O SÃO PAULO - 3146

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 62 | Edição 3146 | 12 a 18 de abril de 2017

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Líderes católico, judeu e muçulmano repudiam atentados a igrejas no Egito O Cardeal Odilo Pedro Scherer, o Rabino Michel Schlesinger e o Cheikh Houssam Ahmad El Boustani emitiram na segunda-feira, 10, uma nota em que manifestaram “pro-

Encontro com o Pastor

funda tristeza e repúdio diante dos covardes atentados cometidos contra as igrejas e comunidades cristãs coptas no Egito”. Página 24

Com Maria, acompanhemos Jesus no caminho para a Cruz Luciney Martins/O SÃO PAULO

Em todo o mundo, os cristãos celebram a Semana Santa, iniciada no Domingo de Ramos, no dia 9. No Vaticano, o Papa Francisco exortou os fiéis a acompanharem Jesus no caminho para a Cruz. “Enquanto festejamos o nosso Rei, pensemos nos sofrimentos que Ele deverá padecer nesta Semana”. Na Catedral da Sé, o Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, destacou que ao fazer memória da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, o católico proclama Cristo como Salvador do mundo. Assim já o fizeram crianças e adolescentes na sexta-feira, 7, durante a Via-Sacra promovida pela Pastoral do Menor da Arquidiocese (foto), que também recordou a realização do Ano Mariano Nacional na Igreja em todo o Brasil.

‘Vivamos bem a Semana Santa, em memória de Jesus Cristo Salvador’ Página 3

Mensagem de Páscoa Cardeal Odilo Pedro Scherer: Temos esperança, temos futuro! Página 2

Espiritualidade Dom Eduardo Vieira dos Santos: ‘Se alguém é cristão, é criatura nova’ Página 5

não ao aborto CNBB reitera defesa da inviolabilidade da vida desde a concepção A CNBB divulgou na terça-feira, 11, nota em que reafirma a posição de defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, e condena quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto. “O direito à vida é incondicional”. Página14

Paixão de Cristo: A História das histórias

Página 22

O que a periferia pensa sobre a política?

Páginas 9, 12, 13, 17 a 21

Diplomacia do Vaticano pede o fim do ciclo de violência na Síria

Uma cantata de Bach, criada há 310 anos, inspira a Páscoa em SP

Em evento na sede União Europeia, na Bélgica, no início deste mês, Dom Paul Richard Gallagher, secretário do Vaticano para as Relações com os Estados, fez um apelo à comunidade internacional para que não cessem os esforços para o fim do ciclo de violência na Síria.

Yara Caznok, professora de música, realiza há mais de 20 anos audições comentadas de obras sacras de compositores como Bach, Handel e Vivaldi. No dia 8, no Pateo do Collegio, aconteceu a audição da cantata “Christ Lag in Todesbanden”, uma das primeiras de Bach.

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Páginas 10 e 11

Página15

Cáritas Arquidiocesana rumo aos 50 anos Página 24

Igrejas cristãs sofrem atentados no Egito

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2 | Ponto de Vista |

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Mensagem de Páscoa

Temos esperança, temos futuro! Cardeal Odilo Pedro Scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

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om a Páscoa de Cristo, celebramos a grande “obra de Deus” em nosso favor! Deus criou o mundo de modo maravilhoso, mas o pecado introduziu nele a desordem, a violência e a morte. Pela Páscoa, Deus restaurou o mundo de maneira ainda mais maravilhosa! É uma nova criação, realizada pelo amor misericordioso de Deus, por meio de seu

Filho, Jesus Cristo Salvador. A Páscoa e todo o tempo pascal nos falam da “vida nova”, que nos foi concedida e que somos chamados a viver pela fé, no seguimento de Jesus; a vida não deve mais ser orientada pelas inclinações ao pecado, mas pela dignidade de filhos de Deus, que recebemos pela fé e o Batismo: vida nova, na obediência e no amor de Deus e em conformidade com o Evangelho de Cristo. A ressurreição de Jesus dentre os mortos é a maravilha das maravilhas de Deus! A maldade humana, o pecado e a morte não têm a última palavra sobre a humani-

dade. O Filho de Deus, que uniu a si a nossa humanidade, tornou-se vitorioso sobre tudo o que mata e degrada o homem e manifestou a vida e a esperança para todos! Infelizmente, neste ano, vivemos mais uma Páscoa marcada pela violência e pelo ódio que mata! Mesmo assim, nós cantamos, cheios de esperança e certeza: “este é o dia que o Senhor fez para nós! Alegremo-nos e nele exultemos!” A ressurreição de Jesus e o triunfo da vida é a resposta do amor de Deus às tramas do ódio e da maldade humana, instigadas pelo inimigo de Deus e dos

homens. Não estamos sós nessa luta, nem abandonados ao poder das trevas e da morte. Temos esperança, temos futuro! Jesus ressuscitado é o Senhor da vida e a certeza de nosso futuro! Desejo feliz e santa Páscoa a todos os queridos filhos da Arquidiocese de São Paulo. Que os tristes se reanimem, os desorientados encontrem a luz e um caminho bom, os doentes, a saúde, os pobres sejam socorridos, os caídos encontrem uma mão estendida e toda pessoa sinta a proximidade de Deus em sua vida! Deus os abençoe e lhes dê a sua paz!

Opinião

Os males do Brasil vêm de longa data Arte: Sergio Ricciuto Conte

Marina Massimi e Ana Lydia Sawaya “Perde-se o Brasil, Senhor, porque alguns ministros de Sua Majestade não vêm cá buscar nosso bem, vêm buscar nossos bens”. As palavras de Padre Antonio Vieira, ditas ao vice-rei Marques de Montalvão, possuem uma impressionante atualidade. Na continuidade, Vieira define a origem do mal que assombra o Brasil: a atitude de “tomar o alheio”. O alheio é também o bem comum, que não pode ser instrumentalizado em benefício de um único indivíduo. E usa a analogia da medicina para definir esse mal como uma doença que acomete o coração da república e cria aquela desordem do corpo social e político que, por um lado, leva à impunidade (faltando a justiça punitiva) e, por outro, à injustiça (faltando a justiça distributiva). “El-rei manda-os tomar Pernambuco e eles contentam-se com o tomar. Este tomar o alheio é a origem da doença. Toma nesta terra o ministro da justiça? Sim, toma. Toma o ministro da república? Sim, toma. Toma o ministro da fazenda? Sim, toma. Toma o ministro do Estado? Sim, toma. E como tantos sintomas lhe sobrevém ao pobre enfermo, e todos acometem à cabeça e ao coração, que são as partes mais vitais, e todos os atrativos e contrativos do dinheiro, que é o nervo dos exércitos e das repúblicas, fica tomado todo o corpo, e

tolhido de pés e mãos, sem haver mão esquerda que castigue, nem mão direita que premeie; e faltando a justiça punitiva para expelir os humores nocivos, e a distributiva para alentar e alimentar o sujeito, sangrando-o por outra parte os tributos em todas as veias, milagre é que não tenha expirado” (Bahia, 1641). Aqui está um diagnóstico de como os males atuais do Brasil remetem a uma raiz longínqua em que as relações de poder e os vín-

culos sociais e econômicos entre os homens se configuraram numa forma “doentia”. Vieira retrata o estabelecer-se de uma relação predatória entre os homens, e entre os homens e as coisas, relação que se limita a “tomar o alheio” fora de qualquer vivência de interação, conhecimento, afeição. Em síntese: sem labor, sem ação verdadeiramente humana. Diante dessa alteridade (significada pelo “alheio”), “eles contentam-se com o tomar”. E, com efeito, num

sistema econômico baseado na mão de obra escrava, não poderia surgir uma cultura de amor ao trabalho. Como bem explica o Padre Vieira, a doença não está curada e continua agindo e se espalhando no corpo... E, então, por que maravilhar-se de todo o sistema de corrupção endêmico que a Lava Jato está evidenciando? Pela falta de uma cultura do trabalho, consolidada ao longo de séculos, o Brasil carrega ainda hoje uma ferida profunda que continua sangrando: os fenômenos atuais de corrupção e a pilhagem política (em todos os níveis do funcionalismo) são o sinal grave de sua permanência. O trabalho é inerente ao ser humano e não uma opção. Quem dispensa o trabalho, perde em humanidade; quem usa o trabalho do outro, omite-se do próprio empenho com o real, da possibilidade de deixar seus traços na história e de criar. O trabalho não é tomar o alheio, mas é cuidar do alheio, ou seja, de uma parte da realidade ao nosso alcance, como quem trabalha em casa cuida para que todos possam ali viver com dignidade. Por isso, o amor ao próprio trabalho e a posse do significado e do valor daquilo que se realiza com o próprio trabalho estão na base da mudança que o Brasil necessita. Marina Massimi é professora titular de História da Psicologia da USP – campus Ribeirão Preto e Ana Lydia Sawaya é professora titular de Fisiologia da Unifesp – campus São Paulo e membro do Núcleo Fé e Cultura.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

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om o rito da bênção e procissão dos ramos, iniciamos a celebração da Páscoa deste ano. Depois do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, seguem as celebrações da Liturgia, acompanhando os últimos dias da vida de Jesus Cristo na terra, sobretudo os acontecimentos da ceia de despedida dos apóstolos, e sua prisão e julgamento iníquo, as torturas que lhe foram infligidas, sua morte na cruz, o sepultamento, a ressurreição gloriosa e as aparições aos discípulos. Segundo os estudiosos dos Evangelhos, a recordação e representação ritual dos fatos da Paixão e ressurreição do Senhor constituíram o primeiro núcleo escrito dos Evangelhos. No início do Cristianismo, os cristãos recordavam esses acontecimentos, ano após ano, não apenas para lembrar fatos que ficaram impregnados na memória dos apóstolos e demais discípulos de Jesus. Esse “fazer a memória de Jesus Cristo” tinha a finalidade litúrgica da glorificação de Deus pela vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo e para invocar os frutos dessa obra sobre os fiéis. Mas também havia a finalidade evangelizadora de anunciar a todos, também aos que não criam ainda, o nome de Jesus Cristo Salvador e sua obra em favor da humanidade. A recordação e proclamação dos acontecimentos pascais, de fato, recolhia o núcleo central do querigma, o primeiro anúncio do Evangelho: Jesus Cristo, Filho de Deus, viveu como homem bem conhecido no meio dos homens; Ele é o justo e santo, enviado por Deus ao mundo; inocente, ele

Em memória de Jesus Cristo foi condenado e posto à morte por mãos iníquas, entregou sua vida na cruz por nossos pecados, perdoou aos que o condenaram e mataram; foi ressuscitado por Deus, mostrando-se vivo aos apóstolos e a muitos outros. Após ter passado pelos sofrimentos da Paixão, Ele agora está na glória de Deus. E proclamavam: Ele é o Filho de Deus Salvador, enviado por Deus para salvar os homens! Quem crer nele e aceitar a Boa Nova tem a salvação e a remissão dos seus pecados por meio dele. Na Semana Santa, especialmente no Tríduo Pascal, é isso mesmo que nós também fazemos. Não se trata de mera encenação teatral, ou de culto apenas interior, mas de anúncio e proclamação pública da nossa fé em Jesus Cristo Salvador. Realizamos, de maneira mais estendida e detalhada, aquilo que se realiza em cada celebração da Missa: “anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição!” E fazemos o que Jesus ordenou na última ceia, ao instituir a Eucaristia: “fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19). A memória de Jesus Cristo Salvador, de sua Paixão redentora e ressurreição gloriosa, não deve desaparecer nunca mais. Nesses eventos salvadores, manifestou-se de uma vez para sempre o amor extremo de Deus pela humanidade: “Tanto Deus amou o mundo que lhe entregou seu Filho unigênito, para que, todo aquele que nele crer, não pereça, mas tenha a vida” (Jo 3,16). Recordamos que Jesus Cristo nos amou “até o fim” (cf. Jo 13,11), ou seja, até às últimas possibilidades e consequências. O justo não hesitou morrer pelos injustos; o santo entregou sua vida pelos pecadores para que todos recebessem o perdão de Deus e pudessem viver: “Eu vim para que

todos tenham vida, e vida em abundância” (cf. Jo 10,10). Por isso, a Igreja proclama: “por sua morte, temos vida; na sua cruz e ressurreição, Ele perdoou nossos pecados e nos abriu as portas da eternidade. Recordamos tudo isso, não simplesmente para exercitar a memória, mas para proclamar e reconhecer na fé a obra de Deus em nosso favor, por meio de Jesus Cristo Salvador. Fazemos memória e recordamos com a finalidade de reconhecer que foi por todos e cada um de nós que Jesus Cristo o fez. São Paulo tem a palavra certa para essa atitude de arrependimento e reconhecimento a Cristo: “Ele me amou e por mim se entregou na cruz! Agora, o meu viver é Cristo!” (cf. Gl 2,20). A maior prova do amor de Deus por nós é que Ele enviou seu Filho para salvar-nos quando éramos ainda pecadores! Quanto mais nos ama agora, quando já o conhecemos, temos fé e tentamos corresponder sinceramente ao seu amor (cf. Rm 5, 6-11). Não é sem motivo que as celebrações da Semana Santa se concluem, na solene vigília pascal do Sábado Santo, com a renovação das promessas do Batismo e da profissão de fé. A participação nos ritos e comemorações nos deve envolver: ainda hoje, nós fazemos a memória da Paixão e ressurreição de Jesus e dizemos: “Ele me amou e por mim se entregou na cruz!” E retomamos com renovada disposição a nossa adesão de fé a Deus e a Jesus Cristo Salvador, prometendo: renuncio ao pecado e a tudo o que é obra do maligno; quero viver vida nova, coerente com a graça da redenção recebida no Batismo. Creio, creio! Vivamos bem a Semana Santa, em memória de Jesus Cristo Salvador - “in meam commemorationem”!

| Encontro com o Pastor | 3

Semana Santa e Domingo de Páscoa Luciney Martins/O SÃO PAULO - mar.2016

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, presidirá os seguintes atos litúrgicos e missas nos próximos dias:

Quarta-feira, 12/04

20h - Missa do Crisma na Região Lapa – Paróquia São João Bosco

Quinta-feira Santa, 13/04

9h – Missa do Crisma - Catedral da Sé 19h – Missa na recordação da última ceia do Senhor – Catedral da Sé

Sexta-feira Santa, 14/04

15h – Paixão do Nosso Senhor Jesus Cristo – Catedral da Sé

Sábado Santo, 15/04

19h – Solene Vigília Pascal e Missa da Ressurreição de Jesus Cristo – Catedral da Sé

Domingo da Páscoa da Ressureição do Nosso Senhor Jesus Cristo, 16/04

11h – Missa de Páscoa – Catedral da Sé 20h – Missa de Páscoa – Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Pinheiros/ Região Sé)


4 | Fé e Vida |

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Liturgia e Vida DOMINGO DA PÁSCOA E RESSURREIÇÃO DO SENHOR – 16 de abril de 2017

Este é o dia que o Senhor fez para nós Cônego Celso Pedro A quem melhor poderíamos ouvir nesta manhã da Ressurreição a não ser Pedro, que passa de Israel ao universo pagão e lhe descortina um novo horizonte de vida e graça! Pedro estava em Cesareia, na casa do centurião Cornélio, um romano justo e temente a Deus, de quem toda a nação judaica dava bom testemunho. Pedro anunciou a ele e a seus parentes e amigos que lá se achavam, Jesus morto e ressuscitado. Disse-lhes, sintetizando a vida e a obra de Jesus, que tudo começou depois do batismo de João. Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Andou por toda a parte fazendo o bem. Curou os dominados pelo demônio. Morreu, pregado numa cruz, mas Deus o ressuscitou no terceiro dia, e concedeu-lhe tornar-se visível aos que comeram e beberam com Ele depois que ressuscitou. Deus o constituiu juiz dos vivos e dos mortos. Todos os profetas dão testemunho dele. Quem nele crê, recebe o perdão dos pecados. Foi naquele dia, o primeiro da semana, que Maria Madalena encontrou o túmulo vazio. Dizem que o amor madruga e que, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, lá estava a Madalena à porta do sepulcro. O amor a impeliu ao encontro do amado, o qual, por mais amar, já tinha madrugado. Antes dela, levantou-se Jesus, ressuscitando. O evangelista se esquece por um momento de Maria e coloca no centro da cena Pedro e o Discípulo amado, aquele cujo nome não conhecemos e que pode ser o meu e o seu. Correram os dois até ao túmulo. Chegou primeiro o mais novo e, educado, esperou pelo mais velho. Pedro entrou, viu as faixas no chão e o sudário dobrado. Entrou, então, o Discípulo, viu e acreditou: viu o túmulo vazio e acreditou que Jesus estava vivo. Não viu Jesus, mas acreditou nele. Este é o discípulo, aquele que crê sem ter visto. Nós não vimos e acreditamos, e, por acreditarmos, ressuscitamos com Ele nas águas do Batismo. Tornou-se visível, e agora está oculto no seio da divindade, na qual nossa vida está escondida com Ele. Um dia, nossa vida aparecerá em seu triunfo e apareceremos com Ele revestidos de glória. Este é o dia que o Senhor fez para nós: Alegremo-nos e nele exultemos! O Senhor manifestou que eterna é a sua misericórdia. Sua mão direita faz maravilhas e nos levanta, por isso não morreremos. Ao contrário, viveremos para cantar as grandes obras do Senhor. Os pedreiros rejeitaram uma pedra que se tornou a pedra principal da construção. Tudo isso foi feito pelo Senhor, que faz maravilhas aos nossos olhos. Já que ressuscitamos, olhemos para o alto, aspirando às coisas celestes.

Você Pergunta Receber a comunhão na mão direita, na esquerda ou diretamente na boca? padre Cido Pereira

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A leitora Maria Gilka, aqui da cidade de São Paulo, me escreve dizendo-se confusa porque numa igreja ela foi instruída a receber a comunhão na palma da mão esquerda e pegar a hóstia com a mão direita e levá-la à boca; e em outra, o padre disse para que ela pegasse a hóstia com a mão direita com os dedos em forma de pinça. E ela pergunta se há uma instrução da autoridade sobre isso. Irmã querida. A instrução maior a que todos devem respeitar é que se tenha o maior respeito pela Eucaristia, pelo Pão e pelo Vinho consagrados, pela presença real de Jesus, em seu corpo, sangue, alma e

Atos da Cúria PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E DA PROVISÃO DE PÁROCO Em 01 de março de 2017, foi prorrogada a nomeação e provisão de Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Candelária, na Região Episcopal Sant´Ana, Setor Pastoral Vila Maria, do Revmo. Pe. Elói José Schons, scj, pelo período de 03 (três) anos. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL

divindade no sacramento do altar. Pensemos em Jesus na última ceia, rodeado pelos apóstolos, oferecendo-se em alimento a eles e a nós. Ele olha para o céu, rende graças, oferece o pão e o vinho aos apóstolos e diz: “Tomai e comei! Isto é meu corpo”. A reflexão da Igreja ao longo da história aprofundou a fé que devemos ter a respeito do Santíssimo Sacramento. Pão e Vinho consagrados são mesmo Jesus presente no meio de nós. Por muitos séculos, recebemos a comunhão na boca, como sinal de profundo respeito. Depois, se chegou à conclusão que nossas mãos são também santas quando as usamos para trabalhar, para acolher, para abraçar, para fazer o bem e por aí

em diante. E a Igreja, então, permitiu que se pegasse a hóstia com as mãos e a levasse à boca. Eu entendo, minha irmã querida, que devemos estar profundamente unidos no que é essencial e sejamos livres no que é secundário. O que é importante é receber Jesus com todo amor deste mundo, alimentar-se do pão que é Ele, e viver intensamente a nossa fé nesta presença sacramental. Para se manter a unidade, seria bom que cada comunidade fosse instruída pelo padre a comungar do mesmo jeito. Mas que fique sempre bem claro: não importa tanto o jeito, a posição do corpo etc... importa mesmo é a disposição da alma. Fique com Deus. Que Ele derrame mil graças sobre a senhora.

EDITAL DE CONVOCAÇÃO A FUNDAÇÃO METROPOLITANA PAULISTA, CNPJ/MF nº 50.951.847/0001-20, nos termos do artigo 8º, caput, segunda parte, do Estatuto alterado e consolidado em 30.03.2017, convoca os membros do Conselho Curador para a Assembleia Geral Extraordinária a realizarse em sua sede à Avenida Higienópolis nº 890, sala 16, São Paulo, SP, na data de 08 de maio de 2017, às 10:30 horas, em primeira chamada, com todos os membros do Conselho Curador presentes; e, às 11:00 horas, em segunda chamada, com os membros do Conselho Curador que estiverem presentes. A Assembleia Geral Extraordinária terá como pauta: 1 – Apresentação, apreciação e aprovação do Balanço do exercício de 2016 da Fundação Metropolitana Paulista, nos termos do artigo 9º, alínea “d”, e artigo 28, todos do Estatuto alterado e consolidado em 30.03.2017; 2- Aceitação da renúncia de membro do Conselho Curador, com consequente apresentação, apreciação e nomeação de um novo membro, nos termos ao artigo 7º, in fine, do estatuto alterado e consolidado em 30.03.2017; 3- Outros assuntos. São Paulo, 10 de abril de 2017. Presidente da Fundação Metropolitana Paulista.

Em 30 de março de 2017, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Sant´Ana, na Região Episcopal Sant´Ana, Setor Sant´Ana, o Revmo. Pe. Nelson da Silva Santos. NOMEAÇÃO DE ASSESSOR REGIONAL DA PASTORAL DA CRIANÇA Em 25 de março de 2017, foi nomeado Assessor Regional da Pastoral da Criança da Região Episcopal Sant´Ana, o Revmo. Pe. Marcelino Modelski, pelo período de 02 (dois) anos. NOMEAÇÃO DE ASSESSOR REGIONAL DA PASTORAL DO MENOR Em 25 de março de 2017, foi nomeado Assessor Regional da Pastoral do Menor da Região Episcopal Sant´Ana, o Revmo. Fr. Caio Márcio Moraes, pelo período de 02 (dois) anos.

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Espiritualidade Se alguém é cristão, é criatura nova Dom Eduardo Vieira dos Santos

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Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé

ueridos irmãos e irmãs, com fé e esperança percorremos com Jesus estes longos dias do caminho quaresmal. Tivemos a certeza de sua vitória sobre o pecado e a morte como vitória nossa também. O convite feito aos discípulos Pedro, Tiago e João, para que escutassem atentamente Jesus Cristo, Filho amado de Deus – “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o” (Mt 17,5), explicitado para nós na prática dos exercícios quaresmais da oração, do jejum e da penitência, e seu seguimento, nos preparou bem para celebrarmos o Tríduo Pascal. Como a Samaritana, no seu diálogo com Jesus junto ao poço de Jacó, fomos levados a conhecer o dom de Deus manifestado na pessoa de Jesus: “Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele e ele te daria água viva” (Jo 4,10). Nosso encontro com a pessoa de Jesus Cristo, fonte de água viva, que nos inunda do seu amor e nos renova, provoca em nós o arrependimento de nossos pecados e nos leva a desejá-lo, a desejar sempre dessa água que sacia e salva: “A água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna”. Somos todos como a Sama-

em mim, não morrerá jamais. Crês nisritana, cuja vida Deus conhece por dentro e por fora, e, com a sua presença amorosa, to?” Respodeu ela: “Sim, Senhor, eu creio sentimos confiança e podemos ter sede, firmemente que tu és o Messias, o Filho sede dessa água, sede da sua Palavra, sede de Deus, que devia vir a este mundo” (cf. do seu amor, sede do seu perdão e dizer: Jo, 11, 21-27). “Senhor, dá-me dessa água...” (Jo 4,15). São Paulo nos fala que: “Se alguém é Como cristãos, no nosso Batismo, focristão, é nova criatura. O que era antigo passou, chegou o novo. E tudo é obra de mos enxertados em Cristo, nos tornamos Deus que nos reconciliou consigo por novas criaturas por sua graça, livres do pemeio de Cristo...” (cf. 2 Cor 5, 17-18). O cado e destinados à vida nova que há em Tríduo Pascal, que estaremos celebrando Cristo, a vida divina. O encontro de Jesus esta semana, nos lembra que na cruz, com com o cego de nascença, o qual Ele envia sua humilhação, Paixão e Morte, Jesus para que vá se lavar na piscina de Siloé, e que então passa a enxergar, revela a divindade Nosso encontro com a pessoa de Jesus “como luz do de Jesus Cristo, fonte de água mundo” (Jo 8,12) e a nos- viva, que nos inunda do seu amor sa humanidade, sujeita à e nos renova, provoca em nós cegueira do pecado. So- o arrependimento de nossos mos, por isso, convidados pecados e nos leva a desejá-lO, ao dom da fé em Deus, a desejar sempre dessa água manifestado na pessoa que sacia e salva de Jesus. Pergunta Jesus reúne os dispersos e dá a todos a filiação ao cego: “Acreditas no Filho do Homem”? divina, a qual nos abre as portas do céu. Este responde: “Quem é Senhor, para que Dessa forma, todos os batizados e a humaeu creia nele? “Tu o estas vendo; é aquele que fala contigo”. Exclamou o cego: nidade inteira, ferida pelo pecado e pela “Eu creio Senhor” (Jo 9, 35-38). Também morte, é no agora da Ressurreição de CrisMarta e Maria, irmãs de Lázaro, o qual to chamada a se converter à lógica da cruz. Jesus ressuscitou depois de quatro dias de “Cristo morreu por todos, e assim, aqueles falecido, nos dão um exemplo de fé e de que vivem, já não vivem para si, mas para renovação espiritual com a presença de Jeaquele que por eles morreu e ressuscitou” (2Cor 5, 15). Crer em Jesus Cristo é assusus em sua casa e em sua vida: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria mir o comportamento de uma nova criamorrido. Mas, mesmo assim, eu sei que tura, de alguém já ressuscitado com Jesus, o que pedires a Deus, Ele te concederá...” que já possui a vida eterna e a testemunha Disse-lhe Jesus: “Eu sou a ressurreição e mediante a fé e o amor para com todos. a vida. Quem crê em mim, mesmo que Faço votos de abençoada Semana Sanmorra, viverá. E todo aquele que vive e crê ta e feliz Páscoa da Ressureição.

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Fé e Cidadania 50 anos da Populorum Progressio Padre Alfredo José Gonçalves, CS A Carta Encíclica sobre o Desenvolvimento dos Povos – Populorum Progressio (PP) – foi publicada, pelo então Papa Paulo VI, em 26 de março de 1967. Não seria exagero afirmar que o documento constitui uma espécie de segundo capítulo da Gaudium et Spes, a qual, por sua vez, tinha vindo à luz no final do Concílio Ecumênico Vaticano II (1965), também com influência do Cardeal Montini, eleito papa durante o Concílio após a morte de São João XXIII. O núcleo da carta encíclica chama a atenção para o “crescente desequilíbrio” entre os povos ricos e os pobres, decorrente, por seu lado, do descompasso sempre maior entre os benefícios do progresso técnico e o “desenvolvimento integral”. São muitas e variáveis as contradições que o texto sublinha. O crescimento econômico tende a ser desproporcional ao bem-estar dos setores carentes da população. Quanto mais se multiplicam os bens e sua variedade no mercado, tanto maior a discrepância entre a minoria rica e a maioria pobre. Os efeitos reais da política econômica, em nível mundial, não correspondem aos princípios do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja. Ao contrário, tal economia gera simultaneamente concentração de renda e riqueza, por uma parte, e exclusão social, por outra. O Papa Francisco, em sintonia com o Documento de Aparecida (2007), tem alertado seguidamente para os danos de uma “economia que mata”, na medida em que isso, ao lado dos milionários e bilionários, gera multidões de “descartados, excluídos, migrantes, prófugos e refugiados”. No Encontro com os Movimentos Sociais, em novembro de 2016, o Pontífice foi ainda mais concreto: “Assim nasce a dramática contradição dos nossos tempos: quanto mais crescem o progresso e as possibilidades – e isso é bom – tanto maior é o número daqueles que não lhes podem chegar. É uma grande injustiça que deve-nos preocupar muito mais do que saber quando e como será o fim do mundo. Com efeito, não se pode estar tranquilo em casa, enquanto Lázaro jazer à porta; não há paz em casa de quem está bem, quando falta justiça na casa de todos”. Tais palavras nos reportam a uma frase célebre da Populorum Progressio: “O desenvolvimento é o novo nome da paz”. Vale lembrar que nos anos de 1960, ao mesmo tempo que progrediam os “anos de ouro” do sistema capitalista, cresciam as ameaças à paz. Ameaças que provinham não só da Guerra Fria e da corrida armamentista, mas também das assimetrias e desigualdades sociais. Daí o apelo de Paulo VI, ontem, e de Francisco, hoje, à justiça e à solidariedade. As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.


6 | Viver Bem |

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Cuidar da Saúde Hipotireoidismo subclínico Cássia Regina O hipotireoidismo acontece quando a glândula tireoide não produz a quantidade suficiente de hormônio da tireoide (TSH). O caso é dito subclínico quando ocorre uma discreta alteração na dosagem de TSH e o paciente está sem sintomas. Por isso, pode acontecer de você verificar que existe uma alteração no seu exame e que seu médico não tenha prescrito nada. O valor de referência do TSH sérico normal em adultos é de 0,4 a 4,5 mU/L. No caso dos pacientes pediátricos e idosos, isso vaira. O limite superior de normalidade do TSH até 65 anos é de 4,5 mU/L, de 65 a 85 anos é de 7 mU/L, e de 85 anos ou mais é de 10 mU/L. Mas isso não é regra. Pacientes que possuem riscos cardiovasculares têm benefício de tratamento mesmo estando assintomáticos. Os sintomas de hipotireoidismo são dores ou rigidez nas articulações, fadiga, sensibilidade ao frio, pele seca, crescimento lento ou puberdade atrasada, menstruação irregular, queda de cabelo ou cabelos quebradiços, alteração do batimento cardíaco, bócio, colesterol alto, depressão, disfunção sexual, distrofia da unha, ganho de peso, inchaço, olhos inchados, pelos grossos. O tratamento é simples, de fácil controle e ocorre com medicamento oral. Confie no seu médico. Ele sabe o que é melhor para você. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com

Comportamento

A riqueza dos conflitos Simone Riberio Cabral Fuzaro Crianças brincando no parque, no condomínio, na escola – gostosas risadas e diversões, mas também inúmeros conflitos: “Eu peguei primeiro”, “você me bateu”, “é meu, seu chato”, “não vou brincar mais com você”, “não sou mais seu amigo, seu bobo”.... Grande quantidade de insatisfações e “insultos” aparecem. Vamos pensar sobre os conflitos e quão ricos são para o amadurecimento e aprendizagem não somente das crianças, mas de todos nós. Eles surgem de frustrações, de divergência de “quereres” e de opiniões. Eles despertam sentimentos e reações inusitadas em cada um dos pequenos. São excelente oportunidade para tomarem contato consigo mesmos e começarem a trilhar a longa caminhada do autoconhecimento e da conquista de virtudes. Não há como evitar conflitos: nossos filhos os enfrentarão com frequência. Então, o que podemos fazer é dar suporte para que aprendam a resolvê-los de modo positivo, autônomo e possam crescer em virtudes a cada nova experiência. O que as crianças podem vivenciar nos conflitos? Diferentes modos de pensar, desejos e vontades distintas, as diferentes reações diante de uma mesma situação; o fato de que todos são falíveis – erram e, portanto, podem aprender uns com os outros; a realidade de que não serão queridos sempre e nem por todos, existem afinidades; raiva e tris-

teza diante da frustração de perceber posturas diante dos demais; que nem sempre as coisas acontecerão 5. Elogiar e celebrar cada conquista, conforme seu desejo. cada sugestão de resolução do conflito e cada atitude que a criança Vivenciar realidades e experimentar sentimentos não basta para elaboconseguir tomar. rá-los e transformá-los em aprendizaVer-se como alguém forte e capaz gem nem adquirir virtudes. Por isso, – que sobrevive às frustrações, que a nossa importância, enquanto pais e enfrenta adversidades com coragem educadores, de sermos suportes firmes e prudência, aprendendo com elas – é e sóbrios nesses momentos. uma grande aprendizagem, talvez uma Dicas para transformar o conflito das mais importantes para que possa em oportunidade de crescimento: conviver socialmente de modo equilibrado e ser feliz. 1. Não tomar para si a dor de seu filho – difícil exercício, mas excelente Não há como evitar conflitos: oportunidade para nossos filhos os enfrentarão possibilitar que com frequência. Então, o que cresça em fortaleza, podemos fazer é dar suporte virtude fundamenpara que aprendam a resolvêtal para toda a vida. los de modo positivo, autônomo Acolher a angústia, a tristeza e oferecer e possam crescer em virtudes a suporte para que cada nova experiência passe por isso é Não podemos criar nossos filhos muito importante, mas resolver por para um mundo “perfeito”, onde nunca ele e protegê-lo, não; sofram injustiças, pois isso não existe. 2. Avaliar com sobriedade a situação e A vida é um grande presente, poajudá-lo a perceber suas posturas e rém, viver implica enfrentar adversia dos outros envolvidos – poderiam dades e conflitos. A felicidade virá da ser diferentes? Bom exercício para conquista, da possibilidade de encarar aprender a virtude da prudência; as dificuldades com fortaleza e otimis3. Exercitar o colocar-se no lugar do mo, de relacionar-se bem com os deoutro – excelente modo de crescer mais, apesar dos pesares. em empatia; Vamos preparar nossos filhos para 4. Estimular que converse, retratandoa vida como ela é – uma grande avense e desculpando-se com o colega tura. se for o caso, ou que se posicione dizendo ao outro o que o desagraSimone Ribeiro Cabral Fuzaro é dou. Viver a humildade diante do fonoaudióloga e educadora; Mantém o blog http://educandonacao.com.br próprio erro e a coragem de assumir


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Destaques das Agências Internacionais

Filipe David

Correspondente do O SÃO PAULO na Europa

Egito

Atentados no Domingo de Ramos A igreja copta de São Jorge, em Tanta, ao norte do Cairo, no Egito, estava repleta de fiéis para a celebração do Domingo de Ramos. no dia 9, quando uma bomba instalada debaixo de um dos bancos dos fiéis explodiu, provocando a morte de pelo menos 27 pessoas e deixando 78 feridos. Em Alexandria, uma segunda bomba explodiu três horas depois na Catedral de São Marcos e provocou a morte de pelo menos 17 pessoas, deixando mais 48 feridos. Testemunhas oculares relataram à agência Reuters o que presenciaram: “Houve uma grande explosão no salão. Fogo e fumaça encheram a sala e os ferimentos provocados foram muito graves”, contou Vivian Fareeg. O grupo terrorista Estado Islâmico assumiu a autoria dos atentados: “Um grupo pertencente ao Estado Islâmico foi responsável pelos ataques às igrejas de Tanta e Alexandria”, divulgou o seu braço midíatico, a agência de notícias Amaq. O Xeique Ahmed el-Tayeb, do centro de estudos islâmicos sunitas Al-Azhar, condenou os atentados, qualificando-os como “um ato terrorista repugnante, que teve como alvo a vida de inocentes”. O presidente do Egito,

EPA

Investigadores analisam a cena do atentado terrorista na igreja copta de São Jorge, em Tanta

Abdel Fattah as-Sisi, anunciou estado de emergência durante três meses em resposta aos ataques, após uma reunião com seus chefes de segurança nacional. O presidente reafirmou seu compromisso, junto com o povo egípcio, de

“combater as forças do mal” em direção a uma maior segurança, estabilidade e desenvolvimento. “O problema é que há um sentimento virulento de anti-cristianismo entre os islamistas radicais e não há como

proteger todo mundo o tempo todo. Infelizmente, isso é assim em muitos países do mundo”, explicou H. A. Hellyer, do Royal United Services Institute. Entre os países islâmicos, o Egito possui uma das maiores minorias cristãs: cerca de 10% de seus 90 milhões de habitantes são cristãos coptas. Esse não foi o primeiro ataque contra os cristãos. Em dezembro, um outro ataque a bomba matou 30 pessoas, na maioria mulheres, em uma igreja no Cairo. Além disso, uma série de assassinatos perpetrados pelo grupo Estado Islâmico no Sinai provocou a fuga de centenas de cristãos em direção a regiões consideradas mais seguras. Os ataques ocorreram a menos de três semanas da visita do Papa Francisco ao Egito, programada para o final de abril: “Rezemos pelas vítimas do atentado perpetrado, infelizmente, hoje, esta manhã, no Cairo, numa igreja copta. Ao meu querido irmão, Sua Santidade Tawadros II, à Igreja copta e a toda a querida nação egípcia, expresso o meu profundo sentimento de pesar. Rezo pelos defuntos e feridos”, disse o Santo Padre durante a oração do Ângelus. Fontes: ACI/ The Guardian/ The Independent

Síria Após uso de armas químicas, mísseis americanos destroem aeroporto No dia 4, o governo sírio utilizou armas químicas – provavelmente o gás sarin ou uma mistura de substâncias – num ataque a uma cidade controlada por islamistas radicais, matando pelo menos 87 pessoas, incluindo aproximadamente 30 crianças. Apenas 63 horas depois do ataque, os Estados Unidos atacaram um aeroporto sírio com 59 mísseis Tomahawk. Os mísseis tinham como objetivo destruir parte da infraestrutura utilizada para o ataque com armas químicas

e enviar um sinal ao regime de Bashar alAssad, presidente sírio, de que o uso de armas químicas não será tolerado. O governo sírio negou o ataque com armas químicas. De acordo com a sua versão da história, o ataque teria sido contra um depósito dos rebeldes islamistas que continha as substâncias tóxicas. O gás teria sido liberado como consequência da destruição do depósito. A Rússia se manteve fiel à sua aliada, rejeitando as acusações do uso intencional de

armas químicas. No entanto, especialistas consideram essa versão inverossímil, já que no caso de um ataque a um depósito, o gás teria sido em sua maior parte destruído e não poderia ter se espalhado por uma área tão grande. O governo sírio já havia utilizado armas químicas em outras ocasiões. Em 2013, um ataque com gás sarin feito pelo governo sírio em uma área controlada por rebeldes matou mais de mil pessoas. O governo norte-americano havia

ameaçado retaliar militarmente no caso do uso de armas químicas, mas essa foi a primeira vez em que de fato retaliou. Para evitar mortes de oficiais militares da Rússia, os militares russos foram prevenidos pelos norte-americanos pouco antes do ataque. Segundo a agência de notícias do governo sírio, nove civis, incluindo quatro crianças, teriam sido mortas no ataque ao aeroporto sírio. Fontes: Daily Mail/ SMH/ The Guardian/ The Independent/ WND/ CNBC.


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Domingo de Ramos: Alegria, Paixão e Juventude L’Osservatore Romano

Bruno Muta Vivas

osaopaulo@uol.com.br

No dia 9, o Papa Francisco celebrou o Domingo de Ramos da Paixão do Senhor, na Praça de São Pedro, reunindo cerca de 40 mil fiéis e peregrinos. Durante a homilia, o Papa explicou o sentido dessa festa que abre as cerimônias da Semana Santa: “Esta celebração tem, por assim dizer, duplo sabor: doce e amargo. É jubilosa e dolorosa, pois nela celebramos o Senhor que entra em Jerusalém, aclamado pelos seus discípulos como rei; ao mesmo tempo, porém, proclama-se solenemente a narração evangélica da sua Paixão. Por isso, o nosso coração experimenta o contraste pungente e prova aquilo que deve ter sentido Jesus em seu coração naquele dia, quando rejubilou com os seus amigos e chorou sobre Jerusalém”. O Papa convidou a todos a acompanhar Jesus no caminho rumo à Cruz:

os seus amigos de que a sua estrada era aquela: a vitória final passaria por meio da Paixão e da Cruz. E, para nós, vale o mesmo. Para seguir fielmente a Jesus, peçamos a graça de o fazer não por palavras mas com as obras, e ter a paciência de suportar a nossa cruz: não a recusar nem jogar fora, mas, com os olhos fixos n’Ele, aceitá-la e carregá-la dia após dia”.

Juventude

“Enquanto festejamos o nosso Rei, pensemos nos sofrimentos que Ele deverá padecer nesta Semana. Pensemos nas calúnias, nos ultrajes, nas ciladas, nas traições, no abandono, no julgamento iníquo, nas bastonadas, na flagelação, na

coroa de espinhos… e, por fim, no caminho da cruz até à crucifixão”. O Romano Pontífice, ainda, fez clara a relação entre a Cruz de Cristo e a cruz de cada cristão: “Ele nunca prometeu honras nem sucessos. Sempre avisou

Ao final da Santa Missa, por ocasião do Dia Mundial da Juventude, celebrada a nível diocesano no sábado, 8, jovens poloneses entregaram a imponente cruz fixada à frente do altar aos jovens do Panamá, onde se realizará o próximo encontro internacional, em 2019. “Orem ao Senhor para que a Cruz, juntamente com o ícone de Maria Salus Populi Romani, faça crescer a fé e a esperança, revelando o amor invencível de Cristo onde passa”, disse o Papa Francisco.

A Igreja quer ouvir os jovens No sábado, 8, véspera do Domingo de Ramos, o Papa Francisco participou da Vigília de Oração promovida pelo Serviço da Pastoral Juvenil da Diocese de Roma, na Basílica de Santa Maria Maggiore. Na mais antiga casa de Nossa Senhora na cidade de Roma e no Ocidente, os jovens rezaram juntos, ofereceram seus testemunhos e, espiritualmente unidos a todos os jovens do mundo, iniciaram o caminho que os levará à JMJ do Panamá, em 2019. Tratou-se, ainda, do primeiro encontro do Papa com os jovens no caminho de preparação da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, marcada para outubro de 2018.

A experiência de vida dos jovens

No encontro, ouviu-se diversos testemunhos de jovens: particularmente tocante, foi o testemunho de Dawood, um jovem afegão que deixou sua pátria por causa dos con-

flitos e foi acolhido na Itália. “Conheci a Comunidade de Santo Egídio que me acolheu e me ensinou a viver. Iniciei uma nova vida e um novo futuro. Sonho a paz em meu país e para muitos que ainda sofrem por causa da guerra. O meu pensamento se estende também ao povo sírio.” O testemunho de Maria Lisa, uma jovem religiosa italiana, sublinhou a alegria de ser consagrada, de viver a sua vida plenamente para o Senhor, não obstante as dúvidas iniciais, as quedas e as dificuldades. Houve, ainda, o testemunho de Pompeu, jovem que, quando criança, viveu a experiência de um terremoto, uma tragédia que o colocou na cadeira de rodas: “Aquele sofrimento, aquela cadeira de rodas, me ensinaram a ver a beleza nas pequenas coisas e me recordam a cada dia o privilégio que tenho. O desabamento da escola mudou a minha vida e a de muitas pessoas. Daquele dia em diante, não tenho mais medo do futuro e do que a vida me reserva.” Emocionado com tais testemunhos, o Papa Francisco

deixou o discurso preparado de lado e falou espontaneamente, acentuando a importância do próximo Sínodo sobre os jovens: “Um sínodo dos jovens e para todos os jovens, nenhum deve sentir-se excluído. Vocês são os protagonistas. Acrescentou, ainda, que o mundo precisa da ação dos jovens, que encarem a vida como uma verdadeira vocação: “O mundo de hoje precisa de jovens ativos, dinâmicos, que sintam que a vida é uma vocação, uma experiência em caminho. O mundo só poderá mudar com jovens assim”. “Eu estou no fim da vida, mas os jovens têm uma missão, de falar com os avós. Hoje, mais do que nunca, temos necessidade dessa ponte, desse diálogo, entre os idosos e os jovens, ajudá-los a sonhar, transformar o sonho dos nossos avós em profecia. É a tarefa que a Igreja vos dá. Não sei se estarei no Panamá em 2019, mas o Papa que lá estiver vai-vos perguntar isso”, finalizou o Pontífice. (Com informações da rádio Vaticano e da agência Zenit)


10 | Reportagem |

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‘Ele mesmo é o sol Que com o brilho da sua graça Ilumina nosso coração inteiramente’ A Cantata “Cristo jazia nos laços da morte”, de Johann Sebastian Bach, propõe um caminho de espiritualidade onde harmonia, melodia, texto e estética conduzem para a oração no tempo pascal Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

ão 310 anos e uma semana – a Semana Santa – que separaram a primeira apresentação da obra “Cantata Christ Lag in Todesbanden”, BWV 4, de Johann Sebastian Bach, na Alemanha, e a audição da mesma obra na cripta do Pateo do Collegio, em São Paulo. Conduzida por Yara Caznok (foto), professora de Harmonia e Análise na Unesp, a Cantata, que traduzida em português significa “Cristo jazia nos laços da morte”, foi composta a partir de um antigo hino luterano e é considerada uma música funcional para os momentos de oração em comunidade. A primeira execução dessa obra de Bach, que ele escreveu ainda muito jovem, foi no ano de 1707, provavelmente num domingo de Páscoa. Em São Paulo, a audição, na qual estavam presentes membros do Coro do Pateo do Collegio e o diretor do Pateo, Padre Carlos Alberto Contieri, SJ, aconteceu no dia 8, o sábado que antecedeu o Domingo de Ramos. Aos 59 anos, Yara contou que estuda música desde os 6 e que seu interesse pela música sacra começou em encontros de Catequese quando, ainda muito jovem, percebeu o quanto o canto e a música são “a forma mais intensa de oração que alguém pode experimentar”, disse à reportagem do O SÃO PAULO. “Propor a vivência de um conteúdo ou conceito por meio do canto é algo muito especial: o canto convida mais que o discurso, aproxima e envolve afetivamente emissores e ouvintes, pois já está implicada no canto a expressão emocional dos conteúdos. Pensemos que o canto (a voz) é a respiração – sinal primeiro de vida – tornada concreta, externada para o outro, que torna presente para o mundo a existência. Nesse sentido, entendo que ‘primeiro era o som’, ou seja, a manifestação sonora da vida”, afirmou Yara, que pela primeira vez conduziu a audição no Pateo do Collegio – ela já a realizou em outros lugares, como no Instituto Humanitas, da Unisinos, em São Leopoldo (RS), e em Curitiba (PR).

Porém, foi durante os Festivais de Música de Ouro Preto (MG), Curitiba (PR) e Campos de Jordão (SP), quando Yara, ainda universitária, estudava e apresentava obras fundamentais junto a outros jovens, que ela se aproximou definitivamente da música sacra. “Estávamos constantemente em contato com obras como a ‘Missa Solemnis’ de Beethoven; o ‘Te Deum’, de Bruckner; ou a ‘Grande Missa em Dó menor’, de Mozart. Isso foi decisivo para que eu começasse a estudar as obras sacras de Bach, Vivaldi, Mozart, Haydn e outros”.

Pedras fundamentais No silêncio da cripta no Pateo do Collegio, onde já estiveram sepultadas figuras conhecidas da história, como Isabel Dias, a Bartira, um grupo escutava atenciosamente as explicações técnicas, históricas e teológicas da obra de Bach, enquanto ouviam pausadamente a música e acompanhavam o texto do hino. Ali, naquele lugar, pedras e a taipa de pilão formaram o ambiente perfeito para que a música de Bach encontrasse ressonância nos ouvidos, mas também nos olhos e na interioridade de cada uma das pessoas. Inspirada num antigo hino pascal da Idade Média, “Christ Lag in Todesbanden” é formada por sete versos que são interligados entre si, além da sinfonia introdutória. O primeiro encontra eco no último; o segundo, no sexto, e o terceiro verso tem ressonância no quinto. O verso central, o quarto, é cantado pelo coro e nele melodia e vozes querem transmitir a ideia de uma luta, a guerra fantástica entre a morte e a vida. Tudo é simbólico para o autor: o número 7, que biblicamente simboliza a perfeição, bem como o número 4, que, colocado no centro, recorda à humanidade, os quatro pontos cardeais, os quatro evangelistas do Novo Testamento e os quatro pontos da cruz. No hino, as frases se repetem, pois querem ultrapassar a razão e alcançar a dimensão espiritual. Bach não somente se inspirava na tradição cristã, mas buscava, com a combinação de notas e movimentos, utilizar o máximo de elementos simbólicos, como o desenho da cruz ou mesmo a repetição ou supressão de um som para traduzir o medo, a luta, a alegria e a gra-

tidão. Ele foi um gênio da sua época, com uma criatividade ímpar e, se fosse possível comparar o tipo de música que ele fazia à sua época com as músicas contemporâneas, poder-se-ia dizer que ele compunha verdadeiras trilhas sonoras, não para filmes, mas para fins litúrgicos.

Cristo jazia nos laços da morte Em cada um de seus versos, “Christ Lag in Todesbanden”, que dura cerca de 20 minutos, quer ajudar as pessoas a adentrarem o mistério da Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. O primeiro verso, logo após a sinfonia, é uma introdução ao restante da obra. Nele, cada frase remeterá aos versos posteriores, numa composição perfeita. A tradução foi feita do alemão para o português por Yara Caznok, que afirmou durante sua palestra que “a estrutura não é só uma narrativa, mas ela quer remontar a um tempo eterno, a vida que, para o cristão, não tem fim”. Verso I: Coro Cristo jazia nos laços da morte Pelos nossos pecados ele foi entregue. Ele de novo ressuscitou E nos trouxe a vida. Por isso devemos nos alegrar, Louvar a Deus e agradecer a Ele E cantar aleluia Aleluia! O segundo verso é cantado por um dueto, no qual soprano e contralto se alternam para transmitir emoção. Em certo momento, a voz faz um movimento de busca e há um cruzamento de vozes para demonstrar que o ser humano está preso sob o poder da morte.

Verso II: Duo [soprano e contralto] A morte ninguém pode dominar Entre toda a humanidade (os filhos dos homens). A causa são nossos pecados, Nenhuma inocência poder ser encontrada. Disto veio a morte tão rápida E impôs sobre nós poder Mantendo-nos, em seu reino, presos. Aleluia! Já no terceiro verso, a morte começa a ser enfraquecida e é Jesus, Filho de Deus, que vem


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| Reportagem | 11

Luciney Martins/O SÃO PAULO

para tomar todo o poder que ela tinha conquistado. Aqui, a aria cantada por um tenor prepara o ouvinte para o próximo verso, o central, onde o coro, com toda sua força, cantará a luta entre morte e vida.

Verso III: Aria [Tenor] Jesus Cristo, Filho de Deus, Em nosso lugar veio E nossos pecados afastou, Para que, da morte, fossem tomados Todo seu direito e seu poder. Nada mais resta senão a face da morte, Seu aguilhão ela perdeu. Aleluia! O centro da obra de Bach escrito para o Coro quer demonstrar a ideia de uma guerra em que a vida sai vitoriosa. O fugatto, palavra italiana que designa, na música clássica, um movimento que imita a fuga, muito utilizado durante o período barroco para designar as batalhas, é também utilizado aqui para lembrar o “escárnio” que a morte se tornou.

Verso IV: Coro Foi uma fantástica luta Na qual morte e a vida lutaram A vida alcançou a vitória Ela engoliu a morte. As escrituras proclamaram isto, Como uma morte devora a outra. Um escárnio a morte se tornou. Aleluia! Após esta luta, há o caminho para a Luz e o verso seguinte, o quinto, quer ser esse caminho. Bach se preocupa, por exemplo, em colocar ornamentos em torno da nota “Si”, na qual a palavra “cruz” está colocada. Nesse verso, o som do violino é tão assertivo que lembra o do trompete, quando o texto diz que

nada mais poderá prejudicar o ser humano, pois o amor de Deus foi derramado em favor da humanidade.

Verso V: Aria [Baixo] Eis aqui o autêntico cordeiro pascal Que Deus ofereceu/indicou E que no alto do tronco da cruz De um ardente amor se imola. O sangue desenhado em nossas portas, [É] a fé que enfrenta a morte. O exterminador não poderá mais nos prejudicar. Aleluia! O sexto verso, por sua vez, é leve e brilhante. Nele, palavras como sol, graça e coração ganham destaque para mostrar que, onde antes havia medo e tristeza, agora há alegria.

Verso VI: Duo [Soprano e tenor] Celebremos assim a grande festa, Com alegria de coração e dos prazeres Que o Senhor faz brilhar por nós, Ele mesmo é o sol Que com o brilho de sua graça Ilumina nosso coração inteiramente. A noite do pecado desapareceu. Aleluia! Por fim, o sétimo verso dessa, que é uma das primeiras obras de Bach, é cantado pelo coral e diferente do que se poderia imaginar, não tem um fim triunfal, mas simples e silencioso. O objetivo é que as pessoas continuem em oração, a partir do que a música despertou.

Verso VII: Coral Nós comemos e vivemos bem Através do verdadeiro bolo pascal. O antigo fermento não deve Estar junto da palavra de agradecimento, Cristo será nosso alimento E só ele alimentará a nossa alma, sozinho. A fé não viverá de outro modo. Aleluia!

Audição de músicas sacras Após o evento no sábado, Yara precisou sair logo. Ela foi preparar a casa para receber os amigos que, anualmente, se reúnem para ouvir músicas sacras e refletir sobre elas e, assim, viver a preparação para a Páscoa. São encontros que acontecem há mais de 20 anos entre pessoas que se interessam por música, mas que também querem realizar um caminho espiritual. “Em 1991, comecei a fazer, no Domingo de Ramos, audições comentadas da Paixão segundo São Mateus, de Bach (obra escrita par ser apresentada no Domingo de Ramos). Convidei alunos e amigos e passávamos a tarde ouvindo, discutindo a construção musical e o libreto – texto usado em uma peça musical do tipo ópera – e, dessa forma, nos preparávamos com mais intensidade para a Semana Santa. Esse costume continua até hoje, com muitas obras já analisadas, como as “Cantatas” de Bach; o “Messias”, de Handel; “As Sete Palavras de Cristo na Cruz”, de Haydn; “Via Crucis”, de Liszt, entre outras. Algumas vezes, temos a presença de um teólogo ou estudioso de Teologia que nos auxilia na exegese bíblica, o que amplia sobremaneira o alcance de nossa experiência espiritual”, comentou Yara. Inspirada pelo calendário litúrgico, a professora de música contou que está sempre ouvindo músicas que podem ajudá-la a viver cada tempo. “Vale lembrar que as obras barrocas e clássicas eram obras funcionais, ou seja, compostas para serem vividas como experiência de fé. O que surpreende é que a qualidade artístico-estética desse repertório é tão incrivelmente alta que seu poder de persuasão e de evangelização se realiza de forma plena”, continuou. “Creio que minha missão é proporcionar oportunidades de encontro com o repertório sacro, mas as formas e a intensidade como cada um se permitirá ser transformado por essas experiências é muito pessoal e, às vezes, só pode ser vislumbrado na longa linha do tempo. Aposto, com esperança, que cada pessoa que participa da missa, por exemplo, onde se ofereça cantos e música de qualidade, sempre terá sua sensibilidade e espiritualidade ampliadas. O desenvolvimento de uma escuta meditativa, que vai do texto sacro para a música e vice-versa, que exercite uma dinâmica de recepção, que perceba quando texto e música se iluminam recíproca e continuamente, é uma postura que exige paciência, tolerância, persistência e humildade”, disse Yara, que já recebeu convites para realizar outras experiências de audição comentada no Pateo do Collegio e na Paróquia Nossa Senhora do Brasil, em São Paulo, além dos projetos que terão continuidade no Rio Grande do Sul e no Paraná.


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Crianças e adolescentes testemunham mistério pascal nas ruas da cidade Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Via-Sacra promovida pela Pastoral do Menor aborda tema da Campanha da Fraternidade e denuncia situação de jovens que vivem ‘morte anunciada’ Fernando Geronazzo

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Quem passava pelas ruas do centro de São Paulo na manhã da sexta-feira, 7, foi surpreendido com uma grande procissão de crianças e adolescentes que seguiam uma cruz, carregada por um garoto indígena usando uma coroa de espinhos na cabeça e um manto vermelho, acompanhado de outras quatro cruzes também carregadas por crianças, com os nomes de meninos e meninas vítimas da violência, entre estes, João Victor Souza de Carvalho, o garoto que morreu em frente a uma lanchonete, na Vila Nova Cachoeirinha, em fevereiro. Como a acontece desde a década de 1980, a Via-Sacra da Criança e do Adolescente, promovida pela Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo, tem o objetivo de envolver as crianças de entidades sociais da cidade nas celebrações da Semana Santa e suscitar a reflexão sobre as realidades que colocam em risco a vida desses menores. O evento também é uma oportunidade de abordar de forma educativa o tema da Campanha da Fraternidade (CF).

Biomas

Como o tema da CF de 2017 é “Fraternidade: Biomas Brasileiros e defesa da vida”, foram apresentadas nas estações da Via-Sacra, por meios de encenações, as realidades de cada um dos biomas brasileiros – Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Pampas, Mata Atlântica – e o quanto sua degradação impacta na vida dos povos que neles vivem. A Via-Sacra foi acompanhada por Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo na Região Belém. Dirigindo-se aos participantes, o Bispo destacou que a Via-Sacra da Criança e do Adolescente era uma ocasião de chamar a atenção das pessoas que passam pelo centro da cidade sobre o início da Semana Santa. “Esse evento chama a atenção para uma grande esperança... Celebramos a Morte e Ressureição de Jesus e, sobretudo, recebemos a grande alegria de que a vida vence a morte. Nossa esperança é fundamentada no próprio Deus que se encarna entre nós, que caminha conosco e vem para nos libertar de todos os males, sofrimentos e dores”, disse. Em relação ao tema da CF, Dom Luiz Carlos afirmou que, muitas vezes, não existe na grande cidade a sensibilidade de que a natureza está sendo destruída e que a vida humana depende da natureza

viva. “A Campanha da Fraternidade nos ensina a sermos cuidadores, a termos uma outra relação para com o meio ambiente”. Dom Luiz Carlos ressaltou o exemplo dos povos indígenas no cuidado com a natureza. “Essa campanha também contrapõe um modo de ver que destrói a natureza ao modo de viver dos nossos irmãos indígenas, que convivem pacificamente com os biomas, deles extraindo seu sustento e, ao mesmo tempo, cuidando e zelando para que eles se perpetuem e gerem vida constantemente para nós”. Por fim, o Bispo reforçou que o mistério pascal ilumina a reflexão sobre meio ambiente enquanto possibilidade de reconstrução daquilo que foi destruído. “Que com Jesus Cristo, com sua força e sua inspiração, todos nós sejamos cuidadores da vida, das nossas relações, da família, da comunidade, do mundo e da natureza, para que cada vez mais tenhamos vida”.

Cultura indígena

Membro da tribo dos Guarani Mbyá, Lucas Augusto Martins Junior,

15, que carregou a cruz na Via-Sacra, vive em uma pequena aldeia indígena no Jaraguá, na zona Noroeste da capital. Lucas relatou ao O SÃO PAULO que vê sua participação como uma oportunidade de tornar a cultura de seu povo mais conhecida e para refletir sobre a importância da preservação da natureza. Ele contou, ainda, que desde criança os indígenas já aprendem a cuidar da natureza, de onde tiram seu sustento. “Todos os domingos, lá na nossa aldeia, há plantio de árvores... Eu pretendo transmitir isso a meus filhos e netos para que nossa cultura permaneça sempre viva”.

Homenagem a João Victor

A coordenadora da Pastoral do Menor da Arquidiocese, Sueli Camargo, explicou que a Via-Sacra da Criança e do Adolescente é um marco histórico da Igreja em São Paulo ao ser oportunidade de anunciar o Ressuscitado e de denunciar as realidades de morte que atingem as crianças e adolescentes da cidade. Este ano, a denúncia foi marcada pela divulgação do manifesto da Pas-

toral do Menor, em que tornou pública sua indignação quanto a morte do garoto João Victor que, como lembra o texto, “buscava, como tantos outros meninos e meninas, a sobrevivência nas ruas da cidade”. “João Victor, como tantos outros jovens, vivia uma morte anunciada pela total ausência do Estado, pela redução, inexistência e fragilidade de políticas públicas de atendimento à criança e ao adolescente”, acrescenta o texto, reafirmando que a preservação da vida é dever de todas as instâncias da sociedade. “Que a nossa indignação resulte em ações transformadoras desta realidade!”, completa. Por fim, a Pastoral do Menor manifestou sua solidariedade para com os familiares, reafirmou seu compromisso em defesa da vida e repudiou que fatos como esse continuem acontecendo. “Exigimos que se cumpra o determinado na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente e, acima de tudo, que se cumpra o que anuncia o Evangelho de Jesus Cristo ‘Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância’”, conclui o manifesto.


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| Reportagem | 13

‘Hoje iniciamos a celebração da Páscoa!’ Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

“Hoje iniciamos a celebração da Páscoa”, afirmou o Cardeal Odilo Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, ainda no marco zero, em frente à Catedral da Sé, onde presidente, concelebrantes, diáconos, acólitos e todos os fiéis se reuniram para a bênção dos ramos e o início da missa de Ramos e da Paixão do Senhor, no domingo, dia 9. Quando os sinos da Catedral tocaram, às 11h, um homem que estava sentado no chão pedindo esmolas, olhou seu relógio, balançou o ramo que tinha nas mãos e fez o sinal da cruz, e naquele momento ele e todos os católicos ali presentes deram início à celebração da grande festa cristã: a Páscoa. O “Hosana ao Filho de Davi” foi cantado pelos fiéis que, durante cinco semanas, viveram a Quaresma em preparação para a Semana Santa e o Tríduo Pascal. Durante a procissão em que todo o povo aclamou Jesus com ramos, Dom Odilo convidou os jovens a tomarem lugar central, pois no domingo, 9, celebrou-se também o 32º Dia Mundial da Juventude (veja box ao lado). Ainda na Praça da Sé, conforme o rito próprio da celebração, os fiéis escutaram a proclamação do Evangelho segundo Mateus, exatamente o trecho em que Jesus e seus discípulos estão próximos a Jerusalém e o povo o aclama com ramos, Ele, o “Filho de Davi”, montado num jumentinho.

“Nestes eventos, realiza-se o amor extremo de Deus pela humanidade”, afirmou Dom Odilo. Ele disse, ainda, que, ao recordar, ao fazer memória da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, o católico proclama Jesus como salvador do mundo. “A participação nos ritos deve nos envolver, para que assim viva-

mos bem a Semana Santa e recebamos os frutos da Redenção também agora”, continuou.

Campanha da Fraternidade

O domingo, 9, também foi o dia da Coleta Nacional da Solidariedade, prevista pela Campanha da Fraternidade Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

dia mundial da juventude

O primeiro encontro de preparação para o Sínodo dos Bispos, em outubro de 2018, cujo tema central é a juventude, consistiu em uma vigília do Papa Francisco com os jovens em Roma, iniciativa integrada às celebrações do 32º Dia Mundial da Juventude, que aconteceu em todas as dioceses do mundo. A vigília foi organizada pelo Secretariado Geral do Sínodo dos Bispos, em parceria com as dioceses da região de Lázio e o Dicastério da Santa Sé para os Leigos, a Família e a Vida, e teve como tema: “A juventude, a fé e o discernimento vocacional”. “A Igreja quer ouvir todos os jovens, nenhum deles está excluído”, disse Francisco durante a vigília. Jovens de diferentes lugares deram seus testemunhos, como Maria Lisa, religiosa consagrada da Puglia, região no sul da Itália. A jovem, que tem uma missão junto a crianças e jovens em situação de rua, falou sobre a alegria de viver a sua vida plenamente para o Senhor, mesmo com todas as dificuldades. (Leia mais na página 9)

Fazer memória

A liturgia continuou com as orações e leituras próprias do dia, entre elas o Anúncio da Paixão do Senhor segundo Mateus. Na homilia, o Cardeal recordou que a celebração da Páscoa teve, desde as primeiras comunidades cristãs, uma finalidade litúrgica. Assim, ele ressaltou que, para quem crê, a participação no Tríduo Pascal é também uma proclamação pública da fé, um anúncio para aqueles que não creem, como nos primeiros tempos.

(CF) 2017, que este ano propõe ações concretas em favor do meio ambiente, com destaque para os biomas brasileiros. A Coleta é uma atitude concreta da CF e permite que a Igreja Católica no Brasil angarie fundos para projetos em prol das pessoas que mais necessitam. Segundo informações da Conferência Nacional dos Bispos dos Brasil (CNBB), em 2016 foram arrecadados para o Fundo Nacional R$ 5.879.109,88. De 2012 a 2015, 1.067 projetos de desenvolvimento local e solidariedade foram apoiados em todo o país pela CNBB.

Dom Odilo Scherer abençoa ramos na Praça da Sé conforme rito da missa, no domingo, 9

Fonte: Radio Vaticano


14 | Pelo Brasil |

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Fernando Geronazzo osaopaulo@uol.com.br

CNBB sobre o aborto: ‘A ninguém pode ser dado o direito de eliminar outra pessoa’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu na terça-feira, 11, uma nota na qual reafirma a posição firme e clara da Igreja “em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural” e, desse modo, condena “todas e quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no Brasil”. Na nota, os bispos também repudiam “atitudes antidemocráticas que, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo Tribunal Federal (STF) uma função que não lhe cabe, que é legislar”. A Conferência também diz que o “Estatuto do Nascituro” (Projeto de Lei 478/2007), “em tramitação no Congresso Nacional, que garante o direito à vida desde a concepção, deve ser urgentemente apreciado, aprovado e aplicado”. Leia abaixo a íntegra da nota, com pontos destacados pelo O SÃO PAULO:

NOTA DA CNBB – PELA VIDA, CONTRA O ABORTO “Não matarás, mediante o aborto, o fruto do seu seio” (Didaquê, século I) A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, através da sua Presidência, reitera sua posição em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural. Condena, assim, todas e quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no Brasil. O direito à vida é incondicional. Deve ser respeitado e defendido, em qualquer etapa ou condição em que se encontre a pessoa humana. O direito à vida permanece, na sua totalidade, para o idoso fragilizado, para o doente em fase terminal, para a pessoa com deficiência, para a criança que acaba de nascer e também para aquela que ainda não nasceu. Na realidade, desde quando o óvulo é fecundado, encontra-se inaugurada uma nova vida, que não é nem a do pai, nem a da mãe, mas a de um novo ser humano. Contém em si a singularidade e o dinamismo da pessoa humana: um ser que recebe a tarefa de vir-aser. Ele não viria jamais a tornar-se humano, se não o fosse desde início. Esta verdade é de caráter antropológico, ético e científico. Não se restringe à argumentação de cunho teológico ou religioso. A defesa incondicional da vida, fundamentada na razão e na natureza da pessoa humana, encontra o seu sentido mais profundo e a sua comprovação à luz da fé. A tradição judaico-cristã defende incondicio-

nalmente a vida humana. A sapiência e o arcabouço moral do Povo Eleito, com relação à vida, encontram sua plenitude em Jesus Cristo. As primeiras comunidades cristãs e a Tradição da Igreja consolidaram esses valores. O Concílio Vaticano II assim sintetiza a postura cristã, transmitida pela Igreja, ao longo dos séculos, e proclamada ao nosso tempo: “A vida deve ser defendida com extremos cuidados, desde a concepção: o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis”. O respeito à vida e à dignidade das mulheres deve ser promovido para superar a violência e a discriminação por elas sofridas. A Igreja quer acolher com misericórdia e prestar assistência pastoral às mulheres que sofreram a triste experiência do aborto. O aborto jamais pode ser considerado um direito da mulher ou do homem sobre a vida do nascituro. A ninguém pode ser dado o direito de eliminar outra pessoa. A sociedade é devedora da mulher, particularmente quando ela exerce a maternidade. O Papa Francisco afirma que “as mães são o antídoto mais forte para a propagação do individualismo egoísta. ‘Indivíduo’ quer dizer ‘que não se pode dividir’. As mães, em vez disso, se ‘dividem’ a partir de quando hospedam um filho para dá-lo ao mundo e fazê-lo crescer”. Neste tempo de grave crise política e econômica, a CNBB tem se empenhado na defesa dos mais vulneráveis da sociedade, particularmente dos empobrecidos. A vida do nascituro está entre as mais indefesas e necessitadas de proteção. Com o mesmo

ímpeto e compromisso ético-cristão, repudiamos atitudes antidemocráticas que, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo Tribunal Federal -STF uma função que não lhe cabe, que é legislar. O direito à vida é o mais fundamental dos direitos e, por isso, mais do que qualquer outro, deve ser protegido. Ele é um direito intrínseco à condição humana e não uma concessão do Estado. Os Poderes da República têm obrigação de garanti-lo e defendê-lo. O Projeto de Lei 478/2007 “Estatuto do Nascituro”, em tramitação no Congresso Nacional, que garante o direito à vida desde a concepção, deve ser urgentemente apreciado, aprovado e aplicado. Não compete a nenhuma autoridade pública reconhecer seletivamente o direito à vida, assegurando-o a alguns e negando-o a outros. Essa discriminação é iníqua e excludente; “causa horror só o pensar que haja crianças que não poderão jamais ver a luz, vítimas do aborto”. São imorais leis que imponham aos profissionais da saúde a obrigação de agir contra a sua consciência, cooperando, direta ou indiretamente, na prática do aborto. É um grave equívoco pretender resolver problemas, como o das precárias condições sanitárias, através da descriminalização do aborto. Urge combater as causas do aborto, através da imple-

mentação e do aprimoramento de políticas públicas que atendam eficazmente as mulheres, nos campos da saúde, segurança, educação sexual, entre outros, especialmente nas localidades mais pobres do Brasil. Espera-se do Estado maior investimento e atuação eficaz no cuidado das gestantes e das crianças. É preciso assegurar às mulheres pobres o direito de ter seus filhos. Ao invés de aborto seguro, o Sistema Público de Saúde deve garantir o direito ao parto seguro e à saúde das mães e de seus filhos. Conclamamos nossas comunidades a unirem-se em oração e a se mobilizarem, promovendo atividades pelo respeito da dignidade integral da vida humana. Neste Ano Mariano Nacional, confiamos a Maria, Mãe de Jesus, o povo brasileiro, pedindo as bênçãos de Deus para as nossas famílias, especialmente para as mães e os nascituros. Brasília-DF, 11 de abril de 2017. Cardeal Sergio da Rocha Arcebispo de Brasília Presidente da CNBB Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ Arcebispo de São Salvador Vice-Presidente da CNBB Dom Leonardo U. Steiner, OFM Bispo Auxiliar de Brasília Secretário-Geral da CNBB

São Paulo sedia ampliada Festival de teatro nas escolas católicas regional da Pastoral do Surdo O Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade da ArA Pastoral do Surdo do Regional Sul 1 da CNBB realizou, no dia 1º, sua primeira reunião ampliada do ano. O encontro aconteceu na Paróquia São Francisco de Assis, no centro da cidade de São Paulo. Entre os temas tratados estavam o Projeto Ide, que visa a expansão dos trabalhos junto às pessoas com deficiência auditiva nas paróquias e dioceses, e a Escola Pastoral “Beato Pedro Bonhome”, que forma agentes de pastoral e ensina sinais católicos da Língua Brasileira de Sinais (Libras). (Com informações de Maria Inês Leandro)

quidiocese de São Paulo está organizando um festival de teatro entre as escolas católicas da Região Episcopal Belém. O objetivo é promover a interação entre as escolas, criar um espaço de diálogo entre alunos e professores e colocar a Arte a serviço da evangelização. Por ocasião do Ano Mariano Nacional, o tema do Festival é “Mãe de todos os povos, Maria de tantas Marias”. As peças preparadas pelas escolas devem ser apresentadas a uma comissão de jurados que irá escolher as três melhores para se apresentarem no Teatro da PUC-SP (Tuca), em 29 de setembro. Saiba mais em http arquisp.org.br/vicariatoeducacao/ noticias/festival-de-teatro-das-escolas-catolicas


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Periferia: O inimigo a combater é a ineficiência do Estado Luciney Martins/O SÃO PAULO

Daniel Gomes

“autônomo” – e, nesse cenário, os entrevistados criticaram o Estado pelos impostos e tributos que dificultam o empreendedorismo. Apesar desse desejo, muitos valorizam o trabalho com carteira assinada, visto como garantia para acessar direitos como aposentadoria, férias remuneradas, 13º salário, fundo de garantia e salário fixo.

Na família, na escola, na igreja e no bairro

Salário mínimo de R$ 979

‘A política é suja’

“O grande resultado da pesquisa foi mostrar que a atual polarização ideológica presente no debate político entre esquerda e direita, entre os mais diversos partidos, não se faz presente no discurso da periferia. As pessoas na periferia conseguem mesclar nas suas visões de mundo ideias dos mais diversos espectros políticos, inclusive o liberal, o mais estadista e o mais socializante”, detalhou, ao O SÃO PAULO, Matheus Tancredo Toledo, analista de pesquisas do Núcleo de Estudos e Opinião Pública da Fundação Perseu Abramo. Ainda segundo a pesquisa, a política como ferramenta de mudança social está em processo de descrédito e é vista por alguns como “suja” e “cheia de gente de mau caráter”. Também para boa parte dos entrevistados, os políticos só buscam vantagens pessoais. Nesse contexto, a corrupção é apontada como o principal problema do Brasil, que leva a outros, como o desemprego e a violência.

Ineficácia do Estado

A tradicional polarização “classe trabalhadora x burguesia” não existe na opinião dessas pessoas. O “grande inimigo” a combater é a ineficiência do Estado, que cobra impostos excessivos, impõe entraves burocráticos para quem quer abrir um novo negócio e não faz com que o dinheiro do cidadão seja revertido em serviços de boa qualidade. “Essas pessoas começam a enxergar a má gestão, a ineficiência do Estado e os próprios políticos como os grandes entraves para a ascensão social”, comentou Matheus.

Pesquisa mostra descontentamento da população na periferia de SP com as estruturas de poder

Nesse contexto, “os discursos de gestão, de eficiência, de resultados, acabam ganhando uma ascensão em um momento que a política tradicional está em baixa”, analisou. No entanto, para ele, “existe um limite para esse discurso, porque o Estado se gestiona fazendo política e não como uma empresa. Mesmo quem agora emite esse discurso vai ter que mostrar para a população que toda essa dita eficiência trazida do mercado surtirá efeito dentro do aparelho estatal”. Os entrevistados na pesquisa acreditam que o Estado deveria ter a mesma eficácia da iniciativa privada. “Essas pessoas percebem ou pensam que os serviços da iniciativa privada funcionam de maneira mais eficiente. Elas vivem uma realidade em que os serviços públicos que acessam, quando existem, não funcionam. Então, passa a haver a valorização de serviços oferecidos pelo mercado, pela iniciativa privada. Quando podem, elas optam por esses serviços, porque reconhecem que há uma diferença qualitativa muito grande. No entanto, apesar de verem entraves, acreditam que o Estado deve ter responsabilidade em temas como desigualdade social e acesso a direitos e serviços básicos, como saúde e educação”, explicou Matheus.

Mérito próprio e consumo

A maioria dos ouvidos pela FPA se considera de classe média e não como pertencente a uma grande massa de “pobres”. Os mais jovens, de modo especial, creem que o trabalho e o esforço pessoal são determinantes para alcançar os próprios objetivos. Nesse contexto, os referenciais de figuras públicas de sucesso mais lembrados foram o ex-presidente Lula, o apresentador Silvio Santos e o prefeito de São Paulo, João Doria, percebidos como pessoas que alcançaram metas na vida pelo próprio mérito. A capacidade de consumir é vista como uma distinção em relação aos demais do mesmo meio e materializa a ascensão social, seja pela aquisição de produtos, ainda que supérfluos, ou pelos bens mais permanentes, como uma casa própria. Também há valorização da possibilidade de ser um empreendedor – “empresário”, “patrão” ou

Ônibus de SP sem cobradores

O prefeito de São Paulo, João Doria Junior, afirmou na segunda-feira, 10, que em até quatro anos os ônibus da capital paulista vão circular sem a presença de cobrador. De acordo com Doria, isso será gradual e os atuais trabalhadores serão realocados em funções administrativas ou de motorista para que não sejam demitidos. A justificativa do prefeito para a mudança é que atualmente apenas 6% dos usuários de ônibus pagam a tarifas em dinheiro e que em quatro anos há condições que todos os pagamentos sejam feitos com o bilhete único. O Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano lamentou a decisão de João Doria, apontando que o cobrador de tarifa tem a função de agente social, no auxílio aos motoristas dentro dos coletivos. A categoria também teme a demissão em massa de 19 mil funcionários no município.

danielgomes.jornalista@gmail.com

Eles acreditam que o sucesso é fruto do empenho pessoal; valorizam mais o indivíduo que a coletividade; veem a máquina pública como algo ineficaz e que atrapalha o empreendedorismo; não são adeptos de polarizações político-ideológicas e não dão crédito à política atual. Esse grupo de pessoas está em áreas periféricas da maior cidade do país e é mostrado em detalhes na pesquisa “Percepções e valores políticos nas periferias de São Paulo”, lançada recentemente pela Fundação Perseu Abramo (FPA), a partir de entrevistas realizadas entre novembro de 2016 e janeiro deste ano. A FPA, que pertence ao Partido dos Trabalhadores (PT), ouviu 63 pessoas, maiores de 18 anos, com renda familiar de até cinco salários mínimos, e que foram eleitoras do partido entre 2000 e 2012, mas não votaram em Fernando Haddad nas eleições municipais de 2016 nem em Dilma Rousseff para presidente em 2014. Diferentemente de uma pesquisa de intenção de votos, que busca quantificar um total de opiniões, o trabalho realizado pela FPA (http://novo.fpabramo.org.br) foi qualitativo, ou seja, com a meta de identificar tendências da opinião pública sobre determinados temas.

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A pesquisa da Fundação Perseu Abramo também fez o levantamento de outras percepções. Para a maioria dos entrevistados, a família é o principal alicerce e solução para os problemas individuais e coletivos: se estiver estruturada, fará com que as pessoas sejam corretas na vida e que na sociedade haja menos violência e corrupção. Já a escola é vista como uma ferramenta para mobilidade social, na lógica de que com bom estudo, a pessoa conseguirá emprego e poderá ser “alguém na vida”. No entanto, há críticas ao modelo atual de escola, especialmente entre os mais jovens, pela falta de professores e por ser um local pouco atrativo. Sobre a relação das pessoas com as igrejas, a pesquisa teve como maior foco os neopentecostais, mas também foram ouvidos os que professam outras religiões, incluindo os católicos. De modo geral, as pessoas condenam o vínculo entre religião e política e algumas citaram o medo de que a política “suje/ contamine” os espaços religiosos. Além disso, a igreja é vista como um local de sociabilização - pertencimento, acolhimento e apoio seguro para os momentos de dificuldade – e dá ao participante o status de alguém que escolheu um caminho correto na vida, distante da desocupação e da criminalidade. Por fim, a maioria dos entrevistados, em especial os mais velhos, demonstrou sentido de pertencimento ao bairro onde está e não deseja se mudar, mas tem ciência de situações problemáticas, como a presença de bailes funks próximos de sua casa, ‘biqueiras’ de consumo de drogas, falta de zeladoria urbana, serviços públicos de má qualidade e, principalmente, escassez de possibilidades de lazer.

O Governo Federal anunciou na sexta-feira, 7, que vai propor para 2018 um salário mínimo de R$ 979. O valor constará no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para 2018, que será enviado ao Congresso Nacional este mês. Para os próximos anos, a previsão é de que o salário mínimo cresça acima da inflação, com a possível recuperação econômica. Em 2019, a estimativa é de que o salário mínimo seja de R$ 1.029, e no ano seguinte, de R$ 1.103.

Lula e a Odebrecht

Em depoimento ao juiz Sergio Moro na segunda-feira, 10, o empresário Marcelo Odebrecht, preso pela operação Lava Jato, afirmou que repassou em espécie R$ 13 milhões ao ex-presidente Lula, em parcelas em 2012 e 2013, além de outros pagamentos feitos por uma conta da empreiteira destinada para tal repasses ao ex-presidente da República. O depoimento sob sigilo de Justiça vazou para a imprensa. Em nota, o Instituto Lula pontou que “Lula jamais solicitou qualquer recurso indevido para a Odebrecht ou qualquer outra empresa para qualquer fim e isso será provado na Justiça”. Fontes: Folha de S.Paulo, G1, Agência Brasil e Planalto


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Dica de Leitura A imortalidade da alma Filipe David

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Este livro reúne numa só obra dois textos de duas produções distintas de Santo Tomás de Aquino: o primeiro, “A imortalidade da alma”, é tradução integral da obra homônima atribuída (quase unanimemente) ao Aquinate; e o segundo, “A razão superior e inferior”, é tradução da questão nº 15 da obra “Questões disputadas sobre a Verdade”. No primeiro texto, Santo Tomás afirma a incorruptibilidade — e, portanto, imortalidade — da alma humana, com uma argumentação filosófica; no segundo, o filósofo-teólogo versa sobre as características da faculdade racional humana, enquanto “bipartida” em considerações de ordem superior e inferior. Ficha técnica: Autor: São Tomás de Aquino Páginas: 136 Editora: Ecclesiae

Filme

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O Rei dos Reis

Este é um dos filmes clássicos sobre a vida de Jesus Cristo. Com Jeffrey Hunter no papel de Jesus e Siobhan McKenna no papel de Maria, o filme foi aos cinemas em 1961 e conta – em suas quase três horas de duração – toda a trajetória da vida do Cristo. O filme começa com uma explicação da situação na Terra Santa sob o domínio romano e a expectativa do povo judeu por um messias libertador. Em seguida, conta a história dos evangelhos: o nascimento do Senhor em Belém, sua fuga para o Egito, seu batismo no rio Jordão e seus 40 dias no deserto, bem como a escolha dos Apóstolos, sua pregação, milagres e demais boas obras, sua morte na cruz e ressurreição. É dado um espaço importante para São João Batista, sua pregação e batismo de penitência e sua coragem em dizer a verdade diante das autoridades da época, o que acabou por lhe custar a vida. O filme é bastante fiel aos evangelhos, com algumas exceções compreensíveis devido à adaptação ao cinema. Apesar de sua aparência jovem, Jeffrey Hunter desempenha de forma convincente o papel principal. “E quando o túmulo foi encontrado vazio, alguns dias passaram e Cristo foi visto em Emaús e em Jerusalém, e aqueles que o viram souberam que Ele era o Senhor Deus”. Um bom filme para celebrar a Páscoa com a família. (FD)

Programas de Esporte e Vida Saudável estão disponíveis para download Vítor Alves Loscalzo Especial para O SÃO PAULO

Criado em 2003 pelo Ministério do Esporte, o Programa Esporte e Lazer da Cidade (PELC) tem como objetivo proporcionar a prática de atividades físicas, culturais e de lazer, abrangendo todas as faixas etárias e pessoas com deficiência. Além disso, o programa estimula a convivência social, incentiva a pesquisa e procura formar líderes e gestores. Passados 14 anos do início do programa, o Centro de Memória do Esporte escreveu e publicou e-books para que as ideias e as iniciativas tenham continuidade. O programa Vida Saudável – uma ramificação do programa criado em 2003 – também ganhou conteúdo digital e está disponível para download. Com o objetivo de criar registros e gerar informações acadêmicas, além de tornar os conteúdos acessíveis a um maior número de pessoas, o Projeto Memória dos Programas Esporte e Lazer da Cidade e Vida Saudável teve início em 2015. O responsável pelos programas é o Ministério do Esporte, mas para o desenvolvimento do projeto de memória foi realizada parceria com o Centro de Memória do Esporte (Ceme) e com a Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

O esporte no Brasil

É importante fazer do esporte uma realidade mais habitual; portanto, incentivos nesse sentido, sejam eles públicos ou privados, são muito positivos à sociedade, sobretudo em um país como o Brasil, em que mais da metade da população está acima do peso – e que

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Além disso, as baixas taxas de natalidade aliadas ao desenvolvimento da medicina fazem com que muitos países – e o Brasil está nessa lista – passem por processo de envelhecimento. Uma pesquisa realizada pelo IBGE revelou que o número de idosos cresceu em ritmo fora do normal na última década e que, hoje, representa, aproximadamente, 15% da população. Com cada vez mais idosos, desafios são lançados aos governantes e à sociedade em geral no que se refere aos cuidados e às políticas públicas para a terceira idade.

Núcleos de atuação

A partir das diretrizes de 2013, o PELC possui dois núcleos: “Urbano” e “Povos Tradicionais” – povos indígenas, quilombolas, populações ribeirinhas, dentre outras. Assim, procura trabalhar com crianças, jovens, adultos e idosos pertencentes a esses núcleos, abrangendo, portanto, grande parte dos brasileiros.

Eixos centrais do PELC

1 - Implantação e Desenvolvimento de Núcleos de Esporte Recreativo e de Lazer. Tem o objetivo de garantir o ocupa 5º lugar em obesidade, segundo acesso de qualidade a políticas públiem 2015, também não são animadores: cas de lazer e de esporte nas diversas pesquisa divulgada pela revista científica 45% da sociedade brasileira é sedentária, regiões do Brasil, para todas as faixas britânica Lancet. Os dados divulgados ou seja, não pratica nenhum tipo de atividade física. pelo Diagnóstico Nacional do Esporte, etárias, garantindo a inclusão de pessoas com deficiência. 2 - Formação Continuada. Fomenta ações educativas para Confira as três obras disponíveis para download: gestores, agentes sociais, Livro 1: Título: Manual prático para registros de memórias dos programas Esporte e Lazer da Cidade/Vida Saudável lideranças comunitárias, Acesso: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/133683/000987188.pdf?sequence=1 pesquisadores, legisladores e outros parceiros atuanLivro 2: Título: Programa Esporte e Lazer da Cidade: os primeiros passos de sua história Acesso: http://www.ufrgs.br/grecco/uploads/1483468841-PECL_iniciativas.pdf tes na esfera pública, com o objetivo de formar pessoas Livro 3: Título: A Formação de Agentes Sociais de Esporte e Lazer: A experiência do Programa Esporte e Lazer da e implementar políticas de Cidade Acesso: http://www.ufrgs.br/ceme/uploads/1486657893-ebook_para_pagina.pdf lazer e de inclusão social e cultural.


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Lapa Os sacerdotes devem se fortalecer pela oração cotidiana e pelo zelo eucarístico Padre Antonio Francisco Ribeiro e Benigno Naveira Colaboradores de comunicação da Região

Aconteceu no dia 4, na igreja-matriz da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, no Setor Leopoldina, a celebração penitencial de preparação para Páscoa do clero atuante na Região Episcopal Lapa. A celebração foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, e concelebrada pelo Padre Jorge Pierozan, mais conhecido como Padre Rocha, vigário episcopal da Região Lapa, e por outros padres seculares e religiosos. Dom Odilo, na homilia, refletiu sobre o Evangelho de João (8, 21-30), falando das tentações que até os sacerdotes podem sofrer e, por conta das quais, há a necessidade de se fortalecer pela oração cotidiana e pelo zelo eucarístico, lembrando sempre que o Senhor a todos

ajuda e com Ele é possível vencer todas as tentações. A celebração penitencial é uma oportunidade para um encontro pessoal com Deus. Tendo feito um bom exame de consciência, recebe-se no sacramento da Penitência a graça santificante ou um fortalecimento da mesma, que renova e motiva para a celebração de todos os sacramentos com alegria e devoção. A Semana Santa, quando celebrada em estado de graça, promove uma experiencia de comunhão com Cristo que insere a todos como participantes da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, não como simples expectadores, mas totalmente envolvidos neste mistério, “fazendo dos sentimentos de Nosso Senhor os nossos, as suas atitudes as nossas.

Paróquia Nossa Senhora de Lourdes

Dom Odilo junto aos padres atuantes na Região Episcopal Lapa, em celebração penitencial

Assim, podemos celebrar com júbilo e, então, nossa Páscoa será sim uma verdadeira e feliz Páscoa”. Depois da homilia e exame de consci-

ência, os padres tiveram um tempo para se confessar e, terminada a celebração, participaram de um almoço oferecido pela comunidade.

Cardeal Scherer faz visita pastoral ao Centro Social Santo Dias Benigno Naveira

Dom Odilo Scherer e Padre Borges junto aos fiéis na visita pastoral ao Centro Social Santo Dias

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, realizou no dia 4 visita pastoral à Paróquia São Patrício, no Setor Rio Pequeno, para conhecer o

trabalho que vem sendo realizado no Centro Social Santo Dias, mantido pela Paróquia há 30 anos com ações em benefício da comunidade local.

Juçara Terezinha

Colaboração especial para a Região

O Arcebispo foi recebido pelo Padre João Carlos Borges, pároco, e pelo secretário paroquial, Valmir Silva. Dom Odilo visitou todos os núcleos do centro, conversou com cada coordenador e conheceu os trabalhos. Ele também participou de um jantar com toda a diretoria e coordenadores do Centro Social, e demostrou sua satisfação e entusiasmo pelo trabalho que está sendo realizado. Em conversa com a Pastoral da Comunicação da Região Lapa, Teresa Duarte, teóloga, professora e uma das coordenadoras do Centro Social Santo Dias, recordou que a iniciativa surgiu em novembro de 1987, pelas mãos do Padre Konrad Korner, em conjunto com alguns fiéis.

Brasilândia

Semana Santa: Repensar a vida e as atitudes com a natureza e com o próximo Centenas de fiéis na Paróquia São José Operário, no Jardim Damasceno, ao lado de Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, participaram da procissão do Domingo de Ramos, no dia 9, que demarcou o início da Semana Santa. Nas mãos, eles carregavam os ramos verdes, a Bíblia e os símbolos litúrgicos. A procissão começou às 8h na Comunidade Nossa Senhora Aparecida, na parte alta do bairro, e seguiu com cânticos, orações e reflexões. Pelo caminho, os fiéis da Comunidade Santo Expedito se juntaram aos demais e todos seguiram até a entrada do Parque Linear do Canivete, onde o Bispo abençoou os ramos. A procissão seguiu pela avenida Hugo Ítalo Merigo até a matriz -paroquial, que ficou lotada para a missa presidida por Dom Devair. “Que esta celebração de Ramos não seja só mais uma celebração, e sim um momento de reflexão e de pensar sobre o signifi-

Teresa ressaltou que, por meio da parceria da Paróquia com a Prefeitura de São Paulo, são mantidos vários projetos sociais: Centro de Educação Infantil Nossa Senhora da Assunção, Movimento de Alfabetização de Adultos, Medidas Socioeducativas em Meio Aberto e o Núcleo de Convivência de Idosos São Patrício. Há também projetos mantidos com recursos da comunidade e com voluntariado, como a Farmácia Comunitária, Grupo Antialcoólico e Antidrogas São Patrício e Oficina Santa Rita. A visita pastoral de Dom Odilo foi concluída com missa em ação de graças pelos 30 anos do Centro Social Santo Dias, da qual participaram mais de 600 fiéis.

cado da Semana Santa”, disse o Bispo na homilia. Ele também fez referência ao tema da Campanha da Fraternidade deste ano, sobre os biomas brasileiros, obras do Criador que estão sendo destruídas pelas mãos humanas. “Isso acontece quando nos esquecemos de Deus, quando estamos longe de Deus. Mas, apesar das maldades, da violência e da destruição, Deus não desistiu de nós. Que a Semana Santa seja um momento de repensar a nossa vida, nossas atitudes em relação às pessoas e à natureza”, exortou. Em outras paróquias da Região, a temática da Campanha da Fraternidade também foi destacada ao longo da procissão de Domingo de Ramos e houve apelo para que os fiéis assumam o compromisso de cuidar da natureza, com atitudes concretas, como economia de água, separação de lixo para reciclagem, evitar jogar lixo na rua, não degradar o meio ambiente e não despejar esgoto nas nascentes dos rios. As fotos das demais celebrações estão em facebook.com/pascombras.

Juçara Terezinha Zottis

Dom Devair e fiéis durante Domingo de Ramos


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Ipiranga

Claudio Seiji e Caroline Dupim

Colaboradores de comunicação da Região

Paroquianos da Santa Cristina vão à Basílica onde estão relíquias da padroeira Os fiéis da Paróquia Santa Cristina, no Setor Pastoral Cursino, peregrinaram até à Basílica Nossa Senhora do Carmo, na cidade de Campinas (SP), no dia 1º. A Basílica de Nossa Senhora do Carmo abriga as relíquias de Santa Cristina desde 23 de outubro de 2010. Estas estão colocadas sob o altar lateral do Coração de Jesus, onde se encontram expostas à veneração pública. Os paroquianos da Santa Cristina puderam celebrar, às 10h, a missa na Basílica junto às relíquias. Um dessas pessoas foi a Maria José, para a qual “um momento muito forte foi quando o padre chamou todos a ficarem próximos da imagem com suas relíquias e cantamos o hino de Santa Cristina. Foi um momento lindo”. Padre Palmiro Carlos Paes, administrador paroquial da Paróquia Santa Cristina, conta como surgiu o desejo de peregrinar até as relíquias da Santa padroeira: “Desde que cheguei na Paróquia Santa Cristina, Santa cuja história não conhecia, percebi que poderia despertar na comunidade o desejo de conhecer sua vida e, depois, a devoção à Santa. Indo

Cláudio Seiji

Paroquianos da Santa Cristina diante das relíquias da padroeira na Basílica Nossa Senhora do Carmo, na cidade de Campinas (SP), no dia 1º

atrás da história, conheci as Irmãs da Congregação das Missionárias de Jesus Crucificado, que me relataram que as relíquias foram doadas para a Basílica do Carmo, em Campinas. Então, no ano

passado foi decidido levar a comunidade para conhecer a história e visitar as relíquias da Santa”, recordou. Segundo o Padre, “visitar as relíquias de Santa Cristina foi buscar para a Paró-

quia o sentido do compromisso do anúncio do Evangelho. Então, ir às relíquias e buscar essa história, esse compromisso com o anúncio, é sentir-se mais perto da história de Santa Cristina”.

12º Plano Arquidiocesano é assunto no Conselho Regional de Pastoral No sábado, 8, o Conselho Regional de Pastoral (CRP) se reuniu para discutir o 12º Plano Arquidiocesano de Pastoral. Padre Andrés Gustavo Marengo Macagnoni, coordenador de pastoral da Região Episcopal Santana, conduziu o encontro. Ele frisou que o 12º Plano dá continuidade ao 11º Plano. Esclareceu, ainda, que o mais recente texto não é somente de diretrizes de evangelização, mas também um aprofundamento de fé. “Este documento traz a finalidade a Jesus Cristo e a Cristologia que nos sustenta. Não é só para fazer aquilo que o Mestre faz, mas para apresentá-lo e provocar um encontro com Ele, primeiramente em nós, depois no nosso próximo”, afirmou.

Segundo Padre Andrés, o 12º Plano de Pastoral destaca características de Jesus, como o serviço e a gratuidade. Por isso, todos devem se colocar em prontidão ao próximo e servir no amor. Destaca, ainda, a figura de Maria, que é “a perfeita imagem da Igreja que devemos ser, que é uma Igreja em saída, presente, que dê testemunhos e que tenha um olhar terno e fiel à Jesus”, afirmou o Padre atuante na Região Santana. O Plano traz também, de acordo com o Padre, possibilidades e desafios na ação evangelizadora para a Igreja em São Paulo, e os mesmos precisam ser descobertos, e contatos diretos devem ser estabelecidos com essas realidades para levar a presença de Cristo. Além

dessas possibilidades e desafios, o Sacerdote chamou atenção para um ponto de alerta do documento, que é o desânimo dos agentes de pastoral: “É importante renovarmos sempre nossa fé e, assim, evangelizar e anunciar a salvação de Jesus. A Igreja precisa de agentes comprometidos e com o coração reavivado em Cristo”, afirmou. Por fim, Padre Andrés salientou que o Plano “ressalta que o futuro de nossas paróquias e pastorais depende do espíri-

to missionário e da inserção dos leigos nas atividades eclesiásticas. Devemos sempre seguir no ânimo do vigor de Cristo Ressuscitado”. O encontro foi encerrado com uma pequena confraternização em virtude do aniversário natalício de Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo na Região Episcopal Ipiranga, celebrado em 9 de abril. Os participantes expressaram gratidão e desejaram felicitações ao Bispo.

Comunicação da Comunidade Maria Imaculada

Caroline Dupim

Dom José Roberto Palau com o Padre Andrés Marengo em atividade com participantes do CRP

Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Ipiranga, presidiu, no domingo, 9, a celebração do Domingo de Ramos na Comunidade Maria Imaculada, pertencente à Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus. Na homilia, o Bispo destacou o seguimento aos exemplos de Jesus.


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Belém Conselho Regional de Pastoral aborda papel dos setores Peterson Prates

Colaborador de comunicação da Região

“Por uma Igreja de Comunhão e Participação” foi o tema da reflexão realizada no Conselho Regional de Pastoral (CRP) da Região Episcopal Belém, no dia 1º, no Centro Pastoral São José, no Belenzinho, na zona Leste de São Paulo. O Conselho reuniu lideranças das pastorais organizadas em âmbito regional, dos setores pastorais, organismos e movimentos, além dos padres coordenadores dos setores. Padre Marcelo Maróstica, coordenador regional de pastoral, apresentou um breve histórico da evolução da atividade laical na vida da Igreja, passando pela Ação Católica até os documentos da Igreja. O investimento na formação de conselhos paroquiais de pastoral (CPP) e conselhos de assuntos econômicos paroquiais (CAEP) é uma das prioridades pastorais assumidas pela Região. Para Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, o fortalecimento desses dois conselhos abre por-

Peterson Prates

Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, conduz reunião do Conselho Regional da Pastoral no Centro São José, dia 1º

tas para protagonismo laical, “do ponto de vista econômico e pastoral”. A partir da reflexão do Bispo sobre “o objetivo é o setor”, os participantes da reunião lançaram sugestões de como superar a fragmentação pastoral e preservar a comunhão, em

vista de uma pastoral de conjunto. Dom Luiz Carlos reiterou que haverá sempre uma “abertura muito grande” para as discussões pastorais no CRP. “Sempre haverá um espaço de reflexão”, disse, lembrando “o serviço de doação e de entrega” dos agentes de pastoral.

Para o fortalecimento dos setores pastorais, será iniciado um processo de estudo e elaboração do Estatuto do Setor, a partir do Diretório Setorial, para que essa organização eclesial possa responder à realidade da cidade e das paróquias da Região Belém.

Jovens passam a noite em vigília no Tatuapé Na noite entre a sexta-feira, 7, e o sábado, 8, aconteceu, na Paróquia Imaculada Conceição, no Tatuapé, a Vigília da Juventude da Região Belém.

A vigília, que teve por tema “O poderoso fez por mim coisas grandiosas (Lc1,49)”, foi organizada pelo Setor Juventude da Região e contou com quase 300 Peterson Prates

Fórum das Pastorais Sociais da Região Episcopal Belém prepara curso sobre questão agrária

participantes de várias expressões juvenis e carismas. O momento de oração contou com catequeses no decorrer da noite, adoração

eucarística, uma via-sacra na Praça Silvio Romero durante a madrugada e missa presidida por Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém.

Fórum das Pastorais Sociais da Região Belém planeja atividades O Fórum das Pastorais Sociais da Região Belém realizou reunião mensal no dia 4, no Centro Pastoral São José, no Belenzinho. O fórum conta com representantes da Pastoral Fé e Política, Pastoral Operária, Pastoral da Juventude, Pastoral da Ecologia, CEB’s, MICC, CEBI, entre outros movimentos e pastorais.

Na pauta da reunião estavam assuntos como a animação regional da Campanha da Fraternidade, a Semana de Fé e Política e um futuro curso sobre a questão agrária, em parceria com a Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra), uma das ações concretas da Campanha da Fraternidade de 2017.

Peterson Prates

Flávio Castro

A equipe regional das Comunidades Eclesiais de base (CEBs) se reuniu em 28 de março, no Centro Pastoral São José, no Belenzinho, para definir requisitos para a participação de lideranças no 14º Intereclesial das CEBs, que acontecerá em janeiro de 2018, em Londrina (PR), com o tema “CEBs e os desafios do mundo urbano”. Ao todo, a Região Belém terá representatividade de seis setores no intereclesial.

A Paróquia São João Batista, no Setor Pastoral Carrão-Formosa, iniciou a celebração do Domingo de Ramos às margens do córrego Rapadura, na Vila Carrão, em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2017, cujo tema é “Fraternidade: Biomas brasileiros e a defesa da vida”. A ação teve por objetivo chamar a atenção da comunidade para o problema de poluição do córrego e cobrar do poder público ações concretas.


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Santana Dom Sergio: O Senhor quer ser acolhido no coração de todos

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu missa na igreja-matriz da Paróquia Sant’Ana, no Domingo de Ramos, dia 9. Proclamado o Evangelho pelo Diácono Nilo de Carvalho Neto, Dom Sergio abençoou os ramos que numerosos fiéis portavam e presidiu a procissão, com o povo cantando hinos de louvor. O Bispo assinalou que como Cristo foi acolhido pelo povo de Jerusalém naquela entrada triunfal, o Senhor quer ser acolhido no coração de todos. O Domingo de Ramos iniciou as comemorações da Semana Santa na Região Episcopal Santana, que terá continuidade na quarta-feira, 12, às 20h, também na igreja-matriz da Paróquia Sant’Ana (rua Voluntários da Pátria, 2.060, Santana), com a Missa do Crisma, em que serão abençoados os óleos do Batismo, Crisma e Unção dos Enfermos, a serem utilizados na administração dos sacramentos pelas paróquias.

Diácono Francisco Gonçalves

Dom Sergio, diante da matriz da Paróquia Sant’Ana, preside rito da bênção dos ramos, iniciando as celebrações da Semana Santa, dia 9 Diácono Francisco Gonçalves

Os funcionários da Cúria Regional de Santana estiveram em retiro pregado pelo Padre Salvador Armas e com participação de Dom Sergio de Deus Borges, abordando o tema da liderança cristã, no dia 5, no Centro de Espiritualidade Flos Carmeli, na cidade de Mairiporã (SP). Edilson Lima

A Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus, no Setor Pastoral Tucuruvi, realizou procissão pelas ruas do bairro por ocasião da celebração do Domingo de Ramos, no dia 9, presidida pelo pároco, Padre João Luiz Miqueletti, seguida de missa concelebrada pelo Padre José Roberto Novaes, com a participação do Diácono Francisco Nogueira.

Pacom Santa Rita de Cássia

Com procissão pelas ruas do bairro, os fiéis da Paróquia Santa Rita de Cássia, no Setor Pastoral Vila Maria, vivenciaram o Domingo de Ramos, no dia 9, junto ao pároco, Frei Maciel Bueno, OSA, que presidiu a missa solene, acolitado pelo Diácono Reinaldo Bonatti.


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Sé Dom Eduardo celebra Domingo de Ramos na Comunidade do Moinho Lucas Santos

Colaboração especial para a Região

Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, presidiu missa na Capela Nossa Senhora Aparecida, na Comunidade do Moinho, localizada no bairro de Campos Elíseos, no domingo, 9. “Começamos cantando e invocando a presença do Espírito Santo e, em seguida, houve a bênção dos ramos na entrada da Comunidade. Após a proclamação do Evangelho, todos seguiram em procissão cantando ‘Hosana ao Filho de Davi’ até adentrarmos a nossa Capela. Foi muito bonito, com a participação de alguns moradores desde o início da procissão. Na Capela, continuamos a missa”, contou Bruna Ma-

riana Costa, missionária da Associação Aliança de Misericórdia. Dom Eduardo, na homilia, lembrou que ainda hoje Jesus é crucificado na pessoa daquele que sofre. “Nós somos o povo que está falando ‘Hosana’ ou ‘crucifica-o’?”, indagou o Bispo. Ele também explicou o sentido de cada passo da Semana Santa, convidando todos a viver bem esse momento. Após a celebração, Dom Eduardo visitou a casa da Aliança da Misericórdia que fica na Comunidade do Moinho, onde lhe foi oferecido um café da tarde. Na Sexta-feira Santa, 14, Dom Eduardo presidirá a ação litúrgica da Paixão do Senhor na Paróquia Santa Cecília, no

Sidneia/Comunidade Nossa Senhora Aparecida

Dom Eduardo, durante procissão do Domingo de Ramos na Comunidade do Moinho, dia 9

Setor Santa Cecília. A Vigília Pascal e a missa do Domingo da Páscoa da Ressurreição serão celebradas por ele na Comu-

nidade Santa Marta, da Missão Belém, em Jundiaí (SP). (Com informações de Bruna Mariana Costa)

Festa da Misericórdia será na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora A Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora (rua Três Rios, 75, Bom Retiro, próxima à estação Tiradentes do Metrô) sediará no dia 23, às 11h, a Festa da Misericór-

dia junto à Capelania Pessoal Polonesa. A celebração da Misericórdia acontece no primeiro domingo depois da Páscoa. A festa é uma tradição na Polônia, país

de onde se difundiu a devoção à Divina Misericórdia, por meio de Santa Faustina Kowalska (1905-1938), religiosa que recebeu visões de Jesus Misericordioso. A

devoção se propagou mundialmente pelo também polonês São João Paulo II. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 3227-9276.

Cássia Zanzarini

Centro de Pastoral da Região Sé

No domingo, 9, Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, presidiu missa na Capela da Casa Pia, no Setor Pastoral Santa Cecília.

Em 30 de março, os coordenadores paroquiais do Apostolado da Oração da Região Sé realizaram reunião na cúria regional. Eles refletiram sobre a Quaresma e a Semana Santa.


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Roberto Bueno

‘A História das histórias’ encenada no teatro Arquivo pessoal

Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

Já é tradição que na Sexta-feira Santa os moradores da região Noroeste da cidade se emocionem com um especial momento de aprofundamento da fé: a encenação da Paixão de Cristo no bairro de Taipas. “A História das histórias”, como é chamada pelo ator e diretor Roberto Bueno, 36, passou a ser contada sob a coordenação dele, em 1996, com a criação do Grupo Teatral Arte de Viver, na Paróquia Nossa Senhora das Dores, e depois em parceria com a Comunidade Missão Mensagem de Paz, a Comunidade de Aliança Cristo Libertador e a Cia de Teatro Montfort, da Paróquia São Luís Maria Grignion de Montfort. Este ano, por conta da falta de verbas, a encenação não será feita. Em entrevista ao O SÃO PAULO, Roberto Bueno detalha essa decisão, fala das origens dessa iniciativa e garante que o espetáculo para 2018 já está sendo preparado.

O SÃO PAULO – A encenação da Paixão de Cristo em Taipas completou 20 anos em 2016. Como foi o início dessa trajetória? Roberto Bueno - Começou com tudo sendo feito às pressas, sem experiência e com um frio na barriga danado, que temos até hoje. Tudo era feito com muito improviso e era gostoso. Não tínhamos recursos. Passávamos o dia montando e produzindo as coisas para a peça e dedicando horas aos ensaios. Com o passar dos anos, mais e mais pessoas apareciam para prestigiar e ver “A História das histórias” contada por meio do teatro. Tudo isso sempre com ajuda de muitas pessoas especiais da comunidade. Sem elas, nada sairia. Quais foram suas motivações para dar início à encenação? Eu já fazia teatro na escola, e me perguntei por que não fazer teatro na igreja e evangelizar pela Arte. Foi um desejo grande no coração de poder usar o dom que Deus me deu para ser instrumento na vida de muito jovens que passaram e ainda passam pelo Grupo Teatral Arte de Viver, e também para termos uma opção diferente de levar o Evangelho até as pessoas, com uma linguagem mais dinâmica. Além disso, havia a situação da carência de Arte/Cultura em nossa região. Muitos nunca haviam assistido uma peça de teatro. Por isso, resolvi montar o grupo. Na primeira oficina havia apenas seis pessoas, mas na semana seguinte eram quase 50 jovens. O quanto a encenação da Paixão de Cristo evoluiu ao longo do tempo? Saímos do interior da igreja [Paróquia Nossa Senhora das Dores] e começamos a encenar nos fundos, no pátio, mas

com o tempo o pátio “ficou pequeno”, pois vinham pessoas de muitos lugares, e cada vez mais fomos nos profissionalizando, porque para Deus temos que dar o melhor, sempre com a oração e a evangelização em primeiro lugar. Então, em 2006, o Fernando Baptista, fundador da Comunidade Missão Mensagem de Paz, lançou a proposta de encenarmos no estacionamento do supermercado Atacadão de Taipas. Confesso que no começo fiquei um pouco assustado, mas o Fernando me encorajou e disse que faríamos juntos e que era possível conseguir estrutura; então fomos. Depois, veio somar com a gente o Edvan Freitas, da Paróquia São Luis Maria Grignion de Montfort, e em 2014 uniu-se também o Guilherme Maggio, fundador da Comunidade de Aliança Cristo Libertador, da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Com a união dos quatro grupos, a encenação se tornou ainda maior e com mais qualidade, trazendo pessoas de todos os cantos, católicos ou não, chegando a um público de 10 mil pessoas. Como é apresentar os valores da fé a partir da arte cênica? Em que essa encenação difere de outras com enredos, digamos, laicos? É mais um meio – e bem dinâmico – para falar de Jesus e de seus ensinamentos. Esses valores são mais que especiais, pois acreditamos naquilo que estamos encenando: podendo por meio da Arte ser luz para muitas pessoas. O que difere? Acredito que é a fé naquilo que estamos fazendo. Contamos de forma poética e artística, porém com orientação espiritual e sendo fiel aos evangelhos. Não que outros grupos laicos não tenham fé

ou poesia, mas eles não necessariamente precisam seguir e ser fiéis ao Evangelho e à doutrina católica. Agora nós, artistas católicos, se nos propomos a encenar a Palavra de Deus, temos por obrigação não escandalizar os ensinamentos da Bíblia e a doutrina católica. Por que a história da Paixão de Cristo encanta tanto? É algo fora do comum! A história é a mesma, muitos já conhecem, mas existe uma essência inexplicável que de forma poética é contada, une pessoas, vence barreiras. Mesmo diante de toda tribulação que passamos no dia a dia, as pessoas acreditam e têm fé e é essa fé imensurável que move toda a ação, desencadeando uma força tanto em quem atua quanto em quem assiste. Lembro-me de uma mulher que estava em frente ao seu portão e quando passamos em procissão, pedi ao ator que interpretava Jesus, Clayton Lima, que pedisse água para ela. Ele caiu bem próximo àquela mulher, que rapidamente trouxe água e tocou no ator. Dias depois, ela procurou o pároco da Nossa Senhora das Dores na época, o Padre Airton Bueno, e testemunhou que queria muito voltar para a igreja, pois fazia mais de dez anos que não participava de nada. A encenação da Paixão de Cristo sempre atraiu muitos adolescentes e jovens. Por quê? Os jovens vivem momentos de anseios e descobertas, uma busca desenfreada para satisfazer seus desejos, e a Arte é um instrumento fenomenal para canalizar essas energias e transformá-las em ações concretas. Há também a satisfação pelo fazer teatral, ou seja, o teatro é algo que

sempre encantou muitas pessoas, que o buscam pelo desejo de ser atores/atrizes ou para perder a timidez, ter descobertas, e muitos outros, por fazerem parte da Igreja, querem evangelizar pela Arte. Agora, falando diretamente da encenação da Paixão de Cristo, muitos que nunca participaram querem muito participar, seja porque assistiram ou porque os amigos comentaram. Fazer parte de toda aquela produção e apresentação diante de um público gigantesco é algo especial para os jovens, além da amizade e da união que o grupo proporciona. Sem dúvida, união, garra, vontade, conhecimento, despertar o novo e o encontro, a experiência verdadeira com Jesus, torna a encenação da Paixão de Cristo algo do qual os jovens desejam fazer parte. Em março, muitos foram surpreendidos com o anúncio de que a Paixão de Cristo não será encenada este ano. O que levou a essa decisão? Não é segredo para ninguém que o país tem atravessado um momento delicado, de fortes mudanças. As crises política e econômica têm impactado nossas vidas e famílias e precisamos abrir mão de alguns sonhos para conseguirmos realizar objetivos ainda maiores. A crise também acabou fechando algumas portas, que sempre nos foram abertas, e aprendemos que precisamos reconhecer a hora de dar alguns passos para trás, e ganhar impulso para um voo mais alto, no futuro. Tomamos a difícil decisão de não encenarmos o espetáculo este ano, para que possamos colocar nossas vidas pessoais e profissionais de volta nos eixos, e prepararmos algo ainda mais especial para o próximo ano. Sabemos que podemos contar com o apoio de todos, amigos e seguidores, que sempre estiveram ao nosso lado tanto nos momentos difíceis quanto na hora dos aplausos, compartilhando o sentimento de missão cumprida. O público não merece menos do que o melhor que possamos oferecer. A arte da vida é a arte do amor! Rumo aos próximos 20 anos, a partir de 2018. Temos muito chão pela frente... E o que já está sendo pensando para que a encenação aconteça no próximo ano? O projeto continua durante este ano, já nos preparando para 2018. Precisamos inovar, buscar recursos, preparar os atores e quem mais quiser somar nesse lindo projeto. Há as oficinas teatrais que não somente serão para a Paixão de Cristo, mas também para montagem de outras peças, além de estudos e pesquisa teatral. As oficinas acontecerão, por enquanto, duas vezes ao mês, sempre aos domingos, das 10h às 12h. Quem tiver interesse, pode entrar em contato comigo: (11) 99809-2520 ou pelo e-mail buenoarte@uol.com.br.

As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.


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| Reportagem | 23

Santa Sé: Interrompam o ciclo de violência na Síria Amman Abdullah

Recuperar o sentido da solidariedade é a base para construir a paz, diz chefe da diplomacia vaticana FILIPE DOMINGUES

Especial para O SÃO PAULO, em Roma

Poucos dias antes do cruel ataque com gás químico na Síria e a quase imediata reação dos Estados Unidos contra o governo de Bashar al-Assad, 70 delegações de diversos países discutiram “um futuro para a Síria e a região” na sede da União Europeia, em Bruxelas. Na ocasião, o arcebispo representante da Santa Sé, Dom Paul Richard Gallagher, confirmou o compromisso da Igreja Católica com a assistência humanitária e reforçou um pedido à comunidade internacional: “Não economizem esforços para acabar com esse ciclo de violência aparentemente sem fim, para restaurar o sentido da solidariedade, que é a base da coesão social e da coexistência pacífica”. O objetivo da conferência era o de confirmar iniciativas de ajuda humanitária e buscar “melhores formas para apoiar soluções políticas” para a crise da Síria, explicou o Arcebispo em seu discurso, no dia 5. Dom Gallagher atua no Vaticano como o secretário para as Relações com os Estados, função comparável à de um ministro de Relações Exteriores. “Enquanto a crise na Síria entra, infelizmente e dolorosamente, em seu sétimo ano, a Santa Sé permanece profundamente preocupada com o enorme sofrimento humano que afeta milhões de crianças inocentes e outros civis, privados de essencial ajuda humanitária e assistência médica”, disse o Arcebispo. Ele manifestou, ainda, que é necessária uma atenção maior aos prisioneiros. “A Santa Sé recebe com bons olhos a ênfase nos esforços para se chegar a um cessar-fogo e a uma solução política para a crise” na Síria e na região, declarou, acrescentando que mais recursos serão necessários para o cuidado com desabrigados e refugiados, nos países atingidos pela guerra e nos vizinhos. “Quero reafirmar que a Igreja Católica mantém o compromisso de continuar sua assistência no próximo ano”, observou o secretário. Em 2016, o Vaticano e outras instituições da Igreja enviaram um total de US$ 200 milhões (cerca de

Cerca de 400 mil pessoas foram mortas na guerra da Síria, mais de 5 milhões deixaram o país e outros 6,3 milhões são refugiados internos

R$ 630 milhões) para ajudar as pessoas atingidas pela guerra, o que beneficiou mais de 4,6 milhões de pessoas na Síria. “As agências católicas não fazem distinção religiosa ou étnica e dão prioridade a quem mais precisa”, enfatizou. Como exemplo, Dom Gallagher citou o projeto da Cáritas que abriu hospitais católicos em áreas muçulmanas e pobres de Alepo e Damasco.

Catástrofe humana

Segundo as Nações Unidas, cerca de 400 mil pessoas foram mortas na guerra da Síria. Mais de 5 milhões deixaram o país e outros 6,3 milhões são refugiados internos. O complexo e sangrento con-

flito divide o país entre quatro principais facções: forças do governo Assad, uma aliança de grupos anti-regime, exércitos da minoria muçulmana curda e os terroristas do Estado Islâmico. Todos recebem algum tipo de apoio militar internacional, principalmente dos Estados Unidos, Rússia, Irã, Arábia Saudita, Turquia, Reino Unido, França e Israel. Em seu discurso ao corpo diplomático representado no Vaticano, em 9 de janeiro, o Papa Francisco chamou a guerra na Síria de uma “genuína catástrofe humana”. Ele implorou à comunidade internacional que “faça um esforço para incentivar negociações sérias para que o conflito chegue ao fim”. Para ele, União Européia

Dom Gallagher: ‘Não economizem esforços para acabar com este ciclo de violência’

cada um dos países envolvidos “deve dar prioridade à lei humanitária internacional e garantir a proteção dos civis”. Ainda segundo o Papa, a diplomacia é um “instrumento essencial para se chegar ao diálogo e à cooperação”.

Liberdade religiosa

Em outra ocasião recente, Dom Gallagher também explicou o papel da Igreja na defesa da liberdade religiosa por meio da diplomacia. Em uma palestra na Universidade Católica do Sagrado Coração, em Milão, no dia 30 de março, abordou a perspectiva histórica dessa causa. O Arcebispo afirmou que “a ação diplomática da Santa Sé tem se dedicado especialmente à defesa da liberdade religiosa, tanto no âmbito bilateral quanto naquele dos organismos internacionais, com particular atenção à complexa realidade da Terra Santa e de todo o Oriente Médio”. Citando o Papa Bento XVI, ele disse que “não em poucos países, os cristãos são privados de seus direitos fundamentais, e colocados à margem da vida pública, enquanto em outros lugares sofrem ataques violentos contra as suas igrejas e suas habitações”. O discurso foi feito antes do último ataque aos cristãos coptas no Egito, no domingo, 9. “Não se pode esquecer que a voz dos pontífices se levantou contra formas distorcidas de religião, como o sectarismo e o fundamentalismo, que são extremamente nocivas à liberdade religiosa”, acrescentou o diplomata.

Novo embaixador do Brasil no Vaticano se apresenta ao Papa O Papa Francisco recebeu na quinta-feira, 6, o novo embaixador do Brasil junto a Santa Sé, Luiz Felipe Mendonça Filho. O encontro foi para a apresentação de suas credenciais, protocolo que oficializa o início das atividades de um novo agente diplomático. As credenciais com-

provam que o embaixador foi delegado pelo chefe de Estado de sua nação para representá-lo junto ao país anfitrião. O embaixador Mendonça Filho tem 67 anos e ocupou diversos cargos em missões diplomáticas do Brasil na Áustria, na Argentina, nos Estados Unidos

e no Chile. Antes do Vaticano, chefiou como embaixador as missões brasileiras em El Salvador (2008-2012) e na Nicarágua (2012-2016). O Senado Federal aprovou em dezembro a indicação de Mendonça Filho para representar o Brasil na Cidade Esta-

do do Vaticano. A função prevê, ainda, a mediação das relações com a Ordem Soberana e Militar de Malta. Ele substituiu, portanto, o embaixador Denis Fontes de Souza Pinto, que ocupou o cargo por três anos e agora representa o Brasil no Canadá. (FD)


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12 a 18 de abril de 2017 | www.arquisp.org.br

‘Manifestamos nossa profunda tristeza e repúdio diante dos atentados no Egito’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

Redação

osaopaulo@uol.com.br

O arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, o rabino da Congregação Israelita Paulista, Michel Schlesinger, e a liderança islâmica no Brasil, Cheikh Houssam Ahmad, emitiram na segunda-feira, 10, uma nota de repúdio aos atentados cometidos contra duas igrejas cristãs coptas no Egito, que causaram a morte de 44 pessoas, no Domingo de Ramos, dia 9. A nota foi emitida após um encontro entre os líderes das três religiões abrâmicas realizado na Cúria Metropolitana de São Paulo. As lideranças manifestam “solidariedade para com as comunidades e famílias enlutadas do Egito” e conclamam as pessoas “para a promoção do convívio respeitoso, solidário e pacífico entre comunidades de culturas e religiões diversas”. Leia abaixo a íntegra da nota:

Cardeal Odilo Scherer, Cheikh Houssam Ahmad El Boustani e Rabino Michel Schlesinger assinam nota de repúdio a atentados

NOTA DE REPÚDIO AOS ATENTADOS NO EGITO Lamentavelmente, no domingo, 9 de abril passado, o mundo foi surpreendido por mais dois graves atentados a bomba, perpetrados contra igrejas da comunidade cristã copta do Egito, com um saldo de 44 mortos e cerca de 100 feridos. Esses atos são ainda mais chocantes por terem sido cometidos contra comunidades reunidas em oração e celebrando a Liturgia do Domingo de Ramos. Na proximidade das festas importantes da Páscoa dos cristãos, a Pessach dos judeus, e aproximando-se o mês sa-

grado do Ramadã, para os muçulmanos, nós, lideranças religiosas em diálogo, manifestamos nossa profunda tristeza e repúdio diante dos covardes atentados cometidos contra as igrejas e comunidades cristãs coptas no Egito. Semelhantes atos não dão glória a Deus e não dignificam a quem os incentiva ou pratica! Reafirmamos que as religiões abrâmicas estão orientadas por princípios de paz, respeito e não violência. E quem pratica a violência, alegando motivos religiosos, está profundamente equivo-

cado e não representa legitimamente qualquer tradição religiosa. Manifestamos nossa solidariedade para com as comunidades e famílias enlutadas do Egito e conclamamos a todos para a promoção do convívio respeitoso, solidário e pacífico entre comunidades de culturas e religiões diversas. Só assim será possível assegurar uma sociedade plural e pacífica, onde o diverso não representa uma ameaça, mas enriquecimento no convívio. São Paulo, 10 de abril de 2017

Cardeal Odilo Pedro Scherer Arcebispo Metropolitano de São Paulo Igreja Católica Apostólica Romana Cheikh Houssam Ahmad El Boustani Diretor e consultor religioso do Instituto Futuro do Brasil Religião islâmica no Brasil Rabino Michel Schlesinger Representante da Confederação Israelita do Brasil para o diálogo inter-religioso

50 anos da Cáritas Arquidiocesana: ‘Olhar para a caridade que move a cidade’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

A Cáritas Arquidiocesana de São Paulo (Casp) deu início à preparação das comemorações dos seus 50 anos de fundação, em 2018. Intitulado “Cáritas rumo aos 50 anos”, o projeto foi aprovado por unanimidade durante a assembleia da entidade, realizada na quintafeira, 6, em sua sede, no centro da capital paulista. O diretor da Cáritas, Padre Marcelo Maróstica Quadro, apresentou o projeto aos membros da diretoria, conselho fiscal e associados da entidade presidida pelo arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer. O maior destaque das comemorações do jubileu de ouro da Cáritas Arquidiocesana será a promoção de um evento inspirado no Seminário da Caridade, realizado em São Paulo em 2001, em conjunto com as demais dioceses que compõem a capital paulista – São Miguel Paulista, Santo Amaro e Campo Limpo. Seu objetivo era refletir sobre a presença da Igreja na cidade por meio de suas pastorais, entidades sociais e obras de caridade. “Houve um processo de dois anos de preparação desse semi-

Cardeal Odilo Pedro Scherer preside assembleia da Cáritas Arquidiocesana de São Paulo, dia 6

nário, marcado bastante sobre o diálogo com o poder público”, recordou o diretor da Casp. Padre Marcelo esclareceu ao O SÃO PAULO que não se pretende fazer uma reedição propriamente dita do Seminário da Caridade, pois hoje se trata de um outro contexto eclesial e social. “Nós queremos olhar para a caridade que move a cidade. Queremos, assim, convidar todas as iniciativas que promovem a vida humana, para ajudarem a refletir sobre a importância da caridade para

construir São Paulo e fazer dela uma cidade mais humanizada”.

Outras iniciativas

Para motivar as comemorações, será promovido um concurso para a escolha de um logotipo, um tema e um lema do jubileu de ouro da entidade. Também foi proposta a edição de uma revista histórica, que depois poderá ser tornar uma publicação trimestral. “Essa revista seria um material de auxílio para a formação. Não apenas para dizer o que nós

fazemos, mas para refletir sobre a nossa ação”, explicou Padre Marcelo. Em 2017, a Cáritas Arquidiocesana completa 40 anos de trabalho junto aos refugiados, realizado em convênio com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Por isso, será lançado um vídeo para celebrar o Dia Mundial do Refugiado, em 20 de junho. Esse vídeo fará parte de um documentário sobre os 20 anos da lei do refúgio no Brasil, com lançamento previsto para 2018. Outra proposta apresentada na assembleia é a de nomear o edifício onde funciona a Cáritas e as pastorais sociais da Arquidiocese com o nome de Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo entre 1970 e 1998, morto em dezembro de 2016.

Auditoria

Na assembleia, também foi apresentada a prestação de contas do ano anterior e o resultado da auditoria externa da administração financeira da entidade, contratada no ano passado. O tesoureiro da Casp, Carlos Camargo, informou que a auditoria não encontrou nenhuma irregularidade, mas, sim, “oportunidades de melhorar os procedimentos na área financeira”.


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