O SÃO PAULO - 3129

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 61 | Edição 3129 | 23 a 29 de novembro de 2016

R$ 1,50

www.arquisp.org.br

A verdadeira Porta da Misericórdia, o coração de Cristo, seguirá aberta L’Osservatore Romano

Encontro com o Pastor

Olhando para Cristo Rei, teremos a vida orientada para acolher o Reino de Deus Página 3

Editorial

A concórdia e a comunhão em momentos de mudanças Página 2

Espiritualidade

Dom Sergio Borges: fazer da misericórdia um estilo de vida Página 5 Luciney Martins/O SÃO PAULO

Jovens caminham pelas ruas do bairro de Santana, na zona Norte, dia 20

DNJ reforça compromissos dos jovens com a Casa Comum No domingo, 20, jovens atuantes nas regiões, movimentos e na PJ participaram do Dia Nacional da Juventude (DNJ), com missa na Paróquia Sant´Ana e diversas ações de espiritualidade no Parque da Juventude. Página 24

Possível regulamentação dos jogos de azar preocupa CNBB

Uma questão de Papa em oração no fechamento da Porta Santa da Basílica de São Pedro, no encerramento do Ano Santo da Misericórdia

Com o fechamento da Porta Santa da Basílica de São Pedro, no domingo, 20, o Papa Francisco concluiu o Ano Santo extraordinário da Misericórdia, um período especial que, segundo o Pontífice, “nos convidou a redescobrir o centro, a retornar ao

essencial” e a contemplar o verdadeiro rosto de Cristo. Um dia antes, no sábado, 19, o Papa conduziu o consistório em que criou 17 cardeais, dentre eles Dom Sergio da Rocha, arcebispo de Brasília (DF). Páginas 10 e 11

consciência O Dia da Consciência Negra, no domingo, 20, rememorou a luta dos negros contra a escravidão e a contribuição que dão à identidade do povo brasileiro.

Páginas 12 e 13

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Página 14


2 | Ponto de Vista |

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Editorial

A comunhão nos tempos de mudança

A

informação é fundamental para nossa liberdade. Infelizmente, os veículos de comunicação são constrangidos muitas vezes a seguirem a lógica do espetáculo, fazendo a informação chegar distorcida, causando mais escândalo e confusão do que transmitindo a informação necessária à liberdade das pessoas. O que acontece com a Igreja interessa a todos, católicos e não católicos, pois toda religião trabalha com nossas questões mais fundamentais: o sentido da vida e da morte, o que são o bem, o mal e o amor... A tentação de noticiá-la de modo a causar escândalo e comoção, mesmo que desvirtuando a informação original, é muito grande. Além disso, a mentalidade atual não

é mais cristã – ainda que carregue os valores básicos do Cristianismo. Os formadores de opinião e o público em geral muitas vezes pensam que entendem o que se passa na Igreja, sem se aperceber que os acontecimentos têm um sentido muito diferente daquele que imaginam. O Magistério e a organização da Igreja Católica Apostólica Romana não são estáticos, como muitos pensam. Pelo contrário, têm um rico dinamismo, por meio do qual vão respondendo aos desafios dos tempos, aprofundando e compreendendo mais e melhor a sua Tradição. Em alguns momentos, como no pontificado de Francisco, esse dinamismo se torna mais evidente. Nessas épocas, a paciência, o diálogo e o princípio da unidade são fundamentais

para amadurecer decisões e caminhos. Os mais velhos ainda se lembram do período do Concílio Vaticano II e os anos seguintes. Quantas coisas que hoje nos parecem naturais e óbvias foram motivo de debates acalorados, desentendimentos e desvios para um lado e para outro! Quem teve a paciência de esperar as ideias amadurecerem, procurando agir com sabedoria e em comunhão, cresceu e aproveitou tudo aquilo para seu desenvolvimento pessoal e o bem de sua comunidade. Quem achou que tinha a verdade, quem procurou seguir os modismos ou fomentar debates e dissensões, não ajudou a Igreja e perdeu uma chance de se aproximar mais de Deus. Nesses momentos de mudança,

quando as mídias inflam as polêmicas e embaralham os princípios, é fundamental procurar a concórdia e a comunhão. Uma formulação isolada, por mais acertada que pareça, não corresponde à Verdade se não está inserida na comunhão. Dúvidas, questionamentos e confusões não são um mal em si, podem até fazer o bem, se orientados pela comunhão eclesial, que se consolida no seguimento aos pastores. A obediência e a unidade, na Igreja, não podem ser entendidas como seriam num exército. Sua função é nos manter unidos a Cristo. Todos aqueles que pensam que a própria opinião é a verdade, que fomentam a divisão (intencionalmente ou não) nos afastam de Cristo.

Opinião

Trump ganhou. Para onde olhamos? Arte: Sergio Ricciuto Conte

Rafael Mahfoud Marcoccia Passada a surpresa da eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos, várias análises começaram a circular. Entre os cristãos, há aqueles que comemoram a vitória do republicano, seja porque ele se coloca com uma agenda pró-vida, seja porque Hillary, que tem relações complicadas com a Igreja, perdeu. E há aqueles que lamentam e não entendem como um candidato com um discurso muitas vezes preconceituoso possa ter vencido. Para onde olhamos? Há um consenso de que a vitória de Trump foi impulsionada pela classe operária que sente um mal-estar crescente com a globalização, que exportou empregos industriais para o México, em menor escala, e para a China, em maior volume. Os empregos somem e a renda também despenca – dados mostram queda de 14% somente nos últimos dez anos. Além disso, 80% dos apoiadores de Trump se disseram cansados de políticas que favoreciam grupos específicos da população, como negros e imigrantes. Ou seja, o mal-estar é também cultural e de identidade. Em suma, o fenômeno aponta para o cansaço daqueles “de fora” do sistema com aqueles que comandam o processo. Trump captou a insatisfação e usou um discurso certeiro. Fenômeno semelhante ocorre na

Europa. O Brexit é consequência disso, da mesma forma que a francesa Marine Le Pen, voz de direita contra a imigração e a União Europeia, tem 25% das intenções de voto na corrida presidencial, o que a levaria ao segundo turno. Partidos antiglobalização de direita também estão ganhando força na Alemanha, na Holanda, na Hungria e na Áustria. Em comum com Trump, todos canalizam a seu favor as angústias dos cidadãos que se sentem marginalizados pela globalização e vitimados pela imigração, culpando minorias e forças externas pelos

problemas sociais e pelo desemprego, e incentivando o sentimento nacionalista. Estamos diante de um discurso que divide a sociedade, que joga uns contra outros, que tem propostas mais reativas que propositivas. Esse é o principal problema. Reportagens dos jornais mostram que desde a eleição de Trump foram contabilizados 310 ataques, de quem se diz ser seu seguidor, contra negros, homossexuais e imigrantes. Frente a esse cenário, o Papa Francisco defende a “cultura do encontro”, com uma participação social efetiva e plural e disposta ao

diálogo sincero em todos os níveis: desde a cooperação entre os países até às associações, obras de caridade, cooperativas etc., que já promovem, em suas comunidades, a dignidade da pessoa e o bem comum por meio do acolhimento e integração das pessoas à sociedade, ou seja, por meio de ações baseadas não nas ideologias – quaisquer que sejam –, mas no amor às pessoas concretas que estão diante de si. Como São João Paulo II escreveu, retomando o Beato Paulo VI, devemos construir a “Civilização do Amor, o fim para o qual devem tender todos os esforços tanto no campo social e cultural como no campo econômico e político” (Dives in misericordia). Isso é tomar ações concretas para uma sociedade mais justa, fraterna e inclusiva. Afinal, diz São João Paulo II, “a solidariedade é a responsabilidade de todos com todos os homens” (Centesimus annus). Em qualquer situação, a Igreja reafirma a esperança. O sistema político pode estar ruindo pela corrupção ou por discursos e propostas vistas como irresponsáveis, e isso machuca a todos, mas não elimina a experiência de inúmeras pessoas e obras cristãs, que, com sua criatividade e liberdade, respondem aos desejos de bem comum, de felicidade e de justiça. Rafael Mahfoud Marcoccia é professor do Centro Universitário da FEI e colaborador do site católico Terre d’America.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

C

om a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, a Igreja chega ao final do ano litúrgico, durante o qual ela recorda e celebra os grandes “mistérios” da salvação, cujo centro é o “mistério pascal” de paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Deus caminha com a humanidade e vai se revelando um Deus-Salvador misericordioso, que deseja a vida para todas as suas criaturas e, de maneira toda especial, atrai o homem para ser parceiro e colaborador responsável na sua obra; mas também lhe promete a felicidade plena e a participação na vida do seu reino. Na festa de Cristo Rei, a Igreja nos lembra de que Deus é o Senhor, que a tudo governa e sustenta com sua providência amorosa; e que Jesus Cristo, Filho de Deus, foi enviado a este mundo para “restaurar” todas as coisas atingidas pelo pecado e a morte, para terem parte no reino de seu Pai: reino de vida e verdade; reino de santidade e de graça; reino de justiça, de amor e de paz. Deus quer que o homem também reine com ele, participando do seu “projeto” de salvação para este mundo. É uma pena que o homem, muitas vezes, queira reinar sem Deus ou até usar Deus para se impor sobre os outros. O resul-

Para onde tudo se encaminha tado disso, porém, é a desordem no convívio humano, a violência, a destruição, a morte, a infelicidade. O reino de Deus é o verdadeiro bem para o homem e o mundo; não há que ter medo diante do reino de Deus, cuja chegada Jesus Cristo anunciou como “boa notícia” para o mundo: “o reino de Deus chegou, acolham essa boa notícia!”. Ao passar do fim do ano litúrgico para o começo de um novo ano, a Igreja nos coloca diante do grande horizonte da nossa vida e da história. No dia a dia das nossas ações, cada vez mais intensas, somos tentados a olhar só para o imediato presente, que Jesus denomina como “as preocupações da vida”. Tendemos a esquecer as questões fundamentais: de onde venho, para aonde vou, o que faço aqui, que sentido tem aquilo que faço e minha própria vida? E a palavra da Igreja, aprendida da Palavra de Deus, nos recorda: Deus é Senhor, não nós; somos criaturas, atraídas por Ele, para participarmos de sua vida; não damos a nós mesmos a vida neste mundo, que é uma graça; nascemos e vivemos para fazer o bem, e não o mal! Um dia, deixaremos a vida neste mundo e daremos contas a Deus de tudo o que fizemos; e receberemos em prêmio a vida eterna, pela nossa fé e união com Ele e pelo bem que tivermos praticado. Terminando um ano litúrgico e iniciando um outro, a Igreja nos recorda das “realidades últimas” ou “novíssimos”, que são parte da nossa fé; o julgamento

de Deus, o prêmio, o castigo, a vida eterna, céu, inferno, como prêmio ou castigo. Não deve ninguém se assustar em pensar nessas realidades; mas a lembrança de que elas existem e que deveremos responder a Deus pela nossa vida já nos ajuda a viver de maneira prudente e sóbria nossos dias neste mundo. Olhando para Cristo Rei, teremos a nossa vida sempre orientada para a grande meta de nossa existência: acolher o reino de Deus e viver conforme a lei desse reino: a lei do amor e da caridade. O primeiro domingo do Advento, no início do novo ano litúrgico, nos convida a caminhar na esperança: “Deixemo-nos guiar pela luz do Senhor” (Is 2,5). E isso ajudará a “transformar espadas de guerra em foices para a colheita” (cf. Is 2,4), de maneira que se possa vencer toda violência e toda forma de opressão do próximo. Ao mesmo tempo, São Paulo nos convida a caminhar de maneira honesta e sóbria, sem cairmos nas tentações de uma vida inconsequente e dissoluta. A vida cristã requer constante atenção e vigilância, para não se desviar do caminho que Deus traça para o homem. O tempo do Advento, no Brasil, é marcado também pela campanha nacional para a evangelização, de responsabilidade comum pela evangelização. Se descobrimos o valor da vida cristã, não podemos deixar de propagar a nossa fé, para atrair outras pessoas a Deus.

| Encontro com o Pastor | 3

Consistório

Filipe Domingues

No sábado, 19, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, participou no Vaticano do consistório em que o Papa Francisco criou 17 cardeais para a Igreja, entre os quais Dom Sergio da Rocha, arcebispo de Brasília (DF) – na foto, o novo cardeal aparece ao lado dos também cardeais Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro (RJ); Dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida (SP); e de Dom Odilo. Eles também participaram no domingo, 20, na Basílica de São Pedro, da celebração de encerramento do Ano Santo extraordinário da Misericórdia. (Leia mais nas páginas 10 e 11)

71 anos de sacerdócio do Cardeal Arns Luciney Martins/O SÃO PAULO - nov.2015

No primeiro domingo do Advento, no dia 27, a missa das 11h na Catedral da Sé, a ser presidida pelo Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, também será em ação de graças pelos 71 anos de sacerdócio do Cardeal Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo, que foi ordenado padre em 30 de novembro de 1945. Dom Paulo participará da missa na Catedral.

Missas na Arquidiocese Na quinta-feira, 24, às 19h, o Cardeal Scherer presidirá missa na Igreja da Boa Morte, no centro de São Paulo, quando abençoará os sinos restaurados desse templo. Na sexta-feira, 25, às 18h, o Arcebispo presidirá missa no Hospital Santa Catarina, no bairro da Bela Vista, por ocasião da Festa de Santa Catarina de Alexandria.

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4 | Fé e Vida |

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Liturgia e Vida

Você Pergunta Como um padre se torna bispo?

1º DOMINGO DO ADVENTO - 27 de novembro de 2016

Não pegarão em armas uns contra os outros Cônego Celso Pedro Iniciamos o sagrado Tempo do Advento olhando para o Senhor que vem, que veio e que virá. O Advento nos prepara para a solenidade do Natal e para o encontro definitivo com Jesus, que virá em sua glória para julgar os vivos e os mortos. A vinda de Jesus, o Filho do Homem, será como no tempo de Noé. Todo mundo vivia tranquilamente a vida de cada dia, quando, de repente, veio o dilúvio e arrastou a todos. Não havia indicações de que o dilúvio iria acontecer, por isso adiantaria em parte estar vigiando, como o homem que vigia a sua casa para não ser arrombada, mas não sabe a que horas virá o ladrão. Certamente importa vigiar e estar preparado. O Senhor pode chegar a qualquer momento e nos pegar de surpresa, mesmo se estivermos vigiando, mas não nos pegará despreparados. Estaremos prontos para o encontro e prontos para partir com Ele. Quando Ele vier, estaremos revestidos do Senhor Jesus, despidos das obras das trevas e vestindo as armas da luz, andando decentemente, não em orgias e bebedeiras, nem em devassidão e libertinagem, nem em rixas e ciúmes. Vamos, então, até a casa do Senhor para com Ele aprender como andar bem vestido e como nos comportar enquanto estamos a caminho.

padre Cido Pereira

osaopaulo@uol.com.br

Com todas as nações, vamos subir ao monte do Senhor e aprender a cumprir os seus preceitos, porque de Sião sairá o ensinamento e de Jerusalém a Palavra do Senhor. Ele ensinará todas as nações a transformar as armas de destruição em instrumentos de produção, a não mais usarmos armas de guerra uns contra os outros; portanto, a não vendê-las nem fabricá-las. Tempo do Advento, tempo de preparação para o Natal, de preparação para a nossa morte, de preparação para o juízo final. A salvação está perto, é hora de despertar. Quem despertou se vestiu e se pôs em movimento. Revestidos de Cristo, com as armas da luz, entremos com coragem na batalha conosco mesmo e com os poderosos deste mundo. Conosco, controlando a comida e a bebida, controlando a busca de prazeres desenfreados, controlando as rixas e os ciúmes; com os grandes deste mundo, opondo-nos com energia e inteligência à fabricação de armas de guerra; criando, porém, uma cultura de justiça, de honestidade e de paz, porque facilmente substituímos bombas e canhões por pedras e paus. A cultura da paz, atingindo as mãos que causam violência, transformará os instrumentos de guerra em instrumentos de produção. Para poderem conviver, os habitantes de Nínive converteramse socialmente da violência que tinham em suas mãos, diz o livro de Jonas.

A Maria não me disse seu sobrenome. Ela é da Vila Alpina, bairro aqui da capital paulista, e quer saber como e quando um padre pode se tornar bispo e qual o critério para isso. Maria, todo padre tem o segundo grau do sacramento da Ordem, que é o presbiterato. Todo padre, portanto, pode ser bispo. O critério não é um só não, são muitos. Pense comigo: O candidato ao episcopado tem que ter uma linda folha de serviços à Igreja, o que supõe que possua uma grande experiência no pastoreio das almas. O bispo é o pastor por excelência, capaz de conduzir o rebanho que lhe foi confiado, defendê-lo e protegê-lo dos lobos e dos perigos. O candidato ao episcopado tem que ter também uma boa preparação teológica. Quanto mais sábio ele for, mais poderá exercer o seu ministério de ensinar. Quando o bispo se senta na sua cátedra, ele é mestre que deve ensinar, corrigir, orientar, enfim, defender a verdadeira fé. O candidato ao episcopado deve ter também santidade de vida. Cabe a ele santificar o rebanho, celebrando os mistérios da fé, sendo ponte entre o rebanho e o pastor dos pastores que é Cristo. Felizmente, Maria, a imensa maioria dos nossos bispos assume com dignidade e seriedade o tríplice ministério de sacerdote, mestre e pastor. E tem que ser assim. Afinal de contas, eles devem imitar Jesus: o Sacerdote que se ofereceu na cruz por nossa salvação, o Mestre que veio nos revelar os segredos do Pai e o Pastor que veio nos reunir em comunidade. É isso aí, minha irmã. Fique com Deus e que Ele abençoe a você e sua família. E rezemos por nossos pastores: o Papa, os bispos, os padres e os diáconos de nossa Igreja.

Atos da Cúria Reprodução

Reprodução


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Espiritualidade Um estilo de vida Dom Sergio de Deus Borges

N

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana

a solenidade litúrgica de Jesus Cristo, Rei do Universo, o Papa Francisco encerrou o Jubileu extraordinário da Misericórdia, com sentimentos de gratidão à Santíssima Trindade por nos ter concedido este tempo extraordinário de graça. O Ano Santo da Misericórdia, que se iniciou no dia 8 de dezembro de 2015, com a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro, foi um tempo oportuno para nos aproximarmos com confiança do Senhor, que é rico em misericórdia e derrama em abundância sua graça e seu amor sobre aqueles que a Ele recorrem com o coração sincero. Em nossa Arquidiocese, seis igrejas tornaram-se Santuários da Misericórdia com celebrações da Santíssima Eucaristia e uma multidão de pessoas que voltaram a experimentar, através do sacramento da Confissão, a riqueza da Sua misericórdia. Poder confessar os pecados é um dom de Deus, é uma dádiva, é obra de Deus, disse o Papa Francisco. Com o auxílio dos sacerdotes, fomos tocados com ternura pelas mãos de Deus e abrimos o coração, sem receio e sem medo, seguros de sermos acolhidos no coração transbordante de amor, que é próprio de nosso Deus e Senhor Jesus Cristo.

Também foram maravilhosas as mos fazer da misericórdia um estilo de peregrinações às igrejas com uma Por- vida, para que, na cultura da indiferenta Santa. Quantas pessoas, com sol ou ça, nossas opções sejam justas, corretas, chuva, entrando pela Porta Santa, su- cheias de piedade, empatia compaixão e plicando ao Senhor, como o salmista: misericórdia, extraídas do poço da ora“Faze morada em meu coração aflito, ção. Assim, a misericórdia pode e deve liberta-me das minhas angústias. Presta transformar-se em fundamento de uma atenção ao meu sofrimento e fadiga, e nova cultura de vida, da Igreja e da soperdoa todos os meus pecados” (Sl 25). ciedade (cf. Kasper, W., “A Misericórdia”, Nas peregrinações, ao passar pela Porta 106). Por fim, olhemos para aquela que Santa e atender às orientações da Igreja, recebemos indulgência plenária em nos- fez da misericórdia uma opção de vida: so favor ou em favor de algum parente, Santa Faustina. Em uma oração de 1937, amigo ou familiar já falecido; é a miseri- ela ensina que todos podem fazer da micórdia que se torna indulgência do Pai, sericórdia um estilo santo de vida: “Tu que, através da Igreja, alcança o peca- mesmo me ordenas que me exercite em dor perdoado e o liberta de qualquer resíduo Com o auxílio dos sacerdotes, das consequências do fomos tocados com ternura pecado, fortalecendo-o para agir com caridade e pelas mãos de Deus e abrimos crescer no amor (cf. MV o coração, sem receio e sem medo, seguros de sermos 23). O ano jubilar termi- acolhidos no coração nou, mas a misericórdia transbordante de amor, que de Deus não cessa, é é próprio de nosso Deus e como o orvalho da ma- Senhor Jesus Cristo nhã, todos os dias volta a regar a terra. O Papa Francisco pede que três graus de misericórdia. Primeiro, a o caminho da misericórdia continue a ação misericordiosa, de todo o tipo. Seser aberto por nós: “Quanto desejo que gundo, a palavra misericordiosa: o que os anos futuros sejam permeados de mi- não sou capaz de levar a cabo como ação sericórdia para ir ao encontro de todas deve acontecer por meio de palavras. as pessoas, levando-lhes a bondade e a Terceiro, a oração: no caso de eu não ternura de Deus! A todos, crentes e afas- poder mostrar a misericórdia com fatos tados, possa chegar o bálsamo da mise- nem com palavras, sempre posso recorricórdia como sinal do Reino de Deus já rer à oração. Que a minha oração chegue presente no meio de nós” (MV 5). inclusive onde não estou corporalmente Imitando nosso Deus e Senhor, a presente. Ó meu Jesus, transforma-me misericórdia não pode cessar em nossa em Ti, que tudo podes” (Santa Faustina. vida e nas nossas comunidades. Deve- In. Kasper, W., 180).

| Fé e Vida | 5

Fé e Cidadania Novo ano litúrgico Padre Alfredo José Gonçalves, CS Com o tempo do Advento, inicia-se un novo ano litúrgico. Protagonistas e precurssores deste tempo de espera – como os profetas Isaías e João Batista e como Maria e José – nos fornecem luzes para a “preparação dos caminhos do Senhor que vem”. Três podem ser as formas de uma boa preparação: pessoal, eclesial e socio pastoral. Do ponto de vista pessoal, somos convidados a uma revisão profunda do próprio itinerário cristão. “O machado já está na raiz”, dirá João Batista, a voz que clama no deserto. A metáfora do machado nos lembra do tema da árvore fértil ou infértil: a que dá fruto será podada para que produza ainda mais; a que não dá fruto será arancada e jogada ao fogo. Daí o apelo a uma conversão e a um reencontro com o Senhor. Em termos eclesiais, as novenas de Natal convidam-nos ao encontro de pequenos grupos. Nestes, de maneira fraterna e familiar, a realidade do dia a dia se encontra com a Palavra de Deus. Uma interpela e se deixa interpelar pela outra. Iluminados pela palavra viva, somos chamados a transformar as relações interpessoais, familiares e de vizinhança. Esses laços iluminam uma nova leitura da Palavra de Deus, a qual, por sua vez, nos levam ao outro e ao pobre. Mas não bastam a mudança pessoal e interpessoal. O mundo está impregnado de situações concretas de injustiça e desigualdade, tirania e exploração, violência e morte. Aqui os pecados individual e de grupo contaminam as estruturas socioeconômicas e político-culturais. Chega-se ao que o Papa Francisco designa como “economia que mata e descarta tantas pessoas”. Concentração de renda e riqueza de um lado, exclusão social de outro. No ano litúrgico que termina, a iniciativa do Jubileu extraordinário da Misericórdia nos ajudou a olhar mais de perto para aqueles que se encontram à margem do caminho, da vida, da sociedade e do sistema. Parábolas como a do Bom Samaritano, a do Filho Pródigo e a do Bom Pastor iluminaram as vias do perdão, da ternura e da misericórdia. Trata-se de estender a mão aos que, sob os nossos olhos, estão do lado de fora dos “muros” (visíveis ou invisíveis) que construímos. O novo ano litúrgico, portanto, abre-se com um tríplice desafio: mudança no interior do coração de cada um; mudança dentro da Igreja, no horizonte de uma solicitude pastoral voltada para os pobres, tão presentes nos relatos evangélicos; e mudança nos canais, instrumentos e mecanismos que empobrecem e excluem grande parte da população. Só assim podemos dar um passo, por menor que seja, na direção da Boa-Nova de Jesus Cristo e do Reino de Deus. As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.


6 | Viver Bem |

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Cuidar da Saúde Ministério da Saúde ampliará diagnósticos de zika vírus em gestantes e bebês REDAÇÃO

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O Ministério da Saúde anunciou na sextafeira, 18, que os bebês cujas mães foram infectadas pelo zika vírus durante a gestação passarão a ser acompanhados até os 3 anos de idade. Além da medida da cabeça, principal critério para notificação da microcefalia, outras malformações decorrentes do vírus serão investigadas. Também passará a ser recomendada em todo o Brasil uma segunda ultrassonografia no pré-natal para identificar alterações neurológicas durante a gestação. Assim, o exame deverá ser realizado no primeiro trimestre, como já acontece, e repetido por volta do 7º mês de gravidez. A ampliação do período para o diagnóstico possibilitará a inclusão de mais crianças no monitoramento da síndrome congênita associada à infecção pelo zika vírus. Além da microcefalia, já foram identificadas outras malformações, como problemas na visão, audição e em outros membros. Essas alterações podem ser observadas nos três primeiros anos do bebê, período fundamental para seu desenvolvimento. A investigação dos casos de zika vírus nas gestantes e nos bebês também será reforçada com a disponibilidade do Teste Rápido de Zika, que mostra se já houve infecção pelo vírus. Em outubro deste ano, o Ministério da Saúde anunciou a compra de 3,5 milhões de testes. O primeiro lote, de 2,5 milhões, estará disponível até o fim do ano. O Ministério da Saúde também anunciou que em 2 de dezembro haverá o Dia D de Mobilização contra o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, do zika vírus e da febre chikungunya. Fonte: Ministério da Saúde

Comportamento

Serenidade e alegria Valdir Reginato Estamos nos aproximando de dezembro. Fechamos o balanço de 2016 com um ano cheio de peculiaridades em vários âmbitos: regional, nacional e internacional. Há quem diga que os últimos 30 dias ainda prometem, com novidades inesperadas. Parece que não há fim para as pressões já existentes, o que desencadeia um sentimento precoce de apreensão por 2017. Desde fenômenos naturais desastrosos ocorridos, independentes da vontade do homem, até fatos totalmente decorrentes do comportamento da humanidade, com nome e sobrenome aos seus personagens, é comum que a visão dos eventos catastróficos ocupe as manchetes e cubra as boas recordações, gerando uma atmosfera de pessimismo apocalíptico que cresce a cada ano que passa. Perdem-se na memória os desejos sinceros de um feliz Ano-Novo, baseado em bons acontecimentos ocorridos de fato no ano que se despede, mas há um desejo quase monótono, protocolar, de felicitações por realidades utópicas. Desejos que ocupam a última semana do ano, entre os festejos de Natal e as comemorações de fogos pelo próximo ano. No dia 2 de janeiro, porém, a dura realidade parece dar fim a tudo isso e voltamos ao muro de lamentações e pessimismo. Não é possível continuar assim! Um dia após o outro, o mesmo sol, ou tempestades, deve encontrar dentro de nós uma motivação diferente que nos dirija para cenários melhores. Se não posso mudar as condições,

lavras mágicas que colaboram para posso, ao menos, mudar a maneira isso: faça o favor, muito obrigado e como olho e vivo essas condições, já desculpe. Se esperarmos que a alegria afirmava o psiquiatra Viktor Frankl. E nos chegue pela porta da frente podeaí está toda a diferença! E a diferença rá demorar, mas a alegria que sai pela inicia-se pelo que está mais próximo, porta do coração depende de você. familiar, ao meu redor. É muito provável que não possamos evitar as caTalvez meu amigo leitor esteja tástrofes climáticas, acabar com toda pensando nisso tudo como algo de alguém que resolveu escrever contos de a corrupção, oferecer saúde a todos e fadas para crianças. Engano seu. Isso dar paz a todas as guerras... No entanto, sorrir a quem desperta com não é fugir ou desconhecer o período que vivemos. Não significa tornar você em casa, cumprimentar a quem simplista a complexidade de muitos encontra na fila do ônibus, colaborar fatos insolúveis. O que nos referimos com quem está no trabalho depende somente de você: Ações concretas e Perdem-se na memória os pessoais no cotidesejos sinceros de um feliz diano. Sabemos que ano-novo, baseado em bons não vivemos isola- acontecimentos ocorridos de dos dos problemas fato no ano que se despede, mas do mundo, pelo há um desejo quase monótono, contrário, a inter- protocolar, de felicitações net os faz acessíveis por realidades utópicas na palma da mão. Contudo, isso não deve evitar que é a opção que você está disposto a dar também observemos as coisas boas ao sentido da sua vida. Comportarque nos cercam, fonte de alegria e se como alguém que espera tudo da comemoração, e que passam por nós vida é totalmente diferente de alguém como se não existissem. Falamos de que resolve saber o que a vida espera acontecimentos comuns, cotidianos, de você (citando Frankl novamente). sem exuberância, mas que podem Para isso, organize-se no mês em que desencadear uma onda de alegria terminará 2016 olhando o que espera extensa, como a pequena pedra que levar para a vida em 2017. Faça isso já cai no lago. Se formos esperar uma e agora! Mude o seu comportamento com esperança! Olhe para seus resolução de toda tristeza para começarmos a sorrir, terminaremos o ano sonhos. Enfrente seus desafios. Mas travados e sisudos. faça-o com serenidade e alegria, duas Devemos manter a serenidade virtudes de boa companhia para sua que não nos faz perder a paz de escaminhada. pírito, para podermos sorrir. O Papa Dr. Valdir Reginato é médico de família, professor da Escola Paulista de Medicina e terapeuta familiar. Francisco nos lembrava de três pa-


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Dia da Consciência Negra é comemorado com missa e homenagem a Zumbi dos Palmares Edcarlos Bispo

edbsant@gmail.com

Em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, no Largo do Paissandu, centenas de pessoas se reuniram na missa em ação de graças pelo Dia da Consciência Negra, na tarde do domingo, 20. A celebração foi presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, e teve entre os concelebrantes o Padre José Enes de Jesus, assistente eclesiástico da Pastoral Afro, e o Frei David Santos, fundador e diretor-executivo do Educafro, organização que atua pela maior inclusão de negros e pobres no ensino superior. Em conversa com o O SÃO PAULO, Dom Eduardo destacou que a celebração do Dia da Consciência Negra é importante por recordar a história da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos

Homens Pretos - uma das irmandades mais antigas do Brasil, com mais de 300 anos – e pelo fato de o centro da cidade ter sido construído em sua maioria por negros escravizados. “É preciso que se resgate a história do povo negro em nossa cidade e em nossa Arquidiocese”, comentou. Dom Eduardo afirmou, ainda, que a sociedade deve “lutar contra o racismo, o racismo institucionalizado em todas as instituições, o racismo presente no comportamento da cidade, no comportamento das pessoas. Lutar contra a violência para que haja igualdade e liberdade”. Após a missa, houve uma caminhada até a frente da sede da Bolsa de Valores de São Paulo, onde foi inaugurada uma estátua em homenagem a Zumbi dos Palmares (1655-1695), líder negro e um dos principais expoentes de resistência à escravidão.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Estátua de Zumbi dos Palmares é inaugurada em frente à sede da Bolsa de Valores de São Paulo

Padre José Enes destacou que a inauguração da estátua é “um motivo de muita alegria, pois São Paulo enviou o movimento ‘policiesco’ mais forte do Brasil para invadir e destruir o Quilombo dos Palmares. Então, o lugar de onde saiu a maior força para matar Zumbi é a cidade

em que hoje é plantada a estátua que ficará na memória”. Frei Davi, por sua vez, afirmou que a imagem de Zumbi em frente à Bolsa de Valores de São Paulo deve “provocar uma retomada de reflexão e de direitos do povo negro”.

Apostolado da Oração

Dia de formação, espiritualidade e de gesto de misericórdia Michele Ferreira

Associados do Apostolado da Oração com o Padre Eliomar e o Diácono Antônio Campineiro

Integrantes do Apostolado da Oração (AO), a rede mundial de oração do papa, reuniram-se no dia 12 para uma manhã de formação e espiritualidade, conduzida pelo Padre Eliomar Ribeiro, diretor nacional do Apostolado, na Paróquia Santa Rosa de Lima, no Setor Pastoral Perus, da Região Brasilândia. O evento contou com a presença do Diácono Antônio Campineiro Ferreira e de aproximadamente 90 membros do AO da Região Brasilândia. Durante a missa, todos puderam doar

1kg de alimento não perecível, que será entregue aos membros da Comunidade Santa Luzia, da Diocese de Campo Limpo. Esse ato de caridade teve como motivação a obra de misericórdia “Dar de comer a quem tem fome”, incentivada pela Igreja no Ano Santo extraordinário da Misericórdia. Essa iniciativa do Apostolado da Oração da Paróquia voltará a ser feita todas as primeiras sextas-feiras do mês, na missa dedicada ao Sagrado Coração de Jesus. (Redação: Júlia Cabral/O SÃO PAULO, com informações de Michele Ferreira)

Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade Pastoral da Saúde Ação de graças pelo Editora SM dialoga sobre trabalho encerramento conjunto com a Arquidiocese de São Paulo Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e a Universidade, encontrou-se, em 28 de outubro, na Cúria Metropolitana, com o Padre Luis Fernando Crespo Navarro, presidente da Editora SM. Segundo Dom Carlos, um dos assuntos da reunião foi a preparação de um congresso para escolas católicas da Arquidiocese, que ocorrerá em 2017. Também se falou sobre a formação de professores de ensino religioso e dos livros didáticos de diversas disciplinas, visto que esse é um campo de atuação da editora. “A nossa ideia é ajudar as escolas, católicas em primeiro lugar, para que elas formem os alunos, não só com excelência acadêmica, pois toda esco-

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Padre Luis Fernando Navarro, da Editora SM, encontra-se com Dom Carlos Lema Garcia

la tem esse objetivo, mas também a dar formação humana, uma formação cristã mais sólida, para que sejam pessoas com critério, pessoas que possam depois também influir positivamente na sociedade”, disse o Bispo. Padre Luiz Fernando lembrou que a qualidade do ensino é importante “pelas crianças e jovens

serem o futuro da nossa Igreja”. O Bispo afirmou, ainda, que já existe o uso de livros de ensino religioso da editora em diversos colégios da cidade. E para os professores da área, foi iniciado um curso de extensão, promovido pelo Vicariato da Educação da PUC-SP. (Redação: Júlia Cabral/O SÃO PAULO)

dos cursos de 2016

A Pastoral da Saúde da Arquidiocese de São Paulo promoverá em 3 de dezembro, às 9h, na Paróquia Sant´Ana (rua Voluntários da Pátria, 2.060, próximo ao metrô Santana), uma missa em ação de graças pelo encerramento dos seis cursos promovidos este ano pela Pastoral nas regiões episcopais e também pelo sucesso do primeiro Curso de Pastoral Hospitalar da Arquidiocese. A missa será presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, e há um convite especial para a participação dos leigos, religiosos e clérigos que integram a Pastoral, bem como às pessoas enfermas. Haverá uma confraternização comunitária após a missa, para a qual se pede aos participantes que levem sucos ou alimentos que serão partilhados.


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Destaques das Agências Nacionais

Daniel Gomes, Fernando Geronazzo, Júlia Cabral e Vitor Loscalzo osaopaulo@uol.com.br

Relatório detalha desafios mundiais para a liberdade religiosa O “Relatório da Liberdade Religiosa no Mundo” foi apresentado pela Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) em um evento no auditório Paulo Apóstolo, na Vila Mariana, na quartafeira, 16. O relatório, publicado em primeira mão pelo O SÃO PAULO no dia 16, avalia questões relacionadas com a liberdade religiosa de diferentes tradições, em 196 países. O conteúdo pode ser acessado na íntegra em http://www.ais.org.br/ RelatorioLiberdadeReligiosa. No evento, comentaram o relatório e falaram sobre a liberdade religiosa Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Comunicação; o Padre Mário da Silva, missionário brasileiro que atua há quatro anos na Faixa de Gaza; e o Cônego José Bizon, diretor da Casa da Reconciliação e responsável pelo ecumenismo e diálogo inter-religioso na Arquidiocese. Para Dom Devair, o relatório indica

avanços e sinais de boa vontade em diversos lugares onde a religião encontra uma possibilidade de levar as pessoas a praticarem a verdade, mas também mostra que em muitos locais há retrocessos. “Esse relatório ajuda a pensar que o problema não está na religião, mas na intolerância”, destacou. Padre Mário disse que o objetivo de seu trabalho na Faixa de Gaza é conservar os cristãos em meio aos conflitos entre judeus e palestinos. “Somos uma comunidade muito pequena de 1.200 cristãos. Quando eu cheguei, éramos 3 mil”, contou. Para o Missionário, o êxodo de cristãos também é motivado pela dificuldade de viver livremente a religião. “Esses cristãos partem em busca de países onde exista uma liberdade religiosa ampla, porque viver como minoria já é muito difícil e quando colocam empecilhos é ainda mais difícil”, ressaltou. Ele informou que na Faixa de Gaza, a perseguição não

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Dom Devair ladeado pelo Padre Mário e pelo Cônego Bizon no lançamento do relatório

se dá por parte do governo local, mas por grupos extremistas como a Jihad Islâmica, “que invadiu nossa paróquia, pichou as paredes da igreja, colocou uma bomba e ateou fogo no meu carro”. Cônego Bizon afirmou que é preci-

so fomentar a convivência e o diálogo. “Acreditamos na coexistência, na caridade e solidariedade. Começa a surgir a necessidade de dialogar e mostrar para o mundo que é possível, sim, convivermos.” (Reportagem: Fernando Geronazzo/O SÃO PAULO)

Campanha para a Evangelização acontece em todo o Brasil

Até o dia 25, Semana Nacional da Conciliação

Na Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, no domingo, 20, teve início a Campanha para a Evangelização, que será concluída no 3º Domingo do Advento, em 11 de dezembro, com a coleta para a ação evangelizadora no Brasil, a ser realizada em todas as paróquias do país. A Campanha para a Evangelização acontece todos os anos, desde 1998, durante o Advento. Nesse tempo litúrgico, a Igreja se prepara para comemorar o nascimento de Cristo. A CNBB deseja que a Campanha proporcione reflexão e aprofundamento ao compromisso cristão de evangelizar. A coleta nacional busca arrecadar doações para sus-

tentar o trabalho missionário realizado em todo o Brasil. “A Campanha da Evangelização deseja suscitar um renovado amor missionário nos fiéis. Assim, seguindo o exemplo do Pai das misericórdias, que saiu ao encontro dos dois filhos que necessitavam de acolhimento e compreensão, todos anunciarão ao mundo que, não obstante nossas faltas e desmerecimentos, somos profundamente amados pelo Pai e podemos fazer a experiência da presença do Senhor no meio de nós”, consta em um dos trechos do texto motivacional da campanha, que está disponível para download – assim como o cartaz e a oração da Campanha – no site da CNBB.

Segue até sexta-feira, 25, das 10h às 17h, no Parque da Água Branca (avenida Francisco Matarazzo, 455, próximo ao metrô Palmeiras–Barra Funda), na capital paulista, a Semana Nacional da Conciliação 2016. Trata-se de uma oportunidade para as pessoas resolverem as demandas, gratuitamente, em poucos minutos. Os interessados que vivem na cidade de São Paulo e que se cadastraram previamente estão sendo atendidos para resolver pendências jurídicas como pensão alimentícia, divórcio, definição de guarda e visita dos filhos, reconhecimento e dissolução de união estável e reconhecimento espontâneo de paternidade. Nos dias 24 e 25 serão atendidos também os casos cíveis.

Fonte: CNBB

Fonte: CNJ

Dom Orlando Brandes é nomeado arcebispo de Aparecida (SP) A12

Dom Orlando Brandes, nomeado arcebispo de Aparecida (SP)

A Arquidiocese de Aparecida (SP), sede do maior santuário do Brasil e segundo maior do mundo (atrás apenas da Basílica de São Pedro, no Vaticano), terá novo arcebispo: Dom Orlando Brandes, 70, arcebispo da Arquidiocese de Londrina (PR), foi nomeado pelo Papa Francisco na quarta-feira, 16, e deve tomar posse em janeiro de 2017. Dom Orlando nasceu em Urubi-

ci (SC) em 1946. Foi presidente da Comissão para a Vida e a Família da CNBB, entre 2007 e 2011, e delegado para a 5ª Conferência do Conselho Episcopal Latino-Americano, realizada em Aparecida em 2007. “Estou muito consciente das minhas fraquezas e muito consciente das novas responsabilidades. Estou muito agradecido por ter trabalhado e ter sido pastor de Londrina. Foi

um grande privilégio ser bispo em Londrina, o rebanho desta cidade é muito bom. São muito solidários e participativos”, disse o Bispo. Há 12 anos à frente da Arquidiocese de Aparecida, o Cardeal Raymundo Damasceno Assis deixará o cargo de arcebispo após ter seu pedido de renúncia, por motivo de idade, acolhido pelo Sumo Pontífice também no dia 16.

Tribunal Eclesiástico da Diocese de Santo André (SP) é inaugurado A Diocese de Santo André instalou na sexta-feira, 18, seu Tribunal Eclesiástico Diocesano, que passa a funcionar no terceiro andar do prédio de número 48 da Praça do Carmo, no centro da cidade, ao lado da Mitra Diocesana. No ato de instalação, realizado no auditório da Mitra, Dom Pedro Carlos

Cipollini, bispo diocesano e moderador do Tribunal, deu posse aos profissionais nomeados para atuar nesta missão: Padre Jean Rafael Eugênio Barros (vigário judicial), Padre Décio Rocco Gruppi (promotor de Justiça), Padre Wanderson Cintra Silva (auditor), Padre Jurandir Ribeiro (defensor do vínculo), Padre Francinaldo de Sousa

Justino (perito), Diácono João Lázaro (notário) e Padre Paulo Roberto Vicente e Dr. Joaquim Miguel Justo (advogados). O Tribunal Eclesiástico, de acordo com o Código de Direito Canônico, é um tribunal da Igreja que realiza a justiça canônica e direciona os caminhos corretos a serem seguidos em deter-

minadas situações da vida da Igreja. A sua instalação na Diocese segue a orientação do Papa Francisco no Motu Proprio “Mitis Iudex Dominus Iesus”, sobre a reforma do processo canônico para as causas de declaração de nulidade do Matrimônio, assinado em agosto de 2015. Fonte: Diocese de Santo André


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Destaques das Agências Internacionais

Filipe David

Correspondente do O SÃO PAULO na Europa

Polônia

Internacional

Cristo é o rei

Mortes por terrorismo aumentam 650%

No sábado, 19, os bispos da Polônia, em um ato solene com a presença do presidente Andrzej Duda, realizado na Igreja da Divina Misericórdia, em Cracóvia, reconheceram Cristo como Rei da Polônia. Repetido em todas as catedrais e paróquias polonesas no domingo, 20, o ato segue o ensinamento da Encíclica Quas Primas, publicada pelo Papa Pio IX em 1925, na qual consta que “uma vez que os homens reconhecerem, tanto na vida privada quanto na vida pública, que Cristo é Rei, a sociedade receberá as grandes bênçãos da verdadeira liberdade, da disciplina bem ordenada, da paz e da harmonia”. No ato de reconhecimento, os bispos poloneses disseram: “Nós professamos que diante de Deus e da Terra, nós precisamos de vosso reinado. Professamos que Vós, e só Vós, tendes um direito sagrado sobre nós que nunca expirou. Por isso, com humildade, nós nos curvamos diante de Vós, Senhor do universo, e reconhecemos Vosso reinado sobre a Polônia e toda a nossa nação, que vive em sua terra natal ou no exterior, pelo mundo todo. Assim, a Polônia, no seu 1050º aniversário de batismo, reconhece solenemente o reinado de Jesus Cristo.”

O número de mortos em atos terroristas no mundo aumentou 650% nos últimos 15 anos. É o que revela um estudo publicado pela organização Institute for Economics and Peace. O maior aumento se deu após o início da guerra civil da Síria, em 2011, ano em que se registrou entre 7 mil e 8 mil mortos; em 2014, a quantidade de vítimas superou 30 mil pessoas. Já em 2015, houve uma pequena queda e o número ficou abaixo de 30 mil mortos. Os países mais afetados pelo terrorismo são o Iraque, a Nigéria, o Afeganistão, a Síria e o Paquistão, que, em 2015, concentraram 72% dos quase 30 mil mortos. O grupo terrorista responsável pelo maior número de mortos foi o Estado Islâmico – presente sobretudo na Síria e no Iraque – que no ano passado ultrapassou o grupo Boko Haram – que atua especialmente na Nigéria.

Fonte: Church Militant

Fonte: Institute for Economics and Peace/ Church Militant

Institute for Economics and Peace

Iraque Iemen Egito África central

Nigéria Camarões Ucrânia Sudão do Sul

Somália

Paquistão

Siria

Países com o maior número de mortos em atentados terroristas em 2015, segundo o relatório do Institute for Economics and Peace

Grupos anti-Trump agridem eleitores cartaz pró-Trump. Um jovem de 21 anos foi agredido após discutir sobre as eleições com amigos em um bar: um grupo que escutou a conversa o agrediu na saída do local, acusando-o de ser racista. Em um vídeo divulgado pelas redes sociais, uma mãe ameaça colocar seu filho de 8 anos de idade para fora de casa por ele ter “votado” em Trump em uma eleição simulada na escola. Ela faz o garoto arrumar a mala e ele sai de casa aos prantos. Esses são apenas alguns exemplos de dezenas de casos de violência e intolerância por todo o país.

Líbia

Todos os outros países

Afeganistão

Estados Unidos Após a eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos, dezenas de grupos anti-Trump, inconformados com o resultado eleitoral, têm praticado em todo o país atos de vandalismo e agredido eleitores do presidente eleito. Em Rockville, no Estado de Maryland, um adolescente foi derrubado e ferido na cabeça por estar com um boné com o slogan da campanha de Trump. Em Meriden, no Estado de Connecticut, dois homens atacaram um manifestante que estava com uma bandeira norte-americana e um

Índia

Sudão População morre de sede

Segundo o jornalista David Kupelian, a grande mídia tem uma parte de responsabilidade nesse fenômeno, por ter passado toda a eleição a retratar Trump como racista, misógino, xenófobo, etc. “Se os americanos tivessem eleito Hitler como presidente, um monstro que matou milhões de pessoas, isso seria motivo de preocupação”, disse, “mas não é o caso. Nós elegemos um homem de negócios nova-iorquino bem conhecido, que passou sua vida adulta tocando grandes projetos”.

Segundo membros do Parlamento sudanês, a população de dois estados, Red Sea e Blue Nile, está morrendo de sede devido à falta de água potável. Os parlamentares cobraram o presidente Omar al-Bashir, perguntando em que estágio se encontra o seu “projeto sede zero”. Também pediram a contratação de caminhões-pipa para levar água potável à população. Durante a estação das chuvas, com as inundações, a situação se agravou com uma epidemia de diarreia que matou milhares de pessoas.

Fonte: World Net Daily

Fontes: Fides/ Dabanga

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‘Para Deus não há inimigos, só filhos’ L’Osservatore Romano

Ao criar 17 cardeais, papa Francisco alerta para o risco da polarização e da inimizade, inclusive na Igreja FILIPE DOMINGUES

Especial para O SÃO PAULO Na Cidade do Vaticano

O clássico ensinamento de Jesus “amem os vossos inimigos e façam bem àqueles que vos odeiam” foi a inspiração do Papa Francisco na homilia do consistório para criação de 17 cardeais, no sábado, 19. O consistório é uma reunião do Papa com os cardeais presentes em Roma. Na ocasião, declarou o Pontífice: “O inimigo é alguém que devo amar. No coração de Deus não há inimigos. Deus só tem filhos”. Disse, ainda, que “nós levantamos muros, construímos barreiras e classificamos as pessoas. Deus tem filhos, e não os quis para poder se livrar deles”. A reflexão vem à tona em um momento em que, dentro e fora da Igreja, seja na política ou nas redes sociais, fortalecem-se ideias radicais, muitas expressadas com discursos agressivos e ofensas pessoais. Trata-se de algo que Francisco chamou de “vírus da polarização”, no sentido contrário ao que define como uma “cultura do encontro”. “O vírus da polarização e da inimizade permeia os nossos modos de pensar, de sentir e de agir. Não somos imunes a isso e devemos estar atentos para que tal comportamento não ocupe o nosso coração”, afirmou. “Isso vai contra a riqueza e a universalidade da Igreja, algo que podemos tocar com as mãos no Colégio Cardinalício”, acrescentou, referindo-se à grande diversidade cultural e de nações entre os cardeais. O Papa recordou aos cardeais que Jesus desceu do monte para encontrar os

Papa Francisco torna cardeal o arcebispo de Brasília (DF), Dom Sergio da Rocha, em consistório realizado no Vaticano, no sábado, dia 19

povos. Portanto, é preciso fazer o mesmo, “abrindo os olhos para ver as feridas de tantos irmãos e irmãs privados da sua dignidade, provados na dignidade”.

Todo cardeal tem um pé em Roma

No consistório, realizado na Basílica de São Pedro, o Papa concedeu aos novos eleitos os símbolos do cardinalato: um anel e o barrete vermelho (um chapéu quadrangular). Além disso, eles receberam o título de uma igreja em Roma, ou seja, ficam simbolicamente vinculados a uma igreja na diocese do bispo de Roma, o papa. Essa tradição vem do tempo em que os cardeais viviam todos em Roma. Ajudavam o papa a governar a Igreja a partir de Roma. Porém, mudanças históricas levaram à internacionalização da Igreja e sua difusão em todo o mundo, e o papa e a Santa Sé precisam de colaboradores também nas dioceses. Mesmo assim, manteve-se o vínculo dos cardeais com a “Cidade Eterna”, por meio das igrejas titulares. Em seu terceiro consistório para a

criação de cardeais, o Papa Francisco escolheu 16 bispos e um sacerdote. Eles vêm de 14 países (veja detalhes no box). Entre os escolhidos, 13 têm menos de 80 anos e por esse motivo podem votar num eventual conclave para eleger o novo papa. De qualquer forma, o título de cardeal é uma conexão direta com o sumo pontífice e um apreço pessoal do papa à pessoa nomeada. O único brasileiro criado cardeal desta vez foi o arcebispo de Brasília (DF) e presidente da CNBB, Dom Sergio da Rocha. Em entrevista ao O SÃO PAULO, há duas semanas, ele disse que os cardeais deste ano jubilar são os “cardeais da misericórdia”. Para Dom Sergio, “a concepção de uma Igreja controladora da sociedade não se justifica teologicamente, nem é viável numa sociedade complexa e plural”. Ele defende “uma Igreja servidora, profética e misericordiosa”.

Alcançando as ‘periferias existenciais’

Em sua saudação no consistório, o

arcebispo italiano Dom Mario Zenari, núncio apostólico na Síria, destacou que o Papa Francisco traz para perto de si cardeais de todos os continentes: “De regiões consideradas como o berço do Cristianismo, onde pela primeira vez os discípulos foram chamados cristãos, mas também das jovens de dinâmicas Igrejas; do Velho Continente e do Novo Mundo; sinal eloquente da universalidade da Igreja nas suas várias e belas expressões da única fé”, declarou. Ele notou também que o Papa tem nomeado cardeais vindos de regiões esquecidas pelo mundo. “Alguns de nós viemos de lugares onde muitos, milhões, são ‘desafortunados’, adultos e crianças deixados mortos ou meio mortos nas estradas, nas vilas e nos bairros, por causa da brutal violência e de conflitos sangrentos, desumanos e indissolúveis”, disse Dom Zenari. “Algumas regiões do mundo se tornaram lugares de exercício das obras de misericórdia para tantos ‘bons samaritanos’”, completou.

Quem são os cardeais? Os cardeais são homens escolhidos pelo papa para colaborar diretamente no governo da Igreja Católica. Podem ser padres ou bispos e, se forem padres, têm o direito a serem ordenados bispos. Ao receberem o título, juram fidelidade L’Ossatore Romano

Sergio da Rocha, arcebispo de Brasília (Brasil)

a Cristo e ao seu Evangelho, à Igreja, ao papa reinante e aos seus sucessores. Atualmente, aos cardeais são 228. Entre eles, 121 têm menos de 80 anos e, portanto, podem eleger o futuro Papa. Em 1973, Paulo VI estabeleceu que o

número de eleitores deveria ser de 120. Seus sucessores têm seguido essa referência. No total, os cardeais representam 79 países e cinco continentes. O Brasil tem 11 cardeais, dos quais cinco são eleitores: Dom Sergio da Rocha

(59 anos, em Brasília), Dom Orani Tempesta (66 anos, no Rio de Janeiro), Dom Odilo Pedro Scherer (67 anos, em São Paulo), Dom João Braz de Aviz (69 anos, na Cúria Romana) e Dom Raymundo Damasceno Assis (79 anos, em Aparecida).

Novos cardeais da igreja Mario Zenari, núncio apostólico na Síria (Itália) Dieudonné Nzapalainga, CSSp, arcebispo de Bangui (República Centro-Africana) Carlos Osoro Sierra, arcebispo de Madrid (Espanha) Blase J. Cupich, arcebispo de Chicago (Estados Unidos) Joseph William Tobin, CSSR., arcebispo de Indianápolis, recém-transferido para Newark (Estados Unidos)

Patrick D’Rozario, CSC, arcebispo de Dhaka (Bangladesh) Baltazar Enrique Porras Cardozo, arcebispo de Mérida (Venezuela) Anthony Soter Fernandez, arcebispo emérito de Kuala Lumpur (Malásia) Jozef De Kesel, arcebispo de MalinesBruxelas (Bélgica) Maurice Piat, arcebispo de Port-Louis (Ilhas Maurício) Carlos Aguiar Retes, arcebispo de Tlalnepantla (México)

Kevin Joseph Farrell, prefeito do Dicastério para Leigos, Família e Vida (Estados Unidos) John Ribat, MSC, arcebispo de Port Moresby (Papua Nova Guiné) Renato Corti, bispo emérito de Novara (Itália) Sebastian Koto Khorai, bispo emérito de Mohalès Hoek (Lesoto) Ernest Simoni, presbítero da Arquidiocese de Scutari (Albânia)


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FILIPE DOMINGUES

Especial para O SÃO PAULO Na Cidade do Vaticano

Termina o Ano Santo da Misericórdia

Por pura inspiração divina e sem muitos planos de grandeza, segundo ele mesmo, o Papa Francisco convocou e conduziu o Ano Santo extraordinário da Misericórdia, encerrado no domingo, 20. Porém, no fim das contas, o Jubileu foi uma enorme celebração em todo o mundo. Conforme dados do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangeli-

zação, aproximadamente 21,3 milhões de pessoas peregrinaram a Roma e, nas milhares de dioceses católicas do mundo, 900 milhões passaram por uma porta santa. Pela primeira vez na história dos jubileus da Igreja, de acordo com o arcebispo Dom Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho, o Ano Santo teve um caráter realmente universal. Para

Dom Fisichella, o desejo do Papa era fazer com que os cristãos pudessem “ter uma experiência da misericórdia para se tornarem eles mesmos instrumentos de misericórdia”. Ou seja, o objetivo era “que a misericórdia se tornasse de novo um elemento extraordinariamente propulsivo e eficaz na vida da Igreja”. Nos países de maior tradição católi-

ca, estima-se que 80% dos fiéis tenham participado de alguma forma do Jubileu. “A misericórdia tornou-se protagonista, pelo menos por um ano, do viver cotidiano dos cristãos”, afirmou Dom Fisichella. “Em todo o mundo, abriram-se portas da misericórdia como testemunho de que o amor de Deus não conhece nenhuma fronteira.”

Francisco fecha a última porta santa Um Ano Santo que “nos convidou a redescobrir o centro, a retornar ao essencial”. Assim resumiu o Papa Francisco sobre o ano jubilar da misericórdia, que terminou no domingo, 20, com o fechamento da última porta santa, a da Basílica de São Pedro, no Vaticano. “Ainda que se feche a porta santa, permanece sempre escancarada a verdadeira porta da misericórdia, que é o coração de Cristo”, refletiu o Pontífice. Na solenidade de Cristo Rei, que marcou também a conclusão do ano litúrgico, o Papa fez uma profunda pregação final sobre o tema da misericórdia, associando-o ao amor de Cristo pela humanidade, explícito na sua cruz. “Esse tempo de misericórdia nos chama a olhar o verdadeiro rosto do nosso Rei, aquele que brilha na Páscoa, e a redescobrir o olhar jovem e belo da Igreja, que brilha quando é acolhedora, livre, fiel, pobre nos meios e rica no amor, missionária”, disse. “A misericórdia exorta-nos a renunciar a hábitos e costumes que possam ser obstáculo para o serviço ao Reino de Deus”, acrescentou. “Ajuda-nos a encontrar a nossa orientação somente na perene e humilde realeza de Jesus, e não nas precárias realezas e poderes mutáveis de cada época.” Ele se referiu ao Crucificado, despido e aparentemente sem poder: “Na cruz, parece mais vencido do que vencedor”, observou. “Seu trono é a cruz, sua coroa é de espinhos, porque a grandeza de seu Reino não é o poder segundo o mundo, mas o amor de Deus, um amor capaz de alcançar e curar qualquer coisa. Por esse amor, Cristo se abaixou até nós, habitou a nos-

L’Osservatore Romano

sa miséria humana, provou a nossa condição mais ínfima: a injustiça, a traição, o abandono.” Segundo o Papa, o mistério da misericórdia está em Jesus, porque, diante disso, “não nos condenou e sequer nos conquistou; não violou a nossa liberdade, mas se fez estrada com amor humilde que tudo perdoa, tudo espera, tudo suporta. Só esse amor venceu e continua a vencer os nossos grandes adversários: o pecado, a morte, o medo”. Para acolher a realeza de Cristo, explicou o Pontífice, é preciso evitar duas tentações. A primeira, daqueles que veem o sofrimento de Jesus e não fazem

nada. “Também nós, nas circunstâncias da vida e com nossas expectativas não realizadas, podemos ter a tentação de tomar distância à realeza de Cristo.” A segunda é a dos que diziam a Ele “salve a si mesmo!”. Segundo o Papa, essa é uma das piores tentações. “É um ataque direto ao amor. Não salve aos outros, mas a si mesmo. Prevaleça o eu com sua força, sua glória, seu sucesso. É a tentação mais terrível!”, exortou. “Mas, diante desse ataque, Jesus não fala, não reage. Continua a amar, perdoa.” A terceira reação possível, e a correta, é a do bom ladrão, crucificado ao lado de Cristo. “Jesus, lembre-se

de mim quando entrar no teu Reino!”, diz o bom ladrão. Para Francisco, “essa pessoa, simplesmente olhando Jesus, acreditou em seu Reino. E não se fechou em si mesmo, mas com seus erros, seus pecados, voltou-se a Jesus, pediu para ser lembrado e experimentou a misericórdia de Deus”, afirmou, recordando a resposta de Cristo: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso!” E, continuou o Papa, “quando damos a oportunidade, Deus se lembra de nós. Está pronto para apagar completamente e para sempre o pecado. Deus não tem memória do pecado, mas de nós, seus filhos amados”.

Papa confirma medidas que facilitam acesso ao sacramento da Reconciliação “O perdão é o sinal mais visível do amor do Pai”, afirmou o Papa Francisco em sua carta apostólica Misericordia et misera (Misericórdia e mísera), publicada na segunda-feira, 21. “Ninguém pode pôr condições à misericórdia. Ela permanece sempre um ato de gratuidade do Pai celeste, um amor incondicional e imerecido.” Por esse motivo, o Pontífice decidiu prorrogar por tempo indeterminado as provisões que criou no jubileu extraordinário. Os mil sacerdotes que atuam como “missionários da misericórdia”, autorizados a absolver pecados que via de regra só

a Sé Apostólica poderia reter, continuarão rodando pelo mundo para confissões. Entre os casos possíveis, que elevam à excomunhão, estão a profanação da Eucaristia, a quebra do sigilo de confissão, a violência contra o Papa e a consagração de bispos sem mandato pontifício, entre outros. Daqui por diante, o pecado do aborto poderá ser absolvido por qualquer sacerdote católico, “por força de seu ministério” no sacramento da Reconciliação, sempre que encontrar um fiel verdadeiramente arrependido. “Quero repetir com todas as minhas forças que o aborto é um grave pecado, porque coloca fim a uma

vida inocente”, ponderou o Pontífice. “Com a mesma força, no entanto, posso e devo afirmar que não existe nenhum pecado que a misericórdia de Deus não possa alcançar e destruir quando encontra um coração arrependido, que pede para se reconciliar com o Pai.” Além disso, os padres da Fraternidade São Pio X, que se encontra em comunhão parcial com a Igreja Católica, podem continuar atendendo confissões de forma válida. O Papa decidiu dessa forma “para que a ninguém venha a faltar o sinal do sacramento da Reconciliação por meio do perdão da Igreja”.

Em resumo, “não há lei nem preceito que possa impedir a Deus de reabraçar o filho que volta a Ele reconhecendo ter errado, mas decidido a recomeçar do início”, escreveu o Bispo de Roma. “Parar somente na lei equivale a frustrar a fé e a misericórdia divina.” Além disso, para celebrar o caráter social do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, o Papa Francisco instituiu a Jornada Mundial dos Pobres, que será comemorada por toda a Igreja no 33º Domingo do Tempo Comum de cada ano. O objetivo é “ajudar cada batizado a refletir sobre como a pobreza está no coração do Evangelho”.


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Felizes os que ve Nayá Fernandes

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Muita gente não sabe, mas a palavra negritude foi concebida pelo poeta, político e filósofo senegalês Léopold Sédar Senghor. Foi ele que conseguiu colocar a palavra no ambiente acadêmico internacional, dando-lhe a conotação de redescoberta e reapropriação da cultura africana em contraposição àquela europeia. Léopold era membro da Academia Francesa de Letras, Doutor Honoris Causa em cerca de 20 universidades do mundo inteiro e ganhou mais de 15 prêmios internacionais de poesia. Ele colaborou com o marco do movimento da negritude, com a publicação, em 1932, da revista Légitime Défense por um grupo de estudantes das Antilhas. Ou seja: a negritude, assim como a conhecemos, é um termo existente há apenas 84 anos. Mas, e antes dele? Antes que a palavra negro fosse divulgada, usava-se, e ainda se usam, os mais diferentes apelidos para se referir aos negros, alguns inclusive pejorativos. No Brasil, o Dia da Consciência Negra, celebrado a cada 20 de novembro, foi criado em 2003 e instituído pela Lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011. A data foi escolhida para fazer memória da morte de Zumbi dos Palmares (1655-1695) e de outros negros e negras que lutaram contra toda forma de escravidão e contribuíram para a construção da história do povo brasileiro. O país demorou a reconhecer que era necessário um dia específico para que todos refletissem sobre o preconceito que ainda destrói a vida de milhões de pessoas apenas porque nasceram com uma cor que, por centenas de anos, foi considerada critério para dignificá-las como inferior. E, embora a abolição da escravatura tenha ocorrido há apenas 128 anos por aqui, há ainda um longo caminho a ser percorrido na superação do racismo.

Raízes da liberdade

Há quem diga que não existe o que se comemorar no dia 20 de novembro, porque esse é um dia de luta. Mas, é preciso comemorar sim. No próximo dia 5 de dezembro, o samba, ritmo autenticamente brasileiro, completará cem anos. A data remete ao primeiro samba oficialmente registrado no país na Biblioteca Nacional: a música “Pelo Telefone”, feita em 1916 por Donga, que se chamava Ernesto Joaquim Maria dos Santos, músico, compositor e violinista brasileiro, também negro. Com a música, a palavra samba apareceu pela primeira vez no selo de um disco de vinil. Ao lado de Pixinguinha, Donga participava de grupos que, na cidade

do Rio de Janeiro (RJ), iriam marcar definitivamente a história do Brasil com o samba, que, mais do que um ritmo musical, tornou-se uma cultura, um modo de viver e de agregar muitos grupos que se identificam com a causa da negritude. Ao lado do samba, os brasileiros teriam muitos outros motivos para agradecer aos negros a contribuição cultural para a construção do país. Antes do incêndio que devastou o Museu da Língua Portuguesa em São Paulo, em dezembro de 2015, o visitante podia perceber, por exemplo, quantas palavras do vocabulário brasileiro têm origem africana. E muito além do “afoxé”, da “birita” ou do “cachimbo”, o negro nos ajudou a compreender o quão importante é o “cafuné” ou o “dengo” no “nenê”. Essas palavras têm origem africana e tantas outras que, provavelmente, nem nos damos conta no dia a dia.

As muitas cores da consciência

Nem todo brasileiro se considera negro. Isso porque, as muitas mis-

O dia 20 de novembro é uma data para Consciência Negra para a reflexão sobre do negro na sociedade riquezas culturais turas ao longo dos séculos fizeram com que a população experimentasse uma grande miscigenação. Mas, 57% da população brasileira é negra. Essa porcentagem, porém, não é vista quando se verifica qual a quantidade de negros são profissionais da área da Saúde, Engenharia, Arquitetura, Advocacia ou outros cargos que demandam mais formação acadêmica. A realidade, no entanto, está aos poucos mudando, embora um longo caminho ainda precise ser percorrido. A primeira deputada negra, Antonieta de Barros, o Brasil só teve

Tornei-me professora por causa do racism Luzia Souza, conhecida como Luh, é autora de livros como “O teste do pescoço”, amplamente divulgado e citado no jornal norte-americano The New York Times pela jornalista Vanessa Barbara. O livro também fez parte de um documentário para uma televisão francesa sobre racismo “História Preta - Fatos & Fotos” e “As Últimas Palavras de Jovens Negros”, obra citada pelo jornal espanhol El País. Ela contou ao O SÃO PAULO sua história de luta e superação do racismo por meio da educação.

Meu contato com o racismo foi de fato na escola. Lá, fui xingada de ‘negrinha’ e ‘macaca’, por colegas de sala. Ninguém me defendeu e, apesar de eu não ter compreendido muito bem, me senti maltratada. Em casa, eu perguntei ao meu pai o que significavam aqueles xingamentos, e foi então que ele me sentou na cadeira e explicou que muitas vezes eu sofreria com pessoas que não gostam de gente com a cor da nossa pele, a minha e a dele, porque nós éramos negros, e ele contou-me sobre a escravidão. Minha mãe estava na cozinha lavando louça e quando olhei para ela, foi a primeira vez que eu soube que ela era branca. Até aquele dia, para mim, ela era só a minha mãe e jamais eu havia observado a diferença de cores em casa. Foi uma descoberta dolorida, e eu cresci achando que nossa história de pretos, era só essa, mas papai não me contou quais tipos de preconceito eu sofreria. Hoje, eu sei que nem ele mesmo sabia. Nem a minha mãe branca. Um dos casos que vou contar, que jamais me esquecerei, porque só fui saber que era racismo depois de adulta, sofri com uma professora de ensino primário. Ela me colocava de castigo em pé por qualquer coisa. Em outras, tomada de assalto, sem nunca entender por que, eu estava sendo colocada para fora da sala aos gritos de “Odeio essa negrinha, tira ela daqui!”. Eu, muitas vezes, fui levada para outras salas para assistir aula simplesmente porque ela não me queria naquele dia. Eu fazia desenhos e entregava a ela, como meio de pedir-lhe perdão por qualquer coisa que eu havia feito de mal, porém nada adiantava. Nem ficar quieta sem olhar para os lados resolvia. Eu me sentia mais infeliz que tudo, porque meus pais eram amigos dos pais dela e a conheciam desde que nasceu. O bairro na época era pequeno. Quando nos encontrávamos na rua, ela conversava com meu pai ou minha mãe e me tratava bem. Como acreditariam em mim? Não acreditavam, obviamente. Mas eu fui para a 5ª série. E cresci. Continuamos morando nas mesmas casas e nos esbarrando pelas ruas do bairro, mas eu não podia olhar para ela, cumprimentá-la, nem sentir a saudade que todos sentiam da amada primeira professora. Segui estudando, me sentindo “burra”, odiando ter de ir à escola, sendo uma aluna medíocre, por assim dizer, até que um novo fato aconteceu na minha vida. Sempre apareciam em nosso portão casais querendo que minha mãe “me


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eem além da cor em 1934; e a primeira a conquistar o diploma de Engenharia, só em 1940, Enedina Alves Marques. São pouco mais de 80 anos na conta, e, de lá para cá, quantas mulheres e homens negros conseguiram assumir cargos políticos ou burocráticos significativos? No campo da arte, da música e da literatura, os negros têm mais motivos para comemorar. Recentemente, despontou nas casas de cultura, a história de Carolina Maria de Jesus, que nasceu em Minas Gerais no ano de 1914, numa comunidade rural

onde seus pais eram meeiros, ou seja, agricultores que trabalham em propriedades que pertencem a outras pessoas. Moradora da favela do Canindé, na zona Norte de São Paulo, ela trabalhava como catadora e registrava o cotidiano da comunidade em cadernos que encontrava no lixo. Carolina é considerada uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do Brasil. O autor de “Triste fim de Policarpo Quaresma”, Afonso Henriques de Lima Barreto, nasceu em 1881, antes mesmo da abolição da escravatura, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Ele enfrentou o preconceito por ser negro. Lima Barreto, como ficou conhecido, foi jornalista e escritor e abordava questões de injustiças sociais em suas obras. E talvez pouco se fale sobre figuras negras como a de Machado de Assis. Cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, também nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 1839. E, embora muitos estudantes brasileiros tenham lido as “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, livro

mo desse” para trabalhar em suas casas, ou eu ou minhas irmãs. Meus irmãos começaram a trabalhar muito cedo, porém papai não deixava as meninas trabalharem antes dos 18 anos, para ajudar mamãe nas tarefas domésticas. Um dia, eu teimei para ir com uma família que morava próximo de casa. Era para lavar as roupas do casal. Minha mãe, sem poder lutar contra a minha teimosia de pré-adolescente, deixou-me ir, não sem antes me dar um grande sermão. Durante um mês, lavei as roupas daquela casa. Lavei esfregando nas mãos, com sabão em pedra. Queria tanto agradar, que cheguei a ficar com as mãos esfoladas e sangrando de tanto esfregá-las. As roupas do casal foram aumentando dia a dia. Observei que comecei a lavar a dos filhos, das irmãs, dos cunhados e de todos que moravam no quintal. Todos se achavam no direito de colocar sua trouxa no montante para lavar. Mas eu pensava naquele dinheiro que receberia e trabalhava calada. Mais de um mês depois, nada do pagamento vir. Perguntei, então, à dona da casa quando ela me pagaria, e a resposta foi: “Como assim, te pagar? Você nem lava as roupas direito. O que eu posso fazer é te dar essas roupas para você usar”. E me deu um saco de lixo cheio de roupas usadas das filhas dela que tinham a mesma idade que eu. Argumentei ainda que precisava do dinheiro, que esse foi o combinado, e ela disse que eu era negra, seria empregada doméstica e era para eu ter aquele serviço como experiência, que ela havia me feito um favor de mostrar como seria. Peguei o saco preto com aquelas roupas e fui para casa. Minha mãe me deu um sermão no estilo “Eu não te disse? Eu te disse”. Depois, vendo-me tão triste, pegou o saco, colocou no quintal e com um fósforo nas mãos me fez a seguinte pergunta: “Se você quer que a palavra dela se cumpra, use as roupas. Se não quiser, estude para ser alguém na vida e a gente queima tudo isso aqui. O que você quer?” E eu respondi que queria estudar. Naquele ano, eu repeti a 7ª série. No ano seguinte, decidi que seria a melhor aluna da turma. Mudei de escola e me esforcei muito para cumprir o que havia prometido. Mesmo eu me sobressaindo dentre a minha turma, sofri racismo sem saber. Esse tipo de racismo me acompanhou no Ensino Médio com especialização para o Magistério e até na faculdade. Quando tirava a nota máxima, quase sempre tirava, vinha sempre um recadinho do tipo: “Foi você mesmo quem fez? Se foi, parabéns!” Anos mais tarde, fui convidada a fazer a minha primeira palestra e o tema que me pediram foi “Bullying e Racismo no Ambiente Escolar”. Então, pude palestrar para muitas pessoas que professores podem, sim, praticar racismo e bullying com seus alunos e comprometer seus futuros. Tornei-me professora por causa do racismo. Hoje, eu ensino, ministro palestras, escrevo. Continuo sofrendo racismo de todas as formas e todos os dias, pois se alguém sofre nos Estados Unidos, na Europa, na África do Sul, no Brasil ou em quaisquer lugares do mundo, aquilo é para mim também, é sobre mim, sobre toda a etnia negra.

considerado um marco do Realismo na literatura brasileira, poucos sabem que seu autor era negro. Pode-se ainda, recordar outros nomes como o de Chiquinha Gonzaga, a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil; André Pinto Rebouças, que deu nome a uma das avenidas mais importantes da cidade São Paulo, um importante engenheiro que era também professor e se engajou na campanha abolicionista em 1880 e, embora tenha sido responsável por importantes obras de Engenharia no Brasil, morreu pobre em Luanda, na África. A lista, que certamente é muito maior, conta ainda com personalidades como Aleijadinho, José do Patrocínio, Cartola, sem falar, é claro de, de Zumbi dos Palmares e de sua companheira, Dandara.

Dandara e seus turbantes

Ela fez 5 anos de vida e em sua festa não teve fantasia inspirada no filme “Frozen”, “Branca de Neve” ou em personagens como a Minnie, Pepa ou Galinha Pintadinha. Dandara vestia uma roupa com tecido africano e teve na decoração da festa, bonecas negras e instrumentos como o afoxé. Estava com um turbante na cabeça, usado também por outros membros da família, como a tia Hildete Emanuele. Hildete nasceu na Bahia e contou ao O SÃO PAULO que demorou a aceitar sua negritude, pois teve uma infância inspirada em figuras da televisão como Xuxa e suas paquitas. “Quando era criança, tinha muita vergonha do meu cabelo e da minha cor. Lembro-me de que as crianças cantavam na escola aquela música: ‘Negra do cabelo duro’ e outras que me faziam sentir ainda pior. Meu sonho era ser igual à Xuxa e inclusive uma vez eu pedi à ‘mainha’ que cortasse meu cabelo com aquela franja igual a dela. Ficou horrível. Quando eu tinha uns 10 anos, minha mãe liberou para que eu alisasse o cabelo. Toda a minha adolescência foi vivida assim”, contou Hildete. A história começou a mudar depois que Hildete ingressou na Pastoral da Juventude. “Com a ajuda de outros jovens, comecei a perceber e aceitar minha cor. Aos poucos, passei a me amar como mulher negra. Hoje vivo isso com muita naturalidade, mas travo vários debates sobre a solidão da mulher negra. Vemos em torno de nós que a maioria das mulheres que casam e constituem família, por exemplo, são brancas. A negra é considerada uma mulher que não é para casar”, desabafou Hildete, que é agente da Pastoral da Juventude e articuladora social da Ação Social da Arquidiocese de Salvador (BA).

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

novembro, no Brasil, para celebrar a egra, uma ocasião sobre a inserção sociedade e suas culturais


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CNBB alerta para riscos de possível regulamentação dos jogos de azar

Metrô

A paralisação de obras do Metrô espalhou “quarteirões fantasmas” pela capital paulista. Parte dos quase 600 imóveis esvaziados para a construção de futuras estações está tomada por lixo, pichação e usuários de drogas. Tanto o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) quanto um consórcio responsável por uma das linhas alegam falta de verba para as obras. Por exemplo, há alguns anos, quem passasse pela área onde será construída a estação Água Rasa (zona Leste), da linha 2-verde, veria pessoas nas calçadas e um comércio movimentado. Agora, o cenário é de casas abandonadas, pichadas e mato alto.

Secretários do novo governo

O prefeito eleito de São Paulo, João Doria Junior, já tem definidos os nomes de seu secretariado: Educação: Alexandre Schneider, foi titular da pasta entre 2006 e 2012, na gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD). Na eleição municipal de 2012, foi ainda candidato a vice-prefeito na chapa derrotada do atual ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB). Cultura: André Sturm, diretor-geral do Museu da Imagem e do Som (MIS) Saúde: Wilson Pollara, atual secretário-adjunto de Saúde do governo estadual. Prefeituras Regionais (atual Subprefeituras): Bruno Covas, deputado federal e vice-prefeito eleito. Governo: Júlio Semeghini, coordenador de transição do governo. Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida: Cid Torquato, atual secretário-adjunto da Secretaria de Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo. Negócios Jurídicos: Anderson Pomini, advogado da campanha de Doria. Fazenda: Caio Megale, que era associado do Itaú até novembro. Desestatização: Wilson Poit, ex-presidente da SP Negócios. Transportes: Sérgio Avelleda, ex-presidente do Metrô. Inovação e Tecnologia: Daniel Annenberg, ex-presidente do Detran e eleito vereador pelo PSDB. Desenvolvimento Urbano: Heloísa Proença, que foi secretária de Planejamento entre 1999 e 2000. Assuntos Internacionais: Julio Serson, presidente de uma rede de hotéis. Comunicação: Fabio Santos, vice-presidente da agência de comunicação CDN. Desenvolvimento Social: Soninha Francine, jornalista e vereadora eleita. Esportes: Jorge Damião, diretor de relações institucionais da TV Cultura e membro do conselho gestor do Sesi. Já atuou na Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação, em 2006. Gestão: Paulo Uebel, diretor da ‘We work’, empresa de trabalho compartilhado. Foi CEO global do grupo de Líderes Empresariais (Lide), do qual Doria é fundador. Meio Ambiente: Gilberto Natalini, vereador reeleito pelo PV pela quinta vez. Já foi secretário municipal de São Paulo, de Participação e Parceria, entre 2005 e 2006. Serviços e Obras: Marcos Penido, funcionário de carreira da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo, da qual é presidente desde 2015. Já foi secretário de estado da Habitação, em 2014, e secretário-adjunto de Infraestrutura Urbana da Prefeitura, entre 2006 e 2010.

Hospital da Brasilândia

Iniciadas em 2015, as obras do Hospital Municipal de Vila Brasilândia estão paralisadas há cerca de duas semanas. A Prefeitura informou que as obras de construção do hospital, localizado na Avenida Michihisa Murata, Freguesia do Ó, estão provisoriamente suspensas até receber autorização do termo aditivo para a transferência de recursos. Fontes: G1 e Rede Nossa São Paulo

Edcarlos Bispo

edbsant@gmail.com

A CNBB manifestou, por meio de uma nota, na quarta-feira, 16, preocupação com projetos de lei que tramitam no Congresso e buscam regulamentar a prática dos jogos de azar no país. O Projeto de Lei 442/91 e o Projeto de Lei do Senado 186/14 – enfrentam resistência tanto por parte do Ministério Público quanto por parte de parlamentares. As propostas tentam legalizar e regulamentar atividades de cassinos, jogo do bicho e bingos no país, inclusive o funcionamento de máquinas de vídeo-bingo, caça-níqueis, apostas e jogos on-line. O Marco Regulatório dos Jogos (Projeto de Lei 442/91) foi aprovado em uma comissão especial em 30 de agosto. No Senado, a Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional aprovou, no dia 9, o texto que busca ampliar o leque dos jogos de azar legalizados no país (PLS 186/2014). Hoje, estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar público ou acessível ao público, mediante o pagamento ou não de entrada, é contravenção penal, sujeita à pena de prisão simples, de três meses a um ano, e multa, segundo o artigo 50 da Lei das Contravenções Penais. Em reportagem no site da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o procurador da República, Peterson de Paula, secretário de Relações Institucionais do Ministério Público Federal (MPF), afirmou que “a experiência do MPF é muito negativa na atuação contra essas organizações criminosas que exploram os jogos de azar hoje no Brasil”.

Já o Instituto Brasileiro Jogo Legal (IJL) defende a legalização e a criação de um marco regulatório para essas atividades em colaboração com os poderes públicos. “O Instituto Brasileiro Jogo Legal vê com ânimo e otimismo a iniciativa do Congresso Nacional em legalizar o jogo no Brasil, apesar de a gente viver um atraso histórico de quase 75 anos nessa legislação”, afirma o presidente da instituição, Magno José. Responsável por estimular estudos e pesquisas sobre os jogos, o Instituto estima que o jogo legal movimenta hoje R$ 14 bilhões enquanto o jogo ilegal tem fluxo financeiro em torno de R$ 20 bilhões. “Baseados nessas premissas de que o Brasil já tem jogo legal e tem jogo clandestino, nós entendemos que é oportuno que o Congresso Nacional crie uma lei para trazer esse mercado clandestino para a legalidade.” Na nota, a CNBB afirma: “Os argumentos de que a legalização do jogo de azar aumentará a arrecadação de impostos favorecer a criação de postos de trabalho e contribuirá para tirar o Brasil da atual crise econômica seguem a nefasta tese de que ‘os fins justificam os meios’. Esses falsos argumentos não consideram a possibilidade de associação dos jogos de azar com a lavagem de dinheiro e o crime organizado. Os cassinos podem facilmente transformar-se em instrumentos para que recursos provenientes de atividades criminosas assumam o aspecto de lucros e receitas legítimas. Preocupa-nos a falta de uma discussão aprofundada da questão e a indiferença de muitos frente às graves consequências da legalização dos jogos de azar no Brasil”. (Com informações da EBC, Agência Senado e Conjur)

NOTA DA CNBB SOBRE A LEGALIZAÇÃO DOS JOGOS DE AZAR NO BRASIL Uma árvore má não pode dar frutos bons (cf. Mt 7,18) A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, através de sua Presidência, acompanha com apreensão a avançada tramitação na Câmara de Deputados e no Senado Federal do PL 442/91 e do PLS 186/14, que têm como objetivo regulamentar a exploração de jogos de azar no país. Reafirmamos o nosso histórico posicionamento acerca desta questão, rejeitando essas novas tentativas de legalização dos jogos de azar. Os argumentos de que a legalização do jogo de azar aumentará a arrecadação de impostos, favorecerá a criação de postos de trabalho e contribuirá para tirar o Brasil da atual crise econômica seguem a nefasta tese de que “os fins justificam os meios”. Esses falsos argumentos não consideram a possibilidade de associação dos jogos de azar com a lavagem de dinheiro e o crime organizado. Os cassinos podem facilmente transformarse em instrumentos para que

recursos provenientes de atividades criminosas assumam o aspecto de lucros e receitas legítimas. Preocupa-nos a falta de uma discussão aprofundada da questão e a indiferença de muitos frente às graves consequências da legalização dos jogos de azar no Brasil. Cabe-nos, por razões éticas e evangélicas, alertar que o jogo de azar traz consigo irreparáveis prejuízos morais, sociais e, particularmente, familiares. Além disso, o jogo compulsivo é considerado uma patologia no Código Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde. O sistema altamente lucrativo dos jogos de azar tem sua face mais perversa na pessoa que sofre dessa compulsão. Por motivos patológicos, ela acaba por desprezar a própria vida, desperdiçar seus bens e de seus familiares, destruindo assim sua família. Enquanto isso, as organizações que têm o jogo como negócio prosperam e seus proprietários, os “senhores do jogo”, se tornam cada vez mais ricos. Nosso país não precisa disso!

A autorização do jogo não o tornará bom e honesto. Conclamamos aos representantes do povo brasileiro no Congresso Nacional a votarem contra estes projetos e qualquer outro que pretenda regularizar os jogos de azar no Brasil. Tenham certeza de que o voto favorável será, na prática, um voto de desprezo por nossas famílias e seus valores fundamentais. Contando com a intercessão de Nossa Senhora Aparecida, possamos construir um Brasil justo, honesto e honrado! Brasília, 16 de novembro de 2016. Dom Sergio da Rocha Arcebispo de Brasília Presidente da CNBB Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ Arcebispo de São Salvador da Bahia Vice-Presidente da CNBB Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM Bispo Auxiliar de Brasília Secretário-Geral da CNBB


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Fernanda Canaud

‘O Brasil tem os maiores compositores das Américas em três séculos consecutivos’ Arquivo pessoal

Nayá Fernandes

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A música clássica, apreciada há muitos séculos pelo mundo, demorou para ter no palco as mulheres como protagonistas. A alemã Clara Schumann, esposa de Robert Schumann, foi uma das primeiras a ser reconhecida internacionalmente como compositora e pianista. Ao longo dos anos, porém, as mulheres foram conquistando seu espaço também nesse ambiente. Esse é o caso de Fernanda Canaud, pianista brasileira e doutora em Música pela Unirio. Fernanda trabalhou na elaboração, organização e fundação da Escola Superior de Música da Universidade Cândido Mendes, em Nova Friburgo (RJ), na qual foi diretora de 2002 a 2004. Desde 2000, é professora de piano na Escola de Música Villa-Lobos, mantida pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro. Paralelamente às atividades acadêmicas, atua como concertista, sempre interessada na divulgação da música brasileira clássica e popular. Premiada em concursos nacionais de piano, realizou concertos com várias orquestras sob a regência de Ligia Amadio, Leon Halegua, Norton Morozowitz, Júlio Medaglia, Helder Trefzger, Marcello Stasi, Ernani Aguiar, entre outros. Internacionalmente, já tocou no Auditório do Museu Guggenheim, em Bilbao, na Espanha; na Biblioteca Joanina na Universidade de Coimbra, em Portugal; no Mosteiro de Alcobaça, no Palácio dos Espelhos em Lisboa, em Portugal; no Palácio de Todi, na Itália, e na Sala Villa-Lobos, em Paris, na França. Em 2014, trabalhou para o projeto “Música no Museu”, como curadora e pianista em concertos nas “Homenagens aos 100 Anos de Guerra-Peixe” e em outros como “Homenagem às Mulheres”, “Mês dos Pianistas” e “7º Festival Internacional de Sopros do Rio de Janeiro”. Com o Trio ChewFranco-Canaud, estreou um trabalho de concertos no “Programa Partituras” (TV Brasil, 2014). Como solista, realizou o projeto de concerto “O Brasil do Piano de Fernanda Canaud”. Em 2015, participou do projeto “Os Imortais da Música”, no “Música no Museu”, em diversas cidades do Brasil e do exterior. Apresentou-se, também, em seis concertos e masters classes, divulgando a música brasileira na cidade de Las Vegas, nos Estados Unidos. Atualmente, está passando uma temporada de seis meses nos Estados Unidos se aperfeiçoando, tocando e gravando repertório brasileiro, nor-

CD em duo com o magnífico bandolinista Joel Nascimento; e ter dado aulas durante 15 anos consecutivos na Escola de Música Villa-Lobos. Atualmente, estou nos Estados Unidos, por algum tempo. Aqui em Las Vegas, tenho tocado muito e está sendo uma experiência maravilhosa. Já realizei apresentações de câmera em Nova York. Posso dizer que tenho muito orgulho de minha trajetória, pois ela é minha vitória, já que eu enfrentei muitas dificuldades que poderiam ter me afastado da música ou dos palcos. E sobre a sua experiência de tocar na igreja em Botafogo? Tocar na igreja para mim é uma experiência maravilhosa. Adoro.

te-americano e europeu. Gravou também a trilha sonora do filme “Polidoro”, com estreia prevista para 2017. Além de todo esse sucesso pelo mundo, Fernanda toca aos domingos na Paróquia Santa Cecília e São Pio X, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ). Ela conversou com o O SÃO PAULO sobre sua belíssima e feliz trajetória.

O SÃO PAULO – Desde quando você toca piano? Fernanda Canaud - Eu toco piano desde os 6 anos de idade. Já se vão uns 40 anos. Como foi o seu despertar para a música? Meu pai sempre ouviu música em casa, principalmente aos finais de semana. Ele se dedicava a ouvir muita música boa. As grandes cantoras e instrumentistas de Jazz; a MPB no estilo Silvio Caldas, Elizeth Cardoso, Orlando Silva, Radamés Gnattali e Paulinho da Viola; e também música clássica de câmera, os preferidos eram Dvorjak, Smetana, Tchaikovsky e Chopin. Além disso, ele adorava os musicais americanos. Eu, muitas vezes, preferia ficar ouvindo a brincar. A qualidade do som era muito boa. Lembro-me de que eram caixas Tanoy enormes e a aparelhagem era de primeira linha para a época. Muitos amigos dele iam lá em casa ouvir música. Era um hábito, de forma que meu interesse pela música foi desde a tenra idade, bem antes de começar a praticar um instrumento.

A partir daí, como foi que se desenvolveu o gosto pelo piano? A partir de que inspirações? Comecei a estudar piano e logo me destaquei, pois fui vencedora no primeiro concurso que participei, aos 6 anos. Minha professora era Denir Ishikawa. Devo a ela as minhas primeiras inspirações musicais. Depois, tive como referência a pianista Linda Bustani. Quando terminei a faculdade, mergulhei num trabalho de mestrado sobre a obra de Radamés Gnattali e me apaixonei pelo pianismo e pela música desse mestre. Como professor de música e regência, a minha referência é o professor Homero de Magalhães. Frequentei diversos seminários de música ministrados por ele, e simplesmente eram fascinantes. Poderia contar mais sobre essa trajetória em que você foi, também, desbravando caminhos? Eu estou sempre me reciclando. E, portanto, sempre aparecem oportunidades bastante fortes e significativas, como, por exemplo, ser a primeira brasileira a tocar no Museu Guggenheim, em Bilbao, na Espanha; ser a primeira mestre em música com uma dissertação de mestrado sobre a obra de Radamés Gnattali (1991); defender a primeira tese sobre revisão fonográfica da obra de Radamés Gnattali; ter tocado com as melhores orquestras brasileiras; ter gravado a obra completa de Radamés Gnattali para violoncelo e piano com o grande violoncelista David Chew; ter sido indicada para o Grammy Latino com o

Você enfrenta situações delicadas na profissão por ser mulher, expressões de machismo, por exemplo? Não vejo problema em lidar com o machismo. Apenas lamento. Tenho dois filhos maravilhosos, um deles casado. Sempre os eduquei com muita dignidade e não foi fácil, pois fiquei viúva muito cedo. Eles são homens modernos, parceiros e incentivadores das suas mulheres. É assim que deveria ser o mundo. Na sua opinião, o país enfrenta problemas na educação musical de crianças e jovens? O Brasil não investe o suficiente na formação de suas crianças. Seus adultos têm muitas dívidas para com a sociedade. A falta de educação de nossa sociedade é sensível ao primeiro olhar. Gostaria de perceber uma melhora, mas, principalmente agora, ficou mais difícil ainda. Ainda assim, o país tem se destacado no cenário internacional? O Brasil é uma potência mundial. Em termos de criatividade, somos talvez os primeiros do mundo. Sim, temos grandes compositores na atualidade e cada dia aparecem novos valores na música clássica brasileira. Considero isso um “verdadeiro milagre”. O Brasil tem a sorte de ter os maiores compositores das Américas em três séculos consecutivos. No século XVIII, tivemos o Padre José Maurício Nunes Garcia. No século XIX, tivemos o absolutamente extraordinário Carlos Gomes, e, no século XX, tivemos VillaLobos, sem dúvida o maior compositor de todas as Américas, até hoje. O século XXI está apenas começando. Ainda é cedo para falar.

As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.


16 | Fé e Cultura |

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Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

Dica de Leitura O que há de errado com o mundo A mente moderna vê-se forçada na direção do futuro pela sensação da fadiga - não isenta de terror - com o que contempla do passado. Ela é propelida para o futuro. Para usar uma expressão popular, é arremessada para meados da semana que vem. E a espora que a impulsiona avidamente não é uma afeição genuína pela futuridade, pois a futuridade não existe, já que ainda é futura. É antes um medo do passado: um medo não só do mal que há no passado, senão também do bem que há nele. O cérebro entra em colapso ante a insuportável virtude da humanidade. Houve tantas fés flamejantes que não podemos suportar, houve heroísmos tão severos que não somos capazes de imitar, empregaram-se esforços tão grandes na construção de edifícios monumentais ou na busca da glória militar que nos parecem a um tempo sublimes e patéticos. O futuro é um refúgio onde nos escondemos da competição feroz de nossos antepassados. São as gerações passadas, não as futuras, que vêm bater à nossa porta. Ficha técnica: Autor: G. K. Chesterton Páginas: 218 Editora: Ecclesiae

Para Refletir

A guerra pela família

Divulgação

A cultura contemporânea está em uma profunda crise no que se refere ao sagrado Matrimônio. Tanto a verdade sobre a família quanto as próprias famílias estão sendo destroçadas por forças violentas. Os defensores da Cultura da Morte sabem bem a importância e centralidade da família natural; se não soubessem, por que gastariam tanto tempo, esforço e recursos atacando-a? Isso não apenas enfraquece a família, mas também enfraquecerá a nação. Com efeito, ao longo da história, essa tem sido uma estratégia bem conhecida para conquistar o inimigo – atacar os elementos mais fundamentais da linguagem e da cultura. O famoso general, estrategista militar e filósofo da antiga China, Sun Tzu (544-496 a.C.) expôs essa estratégia no livro “A Arte da Guerra”: “Não há maior arte que a de destruir seu inimigo sem luta, subvertendo alguma coisa de valor no seu país”. Com o tempo e grande diligência, os promotores da licensiosidade sexual, da ideologia de gênero e da redefinição do Matrimônio mudaram radicalmente a forma com que pensamos o Matrimônio e a família. A maior parte das pessoas já não entende a verdade básica de que, em sua essência, o Matrimônio é um homem e uma mulher em uma união indissolúvel, exclusiva e fecunda. A maioria das pessoas na nossa cultura já não entende o papel do Matrimônio e da família. Elas são incapazes de defender essas instituições sagradas, tornando-se, assim, presas fáceis para as ideologias radicais anti-matrimônio e anti-família. (Padre Shenan J. Boquet). (A íntegra do artigo pode ser lida em inglês no site da Human Life International).

Corais sacros são espaço de arte e fé para pessoas de diferentes idades Luciney Martins/O SÃO PAULO

Vitor Alves Loscalzo Especial para O SÃO PAULO

Com o objetivo de criar unidade entre os diversos corais existentes na cidade e de aprofundar o trabalho que realizam nas paróquias, aconteceu no sábado, 19, no Pateo do Collegio, no centro da capital paulista, o I Congresso de Corais Sacros de São Paulo. Participaram do evento 120 pessoas, entre coralistas e os regentes do Coro da Capela da PUC-SP, Schola Cantorum do Pateo do Collegio, Coro da Diocese de Santo Amaro, Coral Santa Bernardette e Coral Santa Cecília, da Paróquia Santo Antônio do bairro do Limão. O evento contou com a presença do Padre Carlos Alberto Contieri, SJ, diretor do Pateo do Collegio, e do Maestro Roberto Rodrigues. Na abertura do congresso, o Sacerdote destacou a produção e propagação musical dos jesuítas e enfatizou a simbologia de o congresso ser realizado naquele espaço. Em entrevista ao O SÃO PAULO, Padre Contieri expôs a relação entre a arte e a Igreja: “O Mistério de Cristo e o Mistério de Deus foram, desde toda a Antiguidade, propulsores da arte propriamente dita. A centralidade de Cristo na História provocou a criatividade dos artistas a retratarem, segundo suas aptidões, esse mesmo Mistério, para

I Congresso de Corais Sacros de São Paulo é realizado no Pateo do Collegio, no sábado, dia 19

que seja acessível, lido e escutado por todas as pessoas, indistintamente”, afirmou.

Música sacra para todos

No sentido mais restrito, a música sacra é própria da tradição judaico-cristã e, como expressão da arte sacra, referese àquilo que é sagrado. O termo nasceu na Idade Média, quando se concluiu ser necessária a elaboração de um estudo específico para as músicas executadas nas missas e na adoração a Deus. Rafael Carvalho de Fassio, 28, regente do Coral da Diocese de Santo Amaro,

falou do movimento crescente de resgate da música sacra em São Paulo, destacando a faixa etária dos interessados em retomar esta tradição: “É sintomático pensar que os regentes aqui estão na mesma faixa etária, entre 28 e 32 anos. Pode parecer contraditório a gente retomar uma tradição que vem da Igreja de tanto tempo, mas é um movimento natural. A Igreja está voltando os olhos para a música sacra”. Com 16 anos, Lucas José Franco da Silva canta desde os 9 anos. Ele participa do coral Schola Cantorum e é a expressão de que a música sacra tem espaço

também entre os jovens. “Muitas pessoas pensam que o sacro, por ser antigo, não pode ser valorizado. Isso está errado. O antigo carrega muitas influências e a música sacra hoje em dia é um dos tipos de música que mais facilitam o ser humano a alcançar algo elevado”, opinou. Luiza Gonçalves de Oliveira tem 82 anos e canta desde os 16 anos no Coral Santa Cecília da Paróquia Santo Antônio do bairro do Limão. Para ela, “ter jovens nos corais é muito importante, e essa renovação é necessária para substituir àqueles que já estão parando de cantar”. O maestro do coro da PUC-SP e da Paróquia Nossa Senhora do Brasil, na Região Episcopal Sé, Danilo del Chiaro, destacou que “quando as pessoas vão à missa com um bom coral, isso é uma experiência diferente, há uma elevação, a música tem esse papel. Não é para embelezar a missa, mas para integrá-la”, afirmou, dizendo também esperar que o encontro sensibilize tanto fiéis leigos quanto os sacerdotes sobre a importância da música sacra tocada na liturgia, além de atrair mais pessoas para cantar nos coros. Na noite da terça-feira, 22, os participantes do I Congresso de Corais Sacros de São Paulo fizeram parte da liturgia da missa de Santa Cecília, no Pateo do Collegio, em ação de graças pela realização do evento.


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| Esporte | 17 Luciney Martins/O SÃO PAULO

Projeto de lei propõe aumentar alíquotas de dedução do imposto de renda em benefício de práticas esportivas no Brasil Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

Às vésperas de completar dez anos no próximo dia 29 de dezembro, a Lei de Incentivo ao Esporte (LIE) - Lei n° 11.438/2006 - permite que pessoas físicas ou jurídicas deduzam parte do imposto de renda em favor das atividades esportivas no Brasil. No entanto, até hoje, o teto de deduções permitidas - R$ 400 milhões - nunca foi alcançado. Em 2015, o total captado em projetos aprovados pelo Ministério do Esporte foi de R$ 247,3 milhões. O recorde arrecadado por meio da LIE foi no ano de 2014: R$ 254,7 milhões. Um dos fatores apontados para arrecadação abaixo do esperado são os limites das alíquotas de dedução: de até 1% do imposto de renda devido para as pessoas jurídicas e de até 6% para pessoas físicas. O Projeto de Lei nº 130/2015, de autoria do deputado federal João Derly (Rede-RS), ex-judoca e bicampeão mundial do Judô, propõe aumentar esses percentuais. “A Lei de Incentivo ao Esporte é um dos fomentos da prática esportiva no Brasil, mas precisa ser democratizada e modernizada. E a forma de buscarmos isso é aumentando as alíquotas de dedução que, atualmente, estão em 1% para pessoa jurídica e 6% para pessoa física, além da mudança de lucro real para lucro presumido. No PL, eu proponho que esses percentuais sejam alterados, respectivamente, para 3% e 9%, garantindo que mais empresas possam doar, não somente as maiores, como acontece atualmente”, disse Derly ao O SÃO PAULO. Em 9 de novembro, atletas, dirigentes esportivos e o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, reuniram-se com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que prometeu colocar o PL 130/2015 em votação até o fim deste mês. Ainda no dia 9, a Câmara aprovou o regime de urgência do PL 364/2015, que estende o prazo da LIE, atualmente vigente até 2022, para até 2028. Na ocasião, Derly solicitou que o PL 130/2015 seja votado simultaneamente por tratar do mesmo assunto. “Acredito que ele será colocado em votação nos próximos dias, já que o regime de urgência já foi aprovado pelos meus colegas deputados. Agora estamos na luta pelos votos na busca da aprovação, o que é uma tarefa difícil, mas que conta com o apoio de atletas olímpicos e do Ministério do Esporte. Caso conquistemos a aprovação na Câmara, o próximo passo será a apreciação pelo Senado Federal”, explicou Derly à reportagem.

Confiabilidade

Em 2015, segundo o Ministério do Esporte, 868 mil pessoas foram beneficiadas diretamente pelas verbas obtidas

Por MAI$ incentivo ao esporte por meio da LIE. No total, 518 proponentes de projetos receberam aval do Ministério para arrecadar recursos. Os maiores captadores foram os institutos (26%) – muitos deles mantidos por ex-atletas –, seguidos pelas confederações (19%), ONGs (15%) e associações (12%). Os maiores percentuais de captação, 71%, foram para projetos de rendimento, voltadaos aos atletas profissionais. Na avaliação de Anderson Gurgel, professor de Marketing e Jornalismo Esportivo na Universidade Mackenzie, a Lei de Incentivo ao Esporte tem contribuído para o desenvolvimento das práticas esportivas no Brasil, mas nem todas as pessoas e empresas a conhecem e há muitos com receio de se envolver no apoio às iniciativas esportivas.

“Um projeto pode até ter autorização para usar a lei de incentivo, mas se for de uma entidade, atleta ou clube envolvido em uma série de escândalos, as empresas terão medo de se relacionar. Então, não basta haver apenas a lei de incentivo, é preciso existir um cenário em que as empresas sintam que têm segurança e que isso não seja ruim para elas”, analisou Gurgel. No ano passado, 31% de todos os recursos captados via Lei de Incentivo ao Esporte vieram de 15 empresas, a maioria ligadas ao setor de operação financeira, em especial aos bancos. Para Gurgel, a Lei de Incentivo ao Esporte pode ser uma das alternativas para a melhoria das condições esportivas no Brasil, mas não isoladamente. “Considerar que essa lei de incentivo

vai criar uma cultura de investimento privado no esporte é um caminho saudável, porque o Estado deve arbitrar e criar mecanismos para que a sociedade se torne cada vez mais autossuficiente. No entanto, a lei deve fazer parte de um mecanismo maior que envolva boas práticas de gestão, transparência e responsabilidade, tanto das empresas quanto dos clubes. E é essa ponta que falha, pois estourando casos de corrupção, as empresas acabam se sentindo receosas de investir no esporte ou rompem contratos. Então, a lei é um caminho, mas não é o único. Ela pressupõe boa gestão das empresas esportivas para que elas deem seu melhor. Isso talvez explique por que a lei de incentivo não conseguiu chegar ao seu ápice ainda”, concluiu.

LEI DE INCENTIVO AO ESPORTE Sancionada em dezembro de 2006, regulamenta os incentivos e benefícios para fomentar as atividade de caráter esportivo no Brasil. Atualmente, a pessoa jurídica pode abater até 1% do imposto de renda com verbas de patrocínio ou doação para projetos desportivos e paradesportivos previamente aprovados pelo Ministério do Esporte. No caso de pessoa física, a dedução é de até 6%. O PL 130/2015, que tramita em regime de urgência na Câmara, prevê aumento dos limites de dedução para até 3% para pessoa jurídica e de até 9% para pessoa física. Assim como as empresas, qualquer cidadão (pessoa física) pode destinar o que pagaria de imposto de renda

para apoiar projetos esportivos de finalidade educacional, de participação ou de rendimento. O doador escolhe para qual projeto destinará a dedução, a partir de uma lista de iniciativas aprovadas pelo Ministério do Esporte, disponível em http://www. esporte.gov.br/index.php/institucional/secretaria-executiva/lei-de-incentivo-ao-esporte/projetos-aprovados. Uma vez feita a dedução, o Ministério do Esporte encaminha o recibo à Receita Federal, que abaterá o valor repassado no imposto de renda do doador. Entre 2007 (primeiro ano de vigência da lei) e 2015, R$ 1,5 bilhão foram repassados a projetos esportivos Em 2015, foram beneficiadas direta-

mente 868 mil pessoas, a partir do repasse de R$ 247,3 milhões pela Lei de Incentivo ao Esporte. Em 2015, do total de recursos captados, 71% foi conseguido por projetos relacionados ao rendimento (voltados aos atletas profissionais). Em 2015, os maiores captadores foram os institutos (26%), seguidos pelas confederações (19%), ONGs (15%) e associações (12%). Projetos ligados à prática de tênis, corrida de rua e futebol de campo lideraram a captação. Os 15 maiores incentivadores em 2015 garantiram 31% do montante captado. Destes, 12 são operadores financeiros, a maioria bancos ou atividades mantidas por bancos.


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Brasilândia Dom Devair anuncia reorganização dos setores pastorais

Marcos Rubens Ferreira e Flavio Rogério Lopes Colaboradores de comunicação da Região

Em comunicado na sexta-feira, 18, aos padres, diáconos permanentes, religiosos, religiosas e lideranças das comunidades, Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, informou sobre a reorganização dos setores pastorais. A principal mudança é a extinção dos setores Cântaros e Nova Esperança para a criação de um novo setor, cujo nome ainda será definido (veja o box ao lado). “Após um processo de apreciação e discussão nos conselhos paroquiais e setoriais, levando em consideração a realidade das comunidades e as novas exigências pastorais, chegamos a uma definição, pastoralmente viável, para uma nova configuração dos setores”, manifestou o Bispo no comunicado, agradecendo ao empenho de todos os envolvidos nessa reconfiguração. “Esperamos que os trabalhos

setor freguesia do ó Bom Jesus dos Passos Nossa Senhora da Expectação Nossa Senhora das Graças Nossa Senhora Mãe de Deus Santa Cruz de Itaberaba Santa Izabel-Santa Luzia São José

setor Perus Cristo Rei Nossa Senhora das Graças Santa Rosa de Lima Santíssima Trindade São José Pró-Paróquia Santo Agostinho

pastorais nos setores continuem com renovado ardor missionário”, desejou Dom Devair. Terezinha Michelotto

Dom Devair preside missa no pátio da Paróquia São José Operário, no Jardim Damasceno, dia 19

setor jaraguá Cristo Libertador Nossa Senhora da Conceição Nossa Senhora da Paz Nossa Senhora das Dores Nossa Senhora Mãe e Rainha São Luís Maria G. de Montfort Área Pastoral Santo Antônio

setor pereira Barreto Nossa Senhora Aparecida Nossa Senhora de Fátima Nossa Senhora do Retiro Santa Terezinha do Menino Jesus São Judas Tadeu São Luís Gonzaga

setor são josé operário

Novo setor

Espírito Santo Imaculado Coração de Maria Nossa Senhora Aparecida Santa Cruz Santos Apóstolos Área Pastoral Nossa Senhora e Sant’Ana

Bom Pastor Nossa Senhora do Carmo Santa Rita de Cássia Santa Terezinha Santo Antônio São Francisco de Assis São José Operário

No mesmo comunicado, foi informado que o Padre Ricardo Pieroni deixa a função de ecônomo da Região

Brasilândia, a qual passará a ser exercida pelo Padre Jaime Izidoro de Sena, em 1º de dezembro.

Em união, 4 paróquias proclamam Jesus Cristo, Rei do Universo As paróquias Bom Pastor, São José Operário, Santa Teresinha e São Francisco de Assis celebraram, em unidade, a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, na noite do sábado, 19, em missa presidida por Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, no pátio da Paróquia São José Operário, no Jardim Damasceno. Durante a celebração, foi realizado o envio dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão que servem todas as comunidades dessas paróquias.

Dom Devair destacou que Cristo, como rei, serviu a todos, não exaltou a si próprio e teve como trono a cruz, um sinal de salvação a toda a humanidade. O Bispo comentou que, ao olhar para a cruz, o cristão não pode ficar somente curioso, mas sim motivado a encontrar o sentido da vida, da fé. Ele disse que os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão devem estar dispostos a servir até quando Deus quiser, sem se apegar a tal atividade para que outros a assumam no tempo oportuno.

Jovens da ‘Família Unes’ festejam 5 anos de atividades Em missa festiva com o tema “É preciso saber viver”, o Grupo de Jovens Unidos no Espírito Santo, popularmente conhecido como “Família Unes”, celebrou cinco anos de existência no domingo, 20, na Comunidade São Benedito, pertencente à Paróquia Bom Pastor, no Jardim Paulistano. A missa foi presidida pelo Padre Gleidson Luís de Sousa Novaes, vigário da Paróquia São Judas Tadeu, que destacou, na homilia, as características de Jesus Cristo, Rei do Universo, que serviu a todos. “O trono de Jesus, Rei do Universo, é a cruz. A coroa de Jesus é a de espinhos. Os súditos de Jesus estão no povo, e a unção de Jesus veio pelo Espírito Santo, e é com esse Rei que caminhamos juntos. Infelizmente, existem vários reis neste mundo que são bem diferentes do Rei do Universo.” Em entrevista à Pastoral da Comuni-

cação da Brasilândia, o jovem Felippe Camilo, que coordena o grupo em parceria com o casal Eliane Silva e Elenildo Silva, destacou a gratidão em ver a união e o amadurecimento do grupo. “É gratificante ver a animação dos jovens, pois, ao mesmo tempo que vamos amadurecendo, é bom ver o mesmo brilho no olhar de cada um desde quando começou até agora.” O grupo foi fundado em 2011 com o intuito de reunir os jovens que tinham acabado de receber o sacramento da Crisma. Hoje, mesmo com pouca estrutura financeira, a “Família Unes”, entre outras iniciativas, realiza campanhas de arrecadação de donativos, que são distribuídos em orfanatos, asilos e instituições de caridade. Os encontros do grupo acontecem aos sábados, às 19h30, na Comunidade São Benedito (rua Sítio D’Abadia, 175, no Jardim Paulistano).

Fellippe Camilo

Integrantes da ‘Família Unes’ em foto após missa na Comunidade São Benedito, no domingo, 20


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Peterson Prates

Colaborador de comunicação da Região

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Belém

Clero já projeta ações pastorais para 2017 No dia 9, aconteceu no Centro Pastoral São José, a última reunião em 2016 do clero atuante na Região Belém, conduzida por Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região. Na ocasião, houve também o último de cinco encontros do clero com o Padre João Edênio Valle, SVD, que assessorou a formação presbiteral ao longo do ano. Padre Edênio, que também é psicólogo, tem experiência em pesquisas sobre o clero, adquirida durante os seus 55 anos de sacerdócio e de trabalhos como professor da PUC-SP, na Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), no Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) e como provincial dos Verbitas. Durante os cinco encontros, Padre Edênio tratou do presbítero como homem da misericórdia de Deus, sobre a felicidade do clero, relações afetivas e análises psicossociais do clero brasileiro. Também na reunião, foi apresentado

Peterson Prates

Dom Luiz Carlos Dias conduz última reunião de 2016 do clero atuante na Região Episcopal Belém, no dia 9, no Centro Pastoral São José

aos padres e diáconos o projeto pastoral da Região Belém para 2017, e se tratou de outros assuntos relacionados à Assembleia Arquidiocesana de Pastoral, realizada no dia 12, e da reunião conjunta de planejamento pastoral do próximo ano. Participaram da reunião, quatro diáconos transitórios, que desempenham funções pastorais na Região e que serão ordenados padres em 3 de dezembro, às

15h, na Catedral da Sé: Rafael Alves, Gilson dos Reis e Paulo Gomes, integrantes da Missão Belém, e Túlio Felipe, vocacionado do Caminho Neocatecumenal. Participou também o seminarista Luciano Louzan, que será ordenado diácono transitório em 10 de dezembro, às 15h, na Catedral da Sé. Os clérigos ainda souberam detalhes sobre o projeto “Vida Nova”, da Missão

Belém. Este será o marco do Ano Santo extraordinário da Misericórdia na Arquidiocese, a partir da reforma e adequação do edifício Nazaré, localizado na praça da Sé, que será destinado ao acolhimento da população em situação de rua. Dom Luiz Carlos motivou os padres a colaborarem com a venda nas paróquias dos talões da chamada “ação entre amigos” que irá arrecadar recursos para a obra.

Missa recorda Zumbi dos Palmares e santos de devoção dos negros “Como seria interessante se a gente pudesse celebrar uma missa afro todo domingo nas nossas comunidades. Uma missa animada, cantada, bem preparada” – como esta foi –, uma missa em que as pessoas pudessem dançar e cantar, ser o que elas são. Como seria bom”, afirmou o Padre Gilberto Orácio, na homilia da missa realizada no dia 15, na Comunidade Nossa Senhora do Santo Rosário. A celebração, inculturada com elementos da cultura afro-brasileira, é realizada

anualmente pelo Setor Pastoral Sapopemba. A missa foi presidida pelo Padre Carlos Mariano, missionário Espiritano, e concelebrada pelo Padre Gilberto, com a colaboração do Diácono Jorge Luiz, e a participação de fiéis das sete paróquias que formam o Setor. No ofertório, os participantes ofertaram alimentos, frutos da terra que após a missa foram partilhados. Santos negros, como São Benedito, Santa Bakhita e

Santa Ifigênia, além do líder quilombola Zumbi dos Palmares, ícone da resistência negra, que é recordado no Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, foram recordados. Também Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi saudada como “negra Mariama”, e mui-

tos pediram a intercessão da Padroeira do Brasil em favor do povo negro, ainda marginalizado na sociedade brasileira. Padre Gilberto destacou que a conversão de cada pessoa deve acontecer diariamente e gerar um compromisso com a natureza e com o próximo. Hélio de Souza

Odirlei Duarte

Fiéis expressam devoção a Nossa Senhora Aparecida e a santos negros, como São Benedito Divulgação

Cerca de 70 educadores e coordenadores de núcleos do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto peregrinaram no dia 11 à Porta Santa da Catedral da Sé, por ocasião do Ano Santo extraordinário da Misericórdia e em preparação aos 70 anos da entidade. Durante a peregrinação, os presentes, todos integrantes da Pastoral do Menor na Região Belém, recordaram a atuação pastoral de Dom Luciano Mendes de Almeida na defesa dos menores. Dom Lourenço Palata, monge beneditino, conduziu o momento de entrada pela Porta da Misericórdia e Padre Helmo Faccioli presidiu a missa. Divulgação


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Santana Paróquias da Região Santana têm 30 novos cerimoniários

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

Em missa solene, no sábado, 19, na Paróquia Sant’Ana, com a presença de aproximadamente 350 coroinhas e cerimoniários atuantes em diversas paróquias, Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, investiu 30 cerimoniários paroquiais. Concelebraram a missa os padres Maércio Pissinatti Filho, Alfredo dos Santos, Geremias dos Santos e Andrés Marengo, coordenador regional de pastoral. Conforme explicou Robson Vieira, coordenador da Pastoral dos Coroinhas e Cerimoniários, a formação buscou “instruir o cerimoniário paroquial a ter autonomia para pesquisar e se aprofundar nos documentos da Igreja e da santa liturgia, direcionando

Diácono Francisco Gonçalves

Novos cerimoniários paroquiais investidos na função por Dom Sergio de Deus Borges, em missa solene no sábado,19, na Paróquia Sant’Ana

os jovens para o senso de responsabilidade de participar da organização das missas, servindo, assim, à comunidade

nos momentos de culto e de oração a Deus”. No primeiro semestre de 2017, a Pas-

toral pretende realizar outra oficina de formação para cerimoniários, sem descuidar da formação dos coroinhas.

Dom Sergio participa do 2º Encontro Missionário Arquidiocesano Diácono Francisco Gonçalves

No sábado, 19, na Cúria de Santana, aconteceu o 2º Encontro Missionário Arquidiocesano, com a participação de aproximadamente 40 pessoas, representando quatro das seis regiões episcopais da Arquidiocese de São Paulo. “O objetivo do encontro foi partilhar entre nós a caminhada missionária nas regiões em 2016 e começar a esboçar as atividades missionárias de 2017”, disse Irmã Rosa Clara Franzoi, coordenadora do Conselho Mis-

sionário Arquidiocesano (Comiar). No início do encontro, Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana e referencial da Animação e Ação Missionária da Arquidiocese, fez alusão às Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil – CNBB para o quadriênio 20162020. Em seguida, o assessor eclesiástico, Padre Antonio dos Santos Silva, dirigiu os trabalhos do encontro. Fábia Monique do Nascimento

Dom Sergio durante o 2º Encontro Missionário Arquidiocesano, realizado na Cúria de Santana Somaero

Dom Sergio de Deus Borges esteve na Paróquia Nossa Senhora da Consolata, no dia 13, para ministrar o sacramento da Crisma a 45 jovens e adultos, durante missa concelebrada pelo Padre Moisés Facchini, pároco. Alessandra Brito

A Sociedade dos Melhores Amigos da Aeronáutica (Somaero) concedeu medalha a Dom Sergio de Deus Borges, no dia 9, no IV Comando Aéreo Regional (IV Comar), em solenidade que contou com a presença do Tenente-Brigadeiro do Ar Juniti Saito (excomandante da Aeronáutica), do Tenente-Brigadeiro do Ar Dirceu Norô, do MajorBrigadeiro do Ar Marcelo Damasceno, do Major-Brigadeiro do Ar Nilson Carminati e do Coronel da Polícia Militar Paulo Telhada.

No domingo, 20, Dom Sergio de Deus Borges ministrou o sacramento da Crisma a 140 jovens e adultos na Paróquia Nossa Senhora da Candelária. Concelebraram os padres João Paulo Tabarelli e Hugo Pereira.


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Benigno Naveira

Colaborador de comunicação da Região

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Lapa

Santo Alberto Magno é festejado no Jardim Bonfiglioli Os fiéis da Paróquia Santo Alberto Magno, no Setor Pastoral Butantã, no Jardim Bonfiglioli, festejaram seu padroeiro entre os dias 15, data da memória litúrgica do Santo, e 20, na solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, com missa presidida pelo Padre Antonio Francisco Ribeiro, pároco. Padre Antonio, na homilia, recordou que Santo Alberto Magno, dominicano (Santo Padroeiro dos estudiosos das ciências naturais), é uma das evidências de que a Idade Média não foi, como muitas vezes a apresentam, a “idade das trevas”. O Pároco lembrou que a Igreja nunca colocou em contradição ciência e fé, e que Santo Alberto Magno testemunhou o fato de que a verdadeira fé não nega a ciência, pelo contrário, a verdadeira fé

promove o progresso da ciência, chegando a uma conclusão de que a ciência não pode explicar o mistério de Deus, mas ajuda a preparar o caminho para Deus. Santo Alberto Magno foi o grande mestre de Teologia, de Filosofia e de Ciências Naturais. Ao comentar o Evangelho do dia, Padre Antonio recordou que a festa de Cristo Rei está no calendário litúrgico desde 1925, por determinação do Papa Pio XI, para que os fiéis celebrem Jesus como Rei dos reis e Senhor da história e saibam que somente nele é possível viver a paz no mundo. Após o término da missa, Padre Antonio convidou a todos para participarem da festa no salão paroquial, encerrando as festividades.

Angela Santos

Padre Antonio Francisco Ribeiro, pároco, preside missa na Paróquia Santo Alberto Magno

Jantar beneficente acontece em favor de ações assistenciais Angela Santos

Jantar beneficente lota salão da Paróquia Nossa Senhora da Lapa, no sábado, 19

Na noite de sábado, 19, no salão da Paróquia Nossa Senhora da Lapa, no Setor Pastoral Lapa, foi realizado um jantar beneficente em prol da Casa de Apoio Esperança, mantida pela Associação Paulo VI, com a missão de acolher homens portadores de HIV/Aids; e do Abrigo São Rafael, vinculado à Pastoral do Menor da Região Lapa, que atende crianças e adolescentes de 0 a 17 anos e 11 meses de idade, de am-

bos os sexos, que são encaminhados pela Vara da Infância e Juventude e pelo Conselho Tutelar. O evento, que reuniu cerca de 150 convidados, contou com a colaboração e apoio da Paróquia São Francisco de Assis, no Setor Pastoral Butantã, que, além da presença caritativa e evangelizadora de suas equipes pastorais, tem contribuído na promoção de alguns eventos para suprir as necessidades das duas instituições.

A equipe que organizou o evento foi composta por membros da diretoria e de pastorais: Dom Fernando José Penteado, bispo emérito de Jacarezinho (PR); Padre Flávio Heliton da Silva, pároco da Paróquia São Francisco de Assis; e os leigos João Clemente Neto, Maria do Carmo Iasz, Evelise Silva Martinez, Eliane Melchert e Ana Helena Trejeiro Garanhani. As doações para as duas iniciativas podem ser feitas pelos seguintes canais: Associação Civil Gaudium Et Spes Banco Bradesco. Agência 313 – C/C 11.4260-7 Informações: saorafaelgerencia@hotmail.com ou pelo telefone (11) 3380-4054, com Rita.

Casa de Apoio Esperança Associação Paulo VI Banco Bradesco. Agência 2500-3 – C/C 1089-8 Informações: contato@casaapoioesperança.com.br ou pelo telefone (11) 3733-4940.

Benigno Naveira

Na tarde do sábado, 19, na Paróquia Cristo Jovem, no Setor Pastoral Lapa, Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, conferiu o sacramento da Crisma a 12 crismandos.


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Ipiranga Encontro ecumênico analisa a efetivação de direitos das mulheres

Nei Márcio Oliveira Sá e Renata Quito

Colaboração especial para a Região

Entre os dias 17 e 20, aproximadamente 95 mulheres de diferentes denominações religiosas se reuniram no Centro de Formação Sagrada Família, no Ipiranga, para o Encontro Ecumênico de Mulheres. Promovido pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), em parceria com os organizadores do Dia Mundial de Oração e do Movimento Lado a Lado, o evento teve como tema “Mulheres: Direitos e Justiça – Compromisso Ecumênico” e tratou sobre a questão da violência contra as mulheres, a recuperação da história do protagonismo feminino no movimento ecumênico e o desafio das Igrejas e da sociedade com a efetivação dos direitos e da justiça para as mulheres.

A presidente do Conselho Mundial de Igrejas para a América Latina, Glória Ulloa, refletiu sobre a sacralidade e a dignidade do corpo feminino e lamentou que ainda haja desigualdades, mesmo nas Igrejas, entre homens e mulheres. As mulheres celebraram, debateram e propuseram ações a partir de três perguntas: O que fizemos pelo caminho? O que estamos fazendo pelo caminho? Quais caminhos queremos caminhar? Com base nessas questões, o grupo refletiu sobre o que foi feito e o que ainda precisa ser realizado pelas mulheres em suas comunidades religiosas e propôs ações para a igualdade entre homens e mulheres nas comunidades de fé e na sociedade.

Renata Quito

Encontro Ecumênico de Mulheres acontece no Centro de Formação Sagrada Família, de 17 a 20

Formação integral dos jovens é destaque em curso para assessores O Centro de Apostolado Salvatoriano, no bairro de Vila Guarani, sediou no sábado, 19, e no domingo, 20, o Curso de Capacitação para Coordenadores e Assessores para Grupos com Jovens (CCCA). Os 30 participantes refletiram sobre as dimensões da formação integral e os pa-

péis dos coordenadores e assessores adultos nos grupos de jovens. O curso foi ministrado pela equipe de assessores do Setor Juventude da Região Ipiranga, que é coordenada por Nei Márcio Oliveira de Sá, com a assessoria eclesiástica do Padre Ricardo Pinto. Palestras,

dinâmicas, momentos de partilha, adoração Eucarística e missa foram algumas das atividades realizadas. Entre os participantes estiveram jovens e adultos das paróquias Nossa Senhora das Graças e São João Batista, do Setor Imigrantes; Nossa Senhora das Mercês, São João Clímaco, Nossa Senhora de Fátima do Jardim Maristela e Nossa Senhora Aparecida da Vila Arapuá, do Setor Anchieta; Santa Rita de Cássia e Nossa Senhora da Saúde, do Setor Vila Mariana; e Imaculada Con-

ceição e São João Batista, do Setor Ipiranga. O Setor Juventude está sistematizando a avaliação dos projetos realizados em 2016 e elaborando o planejamento de 2017, e conta agora com dois articuladores jovens por setor pastoral. Somados à equipe de assessores adultos, eles são encarregados de animar o trabalho de evangelização da juventude na Região, setores e paróquias, sempre em sintonia com o Documento 85 da CNBB – “Evangelização da juventude: desafios e perspectivas pastorais”. Setor Juventude

Divulgação

Participantes do Curso de Capacitação para Coordenadores e Assessores para Grupos com Jovens

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Terra da capital paulista será usada na coroa de Nossa Senhora Aparecida no domingo, 20, missa no bairro do Ipiranga demarcou a passagem da imagem peregrina da Padroeira do Brasil pela Arquidiocese de são paulo Caroline Dupim

Especial para O SÃO PAULO

A celebração eucarística das 18h do domingo, 20, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro do Ipiranga, na zona Sul, transmitida ao vivo pela TV Aparecida, demarcou a passagem da imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida na Arquidiocese de São Paulo. Como parte dos preparativos para as comemorações dos 300 anos da aparição da imagem no rio Paraíba do Sul, em 1717, imagens fac-símile da Padroeira do Brasil foram entregues em maio à Arquidiocese de São Paulo no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida e desde então têm percorrido as paróquias e outros ambientes da cidade. A Paróquia Nossa Senhora Apareci-

da, no Ipiranga, foi escolhida para acolher esse momento arquidiocesano pelo seu significado histórico: além de estar localizada no bairro onde se proclamou a Independência do Brasil, em 1822, a Paróquia foi criada durante o 4º Congresso Eucarístico Nacional, em 1942, tendo abrigado na ocasião uma réplica da imagem original, vinda do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, que foi acolhida com uma solene celebração na praça da Sé. Ainda hoje, essa imagem permanece na Paróquia. Na missa do último domingo, a imagem peregrina da Padroeira do Brasil que tem sido levada às paróquias da Região Episcopal Ipiranga chegou em um carro do Corpo de Bombeiros e foi recepcionada pelos fiéis que lotaram a igreja localizada na rua Labatut. Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, presidiu a celebração eucarística, concelebrada por Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar e vigário-geral da Arquidiocese de São Paulo, e também por padres, entre os quais Anísio Hilário, pároco da Nossa Senhora Aparecida. Dom José Roberto, na homilia, frisou que a Padroeira do Brasil é para todos um exemplo de confiança e fé. “Nossa Senhora Aparecida representa não só a

Caroline Dupim

Dom José Roberto separa terra da capital paulista a ser usada na coroa da Padroeira do Brasil

sas capitais dos estados para compor uma coroa especial de Nossa Senhora Aparecida. Essa iniciativa tem como principal sentido destacar que na coroa da Padroeira do Brasil está presente todo o país, e que, de fato, ela é a Rainha da nação. Da capital paulista, foi ofertada uma porção de terra do Pateo do Collegio, onde a cidade teve início no ano de 1554, e também da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Ipiranga. Durante a celebração, essas porções de terra foram abençoadas por Dom José Roberto.

sua grande amabilidade, mas sim a fé e o amor. Notamos que na imagem suas mãos estão postas em sinal de oração e vigilância, e assim devemos ser também.” O Bispo frisou, ainda, que “a imagem peregrina é uma grande servidora, que passa pelas nossas paróquias unicamente para servir e evangelizar”. Para demarcar as peregrinações da imagem de Nossa Senhora Aparecida em todo o país, os padres Redentoristas, que mantêm o Santuário Nacional, estão recolhendo uma porção de terra de diver-

Na Paróquia Nossa Senhora da Piedade, a união é mais forte que o vandalismo Diácono Francisco Gonçalves

Fernando Geronazzo

Os fiéis da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, no Jardim Francisco Mendes, zona Norte de São Paulo, participaram de uma missa no sábado, 19, em desagravo pela profanação da igreja-matriz, ocorrida na quinta-feira, 17. A missa foi presidida por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana. Na manhã do dia 17, quando a igreja deveria estar fechada, alguns paroquianos perceberam que a porta principal havia sido arrombada. Eles comunicaram o administrador paroquial, Padre Jairo dos Santos Bezerra, que mora em uma comunidade próxima. Ele imediatamente acionou a Polícia. Ao entrarem na igreja, o Padre e os policiais depararam-se com uma “cena de guerra”. O interior do templo estava todo revirado, com bancos tombados, o altar derrubado, imagens sacras quebradas e vasos sagrados no chão. Felizmente, o sacrário não foi violado e, portanto, não houve profanação do Santíssimo Sacramento. Para surpresa de todos, o autor do ataque ainda estava no mezanino do templo. “Ele dizia coisas desconexas e repetia que era Jesus quem tinha mandado ele destruir a igreja”, relatou Padre Jairo. O jovem, de aproximadamente 20 anos, que não teve o nome divulgado,

Luciney Martins/O SÃO PAULO

osaopaulo@uol.com.br

Paroquianos da Nossa Senhora da Piedade organizam templo vandalizado e participam de missa

foi levado à delegacia, mas não pôde ser detido, pois aparentava ter transtornos mentais e estava sob efeito de drogas. Ele foi encaminhado para uma instituição que trata de dependentes químicos. Betânia Ferreira de Amorim mora na região há 15 anos e relatou ao O SÃO PAULO que o autor do ataque é conhecido no bairro. “Eu me lembro dele desde quando ele era criança. Era um menino

muito bom, mas pouco se sabe sobre sua família. Na adolescência, ele se envolveu com drogas e mudou completamente. Vivia nas ruas, maltrapilho, pedindo esmolas”, contou.

Testemunhar o perdão

Há sete anos na Paróquia, Padre Jairo informou que já aconteceram pequenos furtos na igreja-matriz, mas nunca um

ataque semelhante a esse. O Sacerdote não considera que tenha sido um caso de intolerância religiosa, justamente pelo fato de o autor do vandalismo estar em um surto. Nesse sentido, Padre Jairo destacou que essa foi uma ocasião concreta para colocar em prática o Jubileu extraordinário da Misericórdia. “Tenho a missão de ajudar o povo a superar esse ocorrido e a não guardar mágoa ou cultivar ódio, pois não se tratou de algum ataque consciente contra a igreja”, afirmou, destacando, ainda, que o fato chama a atenção para a triste realidade das drogas que têm destruído as famílias e principalmente os jovens, sobretudo nas periferias. No mesmo dia, os paroquianos se reuniram para limpar tudo e contabilizar os danos. “Isso não vai nos desanimar. Contamos com o apoio da comunidade e das paróquias vizinhas para colocar tudo em ordem”, afirmou Meire Seretne, presidente do Apostolado da Oração da Paróquia. Padre Jairo também pede ajuda para a aquisição de objetos sacros que foram destruídos, bem como para aumentar a segurança na igreja. “Queremos colocar uma grade na entrada e reforçar o portão. E hoje nós não temos condições financeiras para fazer tudo isso”, afirmou. Os interessados em ajudar podem entrar em contato com a secretaria paroquial pelo telefone (11) 2995-2793, de segunda-feira a sábado, das 14h às 18h.


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No DNJ, jovens se comprometem a cuidar da Casa Comum Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Edcarlos Bispo

edbsant@gmail.com

No domingo, 20, na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, e no Dia da Consciência Negra, a Paróquia Sant’Ana, na Região Episcopal Santana, parecia pequena para receber os jovens de diversas regiões, setores, movimentos e da Pastoral da Juventude que participaram do Dia Nacional da Juventude (DNJ). Com o tema “Juventude e nossa Casa Comum” e o lema “Vou criar novo céu e nova terra” (Is 65,17), inspirados na Encíclica Laudato si’, do Papa Francisco, e na Campanha da Fraternidade de 2016, os jovens foram convidados a serem portadores e protagonistas da “Casa Comum”. O evento foi iniciado com uma missa presidida por Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e a Universidade, e concelebrada por demais padres da Arquidiocese. Dom Carlos, na homilia, afirmou que todos os jovens querem um mundo melhor. “Todos vocês acham que o mundo deveria ser diferente. Jesus é o primeiro jovem que realizou esse sonho”. O Bispo disse, ainda, “como o mundo seria diferente, como seria maravilhoso, se de fato fosse iluminado e aquecido pelo amor de Jesus”. Após a missa, os jovens seguiram em caminhada pelas ruas do bairro de Santana até o Parque da Juventude, onde aconteceram apresentações artísticas, musicais e catequeses com Dom Carlos e Dom Julio Endi Akamine, também bispo auxiliar da Arquidiocese. O Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade, a Pastoral Vocacional e as muitas expressões juvenis da Arquidiocese de São Paulo - grupos da Pastoral da Juventude, Comunidade Shalom, Missão Belém, Comunidade Aliança de Misericórdia, Vicentinos, Ministério Jovem da RCC, Comunidade Cristo Libertador - expuseram seus tra-

Dom Carlos preside missa no DNJ, que tem por tema ‘Juventude e nossa Casa Comum’, inspirado na Laudato si’, e motiva protagonismo juvenil

balhos, divididos em tendas, mostrando aos jovens as diferentes formas de professar e viver a fé dentro da Igreja.

Jovem, qual a sua vocação?

Em entrevista ao O SÃO PAULO, Dom Carlos destacou que o evento foi pensado para ser semelhante às jornadas da juventude, e, por isso, teve catequeses, momentos de formação e apresentações musicais. Sobre o tema desta edição “Juventude e nossa Casa Comum”, o Bispo falou que além do cuidado com a natureza o DNJ também é feito para que o jovem pense na própria vocação. “Evidentemente há um tema comum no DNJ que é cuidar da Casa Comum, mas a vocação também se encaixa dentro desse tema, com perguntas como ‘Por que eu estou neste mundo?’; ‘Deus me colocou aqui nesse lugar?’; ‘Eu tenho uma missão a cumprir neste mundo?’. A vocação vem responder essa pergunta: ‘Onde Deus me quer? Qual é o meu lugar na Igreja?’”, afirmou o Bispo, com-

plementando: “É preciso despertar no jovem esse interesse de orar e encontrar a sua vocação”. Para a jovem Mariana dos Santos Souza, da Paróquia Santa Terezinha, da Região Santana, o DNJ é um momento no qual se encontram os carismas de trabalhos com a juventude e é também uma oportunidade para partilhar um pouco da vivência com a juventude. Sobre o tema do DNJ deste ano, Mariana recordou que, na Pastoral da Juventude, os jovens passam por um processo de formação contínua, sinalizando que a Campanha da Fraternidade não acaba após o fim do tempo da Quaresma. A secretária-executiva do Setor Juventude da Arquidiocese de São Paulo, Jaqueline Manoel, estimou que passaram pelo Parque da Juventude cerca de 3 mil jovens. “A Casa Comum começa com a vocação. Só consigo pensar no que é bem comum quando encontro a minha vocação, e não é apenas uma vocação sacerdotal ou para o Matrimônio, mas é de

ser membro da Igreja, alguém de Deus”, comentou. Já para Larissa Alves dos Santos, do Movimento Escalada de Pirituba, da Região Brasilândia, o DNJ é um momento de integração da juventude. Ao falar sobre o tema da Casa Comum, a jovem destacou que quando o assunto é o cuidado com o planeta e o meio ambiente é importante “ter o pensamento coletivo e não ser egoísta”, pois uma atitude errada de alguém em relação ao meio ambiente pode afetar a vida de milhares de pessoas. Larissa também espera que cada jovem reflita sobre a própria vocação e perceba que é preciso oferecer o que tem de melhor não só para a Igreja, mas para a construção de um mundo melhor. Durante todo o evento, os jovens puderam receber o sacramento da Reconciliação nos atendimentos para confissões, e também aconteceram momentos de oração, com a reza do Terço e adoração ao Santíssimo Sacramento. (Colaborou Renata Moraes)

Monsenhor Sérgio Tani é nomeado vigário judicial Luciney Martins/O SÃO PAULO

REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

Monsenhor Tani assumirá função em 15/12

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, nomeou na sexta-feira, 18, o Monsenhor Dr. Sérgio Tani, 43, como vigário judicial da Arquidiocese de São Paulo. Na segunda-feira, 21, o Monsenhor também foi nomeado vigário judicial do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo, de 1ª Instância, em decreto assinado por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar de São Paulo e moderador deste tribunal, e pelo Cardeal Scherer, que é moderador do Tribunal Eclesiás-

tico Interdiocesano de São Paulo, de 2ª Instância (leia a íntegra dos decretos na página 4). Nascido na capital paulista em 25 de outubro de 1973, Monsenhor Tani foi ordenado sacerdote em 12 de dezembro de 1998, assumindo a Paróquia Natividade do Senhor, no Jardim Guarani, na zona Leste da cidade. Dois anos depois, foi enviado a Roma, onde realizou mestrado e doutorado em Direito Canônico. De volta ao Brasil, foi formador no seminário da Arquidiocese e atuou como professor de Direito Canônico. A convite do Cardeal Cláudio Hummes, retornou a Roma, para atuar na Con-

gregação para o Clero, onde permaneceu por quase oito anos. De volta à Arquidiocese, foi nomeado, em 2015, pároco da Paróquia Bom Jesus, na Região Episcopal Sé. Em 15 de dezembro, o Monsenhor Sérgio Tani deverá tomar posse e prestar juramento do ofício, que exercerá na Arquidiocese pelo período de cinco anos. “O Espírito de Cristo ‘manso e misericordioso Juiz’ de todos, o assista no desempenho de sua missão”, desejou ao Monsenhor Tani o Cardeal Scherer no decreto de nomeação para vigário judicial da Arquidiocese. Fontes: Portal ArquiSP e Jornal do Brás


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