O SÃO PAULO - 3135

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 62 | Edição 3135 | 25 a 31 de janeiro de 2017

R$ 1,50

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Conversão missionária é foco da ação da Igreja na cidade O 12º Plano Arquidiocesano de Pastoral, que será lançado em 21 de fevereiro, chama a atenção da Igreja em São Paulo para as urgências da evangelização na cidade. Um dos novos destaques das diretrizes pastorais é voltado para as famílias. “É urgente cuidar bem de tudo o que diz respeito à família, em benefício da comunidade humana, da própria pessoa e da mesma Igreja”, afirma o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, na apresentação do documento. Páginas 11 a 14

Encontro com o Pastor ‘Que não haja divisões entre vós!’, lição de São Paulo Apóstolo a ser lembrada

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Página 3

Editorial Uma Igreja missionária e em saída na cidade de São Paulo Página 2

Espiritualidade Dom Eduardo: Por um mundo sem violência e sem ódio Página 5

Com a Palavra Igreja – família de famílias é a nova urgência da Arquidiocese de São Paulo no 12º Plano de Pastoral

Dom Orlando toma posse como arcebispo de Aparecida Página 10

Ato inter-religioso rememora a atuação do Cardeal Arns

José Mario Brasiliense Luciney Martins/O SÃO PAULO

Página 24

cláudio Pastro nas igrejas de são paulo

Série do O SÃO PAULO destaca obras de Cláudio Pastro

Fotomontagem a partir de fotos da Associação Cláudio Pastro e de Luciney Martins/O SÃO PAULO - out.2009

Fundador da Oficina Municipal, uma escola de cidadania e gestão pública, José Mario Brasiliense Carneiro comenta como os cristãos podem contribuir com a melhoria da qualidade de vida na cidade de São Paulo, a partir do engajamento político e social, baseado em uma profunda vida sacramental e mística. Página 15

Marco da fundação de São Paulo, obra no Pateo do Collegio, realizada em 2009, é um projeto do artista sacro morto em 2016/ Páginas 16 e 17

Pesquisa aponta itens de maior satisfação dos paulistanos Página 23


2 | Ponto de Vista |

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Editorial

Missionária e em saída

A

cidade de São Paulo possui a fé cristã católica em seu DNA. Nasceu do impulso missionário dos jesuítas que, comandados pelo Padre Manoel da Nóbrega, fundaram uma missão onde hoje está o Patteo do Collegio; tem o grande apóstolo Paulo como seu padroeiro; foi o ambiente onde viveram e atuaram santos e santas, como São José de Anchieta, Santo Antônio de Sant´Anna Galvão, Santa Madre Paulina, além de beatos, como o Padre Mariano de La Mata e Madre Assunta Marchetti. O magnífico templo da Catedral da Sé, localizado no marco zero desta metrópole com mais de 12 milhões de habitantes, com suas altas torres que convidam os transeuntes a buscarem o céu e escadarias bem cravadas no solo que chamam a própria Igreja a se encarnar na história dos homens, foi testemunha de inúmeras manifestações em prol dos

direitos humanos, da defesa da vida, da liberdade e da democracia. A Catedral da Sé representa uma síntese do que a Igreja Católica é: divina e humana; uma ponte que eleva a humanidade até Deus, ao mesmo tempo em que é sinal da presença de Deus na Terra. Uma Igreja que participa da vida, das alegrias, das conquistas, e atua de modo a construir o Reino de Deus na Terra. A cidade de São Paulo abriga mais de mil templos católicos, entre igrejas e capelas. Algumas de grande valor histórico, como a Igreja de São José de Anchieta, Igreja da Consolação, Igreja da Boa Morte, Igreja do Carmo, Igreja de São Francisco, Igreja Bom Jesus do Brás, Santuário de Nossa Senhora da Penha, Catedral de Santo Amaro. Outras destacam-se por sua beleza artística, como a Basílica do Mosteiro de São Bento, ou a Igreja do Sagrado Coração de Jesus; outras ainda por sua simplicidade e até po-

breza, como tantas que estão localizadas nos bairros mais distantes da cidade. Por meio delas, a Igreja Católica se faz presente junto a todos: pobres e ricos, empregados e patrões, trabalhadores braçais e profissionais liberais, convidando e motivando aqueles que estão em melhor situação a promoverem e protegerem os mais fracos e necessitados, e a todos, indistintamente, à amizade com Deus e à santidade de vida. Não existe verdadeiro amor a Deus que não nos projete para o amor ao próximo, especialmente com os mais necessitados. Além de suas paróquias e comunidades, a Igreja Católica sempre se fez presente na cidade de São Paulo por meio de incontáveis iniciativas apostólicas, educacionais, de assistência social e promoção humana. Está presente com seus movimentos e novas comunidades, com suas creches gratuitas, com suas escolas, hospitais, universidades, pastorais. Onde

estão os homens e mulheres, também a Igreja de Cristo quer estar, porque ela existe para evangelizar e catequizar; para promover a família; para defender a vida; para servir, para curar, para cuidar e suavizar dores, para consolar, para promover a justiça e a solidariedade. Não significa, contudo, que a Igreja é perfeita, porquanto dela fazem parte a humanidade com suas fraquezas, pecados e falhas. Por isso, é uma Igreja que se alimenta e se renova na misericórdia de Deus, que é infinita. Uma Igreja que não pode enem deve se acomodar. Que, com a assistência do Espírito Santo, deve sempre procurar novas formas de atuação, inovar suas instituições, melhorar seus processos comunicativos, estar permanentemente em missão. Uma Igreja fiel a Jesus Cristo e seus ensinamentos. Uma Igreja que acolhe ao mesmo tempo em que sai em busca da ovelha perdida. Uma Igreja missionária e em saída.

Opinião

Cristianismo e diálogo numa sociedade ressentida Arte: Sergio Ricciuto Conte

Francisco Borba Ribeiro Neto Recebo numa rede social o post com o caso (real ou fictício) da mãe que conforta outra mãe, cujo filho presidiário está sendo removido para longe por causa das lutas entre facções. No final, a mãe que consola diz à outra que entende sua dor, porque seu filho também está longe: foi assassinado pelo filho da outra. O post conclui com uma declaração indignada sobre o reconhecimento “excessivo” dos direitos dos criminosos. Nos comentários, aprovações e condenações entusiásticas refletem a polarização que há alguns anos vem crescendo na sociedade brasileira e no resto do mundo. Essa polarização não nasce apenas das diferenças de opinião. Reflete o ressentimento e a raiva das pessoas quando não veem sua dignidade e seus esforços reconhecidos. Não só no Brasil. As visões dos eleitores de Trump sobre a situação norte-americana e de boa parte dos europeus sobre a União Europeia têm raízes semelhantes. Na sociedade da informação, com o aprimoramento das instituições, as mazelas e os limites dos políticos se tornaram muito mais evidentes, levando ao desencanto e à indignação com seu aparente descaso pelo bem comum. A crise econômica penaliza os trabalhadores, ameaçando-os com o desemprego, os

cortes de salários, as falências, o comprometimento das aposentadorias. O Estado não consegue criar (ou manter) políticas públicas de qualidade, o caos social parece crescer, levando insegurança ao cidadão. O ressentimento não nasce apenas de um contexto socioeconômico e político. A sociedade multicultural, enfatizando as diferenças e a autonomia, avança na tolerância, mas ainda permite o ressentimento. Nas escolas, por exemplo, o bullying continua magoando o jovem que decidiu assumirse homossexual, mas também afeta aquele que decidiu viver na castidade.

Sem saber como superar todas essas situações, o cidadão comum se torna presa do ressentimento, que obscurece a razão e torna as soluções ainda mais difíceis. Quem faz o discurso mais raivoso e ataca mais ao outro parece mais inteligente e corajoso, vendendo ilusões belicosas que não constroem uma sociedade melhor. É um terreno fértil para o crescimento do autoritarismo e para a descrença na democracia. Os embates para saber quem está certo e quem está errado pouco ajudam neste momento. Precisamos do diálogo que permite entender as razões e motivações do outro, para

construirmos juntos o bem comum. A democracia ainda é o melhor (ou menos pior) caminho. Mas, ela só amadurece no diálogo e no encontro. As duas mães do tal post tinham razão em sua dor, mas ressentimento e raiva só farão com que mais mães e mais filhos vivam essas tragédias. Seu sofrimento não pode ser minimizado ou menosprezado, mas são a união e o apoio mútuo que permitem a justiça e a consolação da sua dor. O ressentimento é mau conselheiro. Discursos não conseguem superá-lo. Como o exemplo do Papa Francisco tem procurado mostrar, apenas o amor e a acolhida incondicional ao outro podem, num momento tão polarizado como este, criar o diálogo. Os fenômenos sociais funcionam como reações em cadeia que se propagam e multiplicam. Um gesto de raiva gera muitos novos gestos de ressentimento e raiva. Um gesto de amor gera muitos novos gestos de amor e diálogo. A comunidade cristã é o lugar onde gestos de amor podem acontecer e se multiplicar. Para darmos nossa contribuição a este momento histórico, temos que ter os olhos abertos para o amor recebido e nos deixar determinar por ele e não pelo ressentimento. Pode parecer ingênuo, mas é nossa melhor contribuição para construir a boa política. Francisco Borba Ribeiro Neto é coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Fernando Geronazzo • Institucional: Rafael Alberto e Renata Moraes • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Sueli S. Dal Belo • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

N

a comemoração de São Paulo, padroeiro da Arquidiocese de São Paulo, no dia 25 de janeiro, olhamos para o Apóstolo como exemplo inspirador de discípulo missionário de Jesus Cristo; ele deixouse interpelar por Cristo: “por que me persegues?”; e colocou-se à disposição de Cristo: “Senhor, que queres que eu faça?” A partir desse encontro de “conversão”, Paulo foi fiel a Cristo pelo resto da vida, dedicando todas as suas energias e capacidades humanas ao serviço do Evangelho. Seu amor por Cristo e pela Igreja, “corpo de Cristo”, o levou a fazer rupturas, enfrentar incompreensões, perseguições, privações e sacrifícios extremos, ao ponto de poder dizer: “o meu viver é Cristo!” Por fim, entregou a vida por Cristo no martírio. Esse amor por Cristo e pela Igreja explica seu zelo pelas comunidades acompanhadas por ele, para que Cristo nelas fosse conhecido, amado e seguido. Por isso, além de aprofundar o conhecimento do Evangelho com as comunidades cristãs, ele também as orientava para que a vida delas fosse coerente com o Evangelho. Cuidava para que não se inserissem falsos ensinamentos nem divisões nas comunidades cristãs. Na primeira Carta aos Coríntios (cf. 1Cor 1, 10-17), Paulo enfrenta um problema de discórdia e divisão naquela comunidade: “informaramme a vosso respeito que há contendas entre vós”. As discórdias diziam respeito a uma questão fundamental, que podia levar à divisão interna da Igreja de Corinto: partidos e grupos

Que não haja divisões entre vós! reuniam-se em torno de determinados líderes e esqueciam que Cristo devia ser o centro da vida dos cristãos. “Alguns dentre vós dizem: eu sou de Paulo. Outros dizem: eu sou de Apolo; ou ainda: eu sou de Cefas, eu sou de Cristo”. Além das brigas internas, as disputas em relação aos pregadores podiam mesmo dar origem a fraturas e seitas... O mais grave nessa questão era que os coríntios colocavam Paulo, Apolo e Cefas (Pedro) no mesmo plano de Cristo, que seria apenas uma das possíveis referências para a comunidade, dependendo do gosto de cada um. Alguns preferiam Paulo, outros, Cefas ou Apolo. Paulo intervém para deixar claro que a referência a Cristo é obrigatória para todos. “Será que Cristo está dividido? Acaso foi Paulo crucificado por amor de vós? Ou é em nome de Paulo que fostes batizados?” Estava em jogo a centralidade da pessoa de Cristo e do seu Evangelho para a fé dos cristãos. Os gregos de Corinto estavam transformando o Evangelho numa questão de oratória, de argumentação filosófica ou de vaidade humana, assim como se fazia com a filosofia, em que cada um podia ter suas preferências por um ou outro filósofo. Paulo bate firme na questão: no caminho da fé cristã não se trata de aderir a pregadores, mas, por meio dos pregadores, de aderir a Jesus Cristo e encontrar, unicamente por meio dele, e a salvação e a comunhão com Deus. Os pregadores do Evangelho não anunciam a si mesmos, nem batizam em seu nome, mas em nome de Cristo; sua missão é levar as pessoas a seguirem os caminhos do Evangelho e da fé em Cristo, em vez de seguirem os próprios pregadores, na base de gostos e preferências estéticas ou sentimentos humanos. “Quando al-

guém declara – ‘eu sou de Paulo’, e – ‘eu sou de Apolo’ –, não estais apenas no nível humano? Pois, o que é Apolo? O que é Paulo? Não passam de servos, pelos quais chegastes à fé. A cada um Deus deu a sua tarefa: eu plantei, Apolo regou, mas era Deus quem fazia crescer” (cf. 1Cor 3, 4-9). Apóstolos e pregadores são apenas servidores de Cristo. O importante é que as pessoas, por sua pregação, cheguem a Cristo e, por meio dele, a Deus salvador. A lição de Paulo não foi sempre lembrada e, depois dos apóstolos, ao longo da história, as disputas e divisões na Igreja de Cristo continuaram; e continuam até hoje, infelizmente! Os motivos, na maioria das vezes, são mais humanos que teológicos ou doutrinais: questões de vaidades, soberba, busca de poder e prestígio, ou até de dinheiro, mágoas não superadas por relacionamentos internos podem levar a divisões na Igreja. Mas também ideologias e partidos, que se tornam mais importantes que a própria fé e o Evangelho, podem ser motivos de desavenças, correntes e tendências destruidoras da unidade da Igreja. Quantas vezes o abandono da Igreja ou a mudança de religião é simplesmente determinado por um gosto ou sentimento pessoal! A lição de São Paulo aos coríntios continua sempre pertinente e atual: é hora de lembrar que, na Igreja, todos devemos estar unidos em torno de Jesus Cristo, Senhor da Igreja; pregadores, bispos, padres, pastores, “apóstolos”, “missionários” devem todos se colocar a serviço de Cristo e do seu Evangelho. “Fundadores” e “donos” de Igrejas devem recordar que temos um único Fundador e Senhor na Igreja. A Ele, todos nós devemos servir, para o bem do povo de Deus, na verdade, na humildade e na caridade.

| Encontro com o Pastor | 3

Posse de Dom Orlando Brandes

Daniele Souza/Santuario Nacional de Aparecida

No sábado, 21, o Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, participou, no Santuário Nacional de Aparecida, da missa de posse de Dom Orlando Brandes (ao centro) como arcebispo de Aparecida (SP). Na imagem, além de Dom Odilo, Dom Orlando está ladeado pelo Cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito de Aparecida; Dom Giovanni D´Aniello, núncio apostólico do Brasil; e Dom Murilo Krieger, arcebispo de Salvador e vice-presidente da CNBB. Leia mais detalhes na página 10.

Tríduo preparatório da Solenidade de São Paulo Apóstolo Helena Ueno

Em preparação à Solenidade da Conversão de São Paulo Apóstolo, festejada na quarta-feira, 25, aconteceu na Catedral da Sé um tríduo, que foi iniciado no domingo, 22, com a missa das 11h presidida pelo Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano.

Ato nacional em memória às vítimas do holocausto No domingo, 29, a partir das 17h30, o Cardeal Scherer participará do Ato nacional em memória às vítimas do holocausto. A atividade, organizada pela Congregação Israelita Paulista (CIP), a Confederação Israelita do Brasil e a Federação Israelita do Estado de São Paulo, será na sinagoga Etz Chaim, da CIP (rua Antônio Carlos, 653, Consolação).

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4 | Fé e Vida |

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Liturgia e Vida 4º DOMINGO DO TEMPO COMUM 29 de janeiro de 2017

O bem-aventurado resto de Israel Cônego Celso Pedro Lendo e meditando o Evangelho de Mateus, a liturgia coloca diante de nós, logo no início do Tempo Comum, um grande projeto de Jesus, um verdadeiro “plano de pastoral”. Já ouvimos Jesus anunciar: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”. Já o vimos deslocando-se como luz para iluminar o povo que vivia nas trevas da opressão. E o vimos formando uma comunidade de pessoas dispostas a se tornarem pescadoras de gente. Hoje, o grande projeto se confirma pela boca de Sofonias, do salmista, de Paulo e do evangelista do ano, São Mateus. O profeta Sofonias projeta um ideal e mostra sua realização – Todos os humildes da Terra, aqueles que fazem a vontade de Deus, procurem o Senhor, procurem a justiça, procurem a humildade. Talvez vocês encontrem um refúgio no dia da ira do Senhor. O profeta se refere aos humildes da Terra que realizam os mandamentos de Deus. No dia da ira do Senhor, no dia final, talvez encontrem refúgio. Por que “talvez”? Porque Deus não se tornou devedor deles pelo bem que fizeram. Deus é absolutamente livre. Ninguém é tão importante que possa se gloriar diante do Senhor, dirá São Paulo. Sofonias descreve, então, a realização do ideal. Deus deixa no meio de Israel um povo humilde e pobre que procura refúgio no nome do Senhor. É o “resto de Israel”, que não cometerá injustiça, não mentirá nem enganará. Será bem governado, terá repouso e não será perturbado por ninguém. Eis aí o “resto”, elencado nas bem-aventuranças: os pobres em espírito, os aflitos, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os que são perseguidos por causa da justiça. São gente de atitude, animada por um propósito, imbuída de um espírito que faz dela gente que vale a pena. A eles e elas de todas as raças e nações, unem-se os discípulos de Jesus, injuriados, perseguidos, de quem falam mal. Seriam esses os destinatários da obra de Jesus e de seus companheiros? Aqueles que os apóstolos deverão pescar? Os que devem se converter? Provavelmente não. O aspecto deles é de colaboradores de Jesus, gente humilde, que procura a justiça e constrói a paz. São o resto de Israel de Sofonias, beatificados por Jesus. Eles têm rosto de Reino dos Céus. Foi assim que Jesus começou a sua pregação: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”. Aí está o ideal realizado. Um reino de gente “fraca e desprezada, sem importância e sem serventia”, que se gloria no Senhor, o qual é para todos “sabedoria, justiça, santificação e libertação”.

Você Pergunta Novenas interrompidas trazem desgraça? padre Cido Pereira

osaopaulo@uol.com.br

A Maria, não me disse seu sobrenome. Ela é de Santo André (SP) e recebeu uma mensagem no celular, dizendo que teria que fazer a novena e passar para outras pessoas. Ela pergunta: se não repassar a novena, estará pecando? Venha de onde vier a mensagem: encontrada debaixo da sua porta, vinda pelo correio, divulgada nas re-

des sociais, nenhuma dessas orações e novenas são dogmas de fé, nem são práticas que, não sendo obedecidas, acarretam castigo para quem as recebe. A verdadeira oração é aquela que brota do nosso coração e na qual dizemos a Deus as nossas necessidades, pedimos socorro, agradecemos, louvamos a Deus. Oração não é para ameaçar. Oração não é para pôr medo nas pessoas. Outra coisa: não existe oração de

poder, oração de cura, oração disso, oração daquilo. Oração é conversa com Deus e quanto mais simples, quanto mais vinda do coração, melhor. E nessa conversa simples, se dirá a Deus o que vai bem e o que não vai bem. É importante também ter cuidado com aquelas orações em que dizemos para nós mesmos: “Eu quero, eu posso, eu faço!” Se você é quem manda, então para que incomodar a Deus?

Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 18 de janeiro de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Anunciação, na Região Episcopal Sant´Ana, Setor Pastoral Vila Maria, o Revmo. Pe. Antônio José Laureano de Souza, pelo período de 06 (seis) anos. PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 18 de janeiro de 2017, foi prorrogada a nomeação e a provisão de Pároco da Paróquia Rainha Santa Isabel, na Região Episcopal Sant´Ana, Setor Pastoral Casa Verde, do Revmo. Pe. Paulo Homero Gozzi, pelo período de 03 (três) anos. Em 18 de janeiro de 2017, foi prorroga-

da a nomeação e a provisão de Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Região Episcopal Sant´Ana, Setor Pastoral Mandaqui, do Revmo. Pe. José Benedito Brebal Hespaña, pelo período de 03 (três) anos.

Em 17 de janeiro de 2017, foi nomeado e provisionado Assistente Pastoral da Paróquia Nossa Senhora da Anunciação, na Região Episcopal Sant´Ana, Setor Pastoral Vila Maria, o Diácono Luciano Carneiro Louzan.

Em 18 de janeiro de 2017, foi prorrogada a nomeação e a provisão de Pároco da Paróquia Santo Antônio, na Região Episcopal Sant´Ana, Setor Pastoral Tucuruvi, do Revmo. Pe. José do Coito Pita, pelo período de 03 (três) anos.

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE DIÁCONO PERMANENTE

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE DIÁCONO Em 17 de janeiro de 2017, foi nomeado e provisionado Assistente Pastoral da Paróquia Nossa Senhora das Graças, na Região Episcopal Sant´Ana, Setor Pastoral Casa Verde, o Diácono Antônio de Pádua Santos.

Para assinar O SÃO PAULO: Escolha uma das opções e a forma de pagamento. Envie esse cupom para: FUNDAÇÃO METROPOLITANA PAULISTA, Avenida Higienópolis, 890 São Paulo - SP CEP 01238-000 - Tels: (011) 3666-9660/3660-3724 osaopaulo@uol.com.br

Em 17 de janeiro de 2017, foi nomeado e provisionado Assistente Pastoral “ad nutum episcopi” da Paróquia Nossa Senhora da Salette, na Região Episcopal Sant´Ana, Setor Pastoral Santana, o Diácono Permanente Márcio Cesena. Em 17 de janeiro de 2017, foi nomeado e provisionado Assistente Pastoral “ad nutum episcopi” da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na Região Episcopal Sant´Ana, Setor Pastoral Jaçanã, o Diácono Permanente Maurício Luz de Lima.

SEMESTRAL: R$ 45 ANUAL: R$ 78 exterior ANUAL: 220 U$ FORMA DE PAGAMENTO: COBRANÇA BANCÁRIA

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Espiritualidade

Por um mundo sem violência e sem ódio Dom Eduardo Vieira dos Santos

D

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé

ias após a celebração do 50º Dia Mundial da Paz, quando o Papa Francisco se dirigiu ao mundo exortando para a não violência, explode no Brasil uma barbárie que chocou a população brasileira, bem como o mundo. A luta pelo poder, pela exploração de locais para o tráfico de drogas, deflagrou uma onda de crimes horrendos em algumas prisões brasileiras, evidenciando que o sistema prisional brasileiro está falido e é reflexo da desumanização da sociedade. Sim, vivemos numa sociedade doente e desumana, mais preocupada em construir casas de detenção, presídios de segurança máxima, pouco preocupada com as pessoas e com sua dignidade. Muitos dos detentos de nosso sistema prisional são gerados pela

nossa própria sociedade e suas dos presídios, isso é desumano e instituições. Quando faltam ideais também gera violência. que movem a vida, quando não Nós, cristãos, devemos crer há mais temor de Deus, que é o que, apesar de tudo, Deus haprincípio da sabedoria, quando a bita nossas cidades, mesmo se família não é mais escola de amor, violentas. Deus ama a todos, quando na escola não há colabora- ama também os encarcerados. ção entre pais e professores, quan- Deus perdoa o pecador quando do os alunos veem seus colegas se converte. Que ninguém seja como concorrentes, quando no presunçoso ou se julgue melhor mundo do trabalho as pessoas são do que os outros, porque muitas apenas números, quando os valo- vezes somos bons não por conres veiculados pelos meios de comunica- SIM, VIVEMOS NUMA ção social têm pouco SOCIEDADE DOENTE E de humano, o que se DESUMANA, MAIS PREOCUPADA pode esperar? EM CONSTRUIR CASAS DE Existe uma vio- DETENÇÃO, PRESÍDIOS DE lência institucio- SEGURANÇA MÁXIMA, POUCO nalizada: cada um PREOCUPADA COM AS PESSOAS quer levar vantagem E COM SUA DIGNIDADE. em tudo; um irmão explora o próprio irmão; a violência no trânsito é trição, por misericórdia, mas assustadora e põe em risco a vida por conveniência. Rezemos por dos outros. O sistema jurídico se todas as pessoas que sofrem vitorna ineficiente pela sua lenti- timadas por qualquer tipo de dão. Nos presídios, encontram- violência, sobretudo as de nossa se pessoas que estão há anos es- cidade, onde poderíamos mais e perando ser sentenciadas, o que melhor praticar a misericórdia e é mais uma violência. Há uma não a fazemos. Rezemos por um população encarcerada quatro mundo sem violências, sem invezes maior do que a capacidade justiças, sem ódio e sem morte.

| Fé e Vida | 5

Fé e Cidadania As doenças negligenciadas Padre Leo Pessini As chamadas doenças negligenciadas são aquelas que causam problemas graves à saúde, principalmente em populações mais pobres, sobretudo na África e América Latina, “causam grande sofrimento, que é escondido e silencioso”, segundo afirma a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Dra. Margaret Chan. Essa expressão foi cunhada em 1986 pelo médico norte-americano Kenneth Warren, especialista em doenças tropicais. A grande maioria dessas doenças tem como causa infecções e é mais frequente em áreas geográficas de clima tropical, onde não existe água potável, falta higiene, as condições de habitação são precárias e há ausência de serviços de saneamento básico. A OMS estima que no mundo mais de 1,4 bilhão de pessoas são afetadas por essas doenças, sendo que 500 milhões, mais de 35%, são crianças. As doenças negligenciadas são também assim denominadas por serem esquecidas pelas grandes multinacionais de medicamentos ou por outros colaboradores para o acesso a medicamentos, tais como funcionários de governos, programas de saúde pública e pelos meios de comunicação. Normalmente, as empresas farmacêuticas privadas não investem nessa área, porque visando prioritariamente ao lucro, não conseguem recuperar o elevado custo do desenvolvimento e produção de medicamentos necessários para tratamentos dessas doenças. No fundo, as doenças negligenciadas não são consideradas prioritárias para a prevenção, erradicação ou tratamento, porque não afetam as populações dos países ditos desenvolvidos ou industrializados, como Estados Unidos, Austrália, Japão, nações da Europa, entre outros. Elas se constituem nas doenças da porção invisível do mundo, que atingem as populações mais pobres e que, consequentemente, não têm recursos para pagar pelo tratamento, por isso continuam esquecidas. Essas doenças representam 12% da carga global de doenças, mas apenas 1,3% de novos medicamentos foram criados para vencê-las - chamados medicamentos órfãos –, no período entre 1974 e 2004. Em 2005, o gasto global com pesquisa em saúde foi de US$ 160 bilhões, dos quais apenas US$ 3,2 bilhões foram para o tratamento das assim também chamadas “doenças da pobreza”. Atualmente, a OMS elenca 17 doenças como tropicais negligenciadas: úlcera de Buruli; doença de Chagas; cisticercose; dengue e dengue hemorrágica; dracunculíase (doença do verme-da-guiné); equinococose; fasciolíase; tripanossomíase africana (doença do sono); leishmaniose; lepra; filaríase linfática; oncocercíase; raiva; esquistossomose; parasitoses (helmintíases) transmitidas pelo solo; tracoma; e bouba. As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.


6 | Viver Bem |

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Cuidar da Saúde Atualização do calendário vacinal Cássia Regina A medicina vive em constante atualização, de acordo com a imunidade das pessoas e a resistência dos vírus e das bactérias. O objetivo dessas atualizações é para que fiquemos cada vez mais protegidos. Neste ano, houve atualizações no calendário vacinal. Além da ampliação da idade de aplicação das vacinas já existentes, foram acrescentadas vacinas importantes. Na dúvida se você ou seu familiar devem tomá-las, procure seu médico ou um posto de saúde, onde será possível verificar se existe alguma vacina pendente.

As atualizações foram as seguintes: Vacina meningocócica C (meningite): de 12 a 13 anos; Vacina hepatite A: de 15 a 23 meses. Crianças que não receberam a vacina nessa faixa de idade poderão ser vacinadas de 2 a 4 anos; Vacina DTPa (difteria, tétano e coqueluche) para gestantes e puérperas: a partir de 20 semanas de gestação; Vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e varicela: crianças até 15 meses e pessoas entre 2 e 49 anos, que não tomaram a vacina ou perderam a caderneta de vacinação; Vacina HPV: para meninas, de 9 a 14 anos, e para meninas, de 12 a 13 anos; também será aplicada em homens e mulheres com HIV/Aids, com idade entre 9 e 26 anos. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com

Comportamento

Férias para as senhoras do lar Valdir Reginato Recentemente, atendi a uma senhora, próxima dos 70 anos, com uma queixa bastante comum de cansaço, que chegava ao desânimo. Acompanhada do filho preocupado, respondia à minha avaliação sobre a origem do cansaço: “...todos os dias fazer almoço e jantar, lavar e passar, arrumar... todos os dias...”. As senhoras “desempregadas”, que “não trabalham”, mas somente se dedicam às atividades do lar, não têm descanso. A jornada de trabalho é de 24 horas, sete dias na semana. Não têm férias ou 13º salário, talvez porque não há salário que pague o trabalho que fazem com o amor com que se dedicam. Valoriza-se muito mais o trabalho externo, também válido, e a maioria das mulheres atualmente se dedica também a ele, deixando algumas vezes, por falta de tempo, a dedicação à casa em segundo plano. No entanto, neste Brasil, ainda é grande o número de senhoras que se dedicam exclusivamente ao trabalho de casa. São trabalhadoras com atuação em casa que exigem conhecimento em diferentes campos, como Gastronomia, Corte e Costura, Artes e Decoração, Psicologia, Administração e Economia, Direito e Saúde, tudo com um senso de gestora, como muito mencionado atualmente. Por elas se educam os filhos e se orientam netos, programam-se passeios, organizam-se almoços e jantares, além das festas de aniversário, batizados e bodas. Tornam-se referências para filhos, noras e genros aos fins de semana, pois gostam da comida da

ras pingando. A comida não nasce no mãe (que não se faz mais hoje pela armário da cozinha nem as verduras juventude). crescem nas geladeiras. Lembrem-se É preciso lembrar, contudo, que de perguntar se ela – mãe ou espotudo isso dá trabalho e cansa. Portanto, se a remuneração não é finansa - não precisa de alguma coisa, ou ceira, pelo menos que se faça uma refaçam o supermercado, que é pesado. tribuição de outra maneira. Aquelas Não reclame como se fosse um patrão do que não está em ordem, mas que trabalham fora defendem com o procure colaborar e ver se a desorsalário suas férias e lazer, no entanto, dem não partiu de você. as que têm dedicação exclusiva ficam Por último, ofereçam a ela umas na dependência de serem lembradas folgas. Façam-na sentar à mesa do no Dia das Mães, quando todos vão domingo e sirvam o que prepararam almoçar o que elas prepararam. ou compraram, por falta de habilidaTalvez o leitor esteja dizendo que de. Permitam que ela se sente na sala mulheres assim não existem mais. O mundo moderno mudou. Engano seu. O que mudou foi a Procurem colaborar falta de consideração para com essas se- mais em casa, filhos e nhoras, aos milhões, marido. Não sentem que trabalham silenà mesa e levantem como ciosamente, ocultas num amor de se fosse um hotel. Ajudem obras, onde tudo se a colocar a mesa e faz como um grande prazer. Deixam de a lavar a louça depois. ser valorizadas, exceto quando se tornam após o almoço, e não deixem que vá ausentes. Gostaria de deixar para muiarrumar a cozinha enquanto vocês tos interessados envolvidos, a receita esperam o café. Se possível, um alque deixei com o filho da minha paciente, que não se vende nas farmácias moço ou jantar no restaurante numa nem se faz em laboratórios químicos: ocasião especial. E se a renda permitir, paguem uns dias para que repouProcurem colaborar mais em se num hotel, onde possa descansar casa, filhos e marido. Não sentem à suas férias. Será que estou pedindo mesa e levantem como se fosse um muito? Ou será que precisará haver hotel. Ajudem a colocar a mesa e a uma legislação trabalhista para que lavar a louça depois. Colaborem no seja reconhecida? O amor não custa, cuidado com os seus bens pessoais, se oferece. como roupas, livros e pastas, arrumem a cama. Cuidem das instalações Dr. Valdir Reginato é médico da casa, como banheiros, lâmpadas de família, professor da Escola Paulista de Medicina e terapeuta familiar. apagadas, vidros quebrados, tornei-


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Destaques das Agências Internacionais

Filipe David

Correspondente do O SÃO PAULO na Europa

França

50 mil marcham pela vida em Paris Cerca de 50 mil pessoas se reuniram para a edição anual da Marcha pela Vida, no domingo, 22, denunciando a banalização do aborto, que mata 200 mil bebês todos os anos na França. Os manifestantes se encontraram na Praça Denfert-Rochereau, em Paris, e andaram até a Praça Vauban, ao lado dos Invalides. Entre os cartazes lia-se “A verdadeira liberdade é guardar seu bebê”. Outro ponto importante da manifestação foi o projeto de lei, já aprovado no Senado, que proíbe dar informações às mulheres que pensam em abortar para dissuadi-las, isto é, convencê-las a mudar de ideia. Por isso, alguns cartazes diziam “Aborto, dizer a verdade é dissuadir”. Alguns movimentos políticos e culturais aderiram à marcha, principalmente o Senso Comum, que apoia o

Espanha Reprodução de Internet

Participantes da Marcha pela Vida denunciam a banalização da prática de aborto na França

candidato republicano à Presidência da República, François Fillon, e a Fundação Jérôme Lejeune, cuja presidente pediu uma política pública que lute contra o aborto. Aproximadamente 20 bispos franceses apoiam publicamente o movimento, assim como o Papa Francisco, que, em uma carta tornada pública, encorajou os

Polônia

manifestantes a “trabalhar sem descanso pela edificação de uma civilização de amor e pela cultura da vida”. Segundo o Santo Padre, “a Igreja não pode parar de ser a advogada da vida e não pode deixar de anunciar que a vida humana deve ser incondicionalmente protegida, desde a concepção até a morte natural”. Fontes: La Croix/ RTL

Fundação ajuda presos a refazer as próprias vidas A Fundação Padre Garralda - Horizontes Abertos trabalha com a integração social de presos, dependentes químicos, mães em situação de extrema pobreza e crianças menores de 3 anos, cujas mães estão presas. Criada em 1978, a partir do trabalho do padre jesuíta Jaime Garralda, iniciado nos anos 1960, a fundação já ajudou mais de 50 mil pessoas. O fundador concebeu a organização para ajudar os presos a refazer suas vidas após terem cumprido suas penas. Todos os projetos são desenvolvidos em estreita colaboração com as instituições penitenciárias. Fontes: CNA/ Fundação Padre Garralda – Horizontes Abertos

Estados Unidos

300 anos da coroação de Nossa Senhora de Czestochowa

Projeto auxilia futuros médicos a serem fiéis a suas convicções

O governo polonês decretou 2017 como ano jubilar, pelo aniversário de 300 anos da primeira coroação canônica da imagem de Nossa Senhora de Czestochowa. A resolução, aprovada pelo Parlamento polonês, diz: “A Câmara polonesa, convencida da importância especial da devoção marial para nossa terra natal – não apenas no aspecto religioso, mas também social, cultural e patriótico –, reconhece 2017 como o ano do 300º aniversário da coroação de Nossa Senhora de Czestochowa”. A imagem de Nossa Senhora de Czestochowa, também conhecida como Vir-

Com muita frequência, os futuros médicos são obrigados a participar de procedimentos que são contrários às suas consciências, como abortos, esterilizações, cirurgias de “mudança de sexo” etc. Por isso, o projeto “Consciência na residência” foi criado por um pequeno grupo de estudantes de Medicina em residência. Trata-se de um projeto baseado na internet, que oferece uma rede de apoio para os futuros médicos “que queiram praticar medicina de acordo com julgamentos lógicos, bem formados e baseados em evidências”. A plataforma disponibiliza estudos

gem Maria Negra, tem uma importância especial para os poloneses e é venerada em diversas regiões da Europa. Embora a imagem tenha sido coroada rainha e protetora da Polônia pelo Rei João II Casimir, em 1652, sua primeira coroação canônica foi feita pelo Papa Clemente XI, no dia 8 de setembro de 1717. Uma coroação canônica é um ato de piedade institucional, pelo qual o papa, por meio de uma bula, decide que uma imagem marial receba uma coroa ou uma auréola determinada e um certo título. Fonte: CNA

e pesquisas sobre assuntos como contracepção, esterilização, “mudança de sexo” e homossexualidade, oferecendo fatos e dados confiáveis aos residentes, para que eles possam ter um fundamento racional e sólido para suas opiniões e convicções. O sistema também ajuda os estudantes a encontrar os melhores programas de residência que sejam compatíveis com suas convicções e oferece apoio e acompanhamento para que enfrentem situações difíceis, a fim de que saibam que não estão sós e que têm com quem contar. Fonte: CNA

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| Papa Francisco | 9

Reformar é o principal objetivo do Papa Francisco Reprodução

Filipe Domingues

Especial para O SÃO PAULO, em Roma

A reforma da Igreja Católica é a maior e mais abrangente meta do Papa Francisco, afirma o cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes em um breve livro publicado no Brasil na sexta-feira, 20, intitulado “Grandes metas do Papa Francisco” (imagem). O prefeito emérito da Congregação para o Clero e arcebispo emérito de São Paulo faz uma reflexão sintética do que considera ser as prioridades deste pontificado. Recordando o tradicional ditado “Ecclesia semper reformanda” (A Igreja precisa sempre ser reformada), o Arcebispo brasileiro afirma que a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium é o verdadeiro documento programático do pontificado de Francisco. “A Igreja encarna-se na história humana, caminha com ela, não pode pretender uma existência desencarnada e paralela ao mundo”, escreve o Cardeal. Segundo ele, o núcleo da reforma eclesiástica do Papa Francisco é “uma Igreja totalmente missionária”. Entre as principais metas apontadas pelo Arcebispo brasileiro estão fazer a Igreja “se mover e sair” preferencialmente em direção às periferias. “Não deve ficar parada no tempo ou no espaço nem querer caminhar para trás, mas para a frente. Deve esquecer-se de si mesma e pôr-se a serviço do mundo. Para isso Jesus a fundou”, afirma. Sobre a Exortação Apostólica Amoris Laetitia, Dom Cláudio enfatiza que o Papa Francisco tem a peito o valor da família e luta por ela. “O

estado matrimonial continua sendo o símbolo do amor que Deus tem para com o seu povo ou que Jesus Cristo tem para com sua Igreja”, acrescentou o Purpurado, resumindo que “a grande orientação pastoral que o Papa Francisco traça neste documento é a misericórdia. O Cardeal afirma, enfaticamente: “É preciso acender luzes em seu caminho e dar-lhes esperança, solidariedade e acompanhamento, para que possam levantar-se e livrar-se progressivamente de seus males”. Entre as outras grandes metas do Papa, na visão do Cardeal Hummes, estão: “chorar os mortos que ninguém chora”, como nas tragédias que resultam da questão migratória; uma “Igreja pobre para os pobres”, demonstrada também nos três Ts “terra, teto e trabalho” e na proposta de levar a Igreja às periferias e “aquecer os corações”; combater a exclusão de idosos e jovens; “salvar nosso planeta”, ideia fortemente defendida na Encíclica Laudato Si’; a paz, a família, a ideia de que “a Igreja cresce por atração”, já apresentada por Bento XVI, e uma “ardente devoção” mariana. Desde 2011, o Cardeal Hummes é o presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, da CNBB. Especificamente sobre a Igreja presente na Amazônia, ele afirma que o Papa a ama e apoia a ideia de que é necessário desenvolver um clero autóctone (nativo). Além disso, diz ele: “Enquanto não se aceitar concretamente que os índios sejam de novo sujeitos e protagonistas de sua história, a dívida (com eles) não estará paga”.

Comunicar esperança e confiança, no nosso tempo Nayá Fernandes

L’Osservatore Romano

nayafernandes@gmail.com

A mensagem do Papa Francisco para o 51º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que será celebrado em 28 de maio, foi divulgada, na terça-feira, 24, data da memória litúrgica de São Francisco de Sales, patrono dos escritores e dos jornalistas. Além da introdução, o texto é dividido em três partes: “A boa notícia”, “A confiança na semente do Reino” e “Os horizontes do Espírito”. O tema principal é “Comunicar esperança e confiança, no nosso tempo”, baseado na frase do livro do profeta Isaías: “Não tenhas medo, que Eu estou contigo” (Is 43,5). “Gostaria que essa mensagem pudesse chegar como um encorajamento a todos aqueles que diariamente, seja no âmbito profissional seja nas relações pessoais, ‘moem’ tantas informações para oferecer um pão fragrante e bom a quantos se alimentam dos frutos da sua comunicação”, afirmou o Papa, ao especificar um dos objetivos da mensagem. O Papa disse também que “há necessidade de romper o círculo vicioso da angústia e deter a espiral do medo, resultante do hábito de se fixar a atenção nas notícias más, como guerras, terrorismo, escândalos e todo o tipo de falimento nas vicissitudes humanas”. Ele acentuou que

não se trata de promover desinformação ou insistir num otimismo ingênuo. “Antes, pelo contrário, queria que todos procurássemos ultrapassar aquele sentimento de mau humor e resignação, que muitas vezes se apodera de nós, lançando-nos na apatia, gerando medos ou a impressão de não ser possível pôr limites ao mal”, continuou. Francisco insiste na necessidade de dar “a boa notícia”. Ele exemplifica sua ideia com a afirmação de que a vida não se reduz a uma crônica asséptica de eventos, mas é história, e uma história que deve ser contada a partir de um

modo de ver a realidade diversa. “Para nós, cristãos, os óculos adequados para decifrar a realidade só podem ser os da boa notícia: partir da Boa-Notícia por excelência, ou seja, o Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus (Mc 1,1).” Ainda segundo o Pontífice, “para introduzir os seus discípulos e as multidões nessa mentalidade evangélica e entregar-lhes os óculos adequados para se aproximar da lógica do amor que morre e ressuscita, Jesus recorria às parábolas. O recurso a imagens e metáforas para comunicar a força humilde do Reino não é um modo de reduzir a sua importância

e urgência, mas a forma misericordiosa que deixa, ao ouvinte, o ‘espaço’ de liberdade para a acolher e aplicar também a si mesmo”. Por fim, o Papa Francisco disse que a esperança fundada na Boa-Notícia, que é Jesus, faz erguer os olhos e contemplá-lo no quadro litúrgico da Festa da Ascensão, quando se celebra também o Dia Mundial das Comunicações Sociais. “A confiança na semente do Reino de Deus e na lógica da Páscoa não pode deixar de moldar também o nosso modo de comunicar.” (Com informações do site Vatican.Va)


10 | Pelo Brasil |

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Destaques das Agências Nacionais

Daniel Gomes e Júlia Cabral osaopaulo@uol.com.br

Dom Orlando Brandes assume Arquidiocese de Aparecida (SP) Dom Orlando Brandes, 70, tomou posse no sábado, 21, como arcebispo da Arquidiocese de Aparecida (SP), durante celebração eucarística no Santuário Nacional, na qual o Cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito, passou o báculo para o novo pastor da Arquidiocese. “Estou seguro de que seu ministério nesta Arquidiocese será muito frutuoso. Dom Orlando, é com muita satisfação que lhe entrego o báculo, sinal do pastor. Conte sempre com minhas orações”, disse Dom Raymundo, recordando ao novo arcebispo que ele assume a Arquidiocese no Ano Mariano Nacional e na comemoração dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, no rio Paraíba do Sul, em 1717. Participante da celebração, Dom Giovanni D’Aniello, núncio apostólico no Brasil, agradeceu a Dom Damasceno o serviço prestado ao povo e deu boas-vindas ao novo Arcebispo. “Que o senhor seja capaz,

durante todo o pastoreio, de deixar os fiéis que aqui vêm encontrar Nossa Senhora e, através dela, encontrar o próprio Filho”, afirmou. “Vocês dizem que essa é uma missa da minha posse. Na verdade, são vocês que tomam posse da minha vida, do meu ministério em Aparecida”, disse Dom Orlando na homilia, destacando, ainda, que Deus conhece todas as coisas antes mesmo que aconteçam: “Não estou aqui por acaso, por interesse, por coincidência ou conveniência. Na minha fé e na fé de todos nós, estou aqui porque desde sempre Deus olhou para o meu nada e me escolheu”. Arcebispo de Londrina (PR) desde 2006, Dom Orlando foi nomeado pelo Papa Francisco para a Arquidiocese de Aparecida em 16 de novembro de 2016, às vésperas do encerramento do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, circunstância também acolhida por ele como algo especial, “pura misericórdia da Santíssima Trindade”.

Daniele Souza/Santuário Nacional de Aparecida

Dom Orlando Brandes recebe de Dom Raymundo o báculo, símbolo do serviço pastoral

Dom Orlando disse ainda que o encontro da imagem de Nossa Senhora em Aparecida é uma lição sobre a Igreja: as redes precisam ser lançadas em águas profundas, pois a missão é a primeira saída para os problemas pastorais da Igreja no Brasil e na América Latina. “Vamos refa-

zer tudo o que está quebrado, em nosso sistema carcerário, na política, na nossa própria Igreja. Quantas coisas quebradas precisam ser refeitas”, afirmou, complementando: “Não se esqueça de ser discípulo-missionário!”. Fonte: Canção Nova

Universidade Católica de Santos abre vagas para refugiados A Universidade Católica de Santos (UniSantos), em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (Acnur), abriu processo seletivo de bolsas de estudo

universitário para refugiados que moram no Brasil. Serão concedidas apenas três bolsas integrais para candidatos na condição de refugiados.

As inscrições podem ser feitas gratuitamente de forma presencial ou pela internet. O edital com todas as informações sobre o processo e cursos disponí-

veis pode ser encontrado no site www. unisantos.br/portal/editais/editais-abertos/bolsa-refugiado. Fonte: ONU Brasil

Estado de São Paulo registra 3 mortes por febre amarela

Desastres naturais custam R$ 800 milhões ao Brasil por mês

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo informou na segunda-feira, 23, que desde o início do ano foram registradas três mortes por febre amarela nas cidades paulistas de Américo Brasiliense, Batatais e Santana do Parnaíba. Nas duas primeiras cidades, os casos foram autóctones, ou seja, a doença foi contraída no Estado de São Paulo, já o terceiro registro foi de uma pessoa que ficou doente após ter viajado para Minas Gerais, estado onde há um surto de febre amarela. Outras três mortes, que estão sendo investigadas pela secretaria, de pessoas que

Um estudo publicado pelo Banco Mundial e o Centro de Estudos e Pesquisas sobre Desastres, vinculado à Universidade Federal de Santa Catarina, indica que o Brasil perdeu R$ 182,8 bilhões com desastres naturais entre 1995 e 2014. No período considerado pela pesquisa, foram reportadas perdas anuais superiores a R$ 9 bilhões. Isso significa que secas, inundações, vendavais e outros desastres custaram ao país cerca de R$ 800 milhões mensais. Foram considerados na pesquisa os registros que apontavam algum tipo de dano ou prejuízo relatado pelos municípios. “Os desastres mais comumente re-

voltaram de Minas Gerais com sintomas da doença, também podem ter ocorrido por febre amarela. Além desses óbitos, existem sete pacientes no estado com suspeita de terem contraído a doença. No Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na capital paulista, houve expressivo aumento da procura por vacinas contra a febre amarela. Apenas no sábado, 21, a imunização foi aplicada em 320 pessoas. A média diária de vacinação registrada pelo hospital é de 50 por dia, chegando a 150 no período de férias, quando as pessoas mais viajam. Fonte: Agência Brasil

portados pelos municípios são aqueles do grupo climatológico, que são os de evolução mais gradual, mais lenta, como seca e estiagem. Eles representam 48% dos registros e ocorrem com maior frequência nas regiões Nordeste e Sul do país. Em segundo lugar, vem o grupo hidrológico, que são os desastres relacionados ao excesso de chuvas. E eles ocorrem com maior frequência na Região Sudeste do país, representando 39% dos registros da pesquisa”, explicou Rafael Schadeck, consultor do Banco Mundial e pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina. Fonte: ONU Brasil

Pastoral do Surdo realiza encontro nacional em Guarulhos (SP) Coordenadores nacionais e intérpretes católicos da Língua Brasileira de Sinais (Libras) participaram, entre os dias 20 e 22, do 3º Enacorpi – Encontro Nacional dos Coordenadores e Intérpretes da Pastoral do Surdo, realizado em Guarulhos (SP). A atividade teve como tema “Serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (Hb 8,10b) e como lema “Pastoral do Surdo no Caminho da Misericórdia”.

De acordo com Marcelo Dias, coordenador nacional dos intérpretes, o objetivo do Enacorpi foi promover a interação entre os coordenadores regionais, além de um intercâmbio de ideias e experiências, para que aprimorem o trabalho de anúncio do Evangelho de Cristo em seus estados e regiões para uma minoria linguística que tanto necessita dessa evangelização. O encontro também serviu como formação para os

coordenadores e para os agentes da Pastoral do Surdo, a partir de palestras formativas. Os representantes dos regionais da CNBB apresentaram as realidades locais, atividades, programas e projetos para 2017. Ao todo, 42 pessoas participaram do encontro, dentre as quais Dom Celso Marchiori, bispo referencial da Pastoral Nacional do Surdo; Padre Agnaldo Fernandes, assessor eclesiástico da Pastoral

em Belo Horizonte (MG); Padre Carlos Arlindo, de Juiz de Fora (MG); Padre Gilmar Tito, do Paraná; Irmã Luzia Barbosa, da Pequena Missão para Surdos, em Itapema (SC); Cássia Souza, vice-coordenadora dos intérpretes; e Ana Paula Gomes, coordenadora nacional da Pastoral do Surdo, juntamente com sua vice, Darlene Nunes. (Com informações de Maria Inês Leandro, da Pastoral do Surdo da Arquidiocese de São Paulo)


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| Reportagem Especial - Plano de Pastoral | 11

12º Plano de Pastoral: Atenção à família, conversão missionária e Igreja em saída Luciney Martins/O SÃO PAULO

Documento será lançado pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer em 21 de fevereiro

Superar o individualismo

“A vida cristã requer a vinculação do fiel à comunidade da Igreja, através de laços próprios com uma comunidade eclesial de pertença, que vai da família cristã, comunidade pequena e importante que está na base da Igreja, à paróquia e à diocese”, chamou a atenção o Cardeal, destacando, ainda, que a Igreja de Cristo é uma “comunidade de comunidades”, escreveu Dom Odilo. “Por isso, é urgente superar o individualismo, que também pode se instalar entre nós. Ninguém é discípulo de Cristo sozinho e de maneira isolada. É necessário cultivar a solidariedade eclesial e missionária nas comunidades da Igreja.”

Fernando Geronazzo

“U

osaopaulo@uol.com.br

rgências da ação evangelizadora e pastoral na cidade” é o tema do 12º Plano Arquidiocesano de Pastoral, que será lançado no dia 21 de fevereiro, durante o tradicional encontro do arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, com o clero da Arquidiocese, marcando o início do ano pastoral. Nesta reportagem, O SÃO PAULO antecipa alguns destaques do Plano, que tem vigência para o quadriênio de 2017 a 2020. O 12º Plano Arquidiocesano de Pastoral é uma atualização do 11º Plano, com o acréscimo dos recentes ensinamentos do Papa Francisco e dos últimos documentos da CNBB. O Plano mantém cinco das seis urgências contidas na versão anterior e apresenta como novidade a sexta urgência: Igreja – família de famílias. Dentre os documentos pontifícios acrescentados como referência no Plano de Pastoral estão as encíclicas Lumen Fidei e Laudato Si’; as exortações apostólicas Evangelii Gaudium e Amoris Laetitia; além da bula de proclamação do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, Misericordiae Vultus. Dos textos da CNBB, a principal contribuição para o Plano foram as novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) para o período 2015-2019. Também foram inseridas referências dos documentos “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade: Sal da terra e luz do mundo” e “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”. Na apresentação do documento, Dom Odilo avaliou positivamente a animação pastoral do último quadriênio e afirmou que muito foi realizado a partir do 11º Plano. Porém, também percebe que ainda permanecem muitas lacunas e insuficiências na evangelização em São Paulo. “Continua sendo necessária uma profunda ‘conversão missionária’ dos membros da nossa Igreja e das paróquias e demais estruturas e organizações eclesiais e pastorais”, afirmou Dom Odilo, acrescentando que “ainda estamos longe de ser uma Igreja ‘em saída’ e ‘em estado permanente de missão’, como pede o Papa Francisco”.

Catequese

“Temos a necessidade urgente de retomar a catequese sistemática e as demais ações e metodologias voltadas à

eles queriam abandoná-lo, para ir atrás de outros mestres e guias para suas vidas (cf. Jo 6, 67-69)”.

Colocar-se a serviço

“Nossa Igreja, em São Paulo, é desafiada constantemente a se colocar a serviço da dignidade e da vida plena de todas as pessoas, quer pelos trabalhos sociais, para socorrer aos irmãos que sofrem de muitas formas, quer para testemunhar, defender e promover a justiça e a dignidade de cada filho de Deus. Já se faz muita caridade organizada, mas as necessidades ainda são tantas! Portanto, é urgente que a nossa fé seja testemunhada concretamente através das obras de misericórdia, de justiça e caridade”, disse Dom Odilo.

Família

O Cardeal também afirmou que a família precisa ser trazida para o centro das atenções e práticas evangelizadoras. “A Exortação Apostólica Amoris Laetitia, do Papa Francisco, sobre a alegria do amor em família, nos mostra o quanto temos a fazer para reatar os vínculos entre Igreja e família. É urgente cuidar bem de tudo o que diz respeito à família, em benefício da comunidade humana, da própria pessoa e da mesma Igreja.” O Plano de Pastoral deve, ainda, orientar e dar expressão à “pastoral de conjunto”. “As ‘urgências’ na evangelização devem, agora, inspirar a elaboração dos projetos e programas de ação de cada organização eclesial da Arquidiocese”, explicou o Arcebispo.

Sínodo Arquidiocesano

iniciação à vida cristã e ao testemunho da fé. A desatenção à catequese, em todos os níveis, como processo sistemático e envolvente de educação na fé e na vivência cristã, seria muito prejudicial à Igreja! Uma catequese apenas superficial, esvaziada, ou até inexistente, colocaria em risco o próprio futuro das comunidades que assim o fizessem”, disse o Arcebispo.

Pelo mesmo motivo, Dom Odilo afirmou que também é urgente continuar a se voltar para a Palavra de Deus. “A Igreja não prega a si mesma: ela é ouvinte e discípula da Palavra de Deus, que é sua referência e fundamento insubstituível: ‘Senhor, a quem iremos nós? Só tu tens palavras de vida eterna’, assim respondeu Pedro a Jesus, que questionava os discípulos, se também

Dom Odilo convidou todos a rezarem na intenção da realização de um Sínodo arquidiocesano a ser encaminhado ao longo da vigência desse Plano de Pastoral. “Sínodo diocesano é um evento de grande significado eclesial e pastoral, que requer um amplo envolvimento de todas as forças vivas da Arquidiocese.” Por fim, o Cardeal invocou a intercessão de Nossa Senhora Aparecida, cujos 300 anos do encontro da imagem são comemorados em 2017, Ano Mariano Nacional.


Edcarlos Bispo

H

edbsant@gmail.com

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Luciney Martins/O SÃO PAULO

12 | Reportagem Especial - Plano de Pastoral |

á uma estreita relação entre a cidade de São Paulo e a Igreja. Isso se revela já no surgimento da cidade, em 1554, que nasce e se organiza a partir de um colégio fundado por padres jesuítas. Passados 463 anos, no 12º Plano de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo, o olhar sobre a cidade é renovado. Busca-se, assim, ver as especificidades da maior cidade da América Latina e os desafios que essa realidade impõe à Igreja, aos seus pastores, aos membros das pastorais e aos fiéis. São inúmeros desafios em uma cidade marcada por ambivalências e contradições. Se por um lado São Paulo oferece inúmeras possibilidades, por outro há centenas de milhares de pessoas que vivem excluídas e à margem de seu progresso. É nessa cidade, com tal cenário de contradições, que a Igreja é convocada a ser fiel testemunha de Jesus Cristo, discípula missionária e mensageira da esperança para todas as pessoas. O Plano de Pastoral apresenta 12 desafios à evangelização, conforme se lê entre os parágrafos 32 e 42.

Família A “ética do mercado” e do lucro se impõe. A política, a religião, as práticas de solidariedade, o conhecimento, as ciências tornam-se mercadorias. O indivíduo se julga com o direito absoluto à felicidade, como bem privado. As uniões passageiras, a separação entre casamento e procriação, as parcerias conjugais do mesmo sexo debilitam as relações humanas e familiares. O aborto tornou-se questão de ideologia e de marketing. A família continua a ser o grupo mais atingido pelas mudanças, pelo individualismo, pela perda das referências cristãs e éticas. Questões importantes para a vida e a dignidade da família são tratadas com descaso e até desprezo, como o casamento estável entre um homem e uma mulher, a liberdade na educação dos filhos, a transmissão da fé às novas gerações, a defesa da vida ainda no ventre materno, a sustentação da vida em fase terminal.

Um olhar da Igreja para o As relações humanas sofrem com as inversões de valores. As uniões tornam-se cada vez mais passageiras e fragmentadas, as separações provocam sofrimento aos esposos e aos filhos. A afetividade não amadurecida prejudica as relações humanas de crianças, jovens, adultos e idosos; consequências disso são a banalização da sexualidade, os abusos sexuais, a gravidez precoce, a transmissão de doenças, o abuso de medicamentos. Casamentos frustrados e casais em segunda união são uma realidade sempre mais frequente, que desafia a ação pastoral da Igreja; da mesma forma, as “parcerias” do mesmo sexo contradizem

o desígnio de Deus sobre a pessoa humana, a família e o Matrimônio, e requerem uma atenção especial.

Juventude Jovens são vítimas fáceis do mercado da droga e da violência, da dificuldade no acesso ao primeiro emprego, da falta de oportunidades de educação de qualidade, de recreação saudável, entretenimento e lazer de fácil acesso.

Cultura A cidade de São Paulo possui um acervo cultural extraordinário, mas muitos ainda não

têm acesso ao “mundo” da cultura e da educação, principalmente grande parte dos adolescentes e jovens, que não têm possibilidade de terminar o ensino médio.

Moradia A exploração imobiliária desordenada privilegia famílias de condição social mais elevada e coloca famílias mais humildes em condições habitacionais precárias. Será de grande importância ajudar a criar políticas públicas que possibilitem às populações de áreas mais distantes ou de áreas de risco alcançarem condições dignas de habitação e acesso ao trabalho.


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Violência O aumento da violência urbana gera o medo, isola as pessoas e revela a incapacidade do Estado de coibir a violência e vencer o crime organizado.

Consumismo A lógica do consumismo exclui os pobres, as pessoas com deficiência, os doentes e idosos, que acabam perdendo seu lugar social, pois são avaliados somente pelo que possuem ou aparentam possuir. Enfatiza-se o consumo como uma aspiração humana, fortalecem-se o pragmatismo e o exibicionismo (cf. DAp 5051), levando à deterioração do tecido social (cf. DAp 78).

Política As políticas sociais na cidade, apesar de contribuírem para ampliar as oportunidades e integrar os indivíduos, não conseguem romper as barreiras da desigualdade social, da miséria e suas implicações. Uma das razões é o desvio dos recursos destinados às políticas sociais, cujos benefícios nem sempre chegam aos mais necessitados na cidade.

Individualismo

os desafios de São Paulo Economia Embora esteja situado em São Paulo um dos maiores mercados financeiros da América Latina, a cidade ainda convive com a triste realidade da exclusão social. A recente crise econômica e política tornou ainda mais dramática essa exclusão social.

Meio ambiente A degradação do meio ambiente, favorecida por grandes projetos viários, compromete cada vez mais a qualidade de vida dos paulistanos, colocando em risco reservas ambientais. A despoluição do rio

Tietê e de seus afluentes, infelizmente, se mantém como um sonho distante, não por falta de recursos, mas de vontade política e de mobilização dos cidadãos. Embora haja um crescimento da consciência e responsabilidade ambiental, ainda é grande a dificuldade para se perceber que os impactos ambientais e sociais estão intimamente ligados entre si e a ameaça ao meio ambiente coloca em risco a vida da população.

Comunicação Os meios de comunicação são instrumentos poderosos para fazer o bem, para fazer

circular a verdade, para promover o direito, a cidadania, a liberdade, a solidariedade, para formar a opinião pública e exercer influência na consciência das pessoas. Porém, não poucas vezes criam sonhos irreais, destroem valores, estimulam o fascínio pelo dinheiro, pelo poder e pela fama. Embora a internet e as novas tecnologias de comunicação possam ser instrumentos eficazes para construir a fraternidade e a partilha daquilo que é bom e belo, muitas vezes realçam a violência, a destruição da vida, os comportamentos antiéticos e mesmo criminosos.

Com o individualismo nas decisões e o anonimato nas relações, as pessoas tendem a isolar-se e a viver no seu mundo. O futuro é incerto e, portanto, valem o aqui e o agora. Sobretudo os jovens se agarram ao presente, como se o passado não existisse.

Saúde O drama da saúde pública é vivido cotidianamente por grande parcela da população, que aguarda ansiosamente por uma consulta, exames médicos, cirurgias, internações, terapias especializadas. Apesar da melhora em muitos serviços à saúde da população, ainda é dramática a situação do atendimento à saúde. Os recursos destinados à saúde pública são insuficientes para as necessidades da população.


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Urgências para a evangelização na metrópole Fernando Geronazzo

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iante dos desafios identificados na cidade, o 12º Plano Arquidiocesano de Pastoral aponta pistas para realizar a ação evangelizadora da Arquidiocese. As seis urgências estão profundamente ligadas entre si, de modo que assumir uma delas exige assumir as demais. “Na elaboração dos projetos e programas pastorais para os próximos anos, será importante fazer muito mais do que um cronograma de ações ou um elenco de atividades pontuais e dispersas. As ações e programas pastorais específicos devem evitar a dispersão”, consta no texto do Plano.

Casa da iniciação cristã A segunda urgência trata da necessidade de desenvolver “um processo de iniciação à vida cristã, que conduza ao encontro pessoal com Jesus Cristo”. O Plano propõe a elaboração de um catecismo arquidiocesano que

Comunidade animada pela Palavra de Deus Inspirado na exortação apostólica Evangelii Gaudium, o Plano reafirma que “A evangelização requer a familiaridade com a Palavra de Deus, e isso exige que as dioceses, paróquias

Ao destacar a importância da dimensão comunitária da vivência da fé, o Plano ressalta que “não se pode ignorar que hoje existem comunidades transterritoriais, ambientais e afetivas”. “Entretanto, é na paróquia que a maioria das Luciney Martins/O SÃO PAULO pessoas se relaciona com a Igreja. Por isso, as paróquias ‘precisam tornar-se cada vez mais comunidades vivas e dinâmicas, capazes de propiciar aos seus membros uma real experiência de discípulos e missionários de Jesus Cristo, em comunhão.’” Dentre as várias indicações pastorais para essa urgência, foi inserido no Plano a necessidade de acompanhar as grandes mudanças e operações urbanas (surgimento de novos condomínios e de novos bairros, adensamento populacional de algumas áreas da cidade, concentração de comunidades de migrantes) “no sentido de garantir a presença física e efetiva da Igreja em toda a cidade”.

Igreja em estado permanente de missão A consciência missionária “deve impregnar todas as estruturas eclesiais e todos os planos pastorais, a ponto de deixar para trás práticas, costumes e estruturas que, por corresponderem a outros momentos históricos, atualmente já não favorecem a transmissão da fé”. Nesse sentido, uma novidade do Plano é a celebração do Ano do Laicato, em 2018, para comemorar os 30 anos do Sínodo extraordinário sobre os Leigos, 1987, e da Exortação Apostólica Christifideles Laici (João Paulo II). “O objetivo dessa celebração é a de que os cristãos leigos e leigas, a partir de sua conversão pessoal, tornem-se agentes transformadores da realidade”, explica o texto. Outro destaque é que durante o período de vigência do Plano será iniciado um processo de Sínodo Arquidiocesano “com a finalidade de promover a conversão pastoral missionária das estruturas, instituições, pastorais, paróquias e dos próprios fiéis de nossa Arquidiocese”.

Comunidades de comunidades

A serviço da vida plena para todos Família de Famílias

A Arquidiocese de São Paulo definiu a família como sexta urgência da evangelização e, como diz o Plano, “deseja receber criativamente a Exortação Apostólica Amoris Laetitia, que estimula ‘a apreciar os dons do Matrimônio e da família e encoraja todos os fiéis a serem sinais de misericórdia e proximidade para a vida familiar, onde esta não se realize perfeitamente ou não se desenrole em paz e alegria’”. O Plano também estimula a organização da preparação próxima ao Matrimônio, dando prioridade “aos conteúdos, que, comunicados de forma atraente e cordial, ajudem os noivos a se comprometerem por toda a vida com grandeza de alma e com liberdade e a iniciarem com solidez a vida familiar”. Também destaca o acompanhamento das uniões ditas irregulares “em vista de um discernimento pastoral das situações das pessoas que deixaram de viver a plenitude do Matrimônio cristão, para identificar elementos que possam favorecer a evangelização e crescimento humano e espiritual”.

sirva para o processo de iniciação à vida cristã. “Tal catecismo proporá os conteúdos fundamentais de maneira criativa e adaptada à evangelização na grande cidade.” Também é proposta a revisão do Diretório dos Sacramentos, de 2009, levando em conta as mudanças sofridas e ocorridas nas famílias, a fim de que a Arquidiocese “possa se mostrar Mãe misericordiosa e acolhedora”.

e todos os grupos católicos proponham um estudo sério e perseverante da Bíblia e promovam igualmente a sua leitura orante pessoal e comunitária”. O novo Plano inclui, ainda, um parágrafo sobre a valorização da homilia, incentivando os sacerdotes a preparar a homilia, “dedicando a essa importante tarefa tempo prolongado de estudo, oração, reflexão e criatividade pastoral”.

Inspirado pelo recente Jubileu extraordinário da Misercórdia, a quinta urgência do Plano teve seu enunciado modificado para “Igreja Misericordiosa a serviço da vida plena para todos”. “Um dos grandes testemunhos da Igreja, ao longo da sua história, é o seu compromisso com a pessoa e a vida, mediante o cuidado dos doentes, pobres, feridos e submetidos à violência ou ameaça de morte. Também na nossa época, a fé se torna eloquente aos olhos dos homens quando se traduz em serviço à vida”, diz o Plano.

Indicações práticas

Outra novidade do novo Plano de Pastoral é um anexo com indicações práticas para a sua aplicação, destacando que o Plano de Pastoral não é um programa, mas diretrizes para ação pastoral a partir das quais cada pastoral e organismo deve elaborar o seu programa.


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José Mario Brasiliense Carneiro

‘A cidade cresceu muito e não adequou seu modelo de gestão a uma visão mais descentralizada’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

No aniversário de São Paulo, é desejo comum de que a metrópole se torne a cada dia um lugar melhor para se viver. Mas quais caminhos podem ser trilhados para isso? Que contribuições a Igreja e os cristãos podem dar nesse processo? Essas são questões que O SÃO PAULO apresentou a José Mario Brasiliense Carneiro, fundador da Oficina Municipal, uma escola de cidadania e gestão pública, que desde a criação, em 2002, mantém parceria com a fundação política alemã Konrad Adenauer, que atua com base na União Democrata Cristã.

O SÃO PAULO – A cidade de São Paulo completa 463 anos com desafios diversos, como, por exemplo, a poluição, a violência urbana e as precariedades na saúde e na educação. Qual deve ser a base de ação da prefeitura diante dessas situações? José Mario Brasiliense Carneiro – O desafio da Prefeitura de São Paulo é, em primeiro lugar, de modelo de gestão, de governança da cidade. Como uma cidade com aproximadamente 12 milhões de habitantes pode ser governada a partir de uma prefeitura centralizada? Nós acreditamos que a única forma de fazer essa gestão seria com uma descentralização estruturada. Por ocasião das eleições municipais de 2000, a Oficina Municipal fez um seminário sobre os problemas de São Paulo, e vários especialistas apontaram que se o modelo de gestão da cidade não mudar, a educação, saúde, transporte, segurança e cada uma das questões setoriais ficarão prejudicados por não haver uma estrutura de governo capaz de dar conta dos problemas. Aqui cabe lembrar que na perspectiva da Doutrina Social da Igreja há o princípio da subsidiariedade, que surgiu com a encíclica Quadragesimo Anno, de 1931, do Papa Pio XI, que, ao olhar os regimes de governo de caráter nacionalista e centralizador da Europa, disse que não é justo, não é lícito, tolher as esferas menores de governo da capacidade de atuar diretamente, em primeiro lugar. Isso serve para a questão da federação brasileira, em que o poder é muito concentrado em Brasília (DF), e serve também para a cidade de São Paulo. Por isso, falamos da necessidade de uma descentralização da estrutura de poder e de governo, para que os interesses específicos de cada uma das 32 prefeituras regionais, dos bairros, possam ser melhor observados. A cidade cresceu muito e não adequou seu modelo de gestão a uma visão mais descentralizada, como é apontado pelo princípio da subsidiariedade.

Como essa descentralização se daria? A Oficina Municipal conhece a experiência de gestão das cidades na Alemanha. Como poderia ser aplicada aqui em São Paulo? Nós estivemos em 2007 na Alemanha com um grupo de prefeitos e autoridades para estudar o modelo de gestão de Berlim, que é baseado em uma estrutura de poder, de governo, de caráter regional. Berlim é a maior cidade da Alemanha, com 3 milhões de habitantes, e lá viram a necessidade de descentralizar, pois, como acontece no Brasil, a maior parte das prefeituras na Alemanha é pequena com no máximo 100 mil habitantes. A descentralização por lá foi feita nas três dimensões da administração pública: política, administrativa e financeira-tributária. Aqui em São Paulo, o problema é que nas subprefeituras, e imagino que também será assim com as prefeituras regionais, o prefeito regional não tem poder político, administrativo e financeiro. Ele é uma espécie de secretário projetado em uma região, mas quem toma as decisões ainda é o prefeito. Assim, o território regional não é visto de uma forma integrada, embora para o cidadão aquele espaço seja uma coisa só. Seria preciso uma reengenharia da estrutura de governo da prefeitura para, de fato, esse poder político, administrativo e financeiro ser descentralizado. Não acredito que isso vá ocorrer nesta gestão, pois há pouco tempo para essa transformação. O que poderia acontecer é o prefeito João Doria colocar isso em pauta ao longo destes

quatro anos e ser feita uma proposta de reforma estrutural que possa vigorar a partir de um outro mandato. Como a Igreja poderia colaborar nas reflexões sobre essa reforma estrutural? Em primeiro lugar, trazendo exemplos de estadistas de países que foram governados pela democracia cristã e a influência desses estadistas para a descentralização que tornou as estruturas do Estado mais próximas da sociedade civil. Aqui no Brasil um exemplo a ser relembrado é o do ex-governador André Franco Montoro [morto em 1999, governou o Estado de São Paulo de março de 1983 a março de 1987], que foi um dos fundadores do Partido Democrata Cristão antes do golpe militar e que como governador trouxe a visão da democracia cristã para o governo. Ele criou os escritórios regionais de governo para dialogar de uma forma mais próxima com os prefeitos, com as comunidades do interior. Ele fez um processo de descentralização de toda a estrutura do estado. Há também o próprio exemplo da Igreja, que é uma instituição que tem experiências, práticas de descentralização de governo. Há quem diga que a Igreja é centralizadora, porém, na prática, existe liberdade para as paróquias, movimentos eclesiais, novas comunidades. A tentação da centralização do poder, da concentração do poder, é uma tentação que todo ser humano vive, porém a Doutrina Social da Igreja e a inspiração cristã apontam para o sentido contrário, que é o de fortalecer os indiví-

duos, as autonomias, para que as pessoas e os grupos intermediários, as esferas menores, se desenvolvam integralmente com o maior número possível de responsabilidades sobre o próprio destino. Além disso, os cristãos poderiam participar mais intensamente dos conselhos das prefeituras regionais, das associações de bairro, da vida cívica no entorno da paróquia, interagindo com o bairro em questões econômicas, políticas e sociais de nível local. Neste ano, a Arquidiocese de São Paulo lança o 12º Plano Arquidiocesano de Pastoral, que tem como foco as “urgências da evangelização na cidade”. De que maneira a atuação pastoral da Igreja pode colaborar para a construção de uma cidade melhor? Eu diria que a Igreja pode colaborar motivando os fiéis à oração e à vida contemplativa. Digo isso inspirado em um livro que estou lendo do Cardeal Robert Sarah, da Guiné, chamado “Deus ou nada”. O Cardeal foi nomeado para o Pontifício Conselho Cor Unum, cuidando da atividade social da Igreja nas regiões mais pobres. Ele diz em determinada altura: “Eu era responsável por levar a ajuda material da Igreja para as populações que estavam sofrendo, mas percebi que eu devia levar, em primeiro lugar, o próprio Cristo”. As pessoas o agradeciam não só a ajuda material, mas, sobretudo, a oração, o testemunho de oração, de homem místico, que levava o amor de Cristo, a caridade, que é a única coisa que pode consolar. Ele cita o Papa Bento XVI, que fala que os pobres têm fome e sede não só de justiça material, mas, sobretudo, espiritual, e se o alimento da alma, o alimento espiritual, não é levado, corremos o risco de ficar numa militância de ONG, algo que também já foi criticado pelo Papa Francisco. Então, o primeiro convite, apesar de falarmos em pastoreio na dimensão social, é à oração, à contemplação e à vida mística. O cristão que não for um místico no século XXI não será um cristão. E nós erramos muito já no ativismo, inclusive com tendências partidárias, o que deveria ser revisto. A partir da oração e da contemplação, passamos à experiência da compaixão – que envolve o abraço, o olhar, o encontro com o ser humano – e depois à missão evangelizadora, que tem uma missão social e política no sentido da transformação das estruturas. Estimulo os leigos e as leigas católicas ao engajamento político e social, baseado em uma profunda vida sacramental e mística, para que a gente possa colaborar de forma prática com a melhoria da qualidade de vida e com o bem comum da nossa cidade.

As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.


16 | Reportagem |

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cláudio Pastro nas igrejas de são paulo Cláudio Pastro foi o artista responsável pelo novo projeto da Igreja São José de Anchieta, no Pateo do Collegio, marco da fundação da capital paulista Nayá Fernandes

ma obra de arte é sempre um diálogo entre presente, passado e futuro. Um encontro entre a história e as perspectivas das pessoas que fazem parte do contexto onde a obra está inserida. A arte de Cláudio Pastro (1948-2016), conhecida internacionalmente, releva esses aspectos em diferentes lugares e épocas. Um exemplo disso é o projeto realizado na Igreja São José de Anchieta, no Pateo do Collegio, uma releitura e, ao mesmo tempo, atualização de um sonho que começou em 1553, quando Padre Manuel da Nóbrega e depois o jovem Anchieta, membros da Companhia de Jesus – a ordem jesuíta –, chegaram ao Planalto do Inhambussu. Os tons de azul e dourado, o silêncio, a sobriedade e, ao mesmo tempo, o calor da madeira, a fineza e a sensibilidade de cada detalhe, fazem da igreja um oásis de silêncio e beleza no caos urbano que se tornou a maior cidade do país. A capital paulista, que completa 463 anos no dia 25 de janeiro de 2017, na Solenidade da Conversão de São Paulo Apóstolo, nasceu ali, em 1554, quando os missionários jesuítas abriram um colégio com a intenção de ensinar e catequizar os indígenas que viviam no então chamado Planalto de Piratininga. A escola foi feita de pau a pique, uma técnica de construção com barro, bambu e palha. “São Paulo nasceu de uma escola, mas não de uma escola qualquer. Era um colégio que tinha uma missão apostólica”, enfatizou Carla Galdeano, historiadora e coordenadora do Museu Anchieta em entrevista ao O SÃO PAULO. Ela contou à reportagem a história do Pateo do Collegio e o quanto o governo e parte da sociedade paulistana foram, em determinado período, contrários à reabertura da igreja, que foi fechada devido a questões políticas e sociais. “No ano de 1896, a Igreja do Pátio do Colégio foi demolida, com a justificativa de que a torre estava caindo por causa das constantes

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

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Anchieta escreve na areia o ‘Poema à Virgem’

Gravura de Maria, Mãe da Misericórdia

Anchieta e o Milagre das aves no litoral

chuvas”, explicou a historiadora. Ela observou, contudo, que a torre é a única coisa que ainda hoje está conservada. A demolição e as diferentes administrações fizeram com que o local fosse, ao longo dos anos, quase inteiramente modificado e não restasse praticamente nada daquela primeira construção do século XVI. Internamente, os móveis e objetos litúrgicos também foram desaparecendo, pois a igreja ficou fechada de 1896 (quando foi demolida) até 1979. A reconstrução só aconteceu porque os jesuítas receberam a missão de reavivar o lugar onde nasceu a cidade de São Paulo, antes do 4º Centenário da capital paulista, comemorado em 1954, mas a reinauguração efetivamente aconteceria duas décadas depois.

Uma obra à altura da história que carrega

a igreja para as pessoas e, por isso, ela foi o resultado de muitas doações, com imagens e peças das mais diferentes épocas, uma mistura de estilos”, explicou Carla. Responsável pela seleção dos textos de Anchieta que inspiraram Cláudio Pastro na composição da igreja, Carla fez também a tradução de palavras para a língua que era usada pelos missionários no diálogo com os indígenas. O termo Palavra de Deus, por exemplo, foi traduzido por ela, que chegou a estudar também o tupi. Usando azulejos, a Igreja abriga episódios da vida e trechos dos escritos de São José de Anchieta como o “Poema à Virgem” e o “milagre dos pássaros”. A recuperação da memória do Brasil colônia deu-se na escolha das cores, do material e no dourado. “Mas tudo aponta para o Cristo”, ressaltou Carla, ao mostrar a cruz de madeira com o Cristo, uma das peças da igreja que permaneceu após a reforma e foi integrada pelo artista na reforma. Além disso, a igreja não tem imagens, a não ser uma gravura de Maria, Mãe de Misericórdia, Mãe de Deus e nossa Mãe. Após a morte de Cláudio Pastro, a catalogação de sua obra (cerca de 300 igrejas espalhadas pelo mundo e um número incontável de quadros, esculturas e objetos litúrgicos) está a cargo da Associação

Durante a entrevista na sala da historiadora, que abriga duas colunas de madeira da antiga construção, Carla enfatizou que o Pateo do Collegio é um complexo histórico-cultural-religioso e, por isso, a reforma da igreja tinha que considerar aquele lugar como um centro de acolhida para as pessoas que vêm de todo o mundo conhecer o marco da fundação da cidade. “A escolha do Cláudio Pastro como artista foi quase natural, uma vez que ele era amigo da Companhia e membro da comunidade do Pateo”, disse. “A reforma aconteceu a partir do diálogo de Padre Carlos Alberto Contieri, atual diretor do Pateo do Collegio, com o Cláudio”, detalhou. Desde 1954 até 1979 foram 25 anos de intensa campanha por sua reconstrução. “Havia um desejo grande de reabrir


Cláudio Pastro – Ars Sacra. A ela cabe agora o encargo de tornar esse patrimônio acessível e conhecido por todos. Sobre o Pateo do Collegio, a Associação afirmou que “ao longo dos últimos anos, o Pateo do Collegio tem-se tornado referência na preservação da memória histórica acerca das origens da cidade de São Paulo, na promoção da cultura e na afirmação da fé cristã em nossa sociedade. Proporciona um diálogo constante entre a história, a cultura inaciana (que é o modo de proceder e espiritualidade dos jesuítas, legado de seu fundador) e a cultura atual, por meio da realização de eventos gratuitos e de baixo custo”.

A busca pelo essencial

A última reforma do espaço litúrgico interno da igreja no Pateo do Collegio aconteceu no ano de 2009, e Cláudio Pastro foi convidado pelos padres Carlos Palacios, provincial dos jesuítas no Brasil, e Carlos Alberto Contieri, para a obra, realizada de acordo com os princípios do Concílio Vaticano II. Uma preocupação constante foi a de recuperar os aspectos estéticos sem violar o que já fazia parte integrante do edifício. Uma vez que o edifício original, do século XVI, já havia desaparecido e o atual é uma réplica, o artista respeitou todo o estilo e interferiu o menos possível nesse espaço. Peças litúrgicas, como altar, ambão, fonte batismal em granito rosa brasileiro e azulejaria foram feitas segundo a tradição colonial ibérica, em conformidade com história dos jesuítas e a fundação da cidade de São Paulo. É perceptível que houve uma escolha para que só o essencial tivesse destaque e, por esse motivo, houve a retirada dos diversos móveis e imagens, que foram levados para outras igrejas ou colocados no museu anexo à igreja. Também a cripta da igreja está agora aberta ao público. No momento da demolição, os corpos de 95 pessoas que estavam sepultadas ali foram também retirados pelos familiares ou transferidos para outros lugares. Entre eles, a índia Bartira, a primeira a ser colocada na cripta. Já o Tibiriçá foi o primeiro índio a ser catequizado pelo padre José de Anchieta. Convertido e batizado pelos jesuítas José de Anchieta e Leonardo Nunes, seus restos mortais encontram-se na cripta da Catedral da Sé. O texto a seguir, que descreve as características técnicas, bíblicas e teológicas das peças litúrgicas, foi escrito a partir de informações cedidas ao O SÃO PAULO pela Associação Cláudio Pastro.

Uma teologia da beleza

As crianças entram junto aos pais na procissão de entrada na missa de domingo. A Palavra é proclamada no ambão, localizado em frente à pia batismal, ambos no centro da igreja e a criança é imersa na água durante o rito do Batismo. Os pais e padrinhos participam daquela comunidade, composta por pessoas de diferentes bairros da capital e até mesmo de cidades vizinhas. A homilia, preparada pelo Padre Contieri, aprofunda aspectos do Evangelho e recorda a missão dos responsáveis pela criança que, a partir de então, passa a integrar a comunidade cristã.

Tudo isso dentro de um espaço litúrgico cuidadosamente preparado. À frente do presbitério, espaço mais importante do edifício sagrado e onde estão as peças e objetos da Eucaristia, eles são apresentados a toda a assembleia. É um momento de alegria e fé. A celebração continua e sobre o altar são consagradas as espécies sagradas. O altar é de granito rosa brasileiro apicoado e polido. “O altar é Cristo, centro de todo o edifício, a pedra angular do edifício de pedras vivas” (1Pd 2, 4-5). Ele é também o lugar do Mistério Pascal. É o altar que dá razão ao espaço celebrativo cristão e sacraliza tudo e todos que o envolvem. O painel em azulejo, realizado com técnica de pintura em azulejo com pigmento vítreo dourado, recorda o esplendor do antigo barroco e, sobre ele, o Monograma IHSUS (do grego), no latim IHS = Iesus Hominum Salvator (Jesus, Salvador dos Homens), transparece a história e os valores da instituição, concebidos desde o princípio por Santo Inácio de Loyola (1491-1556), ao optar pelo nome de Jesus, como representação da Companhia. Representado também está o sol, símbolo da propagação de Cristo em todos os continentes, e recordação da atividade missionária da Companhia de Jesus, que desconhece fronteiras. Além da cruz e dos cravos, a videira simboliza o povo de Israel e da Igreja. A sédia (cadeira), o altar e o ambão são todos sacramentais, ou seja, partes de um único mistério a ser celebrado, o Mistério Pascal, e por isso feitos do mesmo material dos demais. Ali, o Cordeiro pintado em têmpera sobre tela está sobre o altar e se destaca pelas cores quentes com tom avermelhado. Figura constante do Gênesis ao Apocalipse, o cordeiro é o símbolo máximo da Páscoa judaica e cristã, portanto, do próprio Cristo Imolado e Ressuscitado. Outra característica muito peculiar da igreja são os já mencionados painéis em azulejo, que apresentam alguns fatos da vida e da obra do Padre Manuel da Nóbrega e do então Padre José de Anchieta. Desde a devoção à Virgem Maria e adoração ao sacramento da Eucaristia até o aprendizado da língua indígena que os levaram a traduzir o Evangelho para os nativos, os painéis revelam um percurso de dedicação e amor à missão, pontuando as principais características daqueles que se dedicaram à fundação da cidade de São Paulo. Durante a visita à igreja, Carla Galdeano mostrou especial carinho pelo painel em azulejo onde estão retratados os padres Manuel e Anchieta que seguram o Evangelho. Manuel mantém a versão em latim e José de Anchieta a versão traduzida para a língua tupi. Ambos mantêm a base da cruz, significando a missão que realizaram na Terra de Santa Cruz. O último projeto assinado por Pastro no Pateo do Collegio foi o espaço para acolhida dos peregrinos que começaram a vir a São Paulo após a canonização de José de Anchieta, em abril de 2014. Ali, num oratório localizado no fundo da igreja, está exposto o fêmur do Santo. O espaço, com banquinhos de madeira e uma luz baixa, convida à oração e ao silêncio.

Luciney Martins/O SÃO PAULO - out.2009

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Filipe David

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Dica de Leitura

A coisa – Por que sou católico?

Divulgação

“Sete anos após sua conversão do anglicanismo para o catolicismo, Chesterton se coloca na frente de batalha para ser execrado como seus irmãos católicos, que confessam sua fé publicamente, numa Inglaterra majoritariamente anglicana e racionalista. ‘A Coisa’, segundo o professor e tradutor do livro, Antônio Anghet, é, antes de tudo, uma confissão de fé. Hilaire Belloc, seu grande amigo e companheiro de batalhas, disse a respeito do livro: ‘De todos os livros de Chesterton, ‘A Coisa’ é o mais profundo e o mais claro (...) Estou curioso e até meditativo a respeito do destino provável do livro. Se ele for lido pela geração agora jovem, isso significará que a Inglaterra começa a pensar. Se ele for esquecido, isso significará que a capacidade de pensar está naufragando, pois não há nenhum lugar onde o pensamento e a exposição clara esteja atualmente mais presente do que nesse livro’. Nos ensaios do livro, Chesterton trata de todos os assuntos na perspectiva do catolicismo: dos seus valores morais, dos seus santos, da sua doutrina, dos seus dogmas, da sua alegria.” Ficha técnica Autor: G. K. Chesterton Páginas: 224 Editora: Oratório

Cinema

Até o último homem

Chega aos cinemas na quinta-feira, 26, o filme “Até o último homem”, mais uma obra-prima do diretor Mel Gibson, que também fez “A paixão de Cristo”. “Até o último homem” conta uma história real do soldado Desmond Doss, um cristão que se alistou no exército norte-americano para a Segunda Guerra Mundial, apesar de ter prometido a Deus que nunca pegaria numa arma. Desmond pretendia prestar socorro e serviço médico aos feridos durante as batalhas. Antes de ir para a guerra, o soldado precisou enfrentar a oposição de seus superiores militares, que não queriam aceitar sua objeção de consciência e sua recusa em utilizar armas. Finalmente enviado para uma batalha no Japão, Desmond fez prova de imensa coragem e foi o primeiro objetor de consciência na história dos Estados Unidos a receber uma medalha de honra por sua bravura na guerra. O filme conta com a atuação de Andrew Garfield no papel principal, além de Vince Vaughn e Teresa Palmer. Atenção aos pais: trata-se de um filme de guerra, que contém cenas fortes de violência.

Gaudí, o arquiteto de Deus Vitor Alves Loscalzo ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Direto da Catalunha, na Espanha, para São Paulo, o Instituto Tomie Ohtake traz a obra universal de Antoni Gaudí i Cornet, reunindo 46 maquetes e 25 peças à mostra para o público. Trabalhos originários do Museu Nacional de Arte da Catalunha, Museu da Basílica Sagrada Família e da Fundação Catalunya – La Padrera compõem a exposição “Gaudí: Barcelona, 1900”.

Arquiteto e homem: unidade de vida

Conhecida mundialmente, a Basílica da Sagrada Família é o monumento mais visitado na Espanha, chegando a receber até 10 mil pessoas por dia. Mais discreta, porém de magnanimidade comparável ao seu legado artístico, foi a vida do arquiteto responsável pelo templo católico e por outras tantas obras de arte. Nascido em um município da Catalunha, em 1852, foi em meio ao ambiente familiar que Gaudí pôde perceber sua vocação profissional. O mestre catalão, considerado um dos maiores arquitetos da História, fez também de sua vida uma verdadeira obra de arte, justificando a abertura do seu processo de beatificação. De profunda convicção católica, Gaudí ia à missa todos os dias e buscava a simplicidade e pobreza evangélica, evitando o status e as conveniências que sua posição poderia lhe garantir. Por mais de uma vez, manifestou o

desejo de morrer pobre, em um hospital de beneficência cristã, acolhido somente pelo amor de Deus. Desejo esse que, em 1926, cumpriu-se plenamente: após seu momento diário de oração na Igreja São Filipe Néri, regressando para o trabalho na Sagrada Família, foi atropelado por um bonde. Aqueles que o encontraram não o reconheceram e trataram de levá-lo ao Hospital da Santa Cruz, destino dos indigentes. Aos cuidados das freiras, o arquiteto proferiu suas últimas palavras: “Amém, Deus meu! Deus meu!” Com uma vida marcada pelas virtudes cristãs, Gaudí é lembrado pelo caráter firme, pela laboriosidade e pelo cuidado que teve com seus colegas de trabalho e colaboradores, com os quais manteve fiéis amizades. Por 43 anos esteve à frente da construção da Basílica da Sagrada Família. Convenceu-se de que, sem sacrifício, era impossível progredir em uma grande obra, decidindo viver uma vida austeríssima de oração, penitência e desprendimento dos bens materiais. Assim, tornou-se quase mendigo, pedindo esmolas às pessoas nas ruas de Barcelona para concluir a construção da Basílica.

Processo de Beatificação

O processo de beatificação de Gaudí foi aberto no ano 2000 pela Associação Pró-Beatificação de Antoni Gaudí (http://gaudibeatificatio.com). Agora, consultores teológicos e históricos do congresso ordinário de cardeais e bispos da Congregação para as Causas dos San-

tos devem estudar a vida de Gaudí, avaliando suas virtudes e sua fama de santidade. Se concordarem sobre o exercício heroico das virtudes do Servo de Deus, o prefeito da Congregação romana deve apresentar ao Santo Padre o respectivo decreto e autorizar a sua publicação. A partir desse momento, Antoni Gaudí poderá ser chamado de “venerável”. Em entrevista ao O SÃO PAULO, o arquiteto José Manuel Almuzara, presidente da Associação Pró-Beatificação Antoni Gaudí, comentou: “Creio que Gaudí tem uma dimensão humana e religiosa, projetando-as em sua obra... sua produção artística teria sido muito diferente sem a componente religiosa e espiritual. Podemos afirmar que Gaudí viveu, pensou e trabalhou unindo o divino e o humano, a fé e a arquitetura”. Em 7 de dezembro de 2010, na celebração da consagração do templo expiatório da Sagrada Família, o Papa Bento XVI comentou que Gaudí “fez algo que é uma das tarefas mais importantes hoje: superar o hiato entre consciência humana e consciência cristã, entre existência neste mundo temporal e abertura a uma vida eterna, entre beleza das coisas e Deus como beleza. Isso realizou Antoni Gaudí, não com palavras, mas com pedras, traços, planos e vértices. E é a beleza a grande necessidade do homem; é a raiz pela qual brota o tronco da nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus, porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convida à liberdade e arranca do egoísmo”.

Reprodução

Exposição ‘Gaudí: Barcelona, 1900’

Até 5 de fevereiro De terça-feira a domingo, das 11h às 20h Ingressos: R$12,00 e R$ 6,00 (meia-entrada), que podem ser adquiridos no site www.ingresse.com ou na bilheteria do Instituto Tomie Ohtake. * Às terças-feiras a entrada é gratuita mediante retirada de senhas na bilheteria do Instituto Tomie Ohtake.


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Belém Dom Odilo visita paróquia no Tatuapé Peterson Prates

Colaborador de comunicação da Região

Peterson Prates

Na noite do domingo, 22, os fiéis da Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto, no Setor Pastoral Tatuapé, participaram da missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo. “Vim celebrar para estar com vocês, e para ver a obra”, disse o Cardeal no começo da missa, ao se referir à reforma da igreja-matriz, que nessa reestruturação receberá obras do artista Cláudio Pastro, falecido em outubro do ano passado. Concelebraram a missa os padres Tarcísio Mesquita, pároco e coordenador de pastoral da Arquidiocese, José Geraldo Rodrigues, vigário, e Jean Baptiste Nabolle, que faz uso de ordens na Paróquia. O Cardeal, na homilia, ao referirse às leituras do dia, comentou que os problemas da comunidade de Corinto se manifestam também hoje: as divisões internas criticadas por Paulo, causadas pelo fechamento de grupos em seus pregadores, desviando a comunidade da Boa-Nova. “Em vez de seguir Cristo, seguem apóstolos, missionários, profetas. Não podemos nos tornar mais importantes [que a mensagem]. Não podemos dividir Cristo”, afirmou.

Na Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto, Dom Odilo critica os que ‘formam seu próprio rebanho, em vez de formar o rebanho de Cristo’

Dom Odilo criticou àqueles que “formam o seu próprio rebanho, em vez de formar o rebanho de Cristo”, muitas vezes por “vaidade, busca de dinheiro, busca de poder, não favorecendo a missão, nem favorecendo o povo”. O Arcebispo orientou, ainda, que os ministros da Igreja devem levar o povo a Cristo. “Ele é a salvação, não somos nós”,

dizendo que não se pode desviar a pregação, isso, segundo Dom Odilo, seria atitude de falsos profetas, falsos pregadores. Dom Odilo convidou os fiéis a lerem a Carta Pastoral “Viva a mãe de Deus e nossa!”, por ele escrita e direcionada a toda a Arquidiocese, por ocasião do Ano Mariano Nacional. “Redescobrir o que a Igreja espera de nossa atenção a

Maria e nossas práticas de devoção deve ser nossa ação neste Ano Mariano”, afirmou o Arcebispo. A comunidade ganhou uma réplica fac-símile da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, que foi levada no final da missa por um casal da comunidade, em cortejo pela matriz, ao nicho preparado para a imagem.

Com São Sebastião para testemunhar a fé com a vida A Paróquia São Sebastião, no Setor Pastoral Sapopemba, confiada aos missionários combonianos, esteve em festa na sexta-feira, 20, na data da memória litúrgica do padroeiro. Um tríduo festivo, que envolveu os fiéis das dez comunidades que compõem a Paróquia, marcou a preparação da festa. No segundo dia, aconteceu uma palestra sobre a violência contra a mulher, organizada pelo Centro de Defesa de Direitos Humanos de Sapopemba, e, no último dia, houve uma palestra sobre drogas, ministrada por integrantes da Missão Belém. Padre Danilo Cimitan presidiu a solene missa festiva do dia 20, concelebrada pelos padres Mario Andrighetto,

pároco, e Elias Arroyo Román, vigário paroquial. Padre Danilo já havia trabalhado com a comunidade na década de 1980, e recordou a realidade da época e as lutas travadas. Padre Mario contou que convidou o confrade para presidir a Eucaristia, porque aquela era a primeira vez que o Padre Danilo celebrava a festa do padroeiro da comunidade, depois da elevação à paróquia, e também por ter passado, assim como São Sebastião, por momentos de perseguição religiosa. Durante a homilia, Padre Danilo contou a experiência que teve em Moçambique, no continente africano, quando a Igreja passava por momentos de tensão, com expulsão e prisão Peterson Prates

Padre Danilo conduz momento de oração com padres e fiéis na Paróquia São Sebastião, dia 20

de padres e limitação do trabalho pastoral. Depois de recordar a história de outras comunidades da Paróquia, onde também trabalhou há 30 anos, ele lembrou das ações que nasceram dentro das comunidades, como o Instituto Daniel Comboni, o Cantinho da Paz, o Biomagnetismo, a União da Juta, que juntos proporcionam atendimentos a crianças,

Os fiéis da Paróquia São Vicente Pallotti e São Pedro Apóstolo, no Setor Pastoral CarrãoVila Formosa, celebraram no domingo, 22, a festa de São Vicente Pallotti, em missa presidida por Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, recém-nomeado arcebispo de Sorocaba (SP). Palotino, Dom Julio também presidiu as missas do tríduo preparatório da festa. Em 2017, a Paróquia completa 50 anos de criação.

jovens e idosos, capacitação profissional, entre outras ações. “Quanta coisa bonita nasceu aqui na nossa área”, disse. “São Sebastião ligou a fé com a vida”, afirmou Padre Danilo. “‘A vida que hoje te dou, não guarda para ti, partilha com quem precisar’, essa é a mensagem que Deus nos dá. Ele nos visita sempre e nos ensina a amar, a servir”, concluiu o Sacerdote.

Paróquia São Vicente Pallotti e São Pedro Apóstolo


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Santana Imagem de Nossa Senhora Aparecida peregrina pelo Setor Medeiros

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

Padres, diáconos e fiéis do Setor Pastoral Medeiros juntos com Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, acolheram no sábado, 21, na Paróquia São José Esposo da Virgem Maria, a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida, que percorre a Região em comemoração aos 300 anos da aparição da imagem no rio Paraíba do Sul, em 1717. A programação do dia previa uma missa campal na praça em frente à igreja, mas, devido à chuva, foi transferida para o templo. A imagem permaneceu na Paróquia até terça-feira, 24, e depois foi levada à Paróquia São Francisco Xavier (rua Yokoama, 33), onde ficará até o domingo, 29, quando será conduzida para a Paróquia Santa Zita (rua Padre Saboia de Medeiros, 827), onde permanecerá até o dia 3 de fevereiro. Durante o mês de fevereiro, este será o cronograma da peregrinação nas paróquias: dos dias 3 a 8, na Santo Antônio de Lisboa (rua Silva Guimarães, 236);

Diácono Francisco Gonçalves

Dom Sergio de Deus Borges conduz imagem de Nossa Senhora Aparecida na Paróquia São José Esposo da Virgem Maria, no sábado, 21

de 8 a 14, na Nossa Senhora do Loreto (avenida Nossa Senhora do Loreto, 914); de 14 a 18, na Nossa Senhora de Fátima (avenida João Simão de Castro, 260); de Diácono Francisco Gonçalves

18 a 21, na Nossa Senhora da Livração (avenida Ramiz Galvão, 638); e de 21 a 25, na Nossa Senhora Aparecida (praça Comandante Eduardo de Oliveira, 88),

onde haverá no dia 25, às 17h, a missa de encerramento da peregrinação da imagem na Região Episcopal Santana, presidida por Dom Sergio.

Semana Catequética começa no dia 7 O Padre Paulo Cesar Gil, coordenador regional de Animação BíblicoCatequética, convida todos catequistas para a Semana Catequética 2017, a ser realizada na Cúria de Santana (avenida

Marechal Eurico Gaspar Dutra, 1.877, próximo à estação Parada Inglesa do Metrô). Veja no cartaz a seguir a programação completa: Divulgação

Na sexta-feira, 20, Dom Sergio de Deus Borges presidiu a missa solene na festa do padroeiro da Paróquia São Sebastião, concelebrada pelo Padre Gil Fabio Moreto, pároco. O Bispo expressou que a Palavra de Deus não promete a ninguém uma vida sem obstáculos, e que “somos chamados, como São Sebastião, a fazer tudo por amor de Jesus, a darmos testemunho desse amor, sabendo que quanto mais dificuldades encontrarmos, mais graças o Senhor nos dará”. Irmãs Paroquiais de São Francisco

Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu no domingo, 22, na Paróquia Santa Inês, no Setor Pastoral Mandaqui, missa em ação de graças pela vida consagrada das Irmãs Paroquiais de São Francisco: Irmã Sileide Maria da Silva (25 anos); Irmã Angelina Maria Boff (50 anos) e Irmã Maria das Neves da Silva Mota (50 anos). Na ocasião, também houve a primeira profissão da Irmã Lucinete de Sousa.


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Brasilândia

Ana Lúcia Contarelli e Orlando Morais Colaboração especial para a Região

Dom Angélico comemora 84 anos de vida Gerson Morera

de eventuais diferenças de pensamento. “A força do povo está na sua união. Tem que ter união na família, na sociedade, no ambiente do trabalho. Todos nós devemos lutar para que haja justiça e misericórdia para um mundo melhor”, afirmou, agradecendo, posteriormente, pela participação de todos na missa. Ao final da celebração, em entrevista à Pastoral da Comunicação da Região Brasilândia, Padre Konrad falou sobre a atuação de Dom Angélico, que foi o pri-

meiro vigário episcopal da Região. “Ele é um grande profeta, que se preocupa principalmente com todos os que sofrem na periferia. Todos têm nele um grande bispo e nós, padres, só temos que agradecer a Deus”, afirmou. Dom Angélico também foi lembrado por leigos ouvidos pela Pastoral da Comunicação como aquele que “não nos deixa desanimar nunca na caminhada” e como “exemplo de fé, esperança e da presença de Jesus em nosso meio”.

Orlando Morais

Dom Angélico festeja 84 anos junto a fiéis na Paróquia Santos Apóstolos, no domingo, 22

Em 19 de janeiro de 1933, nascia na cidade de Saltinho (SP), Dom Angélico Sândalo Bernardino. Em ação de graças pelos 84 anos de vida do bispo emérito de Blumenau (SC) e que também foi bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo entre 1975 e 2000, aconteceu uma missa no domingo, 22, na Paróquia Santos Apóstolos, no Jardim Maracanã, presidida pelo próprio Bispo e concelebrada pelos padres Antônio Leite Barbosa Júnior, pároco, Reinaldo Torres, Fabrício

Mendes de Moraes e Konrad Korner. Dom Angélico, no começo da missa, comentou que Jesus é a luz que ilumina as trevas e que convida sempre à conversão e ao seu seguimento, e quem aceita segui-lo se torna missionário, sendo esse o chamado e o caminho a ser percorrido por todo cristão. O Bispo, na homilia, exortou os fiéis a acolherem Jesus, que é a luz e a salvação do mundo e de todas as famílias, e a pregarem unidos o Reino de Deus, apesar

No domingo, 22, a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida foi conduzida da Paróquia Nossa Senhora do Carmo à Paróquia São Judas Tadeu, na Vila Miriam (foto), onde foi recepcionada na missa presidida pelo Padre Gleidson Luís de Sousa Novaes, vigário paroquial.

Lapa

Benigno Naveira

Colaborador de comunicação da Região

Começam os preparativos para as ‘24 horas para o Senhor’ Benigno Naveira

ainda, que em 2017 a atividade acontecerá também no contexto do Ano Mariano Nacional, que segue até 12 de outubro, um tempo, segundo ele, favorável para a contemplação a Maria como modelo de fé e de seguimento a Cristo. O coordenador comentou que pelo segundo ano a Região Lapa realizará as “24 horas para o Senhor”, com o objetivo de envolver todas as paróquias, pastorais e movimentos, contando com a colaboração dos padres Padres e leigos participam da primeira reunião preparatória das ‘24 horas para o Senhor’, no dia 21 atuantes na Região, dos coordenadores de grupos de jovens, do No sábado, 21, a Pastoral da Coda pelo Padre Geraldo Pedro dos SanApostolado da Oração, da Comunimunicação da Região Episcopal Lapa tos, com a presença do Padre Antonio dade Eucarística Voz dos Pobres e das acompanhou na Paróquia Nossa SeFrancisco Ribeiro, coordenador regiolideranças dos setores pastorais, para nhora da Lapa, no Setor Pastoral Lapa, nal de pastoral, e dos membros das pasque juntos organizem esse momento de torais que atuam nos setores da Região. a primeira reunião preparatória das “24 fé e oração. Padre Geraldo ressaltou que as “24 horas para o Senhor”. A atividade aconNas “24 horas para o Senhor” havetecerá na Paróquia Nossa Senhora da rá missas, confissões, leitura orante da horas para o Senhor”, uma iniciativa do Lapa, com início às 19h de 24 de marBíblia, vigília, ofício divino das comuniPontifício Conselho para a Promoção ço e término às 19h de 25 de março (4º dades, liturgia das horas, momento penida Nova Evangelização, devem ocorrer em toda a Igreja Católica no perítencial, adoração ao Santíssimo, momenDomingo da Quaresma). odo da Quaresma. O Padre lembrou, tos de louvor, músicas e reza do Terço. A reunião de sábado foi coordena-

AGENDA REGIONAL Missas de despedida de Dom Julio Endi Akamine da Região Lapa

- Sexta-feira, 03/02, 19h – Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no Setor Leopoldina - Sábado, 04/02, 19h – Paróquia São José, no Setor Butantã - Domingo, 05/02, 19h – Paróquia São Domingos Sávio, no Setor Pirituba - Sábado, 11/02, 19h – Paróquia São Patrício, no Setor Rio Pequeno - Sábado, 18/02, 15h – Paróquia Nossa Senhora da Lapa, Setor Lapa

Missa da posse de Dom Julio Endi Akamine na Arquidiocese de Sorocaba (SP) - Sábado, 25/02, 10h – Catedral Metropolitana de Nossa Senhora da Ponte, em Sorocaba (SP).


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Sé Na Mooca, fiéis expressam devoção a Nossa Senhora Aparecida

REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

A imagem peregrina da Padroeira do Brasil esteve na Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários e no Arsenal da Esperança, no bairro da Mooca, entre os dias 12 e 21. A visita foi marcada por uma intensa programação, com atividades como a reza do Terço nas casas, procissões luminosas e missas. Ao chegar, no dia 12, a imagem foi acolhida com missa na Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários, presidida pelo Padre Marcelo Delcin, pároco, e concelebrada pelo Padre Lorenzo Nacheli, administrador da Paróquia Nossa Senhora de Casaluce. Um dos momentos organizados foi a recepção da imagem peregrina no dia 14, na primeira capela construída no bairro da Mooca, que é chamada de “A Praça”, hoje dedicada para atividades para crianças e jovens. A imagem foi recebida por pessoas da comunidade e por músicos, com flores de papel nas cores azul e branco e com fitas nas mesmas

Fábio José Pereira Lima e José Luiz Altieri Campos

Imagem peregrina da Padroeira do Brasil é levada ao Arsenal da Esperança e à Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários

cores fixadas no teto, que reforçavam a ideia de capela e de oração. O cenário foi construído por jovens de “A Praça” e pelos acolhidos do Arsenal. No final, cada pessoa foi convidada a fazer um pedido pela comunidade ou pelo mundo e a acender uma vela. Em seguida, todos saíram em procissão com a imagem de Nossa Senhora e

com bandeiras da paz, entoando canções, até a chegada ao Arsenal da Esperança, onde um ambiente foi preparado com um barco, uma rede e a representação de um mar repleto de luzes azuis, também construídos por acolhidos do Arsenal. A missa de despedida da imagem aconteceu no sábado, 21, no Arsenal da Esperança. Desde segunda-feira, 23, até

Ipiranga

quinta-feira, 26, a imagem de Nossa Senhora Aparecida tem peregrinado nos hospitais localizados na Região Sé. O encerramento regional da peregrinação acontecerá no final do mês de fevereiro. (Com informações repassadas pelo Centro Pastoral da Região Sé, a partir de postagens no blog da Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários e no blog do Arsenal da Esperança)

Nei Márcio Oliveira de Sá

Colaboração especial para a Região

Começa o período de inscrições para o Curso de Teologia para Leigos Iniciado em 2016, o Curso de Formação Teológico-Pastoral destina-se ao laicato da Região Episcopal Ipiranga. Idealizado por Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, o curso reuniu em 2016 mais de 70 pessoas aos sábados, na cúria regional (rua Xavier de Almeida, 818, Ipiranga), para aulas sobre “Teologia da Revelação, Teologia Bíblica – Antigo e Novo Testamento” e “Teologia Patrística”, com professores mestres e doutores da PUC-SP e do Centro Universitário Salesiano de São Paulo. Para este ano, as inscrições estão novamente abertas e podem ser feitas pelo telefone (11) 2274-8500 ou pelo e-mail pastoral@regiaoipiranga.com.br. As aulas serão iniciadas em 4 de março, sempre aos sábados, das 14h às

17h. Nesse módulo, as aulas de “Teologia Bíblica” enfocarão as cartas paulinas, com o Prof. Ms. Mauro Negro, padre da Congregação dos Oblatos de São José. A outra disciplina será “Cris-

tologia”, com o Prof. Dr. Romildo Pinas, irmão salesiano de Dom Bosco, do Centro Universitário Salesiano de São Paulo – campus Pio XI. A contribuição mensal é R$ 50,00.

Aos concluintes com 75% de frequência, será oferecido um certificado de extensão universitária, emitido pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo. Arquivo pessoal

Iniciado em 2016, o Curso de Formação Teológico-Pastoral terá aulas para novas turmas a partir de 4 de março, sempre aos sábados

Setor Juventude realizará primeira reunião no dia 4 de fevereiro O Setor Juventude da Região Episcopal Ipiranga convida os representantes das comunidades e paróquias para a primeira reunião de 2017, que acontecerá no sábado, 4 de fevereiro, das 14h às 16h30, na cúria regional (rua Xavier de Almeida, 818, Ipiranga). A reunião destina-se aos jovens e adultos que atuam na evangelização da

juventude, seja em grupos, movimentos ou preparação para a Crisma. Haverá uma oração de abertura, um momento de formação sobre o tema da Campanha da Fraternidade de 2017, a apresentação do calendário do ano, que terá atividades ligadas ao Ano Mariano Nacional, viasacra pelo Dia Mundial da Juventude, curso de introdução à Doutrina Social

da Igreja e uso do “DoCat”, subsídio de formação para a juventude, lançado recentemente, entre outras atividades. No final da reunião, os membros dos setores pastorais poderão se encontrar e iniciar as atividades de integração e espiritualidade para os grupos de jovens. O Setor Juventude tem uma coordenação formada por uma equipe de as-

sessores adultos e articuladores jovens. A prioridade é a formação de lideranças jovens e assessores adultos, sempre em comunhão com as diretrizes da CNBB e da Arquidiocese de São Paulo. Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail setordejuventude@uol.com.br, ou pelo telefone da cúria regional: (11) 2274-8500.


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Pesquisa aponta que maior satisfação entre paulistanos são as campanhas de vacinação José Cruz/Agência Brasil

Edcarlos Bispo

edbsant@gmail.com

Os paulistanos estão satisfeitos com as campanhas de vacinação (Saúde), coleta seletiva em seu bairro (Meio Ambiente), proximidade de postos de saúde/UBS/AMA (Saúde), proximidade de cinemas (Cultura) e oferta e qualidade da coleta de esgoto em suas casas (Habitação), e menos satisfeitos com a forma de participação na escolha dos subprefeitos (Transparência e Participação Política), com a transparência dos gastos e investimentos públicos (Transparência e Participação Política), com o tempo médio entre a marcação e a realização de procedimentos mais complexos (Saúde) e com a punição à corrupção (Transparência e Participação Política). Esses são os apontamentos da pesquisa Irbem – Índice de Referência de Bem-Estar no Município, realizada pela Rede Nossa São Paulo, em parceria com o Ibope. Além disso, na opinião dos entrevistados, as áreas que mais contribuem para a qualidade de vida são, respectivamente: Educação, Saúde, Segurança, Transporte/Trânsito (mobilidade) e Meio Ambiente. Todos os itens avaliados receberam notas abaixo da média, 5,5, sendo que as cinco áreas mais bem avaliadas, de forma geral, são, nesta ordem: Cultura, Esporte, Tecnologia da Informação, Aparência e Estética e Juventude. E as cinco áreas com pior avaliação foram, de forma geral, nesta ordem: Transparência e Participação Política, Desigualdade Social, Assistência Social, Transporte/ Trânsito (mobilidade) e Habitação. A nota média geral do Irbem ficou em 3,7. Quando analisada a nota por perfil dos entrevistados, destaca-se a melhor avaliação por parte do público jovem, de 16 a 24 anos. Nesta faixa etária, a nota média é de 4,2. Nas demais, varia de 3,5 a 3,7. A pesquisa aponta a percepção dos paulistanos sobre a qualidade de vida na cidade, e neste ano tem como foco o futuro plano de metas, e inclui perguntas sobre diversos temas polêmicos na cidade. Entre os assuntos abordados pela pesquisa estão: aumentar as velocidades máximas nas marginais Pinheiros e Tietê; consultar a população, por meio de plebiscitos, sobre a realização ou não de grandes obras públicas e privadas; inspeção veicular ambiental; maior autonomia para as prefeituras regionais; e aumentar o preço da gasolina para reduzir a tarifa do ônibus. O polêmico aumento da velocidade das marginais que pautou a campanha para a Prefeitura de São Paulo no anos passado é apoiado por 54% dos entre-

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Presidente da Câmara

O presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), desembargador Hilton Queiroz, suspendeu na segunda-feira, 23, a decisão proferida na sexta-feira, 20, por um juiz de Brasília (DF), que impedia o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), de concorrer a um novo mandato à frente da Casa. A eleição que escolherá o novo presidente está marcada para 2 de fevereiro. Com a decisão, o deputado torna-se novamente apto para disputar o cargo. Porém, ainda tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) outro pedido para impedir sua reeleição, ainda sem decisão.

Morte do ministro Teori zavascki

vistados, enquanto 41% são contrários à medida. No perfil dos que são favoráveis ao aumento, destacam-se os que raramente usam ônibus, os que usam automóveis todos os dias ou quase todos os dias, os homens, as pessoas entre 45 e 54 anos, e os que têm ensino superior. Entre os que são contrários ao aumento da velocidade, destacam-se os que raramente usam automóveis, as mulheres e os que têm 55 anos ou mais. Sobre a consulta à população para a realização de obras de alto custo ou de grande impacto social e ambiental na capital, como viadutos, hospitais e corredores de ônibus, que foi vetada pelo ex-prefeito Fernando Haddad, 90% se disseram favoráveis à aplicação de um plebiscito. Quando a questão é a maior autonomia das prefeituras regionais, assunto sempre defendido pela Rede Nossa São Paulo, que entende que isso descentralizaria a cidade tornando-a mais ágil e dinâmica, 84% defendem que as prefeituras regionais tenham mais autonomia e participação na gestão dos serviços públicos, já 9% se manifestam contrários a isso.

Mobilidade urbana

Do total de entrevistados, 44% dis-

seram levar até duas horas diariamente para ir ao trabalho e dele voltar. Na média geral, o tempo gasto nesse deslocamento é de uma hora e 46 minutos. A média entre os usuários frequentes de ônibus ficou em uma hora e 47 minutos e, entre os que usam carro, em uma hora e 45 minutos. Mais da metade dos entrevistados, 54%, dão notas de 0 a 5 para o sistema de informação nos pontos de ônibus. A nota média ficou em 5,3. A respeito da inspeção veicular ambiental, 50% são favoráveis e 43% contrários. Já a proposta de aumentar o preço da gasolina para reduzir o valor da tarifa de ônibus recebeu o apoio de apenas 29% dos entrevistados, e 62% são contrários à medida. A pesquisa foi realizada entre os dias 8 de dezembro de 2016 e 4 de janeiro de 2017, com 1.001 moradores da cidade de São Paulo, com mais de 16 anos de idade. Os entrevistados deram notas de 1 a 10 para a qualidade de vida em São Paulo e para cada um dos 71 itens abordados, distribuídos em 17 áreas temáticas. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), ligado à Aeronáutica, informou na segunda-feira, 23, que a caixapreta do avião que caiu com o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), tem danos. A Força Aérea Brasileira (FAB), no entanto, ressaltou que a caixa-preta é dividida em duas partes, e a que contém o gravador de voz é “altamente protegida”. Ainda de acordo com a FAB, é a parte chamada de “base”, que contém cabos e circuitos que fazem a ligação com os dados armazenados, que foi danificada no contato com a água do mar. A aeronave caiu no mar quando chegava a Paraty (RJ) na quinta-feira, 19. Todas as cinco pessoas a bordo morreram.

Velocidade nas marginais

A Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade) moveu uma ação civil pública na quinta-feira, 19, para tentar barrar o aumento das velocidades nas marginais Pinheiros e Tietê. Promessa de campanha do prefeito de São Paulo, João Doria Júnior (PSDB), as mudanças estão programadas para o dia 25, aniversário da cidade. A partir da data, as velocidades serão de 90 km/h nas expressas, 70 km/h nas centrais e 60 km/h nas locais, com exceção da faixa mais à direita, que permanecerá a 50 km/h. Fontes: G1, EBC, Folha de S.Paulo


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Dom Paulo: promotor do respeito e do diálogo entre as religiões Luciney Martins/O SÃO PAULO

Cardeal Scherer participa de ato inter-religioso na Catedral da Sé, que recorda atuação de Dom Paulo Evaristo Arns, morto em dezembro, no diálogo com as diferentes tradições religiosas

Líderes de diferentes tradições participam de ato inter-religioso na Catedral da Sé em memória ao Cardeal da Esperança Renata Moraes

Do Portal da Arquidiocese de São Paulo

O Cardeal Paulo Evaristo Arns, morto em 14 de dezembro de 2016, aos 95 anos de idade, participou, como arcebispo de São Paulo entre 1970 e 1998, de inúmeros eventos acadêmicos, pastorais, ecumênicos, inter-religiosos e sociais. Defensor do ecumenismo e incentivador do respeito e da união entre as religiões, certa vez ele citou que a promoção da paz no mundo é “intrinsecamente ecumênica e inter-religiosa”. Essas lembranças foram feitas no comentário inicial do ato inter-religioso realizado na tarde do domingo, 22, na Catedral da Sé, em memória do Cardeal Arns. Promovido pela Casa da Reconciliação, organismo da CNBB que é referência para o ecumenismo e diálogo inter -religioso, e que tem administração da Arquidiocese de São Paulo, a atividade reuniu representantes de diferentes denominações cristãs e tradições religiosas. Por meio de testemunhos, salmos e preces, foram recordados momentos

da vida e da atuação pastoral de Dom Paulo.

Promotor do diálogo da paz

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, fez o primeiro discurso do ato inter-religioso e falou sobre momentos marcantes de sua amizade e os primeiros contatos que teve com o Cardeal da Esperança, quando ainda era seminarista na década de 1970. “Dom Paulo foi não somente aberto ao diálogo com as diversas comunidades cristãs, mas também com diversas religiões não cristãs. Promovia o diálogo da paz, o diálogo da participação de todos em função do bem-estar das pessoas e também da preservação da natureza”, disse. Dom Odilo contou diversas ocasiões em que esteve junto com seu predecessor. “Minhas visitas a Dom Paulo em sua casa eram regulares, encontrava-o sempre com algum livro por perto. Certa vez, ele me disse que lia todos os dias textos da Patrística em grego ou latim para exercitar a memória. Estava sempre informado sobre os acontecimentos da Igreja e da sociedade”, relatou. O Rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista, reafirmou o legado do Cardeal Arns em favor dos mais pobres e excluídos. “Dom Paulo trabalhou para que aqueles que não tinham sua voz ouvida fossem escu-

tados, fossem ajudados e fossem levantados. Por isso, o nome de Dom Paulo Evaristo Arns será sempre lembrado como um sacerdote de bem que ajudou quem mais precisava”, enfatizou. Flávio Irala, bispo anglicano e presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), destacou a coragem e a resistência de Dom Paulo ao denunciar a violência durante a ditadura militar e sua luta em favor da justiça e da paz.

Pastor e amigo do povo

Marcelo Leandro Garcia de Castro, pastor da Igreja Presbiteriana Unida, comparou o Cardeal Arns ao bom pastor citado na leitura bíblica do Evangelho de São João. “‘Eu sou o bom pastor, o bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas’. O Cardeal da Esperança, o amigo do povo, mas, sobretudo, o Bom Pastor.” O líder presbiteriano trouxe, ainda, à memória o ato inter-religioso presidido por Dom Paulo em 1975, na Catedral da Sé, ao lado do Rabino Henry Sobel e do Reverendo Jaime Wright, por ocasião do assassinato do jornalista Vladimir Herzog. O Reverendo José Carlos de Souza, da Igreja Metodista, fez uma prece de gratidão, na qual reafirmou a esperança que o Cardeal Arns trazia como lema. “Graças te rendemos, Senhor, pela vida do teu servo Dom Paulo Evaristo Arns, um cardeal com alma de pastor, que cuidou dos indefesos da cidade de São Paulo. Um coração ecumênico que

uniu gente diferente na luta pela vida, um profeta para a nossa cidade, para o nosso país e para o mundo.” Ao falar do homenageado, Mãe Carmem de Oxum, da tradição das religiões de matriz africana, ressaltou a capacidade de diálogo de Dom Paulo com as religiões não cristãs. “Dom Paulo tratava todos da mesma forma, sem diferenças, lutando para que todos pudessem ter dignidade. Pobres com amor-próprio e autoestima. Lutava contra o racismo, de todas as formas, sempre colocando a ética em todas as ações que favorecessem as pessoas de todos os níveis. Lutava para que todos fossem iguais.” O último a se pronunciar, o advogado Belisário dos Santos, membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, endossou os testemunhos anteriores. “Cardeal da Esperança, bom pastor, ele era um estrategista do bem, ele era um homem de ações corajosas, era o homem das ações que ficavam para sempre.” Também participaram da cerimônia e fizeram uso da palavra o Monge Ryozan, da Tradição Budista Zen, e o Padre Gregório Teodoro, da Igreja Ortodoxa Antioquina. Um coro infanto-juvenil da Legião da Boa Vontade entrou em procissão e entoou cantos em homenagem a Dom Paulo. Também participaram da cerimônia os corais da USP e da Catedral da Sé.


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