Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 61 | Edição 3132 | 20 de dezembro de 2016 a 10 de janeiro de 2017
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Luciney Martins/O SÃO PAULO
14/09/1921 14/12/2016
O adeus de São Paulo ao Cardeal da Esperança A morte de Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo, no dia 14, aos 95 anos de idade, gerou comoção nacional e fez com que milhares de pessoas fossem à Catedral da Sé para prestar as últimas
Encontro com o Pastor Cardeal faz avaliação das atividades e realizações de 2016
homenagens ao Cardeal da Esperança, que foi sepultado na cripta da Catedral, na sexta-feira, 16, após a celebração de exéquias, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano.
Comportamento Aborto, uma covardia da sociedade que elimina os mais frágeis Página 6
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Espiritualidade Dom Carlos: ‘O acontecimento mais importante da história’ Página 5
Páginas 11 a 19
Na Catedral da Sé, Dom Odilo Scherer ordena 20 diáconos para a Arquidiocese No dia 10, na Catedral da Sé, foram ordenados, pela imposição das mãos do Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, oito diáconos permanentes e 12 transitórios, sendo quadro deles membros da Comunidade Aliança de Misericórdia. Na homilia, Dom Odilo falou da alegria de “a comunidade estar apoiando os dons de Deus, as vocações, seja ao diaconato permanente, seja as vocações ao sacerdócio ministerial, pois os seminaristas recebem o diaconato em vista do sacerdócio”.
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Inúmeras foram as manifestações de pesar enviadas à Arquidiocese por conta do falecimento daquele que se destacou pelo agir misericordioso, em especial com os mais frágeis.
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Cardeal Scherer preside ordenação de 20 diáconos para a Arquidiocese de São Paulo, dia 10
2 | Ponto de Vista |
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Editorial
Adeus, Dom Paulo! Esperança sempre!
“O
i, São Pedro! Me dê licença?” E Pedro, sorrindo: “Entre, Paulo Evaristo! A casa é sua!” Dá para imaginar esta cena: Paulo Evaristo Arns, o Cardeal da Esperança, o Profeta dos Direitos Humanos, depois de uma longa e incansável vida a serviço de Deus e da Igreja, entra no céu, na glória de Deus, a única que lhe interessou, porque da glória deste mundo ele sempre fugiu. Lá está agora o Cardeal Arns, que depois de ler sua biografia escrita por duas jornalistas e que salientaram apenas o homem que lutou pelo retorno do Brasil à normalidade democrática, escreveu sua autobiografia para que todos conhecessem o pastor que nunca deixou de ser. Dom Paulo Evaristo morreu. E não há como não se sentirem órfãos aqueles com quem ele se misturou nas periferias da megalópole São Paulo e sentiu as dores deles, ouviu os clamores deles, e lhes
gritou: “Coragem!”; e lhes ofereceu o socorro da Igreja em inúmeras pastorais sociais. Dom Paulo Evaristo está junto de Deus. E Pedro, cujos sucessores neste mundo sempre tiveram sua obediência; São Francisco, cujo hábito marrom ele vestiu e cuja simplicidade ele imitou; Maria, a Mãe de Jesus, que ele amou com amor fiel, os santos todos, e os que foram pobres neste mundo e hoje são ricos em Deus lhe deram a merecida acolhida. Morreu Dom Paulo Evaristo Arns, o homem de muitos prêmios por sua luta pela dignidade da pessoa e que ofereceu esses prêmios todos, sem nada reservar para si, para os centros comunitários em que o povo refletia, rezava, partilhava dores, alegrias e esperanças, e que foram sementes de muitas paróquias hoje. Os sucessores de Dom Paulo, os cardeais Dom Cláudio Hummes e Dom Odilo Pedro Scherer, souberam trabalhar a bela herança pastoral de Dom
Paulo. Foram seus amigos e admiradores e mantiveram permanente contato com ele, oraram com ele, celebraram com ele as grandes datas de sua consagração a Deus. Os padres com quem Dom Paulo dividiu as preocupações com a evangelização da cidade estão tristes. Um grande número foi ordenado por ele. Os padres estão tristes, é verdade, mas essa tristeza é iluminada pelo santo orgulho de terem sido colaboradores dele. Dom Paulo sempre amou os seus padres. E pensou até mesmo naqueles que, após uma longa folha de serviços, mereciam a gratidão da Igreja. E lá estão eles na Casa São Paulo. Os fiéis leigos vibravam com as reflexões de Dom Paulo nas celebrações da Catedral da Sé e nas grandes concentrações no centro da cidade. No seu jeito simples, ele fazia as pessoas repetirem palavras de ordem a partir da Palavra de Deus proclamada. Quantas palavras e
gestos estão sendo lembrados agora. Dom Paulo, o grande comunicador, anunciou o amor e a paz que só o Cristo pode dar em muitos livros e no “Encontro com o Pastor” do jornal O SÃO PAULO. Por sua comunicação tão forte e tão enraizada no Evangelho, ele viu o jornal ser censurado e a rádio 9 de Julho calada. Mas, mesmo silenciado, ele foi eloquente, e sua presença, lá onde o sofrimento machucava e distorcia a imagem de Deus nas pessoas, falava mais do que suas palavras. A Arquidiocese de São Paulo se une como uma grande família para agradecer a Deus pelo dom de Deus que foi Dom Paulo para ela. A Arquidiocese de São Paulo chora a partida do seu pastor emérito, mas vai em frente, afinal de contas, o seu lema episcopal “De esperança em esperança” e a sua palavra de ordem, “esperança sempre” vão continuar sendo ouvidos diante do desafio constante de anunciar Jesus Cristo nesta cidade.
Opinião
É Natal se acontece em você
Arte: Sergio Ricciuto Conte
Ana Lydia Sawaya Toda festa litúrgica é um “memorial”, um evento a ser vivido e não apenas celebrado. Na tradição da Igreja, viver a memória do Natal significa muito mais do que se lembrar de um evento que aconteceu no passado e que nós recordamos porque é importante não esquecer. Quer dizer reviver um “evento divino” em nosso presente. Um acontecimento feito por Deus que entra na história da humanidade e, portanto, é um fato divino e eterno, que não se restringe a um tempo (2 mil anos atrás) ou um lugar (Belém). Um prefácio da liturgia de Natal diz: “Por Ele, realiza-se hoje o maravilhoso encontro que nos dá a vida nova em plenitude. No momento em que vosso Filho assume nossa fraqueza, a natureza humana recebe uma incomparável dignidade – ao tornar-se Ele um de nós, nós nos tornamos eternos”. Ou como diz São Leão Magno: “Despojemo-nos, portanto, do velho homem com seus atos; e tendo sido admitidos a participar do nascimento de Cristo, renunciemos às obras da carne”. Lembranos ainda de uma antífona da Oitava de Natal: “Admirável intercâmbio! O Criador da humanidade, assumindo corpo e alma, quis nascer de uma virgem. Feito homem, nos doou sua divindade!” Assim, nós todos somos chamados a
nascer de novo neste tempo. E numa espiral ascendente, aprofundar a consciência da nossa dignidade divina. Precisamos voltar a ser crianças com o Menino Jesus. O Natal não é, de fato, antes de tudo, a festa das crianças? Quem é tão velho que não pode voltar a ser criança? Jesus diz: “Olhe, convém-lhe voltar a ser criança, pois é assim que você entrará no céu”. A sociedade de consumo se aproveitou disso e foi aos poucos transformando o Natal em uma festa de presentes a serem comprados, primeiro para as crianças e depois para todos os adultos. O consumismo e a obrigatoriedade de comprar presentes tornou a festa de Natal uma festa para poucos escolhidos... Mas, convém-nos não ser passivos diante dessa cultura que definiu o ser hu-
mano como aquele que “é objeto de consumo”, pois ela nos reduz tremendamente e nos faz perder a consciência da nossa dignidade. O que podemos fazer, então, para viver o Natal de modo cristão? Que tal fazermos os presentes para os outros em vez de comprar? Uma torta, brigadeiros ou bolo? Um crochê, tricô ou pintura? Um vaso? E para quem não tem tempo: gravar umas músicas, pegar uma bela apresentação na internet e presentear? Quando era pequena, nós construíamos a árvore de Natal com galhos e pintávamos as bolas que fazíamos com pedaços de jornal e cola. Por que também não perguntar no trabalho ou no prédio se tem alguém que vai passar o Natal sozinho, sem família, ou que o marido ou a esposa o deixaram, ou quem perdeu alguém
este ano, e fazer uma festa alargada e comunitária? Para muitas pessoas, o Natal é o período mais triste do ano, é quando o número de suicídios mais aumenta. Uma linda mensagem de Natal, que teve ampla divulgação nas redes sociais, nos lembra de que esta festa deve acontecer em nós: “Natal é você quando se dispõe, todos os dias, a renascer e deixar que Deus penetre em sua alma. O pinheiro de Natal é você quando, com sua força, resiste aos ventos e dificuldades da vida (...) Você é o sino de Natal quando chama, congrega, reúne. A luz de Natal é você quando, com uma vida de bondade, paciência, alegria e generosidade, consegue ser luz a iluminar o caminho dos outros. Você é o anjo de Natal quando consegue entoar e cantar sua mensagem de paz, justiça e de amor. (...) O presente de Natal é você quando consegue se comportar como verdadeiro amigo e irmão de qualquer ser humano. (...) Você será os votos de Feliz Natal quando perdoar, restabelecendo de novo a paz, mesmo a custo de seu próprio sacrifício. (...) Você é a noite de Natal quando consciente, humilde, longe dos ruídos e de grandes celebrações, em silêncio, recebe o Salvador do mundo”. Ana Lydia Sawaya é professora da Unifesp, fez doutorado em Nutrição na Universidade de Cambridge e foi pesquisadora visitante do MIT. É conselheira do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
Semanário da Arquidiocese de São Paulo
Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Fernando Geronazzo • Institucional: Rafael Alberto e Renata Moraes • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Sueli S. Dal Belo • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.
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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
C
hegando ao final do ano eclesial e pastoral, somos convidados a fazer a retrospectiva e uma avaliação do caminho feito. Em 2016, vivemos o “Ano Santo extraordinário da Misericórdia”, proclamado pelo Papa Francisco e iniciado em 8 de dezembro de 2015. Esse Jubileu foi uma grande ocasião para reconhecermos a centralidade da misericórdia de Deus na nossa fé cristã e da prática da misericórdia na vida cristã. O Ano Santo nos ofereceu ocasiões abundantes para o encontro com o Deus da misericórdia e para a prática das obras de misericórdia! Na conclusão do Jubileu, o Papa presenteou a Igreja com mais um documento importante sobre o tema: “Misericordia et Misera”, dando orientações para continuarmos a praticar a misericórdia. Em abril, Francisco deu à Igreja a Exortação Apostólica póssinodal Amoris Laetitia – sobre a alegria do amor em família –, fruto das duas assembleias do Sínodo dos Bispos sobre a Família, em 2014 e 2015. Após a primeira acolhida, esse documento importante precisa ser, agora, acolhido mais profundamente e assimilado na vida eclesial. A família humana tem enorme importância para a pessoa, a comunidade humana e para a própria Igreja. Algumas dessas orientações poderão marcar profundamente a vida da Igreja, que também é “família de famílias” e conta muito com a família na sua missão.
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Retrospectiva do ano: Deus seja louvado!
Imaculada Conceição
Em julho, tivemos a Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia, na Polônia. Foi coroada de êxito, apesar do clima de insegurança que se espalhou por causa dos atentados terroristas em várias partes da Europa antes da Jornada. Os jovens, vindos de todo o mundo aos milhões, mostraram que o medo não pode ditar os rumos da vida. Os brasileiros foram um grupo expressivo. Tudo transcorreu em clima de grande fé, esperança e alegria. No Brasil, a Igreja viveu momentos marcantes. Em meio aos preparativos para a comemoração do tricentenário de Nossa Senhora Aparecida, foi proclamado e iniciado o Ano Mariano Nacional. A Virgem Mãe Aparecida tem lugar seguro no coração dos brasileiros, de Norte a Sul. Em abril, a CNBB aprovou, em sua assembleia anual, o documento nº 105, sobre os leigos, “sal da terra e luz do mundo”. Todos os batizados receberam de Jesus a missão de serem suas testemunhas no mundo, e a Igreja conta com eles no serviço ao Evangelho do reino de Deus. E tivemos o Congresso Eucarístico Nacional de Belém (PA). A Igreja, que celebra a Eucaristia, é missionária de Jesus Cristo na Amazônia e em todo o mundo. A arquidiocese de São Paulo viveu intensamente o Ano Santo extraordinário da Misericórdia. Houve muitas peregrinações para a passagem da Porta Santa nas seis igrejas designadas para esse fim. Na Catedral da Sé, aconteceram peregrinações de grande expressão. Só Deus conhece os corações e sabe dos muitos frutos deste Ju-
Na Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, no dia 8, o Cardeal Scherer presidiu missa no Seminário de Teologia Bom Pastor, que compõe o Seminário Arquidiocesano Imaculada Conceição, complexo que agrega as casas de formação.
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bileu extraordinário. Permanece a marca do Ano da Misericórdia no Projeto Vida Nova, em benefício da população que vive em situação de rua e na dependência química, sobretudo no centro de nossa Metrópole. Essa obra, confiada à Missão Belém, ainda necessitará de muitos gestos de solidariedade e das “obras de misericórdia” de muitos. Nossa arquidiocese também fez, ao longo do ano, a revisão e a avaliação do seu 11º Plano de Pastoral, e elaborou um novo Plano de Pastoral, que já está pronto para ser assimilado e traduzido em projetos e práticas pastorais, para que nossa Igreja, em São Paulo, consiga enfrentar as “urgências na evangelização”. O 12° Plano de Pastoral oferece diretrizes e orientações para os projetos e programas pastorais de 2017 a 2019. A Arquidiocese recebeu, em 2016, um novo bispo auxiliar, na pessoa de Dom Luiz Carlos Dias, que já está plenamente integrado nas responsabilidades pastorais da Região Belém. Quase no final do ano, tivemos a alegria de colher um belo fruto do trabalho vocacional e da formação de novos sacerdotes no Seminário. Foram sete novos padres e 20 diáconos, dos quais 12 são seminaristas e oito, diáconos permanentes. Se não conseguimos fazer tudo o que precisávamos, demos graças a Deus pelo muito que foi feito com sua ajuda em cada paróquia, comunidade e organização eclesial e pastoral da Arquidiocese. Deus seja louvado. Deo gratias!
Luciney Martins/O SÃO PAULO
120 anos do Padre José Marchetti Rosinha Martins
O Cardeal Scherer presidiu no dia 10, na Paróquia São João Batista, no Alto do Ipiranga, missa pelos 120 anos da morte do Padre José Marchetti, missionário scalabriniano e cofundador da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo-Scalabrinianas. “O venerável José Marchetti é um exemplo de padre e missionário”, ressaltou Dom Odilo.
Visita pastoral Alex Mota
No dia 11, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, realizou visita pastoral à Paróquia Bom Pastor, no Jardim Carumbé, na Região Episcopal Brasilândia. Ele presidiu a missa das 18h.
4 | Fé e Vida |
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Liturgia e Vida Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo - 25 de dezembro de 2016
Manifestou-se a bondade de Deus Cônego Celso Pedro Natal, tempo de festa, de uma grande festa celebrada em cinco momentos: Nasce para nós um Menino, que é homem e Deus. Nasce no seio de uma família, a Sagrada Família. A Mãe, Maria, é mãe de Jesus, que é uma só pessoa, e ao mesmo tempo Deus e ao mesmo tempo homem. Por isso, essa Mãe recebe o título de verdadeira Mãe de Deus. O Menino é visitado por pastores, que representam o povo de Israel, e por sábios do Oriente, os Três Reis Magos, que representam todos os povos. Por fim, decorridos 30 anos de vida oculta em Nazaré, o Menino, agora adulto, entra
nas águas do rio Jordão, é batizado por São João Batista e, movido pelo Espírito Santo, dá início a seu ministério público. São as festas do Natal, Sagrada Família, Mãe de Deus, Epifania e Batismo. Todas elas celebram a encarnação do Verbo de Deus, que existia desde o princípio, estava com Deus e era Deus, fez-se homem e habitou entre nós. À noite, ouvindo o profeta Isaías, vemos brilhar a luz da esperança que ilumina um povo confuso e humilhado. Nasce o Menino. Seu reino será grande, e a paz não terá fim. O céu e a terra se alegram, canta o salmista; batem palmas o mar e tudo o que nele existe. Tito, o discípulo, aguarda que se realize o que
esperamos e se manifeste a glória do Salvador. A glória se manifesta. São Lucas a vê no anúncio dos anjos aos pastores. Maria e José foram a Belém para o recenseamento, e Maria deu à luz o Salvador. Na aurora, Isaías anuncia que o Salvador está chegando. A cidade onde ele nascer não será mais abandonada. O justo verá a luz, canta o salmista, e quem é reto sentirá muita alegria no coração. Tito vê a bondade de Deus que se manifestou e seu amor, que nos fez herdeiros da vida eterna. Os pastores vão a Belém ver o que aconteceu. Glorificam e louvam a Deus, enquanto Maria medita em seu coração tudo o que estava acontecendo com seu Filho, Jesus. É São Lucas quem o conta.
Durante o dia e à tarde, agradecemos aqueles cujos pés anunciam a paz. Eles, diz Isaías, fazem a salvação chegar aos confins da terra. Por isso, toda a terra se alegra, canta o salmista, porque os confins do universo contemplaram a salvação do nosso Deus. Meditando em tudo o que aconteceu no Natal, São João Evangelista escreve para a sua comunidade e para nós que a Palavra de Deus é o próprio Deus desde toda a eternidade. Ela veio morar em nosso mundo e nos revelou o íntimo de Deus. Quem vê Jesus vê a glória e o coração do Pai. Enfim, Deus nos fala por seu Filho, pelo qual o universo foi criado, diz a Carta aos Hebreus.
Atos da Cúria NOMEAÇÃO DE COORDENADOR EXECUTIVO E VICE-COORDENADOR EXECUTIVO DA CASA SÃO PAULO Em 14 de dezembro de 2016, tendo em conta a conclusão do mandato trienal dos membros da atual coordenação da Casa São Paulo, e após ter recebido as indicações dos residentes da Casa São Paulo, por este, em conformidade com o art.11 do Estatuto da Casa São Paulo, o Emmo. Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano e presidente da Casa São Paulo, nomeou como Coordenador Executivo e Vice-Coordenador Executivo da Casa São Paulo, respectivamente, o Revmo. Côn. Antonio Manzatto e o Revmo. Pe. João Júlio Farias Júnior, para o mandato de (03) três anos, a partir de 20 de janeiro de 2017. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 17 de dezembro de 2016, foi nomeado e provisionado Pároco “ad nutum episcopi” da Paróquia Divino Espírito Santo, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Sapopemba, o Revmo. Pe. João Batista Dinamarques. PRORROGAÇÃO DA PROVISÃO DE PÁROCO Em 13 de dezembro de 2016, foi prorrogado o mandato de Pároco da Paróquia Santa Cruz (antiga Paróquia Cristo Ressuscitado), na Região Episcopal Brasilândia, Setor Pastoral São José Operário, do Revmo. Pe. Bernardo (Dermot) Daly, SPS, pelo período de (1) um ano, com validade retroativa a 04 de abril de 2016. Em 10 de novembro de 2016, foi prorrogado o mandato de Pároco da Paróquia Santo Angelo, na Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Anchieta, do Revmo. Pe. Pedro Pereira dos Santos, até 31 de julho de 2017. Este decreto entrou em vigor em 14 de dezembro de 2016.
NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL Em 17 de dezembro de 2016, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial “ad nutum episcopi” da Paróquia Divino Espírito Santo, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Sapopemba, o Revmo. Pe. Carlos Roberto Fróes. Em 14 de dezembro de 2016, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia São José, especialmente da Capela Nossa Senhora Aparecida na Comunidade Nelson Cruz, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Belém, o Revmo. Pe. Paulo Gomes da Silva Júnior. Este decreto entrará em vigor em 2 de janeiro de 2017. Em 14 de dezembro de 2016, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Santa Bernadete, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Vila Alpina, o Revmo. Pe. Túlio Felipe de Paiva. Este decreto entrará em vigor em 2 de janeiro de 2017. NOMEAÇÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL Em 03 de dezembro de 2016, foi nomeado Administrador Paroquial da Paróquia São Paulo Apóstolo, na Região Episcopal Santana, Setor Pastoral Tucuruvi, o Revmo. Pe. Wagner Aparecido Scarponi, cam. Em 04 de dezembro de 2016, foi nomeado Administrador Paroquial da Paróquia Nossa Senhora das Graças, na Região Episcopal Santana, Setor Pastoral Casa Verde, o Revmo. Dom Hélio Porto, O. Cist. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ASSISTENTE ESPIRITUAL Em 14 de dezembro de 2016, foi nomeado Assistente Espiritual “ad nutum episcopi” das comunidades e iniciativas da Missão Belém, o Revmo. Pe. Gilson Frank dos Reis. Este decreto entrará em vigor em 2 de janeiro de 2017.
Em 12 de dezembro de 2016, foi assinado na Cúria Metropolitana de São Paulo, o Convênio entre a Arquidiocese de São Paulo e as seguintes Congregações Religiosas: - Congregação dos Religiosos de São Vicente de Paulo, para a Cura Pastoral da Paróquia Imaculado Coração de Ma-
ria, na Região Episcopal Brasilândia. - Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, para a Cura Pastoral da Paróquia Nossa Senhora da Candelária, na Região Episcopal Sant’Ana. - Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, para a Cura Pastoral da Paróquia São Judas Tadeu, na Região Episcopal Ipiranga. Reprodução
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Espiritualidade Jesus Cristo volta à Terra Dom Carlos Lema Garcia
I
Bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e a Universidade
magine que na capa de um grande jornal, no próximo dia 25 de dezembro, aparecesse a seguinte manchete, com letras garrafais: JESUS CRISTO VOLTOU À TERRA!!! “Informações procedentes de Belém, no Estado de Israel, garantem que o silêncio milenar da pequena cidade se transformou numa grande agitação. Jesus Cristo foi encontrado numa casa modesta. O mesmo Jesus que nasceu ali há 20 séculos. O Patriarca de Jerusalém garante oficialmente que não se trata de erro nem de engano. Grande multidão já se encontra diante da humilde casa, e peregrinos procedentes de toda a Palestina vão chegando continuamente dos arredores.” Imediatamente, a notícia se espalharia de maneira vertiginosa. De todas as partes do mundo, seriam organizadas viagens por terra, por mar, pelos ares. Trens, navios e aviões seriam fretados. Haveria gente disposta a vender os próprios bens para empreender a viagem a Israel. As multidões se comprimiriam em Belém. A cidade ficaria literalmente tomada. Quilômetros de fila se estenderiam debaixo do sol e da chuva. Todo mundo quereria vê-lo: uns por curiosidade, outros para pedir-lhe graças e aju-
das. Todos para se prostrar a seus pés e da igreja mais próxima – e ficarmos durezar. Multidões passariam dias e sema- rante todo o tempo que quisermos para nas aguardando a vez (cf. M. Rufino, n. lhe contar todas as nossas coisas, expor 1.548). as nossas dúvidas, pedir remédio para Estamos às portas do Natal, em que os nossos problemas e conseguir a ajuda comemoramos a chegada de Jesus a este de que mais necessitamos. Vamos apromundo. Precisamos parar a nossa corre- ximar-nos de Jesus com toda confiança ria de final de ano e pensar que o aconte- e contar-lhe tudo o que precisamos para cimento mais importante da história da nós, para as nossas famílias, rezar pelas humanidade é este fato surpreendente: pessoas doentes, desamparadas, pelas Deus se fez homem. É Jesus Cristo, o famílias que passarão o Natal como reFilho de Deus Pai, que se encarnou nas fugiados fora de suas casas... Por isso, vamos preparar o nosso enentranhas puríssimas da Virgem Maria. O Natal nos traz um grande consolo: Deus Precisamos parar a nossa não é um ser longínquo correria de final de ano e que mora em lugares pensar que o acontecimento inacessíveis. Deus não mais importante da história se esconde atrás das nu- da humanidade é este fato vens. Não é um padrasto surpreendente: Deus se fez mal-humorado e vinga- homem. É Jesus Cristo, o Filho tivo. Ele não parou de de Deus Pai, que se encarnou dar provas do seu amor por nós até que enviou o seu próprio Fi- contro com Jesus neste Natal. Há uma lho a este mundo, há 2 mil anos. Jesus série de costumes natalinos entranháviveu entre nós, ensinou-nos que Deus veis, como construir um presépio com é um Pai que nos ama com loucura, que as crianças da nossa casa ou pelo menos nos perdoa sempre, está continuamente dispor de um pequeno berço com uma disponível para escutar a nossa oração, imagem do Menino Jesus na sala. Tamsonha com a nossa felicidade, mostrou- bém podemos convidar nossos familianos o caminho que conduz à verdade e, res para seguir a Novena de Natal, que sobretudo, desvendou-nos o mistério da neste ano está centrada na vivência do amor nos nossos lares. Em todo caso, a vida após a morte. Se é fácil imaginar tudo isso, o que melhor maneira de viver o Natal é repensar se sabemos que Jesus Cristo está ceber a Comunhão na Missa do Natal, já presente em tantos lugares da Terra? procurando fazer antes uma boa ConfisE todos nós, sem necessidade de gastos, são dos erros e pecados que nos inquiede viagens cansativas, podemos aproxi- tam a consciência. mar-nos dele sempre que o desejarmos Dessa maneira, Jesus, de fato, virá de – porque Ele está presente no sacrário novo a esta Terra, aos nossos corações.
| Fé e Vida | 5
Fé e Cidadania Natal, tempo de visita Padre Alfredo José Gonçalves, CS O primeiro a nos visitar é o próprio Deus. “Ele tinha a condição divina, mas não se apegou à sua igualdade com Deus. Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante aos homens. Assim, apresentou-se como simples homem, humilhando-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2, 6-8). O Verbo faz uma ponte entre o céu e a terra. Faz-se carne, desce e arma sua tenda entre nós, para que possamos subir. Aparece como homem, para que nós possamos nos tornar mais divinos. Faz-se menino na gruta de Belém e na Família de Nazaré, para que possamos descobrir o menino que existe em nós. Torna-se pobre para enriquecer-nos. A festa do nascimento de Jesus retoma temas calorosos da infância e da vida familiar. Depois, vem a visita dos pastores e dos reis magos. De um lado, gente simples do campo que convive com os animais, pessoas com o coração aberto para reconhecer logo os “sinais dos tempos”, capazes de intuir que Deus irrompe na história para tomar as rédeas das maõs dos tiranos e abrir novos horizontes ao futuro. É Deus o Senhor da história, não aqueles que pretendem subjugar e explorar os demais. Demonstra isso a visita dos reis magos, também estes de coração sensível para ler os “sinais dos tempos”. Nas terras do Oriente, são respeitados como reis, mas sabem que todos os reinados estão condenados a serem destruídos. Deles restarão apenas ruínas, escombros e cinzas. As formações políticas não passam de experimentos que, pouco a pouco, podem aperfeiçoar (ou retardar) o Reino de Deus. Aqui entramos no núcleo da mensagem do menino que veio e que virá. Cada vez que celebramos o Natal, anunciamos a segunda vinda do Salvador. “Vem, Senhor Jesus!” – conclui o Livro do Apocalipse. Por fim, multiplicam-se as visitas, uns aos outros, entre familares, parentes, amigos, vizinhos e conhecidos. A missa do galo e a ceia de Natal são sempre momentos privilegiados de encontro. Corações e almas se aquecem, como que transfigurados pelo calor da manjedoura. A singeleza, as luzes e as imagens do presépio não deixam de nos transmitir algo que, ao mesmo tempo, vem de muito longe e está muito perto. Tudo isso nos chama à reconciliação, reencontro com Deus e com as pessoas com que convivemos. Deus, que habita o interior de nós mesmos, quer que nos aproximemos, formemos verdadeiras famílias, grupos e comunidades. Mas não basta. É também tempo de solidariedade, de estender a mão àqueles que, às vezes, nem sequer têm um endereço fixo. As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.
6 | Viver Bem |
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Cuidar da Saúde Validade de receita para retirada em farmácia popular é estendida para 6 meses Cássia Regina O Programa Farmácia Popular foi criado em 2004 e distribui medicamentos gratuitos para hipertensão, diabetes e asma em unidades próprias e farmácias credenciadas. Ele ainda oferece medicamentos, com preços até 90% mais baratos, utilizados no tratamento de dislipidemia, rinite, mal de Parkinson, osteoporose e glaucoma, além de fraldas geriátricas para incontinência urinária. De acordo com a portaria número 111, de 28 de janeiro de 2016, o prazo de validade das receitas passou de quatro para seis meses. Também fica dispensada a presença física do paciente para a retirada do medicamento. A receita vale a partir da data de prescrição, mas se o paciente, por algum motivo ou intercorrência, não retirar o medicamento em determinado mês, ele perde esse direito. Vale lembrar que não são seis retiradas, mas que a receita vale para seis meses a partir da data da prescrição do médico. Não existe retirada retroativa. Os documentos necessários para retirada na farmácia popular são: documento do paciente com foto, em que conste o número do CPF, e receita válida, seja de órgão público ou particular. Acesso à medicação gratuita é direito de todos e dever do Estado. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF). E-mail: dracassiaregina@gmail.com
Comportamento
Reflexões sobre o aborto Simone Ribeiro Cabral Fuzaro
Abordar esse assunto sempre me leva a uma gama enorme de pensamentos e sentimentos – como é difícil à nossa sociedade hedonista, egoísta, apressada, sem poder de aprofundar reflexões e enxergar o outro, pensar com alguma clareza sobre um assunto como esse! Assisto a reportagens, entrevistas com pessoas conceituadas e fico pasma: será que veem como verdade o que estão falando? Será que acreditam, de fato, que a solução para qualquer problema seja a morte? É evidente que existem problemas sérios em relação à gestação em nosso país: pessoas mal orientadas e malformadas que acabam por se tornarem gestantes quando ainda mal saíram da infância, vítimas de violência sexual, bebês com malformações congênitas graves... Não se trata de ignorarmos essas realidades, absolutamente. São duras, difíceis, exigem coragem, fortaleza, amparo. Mas, matar? Um erro justifica outro? No domingo retrasado, assisti a uma reportagem de um programa veiculado em rede nacional e fiquei muito surpresa com a parcialidade. Esta abordava o sofrimento das mães que se submeteram a abortos em clínicas clandestinas e a dor
que elas sentem de serem “julgadas” até pelos próprios familiares como “assassinas”. Em momento nenhum se ventilou a possibilidade de serem orientadas, assistidas, encorajadas e amparadas para enfrentarem as dificuldades e levarem a gestação adiante, nem que fosse para entregar a criança para adoção. Fiquei pensando: a lei dizer que matar um bebê até as 12 semanas iniciais de gestação não é crime, acabará com o sofrimento de uma mãe que sabe ter eliminado uma vida? Essas pessoas acreditam, verdadeiramente, que se fizerem um aborto em condições mais adequadas de atendimento não sentirão nenhum tipo de remorso? Nossa sociedade vive tamanha ilusão que acredita ser possível decretar que um crime não é crime e com isso eliminar os sentimentos e implicações de consciência próprias do ser humano, aliás da vida animal: preservar a espécie, fazer crescer a prole. É evidente que precisamos lutar por mudanças, por mais educação e formação dos jovens, para que saibam evitar a gestação quando não se sentem preparados para a paternidade; precisamos oferecer subsídios e suporte para as mulheres que sofreram violência ou que aguardam o nascimento de uma criança com limitações importan-
tes; porém, eliminar essas pessoas antes de nascerem não é a solução. Se não é crime uma mãe eliminar a vida de um filho ainda nas primeiras semanas, por que seria depois? A mulher tem direito sobre seu corpo e isso é legítimo, porém, vamos exercer nosso direito com responsabilidade. Conhecemos nosso corpo, sabemos de suas possibilidades, características, necessidades. Então, quem não quer gerar em seu corpo uma vida, não a forme. Depois que ela já existe, não temos mais o direito de eliminá-la e isso não será determinado por uma lei – sabemos dessa verdade no nosso coração e este sim é o maior sofrimento daquelas que caíram nesse erro: a consciência de que são mães sim, porém, mães de filhos mortos. Quem seriam essas crianças? Que bens trariam às famílias, à sociedade? Nunca saberemos, pois não tiveram o direito de nascer. Nunca poderão ser entrevistadas nem falar da dor da rejeição. Quanto a nós, que tipo de sociedade podemos ser se não somos capazes de proteger aqueles que não têm a menor possibilidade de se defenderem? Uma sociedade covarde, que opta por eliminar os mais frágeis e indefesos. Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora e mantém o blog educandonacao.com.br
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80 anos do Papa: Velhice fecunda e feliz
L’Osservatore Romano
Ao celebrar o seu 80º aniversário natalício, no sábado, 17, o Papa Francisco pediu a Deus que lhe conceda uma velhice fecunda e feliz. Durante a missa que presidiu, concelebrada por cardeais na Capela Paulina, no Vaticano, o Santo Padre concluiu a homilia dizendo que há alguns dias lhe vem à cabeça “uma palavra que parece feia: velhice”. “A velhice é sede de sabedoria, esperamos que também para mim seja assim. Também penso em como chegou tão depressa, e penso no poema de Plínio: Passo silencioso, e a velhice chega de uma só vez. Mas, se pensar como uma etapa da vida para ter alegria, sabedoria e esperança, alguém começa a viver. E penso em outro poema que disse a vocês naquele dia: A velhice é tranquila e religiosa. Rezem para que a minha seja assim: tranquila, religiosa e fecunda, e também alegre. Obrigado”, disse o Pontífice.
convidou nos arredores da Praça São Pedro, no Vaticano. Francisco recebeu um maço de girassóis e, depois de saudá-los individualmente, convidou os visitantes para o café da manhã.
Pesar pelo falecimento de Dom Javier Echevarría Em vários refeitórios de Roma para os sem-teto, foram oferecidos em nome do Papa um doce de aniversário, enquanto os hóspedes de muitos dormitórios receberam um envelope com uma imagem do Natal e um pequeno presente.
Preparar-se para o Natal Após a oração mariana do Ângelus, no domingo, 18, o Papa Francisco convidou os fiéis a viverem a última semana antes do Natal para refletir e imaginar Nossa Senhora
e São José que estão indo a Belém. “Imaginem o caminho, o cansaço, mas também a alegria, a comoção, e depois a ansiedade em encontrar um lugar, a preocupação... e assim por diante. Nisto
muito nos ajuda o presépio. Vamos tentar entrar no verdadeiro Natal, o de Jesus, para receber a graça desta festa, que é uma graça de proximidade, de amor, de humildade e de ternura.”
Mensagem para o Dia Mundial da Paz Foi divulgada no dia 12 a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz, que será celebrado em 1º de janeiro de 2017. O texto tem por título “A não violência: O estilo da política para a paz”. Na mensagem, o Pontífice lembra que essa tradição foi proposta há 50
anos pelo Beato Paulo VI, dirigindose não apenas aos católicos. “Esta violência que se exerce ‘aos pedaços’, de maneiras diferentes e a variados níveis, provoca enormes sofrimentos de que estamos bem cientes: guerras em diferentes países e continentes; terrorismo, criminalidade e ataques arma-
Milhares de felicitações
Para a comemoração dos 80 anos do Santo Padre, o Vaticano disponibilizou um endereço de e-mail para que as pessoas lhe enviassem mensagens de felicitaçoes. Até a tarde do sábado, 17, chegaram aproximadamente 70 mil felicitações provenientes de todo o mundo. As mensagens mais numerosas são em inglês, espanhol, polonês e italiano, e mais de mil em latim.
Aniversário com os sem-teto No sábado, 17, oito sem-teto foram à residência do Papa, a Casa Santa Marta, para parabenizá-lo por seu aniversário. As duas mulheres e seis homens estavam acompanhados por Monsenhor Konrad Krajewski, esmoleiro pontifício, que os
Com informações da Rádio Vaticano
dos imprevisíveis; os abusos sofridos pelos migrantes e as vítimas de tráfico humano; a devastação ambiental.” “Asseguro que a Igreja Católica acompanhará toda a tentativa de construir a paz, inclusive por meio da não violência ativa e criativa”, encerrou o Papa Francisco.
“Recebida a triste notícia do inesperado falecimento do bispo prelado da Opus Dei, Dom Javier Echevarría Rodríguez, desejo fazer chegar a vós e a todos os membros dessa prelazia meus mais sentidos pêsames, ao mesmo tempo em que me uno à vossa ação de graças a Deus por seu paternal e generoso testemunho de vida sacerdotal e episcopal.” Assim manifestou-se o Papa Francisco no telegrama de pesar enviado ao vigário auxiliar da Prelazia da Santa Cruz e Opus Dei, Dom Fernando Ocáriz Braña, pelo falecimento de Dom Javier Echevarría no dia 12, aos 84 anos. Dom Javier nasceu em Madrid, na Espanha, em 1932, e nessa mesma cidade conheceu São Josemaría Escrivá, de quem foi secretário de 1953 até 1975. Mais tarde, foi nomeado secretáriogeral da Opus Dei. Em 1994, foi eleito prelado. Recebeu das mãos de São João Paulo II a ordenação episcopal, em 6 de janeiro de 1995, na Basílica de São Pedro.
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Dom Odilo dá posse a vigários judiciais Luciney Martins/O SÃO PAULO
Ao lado de Dom Sergio e de Dom Odilo, Monsenhor Tani e Cônego José prestam juramento
REDAÇÃO
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Na manhã da segunda-feira, 19, aconteceu a sessão solene de posse da nova diretoria do Tribunal Eclesiástico de São Paulo, no bairro do Ipiranga, na zona Sul. No início da solenidade, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, acolheu os bispos auxiliares da Arquidiocese e também Dom Manuel Parrado Carral, bispo de São Miguel Paulista, e Dom Edmilson Amador Caetano, bispo de Guarulhos (SP), que representaram os demais bispos da Província Eclesiástica de São Paulo. Nomeado pelo Cardeal em 18 de novembro (em decreto já publicado no O SÃO PAULO), Monsenhor Sérgio Tani, 43, doutor em Direito Canônico e pároco da Paróquia Bom Jesus, no bairro do Brás, tomou posse como Vigário Judicial da Arquidiocese e do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo, de 1ª instância, para o período de cinco anos.
O Monsenhor informou que serão implantadas em 2017 câmaras eclesiásticas em todas as regiões episcopais. O projeto está sendo desenvolvido por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese e moderador do Tribunal Eclesiástico. “Evidentemente, o Tribunal continua sendo competente, é por excelência pelo direito do tratamento dos casos, mas essas câmaras eclesiásticas têm esse objetivo de auxiliar na condução, nos primeiros passos de um eventual processo, e serão indicadas para nós”, detalhou. Também na ocasião foi empossado o Cônego José Augusto Schraam Brasil, como Vigário Judicial do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo, de 2ª instância (veja decreto ao lado). Ainda durante a cerimônia, o Cônego Martin Segú Girona agradeceu os 27 anos em que esteve à frente do Tribunal Eclesiástico da Arquidiocese de São Paulo. (Com informações de Renata Moraes, do Portal Arquisp)
Reprodução
10 | Pelo Brasil |
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Igreja concede indulgência plenária no Ano Mariano Os fiéis brasileiros poderão alcançar indulgência plenária durante o Ano Nacional Mariano. A Penitenciária Apostólica anunciou o pedido do Papa Francisco para o reconhecimento do ano jubilar em curso no Brasil e a concessão da indulgência para aqueles que “verdadeiramente penitentes e impulsionados pela caridade” visitarem
na forma de peregrinação a basílica do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP), ou qualquer igreja paroquial do país dedicada à Padroeira do Brasil. Convocado pela CNBB, o Ano Nacional Mariano foi estabelecido por ocasião dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora da
Conceição no rio Paraíba do Sul. Para alcançar a indulgência plenária, que é a remissão da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, serão necessárias as condições habituais: a confissão sacramental, a comunhão eucarística e a oração na intenção do santo padre, o papa. Fonte: CNBB
Dezembro Laranja contra o câncer de pele Reprodução
Destaques das Agências Nacionais
Seca e estiagem afetam cidades mineiras
O Governo Federal reconheceu, na sexta-feira, 16, situação de emergência nas cidades mineiras de Itacambira (estiagem), Pai Pedro (seca), Pedras de Maria da Cruz (seca) e Verdelândia (seca), por conta do extenso período de seca e estiagem. A medida tem vigência de 180 dias. A portaria do Ministério da Integração Nacional foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) e vai garantir que as prefeituras solicitem apoio federal para restabelecimento de serviços essenciais. Além de fornecer água tratada à população por meio da operação Carro-Pipa Federal, o reconhecimento também garante outros benefícios aos municípios, como a renegociação de dívidas no setor de agricultura junto ao Banco do Brasil e o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) para a retomada da atividade econômica nas regiões afetadas. Fonte: Portal Brasil
Alta na inflação em 7 capitais Pelo terceiro ano consecutivo, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) promove a campanha Dezembro Laranja. Diante da chegada do verão, a proposta é conscientizar a população sobre a necessidade do combate e prevenção ao câncer de pele.
Para participar, basta acessar o site da campanha (www.controleosol.com.br) e compartilhar o conteúdo nas redes sociais, utilizando as hashtags #dezembrolaranja e #controleosol. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o diagnóstico
O Brasil e outros 152 países se comprometeram a adotar medidas efetivas para reduzir em 50% o número de mortes no trânsito até 2020. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontam que o custo social de acidentes, apenas nas rodovias federais, chegou a R$ 12,8 bilhões em 2014.
O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) subiu de 0,15% para 0,17% na segunda prévia de dezembro, puxado pelo grupo alimentação. Na média, os itens alimentícios ficaram 0,17% mais caros ante uma alta de 0,09%, segundo o levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). A pesquisa foi feita em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Brasília e Porto Alegre. Entre os itens que mais influenciaram a inflação estão passagem aérea (27,05%); plano e seguro de saúde (1,02%); refeições em bares e restaurantes (0,55%); banana-prata (14,10%) e cigarros (1,67%). Já os itens que mais ajudaram a conter a alta do IPC-S foram: tarifa de eletricidade residencial (-4,21%); batata-inglesa (-16,00%); condomínio residencial (-1,24%); tomate (-14,03%) e feijão-carioca (-16,37%).
Fonte: Ministério da Saúde
Fonte: Agência Brasil
precoce do câncer de pele é fundamental para o sucesso do tratamento. A campanha reforça, portanto, a necessidade das chamadas atitudes fotoprotetoras de fácil execução no dia a dia do brasileiro. Fonte: Agência Brasil
Ação nacional busca reduzir acidentes nas estradas O Governo Federal lançou na sexta-feira, 16, a Operação Rodovida, que ficará em vigor durante a época de maior movimento nas estradas. A primeira fase vai até 31 de janeiro, para abranger o período de festas de fins de ano e férias escolares. A segunda fase estará em operação no Carnaval, entre 17 de fevereiro a 5 de março de 2017.
Durante esses períodos, serão intensificadas as campanhas educativas e a fiscalização sobre alcoolemia, excesso de velocidade, motocicletas, ultrapassagens irregulares e transporte de crianças. A operação também contempla melhorias na sinalização, parcerias com empresas concessionárias de rodovias federais e outras atividades.
EDITAL DE CONVOCAÇÃO
CNPJ N. 09.584.987/0001-03. SÃO PAULO, 14 de dezembro de 2016.
CONVOCAÇÃO PARA ASSEMBLÉIA 10 DE MARÇO DE 2017, ÀS 14h00min. Estamos convocando os Participantes, associados, diretoria e membros do conselho fiscal para comparecerem à ASSEMBLÉIA da Associação Cultural e Beneficente para o BemEstar do Idoso, que será realizada no dia 10 de março de 2017, às 10h00min horas, em 1ª. Convocação e, às 10h30m, com qualquer número de Participantes presentes, na sede na R Pelágio Lobo, 107, CEP 05009-020, Perdizes, Município de São Paulo, Capital, para discutir e deliberar sobre a seguinte: ORDEM DO DIA: 1) Instituição de fundação; converter a Associação em Ente Fundacional; 2) Alteração do Estatuto da Associação; 3) Eleição da Nova Diretoria para o triênio de 2017-2010; 4) Aprovação das contas de resultado da Diretoria, referente aos balancetes de 2014 a 2016; 5) Escrituras de Declaração e Escritura de Confissão de Dívida. Associação Cultural e Beneficente para o Bem-Estar do Idoso. Pe. Bartolomeu da Silva Paz - Presidente Rua Pelágio Lobo, 107 Perdizes CEP 05009-020 Fone 3862-1087 São Paulo/SP
Valor do pedágio aumenta nas rodovias federais A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) autorizou, na sexta-feira, 16, o aumento das tarifas de pedágio das rodovias BR-381, que liga Minas Gerais a São Paulo (Fernão Dias), e BR-116, que liga São Paulo ao Paraná (Régis Bittencourt). De acordo com a agência, as revisões nos preços têm o objetivo de manter o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos firmados entre a ANTT e as concessionárias. Na Fernão Dias, rodovia administrada pela Autopista Fernão Dias, o aumen-
to começou a valer na segunda-feira, 19. Para a categoria 1 (automóvel, caminhonete e furgão), a tarifa passou de R$ 1,80 para R$ 2,10 em todas as praças. Já na Régis Bittencourt, rodovia administrada pela concessionária Autopista Régis Bittencourt, os novos valores começarão a ser cobrados a partir do dia 29. Para a categoria 1, a tarifa passa de R$ 2,50 para R$ 3,00 em todas as praças. Para consultar outros valores, acesse www.antt.gov.br. Fonte: Agência Brasil
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o adeus a Dom Paulo “A gradeço ao pai do céu por todos os benefícios em favor de São Paulo, do Brasil e do mundo por ele criado. Que perdoe nossas faltas e as de nossos irmãos todos. Nada possuo na terra que não seja graça e bondade de Deus, por Jesus Cristo no Espírito Santo. Destino tudo a que chamo de bens à Casa São Paulo [espaço que acolhe padres idosos e doentes], como prova de amor ao clero de nossa Arquidiocese. Com simplicidade, peço ao senhor arcebispo e ao conselho de presbíteros que sejam executores deste meu desejo.” Uma salva de palmas ecoou por toda a Catedral da Sé, na tarde da sexta-feira, 16, após a leitura do testamento do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo, feita pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, antes do final da celebração de exéquias. Esse foi um dos muitos momentos de comoção registrados desde o início do velório do Cardeal Arns na noite da quarta-feira, 14. Ele morreu na manhã do mesmo dia, aos 95 anos de idade. Antes da missa de exéquias, um rito silencioso, mas cheio de significados, foi presidido pelo Cardeal Scherer. A cruz peitoral, símbolo da esperança em Cristo, e o anel, símbolo da aliança do bispo com o povo, foram retirados do corpo de Dom Paulo. Após fechado, o caixão foi levado para a frente do altar e posto no chão, como sinal do despojamento e, sobretudo, da entrega plena da vida a serviço do Reino e da Igreja. Logo em seguida, o evangeliário foi colocado em cima da urna funerária, para lembrar que Dom Paulo foi anunciador da mensagem de Jesus. A celebração de exéquias teve a presença de aproximadamente 180 padres, e mais de 50 bispos, entre os quais Dom Leonardo Steiner, bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, e os cardeais Dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, Dom Eusébio Scheidt, arcebispo emérito do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito de Aparecida, e Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília e presidente da CNBB, além de outras autoridades religiosas, civis e militares. Dom Odilo, no início da celebração, saudou a todos e lembrou da estima do Cardeal Arns pelo povo, o clero e os membros de outras religiões. Também agradeceu às diversas manifestações de carinho recebidas pela Arquidiocese de São Paulo nos últimos dias. “A exemplo de Jesus, Bom Pastor, Dom Paulo entregou, de maneira corajosa e abnegada, a sua vida pelo rebanho de Deus, que lhe fora confiado. Esteve próximo do povo, dedicou-se às ovelhas mais necessitadas de amparo, conduziu-as pelos caminhos seguros do Evangelho, defendeu-as contra ladrões e lobos, e expôs a perigos a própria vida, por amor ao rebanho”, afirmou Dom Odilo na homilia. Após a comunhão, Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar e vigário-geral da Arquidiocese de São Paulo, leu a carta de condolências do Papa Francisco pela morte de Dom Paulo (leia mais na página 19). Ao término da celebração, o caixão com o corpo de Dom Paulo foi transladado do presbitério até a cripta da Catedral da Sé, onde o Cardeal Scherer realizou os ritos finais das exéquias, antes do sepultamento de Dom Paulo.
Luciney Martins/O SÃO PAULO
(A apuração, produção e edição de textos deste caderno especial e da cobertura on-line do Portal Arquisp foram feitos por Daniel Gomes, Edcarlos Bispo, Fernando Geronazzo, Júlia Cabral, Larissa Freitas, Milena Guimarães, Nayá Fernandes, Renata Moraes e Vitor Alves Loscalzo)
Cardeal Odilo Pedro Scherer preside celebração de exéquias de Dom Paulo Evaristo Arns na sexta-feira, 16, na Catedral da Sé
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Dom Paulo permanece no coração do povo Arte: Sergio Ricciuto Conte
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo metropolitano de São Paulo
O
Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns partiu deste mundo no dia 14 de dezembro. Era o Dia de São João da Cruz, santo reformador da Ordem do Carmelo, junto com Santa Teresa d’Ávila. Tinha completado 95 anos de idade no dia 14 de setembro passado, quando a Igreja comemorava outra festa relacionada com a cruz de Cristo: a “Exaltação da Santa Cruz”. Do nascimento à morte, foi marcado pela cruz de Cristo, sinal de esperança e de vida para os cristãos. Dom Paulo abraçou e aliviou a cruz dos irmãos durante todo o tempo de seu serviço sacerdotal e episcopal, fazendo-os experimentarem a esperança. Segurando firme a sua cruz peitoral de bispo, já no seu leito de morte, ele mostrou que também para ele próprio o Cristo crucificado era seguro sinal de esperança e vida. Na cruz, Cristo amou até o fim e deu a prova extrema do seu amor por nós. O “Cardeal da esperança” viveu 95 anos bem vividos; 76 deles como religioso franciscano, 71 anos como sacerdote de Cristo, 50 anos como bispo da Igreja, dos quais 43 como cardeal. Uma vida inteira dedicada a Deus e aos irmãos! Desde 1998, era arcebispo emérito. No dia 2 de julho de 2016, comemorou seu jubileu de ouro episcopal na Catedral da Sé. Estava feliz, acarinhado pelo povo, cercado de antigos colaboradores, de sacerdotes e bispos. Almoçou no Convento São Francisco junto com suas três famílias: os parentes de sangue, seus confrades franciscanos e a grande família arquidiocesana de São Paulo, que ele serviu como bispo auxiliar e arcebispo por bem 32 anos! Dom Paulo também quis celebrar na Sé pelos seus 71 anos de sacerdócio, no dia 27 de novembro passado. Conforme era seu costume, fez breve saudação ao povo e exortou à firmeza na fé. Também dirigiu palavras de estima e afeto pelos sacerdotes, recordando a todos o dever de rezar pelas vocações sacerdotais e religiosas. Nesse dia, ele parecia mais abatido que em outras ocasiões. No dia seguinte, de fato, foi internado no Hospital Santa Catarina, com complicações bronco-pulmonares. Encontrei muitas vezes o Cardeal, quer em sua pequena habitação junto do convento das Irmãs Franciscanas da Ação pastoral, em Taboão da Ser-
ra (SP), quer durante as internações, sempre mais frequentes, para tratar de problemas de saúde. Várias vezes, ele também aceitou vir, para momentos de convívio fraterno, à minha residência, que também já foi a sua, enquanto arcebispo de São Paulo. Ele também quis estar na comemoração do meu aniversário, em setembro passado. A missa na Sé, em 27 de novembro passado, foi a sua última celebração eucarística; e o almoço que fizemos juntos, em seguida, foi sua última refeição à mesa, em convívio fraterno, antes de sua derradeira internação no hospital. Conversamos e até cantamos alguma canção em alemão, que ele entoou com firmeza e gostava muito... Estava feliz e quis ver algumas plantas e árvores no quintal. Tinha sentimentos franciscanos... Quem podia imaginar que aquela seria a sua
despedida?! A partir da sua internação, fiz-lhe visitas quase diárias, que se foram intensificando à medida que seu quadro se agravava. Após o seu falecimento, o “Cardeal da esperança” recebeu enormes demonstrações de reconhecimento e afeto daqueles que foram seus colaboradores e de muitas pessoas do povo, e é justo que tenha sido assim. Reconhecer os dons e méritos das pessoas é dar glórias a Deus, Senhor da vida e distribuidor de todos os dons. Fico feliz por ter acompanhado de perto os últimos anos da vida de Dom Paulo. O padre e o bispo não têm família e descendentes de sangue. Sua família é a Igreja, seus irmãos e “filhos” são os filhos da Igreja, a quem eles servem. Eles também devem cuidar dos seus ministros, com todo o carinho e atenção. Lembro uma fala recente do Papa Francisco, em que ele pedia para amar
sinceramente as pessoas ao nosso redor, enquanto vivem, para não lhes levar flores e dirigir palavras vazias e formais apenas depois que falecem... Respondi a muitas perguntas de repórteres durante os dias do funeral e uma era infalível: qual foi a importância de Dom Paulo para a Igreja e para a sociedade? O mesmo, talvez, também perguntam pessoas jovens, abaixo de 35 anos, que tiveram pouco ou nenhum contato direto com o Cardeal Arns, mas foram motivadas a conhecê-lo um pouco mais. Dom Paulo tem lugar seguro no coração do povo e sua figura de arcebispo, cardeal e pastor dinâmico da Igreja em São Paulo, de representante e voz corajosa da Igreja, que cumpriu o seu papel público de maneira marcante numa época difícil na história do Brasil, fica entregue às interpretações da história.
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O Cardeal amigo do povo Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
Nayá Fernandes
nayafernandes@gmail.com
H
á muitos modos de se conhecer uma pessoa e fazer parte da vida dela. Os primeiros laços são aqueles da família e, quase inevitavelmente, o círculo familiar é um dos mais importantes. Na vida do Cardeal Arns, a família teve um lugar especial. Ele ia sempre passar as férias com os familiares e sua irmã, Zilda Arns, esteve com ele na luta pelos direitos humanos, inclusive na fundação da Pastoral da Criança. Mas Dom Paulo foi além. Ao ingressar na vida religiosa consagrada, o jovem Paulo escolheu alargar a família e acolher a todos como irmãos. Não é uma tarefa fácil, mas ele conseguiu. As milhares de pessoas que foram vê-lo no caixão durante as 48 horas de velório, na Catedral da Sé, testemunharam isso. Caçula de uma família de oito irmãos, Zélia Arns Straube da Cunha conheceu o irmão quando ele era estudante de Filosofia e só foi vê-lo novamente quando, já ordenado sacerdote, presidiu a primeira missa, em Forquilhinha (SC), em 1945, devido à diferença de idade entre os dois. “Na casa dele, em Taboão da Serra (SP), tinha um quintalzinho e sempre que o tempo estava bom, ele pegava sua bengala e começava a andar por lá, ficava olhando as plantas e falava: ‘Poxa vida, eu já fiz a minha parte aqui na vida, não sei porque que Deus não me chama’. E eu brincava: ‘Eu acho que você não fez, porque está aqui ainda”, contou Zélia. Aos 88 anos de idade, Felipe Arns, também irmão de Dom Paulo, disse que ele foi mais que um irmão. “Ele conseguia agregar não só os familiares, mas todos os que o conheciam, mesmo ele não os conhecendo. Eu aprendi muito com ele. De 1941 a 1944, ele morou no Convento do Bom Jesus e eu no Colégio do Bom Jesus, então nós nos encontrávamos amiúde e, um domingo por mês, ele reservava para me visitar. Eu, um guri de 13, 14 anos, e ele estudante de Filosofia e Teologia. Tínhamos uma afinidade grande que perdurou pelo resto da vida.”
Temos que continuar
Ao ouvir os familiares do Cardeal Arns, é evidente o quanto eles têm o desejo, quase unânime, de dar continuidade à missão de Dom Paulo. “O povo já diz, ‘os amigos a gente pode contar nos dedos’. Então, ele queria ser amigo do povo. Temos que continuar lutando para que o povo seja feliz, com as necessidades e os direitos bem atendidos”, disse Flávio Arns, sobrinho de Dom Paulo. Nelson Arns Neumann, filho de Zilda Arns, é o atual coordenador da Pastoral da Criança Internacional, e também em nível nacional. Ele teve oportunidade de conviver com o tio, já
Familiares do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo, participam do velório e funeral realizado na Catedral da Sé
cardeal, por longos períodos, inclusive no ano de 1979, quando veio a São Paulo para fazer seu doutorado. “Nas férias, acordávamos antes do sol nascer para percorrer os 6 quilômetros que ele gostava de andar, e voltávamos ainda antes do sol ter nascido. Dom Paulo deixou um norte para toda a família, de que cada um devia cumprir sua vocação pessoal, mas também ajudar a construir uma sociedade mais justa e fraterna”, recordou. Nelson visitou Dom Paulo no Hospital Santa Catarina, onde o Cardeal esteve internado até a morte, e contou ao O SÃO PAULO seus últimos diálogos com o tio. “Na enfermaria, ele estava com aquela alegria, com os braços abertos e a mão levantada, e falou das crianças. ‘Elas são o centro do mundo’. Comentei de um primo, Flávio, que estava precisando acessar os mecanismos para levar saneamento básico aos mais pobres. Dom Paulo falou: ‘Essa característica, a família nunca pode perder’: de buscar ajuda mutuamente para ajudar os mais pobres da sociedade”, contou. “No dia 11, o Padre José Bizon estava contando sobre uma celebração inter -religiosa que ele havia ajudado a organizar, e eu, brincando com Dom Paulo, disse: ‘A semente que o senhor plantou está crescendo e dando frutos. O diálogo inter-religioso é muito importante’. Achei, porém, que ele não estava atento, pois tinha dificuldades para respirar. Mas Dom Paulo respirou fundo e falou: ‘Sempre’”, afirmou Flávio.
‘Ele foi um pai’
“Nós éramos muito amigos, ele para mim foi um pai, um irmão, al-
guém que me acompanhou durante cerca de quatro anos de prisão, inclusive, nos cárceres mais distantes de São Paulo. Dom Paulo foi o homem que não conheceu jamais o medo, e nós devemos seguir a mesma trilha. A primeira medida que Dom Paulo tomou quando foi nomeado arcebispo de São Paulo foi vender o palácio do Arcebispo e reverter o dinheiro na construção de centros comunitários na periferia de São Paulo. Isso explica por que tantas pessoas simples vieram prestar o seu reconhecimento. Dom Paulo não tinha nem uma sofisticação, luxo ou dinheiro no bolso, morava numa casa simples”, contou à reportagem Frei Betto, dominicano, que foi preso durante a ditadura militar.
Confiança nas pessoas
“Tenho 90 anos, já não ando mais, mas reconheço que Dom Paulo me ensinou a prestar atenção nos outros, a ser carinhosa, a esquecer de mim mesma. Eu só tenho a agradecer por todas as lembranças boas”, expressou Irmã Maria Stella Sanches Coelho, da Congregação das Irmãs da Providência de GAP. Irmã Maria Stella foi convidada por Dom Paulo para ser diretora do seminário arquidiocesano, em plena ditadura militar, e disse que, muitas vezes, percebia que estava sendo perseguida por um carro, mas que não tinha medo. “Fui diretora do O SÃO PAULO no período mais difícil. Íamos nas máquinas para ver o que eles tinham cortado. Eu, uma simples religiosa, que não era jornalista nem nada, mas ele tinha confiança na gente”, recordou.
Maria Angela, colaboradora de Dom Paulo, presta solidariedade à irmã do Cardeal Arns
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Palavras bem ditas em tempos difíceis 1970 - Única eleição geral do governo Médici em que foram eleitos 356 membros do Congresso Nacional
“O horizonte que determina a vida da cidade é o futuro. Esta tensão para o futuro – no entanto bem enraizado no passado – é profundamente cristã. Não seria mesmo este o sentido do pequeno grão de mostarda que projeta o tronco para o alto e lança os galhos e ramos para todo o futuro?” O SÃO PAULO, 5 de dezembro de 1970
1975 - Ato Ecumênico após a morte de Vladimir
Herzog
“Ao longo de toda a experiência humana, incentivou ele os homens a se unirem e a marcharem juntos para construir um mundo de paz, onde os pobres não fossem oprimidos e ninguém fosse opressor. O Senhor não aceita a violência em fase alguma, como solução de conflitos. Neste momento, o Deus da esperança nos conclama para a solidariedade e para a luta pacífica, mas persistente, crescente, corajosa, em favor de uma geração que terá como símbolos os filhos de Vladimir Herzog, sua esposa e sua mãe. Deus coloca em nossas mãos a missão, exigente, mas pacífica, oposta a qualquer arbitrariedade e a qualquer violência, no que temos em nós de divino e de mais humano: Construamos a Paz, na Justiça e na Verdade.” O SÃO PAULO, 8 a 14 de novembro de 1975
1978 - Eleições gerais que definiram a composição do Congresso Nacional para a legislatura de 1979 a 1983 “Todos os nossos candidatos eleitos sabem que as coisas não vão bem. Oxalá não se contentem em lembrar-nos o preço da gasolina, as secas e as chuvas, ou ainda a crise do dólar. Talvez fizessem bem, passando pelo crivo os monopólios internacionais. São vorazes, atacando a ecologia, destruindo e poluindo. Além disso, tiram dos operários, para concentrarem nas mãos dos que podem comprar cada vez mais, coisas inúteis que o sistema produz e vende. Muitos já apontaram para dois grandes remédios: a distribuição de renda e os salários mais justos. Toda mudança substancial tem que partir de objetivos claros. De ideias mestras. Entre essas ideias, deve figurar, de forma constante e sempre mais aprofundada, o envolvimento comunitário. Igualmente os direitos humanos deverão fermentar as bases para tal. A riqueza do coração do povo deve poder manifestar-se por organizações sociais.” O SÃO PAULO, 25 de novembro a 1º de dezembro de 1978
1979 - A Lei da Anistia “A anistia chegou a ampliar um pouco os horizontes, sempre tão incertos, de nossa bela esperança. A anistia deve trazer a paz interna. Até enriquecê-la, como acontece com todo esquecimento generoso. De fato, porém, como foi proposta no momento atual, a Lei não devolverá a Paz a quem mais deveria devolvê-la: a) Enquanto não voltarem os desaparecidos, que foram presos em nome da Segurança Nacional, como poderão ter a paz suas mães, esposas, filhos e outros familiares? b) Enquanto a essas famílias não forem fornecidos os dados exatos por aqueles que podem fornecê-los, continuará a intranquilidade. O que mais importa para eles é sobretudo a certeza. Ela dá relativa tranquilidade, mesmo na dor mais dura. Quando éramos jovens, pensávamos que tais casos pertencessem à ficção literária. Hoje sabemos que a amarguram tragicamente a vida toda de irmãos nossos. A anistia precisa recordar – no sentido etimológico mais pleno, isto é, passar pelo coração – para depois poder iniciar-se para essas famílias a nova era do esquecimento e perdão. c) Os que foram torturados, dentro da maior humilhação e do aviltamento mais grosseiro, não podem, por sua vez, esquecer,
imagens que contam
ou seja, dar a anistia. É preciso que eles digam primeiro, a todos, aquilo que disseram a alguns. Depois, ouçam da Nação inteira a promessa de que isto não mais acontecerá. Então, poderão confiar na anistia, conhecer a Paz e compartilhar o Amor Novo, indispensável para a construção da Pátria generosa.” O SÃO PAULO, 6 a 12 de julho de 1979
1980 - Visita de João Paulo II ao Brasil “Aquele que chega é recebido como amigo e pai. São esses também os sentimentos do Papa. Todos os que entram em contato com ele lembram com emoção que tudo quer saber sobre o Brasil. Quer conhecer nossas preocupações e esperanças. Estuda nossa língua como se viesse a morar conosco. De fato, nós iremos morar com ele, pois poderá ler e entender, de forma nova, o que lhe queremos exprimir sempre: o amor mais simples e profundo.”
Dom Paulo, jovem em Rio Negro
Ingres
O SÃO PAULO, 6 a 12 de junho de 1980
1985 - Eleição de Tancredo Neves “Diante do noticiário cada dia mais denso, sobre a briga pelo poder, o povo brasileiro parece ficar em último plano, carregando, entre suor e lágrimas, o alto preço dos alimentos, a situação aflitiva do desemprego e a ausência de perspectivas para um futuro mais próximo. A Palavra divina nos exorta a nos preocuparmos com o sofrimento das pessoas e com as injustiças radicadas nas estruturas. Passada a euforia pela eleição de um civil à Presidência da República, temos que voltar a insistir nas medidas urgentes que eliminem a fome e o desassossego da maioria dos lares brasileiros.”
Com João Paulo II, na visita ao Brasil em 1980
O SÃO PAULO, 8 a 14 de fevereiro 1985
1985 - Movimento pela Constituinte “Lastimamos que o povo escute tão pouco a respeito do que se proponha como medida eficiente a curto e médio prazo para aliviar o ônus diário da subsistência. Até as discussões sobre a nova Constituinte têm deixado o povo insensível, ou ao menos ausente da mobilização inicial.”
Em 1983, Dom Paulo conduz dia de oração aos de
O SÃO PAULO, 8 a 14 de fevereiro 1985
1989 - Eleições presidenciais após o movimento das Diretas Já, iniciado em 1983 “Somos a favor da divulgação das pesquisas de intenção de votos. Quando fiéis e tecnicamente bem feitas, descobrimos onde devemos intensificar nosso trabalho de conscientização política. O voto, porém, deixa de ser democrático, quando o eleitor não se decide por aquele que julga ser o melhor, mas sim por aquele que as pesquisas apontam como possível ganhador. Quem afinal, dentro deste país tão sofrido, consegue melhor provocar o sentimento de solidariedade, acabando com a ganância do lucro à custa do empobrecimento da maioria?” O SÃO PAULO, 10 a 16 de novembro de 1989
Com Dom Odilo e Dom Cláudio, comemorando 9
1992 - Impeachment do presidente Fernando Collor “Vejo a CPI, a votação do impeachment e o desejo para construir uma sociedade justa no Brasil com a Páscoa do nosso povo. O nosso povo ressuscitou, mudou e quer continuar o aprendizado da democracia. Vivemos o marco histórico de mudanças em nosso país. O fim do regime de impunidade e o começo da corresponsabilidade democrática. O amadurecimento no exercício da cidadania. A prática da ordem constitucional. A consolidação das instituições democráticas. O respeito às exigências éticas. A colocação do bem comum acima do poder. A participação popular constante.” O SÃO PAULO, 11 de outubro de 1992 Seleção feita por Nayá Fernandes
Com o Rabino Henry Sobel em missa na Catedral da
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uma vida
Nas escadarias da Catedral, em 1º de novembro de 1970, na posse como arcebispo Recém-ordenado, indo para a 1ª missa em Forquilhinha, 1945
ssso nos franciscanos, 1943
1975, Ato Ecumênico na Catedral da Sé
Dom Paulo e sua irmã, Dra. Zilda Arns
Com o Papa Paulo VI, em 1973 Sendo ordenado bispo em Forquilhinha, 1966
Dom Paulo, na infância, com a família
Com Dom Helder Câmara, nas dependências da PUC-SP, 1982
esempregados
Com Dom Odilo por ocasião do 87º aniversário natalício
Com o Papa Bento XVI, no Mosteiro de São Bento, em 2007
Em 2015, comemorando 94 anos na Sé
90 anos, em 2011
a Sé, em 2008
Prêmio Niwano; verba usada para Casa do Povo da Rua
Ao festejar 90 anos de vida, Dom Paulo é homenageado pelo povo da rua
Com os familiares nas comemorações de seus 89 anos de vida, em 2010
Fotos: Arquivo pessoal Dom Paulo Evaristo Arns- Douglas Mansur/Celeiro de Memória - Luciney Martins/O SÃO PAULO
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Pastor zeloso Arquivo pessoal de Dom Paulo Evaristo Arns
Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
N
o trabalho pastoral da Arquidiocese de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns buscou incentivar a criação de pastorais sociais voltadas para o atendimento dos mais pobres e marginalizados. Quatro pastorais podem ser destacadas como exemplo: Pastoral da Criança, Pastoral Operária, Pastoral Carcerária e Pastoral da Moradia. Dom Paulo Evaristo Arns foi o grande responsável por semear a criação da Pastoral da Criança. Essa semente brotou em 1982, na Suíça, do encontro do então Arcebispo com James Grant, diretor-executivo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), durante uma reunião da Organização das Nações Unidas (ONU). Na ocasião, surgiu a proposta de que a Igreja Católica no Brasil tivesse uma ação para reduzir a mortalidade infantil. “Fica o nosso grande agradecimento, afinal foi ele [Dom Paulo], que, com James Grant, trouxe a ideia de a Igreja se envolver na questão da sobrevivência infantil. A ideia original foi dele e sempre foi grande o apoio que deu para que a Pastoral da Criança continuasse e se desenvolvesse”, afirmou o Dr. Nelson Arns Neumann, sobrinho de Dom Paulo e coordenador nacional adjunto da Pastoral da Criança. Para desenvolver o projeto que seria apresentado à CNBB, Dom Paulo convidou sua irmã, a médica pediatra e sanitarista Zilda Arns Neumann, contando com o apoio de Dom Geraldo Majella, à época arcebispo de Londrina (PR). O trabalho teve início na Paróquia de São João Batista, em 1983, no município paranaense de Florestópolis, na Arquidiocese de Londrina. A região foi escolhida por apresentar uma alta taxa de mortalidade infantil – 127 crianças em cada mil nascimentos. Após um ano de atividades, a mortalidade infantil diminuiu para 28 crianças entre cada mil que nasciam. Em sua dissertação de pós-graduação em História Social no Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, Cátia Regina Rodrigues, destaca que “o lançamento do primeiro plano de pastoral da Arquidiocese de São Paulo, em abril de 1976, com vigência até abril de 1978, seria outro fator a possibilitar maior visibilidade das atividades da Pastoral Operária. O tema ‘mundo do trabalho’ será escolhido como uma das quatro ações prioritárias pela Igreja de São Paulo. Integrantes da Pastoral Operária estiveram presentes nas reuniões convocadas pela Arquidiocese de São Paulo para discussão e escolha das prioridades pastorais”. Já a Pastoral da Moradia, destaca a pesquisadora, surgiu em 1987 com a promulgação do 5º Plano de Pastoral da Arquidiocese, com vigência de 1987 a 1990, e nele ficou estabelecido que a atribuição da pastoral era “esclarecer e
sensibilizar para a realidade da moradia”. “Além disso, a Pastoral da Moradia estaria voltada para o atendimento às pessoas de baixa renda com algum problema relacionado à moradia. As ações, portanto, seriam dirigidas a moradores de favelas, cortiços, conjuntos habitacionais e prédios de apartamento; além de moradores de rua e migrantes. Verificase ainda claramente a dimensão política do novo serviço pelas informações contidas no Relatório Quinquenal da Arquidiocese de São Paulo (1985-1989)”. A Pastoral Carcerária, por sua vez, surgiu em 1985, quando o Cardeal Arns decidiu nomear um padre responsável oficialmente pelo serviço de assistência a mulheres e homens presos. “A criação da Pastoral Carcerária iria possibilitar uma organização e ampliação das atividades, uma mudança de visão sobre o atendimento até então oferecido e uma conscientização sobre características do sistema carcerário de São Paulo”, escreveu a pesquisadora.
Operação Periferia
Motivado pela Campanha da Fraternidade de 1972, que tinha como lema “Descubra a felicidade de servir”, Dom Paulo lançou a Operação Periferia, convocando a Igreja em São Paulo a se voltar para a população que vivia na periferia, tanto geográfica quanto social. Na edição de 2 de fevereiro de 1972, O SÃO PAULO noticiou a proposta. “Em São Paulo, o serviço é exigência humana e cristã, pois o problema da periferia nos fere os olhos, o coração, e terá que mobilizar as nossas mãos. A Operação Periferia será, pois, a ação por excelência
desta Quaresma, toda colocada debaixo da Fraternidade”, afirmou o então Arcebispo, que naquele ano destinou 35% da arrecadação da Campanha da Fraternidade a várias atividades missionárias e pastorais realizadas na periferia. Seguindo os passos de seu patrono, o apóstolo São Paulo, o Cardeal Arns queria evangelizar. Essa ação missionária vigorou de 1972 a 1978, quando a população da periferia no território da Arquidiocese atingia aproximadamente 4 milhões de pessoas. O território da Arquidiocese era o maior do planeta e compreendia toda a capital paulista e alguns municípios da Grande São Paulo, como Osasco, Itapecerica da Serra, São Roque e Ibiúna, incluindo até áreas rurais. Concretamente, a Operação Periferia propôs constituir comunidades, dar formação litúrgica, bíblica e catequética para leigos e animadores, criar centros comunitários, integrar recursos humanos e materiais de todas as comunidades da cidade. Em um dos subsídios da Operação Periferia, o Cardeal dizia: “A periferia nos pede uma ação intensa e imediata, e não apenas palavras e bons propósitos. Para situações de emergência, reclamam-se soluções audaciosas que quebrem todas as barreiras do egoísmo e da burocracia”. Um dos marcos dessa operação foi a venda, em 1973, do Palácio Pio XII, residência episcopal à época. Com o dinheiro da venda, foram adquiridos mais de 500 terrenos nos bairros de São Miguel Paulista, Guaianases, Jardim Vista Alegre, Jardim Tremembé, dentre outros, para a instalação de comunidades. Além
disso, a Operação Periferia contou com a ajuda financeira das organizações alemãs Misereor e Adveniat. O coordenador-geral da Operação Periferia, Padre Ubaldo Steri, sacerdote italiano e até hoje pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, na Região Ipiranga, explicou à reportagem que não era apenas socialmente que a periferia sofria. “Com a crescente migração de pessoas do Norte e Nordeste do país, nem os poderes públicos nem a Igreja deram atenção até então a essa realidade periférica. Junto às 4 milhões de pessoas aproximadamente, não havia paróquias e padres suficientes. Os poucos que existiam eram missionários estrangeiros”, disse o coordenador, destacando que a ideia da Operação era “criar igreja local para envolver o povo”. Muitas dessas comunidades foram embriões de novas paróquias. Uma dessas foi a Comunidade Nossa Senhora de Fátima, na Vila Guarani, na Região Ipiranga, até então pertencente à Paróquia Nossa Senhora das Graças. Em 2012, a Nossa Senhora de Fátima foi elevada a paróquia. “As primeiras reuniões foram feitas na garagem de uma residência. Depois, alugamos um bar, em seguida uma casinha e uma antiga fábrica de gaiolas, até conseguirmos a verba para adquirir um terreno. Então, a comunidade se mobilizou para construir uma capela de madeira, que deu lugar a uma igreja que se tornou a matriz”, testemunhou Padre Ubaldo. Colaborou Fernando Geronazzo Com informações do site da Pastoral da Criança
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Hábil comunicador, Dom Paulo difunde o Evangelho à multidão de fiéis na solenidade de Corpus Christi em maio de 1978; e em diferentes momentos motiva a participação popular na política
A Igreja na Constituinte: democracia e participação popular Edcarlos Bispo
A
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pós o fim da ditadura militar, a sociedade brasileira vivia grandes desafios dentre esses a consolidação da democracia, de eleições diretas para presidente da República e a elaboração de uma nova Constituição que garantisse os interesses de todos os setores da sociedade, com ampla participação popular. Nesse contexto, a Igreja Católica teve um papel bastante importante na organização e formação da sociedade em prol da democracia. Os bispos no Brasil, reunidos em assembleia no ano de 1986, debateram sobre a criação da Assembleia Nacional Constituinte e a importância de formar as pessoas para que fossem eleitos deputados que se comprometessem em Luciney Martins/O SÃO PAULO
colocar na Carta Magna as questões sociais e da vida da população. O Cardeal Arns foi um grande articulador e defensor dessas formações e da participação do povo no processo da Constituinte, bem como um grande crítico dos momentos em que os deputados se afastavam dos interesses populares e sociais, e focavam-se, apenas, nas grandes corporações e no agronegócio. “Pensando em democracia e libertação, temos de confessar que também nós, no Brasil, não atingimos ainda a democracia plena. E não a atingiremos se não fizermos com que a nova Constituição defenda os direitos, sobretudo os dos mais pobres. Direito à saúde, à educação, à participação nas decisões que tocam o bem comum”, explicou o Cardeal em artigo publicado, em 1988, na coluna “Encontro com o Pastor” do jornal O SÃO PAULO Nos momentos em que os trabalhos dos deputados eram conduzidos de maneira a contrariar os interesses da população, o Cardeal Arns, ao mesmo tempo em que não poupava críticas, animava o povo a manter a esperança. “Foi pena não ter sido ouvido o nosso povo! Através de uma Constituinte exclusiva, nós teríamos operários, classes liberais, afinal, o povo envolvido pela elaboração da Carta Magna de nossa terra. Não é mais o caso. No entanto, não é hora de entregar os pontos. O povo deve reunir-se, de Norte a Sul do país, para
discutir o conteúdo essencial de nossa futura Constituição. Os bispos prometem cumprir sua missão de incentivar o povo a tanto. A Assembleia Geral anual [da CNBB], do mês de abril de 86, terá como tema ‘Exigências cristãs de uma nova ordem constitucional’. É bem possível que se publique um roteiro de reflexões e de ação. Afinal, os valores cristãos e os direitos fundamentais da pessoa humana precisam ser acolhidos como anseio do povo, que se diz cristão, e já adquiriu a consciência de sua responsabilidade”, disse Dom Paulo, em entrevista ao O SÃO PAULO, em 1986. Dom Paulo fez questão, ainda, de detalhar todas as fases que seriam vividas até se chegar a promulgação da Constituição e a importância de que as pessoas estivessem atentas e participativas em cada momento. “Neste momento, entramos para a primeira fase, fase da eleição dos membros da Assembleia Nacional Constituinte. Os deputados federais e senadores que forem eleitos estarão encarregados de elaborar essa Lei Magna, a Constituição. Sobre ela se construirá o edifício do Direito e mesmo a Jurisprudência, para o futuro de nossa terra. Sobre ela se organizará o Estado brasileiro: a nossa segurança, tanto individual quanto coletiva, como povo e não apenas como Estado. Eleger bem é, portanto, uma primeira fase decisiva. Depois virá a segunda fase, em que deveremos apontar o que desejamos que entre na Constituição. Esta há de representar os nossos anseios, a própria alma brasileira. E para chegarmos a uma democracia autêntica, teremos que, numa terceira fase,
garantir os instrumentos para o controle da Lei Magna pelo povo consciente.” Em outra entrevista publicada no semanário arquidiocesano, durante o segundo turno da votação da redação da nova Constituição, Dom Paulo afirmou que a sociedade brasileira esperava um texto constitucional “progressivo, voltado para o ano 2000 e não para 1964” e que os constituintes deveriam “atender às necessidades do povo e não de algumas elites, abrindo caminho para a distribuição justa da renda nacional e para a participação popular”. Também ao O SÃO PAULO, em 2013, por ocasião dos 25 anos da Constituição, Plínio de Arruda Sampaio, que foi deputado constituinte e faleceu em 2014, recordou como aconteceram os trabalhos de mobilização sobre a Constituinte. “Todas as paróquias - eu falei nem sei em quantas paróquias - faziam reuniões, com igreja cheia, em que pessoas explicavam a Constituinte e a importância dela. Não só eu, mas um monte de católicos leigos falou nas comunidades.” Esse processo fomentado pela Igreja foi realizado no Brasil inteiro, o que, para o deputado constituinte, corroborou com a participação maciça do povo. “Todos os dias na Constituinte, a média era de 30 mil pessoas, era um estádio de futebol cheio”, comentou Plínio, que, ainda, chamou a atenção para a ampla participação dos brasileiros nesse processo, desde representantes indígenas, menores abandonados e até as classes mais poderosas da sociedade.
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Promotor da Paz e dos direitos humanos Fotos: Arquivo pessoal de Dom Paulo Evaristo Arns
Após a morte de Vladimir Herzog, Dom Paulo, Reverendo Jaime Wright e Rabino Henry Sobel organizam ato ecumênico na Catedral, em 1975
Nayá Fernandes
U
nayafernandes@gmail.com
ma busca rápida no Google sobre Dom Paulo Evaristo Arns trará inúmeros resultados sobre sua vida e atuação, numa época em que o Brasil viveu um momento muito delicado de sua história. É indiscutível que ele teve um papel importantíssimo na luta pelos direitos humanos e junto às periferias da capital paulista e seus arredores. “Ficou conhecido como o Cardeal dos Direitos Humanos, principalmente por ter sido o fundador e líder da Comissão Justiça e Paz de São Paulo, e sua atividade era claramente vinculada à sua fé. Segundo ele: ‘Jesus não foi indiferente nem estranho ao problema da dignidade e dos direitos da pessoa humana, nem às necessidades dos mais fracos, dos mais necessitados e das vítimas da injustiça(...) Lutou contra a injustiça, a hipocrisia, os abusos do poder, a avidez de ganho dos ricos, indiferentes aos sofrimentos dos pobres’”, consta na plataforma Wikipédia. Foi Dom Paulo que, em 1972, criou a Comissão Brasileira Justiça e Paz de São Paulo, além de incentivar as pastorais da Moradia, Carcerária e Operária. E é impossível falar do Cardeal da Esperança sem lembrar sua incansável luta em favor dos ameaçados, desaparecidos e mortos pela ditadura militar. Antes disso, já em 1969, Dom Paulo estava ao lado dos freis dominicanos perseguidos pela ditadura, apenas cinco anos após o início do regime militar. Em março de 1973, ele presidiu a “Celebração da Esperança”, em memória de Alexandre Vannucchi Leme, estudante universitário morto pela ditadura. No ano seguinte, apresentou ao general Golbery do Couto e Silva um dossiê sobre os casos de 22 desaparecidos. Entre 1979 e 1985, esteve ao lado do Reverendo Jaime Wright para coordenar o projeto “Brasil: Nunca Mais”. Realizado de maneira sigi-
Dom Paulo negocia com os sequestradores a libertação do empresário Abílio Diniz, em 1989
losa, o projeto teve como resultado a cópia de mais de um milhão de páginas de processos do Superior Tribunal Militar. O então arcebispo de São Paulo atuou também contra a invasão da PUC-SP em 1977, e na operação para entregar ao presidente dos Estados Unidos à época, Jimmy Carter, uma lista com os nomes de desaparecidos políticos. Dom Paulo criou, ainda, em 1983, a Pastoral da Criança, ao lado de sua irmã, Zilda Arns, que morreu como uma das vítimas do terremoto do Haiti, em 2010.
Denúncia e profecia
Na dissertação para obtenção do título de mestre em História pela Universidade de São Paulo, Cátia Regina Rodrigues escreve sobre a “Arquidiocese de São Paulo na gestão de Dom Paulo Evaristo Arns (1970-1990)”. No texto, ela conta uma das primeiras vezes em que o Cardeal Arns denunciou as torturas da ditadura em São Paulo. “Dom Paulo Arns estava recém-empossado quando, no dia 27 de janeiro de 1971, o Padre Giulio Vicini e a assistente social leiga Yara Spadini, que atuava
como secretária da região, foram levados presos para o Deops [Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo], depois de uma blitz no local pela polícia. No dia seguinte, Dom Paulo decidiu ir pessoalmente ao Deops, mas não conseguiu encontrar-se com os presos. Mais tarde, ele obteve autorização judicial para vê-los. E, durante a visita, constatou as torturas físicas sofridas por seus colaboradores.” Então, o Cardeal Arns tomou a decisão de denunciar publicamente as torturas físicas e psíquicas sofridas pelo padre e pela assistente social, e protestar contra as versões policiais veiculadas pela imprensa local de que os presos seriam “subversivos”. A nota de protesto-denúncia foi divulgada em uma das edições do O SÃO PAULO daquele ano, alcançando grande repercussão no Brasil e também no exterior, tendo sido reproduzida por jornais e emissoras de rádio. Cátia conta, ainda, que a atitude do Arcebispo ajudou a proteger a integridade das vítimas e a confirmar os abusos de poder e torturas que estavam sendo praticadas no Brasil.
Sofrimento ao lado de milhares de brasileiros
“Nunca eu tive à minha frente a imagem viva de Cristo morto quanto naquela ocasião [no reconhecimento do corpo do operário Santo Dias da Silva]. O soldado do exército romano cortou lado a lado o peito de Cristo na cruz. A bala assassina cortou o peito do operário que nada mais queria que justiça e vida digna para a classe trabalhadora.” O trecho é parte do depoimento de Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC), no dia 8 de outubro de 2013, na Câmara Municipal de São Paulo, durante audiência da “Comissão da Verdade Vladimir Herzog”. Em discurso emocionado, Dom Angélico ressaltou a figura de Santo Dias, que foi assassinado no dia 30 de outubro de 1979 em frente à fábrica Sylvânia, em Santo Amaro (SP). “O Cardeal Arns e eu fomos chamados ao Instituto Médico Legal para reconhecer o corpo.” Esse foi mais um dos muitos momentos em que Dom Paulo viu e viveu de perto a dor de milhares de brasileiros que estavam sendo torturados e mortos por acreditarem num outro tempo possível. O Rabino Henry Sobel, na mesma audiência, falou sobre a morte do jornalista Vladimir Herzog, o Vlado, e sobre o Ato Ecumênico na Catedral da Sé em 1975, que foi o primeiro com aquelas dimensões. Ele recordou a presença de Dom Paulo Evaristo Arns, que sugeriu o ato, e do Reverendo Jaime Wright, pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, que teve familiares mortos na ditadura. Clarice Herzog, a viúva de Vladimir Herzog, falou a um pequeno grupo de jornalistas no fim de um ato que aconteceu na Catedral da Sé no dia 25 de outubro de 2015, 40 anos depois da morte do marido. Ela recordou o dia em que soube que o esposo, após ter se apresentado ao DOI-CODI, não voltaria mais. “Quando vi três homens de terno na porta da nossa casa, não tive dúvidas de que ele estava morto.” Para ela, a participação neste ato foi muito diferente do que há 40 anos: “Naquele dia, eu somente conseguia reviver a morte dele e chorar, hoje eu compreendo que a morte do Vlado é um grito pela verdade e pela justiça.” Arquivo pessoal de Dom Paulo Evaristo Arns
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COMOÇÃO NACIONAL
Autoridades e personalidades públicas lamentam a morte de Dom Paulo e falam do legado do Cardeal da Esperança Luciney Martins/O SÃO PAULO
Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
A
morte do Cardeal Arns, no dia 14, aos 95 anos, causou comoção dentro e fora da Igreja. A Arquidiocese de São Paulo recebeu inúmeras manifestações de condolências. Por meio de um telegrama enviado ao Cardeal Scherer, o Papa Francisco afirmou ter recebido com grande pesar a notícia da morte do Cardeal Arns e manifestou a toda a Arquidiocese de São Paulo e à família do falecido seus pêsames pela morte “desse intrépido pastor, que no seu ministério eclesial se revelou autêntica testemunha do Evangelho no meio do seu povo, a todos apontando a senda da verdade, na caridade e do serviço à comunidade em permanente atenção pelos mais desfavorecidos”. “Dou graças ao Senhor por ter dado à Igreja tão generoso pastor e elevo fervorosas preces para que Deus acolha na sua felicidade eterna este seu servo bom e fiel, enquanto envio a essa comunidade arquidiocesana, que chora a perda do seu amado pastor, e à Igreja do Brasil, que nele teve um seguro ponto de referência, e a quantos partilham esta hora de tristeza que anuncia a Ressurreição, uma confortadora bênção apostólica”, escreveu o Papa.
VEJA MAIS MANIFESTAÇÕES “Em seu ministério episcopal, especialmente durante os penosos anos do regime de exceção vividos pelo Brasil, ele foi sempre um pastor símbolo da fidelidade à Palavra de Cristo e aos ensinamentos da Igreja. Dom Arns tornou-se um verdadeiro ícone da defesa dos desamparados e perseguidos. Ele jamais faltou ao seu compromisso com as comunidades da Arquidiocese de São Paulo – onde serviu como bispo auxiliar e arcebispo – e também com toda a Igreja presente no país. Sua palavra sempre trouxe especial alento ao coração dos cristãos e deu significativa contribuição na luta contra a tortura e o restabelecimento da democracia.” Dom Leonardo Steiner, secretário-geral da CNBB, em nome da entidade
“Dom Paulo Evaristo foi também um grande amigo das crianças e dos adolescentes. Junto com James Grant, então diretor-executivo do Unicef, idealizou na década de 1980 a Pastoral da Criança, que ajudou a reduzir a mortalidade infantil no Brasil. A organização, criada por sua irmã, Zilda Arns Neumann, e por Dom Geraldo Majella Agnelo, em 1983, no Paraná, hoje se faz presente em
Ao completar 50 anos de episcopado em julho deste ano, Dom Paulo recebe do Núncio Apostólico do Brasil a bênção especial do Papa Francisco
todos os estados brasileiros e em outros 17 países da África, Ásia, América Latina e Caribe.”
exemplos de tolerância, defesa dos mais humildes, justiça social e amor pelo próximo.”
“O mundo perde um homem bom. A Universidade perde um de seus melhores representantes.”
Gary Stahl, representante do Unicef no Brasil
João Doria Junior, prefeito eleito de São Paulo
Professora Maria Amalia Andery, reitora da PUC-SP
“Dom Paulo foi um defensor da liberdade e sempre teve como norte a construção de uma sociedade justa e igualitária. O Brasil perde um defensor da democracia e ganha para sempre mais um personagem que deixa lições para serem lembradas eternamente.”
“Recebo com pesar a notícia do falecimento de Dom Paulo Evaristo Arns, grande líder progressista, incansável na defesa dos direitos humanos e da liberdade. Dom Paulo será sempre lembrado como símbolo da luta pela democracia, por sua atuação contra a ditadura. O Brasil perde um defensor dos pobres, que passou a vida pregando igualdade de direitos e o fim da exclusão social. Descanse em paz, amigo do povo. Seguiremos lutando!”
“Recebi a notícia da morte do arcebispo emérito de SP, Dom Paulo Evaristo Arns. SP e o Brasil perdem um gigante; eu, um amigo e conselheiro.”
Michel Temer, presidente, por meio de nota no site da Presidência da República
“Ele era um grande evangelizador com a voz pausada e clara, com sua mensagem e o testemunho de vida na defesa dos direitos da pessoa humana, contra as injustiças. Fez história. É com grande carinho que queremos trazer nossa homenagem, nossos sentimentos e as nossas orações. Dom Paulo também teve um papel importante na redemocratização do Brasil, conclamando a população para que trouxesse a sua efetiva participação.” Geraldo Alckmin, governador do Estado de São Paulo
“É com grande pesar que lamentamos o falecimento do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, ocorrido na quarta-feira. São Paulo e o Brasil perdem um grande ser humano. Dom Paulo nos deu
Dilma Rousseff, ex-presidente da República
“Sempre foi uma das pessoas sábias e serenas que dialogam sem preconceito com qualquer adversário e não enxergam inimigos em seu redor, caráter marcante de um apóstolo da pluralidade e da tolerância.” Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República
“Ele nunca se afastava, nunca era omisso, ele sempre presente na nossa frente, no nosso lado, nos orientando e impulsionando na luta dos direitos humanos.” Antônio Carlos Malheiros, desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo e integrante da Comissão Justiça e Paz de São Paulo; amigo de Dom Paulo desde a década de 1970
José Serra, ministro das Relações Exteriores
“A voz serena e bem pausada e a delicadeza no trato com todos à sua volta poderiam sugerir fragilidade, mas, bem ao contrário disso, o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito da Arquidiocese de São Paulo – morto nesta quarta-feira (14/12), aos 95 anos –, deixa a marca da fortaleza, em especial, na defesa dos direitos humanos.” Marcos da Costa, presidente da OAB-SP
“Com a Igreja e com todos aqueles que sonham, lutam e trabalham por uma sociedade mais justa e fraterna, desejamos que a memória de Dom Paulo seja sempre uma referência na defesa dos Direitos Humanos e no cuidado com toda a natureza.” Prof. Joel Alves de Sousa Junior, reitor da Universidade São Francisco (USF), e Frei Thiago A. Hayakawa, OFM, diretor-presidente da Mantenedora da Universidade São Francisco (USF).
Mais notas e manifestações podem ser lidas em arquisp.org.br.
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Lapa A solidariedade torna mais feliz a vida de 1.700 crianças no Jaguaré Padre Antonio Francisco Ribeiro, Padre Raimundo Rosimar e Benigno Naveira Colaboradores de comunicação da Região
Aconteceu no dia 11, na Paróquia São Francisco de Assis, no Setor Pastoral Butantã, no bairro do Jaguaré, o 31º Natal dos Pobres, organizado pela Pastoral Social. Aproximadamente 1.700 crianças e suas famílias receberam uma sacola de Natal contendo brinquedos, doces e roupas. A sacola estava personalizada com o nome de cada criança e sua família. Padre Flavio Helinton da Silva, pároco, e sua equipe acolheram os visitantes – Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, e o Padre Antonio Francisco Ribeiro, coordenador regional de pastoral – e apresentaram o trabalho da Pastoral Social da Paróquia. O Bispo cantou com as crianças e entregou as primeiras sacolas de Natal. A reportagem da Pastoral da Co-
municação da Região Lapa conversou com Odete Dal Pra Maschio, que participa desta ação social desde o início. Ela contou que a iniciativa do Natal dos Pobres começou em 1974 quando o Padre André Mortari decidiu com a equipe da Paróquia fabricar macarrão para doar aos pobres, ajudando várias famílias. Em 1985, o então pároco, Padre José Ivan Silva, e os membros da Pastoral Social entregaram as primeiras sacolas de presente de Natal às crianças carentes. Hoje são mais de 25 pessoas atuantes, que mensalmente assistem 350 famílias, com cestas básicas, remédios, cobertores, enxoval e até cadeiras de rodas. Odete destacou a participação da benfeitora Grazielle Matarazo, que ajuda pessoalmente centenas de famílias.
Padre Antonio Francisco Ribeiro
Dom Julio entrega cestas de Natal para crianças carentes na Paróquia São Francisco de Assis
Detentos recebem bíblias na missa de Natal A Pastoral da Comunicação da Região Lapa acompanhou, no dia 14, no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, na zona Oeste da capital paulista, a Missa de Natal, com a participação de mais de 500 detentos, agentes penitenciários e diretores do CDP. A missa, presidida por Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, teve como concelebrantes os padres Raimundo Rosimar Vieira da Silva, Edilberto Alves da
Costa e Valdir João Silveira, coordenador nacional da Pastoral Carcerária. Dom Julio, na homilia, comentou sobre o Evangelho do dia (Lc 7, 19-23), em que João Batista não se encontrou com Jesus, porque havia sido preso pelo Rei Herodes, por ter criticado a atitude do rei, dizendo que este, sendo uma autoridade, não poderia casar-se com a mulher de seu irmão. Posteriormente, foi também decapitado e sua cabeça entregue em uma bandeja. Benigno Naveira
Padres participam de missa com Dom Julio Akamine, realizada na Paróquia São José, dia 13
Tem início o Natal Comunitário No dia 3, teve início mais uma edição do Natal Comunitário da Lapa, com a celebração de uma missa na Paróquia São João Maria Vianney, no Setor Pastoral Lapa, presidida por Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, e concelebrada pelo Padre Raimundo Rosimar, pároco. Após a missa, o Coral Nossa Senhora da Lapa apresentou um concerto com músicas natalinas. Tal evento é organizado por fiéis lei-
gos do Conselho Comunitário da Lapa. Outras paróquias da Região também acolhem essa iniciativa. Após a apresentação, foram distribuídas, por sorteio, imagens do Menino Jesus aos participantes. O objetivo do evento foi resgatar e conservar a tradição de se ouvir cantos natalinos nesta época, e voltar-se para o Menino Jesus e demais personagens da Sagrada Família, além de promover o encontro entre os moradores do bairro da Lapa.
O Bispo lembrou, ainda, de São João da Cruz, cuja memória litúrgica foi recordada naquele dia. Na prisão, o Santo escreveu muitos poemas, como o “Cântico Espiritual”. Após a bênção final, foram distribuídas por Dom Julio bíblias aos presos, arrecadadas por meio da “campanha de doação de bíblias aos detentos”, feita nas paróquias da Região Lapa, arrecadando 5 mil bíblias. Todas as que foram entregues aos detentos tinham
uma mensagem de Natal, escrita pelas pessoas que participaram da campanha regional. No mesmo dia e ao mesmo tempo em outros pavilhões, foram celebradas outras missas, presididas pelos padres Gianfranco Graziola, Jorge Pierozan (Rocha), Antonio Francisco Ribeiro, José Paim, Julio Gotardo, com a participação do Diácono André Iasz Filho. Ao final das celebrações, eles também distribuíram bíblias aos detentos.
Clero realiza última reunião de 2016 No dia 13, na Paróquia São José, no Setor Pastoral Butantã, aconteceu a celebração penitencial e a reunião de confraternização do clero atuante na Região Episcopal Lapa. O encontro teve início com a celebração eucarística presidida por Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa. Durante a celebração, os padres se confessaram uns aos outros e refletiram sobre suas atitudes e pensamentos.
Dom Julio, na homilia, refletiu sobre o Evangelho do dia (Mt 3, 1-12), em que João Batista, um homem justo de fé, aparece pregando no deserto da Judeia. Ele convertia todos os moradores de Jerusalém, da Judeia e dos lugares em volta do rio Jordão, que iam ao seu encontro. Eles confessavam os pecados que tinham cometido, e João os batizava no rio Jordão. Após a bênção final, aconteceu a confraternização com um almoço servido pela Paróquia. Paróquia São João Maria Vianney
Dom Julio em foto com o Padre Rosimar e participantes do Natal Comunitário da Lapa, dia 3
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Brasilândia Arquivo pessoal
Padre Edemilson Gonzaga e Larissa Fernandes Colaboradores de comunicação da Região
Morre aos 86 anos, o Padre Alberto Abib Andery Familiares e amigos do Padre Alberto Abib Andery (foto) participaram no dia 14, na Paróquia Santos Apóstolos, no Jardim Maracanã, da missa de 7º dia do Sacerdote, que morreu no dia 8, aos 86 anos de idade. Padre Abib, como era mais conhecido, nasceu em 7 de julho de 1930, em Mogi das Cruzes (SP), e foi ordenado sacerdote em 8 de dezembro de 1954 em Roma, na Itália. Formado em Filosofia e Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, também era Bacharel em Psicologia pela PUC-SP, universidade onde foi professor de Filosofia, Teologia, Psicologia e Ética.
Na Arquidiocese de São Paulo, teve destacada atuação na Região Brasilândia, onde foi vigário nas paróquias Santo Antônio, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora das Graças e Santos Apóstolos. Também esteve como vigário na Paróquia Cristo Ressuscitado, na Região Santana. O corpo do Padre Abib foi sepultado no Cemitério Santíssimo Sacramento, no Sumaré, após a missa de corpo presente, presidida por Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia. (Com informações do Portal ArquiSP)
Anderson Braz
Kátia Maderic
No dia 10, em missa na Paróquia São José, em Perus, o Padre Cilto José Rosembach, pároco, comemorou 28 anos de sacerdócio. Ele agradeceu a presença dos amigos e comunitários de outras paróquias pelas quais passou. Após o ofertório, houve homenagens com símbolos que representam a atuação do Padre na área de comunicação.
Dos dias 4 a 10, a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida esteve na Paróquia Nossa Senhora das Graças, na Vila Carolina (foto). Na manhã do dia 11, foi levada à Comunidade Nossa Senhora das Dores, no Jardim das Graças, e depois conduzida à Paróquia São José de Vila Palmeira, onde permaneceu na última semana.
Maria Lopes
Arquivo pessoal
No sábado, 17, na Paróquia Mãe de Deus, no Setor Pastoral Freguesia do Ó, aconteceu o encontro de Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, com os diáconos permanentes e seus familiares. A Comunidade São José, da Paróquia Santa Cruz de Itaberaba, no Setor Pastoral Freguesia do Ó, realizou no dia 10 uma confraternização com crianças, seus familiares e as líderes da Pastoral da Criança. Esse projeto acompanha aproximadamente 86 crianças.
Kátia Maderic
EDITAL DE CONVOCAÇÃO A FUNDAÇÃO METROPOLITANA PAULISTA convoca seus membros diretores para a assembleia ordinária a realizar-se no dia 06 de janeiro de 2017, às 14h, em sua sede à Avenida Higienópolis, 890, sala 16, São Paulo, SP, em primeira chamada com todos os diretores presentes, e, às 14h30, em segunda chamada, com os que estiverem presentes. A assembleia terá como pauta: 1 - assuntos ordinários da “Rádio 9 de Julho”; 2 – assuntos ordinários do Jornal “O SÃO PAULO”; 3 – outros assuntos. São Paulo, 20 de dezembro de 2016. O Presidente
No dia 10, reuniram-se na sede social do Campo do Carolina Futebol Clube os membros da Pastoral da Criança das comunidades Nossa Senhora das Graças e Nossa Senhora das Dores e do Encontro de Casais com Cristo, para uma celebração que contou ainda com pais e as cerca de 180 crianças atendidas pela Pastoral. O propósito da atividade foi despertar nas crianças o verdadeiro sentido do Natal.
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Padre Manoel Quinta, Padre Geraldo Lacerdine, Renato Bevilacqua, Diego Monteiro e Núbia Paes Colaboração especial para a Região
Pelas ruas, Missão Thalita Kum anuncia a misericórdia de Deus A Missão Thalita Kum, promovida pela comunidade Aliança de Misericórdia, foi marcada por dias de evangelização pelas ruas do centro da cidade e anúncio da chegada do Menino Jesus. No domingo, 18, foi realizada uma tarde de atividades na Praça da Sé, voltadas à população em situação de rua, tais como corte de cabelo, manicure, oferecimento de espaço para tomar banho no prédio da Missão Belém e distribuição de roupas. No final da tarde, Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, presidiu missa, após a qual foi oferecida uma Ceia de Natal a todos, com mais de 2 mil refeições. Além da Aliança de Misericórdia,
articularam as atividades o Vicariato do Povo de Rua, a Pastoral de Rua da Igreja São Judas, Missão Mensagem de Paz, Comunidade Toca de Assis, Fraternidade O Caminho, Missão Belém e Ação Voluntária de São Paulo. Aproximadamente 400 missionários participaram dessa ação de solidariedade. “É um presente de Deus poder retomar este sonho como Igreja e servir esta ceia com todo carinho para os irmãos. E o desejo é que a cada ano tenhamos mais grupos envolvidos, espero que ano que vem possamos fazer algo melhor. E perpetuar este sonho”, afirmou o Irmão Romero [que não informou seu sobrenome], integra a Toca de Assis há 14 anos.
Sé
Wilian Oliveira
Ceia de Natal é oferecida à população em situação de rua na Praça da Sé, no domingo, dia 18
Paróquia Santa Generosa recorda 70 anos de padre do Cônego José Paine No dia 8, na Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, na Paróquia Santa Generosa, no Setor Pastoral Paraíso, celebrou-se os 70 anos de ordenação sacerdotal do Cônego José Paine, com missa solene, concelebrada por dez
sacerdotes amigos do Padre homenageado. A igreja-matriz esteve completamente lotada de paroquianos e de amigos do Sacerdote, que desde 1955 é pároco da Paróquia Santa Generosa. Aos 95 anos, Coral e Orquestra Bevilacqua
Coral e Orquestra Bevilacqua realiza concerto beneficente de Natal na Paróquia Santa Teresinha Padre Geraldo Lacerdine
Começou no sábado, 17, e segue até o dia 25, às 12h, na Paróquia São Luís Gonzaga (avenida Paulista, 2.378), o Natal Iluminado 2016, que acontece na matriz-paroquial desde 2014. O espetáculo de projeções natalinas conta a história da criação do universo até o nascimento de Jesus Cristo. Os padres jesuítas Geraldo Lacerdine e André Luís Araújo produziram o roteiro do espetáculo. Padre Geraldo também é o contador de histórias nas apresentações.
Cônego José Paine está internado no Hospital Beneficência Portuguesa para tratamento de saúde, razão pela qual não participou da missa, mas teve seu nome saudado e foi aplaudido. O Padre Francisco Faus, na homi-
lia, ressaltou o “sim” dado pelo Cônego José a Deus, enfrentando momentos de alegria e de tristeza, sempre tendo como palavra fundamental a fidelidade, que significou viver toda a sua vida no amor de Cristo.
30 mil itens são arrecadados em concerto beneficiente Aconteceu no dia 12, na Paróquia Santa Teresinha, no Setor Pastoral Santa Cecília, o Concerto Beneficente de Natal da Região Episcopal Sé. Mais de 400 pessoas assistiram à apresentação executada pelo Coral e Orquestra Bevilacqua, entre as quais Dom Joércio Gonçalves, bispo emérito da Diocese de Coari (AM), e diversos padres da Arquidiocese. A Paróquia, que tem como pároco o Frei Fabiano Alcides, OCD, recebeu o evento pelo terceiro ano consecutivo.
Sob a regência do Maestro Renato Bevilacqua e apoio da Região Sé, o concerto teve o intuito de arrecadar doações para diversas instituições, e neste ano foi realizado com o apoio das empresas Luigi Bertolli, Nivea e Unilever. Foram arrecadados mais de 30 mil itens, distribuídos, posteriormente, a entidades como o Amparo Maternal, Missão Paz, Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Centro Comunitário da Criança e do Adolescente e obras assistenciais de diversas paróquias. Diego Monteiro
Os fiéis da Paróquia Santa Francisca Xavier Cabrini, no Setor Pastoral Santa Cecília, celebraram em 27 de novembro a festa da padroeira, com uma procissão pelas ruas do bairro Campos Elíseos, realização de uma festa típica italiana e missa presidida pelo Padre Carlos Eduardo Campos dos Santos e concelebrada pelo Padre Pedro Divino Vilas Boas, CMF. A memória litúrgica de Santa Francisca Xavier Cabrini é em 22 de dezembro.
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Santana Com Dom Sergio, clero realiza confraternização
Diácono Francisco Gonçalves
Colaborador de comunicação da Região Marcelo Schmidt
Diácono Francisco Gonçalves
Na manhã do dia 4, Dom Sergio de Deus Borges presidiu missa na Paróquia São Luiz Gonzaga, no Setor Casa Verde, concelebrada pelo Padre Maurício Luchini, pároco, e pelo Padre Paulo Homero Gozzi, pároco da Paróquia Rainha Santa Isabel. Na ocasião, foram crismados 19 jovens da paróquia local e 18 crismandos da Rainha Santa Isabel.
Comunidade Anjos da Vida
No domingo, 18, a Comunidade Católica Anjos da Vida realizou um kairós no Colégio Madre Mazzarello, em Santana, com a participação de cem casais, além do professor Dr. Joel Gracioso, da Faculdade São Bento, e dos fundadores da Comunidade, Regy e Vanuza Velasco. O Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu a missa de encerramento. Paróquia Nossa Senhora Aparecida do Jardim São Paulo
Padres e diáconos atuantes na Região Episcopal Santana juntos com Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, se reuniram no Centro de Reabilitação Sagrado Coração de Jesus, no dia 6,
para realizar sua confraternização de final de ano (foto). Todos participaram inicialmente de um momento de oração e, em seguida, aconteceu um churrasco de confraternização.
Festejos de fim de ano dos diáconos permanentes Os diáconos permanentes atuantes na Região Episcopal Santana, juntamente com suas esposas, realizaram confraternização anual, no
dia 9, na Cúria regional, com a participação de Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região.
Nos dias 3 e 4, aconteceu na Cúria de Santana, o 1º Encontro de Jovens com Cristo (EJC) da Paróquia Nossa Senhora Aparecida do Jardim São Paulo, com a participação de 80 jovens, alguns destes da Paróquia Nossa Senhora da Salette. O encontro teve apoio dos EJC da Paróquia Jesus no Horto das Oliveiras e do Setor Medeiros.
Diácono Francisco Gonçalves
Pascom Santa Rita
Padre Geraldo Alves Pereira, responsável pela Comunidade Santa Luzia, pertencente à Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres, no Setor Pastoral Tucuruvi, recebeu Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Santana, no dia 13, para missa em que foram comemorados os 85 anos de fundação da Comunidade.
Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Santana, ministrou o sacramento da Crisma a 58 jovens e adultos durante missa na Paróquia Santa Rita de Cássia, no Setor Pastoral Vila Maria, no dia 11, concelebrada pelo pároco, Frei Maciel Bueno, OSA.
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Peterson Prates
Colaborador de comunicação da Região
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Belém
No BomPar, há 70 anos a missão é acolher a vida “Eis o testemunho eloquente segundo as pegadas de Nossa Senhora, que viveu unicamente para servir. Servir seu filho na pessoa dos irmãos e das irmãs, especialmente daqueles mais pobres, mais abandonados, idosos, pessoas em situação de rua”, expressou Dom Pedro Luiz Stringhini, bispo de Mogi das Cruzes (SP), durante a missa que presidiu, no dia 8, na Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto, no Setor Pastoral Tatuapé, por ocasião dos 70 anos do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto. Entre os concelebrantes da missa estiveram os padres Tarcísio Mesquita, pároco, e Marcelo Maróstica, coordenador de pastoral da Região Belém. O BomPar, como é mais conhecido, é uma entidade filantrópica que atua para recuperar a dignidade de crianças, adolescentes e famílias em situação de vulnerabilidade social, na zona Leste de São Paulo. Criado em 1946 por um grupo de senhoras que frequentavam a Paróquia, nasceu com o objetivo de desenvolver ações de formação e capacitação profissional às mulheres pobres.
Dom Luciano mendes: um divisor de águas
As atuações das comunidades eclesiais de base, da Pastoral do Menor e da Pastoral da Criança, o estímulo de Dom Luciano Mendes de Almeida, que foi bispo auxiliar na Região Belém entre 1976 e 1988, o empenho das religiosas na peri-
Wallace Moraes/CPP Santa Úrsula/Pascom Nossa Senhora da Esperança
Fiéis na missa em ação de graças pelos 70 anos do BomPar, na Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto, presidida por Dom Pedro Luiz Stringhini
feria e a colaboração de muitas mulheres fizeram com que o BomPar se transformasse nos anos 1980. “A comunidade eclesial de base foi o chão de todo esse movimento, no sentido de olhar profundamente essa realidade e também sentir, como no êxodo, um Deus que escuta os clamores do seu povo, que sente as aflições do seu povo e desce e vem libertá-lo”, declarou Marilda dos Santos Lima, supervisora pedagógica do BomPar, que há 32 anos trabalha na entidade. Ela foi uma das participantes da missa, assim como a Irmã Judith Culpo, que preside o BomPar há 20 anos. Com Dom Luciano, a luta por políticas públicas que assegurassem o direito
e a dignidade da criança e do adolescente ganhou força dentro da entidade. “A partir da Palavra de Deus, a gente teve coragem de buscar mais do que um acolhimento, mas construir uma sociedade onde essa criança e adolescente pudesse ter seu direito estabelecido”, recordou Marilda. Dom Luciano conseguiu junto ao poder público os primeiros convênios para que a entidade expandisse seu trabalho, e o BomPar também teve expressiva colaboração para que na Constituição de 1988 houvesse um artigo, o 227, de atenção às crianças e aos adolescentes, e para o surgimento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em 1990.
Ampliação
Com o passar dos anos, o BomPar ampliou ações e passou a assistir também a idosos, famílias, adultos em situação de rua e jovens à procura de profissionalização. Hoje, o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto conta com aproximadamente 1.300 funcionários, em regime de CLT, que atuam nas quase 60 unidades, atendendo cerca de 15 mil pessoas, sendo 8 mil crianças diariamente. Este ano, o BomPar foi condecorado com a medalha São Paulo Apóstolo, oferecida pela Arquidiocese de São Paulo, na categoria serviço social. (Leia a reportagem completa em http://www.arquisp.org.br/regiaobelem)
Ipiranga
Angela Alonso
Colaboração especial para a Região
Imagem da Padroeira do Brasil peregrina na festa da Imaculada Conceição “Com a Imaculada, repletos do Espírito Santo, cantamos a Misericórdia do Senhor em nossos 50 anos de História!”. Inspirados por esse tema, os fiéis da Paróquia Imaculada Conceição, no Setor Pastoral Ipiranga, participaram da festa da padroeira, iniciada em 29 de novembro, com uma novena, e concluída no dia 8, na Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, com missa presidida pelo Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, concelebrada pelo Padre Boris Augustin Nef Ulloa, pároco. A novena contou com a participação de toda a comunidade, bem como a presença de vários sacerdotes, convidados a meditar sobre o tema nas missas de cada dia. Já em preparação para o jubileu de ouro paroquial, que acontecerá em 2017, a comunidade de fiéis acolheu a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida, que chegou no dia 4 à igreja-matriz. A imagem foi levada a diversos locais, como o Hospital Dom Antonio Alvarenga, seminário arquidiocesano, Instituto
Paróquia Imaculada Conceição
Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, preside missa na Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, no dia 8
de Cegos Padre Chico, Casa São Paulo, Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga (Funsai), unidades do Centro de Apoio à Juventude (CAJ), Viva Vida, Abrigo das Crianças, Quixote, Creche Anjo da Guarda, Educandário e Capela Sagrada Família e Santa Paulina, Centro de Apoio à Criança com Câncer Marta Kuboiama, Colégio Maria Imaculada, campus Ipiranga da PUC-SP, Tribunal
Eclesiástico e Lar dos Idosos, além de unidades comerciais do entorno paroquial, incluindo a feira livre da rua Xavier de Almeida. No dia 11, a comunidade se despediu da imagem peregrina acompanhando-a com uma carreata pelas ruas do bairro do Ipiranga até a Paróquia Nossa Senhora de Sião, no Setor Pastoral Ipiranga.
Entre tantos testemunhos dessa peregrinação, chamou a atenção a manifestação de fé de uma das crianças, deficiente visual, que estuda no Instituto de Cegos Padre Chico. “Ela é tão linda e, como eu não tenho mais a minha mãe aqui, as irmãs me disseram que agora ela é a minha mãe... posso, então, lhe dar um abraço?”, exclamou a criança ao tocar na imagem.
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Dom Odilo Pedro Scherer: ‘O presépio é um sinal do Natal Cristão’ Luciney Martins/O SÃO PAULO
disse o cardeal em Missa na Catedral da Sé, quando também foi comemorado seus 40 anos de sacerdócio Fernando Geronazzo e Renata Moraes
osaopaulo@uol.com.br
Na missa do terceiro domingo do Advento, no dia 11, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, concedeu a tradicional bênção das manjedouras e imagens do Menino Jesus para serem colocadas nos presépios das famílias na celebração do Natal. Na ocasião, Dom Odilo recebeu homenagens pelo 40º aniversário de sua ordenação sacerdotal, comemorado no dia 7. O Cardeal, na homilia, recordou que o terceiro domingo do Advento convida à alegria, por isso, é conhecido como ‘Domingo Gaudete’, que em latim significa “Alegrai-vos”. “A liturgia toda é um convite à exultação da alegria: ‘Alegrai-vos, porque o Senhor está perto’. O Senhor não abandona seu povo. Ele restaura os que estão fragilizados”, disse. Antes da bênção final, Dom Odilo convidou os fiéis a se aproximarem com
Dom Odilo Scherer abençoa imagens do Menino Jesus para serem colocadas nos presépios, em missa do terceiro domingo do Advento, dia 11
as manjedouras e as imagens do Menino Jesus para serem abençoadas. “Certamente todos já têm ou estão preparando um presépio em casa, e nós aconselhamos que as famílias o façam. O presépio é um sinal do Natal cristão. Se descuidamos disso, outras cenas vão tomando conta”, exortou. O Arcebispo também destacou os sinais de esperança e testemunho que os cristãos devem dar, sobretudo no período do Advento. “Somos chamados a dinamizar as práticas da nossa fé, da solidariedade e a prática da caridade e das
obras de misericórdia. O tempo do Advento é um tempo de solidariedade.”
40 anos do primeiro ‘sim’
No final da missa, Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e a Universidade, dirigiu uma mensagem a Dom Odilo pelo aniversário de sacerdócio: “Em nome de nossa Arquidiocese, dos bispos auxiliares, do clero e de todo o povo, queremos agradecer a Deus o seu ‘sim’, destes 40 anos do seu primeiro ‘sim’, esse ‘sim’ que o senhor
continuou manifestando durante todos estes anos. Que esse seu ‘sim’ seja exemplo para os nossos jovens, para que não tenham medo de dizer ‘sim’ a Deus”. O Cardeal agradeceu as homenagens e pediu que continuem a rezar a Deus para que lhe sustente e lhe dê forças para levar adiante a missão. “O que eu queria pedir mesmo é sempre a oração e o apoio para os nossos sacerdotes, os diáconos, seminaristas, às vocações sacerdotais e religiosas em nossa Arquidiocese. A Igreja precisa se renovar também naqueles que servem a Igreja”, concluiu.
Celebração ecumênica do Advento: ‘Aguardar juntos o Senhor que vem’ Luciney Martins/O SÃO PAULO
Fernando Geronazzo
osaopaulo@uol.com.br
Representantes de igrejas cristãs participaram da tradicional celebração ecumênica em preparação ao Natal, promovida pelo Movimento Fraternidade de Igrejas Cristãs (Mofic), no dia 9, na Catedral Ortodoxa Antioquina, no bairro do Paraíso. A atividade reuniu líderes das Igrejas Apostólica Armênia, Católica Apostólica Romana, Episcopal Anglicana, Evangélica de Confissão Luterana, Ortodoxa Antioquina, Ortodoxa Grega e Presbiteriana Unida. Entre os participantes estava o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, que destacou ser muito adequado que a preparação para o Natal seja celebrada como comunidade ecumênica. “É assim que Nosso Senhor espera de nós e aqui estamos para responder: Queremos estar unidos? Devemos caminhar e aguardar juntos o Senhor que vem”, disse. Ao acolher a todos, Dom Damaskinos Mansour, arcebispo da Igreja Ortodoxa Antioquina, afirmou que sempre se recorda de duas passagens bíblicas quando os cristãos de diferentes Igrejas se reúnem para elevarem orações a Deus: “Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos” e “Onde dois ou mais es-
O Cardeal Scherer recordou, ainda, o recente relatório sobre a liberdade religiosa no mundo, publicado pela Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, divulgado em primeira mão pelo O SÃO PAULO em 16 de novembro. O documento mostrou que a perseguição religiosa tem se ampliado não apenas no Oriente Médio, mas também no Ocidente. “Perseguições mesmo que veladas, em que, de muitas maneiras, a expressão religiosa é colocada de alguma forma como expressão de valor menor do convívio social e cultural.”
Gratidão Cardeal Odilo Scherer discursa em celebração ecumênica de preparação para o Natal, dia 9
tiverem reunidos em meu nome, estarei presente”.
Cristãos perseguidos
O Ortodoxo também recordou que, “nesses dias, a força do mal está se espalhando por todo o mundo”. Ainda segundo ele, “nossos irmãos e irmãs, no mundo inteiro, especialmente na Síria, em todo o Oriente Médio, estão sendo perseguidos, mortos, forçados a fugir com suas famílias por causa de sua fé. Mas, apesar de tudo, nós não podemos nos es-
quecer de que somos filhos de esperança e de amor, e com Deus tudo é possível”. Dom Odilo também se lembrou dos cristãos perseguidos, torturados e martirizados pela fé e por causa do testemunho de Jesus Cristo. “Nossa oração e nossa solidariedade para com todos eles”, afirmou, destacando que os cristãos são hoje o grupo religioso mais perseguido do mundo. “Queremos manifestar nossa firme convicção de que a violência contra a fé não honra a Deus, não é digna da religião”, enfatizou.
Para Dom Odilo, a celebração ecumênica foi oportunidade de agradecer a Deus os passos de diálogo dados ao longo do ano em São Paulo e no mundo, tais como o início das comemorações, na Suécia, dos 500 anos da Reforma Luterana, atividade que teve a presença do Papa Francisco em 31 de outubro. “Queremos recordar a nossa fé comum e testemunhá-la com toda a alegria e coragem como patrimônio comum que herdamos dos apóstolos, dos padres da Igreja, daqueles que antes de nós a difundiram muitas vezes a custo de muito sofrimento, perseguição e sangue. Somos discípulos daqueles que vêm trazer a paz à terra”, completou o Cardeal.
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Arcebispo metropolitano ordena 20 diáconos na Catedral da Sé Luciney Martins/O SÃO PAULO
Nayá Fernandes
DIÁCONOS
nayafernandes@gmail.com
“Brilhem em sua conduta os vossos mandamentos, para que o exemplo de sua castidade desperte a imitação do vosso povo e, guiando-se por uma consciência reta, permaneçam firmes e estáveis no Cristo. Assim, imitando na terra o vosso Filho, que não veio para ser servido, mas para servir, possam reinar com ele no céu.” O trecho faz parte do momento de “Imposição das Mãos e Prece de Ordenação” que foi proferida durante a missa de ordenação diaconal presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, no dia 10, na Catedral da Sé. Foram ordenados oito diáconos permanentes e 12 transitórios, sendo quadro deles membros da Comunidade Aliança de Misericórdia (leia mais ao lado).
Rito de ordenação
A ordenação diaconal concede aos candidatos o sacramento da Ordem no primeiro grau e o rito, dentro da celebração eucarística, acontece em diferentes momentos. Inicialmente, há a eleição dos candidatos. Após a proclamação do Evangelho, há o pronunciamento do nome de cada um deles e o reitor responsável pela formação pede à Igreja a ordenação, e o presidente da celebração, no caso o Cardeal Scherer, inicia um diálogo com ele. Após a resposta da comunidade com o “Graças a Deus”, a celebração continua com a homilia. No Propósito dos Eleitos, após a homilia, acontece o diálogo entre o presidente da celebração e os candidatos ao diaconato, que respondem com um sonoro e sincero “quero” às perguntas do Cardeal sobre suas disposições ao assumir o ministério ordenado. Segue-se, então, a Ladainha de Todos os Santos e a Oração em que toda a assembleia roga a Deus para que Ele ajude os candidatos a serem fiéis em seus propósitos, e a to-
Permanentes
Antonio Geraldo de Sousa Evangelista João de Souza Francisco Nunes Pereira Haroldo Simões de Macedo Márcio Cesena Maurício Luz de Lima Paulo José Oliveira Ricardo Donizeti dos Santos
Transitórios
Cardeal Odilo Pedro Scherer conduz rito de ordenação diaconal na Catedral da Sé, no dia 10
dos os santos, para que intercedam por eles. No momento seguinte do rito, há a Imposição das Mãos e a Prece de Ordenação, na qual o Cardeal impõe as mãos sobre os candidatos e pede a Deus a assistência e descreve como, na história da Igreja, nasceu a vocação para o ministério ordenado. Além disso, nessa prece ele pede que sobre os candidatos resplandeça as virtudes e que vossa conduta seja irrepreensível. A seguir, com a Imposição das vestes diaconais e a entrega do Livro dos Evangelhos, a comunidade vê nos símbolos externos a missão daqueles que são chamados na Igreja para exercer o ministério da Palavra e do serviço aos irmãos. “Recebe o Evangelho de Cristo, do qual foste constituído mensageiro; transforma em fé viva o que lês, ensina aquilo que crês e procura realizar o que ensinas”, são as palavras ditas pelo Arcebispo de São Paulo neste momento aos recém-ordenados, após o qual a missa prosseguiu com a profissão de fé e a liturgia eucarística.
Embaixadores do Evangelho
Na homilia, Dom Odilo falou da alegria de “a comunidade estar apoiando os
dons de Deus, as vocações, seja ao diaconato permanente, seja as vocações ao sacerdócio ministerial, pois os seminaristas recebem o diaconato em vista do sacerdócio”. Ele lembrou, ainda, que as vocações são amadurecidas graças às comunidades, às famílias e tantos que colaboraram na formação dos candidatos. Aos que, logo seriam ordenados diáconos, o Cardeal falou que é importante que eles sejam anunciadores da alegria, sejam aqueles que estão a serviço da caridade, “que levada a sério e bem praticada, é sinal de que o Reino de Deus chegou”. O Cardeal pediu ainda à comunidade que continue rezando por todos os ministros ordenados da Igreja.
Uma grande família
“Meus pais sempre foram muito religiosos. Fui criada basicamente dentro da Igreja e sempre entendi e respeitei bastante o trabalho espiritual e social que eles exercem. Acredito que a vocação do meu pai sempre esteve ali guardada, esperando a oportunidade certa para se tornar clara e, ao longo de toda sua preparação, foi ficando mais fácil entender a responsabilidade
Antônio de Pádua Santos Christopher Costa Velasco Eduardo Augusto de Andrade Ernandes Alves da Silva Júnior Jeferson Aparecido dos Santos Barbosa José Edson Santana Barreto José Ferreira Filho Luciano Carneiro Louzan Maycon Wesley da Silva Pierre Rodrigues da Costa Rodrigo Felipe da Silva Rodrigo Moraes Pereira
que ele tem agora perante a Igreja. Vê-lo cursar cinco anos de Teologia na PUC-SP foi extremamente importante, a meu ver, para ele se localizar e se atualizar. Ele viu o mundo um pouco como eu, que também sou estudante. Isso nos aproximou muito. Vi meu pai crescer intelectualmente e espiritualmente a cada semestre. Orgulho-me de ele ter aproveitado essa oportunidade de se autoconhecer, perceber que o estudo, tanto acadêmico quanto espiritual, é de extrema importância e enriquece o homem. Foi isso que ele me ensinou, desde pequena, e vê-lo colocando isso em prática, mesmo depois de mais velho, fez com que minha educação e meus princípios fizessem ainda mais sentido. Meu pai vai conseguir ajudar a comunidade por meio da fé católica mais diretamente agora. Não existe orgulho maior!”, falou ao O SÃO PAULO Bárbara Catta, 21, única filha de Margareth Marciana Catta Preta Lima e Maurício Luz de Lima, que recebeu o diaconato permanente no sábado.
Jovens à espera do Natal junto ao Santíssimo Sacramento Júlia Cabral
Especial para O SÃO PAULO
No dia 9, centenas de universitários se reuniram na Paróquia-santuário Nossa Senhora do Rosário de Fatima, no Sumaré, para a 3ª Vigília Universitária de Natal, promovida pelo Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade. “Vamos aproveitar este momento da missa e depois a vigília para conversar com Deus sobre isto. Dizer: ‘Jesus, eu também quero vida eterna. Eu também não me conformo com as coisas imediatas, elas não me realizam. O dinheiro, meus títulos, as minhas conquistas, tudo isso são coisas boas, mas ainda falta algo. Eu quero preencher isso que falta no meu coração. Quero saber o que o Senhor pede para mim, o que o Senhor espera de mim’”, disse Dom Carlos Lema Garcia, vigário episcopal para a Educação e a Universidade. Após a missa, durante a bênção do Santíssimo, o Bispo
recomendou que no Advento todos tomem Maria como exemplo e digam ‘sim’ à vontade de Deus, sem temer. A vigília, iniciada à noite, durou até às 5h do dia 10, com grupos conduzindo orações e padres disponíveis para confissão, e foi finalizada com uma bênção e uma confraternização. Kelly Macedo, da Comunidade Famílias Novas, participou pela primeira vez da atividade. “A vigília é um local onde nos encontramos pessoalmente com Ele. É como um encontro que esperamos muito tempo. Porque, sim, Ele está sempre conosco, mas nós temos a honra de tê-lo em carne, sangue e espírito. Então, temos que honrar isso”, afirmou ao O SÃO PAULO, destacando a participação dos jovens na atividade. José Henrique Monteiro, participante da Prelazia da Santa Cruz e Opus Dei, afirmou que na vigília teve muitas coisas a agradecer e pôde renovar o estado de espírito. “Todo mundo tem problemas e isso vai nos deixando tensos. E você chega aqui, com Jesus totalmente exposto, co-
Movimento Universidades Renovadas
Dom Carlos preside missa de abertura da Vigília de Natal
meça a rezar e vai para os problemas. Aí quer discutir. Mas olha para o ostensório com a hóstia, para Nossa Senhora olhando para você e é tocado. E é aí que você se sente renovado, ganha uma nova esperança”, afirmou.
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entre nós, o menino jesus Na noite de 24 de dezembro e no dia de Natal, 25, haverá missas em todas as paróquias da Arquidiocese. Apresentamos a seguir as celebrações de Natal que serão presididas pelo Cardeal Scherer, o Cardeal Hummes e os bispos auxiliares da Arquidiocese de São Paulo.
Cardeal Odilo Pedro Scherer
24/12 – Meia-noite – Missa da Vigília de Natal - Catedral da Sé. Precedida de um concerto com o coral “A Tempo”, às 23h 25/12 – 11h - Missa de Natal - Catedral da Sé
Luciney Martins/O SÃO PAULO
A equipe do jornal O SÃO PAULO deseja aos nossos colaboradores, patrocinadores, assinantes e leitores, um feliz e abençoado Natal!
Cardeal Cláudio Hummes
24/12 – 18h - Missa da Vigília de Natal - Paróquia Nossa Senhora do Brasil, Praça Nossa Senhora do Brasil, s/nº 25/12 – 9h - Missa de Natal - Catedral da Sé
Dom Carlos Lema Garcia 25/12 – 18h30 - Paróquia Nossa Senhora do Brasil (Praça Nossa Senhora do Brasil, s/nº, Jardim América)
Dom Devair Araújo da Fonseca 24/12 – 20h – Paróquia São Luís Gonzaga (Praça Dom Pedro Fulco Morvidi, 1, Vila Pereira Barreto)
Dom Eduardo Vieira dos Santos
24/12 – 20h - Paróquia Divino Salvador (rua Casa do Ator, 450, Vila Olímpia) 25/12 – 11h - Sítio Santa Marta, da Missão Belém, em Jundiaí (SP)
Dom José Roberto
24/12 – 19h - Paróquia São João Batista (rua Doutor Mário Vicente, 1.108, Ipiranga)
Dom Julio Endi Akamine
24/12 – 20h – Paróquia São Mateus (avenida Professor José Maria Alkimin, 254, Jardim Esmeralda) 25/12 – 19h - Comunidade São José da Paróquia São João Batista (rua Rubens de Souza Araújo, 495, Vila Mangalot) 31/12 – 19h - Paróquia Sagrado Coração (rua Francisco Ferrari, 130, Parque Continental) 01/01 – 8h - Paróquia Santo Tomás More (Rua Juveve, 52, Vila Dalva)
Dom Luiz Carlos Dias
24/12 – Meia-noite - Paróquia Menino Deus (avenida dos Pequis, 305, Vila Formosa)
Dom Sergio de Deus Borges
24/12 – 20h - Paróquia Nossa Senhora da Penha (rua Índio Peri, 67, Jardim Peri) 25/12 – 10h - Hospital Geriátrico e de Convalescentes Dom Pedro II (avenida Guapira, 2.674, Tucuruvi)
Jesus: Gabriel de Souza Maria: Mikaelly de Souza Cavalcante José: Venício da Silva Araújo atendidos pelo Derdic e Amparo Maternal