O SÃO PAULO - 3138

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 62 | Edição 3138 | 15 a 21 de fevereiro de 2017

R$ 1,50

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Cuidar dos doentes é exigência da caridade cristã

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Editorial Aproxima-se a Quaresma, tempo de voltar-se para Deus com todo o coração Página 2

Espiritualidade Dom Devair Araújo: O Mistério Pascal, ponto central da fé cristã Página 5

Semana Catequética mobiliza as seis regiões episcopais

Páginas 11 a 14

Em sua mensagem para a Quaresma de 2017, o Papa Francisco afirma que “cada vida que vem ao nosso encontro é um dom e merece acolhimento, respeito, amor”. Divulgado no dia 7, o texto destaca que, assim como a Palavra de Deus é um dom que deve ser aceito abertamente, “o outro é um dom” a ser acolhido. Para o secretário do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, o Monsenhor Dal Toso, a mensagem do Pontífice ressalta a ideia que toda pessoa só se realiza em interação e participação com os outros.

Cardeal Scherer: ‘Estive doente e cuidastes de mim’

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Dar especial atenção à condição dos doentes e àqueles que lhes prestam assistência, como seus familiares, profissionais de saúde e voluntários, é uma das motivações do Dia Mundial do Enfermo, celebrado no sábado, 11, na memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, padroeira dos doentes. Nesta edição, O SÃO PAULO apresenta histórias daqueles que se dedicam aos enfermos, detalha aspectos do Sacramento da Unção dos Enfermos e entrevista o Padre João Inácio Mildner, assistente eclesiástico da Pastoral da Saúde da Arquidiocese, que afirma que nos hospitais onde há a assistência espiritual a recuperação dos doentes é mais rápida.

Papa: caminho de encontro e unidade na Quaresma

Encontro com o Pastor

Dia Mundial do Enfermo, em 11 de fevereiro, ressalta o compromisso cristão com os doentes

Unidos de Vila Maria conta a história de N. Sra. Aparecida No carnaval paulistano deste ano, a Escola de Samba Unidos de Vila Maria desfilará com um enredo em homenagem à Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Com a preo-

cupação de que a abordagem seja respeitosa à fé católica, a Igreja acompanha com atenção os preparativos do desfile da “Vila Maria”. Páginas 22 e 23 Luciney Martins/O SÃO PAULO

Integrantes da ‘Vila Maria’ ajustam detalhes para o desfile em homenagem a Nossa Senhora

Entre os dias 6 e 10, aconteceu nas regiões episcopais da Arquidiocese de São Paulo a Semana Catequética, organizada pelas equipes regionais do Serviço de Animação BíblicoCatequética. Os encontros, que abordaram temáticas diversas que relacionaram a Catequese com a missão, a família e a sociedade, reuniram catequistas e integrantes de pastorais das paróquias e comunidades. Páginas 17 a 21

Câmara votará redução do poder de fiscalização do TSE Em tramitação na Câmara, o Projeto de Lei 4424/16 prevê a manutenção do registro dos partidos mesmo quando tiverem as contas julgadas como “não prestadas” ou “desaprovadas”; e a revogação do poder do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de expedir instruções para a execução da Lei dos Partidos Políticos (Lei 9.096/95). Página 10


2 | Ponto de Vista |

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A dor de Lázaro

O

tempo da Quaresma é um forte convite à conversão. Como diz o Papa Francisco, em sua mensagem deste ano, é um período em que “o cristão é chamado a voltar para Deus com todo o coração (Gl 2,12), para não se contentar com uma vida medíocre, mas crescer na amizade com o Senhor”. Segundo ele, “Jesus é o amigo fiel que não nos abandona nunca, porque, mesmo quando pecamos, espera com paciência o nosso retorno a Ele e, com essa espera, manifesta a sua vontade de perdão”. Para entrar em um processo de “crescer na amizade com o Senhor”, a Igreja incentiva a todos a participar dos sacramentos com grande devoção, em particular a Confissão e a Eucaristia. Além disso, estimula a vivenciar o jejum, a oração e a esmola – ou a caridade por meio

Editorial

de gestos concretos. É preciso “escutar e meditar a Palavra de Deus com mais assiduidade”, aconselha o Papa. Afinal, o objetivo é alcançar uma meta segura: a Páscoa da Ressurreição, a vitória de Cristo sobre a morte. Neste ano, o Santo Padre nos pede também uma atenção ao próximo, ao outro, que ele lembra ser “um dom de Deus”. E, como forte marca de seu pontificado, nos pede para caminhar principalmente junto aos mais esquecidos da sociedade. Na base desse caminho quaresmal está a Palavra de Deus. A história do homem rico e do pobre Lázaro, que se alimenta das migalhas do rico, é “a chave para compreender como agir para alcançar verdadeira felicidade, exortando-nos a uma verdadeira conversão”. “O verdadeiro problema do rico, a raiz de seus males, é não escutar a Pa-

lavra de Deus. Foi levado a não amar mais a Deus e, portanto, a desprezar o próximo”, continua ele. O rico, prisioneiro do seu narcisismo e superficialidade, não enxerga a dor de Lázaro. “Ele não vê o pobre afamado, ferido e prostrado em sua humilhação”, lembra o Papa Francisco. Se a mensagem do Papa nos convida a uma atenção maior ao próximo, especialmente aos que mais sofrem, a Campanha da Fraternidade deste ano ressoa a importante mensagem de cuidar da nossa “casa comum”, nosso planeta e ambiente. Proteger a criação significa valorizar a vida em todos os seus estágios e em todas as suas formas, inclusive na natureza e nas pessoas ao nosso redor. “Se nos aproximamos da natureza e do meio ambiente sem abertura ao estupor e à maravilha, se não falamos a lin-

guagem da fraternidade e da beleza na nossa relação com o mundo, os nossos comportamentos serão aqueles do dominador, do consumidor, ou do mero desfrutador dos recursos naturais, incapaz de pôr um limite aos seus interesses imediatos”, escreve o Santo Padre na encíclica Laudato Si’ (Louvado Seja). Citando São Francisco de Assis, de quem tomou não só o nome, mas também o título da encíclica, o Papa recorda que a pobreza e a austeridade do Santo “não eram somente exteriores, mas algo mais radical: uma renúncia a fazer da realidade um mero objeto de uso e domínio”. Nesse sentido, nesta Quaresma, devemos meditar sobre a vida, para sentir profunda “unidade e sobriedade” com “tudo o que existe”. Assim, como ensina o Papa, o cuidado à vida e à casa comum se manifestará de forma espontânea.

Opinião

A Igreja diante do desafio do envelhecimento Arte: Sergio Ricciuto Conte

Ivanaldo Santos Atualmente, a sociedade presencia um dos fenômenos mais surpreendentes da história da humanidade. Trata-se do envelhecimento da população. O ser humano vive cada vez mais: a longevidade já não é mais uma exceção, mas uma experiência real. Apenas para se ter uma dimensão da questão, atualmente, no Japão, já é possível viver entre 100 e 104 anos. A perspectiva é que uma criança nascida na Alemanha, a partir de 2016, viverá mais de 100 anos. No entanto, em grande parte da história da humanidade, poucos indivíduos chegaram à casa dos 60 ou 70 anos. Por exemplo, uma mulher no século III d.C., no período da decadência do Império Romano, com 18 anos já tinha três ou quatro filhos. Com 30 anos, essa mesma mulher provavelmente já tinha netos, era considerada velha e estava se preparando para morrer. Esse fato não é isolado. Ele se repetiu por quase toda a história universal. A partir do século XVIII, por diversos fatores históricos, a média de vida foi lentamente aumentando. Passou-se de 30 para 40 ou 50 anos. Ao final do século XX, nos países desenvolvidos, esse aumento chega a uma média de 75 a 80 anos. Em muitas regiões vive-se, com facilidade, 90 ou 100 anos. Além disso, a ciência está anunciando uma nova geração de remédios, a erradicação de

várias doenças e a cura para doenças que, até o momento, são incuráveis. As empresas privadas e os Estados estão anunciando novos benefícios para a população. Com tudo isso, a expectativa é que a média de vida das pessoas no planeta aumente para quase 110 anos. É a primeira vez na história da humanidade que, de forma geral, a população poderá viver tanto tempo. Estamos diante de uma grande revolução no campo da longevidade. No entanto, essa ótima notícia traz uma série de problemas a serem

enfrentados, como, por exemplo, o problema da previdência e da aposentadoria, a questão do emprego para as novas gerações, reformas profundas na infraestrutura urbana, novo modelo de educação e leis que protejam a pessoa idosa. Dentro desse debate emerge com força o papel da Igreja Católica. Em todo o mundo, a Igreja tem sido uma grande protagonista na defesa, promoção e proteção da dignidade da pessoa idosa. Por meio da Pastoral da Terceira Idade e de outros organismos eclesiais, a Igreja tem pro-

movido um processo de inclusão social e tem sido um espaço de acolhimento da pessoa idosa. No entanto, é necessário ter consciência de que os desafios e problemas causados pela longevidade não serão resolvidos apenas, de forma isolada, pelo Estado, por algum partido político ou outra organização social. Nesse contexto, a Igreja é convocada a ser a mãe e geradora de políticas e ações que possam garantir a dignidade da pessoa idosa. A primeira grande ação da Igreja é promover – coisa que já acontece – a participação da pessoa idosa dentro da Igreja. Essa participação poderá acontecer, por exemplo, por meio das pastorais, de peregrinações a santuários e muito mais. A segunda grande ação é a Igreja ser a instituição que promova a educação para o envelhecimento, um novo modelo de educação que, desde a criança, prepare o cidadão para os desafios e os benefícios do envelhecimento. Não basta envelhecer. É necessário saber envelhecer, ter um projeto de vida que leve em consideração que, em tese, poderá se chegar a viver mais de 100 anos. Nesse caso, o que se fazer com a vida? Nas próximas décadas, a Igreja deverá ajudar os cidadãos e a humanidade a encontrar uma saudável resposta para essa pergunta. Ivanaldo Santos é doutor em Filosofia e professor do Departamento de Filosofia do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

O

cuidado dos doentes foi sempre uma das principais ações pastorais da Igreja ao longo dos séculos. E também foi uma das últimas recomendações de Jesus aos apóstolos, quando os enviou em missão, antes de se elevar ao céu. “Curai (cuidai) os doentes.” Nos Atos dos Apóstolos e nas Cartas Apostólicas, constatamos que os apóstolos e a comunidade cristã primitiva levaram isso bem a sério. O cuidado dos doentes foi traduzido na visita aos doentes e seus familiares, na busca de medicamentos e formas de cura, na assistência religiosa e sacramental e na oração sobre eles. Surgiram também as irmandades que se ocupavam dos enfermos e os primeiros hospitais tiveram sua origem também na ação da Igreja em relação aos doentes. Congregações e ordens religiosas foram fundadas para se dedicarem aos enfermos. Não era para menos. O próprio Jesus deu o exemplo, e os encontros com os doentes e atormentados de todo tipo de males marcaram sua vida pública. É sobretudo o evangelho de São Marcos que mostra como os doentes procuravam Jesus para serem curados de seus males: “Nos povoados, cidades e campos onde chegava, colocavam os doentes nas praças e pediam-lhe para tocar, ao menos, a barra de sua veste. E todos os que o tocavam ficavam curados” (Mc 6,56). Jesus tinha sempre uma atenção especial para com os doentes e não deixava ninguém sem ser atendido,

Estive doente e cuidastes de mim mesmo quando eram os pagãos a pedirem a cura. O próprio nome Jesus significa “Deus salva”, ou “Deus cura”: curar e salvar fazem parte da mesma ação salvadora de Deus em favor da humanidade por meio de Jesus. Na sua mensagem para o Dia Mundial do Enfermo deste ano, celebrado no dia 11 de fevereiro, o Papa Francisco recorda algumas questões importantes, que não devem ser esquecidas no cuidado para com os enfermos. O doente, seja qual for a sua situação, continua sendo uma pessoa humana, com toda a sua dignidade. Portanto, não deve ser tratado como mero “objeto” de cura e de cuidados. Isso requer que se respeite plenamente sua condição humana, com sensibilidade atenta, pois quem sofre no corpo também fica abalado na alma e precisa de compreensão, paciência da parte de quem cuida dele, encorajamento e apoio humano e espiritual. Lembra também o Papa que o enfermo precisa de cuidados médicos para a cura dos seus males físicos, mas também de “cura espiritual”, na forma da oração, da assistência religiosa e do sustento da sua fé. A Palavra de Deus e os Sacramentos são importantes “remédios espirituais”, que não devem ser negligenciados no cuidado dos doentes. A palavra da fé, por outro lado, poderá ajudar o enfermo a compreender e viver essa condição em sua vida, ainda que seja transitória, como uma ocasião importante para se situar diante da própria vida e se aproximar de Deus. A Palavra de Deus ensina que é nos momentos de fraqueza que a força de Deus se manifesta mais plenamente! A terceira recomendação do Papa Francisco é para os próprios

enfermos: eles são membros do corpo de Cristo, a sua Igreja, e podem ajudar muito na realização da missão da Igreja, na medida em que unem seus sofrimentos aos da cruz de Cristo pela sua própria salvação e pela salvação da humanidade. Os enfermos podem realizar um fecundo apostolado, cujo valor só Deus conhece plenamente. Portanto, sem deixar de buscar a cura das enfermidades, os doentes podem ser ajudados a não desperdiçar esse momento importante de sua vida, tornando-o proveitoso para eles próprios e para os outros. A Pastoral da Saúde e a Pastoral dos Enfermos devem andar juntas, tendo sempre em vista a pessoa do enfermo, em primeiro lugar; por isso, a atenção aos doentes nas casas, nos hospitais ou instituições similares deve estar entre as ações pastorais prioritárias de nossas famílias, paróquias e organizações eclesiais. É missão da Igreja, através dos sacerdotes, diáconos e outros ministros, continuar a fazer como Jesus fez: ir ao encontro dos enfermos onde quer que estejam, ouvir suas histórias e lamentações, compartilhar suas dores, impor-lhes as mãos, rezar sobre eles, levar-lhes a Palavra de Deus e também lhes oferecer a Eucaristia e a Unção dos Enfermos, se são pessoas de fé. A Pastoral dos Enfermos e a da Saúde nunca poderão ser deixadas em segundo plano na Igreja. Se faltam nas paróquias, fica faltando um aspecto importante da missão que Jesus confiou à Igreja; sem esquecer que Ele próprio também se identifica com os enfermos: “Estive doente e cuidastes de mim”. Não aconteça que, no dia decisivo do juízo final, nos seja dito: “Estive doente e não cuidastes de mim (cf. Mt 25).

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Missa em Roma Filipe Domingues

No domingo, 12, o Cardeal Scherer presidiu a celebração da Eucaristia na Igreja Sant’Andrea al Quirinale, da qual é titular em Roma. Na homilia, ele falou a respeito de como todos devem se deixar guiar pela sabedoria divina, por meio dos ensinamentos de Jesus no Evangelho.

Entrevista à rádio Vaticano Rádio Vaticano

Durante a última semana, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, esteve em Roma para participar da plenária da Congregação para a Educação Católica. Ele também visitou os estúdios da rádio Vaticano e comentou sobre a situação do setor educacional católico na América Latina. Outro assunto em pauta foi o acompanhamento que a Arquidiocese de São Paulo tem feito junto à Escola de Samba Unidos de Vila Maria, que no carnaval deste ano contará a história de Nossa Senhora Aparecida. “Não haverá desrespeito à imagem de Nossa Senhora Aparecida e à fé dos católicos”, garantiu. A íntegra da entrevista do Arcebispo de São Paulo está disponível no site da rádio Vaticano (http://br.radiovaticana.va), com o título “Cardeal Scherer: samba-enredo respeitará NS Aparecida”.


4 | Fé e Vida |

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Liturgia e Vida 7º DOMINGO DO TEMPO COMUM 19 de fevereiro de 2017

Sejam perfeitos como o Pai do céu Cônego Celso Pedro O que se espera dos seguidores de Jesus? Que sejam santos e perfeitos como o Pai é santo e perfeito. Na prática, o que devemos ser e o que devemos fazer para sermos um pouco parecidos com o Pai que está no céu? O próprio Senhor nos responde no Livro do Levítico: não guarde ódio do seu irmão; repreenda o próximo para tirá-lo do erro; não procure vingança; não guarde rancor de alguém da sua terra; ame o seu próximo como a si mesmo (cf. Lv 19, 17-18). Isso é o que Deus pede que façamos. E Ele mesmo, como mostra que é santo? Cantando, o salmista nos responde: Ele te perdoa toda culpa; cura as tuas doenças; salva a tua vida da sepultura; Ele te cerca de carinho e compaixão; Ele é indulgente, é favorável, é paciente, é bondoso e compassivo; não nos trata como exigem nossas faltas; não nos castiga como merecemos; afasta para longe nossos crimes; o Senhor tem compaixão dos que o temem (cf. Salmo 102). E Jesus, o que nos ensina no seu Evangelho? A mesma coisa de uma forma cheia de sabedoria e muito prática: não entre no caminho da vingança, não repita o que já foi feito; ao contrário, introduza algo novo, diferente, ainda não visto. Alguém lhe deu um tapa? Você provavelmente reage da mesma forma e dá também um tapa em quem o agrediu. O outro, que talvez não esperasse essa sua reação, para mostrar que não está de acordo com o que você fez, lhe devolve outro tapa. E assim se estabelece um ciclo vicioso, como uma gangorra que vai e vem num movimento de violência sem fim. É preciso interromper o processo, não repetindo o que já foi feito, mas introduzindo de forma gratuita algo novo, ainda não feito, ainda não visto. Um exemplo, apenas um exemplo: ofereça a outra face. Não é um preceito nem uma ordem. É apenas um exemplo dado por Jesus para interromper a violência em movimento. Faça com que o agressor caia com seu próprio peso. Por exemplo, para provocá-lo, alguém lhe arranca o paletó. Entregue também a camisa, desmontando assim a violência do outro. Exemplos são exemplos, e precisam se adaptar à diversidade das circunstâncias. O ensinamento, porém, é claro: repetir o que foi feito é precisamente aprovar o que foi feito. Não se exerce a justiça com rancorosa vingança e maléfica retaliação. A sabedoria introduz na história humana, de forma gratuita, algo novo. Fazer o que o malvado faz aumenta a malvadeza. Sábio é quem sabe corrigir. São Paulo nos ajuda a concluir dizendo que se alguém pensa que é sábio nas coisas deste mundo, reconheça sua insensatez, para se tornar sábio de verdade, e que o santuário de Deus é santo, e nós somos esse santuário.

Você Pergunta Quero voltar a trabalhar com enfermos. Como fazer? padre Cido Pereira

osaopaulo@uol.com.br

A Elisabete Buono Wakin mora em São Paulo. Ela me escreve: “Durante quase quatro anos, trabalhei como visitadora voluntária no Instituto de Infectologia Emílio Ribas (1988/1991) com as Missionárias dos Enfermos Cristo Esperança, da Pompeia. Gostaria de voltar a essas visitas. Devo solicitar a autorização de alguém?” Elisabete, reassumir seu trabalho de voluntária junto aos doentes é, a meu ver, uma forma linda e concre-

ta de viver a misericórdia. Como já faz um bom tempo que você não exerce esse serviço, eu a aconselho a procurar o Padre João Mildner, que hoje responde pela Pastoral da Saúde, e lidera o serviço de assistência no Emílio Ribas. Além disso, você pode se inserir na Pastoral da Saúde de sua paróquia e, com seus agentes, exercer o mesmo serviço, esse ministério que Jesus quis quando se identificou com os enfermos, e afirmou no Evangelho segundo São Mateus: “Estive doente e vocês foram me visitar.”

Que bom que repentinamente você se sente chamada a retomar uma das mais bonitas obras de caridade: fazer-se próxima dos enfermos e levar-lhes a certeza de que são amados e não estão sozinhos no momento, às vezes angustiante, da enfermidade. Deus abençoe todos os agentes da Pastoral da Saúde que rezam junto aos enfermos, que lhes dão a alegria de uma visita, que lhes levam o conforto da Eucaristia e lutam por políticas sérias de saúde que garantam o direito à saúde a todos, sem distinção de pessoas.

Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 7 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Aclimação, o Revmo. Pe. Emerson José da Silva, SAC, pelo período de 06 (seis) anos. Em 2 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia São Thomas More, na Região Episcopal Lapa, Setor Pastoral Rio Pequeno, o Revmo. Pe. Antônio Ferreira Naves, SAC, pelo período de 03 (três) anos. PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E DA PROVISÃO DE PÁROCO Em 10 de fevereiro de 2017, foi prorrogada a nomeação e a provisão de Pároco da Paróquia Santo Antônio, na Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Ipiranga, do Revmo. Pe. Renato Braga Júnior de Sousa, até o dia 31 de janeiro de 2018. Em 23 de janeiro de 2017, foi prorrogada a nomeação e a provisão de Pároco da Paróquia Santa Bernadette, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Vila Alpina, do Revmo. Pe. José Antonio Tejada, pelo período de 03 (três) anos. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL Em 7 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Bom Retiro, o Revmo. Pe. Hélio Soares Spínula Pinto, SDB. Em 7 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Rosário da Pompéia, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Perdizes, o Revmo. Pe. Geovani Antonio Dias, MI. Em 2 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia São Thomas More, na Região Episcopal Lapa, Setor Pastoral Rio Pequeno, o Revmo. Pe. Edvan Vieira Serra Sena, SAC, pelo período de 03 (três) anos. Em 2 de fevereiro de 2017, foi nomeado

e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Santuário São Judas Tadeu, na Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Imigrantes, o Revmo. Pe. Geovane Inácio dos Santos, SCJ, pelo período de 03 (três) anos, em decreto que entrou em vigor em 5 de fevereiro de 2017. Em 2 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Santuário São Judas Tadeu, na Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Imigrantes, o Revmo. Pe. Cláudio Weber, SCJ, pelo período de 03 (três) anos, em decreto que entrou em vigor em 5 de fevereiro de 2017. Em 2 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Santuário Santa Edwiges, na Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Anchieta, o Revmo. Pe. Nelson Federovicz, OSJ, pelo período de 03 (três) anos, em decreto que entrou em vigor em 5 de fevereiro de 2017. Em 2 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Santuário Santa Edwiges, na Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Anchieta, o Revmo. Pe. Hilton Carlos Soares, OSJ, pelo período de 03 (três) anos, em decreto que entrou em vigor em 5 de fevereiro de 2017. Em 3 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial “ad nutum episcopi” da Paróquia Nossa Senhora de Fátima e São Roque, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Sapopemba, o Revmo. Fr. Emerson Aparecido Rodrigues, OFMcap. Em 7 de janeiro de 2017, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial “ad nutum episcopi” da Paróquia São Carlos Borromeu, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Vila Prudente, o Revmo. Pe. José Geraldo Rodrigues Moura. PRORROGAÇÃO DA PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL Em 2 de fevereiro de 2017, foi prorrogada a provisão de Vigário Paroquial da Paróquia Santuário São Judas Tadeu, na Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Imigrantes, do Revmo. Pe. Damião Pereira da Silva, SCJ, pelo período de 03 (três) anos, em decreto que entrou em vigor em 5 de fevereiro de 2017.

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL Em 6 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Administrador Paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, na Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Vila Mariana, o Revmo. Pe. André Mariano Flávio, OMV, pelo período de 02 (dois) anos, em decreto que entrou em vigor em 12 de fevereiro de 2017. PRORROGAÇÃO DA PROVISÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL Em 2 de fevereiro de 2017, foi prorrogada a provisão de Administrador Paroquial da Paróquia Santo Ivo, na Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Vila Mariana, do Revmo. Fr. Graciano González Rodriguez, OAR, pelo período de 01 (um) ano. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE DIÁCONO PERMANENTE COMO ASSISTENTE PASTORAL Em 2 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Assistente Pastoral “ad nutum episcopi” da Paróquia Santo Alberto Magno, na Região Episcopal Lapa, Setor Pastoral Butantã, o Diácono Permanente Paulo José Oliveira. Em 2 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Assistente Pastoral “ad nutum episcopi” da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida, na Região Episcopal Lapa, Setor Pastoral Rio Pequeno, o Diácono Permanente Antonio Geraldo de Souza. NOMEAÇÃO DE CAPELÃO DO HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO Em 10 de fevereiro de 2017, foi nomeado Capelão da comunidade de fiéis que frequentam a capela do Hospital do Servidor Público, situada na Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Vila Mariana, o Revmo. Pe. Laurício José Pipper, pelo período de 01 (um) ano. Em 01 de fevereiro de 2017, foi assinado na Cúria Metropolitana de São Paulo, o Convênio entre a Arquidiocese de São Paulo e a seguinte Congregação Religiosa: - Congregação Rogacionista, para a Paróquia São Pedro Apóstolo, na Região Episcopal Lapa, Setor Pastoral Lapa.


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Espiritualidade

O Mistério Pascal, ponto central da fé cristã Dom Devair Araújo da Fonseca

A

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia e vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação

Ressurreição é o ato decisivo que revela como Deus age na história e como essa mesma história chega à sua plenitude. Esse mistério está presente na pregação, na doutrina, na liturgia, na arte sacra, nos cantos e em todas as expressões próprias da fé cristã. Toda a vida, o agir e a história de Jesus Cristo têm nesse mistério a sua chave de leitura. Esse mistério é o ponto de partida da confissão de fé. Entre a paixão, morte e ressurreição de Jesus, os discípulos passaram do desânimo e da nostalgia à contemplação da ação de Deus: “Israelitas, ouvi estas palavras: Jesus de Nazaré, homem de quem Deus tem dado testemunho diante de vós com milagres, prodígios e sinais que Deus por Ele realizou no meio de vós, como vós mesmos o sabeis, depois de ter sido entregue, segundo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de ímpios. Mas Deus o ressuscitou, rompendo os grilhões da morte, porque não era possível que ela o retivesse em seu poder” (At 2, 22-24).

Apresentar o Mistério Pascal como ponto central da fé da Igreja é trazer para primeiro plano a ação salvífica realizada “por Cristo, com Cristo e em Cristo”. Toda a ação evangelizadora da Igreja depende desse mistério, que não é uma doutrina, mas a apresentação própria da pessoa de Jesus (cf. DAp 244). Portanto, a identidade da comunidade primitiva, assim como a identidade da Igreja hoje, é a identidade pascal. A comunidade cristã é movida pelo Espírito, para dar testemunho da “Boa Nova”: Cristo está vivo. Na linguagem da ressurreição se esclarece a gramática divina: Deus se revela plenamente como aquele que vence a morte em favor da vida, pois, “se Cristo não ressuscitou, nossa fé não tem sentido” (1Cor 15,17). Essa centralidade do Mistério Pascal desloca o eixo de interpretação em relação ao agir de Deus. Se para o pensamento judaico a ação de Deus coincidia com a vitória do justo e o castigo do ímpio, em Jesus parece acontecer o contrário. Se Ele era o Messias esperado por todo Israel, como compreender a morte de cruz? Se Deus o enviou como Messias, por que o abandonou? Esse foi o grande drama enfrentado pela primeira comunidade cristã, mas é também o drama enfrentado pelo homem de hoje. Em Jesus se dá o cumprimento da promessa de Deus na história. Ele é judeu, filho de judeus, e descendente de Davi pela paternidade de José. Cum-

priu os preceitos da Lei na infância, na juventude e na maturidade, mas, ao mesmo tempo, não se deixou pautar pelos preceitos da “lei” humana. Nesse caso, nele se encontra uma novidade: “Ele ensina como quem tem autoridade” (Mt 7,29), e é por meio dessa novidade que Jesus revela como Deus age. Pensar em Jesus como Messias, e ao mesmo tempo como aquele que foi crucificado, tornou-se a grande provocação para os discípulos. Por isso, o sentido dessa morte só pode ser revelado a partir de Deus e pela sua ação na história de Jesus de Nazaré. Porque Deus não o deixou ficar na morte, mas o ressuscitou para a vida na glória, a sua morte apareceu sob uma luz totalmente nova. E foi essa ação de Deus que passou a sustentar e a justificar a fé dos discípulos: “Ele morreu por nossos pecados” (1 Cor 15,3). Dessa forma, a Ressurreição revela e ilumina as relações de Deus com Jesus e de Deus com o homem. E foi por meio dessa revelação que a primeira comunidade cristã passou da crise para o compromisso de fé. Esse é o mesmo percurso que o homem de hoje é chamado a fazer. Acreditar na Ressurreição de Jesus Cristo não é apenas professar uma verdade de fé, mas é também assumir um compromisso de fé. Um compromisso com o Deus da vida, e com a vida que é dom de Deus. Compromisso que se traduz na prática da verdade e da justiça, na vivência do amor e da paz e na relação com toda a obra criada.

| Fé e Vida | 5

Fé e Cidadania Como casar carnaval e Quaresma? Padre Alfredo José Gonçalves, CS O carnaval mergulha suas raízes no mundo medieval. Entre seus divertimentos, destacava-se o de inverter valores e papéis, escarnecer dos vícios das autoridades, desfilar pelas ruas segredos de determinado monarca ou príncipe. De repente, alguém podia descobrir que “o rei está nu”. As pessoas simples, aliás, podiam representar a função de barões ou sacerdotes, acentuando-lhes os defeitos. Era um momento oportuno para despir as máscaras ou para, endossando uma, revelar características ocultas. Embora por caminhos e modos diferentes, a Quaresma também é tempo de inverter certos valores e refletir sobre determinados comportamentos. De colocar o dedo sobre chagas pessoais e sociais e pôr a nu vícios que impedem a fraternidade. De virar do avesso e tentar curar a patologia de uma política econômica centrada no lucro de poucos e na exclusão social de muitos. E também de buscar alternativas viáveis ao acúmulo progressivo de capital. Isso mesmo é o que propõe a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para a Campanha da Fraternidade (CF 2017). Todos os anos, como sabemos, a Quaresma representa não só um período privilegiado de penitência e conversão, mas também um espaço de reflexão e ação, em favor de um tema que afeta toda a sociedade. Daí o tema e o lema da CF 2017, respectivamente, “Fraternidade, biomas brasileiros e defesa da vida” e “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2,15). Partese, ao mesmo tempo, da situação real em que vivemos e da Palavra de Deus. Por um lado, uma denúncia corajosa e profética sobre o tipo de economia adotado por muitos países do Ocidente. A velocidade e a voracidade na busca de ganhos sempre maiores e mais rápidos vêm danificando os biomas, berço indispensável para o habitat da vida humana e das demais espécies, a biodiversidade. Por outro lado, o anúncio positivo, igualmente corajoso e profético, de que a preservação e o cultivo do meio ambiente tornam-se absolutamente necessários para manter o dom da criação. Respeitar os recursos da natureza, usando-os de maneira sóbria e frugal, é uma forma de recriar a “nossa casa comum”, como a encíclica Laudato Si’, de maio de 2015, denomina o planeta Terra. Mas não é só isso! Tanto a encíclica do Papa Francisco quanto a CF 2017 objetivam, ainda, uma melhor distribuição daquilo que nos oferece a mãe Terra. O respeito e cultivo dos diferentes biomas não pode ser dissociado do tema da justiça e da paz. A responsabilidade sobre o cuidado da natureza é proporcional aos danos causados. As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.


6 | Viver Bem |

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Cuidar da Saúde Ter triglicerídeos elevados aumenta a probabilidade de eventos cardiovasculares Cássia Regina Os triglicerídeos são a forma de gordura mais comum no nosso corpo, sendo usados para fornecer energia para o organismo. Quando a quantidade de triglicerídeos está alta, eles são armazenados nos tecidos adiposos, pois servem como reserva energética para os momentos de jejum prolongado ou de alimentação insuficiente. Quando você desenvolve aquelas gordurinhas pelo corpo, como nos quadris ou na barriga, você está, na verdade, armazenando os triglicerídeos que estão em excesso. Os triglicerídeos estão presentes em vários alimentos comuns da nossa dieta, mas também são produzidos pelo nosso fígado. Quando comemos carboidratos em excesso (doces, massas, pães etc.), o fígado transforma os açúcares em triglicerídeos. Em quantidades elevadas, eles provocam consequências negativas no organismo. Em muitos casos, a doença é diagnosticada apenas quando surgem complicações graves no paciente, como aterosclerose, pancreatite ou esteatose hepática (gordura no fígado). O valor normal dos triglicerídeos é de até 150mg/dl. Se eles estiverem acima de 200, o nível é considerado perigoso e requer o acompanhamento de um médico e de um nutricionista para adequar a dieta. Importante: quem tem diabetes necessita de um monitoramento mais rigoroso, pois tem mais probabilidade de desenvolver um problema cardiovascular por obstrução das artérias. O segredo é evitar o sedentarismo e ter uma alimentação saudável. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com

Comportamento

Filhos, como protegê-los? Simone Ribeiro Cabral Fuzaro Mergulhados em inúmeros cuidados e paparicos, os bebês chegam a este mundo! Quarto decorado, os mais diferentes brinquedos, pais muito instruídos em relação aos cuidados com a higiene, nutrição, rotina... Até mesmo assessoria para a gestação já está disponível no mercado. Chega aquele bebê lindo e absolutamente dependente do amor e dos cuidados paternos. Nos primeiros meses de vida, o pequeno precisa que absolutamente todas as suas necessidades sejam supridas por um adulto. A família se reorganiza em torno do novo membro – procura suprir suas necessidades e protegê-lo de qualquer perigo. Porém, esse tempo de extrema dependência é bastante curto e, aos poucos, os pequenos ganham certa independência. Sentam-se e, com isso, alcançam objetos diversos, engatinham e vão em direção a um forno quente ou a algo “sujo” que encontram pelo caminho, andam e nem sempre conseguem calcular o espaço necessário para passar e, assim, as vivências, possibilidades e riscos vão aumentando no cotidiano das crianças. É de fundamental importância, para que as crianças cresçam fortes, saudáveis e bem estimuladas, do ponto de vista cognitivo e neurológico, que os pais estejam atentos às mudanças e se adaptem rapidamente a elas. Transformar essa possibilidade de independência em autonomia é crucial na vida de qualquer ser humano, mas é um “atentado” à ilusão de proteção que os pais pós-modernos insistem em viver. Proteger os filhos é realmente necessário e função dos pais, porém, o importante é pensarmos: o que significa “proteger”? Ao contrário do que parece, evitar acidentes e frustrações a qualquer

custo, ou impedir as crianças de ter pequenas experiências mais arriscadas rumo à autonomia, não é proteção, mas sim uma atitude que gerará alguém incapaz de se cuidar, alguém que não percebe seus limites e a consequência de seus atos. Se olharmos para a etimologia da palavra autonomia, encontraremos: auto – próprio, si mesmo; nomia – lei, norma, regra. O processo em direção à autonomia prevê como ponto de partida alguém que necessita da lei externa, exercida pelos pais - adultos que têm critérios bem formados e noção dos riscos, perigos e consequências. Nesse momento, determina-se ao pequeno o que fazer ou não com firmeza e carinho, suportando com determinação as reações que terão diante das frustrações. Em seguida, elegem-se momentos e situações onde se acompanha as escolhas (simples, pequenas, possíveis), alertando para as consequências e, também importante, deixando que eles arquem

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com as consequências diante da escolha que fizeram. Por isso, precisamos acompanhar e decidir quando e sobre o que deixaremos que escolham: só podem escolher sobre algo que depois possam suportar as consequências. Conforme as crianças vão crescendo, essas escolhas tornam-se progressivamente mais complexas. Desse modo, vão internalizando valores, leis, regras de convívio e segurança, e aí sim conquistam a tão almejada autonomia. Quando alcançamos esse objetivo, de fato podemos nos sentir satisfeitos, pois os protegemos do modo mais verdadeiro e eficaz: capacitando-os a fazerem escolhas sensatas, a arriscarem na medida em que suportam as consequências, a avaliarem as situações com critérios bem estabelecidos e seguros, ou seja, educamos pessoas capazes de se protegerem. Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora e mantém o blog http:// educandonacao.com.br

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| Pastorais | 7

Júlia Cabral

Especial para O SÃO PAULO

Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade

Nossa Senhora vai ao encontro das crianças Desde o dia 2 de maio de 2016, a imagem peregrina de Nossa Senhora de Aparecida tem visitado os colégios católicos da Arquidiocese. O último colégio a receber a imagem foi o Colégio Passionista São Paulo da Cruz, entre os dias 21 e 25 de novembro. A chegada da imagem peregrina mobilizou toda a comunidade escolar, desde a diretoria aos pais e funcionários; além dos alunos. Prestaram-se homenagens com cantos, testemunhos, preces, pedidos e agradecimentos. “A família passionista participou ativamente dos encontros e celebrações, durante o período em que mamãe Aparecida esteve entre nós. Irmãs, educadores, educandos, funcionários, pais, comunidade e todas as pessoas que visitaram o colégio louvaram e pediram graças com o coração cheio de esperanças e os olhos carregados de lágrimas”, relatou o professor Luiz Djalma Filho. Irmã Lúcia Aparecida Gasparim relatou ao Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade uma das demonstrações de fé que testemunhou: “Um educando do nosso colégio, de aproximadamente 8 anos de idade, encontrava-se chorando junto à porta da Capela, que estava fechada, após o horário das aulas. Aproximeime da criança e disse-lhe: ‘Meu anjinho, por que você está chorando?’ Ele respon-

Colegio Passionista Sao Paulo da Cruz

Junto à imagem peregrina, estudantes do Colégio Passionista São Paulo da Cruz expressam devoção a Nossa Senhora da Conceição Aparecida

deu: ‘Quero falar com Ela’. Como se tratava de uma criança em prantos, concluí que algo ocorrera, talvez alguma desavença e fosse necessária uma intervenção: ‘Pode falar o que lhe aconteceu, vamos resolver juntos’. Entre lágrimas, disse: ‘Quero falar com Ela’ e apontou para a porta da Capela. Abri a porta e a criança entrou correndo. Aproximando-se da imagem da Mãezinha Querida, conversava com ela e cho-

rava. Depois de alguns minutos, juntou as mãos em prece, inspirou profundamente, olhou para a imagem e disse: ‘Você escutou o que falei?’ Voltando ao diálogo silencioso, em prantos, indagou novamente: ‘Você escutou o que falei?’ Fixando o olhar na imagem da ‘Mãezinha Querida’, secou as lágrimas com as mãos, enviou-lhe um beijo e saiu da Capela, saltitando, muito feliz. Muito emocionada, refleti: ‘O que o

coração inocente pediu à Mãe?’ Só ela é testemunha do que se passou; só ela para entender a aflição da criança; só ela é capaz de interceder pela criança, junto ao seu Filho Jesus”. Desde maio do ano passado, Nossa Senhora tem percorrido os colégios católicos da Arquidiocese, e assim será até o dia 23 de março, quando terá visitado todas escolas. (Com informações de Sara Guenka/Vicariato)

Pastoral da Mulher Marginalizada oferece curso profissionalizante De fevereiro a maio, a Pastoral da Mulher Marginalizada oferecerá em sua sede (rua Guilherme Maw, 64, casa 20, no bairro da Luz), um curso de cuidador de idoso para mulheres em “situação de vulnerabilidade social e risco”.

Segundo a coordenação da pastoral, a procura pelo curso manifestou-se em atendimentos sociais e pastorais. A principal causa seria a crise política do país, que tem afetado as políticas públicas voltadas para a questão.

Pastoral da Juventude Discutindo as diferentes realidades juvenis “Espiritualidade” foi a primeira das cinco prioridades escolhidas pela Pastoral da Juventude (PJ) em seu encontro nacional. Com essa prioridade, a Pastoral procura reavivar a fé principalmente por meio da liturgia das horas, da leitura orante da Bíblia e de escolas litúrgicas. A segunda prioridade, a “Ação”, promoverá uma campanha contra a violência às mulheres. Em terceiro lugar, está a “Formação”, cujo objetivo é se voltar para a forma como é transmitida a doutrina, levando em consideração que cada comunidade e jovem tem sua particularidade. Em seguida, a “Articulação”, isto é, o estabelecimento de parcerias com outras pastorais e organismos sociais, de modo a facilitar a ação da Pastoral.

E, por último, a “Transversalidade”, focada na redescoberta do ser humano e de sua integridade, por meio da formação teológica. Além disso, foram discutidas e escolhidas as ocupações da PJ, como a Coordenação Nacional de Assessores, a Coordenação Nacional e a Secretaria Nacional. O encontro responsável por essas decisões, denominado Ampliada Nacional da Pastoral da Juventude, ocorreu entre os dias 22 e 29 de janeiro, no Centro de Expansão Educacional Dom Vicente de Araújo Matos, no Crato (CE), e contou com representantes dos 18 regionais da CNBB e organizações focadas em jovens.

Desse modo, pensou-se em uma medida que ajudasse as mulheres mais vulneráveis e excluídas da sociedade a encontrar uma solução e a disposição para lutar por uma casa, alimentação, emprego, saúde e respeito.

No segundo semestre do ano passado, 37 mulheres atendidas pela Pastoral da Mulher Marginalizada da Arquidiocese de São Paulo foram encaminhas para cursos profissionalizantes. Divulgação


8 | Pelo Mundo |

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Destaques das Agências Internacionais

Filipe David

Correspondente do O SÃO PAULO na Europa

Estados Unidos

Quem foi a fundadora da ‘multinacional da morte’? Margaret Sanger abriu, em 1916, a primeira clínica de planejamento familiar e controle de natalidade dos Estados Unidos. Na época, uma das principais ocupações da clínica era ensinar métodos contraceptivos e distribuir ilegalmente anticoncepcionais. O número de clínicas aumentou e, nos anos 1950, sua organização, a Planned Parenthood Federation of America (PPFA), contribuiu para o desenvolvimento e a popularização dos anticoncepcionais químicos, a famosa “pílula”. Com a legalização do aborto nos Estados Unidos nos anos 1970 através do controverso caso Roe versus Wade, a PPFA tornou-se a maior

empresa de abortos no mundo, conhecida nos meios pró-vida como a grande “multinacional da morte”. Uma das grandes motivações de Margaret Sanger era sua ideologia eugenista, a ideia de selecionar as “melhores” pessoas para que somente elas se reproduzam, eliminando assim os tipos de pessoas menos “desejáveis”. Neste último grupo, ela incluía pessoas com deficiências ou doenças genéticas, imigrantes de minorias étnicas e negros. Em uma carta ao Dr. Clarence Gamble, Sanger diz: “Não queremos que a notícia se espalhe que nós queremos exterminar a população negra”. Hoje em dia, as clíni-

cas de aborto da PPFA estão localizadas perto de grandes comunidades negras nos Estados Unidos e, segundo as estatísticas oficiais, uma mulher negra tem uma probabilidade cinco vezes maior de fazer um aborto que uma mulher branca. Margaret Sanger fez uma palestra a membros da Ku Klux Klan – a famosa organização racista – em 1926, que fez tanto sucesso que os convites para outras palestras ao mesmo tipo de audiência se multiplicaram. Sanger considerava as pessoas com deficiência, doença ou membros de minorias raciais “ervas daninhas humanas, reprodutores inconsequentes (...) seres humanos que não

Transexuais arrependidos Walter Heyer se lembra dos abusos que sofreu em sua infância e dos conflitos interiores que vivenciou até que, aos 42 anos, decidiu se submeter à cirurgia de “mudança de sexo” e pediu aos amigos que começassem a chamá-lo de “Laura”: “Começou como uma fantasia e continuou uma fantasia, porque a cirurgia não te transforma em uma mulher”, conta Walter. Menos de dez anos depois, Walter se arrependeu da mudança e decidiu viver como um homem novamente. Ele criou um site na internet – sexchangeregret. com (arrependimento com a mudança de sexo) – em que centenas de pessoas contatam-no todos os anos para compartilhar suas experiências e arrependimentos. A maior parte delas sentiu que se afirmava com a cirurgia, mas com o passar dos anos começou a sofrer problemas psicológicos, em geral num período inferior a dez anos. Walter contou sua história durante uma conferência em que dezenas de sacerdotes se reuniam para aprender como ajudar não apenas pessoas que sentem

Fonte: Life Site News/ PPFA

China Walter Heyer sexchangeregrets.com

Governo tortura advogados de direitos humanos cristãos

gia dos órgãos sexuais e o tratamento químico por toda a vida para se parecer com o sexo oposto é um abuso. Segundo o Dr. Patrick Lappert, cirurgião e diácono, é importante que os sacerdotes tenham boas relações de trabalho com psicólogos e psiquiatras que tenham uma visão antropológica cristã da pessoa humana, e que possam ajudar os pacientes em vez de encorajálos em sua disforia de gênero.

O governo comunista chinês prendeu e torturou defensores de direitos humanos cristãos no país. Segundo informação da China Aid, dois advogados de direitos humanos foram presos e sofreram tortura – com eletrochoques e outras técnicas. A acusação contra os advogados é de tentar “subverter o poder do Estado”. Os dois advogados foram detidos em 2015, “desapareceram” durante alguns meses e foram oficialmente presos em 2016. O ano passado foi um dos anos de maior perseguição religiosa na China desde a revolução cultural.

Fonte: CNA

Fonte: EWTN

Walter Heyer arrepende-se de sua cirurgia de ‘mudança de sexo’ e decide revertê-la

atração pelo mesmo sexo, mas também os que se “identificam” com o sexo oposto, transexuais ou “transgêneros”. Uma das grandes dificuldades é a difusão da ideologia de gênero e a confusão que ela pode provocar nas pessoas, principalmente nas crianças: “A crença de uma pessoa de ser algo que ela não é, no mínimo, é um sinal de um pensamento confuso”, explica o Colégio Americano de Pediatras. Segundo essa instituição, encorajar uma cirur-

deveriam ter nascido”. Ela criticava obras de caridade por contribuir para aumentar o número de pessoas “indesejadas” em vez de diminui-lo e tentar eliminar essas pessoas no longo prazo. Sanger acreditava que as famílias não deveriam ter o direito de ter quantos filhos desejassem, mas deveriam submeter um pedido ao governo para serem autorizadas (ou proibidas) quando quisessem ter um bebê. Em 1947, em uma entrevista, ela sugeriu que as mulheres não engravidassem nos próximos dez anos e disse que, na sua opinião, “não deveria haver mais bebês”.


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Júlia Cabral e Vitor Loscalzo osaopaulo@uol.com.br

Pastoral da Saúde realiza romaria nacional a Aparecida

Pastoral da Saúde

| Pelo Brasil | 9

Destaques das Agências Nacionais Análise da Conjuntura Econômica

Boas Notícias: Inflação e juros em ciclo de queda Pedro Paulo Funari

Membros da Pastoral da Saúde da Arquidiocese de São Paulo participam de romaria a Aparecida no contexto do Dia Mundial do Enfermo

De quinta-feira, 9, a sábado, 11, a Pastoral da Saúde fez sua romaria anual ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP). A reunião marcou os 31 anos de atividades, comemorados no dia 9, e o Dia Mundial do Enfermo, lembrado no dia 11. A romaria reuniu agentes da pastoral de todo o Brasil e também aconteceu no contexto do jubileu dos 300 anos do encontro da imagem da Padroeira do

Brasil nas águas do rio Paraíba do Sul. Para Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, bispo de Campos (RJ) e referencial da Pastoral da Saúde pela CNBB, o evento foi oportunidade de evangelização e testemunho de Cristo e mostrou a unidade e a comunhão da Pastoral. “Neste Ano Mariano, queremos que Maria, a Mãe da vida, da saúde e da criação, nos 300 anos do seu aparecimento no rio Paraíba, nos dê

força, nos anime e nos impulsione na fidelidade ao Reino e no compromisso com os mais pobres”, afirmou Dom Roberto. O objetivo da pastoral em 2017 é promover formações e o fortalecimento da presença cidadã nos diversos organismos e conselhos do Sistema Único de Saúde (SUS). (Leia mais na reportagem sobre a Unção dos Enfermos, na página 14) Fonte: CNBB

Brasil pode transmitir febre amarela a países vizinhos A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) relatou na quinta-feira, 9, a suspeita de que o vírus da febre amarela pode ter se espalhado em zonas de fronteira onde houve mortes ou adoecimento de macacos. Os casos foram no Pará, Roraima, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Os estados fazem fronteira com Suriname, Venezuela, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai. Segundo a OPAS, tais circunstan-

cias aumentam o risco de a doença ser transmitida para outros países das Américas, especialmente onde o ecossistema é compartilhado com o Brasil. A organização frisa a necessidade de que os profissionais de saúde estejam devidamente preparados para detectar e lidar com as ocorrências da epidemia, principalmente em áreas onde há circulação do mosquito transmissor. A agência alerta também que se deve manter um estoque de vacinas capazes de res-

ponder a possíveis surtos. A medida mais importante para prevenir a febre amarela, segundo a Organização Pan-Americana, é a vacinação. Os cidadãos habitantes das áreas de risco, ou que se deslocam a elas, devem estar com as vacinas em dia e protegerem-se da picadas de mosquitos. Até o momento, o Brasil foi o único país das Américas que confirmou casos da doença em 2017. Fonte: ONU

Campanha alerta internautas contra trabalho infantil O Ministério Público do Trabalho (MPT) lançou na sexta-feira, 10, em Campinas (SP), uma campanha nacional na internet de combate ao trabalho infantil. Com a hashtag (palavra-chave usada nas mídias digitais) “#Chegadetrabalhoinfantil”, a ação conta com o apoio de personalidades da música e dos esportes. O objetivo da campanha é provocar o engajamento dos internautas nas

redes sociais, incentivando-os a postar mensagens em seus perfis utilizando a palavra-chave como forma de apoio à causa contra o trabalho irregular de crianças e adolescentes. O site da campanha, que contém um blog com notícias, atualidades e orientações, além de um local dedicado a artigos e opiniões de especialistas que já pode ser acessado pelo endereço: chegadetrabalhoinfantil.com.br. Há,

ainda, uma página no Facebook e um canal no YouTube. A campanha é apoiada pela Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho de Crianças e Adolescentes e é realizada com o uso de verbas de acordos firmados com empresas do interior e da Grande São Paulo. Os artistas e esportistas que participaram da iniciativa não cobraram cachê. Fonte: Agência Brasil

Em meio a tantas notícias negativas, é certamente contrastante que a inflação e os juros estejam em ciclo de queda. Em janeiro, o Banco Central (BC) reduziu a taxa básica de juros (Selic) de 13,75% para 13% ao ano. Ademais, Ilan Goldfajn, presidente do BC, confirmou o novo ritmo de redução de juros, e que, portanto, podemos esperar novos cortes nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária do BC – são oito por ano. Por sua vez, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice base da inflação no país, subiu apenas 0,38% em janeiro deste ano na comparação com dezembro, a menor alta desde 1979 – em janeiro de 2016, o IPCA teve alta de 1,27%. É natural, e longe do óbvio, que nos perguntemos: por que essa é uma boa notícia? Ou seja, quais seriam os mecanismos pelos quais tanto a inflação quanto a taxa de juros afetam nossas vidas? Para entender essa importante questão, é reconfortante saber que, apesar de os termos econômicos serem muitas vezes complicados, as ideias de fundo são normalmente intuitivas. A inflação pode ser vista como uma espécie de imposto: se os preços sobem, só se pode, com a mesma quantidade de dinheiro, comprar menos. Portanto, é como se se ganhasse menos. O problema é que a inflação, pensada sob este ângulo, é da pior espécie de imposto: é regressivo. Ou seja, afeta principalmente as camadas mais pobres da população, que dedicam uma parcela alta de sua renda para a compra de alimentos básicos e que têm acesso mais restrito a instituições financeiras, que poderiam preservar seu “poder de compra”. O controle da inflação é certamente um bem por muitos motivos, e o é em especial para as camadas mais pobres. Já a taxa de juros representa o “preço” do dinheiro, ou seja, de maneira simplificada, o quanto ele rende. Para entender melhor seu efeito, pensemos em uma empresa que deseja abrir uma nova filial. Se a taxa de juros está alta, por que empreender tal investimento, que sempre comporta um risco, ao invés de deixar o dinheiro no banco, com um alto rendimento garantido? Ainda mais, suponhamos que, para abrir tal filial, a empresa precise de um empréstimo. Ora, é claro que altos juros são novamente um desincentivo! Por esses e outros motivos, é correto afirmar que a queda da taxa de juros, que no Brasil é o principal instrumento de controle da inflação, tende a “aquecer” a economia. Ou seja, incentiva os gastos e investimentos que, por sua vez, levam a um aumento do crescimento e do emprego, cuja falta tristemente aflige tantas famílias brasileiras, e cuja posse tanto contribui para a dignidade humana, como não cansa de nos lembrar a Santa Igreja através de sua belíssima Doutrina Social. Pedro Paulo Funari, doutorando em Economia na Universidade da Califórnia, é graduado e mestre em Economia pela Universidade de São Paulo


10 | Política |

15 a 21 de fevereiro de 2017 | www.arquisp.org.br

Alexandre de Moraes

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado deve sabatinar no dia 21 o ministro da Justiça licenciado, Alexandre de Moraes, indicado pelo presidente da República, Michel Temer, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). O fato de alguns dos senadores que integram a CCJ serem possíveis réus na Lava Jato e futuramente acabarem julgados por Alexandre de Moraes no STF não é algo bem visto pela opinião pública. Também repercutiu de forma negativa a “sabatina informal” que o ministro licenciado participou no dia 9 em uma embarcação de luxo do senador Wilder Morais (PP-GO) junto com outros sete senadores. Em nota à imprensa, Moraes afirmou ter sido convidado para uma reunião com nove senadores dos partidos PR, PTB, PRB, PSC e PTC, mas que “foi surpreendido” por esta ter acontecido em um barco. “Tivemos uma conversa séria e respeitosa, assim como venho fazendo em todas reuniões com os demais senadores”, justificou. Os interessados em participar da sabatina de Alexandre de Moraes no Senado podem enviar questionamentos ou informações sobre o indicado ao STF pelo site http://www12.senado. leg.br/ecidadania# ou pelo Alô Senado (0800612211). As participações poderão ser usadas na sabatina e há a possibilidade de que se realizem audiências públicas em face das informações e indagações recebidas pelo Senado.

Réu na Lava-Jato não comporá o governo

O presidente Michel Temer assegurou na segunda-feira, 13, em Brasília (DF), que ministros citados na operação Lava Jato serão demitidos caso virem réus: “Se houver denúncia, que é um conjunto de provas, eventualmente que possam conduzir ao seu acolhimento, o ministro que estiver denunciado será afastado provisoriamente. Logo depois, se acolhida a denúncia, e aí o ministro se transformando em réu, o afastamento é definido”. O anúncio de Temer ocorre dias após as intensas críticas por ele ter nomeado Moreira Franco como ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência. Citado na Lava Jato, Franco tem agora foro privilegiado.

Projeto antipichação

O substitutivo da Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente ao Projeto de Lei (PL) 56/2005, dos vereadores Adilson Amadeu (PTB) e David Soares (DEM), que cria o “Disque-Pichação”, foi aprovado em primeira votação pela Câmara Municipal de São Paulo na sexta-feira, 10. De acordo com a medida, será criada uma central de atendimento telefônico para o recebimento específico de denúncias contra os pichadores. A aprovação abre espaço para a apresentação de um substitutivo em segunda votação, que pode apontar, por exemplo, como anuncia o Executivo municipal, para a aplicação de multas aos infratores. Ainda há pontos em discussão, entre os quais, sobre como diferenciar pichadores de grafiteiros. Fontes: Agência Brasil, jornal O Estado de S. Paulo, Carta Capital,Senado, Câmara de São Paulo. (por Daniel Gomes)

Deputados votarão PL que diminui poder de fiscalização do TSE

Zeca Ribeiro/Câmara Federal

Um dos pontos do projeto de lei em tramitação na Câmara prevê a manutenção do registro de partidos com contas desaprovadas

Edcarlos Bispo

especial para O SÃO PAULO

No fim de 2016, os brasileiros acompanharam a tentativa de alguns parlamentares de votar um projeto de lei (PL) que, entre outras coisas, anistiaria a prática de caixa 2. Com certa pressão popular e a mobilização de movimentos sociais, os parlamentares recuaram e desistiram de aprovar o projeto. Agora, o que está para ser votado é o Projeto de Lei 4424/16, do deputado licenciado e atual ministro dos Transportes, Maurício Quintella Lessa (PR-AL). A redação original prevê dois pontos principais: a manutenção do registro dos partidos mesmo quando tiverem as contas julgadas como “não prestadas” ou “desaprovadas”; e a revogação do direito do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de expedir instruções para a execução da Lei dos Partidos Políticos (Lei 9.096/95). Com o avanço da Operação Lava Jato e o claro envolvimento não apenas de políticos e empresários, mas das próprias máquinas partidárias em esquemas de corrupção, o esforço por manter o registro dos partidos cujas contas são tidas como “não prestadas” sugere uma manobra parlamentar para protegê-los dos esforços da Justiça. O PL 4424/16 é um confronto à resolução 23.465/2015 do Tribunal Superior Eleitoral, que aprovou a regulamentação da chamada Lei dos Partidos Políticos e definiu punições, como a suspensão do acesso ao fundo partidário, no caso de não prestação de contas. A pressa dos partidos aconte-

ce porque a norma do TSE passará a valer a partir de março deste ano. Aprovada em dezembro de 2015, em 3 de março de 2016 ela foi suspensa por um ano, após partidos pedirem mais tempo para se ajustarem às novas regras. Na justificativa do projeto, Maurício Quintella Lessa afirmou que “com a aprovação da citada resolução, a Justiça Eleitoral promoveu diversas alterações no funcionamento dos entes partidários, o que interfere de forma direta na autonomia constitucional concedida aos partidos políticos”. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que “não há nenhuma expectativa, nenhuma intenção, nenhuma vontade de aprovar algo na matéria que suprima nenhum poder de fiscalização, nenhum poder do Tribunal Superior Eleitoral”. Ao ser questionado por jornalistas, Maia disse que o objetivo da tramitação de urgência do projeto é apenas tratar da matéria que legisla sobre diretórios provisórios de partidos políticos que são criados para que as legendas possam se instalar em uma localidade ou também para reorganizar a sua estrutura quando o órgão definitivo foi dissolvido. Quando perguntado sobre qual garantia poderia dar de que esse seria o único motivo para a aprovação da urgência sobre a matéria, Maia respondeu: “A palavra do presidente da Casa”. “Nós queremos apenas tratar de um tema [...] que os partidos entendem que é uma prerrogativa exclusiva do Legislativo, que é a questão da proibição, ou não, de diretórios provisórios pelos partidos em mu-

nicípios pelo Brasil, apenas isso. É a única matéria que será votada quando essa matéria for pautada no plenário no dia que o texto tiver pronto”, afirmou.

Presidente do TSE

Para tratar do assunto foi marcada uma reunião entre os líderes partidários e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Gilmar Mendes. A proposta do encontro é que Mendes colabore com ideias para um texto do projeto de lei. Em entrevista ao portal da EBC, Mendes afirmou ver com “muita preocupação essa iniciativa, que praticamente impede que o tribunal regulamente as eleições via resolução, revoga o dispositivo que permite ao tribunal fazer as resoluções que muito têm contribuído para disciplinar, para efetivar, para realizar as próprias eleições”. O ministro destacou, ainda, o trecho do texto que prevê o fim de sanções para os partidos que não apresentarem suas prestações de contas anuais em dia. “[Isso] torna inútil esse grande esforço que estamos fazendo de cobrar a prestação de contas, na medida em que nos impede de aplicar qualquer sanção”, disse. Para Gilmar Mendes, caso o projeto seja aprovado, “vamos estar consagrando a impunidade daqueles partidos que mal aplicam os recursos públicos, porque não haverá sanção, e vamos estar eternizando agremiações fakes – agremiações de fachada, diretórios que são improvisados”. Com informações: EBC, Congresso em Foco, Câmara dos Deputados, Folha de SP, Zero Hora


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Padre João Inácio Mildner

‘Nos hospitais onde há assistência espiritual os pacientes têm recuperação mais rápida’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

Assistente eclesiástico da Pastoral da Saúde da Arquidiocese de São Paulo há dois anos, Padre João Inácio Mildner atua há 25 anos como capelão do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e é membro do Conselho Estadual de Saúde. Em entrevista concedida ao O SÃO PAULO, por ocasião do Dia Mundial do Enfermo, celebrado no sábado, dia 11, Padre João falou sobre a atuação da Pastoral da Saúde e a importância da assistência religiosa junto aos doentes. Confira a entrevista:

O SÃO PAULO – Como está a Pastoral da Saúde da Arquidiocese? Padre João Inácio Mildner – Estamos implantando um novo modelo de Pastoral da Saúde, no sentido de dar maior corresponsabilidade à equipe e dinamizar cada região episcopal a partir de suas necessidades específicas. Este ano, por exemplo, os cursos promovidos pela Pastoral são organizados por cada região com o nosso acompanhamento. Esperamos ter em torno de 300 pessoas participando desses cursos, que começam em março. Outra conquista foi o curso de pastoral hospitalar, um pedido do nosso arcebispo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, com o objetivo de preparar pessoas que atuem especificamente nos hospitais. No ano passado, 82 pessoas participaram do curso. Também avançamos no que diz respeito às políticas públicas para saúde. Nós nos reunimos uma vez por mês para tratar do assunto. O grande passo foi o primeiro encontro dos militantes das políticas públicas de saúde, realizado no ano passado. Como tem sido o trabalho no âmbito paroquial? A primeira dimensão da Pastoral da Saúde é voltada às paróquias e comunidades, onde é dada assistência ao doente no domicílio. Tanto assistência espiritual quanto a caridade em si com aquele que sofre. Buscamos levar a comunidade ao doente e o doente à comunidade. Antes de tudo, é preciso acolher e manifestar a solidariedade da comunidade para com quem sofre. Levar os sacramentos é muito importante. Mas é preciso também fazer com que a comunidade se empenhe com aqueles enfermos que muitas vezes estão abandonados, seja em bairros nobres ou mais pobres, e necessitam de atenção e cuidado.

seguimos, por meio do Conselho Estadual de Saúde, uma resolução que determina que nenhuma instituição pública de saúde do Estado de São Paulo pode impedir assistência religiosa. Isso também acaba servindo de referencial para entidades particulares, filantrópicas e municipais. Para isso, é preciso uma formação desses agentes hospitalares... Com certeza. Esse trabalho não pode ser amador. Lidamos com seres humanos fragilizados que lutam pela vida. O curso de pastoral hospitalar, além de apresentar a visão teológica e pastoral da saúde, também trata de questões específicas dessa área. Conhecemos os trabalhos dos diferentes profissionais que atuam num hospital.

Essa atenção também é voltada para com a família dos enfermos? Também orientamos que os agentes da Pastoral sejam presença amiga para com as famílias e, antes de tudo, se coloquem a serviço. Muitas vezes, o próprio agente pode suprir pequenas necessidades, como levar o enfermo para uma consulta médica ou buscar um medicamento. Enfim, fazer o possível para aliviar o “fardo” que a família também tem para cuidar de um doente em casa. Há relatos, por exemplo, de agentes que visitaram o doente, encontraram-no abandonado, se reuniram e foram limpar a casa dele. Isso é bonito! E quanto à pastoral hospitalar? Trata-se da visita leito a leito, tanto onde há uma capelania organizada quanto onde simplesmente há abertura para a presença da Pastoral. Celebrar, atender e auxiliar os pacientes para que possam participar das missas que são celebradas nos hospitais. Em resumo, é fazer o doente se sentir Igreja mesmo estando internado num hospital. Há muitos pacientes internados que, por inúmeras razões, não recebem visitas frequentes de seus familiares. Por isso, a presença da Igreja no hospital não se restringe ao sacerdote, mas também a presença amiga dos leigos é importantíssima. No Emílio Ribas, por exemplo, temos cem leitos, mas após a reforma serão 400. É imprescindível a colaboração

dos agentes de pastoral para que haja uma assistência integral. Um padre sozinho não daria conta. Como é feito o acompanhamento das capelanias dos hospitais? Estamos buscando uma maior articulação das capelanias dos diferentes hospitais da cidade e auxiliando na implantação onde ainda não há. Hoje contamos com 15 capelanias nos principais hospitais. Algumas possuem um padre liberado para esse trabalho e outras contam com a assistência de padres das paróquias onde estão localizadas. Para que haja mais unidade nos trabalhos, este ano começaremos a fazer reuniões periódicas com os capelães hospitalares. É interessante também observar que tem havido solicitação por parte dos próprios hospitais para a implantação de capelanias. A que se deve esse interesse? Estudos comprovam que nos hospitais onde há assistência espiritual, os pacientes têm uma recuperação mais rápida. Em consequência disso, há uma economia de recursos, o que estimula o interesse por parte das administrações das instituições para que haja tal assistência. Essa cultura é muito forte nos Estados Unidos e começa a ganhar força no Brasil. Sem contar que a assistência espiritual é um direito do paciente e a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece sua importância. Nós con-

Também é realizado um trabalho junto aos profissionais da saúde? Sim. Muitas vezes olhamos somente para os doentes, mas quantos profissionais sofrem para poder cuidar dos pacientes. Quanta renúncia! Nos casos, por exemplo, de pacientes que têm prognóstico fechado, o profissional precisa se dedicar para amenizar o sofrimento dessa pessoa que se sabe que irá morrer em breve. Precisamos ter consciência que no mundo da saúde também trabalhamos com o insucesso. Esses profissionais são muito abertos à nossa presença. Muitas vezes, nos procuram para conversar e até para conhecer melhor a visão da ética cristã diante de algumas situações. Por isso, estamos preparando para o segundo semestre, e em breve será divulgado, um curso para os profissionais da saúde, com o objetivo de reunir médicos, enfermeiros, nutricionistas entre outros profissionais cristãos da área. Como tem sido a presença da Igreja nos conselhos de saúde? Nós da Arquidiocese temos muitos membros que participam dos conselhos gestores e comunitários de saúde, bem como nos conselhos municipal e estadual. A pastoral é da saúde, não da doença. O nosso esforço é em defesa da dignidade e da vida da pessoa. Quanto mais atuarmos nos conselhos tanto mais poderemos levar para a população a visão da Igreja sobre saúde. Essa preocupação é fundamental. Nós não queremos somente cuidar dos enfermos, mas cuidar para que o povo tenha saúde.

As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.


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Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

Bolo de rolo, pamonha, frutas e café à mesa. É hora do lanche no apartamento ensolarado onde mora a família Araújo Cavalcanti: as irmãs Ana Karla e Luciana, e a mãe, Vilma. “Têm dias em que é preciso frear o apetite dela, mas há outros em que ela não quer comer nada”, conta Ana Karla, que, aos 40 anos, escolheu não trabalhar fora para se dedicar inteiramente aos cuidados da mãe. Com Alzheimer em estágio avançado, a Vilminha, como é apresentada pelas filhas, não pode mais ficar sozinha,

Tu tens um medo: Acabar. Não vês que acabas todo o dia. Que morres no amor. Na tristeza. Na dúvida. No desejo. Que te renovas todo o dia. No amor. Na tristeza. Na dúvida. No desejo. Que és sempre outro. Que és sempre o mesmo. Que morrerás por idades imensas. Até não teres medo de morrer. E então serás eterno. Cecília Meireles

nem mesmo à noite, enquanto dorme. Ana Karla dorme ali, numa cama auxiliar aos pés da mãe e, assim, soma 24 horas seguidas ao lado dela. A realidade de Ana Karla é a mesma de tantas outras pessoas que, em certo momento da vida, precisam tomar uma decisão. Como cuidar dos idosos? E não só. O que fazer em muitas outras situações, como a de pessoas com deficiência ou aquelas que, ainda jovens, sofreram acidentes ou tiveram alguma complicação na saúde? Em todos os casos, contudo, desponta uma atitude: a solidariedade de quem deixa tudo para se dedicar ao cuidado de outra pessoa. O “tudo” que é deixado inclui, na maioria das vezes, o trabalho remunerado fora de casa e a participação em eventos sociais. Por curtos períodos de tempo, ou até mesmo por anos, há alguém que se dedica exclusivamente para cuidar da mãe, pai, irmão ou de uma pessoa querida. A motivação pode ser financeira, pois contratar um cuidador está fora do orçamento familiar, mas há quem faça essa opção por razões afetivas. Em português, o verbo cuidar significa “atenção, cautela, zelo”. Na prática,

A todos os que sofrem e estão sós, dai sempre um sorriso de alegria. Não lhes proporciones apenas vossos cuidados, mas também o vosso coração. Madre Teresa de Calcutá

porém, representa muito mais que um estado de atenção: é um se preocupar, um sentir com o outro, uma atitude que revela grande amor e envolvimento com o ser cuidado. Por isso, há quem prefira assumir esse cuidado em primeira pessoa, porque vai além do fisiológico ou temporal, é como comprometer a vida, numa atitude de profunda gratidão.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

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Vilminha

Quando Vilminha – Vilma de Araújo Cavalcanti – foi diagnosticada com Alzheimer, Ana Karla Araújo Cavalcanti morava em Brasília (DF). “Minha irmã estava bastante preocupada com uma forte depressão que mamãe apresentava desde a morte de nosso avô, em janeiro de 2011. A depressão piorou depois da morte da irmã mais ligada à mamãe, em março de 2012. Luciana [Araújo Cavalcanti] percebia lapsos frequentes de memória, mas os médicos diziam que era a depressão”, contou Ana Karla ao O SÃO PAULO. De repente, começaram a chegar cobranças, fato que causou estranheza às filhas, pois a mãe havia sempre administrado muito bem o orçamento da casa. Além disso, a balconista da farmácia comentou que Vilminha estava comprando os mesmos remédios da diabetes ou controle do colesterol várias vezes na semana e que, algumas vezes, esquecia o dinheiro ou o cartão de crédito. As irmãs desconfiaram de que algo mais grave estava acontecendo. Luciana a levou em consultas ao geriatra e ao neurologista, que fizeram os primeiros testes para detectar o Alzheimer. “O diagnóstico de Alzheimer é feito por exclusão.

Não te deixes destruir... Ajuntando novas pedras E construindo novos poemas. Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça. Faz de tua vida mesquinha um poema. E viverás no coração dos jovens E na memória das gerações que hão de vir. Esta fonte é para uso de todos os sedentos. Toma a tua parte. Vem a estas páginas E não entraves seu uso aos que têm sede. Cora Coralina

Quando outras causas são excluídas, é feito o teste cognitivo que indica o Alzheimer. No dia 30 de agosto de 2012, a neurologista nos comunicou que mamãe tinha Alzheimer. Foi um grande choque! Nós vivemos uma espécie de luto logo depois do diagnóstico”, disse Ana Karla. Já de volta a Recife (PE), onde nasceram e moram atualmente, Ana Karla e Luciana conversavam sobre a melhor maneira de cuidar da mãe. “Estudamos muito sobre a doença e ouvimos diferentes profissionais de saúde. No início da

O cuidado doença, mamãe preservava um bom nível de consciência e independência e era resistente à ideia de ter uma cuidadora. Somado a isso, vimos num telejornal o caso de duas cuidadoras que torturavam uma senhora idosa e ficamos assustadas”, disse Ana Karla, a filha mais velha. A questão financeira também pesou na decisão. Ao fazer as contas, elas perceberam que os empregos geralmente têm uma jornada diária de oito horas, mais o tempo de deslocamento e do intervalo para almoço. O que daria cerca de 11 horas fora de casa. “Uma cuidadora que trabalha todo dia só pode fazer até duas horas extras por dia. Portanto, precisaríamos contratar duas cuidadoras, o que seria economicamente inviável. Decidimos, então, que eu ficaria como cuidadora familiar”, relatou Ana Karla.

Laura

Para Elane Cristina Bispo de Santana, 31, a decisão de deixar tudo e cuidar da avó, Laura de Jesus Bispo, partiu da necessidade de cuidar de si mesma. Aos 24 anos, a jovem vivia um momento de crise e acabava de ser diagnosticada com uma depressão no segundo estágio. “Meus cabelos estavam caindo, eu não tinha mais vontade de viver e percebi que precisava cuidar da minha saúde física e psicológica”, disse Elane à reportagem.

Na época, Laura tinha 74 anos e estava sob os cuidados de uma pessoa contratada pela família. Elane queria sair de seu emprego e conseguiu ser contratada, durante 40 dias, como recenseadora, o que começou a reanimá-la. “Cheguei a conversar com meu chefe sobre a depressão, mas ele disse que não me dispensaria, pois aquilo iria passar logo. Pedi férias, quando trabalhei como recenseadora no bairro Elisa Maria, coincidentemente onde moro hoje”, contou Elane. Pelo contato com situações de extrema pobreza e todo tipo de histórias, ela percebeu também o quanto a vida era preciosa, e então decidiu que seria ela a ficar com a avó. Aos 75 anos, Laura já demonstra-

Uma riqueza tão grande de humanid mas sim ajudar-nos a enfrentar as nossas os desafios presentes em âmbito sanitário do Enfermo, podemos encontrar novo im duma cultura respeitadora da vida, da saúde impulso a fim de lutar pelo respeito da inclusive mediante uma abordagem co dos mais fracos e o cuida [...] Reitero a minha proximidade feita d que cuidam amorosamente dos seus memb ser sempre sinais jubilosos da

Trecho da mensagem do Papa Francisc


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o que cura va sinais de Alzheimer, doença que foi diagnosticada quando ela tinha 78. Além disso, a baiana, que veio com a filha e os netos para São Paulo, já tinha Parkinson. A avó de Elane passou também pela depressão. “Foi a convivência conosco que a reanimou”, contou a mulher, que tem quatro irmãos. Na primeira consulta à geriatra, Elane foi orientada pela médica a conseguir uma procuração judicial que a autorizasse a cuidar de todas as coisas da avó. Isso incluiria administrar a aposentadoria, remédios, bilhetes para transporte público, decisões sobre tratamentos médicos etc. E, após a conversa com todos os membros da família, Elane, ainda muito jovem, assumiu uma responsabilidade

que mudaria para sempre sua vida. Foram dois anos de dedicação exclusiva até a morte de Laura, que aconteceu no dia 18 de agosto de 2012, após uma parada cardiorrespiratória, quando ela tinha 86 anos.

Toda ajuda é bem-vinda

“Há momentos nos quais penso que não vou conseguir. Um desses momentos foi em agosto de 2016, quando mamãe parou de andar de repente! Nem sentada ela ficava. Levamos ao hospital para fazer exames e não encontraram explicações para ela ter ficado naquela situação. Eu não conseguia fazer a higiene dela e nem trocar fraldas sozinha. Foi um dos momentos mais difíceis! Aos poucos, ela foi se recuperando e voltou a andar com apoio de duas pessoas. Atualmente, ela dade e de fé não deve ficar perdida, melhorou muito e até já anda fraquezas humanas e, ao mesmo tempo, sozinha quando a gente se dise tecnológico. Por ocasião do Dia Mundial trai”, relatou Ana Karla. mpulso a fim de contribuir para a difusão A cobrança em relação aos cuidadores também é muito e do meio ambiente; encontrar um renovado frequente, sobretudo porque a integridade e dignidade das pessoas, a maioria não tem nenhuma orreta das questões bioéticas, a tutela formação profissional na área da saúde. Vilminha conta com ado pelo meio ambiente. plano de saúde que tem um de oração e encorajamento às famílias programa de atendimento dobros doentes. A todos, desejo que possam miciliar de uma equipe multidisciplinar. Ela é atendida três presença e do amor de Deus. vezes por semana por uma co para o Dia Mundial do Enfermo 2017 fisioterapeuta, duas vezes por

semana por uma terapeuta ocupacional, uma vez por semana por uma fonoaudióloga e uma vez por mês recebe a visita do médico e de uma enfermeira. Segundo as filhas, os exercícios e orientações desses profissionais de saúde ajudam a retardar o avanço inevitável da doença e, assim, a preservar a qualidade de vida dela. “Ela é também acompanhada por duas geriatras, uma do Hospital Universitário Osvaldo Cruz e outra particular. Os custos são bastante altos, os remédios são caros, além dos gastos com fraldas. Atualmente, ela recuperou a continência diurna, mas ainda usa fraldas”, explicou Ana Karla. E, se há dificuldades, como a vivida por Elane, que foi acusada por um dos familiares de ter empurrado a própria avó na escada – quando esta caiu dentro do quarto – há também um círculo de solidariedade que se forma em torno da pessoa que precisa de cuidados. Quando precisava sair ou mesmo ir a uma festa para se distrair um pouco, a mãe ou os irmãos de Elane assumiam o cuidado da avó, que fez todo o tratamento no Centro de Referência do Idoso (CRI), no Complexo do Mandaqui, hospital na zona Norte de São Paulo. Ana Karla e Luciana recebem a ajuda dos vizinhos que se colocam à disposição para apoiar Vilma quando ela não está caminhando bem, ou até para comprar algo, quando Ana Karla não pode sair. “Uma amiga vem me ajudar a dar

Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo. Não é. A coisa mais fina do mundo é o sentimento. Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, ela falou comigo: “Coitado, até essa hora no serviço pesado”. Arrumou pão, deixou tacho no fogão com água quente. Não me falou em amor. Essa palavra de luxo. Adélia Prado

banho na mamãe, quando estou sozinha com ela. E alguns amigos aparecem nas emergências ”, disse Ana Karla.

‘Nenhuma doença destrói a essência’

Tanto Elane, cuja avó faleceu em 2012, quanto Ana Karla, que está ensaiando alguns passinhos de frevo com a mãe, disseram que se sentem “em paz” com a decisão tomada. Elane enfatizou que a experiência de cuidar da avó transformou seu modo de ver a vida e, sobretudo, a sensibilidade com as pessoas doentes e idosas. Hoje ela trabalha como massoterapeuta e fez um curso de cuidadora de idosos no Senac – São Paulo. “Acompanhar o desenvolvimento da doença de mamãe me faz pensar bastante na importância de valorizar a vida, de viver bem, de ser uma boa pessoa. Lem-

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bro que, no início da doença, quando saía com mamãe e alguém que eu não conhecia a cumprimentava, ela costumava responder à minha pergunta sobre quem era a pessoa da seguinte forma: ‘Não lembro, mas ela não sabe que tenho Alzheimer e não quero que fique triste pensando que me esqueci dela’”, recordou Ana Karla. Um episódio também marcou profundamente a experiência de Elane. Uma noite, ela acordou e não viu a avó na cama. Desceu as escadas e viu a porta da sala aberta, era cerca de 4h da manhã. “Vovó estava sentada na cadeira, na calçada, dizendo que esperava o ônibus

Tu que me deste o teu carinho E que me deste o teu cuidado, Acolhe ao peito, como o ninho Acolhe ao pássaro cansado, O meu desejo incontentado. Há longos anos ele arqueja Em aflitiva escuridão. Sê compassiva e benfazeja. Dá-lhe o melhor que ele deseja: Teu grave e meigo coração. Manuel Bandeira

para Pirajá, bairro que ela morava em Salvador (BA). Então, eu disse a ela que o ônibus não passava àquela hora e ela voltou para a cama e adormeceu. No outro dia, não se lembrou de nada.” “Nenhuma doença destrói o que somos na essência, essa é uma das maiores lições que cuidar da mamãe me ensinou. Claro que não é bom ficar doente, mas precisamos aprender a conviver com as doenças, e nunca desistir de melhorar a qualidade de vida dos doentes e de quem cuida deles”, ressaltou Ana Karla.

Uma natural solidariedade

“Não penso em minha atitude em relação a mamãe como solidária, acho que é natural, apenas retribuo o amor que recebi”, respondeu Ana Karla, ao ser perguntada sobre como vê sua atitude em relação à mãe. Muito mais que solidariedade ou fraternidade, pode-se dizer que é um gesto de altruísmo e renúncia, mas uma renúncia que agrega, cheia de desafios e também de alegria para quem a vive. “Uma experiência linda e única”, confirmou Elane. Emocionada, ela afirmou que o que fez pela avó foi um retribuir tudo o que Laura havia feito por ela e por seus irmãos. Desde que o pai de Elane faleceu, foi com a mãe que Maria José de Jesus Bispo pôde contar. “Não espero reconhecimento nenhum de ninguém, mas sei que estou juntando tesouros no céu, como diz a Bíblia”, lembrou Elane.

Coração que bate-bate… Antes deixes de bater! Só num relógio é que as horas Vão passando sem sofrer. Mario Quintana


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Unção dos Enfermos: graça especial para os cristãos Luciney Martins/O SÃO PAULO

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

“Algum de vós está doente? Chame os presbíteros da Igreja, para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o doente e o Senhor o aliviará. E, se tiver cometido pecados, lhes serão perdoados”. Como mostra o capítulo quinto da Carta de São Tiago, desde o início o Sacramento da Unção dos Enfermos é ministrado pelos cristãos. Conhecido no passado como Extrema Unção, esse sacramento ainda desperta medo em muitas pessoas que o associam à agonia final. Porém, a Igreja o chama de sacramento da cura – juntamente com a Reconciliação (Confissão) – justamente por ter a finalidade de conferir uma graça especial ao cristão que enfrenta as dificuldades inerentes ao estado de doença grave ou de velhice.

A doença

A doutrina cristã ensina que com a doença o homem experimenta sua incapacidade, limites e finitude. “Mas também pode se tornar uma pessoa mais amadurecida, ajudá-la a discernir, na sua vida, o que não é essencial para se voltar para o que o é. Muitas vezes, a doença leva à busca de Deus, a um re-

Quem celebra

Somente bispos e padres podem conferir a Unção dos Enfermos, uma vez que esse sacramento também confere o perdão dos pecados. Na Unção dos Enfermos, o ministro unge a fronte e as mãos do doente, enquanto é feita a oração na qual se invoca a graça do sacramento.

Cuidados

Unção dos Enfermos confere graça especial a quem está doente ou com dificuldade pela velhice

gresso a Ele”, diz o Catecismo da Igreja Católica.

Quando receber

A Unção dos Enfermos pode ser ministrada todas as vezes que uma pessoa estiver gravemente enferma ou quando, mesmo depois de a ter recebido, a doença se agrava. É também conveniente receber esse sacramento antes de uma operação cirúrgica importante ou quando, por causa da idade avançada, a fragilidade da saúde se acentua. Os doentes privados dos sentidos e do uso da razão podem receber a Unção dos Enfermos quando se supõe manifestariam tal desejo se o pudessem. Em caso de acidente grave, por exem-

plo, no qual há dúvidas sobre o nível de consciência da vítima, mesmo que não haja certeza de que está viva, a Unção deve ser ministrada.

Efeitos

A graça especial da Unção dos Enfermos tem como magníficos efeitos: a união do doente à Paixão de Cristo, para o seu bem e para o de toda a Igreja; o conforto, a paz e a coragem para suportar cristãmente os sofrimentos da doença ou da velhice; o perdão dos pecados, se o doente não pode obtê-lo pelo Sacramento da Reconciliação; o restabelecimento da saúde, se tal for conveniente para a salvação espiritual; e a preparação para a passagem para vida eterna.

O assistente eclesiástico da Pastoral da Saúde da Arquidiocese, Padre João Inácio Mildner, aconselha que nas paróquias haja formação dos fiéis sobre significado e importância desse sacramento, de forma que não se torne um sacramento distante. O fato de a Unção dos Enfermos ser conferida a pessoas que perderam a consciência não significa que seus familiares precisam esperar a situação extrema, quando o paciente já está sedado, para solicitar o sacramento. De acordo com o Padre João, quanto mais consciência o doente tiver no momento do sacramento, mais condições terá para se reconciliar com Deus e consigo mesmo, bem como para lidar com o mistério da enfermidade e da morte. Por outro lado, alerta para que não haja uma banalização do sacramento. “Não podemos cair no outro extremo de buscar a Unção por devoção como uma simples bênção pela saúde que pode ser recebida sempre que se desejar.”

Nossa Senhora de Lourdes vai ao encontro da pequenina Bernadette Sanctuari off our Lady off Lourdes

Vítor Alves Loscalzo Especial para O SÃO PAULO

Há 159 anos, em 11 de fevereiro de 1858, a Santíssima Virgem Maria realizava uma de suas aparições; desta vez, na gruta de Massabielle, na cidade de Lourdes, na região dos Altos Pirineus, na França. Nossa Senhora de Lourdes – como ficou conhecida essa aparição mariana – confirma as palavras do Papa Leão XIII: “É para as classes desafortunadas que o coração de Deus parece inclinar-se mais”. Pois foi à jovem camponesa Bernadette Soubirous, então com 14 anos, que a Mãe de Deus quis aparecer.

Bernadette e a pobreza

Primogênita dentre nove filhos, a jovem viveu, em todos os aspectos, a pobreza. Seu pai, após um acidente de trabalho que acabou por cegá-lo de um olho, encontrou dificuldades para produzir a farinha que garantia o sustento da casa. Somou-se a isso a crescente industrialização que, dentre tantas coisas, tornou obsoleto o moinho da família Soubirous. Além disso, Bernadette contraiu a doença epidêmica da época: a cólera. Possivelmente pela precariedade da medicina daqueles tempos, a jovem acabou contraindo também uma asma,

jornal e interrogatórios, escreveu seis volumes sobre as aparições em Lourdes. Ao final de sua obra, ele destaca quatro pontos da mensagem de Nossa Senhora de Lourdes: a pobreza, a oração, a penitência e a Imaculada Conceição.

Padroeira dos doentes

Procissão das luzes em Lourdes, na França, tem a participação de milhares de fiéis a cada ano

que iria lhe acompanhar por toda a vida.

Aparição à pequenina

No dia 11 de fevereiro de 1858, junto da amiga e de uma das irmãs, a jovem Bernadette foi, a pedido de sua mãe, recolher lenha para vender e, com o dinheiro, comprar pão para a família. Quando tirou os sapatos e as meias para atravessar o riacho, Bernadette percebeu uma forte rajada de vento. Inquieta, dirigiu o olhar para uma gruta, onde avistou uma jovem tão pequena como ela, vestida de branco, com uma faixa azul, um rosário e duas rosas douradas nos pés. Tudo o que Bernadette pôde fazer, de maneira instintiva, foi se ajoelhar e se pôr em oração. A Virgem, então, fez o sinal da cruz,

convidando a jovem a também fazê-lo. Com ênfase na pobreza e na oração, a mensagem de Nossa Senhora em suas várias aparições em Lourdes carrega um pouco da sabedoria de Deus e ainda hoje ecoa nos corações dos fiéis. Em sua oitava aparição, Maria pede a Bernadette: “Rogai a Deus pela conversão dos pecadores”. A aparição registrada no dia 18 de fevereiro daquele ano, por exemplo, confirma a esperança cristã em um mundo que há de vir, pois a Mãe de Deus teria dito: “Eu prometo fazer você feliz não neste mundo, mas no próximo”. O sacerdote francês René Laurentin – um dos mariólogos mais respeitados do mundo –, após recolher informações em documentos, testemunhos, artigos de

Em outra aparição, registrada no dia 25 de fevereiro de 1858, Nossa Senhora convidou Bernadette a cavar o chão e beber a água da nascente que lá encontraria. Rapidamente a notícia se espalhou e, então, a água foi administrada em pacientes de todos os tipos, com a esperança de se obter as curas. De fato, noticiaram-se muitas curas milagrosas: apenas em 1860, sete foram confirmadas como desprovidas de qualquer explicação médica. A primeira pessoa com um milagre certificado foi uma mulher cuja mão direita havia sido deformada em consequência de um acidente. No local onde a pequena Bernadette se encontrava com a Virgem Maria foi construída uma igreja. As curas conseguidas por meio do uso da água fizeram com que, em 1862, o bispo de Tarbes autorizasse o culto a Nossa Senhora de Lourdes. Hoje, o Santuário de Lourdes é um dos mais importantes centros de peregrinação católica do mundo.


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Polêmica no ar Confederações de hóquei e patinação (CBHP) e de skate (CBSk) divergem sobre qual delas representa os skatistas brasileiros neste ciclo olímpico

Federação Internacional de Skateboarding

Skateboarding nos Jogos de Tóquio 2020 skateboarding, ou simplesmente O skate, é um dos esportes olímpicos incluídos para os Jogos de Tóquio 2020, assim como a escalada, surfe, caratê e beisebol/softbol; Será disputado em provas masculinas e femininas de street (com obstáculos da arquitetura original, como escadas, corrimões, bancos e calçadas) e park (com pistas projetadas para a prática do skate). Serão 80 atletas (40 mulheres, 40 homens), dentre os quais 12 brasileiros, conforme foi definido na última assembleia da Federação Internacional de Skateboarding.

Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

A inclusão do skateboarding, ou simplesmente skate, nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 animou os skatistas brasileiros – o país tem mais de 8,5 milhões de praticantes do esporte –, que dividem o protagonismo mundial dessa modalidade com os norte-americanos. Nas últimas semanas, porém, o principal assunto está nos bastidores: qual entidade é a legítima representante desse esporte no país? Com argumentos diferentes, a Confederação Brasileira de Skate (CBSk) e a Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação (CBHP) requerem essa condição.

Representatividade

Em agosto de 2016, quando o skate foi anunciado como uma das modalidades dos Jogos de 2020, o Comitê Olímpico Internacional (COI) formou uma comissão com a Federação Internacional de Esportes sobre Rodas (FIRS) e a Federação Internacional de Skateboarding (ISF) para gerenciar, coordenar e organizar as competições de skate na Olimpíada. A confusão sobre a representatividade do skate olímpico no país começou

a ganhar corpo em novembro de 2016, quando o Comitê Olímpico do Brasil (COB) confirmou a CBHP como uma confederação olímpica, e antes do fim do ano negou o pedido de filiação da CBSk. “A Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação é a única entidade nacional gestora dos esportes sobre rodas, filiada à FIRS, que, por sua vez, é a única entidade filiada e reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional como gestora do skate para o ciclo olímpico de Tóquio 2020”, enfatizou ao O SÃO PAULO Moacyr Neuenschwander Junior, presidente da CBHP. Edson Scander, vice-presidente da CBSk, que é filiada à Federação Internacional de Skateboarding, contesta essa versão. “Há um acordo entre a ISF e a FIRS, pelo qual nos países onde já há uma confederação de skate esta seria a legítima condutora do processo, enquanto que, nos países onde elas não existem, as confederações de patins cuidariam de tudo.” Em nota à imprensa, em janeiro, a CBSk enfatizou que “a ISF é responsável pela seleção dos participantes, escalação da comissão técnica, construção das pistas e organização técnica”. Já a CBHP, também por meio de nota, reforçou que “não é da alçada de nenhu-

ma das associações internacionais existentes do skate determinar quais são as entidades nacionais a serem vinculadas a seus respectivos comitês olímpicos. Essa prerrogativa é exclusiva da FIRS, que, consultada pelo COB, confirmou que tem como única entidade brasileira filiada a Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação”.

Boicote e busca de reconciliação

Após ter sua filiação ao COB negada, a CBSk lançou a campanha #somostodosCBSK, para reforçar que é a confederação reconhecida pelos skatistas brasileiros. A iniciativa tem a adesão dos principais adeptos desse esporte no país e da ISF, que defende “que o total envolvimento e apoio das comunidades de skate existentes em cada território nacional são a chave para assegurar a integração e estruturação bem-sucedida do skateborarding como esporte olímpico”. Edson Scander disse à reportagem que a Confederação Brasileira de Skate não está fechada ao diálogo com a CBHP, mas “se o COB não mudar a sua decisão, e se a CBSk não participar do processo olímpico, já é certo: vai haver boicote, e não só no Brasil”, garantiu. “Há um descontentamento geral e

as principais estrelas do skate já estão avisando que não vão participar, até porque os skatistas profissionais não precisam tanto da visibilidade da Olimpíada.” Ele disse confiar que o acordo entre a ISF e o COI será cumprido. “O COI não vai querer passar por essa vergonha histórica de colocar um esporte para ser boicotado pelos próprios atletas”, opinou, complementando que o Brasil tem chances de conquistar ao menos seis das 12 medalhas que estarão em disputa no skate em Tóquio 2020. Moacyr Neuenschwander Junior diz que, no tempo oportuno, a CBHP irá dialogar com os principais skatistas do país para que “os atletas que estiverem dispostos e tecnicamente aptos não sejam prejudicados nem impedidos de buscar uma vaga para os Jogos Olímpicos”. Ele também garantiu que o calendário de competições, a seleção e preparação dos atletas com vistas ao ciclo olímpico serão efetuados pela CBHP em conjunto com o COB, “sem causar nenhuma interferência nos eventos de skate de outras associações no Brasil”. A confederação que representar o skate brasileiro neste ciclo olímpico receberá, por meio do COB, a partir de 2018, verbas da Lei Agnelo Piva, voltada à promoção do desporto no país. Em entrevista ao Blog Laguna Olímpico, do jornalista Marcelo Laguna, Agberto Guimarães, diretor-executivo de esportes do COB, confirmou que a CBHP é a representante do skate brasileiro junto ao COI, mas que tentará reconciliar as confederações. “Vamos buscar uma aproximação junto às duas confederações no sentido de auxiliá-las neste trabalho. Essa briga não leva a lugar nenhum, não ajuda ter dois donos.”


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Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

Dica de Leitura

Filme/Internet

Meditações para a Quaresma Este volume encerra uma série de trechos da obra de Santo Tomás de Aquino compilados pelo frade dominicano Denys Mézard no intuito de servirem como base para meditações diárias do fiel durante o tempo litúrgico da Quaresma. As 63 meditações apresentadas aqui seguem o calendário tridentino e têm início proposto para o Domingo da Septuagésima, celebrado três domingos antes da Quarta-feira de Cinzas, e se estendem até o Sábado Santo, ou de Aleluia, que precede o domingo pascal. Verdadeiro guia para o exercício quaresmal, esse compilado de pérolas de Santo Tomás é certamente capaz de enriquecer a experiência espiritual tanto dos principiantes quanto dos mais avançados na vida de oração. Ficha técnica: Autor: Santo Tomás de Aquino Páginas: 248 Editora: Ecclesiae

Um santo estigmatizado em pleno século XX Divulgação

Há mais de um filme sobre a vida do Padre Pio de Pietrelcina, com qualidades muito diferentes. O melhor deles, feito pelo diretor italiano Carlo Carlei e estrelado por Sergio Castellitto e Jürgen Prochnow, não é apenas um filme piedoso sobre a vida de um santo, mas uma verdadeira obra de arte, com uma direção de fotografia e música magníficas. O filme começa com o velho Padre Pio, já doente, que conta sua história a um sacerdote que, durante anos, foi enviado pelo Vaticano para analisar o seu caso. O filme mostra como o Padre Pio cultivava uma profunda vida espiritual desde sua infância, como sofria com os ataques do demônio e como foi duramente perseguido pelas autoridades eclesiásticas da época, bastante céticas com relação aos seus milagres e estigmas, bem como com o culto que se formou ao seu redor. Padre Pio não foi apenas um santo milagreiro – embora tenha feito milagres extraordinários e em grande quantidade – mas um homem que abraçou o sofrimento e a miséria humana, principalmente a miséria moral, ouvindo por horas a fio – frequentemente mais de dez horas por dia – confissões de pessoas que vinham de todos os países do mundo. O filme é um convite à santidade e a uma vida inteiramente entregue a Deus na oração e no serviço ao próximo, feito com tanta paixão que é impossível não se emocionar.


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Padre Marcelo Delcin e Ana Luíza José Colaboração especial para a Região

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Catequese é fundamental para a formação de discípulos-missionários A Semana de Animação Bíblico Catequética na Região Sé, entre os dias 6 e 9, atraiu a atenção de aproximadamente 250 pessoas, que foram à Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima, no Setor Pastoral Perdizes, para refletir sobre o tema “Catequese e Missão - Catequese formadora de discípulos-missionários”. Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, abriu a semana enfocando que “o encontro com Cristo não pode ficar na superficialidade... A Palavra de Deus a cada dia em nossa vida, no nosso coração, nos transforma. Somos embaixadores da Palavra de Deus. Que a alegria seja anunciar a Palavra...”. A assessoria da semana coube ao Padre Marcelo Delcin, assistente eclesiástico para a Animação Bíblico-Catequética na Região Sé, que, na abertura dos trabalhos, recordou as palavras do Papa Francisco: “Todos somos convocados à Igreja para ser discípulos missionários que trabalhem na expansão do Reino”. Com este propósito, o Padre refletiu sobre o Diretório Geral de Catequese, sob a luz dos diversos documentos mais recentes sobre a evangelização. Em seguida, Padre Marcelo abordou o tema “Catequese e Comunidade”. “A comunidade é origem, o lugar e o destino da evangelização, pois o missionário não age em seu próprio nome, mas em nome de Cristo pela comunidade que

o envia; é na comunidade que se dá o amadurecimento de fé e a convivência fraterna; e é a comunidade que acolhe os que desejam vivenciar a nova vida que Cristo nos ensinou. Também temos o grande desafio e obrigação de construir uma eclesiologia de comunhão. Sem essa busca da comunhão dentro de nossas paróquias, através do diálogo e cooperação entre as pastorais em prol da evangelização, nós não conseguiremos levar os cristãos ao verdadeiro amadurecimento e nem conseguiremos cumprir, de fato, o nosso mandato missionário.” A temática da “Catequese e Família” foi o destaque do segundo dia. De acordo com o Padre Marcelo, a família deve ser prioridade na evangelização. “Só através do amadurecimento na fé dos pais e responsáveis é que eles conseguirão exercer o seu protagonismo na educação da fé de seus filhos. É assim que nossas famílias poderão assumir o seu papel missionário na Igreja e na sociedade.” No terceiro dia, o assessor ressaltou a importância da formação de novos discípulos-missionários nas comunidades. “A Catequese é uma formação cristã integral, ‘aberta a todos os outros componentes da vida cristã’... a fé exige ser conhecida, celebrada, vivida e traduzida em oração. A Catequese deve cultivar cada uma dessas dimensões. A fé, porém, se vive na comunidade cristã e se anuncia na missão” (DGC 84). O cristão

Centro Pastoral da Região Sé

Dom Eduardo Vieira dos Santos durante a abertura da Semana de Animação Bíblico-Catequética

maduro é aquele que sabe traduzir sua experiência comunitária de fé nas suas relações na sociedade e até na sua forma de viver a cultura e seu trabalho. Como resultado prático dessas reflexões, os participantes puderam estabelecer alguns passos para a missão pastoral neste ano. Foi gerada uma carta compromisso,

que, depois de lida e feita algumas correções, foi aprovada e assumida por todos. No último dia, foi apresentada a síntese das propostas sugeridas pelos grupos participantes, e se fez o apelo para que todos se unissem no compromisso de trazer novo ânimo à missão evangelizadora na Região Episcopal Sé.

47ª Exercitações em dias de carnaval Com exposições, grupos de reflexão, oração e plenários, a Paróquia Bom Jesus dos Passos, no Setor Pastoral Pinheiros, realizará entre os dias 25 e 28, das 8h30 às 18h30, a 47ª

edição das “Exercitações em dias de carnaval”, por meio do Movimento por um Mundo Melhor. Outras informações e inscrições pelo telefone (11) 3085-9740.

Brasilândia

Valderes Garcia e Marcos Rubens Colaboração especial para a Região

Despedida e acolhida de padres na Paróquia São Judas Tadeu O fim de semana foi de intensa emoção para os fiéis da Paróquia São Judas Tadeu, na Vila Miriam. No sábado, 11, houve a missa de despedida dos padres Jaime Izidoro de Sena, então pároco, e Gleidson Luís de Souza Novaes, vigário paroquial, que fo-

ram transferidos, respectivamente, para as paróquias Santos Apóstolos e Bom Pastor. Homenagens, abraços e votos de uma boa caminhada pastoral marcaram a celebração. No domingo, 12, aconteceu a missa de posse como pároco do Padre Antônio Paróquia São Judas Tadeu

Padre Antônio Leite com Dom Devair e Dom Angélico às vésperas da posse como pároco

Leite Barbosa Júnior e a apresentação dos novos vigários paroquiais, os padres Armênio Rodrigues Nogueira e Orisvaldo da Silva Carvalho. A celebração foi presidida por Dom Devair Araújo da

Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, e teve entre os concelebrantes Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC).

Arquivo pessoal

Entre os dias 6 e 10, foi realizada a Semana Catequética da Região Brasilândia, que ocorreu simultaneamente em diferentes setores pastorais, sendo, conforme as palavras de Dom Devair, “um grande investimento de nossa Região na Catequese”. Foram abordados temas de Catequese como “Experiência do Encontro”; “Pessoa de Jesus: Discípulo e Missionário do Pai”; “Experiência do Diálogo”; “Liturgia e Vida”; “Práticas, Dinâmicas e Troca de Experiência”.


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Ipiranga

Cleide Fraga, Marie Malta, Paulo Machado e Ana Maria Ribeiro Colaboração especial para a Região

‘Que sejamos catequistas que escutam, para depois falar das maravilhas de Deus’ “Catequese e Missão” foi o tema central das reflexões da Semana Catequética realizada entre os dias 6 e 10 na Paróquia Nossa Senhora da Saúde, no Setor Pastoral Vila Mariana, com a participação de aproximadamente 80 catequistas. A organização das atividades coube à equipe catequética da Região Ipiranga e ao Padre José Lino, assessor regional da Catequese. No dia 6, o Padre Pedro Luiz Amorim conduziu o encontro, falando sobre a “Catequese e a Sociedade Contemporânea”. Ele comentou a respeito de uma sociedade que é imediatista e líquida e que a Catequese deve se adaptar, “na medida do possível, a esses novos comportamentos, fazendo uso das tecnologias e de conteúdos mais práticos e diretos. Devemos buscar nossas crianças e jovens!”, afirmou. No segundo dia, a temática “Ser e Agir como Igreja na Comunidade” foi tratada pelo Padre Humberto Robson. “Somos mistagogos, ou seja, devemos conduzir nossos catequizandos pela mão ao encontro pessoal com Jesus, fazendo -os experimentar os mistérios da fé. ” Padre Jorge Bernardes, no terceiro dia, falou sobre a “Catequese acolhendo a Família”. Salientou a importância da família e a grande missão do cristão de ser a alegria do amor nas famílias. Além disso, o Padre comentou que a exortação apostólica Amoris Laetitia é um bom caminho para a reflexão sobre a temática. Alertou, ainda, que é indispensável envolver as famílias dos catequizandos nas atividades paroquiais, fazendo com que os laços entre paróquia e família se estreitem, pois, assim,

Paulo Machado

Padre Humberto Robson conduz uma das reflexões da Semana Catequética na Região Episcopal Ipiranga, com a presença de 80 pessoas

cria-se uma relação mais próxima e um verdadeiro espírito de solidariedade e caridade. No penúltimo dia, o Frei Fábio Luiz comentou sobre o Ano Mariano Nacional, realizado em comemoração ao tricentenário da aparição da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Ele ressaltou o papel de Maria como intercessora dos fiéis junto ao Pai e como fonte inesgotável de amor e obediência ao Senhor.

O encerramento da Semana Catequética ocorreu com uma missa presidida na sexta-feira, 10, por Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Ipiranga. Na homilia, ao comentar o Evangelho do dia, que descreve o milagre de Jesus para a cura de um surdo (cf. Mc 7,31-37), o Bispo afirmou que ela “serviu como uma Catequese pela qual devemos primeiro aprender a ou-

vir a Palavra de Deus para depois anunciá-la. Para falar de Deus é necessário escutá-lo. Quanto mais se mergulha no mistério de Deus, mais se tem a falar d’Ele”. Por fim, Dom José Roberto desejou que, após a Semana Catequética, os catequistas estejam bem animados para mais um ano de atividades. “Que sejamos catequistas que escutam, para depois falar das maravilhas de Deus”, exortou.

Devotos pedem a intercessão de Nossa Senhora de Lourdes em favor das pessoas doentes No sábado, 11, foi celebrada a festa da padroeira da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, no Setor Pastoral Vila Mariana. Os fiéis se preparam para a festa da padroeira durante nove dias com a oração do Terço. Neste ano, de modo especial, a presença da imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida marcou essa festa mariana. O dia da padroeira, 11 de fevereiro, teve como tema central os enfermos, uma vez que nesta data se celebra o Dia Mundial do Enfermo. Na ocasião, houve o Terço meditado, celebrações eucarísticas, com o sacramento da Unção dos Enfermos, e missa solene, presidida por Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Ipiranga. Dom José Roberto, na homilia, enfatizou a importância de Maria na vida

Arquivo paroquial

Fiéis participam de celebração eucarística na festa da padroeira da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, no Setor Vila Mariana, no sábado, 11

de todos. “Maria continua sendo hoje a Mãe intercessora, que leva ao coração de seu Filho as necessidades do povo

de Deus, especialmente os doentes que vieram procurá-la neste Dia Mundial do Enfermo”.

Após a missa, os paroquianos realizaram uma procissão luminosa nas proximidades da matriz paroquial.


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Benigno Naveira

Colaborador de comunicação da Região

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Lapa

Padre Júlio Cesar é escolhido diretor-geral da Sociedade Joseleitos de Cristo Em 31 de janeiro, na sede geral da Casa Mãe da Sociedade Joseleitos de Cristo (SJC), em Salvador (BA), o Padre Júlio Cesar de Mello Almo, pároco da Paróquia Nossa Senhora do Líbano, no Setor Pastoral Pirituba da Região Lapa, foi eleito diretor-geral da Sociedade Joseleitos de Cristo, tendo como vice-diretor o Padre Raimundo Ribeiro Martins, pároco da Paróquia São José Operário, no Setor Pastoral Rio Pequeno. Em entrevista à Pastoral da Comunicação da Região Lapa, Padre Júlio explicou que a função do diretor-geral é ser o guardião e o promotor da missão confiada pelo fundador da Sociedade Joseleitos de Cristo, o Padre José Gumercindo Santos (1907-1991), em vista do bem comum, promovendo os talentos no serviço e na fidelidade ao carisma e ao seu patrimônio espiritual, dom do Espírito Santo. Cabe ainda ao superior-geral edificar uma comunidade fraterna, onde se busque e se ame a Deus antes de tudo.

Arquivo pessoal

Sacerdotes da Sociedade Joseleitos de Cristo, reunidos em Salvador (BA), em 31 de janeiro, escolhem novos integrantes de sua diretoria

Padre Júlio falou ainda sobre a espiritualidade do carisma dos joseleitos, que deve se traduzir na busca da santificação própria numa espiritualidade

Na Catequese, famílias devem ser estimuladas à evangelização A Pastoral da Animação BíblicoCatequética da Região Episcopal Lapa realizou, entre os dias 7 e 10, a Semana Catequética, com o tema “Catequese e Família”. Diariamente, mais de cem pessoas participaram da atividade nos setores pastorais, que foi assessorada pelo Padre Júlio Cesar Almo, SCJ. Na quarta-feira, 8, ele assessorou a Semana Catequética na Paróquia São Mateus, no Setor Pastoral Rio Pequeno. Após ser apresentado pelo coordenador, o Padre Geraldo Pereira, Padre Júlio Cesar falou sobre a realidade das famílias e a necessidade de envolvê-las no processo de evangelização, pois os pais são os primeiros catequistas e a Catequese deve ser um sinal da graça de Deus para as famílias, principalmente para aquelas que se encontram desestruturadas. Segundo

o Sacerdote, é indispensável fazer ecoar a Palavra de Deus nesses lares. Padre Júlio Cesar também comentou que a Catequese deve ser apresentada como “um encontro com a pessoa de Jesus Cristo”, no qual se faz brotar o seguimento a Ele. Ainda, segundo o Padre, promover o “encontro” com os pais é uma rica oportunidade de evangelização e de interação da família com a Catequese. Para isso, é preciso um bom planejamento, a fim de despertar a motivação nos pais e apontar caminhos novos para a educação da fé na família. Além da assessoria para o Setor Rio Pequeno, Padre Júlio também esteve, no dia 7, na Paróquia Nossa Senhora dos Pobres, com o Setor Butantã; no dia 9, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa, com os setores Lapa e Leopoldina; e no dia 10, na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, com o Setor Pirituba. Angela Santos

No sábado, 11, na Paróquia São Patrício, o Setor Pastoral Rio Pequeno organizou uma missa em ação de graças pelos anos de atuação de Dom Julio Endi Akamine como vigário episcopal da Região Lapa. Ele tomará posse como arcebispo de Sorocaba (SP) no dia 25 deste mês.

centralizada na Santíssima Trindade. A Sociedade Joseleitos de Cristo foi fundada em 19 de março de 1950, em Boguim (SE), pelo Padre José Gumer-

cindo Santos, sacerdote salesiano. A referida congregação foi aprovada como Instituto de Direito Diocesano em 31 de janeiro de 1985. Benigno Naveira

No domingo, 12, o Padre João Carlos Deschamps comemorou os 25 anos de sua ordenação presbiteral com uma missa em ação de graças, por ele presidida na Paróquia Santo Antonio de Pádua, no Setor Pastoral Rio Pequeno, onde é pároco. Ele foi ordenado em 15 de fevereiro de 1992. Divulgação


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Santana Catequese e missão na Igreja, na família e na sociedade

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

Em comunhão com toda a Arquidiocese de São Paulo, a Região Episcopal Santana realizou na cúria regional, entre os dias 7 e 10, a Semana Catequética, cujo tema foi “Catequese e Missão”. Durante as três primeiras noites, os participantes refletiram sobre os lugares de missão: a família, a comunidade e a sociedade. A assessoria da Semana Catequética foi de João Melo, graduado em Filosofia e especialista em Catequese pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal). “O objetivo foi despertar para o chamado ao ministério de catequistas e sua dimensão missionária. Toda a atividade catequética deverá levar a pessoa ao encontro com Jesus Cristo e favorecer sua perseverança na fé cristã”, disse o Padre Paulo Cesar Gil, coordenador da Animação Bíblico-Catequética na Região Santana. Na última noite da atividade, na sexta-feira, 10, Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, celebrou a missa com os catequistas e os enviou para a missão de anunciar a alegria do Evangelho construindo a comunidade – casa de iniciação à vida cristã.

Diácono Francisco Gonçalves

Com a assessoria de João Melo, catequistas participam das atividades da Semana Catequética na Cúria de Santana, entre os dias 7 e 10

Padre Adailton Costa comemora 25 anos de sacerdócio Com a presença de fiéis leigos, diáconos, padres e de Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, foi celebrada no sábado, 11, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Setor Pastoral Tremembé, a missa em ação de graças pelos 25 anos de sacerdócio do Padre Adailton Nascimento Costa, pároco. Ao fazer uma reflexão de sua caminhada, Padre Adailton lembrou que,

tendo nascido em 1962, sua infância foi marcada pela falta da mãe. Segundo ele, foram muitas dificuldades enfrentadas, como o medo, a solidão, a dúvida e a falta da ajuda de uma família. Ele recordou que na adolescência sentiu o chamado para ser padre, mas só entraria para o Seminário Nossa Senhora da Assunção aos 23 anos, deixando o sonho de estudar Administração de Empresas. Ordenado sacerdote em 8 de feve-

reiro de 1992, atuou nas seguintes paróquias da Região Santana: São Francisco Xavier; São Gabriel; São Roque; São Sebastião; Santo Antônio dos Bancários; e Nossa Senhora Aparecida.

Padre Adailton dá esse conselho a um jovem que está iniciando no sacerdócio: “Se estiver iniciando a formação, ‘oração’. Se for recém-ordenado, ‘oração’, senão perde-se no caminho”.

Carlos Roberto Minozzi

Cláudia Márcia da Silva

Padre Adailton (ao centro), diante de Dom Sergio, na comemoração de seu jubileu sacerdotal Jakson Brum

Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, proferiu palestra com o tema “A vocação ao amor – Amoris laetitia no casamento”, no dia 7, na Paróquia Santa Teresinha, no Setor Pastoral Santana.

Diácono Francisco Gonçalves

No sábado, 11, na Paróquia Santa Cruz, no Setor Mandaqui, pela imposição das mãos de Dom Protógenes José Luft, SDC, bispo de Barra do Garças (MT), aconteceu a ordenação sacerdotal do Padre Eli Marcel de Abreu, SDC.

Dom Carlos Lema Garcia, vigário episcopal para a Educação e a Universidade da Arquidiocese de São Paulo, presidiu no domingo, 12, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida e São Matias, no Setor Pastoral Mandaqui, missa na qual crismou 23 jovens paroquianos. Concelebrou o Padre Wilson dos Santos, pároco.


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Peterson Prates

Colaborador de comunicação da Região

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Belém

500 pessoas participam da Semana de Iniciação à Vida Cristã Durante a última semana, foi realizada, em quatro locais diferentes da Região Belém, a Semana de Iniciação à Vida Cristã, com a participação de aproximadamente 500 catequistas. Leigos, religiosos e clérigos se revezaram para ministrar a formação, que teve como tema central “Catequese e Missão”, desdobrado em outros temas, como “Catequese e missão na comunidade”, “Catequese e missão na sociedade” e “Catequese e missão na família”. Um dos dias da formação foi reservado para a discussão da Catequese da pessoa com deficiência, com a meta de orientar os catequistas sobre como acolher nos grupos catequéticos crianças, jovens e adultos com deficiência. Na sexta-feira, 10, mais de 400 catequistas dos dez setores da Região Belém se reuniram para o encerramento da formação, com celebração eucarística no salão Dom Décio Pereira, no Centro Pastoral São José. A missa foi presidida pelo Cônego José Miguel de Oliveira e concelebrada pelos padres Carlos Roberto Fróes,

Peterson Prates

Cônego José Miguel de Oliveira preside missa de encerramento da Semana de Iniciação à Vida Cristã, no Centro Pastoral São José, no dia 10

Wesley Pereira e Arlindo Teles. O assistente eclesiástico para a Iniciação à Vida Cristã na Região Belém, Diácono Marcelo Britto, também participou. Cônego José Miguel, na homilia, motivou os catequistas a continuarem sua missão, lembrando que todos os que anunciam o Senhor, de leigos a

ministros ordenados, são catequistas. Reinaldo Malinauskas, coordenador da Comissão de Animação Bíblico-Catequética na Região Belém, relatou o crescimento da participação dos catequistas em relação aos demais anos. “Pelas mãos dos catequistas passa tudo o que vai acontecer na

vida da Igreja”, expressou Reinaldo. “Fazer com que os catequizandos enxerguem Jesus Cristo como o algo mais, e não como mais um. Fazer com que se apaixonem por Jesus Cristo”, é a tarefa do catequista, segundo Reinaldo, que completou: “Não há idade para evangelizar”.

Rose Charmosa

Peterson Prates

Na noite de sábado, 11, na Comunidade Santo Antônio, pertencente à Paróquia São Sebastião, no Setor Pastoral Sapopemba, o missionário comboniano Bernardino Mossi, natural do Togo, no continente africano, e que há alguns anos vive no Seminário Internacional Comboniano de São Paulo, foi ordenado diácono pela imposição das mãos de Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém. Confrades e a comunidade paroquial participaram da celebração.

O Fórum das Pastorais Sociais da Região Belém, grupo que congrega membros de diversas pastorais como a Operária, Fé e Política, da Juventude e da Ecologia, além de representações das Comunidades Eclesiais de Base, se reuniu pela primeira vez neste ano, no dia 7, no Centro Pastoral São José. O grupo discutiu as formações da Campanha da Fraternidade de 2017, que acontecem nas paróquias e setores da Região, com enfoque nas iniciativas concretas da campanha.

Peterson Prates

Divulgação

O Conselho de Leigos da Região Belém (Clerb) reuniu-se na quinta-feira, 9, no Centro Pastoral São José para a primeira reunião do ano. Na pauta, temas comuns à Campanha da Fraternidade de 2017 e a escolha dos delegados que participarão da Assembleia Geral do Conselho Nacional do Laicato do Brasil Sul 1, que acontecerá em março, com o tema “De esperança em esperança, até que tudo seja transformado!”


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Homenagem a Nossa Senhora Aparecida no carnaval paulistano Luciney Martins/O SÃO PAULO

Entre os compromissos assumidos pela Escola de Samba Unidos de Vila Maria com a Igreja está a ausência de nus e de sincretismo religioso Edcarlos Bispo

M Integrantes da ‘Vila Maria’ participam de ensaio pré-carnavalesco; enredo da escola de samba fará homenagem a Nossa Senhora Aparecida

Especial para O SÃO PAULO

ilhares de pessoas se organizam em uma longa fila. Entre selfies, sorrisos e abraços, uma voz no carro de som anuncia o início do último ensaio técnico da Unidos de Vila Maria na avenida do sambódromo do Anhembi. No microfone, o intérprete do samba-enredo convida os componentes da escola a darem as mãos. A multidão forma um único coro: “Nossa Senhora me dê a mão, cuida do meu coração, da minha vida, do meu destino...”. Entra o som da bateria que, pouco a pouco, vai dando o tom do samba-enredo enquanto a escola avança pela avenida. As vozes dos integrantes da escola

8 coisas sobre a homenagem a Nossa Senhora Aparecida no Carnaval de São Paulo A abordagem de temas religiosos nas escolas de samba sempre foi um assunto polêmico. Foi com essa preocupação que a Arquidiocese de São Paulo, em comum acordo com a Arquidiocese de Aparecida e o Santuário Nacional, aceitou acompanhar a execução do carnaval 2017 da Escola de Samba Unidos de Vila Maria. Desde o início, tanto da parte da Igreja quanto da escola, a intenção é de fazer com que o desfile da agremiação seja uma verdadeira homenagem por ocasião dos 300 anos do achado da imagem de Nossa Senhora Aparecida, sem ofender o sentimento religioso do povo católico. Compartilhamos aqui oito curiosidades dos bastidores desta homenagem que revelam o cuidado de todos os envolvidos com a Padroeira do Brasil. 1. A Escola de Samba Unidos de Vila Maria foi a primeira agremiação que procurou a Igreja Católica para pedir licença para abordar um tema religioso num desfile no sambódromo de São Paulo Até então, era a própria Arquidiocese de São Paulo que monitorava as escolas de samba e, ao detectar a possibilidade de temas religiosos serem abordados nos desfiles, procurava a diretoria da agremiação para oferecer assessoria. Essa

relação nem sempre foi fácil. O gesto da “Vila Maria” de procurar a Igreja foi bem recebido e interpretado como intenção de respeitar a devoção do povo pela Senhora Aparecida. 2. Presente do Santuário de Aparecida A agremiação recebeu de presente do Santuário Nacional uma réplica da imagem de Nossa Senhora. A Igreja viu na homenagem que a agremiação fará aos 300 anos de Nossa Senhora de Aparecida uma oportunidade de evangelizar. 3. A “Vila Maria” contou com assessoria histórica direta do Santuário Nacional de Aparecida Desde o primeiro momento em que a Arquidiocese de São Paulo foi procurada pela escola, procurou colocar seu carnavalesco em contato direto com a assessoria do Santuário Nacional. Em Aparecida, a escola teve acesso a todos os materiais históricos e devocionais, para garantir que o enredo não tenha nenhum erro nessas categorias. 4. O enredo da “Vila Maria”, “Aparecida - a rainha do Brasil”, está fundamentado em orientações teológicas e pastorais a respeito das devoções marianas O enredo é elaborado antes do samba

ser escolhido, e na verdade serve como base para os compositores. Na apresentação do enredo, o carnavalesco Sidnei França explicou que sua intenção era que o samba e o próprio desfile da “Vila Maria” fossem uma grande oração e procissão a Nossa Senhora. 5. No samba-enredo vencedor, a palavra “adorando” foi substituída por “venerando”, após um pedido da Igreja “É lindo ver o povo venerando, pagando promessas, em oração...”, diz o samba da “Vila Maria”. O samba vencedor, no entanto, era “é lindo ver o povo adorando...”. A Igreja Católica faz uma distinção entre adorar e venerar. E a adoração é restrita e exclusiva a Deus. A Nossa Senhora e aos santos o povo cultiva veneração. O pedido de alteração foi atendido sem problemas. 6. As fantasias das chamadas musas da escola, incluindo as da madrinha de bateria, não terão apelos eróticos Parte que mais preocupava a comissão da Igreja, as fantasias das mulheres que irão desfilar em destaque não terão nudez ou decotes que sejam apelativos. A “Vila Maria” se comprometeu em realizar um desfile sem explorar o corpo da mulher.

7. É a primeira vez, aliás, que essas musas assinaram um documento em que se comprometem a mostrarem suas fantasias prontas 20 dias antes do desfile As fantasias de destaque não são confeccionadas na escola, como as de alas. O carnavalesco desenha essas fantasias e as próprias mulheres as confeccionam em ateliês de sua confiança. O comum é que a escola só veja essas fantasias no dia do desfile, mas, para garantir que seja cumprido o que foi orientado, os destaques da “Vila Maria” deverão apresentar suas fantasias já prontas 20 dias antes do desfile da escola. As que não apresentarem, não poderão desfilar. 8. A Unidos de Vila Maria não fará no seu desfile qualquer alusão ao sincretismo religioso A Igreja Católica Apostólica Romana é certamente a primeira a incentivar o diálogo ecumênico e inter-religioso. E é por isso mesmo que entende que o diálogo exige respeito por cada identidade. O sincretismo mistura as manifestações e confunde o povo. Como a intenção da escola era uma homenagem a Nossa Senhora Aparecida, a Igreja solicitou que outras crenças não fossem apresentadas como se fossem a mesma coisa. Fonte: arquisp.org.br


www.arquisp.org.br | 15 a 21 de fevereiro de 2017

| Reportagem | 23

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

se misturam com as do público que lota as arquibancadas e parece já conhecer bem o refrão: “Oh Senhora! Oh Senhora! Reluz teu manto azul bordado em ouro, a bênção de viver a tua glória”. A notícia de que Nossa Senhora Aparecida seria homenageada no carnaval de São Paulo gerou polêmica entre os católicos. “Para alguns, a iniciativa pode parecer chocante, pois o carnaval e o sambódromo não seriam os locais mais adequados para homenagear Nossa Senhora. Até pode ser, pois tudo depende da intenção e da forma como as coisas são feitas. No caso em questão, a intenção é boa e a forma também. O lugar seria impróprio para honrar a puríssima Virgem Maria? Mas será que Maria não gostaria de chegar lá, onde mais se faz necessária a sua presença?”, escreveu o Cardeal Odilo Pedro Scherer, na edição do jornal O SÃO PAULO, publicada em 8 de fevereiro. No artigo, Dom Odilo conta que houve diálogo entre a Igreja e a Escola de Samba. “A questão foi levada ao conhecimento do Conselho Pro-Santuário Nacional de Aparecida, encarregado de acompanhar, em nome da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a vida pastoral e administrativa do Santuário. O pedido da ‘Vila Maria’ foi exposto na reunião de 27 de março de 2015. Levantaram-se várias questões e foram pedidos esclarecimentos, em vista de uma resposta à Escola Unidos de Vila Maria.”

Respeito à devoção do povo brasileiro

A “Vila Maria” tentará levar essa emoção para o sambódromo. O carnavalesco Sidnei França destacou à reportagem que tem sido um trabalho fluente e leve, “de uma energia muito positiva, como não poderia deixar de ser, visto que estamos falando da Padroeira do Brasil, um tema que naturalmente é carismático e traz uma devoção muito forte”. Além disso, Sidnei destacou que tudo caminha em compasso com a Igreja, que tem acompanhado, sugerido, proposto e zelado para que não haja nada de negativo nesse trabalho que até aqui “só tem nos trazido alegria”. Para os católicos, o carnavalesco afirma que “podem ter certeza que eles verão muito respeito, adequação, coerência com tudo que a Cúria Metropolitana de São Paulo e o Santuário Nacional me passou de bagagem cultural, de história, de fé, enfim, uma gama gigantesca de riqueza, de informações culturais e religiosas”. Além disso, Sidnei enfatizou que o desfile será “fiel à mística de Nossa Senhora Aparecida e ao amor e à devoção que o povo brasileiro oferta a ela”. Já o presidente da escola de samba, Adilson José de Souza, afirmou que essa é a maior honra que ele terá em sua vida, e que o carnaval da Vila Maria unirá a alegria do povo brasileiro com a sua fé e a sua religiosidade, na certeza de que “temos alguém que olha por nós. Nossa Senhora é uma intercessora, alguém que junto a Deus olha por nós”.

Samba-enredo da Unidos de Vila Maria Aos teus pés vou me curvar Senhora de Aparecida A prece de amor que nos uniu (bis) Salve a rainha do Brasil Pedi aos céus para iluminar essa jornada Seguir com fé, na caminhada Santa Aparecida dessas águas Fez a nossa rede prosperar Virgem Conceição Imaculada Os teus feitos vão se revelar Num choro incontido, o nó na garganta A história marcada em devoção Joia da princesa pra te coroar Presente que acalanta o coração Oh Senhora, oh Senhora Reluz teu manto azul bordado em ouro (bis) A bênção de viver a tua glória Milagre.... É lindo ver o povo venerando Pagando promessas em oração Negra Mãe divina liberdade Do impossível és a salvação O cortejo vem te receber E eu já posso ouvir a cantoria É gente abraçada a chorar Vila Maria abençoada vem pedir Pátria mãe gentil Não deixe de exaltar a padroeira Pro bem do meu país Nos dê a paz bendita e verdadeira Aos teus pés vou me curvar Senhora de Aparecida A prece de amor que nos uniu (bis) Salve a rainha do Brasil (Compositores: Leandro Rato, Zé Paulo Sierra, Almir Mendonça, Vinicius Ferreira, Zé Boy e Silas Augusto)

Como surgiu o carnaval? O carnaval é uma festa de origem pagã, provavelmente originada na Grécia antiga, com versões presentes no Egito, na Grécia, entre os hebreus, na Roma Antiga e na Galícia. Eram festins compostos por músicas estridentes, danças, comidas, alegorias e licenciosidade. A palavra carnaval é originária do latim, carnis levale, cujo significado é “retirar a carne”. Na Idade Média, sob a influência do catolicismo, ganhou um significado relacionado à Semana Santa (celebração da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus), antecedida por 40 dias preparatórios de penitência (Quaresma) em que se praticava jejum e abstinência. Era o último dia, então, que se podia comer carne. No século XIII, começaram a surgir os bailes de máscara, principalmente na Itália. A partir do século XIX, as máscaras e fantasias se popularizaram e fizeram parte das festas por toda a Europa.

E no Brasil?

O Carnaval foi comemorado por aqui desde a chegada dos portugueses. No século XVII, a brincadeira era feita principalmente por escravos, com guerras de água, farinha e limões de cheiro. No século XIX, iniciaram-se as festas à fantasia nos salões, trazidas pela corte portuguesa. A popularização do samba e das marchinhas tornaram a festa um evento mais popular na década de 1920. Fonte: sites Brasil Escola e Guia do Estudante


24 | Papa Francisco |

15 a 21 de fevereiro de 2017 | www.arquisp.org.br

‘O outro é um dom’

Em mensagem para a Quaresma, Papa Francisco convida a uma maior abertura ao próximo L’Osservatore Romano

obras de caridade e inclusão social, o Papa reforça nessa mensagem para a Quaresma a ideia de como o apego ao dinheiro pode ser um obstáculo para se aproximar do próximo. “A história da humanidade é marcada por esse medo do outro [que vemos hoje]. Os fenômenos de migração causam medo do outro que ‘pode fazer mal na minha casa’. Mas, se paramos para escutar o grito do outro, que vive em situação desastrosa, nós mudamos. Passamos dos muros às pontes”, afirma a consultora do Pontifício Conselho para a Pastoral para os Migrantes e Retirantes, autora de vários livros. “Cerca de 1 bilhão de pessoas da população mundial vive em situação desastrosa. Não é possível pensar em resolver esse problema construindo muros”, declarou.

FILIPE DOMINGUES

Especial para O SÃO PAULO Na Cidade do Vaticano

Enquanto o mundo político discute propostas que podem separar os povos, o Papa Francisco propõe, em sua mensagem para o tempo da Quaresma de 2017, um caminho de encontro e unidade. “Cada vida que vem ao nosso encontro é um dom e merece acolhimento, respeito, amor”, afirma no texto divulgado no dia 7. Partindo do princípio de que “a Palavra de Deus é um dom” e, portanto, deve ser aceita abertamente, ele completa que também “o outro é um dom” a ser acolhido. O Papa se baseia na parábola do rico e do pobre Lázaro, que se alimentava de suas migalhas (cf, Lc 16,19-31). “O verdadeiro problema do rico, a raiz de seus males, é não escutar a Palavra de Deus. Foi levado a não amar mais a Deus e, portanto, a desprezar o próximo”, explica. A parábola evidencia as contradições em que se encontra o rico, analisa o Pontífice. “Ao contrário do pobre Lázaro, ele não tem um nome, é classificado só como ‘rico’, sua opulência se manifesta nas roupas que usa, em um luxo exagerado.” Porém, “nele se vê dramaticamente a corrupção do pecado, que se realiza em três momentos sucessivos: o amor pelo dinheiro, a vaidade e a soberba”. Prisioneiro da imagem que quer transmitir, de poder e beleza superficial, o rico não enxerga a dor e o sofrimento de Lázaro, que se alimenta de migalhas, como os cachorros. “Ele não vê o pobre afamado, ferido e prostrado em sua humilhação”, nota Francisco. Enquanto isso, o pobre, descrito na parábola de forma mais detalhada, “se encontra em condição desesperada e não tem forças para se levantar”. É o quadro de um homem “degradado e humilhado”. Lembrando que o nome Lázaro quer dizer “Deus ajuda”, Papa Francisco comenta a passagem do Evangelho do pobre, dizendo que ele nos ensina que o próximo “é um dom de Deus”. Ele afirma que “a justa relação com as pessoas consiste em reconhecer com gratidão o seu valor. O pobre à porta do rico não é um incômodo, mas um convite a mudar de vida”. Segundo o Papa, “enquanto para o rico ele é invisível, para nós se torna notável e quase familiar. Se torna um rosto e, como tal, um

No sentido da Campanha da Fraternidade

dom, uma riqueza inestimável, um ser querido, amado, recordado por Deus, mesmo que sua concreta condição seja de uma escória humana”. O tempo da Quaresma é propício, portanto, para se aprofundar na mensagem do Evangelho de ir ao encontro do outro. “A Palavra de Deus é uma força viva, capaz de suscitar a conversão no coração dos homens e de orientar novamente a pessoa a Deus. Fechar o coração ao dom de Deus que fala tem como consequência fechar o coração para o dom do irmão”, insiste. A Quaresma é o tempo favorável para intensificar a vida do espírito pelos meios de santificação que a Igreja oferece: o jejum, a oração e a esmola. Na base de tudo está a Palavra de Deus, que neste tempo somos convidados a escutar e meditar com maior assiduidade. Segundo o Pontífice, “a Quaresma é

o tempo propício para abrir a porta aos necessitados e reconhecer nele ou nela o rosto de Cristo”.

Atenção ao outro como valor do Evangelho

Presentes para comentar a mensagem do Papa na Sala de Imprensa da Santa Sé no dia 7, o Monsenhor Giovanni Pietro Dal Toso e a escritora Chiara Amirante afirmam que a proposta é ver o outro com os olhos do Evangelho. Segundo o Monsenhor Dal Toso, secretário do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, a mensagem do Papa é, no fundo, sobre a “alteridade”. Isto é, a ideia que toda pessoa só se realiza se em interação e participação com os outros. Segundo Chiara Amirante, fundadora da comunidade Nuovi Orizzonti (Novos Horizontes), líder de várias

A reportagem do O SÃO PAULO perguntou a Monsenhor Dal Toso e Chiara Amirante sobre a relação entre a mensagem do Papa para a Quaresma e a Campanha da Fraternidade, organizada pela Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil (CNBB), neste ano com o tema “Biomas Brasileiros e Defesa da Vida”. O tema escolhido pelos bispos foi claramente inspirado na encíclica Laudato si’, do Papa Francisco, sobre o “cuidado com a casa comum”. Para Chiara Amirante, a ligação entre as duas propostas está na ideia de que, “se colocamos no lugar de Deus o ‘deus-dinheiro’, destruímos a nossa casa comum”. Ela acrescenta que “o veneno do consumismo, de modelo descartável, entrou nas relações” e precisa ser combatido. “O ensinamento de Jesus ‘Amai-vos uns aos outros’ não é opcional. É um imperativo. E o caminho é Cristo”, reflete. Segundo Dal Toso, “há um fio que liga tudo”, pois o respeito pela vida do outro corresponde também ao respeito “à vida que nos circunda”, isto é, a proteção do ambiente. “É uma mensagem de Quaresma e, portanto, é sobre a conversão dos corações (...). Mas se dermos mais atenção aos mais fracos, não poderemos fazer algo diferente de construir um mundo para todos. A evangelização prepara os corações para receber a mensagem de Jesus e construir uma ordem nova”, ressalta.


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