O SÃO PAULO - 3122

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 61 | Edição 3122 | 5 a 11 de outubro de 2016

R$ 1,50

www.arquisp.org.br Luciney Martins/O SÃO PAULO

Encontro com o Pastor Até que ponto suportamos sacrifícios por causa da fé em Deus e do Evangelho? Página 3

Editorial Missionários para os que estão perto e para os que estão longe Página 2

Doria surpreende e é eleito prefeito de São Paulo em 1º turno Página 10

A vigília pela vida em frente ao Pérola Byington

Igreja Santa Paulina começa a ser construída A Arquidiocese de São Paulo deu início à construção da igreja-matriz da Paróquia Santa Paulina, em Heliópolis, na zona Sul da capital. O lançamento da pedra fundamental do novo templo foi feito pelo Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, no sábado, dia 1º. “O templo é apenas uma imagem daqui-

lo que somos nós, pedras vivas da Igreja”, disse o Arcebispo. Embora a Paróquia tenha sido fundada em 2003, a presença missionária da Igreja Católica junto à população existe desde o início do bairro, um dos mais populosos da cidade. Páginas 12 e 13

Papa na região do Cáucaso Educação Física no ensino propõe a paz e a reconciliação médio: retirar ou reformular? Em viagem apostólica à Geórgia e ao Azerbaijão, de 30 de setembro a 2 de outubro, o Papa Francisco transmitiu uma mensagem de pacificação aos povos da região marcada por guerras e disputas de territórios. Ele enfatizou que o verdadeiro papel da religião é promover a paz. Página 9

Entidades e educadores físicos ouvidos pelo O SÃO PAULO discordam da decisão do governo federal de pôr fim à obrigatoriedade da Educação Física no ensino médio, como consta na medida provisória 746/2016, mas afirmam que essa disciplina escolar precisa de mudanças. Página 17

São 12 horas diárias em frente ao hospital onde se realiza o maior número de abortos de São Paulo. A iniciativa global “40 dias de oração e jejum em vigília pacífica a favor da vida e contra o aborto” acontece pela primeira vez na cidade. Página 24 Luciney Martins/O SÃO PAULO


2 | Ponto de Vista |

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Editorial

Missionários para os que estão perto e para os que estão longe

O

utubro é o mês das missões, que em 2016 se insere no Ano da Misericórdia. Nesse contexto, a Igreja nos convida a olhar a missão ad gentes como uma grande, imensa obra de misericórdia, quer espiritual, quer material. Diz o Papa Francisco: “Todos somos convidados a ‘sair’, como discípulos missionários, pondo cada um a render os seus talentos, a sua criatividade, a sua sabedoria e experiência para levar a mensagem da ternura e compaixão de Deus à família humana inteira. Em virtude do mandato missionário, a Igreja tem a peito quantos não conhecem o Evangelho, pois deseja que todos sejam salvos e cheguem a experimentar o amor do Senhor. Ela ‘tem a missão de anunciar a misericórdia de Deus, coração pulsante do Evangelho’ (Bula Misericordiae Vultus, 12), e anun-

ciá-la em todos os cantos da terra, até alcançar toda a mulher, homem, idoso, jovem e criança” (trecho da Mensagem para o Dia Mundial das Missões 2016). Dada à importância da missão, como não lembrar e como não rezar por todos aqueles que doam (muitas vezes, literalmente, com o martírio) suas vidas ao anúncio do Evangelho? Como não dar graças a Deus por essa legião de homens e mulheres que atravessam o mundo para comunicar o Caminho, a Verdade e a Vida a tantos que não o conhecem? Iluminados pelo Espírito Santo, milhares de arautos e mensageiras de Cristo procuram se inserir nas mais diferentes culturas para transmitir a Boa-Nova do Filho de Deus. Ele veio para salvar a todos. Essa realidade nos faz lembrar do padroeiro das missões, São Francisco Xavier, sacerdote jesuíta, que, inflama-

do de amor pelas nações, evangelizou a Ásia, superando as barreiras do idioma. Exemplo oposto, mas não menos fecundo, foi o de Santa Teresinha do Menino Jesus, a padroeira das missões. Sem sair do carmelo, a jovem de Lisieux, na França, foi autêntica apóstola. Eis a beleza de ser missionário: de um lado, a santa que ensinou a via da infância espiritual, segundo a qual todos devemos ser como crianças nas mãos de Deus, que mesmo atada ao leito da dor, ofereceu sua vida pela Igreja e seus mensageiros. De outro, um missionário na acepção da palavra, que não mediu distâncias nem se abateu pelas dificuldades para acender nas almas a luz da fé em Cristo. Talvez ainda hoje muitos acreditem que para ser missionário é preciso largar tudo. A Igreja dá graças a Deus por tantas almas que assim o fazem, mas há ou-

tras formas de anúncio, como, por exemplo, na vida cotidiana. Provavelmente, a pessoa que talvez mais precise da Palavra de Deus seja um colega de trabalho, que viva lado a lado conosco e talvez nem saiba que somos cristãos; ou mesmo no seio da família, a esposa, o marido ou os filhos necessitem de nosso apoio. E, nesses ambientes mais próximos de nós, é provável que o anúncio mais eficaz não seja por meio das palavras, mas da nossa própria vida, com gestos e atitudes que respaldem a fé que professamos. Mais importante do que falar de Cristo é ser outro Cristo para os que estão à nossa volta. Dessa forma, seremos como a pedra que se atira no lago e forma círculos concêntricos. Evangelizando os ambientes mais próximos de nós, a luz de Cristo se expandirá para lugares cada vez mais distantes.

Opinião

As verdadeiras armas da paz

Arte: Sergio Ricciuto Conte

Wagner Balera A agenda da Doutrina Social da Igreja girou inicialmente em torno do mundo do trabalho. Tratava-se de enfrentar a questão social, que no final do século XIX intentava colocar em claro confronto o capital e o trabalho. Ocorre que os primeiros 50 anos do século XX foram palco de nada menos que dois conflitos mundiais. Essa grave patologia fez com que o Magistério da Igreja inscrevesse outro tópico na pauta da Doutrina Social. Coube a São João XXIII qualificar esse tópico quando lançou a luminosa Encíclica Pacem in Terris e, por intermédio dela, buscou compreender que a paz depende do adequado relacionamento entre os Estados, que tenha como base quatro conceitos fundamentais: a verdade, a justiça, a liberdade e o amor. A partir dessa peculiar perspectiva, podem ser analisadas todas as guerras que percorreram a história. A guerra tanto pode ser a fórmula de degradação que um Estado quer impor ao outro, como ocorreu com o fenômeno do colonialismo, quanto a dominação ideológica, como se viu com a temática da Guerra Fria. Os critérios da Pacem in Terris exigem que, em primeiro lugar, os povos se relacionem – notemos bem, os povos, antes que os Estados – com a verdade.

Este bem – que o próprio Cristo atribuiu como característica de sua personalidade – impõe aos partícipes da comunidade humana que vejam os demais como sujeitos de direitos e de deveres, enfim, como pessoas. A liberdade, como fio condutor do agir das pessoas e dos Estados, associa cada qual a um cabal compromisso com a responsabilidade. Sou livre porque sou responsável pelas ações que posso e devo praticar. E, enquanto tal, respondo pelos acertos, pelos erros e pelos excessos.

Não será alcançada a paz, no entanto, se o coração humano não se dispuser ao amor. Eis a boa-notícia do Evangelho que São João XXIII resume e compendia como atributo da vida social que deve “estar animado por um amor tal, que sintam as necessidades dos outros como próprias, induzindo-as a compartir seus bens com os outros e a esforçar-se no mundo para conseguir que todos os homens sejam iguais herdeiros dos mais nobres valores intelectuais e temporais”. Quão distinto seria o liame entre

povos desenvolvidos e os que estão em vias de desenvolvimento se o amor fosse a regra do jogo nos relacionamentos! Porém, a paz depende, mais propriamente, da construção de uma sociedade mundial mais justa e humana. A fisionomia atual, em que a brutal distinção entre os povos da fome e os povos da opulência (como assinalava a Gaudium et Spes) fomenta as guerras dentro de inúmeros países e, igualmente, entre dois ou mais países, como também notou o grande Pontífice, faz com que a questão social assuma uma dimensão mundial. Perguntava São João XXIII e, até agora, ninguém lhe ofereceu resposta: “Esquecida a justiça, a que se reduzem os reinos senão a grandes latrocínios?” O Programa de Direitos Humanos da PUC-SP lançou neste ano, pela Editora Lumen Juris, dois livros sobre esse tema: “Na verdade a paz” e “A paz é possível”. Dentro de um projeto abrangente, essas obras esmiúçam algumas das guerras que a história humana catalogou, intentando compreendê-las à luz dos critérios estabelecidos pela Pacem in Terris, e apresentam as mensagens de paz que desde o Beato Paulo VI têm sido incorporadas à Doutrina Social da Igreja como referenciais de interpretação dos conflitos que afligiram e afligem a humanidade em todos os tempos. Wagner Balera é professor titular de Direitos Humanos na Faculdade de Direito da PUC-SP.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Fernando Geronazzo • Institucional: Rafael Alberto e Renata Moraes • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Sueli S. Dal Belo • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

A

té que ponto somos capazes de suportar sacrifícios por causa da fé em Deus e do Evangelho? Com frequência, a religião é apresentada como uma série de práticas e receitas contra todos os sofrimentos, ou como remédio contra todos os males deste mundo. O que dizer diante de uma religiosidade baseada na promessa de milagres a toque de caixa, de uma religião de facilidades e vantagens, de promessas de prosperidade e que não apresenta a cruz de Cristo, os mandamentos de Deus e a necessidade da conversão e sincera mudança de vida? Isso está de acordo com o Evangelho de Cristo? Quando dirige sua 2ª. Carta a Timóteo, São Paulo já se encontra na prisão, em Roma; certamente, já tem a sentença de morte e espera pela sua execução. Mesmo assim, ele continua a se comunicar com seus colaboradores e as comunidades por ele evangelizadas; essa carta, na prática, é seu testamento espiritual. “Acorrentado como se fosse um malfeitor”, por causa de Cristo e do Evangelho, ele afirma que “a palavra de Deus não está acorrentada” (cf. 2Tm 2,9) e vai sendo anunciada e testemunhada. Consciente do fim próximo de sua vida, Paulo dá este testemunho: “Já estou sendo oferecido em libação, pois chegou o tempo de minha partida. Combati o bom combate, terminei a corrida, guar-

Sofre comigo pelo Evangelho dei a fé” (cf. 2Tm 4, 6-7). E exorta Timóteo, seu jovem colaborador, a também combater o mesmo “bom combate da fé”, atento aos impostores e maus pastores. “Permanece firme naquilo que aprendeste e aceitaste como verdade” (cf. 2Tm 3, 13-14). Diante dos falsos pregadores e mestres, que escondem a verdade de Cristo e só buscam agradar os ouvintes, Paulo orienta: “Sê vigilante em tudo, suporta as provações, faze o trabalho de um evangelizador e desempenha bem teu ministério” (cf. 2Tm 4,5). Aproveitadores da religiosidade em busca de lucro e vantagens pessoais, e “inimigos da cruz de Cristo” (cf. Fl 3,18) já existiam no início do Cristianismo. O próprio Jesus advertiu contra os lobos que se apresentam em pele de ovelha (cf. Mt 7,15) e orientou as multidões que o seguiam, com diversos interesses: quem quiser estar com Ele, deve estar disposto a também tomar sua cruz e seguir atrás dele (cf. Mc 8,34s). Jesus anunciava o Reino de Deus e convidava a acolher o jeito novo de viver, conforme o Reino de Deus; e os milagres que fazia eram “sinais” de que esse reinado de Deus, na sua pessoa e com sua pregação e ação, já tinha chegado entre os homens. Na hora da provação, a fragilidade na fé é o motivo do desânimo e do abandono da fé; a fé pouco firme e pouco profunda não resiste na hora das tempestades da vida e leva a procurar outros caminhos, que prometem mais facilidades e vantagens imediatas. A fé apenas superficial e pouco cultivada, infelizmente, é a condição de muitos membros da Igreja também hoje e nos interpela para realizarmos, de maneira mais eficaz, o trabalho da

evangelização. O ambiente bom para a transmissão e a vivência da fé é o convívio da comunidade cristã, onde se recebe o alimento da fé e um irmão fortalece a fé do outro irmão. Viver desligado e distante da comunidade de fé é situação de alto risco para o abandono e perda da fé. A 2ª Carta a Timóteo é marcada pela exortação à firmeza e à perseverança na fé, apesar das perseguições e ameaças. São Paulo convida seu fiel colaborador a deixar de lado toda timidez, respeito humano e vergonha por causa de sua condição de cristão. “Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza... Não te envergonhes do testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas sofre comigo por causa do Evangelho” (1,7-8). Essas palavras soam muito atuais e nos interpelam diante da fraqueza do testemunho público da nossa fé. A “timidez” na fé e até a “vergonha” de manifestar publicamente a própria condição de cristãos e de católicos vêm da falta de firmeza e profundidade na fé. Paulo sabe o que fala. Na mesma carta, ele observa: “Na minha primeira defesa, ninguém me assistiu. Todos me abandonaram” (4,16). Mas ele está sereno e firme, apesar da amargura pelo abandono dos irmãos: “Sei em quem acreditei e estou certo de que Ele é poderoso para guardar até aquele dia o tesouro a mim confiado” (1,12). Sua fé não se baseia na promessa de vantagens imediatas, mas em Cristo Salvador. Como Paulo, os mártires do passado e do presente testemunham essa firmeza na fé, mesmo diante das ameaças e dos sofrimentos por causa da fé.

| Encontro com o Pastor | 3

Visita ao Bom Parto

Bompar

Em 29 de setembro, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, visitou o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar). Ele conheceu o funcionamento da sede-administrativa, o Centro de Convivência São Martinho de Lima e a Casa Santa Bakhita, onde há acolhimento às crianças de 0 a 6 anos. Durante toda a visita, o Arcebispo teve a companhia de Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, e da Irmã Judith Lupo, presidente do Bompar.

Ordenação diaconal

Padre Pedro Almeida

Pela imposição das mãos do Cardeal Scherer, no sábado, dia 1º, no Mosteiro de São Bento, foi ordenado diácono o monge Dom Rafael Arcanjo dos Santos, OSB.

Paróquia na zona Leste

Cristiano Felix

Na quinta-feira, 29 de setembro, Dom Odilo Pedro Scherer presidiu missa na Paróquia São Miguel Arcanjo, no Jardim Conquista, na Região Episcopal Belém, no contexto das comemorações da festa do padroeiro.

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4 | Fé e Vida |

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Liturgia e Vida 28º DOMINGO DO TEMPO COMUM 9 de outubro de 2016

Os outros nove onde estão? Cônego Celso Pedro Andando pelos caminhos da Terra Santa e entrando num povoado, Jesus se encontrou com dez leprosos. De fato, eles foram ao encontro de Jesus. Pararam a distância, como era previsto na Lei, e gritaram: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós”. O isolamento por certos tipos de doenças às vezes se faz necessário. A Lei de Moisés protegia o povo e, nos casos de enfermidades, as contaminações podiam ser fatais. No entanto, quando se dá uma conotação religiosa a coisas naturais, corre-se o risco de distorcer o que é de fato a vontade de Deus. Tradições e preceitos se sobrepõem à vontade de Deus em detrimento do ser humano. Os leprosos eram religiosamente “impuros” e também por isso o contato com eles devia ser evitado. Jesus, sempre cumprindo a Lei, manda que os dez se apresentem aos sacerdotes. Ora, o leproso devia se apresentar ao sacerdote quando estivesse curado, e aqueles homens continuavam enfermos. Mas eles foram, e enquanto caminhavam ficaram curados. Caminhando se faz caminho. Porque foram, ficaram curados. Se não tivessem ido, certamente nada teria acontecido. Arriscaram-se a ir porque aceitaram a ordem de Jesus e ninguém se arrisca por alguma coisa na qual não acredita. Acreditaram e foram curados. Foram “limpados”, diz o texto em referência ao aspecto exterior da lepra. A fé os curou. É preciso agora que ela os salve. Jesus os manda aos sacerdotes, mas espera que voltem a ele para agradecer, sendo a gratidão uma flor que brota da fé. Por que os envia numa direção se os quer em outra? “É necessário desandar o andado, desfazer o feito e desviver o vivido”, diz o Padre Vieira (1608-1697), pregando sobre o caminho dos discípulos de Emaús. É o que acontece aqui. Um dos curados, um estrangeiro samaritano, desfaz o que tinha andado e pelos mesmos passos volta depressa a Jesus. É a hora da gratidão, o tempo de dar glória a Deus. A fé que o tinha curado, agora o salva. Pedir, podemos; e agradecer, devemos. Aquele sírio, chamado Naamã, homem importante no governo de seu país, foi curado da lepra pela intercessão do santo profeta Eliseu. Com quanta gratidão quis ele dar um presente a Eliseu. Levou consigo terra de Israel para com ela glorificar a Deus, que o tinha curado. Eliseu, profeta livre e desprendido, não aceitou nenhum presente. Não usou a graça de Deus em proveito próprio nem disfarçou de misericórdia algum interesse pessoal. Por isso, cantemos com o salmista um canto novo, e com Paulo, suportemos tudo pelos eleitos, para que eles também alcancem a salvação que está em Cristo Jesus, e sejamos agradecidos.

Você Pergunta Sou católico. Posso namorar uma menina evangélica? padre Cido Pereira

osaopaulo@uol.com.br

Ele se chama Wallace e não me disse seu sobrenome. Tem 17 anos e mora em Itaperuna (RJ). É católico e começou a namorar uma garota evangélica presbiteriana. A diferença religiosa, porém, pesa muito no relacionamento dos dois, embora eles nunca tenham brigado ou ela tentado levá-lo para sua Igreja. A moça, porém, às vezes afirma que os caminhos dos dois são paralelos e nunca vão se encontrar. Ele classifica a relação entre os dois como “muito boa, respeitosa, marcada por uma grande amizade”. Mas o que está “pegando” é a diferença religiosa. E ele quer um esclarecimento. Wallace, Wallace! A primeira coisa a dizer a você é que é possível, sim, duas

pessoas que creem, rezam e servem a Deus de modos diferentes se amarem. E, quando a gente fala em amar, a gente fala em respeito, porque a falta de respeito é o começo do fim de toda relação. Está errada a sua namorada não respeitando sua opção de fé. Está errado você não respeitando a opção de fé que ela tem. Se tanto você quanto ela acham difícil se amarem por conta da opção religiosa, então é melhor fazer o sacrifício de se separarem. Wallace, eu tenho medo de que você ceda às pressões e se bandeie para a Igreja dela. Como tenho medo que você a force a vir para a nossa opção de fé. Que tal serem maduros e conversarem como gente grande? Eu sei, eu sei, Wallace, que a questão é séria. Por exemplo: você só poderá casarse na Igreja Católica com o compromisso

de educar seus filhos na fé católica. Sua namorada, casando-se com você, deverá aceitar essa exigência. Se ela disser não, o casamento não se realiza. Por outro lado, entenda a posição dela como mãe. Ela vai querer passar a experiência de fé que possui para seus filhos. Olha que problema sério a enfrentar. A decisão é de vocês, portanto; decisão que deverá ser tomada em plena consciência. O amor, porém, há de encontrar caminhos. Rezem juntos para isso. E eu aproveito a oportunidade dessa questão que você me coloca, Wallace, para lembrar a tantos jovens católicos que se apaixonam por evangélicos e fazem uma “média”, que não é correta: aceitam a imposição do namorado, da namorada, e deixam de lado a sua fé. Por isso, é preciso muita maturidade no relacionamento.

Atos da Cúria PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 27 de setembro de 2016, foi prorrogada a nomeação e provisão de Pároco da Paróquia Santíssima Trindade, na Região Episcopal Santana, Setor Pastoral Casa Verde, do Revmo. Pe. Victor Santana Milagres Fernandes, pelo período de 1 (um) ano. CÔNVÊNIOS PARA CUIDADO PASTORAL Em 27 de setembro de 2016, foram assinados na Cúria Metropolitana de São Paulo os Convênios entre a Arquidiocese de São Paulo e as seguintes Congregações Religiosas: - Ordem dos Servos de Maria, para a Cura Pastoral da Paróquia Nossa Senhora das Dores, na Região Episcopal Ipiranga; - Missionários do Verbo Divino, para a Cura Pastoral da Paróquia São Paulo Apóstolo, na Região Episcopal Belém; - Missionários do Verbo Divino, para a Cura Pastoral da Paróquia São Marcos Evangelista, na Região Episcopal Belém; - Companhia de Jesus, para a Cura Pastoral da Paróquia São Luiz Gonzaga, na Região Episcopal Sé. Em 28 de setembro de 2016, foram assinados na Cúria Metropolitana de São Paulo os Convênios entre a Arquidiocese de São Paulo e as seguintes Congregações Religiosas: - Ordem dos Cônegos Regulares Premonstratenses, para a Cura Pastoral da Paróquia São José, na Região Episcopal Sé; - Congregação de Santa Cruz, para a Cura Pastoral da Paróquia São José, na Região Episcopal Lapa; - Missionários Combonianos do Coração de Jesus, para a Cura Pastoral da Paróquia São Sebastião, na Região Episcopal Belém.

Em 30 de setembro de 2016, foram assinados na Cúria Metropolitana de São Paulo os Convênios entre a Arquidiocese de São Paulo e as seguintes Congregações Religiosas: - Ordem de São Basílio Magno, para a Cura Pastoral da Paróquia Nossa Senhora da Glória, na Região Episcopal Belém; - Instituto Missões Consolata, para a Cura Pastoral da Paróquia Nossa Senhora da Consolata, na Região Episcopal Sant´Ana;

- Instituto Missões Consolata, para a Cura Pastoral da Paróquia Nossa Senhora da Penha, na Região Episcopal Sant´Ana; - Congregação dos Agostinianos da Assunção, para a Cura Pastoral da Paróquia São Judas Tadeu, na Região Episcopal Belém; - Pequena Obra da Divina Providência, para a Cura Pastoral da Paróquia Nossa Senhora Achiropita, na Região Episcopal Sé. Reprodução


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Espiritualidade

Famílias missionárias Dom Sergio de Deus Borges

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Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana

estilo de vida atual, de forma geral, os horários de trabalho e o ritmo frenético que muitas famílias são obrigadas a adotar no afã de ter melhores condições de vida, têm impedido uma presença mais constante dos pais junto aos filhos e prejudicado a sua belíssima missão como principais educadores dos filhos. Esse ritmo acelerado de viver de nossas famílias tem incidência sobre a educação para a fé dos filhos, que no pouco contato com os pais, no reduzido tempo que passam juntos, não compartilham momentos de oração, de ação de graças. As crianças não veem os pais meditando a Palavra de Deus ou rezando diante de um pequeno quadro de Nossa Senhora ou do Senhor Jesus. São lares onde os pais não testemunham com a vida a fé que ainda está acesa e acalenta seus corações. Mesmo no meio das dificuldades que a vida atual impõe, os pais não podem renunciar a ser luz no lar, na vida das crianças,

dos filhos. “A transmissão da fé das crianças transforma-se em pressupõe que os pais vivam a lugar de oração” (Papa Francisexperiência real de confiar em co, Amoris Laetitia, 287). Precisamos retornar às coisas Deus, de procurá-lo, de precisar d’Ele, porque só assim ‘cada ge- simples no meio deste mundo ração contará à seguinte o lou- complexo, que nos deixa inseguvor das obras [de Deus] e todos ros, e recordar que o testemunho proclamarão as [Suas] proezas’ simples, mas convicto da fé dos (Sl 145/144,4) e ‘o pai dará a co- pais, é o principal instrumento nhecer aos seus filhos a [Sua] de Deus para o amadurecimenfidelidade’ (Is 38,19)” (Papa to e desenvolvimento da fé dos Francisco, Amoris Laetitia, 287). Essa missão não está re- O Papa Francisco convida os servada para pou- pais a retomarem gestos simples cas e extraordiná- que poderão fazer a diferença rias famílias. Nem na vida de um filho e tornar a isso quer dizer que família uma família missionária, as famílias, de algu- onde haja espaço, lugar e tempo ma maneira, têm de para cultivar a fé. Por exemplo: “é deixar de ser como bonito quando as mães ensinam são e buscar uma os filhos pequenos a enviar um espécie de perfeibeijo a Jesus ou a Nossa Senhora. ção impossível para Quanta ternura há nisto! testemunhar a fé. Nesse processo Naquele momento, o coração das de transmissão da crianças transforma-se em lugar fé, o Papa Francis- de oração” co convida os pais a retomarem gestos simples que filhos. Quando a família abraça poderão fazer a diferença na essa identidade missionária, torvida de um filho e tornar a fa- na-se aquilo para o qual sempre mília uma família missionária, se pretendeu que fosse. Assimionde haja espaço, lugar e tempo lada e aprofundada em família, para cultivar a fé. Por exemplo: a fé torna-se luz para iluminar “é bonito quando as mães ensi- todas as relações sociais. Como nam os filhos pequenos a enviar experiência da paternidade e da um beijo a Jesus ou a Nossa Se- misericórdia de Deus, dilatanhora. Quanta ternura há nisto! se depois em caminho fraterno Naquele momento, o coração (Lumen Fidei, 58).

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Fé e Cidadania Guerra e Paz Padre Alfredo José Gonçalves, CS No dia 20 de setembro, na cidade de Assis, na Itália, terminou o Encontro de Oração pela Paz, no qual se reuniram diversos líderes religiosos de todo o mundo. Em seu discurso final, disse o Papa Francisco: “Não nos cansemos de repetir que nunca o nome de Deus pode justificar a violência.” Depois, invertendo a expressão “guerra santa”, concluiu: “Só a paz é santa e não a guerra!” Quase paralelamente a esse encontro, ocorria a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos. Nela, o presidente norte-americano, Barack Obama, apontou duramente o dedo sobre o presidente da Rússia, Vladimir Putin, a respeito do conflito sangrento que se desenrola em território sírio. Confronto que, em vários anos, já produziu milhares de mortos, prófugos e refugiados. Aí está a contradição: enquanto de um lado se reza e se pronunciam belos discursos e promessas sobre a paz mundial e o cessar-fogo, de outro lado continua o lançamento de bombas de alto poder de destruição sobre as cidades conflagradas, atingindo militares e civis, entre os quais não poucas mulheres e crianças. E não somente na Síria, mas também na Líbia, no Iraque, na guerra civil do Iêmen, e assim por diante. Aqui, como tem insistido o Papa Francisco, é necessário colocar o dedo na chaga, ir à raiz da questão. Não adianta jogar água na fumaça com a intenção de apagar o fogo. Não adianta uma ação humanitária unicamente sobre os resultados, implicações e consequências da guerra, procurando diminuir o sofrimento das vítimas. Esta se faz necessária e urgente, sem dúvida, e não pode ser abandonada, mas é preciso ter a coragem de afrontar as causas da violência e da guerra. Em primeiro lugar, quem ganha e quem perde com os conflitos armados? Depois, por quais caminhos secretos e subterrâneos passa o comércio internacional das armas? Por fim, o que leva determinados países, grandes potências em especial, a florear os seus pronunciamentos nas assembleias de cúpula e, ao mesmo tempo, a produzir e vender armas letais? A troco de quê? Qual o jogo oculto entre as armas e o petróleo? Nas palavras do Pontífice, eis a “economia que mata”. Sobre esta é que se deve concentrar o empenho pela paz, rompendo com a falsidade e a hipocrisia. A voz das Igrejas, como no encontro de Assis e como no profetismo hebraicocristão, tem aqui um papel importante. Além de sepultar os mortos, curar os feridos e dar pão e água aos famintos e sedentos, uma ação eficaz e profética sobre as raízes da política econômica mundial constitui também uma obra de misericórdia. As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.


6 | Viver Bem |

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Cuidar da Saúde Pé diabético: um problema quase imperceptível Cássia Regina Infecções ou problemas de circulação nas pernas estão entre as complicações mais comuns em quem tem diabetes mal controlado. A neuropatia diabética deixa o pé mais sensível, causando úlceras, infecções e tromboses. Isso geralmente começa a acontecer quando as taxas de glicemia ficam altas durante meses ou anos, e a maior complicação pode ser a amputação do órgão. Manter a glicemia sob controle e fazer exames regulares são fundamentais para evitar tais complicações. Os sintomas são: formigamentos, perda da sensibilidade nos pés, queimação, sensação de agulhadas, dormência, além de fraqueza nas pernas. Tais sintomas podem piorar à noite, ao deitar. Normalmente, a pessoa só se dá conta quando a situação está num estágio avançado e quase sempre com uma ferida ou uma infecção, o que torna o tratamento mais difícil, devido aos problemas de circulação. Deve-se examinar os pés diariamente em um lugar bem iluminado. Quem não tiver condições de fazê-lo, precisa pedir a ajuda de alguém. É preciso verificar a existência de frieiras, cortes, calos, rachaduras, feridas ou alterações de cor. Uma dica é usar um espelho para se ter uma visão completa. É preciso manter os pés limpos e usar sempre água morna, nunca quente, para evitar queimaduras. Ao secar o pé, não esfregue a pele. Mantenha a pele hidratada, mas sem passar creme entre os dedos ou ao redor das unhas. Use meias sem costura ou do avesso. O tecido deve ser algodão ou lã. Antes de cortar as unhas, o paciente precisa lavá-las e secá-las bem. Para cortar, deve-se usar um alicate apropriado ou uma tesoura de ponta arredondada. O corte deve ser quadrado, com as laterais levemente arredondadas, e sem tirar a cutícula. Recomenda-se evitar idas a manicures ou pedicures, dando preferência a um profissional treinado, o qual deve ser avisado sobre o diabetes. O ideal é não cortar os calos, nem usar esfoliantes. Os calçados ideais a ser usados são os macios, confortáveis e com solados rígidos, que ofereçam firmeza. Antes de adquirilos, é importante olhar com atenção para ver se há deformação no calçado. As mulheres devem dar preferência a saltos quadrados que tenham, no máximo, 3cm de altura. É melhor evitar sapatos apertados, duros, de plástico, de coro sintético, com ponta fina, saltos muito altos e sandálias que deixam os pés desprotegidos. Além disso, recomenda-se a não utilização de calçados novos, por mais de uma hora por dia, até que estejam macios. Todo cuidado é pouco. Cuide de seus pés! Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com

Comportamento

Sobre os direitos das crianças Simone Fuzaro

Têm direito de sentirem-se pertencentes a uma família que os forje a partir de seus valores e princípios. Têm direito de ser formadas por pessoas que as amem e que, por isso mesmo, ajudem-nas a adquirir as virtudes que não têm, a lutar contra os defeitos que têm e a aceitar as próprias limitações, tirando o melhor proveito delas. Assim, construirão uma autoestima positiva, que potencializa o crescimento equilibrado. Assim também aprenderão, com o tempo, a “enxergar” os outros, a saber que todos têm vontades, necessidades e direitos. Saberão abrir mão daquilo que puderem em benefício do coletivo. Aprenderão critérios para serem capazes de escolhas acertadas, sensatas, lúcidas - que preservem a vida delas

Amo a infância. Divirto-me e me realizo com as crianças: seus sonhos, suas criações, suas “viagens pela imaginação”. São príncipes, são sapos, dinossauros, leões, super-heróis, princesas, bruxas, fadas. Choram por pouco, riem por muito menos... São campo virgem, são massa a ser moldada, são pequenos a serem formados e transformados em pessoas de bem, lúcidas, sensatas. Têm direito a isso. Elas têm o direito de serem acolhidas e cuidadas por suas famílias, vivendo uma rotina apropriada à fase em que se encontram. Têm direito a conviverem com adultos que se responsabilizem e cuidem delas decidindo sobre tudo aquilo que elas ainda não têm critérios e condições para decidir: o que e em que horário devem Não nos esqueçamos: algumas comer, que horário vão dormir, tomar ba- coisas são boas, outras são nho, acordar, assistir TV, brincar com ele- fundamentais. Aprender outras trônicos... Que as protejam, especialmente línguas, praticar diferentes de seus próprios desejos ainda insensatos, exatamente porque são sujeitos em forma- esportes, aprender a tocar ção, não conhecem consequências. instrumentos, é muito bom, porém, As crianças têm direito a brincar com formar pessoas com valores e pessoas e não somente com telas. Aliás, não virtudes é fundamental somente de brincar, mas também de brigar, se desentender, disputar, conviver com oue dos demais. Escolhas responsáveis, que visem tras pessoas - com todas as alegrias, dores e afenão somente ao benefício próprio, mas o da cotos que isso possibilita. Têm direito de ter suporte munidade com a qual convivem. Aprenderão a para enfrentar as frustrações, as dificuldades, as lutar pelo que vale a pena, uma vez que, desde novidades sem serem poupadas delas. Têm direito de descobrir que conseguem superá-las, porpequenos, foram ensinados a buscar com garra o que são potencialmente capazes, criativas, têm que é bom e importante. Aprenderão valores, o apoio, são fortes - mais fortes do que os pequenos que, com certeza, é mais importante do que inglês, mandarim etc. obstáculos do cotidiano. Têm direito de se sujar Não nos esqueçamos: algumas coisas são na terra, de pintar com as mãos, brincar de massinha, de ter um canto onde possam sujar, limboas, outras são fundamentais. Aprender outras par, organizar, desorganizar e experimentar. Têm línguas, praticar diferentes esportes, aprender a direito de aprender a respeitar os limites, porque tocar instrumentos, é muito bom, porém, formar são colocados com autoridade, despertando o pessoas com valores e virtudes é fundamental. respeito. Direito de errar muitas vezes e serem As crianças têm esse direito e nós, pais, temos o corrigidas com carinho e firmeza; direito de sedever de nos envolvermos nisso de corpo e alma, rem conhecidas em suas características, potenciaafinal, somos responsáveis por elas. lidades, limitações e defeitos. E isso só é possível Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora. Mantém o blog educandonacao.com.br com o convívio rico em tempo e qualidade.


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| Pelo Brasil | 7

Destaques das Agências Nacionais

Daniel Gomes, Júlia Cabral e Vitor Loscalzo osaopaulo@uol.com.br

Bispos de países de língua portuguesa têm encontro em Aparecida (SP) Representantes das conferências episcopais do Brasil, Portugal, Moçambique, Cabo Verde, Angola, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe participaram, entre 23 e 27 de setembro, do XII Encontro de Bispos dos Países Lusófonos, em Aparecida (SP). A CNBB foi representada por sua presidência, com Dom Sergio da Rocha (presidente), Dom Murilo Krieger (vice-presidente) e Dom Leonardo Steiner (secretário-geral). A proposta da atividade foi fortalecer a comunhão eclesial e a recíproca complementariedade entre as conferências episcopais, promover a cooperação em prol das comunidades e a fidelidade à identidade católica lusófona, além de proporcionar maior conhecimento mútuo sobre a ação da Igreja nesses países. Os participantes destacaram que a Encíclica Laudato Si´, do Papa Francisco, foi vista pelas conferências episcopais como uma reflexão inovadora e válida para a plena compreensão da ecologia, despertando a atenção para a importância do cuidado com a Casa Comum e suas implicações na ação pastoral. Também houve opinião consensual de que

Conferência Episcopal Portuguesa

Representantes de conferências episcopais de países lusófonos reunidos em Aparecida (SP)

a Exortação Apostólica Amoris Laetitia reafirma a alegria do amor no Matrimônio e na família, como dom e graça do amor de Deus. Os bispos também analisaram os desafios e propostas pastorais comuns diante da realidade social e eclesial dos países de língua portuguesa, dentre os quais a instável situação social, política e econômica de quase todas essas nações; necessidade de diálogo com as

instâncias políticas e governamentais para a defesa dos valores essenciais ligados à vida humana, ao bem comum, à democracia e aos direitos humanos; condenação das situações de corrupção, de exploração dos mais pobres, e do tráfico humano; maior incentivo à cooperação, intercolaboração e solidariedade entre as Igrejas dos países lusófonos; promoção do diálogo ecumênico e inter-religioso, na busca comum

da paz e da tolerância, da segurança e do bem-estar; importância das universidades católicas na formação de agentes pastorais e na qualificação profissional de inúmeras pessoas; maior atenção às vocações na Igreja (Matrimônio, sacerdócio e vida consagrada), cuidando mais particularmente da sua promoção, acompanhamento e formação; relevância do dinamismo evangelizador e missionário da Igreja, com uma atuação mais efetiva dos leigos; compreensão de uma Igreja inculturada, que dê resposta às situações locais; atenção às questões econômicas da sustentação do clero, apontando como possíveis caminhos o reforço do dízimo e o fundo de apoio diocesano; e insistência da iniciação cristã como vida em Cristo, para a formação na fé e o crescimento de autênticas comunidades missionárias. Ao final da atividade, foi definido que o XIII Encontro de Bispos dos Países Lusófonos acontecerá na cidade da Praia, em Cabo Verde, de 27 a 29 de abril de 2018. Fonte: Comunicado Final do XII Encontro de Bispos dos Países Lusófonos (Redação: Daniel Gomes)

Evento em SP destacará Bioética e direito da mulher e dos filhos A Faculdade de Teologia da PUCSP, com o apoio do Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade da Arquidiocese de São Paulo, realiza na sexta-feira, 7, das 19h30 às 21h30, no campus Ipiranga (avenida Nazaré, 993,

Ipiranga), a mesa-redonda “Bioética & Família: O direito da mulher e dos filhos”. Dialogarão sobre o assunto Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para

a Educação e a Universidade; Dr. Ives Gandra Martins, jurista e membro da Academia Brasileira de Filosofia; Dra. Elisabeth Kipmann, médica ginecologista-obstétrica, membro da Comissão de Bioética da CNBB; e Dr. Dalton

Ramos, professor de Bioética na USP e membro da Pontifícia Academia para a Vida. Para informações e inscrições, o contato é http://bit.ly/bioeticafamilia2016. Fonte: Portal Arquisp (Edição de texto: Daniel Gomes)

Aliança de Misericórdia realiza II Congresso das Famílias

Brasil tem 12 milhões de desempregados

O movimento eclesial Aliança de Misericórdia realizará, entre os dias 15 e 16, o II Congresso das Famílias, com o tema “A Alegria do Amor em Família”, baseado na Exortação Apostólica Amoris Laetittia, do Papa Francisco. O congresso é direcionado às famílias, incluindo as crianças, e contará com pregações de sacerdotes da Aliança de Misericórdia e com a participação do ca-

Subiu para 11,8% a taxa de desemprego no Brasil medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no trimestre encerrado em agosto. A taxa anterior, aferida entre março e maio, estava em 11,2% e era, até então, a maior da série histórica. Em relação ao trimestre comparativo anterior, os meses de junho, julho e agosto tiveram aumento de 583 mil de-

sal Rafael e Lilian de Brito, missionários responsáveis pela Aliança de Misericórdia na Itália. A atividade será na Comunidade Aliança de Misericórdia (rua Nilo Bruzzi, 31, Sítio Botuquara, São Paulo). Saiba mais detalhes pelo telefone (11) 31209191 ou pelo e-mail eventos@misericordia.com.br. Fonte: Aliança de Misericórdia (Redação: Vitor Loscalzo)

sempregados, ou seja, um crescimento de 5,1%. Já a população ocupada caiu 0,8% na comparação entre os dois trimestres, com perda de 712 mil postos de trabalho. Apesar disso, o número de empregados com carteira assinada se manteve estável em 34,2 milhões. Ao todo, há 90,1 milhões de pessoas empregadas no Brasil. Fonte: Agência Brasil (Redação: Vitor Loscalzo)

Jornada Pedagógica da Catequese junto à Pessoa com Deficiência Entre os dias 23 e 25 de setembro, a Comissão da Animação Bíblico-Catequética do Regional Sul 1 da CNBB promoveu a I Jornada Pedagógica da Catequese junto à Pessoa com Deficiência. Com a participação de catequistas de dioceses paulistas, a Jornada teve quatro momentos, em que resgatou o itinerário catequético da CNBB voltado à pessoa com deficiência. A atividade contou com a orientação do Padre Jordélio Siles

Ledo, assessor eclesiástico da comissão, e de Dom Tomé Ferreira da Silva, bispo de São José do Rio Preto (SP) e referencial da Animação Bíblico-Catequética do Regional Sul 1. Padre Jordélio apresentou um vídeo sobre Movimento Fé e Luz, que atua na evangelização das pessoas com deficiência intelectual. Na sequência, houve a apresentação dos principais conceitos relacionados às deficiências visuais, físi-

cas, intelectuais, auditivas e o autismo, conduzida pela Irmã Marta Barbosa, religiosa Calvariana. “A pedagogia de Jesus junto à pessoa com deficiência” foi apresentada pelo Padre Jordélio numa perspectiva do Itinerário Catequético de Iniciação à Vida Cristã. No quarto e último momento, houve a partilha da experiência da Arquidiocese de Sorocaba (SP) na Catequese junto à pessoa com defici-

ência, a partir da Pastoral dos Surdos. No encerramento do encontro, Dom Tomé ressaltou que “a Catequese não é apenas educação da fé, e sim transmissão da fé”. Parafraseando São João Paulo II, o Bispo lembrou que “faz-se necessário ter catequistas com deficiência, pois eles devem ser agentes de evangelização e não só objetos de evangelização, porque não estão excluídos do ‘ide’ de Cristo”. Fonte: CNBB (Redação: Júlia Cabral)


8 | Pelo Mundo |

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Destaques das Agências Internacionais

Filipe David

Correspondente do O SÃO PAULO na Europa

Colômbia

População rejeita acordo com as Farc Em um referendo no domingo, 2, a população colombiana rejeitou o acordo do governo com as Forças Revolucionárias Armadas da Colômbia (Farc). A vitória do “não” contrariou as expectativas (que previam uma vitória esmagadora do sim), mas foi apertada: 50,2% contra 49,8%, uma diferença de apenas 54 mil votos. O tratado contém alguns pontos polêmicos, que foram o objeto das críticas

de seus opositores: ele prevê aos terroristas das Farc – que muitas vezes cometeram crimes, como recrutamento de crianças-soldado, sequestros, tráfico de drogas, entre outros – a possibilidade de confessar seus crimes e receber apenas uma pena alternativa, sem o risco de serem presos; as Farc teriam garantido um certo número mínimo de assentos no Congresso (cinco em cada casa), mesmo

sem os votos necessários; receberiam um pagamento do Estado colombiano por abandonar a luta armada e teriam uma plataforma de rádios para propagar suas ideias marxistas e fazer campanha política. O ex-presidente Álvaro Uribe, um dos maiores defensores do “não”, disse, em uma declaração após a apuração da vitória: “Todos queremos a paz, ninguém quer

Itália

‘Nossa geração pode acabar com o aborto’

L’Osservatore Romano

ragem! Olhemos sempre para frente. Ajudemo-nos uns aos outros, pois se caminha melhor juntos”, afirmou. Na passagem por Amatrice, o Papa esteve em escolas emergenciais montadas após o terremoto e ainda em escombros de ambientes destruídos. Ele também foi às cidades de Accumoli e Arquata del Tronto. Fonte: rádio Vaticano (Redação: Daniel Gomes)

Dinamarca

de Copenhage, na Dinamarca, publicado no fim de setembro. O estudo considerou mais de 1 milhão de mulheres entre 2000 e 2013, com idades entre 15 e 34 anos, que utilizaram diferentes métodos contraceptivos. As mulheres que foram objeto desse estudo não tinham histórico de depressão. Embora o estudo tenha detectado clara-

mente uma conexão entre o uso de anticoncepcionais hormonais e o risco de depressão, nem todas as mulheres reagem da mesma maneira. O grupo mais suscetível a esse efeito colateral é o das adolescentes entre 15 e 19 anos, cuja chance de sofrer uma depressão é três vezes maior que a das mulheres mais velhas. Fonte: CNA

Arábia Saudita

Católicos expulsos por celebrar a Assunção Um grupo de 27 católicos libaneses de rito maronita – incluindo mulheres e crianças – foi expulso da Arábia Saudita por celebrar a festa da Assunção de Nossa Senhora. A deportação foi realizada pelas autoridades do país porque a oração desses cristãos era “não islâmica”. Em 2006, o governo havia dito que não interferiria no culto privado de não

muçulmanos, principalmente cristãos, que constituem cerca de 3% da população, mas a definição de “privado” não é muito clara e o Estado pode intervir até mesmo quando duas ou três famílias se reúnem para rezar em casa. Na Arábia Saudita, as igrejas são proibidas e a conversão de um muçulmano a uma outra religião é considerada aposta-

Um projeto de lei prevê a proibição total do aborto na Polônia. Em uma primeira votação, o projeto foi aprovado, no fim de setembro, por 267 votos contra 154, e será em seguida analisado por um comitê que redigirá o texto final a ser votado pelos parlamentares. Magdalena Korzekwa-Kaliszuk, diretora de campanhas do CitizenGo na Polônia, comentou o resultado. “Nossa geração pode acabar com o aborto.” O projeto de lei é de iniciativa popular e contou com 450 mil assinaturas para chegar ao Parlamento. “Isso deve servir de argumento aos pró-vidas que estão sob grande pressão e pensam que a mudança não é possível, porque proteger a vida desde a concepção é possível, sim, e está acontecendo agora na Polônia”, afirmou. Fonte: CNA

Estudo associa uso de anticoncepcional à depressão “O uso de contraceptivos hormonais (pílula), especialmente entre adolescentes, está associado com o uso subsequente de antidepressivos e um primeiro diagnóstico de depressão, o que sugere que a depressão é um efeito colateral potencial do uso de contraceptivos hormonais”. Essa é a conclusão de um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade

Fontes: BBC/ RCN/ CNN

Polônia

Em visita a Amatrice, Papa presta solidariedade a vítimas de terremoto O Papa Francisco fez uma visita surpresa na manhã da terça-feira, 4, à cidade de Amatrice, no centro da Itália, que foi devastada por um terremoto em 24 de agosto. O tremor de magnitude 6 na escala Richter deixou centenas de mortos, e até hoje aproximadamente 4 mil pessoas vivem acampadas em tendas instaladas pela Defesa Civil. “Pensei muito nos dias seguintes ao terremoto que minha visita seria mais um incômodo do que uma ajuda, e não queria incomodar. Por isso, deixei passar um pouco de tempo para que algumas coisas fossem arrumadas, como a escola [Capranica, préfabricada na Villa San Cipriano]. Mas desde o início, senti que tinha que vir aqui! Simplesmente para dizer que estou com vocês, perto de vocês e nada mais. E que rezo, rezo por vocês. Proximidade e oração, essas são as minhas ofertas para vocês. Que o Senhor abençoe a todos, que Nossa Senhora os proteja neste momento de tristeza, de dor e provações”, manifestou o Pontífice. Após abençoar a população, Francisco rezou uma Ave-Maria e exortou: “Vamos avante, há sempre um futuro. Muitas pessoas queridas nos deixaram, caíram sob os escombros. Co-

a violência(...). Insistimos em corretivos para que haja respeito à constituição, não sua substituição; justiça, não abandono das instituições; pluralismo político sem prêmio ao delito; política social sem pôr em risco a empresa privada honesta”. Já o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, disse que não desistirá do acordo de paz com os guerrilheiros.

sia e é punida com a morte. Além disso, qualquer pessoa que seja vista usando uma cruz ou outro símbolo religioso não islâmico pode ser obrigada a retirá-lo por qualquer cidadão muçulmano. O País conta com uma polícia religiosa, com efetivo de 5 mil pessoas, encarregadas de zelar pelos “bons costumes” em matéria religiosa. Fonte: Church Militant

Índia Campos de esterilização em massa deverão ser fechados A Suprema Corte da Índia determinou que os campos de esterilização em massa, responsáveis pela morte de pelo menos 1,4 mil mulheres, deverão ser fechados nos próximos três anos. Segundo o relatório que explica a decisão, as condições dos campos – onde muitos procedimentos são realizados sem luvas e com equipamentos enferrujados – são precárias, e as mulheres pobres são exploradas e tratadas como mera estatística por promotores do controle de natalidade. Em muitos casos, devido à falta de informação, as mulheres não têm nem ao menos consciência de que estão sendo submetidas a um procedimento de esterilização. Estima-se que, na Índia, metade das mulheres chegue aos 35 anos já tendo sido esterilizada.


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Papa na Geórgia e no Azerbaijão: a religião como instrumento de paz Pontífice volta à conflituosa região do Cáucaso para propor colaboração entre as religiões e fraternidade entre os cristãos FILIPE DOMINGUES

Especial para O SÃO PAULO, em Roma

O Papa Francisco viajou à Geórgia e ao Azerbaijão como promotor de “reconciliação e paz”, definiu o novo portavoz do Vaticano, Greg Burke. A viagem, realizada de 30 de setembro a 2 de outubro, teve espírito parecido com aquela à Armênia, em julho. Em ambas as visitas à região do Cáucaso, que foi parte da antiga União Soviética e ainda é marcada pela guerra, por disputas de território e de poder entre líderes políticos e religiosos, o Papa procurou transmitir uma mensagem de pacificação. De fato, em sua primeira missa na Geórgia, no sábado, dia 1º, em um estádio de Tbilisi, o Pontífice já indicou a que veio. “A consolação de que precisamos, em meio aos acontecimentos turbulentos da vida, é exatamente a presença de Deus no coração, porque a sua presença em nós é a fonte da verdadeira consolação, que permanece, que livra do mal, leva à paz e faz crescer a alegria.” Em vez de identificar na religião a fonte de conflitos, Francisco procura inverter a equação. Para ele, a religião é justamente um instrumento de colaboração e de paz. Conforme escreveu em julho o vaticanista John Allen Jr., editor do site Crux, sobre a viagem à Armênia, o Pontífice busca difundir “uma nova forma de ver as memórias que tão frequentemente insensibilizam a região: não somente como uma ameaça, mas como um recurso”. Nesse sentido, na missa de Tbilisi, o Papa declarou que a Igreja é “a casa da consolação”. “Eu, que estou na Igreja, sou portador da consolação de Deus? Sei acolher o outro como hóspede e consolar a quem vejo cansado e desiludido? Mesmo quando sofre aflições, o cristão é sempre chamado a infundir esperança”, disse. No Azerbaijão, apenas cerca de 700 cristãos são católicos. “É uma comunida-

de de periferia”, definiu, no domingo, 2. Francisco esteve com o xeque muçulmano de Baku e outros representantes religiosos, dando uma resposta indireta aos que criticavam a sua visita ao país. De maioria muçulmana, o Azerbaijão está em guerra com a Armênia, onde os cristãos sofreram um histórico genocídio. “A fraternidade e a partilha que desejamos aumentar não serão apreciadas por quem quer enfatizar divisões, reacender tensões e tirar benefícios de contraposições e contrastes. São, no entanto, invocadas e esperadas por quem deseja o bem comum e, sobretudo, agradam a Deus, compassivo e misericordioso.”

Acrescentou que as religiões são uma necessidade, “chamadas a nos fazer entender que o centro do homem é fora de si, que somos direcionados para o alto, infinito, e para o outro”. As religiões, continuou, “são chamadas a edificar a cultura do encontro e da paz, feita de paciência, compreensão, passos humildes e concretos”.

Ortodoxos são nossos irmãos

Algumas das falas mais fortes do Papa foram feitas no encontro com sacerdotes e religiosos em Tbilisi, na Geórgia, onde respondeu a perguntas dos participantes. L’Osservatore Romano

“Para ser salvos na fé, é preciso ter memória do passado, coragem no presente e esperança no futuro”, observou. Porém, sobre outros grupos cristãos, o Papa foi enfático: “Nunca brigar!” Na região do Cáucaso, a maioria dos cristãos é ortodoxa, e não católica. Ainda hoje, por questões históricas, políticas e culturais, as relações são tensas. “Devo me esforçar para converter uma pessoa ortodoxa? Nunca se deve fazer proselitismo com os ortodoxos! São nossos irmãos e irmãs, discípulos de Jesus Cristo. Não devemos condenar, mas caminhar juntos.” No mesmo encontro, o Papa tocou em outros assuntos. Afirmou que “o Matrimônio é a coisa mais bonita que Deus criou”, e pediu que a Igreja ofereça “acolhimento, proximidade, acompanhamento, discernimento e integração” dos casais. Criticou a chamada “teoria de gênero”, termo que se refere a ideologias que negam uma relação entre os aspectos biológicos dos sexos masculino e feminino e os seus diferentes papéis na sociedade. “Hoje há uma guerra mundial para destruir o Matrimônio. Há colonizações ideológicas que destroem, mas não destroem com armas. Destroem com as ideias.”

Às autoridades: respeito ao diferente

A crítica às políticas do Azerbaijão ocorreu no encontro com o presidente da República, Ilham Heydar Aliyev, e outras autoridades. Grande parte dos conflitos étnicos no Cáucaso é alimentada por líderes políticos e religiosos locais, muito dependentes do domínio da Rússia. A guerra entre Armênia e Azerbaijão pela zona de Nagorny Karabakh envolve apoio militar da Rússia e da Turquia, o que dificulta também a paz entre armênios e turcos. “O caminho até aqui percorrido [no Azerbaijão] mostra claramente esforços notáveis para consolidar as instituições e favorecer o crescimento econômico e civil da nação”, declarou o Pontífice. “Toda pertença ética ou ideológica, como todo autêntico caminho religioso, deve excluir comportamentos que instrumentalizam as próprias convicções, a própria identidade ou o nome de Deus para legitimar intenções de opressão e de domínio.”

‘Esporte a serviço da humanidade’ Intenções pelos jornalistas Entre os dias 5 e 7, no Vaticano, acontece a I Conferência Mundial sobre Fé e Esporte, intitulada “O esporte a serviço da fé”. Organizado pelo Pontifício Conselho para a Cultura, com a colaboração da ONU e do Comitê Olímpico Internacional (COI), a atividade será aberta pelo Papa Francisco na quarta-feira, com uma conferência sobre fé e esporte. Na coletiva de imprensa de apresen-

tação do evento, o Cardeal Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, afirmou que o esporte ao envolver corpo e espírito, inteligência e membros, contempla a fé, a religião no sentido mais amplo possível. De acordo com o Cardeal, é preciso voltar ao esporte como componente moral, “voltar autenticamente aos valores morais, capitais do esporte”. Fonte: Rádio Vaticano (Edição de texto: Júlia Cabral)

“Para que os jornalistas, no desempenho da sua profissão, sejam sempre animados pelo respeito pela verdade e por um forte sentido ético”. Esta é a intenção que o Papa Francisco dirige neste mês de outubro ao Apostolado da Oração, apresentada na terça-feira, 4. Fazem parte dessa rede mundial de oração do Papa mais de 30 milhões de pessoas, em dez idiomas, incluindo o português.

Francisco pede que o jornalista trabalhe à serviço do bem dos homens. “Costumo perguntar-me: Como se podem colocar os meios de comunicação ao serviço de uma cultura do encontro? Precisamos de informação que leve ao compromisso com o bem da humanidade e do planeta”, afirmou o Pontífice na vídeo-mensagem. Fonte: Rádio Vaticano (Edição de texto: Júlia Cabral)


10 | Política |

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Vitória de Doria no 1º turno mostra descontentamento do eleitorado com o PT Rovena Rosa/Agência Brasil

Edcarlos Bispo

edbsant@gmail.com

Dom Odilo saúda prefeito eleito Em carta divulgada ainda na noite do domingo, 2, o Cardeal Odilo Pedro Scherer parabenizou João Doria. “Desejo congratular-me com o senhor pelo êxito obtido nas eleições, sendo

eleito como Prefeito Municipal de São Paulo já no primeiro turno das eleições, transcorridas em absoluta normalidade democrática.” Abaixo segue a íntegra da carta: Reprodução

Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo

São Paulo, 02 10 2016 Ilustríssimo senhor João Doria Júnior Prefeito eleito de São Paulo Desejo congratular‐me com o senhor pelo êxito obtido nas eleições, sendo eleito como Prefeito Municipal de São Paulo já no primeiro turno das eleições, transcorridas em absoluta normalidade democrática. A maioria dos eleitores depositou no senhor sua confiança, esperando ver realizados os seus sonhos e esperanças. São Paulo, a maior cidade do Brasil, precisa de um bom governo em favor de toda a população, com atenção especial para os mais carentes e as áreas da cidade que mais precisam dos benefícios de políticas públicas sábias. Com meus parabéns pela vitória eleitoral, apresento‐lhe também os votos de sabedoria e luzes de Deus para a realização de um bom governo municipal. Respeitosas saudações!

Cardeal Odilo Pedro Scherer Arcebispo Metropolitano de São Paulo

Superando todas as pesquisas eleitorais e até mesmo as projeções dos tucanos mais otimistas, o candidato João Doria Junior (PSDB) venceu as eleições à Prefeitura de São Paulo ainda no primeiro turno, um feito inédito desde 1992, quando as eleições passaram a ter dois turnos. Ao final da apuração, Doria tinha 3.085.187 votos, o que correspondeu a 53,29% dos votos válidos. Já o segundo colocado, Fernando Haddad (PT), teve 967.190 votos, 16,70%. O pleito deste ano foi marcado pelo alto índice de votos brancos (5,29%), nulos (11,35%) e de abstenções (21,84%), que juntos somaram 38,84% do eleitorado, ou seja, 3.096.304 das 8.886.324 pessoas aptas a votar. Em números absolutos, essa quantidade foi superior aos votos recebidos pelo prefeito eleito. Em 2012, o número de abstenções, brancos e nulos em São Paulo também superou o dos votos conquistados individualmente pelos dois candidatos que passaram ao segundo turno. Foram 2.490.513 (31,26%) abstenções, brancos e nulos. Naquela eleição, José Serra (PSDB) teve 1.884.849 votos (30,75%) e Fernando Haddad (PT), 1.776.317 (28,98%). No segundo turno, Haddad conquistou a Prefeitura de São Paulo com 3,3 milhões de votos (55,57%). Brancos, nulos e abstenções somaram 2,5 milhões (29,20%). A eleição municipal deste ano demonstrou o esfacelamento do Partido dos Trabalhadores e o seu enfraquecimento, especialmente no seu principal reduto eleitoral: a periferia. Das 58 zonas eleitorais da cidade, Doria venceu em 56. As outras duas, em Parelheiros e Grajaú, foram conquistadas por Marta Suplicy. Fernando Haddad não conseguiu ganhar em nenhuma das zonas eleitorais. Seu melhor desempenho, em termos percentuais, foi em Pinheiros (24,5% dos votos).

A que se deve o sucesso expressivo de João Doria?

Em artigo publicado em seu blog no site do jornal O Estado de S. Paulo, o cientista político Humberto Dantas tenta responder à questão e destaca que “Doria vendeu uma imagem com a qual parte dos eleitores sonha. Não todos, obviamente, mas ele dialogou e desvendou um universo volumoso e interessante”. O “fenômeno Doria”, por assim dizer, recordou ao cientista político o que aconteceu com Fernando Collor na eleição presidencial de 1989, que soube se “dirigir aos descamisados, alimentando seus sonhos de uma vida melhor” - analisou Humberto - enquanto cerca de 20 outros candidatos falavam dos avanços da Constituição de 1988 e da garantia da democracia.

“O Brasil de agora, a São Paulo de hoje é outra. Parte (parte!) da miséria deu lugar a uma classe média ávida por consumir. Foi assim que Lula se sustentou no poder, trocando a pobreza pelo consumo, possibilitando acesso que sempre utilizou em seu discurso como resultado de um milagre econômico que levou o pobre ao avião, à mesa e à faculdade. Pois nesse momento, Lula perdeu essa possibilidade de discursar.” Para o cientista político, “o antipetismo agudo, criado por setores da sociedade, e a crise econômica o calaram [Lula] nesse canto. Sobrou pra antipolítica. E o exemplo do ‘João Trabalhador’, que acorda cedo e enriquece, é emblemático na cidade de São Paulo. Seria Doria parte do sonho do paulistano? O desejo de acesso? A vontade de consumo?”, indaga. Para além de São Paulo, a realidade do PT é ainda mais complicada. Das 630 prefeituras que possuía, terá, após o resultado do primeiro turno, apenas 256 prefeitos, sendo que ganhou em uma única capital, Rio Branco, no Acre. Há, ainda, possibilidade de eleição em segundo turno em Recife, em Pernambuco. O Partido dos Trabalhadores, que ocupava o terceiro lugar no número de prefeituras, encolheu e caiu para 10º. Seu maior adversário político, o PSDB, teve um pequeno crescimento. De 686 prefeitos eleitos no primeiro turno em 2012, saltou paras 793 nestas eleições. Já o PMDB se manteve no mesmo lugar, como o partido com mais prefeituras, e subiu um pouco: de 1.015 prefeitos eleitos em 2012, teve agora 1.028, mas ficou fora do poder nas grandes capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo.

Composição da Câmara dos Vereadores

A Câmara Municipal de São Paulo é composta por 55 vereadores. O prefeito eleito contará com ampla maioria na Casa. Além dos 11 vereadores eleitos pelo PSDB, ele terá o apoio de mais 18 parlamentares de partidos de sua coligação, “Acelera São Paulo” (quatro do DEM, quatro do PRB, três do PSB, dois do PPS, dois do PV, um do PHS, um do PP e um do PTN), totalizando 29 vereadores. O PSDB ganhou três cadeiras, passando de oito vereadores da atual legislatura, para 11. A legenda também conseguiu reeleger seis deles. Importante lembrar que ter maioria no Legislativo dá mais celeridade para a aprovação de projetos e propostas encaminhadas à Câmara pelo Poder Executivo. O PT, que com dez cadeiras é a legenda com mais vereadores atualmente na Casa, perdeu uma vaga e passará a ser o segundo partido da Câmara. Sete dos vereadores petistas foram reeleitos e três não conseguiram votos suficientes. (Com informações dos sites G1, Folha de S.Paulo, UOL, Estadão e Carta Capital)


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Luigino Valentini (Padre Giggio)

‘Um espaço onde as crianças pudessem conhecer a Cristo e amá-lo’ Edcarlos Bispo

edbsant@gmail.com

No dia 15 de setembro, no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo, o Padre Luigino Valentini recebeu o Título de Cidadão Paulistano. Italiano nascido em Porto São Giorgio, Padre Giggio, como ficou conhecido, chegou ao Brasil em 1967 e três anos mais tarde começou trabalhos pastorais em São Miguel Paulista, na zona Leste da cidade, e em 1979 deu início a sua principal ação social. Na tarde do mesmo dia, na secretaria da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, no bairro da Aclimação, o Padre, de 81 anos, concedeu entrevista ao O SÃO PAULO e contou sua história e atuação na cidade.

O SÃO PAULO – Como foi o início do seu trabalho no Brasil? Padre Giggio - Para convencer meu bispo a me deixar vir para o Brasil, eu levei três anos. Depois, ele me deu licença, dizendo ao nosso grupo: “Eu montei um grupo para ir ao Brasil, pois tenho certeza que essa é a vontade de Deus”. Aqui no Brasil, eu trabalhei na região Leste, fui pároco em São Mateus e não posso esquecer o choque que tive chegando lá, não sabendo a língua, me encontrando numa situação totalmente diferente. Na época, havia sete favelas naquele lugar e éramos cinco padres para atendê-las. Fiquei lá oito anos. Depois, tive um acidente de percurso: um enfarte e, de certa forma, fiquei sozinho. Então, me juntei com dois compatriotas, que estavam trabalhando na Pastoral Universitária da PUC-SP. Ali fiz um mestrado em Filosofia da Educação, e também lecionei um pouco. Na universidade havia um grupo de universitários que estava em uma favela na Freguesia do Ó, fazendo um trabalho de recreação com as crianças. Eles me convidaram e eu fui. No sábado à tarde, celebrava a missa e, a partir daí, aos poucos, começamos a fazer também um trabalho social. Na favela não existia água nem luz. Junto com o povo do lugar, fui na Eletropaulo pedir e, depois de muita insistência, nós conseguimos ter um relógio para cada barraco e também ter água encanada. Em uma favela um pouco distante, aconteceu que duas crianças que estavam fechadas em um barraco, porque os pais não queriam que ficassem na rua, morreram quando o barraco pegou fogo. Então, o pessoal do Minasgás [o nome da favela local] me pediu: ‘Vamos fazer alguma coisa para as crianças cujos pais trabalham’. E ali, ocupando um terreno da Prefeitura, em 1980, eu construí uma creche. Como eram essas creches?

Luciney Martins/O SÃO PAULO

As nossas crianças são amadas, são curadas, são bem tratadas e posso dizer que nossas creches têm crianças felizes

Primeiro, eram somente 30 crianças. Depois, foi construído um berçário, que chegou a 80 crianças, cem crianças. No entanto, minha situação de saúde estava piorando. Tinha feito duas cirurgias do coração, o médico me disse que precisava de uma vida mais calma, que não podia continuar essa vida cheia de tensões e de estresse, então, voltei para a Itália. Foi difícil voltar para a Itália? Passei um ano terrível, porque achava que tudo tivesse acabado em minha vida, que não servia mais para nada. Passei um ano de depressão... foi duro [ter que voltar]. Nessa época, encontrei uma amiga, que eu havia aproximado do Cristianismo, e ela me disse: “Mas olhe, a sua vocação não é o Brasil. A sua vocação é a santidade”. Isso me atingiu bastante. Comecei a repensar tudo. Enquanto estava aqui, percebia que já tinha construído essa creche, percebia que já era uma coisa boa fazer aquela obra, naquele lugar, onde se estava precisando. Era uma coisa maravilhosa que acontecia a partir desse momento: vinha para o Brasil realizar uma obra e, depois de pouco tempo, encontrava, lá na Itália, quem arcava com minhas despesas. Comecei a construir as creches. Primeiro em Belo Horizonte (MG), com trabalhos sociais para os meninos realizarem depois da aula. Na sequência, construí em Salvador (BA) e em Brasília (DF). Uma congregação de irmãs que conhecia, que ficava na Argentina, me convidou para visitá-las em uma cidadezinha chamada Máximo Paz, a 50 quilômetros de Buenos Aires. Notei que havia muita miséria naquele local, e lá fizemos uma construção bem bonita, para receber as crianças depois da escola, para dar-lhes de comer e para que fizessem as tarefas. Aconteceu que a congregação fechou sua casa na Argentina e a construção foi entregue a um padre

casar. Ele me respondeu que se eu aceitasse esse desafio, de me tornar padre, seria pai de muitos filhos. Isso aconteceu. Arrepende-se de ter se tornado padre? Não. Pelo amor de Deus! Não me arrependo, agradeço a Deus. Falo que tenho uma vida que nunca sonhei em ter. Acredita que o papel do cristão é ajudar o mundo, não só espiritualmente, mas também na parte social? É claro! Precisamos ajudar o povo a reconhecer a própria dignidade humana, e exigir que essa dignidade seja respeitada.

amigo meu, que hoje está realizando a extensão de uma escola católica que ele tem em Buenos Aires. O senhor, morando na Itália, acompanha as creches, gerencia todo o trabalho? Todo. Quer dizer, eu passo aqui mais ou menos três vezes por ano, de cinco a seis meses. O resto passo na Itália. No fim do mês, começo meu ‘giro’ do Brasil para a Argentina, passo um mês para visitar tudo. E todas elas trazem esse princípio cristão? O meu sonho foi sempre criar um espaço onde as crianças pudessem conhecer a Cristo e amá-lo. Esse foi sempre meu sonho. E, com efeito, eles têm essa possibilidade de conhecer a Cristo e amálo. Mas como isso acontece? Acontece quando eles recebem o amor. Quando eles fazem a experiência de amor e começam a perceber que esse amor não vem da pessoa que está ao redor deles, e sim de Deus. As nossas crianças são amadas, são curadas, são bem tratadas e posso dizer que nossas creches têm crianças felizes. O senhor entendeu que sua vocação à santidade, da qual sua amiga lhe falou, está em ajudar o próximo? Sim! Foi uma vida maravilhosa, estou tendo uma vida maravilhosa. Custoume tornar-me padre, porque também gostaria de ter uma família, de ter uma mulher. Em um certo ponto da minha formação, quando estava no seminário, vivia muito angustiado, me perguntando se continuaria no sacerdócio ou se me casaria. Um dia, fui conversar com meu superior e disse, com lágrimas nos olhos, que não conseguia entender minha vocação nem me decidir entre ser padre ou

Quando trabalhou na Zona Leste qual foi a maior dificuldade que o senhor encontrou? Grande pobreza e ignorância. Naquela época, o bairro de São Mateus era o último bairro de São Paulo. Para além de São Mateus não havia mais nada, apenas fábricas de azulejos feitos à mão. E a gente começou lá com dureza. Os primeiros seis meses foram terríveis. Mudar de clima, mudar para outro país, mudar de hábitos, mudar de comida. ainda hoje os jovens precisam de um sentido para fazerem trabalhos como esse? Por que o senhor juntou a universidade com a rua? O senhor acha que falta quem faça essa ponte? Sem dúvida! Agora, a situação, especialmente entre os jovens, é que lhes falta um ideal. Tudo se tornou muito relativo, então, não há motivo para viver. Porém, eu experimentei, mesmo no meu tempo, que quando um jovem encontra um motivo para viver, a vida dele muda, ele faz tudo diferente. Quando não tem mais motivação para nada, a pessoa se atordoa. Que mensagem o senhor acha que sua vida deixa, tanto para os padres quanto para os leigos, para os que querem fazer o bem ao próximo? Eu fiz 80 anos em 2015, celebrei uma missa e na homilia disse: vou falar brevemente para vocês a síntese dos meus 80 anos, o que eu aprendi. Eu me coloquei à disposição do Senhor. Eu não fiz nenhum plano, nenhum projeto, porque sabia que o Senhor possuía um desígnio para minha vida muito mais inteligente, muito mais criativo, com muito mais sabedoria e muito mais fascinante. Eu confiei. Ele me pegou pela mão e me conduziu por onde eu nunca imaginei. Então, a mensagem é esta: nos entregarmos nas mãos do Senhor, para sermos conduzidos por Ele.

As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.


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Arquidiocese inicia construção da Fernando Geronazzo

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A tarde do sábado, dia 1º, foi histórica para os católicos de Heliópolis, na zona Sul de São Paulo. Os fiéis da Paróquia Santa Paulina, na Região Episcopal Ipiranga, celebraram o lançamento da pedra fundamental de sua matrizparoquial, concretização de um sonho cultivado em uma história de mais de 30 anos da presença missionária da Igreja em um dos bairros mais populosos da cidade. A cerimônia foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, e contou com a presença de Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, do Padre Pedro Luiz Amorim Pereira, pároco, e demais padres e religiosos. Ao comentar o trecho do Evangelho proclamado durante o rito, no qual Jesus afirma que aquele que ouve a Palavra de Deus e a põe em prática é como quem constrói a casa sobre a rocha, Dom Odilo destacou que, assim como são necessários fundamentos profundos e sólidos para a edificação do novo templo, Jesus, “pedra angular”, é o fundamento firme para a vida do cristão. “O templo é apenas uma imagem daquilo que somos nós, pedras vivas da Igreja”, disse. A pedra fundamental foi colocada no local sob o qual será construído o altar da igreja. Sob a pedra, foi depositada uma caixa com objetos simbólicos oferecidos pelas comunidades que formam a Paróquia, além de um exemplar do jornal do dia, a edição semanal do O SÃO PAULO; um exemplar do folheto litúrgico do domingo, 2; uma moeda atual; uma lista com os nomes dos trabalhadores da obra do templo e a ata da cerimônia. Essa espécie de “cápsula do tempo”, como explicou o Cardeal, tem o objetivo de registrar o momento histórico do início da construção da igreja para as gerações futuras, caso um dia o local seja aberto.

O templo

O novo templo terá 300 m2 e, de acordo com o Padre Pedro Luiz, ficará pronto antes da Páscoa do próximo ano. “Muitos missionários ajudaram a construir o que nós hoje temos enquanto Igreja. Mas essa sede paroquial é um presente da Arquidiocese de São Paulo. Somos gratos por olharem para nós com amor”, disse o Pároco no seu agradecimento, referindo-se à campanha de arrecadação de recursos iniciada no centenário da Arquidiocese, em 2008, para a construção da Igreja Santa Paulina.

Presença missionária

Após a cerimônia nas obras da nova matriz, o povo seguiu em procissão pelas ruas do bairro em direção à Co-

munidade São José Operário, sede provisória da Paróquia, onde Dom Odilo presidiu uma missa. Na homilia, o Arcebispo afirmou que esse era um momento significativo não só para aquela Paróquia, mas para toda a Igreja em São Paulo. Ao recordar que outubro é o mês das missões, Dom Odilo destacou que a Igreja em Heliópolis é uma comunidade missionária, mas acrescentou que ainda é preciso intensificar o trabalho para tornar o Evangelho de Jesus mais presente e, assim, atrair as pessoas para orientarem suas vidas para Deus. Para o Cardeal, a construção da nova igreja tem um sentido missionário muito forte. “Que isso possa concretamente ajudar a crescer a Igreja aqui em Heliópolis. Que vocês, famílias católicas que vivem aqui, se sintam encorajadas e lembradas. Toda a Arquidiocese de São Paulo está lembrando de vocês e ajudando a construir a nova igreja”, afirmou. Dom Odilo ressaltou que o Evangelho tem uma força de transformação muito grande. “Por isso, não tenham medo de serem católicos e darem testemunho de Jesus Cristo e serem uma Igreja viva no meio deste povo. Que cada um de vocês seja também essa força missionária que, com a fé em Deus, consegue fazer grandes coisas”, exortou.

‘Cidade do sol’

A palavra Heliópolis, que em grego significa “cidade do sol”, dá nome à Cidade Nova Heliópolis, bairro que hoje possui uma população de aproximadamente 250 mil habitantes e nasceu naquela que já foi considerada uma das maiores favelas da América Latina. Sua origem se deve à iniciativa do próprio poder público que, em 1971, removeu 150 famílias da favela de Vila Prudente para a gleba de Heliópolis, construindo alojamentos provisórios para as mesmas. Em 1978, novos alojamentos provisórios foram implantados, dessa vez para 60 famílias removidas da favela Vergueiro. Paralelamente, teve início nessa região a ação dos grileiros que, além de ocuparem parte da área, começaram a comercializar os lotes. Em 1980, o poder público acabou cedendo às pressões do movimento popular e implantou programas para instalação de redes de água, esgoto, e de energia elétrica, iniciando o processo de urbanização da região. A presença da Igreja Católica junto aos moradores do Heliópolis existe desde a origem do bairro, por meio das pastorais da Favela e da Moradia. Sua área abrangia os territórios das paróquias Santa Edwiges e São João Clímaco. Em 1991, foi criada uma área pastoral no bairro, entregue aos cuidados dos missionários Xaverianos, que atuaram até 1997, auxiliados pelos Oblatos de Maria Imaculada e por seminaristas Camilianos. Em 1998, chegaram os

Reunido com a comunidade, Cardeal Odilo Pedro Scherer preside lançamento da pedra fundamental

missionários da Consolata, as Irmãzinhas da Imaculada Conceição e a Irmãs Franciscanas Angelinas. A Igreja local reunia-se nas casas e formava pequenas comunidades eclesiais de base. Moradora do Heliópolis há 32 anos, Josefa Benedita dos Santos, 65, participou ativamente do início da missão da Igreja no bairro. Ela contou à reportagem que sua casa de dois cômodos foi um ponto de referência da comunidade, onde eram feitos encontros e celebrados sacramentos. “Quantas vezes o padre atendia confissões sentado na minha cama, pois era o único espaço que havia para acolher as pessoas”, relatou Josefa, hoje coordenadora da Pastoral do Batismo.

A Paróquia

Em 2002, começou a discussão sobre a criação de uma paróquia em Heliópolis para atender melhor a população e garantir maior autonomia jurídico-religiosa às comunidades locais.

Os objetivos eram estar em uma área necessitada e de grande extensão populacional, o maior bolsão de pobreza da cidade de São Paulo; ampliar o trabalho de evangelização junto às famílias, ruas e núcleos de moradia; e favorecer a população por meio de atendimento paroquial e de projetos sociais. A padroeira escolhida foi Santa Paulina, canonizada naquele ano. “Foi uma festa muito grande quando recebemos a notícia da criação de uma paróquia aqui justamente com o título de Santa Paulina”, relatou Josefa, recordando que quando ainda nem sonhavam com a canonização de Madre Paulina, sua presença já era forte no bairro por conta da atuação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, congregação criada pela Santa. A Paróquia Santa Paulina foi fundada no dia 14 de dezembro de 2003, em celebração presidida por Dom Gil Antonio Moreira, então bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga,


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Igreja Santa Paulina em Heliópolis Luciney Martins/O SÃO PAULO

se tornasse uma área pastoral e depois uma paróquia, havia comunidades que desconheciam a existência das outras. Por mais que uma das comunidades, a maior delas, ficasse definida como sendo a sede paroquial, ainda não é o que dá um sentido de uma comunhão eclesial, justamente porque é apenas um conglomerado de comunidades. Hoje, com o lançamento da pedra fundamental da nova matriz, pudemos mostrar que aqui é uma casa de todo mundo, um lugar para o qual chegamos juntos e daqui faremos uma caminhada em uma unidade maior”.

Igreja viva

da igreja-matriz da Paróquia Santa Paulina, em Heliópolis, dia 1º; abaixo, projeto do novo templo

quando Padre Ricardo Gonçalves de Castro, missionário da Consolata, foi nomeado o primeiro pároco.

um velório de alguém da comunidade”, contou.

Casa aberta

Padre José Lino Motta Freire, hoje pároco da Paróquia Santa Ângela e São Serapião, na Vila Morais, tinha apenas dois meses e meio de sacerdócio quando foi designado pároco para o Heliópolis, em 2010. Ele foi o primeiro padre do clero arquidiocesano a assumir a Paróquia e a residir no bairro, com a aquisição de uma residência paroquial. “Foi uma experiência magnífica! Com a ajuda de outros padres colaboradores, continuamos o trabalho de construir a unidade das comunidades eclesiais que aqui já existiam e fomentar a compreensão do que significa ser um território paroquial”. Pároco desde 2012, Padre Pedro Luiz reforçou a importância da matriz-paroquial enquanto sinal da unidade eclesial no bairro. “Heliópolis surgiu de várias missões e, antes que

No local onde será erguida a nova matriz-paroquial existia um imóvel antigo, onde já eram desenvolvidas atividades sociais da Paróquia. Maria Inês Lara Martins, 53, moradora do bairro há 22 anos, era uma das responsáveis pela obra social que acolhia crianças deficientes e necessitadas, oferecia cursos de costura e distribuía roupas e alimentos. “Era uma casa aberta para quem precisasse”, disse. Ela relatou, emocionada, que testemunhou muitas histórias de vida e superação no tempo dessa casa, que, segundo ela, era um lugar onde se compartilhavam momentos de alegria e de tristeza do povo. “Quantas vezes, por exemplo, depois de realizarmos uma festa com as crianças, tínhamos que preparar o espaço para acolher

Unidade

Imagens: Departamento de Arquitetura /Mitra Arquidoiocesana de São Paulo

A Paróquia Santa Paulina já realiza as atividades comuns de uma paróquia: Catequese, liturgia, Batismo, grupo de jovens, Pastoral da Caridade, escola bíblica etc. Todas as sextas-feiras ainda há celebrações e visitas missionárias nas casas. Dentre os desafios para a evangelização, o Pároco destacou a evangelização da juventude que, segundo ele, pode se perder muito facilmente em meio ao perigo das drogas e até da criminalidade. “Nos últimos anos, temos buscado dar a eles responsabilidades. Quem evangeliza os jovens são os próprios jovens. Estamos organizando, inclusive, um encontro querigmático [primeiro anúncio da mensagem cristã]. Temos que alcançá-los cada vez mais cedo para não os perder para outras coisas.” Douglas da Conceição, 24, estuda Engenharia Civil e atua há três anos na Pastoral da Liturgia. “Estamos ansiosos pela sede da nossa Paróquia. Aquele sonho que a comunidade tinha há tanto tempo agora começa a se realizar”. As amigas Vanessa Araújo Bezerra, 27, e Aline Aparecida Messias, 26, participam da Paróquia desde a infância e hoje estão na Pastoral da Juventude. Ambas cresceram testemunhando o desenvolvimento das comunidades desde o tempo dos encontros nas casas, e se alegram com o início das obras da matriz. “A construção da nossa sede-paroquial também mostra o quanto nosso bairro está crescendo e se transformando”, disse Vanessa.

Generosidade

Padre Pedro Luiz também chamou a atenção para a generosidade do povo do Heliópolis. “É algo belo o despertar da consciência de que, mesmo não sendo a Paróquia mais rica da Arquidiocese, ainda conseguimos ajudar os outros. Hoje nós temos uma Pastoral de Caridade pela qual as pessoas conseguem tirar do pouco que elas têm para entregar cestas básicas a famílias que necessitam”.

Família de fé

Dom José Roberto salientou ao O SÃO PAULO que, embora esteja sendo realizado um sonho antigo da constru-

ção de uma sede, o principal, que é a Igreja-comunidade, já existia. “Sabemos das dificuldades de se construir uma igreja, porém, mais difícil do que construir um templo é construir um povo. Aqui a comunidade já existe, está bem articulada”. O Bispo afirmou, ainda, que a Paróquia Santa Paulina é a concretização daquilo que a Igreja no Brasil tem pedido para que as paróquias sejam: uma comunidade de comunidades, onde as pessoas se aproximem e se conheçam mais. “Em Heliópolis isso é bem visível”. Dom José Roberto acrescentou que a paróquia não é um conceito ou estrutura superada, mas precisa sempre se adaptar às novas realidades do mundo atual. “Sabemos que a paróquia é fundamental para o trabalho de evangelização e a experiência de fé. É na paróquia que formamos uma grande família”. Dom José Roberto recordou que os padres, religiosos e leigos que pregaram a Palavra de Deus em Heliópolis deram um testemunho pessoal e eclesial que deixou muitos frutos, tornando a comunidade uma verdadeira família de fé. “Agora, nós somos chamados a dar esse testemunho de fé para as gerações futuras”, completou.

Comunidade de comunidades

O tema da paróquia foi destaque pastoral na Arquidiocese em 2011 e 2012. Na ocasião, Dom Odilo publicou uma carta pastoral intitulada “Paróquia, torna-te o que tu és”, convidando a Igreja em São Paulo a refletir sobre a vida e missão da organização paroquial. “Na paróquia, a Igreja manifesta de maneira próxima e perceptível sua vida e sua missão; ela é uma comunidade organizada de batizados, de bens espirituais, simbólicos e materiais, de organizações e iniciativas que fazem a Igreja acontecer num determinado espaço e contexto”, afirmou o Cardeal na carta pastoral. No mesmo documento, o Arcebispo ainda ressaltou que a paróquia é “comunidade de pequenas comunidades, famílias, pessoas, grupos, organizações e instituições, que testemunham a variedade, a riqueza e a beleza dos dons de Deus e estão a serviço da missão recebida de Cristo”.

‘Somos felizes’

“Moramos em Heliópolis. Somos felizes!”, disse a catequizanda Geovanna Araújo, 11, ao expressar em versos, no final da celebração, o sentimento dos paroquianos pela construção da nova matriz. E continuou: “Começando pela pedra fundamental, onde aqui, como crianças, vamos plantar nosso coração [...], buscando estar sempre unidos dentro desta grande comunhão, firmando o compromisso com nossa Santa Paulina, que nos ajuda a ser verdadeiros cristãos”.


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A Doutrina Social da Igreja para as práticas cotidianas de misericórdia Luciney Martins/O SÃO PAULO

Em São Paulo, Congresso Internacional de DSI destaca o chamado à permanente atenção aos mais frágeis da sociedade Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

“A Doutrina Social da Igreja e o cuidado misericordioso dos mais frágeis” foi o tema do II Congresso Internacional de Doutrina Social da Igreja (DSI), realizado numa parceria entre a PUC-SP e o Centro Universitário Salesiano (Unisal), em Santana, na zona Norte de São Paulo, entre os dias 28 e 30 de setembro. O evento contou com a participação de estudantes das duas instituições organizadoras, integrantes das pastorais e especialistas da Argentina, Uruguai, México, Haiti, Espanha, Colômbia e Chile, para discutirem sobre temas como ideologia midiática, trabalho escravo, migração e tráfico de pessoas. Rosana Manzini, professora da PUCSP, diretora de operações do Unisal, e uma das organizadoras do Congresso, explicou que a abordagem desses temas foi solicitada pessoalmente pelo Papa Francisco em um encontro com a mesadiretiva da Rede Latino-Americana de Pensamento Social da Igreja (RedLapsi), em 2015.

Desejo do Papa

Na abertura do evento, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo e grão-chanceler da PUC-SP, ressaltou que as instituições católicas de ensino devem ser “caixas de ressonância da Doutrina Social da Igreja”, como contribuição para a sociedade e para a cultura. Dom Odilo destacou, ainda, que o Ano Santo extraordinário da Misericórdia convida a Igreja a refletir sobre a relação entre misericórdia e justiça. “Deus é justo, mas também é misericordioso. Ambas categorias são partes da essência de Deus”, disse. “Para quem está em situação de fragilidade, existe a necessidade de ir além da justiça fria para usar de misericórdia, ir ao encontro e suas necessidades para além daquilo que seria a mera medida da justiça”, acrescentou.

O que é a DSI?

Padre Marcial Maçaneiro, doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, e professor da PUC do Paraná, explicou ao O SÃO PAULO que a Doutrina Social da Igreja é um conjunto de princípios doutrinais, aplicados à luz da Palavra de Deus, para as várias situações sociais. “Esses princípios não são apenas teóricos. Eles são luzes para ação da Igreja. Alguns vão falar da prevenção dos problemas sociais, outros vão falar da solução dos problemas sociais, outros

Estudantes de Teologia da PUC-SP e do Unisal participam do II Congresso Internacional de Doutrina Social da Igreja, em São Paulo, de 28 a 30

vão criar grandes critérios para a Igreja pensar como fica a questão do direito, da justiça, da ordem pública, da economia, da partilha de bens”, acrescentou.

Economia de exclusão

A primeira conferência do evento foi proferida pelo bispo de Yucatan, no México, e presidente da Comissão de Pastoral Social do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), Dom Gustavo Rodrígues Vega, que apresentou as principais urgências pastorais do Papa Francisco em seus documentos, e que, segundo ele, desafiam as ações pastorais da Igreja. A primeira dessas urgências é a centralidade da dignidade da pessoa humana, princípio fundamental da DSI. “O Papa Francisco alerta: ‘Toda a violação da dignidade do ser humano se configura como violência ao criador do homem’”, recordou o Bispo. Francisco censura a economia de exclusão que impossibilita o acesso das pessoas a uma vida digna. “Essa economia mata. Hoje tudo entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte. Como consequência dessa situação, grandes massas da população são marginalizadas, sem trabalho, sem horizontes”, acrescentou Dom Gustavo. O Bispo recordou, ainda, que o Pontífice faz uma contundente negação ao que chama de “nova idolatria do dinheiro”, que faz com que o ser humano seja considerado um bem de consumo que pode ser usado e logo descartado. Por fim, Dom Gustavo ressaltou que, além de uma crise econômica, o mundo padece de uma profunda crise antropológica.

Ideologia midiática

Doutora em Ciências Sociais com especialização em Comunicação, a diretora da Escola Social do Centro Bíblico

Teológico e Pastoral para a América Latina, Susana Nuin Nuñez, alertou para um cenário no qual as relações de poder da sociedade incluem a mídia, destacando que os conglomerados que detêm a informação são também os que detêm força financeira e, nesse sentido, a informação tem sido tratada como produto ou mercadoria, de modo que possa ser agendada, filtrada e editada. Além de apontar os monopólios de mídia que atendem aos interesses de grandes empresas, a especialista também reconheceu a existência de monopólios estatais, citando o caso da Venezuela. Para ela, poucas instituições no mundo geram notícias e, muitas vezes, o acesso às suas fontes de informação são negados. Em consequência disso, podem ser postos em risco a dignidade da pessoa humana, o direito e o dever de participação cidadã e princípios como os de solidariedade e bem comum. Para se contrapor a esse monopólio, Susana propôs maior participação cidadã por meio de modos alternativos de comunicação, especialmente nas redes sociais, lugares nos quais as pessoas possam ter acesso a outras fontes de informação e se tornem sujeitos de comunicação e não somente receptores.

Tráfico humano

Há 13 anos representando os Salesianos de Dom Bosco como consultor junto à ONU para as questões de pobreza e tráfico humano, o Padre Thomas Brennan apresentou a realidade dessa que é considerada a atividade mais articulada do crime organizado no mundo. “O tráfico de pessoas é uma forma de escravidão moderna, é a maior forma de desumanização”, afirmou. “Quando falamos sobre o tráfico humano, precisamos pensar no ato em si, nos meios para sua realização e na finalidade dele”, explicou,

destacando, ainda, que fica explícito que o tráfico tem a ver com a exploração sexual, incluindo prostituição alheia, trabalho forçado, escravidão e práticas análogas ao trabalho escravo, além da extração de órgãos. “O silêncio sobre essa realidade deve ser uma fonte de vergonha para todos nós”, acrescentou o Sacerdote, ressaltando o papel dos grupos religiosos justamente no sentido de ajudar as pessoas a saírem do que ele chama de “cegueira coletiva” sobre o tráfico humano. Em 2007, uma série de resoluções da ONU foram definidas para iniciativas globais de luta contra o tráfico humano numa forte colaboração entre sociedade civil e governos para prevenir, processar e proteger.

Corrupção sistêmica

Padre Thomas reforçou que nenhuma ação contra a realidade de tráfico humano será eficaz enquanto não acontecer um duro combate à corrupção sistêmica que alimenta essa atividade. “Enquanto não houver mecanismos jurídicos corretos nos estados para o combate à corrupção, ainda acontecerá o aumento, claro, desse crime.” “Neste momento, temos aproximadamente 21 milhões de pessoas sob algum tipo de tráfico e muitos são menores de idade, com menos de 15 anos”, informou o Sacerdote. Por fim, Padre Thomas salientou que a Igreja e demais atores da sociedade civil, pelo fato de terem contato direto com as pessoas e comunidades afetadas pelo tráfico humano, estão na melhor posição para colaborar no combate desse mal, uma vez que lidam com as pessoas, não com estatísticas. “Somos os ouvidos, os olhos, a voz das vítimas e trabalhamos para superar todas as forças da sociedade que levam à desumanização do outro.” (Colaborou Júlia Cabral)


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Em encontro anual, Sociedade São Vicente de Paulo reforça o agir com caridade Vitor Alves Loscalzo Especial para O SÃO PAULO

“Um olhar de caridade” foi o tema do Encontro Anual dos Vicentinos, realizado em 28 de setembro no ginásio do Corinthians. Os mais de 4 mil participantes compartilharam experiências e renovaram os seus votos e carismas durante a missa presidida por Dom Manuel Parrado Carral, bispo diocesano de São Miguel Paulista. Dom Manuel, na homilia, destacou a simplicidade e a conversão cotidiana de São Vicente de Paulo, patrono dos vicentinos. “Ele não nasceu santo. Inicialmente, sua vida girava em torno dele mesmo, de projetos pessoais e de seus interesses. Em um segundo momento, sua vida se concentrou em Deus e, finalmente, alcançou a grande graça de viver para os pobres, em quem servia a Jesus Cristo. A espiritualidade vicentina é uma espiritualidade cristocêntrica”, disse. Ao final da homilia, Dom Manuel confiou aos vicentinos uma missão: “Com um ‘olhar de caridade’, visitem as famílias que têm pessoas idosas, doentes e encarceradas, e levem a todos essa boa notícia da misericórdia divina que nos é oferecida neste Ano Santo jubilar”. Em consonância com o Bispo, o presidente do Conselho Metropolitano dos Vicentinos de São Paulo, Marco Antônio Kananovicz, 48, confirmou o carisma vicentino de estar ao lado dos pobres. Em entrevista ao O SÃO PAULO, Marco Antônio detalhou como isso é feito: “Além de oferecer cestas básicas aos mais necessitados, procuramos oferecer oportunidades

Luciney Martins/O SÃO PAULO - 23.abr.2016

às famílias – mais de 400 são atendidas em São Paulo -, proporcionando o acesso a cursos, por exemplo”. O Presidente do Conselho concluiu que, na vida de missionário, aprende-se mais do que se ensina e ganha-se mais do que se doa.

Quem são os vicentinos?

“Foi um grande favor que Deus concedeu a esta pequena e miserável Companhia, a felicidade de imitar Jesus Cristo” (São Vicente de Paulo). Nascido na França do século XVI (contexto da Reforma Católica), São Vicente era filho de pobres camponeses católicos e, desde cedo, destacou-se por notável inteligência e devoção. Ordenado sacerdote aos 19 anos, foi a partir de 1612 que se lançou inteiramente no serviço aos pobres. Ao lado dos camponeses, conheceu o abandono religioso e a miséria em que viviam as populações do campo. Os pobres tinham necessidades urgentes e, para ser fiel a Cristo, Vicente de Paulo resolveu servi-los, pregando missões e organizando diversas ações de caridade. Foi assim que o italiano Frédéric Ozanam (beatificado por São João Paulo II), admirado com os passos de São Vicente de Paulo, procurou adotar seu legado, fundando, em 1935, a Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP). Na homilia do Encontro Anual dos Vicentinos, Dom Manuel ressaltou que o Beato deu novo dinamismo ao serviço aos pobres conforme sua época. “Muda o contexto, mas permanece a fidelidade à inspiração primeira, ao dinamismo

Seguindo os passos do Beato Ozanam, vicentinos realizam ações de caridade em todo o país

do carisma e da mística”, disse o Bispo. A Sociedade de São Vicente de Paulo é uma das instituições mais respeitadas e está presente em 148 países, com aproximadamente 750 mil membros, realizando visitas semanais às famílias pobres e oferecendo ajuda material e espiritual. Em 2012, passou a dispor de uma cadeira no

Conselho Econômico e Social das Organizações das Nações Unidas (ONU). O Brasil é hoje o país com mais vicentinos no mundo: 250 mil homens, mulheres, jovens e crianças. A SSVP dispõe de abrigos e asilos para idosas e idosos em todo o país. (Com informações da Sociedade São Vicente de Paulo)

Na Arquidiocese de São Paulo, a Pascom está em ação Padre Luiz Claudio Braga Pela Pastoral da Comunicação

O mês de outubro para a Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de São Paulo não poderia ter começado melhor. No sábado, dia 1º, quando se comemorou a doutora da Igreja Santa Teresinha do Menino Jesus, aconteceu a segunda edição do “Pascom em Ação”, com o objetivo de integrar, fortalecer e direcionar os integrantes e os trabalhos da Pastoral nas seis regiões episcopais da Arquidiocese. O local escolhido para o encontro foi o Santuário São Judas Tadeu, na avenida Jabaquara, onde os religiosos Dehonianos têm uma estrutura simples, mas organizada de comunicação, um local ideal para o propósito do evento deste ano: a conscientização da importância da ação evangelizadora da Pascom na pastoral de conjunto da Igreja. A assessoria da atividade ficou por conta da equipe da Pascom da Diocese de São José dos Campos (SP), que esteve em uma comitiva com dez dos 937

membros da Pastoral da Comunicação daquela Diocese. Eles falaram sobre a experiência de seu processo missionário de comunicação. “A Diocese de São José dos Campos teve um dia incrível na companhia da Pascom da Arquidiocese de São Paulo. Gratidão imensa por toda a acolhida e abertura da oportunidade para podermos trocar experiências! Apesar de ter sido só um dia, valeu muito a pena!”, afirmou Marcos Nogueira, coordenador diocesano da Pastoral em São José dos Campos. O dia foi formativo e também interativo, com momentos de espiritualidade, música, dinâmicas e troca de experiências. “O Pascom em Ação deste ano foi uma verdadeira aula de como fazer comunicação evangelizadora. Os casos apresentados por São José dos Campos e pelos Dehonianos nos mostraram que podemos fazer melhor o nosso trabalho. A troca de experiências entre agentes foi outro ponto forte do encontro, pois provou que a força de vontade supera toda

Padre Luiz Claudio Braga

Integrantes da Pascom de São José dos Campos junto aos agentes da Arquidiocese de São Paulo

e qualquer dificuldade no trabalho. Parabéns aos organizadores!”, disse Paulo Ramicelli, integrante da Pascom Lapa e paroquiano da Nossa Senhora da Lapa. Já o jovem Flávio Lopes, da Pascom Brasilândia, ressaltou o aspecto missionário apresentado. “O encontro Pascom em Ação foi rico em experiências. É empolgante perceber que existem pessoas como você que estão repletas de amor

pela comunicação e que não têm medo de arriscar o novo para anunciar Jesus com as novas tecnologias!”, disse. O encontro, iniciado pela manhã, terminou às 17h, com um “tour” pelo centro de comunicação do Santuário São Judas Tadeu, onde os participantes tiveram contato com uma tecnologia possível de ser desenvolvida por uma paróquia ou região episcopal.


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Divulgação

Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

Dica de Leitura Padre Domenico de Cese “Não entendo por que vocês vêm de tão longe para me ver, se têm o Padre Domenico tão perto”. Era assim que São Pio de Pietrelcina recebia os peregrinos de Abruzzio, região onde nasceu o servo de Deus, Padre Domenico de Cese, um frade capuchinho extremamente caridoso, em especial com os pobres e doentes. Ele foi um exemplo do carisma francisca-

no e também um homem de intensa oração, que a partir das 4h da manhã já era visto com a coroa do rosário entrelaçada nos dedos. No Santuário de Manoppello, onde viveu até a sua morte, promoveu com zelo singular a devoção à Sagrada Face de Manoppello - um finíssimo tecido que contém misteriosamente a imagem do rosto de Nosso Senhor Jesus

Cristo -, a ponto de ficar conhecido como o “Apóstolo da Sagrada Face de Manoppello”. FICHA TÉCNICA Autor: Padre Eugenio Di Giamberardino Páginas: 110 Editora: Ecclesiae

Para Refletir A subversão da ordem natural e divina “[Segundo uma certa sociologia ancorada no pensamento marxista], a natureza não existe, tudo é social ou cultural (...); nossos comportamentos, crenças, gostos, convicções, concepção da família e da sexualidade são o resultado de determinismos sociais, cujas regras interiorizamos inconscientemente. Ainda bem que a sociedade evolui sob o efeito do progresso, expandindo suas benesses graças às lutas de emancipação: hoje, a das mulheres contra os homens malvados, ou ainda a rejeição da identidade sexual imposta desde o nascimento por estereótipos sociais que precisam imperativamente ser extintos. (...). Segundo essa lógica, onipresente na ideologia de gênero, os homens teriam declarado ‘naturais’ as suas práticas de dominação, com o fim de impedir seu questionamento, porque a camuflagem da natureza lhes daria uma dimensão intemporal definitiva. De forma geral, toda alusão ao caráter ‘natural’ de alguma coisa mostraria a existência de uma violência dominadora que se deve combater em uma perspectiva emancipacionista. Depois de 40 anos, nós ainda não entendemos suficientemente essa mutação ideológica que faz da natureza humana o inimigo número um (...). Aliás, essas questões estão no centro da ação das instituições internacionais, principalmente da ONU (Organização das Nações Unidas). Essa ideologia estende hoje seus tentáculos pelo mundo inteiro. Essa é a nova face da Revolução, cujo objetivo é a subversão da ordem natural e divina.” (Joël Hautebert, o artigo integral pode ser lido em francês na edição 1.622 do jornal L’Homme Nouveau).


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Retirada da Educação Física do ensino médio preocupa comunidade esportiva Luciney Martins/O SÃO PAULO

O QUE MUDOU nA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO? Com a MP 746, de 23 de setembro de 2016, houve alterações em artigos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Uma delas acaba com a obrigatoriedade da disciplina de Educação Física no ensino médio. Como era – LDB - Art. 26, § 3º “A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica”. Como ficou - LDB - Art. 26, § 3º “A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação infantil e do ensino fundamental”.

Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

A publicação da Medida Provisória 746/2016 pelo presidente da República, Michel Temer, em 23 de setembro, causou preocupação na comunidade esportiva. A MP, que flexibiliza os currículos do ensino médio e amplia progressivamente a jornada escolar a partir de alterações na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, prevê, entre outras medidas, o fim da obrigatoriedade das disciplinas de Educação Física, Filosofia, Sociologia e Artes nesse ciclo do ensino básico. O Conselho Federal de Educação Física (Confef) considerou “um contrassenso que no momento em que inúmeras pesquisas apontam o crescimento da obesidade e do sedentarismo infanto-juvenil, e sabendo que a atividade física é a medida mais eficaz para evitar esse mal, o governo federal proponha a retirada da Educação Física do ensino médio. Sobretudo por se tratar do país que acabou de atravessar a década de megaeventos esportivos, sediando recentemente os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, onde ficou clara a importância da atividade física na manutenção da saúde e da formação cidadã”, manifestou-se o Confef, por meio de nota pública. Apesar de já estar em vigor, a MP ainda precisa ser referendada pelo Congresso Nacional. Os deputados e senadores que participam da comissão mista que está analisando o texto já propuseram 567 emendas à medida provisória. Após a análise da comissão, a MP será discutida nos plenários da Câmara e do Senado. De acordo com Rossieli Soares, se-

cretário de Educação Básica do Ministério da Educação, as mudanças mais significativas no ensino médio acontecerão após a definição da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que deve ser concluída em 2017. No entender do secretário, a MP 746 busca proporcionar que o ensino médio “saia de um modelo totalmente engessado para outro que se comunique com a realidade do aluno e da escola”, afirmou em entrevista ao Portal Brasil.

Descontentamento

Na tentativa de impedir a aprovação da MP 746 pelos deputados e senadores, o Confef tem apoiado uma petição on -line (www.confef.com/370) que já conta com mais de 110 mil assinaturas. “O Conselho Federal de Educação Física se compromete a fazer todo o esforço possível junto ao Congresso Nacional a fim de rejeitar a medida. Contamos ainda com o apoio dos profissionais de Educação Física e da sociedade em geral”, consta na nota da entidade. Também houve manifestações contrárias à MP por parte do Sindi-Clube, entidade que representa 3,5 mil clubes no Estado de São Paulo. “O Sindi-Clube está apreensivo com os rumos que poderão ser seguidos na reforma do ensino médio. O setor clubístico entende que, exatamente após a realização com sucesso no país de dois dos maiores eventos esportivos – Jogos Olímpicos e Paralímpicos –, a não obrigatoriedade da Educação Física não converge com o que é feito nos países evoluídos, que têm políticas muito bem definidas de inclusão social pelo esporte. O Sindi-Clube apoia a reforma do ensino, que é necessária, mas

defende que não pode ser levada adiante sem que antes haja um debate mais prolongado sobre pontos importantes, como este da prática física e esportiva nas escolas”, disse, ao O SÃO PAULO, Roberto Leão Granieri, presidente do Sindi-Clube. Ainda segundo Roberto Granieri, a massificação do esporte por meio das escolas criará condições para a diversificação de modalidades esportivas e a formação de atletas. “Retirar do currículo escolar do ensino médio a Educação Física é o oposto do que se aguarda, pois também desfavorece a saúde preventiva oferecida pela prática esportiva regular”, complementou.

‘Educação Física escolar precisa mudar’

Promotor de eventos nacionais com educadores físicos, Cristiano Parente, professor de Educação Física que já lecionou no ensino médio, também é contrário à retirada dessa disciplina da grade curricular, mas avalia que reformulações são necessárias. “Sou totalmente contra que se tire a Educação Física do ensino médio, mas sou absolutamente a favor de que se mude o modelo que temos para realmente transformá-la em algo essencial. Hoje está se transmitindo aos estudantes um conteúdo dentro de um modelo esportivizado, que só prioriza o jogo dentro da escola, e muitas pessoas acabam não querendo fazer a aula”, opinou. A decisão do governo federal de retirar a Educação Física como uma disciplina obrigatória do ensino médio é baseada, no entender de Cristiano, nos indicadores de custos e rendimento dos estudantes. “Como modelo de disciplina

dentro da escola, as aulas de Educação Física mostram falta de conteúdo, são vistas como um momento de lazer, de sair da sala de aula, e, por isso, quando se está pensando em gestão, na formação do cidadão, se encontram motivos muito pequenos para que permaneçam na escola”, analisou. No entender de Cristiano, um novo modelo de Educação Física nas escolas não deve estar centrado na prática de jogos, mas em proporcionar aos estudantes o entendimento de como funciona o corpo, do porquê algo é proposto na aula e das vantagens da prática regular da atividade física. “É preciso haver um conteúdo teórico sobre o entendimento do corpo e depois pode ser utilizada a quadra, a pista, como um laboratório para que o estudante entenda como há a necessidade de movimentação ou para melhorar uma habilidade”, destacou. Ainda segundo Cristiano, a prática da atividade física é indispensável em todas as fases da vida. Em especial na adolescência (período em que a maioria dos estudantes cursa o ensino médio), ajuda na formação do corpo e na consolidação das estruturas ósseas e musculares. “Hoje, no mundo, há uma média de 4% de pessoas regularmente ativas, mas 100% das pessoas precisam fazer exercícios. É um número baixíssimo e mostra que as pessoas estão claramente dizendo que o modelo de Educação Física que a gente tem, esportivo ou não esportivo, não serve para elas”, analisou. Segundo dados do Diagnóstico Nacional do Esporte, divulgados pelo Ministério do Esporte em 2015, 32,7% dos jovens brasileiros entre 15 e 19 anos são sedentários.


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Brasilândia

Terezinha Micheleto

Dom Devair durante missa da novena de Santa Teresinha, dia 30

Flavio Rogério Lopes e Renata Moraes

Colaboradores de comunicação da Região

Na Vila Teresinha, a devoção à ‘pequena santa das rosas’ Com o tema “Amar Jesus e fazê-lo amado”, aconteceu entre os dias 22 de setembro e 1º de outubro a novena e festa da padroeira da Paróquia Santa Terezinha, no Setor Pastoral Cântaros. Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, presidiu uma das missas da festa na sexta-feira, 30 de setembro. Na homilia, o Bispo enfatizou: “Quando vamos à Igreja, escutamos a Palavra de Deus, e não a colocamos em prática, estamos perdendo nosso tempo”. Em entrevista à Pascom Brasilândia, Terezinha Micheleto, 63, que participa da Paróquia, destacou a

fé e devoção das pessoas que lotaram a igreja durante a novena. “A novena foi um momento importante, no qual o povo mostrou a sua fé e devoção à padroeira. Senti nesses dias, que mesmo vivendo em um bairro considerado violento, o povo compareceu todos os dias e a igreja estava cheia”, garantiu. A festa encerrou-se no sábado, dia 1º, na memória litúrgica de Santa Teresinha do Menino Jesus, também conhecida como a “pequena santa das rosas”, com uma procissão pelas ruas do bairro da Vila Teresinha, seguida da missa solene, presidida pelo Padre Enrique Becerril, pároco.

Paróquia Nossa Senhora do Retiro acolhe imagem da Mãe Aparecida Na noite do domingo, 2, os fiéis da Paróquia Nossa Senhora do Retiro, no Setor Pereira Barreto, acolheram a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida, que desde maio tem sido levada às paróquias da Região Brasilândia, no contexto das comemorações dos 300 anos do encontro da imagem original, em 1717, no rio Paraíba do Sul. Entoando a música “Romaria”, do compositor Renato Teixeira, os fiéis receberam a imagem da Mãe Aparecida, que foi conduzida inicialmente pelos jovens da Crisma e depois por lideranças e representantes das comunidades que compõem a Paróquia, simbolizando a bênção a todos os trabalhos pastorais desenvolvidos. Padre Natanael Pires da Silva, pároco,

encorajou os fiéis a reavivarem a fé em Jesus Cristo. “É a oração o alimento da fé. Esse é o dom que Deus nos deu para que sejamos luz do mundo e sal da terra, para, por meio de nossa fé, iluminarmos a todos. Essa é missão de Jesus dada a cada um de nós”, afirmou na homilia, exortando os fiéis a também vivenciarem a devoção mariana. Durante toda a semana, a imagem será levada às quatro comunidades pertencentes à Paróquia: São Francisco de Assis, São Pedro Apóstolo, São Judas Tadeu e Rainha da Paz. No sábado, 8, às 19h, haverá uma missa em ação de graças pela presença da imagem, e no domingo, 9, a imagem seguirá para a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Zatt.

Renata Moraes

Devotos conduzem imagem de Nossa Senhora Aparecida durante missa no domingo, dia 2 Solange Aparecida Banhos Paiva

Na sexta-feira, 30 de setembro, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu missa na Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus, no Setor Pastoral Pereira Barreto. Concelebrou o Padre Francisco Rangel, pároco. O Arcebispo foi recebido pela comunidade paroquial para a missa que fez parte dos festejos em honra à padroeira.

Vida

Saudável

Marcos Rubens

Acolhido pela comunidade paroquial e pelo pároco, Padre Genésio de Morais, no domingo, 2, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu missa na Paróquia São Francisco de Assis, no Setor Pastoral Cântaros, durante a festa do padroeiro, cuja memória litúrgica foi recordada na terça-feira, 4.

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Ipiranga Santa Teresinha e a Amoris Laetitia Karen Eufrosino e Caroline Dupim Colaboradoras de comunicação da Região

Terminou no domingo, 2, a festa da padroeira da Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, no Setor Imigrantes. Iniciada no dia 22 de setembro, a festividade trabalhou a cada dia um capítulo da Exortação Apostólica Pós-Sinodal Amoris Laetitia, com padres convidados, com o Padre Uilson dos Santos, pároco, e os bispos auxiliares de São Paulo, Dom Carlos Lema Garcia, vigário episcopal para a Educação e a Universidade, e Dom José Roberto Fortes Palau, vigário episcopal da Região Ipiranga. Durante a novena, a comunidade pa-

roquial acolheu a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida. Na sexta-feira, 30 de setembro, foi encenado o espetáculo teatral “Theresinha”, um monólogo baseado nos escritos da Santa, interpretado pela atriz Gabriela Cerqueira. A solene missa no dia da padroeira, na manhã do sábado, dia 1º, foi presidida por Dom José Roberto. Ele comentou, na homilia, a simplicidade e o amor com que Santa Teresinha viveu, e ressaltou: “Todos nós podemos ser santos. O segredo é fazer como Santa Teresinha fazia, ‘fazer do ordinário o extraordinário’”, afirmou.

Caroline Dupim

Devotos de Santa Teresinha em oração na paróquia a ela dedicada no Setor Imigrantes

Secretárias paroquiais: porta de entrada e de acolhida das paróquias Caroline Dupim

Secretários e secretárias paroquiais em foto com Dom José Roberto Fortes Palau, dia 30

Em 30 de setembro, na memória litúrgica de São Jerônimo e no dia da secretária, a Região Ipiranga reuniu as secretárias paroquiais em um momento de partilha, formação e confraternização. O encontro foi conduzido pelo Padre Tarcísio Mesquita, coordenador arquidiocesano de pastoral, que ressaltou que o trabalho por elas desenvolvido deve ser sensível, paciente e compreensivo. “Acolher os fiéis que passam pela paróquia e ouvi-los é não só de grande importância para o trabalho, mas também uma forma

de amar e exercer a misericórdia”, afirmou o Padre. “A secretária é a porta de entrada, a acolhida de toda paróquia, é um trabalho de caridade e amor. Por isso, é importante termos nossa espiritualidade em dia, para que assim possamos manter sempre a centralidade e serenidade em nossos trabalhos”, complementou. O evento foi concluído com a bênção e agradecimento de Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, às secretárias paroquiais.

Padre Manoel Quinta

Colaborador de comunicação da Região

12º Plano Arquidiocesano de Pastoral é tema do conselho regional O Conselho Regional de Pastoral da Sé reuniu-se na noite de 28 de setembro na Paróquia Santa Cecília, no Setor Santa Cecília. A atividade foi presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé. Após a motivação do Bispo, Padre Enes de Jesus, coordenador regional de pastoral, informou sobre a realização das assembleias paroquiais e setoriais para avaliar o 11º Plano de Pastoral da Arquidiocese e apresentar sugestões em vista do 12º Plano, que está em fase de elaboração. Também lembrou a todos que o novo Plano de Pas-

toral será enriquecido pelos últimos documentos do magistério do Papa Francisco. Segundo o Padre Enes, em uma reunião anterior entre os coordenadores dos setores e integrantes de pastoral com o colégio episcopal, surgiram algumas sugestões para as prioridades: situação dos dependentes químicos, povo da rua, imigrantes, terceira idade e pessoas com necessidades especiais. Na sequência, Padre José Roberto Pereira fez uma síntese do 11º Plano de Pastoral. Dom Eduardo, após ouvir as propostas e sugestões, comentou que o novo Plano deverá ter presente a missionarie-

dade querida pelo Papa, a proposta de uma Igreja em saída. O Bispo questionou aos participantes se a Região Sé é uma Igreja missionária, que vai ao encontro das diferentes realidades, considerando os diversos contextos paroquiais, e se há as práticas de partilha e solidariedade. Ele concluiu dizendo que as paró-

quias precisam de uma injeção de vida. Dom Eduardo convidou os participantes para a Assembleia Regional de Pastoral, que será no dia 22 de outubro, na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, no Setor Bom Retiro; e conclamou os leigos a uma formação continuada, indicando a leitura do livro “Santas Missões Populares”. Padre Manoel Quinta

Padre Pedro Almeida

Dom Eduardo Vieira dos Santos durante reunião do Conselho Regional de Pastoral da Sé

Festa de Nossa Senhora Aparecida Na manhã do domingo, 2, o Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, foi acolhido pelos fiéis da Paróquia Pessoal Coreana São Kim Degun, no Bom Retiro, onde presidiu missa e deu posse como pároco ao Padre Paulo Cho Sungkwang.

A Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários realiza até o dia 11 a novena em louvor à padroeira. Durante a semana, as missas serão às 20h; no sábado, 8, no Arsenal da Esperança (próximo à Paróquia) haverá às 14h30 a recitação do Rosário e confissões, e às 17h celebração de

missa. No domingo, 9, as celebrações serão às 9h, 11h e 18h30. Na quarta-feira, 12, dia da padroeira, as missas acontecerão às 9h e 16h30, esta última precedida de procissão, às 15h30. A matriz-paroquial localiza-se na rua Almirante Brasil, 125, na Mooca. Saiba mais detalhes em (11) 2796-6016.


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Santana

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

Clero e fiéis do Setor Tremembé peregrinam no Jubileu da Misericórdia Padres, diáconos e fiéis pertencentes às paróquias que constituem o Setor de Pastoral Tremembé peregrinaram em 25 de setembro à Porta Santa da Igreja Sant’Ana, por ocasião do Jubileu extraordinário da Misericórdia. Essa peregrinação, juntamente com as realizadas por todos os setores pastorais, segue a orientação do Papa Francisco e da Arquidiocese de São Paulo, que motiva as pessoas a peregrinarem às portas santas estabelecidas, com a que está na Igreja Sant’Ana. Diante do templo, o evento se iniciou com a acolhida de Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, que mostrou o sentido da peregrinação. Em seguida, os peregrinos adentraram pela Porta Santa, sendo aspergidos com água benta pelos padres do Setor Tremembé. Na sequência, participaram da missa presidida pelo Bispo.

Diácono Francisco Gonçalves

Dom Sergio de Deus Borges acolhe os peregrinos do Setor Pastoral Tremembé, em frente à Porta Santa da Igreja Sant’Ana

Dom Sergio faz visita pastoral à Paróquia São José Operário A Paróquia São José Operário, no Setor Pastoral Imirim, recebeu em visita pastoral Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana.

A visita iniciou-se em 29 de setembro, com missa presidida pelo Bispo e concelebrada pelo pároco, Padre Carlos Alberto Doutel, seguida de encontro com os agentes pastorais e movimentos Antonio Carlos Sabbatino

que detalharam as atividades que realizam. No dia seguinte, Dom Sergio tratou de algumas atividades administrativas e reuniu-se com o conselho administrativo. Em seguida, visitou doentes e idosos. No sábado, dia 1º, o Bispo visitou a Capela São Francisco de Assis, onde celebrou missa com idosos e doentes, e teve reunião com os agentes das pastorais da Capela. No mesmo dia, presidiu missa

na matriz-paroquial com a participação das crianças da Catequese. A visita pastoral foi encerrada no domingo, 2, com celebrações eucarísticas e encontro com os jovens crismandos. Os membros da Paróquia relataram que a visita pastoral renovou o ânimo dos agentes, que reavaliaram suas ações, e foi uma oportunidade de estarem próximos do Bispo. (Colaborou Antonio Carlos Sabbatino)

Pastoral dos Coroinhas

Dom Sergio junto aos jovens crismandos da Paróquia São José Operário, no Setor Imirim

Coroinhas e cerimoniários da Região Santana tiveram formação, no sábado, dia 1º, na Cúria de Santana, com assessoria do coordenador dessa pastoral, Robson Vieira.

Carlos Roberto Minnozi

Padre Eduardo Higashi

Dom Sergio Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu missa na Paróquia Santa Teresinha, no Setor Santana, em 28 de setembro, concelebrada pelo Padre Camilo Profiro da Silva, SDB, pároco, durante novena em honra à padroeira.

Nos dias 14 e 21 de setembro, na Paróquia Santa Joana D’Arc, foi realizada, para o Setor Tremembé, a Formação Bíblica sobre o Evangelho de São Mateus, ministrada pelo Padre José Roberto Mattos, com presença média de 53 pessoas.


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Benigno Naveira

Colaborador de comunicação da Região

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Lapa

Semana Catequética destaca Dei Verbum A equipe de Animação Bíblico-Catequética da Região Episcopal Lapa realizou entre os dias 27 e 29 de setembro, na Paróquia Nossa Senhora dos Pobres, no Setor Pastoral Butantã, a Semana Catequética setorial, reunindo os membros dos setores Butantã e Rio Pequeno. O estudo foi sobre a Constituição Dogmática Dei Verbum, com assessoria de Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa. Dom Julio recordou que a Dei Verbum foi publicada pelo Beato Paulo VI, em 1965, e que trata da revelação divina, possibilitando um contato pessoal, profundo e vivencial com a Palavra de Deus. A meta principal desse documento, segundo o Bispo, é apresentada logo em seu início: propor a genuína doutrina so-

bre a revelação divina e sua transmissão, para que o mundo inteiro ouvindo, acredite na mensagem da salvação, e acreditando, espere, e esperando, ame (DV I). Dom Julio explicou que o documento é chamado de constituição dogmática por tratar de temas ligados à fé. Especificamente, aborda a relação entre a Sagrada Escritura e a Sagrada Tradição, ressaltando a importância das duas, porque são modos de transmissão da revelação divina e mantêm a estreita comunicação entre si, tendo Deus como o mesmo fundamento e o mesmo autor. O Bispo refletiu ainda sobre Apóstolos e seus Sucessores, Sagrada Tradição, Progresso da Tradição, Presença Vivificadora da Tradição, relação entre Tradição e Escritura, Igreja e Magistério.

Benigno Naveira

Dom Julio Endi Akamine apresenta detalhes sobre a Constituição Dogmática Dei Verbum

Em entrevista à Pastoral da Comunicação da Região Lapa, na quarta-feira, 28, Mônica Sanchez, coordenadora da Pascom da Paróquia Nossa Senhora dos Pobres, falou da importância da

catequese de Dom Julio, que trouxe a doutrina da Palavra de Deus, e sobre a necessidade de o clero estar próximo do leigo, para que este assuma seu protagonismo.

Mês de outubro é dedicado à padroeira na Paróquia Santa Terezinha A Paróquia Santa Terezinha, no Setor Pirituba, realiza este mês a festa em homenagem à padroeira dos missionários. As festividades iniciaram-se no sábado, dia 1º, com a missa presidida pelo Padre Daniel Koo, administrador paroquial. Ele lembrou, na homilia, que Santa Teresinha tinha um temperamento à calma e à tristeza e o cunho inigualável do sorriso, expressão daquela alegria ultraterrena, que “não está nos objetos que nos circundam, mas reside no ín-

timo mais profundo da alma”, afirmou. A sequência da festa da padroeira tem prevista as seguintes atividades: dia 7, missa do Sagrado Coração de Jesus; dia 12, missa de Nossa Senhora Aparecida; dia 15, missa da família (bolo de Santa Teresinha); dia 18, grupo de oração; dia 22, gincana da Catequese; de 26 a 28, tríduo em louvor a Santa Teresinha; dia 29, missa de encerramento, com a bênção das rosas; e dia 31, romaria ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida.

Benigno Naveira

Padre Daniel Koo com os participantes da missa da abertura da festa de Santa Teresinha, dia 1º

Belém

Peterson Prates

Colaborador de comunicação da Região

Irmã Margaret Gaffney, testemunha da misericórdia Peterson Prates

Depois de quase meio século no Brasil, a Irmã Margaret Gaffney, 76, missionária irlandesa da Congregação do Santo Rosário, retorna à sua terra natal. Ela chegou ao Brasil em 1970 e no país, especialmente em São Paulo, ao longo dos anos se destacou no trabalho junto aos detentos com a Pastoral Carcerária. Na Irlanda, ela pretende colaborar com as necessidades da Congregação e auxiliar na tratativa aos refugiados que chegam à Europa.

Para celebrar os anos de atuação da Irmã Margaret, a Região Belém, onde ela atuou por décadas, organizou uma missa na capela do Centro Pastoral São José, na sexta feira, 30 de setembro, presidida pelo Padre Reginaldo Donatoni, ecônomo da Região, que contou com a presença de religiosas, amigos e funcionários do Centro Pastoral. Durante a missa, Irmã Margaret recordou um pouco dos seus 46 anos de missão no Brasil. A Religiosa trabalhou em São Sebastião, no litoral paulista, e também no interior do estado, junto a comunidades rurais. Em 1983, a Irmã chegou à zona Leste da capital paulista, onde trabalhou até o domingo, 2. Ela recordou as iniciativas com as Comunidades Eclesiais de Base, o método Paulo Freire de Educação Popular e o início da vivência do Concílio Vaticano II, quando chegou ao Brasil. “Eu aprendi muito mais do que poderia ter feito. O calor humano do povo brasileiro me cativou desde o início”, disse a Religiosa, destacando que o Brasil é um país com “muita diversidade, país muito rico e abençoado por

Deus, mas com muitas pessoas pobres”. Irmã Margaret garantiu que na Irlanda continuará a lutar por justiça e também pelo papel da mulher na sociedade e na Igreja. Irmã Ann Griffin, missionária do Santo Rosário, afirmou: “Margaret é uma grande testemunha da vida missionária... Nosso emblema é ‘ir além, levando boas notícias’. Margaret encarnou essa frase. Deixou a família, tudo o que conhecia,

doando-se totalmente com toda a generosidade, sem pensar duas vezes para servir ao outro”. Em 2013, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo concedeu à Irmã Margaret, por iniciativa da deputada estadual Leci Brandão (PCdoB), o prêmio “Dra. Theodosina Ribeiro”, condecoração entregue às mulheres que trabalham no empoderamento de outras mulheres, de modo especial de grupos vulneráveis. Peterson Prates

Em 27 de setembro, secretárias e secretários paroquiais reuniram-se no Centro Pastoral São José, para um evento formativo, por ocasião do dia da secretária, celebrado no dia 30. A atividade teve assessoria do coordenador de Pastoral da Região Belém, Padre Marcelo Maróstica. Também participaram do encontro o Cônego José Miguel de Oliveira e Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região.


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A história de uma ‘alma missionária’ Santa Teresinha do Menino Jesus, que viveu a espiritualidade da pequena via, tem muito a ensinar para a Igreja da Misericórdia Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

Muito mais do que a “Santa das rosas”, Santa Teresinha do Menino Jesus ou Teresa de Lisieux, cuja festa litúrgica foi celebrada no dia 1º de outubro, é para a Igreja Católica uma santa sobre a qual os fiéis precisam sempre mais se debruçar para conhecer a vida e as virtudes que a tornaram doutora da Igreja, mesmo tendo vivido apenas 24 anos. Teresa Martin nasceu na França no dia 2 de janeiro de 1873 e foi batizada apenas dois dias depois na Igreja de Notre-Dame, recebendo o nome de Maria Francisca Teresa. Filha de Luis Martin e Zélie Guérin, Teresa se mudou para a cidade de Lisieux logo após a morte de sua mãe em 1877, quando tinha apenas 4 anos. Aos 6 anos de idade, Teresa se aproxima pela primeira vez do sacramento da Penitência. Esse detalhe da vida da Santa é importante, pois foi esse caminho de sofrimento e humildade que constituiu a pequena via, trajetória espiritual vivida por ela, na qual buscava, constantemente, abnegação de si e o serviço. A história dessa Santa, que pode ser lida no livro “História de uma alma”, uma espécie de autobiografia de Teresa, inspirou e continua a inspirar não só congregações como a família carmelitana e movimentos leigos ou fiéis que a ela recorrem pedindo intercessão por sua vida e missão, mas também instituições laicas, teatros e iniciativas dos mais diferentes tipos. Desejosa de abraçar a vida contemplativa desde pequena, como havia acontecido com suas irmãs, Paolina e Marina no Carmelo de Lisieux, foi impedida devido à sua idade. Mas, após uma peregrinação à Itália, onde visitou a Santa Casa de Loreto e os lugares da cidade eterna, teve a audácia de pedir ao então Papa Leão XII que a deixasse entrar para o Carmelo aos 15 anos, durante uma audiência do Papa com os fiéis na sua diocese. Teresa entrou para o Carmelo no dia 9 de abril de 1888, e no ano seguinte recebeu o hábito. Ela emitiu seus votos religiosos no dia 8 de setembro de 1890. Buscou viver no Carmelo um caminho de perfeição e assumiu na comunidade

Reprodução

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diversos compromissos a ela confiados. Teresa sempre foi muito fiel ao Evangelho e percorreu um caminho de santidade no qual insistia na centralidade do amor.

Retratos do amor

Santa Teresinha do Menino Jesus deixou nos seus manuscritos autobiográficos não somente as recordações da sua infância e juventude, mas também retratos de sua alma e de suas experiências mais íntimas. Comunicou, às noviças a ela confiadas, a pequena via da infância espiritual; recebeu como dom especial acompanhar com o sacrifício e a oração duas irmãs missionárias e, a partir de então, penetra sempre mais no mistério da Igreja, vendo crescer em si a vocação apostólica e missionária. No dia 9 de junho de 1895, na festa da Santíssima Trindade, se ofereceu como vítima de holocausto ao amor misericordioso de Deus, ao mesmo tempo em que redigiu seu primeiro manuscrito autobiográfico e o entregou à Madre Agnese de Jesus, em 1896. Poucos meses depois, no dia 3 de abril, durante a noite entre a Quinta-feira e Sexta-feira Santa, teve a primeira manifestação da doença que a levou à morte e que ela acolheu como a misteriosa visita do Esposo Divino. Ao mesmo tempo, passou pela provação de fé que durou até sua morte e sobre a qual Teresa ofereceu um fantástico testemunho de fé nos seus escritos. Durante o mês de setembro, conclui o manuscrito B, que constitui uma esplêndida ilustração da maturidade da Santa, especialmente sobre a descoberta da sua vocação no coração da Igreja. No mês de junho daquele ano, ela começou a escrever o manuscrito C. Ali, descreveu as novas graças que a conduziram a um caminho de mais alta perfeição e descobriu novas luzes para as almas que seguem o caminho da pequena via. Em julho de 1897, Teresa foi transferida para a enfermaria. As irmãs recolhiam e registravam suas palavras em meio às dores suportadas com paciência. Mas a doença avançou e Teresa morreu na tarde de 30 de setembro de 1897. “Eu não morro, entro na vida”, havia escrito para seu irmão espiritual, o missionário Dom Bellier. Canonizada pelo Papa Pio XI no dia 17 de maio de 1925 e pelo mesmo Papa proclamada padroeira universal dos missionários, ao lado de São Francisco Xavier, em dezembro de 1927, Santa Teresinha do Menino Jesus deixa a todos um exemplo de santidade e sabedoria. E, devido a isso, no dia 19 de outubro de 1997, foi também proclamada doutora

da Igreja Universal, pelo então Papa João Paulo II, no domingo em que se celebrava a Jornada Mundial das Missões.

A pequena via de Teresa

Teresinha comparava-se aos grandes santos e sentia-se pequena diante deles. Foi, então, que descobriu um caminho no qual ela abandonava-se plenamente em Deus, a chamada pequena via, que tem algumas características, tais como: aceitar as próprias limitações; deixar-se guiar por Deus, fazendo um ato de entrega total a ele; sentir-se inundado pelo amor totalmente gratuito de Deus; viver o momento presente e aproveitar cada instante para fazer o bem e confiar sempre. A propósito da pequena via, São João Paulo II disse: “Ela é uma via ao alcance de todos. Caminho da confiança e do abandono total de si mesmo à graça do Senhor. Não se trata de uma via a ser banalizada, como se fosse menos exigente. Na realidade, ela é exigente, como o é sempre o Evangelho”. Mas como compreender, hoje, também sobre um olhar psicológico, essa pequena via de Teresinha? A pouca idade dela não poderia levantar a hipótese de que esse elemento de humildade seja, de algum modo, fruto de certo infantilismo ou de uma imaturidade?

A psicóloga e professora de Psicologia da Religião, Eliana Massih, respondeu ao O SÃO PAULO “que primeiro teríamos que perguntar o que é maturidade? E ainda: a pessoa humana a atinge ou estamos em permanente e incessante amadurecimento? Parece ser essa a questão. De algum modo, Teresinha do Menino Jesus amadureceu cedo para o que denominamos espiritualidade”, afirmou. Eliana disse ainda que “espiritualidade não se compara com outras aberturas humanas para o amadurecimento. Usar um crivo meramente psicológico não abarca a compreensão que devemos ter do modo de ser de alguém, cuja linha de desenvolvimento é a mística. Tudo aquilo que fere o autocuidado deve ser pesquisado e posto em diálogo com a pessoa que vive a experiência. Humildade sem extremos e espiritualidade encarnada só fazem bem para a saúde mental de qualquer criança ou jovem. É preciso ação pedagógica para acionar essas possibilidades humanas”. Entender o caminho de espiritualidade vivido por Santa Teresinha do Menino Jesus é uma forma de conhecer melhor a vida desta jovem que deixou para a Igreja um testemunho de santidade baseado no cotidiano da vida e no desejo de amar, acima de tudo, conforme ensina o Evangelho.


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Campanha internacional pela vida acontece em São Paulo “40 dias de oração e jejum em vigília pacífica a favor da vida e contra o aborto” é realizada em 36 países e já evitou o aborto de 11.796 bebês desde o seu início, em 2007 Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

“Sinto que o maior destruidor da paz hoje é o aborto, porque é uma guerra contra a criança – um assassinato direto da criança inocente – assassinato pela própria mãe. E se nós aceitamos que uma mãe pode matar até mesmo sua própria criança, como podemos dizer para outras pessoas que não matem uns aos outros? Como nós persuadimos uma mulher a não fazer um aborto? Como sempre, nós devemos persuadi-la com amor, e lembramos a nós mesmos que amor significa estar disposto a dar até que doa. Jesus deu até a sua própria vida para nos amar. Assim, a mãe que está pensando em aborto deveria ser ajudada a amar – quer dizer, a dar até que fira seus planos, ou o seu tempo livre, para respeitar a vida da sua criança. E pelo aborto é dito ao pai que ele não precisa ter responsabilidade alguma pela criança que trouxe ao mundo. É provável que aquele pai coloque outras mulheres na mesma dificuldade. Qualquer país que aceite o aborto não está ensinando as pessoas a amar, mas a usar qualquer violência para conseguir o que elas querem. É por isso que o maior destruidor do amor e da paz é o aborto.” O trecho acima faz parte do discurso que Santa Teresa de Calcutá proferiu

no dia 3 de fevereiro de 1994, durante o “National Prayer Breakfast” (Café da Manhã Nacional de Oração), no Hotel Shoreham, em Washington, nos Estados Unidos. Era uma reunião que incluía diplomatas de mais de cem países diferentes e a palestrante principal foi Madre Teresa de Calcutá. A questão do aborto desde sempre vem acompanhada de muitos debates e reflexões por parte das pessoas que são a favor ou contra a prática. Esses grupos organizados fazem manifestações e tentam ajudar a população a compreender quais são as consequências do ato. Em São Paulo, acontece pela primeira vez, a iniciativa de “40 dias de oração e jejum em vigília pacífica a favor da vida e contra o aborto”. É um evento internacional realizado em 36 países simultaneamente. Ao todo, já foram 11.796 bebês salvos e 73 clínicas que fecharam suas portas. Ainda sobre os números alcançados a partir de 2007, quando a campanha começou, são 700 mil participantes individuais num total de 4.168 campanhas já realizadas e o apoio de 18, 5 mil igrejas. Também em São Paulo, a campanha tem caráter inter-religioso e no dia 28 de setembro, quando começou, membros de diferentes igrejas, ONGs e movimentos fizeram uma caminhada de 40 horas desde Campinas (SP) até o Hospital Pérola Byington – Centro de Referência da Saúde da Mulher, lugar escolhido para que os manifestantes estivessem, durante 12 horas por dia, em oração e jejum, com cartazes e bexigas, chamando atenção para a campanha, até o dia 6 de novembro.

O aborto no Brasil

Diferentemente de outros países como o Canadá ou a Suíça, por exemplo, no

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

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Brasil o aborto é considerado um crime contra a vida humana pelo Código Penal e prevê detenção para a gestante que o provocar ou consentir que outro o provoque, para quem provocá-lo em gestantes com ou sem consentimento. Porém, não é qualificado como crime quando praticado por médico capacitado em três situações: quando há risco de vida para a mulher causado pela gravidez, quando a gestação é resultante de um estupro ou se o feto for anencefálico, ou seja, for provado que o bebê nascerá sem cérebro. Esse último caso foi legalizado a partir de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), votada em 2012. Nesses casos específicos, o governo brasileiro fornece gratuitamente o aborto legal pelo Sistema Único de Saúde. O aborto não é igualmente considerado crime se for realizado fora do território nacional. Em setembro deste ano, contudo, em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se posicionou favorável ao aborto também para gestantes com o vírus zika, que pode causar microcefalia ao bebê – uma má-formação cerebral. Por outro lado, há projetos de lei também deste ano, como o do deputado federal Anderson Ferreira (PR-PE), que propõem o aumento de pena nos casos em que o aborto é cometido em razão da microcefalia ou da anomalia do feto. Com a iniciativa, pretende-se regulamentar definitivamente a matéria e inibir movimentos pró-aborto.

Seis filhos e muita felicidade

Maria Jocelina de Azevedo Pires Barreto Fonseca estava em frente ao hospital no momento da abordagem da reportagem. Ela trabalhou como enfermeira com saúde da família, é casada há 17 anos e tem seis filhos, quatro meninos e duas meninas. Coordenadora do evento em São Paulo, é de uma família de 11 filhos e disse que com sua mãe aprendeu a valorizar a família e a vida. Jô, como é conhecida, afirmou que o objetivo principal da campanha é “sensibilizar e acolher as mulheres e também os profissionais de saúde que realizam a prática do aborto. Queremos rezar pelas mulheres, pelos bebês, pelos profissionais da saúde. Nossa presença é silenciosa, mas as pessoas nos abordam e perguntam qual o objetivo da campanha. A maioria compreende e sai convencida sobre a dignidade da vida, que está acima de tudo”. Às pessoas que perguntam a respeito da decisão de prosseguir com a gestação em casos de estupro, Jô insiste que uma mulher violentada não pode ser duplamente violentada. “A mulher deve ser cuidada da violência que ela sofreu e o bebê também tem o direito de ser cuidado. A gente fala para as pessoas que nos questionam sobre esse trauma duplo e de como é difícil para a mulher lidar com o sentimento de culpa. O cuidado geral e integral só vai existir se ela assumir a consequência dessa violência. Temos de lutar para que o governo garanta essa assistência, também financeira.” Jô informou ainda que passaram muitos profissionais do hospital para saber mais a respeito da iniciativa e que, por outro lado, os cartazes colocados por eles já foram amassados e retirados e precisaram ser recolocados. Além da vigília de jejum e oração, o movimento entrou em contato com várias instituições que acolhem mulheres gestantes para garantir o cuidado e acompanhamento daquelas que pedirem orientação e ajuda durante a gestação e após o parto.

Serviço

Integrantes da iniciativa ‘40 dias pela vida’ durante atividade de conscientização em frente ao Hospital Pérola Byington, na cidade de São Paulo

40 dias de oração e jejum em vigília pacífica a favor da vida e contra o aborto Local: Praça em frente ao Hospital Pérola Byington Data: Até 6/11, das 9h às 21h


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