O SÃO PAULO - 3139

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 62 | Edição 3139 | 22 de fevereiro a 2 de março de 2017

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Dom Odilo pergunta: como está a qualidade do serviço pastoral das paróquias? Luciney Martins/O SÃO PAULO

Encontro com o Pastor ‘Para as pessoas de fé, existem critérios morais firmes e conhecidos’ Página 3

Editorial Ecologia e defesa da vida são temas intimamente ligados Página 2

Espiritualidade Uma ética do maravilhamento e do cuidado Página 5

Cardeal dedica templo de paróquia na zona Oeste

Dom Odilo, bispos auxiliares e padres com a versão impressa do 12º Plano Arquidiocesano de Pastoral ‘Urgências da evangelização na cidade’

Durante o encontro anual que marca o início do ano pastoral na Arquidiocese de São Paulo, na terça-feira, 21, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, propôs ao clero uma reflexão sobre a qualidade do serviço realizado pela Igreja na cidade. Também foram destaca-

dos o 12º Plano de Pastoral e a Carta Pastoral de Dom Odilo, por ocasião do Ano Mariano Nacional. O Arcebispo falou, ainda, que ao longo do quadriênio de 2017 a 2020 será encaminhada a realização de um sínodo arquidiocesano. Página 24 Daniel de Granville/Fundação Grupo Boticário

Campanha da Fraternidade destaca biomas brasileiros e a defesa da vida Seguindo a inspiração e as orientações da encíclica Laudato Si ´, do Papa Francisco, e de outros documentos da Igreja, a Campanha da Fraternidade deste ano dá destaque aos biomas brasileiros e à defesa da vida. O SÃO PAULO apresenta reportagem sobre a CF 2017, destacando o porquê da campanha, a apresentação dos biomas brasileiros e a questão do crescimento demográfico e a relação com o meio ambiente. Também nesta edição, Irmã Irene Lopes fala sobre os projetos da Igreja na Amazônia. Páginas 11 a 15

No sábado, 18, o Cardeal Scherer presidiu a missa de dedicação do templo e de consagração do altar da Paróquia Nossa Senhora da Assunção, na Região Lapa. Ele lembrou que a dedicação marcará para sempre a história da paróquia. Página 19

3 regiões concluem peregrinações com Nossa Sra. Aparecida

Páginas 18 e 21

Dom Julio preside última missa na Arquidiocese

Página 19

Por onde deve ser iniciada a reforma da Previdência? A reforma da Previdência é apresentada pelo governo federal como indispensável para o país, mas entre os especialistas não há consenso sobre quais pontos devem ser priorizados inicialmente. Página 23


2 | Ponto de Vista |

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Editorial

Ecologia e defesa da vida

E

m 1º de março, Quarta-feira de Cinzas, será aberta oficialmente em todo o Brasil a Campanha da Fraternidade de 2017. Promovida todos os anos pela CNBB durante o tempo da Quaresma, tem como objetivo proporcionar uma reflexão sobre as implicações éticas, políticas e sociais da fé cristã. Este ano, motivada e inspirada pela encíclica Laudato Si’, escrita pelo Papa Francisco, a campanha se detém sobre os delicados temas da vida e do cuidado com a casa comum. De fato, os dois temas, ecologia e defesa da vida, estão intimamente relacionados. O Papa Francisco dá ênfase a essa relação ao afirmar que “quando, na própria realidade, não se reconhece a importância dum pobre, dum embrião

humano, duma pessoa com deficiência – só para dar alguns exemplos –, dificilmente se saberá escutar os gritos da própria natureza. Tudo está interligado. Se o ser humano se declara autônomo da realidade e se constitui dominador absoluto, desmorona-se a própria base da sua existência, porque ‘em vez de realizar o seu papel de colaborador de Deus na obra da criação, o homem substitui-se a Deus, e deste modo acaba por provocar a revolta da natureza’”(Laudato Si’ n. 117). Preparando o espírito para a Campanha da Fraternidade, a presente edição do jornal O SÃO PAULO traz uma matéria em que expõe, de forma sintética, os objetivos gerais e ideias centrais do Texto-base da CF 2017. Traz ainda

uma apresentação dos principais biomas do Brasil. Traz também uma entrevista com a Irmã Irene Lopes, da Congregação das Irmãs Carmelitas Missionárias de Santa Teresa do Menino Jesus, na qual a consagrada comenta todo o trabalho missionário realizado pela Igreja Católica na Amazônia Legal, que compreende os nove estados pertencentes à bacia amazônica e a área de ocorrência das vegetações amazônicas. Nesse imenso território, que compreende 61% do território nacional, sobrevive 56% da população indígena brasileira - cerca de 80 etnias compõem sua a impressionante diversidade étnica. Também lá vivem comunidades quilombolas, ribeirinhas, além das populações em zonas urbanas e rurais.

Nesse enorme e exuberante mundo em que não faltam conflitos, missionários católicos, que incluem muitos grupos e congregações religiosas, seguindo o apelo do papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude de 2013, promovem a missão jovem com o intuito de educar os jovens para as diferentes realidades deste país, ajudar essas populações no plano espiritual e, também, em seu desenvolvimento humano e material. Evangelizando, os jovens crescem eles mesmos na fé, no amor a Deus e ao próximo, e no afã apostólico, que é o alicerce de uma Igreja que não vive para si, mas que se coloca a serviço da redenção humana. Uma Igreja presente nos recôncavos mais distantes e desafiantes do Brasil. Uma Igreja em saída.

Opinião

‘Lançai vossas redes para a pesca’ (Lc 5,4) Arte: Sergio Ricciuto Conte

Padre José Ulisses Leva Por ocasião dos 300 anos (17172017) do Encontro de Nossa Senhora da Conceição Aparecida com o povo brasileiro, em especial nós, cristãos católicos, nos sentimos profundamente felizes. A celebração nos remete a uma história encantadora, ocorrida no Porto de Itaguaçu, nas proximidades de Guaratinguetá, no interior paulista. Este momento de profunda fé nos leva a uma reflexão teológico pastoral, sob os aspectos Trinitário, Eclesial e Mariano. Quando nos remetemos à Trindade Santa, lemos nos relatos que foram três os pescadores – João Alves, Domingos Garcia e Felipe Barroso –, que encontraram a imagem de Nossa Senhora. Desde sempre, a Santíssima Trindade se fez presente na Criação do mundo, sobretudo no momento em que “Deus disse: ‘Façamos o ser humano à nossa imagem e semelhança’ [...] Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou. Homem e mulher Ele os criou” (Gn 1, 26-27). Em Aparecida, não foi diferente a ação misericordiosa do Altíssimo Deus em relação aos pescadores. A presença de Deus, Uno e Trino, e o acolhimento dos pescadores, foram fundamentais para que a ação divina tornasse a pesca frutuosa. No milagre de Aparecida, os pescadores estavam numa barca nas águas do rio Paraíba do Sul, no Vale

do Paraíba, em São Paulo, quando encontraram a imagem. Simbolicamente, a imagem de barro de Nossa Senhora encontrada no rio nos faz lembrar que somos feitos do barro e precisamos do sopro divino para que haja vida; a barca representa a Igreja de Cristo Jesus; a água é o mundo onde a Igreja está inserida, como também nos recordam os sacramentos, tanto do Batismo quanto da Eucaristia. A barca se movimenta nas águas, às vezes, turvas e profundas. Os pescadores estavam mergulhados no trabalho de encontrar peixes para o Conde de Assumar, que passava pela Vila de Guaratinguetá.

Estavam exaustos e sem perspectivas. Num determinado momento da pescaria, encontram o corpo, sem a cabeça, de uma imagem, mas permaneciam sem sucesso quanto à pesca. Os peixes, de fato, começam a surgir quando encontram a cabeça, isto é, a totalidade da imagem, assim chamada na invocação de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal e das Colônias, e, finalmente, Aparecida. Mesmo navegando em águas profundas e turvas, dentro da barca, estamos firmes e seguros: “O barco, entretanto, já longe da terra, era atormentado pelas ondas, pois o vento

era contrário [...] Mas Jesus logo lhes falou: ‘Coragem! Sou eu. Não tenhais medo’” (Mt 14,24.27). No Corpo Eclesial, cuja cabeça é Cristo Jesus, somos queridos. No Sacramento do Batismo, somos amados pela Trindade Santa; e no Sacramento da Eucaristia, somos alimentados pelo Salvador e Redentor, Nosso Senhor Jesus Cristo. Sentados à mesa da Palavra, nós ouvimos Deus Revelado e, rodeados à mesa da Eucaristia, nos servimos do banquete do Reino de Deus, anunciado pelo Divino Mestre, cuja meta é o Céu, para todos os que o amam, servem e o anunciam na alegria. De fato, em 1717, Deus realizou o milagre: a abundância dos peixes se deu sob a intercessão de Maria Santíssima. Os personagens e as épocas são diferentes, mas a ação misericordiosa de Deus permanece a mesma. “Avança mais para o fundo, e ali lançai vossas redes para a pesca” (Lc 5,4). Seja a celebração do terceiro século do encontro de Nossa Senhora com os brasileiros, sob o patrocínio da Conceição Aparecida, um momento fortíssimo de reafirmarmos nossa fé na Santíssima Trindade, sob o olhar carinhoso e maternal da Mãe de Deus e nossa, na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica de Jesus Cristo, Salvador e Redentor de todo gênero humano. Padre José Ulisses Leva é padre secular e professor de História da Igreja da PUC-SP.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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www.arquisp.org.br | 22 de fevereiro a 2 de março de 2017

cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

N

ão é raro ouvir dizer que tudo mudou em questão de moral; que cada um faz a sua moral, que não existe uma moral válida para todos, nada é mau, nada é bom; até mesmo o que se tinha como mau, agora pode ser considerado bom e o que se tinha como moralmente bom, muitas vezes, acaba acusado como mau. Como assim? Afinal, ainda existem princípios de conduta moral? O que devemos fazer? O que devemos evitar? A discussão sobre os princípios morais e sobre o que deve orientar nossas decisões e ações vem desde o momento em que o homem se descobriu um ser pensante e livre para fazer escolhas. E não cessará até que haja um ser humano neste mundo. Para nós, cristãos, há alguns princípios de conduta moral claros, que deveriam orientar nossas decisões e ações. Tentarei expor alguns, na brevidade que requer este artigo. Quando Jesus, no “sermão da montanha”, recomendou ao povo – “ouvistes o que foi dito.... eu, porém, vos digo”, ele fez a interpretação da lei de Deus a partir do seu sentido originário, livre de distorções (cf. Mt 5, 38-48). O que se diz “por aí” pode representar o esforço humano das culturas, filosofias e religiões para interpretar o que seria o sentido da lei moral. Mas Jesus dá a interpretação que é conforme à vontade de Deus, ao agir de Deus e à dignidade e santidade de Deus. Portanto, vale para nós o ensinamento de Jesus como critério para o discernimento e para o agir moral. O que “dizem por aí” através de tantas interpretações contraditórias da lei moral deve ser sem-

Que devo fazer? Que devo deixar de fazer? pre avaliado à luz desse “eu, porém, vos digo”, do ensinamento de Jesus. No mesmo trecho do “sermão da montanha”, Jesus vai mais longe e pede que seus discípulos não se contentem com indicações morais cômodas, nem com a lei do menor esforço: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). A referência para o discernimento e o agir moral não é pequena nem fácil; a perfeição de Deus é única e nunca será alcançada plenamente pelo homem. Porém, a altíssima perfeição divina permanece para nós como referência segura para o certo e o errado, o bem e o mal, o justo e o injusto. Nunca será bom o que for contrário à perfeição de Deus, para a qual devemos tender sempre. Esse critério não é diferente daquilo que Moisés, em nome de Deus, já havia recomendado ao povo, ao lhe comunicar os dez mandamentos: “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv 19,2). A santidade de Deus diz respeito à sua dignidade suprema, sua misericórdia, justiça, amor e providência em relação ao homem e ao mundo. A santidade de Deus é a referência máxima para o discernimento e o agir moral da pessoa de fé; e será boa toda decisão e cada ação que estiver em sintonia com a dignidade e a santidade de Deus; mas nunca será bom o que for contrário à santidade de Deus e, por isso, deve ser evitado. Os dez mandamentos da lei de Deus são indicações do caminho da perfeição e da santidade para o homem e, na medida em que os coloca em prática, ele age bem e se santifica, pois está em sintonia com a vontade de Deus. Mas o contrário dos mandamentos, com certeza, não

é caminho bom e, claramente, deve ser evitado, não podendo ser tomado como critério para a decisão e a ação moral. São Paulo nos oferece um outro critério moral muito importante quando ele escreve à comunidade de Corinto, onde havia problemas de imoralidade: “Acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito Santo habita em vós?” (1Cor 3,16). O cristão, pelo Batismo, tornou-se “morada de Deus” e “habitação do Espírito Santo”, e isso lhe confere uma nova e altíssima dignidade, que ele sempre deverá ter em conta nas suas decisões e ações morais. Essas devem estar em conformidade com a sua própria dignidade e com a dignidade de Deus. Por isso, ele sempre deverá se perguntar: “será que minha ação comBinna com o respeito devido a Deus e a mim próprio?” Esse é um critério claro e seguro para o discernimento e a ação moral. Concluindo a sua reflexão, Paulo confronta cada um com a própria liberdade e com a responsabilidade pelas escolhas feitas: “Tudo é vosso, mas vós sois de Cristo e Cristo é de Deus” (1Cor 3, 22-23). O cristão pertence a Cristo e recebeu o seu Espírito; por isso, precisa levar em conta a sua relação com Cristo e seus ensinamentos. Portanto, para as pessoas de fé, existem critérios morais firmes e conhecidos, que precisam ser levados em conta no discernimento e na ação moral. E o cristão já não poderá mais se orientar simplesmente “pelo que se diz por aí”: nos jornais, revistas, novelas, filmes, mídias sociais, discussões filosóficas ou ideológicas... Sua referência: deverá lembrar sempre o ensinamento de Jesus: “Eu, porém, vos digo”.

| Encontro com o Pastor | 3

Com o clero na Lapa

Arquivo pessoal

Na sexta-feira, 17, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, reuniu-se na Cúria da Lapa com a comissão de presbíteros da Região Lapa para tratar das atividades deste ano.

Posse de pároco

Andressa Carrara

Em missa na sexta-feira, 17, o Cardeal Scherer deu posse ao Padre Jordélio Siles Ledo, CSS, como pároco da Paróquia Nossa Senhora do Bom Conselho, no Setor Pastoral Belém, da Região Episcopal Belém.

‘Alegrai-vos 2017’ Na terça-feira, 28, às 16h, Dom Odilo Scherer presidirá a missa de encerramento do evento “Alegrai-vos 2017”, que será promovido pela Renovação Carismática Católica da Arquidiocese de São Paulo, entre os dias 26 e 28, na sede do Sindicato dos Bancários (rua Tabatinguera, 192, próximo à praça da Sé). A entrada para o evento é gratuita. Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail eventosrccarqsp@gmail.com.

Quarta-feira de Cinzas Na Quarta-feira de Cinzas, dia 1º de março, que demarca o início da Quaresma e a abertura da Campanha da Fraternidade de 2017, o Cardeal Scherer atenderá a imprensa às 14h na Catedral da Sé e posteriormente, às 15h, presidirá missa, com o rito de imposição das cinzas.


4 | Fé e Vida |

22 de fevereiro a 2 de março de 2017 | www.arquisp.org.br

Liturgia e Vida 8º DOMINGO DO TEMPO COMUM 26 de fevereiro de 2017

Busquem primeiro o Reino de Deus e a sua justiça Cônego Celso Pedro A liturgia da Palavra nos oferece, em sentenças breves e concisas, ensinamentos de sabedoria, que nos ajudam a seguir Jesus Cristo com liberdade e alegria. Estamos aprendendo no Sermão da Montanha um novo jeito de olhar e apreciar as pessoas e as coisas. Na tradição da nossa Igreja, que não nasceu ontem e não tem por fundador outro a não ser Jesus Cristo, conservamos ditos e pensamentos dos primeiros cristãos do deserto em forma de sentenças curtas chamadas de “apoftegmas”, que são um dito ou um pensamento conciso numa sentença breve. Olhando para Deus e ouvindo-o, escutamos de Isaías a pergunta: “Pode uma mulher se esquecer de seu filhinho?” E é Deus que responde: “Eu não me esquecerei de você!” Um apoftegma para ser repetido: Pode uma mulher se esquecer de seu filhinho? Eu não me esquecerei de você! - Só em Deus a minha alma tem repouso; é dele que me vem a salvação, acrescenta o Salmista. Jesus também tem os seus apoftegmas: “Ninguém pode servir a dois senhores; ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro”. “Não se pode servir a Deus e ao dinheiro”. “Busquem primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais lhes será acrescentado”. Não se preocupem com o dia de amanhã; o dia de amanhã se preocupará consigo mesmo”; “A cada dia basta o seu mal” (Mt 6, 24-34). Preocupações, todos as temos e muitas. Direcione-as para o lugar certo. Direcione-as para o Reino e a justiça de Deus. O resto deixará de ser preocupação e lhe será dado por acréscimo. Nós não somos pássaros nem lírios do campo. No entanto, Jesus olha para eles e os vê despreocupados; os pássaros certamente mais ocupados do que as flores. As flores serão belas e os pássaros encantadores se o Reino for administrado com a justiça de Deus. Caso contrário, sem a justiça de Deus, tudo será visto de forma distorcida, fora de foco. Em vez de servir a Deus, serviremos ao dinheiro, e em vez de usar o dinheiro, usaremos Deus. O dinheiro se tornará uma divindade, e Deus será reduzido à função de nosso empregado para atender a nossa súplica e resolver nossos problemas. Assim, iremos de igreja em igreja, de templo em templo, de centro em centro, até encontrarmos o Deus que nos atenda. No entanto, Ele está bem perto, como a mãe que cuida do recém-nascido. Não somos um muro prestes a cair, como diz o salmo. Somos administradores fiéis dos mistérios de Deus, que ilumina o que está escondido nas trevas e manifesta os projetos dos corações. Não multiplique os problemas nem os antecipe. A cada dia basta o seu mal.

Você Pergunta

Como entender o choro sem parar por quem morreu? padre Cido Pereira

osaopaulo@uol.com.br

A Rosenete não me disse seu sobrenome. Ela é do bairro de Pirituba e tem uma amiga que morreu há poucos meses. A família dessa amiga chora muito e sonha com ela chorando também. “O que isso quer dizer?”, pergunta a Rosenete. Nossa! A primeira coisa a dizer,

Rosenete, é que essa sua amiga era muito querida e marcou profundamente a vida das pessoas de sua família. É lindo isso! Oxalá todas as famílias chorassem seus mortos desse jeito. Isso é prova de amor. Em segundo lugar, eu gostaria de dizer a você que essa tristeza tem que terminar e que a vida deve continuar. A sua amiga cumpriu bem a sua missão e deixou saudades. É

tempo de cumprirmos bem a nossa missão, nos preparando para o reencontro em Deus quando chegar a nossa hora de partir. O amor continuará? Claro que sim. A admiração pela pessoa vai permanecer? Claro que vai! Mas o tempo se encarregará de cicatrizar a ferida. Ficará uma linda saudade traduzida em lembranças e em preces. Pense nisso, minha irmã.

Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO

Sant’Ana, Setor Pastoral Tremembé, do Revmo. Pe. Edimilson da Silva, pelo período de 03 (três) anos.

Em 14 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia São Paulo da Cruz, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Pinheiros, o Revmo. Pe. Amilton Manoel da Silva, CP, pelo período de 06 (seis) anos.

Em 08 de fevereiro de 2017, foi prorrogada a nomeação e a provisão de Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Dores, Região Episcopal Sant’Ana, Setor Pastoral Casa Verde, do Revmo. Côn. Antônio Aparecido Pereira, pelo período de 03 (três) anos.

Em 11 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Bom Conselho, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Belém, o Revmo. Pe. Jordélio Siles Ledo, CSS, pelo período de 06 (seis) anos, em decreto que entrou em vigor em 17 de fevereiro de 2017.

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE RELIGIOSO PÁROCO Em 16 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Líbano, na Região Episcopal Lapa, Setor Pastoral Pirituba, o Revmo. Pe. José Antônio Filho, SJC, pelo período de 06 (seis) anos. PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E DA PROVISÃO DE RELIGIOSO PÁROCO Em 16 de fevereiro de 2017, foi prorrogada a nomeação e a provisão de Pároco da Paróquia São José Operário, na Região Episcopal Lapa, Setor Pastoral Rio Pequeno, do Revmo. Pe. Raimundo Ribeiro Martins, SJC, pelo período de 01 (um) ano. PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E DA PROVISÃO DE PÁROCO Em 08 de fevereiro de 2017, foi prorrogada a nomeação e a provisão de Pároco da Paróquia São Pedro Apóstolo, na Região Episcopal

Em 07 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Imaculada Conceição, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Cerqueira César, o Revmo. Fr. Alonso Aparecido Pires, OFMCap. Em 17 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial “ad nutum episcopi” da Paróquia São João Batista, Área Pastoral Nossa Senhora do Carmo, na Região Episcopal Belém, o Revmo. Pe. Silvio Lira de Menezes, SJC. NOMEAÇÃO DE ASSISTENTE ESPIRITUAL Em 16 de fevereiro de 2017, foi

nomeado Assistente Espiritual da Legião de Maria em São Paulo, o Revmo. Fr. Guilherme Pereira Anselmo Júnior, da Congregação Missionária de Santo Inácio de Antioquia, pelo período de 03 (três) anos. Em 17 de fevereiro de 2017, foi assinado na Cúria Metropolitana de São Paulo, o Convênio entre a Arquidiocese de São Paulo e as seguintes Congregações Religiosas: - Sociedade São Francisco de Sales/ Inspetoria Salesiano, para a Paróquia São João Bosco, na Região Episcopal Lapa, Setor Pastoral Leopoldina. - Sociedade São Francisco de Sales/ Inspetoria Salesiano, para a Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Bom Retiro. - Sociedade São Francisco de Sales/ Inspetoria Salesiano, para a Paróquia Sagrado Coração de Jesus, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Bom Retiro. - Sociedade São Francisco de Sales/ Inspetoria Salesiano, para a Paróquia Santa Terezinha, na Região Episcopal Santana, Setor Pastoral Santana.


www.arquisp.org.br | 22 de fevereiro a 2 de março de 2017

Espiritualidade

Como posso descobrir a minha vocação? Dom Carlos Lema Garcia

Bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e a Universidade

Certo autor russo fala de um homem que, por estar sofrendo uma crise interior, decidiu passar uns dias em silêncio em um mosteiro. Chegando lá, atribuíram-lhe um quarto e colocaram na porta um pequeno letreiro com o seu nome. Durante a noite, como não conseguisse conciliar o sono, decidiu dar um passeio pelo imponente edifício do claustro. À sua volta, reparou que não havia luz suficiente no corredor para ler o nome do letreiro que havia na porta de cada dormitório. Percorria o corredor, mas todas as portas pareciam-lhe iguais. Para não despertar os monges, passou a noite inteira dando voltas no enorme e escuro corredor. Com a primeira luz do amanhecer, finalmente conseguiu distinguir a porta do seu quarto, diante da qual havia passado tantas vezes, sem conseguir reconhecê-la. Aquele homem pensou que todo o seu deambular daquela noite era uma figura do que acontece com frequência em nossas vidas: passamos muitas vezes diante da porta que conduz ao caminho para o qual estamos chamados, mas nos falta luz para vê-lo. Saber qual é a nossa missão na vida é a questão mais importante que devemos resolver. A vocação é o encontro com a verdade sobre nós mesmos. Um encontro que proporciona uma inspiração básica na vida, da qual nasce o compromisso, a missão principal de cada um e em que se percebem os planos de Deus para a própria vida. O Papa Francisco falou disso aos jovens durante a JMJ, no Rio de Janeiro em julho de 2013: “Deus chama para escolhas definitivas, Ele tem um projeto para cada um: descobri-lo, responder à própria vocação, significa caminhar na direção da realização jubilosa de si mesmo. A todos Deus nos chama à santidade, a viver a sua vida, mas tem um caminho para cada um”. Essa proposta do Papa contrasta com a mentalidade do nosso tempo, a chamada cultura do provisório: tendência a não se prender a nada, a não se comprometer nunca. “Na cultura do provisório, do relativo, muitos pregam que o importante é ‘curtir’ o momento, que não vale a pena se comprometer por

toda a vida, fazer escolhas definitivas, ‘para sempre’, uma vez que não se sabe o que reserva o amanhã.” É evidente que há uma grande dose de medo no coração de um jovem ou de uma jovem, no momento de tomar uma decisão definitiva na sua vida. Tanto para se casar como para decidir entregar sua vida inteiramente a Deus, no seminário, na vida religiosa ou no celibato laical. Há medo de se comprometer. Mas o Papa nos anima a não ter medo: “Não tenham medo daquilo que Deus lhes pede! Vale a pena dizer ‘sim’ a Deus. N’Ele está a alegria! Queridos jovens, talvez algum de vocês ainda não veja claramente o que fazer da sua vida. Peçam isso ao Senhor; Ele lhes fará entender o caminho”. O Arcanjo São Gabriel anuncia a vocação de Maria, com uma alegre saudação: “Ave, cheia graça, o Senhor é contigo!” (Lc 1,28). Tendo consciência da grandeza de um chamado divino, Maria perturba-se, mas o Arcanjo a anima: “Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus!” (Lc 1,30). Logo que se esclarece como se realizará a sua vocação de Mãe de Jesus, Maria coloca toda a vida nas mãos de Deus: “Faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1,38). Uma coisa é certa: Deus não chama uma pessoa para uma determinada vocação sem lhe conceder as condições necessárias. Portanto, é preciso examinar-se na oração diante de Deus e pedir a ajuda de um bom orientador espiritual para verificar se se reúnem as condições e aptidões adequadas a essa vocação. Por isso, o fato de uma pessoa – seguindo com docilidade os conselhos da direção espiritual – considerar seriamente a possibilidade de ser chamada a um determinado caminho de entrega a Deus, já indica que é bastante provável que esse seja o seu caminho. Um motivo que conforta e anima a corresponder à vocação é considerar que quando Deus, dá a uma pessoa a luz da vocação, também lhe dá a graça necessária para corresponder e para decidir com generosidade. Há um certo paralelismo na vida de muitas pessoas no momento de discernir sua vocação: primeiramente, para receber as luzes de Deus que chama, é preciso cultivar uma vida de oração pessoal, meditação da Palavra de Deus e recepção frequente dos sacramentos da Confissão e da Eucaristia. Além disso, receber e seguir os conselhos e orientações de uma pessoa experiente no aconselhamento espiritual. Inspirados no exemplo de Maria, esperamos que muitos jovens, neste Ano Nacional Mariano, encontrem luzes claras de sua vocação na Igreja.

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Fé e Cidadania A Doutrina Social da Igreja na defesa dos biomas brasileiros

Uma ética do maravilhamento e do cuidado Francisco Borba Ribeiro Neto A primeira Conferência da ONU sobre Meio Ambiente aconteceu em 1972. Mas antes, em 1971, na Octogesima Adveniens (OA), Paulo VI já advertia para os perigos da poluição e a necessidade de conservar o planeta para as gerações futuras (OA 21). Na década de 1960, culpou-se a mentalidade judaico-cristã pelas agressões ao meio ambiente. Dizia-se que o mandamento bíblico indicando que o homem dominasse a terra (cf. Gn 1,28) fora a justificação ideológica para o desrespeito ao meio ambiente. O Papa Francisco, na Laudato Si’ (LS 67ss) mostrou que essa é uma leitura errada da Bíblia, pois ali também está escrito que o homem deve “guardar e cultivar a terra” (cf. Gn 2,15). O homem deve “dominar” cuidando com amor. O pecado é a causa de nossa convivência predatória para com a natureza e com nossos irmãos (LS 2). Sem usar palavras como ecologia e meio ambiente, o Cristianismo – bem compreendido e autenticamente vivido – desde sempre teve uma postura de maravilhamento e respeito diante da criação. São Paulo reconhece a unidade profunda entre nós e tudo que existe ao dizer que a criação, junto conosco, “geme e sofre as dores do parto”, esperando a redenção definitiva (Rm 8, 22). Os Padres da Igreja, nos primeiros séculos do Cristianismo, enfatizaram que toda a criação era boa, um sinal do amor de Deus, e deveria despertar o maravilhamento e a responsabilidade em nós. São João Crisóstomo (ca. 347-407), por exemplo, já dizia que os animais e as plantas, mesmo os aparentemente inúteis para o homem, são intrinsecamente bons, pois são obra da bondade de Deus, e, como tal, devem ser tratados. Ao longo dos séculos, muitos homens e mulheres de Deus se maravilharam e proclamaram a necessidade de respeitar a natureza. São Francisco (1182-1226) é o mais conhecido, mas temos muitos outros, como a índia norte-americana Santa Catarina Tekakwitha (1656-1680). No Brasil, a Diocese de Crato (CE), por exemplo, vem resgatando as práticas de conservação sugeridas pelo Padre Cícero (1844-1934). Na Laudato Si’, o maravilhamento diante da bondade de Deus gera uma ética do cuidado, onde responsabilidade e afeto se integram: “Dizer ‘criação’ é mais do que dizer natureza, porque tem a ver com um projeto do amor de Deus [...] A natureza entende-se habitualmente como um sistema que se analisa, compreende e gere, mas a criação só se pode conceber como um dom que vem das mãos abertas do Pai de todos, como uma realidade iluminada pelo amor que nos chama a uma comunhão universal” (LS 76). Para aprofundamento, ver as leituras sugeridas em http://feculturapucsp.blogspot.com.br/2017/02/dsi-biomas-1.html

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As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.


6 | Viver Bem |

22 de fevereiro a 2 de março de 2017 | www.arquisp.org.br

Cuidar da Saúde Consumir menos sal pode evitar pedra nos rins Cássia Regina O cálculo renal, popularmente conhecido como “pedra nos rins”, consiste em uma massa formada por pequenos cristais, que é encontrada nos rins ou em qualquer outra parte do trato urinário. Alguns fatores de risco podem contribuir para o surgimento do cálculo, são eles: histórico familiar ou pessoal (quando o paciente já teve cálculo renal tem grandes chances de desenvolvê-lo novamente); homens são mais suscetíveis do que mulheres; obesidade; deixar de beber a quantidade de água indicada todos os dias; e dietas ricas em proteína, sódio (sal) ou açúcar. A presença exacerbada de sal na dieta aumenta a quantidade de cálcio que os rins deverão filtrar, o que consequentemente leva a um risco maior do surgimento de cálculos renais. Quando localizados dentro do rim, habitualmente não causam sintomas. Estes somente incomodarão quando se movimentarem para sair do rim e obstruírem o conduto. Os sintomas são: dor lombar de moderada a intensa, tipo cólica, que pode se irradiar para abdômen inferior e região genital (até vulva ou testículo); náuseas e vômitos são comuns. Pode-se apresentar também desejo de ir ao banheiro, porém sem que se consiga expelir muita urina, ardência para urinar e sangue na urina. Exames de imagem são essenciais. Ultrassonografia e radiografia de abdômen são bons exames, mas, em alguns casos, é necessário fazer tomografia de abdômen. Cálculos pequenos podem ser expelidos ao urinar. No entanto, pedras maiores não podem ser expelidas sozinhas, pois costumam causar sangramentos, danos mais graves aos rins e infecções no trato urinário. Para esses casos, é necessário realizar cirurgia. Tenha bons hábitos alimentares e evite o surgimento de pedra nos rins. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com

Comportamento Você dorme bem? Dr. Valdir Reginato Um dos temas que mais têm merecido atenção na área da saúde na última década é o sono. Após o ano 2000, quando a medicina se ocupou mais intensamente de vasculhar o cérebro e suas funções, ainda com muito a ser conhecido, o sono surgiu como um campo a ser explorado. Por muito tempo, pensouse que durante o sono o cérebro “dormia”. Já há algumas décadas, porém, sabe-se que ocorre o contrário: durante o período do sono, o cérebro mantém intensa atividade; na verdade, ele nunca para. Por conta disso, alguns cientistas chegaram a propor métodos de aprendizado que ocorreriam enquanto dormimos. Mas qual a importância do sono? Se avaliarmos bem, dormir é uma das atividades que mais ocupam (ou deveriam ocupar) o nosso dia. Caso não fosse importante, o nosso organismo, que apresenta uma sabedoria incrível, não exigiria de nós quase um terço da vida para dormir. Apesar de alguns falarem que não precisam de mais de que quatro horas de sono, enquanto outros, que não podem ficar com menos de dez, para um adulto, em média, sete a oito horas de sono correspondem ao tempo ideal. A falta de sono, muito frequente na sociedade moderna, acarreta transtornos que comprometem diferentes sistemas do organismo, e está relacionada à origem ou

Reti-ratificação do edital publicado em 20/12/16 por ter saído com incorreções

Associação Cultural e Beneficente para o Bem Estar do Idoso. CNPJ 09.584.987/0001-03

São Paulo, 17 de fevereiro de 2017 Convocação para a Assembleia no dia 10 de março de 2017, às 14 horas. Estamos convocando os associados, participantes da comunidade Santa Rosa de Lima, diretoria e membros do conselho fiscal para comparecerem à ASSEMBLEIA da Associação Cultural e Beneficente para o Bem - Estar do Idoso, que será realizada no dia 10 de março de 2017, às 14 horas, em 1ª convocação e, às 14h30m, com qualquer número de participantes presentes, na sede na R Pelágio Lobo, 107 - Perdizes, CEP 05009-020, Município de São Paulo, Capital, para discutir e deliberar sobre a seguinte: ORDEM DO DIA: 1 - Instituição da fundação; converter a Associação em Ente Fundacional. - Proposta da Diretoria para extinção da Associação, mediante instituição de Fundação; 2 - Alteração do Estatuto da Associação. - Proposta de alteração do Estatuto Social com modificações nos seguintes artigos: artigo 2º - entre outros fins, a instituição do Clube de Campo distinto da Associação no endereço sito na Estrada de Caucaia do Alto, 6700 - Pereiras - CEP 06730-000, Vargem Grande Paulista/SP. Artigo 3º - de acordo com o prescrito no artigo 2º, o participante não será proprietário da unidade residencial. Será portador do Título do Clube de Campo com cessão de uso da unidade. Artigo 19 - Atribuições do Tesoureiro na ausência do Vice-Presidente. Artigo 20 - Custeio. 3 - Eleição da nova Diretoria para o triênio de 2017-2020; 4 - Aprovação das contas de resultado da Diretoria, referentes aos balancetes de 2014 a 2016. - Exame e deliberação sobre as contas de resultado da Diretoria para os exercícios de 2014 a 2016; 5 - Assuntos de interesse geral. Associação Cultural e Beneficente para o Bem - Estar do Idoso. Padre Bartolomeu da Silva Paz - Presidente R Pelágio Lobo, 107 - Perdizes - CEP 05009-020 Fone 3862-1087, São Paulo, Capital.

piora de uma grande quantidade de doenças. Pessoas que apresentem problemas crônicos de saúde, de diversas naturezas, e não dormem bem, dificilmente poderão melhorar a sua saúde sem ajustar o sono. O acúmulo de horas de sono em falta, uma das principais responsáveis pela fadiga crônica, quase uma epidemia nos tempos atuais, também pode provocar, além de danos ao corpo, acidentes de trabalho, assim como de trânsito, por se dormir ao volante. Já se torna uma preocupação o fato de crianças dormirem com seus tablets e celulares. Seguramente isso não colabora para boas horas de sono. Os idosos trocam o dia pela noite, o que modifica a dinâmica familiar. As jornadas de trabalho, incrementadas por atividades e cursos e pelo trânsito, subtraem horas fundamentais do precioso sono. Horários e qualidade de alimentação inadequados são outros vilões. E, atualmente, há quem acredite que “malhar” pela madrugada é mais saudável do que dormir o suficiente. O que é preciso para dormir bem? Antes de mais nada, um mínimo de disciplina. É possível que, por um curto período, se tenha de dormir menos, ou mesmo passar uma noite acordado. Mas isso não pode ser jamais uma regra: tem de ser sempre uma exceção. As faltas agudas de sono podem ser recompensadas em pouco tempo de recuperação. Porém, períodos longos necessitam de uma recuperação lenta, coisa que um único

final de semana não resolve. Com o passar da idade, a recuperação torna-se cada vez mais difícil e os danos maiores. Procure ter um horário regular para ir dormir e para despertar. O banho à noite pode ser ótimo para relaxar. Crie um ambiente favorável à noite para “chamar o sono”: uma alimentação mais leve, conversas amenas, filmes tranquilos e uma boa leitura, com a luz necessária, acompanhada de músicas acolhedoras, oferecem uma condição de sonoterapia. Não coma demais e nem assista filmes de guerra e terror. Discussões que podem esperar, músicas que parecem mais um barulho e games infindáveis, não costumam ser a melhor companhia. Fazem parte da noite uns breves minutos de exame pessoal: uma revisão do que aconteceu no dia, do seu comportamento pessoal, e um olhar na agenda do dia seguinte. Isso ajudará a verificar o que não foi tão bem e o que poderá melhorar no dia seguinte. Dá um novo ânimo. Não vá para cama cansado, mas, de preferência, tranquilo. Tudo isso pode parecer impossível para você.... É verdade. As metas estão para dirigir o sentido de nossas ações e não para nos decepcionarmos se não as conseguimos cumprir por inteiro sempre. É a busca por qualidade de vida. Dormir melhor, onde ocorre o universo dos sonhos... Mas isso é uma outra história. Dr. Valdir Reginato é médico de família, professor da Escola Paulista de Medicina e terapeuta familiar.

EDITAL DE CONVOCAÇÃO A FUNDAÇÃO CAPELLA MENINO JESUS E SANTA LUZIA, convoca seus membros Diretores para a assembleia ordinária a realizar-se no dia 03 de março de 2017, às 15h, em sua sede à Avenida Higienópolis nº 890, São Paulo, SP, em primeira chamada com 2/3 dos membros Diretores presentes; e, às 15h30, em segunda chamada, com os membros Diretores que estiverem presentes. A assembleia terá como pauta: 1 - Assuntos ordinários da Fundação Capella Menino Jesus e Santa Luzia; 2 - Outros assuntos. São Paulo, 22 de fevereiro de 2017. O Presidente

EDITAL DE CONVOCAÇÃO A FUNDAÇÃO METROPOLITANA PAULISTA, convoca seus membros Diretores para a assembleia ordinária a realizar-se no dia 03 de março de 2017, às 14h, em sua sede à Avenida Higienópolis nº 890, sala 16, São Paulo, SP, em primeira chamada com todos os membros Diretores presentes; e, às 14h30, em segunda chamada, com os membros Diretores que estiverem presentes. A assembleia ordinária terá como pauta: 1 - Assuntos ordinários da “Rádio 9 de Julho”; 2 – Assuntos ordinários do Jornal “O SÃO PAULO”; 3 – Relatórios de atividades dos departamentos e propostas para exercícios futuros; 4 - Outros assuntos. São Paulo, 22 de fevereiro de 2017. O Presidente

EDITAL DE CONVOCAÇÃO A FUNDAÇÃO SANTA TEREZINHA, convoca seus membros da Mesa Administrativa para a assembleia ordinária a realizar-se no dia 03 de março de 2017, às 16h, em sua sede à Avenida Higienópolis nº 890, São Paulo, SP, em primeira chamada com 2/3 dos membros presentes; e, às 16h30, em segunda chamada, com os membros que estiverem presentes. A assembleia terá como pauta: 1 - Assuntos ordinários da Fundação Santa Terezinha, 2 – Outros assuntos. São Paulo, 22 de fevereiro de 2017. O Provedor


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| Geral | 7

Padre Eduardo Binna defende tese de doutorado em Roma REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

O Padre Eduardo Binna, do clero da Arquidiocese de São Paulo, obteve na quinta-feira, 16, o título de doutor em Teologia pelo Pontifício Instituto Oriental de Roma, ao defender a tese com o título “A luz do Oriente iluminou a Igreja universal – A liturgia dos santuários do Brasil: uma ponte entre o Oriente e o Ocidente”. “A tese tem como caráter uma aproximação da liturgia dos santuários do Brasil com o Oriente cristão, ou seja, com a tradição das Igrejas Orientais, e demonstra quais as influencias e correspondências da liturgia dos santuários de Aparecida (SP), Bom Jesus da Lapa (BA) e Divino Pai Eterno (GO), com a tradição litúrgica Oriental”, explicou ao O SÃO PAULO. O Padre comentou, ainda, que o que motivou a escolha do tema foi a riqueza da liturgia e das devoções dos santuários brasileiros, bem como a falta de especialistas no Brasil em Liturgia Oriental, que, como ele ressalta, é a raiz de toda tradição litúrgica ocidental.” Embora a América Latina tenha sido evangelizada predominantemente pela Europa Ocidental, a partir do século XIX, com a imigração dos povos da Europa Oriental e do Oriente Médio, também chegou a tradição litúrgica nos seus variados ritos, como os de origem bizantina, eslava, grega, entre outras. “Nossa pesquisa procura demonstrar as influências ou influxos do Oriente sobre o Ocidente. Acrescentamos a

Arquivo pessoal

isto a seguinte questão: o Ocidente pode contribuir também com o Oriente?”, justifica o autor.

Valorizar as tradições

De acordo com o Padre, vale salientar que muitos católicos de rito latino desconhecem a tradição Oriental da Igreja. “Contudo, a Igreja Católica vem estimulando o conhecimento e a valorização da tradição Oriental, mostrando que o Corpo de Cristo, na realidade, possui dois pulmões, como afirmava o Papa João Paulo II”. “O desconhecimento nos motiva a buscar o novo que é antigo. O Vaticano II nos convida a buscar as fontes, e estas se encontram, sobretudo, na origem do próprio Cristianismo como religião oriental de tradição semita, que juntamente com o Judaísmo e o Islamismo formam as grandes tradições monoteístas”, explica o Doutor. Para o Padre Binna, sua pesquisa poderá ser útil à Arquidiocese tanto no âmbito universitário, como é o caso da PUC-SP, onde poderão ser oferecidos cursos em diversos níveis, quanto para a atualização do clero, publicações de livros e artigos, formação litúrgica em geral, além de favorecer o diálogo e a pastoral com as Igrejas católicas de rito Oriental e as Igrejas cristãs. Na Arquidiocese, Padre Eduardo Binna já atuou nas paróquias Santo André Apóstolo e São Pedro Apóstolo, na Região Belém; e na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na Região Brasilândia.

Padre Eduardo Binna, da Arquidiocese de São Paulo, com tese defendida

Pastoral do Ensino Religioso discute linhas de ação para 2017 Renato Papis/Regional Sul 1

Encontro Nacional da Pastoral da Mulher Marginalizada acontecerá em março REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

Dom Carlos Lema Garcia preside reunião da coordenação da Pastoral do Ensino Religioso do Regional Sul 1 da CNBB, na quinta-feira, dia 16

REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

A equipe de coordenação da Pastoral do Ensino Religioso do Regional Sul 1 da CNBB reuniu-se na quinta-feira, 16, para iniciar os trabalhos deste ano. Na reunião coordenada por Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e referencial da Pastoral do Ensino Religioso no Regional, os assuntos mais discutidos foram as linhas de ação da Pastoral e

o trabalho sobre o texto de estudos da CNBB nº 110, sobre as Diretrizes da Pastoral da Educação. Na oportunidade, também se falou sobre as visitas da imagem peregrina de Nossa Senhora nas escolas católicas, contemplando o Ano Mariano Nacional, e as visitas às escolas públicas, que serão realizadas a pedido de José Renato Nalini, secretário de Educação do Estado de São Paulo. Dom Carlos também reforçou o convite à participação no Congresso

de Educação Católica, que ocorrerá em 6 de maio, promovido pelo Vicariato para a Educação e Universidade da Arquidiocese de São Paulo, e voltado para educadores católicos das dioceses da Grande São Paulo e de Santos (SP). Ainda na reunião, foi apresentado o documento de preparação para o Sínodo sobre a Juventude: estudo do questionário para oferecer subsídios para redação do instrumentum laboris, até outubro deste ano. (Com informações do Regional Sul 1 da CNBB)

Resoluções para violações aos direitos humanos, legislações migratórias, culturas e alternativas de resistências, estupro e abuso sexual infantil serão os temas discutidos por coordenadoras, agentes e mulheres atendidas, no Encontro Nacional da Pastoral da Mulher Marginalizada. A atividade acontecerá entre os dias 23 e 26 de março na Casa de Retiro e Eventos das Irmãs Cabrini e são esperadas 40 pessoas. Saiba mais detalhes pelo telefone (11) 3326-0663, pelo e-mail tecendovida@pmm.org.br ou pelo site www.pmm.org.br.

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8 | Pelo Mundo |

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Destaques das Agências Internacionais

Filipe david

correspondente do O SÃO PAULO na europa

França

Associação resgata viciados há 30 anos Saint Jean Espérance

Em 2017, a Associação Saint Jean Espérance comemora 30 anos de existência. Trata-se de uma associação dos religiosos da Comunidade São João com colaboradores leigos – voluntários e assalariados – que ajuda dezenas de viciados em drogas a abandonar o vício e a se reinserir na sociedade. Na Comunidade São João, os irmãos têm missões bem diferentes: ensino, paróquias, organização de retiros e peregrinagens, festivais, acompanha-

mento espiritual etc. Eles vivem em pequenas comunidades – priorados – com seis a oito irmãos. Cada uma dessas pequenas comunidades tem uma missão específica. A Associação Saint Jean Espérance foi fundada em 1987, por iniciativa do Padre Jean-Philippe, da Comunidade São João. Sua missão: acolher jovens entre 18 e 35 anos viciados em drogas. Os jovens vêm voluntariamente, basta um telefonema. O único critério para ser

acolhido é desejar abandonar o vício e concordar com as regras da casa. A Associação conta com três casas, que são também priorados em que os irmãos da Comunidade São João vivem e trabalham na recuperação dos jovens viciados. Além dos irmãos, leigos – voluntários e assalariados – também trabalham com os jovens. A Associação se mantém principalmente por meio de doações. Fontes: Comunidade São João/ Saint Jean Espérance

Colômbia ‘Doação de órgãos não contradiz a doutrina católica’ A Colômbia acaba de ratificar uma nova lei sobre a doação de órgãos. Agora, quem não quiser ser doador deverá declará-lo formalmente, ou será automaticamente considerado doador no momento de sua morte. O objetivo é aumentar o número de órgãos e tecidos para transplantes. Dom Juan Vicente Cordoba Villota,

presidente da Comissão Episcopal para a Vida, afirmou que “não há nada de mal” nessa nova lei. Segundo o Bispo, a nova lei “não contradiz a doutrina nem influi sobre a dignidade da pessoa, mas, pelo contrário, é a favor da vida, é uma obra de caridade e de amor por alguém que necessita de um órgão”. Contudo, o Bispo pediu um contro-

le severo, para coibir todo tipo de tráfico de órgãos humanos, que, segundo a Igreja, é imoral. Para Dom Juan Vicente, é preciso atenção especial nas zonas rurais, onde não há muitos cartórios e a população é mais vulnerável. Fonte: Fides

Congo Massacre de criançassoldados e civis Nos últimos dias, tem circulado nas redes sociais um vídeo que mostra supostos soldados do exército do Congo que, aparentemente, executam um massacre de civis – inclusive mulheres e crianças – na região do Kasai. Diversas nações se manifestaram, condenando o massacre e exigindo uma investigação. O presidente do país, Joseph Kabila, já completou, em novembro de 2016, dois mandatos e a constituição o proíbe de se candidatar novamente. Apesar disso, permanece no poder. As próximas eleições estavam previstas para o final deste ano, mas o governo afirma que elas custariam muito caro e que não tem condições de realizá-las no momento. A tensão entre governo e oposição é agravada por diversos conflitos entre as diferentes etnias que compõem o país e o exército do Congo. Na semana passada, 25 pessoas foram mortas por milicianos da etnia Nande no leste do país. Além disso, um seminário e uma paróquia foram saqueados por milicianos. O Papa Francisco mencionou a situação no Congo após o Ângelus, no domingo, 19, pedindo o fim da violência e denunciando o uso de crianças-soldados: “Infelizmente, continuam chegando notícias de confrontos violentos e brutais na região do Kasai Central na República Democrática do Congo. Sinto uma dor forte pelas vítimas, especialmente pelas crianças tiradas das famílias e escolas para serem usadas como soldados. Isso é uma tragédia! Crianças-soldado!”, disse o Pontífice. Fontes: ACI/ BBC/ Le Parisien/ Le Monde/ Ouest-France

Paquistão Ataque a santuário islâmico mata mais de 80 pessoas Um ataque terrorista a um santuário islâmico matou pelo menos 88 pessoas na sexta-feira, 17. Um homem-bomba explodiu-se em meio aos fiéis. O grupo Estado Islâmico assumiu a autoria do ataque. Cerca de 270 feridos foram hospitalizados. O alvo do ataque foi o Santuário de Lal Shahbaz Qalandar, na cidade de Sehwan. O santuário é frequentado por muçulmanos sufis, considerados heréticos pelos muçulmanos salafistas. O salafismo é a linha adotada pelos prin-

cipais grupos terroristas muçulmanos, como o Estado Islâmico, o Talibã e a Al-Qaeda. O Papa Francisco pediu oração pelas vítimas e suas famílias, bem como pela conversão dos terroristas: “Rezemos pelas vítimas mortais, pelos feridos e seus familiares. Rezemos fervorosamente para que todo coração endurecido pelo ódio se converta à paz, segundo a vontade de Deus”. Fontes: ACI/ BBC/ The Independent/ Pakistan News Service

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Júlia Cabral

Especial para O SÃO PAULO

Reconhecimento e cuidado com os nativos Reconhecimento de comunidades indígenas como parte da população a ser valorizada, consultada e incluída plenamente, tanto a nível local quanto nacional, foi um dos apelos feitos por Francisco durante reunião com 40 representantes dos povos indígenas, no dia 15. Segundo Francisco, é necessário um consenso e trocas de informações para que haja uma colaboração pacífica e sem conflitos entre governos e povos indígenas, de modo que se assegure a Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas. “O principal desafio é conciliar o direito ao desenvolvimento com a tutela dos povos e territórios indígenas. E isso fica ainda mais evidente quando atividades econômicas interferem nas culturas

| Papa Francisco | 9

Com informações da rádio Vaticano

indígenas e na sua relação ancestral com a terra”, ressaltou. Citando o trecho da Laudato si’, que declara que “um desenvolvimento tecnológico e econômico que não deixa um mundo melhor e uma qualidade de vida integralmente superior não se pode considerar progresso”, o Papa afirmou que o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola pode contribuir com financiamentos e capacitação. Ao término da conferência, Francisco concedeu aos presentes sua bênção, estendendo-a às suas comunidades. O encontro ocorreu na antessala Paulo VI, ao fim do terceiro Fórum dedicado aos indígenas, promovido pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).

L’Osservatore Romano

Preservar e promover a paz

Atenção ao Congo, Paquistão e Iraque

Compaixão para com os necessitados

Em sua homilia na quinta feira, 16, na capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco enfatizou que “também a nós, que parecemos estar em paz aqui, o Senhor pedirá contas do sangue dos nossos irmãos e irmãs que sofrem a guerra”. Segundo Francisco, todos estão envolvidos na guerra, e a oração e o trabalho pela paz não são apenas formalidades. A guerra começa no coração dos homens, nos lares, nas famílias, nas comunidades, e se expande a todo o mundo. “A guerra começa aqui e termina lá. Vemos as notícias nos jornais e na TV... Hoje, muita gente morre, e a semente de guerra que gera inveja, provoca ciúmes, a cobiça no meu coração é a mesma coisa do que a bomba que cai num hospital, numa escola, matando crianças – é o mesmo. A declaração de guerra começa aqui, em cada um de nós. Por isso, pergunto: ‘Como custodiar a paz em meu coração, em meu íntimo, na minha família? ’. Custodiar a paz, mas não só: fazê-la com as mãos, todos os dias. E assim conseguiremos fazê-la no mundo inteiro.”

Ao final da oração do Ângelus no domingo, 19, Francisco fez apelo em favor dos que sofrem no Oriente. Citando novos dados de confrontos em Kasai Central, na República Democrática do Congo, o Papa se compadeceu, principalmente, pelas crianças que são usadas como soldados, e enfatizou sua intenção de oração também pelos religiosos e agentes humanitários que trabalham na região. “Faço novamente um forte apelo em prol da consciência e responsabilidade das autoridades nacionais e da comunidade internacional para que tomem decisões adequadas e rápidas para socorrer esses nossos irmãos e irmãs. Rezemos por eles e também por todas as populações que em outras partes do continente africano e do mundo sofrem por causa da violência e guerra. Penso, sobretudo, nas queridas populações do Paquistão e Iraque, assoladas por atos terroristas cruéis, nos últimos dias. Rezemos pelas vítimas, pelos feridos e seus familiares. Rezemos fervorosamente para que todo coração endurecido pelo ódio se converta à paz, segundo a vontade de Deus”, pediu o Pontífice.

Em mensagem enviada na sexta feira, 17, aos participantes do encontro dos Movimentos Populares em Modesto, Califórnia, nos Estados Unidos, o Papa alerta à negligência com os necessitados. “As feridas causadas pelo sistema econômico que coloca no centro o deus dinheiro e às vezes age com a mesma brutalidade dos assaltantes da parábola foram transcuradas culposamente”, afirma o Papa, denunciando o “estilo elegante usado para desviar o olhar de forma recorrente. Sob a aparência de ser correto na política ou das modas ideológicas, se olha para quem sofre sem tocá-lo, distante, vendo-o na televisão, e se adota um discurso de aparência tolerante e cheio de eufemismos, mas nada se faz de sistemático para curar as feridas sociais e enfrentar as estruturas que deixam muitos irmãos ao longo da estrada”, declara no texto. Segundo o Pontífice, bons samaritanos são os capazes de estar próximo de quem sofre e não os hipócritas que ignoram as dificuldades sociais até que não possam mais se fingirem de cegos. É apenas com amor que se combate ao terror e à indiferença; é desse modo que “se encontra a humanidade verdadeira que resiste à desumanização manifestada em forma de indiferença, hipocrisia e intolerância”.


10 | Pelo Brasil |

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Destaques das Agências Nacionais

Vitor Alves Loscalzo Especial para O SÃO PAULO

Terço dos Homens: 70 mil pessoas vão à Padroeira Thiago Leon/Santuário Nacional de Aparecida

Entre os dias 17 e 18, o maior santuário mariano do mundo, o Santuário Nacional de Aparecida, recebeu grupos do Terço dos Homens para a 9ª Romaria Nacional do Terço dos Homens, registrando número recorde para o evento: aproximadamente 70 mil pessoas. Com o lema “É preciso lançar as redes”, o encontro teve início na sexta-feira, 17, com missa seguida

de procissão até o Porto Itaguassu e vigília até às 7h do dia seguinte. Após a missa celebrada no sábado, 18, os fiéis rezaram o Terço e, para concluir o encontro, realizaram a consagração à Nossa Senhora Aparecida, às 15h. Membros das paróquias Nossa Senhora de Casaluce e Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários, da Arquidiocese de São Paulo, par-

ticiparam da atividade. Um desses foi Edson Tavares, que disse ter sido bonito ouvir o coro de vozes masculinas no Santuário. Do mesmo modo, Rodrigo Almeida expressou alegria por ter participado desse momento e disse esperar que mais paróquias promovam o Terço dos Homens. (Com informações de Lívia Miranda e do Portal A12)

Em São Paulo acontece ‘Noite Carismática’ pelos 50 anos da RCC A Renovação Carismática Católica (RCC) nasceu de um grupo de estudantes da Universidade de Duquesne, em Pittsburgh, nos Estados Unidos, que se reuniram para um retiro entre 17 e 19 de fevereiro de 1967. Passados 50 anos, o jubileu de ouro foi comemorado pelos membros da RCC, com eventos diversos em todo o mundo. Na Arquidiocese de São Paulo, todos os grupos de RCC foram convocados para “A Noite Carismática”, que aconteceu na sexta-feira, 17, na Paróquia de Santa Cecília, na Região Sé. Na ocasião, foi relembrada a tra-

jetória da RCC, que atualmente tem grupos em diferentes partes do mundo, com aproximadamente 140 mil grupos de oração e milhares de serviços com diferentes carismas, envolvendo mais de 100 milhões de católicos, unidos por uma característica: a efusão do Espírito Santo. Somente no Brasil existem 20 mil grupos de oração, e 10 milhões de carismáticos. Na Arquidiocese de São Paulo, há 304 grupos de oração vinculados à RCC. No evento do dia 17, o Padre José Roberto Pereira, assessor eclesiástico arquidiocesano da RCC, presidiu

a missa que abriu a programação das atividades, e também conduziu o momento de adoração, fechando a noite com a bênção do Santíssimo Sacramento. As comemorações terão sequência entre os dias 26 e 28, com o “XXIV Alegrai-vos – Evento de Carnaval”, que acontecerá na sede do Sindicato dos Bancários (rua Tabatinguera, 192, próximo à praça da Sé). Outros detalhes podem ser obtidos pelo e-mail eventosrccarqsp@ gmail.com. (Com informações de Maria Helena Soriano, coordenadora da Renovação Carismática Católica da Arquidiocese de São Paulo).

Aumenta a disponibilização de saneamento básico no Brasil

O serviço de saneamento básico melhorou nos últimos dez anos no Brasil, mais ainda metade da população segue sem acesso a sistemas de esgotamento sanitário, revelando que os avanços não podem cessar. Conforme dados divulgados em janeiro pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), referentes ao ano de 2015, apenas 50,3% dos brasileiros têm acesso à coleta de esgoto, de forma que os outros 100 milhões utilizam medidas alternativas para lidar com os dejetos, como fossa ou depósito diretamente em rios. Quando foi sancionada a Lei do Saneamento Básico, Lei 11.445, em 2007, 42% da população brasileira tinha acesso a redes de esgoto. Até 2015, esse índice aumentou menos de um ponto percentual por ano. Com relação ao abastecimento de água a evolução também foi moderada: passou de 80,9%, em 2007, para 83,3%, em 2015. Um levantamento elaborado com base em números do Ministério das Cidades mostra que em 24 capitais, menos de 80% do esgoto é tratado. Nas cem maiores cidades brasileiras, em média, 71,05% da população conta com o serviço de coleta de esgoto, índice superior à média nacional, de 50,3%. “No geral, o avanço foi muito pequeno no país. Dez anos para conseguir passar da metade da população em esgoto é muito pouco. Não dá para continuar nesse ritmo. Estamos falando de uma agenda do século XIX, de discussões de países desenvolvidos do século XIX”, afirmou Édison Carlos, presidente-executivo do Instituto Trata Brasil, ao portal G1. A situação mais grave se encontra na região Norte do país: 49% da população tem acesso à água tratada e apenas 7,4% tem acesso a esgoto. O Amapá é o estado na pior situação, com 34% dos habitantes atendidos por abastecimentos de água e 3,8% atendidos por serviços de esgoto. Já no Sudeste, no Estado de São Paulo encontram-se os melhores índices: 95,6% da população com acesso à água tratada e 88,4% a esgoto. Brasília (DF) também detém taxas altas: 99% e 84,5%. O Ministério das Cidades falou ao portal G1 sobre a discrepância dos índices entre as regiões: “Um dos grandes desafios da política pública brasileira é exatamente vencer a barreira das desigualdades sociais, assegurando, no caso do setor saneamento, o direito humano fundamental à água e esgotos, preconizado em resolução da ONU, em que o Brasil é signatário”. Fontes: G1 e Trata Brasil

Nova plataforma brasileira permitirá diagnóstico sobre biodiversidade Com o objetivo de conseguir melhor diagnóstico da biodiversidade e ecossistemas do Brasil, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) lançou na terça-feira, 21, a Plataforma Brasileira sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES).

A ferramenta de diagnóstico irá permitir o subsídio de decisões ambientais no Brasil. “Estamos procurando os diferentes setores da sociedade para chegar a um diagnóstico que sirva de base de uma forma realista. Integrando, realmente,

as políticas de tomada de decisão na área, não mais isoladamente, como são as políticas ambientais hoje, mas que elas façam parte do planejamento estratégico do país”, explicou Carlos Joly, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador da

BPBES, em entrevista à Agência Brasil. Para reunir os dados, a coordenação da BPBES realiza reuniões com representantes do governo federal, de organizações não governamentais e do setor empresarial. Fonte: Agência Brasil


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Campanha da Fraternidade: Cuidar da criação à luz do Evangelho Reprodução

responsabilidade pela criação” e “deve defender a terra, a água e o ar como dons da criação que pertencem a todos”.

Fernando Geronazzo osaopaulo@uol.com.br

C

uidar da criação, de modo especial dos biomas brasileiros, dos dons de Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do Evangelho” é o objetivo geral da Campanha da Fraternidade (CF) 2017, que será aberta oficialmente em todo o Brasil no dia 1º de março, Quarta-feira de Cinzas. Promovida pela CNBB, a campanha é realizada desde 1964 durante o tempo litúrgico da Quaresma e convida os cristãos a refletirem sobre as implicações éticas, sociais e políticas da sua fé. Este ano, motivada especialmente pela carta encíclica Laudato Si’, escrita pelo Papa Francisco em 2015, sobre o cuidado com a “casa comum”, a CF tem como tema “Biomas brasileiros e defesa da vida”. “Um bioma é formado por todos os seres vivos de uma determinada região, cuja vegetação é similar e contínua, cujo clima é mais ou menos uniforme, e cuja formação tem uma história comum”, define o Texto-base da CF 2017 , que trata dos seis biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa.

O Papa Francisco tem continuado o discurso de seus predecessores ao reforçar que as ecologias humana e ambiental caminham juntas. Na exortação apostólica Evangelii Gaudium, de 2013, ele afirma: “Nós, seres humanos, não somos meramente beneficiários, mas guardiões das outras criaturas [...]. Não deixemos que, à nossa passagem, fiquem sinais de destruição e de morte que afetem a nossa vida e a das gerações futuras”. “O tempo para encontrar soluções globais está acabando. Só podemos encontrar soluções adequadas se agirmos juntos e de comum acordo. Portanto, existe um claro, definitivo e improrrogável imperativo ético de agir”, apela o Papa. Na encíclica Laudato Si’, o Papa enfrenta o desafio ecológico de modo amplo, reconhece o ponto de vista científico sobre as mudanças climáticas, suas causas, consequências e soluções necessárias. Mas convida as pessoas a considerar suas responsabilidades para com as gerações futuras.

Por que esse tema?

Do global para o local

Ao explicar as razões pelas quais a Igreja se preocupa com uma questão que pode não ser considerada propriamente religiosa, ainda mais na Quaresma, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, afirmou que a fé cristã integra todas as dimensões da vida e da ação humana e as realidades do mundo. “Em tudo isso, o cristão e toda pessoa religiosa põem à prova a coerência de sua fé em Deus”, disse Dom Odilo, em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, no dia 11. O Texto-base da CF 2017 recorda que dos mais de 200 milhões de brasileiros, 80% vivem em cidades: “O impacto dessa concentração populacional sobre o meio ambiente produz dilemas que põem em risco as riquezas naturais. O avanço das tecnologias em todos os campos tende a distanciar as pessoas dos problemas socioambientais que estão ao seu redor”. “Além do mais, pertencemos a uma mesma casa comum, compartilhando esse planeta com 7 bilhões de pessoas e bilhões e bilhões de seres vivos. Somos cidadãos globais. Esse fato implica que a tensão entre a economia e a ecologia se colocou no maior desafio para a humanidade”, acrescenta o texto. Dom Odilo também destacou que a CF 2017 foi preparada e fundamentada com a colaboração de cientistas e especialistas na área. “Além de proporcionar uma ampla reflexão no âmbito popular, ela também poderá desencadear novos estudos e reflexões de peritos nas diversas questões relacionadas com o cultivo e a preservação dos biomas, envolvendo antropólogos, educadores, sociólogos, economistas, políticos, gestores públicos e responsáveis pelo governo da ‘casa comum’, que nos abriga e sustenta.”

Papas e questões ambientais

O Texto-base também ressalta que o ponto culminante da contribuição eclesial para a questão ambiental é a encíclica Laudato Si’. Mas também destaca que essa não é a primeira vez que um pontífice se manifesta sobre o cuidado com a criação. Em 1971, o Beato Paulo VI, na Carta Apostólica Octogesima Adveniens, chama a atenção para a tomada de consciência sobre o impacto da atividade humana que,

Guardiões da criação

“por motivo da exploração inconsiderada da natureza, começa a correr o risco de destruí-la e de vir a ser, também ele, vítima dessa degradação”. Paulo VI também afirmou que o ser humano estava criando, “para o dia de amanhã, um ambiente global, que poderá tornar-se insuportável”.

Crise moral

São João Paulo II manifestou, por meio de suas mensagens e documentos, que a crise ambiental não é só científica e tecnológica, mas fundamentalmente moral. Na encíclica Sollicitudo Rei socialis, de 1987, São João Paulo II especificou as raízes bíblicas da questão ecológica, evidenciando que “a limitação imposta pelo próprio criador, desde o princípio, expressa simbolicamente com a proibição de ‘comer do fruto da árvore’, mostra com suficiente clareza que, em relação à natureza visível, nós estamos submetidos a leis não só biológicas, mas também morais, que não podem ser impunemente transgredidas”. Na encíclica Centesimus Annus, de 1991, o mesmo Pontífice considera que “o homem, tomado mais pelo desejo do ter e do prazer, do que pelo de ser e de crescer, consome de maneira excessiva e desordenada, os recursos da terra e da sua própria vida”. São João Paulo II acrescenta, ainda, que, em vez de realizar o seu papel de colaborador de Deus na obra da criação, “o homem substitui-se a Deus e, desse modo, acaba por provocar a revolta da natureza, mais tiranizada do que governada por ele”.

Ecologia humana

Em seu magistério, o Papa emérito Bento XVI retomou e consolidou a relação inseparável que existe entre “ecologia da natureza”, “ecologia humana”, e “ecologia social”. Na encíclica Caritas in Veritate, de 2009, ele afirma que a natureza, especialmente nos tempos atuais, está tão integrada nas dinâmicas sociais e culturais que quase já não constitui uma variável independente. Nessa ocasião, Bento XVI reiterou que a questão ecológica diz respeito à Igreja, que, segundo ele, “tem uma

De acordo com o Texto-base da CF 2017, o tema deste ano permite contextualizar as reflexões da Laudato Si’ localmente, de modo que suas propostas sejam assumidas em cada comunidade, relacionando a questão ecológica global com os desafios locais. A proposta do Papa Francisco para as questões ambientais é integral e entrelaça todas as dimensões do ser humano com a natureza. “Para ele, cada criatura tem sua mensagem, que precisa ser respeitada e entendida. Mas, todas elas são interligadas. Toda a Laudato Si’ é um hino de espanto maravilhado diante da natureza criada que nos fala de Deus, que é um dom de Deus, da qual nós seres humanos somos parte integrante, mas também seus zeladores e cultivadores. O Papa Francisco também nos coloca diante dos desafios colossais enfrentados pela humanidade, que está em uma verdadeira encruzilhada, em uma mudança de época”, salienta o Texto-base.

Proteger a vida humana

Na encíclica Laudato Si’, Francisco também chama atenção para o fato de que a proteção do meio ambiente exige que se valorize e proteja o próprio ser humano. Para o Santo Padre, tudo está interligado. “Uma vez que tudo está relacionado, também não é compatível a defesa da natureza com a justificação do aborto”, afirma o Papa, destacando que “não parece viável um percurso educativo para acolher os seres frágeis que nos rodeiam e que, às vezes, são molestos e inoportunos, quando não se dá proteção a um embrião humano ainda que a sua chegada seja causa de incômodos e dificuldades”. E, citando Bento XVI na Caritas in veritate, Francisco completa: “Se se perde a sensibilidade pessoal e social ao acolhimento duma nova vida, definham também outras formas de acolhimento úteis à vida social”. Fazendo referência a São João Paulo II na Centesimus Annus, o Papa acrescenta que se o ser humano se declara autônomo da realidade e se constitui dominador absoluto, desmorona-se a própria base da sua existência, porque “em vez de realizar o seu papel de colaborador de Deus na obra da criação, o homem substitui-se a Deus, e, desse modo, acaba por provocar a revolta da natureza”.


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20% da água doce na superfície da Terra está na Amazônia Fazer um passeio pelas águas e chegar ao ponto onde os rios Negro e Solimões se encontram, sem se misturarem. Ver os botos tucuxi ou rosa que por ali vivem e andar quilômetros contemplando a floresta nas margens do rio. Encontrar comunidades ribeirinhas flutuantes, comer um tambaqui assado na brasa ou visitar uma aldeia indígena. Tais experiências são únicas e possíveis, pois a Amazônia é imensa e ainda preserva muito das suas características naturais. Mas é sempre bom lembrar que a Amazônia é muito mais que isso. É, sobretudo, formada pelas pessoas que nela habitam, os amazônidas. Com 4.196.943 quilômetros quadrados de extensão – ocupa quase metade (49,29%) do território nacional –, a Amazônia é o maior bioma do Brasil e a maior reserva de biodiversidade do mundo. Presente nos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, grande parte de Rondônia (98,8%) e parcialmente no Mato Grosso (54%), Maranhão (34%) e Tocantins (9%), é caracterizada por um clima quente e úmido, abundância de chuvas e vasta área florestal. Do 10º andar de um prédio que está ao lado da praça principal de Manaus (AM) é possível ver o movimento das águas do rio que, na cheia, cobre totalmente a vista da floresta; depois, baixa seu nível, deixando visível as árvores da margem oposta. De todo o volume de água doce do mundo, 20% escoa da Bacia Amazônica, cuja superfície aproximada é de 6,5 milhões de quilômetros quadrados. A vegetação local é predominantemente composta por árvores altas. As duas espécies dominantes são a castanheira do pará e a ucuuba. Nas planícies que acompanham o rio Amazonas e seus afluentes, encontram-se as matas de várzeas e as matas de igapó, que estão permanentemente inundadas.

biomas brasileiros Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

O

s diferentes biomas brasileiros são uma riqueza incalculável e, talvez, pouco

Lavouras e pastagens ameaçam constantemente o Pantanal A imagem de jacarés gigantes nas margens dos rios é comum no imaginário brasileiro quando o assunto é o Pantanal. Peixes enormes e animais perigosos ajudam a compor a cena. Mas pouco se fala, ou ao menos se imagina, do quanto a cobertura vegetal original de áreas que circundam o Pantanal foi em grande parte substituída por lavouras e pastagens, num processo que já repercute na Planície do Pantanal. Com extensão aproximada de 150.355 quilômetros quadrados, o Pantanal cobre 25% de Mato Grosso do Sul e 7% de Mato Grosso, e seus limites coincidem com os da Planície do Pantanal, mais conhecida como Pantanal mato-grossense. É um bioma praticamente exclusivo do Brasil, pois apenas uma pequena faixa dele adentra o Paraguai e a Bolívia. É caracterizado por inundações de longa duração, que ocorrem anualmente na planície e, devido ao solo pouco permeável, acontecem muitas alterações no ambiente, na vida silvestre e no cotidiano das populações locais. A vegetação predominante é a savana, e há uma interligação com o Cerrado, assim como acontece entre outros biomas, no que se refere a espécies animais, como o jacaré, o lobo-guará e o tamanduá-bandeira.

O Pampa está presente somente no Rio Grande do Sul São quilômetros e quilômetros de um tapete verde que parece um horizonte sem fim. Presente somente no Estado do Rio Grande do Sul, e ocupando 63% do território gaúcho, os pampas têm extensão aproximada de 176.496 quilômetros quadrados. Os pampas sul-americanos se estendem pelo Uruguai e pela Argentina, sendo internacionalmente classificados como Estepe. Marcado por clima chuvoso sem período seco regular, e com frentes polares e temperaturas negativas no inverno, o Pampa é cenário também de uma cultura tipicamente gaúcha, em que o chimarrão substitui o café pela manhã e o churrasco tem lugar garantido na mesa. Isso tudo para espantar o frio, tipicamente presente nesse bioma. A vegetação predominante dos pampas é constituída de ervas e arbustos, recobrindo um relevo nivelado levemente ondulado. Formações florestais não são comuns e, quando ocorrem, são do tipo floresta ombrófila densa, ou seja, formada por árvores altas e floresta estacional decidual, que é composta por árvores que perdem as folhas no período de seca.

conhecida pelos habitantes dos grandes centros urbanos. No entanto, não é difícil conhecer um pouco mais de suas características. Passear por Brasília (DF) e maravilhar-se com os ipês coloridos ou fazer uma Haroldo Palo Jr./Instituto Homem Pantaneiro


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A Caatinga é exclusividade do Brasil

brasileiros e defesa da vida trilha nos núcleos da Serra da Cantareira, em São Paulo (SP), por exemplo, são atividades nas quais é possível contemplar árvores típicas do Cerrado ou um pedacinho da Mata Atlântica, sem percorrer longas distâncias. O fato é que cada um desses biomas e, portanto, sua preser-

vação, repercute diretamente na vida dos brasileiros: em seus movimentos migratórios e na qualidade de vida, trabalho e bem-estar. A Campanha da Fraternidade de 2017 insiste nisso, e garante que é preciso defender a vida, onde quer que ela se encontre. Com informações do IBGE e do Ministério do Meio Ambiente

Sol e calor são comuns na região Nordeste do Brasil. Na cidade de JacoBinna, no sertão baiano, a água já estava faltando em 2003 e, muito provavelmente, depois de 13 anos, este continua sendo um problema recorrente para as populações que habitam a Caatinga brasileira. Mas esta não deve ser a única lembrança quando se fala deste bioma que tem uma extensão de 844.453 quilômetros quadrados em solo nacional. A Caatinga, cujo nome é de origem indígena e significa “mata clara e aberta”, é exclusivamente brasileira e ocupa cerca de 11% do território nacional. É o principal bioma da região Nordeste, ocupando totalmente o Ceará e parte do Rio Grande do Norte (95%), da Paraíba (92%), de Pernambuco (83%), do Piauí (63%), da Bahia (54%), de Sergipe (49%), de Alagoas (48%) e do Maranhão (1%). A Caatinga também cobre 2% de Minas Gerais, na região conhecida como Vale do Jequitinhonha. Com uma grande riqueza de ambientes e espécies, que não é encontrada em nenhum outro bioma, são justamente a seca, a luminosidade e o calor que resultam numa vegetação de savana estépica, espinhosa e decidual. Há também áreas serranas, brejos e outros tipos de bolsões climáticos mais ameno. Esse bioma está sujeito a dois períodos secos anuais: um de longo período de estiagem, seguido de chuvas intermitentes, e um de seca curta, seguido de chuvas torrenciais (que podem faltar durante anos). Dos ecossistemas originais da Caatinga, 80% foram alterados, em especial por causa de desmatamentos e queimadas.

Haroldo Palo Jr./Fundação Grupo Boticário

Ainda é possível ouvir o canto da Seriema no Cerrado Na estrada entre uma cidade e outra do Noroeste de Minas Gerais, os carros param e seus passageiros se embrenham no meio do Cerrado. É dezembro, e ainda há pequizeiros carregados por ali. O fruto, verde por fora e amarelo por dentro, é originalmente brasileiro e pode ser preparado de diferentes modos. Por ali, no meio das árvores retorcidas, é possível escutar o canto de uma seriema que foge ao ouvir passos. Com as pernas compridas, ela é uma ave típica do Cerrado. Com extensão de 2.036.448 quilômetros quadrados, o Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil e de toda a América do Sul, cobrindo 22% do território brasileiro. Ele ocupa totalmente o Distrito Federal e boa parte de Goiás (97%), Tocantins (91%), Maranhão (65%), Mato Grosso do Sul (61%) e Minas Gerais (57%), além de cobrir áreas menores de outros seis estados. É no Cerrado que está a nascente das três maiores bacias da América do Sul – Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata –, o que resulta em elevado potencial aquífero e grande biodiversidade. Esse bioma abriga mais de 6,5 mil espécies de plantas já catalogadas. Nas fronteiras entre Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais, a paisagem predominante são as chapadas (serras com grandes extensões planas). Na região, predominam formações de savana e clima tropical quente subúmido, com uma estação seca e uma chuvosa, e temperatura média anual entre 22 °C e 27 °C. Além dos planaltos, com extensas chapadas, existem nessas regiões florestas de galeria, conhecidas como mata ciliar e mata ribeirinha, que se situam ao longo de cursos d’água, com folhagem persistente durante todo o ano. Em vales encharcados, formam-se as veredas, com uma vegetação característica, composta sobretudo por agrupamentos da palmeira buriti sobre uma camada de gramíneas.

Pedro Revillion/Palácio Piratini

Do Cristo Redentor se pode ver a Mata Atlântica No meio da cidade do Rio de Janeiro, um grande pedaço da Mata Atlântica suscita nos olhares mais curiosos uma composição peculiar e pouco provável para uma das cidades mais turísticas do mundo: a Floresta da Tijuca. A Mata Atlântica está presente em toda a faixa continental atlântica leste brasileira, além de avançar sobre o Planalto Meridional até o Rio Grande do Sul. Em particular, ela ocupa totalmente o Rio de Janeiro, Espírito Santo e Santa Catarina, 98% do Paraná e áreas de mais 11 unidades da Federação. Com extensão de 1.110.182 quilômetros quadrados, a Mata Atlântica é um complexo ambiental que engloba cadeias de montanhas, vales, planaltos e planícies. Seu principal tipo de vegetação é a floresta ombrófila densa, normalmente composta por árvores altas e relacionada a um clima quente e úmido. A Mata Atlântica já foi um dos mais ricos e variados conjuntos florestais pluviais da América do Sul, mas atualmente é reconhecida como o bioma brasileiro mais descaracterizado. Isso porque os primeiros episódios de colonização no Brasil e os ciclos de desenvolvimento do país levaram o homem a ocupar e destruir parte desse espaço.


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Campanha da

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| 22 de fevereiro a 2 de março de 2017 | www.arquisp.org.br Gustavo Gatti/Fundação Grupo Boticário

Meio ambiente nas CFs Não é primeira vez que uma campanha da fraternidade aborda temáticas socioambientais. Foram seis edições relacionadas a esse tema. Confira:

1979 Por um mundo mais humano

Com o lema “Preserve o que é de todos”, a CF chamava a atenção da sociedade para a preocupação com as questões ambientais e o comportamento humano diante da natureza.

1986 Terra de Deus,

terra de irmãos

Nessa ocasião, a CF afirmava que a terra, dom de Deus a todos os seus filhos, estava mal distribuída. Nas regiões indígenas, na zona rural e nas cidades, é causa de terríveis sofrimentos, miséria, migração, fome, violência e mortes.

2004 Fraternidade e água

Teve como objetivo conscientizar a sociedade de que a água é fonte da vida, necessidade de todos os seres vivos e um direito da pessoa humana. Nesse sentido, a campanha fazia um convite para a mobilização da sociedade para que o direito à água com qualidade fosse efetivado para as gerações presentes e futuras.

2007 Fraternidade e Amazônia

A Igreja no Brasil voltou seu olhar para a Amazônia, com o lema “Vida e missão neste chão”. A CF teve o objetivo de tornar mais conhecida a realidade dos povos amazônicos, sua cultura, seus valores, bem como as agressões por eles sofridas por causa do modelo econômico e cultural. A campanha lançou um chamado à conversão, à solidariedade, a um novo estilo de vida e a um projeto de desenvolvimento à luz dos valores evangélicos.

2011 Fraternidade e a vida no planeta

O aquecimento global inspirou esta CF, que buscou a conscientização das comunidades cristãs e da sociedade em geral para a gravidade das mudanças climáticas, motivando à participação em ações que visassem a enfrentar o problema e a preservar as condições de vida do planeta.

2016 Casa Comum, nossa responsabilidade

Com o lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”, essa CF despertou as atenções para a questão do saneamento básico, que ainda não chegou a todas as pessoas. A Campanha motivou o empenho, à luz da fé, por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantissem esse direito a todos. Fonte: Texto-base CF 2017

Cachoeira é uma das marcas do Cerrado, o segundo maior bioma do território brasileiro e também de toda a América do Sul

Dinâmica demográfica e a urbanização nos biomas brasileiros Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

N

este país, o foco das atenções na relação entre população e meio ambiente passa necessariamente pela questão urbana, pois 84% da população brasileira reside em localidades urbanas, sendo mais de 40% em cidades com mais de 1 milhão de habitantes.” O texto acima é parte do artigo “Resgates sobre população e ambiente: breve análise da dinâmica demográfica e a urbanização nos biomas brasileiros”, publicado no site da Universidade de Campinas, de autoria dos demógrafos Ricardo Ojima e George Martine. Os autores defendem que, para qualquer abordagem sobre biomas brasileiros, há uma dificuldade metodológica, pois os dados secundários disponíveis para uma análise demográfica desse tipo encontram-se organizados de acordo com os limites político-administrativos, com os quais as unidades ambientais nem sempre coincidem. Esse desencontro entre unidades ambientais e demografia dificulta aná-

lises sobre como a degradação de cada um dos biomas provoca migrações forçadas e aumenta, por exemplo, a quantidade de pessoas nos centros urbanos. Desemprego e falta de moradia são situações comuns nesses casos e incidem diretamente sobre a dignidade da vida humana. No artigo, Ojima e Martine explicam que parte significativa da literatura sobre as mudanças ambientais globais tem destacado a importância de se entender as vulnerabilidades da população frente aos impactos ambientais que devem se agravar, especialmente nas cidades. “Dada a forte concentração populacional nas cidades, as políticas ambientais urbanas brasileiras devem assumir um destaque especial no que se refere aos desafios de adaptação e mitigação das mudanças climáticas. Entretanto, em um país de grande extensão territorial e processos de desenvolvimento econômico desiguais, a dimensão populacional urbana se configura de maneira muito heterogênea e a identificação dos grupos populacionais mais vulneráveis precisa incorporar tais diferenças.” Para eles, os biomas mais sensíveis são justamente aqueles que menos dispõem das

políticas abrangentes, dos recursos e dos mecanismos básicos para a sua sustentabilidade. Em entrevista ao O SÃO PAULO, Luiz André Dias Tavares, professor de Geografia no Estado de Goiás, afirmou que, no Cerrado, um divisor de águas foi a urbanização da Região Centro-Oeste na década de 1960. “A transferência da capital do país do Rio de Janeiro para o Planalto Central desencadeou um aumento acelerado do desmatamento. Com o passar do tempo, devido a leis ambientais pouco rigorosas, o bioma foi sendo extinto”, afirmou. Ele disse que hoje são pouquíssimas as regiões em que o Cerrado está totalmente preservado, geralmente áreas de preservação permanente, como o Parque Nacional das Emas ou o Parque Estadual Serra Dourada. “A força dos empreendimentos do agronegócio também influenciou muito para a degradação do Cerrado, e igualmente em prejuízo dos pequenos agricultores”, comentou Luiz André, que explica para seus alunos como é importante lutar por leis mais claras e rigorosas no que se refere à preservação ambiental. Cláudio Fachel/P alácio Piratini


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Irmã Irene Lopes

‘Sentimos a necessidade de uma maior presença da Igreja junto às comunidades da imensa Amazônia’ Paulo Maia/Repam-Brasil

Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

Irmã Irene Lopes é religiosa consagrada da Congregação das Irmãs Carmelitas Missionárias de Santa Teresa do Menino Jesus. Ela nasceu na cidade de Paracatu (MG), ingressou na Congregação no ano de 1984 e, em 2013, comemorou 25 anos como consagrada. Desde 2009, Irmã Irene é assessora da Comissão Episcopal para a Amazônia e Rede Eclesial Pan -Amazônica (Repam). “A experiência na comissão é sempre de aprendizado. É gratificante, pois tenho a graça de conhecer, de sentir a dor e, ao mesmo tempo, a esperança dos povos indígenas, quilombolas, das populações ribeirinhas, e dos excluídos e empobrecidos de nossa querida Amazônia”, disse ela sobre sua experiência. Em entrevista ao O SÃO PAULO, Irmã Irene falou sobre os projetos na Amazônia que tem acompanhado, como a Missão Jovem e as visitas às comunidades indígenas.

O São Paulo – Como foi o II Encontro da Igreja na Amazônia Legal, em novembro de 2016? Irmã Irene Lopes – A Igreja na Amazônia Legal tem buscado ser discípulamissionária, mas sempre numa atitude profética diante das realidades que ferem as populações e a biodiversidade da Região. E nesse II Encontro da Igreja na Amazônia Legal, em novembro de 2016, não foi diferente: à luz do Evangelho de Jesus e do legado de tantos homens e mulheres que entregaram a vida na vasta terra amazônica, os bispos, padres, religiosos e lideranças pastorais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dos Regionais - Norte 1 (Norte do Amazonas e Roraima), Norte 2 (Pará e Amapá), Norte 3 (Tocantins), Nordeste 5 (Maranhão), Oeste 2 (Mato Grosso) e Noroeste (Acre, sul do Amazonas e Rondônia) –, encontraram-se para viver momentos de diálogo e atualizar o compromisso com os indígenas, ribeirinhos, afrodescendentes, moradores das cidades, mulheres, jovens, crianças e todas as pessoas empobrecidas e excluídas da região amazônica. Como acontece a Missão Jovem na Amazônia? A Missão Jovem na Amazônia é uma parceria entre a Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, a Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária de Cooperação Intereclesial, a Missão Continental e a Comissão Episcopal para a Amazônia, que tem como objetivo favorecer experiências missionárias na Amazônia. Essa inspiração foi reforçada na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em 2013, com o apelo do Papa

Francisco: “Ide, sem medo, para servir”. O Papa também exortou, na mesma ocasião, sobre a necessidade de um maior incentivo à participação da juventude na evangelização na Amazônia. Portanto, essa missão foi abraçada pelas comissões responsáveis no I Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal, em outubro de 2013, em Manaus (AM). As dioceses selecionadas para a primeira experiência foram Roraima, Coari, Borba e Parintins. A primeira semente foi lançada, e a proposta é que a missão da juventude na Amazônia ocorra nas 18 dioceses que se manifestaram abertas à acolhida dos missionários jovens de todo o país. E sobre a participação na Repam? A Repam foi fundada conjuntamente pela CNBB), pela Conferência Episcopal da América Latina, pelo Departamento Justiça e Paz, pela Confederação Latino-Americana de Religiosos e Cáritas América Latina e Caribe, e pela Rede Eclesial Pan-Amazônica, em setembro de 2014, em Brasília (DF). O nascimento se dá a partir de uma provocação da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, em Aparecida (SP). Desde então, iniciou-se um diálogo que, amadurecido, levou à criação da Repam, que abraça a realidade da Pan-Amazônia e envolve os nove países que têm a floresta amazônica em seu território: Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname. A Repam-Brasil engloba a Amazônia Legal. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área corresponde a 61% do território brasileiro e conglomera a totalidade da área de nove estados: Acre, Amapá, Ama-

zonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Estado do Maranhão, perfazendo pouco mais de 5 milhões de quilômetros quadrados – o território nacional tem cerca de 8 milhões e 500 quilômetros quadrados. Ademais, na Amazônia Legal, reside 56% da população indígena brasileira. Após dois anos de atuação, a RepamBrasil já envolve os seis regionais da CNBB da Amazônia Legal. Além do intercâmbio com organismos da Igreja Católica, a Repam visa parcerias em todas as regiões brasileiras, com representantes de organizações da sociedade civil, governo, setor privado, organismos multilaterais, academia e outras redes que atuam, direta ou indiretamente, na promoção e na garantia de direitos da vida humana e da biodiversidade da região. A Comissão visitou os Xerentes em Tocantins e outras comunidades indígenas? Como são estes encontros? Sim, a Comissão Episcopal para a Amazônia visitou o povo Xerente quando a Arquidiocese de Palmas (TO) realizou a V Caravana Missionária, em dezembro de 2015. Nessa experiência, convivemos por uma semana com o povo Xerente no município de Tocantínia (TO) na própria aldeia, vivendo com eles o dia a dia. Também na Semana Santa e Páscoa de 2015, houve a I Missão da Vida Religiosa Consagrada Jovem na Amazônia, na qual convivemos, agora no município de Jacareacanga (PA), com o povo Munduruku, que, em particular, vive o grande drama da possível construção do complexo de hidrelétricas no Rio Tapajós; São Luiz do Tapajós, a maior das barragens planejadas, cujo licenciamento foi arquivado em

agosto de 2016. Se efetivado, alagaria parte da Terra Indígena Sawré Muybu, onde estão localizadas quatro aldeias, e afetaria toda a dinâmica de vida dos povos da floresta que vivem às margens do rio Tapajós e dele tiram parte de seu sustento. Na sua opinião, quais as mais urgentes necessidades da Igreja na Amazônia e quais os principais desafios? Gostaria de partir das considerações do II Encontro da Igreja na Amazônia Legal, em que refletimos o difícil momento da história do Brasil e da humanidade que estamos atravessando. Dentre esses desafios, ressaltamos a crise econômica, os flagelos da guerra, da corrupção e da violência e o fenômeno das migrações forçadas, que são consequências de uma crise bem mais profunda, caracterizada pela perda de valores referenciais. Entendemos esses valores referenciais, tais como: a vida e dignidade humanas, o direito à existência das diferentes espécies vegetais e animais que sofrem a incontrolável destruição do maravilhoso jardim da criação, ainda visível em muitos recantos da verde Amazônia. Os projetos predatórios, que na região se alastram pelos rios e pelas matas, não levam em conta os direitos dos povos indígenas e das comunidades tradicionais que, desde sempre, convivem em harmonia e respeito com o ambiente, na casa comum, dádiva milenar. Os mitos do progresso sem limites e do lucro a qualquer custo continuam prometendo o sonho do paraíso aqui na terra, ao alcance de todos. Na realidade, assistimos à exclusão social, à discriminação dos povos indígenas e das comunidades tradicionais, ao inchaço das periferias pobres das nossas cidades. Sentimos a necessidade de uma maior presença da Igreja junto às comunidades espalhadas na imensa Amazônia. Preocupamo-nos, em muitas delas, a ausência da celebração eucarística, memorial da vida doada de Cristo e da sua vitória sobre o mal e a morte. A realidade urbana desafia também a cada paróquia a se tornar verdadeira comunidade de comunidades. Precisamos renovar os ministérios ordenados, promover e valorizar os ministérios laicais, confiando na variedade dos carismas e na força da unidade e da comunhão. Daí a importância do ministério da Palavra para a missão evangelizadora, para a iniciação à vida cristã e para a formação permanente. Se faz urgente a promoção do ministério da coordenação ou do pastoreio para dar ânimo e energia aos animadores de comunidades, de grupos e de pastorais. E, como fruto do Ano da Misericórdia, percebemos a necessidade de promover o ministério do perdão, da reconciliação e da paz.

As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.


16 | Fé e Cultura |

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Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

Dica de Leitura

Sabedoria e Inocência Vida de G. K. Chesterton Esta biografia de Joseph Pearce, além de extremamente bem escrita, é uma pesquisa séria e largamente documentada a respeito não só das obras de G. K. Chesterton – um dos mais prolíficos e aclamados escritores do século passado –, como também de sua vida privada. O livro contempla os anseios tanto dos que gostariam de compreender mais profundamente os escritos de Chesterton, quanto dos que desejam conhecer melhor o homem por trás deles. Pearce foca primeiramente na conversão de Chesterton ao catolicismo, em 1922, mas também explora os outros aspectos da vida do escritor: sua infância feliz e vida familiar, seu casamento bemsucedido e sua amizade com grandes escritores, como Hilaire Belloc e George Bernard Shaw, dentre outros. Ficha técnica: Autor: Joseph Pearce Páginas: 656 Editora: Ecclesiae

Filmes

‘Cartas para Deus’ Divulgação

Divulgação

“Cartas para Deus” (2010) é uma história cativante e inspiradora de um menino com câncer. Tyler é um garoto forte, com um espírito de aço. Ele deseja fazer o que Jesus faria, apesar de seus tumores no cérebro e dos efeitos colaterais da quimioterapia. Sua família já tinha perdido o pai, morto alguns anos antes. Seu irmão mais velho, em plena adolescência, não consegue aceitar a situação e luta com sentimentos contraditórios. Sua avó vem morar com a família para ajudar. Durante toda essa luta, Tyler escreve cartas para Deus. Um carteiro que afoga suas mágoas no álcool, uma mãe que não sabe mais como enfrentar a doença de seu filho, seus colegas de escola e toda a comunidade são profundamente afetados pelas cartas e pelo exemplo de vida deixados por Tyler. O filme foi baseado em fatos reais. Vale a pena assisti-lo.


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| Esporte | 17 Fotos: Divulgação/Apitador

o aplicativo amigo dos boleiros Vitor Alves Loscalzo Especial para O SÃO PAULO

“Dentro do campo, não há obstáculos de nenhum tipo; social, idade, religião... todo mundo é igual dentro das quatro linhas. O que nos deixa mais felizes no ‘Apitador’ é ver essa conexão entre as pessoas que jogam bola. Conseguir fazer com que as pessoas se encontrem, joguem bola juntas – uma coisa saudável – e, além de tudo isso, que fiquem amigas por meio do ‘Apitador’, é muito positivo e é o que nos faz felizes.” O relato é de Rodolphe Timsit, 26, fundador do aplicativo para celulares “Apitador”, que marcou um gol de placa ao começar sua missão em terras tupiniquins. Pois, apesar de o Brasil ser o país de craques, como Garrincha, Carlos Alberto, Zico, Rivelino, Ronaldo e, claro, o Rei Pelé, o futebol no Brasil não é um privilégio reservado aos gigantes. A paixão por bater uma bola está no DNA de profissionais e de amadores, de homens e mulheres, ricos e pobres, negros e brancos, dos que creem e dos que não creem... revelando que, dentro das quatro linhas, não há divisões. Assim, o futebol reúne uma diversidade de praticantes nas tradicionais “peladas”, e é exatamente nesse campo que o “Apitador” vem jogando.

E ai, vai ter jogo?

Fundado pelo economista Rodolphe Timsit, o “Apitador” tem o objetivo de “ajudar boleiros no Brasil e no mundo a jogar bola de um jeito mais fácil; organizar as ‘peladas’ de maneira mais acessível e prática”, afirma Rodolphe, que é natural de Paris, na França. O jovem economista, que antes vivia em Londres, na Inglaterra, e trabalhava em um banco de investimentos, deparava-se com uma dificuldade que parece ser inerente aos boleiros amadores: conseguir marcar um jogo com, no mínimo, dois times. Problema este que é ainda maior nas cidades grandes, em que, não raro, as distâncias, os custos, o trabalho, os estudos, os horários – vamos poupar as namoradas –, enfim, a agenda de cada jogador, joga ferozmente no time adversário. E, com isso, é a “pelada” mensal, ou semanal, para os mais adictos, que sai com a derrota. “Olhe, finalmente surgiu uma boa ideia para facilitar o futebol da turma”, desabafa Júlio Galvão, 24, boleiro de plantão. “Muitas vezes, marcamos uma

‘pelada’ com os amigos na esperança de bater uma bola no final do dia, mas os desfalques são cada vez mais comuns, sobretudo nas cidades grandes. Comecei a usar o aplicativo pouco depois do lançamento e passei a jogar muito mais futebol, além de fazer amigos e jogar com turmas diferentes, o que não aconteceria sem o ‘Apitador”’, contou ao O SÃO PAULO. Júlio Galvão falou, ainda, sobre a praticidade do aplicativo. “A verdade é que é muito prático: você visualiza os jogos que estão rolando e escolhe aquele em que, havendo vagas, quer jogar... ‘De tabela’, você faz novos amigos e, ao jogar com pessoas diferentes, eleva seu nível de futebol”. Juliana Ferreira, 23, destaca como o aplicativo ajuda que ela e suas amigas organizem suas partidas: “Apesar de o futebol feminino estar crescendo, não é fácil encontrar companheiras para jogar frequentemente. Foi no ‘Apitador’ que pude ver mais garotas interessadas em futebol e, hoje, temos um grupo mensal”.

Funcionamento

A exemplo de outros aplicativos que facilitam a vida do cliente, a ferramenta permite agendar partidas, convidar conhecidos e desconhecidos (por meio de contatos do WhatsApp e do Facebook) e participar de “peladas” de outros usuários. Ao fim do “racha”, ainda é possível que cada atleta avalie seus companheiros de equipe, elegendo o melhor em campo. Uma vez cadastrado, o jogador ganha um perfil virtual, com pontuação variável de acordo com o próprio desempenho. “Também queremos ajudar às quadras de futebol, pois muitas não têm visibilidade e não estão otimizando a gestão das instalações. Então, criamos uma ferramenta de gestão e uma solução de divulgação das quadras, dentro do aplicativo”, comenta Rodolphe. Com apenas sete meses, o “Apitador” já conta com 40 mil usuários e está presente em quase todos os estados do Brasil. Para o futuro, os planos são crescer e otimizar a ferramenta, entrar em ligas e campeonatos, além de disponibilizar o aplicativo para outros esportes. A empresa também está formando seu time oficial, de forma que irá divulgar nas redes os jogos de avaliação àqueles interessados em vestir a camisa “Apitador”.


18 | Regiões Episcopais |

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Ipiranga Nossa Senhora é peregrina e missionária

Lígia Cássia e João Paulo Ribeiro Colaboração especial para a Região

A peregrinação regional da imagem de Nossa Senhora Aparecida foi concluída no domingo, 19, com missa presidida por Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Setor Pastoral Vila Mariana. Dom José Roberto, na homilia, lembrou os fiéis da importância da celebração do Ano Mariano Nacional, em comemoração pelo tricentenário do achado da imagem de Nossa Senhora Aparecida, exortando-lhes a irem à missa, rezar o Terço e fazer peregrinações. O Bispo também comentou que Nossa Senhora é peregrina e missionária e chega a todos os seus fiéis, que a acolhem com muito respeito. Na celebração, o Bispo deu posse ao Padre Ederaldo Macedo de Oliveira, como pároco – ele já estava na Paróquia como administrador paroquial. Padre Ederaldo foi um dos concelebrantes da missa, junto a outros padres salvatorianos, entre os quais o provincial, Padre Álvaro Macagnan. Dom José Roberto lembrou que o

Teresa Geribello

Dom José Roberto com a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida em paróquia dedicada à Padroeira do Brasil no bairro de Moema

pároco deve ser um “mistagogo”, ou seja, um pedagogo do mistério Pascal. Falou ainda sobre a importância do dever dos padres de conduzir o povo até Deus. Ao término da celebração, Padre Ederaldo, dirigindo-se à assembleia, disse que a missa de posse como pároco foi apenas uma confirmação da confiança

Arquivo pessoal

No sábado, 18, Dom José Roberto Fortes Palau conferiu o sacramento da Crisma a 15 adolescentes e dois adultos, em missa na Paróquia Nossa Senhora da Esperança, no Setor Pastoral Vila Mariana, concelebrada pelos padres Dagoberto Boim, pároco, e Edson Tonetti, vigário paroquial.

que é depositada nele pelo Bispo e pelo povo, já que as funções conferidas a ele continuam praticamente as mesmas. O Sacerdote disse que espera contar com a ajuda da comunidade.

Paróquia Imaculada Conceição institui Apostolado da Oração e Pastoral Familiar Com missa presidida por Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, foi instituído no domingo, 19, o Apostolado da Oração (AO) e formada a Pastoral Familiar na Paróquia Imaculada Conceição, no Setor Pastoral Ipiranga. Concelebraram os padres Boris Nef Ulloa, pároco, e Pedro Luiz Amorim, coordenador de pastoral da Região e também coordenador regional do Apostolado. Também participaram da missa diversos paroquianos, membros do Apostolado da Oração de outras paróquias, bem como a senhora Thereza Tim, coordenadora regional do AO. Dom José Roberto, na homilia, ressaltou a importância do Apostolado na Igreja, como sendo a “caridade

Brasilândia

Imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida permanecerá em capela na periferia A imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida foi acolhida com alegria, entusiasmo e devoção pelos fiéis da Paróquia São José, no Jardim Damasceno, no sábado, 18, na periferia da zona Noroeste de São Paulo. A imagem chegou às 8h30 na igreja-matriz, trazida pelas mãos do Padre José Fernando Bonini, reitor do Santuário de Schoenstatt, e pela equipe da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, do Setor Pastoral Jaraguá. Em seguida, pelas ruas estreitas do Jardim Damasceno, a imagem foi conduzida em procissão até

A missa foi encerrada com a bênção solene dada pelo Bispo com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, que em seguida foi transportada para a capela da cúria da Região Ipiranga, onde permanecerá.

a Comunidade Nossa Senhora Aparecida, que fica no ponto mais alto do bairro. Uma missa campal, presidida por Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, marcou o encerramento da peregrinação da imagem da Padroeira do Brasil pela Região. A imagem foi conduzida ao interior do templo, onde permanecerá, como sinal dos 300 anos de evangelização e veneração do povo. Após a missa, houve a partilha de um coquetel e de um bolo para comemorar os dois anos de ordenação episcopal de Dom Devair, celebrados no dia 1º.

orante” que alimenta e sustenta a missão. Lembrou Santa Edith Stein, que dizia sobre “estar diante de Deus por todos aqueles que não creem, e que não rezam”. Sobre a Pastoral Familiar, o Bispo mostrou seu contentamento com o início dos trabalhos deste grupo, principalmente no acompanhamento às famílias, aos recém-casados e aos jovens que se preparam para formar uma família. Exortou, também, a comunidade a continuar sendo uma “Igreja viva”, atuante, que não cessa de crescer. Na mesma celebração, foram apresentados dois jovens seminaristas salesianos que durante 2017 colaborarão com os trabalhos de evangelização na paróquia: José Jr. e Cesário Jr.

Juçara Terezinha Zottis

Colaboração especial para a Região Padre Jaime Izidoro

Dom Devair fixa imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida


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Benigno Naveira

Colaborador de Comunicação da Região

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Lapa

Cardeal dedica igreja e consagra altar da Paróquia Nossa Senhora da Assunção O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, fez a dedicação da igreja-matriz e a consagração do altar da Paróquia Nossa Senhora da Assunção, no Setor Pastoral Pirituba, no sábado, 18, durante missa por ele presidida. Dom Odilo falou sobre a beleza da celebração e quão significativos são os ritos, que se iniciam com a aspersão da água sobre o altar, as paredes do templo e o povo. Na sequência, deposita-se o lecionário sobre o ambão. Na homilia, o Arcebispo ressaltou que a dedicação da igreja é um gesto de fé, e que marca para sempre a história de uma paróquia. Dom Odilo lembrou que Deus aceita que lhe dedique uma nova morada, ao mesmo tempo que Ele é maior do que todos os templos. Após a profissão de fé e a ladainha de todos os santos, foram depositadas sob o altar as relíquias de São João Gualberto, Santa Humildade, São Pio X, Santa Prassede e dos mártires amigonianos. Dom Odilo fez a oração da consagração

Benigno Naveira

Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, unge altar da Paróquia Nossa Senhora da Assunção, no sábado, dia 18

e ungiu com óleo do Crisma o altar, lembrando o Cristo, que é o ungido do Pai. Depois, ungiu as paredes da igreja. Sobre o altar queimou-se o incenso como gesto de culto a Deus. O Arcebispo, então, incensou o altar, a igreja e o povo. O rito teve sequência com o revestimento do

altar e o acendimento das velas. No final da celebração, o Padre Dom Marcelo Koren, pároco, que foi um dos concelebrantes – assim como o Padre Dom Giuseppe Casetta, abade-geral da Congregação Beneditina Vallombrosa; Padre Dom Robson Medeiros Alves,

vigário paroquial; e o Padre Pedro Savelli –, agradeceu a presença do Cardeal Scherer e fez menção a todos que ajudaram na construção da Paróquia. Antes da bênção final, Dom Odilo pediu que em todos os anos seja celebrada solenemente a data de dedicação do templo.

Dom Julio despede-se da Arquidiocese de São Paulo Benigno Naveira

Dom Julio preside missa em ação de graças pelos anos de trabalho na Arquidiocese, dia 18

Na tarde de sábado, 18, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa, Dom Julio Endi Akamine, nomeado arcebispo de Sorocaba (SP), despediu-se da Arquidiocese

de São Paulo, de forma especial dos clérigos, religiosos e leigos da Região Episcopal Lapa, onde esteve como vigário episcopal desde 2011.

A missa presidida por Dom Julio foi concelebrada pelo Cardeal Scherer, arcebispo de São Paulo, e por dezenas de padres, entre os quais Dom Giuseppe Casetta, abade-geral da Congregação Beneditina Vallombrosa, Jorge Pierozan, vigário-geral da Região, e Adalton Pereira de Castro, pároco. Dom Odilo, antes do início da celebração, cumprimentou a todos e agradeceu ao Bispo por sua dedicação à Arquidiocese de São Paulo nos últimos cinco anos e meio. Na sequência, Dom Julio também se disse grato pelos anos como bispo auxiliar na Arquidiocese de São Paulo. “Tenho que confessar que superou as minhas melhores expectativas, no sentido de ter também aprendido muito com vocês nesta Arquidiocese. Se pude ensinar algo, é porque o mesmo alimento que eu ofereço,

é o alimento do qual eu devo me nutrir.” Dom Julio, na homilia, refletiu que os mandamentos de Deus são leis escritas no coração das pessoas e é pela ação dele que se consegue perdoar. Antes do fim da celebração, o Padre Adalton, em nome da Região Episcopal Lapa, agradeceu a Dom Julio por sua dedicação e atenção a todos os setores, padres e à comunidade, e desejou-lhe boa sorte em sua nova missão: “Que Deus ilumine sempre o seu caminho na evangelização”. Dom Julio tomará posse como arcebispo de Sorocaba no sábado, 25, às 10h, na Catedral Metropolitana de Sorocaba. Na missa do último sábado, Dom Odilo anunciou a nomeação do Padre Jorge Pierozan, mais conhecido como PadreRocha, como vigário episcopal da Região Lapa.

Benigno Naveira

Benigno Naveira

No domingo, 19, o Padre Pedro Savelli festejou 25 anos de ordenação sacerdotal, em missa concelebrada por Dom Eduardo Vieira, bispo auxiliar da Arquidiocese, e por Dom Giuseppe Casetta, abade-geral da Congregação Beneditina Vallombrosa.

No dia 12, na Paróquia São Mateus, no Setor Pastoral Rio Pequeno, aconteceu a formatura do Curso de Teologia para Agente de Pastoral. Na imagem, os nove formandos estão junto com os professores e o Padre José Oliveira dos Santos, pároco.


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Santana Carta pastoral de Dom Odilo pelo Ano Mariano é tema de retiro

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

A Região Episcopal Santana promoveu no sábado, 18, na cúria regional, o retiro dos membros do Conselho Regional de Pastoral (CRP), que congrega as coordenações de pastorais, associações e movimentos existentes na Região. O encontro foi assessorado pelo Padre Andrés Marengo, coordenador regional de pastoral, e teve como tema a carta pastoral de Dom Odilo Pedro Scherer à Arquidiocese de São Paulo, por ocasião do Ano Mariano Nacional, com o título “Viva a Mãe de Deus e Nossa”. O objetivo foi motivar e orientar os participantes para a vivência e as práticas deste Ano Mariano. Padre Andrés discorreu sobre o conteúdo da carta, que conta com dez sessões que refletem sobre as glórias de Nossa Senhora, sendo as sessões de 8 a 10 de orientações sobre como o Ano Mariano será vivido na Arquidiocese. Também há explicações a respeito das indulgências especiais. No final do encontro, Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu missa e salientou que sua orientação

Diácono Francisco Gonçalves

Dom Sergio preside missa no encerramento do retiro em que coordenadores de pastorais, movimentos e associações estudam carta pastoral

para as pastorais no corrente ano consta de três elementos. O primeiro versa sobre intensificação da mística católica. Para Dom Sergio, a oração deve ocupar parte importante da vida pastoral. O segundo elemento é fortalecer a identidade cristã. Já o terceiro é uma forte comunhão com a Igreja. O Bispo conclamou que todos abracem os projetos da Igreja, em especial da Arquidiocese e da Região Episcopal.

Maria Menossi

Divulgação

O Cardeal Scherer, arcebispo de São Paulo, presidiu missa na Paróquia São José Esposo da Virgem Maria, no Setor Pastoral Medeiros, na noite do domingo, 19, durante visita paroquial, sendo acolhido pelo pároco, Padre Alexandre Alves Moreira, MSJ, e fiéis. Douglas Lima

Padre Everaldo Sanches Ribeiro promoveu, no sábado, 18, um encontro de formação sobre a Campanha da Fraternidade de 2017, na Paróquia São João Evangelista, no Setor Pastoral Casa Verde, onde é pároco. A atividade foi assessorada por Moises Theodoro, a partir do Texto-base da CF 2017 e das encíclicas Laudato Si’ e Evangelii Gaudium. O Diácono José Luiz Silvério acolheu os participantes. Diácono Francisco Gonçalves

Dom Sergio de Deus Borges ministrou o sacramento da Crisma para 19 jovens na Paróquia Santa Rosa de Lima, no Setor Tremembé, no domingo, 19, em missa concelebrada pelo Padre Roberto Lacerda, pároco. Na homilia, o Bispo expressou que, quando cada crismando é ungido, se repete o que ocorreu com os apóstolos reunidos em Pentecostes, ao receberem o Espírito Santo: “Hoje é o seu dia de Pentecostes”.


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Lucas Santos

Colaboração especial para a Região

Com a Mãe Aparecida, peregrina, à Catedral da Sé A imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida visitou, entre maio de 2016 e fevereiro deste ano, as paróquias, hospitais e diversos organismos presentes na Região Episcopal Sé, por ocasião dos 300 anos de seu achado no rio Paraíba do Sul, em 1717. Cada paróquia a recebeu com muito carinho e devoção, fazendo com que a imagem fosse levada nos seus diversos trabalhos. Muitos foram os relatos de graças e bênçãos, pela intercessão da Mãe de Deus e nossa. Para concluir a visita da imagem peregrina e também comemorar o Ano Mariano Nacional, a Região Episcopal Sé organizou uma celebração no sábado, 18. A concentração inicial ocorreu na Igreja São José de Anchieta, no Pateo do Collegio, e foi conduzida pelo Padre José Roberto Pereira, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Consolação, com cantos, devoções e orações. Em seguida, o povo peregrino saiu em procissão em direção à Catedral da Sé. Com cantos devocionais, a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi levada

Centro Pastoral da Região Episcopal Sé

Pelas ruas do centro de São Paulo, devotos de Nossa Senhora Aparecida com a imagem peregrina a caminho da Catedral da Sé, no sábado, 18

nas mãos dos fiéis, concretizando o sentido da peregrinação feita durante um ano na Região. Na Catedral da Sé, o Terço mariano foi rezado por alguns padres e leigos, representando os setores pastorais na Região Sé e também as dimensões pastorais.

Por fim, houve missa, presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé. Na homilia, o Bispo explicou que a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida ficará na Catedral da Sé e disponível para a peregrinação, manifestando, assim, a Igreja em estado

permanente de missão. Durante o ofertório, dez crianças da Catequese da Paróquia Imaculada Conceição, do Setor Pastoral Cerqueira César, ofereceram flores, que foram colocadas aos pés de Nossa Senhora como agradecimento pelas graças recebidas neste período da peregrinação.

Padre Aparecido Silva comemora 25 anos de sacerdócio Arnaldo Alves Pinto Junior

Ladeado por Dom Eduardo e sacerdotes, Padre Aparecido preside missa de seu jubileu de prata

No domingo, 19, o Padre Aparecido Silva, vigário adjunto da Região Episcopal Sé e pároco da Paróquia Santíssimo Sacramento, no Setor Pastoral Paraíso,

presidiu missa em ação de graças pelos seus 25 anos de ordenação sacerdotal, completados no dia 15. A celebração eucarística na Paróquia

Clero atuante na Região realiza 1ª reunião do ano O clero atuante na Região Episcopal Sé se reuniu no dia 15, na Paróquia Santíssimo Sacramento, no Setor Pastoral Paraíso, para tratar do tema “12º Plano Arquidiocesano de Pastoral”. O encontro foi assessorado pelo Padre Tarcísio Mesquita, coordenador arquidiocesano de pastoral. Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, pediu que alguns padres falassem brevemente sobre outros temas e

deu alguns comunicados para o clero. Na ocasião, também foram lembrados os 25 anos da ordenação sacerdotal do Padre Aparecido Silva, vigário adjunto da Região Episcopal Sé (leia mais acima), que foi cumprimentado pelos participantes da Região. O encontro foi finalizado com um almoço organizado pela Paróquia Santíssimo Sacramento, do qual também participou o Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano.

Santíssimo Sacramento foi concelebrada por Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, e por outros padres. Fiéis das paróquias onde o jubilando trabalhou, amigos e familiares também participaram da missa. Padre Aparecido Silva nasceu em 6 de fevereiro de 1960, em Patos de Minas (MG). Estudou Filosofia na Faculdades Associadas Ipiranga, Teologia, na Faculdade Nossa Senhora da Assunção, e Psicologia, na Universidade São Marcos, todas na cidade de São Paulo. Foi ordenado diácono em 1991 e, em 15 de fevereiro de 1992, presbítero pelo Cardeal Paulo Evaristo Arns, à época arcebispo metropolitano. Na Arquidiocese de São Paulo, Padre Aparecido Silva já foi auxiliar do cura da

Catedral da Sé, em 1992; vigário paroquial na Paróquia Santa Cecília, em 1993; pároco na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, de 1993 a 2003; e posteriormente assumiu como pároco na Paróquia Santíssimo Sacramento, onde permanece até hoje. Também foi coordenador do Setor Pastoral Pinheiros, coordenador regional de pastoral e, desde 2009, é vigário adjunto da Região Episcopal Sé. Quando da transferência de Dom Tarcísio Scaramussa para a Diocese de Santos, em 2014, Padre Aparecido atuou como vigário episcopal da Região Sé, até a designação de Dom Eduardo para tal função, em 2015. O Sacerdote também é membro do Colégio de Consultores e da Comissão de Presbíteros da Arquidiocese de São Paulo. Centro Pastoral da Região Episcopal Sé

Padre Tarcísio Mesquita assessora encontro do clero, com a temática do 12º Plano de Pastoral


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Belém Aberto o ano letivo dos cursos de Teologia para Leigos e de Fé e Política

Peterson Prates

Colaborador de comunicação da Região

Os cursos de Teologia para Leigos e de Fé e Política, ministrados no Centro Pastoral São José, começaram no dia 13, com missa presidida por Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém. O curso de Teologia para Leigos é coordenado pelo Setor Pastoral Belém, mas é aberto para leigos de todos os setores. Há também participantes de outras dioceses. Já o de Fé e Política é regional e coordenado pela Pastoral de Fé e Política, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo. Um dos pilares do curso é a Doutrina Social da Igreja. Católicos, adeptos de outras religiões e mesmo os que não professam fé alguma estão entre os participantes do curso. “Quando falamos em fé e política,

nós partimos da realidade para os estudos”, disse Dom Luiz Carlos, ao lembrar a importância de ver a realidade e, a partir dela, ir às análises. O Bispo motivou os mais de 120 presentes a cultivar a “cultura do encontro. Cultura que gera comunhão, fraternidade e solidariedade”. Ainda segundo Dom Luiz Carlos, “a Igreja não pode fechar os olhos, o cristão não pode fechar os olhos, de forma alguma, a esses irmãos e irmãs que estão aí pelas beiras do caminho, pelas periferias, nas filas de saúde, com dificuldade de moradia, de transporte”, relatou o Bispo, ao falar que os cristãos devem aumentar “a sensibilidade com nossos irmãos, principalmente os mais necessitados, os pobres e os injustiçados”. Ainda há tempo para se matricular nos cursos no Centro Pastoral São José,

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Dom Luiz Carlos preside missa na abertura dos cursos de Teologia e de Fé e Política, dia 13

que fica na avenida Álvaro Ramos, 366, próximo ao metrô Belém. Outras escolas de Teologia para Lei-

gos espalhadas pela Região Belém podem ser consultadas em http://arquisp. org.br/regiaobelem.

Reforma da Previdência e prisões são temas da reunião do clero Os diáconos e padres atuantes na Região Belém estiveram no Centro Pastoral São José, no dia 15, para a primeira reunião do ano. Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, conduziu a atividade, ao lado do Cônego José Miguel de Oliveira, vigário geral da Região, e do Padre Marcelo Maróstica, coordenador regional de pastoral. A reforma da Previdência, proposta pelo governo Temer na PEC 287/2016, foi um dos temas discutidos com o clero, a partir de assessoria do Dr. Celso Maschio Rodrigues, advogado especialista em direito previdenciário. Outro assunto foi a situação alarmante dos presídios do país. Padre Valdir João Silveira, coordenador nacional da

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Padre Valdir, coordenador nacional da Pastoral Carcerária, fala sobre a situação das prisões

Pastoral Carcerária, apresentou uma análise conjuntural dos cárceres brasileiros. “Presídio é feito para manter a desigual-

dade social. É a continuidade do palanque da senzala”, expressou. Padre Valdir apresentou a Agenda Na-

cional pelo Desencarceramento, proposta pela Pastoral Carcerária e outras entidades, que entre os principais pontos propõe a desmilitarização da polícia, o combate à tortura, a vedação à privatização das prisões e a discussão sobre a descriminalização do uso e comércio de drogas. Padre Rodrigo Thomaz, responsável pela Pastoral Vocacional na Região Belém, fez um balanço dos acontecimentos mais recentes na pastoral e a situação vocacional na Arquidiocese. Cônego Miguel disse que é necessário “criar uma cultura vocacional nas comunidades”. Ao fim da reunião, Dom Luiz Carlos saudou os padres e diáconos que comemoram em 2017, aniversário natalício ou de ordenação. Ele acolheu também os novos padres que chegaram para atuar na Região.

CEBs: Em missão na construção da justiça e da profecia a serviço da vida A Comunidade Bom Pastor, da Paróquia Imaculada Conceição, no Setor Pastoral Sapopemba, sediou no último fim de semana, dias 18 e 19, a reunião da colegiada estadual das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), grupo que coordena no Regional Sul 1 da CNBB as articulações das CEBs. O encontro reuniu lideranças de várias dioceses do estado e contou com a presença do bispo referencial para as CEBs no Regional Sul 1, Dom José Carlos Chacorowski, bispo de Caraguatatuba (SP). Entre as principais pautas estavam a preparação do encontro formativo com os delegados que participarão do 14° Intereclesial das CEBs, que acontecerá em Londrina (PR), em 2018, com o tema “CEBs e os desafios no mundo urbano”. Alguns dos integrantes partilharam a experiência do seminário de comunica-

ção e da ampliada nacional das CEBs que preparam e constroem o intereclesial. No domingo, 19, houve uma exposição sobre os eixos pedagógicos-políticospastorais do processo formativo. No dia anterior, os participantes celebraram a Eucaristia com a comunidade, em missa presidida por Dom José Carlos e concelebrada pelo Padre Antônio de Jesus Sardinha, da Diocese de Jales (SP), e pelo Padre Gilberto Orácio, pároco e assistente eclesial das CEBs na Arquidiocese de São Paulo. “Fomos ungidos com o óleo da alegria. Não com o óleo da tristeza, não com o óleo da mesquinhez, mas com o óleo da alegria”, expressou Dom José durante a homilia. O Bispo referencial para as CEBs também expôs que “a angústia, as esperanças, a busca que nos traz aqui, eu percebo que não é só das CEBs, mas de

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Colegiada das CEBs acontece na Comunidade Bom Pastor, da Paróquia Imaculada Conceição

outros organismos e pastorais de nossas paróquias e dioceses”, afirmou. “Na resistência e na alegria do reencontro, retornamos às nossas comunida-

des, seguindo em missão na construção da justiça e da profecia a serviço da vida”, consta em um dos trechos da carta final da colegiada.


www.arquisp.org.br | 22 de fevereiro a 2 de março de 2017

| Política | 23

Há, de fato, um rombo na Previdência?

Sindinapi

Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

O projeto de reforma da Previdência (PEC 287/16) deve ocupar boa parte da pauta do Congresso Nacional neste primeiro semestre. O aumento da expectativa de vida dos brasileiros e das despesas da União com o pagamento das aposentadorias são os principais argumentos do governo federal para a reforma, endossados pelo deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), relator PEC 287/16. “A reforma da Previdência é vista por mim como uma necessidade para este país. Todos os cálculos atuariais que são apresentados indicam que, se nada for feito, teremos a falência da Previdência Social no ano de 2024”, disse o deputado, no dia 9, na sessão da comissão especial que analisa a proposta. Dados do INSS dão conta que o chamado rombo na Previdência em 2016 foi de R$ 149,7 bilhões, aumento de 74,5% em relação a 2015. Para este ano, o governo trabalha com a projeção de um déficit de R$ 181,2 bilhões. Se aprovada a PEC 287/16, passarão a vigorar novas exigências para se aposentar, entre as quais a idade mínima de 65 anos e de 25 anos de contribuição, para homens e mulheres, que tiverem, respectivamente, menos de 50 anos e menos de 45 anos.

Reforma necessária?

O artigo 194 da Constituição Federal descreve que “a Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à Saúde, à Previdência e à Assistência Social”. No artigo 195, indica-se que a Seguridade Social deve ser assegurada pelo orçamento da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, além das contribuições sociais do empregador, do trabalhador, do importador de bens ou serviços do exterior, e parte da receita de concursos de prognósticos. Na avaliação do especialista em Direito Previdenciário André Luiz Bittencourt, vice-presidente-executivo da Sociedade Brasileira de Previdência Social e professor do Centro Preparatório Jurídico (Cpjur), o argumento de que há um rombo na Previdência é errôneo, pois deve se considerar todas as receitas da Seguridade Social e não apenas o que é recolhido por empregadores e empregados. “Muito dinheiro entra no sistema de Seguridade Social – contribuição

Sabatina

Começou na manhã da terça-feira, 21, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, a sabatina de Alexandre de Moraes, ministro licenciado da Justiça, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), após ser indicado pelo presidente Michel Temer. Um colegiado de 54 senadores interrogou Moraes sobre temas diversos, entre os quais sua ligação com o PSDB, partido ao qual era filiado há poucas semanas, e seus posicionamentos sobre temas em análise no STF, como os referentes à operação Lava Jato. Até o fechamento desta edição, a sabatina não havia sido concluída. Após essa etapa, os membros da CCJ votariam a indicação de Moraes ao Supremo e seu nome seria apreciado pelo plenário do Senado, onde precisaria ser aprovado por, ao menos, 41 dos 81 senadores.

Ensino Médio

Proposta de reforma da Previdência gera incertezas em aposentados sobre seus direitos

do patrão, contribuição do empregado, PIS, Cofins, contribuição sobre o lucro líquido, resultados dos jogos de azar. Esse dinheiro que entra tem que pagar benefícios previdenciários, benefício assistencial e saúde, mas se criou a Desvinculação de Receitas da União (DRU), e hoje o governo pode retirar até 30% de receita do sistema de Seguridade Social para pagar outras despesas correntes. Isso por si só já elimina o discurso do governo de que o sistema é deficitário”, afirmou ao O SÃO PAULO. Em entrevista ao Portal Previdência Total, o advogado Wladimir Novaes Martinez, autor de obras de Direito Previdenciário, acredita que a atual proposta de reforma da Previdência não resolverá todos os problemas, mas servirá para ajustar alguns desacertos. “Além da unificação, que é um princípio constitucional, o que se pretende é acertar alguns desacertos, como pôr fim à aposentadoria por tempo de contribuição, aumentar a idade da aposentadoria por idade, equiparar a mulher ao homem e o rurícola ao citadino.” Bittencourt não discorda de uma reforma da Previdência, para, entre

outros aspectos, debater a questão das pensões por morte e da idade mínima para aposentadoria, mas acredita que “por trás do discurso ‘ou reforma ou quebra’, há o pensamento de que quanto mais dinheiro se fizer entrar no sistema de Seguridade Social e menos se gastar, mais sobra para o governo equilibrar seu desajuste sem precisar fazer um ajuste onde deveria ser feito”. Para o advogado previdenciário Mauro Hauschild, ex-presidente do INSS, antes de se fazer uma reforma para mexer nos benefícios dos aposentados, o governo deveria avaliar a eficácia de suas políticas públicas e melhorar a gestão da própria Previdência Social. “Hoje nós temos uma carência de investimentos na área de tecnologia da Previdência, fragilidade da fiscalização da Receita, deficiência no cruzamento de dados, o que leva a pagamentos de benefícios indevidamente. Depois de feitas essas reformas, aí sim deveria se fazer uma revisão dos benefícios, como o governo está propondo”, declarou em entrevista às rádios EBC. (Com informações dos sites Câmara, Estado e S.Paulo, Previdência Total, EBC e G1).

O presidente Michel Temer sancionou na quinta-feira, 16, a lei que estabelece a reforma do ensino médio. Pelo texto aprovado, há flexibilidade quanto ao conteúdo a ser ensinado ao longo dos três anos de estudo. Do total da carga horária, 60% deve obedecer um conteúdo mínimo a ser estipulado pela Base Nacional Curricular Comum, ainda em debate, e 40% será definido pela própria escola, oferecendo aos estudantes ao menos um desses cinco itinerários formativos: “linguagens e suas tecnologias”; “matemática e suas tecnologias”; “ciências da natureza e suas tecnologias”; “ciências humanas e sociais aplicadas”; e “formação técnica e profissional”. Também haverá ampliação gradual das atuais 800 horas/aula por ano para 1.400 horas/aula. A reforma do ensino médio será implantada em etapas até 2019.

Punição a pichadores

O prefeito de São Paulo, João Doria Júnior, sancionou na segunda-feira, 20, a lei que cria o “Programa de Combate a Pichações no Município de São Paulo”. A partir de agora, é considerado pichação “riscar, desenhar, escrever, borrar ou por outro meio conspurcar edificações públicas ou particulares ou suas respectivas fachadas, equipamentos públicos, monumentos ou coisas tombadas e elementos do mobiliário urbano”. A multa aos infratores será de R$ 5 mil. Se a pichação for feita em monumentos ou bens tombados, o valor sobe para R$ 10 mil, além do ressarcimento das despesas de restauração do bem pichado. Em caso de reincidência, a multa será aplicada em dobro. O infrator poderá, até o vencimento da multa, firmar um Termo de Compromisso de Reparação da Paisagem Urbana. Caso seja cumprido o que for estabelecido, a Prefeitura poderá afastar a incidência da multa. (Fontes: G1, o Estado de S.Paulo, site do Planalto e Prefeitura de São Paulo)


24 | Geral |

22 de fevereiro a 2 de março de 2017 | www.arquisp.org.br

‘Qual é a qualidade da nossa pastoral?’, pergunta Dom Odilo ao clero Luciney Martins/O SÃO PAULO

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

Durante o evento anual que marca o início do ano pastoral na Arquidiocese de São Paulo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, propôs a seguinte reflexão ao clero: “Já nos perguntamos alguma vez sobre a qualidade dos nossos serviços evangelizadores e pastorais?” O tradicional encontro, realizado na terça-feira, 21, no Colégio Marista Arquidiocesano, na Vila Mariana, reuniu párocos, administradores, vigários paroquiais, coordenadores de pastorais, diáconos permanentes e os bispos auxiliares. No evento, também foram recordados os destaques da caminhada pastoral na Arquidiocese neste ano, como o lançamento do 12º Plano de Pastoral, a publicação da Carta Pastoral de Dom Odilo por ocasião do Ano Mariano Nacional, além da acolhida dos novos padres ordenados e acolhidos no último ano. O Cardeal propôs a reflexão como um estímulo à autoavaliação no desempenho da missão daqueles que estão à frente da Igreja e como um convite para que cada um dê o melhor de si no desempenho de seus encargos eclesiais e pastorais. “Nós mesmos, nossas igrejas, nossas paróquias, nossos expedientes paroquiais, nossas celebrações, nossas obras sociais e organizações caritativas, tudo isso é a vitrine da Igreja. Por meio de tudo isso, as pessoas avaliam a Igreja, gostam ou não gostam dela, aceitam ou não aceitam sua pregação”, afirmou. Ele salientou que a Igreja não é uma empresa e nem pretende oferecer produtos e serviços na lógica do mercado. Mas, por analogia, pode-se refletir sobre a qua-

Na abertura do ano pastoral, Cardeal Scherer, arcebispo de São Paulo, propõe uma avaliação do desempenho da missão da Igreja na cidade

lidade dos serviços eclesiais e pastorais ao povo de Deus. “A ‘qualidade’, neste caso, refere-se aos aspectos humanos da nossa missão, independentemente da ação da graça de Deus, que pode suprir nossas deficiências humanas”, acrescentou.

Plano de Pastoral

O Cardeal Scherer destacou, ainda, que o 12º Plano Arquidiocesano de Pastoral chama a atenção para as urgências da evangelização na cidade. “O Plano de Pastoral deve orientar e dar expressão à pastoral de conjunto na Arquidiocese. As ‘urgências’ na evangelização devem, agora, inspirar a elaboração dos projetos e programas de ação de cada paróquia, comunidade e organização eclesial da Arquidiocese”, disse Dom Odilo, orientando que cada paróquia promova um estudo do Plano com as lideranças pastorais para que suas diretrizes sejam melhor assimiladas.

Família e matrimônio

O novo Plano de Pastoral apresenta Família e o Matrimônio como nova urgência. Nesse âmbito, Dom Odilo destacou que a Arquidiocese irá se empenhar no acolhimento das diretrizes do Papa Francisco sobre a atenção pastoral específica aos casais que se separaram, ou vivem em nova união depois de um matrimônio celebrado na Igreja ter sido desfeito. “Vamos ampliar a pastoral jurídica, que inclui os serviços de acolhida, escuta e encaminhamento dos casais ou pessoas que vivem a angústia de um casamento desfeito e de uma participação não plena na vida eclesial”, afirmou o Cardeal. Dom Odilo informou, ainda, que o Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo está renovando o serviço para essas questões e que serão instituídas ‘câmaras eclesiásticas’ nas regiões episcopais, para facilitar o acesso das pessoas à avaliação de sua situação.

Sínodo Arquidiocesano

O Arcebispo também recordou que ao longo do quadriênio de 2017 a 2020, será encaminhada a realização de um Sínodo Arquidiocesano. Ele explicou que o sínodo é um caminho de reflexão, avaliação, renovação, planejamento e programação, feito com a participação de toda a Igreja particular, por meio dos seus representantes e delegados. “É um evento de grande significado eclesial e pastoral, que requer um amplo envolvimento de todas as forças vivas da Arquidiocese”, ressaltou. Ainda segundo o Cardeal, o sínodo não deverá ter outra finalidade do que lançar um olhar realista para a realidade eclesial e pastoral em São Paulo, “com o desejo sincero de sermos fiéis à graça de Deus e de correspondermos bem à missão que nos está confiada nesta metrópole”. (Colaborou Renata Moraes)

Maronitas comemoram 120 anos de associação beneficente em São Paulo Mastrangelo Reino/A2img

Redação

osapaulo@uol.com.br

A Igreja Católica de Rito Maronita presente em São Paulo celebrou seu patrono, São Marun, no domingo, 19, com missa solene na Catedral Nossa Senhora do Líbano, no bairro da Liberdade. Na ocasião, também foram comemorados os 120 anos da Sociedade Maronita de Beneficência. A celebração, que foi presidida por Dom Edgard Madi, bispo maronita no Brasil, contou com presença de autoridades eclesiásticas e civis, entre as quais o arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, e o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Os Maronitas

A Igreja Maronita é uma Igreja cristã de rito Oriental originária do Líbano, em plena comunhão com a Igreja Católica. Os Maronitas devem seu nome a São Marun, um monge siríaco-cristão do século V, que se tornou mais conhecido após

Dom Edgard Madi, Dom Odilo, outras autoridades religiosas e Alckmin na Igreja Maronita

a sua morte e em cuja memória se reuniu um grupo de cristãos que no século VII deu origem à Igreja Maronita. Eles possuem um rito próprio em língua siríaca. A Eparquia (diocese) Maronita no Brasil foi instituída canonicamente pelo Papa Paulo VI em 1971 para atender às

necessidades espirituais e pastorais maronitas na diáspora, isto é, imigrantes libaneses que vieram ao Brasil. Porém, desde os anos 1890, já existia, na região central da cidade, a primeira paróquia maronita do país, dedicada à Nossa Senhora do Líbano, que deu origem à atual catedral.

A Sociedade

Foi o primeiro pároco da Paróquia Nossa Senhora do Líbano, Padre Yacoub Saliba, quem fundou a Sociedade Maronita de Beneficência, em 9 de fevereiro de 1897. Também foi esse Pároco que em 1905 fundou a primeira escola para crianças libanesas, a qual, com o passar do tempo, ficou conhecida como “Escola do Padre Yacoub”. Considerada a mais antiga entidade maronita fora do Líbano e a primeira árabe-brasileira no Brasil, a Sociedade Maronita de Beneficência tem o objetivo de auxiliar os libaneses e maronitas vindos do Líbano e desenvolve trabalhos nos campos cultural e social, tendo como presidente do conselho Edgard Khattar. Além da Catedral, a Eparquia Maronita do Brasil possui dez paróquias localizadas em Bauru (SP), Belo Horizonte (MG), Piracicaba (SP), Porto Alegre (RS), São José do Rio Preto (SP), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Campinas (SP), Guarulhos (SP) e Suzano (SP). (Colaborou Dom Edgard Madi)


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