Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 62 | Edição 3142 | 15 a 21 de março de 2017
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Papa Francisco: 4 anos de pontificado L’Osservatore Romano - 13.mar.2013
A abertura ao diálogo e a ênfase em mostrar o rosto misericordioso de Cristo são algumas das marcas dos quatro anos de pontificado do Papa Francis-
Encontro com o Pastor Na Quaresma, somos convidados a rever nossa prática cristã
co, completados na segunda-feira, 13. Ao O SÃO PAULO, o Cardeal Scherer comenta que os católicos devem ouvir, levar a sério e seguir os ensinamentos
do Papa, com sincera adesão de coração, reconhecendo que Francisco é o legítimo sucessor de Pedro.
A relação entre o humano e a natureza na metrópole Luciney Martins/O SÃO PAULO
Página 3
Editorial Antes de nascerem, nossos filhos já têm muitos direitos Página 2
Espiritualidade Conversão quaresmal implica mudança de vida, afirma Dom Luiz
A preservação do bioma numa grande cidade como São Paulo é possível com a ajuda de todos
Aumentam as oportunidades de emprego para as pessoas com deficiência
Página 5
Conheça Mirreille Twayigira, sobrevivente de guerra em Ruanda Página 8
Congresso do Movimento Famílias Novas acontece no interior de SP Página 9
‘Culto Litúrgico Mariano’ é tema de encontro na Arquidiocese de São Paulo Página 23
Páginas 10 e 11
Páginas 12 e 13
Proposta abortista volta a ameaçar o direito à vida no Brasil A prática do aborto até a 12ª semana de gravidez pode deixar de ser crime no Brasil. Essa é a proposta de uma ação impetrada no STF pelo Psol e o Anis - Instituto de Bioética. O argumento dos proponentes de que até esse período de gestação o embrião ou feto não é uma pessoa constitucional é rebatido por especialistas ouvidos pelo O SÃO PAULO. Página 24
Há uma árvore centenária no Largo do Arouche, na região central da cidade, mas poucos sabem disso. O desconhecimento, na capital paulista, acerca das áreas de preservação e dos relictos de Mata Atlântica – um dos biomas brasileiros – é um dos fatores que pode colaborar para que as ações de preservação não sejam efetivas nem bem-sucedidas. Sueli Furlan e Mariano Caccia, doutores em Geografia pela USP, falaram ao O SÃO PAULO da relação entre o ser humano e a natureza em São Paulo. Páginas 14 e 15
João Victor não é o primeiro a morrer na lanchonete da Vila Nova Cachoeirinha Página 7 Luciney Martins/O SÃO PAULO
Católicos são chamados a defender a vida diante de mais uma ameaça de legalização do aborto
2 | Ponto de Vista |
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Editorial
Nossos filhos têm direitos antes de nascer
E
xiste atualmente no Brasil a tendência de se tentar no Supremo Tribunal Federal (STF) aquilo que não se consegue junto ao Poder Legislativo, casa de um povo amplamente contrário ao aborto. Com os escândalos de corrupção e legislação em causa própria, a tendência é compreensível. Mas a repartição de poderes e a organização institucional das democracias têm sua razão de ser e, quando desrespeitadas, corre-se o risco de criar novos males ao tentar remediar os males já existentes. É o que acontece com a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442 apresentada ao STF, pedindo que seja descriminalizado o aborto praticado até a 12ª sema-
na de gravidez. O pedido baseia-se em precedentes anteriores, quase sempre justificados por questões de saúde pública e grande sofrimento da mulher. Nesses casos, segundo os proponentes da ADPF 442, o STF já teria indicado que o feto não é “pessoa constitucional”, isso é, não tem direitos reconhecidos por lei, mesmo sendo um indivíduo humano - quanto a isso, não pode haver dúvida: biologicamente, o feto é humano, pois toda sua genética é humana, e é um indivíduo novo, pois seu código genético é uma combinação daqueles da mãe e do pai, diferente destes. Independentemente das discussões jurídicas sobre a validade dessa interpretação da Constituição e das demais
leis brasileiras, qualquer família que se constitui já pensa seus filhos como parte de sua vida atual ou futura, se organiza em função deles, espera que o Estado lhes dê a necessária proteção e amparo legal. Para os pais que desejam uma criança, é óbvio que seu filho é uma pessoa com direitos desde a concepção. A solução “politicamente correta” geraria uma incongruência: as crianças desejadas por seus pais teriam seu status de “pessoa constitucional” assegurado perante a lei (com todos os direitos decorrentes), as indesejadas não teriam esse status e poderiam ser abortadas. Teríamos novamente seres humanos iguais com direitos diferentes, contradizendo todas as lutas por
igualdade e justiça da história da humanidade! O aborto clandestino é realmente um problema de saúde pública e um sofrimento para muitíssimas mães. Mas descriminalizar o aborto, em si mesmo, não soluciona o problema. Um verdadeiro direito - o de realização da mulher - não se afirma com a negação de outro - o da vida do nascituro. A verdadeira solução é construir uma sociedade mais solidária, mais hospitaleira e acolhedora, com relações familiares mais fortes e políticas sociais mais efetivas. Não uma sociedade onde as mulheres que sofrem possam abortar, mas sim uma sociedade onde nenhuma mulher precise abortar por conta de seus sofrimentos.
Opinião
Agradecimento ao pai pelo dia em que não bebeu Arte: Sergio Ricciuto Conte
Alexandre Ribeiro Meu pai, Afonso, mudou-se para São José dos Campos em meados de 1970. O quarto onde ele se hospedou nas primeiras semanas, de onde saía todas as manhãs para ir a pé de fábrica em fábrica procurar trabalho, era nos fundos de uma casa velha e pobre. Naquele mesmo lugar, alguns anos antes, havia morado seu irmão mais velho, Geraldo, também vindo do sul de Minas. Geraldo tinha aspirações literárias, escrevia poemas metrificados. E bebia. Aos 25 anos, era um espírito solitário e alcoólatra. Fora seminarista na infância e juventude, mas abdicou da caminhada religiosa para tomar as armas. Do Seminário ao Exército, os cadernos e a letra memorável sempre o acompanharam. Foram seu prazer e sua fuga. Quando vi seus poemas pela primeira vez, sua caligrafia impecável, fiquei abalado e fui conversar com minha avó materna sobre aquele velho tio. Minha avó, quando questionada, pensou alto, deixando escapar: “Ah, aquele irmão do seu pai que se matou...” Busquei informações, confrontei fontes, mas aquele assunto estava enterrado, e ninguém nunca mais tocaria nele. Geraldo fora encontrado morto, em circunstâncias misteriosas, naquele mesmo quarto que meu pai viria a habitar tempos depois. O dormitório era a imagem da pobreza e do horror que o seguiam na cidade grande, assombrado pelo vulto do irmão
bêbado. Naquele momento da vida de meu pai, em que encontrar um trabalho possibilitaria a realização do sonho de se casar com minha mãe e começar sua própria família num lugar novo, ele teve a atitude que definiria sua vida: não bebeu. O destino traçado por Geraldo, seguido por Isaac, o outro irmão mais velho, também estilhaçado pelo alcoolismo, não se confirmaria. Afonso conviveria com a depressão a vida toda, sem trégua, com os olhos petrificados, o olhar cabisbaixo, o jeito doce, porém sem confiança, ao qual eu me aconchegava na infância, enquanto chamava de papai.
Lembro-me, quando criança, do cheiro do café a inundar nossa casa todas as tardes. Eu, voltando da rua, sento-me à mesa ao lado do pai, que reclina para acariciar meus cabelos suados. Minha mãe estende-me a caneca. Papai pega um pão, rasga-o com a faca de cabo azul, passa manteiga e me entrega sobre um pires branco. Mamãe senta-se ao nosso lado. Mergulho o pão no café com leite e começo a comer calmamente, apesar das pernas agitadas debaixo da cadeira. Papai se levanta, vai até a mesa da sala e pega seu caderno. Em letra de forma, anota os gastos diários numa
planilha azul. Ele não sabia escrever em letra cursiva. Não me recordo tê-lo visto redigindo frases completas, apenas anotações soltas, em que cada linha formava um tópico. Sua letra em nada exibia a sofisticação da escrita de Geraldo. Seu carisma era quase um pedido de desculpas, e ainda assim ele era cercado de amigos fiéis, algo que para mim era incompreensível, pois imaginava que as amizades se avolumavam ao redor de espíritos expansivos e alegres, e papai, em sua melancolia cabisbaixa, não se encaixava nesse perfil. Afonso destaca do caderno a folha tracejada e me entrega. O desenho simplório de um boizinho, que tanto me alegrava, era-me dedicado como um beijo de boa noite, antes que ele fechasse o caderno e fosse ver o noticiário na TV. Hoje, na gaveta à minha esquerda, eu guardo os poemas de Geraldo. Eles estão logo abaixo de alguns desenhos de boizinhos que ainda me acompanham, entre os quais se encontram fotografias da infância. Ali, em meados dos anos 1970, sozinho na cidade grande, no mesmo quarto onde o irmão desistira de tudo, meu pai tomou a atitude que definiria sua vida e a de todos nós: ele não bebeu. E assim encontrou trabalho, se casou, teve dois filhos e levou uma vida honrada até o fim. Toda ternura e paz da minha infância, de certa forma, eu devo àquela firme e nobre decisão. Alexandre Ribeiro é doutor em Comunicação em Semiótica pela PUC-SP e editor de Aleteia.org
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
Semanário da Arquidiocese de São Paulo
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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
N
a Quaresma, somos convidados a rever nossa prática cristã, para avaliar o quanto ela está em sintonia com o Evangelho de Cristo e para progredirmos no caminho dos mandamentos. E nos são indicadas as práticas de penitência, para a correção daquilo que não condiz com a dignidade da vocação cristã, recebida no Batismo. Jesus recomenda a seus discípulos: “Se a vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, vós não entrareis no reino dos céus” (Mt 5,20). A justiça, neste caso, refere-se à santidade de vida, à retidão nos comportamentos e atitudes, na sinceridade e humildade da prática religiosa. Os escribas e fariseus são acusados com frequência por Jesus de serem falsos, hipócritas, legalistas e presunçosos na sua relação com Deus; e também duros e sem misericórdia nas relações com o próximo. Os escribas eram mestres de doutrina e religião; os fariseus eram rigoristas na observância ritual e das leis religiosas. Jesus adverte o povo que escribas e fariseus não servem como medida e modelo para a prática da religião; e quem não for além do exemplo deles arrisca não entrar no reino do céu. Não basta uma religiosidade exterior e formalista; é preciso “adorar a Deus em espírito e verdade” (cf. Jo 4,24) e isso também requer sincera obediência
Ascese quaresmal a Deus, mediante a prática dos mandamentos. A Igreja nos recorda na Quaresma que o cristão não pode se orientar apenas por aquilo que a opinião pública em geral sustenta: “Ouvistes o que foi dito... eu, porém, vos digo...” (Mt 5, 21-22). A prática religiosa superficial, que se vai pela opinião geral, pode estar bem distante daquilo que o ensinamento de Cristo e da Igreja indicam. Importa, pois, aprofundar o conhecimento da fé e da moral, conhecendo melhor a Palavra de Deus e a doutrina da Igreja. Ao dizer “eu, porém, vos digo”, Jesus previne contra explicações diluídas da fé e da moral, acomodadas ao gosto dos modismos e das tendências do tempo. Ao mesmo tempo, ele orienta para a busca sincera daquilo que é conforme Deus, e não conforme o gosto ou capricho humanos. Outra recomendação de Jesus diz respeito às ofensas ao próximo, que devem ser levadas a sério porque também são ofensas a Deus. A oferta e o culto apresentados a Deus com o coração cheio de rancor ou ódio contra o próximo não agradam a Deus. “Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta” (Mt 5,24). A mesma recomendação em relação às ofensas feitas ao próximo aparece no Pai-Nosso, ensinado por Jesus aos discípulos: “De fato, se vós perdoardes os homens, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. Mas se vós não perdoardes os homens, vosso Pai também não perdoará as faltas que vós cometestes” (Mt 6,14-15). O perdão que pedimos
a Deus fica condicionado ao perdão sincero dado ao próximo. E o louvor só agrada ao Pai do céu se vier acompanhado do perdão sincero dado ao próximo. A Quaresma é o tempo favorável para a reconciliação com Deus e com o próximo. Mas também para corrigirmos os vícios de falar mal do próximo e de ofendê-lo. O Papa Francisco indicou, para a Quaresma, o jejum de palavras negativas e maldosas, trocando-as por palavras bondosas; o jejum do descontentamento, trocando-o pela gratidão; o jejum da raiva, trocando-a pela mansidão e a paciência; o jejum do pessimismo, trocando-o pela esperança e o otimismo. O jejum quaresmal ainda poderia incluir a abstenção de julgamentos e condenações precipitadas e injustas contra o próximo; o jejum das ofensas, das palavras maldosas e impiedosas contra os outros, jejum da pretensão de ser melhores que os outros e de condenar e atacar com virulência as pessoas, só por que pensam diversamente de nós. E poderia incluir também um exame de consciência sincero e humilde, para não incorrer naqueles “ais” pronunciados por Jesus contra escribas e fariseus hipócritas, que têm uma medida de julgamento larga para si, mas estreitíssima para os outros (cf. Mt 23, 13-36). “São capazes de filtrar um mosquito e de engolir um camelo” (cf. Mt 23,24). A Quaresma é um tempo de revisão de vida e de purificação das intenções e das atitudes, para pensarmos sempre o que é reto e para realizar isso com a ajuda de Deus.
| Encontro com o Pastor | 3
Início do ano letivo Departamento Audiovisual do Unifai
Na sexta-feira, 10, o Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu a missa de abertura do ano letivo do Centro Universitário Assunção (Unifai).
Teologia na PUC-SP Andreia e Silva/Parqóquia Imaculada Conceição
O Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano e grão-chanceler da PUC-SP, presidiu na terça-feira, 14, as missas de abertura do ano letivo das faculdades de Teologia nos campi Ipiranga (foto), pela manhã, e Santana, à noite.
Tweets do Cardeal @DomOdiloScherer 13 – “Tu es Petrus”! Hoje, 4º aniversário da eleição do Papa Francisco, rezemos por ele especialmente, para que Deus o assista na sua grande missão! 12 – Bom domingo! “Ó Deus, que nos mandastes ouvir o vosso Filho amado, alimentai-nos com a vossa Palavra, para que nos alegremos com a visão da vossa glória” 10 – “ Dai-nos, ó Deus, pensar sempre o que é reto e realizá-lo com solicitude”. Boa Quaresma!
4 | Fé e Vida |
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Liturgia e Vida 3º DOMINGO DA QUARESMA 19 de março de 2017
Dá-me dessa água Cônego Celso Pedro Entramos na Quaresma pelo deserto da Judeia, subimos então o monte Tabor na Galiléia, e hoje nos sentamos à beira do poço de Jacó na Samaria. Conosco estão Jesus e a samaritana. Estão também os seus apóstolos. Que bom poder sentarse à beira do poço, descansar um pouco e matar a sede com água boa! Aquele poço é profundo. Tem 40 metros. A água é boa e foi o nosso pai Jacó que a providenciou para o seu povo e o seu gado. Não é possível viver sem água. Na travessia do deserto, o povo havia reclamado com Moisés e com Deus por causa da falta d’água. E com razão, tanto que Deus procurou logo uma solução, mas a seu modo, fazendo o que só Ele pode fazer: mandou Moisés bater com uma vara num rochedo e a água brotou em abundância. Como guia do povo, Moisés aprendeu que a falta d’água pode provocar reações muito fortes, e que é preciso procurar soluções naturais para as nossas necessidades. O lugar ficou chamado de Massa e Meriba, duas palavras que se completam para significar forte controvérsia, ou grande briga. Se foi possível provocar o próprio Deus para se obter água, o mesmo pode e deve ser feito quando a população fica sem água por incúria dos governantes ou, pior ainda, quando a seca se torna uma indústria. Por isso, a Campanha da Fraternidade pede que todo o povo se converta verdadeiramente a Cristo e, a partir daí, cuide da natureza, de nossa Casa comum. Observando a samaritana no poço de Jacó aprendemos que devemos socorrer a quem tem sede. Jesus queria beber, mas quem tinha o balde era a samaritana. Era a sua segurança, e que a fazia, aparentemente, superior ao próprio Jesus. Segurança falsa, que se desfaz assim que a mulher percebe que Jesus a conhece. Deixa, então, o balde e proclama Jesus Profeta e Messias. Aprendemos também que além da água natural existe outra água, que mata todo tipo de sede e para sempre. É ela o próprio Jesus, fonte de água viva, o único que pode nos saciar totalmente. Aprendemos ainda que Deus procura adoradores em espírito e verdade e que o lugar pode ajudar, mas não é o mais importante. Nós somos o templo de Deus e em nós há uma vida interior que nos impulsiona a saciar a sede dos sedentos. Por isso, escreve Paulo aos romanos, que “o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). Daí brota a verdadeira adoração, que se manifesta e é autenticada na caridade efetiva: dê água a quem tem sede. Dê a água do Batismo, água que se torna fonte que jorra para a vida eterna. O simbolismo da água neste domingo da Quaresma nos convida a atualizar o nosso Batismo, tornando-o verdadeira fonte de água que sacia todo tipo de sede.
Você Pergunta Nada dá certo na minha vida. O que devo fazer? padre Cido Pereira
osaopaulo@uol.com.br
Ela se chama Mariana e mora em Machado (MG). E fala de si mesma: “Padre, o que devo fazer? Nada na minha vida dá certo. Parece que está tudo amarrado. Eu rezo bastante, mas, mesmo assim, sinto um ódio muito grande no coração. Eu não consigo fazer amizades. Odeio o meu emprego e não consigo encontrar outro. Não tenho nenhuma amiga e não estou conseguindo vencer a ansiedade, o stress e o medo.” Mariana de Deus. A coisa está feia, não é mesmo? E pode tirar o
cavalo da chuva, minha irmã, que não vai melhorar se você continuar vivendo e vendo a vida desse jeito. Ô minha irmã, aprenda a sorrir de suas dificuldades; aprenda a dizer para você mesma que você não vai entregar os pontos; aprenda a não levar a vida tão a sério e a ver o lado luminoso dela. Eu tenho certeza de que você tem pessoas que amam você e que esperam muito mais um sorriso seu do que essa cara amarrada. Como você quer ser feliz se não consegue fazer amizades? Tom Jobim disse tudo quando cantou: “é impossível ser feliz sozinho!”
Esse seu fechamento para a vida e para o outro, esse medo de tudo tem remédio, pelo menos quatro remédios: 1. Orar. A oração é o suspiro da alma; 2. Procurar o carinho das pessoas que amam você, de sua família; 3. Procurar a ajuda de um psicólogo, sem medo e sem essa de achar que só precisa desses profissionais quem é louco, e você não é louca. E não é mesmo! Mas ele poderá ajudar você a se encontrar; 4. Se auto-ajudar, saindo de si, relacionando-se com as pessoas, sorrindo para a vida, fazendo algo de útil para os outros. Vamos lá, Mariana. Força! Depois me escreva dando boas notícias.
Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO
pal Lapa, Setor Pastoral Lapa, do Revmo. Pe. Elio Vigo, “ad nutum episcopi”.
Em 12 de março de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, na Região Episcopal Brasilândia, no bairro da Vila Carolina, o Revmo. Pe. Reinaldo Torres, pelo período de 06 (seis) anos.
Em 01 de março de 2017, foi prorrogada a provisão de Pároco da Paróquia São Patrício, na Região Episcopal Lapa, Setor Pastoral Rio Pequeno, do Revmo. Pe. João Carlos Borges, “ad nutum episcopi”.
Em 10 de março de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Santa Cruz de Itaberaba, na Região Episcopal Brasilândia, no bairro de Itaberaba, o Revmo. Pe. Edemilson Gonzaga de Camargo, pelo período de 06 (seis) anos. Em 08 de março de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus, na Região Episcopal Brasilândia, no bairro da Vila Albertina, o Revmo. Pe. Neil Charles Crombie, SPS, pelo período de 06 (seis) anos. Em 05 de março de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, na Região Episcopal Santana, na Vila Nova Cachoeirinha, o Revmo. Pe. José de Jesus Lamas Lizarraga, O. Cist, pelo período de 06 (seis) anos. Em 22 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo - Basílica, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Cerqueira César, o Revmo. Fr. Jerry de Souza Fonseca, OCarm., pelo período de 06 (seis) anos. Em 22 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Santa Teresa de Jesus, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Jardins, o Revmo. Fr. Rothmans Darles de Campos, OCarm., pelo período de 06 (seis) anos. PRORROGAÇÃO DA PROVISÃO DE PÁROCO Em 01 de março de 2017, foi prorrogada a provisão de Pároco da Paróquia São Domingos Sávio, na Região Episcopal Lapa, Setor Pastoral Pirituba, do Revmo. Pe. José Carlos de Freitas Spínola, “ad nutum episcopi”. Em 01 de março de 2017, foi prorrogada a provisão de Pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Região Episco-
Em 01 de março de 2017, foi prorrogada a provisão de Pároco da Paróquia São João Maria Vianney, na Região Episcopal Lapa, Setor Pastoral Lapa, do Revmo. Pe. Raimundo Rosimar Vieira da Silva, “ad nutum episcopi”. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL Em 12 de março de 2017, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial “ad nutum episcopi” da Paróquia Nossa Senhora do Retiro, na Região Episcopal Brasilândia, no bairro do Jardim Cidade Pirituba, o Revmo. Pe. Pedro Ricardo Pieroni. Em 10 de março de 2017, foi nomeado
e provisionado Vigário Paroquial “ad nutum episcopi” da Paróquia Santa Cruz de Itaberaba, na Região Episcopal Brasilândia, no bairro de Itaberaba, o Revmo. Côn. José Adriano. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL Em 13 de março de 2017, foi nomeado e provisionado Administrador Paroquial “ad nutum episcopi” da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Região Episcopal Brasilândia, no bairro de Pirituba, o Revmo. Pe. Roberto Carlos Queiroz Moura. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE DIÁCONO PERMANENTE COMO ASSISTENTE ESPIRITUAL Em 02 de março de 2017, foi nomeado Assistente Pastoral “ad nutum episcopi” da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Região Episcopal Sant´Ana, Setor Pastoral Mandaqui, o Diácono Haroldo Simões de Macedo.
EDITAL DE CONVOCAÇÃO A FUNDAÇÃO METROPOLITANA PAULISTA, CNPJ/MF nº 50.951.847/0001-20, nos termos do artigo 5º, caput, segunda parte, do estatuto vigente, convoca seus Membros Diretores para a Assembleia Geral Extraordinária a realizar-se em sua sede à Avenida Higienópolis nº 890, sala 16, São Paulo, SP, na data de 30 de março de 2017, às 10:30 horas, em primeira chamada, com todos os Membros Diretores presentes; e, às 11:00 horas, em segunda chamada, com os Membros Diretores que estiverem presentes. A Assembleia Geral Extraordinária terá como pauta: 1 – Proposta de alteração estatutária, com consequente consolidação, objetivando criar, readequar, unificar ou extinguir departamentos, Conselhos e órgãos destinados a prestação de serviços correlatos aos meios de comunicação e ao objetivo estatutário; 2- Criação de um Conselho Fiscal para a Fundação Metropolitana Paulista; 3- Conversão e adequação da Diretoria para Conselho Curador da Fundação Metropolitana Paulista; 4- Nomeação dos Membros do Conselho Fiscal da Fundação Metropolitana Paulista; 5- Nomeação dos Responsáveis e colaboradores para funções, órgãos e Conselhos, existentes ou a serem criados; 6- Outros assuntos. São Paulo, 13 de março de 2017. Presidente da Fundação Metropolitana Paulista
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Espiritualidade
A conversão quaresmal Dom Luiz Carlos Dias
A
Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém
Quarta-Feira de Cinzas introduziu a Igreja Católica no tempo litúrgico da Quaresma. É um período preparatório para a celebração da Páscoa de Jesus Cristo, evento central da fé cristã. Nesse tempo litúrgico, a Palavra de Deus quer conduzir os discípulos(as) missionários a empreenderem um itinerário de conversão ao Senhor ressuscitado e a viverem a graça batismal, de modo que contribuam para a superação das situações geradoras de morte. A proximidade da Páscoa faz da Quaresma um período peculiar da graça de Deus, porque o evento pascal é propulsor das mais sinceras e autênticas conversões. Nesse sentido, disse o Papa Francisco em sua mensagem à CF 2017: “A comunhão na Páscoa de Jesus Cristo é capaz de suscitar a conversão permanente e integral, que é, ao mesmo tempo, pessoal, comunitária, social e ecológica”. Entretanto, o tema conversão não encontra acolhida fácil na atualidade, mesmo nas comunidades. O apelo quaresmal à conversão implica mudança efetiva de vida, isto é, deixar um modo de viver e abraçar um novo. Esse sen-
tido geral do termo requer o reconhenar a Palavra por ele conhecida, dado cimento de debilidades e pecados pesque reconheceu Abraão, assim como a soais, como faz o salmista: “Reconheço desprezar Lázaro, palavra viva e palpável, cuja situação clamava por cuidado. a minha iniquidade e meu pecado está Assim sendo, a Igreja recomenda sempre diante de mim” (Sl 50,5). aos seus filhos e filhas, o empenho em Além disso, a cultura hodierna não exercícios espirituais como o jejum, a contribui para a vivência dessa dinâmica: nela, o horizonte da autorrefeesmola e a oração. O jejum, para o esvarencialidade é muito difuso. Muitas ziamento de amarras à vida de fé e disponibilidade ao outro. A esmola, gesto pessoas assumem posturas avessas ao fraterno que contribui para o rompiautoquestionamento e, sobretudo, ao mento de atitudes como o fechamento reconhecimento dos próprios erros. em si mesmo e o assegurar-se nos bens. Esse sintoma pode ser observado até em práticas religiosas, quando se descuidam O apelo quaresmal à conversão da condução de seus fiéis à interiorização e implica mudança efetiva de ao arrependimento das vida, isto é, deixar um modo de eventuais infidelidades, viver e abraçar um novo. Esse para que amadureçam, sentido geral do termo requer o preferindo o enfoque na reconhecimento de debilidades prosperidade e cura. Na e pecados pessoais, como faz o mídia, é comum ouvir salmista: “reconheço a minha “não me arrependo de iniquidade e meu pecado está nada”, mesmo de quem sempre diante de mim” (Sl 50,5). praticou delitos graves contra o outro. A oração, movimento de quem conhece Nesse contexto, o convite à conversão pode tornar-se inócuo: as pessoas já sua debilidade e se abre à ação do Espírito para viver segundo os valores do não se percebem necessitadas da libertação advinda da Páscoa de Jesus CrisReino introduzido por Jesus. to. A esta dificuldade também alude o A jornada quaresmal da Igreja no Papa Francisco ao citar a cena evangéBrasil ainda conta com as reflexões da lica entre um homem rico e o pobre Campanha da Fraternidade. O tema de Lázaro (Lc 16,19-31), em sua Mensa2017 propõe a “conversão ecológica” e o gem para a Quaresma de 2017. Na pacuidado dos biomas brasileiros. Para o rábola de Lucas, a autorreferencialidade corajoso “basta” à exploração destrutiva de quem se vestia e banqueteava com dessa dádiva geradora de vida, é preciso requinte levou o homem rico a abandoa contribuição de todos.
| Fé e Vida | 5
Fé e Cidadania A Doutrina Social da Igreja na defesa dos biomas brasileiros
CF 2017 - Opção pelos pobres e questão socioambiental Francisco Borba Ribeiro Neto A opção preferencial pelos pobres “está implícita na fé cristológica naquele Deus que Se fez pobre por nós, para enriquecernos com sua pobreza” (Bento XVI, Discurso inaugural da Conferência de Aparecida). Um cristianismo que não esteja comprometido de alguma forma com os mais pobres trai a si próprio. O enfrentamento da pobreza enquanto injustiça social, contudo, depende da conjuntura histórica e de concepções políticas. Por isso, na mesma Igreja de Cristo podem conviver formas diferentes de solidariedade com os pobres. Essa diversidade, que deveria ser para todos uma riqueza e um convite à conversão, frequentemente se torna escândalo e motivo de divisão. Por isso o tema exige sempre um bom aprofundamento teológico e discernimento nas questões ideológicas. Já Bento XVI, antes de Francisco, havia observado a estreita relação entre os pobres e o meio ambiente: “O tema do desenvolvimento aparece, hoje, estreitamente associado também com os deveres que nascem do relacionamento do homem com o ambiente natural [...], constituindo o seu uso uma responsabilidade que temos para com os pobres, as gerações futuras e a humanidade inteira” (Caritas in Veritate, 48). Existe uma “comunhão de destinos” entre o ser humano e os ecossistemas que habita. O destino das populações indígenas depende da floresta onde vivem, a escassez dos cardumes deixará os pescadores na miséria, o empobrecimento dos solos afetará o modo de vida dos agricultores... Nós também, nas cidades, compartilhamos o destino de nossos ecossistemas. A injusta desigualdade que gera a pobreza está refletida no contraste entre nossos bairros ricos e nossas favelas. Nossas casas muradas e nossos condomínios fechados talvez retratem, muitas vezes, a solidão e o individualismo de nosso coração. A Doutrina Social da Igreja, na Laudato Si’ (63, 143-146), dá um grande passo na questão ambiental quando valoriza, na defesa do meio ambiente, o patrimônio cultural das populações pobres e tradicionais (pescadores, sertanejos, índios, etc.). A comunidade científica reconhece que o saber popular é uma grande fonte de conhecimento para a compreensão e conservação dos ecossistemas. Existe até um ramo da ciência, a etnoecologia, voltado a esse estudo. Nas florestas, nos campos ou na cidade, o melhor caminho para conservar os biomas passa por escutar e solidarizar-se com os mais pobres, considerando sua experiência de vida e sua sabedoria. Para aprofundamento, ver as leituras sugeridas em http://feculturapucsp.blogspot.com.br/2017/02/CF2017 As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.
6 | Viver Bem |
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Cuidar da Saúde Não precisa ter vergonha de dizer ao médico que você tem incontinência urinária Cássia Regina A incontinência urinária é uma condição que afeta dramaticamente a qualidade de vida, comprometendo o bem-estar físico, emocional, psicológico e social. Ela pode acometer indivíduos de todas as idades, de ambos os sexos e de todos os níveis sociais. Muitos homens e mulheres sofrem desse problema, que causa a perda involuntária de urina e pode interferir nas atividades do dia a dia. Estima-se que mais de 8 milhões de brasileiros tenham incontinência urinária. As mulheres são mais predispostas a essa condição do que os homens. Entre os idosos que vivem em casas de repouso, pelo menos 50% apresenta incontinência urinária. Em alguns casos, trata-se de um problema transitório e facilmente tratável, como quando resultado de infecções urinárias e vaginais, efeitos colaterais de medicamentos e constipação intestinal. Em outros, porém, pode ser duradouro ou até permanente. Existem vários tipos de incontinência, mas ela se divide principalmente em duas, de esforço e de urgência. A de esforço ocorre quando se perde urina diante de qualquer atividade que force o abdômen, como tossir, espirrar, dar risada, carregar peso ou até mesmo andar; a de urgência, por outro lado, ocorre quando não se consegue chegar a tempo ao banheiro e, por isso, se perde urina. A incontinência é uma causa frequente de isolamento social, apesar de que existe tratamento que pode devolver a qualidade de vida ao paciente. Por ambas as razões, o mais importante é não ter vergonha de mencioná-la na consulta médica. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com
Comportamento
Reflexões sobre o bullying Simone Ribeiro Cabral Fuzaro Nos últimos anos, vem crescendo consideravelmente a discussão em torno do bullying. Muitas atitudes ganham esse “status” e, de modo geral, as pessoas se preocupam bastante com a possibilidade de que seus filhos sofram esse tipo de agressão. O bullying pode ser definido como uma “forma de violência que, sendo verbal ou física, acontece de modo repetitivo e persistente, sendo direcionada contra um ou mais colegas, caracterizando-se por atingir os mais fracos de modo a intimidar, humilhar ou maltratar os que são alvos dessas agressões”. (Dicionário Online). Vemos que na própria definição se encontra explicitamente o termo fraco e implicitamente o termo forte. Gostaria de iniciar a reflexão com a seguinte questão: o que determina que alguém seja fraco ou forte? Em se tratando de força física, poderíamos pensar que é determinada pelo porte, pela estrutura óssea e muscular... porém, do ponto de vista subjetivo e emocional, onde podemos localizar a força e a fraqueza da pessoa? Na verdade, a força interior, subjetiva, independe do porte físico, mas depende diretamente do suporte oferecido pelos pais à criança em formação, que se traduz no auxílio para conhecer seus potenciais e para não dar demasiada importância àquilo que não é verdade sobre ela. Quanto ao agressor, deve ser encarado como forte ou seria uma pessoa fraca e malformada que pre-
cisa agredir para se sentir melhor e mor. Muitos traumas e intimidações mais importante? É a agressão ao seriam evitados se, ao invés de nos outro sinal de força ou de dificuldoermos e partirmos em defesa de dade de lidar com as diferenças, de nossos filhos, conseguíssemos leválos a perceber que se trata de uma compreender e respeitar o outro? “brincadeira de mau gosto”, que deve Muito do que se vive hoje é fruto ser ignorada, ou de uma atitude erda falta de uma formação humana rada que precisa ser corrigida, e os mais comprometida com valores e estimulássemos a participar da corvirtudes. Ao serem tratadas como reção daquele que agiu mal. centro, as crianças vão crescendo Existem diferentes graus de intolerantes e incontentáveis. Movidas por seus desejos e impulsos, não agressão e, evidentemente, as providências precisam ser proporcionais. são estimuladas a enxergar os outros como sujeitos dignos de respeito. Na verdade, a força interior, Não aprendem a subjetiva, independe do porte cuidar de si e nem físico, mas depende diretamente dos demais. Nessa dinâmica, surgem do suporte oferecido pelos pais os agressores que à criança em formação, que se agem de modo in- traduz no auxílio para conhecer consequente e até seus potenciais e para não dar maldoso, não dei- demasiada importância àquilo xando, porém, de que não é verdade sobre ela serem vítimas da falta de formação. No entanto, muito do que se intitula Por outro lado, todos somos limitados e, quando estimulados a bullying, são manifestações próprias enxergar com otimismo essas limida imaturidade infanto juvenil, fruto tações, tirando o melhor delas, não de dificuldades de relacionamento nos sentimos tão ofendidos e matão comuns entre os que estão em goados com as agressões que vêm formação e, precisamente por isso, “de fora”. A verdadeira força de uma devemos aproveitá-las para formar pessoa é a interna, aquela formanossos filhos, para ensiná-los a desda pelo estímulo positivo dos pais, prezar o que não é construtivo, a rir que vão mostrando cotidianamente, do que não é importante, a crescer com gestos e palavras, quais são as em fortaleza para que não estejam capacidades e os potenciais de seus sujeitos a desabar diante de qualquer injustiça ou menosprezo que filhos, que dão suporte nas situações venham a sofrer na vida, o que, afidifíceis, mas sem enfrentá-las por nal, com certeza acontecerá. eles. Essa força também se forma quando vamos conscientizando as Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é crianças de suas dificuldades, ajufonoaudióloga e educadora e mantém o dando-as a superá-las com bom hublog http://educandonacao.com.br
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| Reportagem | 7
15 anos depois e no mesmo local Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
João Victor, em 2017, e Cláudio Carvalho, em 2002, morreram em frente à loja de uma rede de fast-food na zona Noroeste de São Paulo Daniel Gomes
danielgomes.jornalista@gmail.com
Larissa Freitas
Especial para O SÃO PAULO
Localizada próxima ao terminal de ônibus da Vila Nova Cachoeirinha e do Centro Cultural da Juventude, a loja franqueada da rede de fast-food Habib’s, nas esquinas das avenidas Itaberaba e Deputado Cantídio Sampaio, na zona Noroeste de São Paulo, é especialmente movimentada aos fins de semana, como na noite de 26 de fevereiro, domingo de carnaval. Não é incomum que em frente ao estabelecimento pessoas peçam dinheiro ou algum alimento para os frequentadores. Naquele dia, um desses “pedintes” era o adolescente João Victor Souza de Carvalho, 13, que morreu nas proximidades da lanchonete após, segundo testemunhas, se envolver em uma confusão com funcionários da loja, que o teriam perseguido, agredido e arrastado. Outra versão dá conta de que o adolescente foi atacado por um cliente do estabelecimento. Um laudo necroscópico do Instituto de Criminalística, divulgado no dia 7, indica que João Victor morreu por conta de uma parada cardiorrespiratória causada pelo uso de lança-perfume. Por conta do vício, ele fazia tratamento em um Centro de Atenção Psicossocial da região. Ainda segundo o laudo, o adolescente teve convulsão e falta de oxigenação decorrente de um infarto, em seu sangue havia traços de cocaína, e, apesar de também terem sido encontradas escoriações no cadáver, tais lesões não tiveram relação com a morte.
‘Mataram meu filho!’
A família de João Victor afirmou que vai contestar na Justiça o laudo necroscópico e pedirá a exumação do corpo para que seja feito um novo exame. No dia 2, em frente à loja, amigos e familiares do adolescente participaram de uma manifestação que reuniu aproximadamente 400 pessoas. “Mataram meu filho arrastado. Agora eles estão querendo dizer que meu filho morreu de parada respiratória. O João tinha só 13 anos, era ainda uma criança. Para fazer isso com uma criança só sendo uns animais. Eles mataram uma criança! Mataram o meu filho!”, desabafou Fernanda Cássia de Souza, mãe do garoto. Já Alini Cardoso, prima de João Victor, afirmou que ele vinha sofrendo ameaças de funcionários do estabelecimento. “O João falou para o pai [Marcelo Fernandes de Carvalho] das ameaças, e o pai dele disse que não era para ele vir mais aqui.
Em manifestação em frente à unidade franqueada do Habib’s, no bairro da Vila Nova Cachoeirinha, no dia 2, amigos e parentes de João Victor exigem esclarecimentos sobre a morte do garoto; ‘Mataram meu filho’, desabafa Fernanda Cássia de Souza (det.)
Ficou dois meses sem aparecer, coincidiu de vir no domingo [dia 26] e aconteceu isso”, disse, enquanto participava da manifestação, em que o principal grito – “ei, João, o povo tá na rua” - indicava o anseio pelo esclarecimento do caso. Em entrevista ao O SÃO PAULO, Ariel de Castro, coordenador da Comissão da Criança e do Adolescente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe-SP), considerou ter havido vários erros na apuração do caso, um deles foi o fato de a ocorrência só ter sido registrada na madrugada do dia 27, algumas horas depois do acontecido, e a instauração do inquérito pela Polícia Civil ser executada apenas no dia 1º, três dias após o ocorrido. “Isso não é comum, ainda mais em caso de morte, quando é necessária uma investigação imediata”, comentou. Ariel também afirmou estranhar que a senhora Silvia Helena Croti, catadora de materiais recicláveis, que declara ter testemunhado a perseguição e a agressão dos funcionários da loja a João Victor, não tenha sido aceita como testemunha do caso pelos policiais militares. “Ela não chegou a ir para a delegacia e isso também é um problema grave nessa situação, porque mudaria totalmente essa história. Se ela tivesse ido à delegacia e reconhecesse os autores, eles poderiam até ter sido presos em flagrante”, explicou.
História que se repete
Essa não é a primeira vez que a loja na Vila Nova Cachoeirinha é palco da morte de um adolescente. Há 15 anos, em março de 2002, Cláudio Carvalho Tenório, à época com 14 anos, e os amigos Welinton da Silva, Rogério Fonseca e Leandro da Silva decidiram comprar algo para comer no estabelecimento. Ao sair, Cláudio foi atingido por um tiro e
morreu horas depois. O grupo de amigos foi confundido com outros adolescentes que haviam provocado, minutos antes, os cachorros de um dos seguranças. Naquele momento, Anderson Cristian Pereira Andrade sacou um revólver de seu paletó e efetuou o disparo fatal. Após ficar foragido por um ano, o réu foi preso no Rio de Janeiro, confessou a autoria do disparo e foi condenado pela morte do adolescente. Ao longo do processo, a Itaberaba Point Super Lanches LTDA, nome dessa unidade franqueada do Habib´s, tentou provar que Anderson não tinha qualquer vínculo empregatício com a empresa, embora algumas vezes fosse chamado para reforçar a segurança por um outro funcionário, que tinha autonomia para contratar auxiliares. Esses e outros detalhes sobre o caso estão publicados na edição de 27 de outubro de 2016 do Diário da Justiça do Estado de São Paulo. A reportagem buscou esclarecimentos junto à assessoria de imprensa do Habib´s sobre quais procedimentos foram tomados à época em relação à loja franqueada e sobre as atuais recomendações de segurança feita aos estabelecimentos para o trato com pessoas que abordam os clientes nas proximidades das unidades. A rede também foi questionada se cuida diretamente da contratação e treinamento dos funcionários responsáveis pela segurança ou se isso compete a cada loja fraqueada. Nenhum dos questionamentos foi respondido. Além disso, a assessoria de imprensa do Habib´s limitou-se a repassar ao O SÃO PAULO um comunicado de imprensa de 7 de março, em que cita as informações do laudo pericial 75042/2017, realizado pelo Instituto Médico Legal, no qual consta a presença de cocaína no sangue de João Victor e se descreve que “a morte ocorreu de forma súbita e
teve origem cardíaca, relacionada ao uso de substância entorpecentes/ilícitas”; o laudo também indica que não foram encontrados sinais de agressões físicas no adolescente. Segundo o Habib´s, as conclusões do laudo reforçam dados de outros documentos anteriormente divulgados: “Conforme Boletim de Ocorrência, o adolescente sofreu mal súbito, foi solicitado resgate no local e o mesmo foi socorrido com vida; os socorristas da Unidade Resgate da Polícia Militar informaram que conduziram o adolescente até o Pronto Socorro do Mandaqui e que no caminho o mesmo sofreu uma parada respiratória, e não apresentava sinais de agressão; a vítima deu entrada no Pronto Socorro Mandaqui em PCR – Parada Cardiorrespiratória; na Declaração de Óbito, consta que a causa mortis foi Infarto do Miocárdio”. Por fim, consta na nota: “A empresa esclarece que os funcionários envolvidos continuarão afastados e que, após apurações finais, tomará medidas cabíveis e emitirá um novo comunicado”.
Novo ato
Familiares e amigos de João Victor realizarão um novo ato em homenagem ao adolescente, na quinta-feira, 16, às 17h, nas escadarias da Catedral da Sé.
8 | Pelo Mundo |
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Destaques das Agências Internacionais
Filipe David
Correspondente do O SÃO PAULO na Europa
México
‘Padre que não escuta confissão serve ao diabo’ É o que disse o Padre Adrián Huerta, capelão do Templo Expiatório de Cristo Rei (antiga Basílica de Guadalupe, onde esteve a imagem da Virgem de Guadalupe até 1976), na Cidade do México: “Quando os sacerdotes deixam de atender confissão sistematicamente é porque estão começando a servir ao diabo”, disse o Padre. Pelas redes sociais, o Padre vem exortando seus companheiros de sa-
cerdócio a voltar “ao confessionário o máximo de tempo que puderem todos os dias”. “Quando nós, os sacerdotes, ministros do sacramento do Perdão, não queremos atender confissões das pessoas por preguiça, desinteresse ou por nos dedicar a tantas outras coisas, sobretudo às questões administrativas e até mundanas, automaticamente deixamos de participar do Sumo e Eterno Sacerdócio de Jesus Cristo, porque
deixamos de colaborar com Ele em tirar o pecado do mundo”, explicou o Padre. O Sacerdote alertou contra o risco de burocratização dos horários de confissão, porque nem todos os fiéis podem vir em certos horários, sobretudo na agitação de uma cidade grande. O Padre lembra que atender confissão também pode ser fonte de alegria: “Atender confissão, na medida do pos-
sível diariamente, enche de uma satisfação espiritual e física tão agradável, que ninguém pode nos tirar, porque nos realizamos como sacerdotes”. Padre Adrián lembra também que ninguém pode fazer esse trabalho no lugar dos sacerdotes: “Muitas pessoas precisam ser escutadas e perdoadas e é um trabalho que Cristo encomendou somente aos sacerdotes”. Fonte: ACI
Vaticano/ Ruanda
Sobrevivente de guerra torna-se médica Por ocasião do Dia Internacional da Mulher, diversos testemunhos foram ouvidos no Vaticano, com conferencistas vindos de todas as partes do mundo. Dentre eles estava o de Mirreille Twayigira, uma sobrevivente da guerra civil de Ruanda que se tornou médica e atribui sua sobrevivência à providência divina. Mirreille tinha apenas três anos quando a guerra eclodiu em Ruanda. O governo da maioria hutu iniciou um genocídio das tribos tutsi. Logo a guerra tomou a vida de seu pai, cujo corpo foi enviado para casa envolto em um tecido azul. Sua irmã de apenas um ano foi a próxima vítima, morrendo devido à falta de atendimento médico e alimentação adequada. Sua família então fugiu para um campo de refugiados no Congo. No campo, sua mãe ficou doente e faleceu. Mirreille continuou sua vida sob os cuidados de seus avós. Dois anos depois, Mirreille e sua família tiveram que fugir novamente devido à guerra. A fuga foi às pressas e Mirreille ainda se lembra do tiroteio e das balas que voavam acima de suas cabeças enquanto fugiam para a floresta. Seus avós pediam esmola e comida a habitantes locais e, quando isso não era o suficiente, a família tentava matar a fome com raízes de plantas da floresta. Algumas vezes, tiveram que tomar água de um rio que tinha cadáveres boiando. Eles tinham que percorrer longas
distâncias de um vilarejo a outro, em busca de um outro campo de refugiados. Quando o sol esquentava demais o solo, enrolavam um pouco de mato nos pés para conseguirem continuar andando. “Nós escapamos de tantos perigos de morte diferentes: fome, balas, afogamento, animais selvagens, entre outros. Nenhuma criança deveria passar pelo que eu passei”, disse. Quando finalmente encontraram um outro campo de refugiados, a situação não melhorou muito: os garotos eram muitas vezes recrutados e treinados para lutar, enquanto as meninas eram tomadas como “companheiras” para a noite ou como esposas. Mirreille só escapou disso porque era ainda muito pequena. Graças ao seu avô, que conseguiu levá-la a um outro campo de refugiados, onde havia uma escola melhor para as crianças, Mirreille pôde estudar. Depois de algum tempo, ela foi selecionada por uma escola jesuíta, paga pelo Serviço de Refugiados Jesuíta. Ao terminar a escola entre os seis melhores estudantes do País, ela obteve uma bolsa para estudar medicina na China e hoje trabalha como médica residente no Malawi. “Deus salvou minha vida porque existem pessoas em necessidade a quem eu devo servir”, disse Mirreille. Ela ressaltou a importância da educação das meninas: “Eu acredito que, quando
CNA
Foto tirada em Roma da médica Mirreille Twayigira, sobrevivente da guerra civil em Ruanda
uma menina é educada, isso significa que você está educando toda a família. Porque uma mulher cria os seus filhos e fica com eles o tempo todo, tudo o que eles recebem é o que você lhes ensina.
Então, se uma mulher é educada, isso significa que toda a família terá uma boa educação. Ou seja, educar uma menina é educar o país inteiro”, explicou. Fonte: CNA
Iraque Arqueólogos encontram palácio sob templo destruído Em 2014, o grupo Estado Islâmico destruiu a mesquita que, de acordo com uma tradição antiga, abrigava a tumba do profeta Jonas. A mesquita foi construída no século 14 onde antes havia uma igreja assíria, na parte leste da cidade de Mossul, no norte do Iraque. Agora, após a libertação de Mossul pelo exército ira-
quiano, os arqueólogos podem explorar um edifício ainda mais antigo, que esteve durante séculos sob a igreja/mesquita. Trata-se das ruínas do palácio do rei Senaqueribe, que data de mais de 600 anos antes de Cristo e cuja história se encontra na Bíblia, no livro das Crônicas e no livro de Isaías.
O palácio fazia parte da antiga cidade de Nínive, durante o império assírio. Ele pertenceu ao rei Senaqueribe, que invadiu Judá e tentou tomar Jerusalém, na época do profeta Isaías. De acordo com o segundo livro das Crônicas (capítulo 32), Senaqueribe insultou o Deus de Israel, dizendo que Ele não seria capaz de livrar
o povo judeu de suas mãos. Isaías e o rei de Israel, Ezequias, oraram a Deus para que os livrasse das mãos dos assírios. Deus enviou seu anjo, que praticamente destruiu o exército assírio. Senaqueribe retornou ao seu País e foi assassinado por seus próprios filhos. Fonte: ACI
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Destaques das Agências Nacionais
Daniel Gomes, Júlia Cabral e Vítor Alves Loscalzo osaopaulo@uol.com.br
Salvador (BA) terá experiência inédita de turismo comunitário A Pastoral do Turismo da Arquidiocese de Salvador (BA) implantará a primeira experiência de turismo religioso de base comunitária do Brasil. A iniciativa resulta da união entre a Secretaria de Turismo da Bahia e a Paróquia Nossa Senhora dos Alagados e São João Paulo II, no bairro do Uruguai, que em 1980
recebeu a visita do Papa. Na ocasião ele inaugurou a igreja paroquial. O bairro ficou famoso por sua pobreza extrema e pelas palafitas que colocavam em risco os moradores, especialmente as crianças. Desde a visita histórica de São João Paulo II, a realidade começou a mudar. Também no local, a Bem-Aven-
turada Dulce dos Pobres iniciou o seu trabalho caritativo, e Santa Teresa de Calcutá implantou a primeira comunidade das Irmãs de Caridade no Brasil. De acordo com o coordenador da Pastoral do Turismo, Padre Manoel Filho, a Pastoral unirá, com essa iniciativa, a dimensão religiosa e de promoção hu-
Congresso do Movimento Famílias Novas acontece em Vargem Grande Paulista (SP) Focolares
Em encontro na Mariápolis Ginetta, em Vargem Grande Paulista (SP), Focolares comemoram jubileu de ouro do Movimento Famílias Novas
Aprofundar o conceito de família ao longo da história, para entender sua evolução à problemática atual, e a resposta da Igreja às questões que se apresentam hoje foram objetos de reflexão do Congresso promovido pelo Movimento Famílias Novas, ramificação do Movimento dos Focolares, realizado nos dias 11 e 12, na Mariápolis Ginetta, em Vargem Grande Paulista (SP). Aproximadamente 240 pessoas, vindas de mais de 30 cidades paulistas, participaram do evento, que teve como tema central “A família hoje”. Documentos da Igreja, como a Exortação Amoris Laetitia, sobre o amor na família, do Papa Francisco, foram estudados e reforçados com as explanações de psicólogos especializados em terapia familiar, que fala-
ram sobre o relacionamento do casal, a importância dos pais na educação dos filhos, a interferência dos meios de comunicação nesse processo e a influência da sociedade na vida da família. Casados há seis anos, Luciana Collet e Elvis dos Santos foram no encontro com a filha Mariana, de 1 ano e meio. Segundo o casal, o momento foi oportuno para sair da rotina diária de São Paulo e refletir sobre a vida na família: “Poder calibrar a nossa bússola interna para que Deus esteja mais no centro das nossas vidas. E recomeçar, agora com mais sabedoria e mais consciência da importância de conhecermos o que a Igreja nos apresenta como resposta para os dilemas familiares modernos, de maneira a
contribuir mais para a discussão com a sociedade”, disseram. Na terça-feira, 14, completou-se o 9º aniversário da morte de Chiara Lubich (1920-2008), fundadora do Movimento dos Focolares, cujo carisma é o da unidade. Este será o ano dedicado à contribuição desse carisma para o mundo da família, tendo em vista o 50º aniversário do Movimento Famílias Novas. Para celebrar os 50 anos da fundação do movimento, várias atividades serão realizadas em diferentes países. O evento central aconteceu nos dias 11 e 12, em Loppiano, na Itália, e contou com a participação de cerca de 800 pessoas de todo o mundo. Fonte: Focolare.org (Com informações de Diego Monteiro)
Seminário nacional debate o direito à moradia ao povo da rua Membros da Pastoral do Povo da Rua de todo o país estiveram reunidos na sexta-feira, 10, em Belo Horizonte (MG), para um seminário nacional sobre o direito à moradia da população em situação de rua – estima-se que 60 mil pessoas vivam nas ruas dos centros urbanos brasileiros atualmente.
COLETA DAS MISSÕES
A Mitra Arquidiocesana de São Paulo comunica que o valor arrecadado na Coleta das Missões em 2016 foi de R$ 493,850,89, em valor bruto.
“São pessoas que possuem um histórico de perdas de casa, de família, de trabalho, que não estão nas ruas porque querem ou por opção pessoal. Entretanto, quando se pensa em programas de moradia digna, essas pessoas quase nunca são consideradas”, afirmou a Irmã Maria Cristina Bove, coordenadora nacional da Pastoral do Povo da Rua. O encontro contou com dois painéis: “Não estou na rua porque quero: povo da rua e o direito à cidade”; e “A casa em primeiro lugar”. O seminário integra as ações da campanha “Chega de omissão, queremos habitação”, lançada em maio de 2015, para reivindicar moradia definitiva para as pessoas que vivem nas
mana da evangelização, além de promover um turismo socialmente responsável, defensor da ecologia integral e anunciador de um novo mundo possível. “É uma nova forma de fazer turismo que respeita as culturas tradicionais e as comunidades”, afirmou. Fonte: Arquidiocese de Salvador
No Brasil, ONU lança programa de prevenção à criminalidade pelo esporte O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) lançou no começo deste mês o programa esportivo “Vamos Nessa”, com o objetivo de prevenir a criminalidade entre jovens. O projeto-piloto está sendo realizado em Brasília (DF) e no Rio de Janeiro (RJ), antes de ser expandido para outros países de América Latina, África e Ásia. O programa “Vamos Nessa” foca nos esportes como forma de construir resiliência entre jovens, ampliando suas habilidades para a vida e aumentando sua consciência sobre as consequências da criminalidade e do abuso de drogas. O objetivo é influenciar positivamente as atitudes e prevenir comportamentos antissociais e de risco. Para isso, há um manual para auxiliar treinadores, assistentes sociais e outros profissionais que trabalham com jovens de 13 a 17 anos. Formado por dez aulas, o programa foi desenhado para ter como alvo uma determinada quantidade de habilidades para a vida que podem ser ensinadas em centros esportivos e em escolas, assim como em outros locais de convívio comunitário. Fonte: ONU Brasil
Financiamento de veículos novos cai 12,9% em fevereiro
ruas. Além disso, a campanha pretende sensibilizar tanto a sociedade civil brasileira quanto o poder público para a necessidade de que a população em situação de rua seja contemplada em programas de habitação, entendendo a moradia como um direito de todo ser humano. Uma das soluções apontadas pela Pastoral e pelos movimentos de defesa dos direitos da população em situação de rua é o rompimento com o caráter provisório representado pelos albergues e abrigos, em direção à construção de programas de moradia com segurança, infraestrutura urbana consolidada e serviços públicos acessíveis.
Em comparação com 2016, o financiamento de veículos novos caiu 12,9% em fevereiro, segundo dados da Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip). No total, dentre carros, motos e caminhões, foram 117.322 veículos zeroquilômetro vendidos no mês passado, por financiamento. Já a venda de usados – 66% do total dos financiamentos de veículos em fevereiro – sofreu aumento de 8,5%, somando 233.923 unidades. No acumulado do ano, a quantidade de veículos novos financiados foi 11,2% menor do que a registrada em janeiro e fevereiro de 2016, enquanto que a venda de usados nessa mesma modalidade cresceu 15%, na mesma comparação.
Fonte: CNBB
Fonte: Cetip
10 | Papa Francisco – Análise |
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4 anos de Francisco L’Osservatore Romano - 13.03.2013
FILIPE DOMINGUES
Especial para O SÃO PAULO, em Roma
Das paredes desenhadas de Roma à capa da revista Rolling Stones. Em quatro anos de pontificado, o Papa Francisco conseguiu o que muitas personalidades tentam e poucas conseguem: tornou-se uma das figuras públicas mais ouvidas pelos poderosos do mundo e, ao mesmo tempo, um tipo popular, conhecido por todos e ouvido pela gente comum. Um “papa pop”, que comenta sobre uma “economia que mata”, promove uma complexa reforma na Cúria Romana e, talvez até num mesmo dia, responde a perguntas de crianças pequenas e vai ao encontro de prisioneiros. Mas o mais importante para ele parece ser que, aberto para dialogar com o mundo, Jorge Mario Bergoglio se tornou o Papa da misericórdia. Desde 13 de março de 2013, quando, da sacada da Basílica de São Pedro, inclinou-se e pediu: “Rezem por mim.” Para muitos, a ênfase na misericórdia é o principal valor do Evangelho nestes quatro anos de pontificado. “Continuando na linha iniciada por seus predecessores, a partir de São João XXIII, Francisco considera urgente fazer conhecer esse rosto de Deus”, afirmou o vaticanista Andrea Tornielli, em entrevista ao O SÃO PAULO, em junho do ano passado. “Apresentar uma Igreja que não está no mundo para condená-lo, mas para mostrar o rosto misericordioso de Deus. Creio que o Papa sinta que isso é uma grande urgência para o nosso tempo”, acrescentou.
Um pontificado de estilo simples
Procurando demonstrar ser uma pessoa normal – e em seu último retiro espiritual agradeceu o pregador por ser “um frade normal” – o Papa diz que se ofende quando o representam como um super-herói. “Toda idealização é uma
Em 13 de março de 2013, o Cardeal Jorge Mario Bergoglio, argentino, inicia seu pontificado; 4 anos depois, é considerado o Papa da misericórdia
agressão”, afirmou diversas vezes. Mas, no fim das contas, é justamente esse estilo que atrai multidões a Roma e gera milhares de publicações sobre ele. Francisco é amado especialmente pelos que gostam de sua simplicidade, uma quase falta de glamour que ele leva adiante desde a escolha do seu nome, inspirado em São Francisco de Assis. “Ah, como queria uma Igreja pobre para os pobres!”, disse aos jornalistas. Estilo que se manifesta, inclusive, nos temas de seus discursos, nas obras de misericórdia que procura realizar, em suas viagens pelo mundo e nas suas escolhas de bispos e cardeais. Cada vez mais, privilegia as “periferias existenciais”. É um estilo que se manifesta no seu vocabulário, que busca alcançar a todos. Em entrevista ao O SÃO PAULO em junho de 2016, a Irmã Helen Alford disse que muitas vezes o Papa Francisco de fato fala “com intenção de virar manchete”. Porém, a professora de Economia na Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino ponderou que ele “também diz coisas menos dramáticas que tendem a não chegar aos jornais”. Quando usa uma linguagem forte, avalia, Francisco age como um profeta do Antigo Testamento. “Os profetas tentam acordar as pessoas para um pro-
blema, trazê-las de volta para uma relação de amor e comunhão com Deus”, explicou. “É um tipo de operação de choque. Mas também dizem coisas bonitas sobre como Deus ama seu povo. Vejo o que o Papa diz como um profeta.”
Amado e criticado, mas ouvido
Tanta popularidade, entretanto, não passa sem críticas. Há aqueles que, ainda que com respeito à sua autoridade, pedem ao Papa Francisco respostas mais claras para os problemas da Igreja e do mundo. Ressalvas a seu estilo de governar, que ele diz ouvir, com tranquilidade, sem “perder o sono”. Trata-se de uma proposta que integra um projeto maior de reforma eclesial, de dar mais colegialidade às decisões. Porém, ao mesmo tempo, pode tornar os processos mais lentos e gerar ansiedade. “Ele está sempre voltando à questão: Aonde Cristo nos chama agora?”, comentou sobre a reforma eclesial o arcebispo de Chicago, Cardeal Blase Cupich, em entrevista ao vaticanista Joshua McElwee, do National Catholic Reporter. “É uma visão sobre o que Cristo está querendo que nós façamos, e não sobre o que queremos que Ele faça.”
Para o Padre Rocco D’Ambrosio, professor de Filosofia Política na Pontifícia Universidade Gregoriana, “precisamos prestar mais atenção aos temas da reforma do que à pessoa que a iniciou”. Em entrevista ao site Pray Tell, ele explicou que “como toda pessoa, o Papa é um dom de Deus, com uma história de forças e fraquezas, de graça e de pecado”. E acrescentou: “Se Deus o escolheu para ser papa, com tudo o que ele traz consigo, como faz com todo papa, quer que lidere a sua Igreja sobre uma nova estrada”. Assim como seus antecessores, Francisco marca seu pontificado com muito do que vivenciou em sua vida na Argentina. “Ele trouxe sua visão latino-americana, com a crise ecológica e social”, afirmou o Padre Federico Lombardi, ex-porta-voz do Vaticano, em entrevista ao jornal La Croix. Por outro lado, Padre Lombardi avalia que já é hora de olhar além do “Papa argentino”. “Ele começou fazendo o que fazia lá em Buenos Aires. Mas encontrou bispos do mundo todo, líderes de outras religiões, viajou para continentes que não conhecia”, recorda. “Sua experiência se estendeu e o seu ministério se tornou universal. Hoje, é um Papa ouvido pelo mundo, um líder mundial.”
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Cardeal Odilo Pedro Scherer
Papa Francisco continua a pregar a doutrina da Igreja na linha dos seus predecessores L’Osservatore Romano
Daniel Gomes
danielgomes.jornalista@gmail.com
Participante do conclave em que o Cardeal Jorge Mario Bergoglio foi eleito papa, em 13 de março de 2013, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, em entrevista exclusiva ao O SÃO PAULO, fala sobre os quatro anos do pontificado do Papa Francisco. Segundo Dom Odilo, mais do que reformar estruturas, Francisco está fazendo as pessoas na Igreja mudarem atitudes e comportamentos. O Arcebispo de São Paulo fala ainda sobre como a comunidade internacional tem reagido aos apelos do Pontífice e sobre os aspectos mais fortes do magistério do 266º papa da história da Igreja Católica. Dom Odilo lembra ainda que todos os católicos devem ouvir, levar a sério e seguir os ensinamentos do Papa com sincera adesão de coração, reconhecendo que Francisco é o legítimo sucessor de Pedro. Leia a seguir a íntegra da entrevista.
O SÃO PAULO – O Papa Francisco completa quatro anos de pontificado. Muito se tem dito que ele é o papa das reformas. Poderia nos esclarecer quais são os principais temas dessa reforma e o que ele conseguiu viabilizar a respeito até agora? Cardeal Odilo Pedro Scherer – Antes de mais nada, parabéns ao Papa Francisco pelo 4º aniversário de seu pontificado! Agora, com relação à pergunta, ele está sim realizando uma reforma no coração da Igreja. Não se trata tanto de mu-
dar estruturas quanto de mudar atitudes e comportamentos, que façam voltar ao essencial da vida e da missão da Igreja. A reforma da Cúria Romana está acontecendo aos poucos; mas o Papa está tratando, mais que tudo, de mudar o próprio espírito da Cúria. Está mudando alguns aspectos da disciplina da Igreja, para maior benefício dos fiéis; mudando o pêndulo das preocupações da Igreja, menos voltadas para dentro e mais para a missão da Igreja no mundo. E está mudando a percepção geral a respeito da Igreja: mais próxima das pessoas, mais servidora e misericordiosa. Na opinião do senhor, quais os aspectos mais fortes do magistério do Papa Francisco?
O Papa Francisco continua
Nestes quatro anos, como tem sido a relação do Papa Francisco com os cardeais? O Papa tem ouvido os cardeais. Muitos deles participam de um ou vários organismos da Cúria Romana, ajudando o Papa em sua missão, como conselheiros e colaboradores. Ele também instituiu o conselho de nove cardeais, que o ajuda a trabalhar sistematicamente sobre as reformas em curso. A escolha de novos cardeais também merece uma observação: ele tem procurado tornar o Colégio Cardinalício menos europeu e mais universal, chamando novos cardeais de países pequenos e de áreas missionárias da Igreja e da “periferia do mundo”. Nas ocasiões em que o senhor esteve com o Papa, que recomendações ele fez à Igreja no Brasil?
a pregar a doutrina da Igreja, na linha dos seus predecessores, mas com alguns destaques especiais: a pregação da Palavra de
Deus com simplicidade; a dimensão missionária da Igreja; a atenção especial à pessoa humana; o aprofundamento da ética relacionada com as questões ambientais; a misericórdia como a marca do agir cristão; o clamor pela justiça nas relações interpessoais, nacionais e internacionais; a atenção aos últimos e aos “descartados” da sociedade; a preocupação em construir pontes em vez de muros; a colegialidade episcopal na condução da Igreja. Em muitas ocasiões, o Papa chamou a atenção do mundo para os mais frágeis, como os refugiados. Na percepção do senhor, que respostas os líderes mundiais têm dado aos apelos do Papa? Há quem tenha instrumentalizado tais preocupações do Pontífice? Os apelos do Papa nem sempre recebem a acolhida desejada, não apenas entre os governantes, mas até entre os próprios membros da Igreja. É uma pena. Nisso, porém, não há diferença com o que acontecia com os outros papas: todos sofreram contestações e críticas aos seus ensinamentos e apelos. Mas também houve muitas pessoas e governantes que se orientaram pelas palavras do Papa, como acontece também atualmente. O Papa deve continuar a falar e a testemunhar o Evangelho perante o mundo e a própria Igreja. Isso não de-
pende de índices de aprovação ou rejeição: é a missão recebida de Cristo. Após ter realizado o Sínodo da Família, o Papa convocou para 2018 o Sínodo da Juventude. O que se pretende e o que se espera com esse sínodo? Francisco, de fato, realizou duas assembleias do Sínodo sobre a família; a primeira, em 2014, já havia sido convocada por Bento XVI, mas foi Francisco que deu a tônica a essa assembleia, bem como à de 2015. A primeira foi extraordinária e a segunda, ordinária. Os frutos dessas assembleias ainda vão aparecer daqui por diante. A as-
sembleia ordinária de 2018 terá como tema a juventude, com um enfoque vocacional, e deverá dar uma atenção especial às temáticas relacionadas com a situação dos jovens no mundo e na Igreja, os rumos da evangelização das novas gerações e a sua participação na vida e na missão da Igreja. No meu entender, o tema envolve uma das questões cruciais da Igreja em nosso tempo: como alcançar a juventude? Como transmitir a fé às novas gerações, para que se sintam parte viva e ativa da Igreja? Sem uma especial atenção à juventude, o futuro da Igreja fica necessariamente comprometido.
Normalmente, nas conversas particulares, o Papa ouve muito, mas não faz recomendações desse tipo, que não sejam conhecidas pelos seus discursos públicos e documentos. Ele tem muita informação sobre o Brasil e sobre os outros países, e acompanha os principais acontecimentos da Igreja e da vida pública nos vários países do mundo. Ele sempre tem alguma expressão de bom humor e pede muito que rezemos por ele. Na comemoração do 4º aniversário da eleição do Papa Francisco, qual deveria ser a atitude dos católicos em relação ao sucessor do apóstolo de Pedro? Devemos ter uma fé sincera na ação do Espírito Santo, que age na Igreja com toda a certeza. A escolha do Papa Francisco teve a assistência do Espírito Santo. Ou não cremos na Igreja Católica? Por isso, além da oração pelo
Papa, também é necessário ouvi-lo, levar a sério seus ensinamentos e segui-los com sincera adesão do coração. Preocupa-me a
crítica fácil ao Papa movida por grupos que rejeitam os ensinamentos e os chamados do Papa Francisco, e até o reconhecimento de que ele seja o legítimo sucessor de Pedro. Com qual Igreja estamos, se não aderimos ao Papa - não a um “papa ideal” –, que está à frente da nossa Igreja? Isso é grave e merece uma séria reflexão, pois envolve a nossa fé na Igreja e na ação do Espírito Santo na Igreja e por meio dela. Não deixemos de rezar pelo Papa Francisco, como ele mesmo recomenda a todos! E como é da tradição da nossa Igreja!
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Empresas abrem suas portas para pessoas com deficiência Centro Universitário São Camilo
Para além da lei que define cotas para a contratação de pessoas com deficiência, instituições valorizam a inclusão social
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Fernando Geronazzo
osaopaulo@uol.com
uando Joice Aparecida Pelegate de Lima, 34, saiu em busca de seu primeiro emprego, há 15 anos, além do desafio habitual que muitos jovens enfrentam para o ingresso no mercado de trabalho - a falta de experiencia profissional –, ela também enfrentou um certo preconceito quanto à sua deficiência no braço esquerdo – Joice nasceu sem uma parte do membro. “Havia pessoas que já na entrevista olhavam estranho para o meu braço”, relata a jovem. Porém, Joice não desistiu de procurar e encontrou, no Centro Universitário São Camilo, em São Paulo, a oportunidade de mostrar sua capacidade profissional. Funcionária da instituição há 15 anos, a jovem começou no atendimento de alunos e agora trabalha na recepção. “Aqui eu fui acolhida desde o primeiro momento. Sempre fui tratada como os demais funcionários tanto pelos colegas quanto pela chefia.” Instituição de ensino superior com foco na área da saúde e mantida pela Ordem dos Ministros dos Enfermos (padres e irmãos camilianos), o Centro Universitário São Camilo tem oferecido vagas para pessoas com deficiência em diversos setores, especialmente nas áreas de atendimento ao público. “Temos controladores de acesso nas catracas na entrada, ascensoristas, inspetores de alunos, pessoas na recepção e na área de tecnologia. Temos ainda um de nossos professores da área de Medicina que é cadeirante”, explica a analista de Recursos Humanos (RH) da instituição, Sueli Moro Daniel.
Lei de cotas
No Brasil, o emprego das pessoas com deficiência está amparado pela Lei 8.213/91, também conhecida como “lei de cotas”, que obriga as empresas com cem ou mais empregados a reservar vagas para pessoas com deficiência, em proporções que variam de acordo com o número de empregados (leia no quadro ao lado). De acordo com o Ministério do Trabalho, nos últimos cinco anos houve um aumento de 20% na participação de profissionais com deficiência no mercado de trabalho. Grandes empresas, bancos e indústrias já estão abrindo as portas para pessoas com deficiência. No Centro Universitário São Camilo, Sueli é quem faz todo o processo de recrutamento. Ela afirma que a instituição recebe muitos currículos espontâneos de pessoas que viram anúncios em meios de comunicação, como o jornal O SÃO PAULO. Atualmente, a instituição possui 20 colaboradores com deficiência e está com vagas abertas. Após a entrevista, Sueli identifica o perfil de cada um, principalmente a partir de experiências profissionais anteriores. “Nós procuramos incluir todo tipo de deficiência, mas pelo dia a dia da faculdade nós ainda não conseguimos. Por mais que tenhamos investido em acessibilidade, ainda falta muito. Procuramos deficiências físicas leves, cadeirantes, pessoas com deficiência visual ou auditiva, com sequelas de poliomielite (mobilidade reduzida e necessitam de bengala)”.
A recepcionista Joice Aparecida Pelegate de Lima trabalha há 15 anos no Centro Universitário São Camilo, em São Paulo
Troca de experiências
A importadora Casa Flora, no Brás, região central de São Paulo, também possui em seu quadro de funcionários uma pessoa com deficiência. Rogério Freddi, 34, tem síndrome de Down, e trabalha há dez anos na empresa. Ele já passou pelo departamento de crédito e cobrança e há quatro anos trabalha no setor de RH. Para a analista de RH da Casa Flora, Jaqueline Althaus, a presença de Rogério na empresa vai além do cumprimento da legislação. “Ele é uma pessoa muito capaz e interessada. Tem o Ensino Médio completo e quer fazer faculdade de biblioteconomia. A gente o ajuda bastante e ele nos ajuda muito também. Há uma troca interessante. Não se trata apenas de ajudar as pessoas com deficiência, pois elas também têm a nos oferecer”, afirma.
Rogério é muito querido por todos na empresa. “Tratamos ele de igual para igual, não há regalias, assim como qualquer outro funcionário. Ele gosta de passar por funções diferentes, gosta de aprender e é prestativo”, afirma Jaqueline.
Oportunidades
Diante do crescimento da procura de profissionais entre as pessoas com deficiência pelas empresas, o casal Claudio Roberto Tavares e Kelli Tavares criou, há dez anos, o Deficiente Online (deficienteonline.com.br), a primeira plataforma digital exclusiva de anúncios de empregos para pessoas com deficiência. “Nós sempre trabalhamos na área de empregabilidade no Paraná, e conhecíamos as dificuldades de muitas pessoas para inserção no mercado de trabalho, até
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A Lei Nº 8.213, de 24 de julho de 1991, dispõe sobre a contratação de pessoas com deficiência nas empresas, os planos de benefícios da Previdência e dá outras providências à sua contratação Art. 93 - A empresa com 100 ou mais funcionários está obrigada a preencher de dois a cinco por cento dos seus cargos com beneficiários reabilitados, ou pessoas portadoras de deficiência, na seguinte proporção: até 200 funcionários.................................. 2% de 201 a 500 funcionários....................... 3% de 501 a 1.000 funcionários................... 4% a partir de 1.001 funcionários............... 5% A multa pelo descumprimento da Lei de Cotas, conforme Portaria MF Nº 8 de 13/01/2017, varia de R$ 2.284,05 a R$ 228.402,57.
porque o Cláudio também é deficiente”, conta Kelli. Na época, o casal ofereceu a plataforma do serviço gratuitamente para duas ONGs, mas não houve interesse. “Então, resolvemos montar a empresa que oferece o serviço gratuitamente para os candidatos e com planos empresariais acessíveis”, explica a cofundadora do site. Atualmente, o site oferece cerca de 2 mil vagas de grandes empresas de todo o Brasil, nas mais variadas áreas. O site é 100% acessível, tanto para os candidatos quanto para as empresas. Segundo Kelli, há vagas para as áreas de telecomunicações, atendimento ao cliente, operacional, administrativa, produção e comercial. “Anteriormente, as empresas lançavam no sistema mais vagas para perfil operacional. Mas sempre informamos que podem ser oferecidas vagas gerenciais, administrativas também. Hoje há empresas que contratam pessoas com remuneração maior, com vagas em praticamente todas as áreas, desde consultor de vendas, executivos de negócios.”
Qualificação
A administradora do Deficiente Online salienta que, além da disponibilida-
de de vagas nas empresas, é preciso que haja acessibilidade à capacitação e formação das pessoas com deficiência para o mercado de trabalho. Dos 60 mil candidatos cadastrados na plataforma, em média 30% são graduados ou já estão em uma universidade. A maioria tem Ensino Médio completo e, em número menor, há pessoas com Ensino Fundamental, mas que também conseguem vagas para cargos com remuneração menor. “Embora ainda haja dificuldade de acessibilidade nas escolas em geral, hoje, recursos tecnológicos como o ensino a distância têm contribuído bastante para o crescimento profissional dessas pessoas. Mas a base, no ensino infantil e fundamental, ainda fica devendo bastante para a sociedade”, ressalta Kelli.
Perfil profissional
Os tipos de deficiência aptos para o mercado de trabalho variam muito. Kelli destaca que a plataforma “sempre orienta que a empresa busque primeiro o perfil profissional e deixe para um segundo momento a análise da deficiência em si. Porque cada deficiência tem sua particularidade. Há pessoas que na descrição do médico vão ter exatamente a mesma de-
ficiência, mas o que elas estudaram é diferente, suas áreas de formação são diferentes, possuem experiências diferentes”.
Adaptações
Nem todas as pessoas com deficiência precisam necessariamente de uma adaptação estrutural no ambiente de trabalho para exercer sua função. “Já trabalhei com pessoas com a mesma deficiência, utilizavam o mesmo tipo de muletas, mas uma tinha dificuldades para subir escadas. Para essa pessoa específica, era necessária uma acessibilidade maior”, relata Kelli. Questões simples, como uma cadeira com apoio para braços, bebedouro próximo, barras para apoio nos banheiros, mesas de escritórios sem gavetas para facilitar a utilização por cadeirantes são pequenas adaptações viáveis para as empresas. Segundo Kelli, “nada como uma boa conversa com o candidato para saber exatamente do que ele precisa.
Mudança de mentalidade
Além da acessibilidade estrutural, também é importante que haja uma mudança de mentalidade dentro das empresas. No Centro Universitário São Camilo, Sueli afirma que há um constan-
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te trabalho nesse sentido. “Não vou dizer que esse processo é fácil. Nós trabalhamos com pessoas, a gestão é constituída de pessoas e há aqueles que têm uma compreensão melhor e aqueles que nem tanto”, afirma, acrescentando que não se trata de preconceito com a deficiência, mas de uma espécie de resistência ou preocupação com o trabalho em si, com as demandas dos setores. “Em função disso, contamos com um auxílio muito grande do nosso pró-reitor administrativo, o Padre Anísio Baldessin, que ajuda muito na conscientização da gestão. Havia áreas que antes eram mais resistentes e hoje já nos solicitam pessoas com deficiência para o trabalho.” Para promover a cultura inclusiva entre os funcionários, o Centro Universitário São Camilo se esforça em tratar todos os funcionários sem distinção. “A presença das pessoas com deficiência tem destaque tanto na aceitação dos colaboradores quanto na qualidade do trabalho”, garante Sueli. Para a analista de RH da Casa Flora, tanto funcionários quando clientes passaram a enxergar a deficiência com menos descrédito. “Quando nós não convivemos, criamos muita fantasia. Agora, quando estamos ao lado de alguém com alguma deficiência, acabamos não enxergando apenas a deficiência, e sim a pessoa como ela é. Não se vê a deficiência como um defeito”, diz Jaqueline. “No Centro Universitário São Camilo, não temos colaboradores com deficiência somente pelas cotas. Nós queremos proporcionar a inclusão social desse funcionário na forma de qualificá-lo profissionalmente, desenvolver e resgatar sua cidadania e a valorização da pessoa como ser humano. Esse é o nosso compromisso”, ressalta Sueli. A funcionária Joice confirma esse apoio. Além de adquirir experiência profissional, ela quer ingressar na universidade e se formar em Gestão Financeira. Para aqueles que também buscam oportunidades como a dela, a jovem incentiva: “Não desistam!” (Colaborou Vítor Loscalzo)
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Uma árvore centenária no Largo do Arouche Em toda sua complexidade, a cidade de São Paulo ainda preserva um pouco da Mata Atlântica e surpreende com a natureza que sobrevive e clama por cuidado Nayá Fernandes
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Em que momento histórico a cidade de São Paulo começou a alcançar as grandiosas proporções que hoje a compõem e a Mata Atlântica foi dando lugar à selva de pedra. As perguntas, difíceis de serem respondidas, despertam a curiosidade sobre o crescimento urbano que transformou a capital paulista numa megalópole com todos os seus encantamentos e complexidades. Um dos biomas com maior biodiversidade do mundo, a Mata Atlântica, deu lugar à diversidade de etnias, nacionalidades e culturas que formam a vibrante e caótica São Paulo. Mas o processo não foi linear nem tranquilo. O crescimento acelerado trouxe muitos prejuízos para os antigos moradores da cidade e para aqueles que para cá imigraram. Compreender como isso se deu é importante para que seja possível transformar São Paulo em uma cidade mais agradável para viver. José Mariano Caccia Gouveia e Sueli Furlan, doutores em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP) falaram ao O SÃO PAULO sobre a presença desse bioma na cidade e a relação do paulistano com a natureza que ainda sobrevive, sobretudo nos parques e unidades de preservação. José Mariano é professor da Universidade EStadual Paulista (Unesp) e atua com temas como geomorfologia; biogeografia; análise e planejamento ambiental; elaboração de planos de manejo para unidades de conservação; análise de fragilidade ambiental; e modelos, indicadores e métrica da sustentabilidade. Sueli desenvolve pesquisas socioambientais sobre a conservação de florestas tropicais e coordena o Núcleo de Pesquisas de Populações Humanas e Áreas Úmidas, da USP. Coordenou a elaboração dos Planos de Manejo, como o do Parque Estadual Intervales e o Plano Diretor do Município de Ilhabela (SP). É autora de livros sobre conservação de florestas tropicais e educação ambiental.
Um pouco de história
“Devemos lembrar que, antes da Fundação do Pateo do Collegio e, pos-
teriormente, da Vila de São Paulo de Piratininga, nas colinas que separam o rio Tamanduateí do córrego do Anhangabaú, no século XVI, já existiam atividades extrativistas e prática de agricultura de subsistência nos terrenos que constituem hoje a capital paulista. Todavia, eram intervenções em pequenas áreas e de baixo impacto ambiental, desenvolvidas pelas populações indígenas”, explicou Mariano. Ele lembrou que, até as últimas décadas do século XIX, houve uma gradativa substituição da cobertura vegetal original, que era constituída de campos, fragmentos de Cerrado e florestas, por áreas de cultivos destinados ao abastecimento da vila. “Em 1890, São Paulo já contava com cerca de 65 mil habitantes. Nesse período, amplas áreas no entorno de São Paulo e nos municípios que hoje constituem a região metropolitana foram sendo desmatadas para a extração de madeira, a produção de carvão e o plantio de culturas cafeeiras. Assim, há mais de 130 anos, os fragmentos florestais e outras coberturas de vegetação original já haviam sido amplamente degradados. No fim do século XIX, o núcleo urbano de São Paulo apresentava graves problemas relacionados ao abastecimento de água e coleta de seus esgotos”, disse. Mas o processo de urbanização, que se acelerou devido ao êxodo rural, foi intensificado em meados do século XX. “Assim, relictos de vegetação nativa passaram a sofrer forte pressão do setor imobiliário e, desde então, vêm sofrendo supressão constante com uma certa conivência do poder público. Dessa forma, excluindo-se as áreas protegidas, muito pouco restou, e pouco há para o paulistano se orgulhar nesse aspecto”, considerou Mariano.
Patrimônio ambiental paulistano
Mariano explicou ainda que, em 1890, o Governo do Estado de São Paulo adquiriu as fazendas existentes na Serra da Cantareira, com quase 8 mil hectares, sendo decretadas Reserva Florestal do Estado. “A área, já desmatada, foi objeto de plantio de espécies arbóreas e processos de regeneração natural, constituindo hoje um dos mais importantes fragmentos de vegetação da Grande São Paulo, atualmente denominada Parque Estadual da Cantareira. Outros fragmentos, como o Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (conhecido como Parque do Estado), o Parque Estadual do Jaraguá, o Parque do Guarapiranga e alguns outros parques estaduais e municipais, também possuem história interessante e constituem o que sobrou do patrimônio ambiental paulistano.”
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biomas brasileiros e defesa da vida
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Sueli lembrou que recentemente o Instituto Botânico identificou algumas espécies endêmicas que foram descritas no início do século XX pelo botânico Usteri. “Temos árvores centenárias da Mata Atlântica espalhadas pela cidade e é importante não pensar somente nas árvores. O Instituto Botânico publicou um livro intitulado ‘O livro vermelho das espécies vegetais ameaçadas do Estado de São Paulo’”. O professor de geografia da Unesp contou sobre as árvores nativas preservadas nos fragmentos remanescentes, nos quintais de algumas propriedades e na arborização pública. Ele informou sobre um inventário dessas árvores produzido pela Prefeitura de São Paulo. “Seria importante divulgar à população a sua existência, a localização e as características desses exemplares, demonstrando a sua importância genética, histórica e ecológica, transformando-as em monumentos vivos.” Em relação à fauna, é possível observar a diversidade de aves nativas, sem considerar os insetos, há mamíferos diversos, incluindo macacos e grandes predadores como a onça-parda e a onçapintada. “E não devemos nos esquecer das capivaras que sobrevivem heroicamente às margens dos rios Tietê e Pinheiros”, recordou Mariano.
O bioma e quem nele habita
“A população em geral não conhece nem sabe em que bioma habita.” Essa é uma afirmação de Sueli, a partir de sua experiência como docente e pesquisadora. “Faço essa pergunta no primeiro dia de aula de Biogeografia, como quem deseja saber se o aluno possui uma ‘assinatura ambiental’”, contou à reportagem. Ela disse que muitos conhecem somente genericamente a Mata Atlântica. Entretanto, devido às
condições do clima tropical de altitude, São Paulo cria a possibilidade de encontros de biomas ou de floras. “A Floresta Atlântica, com montanhas, pois estamos acima de 700 metros de altitude, os Cerrados, em pequenas manchas de campos, e as florestas Ombrófilas Mistas com araucárias, da qual lembramos apenas o nome do bairro de Pinheiros, são exemplos concretos desses encontros”, recordou a professora. Mariano, por sua vez, percebe que uma parcela da população busca lazer em áreas verdes e alguma qualidade ambiental, embora também haja quem reclame da sujeira criada pelas folhas espalhadas pelo vento, ou então transforme pequenos jardins domésticos em áreas revestidas e impermeabilizadas.
Mais um prédio onde antes havia verde
Mesmo que exista uma legislação específica para o uso do solo nas esferas federal, estadual e municipal, além do Estatuto das Cidades, do Plano Diretor do município, e zoneamentos revisados regularmente; ainda que exista uma ampla infraestrutura para fiscalização e controle do uso do solo e recursos como imagens de satélites de alta resolução, permanecem inúmeros problemas com relação à construção em áreas verdes ou de preservação ambiental. “Se temos regulamentação, infraestrutura e pessoal, por que não funciona? Em minha opinião, os interesses de grupos prevalecem sobre a coletividade. E não se trata exclusivamente de uma questão social. Pois, da mesma forma que grupos de pessoas sem moradia ocupam áreas de interesse ambiental, vemos grandes empreendimentos serem instalados à revelia da legislação ambiental e em alguns casos”, lamentou Mariano.
Ele considera isso como uma prova de que apenas a legislação não é suficiente para a proteção dessas escassas áreas. “Em última instância, a regulamentação e controle sobre a gestão do espaço urbano é da competência do poder público municipal. E a esse é que deve recair a responsabilidade sobre a proteção dessas áreas. Mas é necessário que a sociedade civil se organize e pressione os gestores municipais a respeito da causa ambiental.” Sueli, por sua vez, afirmou que há um grande esforço da equipe técnica da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) em desenvolver essa política. “A Prefeitura de São Paulo criou recentemente a lei da Mata Atlântica municipal. Poucos municípios do bioma Mata Atlântica tem uma lei como esta. Foi uma parceria com a SOS Mata Atlântica e a Secretaria. Um trabalho muito bemfeito e sério. Mas as leis precisam de equipe técnica para implantar e monitorar os espaços. As áreas verdes são áreas públicas que devem fazer parte do cotidiano da cidade. Também é importante distinguir os parques urbanos daqueles que são unidades de conservação, onde os objetivos são distintos. Tudo precisa ser transmitido, ensinado nas escolas.” Como um possível caminho a ser seguido, Mariano apontou a criação de uma legislação específica que inclua a corresponsabilidade civil e criminal com consequências não apenas para os responsáveis diretos, mas também para os agentes públicos que viabilizaram ou não impediram a instalação. Já Sueli sugeriu que haja a ampliação da fiscalização e da consciência ambiental. “A fiscalização para não deixar surgirem as primeiras ocupações, pois, após um tempo, o problema é bem difícil de reverter. Por outro lado, é preciso levar o
conhecimento sobre os parques que são unidades de conservação às escolas. Em terceiro lugar, vejo que as pessoas precisam conhecer mais. Faltam programas de incentivo e facilitação da visita aos espaços públicos dos parques.”
O chichá é símbolo da vida na cidade
Muitos devem passar pelo Largo do Arouche, na região central da cidade, sem perceber a presença imponente do chichá, árvore centenária que tem raízes em formato de tábua e era usada pelos índios para se comunicarem na floresta por códigos, que ressoavam como tambores pela mata. Para Sueli, é importante que as pessoas conheçam a natureza que as rodeia e compreendam que são parte dela. “Entendo que tudo é natureza, mesmo a que transformamos em objetos com nosso trabalho. Talvez a natureza natural não seja conhecida, nem percebida. As pessoas não sabem quais árvores centenárias existem na cidade nem que elas estão em algumas praças. A vida urbana agitada e acelerada distancia as pessoas do tempo lento da contemplação do mundo natural. Mas vejo que muitas pessoas gostam dos pássaros da cidade. Encantam-se ao ouvi-los cantar”, disse. Enquanto isso, a cidade continua a crescer. E, em todos os lugares, a natureza também continua a mostrar o quanto é resistente. Aliás, sentir-se parte da natureza e responsável por cuidar da “casa comum” precisa ser tarefa de todos, pois, se é o humano o principal responsável pela modificação de um bioma, é este mesmo bioma, com suas características particulares que o ajudam a se desenvolver como pessoa capaz de cuidado e sensibilidade, de solidariedade e de mudança de vida para seu próprio bem e o bem de tudo que o circunda.
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Filipe David
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Dica de Leitura A imaginação educada Este livro é uma transcrição de seis palestras dadas pelo autor a uma emissora de rádio canadense na década de 1960. Nele, Northrop Frye – um dos mais notáveis, aclamados e influentes teóricos da literatura do século XX – discorre sobre o que é a literatura, de que adianta ensiná-la, como se deve ensiná-la – desde qual idade e começando por quais livros –, qual é o valor social, político e religioso do estudo da literatura, qual é o lugar da imaginação no processo de aprendizagem, para que outras coisas serve a imaginação, se é necessário – antes, se é possível – educá-la, e do que é capaz uma imaginação educada. Mais do que algumas dicas para aplicar a esmo, o leitor encontrará nesta obra toda uma concepção de ensino, de literatura e de mundo capaz de orientar um processo pedagógico desde a base. Ficha técnica: Autor: Northrop Frye Páginas: 136 Editora: Vide Editorial
Cinema
Divulgação
Sessão versátil – Metrópolis (1927), de Fritz Lang “A parceria entre a Casa Guilherme de Almeida e a distribuidora Versátil Home Video – que completa um ano em 2017 – traz para a programação da Sala Cinematographos sempre um clássico em versões restauradas e em alta resolução. Celebrando os 90 anos de um dos maiores clássicos da história do cinema, a cópia dessa ficção científica revolucionária, que a Versátil Home Video traz com exclusividade, será exibida em Blu-ray e com a duração e a montagem originalmente propostas por Fritz Lang.” Será no sábado, 25, às 14h30. Grátis. Inscrições e mais informações: 3673-1883 ou casaguilhermedealmeida.org.br.
Música
‘Série Dedilhadas na Sé’ A LuteSP tem realizado na Catedral da Sé uma série de concertos de instrumentos de cordas antigos, intitulada “Dedilhadas na Sé”. A atividade está sendo aos domingos, às 12h30, na cripta da Catedral, com entrada gratuita. As próximas apresentações são de: Amadeu Rosa, com alaúde barroco e auto guitar, em 2 de abril; Leonardo Takiy, com teorba, em 7 de maio; e Bruno Inácio, com alaúde renascentista, em 11 de junho.
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Corridas de rua invadem a cidade de São Paulo Arquivo pessoal
Vítor alves Loscalzo especial para o são paulo
Os tempos hodiernos decretam à sociedade uma correria desenfreada, tornando a luta para pagar as contas, trabalhar, pegar os filhos na escola – educar os filhos! –, fazer atividade física, encontrar os amigos, buscar a felicidade e, enfim, viver, cada vez mais desafiante. E é precisamente diante do novo ritmo desse homem, que procura incessantemente correr contra o tempo, que cresce significativamente uma importante atividade esportiva no Brasil, principalmente em São Paulo: a corrida de rua. Dados fornecidos pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) indicam que, em cinco anos, a capital paulista registrou aumento de 45% no número de corridas de rua autorizadas. Com o aumento significativo no total de pedidos deferidos pela CET, a cidade de São Paulo teve, em 2016, 110 corridas com a chancela da Prefeitura – média de uma a cada três dias. No ano de 2010, foram 76 – média de uma a cada cinco dias.
‘Troquei a noitada de festas pela madrugada de corridas’
Sérgio Barros
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Leonardo Guerini, 25, ilustra bem os novos corredores que São Paulo vem ganhando. “Comecei a correr por vontade própria, mas sem grandes pretensões. Em uma de minhas corridas matinais, passou por mim um corredor experiente e me disse que eu ‘tinha jeito’, mas que deveria começar a treinar com seriedade, senão, não iria progredir. Isso foi um divisor de águas; a partir daí, passei a treinar com outras pessoas, junto à uma assessoria, e comecei a participar de diversas provas.” O jovem afirma que ter uma rotina séria de treinos muda muitas coisas na vida: “Troquei a noitada de festas pela madrugada de corridas, e estou muito feliz com isso”. Perguntado sobre o aumento do número de corridas de rua, Leonardo explica que as pessoas têm mudado de hábitos e, mais do que isso, têm procurado mudar de vida, buscando
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mais saúde. “Muitas vezes, encontram na corrida algumas dessas respostas.”
‘Sérgio Maratonista’
“Ninguém começa correndo maratona. As pessoas aprendem a se adaptar e começam a obedecer a ética do esporte.” O corredor Sérgio da Silva Barros, de 50 anos, já perdeu as contas das maratonas oficiais que realizou. “Entre 20 e 30, acredito”, expressa “Sérgio Maratonista”, como ficou conhecido, ao O SÃO PAULO. O atleta destaca a importância da atividade física, no caso da corrida, para viver melhor; desde o comer ao descansar, até à recuperação de enfermidades e lesões. “Percorro correndo, todos os dias, os 42 quilômetros da maratona, pois de minha casa, em Santo Amaro, ao serviço no Clube Harmonia são 21 quilômetros, que faço em, aproximadamente, uma hora e 15 minutos. Ir e voltar correndo é saudável não só para mim, mas para a sociedade”, destaca o maratonista, que encontrou na corrida, além da sua profissão, o seu meio de transporte. Com relação ao aumento de corridas de rua em São Paulo, Sérgio acredita que isso reflete a busca do paulistano por hábitos de vida mais ordenados e saudáveis, e enfatiza: “O esporte pode mudar uma vida. Tenho conseguido, por meio do cooper ajudar dependentes químicos a se recuperarem e menores a saírem das ruas. São pessoas de baixa renda que veem eu e meus amigos correrem e pedem para se juntarem a nós”.
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a prática da modalidade cresceu de maneira sem precedentes na história. Paralelamente ao jogging boom, ainda na década de 70, surgiram provas em que se permitia a participação popular junto aos corredores de elite. Essas provas aproximaram o atleta profissional do famoso “corredor de fim de semana”, inserindo o amador em ambientes mais competitivos. Hoje, a Federação Internacional das Associações de Atletismo (IAAF) define as corridas de rua como disputas em vias públicas (ruas, avenidas, estradas) com distâncias oficiais variando de 5Km a 100Km. Praticadas em sua maioria por atletas amadores, hoje as corridas de rua já são populares em todo o mundo e vêm crescendo não só no Brasil, mas em muitos outros países. Arquivo pessoal
História das corridas de rua
Foi durante o século XVIII, em terras britânicas, que se popularizaram as corridas de rua. Posteriormente, expandiram-se para os outros países europeus e para os Estados Unidos. A modalidade ganhou destaque e projeção mundial no fim do século XIX, durante a primeira edição dos Jogos Olímpicos, em Atenas 1896. Já em 1970, mais precisamente nos Estados Unidos, houve o que ficou conhecido como jogging boom. Após a difusão do famoso “Teste de Cooper”,
Leonardo Guerini
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Brasilândia
Juçara Terezinha, Natali Félix e Kátia Maderic Colaboradoras de comunicação da Região
‘Mulheres do povo de Deus e a releitura da vida’ Mulheres de diversas localidades da Região Brasilândia participaram no domingo, 12, na Creche Azul, no bairro de Taipas, do XXVII Encontro Celebrativo do Dia Internacional da Mulher, à luz do tema “Mulheres do povo de Deus e a releitura da vida” e lema “Juntas na Luta pela Vida”. Foi uma oportunidade para que juntas elas refletissem sobre a vida cotidiana, seus desafios, angústias e sofrimentos, mas também para que compartilhassem alegrias e conquistas. A dinâmica inicial motivou as participantes a olhar a realidade e tomar consciência sobre a dignidade da mulher. Para ajudar nessa reflexão, foi montado um painel com frases comuns que desqualificam o papel da mulher na sociedade. Posteriormente, em grupos, elas refletiram sobre as violências no cotidiano, apresentaram propostas para superá-las. Em diálogo com as participantes, a psicóloga Maria das Graças Lima falou da importância em ajudar as mulheres a superar os sofrimentos psíquicos. “Hoje as mulheres, especialmente as mais pobres, necessitam de ajuda psicológica
Juçara Terezinha Zottis
Encontro celebrativo pelo Dia Internacional da Mulher é realizado pela Região Brasilândia na Creche Azul, no bairro de Taipas, no domingo, 12
para suportar tanta responsabilidade e sofrimentos.” A advogada Claudia Luna falou do processo de libertação das mulheres na busca de uma sociedade de irmãos, ressaltando que todos são “filhos e filhas de Deus, criados à sua imagem e semelhança”, disse, destacando: “Somos dotados de inteligência, o que nos permite identificar as ações que produzem
a violência contra o nosso semelhante”. O almoço oferecido às participantes foi preparado pelos homens que atuam na Comunidade Cristo Ressuscitado, pertencente à Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Souza. Durante o evento, também houve o lançamento do livro “Mulheres Extraordinárias”, da jornalista Karla Maria. Segundo ela, a obra traz “um conjunto de
perfis, reportagens e histórias de mulheres marcadas por dramas sociais, raciais e morais”. São apresentadas histórias das dedicadas e fortes “Marias”, que representam a face de tantas outras mulheres portadoras de tristezas e alegrias. “Toca a figura da mãe órfã, mulher traficada, refugiada e freira ao lado de indígenas, negras e quilombolas. Mulheres em situação de rua”, detalhou.
Dom Devair faz visita pastoral à Paróquia Nossa Senhora do Retiro Natália Félix
Padre Ricardo, novo vigário, com Dom Devair e paroquianos da Nossa Senhora do Retiro
Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, presidiu, na manhã do domingo, 12, missa na Paróquia Nossa Se-
nhora do Retiro, no Setor Pastoral Pereira Barreto, encerrando a visita pastoral que fez entre os dias 9 e 12. Nessa celebração, também foi apre-
‘Comunicar esperança e confiança no nosso tempo’ No sábado, 11, aconteceu na Paróquia Nossa Senhora da Expectação, no Setor Pastoral Freguesia do Ó, o primeiro encontro regional dos agentes da Pastoral da Comunicação (Pascom) da Região Episcopal Brasilândia. Na ocasião, foi apresentado o novo assistente regional da Pastoral, o Padre Edemilson Gonzaga de Camargo. No encontro, os participantes conheceram detalhes da carta do Papa Francisco para o 51º Dia Mundial das Comunicações Sociais: “Comunicar esperança e confiança no nosso tempo”. A apresenta-
ção do conteúdo foi feita pelo Padre Luiz Cláudio Braga, assistente eclesiástico arquidiocesano da Pastoral da Comunicação. Houve, ainda, oficinas de trabalhos, que discutiram a importância e os desafios das redes sociais e da comunicação como um todo. Anderson Braz, da coordenação colegiada da Pastoral, falou ainda sobre o histórico da Pascom na Região, e Antonio Domicini Filho fez algumas considerações sobre os cuidados com as postagens nas mídias sociais.
sentado o vigário paroquial Padre Pedro Ricardo Pieroni, nomeado por Dom Devair para a função em 22 de fevereiro. O Padre Ricardo foi acolhido pelos paroquianos e jovens do Movimento Escalada, que leram uma mensagem e cantaram, dando boas-vindas ao Padre, que afirmou estar muito feliz com a nova missão. Dom Devair, na homilia, alertou sobre a atenção à Palavra de Deus. “Escutar a Palavra de Deus é fundamental para a vida do cristão.” Ao falar sobre o Evangelho, o Bispo recordou que assim como Jesus subiu ao monte para ouvir a Palavra de Deus, todos são convidados a estar na presença de Deus. “Nós precisamos escutar a essência da Palavra de Deus, pois só assim a nossa vida será iluminada”, afirmou.
Nos quatro dias de visita, além da matriz-paroquial, Dom Devair visitou as quatro comunidades da Paróquia. Ele conheceu a realidade paroquial, reuniuse com os conselhos pastorais e administrativos, presidiu missas na matriz em três comunidades e visitou alguns doentes do bairro. “Foi uma experiência nova para todos nós. A visita pastoral é um dos atributos do bispo, aqui foi a primeira, uma oportunidade de estarmos mais próximos”, disse. Ainda segundo Dom Devair, “a primeira impressão foi muito boa. É uma paróquia viva, mas sempre tem coisas a melhorar. É sempre tempo de reanimar a missão”. Posteriormente, o Bispo encaminhará uma carta à Paróquia com sua avaliação sobre a visita.
Marcos Rubens
Na sexta-feira, 10, teve início na Paróquia Santa Cruz de Itaberaba o curso de formação de Agente da Pastoral da Saúde na Região Brasilândia. O propósito do curso é que os participantes acolham a Palavra de Deus e vivenciem a fé por meio do serviço voluntário em disponibilidade com os mais sofridos e excluídos. O encontro contou com a assessoria do Padre João Mildner, assistente eclesiástico da Pastoral da Saúde na Arquidiocese de São Paulo. Os encontros acontecerão sempre às sextas-feiras, das 14h às 16h, na Paróquia (Avenida Itaberaba, 2.093).
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Belém Lideranças do Setor Sapopemba estudam temática da CF 2017 Peterson Prates
Colaborador de comunicação da Região
Peterson Prates
rir como gesto concreto da CF, como o consumo de alimentos orgânicos, a reutilização de materiais e o uso de aquecedor solar de baixo custo. Ao final da formação, houve a cerimônia de envio dos leigos responsáveis pelos grupos de rua, os quais estão realizando encontros durante a Quaresma, com o subsídio organizado pela Região para trabalhar a temática da CF, a conversão pastoral e a encíclica Laudato Si’, em um total de cinco encontros.
AGENDA REGIONAL Missas pelo Dia de São José 19 de março
Márcia de Castro, da Escola de Fé e Política Waldemar Rossi, fala a participantes na formação setorial sobre a Campanha da Fraternidade
O Setor Pastoral Sapopemba realizou no dia 5 uma formação sobre a Campanha da Fraternidade (CF) 2017 na Paróquia Nossa Senhora de Fátima e São Roque. Neste ano, a Campanha tem por tema “Fraternidade: Biomas brasileiros e defesa da Vida” e como lema “Cultivar e Guardar a Criação” (Gn 2,15). O encontro, que reuniu 150 agentes,
entre leigos, religiosos, diáconos e padres, foi assessorado pela coordenadora da Escola de Fé e Política Waldemar Rossi, Márcia de Castro, que também faz parte da equipe de formação da CF na Região. Márcia apresentou cada um dos seis principais biomas brasileiros - Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampas -, mostrando as CNBB Sul 1
9 leigos da Região Belém estão entre os participantes da assembleia geral ordinária do CNLB
características de cada um e os riscos a que estão expostos, como o agronegócio, o desmatamento, a poluição de águas e rios, o uso de agrotóxicos e a mineração. Assim como foi feito no texto-base, o método Ver, Julgar e Agir foi usado para a apresentação do tema. No Agir, Márcia mostrou diversas iniciativas às quais as comunidades podem ade-
Paróquia São José do Belém Largo São José do Belém, s/nº, Belenzinho Missas: 7h; 8h30; 10h; 12h; 14h; 15h30; 17h; 18h30 e 20h Paróquia São José de Vila Zelina Praça República Lituana, 74, Vila Zelina Missas: 8h; 9h30; 11h; 15h e 18h Paróquia São José do Maranhão Largo São José do Maranhão, 180, Tatuapé Missas: 8h; 10h; 12h; 14h; 16h; 18h e 20h
‘De esperança em esperança, até que tudo seja transformado’ O Conselho de Leigos da Região Belém (Clerb) participou, entre os dias 10 e 12, da assembleia geral ordinária do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB) Regional Sul 1, que aconteceu na Casa Emaús, em Araras (SP). A assembleia teve por tema “De esperança em esperança, até que tudo
seja transformado”, à luz do trecho bíblico “ainda tens um longo caminho a percorrer” (1Rs 19,7). Durante a atividade, que contou com aproximadamente 60 participantes, sendo nove leigos da Região Belém, foram celebrados os 30 anos da organização do laicato no Estado de São Paulo.
Paroquia Coração Eucarístico de Jesus e Santa Marina
Arquivo pessoal
No domingo, 12, Dom Luiz Carlos Dias presidiu a missa de posse canônica do Padre Cláudio Pereira dos Santos, SAC, como pároco da Paróquia Coração Eucarístico de Jesus e Santa Marina, no Setor Carrão-Formosa. Entre os concelebrantes estiveram alguns confrades palotinos.
O clero atuante na Região Episcopal Belém realizou, entre os dias 6 e 9, o retiro espiritual anual, que aconteceu na Casa Dom Bosco, em Campos do Jordão (SP). Participaram diáconos permanentes, padres e Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região.
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Santana Padres mexicanos assumem paróquias na Casa Verde e no Tremembé
Diácono Francisco Gonçalves
Colaborador de comunicação da Região
Fotos: Diácono Francisco Gonçalves
Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, dá posse aos padres Salvador Ruiz e José de Jesus Lamas Lizárrago, em missas nos dias 11 e 5, respectivamente
Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, empossou os padres mexicanos José de Jesus Lamas Lizárrago, como pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, no Setor Casa Verde, no dia 5, e Salvador Ruiz Armas, no dia 11, como administrador paroquial da Paróquia São Domingos Sávio, no Setor Tremembé. Padre José nasceu em 17 de maio de 1972, na cidade de Culiacán, no México, numa família de 13 filhos. Formado em Advocacia, em 1996, a vocação sacerdotal o levou, em 2004, a se tornar noviço no Mosteiro dos Monges Cistercienses, em Chada, no Chile, cujo abade era Dom Edmilson Caetano, hoje, Bispo de
Guarulhos (SP). Depois, foi transferido para o mosteiro de São José do Rio Pardo (SP), onde foi ordenado padre em 25 de janeiro de 2013. Em seguida, foi nomeado pároco da Paróquia Santuário de São Roque, junto ao mosteiro. Depois de um tempo, voltou para sua cidade natal a fim de cuidar de seus pais já idosos. Padre José substitui outro monge cisterciense, o Padre Agostinho Zacchetti, que foi pároco da Nossa Senhora das Graças durante 33 anos. Em sua posse, estava presente Dom Hélio Porto, abade da Abadia Nossa Senhora de São Bernardo. Já o Padre Salvador nasceu em 25 de janeiro de 1973, na Cidade do México, em uma família cristã composta por mais outros seis irmãos. Sua avó, uma
comprometida catequista e que participara da Guerra Cristera (perseguição dos cristãos no México de 1926-1929), motivou sua vocação sacerdotal e, com 15 anos, ele ingressou na Pia Sociedade de São Paulo (Paulinos). Ordenado diácono, em 2002, foi transferido para a comunidade paulina de Los Angeles, nos Estados Unidos, e ali recebeu o sacerdócio, em 13 de setembro de 2003, pela imposição das mãos do Cardeal Roger Mahony, na Catedral Our Lady of the Angels – Nossa Senhora dos Anjos –, de Los Angeles. No início de 2005, foi nomeado responsável pelo apostolado nos Estados Unidos, com sede em Miami, no Estado da Flórida. Ele retornou ao México
no mesmo ano para cuidar da formação paulina na cidade de Guadalajara. De 2006 a 2010, foi diretor provincial das Edições Paulinas, na Cidade do México, onde fez mestrado em desenvolvimento humano, na área de Psicologia, na Universidade Ibero-Americana. Transferido posteriormente para a cidade de São Paulo, exerceu até 2015 a secretaria do Centro Ibero-Americano dos Editores Paulinos, quando pediu permissão para sair da congregação e se tornar padre diocesano. Acolhido, em março de 2016, na Arquidiocese de São Paulo, na Região Santana, colaborou como vigário paroquial da Paroquia Sant’Ana e é assessor regional da Pastoral da Comunicação.
CF 2017 é tema de estudo da Pastoral da Juventude Rogério Fonseca
Participantes do dia de formação pensam em iniciativas para disseminar a temática da CF 2017
A Pastoral da Juventude (PJ) realizou sua primeira formação em 2017, no dia 5, na Cúria de Santana, abordando a Campanha da Fraternidade deste ano, que tem como tema “Fraternidade: Biomas brasileiros e defesa da vida”. A assessoria do encontro foi de Eder Francisco, químico ambiental e assessor estadual da Pastoral da Juventude, com a colaboração do Padre Osvaldo Bisewski, novo assessor da PJ. Eder apresentou a diversidade dos biomas brasileiros - Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal – e como estão atrelados à so-
ciedade. “Precisamos ter uma conversão pessoal, uma tomada de consciência, para que juntos possamos lutar pelo nosso meio ambiente”, ressaltou. No segundo momento, foram apresentadas as pistas de ação a se realizarem nas comunidades, além de conhecer ações que podem ser transformadoras se houver políticas públicas que gerem vida e transformação social. A próxima formação será dia 1º de abril novamente na Cúria de Santana (avenida Mal. Euríco Gáspar Dutra, 1.877, em Santana). (Com informações da PJ Santana)
Conselho de Leigos da Região Santana
Conselho de Leigos da Região Santana
Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, ministrou o sacramento da Crisma a 20 jovens na Paróquia Santo Antonio, no Setor Pastoral Jaçanã, em 26 de fevereiro, em missa concelebrada pelo Padre Maércio Pissinatti Filho, pároco.
A Escola de Formação Fé e Política Dom Paulo Evaristo Arns iniciou aulas, no dia 7, no Centro de Formação Pastoral Frei Galvão, estudando o tema: “O Bioma da Mata Atlântica e a Metrópole”, com assessoria de Nelson Teixeira, advogado ambientalista e presidente do Conselho de Leigos da Região Santana. Entre os participantes estavam Mônica Lopes, da Rede de Escolas de Cidadania do Brasil, e Luiz Henrique Ferfoglia, vice-presidente do CNLB-Sul 1 e diretor da Escola de Fé e Política da Diocese de São José dos Campos (SP).
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Sé Paróquia Nossa Senhora Achiropita implantará Pastoral da Pessoa Idosa Lucas Santos
Colaboração especial para a Região
Desde o dia 10 de fevereiro, a Pastoral da Pessoa Idosa está sendo implantada na Paróquia Nossa Senhora Achiropita, no Setor Pastoral Cerqueira César, com efetivação prevista para abril de 2017. O processo está sendo acompanhado pelo Padre Antônio Sagrado Bogaz, PODP, pároco. A Paróquia mantém, entre os vários atendimentos do serviço social, o Núcleo de Convivência para Idosos, com atividades socioeducativas, como biodança, musicoterapia, envelhecimento e cidadania, lazer e leitura, e atividades físicas e recreativas.
A Pastoral da Pessoa Idosa já implantou a Rede Solidária de Formação em Envelhecimento na cidade de São Paulo. Participaram da sua formulação voluntários da Pastoral e o Dr. Délton Esteves Pastore, promotor de Justiça de Direitos Humanos da Área do Idoso, do Ministério Público de São Paulo, e representante da Associação Nacional de Gerontologia (ANG-Brasil). A Rede está centrada na espiritualidade cristã, missão primordial da Pastoral da Pessoa Idosa. Em 5 de abril, às 13h30, a Rede promoverá um encontro no auditório da Paulinas Livraria (rua Domingos de Mo-
Padre Anderson toma posse como pároco na São Vito Mártir Em 5 de março, o Padre Anderson Bernardes Banzatto recebeu a posse de pároco da Paróquia São Vito Mártir, no Setor Pastoral Brás, durante celebração eucarística presidida por Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e a Universidade. Padre Anderson nasceu na cidade de São Paulo e cursou Filosofia na Unifai e Teologia nas Faculdades Integradas Assunção, atual PUC-SP. Atualmente, é mestrando em Direito Canônico, pela Faculdade
rais, 660, próximo ao Metrô Ana Rosa), com emissão de certificado. A abertura da atividade será feita pela advogada Conceição Aparecida de Carvalho, coordenadora da Pastoral da Pessoa Idosa na Arquidiocese de São Paulo, que é mestranda em Gerontologia pela PUC-SP. Também haverá um momento de espiritualidade, conduzido pelo Padre Helmo Faccioli, assessor eclesiástico arquidiocesano da Pastoral da Pessoa Idosa. Na sequência, acontecerão palestras sobre os seguintes temas: “Depressão: Um mundo sem cor”, com assessoria de Márcia Alves Ros, psicóloga especialista
em Neuropsicologia e Psicologia Clínica; “Divisão das responsabilidades e judicialização”, com o Dr. Délton Esteves Pastore e o Dr. Luiz Roberto Salles Souza, procurador de Justiça Cível; e “Experiência projeto síndico amigo do idoso”, com Afonso Celso Prazeres de Oliveira, síndico do Edifício Copan. Posteriormente, haverá uma roda de conversa sobre como vivenciar no dia a dia as orientações dos palestrantes, com mediação de Áurea Soares Barroso, mestre em Gerontologia e doutora em Serviço Social pela PUC-SP. (Com informações de Conceição Aparecida de Carvalho)
Pastoral da Saúde
de Direito Canônico São Paulo Apóstolo. O Sacerdote foi ordenado em 7 de março de 2009, já tendo desempenhado as funções de vigário na Paróquia Nossa Senhora do Brasil, no Setor Pastoral Jardins, entre 2009 e 2013; foi vigário na Paróquia Santa Margarida Maria, no Setor Pastoral Aclimação, entre 2014 e 2015; e vigário na Paróquia Bom Jesus do Brás, no Setor Pastoral Brás, de 2016 até ser nomeado como atual pároco. (Com informações do Padre Anderson Bernardes Banzatto) Priscila Carneiro
No sábado, 11, aconteceram as primeiras aulas dos cursos de Agente da Pastoral da Saúde na Região Sé, na Paróquia São Francisco das Chagas e no Centro Universitário São Camilo. Também foi iniciado o curso de Pastoral Hospitalar no Mosteiro de São Bento (foto). Estiveram presentes nos três locais mais de 80 participantes, entre os quais os assessores dos cursos e o Padre João Mildner, assessor eclesiástico da Pastoral da Saúde na Arquidiocese de São Paulo.
Divulgação
Padre Anderson diante de Dom Carlos durante posse como pároco da Paróquia São Vito Mártir
Itelsé inicia atividades em 2017 O Instituto de Teologia para Leigos e Leigas da Região Sé (Itelsé) retomou suas atividades no dia 6, com a acolhida dos novos e veteranos alunos feita pelo coordenador, o Padre Sérgio Bradanini. O Itelsé tem por objetivo possibilitar aos leigos e leigas um aprofundamento teológico-pastoral, a fim de contribuir com a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, sendo “sal, luz e fermento na sociedade”. O curso de Teologia tem a duração de
três anos e as aulas são às segundas-feiras, no Colégio Maria Imaculada (avenida Bernardino de Campos, 79). Para o primeiro ano de Teologia, as inscrições ficam abertas até o fim deste mês e podem ser feitas pelo site www.regiaose.org.br/itelse. Outros detalhes podem ser obtidos com o Centro de Pastoral da Região Episcopal Sé, pelo telefone (11) 3826-4999 ou pelo e-mail centropastoral@regiaose.org.br. (Com informações do Centro de Pastoral da Região Episcopal Sé)
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Lapa Padre José Antônio Filho assume a Paróquia Nossa Senhora do Líbano
Benigno Naveira
Colaborador de comunicação da Região
Em missa presidida pelo vigário episcopal da Região Lapa, Padre Jorge Pierozan, mais conhecido como Padre Rocha, na noite da sexta-feira, 10, foi empossado como pároco da Paróquia Nossa Senho-
ra do Líbano, no Setor Pastoral Pirituba, o Padre José Antônio Filho, SJC. Cerca de 250 pessoas participaram da missa, que também teve entre os concelebrantes os padres Júlio Cesar de Mello, Benigno Naveira
diretor-geral da Sociedade Joseleitos de Cristo, Raimundo Ribeiro, vice-diretor da Sociedade, e José Pedro Batista, coordenador do Setor Pirituba. Ao iniciar a celebração, Padre Rocha cumprimentou o novo Pároco e a todos os padres e fiéis. Na sequência, foi feita a leitura, pelo Padre Julio Cesar, do decreto de nomeação de tomada de posse do novo pároco, pelo período de seis anos. Padre Rocha, na homilia, comentou que Jesus surpreende a todos ao dizer que se “o outro tem algo contra nós” é preciso que haja reconciliação, sem se preocupar em saber de quem é a culpa.
Segundo o Sacerdote, quando os irmãos se encontram separados, quem ama mais vai ao encontro do outro. O Padre ressaltou, ainda, que o mandamento é ir ao encontro daquele que esteja envolvido pelo ódio, pela inveja ou pela competição. Após a homilia, Padre Rocha convidou o Padre José Antônio a fazer a renovação de suas promessas sacerdotais e em seguida realizou a entrega das chaves da igreja e do sacrário ao novo Pároco. Antes da bênção final, o Padre José Antônio agradeceu a presença do Padre Rocha, de seus amigos padres, familiares e de todos os fiéis da comunidade.
Arquivo pessoal
Na sexta-feira, 10, aconteceu na Paróquia Santo Antônio de Pádua um encontro de formação para o Setor Rio Pequeno sobre o tema “Querigma”, assessorado pelo Padre João Carlos Deschamps. Padre Rocha entrega as chaves da Paróquia Nossa Senhora do Líbano ao Padre José Antonio
Ipiranga
Diácono permanente Anivaldo Blasques
Colaboração especial para a Região
Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão iniciam formação Arquivo pessoal
Mais de 480 pessoas lotam auditório do Centro Universitário São Camilo durante formação
A Região Episcopal Ipiranga iniciou, no sábado, 11, a formação com os leigos e leigas apresentados pelas paróquias para receberem a investidura, por dois anos, como Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão (MESC).
Provenientes dos cinco setores pastorais da Região, cerca de 480 pessoas lotaram o auditório do Centro Universitário São Camilo, no bairro do Ipiranga. A formação será desenvolvida em quatro temas, partindo de quatro dimen-
sões. No primeiro dia, foi trabalhada a dimensão Eclesiológica, com o tema “Aspectos eclesiológicos do pontificado do Papa Francisco”, com assessoria do Padre Ricardo Pinto, assistente dos MESC na Região. Padre Ricardo afirmou que é preciso ter consciência e assumir o momento que a Igreja vive para que todo ministério esteja em sintonia com a ação do Espírito Santo no hoje, com uma linguagem atual para o anúncio da “verdade de sempre”. Para isso, percorreu o itinerário feito pela Igreja a partir do Concílio Vaticano II, evidenciando o perfil dos últimos papas até chegar ao atual. O Sacerdote falou da “reforma” que a Igreja está vivendo, a partir dos conceitos de “misericórdia – sinodalidade – pobreza – encontro”, expressas na Exortação Evangelii Gaudium, do Papa Francisco, e que estão caracterizando o pontificado do primeiro papa latino-americano.
As próximas dimensões serão: Litúrgica, a ser trabalhada pela Irmã Helena Corazza, paulina, com o tema “A dimensão mariana da liturgia”. Depois será tratada a dimensão Pastoral, com o Padre João Mildner, assistente arquidiocesano da Pastoral da Saúde, que falará sobre “Atitudes e ações do MESC: visita aos enfermos e Exéquias”. Por último, o Padre Rodrigo Pires, professor de Patrística, abordará a dimensão Teológica, a partir do tema “A Eucaristia e os Padres da Igreja”. No parecer dos coordenadores dos Mesc, nos setores pastorais, animados pelo diácono permanente Anivaldo Blasques e sua esposa, Nilda, o interesse dos ministros extraordinários pelas formações tem sido cada vez mais notado, sempre desejando temas profundos e consistentes para, depois, desenvolverem o ministério na realidade e na experiência de cada paróquia.
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Encontro arquidiocesano apresenta detalhes sobre o Culto Litúrgico Mariano Ruy Halasz
REDAÇÃO
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“O Culto Litúrgico Mariano” foi o tema do 1º Encontro Arquidiocesano de Formação Litúrgica de 2017, realizado no sábado, 11, no Centro Pastoral São José, no Belém, com a participação de aproximadamente 130 pessoas, das seis regiões episcopais da Arquidiocese. No contexto do Ano Mariano Nacional, a atividade teve como foco a reflexão sobre o significado do culto a Maria nas celebrações litúrgicas. Na ocasião, também foi lembrada a comemoração do tricentenário do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida no rio Paraíba do Sul, em 1717. A abertura da atividade foi feita pelo Padre Helmo Cesar Faccioli, da Comissão Arquidiocesana de Liturgia, que na sequência passou a palavra para o assessor do encontro, o Padre Francisco Inacio Vieira, SDB, que palestrou sobre “A bem-aventurada Virgem Maria na celebração dos mistérios de Cristo”. Padre Inacio comentou que “a piedade da Igreja para com a bem-aventurada Virgem Maria é elemento intrínseco do culto cristão”. Ele também apontou que “não se pode dizer com integridade o coração da fé cristã, ou seja o Deus feito carne, sem falar daquela que o deu à luz”. O assessor do encontro também lembrou que no vocabulário litúrgico Maria é venerada como “Mulher”, “Virgem”, “Mãe de Jesus”, “Bem-Aventurada porque acreditou” e “Bendita entre as mulheres”. Essa veneração também aconteceu ao longo da história com demonstrações de arte e fé, como as que podem ser vistas nos templos. Padre Inacio lembrou que Maria é recordada diariamente na liturgia da missa – “Em comunhão com toda a Igreja, veneramos a sempre virgem Ma-
Padre Francisco Inacio Vieira palestra sobre ‘A bem-aventurada Virgem Maria na celebração dos mistérios de Cristo’, em encontro de liturgia
ria, mãe de nosso Deus e Senhor Jesus Cristo” (Oração Eucarística I) –, devendo tal evocação ser cotidiana, pelo lugar em que foi colocada, no coração do Sacrifício divino, considerada uma forma particularmente expressiva do culto que a Igreja tributa a Maria. O Sacerdote mencionou ainda que Maria está em diferentes ciclos do ano litúrgico e que há três datas solenes marianas – Maria Mãe de Deus, em 1º de janeiro; Assunção, em 15 de agosto; e Imaculada Conceição, em 8 de dezembro – além da Festa da Visitação, em 31 de maio, e o Nascimento, em 8 de setembro, sem contar as memórias marianas facultativas e obrigatórias. Também na Liturgia das Horas há testemunhos de piedade para com a Mãe do Senhor: nas composições dos hinos, nas antífonas com que se conclui a recitação cotidiana do ofício, nas preces colocadas no final de Laudes e Vésperas, em que não é raro encontrarse o confiante recurso à Mãe de mise-
ricórdia; na seleção vastíssima, enfim, de páginas marianas, feitas por autores que viveram nos primeiros séculos do Cristianismo, na Idade Média e na Idade Moderna. Por fim, citando a Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, Padre Inacio comentou que a piedade popular mariana é de grande valor, mas
que sempre é preciso ter em conta os tempos litúrgicos, para que essa prática esteja em harmonia com a sagrada liturgia. O próximo encontro arquidiocesano de formação litúrgica acontecerá em 16 de setembro, em hora e local a serem definidos. (Com informações de Christina Saddi)
Frades Capuchinhos participam de retiro em São Paulo Província dos Capuchinhos de São Paulo
Arquivo pessoal
Dom Angélico prega retiro sobre o tema ‘Deus é amor’ a frades capuchinhos em São Paulo
REDAÇÃO
osaopaulo@uol.com.br
No sábado, 11, na Paróquia Mãe de Deus, na Região Brasilândia, aconteceu o retiro quaresmal do Apostolado da Oração, com o Padre Eliomar Ribeiro, diretor nacional do Apostolado da Oração e do Movimento Eucarístico Jovem (MEJ). Participaram aproximadamente 180 membros de diversos grupos da Região Brasilândia e também das regiões Lapa e Santana. O tema central foi a “Espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus”, destacando-se as intenções de oração que o Papa Francisco pede para todos os cristãos no mês de março: “Pelos cristãos perseguidos, para que experimentem o apoio de toda a Igreja na oração e por meio da ajuda material”.
Entre os dias 6 e 10, aconteceu o Retiro Provincial dos Frades Menores Capuchinhos de São Paulo. Os frades, atuantes em mais de dez cidades do Estado, refletiram sobre o tema “Deus é amor”, em retiro assessorado por Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC). Nesse tempo da Quaresma, os sacerdotes e irmãos leigos Capuchinhos foram provocados com perguntas que promovem a reflexão de suas ações pessoais e pastorais. Em momentos de ora-
ção, meditação, contemplação e fraternidade, os frades realizaram a via-sacra da Campanha da Fraternidade de 2017, a hora santa vocacional e o momento mariano, em celebração pelos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, no rio Paraíba do Sul, em 1717. Dom Angélico contou que sua formação católica e de sua família vem, em maior parte, dos Frades Capuchinhos. “Para mim, estar aqui com eles, justamente no início da Quaresma, é uma graça de Deus”, disse. (Com informações da assessoria de imprensa da Província dos Capuchinhos de São Paulo)
24 | Política |
15 a 21 de março de 2017 | www.arquisp.org.br
Contra a Lava Jato
O deputado Carlos Zaratini (PTSP), líder da bancada petista na Câmara, afirmou na segunda-feira, 13, que deve existir uma lei específica que defina quais provas devem ser consideradas para caracterizar a corrupção entre empresas privadas e políticos. Como este é o cerne das investigações da operação Lava Jato, a fala do deputado foi interpretada como uma tentativa de dificultar as condenações dos políticos, pois tanto congressistas do governo quanto da oposição podem estar citados nas delações dos 78 executivos da empreiteira Odebrecht.
Mais R$ 35 bilhões na economia
O governo federal estima que R$ 35 bilhões devem ser injetados na economia brasileira nos próximos meses com o saque dos recursos das contas inativas do FGTS, o que representaria um impacto de 0,5% no PIB do país. Somente na sexta-feira, 10, primeiro dia dos saques, foram liberados pela Caixa Econômica Federal aproximadamente R$ 3,3 bilhões. No site da Caixa (http://www. caixa.gov.br), há uma página para que o trabalhador consulte se tem direito ao saque e a partir de quando poderá fazê-lo.
Obras do Metrô
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), solicitou ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a transferência de R$ 200 milhões, destinados à construção da Linha 6-Laranja, para serem utilizados no prolongamento da Linha 5-Lilás, cujas obras já deveriam ter sido concluídas em 2015. O governador também enviou à Assembleia Legislativa um projeto de lei, em regime de urgência, para que o Legislativo autorize a transferência. O prolongamento da Linha 5 ligará o Largo Treze, em Santo Amaro, à Chácara Klabin, com conexões com as linhas 1-Azul, 2-Verde e a futura Linha 17-Ouro. As obras da Linha 6, que ligarão a Brasilândia, na zona Noroeste, à estação São Joaquim da Linha 1, estão paralisadas desde setembro, quando, alegando falta de recursos, as empreiteiras responsáveis pelo Consórcio Move São Paulo abandonaram as obras, exigindo a renegociação do contrato com o governo do Estado. Segundo o governo Alckmin, o remanejamento dos recursos não prejudicará a futura conclusão da Linha 6, que poderá acontecer em 2020. Já a Linha 5, se houver o repasse das verbas, deve ser concluída até o fim de 2018. Fontes: Folha de S. Paulo, Agência Brasil, G1 e Diário do Transporte
O direito de ser alguém está ameaçado Luciney Martins/O SÃO PAULO
PSOL e Anis-Instituto de Bioética vão à Justiça para que o aborto seja totalmente descriminalizado até o 3º mês de gestação Daniel Gomes
danielgomes.jornalista@gmail.com
Praticar aborto até a 12ª semana de gravidez pode deixar de ser considerado crime no Brasil em qualquer situação. Essa ameaça ao direito à vida é proposta em uma ação impetrada no Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 7, pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol) e o Anis - Instituto de Bioética. Ainda não há previsão de julgamento. O argumento central dos proponentes é que, até esse período de gestação, o embrião ou feto não possui status de pessoa constitucional. A ação toma como base os julgamentos em que o STF autorizou as pesquisas com célulastronco embrionárias (Ação Direta de Inconstitucionalidade 3510) e permitiu a interrupção da gestação de anencéfalos (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 54), além de uma decisão da primeira turma do Supremo, em 2016, que, após considerar que o aborto não é crime até a 12ª semana de gestação (até o 3º mês de gravidez), determinou que os funcionários de uma clínica de aborto fossem soltos. Atualmente, o aborto é permitido por lei quando a gestação é de risco para a mulher ou decorre de um estupro ou no caso de anencefalia do feto.
O nascituro não é uma coisa qualquer
Os argumentos jurídicos da ação são altamente questionáveis, segundo especialistas ouvidos pelo O SÃO PAULO. Claudio José Langroiva Pereira, doutor em Direito das Relações Sociais pela PUC-SP, destacou que ao longo da vida uma pessoa adquire direitos civis, mas o nascituro já possui direitos invioláveis. “A pessoa constitucional, ainda que existam interpretações, mesmo jurisprudenciais, que procuram equivocadamente estabelecê-la como simples pessoa civil, alcança parâmetros muito mais amplos, pois tem assegurados em amplitude o direito à vida e à dignidade humana no âmbito do Estado Democrático de Direito Brasileiro. Cabe ao Estado assegurá-los, pois assim preceituam todos os diplomas sobre direitos humanos, em consonância com o próprio Direito Natural. O ser humano, ainda que em grau mínimo de desenvolvimento, mas já concebido, é e sempre será uma pessoa constitucional, considerada como ser humano dotado de personalidade jurídica, ainda que não
tendo plena condições de exercer sua autodeterminação como pessoa civil”. Também no entender de Angela Vidal Gandra da Silva Martins, doutora em Filosofia do Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a argumentação do Psol e do Anis não tem fundamento científico nem filosófico-jurídico. “Em Filosofia, estuda-se o ente em sua essência. No caso, o ser humano o é desde que começa a existir, ainda que sua potencialidade se atualize progressivamente. Não nos tornamos humanos por etapas. O nascituro é um ser humano dependente de outro, não uma coisa; um animal, parte do corpo da mãe ou um amontoado de células”, argumentou. Angela também destaca que o artigo 5º da Constituição Federal trata da inviolabilidade do Direito à Vida, sem condicioná-lo. “Um direito fundamental – no caso fundamento de todos os demais direitos –, não pode ser interpretado restritivamente. Em versão anterior, a Constituição defendia os direitos concernentes à vida. Hoje a expressão é ainda mais extensiva, para que efetivamente seja resguardado em sua totalidade. Outro argumento sofismático é o da autonomia da mulher. De fato, as escolhas humanas são livres e responsáveis, englobando assim as consequências que geram. Nesse sentido, a decisão vem antes do ato sexual. Uma vez concebido o filho, a ‘autonomia’ é deste, ainda que não possa exercê-la e deva ser protegido em seu direito de viver”, detalhou.
Contrassenso jurídico
Ainda que os proponentes da ação considerem que um feto ou embrião não é uma pessoa constitucional, há legislações no país que reforçam que este já deve ser considerado como tal. O Código Civil, por exemplo, no artigo 1.798, postula que pessoas já concebidas no momento da abertura de uma sucessão referente a herança possuem iguais direitos aos já nascidos. Nesse contexto, Angela e Claudio alertam que, caso o STF vote favoravelmente à ação Psol e do Anis, se estabelecerá um contrassenso jurídico no país.
“Evidente contrassenso jurídico envolve o desejo de desconsideração da personalidade jurídica e natural, que o direito estabelece com a concepção do ser humano, e a própria Constituição assim o reconhece quando assume a dignidade da pessoa humana como seu parâmetro orientador. Ademais, o contrassenso jurídico se estabelece também em relação ao respeito aos tratados internacionais de direitos humanos, ratificados pelo Brasil e a partir da Emenda 45, sem sombra de dúvida recebidos como emenda constitucional, norma constitucional, que protegem o ser humano concebido, independentemente de ser plenamente capaz na vida civil, como no caso da Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência, ratificada pelo Brasil e tratado de direitos humanos com força de emenda constitucional. Podemos ter seres humanos com menos direitos civis, mas nunca seres humanos sem personalidade jurídica ou com menos dignidade”, comentou Claudio. Angela considera que a coerência e consistência jurídica será abalada caso a ação receba parecer positivo do STF. “O artigo 2º do Código Civil é muito claro: a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Mas, pelo jeito, estamos nos acostumando a não respeitar e desvirtuar os diferentes diplomas, desconectando-os”, lamentou.
Todos estão em risco
Claudio e Angela também alertam para o risco a toda sociedade de que embriões e fetos não tenham sua condição de pessoa constitucional respeitada. “A opção por um caminho como este é a opção por proporcionarmos iniciativas higienistas, seletivas e que, evidentemente, violam os direitos humanos. O aborto é uma questão de saúde pública e não serão normas jurídicas, e muito menos eventual posicionamento seletivo do Poder Judiciário, buscando violar e limitar direitos do ser humano, que irão solucionar a questão”, avaliou Claudio. Também Angela considera que “negar o primeiro direito é realmente abrir as portas para futuras injustiças à mercê da arbitrariedade do legislador”.