11.153,41 965,81 1.166,10 915.126,40 1.406.752,30 2.383.643,44 2.383.643,44 2.691.634,01 2.697.715,01 (21.591,94) (44.194,48) 5.053.685,51 5.037.163,97 107.159,86 131.885,91 107.159,86 131.885,91 6.075.971,77 6.575.802,18 31.12.2014 3.318,51 124.308,42 38.083,86 165.710,79
107.159,86 131.885,91 107.159,86 131.885,91 6.075.971,77 6.575.802,18
31.12.2014 31.12.2015 1.125.475,01 1.209.345,78 841.941,05 1.048.344,27 165,20 98.576,22 102.295,07 76.729,61 256.410,80 107.159,86 131.885,91 280.861,60 265.757,69 19.742,13 18.534,93 2.550.650,68 3.032.574,45 457.770,51
439.056,05
RECONHECEMOS A EXATIDÃO DO BALANÇO PATRIMONIAL ENCERRADO EM 31 DE DEZEMBRO DE 2015, CUJOS VALORES DE ATIVO E PASSIVO IMPORTAM EM R$ 6.575.802,18 (SEIS MILHÕES, QUINHENTOS E SETENTA E CINCO MIL, OITOCENTOS E DOIS REAIS E DEZOITO CENTAVOS), AS NOTAS EXPLICATIVAS DESTA DATA, ESTÃO Á DISPOSIÇÃO DOS ASSOCIADOS E DE OUTROS EVENTUALMENTE INTERESSADOS, EM NOSSA SEDE SOCIAL. São Paulo, 31 de dezembro de 2015 Marcio Leitao Diretor Presidente
José Geraldo Rodrigues Moura Diretor Tesoureiro
A Nildes não me contou seu sobrenome. Ela é de Americana (SP) e está preocupada com sua filha única, de 19 anos. Vejam o que ela diz: “Sempre levei minha filha à Igreja. Ela frequentou o grupo de jovens, mas de uns anos para cá, começou a falar que não concordava com várias coisas da Igreja Católica, mas ia à missa. Agora, faz dois meses que não está indo mais à missa, não participa de nada, e quando a questionei, ela afirmou que não acredita mais em nada”. E vem a pergunta: “Padre, será que essa fase vai passar? Será que ela vai voltar a ir à missa e também a ter fé?” Minha querida irmã Nildes. Com um grande número de jovens aconteceu, acontece e acontecerá o que está acontecendo com sua filha. Muitos desses jovens não tiveram uma formação cristã, nem mesmo uma iniciação à vida cristã por descuido dos pais. Muitos outros quando chegaram à juventude, passaram a dar mais ouvidos às vozes do mundo, na escola, nos seus grupos de amizade, do que a dar ouvidos aos pais. No caso de
sua filha, deve ter acontecido isso. Não faltam “mestres”, entre aspas, que questionam a vida cristã de nossos jovens. Eu entendo que você fez a sua parte. Plantou boas sementes no coração de sua filha. Essas sementes estão lá, talvez encobertas por espinheiros, como a semente da parábola contada por Jesus. Reze por sua filha para que ela possa recorrer a essa semente que você plantou no coração dela. Ela terá momentos na vida em que vai ter de se referir a Deus. Deus permita que ela reencontre o Jesus de seu Batismo, de sua Primeira Comunhão, do Catecismo, e o reencontre na alegria e não na tristeza. Há os que reencontram Jesus na alegria. Uma conquista, uma vitória, um sucesso na vida, poderá levá-la a dar graças a Deus por tudo. Também um momento de dor, de solidão ou de uma necessidade não satisfeita poderá levá-la a recorrer ao Deus que era tão vivo para ela na infância e na adolescência. Não brigue com sua filha por causa de religião, Nildes. Dê apenas o seu exemplo silencioso. Ore por ela. Um dia chegará para ela a hora da graça de Deus.
AGES ASSOCIAÇÃO CIVIL GAUDIUM ET SPES CNPJ: 50.059.070/0001-93
EDITAL DE CONVOCAÇÃO DA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA A Associação Civil Gaudium et Spes-AGES com sede provisória nesta cidade, R. Aliança Liberal, 703 Vila Leopoldina, por meio de seu presidente, Dom Fernando José Penteado, Bispo Emérito da Região Episcopal Lapa, CONVOCA seus associados para a Assembleia Extraordinária, no dia 06 de Agosto de 2016, das 08:00 às 12:00, na Rua Guaipá, 1605, Vila Leopoldina, com a seguinte ordem do dia: 1) Apresentação e aprovação do Plano de Trabalho 2016. 2) Apresentação e aprovação do Relatório de Atividades 2015. 3) Apresentação e aprovação do Balanço Patrimonial 2015. 4) Informações gerais. A Assembleia Geral instalar-se-á em primeira convocação às 08h30 com a presença da maioria dos associados e, em segunda convocação, com qualquer número, de acordo com o estatuto. São Paulo, 12 de julho de 2016. Dom Fernando José Penteado Presidente
5.345.330,61 5.803.101,12 457.770,51 439.056,05 5.803.101,12 6.242.157,17
SUPERAVIT/ DEFICIT DO EXERCÍCIO.............................................................................
osaopaulo@uol.com.br
31.12.2015 4.162,39 137.843,03 59.753,68 201.759,10
DEMONSTRAÇÃO DO SUPERÁVIT OU DÉFICIT EM 31 DE DEZEMBRO DE 2014 E 2015 RECEITASSOCIAIS RECEITAS ........................................................................................................................... 31.12.2014 31.12.2015 ATIVIDADES SEM FINS LUCRATIVOS.............................................................................. 2.642.831,22 3.155.923,80 REEMBOLSO DESPESAS CAPELA.................................................................................. 48.514,88 56.141,49 OUTRAS RECEITAS............................................................................................................ 92.072,49 24.044,02 ISENÇÕES USUFRUIDAS.................................................................................................. 107.159,86 131.885,91 RECEITAS FINANCEIRAS.................................................................................................. 117.842,74 103.635,28 TOTAL GERAL DAS RECEITAS........................................................................................ 3.008.421,19 3.471.630,50 DESPESASSOCIAIS DESPESAS.......................................................................................................................... DESPESAS C/ PESSOAL ................................................................................................... DESPESAS ADMINISTRATIVA .......................................................................................... DESPESAS ASSISTENCIAIS.............................................................................................. DESPESAS TRIBUTARIAS................................................................................................. DESPESAS FINANCEIRAS ............................................................................................... ISENÇÕES USUFRUIDAS.................................................................................................. CUSTOS - COMPRA DE VELA........................................................................................... CUSTOS - PROVISÃO P/ DEVEDORES DUVIDOSOS.................................................... TOTAL GERAL DAS DESPESAS......................................................................................
padre Cido Pereira
Ebenilson Santos Andrade Contador - CRC 1SP184793/O-1
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CEP ____________ - ___________
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| Fé e Vida | 5
Espiritualidade
Fé e Cidadania
O que Deus espera dos jovens na próxima JMJ?
Acolhida versus xenofobia
Dom Carlos Lema Garcia
J
Bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e a Universidade
ovens de todo o mundo se preparam para estar com o Papa Francisco na próxima JMJ em Cracóvia, na Polônia, dos dias 27 a 31 de julho. A nossa Arquidiocese será representada por um animado grupo de cerca de 300 jovens. E os demais poderão acompanhar os eventos da Jornada pela TV e pela internet em suas casas e nos grupos de jovens das suas paróquias e comunidades. A JMJ é um evento de repercussão mundial: os jovens vão ser o centro das atenções da imprensa, TVs, jornais, revistas, rádios... Será uma grande manifestação de fé pelas ruas e praças: gente jovem e alegre, rezando, cantando por todos os lados. O que Deus espera dos jovens? O que o Papa espera dos jovens? Vale a pena recordar umas palavras do Papa Francisco pronunciadas em 4 de agosto de 2013, dias depois da JMJ: “No domingo passado, eu estava no Rio de Janeiro. Concluía-se a Santa Missa e a Jornada Mundial da Juventude. Acho que todos juntos temos que agradecer ao Senhor pelo grande dom que foi esse evento para o Brasil, para a América
Latina e para o mundo inteiro... Nunca devemos esquecer que as Jornadas Mundiais da Juventude não são ‘fogos de artifício’, momentos de entusiasmo fins em si mesmos; são etapas de um longo caminho, começado em 1985, por iniciativa do Papa João Paulo II. Ele confiou aos jovens a Cruz e disse: ‘Ide, e eu irei convosco!’ E assim foi feito; e essa peregrinação dos jovens continuou com o Papa Bento XVI, e graças a Deus também eu pude viver essa maravilhosa etapa no Brasil.. Lembremo-nos sempre: os jovens não seguem o Papa, seguem Jesus Cristo, carregando a sua Cruz. E o Papa os orienta e os acompanha nesse caminho de fé e de esperança. Gostaria de pedir-vos que rezem por mim e para que os jovens que participaram da Jornada Mundial da Juventude possam traduzir essa experiência na sua jornada diária, nos comportamentos de todos os dias; e que possam traduzi-la também em escolhas importantes de vida, respondendo ao chamado pessoal do Senhor.” É inegável que a JMJ mexe muito com as pessoas. Mas há um perigo de que seja apenas um momento de empolgação, de sentir fortes emoções, ao ver a multidão vibrante de jovens de todos os lugares, ouvir as palavras do Papa, cantar juntos, rezar em silêncio na vigília e nas missas etc. Mas, como o Papa adverte, a Jornada não pode ser como fogos de artifício, que brilham na noite, com seu colorido durante uns minutos, e depois resta apenas uma vareta queimada...Pedimos a
Deus que a Jornada não seja assim. Conhecemos muitas pessoas que, depois da JMJ, se transformaram, tomaram decisões sérias, encontraram a sua vocação, descobriram o que Deus esperava de suas vidas e hoje são sacerdotes, religiosos ou religiosas, ou leigos que encontraram a sua vocação de entrega a Deus no meio do mundo, no Matrimônio ou no celibato apostólico. Queremos que essa JMJ seja “o encontro com Jesus vivo, em sua grande família que é a Igreja, que enche o coração de alegria, porque o preenche com a vida verdadeira, de um bem profundo, que não passa e não apodrece”, como o Papa dizia. Queremos que a JMJ seja um momento de alta temperatura espiritual que se transforme em movimento, em mudança, em crescimento. Não queremos que o calor se esfrie com o passar do tempo. Por isso, penso que o mais importante virá depois da JMJ. Como será a mudança nas nossas vidas, pelas decisões corajosas e definitivas? Terminamos com umas palavras do Papa Francisco na Mensagem para a JMJ de Cracóvia: “Como é belo ver jovens que abraçam a vocação de se darem plenamente a Cristo e ao serviço da sua Igreja! Ponde-vos a pergunta a vós mesmos com ânimo puro e não tenhais medo daquilo que Deus vos pede! A partir do vosso ‘sim’ à chamada do Senhor, tornar-vos-eis novas sementes de esperança na Igreja e na sociedade. Não esqueçais: a vontade de Deus é a nossa felicidade!”
Francisco Borba Ribeiro Neto Infelizmente, a situação brasileira atual tem sido marcada por escândalos, vexames e desgostos para o cidadão. Dependendo da posição de cada um, as causas e consequências serão vistas de forma diferente. Mas a situação aí está. Nesse panorama, a acolhida aos estrangeiros é uma das raras causas de orgulho dos brasileiros. Não que tudo esteja bem. As condições precárias de muitos imigrantes, que chegam a ser submetidos a trabalho escravo, e a falta de uma legislação atualizada são fatos bem conhecidos por quem acompanha o problema. Porém, o Brasil é o país que mais reconheceu legalmente refugiados sírios no período recente. Enquanto a xenofobia cresce nos países europeus e nos Estados Unidos, os brasileiros permanecem com uma postura de abertura e acolhida aos refugiados. Os governos vêm procurando melhorar as atuações na área por meio de iniciativas como uma nova lei federal de migração ou a criação em São Paulo de uma Política Municipal para a População Imigrante. Mas, a crise econômica implica em cortes de gastos que inevitavelmente afetarão essas iniciativas. Aliás, é difícil imaginar que um Estado em dificuldade irá fazer o que não estava sendo feito antes. A crise dos refugiados é reflexo da globalização, que derruba limites nacionais, mas não é inclusiva. Reações xenófobas, em vez de protegerem as populações nacionais, desagregam a sociedade e propiciam políticas desastrosas para essas mesmas populações. A xenofobia põe em cheque a unidade europeia, o maior projeto de fraternidade entre nações já posto em prática e fortalece demagogos inconsequentes como Donald Trump, desacreditado até por políticos de seu partido. A melhor alternativa para o drama dos refugiados ainda é a acolhida e a integração. Quanto mais rapidamente o estrangeiro se incorpora de forma construtiva à vida nacional, mais cedo se torna uma riqueza para todos. A acolhida fortalece a solidariedade necessária para sustentar a cidadania e construir o bem comum. A xenofobia acaba por corromper a própria nação que deseja preservarse, como o nazismo tristemente atestou. Os maiores êxitos da acolhida aos refugiados no Brasil de hoje se devem a organizações da sociedade civil. O Estado pode e deve ser mais presente, por exemplo facilitando a legalização da situação do migrante e sua inserção no mercado de trabalho. Cabe à sociedade manter e desenvolver sua posição de acolhida, mesmo com uma crise econômica no País. Para os cristãos, isso deve ser ainda mais claro. Afinal, como ensina o Antigo Testamento, a proteção ao estrangeiro, ao órfão e à viúva medem o quanto a justiça dos homens reflete o amor de Deus. As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.
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Comportamento
Simplicidade e alegria Simone Fuzaro
O tempo passa muito rápido: chegamos às férias escolares novamente! Essas férias do meio do ano às vezes são bem complicadas para os adultos: como entreter as crianças sem o apoio da escola? Famílias cada vez menores, menos companhia natural para as crianças e, ainda por cima, a crise. Dinheiro mais curto, menor possibilidade de viagens, acampamentos etc. Excelente oportunidade para criarmos - como diz o ditado popular – “a necessidade é a mãe da criatividade”. Que tal pensarmos na grande oportunidade de resgatarmos e ensinarmos aos filhos a virtude da simplicidade? Segundo Deepak Chopra, médico e escritor indiano, no artigo “Encontrando alegria na simplicidade”, “simplicidade é o comportamento padrão da Natureza”. Todos nós, por natureza, precisamos de muito pouco, porém, criamos necessidades, nos rendemos ao consumismo, às aparências, às vaidades, aos desejos, e acabamos complicando e muito nossas vidas. No mesmo artigo, o autor diz que “quando a nossa vida é muito complicada, estamos sob o peso de coisas supérfluas em todos os níveis”, e não é mesmo? A criança, quando pequena, é simples. Nós, adultos, vamos oferecendo possibilidades e “complicações”, por falta de tempo, por excesso de cansaço, por não sermos críticos ao consumismo, por nos rendermos aos comodismos da modernidade. Com certeza, se fizermos um exercício de memória,
lembraremos de como éramos não forem sólidas, se o agora felizes em nossas férias escola- não for vivido com a intensidade res, com muito menos recursos, e a completude que exige. viagens e programações do que Com certeza, as férias esnossos filhos. Que alegria po- colares, se não forem acompadermos acordar um pouco mais nhadas das férias dos pais, são tarde, curtirmos nossa casa, a um período difícil, que exigirá companhia da mãe, dos irmãos, de nós maior empenho e alguns brincarmos com e brigarmos “malabarismos”, mas, certapor “pequenas bobagens”. An- mente, será um período de muidar de bicicleta na rua, no tas alegrias, que deixará boas parque, no quintal, ouvir uma lembranças, que intensificará história de como era quando a os laços familiares! Vamos nos mamãe ou o papai eram peque- propor a simplificar a vida, linos, brincar com os sapatos da vrar-nos do “supérfluo” e vivermãe, com algumas ferramentas mos o essencial. Que enorme do pai, fazer um piquenique, aprendizagem para nós e para ajudar numa receita, lavar umas vida de nossos filhos encontrar peças de roupa de boneca numa a alegria na simplicidade, nas bacia enquanto o adulto lava “as pequenas possibilidades que de verdade”, dar banho nos carrinhos A criança, quando como no lava-rápido, caminhar até o pequena, é simples. mercado ou a pada- Nós, adultos, ria em companhia vamos oferecendo de alguém, ir ao possibilidades e zoológico, jogar um jogo de memória, “complicações”, Por falta “banco imobiliário”. de tempo, por excesso de Não importava, o cansaço, por não sermos importante era a críticos ao consumismo, companhia - o conpor nos rendermos vívio. Nele, encontrávamos inúmeras aos comodismos da “alegrias”. modernidade Hoje, como pais, lembramos que estamos fazen- se apresentam todos os dias de do a história de nossos filhos, estarmos juntos, darmos boas que estamos formando pessoas, risadas e convivermos. Lemconstruindo memórias, elabo- brem-se: eles crescem muito rárando sentimentos e que o que pido! Sentiremos saudades destemos é o hoje para isso? Quan- sa fase e que triste se no futuro tas vezes, colocamos nossos percebermos que não a vivemos esforços em conquistas para o com a intensidade que gostaríafuturo, planejamos grandes via- mos de tê-la vivido. Boas férias! gens, nos preocupamos com a Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é universidade e esquecemos que Fonoaudióloga e Educadora. Mantém o blog http://educandonacao.com.br nada disso chegará se as bases
Cuidar da Saúde
Como ter uma casa mais segura Cássia Regina Aproximadamente 30% das pessoas com 60 anos ou mais já caíram nos últimos 12 meses, aumentando a redução de sua funcionalidade, riscos de morte e a institucionalização. Destes casos, 75% ocorrem em casa, no trajeto entre o banheiro e o quarto no período da noite. No ambiente doméstico, é essencial a conscientização dos familiares acerca das modificações possí-
veis, muitas delas baratas e simples, para evitar acidentes, que podem provocar pequenas lesões ou lesões graves com consequências irreversíveis. Algumas medidas podem ser tomadas para deixar a casa mais segura: guardar os medicamentos em local seguro, instalar barras de segurança próximo ao sanitário e no interior do box, adequar a altura do vaso sanitário, adequar a iluminação, fazer modificações nos pisos escorregadiços e
desnivelados, instalar corrimão em ambos lados dos corredores, instalar torneiras e registros, de preferência retos e não redondos, evitar uso de tapetes, evitar o excesso de mobília. Um paciente que cai pode se fraturar. Fraturado, ficará acamado, terá redução de sua qualidade de vida e aumentará sua morbilidade. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com
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| Pelo Brasil | 7
Destaques das Agências Nacionais
Daniel Gomes e Igor de Andrade osaopaulo@uol.com.br
Em congresso estadual, famílias reafirmam: ‘O amor é nossa missão’ “O amor é nossa missão: a família plenamente viva” foi o tema do 19º Congresso da Pastoral Familiar do Regional Sul 1 da CNBB, que ocorreu entre os dias 8 e 10, em Ribeirão Preto (SP), com a participação de 320 pessoas. O Congresso teve por objetivos fortalecer o amor misericordioso de Deus nos relacionamentos familiares, oferecer aos integrantes da Pastoral Familiar um aprofundamento da missão da família cristã no mundo de hoje, tendo como princípio a vivência da misericórdia; e construir uma nova evangelização junto às famílias a partir da Exortação Apostólica Amoris laetitia – sobre o amor na família, publicada neste ano pelo Papa Francisco, a partir das assembleias do Sínodo dos Bispos, realizadas em 2014 e 2015. Na abertura do Congresso, Dom Moacir Silva, arcebispo de Ribeirão Preto, destacou a importância do amor e da misericórdia para a vivência do Matrimônio, tendo Deus como ponto de referência. Também houve uma conferência com Dom João Bosco Barbosa de Souza, bispo
de Osasco (SP) e presidente da Comissão Episcopal para a Vida e Família da CNBB, que ressaltou: “não vai ser nunca demais a gente agradecer a Deus pela vocação nossa, e principalmente pela vocação que nós estamos vivendo aqui neste congresso que é de cuidar da família, especialmente nesta hora prodigiosa e singular”, comentou. Ao longo do Congresso aconteceram oito conferências, tendo como eixo a Exortação Apostólica. Um dos conferencistas foi o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, que abordou as perspectivas para uma nova Pastoral Familiar. Dom Odilo apresentou aspectos gerais da Amoris laetitia. “Nesta exortação, o Papa traz aquilo que foram as contribuições das duas assembleias do Sínodo e também, naturalmente, a sua própria preocupação e orientação para a família no nosso tempo”, explicou. “A Igreja não abandona a família, embora muitas vezes no Estado e na sociedade, a família seja deixada de lado, como se fosse um caso perdido. Porém, a Igreja continua a crer na família, que é impor-
Márcio Smiguel/Arquidiocese de Ribeirão Preto
Cardeal Scherer fala a participantes do 19º Congresso da Pastoral Familiar do Regional Sul 1
tante para Deus e a Igreja está encarregada de anunciar os desígnios Dele”, ressaltou o Arcebispo. De acordo com o Cardeal Scherer, a missão da Pastoral Familiar consiste em ajudar a família a viver da maneira como Deus quer. Para Dom Odilo, o Papa “quer ajudar as pessoas a se reencontrarem, a
estarem bem e a viverem aquilo que seria, primeiramente, a sua vocação e missão no casamento. Quer, por isso mesmo, que a Igreja tenha uma atitude nova em relação à família e a tantas situações de dor e sofrimento presentes nela”. Com informações da Arquidiocese de Ribeirão Preto (edição: Daniel Gomes e Igor de Andrade)
Brasil tem queda de 35% na quantidade de cidades turísticas
Conjunto da Pampulha pode se tornar patrimônio cultural da humanidade
O Mapa do Turismo do Brasileiro, divulgado na última semana pelo Ministério do Turismo, mostra que o número de municípios turísticos no País foi reduzido em 35%: de 3.345 para 2.175. O documento é atualizado periodicamente para se adequar à realidade de cada município e serve de subsídio para determinar a aplicação de recursos onde há possibilidades de maior ganho para o turismo.
A 40ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial foi aberta no domingo, 10, em Istambul, na Turquia. Entre os avaliados na categoria de sítio cultural está o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), projetado por Oscar Niemeyer, sob encomenda do prefeito Juscelino Kubitschek, e construído entre 1942 e 1944. Uma das atrações do conjunto é a Igreja São Francisco de Assis, que reúne
O novo Mapa aponta que 29% dos municípios estão nas categorias A, B e C, ou seja, com os melhores índices em relação ao número de empregos, estabelecimentos formais no setor de hospedagem e estimativas de fluxo de turistas domésticos e internacionais. Essas cidades possuem fluxo turístico nacional e internacional mais expressivos. Fonte: Agência Brasil (Edição: Igor de Andrade)
obras de Burle Marx e do pintor Cândido Portinari. A estrutura contém painéis que retratam a Via-Sacra e a imagem de São Francisco. A Igreja da Pampulha é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG) Fonte: ONU Brasil e Prefeitura de Belo Horizonte (Edição: Igor de Andrade)
90% dos brasileiros dizem que serviços públicos deveriam ser melhores Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que a população está insatisfeita com a aplicação do dinheiro dos tributos e que a maioria é contra a volta da CPMF. A saúde e a segurança têm as pio-
res avaliações entre os 13 serviços analisados. Já os serviços de fornecimento de energia elétrica e os Correios obtiveram as melhores avaliações. A pesquisa foi feita em parceria
com o Ibope e entrevistou pessoas de 143 municípios, entre os dias 17 e 20 de março. O número de brasileiros que dizem pagar caro por serviços ruins é cada vez maior. Considerado o elevado patamar de impostos pagos no País,
90% dizem que os serviços deveriam ser melhores. Em 2013, tinham essa opinião 83% dos entrevistados, e em 2010, 81%. Fonte: Agência de Notícias CNI (Edição: Igor de Andrade)
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A fé que sustenta o técnico campeão da Europa Federação Portuguesa de Futebol
Roberto Zanin
Especial para O SÃO PAULO
O técnico da seleção portuguesa de futebol, Fernando Santos, acaba de se tornar um herói nacional. Sob seu comando, a equipe lusitana (“equipa” como se diz por lá) sagrou-se pela primeira vez campeã europeia, derrotando os franceses em pleno Stade de France, na cidade de Saint-Denis. Muitos reconhecem a capacidade profissional de Santos, mas poucos conheciam outra faceta do treinador: sua íntima relação com Deus. Em encontro promovido pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura de Portugal, o técnico falou sobre como se reencontrou com Deus após afastar-se da fé, ainda na infância. “Minha família não frequentava muito a Igreja, apesar de meu pai sempre ir a batizados, já que foi padrinho várias vezes. Mas fazíamos o que era ‘obrigatório’: fomos batizados com poucos meses de vida; fui para a Catequese um pouco tarde, até porque não se praticava muito a fé em nossa casa. Recordo-me que todos os anos íamos à Fátima, mas penso que era mais por tradição. Não éramos uma família praticante. Acreditávamos em Deus, sim, mas não éramos praticantes”. Um costume, porém, ficou arraigado em sua alma: rezar ao anjo da guarda antes de dormir. Santos foi crismado aos 10 anos e continuou a frequentar a paróquia. A falta de tato de um catequista o afastou da Igreja. Estavam ensaiando uma peça de teatro e ele fazia o papel de um juiz, que tinha que bater o martelo em uma determinada cena. “Toda vez que batia o martelo, me dava vontade de rir. O catequista me repreendeu e expliquei que ele deveria me trocar de papel, porque não conseguia segurar o riso. Ele me disse que se eu não conseguisse, deveria ir embora. Fui e não voltei mais. Eventualmente, ia a algum batizado ou casamento, mas, sinceramente, vivi vários anos apenas crendo que havia Deus. Não mais do que isso”, recordou. Fernando Santos ficou noivo e, por tradição, quis se casar na Igreja. Fernando e sua mulher, Guilhermina, gostaram muito do curso de preparação ao Matrimônio, mas, depois do casamento, não voltaram à Igreja. O mesmo aconteceu no batizado dos dois filhos. Acharam interessante o curso de preparação, mas depois não voltaram.
Crisma da filha e o início da volta à Igreja
As coisas começaram a mudar quando Fernando e sua esposa foram convidados a participar do curso de preparação para a Crisma da filha. Ele assistia às palestras, mas não entendia nada. Sentiu-se inquieto. Quis conhecer melhor a doutrina para participar mais intensamente daquele momento importante
Após título da Eurocopa 2016, no domingo, 10, com a seleção portuguesa, técnico Fernando Santos conta experiência pessoal de fé católica
para ela. “Alguns dias depois, na inauguração da loja de um amigo, conheci um sacerdote. Ele me pediu carona e, ao deixá-lo na porta de sua igreja, lhe disse que tinha algumas dúvidas sobre a fé e gostaria de marcar uma conversa a respeito”. Fernando agendou um almoço com o padre, que lhe deu um exemplar de “A Fé Explicada”, do Padre Léo Trese. “Aquele livro me ajudou muito a entender a questão do pecado. O que mais me afastava de Deus era a imagem de que Ele sempre estava pronto a castigar.” O livro o ajudou tanto que Fernando e a mulher começaram a ir à missa. Ficavam no fundo da igreja e não comungavam. Com o passar do tempo, ficou incomodado por não receber a Eucaristia e voltou a procurar o padre: “gostaria de me confessar com o senhor, mas, no fundo, não quero. Essa coisa de falar pecados a um padre é meio estranha para mim”. Ficou duas horas com o sacerdote. Foi uma mescla de conversa e confissão. A seguir, sua mulher também se confessou e voltaram a receber a Eucaristia.
Um retiro, o momento determinante de sua vida
Fernando Santos viveu na pele a frase de São Paulo, em Romanos 8,26: “Não sabeis pedir o que convém”. “Já trabalhava como técnico há alguns anos, no Estoril, e o time estava mal. Tínhamos um jogo em Braga e se perdêssemos seria demitido. Lembrome de ter rezado, pedindo que ganhássemos o jogo e que eu não fosse mandado embora. Perdemos o jogo e eu perdi o emprego. Naquele momento, não entendi, mas foi o início do meu
novo nascimento. Um amigo foi à minha casa para me dar apoio e disse que haveria um retiro dali a uma semana. Ele sempre me convidou e eu sempre recusei, mas daquela vez resolvi aceitar, não porque esperasse encontrar Deus, mas para ter alguns dias de silêncio, para repensar minha vida.” O retiro foi a ocasião propícia para que Fernando falasse com Deus e ouvisse o que Ele tinha a lhe dizer: “Deus me deu muitos puxões de orelha. Eu achava que sabia de tudo, era muito autossuficiente”. Uma frase daquele retiro marcou a vida do treinador: “Cristo está vivo em cada um de nós”. Fernando percebeu que a fé nasce de uma pergunta: “Cristo ressuscitou ou não?” Como diz São Paulo, seu personagem bíblico favorito, se Cristo não ressuscitou, nossa fé é vã. “Se há ressurreição, não há morte. Desde então, não me faço mais questões sobre como é a Santíssima Trindade, ou coisas do tipo. Para mim, basta saber que Cristo está vivo em cada um de nós”. Daquele retiro, guarda até hoje um crucifixo que carrega no bolso e que o técnico segura com força quando se sente em dificuldade durante os jogos.
oração, de preferência diante do Sacrário
A primeira coisa que o técnico campeão da Europa faz ao acordar é rezar. Faz isso com palavras próprias, somadas ao Pai-Nosso, à Ave-Maria e à invocação ao Espírito Santo. O centro de sua vida espiritual é a Eucaristia. Passou a ter necessidade de falar com Deus e, junto ao sacrário, é onde se sente melhor: “lá Ele está presente todos os dias. Lá eu o trato
como meu grande amigo, que me atende e me ouve sempre. Ele me dá algumas respostas que às vezes não gosto, mas é com Ele que eu desabafo”. Fernando diz que precisa sempre alimentar a sua fé. E a melhor maneira de fazer isso é assistir à missa diariamente, se possível recebendo o corpo de Cristo e ouvindo Sua Palavra. Quando não pode ir à Igreja, ele lê as leituras litúrgicas do dia.
Testemunhar a fé no ambiente do futebol
O treinador não sente vergonha de falar sobre sua fé aos colegas, jogadores e a todos os que o rodeiam no mundo dos esportes. “Ser católico é uma exigência muito forte, porque consiste em crer que Cristo ressuscitou e está vivo. Não podemos deixar de dar testemunho disso em qualquer profissão que tenhamos”. Fernando vê com preocupação os ataques desferidos contra a família, inclusive em seu País: “sem família não há sociedade. Começa tudo por aí. Se não conseguirmos mudar no seio da família, dificilmente vamos conseguir mudar a família maior que nos rodeia, que é a sociedade”. Fernando Santos é uma pessoa de fé. Um homem que, mesmo sem saber, faz apostolado. Certo dia, recebeu a carta de um homem que lhe agradecia: “Obrigado por ter me ajudado a voltar para Deus”. O homem foi à Fátima e viu um senhor muito contrito rezando a Via-Sacra. Aproximou-se e viu que o devoto era o treinador da seleção portuguesa. Percebeu que Deus chama a todos. E resolveu voltar à Igreja.
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Leigos à frente da Sala de Imprensa Fotos: L’Osservatore Romano
O Papa Francisco acolheu a renúncia apresentada pelo Padre Federico Lombardi do cargo de diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, na segunda-feira, 11. O novo diretor nomeado pelo Pontífice é Greg Burke, até agora vice-diretor do mesmo departamento. Também foi nomeada a espanhola Paloma García Ovejero como vice-diretora. Greg Burke é natural de Saint Louis, nos Estados Unidos e completará 57 anos em novembro. É membro numerário da Opus Dei. Em sua carreira como jornalista, trabalhou em empresas como Reuters, Metropolitan, National Catholic Register, Time e Fox News. Em entrevista exclusiva ao O SÃO PAULO, em março, Burke afirmou sobre o trabalho com a comunicação: “Se você tem paixão pela Igreja, você a comunica bem, ou aprende a comunicar bem, porque isso é visível”.
Pesar por acidente ferroviário na Itália Em telegrama assinado pelo Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, o Santo Padre manifestou seu pesar pelas vítimas do trágico acidente ferroviário ocor-
rido na terça-feira, 12, na Província de Bari, no sul da Itália, no qual ao menos 23 pessoas morreram e mais de 50 ficaram feridas. “Papa Francisco expressa sua sen-
tida e cordial participação na dor que atinge tantas famílias”, lê-se no telegrama no qual o Pontífice assegura orações pelos que morreram e, “ao tempo em que invoca ao Senhor para
os feridos uma pronta recuperação, confia à materna proteção da Virgem Maria os atingidos pelo dramático luto e envia sua confortadora bênção apostólica”.
Mudanças na liturgia? A Sala de Imprensa da Santa Sé publicou uma nota na qual esclarece que “não são previstas novas orientações litúrgicas a partir do próximo Advento”, ao contrário do que tem sido divulgado em meios de comunicação após uma declaração do prefeito da Congregação Para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, Cardeal Robert Sarah, em relação à possibilidade da celebração da missa “voltada para o oriente”, na mesma direção dos fiéis voltados para o altar.
“O Cardeal Sarah sempre se preocupou, com razão, pela dignidade da celebração da missa, exprimindo-se adequadamente sobre o comportamento de respeito e adoração pelo mistério eucarístico. Algumas de suas expressões foram, no entanto, mal interpretadas, como se anunciasse novas indicações diferentes daquelas até agora contidas nas normas litúrgicas e nas palavras do Papa sobre a celebração em direção ao povo e sobre o rito ordinário da missa”, explica a nota.
‘Seremos julgados pelas obras de misericórdia’ Ao comentar a parábola do “Bom Samaritano”, o Papa Francisco recordou, na oração do Ângelus do domingo, 10, que “no final, seremos julgados pelas obras de misericórdia”. O Pontífice citou a canção italiana “Parole, pa-
role, parole” (palavras, palavras, palavras). “Apenas palavras que o vento leva embora”, disse, para distinguir as obras de misericórdia de uma solidariedade só em palavras. “Também nós podemos nos fazer
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esta pergunta: quem é o meu próximo? Quem devo amar como a mim mesmo? Os meus parentes? Os meus amigos? Os meus compatriotas? Os da minha mesma religião?”, disse Francisco, explicando que Jesus muda essa perspectiva.
“Eu não devo catalogar os outros para decidir quem é o meu próximo e quem não é. Depende de mim ser ou não ser próximo da pessoa que encontro, e que precisa de ajuda, mesmo se estranha ou até hostil”.
Férias do Papa No mês de julho, período intenso do verão europeu, as audiências gerais do Papa Francisco estão suspensas, tendo sido mantida apenas a tradicional oração mariana do Ângelus na praça São Pedro. Em sua conta oficial no Twitter, o próprio Pontífice afirmou: “Neste mês, minhas audiências ficam suspensas, mas eu não deixo de rezar por vocês; e vocês, por favor, rezem por mim”. O único compromisso oficial para julho, até o momento, é a viagem à Polônia para a Jornada Mundial da Juventude, quando também visitará o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau e o Santuário da Divina Misericórdia. As audiências gerais retornam em agosto, mas na Sala Paulo VI, devido ao calor. Fonte: rádio Vaticano (redação: Fernando Geronazzo)
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Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
São Paulo tem política municipal para os imigrantes Luciney Martins/O SÃO PAULO
Código de Obras
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) suspendeu, em caráter liminar, o processo de votação na Câmara Municipal que aprovou a revisão do Código de Obras. Com a decisão, o prefeito Fernando Haddad (PT) fica impedido de sancionar o projeto de lei. O desembargador Alvaro Passos aceitou mandado de segurança impetrado pelos vereadores Andrea Matarazzo (PSD), Gilberto Natalini (PV), Aurélio Nomura (PSDB) e Mario Covas Neto (PSDB). Integrantes da oposição, os parlamentares alegam que a primeira votação, feita em 11 de maio, foi irregular. Segundo eles, um artigo do projeto exigia quórum qualificado, de 37 votos, já que alterava normas estipuladas por outras legislações urbanísticas, mas passou com apenas 28.
Zona Azul
Iniciativa não busca dar privilégios aos migrantes, mas assegurar que seja cumprida a Constituição e a garantia de direitos e deveres
Antes que a união reveja o Estatuto do Migrante, a cidade de São Paulo sai na frente e vota o projeto de lei n.º 142/2016, que “institui a Política Municipal para a População Imigrante, dispõe sobre seus objetivos, princípios, diretrizes e ações prioritárias, bem como sobre o Conselho Municipal de Imigrantes”. O PL, criado a partir de um processo que envolveu grupos da sociedade civil, foi aprovado em 21 de junho na Câmara Municipal e sancionado pelo prefeito Fernando Haddad, em 7 de julho, durante abertura do 7º Fórum Mundial das Migrações, no auditório do Centro Esportivo e de Lazer Tietê. Um desses grupos foi a Missão Paz, entidade da Igreja Católica que faz trabalho de acolhida a imigrantes e refugiados. De acordo com Letícia Carvalho, formada em relações internacionais e assessora de incidência política da entidade, foram mais de seis meses de trabalhos e reuniões para que o projeto fosse finalizado e encaminhado à Câmara Municipal. Foram realizadas reuniões temáticas nos eixos: assistência social e saúde; educação e trabalho; habitação, esporte e participação social, além de audiências públicas e a disponibilização do projeto em um site da Prefeitura para que houvesse críticas e sugestões. Entre as inovações do PL aprovado estão os princípios e garantias de diretos fundamentais aos migrantes, como o combate à xenofobia, ao racismo e a quaisquer formas de discriminação, além da previsão de criação do Conselho Municipal do Migrante,
que terá como função a fiscalização do cumprimento das Políticas Públicas dos Migrantes. Outros destaques são a previsão de formação de agentes públicos para temática migratória, visando um atendimento mais humanizado, além da manutenção de Centros de Referências – CRAI (serviço que hoje é administrado pelo Serviço Franciscano de Solidariedade - Sefras), destinados à prestação de serviços específicos aos imigrantes e à articulação do acesso aos demais serviços públicos. O projeto não busca dar privilégios aos migrantes, mas, de acordo com Letícia, assegurar que seja cumprido o que diz a Constituição Federal e a garantia de direitos e deveres para esses cidadãos. “O Estatuto do Estrangeiro é muito defasado. E o próprio Estatuto, a lei que rege a presença de imigrantes no Brasil, é inconstitucional e estamos na luta para mudá-lo também, só que a cidade de São Paulo tendo essa iniciativa de criar um comitê, elaborar uma lei municipal, chamar a sociedade civil e os imigrantes para participarem desse processo que é algo inovador, pioneiro, avança muito, avança até para diante do próprio cenário federal na questão de acesso a direitos garantidos na Constituição”, afirmou.
Como funciona na prática
A Lei quer dar visibilidade para os direitos e deveres dos migrantes, porque “muitas vezes, na prática, o servidor público que está na ponta do atendimento a essa pessoa, por desconhecimento, por não saber como é o documento, por não reconhecer que
mesmo estando em situação irregular ou tendo um documento que não é um RG - mesmo porque não é esse documento que o imigrante vai ter pnsa que o imigrante não tem direito a ter acesso ao serviço público”, afirma Letícia. Além disso, a lei aborda a questão específica da não discriminação e não criminalização da migração. “Pontos muito importantes, pontos que a lei avança nesse sentido e traz esse diferencial para essa população migrante em uma cidade como São Paulo, que é a que mais acolhe migrantes no Brasil”. Em uma situação hipotética que elucida a prática da lei, pode-se imaginar uma escola municipal. Uma mãe, imigrante, busca vaga na escola para seu filho, mas a mesma é negada pela direção da escola, pois a criança é imigrante. Se aprovada, a lei garantirá o direito dessa criança de ter acesso ao serviço público, um direito universal. “Com essa lei, acreditamos e esperamos fazer com que o funcionário público, a diretora da escola, por exemplo, tendo conhecimento dessa lei que garante o acesso a imigrantes e filhos de imigrantes, não vai permitir que a criança seja barrada na matrícula. Há uma parte do nosso serviço social na Missão Paz, que cuida das questões de educação e é diariamente as mães que chegam falando que a diretora não aceitou a matrícula do filho, porque ele é imigrante. Que os imigrantes, tendo conhecimento disso, consigam reverter esse cenário, da mesma forma que é interessante que o servidor saiba que existe isso e é direito do imigrante”, comenta Letícia.
Desde a segunda-feira, 11, o pagamento por vagas de Zona Azul poderá ser feito por aplicativos de celular. Em longo prazo, a ideia é dar fim aos cartões de estacionamento de papel. Entre os aplicativos, há dois que funcionam somente pelo sistema Android e um pelo Android e também pelo iOS (iPhone). Os três aplicativos têm funcionamento parecido. Após baixá-lo no celular, o motorista deve fazer um cadastro no qual informará o número de celular, os números de placas de carros que usarão o serviço e o cartão de crédito como forma de pagamento.
Metrô de São Paulo
O Ministério Público Estadual entrou na Justiça com ação de improbidade administrativa contra a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) e oito agentes públicos paulistas, pelo abandono de 26 trens comprados em 2011 por R$ 615 milhões para operar na Linha 5-Lilás, mas que ainda estão parados nos pátios. Entre os acusados estão o secretário de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, o ex-titular da pasta, Jurandir Fernandes, e o presidente da estatal, Paulo Menezes Figueiredo. O Metrô nega as irregularidades.
Eduardo Cunha
Em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, diz que a renúncia do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ao cargo de presidente da Câmara não altera a situação do afastamento dele, determinado pela Corte Suprema.
Presidência da Câmara
Os parlamentares interessados em ingressar na disputa pelo comando da Câmara dos Deputados terão até às 12h da quarta-feira, 13, para oficializar as candidaturas. A eleição está marcada para às 16h da quarta. Até uma hora antes da votação, é permitido que os candidatos registrados desistam de participar. Qualquer deputado pode lançar candidatura. Fontes: G1, EBC, Folha de SP, Rede Nossa São Paulo
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| Reportagem | 11 Comunidade Nossa Senhora de Guadalupe
Moradores da Brasilândia buscam solução para desapropriações inesperadas Fernando Geronazzo
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Representantes dos moradores da rua Augusto José Pereira, na Vila Cardoso, na zona Noroeste de São Paulo, e da Arquidiocese de São Paulo participaram de uma reunião com o prefeito Fernando Haddad (PT) no dia 6, em busca de esclarecimentos sobre as inesperadas desapropriações de 44 imóveis no bairro para a construção de um hospital municipal. Entre esses imóveis está a Igreja Nossa Senhora de Guadalupe, comunidade da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, construída na década de 1970, durante a conhecida Operação Periferia, que expandiu a presença da Igreja pela cidade. As desapropriações irão acontecer para a construção do Hospital Brasilândia, cujas obras se iniciaram em setembro de 2015. Porém, os moradores foram informados anteriormente que esta não seria necessária. O representante comercial Rogério Marcelo Zillotti de Souza, 45, relatou ao O SÃO PAULO que somente foi informado que sua casa seria desapropriada em 3 de maio. Morador do endereço há 10 anos, Rogério é casado com Jucilene Albuquerque de Souza, que nasceu em uma casa nessa rua. “Recebemos a notificação verbalmente por uma agente da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb), sem nenhum documento. No primeiro momento, não deram nenhum esclarecimento e, no dia seguinte, a funcionária voltou com uma equipe para fazer avaliação dos imóveis. Inicialmente, eu não autorizei a vistoria na minha casa até que houvesse informações e documentações do que estava havendo”, contou o morador, que reuniu
os vizinhos e formou uma comissão para buscar explicações junto ao poder público.
Alteração do projeto
Os moradores argumentam que foram pegos de surpresa com a notícia de que houve uma alteração no projeto inicial do hospital municipal devido a outro projeto: a construção de uma estação da linha 6 do Metrô no bairro. A Prefeitura alegou aos moradores que quando iniciou o projeto do Hospital não tinha o conhecimento de que havia a previsão da construção do metrô na mesma região. Rogério esteve entre os moradores que participaram do encontro com o Prefeito, acompanhado do Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, de Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar na Região Brasilândia, do Padre Zacarias José de Carvalho Paiva, procurador da Mitra Arquidiocesana de São Paulo, e do Padre Eduardo Bina, pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo. Na reunião, Haddad esclareceu alguns detalhes sobre a mudança do projeto inicial e informou que as desapropriações são inevitáveis. Procurada pela reportagem, a Prefeitura de São Paulo explicou, por meio de nota, que as obras do Hospital Brasilândia passaram por alteração no projeto em atendimento à solicitação do Metrô, que precisa de parte da área para implantação da estação da linha. Por isso, o Governo do Estado fez convênio com a Prefeitura e repassou R$ 14,3 milhões para as desapropriações. A Prefeitura também confirmou que, inicialmente, o projeto não tinha desapropriações previstas, mas com a alteração, a área é necessária para a construção do bloco técnico do hospi-
tal, dar acesso à nova unidade, além das obras do metrô. O edital do convênio firmado entre os governos estadual e municipal foi publicado em 9 de julho no Diário Oficial do Município.
Obras
Ainda de acordo com a nota da Prefeitura, os trabalhos de fundações e alicerces do novo Hospital Brasilândia foram concluídos, sendo que no Bloco A e C está sendo construída a primeira laje, e o no Bloco B está sendo feita a terceira laje. “O novo hospital terá atendimento de primeiro mundo com abertura de 250 leitos, sendo 40 leitos de UTI; prontosocorro adulto e pediátrico; quatro salas de emergência; 39 leitos de observação; pronto-socorro com atendimento 24 horas; clínica médica; clínica cirúrgica; anestesistas; ortopedia; ginecologia; neonatologistas; ambulatório adulto e pediátrico; centro cirúrgico, três salas de obstetrícia; centro de diagnóstico e salas de emergência”, diz a nota. Rogério ressaltou que nenhum morador discorda da necessidade de haver um hospital e uma estação de metrô no bairro. “Quando começaram as obras do metrô por aqui, eu fiquei muito feliz. Assim como o hospital, mas, até então, víamos a placa do futuro hospital em outro local e sabíamos que não haveria desapropriações. A insatisfação dos moradores é com a maneira como as coisas foram conduzidas. De repente, quando as obras já começaram, batem na nossa porta e nos avisam que seriamos desapropriados”, afirmou.
Esperança
“A Arquidiocese de São Paulo foi notificada pela Siurb no dia 15 de maio
sobre a desapropriação do imóvel da Comunidade. Fomos à Prefeitura, em primeiro lugar, para entender o que realmente estava acontecendo. Depois, para tentar buscar que não houvesse as desapropriações. No entanto, existe um projeto cuja boa parte já está sendo construída e não temos muito o que fazer diante disso”, disse o Padre Zacarias, designado pelo Arcebispo para acompanhar o processo de desapropriação. Dom Devair explicou que Arquidiocese tem duas preocupações. “Em primeiro lugar, a desapropriação não foi dialogada anteriormente, nem foram discutidos os valores com os moradores e, por isso, eles se sentiram lesados enquanto não recebiam esclarecimentos. Em segundo lugar, nos preocupamos com a comunidade que existe ali e queremos garantir que não se perca o espaço celebrativo. Que as pessoas não sejam somente removidas e deixadas sem recursos, mas que possam comprar suas casas na região ou em outro lugar e, por isso, recebam os valores justos”. Segundo o Padre Zacarias, “o Prefeito ficou de encaminhar à Mitra Arquidiocesana e ao representante dos moradores um agente da Prefeitura para orientar sobre as questões mais práticas”, informou, dizendo, ainda, que Haddad garantiu aos participantes da reunião que as indenizações serão justas, no valor de mercado, e que a Prefeitura vai empenhar-se para encontrar um terreno para construção da nova igreja. Assim como Rogério, os demais moradores continuarão atentos ao desenrolar do processo de desapropriação. “Já sabemos que teremos que sair, mas esperamos que tudo aquilo que ficou firmado na conversa com a Prefeitura seja concretizado”, concluiu.
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E você, escolheria viver? ‘Como eu era antes de você’ e o simplismo do suicídio assistido Arte: Sergio Ricciuto Conte
Edcarlos Bispo e Nayá Fernandes
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Celso Zoppi tinha 23 anos, era um jovem professor de Biologia na cidade de Americana (SP) e estava em um dia de folga quando um acidente de carro mudou para sempre sua vida. Levado para um hospital público de Campinas (SP), Celso não tinha ideia do que exatamente estava acontecendo com ele e imaginava que logo vol-
taria a Belo Horizonte (MG), cidade onde estava fazendo uma pós-graduação e morava sua namorada. Mas, com o passar dos dias, ele percebeu que não seria tão simples assim. Celso sofreu uma lesão na coluna cervical e perdeu, na ocasião, os movimentos dos braços e das pernas. O tempo foi passando e ele conseguiu melhoras significativas, não sem crises, momentos de solidão e muito choro. “Eu tinha uma grande força de vida e
não sabia o que iria acontecer comigo, isso me ajudou a continuar lutando. Além disso, o auxílio da minha família foi fundamental”, recorda Celso, que hoje está no seu quinto mandato como vereador em Americana. A história de Celso não é conhecida por milhares de pessoas. Não virou livro, nem filme, não foi sucesso nas bilheterias por dias seguidos e comentada nas redes sociais por jovens ávidos por um novo romance. A de
Will e Lou sim. O filme romântico inspirado no best-seller, “Como eu era antes de você”, de 2012, uma obra da britânica Jojo Moyes, estreou dia 16 de junho no Brasil e traz a história dos “amantes desafortunados”. A jovem Louisa Clark, 26, ao dirigir-se a uma agência de empregos, consegue o cargo de cuidadora de Will Traynor, 35, um jovem milionário que foi atropelado por uma moto e ficou tetraplégico. Segundo a mãe
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de Will, a moça teria a função de ser amiga dele, de animá-lo um pouco. Ao iniciar o novo emprego, ela nota que Will faz questão de demonstrar sua visão extremamente pessimista sobre a vida, relembrando melancolicamente seus momentos “gloriosos” antes do acidente. Ele era excelente esportista, bem sucedido no trabalho, namorava mulheres bonitas e viajava a inúmeros lugares. Um dia, a protagonista percebe que seu trabalho seria mais difícil do que imaginava, ao descobrir que Will havia decidido – contra a vontade dos pais – terminar sua vida por meio do suicídio assistido na Suíça. Quando Louisa descobre, ela faz de tudo para que ele mude de ideia e perceba o quanto vale a pena viver. Com o tempo, eles se apaixonam, o que a deixa confiante de que ele agora teria um novo motivo para lutar pela vida. O clímax acontece depois que eles se beijam e ele revela que irá cometer suicídio assistido. Ela diz que já sabia e que mesmo assim queria passar o resto de sua vida com ele, pois poderiam ser muito felizes juntos. Will, por outro lado, afirma que a cadeira era a única coisa que o definia, que essa não era a vida que queria e, mesmo se fosse com o amor de sua vida, ele preferia morrer a continuar naquele estado. Louisa, apesar de chamá-lo de egoísta e insensível, o acompanha à Suíça quando percebe que nada faria que mudasse de ideia. No fim do filme, a protagonista lê uma carta escrita por ele, na qual comunica que deixou uma fortuna de herança para que ela “viva”, que sinta a liberdade de deixar a casa dos pais e ser “alguém”. Assim, o enredo termina com a mensagem de que Will teve um ato heroico, foi corajoso e ainda propiciou um ótimo futuro a Louisa.
Quando se perde o sentido O tema do suicídio assistido está dentro do leque da Bioética, que aprofunda questões de início e fim da vida. Para refletir sobre esses temas e tentar ir além do drama romântico abordado no filme, O SÃO PAULO conversou com Padre Leo Pessini, doutor em Teologia Moral, autor de inúmeras obras no âmbito da Bioética e Teologia Moral, e atualmente superior-geral dos Camilianos; com Dalton Luiz de Paula Ramos, doutor em Odontologia e membro titular da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa e da Pontifícia Academia Pró-Vita; e com a médica especialista em Ginecologia e Obstetrícia e especialização em Logoterapia e Análise Existencial, Elizabeth Kipman Cerqueira. A Logoterapia é uma terapia baseada na definição integral da pessoa humana, em todas suas dimensões, centrada na busca pelo sentido. “Pela complexidade das questões éticas envolvidas nesta área de final de vida, penso que seja importante definirmos eticamente o que se entende por suicídio assistido, ou ‘suicídio
medicamente assistido’ e eutanásia. Em ambos os casos, estamos sempre diante de uma condição de vida de dependência crescente e perda das funções vitais, devido a um acidente, no caso do filme, ou diante da realidade do avanço de uma doença crônico-degenerativa, como Alzheimer ou Parkinson. Ou ainda frente a uma situação de dor e sofrimento qualificada como insuportável”, afirma o Padre Leo Pessini. Ele explicou ainda que, nesses casos, existe a resolução pessoal inflexível: a convicção profunda da pessoa de não querer mais viver nessa condição e alguém que age no sentido de atender à solicitação dessa pessoa. “Agindo sem o consentimento, estaríamos praticando um homicídio. Agindo atendendo a um pedido, fornecendo os instrumentos e ou medicamentos, ‘assistindo a pessoa’ para pôr fim a vida, mas o ato final sendo sempre da pessoa, estamos diante do suicídio assistido. No caso de se desligar o respirador, estando a pessoa numa UTI, ou dar uma dose fatal de barbitúrico; ou ainda interrompendo a alimentação, estamos diante da prática da eutanásia.” Dalton lembra que a eutanásia corresponde a um esforço humano de apoderar-se da própria morte, no sentido de provocar essa morte antes do tempo, como definiu São Joao Paulo II na Encíclica Evangelium vitae, de 25 de março de 1995. “A eutanásia pode ser entendida como uma ação ou omissão, isto é, quando se faz uma coisa ativamente ou se deixa de fazer para provocar a morte. O suicídio assistido se coloca vinculado a esse conceito e é um tema muito complexo, porque sabemos que, em muitos casos, existe um forte componente psicológico. Portanto, não pode ser tratado de forma superficial. Porém, o suicídio contradiz a própria inclinação natural da pessoa de preservar a vida.” Segundo Elisabeth, “o fator predominante do suicídio não é uma doença ou a dor física, mas é a solidão, o sentimento de inutilidade e a falta de objetivos. O que se acentua é uma grande frustração existencial provocada pelo vazio de não encontrar resposta para o sentido da vida, que pode levar ao quadro de neurose noogênica, uma patologia própria dos tempos atuais que promove apenas a chamada qualidade de vida e não, propriamente, o seu valor”, comentou.
Essa vida não é mais a minha! Quando a namorada de Celso, que sofreu o acidente de carro em Americana, foi visitá-lo, pois ela morava em Belo Horizonte, ele logo disse que os dois precisavam terminar. “Eu não queria que ela sentisse pena de mim, de jeito nenhum. Aliás, eu achava que todos ao meu redor tinham esse sentimento, de pena. Aos poucos, porém, fui percebendo que não era bem assim”. Celso não pôde continuar trabalhando como professor e teve que
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interromper o curso, mas dois anos após o fato, ele já era o responsável por uma loja, comprada pelos irmãos, na cidade onde eles nasceram. Em “Como eu era antes de você”, Will não quis voltar ao trabalho. Ao que tudo indica, ele até poderia fazê-lo, mas como não conseguiria voltar ao que era antes, achou melhor nem tentar. Padre Leo salienta que a questão ética do final de vida é apresentada de uma forma muito rápida e superficial e em meio a um melodrama que realmente seduz e capta a atenção e interesse do público. “O protagonista foi atropelado por uma moto ao atravessar uma rua e ficou paraplégico. Will é inteligente, rico, mal-humorado e dogmático em se definir pelo passado ‘Como eu era antes’ ... ou ‘Eu sou o que era’. ‘Eu não sou essa pessoa de hoje, dependente de cuidados, de tratamentos’. Filho de uma família rica, se mantém inflexível na sua decisão de não continuar a viver nessa condição marcada por limitações. Passa a ideia de que a vida vale a pena vivê-la somente quando se tem saúde, prestígio, riqueza, poder, viagens e prazeres... Lembro o famoso cientista, físico, Stepehn Hawking, com seu corpo todo deformado, ligado a uma infinidade de fios e computadores, continuando a viver e a escrever, quando diz que encerrar a própria vida seria um grande erro. Sempre é possível triunfar”. “A gente acaba até torcendo” – continua o Padre – “que com a chegada da cuidadora, Lou, de família humilde, ex-garçonete, pela qual ele se apaixona, possa mudar de ideia, e querer viver mais e valorizar a vida, mesmo com os limites angustiantes, por um grande amor! O problema é que Lou descobre que Will não só é um potencial suicida como deu um prazo de 6 meses de vida para os seus pais se despedirem dele e se acostumarem com a ideia de não tê-lo por perto para depois, finalmente, se suicidar na clínica Dignitas, na Suíça. Até o nome da clínica nos seduz e induz aos incautos. Ao passar a ideia e imagem de que se trata de algo a ser realizado com dignidade!”, diz Padre Leo. A decisão de Will, personagem do filme em questão, não é uma situação longe da realidade em si. Elisabeth mostra em números que essa perda de perspectiva não depende da pobreza ou de limites do bem estar. “Conforme estatísticas apresentadas nos livros de Logoterapia, em diferentes países, como nos Estados Unidos da América, Alemanha ou África, em torno de 20% das análises de testes aplicados revelam sintomas de neurose noogênica que procede da falta de sentido existencial, sobretudo entre os jovens. Entre os estudantes universitários norte-americanos que tentaram suicídio, em Idaho, a pesquisa indicou que 85% deles não conseguiam ver nenhum sentido em suas vidas, apesar de que 93% não apresentavam doença ou problemas econômicos e tinham vida socialmente ativa. A vontade de sentido se comprova como uma necessidade especificamente humana seja diante dos acontecimentos diários, seja na busca do significado final da vida ou, princi-
palmente, quando a pessoa é atingida por um sofrimento inevitável.”
responsabilidade coletiva No Brasil e na maioria dos demais países do mundo, o suicídio assistido continua sendo uma prática ilegal. Mas, como foi dito anteriormente, não se trata de uma situação em que cabem julgamentos simplistas e desprovidos de um olhar mais profundo. Toda a sociedade é, em certa medida, responsável pela morte de alguém que não se sente mais membro da comunidade humana como um sujeito livre e construtor da própria felicidade. “Porque uma pessoa entra em desespero? Porque se sente abandonada, se sente sozinha. O que ajuda a enfrentar esses momentos é justamente vencer o abandono com a companhia a comunhão”, afirma Dalton. E ele insiste que não se deve culpar as pessoas que pedem o suicídio assistido ou a eutanásia. “Devemos oferecer condições para que possam se sentir amparadas e superar a situação de desespero e abandono.” Padre Leo destaca que “é muito curioso que no filme não existe nenhuma proposta de ressignificação da vida nesta nova circunstância em que Will se encontra. Qualquer aceno é simplesmente ridicularizado com mauhumor, seja este feito da parte dos pais ou até mesmo da sua ‘namorada cuidadora’. Ouço com muita frequência no âmbito da saúde, trabalhando nesta área há mais de 30 anos, as pessoas, quando em situações críticas, dizerem: ‘Se for para ficar dependendo dos outros e sofrendo, então que Deus me leve!’ Precisar da ajuda de alguém se tornou algo feio e indigno! Isso é um terrível engano, pois nega nossa condição humana, de que somos frágeis e vulneráveis e de que basicamente necessitamos uns dos outros. Aqui entra o valor e a necessidade da solidariedade, compaixão e misericórdia. A indiferença e o silêncio como resposta não ajudam em nada.” Mas nem sempre é fácil reencontrar esse sentido para a vida. Celso, que estava no início de uma carreira acadêmica, teve sorte, pois, pouco mais de um ano depois do acidente, conheceu a Fraternidade das Pessoas com Deficiência (FCD). “Lembro-me que uma das frases que me tocou naquele primeiro encontro que participei foi a de que uma pessoa não deve aceitar a deficiência que tem, mas assumi-la, e não buscar ser protegido pela sociedade, mas ter nela os mesmos direitos de qualquer outro cidadão.” A primeira vez que saiu com cadeira de rodas no quarteirão onde morava, empurrado por uma irmã mais velha, Celso pensou que os olhares seriam de pena. “Foi uma surpresa para mim quando vi que as pessoas vibravam e me davam força para continuar. Então, logo depois, essa mesma irmã me levou ao cinema e as reações foram parecidas. Com o tempo, fui percebendo que era possível ter uma vida bonita, mesmo com a mobilidade muito reduzida”, diz Celso.
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5 filmes para pensar
A sedução da sétima arte Um tema tão delicado como o do suicídio assistido ter sido tratado no cinema é, porém, uma oportunidade para que se discuta a questão, quer da morte em si, quer da necessidade de que se revejam os padrões e as necessidades de consumo criadas para dar conta de uma felicidade meramente baseada em valores como o dinheiro, os padrões de beleza estabelecidos, o prazer sem medida e o poder sobre o próprio corpo ou o dos demais. E são esses os padrões formatados nos quais grande parte da humanidade nem sequer se dá conta de que está seguindo, levada pela propaganda de uma vida perfeita e quase imortal. Elisabeth acrescenta que “cada época apresenta uma neurose predominante e atualmente o tédio existencial torna a população tão passiva que nem consegue identificar o que quer. Passa a querer o que os outros fazem, um conformismo, ou faz o que os outros querem que faça, o chamado totalitarismo. A cultura do descarte, que centra o objetivo no consumismo, leva ao fechamento nos próprios interesses, mas não responde à aspiração presente no coração humano. A falta de ideais favorece os impulsos de agressividade, a criminalidade, a indiferença diante do outro, a dependência de drogas e o suicídio, sobretudo entre os jovens universitários. A cultura do descarte leva também a descartar os relacionamentos, as pessoas e a si próprio.” É importante, porém, destacar que a arte, o cinema e a literatura, sem sombra de dúvida, são exemplos maravilhosos da engenhosidade, inteligência e sabedoria humana e se constituem expressões mais lindas daquilo que definimos como cultura humana. “Quem não se encanta, por exemplo, ao ler um dos clássicos da literatura universal como ‘Dom Quixote de la Mancha’, do escritor espanhol Cervantes? Ou, então, quem não se comove diante da ‘Pietá’ de Michelangelo? E no cinema? Hoje, precisamos de educação com visão
crítica e espírito de discernimento, porque nem tudo que vemos por aí ajuda a construir uma vida saudável e feliz. Há muitas situações de ilusão, violência, destruição e pornografia, que corrompem com os verdadeiros valores humanos, que constroem um ser humano normal, feliz e cidadão. Aqui, especificamente, estamos diante de poderosíssimos instrumentos de marketing em seduzir sentimental e afetivamente a juventude, que vive um momento particularmente sensível e vulnerável frente à vida e em relação com os valores humanos”, alerta Padre Leo Pessini. Ele explica à reportagem que o fenômeno do turismo do suicídio assistido na Suíça tem aumentado de forma rápida nos últimos anos e preocupa não só o próprio governo suíço, mas vários governos europeus. “Entre 2008 e 2012, 611 não residentes suíços, provenientes de 31 países, foram ajudados a abreviar suas vidas. Temos a eutanásia legalizada desde 2002 na Holanda e na Bélgica. O suicídio assistido está legalizado em vários estados dos Estados Unidos da América. O Canadá está num momento de forte discussão política, mas tudo indica que o suicídio assistido vai ser aprovado e regulamentado pela Suprema Corte.” Em matéria do site G1, o ator Zack Weinstein, que ficou tetraplégico em 2005, afirma que “a mensagem do filme é que é melhor para essa pessoa morrer do que precisar de um serviço que a ajude a viver”. Na mesma notícia, há ainda a fala do ator Grant Albrecht, que sofre de uma doença que está retirando a sua capacidade de andar. “Romantizar a covardia é realmente perpetuar um estereótipo por uma questão de abandonar as pessoas reais com deficiência que estão lutando para manter sua sanidade e meios de subsistência e não ganham oportunidades em Hollywood”. Em artigo publicado no blog Reginas, do site Sempre família, Ana Clara Lazarini, que escreve para o
blog, afirma que alguns grupos que defendem os direitos das pessoas com deficiência se movimentaram em diversos países para protestar contra a obra, que mostra a ideia de que não é possível um deficiente ter uma vida digna e feliz, que morrer seria um ato de amor e “pouparia” os amigos e familiares. Citam-se, como exemplo, o grupo “Not Dead Yet”, “Euthanasia Prevention Coalition” e “Center for Disability Rights”. Ela conta no artigo que Dan Harvey, um jovem que possui uma deficiência muito parecida com a de Will Traynor, criou um canal no YouTube para mostrar sua indignação com o sucesso do filme. No vídeo, diz que o filme reforça o estereótipo da pessoa com deficiência física, que é contrário da realidade, como se a vida fosse negativa e melancólica, e que acabar com ela seria um ato de coragem. Outro problema relacionado à produção hollywoodiana é a falta de representatividade dos atores com deficiência. As grandes empresas cinematográficas optam por atores que não têm deficiência para fazerem papeis de personagens que têm. Enquanto “Como eu era antes de você” quer mostrar uma vida que só vale a pena ser vivida se estiver dentro dos padrões pré-estabelecidos por uma parcela aparentemente bem sucedida da sociedade, outros filmes, e só para citar um “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”, ajudam a perceber o quanto pequenos momentos podem fazer a diferença, mesmo que seja quebrar a camada de creme em um potinho de doce. E, cada pessoa, nas diferentes culturas, idades e momentos históricos, tem a tarefa de redescobrir esses momentos. Para alguns, é o aconchego de um almoço em família no domingo; para outros, ouvir a voz do amigo distante no telefone ou ainda viver um instante de espiritualidade enquanto se contempla as folhas das árvores caírem ao sol. (EB e NF)
O que diz a Igreja? Dalton Ramos, membro titular da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa e da Pontifícia Academia Pró-Vita, esclarece que a Igreja tem se manifestado de forma clara e incisiva em relação a esses temas. “Entre tantas manifestações, parece-me que uma importantíssima é a Encíclica Evangelium vitae, de São João Paulo II. A Igreja entende que tanto a eutanásia como o suicídio assistido corresponde a um mal, alguma coisa contrária à vocação do ser humano. Os gestos da eutanásia e do suicídio assistido se contrapõem ao amor pela própria vida”. Padre Leo Pessini, doutor em Teologia Moral, ressalta que “nós valemos pelo que somos, principalmente, filhos amados por Deus. Não perdemos nosso valor se por acaso a vida nos atinge com uma experiência de sofrimento ou nos impõe limites a partir de um acidente, como no caso do filme que
ora comentamos. A Igreja não pode se omitir ou permanecer indiferente perante essa situação. Ela tem que anunciar com criatividade, inteligência e sabedoria os valores do Evangelho, de cuidado respeito e preservação da vida humana, a essas novas gerações que vivem numa cultura secularizada da informação e da imagem. Catequese, cursos e aulas nas escolas, universidades sobre Ética e Bioética, numa perspectiva cristã, grupos de estudos, cine-fóruns com discussões, tudo isso pode ser de ajuda no sentido de se propor uma contracultura de valorização da vida humana, de uma proposta de sentido de vida, mesmo perante situações de sofrimento e limitações físicas. Nossa convicção ética defende que, como fomos cuidados para nascer, o mesmo cuidado respeitoso necessitamos no momento de partir desta vida, quando chegada a nossa hora.”
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Rebecca Ann Kiessling
‘Todos os outros direitos não valem nada se não há o direito à vida’ Arquivo pessoal
Fernando Geronazzo
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“Sim, eu fui concebida em um estupro e amo minha vida”. Esse é o lema da advogada norte-americana Rebecca Ann Kiessling, 46, fundadora da organização internacional Save the One (Salve o único), que percorre o mundo para contar a sua história e chamar a atenção das pessoas para as sérias implicações do argumento “Eu sou contra o aborto, exceto em casos de estupro”. Entregue pela mãe para a adoção logo após o seu nascimento, Rebecca teria sido abortada se o aborto fosse legalizado no Estado de Michigan, nos Estados Unidos, na época. No sábado, 9, ela participou do evento “Diálogos por uma nova Cultura da Mulher”, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, e falou com exclusividade ao O SÃO PAULO. Leia a entrevista:
O SÃO PAULO – Como você descobriu a história sobre sua origem? Rebecca Ann Kiessling – Eu conheci minha real história quando tinha 18 anos. Um dia, perguntei ao meu pai adotivo o que ele pensava disso e ele me disse: “Quem sou eu para te dizer se a mulher tem ou não o direito sobre o próprio corpo”. Então, lhe perguntei se, em outras palavras, ele estava dizendo que eu não merecia viver. Foi assim que lhe caiu a ficha. Ele nunca parou para considerar a ramificação de tudo isso. A partir daquele momento, eu descobri que a minha história podia fazer muita gente mudar de ideia. Você chegou a conhecer sua mãe biológica? Sim. Quando a encontrei, eu tinha 19 anos. Ela me contou todos os detalhes horríveis da noite em que ela foi violentada e da dificuldade que foi me entregar para a adoção. Compartilhou comigo que realmente tentou me abortar em duas clínicas clandestinas, mas voltou atrás por causa da condição ilegal e o medo de perder sua própria vida. Mas mesmo tendo me encontrado novamente e ficado feliz por isso, ela afirmou que teria me abortado se fosse legal naquela época. Ela mudou de ideia somente seis anos depois, quando uma filha sua enfrentou uma gravidez inesperada e ela teve contato com seu primeiro neto. Isso mudou seu coração. E quanto ao argumento de que ter o filho fruto de um estupro perpetua o sofrimento da vítima? É um mito dizer que a vítima de estupro precisa fazer um aborto ou dizer que
é muito melhor para ela cometê-lo. Nos Estados Unidos, há uma pesquisa que diz que a vítima de estupro tem quatro vezes mais possibilidades de morrer até um ano após ter feito o aborto. O aborto bloqueia possibilidades de relacionamentos, provoca um alto índice de dependência química e de suicídio. As pessoas que cometem incesto [que violentam membros de suas próprias famílias, como filhas e irmãs], por exemplo, “amam” o aborto e geralmente são os que levam as vítimas para as clínicas com o objetivo de destruir as evidências de seus crimes e terem condições de continuarem os abusos. A verdade é que se realmente você se importa com as vítimas de violência sexual, você deveria protegê-las do estupro e do aborto e não matar o bebê. A criança não é a culpada e nunca será um castigo para a vítima do estupro. A ilegalidade do aborto não favorece os riscos das clínicas clandestinas? O aborto em si é perigoso, sendo legal ou não. Não tenho dúvida disso. Vemos nos Estados Unidos, onde já é legalizado, o quanto o aborto acaba com a mulher física e emocionalmente. Muitas morrem em decorrência disso todos os anos. Eu absolutamente devo a minha vida a uma lei que me protegeu. Eu não me considero alguém que teve “sorte”. Fui protegida! Sou grata aos legisladores e àqueles que votaram por essa lei e que reconheceram que vidas como a minha precisavam ser salvas. Eles são meus heróis. É com gratidão por minha própria vida ter sido salva
que eu luto para que outras vidas sejam salvas. Toda criança merece essa proteção. Todos os outros direitos não valem nada se não há o direito à vida. Como atua a Save the One? Nossa organização é formada por centenas de pessoas como eu que são resultado de um estupro, de mães que engravidaram em um estupro, incluindo aquelas que decidiram assumir seus filhos ou que escolheram entregá-los para a adoção. Há também mulheres que ainda sofrem muito pelo aborto que fizeram ou que receberam diagnósticos de malformação fetal e foram orientadas a abortar. Eu uso minha experiência profissional para propor projetos de leis pelo mundo. Na terça-feira, 12, por exemplo, propomos na Câmara dos Deputados, em Brasília, o projeto de lei da nossa organização para tirar os direitos de paternidade dos estupradores sobre esses filhos frutos da violência, porque as crianças resultado de estupro devem ser protegidas do criminoso, não da vida. Qual é a reação das pessoas ao conhecerem histórias como a sua? Como advogada, eu tenho como argumentar contra o aborto. Meu discurso filosófico contra o aborto foi o primeiro a aparecer nas buscas do Google por 20 anos. Mas eu tenho percebido que as histórias tocam os corações, os argumentos racionais não. Eu tenho mudado mentalidades nos Estados Unidos, inclusive de candidatos à presidência e governantes.
Compartilhar histórias reais é efetivo porque todos dizem “eu nunca dei um rosto para essa questão”. É sempre um conceito abstrato, e eu os ajudo a tornar isso real, concreto. Digo para as pessoas que quando ela se denomina “pró-escolha” é como se tivesse me dizendo: “Eu acho que sua mãe deveria ter te abortado”. Espero que a minha história e a de centenas de pessoas da minha organização possam colocar vozes, rostos, para que a população ao menos tenha consciência que ao dizer que a mulher tem o direito de escolher, essa escolha implica em vidas como a minha. Você sofre discriminação por conta disso? Pense como isso soa estranho: que a minha existência seja algo controverso, que o tema da minha vida seja algo sensível, delicado. Como isso pode ser justo? Eu sou chamada de várias coisas, como “filha do estuprador” – eu não sou a filha do estuprador, eu sou a filha de uma vítima de estupro. Muitas vítimas de estupro que estão criando seus filhos, depois de tudo o que elas passaram, são estigmatizadas com essa linguagem. Ouvimos essa expressão com tanta frequência, em todo lugar. Nós somos chamados até mesmo de coisas como “o filho de um monstro”, “a semente do mal” e “a semente do demônio”, não o que Deus criou, mas uma terrível lembrança do estupro – isso é horrível! A criança concebida em um estupro é a pessoa mais discriminada, demonizada, marginalizada e estigmatizada do mundo. Mas eu digo: “Sim, eu fui concebida em um estupro e amo minha vida”. Que mensagem você deixa para as mulheres que vivem o drama de uma gravidez em decorrência de um estupro? Para as mulheres que passam por essa situação, eu digo que elas não estão sozinhas. Existe uma multidão de mães ao redor do mundo iguais a elas que amam seus filhos e que dizem que seus filhos são a única coisa boa que surgiu disso tudo, que essas crianças deram a elas esperança e a cura quando sentiram desespero. Quando veem o filho crescer, essas mulheres percebem que não estão sozinhas. Muitas vítimas de estupro não querem mais cuidar de si mesmas e a criança lhes dá uma razão para começarem a cuidar novamente de si. Conheço mulheres que queriam o aborto porque odiavam seus bebês, mas quando seus filhos nasceram, elas não se lembravam mais desse ódio e tiveram um grande amor e desejo de protegê-los.
As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.
(Colaborou Filipe David)
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Filipe David
osaopaulo@uol.com.br
Dica de Leitura Eu Sou a Graça Este é o livro mais completo que já se lançou no Brasil e no mundo a respeito das quase 40 aparições de Nossa Senhora das Graças em Pernambuco, entre 1936 e 1937. Dom Rafael Maria Francisco da Silva, OSB, reuniu dados, entrevistas, fotos, documentos e testemunhos para compor este que é o material mais detalhado a respeito das aparições de que já se teve notícia: conta em detalhes todas as aparições, suas mensagens, a vida das videntes e dos sacerdotes que as acompanharam, entre outras coisas. A edição ainda contém imagens que, pela primeira vez, representam as descrições das videntes e são, portanto, as imagens oficiais da aparição. Ficha técnica: Autor: Dom Rafael Maria Francisco da Silva Páginas: 352 Editora: Ecclesiae
Curso Divulgação
A imagem de Deus na história da arte
A PUC-SP realiza a partir de 23 de agosto o curso “Os virtuosos do invisível: a imagem de Deus na história da arte”. Ministrado pela Dra. Wilma Steagall de Tommaso e supervisionado pelo Prof. Dr. Luiz Felipe Pondé, o curso é dirigido a todos os interessados, como profissionais ligados às Artes Plásticas ou também às Ciências Sociais, Filosofia, Teologia, História e Ciências da Religião. Ao longo de dez aulas, serão abordados mais de 2 mil anos de História: das origens da arte cristã e suas crises até a iconoclastia do século XX, além da discussão da imagem de Deus na arte moderna e contemporânea. Segundo Wilma de Tommaso, o objetivo é aperfeiçoar o conhecimento referente à relação entre arte e religião. Especificamente, acrescenta, “é desenvolver com os
alunos uma distinção conceitual entre a função mistagógica da arte sagrada e a função meramente estética da arte após o Renascimento. Queremos mostrar também que, muitas vezes, a arte pode se destacar do seu fundo religioso, mas que, ao mesmo tempo, não deixa perder o contato com o universo do ‘sagrado’. É sempre importante destacar que na arte sacra não há lugar para o virtuosismo do artista, o essencial é sempre a representação do Divino”, afirma. As aulas serão realizadas na unidade Unifai da PUC-SP (rua Afonso Celso 671/711, Vila Mariana), sempre às terças-feiras, das 19h às 22h. As inscrições para o curso devem ser feitas no campus Consolação da PUC-SP (rua da Consolação, 881). Mais informações pelo telefone (11) 3124-9600 ou pelo site www.pucsp.br.
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Futebol: a paixão nacional também é olímpica Divulgação/Museu do Futebol
Daniel Gomes
danielgomes.jornalista@gmail.com
O que há de comum nas carreiras de Romário, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Neymar? Todos foram medalhistas olímpicos, mas não conquistaram a tão sonhada medalha de ouro para o Brasil nos Jogos, feito que a seleção tentará em agosto na Olimpíada no Rio de Janeiro. No Museu do Futebol, localizado no estádio do Pacaembu, foi aberta no sábado, 9, a exposição “O Futebol nas Olimpíadas”, que conta os detalhes da presença do esporte mais popular do mundo nos Jogos Olímpicos. “A proposta é mostrar ao público um pouco mais da história do futebol nos Jogos. É uma modalidade que ingressa como competição olímpica em 1908, mas antes, em 1900, teve participação em caráter demonstrativo. E uma curiosidade é que a Copa do Mundo surgiu em razão de um rompimento da Fifa com o Comitê Olímpico Internacional sobre as regras de participação dos atletas nos Jogos”, detalhou, ao O SÃO PAULO, Daniela Alfonsi, diretora do Museu do Futebol, que assina a curadoria da exposição com Aira Bonfim, pesquisadora do Museu. No hall de entrada do Museu, o visitante encontra cartazes de cada edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, e na passarela da fachada do estádio há alguns símbolos olímpicos. Na penúltima sala do Museu, estão expostos os detalhes históricos do torneio de futebol. Além disso, na fachada do estádio, grandes cartazes homenageiam 27 atletas
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nos jogos ri o 2 o 16 Controle de doping
A Agência Mundial Antidoping deve decidir nesta semana se o Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD) poderá realizar o controle de dopagem durante os Jogos Rio 2016. O laboratório foi suspenso provisoriamente em 24 de junho por ter falhado em testes em decorrência de erros técnicos.
COI otimista
olímpicos de diferentes modalidades. De acordo com Daniela, a pesquisa para produzir a exposição durou aproximadamente seis meses. “Queremos que o público se surpreenda com a história do futebol olímpico, assim como a gente se surpreendeu na pesquisa na hora de entender essa história. Tivemos o cuidado de mostrar como o futebol está na história dos Jogos Olímpicos”, comentou. Daniela destacou que o público terá contato com fichários sobre as edições dos Jogos e saberá como aconteceu o torneio de futebol em cada uma delas. “Mesmo quando não houve o futebol em uma edição, contamos o porquê. Explicamos, ainda, quais foram as mudanças de regras no futebol olímpico e apresentamos a colocação do Brasil nas edições. Há, também, um vídeo, de 16 minutos, que conta toda a história do futebol nas
olimpíadas, inclusive mostrando quais são os maiores campeões”, detalhou. Além da exposição, que termina em 30 de dezembro, o Museu do Futebol realiza até o dia 31 deste mês uma programação especial de brincadeiras relacionadas às modalidades olímpicas. O Museu fica no estádio do Pacaembu (praça Charles Miller, s/nº) e funciona de terça a sexta-feira, das 9h às 17h (bilheteria até às 16h) e aos sábados, domingos e feriados das 10h às 18h (bilheteria até às 17h). O ingresso custa R$ 9 (Meia-entrada R$ 4,50) e aos sábados a visitação é gratuita. Saiba mais em www. museudofutebol.org.br.
Na segunda-feira, 11, o Comitê Olímpico Internacional (COI) divulgou carta afirmando que o Rio de Janeiro está pronto para os Jogos Rio 2016. Houve destaque para o sucesso dos 44 eventos-teste realizados antes da Olimpíada. Sobre o Velódromo e o Centro de Hipismo, ainda em construção, o COI garantiu que estão sendo monitorados de perto e serão entregues a tempo das competições. Em relação ao zika vírus, o COI manteve as recomendações da Organização Mundial da Saúde e não vê restrições para os visitantes, ressaltando que o risco de contaminação é mínimo durante o inverno. Quanto à segurança, o Comitê destacou que há cerca de 85 mil profissionais, de 55 países, envolvidos no evento. A qualidade das águas da Baía de Guanabara e da Lagoa Rodrigo de Freitas também foi mencionada como em evolução.
Ginástica artística
Medalhista de ouro em Londres 2012, Arthur Zanetti foi confirmado na sexta-feira, 8, na delegação brasileira de ginástica artística na Olimpíada. Pela primeira vez na história, o Brasil terá ginastas nas competições masculinas e femininas por equipe. Além de Zanetti, estão convocados: Arthur Nory, Diego Hypolito, Francisco Barretto Júnior, Sérgio Sasaki, Daniele Hypolito, Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira e Rebeca Andrade. Fontes: COB, Ministério do Esporte e Rio2016.org
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Brasilândia Jovens proclamam: ‘Jesus, eu confio em Vós’
Padre Cilto José Rosembach e Flavio Rogério Lopes
“Foi uma experiência única. Nos dois dias que estive lá, senti o Espírito Santo a todo momento, principal-
mente nas pessoas abençoadas que trabalharam cada segundo e até antes disso para preparar o encontro”.
Colaboradores de comunicação da Região
A afirmação é de Débora Natucci, 15, que entre os dias 2 e 3 foi uma das 92 participantes do 10º Encontro de Letícia Macedo
Jovens participam da missa de encerramento do 10º EJC na Paróquia Santa Cruz de Itaberaba, no Setor Pastoral Freguesia do Ó, no dia 3
Jovens com Cristo (EJC), realizado na Paróquia Santa Cruz de Itaberaba, no Setor Pastoral Freguesia do Ó. A atividade teve pregações, momentos de oração e de louvor, com base no tema “Jesus, eu confio em Vós”, em menção ao ícone de Jesus Misericordioso, descrito por Santa Faustina (1905-1938). Aproximadamente 350 pessoas ajudaram na organização e voluntariado do evento. “Trabalhar no EJC é exercer a gratidão, demostrando o quão grato você é pelos os que trabalharam por você. Ter a consciência de que você colaborou para que outras pessoas sentissem tudo o que você sentiu ao finalizar o encontro é gratificante”, comentou Jamilly Sant’Ana, 16, que foi “encontrista” no 9º EJC e desta vez atuou como voluntária. No encerramento do encontro, no domingo, 3, houve missa, presidida pelo Padre Airton Pereira Bueno, pároco da Santa Cruz, com a participação dos familiares dos “encontristas”.
A liturgia deve ser vivida em todas as dimensões da comunidade de fé Todos os anos, é realizada a semana de formação litúrgica na Região Brasilândia. Entre os dias 4 e 7, a atividade aconteceu nas paróquias Santos Apóstolos, Santo Antonio, São Luiz Gonzaga e São José de Perus, simultaneamente, com um assessor a cada dia. A pedagogia da fé no ano litúrgico foi retratada pelo Padre Auri Ferreira. Na formação em Perus, ele comentou que a ação do Espírito Santo, acrescida dos elementos da fé, ajuda os envolvidos na liturgia a alcançarem o desempenho pedagógico-educativo que a própria liturgia provê. Padre Marcio Leitão assessorou a segunda noite de formação sobre os ministérios na liturgia. Para ele, todos os cristãos são servidores de Jesus na celebração, e a liturgia é a ação de Cristo e da Igreja. Além disso, a ação participativa
da Igreja se dá pela mediação dos diversos ministérios, por isso se espera uma plena, consciente e ativa participação na celebração. O tema “música na liturgia” foi apresentado pelo professor José Sérgio Dias no terceiro dia de formação. Ele explicou que no âmbito religioso, a música desempenha um papel importante, desde as simples canções com alguma mensagem religiosa até a música que é utilizada como rito. Segundo ele, na liturgia cristã, a música ritual expressa a fé herdada do povo da primeira Aliança (Israel) e que teve seu ponto culminante no ministério pascal de Jesus Cristo. Padre Joel Neri, do clero da Diocese de Santo André, afirmou, no último dia de formação em Perus, que a espiritualidade litúrgica é a forma como as pessoas deixam o Espírito Santo con-
Tânica Mandri
Padre Márcio Leitão durante semana de formação litúrgica na Paróquia São José de Perus
duzi-las, “celebrando o que vivemos e como vivemos o que celebramos”. Nesse sentido, conforme consta na constituição conciliar Sacrosanctum Conci-
lium (SC), “a liturgia é o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte de onde emana toda a sua força”. (SC 10).
Sandra Turolla
Lindolfo Figueiredo
Na sexta-feira, 8, a Pastoral da Saúde da Região Brasilândia peregrinou à Porta Santa da Igreja Nossa Senhora da Expectação. Houve missa presidida por Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região.
Os fiéis do Setor Pereira Barreto peregrinaram à Porta Santa da Igreja Nossa Senhora da Expectação no sábado, 9. Crianças vestidas dos padroeiros - Nossa Senhora do Retiro, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora de Fátima, São Luis Gonzaga e Santa Teresinha - representaram as cinco paróquias que compõem o Setor.
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Santana Seminaristas diante dos limites da vida e das realidades sociais Diácono Francisco Gonçalves
Colaborador de comunicação da Região
Frei Guilherme Anselmo
Seminaristas da Arquidiocese de São Paulo em missão diante da capela do Hospital Geriátrico e de Convalescentes Dom Pedro II, no Jaçanã
Os seminaristas Lucas Antonio Silva Martinez, José Edson Santana Barreto, Alan Santos Leite, Caio Ruan Carvalho Ferreira e Eduardo Augusto de Andrade, da Arquidiocese de São Paulo, doaram-se em missão, entre os dias 3 e 9, na comunidade do Hospital Geriátrico e de Convalescentes Dom Pedro II, no Jaçanã. Eles foram acolhidos no convento dos frades inacianos e dedicaram-se principalmente à visita das pessoas que residem no Hospital há décadas, carregando o peso da ida-
de, do abandono familiar, das doenças e deficiências, mas mesmo assim com sorrisos de esperança e alegria. “Os seminaristas foram mais ajudados do que ajudaram. Os missionários puderam ver de perto os limites da vida humana, a dor e o sofrimento, intrínsecos à experiência da vida. Puderam levar conforto e oração. Ouviram, cantaram, rezaram, viveram um capítulo importante em seu caminho de cristãos e vocacionados ao serviço. Também puderam encontrar-se com os funcio-
nários da casa e conviver com eles nas refeições. Celebraram no altar o que viviam nos corredores: a Palavra viva e o pão repartido. Conheceram de viva voz o testemunho histórico de personagens importantes na história da Santa Casa e dessa unidade em específico. Rezemos para que as sementes plantadas floresçam e deem frutos cem por um, a favor de uma comunidade sempre mais carinhosa e acolhedora de pastores com cheiro de ovelha!”, disse Frei Guilherme Anselmo, capelão do Hospital.
Também entre os dias 2 a 10, os seminaristas Paulo André, do Seminário Propedêutico; André Maia, do 1º ano de Filosofia; e Álvaro Gonçalves e Luciano Louzan, da Teologia, estiveram em missão na Paróquia Santa Rosa de Lima, onde foram acolhidos pelo Padre Roberto Lacerda, pároco, e a comunidade. Eles visitaram enfermos e a casa dos paroquianos e puderam verificar a realidade da Paróquia, que está em uma área cercada por muitos prédios e com uma reduzida população de jovens. “De maneira geral, a missão foi muito produtiva. As pessoas ficaram muito felizes com as visitas e a Paróquia como num todo nos acolheu muito bem. Espero que com as visitas, haja um novo ânimo para que possa ser uma paróquia missionária, que saia ao encontro do outro, esteja em estado permanente de missão e possa crescer sempre mais”, afirmou o seminarista Luciano Louzan. “A presença dos seminaristas com a realização da missão vem no momento em que estamos com o trabalho de pessoas na comunidade paroquial para o despertar do olhar da Igreja em saída, como nos pedem o Papa Francisco, as diretrizes CNBB para a Igreja no Brasil e o Documento de Aparecida “, comentou o Padre Roberto.
Paróquia São João Evangelista
Diácono Francisco Gonçalves
A imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida foi levada ao Setor Casa Verde, passando pela Paróquia São João Evangelista, no dia 7. Nos próximos dias, a imagem peregrina estará na Comunidade São Miguel Arcanjo (de 13 a 15), na Paróquia Nossa Senhora das Dores (16) e na Paróquia Santo Antônio do Limão (de 17 a 22)
Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu no domingo, 10, na Paróquia São Camilo de Lellis, missa por ocasião das festividades do Padroeiro, que é comemorado no dia 14. O pároco, Padre Raimundo Edmilson Rodrigues, concelebrou.
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Lapa Seminaristas anunciam a misericórdia
Benigno Naveira
Colaborador de comunicação da Região
Benigno Naveira
Seminaristas em foto com Dom Julio, diácono Claudio Bernardo e um acólito da Paróquia
A Paróquia São Thomas More, no Setor Pastoral Rio Pequeno, acolheu durante uma semana cinco seminaristas da Arquidiocese de São Paulo que estiveram em Missão de Férias, realizando visitas de evangelização na área de abrangência da Paróquia.
Orientados pelo Padre Jorge Pierozan (Padre Rocha), administrador paroquial, e pelo diácono permanente Claudio Bernardo, os seminaristas José Luiz Felicio, Antonio Carlos Bueno Ramalho, Afonso Ferreira Lima, Fabio Nunes e José Ferreira visitaram aproximadamente cem
famílias e também comércios instalados nas proximidades da Vila Dalva. O encerramento da Missão na Paróquia foi no domingo,10, com missa presidida por Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, que, na homilia, destacou que os seminaristas da Arquidiocese dedicaram 15 dias das férias para realizar a missão evangelizadora em paróquias, presídios, unidades de internação de menores e junto aos moradores em situação de rua, em um verdadeiro ato de misericórdia. Na avaliação do Padre Rocha, o trabalho de evangelização foi fundamental para que os seminaristas conhecessem as diferentes realidades da vida paroquial e os anseios das famílias e, por outro lado, para que inspirassem uma renovação na vida das pessoas e uma reestruturação da
Paróquia. Ele também agradeceu aos futuros sacerdotes pelo trabalho de evangelização e pediu a Deus que ilumine o caminho de todos. Em entrevista à Pastoral da Comunicação da Região Lapa, o seminarista Antonio Carlos Bueno, 53, estudante do 2º ano de Filosofia, destacou que nos dias de missão, ele e os colegas puderam partilhar a Palavra de Deus, e que a visita pastoral proporcionou uma ação evangelizadora no caminho missionário e na formação para o sacerdócio. Antonio Carlos revelou que desde a infância deseja ser padre. Até os 15 anos, ele foi criado pelas Irmãs Beneditinas da Divina Providência, no Educandário Santa Terezinha, pois seus pais são portadores de hanseníase, doença mais conhecida como lepra. Hoje ele segue o que sonhou.
Tony Donomai
Paróquia Santa Maria Goretti
Dom Julio presidiu no sábado, 9, missa na Comunidade Nossa Senhora Aparecida, da Paróquia Santa Luzia, do Setor Pirituba, durante a qual conferiu o sacramento da Crisma a jovens e adultos. Concelebrou o Padre Geraldo Pedro dos Santos, pároco.
Terminou na quarta-feira, 6, a festa da padroeira da Paróquia Santa Maria Goretti, no Setor Butantã, com missa presidida pelo Padre Amado Lopes, pároco. Entre os dias 3 e 5, aconteceu o tríduo preparatório, com participação de toda comunidade paroquial.
Sé
REDAÇÃO
osaopaulo@uol.com.br
Congregação de Sion realiza capítulo geral Congregação Nossa Senhora de Sion
Religiosas participantes do 26º Capítulo Geral da Congregação Nossa Senhora de Sion
A Congregação Nossa Senhora de Sion, cuja a sede em São Paulo fica no bairro de Higienópolis, na área de abrangência da Região Sé, está reunida até sexta-feira, 15, para seu 26º Capítulo Geral, que se realiza pela primeira vez
na Capital Paulista desde 21 de junho. No total, participam 33 capitulares dos cinco continentes, com a presença do superior dos Religiosos de Nossa Senhora de Sion, alguns associados e parceiros, com a tarefa de refletir e atualizar a missão da
Congregação em seu tríplice compromisso: com a Igreja, com o povo judeu e com o mundo em busca de justiça, amor e paz. Além disso, buscam analisar o processo de Reconfiguração, ainda em período ‘ad experimentum’, iniciado em 2010. Os participantes já fizeram uma experiência de vivência no contexto brasileiro e na vida eclesial da Igreja no Brasil nos estados onde as Irmãs de Sion estão inseridas. Um grupo de seis irmãs capitulares fez a imersão na Arquidiocese de São Paulo, visitando a Cáritas Arquidiocesana, o Centro Comunitário São Martinho de Lima e a Casa da Reconciliação, além do Centro Islâmico e de Diálogo inter-religioso dos Jovens pela Paz e a comunidade judaica da Congregação Israelita Paulista (CIP). (Com informações da Irmã Cristiane Santos)
Formação sobre a Lectio Divina O Instituto de Espiritualidade Santa Teresa de Jesus (Ieste) realiza entre os dias 22 e 24 de julho, no Convento do Carmo (rua Martiniano de Carvalho, 114, Bela Vista), uma formação sobre a Lectio Di-
vina, com o Frei Bruno Secondin, sacerdote carmelita italiano, teólogo-docente emérito da Pontifícia Universidade de Roma, já tendo pregado sobre o assunto para o Papa Francisco e na Casa Pontifí-
Ronildo Magalhães
cia. Os interessados em participar devem se inscrever no Convento do Carmo ou se informar pelo telefone (11) 3146-4500 ou pelo e-mail basilicadocarmo@terra. com.br.
Na última semana, a Paróquia Nossa Senhora das Angústias, no Setor Pastoral Bom Retiro, recebeu seminaristas da Arquidiocese que participaram da Missão de Férias. Eles foram acolhidos pela comunidade paroquial, pelo Padre Francisco Martins, pároco, e por Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé.
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Padre Pedro Luiz Amorim, Lígia Velardi, Karen Eufrosino e Cesar de Holanda Colaboração especial para a Região
Em missão para partilhar os testemunhos da fé As paróquias Imaculada Conceição e Santa Teresinha do Menino Jesus, na Região Ipiranga, acolheram, entre os dias 2 e 10, os seminaristas da Arquidiocese em Missão de Férias. Na Paroquia Imaculada Conceição, conforme relatos da comunidade local, a alegria foi a marca da missão realizada pelos seminaristas Cleveland Rodrigues do Prado, Yago Barbosa Ferreira, Daniel dos Santos Silva e Claudio Jose Ribeiro. Eles foram acolhidos na missa do dia 2, presidida por Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga. Dias antes, a comunidade paroquial se preparou para recebê-los, orientada pelos padres Boris Agustin Nef Ulloa, pároco, e Israel Mendes Pereira, vigário paroquial. Entre outras atividades, os seminaristas visitaram as entidades e capelas que fazem parte do território da Paróquia, bem como algumas casas, o Hospital Alvarenga e o lar de idosos Cora Residencial. Também realizaram uma caminhada missionária até o Museu do Ipiranga e conheceram a Fundação Nossa Senhora Auxiliadora, que atua com crianças, jovens e famílias; o museu e a capela de Santa Paulina; e a Casa de Apoio à Criança com Câncer Marta Kuboyama, que acolhe crianças com câncer e seus familiares. Os futuros padres também participaram das missas, eventos paroquiais e
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Ipiranga
Karen Eufrozino
Paróquia Imaculada Conceição
Seminaristas da Arquidiocese com Dom José Roberto na Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus e em missão na Paróquia Imaculada Conceição
momentos de oração, e ainda voltaram atenções às pessoas em situação de rua, levando a elas alimentos, cobertores e partilhando a Palavra de Deus. Perguntado sobre como resumia a missão em uma palavra, Cleveland ressaltou a “união”; Yago mencionou a “esperança”; Daniel lembrou-se do sentimento de “gratidão”; e Claudio resumiu tudo o que foi vivido na palavra “liberdade”. Na Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, os quatros seminaristas que lá estiveram - Wellington Tombini, Gabriel Matos, Hernane Módena e Ernandes Alves da Silva, visitaram as pessoas nas casas e locais de trabalhos; e também estiveram com idosos e doentes, além de
participarem da dinâmica da comunidade paroquial. “Saio daqui renovado”, disse Wellington. “Essa experiência é essencial para o discernimento da vocação, porque a vocação nasce na comunidade e é sustentada por ela”, falou Hernane. “Senti a alegria das pessoas em nos acolher”, disse Gabriel. “É a experiência que nos sustentará para o próximo semestre”, comentou Ernandes. Todos enfatizaram que saem da Missão de Férias mais evangelizados pelas histórias, lutas diárias e pelas orações e o carinho dos fiéis. Para os paroquianos da Santa Teresinha do Menino Jesus, a missão foi um momento marcante. O casal Tereza
e Magno confessou ter se surpreendido por encontrar seminaristas que vão ao encontro das pessoas, proporcionando alegria e paz. Também para a jovem Gabrielly Rinaldi, “ver a Igreja em movimento, indo ao encontro das pessoas é muito bacana”. “A alegria e a vontade de anunciar Jesus foi a marca dessa semana missionária em nossa Paróquia. Agora é esperar que possamos levar adiante a semente que foi plantada! Cabe a nós, pastorais e comunidade como um todo, continuarmos como o Papa Francisco pede, uma Igreja de saída, que vai ao encontro de todos”, afirmou o Padre Uilson Santos, pároco.
Obras da igreja-matriz da Paróquia Santa Paulina devem começar em 1 mês Padre Pedro Luiz Amorim
Fiéis acompanham projeto de construção da igreja-matriz da Paróquia Santa Paulina, dia 9
A festa de Santa Paulina, na paróquia a ela dedicada na favela do Heliópolis, na zona Sul, começou com uma boa notícia: dentro de um mês devem ser iniciadas as obras da igreja-matriz. Desde 2007, se projeta a construção do templo, mas obstáculos se impuseram para viabilizar uma edificação segura, tais como a qualidade do terreno, o que demandou muitos estudos sobre a melhor estrutura de construção a ser adotada; além das autoconstruções das
moradias que cercam o terreno, algo que também é motivo de atenção dos engenheiros que planejam a obra. A informação da construção da igreja-matriz animou ainda mais os participantes da festa, iniciada com novena e concluída no sábado, 9, quando os fiéis puderam finalmente conhecer o projeto do futuro templo. A expectativa agora é que logo seja possível celebrar o lançamento da pedra fundamental da igreja.
Santuário São Judas Tadeu estrutura equipe de Pastoral da Comunicação Formada por mais de 20 integrantes, a equipe da Pastoral da Comunicação (Pascom) do Santuário São Judas Tadeu foi apresentada à comunidade paroquial, no domingo, 10, durante a missa das 12h. Com a meta de promover a comunhão entre as diversas pastorais e divulgar os eventos que acontecem no Santuário, a Pastoral tem a coordenação do Padre José Ronaldo. Com reuniões constantes durante este ano, o grupo da Pascom tem refletido sobre a relação entre a comunhão e a misericórdia e buscado
uma linguagem capaz de comunicar a todos, sem exclusão. Cientes da força da comunicação como um alargamento de horizontes para as pessoas, como afirmou o Papa Francisco no início do ano, os integrantes da Pascom afirmam estar sempre abertos para novas ideias e acreditam na possibilidade de gerar uma proximidade que cuida, conforta, acompanha e faz festa em um mundo que, para alguns, ainda parece fragmentado e polarizado.
Helder Teixeira
Equipe de Pastoral da Comunicação do Santuário São Judas Tadeu é apresentada na missa, dia 10
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Belém
14 a 19 de julho de 2016 | www.arquisp.org.br
Peterson Prates
Colaborador de comunicação da Região
‘Mais que a pedra e as paredes, nós, os ungidos de Deus, somos templos do Senhor’ “Uma celebração muito especial, bonita e muito significativa, e que nos lembra aquilo que é a Igreja viva, que somos nós, templo do Deus vivo”, manifestou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, em missa na quinta-feira, 7, por ocasião dos 50 anos da Paróquia São Carlos Borromeu, na Vila Prudente, e da dedicação da igreja e do altar. A celebração demarcou o encerramento das festividades do jubileu de ouro da Paróquia, iniciadas em 1º de julho de 2015. Nas últimas nove semanas, a comunidade paroquial esteve em novena, animada pelo tema “lugar de encontro e acolhimento em Cristo”. Atentos, os fiéis participaram da dedicação da igreja e do altar, que teve entre os ritos a aspersão do povo e das paredes, a unção do novo altar e das paredes e a bênção do novo sacrário. Sob o novo altar, foram depositadas as relíquias de São Carlos Borromeu, Santa Paulina, Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, São José de Anchieta e da Beata Assunta Marchetti. “Dedicar uma igreja é dizer: esta igreja pertence a Deus e é para o uso sagrado”, expressou Dom Odilo, recordando que “mais que a pedra e as paredes, nós, os ungidos de Deus, somos templos do Senhor”. Padre Fausto Marinho, pároco, agradeceu às pessoas que estavam na comunidade que se reunia antes da criação da Paróquia na Casa Madre Assunta Marchetti, o antigo orfanato Cristovam Colombo, onde atuou Madre Assunta Marchetti, beatificada em 2014. “Queremos ser imagem de Cristo, como Paróquia, aqui onde estamos”, finalizou. A Paróquia São Carlos Borromeu
Peterson Prates
Cardeal Odilo Pedro Scherer preside missa de dedicação do templo e do altar da Paróquia São Carlos Borromeu, na Região Episcopal Belém, dia 7
foi oficialmente criada em 8 de julho de 1966, com o trabalho dos padres carlistas-scalabrinianos. Estão na Paróquia ainda hoje várias pessoas que participaram do lançamento da pedra fundamental. Neide Prates Stoilov, que antes da criação da São Carlos Borromeu frequentava a Paróquia Santo Emídio, recordou que viver os últimos 50 anos na igreja foi “bem gratificante”. Também paroquiana, Ida Marchetti, 76, tem o sobrenome da Beata Assunta, a quem conheceu quando tinha 9 anos de idade ao visitar o Orfanato. Ida se lembra do lançamento da pedra fundamental e diz que já trabalhou muito na Paróquia e que agora tem colaborado no Orfanato (Associação Educadora e Beneficente Casa Madre Assunta Marchetti). “Sou muito grata a tudo aqui, aos amigos que arrumei e com quem trabalhei”. “Sejam vocês sempre uma paróquia Arquivo pessoal
Na Missão de Férias dos seminaristas da Arquidiocese de São Paulo, a Região Belém acolheu cinco seminaristas que estiveram na Paróquia São Paulo Apóstolo, no Setor Pastoral Belém. Eles realizaram visitas porta a porta no território da Paróquia, participaram de celebrações de exéquias no Cemitério IV Parada, visitaram asilos, estiveram com os moradores em situação de rua e interagiram com pessoas refugiadas.
viva”, exortou Dom Odilo, lembrando que com 50 anos a igreja “já é uma senhora paróquia”, disse. “Façam bem o
testemunho de Jesus Cristo neste bairro, vocês são aqui a Igreja de Cristo”, motivou os fiéis.
Santa Paulina é modelo para testemunhar a fé
Peterson Prates
Dom Luiz Carlos Dias preside missa em comunidade dedicada a Santa Paulina, no sábado, 9
No feriado paulista da Revolução Constitucionalista de 1932, no sábado, 9, a Igreja celebrou a memória litúrgica de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus (1865-1942), que viveu em São Paulo, no território da Arquidiocese de São Paulo. A única comunidade da Região Belém que tem como padroeira a Santa fica no extremo da zona Leste da cidade, pertencente à Paróquia Santo André Apóstolo, já bem próxima do município de Mauá, na área da Diocese de Santo André. Em uma área aberta ao lado da pequena capela em honra a Santa Paulina, a comunidade, depois de um tríduo festivo, celebrou a festa da padroeira, com missa presidida por Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, concelebrada pelos padres Nedson Gomes e Jonatas Mariotto, administrador e vigário paroquial, respectivamente, e pelo Padre Gilberto Horácio Dom Luiz Carlos, na homilia, expressou sua alegria em celebrar em uma co-
munidade “em construção”, e lembrou que esse período leva à unidade da comunidade, na busca de melhorias das instalações físicas. “A santidade não é alguma coisa que faz a pessoa se retrair do mundo”, disse o Bispo, falando principalmente aos jovens sobre o chamado à santidade. “Não olhem para si, mas vivam para o outro”, afirmou, recordando a dedicação ao outro que Santa Paulina conservou desde muito jovem. “Esse caminho à santidade nos faz muito melhores”, finalizou. Dom Luiz lembrou que as soluções propostas pelos “pensantes ou os que detêm o poder para resolver nossos grandes problemas”, indicam morte e sofrimento na vida, como a “redução da maioridade penal, pena de morte, eutanásia e aborto”. O Bispo também considerou que “nós, católicos, estamos ficando muito acuados e quietinhos”, mas “temos sim como propor e o que propor”, mas que tudo isso passa não só por palavras, mas, sobretudo, pelo testemunho, como o de Santa Paulina.
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Em diferentes realidades uma só missão: testemunhar a misericórdia Luciney Martins/O SÃO PAULO
Renata Moraes
especial para o são paulo
Após uma semana na Missão de Férias, os seminaristas da Arquidiocese de São Paulo estiveram reunidos na segunda-feira, 11, no Seminário de Teologia Bom Pastor, no Ipiranga, para avaliação da experiência missionária. Acolhidos por Dom Julio Endi Akamine, vigário geral da Arquidiocese, e pelos demais bispos auxiliares e padres formadores dos seminários, os futuros sacerdotes falaram das experiências da Missão de Férias, encerrada no domingo, 10, com o tema “Misericordiosos com o Pai”. Os 64 estudantes das quatro casas de formação do Seminário Arquidiocesano Imaculada Conceição foram divididos em grupos e visitaram paróquias, comunidades e estiveram nas chamadas realidades de fronteira, como locais de privação de liberdade, hospitais e junto à população em situação de rua. Mais que evangelizar e levar a Palavra de Deus, os seminaristas partilharam que a escuta do outro, o ouvir as histórias de vida e o conhecer das realidades e do sofrimento dos irmãos foi momento propício de edificação da vida e fortalecimento da vocação. Padre José Adeildo Machado, reitor do Seminário Propedêutico Nossa Se-
Seminaristas e integrantes de pastorais participam da missa de encerramento da Missão de Férias, no Seminário de Teologia Bom Pastor, dia 11
nhora da Assunção e coordenador da Missão, destacou a importância da experiência. “A missão nos faz ser Igreja de Cristo, nos faz viver o Evangelho e nos dá mais convicção da vocação. O missionário que vai ao encontro do outro é também evangelizado pelas realidades que conhece”, disse ao O SÃO PAULO, destacando que o trabalho nas paróquias visitadas deve ser permanente para despertar o espírito missionário dos leigos. Para Arley da Silva, 23, estudante do 3º ano da Filosofia, e que esteve em missão no Instituto de Infectologia Emílio
Ribas, “a missão é um grande encontro e nos dá a oportunidade de poder se encontrar com o irmão, é o encontro com o próprio Cristo”, expressou. À reportagem, Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese e referencial arquidiocesano dos seminaristas, comentou que “o sacerdote tem que ter o cheiro das ovelhas, já nos ensinava Papa Francisco. Essa experiência alimenta a espiritualidade do futuro sacerdote. Que os nossos seminaristas olhem o mundo com olhos de misericórdia”, desejou.
Dom Julio, após os relatos dos seminaristas e antes de presidir a missa de encerramento da Missão de Férias, comentou: “Ouvir essas experiências nos coloca junto dessa realidade. Acolher a experiência também significa sofrer e fazer parte dela”, disse, destacando que os futuros padres devem aprofundar o que vivenciaram. “Utilizem da Teologia e da Filosofia para refletirem e aprofundarem a espiritualidade desta missão. Aprofundar a pedagogia do encontro, a partir das leituras bíblicas e das realidades que vocês tiveram contato”, concluiu.
Seminaristas visitam mães e bebês na Fundação Casa Edcarlos Bispo
Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
edbsant@gmail.com
Dentro das vivências da Missão de Férias, quatro seminaristas da Arquidiocese acompanharam os trabalhos da Pastoral do Menor. Na sexta-feira, 8, junto à coordenação da Pastoral e mais duas pessoas que fazem visitas às unidades da Fundação Casa, os seminaristas foram à unidade Chiquinha Gonzaga, no bairro da Mooca, na zona Leste. Os seminaristas se colocaram à disposição para realizar um momento recreativo com as adolescentes. Enquanto uns jogavam bola, outros pulavam corda ou aproveitaram para conversar com as meninas e conhecer um pouco mais da realidade delas. Eles participaram, ainda, de uma espécie de entrevista na qual as adolescentes puderam fazer diversas perguntas, entre as quais, uma já esperada: “Por que padre não casa?” Os missionários explicaram que a vida de um sacerdote é exigente, o que dificultaria que o padre desse atenção para a comunidade e para a família. Durante a semana, os seminaristas já tinham visitado a unidade masculina da Fundação Casa e um abrigo para crianças. “Na unidade masculina, os jovens queriam saber mais detalhes. No imaginário deles, o seminarista só reza e estu-
Adolescentes e seus bebês, durante visita de seminaristas à unidade Chiquinha Gonzaga, dia 8
da. Sim, fazemos isso, mas temos tarefas a cumprir no âmbito comunitário, na dimensão humano-afetiva, além dos estudos”, contou, entre uma conversa e outra, Carlos André Romualdo, seminarista do 4º ano de Teologia. Um dos momentos marcantes para os seminaristas foi ter a oportunidade de, na unidade Chiquinha Gonzaga, visitar uma ala que é reservada para as meninas que estão grávidas ou que tiveram seus bebês quando já estavam sob os cuidados da Fundação Casa. Entre brinquedos, almofadas, chocolates e doces, os seminaristas fizeram um momento de oração, rezando com e para cada uma das meninas e seus filhos. “Essa missão de férias tem sido gratificante por ver pessoas que precisam tanto do auxílio de Deus quanto do amparo da Igreja na vida delas”, afirmou Carlos. Pela primeira vez, a Pastoral do Menor acolheu seminaristas na Missão de Férias. Sueli Camargo, coordenadora da Pastoral, afirmou que esta é um organismo da Igreja Católica e segue o ensinamento de Jesus Cristo, que “condena o pecado, mas ama o pecador”. Por isso, segundo Sueli, “nós não defendemos o ato infracional cometido, mas não condenamos o infrator. Nós acreditamos na pessoa humana”, explicou.
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