O SÃO PAULO - 3149

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 62 | Edição 3149 | 4 a 9 de maio de 2017

Luciney Martins/O SÃO PAULO

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10º aniversário de Dom Odilo como arcebispo Com o coração do Bom Pastor Há dez anos, em 29 de abril de 2007, Dom Odilo Pedro Scherer tomou posse como arcebispo de São Paulo. Nesta edição, O SÃO PAULO apresenta um resumo de suas ações pastorais desde então e traz uma entrevista em que o Arcebispo comenta detalhes de seu dia a dia de trabalho, hobbies e vivência da fé, e também revela as expectativas que tem com o Sínodo Arquidiocesano que deverá ser proposto ainda neste ano. Páginas 11 a 14

Encontro com o Pastor 10 anos com atividades intensas e responsabilidades exigentes Página 3

Editorial No Egito, Papa reforça a fé como elemento central na diplomacia Página 2

Espiritualidade Dom Devair: O ser humano não é um projeto fracassado Página 5

Francisco enfatiza unidade dos cristãos e repúdio à violência

Trabalhadores expressam devoção a São José Operário em São Paulo

No Egito, nos dias 28 e 29 de abril, o Papa exortou que a profissão da fé aconteça com ações concretas e criticou o extremismo religioso.

Em missa na Catedral da Sé, no dia 1º, fiéis pediram a intercessão do padroeiro dos trabalhadores para a garantia de direitos sociais.

Página 24

Página 10

Saiba quais são as principais mudanças da reforma trabalhista em análise no Congresso Página 15

Hora de intensificar a iniciação cristã Os bispos reunidos na 55ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida (SP), concluíram o documento sobre

a iniciação à vida cristã. Ao tratar do momento nacional, o episcopado chamou a atenção para a situação política brasileira, marcada pelo “desprezo da

ética e da moral”, e pontuou que a reconstrução do país precisa salvaguardar a dignidade da pessoa humana. Páginas 22 e 23 Imprensa CNBB


2 | Ponto de Vista |

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Editorial

A fé como elemento central na diplomacia

A

proxima-se o aniversário de 70 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre a Santa Sé e o Egito, e a visita do Papa Francisco, entre 28 e 29 de abril, veio reforçar o papel insubstituível do país na promoção da paz no Oriente Médio e da fé como elemento central na diplomacia. Diante da crescente violência e do avanço de grupos terroristas originados no seio da civilização islâmica, o Egito vem sofrendo com atentados às minorias cristãs, tornou-se casa para milhões de refugiados provenientes de países em guerra e está em estratégica posição geográfica e simbólica entre Oriente e Ocidente. Nesse contexto, em sua visita ao Grande Imã de Al-Azhar, o Papa convidou as religiões a se unirem para “desmascarar” os pretextos para a violência

usados por grupos políticos, por integralistas religiosos e por comerciantes de armas que alimentam sangrentas guerras na região. “Não é possível construir a civilização sem repudiar toda forma de ideologia do mal, da violência e toda interpretação extremista que pretende anular o outro e aniquilar as diversidades, manipulando e ultrajando o Sagrado Nome de Deus”, discursou às autoridades egípcias no Cairo. “Temos o dever de desmontar ideias homicidas, afirmando a incompatibilidade entre a verdadeira fé e a violência, entre Deus e os atos de morte”. O Papa Francisco, peregrino de paz, foi recebido no Egito calorosamente por cristãos de outras tradições e também muçulmanos. A viagem foi considerada pela imprensa um grande sucesso. Em análise no site Crux, o vaticanista John

Allen Jr. avalia que a visita é “um daqueles grandes momentos” de cujo valor histórico nem sempre nos damos conta. “Quando Francisco chegou ao Egito e exortou os líderes religiosos a ‘desmascarar’ pretextos para a violência, e também apontou para o sofrimento da igreja copta, suas palavras foram recebidas como expressões de uma causa comum”, escreveu. Não à toa Francisco chama a atenção dos líderes internacionais para uma “terceira guerra mundial em pedaços”. No voo de retorno do Cairo a Roma, o jornalista norte-americano Philip Pullela, da agência Reuters, perguntou a ele sobre os riscos de um agravamento dessa situação por causa do tom mais agressivo entre Coreia do Norte e Estados Unidos, duas potências com armas nucleares. “Esta guerra mundial em pedaços,

da qual falo há dois anos, é em pedaços, mas as peças aumentaram e também estão se concentrando em pontos que já eram ‘quentes’”, alertou o Papa. Segundo ele, “hoje uma guerra alargada destruirá uma boa parte da humanidade e da cultura… tudo, tudo. Seria terrível”. Portanto, “a estrada [correta] é a das negociações, da solução diplomática”, pois está em jogo “o futuro da humanidade”. Considerando os grandes riscos à sua segurança pessoal no Egito, ainda mais após os atentados a igrejas cristãs coptas no Domingo de Ramos, a viagem demonstra a determinação pessoal de Francisco em fazer com que o papa seja um verdadeiro pontífice, “construtor de pontes”, e a Igreja uma articuladora da paz mundial e difusora global dos valores cristãos, verdadeiramente humanos, do Evangelho.

Opinião

A importância do trabalho

Arte: Sergio Ricciuto Conte

Rafael Mahfoud Marcoccia Celebramos recentemente mais um Dia do Trabalho, mas as notícias mostram que a taxa de desemprego no Brasil já atingiu 14,2 milhões de pessoas, uma das consequências mais dramáticas da crise pela qual ainda estamos passando. O desemprego não afeta somente economicamente, mas fere a dignidade humana. O trabalho é fonte de realização pessoal, como nos lembra São João Paulo II na Laborem exercens (n.9). É um aspecto fundamental da vida por atender às necessidades humanas tanto do ponto de vista material como espiritual. Por meio de tarefas concretas, o ser humano se sustenta e expressa seu modo original de realizar valores em um determinado tempo e lugar. É a maneira de a pessoa marcar a realidade, imprimir o seu “eu” nela. Dessa forma, o trabalho ganha relevância e significado para a pessoa, pois possibilita a descoberta e a integração da própria personalidade. É menos importante a tarefa em si, mas é fundamental como se trabalha. Viktor Frankl afirma que “o que importa não é, de modo algum, a profissão em que algo se cria, mas antes o modo como se cria; que não depende da profissão concreta como tal, mas sim de nós fazermos valer no trabalho aquilo que em nós há de pessoal e específico, conferindo à nossa existência

o seu caráter de algo único, fazendo-a adquirir, assim, pleno sentido” (“Psicoterapia e sentido da vida”, São Paulo: Quadrante, 1989). A realização que vem do trabalho está vinculada à singularidade do ser. Não são as atividades ou tarefas em si que realizam ou satisfazem, mas o que se afirma por meio e para além delas. Continua Frankl: “Não é um determinado tipo de profissão o que oferece ao homem a possibilidade de atingir a plenitude. Nenhuma profissão faz o homem feliz. A profissão, em si, não é ainda suficiente

para tornar o homem insubstituível; o que a profissão faz é simplesmente dar-lhe a oportunidade para vir a sêlo. Só a partir do momento em que se move para além das fronteiras dos preceitos puramente profissionais, para além do que está regulado pela profissão, só a partir desse momento, é que o médico, por exemplo, começa um trabalho verdadeiramente profissional, que só ele pode levar a cabo completamente” (idem). O trabalho expressa também a dimensão comunitária do ser humano, ao propiciar a interação ou

recriação de recursos para a vida em comum. Diz Hannah Arendt: “Nenhuma vida humana, nem mesmo a vida de um eremita em meio à natureza selvagem, é possível sem um mundo que, direta ou indiretamente, testemunhe a presença de outros seres humanos. Todas as atividades humanas são condicionadas pelo fato de que os homens vivem juntos” (“A condição humana”, São Paulo: Forense, 2007). O trabalho constitui, então, uma possibilidade de desenvolver a personalidade humana e colocar-se a serviço dos outros. A pessoa deve colocar-se objetivamente a serviço dos outros, empenhando-se da melhor maneira possível em sua missão. E o sentido do trabalho está vinculado ao que cada ser humano pode expressar de único e original, ou seja, à sua dimensão subjetiva. Por fim, o ser humano, “mediante seu trabalho, participa na obra do Criador e, segundo a medida de suas próprias possibilidades, em certo sentido, continua avançando, cada vez mais, na descoberta dos recursos e dos valores encerrados em tudo o que foi criado” (Laborem exercens, n.25). Oferecer condições para que as pessoas consigam um trabalho digno é uma das tarefas primordiais da nossa sociedade e dos nossos governantes. Rafael Mahfoud Marcoccia é professor do Centro Universitário da FEI e colaborador do site católico Terre d’America

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

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o dia 29 de abril passado transcorreu o 10º aniversário de minha posse como arcebispo de São Paulo. Lembro bem da cerimônia na catedral metropolitana, com grande participação de bispos, clero e povo. O Núncio Apostólico da época, Dom Lorenzo Baldisseri, fez ler a bula pontifícia de minha nomeação, ocorrida em 20 de março de 2007. Lembro da emoção que senti ao me dar conta, de fato, do tamanho da missão! São Paulo e o Brasil estavam se preparando para a visita do papa Bento XVI, que vinha para a canonização de Santo Antônio de Sant’Ana Galvão e para a abertura da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, em Aparecida. No dia seguinte à posse, já me dirigi a Itaici para o início da assembleia geral anual da CNBB, uma vez que ainda respondia pelo cargo de secretário geral da Conferência. Concluídos os trabalhos da assembleia, no dia 9 de maio, o papa Bento XVI já estava chegando em Guarulhos e coube-me acolher e acompanhar Sua Santidade, fazendo as vezes de anfitrião. A visita de Bento XVI foi marcante, sendo a sua primeira viagem distante e prolongada. Seguiram-se as três semanas intensas da Conferência de Aparecida. Dez anos diante da arquidiocese de São Paulo passaram muito rápido, mergulhado em atividades intensas e responsabilidades exigentes. Antes, como bispo auxiliar de São Paulo por cinco anos, pude conhecer parte da Arquidiocese e do tamanho de sua vida pastoral. Como arcebispo,

Dez anos como arcebispo de São Paulo tendo que responder em primeira pessoa por toda a Arquidiocese, as responsabilidades aumentaram imensamente, desafiando meus limites humanos diante da tarefa de acompanhar mais de 300 paróquias, com uma diversidade muito grande; acompanhar o clero numeroso e também muito heterogêneo; animar os religiosos e leigos, nas suas numerosas expressões e organizações; estabelecer e cultivar relações fecundas com a sociedade civil, a imprensa, a comunicação social e as instituições públicas, promover a pastoral das vocações e a formação do clero, responder, em última instância, pela administração da Arquidiocese. Naturalmente, tudo isso só podia acontecer mediante a ajuda de numerosos e bons colaboradores, o que nunca faltou, graças a Deus! Sou muito grato a todos os valorosos bispos auxiliares, aos dedicados padres e diáconos, religiosos e leigos, que ajudam a animar e servir esse numeroso povo de Deus em São Paulo. O bispo não trabalha sozinho e não é o único a responder pela vida de sua diocese. Nem é preciso dizer que, nesses dez anos à frente da Arquidiocese, pude experimentar a constante ajuda de Deus. Considero que, nesse período, algumas realizações foram especialmente importantes, como a reorganização e revitalização da Cáritas arquidiocesana para o atendimento de numerosas emergências sociais aqui mesmo, ou também longe daqui; a criação de novas paróquias em áreas especialmente carentes e o estímulo à ajuda solidária entre paróquias; a reorganização do Vicariato Episcopal para a Pastoral da Comunicação e do Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade, a reorganiza-

ção da cúria, especialmente da chancelaria e do secretariado de pastoral. Mas também foram importantes a inserção da Faculdade de Teologia na PUC-SP, a criação da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo e a reorganização da pastoral judiciária. O acompanhamento das numerosas organizações laicais e das entidades e instituições voltadas para o serviço dos pobres também demanda constante atenção. Mais que tudo, porém, meu desejo é ver crescer na arquidiocese de São Paulo uma renovada consciência eclesial sobre a graça de pertencermos à Igreja de Jesus Cristo nesta cidade e sobre a vida e a missão desta mesma Igreja, que dependem de nós e de nossa colaboração com a ação de Deus. Hoje somos nós os continuadores da missão evangelizadora, já exercida aqui, antes de nós, por generosos e grandes pastores e servidores do Evangelho. Penso nos grandes arcebispos e bispos de São Paulo, nos numerosos e zelosos padres e religiosos que nos precederam! Entre eles, contamos com santos e santas, como Anchieta, Frei Galvão, Padre Mariano, Madre Paulina e Madre Assunta! Eles engrandecem a Igreja de São Paulo e nos estimulam a fazermos bem a nossa parte em nossos dias. Agora nos encaminhamos para a realização do primeiro sínodo da arquidiocese de São Paulo. Tenho muita esperança nos bons frutos que podem vir dessa iniciativa. Desde logo, porém, precisamos todos nos dispor a realizar bem o sínodo e a rezar para que o Espírito Santo nos ilumine e conduza. São Paulo Apóstolo, nosso Padroeiro, e os Santos desta Igreja, intercederão por nós e nos ajudarão.

| Encontro com o Pastor | 3

Em ação de graças Luciney Martins/O SÃO PAULO

O Cardeal Scherer presidirá no sábado, 6, às 12h, na Catedral da Sé, a missa em ação de graças pelos dez anos de sua posse como arcebispo de São Paulo, que aconteceu em 29 de abril de 2007.

Outras atividades no fim de semana No sábado, 6, às 10h, o Cardeal Scherer falará aos participantes do Congresso Católico de Educação, que acontecerá das 9h às 18h no Centro Universitário Ítalo Brasileiro (saiba mais detalhes em www.congressocatolicoedu.com. br). No domingo, 7, às 10h, Dom Odilo presidirá missa no Santuário Nacional de Aparecida, por ocasião da romaria arquidiocesana.

Missa em Aparecida (SP) Na terça-feira, 2, o Cardeal Scherer, arcebispo de São Paulo, presidiu missa na abertura do 7º dia dos trabalhos da Assembleia Geral da CNBB. Na celebração, o Cardeal recordou os bispos falecidos e a vida deles dedicada ao Reino de Deus. “Eles receberam de Deus o prêmio de sua fé, de sua esperança, de sua caridade pastoral”, afirmou durante a missa. O tema central da assembleia, a iniciação à vida cristã, também foi mencionado pelo Cardeal. “Uma iniciativa tão necessária para formar discípulos missionários verdadeiros de Jesus Cristo, o que é isto se não ajudar as pessoas, ajudar o povo a se aproximarem de Jesus Cristo e se saciarem dele” (leia mais sobre a Assembleia nas páginas 22 e 23).


4 | Fé e Vida |

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Liturgia e Vida 4º DOMINGO DA PÁSCOA 7 de maio de 2017

Eu sou a porta, quem entrar por mim será salvo Cônego Celso Pedro “Andávamos como ovelhas desgarradas, mas agora nos voltamos ao pastor e guarda de nossas vidas”, nos diz hoje São Pedro. Já não somos ovelhas desgarradas, sem objetivo e sem rumo, porque Jesus, o Bom Pastor, cuida das nossas vidas e as guarda. Sabemos o que queremos, sabemos para aonde vamos e sabemos onde estamos, graças à obra redentora do Bom Pastor. Jesus Ressuscitado é o Bom Pastor. Estamos exatamente no centro do Tempo Pascal, iniciando a quarta semana, quando encontramos o Ressuscitado e o identificamos como o Bom Pastor. Não há título maior nem melhor do que esse para Jesus, Nosso Senhor. E, com Ele, são pastores os que participam na Igreja do ministério ordenado, bispos, presbíteros e diáconos, e são pastores todos os fiéis batizados, voltados para a humanidade e ocupados na busca do bem-estar de todos e no supremo bem que é a salvação eterna. No Evangelho, Jesus fala do redil ou do aprisco, que é um lugar fechado, onde se guardam animais, como as ovelhas de um rebanho. O pastor deixa lá as ovelhas sob a guarda de um porteiro e volta pela manhã para sair com o seu rebanho. Muitos pastores dormiam na própria entrada do redil. Falando a seus ouvintes, Jesus destaca a porta do redil e diz num primeiro momento que o verdadeiro pastor entra pela porta. Quem não é pastor, entra por outro lugar, mas esse é ladrão e assaltante. Procura uma entrada sem vigia para poder roubar e matar. Ele quer a vida das ovelhas. O bom pastor também quer a vida das ovelhas, mas para que vivam plenamente. O porteiro lhe abre a porta, as ovelhas reconhecem a sua voz quando as chama pelo nome, e o bom pastor as leva para fora. Ele faz com que elas saiam, diz o texto. Ele as leva à liberdade, do canto estreito para o espaço largo. Ele caminha à frente e, como bom discípulo, o rebanho o segue. Escreve o evangelista que não entenderam bem o que Jesus queria dizer com essa pequena história, que ele chama de “enigma”. Jesus, então, continua e diz que Ele é a porta das ovelhas. Antes, disse que o bom pastor entra pela porta. Agora, diz que o bom pastor é a porta. Serão verdadeiramente livres aqueles que entrarem e saírem por Ele, através dele. Estes serão salvos e terão vida em abundância. Todos os que vieram antes dele são aqui chamados de “ladrões e assaltantes”, numa expressão forte, mas não pejorativa, porque não podiam transmitir a vida que dura para sempre. Só o Cristo Ressuscitado, o Bom Pastor de nossas vidas, pode nos garantir a ressurreição na eternidade. Que não nos faltem pastores dedicados como Cristo, o Bom Pastor!

Você Pergunta Batizado na Igreja Católica que vira evangélico pode comungar? padre Cido Pereira

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Eu converso agora com o Jeferson, que não me disse seu sobrenome. Ele foi batizado na Igreja Católica quando criança, mas faz parte de uma outra “instituição religiosa” e, às vezes, vai à missa. “Posso participar da Eucaristia sem ter feito a primeira comunhão? Tenho 29 anos. Segundo o Direito Canônico posso sim. Vou aguardar a resposta aqui”. Jeferson, se eu entendi sua pergunta, você, batizado na Igreja Católica, frequenta uma Igreja evangélica, a

qual você chama de “outra instituição religiosa”. Você cita o Direito Canônico para afirmar seu direito à primeira comunhão na Igreja Católica. Meu irmão, me desculpe. Você deve saber muito bem que as Igrejas evangélicas não têm o sacramento da Eucaristia e não creem na presença real de Cristo no pão e no vinho consagrado. Então, meu amigo, se decida. Não é legal ficar com um pé numa canoa e outro noutra. Se desejar viver a fé católica que você recebeu com o sacramento do Batismo, frequente a Igreja Católica, viva a fé católica, participe dos sacramentos da Igreja, viva os sacramentos, e entre em

comunhão com Jesus no sacramento da Eucaristia. Você não vai encontrar em nenhum artigo do Direito Canônico uma justificativa para comungar frequentando outra Igreja que não tem nem crê na Eucaristia. Decida-se, meu irmão. Quer viver a fé em comunhão com seus irmãos católicos? Seja bem-vindo. Quer viver em outra Igreja cristã, mas não católica, nós lamentamos, mas respeitamos a sua liberdade. O que não é correto é você ficar como borboleta pulando de flor em flor. Deus o ajude a se decidir. Um abraço fraterno.

Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 21 de abril de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Santo Antônio de Lisboa, na Região Episcopal Sant´Ana, Setor Pastoral Medeiros, o Revmo. Pe. Adailton Nascimento Costa, pelo período de 06 (seis) anos.

Em 22 de abril de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Região Episcopal Sant´Ana, Setor Pastoral Tremembé, o Revmo. Pe. Jovair Milan, pelo período de 06 (seis) anos. Em 23 de abril de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia São José, na Região Episcopal Sant´Ana, Setor Pastoral Mandaqui, o Revmo. Pe. Jorge Molinari, pelo período de 06 (seis) anos.

NOMEAÇÃO DE MINISTRO EXTRAORDINÁRIO DA BÊNÇÃO Em 19 de abril de 2017, foi nomeado Ministro Extraordinário da Bênção da Paróquia Santuário São Judas Tadeu, na Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Imigrantes, o Frater Otávio Luiz da Silva, SCJ, pelo período de 01 (um) ano.


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Espiritualidade O ser humano não é um projeto fracassado... Dom Devair Araújo da Fonseca

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia e vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação

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um processo de criação nem sempre tudo dá certo. Algumas ideias são boas, mas às vezes um projeto não funciona como esperado, e nesse caso abandonar tudo pode parecer o caminho mais fácil. O ser humano é obra da bondade de Deus, que criou todas as coisas e viu que tudo era bom (cf. Gn 1, 1-31). Mas o pecado parece interromper essa bondade, colocando em xeque a continuidade do projeto. Será que o ser humano é uma obra pela qual vale a pena lutar? Não teria sido mais fácil cancelar e recomeçar criando tudo de novo? Deus é o criador de todas as coisas, mas é também Ele que continua sustentando tudo o que foi criado. Sem a continuidade da ação divina, tudo deixaria de existir. Mesmo depois da queda e do pecado original, Deus não desistiu do ser humano, “criado à sua ima-

gem e semelhança” (cf. Gn 1,27). gunta é outra, e está direcionada a Por isso, “na plenitude dos tem- cada um de nós: Por que nos espos, Deus enviou seu Filho, nasci- quecemos de Deus e do seu amor? do de uma mulher, nascido sujeito Quanto mais o homem se afasta de à lei, para resgatar os que estavam Deus, tanto mais aparecem os sisujeitos à lei” (Gl 4, 4-5). A encar- nais do pecado e da morte. nação do Verbo é a primeira proMas, ainda assim, Deus não va de que Deus não abandonou a desiste de nos amar, e por isso o criação à sua própria sorte, mas mistério pascal reacende em nós que Ele continua a ocupar-se dela. a esperança de vida. O ser humaO mistério da cruz é a segunda e no não é um projeto fracassado, definitiva prova do compromisso uma obra falida, que não deu cerde Deus com a humanidade. Assim, tudo o que foi assu- Deus é o criador de todas mido na encarnação as coisas, mas é também Ele foi redimido na cruz, que continua sustentando por Jesus, o Filho de tudo o que foi criado. Sem a continuidade da ação divina, Deus. Todo o mistério tudo deixaria de existir. Mesmo da nossa criação e da depois da queda e do pecado nossa redenção está original, Deus não desistiu marcado pelo amor. do ser humano, “criado à sua Mas quando olha- imagem e semelhança” mos à nossa volta, ainda conseguimos ver os sinais to, existe esperança porque somos e as consequências do pecado, as amados e fomos resgatados. O Fimarcas da violência, as guerras e lho de Deus, Jesus Cristo, comproa fome, a miséria e os sofrimentos meteu tudo de si, até sua vida, para de milhares de pessoas. Onde está testemunhar isso. Essa é a verdade que tem a força de dar novo e pleno a vitória de Cristo? Em Cristo Ressuscitado, o Pai sentido à nossa existência, e tamconfirmou que não nos esqueceu, bém é o único caminho para properdidos em nossos sofrimentos, mover uma justa e autêntica transabandonados na cruz. Então, a per- formação do mundo.

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Fé e Cidadania Caminhos de superação diante das doenças raras e negligenciadas Padre Leo Pessini Qual seria o caminho de superação do caótico estado de coisas sobre as doenças raras e negligenciadas? Na mensagem endereçada aos participantes da Conferência Internacional sobre Doenças Raras e Negligenciadas, em novembro de 2016, o Papa Francisco afirma que “o desafio epidemiológico, científico, clínico-assistencial, higiênico-sanitário e econômico é, pois, imenso, porque implica responsabilidades e compromissos em escala global: autoridades políticas e sanitárias internacionais e nacionais, agentes sanitários, indústria biomédica, associações de cidadãos/pacientes, voluntariado laico e religioso”. Devido a isso, é necessária “uma abordagem multidisciplinar e conjunta; um esforço que envolva todas as realidades humanas interessadas, institucionais ou não, e entre elas também a Igreja Católica, que desde sempre encontra motivação e impulso em seu Senhor, Cristo Jesus, o Crucificado Ressuscitado, ícone tanto do enfermo como do médico, o bom samaritano”. Francisco diz que para resolver esse problema de saúde global, é necessária “a sabedoria do coração”, sendo também de crucial importância o testemunho de quem se lança nas periferias não somente existenciais, mas também assistenciais do mundo. Uma outra observação do Papa tem a ver com o tema da justiça, no sentido de “dar a cada um o que é seu”, evitando-se discriminações. Isto é, o mesmo acesso aos cuidados eficazes para as mesmas necessidades de saúde, independentemente dos fatores e contextos socioeconômicos, geográficos e culturais. Aqui são evocados três princípios fundamentais da Doutrina Social da Igreja. O primeiro é o princípio da sociabilidade, segundo o qual o bem da pessoa se reflete na comunidade. Portanto, o cuidado da própria saúde não é somente uma responsabilidade pessoal, mas também um bem e responsabilidade social. O segundo princípio é o da subsidiariedade, que, de um lado, sustenta, promove e desenvolve socialmente a capacidade de cada pessoa realizar as suas aspirações legítimas e, de outro, vai em socorro das pessoas onde elas se encontram e não conseguem, por si mesmas, superar certos obstáculos, como é o caso, por exemplo, de uma doença. E, finalmente, o princípio da solidariedade, em relação ao qual deveriam se orientar as estratégias sanitárias, que tem na justa medida o valor de cada pessoa e do bem comum. Conclui o Papa Francisco dizendo que é “sobre estas três bases que podem ser partilhadas por todos aqueles que tenham em grande consideração o valor eminente do ser humano, que se pode identificar soluções realistas, corajosas, generosas e solidárias para afrontar com mais eficácia e resolver a emergência sanitária das doenças ‘raras’ e ‘negligenciadas’”. As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.


6 | Viver Bem |

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Cuidar da Saúde Faça o tratamento contra a malária até o fim REDAÇÃO

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Em 2016, o Brasil registrou mais de 129 mil casos de malária, uma quantidade alta, mas 9,7% menor que os 143 mil casos de 2015. A maioria das ocorrências do ano passado foi na região Amazônica. Em 25 de abril, Dia Mundial da Malária, o Governo Federal lançou em todo o país uma campanha de prevenção e incentivo ao tratamento da doença com o slogan “Faça o tratamento até o fim. Sem a doença, você vive muito melhor”. A meta é que as pessoas procurem o diagnóstico de malária em uma unidade de saúde para fazer o exame e, caso positivo, realizem o tratamento completo. A malária é uma infecção parasitária transmitida pelo mosquito Anopheles, que geralmente pica entre o anoitecer e o amanhecer. Trata-se de uma doença evitável, detectável e tratável, que tem incidência maior nas áreas mais carentes dos países. Uma vez no corpo humano, a infecção viaja até o fígado, onde se estende e infecta as células vermelhas do sangue, nas quais os parasitas se multiplicam rapidamente até elas se romperem, liberando ainda mais parasitas na corrente sanguínea e manifestando, nesse processo, os sintomas típicos da doença. Os primeiros sintomas surgem entre nove e 14 dias após a infecção. No início, a malária é muito parecida com uma gripe. A pessoa sente febre – podendo ocorrer ciclos típicos de febre, calafrios e suor em grande quantidade, dor nas articulações –, dores de cabeça, vômitos frequentes, convulsões e, em casos extremos, coma. Se não for tratada, a malária pode se tornar grave. O tratamento mais eficiente consiste de uma terapia combinada à base de artemisinina (ACTs em inglês), que tem poucos efeitos colaterais e age rapidamente contra o parasita. Fontes: Ministério da Saúde e Médicos Sem Fronteiras

Comportamento

Baleia Azul: Censura ou Educação? Valdir Reginato As últimas décadas foram caracterizadas por um movimento radical contra toda e qualquer censura. Tudo deve estar permitido para garantir os direitos de quem quer se manifestar a respeito de qualquer tema. Qualquer restrição que se faça a determinada publicação ou filme é vista como resquícios de uma “ditadura” que não pode voltar. De fato, as manifestações livres contribuíram significativamente para que todos pudessem ter o direito de falar. Contudo, é também necessário olhar para as consequências desse movimento, que gerou uma sociedade sem limites, oferecendo tudo a todos, sem discernimento, o que acaba por gerar graves riscos à própria vida. Nunca é demais falar das dificuldades em se estabelecer os limites entre “o que posso” e “o que devo colocar à disposição de todos”. Nunca é demais lembrar que quando agimos assim, podemos nos esquecer da faixa mais vulnerável da sociedade, que é a infância e a adolescência. Não há fórmulas mágicas ou critérios unânimes sobre até aonde se pode ir. Se considerarmos essas etapas – infância e adolescência –, nas quais é cada vez mais difícil verificar alguma “padronização” comportamental, a partir de quando se pode permitir o acesso a certos conteúdos e ambientes? Como traçar os limites de uma “saudável censura”, que evi-

te danos que podem ser mortais? Na prática, convivemos com crianças assistindo na TV à tarde o que só era permitido após a meia noite. Liberamos festas com bebidas alcoólicas (junto aos pais!) para adolescentes de 12 ou 14 anos. E, finalmente, chegamos à liberdade universal, que consiste em qualquer um ter acesso a um celular, onde se abre a janela para o mundo, sem qualquer restrição, sem proibições, sem respeitos e totalmente irresponsável (por não dizer criminosa). Fato atual e relevante é o terror da “baleia azul”, que vem provocando verdadeiro pânico nos pais de adolescentes ou mesmo crianças, por conta do noticiário alarmante sobre a participação nesses “jogos da morte”. Não é verdade que a “baleia azul” seja um fenômeno isolado, que emergiu como vulcão ou tsunami na sociedade. Essa baleia teve um longo período gestacional, e uma visão histórica nos leva, sem grandes dificuldades, a verificar o porquê do seu surgimento. Criouse, na verdade, todas as condições necessárias para que ocorresse essa catástrofe, e agora se quer analisar o fato como “surpreendente”! O que é surpreendente é ver os pais e os agitadores de uma sociedade sem limites – para os quais o processo de Educação tem que ser sem censuras - promoverem agora fóruns de estudos para encontrar uma solução para a “baleia assassina”. A educação de uma criança, que naturalmente vai para a ado-

lescência, não pode ser encaminhada sem cordões de segurança. É injusto e irresponsável deixar que uma criança vá se desenvolvendo à custa de suas experiências pessoais, escolhendo o que bem entenda sem qualquer critério de valores. Há anos, convivemos com “baleias azuis” na Educação, quando fomos permitindo o acesso a programações perniciosas e a desenhos destrutivos, camuflados como ficção ou aventura; quando se abriram as portas a conflitos novelescos, “que revelam a realidade”, que entram nos lares como comida podre na hora do jantar, e não achamos que vai fazer mal. O mesmo se dá quando permitimos que se ofereça para leitura nas escolas - nas escolas! - livros que deturpam princípios básicos e inquestionáveis do ser humano, como a identidade de homem e de mulher, para que crianças façam “suas opções”; quando saturamos as crianças com propagandas enganosas, confundindo o valor de “ter” posses, em vez de “ser” uma pessoa. Um cenário de guerra na Educação em favor da falta de censura leva precocemente à falta de sentido na vida pela desilusão. Não nos assustemos que a “baleia azul” tenha dado um golpe fatal. É preciso refazer as bases educacionais a partir da família. Com coragem, perseverança e esperança. E você também é responsável por isto. Dr. Valdir Reginato é médico de Família, professor da Escola Paulista de Medicina e terapeuta familiar. E-mail: vreginato@uol.com.br


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Destaques das Agências Internacionais

Filipe David

Correspondente do O SÃO PAULO na Europa

Portugal Tudo pronto para o centenário de Fátima Chegam ao fim os preparativos para a comemoração dos cem anos de um dos acontecimentos mais importantes do século XX: as aparições de Nossa Senhora aos três pastorinhos de Fátima – Francisco Marto, Jacinta Marto e Lúcia dos Santos. Por ocasião do centenário, o Papa Francisco canonizará Francisco e Jacinta, que morreram ainda crianças. No dia 13 de maio de 1917, Nossa Senhora apareceu aos três pastorinhos pela primeira vez. Ao longo daquele ano, ela lhes apareceria ainda seis outras vezes. Ela pedia que rezassem o Terço e que oferecessem sacrifícios pela conversão dos pecadores, dizendo a seguinte oração: “Ó Jesus, é por Vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria”. Nossa Senhora concedeu aos pastorinhos uma visão do inferno: “O reflexo pareceu penetrar a terra e vimos como que um grande mar de fogo. Mergulhados nesse fogo, os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados (...). Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes como negros carvões em brasa.” Para converter os pecadores e salvar suas almas, Nossa Senhora pediu devoção ao seu Imaculado Coração: “Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores; para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção a Meu Imaculado Coração. Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz.” Nossa Senhora também pediu a consagração da Rússia ao seu Imaculado Coração: “Virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a Meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja.” A Rússia, com efeito, tornou-se comunista poucos meses depois e começou a espalhar seus erros pelo mundo inteiro, perseguindo a Igreja em diversos países. Somente com São João Paulo II foi feita uma consagração ao Coração Imaculado de Nossa Senhora e, em 1991, o regime soviético, que começou em 1917, chegou ao fim. O que permanece da mensagem de Fátima, – disse Bento XVI quando era ainda Cardeal Ratzinger, num documento da Congregação para a Doutrina da Fé sobre a mensagem de Fátima, – “é a exortação à oração como caminho para a ‘salvação das almas’, e no mesmo sentido o apelo à penitência e à conversão”. Fontes: Rádio Vaticano e Santuário de Fátima

Emirados Árabes

‘Maior paróquia do mundo’ faz 50 anos Dubai é o maior emirado dos Emirados Árabes, com seus 2,5 milhões de habitantes. No entanto, grande parte da população é estrangeira, vinda de diversos países de todos os continentes. Como consequência do número de imigrantes, Dubai conta com uma grande população de católicos, que são atendidos por apenas duas paróquias, graças a um acordo feito com os governantes muçulmanos há 50 anos, que

permitiram a construção da primeira igreja. A Saint Mary’s Catholic Church atende uma comunidade de católicos estimada em 350 mil pessoas. A igreja, com capacidade para 2 mil pessoas, recebe 80 mil visitas por semana e seus dez sacerdotes presidem diversas missas ao longo da semana e aos domingos em 13 línguas diferentes. A Paróquia celebrou, entre 18 de

novembro de 2016 e 28 de abril deste ano, seu aniversário de 50 anos. Após um festival cultural nos dias 27 e 28 de abril, Dom Paul Hinder, vigário apostólico para o sul da Arábia, presdiu a missa central: “Este é o meu desejo para vocês: Que o ouro da sua fé seja provado e se converta em louvor, honra e glória a Jesus Cristo”, disse o Prelado. Fonte: ACI

México

Do concurso de beleza ao convento Irmã Teresa Gutiérrez

Esmeralda Solís Gonzáles ingressa no noviciado das Missionárias Clarissas do Santíssimo Sacramento, após participação em concurso de beleza

Esmeralda Solís Gonzáles tem 20 anos e venceu um concurso de beleza em 2016 em sua cidade natal, Valle de Guadalupe. Agora, ela decidiu abandonar sua perspectiva de carreira como nutricionista para ingressar no noviciado das Missionárias Clarissas do Santíssimo Sacramento. “Realmente não se sabe o

que é a vida religiosa até estar dentro. Até agora, consegui ver a partir de outra perspectiva o que é o mundo e o que ele oferece. Eu era muito feliz com tudo o que tinha, mas não se compara com a felicidade que Deus coloca no meu coração agora”, disse a postulante. No entanto, Esmeralda contou que

Ordem de Malta Eleito Lugar-Tenente A Soberana Ordem Militar de Malta elegeu como Lugar-Tenente do Grão-Mestre Fra’ Giacomo Dalla Torre. A escolha foi feita pelo Conselho Completo de Estado no sábado, 29 de abril, em Roma. O novo eleito prestou juramento no dia seguinte. A eleição foi feita para substituir o Grão-Mestre anterior, Fra’ Matthew Festing, que renunciou ao cargo em janeiro deste ano. O Lugar-Tenente permanecerá no cargo durante um ano, quando haverá uma nova reunião do Conselho. O Papa Francisco foi o primeiro a ser informado de sua eleição. Fonte: Rádio Vaticano

nem tudo foi fácil em seu despertar vocacional: “Percebi que tinha que dar espaço na minha vida para saber o que Deus havia planejado para mim. No processo de ir descobrindo a minha vocação, também houve medo e dúvidas, mas o amor que nosso Senhor ia mostrando a cada dia me fez superar qualquer sentimento de desânimo”.

Polônia Bento XVI: ateísmo de Estado e teocracia islâmica são perigosos Uma conferência sobre o Estado à luz dos ensinamentos do Papa Emérito Bento XVI foi patrocinada na Polônia pelo presidente polonês, Andrzej Duda, no dia do aniversário de 90 anos do Papa Emérito, que enviou uma mensagem na qual critica tanto o ateísmo de Estado quanto o modelo da teocracia islâmica. “O contraste entre os conceitos de um Estado radicalmente ateísta

e a criação de um Estado radicalmente teocrático por movimentos islâmicos cria uma situação perigosa para a nossa era, cujos efeitos nós experimentamos todos os dias. Essas ideologias radicais exigem que desenvolvamos um conceito convincente de Estado, que possa fazer frente à confrontação entre elas e nos ajudar a superá-las”, disse. Fonte: National Catholic Register


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Destaques das Agências Nacionais

REDAÇÃO

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Congresso Eucarístico Nacional acontecerá em Recife (PE) em 2020 A Arquidiocese de Olinda e Recife sediará o XVIII Congresso Eucarístico Nacional, entre 12 e 15 de novembro de 2020. A oficialização foi feita durante a 55ª Assembleia Geral da CNBB. A escolha foi feita em consenso pelos bispos, após Dom Fernando Saburido, arcebispo de Olinda e Recife, apresentar a candidatura da Arquidiocese. “A aprovação unânime foi uma grande alegria, não somente para nossa arquidiocese, mas para todo o Regional Nordeste 2 [que contempla os estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte]”, comentou. “Trabalharemos juntos para realizar um, espiritualmente, rico Congresso Eucarístico Nacional para o bem da Igreja de Olinda e Recife e das demais igrejas do nosso Regional”, concluiu o Arcebispo.

O primeiro Congresso Eucarístico foi celebrado em 1881 em Lille, na França, por iniciativa de um grupo de fiéis leigos, apoiados por São Pedro Julião Eymard. De lá para cá, outros países quiseram repetir a iniciativa. No Brasil, o primeiro aconteceu em 1933, em Salvador (BA), e o mais recente em Belém (PA), em 2016. Esta será a segunda vez que Recife irá sediar uma edição do Congresso Eucarístico Nacional. A primeira foi em 1939, quando foi promovido o sétimo Congresso. Da ocasião, Dom Fernando Saburido destacou o Parque 13 de maio, que foi o local de realização do evento na capital pernambucana, e a igreja que foi construída no bairro Espinheiro, “a igreja é um memorial daquele Congresso”, recordou.

Arquidiocese de Olinda e Recife

Fontes: CNBB e Arquidiocese de Olinda e Recife

Contingente da Força Nacional de Segurança será reforçado no Rio

Regional Sul 2 faz campanha para o envio de 20 mil bíblias para a África

Uma guerra entre facções criminosas na zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, na terça-feira, 2, terminou com pelo menos oito ônibus e dois caminhões queimados, 45 pessoas presas e seis feridas. Além disso, 32 fuzis, granadas e pistolas foram apreendidas. Como consequência das tensões, mais de 3 mil crianças ficaram sem aula, segundo as secretarias estadual e municipal de Educação. Após o episódio, o governo federal anunciou na quarta-feira, 3, que reforçará o contingente da Força Nacional de Segurança no Rio de Janeiro. Segundo ministro da Justiça e Segurança Pública, Osmar

Realizando missão religiosa em Guiné-Bissau, o Regional Sul 2 da CNBB (Paraná) identificou que a população local, em especial as crianças e jovens, não dispõe de bíblias em quantidade suficiente. Por conta disso, foi lançada uma campanha para arrecadar 20 mil bíblias que serão enviadas ao país localizado no continente africano. A missão está envolvendo crianças da Catequese e membros de pastorais, movimentos e organismos, além das escolas católicas. A Pastoral Catequética da Arquidiocese de Curitiba também se envolveu na iniciativa, com o

Serraglio, mais de cem homens se juntarão aos 125 integrantes da força que já estão no Estado. Ainda nesta semana, o secretário nacional de Segurança Pública, General Santos Cruz, irá ao Rio de Janeiro para avaliar de perto a situação. “[As ações] têm o objetivo não de resolver os problemas que aconteceram ontem [dia 2], mas de implementar ações estruturantes que tenham como resultado permanência e a melhoria da segurança pública, bem como a manutenção do bem-estar da população”, afirmou. Fonte: Agência Brasil

objetivo de tornar cada um dos 49.625 catequizandos pequenos missionários num gesto concreto de “Igreja em saída”. Cada catequizando é um missionário e levará a Campanha para fora da paróquia: falará do projeto para seus familiares e amigos e pedirá a colaboração no valor mínimo de R$ 1,00 para outras dez pessoas, devolvendo, posteriormente, o folder e o valor arrecadado. Os detalhes da campanha podem ser consultados em http://cnbbs2.org. br/africa/category/20000-biblias-para -africa. Fonte: Regional Sul 2 da CNBB

Ataque a indígenas no interior do Maranhão Um grupo de pistoleiros munidos de facões e armas de fogo atacou indígenas da etnia Gamela, deixando ao menos 13 feridos, três deles em estado grave. O conflito aconteceu na cidade de Viana (MA), a 214 quilômetros da capital São Luís, no domingo, 30 de abril. A região é marcada pela disputa territorial entre indígenas e fazendeiros. Desde 2013, integrantes da etnia Gamela

buscam retomar área hoje ocupada por sítios e fazendas. Segundo indígenas e entidades sociais, 14 mil hectares no interior do estado maranhense foram concedidos aos gamelas pela Coroa Portuguesa, ainda nos tempos coloniais. Os ataques foram repudiados pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Segundo a entidade, os Gamela já haviam denunciado planos de fazendeiros

para matar lideranças de sua tribo. “Não admitimos mais a morte de nosso povo e iremos até as instâncias internacionais cobrar a responsabilização daqueles que de forma descarada violam e incitam violências contra nossas comunidades confiando na impunidade de seus atos”, afirma a nota da entidade. Também a Comissão Pastoral da Terra - Regional Maranhão (CPT-MA) lamentou o ocorrido e a violência no cam-

po. “Preocupa-nos ainda o alto índice de violência contra os povos e comunidade tradicionais do Maranhão. Atualmente, há cerca de 360 conflitos no campo no estado, destes, somente em 2016 foram registradas 196 ocorrências de violência contra os povos do campo. Treze pessoas foram assassinadas e 72 estão ameaçadas de morte”, consta em um dos trechos. Fontes: G1, CPT e Agência Brasil


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‘O trabalho deve gerar partilha’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

Nayá Fernandes

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Padre Tarcísio Mesquita preside missa no dia de São José Operário e reza pelos trabalhadores

Na segunda-feira, dia 1º, os fiéis da Arquidiocese de São Paulo se reuniram na Catedral da Sé para celebrar a Eucaristia e rezar por todos os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, inspirados pelo exemplo de São José Operário, no dia a ele dedicado. A missa foi presidida pelo Padre Tarcísio Marques Mesquita, pároco da Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto e coordenador arquidiocesano de pastoral. Na procissão de entrada, pastorais e grupos de imigrantes, como o “Asaya afro-boliviana”, criado para divulgação da cultura boliviana, levaram cartazes e símbolos que recordaram a importância do trabalho para o ser humano, e alertaram para as situações de degradação, como o trabalho infantil, a intolerância e a exploração. Padre Tarcísio, na homília, comentou que Deus criou o ser humano para viver e para que tenha “vida em abundância”. O Sacerdote recordou que o Papa Francisco disse em certa ocasião que o ser humano não é o “dominador da criação”, mas deve zelar por ela. “O trabalho deve gerar partilha, ele é uma maneira que o homem tem de participar da criação de Deus e dignificar sua própria vida.” O Padre falou também da Campanha da Fraternidade deste ano sobre os biomas brasileiros, que merecem ser preservados por todos, bem como dos direitos da pessoa. “Que os pequenos

sejam sempre considerados, e aqueles que governam defendam, em primeiro lugar, os mais fragilizados. É muito triste que existam ainda em nosso país pessoas sem casa, sem condições dignas de vida. É muito triste que indígenas e camponeses enfrentem opressão ou a indiferença da sociedade e tenham seus direitos negados”, continuou o Padre. O presidente da celebração falou ainda sobre a figura simples e paterna de São José e comentou que as palavras e os direitos das pessoas simples, trabalhadoras do Brasil, devem ser considerados.

Mensagem da CNBB para o dia do trabalho

No fim da celebração foi lida a Mensagem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para os trabalhadores do país, por ocasião do Dia Internacional do Trabalhador. “O trabalho é fundamental para a dignidade da pessoa, constitui uma dimensão da existência humana sobre a terra. Pelo trabalho, a pessoa participa da obra da criação, contribui para a construção de uma sociedade justa, tornando-se, assim, semelhante a Deus que trabalha sempre. O trabalhador não é mercadoria, por isso, não pode ser coisificado. Ele é sujeito e tem direito à justa remuneração, que não se mede apenas pelo custo da força de trabalho, mas também pelo direito à qualidade de vida digna”, afirmam os bispos na mensagem. Após a celebração eucarística houve um ato em frente à Catedral da Sé por ocasião do Dia do Trabalhador.

Padres camilianos realizam encontro internacional em São Paulo Rogério Soares Mota

REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

Religiosos camilianos e colaboradores leigos provenientes de 15 países, dos cinco continentes, participaram entre 19 e 23 de abril, no Centro Pastoral Santa Fé, na zona Noroeste da cidade de São Paulo, do 3º Encontro Internacional dos Párocos e Reitores Camilianos, com o tema “A Paróquia como lugar de comunhão (Koinonia), evangelização (Kerygma) e missão (Diaconia)”. O governo geral da Ordem Camiliana esteve representado pelo Padre Leo Pessini, há três anos superior geral dos Camilianos; Padre Aris de Miranda, conselheiro geral para o Ministério Camiliano; e o Padre Gianfranco Lunardon, secretário geral da Ordem e também reitor da Igreja Santa Maria Maddalena, em Roma, que custodia a memória de São Camilo de Lellis. O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, visitou os participantes do encontro, em 21 de abril, e lhes deixou uma mensagem de confiança. Também esteve ao longo de todo o evento o único bispo camiliano do mundo, Dom Prosper Kontiebo, bispo da recém-criada Diocese de Tenkodogo, em Burkina Faso, no continente africa-

Dom Odilo Pedro Scherer junto a participantes do 3º Encontro Internacional dos Párocos e Reitores Camilianos no Centro Pastoral Santa Fé

no. “A presença de ambos nos lembrou que a presença Camiliana nesta forma de ministério camiliano, em especial o ministério paroquial, ocorre sempre em comunhão com a Igreja local e universal”, afirmou o Padre Leo Pessini. Os momentos de reflexão e de partilha centraram-se na discussão sobre a identidade da paróquia de perfil camiliano, que deve ser como hospital aberto, onde se conhece, se ama e se serve sobretudo às pessoas mais pobres e enfermas, entre Koinonia (lugar de comunhão),

Kerigma (anúncio da palavra de salvação) e diakonia (missão, serviço da caridade samaritana). Para além do conhecimento das experiências e trabalhos pastorais nas diferentes realidades das paróquias administradas pelos camilianos, o objetivo fundamental do encontro foi de elaborar algumas diretrizes que possam nortear a missão dos religiosos camilianos na paróquia onde assumem a responsabilidade pastoral. Na mensagem final do encontro, diri-

gida especialmente a todos os párocos e reitores camilianos do mundo, intitulada “Paróquia ‘camiliana’: Hospital aberto; casa de esperança e de misericórdia”, ao agradecer os religiosos camilianos que trabalham na animação pastoral das paróquias, incentiva-se que sejam ousados na criatividade evangélica e samaritana de irem ao encontro dos doentes e sofredores, principalmente daqueles que se situam nas periferias existenciais e geográficas. (Com informações do Padre Leo Pessini)


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Cardeal Odilo Pedro Scherer

‘Amemos muito a Jesus Cristo e sua/nossa Igreja’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

Daniel Gomes

fiando em Deus. E só o despertador me tira o sono...

o próximo sábado, dia 6, às 12h, na Catedral da Sé, a Arquidiocese de São Paulo se unirá para a missa em ação de graças pelos dez anos de arcebispado do Cardeal Odilo Pedro Scherer. Nascido em Cerro Largo (RS), em 21 de setembro de 1949, Dom Odilo foi ordenado padre na Diocese de Toledo (PR) em 1976 e nomeado bispo auxiliar para a Arquidiocese de São Paulo em novembro de 2001. Sua ordenação episcopal aconteceu em 2 de fevereiro de 2002, pela imposição das mãos do Cardeal Cláudio Hummes, então arcebispo metropolitano. Em 29 de abril de 2007, Dom Odilo tomou posse como arcebispo de São Paulo, após ter sido nomeado pelo Papa Bento XVI, que no mesmo ano, no dia 24 de novembro, o fez cardeal. Nesta edição, o O SÃO PAULO apresenta das páginas 12 a 14 os feitos pastorais de Dom Odilo ao longo destes dez anos como arcebispo metropolitano, e nesta entrevista ele conta sobre suas peculiaridades de fé e sobre o dia a dia de trabalho. Dom Odilo também diz a respeito do que espera do sínodo que será proposto à Arquidiocese ainda este ano. “Os frutos virão a seu tempo e tenho a certeza de que serão muitos! Sobretudo, espero a renovação da consciência eclesial, uma nova atitude missionária, a renovação do fervor cristão e a revitalização de nossas organizações pastorais”. A seguir, leia a íntegra da entrevista.

O senhor tem algum hobbie? Gosto de mexer na terra e com plantas; mas isso tornou-se praticamente impossível. Gosto também de ouvir música enquanto trabalho em casa. E quando dá, gosto de fazer longas caminhadas na natureza.

N

danielgomes.jornalista@gmail.com

O SÃO PAULO – Como é o dia a dia do arcebispo de São Paulo? Quais as principais atribuições do senhor? Cardeal Odilo Pedro Scherer - Meu dia começa cedo, às 6h, com um pouco de ginástica, a oração e a missa. Depois, trabalho até às 24h no atendimento de pessoas, em reuniões, celebrações, despachos de ofício e no trânsito de São Paulo... Minhas atribuições são aquelas próprias de um bispo diocesano, que deve coordenar, animar e acompanhar toda a vida da Arquidiocese no sentido pastoral, litúrgico, administrativo e de relações públicas. Para isso, é claro, conto com a ajuda de numerosos colaboradores.

Em muitas mensagens e documentos que o senhor dirigiu à Arquidiocese, há a ênfase de que “Deus habita esta cidade”. Por quê? Porque isso é verdade. É uma afirmação de fé, pois Deus nunca está ausente do meio do seu povo, nem o abandona. Mesmo com todos os problemas, sempre temos a certeza de que Deus não está longe. Eu não poderia imaginar a cidade de São Paulo sem que Deus também habitasse nela... Ao mesmo tempo, a proclamação de que Deus habita esta cidade representa um compromisso para quem crê: precisamos ser testemunhas e servidores dessa presença boa e amorosa de Deus na cidade. Como Igreja, tudo o que somos e fazemos deve testemunhar a presença e a ação de Deus na cidade de São Paulo.

muitos e se resumem, ordinariamente, a manter em dia correspondências e contatos pertinentes, além das reuniões ocasionais em Roma. De resto, a quase totalidade do meu tempo está dedicada às responsabilidades na Arquidiocese de São Paulo.

Como o senhor conjuga essa demanda de serviços à Arquidiocese com a sua espiritualidade? O tempo para a oração e para a celebração da Eucaristia não falta; de resto, vivo a espiritualidade do Bom Pastor, que dá a vida pelas ovelhas. Procuro fazer com caridade pastoral tudo o que faço e isso me dá muita disposição e luzes para o trabalho. De resto, é preciso cuidar da organização e disciplina no trabalho.

O senhor tem alguma devoção particular? A Eucaristia ocupa o lugar central na minha devoção; mas tenho afeição pessoal por Nossa Senhora desde a infância e por Santa Teresinha do Menino Jesus desde a adolescência. Aqui em São Paulo, valorizo a devoção ao apóstolo São Paulo, patrono de nossa Arquidiocese, e a devoção aos santos que viveram nesta cidade. Acho muito forte pensar que vivemos aqui e exercemos nossa missão nesta cidade onde São José de Anchieta, Santo Antônio de Santana Galvão, Santa Paulina, o Beato Padre Mariano e a Beata Assunta viveram e exerceram sua bela missão. Nós somos humildes continuadores da missão exercida aqui, antes de nós, por esses grandes na fé e na missão! Eles são parte desta Igreja em São Paulo e nos ajudam!

E como concilia as funções na Arquidiocese com os compromissos de cardeal? Os compromissos específicos de cardeal não são

Hoje algo tira o sono do arcebispo de São Paulo? Não. Trabalho bastante e depois vou dormir, con-

Ao completar dez anos como arcebispo, o senhor propõe à Igreja em São Paulo a realização de um sínodo arquidiocesano. Por quê? Que frutos podem ser conseguidos com um sínodo? O sínodo arquidiocesano será proposto como uma grande e envolvente ação eclesial de toda a Arquidiocese, para verificar, avaliar e repensar toda a nossa ação evangelizadora e pastoral. Precisamos tomar nova consciência sobre como estamos, o que fazemos, como fazemos, se fazemos bem, se podemos fazer melhor ou diversamente, para conseguir melhores frutos. Quais são os desafios atuais e o que deve ser assumido com mais urgência? Onde a nossa missão está falha? Que lacunas temos? Que decisões devemos tomar para realizar bem, agora e no futuro próximo, a vida e a missão da Igreja na Arquidiocese de São Paulo? Um sínodo requer muita oração e ajuda do Espírito Santo; ao mesmo tempo, supõe um amplo envolvimento de todos: clero, religiosos e leigos. Os frutos virão a seu tempo e tenho a certeza de que serão muitos! Sobretudo, espero a renovação da consciência eclesial, uma nova atitude missionária, a renovação do fervor cristão e a revitalização de nossas organizações pastorais. Para finalizar, que presente o senhor pediria aos fiéis na Arquidiocese? Amemos muito a Jesus Cristo e sua/nossa Igreja. Mantenhamo-nos unidos e perseverantes na fé, em torno do altar, da Palavra de Deus, do Papa e dos legítimos pastores da Igreja. E sejamos alegres e gratos a Deus pelo dom da fé que nos deu.


12 | Dom Odilo - 10 anos de arcebispado

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Cristãos leigos

Discípulos e missionários na metrópole Luciney Martins/O SÃO PAULO - 25.jan.2010

Planos de pastoral

Para testemunhar que Deus habita a cidade Fernando Geronazzo

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Em 2010, Dom Odilo Scherer convoca um congresso sobre a vida e missão do laicato

Fernando Geronazzo

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“Suscitar novo ardor missionário em todos os leigos da Arquidiocese de São Paulo para que sejam, em todas as realidades da cidade, discípulos e missionários de Jesus Cristo”. Esta foi a principal motivação do Cardeal Odilo Pedro Scherer ao propor para a Igreja em São Paulo a realização do 1º Congresso de Leigos, como desdobramento do 10º Plano Arquidiocesano de Pastoral. Com o tema “Cristãos leigos, discípulos e missionários de Jesus Cristo na cidade de São Paulo” e o lema, “vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo” (Mt 5, 13-14), o Congresso começou a ser pensado em 2007, época em que essa reflexão era destaque na Assembleia das Igrejas do Regional Sul 1 da CNBB (Estado de São Paulo), enquanto desdobramento das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil e da recém realizada Conferência de Aparecida (SP).

Missionários no meio do mundo

Em uma das celebrações do Congresso, Dom Odilo recordou que a Igreja em São Paulo não é formada apenas pelos quase mil padres e cerca de 2 mil religiosas, mas também pelos “mais de 4 milhões de apóstolos leigos, discípulos missionários” que formam o povo de Deus na cidade. O Arcebispo também salientou que o Congresso era um convite para “redescobrir a participação dos leigos na vida e na missão da Igreja”, mas que essa participação não se esgota no âmbito eclesial. “Muitos leigos participam das atividades internas da vida da Igreja e isso é sumamente bom e necessário. Mas sua vocação e missão própria, acima de tudo, é anunciar o Evangelho e testemunhar a vida nova em Cristo no ‘mundo secular’”, destacou, lembrando que, ao viverem imersos nas realidades do mundo, na vida familiar, exercendo sua profissão e o trabalho diário, os lei-

gos são chamados por Deus a contribuírem com a santificação do mundo.

Processo

O Congresso de Leigos foi aberto em 25 de janeiro de 2010, na festa da Conversão de São Paulo Apóstolo, e encerrado em 21 de novembro do mesmo ano, na Solenidade de Cristo Rei e também Dia Nacional do Leigo. Foram 301 dias de Congresso, divididos em três etapas. A primeira fase aconteceu nas paróquias, associações, pastorais, novas comunidades e grupos de base. A segunda se deu nas regiões episcopais e envolveu 4.800 pessoas em 91 oficinas temáticas. A última etapa foi a arquidiocesana, que contou com 21 oficinas das quais participaram cerca de mil delegados regionais. Essas oficinas abordaram a vida e missão do leigo em realidades como a promoção da caridade, comunicação social, mundo do trabalho, saúde, educação, família, juventude, iniciação cristã, promoção da justiça, comunidade eclesial, entre outras. Como resultado das oficinas, foram apresentados 173 planos de ação, que se tornaram projetos para orientar a vida e a missão dos leigos na Arquidiocese.

Frutos

Na avaliação de Dom Odilo, publicada na edição do O SÃO PAULO de 23 de novembro de 2010, um dos frutos foi perceber os muitos leigos ativos e organizados em diferentes agregações com os mais variados carismas. Atualmente, o próprio Arcebispo acompanha a Coordenação Pastoral para o Laicato e trabalha na implantação de um conselho arquidiocesano de leigos que conte com representantes dessa variedade de expressões eclesiais. A partir das propostas do Congresso, o Cardeal destacou a importância de uma sólida formação cristã dos leigos, segundo sua competência própria e área de atuação. “Sem isso, nada eles terão de próprio para contribuir na edificação do mundo pluralista, que precisa da contribuição de todos”, concluiu.

Ao ser entrevistado pelo jornal O SÃO PAULO na edição de 27 de janeiro de 2009, o Cardeal Odilo Pedro Scherer foi perguntado sobre qual seria o seu sonho para o próximo centenário da Arquidiocese de São Paulo. “Sonho que a Igreja em São Paulo, daqui a cem anos, esteja bem viva, testemunhando que ‘Deus habita esta cidade’! Que tenha conservado a fé, viva a alegre e segura esperança cristã e a comunique à cidade; que continue a praticar intensamente a caridade evangélica”, respondeu, acrescentando que para esse sonho se tornar realidade, seria preciso que a geração presente fizesse bem a sua parte. Naquele mesmo ano, era lançado o 10º Plano de Pastoral da Arquidiocese, o primeiro dos três publicados nestes dez anos de arcebispado de Dom Odilo. Com o tema “Discípulos e Missionários de Jesus Cristo na Cidade”, o Plano seguia a temática que permeou a Conferência Geral do Episcopado Latino -Americano e do Caribe, realizada em Aparecida (SP), em 2007. “Com nosso 10º Plano, queremos responder aos apelos de Deus, vindos de diversas ‘vozes’ da cidade de São Paulo, com suas riquezas e misérias que nos desafiam, como discípulos de Cristo, a darmos nesta metrópole um testemunho renovado e vigoroso do Evangelho; das nossas comunidades eclesiais, muitas vezes cansadas e desmotivadas, precisando recobrar coragem e ardor no encontro com Cristo”, afirmou Dom Odilo na ocasião do lançamento do Plano. O Cardeal Scherer destacou, ainda, que Deus envia cada batizado em missão na complexa realidade urbana de São Paulo, com seus grandes desafios e problemas, mas também com suas “oportunidades extraordinárias para a ação evangelizadora”. “Este é o campo de nossa missão. Amemo-lo também nós! Vamos com alegria e esperança!”, motivou.

Testemunha de Jesus Cristo

Lançado em 2013, o 11º Plano de

Pastoral deu continuação ao caminho proposto pelo anterior, convidando a Arquidiocese a ser “Testemunha de Jesus Cristo na cidade de São Paulo”. Em sintonia com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), o 11º Plano destacou seis urgências: Igreja “em estado permanente de missão”; “casa de iniciação à vida cristã”; “comunidade animada pela Palavra de Deus”; “comunidade de comunidades”; “a serviço da vida plena para todos”; e “a evangelização da juventude”. No contexto dos 50 anos do Concílio Ecumênico Vaticano II e da celebração do Ano da Fé, esse Plano também apresentou um projeto de pastoral para o estudo, a cada ano, das constituições conciliares Lumen Gentium, Sacrossantum Concilium, Gaudium et Spes e Dei Verbum.

Superar esquemas engessados

O 12º Plano de Pastoral da Arquidiocese, com vigência até 2020, manteve a impostação da edição anterior, acrescentando contribuições dos recentes documentos do Papa Francisco. “Ainda estamos longe de ser uma Igreja ‘em saída’ e ‘em estado permanente de missão’, como nos pede o Papa Francisco!”, afirmou Dom Odilo ao lançar o Plano. Das urgências do plano anterior, somente a sexta – “a evangelização da juventude” – foi modificada, passando a ser “Igreja: família de famílias”, motivada pelo tema das duas últimas assembleias do Sínodo dos Bispos, em 2014 e 2015. Em entrevista ao semanário arquidiocesano, em 1º de fevereiro deste ano, Dom Odilo destacou a necessidade de buscar uma maneira de superar certos “esquemas engessados de prática pastoral” que não dão conta de que a sociedade e a cultura mudaram. “Precisamos falar mais ao coração das pessoas, concentrar os nossos esforços no que é essencial, fazer uma pastoral mais voltada para as pessoas, do que para alimentar esquemas ‘que sempre foram assim’”, disse. Luciney Martins/O SÃO PAULO

No 12º Plano, Cardeal motiva a Arquidiocese a um olhar missionário sobre a metrópole


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| Dom Odilo - 10 anos de arcebispado | 13

Luciney Martins/O SÃO PAULO - 29.mar.2013

Cartas à Arquidiocese

Por uma pastoral mais eficaz e atuante

Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

Nestes dez anos de ministério episcopal na Arquidiocese de São Paulo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer escreveu quatro cartas pastorais, com o objetivo de animar a pastoral e a espiritualidade dos sacerdotes, religiosos e religiosas, seminaristas, leigos e todos os que querem viver com intensidade a fé católica, inspirados pelas orientações da Igreja.

Paróquia, torna-te o que tu és

A primeira carta foi escrita por Dom Odilo no ano de 2011, intitulada “Paróquia, torna-te o que tu és”. Nela, o Cardeal explicou que, “no ano pastoral de 2011, colocou-se em destaque uma expressão fundamental de nossa Igreja, a paróquia, ‘comunidade de comunidades’, como vem identificada no Documento de Aparecida [2007]. A escolha deste destaque pastoral foi fruto de reflexões feitas na Assembleia Arquidiocesana de Pastoral, em 30 de outubro de 2010, e no Conselho de Pastoral da Arquidiocese (CAP)”. Na ocasião, ele afirmou a necessidade de perguntarmo-nos seriamente: “Como está a paróquia? Conhecemos bem a realidade, pelo menos a realidade religiosa, de nossa paróquia? Há nela vazios, espaços ou situações não atendidas pela ação da nossa Igreja? Nossa paróquia chega ao final de cada ano com as mesmas pessoas, ou pode constatar com alegria que novos sinais de vida foram despertados?” Dom Odilo, ainda nesta carta, insistiu que é preciso haver “um processo de conversão pastoral e missionária, pedido pela Igreja em Aparecida, na 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe”.

Senhor, aumentai a nossa fé

A 2ª Carta Pastoral de Dom Odilo à Arquidiocese de São Paulo foi escrita por ocasião do Ano da Fé, que aconteceu em 2012 e 2013. “Senhor, aumentai a nossa fé” foi o título dado

ao documento, feito no contexto da comemoração do 50º aniversário do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965). “A comemoração deste Jubileu de Ouro é uma ocasião para reavivar a memória do grande Concílio; ao mesmo tempo, tem o objetivo de continuar a sua aplicação nos nossos dias”, explicou o Cardeal no início da carta. “O Ano da Fé é, pois, um ‘tempo favorável’ para renovar o conhecimento e apreço pela fé que recebemos e para a professarmos com firmeza e alegria. Desejo, com esta Carta Pastoral, oferecer a todos os filhos e filhas da amada Arquidiocese de São Paulo uma reflexão motivadora e, ao mesmo tempo, as necessárias orientações para a vivência do Ano da Fé em nossa Comunidade Eclesial Metropolitana, colocada sob o patrocínio do Apóstolo São Paulo, grande missionário, mestre e testemunha da fé!”, escreveu Dom Odilo.

Misericordiosos como o Pai Luciney Martins/O SÃO PAULO

Já a 3ª Carta Pastoral do Arcebispo de São Paulo foi feita no Ano Santo Extraordinário da Misericórdia, convocado pelo Papa Francisco e vivenciado pelos fiéis entre 8 de dezembro de 2015 e 20 de novembro de 2016. Chamada “Misericordiosos como o Pai”, a Carta não pretendeu substituir nem repetir as palavras do Papa, mas oferecer algumas motivações e orien-

tações para a celebração do Ano Santo em toda a Arquidiocese de São Paulo. Dom Odilo recomendou a todos a leitura atenta da bula Misericordiae Vultus (O Rosto da misericórdia do Pai é Jesus Cristo). “Nesse texto-base do Jubileu da Misericórdia, o Papa apresenta as grandes motivações para a celebração deste Ano Santo extraordinário, além de indicações sobre como celebrar este tempo especial da graça de Deus”, explicou o Cardeal. Ele disse também no documento que “o Ano Santo, ou Jubileu, é um tempo propício para nos voltarmos para Deus de todo coração, para louvar e agradecer com alegria pelas graças recebidas; mas também é um tempo favorável para acolher graças especiais de Deus, através do serviço da Igreja, e para buscar mais intensamente o encontro com Ele e com os irmãos”.

Viva a Mãe de Deus e nossa!

A última carta do Cardeal Scherer à Arquidiocese de São Paulo ainda está sendo lida e refletida pelos fiéis e foi escrita por ocasião do Ano Mariano Nacional (2016-2017). Nela, Dom Odilo explica que há um motivo especial para comemorar bem o tricentenário da aparição da imagem de Nossa Senhora em Aparecida, pois a Arquidiocese de São Paulo tem uma relação histórica muito próxima com Nossa Senhora Aparecida. “De fato, desde quando a Diocese de São Paulo foi criada, em 1745, até a criação da Arquidiocese de Aparecida, em 1958, o Santuário de Aparecida (SP) ficou pertencendo à Diocese/ Arquidiocese de São Paulo. Durante mais de dois séculos, a Diocese/Arquidiocese de São Paulo ficou encarregada de zelar pelo Santuário e pela devoção a Nossa Senhora Aparecida”, recordou. Dom Odilo lembrou, ainda, que também a atual basílica foi desejada e iniciada, na década de 1950, pelo então arcebispo de São Paulo, o Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta, que, em 1964, acabou se tornando o primeiro arcebispo de Aparecida.

Sínodo

‘Caminhar juntos, na mesma direção’ Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

Em artigo publicado no O SÃO PAULO, na edição de 19 a 25 de abril de 2017, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, aprofundando o trecho do Evangelho em que Jesus se revela ressuscitado aos discípulos de Emaús, fala sobre o Sínodo Arquidiocesano que será realizado no quadriênio 2017-2020. No texto, ele explica que “Sínodo significa caminhar juntos, na mesma direção. Jesus fez caminho com os discípulos de Emaús, explicando as Escrituras. Jesus faz um sínodo com eles. E eles o reencontram nas Escrituras, no convívio fraterno e no partir do pão (Eucaristia e caridade). Queremos celebrar um Sínodo em nossa Arquidiocese para contar nossa situação, perscrutar as Escrituras e deixar que se aqueçam nossos corações. Vamos perceber que Ele não abandonou sua Igreja mas caminha com ela, renova-a na alegria de crer e de proclamar à cidade de São Paulo a Boa Nova”. Em outro artigo, de fevereiro deste ano, direcionado aos bispos, párocos, administradores, vigários paroquiais e diáconos da Arquidiocese, o Cardeal explica os motivos que o levaram a convocar o Sínodo. “Sínodo diocesano é um caminho de reflexão, avaliação, renovação, planejamento e programação, feito com a participação de toda a Igreja particular, através dos seus representantes e delegados para isso. É um evento de grande significado eclesial e pastoral, que requer um amplo envolvimento de todas as forças vivas da Arquidiocese. O Sínodo requer boa preparação e participação em diversos níveis, para rever e avaliar a ação evangelizadora da Igreja, as diretrizes pastorais nos diversos âmbitos da ação pastoral, a busca de caminhos comuns eficazes para que nossa Arquidiocese realize bem sua missão neste tempo e no atual contexto social, cultural e religioso”, afirmou o Cardeal.

Momento de questionamentos

Ele salientou, ainda, que o Sínodo poderá levar à percepção de lacunas e insuficiências na evangelização; à constatação de que existe rotina e cansaço, desmotivação e resignação diante dos desafios e problemas que a Igreja enfrenta na cidade de São Paulo. Dom Odilo, coloca, então, uma série de perguntas que podem surgir a partir dessa reflexão feita conjuntamente. “Pode ser que os fatos e os números relativos à ação pastoral e à vida eclesial nos interpelem e nos façam perguntar: afinal, o que está acontecendo? Por que está acontecendo? Como podemos enfrentar melhor a escassez de vocações? Como tornar nossa Arquidiocese decididamente mais missionária, conforme apelos constantes e fortes da Igreja diante dos desafios da nova evangelização?”. Por fim, Dom Odilo diz que “o sínodo diocesano não deverá ter outra finalidade do que lançar um olhar realista para a nossa realidade eclesial e pastoral em São Paulo, com o desejo sincero de sermos fiéis à graça de Deus e de correspondermos bem à missão que nos está confiada nesta Metrópole”.


14 | Dom Odilo - 10 anos de arcebispado

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momentos marcantes na arquidiocese Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

2007 Em 29 de abril, diante de 4 mil pessoas, Dom Odilo tomou posse na Catedral da Sé como o 7º arcebispo da Arquidiocese de São Paulo.

2007 Em maio, Dom Odilo recepcionou o Papa Bento XVI, que canonizou o Frei Antônio de Sant´Ana Galvão, diante de 1,2 milhão de pessoas.

Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

2008 Em 8 de junho, no Estádio do Pacaembu, Dom Odilo Scherer presidiu a missa comemorativa pelos 100 anos da Arquidiocese de São Paulo.

2008-2009 Dom Odilo estimulou a vivência do Ano Paulino na Arquidiocese, com celebrações e momentos formativos inspirados em São Paulo Apóstolo.

Proposto pelo Cardeal Scherer, o 1º Congresso Arquidiocesano de Leigos motivou a reflexão sobre a atuação do laicato na metrópole.

2011 A Cruz e o Ícone da JMJ, que peregrinaram pelo país, foram recebidos primeiro em São Paulo, no evento Bote Fé, em 18 de setembro.

Erigida no dia 26 de fevereiro de 2014, a Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo foi aprovada pela Congregação para a Educação Católica na Arquidiocese de São Paulo, bem como seus estatutos e a nomeação do Grão-Chanceler, o Cardeal Odilo Pedro Scherer. Trata-se da primeira faculdade do gênero no Brasil. O então Instituto de Direito Canônico Padre Dr. Giuseppe Benito Pegoraro, em função há cerca de 15 anos, foi elevado à condição de Faculdade Eclesiástica pela Sé Apostólica. “Tenho a esperança que a recém-erigida Faculdade de Direito Canônico poderá oferecer uma contribuição valiosa para a vida e a missão da Igreja no Brasil. E tenho a certeza de que o fará”, afirmou Dom Odilo, em 2014.

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

2011 Vivendo na capital desde 2002, Dom Odilo recebeu o Título de Cidadão Paulistano na Câmara Municipal de São Paulo em 20 de outubro.

2013 Na Semana Missionária da JMJ Rio 2013, 10 mil peregrinos estrangeiros foram acolhidos na Arquidiocese em paróquias e famílias.

2014 Dom Odilo participou das homenagens pela canonização do Beato Anchieta, em abril, e da beatificação da Madre Assunta Marchetti, em outubro, na Catedral da Sé.

O Ano Santo Extraordinário da Misericórdia foi intensamente vivido na Arquidiocese, em especial com as peregrinações às portas santas.

Uma arquidiocese como a de São Paulo, a maior do Brasil e uma das maiores do mundo, precisa que seus organismos, vicariatos e instituições de ensino estejam em sintonia com o ambiente em que estão inseridos e conscientes de sua missão evangelizadora no mundo. Assim, alguns organismos, como o Vicariato para a Educação e a Universidade, foram criados por Dom Odilo Pedro Scherer, enquanto outros foram por ele renovados ou reorganizados.

Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo

2010

2015-2016

Arquidiocese em constante diálogo com a cidade

Fundada em 13 de agosto de 1946, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) tem como grão-chanceler o Cardeal Odilo Pedro Scherer. Na comemoração do 65º aniversário de fundação da PUC-SP, em 2011, Dom Odilo escreveu uma carta dirigida à toda comunidade universitária em que fala sobre a “história respeitável” da universidade “que nos honra e que somos convidados a honrar”. Ele salientou que é necessário “um constante e dinâmico confronto da sua proposta institucional e acadêmica com a realidade mutante do convívio social, econômico e cultural. A PUC-SP tem a vocação de preparar pessoas e cidadãos com elevada formação acadêmica e, igualmente, elevado senso moral, a partir de uma visão cristã sobre a pessoa, o mundo e as atividades humanas”.

Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo

Em novembro 2016, o Cardeal Scherer nomeou o Monsenhor Sérgio Tani para o ofício de vigário judicial da Arquidiocese e do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo. O Tribunal, que tem Dom Odilo como moderador em 2ª instância, fez várias mudanças para melhor atender aos fiéis católicos nos últimos anos, como a simplificação dos processos de nulidade matrimonial, cursos de direito matrimonial e processual canônico e a instituição de câmaras eclesiásticas nas regiões episcopais. As câmaras eclesiásticas têm a função de colaborar com os bispos diocesanos na administração da justiça e tornar os processos mais acessíveis.

A iniciativa também corresponde a uma das urgências pastorais da Arquidiocese em relação às famílias.

Vicariato Episcopal para a Pastoral da Comunicação

Criado em 1992 pelo Cardeal Paulo Evaristo Arns (1921-2016), então arcebispo de São Paulo, o Vicariato Episcopal para a Pastoral da Comunicação (Vicom) é um organismo pastoral voltado a promover a ação evangelizadora da Igreja. Em março de 2010, o Vicom foi restaurado com a nomeação do Cônego Antônio Aparecido Pereira como vigário episcopal. Em seguida, houve a reformulação e publicação de um novo regimento. A missão deste Vicariato é acompanhar a ação pastoral e evangelizadora no mundo da comunicação na Igreja Particular de São Paulo, especialmente pelos meios de comunicação – jornal O SÃO PAULO, rádio 9 de Julho, Portal ArquiSP, Folheto Litúrgico Povo de Deus em São Paulo –, a Pastoral da Comunicação (Pascom) e a assessoria de imprensa da Arquidiocese. Em 2015, Dom Odilo nomeou como vigário episcopal Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese. Atualmente, o Vicariato vem trabalhando pela integração dos meios de comunicação da Arquidiocese.

Vicariato para a Educação e a Universidade

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano e grão-chanceler da PUC-SP, criou, em 2014, o Vicariato Episcopal para a Educação e Universidade, com o objetivo de ampliar a presença evangelizadora da Igreja nas instituições de ensino católicas e não católicas. “A intenção de criar este Vicariato é para que possamos ir ao encontro da juventude, e um local certo onde a encontramos é a universidade, é o colégio”, afirmou. Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese, foi nomeado vigário episcopal. Além da Pastoral Universitária, o Vicariato tem promovido muitos eventos nas universidades, bem como ajudado na reflexão sobre a Educação no país.

Cáritas Arquidiocesana de São Paulo

Dom Odilo Pedro Scherer é presidente da Cáritas Arquidiocesana de São Paulo (CASP), que foi fundada em 1968 e refundada em 1987. Um dos trabalhos principais da Cáritas atualmente é o Centro de Acolhida para Refugiados, que atende e encaminha pessoas em situação de refúgio que vêm de diferentes países, a maioria fugitivos de conflitos armados. Outra atividade realizada pela Cáritas, que teve início em 2009, foi a CrediPaz, um Instituto de microcrédito, sem fins lucrativos. O Cardeal Scherer também foi responsável por uma reestruturação interna da Cáritas Arquidiocesana, que começou em 2010, com a criação de seis núcleos regionais, bem como a mudança de sede da instituição, realizada para melhor atender às pessoas por ela assistidas. O Arcebispo acompanhou e apoiou a mudança, que aconteceu em julho de 2016.


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O que poderá mudar nas regras do trabalho? Agência Brasil

Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

O Senado inicia o mês de maio com a tarefa de analisar o projeto de lei da reforma trabalhista, aprovado na Câmara dos Deputados, no dia 27 de abril, após ter sido enviado pelo Poder Executivo no fim de 2016. Assim como aconteceu na Câmara, a discussão do projeto deve ser intensa, pois os senadores já declararam diferentes opiniões: a maioria dos da base governista defende que a reforma modernizará as relações de trabalho e poderá gerar mais empregos, enquanto boa parcela dos senadores da oposição considera que a reforma vai retirar direitos assegurados na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), vigente no país desde 1943. A seguir, O SÃO PAULO apresenta uma síntese dos principais aspectos do texto da reforma trabalhista que estará em análise no Senado, onde para ser aprovado precisará de maioria simples, ou seja, metade dos senadores presentes na votação mais um voto.

Negociável e inegociável

O ponto central da reforma trabalhista é a supremacia do negociado sobre o legislado. Na prática, por meio de convenção coletiva e acordo coletivo de trabalho, empregadores e empregados poderão negociar detalhes como a jornada de trabalho, banco de horas, intervalo mínimo de alimentação, trabalho remoto (fora do ambiente físico da empresa), registro de ponto, parcelamento das férias, participação nos lucros e resultados, remuneração por produtividade, plano de cargos e salários e prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia do Ministério do Trabalho. Outros aspectos, no entanto, são inegociáveis, como o pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), 13º salário, seguro-desemprego, benefícios previdenciários, licença-maternidade com duração mínima de 120 dias, repouso semanal remunerado, férias remuneradas, direito de greve e manutenção das normas mínimas relativas à segurança, saúde e higiene do trabalhador.

Férias, jornada e home-office

As férias do trabalhador poderão ser parceladas em até três vezes ao longo do ano, mais nenhum dos períodos pode ser menor que cinco dias corridos e um deles necessariamente será superior a 14 dias. Atualmente, para a maioria dos trabalhadores, a jornada de trabalho é de 8 horas diárias, perfazendo 44 horas semanais. Com a reforma, a jornada pode ser negociada para 12 horas diárias, havendo 36 horas de descanso posterior, desde que o período semanal de trabalho não exceda 44 horas. Além disso, será permitido, mediante acordo entre as partes, que o trabalhador faça até duas horas extras por dia. Com a reforma, o chamado “banco de horas” poderá ser negociado, mas a compensação precisa ocorrer no mesmo mês. O período em que o trabalhador permanece na empresa por vontade própria após

sua jornada – para descanso, lazer, estudo, troca de uniforme se não for indispensável, alimentação e higiene etc. – não será considerado como hora trabalhada. O mesmo valerá para o tempo gasto pelo empregado para se deslocar de sua residência até o efetivo local de trabalho e para o trajeto de retorno. Também na proposta da reforma criam-se regras mínimas para o chamado home-office. Tudo que o funcionário utilizar em casa para o trabalho deverá ser formalizado em contrato com o empregador, incluindo equipamentos, gastos com internet e energia elétrica. O controle deste trabalho será feito por meio de cada tarefa executada.

Demissão, rescisão e multa

O texto prevê o fim da assistência obrigatória do sindicato de cada categoria na extinção do contrato de trabalho e em sua homologação. O ato da rescisão junto ao empregador, com anotação na carteira de trabalho, será suficiente para a liberação das guias de saque do seguro-desemprego e do FGTS. O contrato de trabalho poderá ser finalizado em comum acordo entre empregador e empregado com o pagamento de metade do valor do aviso prévio e metade da multa de 40% sobre o saldo do FGTS. O empregado poderá, ainda, movimentar até 80% do valor depositado pela empresa em sua conta do FGTS, mas não terá acesso ao seguro-desemprego nesse caso. Outro ponto da reforma é que a multa para a empresa que faltar com o registro do empregado será de R$ 3 mil. Se deixar de informar ao Ministério do Trabalho outros dados exigidos, como duração e efetividade do trabalho, férias e acidentes, a multa será de R$ 600. Além disso, serão multados todos aqueles que agirem de má-fé em processos trabalhistas, como, por exemplo, alterando a veracidade dos fatos, gerando resistência injustificada ao andamento do processo ou usando o processo de forma ilegal.

Gravidez e insalubridade

A trabalhadora gestante deverá ser afastada das atividades consideradas insalubres em grau máximo durante toda a gravidez. No caso de atividades consideradas insalubres em graus médio ou mínimo, ela será afastada se houver atestado de saúde de um médico de sua confiança que faça tal recomendação. No período da lactação, o afastamento também dependerá de similar atestado.

Quando não for possível que a gestante ou a lactante exerça suas atividades em local salubre da empresa, sua gravidez será considerada de risco e a mulher será afastada, podendo pedir auxílio-doença ao INSS durante esse período. Em todas essas situações, a gestante ou lactante continuará a receber a remuneração normal, inclusive o adicional de periculosidade.

Contribuição sindical

A contribuição sindical passará a ser opcional e não mais obrigatória. O mesmo vale para a contribuição patronal. Qualquer desconto salarial para sindicato deverá ser expressamente autorizado. Atualmente, a contribuição sindical equivale a um dia de trabalho por ano. Existem no Brasil aproximadamente 17 mil sindicatos. Hoje, do montante arrecadado com a contribuição sindical, 80% se destina aos sindicatos, federações e confederações sindicais e 20% é usado na chamada “conta especial emprego e salário”, que tem como um dos destinatários o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que custeia programas de seguro-desemprego, abono salarial, financiamento de ações para o desenvolvimento econômico e geração de trabalho, emprego e renda.

Terceirização e contratos de trabalho

Conforme o texto aprovado na Câmara, a empresa deverá aguardar o tempo mínimo de 18 meses para contratar novamente um empregado que tenha sido demitido. A medida busca evitar o expediente de dispensa do trabalhador para recontratá-lo imediatamente como terceirizado. Além disso, ao trabalhador terceirizado devem ser oferecidas as mesmas condições de trabalho que são dadas aos efetivos. O contrato individual de trabalho poderá ser feito verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado. No entanto, há a previsão de que o trabalho possa ser prestado de forma intermitente, ou seja, permitindo a contratação sem horário fixo de trabalho. Nesse caso, o documento deve ser feito por escrito e conter o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valorhorário do salário mínimo ou àquele pago aos demais empregados em similar função. (Com informações da Câmara Notícias, Agência Senado, G1, jornal O Dia e El País)

| Política | 15

Reforma da Previdência

A Comissão Especial da Reforma da Previdência iniciou na quarta-feira, 3, os trâmites finais para a votação do texto do relator da PEC 287/16, o deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA). Se tiver parecer favorável, o texto será apresentado ao plenário da Câmara dos Deputados, onde serão necessários ao menos 308 votos para que a reforma da Previdência seja aprovada. Não há certeza de que a votação final ocorra ainda nesta semana.

Salário ou remuneração de qualquer espécie

Uma comissão especial de deputados federais começará a debater nas próximas semanas o PL 6442/2016, enviado à Câmara pelo governo Temer, que trata do trabalho rural. O ponto mais polêmico está no artigo 3º do projeto de lei, ao propor que o pagamento do empregado rural poderá ser feito “mediante salário ou remuneração de qualquer espécie”. Este trecho da lei abriria precedente para que o trabalhador rural seja “pago” com comida, habitação ou parte da produção, o que pode fazer com que vivam em condições análogas à escravidão.

Dirceu fora da prisão

Condenado em primeira instância em dois processos da operação Lava Jato por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa, José Dirceu, exministro no governo Lula e ex-deputado federal pelo PT, deixará esta semana a prisão preventiva que estava desde agosto de 2015. A decisão foi tomada pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), na terça-feira, 2. Votaram a favor da libertação de José Dirceu os ministros Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Gilmar Mendes, e contra os ministros Edson Fachin e Celso de Mello. Agora, Dirceu só poderá voltar a ser preso se for condenado em segunda instância no julgamento a ser feito pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), ainda sem data prevista. No período fora da prisão, ele usará tornozeleira eletrônica e está proibido de deixar sua residência em Vinhedo (SP). Fontes: Câmara Notícias, G1, Carta Capital e El País


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Satiro Sodré/SSPress/CBDA

Dica de Leitura Principais documentos dos papas sobre Nossa Senhora Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

“Graças ao excelente trabalho executado por nosso estimado consócio, Prof. Dr. Edson Sampel, membro do Conselho Diretor da AMA [Academia Marial de Aparecida], que organizou esta coletânea, oferecem-se aos católicos, em um único volume, as reflexões dos papas acerca do papel desempenhado por Maria Santíssima nos planos divinos de salvação da humanidade”, diz Padre Valdivino Guimarães, diretor da AMA, na apresentação do livro “Principais documentos dos papas sobre Nossa Senhora - do Beato Pio IX a Francisco”. A obra vai ao encontro da novíssima perspectiva da AMA, que vive uma nova fase, com a intenção de resgatar o caráter científico da instituição e manter um núcleo constante de teólogos ou mariólogos, que constituem a sua essência. O livro reúne os principais documentos escritos pelos sumos pontífices sobre Maria desde a segunda metade do século XIX até os dias atuais. O livro chega às livrarias no ano em que são celebrados os 300 anos do milagre ocorrido no rio Paraíba do Sul, quando pescadores encontraram a imagem de Nossa Senhora da Conceição, dando início à devoção a Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira do Brasil. O Cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito de Aparecida (SP), afirma sobre a obra: “Estou absolutamente certo de que o católico – e por que não dizer o cristão em geral? – terá em mãos, análises, reflexões, explicações, enfim, o suprassumo do magistério eclesiástico referente ao papel de Maria Santíssima na economia da salvação, no mistério de Cristo e da Igreja, povo de Deus. Com certeza, o estudo dessa obra aclarará conceitos e dirimirá dúvidas.” Ainda sobre o lançamento dessa obra, o arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, falou: “Tomei conhecimento desta auspiciosa iniciativa da Academia Marial de Aparecida de coletar, em um único volume, as principais encíclicas sobre Maria Santíssima. Que belo trabalho! Certamente, produzirá muitos frutos, instruindo os católicos na correta devoção à Mãe de Deus e Mãe nossa!” A coletânea dos principais documentos dos papas sobre Nossa Senhora – abrangendo do Beato Pio IX a Francisco –, traz textos dos seguintes sucessores de Pedro: Pio IX, Leão XIII, Pio X, Bento XV, Pio XI, Pio XII, João XXIII, Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI e Francisco. Há o prefácio do Cardeal Raymundo Damasceno Assis, apresentação do Padre Valdivino Guimarães, CSsR, diretor da Academia Marial de Aparecida, e notas de esclarecimento de Edson Luiz Sampel, membro do conselho diretor da AMA e organizador da obra. Divulgação

Águas nada claras para o esporte brasileiro Vítor Alves Loscalzo Especial para O SÃO PAULO

Acostumados com as operações da Polícia Federal (PF) envolvendo políticos e empresários corruptos e corruptores, os brasileiros viram as águas se escurecerem também no campo do esporte. Em 6 de abril, a operação Águas Claras, da PF, levou à prisão preventiva o ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Coaracy Nunes; o diretor financeiro, Sérgio Ribeiro Lins de Alvarenga; e o coordenador técnico do polo aquático, Ricardo Cabral. No dia seguinte, Ricardo de Moura, coordenador técnico da natação, se entregou à Polícia Federal após ser considerado foragido. Vinculada ao Comitê Olímpico do Brasil (COB), a CBDA é responsável por administrar as modalidades de natação, nado sincronizado, saltos ornamentais, maratonas aquáticas e polo aquático. As investigações apuram um possível desvio de R$ 40 milhões que foram repassados à Confederação por meio de convênios e leis de fomento ao esporte, mas que não foram destinados para os devidos fins, ou seja, custear essas modalidades no país.

Futuro dos esportes aquáticos

Ficha técnica: Organizador: Edson Luiz Sampel Páginas: 296 Editora: Fons Sapientiae

Desde que a operação da PF foi deflagrada, há preocupação com os rumos que os esportes aquáticos tomarão no país. O Troféu Maria Lenk, por exemplo, principal campeonato nacional de natação, que segue até o sábado, 6, no Rio de Janeiro, só acontecerá porque os Correios, patrocinador da Confederação há 26 anos, adiou provisoriamente a decisão que havia tomado de rescindir o patrocínio por conta dos escândalos na CBDA. Em 18 de abril, a Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados, em mesa redonda, discutiu a reformulação administrativa da CBDA. Senso comum, e principal ponto levado na reunião, é a participação mais ativa dos atletas na Confederação. “Nunca tivemos direito a voz. Agora chegou o momento. A gente quer mudança e tem o direito de saber quanto de dinheiro entra na Confederação”, afirmou a nadadora Joanna Maranhão, que foi uma das participantes do evento. Hugo Parisi, atleta dos saltos ornamentais, propôs soluções à atual situação da modalidade e da CBDA: “Os saltos ornamentais são um esporte pequeno. A minha proposta é que a Confede-

ração se divida. Nós ganharíamos autonomia”, pontuou. “Nunca crescemos porque sempre estaremos abaixo da natação, e ficamos apagados. Se dividirmos, os recursos também serão divididos, e a fiscalização e transparência serão melhores. É a chance de cada esporte tomar o seu rumo e suas decisões”, concluiu Hugo.

Visão dos atletas

Um dia após a Operação Águas Claras, 43 atletas dos esportes aquáticos, entre os quais os medalhistas olímpicos Cesar Cielo e Thiago Pereira, divulgaram uma carta dirigida ao presidente da República, Michel Temer, e a outras autoridades. “Estamos acompanhando, muito chateados e atentos, o fato de nossa Confederação encontrar-se todos os dias no noticiário, mas não para trazer informações esportivas, e sim para anunciar mais um capítulo de uma disputa judicial na qual não somos parte ou sequer culpados. Queremos que as regras estatutárias sejam cumpridas sem manobras, almejamos que nossos dirigentes pensem no esporte exclusivamente, cobiçamos que os atletas e técnicos sejam respeitados, e que o dinheiro público seja corretamente empregado – visando o desenvolvimento dos desportes aquáticos”, consta em um dos trechos da carta. Em entrevista ao O SÃO PAULO, o ex-nadador Renato Ramalho, que por 14 anos representou o Brasil em competições nacionais e internacionais, também enfatizou que “são os atletas, de fato, que amam o esporte e, portanto, os que têm mais interesse para que a CBDA esteja bem coordenada. Estão buscando modificações no estatuto e se unindo para mostrar que a Confederação é maior do que os dirigentes”. Ainda segundo Renato, antes mesmo da operação da PF “já havia, por parte dos atletas, um descontentamento que, acredito, seja reflexo também do descontentamento político geral vivido no Brasil”. Apesar de todo esse cenário, ele está otimista. “O que está acontecendo é bom, apesar de ser triste. Ricardo Prado assumiu o cargo de coordenador geral de esportes da CBDA. Ele tem uma capacidade excepcional. Tem vivência esportiva, já foi o melhor do mundo e passou pelo comitê dos Jogos Olímpicos de 2016, com amplo conhecimento nas modalidades aquáticas. O que está acontecendo nos dá a oportunidade de renascer como uma fênix”, concluiu. (Com informações do portal UOL, G1 e Globoesporte.com e CBDA)


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Benigno Naveira

Colaborador de comunicação da Região

Padre Oliveira comemora 25 anos de sacerdócio Os fiéis da Paróquia São Mateus, no Setor Pastoral Rio Pequeno, participaram em 26 de abril da celebração eucarística em ação de graças pelos 25 anos de ordenação presbiteral do Padre José Oliveira dos Santos, pároco. Padre Oliveira presidiu a missa que teve entre os concelebrantes os padres Jorge Pierozan, mais conhecido como Padre Rocha, vigário episcopal da Região Lapa, Antonio Francisco Ribeiro, coordenador regional de pastoral, Tarcísio Justino Loro e Raimundo Ribeiro Martins. No iniciou da celebração, Padre Rocha parabenizou o Padre Oliveira pelo jubileu de prata sacerdotal e pelos anos dedicados ao trabalho de evangelização. A homilia da celebração foi feita pelo Padre Tarcísio Justino, que recordou que há 25 anos estava na primeira missa do Padre Oliveira. Ele discorreu sobre a vida do colega sacerdote, e afirmou reviver a alegria daquele dia, pois o sacerdócio do jubilando sempre produziu muitos frutos, como sinal de sua atenção à recomendação do Senhor: “Permanecei no meu amor”. Padre Tarcísio, ainda na homilia, também disse que os 25 anos de sacerdócio são prova da fidelidade da aliança do Padre Oliveira firmada com o Senhor, no Batismo, na Crisma e, sobretudo, na ordenação, que lhe é con-

Lapa

Paulo Benedito dos Santos

Padre José Oliveira dos Santos em pé no centro da imagem junto aos concelebrantes da missa por seu jubileu sacerdotal, em 26 de abril

ferida por escolha do próprio Deus. Em conversa com a Pastoral da Comunicação da Região Lapa, Padre Oliveira contou sua trajetória. “Sou alagoano e na minha infância morei em São Vicente (SP), onde completei meus estudos até o magistério. Cursei Filosofia na Universidade Católica de Santos, e Teologia no Instituto Teológico de São Paulo. Trabalhei na Cosipa, em livraria, e em secretaria de paPadre Antonio Francisco Ribeiro

Dia de São José Operário, em 1º de maio, é celebrado com missa na paróquia dedicada ao Santo

ECC mobiliza a Paróquia São Francisco de Assis Nos dias 15 e 16 de abril, no Colégio Santa Cruz, foi realizado o 6º Encontro de Casais com Cristo (ECC) da Paróquia São Francisco de Assis, no Setor Pastoral Butantã, com a participação de 44 casais encontristas e aproximadamente 60 colaboradores de outras pastorais da Paróquia. Na ocasião, houve missa presidida pelo Padre Edilberto Alves da Costa, pároco. O ECC é uma oportunidade de apro-

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fundar o sentido do Matrimônio, a partir dos valores do casamento consagrado pelo sacramento do Matrimônio, da espiritualidade conjugal e, assim, inspirar e motivar um melhor relacionamento entre o casal, colocando Deus como fonte de amor que uniu e constituiu a família. O retiro possibilita refletir sobre a relação com os filhos e perceber a importância do testemunho e participação nas pastorais da Igreja.

róquia até terminar meus estudos no seminário. Desde criança, já tinha vocação para o sacerdócio. Fui ordenado em 1992 pelo arcebispo de São Paulo à época, Dom Paulo Evaristo Arns, na Paróquia São Domingos Sávio, no Setor Pirituba, e presidi a minha primeira missa na Comunidade Nossa Senhora do Líbano, no Setor Pastoral Pirituba, onde iniciei meu trabalho de evangelização”, recordou.

Padre Oliveira também comentou que sempre atuou na Região Episcopal Lapa e nestes 25 anos de sacerdócio “em todas as paróquias que trabalhei, sempre tive um bom relacionamento com a comunidade, fazendo o meu trabalho de evangelização sempre voltado aos pobres, doentes e mais necessitados, e estando sempre à disposição de quem precisa de minha ajuda tanto espiritual como pessoal”, concluiu.

Com São José Operário, por mais fraternidade no trabalho No Dia Mundial do Trabalhador, na segunda, dia 1°, a Paróquia São José Operário, no Setor Pastoral Rio Pequeno, comemorou seu padroeiro em uma celebração eucarística presidida pelo pároco, Padre Raimundo Ribeiro Martins, SJC. Padre Raimundo, na homilia, ressaltou a sua preocupação com as injustiças e a falta de fraternidade no mundo do

trabalho. Ele pediu que, pela intercessão de São José Operário, Deus abençoe e ilumine o mundo do trabalho, para que haja mais respeito, fraternidade e dignidade. Na parte final da missa, aconteceu a bênção das carteiras de trabalho e de objetos utilizados nos diferentes ofícios exercidos pelos fiéis que participaram da celebração. Paróquia São Francisco de Assis

Padre Edilberto preside missa durante o 6º ECC da Paróquia São Francisco de Assis


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Brasilândia Preparação para a Crisma e os cuidados com as mídias sociais

Padre José Domingos Bragheto, Jorge Vicente, Anderson Braz e Kátia Maderic Colaboração especial para a Região

No domingo, 30 de abril, aproximadamente 60 jovens que se preparam para receber o sacramento da Crisma e leigos atuantes na Paróquia Nossa Senhora das Dores, no Setor Pastoral Jaraguá, se reuniram com a Pastoral da Comunicação setorial para refletir sobre os desafios das

novas mídias sociais e como usá-las para a evangelização. Roberto Bueno, catequista de Crisma, falou sobre a necessidade de atualização dos envolvidos na preparação dos crismandos e destacou a preocupação em formar e informar os futuros cris-

mandos sobre a interpretação e a avalanche de informações que eles recebem. “Essa formação foi necessária, pois estávamos vendo mensagens no WhatsApp totalmente fora dos padrões da idade e da Igreja. Precisamos instruí-los, não brigar, mas ensinar”, falou Roberto Bueno.

A formação foi assessorada por Anderson Braz, com base em materiais produzidos pela Pastoral da Comunicação regional. Ao final, os participantes avaliaram positivamente o dia de atividade, que os levou a perceber os maus usos que fazem, por vezes, das mídias sociais.

Um dia com Zé Vicente e suas canções O cantor e compositor Zé Vicente participou na segunda-feira, dia 1º, de um evento organizado pela equipe regional das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) na Comunidade Nossa Senhora Aparecida, da Área Pastoral Nossa Senhora e Santana, no Setor São José Operário. Diante de aproximadamente 200 pessoas, Zé Vicente destacou a importância de que se continue a cantar nas celebrações e encontros músicas que falam da caminhada e que retratam a realidade do povo. “Canções que ajudam as comunidades a manter firme a espiritualidade, as esperanças e o compromisso com a caminhada da Igreja”. Músicas como “Utopia”, “Pelos caminhos da América” e outras foram cantadas pelos participantes, em clima de festa. “A roda de conversa com o Zé Vicente foi um momento de animação da caminhada como povo de Deus que nutre sua esperança e utopia na fé do Jesus encarnado na história e sua ressurreição. Afirma a certeza que o caminho de Jesus é o caminho de Deus. Faz

Padre José Domingos Bragheto

Cantor e compositor Zé Vicente participa de atividade cultural e reflexiva na Comunidade Nossa Senhora Aparecida, na segunda-feira, 1º

memória de histórias vividas na entrega, na luta pela justiça, paz, fraternidade que renova nosso compromisso como cristãos. Zé Vicente faz com coração alma e unção esta arte de tornar viva e presente a maneira de como Deus age, fala e ama. É uma riqueza conhecer Danilo Brigatto

como nasceram no coração desse poeta as músicas, poemas da caminhada do povo latino. Esse poeta é um dom de Deus, expressa com leveza e alegria o mistério”, falou, emocionada, a Irmã Maria de Lourdes Peruch, da Congregação Irmãs Escolares de Nossa Senhora.

Ao final da atividade, Zé Vicente se dispôs a voltar para uma jornada de animação pastoral na Região Brasilândia. No mesmo dia, ele participou da missa do trabalhador, realizada na Comunidade Santana, pertencente à mesma área pastoral. Ivani Maria de Jesus

No domingo, 30 de abril, foi celebrado o envio dos novos coroinhas e acólitos da Paróquia Santa Cruz de Itaberaba. São crianças e jovens que passarão a ajudar a comunidade no serviço do altar, após terem sido devidamente capacitados. Eliana Lubianco

No sábado, 29 de abril, os membros das pastorais da Paróquia Santa Cruz de Itaberaba, em cumprimento das atividades dos 60 anos da Paróquia, refletiram sobre os temas e subtemas da novena, que será entre os dias 5 e 14 de setembro, antecedida por uma romaria ao Santuário Nacional de Aparecida, no dia 2 do mesmo mês.

Na segunda-feira, dia 1º, a Comunidade São José Operário, da Paróquia Espírito Santo, realizou uma procissão com a imagem do padroeiro pelas ruas do Parque Belém, antes da missa solene em que também se recordou o Dia Internacional do Trabalhador.


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Peterson Prates

Colaborador de comunicação da Região

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Belém

Celebrações no centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima No ano em que se comemora o centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima, Portugal, em 1917, a Paróquiasantuário Nossa Senhora de Fátima e São Roque, no Setor Pastoral Sapopemba, celebrará a festa da padroeira até o dia 31,

realizando entre os dias 4 e 12 a novena preparatória com missas diárias. No dia da festa da padroeira, no sábado, 13, haverá missas às 7h, 9h, 10h30, 12h, 15h, 17h e 19h, na matriz paroquial (rua José Antônio Fontes, 36, Vila Tols-

tói), sendo que antes da última missa acontecerá uma procissão luminosa pelas ruas do bairro. A programação completa da festa pode ser consultada em www. santuarionsf.com.br. Ainda em comemoração ao centená-

rio das aparições de Nossa Senhora em Fátima, haverá no domingo, 28, às 9h, uma carreata pelas ruas da Mooca, partindo da igreja-matriz da Paróquia São Paulo Apóstolo (rua Tobias Barreto, 1.320), onde haverá missa solene logo na sequência.

Peterson Prates

Paróquia Jesus Ressuscitado

A equipe das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da Região Episcopal Belém realizou reunião mensal no Centro Pastoral São José, em 26 de abril, em preparação para participar do 14º Intereclesial das CEBs, que acontecerá em Londrina (PR), em janeiro de 2018. Integrantes das pastorais nos setores São Mateus, Sapopemba, Vila Prudente, Vila Alpina e Conquista formam a equipe. Há nesses setores mais de 120 comunidades eclesiais de base.

Em 23 de abril, a Paróquia Jesus Ressuscitado, no Setor Pastoral Conquista, celebrou a festa do padroeiro, antecedida por um setenário, com participação das seis comunidades que formam a Paróquia. Quatro missas marcaram o dia da festa, presididas pelo Prior Provincial dos Agostinianos, congregação que atende a paróquia, Frei Jesus Madrid; Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e a Universidade; e o pároco, Frei Reginaldo de Abreu Araújo da Silva.

Cerca de 300 educadores, crianças e adolescentes atendidos pela Pastoral do Menor da Região Belém participaram da celebração de Páscoa, em 20 de abril, na Comunidade Nossa Senhora do Carmo, no Setor São Mateus. A celebração reafirmou a ação profética e missionária da pastoral, em consonância com a proposta nacional, e levou a refletir sobre os clamores das crianças, adolescentes, jovens e famílias, e sobre os biomas brasileiros.

Leandro Lopes

Clotilde Manzano

Os fiéis da Capela São João XXIII, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Setor Vila Antonieta, celebraram a festa do padroeiro com missa solene na data da memória litúrgica do Santo, na quinta-feira, 27 de abril. Embora São João XXIII tenha sido canonizado há três anos pelo Papa Francisco, a Comunidade tem esse nome desde a fundação, há mais de 30 anos.

Ipiranga

Caroline Dupim

Colaboradora de comunicação da Região

Santuário São Judas Tadeu sedia Congresso Regional de Artes Nos dias 29 e 30 de abril aconteceu no auditório do Santuário São Judas Tadeu, o Congresso de Artes Regional para cidades do Sul e Sudeste do Brasil, voltado aos artistas da Comunidade Católica Shalom e demais interessados. O Congresso de Artes, com o tema “Arte e Liberdade”, é um encontro para aqueles que têm a missão de evangelizar por meio da arte e querem aprofundar seus conhecimentos. Os palestrantes do evento vieram do Ceará, onde está a sede da Comunidade Shalom, para falar sobre Antropologia, produção de espetáculos,

liturgia, originalidade e liberdade. “A arte cristã é fruto do contato extremo com Deus. A arte quando se encontra com esse mistério tão profundo e essencial produz o inimaginável”, comentou Eduardo Martins, missionário da Comunidade. “Na evangelização, a música é aplicada de forma diferente, em lugares diferentes, inclusive na liturgia”, afirmou Juci Almeida, outro missionário. O evento contou com a participação de aproximadamente 200 pessoas da Comunidade Shalom que atuam em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina e outros estados.

Nicole Silvestre

‘Arte e Liberdade’ foi o tema do Congresso Regional de Artes, entre os dias 29 e 30 de abril


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Santana Novo sistema de gerenciamento de paróquias está em teste

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

Entre os dias 25 e 27 de abril, subdivididos pelos nove setores pastorais da Região Santana, os representantes paroquiais aprenderam a operar o novo sistema de gerenciamento de paróquias desenvolvido pela empresa Desenvol Sistemas de Informática, de Londrina (PR), que atua no setor de desenvolvimento de sistemas há mais de 17 anos. Com assessoria de Leandro Luis Lobato, os responsáveis pela parte financeira das paróquias puderam estudar as rotinas e procedimentos para os módulos de Caixa, Contas Bancárias, Contas a Pagar, a Receber e Balancetes. Após esse treinamento, os responsáveis irão testar e avaliar esses novos procedimentos para sua prestação de contas. Esse sistema de gerenciamento está sendo testado na Região Santana e se espera que todos os procedimentos sejam padronizados para dar mais agilidade ao trâmite contábil e também subsídios para um melhor direcionamento nos trabalhos pastorais.

Diácono Francisco Gonçalves

Responsáveis pela parte financeira das paróquias, reunidos em formação regional sobre o novo sistema de gerenciamento paroquial Silvano Souza

Agora é tempo de misericórdia Informações e inscrições podem ser obtidas pelo site www.bompastor.pfdp. com.br ou pelo e-mail fichaspastoralfamiliar@hotmail.com. O evento será no Recanto Guanella Centro de Reabilitação N. Sra. De Lourdes (Avenida Luiz Carlos Gentile de Laet, 1.736).

A Pastoral Familiar da Região Santana realizará entre os dias 20 e 21 deste mês um encontro destinado para casais separados ou recasados. A meta é ajudá-los a refletir sobre seu papel na Igreja Católica e como família querida por Deus, de acordo com as diretrizes da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e Família da CNBB.

Antonio Ribeiro

Dom Sergio de Deus Borges ministrou, em 23 de abril, o sacramento da Crisma a 42 jovens e adultos na Paróquia Sagrada Família, no Setor Pastoral Mandaqui, que tiveram formação com a orientação do Padre Erly Avelino Moscoso, pároco. Roberto Souza

A Pastoral Familiar da Região Santana promoveu, no sábado, 29 de abril, na Cúria de Santana, a formação para casados, casais de segunda união, para os que que estão se preparando para o Matrimônio e namorados estáveis, sobre o tema “Conjugalidade em consonância com a Amoris Laetitia”, com assessoria de Rita e André Kawahala.

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Dom Sergio de Deus Borges deu posse, no dia 22, ao Padre Jovair Milan, como pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima da Vila Albertina, no Setor Pastoral Tremembé. Tendo nascido, em 22 de junho de 1961, em São José do Rio Preto (SP), o Padre desde a infância teve admiração pelo trabalho desenvolvido com crianças carentes pelos missionários combonianos em sua paróquia, o que mais tarde o levou ao sacerdócio. Ordenado padre em 1992, ele já atuou nas paróquias Nossa Senhora da Livração, Nossa Senhora Aparecida da Vila Albertina, Nossa Senhora de Fátima da Vila Dionísia e São José do Mandaqui.

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Conceição Aparecida de Carvalho, Lucas Santos e Rafael Faria Colaboração especial para a Região

Encontro destaca o culto litúrgico a Maria A Região Sé realizou nos dias 25 e 26 de abril, no auditório das Paulinas Livraria, o segundo dos quatro encontros anuais de formação litúrgica, que foi assessorado pelo Padre Helmo César Faccioli, coordenador regional de liturgia. Em 2017, por conta do Ano Mariano Nacional, a Comissão Regional de Li-

turgia tem abordado os temas “O Culto Litúrgico de Maria”, “Religiosidade Popular” e o “Culto Litúrgico dos Santos”. Nesse segundo encontro, houve continuidade ao primeiro tema, estudando “A Virgem Maria no Ano Litúrgico”, com base no “Manual de Liturgia IV”, organizado pelo Celam 2007 - Editora Paulus.

Padre Helmo falou sobre Maria na celebração litúrgica da Igreja, a presença dela no Batismo, na Eucaristia e nos demais sacramentos, bem como na liturgia do Advento, Natal, Tempo Pascal, Quaresma e Tempo Comum. Houve ainda explicações sobre a exortação apostólica Marialis Cultus, escrita em 1974 pelo Be-

ato Paulo VI, e das celebrações marianas, solenidades e festas. O tema do próximo encontro regional de formação litúrgica será “A Piedade Popular”. A atividade acontecerá entre os dias 22 e 23 de agosto, no auditório das Paulinas Livraria (rua Domingos de Morais, 660, Vila Mariana).

Exposição retrata os 370 anos do Santuário São Francisco O Convento e Santuário São Francisco completarão, em 17 de setembro, 370 anos de fundação. Para resgatar essa história está acontecendo a exposição fotográfica “Convento e Santuário São Francisco: Um olhar sobre a Nossa História – 370 anos”. “A ideia de se montar uma exposição com fotografias surgiu durante a reunião da Pastoral da Comunicação no início do ano. Queríamos contar a história dos 370 anos desta casa em fotografias. Sabíamos que era difícil, porque os primeiros anos não constam de registros fotográficos, contudo, aceitamos o desafio”, contou o Frei Alvaci Mendes da Luz, pároco e reitor da Paróquia-santuário São Francisco. A exposição é composta por 182 fotos, ao longo de 21 painéis com textos e orações. Nela, a autora Ana Lúcia Armigliato conta a história desde 1585 até os dias de hoje. “O resultado é uma exposição leve e envolvente, que leva o visitante a um passeio pela presença franciscana não só em São Paulo, mas no Brasil como um todo, haja vista que a história começa com a fundação da primeira Província Franciscana do Brasil, na cidade de Olinda (PE), e segue até a chegada dos primeiros franciscanos em São Paulo, terminando com fotos do dia a dia desta igreja e suas festas”, acrescentou o Frade. Segundo Ana Lúcia, nesta mostra o

histórico não existe sem o religioso e vice-versa. “A ideia é remeter à oração enquanto se caminha pela história. Dessa maneira, sempre a cada sequência de painéis há o elemento humano, em seu momento devocional ao lado de orações escritas: São Francisco, São José, Nossa Senhora da Imaculada Conceição, Santo Antônio, Santa Clara e Santo Antônio de Sant’Ana Galvão (dando destaque para a época em que esse último morou no Convento)”, observa. Nesses 370 anos, muitos foram os benfeitores do Convento e Ana não se esqueceu deles. “Os últimos painéis são dedicados a essas pessoas”, completa. Por conta das comemorações, está sendo feita a pintura da fachada do Santuário e do Convento. O investimento será de R$ 120 mil. Os interessados em colaborar podem fazê-lo diretamente na secretaria da Paróquia-santuário (Largo São Francisco de Assis, 133, Sé) ou se informar sobre outros canais de colaboração pelo telefone (11) 32912400.

Kauê Rodrigues de Lima

Ana Lúcia Armigliato

Pastoral da Pessoa Idosa é implantada na Paróquia Santa Cecília Em 23 de abril, os fiéis da Paróquia Santa Cecília, no Setor Pastoral Santa Cecília, foram informados sobre a implantação da Pastoral da Pessoa Idosa (PPI) em âmbito paroquial. O encontro de formalização contou com a participação de Conceição Aparecida de Carvalho, coordenadora regional da Pastoral da Pessoa Idosa; Eunice Lopes Alves, coordenadora paroquial da São João Clímaco; Emília Piva, leiga atuante na Paróquia São Vicente de Paulo, a jornalista Hermínia Brandão, colabo-

radora da PPI; e Maria Cida Costa, conselheira do Grande Conselho Municipal do Idoso (GCMI), que também é paroquiana da Santa Cecília. O anúncio aos fiéis foi feito pelo Cônego Alfredo Nascimento Lima, pároco, que convidou a comunidade a se engajar na Pastoral da Pessoa Idosa. Está agendada para o dia 27, às 14h, a formação aos interessados em ingressar na Pastoral, que será realizada na matriz paroquial (próxima à estação Santa Cecília do Metrô).

EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA

Em 23 de abril, Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, conferiu o sacramento da Crisma a jovens e adultos durante missa na Paróquia Santo Eduardo, no Setor Pastoral Bom Retiro, concelebrada pelo Padre José Enes de Jesus, pároco.

A Associação Civil Gaudium et Spes-AGES com sede provisória nesta cidade, rua Aliança Liberal, 703 Vila Leopoldina, por meio de seu presidente, Dom Fernando José Penteado, Bispo Emérito, CONVOCA seus associados para a Assembleia Extraordinária, no dia 27 de maio de 2017, das 08:00 às 12:00, na Rua Guaipá, 1605, Vila Leopoldina, com a seguinte ordem do dia: 1) Apresentação e aprovação do Plano de Trabalho 2017. 2) Apresentação e aprovação do Relatório de Atividades 2016. 3) Apresentação e aprovação do Balanço Patrimonial 2016. 4) Encerramento da filial MSE BUTANÃ. 5) Informações gerais. A Assembleia Geral instalar-se-á em primeira convocação às 08h30 com a presença da maioria dos associados e, em segunda convocação, com qualquer número, de acordo com o estatuto. São Paulo, 02 de maio de 2017. Dom Fernando José Penteado Presidente


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Bispos do Brasil aprovam documento sobre a iniciação cristã Imprensa CNBB

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

Os bispos reunidos em Aparecida (SP) para 55ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada de 26 de abril a 5 de maio, aprovaram na quarta-feira, 3, o documento sobre a iniciação à vida cristã. Dom José Antônio Peruzzo, arcebispo de Curitiba (PR) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética, afirmou ao O SÃO PAULO que os católicos brasileiros terão em mãos um documento que ajudará as comunidades a colocarem em prática o processo de iniciação cristã. “Não tenho dúvidas que este documento vai desencadear muitíssimas experiências de evangelização pelo Brasil afora”, disse. O Arcebispo informou, ainda, que houve um bom número de proposições de melhorias na redação. “Essas contribuições são um indicativo do grande interesse que essa temática suscitou nos bispos”, disse.

Amoris Laetitia

Nos trabalhos da Assembleia também foi dada a atenção para a elaboração de um subsídio com orientações para aplicação prática da exortação pós-sinodal Amoris Laetitia, do Papa Francisco. De acordo com o bispo de Santo André (SP) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da

Na Assembleia da CNBB também foram elaborados subsídios sobre o ministério da palavra e a exortação Amoris Laetitia

Fé, Dom Pedro Carlos Cipollini, o texto não pretende ser um manual, mas um pequeno roteiro para a prática concreta do que o Santo Padre recomenda a toda a Igreja. Além da Comissão para a Doutrina da Fé, a Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família também foi encarregada da elaboração do subsídio. Dom Pedro acredita que que esse subsídio fará muito bem para a Igreja no Brasil e irá facilitar a divulgação e a compreensão da Amoris Laetitia, principalmente no que diz respeito à atenção pastoral aos casais em dificuldades. “Para a Igreja Católica, a família é uma questão basilar. Basta pensarmos que na Igreja primitiva, nos primeiros séculos, as comunidades cristãs se reuniram nas famílias. A própria Igreja é uma grande família”, afirmou o Bispo.

Ministério da Palavra

Outro subsídio trabalhado na Assembleia é sobre orientações para a celebração da Palavra e a formação dos ministros da Palavra. No Brasil, há muitas comunidades que não têm a celebração da Eucaristia dominical, chegando a ficar até meses sem a missa. Em muitas dessas realidades, há ministros leigos que presidem liturgias da Palavra e, sempre que possível, há comunhão da reserva eucarística de missas celebradas anteriormente. Para tanto, Dom Armando Bucciol, bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia, destacou que é preciso formar ministros leigos instituídos, que participem ativamente da vida eclesial para presidirem a celebração da Palavra. “Não basta um conhecimento superficial da Palavra para poder partilhá-la, deve haver uma suficiente iniciação.

É preciso investir no conhecimento da Palavra bem como na maneira de apresentá-la à comunidade”, afirmou. Para Dom Armando, o subsídio trará uma atualização necessária ao reafirmar e incentivar este ministério e ao recordar que pelo Batismo a Igreja toda é ministerial.

Ecumenismo: do conflito à comunhão

Na noite da terça-feira, 2, os bispos participaram de uma celebração ecumênica que recordou os 500 anos das Reforma Protestante. O ato contou com a presença de representantes de diferentes denominações cristãs. Ao falar sobre os eventos que recordam os cinco séculos da Reforma, Dom Francisco Biasin, bispo de Barra do Piraí - Volta Redonda (RJ) e presidente da Comissão Episcopal para o Ecumenismo, ressaltou os passos concretos dados no ecumenismo especialmente nos últimos 50 anos. “Se houve atitudes de distanciamento e até desamor, atualmente, graças ao clima do Concílio Ecumênico Vaticano II, estamos passando do conflito à comunhão”, disse. Recordando o apelo e gestos ecumênicos do Papa Francisco, Dom Biasin enfatizou que o diálogo ecumênico tem uma riqueza espiritual, pois permite a troca de dons entre as igrejas. O Bispo também recordou o que o Santo Padre chama de “ecumenismo de sangue”, testemunhado com o martírio dos cristãos. “Eliminam, matam e sacrificam os cristãos pelo fato de serem discípulos de Jesus Cristo e anunciadores do seu Evangelho”. “Discutimos por causa de Doutrina e pouco enxergamos o quanto temos em comum e como poderíamos viver melhor a partir daquilo que temos em comum”, acrescentou o Bispo.


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A reconstrução do país precisa salvaguardar a dignidade humana Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

Os bispos reunidos na Assembleia Geral da CNBB também refletiram sobre o momento nacional brasileiro. Falando em nome do episcopado, em coletiva de imprensa conferida na terça-feira, 2, Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG), disse que a sociedade brasileira está perplexa diante da atual situação política do país, marcada pelo “desprezo da ética e da moral”, o que produz uma relação promíscua entre os agentes públicos e privados. “Esta perplexidade tem causado um mal muito grande à nossa sociedade, que leva a população a desacreditar, a se desencantar com os poderes públicos do Brasil”, afirmou. Dom Joaquim ressaltou que o desejo do episcopado brasileiro é que a Igreja seja uma voz que motive a população a “erguer a cabeça” e a participar da vida pública e política do país. “Isso significa viver e praticar uma democracia verdadeiramente participativa, que está prevista na Constituição Brasileira”. O Bispo afirmou ainda que “ todos os cidadãos têm a obrigação de acompanhar, zelar, questionar, e ajudar os seus representantes políticos a realizarem bem sua função, inclusive ajudando-os a tomar as decisões corretas”. Como exemplos dessa participação, ele citou questões como a reforma da Previdência e o aborto. Sobre a Reforma da Previdência, Dom Joaquim reconheceu que é necessária, mas questionou se deve ser feita da maneira como o atual governo está propondo. O Prelado defendeu a necessidade de uma discussão mais profunda sobre o assunto, com ampla participação da população. Sobre a discussão a descriminalização do aborto, ele salientou que essa é uma decisão que não pode ser delegada aos representantes políticos sem que a população participe do debate. “Nós precisamos acompanhar e participar para tomarmos também posição e ajudar nossos representantes a tomar decisões acertadas”.

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CNBB cria comissão para bens culturais da Igreja Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

Economia

Os bispos também trataram dos problemas de ordem econômica no país. Dom Joaquim afirmou que uma economia que não coloca a pessoa humana à frente, mata as pessoas ao colocar o mercado em primeiro lugar. Ele recordou ainda que a doutrina da Igreja ensina que “a primazia da pessoa sobre o mercado e a primazia do trabalho sobre o capital é que satisfaz a condição humana de viver com dignidade sobre a face da Terra”. “O mercado não é governante do país e que as instâncias que governam o país devem regular o mercado para que não se caia numa lógica financista. As políticas econômicas têm que ser legitimadas pelo desenvolvimento social”, complementou Dom Joaquim.

Violência

Outra preocupação dos bispos é com o avanço desenfreado da violência, os conflitos na cidade e no campo, a destruição de direitos, criminalização de movimentos populares e, inclusive, o desemprego, enquanto elemento causador de violência. “É uma violência contra a família”, disse Dom Joaquim. A falta de perspectiva de futuro para os jovens também é considerada pelos bispos um fator desencadeante de violência.

Papel do judiciário e da mídia

Olhando para essas realidades, os bispos refletiram que é importante recordar o papel do Judiciário na medida em que garante o direito e a justiça. “Mas dele esperamos uma atuação independente, autônoma, fundada no cumprimento da lei, igual para todos”, afirmou Dom Joaquim. Sobre o papel da mídia, o episcopado lembrou que a ela cabe informar e colocar-se a serviço da verdade de forma livre, plural e independente. “A reconstrução do nosso país precisa salvaguardar a dignidade de toda a pessoa humana, a liberdade, a paz e a justiça”, concluiu o Bispo. Imprensa CNBB

Preservar o patrimônio artístico e cultural da Igreja no Brasil é o objetivo da recém-criada Comissão Especial para os Bens Culturais da CNBB. Presidida por Dom João Justino de Medeiros, arcebispo coadjutor de Montes Claros (MG), a nova comissão tem como membros Dom Antônio Muniz, arcebispo de Maceió (AL); Dom Gregório Paixão, bispo de Petrópolis (RJ) e o Padre Danilo Pinto como assessor. A necessidade da criação dessa comissão foi apresentada pela Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação ao Conselho Permanente da CNBB, que aprovou sua criação em março. A primeira reunião da nova comissão aconteceu durante a 55ª Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida (SP). Em entrevista ao O SÃO PAULO, Dom João Justino explicou que experiencias de comissões de bens cultuais já existem em algumas dioceses e até regionais da CNBB, mas é importante estimular todas as dioceses a se organizem no cuidado de seu patrimônio cultural. Um primeiro passo para que uma diocese comece esse trabalho é saber quais e quantos são os bens culturais que ela possui. Antes, porém, é preciso compreender o que pode ser considerado um bem cultural. As igrejas, suas obras sacras e intervenções artísticas, a música sacra, bibliotecas, por exemplo, são bens culturais da Igreja.

Evangelização

Dom João Justino chamou a atenção para o fato de os bens culturais da Igreja terem por primeira finalidade a evangelização, diferentemente da preocupação dos organismos públicos de conservação do patrimônio cultural, que têm por prioridade a preservação. “Nós entendemos que uma igreja foi feita para o culto. Não tem sentido transformá-la num museu”, disse. Nesse sentido, uma das tarefas da Comissão Especial é articular o diálogo da Igreja com o poder público para que essas questões sejam levadas em conta. Em uma igreja histórica tombada, por exemplo, são necessárias, às vezes, algumas adaptações estruturais para que continue a cumprir sua finalidade de espaço de culto. É preciso que haja um diálogo com os institutos de patrimônio para que tais intervenções sejam autorizadas.

Compartilhar saberes

Será função da nova Comissão incentivar a promoção de seminários, fóruns e trocas de experiências, que, na avaliação de Dom João Justino, possuem um potencial evangelizador muito grande. A nova Comissão também aponta para a necessidade de incentivar a formação dos padres e leigos sobre a preservação dos bens culturais a partir das experiências locais de cursos de formação na área já existentes. A Comissão Especial buscará, ainda, ajudar os bispos a descobrirem caminhos para a captação de recursos financeiros para a restauração e conservação de igrejas históricas. Inclusive, pensa-se na criação de um manual com esses procedimentos. Para Dom João Justino, a Comissão Especial não irá fazer tudo isso sozinha, mas irá desencadear processos, contando com colaboradores, consultores e peritos no assunto para auxiliar nos trabalhos. “Existe um saber disperso sobre o assunto. O que precisamos é recolhe-los para colocá-los a disposição de toda a Igreja”, afirmou.


24 | Papa Francisco |

4 a 9 de maio de 2017 | www.arquisp.org.br

‘O único extremismo aceito é a caridade’, diz o Papa no Egito FILIPE DOMINGUES

Especial para O SÃO PAULO, em Roma

L’Osservatore Romano

aqueles que estendem mais benefícios aos filhos de Deus.” No mesmo evento, o Papa definiu o Egito como “terra de civilização e terra de alianças”, remetendo à sua antiga tradição religiosa. “Nesta terra de encontro entre céu e Terra, de alianças entre povos e entre pessoas que creem, repetimos um forte e claro ‘não’ a qualquer forma de violência, vingança e ódio cometidos em nome da religião ou em nome de Deus”, afirmou. Ainda falando ao Grande Imã, ele disse que a religião é chamada a desmascarar a violência. “Nenhum incitamento violento garantirá a paz e toda ação unilateral que não inicie processos construtivos e compartilhados é, na verdade, um presente aos defensores dos radicalismos e da violência.”

Pouco menos de um mês após os atentados que mataram mais de 40 pessoas em duas igrejas coptas em 9 de abril, o Papa Francisco visitou um Egito em grande tensão, mas levou mensagem de paz e unidade entre cristãos e muçulmanos. “A fé verdadeira é aquela que nos torna mais caridosos, mais misericordiosos, mais honestos e mais humanos. É aquela que anima os corações e os conduz a amar a todos gratuitamente, sem distinções e sem preferências”, afirmou, na missa no sábado, 29 de abril, no Cairo. Falando a 15 mil fiéis, o Papa insistiu: “A verdadeira fé é aquela que nos leva a ver no Em uma de suas viagens mais importantes, Francisco pede unidade, lembra que crisoutro não um inimigo a derrotar, mas um tãos amam ‘sem preferências’ e defende que a religião deve denunciar a violência irmão a amar, servir e ajudar”. De acordo Unidade no batismo com o Vaticano, só 272 mil cristãos são católicos no Egito. A maioria muçulmana corresponde a ma de segurança e levantava preocupações no contexto Além dos encontros com autoridades e religiosos, 90% das 92 milhões de pessoas no país e, entre os crisinternacional. Alguns chegaram a sugerir que ele cana jornada do Papa Francisco no Egito foi marcada por tãos, prevalecem os ortodoxos. celasse a visita ao país ameaçado por terroristas, includois fatos históricos, na visita ao líder da igreja copta orsive o Estado Islâmico. Uma semana antes da viagem, todoxa, o Papa Tawadros II, no dia 28. Com linguagem forte, Francisco pediu aos cristãos porém, o porta-voz do Vaticano, Greg Burke, afirmou Primeiro, um encontro sem precedentes entre o que não professem a fé só com palavras, mas também que medidas de segurança já são o “novo normal” das Papa Francisco, sucessor do apóstolo Pedro, bispo de com ações. Ao mesmo tempo, criticou o extremismo viagens papais e, ao contrário, o Papa Francisco queria Roma e líder da Igreja Católica; o Papa Tawadros II, religioso, praticado no Oriente Médio principalmente mais ainda estar com os egípcios após os atentados do chefe da igreja copta ortodoxa e patriarca de Alexanpor fanáticos de origem islâmica. “Deus só aprecia a fé dria; o Papa Theodoros II, patriarca greco-ortodoxo Domingo de Ramos. professada com a vida, porque o único extremismo permitido aos que creem é o da caridade. Qualquer outro de Alexandria e toda a África; e o patriarca ecumênico Por isso, a memória do dia 9 de abril marcou toda extremismo não provém de Deus nem lhe agrada”, criBartolomeu, de Constantinopla. A atividade ocorreu a viagem. Um de seus primeiros encontros no país, na ticou. em clima de fraternidade entre bispos da Igreja fundasexta-feira, 28 de abril, foi com o Grande Imã de Al-Azhar, a mais alta instituição teológica do Islã sunita. Ao da por Jesus, mas historicamente dividida nos últimos Pregando sobre os discípulos de Emaús, relato no acolher o Bispo de Roma, o Imã Ahmad al-Tayyeb pe2 mil anos. O momento foi visto por ecumenistas como qual Jesus se revela a dois viajantes após sua ressurreição, o Papa afirmou que a fé deve arder nos corações dos diu um instante de silêncio em memória das vítimas dos um ápice. cristãos e transformar suas relações. “Não adianta rezar atentados. Nesse sentido, o segundo fato histórico foi a assinatura de uma declaração conjunta entre Francisco e se a nossa oração voltada a Deus não se transforma em “É crucial perguntar como a paz internacional se Tawadros II. As igrejas católica e copta ortodoxa passaamor voltado ao irmão. Não adianta muita religiosidade tornou um paraíso perdido”, lamentou o Imã, criticando o comércio internacional de armas, ponto também ram a reconhecer reciprocamente o Batismo celebrado se ela não é animada por muita fé e muita caridade”, disse. “Para Deus, é melhor não crer do que ser um falso, levantado por Francisco. Somando-se à crítica feita no pela outra, eliminando a prática de “rebatizar” cristãos um hipócrita.” passado por Bento XVI, al-Tayyeb acrescentou: “Acho que migrassem de uma tradição à outra. A decisão, negociada desde 2013, foi tomada, segundo eles, por obeque a civilização moderna ignorou as religiões divinas Desmascarar a violência diência “à ação do Espírito Santo, que santifica a Igreja e sua ética invariável e estabelecida, que permanece a A viagem do Papa ao Egito ocorreu sob forte esqueao longo dos séculos, a apoia e conduz à plena unidade”. mesma”, disse. “Os filhos mais amados por Deus são


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