O SÃO PAULO - 3128

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 61 | Edição 3128 | 16 a 22 de novembro de 2016

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Arquidiocese encerra o Ano Santo da Misericórdia

Encontro com o Pastor Cardeal Scherer fala sobre as ‘urgências da evangelização na cidade’

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Página 3

Editorial Liberdade religiosa é fundamental para o bem de todos Página 2

Espiritualidade Dom Eduardo: O diálogo aproxima católicos e luteranos Página 6

12º Plano apresenta família como nova urgência pastoral Página 11

Paróquia na zona Noroeste é dedicada à Santíssima Trindade Dom Odilo passa pela Porta Santa da Catedral da Sé antes da missa de encerramento do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, dia 13

A Arquidiocese de São Paulo, assim como as dioceses em todo o mundo, realizou no domingo, 13, o encerramento, em âmbito arquidiocesano, do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, com celebrações nas igrejas com portas santas. Em entrevista ao O SÃO PAULO, o Cardeal Scherer co-

mentou que este jubileu deixa para a Arquidiocese um legado de evangelização e de ação pastoral. No domingo, 20, o Arcebispo de São Paulo participará da conclusão do Ano Santo, no Vaticano, que será feita pelo Papa Francisco. Páginas 15, 19, 20, 21, 22 e 24

Relatório aponta ameaças à liberdade religiosa em diferentes partes do mundo A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre divulga na quarta-feira, 16, em São Paulo, a 13ª edição do Relatório da Liberdade Religiosa no Mundo. O documento é elaborado a cada dois anos e aponta para questões relacionadas a

Luciney Martins/O SÃO PAULO

esse tema que incidem em grupos religiosos de 196 países. No Brasil, a maioria dos casos de discriminação religiosa foi constatada contra membros das religiões de matriz africana. Páginas 12 e 13

Matriz da nova Paróquia Santíssima Trindade

Os católicos do Recanto dos Humildes, bairro da periferia de São Paulo, celebraram no sábado, 12, a criação da Paróquia Santíssima Trindade, na Região Episcopal Brasilândia, durante missa presidida pelo Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano. Página 18


2 | Ponto de Vista |

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Editorial

Uma liberdade fundamental

A

Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) está lançando mais uma edição de seu Relatório “Liberdade Religiosa no Mundo”. Em outras épocas, a leitura desse relatório surpreenderia o brasileiro médio, pouco acostumado a tratar com casos de intolerância e perseguição religiosa em nosso país. Infelizmente, a ação de grupos religiosos extremistas (ou hiperextremistas, para usar a nomenclatura do relatório) fez com que a perseguição e os conflitos religiosos se tornassem conhecidos no mundo todo. A questão religiosa vem sendo usada para justificar conflitos, perseguições e a violência em todo o mundo, mas particularmente no Oriente Médio. Maior desastre humanitário da atualidade, o drama dos milhares de refugiados dispersos pelo mundo tem

a perseguição religiosa como principal causa. Nos países ricos ou que não sofrem perseguição religiosa violenta, o medo dos ataques terroristas e do peso econômico, cultural e político da acolhida aos refugiados tem impulsionado movimentos xenófobos e novas violações dos direitos humanos. De um modo ou de outro, a intolerância religiosa faz suas vítimas pelo mundo, pois as sociedades democráticas que não aceitam acolher refugiados destroem, sem se darem conta, a solidariedade e a convivência cívica que permitem a existência da própria democracia. Nesse quesito, o Brasil tem dado um bom exemplo de alcance internacional. Somos uma nação que procura acolher os refugiados vítimas de perseguição religiosa e integrá-los em nossa sociedade. Infelizmente, o volume de

refugiados e a falta de recursos levam a situações inaceitáveis do ponto de vista humanitário e até legal, mas, no conjunto, ainda somos um dos países mais abertos aos refugiados em todo o mundo. Talvez para surpresa de muitos, o trabalho da ACN relata casos de intolerância religiosa, alguns até violentos, também no Brasil. Entre nós, estatisticamente, as maiores vítimas de episódios de violência religiosa são os adeptos de religiões afro-brasileiras (provavelmente uma reminiscência de injustiças históricas) e os muçulmanos (erroneamente confundidos com os extremistas do Oriente Médio). Mas até o catolicismo, religião majoritária no Brasil, foi vítima de ataques extremistas. O relatório lembra que a liberdade religiosa caminha junto com o de-

senvolvimento humano e econômico em todo o mundo. Ela pode ser vista como um termômetro das condições que cada cidadão tem para construir sua vida e procurar a realização pessoal. Países com liberdade religiosa são mais prósperos, e suas populações têm mais qualidade de vida do que países correlatos que não praticam essa liberdade. Ao fazer um relatório não só sobre a perseguição sofrida pelos cristãos, mas sobre as perseguições a todas as religiões, a ACN nos ajuda a compreender nosso papel no mundo, pois a vocação cristã é o amor e o serviço a todos. Evidentemente, temos que apoiar e defender nossos irmãos cristãos que sofrem perseguição, mas Deus nos quer a serviço de todos, capazes de um abraço de acolhida a todos.

Opinião

A fraternidade e os direitos humanos

Arte: Sergio Ricciuto Conte

Ricardo Gaiotti Silva A fraternidade é um tema que está presente em diversas constituições modernas. Com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, ela obteve seu reconhecimento, tornando-se um objetivo de fundamental importância para o desenvolvimento dos povos. Contudo, a humanidade vive um retrocesso na proteção dos direitos humanos, consequentemente da fraternidade, haja vista o aumento do egoísmo, das inúmeras situações de desigualdade, da pobreza e injustiça. Tudo isso indica não só uma profunda carência de fraternidade, mas também a ausência de uma cultura de solidariedade. O que se vê é o aumento da “mentalidade do descartável, que induz ao desprezo e abandono dos mais fracos, daqueles que são considerados inúteis”, nos ensinou o Papa Francisco (Mensagem para o Dia Mundial da Paz, 2014). Porém, o homem tem uma vocação à fraternidade, e essa que deve ser recuperada. Dentre os caminhos que podem levar à valorização da fraternidade, destaca-se o pensamento do filósofo Jacques Maritain. Ele considerava que a fraternidade é um instrumento para a busca do bem comum e da justiça social, uma

vez que a finalidade da sociedade humana não pode ser confundida com a proteção egoísta do bem individual, pois o bem comum deve ser o resultado do equilíbrio garantido pela fraternidade (“Os direitos do homem e a lei natural”, Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967). Assim, a proposta da fraternidade consiste, “primariamente, em

que todos se sintam responsáveis por todos e, por conseguinte, essa responsabilidade não pode ser delegada só ao Estado” (Papa Bento XVI, Carta Encíclica Caritas in Veritate, n.38), pois todos têm uma parcela de contribuição na construção da fraternidade. Com efeito, a fraternidade vence o egoísmo e cria um equilíbrio entre liberdade e justiça, entre res-

ponsabilidade pessoal e solidariedade, entre bem dos indivíduos e bem comum. Assim, uma comunidade política deve agir de forma transparente e responsável para favorecer tudo isto. Enfim, a fraternidade deve ser praticada e fomentada pelo Estado e por todos os cidadãos, pois ela é a chance de cada um ser tratado com dignidade pelo simples fato de ser pessoa humana, criando, assim, uma verdadeira sociedade justa. Nesse contexto, deve se considerar, ainda, que a justiça e a fraternidade caminham juntas, na perspectiva de conduzir a humanidade à igualdade de oportunidades como expressão do bem comum ao alcance de todos. Assim, para a garantia dos direitos dos homens, visando ao bem comum e à justiça, é necessário a fraternidade, ou seja, os direitos das pessoas serão fielmente assegurados por meio do respeito à dignidade humana, que tem por exigência a realização da fraternidade. Portanto, é necessário que se promova a fraternidade para a garantia dos direitos fundamentais dos homens. Ricardo Gaiotti Silva é advogado e professor universitário; Colaborador no Tribunal Eclesiástico de Aparecida (SP); Mestre em Direito pela PUC-SP, mestrando em Direito Canônico pela Universidade de Salamanca, na Espanha. E-mail: rigaiotti@gmail.com.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

N

o dia 12 de novembro, foi realizada a assembleia arquidiocesana de pastoral para a elaboração final do 12º Plano de Pastoral, que terá como foco as “urgências da evangelização na Cidade” e terá vigência de 2017 a 2020. Ao longo de todo este ano, foi feita uma ampla avaliação da animação pastoral e da incidência do 11º Plano na vida da Arquidiocese e no desempenho de sua missão de “testemunha de Jesus Cristo na Cidade”. Temos muito a agradecer pois, ao longo deste último quadriênio, com a graça de Deus e o esforço dedicado de tantos, sacerdotes, leigos, religiosos e diáconos, foi feito muito. Creio que posso afirmar, sem medo de errar, que houve crescimento na consciência geral sobre nossa missão de testemunhar o Evangelho do Reino de Deus na cidade. Mas não fomos perfeitos no desempenho de nossa missão e percebemos que continuam a existir muitas lacunas e insuficiências na evangelização em São Paulo. Continua muito necessária uma profunda “conversão missionária” dos membros da nossa Igreja e das paróquias e demais estruturas e organizações eclesiais e pastorais. Ainda estamos longe de ser uma Igreja “em estado permanente de missão”, como nos pede o Papa Francisco! Temos a urgente necessidade de retomar a catequese sistemática e as demais ações e metodologias voltadas à “iniciação à vida cristã e ao testemunho da fé. O

Urgências na evangelização descuido da catequese, em todos os níveis, como processo dinâmico e envolvente de educação na fé e na vivência cristã, seria muito prejudicial à Igreja! Uma catequese apenas superficial, esvaziada ou até inexistente, colocaria em risco o próprio futuro das comunidades que assim o fizessem. Por isso mesmo, também é urgente que continuemos a voltarnos para a Palavra de Deus e nos deixemos conduzir por ela, para sermos comunidades animadas pela Palavra de Deus. A Igreja não é autorreferencial nem prega a si mesma; se o fizesse, não seria mais que uma ONG. A Igreja é ouvinte e discípula da Palavra de Deus, que é sua referência e fundamento insubstituível: “Senhor, a quem iremos nós? Só tu tens palavras de vida eterna”: assim respondeu Pedro a Jesus, que perguntava aos discípulos se também eles queriam abandoná-lo para procurar outros mestres e guias para suas vidas (cf. Jo 6, 66-69). Assim também a vida cristã requer a vinculação do fiel à comunidade da Igreja, por meio de laços próprios com alguma comunidade eclesial concreta, quer seja a família cristã, comunidade pequena e importante que está na base da Igreja, quer sejam a paróquia ou a diocese. O Apóstolo Paulo já ensinava que a Igreja é como um corpo: apesar dos muitos membros, órgãos e funções, o corpo é um só; e todos dependem uns dos outros e interagem harmonicamente para que o corpo inteiro esteja bem. Comunidade de comunidades, assim é a Igreja de Cristo; por isso, é urgente superar o individualismo, o descompromisso e a tendência “consumista”, própria da cultura do nosso tempo. Ninguém é discípu-

lo de Cristo sozinho e de maneira isolada. Nossa Igreja em São Paulo vê-se desafiada constantemente a colocar-se a serviço da dignidade e da vida plena de tantas pessoas, quer pelos trabalhos sociais, para socorrer aos irmãos que sofrem de muitas formas, quer para testemunhar, defender e promover a justiça e a dignidade de cada filho de Deus. Já se faz muita caridade organizada na Arquidiocese, mas as necessidades ainda são tantas! Portanto, é urgente que a nossa fé se faça concreta através das obras de misericórdia, de justiça e caridade. E não poderia ser feito um planejamento quadrienal de pastoral sem trazer a “questão família” para o centro de nossas atenções e práticas evangelizadoras. A Exortação Apostólica Amoris Laetitia, sobre a alegria do amor em família, do Papa Francisco, nos faz ver quanto temos a fazer para reatar os vínculos entre Igreja e família. É urgente cuidar bem de tudo o que diz respeito à família: ganham a comunidade humana, a própria pessoa humana e a mesma Igreja. A exemplo daquilo que se fez na elaboração, em 2015, das novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, também no nosso novo Plano de Pastoral é mantida a impostação fundamental do Plano anterior. Mas não falta a atualização de diversos aspectos do Plano, que fica enriquecido com as novas referências do Magistério da Igreja. As “urgências” na evangelização foram mantidas e ajustadas e devem orientar a elaboração dos projetos e programas de ação de cada organização eclesial da Arquidiocese. Que Deus nos ajude! São Paulo interceda por nós!

| Encontro com o Pastor | 3

No Vaticano

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Nesta semana, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, está no Vaticano onde participará, no sábado, 19, do consistório em que o Papa Francisco criará 13 cardeais, entre os quais Dom Sergio da Rocha, arcebispo de Brasília (DF). No domingo, 20, Dom Odilo também estará na celebração de encerramento do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, quando será fechada a Porta da Misericórdia na Basílica de São Pedro.

Crisma

Facebook da Paróquia Nossa Senhora dos Remédios

No domingo, 13, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, conferiu o sacramento da Crisma a jovens e adultos da Paróquia Nossa Senhora dos Remédios, no Setor Pastoral Aclimação, da Região Episcopal Sé.

Tweets do Cardeal @DomOdiloScherer 07 – “Ficai conosco, Senhor Jesus, porque a tarde cai e, sendo nosso companheiro na estrada, aquecei-nos os corações e reanimai nossa esperança...” 07 – Lv 20,26 “Sede santos para mim porque eu, o Senhor, sou santo, e vos separei dos outros povos para serdes meus.”


4 | Fé e Vida/Atos da Cúria |

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Liturgia e Vida 34º DOMINGO DO TEMPO COMUM – Cristo Rei 20 de novembro de 2016

Lembra-te de mim quando entrares no teu Reino Cônego Celso Pedro Hoje celebramos a festa de Cristo Rei e entramos na última semana do ano litúrgico. No segundo livro de Samuel, Davi é ungido rei de Israel. Seu trono e a sede da justiça estão em Jerusalém, diz o salmista. No Evangelho de Lucas, os soldados romanos zombam de Jesus crucificado e o desafiam a salvar a si mesmo, se Ele é o rei dos judeus, como estava escrito num letreiro no alto da cruz: “Este é o rei dos judeus”. E o “bom” ladrão pede a Jesus que se lembre dele quando entrar no seu Reino. A Carta aos Colossenses, por sua vez, convida-nos à ação de graças, porque o Pai nos recebeu no Reino de seu Filho. Jesus não é rei como são os reis da Terra, sem que isto queira dizer que os reis da Terra não são bons ou são maus por natureza. O Reino de Jesus não é deste mundo, e se o trono de Davi e a sede da justiça estavam em Jerusalém, o trono de Jesus é a sua cruz e sua Jerusalém é a do alto. Davi torna-se rei de Israel quando todas as tribos vão procurá-lo em Hebron e todos os anciãos fazem com ele aliança e o ungem. “Todas” as tribos e “todos” os anciãos são expressões de ênfase, indicando a plena aceitação de Davi como rei. Jesus, ao contrário, sofre a rejeição dos chefes judeus, que

o desafiam a mostrar que é o Cristo, o ungido de Deus. Os soldados também o rejeitam e desafiam a mostrar que é o rei dos judeus. Um dos malfeitores com Ele crucificado, como os chefes judeus, também o desafia a mostrar que é o Cristo, enquanto o outro pede a Jesus que se lembre dele quando for para o seu Reino - Não é preciso complicar a tradução do texto grego que diz, simplesmente, “quando fores para o teu Reino”. A resposta de Jesus confirma o sentido do pedido: “Em verdade, eu te digo: hoje estarás comigo no paraíso”. Aqui, paraíso e Reino se identificam. No dia de Pentecostes, Pedro dirá em sua pregação: “Seja permitido dizer-vos com toda a franqueza a respeito do patriarca Davi: ele morreu e foi sepultado e seu túmulo encontra-se entre nós”, enquanto de Jesus, ele dirá que não foi abandonado no Hades, nem sua carne viu a corrupção, porque Deus o ressuscitou. O rei que perdura é Cristo crucificado e ressuscitado! Com os colossenses, damos graças a Deus que nos libertou das trevas e nos recebeu no Reino do seu Filho. Deus habita nele com toda a sua plenitude e por Ele reconcilia consigo todos os seres, realizando a paz pelo sangue da sua cruz. Custou o sangue da cruz o seu Reino da verdade e da vida, da santidade e da graça, da justiça, do amor e da paz. Reino eterno e universal.

Você Pergunta É certo o padre não me aceitar como madrinha de Batismo por eu ser casada só no civil? padre Cido Pereira

osaopaulo@uol.com.br

A filha da Maria Zenaide foi convidada para ser madrinha de Batismo da sobrinha. Acontece que ela é casada só no civil e, por isso, o padre da Paróquia onde a menina vai ser batizada não aceita a filha da Maria Zenaide como madrinha, dizendo que primeiro ela precisa oficializar a união na Igreja com o sacramento do Matrimônio e depois sim poderá ser madrinha de Batismo. “Isto é certo?”, ela pergunta. Maria Zenaide, embora não haja no Direito Canônico qualquer proibição a pessoas casadas só no civil de serem padrinhos e madrinhas de Batismo, eu penso que o padre está querendo ajudar sua filha a se preparar melhor para a missão de ser madrinha. Quem é casado somente no civil, não havendo nenhum impedimento para se casar na Igreja, está se recusando a receber um sacramento. Ora, não aceitar um sacramento é não aceitar a todos, porque

a recusa revela pouco aprofundamento na fé. E como uma pessoa que não vive plenamente a sua fé pode ser padrinho ou madrinha de Batismo? Como poderá ajudar o afilhado, a afilhada, a crescer na fé? Como poderá testemunhar ao afilhado a sua fé? Então, Maria Zenaide, eu penso que é hora de sua filha acertar a vida com Deus e legitimar a união que tem. Assim, não lhe faltará a graça do sacramento e ela poderá também testemunhar sua fé dentro e fora de casa. E você também, que talvez não tenha ajudado sua filha a entender isso, não a questionando sobre o casamento religioso, agora poderá ajudá-la a se casar no religioso. Sempre é tempo de acertar as coisas conforme a vontade de Deus. Maria Zenaide, não entenda a sugestão do padre como intolerância. Entenda como preocupação pastoral. Sua filha, que já é feliz no casamento, poderá ser mais feliz ainda se casando na Igreja e construindo um lar plenamente cristão. Deus abençoe você.

Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 10 de novembro de 2016, foi nomeado e provisionado como primeiro Pároco da Paróquia Santíssima Trindade, na Região Episcopal Brasilândia, Setor Pastoral Perus, o Revmo. Pe. Ednilson Turozi de Oliveira, em decreto que entrou em vigor em 12 de novembro de 2016. Em 7 de novembro de 2016, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia São Luis Gonzaga, na Região Episcopal Sé,

Setor Pastoral Santa Cecília, o Revmo. Pe. Élcio José de Toledo, SJ, pelo período de 06 (seis) anos. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL Em 9 de novembro de 2016, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial, “ad nutum episcopi” da Paróquia Imaculada Conceição, na Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Ipiranga, o Revmo. Pe. Israel Mendes Pereira, em decreto que entrou em vigor em 13 de novembro de 2016. Reprodução


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Atos da Cúria CESSAÇÃO DE OFÍCIO Vigário Judicial da Arquidiocese de São Paulo e Presidente do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo. No sábado, dia 12 de novembro, Sua Eminência Reverendíssima, o Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, Dr. Arcebispo de São Paulo, comunicou ao Excelentíssimo Reverendíssimo Cônego Martin Segú Girona a cessação dos ofícios por ele exercidos de Vigário Judicial da Arquidiocese de São Paulo e Presidente do Tribunal

Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo. Exercendo o ofício de Vigário Judicial desde o ano de 1989, em março de 2011, tendo completado 75 anos, em conformidade com o cânon 184, do Código de Direito Canônico, o Excelentíssimo Cônego Martin Segú Girona havia colocado todos os ofícios que exerce na Arquidiocese de São Paulo, dentre eles, os ofícios de Vigário Judicial, Juiz e Presidente do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo à disposição do Arcebispo. Reprodução

Em carta enviada, nos termos do cânon 186 do Código de Direito Canônico, o Arcebispo de São Paulo comunicou nesta segunda feira, dia 14 de novembro ao Excelentíssimo Cônego Martin Segú Girona, que, tendo atingido a idade determinada pelo direito e por decurso dos prazos para os mandatos antes determinados, passa a vigorar a cessação dos ofícios de Vigário Judicial, Juiz e Presidente do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo. Segundo a determinação do Arcebis-

po, o Cônego Segú deverá exercer o ofício de Vigário Judicial e Presidente do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo até o dia 15 de dezembro deste ano de 2016 e com a cessação dos referidos ofícios, em conformidade com o cânon 185 do Código de Direito Canônico e por decisão de Dom Odilo serão conferidos ao Cônego Segú os títulos de Vigário Judicial Emérito da Arquidiocese de São Paulo e de Presidente Emérito do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo. Reprodução


6 | Fé e Vida |

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Espiritualidade

‘Para que todos sejam um’ (Jo 17,21) Dom Eduardo Vieira dos Santos

Q

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé

ueridos irmãos e irmãs, há poucos dias, em sua rápida visita à Suécia, o Papa Francisco fez um gesto bonito e de grande importância para toda a Igreja. Ele esteve presente na abertura do ano comemorativo do quinto centenário da Reforma Protestante promovida por Lutero. Não foi uma atitude isolada, mas fruto do diálogo ecumênico entre católicos e luteranos. Esse encontro aconteceu na cidade de Malmö, na Suécia, e os presentes foram convidados a olharem não para si, mas para Jesus Cristo, único Senhor. Como nos pede o Senhor, o diálogo aproximou católicos e luteranos no testemunho do amor e na prática do serviço às pessoas mais vulneráveis e indefesas, os pobres: “Tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me acolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes me ver”. A Cáritas Internacional e a Federação Luterana Mundial assinaram conjuntamente uma declaração de acordos que busca desenvolver e consolidar a cultura de colaboração para a promoção da dignidade humana e da justiça social. Os frutos serão as mi-

lhares de crianças pobres que poderão conversão, cujos frutos poderão ser a crescer, estudar e recuperar a saúde, superação das divergências e dos congraças às ações conjuntas de católicos flitos que dificultam a reconciliação e luteranos. entre irmãos. O Papa Francisco recorda-nos da Não podemos modificar o passanossa responsabilidade para com a do, mas podemos modificar o modo “Casa comum”, o planeta, alertando- de recordá-lo e até mesmo transfornos dos problemas ecológicos que má-lo. Dessa forma, a declaração assisão problemas de toda a humanidade nada conjuntamente pelo Papa Frane que afetam principalmente os mais cisco e pelo presidente da Federação pobres e desprotegidos. Lembra-nos Luterana Mundial, Reverendo Mouque, como cristãos, devemos ser pro- nib Younan, expressa gratidão a Deus tagonistas da revolução da ternura, pelo caminho percorrido do diálogo e saindo ao encontro dos “descartados” do respeito, que levou a superar difee marginalizados da sociedade, tor- renças e desconfianças e a aprofundar nando palpável a ternura e o amor misericordioso de Deus, que Como nos pede o Senhor, não descarta ninguém, o diálogo aproximou católicos e mas a todos acolhe. luteranos Em sua homilia no testemunho do amor pronunciada antes da e na prática do serviço às pessoas oração ecumênica na mais vulneráveis Catedral luterana de e indefesas, os pobres Lund, o Papa Francisco nos lembrou da importância de estarmos unidos a Jesus ainda mais o testemunho do EvangeCristo para produzirmos frutos: “Eu lho. Conclui-se que as razões que nos sou a videira e vós os ramos. Aque- unem são maiores e mais fortes do que le que permanece em mim e eu nele, aquilo que nos separa. Juntos agradeesse produz muitos frutos”. Cristo é a ceram os dons espirituais e teológicos videira e nós os ramos. É Deus mes- recebidos pela Reforma, confessaram mo quem cuida de nós e nos protege e lamentaram diante de Cristo o fato com seu imenso amor. Deixemo-nos de católicos e luteranos terem ferido a comover pelo olhar misericordioso unidade visível da Igreja, e, cientes de de Deus. Ele deseja que como ramos que visões teológicas foram acompavivos, unidos ao seu Filho, Jesus, pro- nhadas por preconceitos e conflitos, duzamos muitos frutos. Só assim, instrumentalizando a religião, nos como em Malmö, poderemos olhar o mostraram o verdadeiro caminho passado e contar a história de maneira “para que todos sejamos um”, como diferente. O nosso Batismo e a fé co- grande desejo do coração de Cristo. mum em Jesus Cristo exigem de nós Demos graças a Deus!

Fé e Cidadania Ano da Misericórdia: Da propaganda à recepção Padre Reuberson Ferreira, MSC Cartazes, faixas e banners sobre o Ano Santo extraordinário da Misericórdia multiplicaram-se em muitas comunidades. Cartilhas populares, artigos científicos ou obras de referências foram publicadas. O hino do Ano Jubilar foi amplamente entoado de forma ordinária em Igrejas e assembleias. Em síntese, divulgou-se, ensinou-se e celebrou-se a misericórdia neste ano. O Jubileu extraordinário da Misericórdia, da gestação à sua abertura, realização e encerramento, cumpriu um longo processo. Atos simbólicos, como jubileus específicos com sacerdotes, acólitos, crianças, religiosas, canonizações, a Jornada Mundial da Juventude e a inédita abertura do jubileu na Catedral de Bangui, na República Centro-Africana, delimitaram a tônica que se acredita que este ano quis imprimir à Igreja: A misericórdia ao alcance de todos, particularmente os sofredores e excluídos. Doravante tem-se a missão de fazer com que aquilo que o Papa Francisco, citando São João XXIII, propôs com esse tempo, “uma Igreja dada mais ao remédio da Misericórdia que da severidade” (Misercordie Vultus, 4), se perpetue nas ações concretas dos agentes de pastoral, das autoridades eclesiásticas e de todos os homens e mulheres de boa vontade. Estima-se que os atos e ações que revelem a misericórdia do Senhor sejam a ordem do dia, atividade ordinária entre crentes, e que isso convença os não crentes. Urge, portanto, a necessidade de migrar de uma mentalidade propagandista a uma ideia de recepção, apropriação contínua e ordinária da ação misericordiosa. Nesse sentido, é oportuno refletir sobre os desdobramentos necessários para que se consume um ideário de efetiva recepção dos postulados da misericórdia na prática ordinária da pastoral da Igreja. Deve-se acentuar que a passagem pela Porta Santa, as orações a ela associadas e a caridade implicada nessa ação para lucrar “indulgências” precisam se transformar num compromisso de rezar pelos que sofrem e agir em favor dos indefesos (inclusive politicamente); Que iniciativas como as 24 horas para o Senhor se tornem no ordinário da vida dos fiéis na capacidade de perdoar, superar rivalidades, preconceitos ou bairrismos (tão aflorados nestes tempos); Que os jubileus específicos que puseram em foco inúmeras categorias de seres humanos ajudem a reconhecer que todos, homens e mulheres, por mais fortes que sejam, necessitam da misericórdia de Deus para serem melhores, mais humanos, mais solidários e mais compassivos uns para com os outros. Enfim, que o sentimento ou a ideia de misericórdia se torne palpável e comum na vida das pessoas. Padre Reuberson Rodrigues Ferreira é mestrando em Teologia pela PUC-SP e vigário na Paróquia São Miguel Arcanjo, na Arquidiocese de São Paulo. As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.


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Cuidar da Saúde Toxoplasmose congênita: você pode evitar que seu bebê se contamine Cássia Regina A toxoplasmose congênita é uma doença parasitária e infecciosa que compromete uma grande parte da população, mas raramente provoca sintomas. Sua transmissão se dá por ingestão de alimentos, principalmente carnes cruas ou malcozidas, ou por meio da contaminação com fezes de gatos. A maioria das mulheres desenvolve imunidade ao longo da vida, mas quando a mulher é contaminada pela primeira vez com esse protozoário durante a gravidez, isso pode afetar o bebê, causando a toxoplasmose congênita. O risco de transmissão da toxoplasmose aumenta com o decurso da gravidez, sendo de aproximadamente 15% no primeiro trimestre, 30% no segundo trimestre e 60% no terceiro trimestre. A gravidade de lesões fetais é inversamente proporcional à idade da gestação. A toxoplasmose congênita, se não tratada, causa hidrocefalia, microcefalia, retardo mental, hepatoesplenomegalia (aumento do fígado e do baço) e alterações hematológicas. O diagnóstico da toxoplasmose congênita é feito por meio de exames solicitados durante o pré-natal. Outros testes podem ser úteis

também usando o líquido amniótico. O tratamento para toxoplasmose na gravidez é feito com o uso de antibiótico pela mãe, a fim de reduzir o risco de transmissão ao bebê. Se o bebê já estiver infectado, o seu tratamento também é feito com antibióticos e deverá ser iniciado após o nascimento. Os antibióticos e a duração do tratamento dependem do estágio da gravidez e da presença de doenças que enfraquecem o sistema imune da mãe, como a Aids, e o uso de remédios imunossupressores, que são utilizados por pessoas que fizeram transplante de órgãos. Para prevenir a toxoplasmose, deve-se higienizar bem os alimentos, evitar o consumo de carne crua ou mal passada, guardar os alimentos crus separados dos alimentos cozidos. Outras recomendações são: usar tábuas e facas diferentes para a carne crua e para frutas e legumes, evitar o contato com gatos de rua e lavar bem as mãos depois de ter tocado na caixa de areia do gato. Além disso, realize um bom pré-natal e livre seu bebê de complicações. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com

| Viver Bem | 7

Comportamento Os primeiros 1.000 dias da criança: período imperdível Simone Fuzaro Finalmente a ciência vem comprovando com pesquisas e estatísticas aquilo que muitos educadores e profissionais envolvidos com crianças pequenas já percebem há tempos: como são importantes os primeiros anos de vida da criança! Que grande bem quando um pequenino é acolhido, amado, alimentado, cuidado, estimulado e ensinado em primeiro lugar dentro do âmbito familiar e depois num bom núcleo de educação (creches, escolas, berçários); Quando tem condição de moradia adequada, saneamento básico, acesso aos cuidados de saúde. Enfim, quando cuidamos bem da primeira infância (0 a 6 anos), especialmente dos primeiros 1.000 dias de vida das crianças, estamos oferecendo a elas a oportunidade de toda uma vida mais bem-sucedida do ponto de vista socioeconômico e emocional. Incrível, não é? Estudos mostram que bons e estreitos vínculos com os pais, cuidados com saúde, educação e estímulos adequados formam cidadãos com menor propensão ao tabagismo, alcoolismo, criminalidade e violência. Portanto, não há tempo a perder, precisamos estar inteiramente envolvidos nesse período de vida de nossos pequenos. Além de ser um ato de amor

e envolvimento com aqueles pelos quais somos responsáveis, trata-se de um gesto de responsabilidade social: formarmos cidadãos mais capazes e competentes para o convívio em sociedade. Os cuidados devem ser iniciados antes mesmo do nascimento: a alimentação e saúde maternas, orientações sobre os cuidados básicos com o recém-nascido, parceria do pai nos cuidados com a gestante e posteriormente com o bebê, envolvimento com a nova vida que está chegando. É nessa fase inicial da vida que se forma a base, a estrutura, inclusive neurológica, sobre a qual todo o restante será agregado: aprendizagens, possibilidades, reelaborações, capacidade de se reorganizar diante do erro... Nos primeiros três anos de vida, a cada segundo, uma criança faz aproximadamente 700 novas sinapses e, quanto mais estimulada, mais amplas redes neurais construirá, o que lhe dará uma maior plasticidade cerebral para o restante da vida. Nesse período, estabelece-se a “arquitetura cerebral” básica. Todo o restante será “construído” a partir dela. Daí a necessidade de estarmos atentos a esse início da vida, nos conscientizarmos da importância e divulgarmos isso com quem convivemos. O primeiro e mais fundamental dos estímulos é o esta-

belecimento de vínculos fortes e estáveis: primeiramente com a mãe, que será a porta de entrada da criança para o mundo e para a cultura. Aquela que já é conhecida pelo pequeno, por meio do batimento cardíaco, da voz, do ritmo respiratório etc. O vínculo com o pai que vai se apresentando com sua presença, afeto, cuidados e com aquele que será o cuidador, caso essa função não seja exercida pelos pais (quando os pais trabalham fora durante muitas horas, perda de um dos pais etc.). É preciso destruirmos o mito de que crianças pequenas dormem, comem, brincam e que, por isso, bastam alguns cuidados básicos; que o mais importante é garantir um bom colégio a partir do fundamental ou, ainda pior, no ensino médio, porque aí sim estarão se preparando para a universidade, para a vida profissional. Grande engano. Dormindo bem, comendo adequadamente e sendo estimuladas com brincadeiras apropriadas, vínculos sólidos e limites bem estabelecidos, estarão sendo preparadas para todo o restante que virá. Aprenderão sempre, novas sinapses serão realizadas, porém, não no ritmo e intensidade desse início. Portanto, não percamos tempo! Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora e mantém o blog educandonacao.com.br.


8 | Pelo Mundo |

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Destaques das Agências Internacionais

Filipe David

Correspondente do O SÃO PAULO na Europa

Estados Unidos

Eleito presidente, Donald Trump tomará posse em janeiro O republicano Donald Trump (foto) foi eleito o 45º presidente dos Estados Unidos da América, na votação realizada no dia 8. No total de votos, o resultado foi apertado e a candidata democrata Hillary Clinton obteve 0,2% mais votos que seu rival. No entanto, o sistema eleitoral norte-americano funciona por estado, cada um elegendo um certo número de delegados para escolher – de acordo com quem obteve maioria naquele estado – o futuro presidente. Nesta eleição, Trump obteve 290 delegados, contra 228 de Hillary, surpreendendo a grande mídia, que previa a vitória da candidata democrata. Durante a campanha eleitoral, as principais propostas de Trump foram controlar a dívida pública pelo corte de gastos do governo e combater a imigração ilegal, o terrorismo islâmico e a saída de grandes empresas, que têm abandonado os Estados Unidos para produzir em países com mão de obra mais barata e isenções fiscais. Em questões de sociedade, Trump defendeu

Election Speech

uma plataforma contrária ao aborto e mais favorável à liberdade religiosa. Após a divulgação do resultado, o presidente da Conferência dos Bis-

pos dos Estados Unidos, Dom Joseph Kurtz, arcebispo de Louisville, pediu aos católicos que rezem por todos os eleitos (presidente, vice-presidente,

deputados, senadores e alguns governadores) e desejou unidade: “Que não nos consideremos mais à luz da divisão entre republicanos e democratas ou qualquer outro partido, mas que vejamos o rosto de Cristo em nossos vizinhos, especialmente os que sofrem e aqueles de quem discordamos”. Dom Kurtz também pediu ao presidente eleito que escute o povo norte-americano, proteja a vida humana desde a concepção até a morte natural, acolha imigrantes e refugiados, proteja os cristãos perseguidos no Oriente Médio e defenda a liberdade religiosa nos Estados Unidos. O Vaticano, por meio de seu secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, felicitou o presidente eleito e pediu que Deus o ilumine: “Asseguramos também a nossa oração, para que o Senhor o ilumine e o sustente no serviço à sua pátria, naturalmente, mas também no serviço do bem-estar e da paz no mundo”. Fontes: ACI/ CNA/ AP/ Bloomberg/ Daily Mail

Venezuela, um pobre país rico Abelardo Bazó

Especial para O SÃO PAULO, na Venezuela

Nos últimos anos, a Venezuela vem sendo notícia nos meios de comunicação, não precisamente pelo triunfo de suas misses, mas pelas excentricidades do falecido presidente Hugo Chávez e, agora, pela gravíssima crise política, social e econômica sem precedentes. Desde que o preço do petróleo começou a baixar, a economia da Venezuela decresce em “queda livre”, pois a economia depende quase exclusivamente dessa categoria. Soma-se a essa situação, a péssima gestão da petroleira estatal PDVSA, que se encontra em um dos piores momentos da última década, no que se refere a ganhos e produção. Na época de prosperidade petrolífera, o país se deu ao luxo de descuidar da produção nacional de alimentos, pois saía mais barato importá-los do que produzi-los aqui. Foi-se, assim, destruindo-se, pouco a pouco, a capacidade produtiva do país, junto à perseguição às empresas privadas e às sistemáticas expropriações. Quando já não era mais possível seguir importando os produtos de primeira necessidade – em função da falta de dólares advindos de petróleo –, produziu-se um grande desabastecimento no país, o qual está há meses em curso e sem sinais de que vá cessar. Esse cenário produziu uma hiperinflação, que levou o

país a ter um salário mínimo miserável, equivalente a 20 dólares norte-americanos e mais 70 de abono alimentício, o que não é suficiente nem mesmo para pagar um quarto da cesta básica mensal. Em outras palavras, o salário mínimo não dá nem para comer. A crise econômica é, em parte, consequência da crise política, pois todos os poderes, com exceção do Legislativo, estão nas mãos do governo chavista de

ticaram fortemente a designação do arcebispo Baltazar Porras como cardeal, por ser um dos bispos mais críticos ao governo de Maduro. O Papa teve que enviar o seu mediador, o núncio apostólico da Argentina, Dom Emil Paul Tscherrig, porque o “oficialismo” não confiava sequer na nunciatura da Venezuela. Com a mediação, o governo busca limitar os protestos sistemáticos da oposição, porém alguns

Sempre houve pobreza na Venezuela, mas a pobreza atual está alcançando níveis históricos. Muitas pessoas estão, literalmente, passando fome, e outras tantas morrem não só porque o sistema de saúde é um desastre, mas também porque os remédios mais simples não estão disponíveis. Maduro. Cada vez que a Assembleia Nacional, sob poder da oposição, pretende limitar o poder do governo ou controlar o orçamento proposto pelo Executivo, o governo recorre ao Supremo Tribunal de Justiça para deixar sem efeitos as tentativas da Assembleia Nacional. A situação é tão grave que, tanto o governo quanto a oposição pediram mediação da Santa Sé, mas não dos bispos venezuelanos, que pronunciaram sérias críticas contra o governo, o qual os vê com total desconfiança. De fato, alguns deputados e ministros do chavismo cri-

setores mais radicais manifestaram sua inconformidade com a mediação do Vaticano, acusando-a de favorecer o governo. A oposição quer apenas retirar o governo de Maduro, por meio de um referendo revogatório, previsto pela Constituição, deixando-o fora do poder. De sua parte, o que o governo quer é se manter no poder a todo custo, mesmo diante da não convocação de eleições para governadores e prefeitos, a qual o Conselho Nacional Eleitoral deveria, por lei, celebrar no mês de dezembro. E a razão para a não convocação das eleições é a certeza de

que seriam derrotados, segundo as pesquisas de opinião. A mesma derrota para o regime de Maduro é prevista pelas pesquisas, caso seja realizado um referendo revogatório, e é justamente por isso que o governo não quer, em hipótese alguma, celebrar o referendo. O jogo está “amarrado” e só um milagre pode “desamarrá-lo”. Enquanto se agrava a crise política, a crise econômica segue a passos gigantes. A inflação não baixa de três dígitos, a nota de maior valor (100 bolívares) é equivalente a menos que a décima parte de um dólar. Quase não há produção nacional, e cada vez menos se consegue alimentos básicos. Sempre houve pobreza na Venezuela, mas a pobreza atual está alcançando níveis históricos. Muitas pessoas estão, literalmente, passando fome, e outras tantas morrem não só porque o sistema de saúde é um desastre, mas também porque os remédios mais simples não estão disponíveis. As negociações das partes ainda estão em curso e esperamos que o jogo se desamarre. Apenas desejamos que, quando ocorrer, não seja tarde demais e terminemos em um país que, da segunda maior reserva petrolífera do mundo, se transfigure em um dos mais pobres do continente. (Tradução: Vitor Alves Lozcalzo) Abelardo Bazó é Doutor em Filosofia pela Universidade Pontifícia da Santa Cruz e Doutor em História pela Universidade Católica Andrés Bello, sendo ainda professor associado desta última.


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| Papa Francisco | 9

Com informações da rádio Vaticano

Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

Encontro com a seleção alemã de futebol A seleção de futebol da Alemanha, atual campeã mundial, foi recebida pelo Papa Francisco na segunda-feira, 14. “O esporte profissional requer não somente muita disciplina e sacrifício pesso-

al, mas também respeito pelo próximo e espírito de equipe”, disse o Papa. Ele falou ainda sobre o engajamento em causas sociais importantes, citando de modo especial o suporte que dão aos “Cantores da

Estrela”, projeto que ajuda concretamente crianças e jovens dos países mais pobres, também presente no Brasil. “Esta iniciativa mostra como é possível superar juntos barreiras que pare-

cem insuperáveis e penalizam as pessoas necessitadas e marginalizadas. Também desse modo, vocês contribuem para a construção de uma sociedade mais justa e solidária.”

‘Peço-lhes perdão pelas pessoas da Igreja que não olharam para vocês’ Na sexta-feira, 11, o Papa recebeu cerca de 4 mil pessoas provenientes de países europeus que viveram ou que vivem na rua e foram à Roma por ocasião do Jubileu extraordinário da Misericórdia. “Peço-lhes perdão pelas pessoas da Igreja que não olharam para vocês, que voltaram o olhar para o outro lado”, disse o Pontífice na ocasião. Várias associações que trabalham com pessoas em situação de vulnerabilidade e de rua aderiram ao evento promovido pela Associação francesa “Irmão”. Antes da abertura do encontro, houve cumprimentos e abraços entre Francisco e seus convidados. O Pontífice iniciou dizendo ter anotado algumas palavras que tinha acabado de ouvir: “Como seres humanos, não nos diferenciamos dos grandes do mundo. Temos

nossas paixões e sonhos, que buscamos levar adiante dando pequenos passos. Não deixem de sonhar”. E o Papa falou sobre uma realidade comum, até mesmo entre as instituições que assistem os mais pobres. “Sei que muitas vezes vocês encontraram pessoas que queriam explorar a pobreza de vocês. Porém, sei que esse sentimento de ver que a vida é bela, esse sentimento, essa dignidade, salvou-os de ser escravos. Pobre sim, escravo não! A pobreza está no coração do Evangelho, para ser vivida. A escravidão não está no Evangelho para ser vivida, mas para ser libertada.” O Papa falou ainda sobre a paz e agradeceu a presença das pessoas em situação de vulnerabilidade. “Peço-lhes perdão por todas as vezes que nós, cristãos, diante de uma pessoa pobre ou de

L’Osservatore Romano

uma situação de pobreza, olhamos para o outro lado. O perdão de vocês a homens e mulheres da Igreja, que não querem olhar ou não quiseram olhar para vocês, é água benta para nós, é limpeza

para nós, e ajuda-nos a voltar a crer que no coração do Evangelho está a pobreza como grande mensagem, e que nós – os católicos, os cristãos, todos – devemos formar uma Igreja pobre para os pobres.”

‘A lupa da Igreja está apontada ao irmão esquecido e excluído’

Papa visita famílias formadas por jovens que deixaram o sacerdócio

Na missa do domingo, 13, na Basílica de São Pedro, por ocasião do Jubileu dos Socialmente Excluídos, o Papa Francisco disse que quem quiser encontrar Deus deve procurá-lo entre os mais necessitados, doentes, famintos e presos. “Neste mundo, quase tudo passa como a corrente da água, e as riquezas que permanecem seguramente são duas: o Senhor e o próximo, os bens maiores que devemos amar. A lupa da Igreja está apontada ao irmão esquecido e excluído”, afirmou.

O Papa Francisco foi na sexta-feira, 11, a Ponte di Nona, um bairro na periferia de Roma, para visitar sete famílias formadas por jovens que deixaram o sacerdócio no decorrer dos últimos anos. Com o gesto, Francisco quis oferecer um sinal de proximidade e afeto pelos jovens que realizaram uma escolha muitas vezes não compartilhada por seus irmãos sacerdotes e familiares. Essa foi a última visita do Papa

O Pontífice disse ainda que, diante dos cataclismas de cada época, “Jesus nos pede para sermos firmes e perseverantes no bem, com plena confiança em Deus que não desilude. E, todavia, neste dia jubilar que nos fala de exclusão, imediatamente vêm à mente pessoas concretas; não coisas inúteis, mas pessoas preciosas. A pessoa humana, colocada por Deus no cume da criação, muitas vezes é descartada. Isso é inaceitável, porque o ser humano é o bem mais precioso aos olhos de Deus”.

na chamada “Sexta-feira da Misericórdia”. A entrada do Papa no apartamento foi marcada por grande entusiasmo: as crianças cercaram o Pontífice para abraçá-lo, enquanto os pais não conseguiram conter a emoção. O tempo passou rapidamente. O Pontífice ouviu suas histórias e seguiu com atenção as considerações que eram feitas a respeito do desenrolar dos procedimentos jurídicos em cada caso.


10 | Pelo Brasil |

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Destaques das Agências Nacionais

Daniel Gomes, Júlia Cabral e Vitor Alves Loscalzo osaopaulo@uol.com.br

Santuário Nacional ganha título de Catedral da Arquidiocese de Aparecida A Arquidiocese de Aparecida (SP) divulgou na quinta-feira, 10, que o Papa Francisco enviou um documento, em 22 de outubro, autorizando a transferência do título de Catedral Arquidiocesana de Aparecida para o Santuário Nacional de Aparecida. A transferência foi promulgada pela Nunciatura Apostólica durante missa no Santuário, no sábado, 12. “Com a transferência, fica extinto o título de Catedral do templo dedicado a Deus, em honra de Santo Antônio, na cidade de Guaratinguetá (SP), passando, então, o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida ao grau e dignidade de igreja-catedral da mesma Arquidiocese”, comentou, em nota oficial, o Cardeal Raymundo Damas-

ceno Assis, arcebispo de Aparecida. Segundo o Cardeal, a transferência do título para o Santuário Nacional não anula a importância da até então portadora do título Igreja de Santo Antônio, em Guaratinguetá. O reitor da Basílica, Padre João Batista de Almeida, disse que o título representa a importância do Santuário para a Arquidiocese. “A Catedral é a igreja oficial do bispo. O bispo não tem uma paróquia, porque todas as paróquias são da diocese, mas ele tem uma igreja oficial, a catedral, e tem esse nome justamente por causa da cátedra. A cátedra está ligada a autoridade episcopal, e ele é e autoridade máxima, e por isso a cátedra dele está ali.” Segundo o Reitor, o título consolida uma atitude já assumida pelo Arcebispo

Questões vitais aos indígenas ainda estão sem respostas O Ministério Público Federal realizou na quinta-feira, 10, em Brasília (DF), uma audiência pública para debater recente relatório da ONU sobre os povos indígenas no Brasil. No evento, lideranças indígenas, autoridades governamentais e representantes da ONU discutiram meios de viabilizar as recomendações do documento, a partir de três mesas de debates: “Demarcação, Territórios, Marco Temporal e Acesso à Justiça”, “Violência contra Povos Indígenas” e “Capacidade dos Órgãos, Consulta aos Povos Indígenas e Grandes Empreendimentos”. As discussões foram uma resposta inicial às conclusões da relatora especial da ONU sobre direitos dos povos indígenas, Victoria Tauli-Corpuz, que visitou o Brasil em março para

avaliar a situação dos povos indígenas no país e acompanhar a adoção das principais recomendações feitas em relatório publicado anteriormente. Após a visita, Tauli-Corpuz concluiu que o Brasil possui uma série de disposições constitucionais exemplares em relação aos direitos dos povos indígenas, mas que questões de vital importância para os indígenas ainda não foram resolvidas, entre as quais medidas urgentes para enfrentar a violência e a discriminação sofrida por eles, o fortalecimento de instituições públicas, como a Fundação Nacional do Índio (Funai), a demarcação e proteção de terras e o acesso dos povos originários à Justiça e ao direito à informação sobre grandes projetos de desenvolvimento do país. Fonte: ONU Brasil

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Santuário mariano agora também é a igreja-catedral da Arquidiocese de Aparecida (SP)

entendeu sempre que o Santuário é a Catedral”.

de Aparecida. “Dom Damasceno sempre fez os seus anúncios oficiais e as celebrações aqui do Santuário, porque ele

Fontes: A12 e Canção Nova

Cresce o número de famílias endividadas em São Paulo Mais da metade das famílias paulistanas têm algum tipo de dívida e, portanto, recorrem a variadas modalidades de crédito para pagar suas contas. No mês de outubro, o número de famílias inadimplentes em São Paulo subiu 0,2 ponto percentual, somando cerca de 1,997 milhão. Essa é a maior taxa dos últimos 12 meses e, segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), é a quarta alta mensal consecutiva no índice de Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). Em outubro de 2015, o mesmo índice apresentou queda de 0,5 ponto percentual. A FecomercioSP afirma que, em um cenário de inflação, juros altos e desemprego crescente – já há 12 milhões de desempregados no Brasil, segundo o IBGE –, a quantidade de famílias inadimplentes revela a dificuldade que elas vêm encontran-

do para manter o orçamento equilibrado. Dentre essas famílias, 55% correspondem a lares em que a renda é inferior a dez salários mínimos (R$ 8.880,00). São as famílias com rendas mais baixas, segundo a Federação, que sentem mais diretamente os impactos do aumento de preços, principalmente dos produtos de necessidades básicas. Dos consumidores endividados, 35,2% comprometeram sua renda por mais de um ano com dívidas; 24,4% em até três meses; 19,8% entre três e seis meses, e 18% entre seis meses e um ano. O cartão de crédito é a forma mais utilizada pelas famílias endividadas, sendo adotado por 72,6% dos entrevistados em outubro, seguido pelo financiamento do carro (13,7%), crédito pessoal (13,5%), carnês (11,5%), financiamento da casa (11,3%) e cheque especial (8,5%). Fontes: Agência Brasil e FecomercioSP

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| Reportagem | 11

12º Plano de Pastoral da Arquidiocese é aprovado Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Apresentado na Assembleia Arquidiocesana, documento, que será publicado em dezembro, traz a família como nova urgência Fernando Geronazzo

osaoapaulo@uol.com.br

Na Assembleia Arquidiocesana de Pastoral, no sábado, 12, foi aprovado o texto do 12º Plano de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo para o período de 2017 a 2020, que terá como tema “Urgências da Ação Evangelizadora e Pastoral na Cidade”. O encontro, que reuniu lideranças pastorais da Arquidiocese com o arcebispo metropolitano, Cardeal Odilo Pedro Scherer, e os bispos auxiliares, foi realizado no auditório da Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (Fapcom), na zona Sul. O texto provisório do novo Plano de Pastoral foi apresentado por Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar e vigário-geral da Arquidiocese. Ele explicou que o 12º Plano de Pastoral é uma atualização do 11º, a partir dos recentes documentos do Papa Francisco e da CNBB, especialmente as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) para o período de 2015-2019. O primeiro parágrafo do texto destaca que o novo Plano recebe com atenção e estima as orientações e o ensino do Papa Francisco, e que deseja para a Arquidiocese uma “nova etapa evangelizadora cheia de ardor e de dinamismo”. “Nesse sentido, o presente Plano ‘urge recuperar o caráter de luz que é próprio da fé’; incentiva a conversão pastoral de nossas estruturas, para que sejam mais missionárias, e de nossas comunidades, para que sejam mais comunicativas, abertas e em constante saída; propugna um diálogo com todos acerca do cuidado de nossa cidade e da nossa casa comum; estimula todas as pessoas a apreciarem os dons do Matrimônio e da família como uma boa notícia para a nossa cidade e para o mundo”, consta em um dos trechos do texto.

Nova evangelização

Dom Odilo destacou que o novo Plano dá continuidade ao Plano anterior, que tinha como tema “Testemunha de Jesus Cristo na Cidade”. “A nossa preocupação se insere dentro do contexto da nova evangelização, diante de um quadro de defasagem na evangelização, superficialidade e, por isso, perda da fé, desligamento da Igreja... São sintomas do nosso tempo. É

Cardeal Odilo Scherer preside Assembleia Arquidiocesana de Pastoral, na qual é refletida e aprovada a redação final do 12ª Plano, dia 12

um fenômeno que tem muitas razões. Será culpa nossa se hoje não tomarmos consciência e deixarmos o barco andar e não fizermos algo para mudar essa situação”, enfatizou o Cardeal.

Nova urgência: A família

A grande novidade do novo Plano é a atualização da sexta urgência pastoral, que deixa de ser “Igreja: evangelização da juventude” para “Igreja: família de famílias”. “Recentemente, a Igreja dedicou à família a celebração de dois sínodos. A nova evangelização não pode se realizar sem um novo pacto entre a Igreja e a família. Nesse sentido, a Arquidiocese de São Paulo deseja receber criativamente a Exortação Apostólica Amoris Laetitia, que estimula ‘a apreciar os dons do Matrimônio e da família e encoraja todos os fiéis a serem sinais de misericórdia e proximidade para a vida familiar, onde esta não se realize perfeitamente ou não se desenrole em paz e alegria’”, consta no parágrafo introdutório da nova urgência. As cinco urgências contidas no 11º Plano – Igreja em estado permanente de missão; Igreja: Casa da Iniciação Cristã; Igreja: Comunidade Animada pela Palavra de Deus; Igreja: Comunidade de Comunidades; e Igreja a Serviço da Vida Plena para Todos – fo-

ram atualizadas a partir dos recentes documentos pontifícios e das últimas DGAE.

Ano do Laicato

O Plano também fala da celebração do Ano do Laicato, que comemorará os 30 anos do Sínodo Extraordinário sobre os Leigos, realizado em 1987, e da Exortação Apostólica Christifideles Laici, publicada por São João Paulo II em 1988. “O objetivo dessa celebração é a de que os cristãos leigos e leigas, a partir de sua conversão pessoal, tornem-se agentes transformadores da realidade”, informa o texto.

Sínodo arquidiocesano

Também é destaque que se inicie, durante o período de vigência do 12º Plano de Pastoral, um processo de Sínodo Arquidiocesano, “com a finalidade de promover a conversão pastoral missionária das estruturas, instituições, pastorais, paróquias e dos próprios fiéis de nossa Arquidiocese”.

Catecismo e Diretório dos Sacramentos

O Plano também menciona a elaboração de um catecismo arquidiocesano que sirva para o processo de iniciação à vida cristã, propondo os conteúdos fundamentais de maneira criativa e

adaptada à evangelização na grande cidade. Também é prevista uma revisão no Diretório dos Sacramentos, levando em conta as mudanças sofridas e ocorridas nas famílias, a fim de que a Arquidiocese “possa se mostrar Mãe misericordiosa e acolhedora”.

Indicações práticas

Outra novidade do 12º Plano de Pastoral é um anexo com indicações práticas para a aplicação do Plano. Nesse sentido, Dom Odilo ressaltou que o Plano de Pastoral não é programa, mas diretrizes para ação pastoral. A partir do documento, cada pastoral e organismo deve elaborar o seu programa. O coordenador do Secretariado Arquidiocesano de Pastoral, Padre Tarcísio Mesquita, explicou ao O SÃO PAULO que, após aprovação, o texto passará por algumas revisões para que seja publicado ainda em dezembro. Também da Assembleia saíram as indicações pastorais para 2017 destacadas pelos participantes reunidos em grupos. “São várias indicações apresentadas a partir de cada uma das urgências. Elas serão repassadas para todos os agentes das pastorais da Arquidiocese, para que se comece o trabalho de tornar efetivo o que o Plano propõe”, detalhou o Padre.


12 | Reportagem |

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O clamor de uma adolescente iraquiana Em abril deste ano, uma adolescente yazidi chamada Ekhlas, do norte do Iraque, deu um testemunho aos deputados britânicos sobre a violência e outras atrocidades levadas a cabo pelo grupo Estado Islâmico (EI). Ekhlas está entre os muitos yazidis raptados de suas casas em Sinjar pelos extremistas islâmicos. O seu pai e o seu irmão foram assassinados na sua frente. Ela e todas as outras garotas com mais de 8 anos da sua comunidade foram raptadas, encarceradas e violadas. Ao falar a um grupo restrito de deputados do Parlamento em Westminster, em Londres, Ekhlas descreveu ter visto as suas amigas serem raptadas e ter ouvido os seus gritos. Disse conhecer uma menina de 9 anos que foi violada tantas vezes que acabou morrendo. Ela disse ainda que viu um menino de 2 anos ser assassinado na frente da própria mãe. Ekhlas só conseguiu escapar da prisão durante um bombardeio próximo ao local onde estava encarcerada. A adolescente dirigiu-se aos deputados no dia anterior ao debate na Casa dos Comuns (a câmara de deputados britânica) sobre uma moção de reconhecimento de genocídio pelo grupo Estado Islâmico contra yazidis, cristãos e outras minorias. A moção apelava igualmente para que o governo britânico apoiasse a questão no Conselho de Segurança das Nações Unidas, a fim de que os que realizam esses crimes sejam levados à justiça. Aprovada por 278 votos a favor e zero contra, a moção exortava o governo britânico a apelar ao Conselho de Segurança da ONU para que remeta os crimes cometidos pelo EI para o Tribunal Penal Internacional. *A experiência de Ekhlas, e de muitas outras como ela, demonstra a importância da liberdade religiosa como direito humano fundamental. O aumento da cobertura na comunicação social da violência perpetrada em nome da religião reflete um reconhecimento crescente sobre a forma como, durante muito tempo, a liberdade religiosa foi “um direito órfão”. A frequência e intensidade das atrocidades contra yazidis, cristãos, bahá’ís, judeus e muçulmanos ahmadis está aumentando e se reflete no volume de relatos de violência extrema contra minorias religiosas (Relato extraído do relatório da ACN)

Relatório da ajuda à igreja que sofre (ACN) indica redução total nos casos de violações à liberdade religiosa no mundo; há, porém, avanço do hiperextremismo islamita, da perseguição aos cristãos no oriente médio, e da pressão pela secularização dos grupos religiosos no ocidente Edcarlos Bispo e Nayá Fernandes

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A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN, na sigla em inglês) divulga na quarta-feira, 16, a 13.ª edição do Relatório da Liberdade Religiosa no Mundo. O relatório é elaborado de dois em dois anos e avalia questões relacionadas com a liberdade religiosa de todos os grupos religiosos em 196 países. Esse relatório sobre a liberdade religiosa no mundo conclui que, no período em análise, houve a diminuição em 11 – quase metade – dos 23 países com as piores violações. Nos outros sete países dessa categoria, os problemas já eram tão grandes que dificilmente poderiam ficar piores. “A nossa análise também revela que dos 38 países com violações mais significativas da liberdade religiosa, 55% permaneceram estáveis em relação à liberdade religiosa e, em 8%, nomeadamente no Butão, no Egito e no Catar, a situação melhorou”, consta no documento. O texto aprofunda os problemas dos países em que “uma religião específica é identificada com o estado-nação”. Nesses casos, “os governos e os legisladores defenderam os direitos dessa fé por oposição aos direitos das minorias. As provas sugerem que os países que adotaram uma religião do Estado nas últimas décadas mostram uma tendência para desenvolver ‘leis antiblasfêmia’ que estão abertas ao uso indevido”, continua o relatório. No Oriente Médio, particularmente, há uma significativa perseguição e, consequentemente, diminuição do número de cristãos. Um exemplo apresentado é Aleppo, a cidade síria no centro da guerra civil. A população total diminuiu de 2,3 milhões para 1,6 milhão (-30%). No entanto, os principais parceiros de projeto disseram à Fundação ACN que, no mesmo período, os cristãos tinham diminuído em 80%, ficando reduzidos a cerca de 35 mil. O declínio revela sinais de aceleração, com relatos do ano passado advertindo para o desaparecimento do Cristianismo no Iraque em um prazo de cinco anos. Mostra-se, ainda, o surgimento de um outro fenômeno de violência com motivação religiosa, que pode ser descrito como hiperextremismo islamita, um processo de radicalização intensificada, sem precedentes na sua expressão violenta. As suas características são: crença extremista e um sistema radical de lei e governo; tentativas sistemáticas de aniquilar ou afastar todos os grupos que não concordem com a sua perspectiva, incluindo correligionários: moderados e aqueles com diferentes tradições; tratamento cruel das ví-

Livres para timas; uso das redes sociais mais recentes, principalmente para recrutar seguidores e intimidar os opositores, por meio da exibição de violência extrema; impacto global, tornado possível com os grupos extremistas filiados e as redes de apoio com bons recursos. Após esse panorama acerca das questões de perseguição no Oriente, o relatório destaca que as tensões sobre o lugar da religião no Ocidente são brandas em comparação com outras partes do mundo. Porém, no Ocidente, os grupos religiosos são pressionados por um processo cada vez maior de secularização. As questões em torno da fé estão cada vez mais centradas na objeção de consciência. Em uma sociedade secular, que trata a religião como um assunto privado e a livre escolha como o direito mais importante, os incidentes revelam os problemas que surgem quando médicos, enfermeiros e outros funcionários públicos são ameaçados com a perda de emprego ou uma ação judicial, se seguirem a sua consciência, recusandose, por exemplo, a realizar abortos ou a presidir uniões civis.

Piora a perseguição pelo mundo

Em alguns países, houve, nestes dois anos, uma piora na situação de persegui-

ção religiosa. Esse é o caso de Bangladesh e da China, por exemplo. O relatório aponta que os motivos e os principais violadores são distintos em cada um deles. Em Bangladesh, os responsáveis são entidades não estatais internacionais e locais, e os principais alvos são os grupos religiosos minoritários. Houve um aumento de ataques fatais a cristãos, hindus e outros, com clero e convertidos mortos e outros sob ameaças. Esse aumento está relacionado a uma decisão do Supremo Tribunal, em março de 2016, que confirmou o Islamismo como religião do Estado. Já na China, o principal violador é o Estado. Uma lei da Segurança Nacional foi publicada em julho de 2015, com diretivas para as religiões seguirem. Bem como na Eritreia, onde 85 adeptos das Testemunhas de Jeová foram encarcerados devido à sua recusa de pegar em armas. Além disso, ao menos 3 mil cristãos estão presos por causa da sua crença. Estado e entidades não estatais são os responsáveis pela perseguição na Indonésia, país com 147 “leis e políticas discriminatórias” em relação às religiões. Desde 2003, 150 pessoas foram presas ou detidas no âmbito das “leis da blasfêmia”. No Níger, apenas entidades não estatais internacionais contribuem para que haja um aumento no número de casos, em especial


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para crer o Boko Haram. Em janeiro de 2015, dez pessoas foram mortas e 80% das igrejas no país violentamente atacadas e incendiadas como reação a uma sátira do jornal Charlie Hebdo. Em relação ao Boko Haram, na Nigéria, embora a situação tenha permanecido igual, 219 das 279 garotas raptadas em 2014 ainda estão desaparecidas até hoje. Contudo, os líderes religiosos apoiam publicamente gestos de convivência pacífica e resolução de conflitos. Lá, mais de 2,5 milhões de pessoas foram deslocadas pela violência. A realidade do Iêmen agravou-se pelas entidades não estatais. O grupo Estado Islâmico (EI) reivindicou responsabilidade de “uma série” de ataques a mesquitas xiitas. Em março de 2016, quatro Missionárias da Caridade estavam entre os 16 mortos durante um ataque islâmico e um sacerdote foi raptado. Também no Iêmen, Israel evacuou secretamente 19 judeus em plena escalada de violência e discriminação.

O panorama brasileiro

Em 2015, o Brasil ficou chocado quando uma menina de 11 anos foi agredida no subúrbio do Rio de Janeiro por intolerância religiosa. Kailane Campos é candomblecista e foi apedrejada na saída de uma

festa do local de culto, mais conhecido como terreiro. Ela e a avó, que é mãe de santo, estavam vestidas de branco, porque tinham acabado de sair do culto. Em grupo, elas caminhavam para casa, na Vila da Penha, quando dois homens começaram a insultar a todos. Um deles jogou uma pedra, que bateu num poste e depois atingiu a menina. Na delegacia, o caso foi registrado como preconceito de raça, cor, etnia ou religião e também como lesão corporal, provocada pela pedrada. Os agressores fugiram num ônibus que passava pela avenida Meriti, no mesmo bairro. Esse é apenas um dos muitos casos de intolerância religiosa no país. De acordo com a pesquisa da Ajuda à Igreja que Sofre, o Disque 100 registrou 543 denúncias de violações de direitos por discriminação religiosa entre 2011 e 2014. Desse total, em 216 houve informações sobre a religião ou não profissão religiosa da vítima: 35% candomblé e umbanda, 27% evangélicos, 12% espíritas, 10% católicos, 4% ateus, 3% judeus, 2% muçulmanos e 7% outras religiões. Observa-se que os fiéis das religiões afro-brasileiras (0,35% da população total) e os muçulmanos (cerca de 0,01% da população) são os que mais sofrem com a discriminação. Apesar da preocupação do governo feReprodução

deral em combater todas as formas de discriminação, o Brasil tem conflitos em nível governamental relativos ao conceito de laicismo e à sua aplicação nas políticas públicas. A disputa é semelhante à de outros países ocidentais e tem principalmente a ver com assuntos como aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo e educação religiosa confessional. Em relação ao aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, segundo o relatório, as posições dos defensores da vida e da família são associadas ao fundamentalismo religioso, consideradas preconceituosas e contrárias às liberdades e direitos individuais. Os grupos religiosos e os militantes pró-vida alegam que as acusações de fundamentalismo e confessionalismo são usadas para lhes tirar o direito de expressão na defesa dos direitos humanos. A educação religiosa nas escolas públicas brasileiras encontra forte oposição, apesar de estar prevista na Constituição. A Igreja Católica argumenta que essa educação é essencial para a formação religiosa e que todas as religiões têm um lugar nas escolas públicas. Os opositores argumentam que essa posição mina o princípio da laicidade do Estado. A questão, porém, pode desenvolver-se na forma de um veto ao ensino religioso nas escolas ou numa definição por parte do Estado em relação ao conteúdo desse ensino, implicando uma forma de controle sobre o direito de crença.

Ataque às religiões de matriz africana e muçulmanos

Os números variam ligeiramente entre 2012-2013 (340 ocorrências) e 2014-2015 (372 ocorrências). O Rio de Janeiro e o Distrito Federal foram as unidades federativas com o maior número de casos registrados. O Rio é também onde há maior diversidade religiosa, com a mais elevada porcentagem de seguidores das religiões afro-brasileiras. A situação dos adeptos das religiões afro-brasileiras é a mais frágil. São vítimas de preconceitos históricos, de cunho racista, associados ainda ao período da escravidão. Além disso, devido às origens africanas, há preconceitos relacionados à mentalidade ocidental. Os ataques aos “terreiros” podem ir desde o abuso verbal e garrafas atiradas à total destruição desses locais de culto. Os muçulmanos começam a ser vítimas de preconceitos gerados pela associação entre o Islamismo e o terrorismo. A população não se dá conta de que a maioria dos muçulmanos não é de terroristas e que os refugiados muçulmanos são precisamente aqueles que também sofrem com o terrorismo. “A intolerância religiosa no Brasil encontra-se num momento peculiar. As formas tradicionais de intolerância, escondidas sob a imagem de uma sociedade mestiça e integrada, estão sendo denunciadas, e existe um esforço para a sua superação. No entanto, novas situações estão surgindo em função da diversificação religiosa da população e da influência dos conflitos internacionais. Nesse contexto, o diálogo inter-religioso revela-se particularmente importante para superar preconceitos e possibilitar maior integração social”, afirma o relatório.

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Ataque à universidade Em abril de 2015, 148 pessoas foram mortas num ataque por militantes do Al-Shabaab ao Colégio Universitário em Garissa, no nordeste do Quênia, na África. O ataque é um dos maiores realizados pelo grupo terrorista até a data. Testemunhas alegaram que extremistas fortemente armados isolaram os estudantes cristãos e os mataram a tiros antes de dispararem indiscriminadamente contra os outros estudantes. Quatro atiradores islâmicos foram cercados em um dormitório. Eles morreram quando os seus coletes suicidas detonaram-se no momento em que as forças de segurança abriram fogo sobre eles. Um quinto homem foi detido mais tarde. De acordo com a conta oficial no Twitter do Centro Nacional de Gestão de Catástrofes do Quênia e os relatos da comunicação social queniana, 587 pessoas conseguiram escapar e 79 ficaram feridas. Os homens armados lançaram o seu ataque e fizeram reféns durante os momentos de oração no início da manhã. Uma testemunha, que estava no campus durante o ataque, disse que os homens invadiram um local cristão e fizeram reféns. Afirmou, ainda, que depois os homens “seguiram para os alojamentos, disparando sobre quem quer que encontrassem pelo caminho, exceto sobre os seus companheiros muçulmanos”. Os militantes separaram os estudantes por religião, permitindo que os muçulmanos fossem embora, e mantiveram um número desconhecido de reféns cristãos. O cerco terminou depois de quase 15 horas, com os quatro terroristas mortos pelos membros da Recce, da General Service Unit (uma divisão paramilitar da polícia) do Quênia. Garissa era um alvo óbvio. Situada a apenas 145Km da fronteira com a Somália, o campus é frequentado sobretudo por estudantes cristãos, sendo um alvo fácil numa área predominantemente muçulmana. A falta de segurança no campus tinha sido uma grande preocupação antes dos ataques e, em novembro de 2014, os estudantes realizaram um protesto para chamar a atenção para a questão. * A ameaça do Islamismo militante pode ser sentida numa proporção significativa dos 196 países analisados: pouco mais de 20% dos países – pelo menos um em cinco – viveram um ou mais incidentes de atividade violenta, inspirados pela ideologia islâmica extremista. (Relato extraído do relatório da ACN)


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Cáritas Brasileira há 60 anos é presença da Igreja junto aos mais necessitados Cáritas Brasileira

Fernando Geronazzo

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A Cáritas Brasileira celebrou 60 anos com a realização do seu 5º Congresso Nacional, entre os dias 9 e 13, em Aparecida (SP). Com o tema “Caritas: pastoralidade e transformação social”, o evento reuniu agentes da Rede Cáritas de diferentes partes do Brasil e contou com a presença do secretário-geral da Caritas Internationalis, Michel Roy; do assessor eclesiástico da confederação Cáritas, Monsenhor Pierre Cibambo; e do referencial para a América Latina, José Magalhães de Souza. Em entrevista ao O SÃO PAULO, o presidente da Cáritas Brasileira e arcebispo coadjutor de Aracaju (SE), Dom João Costa, afirmou que os 60 anos da entidade são celebrados com um sentimento de gratidão a Deus por tudo já realizado. “Só nos últimos dez anos, pudemos auxiliar mais de 300 mil famílias, contribuindo para a transformação de suas vidas e devolvendo a elas a esperança de novas conquistas”, acrescentou. Ao falar sobre o tema do Congresso, Dom João Costa ressaltou o desejo de que a Cáritas esteja presente no coração da Igreja. “Quando olhamos para a nossa Igreja, pensamos muito na imagem do Bom Pastor, que não veio para ser servido, mas para servir e doar a sua vida para a salvação de todos. A Cáritas realiza essa missão de cuidar principalmente dos mais vulneráveis e sofredores”.

História

Fundada em 12 de novembro de 1956, a Cáritas Brasileira é um organismo da CNBB e uma das 165 organiza-

Membros da Caritas Internationalis participam do 5º Congresso Nacional da Cáritas Brasileira, que comemora 60 anos de fundação, dia 12

ções que compõem a rede Caritas Internationalis. No Brasil, a rede conta com 183 entidades-membros em 18 estados, atuando em 450 municípios, com mais de 15 mil agentes, a maioria voluntários. No Brasil, a Cáritas fomenta iniciativas de economia solidária, segurança alimentar e nutricional, fundos solidários, envolvendo jovens, mulheres, catadores de materiais recicláveis, pequenos agricultores, ribeirinhos, quilombolas, indígenas, refugiados e comunidades em situação de risco e afetadas por desastres socioambientais.

Cooperação internacional

As ações da Cáritas Brasileira não se limitam ao território nacional. “Onde sofre qualquer irmão, seja perto geograficamente ou distante, Cristo está

presente nele. Não precisamos olhar a proximidade do ponto de vista geográfico, mas, acima de tudo, com o coração que nos aquece para que estejamos ao lado daqueles que precisam de nós”, afirmou Dom João Costa, recordando, por exemplo, a recente campanha de ajuda ao Haiti, devastado por um furacão em outubro. Michel Roy destacou à reportagem que a Cáritas Brasileira tem um trabalho importante no campo da promoção da justiça social e de resposta aos necessitados, chamando a atenção para o Centro de Acolhida para Refugiados, mantido pela Cáritas Arquidiocesana de São Paulo, que ele considera “bastante organizado, profissional e feito com o coração”. Segundo ele, “na Cáritas, não basta ser bom tecnicamente, mas há uma especificida-

de: a fé. Não é somente um serviço administrativo, mas uma relação que se funde”. O secretário-geral destacou, ainda, o papel da Cáritas Brasileira na articulação das ações solidárias entre os países de língua portuguesa, presente especialmente na África. “Para a Caritas Internationalis, é muito importante esse trabalho, uma vez que muitos desses países lusófonos, justamente pela questão da língua, ficam isolados dos demais países”. Ainda de acordo com Michel Roy, a Cáritas Brasileira nasceu em um contexto em que a assistência era prioridade, mas hoje também trabalha no combate às causas da pobreza e da injustiça. “Esse é um papel importante da Cáritas no Brasil: fazer com que os brasileiros sejam cidadãos com seus direitos promovidos e respeitados”.

Cáritas Arquidiocesana terá nova diretoria em 2017 Luciney Martins/O SÃO PAULO

Vitor Alves Loscalzo Especial para O SÃO PAULO

A Cáritas Arquidiocesana de São Paulo (CASP) realizou na quinta-feira, 10, em sua nova sede no centro da cidade, a assembleia eletiva para os cargos de diretor, vice-diretor, tesoureiro e membros do conselho fiscal, que assumirão as responsabilidades para o triênio 2017-2019. Com a presença do Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, dos bispos auxiliares de São Paulo e dos leigos da Cáritas, a assembleia foi precedida de missa presidida pelo Arcebispo. Dom Odilo expressou gratidão pelo trabalho que a Cáritas realiza no Brasil, agradeceu à atual diretoria e desejou boa sorte aos que seriam eleitos. Segundo o Padre Marcelo Matias Monge, que deixará o cargo de diretor em 31 de dezembro, “há seis anos a Cáritas Arquidiocesana de São Paulo passa por um processo de transformação e de reestruturação organizativa. Acredito que neste período, conseguimos fazer,

Dom Odilo Scherer em foto com nova diretoria da Cáritas Arquidiocesana, eleita no dia 10

uma boa gestão, acompanhando todos os projetos que a Cáritas já tinha e criando e incrementando outros”, comentou o Sacerdote, pároco da Paróquia São João Batista, na Região Belém. O eleito como diretor, com 36 dos 48 votos, foi o Padre Marcelo Maróstica Quadro, da Paróquia Cristo Rei, da Região Belém. Também compõem a nova

diretoria o Diácono Celso Acuña (vicediretor), Carlos Camargo (1º Tesoureiro), Diácono Anivaldo Blasques (2º Tesoureiro), Padre Zacarias de Carvalho, Doutora Elisabete dos Santos e Diácono Francisco Lopes da Silva (eleitos conselheiros fiscais). “Quero seguir com o excelente trabalho que foi realizado nos últimos seis

anos pela atual diretoria. Mudanças sempre existem, mas serão frutos do contexto e da caminhada. A palavra que define o trabalho da nova diretoria é continuidade e crescimento: crescer e levar a Cáritas para onde ela não está presente”, disse Padre Marcelo Maróstica ao O SÃO PAULO. O novo diretor reconhece alguns dos desafios da Cáritas em São Paulo. “Em primeiro lugar, divulgar mais o trabalho da instituição, pois em muitos lugares não nos conhecem. É importante apresentar a Cáritas como essa boa notícia para a Igreja e para a sociedade. Assim, poderemos chegar às paróquias e comunidades mais necessitadas”. Hoje, a Cáritas conta com 70 parceiros. Porém, tendo em vista a necessidade de auxiliar cada vez mais pessoas – como os 24.299 refugiados atendidos em 2016 –, Padre Marcelo Maróstica afirma que será preciso buscar mais parceiros para concretizar novos projetos e fortalecer a atuação dos seis núcleos da CASP nas regiões episcopais.


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Cardeal Odilo Pedro Scherer

Ano Santo deixa para a Arquidiocese legado pastoral e de evangelização Luciney Martins/O SÃO PAULO

Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

No dia 20, na Solenidade de Cristo Rei, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, participará no Vaticano da celebração conclusiva do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, na qual o Papa Francisco fechará a Porta Santa da Basílica de São Pedro. Em âmbito arquidiocesano, o jubileu extraordinário foi concluído no domingo, 13, com missa presidida pelo Arcebispo na Catedral da Sé. Nesta entrevista exclusiva ao O SÃO PAULO, Dom Odilo comenta que a busca pela misericórdia de Deus e a prática das obras de misericórdia não devem cessar com o fim deste ano jubilar e afirma que “esperava um envolvimento maior nas ações do Ano Santo em nossas paróquias e organizações eclesiais”. Ainda segundo o Cardeal, na Arquidiocese este tempo especial para a Igreja deixou um legado de evangelização “cujo fruto só Deus conhece, pois esse legado tem seu lugar no coração e na consciência das pessoas” e um legado pastoral, “perceptível nas ações realizadas ou iniciadas, suscitadas pelo Ano Santo”, incluindo o Projeto Vida Nova, que será coordenado pela Missão Belém para acolher, ajudar e orientar as pessoas em situação de rua na restauração de suas vidas.

O SÃO PAULO – Na abertura do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, em dezembro do ano passado, o senhor escreveu em artigo no O SÃO PAULO que este seria “um tempo de júbilo e de graças especiais para toda a humanidade”. Assim o foi? Cardeal Odilo Pedro Scherer - Esse foi o grande objetivo da proclamação do Jubileu da Misericórdia, pelo Papa Francisco. Para muitos, certamente foi assim, mesmo se isso nem sempre é perceptível e mensurável de maneira objetiva. As experiências do “mistério da misericórdia” são muito pessoais e, tantas vezes, também inefáveis. Mas é claro que a experiência interior da fé também tem suas expressões exteriores: a paz e a serenidade interior que se encontram na experiência pessoal da misericórdia de Deus também se refletem na inte-

ração com as outras pessoas e com as realidades circunstantes. Em muitos momentos, o Papa Francisco exortou os fiéis a abrirem-se à misericórdia de Deus e ao perdão ao próximo neste Ano Santo. Na avaliação do senhor, como esse pedido do Pontífice foi concretizado no agir pastoral da Igreja? O Papa Francisco foi o grande animador de todo este Jubileu. Recebi a informação de muitos padres de São Paulo de que houve um significativo aumento da procura pela Confissão ao longo do ano. Sei também que foram oferecidas muitas ocasiões, pelos padres, para que as pessoas pudessem confessar; e houve muita pregação e anúncio sobre a misericórdia de Deus e sobre a necessidade de nos voltarmos a ela de coração humilde e contrito. E isso não deveria cessar com a conclusão do Ano Santo extraordinário da Misericórdia. O que representa a criação de novos cardeais no encerramento deste Jubileu? O Papa Francisco ao anunciar os nomes dos novos membros do Colégio Cardinalício observou que eles deverão ajudar a Igreja a testemunhar – “até os confins do mundo” –

que a misericórdia de Deus é infinita. Isto já faz parte da missão ordinária da Igreja, mas é significativo que o Papa tenha destacado que o anúncio e o testemunho da misericórdia são finalidades da existência do Colégio Cardinalício, que deve ajudar o Pontífice na animação da Igreja inteira para o cumprimento dessa missão. Qual a avaliação do senhor sobre a vivência do Ano Santo extraordinário da Misericórdia na Arquidiocese de São Paulo? Antes deste Jubileu extraordinário, os exercícios de Ano Santo, como as peregrinações, a passagem pela “Porta Santa”, a busca da indulgência plenária e outras práticas tinham sempre como referência a cidade de Roma e, talvez Jerusalém, ou mais algum santuário no mundo. Desta vez, o Papa Francisco estabeleceu que esses exercícios fossem realizados, amplamente, nas dioceses do mundo inteiro, sob a responsabilidade dos bispos locais. Foi uma novidade muito boa, mas tive a impressão de que não houve a percepção suficiente dessa graça extraordinária. Para dizer a verdade, eu esperava um envolvimento maior nas ações do Ano Santo em nossas paróquias e organizações eclesiais. Acho que a grande maioria dos cató-

licos não se deu conta das propostas e apelos do Ano Santo e não participou das suas iniciativas. Tudo tem seu aprendizado... Contudo, muitos participaram e foram numerosas as iniciativas propostas. Quem participou certamente aproveitou bem. Que legados ficam para a Arquidiocese de São Paulo deste Ano Santo? Fica um legado de evangelização, cujo fruto só Deus conhece, pois esse legado tem seu lugar no coração e na consciência das pessoas. Mas há um bom legado pastoral, perceptível nas ações realizadas ou iniciadas suscitadas pelo Ano Santo; a maior procura do sacramento da Reconciliação, a maior atenção pessoal à prática constante das obras de misericórdia corporais e espirituais. O apoio a obras sociais e iniciativas de solidariedade fraterna concreta também são parte desse legado. E o incentivo e apoio amplo da Arquidiocese ao Projeto Vida Nova, na Praça da Sé, a ser coordenado pela Missão Belém, será um legado expressivo do Ano Santo da Misericórdia na Arquidiocese. Essa obra é destinada a acolher, ajudar e orientar pessoas que vivem na rua, muitas vezes abandonadas, ou na dependência química, necessitadas de restauração de suas vidas. O Projeto Vida Nova deverá ser lugar permanente do testemunho concreto da misericórdia e para incentivar muitas pessoas na prática das obras de misericórdia. Será mais um testemunho de que “Deus habita esta Cidade”. O próximo Ano Santo ordinário será em 2025. Já é possível intuir um caminho a ser trilhado pela Igreja até lá, tendo em vista que há pautas globais já definidas para esse período, como a Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável? A definição com tanta antecedência do tema de um Ano Santo não me parece uma preocupação da Igreja. Os Jubileus são momentos “extraordinários” na vida e na ação da Igreja. Creio que não devemos perder a noção da importância do “hoje” divino e do dia a dia na vida e na missão da Igreja e de cada pessoa. Todo ano, cada dia, cada hora são importantes e podem ser a “hora da graça” e da salvação para nós!


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Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

Dica de Leitura A Educação Superior e o resgate intelectual Este relatório da Universidade de Yale, publicado em 1828, se não teve a intenção de ser um alerta quanto aos problemas educacionais que desafiam hoje não só os Estados Unidos, mas o mundo todo, com certeza poderia ter sido considerado como tal. O relatório demonstra que uma mudança na orientação do ensino superior, que o faça enfocar a profissionalização antes da formação integral da pessoa, gera resultados profundamente desastrosos, tanto em âmbito pessoal quanto social. A educação só é eficiente quando está direcionada, antes de tudo, para o seu propósito real: uma educação que liberte o homem de sua ignorância. O Relatório de Yale de 1828 é um documento valioso para que se compreenda isso. FICHA TÉCNICA: Título: A Educação Superior e o Resgate Intelectual - O Relatório de Yale de 1828 Páginas: 176 Editora: Vide Editorial

Para Refletir Populismo

Divulgação

“O que quero dizer é que o populismo não é algo intrinsecamente mau. Ele pode ser positivo ou negativo, de acordo com o contexto. A característica essencial de todos os movimentos populistas é sua crença de que uma elite está governando em seu próprio interesse em vez do interesse da população em geral. Para dizer o óbvio: a validade do argumento populista depende da medida em que essa avaliação é precisa. Alguns movimentos populistas se apoiam em bodes expiatórios, atribuindo todo e qualquer infortúnio a uma minoria privilegiada e poderosa. Esses são os movimentos vis, os que oferecem ódio e divisão em vez de soluções. ‘Você é pobre? Seus filhos estão desempregados? Não é sua culpa! É tudo culpa dos capitalistas/estrangeiros, poderosos/judeus/, aquele um por cento da população’. (...). [Na Europa, ao longo da história recente] o grupo alvo variou de um país a outro: podem ter sido banqueiros, sacerdotes, proprietários de terra, judeus, minorias nacionais, capitalistas ou comunistas. Mas todos concordavam com uma coisa: o pluralismo era o inimigo. Por todo o continente, de Portugal de Salazar à União Soviética de Stalin, os parlamentos livres foram descartados por serem considerados instrumentos de plutocratas manipuladores e interesseiros.”(Daniel Hannan) (O artigo na íntegra pode ser lido em inglês no site da New Criterion.)

Há 25 anos, a épica vitória de Ayrton Senna no Brasil Acervo Ayrton Senna

Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

No domingo, 13, o autódromo de Interlagos, na zona Sul, foi palco do GP Brasil de Fórmula 1. Se as atrações dessa vez se concentraram na disputa pelo título entre o britânico Lewis Hamilton e o alemão Nico Rosberg, pilotos da Mercedes (com a vitória de Hamilton, a decisão ficou para o GP de Abu Dhabi, no dia 27), há 25 anos, a expectativa era pela primeira vitória de Ayrton Senna no Brasil. O piloto tricampeão da principal categoria do automobilismo (1988, 1990 e 1991) – morto em 1994 em um trágico acidente no GP de San Marino – chegou ao GP do Brasil em 24 de março de 1991 confiante na inédita vitória, após ter feito o melhor tempo no treino classificatório. Como esperado, Senna disparou na liderança da corrida com sua McLaren e assim seguiu sem maiores perigos, mesmo debaixo de chuva, até a volta 65 da prova, quando a caixa de câmbio do carro começou a apresentar problemas. O que se viu daí até a bandeirada final, quem acompanhou pela TV ou nas arquibancadas de Interlagos se lembra em detalhes até hoje, mesmo após 25 anos.

Um dia inesquecível

Anderson Costa Barbosa, 36, mora em São Paulo. Em 1991, assistia à prova pela TV ao lado do avô. Fã de Ayrton Senna,

Após vencer GP do Brasil em 1991, Ayrton Senna esforça-se para levantar o troféu da vitória

ele é integrante da TAS-Torcida Ayrton Senna, que congrega fãs do piloto. Anderson contou ao O SÃO PAULO detalhes daquela corrida. “Senna ‘voava baixo’ na pista. Começou uma garoa fina. Todos sabiam que Ayrton era expert na chuva, o que aumentou ainda mais as esperanças de toda a torcida brasileira. Mas aí aconteceu o inesperado: Senna começou a ter problemas na caixa de câmbio da sua McLaren, foi perdendo as marchas do câmbio. Faltando sete voltas para o final da corrida, Ayrton pilotava o carro apenas com a sexta marcha, o que exigiu um esforço ainda maior de seus braços e ombros. Do ‘alto dos meus 10 anos de idade’, percebia

o carro perdendo rendimento na pista, e passei a empurrar o carro com os olhos, até a linha de chegada. Faltava muito pouco! E ele conseguiu! E nós conseguimos! Não aguentei, e chorei em frente à TV”, recordou Anderson. Naquele mesmo dia, em Curitiba (PR), Jorge Luis Hreczuck, hoje com 34 anos, também assistiu à vitória de Senna pela TV. “Tenho certeza de que cada brasileiro ajudou o Ayrton a vencer aquela corrida. Quando ele recebeu a bandeirada e finalmente venceu o tão sonhado GP do Brasil, e começou a gritar dentro do carro, pode ter certeza de que não foi somente ele, o Brasil todo fez o mesmo. Eu e meu avô gritamos muito, pulamos, nos abraçamos

e choramos de emoção. Aquela vitória era nossa também.” E se para eles a emoção foi grande, mesmo à distância, imagine para quem esteve no autódromo e viu tudo bem de perto? Foi o que aconteceu com a hoje jornalista Kátia Leite, 42, que assim como Jorge Luis e Anderson, participa da TASTorcida Ayrton Senna. “Foi a primeira vez que fui ao autódromo. Estava com o meu pai, também fã do Senna, e se tornou um dia que nunca sairá da memória. Basta fechar os olhos para ver, como se fosse hoje, a McLaren vindo pela reta oposta, o Senna já de braço erguido e a torcida enlouquecida na arquibancada por causa da vitória. Eu me dividia entre chorar e gritar de emoção e alegria! Ele acabou parando em frente de onde estávamos e na hora não entendemos o motivo, só depois soubemos da dimensão da corrida heroica e histórica que tivemos a grande honra de presenciar!”, recordou. O esforço de Senna para concluir a prova foi tanto, que ele precisou de atendimento médico ainda no cockpit da McLaren, após a bandeirada final, e quase não teve forças para erguer o troféu de vencedor. “Só voltei à realidade quando vi a bandeirada. Aí senti um imenso prazer em viver, em estar em Interlagos, na minha terra e vendo a minha gente feliz. Não foi a maior vitória da minha vida, mas foi a mais sacrificada”, disse Ayrton Senna, anos depois, em uma das muitas entrevistas em que recordou aquele 24 de março de 1991.


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Reforma política deve pôr fim às coligações em eleições proporcionais

Acordo de Paz

Roque de Sá/Agência Senado

Edcarlos Bispo

edbsant@gmail.com

Mais uma proposta de reforma política volta a ser discutida no Congresso Nacional. Dessa vez, é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 36/2016, que já foi até aprovada em primeira votação no Senado Federal – com 58 votos favoráveis e 13 contrários – e terá segunda votação em 23 de novembro. Caso aprovada, seguirá para a Câmara dos Deputados, para uma votação também em dois turnos. Menos abrangente que a proposta discutida no ano passado pelos deputados federais, a matéria da PEC 36/2016 acaba com as coligações partidárias nas eleições proporcionais (vereadores e deputados) e cria uma cláusula de barreira para a atuação dos partidos políticos. O objetivo é diminuir o número de legendas partidárias no país. De acordo com o texto, as coligações partidárias nas eleições para vereador e deputado serão extintas a partir de 2020. Atualmente, os partidos podem fazer coligações, de modo que as votações das legendas coligadas são somadas e consideradas como um grupo único no momento de calcular a distribuição de cadeiras no Legislativo. O professor Rafael Araujo, do Departamento de Política da PUC-SP, afirmou em entrevista ao O SÃO PAULO que a proposta tem um lado bom e outro ruim. O lado bom, para ele, é que haveria o fim da prática de partidos nanicos elegerem candidatos à custa de outros partidos, já que do ponto de vista eleitoral, to-

De autoria de Aécio Neves (PSDB-MG), PEC 36/2016 ainda passará por segunda votação

dos os partidos de uma coligação acabam sendo vistos como apenas um partido. Da mesma maneira, o fim das coligações nas eleições proporcionais pode barrar a prática de partidos grandes que se coligam com os pequenos para que estes lancem artistas, cantores e atletas para terem um grande número de votos e conseguirem eleger seus políticos. Além disso, haverá a certeza de que o voto dado a um partido irá, de fato, para este ou para o político que a ele pertence. O ponto negativo, de acordo com Rafael Araujo, é que haverá uma diminuição dos partidos pequenos ideológicos. “O que isso representa? Você diminui o poder de atuação desses partidos nanicos, o que me parece ser algo

que empobrece o debate”, comenta. No entender de Rafael, com a PEC 36/2016, de modo geral, “você começa a ter partidos sérios e desencoraja a criação de partidos a torto e a direito, como temos hoje. Há uma quantidade de partidos muito grande, o que não se justifica do ponto de vista ideológico, nem do ponto de vista das leituras sociais que deveriam representar”, afirma Rafael. O professor ainda critica que a PEC tem mais a ver com a grande política nacional, do que com a vida cotidiana e a prática política nos municípios. “De onde parte essa proposta? Quem está realizando? Ela vem de partidos pequenos ou de partidos grandes? Quem é que acaba ganhando com essa reforma?”, indagou.

Coligações

Ficam extintas as coligações nas eleições proporcionais a partir de 2020. Coligações nas eleições para cargos majoritários (presidente, governadores, senadores e prefeitos) continuam sendo permitidas.

Cláusulas de barreira

Estabelece cláusulas de barreira para os partidos políticos. Só poderão ter funcionamento parlamentar os partidos que: 1) a partir das eleições de 2018: obtiverem um mínimo de 2% dos votos válidos distribuídos em pelo menos 14 unidades da Federação, com um mínimo de 2% dos votos válidos em cada uma delas. 2) a partir das eleições de 2022: obtiverem um mínimo de 3% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos 14 unidades da Federação, com um mínimo de 2% dos votos válidos em cada uma delas. Somente os partidos com funcionamento parlamentar terão direito a: 1) participação nos recursos do fundo partidário; 2) acesso gratuito ao rádio e à televisão; 3) uso da estrutura funcional oferecida pelas casas legislativas. Os eleitos por partidos que não alcançarem o funcionamento parlamentar têm assegurado o direito de participar de todos os atos inerentes ao exercício do mandato. Além disso, podem se filiar a outro partido sem risco de perda de mandato. A filiação, no entanto, não será considerada para efeitos de fundo partidário e acesso ao tempo de rádio e TV. Cria regras para fortalecer a fidelidade aos partidos: 1) Prefeitos e vereadores eleitos em 2016, bem como deputados, senadores, governadores e presidente da República eleitos a partir de 2018, que se desfiliarem dos partidos que os elegeram, perderão o mandato, ressalvadas exceções previstas pela própria PEC. 2) Vice-prefeitos, vice-governadores e vice-presidente que se desfiliarem dos partidos pelos quais concorreram não poderão suceder os titulares de chapa assumindo a titularidade definitiva do cargo. 3) Perderão a condição de suplentes de vereador, de deputado ou de senador, aqueles que se desfiliarem dos partidos pelos quais concorreram, considerada a regra citada no item acima.

Direitos dos eleitos Fidelidade partidária

Federação de partidos

A notícia sobre o novo acordo de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) foi recebida com “grande satisfação” pelo governo brasileiro. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores diz que o governo brasileiro espera que o novo texto obtenha o necessário apoio da cidadania colombiana e que o mesmo espírito de boa vontade e de reconciliação nacional prevaleça durante a implementação do acordo de paz.

Eduardo Cunha

Substitutivo à PEC 36/2016 aprovado em primeiro turno

Funcionamento parlamentar

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Os partidos políticos com afinidade ideológica e programática poderão se unir em federações, que terão os mesmos direitos das agremiações nas atribuições regimentais nas casas legislativas e deverão atuar com identidade política única, resguardada a autonomia estatutária das legendas que a compõem. Fonte: Agência Senado

A Justiça Federal do Paraná recebeu dos advogados do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um pedido para mudar duas testemunhas de defesa na ação penal da operação Lava Jato. A petição foi protocolada na noite da sexta-feira, 11. Os advogados solicitam a inclusão do exministro da Fazenda, Guido Mantega, que também foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras, e do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo da Costa Paes. O motivo seria a dificuldade de localização das testemunhas inicialmente arroladas: o ex-gerente da Petrobras, Pedro Augusto Cortes Xavier Bastos, e o ex-deputado e presidente da Câmara, João Paulo Cunha.

Criminalização do caixa 2

A criminalização do caixa dois não poderia produzir anistia porque a prática não consta no Código Penal, argumentou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O caixa dois é um crime eleitoral e financeiro, mas um projeto de lei em tramitação na Câmara pretende incluí-lo no Código Penal. Com isso, têm se especulado que a medida poderia anistiar quem praticou o caixa dois até o momento da aprovação do projeto. Rodrigo Janot comentou que não se pode anistiar porque penalmente o crime não existe até o momento.

Uso de avião da FAB

O procurador Paulo José Rocha Junior, do Ministério Público Federal no Distrito Federal, instaurou um inquérito civil, a pedido de parlamentares de oposição, para investigar o uso de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) por ministros do governo Michel Temer em 238 voos.

Lentidão

Uma em cada três ações penais contra parlamentares no Supremo Tribunal Federal (STF) foi arquivada nos últimos dez anos por causa da prescrição dos crimes. Na prática, o Estado demorou tanto a julgar o acusado que perdeu o direito de puni-lo. Entre os casos arquivados estão acusações contra o senador Jader Barbalho (PMDB-PA), a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) e o deputado Paulo Maluf (PP-SP). Fontes: EBC e Folha de S.Paulo


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Paróquia Santíssima Trindade é criada na periferia de São Paulo Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Em missa com o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, é oficializada a criação da Paróquia Santíssima Trindade, no bairro Recanto dos Humildes, no sábado, 12

Instalada no Recanto dos Humildes, na zona Noroeste, comunidade paroquial tem história de fé e de mobilização por melhorias sociais desde a década de 1990 Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

Os católicos do Recanto dos Humildes, bairro da periferia da zona Noroeste de São Paulo, celebraram a realização de um sonho iniciado há duas décadas: No sábado, 12, foi oficialmente criada a Paróquia Santíssima Trindade, no Setor Pastoral Perus, da Região Episcopal Brasilândia. Desmembrada da Paróquia São José, a nova paróquia, até então área pastoral (leia o decreto de criação na página 4), foi instituída pelo arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, que no sábado também deu posse ao primeiro pároco, o Padre Ednilson Turozi de Oliveira. A criação da Paróquia foi feita com missa presidida por Dom Odilo e concelebrada por Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, e diversos padres. O Cardeal, na homilia, explicou aos fiéis que a paróquia é uma maneira de a Igreja reunir as comunidades em nome de Jesus em um determinado lugar. “As paróquias são no pequeno aquilo que a Igreja toda é. A Igreja se faz presente onde o povo está reunido e vive a sua fé e a pratica em nome de Cristo”, disse. Dom Odilo destacou, ainda, que a paróquia possui três finalidades: proclamação da Palavra de Deus, santificação da vida e o testemunho da caridade. Ele também ressaltou a dimensão missionária da paróquia, formada de um povo que se interessa em comunicar a sua fé.

Ação católica desde o início do bairro

A história dessa comunidade eclesial se confunde com a origem do bairro Recanto dos Humildes, iniciado com a implantação de um conjunto habitacional no início da década de 1990. Maria de Lourdes Ferreira é a história viva de todo esse processo. Moradora do bairro há 20 anos, ela recordou ao O SÃO PAULO o tempo em que as pessoas se reuniam nas casas para rezar o Rosário e celebrar a Eucaristia. Segundo ela, no local onde está erguida a igrejamatriz da Paróquia Santíssima Trindade existia um barracão onde as pessoas guardavam materiais para a construção de suas casas. “Com o tempo, esse espaço começou a ser utilizado para celebrações e encontros da comunidade”, relatou. Naquela época, contou Maria de Lourdes, não existia nem a Paróquia São José, que foi criada somente em 1999. Toda a área pertencia à Paróquia Santa Rosa de Lima, considerada “igreja-mãe” do Setor Perus. “Recordo-me que na Semana Santa, nós íamos em procissão para a Santa Rosa de Lima”, disse.

Matriz

Dos muitos padres que passaram pelo Recanto dos Humildes naquela primeira fase, Maria de Lourdes destacou o Padre Genésio de Morais, hoje administrador da Paróquia São Francisco de Assis, também na Região Brasilândia, que começou a construção do templo no ano de 1997. “Primeiro foi construído o salão paroquial. Em seguida, o Padre Genésio começou a construção da igreja, em cima do salão”, disse. Para as obras da matriz, houve campanhas, eventos realizados pela comunidade, além de pedido de ajuda a entidades internacionais. O templo foi inaugurado em 2006, mas ainda sem o acabamento. Ao mesmo tempo em que se construía a sede da atual Paróquia, os fiéis se mobilizavam para construir as

outras capelas ligadas à comunidade que surgiram com a expansão da região, que culminou nos bairros Recanto do Paraíso, Jardim da Conquista e Recanto da Paz.

Área pastoral

O templo foi finalizado em 2006, quando o Padre Rodrigo Pires, hoje pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Região Ipiranga, consolidou o projeto para transformar a comunidade em paróquia, tanto que naquela época, tornou-se uma área pastoral, constituída pelas comunidades Santíssima Trindade, Sagrado Coração de Jesus, Divino Espírito Santo e Nossa Senhora do Paraíso. O primeiro passo do processo para a elevação como paróquia foi a unificação da administração financeira, até então gerida em cada comunidade. Assim, a área pastoral passou a ter condições de manter um padre. Outro passo, foi a construção de uma casa paroquial.

Sonho realizado

Maria de Lourdes não conseguiu conter a lágrimas de felicidade ao falar do que significava ver a criação da Paróquia. “Foi muita luta, muitos desafios. Hoje eu choro de alegria por ver esse sonho realizado”, disse, lembrando-se das muitas pessoas que fizeram parte desse processo e morreram antes de vê-lo concluído. Algumas delas foram homenageadas em uma placa colocada no salão paroquial, onde também estão lembrados os nomes dos muitos padres e religiosos que passaram pela comunidade.

Presença transformadora

Janete Nunes Jopetipe chegou no Recanto dos Humildes em 1996 e frequentou muitas celebrações no barracão erguido no terreno onde hoje está a igreja-matriz. Ela recordou que graças à ação da Pastoral da Criança, verificouse a necessidade de um posto de saúde na região, concretizado pela comunidade, com o apoio dos padres jesuítas

do Centro Pastoral Santa Fé, em Perus. “Diante do surto de leptospirose que atingia as crianças do bairro, percebeuse que os moradores daqui não tinham aonde ir para o atendimento de saúde”, relatou, acrescentando que, até hoje, “a única instituição organizada no Recanto ainda é a Igreja Católica”. Padre José Adeildo Machado, reitor do Seminário Propedêutico Nossa Senhora da Assunção, administrou a Área Pastoral em 2014. Ele destacou que conheceu no Recanto dos Humildes uma Igreja viva e participativa. “Essa comunidade é referência até para a Subprefeitura de Perus para entender os problemas do bairro”, disse.

Povo comprometido

Atuando no Recando dos Humildes desde janeiro de 2015, Padre Ednilson já conhece a realidade dos paroquianos e do bairro que hoje abriga aproximadamente 90 mil habitantes. Ele descreveu o povo como acolhedor, simples e comprometido com a oração e a assistência social. Um sinal da generosidade da comunidade foi o gesto concreto de destinar a coleta da missa de criação da Paróquia para a campanha da Cáritas Arquidiocesana de ajuda às vítimas do furacão que devastou o Haiti em outubro.

Desafios

Entre os desafios pastorais da nova Paróquia, o Pároco destacou a evangelização das famílias e principalmente dos jovens, que não possuem muitas opções de desenvolvimento no bairro. “Consideramos esses desafios também como oportunidades para uma efetiva ação pastoral”, disse. Para o Padre, a elevação da Paróquia ajudará no fortalecimento da identidade dos católicos do bairro. “Nós não somos a maioria. Há um número muito grande de igrejas evangélicas. A Paróquia dará mais autonomia para nossa ação evangelizadora”, acrescentou.


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Brasilândia Misericórdia, perdão e reconciliação Larissa Fernandes e Natali Félix

Colaboradoras de comunicação da Região

A forte chuva do domingo, 13, não impediu que os fiéis participassem da missa de encerramento do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, na Igreja Nossa Senhora da Expectação, na Freguesia do Ó. Em clima de louvor e adoração, a celebração presidida por Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, marcou o fechamento do ano jubilar, durante o qual houve 27 peregrinações à Porta Santa desta igreja, feitas pelas comunidades, setores, movimentos e diversas paróquias da Região. Para Dom Devair, foi um período intenso e cheio de gestos concretos de fé, reconciliação e perdão. Fisicamente, as portas da misericórdia continuam abertas, já que não existe um rito litúrgico de fechamento. “Estamos aqui para marcar a nossa confiança na misericórdia que experimentamos, porque o nosso Deus prevalece sobre todas as circunstâncias, todas as ações e todas as realida-

des da nossa vida”, afirmou na homilia. O Bispo aproveitou para falar sobre muros construídos pela sociedade. Nesse sentido, ele abordou questões como conflitos familiares, desigualdade social e problemas econômicos e políticos, além de citar o egoísmo das pessoas. Segundo Dom Devair, ao proclamar este jubileu extraordinário, o Papa Francisco ajudou que todos olhassem com misericórdia sobre tais muros. “Quando as pessoas passam a não olhar somente aquilo que querem e quando nos esforçamos para construir a comunhão, isso exige renúncia.” Padre Reinaldo Torres, coordenador regional de pastoral, afirmou que esse foi um tempo favorável para que o amor de Deus fosse experimentado. Segundo ele, o próprio logotipo do Ano Santo, no qual Jesus carrega uma pessoa no ombro e com ela funde o olhar, tem um grande significado. “É mais uma oportunidade de redescobrirmos as forças que possuímos, para que, mutuamente e fraternalmente, possamos apoiar a caminhada e, acima de tudo,

Priscila Rocha

Dom Devair, clérigos, religiosos e leigos na missa de encerramento do Ano Santo, no dia 13

entender que no amor de Deus encontramos a força e a graça para celebrarmos e vivermos”, explicou. Para Rosana Veiga, 37, que participou da celebração, o jubileu foi um tempo de transformação espiritual. Mesmo diante das dificuldades, ela diz que “o Ano Santo serviu para nos dar ensinamento de que com amor conseguimos vencer muita coisa”. Ao fim da missa e após a entrada da

imagem de Nossa Senhora da Expectação, Padre Reinaldo reafirmou que não haveria nenhum ato físico de fechamento da porta, já que a celebração como um todo tinha esse significado. “Ao longo desta Eucaristia, preparamos o coração para vivermos e testemunharmos este momento, afinal, a Porta Santa nos acolheu ao longo deste Ano, como peregrinos em busca do Reino definitivo”, encerrou.

Ipiranga

Padre Edilson Kaspchak e Cidinha Panhoca Colaboração especial para a Região

Sempre há tempo para seguir os caminhos da misericórdia O Santuário São Judas Tadeu promoveu no domingo, 13, o evento itinerante “Caminhos de Misericórdia”, que marcou o encerramento do Ano Santo extraordinário da Misericórdia e o fechamento da Porta Santa. Organizado pelo Setor Juventude, o evento ocorreu nos arredores do Santuário, com tendas de confissão montadas na calçada, momentos de pregação na capela de bênçãos, adoração ao Santíssimo na igreja antiga e passagem pela Porta Santa. O evento contou com aproximadamente cem voluntários e teve a participação itinerante de mais de 5 mil pessoas. Às 14h, todos foram convidados a fazer a última passagem pela Porta Santa. “Estou passando por um tratamento de hemodiálise, mas não poderia deixar de

vir agradecer porque estou viva. Hoje faço 40 anos de casamento, e creio que essa alegria é a misericórdia de Deus que veio ao meu encontro”, afirmou a paroquiana Sueli Aparecida Ferreira dos Reis. Após a passagem pela Porta Santa, cerca de 2 mil pessoas participaram da missa de encerramento, presidida por Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga. Ele enfatizou que a misericórdia de Deus é eterna, por isso todos devem continuar buscando os sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia. O Bispo ressaltou que, ao terminar o Ano Santo extraordinário da Misericórdia, o desejo do Papa Francisco é o de que a Igreja seja samaritana, compadecendo-se com quem sofre e acolhendo a quem pre-

Hélio Nagamine

Dom José Roberto preside missa de encerramento do Jubileu extraordinário da Misericórdia

cisa de ajuda. Além disso, as comunidades, movimentos e paróquias têm a missão de reproduzir no mundo o rosto misericordioso de Cristo. Dom José Roberto disse, ainda, que todos devem produzir frutos de salvação, num agir missionário que

proporcione à Igreja tomar a iniciativa de levar a misericórdia de Deus a quem ainda não a experimentou. Por fim, todos caminharam até a igreja antiga, onde houve a conclusão da celebração de fechamento da Porta Santa.

Paróquia São Vicente de Paulo tem novo pároco Padre Edilson Kaspchak

Dom José Roberto dá posse ao Padre Valeriano como pároco da São Vicente de Paulo, dia 13

Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, deu posse no domingo, 13, ao Padre Valeriano Pedro Klidzio, como pároco da

Paróquia São Vicente de Paulo, no Setor Pastoral Anchieta. Padre Valeriano sucede ao Padre Clístenes Natal Bósio. O novo pároco já tra-

balhou nessa Paróquia entre 2003 e 2010. Dom José Roberto ressaltou, na homilia, a responsabilidade de o povo cristão trabalhar pelo Reino de Deus, atuando nas pastorais e demais ações da Igreja, e desejou que o Padre e todos os fiéis vivam a fé com intensidade. Na sequência, o Bispo realizou os demais procedimentos de tomada de posse do novo Pároco. O Padre renovou as promessas sacerdotais, recebeu as chaves da igreja e do sacrário, o batistério e o confessionário, e fez o juramento de fidelidade à Igreja. A missa foi assistida pelo Diácono Anivaldo Blasques e concelebrada pelos

padres Edilson Kaspchak, vigário paroquial, e Odair dos Santos, provincial da Congregação da Missão Província do Sul (CMPS). Por fim, Padre Valeriano Pedro disse esperar que após os seis anos que permanecer na Paróquia, “tenha crescido na fé e que cada um da comunidade também tenha crescido”. Ele enfatizou que vai começar com o “encontro humano, com cada pessoa” e favorecer uma comunidade que viva a alegria. “O cristão não pode ser azedo, mas alegre por viver em Cristo.” A missa foi concluída com a bênção final do Bispo.


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Santana

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região Diácono Francisco Gonçalves

Dom Sergio, clero e fiéis durante o encerramento do Ano Santo na Igreja de Sant’Ana, dia 13

Confissões e obras de misericórdia são marcas do Ano Santo na Região No domingo, 13, aconteceu a missa solene de encerramento do Ano Santo extraordinário da Misericórdia na Igreja de Sant’Ana, presidida por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana. O Jubileu extraordinário da Misericórdia na Região concluiu-se após peregrinações dos noves setores pastorais à Porta Santa dessa igreja. Os peregrinos contribuíram com suas coletas para a construção da Capela São João Batista, da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, na periferia da zona Norte. Destacam-se as confissões realizadas na Igreja de Sant’Ana durante o jubileu,

em que 60 padres atuantes na Região e Dom Sergio se dedicaram em 304 tardes e manhãs para confessar os fiéis, perfazendo 152 dias de confissões, de janeiro a novembro de 2016. Obras de misericórdia foram realizadas por paróquias, pastorais e movimentos, tais como doações de cobertores, cadeiras de rodas, 155 camas infantis para creches, carteiras universitárias, ventiladores, mesas e equipamentos eletrônicos para Catequese, telhas para a reforma da Igreja Santa Cruz, alimentos e roupas, ajuda aos refugiados, contribuição ao SOS Haiti, atendimento odontológico a carentes etc.

Dom Sergio preside missa em penitenciária feminina Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu, no dia 4, missa na Penitenciária Feminina de Santana

por ocasião do Dia do Funcionário Público. A idealização da missa foi da Pastoral Carcerária, que atua semanalmente em todas as unidades peni-

tenciárias situadas na Região Santana. “Ressalte-se a presença constante de vários sacerdotes e do próprio Bispo acompanhando nossa equipe e aten-

dendo às presas e presos nas diversas unidades, ministrando os sacramentos”, afirmou Eliana Rocha, coordenadora regional da Pastoral Carcerária.

Marcelino José Ribeiro

Diácono Francisco Gonçalves

O Padre Valdevir Cortezi, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Luz, o Padre Anderson Souza e o Diácono Marcio Ribeiro entregaram, no dia 6, a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida ao Padre Raimundo Edmilson Rodrigues, pároco da Paróquia São Camilo, após carreata de automóveis, comemorativa pela visita da imagem da Padroeira do Brasil.

Os fiéis da Paróquia São José Operário, no Setor Pastoral Jaçanã, com seu pároco, Padre Marcos Oliveira, e os membros da Comunidade Santa Luzia acolheram Dom Sergio de Deus Borges, no dia 12. Na ocasião, ele ministrou o sacramento da Crisma a 31 jovens e adultos.

Paróquia Sagrado Coração de Jesus

Lourival Rodrigues

Dom Sergio de Deus Borges ministrou o sacramento da Crisma, no dia 5, a 54 crismandos da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, no Setor Pastoral Jaçanã, em missa concelebrada pelos padres Luiz Cesar Bombonato e Eduardo Coelho.

O Padre José Pita, pároco da Paróquia Santo Antonio, no Setor Pastoral Tucuruvi, durante a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida, no dia 2, promoveu uma celebração com as crianças da Catequese, coordenadas por Leila Rodrigues.


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Belém 11 meses de plena vivência do ano da graça do Senhor Peterson Prates

Colaborador de comunicação da Região

Depois de 11 meses de vivência do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, 1.500 pessoas lotaram o Santuário Nossa Senhora do Sagrado Coração, na Vila Formosa, no domingo, 13, para a celebração de fechamento da Porta Santa, por ocasião do encerramento do Ano Santo extraordinário da Misericórdia nas dioceses de todo mundo. Aproximadamente 32 peregrinações setoriais, paroquiais, de pastorais e de movimentos aconteceram durante este jubileu no Santuário, com milhares de pessoas passando pela Porta da Misericórdia, tendo se confessado, professado o símbolo de fé e tomado a comunhão eucarística, podendo receber, assim, a indulgência plenária. No início da celebração, a Região realizou a “recordação da vida”, fazendo memória de ações que nos dez setores pastorais aludem às obras de misericórdia. Também nesse momento houve a entrada do solidéu que o Papa Francisco enviou às pessoas em situação de rua, recordando todo o trabalho da Pastoral do Povo da Rua na Arquidiocese. Outros símbolos evocavam obras de misericórdia nos trabalhos realizados por pastorais, como a das Exéquias, da Saúde e da Caridade. O Setor Pastoral Sapopemba apresentou como ação de misericórdia o trabalho das entidades sociais que, em Sapopemba, atendem mais de 5 mil crianças e mais de 7 mil

Peterson Prates

Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, fecha a Porta Santa do Santuário Nossa Senhora do Sagrado Coração

famílias. Toda a coleta da celebração foi encaminhada para a Missão Belém. “Deus não se afasta de nós em virtude de nossas debilidades, de nossos pecados e de nossas infidelidades. Deus, ao contrário, vem com sua misericórdia”, expressou Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, durante a homilia. “Este foi um ano da graça do Senhor que nós aqui no Santuário pudemos viver intensamente. Foram 11 meses de caminhada bonita, longa, porém muito fecunda”, declarou o Padre Valdecir Soares, MSC, pároco e reitor do Santuário.

Cerca de 50 padres atuantes na Região Belém concelebraram a missa e a eles se juntou o Padre Manoel Ferreira, MSC, superior provincial dos Missionários do Sagrado Coração, congregação responsável pelo Santuário. Outros dois santuários confiados aos missionários do Sagrado Coração acolheram portas santas: o Santuário Nossa Senhora Aparecida do Sul, em Itapetininga (SP) e o Santuário Nossa Senhora Aparecida, em Bauru (SP). Dom Luiz Carlos exortou fiéis para que possam viver concretamente a misericórdia a partir do perdão. “Como isso é necessário em nossas comuni-

dades”, comentou o Bispo ao dizer da importância do perdão em todos os locais, inclusive no ambiente eclesial. Padre Valdecir recordou a grande procura pelo sacramento da Reconciliação, com padres atendendo confissões diariamente. “As pessoas puderam experimentar com um pouco mais de intensidade a dinâmica de misericórdia de Deus”. Ao fim da celebração, Dom Luiz Carlos se aproximou da Porta da Misericórdia, para o rito de fechamento e encerramento do Ano Santo. Ele o fez, puxando a porta com o báculo para fechá-la.

Comunidade de Comunidades é tema de encontro de conselhos paroquiais Peterson Prates

Dom Luiz Carlos Dias fala a participantes do encontro sobre a urgência ‘Comunidade de Comunidades’, no Centro Pastoral São José, dia 5

Aconteceu no dia 5, no Centro Pastoral São José, um encontro sobre a urgência da ação evangelizadora “Comunidade de Comunidades”, com a participação de membros dos conselhos de pastoral paroquial e dos conselhos de assuntos econômicos paroquiais. A atividade foi conduzida pelo Padre Marcelo Maróstica, coordenador de pas-

toral da Região Belém, e contou com a presença de Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, e do Diácono Marcos Antônio Domingues, que colabora com o processo de reorganização financeira da Região. Foi apresentado aos representantes dos conselhos paroquiais o projeto pastoral para 2017, a partir das urgências da

ação evangelizadora. Foi comunicado que deverá acontecer a reorganização dos setores pastorais, para que sejam espaço de comunhão. Haverá, também, formação específica nos setores para a implementação da reorganização financeira. “A administração da paróquia não é só responsabilidade do padre”, lembrou

o Padre Marcelo, ao falar que os agentes leigos são chamados à corresponsabilidade e comunhão. O coordenador de pastoral reforçou aos mais de 120 presentes a necessidade de uma autêntica conversão pastoral, a partir de um recolhimento para renovação, para se tomar escolhas certas. Ainda no encontro, o Diácono falou sobre balancetes, controle de imóveis e construção, inventários, notas fiscais e outros assuntos relacionados com a reorganização financeira e fiscal das paróquias, a fim de que se adequem cada vez mais às exigências da lei, possibilitando maior transparência das ações que realizam.

AGENDA REGIONAL 3 de dezembro, das 8h30 às 12h Apresentação Campanha da Fraternidade 2017, com o tema “Fraternidade: Biomas brasileiros e a defesa da Vida” Centro Pastoral São José (avenida Álvaro Ramos, 366, próximo ao metrô Belém).


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Lapa

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Padre Antonio Francisco Ribeiro e Benigno Naveira

Colaboradores de comunicação da Região

Dom Julio: ‘Agradecimento pelos dons que Deus nos concedeu durante este jubileu’ Na tarde de sábado, 12, na Igreja Nossa Senhora da Lapa, reunindo aproximadamente 700 fiéis, foi realizada a celebração eucarística de encerramento do Jubileu extraordinário da Misericórdia. Na ocasião, os fiéis da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, do Setor Pastoral Leopoldina, peregrinaram à Porta Santa junto a toda a comunidade de fiéis da Região que esteve na celebração presidida por Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, tendo entre os concelebrantes os padres Jorge Pierozan (Rocha), vigário-geral regional, e Antonio Francisco Ribeiro, coordenador regional de pastoral. No início da celebração, realizou-se o ritual da passagem pela Porta Santa, e Dom Julio lembrou que naquela missa todos poderiam receber a “Indulgência Plenária concedida pela Igreja no Jubileu extraordinário da Misericórdia”. Segundo o Bispo, “toda vez que a gente se arrepende sinceramente e confessa com fé, nossos pecados são realmente perdoados, mas devemos fazer penitência e reparar de alguma forma o mal causado

Benigno Naveira

Dom Julio Endi Akamine preside missa de encerramento do Ano Santo extraordinário da Misericórdia na Igreja Nossa Senhora da Lapa, dia 12

pelo pecado, mediante a graça especial da indulgência. Deus misericordioso nos concede a reparação e redenção das penas temporais de vida, dos pecados cometidos e já perdoados sacramentalmente”. Dom Julio recomendou que naquela peregrinação todos pedissem a indulgência para si ou para outra pessoa já falecida, e recordou as condições para se receber a indulgência: participação na

peregrinação ou na ação do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, arrependimento dos pecados e desejo sincero de ser fiel a Deus, confissão sacramental e participação da missa com a comunhão eucarística, oração das intenções do Papa e da Igreja, e a prática de uma ação de misericórdia e de caridade fraterna. Dom Julio, na homilia, comentou sobre o encerramento do Jubileu extraordinário da Misericórdia, segundo ele, um

tempo extraordinário de graça e misericórdia. “Nessa celebração eucarística, nós queremos não fechar a Porta da Misericórdia. Nessa celebração eucarística, queremos elevar ao Pai o nosso louvor, nosso canto de louvor, nosso agradecimento por todos os dons que Deus nos concedeu durante este jubileu. Invoquemos o bálsamo do remédio da misericórdia nos reconhecendo pecadores. Perdoa-nos mutuamente do fundo do coração”.

Projeto Vida Nova é apresentado ao clero Padre Antonio Francisco Ribeiro

Padre Gianpietro Carraro fala ao clero atuante na Região Episcopal Lapa, em reunião no dia 8

No Terço dos Homens, Dom Julio afirma que São José é modelo a ser seguido Em 24 de outubro, aconteceu o Terço dos Homens na Paróquia São João Batista do Mangalot, no Setor Pastoral Pirituba, com a participação de Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa. O Bispo comentou que o homem tem uma função primordial na família na história da salvação. O Terço dos Homens deve ser um grupo aberto

onde haja espaço para outros homens, onde se aprenda a ser uma pessoa melhor. Dom Julio questionou: “Em nossas pastorais e movimentos, nas igrejas, há espaço, acolhimento, para os que chegam?”. No fim do Terço, antes da bênção final, Dom Julio convocou os homens a se espelharem em São José, exemplo de humildade, educação e trabalho.

O clero atuante da Região Episcopal Lapa recebeu no dia 8 o Padre Gianpietro Carraro, da Missão Belém, que apresentou o projeto Vida Nova, voltado à população em situação de rua da cidade de São Paulo. Padre Gianpietro explicou que o projeto veio ao encontro da proposta do Papa Francisco para que se realize uma grande obra de misericórdia na Arquidiocese de São Paulo. A convite do Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, a Missão Belém aceitou o trabalho de reestruturação e adequação do prédio Nazaré, que fica na praça da Sé, com o objetivo de atender as pessoas em situação de rua que sofrem preconceitos e discriminação, para ajudá-las a encontrar uma vida nova, vencendo os vícios do álcool e das drogas, saindo do perigo mortal e da humilhação que passam nas

ruas da cidade. A capacidade do prédio será para 90 irmãos de rua por semana. Por isso foi iniciada uma campanha de arrecadação para ajudar nas obras. A Missão Belém espera que muitas forças possam se unir ao redor dessa obra de caridade, que dará teto aos desamparados, alimento aos famintos e amparo aos doentes de rua. Também esteve na reunião o Padre Luiz Eduardo Baronto, que falou sobre a renovação do folheto Povo de Deus em São Paulo, do qual ele é redator, e pediu sugestões aos padres. Dom Julio, antes de encerrar a reunião, pediu aos padres que participem das entregas das bíblias no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, no fim de novembro, junto com a Pastoral Carcerária. Paróquia São João Batista

Dom Julio Endi Akamine com participantes do Terço dos Homens na Paróquia São João Batista


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‘Cristo é a verdadeira Porta da Misericórdia que permanece aberta a vida inteira’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

Em missa na Catedral da Sé, Cardeal Scherer encerrou o Ano Santo na Arquidiocese de São Paulo Júlia Cabral

Especial para O SÃO PAULO

Fiéis participam de peregrinação à Porta Santa da Catedral no encerramento do ano jubilar

A celebração de encerramento do Ano Santo extraordinário da Misericórdia aconteceu no domingo, 13, durante a hora da Misericórdia, às 15h, e lotou a Catedral da Sé. Muitos aproveitaram para fazer uma última prece e buscaram receber as graças e o perdão que o ano jubilar proporcionou. Esse foi o caso de Jurema Fanfoni, da Paróquia Santíssima Trindade, na Região Lapa. Ao longo do jubileu, ela passou seis vezes pela Porta Santa e avaliou este momento como uma dádiva para a Igreja e para os fiéis, que puderam “‘zerar’ todos os pecados e recomeçar a vida”, afirmou ao O SÃO PAULO. Já Camila Ataíde, da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, na Região Santana, disse que estava com a fé abalada, mas pelo agir misericordioso de Deus neste Ano, sentiu-se renovada e disposta a voltar à vida cristã. No início da celebração, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, lembrou que a misericórdia de Deus não tem fim e convidou os fiéis a acolherem as graças que o Ano Santo proporciona. “Espero que todos tenhamos aproveitado bem este Ano Santo extraordinário da Misericórdia, para duas coisas que talvez esquecemos, então era preciso reaprender: Recordar que, de maneira concreta, devemos reconhecer que Deus é misericórdia. E por isso dizia o Papa que este Ano Santo nos ajude a dobrar o joelho diante de Deus, a inclinar nossa cabeça diante de

Deus. A reconhecer Deus como Deus. Reconhecer que todos dependemos da misericórdia de Deus sempre, e, para reafirmarmos nossa virtude religiosa, devemos aprofundar nossa fé diante de Deus. Deus não é um acessório, não é algo ou alguém que domina. A segunda atitude que devemos ter aprendido e podemos ainda aprender, é a pratica das obras de misericórdia. O que sempre fez parte do centro da vivência da nossa fé. Nossa fé se expressa na caridade, nas boas obras. Se não praticamos a misericórdia, onde está nossa fé? Fé morta! A Igreja recorda-nos neste Ano para não fecharmos o coração diante das necessidades, dos sofrimentos do próximo. Muito concretamente, pede que nós pratiquemos todos os dias as obras de misericórdia corporais e espirituais. Isso não cessa. Isso é lição aprendida e que continuamos aprendendo todos os dias. Nossa vida cristã e nossa fé precisam da concretude das obras”, disse o Arcebispo, na homilia, destacando, ainda, que os pais têm papel fundamental na iniciação dos filhos à vida cristã, que “é também iniciação na vida de misericórdia”. Também segundo o Arcebispo, o fechamento da Porta Santa é o sinal de conclusão do jubileu extraordinário, mas “Jesus Cristo é a verdadeira Porta da Misericórdia que permanece aberta a vida inteira. E devemos recorrer a Ele sempre para pedir perdão e misericórdia”, comentou. No fim da missa – que teve entre os concelebrantes os bispos Dom Antonio Carlos Altieri, arcebispo emérito de Passo Fundo (RS), Dom Carlos Lema Garcia e Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispos auxiliares da Arquidiocese de São Paulo –, Dom Odilo falou sobre o marco da misericórdia na Arquidiocese, o projeto Vida Nova, que será conduzido pela Missão Belém em favor da população em situação de rua e pessoas com dependência química.

As religiões ensinam e praticam o agir misericordioso Edcarlos Bispo

edbsant@gmail.com

“Todos nós precisamos da misericórdia de Deus. Todos nós certamente já fomos beneficiados tantas vezes pela misericórdia de Deus, que não tem limites. Ao longo deste Ano Santo extraordinário da Misericórdia, nós pudemos trazer a recordação de momentos em que experimentamos de perto a misericórdia de Deus, quer pelo perdão recebido, quer em algum momento de extrema fragilidade, necessidade, quer ainda por meio de momentos muito felizes, em que sentimos que a misericórdia de Deus foi muito grande

para conosco. Recordemos, portanto, e agradeçamos sempre, de coração reconhecido e humilde, as misericórdias de Deus que não têm fim.” Assim expressou-se o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, na noite da quarta-feira, 9, no Mosteiro de São Bento, durante um encontro inter-religioso sobre a misericórdia, com o tema “Como as religiões ensinam e praticam a misericórdia”. Líderes de diferentes tradições religiosas encontraram-se para partilhar como suas respectivas tradições ensinam e praticam a misericórdia. Além do Cardeal Scherer, participaram Dom Matthias Tolentino Braga, abade do

Mosteiro de São Bento; o Reverendo André Mira, pastor da Igreja Batista em Perdizes; e o Sheik Jihad Hammadeh, presidente do Conselho de Ética da União Nacional das Entidades Islâmicas. Dom Matthias falou sobre como deve ocorrer o diálogo e a comunhão entre as religiões, citando uma fala do Papa Francisco durante encontro com líderes de diversas religiões em Assis, na Itália, em 18 de setembro. “O princípio do diálogo inter-religioso nos ensina a busca de trabalharmos juntos pela paz mundial, tendo como fundamento a amizade. Antes de sentirmos qualquer coisa, devemos estabelecer os laços de amizade, assim o diálogo fluirá de outra maneira.”

O Reverendo André Mira destacou a necessidade de compartilhar gestos de misericórdia com os irmãos. “Precisamos aprender também a alegria de compartilhar os gestos de misericórdia para com o próximo, nos alegrar por compartilhar e repartir a misericórdia”. Além dos discursos, houve apresentações musicais. A música contemplativa dos monges beneditinos foi entoada na melodia dos salmos e do canto gregoriano. Também aconteceu a apresentação do Coro da Igreja Batista em Perdizes, e ainda cantos e orações em hebraico, de Dani Markus, da Comunidade Judaica. (Com informações do Portal www.arquisp.org.br)


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