O SÃO PAULO - 3145

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 62 | Edição 3145 | 5 a 11 de abril de 2017

R$ 1,50

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Igreja denuncia violações de direitos na Pan-Amazônia A Rede Eclesial Pan-Amazônica e outras instituições, como a Conferência Episcopal dos Estados Unidos, apresentaram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em audiência, casos de violação de direitos humanos sofridos por comunidades indígenas e rurais da Pan-Amazônia.

Semana Santa, um encontro com Cristo Ressuscitado Luciney Martins/O SÃO PAULO

Encontro com o Pastor

A Arquidiocese a caminho do seu primeiro sínodo Página 3

Editorial Que a Suprema Corte preserve o direito à vida e não seja reticente

Páginas 12 e 13

Página 2

Opinião

Francisco trabalha em documento sobre migração

Klaus Brüschke: Os cristãos diante das ‘teorias de gênero’ Página 2

O Papa Francisco está trabalhando em um novo documento sobre a questão migratória. A informação foi revelada ao O SÃO PAULO pelo Cardeal Peter Turkson, prefeito do novo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, uma espécie de “ministério” para questões sociais.

Espiritualidade Dom Devair: Comportamento ou compromisso? Página 5

Comportamento

Página 9

Valdir Reginato: As consequências da omissão de um pai

Memorial do Genocídio Armênio é inaugurado em SP

Página 6

Marcelo Cavallari: O catolicismo e o jornalismo

Em missa solene no domingo, 2, a Catedral São Gregório Iluminador, em São Paulo, foi oficializada como sede do Exarcado Apostólico Armênio da América Latina. Na ocasião, também foi inaugurado o memorial em homenagem às vítimas do genocídio de 1,5 milhão de armênios em 1915. Página 10

Cresce o número de refugiadas em SP

Página 14

Câmaras eclesiásticas são foco de curso

Página 24

Com a solenidade do Domingo de Ramos tem início a Semana Santa, momento em que os católicos são chamados a participar especialmente das celebrações do Tríduo Pascal e da Páscoa da Ressurreição do Senhor. O SÃO PAULO traz detalhes de como vivenciar estes dias e publica a saudação pascal do Cardeal Scherer a toda a Arquidiocese. Páginas 22 a 24

Com 30 anos de carreira, o jornalista Marcelo Musa Cavallari, que teve passagens pela Folha de S. Paulo e pela revista Época, escreveu muito sobre a religião e especialmente sobre os papas João Paulo II e Bento XVI. Ao O SÃO PAULO, ele fala sobre sua experiência como jornalista católico e sobre seu livro Catolicismo, lançado recentemente. Página 15


2 | Ponto de Vista |

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O aborto e o STF

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stá em curso na Suprema Corte, a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental de nº 442, de 08/03/2017, proposta pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Nela objetiva-se liberar o homicídio uterino até 3 meses, sem qualquer justificação, sob a alegação de que uma das grandes conquistas do século XXI foi a liberação da mulher de ser dona de seu próprio corpo. O direito de continuar ou não a gravidez até o 3º mês seria exclusivamente seu, quando, segundo os proponentes, o nascituro torna-se um ser humano. Como há vida anterior, desde a concepção, o concebido seria um ser animal? Alegam ainda que há muito aborto clandestino, o que põe em risco a vida da mulher e que, por motivo de saúde e segurança, o assas-

Editorial

sinato de nascituros deve ser feito em clínicas seguras. Todos os dados apresentados são contestáveis, pois colidem com os de organizações internacionais, que mostram que nos países que permitiram o aborto, o crescimento do aborto foi alarmante. A União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp) está ingressando, como “amicus curiae” no processo, mostrando que a ação fere princípios jurídicos consagrados. O primeiro deles é o do artigo 5º, “caput”, da Constituição, que diz ser o direito à vida inviolável. Ora, se a vida começa na concepção, há vida humana desde a concepção, pois no zigoto, primeira célula da união entre o espermatozoide e o óvulo, já estão definidas todas as características daquele ser humano,

que o acompanharão até a morte. Não sem razão, o artigo 2º do Código Civil declara que todos os direitos do nascituro estão assegurados desde a concepção. Seria ridículo dizer que todos os direitos estão assegurados, menos o direito à vida!!! Por outro lado, o Brasil é signatário do Pacto de São José, tratado internacional sobre direitos humanos, que assegura, em seu artigo 4º, os direitos do nascituro desde a concepção. Há, por outro lado, sólida jurisprudência do STF de que toda a lei que permanece por longo tempo em vigor ganha foros de permanência e não pode ser afastada por ações judiciais. Ora, o Código Penal, no artigo 128, que só admite o aborto em caso de estupro ou de risco para a mãe, vigora desde 1940, ou seja, há 77 anos e, à luz

da Constituição de 88, há 29 anos!!! O presidente Michel Temer, pela Advocacia Geral da União, impugnou a referida ação, defendendo o direito à vida e opondo-se à generalização do aborto. O presidente da Ujucasp, Dr. Ives Gandra Martins, foi um dos cinco redatores da Lei da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental, ao lado de Arnoldo Wald, Celso Bastos, Gilmar Mendes e Oscar Corrêa. A ação era para preservar preceitos fundamentais e não destruí-los, como aquele da inviolabilidade do direito à vida desde a concepção. Espera-se que a Suprema Corte não seja reticente e, como guardiã da Constituição, preserve o direito à vida, pois à falta de uma “Curadoria do Nascituro”, cabe ao Pretório Excelso sua defesa.

Opinião

A relação entre homem e mulher, entre o poder e o dom Arte: Sergio Ricciuto Conte

Klaus Brüschke Em pleno século XXI, persistem em nossa sociedade alguns fatos inaceitáveis com relação à situação da mulher: das desigualdades de renda (elas têm remuneração menor que seus colegas homens) e na condução do lar (elas dedicam-se às tarefas domésticas em média 7,5 horas mais do que seus maridos, apesar de terem uma carga de trabalho comparável nos empregos) até à escandalosa violência sobre a mulher, passando pelo acesso desproporcionalmente reduzido aos espaços de decisão no âmbito corporativo e político. É a partir desses fatos e de sua pertinácia que nasceram as controversas “teorias de gênero”. Cabe esclarecer que há muitas correntes, que vão dos estudos científicos sérios e fundamentados ao mero panfleto ideológico, discutindo a questão do sexo (diferença biológica entre homem e mulher), da sexualidade (vivência do sexo) e do gênero (expressão e adequação entre sexo e sexualidade pela sociedade). Umas sublinham que o gênero é um elemento constitutivo das relações sociais, a partir do qual busca pensar a história e entender as hierarquias sociais e relações de poder. Outras sustentam que a diferença sexual é efeito das relações de poder e dos discursos sobre gênero e sexualidade. Apesar das diferenças, a maioria compartilha uma mesma posição antropológica.

As “teorias de gênero” partem de uma concepção do ser humano visto em sua individualidade. As relações que ele estabelece seriam fundamentalmente relações de poder (de opressor e oprimido). Para se emancipar dessa dominação, seria preciso libertar-se de tais laços, “ser dono do próprio nariz” (e do próprio corpo), e não se submeter ao que dita a sociedade. Esse mesmo indivíduo é visto “fatiado” em suas dimensões biológica, psicológica, social e espiritual, sem que elas se integrem harmonicamente. Outra característica de tais posicionamentos – aliás, de

muitos saberes contemporâneos – é cada ciência (Filosofia, Sociologia, Antropologia, Psicologia, Neurociências, Biologia…) seguir isoladamente em suas investigações, sem uma considerar as contribuições das outras. A discussão sobre esse tema complexo, que acontece na academia e tem reflexos na política e na educação, representa para os cristãos uma oportunidade de contribuírem proficuamente. Penso que possam dar importantes aportes justamente nos pressupostos das citadas correntes. A Antropologia iluminada pelo

Cristianismo vê o ser humano de modo totalmente diverso dessa visão reduzida a relações de poder. O Cristianismo vê a pessoa como sujeito livre em sua integridade biopsicossocial e espiritual, e suas relações (consigo mesmo, com Deus, com os outros, com a natureza e com as coisas) como relações de dádiva. Sua identidade é percebida e afirmada justamente enquanto ele se doa. Portanto, a identidade feminina (e masculina), com a consequente assunção de papeis sociais, se dá nessa troca recíproca de dádiva. Além disso, os cristãos podem contribuir num diálogo transdisciplinar, capaz de lançar novas luzes em cada ciência. O pensamento católico tem páginas sublimes sobre a relação homem-mulher no interior do Matrimônio, amiúde desconhecidas dos próprios cristãos. Mas ainda são poucas as reflexões sobre a relação homem-mulher em outras esferas da vida humana (na Igreja, no mundo do trabalho, na política…). É pouco difundido o pensamento de São João Paulo II, Chiara Lubich, Edith Stein e outros a respeito… Em tempos em que a Igreja é chamada a sair ao encontro da sociedade contemporânea, inclusive como um “hospital de campanha”, está aí um desafiador horizonte a se descortinar. Klaus Brüschke é membro do Movimento dos Focolares, ex-publisher da Editora Cidade Nova e articulista da revista Cidade Nova.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Padre Bruno Muta Vivas, Filipe David, Nayá Fernandes e Fernando Geronazzo • Institucional: Rafael Alberto e Renata Moraes • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

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arquidiocese de São Paulo está a caminho da realização do seu primeiro sínodo arquidiocesano. A reflexão sobre a oportunidade desse evento eclesial já ocorreu em reuniões com os bispos auxiliares, no âmbito do Conselho de Presbíteros e do Conselho Arquidiocesano de Pastoral. Embora seja algo novo na história de nossa arquidiocese, os sínodos diocesanos são uma prática secular na Igreja e aparecem recomendados pelo Magistério. A Congregação para os Bispos e a Congregação para a Evangelização dos Povos (De Propaganda Fide) emitiram em conjunto a “Instrução sobre os Sínodos Diocesanos”, em 1997. E não faltam exemplos de sínodos realizados, ou em curso, também na atualidade, mesmo perto de nós, como é o caso da diocese de Santo André (SP). O objetivo básico do sínodo diocesano é rever, renovar e revitalizar a pastoral da diocese, passando pela avaliação e a reflexão sobre os diversos aspectos da realidade eclesial diocesana, o discernimento sobre as decisões a tomar, à luz da Palavra de Deus e do Magistério da Igreja, e a elaboração de diretrizes pastorais para suscitar um novo dinamismo na vida da diocese. O sínodo é convocado e presidido pelo bispo diocesano, que também aprova as diretrizes e os encaminhamentos sinodais.

Pensando o Sínodo arquidiocesano Do sínodo esperam-se muitos frutos para a vida da arquidiocese; entre outros, o aprofundamento da consciência eclesial, o maior envolvimento de todos os membros do corpo eclesial na vida e na missão da Igreja, o despertar de um novo ardor missionário, a pastoral de conjunto mais vigorosa, a revisão de estruturas pastorais obsoletas e ineficazes e o surgimento de uma renovada organização pastoral. O sínodo diocesano não tem a competência de modificar a doutrina da fé e da moral da Igreja, nem de alterar a disciplina universal da Igreja; mas poderá levar à revisão e reelaboração de normas pastorais diocesanas. Poderá também refletir sobre a introdução de mudanças na estruturação pastoral atual da arquidiocese de São Paulo. Não é demais nos perguntarmos, se a organização em regiões episcopais e setores é a mais adequada às atuais condições e urgências enfrentadas pela Igreja na Metrópole. Da mesma forma, será interessante avaliar se, e em qual medida, nós conseguimos alcançar e envolver as pessoas com a mensagem da fé e a proposta de vida eclesial. Daí podem decorrer novas decisões pastorais, em vista de uma evangelização mais eficaz. Um pressuposto essencial do sínodo arquidiocesano é o envolvimento amplo da inteira comunidade eclesial, chamada a se interessar na busca do maior bem da Igreja em São Paulo. Esse envolvimento precisa acontecer em diversos ní-

veis e etapas do caminho sinodal. Uma primeira fase será destinada à motivação e à oração pelo sínodo arquidiocesano. É indispensável interesse e motivação esclarecida para a realização e o bom êxito do sínodo. Isso requer reflexão teológica sobre a Igreja, sua natureza e sua missão; e a invocação do Espírito Santo, “alma da Igreja”, deverá acompanhar todas as etapas do sínodo. A vitalidade e a fecundidade da Igreja dependem da ação do Espírito de Cristo e da nossa colaboração sincera e generosa com ele. Após diversas etapas preliminares, o sínodo diocesano chega à realização da assembleia sinodal propriamente dita, com os participantes eleitos ou com direito de participação por função exercida. De direito, participam os bispos auxiliares e os membros do Conselho de Presbíteros; a participação de outros membros é estabelecida por um regulamento do sínodo, previamente aprovado. A assembleia sinodal, finalmente, deverá elaborar propostas a serem levadas em conta na revisão das estruturas e organizações pastorais. Terminado o sínodo, seguem os trabalhos de efetivação das diretrizes do sínodo. Desde logo, convido todos os filhos e filhas da arquidiocese de São Paulo a rezarem pela realização do nosso sínodo arquidiocesano. Tenho muita esperança nos frutos que poderão vir desse esforço concentrado de toda a comunidade eclesial arquidiocesana, na busca da fidelidade à missão recebida.

| Encontro com o Pastor | 3

Encontro com as leigas consagradas Luciney Martins/O SÃO PAULO

No sábado, dia 1º, aconteceu na Cúria Metropolitana o encontro mensal das leigas consagradas a Deus que estão a serviço da Arquidiocese de São Paulo. A atividade foi iniciada com missa, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, que também conduziu a reunião, na qual ele falou sobre o Ano Mariano Nacional e pediu a participação de todas para a concretização do 12º Plano Arquidiocese de Pastoral.

Domingo de Ramos O Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, presidirá no domingo, 9, às 11h, na Catedral da Sé, a celebração do Domingo de Ramos, que será precedida, às 10h45, com a procissão dos ramos, partindo do marco zero da cidade até a Catedral. Nessa missa, assim como nas demais em todo o Brasil, os fiéis estão convidados a participarem da Coleta Nacional da Solidariedade, gesto concreto da Campanha da Fraternidade, pelo qual todas as doações financeiras realizadas nas celebrações deste dia farão parte dos Fundos Nacional e Diocesanos de Solidariedade. Voltado para o apoio a projetos sociais, os fundos são compostos da seguinte maneira: 60% das coletas permanecem na diocese de origem e compõem o Fundo Diocesano de Solidariedade e 40% são destinadas para o Fundo Nacional de Solidariedade. Os recursos arrecadados serão destinados preferencialmente a projetos que atendem aos objetivos propostos pela CF 2017. Entre 2012 e 2015, o Fundo Nacional de Solidariedade apoiou 1.067 projetos em todo o país.


4 | Geral/Fé e Vida |

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Papa concede a honra de monsenhor a dois sacerdotes da Arquidiocese Luciney Martins/O SÃO PAULO

Padre Antonio Fusari Redação

osaopaulo@uol.com.br

Na Quinta-feira Santa, 13, às 9h, durante a Missa do Crisma na Catedral da Sé, a ser presidida pelo Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, dois sacerdotes

da Arquidiocese de São Paulo, o Padre Antonio Fusari e o Cônego José Mayer Paine, receberão o reconhecimento de monsenhores, uma concessão honorífica atribuída pelo Papa a padres com mais de 65 anos. A celebração é oportuna, pois além da bênção dos óleos dos catecúmenos e dos enfermos, há a consagração do óleo que se usa na celebração de confirmação do Batismo, o Crisma. Na ocasião, os sacerdotes renovam as promessas pronunciadas no dia da ordenação, sendo por isso também chamada missa da unidade. Pároco da Paróquia Santa Generosa, no Setor Pastoral Paraíso da Região Sé, onde atua desde 1955, o Cônego Paine celebrou 70 anos de ordenação sacerdotal em dezembro de 2016. Primeiro de oito filhos do casal Benedita e Américo Paine, o Cônego nasceu na capital paulista, no bairro do Belenzinho, em 27 de fevereiro de 1921. Seguindo o exemplo dos pais, fre-

Liturgia e Vida DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR 09 de abril de 2017

O seu sangue caia sobre nós! Cônego Celso Pedro Hoje celebramos a Paixão e Morte de Jesus e no próximo domingo, a sua Ressurreição. Ainda na antiguidade, acrescentou-se à celebração de hoje a Procissão de Ramos em memória da entrada do Cristo vitorioso em sua cidade, que é, de fato, a Jerusalém celeste. Damos, assim, início à semana maior ou Semana Santa. Jesus entra em Jerusalém. Entrada triunfal. O triunfo de Jesus se vê, não na montaria, que não é um cavalo de guerra e sim um jumentinho, nem tampouco nas indumentárias – não consta que estivesse de capa e coroa. O triunfo se vê na aclamação do povo e nas vestes estendidas pelo caminho. Este é o profeta, Jesus de Nazaré. Sua força está no povo que o segue e o reconhece como o filho de Davi, que vem em nome do Senhor. Juntando Isaias e Zacarias numa só citação, São Mateus mostra que em Jesus se realizam as profecias. Ele é o Messias esperado, o rei que vem montado num jumentinho. O primogênito da jumenta é o único animal que deve ser resgatado como o primogênito de um ser humano. Assim se lê em Êxodo 13,13: “Todo primogênito da jumenta tu o resgatarás com um cordeiro (...) todo primogênito do homem entre teus filhos, tu o resgatarás”. Segundo a tradição judaica, este é o jumento com o qual Moisés voltou com sua

família para o Egito (cf Ex 4,19-20). Diziam os antigos judeus que “como o primeiro redentor, assim fará o último redentor”. O primeiro é Moisés na passagem citada. O último é o Rei, que vem a Jerusalém, “vitorioso e humilde, montado sobre um jumentinho”, como se lê em Zacarias (9,9). É o jumento do Redentor. Repentinamente, muda-se o clima da liturgia. As aclamações de acolhida transformam-se em gritos de rejeição: “Seja crucificado!” “Que seu sangue caia sobre nós e nossos filhos!”. Entramos no drama da Paixão e Morte do Senhor ao lado de Judas, que melhor seria não ter nascido; dos sacerdotes, que não aceitam para o tesouro do Templo o dinheiro de sangue; da mulher de Pilatos, que recomenda ao marido não se envolver com o caso de inocente; e de Pilatos, que lava as mãos e se declara limpo do sangue de Jesus. O cenário se agita e o véu do santuário se rasga, a terra estremece, os túmulos se abrem e os santos ressuscitam. O Salmista nos faz ouvir o grito de socorro daquele cujos pés e mãos foram transpassados, e Isaías nos coloca diante do Servo Sofredor, que tem no Senhor o seu auxílio e não se deixa abater. Judeus e romanos são atores na tragédia do pecado no mundo, o verdadeiro responsável pela Paixão e Morte do Senhor. Que seu sangue caia sobre nós e nos lave de nosso pecado.

quentava a comunidade, foi coroinha e, aos 12 anos, ingressou no Seminário Menor de Pirapora (SP), sendo transferido depois para o Seminário Central do Ipiranga, na zona Sul de São Paulo. Foi ordenado sacerdote no dia 8 de dezembro de 1946, na festa da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, pelo Cardeal Motta, à época arcebispo de São Paulo. Padre Antonio Fusari nasceu no dia 2 de fevereiro de 1928, na Província de Cremona, na região de Lombardia, na Itália. É o terceiro filho dos nove do casal Pietro Fusari e Francesca Corisio. Ingressou no Seminário dos Padres Sacramentinos aos 11 anos de idade, na cidade de Bergamo, e foi ordenado sacerdote no dia 24 de outubro de 1953. Em 1955, Padre Fusari veio para o Brasil, passando a exercer a missão de professor nos seminários do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em 1958, chegou a São Paulo e atuou na Igreja de Santa Ifigênia até 1970, quando foi transfe-

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Cônego José Mayer Paine rido para a comunidade paroquial de Nossa Senhora Casaluce, também na Região Sé, por onde permaneceu por mais de 20 anos. O Padre desenvolveu outras tarefas na Arquidiocese, como a de assistente espiritual da Federação Mariana Feminina.

Você Pergunta O que fazer com a compulsão por pornografia? padre Cido Pereira

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O Paulo é lá do Recife, capital de Pernambuco. Eis o e-mail que ele me passou. “Padre, eu tenho uma dúvida: Confessei ao padre meu pecado de pornografia, e disse a quantidade de vezes que ‘caí’ no mesmo pecado. O padre perguntou se minha família sabe do meu problema, mas falei apenas que meu pai sabia. Será que minha confissão foi válida ou estou sendo escrupuloso por negar que minha família sabe?” Paulo, meu irmão. Eu penso que na sua confissão, mais do que contar essa compulsão sua por pornografia, mais do que contar as vezes que você se expõe a esse tipo de situação, o que você deve fazer é pedir ajuda a Deus e ter uma orientação do padre sobre as causas dessa compulsão. Você chama isso de problema e é problema mesmo quando se caminha da curiosidade para o hábito.

É hora de você ocupar sua cabeça com assuntos que valham a pena, meu irmão. É hora de você se alimentar espiritualmente e intelectualmente em algo que ajude a você crescer, amadurecer e produzir bons frutos, como uma árvore. Não brinque com a sua sexualidade. Aprenda a canalizála para o bem. Vivemos hoje numa explosão de sexo, num culto ao prazer maluco e acabamos nos tornando escravos. Se você tem um bom diálogo com seus pais, ou com seu pai, ou com sua mãe, pode tocar nesse assunto. Se for constrangedor, procure um sacerdote, um amigo de verdade. Peça ajuda. Eu não estou preocupado se sua confissão foi válida ou não. Estou preocupado é ver que não foi uma boa confissão, porque não levou você a querer mudar de vida. Só levou você a se livrar de um sentimento de culpa que não irá embora, a não ser que você mude o foco de sua preocupação para outras coisas mais importantes. Pense nisso.

Atos da Cúria NOMEAÇÃO DE CAPELÃO Em 27 de fevereiro de 2017, foi nomeado Capelão da Capela do Hospital Sírio Libanês, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Santa Cecília, o Revmo. Pe. Fernando da Silva Moreira, pelo período de 02 (dois) anos.

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE CONSELHEIRO ESPIRITUAL Em 30 de março de 2017, foi nomeado e provisionado Conselheiro Espiritual da Comunidade Católica Sagrada Família, o Revmo. Pe. Boris Augustin Nef Ulloa, pelo período de 05 (cinco) anos.


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Espiritualidade

Comportamento ou compromisso? Dom Devair Araújo da Fonseca

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia e vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação

H

abitualmente, temos comportamentos que são socialmente aceitáveis, e outros que são indesejáveis. Por isso, há algumas coisas que fazemos publicamente e outras ocultamente. O nosso comportamento pode ter como preocupação, ainda, atender a determinadas expectativas, como, por exemplo, fazer algo para agradar ou ser aceito e reconhecido pelos outros. Além das convenções sociais, também as leis podem direcionar o nosso comportamento, criando códigos de ética ou daquilo que é “politicamente correto”. Assim, o conjunto dessas influências externas pode – e realmente o faz – direcionar e determinar o nosso comportamento. Jesus não correspondeu às expectativas externas, daqueles que estavam à sua volta, porque Ele não se comportava para agradar, mas tinha um compromisso com o Reino. A passagem que narra a ressurreição de Lázaro (Jo 11, 1-45) é um

bom exemplo disso. Porque ali, os discípulos de Jesus não podem discípulos não queriam voltar à Ju- agir de maneira diferente. Emdeia; os fariseus e mestres da lei se bora tenham o seu valor, não são recusavam a aceitar que Ele fosse o as leis, os códigos de éticas ou os Filho de Deus; a multidão queria acordos sociais que regem a vida ver um milagre, e as irmãs de Láza- dos cristãos, mas a fidelidade ao ro se perguntavam por que Jesus Reino. demorou tanto e chegou tão tarde. Os discípulos de Jesus não Outros poderiam ainda perguntar agem corretamente só porque por que ressuscitar apenas Lázaro? estão sujeitos à lei ou a alguma Será que Jesus fazia diferença entre convenção social, e nem porque as pessoas? a ética do mundo condena deterA ressurreição de Lázaro não foi um Os discípulos de Jesus não espetáculo nem teve agem corretamente só porque por base um com- estão sujeitos à lei ou a alguma portamento afetivo, convenção social, e nem porque de um amigo ajudan- a ética condena determinados do outro, mas fazia comportamentos. O que move os parte do anúncio do discípulos são os valores Reino. Deus enviou do Reino, e por isso, só o seu Filho para que amor cristão é capaz de gerar os mortos encon- um compromisso verdadeiro, trassem o caminho que pode ser praticado em da vida. A partir de todo tempo e lugar, todo agora, é preciso fazer dia e toda hora uma escolha: permanecer nas trevas ou sair do túmulo, minados comportamentos. O que abandonando o pecado, as obras move os discípulos são os valores da carne, e reconhecendo que Jesus do Reino, e por isso, só o amor é o Cristo de Deus. cristão é capaz de gerar um comO que move Jesus é o amor e a promisso verdadeiro, que pode ser misericórdia que vem do Pai. Por praticado em todo tempo e lugar, isso, o seu agir não é só um com- todo dia e toda hora. Assim, os portamento agradável e “politi- cristãos respeitam as leis e praticamente correto”, mas um com- cam a justiça, porque antes amam prometimento com o Reino. Os a Deus e ao próximo.

| Fé e Vida | 5

Fé e Cidadania A Doutrina Social da Igreja na defesa dos biomas brasileiros

Lições mútuas Francisco Borba Ribeiro Neto Este é o terceiro ano consecutivo em que a Igreja é chamada, no Brasil, a pensar a questão ambiental. Em 2015, refletimos sobre a Encíclica Laudato si’; em 2016, a Campanha da Fraternidade (CF) nos convidou a refletir sobre a “Casa comum, nossa responsabilidade”; e agora, em 2017, a CF tem por tema a “Fraternidade: Biomas brasileiros e defesa da vida”. Que lições nos ficaram de todas essas reflexões? Que contribuições podemos levar a nossos irmãos não católicos que também lutam pela defesa do meio ambiente e da vida? A Doutrina Social da Igreja ganhou muito com suas reflexões sobre a questão ecológica. Não há dúvida de que a percepção da justiça intergeneracional, de nossa responsabilidade diante das gerações futuras, presente na doutrina social, foi melhor compreendida a partir das contribuições de parte do pensamento ecológico. Refletir sobre o necessário cuidado com a criação nos tem ajudado a recuperar dimensões da espiritualidade cristã que muitas vezes haviam se diluído no tempo. Perceber o mundo como um dom e um sinal do amor de Deus para conosco e recuperar o cuidado para com toda a criação são elementos da espiritualidade cristã presentes desde os primeiros séculos, passando por grandes santos, como São Francisco de Assis. Mas são percepções que facilmente perdemos, imersos em nossas preocupações e inquietações. Essa espiritualidade é justamente a grande contribuição que o Cristianismo traz aos movimentos ecológicos. Quem convive com esses movimentos sabe que, em muitos deles, há uma grande busca por espiritualidade e uma compreensão “religiosa” do mundo. Não nos esqueçamos que religião vem do latim religare, que indica a necessidade de religar a pessoa ao à Divindade – assim como a Ecologia trata da ligação que existe entre todos os seres. Num mundo cada vez mais banalizado e superficial, a recuperação da espiritualidade é uma força que reúne ambientalistas e cristãos. A Doutrina Social da Igreja também reforça a consciência da profunda ligação que existe entre o meio ambiente e os mais pobres e excluídos na sociedade. Justiça social e conservação dos recursos naturais são indissociáveis na prática. Num mundo cada vez mais polarizado e intransigente para com o outro, o Papa Francisco – mas não só ele – salientou a necessidade absoluta do diálogo no enfrentamento dos problemas socioambientais. Diálogo entre sociedade e governo, entre os diferentes grupos sociais, da ciência com a religião e a arte. A defesa da “casa comum” e dos biomas brasileiros necessita de todos esses elementos, da colaboração solidária entre cristãos e ambientalistas. Nosso encontro com Cristo nos leva a aprofundar nossa experiência de fé e compromisso com o próximo também nesse sentido. Para aprofundamento, ver as leituras sugeridas em http://feculturapucsp.blogspot.com.br/2017/02/CF2017


6 | Viver Bem |

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Cuidar da Saúde A doença ‘mão-pé-boca’ é mais comum antes dos 5 anos de idade Cássia Regina A doença “mão-pé-boca” é contagiosa e causada por um vírus que normalmente habita o sistema digestivo, e pode provocar estomatites (aftas) e erupções nas mãos e nos pés (por isso o nome da doença). Embora possa acometer também os adultos, ela é mais comum na infância, em especial antes dos 5 anos de idade. Ela pode ser transmitida pelo contato direto com a saliva ou muco através de beijo; pela partilha de bebidas ou de alimentos e objetos contaminados; pelo contato direto com a pele; ou de gotículas transmitidas por via aérea através de tosse ou espirros. Mesmo depois de recuperada, a pessoa pode transmitir o vírus pelas fezes durante aproximadamente quatro semanas. O período de incubação oscila entre um e sete dias. Na maioria dos casos, os sintomas são leves e podem ser confundidos com os de um resfriado comum. Quando a sintomatologia típica da doença “mão-pé-boca” se instala, a erupção das lesões na orofaringe é antecedida por um período de febre alta e gânglios inchados, seguido de mal-estar, falta de apetite, vômitos e diarreia. Por causa da dor, surgem dificuldade para engolir e muita salivação. Por isso, é preciso redobrar os cuidados para manter o paciente bem hidratado e recebendo alimentação adequada. Não existe vacina. O tratamento é sintomático com analgésico e anti-inflamátorio. Alimentos pastosos, como purês e mingaus, assim como gelatina e sorvete, são mais fáceis de engolir. Bebidas geladas, como sucos naturais, chás e água são indispensáveis para manter a boa hidratação do organismo, uma vez que podem ser ingeridos em pequenos goles. Além disso, é fundamental o repouso e uma boa alimentação. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) - E-mail: dracassiaregina@gmail.com

Comportamento

Onde está o meu pai? Valdir Reginato Em 2013 o IBGE apontava que cerca de 5,5 milhões de crianças não apresentavam o nome do pai na certidão de nascimento. O número é considerado alarmante! Onde estão os pais dessas crianças? Por que não foram registradas? Os dados não podem ser vistos apenas como estatísticas “alarmantes”. Eles se transformam num índice do comportamento social e familiar com o qual que estamos convivendo atualmente. Certamente, revelam a maneira como muitos, homens e mulheres, sejam adolescentes, jovens, adultos e mesmo idosos, estão encarando a responsabilidade de poder gerar um filho. As causas por detrás desse índice são várias. Os motivos que levam uma mulher a omitir o nome do pai podem variar desde a tristeza de uma violência covarde sofrida por um desconhecido, até a irresponsabilidade de alguém que não avaliou as consequências de uma relação alicerçada em bases frágeis, passando pela omissão culposa e irresponsável do pai, que o poderá reconhecer somente mediante exame genético (DNA) de paternidade, entre outras causas. Todas elas levam a um fim: o filho não terá o nome do pai na certidão, o que implica, no mínimo, na primeira grave manifestação de rejeição. A rejeição paterna é apontada por estudos bem conduzidos como uma das principais causas de problemas no desenvolvimento psicológico de uma criança. A ausência da figura paterna promovida pela ir-

responsabilidade da omissão, muito diferentemente do óbito do pai, leva a uma condição psicológica que poderá ocasionar por toda vida sequelas significativas. Essas observações não podem passar despercebidas por aqueles que estão envolvidos com programas de educação e orientação familiar, no intuito de fortalecer os fundamentos alicerçados na participação do pai e da mãe para um desenvolvimento equilibrado e saudável das crianças. A esse respeito, estudos recentes têm apontado para a diferença entre filhos criados por casais heterossexuais e homossexuais. Quanto ao assunto, prometo um artigo particular em breve. O fato é que não podemos dissociar a ausência paterna de todos os outros índices que convergem para a mesma finalidade de instabilidade familiar, provocadas por uma educação sexual liberal, como se o corpo fosse um parque de diversões; pela pornografia escancarada e sem limites de censura, colocando as “necessidades sexuais” em primeiro plano na vida cotidiana do homem e da mulher; e relacionamentos efêmeros baseados em baixíssimos níveis de compromisso e muita “paixão das reações químicas”. Tudo isso, temperado por um relativismo recheado de indiferença, atropela os estágios de conhecimento da pessoa, empatia, identidade de objetivos, comprometimento com responsabilidade pelos seus atos e, fundamental, o respeito e a valorização do outro enquanto ser humano amado, com quem compartilho

uma intimidade dentro dos desejos de fidelidade requeridos para quem se sente realmente unido. Poderia alguém esbravejar que se está sendo muito alarmista. Mas basta conversar com indivíduos pertencentes a este grupo dos “sem-pai” para perceber que se identificará uma tristeza profunda, uma frustração, rejeição e revolta em relação ao fato. O decorrer da vida poderá fazer com que muitos, em defesa de seus sentimentos, procurem ocultar o fato como de menor importância. Isto nada mais é do que não querer enfrentar-se com a dimensão enorme da dor de não se sentir amado para que pudesse existir. A humanidade busca a sua origem desde muito tempo, incansavelmente. Desejamos saber de onde viemos, se de macacos com mutações genéticas, se de inseminação artificial por extraterrestres, por uma ação decorrente do caos... Todos desesperados a procura de seu pai. E como um indivíduo que não tem o nome do pai na própria certidão de nascimento, sabidamente existente neste mundo e tempo, não haveria de se sentir rejeitado? Os que acreditam em Deus não sofrem a rejeição do evolucionismo ou de seres desconhecidos. Todos têm um Pai, que nunca se omitiu e sempre nos amou. Seja Ele o caminho para os que aqui têm essa responsabilidade de transmissão e cuidado da vida. Dr. Valdir Reginato é médico de Família, professor da Escola Paulista de Medicina e terapeuta familiar. E-mail: vreginato@uol.com.br


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Destaques das Agências Internacionais

Filipe David

Correspondente do O SÃO PAULO na Europa

Portugal

Preparativos para o centenário de Fátima O centenário das aparições de Nossa Senhora da Fátima se aproxima. Em uma semana, já foram feitos mais de 500 pedidos de credenciamentos de jornalistas

bem como de sacerdotes do mundo inteiro que desejam concelebrar com o Papa Francisco na missa do dia 13. Além dos sacerdotes e dos jornalistas, já foram regis-

tradas peregrinações envolvendo 83 mil pessoas de todo o mundo para a celebração do centenário, nos dias 12 e 13 de maio. Fonte: Santuário de Fátima

Espanha

Novo estudo confirma ligação do Santo Sudário com o Sudário de Oviedo Reprodução da internet

Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade Católica de Murcia, na Espanha, confirmou que o Sudário de Turim (o Santo Sudário) e o Sudário de Oviedo cobriram a mesma pessoa. O estudo também identificou uma ferida de lança que se encaixa na descrição feita no Evangelho de São João (19,34). A ferida de lança foi feita após a morte, com o corpo em posição

vertical, passando entre duas costelas, vindo de baixo para cima. A equipe de pesquisadores pôde afirmar inclusive que o golpe de lança foi realizado por alguém experiente, porque atravessou entre as duas costelas sem arranhar os ossos. O Sudário de Turim é, segundo a tradição, o tecido que envolveu o corpo de Cristo após a sua morte na cruz e o

Sudário de Oviedo é o tecido que cobria sua cabeça. O Vaticano não confirma nem nega a autenticidade das duas peças, porque não se trata de matéria de fé, mas diversos estudos feitos sobre elas têm confirmado a tradição e sugerem fortemente que se trata de verdadeiras relíquias da Paixão de Cristo. Fontes: Pew Sitter/ Religion en Libertad

Vaticano Óbolo de São Pedro entra nas redes sociais O principal sistema de arrecadação de fundos para obras de caridade do Papa agora está nas redes sociais. O Vaticano anunciou na quinta-feira, 30, a entrada do Óbolo de São Pedro no Twitter e no Instagram. No Twitter, há perfis em três línguas: italiano, inglês e espanhol. É tradição, desde o início

da Igreja, sustentar materialmente os mais pobres. Por meio do Óbolo, o Papa reúne recursos para distribuí-los em todo o mundo, conforme achar necessário. Os perfis já existiam desde 1º de março e agora foram oficializados. Segundo a Santa Sé, o objetivo “é dialogar com

Bispos sugerem desobediência civil Diante da crise institucional que atravessa o país e os abusos de poder, os bispos venezuelanos se perguntam se não é chegada a hora da desobediência civil e pacífica. A Suprema Corte venezuelana decidiu eliminar a Assembleia Nacional – onde a oposição ao governo de Nicolas Maduro é maioria – e assumir os seus poderes. A manobra foi condenada por instituições internacionais, como a Organização dos Estados Americanos, que a qualificou de “golpe final na democracia” no país. Após as críticas nacionais e internacionais, o governo de Maduro pediu que a decisão fosse revista e o Tribunal decidiu voltar atrás, revogando a própria decisão. O Mercosul iniciou o processo de aplicação da cláusula democrática à Venezuela, que pode acarretar a expulsão do país do bloco, por desrespeito à democracia. A Assembleia venezuelana abriu um processo para a remoção dos juízes autores da decisão controversa. Os bispos venezuelanos têm se manifestado publicamente contra o desrespeito à democracia: “Não podemos permanecer passivos, amedrontados e sem esperança”, disseram. “Temos que defender nossos direitos e os direitos dos outros. É tempo de se perguntar muito seriamente e responsavelmente se a desobediência civil, manifestações pacíficas, apelos aos poderes nacionais e internacionais e protestos cívicos são medidas válidas e oportunas”, disseram. O presidente da conferência episcopal venezuelana, Dom Diego Padron, afirmou categoricamente: “Hoje, na Igreja na Venezuela, não há verdadeira espiritualidade se não tivermos uma atitude de resistência diante do poder”. Fontes: Crux/ Agência Brasil

quem quer ajudar os mais necessitados e permitir a conhecer as obras de caridade realizadas graças à solidariedade dos fiéis de todo o mundo”. Para acompanhar as atividades do Óbolo e fazer doações online, basta acessar o site www.obolodisanpietro.va, disponível em italiano e inglês.

China 10 meses de prisão por imprimir material cristão

explodiu às 14h, no horário local, em um trem que deixava a estação Instituto de Tecnologia e se dirigia à estação Praça Sennaya. Também foi encontrado e desmontado um outro explosivo que não funcionou.

Li Hongmin foi condenado por um tribunal chinês a dez meses de prisão e multa equivalente a 1,4 mil dólares por ter imprimido material cristão. Ele estava preso desde o ano passado, quando a polícia encontrou 110 mil cópias de escritos cristãos em sua posse e o prendeu por operação ilegal. O juiz afirmou que a sentença foi branda porque Li assumiu sua “culpa” e porque sua esposa apresentou por escrito um documento explicando as dificuldades financeiras que a família enfrenta.

Fonte: Fox News

Fonte: China Aid

Rússia Explosão no metrô mata 14 Uma explosão no metrô de São Petersburgo matou 14 pessoas e feriu outras 40, na segunda-feira, 3. As autoridades consideram a possibilidade de que tenha sido um ato terrorista e já identificaram o autor do ataque suicida, Akbarzhon Jalilou, 22. A bomba

Venezuela


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Papa trabalha em documento sobre Migração, diz Cardeal Turkson FILIPE DOMINGUES

Especial para O SÃO PAULO Na Cidade do Vaticano

O Cardeal Peter Turkson revelou ao O SÃO PAULO que o Papa Francisco está trabalhando em um novo documento sobre a questão migratória. “A publicação já foi preparada”, afirmou, sem dar maiores detalhes, em rápida conversa com a reportagem em 30 de março. Após um encontro com jornalistas em Roma para falar do novo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, ele acrescentou que, “a partir da semana do dia 2, provavelmente vamos começar a publicar material sobre o que estamos fazendo no novo dicastério, em linhas gerais”. A informação remete à reforma da Cúria Romana que vem sendo realizada pelo Papa. Desde o início de 2017, foram fundidos quatro escritórios do Vaticano para a criação do novo dicastério para o desenvolvimento humano, uma espécie de “ministério” para questões sociais. De acordo com o decreto que o instituiu (motu proprio), o

dicastério é competente “em matéria de migração, dos necessitados, dos doentes e dos excluídos, dos marginalizados e das vítimas de conflitos armados e desastres naturais, dos prisioneiros, dos desempregados e das vítimas de qualquer forma de escravidão e tortura”. Por enquanto, o Papa decidiu assumir pessoalmente as demandas sobre migração. “O Papa quis seguir ele mesmo o tema das migrações, dos refugiados, e agora o tráfico de pessoas. Ele quis dar atenção especial e isso é já uma indicação de ênfase”, comentou Dom Turkson no encontro com jornalistas. “A atualidade do problema e sua importância merecem uma voz de autoridade da Igreja”. Ele explicou, ainda, que ao menos uma vez por mês os padres Michael Czerny e Fabio Baggio, subsecretários, se reúnem com o Pontífice para discutir o assunto. O cardeal ganês afirmou à reportagem que um outro documento será divulgado em breve, detalhando a fusão dos departamentos e as questões estruturais e organizativas do novo dicastério. “Já preparamos isso, mas não falamos nada ainda porque

queremos primeiro uma aprovação do Papa. No sábado, dia 1º, tenho uma audiência com o Santo Padre e esperamos logo tornar isso público”.

L’Osservatore Romano

Amazônia e índios

Questionado pela reportagem sobre projetos na América Latina, Dom Turkson disse que pretende ampliar a atuação da Fundação Populorum Progressio. Criada em 1992 por São João Paulo II, a fundação procura envolver comunidades locais em agricultura, pecuária, infraestrutura, educação, dentre outros. “Queremos que a Fundação possa atender às necessidades das populações indígenas locais”, disse o Cardeal. “Isso está no topo da nossa lista.” Ele citou o exemplo da Rede Eclesial Pan -Amazônica (Repam), onde trabalha o Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo. “Aquilo é algo que começou aqui”, afirmou. “Estamos planejando trabalhar com os bispos na América do Norte também. Por causa da experiência amarga que os indígenas tiveram no passado, queremos olhar para eles e ajudá-los”, disse.

Pontífice pede Igreja próxima ‘às feridas’ das famílias, em carta para encontro mundial A família é o “sim” ao amor de Deus que se manifesta na união entre homem e mulher, afirmou o Papa Francisco na carta em preparação para o 9º Encontro Mundial das Famílias, que ocorrerá entre 21 e 26 de agosto, em Dublin, na Irlanda. “Poderíamos nos perguntar, o Evangelho continua sendo alegria para o mundo de hoje?”, questiona o Pontífice. “Estou certo que sim! Só a partir do amor, a família pode manifestar, difundir e regenerar o amor de Deus no mundo”, responde. Segundo o arcebispo de Dublin, Dom

Diarmuid Martin, o Papa sinaliza que a família é um lugar especial para o testemunho da misericórdia. “A cada dia, fazemos experiência de fragilidade, de fraqueza e, por isso, todos nós, famílias e pastores, precisamos de uma renovada humildade”, escreve o Pontífice. Em encontro com a imprensa para dar as primeiras informações sobre o evento que ocorrerá em Dublin, o Cardeal Kevin Farell, prefeito do Dicastério para Leigos, Família e Vida, destacou o fato de que o Papa quer “uma Igreja que não passe dis-

tante das feridas” das famílias. Segundo o Cardeal, o evento em Dublin será muito orientado pela Exortação Apostólica Amoris Laetitia, que precisa ser lida com maior profundidade que os debates na mídia. “Às vezes, nos concentramos numa parte pequena, mas temos grandes ensinamentos nos primeiros sete capítulos da Exortação”, recordou. “A família está sob ataque. Portanto, precisamos falar sobre a família nos nossos termos, sobre a vida no Matrimônio, sobre acompanhar as pessoas. O capítulo 4 de Amoris Laetitia

valoriza muito o amor no Matrimônio.” A organização do Encontro ainda não sabe estimar quantas pessoas devem participar, mas, segundo Dom Martin, o evento será mais modesto que o dos Estados Unidos, em 2015. Dom Farell enfatizou que o Papa quer estar presente, mas vai depender de sua agenda. De qualquer modo, o Arcebispo de Dublin deu o tom do evento. “A família é chamada a ser o lugar em que os esposos se amam não em modo vagamente romântico, mas dentro das realidades e das dificuldades cotidianas”, disse.


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Vítor Alves Loscalzo e Fernando Geronazzo osaopaulo@uol.com.br

São Paulo é a nova sede do Exarcado Armênio da América Latina Com a aprovação do Papa Francisco, foi oficializada a nova sede do Exarcado Apostólico Armênio da América Latina, transferida de Buenos Aires, na Argentina, para São Paulo. A celebração solene, que marcou esse momento, foi presidida por Dom Vartan Waldir Boghossian, exarca apostólico armênio, no domingo, 2, na Igreja de São Gregório Iluminador, agora catedral do Exarcado. A missa contou com a presença do arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, do bispo da Igreja Greco-Melquita do Brasil, Dom Joseph Gébara, da cônsul-geral honorária da Armênia, a senhora Hilda Diruhy Burmuian, do embaixador da Armênia, o senhor Ashot Galoyan, e de outras autoridades civis e religiosas, reunindo cerca de 300 pessoas, a maior parte pertencente à comunidade armênica de São Paulo. Durante a homilia, Dom Vartan expressou a gratidão pela autorização papal: “Louvar a Deus por este acontecimento, no qual o Papa Francisco, por meio do seu ministério para as igrejas orientais, transfere para São Paulo a sede do Exarcado da América Latina e eleva esta Igreja de São Gregório Iluminador à Catedral para todos os armênios católicos da América Latina”. México, Venezuela, Brasil, Chile e Uru-

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Cardeal Scherer com Dom Vartan na oficialização do Exarcado Armênio da América Latina

guai compõem os cinco países da América Latina em que há comunidades do exarcado armênio, reunindo 30 mil católicos. Por congregar a maior comunidade, com aproximadamente 7 mil católicos, o Brasil foi escolhido como nova sede.

Memorial do Genocídio

Dentre as 23 igrejas orientais que compõem, junto à Igreja Católica Apostólica Romana, a Igreja Católica, a Igreja Armênia é uma das que mais conserva o sentido de nação. Na faixada da Catedral

foi inaugurado um Memorial do Genocídio Armênio, composto por uma cruz de pedra e por restos mortais de vítimas da catástrofe que matou 1,5 milhão de armênios, em 1915. A cruz de pedra trazida da Armênia tem 700 quilos e carrega o peso de um povo perseguido que hoje vive em diáspora. Ao final da cerimônia, Dom Odilo abençoou a cruz. O embaixador da Armênia, Ashot Galoyan, matizou a simbologia do evento, pois, no mesmo dia 2, aconteciam as eleições na República da Armênia. “Esta cerimônia, feita pela Igreja Católica, com a inauguração desta cruz de pedra, ao lado de restos mortais de vítimas do massacre, é muito importante neste momento, pois hoje, na República da Armênia, estão acontecendo eleições. Passamos à República Parlamentar Armênia, graças ao nosso povo que tem avançado nesse sentido político. E é graças a vocês que estamos aqui reunidos hoje, representando a existência da coletividade armênia. Um agradecimento especial ao exarca Dom Vartan pelo seu sacerdócio exemplar e a todo o povo presente. E a todos os nossos queridos armênios, nossos patrícios que, com seu trabalho dedicado, têm tornado essa coletividade uma realidade”. (Reportagem: Vítor Alves Loscalzo)

Pesquisa revela que apenas 13% dos brasileiros são favoráveis ao aborto Um estudo da empresa de pesquisas Ipsos realizado em 24 países mostra que a grande maioria da população brasileira defende a vida desde o momento da concepção e é contrária à pratica do aborto. Somente 13% dos brasileiros apoiam o aborto quando a mulher assim desejar. O número coloca

o país nos primeiros lugares em defesa da vida, atrás apenas do Peru, onde somente 12% se disseram favoráveis à interrupção da gravidez. O resultado de 2017 demonstrou uma queda de três pontos percentuais em relação ao ano passado (16%), e inverteu a tendência dos dois últimos

anos, quando os índices brasileiros de apoio ao aborto vinham aumentando. Segundo os dados da pesquisa, Suécia (77%), Hungria (67%) e França (65%) são os países que apresentaram maior índice de opiniões favoráveis à prática do aborto em qualquer situação. Recentemente, o Papa Francisco

conclamou, por meio do Twitter, os católicos a defenderem a vida desde o momento da concepção: “Proteger o sagrado tesouro de cada vida humana, desde a concepção até o fim, é a melhor maneira para prevenir todas as formas de violência”. Fontes: Ipsos e rádio Vaticano

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| Política | 11

IDH mostra o Brasil distante do ‘pódio’ do desenvolvimento humano Luciney Martins/O SÃO PAULO

Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

A estagnação do Brasil na 79ª posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), anunciado pela ONU em 21 de março, causou surpresa inicial, pois desde 2004 o país tinha registrado avanços nesse indicador. Segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano 2016 (RDH), feito pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), com base em dados de 2015, o IDH do Brasil se manteve igual ao de 2014, com índice 0,754, numa escala que varia de 0 a 1, em que os melhores valores são os mais próximos de 1. O cálculo é feito a partir dos indicadores de longevidade (esperança de vida ao nascer), educação (alfabetização da população e taxa de frequência nos ensinos fundamental, médio e superior) e renda bruta per capita. Segundo Andréa Bolzon, coordenadora nacional do RDH, o declínio da renda bruta per capita determinou a estagnação do Brasil no ranking, e também explica a queda em 19 posições no IDH ajustado à desigualdade, que leva em conta a diferença de renda entre os mais ricos e os mais pobres. De 2014 a 2015, a renda bruta per capita no Brasil caiu 4,8%, especialmente devido ao aumento do desemprego. Por outro lado, no mesmo período, a expectativa de vida subiu de 74,5 para 74,7 anos; a média de estudo cresceu de 7,7 para 7,8 anos; e a expectativa de tempo de estudo se manteve estável em 15,2 anos.

Em caminho de recuperação?

Na avaliação de Paulo Silvino Ribeiro, doutor em Sociologia e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp), a estagnação do IDH é fruto da crise econômica sentida no Brasil desde 2013. “Em um país como o nosso, que tem uma vulnerabilidade social muito alta, os mais pobres sentem primeiro uma crise econômica, e nessas ocasiões o país acaba investindo menos naquilo que diz respeito aos aspectos fundamentais que possam melhorar o nosso IDH, ou seja, em nome do ajuste econômico, se investe menos em questões de natureza social”, explicou ao O SÃO PAULO. Em nota, em 21 de março, a Presidência da República manifestou que os dados do IDH “ilustram a severidade da crise da qual apenas agora o país vai saindo”. O governo também disse confiar que as ações da atual gestão levarão à melhoria do índice: “Medidas como o controle das contas públicas, garantia dos gastos em saúde e educação, garantia do acesso à água por meio da conclusão do Projeto São Francisco, retomada do crescimento e do emprego se combinam para recolocar o país nos trilhos e criar uma realidade que logo será refletida nos indicadores internacionais”. O otimismo do governo é visto com ressalvas por Paulo Silvino: “Acho muito pouco provável que estejamos vivendo um tempo de bonança ou de virada do jogo. Acredito que podemos voltar a pensar em um possível momento de inflexão a partir do resulta-

Brasil mantém 79ª lugar no IDH, mas cai 19 posições na diferença de renda entre ricos e pobres

do das eleições de 2018, quando poderemos ter um cenário um pouco mais estável”. Na apresentação dos dados, Andréa Bolzan lembrou que o “aumento do Índice de Desenvolvimento Humano é muito sensível e baseado em questões estruturantes”. Desse modo, a evolução que cada país alcança no índice também está associada a políticas de longo prazo. “No passado, o Brasil cresceu a taxas altíssimas, mantendo uma taxa de pobreza alta. Agora, o país precisa voltar a crescer com muito cuidado, incluindo as pessoas e não concentrando o resultado desse crescimento”, alertou a coordenadora nacional do RDH. Também representante do Pnud no Brasil, Niky Fabiancic considerou que apesar do recente resultado, o país tem avançado de modo consistente no IDH nos últimos 20 anos. “Hoje, muitos assuntos são urgentes. E estamos atentos às propostas de reformas do ensino médio, Trabalhista, da Previdência e Tributária”, comentou.

Vale a pena ter o IDH como base?

De acordo com o RDH 2016, superar as exclusões sociais é o primeiro passo para alcançar o desenvolvimento humano e isso deve ser pensado pelos países em quatro pilares: Aumento do piso de proteção social (políticas de saúde e educação; de assistência social; benefícios previdenciários para grupos vulneráveis; e inclusão financeira); Políticas de ação afirmativa (para mulheres, negros, indígenas, pessoas com deficiência); Desenvolvimento humano sustentável (para que choques, como recessões econômicas, epidemias, desastres naturais, não façam as pessoas voltarem à situação de pobreza); e Participação e autonomia dos excluídos (efetivar os tratados de direitos humanos, garantir o acesso à justiça, promover inclusão e proporcionar o direito à informação). Paulo Silvino considerou que “o IDH é um excelente indicador de desenvolvimento humano, por mostrar a relação entre escolaridade, renda e longevidade”, mas comentou que é preciso ter um olhar crítico para alguns indicadores. “Pensar anos de escolaridade não significa diretamente que o indivíduo teve uma boa formação. Por exemplo: dois jovens às vésperas de prestar vestibular, com a mesma escolaridade em termos de tempo, podem estar absolutamente em pontos diferentes

de uma largada para se buscar uma vaga em uma universidade pública. Também isso é válido quando se fala da longevidade. Houve a melhora da qualidade de vida de modo geral, e isso vai desde coisas mais elementares, como o acesso à água potável ou à assistência médica, mas é preciso pensar que muitos anos de vida e de escola não devem ser plenamente vistos como algo positivo. É preciso olhar a qualidade dessa escolaridade e dessa vida”, detalhou.

Pior que 4 vizinhos sul-americanos e distante da Noruega

No ranking do IDH, o Brasil está entre os 55 países considerados de alto desenvolvimento humano, aqueles com IDH entre 0,7 e 0,799. Dois outros países na América do Sul estão nesse grupo, mas com melhor desempenho: Uruguai (0,795) e Venezuela (0,767). Já outras duas nações vizinhas estão no grupo dos 51 países com desenvolvimento humano muito alto, com índices acima de 0,8: Chile (IDH 0,847) e Argentina (0,827). Mais uma vez, a líder entre os 188 países no IDH é a Noruega, que alcançou o índice 0,949. Nesse país europeu onde a média de vida é de 81,6 anos, o aumento da renda tem sido acompanhado de uma distribuição mais uniforme dos recursos. Além disso, desde os anos 90, as verbas obtidas com a exploração de Petróleo vão para um fundo chamado “Oljefondet”, destinado para fins sociais. Perguntado se o Brasil deve se espelhar no que é feito na Noruega para avançar no IDH, Paulo Silvino diz ser “um pouco temeroso fazermos comparações entre realidades tão diferentes como Brasil e Noruega”. O doutor em Sociologia lembrou ainda que em alguns países, como a Noruega, têm “uma noção do que é o Estado, do que é a política pública com vistas à promoção da cidadania, que é muito mais forte do que no Brasil. Porém, penso que é um engano achar que podemos copiar qualquer modelo democrático de fora ou mesmo acreditar que esses modelos são processos acabados. Eles não o são, pois a sociedade tem um dinamismo muito intenso. Então, sobre a diferença do Brasil com os outros países, uma chave importante é a gente pensar a nossa cultura política”, concluiu. (Com informações da ONU Brasil, Terra, BBC, G1, EBC, IG e Correio Braziliense)

Programa de Metas

A Prefeitura de São Paulo entregou em 30 de março à Câmara Municipal a primeira versão do Programa de Metas 2017-2020, com os compromissos da gestão de João Doria Júnior. O programa está divido em cinco eixos temáticos principais – “Econômico e Gestão”, “Urbano e Meio Ambiente”, “Social”, “Humano” e “Institucional”. Ao todo, estão listadas 50 metas, atreladas a 69 projetos. “Este programa apresenta metas focadas em resultados para os cidadãos, com maior qualidade, alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, com maior participação e interação da sociedade. Um programa de metas objetivas não precisa necessariamente ser grande, ele deve ser efetivo e, principalmente, cumprido neste período”, disse o Prefeito, em resposta indireta àqueles que o criticaram pela pouca quantidade de compromissos listados em comparação a seus antecessores: Fernando Haddad (PT) comprometeu-se com 123 metas e Gilberto Kassab (PSD), com 223, mas ambos cumpriram pouco mais da metade. No site http://programademetas.prefeitura.sp.gov.br, os cidadãos podem dar sugestões ao programa. Outra forma de participação são as audiências públicas que acontecerão nos dias 6, 8, 9 e 24 deste mês.

Chapa Dilma-Temer

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) adiou na terça-feira, 4, o julgamento da ação em que o PSDB pede a cassação da chapa Dilma-Temer, vencedora das eleições de 2014. A maioria dos ministros aceitou o pedido feito pelos advogados ex-presidente Dilma Rousseff, que requereram prazo de mais cinco dias para apresentar a defesa. O prazo começará a contar após o fim dos novos depoimentos que foram autorizados. Assim, na prática, o julgamento deve ser retomado somente na última semana de abril, considerando os feriados deste mês e a agenda do presidente do TSE, o ministro Gilmar Mendes. Caso a chapa seja cassada, o Congresso Nacional deverá convocar eleições indiretas para presidente da República. Fontes: Prefeitura de São Paulo e EBC


Justiça nos Trilhos

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Campanha da

Pela

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vida do

na Pan-Amaz Repam leva à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em Washington (EUA), casos de violação de direitos humanos brasileiros e latino-americanos

A

Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

duplicação dos trilhos de um trem teve impactos negativos para a pequena comunidade rural de Vila União, no município de Buriticupu, no Maranhão. A situação foi apresentada para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Cidh) como “caso mineração”. O “caso Acre”, do povo indígena Jaminawa Arara, também foi levado à Cidh, que se comprometeu a colaborar com a investigação das denúncias de violações dos direitos humanos ocorridos na Pan-Amazônia. Entre 17 e 24 de março, os casos citados foram relatados à Cidh pelo presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), Cardeal Cláudio Hummes, e por um grupo formado pelo secretário executivo da Repam, Maurício López, e lideranças comunitárias. Outras organizações em Washington, nos Estados Unidos da América, também ouviram a situação dos povos pan-amazônicos, como o Episcopado Norte Americano, políticos, universidades e membros influentes da sociedade civil. A audiência na Cidh sobre o Direito de Território de Comunidades Indígenas e Comunidades Rurais da Pan-Amazônia aconteceu no dia 17 e foi solicitada pelo Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), a Confederação Latino-Americana de Religiosos (Clar), a Cáritas da América Latina e do Caribe, a Conferência Episcopal dos Estados Unidos e lideranças indígenas e campesinas. Foram levadas ainda ao conhecimento da Comissão situações semelhantes na Amazônia Equatoriana, como a dos indígenas e comunidades rurais de Tundayme, que vêm sendo afetados pela exploração de mineradoras na extração de ouro e cobre em suas terras, causadoras da poluição de rios e expulsão de seus lugares de habitação. Da mesma forma, foi apresentada a realidade das comunidades indígenas do Departamento de Wampis e Awajún Amazonas, no Peru, impactadas pela alienação ou concessão de suas terras para fins de exploração de minérios. Em entrevista à reportagem do O SÃO PAULO, Dom Cláudio Hummes avaliou muito positivamente a receptividade da Cidh

e demais instituições norte-americanas: “Eu percebi que eles têm um real interesse pela situação dos povos na Pan-Amazônia. Temos muitas esperanças e um protocolo assinado em que a Comissão se comprometeu com a Repam. Estamos ao lado das comunidades mais vulneráveis para que elas mesmas preparem seus relatórios e enviem à Cidh, pois temos consciência de que são elas e os próprios indígenas que levarão à frente essas denúncias. A missão da Repam é acompanhar, se solidarizar e apoiar as comunidades.” A Repam tem um eixo Direitos Humanos e Igreja de Fronteira que trabalha na capacitação das lideranças. “Queremos que as próprias comunidades sejam protagonistas de suas histórias, porque não podemos fazer por elas. Assim, pretendemos qualificar os agentes locais e possibilitar que eles tenham acesso direto aos instrumentos oferecidos pela Cidh”, afirmou Dom Cláudio.

Entenda os casos brasileiros O povo indígena Jaminawa Arara sofre pela não demarcação de suas terras, por conta invasões, exploração de madeira, projetos de exploração de petróleo e gás natural e pela constante presença de narcotraficantes na fronteira com o Peru. A liderança indígena Rosildo da Silva pediu urgência na demarcação dos territórios, no Estado do Acre. “Nós estamos sendo violados em nossos direitos como um todo, sobretudo pela não demarcação de nossas terras e dos indígenas ”, relatou Rosildo à Repam. “No Acre, há projetos de exploração de petróleo e gás natural no Cale do Juruá, essa é uma área de nascedouro de grandes rios


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biomas brasileiros e defesa da vida

os povos

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zônia que compõem a bacia Amazônica, a maior bacia hidrográfica de água doce da superfície do mundo”, explicou Lindomar Padilha, membro do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no Estado. Já a comunidade rural de Vila União, no Maranhão, vem sofrendo pela concessão de suas terras à atividade ferroviária e à extração de minerais pela Vale do Rio Doce. José Horlando da Silva Araújo, líder da comunidade, comentou sobre a criminalização das lideranças que se posicionam contra os impactos sofridos pela exploração de minério na região. Impossibilitado de ir a Washington por não ter conseguido o visto, ele enviou um vídeo à Cidh em que fala sobre a situação de medo que a comunidade vive: “Hoje a gente não pode fazer reivindicação reclamando dos impactos em nossas vidas, casas, rios, estradas. A defesa deles é muito forte, logo os advogados abrem processos contra quem reivindica e, assim, as pessoas ficam com medo e se calam”. Em entrevista ao O SÃO PAULO, José Horlando falou também sobre o assoreamento do rio Pindaré, usado pela comunidade para consumo e cultivo de plantações. “O rio está seriamente assoreado e com suas margens destruídas em consequência da exploração da mineradora e do aterramento realizado para a duplicação dos trilhos”, disse. “Outro grande problema é a falta de uma construção que possibilite a travessia segura, uma passarela ou um viaduto. Atualmente, as pessoas passam por cima da linha (porque precisam atravessar os trilhos para chegar às suas plantações)

e estão suscetíveis a acidentes. Há ainda problemas devido à trepidação dos trens, que têm causado rachaduras nas casas e quebra de telhas”, explicou José Horlando. Ele disse também que o único túnel construído fica a 500 metros da comunidade e quando chove permanece inundado , o que impede as pessoas de usarem.

O que precisa mudar? O Cardeal Hummes, que também é presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo emérito de São Paulo, enfatizou três questões principais que devem ser consideradas para que não aconteça mais a violação dos direitos dos povos, principalmente diante de grandes projetos que afetam os territórios ocupados pelas comunidades indígenas, rurais e mesmo urbanas da Pan-Amazônia. São aspectos que ficaram evidenciados durante a reunião com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Em primeiro lugar, é necessário que haja a consulta prévia. “As comunidades indígenas e outras comunidades que estão no território precisam ser ouvidas. E essa não pode ser uma escuta só formal, mas é imprescindível que as falas tenham incidência no momento da idealização e realização dos empreendimentos. Essa consulta prévia tem que ser vinculante, deve ter peso na elaboração dos projetos”, disse. A seguir, Dom Cláudio falou sobre a demarcação e invasão de terras. Ele ressaltou o risco constante de as comunidaMarcelo Cruz/Justiça nos Trilhos

des perderem terras já demarcadas, pois muitas têm seus territórios violados. Em terceiro lugar, o Cardeal citou a criminalização dos defensores dos direitos humanos. “Acontece que o próprio poder público e outras pessoas ou organizações criminalizam os que defendem os direitos dos povos. Muitas pessoas são mortas por defenderem esses direitos. Este é um ponto muito importante. Insistimos que isso fosse levado a sério, porque há muita gente sendo ameaçada. A Repam quer colaborar para a apuração das denúncias e a punição, quando necessária, porque não basta só denunciar, é preciso punir. A não punição significa abertura para novos crimes”, comentou Dom Cláudio.

Dar visibilidade O presidente da Repam afirmou também que, ao apresentar esses casos à Cidh, que é uma das entidades do sistema interamericano encarregadas da promoção e proteção dos direitos humanos no continente, eles começam a ser visibilizados e isso é de extrema importância para as comunidades locais. “A Igreja está assumindo esse serviço em favor dos povos e assim ela tem sido profeta tanto devido às denúncias feitas como ao mostrar caminhos de solução”, comentou Dom Cláudio. O Bispo explicou que a Igreja, por meio da Repam, está tentando construir uma rede e buscar novos elos para articular os serviços e instituições que já existem. “Assim, poderemos fazer um trabalho mais coordenado. Por isso, queremos apoiar as comunidades locais, para que elas possam qualificar membros como agentes de direitos humanos e saberem que há uma rede que se solidariza com elas.” Maurício López, secretário executivo da Repam, acompanhou a equipe nos Estados Unidos da América. Ao voltar para o Equador, ele enviou à Repam um resumo sobre os encaminhamentos principais junto à Cidh. “Uma das coisas mais importantes foi o pedido para que a Comissão faça um informe sobre a situação dos povos na Pan-Amazônia. Estamos também definindo linhas de trabalho para que os povos possam acessar diretamente os mecanismos de denúncia e pedidos para a Comissão. Para viabilizar isso, tivemos dois dias de treinamento para as lideranças aprenderem a acessar o sistema”, contou Maurício. “Queremos fazer um material educativo para que outras pessoas possam conhecer as realidades das comunidades amazônicas. Temos parcerias com ONGs com as quais falamos sobre a situação e possíveis perspectivas de acom-

Dom Cláudio Hummes, presidente da Repam

panhamentos particulares em causas específicas. Há também a abertura para uma audiência no Congresso dos Estados Unidos da América, na qual a Repam terá um papel essencial para exposição dos casos”, continuou o Secretário. Outra parceria que a Repam tem promovido envolve as universidades. “Elas podem nos ajudar a elaborar as bases científicas, tanto no que se refere a situação dos povos quanto às questões ecológicas e ambientais”, explicou o Cardeal Hummes. Lindomar Dias Padilha, que atua também junto aos povos indígenas da Amazônia brasileira desde 1991 e é membro do Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos, afirmou que a Repam “tem se apresentado como uma proposta de rede capaz de articular as entidades que trabalham na Amazônia. Aliás, isso aponta para uma nova etapa, uma etapa pós Laudato Si’. É uma importante iniciativa e traz esperanças para os povos indígenas e comunidades”. Sobre a iniciativa de levar os casos à Cidh, Lindomar afirmou que se trata de uma perspectiva muito boa, porque, mais do que punir, espera-se dar visibilidade aos casos. “Além disso, pode-se criar nos próprios Estados, junto à sociedade civil, um clima mais favorável à Amazônia e seus povos, pessoas que vivem, produzem e cuidam dessa vasta área, riquíssima em bio e sóciodiversidade. Todos os casos apresentados na Comissão Interamericana de Direitos Humanos são exemplos da gravíssima situação de violação dos direitos e cuja denúncia esperamos que alcance os ouvidos das pessoas de bem e boa vontade, para que saiam na defesa desses povos e territórios”, continuou. Colaborou Osnilda Lima/Repam


14 | Reportagem |

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Cresce o número de mulheres refugiadas em São Paulo Luciney Martins/O SÃO PAULO

O estupro como arma de guerra

Cáritas e Acnur promovem um workshop para jornalistas e outros profissionais de mídia sobre “O Panorama do Refúgio em São Paulo”

Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

Raul Mandela Lindo é angolano e veio para o Brasil porque estava sendo perseguido pelo governo do seu país. Ativista dos direitos humanos, Raul chegou a São Paulo em 2016 e já fala bem o português. “Aqui tenho menos condições do que em Angola e vivo mais precariamente, porém tenho paz”, disse Raul, que já não podia nem mesmo ir para casa, por medo da perseguição que sofria. A situação de Raul é a mesma de milhares de pessoas que chegam ao Brasil anualmente buscando refúgio. Seja por razões políticas ou religiosas ou outras motivações, os refugiados ou solicitantes de refúgio enfrentam muitas dificuldades, como busca por moradia, trabalho, acesso à saúde e educação. Para apresentar o “Panorama do Refúgio em São Paulo”, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e a Cáritas Arquidiocesana de São Paulo realizaram em 22 de março, um workshop voltado para profissionais de mídia. O evento aconteceu no Centro de Referência para Refugiados da Cáritas, que fica na rua José Bonifácio, 107, no centro de São Paulo. Inaugurado recentemente, o local recebe e dá assessoria aos refugiados que chegam à cidade. “Aqui, fazemos a primeira acolhida dos

refugiados, ajudando-os com a língua, a conseguir documentação e um lugar onde possam dormir”, explicou o Padre Marcelo Maróstica, atual diretor da instituição. A oficina tratou sobre temas como o processo de reconhecimento de refúgio no Brasil, o papel do Estado de São Paulo na acolhida de refugiados e migrantes, e as ações prioritárias do município para essas populações. Angola, Congo e Síria estão entre as nacionalidades que mais têm chegado ao Brasil. No workshop, além de Raul, contaram suas histórias o sírio Abdulbaset Jarour e o congolês Prosper Dinhanha Sikabaka.

A chegada das mulheres Segundo dados fornecidos pela Cáritas, que em 2016 atendeu 3.234 pessoas, vem crescendo o número de mulheres que procuram a instituição. Enquanto em 2013 elas representavam aproximadamente 13%, em 2016 esse percentual subiu para 36% do total. Além disso, também subiu o número de mulheres grávidas. Em 2013, a Cáritas acolheu apenas 10 mulheres grávidas, enquanto em 2016 foram atendidas 173 gestantes. Igualmente, aumentou a quantidade de mulheres com filhos. Em 2013, foram 18; em 2015, 202, e em 2016, 276. “Outra situação que tem acontecido nos nossos atendimentos é a presença de menores desacompanhados”, comentou o Padre Maróstica. Algumas das motivações para esse aumento significativo de mulheres podem estar relacionadas à formação no Brasil de uma rede de pessoas de mesma

nacionalidade, ou ao fato dessas mulheres terem perdido seus companheiros durante os conflitos armados em seus países de origem. Outra questão que tem feito com que as mulheres saiam de seus países é o uso do estupro como arma de guerra (leia mais no box ao lado). Diante dessas realidades, portanto, a Instituição tem buscado formas diversas de assistência, como a acolhida de mulheres grávidas ou com filhos em casas especiais, e a inclusão das crianças nas escolas. Representantes do Governo do Estado e da Prefeitura de São Paulo falaram sobre os programas que vêm sendo implantados em atenção aos migrantes e refugiados. “Recentemente, houve uma campanha para que os agentes de saúde respeitem, por exemplo, as diferenças culturais e costumes das mulheres imigrantes e refugiadas no momento do parto”, explicou Jenifeer Aryli, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos. E, embora os representantes do Governo tenham afirmado que Estado e Município têm dado assistência necessária para os solicitantes de refúgio e outros imigrantes, membros da Cáritas e da Acnur apresentaram inúmeras dificuldades encontradas por essas pessoas na chegada e consequente adaptação. “Temos aparelhos funcionando, sejam públicos, sejam das inúmeras instituições que acolhem e trabalham com os imigrantes e refugiados. Agora, precisamos criar uma rede que facilite o acesso a esses aparelhos”, afirmou Larissa Leite, coordenadora do Departamento de Proteção do Centro de Referência para Refugiados da Cáritas.

Em abril de 2014, um relatório da Organização das Nações Unidas trouxe uma lista com 21 países onde o estupro é usado como instrumento de guerra. Síria, Congo e Angola – as nacionalidades que mais tem pedido refúgio no Brasil – estão nessa lista. Além de o crime ser destruidor para as mulheres e suas famílias, muitas das mulheres de cultura islâmica, ao serem estupradas, imploram para que sejam também mortas pelos seus estupradores, pois, ao retornarem às suas casas, não suportariam a humilhação e vergonha por terem sido violadas. No estudo publicado com o título “Estupro como arma de guerra: uma análise à luz dos direitos humanos”, por duas estudantes de direito do Unisal, de 2015, consta que 30% das mulheres do Congo já foram estupradas. Erika Ribeiro da Motta Silva Amaral e Daisy Rafaela da Silva ressaltaram que no mesmo país, o Congo, também há um grande número de homens que foram estuprados, cerca de 22%. A guerra na República Democrática do Congo teve início com o genocídio que ocorreu em Ruanda. Os hutus, tribo de Ruanda, mataram cerca de 800 mil tutsis em um período de cem dias de guerra. Em 2010, um estudo publicado no American Journal of Public Health apontou que, a cada hora, 48 mulheres eram violentadas no país. “A violência sexual em conflitos armados é uma tática de uma eficiência incrível, porque ela humilha, envergonha e traumatiza a vítima”, explicou Lara Stemple, diretora do programa de Saúde e Direitos Humanos da Universidade da Califórnia. “Em um conflito armado em que a violência está por toda parte, o estupro é um instrumento de dominação total, de subjugação completa”, afirmaram as pesquisadoras no estudo publicado.


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Marcelo Musa Cavallari

‘Cobrir a Igreja é apurar e informar ao leitor o que se passa dentro dela de acordo com ela própria’ Arquivo pessoal

Francisco Borba Ribeiro Neto

Especial para O SÃO PAULO

“A imensa e imerecida honra, a tremenda responsabilidade que a acompanha e a felicidade suprema de estar em comunhão íntima com Deus - é isso o Catolicismo”, escreve o jornalista Marcelo Musa Cavallari em seu livro Catolicismo, lançado no final de fevereiro pela Bella Editora. Editada por uma editora laica fundada e dirigida por jornalistas, a obra faz parte de uma coleção de livros sobre as religiões, escritos por jornalistas que as praticam. O catolicismo não é um tema novo para Cavallari. Em seus 30 anos de carreira, o jornalista, com longas passagens pela Folha de S. Paulo e pela revista Época, escreveu muito sobre a religião e especialmente sobre os papas João Paulo II e Bento XVI, cuja eleição cobriu para a revista Época. Seu livro, porém, não trata da atualidade do catolicismo, mas sim da doutrina. “Uma fantástica construção intelectual erguida ao longo dos séculos em um sem-número de debates em torno da revelação de Deus em seu Filho, Jesus Cristo,” como ele diz nessa obra. Cavallari falou a O SÃO PAULO sobre sua experiência como jornalista católico e sobre seu livro.

O SÃO PAULO – O que leva pessoas desse meio jornalístico e midiático, aparentemente tão ateu, a se interessar pelo tema do catolicismo e da religião? Marcelo Musa Cavallari - Jornalistas e comunicadores falam com e sobre as pessoas do mundo. Menos do que falar de si mesmos e de seu meio, têm que dar conta da realidade do que se passa no mundo e a religião é um dado dessa realidade. Do ponto de vista do Jornalismo, no entanto, a religião não é mais do que um comportamento das pessoas que tem dimensões culturais, sociais e políticas. É com esse olhar redutor que o Jornalismo em geral vê hoje a religião. Como é para você essa experiência de diálogo com um mundo não católico? Embora sejam, de fato, como grupo social, mais ateus, mais à esquerda e mais simpáticos a teses modernas como aborto e teoria de gênero, do que a população em geral, os jornalistas não são exatamente um mundo à parte. Se são, em grande medida, não católicos, é porque o mundo também é. Numa de suas vindas ao Brasil, São João Paulo II disse que o Brasil era “afetivamente, mas não

efetivamente católico”. Resquícios de catolicismo fazem parte da cultura brasileira, nas festas, nos nomes das cidades, na paisagem sempre pontuada de igrejas e mosteiros, por exemplo. Mas o catolicismo não tem mais importância no pensamento e na educação dos brasileiros. Se isso era verdade nos anos 1990, quando São João Paulo II visitou o país, a situação só piorou com o passar do tempo. Como boa parte dos países ocidentais, o Brasil é um país pós-cristão: teve raízes cristãs, mas elas não constituem mais a visão de mundo partilhada por todos ou quase todos. Numa sociedade fragmentada, em que nenhuma visão de mundo congrega mais do que uma parcela da população, o catolicismo, hoje, é, de fato, a religião de uma minoria. Nos meus quase 30 anos de Jornalismo, eu venho sendo visto pelos colegas como um membro dessa minoria. Sou procurado para esclarecer dúvidas, sou escolhido para determinadas pautas, como foi a cobertura da eleição do Papa Bento XVI, ou, mais recentemente, para escrever sobre o Padre Gabriele Amorth, exorcista do Vaticano morto no fim de 2016. E, às vezes, escutava alguma provocação amigável de colegas. Acho que nada muito diferente da experiência que católicos praticantes, que sejam conhecidos como tais, têm em seus ambientes de trabalho em qualquer profissão no Brasil hoje. Sempre que eu escrevi ou falei do catolicismo profissionalmente, procurei dar uma visão de dentro. Não, claro, uma visão oficial ou de autoridade, que eu não tenho, mas levando em conta os critérios que, como fiel, sei que valem dentro do catolicismo.

Como isso se dá na prática? Há polêmicas recorrentes sobre a Igreja na imprensa. Há sempre algum jornalista especulando sobre quando a Igreja vai finalmente liberar o uso da camisinha ou de anticoncepcionais ou quando mulheres serão ordenadas. Desconhecendo a visão da Igreja, e, portanto, os motivos que justificam o que a Igreja faz, esse descompasso entre o catolicismo e a visão moderna é incompreensível. A questão acaba sendo tratada de um ponto de vista da necessidade que a Igreja teria que se adaptar para não perder fiéis, como se ela fosse uma empresa atrás de clientes ou um partido atrás de eleitores, um empreendimento puramente humano, em suma, que é a única chave que o Jornalismo em geral consegue usar. Como poderia ser um jornalismo diferente? O Jornalismo não tem nenhum compromisso necessário com qualquer visão de mundo. Ele deve estar preparado para cobrir todas. Se a Sociologia ou a Ciência Política, por exemplo, só podem encarar a Igreja como uma manifestação puramente humana por questões metodológicas, o Jornalismo não é obrigado a acompanhá-las. O Jornalismo não cobre o que tal ou qual ciência ou campo de estudo fala do mundo. Idealmente, o Jornalismo cobre o mundo. Assim, eu sempre me pautei por tentar mostrar ao leitor o ponto de vista de quem estava pensando de dentro da Igreja, fosse um papa, um bispo, um grupo católico etc. O Jornalismo é uma profissão humilde. Cobrir a Igreja não é analisá-la como um cientista social, por exemplo, faria, mas

sim apurar e informar ao leitor o que se passa dentro dela de acordo com ela própria e seus próprios critérios. O seu livro fala de doutrina. Isso é parte dessa mesma forma de falar da Igreja? Sim. Eu falo no livro das bases do catolicismo, do Credo, daquilo que todo católico tem que acreditar para ser católico. E falo com a consciência de que falo de uma coisa pouco conhecida. Não só pela parte da população que já não se identifica com o catolicismo, mas mesmo para católicos. Quando São João Paulo II veio pela segunda vez ao Brasil em 1991, fui encarregado de pautar um caderno especial na Folha de S.Paulo, onde trabalhava. Sugeri uma pesquisa, que foi feita pelo Datafolha, só com pessoas que estivessem saindo de missas dominicais. As perguntas eram baseadas no Credo: Acredita em Deus Pai? Em Jesus Cristo seu único filho? etc. Depois, perguntava sobre questões morais também. O grau de adesão às verdades de fé da Igreja era muito baixo. Em grande medida, creio, por ignorância sobre a doutrina da Igreja. Na medida das possibilidades de cada um, a doutrina tem que ser conhecida. A adesão aos dogmas não é opcional. Numa síntese rápida, por que você permanece católico num ambiente que não crê? Eu me tornei católico aos 22 anos vindo de um ambiente que não crê. Então isso para mim não significa grande coisa. Eu sei como é o outro lado. Estudei em escolas que se veem como progressistas, era ateu e comunista quando me converti. De qualquer forma, quem crê pôs sua confiança em Deus. O catolicismo não é uma forma de adquirir ou firmar uma identidade. Não se é católico para fazer parte de um grupo. Nem se deixa de ser para ingressar ou agradar outro grupo. O que está em jogo afinal é o destino último. E essa é a principal característica do catolicismo que é muito facilmente esquecida no mundo secularizado em que vivemos. O que você espera que seu livro realize? Escrevo como jornalista. Minha função é obter informações e organizá-las para transmiti-las. Meu objetivo é esclarecer. Gostaria que, depois de ler meu livro, católicos ou não católicos pudessem concordar ou discordar com base num conhecimento mais preciso do que está por trás, afinal, do que a Igreja faz e de como ela pensa.

As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.


16 | Fé e Cultura/Esporte |

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Dica de Leitura O primado do amor e da verdade Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

A Edições Fons Sapientiae leva às livrarias uma importante obra sobre o legado espiritual deixado pelo Papa Emérito Bento XVI. Trata-se da antologia “O primado do amor e da verdade – O patrimônio espiritual de Joseph Ratzinger – Bento XVI”, organizada por Gilcemar Hohemberger, doutorando em Teologia, e Rudy Albino de Assunção, doutor em Sociologia Política. A obra é apresentada em 15 capítulos, todos eles escritos por especialistas e estudiosos – clérigos e leigos – sobre o patrimônio religioso e espiritual do grande teólogo bávaro. Segundo Rudy Albino de Assunção, “o livro nasceu de uma inquietação”. Ele é o resultado da busca de tornar mais conhecida entre os leitores brasileiros a reflexão e a interpretação teológica dos escritos e do pensamento de Ratzinger, normalmente acessível de forma fragmentada em algumas poucas traduções para o português. “Gilcemar e eu percebemos que no Brasil existe uma grande escassez de obras ‘de’ e ‘sobre’ Joseph Ratzinger, o

teólogo alemão que em 2005 foi levado ao trono de Pedro com o nome de Papa Bento XVI. Nossa identificação com seu pensamento – sua visão de Deus e do mundo, profundamente alicerçada na fé da Igreja – não deixava que nos resignássemos a ler o pouco disponível em língua portuguesa. Precisávamos produzir mais, ensejar um aprofundamento na teologia dele como o que foi feito em larga em escala em outros países, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos”, diz Assunção. E continua: “Assim, durante quase quatro anos, por todos os meios de comunicação – e-mails, cartas, telefones – fomos congregando teólogos, filósofos e sociólogos brasileiros, espanhóis, italianos e alemães, para comporem conosco um livro, que fosse uma obra de referência no Brasil para aqueles que querem entender e se aprofundar na obra de um dos maiores teólogos do nosso tempo e querem entender ainda mais sobre a sua leitura da Doutrina da Igreja. E não são poucos os que querem se enriquecer como esse ‘patrimônio espiritual’ que exploramos de diversos modos nesta obra: leigos, padres, seminaristas, religiosos etc. Toda sorte de pessoas

Música

Divulgação

sedentas da Verdade. Pessoas que querem manter acesa a ‘chama’ e vivo o ‘espírito’ do magistério e do ministério de Bento XVI”. Ficha técnica: Organizadores: Gilcemar Hohemberger e Rudy Albino de Assunção Páginas: 312 Editora: Fons Sapientiae

‘Concertos de Quaresma’ em Igrejas de SP O Coral do Mosteiro, iniciativa de música sacra do Mosteiro de São Bento de São Paulo, em parceria com o regente André Rodrigo, promove os “Concertos de Quaresma” em paróquias de São Paulo. A primeira apresentação aconteceu na Paróquia Bom Jesus do Brás, no domingo, 2. O repertório apresentado foi “If Ye Love Me”, de Thomas Tallis; “Christus Factus Est”, de Felice Anerio; “Ave Verum Corpus”, de William Byrd; “O Vos Omnes”, de Pau Casals; “Sicut Cervus”, de Giovanni Pierluigi, da Palestina, “Adoramus te”, de Claudio Monteverdi; e “Eli, Eli”, de György Déak-Bárdos. A próxima apresentação será no sábado, 8, às 15h, na Paróquia Imaculado Coração de Maria (rua Jaguaribe, 735, Vila Buarque). Informações pelo telefone (11) 3666-0756 ou 3661-4077. (Com informações de André Rodrigo e do blog: coraldomosteiro.blogspot.com.br)

#Partiu Rússia, em busca do hexa Lucas Figueredo/CBF

Vítor Alves Loscalzo Especial para O SÃO PAULO

Com jogo de bola leve, criativo e contundente, a seleção vem jogando o “típico futebol brasileiro”, que há muito não se via jogar. Sob o comando do técnico Tite, o Brasil faz campanha impecável nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa de 2018 e passou com facilidade pelos adversários até agora, com direito até à goleada de 4 a 1 sobre o Uruguai, em março. “A mudança na seleção é de atitude”, afirma o ex-jogador Moises Macedo, 50, que se formou na base do Corinthians e jogou profissionalmente no Brasil, na China e no Japão. Em entrevista ao O SÃO PAULO, Moises destacou que houve poucas mudanças no elenco, se comparado à equipe de Dunga. “O que podemos ver agora é mais compromisso por parte do técnico e, consequentemente, por parte dos jogadores. O Tite passa comprometimento e responsabilidade aos atletas, e isso aparece no campo”, avaliou, comentando que a seleção chegará bem preparada para o Mundial na Rússia. A fase é boa, de fato: são oito jogos e oito vitórias com Tite no comando e com Neymar “comendo a bola”. No entanto, com os pés no chão, o técnico do Brasil revelou temperança em sua declaração após a vitória por 3 a 0 sobre o Paraguai, que definiu a classificação brasileira para o Mundial de 2018 a quatro rodadas do fim das Eliminatórias. “A

Sob o comando do técnico Tite, seleção brasileira garante vaga para Copa do Mundo por antecipação e volta a ter proximidade com a torcida

partir de agora, quero consolidar a equipe. À medida que repete o desempenho e não oscila, cria consistência, a equipe fica forte, pesada. Ela não está pronta”, afirmou o treinador da primeira seleção, além dos anfitriões russos, a se classificar para a Copa de 2018. A Rússia é uma seleção de pouca expressão no futebol internacional, tanto que na Copa de 2014 foi eliminada ainda na primeira fase. Mesmo assim, os russos prometem fazer do Mundial de 2018 um grande espetáculo. As expectativas orçamentárias são, a exemplo do paíssede, de dimensões continentais. O governo russo prevê custos equivalentes a R$ 33,4 bilhões, superando o orçamento de R$ 25,5 bilhões gastos para o Mundial

de 2014, que rende ao Brasil até agora o “título” de Copa do Mundo mais cara da história. Entre 14 de junho e 15 de julho do próximo ano, 32 seleções disputarão o Mundial. O Brasil tentará o hexacampeonato. Os confrontos ocorrerão em 11 cidades russas, quase todas na parte europeia do território, à exceção de Ecaterimburgo, que fica na parte asiática. Dos 12 estádios que serão utilizados, dois passam por reformas e dez por reconstrução total.

Segurança

Criada recentemente pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, a Guarda Nacional será encarregada da defesa civil e

do combate ao terror durante a Copa do Mundo 2018. “O trabalho para garantir a segurança na próxima Copa e na Copa das Confederações vai exigir muitos esforços”, disse Putin em reunião com o comando da Guarda Nacional. A preocupação com a segurança se tornou mais emergente após a segunda-feira, 3, quando 14 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas com uma explosão no metrô de São Petersburgo. A cidade receberá jogos da Copa das Confederações deste ano e da Copa do Mundo de 2018. A ocorrência foi qualificada como “ataque terrorista” pela Procuradoria Geral da Rússia e impõe ao Kremlin ainda mais cuidados com a segurança.


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Benigno Naveira

Colaborador de comunicação da Região

| Regiões Episcopais | 17

Lapa

Atenção total à evangelização na cidade Reelaborar os projetos à luz do 12º Plano Arquidiocesano de Pastoral foi o foco da reunião do Conselho Regional da Pastoral (CRP) da Região Lapa, realizada no sábado, dia 1º, na Paróquia Nossa Senhora dos Pobres, no Setor Butantã. A reunião, que teve a participação de aproximadamente cem pessoas, foi dirigida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, pelo Padre Jorge Pierozan, vigário episcopal da Região Lapa, e pelo Padre Antonio Francisco Ribeiro, coordenador regional de pastoral. No início das atividades, Padre Antonio lembrou que os encontros pas-

sados foram para contribuir com os destaques pastorais do 12º Plano. Na sequência, Dom Odilo falou sobre o documento, em especial das urgências nele contidas. O Arcebispo enfatizou as contribuições no texto dos documentos da Igreja e de modo especial da Exortação Apostólica Amoris Laetitia, do Papa Francisco. Dom Odilo expressou o desejo de que as comunidades possam “superar o individualismo, a fragmentação e o isolamento”, e destacou aspectos da sexta urgência do 12º Plano, “Igreja – família de famílias”: o compromisso com os de-

safios da família; o olhar para Cristo; o Evangelho da família – a família no desígnio salvífico de Deus; a família nos documentos da Igreja; a indissolubilidade do Matrimônio, que não é “jugo” imposto aos homens, mas um “dom” feito às pessoas unidas em Matrimônio para que tenham alegria de viver juntas; a importância de anunciar o Evangelho da família, de guiar os noivos no caminho da preparação para esse sacramento, bem como os cuidados com as famílias

feridas, separadas, divorciadas, e com aqueles que apenas coabitam. O Cardeal refletiu ainda sobre as outras urgências do 12º Plano e lembrou que a família é o eixo transversal da ação evangelizadora. Na segunda parte da reunião, os participantes, em grupo, refletiram sobre a adequação dos projetos pastorais ao 12º Plano, e foi distribuído um formulário para que se elaborem tais projetos nas paróquias, seguindo as indicações do Plano. Angela Santos

Benigno Naveira

Aconteceu no sábado, dia 1º, o encontro de formação permanente dos agentes da Pastoral de Animação Missionária e Catequese da Região Lapa, com o tema “Semana Santa”, com assessoria do professor Sergio Abreu e a participação do Padre Geraldo Pereira. Segundo Sergio, “o Tempo Pascal se torna para nós o tempo de salvação; é um tempo em que Deus entrou na história para aí realizar um plano salvífico, que culminou com a Morte e Ressureição de Jesus”.

Dom Odilo apresenta urgências do 12º Plano Arquidiocesano de Pastoral ao CRP da Lapa

Lucas Santos e Ligia Terezinha Pezzuto Colaboração especial para a Região

Serviço de Escuta: ouvidos atentos às angústias do próximo Terminou no sábado, dia 1º, o curso de capacitação para novos voluntários do Serviço de Escuta, realizado ao longo de quatro sábados na Paróquia São Luís Gonzaga, no Setor Pastoral Santa Cecília, ministrado pelo Frei Hipólito Martendal, Ofm. O Serviço de Escuta surgiu a partir de iniciativas isoladas e começou sua caminhada conjunta em 2005. De lá para cá, se desenvolveu inicialmente com encontros semestrais de voluntários, e depois em dois tipos de formação: para iniciantes e para os que já atuam – neste caso, é feita uma manhã de aprofundamento com um tema de interesse comum.

Atualmente, ocorrem também reuniões anuais com os coordenadores das várias paróquias. Em 2009, foi constituído o Grupo de Apoio do Serviço de Escuta de São Paulo, com o objetivo de organizar esses eventos, oferecer suporte, conectar as equipes do Serviço de Escuta das várias paróquias e garantir uma unidade entre elas. O Serviço de Escuta consiste em ouvir o desabafo das pessoas em seus momentos difíceis. Não é terapia nem confissão. Permite que a pessoa, ao ser escutada sem julgamentos, livre-se de uma carga emocional que a oprime e passe a ver com mais clareza o momento

Arquivo pessoal

No dia 25 de março, Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, presidiu missa na Paróquia Nossa Senhora da Consolação, no Setor Pastoral Santa Cecília, por ocasião da realização das “24 horas para o Senhor”. A pedido do Papa Francisco, as “24 horas para o Senhor” ocorreram em igrejas de todo o mundo nos dias 24 e 25.

Flávio Dania Silva

Participantes do curso do Serviço de Escuta na Paróquia São Luís Gonzaga, no sábado, dia 1º

em que se encontra. Com isso, ela tem melhores condições de buscar uma solução por si mesma para um problema. Atualmente, é feito com um atendimento presencial nas igrejas. A implantação do Serviço de Escuta nas paróquias consta no 12º Plano de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo como uma das indicações pastorais da quarta urgência: Igreja – Comunidade de comunidades. A importância de constar no 12º Plano está na visibilidade que o trabalho alcançou e pode ainda alcançar para que mais paróquias ofereçam este serviço. Para integrar uma equipe em uma

paróquia, a orientação é que se convide individualmente pessoas com o perfil adequado (que seja responsável, discreta, saiba ouvir, guardar sigilo e tenha disponibilidade para atender no seu plantão e para uma reunião periódica de equipe). Há uma bibliografia para conhecer melhor o trabalho: “Serviço de Escuta: manual de procedimentos” (Deolino Pedro Baldissera, Editora Paulinas) e “Serviço de Escuta: o que é e como implantá-lo” (Ligia Terezinha Pezzuto, Editora AveMaria). Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail escutasp@regiaose. org.br. Os cursos são anuais ou conforme a demanda.


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Brasilândia Projeto de formação catequética é iniciado em 5 núcleos

Juçara Terezinha Zottis e Leandro Silva Batista Colaboração especial para a Região

O projeto de formação catequética começou nos dias 18 e 25 de março em cinco núcleos espalhados pela Região Episcopal Brasilândia, reunindo 472 pessoas que estudaram o tema “Paróquia: Casa de Iniciação Cristã”. A atividade terá sequência nos dias 22 e 29 deste mês, com o tema “Metodologia da Iniciação Cristã”. Em maio, o estudo abordará o “Planejamento da Ação Catequética: Orientações Pastorais”. No mês de junho, o destaque será a “Estrutura do Itinerário Catequético: Roteiro dos Encontros e Celebrações”. Entre os dias 17 e 21 de julho, das 20h às 22h, será realizada a semana de formação em todos os núcleos, com o tema “Vivências Querigmáticas e Mistagógicas”. Em agosto, o assunto será “A Psicologia das Idades: Sujeitos da Ação Catequética”; em setembro, “Itinerário de Iniciação da Família”; e, em outubro, “A Consciência e Vivência Comunitária”. Por fim, nos dias 19 e 26 de novembro, serão realizados os dois retiros de encerramento.

Padre José Domingos Bragheto

Catequistas participam da primeira etapa de formação no Núcleo de Catequese Santos Apóstolos, no salão da paróquia no Jardim Maracanã

De acordo com Maria Leda Silva Martins Santana, da Pastoral de Catequese, é indispensável que a Igreja forneça aos catequistas espaços de formação, partilha e atualização. “A motivação e incentivo dos padres, diáconos e lideranças das comunidades é fundamental para garantir que os catequistas partici-

pem e sejam perseverantes”, afirmou. Segundo Leda, a Catequese na Igreja do Brasil vive um desafio peculiar nos tempos atuais: formar discípulos e missionários de Jesus Cristo. Para atingir esse objetivo, é preciso que haja um processo de iniciação à vida cristã inspirado na vida das primeiras comunidades da Igreja. O catecumenato, conforme era

praticado naquela época, tem grande eficácia porque coloca o iniciante em contanto permanente com a pessoa de Jesus Cristo, formando assim um verdadeiro cristão. Leda informou ainda que a Escola de Catequese da Região Episcopal Brasilândia (Ecat-BRA) retomará as atividades em 2018, com algumas reformulações.

Pastoral da Juventude Estudantil prepara encontro regional Arquivo pessoal

Articuladores do encontro da Pastoral da Juventude Estudantil reunidos na Brasilândia, dia 2

A coordenação da Pastoral da Juventude Estudantil (PJE) e a assessoria do Regional Sul 1 da CNBB estiveram reunidas no domingo, 2, na Paróquia Nossa Senhora da Expectação, no Setor Pastoral Freguesia do Ó, para organizar o encontro regional que ali acontecerá no dia 21 deste mês. Participaram do encontro o Padre Fabricio Moraes e a Irmã Fabiana Florencio Cavalcante, assessores da PJE; Pedro Ramos e Lucas Dantas, da coordenação do Regional Sul 1; Guilianna

Ramalho Osteti, da Diocese de Osasco (SP), e Leandro Silva, assessor leigo da Região Brasilândia. O encontro tem como principal objetivo articular os jovens nas escolas municipais, estaduais e colégios católicos, criando uma participação direta dos alunos na comunidade escolar e fomentando o exercício da cidadania. Muitos desses jovens já atuam nas comunidades, seja na Pastoral da Crisma ou em grupos de jovens e movimentos.

12º Plano Arquidiocesano é analisado nos setores A Comunidade Divino Espírito Santo, da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, sediou no sábado, dia 1º, a terceira reunião do ano do conselho de pastoral do Setor Dom Paulo Evaristo. Na ocasião, o 12º Plano Arquidiocesano de Pastoral foi o foco de estudo e reflexão. Padre Tarcísio Marques Mesquita, do Secretariado Arquidiocesano de Pastoral, apresentou aspectos do Plano, em especial as seis urgências: Igreja em estado permanente de missão; Igreja – Casa de Iniciação à Vida Cristã; Igreja – Comunidade animada pela Palavra de Deus; Igreja – Comunidade de comunidades; Igreja misericordiosa a serviço da vida plena para todos; e Igreja – Família de famílias. Padre Tarcísio lembrou que, para garantir que essas urgências sejam vivenciadas e desenvolvidas, se faz necessário que as comunidades, pastorais e os movimentos eclesiais como

um todo elaborem, de maneira participativa, um bom planejamento. A reflexão sobre as seis urgências deve continuar nas próximas reuniões do Setor. Na atividade do sábado, também foi escolhida uma equipe de leigos que irá organizar o retiro das lideranças do Setor no mês de julho, com a temática sobre a espiritualidade de Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo entre 1970 e 1998, e que morreu em dezembro de 2016. Também no sábado, dia 1º, na Comunidade Nossa Senhora de Fátima, as lideranças do Setor São José Operário realizaram a reflexão sobre alguns documentos da Igreja, como o de Medellín (1968) e Puebla (1979), como base para a ação pastoral. Também foi falado sobre o 12º Plano Arquidiocesano de Pastoral, com assessoria do Cônego Antonio Manzatto.

Padre Cilto José Rosenbach

Exemplares do 12º Plano Arquidiocesano de Pastoral são entregues a lideranças do Setor Perus

O 12º Plano também foi alvo de estudo na reunião do Setor Perus, realizada na Paróquia Nossa Senhora das Graças. A apresentação coube ao Padre Cilto José Rosembach, pároco da Paróquia São José. Na oportunidade, houve ainda

a avaliação sobre a experiência de oração da juventude, o processo de formação dos catequistas no Setor, as confissões realizadas em mutirão nas paróquias por conta da Quaresma, além dos desafios em relação à missão e articulação da juventude.


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Santana Junto ao Padre Cícero, com fé, no Centro de Tradições Nordestinas Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu missa na Capela Imaculada Conceição do Centro de Tradições Nordestinas (rua Jacofer, 615, Limão), em 26 de março. Era a festa dos 173 anos de nascimento do Padre Cícero Romão Batista, que na devoção popular é conhecido como Padre Cícero ou “Padim Ciço”. Com a celebração eucarística encerraram-se os festejos iniciados três dias antes nesse polo de divulgação e preservação da cultura nordestina, fundado em maio de 1991, pela família Abreu, em uma área de 27 mil metros quadrados. Nas missas do tríduo, presididas pelo Padre João Evangelista de Sousa, capelão, houve a participação de grupos folclóricos, como o Melodias Sertanejas, e a exposição das relíquias do Padre Cícero, conduzida pelo pesquisador Marcelo Fraga. Dom Sergio, antes da missa solene,

Cristina Abreu

Dom Sergio e Padre João participam da Procissão do Chapéu, tradição vinda de Juazeiro do Norte (CE), onde está o túmulo do Padre Cícero

participou da bênção e Procissão do Chapéu, que foi acompanhada pelo grupo de reisado Folia de Reis de Todos os Santos. A Capela Imaculada Conceição faz

parte da Igreja Católica Apostólica Romana. Há missas aos sábados, às 12h, com batizados; domingos, às 11h, com batizados, e às 17h. Os Memoriais do

Padre Cícero e Frei Damião podem ser visitados de quarta-feira a domingo, das 11h30 às 17h. (Colaborou Valdeir Dedé)

Robson Francisco

Diácono Francisco Gonçalves

Aconteceu no dia 25 de março, na Paróquia Sagrada Família, no Setor Mandaqui, a missa em ação de graças pelos 25 anos de sacerdócio do pároco, Padre Erly Avelino Guillen Moscoso, peruano. Na missa presidida por Dom Sergio, participaram os familiares do jubilando, o Padre Richer Bustos, que o auxilia nas atividades pastorais, e paroquianas das comunidades São Sebastião, Santa Paulina e Nossa Senhora de Guadalupe & San Juan Diego, que presentearam o jubilando com uma túnica e uma casula.

Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, e o Padre Andrés Marengo, coordenador regional de pastoral, se reuniram, em 25 de março, na Cúria de Santana, com os coordenadores de pastorais e seus assistentes eclesiásticos, componentes do Conselho Regional de Pastoral (CRP). O foco da atividade foi a discussão das conclusões apontadas na Assembleia da Região Santana, realizada no dia 4 de março.

Adriano Ferrari Szcypula

Diácono Francisco Gonçalves

Com procissão pelas ruas próximas à igreja-matriz, os fiéis na Paróquia São Francisco de Paula e São Benedito, no Setor Pastoral Imirim, celebraram o padroeiro São Francisco de Paula, no domingo, 2. Após a procissão, houve missa presidida por Dom Sergio de Deus Borges, e concelebrada pelo Padre Mauricio José de Lima, pároco.

Os fiéis da Paróquia Nossa Senhora da Anunciação, no Setor Pastoral Vila Maria, comemoraram a festa de sua padroeira, recebendo a visita de Dom Sergio de Deus Borges, em 26 março, quando presidiu a missa concelebrada pelo pároco, Padre Antônio Laureano, acolitado pelo Diácono Luciano Louzan.


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Ipiranga Jovem, você diria sim?

Padre Pedro Luiz Amorim, José Eduardo Rodrigues e Caroline Dupim

Nas comemorações do Dia Mundial da Juventude, no sábado, dia 1º, o Setor Juventude da Região Ipiranga organizou pela segunda vez a “Via-Sacra da Juventude” pelas ruas do bairro de Heliópolis. Por ocasião do Ano Mariano Nacional, o tema escolhido foi “Você diria sim?”, e o “Sim” de Nossa Senhora ao aceitar ser a Mãe do Salvador. O evento foi iniciado com missa na Paróquia São João Clímaco, no Setor Pastoral Anchieta, presidida por Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, e teve entre os concelebrantes o Padre Antônio de Lisboa Lustosa Lopes, pároco, o Padre Renato Junior Braga, assessor eclesiástico do Setor Juventude; e o Padre Pedro Luiz Amorim, pároco da Paróquia Santa Paulina, coordenador regional de pastoral. Dom José Roberto, na homilia, advertiu os jovens que “além da ressurreição do corpo, temos a ressurreição da alma, quando a mesma não perde a esperança e não se deixa vencer pelo desânimo. Essa ressurreição é vivida diariamente, e para

isso devemos manter nossos olhos fixos no Senhor”, disse, complementando: “Cristo é a vida, Cristo sacia a nossa sede de felicidade. Não somos uma vírgula entre dois nadas, viemos de Deus e para ele voltaremos após a morte”. Após a missa, os jovens saíram em procissão da matriz da Paróquia São João Clímaco até a Comunidade São Benedito, pertencente à Paróquia Santa Paulina: Eles passaram pelas ruas de Heliópolis, cantando, dançando e rezando, mostrando o rosto da juventude cristã. As estações da via-sacra foram preparadas pelos fiéis da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Setor Anchieta, Paróquia Santuário Santa Edwiges, Comunidade São João Batista, Paróquia Santa Paulina, Paróquia Nossa Senhora das Mercês, Paróquia Imaculada Conceição e Paróquia São Joao Clímaco, que por meio de encenação e textos representaram a trajetória de Jesus, desde o julgamento até a morte. A cada estação, os jovens refletiam sobre o sofrimento de Jesus e sobre o tema “Você

Colaboradores de comunicação da Região

Caroline Dupim

Dom José Roberto Fortes Palau participa junto aos jovens de evento pelo Dia Mundial da Juventude, no sábado, 1º

diria sim?”, trazendo meditações que relacionavam o caminho de Cristo com as situações atuais, como, por exemplo, ao comparar o “sim” de Verônica, que corajosamente enxugou o rosto do Senhor, com o “sim” dado hoje, quando se olha com misericórdia para alguém que sofre. “Participar desse evento foi uma oportunidade de fazer uma reflexão de vida em torno do Evangelho. Maria é aquela

que diz ‘sim’ ao projeto de Deus em sua vida, e Cristo diz ‘sim’ ao cálice que o Pai lhe propõe. Eles são exemplos de que apesar dos sofrimentos e dificuldades, vale a pena dizer ‘sim’ para esse anúncio aos jovens. Heliópolis é um lugar de manifestação de Deus, organizar esse evento lá foi a oportunidade de presenciar isso. E ver tantos jovens dando o seu ‘sim’, pelos exemplos dados, foi o objetivo alcançado”, afirmou Matheus Pereira,

articulador da juventude no Setor Pastoral Anchieta. Ao término da via-sacra, Dom José Roberto convidou os jovens a participarem de toda a Semana Santa, que acontecerá entre os dias 9 a 16 de abril. “Não somente participar, mas vivenciar esta semana e ter a certeza que ela não acaba com a crucificação na Sexta-feira da Paixão, mas com a Ressurreição no Domingo de Páscoa”, afirmou o Bispo.

Paróquia Nossa Senhora da Saúde promove palestra sobre Direitos Humanos José Eduardo

Participantes da palestra ‘Ama teu próximo como a ti mesmo’ na Nossa Senhora da Saúde

Vida

Saudável

Em 2017 a Paróquia Nossa Senhora da Saúde completa 100 anos de fundação. Atendendo a sugestões apontadas no censo paroquial, realizado em 2016, estão sendo realizados encontros de formação com assuntos variados e de interesse da comunidade, como catequese, evangelho, biomas brasileiros, defesa da vida, a vida em Cristo, dignidade do ser humano e direitos humanos. Em 26 de março, o tema em destaque foi “Ama teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,39), em palestra proferida por Rita Orsini. Ela detalhou que os direitos humanos são os que contemplam todas as pessoas, e citou como exemplos os direitos

de ir e vir, de respeitar e ser respeitado, direito à educação, lazer, saúde e viver bem. Rita comentou que o atual texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos é uma carta ao planeta, traduzida em mais de 360 línguas e dialetos, e em mais de 200 países, e que tem as suas origens na Antiguidade. Ela concluiu o encontro com um pensamento de São Francisco de Sales: “Deus não quer escravos de galera, Deus quer que sejamos remadores livres, trabalhadores livres”. Segundo Rita, para ser livre, é preciso amar a si próprio e ao próximo, conhecer, ser feliz e saber o que se quer.

Arquivo paroquial

ATENDIMENTO GRATUITO

AJUDA PSICOTERAPÊUTICA Você pode viver bem, ter vida saudável melhorando seu modo de ver a si mesmo, os outros e o mundo. O Dr. Bruno e o Dr. José darão a você ajuda continuada, indicando o caminho a seguir Os interessados devem comparecer as quartas-feiras, às 14h30, nas instalações das paróquias:

Nossa Senhora da Assunção e São Paulo Pessoal Nipo-Brasileira de São Gonçalo Praça João Mendes 108, Tels. 3106-8110 e 3106-8119

Atendendo uma das urgências do 12º Plano Arquidiocesano de Pastoral e a prioridade pastoral na Região Episcopal Ipiranga, a Paróquia Santa Paulina, no bairro do Heliópolis, realizou no domingo, 2, o primeiro de uma série de retiros anuais que serão organizados pela Pastoral das Famílias. O tema abordado foi “Solidão na vida a dois”. Houve pregações e momentos de partilha. A conclusão foi com a missa. Os casais foram instigados a viverem com Cristo uma comunhão a dois.


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Belém Dom Odilo visita comunidade periférica na Fazenda da Juta Peterson Prates

Colaborador de comunicação da Região

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, visitou no domingo, 2, a Comunidade Santo Antônio, na Fazenda da Juta, na região de Sapopemba, na zona Leste da cidade. Foi desejo do próprio Cardeal visitar a comunidade, que pertence à Paróquia São Sebastião, já que ele apenas conhecia a igreja-matriz. Dom Odilo presidiu a missa, concelebrada pelo Padre Mario Andrighetto, pároco, e pelo Padre Gilberto Orácio, coordenador do Setor Sapopemba. A Paróquia São Sebastião é atendida pelos missionários combonianos, que têm um seminário internacional na Região, onde mais de uma dezena de seminaristas, a maioria do continente africano, realiza a preparação para o sacerdócio. Ao todo, quatro padres se dividem no trabalho pastoral e na formação dos missionários. Também há uma co-

Peterson Prates

Cardeal Odilo Pedro Scherer preside missa na Comunidade Santo Antônio, na periferia da zona Leste da cidade, no domingo, 2

munidade religiosa de irmãs combonianas. “Agradeço a vocês, missionários combonianos, que estão aqui no meio desse povo há muito tempo, há mais de 20 anos. Também às irmãs, que são mis-

sionárias. Esse é o sinal da Igreja que vem ao encontro, e que não esquece seu povo, não esquece os lugares mais afastados, mais remotos, as periferias”, manifestou Dom Odilo. Ao fim da celebração, foi distribuída

aos fiéis a Carta Pastoral “Viva a Mãe de Deus e nossa!”, escrita pelo Cardeal por ocasião do Ano Mariano Nacional. O Arcebispo recordou a importância da vivência do Ano Mariano e das devoções marianas, como as novenas e rosários.

Padre Fausto Marinho

Paróquia São Paulo Apóstolo

No último fim de semana, dias 1º e 2, aconteceu na Paróquia São Carlos Borromeu, no Setor Pastoral Vila Prudente, o 58º Encontro de Jovens com Cristo, com o tema “Já não sou eu quem vivo, mas Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). O encontro reuniu mais de 80 jovens.

O Padre Weder Vieira Lima, verbita, foi apresentado como vigário da Paróquia São Paulo Apóstolo, no Setor Pastoral São Mateus, em 26 de março. Os fiéis das dez comunidades que formam a Paróquia participaram da missa, presidida pelo novo vigário e concelebrada pelo pároco, Padre Antonysamy Manokaradoss, svd, pelo também vigário, Padre José Dillon, svd, e pelo confrade, Padre Thaddeus Obuya, svd, de Diadema (SP). Após a missa, houve um almoço comunitário.

Maria de Cássia Batista

Divulgação

Em 25 de março, aconteceu no Centro Pastoral São José um encontro de formação com para coordenadores e missionários da Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt na Região Belém. A formação foi conduzida pela Irmã Maria Franciane Castelani, assessora da campanha na Grande São Paulo. Peterson Prates

O Conselho Pastoral do Setor Sapopemba realizou seu encontro mensal em 25 de março, na Comunidade Santa Rita, da Paróquia Imaculada Conceição. Na pauta estavam a avaliação da peregrinação da imagem de Nossa Senhora Aparecida e a abertura da Campanha da Fraternidade. A semana de formação setorial e a Caminhada da Paz também foram discutidas.


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Tríduo Pascal: A maior celebração da fé cristã Igreja se prepara para celebrar a Paixão, Morte e Ressureição do Senhor, ápice do ano litúrgico Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

Nos próximos dias, os cristãos católicos se preparam para celebrar o ponto mais alto da sua fé. Todos os anos, nas pequenas comunidades paroquiais ou nas grandes catedrais, os padres e fiéis aguardam ansiosos para a maior das celebrações: o Tríduo Pascal da Paixão e Ressureição do Senhor, marcado por símbolos e tradições que remontam aos tempos mais primitivos da Igreja. O Tríduo Pascal começa com a missa vespertina da Ceia do Senhor e se encerra com as vésperas do Domingo da Ressureição, na solene Vigília Pascal. “É o ápice do ano litúrgico, no qual celebramos a Morte e a Ressureição do Senhor, quando Cristo realizou a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus pelo seu mistério pascal, quando morrendo destruiu a nossa morte e ressuscitando renovou a vida”, explica o Padre Helmo Cesar Faccioli, auxiliar do cura da Catedral da Sé e coordenador da Comissão Arquidiocesana de Liturgia.

Última ceia

No anoitecer da Quinta-feira Santa, o Tríduo Pascal é aberto solenemente com a Missa Vespertina da Ceia do Senhor. Essa celebração recorda a instituição da Eucaristia, do sacerdócio cristão e do novo mandamento de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13,34). Nessa missa, também se recorda o gesto de Jesus que lavou os pés dos discípulos. Após a comunhão, o Santíssimo Sacramento é levado em procissão para um altar preparado para a adoração que se inicia depois da missa, fazendo memória ao fato narrado no Evangelho de que, após a última ceia, Jesus foi para o Horto das Oliveiras rezar e pediu aos seus discípulos que ficassem em vigília com ele. “Por isso que, pastoralmente, se recomenda que esse momento de adoração seja o mais silencioso possível”, ressalta Padre Helmo.

Sexta-feira da Paixão

O único dia do ano em que não se celebra a missa, a Sexta-feira Santa recorda a Paixão e Morte do Senhor. “O que predomina neste dia é um grande silêncio de adoração pelo mistério da redenção que acontece”, acrescenta Padre Helmo. Às 15h, horário que pela tradição se recorda a morte de Jesus na Cruz, os fiéis se reúnem na ação litúrgica na qual é feita a proclamação da Paixão do Se-

Luciney Martins/O SÃO PAULO - mar.2016

nhor segundo o Evangelho de São João. Em seguida, é feita a Oração Universal, quando são elevadas preces pela Igreja, pelo Papa, pelos fiéis, por aqueles que se preparam para o Batismo (catecúmenos), pela unidade dos cristãos, pelos judeus, pelos que não creem em Cristo ou mesmo que não creem em Deus, pelos poderes públicos e por todos que sofrem provações. Encerrada a liturgia da Palavra, começa o rito de adoração da Cruz, no qual os fiéis são convidados a se aproximarem do símbolo maior da fé cristã, o Crucifixo. “Não se adora o madeiro, mas aquilo que o madeiro faz significar, que é a Paixão redentora de Jesus, amorosa e misericordiosa, que resgata tudo o quanto está perdido”, destaca Padre Helmo. A terceira parte da ação litúrgica é a comunhão das hóstias consagradas na missa da Ceia do Senhor, na noite anterior.

A solene vigília

Embora seja celebrada na noite do sábado, a Vigília Pascal já acontece liturgicamente no Domingo da Ressureição. Chamada mãe de todas as vigílias, essa celebração é a mais antiga de que se tem relato no Cristianismo. A primeira parte da celebração é chamada de liturgia do fogo, quando é abençoado o “fogo novo” a partir do qual se acende o círio pascal, grande vela que recorda o Cristo Ressuscitado. “A liturgia do fogo torna o cristão testemunha da luz de Cristo”, informa Padre Helmo. O segundo momento da Vigília Pascal é a liturgia da Palavra, na qual são proclamadas nove leituras que recordam a história desde a criação até a redenção da humanidade em Jesus Cristo. E nessa parte que a aclamação “aleluia”, omitida durante toda a Quaresma, é entoada solenemente antes da proclamação do Evangelho que narra a Ressureição do Senhor. Em seguida, acontece a liturgia da água, ou liturgia batismal, quando os fiéis renovam suas promessas batismais e os catecúmenos são batizados. “Se a liturgia do fogo nos convence de que devemos ser testemunhas de Cristo, de sua luz, a Palavra de Deus vai ajudar a concretizar isso. Já a liturgia da água nos desperta para a realidade de que somos filhos de Deus, pelo Batismo”, complementou Padre Helmo.

Uma única celebração

Os Santos Padres do início da Igreja já afirmavam que o Tríduo Pascal é uma grande celebração vivenciada em três momentos diferentes, pois se celebra um único mistério. Essa unidade é perceptível ao longo do rito: a saudação inicial, o sinal da cruz, por exemplo, é feito no início da missa da Ceia do Se-

nhor e não se repete nas celebrações da sexta-feira e da vigília pascal. A bênção final, por sua vez, só é feita na conclusão da Vigília Pascal. “Os pequenos sinais e gestos, bem como a sequência das celebrações do Tríduo são modos pedagógicos e catequéticos para despertar a interioridade”, diz Padre Helmo, afirmando, porém, que é necessário que haja uma catequese para que as pessoas possam cada vez mais vivenciar tais mistérios.

Preparar bem

Padre Helmo salienta que todas as celebrações, especialmente o Tríduo Pascal, devem ser preparadas devidamente e não somente “arrumadas”. “Deve haver, sim, a preparação técnica, mas também deve haver a preparação bíblica e litúrgica”. Nos 18 anos em que foi pároco da Paróquia Imaculado Coração de Maria, na Vila Buarque, Padre Helmo dedicava os primeiros dias da Semana Santa


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PROGRAMAÇÃO Da semana santa

Juntos na Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus O jornal O SÃO PAULO apresenta a programação da Semana Santa na Catedral da Sé e em algumas paróquias da Arquidiocese de São Paulo. Não deixe de participar com sua família e com os amigos das celebrações, especialmente, do Tríduo Pascal e da Páscoa da Ressureição. na preparação dos fiéis e daqueles que atuam na liturgia para cada dia do Tríduo Pascal. “Não era somente uma formação, mas momentos de espiritualidade. Pude perceber a cada ano uma presença mais participativa nas celebrações, sobretudo na Vigília Pascal”. Durante 30 anos, a professora Gilda Lucas de Oliveira Ferreira, 55, participou do Tríduo Pascal na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no Sumaré. Seu encanto pela beleza dos ritos litúrgicos era tão grande que ela se interessou pela Pastoral Litúrgica e hoje colabora na Comissão de Liturgia da Região Episcopal Sé e na Catedral, além de fazer pós-graduação em Liturgia. “A Vigília Pascal é a celebração que mais me toca e emociona. Quando entramos com o círio pascal na igreja toda escura é o momento que eu mais me emociono”, relata Gilda. Ela também destaca que à medida que foi crescendo e compreendendo melhor a sua fé, foi amadurecendo mais no mistério pascal. Gilda recorda que o Concílio Vaticano II ensina que a participação na liturgia deve ser ativa, consciente e frutuosa. “Para prepararmos essas celebrações, temos que estar inseridos nesse mistério e ter a responsabilidade de favorecer para que as pessoas que participam dos ritos possam mergulhar no mesmo mistério”.

Tradições

Mesmo em uma realidade urbana como a de São Paulo, começam a ser retomadas algumas tradições populares que complementam a vivência do Tríduo, como procissões e encenações. Padre Helmo considera esses momentos fortemente catequéticos. “Eu vejo que eles podem ajudar a despertar à celebração litúrgica. Às vezes, se corre o risco de se dar maior importância à uma encenação do que a um momento da liturgia propriamente dita. Mas é justamente um processo que leva até o mistério da celebração. Aquilo que é visualizado se interioriza com maior facilidade e deve ser acolhido onde existe”. Para Padre Helmo é marcante quando se percebe que alguém, ou muitos da comunidade estão sendo despertados e estão acolhendo a dimensão do mistério pascal. “Isso nos faz bem enquanto sacerdotes, e pastoralmente é um incentivo”.

CATEDRAL DA SÉ Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor – 09/04 9h, 11h e 17h - Celebrações eucarísticas com a comemoração da entrada do Senhor em Jerusalém, sendo que às 10h45 haverá procissão saindo do marco zero da cidade; *Neste domingo haverá a entrega do gesto concreto da Campanha da Fraternidade. Segunda-feira Santa – 10/04 9h, 12h e 17h – Celebrações eucarísticas; 10h e 17h45 - Via-Sacra; 15h - Recitação do Terço (mistérios dolorosos); 9h às 11h30 – 14h30 às 17h - Sacramento da Confissão. Terça-feira Santa – 11/04 12h e 17h - Celebrações eucarísticas; 15h - Recitação do Terço (mistérios dolorosos); 9h às 11h30 – 14h30 às 17h - Sacramento da Confissão; 17h45 - Via-Sacra. Quarta-feira Santa – 12/04 12h e 17h - Celebrações eucarísticas;

15h - Meditação das Dores de Nossa Senhora; 9h às 11h30 – 14h30 às 17h - Sacramento da Confissão; 17h45 Via-Sacra. Quinta-feira Santa – 13/04 9h – Missa do Crisma, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, e concelebrada pelos presbíteros da Região Sé e da Arquidiocese; 10h30 às 12h30 – 14h30 às 17h30 - Sacramento da Confissão; 11h30 Ofício do meio dia; 12h – Concerto Musical na Cripta - “Passos da Paixão” - Música Coral na Semana Santa Madrigal Cantarte. 19h – Celebração solene da Ceia do Senhor; 21h às 23h - Vigília com o Senhor. Sexta-feira Santa – 14/04 9h - Via-Sacra com o Povo de Rua; 9h às 11h30 – 13h às 14h30 - Sacramento da Confissão; 15h - Celebração da Paixão do Senhor; 17h30 - Procissão, recordando

o sepultamento de Jesus. Ao término da procissão, sermão das Sete Palavras, proferido pelo Padre José Fernandes Oliveira, scj (Padre Zezinho); *Dia de jejum e abstinência de carne; Haverá a coleta especial para os cristãos da Terra Santa e para a preservação dos lugares santos. Sábado Santo – 15/04 9h - Ofício da sepultura de Jesus; 11h – Concerto Musical “The Crucifixion – Meditação sobre a Paixão do Divino Redentor” (J. Satiner) Coral “A Tempo”; 10h às 12h30 – 14h30 às 16h30 - Sacramento da Confissão; 19h – Solene Vigília Pascal – Benção do fogo novo – Anúncio da Páscoa (Exultet). Domingo de Páscoa – 16/04 9h, 11h e 17h – Celebrações eucarísticas, sendo a das 11h presidida pelo Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, com a participação da orquestra do SENAI

EM OUTROS PONTOS DA ARQUIDIOCESE Via-Sacra da Pastoral do Menor Sexta-feira - 07/04, às 8h30 Concentração na praça da Sé, caminhada pelas ruas do centro e encerramento em frente à praça da Sé. A atividade é organizada pela Pastoral do Menor da Arquidiocese com o objetivo de despertar nas crianças a valorização do Tríduo Pascal. A motivação será com o tema da CF 2017: “Fraternidade: Biomas brasileiros e defesa da vida”. Informações: (11) 3662-3780 Paixão de Cristo no Santuário São Judas Tadeu Sexta-feira Santa - 14/04, às 17h Via-Sacra encenada, na igreja nova (avenida Jabaquara, 2.682, Jabaquara), sob a responsabilidade do Ministério Eucarístico Vivarte. Informações: (11) 3504-5700 Paixão de Cristo na Paróquia Santuário Santa Edwiges Sexta-feira Santa – 14/04, às 19h Encenação da Paixão de Cristo pelo

OUÇA NA RÁDIO 9 DE JULHO

AM 1.600 kHz www.radio9dejulho.com.br Programação especial na Sexta-feira Santa, das 5h às 22h Transmissões ao vivo das celebrações do Tríduo Pascal e da Páscoa

grupo Juventude Santa Edwiges. O endereço da matriz paroquial é Estrada das Lágrimas, 910, bairro do Sacomã. Informações: (11) 2274-2853 Paixão de Cristo na praça Roosevelt Sexta-feira Santa - 14/04, às 18h A atividade será coordenada pela Paróquia Nossa Senhora da Consolação. Informações: (11) 3256-5356 Paixão de Cristo na Paróquia Santa Cruz de Itaberaba Sexta-feira Santa - 14/04, às 19h30 Haverá a encenação teatral sobre a Paixão de Cristo na matriz paroquial (avenida Itaberaba, 2.093, Itaberaba). Informações: (11) 3924-0515 Paixão de Cristo na Paróquia Santa Maria Madalena Sexta-feira Santa - 14/04, às 19h “A Paixão aos olhos de Maria”, na matriz paroquial (avenida Primavera de Caiena, 43, Parque Santa Madalena). Pede-se a quem puder a *Quinta-feira Santa – 13/04 9h – Missa do Crisma (Catedral da Sé) 20h – Celebração Solene da Ceia do Senhor (Santuário São Judas Tadeu) * Sexta-feira Santa – 14/04 15h – Celebração da Paixão do Senhor (Catedral da Sé) * Sábado de Aleluia – 15/04 19h – Solene Vigília Pascal (Catedral da Sé) * Domingo de Páscoa – 16/04 11h – Celebração eucarística de Páscoa

doação de 1kg de alimento não perecível. Informações: (11) 2703-4831 Procissão do Encontro na Paróquia Nossa Senhora do Brasil Sexta-feira Santa - 14/04 17h - A Paixão de Cristo contemplativa e meditada, pelo grupo de jovens Divino Coração, com o auxílio do Professor Roberto Mallet; 18h – Procissão com Cristo Morto. As atividades serão na igreja-matriz (praça Nossa Senhora do Brasil, s/nº, Jardim Paulista). Informações: (11) 3082 9786 Procissão do Encontro na Paróquia São Luís Gonzaga Sexta-feira Santa, 14/04, às 19h Ofício das Sete Palavras, seguido de procissão de encontro do Senhor Morto com Nossa Senhora das Dores; Será na matriz paroquial (praça Dom Pedro Fulco Morvidi, 01, Vila Pereira Barreto). Informações: (11) 3975 6790

Divulgue a programação da Semana Santa de sua paróquia no Portal ArquiSP

Envie os detalhes até quarta-feira, dia 12 para: Facebook.com/arquiSP E-mail: arquidiocesesp@gmail.com


24 | Geral |

5 a 11 de abril de 2017 | www.arquisp.org.br

Cardeal Odilo Scherer: ‘Desejo que todos tenham feliz e santa Páscoa!’ Redação

osaopaulo@uol.com.br

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, enviou sua saudação pascal ao clero, religiosos e leigos da Arquidiocese de São Paulo. Na mensa-

Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo

Ao clero, religiosos/as Aos leigos/as da Arquidiocese de São Paulo Caríssimos/as: A aproximação da Páscoa leva-me a lhes escrever para manifestar minha proximidade a todos na celebração das solenidades que se aproximam. Após a vivência da Quaresma, iniciaremos a celebração da Páscoa deste ano, com o Domingo de Ramos e da Paixão; o ponto alto das celebrações será o sagrado tríduo de paixão, morte e ressurreição de Jesus, culminando com o Domingo da Páscoa da Ressurreição. Faço votos que sejam celebrações de grande proveito para todos; os padres, em especial, têm muito trabalho nesses dias, mas isso vale muito a pena! Para nosso povo, a Semana Santa, sobretudo o Tríduo Pascal, é a ocasião para um retiro espiritual intenso. Seja ocasião para convidar à especial participação e para proporcionar a todos uma intensa experiência de fé e de encontro com Deus através das celebrações, dos Sacramentos e dos demais momentos devocionais desses dias sagrados.

gem, ele faz votos de que as celebrações que se aproximam sejam de grande proveito para todos. “Para o nosso povo, a Semana Santa, sobretudo o Tríduo Pascal, é a ocasião para um retiro espiritual intenso”, afirma. O Cardeal também destaca os granDesejo que todos tenham feliz e santa Páscoa! Que se renove na vida de cada um a graça de Deus e a alegria da fé; que sejamos ardorosas testemunhas do Senhor ressuscitado, presente no meio de nós de muitas maneiras, mas, especialmente, quando nos reunimos em seu nome para ouvir e acolher a Palavra de Deus e para “partir o pão” da Eucaristia e da caridade. Convido todos os padres a participarem da Missa do Crisma, da bênção dos demais óleos sacramentais e da renovação das promessas sacerdotais. Dessa celebração, os padres todos devem participar, a não ser quem esteja impedido por motivo grave. É bom e necessário dar graças a Deus pela graça da ordenação e renovar as promessas sacerdotais, como sinal de unidade com a Igreja e de serviço ao povo de Deus. Recomendo a participação também dos religiosos/as e dos leigos/as. Neste ano, a Missa do Crisma será realizada em cada região episcopal, menos a Sé, na Quarta Feira Santa à noite. A Região Sé terá a celebração na Catedral metropolitana na Quinta Feira Santa pela manhã, às 09h. Nossa Arquidiocese, pouco a pouco, vai-se dispondo para a realização do seu primeiro sínodo arquidiocesano, que queremos promulgar no próximo mês de junho. Depois, seguirão as diversas fases de preparação e realização do caminho sinodal. É algo novo e bastante trabalhoso, mas

des eventos da vida da Igreja em São Paulo em 2017, como o Ano Mariano Nacional e o caminho de preparação do Sínodo Arquidiocesano. Dom Odilo lembra, ainda, a coleta “em favor da Terra Santa”, realizada em todo mundo a pedido da Santa Sé na Sexta-feira Santa. que poderá trazer excelentes frutos para a renovação pastoral e da vida eclesial. Desde agora, convido todos a se disporem a participar das iniciativas que serão propostas e recomendo à oração de todos a intenção do nosso sínodo arquidiocesano. Lembro que estamos no Ano Mariano Nacional, na comemoração dos 300 anos de Nossa Senhora Aparecida. Escrevi a Carta Pastoral “Viva a Mãe de Deus e Nossa”, dirigida a toda a Arquidiocese, com o desejo de ajudar a viver bem este ano especial. Recomendo a leitura da Carta Pastoral, que já teve 225 mil cópias impressas e distribuídas e se encontra também em versão eletrônica no portal www.arquisp. org.br. Seria bonito se nossa 116ª. peregrinação anual para Aparecida, no domingo, 07 de maio, fosse especialmente bem participada por todas as paróquias e organizações eclesiais. Que tal, ao menos um ônibus por paróquia?! Além disso, teremos uma bela “procissão luminosa” no dia 13 de maio (sábado), no início da noite, saindo da igreja da Consolação até à Catedral, concluindo com a Missa. Será na comemoração do centenário de Nossa Senhora de Fátima. Peço para divulgarem nas suas comunidades, convidando à participação. No Domingo de Ramos, em todas as Missas, seja feita a coleta do “gesto con-

“Nossos irmãos cristãos que vivem na Terra Santa (nos lugares bíblicos, onde teve origem a nossa fé) passam por grandes dificuldades e dependem dessa ajuda fraterna de toda a Igreja para continuarem lá, a testemunhar a sua fé, a nossa fé”. Abaixo leia a íntegra da mensagem: creto” da Campanha da Fraternidade; recomendo que o povo seja motivado a um gesto quaresmal generoso, que expresse a penitência e a solidariedade para com os mais necessitados. Na Sexta Feira Santa, deve ser feita em todas as igrejas a coleta “em favor da Terra Santa”, a pedido da Santa Sé. Nossos irmãos cristãos que vivem na Terra Santa (nos lugares bíblicos, onde teve origem a nossa fé) passam por grandes dificuldades e dependem dessa ajuda fraterna de toda a Igreja para continuarem lá, a testemunhar a sua fé, a nossa fé. Todos estamos informados dos sofrimentos pelos quais eles passam, em situações de guerra, discriminação, perseguição e até martírio. O fruto dessas coletas deve ser repassado integralmente e sem demora às cúrias regionais, que o encaminham para a cúria central, para ser enviado ao seu destino. Em nome da Igreja, agradeço a sua generosidade e solidariedade. Deus abençoe e recompense a todos pela sua dedicação à vida e à missão da Igreja! Nossa Senhora Aparecida interceda por todos!

Cardeal Odilo P. Scherer Arcebispo de São Paulo

Justiça eclesiástica vai ao encontro das ‘famílias feridas’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

O Curso de Direito Matrimonial e Processual Canônico, promovido pelo Tribunal Eclesiástico de São Paulo e pela Faculdade de Teologia da PUC-SP, foi aberto oficialmente na sexta-feira, 31 de março, na Cúria da Região Episcopal Santana. A aula inaugural contou com a presença do Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo. O curso, inicialmente proposto para preparar pessoas para atuar nas câmaras eclesiásticas que serão implantadas nas regiões episcopais da Arquidiocese, também conta com representantes das dioceses de Campo Limpo, Guarulhos, Osasco, Santo Amaro e São Miguel Paulista. Para o Monsenhor Sergio Tani, vigário judicial da Arquidiocese e coordenador do curso, a iniciativa reforça a necessidade de integrar os trabalhos das pastorais familiar e judicial, tornando a justiça eclesiástica mais acessível, sobretudo aos muitos casais que buscam a verificação de nulidade matrimonial. Ao todo, 219 pessoas se inscreveram para o curso, entre sacerdotes, servido-

lia feliz à luz da fé e dos ensinamentos da Igreja?”, indagou.

Família: lugar da manifestação de Deus

Dom Odilo Scherer ladeado pelo Monsenhor Sergio Tani e por Dom Sergio de Deus Borges

res dos tribunais eclesiásticos, religiosos e agentes de pastoral. Para Dom Odilo, esse número revela o interesse que existe para avançar no que o Papa Francisco pede: que a Igreja volte um renovado olhar para as tantas famílias feridas e em situações de sofrimento. “Essas pessoas esperam uma resposta da Igreja a respeito de sua situação matrimonial”, disse.

Ajudar os que fracassaram no amor

Ao iniciar sua fala, Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana e moderador do Tribunal Eclesiástico de Primeira Instância, desta-

cou que cristãos são constantemente animados a se aproximarem dos mais pobres. Porém, esses não são somente aqueles que têm necessidade do pão material, ou que são excluídos da sociedade, mas “também aqueles que fracassaram no amor e sofrem por isso”. O Bispo afirmou, ainda, que há muitos fiéis em situações matrimoniais “irregulares” que participam ativamente da vida eclesial e sentem a necessidade de dar um testemunho de fé aos seus filhos. “Como podemos ajudar com espírito misericordioso aqueles que tantas vezes têm o coração despedaçado e desejam reconstruir a sua vida e têm o sonho de fazer uma famí-

Padre José Eduardo de Oliveira e Silva, do clero da Diocese de Osasco (SP) e doutor em Teologia Moral, chamou a atenção para a opção pastoral feita pelo Papa Francisco de enxergar a família como um dom, e não como um problema, procurando enxergar os aspectos positivos que existem nas famílias, sejam quais forem suas difíceis circunstâncias. “Para o Papa Francisco, essa família real, do jeito que ela é, é um lugar da manifestação de Deus”, destacou. Para o Sacerdote, o Pontífice mostra que é preciso descer para a realidade e entrar em um diálogo de interação com essas famílias reais, enxergando os valores nelas presentes. Nesse sentido, a “conversão pastoral” proposta no Documento de Aparecida e reforçada pelo Papa Francisco deve atingir também a pastoral familiar e ir ao encontro das famílias a partir do caminho apresentado na Exortação Apostólica Amoris Laetitia: “acompanhar, discernir e integrar”, completou o Padre.


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