Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 61 | Edição 3125 | 26 de outubro a 1º de novembro de 2016
R$ 1,50
www.arquisp.org.br Renato Ramalho/Associação Cláudio Pastro - Ars Sacra
Cláudio Pastro deixa como legado obras em igrejas no Brasil e no exterior Sepultado no Mosteiro Nossa Senhora da Paz, em Itapecerica da Serra (SP), Cláudio Pastro morreu na madrugada do dia 19, aos 68 anos. É considerado internacionalmente como o mais importante artista sacro brasileiro e um dos maiores do mundo. Páginas 2 e 11
A missão pode estar pelo mundo e na própria família Luciney Martins/O SÃO PAULO
Encontro com o Pastor Cardeal Scherer: ‘O cristão perante a vida e a morte’ Página 3
Editorial Igreja no Brasil em tempo de graça no Ano Nacional Mariano Página 2
Espiritualidade Dom Devair: Veneração das imagens sagradas é parte do culto cristão católico Página 5
Inspirada em Santa Teresinha, peça reestreia em São Paulo A atriz Gabriela Cerqueira interpreta Teresa de Lisieux, no monólogo de Helder Mariani, que faz curta temporada no Mosteiro de São Bento, em novembro.
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Páginas 12 e 13
Representantes da Infância e Adolescência Missionária participam da celebração do Dia Mundial das Missões, na Catedral da Sé, domingo, 23
A Arquidiocese de São Paulo celebrou o Dia Mundial das Missões, no domingo, 23, com missa na Catedral da Sé presidida pelo arcebispo metropolitano, Cardeal Odilo Pedro Scherer. Ele recordou que a ação missionária segue o mandato de Jesus Cristo, de ir ao encontro das
pessoas, daquelas que estão longe e em dificuldade. Nesta edição, O SÃO PAULO também mostra a atuação de missionários junto aos imigrantes brasileiros que vivem no exterior.
As modalidades e categorias do sistema previdenciário
1,3 bilhão de pessoas professam a fé católica no mundo
Entenda a estrutura do sistema previdenciário brasileiro que conta com três categorias: Regime Geral da Previdência Social, Regimes Próprios de Previdência Social e Previdência Complementar.
Assim como a população mundial, o número de católicos vem aumentando. Foi observado crescimento de fiéis na Ásia, África, América e Oceania, diferentemente da retração ocorrida na Europa.
Página 10
Páginas 14 e 24
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2 | Ponto de Vista |
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Editorial
Ano Mariano é tempo de graça para a Igreja no Brasil
O
Brasil vive, desde o 12 de outubro último, um período de graças abundantes, que se prolongará até 11 de outubro do ano que vem. Trata-se do Ano Nacional Mariano, instituído pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), para celebrar os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida nas águas do rio Paraíba do Sul. A missão da Igreja, o trabalho de nossas pastorais, os carismas de nossos movimentos e o apostolado de nossas congregações estarão, mais do que nunca, sob a proteção amorosa de Nossa Mãe Aparecida. A CNBB, em mensagem alusiva ao Ano Nacional Mariano, ressalta que esse período deve nos encher de esperança em meio às dificuldades, que também
foram experimentadas pelos pescadores que encontraram a imagem de Nossa Senhora: “Como no episódio da pesca milagrosa narrada pelos Evangelhos, também os nossos pescadores passaram pela experiência do insucesso. Mas, também eles, perseverando em seu trabalho, receberam um dom muito maior do que poderiam esperar: Deus ofereceu ao Brasil a sua própria Mãe”, diz o texto, que prossegue citando que “tendo acolhido o sinal que Deus lhes tinha dado, os pescadores tornam-se missionários, partilhando com os vizinhos a graça recebida. Tratase de uma lição sobre a missão da Igreja no mundo”. Afinal, como bem disse o Papa Francisco, “o resultado do trabalho pastoral não se assenta na riqueza dos recursos, mas na criatividade do amor”. Nossos bispos enfatizam que a ce-
lebração dos 300 anos são uma grande ação de graças e que todas as dioceses do Brasil, desde 2014, se preparam, recebendo a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida, que percorre cidades e periferias, lembrando aos pobres e abandonados que eles são os prediletos do coração misericordioso de Deus. A CNBB acredita que o Ano Nacional Mariano vai, certamente, fazer crescer ainda mais o fervor dessa devoção e da alegria em fazer tudo o que Ele disser (cf. Jo 2,5). Além de ser um tempo forte para a Igreja no Brasil, este ano deve ter contornos marianos na vida de cada católico. Quando celebramos uma data especial parece ser mais fácil nos lembrarmos dela e vivermos esse dia com intensidade, mas quando essa festa se desdobra ao longo de um ano, é preciso preparar o coração para
que esteja sempre vigilante. Não percamos de vista esta realidade: estamos em um Ano Mariano! Nossa Senhora quer passar à frente de tudo o que fizermos; quer que contemos, com confiança redobrada de filhos, sua poderosa intercessão. Que ao despertar de cada novo dia, tenhamos presente que, naquela jornada, Maria caminhará conosco. Dessa forma, teremos mais audácia em nossos apostolados, mais confiança em nossas tribulações, mais gratidão aos favores recebidos e veremos os mais necessitados como filhos da Mãe amorosa que acolhe a todos. Ainda com palavras da mensagem da CNBB, desejamos que “a companhia e a proteção maternal de Nossa Senhora Aparecida nos ajude a progredir como discípulas e discípulos, missionárias e missionários de Cristo!”
Opinião
Um Michelangelo brasileiro
Associação Cláudio Pastro - Ars Sacra
Hilda Souto e Francisco Borba Ribeiro Neto Pouquíssimos brasileiros atentaram para a recente morte do artista sacro Cláudio Pastro. Contudo, daqui a 200 anos, quando a maioria das personalidades públicas de hoje for apenas um parágrafo nos livros escolares ou personagens de teses acadêmicas de história, a obra e o nome de Pastro serão muito conhecidos, vistos como uma referência de nosso tempo. Ele foi o maior artista religioso brasileiro depois de Aleijadinho. Pouco sabemos e nos lembramos das intrigas políticas e das crises econômicas brasileiras da passagem do século XVIII para o XIX, mas todos conhecemos as obras feitas nessa época por Aleijadinho. A arte e a beleza superam os limites do tempo e nos carregam para a eternidade do Mistério. A obra mais grandiosa de Cláudio Pastro é o esplêndido e colorido interior da Basílica de Aparecida. Por ela, foi comparado a Michelangelo. A Basílica é um dos maiores templos religiosos do mundo. Reúne a tradição cristã dos primeiros séculos, valorizada pelo Concílio Vaticano II, à arte latino-americana contemporânea. É um fruto emblemático de nosso tempo. É um significado semelhante ao que a Basílica de São Pedro e Michelangelo têm para a relação entre Renascimento e arte cristã. A síntese artística e a personalida-
de de Cláudio Pastro despertaram muitas polêmicas. Contudo, o estudioso bem informado constata que sua obra foi rigorosamente fiel aos preceitos do Concílio Vaticano II, que preconiza uma volta às fontes do Cristianismo, conforme o Documento Perfectae Caritatis, de 1965. A Beleza no Cristianismo é uma pessoa: Jesus Cristo, e a única razão de ser do templo cristão é a celebração do Mistério Pascal. Cláudio Pastro produziu uma arte de culto, como a produção artística dos primeiros cristãos e das Igrejas orientais. Uma arte que está a ser-
viço da contemplação do Mistério e de sua presença objetiva no mundo, seguindo indicações litúrgicas e não a subjetividade do artista. Por oposição, a arte de devoção, que vigorou na Europa do Concílio de Trento e formou a sensibilidade religiosa brasileira, está muito mais vinculada à subjetividade do artista, ressaltando sua sensibilidade e seus dotes artísticos. Retrata Cristo e os santos, buscando demonstrar a capacidade do artista em despertar nossas emoções individuais diante da glória ou do sofrimento dos personagens bíblicos.
A sensibilidade religiosa brasileira é tipicamente devocional, daí a dificuldade de entender a arte de Cláudio Pastro, voltada ao culto mais que à devoção. Porém, quem acompanhou sua trajetória artística percebe o entrelaçamento entre sua arte e a alma brasileira. Do encontro com a arte românica, com os ícones bizantinos e a originalidade da produção de nossos índios e negros nasceram suas primeiras obras: imagens com olhos, mãos e pés marcadamente expressivos e pele morena dos primeiros cristãos e do povo brasileiro. Nascia, assim, uma produção artística que bebia nas fontes cristãs da Patrística, no rico e complexo simbolismo do mundo oriental, mas também refletia a alma popular latino-americana e as tendências primitivistas da arte moderna do século XX. Muitos consideram suas obras muito simbólicas e cerebrais, mas o povo simples sempre aderiu com facilidade a sua beleza e cores vibrantes. Com o tempo, suas obras foram se tornando mais delicadas e os traços mais essenciais. Repetia sempre que toda forma, traço, cor, som, movimento ou gesto genuinamente cristão é essencialmente continuidade do Mistério da Encarnação. Hilda Souto, curadora da Associação Cláudio Pastro - Ars Sacra; e Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP. * Imagem de uma das produções do artista Cláudio Pastro - Cruz processional em ferro e bronze e Cristo Pantocrator – afresco 2001/2002 – Itapecerica da Serra (SP).
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
Semanário da Arquidiocese de São Paulo
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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
V
amos nos aproximando do feriado de Finados, que, para a Igreja Católica, é a “Comemoração de todos os Fiéis Defuntos”. Os cemitérios enchem-se de visitantes, e a recordação dos falecidos mexe com uma porção de sentimentos e questões que nem sempre conseguimos responder de maneira satisfatória, ou até nem gostaríamos de enfrentar. Difícil ficarmos indiferentes diante da morte. O cemitério e a visita ao túmulo dos falecidos nos faz levantar questionamentos sobre o mistério de nossa existência: como viemos a existir? Para que vivemos? Por que morrer? Por que alguns morrem tão cedo? Também nós vamos morrer? A morte assinala o fim de tudo, ou há esperança de algo mais, além da morte? Tem valor a oração pelos falecidos? O que a morte dos outros nos ensina? O feriado de Finados é uma boa ocasião para nos confrontarmos com essas e outras perguntas. A fé cristã e o ensinamento da Igreja Católica nos falam sobre a maneira cristã de entender o ser humano, sua vida, a morte, o mundo, o presente, o futuro... E o Catecismo da Igreja Católica traz as iluminadoras explicações da Igreja sobre sua profissão de fé: creio em Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra; creio em Jesus Cristo que... se fez homem... morreu... ressuscitou dos mortos; creio na ressurreição da carne e na vida eterna... Tudo solidamente embasado na revelação divina e na Palavra de Deus trans-
O cristão perante a vida e a morte mitida a nós na Sagrada Escritura. Tratamos bem as pessoas, cuidamos bem do corpo, assistimos o doente e o agonizante, porque cada pessoa humana é imagem e semelhança de Deus, mesmo quando isso fica pouco perceptível; honramos os corpos dos falecidos, porque, mesmo mortos, continuam a lembrar que somos “templo do Deus vivo” e que “o Espírito Santo habita em nós”; e cremos que também o corpo será ressuscitado para participar da glória dos filhos de Deus na “nova criação”. Cuidar bem dos doentes e sepultar com dignidade os mortos são obras de misericórdia recomendadas pela Igreja. Rezamos pelos falecidos e os recomendamos à misericórdia de Deus, porque cremos no Deus da vida, para quem “todos vivem”; quem crê em Cristo, “ainda que esteja morto, viverá”, porque Ele é “a ressurreição e a vida” e não deixará no abandono da morte quem a Ele se confia pela fé. E a Igreja, pela oração de sufrágio, entrega os falecidos ao Redentor, que veio “para que todos tenham vida em abundância”. Não fazemos culto aos mortos, nem celebramos a Missa “em homenagem aos falecidos”, mas apenas para a adoração e o louvor de Deus. Nem sempre se entende bem isso. Celebrar “em sufrágio” dos falecidos, quer dizer, em favor deles, intercedendo diante do Deus da vida em favor deles. Para cada um, o tempo das escolhas e de acolher os caminhos de Deus são os dias desta vida, e quem faleceu já não pode fazer nada em seu próprio favor. Mas a Igreja continua a
| Encontro com o Pastor | 3
Festa de São Frei Galvão Sandra Castanhato
oferecer a caridade de sua oração pelos falecidos e os recomenda à misericórdia de Deus, pelos méritos da Paixão de Cristo. Também isso é uma obra de misericórdia de grande valor. Quando vamos ao cemitério e vemos os túmulos, lembramos que a terra recebe de volta o que ela nos entregou para esta vida; mas os corpos sepultados também lembram sementes depositadas na terra, à espera de manifestarem a vida nova que já carregavam em si.... A morte, para os cristãos, não é o fim de tudo. A Igreja, na sua linguagem litúrgica, usa os conceitos de “repouso” e de “sono” para falar da morte: os mortos descansam das fadigas desta vida e dormem o sono da morte, à espera de serem acordados um dia e de ressuscitarem – de se levantarem de novo – para a vida plena na glória de Deus. A morte faz parte da lei da vida e da nossa condição de seres deste mundo: participamos da fragilidade e da precariedade de todas as criaturas deste mundo: do pó viemos e ao pó haveremos de retornar. Se a morte é um mistério e nos assusta, não devemos esquecer que a própria vida também é um mistério, que só se ilumina à luz da fé no Deus vivo. Ele não nos fez sair do nada, para nascermos, com o objetivo de nos fazer voltar ao mesmo nada, frustrando o mais forte de todos os sonhos: a vontade de viver. Deus é “amigo da vida”, que não se compraz na morte e na destruição de suas criaturas, mas a todas quer fazer participar da plenitude da vida.
No domingo, 23, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu missa no Mosteiro da Luz, por ocasião da Festa de São Frei Galvão, que foi encerrada na terça-feira, 25, na memória litúrgica do Santo, quando aconteceram cinco missas.
85 anos da Escola São José Padre Pedro Almeida
No sábado, 22, o Cardeal Scherer presidiu missa pelos 85 anos da Escola São José da Vila Matilde, na zona Leste da cidade, que está sob os cuidados das Irmãs Filhas de São José.
Bênção da Livraria Santuário Editora Santuário
O Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, participou na quinta-feira, 20, da inauguração da Livraria Santuário, na praça da República, no centro de São Paulo. Ele abençoou o novo espaço.
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4 | Fé e Vida |
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Liturgia e Vida 31º DOMINGO DO TEMPO COMUM 30 de outubro de 2016
O Senhor foi hospedar-se na casa de um pecador Cônego Celso Pedro Nosso Deus é misericórdia e piedade, é amor, é paciência, é compaixão. Ele é muito bom para com todos e sua ternura abraça toda criatura. Assim cantamos hoje com o salmista. Nosso Deus sustenta quem vacila e levanta quem tombou. A Sabedoria de Salomão também proclama a grandeza da misericórdia do nosso Deus e o amor que Ele tem por todas as suas criaturas, que só existem porque Ele as ama. “Amas tudo o que existe - diz Salomão - e não desprezas nada do que fizeste; porque se odiasses alguma coisa não a terias criado. Como poderia alguma coisa existir, se não a tivesses querido? Ou como poderia ser mantida, se por ti não fosse chamada?” Por que tem Ele compaixão de todos, sem exceção? Porque é todo-poderoso, diz o rei em sua Sabedoria. Quem tudo pode, pode também ser compassivo. Quem não é compassivo pode pouco, ou nada, e se estriba na lei para proteger os seus medos. Ele fecha os olhos aos nossos pecados, para que nos arrependamos. Por que procede Ele assim? Por que perdoa e trata a todos com bondade? Porque tudo é dele. Seu poder se manifesta na misericórdia que liberta. Se fosse homem, manifestaria seu poder na imposição intransigente! Ele é amigo da vida e quer que o sopro da vida continue incorruptível em todas as coisas. Ele soprou uma vez e deu início à existência. Nós, porém, caímos e pecamos. Ele, no entanto, na sua pedagogia de salvação, corrige com carinho os que caem. Vai admoestando-os pouco a pouco para que se afastem do mal. Ele é tão bom que não nos sentimos bem sendo maus. Como continuar na maldade se sou amado pelo Deus da bondade? Querem um exemplo concreto da bondade que salva e liberta do mau caminho? Olhem a história de Zaqueu, rico chefe de cobradores de impostos, malvistos pelo povo e considerados pecadores. Ele queria ver Jesus. Por mera curiosidade? Movido interiormente pela graça que dá início a toda boa obra? Ele viu e foi visto. Os dois se encontraram, e, sem se importar com as críticas, Jesus foi se hospedar na casa daquele pecador. Não houve censura, não houve reprimenda, houve, sim, muita alegria no coração de Zaqueu. Ele sabia que Jesus não estava sendo conivente com os seus erros. Como, porém, continuar nos mesmos erros diante de tanta atenção? Decidiu dar a metade de seus bens aos pobres e reparar quatro vezes mais os danos causados. A primeira atitude veio do entusiasmo da sua generosidade. A segunda, do cumprimento da lei que mandava quem roubou uma ovelha devolver outras quatro. Que o Senhor nos faça dignos da nossa vocação, leve a cabo todos os atos de bondade e de fé, para que seu nome seja glorificado.
Você Pergunta Quem foi o imperador Constantino? padre Cido Pereira
osaopaulo@uol.com.br
O Roberto Rodrigues, do bairro do Tremembé, quer saber quem foi o imperador Constantino. Vamos lá. Constantino foi o primeiro imperador romano que se converteu ao Cristianismo. Em uma batalha que ele venceu e se tornou o único senhor do império Romano, ele exibiu um estandarte com o monograma de Cristo. Tornou-se cristão e pelo Edito de Milão, em 313, con-
cedeu aos cristãos a liberdade de culto. Embora ele só tenha sido batizado na hora da morte, tomou várias decisões, como imperador, inspirado na doutrina cristã. Ajudou a construir igrejas, abrandou as práticas escravagistas, cuidou dos lugares santos onde viveu e pregou a fé em Cristo. A mãe de Constantino, Santa Helena, esforçou-se muito para encontrar relíquias relacionadas a Cristo e definir os lugares santos.
Em 330, Constantino mudou o nome da cidade de Bizâncio para Constantinopla. Em 321, ordenou que o domingo fosse dia de repouso, e, em 325, convocou o Concílio de Niceia, que condenou o Arianismo, heresia de A, que negava a divindade de Cristo. Aqui estão, Roberto, apenas alguns dados sobre Constantino. Aconselho você a pesquisar num livro de História da Igreja. Você vai se inteirar com mais precisão sobre o imperador Constantino.
Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE CÔNEGO CAT E D R ÁT I C O DO CABIDO METROPOLITANO DE SÃO PAULO Em 22 de outubro de 2016, o Emmo. Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, nomeou e instituiu como membro do Cabido Metropolitano de São Paulo, na qualidade de Cônego Catedrático, o Revmo. Pe. José Augusto Schramm Brasil, do clero da Arquidiocese de São Paulo. Em 22 de outubro de 2016, o Emmo. Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, nomeou e instituiu como membro do Cabido Metropolitano de São Paulo, na qualidade de Cônego Catedrático, o Re-
vmo. Pe. José Renato Ferreira, do clero da Arquidiocese de São Paulo. PROMOÇÃO E PROVISÃO DE CÔNEGOS CATEDRÁTICOS DO CABIDO METROPOLITANO DE SÃO PAULO Em 22 de outubro de 2016, o Emmo. Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, promoveu à categoria de Cônegos Catedráticos do Cabido Metropolitano de São Paulo os Revmos Cônegos Antonio Aparecido Pereira, José Adriano, José Miguel de Oliveira, Walter Caldeira, José Bizon, Antonio Manzatto e Alfredo Nascimento, conferindo-lhes os direitos e deveres próprios do seu ofício. INCARDINAÇÃO NO CLE-
RO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO Em 1º de outubro de 2016, o Emmo. Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, declarou incardinado no clero da Arquidiocese de São Paulo o Revmo. Pe. Antônio José Laureano de Souza, atualmente administrador paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Anunciação, na Região Episcopal Santana. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL Em 4 de outubro de 2016, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial “ad nutum episcopi” da Paróquia São Marcos Evangelista, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Conquista, o Revmo. Pe. Leonardus Yasintus Neno, SVD.
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Espiritualidade Nem bonecos, nem enfeites (II) Dom Devair Araújo da Fonseca
A
Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia e vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação
s imagens não são nem bonecos, nem enfeites. Elas são uma transcrição iconográfica da mensagem evangélica; sinais que têm como referência última Cristo e o mistério da encarnação; oferecem uma memória dos irmãos santos e da Jerusalém Celeste; um auxílio e incentivo na oração; um estimulo à prática das virtudes que conduzem à santidade; uma forma de catequese histórica. Mas a arte cristã das imagens, assim como quase todas as áreas de atividade humana, sofre com um processo de secularização. Por isso mesmo, em não poucas realidades, as imagens perderam o valor estético, teológico, catequético e histórico, passando, assim, a ser apenas objetos de devoção pessoal, provocando graves rupturas entre Teologia e religiosidade. Atualmente, vemos muitas imagens expostas em lojas de material religioso que são pro-
duzidas em série e que têm bai- é o mistério da nossa redenção. xo custo para a venda. Essas Da mesma forma, São Francisimagens geralmente têm feições co, Santa Rita, Santa Terezinha e delicadas e, na maioria das ve- tantos outros homens e mulheres zes, traços infantis. São vendi- reconhecidos por sua santidade das e compradas para servir de não podem perder os sinais do presente em datas especiais, ou- seu testemunho cristão. tras vezes servem de souvenir e A veneração das imagens até como objeto de coleção, seja sagradas está incluída entre as pelo tamanho ou pela variedade principais e distintas formas do de “personagens”. Qual o proble- culto cristão católico, que é devima com esse tipo de imagem? do ao Cristo Senhor e, por outro Afinal, elas não são uma expressão da religiosidade das A imagem de Cristo na cruz pessoas? não pode esconder as O problema está chagas, nem seu rosto pode na estética dessas imagens, ou seja, ser representado como o de naquilo que elas dei- uma criança. Ele é o servo xam de representar. sofredor, e esse é o mistério A imagem tem que da nossa redenção. manter uma ligação com a pessoa historicamente representada, tem que título, aos santos. Cultuando os mostrar os sinais e as marcas vivi- santos nas veneráveis imagens das. Um rosto infantil tenta escon- não se cultua algum poder divider as dores, as feridas e mostrar no, presentes nela, mas antes se apenas a beleza. Essas imagens vai ao encontro do mistério de escondem a verdadeira beleza da Cristo, que continua a operar realidade e comprometem a per- nos seus membros. A autêntica cepção da experiência de Deus. espiritualidade cristã não rejeita A imagem de Cristo na cruz as marcas históricas, em nome não pode esconder as chagas, da falsa beleza, mas busca insnem seu rosto pode ser repre- piração na vida dos santos para sentado como o de uma crian- fortalecer, no tempo presente, a ça. Ele é o servo sofredor, e esse caminhada dos fiéis.
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Fé e Cidadania Transparência na política Cônego Antonio Manzatto Transparência é uma das formas de se combater a corrupção, e isso tem sido propalado por governantes, políticos, empresários e por toda a mídia. Falar de transparência é uma coisa, realizar um governo transparente é bem outra, como se percebe no cenário político brasileiro. Fala-se muito em combate à corrupção, mas continua evidente que o objetivo é atingir um único partido, porque o atual governo também tem seus denunciados por suspeita de atos de corrupção, mas eles continuam lá, integrando o governo ou funcionando como sua base de apoio no Congresso Nacional. Transparência continua em falta também quando se trata, por exemplo, da Proposta de Emenda Constitucional 241 (PEC 241), recentemente aprovada em primeira votação na Câmara dos Deputados. A questão é, sim, de transparência, porque se diz que a tal PEC é necessária para ajustar as contas do governo que gasta demais, mas não se diz que tal ajuste vai prejudicar, em primeiro lugar, os mais pobres da sociedade. Fala-se que ela é necessária para regularizar as contas públicas, sem o que em alguns anos não haverá recurso para pagar os aposentados, mas não se diz que ela não contempla diretamente a Previdência, que será objeto de outra reforma. A mesma transparência que não aparece aqui, também não aparece nas notícias que falam da recuperação “miraculosa” da Petrobras, que voltou a ser uma das empresas mais valorizadas na Bolsa de Valores. Transparente mesmo é a fala do deputado governista que diz que só deve cursar o ensino superior quem tiver dinheiro para pagar por isso. É a visão que enxerga os pobres como os responsáveis pelos males da sociedade, e não suas vítimas. A Proposta de Emenda Constitucional 241, que tem recebido amplo apoio na mídia e as bênçãos dos setores mais conservadores da sociedade, propõe o congelamento dos gastos do governo pelos próximos 20 anos, apenas com a correção da inflação. Isso valerá também, de forma indireta, para o cálculo do salário mínimo. Diz-se que os gastos do governo ficarão, então, dentro de sua arrecadação, porque não se quer aumentar impostos. O que parece ser uma boa medida não fala das alternativas, como a taxação das grandes fortunas, nem esclarece sobre as prioridades do governo. Os pobres, que mais dependem do serviço público de saúde e educação, serão prejudicados pela falta de investimentos nesses setores pelas próximas duas décadas, mesmo que a economia do país se recupere e volte a crescer. Por outro lado, os que podem pagar poderão se aproveitar de eventual melhoria nesses sistemas, advinda da ampliação de espaço para a atuação da iniciativa privada. Realmente, transparência é algo que não existe na política brasileira. As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.
6 | Viver Bem |
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Cuidar da Saúde Caxumba é bem frequente no inverno e na primavera
Cássia Regina A parotidite, conhecida como caxumba, é mais prevalente no inverno, mas sua incidência continua alta na primavera pela variação de temperatura que leva as pessoas a ficarem aglomeradas. A caxumba é transmitida pelas gotículas de saliva e secreções respiratórias. Seus sintomas são parecidos com os da gripe e da dengue, causando mal-estar geral, febre, dor de cabeça e até dor no corpo. O paciente com essa doença não precisa ficar isolado, mas é necessário separar ou desinfetar com água e sabão os objetos de uso comum, como talheres, copos e pratos. As pessoas vacinadas têm menos chances de contrair a doença, mas não estão 100% isentas. Já as pessoas que tiveram caxumba estão imunes e não se contaminam. Porém, há um detalhe: nós temos duas parótidas. Isso significa que podemos ter caxumba nos dois lados ao mesmo tempo ou não. As possíveis complicações são a orquite (inflamação dos testículos), ooforite (inflamação dos ovários) ou inflamações do sistema nervoso central, como a encefalite. Felizmente, todas são raras. O tratamento é sintomático, para aliviar as dores e a febre. Repouso é essencial. Como precaução, ao andar em transporte público ou quando estiver em ambiente fechado, abra as janelas e deixe o local ventilado. Esteja atento e curta o frio sem vírus. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com
Comportamento
Ler histórias para as crianças Valdir Reginato
Muitos de nós guardamos na lembrança de infância quando os pais, a avó ou uma tia contava histórias que mantinham a nossa atenção até que o sono vencesse, ou que o repertório terminasse. E aí pedíamos que repetisse mais uma vez a mesma história que já conhecíamos. Lembro-me de que ao abreviar uma história para os meus filhos, eles me cobravam que eu tinha pulado uma parte e me faziam voltar. Essas histórias, contadas à noite, às vezes com as crianças já deitadas na cama, alimentavam momentos de intimidade familiar em que os pais e os filhos se reuniam. Pode alguém pensar que não tem tempo para isso. São minutos, não muito mais, porém preciosos, de ouro, que voam, mas marcam a relação de pais e filhos, avós e netos, tias e sobrinhos, de toda a família. Outros poderão alegar que não conhecem histórias de crianças. Atualmente, com tanta facilidade ao acesso de histórias, é quase impossível sustentar essa desculpa. Devemos nos preocupar com as histórias que vamos contar. Atualmente é muito importante procurar saber o que os filhos estão ouvindo e lendo nas escolas. Não é novidade para os que nos acompanham nesta coluna,
ou aos que leem as repetidas notícias publicadas neste jornal, a quantidade de alertas que temos dado, inclusive fazendo eco às preocupações do Papa, quanto à manipulação que tem sido propagada nos colégios, além da mídia em geral, com leituras que, ao invés de formar, deformam o desenvolvimento da criança. Não se trata de censura ou preconceito, mas de limites necessários e de conceito educacional para crianças pequenas, a fim de que possam estabelecer um discernimento para o futuro. Oferecer a boa leitura baseada na literatura clássica conhecida é fundamental para o crescimento saudável das crianças. A cada dia, crescem os projetos que se utilizam da literatura, em contos, poesias e obras maiores, como instrumento de formação para as pessoas, desde a infância até a idade adulta. Deve-se iniciar de criança, assim como um programa de vacinação contra doenças, a “vacinar” com contos que formem bem o caráter, que favoreçam o desenvolvimento de virtudes, o conhecimento de grandes nomes da humanidade e seus grandes feitos, como uma defesa às agressões dos vícios de uma vida mal orientada. As boas histórias são um alimento saudável que fortalece a consciência de nossos filhos. Para tanto, nas fábulas para
crianças, encontraremos fatos que colaboram para o aprendizado e desenvolvimento ético e moral no futuro. Gosto de lembrar que, nas Sagradas Escrituras, encontramos muitas histórias que prendem a atenção das crianças. Lembramos-nos de Adão e Eva, a história de Abraão, de José do Egito, do grande Moisés, de Reis e Rainhas, sem esquecer as parábolas de Jesus nos Evangelhos. São ensinamentos religiosos com os quais as crianças se familiarizam com as histórias de personagens que animam a nossa fé. O importante é que, nesses encontros de intimidade, haja a abertura para as perguntas das crianças. Não se canse de contar dez vezes a mesma história, com vibração arrancada do cansaço do dia, com amor, e que se passe muita alegria. Essa será uma maneira de nossos filhos esquecerem por algum tempo o celular, o tablet, a TV e outros. É um modo de dizer que eles são amados por nós e que queremos muito estar com eles. Breves momentos para ouvir contos na infância poderão desenvolver grandes leitores no futuro, e talvez ótimos escritores para a humanidade. Não deixe passar a oportunidade! Dr. Valdir Reginato é médico de família, professor da Escola Paulista de Medicina e terapeuta familiar.
Bazar Beneficente Capela do Menino Jesus e Santa Luzia (Região SÉ) Todo dia 13 a comunidade da capela promove o bazar a fim de angariar recursos para a reforma do salão comunitário anexo à Capela. Com esse objetivo você poderá doar desde roupas, sapatos, utensílios e objetos de adorno à Rua Tabatinguera, 104 – Sé – Fone 3104 8032.
A sua colaboração é muito importante!
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Destaques das Agências Nacionais
Daniel Gomes, Edcarlos Bispo, Fernando Geronazzo e Júlia Cabral osaopaulo@uol.com.br
Reprodução
Texto-base da CF 2017 é divulgado A CNBB divulgou o texto-base da próxima Campanha da Fraternidade, cujo tema será “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e o lema “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2,15). Segundo o bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário-geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner, o objetivo é realçar a diversidade de cada bioma e manter respeito à vida e à cultura dos povos que neles habitam. Disse, também, que com o tema deseja lembrar ao cristão seu dever de cultivar e guardar a criação; além de despertar nas famílias, comunidades e pessoas a boa vontade para fazê-lo. “Cultivar e guardar nasce da admiração! A beleza que toma o coração faz com que nos inclinemos com reverência diante da criação. A campa-
Regional Sul 1 Entre os dias 21 e 23, o Regional Sul 1 da CNBB promoveu o encontro de formação sobre a CF 2017, em Itaici, no município de Indaiatuba (SP). Entre os participantes estiveram Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar de São Paulo e referencial para a CF no Regional Sul 1, Padre Antônio Frizzo, coordenador regional da Campanha, e Antônio Evangelista, secretário-executivo. Todas as arquidioceses e dioceses do Regional estavam representadas pelos 154 agentes de pastoral que animam a CF. Da Arquidiocese de São Paulo, participaram 20 pessoas, representando as seis regiões episcopais. O tema dos biomas brasileiros foi aprofundado pela bióloga e ambientalista Ingrid Furlan Öberg. Fonte: CNBB (Com colaboração de Padre Manoel Quinta e Peterson Prates)
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nha deseja, antes de tudo, levar à admiração, para que todo cristão seja um cultivador e guardador da obra criada. Tocados pela magnanimidade e bondade dos biomas, seremos conduzidos à conversão, isto é, cultivar e guardar.” O texto está dividido em quatro capítulos, com a didática ver, julgar e agir; de forma que expõe os biomas, suas características e contribuições eclesiais. O mesmo e seus povos originários também são abordados a partir das perspectivas de São João Paulo II, Bento XVI e do Papa Francisco. Ao final, estão ilustrados os objetivos permanentes da Campanha, os temas anteriores e os gestos concretos previstos durante a CF 2017. Fonte: CNBB (Edição: Fernando Geronazzo e Júlia Cabral)
Estado brasileiro não tem sido responsabilizado por tortura nas prisões Nenhum agente do Estado foi responsabilizado, seja na esfera civil, criminal ou administrativa em 105 casos de tortura denunciados pela Pastoral Carcerária Nacional. A informação consta no relatório “Tortura em tempos de encarceramento em massa”, apresentado pela Pastoral na quinta-feira, 20, em São Paulo. Os casos foram registrados em 16 estados e no Distrito Federal. A Pastoral oficializou as autoridades do Poder Executivo e do sistema de Justiça (Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública) às quais,
competia alguma iniciativa, mas em apenas 22% dos casos houve instauração de inquérito policial e em 3% das ocorrências, ação civil pública. Além disso, em somente 48 das 105 ocorrências, as vítimas foram ouvidas no decorrer da apuração. Do total de casos denunciados, 66% envolveram agressões físicas. Agressões verbais constam em 33% dos registros. Segundo Paulo Cesar Malvezzi Filho, assessor jurídico nacional da Pastoral Carcerária, “a experiência prisional é uma experiência de tortura. A tortura não é simplesmente um ato, é
um sistema, que não pode ser enfrentado apenas na perspectiva penal”. Para o Padre Valdir João Silveira, coordenador nacional da Pastoral Carcerária, “o sistema prisional é feito para destruir a pessoa”, e os dados do estudo indicam “que a tortura é uma questão conjuntural. Não adianta apenas punir o agente penitenciário. O Judiciário faz parte da tortura prisional, bem como o Executivo e o Legislativo”, enfatizou. A íntegra do relatório pode ser acessada no site www.carceraria.org.br. Fonte: Pastoral Carcerária (Edição: Daniel Gomes)
Dom Paulo Evaristo Arns é homenageado no Tuca Luciney Martins/O SÃO PAULO
Na noite de segunda-feira, 24, no Teatro da Pontifícia Universidade Católica (Tuca), o Cardeal Paulo Evaristo Arns foi homenageado pelos seus 95 anos de vida, comemorados no dia 14 de setembro, e pela sua atuação política. A cerimônia foi marcada por relatos de ações do Cardeal contra a ditadura militar, nas décadas de 60 e 70, e em defesa dos direitos humanos. O Papa Francisco enviou uma mensagem especialmente para a comemoração. Dom Paulo compareceu e fez uma breve fala de agradecimento ao final.
Mais de uma dezena de personalidades, entre intelectuais, jornalistas, professores, líderes de movimentos sociais, juristas e religiosos, fizeram discursos em homenagem ao Cardeal. “O rosto de Dom Paulo é da periferia de São Paulo. Ele é ecumênico, coração aberto, anunciando a urgência de resistirmos contra toda mentira, contra toda impostura. Naquele tempo, contra a ditadura civil-militar. E essa resistência, a que ele nos convida, é permanente no Brasil atual”, disse Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito da Diocese de Blumenau (SC). Houve ainda o pré-lançamento da biografia “Dom Paulo: Um homem amado e perseguido”, de Evanize Sydow e Marilda Ferri. No evento, as autoras apresentaram em uma brochura o oitavo capítulo da obra, que reconstrói a mobilização de Dom Paulo em resposta à morte do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pela ditadura. Ao saber da homenagem a Dom Paulo, o Cardeal Peter Turkson, prefeito do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, o definiu
como um “exemplo luminoso de bispo que encarnou eficazmente em sua ação pastoral o espírito da renovação conciliar”. E ele lembrou-se, ainda, de “seu pastoreio na grande arquidiocese paulista”, e o chamado a ser conselheiro e colaborador especial do Beato Paulo VI, que em seguida o nomeou cardeal. O Cardeal Turkson ainda ressaltou
que Dom Paulo é uma “concretização profética da renovação pastoral exigida pelo Concílio e da qual o nosso Santo Padre Francisco nos vem continuamente chamando à atenção” e ressaltou a ousadia e a criatividade do modo como o homenageado “procurou exercer o seu episcopado”. Fonte: Rádio Vaticano e EBC . (Edição: Edcarlos Bispo)
Sandra Castanhato
“Essa rádio existe para ser o bom perfume de Deus na vida de tantas pessoas”, disse o Padre José Renato Ferreira, diretor da rádio 9 de Julho, durante missa no Mosteiro da Luz, no sábado, 22, em ação de graças às Bodas de Rosas, 17 anos de reinauguração da emissora da Arquidiocese de São Paulo. A celebração foi presidida por Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação, com a participação de ouvintes, comunicadores e colaboradores da rádio. Fonte: Rádio 9 de Julho
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26 de outubro a 1º de novembro de 2016 | www.arquisp.org.br
Destaques das Agências Internacionais
Filipe David
Correspondente do O SÃO PAULO na Europa
Vaticano
Estatísticas indicam crescimento do número de católicos no mundo Assim como a população mundial, o número de católicos vem aumentando. Foi observado crescimento de fiéis na Ásia, África, América e Oceania. Já o Velho Continente foi palco de redução do número de católicos (perda de 57 mil). Os dados retirados do “Anuário Estatístico da Igreja” foram divulgados pela agência Fides, por ocasião do Dia Mundial das Missões, celebrado no domingo, 23. Em 31 de dezembro de 2014, a população mundial era de 7.160.739.000 pessoas, um aumento de 66.941.000 unidades, em comparação com o ano anterior. O aumento global também se refere naquele ano a todos os continentes, exceto à Europa: os maiores aumentos, mais uma vez, estão na Ásia (+37.349.000) e África (+23.000.000), seguidos pela América (+8.657.000) e Oce-
ania (649.000). Diminui a Europa (-2.714.000). Também em 31 de dezembro de 2014, o número de católicos era de 1.272.281.000, com um aumento global de 18.355.000 milhões de pessoas, menor do que o registrado no ano anterior. África (+8.535.000) e América (+6.642.000), seguido pela Ásia (+3.027.000) e Oceania (+208.000), mas houve redução na Europa (-57.000). A percentagem de católicos aumentou em 0,09%, fixando-se em 17,77%. Houve aumento também no número de sacerdotes, somando um total de 415.792. Porém, apenas os continentes africano e asiático viram aumentar o número de padres. Pelo segundo ano consecutivo, houve redução no contingente de religiosos não sacerdotes. Fonte: Canção Nova (Edição: Vitor Loscalzo)
L’Osservatore Romano
1,3 bilhão de católicos em todo o mundo, alguns deles em encontro com o Papa na JMJ em Cracóvia
Nigéria
Vilarejo cristão é atacado por ‘pastores fulanis’ Um vilarejo cristão na região central da Nigéria foi atacado por um grupo de homens armados, ao que tudo indica da etnia fulanis – um povo muçulmano nômade que vive da criação de gado. Mais de 40 pessoas foram assassinadas e outras 50, feridas. Plantações e casas foram destruídas, incluin-
do uma que era utilizada como igreja. “Os pastores vieram por volta das 21h no dia 15. Eles invadiram nossas casas após atacar um posto militar. Estavam armados com armas sofisticadas, bem como com machetes, facas e paus. Assim que chegaram, eles começaram a atirar indiscriminadamente, e nós co-
meçamos a correr para todos os lados. Eles balearam e mataram meus quatro filhos. Enquanto corríamos para nos salvar, eles incendiavam nossas casas. Muitos de nós não têm mais onde morar”, contou Peter Atangi, um dos sobreviventes. Ataques contra vilarejos cristãos nes-
Europa A guerra pela família No dia 11 de outubro, a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE) rejeitou uma tentativa de legalizar, em todo o continente europeu, a “barriga de aluguel” – acordo em que uma mulher aceita engravidar e dar à luz um bebê que não será seu filho, mas terá outros pais. O resultado da votação foi apertado. O órgão considerou que a prática equivale a uma “exploração do corpo da mulher e de seus órgãos reprodutivos” e, por isso, não deve ser permitida. A legalização faz parte da agenda dos grupos militantes LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais), que veem no procedimento uma maneira para que duplas homossexuais possam ter filhos. Um dos argumentos dos que votaram contra o proje-
to foi o direito das crianças a serem criadas, sempre que possível, por um pai e uma mãe: “A felicidade de uma criança não pode depender de desejos feridos alheios”, disse a parlamentar italiana Milena Santerini.
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Embora a agenda LGBT tenha avançado em diversos países do mundo – principalmente na Europa e na América – ainda está muito longe de se tornar o padrão universal. Mesmo na Europa, a maior parte dos países não reconhece o “casamento” entre pessoas do mesmo sexo, principalmente na parte leste do continente. Em 2014, a mais alta corte europeia de direitos humanos determinou que os países não são obrigados a reconhecer legalmente o “casamento” de pessoas do mesmo sexo.
sa região da Nigéria são frequentes. Nos últimos meses, mais de 300 pessoas já foram mortas pelos pastores fulanis. Segundo Augustine Akpen Leva, líder cristão local, o objetivo dos ataques é erradicar a presença cristã na região e tomar todas as propriedades. Fontes : Christian Today/ World Watch Monitor
Vaticano A Convenção Europeia dos Direitos Humanos refere-se, no artigo 12, apenas à família formada por um homem e uma mulher: “A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de se casar e de constituir família, segundo as leis nacionais que regem o exercício deste direito”. Na França, um dos mais fortes argumentos da “Manif pour tous”, que mobilizou milhões de pessoas para protestar contra a legalização do “casamento” entre pessoas do mesmo sexo, foi o direito das crianças de serem criadas em uma família com um pai e uma mãe, algo que é ameaçado quando se eleva uma união entre pessoas de mesmo sexo ao mesmo nível do casamento tradicional. Fontes: Corte Europeia de Direitos Humanos/ C-Fam/ Life Site News/ Info Católica
Instrução sobre sepultamento e cremação de fiéis A Congregação para a Doutrina da Fé publicou terçafeira, 25, Instrução Ad resurgendum cum Christo, sobre a sepultura dos falecidos e a conservação das cinzas no caso de cremação. O prefeito da Doutrina da Fé, Cardeal Gerhard Müller, explicou que, de acordo com o Código de Direito Canônico, “a Igreja recomenda vivamente que se conserve o piedoso costume de sepultar os corpos dos defuntos; mas não proíbe a cremação”. Porém não existia norma canônica quanto conservação das cinzas em lugares diferentes do cemitério. O Documento determina que as cinzas devem ser conservadas num lugar sagrado (cemitério, igreja ou local dedicado a esse fim determinado pela autoridade eclesiástica). A conservação em casa não é consentida, muito menos ser divididas entre vários familiares, dispersas no ar, terra ou água, nem conservadas sob forma de recordação em joias ou outros objetos, para evitar qualquer tipo de “equívoco panteísta, naturalista ou niilista”. Fonte: Rádio Vaticano/Edição Fernando Geronazzo
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Fernando Geronazzo e Júlia Cabral osaopaulo@uol.com.br
Encontro do Papa com Maduro: Aliviar o sofrimento do povo venezuelano O Papa Francisco recebeu em audiência no Vaticano, na segunda-feira, 24, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. De acordo com um comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé, o encontro, de caráter privado, se realizou no “âmbito da preocupante situação de crise política, social e econômica que o país está atravessando e que se repercute duramente na vida cotidiana de toda a população”. “Deste modo, o Papa, que se preocupa com o bem de todos os venezuelanos, quis continuar oferecendo a sua contribuição a
favor da estabilidade institucional do país e de tudo o que possa contribuir para resolver as questões em aberto e criar confiança entre as partes”, prossegue a nota.
Diálogo
Francisco convidou Maduro a “empreender com coragem o caminho do diálogo sincero e construtivo, para aliviar o sofrimento do povo, dos pobres em primeiro lugar, e promover um clima de renovada coesão social que permita olhar para o futuro da nação com esperança”.
A audiência antecede um encontro entre representantes do governo e da oposição, marcado para 30 de outubro, na ilha de Margarita, na Venezuela, com a mediação da Santa Sé, que será feita pelo núncio apostólico na Argentina, Dom Emil Paul Tscherrig.
Criar clima de confiança
O diplomata vaticano disse à imprensa que o objetivo do encontro de 30 de outubro é procurar criar “um clima de confiança, superação da discórdia e a promoção
de um mecanismo que garanta a convivência pacífica” entre governo e opositores.
Crise
A crise política no país agravou-se nos últimos dias, depois que o Conselho Nacional Eleitoral bloqueou a realização de um referendo sobre a continuidade de Maduro na presidência. A crise política soma-se a uma crise econômica, com dificuldades no acesso a alimentos, medicamentos e artigos de higiene.
Papa não virá ao Brasil em 2017 A presidência da CNBB confirmou na quinta-feira, 20, que o Papa Francisco não participará do encerramento do Ano Jubilar Mariano, no Santuário Nacional de Aparecida, nas comemorações dos 300 anos do encontro da imagem da Padroeira do Brasil, em outubro de 2017. A informação foi divulgada após uma reunião dos bispos brasileiros com o Pontífice, no Vaticano. “Falamos do Ano Nacional Mariano, que começou dia 12 de
L’Osservatore Romano
outubro, e ele se interessou. Foi aí que entrou o assunto de Aparecida e ele nos disse que ano que vem não poderá ir a Aparecida, porque indo teria que ir à Argentina, Chile, Uruguai e não há condições, porque este ano suspendeu as visitas ad limina [na qual recebe bispos de diferentes partes do mundo], e ano que vem vai receber as visitas que seriam deste ano e do próximo”, detalhou Dom Murilo Krieger, vice-presidente da CNBB.
Violência no Iraque: ‘Essa crueldade nos faz chorar’
Encontro Internacional de Pastoral Vocacional
Após a oração do Ângelus, no domingo, 23, o Santo Padre fez mais um apelo pela paz e reconciliação no Iraque, onde se tem notado o crescimento da violência. “Nosso ânimo encontra-se abalado com os cruentos atos de violência que há muito tempo têm sido cometidos contra os cidadãos inocentes, tanto muçulmanos quanto cristãos, bem como
Na sexta-feira, 21, o Pontífice recebeu aproximadamente 255 participantes no Encontro Internacional de Pastoral Vocacional, organizado pela Congregação para o Clero. Francisco disse que a Pastoral Vocacional é “um encontro com o Senhor”. “A Pastoral Vocacional é aprender o estilo de Jesus, que passa pelos lugares da vida cotidiana, se detém, sem pressa, e, olhan-
pertencentes a outras etnias e religiões. Sinto-me entristecido com as notícias do assassinato a sangue frio de numerosos filhos daquela terra, entre os quais também muitas crianças. Essa crueldade nos faz chorar, deixando-nos sem palavras”, afirmou o Papa Francisco, que, em seguida, convidou os fiéis reunidos na praça São Pedro para um instante de silêncio, concluído com uma Ave-Maria.
do os irmãos com misericórdia, os conduz ao encontro com Deus Pai. Ele é o ‘Deus conosco’, que vive entre seus filhos, não teme se misturar entre a multidão das nossas cidades”. Francisco marcou três verbos evangélicos para o dinamismo da pastoral: “sair, ver e chamar”, e deu, ainda, uma explicação para cada um deles. (Fonte das notícias: Rádio Vaticano e Canção Nova)
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10 | Política |
26 de outubro a 1º de novembro de 2016 | www.arquisp.org.br
Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
Como está estruturada a Previdência Social no Brasil? Após a apresentação e possível aprovação da PEC 241, a “PEC do Teto”, o governo necessitará aprovar a reforma da Previdência. Ministros do primeiro escalão já sinalizaram a necessidade de mexer na Previdência. Desde o governo FHC, nos anos 1990, esse assunto é debatido à exaustão por economistas, ministros, presidentes e parlamentares. Os brasileiros, atualmente, vivem, em média, até os 76 anos. Em 2030, viverão até os 79. Isso significa mais anos recebendo aposentadoria ou pensão. Hoje, quase 55 milhões de servidores contribuem para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e são trabalhadores na ativa. Esse dinheiro mantém os mais de 33 milhões de aposentados e pensionistas. De acordo com o site do Governo Federal, atualmente, o sistema previdenciário brasileiro conta com três categorias: Regime Geral da Previdência Social, Regimes Próprios de Previdência Social e Previdência Complementar (veja detalhes no box). Além dos regimes, há as modalidades de aposentadoria. De acordo com a presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), Jane Berwanger, uma pessoa pode se aposentar por idade - 60 anos, mulher, e 65 anos, homem, após 15 anos de contribuição. No meio rural esse panorama é de 55/60 anos, com 15 anos de atividade rural. Há ainda a modalidade especial para pessoas que após 15, 20 ou 25 anos praticaram alguma atividade especial – insalubres, perigosas ou penosas; e a aposentadoria por tempo de contribuição, 30 anos para mulheres, e
35 anos para homens. Os professores aposentamse com cinco anos a menos de contribuição. As pessoas com deficiência também se aposentam mais cedo: a aposentadoria é reduzida em dois anos se a deficiência for leve; em seis anos, se for moderada; e em dez anos, se for grave. Na aposentadoria por tempo de contribuição, há o fator previdenciário, o que geralmente reduz o valor da aposentadoria. Considera-se uma pontuação pela somatória da idade com o tempo de contribuição. Porém, se a pessoa soma 85 pontos, mulher, e 95 pontos, homem, não se aplica o fator previdenciário. Para se aposentar com a integralidade do salário, a primeira condição é ter contribuído sobre o teto por pelo menos 80% do período, desde julho de 1994. Ainda assim, como houve aumentos no teto nesse período, vai ficar um pouco abaixo do valor. A segunda condição é atingir a soma 85/95 para quem não tem o fator previdenciário. Nesses casos, a pessoa vai chegar perto do teto. Jane afirma, ainda, que “não há um caos” na Previdência Social, como muitas vezes é mencionado. Para ela, o governo alega o déficit na Previdência, “mas duas questões precisam ser consideradas: primeiro, se o orçamento for feito da forma que manda a Constituição - orçamento da Seguridade Social – sobram recursos; segundo, ao longo da história os governos utilizaram recursos da Previdência para outras áreas e agora querem resolver o problema jogando de volta para os segurados”, opina.
Regime Geral da Previdência Social (RGPS)
Inclui todos os indivíduos que contribuem para o INSS: trabalhadores da iniciativa privada, funcionários públicos (concursados e não concursados), militares e integrantes dos Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo.
Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS)
Organizados pelos estados e municípios para servidores públicos ocupantes de cargos efetivos (que exigem concurso público). Existem dois regimes de RPPS: o
de repartição simples e o de capitalização. O primeiro é igual ao do INSS, isto é, as contribuições do trabalhador em atividade pagam o benefício do aposentado. No sistema de capitalização, é criado um fundo para receber as contribuições que são aplicadas em ativos de renda fixa e variável. Neste caso, o servidor recebe o valor de suas reservas mais os rendimentos.
Previdência Complementar
É um benefício opcional, que proporciona ao trabalhador um seguro previdenciário adicional, conforme sua vontade. É uma apo-
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Lava Jato 1
Após oito meses de negociação, o empresário Marcelo Odebrecht e outros 50 executivos e funcionários do grupo Odebrecht fecharam acordo de delação premiada com os procuradores da operação Lava Jato, segundo o jornal O Globo. Esta será a maior série de acordos de delação já fechada no Brasil.
Lava Jato 2
A Polícia Federal suspeita que o empresário Marcelo Odebrecht, preso na operação Lava Jato, usava os codinomes “amigo”, “amigo de meu pai” e “amigo de EO [Emílio Odebrecht, pai de Marcelo]” para se referir ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Inicialmente, o nome de Lula não chegou a ser cogitado entre os suspeitos da lista.
Operação Métis
A Polícia Federal prendeu na manhã da sexta-feira, 21, em Brasília (DF), quatro policiais legislativos suspeitos de prestar serviço de contra inteligência para ajudar senadores investigados em operações da PF, como a Lava Jato.
STF
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, exigiu respeito ao Judiciário por parte do Legislativo e Executivo. Ao abrir a sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão de controle dos tribunais que ela também preside, a ministra disse que os poderes devem buscar a harmonia em benefício do cidadão.
Máfia da merenda
O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB), prestou depoimento no Tribunal de Justiça na manhã da terça-feira, 25, sobre suspeita de envolvimento na máfia da merenda. O depoimento foi concedido ao desembargador Sergio Rui da Fonseca, relator do processo que apura o envolvimento de Capez no esquema. sentadoria contratada para garantir uma renda extra ao trabalhador ou a seu beneficiário. Os valores dos benefícios são aplicados pela entidade gestora, com base nos chamados cálculos atuariais (que estabelecem o valor da contribuição mensal necessária para pagar as aposentadorias prometidas). Um exemplo de Previdência complementar é a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil e o maior do País, que gera recursos que vão complementar a aposentadoria do INSS dos funcionários dessa instituição. Fonte: http://www.brasil.gov.br
Eduardo Cunha
A defesa do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) apresentou um pedido para a libertação do cliente na segunda-feira, 24, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), com sede em Porto Alegre (RS). A análise ficará com o desembargador João Pedro Gebran Neto. Na última semana, o mesmo pedido foi feito ao Supremo Tribunal Federal (STF), ainda sem decisão. Preso no dia 19, em Brasília (DF), Cunha foi para Curitiba, onde deverá ficar detido por tempo indeterminado, por ordem do juiz Sérgio Moro, que conduz a Lava Jato na primeira instância da Justiça Federal. Fonte: G1, Folha de São Paulo, O Globo e Agência Brasil
A arte sacra universal perde um talento brasileiro Cláudio Pastro morreu aos 68 anos, no dia 19, deixando como legado obras em igrejas no Brasil e no exterior
| Reportagem | 11 Renato Ramalho/Associação Cláudio Pastro - Ars Sacra
www.arquisp.org.br | 26 de outubro a 1º de novembro de 2016
Francisco Borba Ribeiro Neto Especial para O SÃO PAULO
O paulistano Cláudio Pastro morreu na madrugada do dia 19, aos 68 anos de idade, em São Paulo (SP). Era considerado internacionalmente como o mais importante artista sacro brasileiro e um dos maiores do mundo. Nascido no bairro do Tatuapé, em 1948, recebeu na infância, das irmãzinhas da Assunção, uma formação religiosa marcada pela beleza da liturgia e pela objetividade da relação da pessoa com Deus. Posteriormente, aproximou-se da Ordem Beneditina e tornou-se oblato do Mosteiro Nossa Senhora da Paz, em Itapecerica da Serra (SP), sua casa espiritual em vida e onde foi sepultado.
Trajetória artística
No início da década de 1970, foi trabalhar como voluntário na periferia de São Paulo, dando aulas de artesanato nas favelas de São Mateus. Foi lá que conheceu o Comunhão e Libertação, movimento católico responsável pelo início de sua trajetória artística. Considerada a mais marcante influência na vida de Pastro, Madre Dorotéia Rondon Amarante, abadessa do Mosteiro da Paz, o formou e o incentivou a conhecer os grandes mestres do Concílio Vaticano II, como Odo Casel e Romano Guardini. Cláudio estudou arte na Abbaye Notre-Dame de Tournay (França), no Museu de Arte Sacra da Catalunha (Es-
Obra de Cláudio Pastro, Capela da hospedaria do Mosteiro Beneditino, em Brasília (DF), é o primeiro espaço celebrativo do Brasil realizado segundo as normas litúrgicas pós-Vaticano II
panha), na Academia de Belas Artes Lorenzo de Viterbo (Itália), na Abadia Beneditina de Tepeyac (México) e no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. As origens de sua arte, contudo, sempre foram sua experiência de fé, marcada pela beleza da liturgia, e a vivência junto aos mosteiros beneditinos. No final da década de 1990, foi convidado para sua obra mais importante: concluir o interior da Basílica de Aparecida (SP), que na época tinha as paredes nuas, sem nenhuma obra de arte. Ainda no início dos trabalhos, em função de uma crise hepática, entrou num coma que durou 40 dias. Praticamente renascido, seus últimos anos foram marcados pelos sofrimentos advindos de uma saúde muito comprometida e por uma produção artística que impressionava a ele mesmo. Nunca havia produzido tanto ou sido tão reconhecido.
A renovação dos espaços sagrados
Os especialistas de patrimônio cul-
‘Cláudio Pastro deixa um legado incomparável de arte sacra’ Horas após o falecimento de Cláudio Pastro, no dia 19, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, divulgou nota sobre a morte do artista. “Cláudio Pastro deixa um legado incomparável de arte sacra. Seus dons artísticos, somados à profundidade teológica e espiritual, faziam reluzir em suas obras o que de mais genuíno há na espiritualidade cristã. Pela arte, evangelizou; como leigo consagrado, ligado à vida contemplativa e à regra de São Bento, contribuiu largamente com seu testemunho de dedicação e amor para a evangelização da Igreja”, consta em um dos trechos. A íntegra pode ser consultada no Portal da Arquidiocese de São Paulo (www.arquisp.org.br). A missa de 7º Dia do artista foi celebrada na terça-feira, 25, na Catedral da Sé. *Imagem de uma das últimas produções do artista Cláudio Pastro - Logotipo criado para o Folheto Litúrgico Povo de Deus em São Paulo - 2016
tural consideram os templos religiosos como obras físicas “mortas”, a serem preservadas para retratar um período histórico. Pastro considerava-os como obras vivas, fruto da interação permanente da comunidade de fiéis com as estruturas materiais. Por isso, afora casos específicos de alto valor histórico, considerava que o templo tinha que passar sempre por um processo de renovação que mantivesse suas raízes, mas também acompanhasse a evolução da comunidade. Assim, seguindo o espírito do Concílio Vaticano II, concebeu, em 1988, o primeiro espaço celebrativo no Brasil que seguia as normas litúrgicas pós-conciliares: a Capela da Hospedaria do Mosteiro Beneditino de Brasília (DF). As comunidades, das pessoas simples do interior do Brasil aos membros de grandes associações europeias, sempre gostaram e se renovaram com suas obras. Por isso, hoje em dia, existem centenas de espaços religiosos de sua autoria no Brasil, na Itália, Alemanha, França e Espanha. Caso exemplar é o Pátio do Colégio, marco da fundação de São Paulo. A igreja colonial que ali existia praticamente desabou no século XIX e o espaço passou à Prefeitura, sendo retomado pelos jesuítas só em 1953. Pastro não quis reconstruir a igreja colonial, pois essa não mais existia, e refazê-la seria uma falsidade. Usando azulejos (material típico do Brasil colônia), refez a igreja internamente, de modo a recuperar a memória de seu significado histórico, mas incorporando as normas litúrgicas preconizadas pelo Concílio Vaticano II e a estética da atualidade.
Associação Cláudio Pastro
Após sua morte, a catalogação de sua imensa obra (cerca de 300 igrejas espalhadas pelo mundo e um número incontável de quadros, esculturas e objetos litúrgicos) está a cargo da Associação Cláudio Pastro – Ars Sacra. A ela cabe agora o encargo de tornar esse patrimônio acessível e conhecido por todos.
Representação de Nossa Senhora da Paz em mosteiro em Itapecerica da Serra (SP)
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Teresinha,
em toda sua humanidade Espetáculo com direção e dramaturgia de Helder Mariani e interpretação de Gabriela Cerqueira foi concebido a partir dos escritos autobiográficos de Santa Teresa do Menino Jesus e faz temporada no Mosteiro de São Bento Nayá Fernandes
nayafernandes@gmail.com
“Se uma flor, bem pequenininha, pudesse falar, ela diria apenas o que Deus fez por ela. Sem usar de falsa modéstia, a florzinha não diria que é sem graça, sem Luciney Martins/O SÃO PAULO
perfume, que as tempestades a quebraram a haste, que o sol lhe tirou o brilho. Não. Se ela pudesse falar, ela diria exatamente o contrário...” O trecho foi dito pela atriz Gabriela Cerqueira, logo no início da entrevista em que ela e Helder Mariani, diretor de dramaturgia e encenação da peça de teatro “Theresinha” falaram sobre o espetáculo, no apartamento onde mora Helder, zona Oeste da capital. O monólogo, que estreou em 2014, foi inspirado na vida da freira carmelita francesa que morreu aos 24 anos, e pouco depois teve sua santidade reconhecida pela Igreja Católica. Quem vai assistir a “Theresinha” é surpreendido pelo chá de rosas, servido antes do início do espetáculo e pelo banquinho de madeira, único item da cenografia pensada por Flávio Tolezani, que, preenchido pela ternura e simplicidade de Gabriela, faz do teatro uma viagem existencial, forte e poética ao mesmo tempo. Helder, que é doutorando em Filosofia, e Thiago Brito são os responsáveis pela pesquisa na elaboração da peça, feita a partir de seus escritos autobiográficos e por meio de visitas in loco no Carmelo de Lisieux, onde viveu Teresinha. Tudo começou quando ele, Helder, viveu uma experiência de busca vocacional e passou a ler a vida dos santos carmelitas. “Conheci Santa Teresinha ainda bem jovem. Quando li ‘História de uma Alma’ – livro autobiográfico de Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face – seu jeito de falar, a questão da florzinha, do passarinho, a delicadeza que ela demonstra na escrita me chamaram a atenção. Em algum momento, porém, consegui ler nas entrelinhas e percebi que havia um sofrimento, uma tensão na vida daquela menina. Então, depois que comecei a pesquisar, descobri que era uma questão existencial. Acho que tive a graça de conhecer a Santa tendo essa leitura do subtexto dela”, contou.
foram atravessando a minha alma. Sinto que houve o resgate de algumas coisas. Se eu disser que não, estaria mentindo. E foi um resgate de fé dentro de mim, de coisas dentro da minha alma e do meu intelecto que fazia tempo que eu não alcançava. Nós somos artistas e nos deparamos com muitas dúvidas. Embarquei sem querer e não tinha consciência de quão profundo essa história iria me alcançar. Com certeza, tem uma mística envolvida neste encontro meu e do Helder.” “Sendo muito sincero, Teresinha vem sendo um resgate também para mim. Fui noviço beneditino, trabalhei 15 anos com as irmãs salesianas, trabalhei no Centro Universitário Assunção (Unifai). Sempre estive na Igreja, mas agora voltando para este lugar íntimo da instituição, consigo ver quanta gente boa há dentro da Igreja. Muitos padres no anonimato fazendo trabalhos lindos. As igrejas bem cuidadas. Aquela mulher que foi passar o figurino da Gabriela e queimou e veio alguém da comunidade costurar o figurino voluntariamente. Aquela outra mulher que trabalha o dia inteiro na barraca, fritando batatas e depois está ali conosco, sentada nos bancos assistindo à peça ou o prior da comunidade ajoelhado no chão fitando os fios da iluminação. E não estou sendo ingênuo. Tem sim muita gente boa na Igreja”, enfatizou Helder.
Encontro
Eles se encontraram após uma apresentação de Gato Malhado e Andorinha Sinhá no Teatro Imprensa, em São Paulo. “Eu tinha mais contato com o namorado dela, que sempre brincava comigo: ‘Se você conhecer a Gabriela, vai se esquecer de mim e só vai querer ficar com ela’. Naquele dia, no fim do espetáculo, ficamos conversando ali em frente, na rua Jaceguai e, ao nos despedirmos, chamei Gabriela, olhei fixo para ela e disse: ‘Você sabe que iremos trabalhar muito juntos, né?’ Ela disse: ‘Claro que sim’. Houve, naquele
momento, um encontro humano muito forte. Uma intuição. E, quando o Thiago Brito e eu pensamos em quem faria a Teresinha, não tivemos dúvida de que seria a Gabriela. Ela tem uma semelhança que ultrapassa o físico”, comentou Helder, enquanto tomava mais uma xícara de café e caminhava rumo à mesa para buscar os muitos exemplares dos escritos de Teresinha traduzidos para o português. São mais três anos trabalhando juntos e a harmonia entre os dois pode ser vista não somente na coincidência de vestiremse de branco durante a entrevista, mas principalmente no respeito e profundidade com que falam sobre Santa Teresinha. E o encontro foi ainda mais profundo, foi também entre eles, os atores e outras pessoas envolvidas na composição do espetáculo, como a mãe da Gabriela, Rita Cerqueira. “Esse trabalho nasceu de uma devoção e do coração. E é muito difícil pegar um edital público com uma peça que conta a vida de um santo. A Rita entrou conosco nessa sabendo que no início não teríamos dinheiro, pois o único apoio que tivemos foi a estrutura da Casa das Rosas. Isso porque lá fizemos vários espetáculos de poesia, de música caipira e em nome disso, desse histórico, a Casa das Rosas nos ofereceu a estrutura toda do local, mas como atores não fomos remunerados por aquelas apresentações”, explicou Helder. Por outro lado, ele disse que a peça foi muito acolhida pela Igreja. “Desde a Paróquia Santa Terezinha, no extremo da zona Sul, até o Cardeal, na Arquidiocese de São Paulo, todos demonstraram interesse. E, nesses anos, ao apresentarmos para os mais diferentes grupos, percebemos o quanto que a peça é transversal.”
Intensidade
Gabriela, que cresceu num sítio em Cotia (SP), “no meio das galinhas”, como ela descreveu para a reportagem, interpreta com muita intensidade os diálogos internos de Thérèse de Lisieux, Luciney Martins/O SÃO PAULO
Resgate
Para Gabriela, o encontro com Teresinha se deu aos poucos e, à princípio, ela se interessou mais pela ideia de trabalhar sozinha em palco. “Eu sempre gostei dos santos católicos, porém nunca tinha conhecido Santa Teresinha e sabia da pesquisa do Helder apenas superficialmente. Quando ele veio, interessei-me mais pela oportunidade de trabalhar sozinha, do que pela história da Santa Teresinha em si. Porém, para um ator, qualquer história que você dê, vai lhe interessar, simplesmente porque gostamos de histórias. E embarquei. Como no processo de ensaio vivi momentos de solidão, aos poucos fui lendo esses escritos muito sozinha, e eles
Rita Cerqueira, junto à filha e atriz Gabriela Cerqueira e Helder Mariani, diretor de dramaturgia
que recebeu o nome de Marie-Françoise-Thérèse Martin, freira carmelita descalça conhecida como um dos mais influentes modelos de santidade para católicos romanos e religiosos em geral por seu jeito prático e simples de abordar a vida espiritual. A jovem atriz não hesita em dizer que Santa Teresa do Menino Jesus buscava seu lugar no mundo, e o Carmelo foi para ela o espaço onde vivenciou a obediência à caridade. “Teresa dá pistas de algo que está acontecendo com ela internamente, escreve sobre isso e, ao mesmo tempo, temos uma série de relatos das irmãs que conviveram e sabem exatamente qual era o comportamento dela. Aí, você soma ao comportamento dela no Carmelo de uma caridade absurda, de um amor gratuito, esse turbilhão de sentimentos que ela vivia, que estão nas entrelinhas dos seus escritos. Essa contradição faz com que esse lugar humano dela se torne muito intrigante, muito importante. Por exemplo, ela se perguntava: ‘Eu sofro, mas será que sofro bem?’ É uma figura intensa que entra no Carmelo, mas descobre que nem o Carmelo dá conta dessa sua intensidade humana e por isso sofre. E é justamente no Carmelo que descobre esse lugar que ela busca. Essa inquietude que ela é. É uma dúvida mais ampla, a dúvida da própria fé.” E Gabriela vai ainda mais longe. Para a atriz, a obediência de Santa Teresinha foi mais profunda do que se conhece. “Na minha opinião, colocar Teresinha como alguém que obedeceu cegamente é passar uma imagem um pouco superficial de quem ela foi. Na verdade, a obediência dela é da caridade pura, é muito ligada a Cristo, a questão de ser inteiramente gratuito. Você duvida, mas está na obediência do amor puro, então, segue em frente. Teresinha era essa figura deslocada, questionadora. Logo perceberam, por consequência, que ela era diferente. Sua simplicidade, aquele sorriso constante no rosto. Quando os escritos de Teresinha começam a circular, se irradia imediatamente uma crença, algo sobrenatural. E é importante lembrar o quanto Santa Teresinha é considerada em outras religiões, onde está presente como uma figura de luz, como uma alma pura.”
Como criança
E, se Teresa do Menino Jesus fala sobre a infância espiritual, Gabriela diz que se sente como uma criança solta no altar, cada vez que apresenta “Theresinha” em uma igreja, por exemplo. “É incrível como padres e religiosos abrem as casas para nós. Muitas vezes, a peça é apresentada ali, no presbitério, e eu me sinto tão à vontade, como uma criança que, por ser criança é, de certa forma, autorizada a estar ali.” Ao ser, porém, perguntada sobre onde a atriz se sentiu mais à vontade apresentando “Theresinha”, ela disse que foi entre as religiosas de clausura. E “Theresinha” já foi apresentada no Mosteiro Carmelita do Jabaquara; no Mosteiro da Luz, das Irmãs Concepcionistas; no Mosteiro Carmelita Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP), e no Mosteiro Beneditino Nossa Senhora da Paz, em Itapecerica da Serra (SP). Além disso, a peça já chegou a muitas paróquias de São Paulo, livrarias católicas e em grandes eventos, como o 5º Encon-
tro Nacional da Pastoral de Comunicação, em Aparecida, e a 14ª edição do Curso de aprofundamento teológico e pastoral do Clero da Arquidiocese de São Paulo, em Itaici, Indaiatuba (SP). Helder recordou que a apresentação para as religiosas é sempre um momento muito especial. “De algum modo, é a vida delas ali, sendo representada. No Mosteiro Beneditino, em Itapecerica da Serra, foi emocionante ver aquelas mulheres ali, junto às outras pessoas, na capela pintada por Cláudio Pastro. Onde é a lojinha dela, servimos o chá, e quando entrei na capela, vi a comunidade inteira delas. Aquelas mulheres de clausura. Vi aquilo e fiquei tão emocionado que até agora me sinto assim e falei para o público: ‘Senhores, veja que momento lindo estamos vivendo, a comunidade toda veio assistir à peça’. Foi um momento histórico, único.” No dia 27 de outubro, haverá uma única apresentação na Paróquia Nossa Senhora do Brasil, no Jardim Paulista, a primeira vez com música ao vivo, com execução feita pela orquestra da igreja. Em novembro, a peça fará uma curta temporada no Mosteiro de São Bento, na zona central de São Paulo.
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Luciney Martins/O SÃO PAULO
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Lugar de comunhão
Em janeiro, se completarão três anos da apresentação de “Theresinha” quase interruptamente. Um caminho linear e cheio de surpresas, não imaginado quando Thiago e Helder começaram a pesquisa cinco anos atrás. “Eu sinto que este caminho que foi sendo traçado aconteceu porque Helder e eu somos muito devotos. Temos esse lugar católico forte, um respeito sincero com a Igreja. E, por outro lado, eu que estava mais distante, fui entendendo e acessando esse vocabulário próprio da Igreja. Escutei coisas interessantíssimas e, aos poucos, fui percebendo o quanto são humanas as pessoas que compõem a instituição”, disse Gabriela, que em Curitiba (PR) e Belo Horizonte (MG) ficou hospedada na Casa das Irmãs Paulinas e, segundo ela, viveu a experiência de dormir três noites no convento. Gabriela sonha atravessar fronteiras com “Theresinha”. “Meu maior desejo é não estar aqui, mas cruzar todo tipo de fronteira. Em São Paulo, há um vício onde parece que o novo sempre tem que acontecer, uma ansiedade pela novidade, sobretudo quando falamos deste mundo do teatro. Para mim, a causa disso está ligada à limitação de público. Mas, temos o Brasil inteiro e um trabalho pode durar 20 anos. Acredito muito nisso”, disse a atriz que ao mesmo tempo riu, pois daqui a 20 anos não sabe como estará, se porventura continuar a encenar a Santa das Rosas. Helder e Gabriela, produtores do espetáculo, estão seguros de que não há limites para “Theresinha” e que a peça alcança também quem não está diretamente ligado à Igreja Católica, porque o texto mostra uma Teresa humana, em busca de si mesma e do bem, acima de tudo. “Acho que a gente conheceu um lugar de comunhão. Isso vale a pena ser dito”, enfatizou Helder. “Theresinha” é, sem dúvida, um diálogo com o público, ali, olho no olho, um encontro entre humanidades que mostra um outro lado da santidade. Um lugar existencial que existe dentro de toda e qualquer pessoa.
FICHA TÉCNICA
Atriz | Gabriela Cerqueira Direção e dramaturgia | Helder Mariani Orientação artística | Denise Weinberg Direção musical | Dagoberto Feliz Cenografia | Flávio Tolezani Adereços | Marcela Donatto Figurino | Marcela Donatto em parceria com Gabriela Cerqueira Arte gráfica | Rosane Andrade Idealização | Companhia da Palavra Produção e realização | Companhia da Palavra em parceria com a Pulo do Gato Produções Artísticas e Culturais
Serviço
Única apresentação aberta ao público: Quinta-feira, 27 de outubro às 20h Paróquia Nossa Senhora do Brasil (Praça Nossa Senhora do Brasil, s/nº, Jardim América). Temporada: 6 a 27 de novembro – domingos, às 18h Teatro do Mosteiro de São Bento de São Paulo Largo de São Bento, s/n. Centro (SP). Metrô São Bento. Tel: (11) 3328-8799. Ingressos: R$ 30,00 (meia: R$ 15,00). Aceita dinheiro, cheque e cartão de débito. Gênero: Drama. Duração: 60 minutos. Classificação: 12 anos Informações/espetáculo: (11) 97283-2727.
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MÊS DAS MISSÕES
Missionários vão ao encontro de brasileiros no exterior Fotos: Arquivo pessoal
Sacerdotes, religiosas e leigos atuam junto a comunidades católicas brasileiras organizadas em diferentes países Fernando Geronazzo
osaopaulo@uol.com.br
Deixar a pátria e a cultura em busca de novas oportunidades em outro país é uma realidade para os cerca de 3,1 milhões de brasileiros que vivem atualmente no exterior, segundo informações do Ministério das Relações Exteriores. Diante do desafio de encontrarem trabalho, casa, aprender o idioma e se integrarem na cultura local, muitos desses imigrantes brasileiros encontram na comunidade de fé um espaço seguro para essa adaptação em um “novo mundo”, muitas vezes hostil para o estrangeiro. Em um primeiro momento, eles encontram obstáculos até na acolhida na igreja local. Por esse motivo, a Igreja no Brasil acompanha pastoralmente os católicos brasileiros que vivem no exterior, por meio de missionários que promovem essa integração. Um dos primeiros países a perceber essa necessidade foram os Estados Unidos, um dos principais destinos de brasileiros desde os anos 1980. Uma década depois, a CNBB recebeu um grupo de bispos norte-americanos que pedia ajuda em relação à quantidade de brasileiros que viviam no país. Esse apelo motivou a criação da Pastoral dos Brasileiros no Exterior (PBE), fundada em 1996, ligada à Comissão Episcopal para a Ação Missionária. A PBE tem o objetivo principal de preparar e acompanhar os missionários brasileiros junto aos emigrados. Há dez anos, a PBE está sob os cuidados do bispo diocesano de Caxias do Sul (RS), Dom Alessandro Carmelo Ruffinoni, italiano e missionário scalabriniano, congregação que tem por carisma o trabalho junto aos migrantes. Ele explicou ao O SÃO PAULO que recebe inúmeras solicitações de bispos estrangeiros para o envio de missionários junto aos brasileiros. Além dos padres diocesanos, liberados por seus bispos, há religiosos e religiosas enviados por suas congregações. “Contamos, ainda com missionários leigos. Porém, esses não são enviados, mas são os próprios imigrantes que se engajam no serviço da comunidade”, acrescentou o Bispo.
Estados Unidos
Irmã Líria Grade é religiosa na Congregação das Irmãs Paulinas há 24 anos e está há cinco nos Estados Unidos, onde
Padre Emerson celebra Nossa Senhora Aparecida na Bélgica; em Boston, Irmã Líria é missionária junto aos brasileiros que vivem nos EUA
desenvolve missão junto às comunidades brasileiras na cidade de Boston. A missão das Paulinas junto aos brasileiros começou por iniciativa da Irmã Emmanuel Alves, norte-americana, que aprendeu a língua portuguesa praticamente sozinha e após alguns anos solicitou o auxílio de uma religiosa brasileira, enviada pelo governo-geral da congregação. “Hoje temos uma livraria em português, atendemos às várias regiões onde há comunidades brasileiras, especialmente nos momentos de encontros e retiros”, explicou Irmã Líria. Além da livraria, as Paulinas trabalham na formação de lideranças, oferendo cursos na área bíblica e catequética. O governo brasileiro estima que 1,2 milhão de brasileiros moram nos Estados Unidos. Massachusetts é o estado com a maior concentração de brasileiros. Só na Arquidiocese de Boston há 16 comunidades brasileiras. Outro estado com muitos brasileiros é a Flórida, onde atua a Irmã Roseane Barbosa, enviada recentemente pelas Paulinas. “No estado norte-americano da Califórnia, já houve a manifestação por parte de leigos da necessidade de padres junto aos brasileiros em Los Angeles e São Francisco, mas eu ainda não posso enviar padres se o bispo local não solicitar”, acrescentou Dom Alessandro, que informou que há 40 padres atuando nos Estados Unidos.
róquia Santo Antonio, próxima à região central da cidade. “Aqui em Bruxelas existem aproximadamente 40 mil brasileiros, muitos jovens e crianças. Na nossa comunidade, creio que acolhemos de 500 a 800 pessoas”, contou o Missionário. Para o Padre Emerson, o principal desafio para a missão é a instabilidade do povo, uma vez que há um número significativo de imigrantes com documentação irregular, que vivem escondidos da lei e da polícia e de muitas outras realidades. “Hoje estão aqui, amanhã podem mudar para outro país, ou voltarem para o Brasil”, disse. “Também não conseguimos um compromisso muito grande dessas pessoas, porque eles estão aqui para trabalhar. O tempo que eles geralmente têm para a Igreja é o que sobra”, acrescentou. Porém, o Sacerdote garantiu que “é um trabalho feito aos poucos e que tem surtido resultados”. Há, ainda, um grande apoio por parte da Igreja local, que, inclusive, designou um sacerdote responsável para acompanhar as comunidades de língua estrangeira. Dom Alessandro informou, ainda, que já contabilizou 20 sacerdotes brasileiros desenvolvendo essa atividade missionária na Europa, mas há também aqueles que moram lá por conta de estudos e colaboram nessa pastoral indiretamente.
Europa
Japão
Embora seja mais recente, também na Europa começou a haver acompanhamento pastoral de brasileiros em diversos países. Padre Emerson Rossini de Lima, da Comunidade Missionária Providência Santíssima, está em Bruxelas, na Bélgica, há dez meses. Ele atua na Pa-
No Japão, a realidade é mais difícil. Com aproximadamente 200 mil brasileiros, o país tem uma minoria católica, que representa 0,3% da população total. A maioria deles é justamente do Brasil. Nesse sentido, o número de missionários do Brasil é escasso.
De acordo com Dom Alessandro, a primeira barreira para o envio de missionários ao Japão é o idioma. “Um padre não pode ficar lá somente um ou dois anos, senão não há tempo suficiente para aprender a língua.” O Bispo missionário visitou o Japão e percebeu de perto essa dificuldade. “Agora, começa a surgir o fenômeno de padres japoneses que vêm ao Brasil para aprenderem a língua portuguesa e a cultura local e depois retornarem ao Japão para atender os brasileiros”, relatou Dom Alessandro, com esperança.
Prioridade: integrar
Dom Alessandro ressaltou que a principal tarefa dos missionários é colaborar na integração dos católicos imigrantes com a comunidade local. Porém, ele reconhece que essa assimilação à cultura local nem sempre pode ser imediata. “Temos que integrar aos poucos”, disse. “O migrante, em um primeiro momento, quer rezar em sua língua materna, quer ter o seu encontro com Deus e com os irmãos na sua língua, isso lhe dá segurança”, explicou o Bispo. “É um trabalho bonito, mas delicado, pois o padre não pode formar um gueto de brasileiros na cidade, mas também não pode forçá-los a participarem das celebrações em outra língua, porque ou não vão, ou, se forem, entenderão pouco.” Em muitos lugares, os migrantes utilizam os espaços das paróquias locais para realizarem suas celebrações e encontros em horários alternativos. Mas há o esforço dos padres para o desenvolvimento de atividades locais. “Por isso que o missionário deve ser o primeiro a aprender o idioma local para poder unir”, acrescentou Dom Alessandro.
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Elizabeth Kipman
‘É preciso formação de valores que consolidam uma existência’ Assessoria de Comunicação/Hospital São Francisco
Nayá Fernandes
nayafernandes@gmail.com
Ela sempre assumiu a profissão como um meio de defesa da vida. Elizabeth Kipman é médica ginecologista-obstetra e foi uma das palestrantes na mesa-redonda sobre “Bioética e Família”, realizada pela Faculdade de Teologia da PUC-SP e pelo Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade da Arquidiocese de São Paulo em 7 de outubro, no campus Ipiranga da pontifícia universidade, por ocasião do Dia do Nascituro, comemorado em 8 de outubro. Ao O SÃO PAULO, Elizabeth falou sobre sua trajetória pessoal e sobre como tem acompanhado mulheres que decidem continuar uma gestação e não abortar, mesmo quando poderiam, pela lei brasileira, fazer isso. No Brasil, o aborto é legalizado em casos de estupro, quando a gestação coloca em risco a vida da mulher ou se o bebê for anencéfalo, mas muito se tem falado que, mesmo nesses casos, a interrupção da gravidez pode trazer consequências sérias e dolorosas também para a mulher.
O SÃO PAULO – DESDE QUANDO VOCÊ ASSUMIU ESSA POSTURA CONTRA O ABORTO E EM DEFESA DA VIDA? Elizabeth Kipman - Posso dizer que sempre assumi a profissão médica como defesa da sacralidade da vida, desde a concepção até a morte natural, independentemente da fé professada. É um direito natural. QUAIS SÃO OS ARGUMENTOS QUE AS PESSOAS MAIS UTILIZAM PARA JUSTIFICAR O ABORTO? Os argumentos iniciais referemse à necessidade de liberar o aborto para evitar as mortes de mulheres pelo aborto clandestino ou como um problema de saúde pública, e até para diminuir gastos públicos. Usa-se também o argumento de poder orientar quem realiza o aborto para que não aconteça futura gestação indesejada e novo aborto. Quando se prova que todos esses argumentos são falsos, o que resta é a insistência de que é um direito da mulher sobre seu próprio corpo e que a igualdade entre os sexos exigiria a liberação do aborto. Expressa-se, então, a base da cultura pós-moderna com seus argumentos aplicados a essa situação. PODERIA FALAR UM POUCO SOBRE A SITUAÇÃO DAS MULHERES PÓSABORTO?
humana de ir além de si mesmo e se abrir ao amor. E SOBRE O APOIO OU NÃO DO COMPANHEIRO? Sem dúvida alguma, o apoio do companheiro é importantíssimo e muitas vezes é, justamente, a sua falta que leva ao aborto. Por outro lado, quando o relacionamento é superficial, líquido, volúvel, a liberação do aborto apenas libera o homem. As consequências de ter o bebê ou de realizar o aborto sempre pesam mais sobre a mulher. QUE OUTRAS CONSEQUÊNCIAS UMA POSSÍVEL LEGALIZAÇÃO costuma CAUSAR? A liberação do aborto sempre traz aumento em seu número; faz-se uma curva assustadoramente ascendente por 20 a 35 anos, porque parece ser uma solução fácil e, desde que permitida por lei, aparentemente se apresenta como algo sem problemas. O Sistema Único de Saúde (SUS) não atende hoje às demandas necessárias de acompanhamento psicológico para tantos casos de distúrbios e de drogadição, por exemplo. Evidentemente, não terão condições de atendimento adequado às vítimas do aborto provocado.
Existem diversos trabalhos, infelizmente pouco divulgados, que apontam que a outra vítima do aborto, além da criança em gestação, é a própria mãe. Ocorrem complicações de ordem física, aquelas de médio e longo prazo não divulgadas e muito graves, como a maior possibilidade de câncer de mama; e de ordem psicológica, como a maior incidência de depressão, ansiedade e outros problemas. Temos que entender que o aborto provocado agride o ser todo da mulher mesmo quando ela pratica o ato com convicção de não desejar aquele filho. Não é o seu útero que engravida, mas é todo o seu ser que se organiza para proteger a vida que se desenvolve. Psicologicamente, mesmo em países onde o Cristianismo não é influente, alterações, inclusive psicológicas, são identificadas. AO DECIDIR MANTER A GESTAÇÃO, QUAIS OS PRINCIPAIS MEDOS DA MULHER? Se ela tentou o aborto, a primeira preocupação se fixa no medo de ter prejudicado o bebê e ele nascer com
algum problema. Os outros medos dependem da situação específica de cada mulher: possível abandono do companheiro, rejeição da família, interrupção dos estudos ou perda de trabalho. Também pode existir, como maior dificuldade, a resistência para mudar os planos pessoais que deverão ser mudados por causa da gestação. PODERIA DAR EXEMPLOS DE CASOS DE PESSOAS QUE DECIDIRAM MANTER A GESTAÇÃO, MESMO EM SITUAÇÕES-LIMITE? Em casos de gestação resultante de violência, já ouvi muitas mães afirmarem que o filho é um bem que resultou de um mal. Casos de crianças com malformações têm sido divulgados na mídia, mostrando que esses filhos provocam amor e, muitas vezes, unem famílias, embora alguns pais abandonem as mães. Inclusive, ouvimos diversos testemunhos por ocasião das paralimpíadas. De toda forma, na aceitação de uma gestação inesperada, a decisão de alguém ao aceitá-la é uma decisão mais propriamente
E COMO FICA O PROFISSIONAL DE SAÚDE? Pelo Código de Ética, o profissional de saúde pode e deve se negar a realizar um ato quando sua consciência assim o exige, sobretudo se não é um atendimento de risco imediato de morte. O desejo de provocar um aborto não se caracteriza como uma emergência, porque não haveria risco na diferença de alguns dias e, portanto, o profissional pode se negar a realizá-lo por objeção de consciência. Acontece que existem projetos de lei, não aprovados (e teses teóricas), que querem negar esse direito ao profissional e às instituições que se recusarem a realizá-lo. A IGREJA E OUTRAS INSTITUIÇÕES TÊM, NA SUA OPINIÃO, DADO APOIO NECESSÁRIO A ESSAS MULHERES? Existem muitas iniciativas da Igreja Católica e também de Igrejas evangélicas para acolher e proteger essas mães em situação de perplexidade e desespero. Também muitas iniciativas de grupos espíritas. Sim, muito tem sido feito, mas é preciso imensamente mais, principalmente no aspecto de formação de valores que consolidam uma existência.
As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.
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Filipe David
osaopaulo@uol.com.br
Dica de Leitura
Suma Teológica – nova edição Reprodução
Santo Tomás de Aquino escreveu sua “Suma Teológica” entre 1265 e 1273, com o modesto propósito de fazer uma apresentação sucinta da doutrina sagrada aos iniciantes em Teologia. Quase oito séculos depois, “A Suma” tornouse referência indispensável não só aos principiantes em Teologia e Filosofia, como também aos mais exímios filósofos e doutores da Igreja.
Suplemento (Volume 5)
Parte I (Volume 1)
Em 119 questões, Santo Tomás expõe, primeiro, a natureza e o objeto da doutrina sagrada, para, então, tratar de Deus, uno e trino, da criação, do homem e do governo de todas as coisas. Subdivide-se em sete tratados: sobre Deus uno e trino, sobre a criação, os anjos, as coisas materiais, o homem, sobre a conservação, e o governo das coisas.
Parte II (Volumes 2 e 3)
Essa parte subdivide-se em duas seções: A primeira trata, em 114 questões, do homem em geral, sua finalidade e a estrutura de suas ações e de sua alma;
mação, a Eucaristia e sobre a Penitência.
e também da lei (eterna, natural e humana) e da graça divina. Contém nove tratados: sobre a bem-aventurança, os atos humanos, as paixões da alma, os hábitos, as virtudes, os dons do Espírito Santo, os vícios e pecados, a lei e sobre a graça. A segunda seção trata, em 189 questões, do homem em específico, da estrutura de suas virtudes, e de condições especiais de certos homens. Contém oito tratados: sobre a fé, a esperança, a cari-
dade, a prudência, a justiça, a fortaleza, a temperança e sobre os atos específicos de certos homens.
Parte III (Volume 4)
As 90 questões que compõem esta terceira parte tratam de Jesus Cristo, considerado em si mesmo, e de sua vida; tratam, ainda, dos sacramentos que instituiu. São sete tratados: sobre o Verbo encarnado, a vida de Cristo, os sacramentos em geral, o Batismo, a Confir-
Santo Tomás não terminou de escrever a terceira parte. O que se reconhece como seu “suplemento” foi depois adicionado por seu colega religioso, Frei Reginaldo de Piperno, e compõe-se de 99 questões e dois apêndices, que tratam dos sacramentos da Penitência, da Extrema-Unção, da Ordem e do Matrimônio, bem como da Ressurreição. Contém, também, um apêndice sobre a pena do pecado original e sobre o purgatório. Esta edição unilíngue, fruto da parceria das editoras Ecclesiae e Permanência, republica a clássica e celebrada tradução do Dr. Alexandre Correia, primeira em língua portuguesa, em cinco volumes (incluindo o Suplemento). Ficha técnica: Autor: Santo Tomás de Aquino Páginas: 3.996 Editora: Ecclesiae
Santos
São Judas Tadeu: um dos primeiros mártires da Igreja Luciney Martins/O SÃO PAULO
REDAÇÃO
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São Judas Tadeu, cuja memória litúrgica se recorda em 28 de outubro, é por muitos conhecido como o “santo das causas impossíveis”, mas nem tão famosa é a história missionária daquele que na Bíblia é apresentado como “Tadeu” (Mt 10,3; Mc 3,18) ou “Judas de Santiago” (Lc 6,16; At 1,13). Nos escritos bíblicos, Judas Tadeu é aquele que questiona Jesus na última ceia: “Mestre, por que razão hás de manifestar-te só a nós e não ao mundo?”, ao que Cristo respondeu que se manifestaria àqueles que guardassem sua Palavra e lhe permanecessem fiéis. Com esse mandato de Cristo e após ter recebido o Espírito Santo, assim como os outros apóstolos, Judas Tadeu disseminou a Palavra do Mestre e ajudou na conversão dos povos. Iniciou sua pregação, em meio a perseguições, na Galileia. Depois, seguiu para a Samaria, Iduméria e outras populações judaicas. No ano 50, engajou-se no primeiro Concílio de Jerusalém e, em seguida, foi levar a Boa-Nova à Mesopotâmia (atual Irã), Síria, Armênia, Edessa, Arábia e Pérsia. Por ter convertido grande quantidade de pessoas, foi odiado por muitos
por pregar contra os ideais de poderosos. A propósito, é atribuída ao Santo a Carta de Judas, do Novo Testamento, onde há crítica aos falsos mestres e um convite a todos para que mantenham a pureza da fé. “Ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora e para todo o sempre.” Judas Tadeu pregou a fé em Cristo em muitos lugares, mas o último foi a Pérsia, onde, junto com São Simão, converteu muitos ao Cristianismo. Ambos foram presos e se recusaram a negar Jesus e prestar culto a outros deuses. Foram condenados à morte. Judas foi martirizado a golpes de cacetes, lanças e machados, acredita-se que no ano 70, provavelmente no dia 28 de outubro, data de sua memória litúrgica. As imagens de São Judas Tadeu o apresentam segurando um livro, símbolo da Palavra de Deus por ele anunciada, e um machado, indicando o instrumento pelo qual foi martirizado.
Por que santo das causas impossíveis?
Santa Brígida da Suécia (1303-1373), teóloga conhecida por sua mística, escreveu que Jesus lhe revelou que pedisse a intercessão de São Judas Tadeu,
quando quisesse alguma graça ou favor. A partir de então, o Santo tem sido considerado o padroeiro das causas impossíveis.
Devoção no Brasil
A devoção a São Judas Tadeu, no Brasil, teve início na cidade de São Paulo. O povo deu-lhe o título de “o Santo dos desesperados”, expressão de devoção e confiança. A primeira festa de São Judas Tadeu foi celebrada em 28 de outubro de 1940, após a criação da Paróquia dedicada ao Santo em janeiro daquele ano, que teve como primeiro pároco o Padre João Buescher. O Sacerdote mandou que esculpisse uma em madeira, mas o escultor ficou doente e com a proximidade da festa, a imagem acabou sendo fundida em gesso. E mais tarde se tornou oficial na igreja localizada no bairro do Jabaquara, na zona Sul da cidade. Atualmente, mais de 250 mil pessoas visitam o Santuário no dia do Santo. Na sexta-feira, 28, no dia do padroeiro, acontecerão no local (avenida Jabaquara, 2.682, Jabaquara) missas de hora em hora, entre 5h e 17h, e a missa campal solene de encerramento às 20h. (Colaborou Júlia Cabral) Fontes: Cruz Terra Santa, Aleteia, Portal São Judas e Arautos
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Canindé: uma casa ainda portuguesa Joca Duarte
Daniel Gomes
danielgomes.jornalista@gmail.com
O ano de 2016 poderia ser de boas lembranças para os torcedores da Portuguesa, afinal, há duas décadas a Lusa surpreendeu o país com o vice-campeonato do Brasileirão de Futebol de 1996. Também poderia ser o momento para já projetar as comemorações do centenário do clube fundado em agosto de 1920. No entanto, as atenções estão apenas no presente preocupante: após a eliminação na primeira fase do Paulistão da Série A2 e o rebaixamento na Série C do Brasileirão, o clube pode ainda perder a posse do estádio Dr. Oswaldo Teixeira Duarte, o tradicional Canindé. Para quitar dívidas trabalhistas da Portuguesa com ex-jogadores e também com alguns conselheiros, que ultrapassam R$ 150 milhões, a Justiça determinou que a parte da área do clube onde está o Canindé (outra parte do terreno pertence à Prefeitura de São Paulo) seja leiloada em 7 de novembro, com um lance inicial de R$ 154.296.529,68. Na terça-feira, 25, a Portuguesa informou que o leilão foi suspenso após o clube conseguir um efeito suspensivo no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Não bastasse toda essa situação, no dia 10, José Luiz Ferreira de Almeida renunciou ao cargo de presidente do clube.
Tombamento
Na corrida contra o tempo, uma alternativa foi pensada pelos admiradores da Portuguesa: pedir o tombamento do estádio do Canindé, que assim passaria a ser um patrimônio cultural brasileiro. A ideia recebeu o apoio da deputada estadual Clélia Gomes (PHS), que conversou com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) sobre a questão e formalizou o pedido ao Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), vinculado à Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. “Lembrei-me da minha infância, quando meu tio me levava ao estádio para ver jogos e às festas juninas da Portuguesa. Vi as lágrimas dos torcedores e amantes do esporte em reportagens, e isso me atingiu no coração, já que sou moradora da zona Norte. A ideia foi amplamente aprovada pelos torcedores e simpatizantes do clube”, recordou Clélia ao O SÃO PAULO. Em 29 de setembro, o Condephaat aceitou dar início ao processo de análise do tombamento do estádio. Desde então, a Portuguesa precisa entregar em até 60 dias toda a documentação que for solicitada pelo órgão. A entrega da primeira parte da documentação foi feita na terçafeira, 25. No atual estágio do pedido, o leilão do Canindé ainda poderá ser realizado em 7 de novembro, pois, como esclareceu à reportagem o Condephaat, “o estádio do Canindé ainda está na fase que antecede o estudo de tombamento, chamada dossiê preliminar. Somente após
DETALHES SOBRE O POSSÍVEL TOMBAMENTO
Torcedores da Portuguesa mobilizam-se para evitar que o Canindé vá a leilão em novembro
essa etapa, o Condephaat decide se irá ou não abrir estudo de tombamento. O local só estará protegido caso ocorra deliberação positiva do conselho para o estudo de tombamento, e não há previsão para conclusão desse processo”. Caso seja tombado, o estádio ainda poderá ser vendido (veja detalhes ao lado), mas um novo proprietário teria limitações para modificações no local, o que tende a diminuir o interesse pela compra do imóvel.
Patrimônio afetivo
O artigo 216 da Constituição Federal detalha que podem ser considerados parte do patrimônio cultural brasileiro, “os bens de natureza material e imaterial tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”; e segundo a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, “diversos critérios entram em jogo na decisão de tombar ou não um imóvel ou qualquer outro bem, desde o histórico e arquitetônico até o afetivo”. Para os torcedores da Portuguesa, o Canindé tem elementos de sobra que atendem aos requisitos para ser tombado. “A Portuguesa é um patrimônio da cidade de São Paulo, do estado e do país. Foi o espaço de encontro dos imigrantes que contribuíram com a formação de nosso povo, de nossa história. Lembro-me das famílias que se encontravam nas piscinas, se confraternizavam nos quiosques do clube, participavam das inúmeras festas e shows, casos da tradicional festa junina e dos carnavais. No estádio do Canindé, vi jogar craques como Dener, Luiz Pereira, Eneias e muitos outros. Não sei se o tombamento é
a melhor saída, mas por que destruir o que conta um pouco da história da cidade?”, expressou Jefferson Silveira Pereira, 52, torcedor da Lusa e apresentador do programa “Cantares de Além-mar”, na rádio 9 de Julho. Para Ramiro dos Santos Júnior, 46, sócio-patrimonial da Portuguesa e participante do grupo “1 por todos e todos pela Lusa”, formado por torcedores que se uniram para mutirões de limpeza e arrecadação de recursos para melhorias nas estruturas do clube, o tombamento é uma saída necessária diante do risco da perda do estádio. “Somos favoráveis ao tombamento, pois estamos falando de um clube de cem anos. Nossos antepassados se doaram ali para desenvolver o clube, foi erguido quase sem ajuda de governo, foi tudo pela força dos colonizadores portugueses, do pessoal que veio para cá nas décadas passadas”, opinou. Na plataforma Avaaz.org, o torcedor Beto Freire também deu início a uma petição on-line, que já conta com mais de 3 mil assinaturas, pedindo ao Condephaat que aprove o tombamento do Canindé. “Reivindicamos que o Condephaat realize estudos de importância histórica e cultural de todo o complexo da Lusa antes que decisões precipitadas em favor de poucos e contrário ao coletivo sejam tomadas. Entendo que dívidas devem ser quitadas, porém o tombamento histórico impede erros que trazem frustração e prejuízo ao nosso povo”, consta no texto da petição on-line.
alternativa
Segundo informações publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo, no dia 15, um grupo de empresas teria feito uma proposta para a Portuguesa, pela qual o Canindé seria implodido, dan-
• Feita a solicitação formal ao Condephaat, haverá um parecer de seu corpo técnico sobre a solicitação. Depois, esse parecer será enviado a um conselheiro relator, que emitirá seu parecer, para que, então, o Condephaat decida ou não pela abertura do processo de estudo do tombamento (fase atual para o caso do Canindé); • Aberto o processo, fica assegurada a preservação do bem até a decisão final (o local não pode sofrer modificações). Finalizados os estudos, o processo é encaminhado a um conselheiro relator para que esse emita seu parecer. Depois, o processo volta para o Condephaat, que então deliberará sobre o tombamento. Se aprovado, o proprietário é notificado e tem um prazo de 15 dias para contestar a medida. • A última etapa é a efetivação do tombamento, que acontece por meio de uma resolução do secretário da Cultura, publicada no Diário Oficial do Estado. Posteriormente, o bem é inscrito no respectivo livro do tombo. • Um bem tombado pode ser vendido, mas primeiramente deve ser ofertado à União, o estado e o município. Também pode passar por reformas, mas essas são submetidas à aprovação prévia do Condephaat. Fonte: Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo
do lugar a um shopping, um hotel, uma sede social e uma nova arena para 15 mil pessoas. O clube receberia R$ 160 mil à vista e R$ 500 mil para alugar um estádio até a conclusão das obras. O SÃO PAULO procurou a Portuguesa para esclarecer essa questão e saber como o clube tem se mobilizado para impedir a realização do leilão, colaborado para o processo de tombamento do estádio e o que faria para sanar as dívidas pendentes. Em resposta, a assessoria de imprensa manifestou que não teria como fornecer as informações por conta da recente transição da diretoria. Na quinta-feira, 27, o Conselho Deliberativo do Clube se reunirá e é provável que o futuro do estádio seja debatido.
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Brasilândia
Marcos Rubens, Matheus Maciel e Ana Lúcia Contarelli Colaboradores de comunicação da Região
Inspirados em São Frei Galvão para a vivência missionária A Comunidade São Frei Galvão, da Paróquia São Francisco de Assis, no Jardim Guarani, no Setor Pastoral Cântaros, recordou com um tríduo a festa do padroeiro, Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, cuja memória litúrgica foi celebrada na terça-feira, 25. No domingo, 23, a presença missionária nesta comunidade foi renovada com a missa presidida pelo Padre John Lucas, que é sacerdote vicentino e missionário vindo da República Democráti-
ca do Congo, na África. Atualmente, ele mora no Jardim Vista Alegre com mais dois missionários. Partilhando a Palavra de Deus, a partir de sua experiência missionária, Padre Lucas deixou um provérbio de sua terra natal: “Tem olhos, tem nariz; olhos choram, nariz chora”, representando a união do corpo com a Comunidade, que quanto mais antiga, mais unida está com Deus, consigo e com todos aqueles onde se localiza.
Marcos Rubens
Crianças conduzem imagem do padroeiro Santo Antônio de Sant’Ana Galvão
Dimensão Social é destaque em formação da Pastoral da Juventude Padre José Bragheto
Participantes de roda de formação na Comunidade Nossa Senhora de Fátima, no domingo, 23
No domingo, 23, os integrantes da Pastoral da Juventude estiveram reunidos na “Roda de Formação”, na Comunidade Nossa Senhora de Fátima, da Área Pastoral Nossa Senhora em
Sant’Ana, no Setor São José Operário. No encontro, foi abordada a temática da dimensão social, e os participantes puderam refletir sobre como descobrir o valor da diversidade, encarando como cristãos
os preconceitos presentes na sociedade e como todos contribuem para que continuem a existir. A reflexão também foi facilitada com dinâmicas, músicas e debates. “O Cristo que a gente acredita foi uma pessoa política, militante, sempre caminhou com os seus e morreu defendendo os menos favorecidos. Pensando nisso, podemos considerar que é um dever nosso, enquanto cristãos, discutir e refletir a sociedade e qual o nosso papel nela, não de um ponto de vista moralista, mas sim de reconhecer oprimido e opressor, e repensar nossas ações para construir uma sociedade melhor”, afirmou Cristina Cardoso, da coordenação regional da
PJ e também responsável pelo encontro. A atividade teve a presença de membros da Pastoral Operária e da Pastoral Fé e Política, além do Padre José Domingos Bragheto, pároco. As “Rodas de Formação” são uma série de cinco encontros realizados durante o ano pela Pastoral da Juventude na Região Brasilândia, com o objetivo de trabalhar, a partir do Documento 85 da CNBB e da coletânea de livros “Na Trilha do Grupo de Jovens” (ed. CCJ), o jovem integralmente, levando ao seu total desenvolvimento. Até o momento já foram realizados encontros sobre as dimensões pessoal, relacional, teológica e social.
Conselho Regional de Pastoral avalia as ações de 2016 O Conselho Regional de Pastoral (CRP) da Região Brasilândia esteve reunido no sábado, 22, com a participação de padres, lideranças dos setores pastorais e coordenadores de movimentos, novas comunidades e pastorais, junto com Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, e o Padre Reinaldo Torres, coordenador regional pastoral. Na ocasião, foi avaliado positivamente o evento “Kantháros”, realizado em 25 de setembro pelo Setor Juventude da Região, reunindo significativa quantidade de jo-
vens de diferentes expressões. Sobre a peregrinação da imagem de Nossa Senhora Aparecida na Região, foi sugerido que a imagem também visite escolas, asilos, creches, para que não fique somente nas igrejas e comunidades. Também foram recordados alguns eventos que irão acontecer, como a Assembleia Arquidiocesana, em 12 de novembro, das 8h às 13h, na Fapcom, na zona Sul; e o fechamento da Porta Santa da Igreja Nossa Senhora da Expectação, na Freguesia do Ó, em 13 de novembro, às 15h, atividade para a qual Dom Devair
Anderson Braz
Participantes do Conselho Regional de Pastoral junto a Dom Devair Araújo da Fonseca, dia 22
pediu que todos incentivem os paroquianos a participar. Para o encaminhamento das propostas pastorais e calendário de 2017, haverá uma
nova reunião do CRP em 26 de novembro. Já a Assembleia Regional acontecerá no dia 3 de dezembro, às 9h, na Paróquia Santos Apóstolos, no Jardim Maracanã.
Gerson Moreira
Orlando Morais
Na noite do sábado, 22, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, realizou uma visita pastoral e presidiu missa na Comunidade Nossa Senhora de Fátima, da Área Pastoral Nossa Senhora e Sant’Ana, no Setor Pastoral São José Operário, concelebrada pelo Padre José Domingos Bragheto, pároco.
Os leigos da RCC e de novas comunidades realizaram uma vigília e peregrinação à Igreja Nossa Senhora da Expectação, por ocasião do Ano Santo extraordinário da Misericórdia. De madrugada, houve pregações, louvores, adoração ao Santíssimo Sacramento e atendimento de confissões. A atividade terminou com missa presidida por Dom Devair.
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Peterson Prates
Colaborador de comunicação da Região
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Belém
A memória dos mártires renova a esperança Na noite do sábado, 22, na Comunidade Moisés Libertador, no Setor Pastoral São Mateus, aconteceu a Missa dos Mártires, na qual os participantes foram convidados a serem profetas e profetisas do Reino de Deus. “Como fazemos há tantos anos, voltamos de novo às fontes da vida, viemos nos ungir na água e no sangue que jorram de nossos mártires. Deles todos e delas todas fazemos a memória nesta celebração. Eles e elas estão presentes e caminhando ao nosso lado, sempre ressuscitados e ressuscitadas nas lutas do povo. Os mártires estão na nossa alma, vivem ressuscitados nas nossas lutas, nas nossas organizações. Cada um, cada uma, traz dentro de si uma infinidade de homens e mulheres que pelo Reino deram a sua vida”, constava na convocação inicial da missa. A celebração foi presidida pelo Padre Laudimiro de Jesus Borges, mais conhecido como Padre Mirim. Ele comentou que os mártires, os profetas e as profetisas “são parte da nossa história” e herdeiros da vida do mártir Jesus. Foram recordados os rostos de dezenas de mártires, de modo especial o do missionário jesuíta Padre João Bosco Penido Burnier, martirizado há 40 anos. Antes da missa, houve uma mística da luz, representando o próprio Cristo, e também uma análise do atual momento social e político do país. A comunidade, em caminhada, ainda recordou o êxodo do povo hebreu, que, liberto da opressão do Egito, caminhou rumo à terra prometida. (Colaborou Liz Marques)
Comunidade Moisés Libertador
Padre Laudimiro de Jesus Borges preside Missa dos Mártires na Comunidade Moisés Libertador, no sábado, 22
Gestão administrativa das paróquias é destaque na reunião do clero Peterson Prates
Dom Luiz Carlos Dias conduz reunião do clero atuante na Região Episcopal Belém, dia 19
Padres e diáconos atuantes na Região Belém participaram no Centro Pastoral São José, no dia 19, da reunião mensal do clero com Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese na Reunião.
Inicialmente, houve uma formação presbiteral, conduzida pelo Cônego Celso Pedro e pelo Padre Edênio Valle, sobre as relações afetivas, sob uma perspectiva bíblica, psicológica e antropológica.
Na sequência, Dom Luiz Carlos comentou sobre a importância de fortalecer os setores pastorais, para que sejam “espaços de participação”, e lembrou a importância de os padres e as lideranças leigas participarem da assembleia regional, um momento de confraternização e de projetar o agir pastoral do próximo ano. O Diácono Marcos Antônio Domingues apresentou ao clero o projeto de reengenharia administrativa paroquial, que visa a dar mais controle e transparência para a administração paroquial. No contexto dessa iniciativa, o Bispo motivou a criação de conselhos de assuntos econômicos nas paróquias “que, de fato, trabalhem” e “que possam contribuir com a administração paroquial”; e estimulou a formação dos
leigos para que possam contribuir com esse processo de renovação da administração paroquial. Na reunião também foram eleitos os dois sacerdotes que representarão a Região no conselho de presbíteros da Arquidiocese: o Cônego Walter Caldeira e o Padre Márcio Leitão.
AGENDA REGIONAL Próximas peregrinações à Porta Santa da Igreja-santuário Nossa Senhora do Sagrado Coração (avenida Renata, 01, Vila Formosa): 29/10, às 7h30 - Legião de Maria (Congresso Legionário) 29/10, às 14h30 - Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto 06/11, às 15h - Paróquia Sagrada Face
Paróquia São Paulo Apóstolo
Comunidade São João Paulo II
Paróquia São Miguel Arcanjo
Os catequistas da Paróquia São Paulo Apóstolo, do Setor São Mateus, reuniram-se no sábado, 22, na Comunidade Nossa Senhora da Paz, para uma formação sobre o processo de Iniciação à Vida Cristã à luz do Itinerário Catequético, ministrada pelo Diácono Marcelo Brito, assessor eclesiástico da Iniciação à Vida Cristã da Região Belém.
A Comunidade São João Paulo II festejou seu padroeiro com missa, palestra com o teólogo Carlos Mario Vásquez Gutiérrez e um momento de espiritualidade com os jovens. No domingo, 23, houve a missa solene, presidida pelo Padre Carlos Mariano. A memória litúrgica de São João Paulo II foi recordada no dia 22 de outubro.
No domingo, 23, aconteceu o retiro dos catequistas da Paróquia São Miguel Arcanjo, no Setor Pastoral Conquista, com o tema “Maria, mãe da misericórdia”. Participaram do retiro - assessorado pelos missionários do Sagrado Coração, Elinaldo Assunção e o Diácono Sandro Santos - 32 catequistas da Paróquia.
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Santana Setor Tucuruvi peregrina à Porta Santa da Igreja Sant’Ana
Diácono Francisco Gonçalves
Colaborador de comunicação da Região
As nove paróquias que constituem o Setor Pastoral Tucuruvi (Menino Jesus, Nossa Senhora dos Prazeres, São Paulo Apóstolo, São Camilo de Lellis, Santa Terezinha do Menino Jesus, Nossa Senhora das Neves, Sagrado Coração de Jesus, Nossa Senhora da Luz e Santo Antônio) realizaram, no domingo, 23, na Igreja Sant’Ana, sua peregrinação à Porta Santa por ocasião do Jubileu extraordinário da Misericórdia. Os fiéis que chegavam à celebração tinham oportunidade de receber o sacramento da Reconciliação, ministrado por seus párocos, que os acompanhavam. Antes de passarem pela Porta Santa, todos foram acolhidos no pátio diante da igreja por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana,
que lhes orientou sobre o sentido do ato. Em seguida, os peregrinos adentraram no templo pela Porta Santa, sendo aspergidos com água benta, e participaram da missa presidida por Dom Sergio. “São centenas de corações conectados na mesma fé, unidos em amor e gratidão a um Deus que é só misericórdia. Eles participam da Eucaristia e, em uníssono, oram e cantam seus louvores ao Senhor da vida! Inesquecível...”, disse, comovida, Leila Rodrigues, coordenadora da Catequese da Paróquia Santo Antônio, ao final da celebração. “A missa e a passagem pela Porta Santa estavam cheias da presença do Pai, Filho e Espírito Santo”, expressou Ubaldo Almeida de Oliveira, da Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres.
Diácono Francisco Gonçalves
Dom Sergio caminha com peregrinos do Setor Tucuruvi à Porta Santa da Igreja Sant’Ana, dia 23
Anjos da Luz: jovens evangelizando jovens Paróquia São Francisco Xavier
Há 11 anos, grupo Anjos da Luz dissemina a fé entre os jovens na Paróquia São Francisco Xavier Diácono Francisco Gonçalves
Os funcionários da Cúria de Santana estiveram em retiro, no dia 19, na Abadia de Santa Maria, com pregação de Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região. Reprodução
O Grupo de Jovens Anjos da Luz, da Paróquia São Francisco Xavier, no Setor Pastoral Medeiros, há 11 anos atua na missão de evangelizar outros jovens. Entre os trabalhos, sob a orientação do Padre Jorge da Silva, pároco, estão: catequese de Crisma; visitas às casas, levando o Evangelho; novenas; vigílias; retiros, ajuda a outras pastorais e a realização anual do “Evangelize Show”, evento que neste ano teve cerca de 200 espectadores e foi realizado com o objetivo de evan-
gelizar por meio da arte, contando com bandas, apresentações de teatro, danças e poesias. “O trabalho do grupo mostra como as pequenas sementes germinam e chegam a atingir mais de 80 jovens em toda a Paróquia e nas comunidades. É bom ver que há jovens dispostos a lutar por algo melhor e preocupados em mostrar a outros jovens que é possível, sim, ter uma vida diferente”, afirmou Padre Jorge. Diácono Francisco Gonçalves
Dom Sergio de Deus Borges participou da reunião dos padres e diáconos atuantes no Setor Medeiros, no dia 18, na Paróquia Santa Zita e Nossa Senhora do Caminho. Ficou acertada a missa de recepção da imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida, no Setor Medeiros, na praça em frente à Paróquia São José Esposo de Maria, no dia 25 de janeiro de 2017, às 15h. Em 25 de fevereiro de 2017, às 17h, acontecerá a missa do encerramento regional da peregrinação da imagem da Padroeira do Brasil, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida do Edu Chaves. Diácono Francisco Gonçalves
O Colégio Padre Moye, no bairro do Limão, acolheu, com missa presidida por Dom Sergio de Deus Borges, na quinta-feira, 20, a chegada da imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida à Região Santana.
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Benigno Naveira
Colaborador de comunicação da Região
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Lapa
Dom Julio incentiva associados do Apostolado da Oração à prática da caridade Tony Donomai
Associados do Apostolado da Oração durante missa presidida por Dom Julio, dia 19
No dia 19, a Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, no Setor Pastoral Pirituba, sediou o encontro anual do Apostolado da Oração da Região Episcopal Lapa. Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, presidiu a missa do encontro, concelebrada pelo Padre Geraldo Pedro dos Santos, pároco.
O Bispo, na homilia, exortou os associados do Apostolado da Oração a combater o mal com o bem, amando o próximo, com a caridade que faz a justiça na plenitude, pois a justiça sozinha não é o suficiente. Motivou, ainda, que peçam ao Sagrado Coração de Jesus “que faça nosso coração semelhante ao vosso, para alcançarmos a graça e a misericórdia divina”.
Encontro reforça que Igreja sempre acolhe casais em segunda união A Pastoral Familiar da Região Episcopal Lapa, com a coordenação-geral do Padre Raimundo Rosimar Vieira da Silva, realizou entre os dias 22 e 23, na Paróquia São Domingos Sávio, no Setor Pastoral Pirituba, o 1º Encontro de Casais de Segunda União. Aos 22 casais participantes foram tratados, em palestras, os seguintes temas: “Porque estamos aqui”, “Sentido da vida”, “Bom Pastor”, “O Amor de Deus”, “Minha Vida em Jesus Cristo”, “Conversa com Nossa Senhora”, “A Proposta da Igreja” e “Relacionamento Familiar”. Em conversa com a Pastoral da Comunicação da Região Lapa, o Padre
Raimundo destacou a importância da inclusão desses casais na vida pastoral da Igreja e ressaltou que não existe na Igreja fiéis de “segunda categoria”, uma vez que todos são iguais perante Deus. Ainda segundo o Padre, os “recasados” carregam marcas de discriminação religiosa de todo tipo. “Cabe a nós, pastores de almas, suavizar este fardo pesado, inspirados no Cristo Bom Pastor”, afirmou. Lenise Magalhães de Castro e Helio Chaves de Castro, leigos atuantes na Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres, na Região Episcopal Santana, vivem em segunda união há mais de 30 anos. Eles Mariana Al Zaher
Benigno Naveira
Dom Julio Endi Akamine com participantes do 1º Encontro de Casais de Segunda União
palestraram no evento. “Passamos para estes casais a importância de eles estarem aqui, que a Igreja está de portas abertas para recebê-los, que tenham fé e consciência disso, e que não saiam da Igreja,
AGENDA REGIONAL
Os fiéis da comunidade Santa Tereza D’Avila, pertencente à Paróquia São José Operário, no Setor Pastoral Rio Pequeno, vivenciaram neste mês a festa da padroeira. No dia 15, na memória litúrgica da Santa, Dom Fernando José Penteado, bispo emérito de Jacarezinho (PR), presidiu a missa solene, na qual também se fez memória ao Dia dos Professores. Concelebrou o Padre Raimundo Ribeiro Martins, pároco.
Horário e paróquias responsáveis pelas missas de finados, em 2 de novembro, na capela do Cemitério Municipal da Lapa (rua Bergson, 347, Vila Leopoldina): 8h - Paróquia Dom Bosco 10h - Região Lapa, missa presidida por Dom Julio 11h - Paróquia Rainha da Paz 15h - Paróquia Santo Estevam Rei 17h - Paróquia Nossa Senhora de Lourdes
que fiquem satisfeitos com nossa Igreja, que participem”, afirmaram, destacando que, com o Papa Francisco, as portas da Igreja estão ainda mais abertas aos casais em segunda união. Outros casais que participaram do encontro manifestaram contentamento com o evento e disseram que se sentiram acolhidos pela Igreja para continuarem no caminho da evangelização. O encontro foi encerrado com a celebração eucarística presidida por Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, concelebrada pelo Padre Raimundo, com a participação do Diácono Tercio Rodrigo Santos da Silva. O Padre agradeceu a presença do Bispo e parabenizou os organizadores da atividade e os casais participantes.
Benigno Naveira
Benigno Naveira
Entre os dias 18 e 20, aconteceu a Semana Catequética, reunindo os setores Lapa e Leopoldina na Paróquia Nossa Senhora da Lapa, com a presença de Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região.
Os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão tiveram um dia de formação no sábado, 22, na Paróquia São Patrício, no Setor Pastoral Rio Pequeno, orientados pelo psicólogo Valmir Silva, secretário paroquial.
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Ipiranga Amoris Laetitia é tema de seminário
Angela Alonso e Eduardo Paludette Colaboração especial para a Região
A Exortação Apostólica Pós-Sinodal Amoris Laetitia, do Papa Francisco, foi objeto de estudo e reflexão de um seminário promovido no campus Ipiranga, da PUCSP, durante oito terças-feiras, entre 23 de agosto e 18 de outubro, pela Paróquia Imaculada Conceição do Ipiranga e a Comunidade Católica Sagrada Família (CCSF). Promulgada pelo Santo Padre em 19 de março de 2016, a Exortação apresenta as conclusões das duas assembleias do Sínodo dos Bispos, realizadas em 2014 e 2015, nas quais se discutiu a vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo. O Seminário foi iniciado com uma palestra de Ítalo Fasanella, fundador da Comunidade Católica Sagrada Família, que apresentou aspectos gerais da Amoris Laetitia e a contextualizou no percurso histórico do Magistério da Igreja Católica sobre a família, com destaque para o Concílio Vaticano II, a Exortação Familiaris Consortio, de São João Paulo II, e as encíclicas de Paulo VI (como a Humanae Vitae).
No segundo encontro, Padre Boris Nef, pároco da Paróquia Imaculada Conceição, tratou do Capítulo 1, “À Luz da Palavra”, meditando como a Escritura Sagrada se revela uma “companheira de viagem” de todas as famílias (AL, 22). Padre Boris participou mais uma vez, ao lado do Padre Israel Mendes, para abordar o Capítulo 6, sobre “Algumas perspectivas pastorais”, em que o Papa Francisco delineia prioridades da Igreja e, em particular, das paróquias e dos leigos envolvidos na evangelização das famílias. Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, palestrou sobre o Capítulo 9, que trata da “Espiritualidade Conjugal e Familiar”. Falou também sobre as várias facetas da comunhão de amor que deve estar no centro da vida conjugal. Alguns casais também fizeram palestras, como Mauro e Sandra da Conceição, que compartilharam as reflexões sobre os capítulos “A Realidade e os Desafios das Famílias” e “A Vocação das Famílias”; Fer-
Angela Alonso
Participantes das oito noites de estudos sobre a Exortação Apostólica Amoris Laetitia
nando e Sandra Capobianco, que apresentaram os capítulos sobre “O Amor que se Torna Fecundo” e “Reforçar a Educação dos Filhos”. O Capítulo 4, sobre “O Amor no Matrimônio”, devido à sua grande extensão, foi dividido em duas partes, sendo discutido em duas noites. A primeira parte ficou sob a responsabilidade de Sílvio Toni (cofundador da CCSF) e a segunda parte foi apresentada por Gustavo Santos.
No último encontro do seminário, o Monsenhor Sérgio Tani, pároco da Paróquia Bom Jesus do Brás, na Região Sé, e Doutor em Direito Canônico, tratou do pedido de “Acompanhar, Discernir e Integrar a Fragilidade” do Capítulo 8, como um exigente chamado a empenhar esforços para oferecer um acompanhamento realmente individualizado e efetivo das famílias nas diversas situações desafiadoras em que se encontram.
Em missa, fiéis enaltecem atuação de cristãos martirizados Eduardo Paludette
37ª Missa dos Mártires, no domingo, dia 23
No domingo, 23, ocorreu a Missa dos Mártires na Comunidade Santa Ângela, na Área Pastoral São Paulo, no Heliópolis. A celebração acontece anualmente desde 1980 e surgiu por iniciativa da Pastoral Operária e de outras pastorais para relembrar a vida do operário Santo Dias da Silva, assassinado em 30 de outubro de 1979, e de outros cristãos martirizados. Participaram da celebração o Padre Bernard Hervy, assessor espiritual do Movimento dos Trabalhadores Cristãos; o Padre José Manoel Belo, CSSR, que acompanha a Comunidade Santa Ângela; além
de leigos da Pastoral Operária, da Casa da Solidariedade, da Escola de Fé e Política de Heliópolis e leigos de comunidades. Na procissão de entrada, foram conduzidos os símbolos dos trabalhos pastorais da Comunidade Santa Ângela (Pastoral da Criança, Pastoral da Catequese, Reforço Escolar, Dízimo e Liturgia). A entrada da Bíblia foi outro ponto marcante da celebração, assim como no ofertório, quando entraram cartazes recordando seis mártires: Santo Dias da Silva, Irmã Dorothy Stang, Margarida Maria Alves, Beato Oscar Romero, índio Marçal e Zumbi dos Palmares. Padre Bernard, na homilia, interligou
Sé
a justiça, mencionada nas leituras, com o Dia Mundial das Missões e os mártires, aqueles que levaram até a última consequência a busca pela justiça de Deus. O Padre, que conheceu pessoalmente Santo Dias, lembrou que ele era metalúrgico, atuante na Pastoral Operária, nas CEBs e ministro da Eucaristia. A fala do Papa Francisco sobre os mártires, feita na homília do dia 18 na capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, também foi lembrada na Missa dos Mártires: “Morrer como mártires, como testemunhas de Jesus, é a semente que morre e dá fruto e enche a terra de novos cristãos”.
REDAÇÃO
osaopaulo@uol.com.br
Jovens estrelas brilham na ‘Noite de Talentos’ Em 8 de outubro, aconteceu na Paróquia Santa Cecília, na região central da cidade, a 5ª edição da “Noite de Talentos”, um projeto da Pastoral da Animação Bíblico-Catequética que integra os catequistas do Batismo, Primeira Eucaristia, Jovens e Adultos e outros membros da comunidade paroquial. A iniciativa surgiu quando um grupo de catequistas, reunidos em oração, meditava sobre a parábola dos talentos (Mt 25,14-30), e percebeu os talentos como os dons recebidos gratuitamente de Deus, que não devem ser enterrados, mas partilhados com os outros, para que todos possam descobrir e desenvolver os talentos que possuem. Nessa edição, dois catequistas realizaram a apresentação da “Noite de Talen-
tos” e outras cinco pessoas fizeram parte do júri que escolheu como vencedores (não foram informados seus sobrenomes): Kamilly, 1º lugar, canto; Ana Letícia, Luana e Giovana, 2º lugar, dança; e Júlia Vitória, 3º lugar, com uma apresentação de sapateado. Um momento marcante foi a apresentação do jovem João, do Movimento Fé e Luz, que proporciona a Catequese para pessoas com deficiência. Para Cônego Alfredo Nascimento Lima, pároco, a “Noite de Talentos” é uma oportunidade para as crianças desenvolverem seus dons. Também para o Padre Wellington Laurindo, vigário paroquial, que esteve no evento pela primeira vez, “é muito importante colocar para a comunidade os talentos que exis-
Paróquia Santa Cecília
‘Noite de Talentos’ mobiliza catequistas, crianças e jovens da Paróquia Santa Cecília, dia 8
tem nas crianças. Pelo número de pessoas da comunidade que veio prestigiar o evento, esse projeto jamais deverá parar de acontecer”, comentou. Para os integrantes da Comissão Catequética da Paróquia Santa Cecília, a
“Noite de Talentos”, ao integrar-se com outras pastorais, sai da dimensão Bíblico-Catequética para vivenciar a Igreja como o corpo místico de Cristo. (Com informações da Comissão Catequética da Paróquia Santa Cecília)
www.arquisp.org.br | 26 de outubro a 1º de novembro de 2016
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Na Semana de Direito Canônico, Cardeal ressalta valorização da família Luciney Martins/O SÃO PAULO
Nayá Fernandes
nayafernandes@gmail.com
Começou na segunda-feira, 24, e segue até quinta-feira, 27, a II Semana de Direito Canônico, promovida pela Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo. O evento reúne cerca de 90 participantes, no campus Ipiranga da PUC-SP. Na abertura, o decano da Faculdade, Cônego Martin Segú Girona, recordou a primeira semana que aconteceu em 2015, na qual estudaram os processos especiais das causas matrimoniais. Este ano o tema central é “Come una madre amorevole”, carta apostólica em forma de Motu Proprio, do Papa Francisco, sobre o exercício do múnus episcopal. “Os frutos da primeira semana estão ainda aparecendo. E, dessa vez, acolhemos a sugestão dos mestrandos e doutorandos para falar sobre o Sínodo Extraordinário da Família e a Exortação Pós-Sinodal Apostólica Amoris Laetitia. Para isso, convidamos um dos participantes mais ativos das assembleias sinodais, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, grão-chanceler da Faculdade”, disse Cônego Segú. Padre Carlos Roberto Santana da Silva, vice-decano da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo, e Padre Jean Rafael Eugenio Barros, secretário-geral da Faculdade, falaram sobre a Amoris Laetitia e o Cônego Segú falou especificamente sobre os artigos do 2 ao 5 da Carta Apostólica “Come una madre amorevole”. Rio Grande do Sul, Ceará, Minas Gerais, Espírito Santo, a capital e o interior do estado de São Paulo estavam representados pelos participantes, a maioria
Dom Odilo fala sobre a origem do Sínodo dos Bispos e as últimas assembleias sinodais sobre a família, que aconteceram em Roma, na Itália
composta por sacerdotes, mas com a presença crescente de leigos que atuam nos tribunais ou estão aprofundando as questões de direito canônico, conforme informou Mayre Celina Golias, secretária da Faculdade.
Sínodo dos bispos e foco na família
O Cardeal começou sua palestra falando sobre a história do Sínodo. Ele lembrou a carta apostólica, sob a forma de Motu Proprio, Apostolica Sollicitudo, na qual o então Papa Paulo VI, ainda durante o Concílio Vaticano II, instituiu o Sínodo dos Bispos. Dom Odilo enfatizou que um dos objetivos do Sínodo é o de que a Igreja tenha mais conhecimento sobre as questões eclesiais em todo o mundo. “Porém, o Sínodo é consultivo e, se tiver alguma questão doutrinal a ser definida, o Papa deliberará posteriormente às assembleias, que podem
ser ordinárias, extraordinárias ou especiais. Na prática, há as apresentações das propostas, a votação delas e, se for alcançado dois terços dos votos, serão então encaminhadas como propostas válidas”, explicou. Para o Arcebispo, participar do Sínodo é viver um grande exercício de escuta, pois cada bispo e o papa escutam as contribuições dos demais sobre o tema proposto. No segundo momento da sua palestra, Dom Odilo falou especificamente sobre as assembleias do Sínodo da Família. “A escolha do tema família está relacionada a uma preocupação mais ampla da Igreja sobre a evangelização. A família não é importante só para a Igreja, ela é importante para o ser humano, para a comunidade humana e, com este Sínodo, o Papa quis dizer que devemos valorizar o que há de bom em cada família. Incluir sempre a família na vida e na missão da Igreja.”
O Arcebispo de São Paulo frisou também a importância de os padres priorizarem, em suas paróquias, a preparação para o Matrimônio. “É preciso ajudar os jovens a se despertarem para a beleza do casamento e começarem a viver a evangelização a partir das famílias.”
Sobre o Curso de Mestrado da Faculdade de Direito Canônico
A Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo oferece, num total de seis semestres, a obtenção do título de mestre em Direito Canônico. O curso é aberto a todos os que possuem diploma universitário, mas aqueles que não têm graduação em Teologia precisam fazer uma complementação na área teológica. Mais informações pelos telefones (11) 2062 2236 ou (11) 2062 5181.
Pastoral da Saúde articula cidadãos em defesa do SUS Luciney Martins/O SÃO PAULO
Fernando Geronazzo
osaopaulo@uol.com.br
Com o objetivo de articular a sociedade civil na fiscalização da gestão pública de saúde, a Pastoral da Saúde da Arquidiocese de São Paulo iniciou um trabalho conjunto com representantes de sindicatos, dos conselhos estadual e municipal de saúde e fóruns populares de saúde da cidade. A primeira reunião foi realizada no dia 15, na Faculdade Zumbi dos Palmares, na região central. No encontro, foi apresentado um panorama geral do Sistema Único de Saúde (SUS) na Região Metropolitana de São Paulo e levantadas questões sobre como supervisionar concretamente sua gestão. Para o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo (Simesp), Eder Gatti, que participou da reunião, as pessoas precisam assumir a saúde como um direito seu e não desistir do SUS. “O cidadão que vai a uma unidade e não encontra o atendimento necessário, tem que buscar os seus direitos, questionando os gestores públicos.
Membros da Pastoral da Saúde e de movimentos participam de encontro sobre gestão da saúde
A melhor forma de fazer isso é estando agregado a algum coletivo”. O Médico ressaltou que é muito importante iniciativas como essa que agregam diversos movimentos que militam na mesma área. “Ainda mais neste momento em que vivemos, no qual o poder público tem muita dificuldade em financiar a saúde, que tem deixado, muitas ve-
zes, a população desassistida. A sociedade precisa se organizar para fazer valer o direito constitucional da saúde pública.” Nesse sentido, o presidente do Simesp destacou que existe uma questão conjuntural bastante preocupante. “As prefeituras não estão pagando, estão fechando leitos. Se pegarmos os grandes hospitais de São Paulo, sejam eles mu-
nicipais ou estaduais, encontramos uma média de 20% dos leitos fechados”, disse o médico, explicando que isso se deve à falta de profissionais e de insumos. “O sistema não está sendo bem financiado e muito menos bem administrado. Essa conjuntura frágil é preocupante.” De acordo com o Padre João Inácio Mildner, assistente eclesiástico da Pastoral da Saúde da Arquidiocese e capelão do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, além da dimensão religiosa, assistencial e formativa, também é missão da Pastoral participar das discussões para a implementação de políticas públicas de saúde. Ele afirmou, ainda, que essa participação permite que os demais profissionais e agentes da saúde conheçam o trabalho da Igreja, bem como sua Doutrina Social. “Esse é o espaço ideal para falar sobre tais realidades. Nós temos usuários, trabalhadores, pessoas interessadas no assunto e que têm um poder de ação muito grande quando estão reunidas. Queremos motivar a população a assumir a sua história dentro da cidade de São Paulo”, disse o Padre.
24 | Geral |
26 de outubro a 1º de novembro de 2016 | www.arquisp.org.br
Ser missionário na família e nos confins do mundo Luciney Martins/O SÃO PAULO
Na Arquidiocese de São Paulo, Dia Mundial das Missões foi celebrado com missa na Catedral da Sé, no domingo, 23 Edcarlos Bispo
edbsant@gmail.com
“Nunca podemos ser uma Igreja que se considera pronta” e, por isso, só se preocupa em cuidar e evangelizar os fiéis que possui. Esse alerta, feito pelo Cardeal Odilo Scherer, no domingo, 23, no Dia Mundial das Missões, chama a atenção dos fiéis para que a Igreja nunca perca o seu ardor missionário. O Arcebispo recordou que a ação missionária segue o mandato de Jesus Cristo, de ir ao encontro das pessoas, daquelas que estão longe e em dificuldade: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). É preciso pensar, conforme alertou Dom Odilo, que muitos ainda não ouviram a Boa-Nova. Por isso, os missionários se fazem importantes. Assim como na formação da cidade de São Paulo, com o Padre Manoel da Nóbrega e o jovem Anchieta, hoje São José de Anchieta, é necessário reconhecer a importância da ação missionária. “Na sua mensagem, o Papa Francisco nos ajuda a compreender que a ação missionária é testemunho da misericórdia de Deus para com a humanidade; esta é uma dimensão fundamental da missão da Igreja. Quando os missionários chegam a algum lugar, eles sempre realizam trabalhos relacionados à caridade e à misericórdia: cuidar dos doentes, assistir os pobres, promover a educação, desenvolver projetos para superar a fome ou a falta de saúde e de habitação”, escreveu o
Crianças e adolescentes da IAM participam da celebração e entram com faixas e cartazes ressaltando seu carisma e vivência missionária
Cardeal em mensagem publicada naquele domingo no folheto litúrgico Povo de Deus em São Paulo. “Temos que pensar: Quantos ainda não ouviram a Boa-Nova do amor misericordioso de Deus para com todos? Quantos ainda têm medo de Deus? Quantos ainda não conhecem a misericórdia de Deus?”, questionou o Cardeal, lembrando que o missionário está incumbido de levar a Palavra de Deus e a misericórdia para todas essas pessoas. “Recomendo, pois, que hoje todos rezem, de modo muito especial, pelos missionários em dificuldades e em situações difíceis, em países ou regimes nem sempre abertos ao Evangelho; há missionários perseguidos, sequestrados, prisioneiros e até ameaçados de martírio. Outros trabalham com poucos recursos e em meio a grandes carências materiais
para realizarem seu trabalho missionário. Rezemos por eles.”
Ser missionário na família
Dom Odilo recordou que é preciso dar importância ao ser missionário dentro da própria casa e da família. A transmissão da fé começa em casa, quando se ensina as crianças a fazerem o sinal da cruz, ou quando a família vai à Igreja pedir o Batismo, por exemplo. Para o Cardeal, é preciso passar de uma geração para outra a fé cristã.
Infância e adolescência missionária
Para a Secretária da equipe estadual da Infância e Adolescência Missionária (IAM), Geize Costa dos Santos, 22, a celebração foi um momento de fortalecer a caminhada e reforçar tudo o que as
crianças e os adolescentes escutam todo o ano sobre missão. Para ela, a IAM reforça a importância do ser missionário e mostra para as crianças e os adolescentes que eles também podem ser assim. “Crianças que evangelizam outras crianças, adolescentes que evangelizam outros adolescentes.” A IAM baseia-se em oração, sacrifício e solidariedade. Além da missão local, as crianças e os jovens são convidados a cotidianamente rezar pelas crianças e adolescentes do mundo todo, além de guardarem pequenas quantias em um cofrinho para que esse valor seja doado em favor das obras missionárias. Geize afirmou que precisamos recordar que todos os católicos batizados são missionários e, por isso, precisam assumir a tarefa de levar o Evangelho até os confins do mundo.
Cáritas Arquidiocesana participa da campanha ‘S.O.S Haiti Furacão’ Redação
osaopaulo@uol.com.br
Em sintonia com os apelos do Papa Francisco, da CNBB e da Cáritas Brasileira, a Arquidiocese de São Paulo lançou a Campanha de Solidariedade às vítimas do furacão que deixou rastros de devastação total no Sul do Haiti no dia 4 de outubro. Mais de 1 milhão de pessoas foram afetadas pelo furacão Matthew. De acordo com levantamentos feitos pela Cáritas Haiti, o número de mortos alcança mais de mil pessoas, e cerca de 15,5 mil foram retiradas de suas casas. O furacão agravou ainda mais as consequências do terremoto de janeiro de 2010, o maior da história do país pobre das Américas. Em carta enviada a toda a Arquidiocese, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, conclamou todas
as paróquias, comunidades, congregações, colégios e pessoas de boa vontade “para a realização de uma grande corrente de oração em memória de tantas mães, pais e filhos falecidos nesta tragédia, e uma generosa doação em dinheiro em favor do Haiti”. A campanha está sendo coordenada pela Cáritas Arquidiocesana de São Paulo, que disponibilizou uma conta bancária, cujos fundos serão repassados para
a Cáritas Brasileira, que enviará a ajuda ao Haiti. Os recursos arrecadados serão destinados para ações de urgência (água potável, alimentos, cobertores, kits de higiene, lonas e tendas) e será dada prioridade a pessoas em abrigos improvisados, mulheres grávidas, crianças e adultos com deficiência física. O apoio também ajudará na reconstrução de casas, escolas e outras estruturas que possam melhorar as condições de vida da população. Como doar As doações devem ser feitas em nome da Cáritas Arquidiocesana de São Paulo: CNPJ 62.021.308/0001-70 Banco ITAÚ Agência: 0057 Conta Corrente: 17.627-3 Outras informações pelo telefone (11) 4873-6363 ou via e-mail: caritassp@caritassp.org.br
A Caritas Internationalis lançou um apelo internacional em auxílio às comunidades afetadas, destinando 250 mil euros para o atendimento às vítimas. Nesta fase de atendimento emergencial, a Cáritas Haiti está atuando junto às comunidades atingidas nas cidades de Jérémie e Les Cayes, no Sudoeste do país, e em Jacmel e Nippes, a Oeste e Noroeste. A prioridade de atendimento nos abrigos improvisados é dada às mulheres grávidas, às crianças e aos adultos com deficiências físicas. Já a Catholic Relief Services (CRS), que possui sede nos Estados Unidos e também integra a confederação Cáritas, está atuando em Les Cayes e em outros países do Caribe também afetados pelo furacão. A Comunidade Missão Belém, originária da Arquidiocese de São Paulo, também desempenha um trabalho no Haiti desde o terremoto de 2010.