O SÃO PAULO - 3153

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 62 | Edição 3153 | 31 de maio a 6 de junho de 2017

R$ 1,50

Aldo Quiroga: na era da ‘pós-verdade’, comunicar a esperança é urgente Editor-chefe do “Jornal da Cultura - 1ª Edição”, da TV Cultura, e professor na PUC-SP, o jornalista Aldo Quiroga falou, em entrevista ao O SÃO PAULO, sobre o desafio de comunicar a esperança na atualidade, tema do 51º Dia Mun-

Fundação Padre Anchieta

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dial da Comunicações Sociais, celebrado por toda a Igreja em 28 de maio: “Se eu não tivesse esse olhar e essa vivência de fé, eu teria muita dificuldade para comunicar a esperança”.

Encontro com o Pastor Pentecostes: Ocasião para renovarmos a fé na ação do Espírito Santo Página 3

Editorial Momento não é de desesperança ou ceticismo, mas de grandeza humana

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Luciney Martins/O SÃO PAULO

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Espiritualidade Dom Sergio de Deus: Sou dizimista e o Senhor fez em mim maravilhas Página 5

Comportamento Dr. Valdir Reginato: A privacidade está muito ligada à consciência Página 6

Comida: desperdiçar menos para alimentar mais Idoso consome crack nas proximidades da Cracolândia; dias após a megaoperação policial, usuários têm se concentrado na Praça Princesa Isabel

A degradação da vida continua na ‘nova’ Cracolândia Fluxo de usuários de crack e comercialização de drogas a qualquer hora do dia. Cenas comuns na chamada Cracolândia, na região central, que agora podem ser vistas na Praça Princesa Isabel,

A rádio que sempre anuncia o Evangelho Em primeiro lugar na audiência entre as emissoras católicas da capital paulista, a rádio 9 de Julho ultrapassa as fronteiras para evangelizar. Páginas 12 e 13

onde os dependentes químicos se alojaram após a megaoperação policial, do dia 21, conduzida pelo Governo do Estado e a Prefeitura. “O que nós vimos ali são pessoas numa condição de vida

deplorável”, afirmou Dom Devair Araújo da Fonseca, após visitar a praça com Dom Sergio Borges, também bispo auxiliar da Arquidiocese, na sexta-feira, 26.

Em visita a Gênova, Papa fala sobre o valor do trabalho humano

Pessoas com Huntington lutam pela vida e contra o preconceito

Em visita à cidade italiana de Gênova, no sábado, 27, o Papa Francisco encontrou-se com trabalhadores e empresários, e enalteceu o papel do trabalho para a edificação do ser humano.

Papa recebe no Vaticano pessoas que sofrem da Doença de Huntington e as incentiva a lutar pela vida. Alteração genética pouco conhecida pelos brasileiros não tem cura e afeta milhares pelo mundo.

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Projetos como o “Comida Invisível” e o “Reverse Delivery” fazem campanhas contra o desperdício para ajudar pessoas em situação de insegurança alimentar. Página 23 Divulgação/Comida Invisível


2 | Ponto de Vista |

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Momento de grandeza

M

omentos excepcionais exigem comportamentos excepcionais. Todos já ouvimos histórias de pessoas comuns e comunidades aparentemente sem nada de especial, que demostraram uma bravura e uma solidariedade inesperada diante de catástrofes naturais e desastres de grandes proporções. Deus se vale também dos momentos difíceis para nos convidar a sermos mais justos, solidários e comprometidos com nossos irmãos. A enorme crise política, moral e econômica que o Brasil enfrenta é uma ocasião para cada um de nós aprofundar as razões da nossa esperança na vida e o compromisso com o próximo e o bem comum. O alcance de nossas ações pode ser muito pequeno – não

Editorial

somos os grandes caciques políticos de Brasília, os magistrados ou os investigadores que têm o protagonismo na determinação dos rumos do País –, mas cada um de nós é o protagonista da própria vida, e tem uma contribuição a dar naquela parte da realidade na qual se move. As recentes manifestações populares combinam a grandeza dos que querem construir uma história melhor para nosso povo com a raiva destrutiva que se manifesta nos atos de violência e vandalismo. Não há justificativa para esses atos violentos e vandalismo, que não trazem nada de bom para a sociedade e acabam, de um modo ou de outro, penalizando os mais fracos, os que mais dependem dos bens e serviços públicos. A ação das “forças da ordem”, por sua vez, tem que ga-

rantir a paz e a tranquilidade, sem gerar mais violência e insegurança. Cada um de nós é chamado a não se deixar determinar pelas frustrações e pela raiva, mas agir segundo uma justa indignação, que se orienta pelo desejo de construção do bem comum, pela solidariedade para com os mais pobres e pela esperança que não se baseia na conduta dos políticos, mas sim na experiência de vida nova que o encontro com Cristo faz nascer entre nós. Não é um momento de desesperança ou ceticismo, mas sim de grandeza humana; não de raiva ou violência, mas de solidariedade e busca da justiça. As práticas políticas a que nossos homens públicos estão acostumados, baseadas no corporativismo e em negociatas,

estão exauridas. Quanto mais insistem nelas, procurando perder os anéis para salvar os dedos, mais afundam o País no caos. Também para eles, esse momento é um desafio para encontrar uma grandeza esquecida ou adormecida. Se isso não acontecer, a crise se estabelecerá por mais tempo e com mais intensidade, e todo o povo sofrerá mais. Seja qual for o caminho seguido pelo País, cada um de nós continua chamado a viver em Cristo essa grandeza humana que gera solidariedade e construção do bem comum. Não temos o controle dos destinos do Brasil, mas aquela parte que depende de nós será cada vez pior se não encontrarmos sempre mais as justas motivações para viver a grandeza que o momento exige.

Opinião

Convicções, encontros e tortinhas de morango Arte: Sergio Ricciuto Conte

Dalton Luiz de Paula Ramos Uma das minhas paixões é saborear a tortinha de morango de certa doceira da cidade. Meus alunos sabem dessa paixão porque, em minhas aulas, em que trato de grandes temas éticos, nunca deixo de proclamar minhas convicções pessoais; as gastronômicas, mas, também, as religiosas. Muitas vezes, sou questionado sobre essas tomadas de posições em sala de aula, se eu não deveria ser “imparcial”. Aí, contra argumentando, relembro da tal tortinha de morango, porque é algo que encontrei na vida e, tendo-a experimentado e provado seu sabor, não posso deixar de anunciar a todos os meus amigos o acontecimento de ter conhecido esse doce. E quanto maior a amizade – portanto, quanto mais eu gosto da pessoa e estou interessado em seu bem – tanto mais me sinto propelido a lhe anunciar a existência dessa tortinha maravilhosa: “Você tem que ir lá experimentar!... É muito bom!...” Não é assim que a gente faz frente ao amigo querido? Mas pode ser que ele, mesmo desejoso, tenha um impedimento. Se for financeiro, eu pago... Se for, por exemplo, porque é diabético e não pode comer doce, vou lamentar e sofrer por e com ele. Mas se ele rejeitar a minha proposta sem sequer manifestar a curiosidade de experimentar, ficarei

muito triste e preocupado, querendo saber o que acontece com esse amigo. Entre os que provam a tortinha, alguns gostam, e com estes terei algo mais em comum para compartilhar. Mas, pode ser que alguns provem e não gostem da tortinha ou mesmo digam que “existe algo melhor”, como aconteceu com uma aluna que, quando eu contava essa história, disse: “O senhor fala bem dessa tortinha porque não provou o doce de maçã”. Fiquei provocado, isto é “pró + vocado”, instigado a reverificar minha vocação, e fui provar o tal doce. Bonzinho... mas continuo preferindo a tortinha de morango. Essa divergência não é ruim. Agora, com essa

aluna posso manter um delicioso diálogo sobre doces. Oxalá esse debate nos ajude a amadurecer as nossas próprias convicções ou descobrirmos juntos algo ainda melhor! Agindo assim, compartilhamos o que se chama de “ímpeto de felicidade”, que corresponde a uma das exigências fundamentais do coração humano. Compartilho essa experiência para mostrar como vivo as minhas convicções religiosas, também quando trato da Ética e da Bioética. Sem isso, seria como um professor de Gastronomia que, falando sobre doces e salgados, não contasse suas preferências. Seria trair os amigos, privá -los do melhor.

Nada mais significativo na minha vida do que o encontro com Cristo, que se apresenta como o ponto de referência para tudo, que me provoca a retomar a cada novo dia o que significa para minha vida o Seu Nascimento, Vida, Morte e Ressurreição. Claro que esse Anúncio, o compartilhar desse “conhecimento”, deve respeitar minhas responsabilidades frente à necessária objetividade do meu trabalho, que é ensinar o conteúdo próprio da disciplina, e respeitar a pessoa do outro, aluno ou amigo, o que implica em não lhe impor goela abaixo, contra a sua vontade, mesmo uma porçãozinha da “tortinha de morango”; isso seria “proselitismo” do tipo fundamentalista. Mas, ao mesmo tempo em que não posso impor, sou impelido a comunicar àqueles que o Senhor me confiou o significado para minha vida de um Acontecimento, uma evidência fundamental. Quanto mais gosto de uma pessoa e reconheço seu valor e sua dignidade, isto é, reconheço que é filho ou filha de Deus e que sua dignidade independe das escolhas que faz – certas ou erradas – mais desejo comunicar aquilo que de melhor encontrei. Se não é assim, é como aceitar que um irmão se contente com a “tortinha de morango” mequetrefe vendida num lugar qualquer. Dalton Luiz de Paula Ramos é professor titular de Bioética da Faculdade de Odontologia da USP

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa e online em www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Padre Bruno Muta Vivas, Filipe David, Nayá Fernandes e Fernando Geronazzo • Institucional: Rafael Alberto • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

A

festa solene de Pentecostes é ocasião propícia para renovarmos nossa fé na ação do Espírito Santo em nós, na Igreja e no mundo. Jesus prometeu o Espírito Santo aos apóstolos como consolador nas aflições, defensor nas perseguições, luz e discernimento para as escolhas certas, fecundidade na pregação do Evangelho. Jesus prometeu aos apóstolos que continuaria agindo no mundo através do Espírito Santo. Com a ajuda preciosa do Espírito de Cristo, os apóstolos puseram-se a pregar o Evangelho com autoridade e coragem e os frutos foram aparecendo. A Igreja nascente foi agregando povos na mesma fé, conseguiu superar as dificuldades iniciais, resolver suas dúvidas e levar avante a obra da evangelização. No encontro com as culturas diversas, conseguiu manter a unidade e a autenticidade da fé apostólica e superar os desvios doutrinais. A ação do Espírito Santo deu coragem e paciência aos mártires e foi suscitando a santidade, que se expressou nas múltiplas formas da vida segundo o Evangelho, quer na família e na vida laical, quer na vida consagrada e religiosa. Santos pastores e doutores da fé aprofundaram os caminhos da vida cristã e sua relação com a vida cotidiana, ensinando-os ao povo; santos místicos, monges e

Espírito Santo eremitas foram explicitando, pela sua vida contemplativa, as riquezas da esperança cristã; santos missionários e educadores alargaram as fronteiras do cristianismo e nele envolveram os povos e as novas gerações. Santos mártires, em todos os tempos, testemunharam com o próprio sangue o valor da fé cristã, mais preciosa que a vida neste mundo. O Espírito Santo renova continuamente a Igreja e suscita sempre energias novas diante de situações diversas, não permitindo que se torne como planta seca e sem vitalidade. A ação misteriosa do Espírito de Cristo conduz a humanidade e a Igreja na direção justa, na realização do bem comum. Mesmo quando uma crise momentânea faz pensar no inverso frio e árido, o Espírito de Deus faz surgir a primavera portadora de nova vitalidade. Basta o homem não resistir, ou agir contra o Espírito de Deus. Estamos para iniciar a celebração de um sínodo na arquidiocese de São Paulo, como caminho de conversão e renovação da Igreja em nossa Metrópole. As mudanças que os tempos trazem na cultura, nas situações sociais e religiosas desafiam-nos a fazermos uma grande avaliação sobre a nossa ação evangelizadora e pastoral, para agradecer a Deus por tudo o que de bom o Espírito Santo já suscitou e continua a suscitar na Igreja em São Paulo. Ao mesmo tempo, o sínodo será ocasião para uma avaliação sincera e lúcida, que nos ajude a perceber melhor nossas falhas, as lacunas e as deficiências na vida e na ação de nossas comunidades e organizações eclesiais.

Queremos discernir sobre a realidade da nossa Igreja na Metrópole paulistana, à luz do Evangelho e deixando-nos conduzir pelo Espírito de Deus. As deficiências e insuficiências da nossa ação eclesial deverão nos levar à necessária conversão pastoral, da qual falou a Conferência de Aparecida, em 2007, e o Papa Francisco também tratou na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. Queremos estar atentos aos “sinais dos tempos” e deixar-nos conduzir pela ação do Espírito, o único que é capaz de renovar e revigorar a Igreja. Tantos fatos e situações novas envolveram nossa Igreja no passado recente: a entrada no novo milênio, o ensinamento dos Papas recentes e do Papa Francisco, em particular; a Conferência de Aparecida, as mudanças religiosas, as situações sociais e culturais em rápida mudança. Tudo isso diz alguma coisa para nosso modo de realizar a vida e a missão da Igreja em São Paulo? O sínodo arquidiocesano deverá ajudar-nos a corresponder de forma mais adequada à vida e à missão da Igreja em nosso tempo, e dele deverão sair diretrizes que ajudem a realizarmos bem a vida eclesial nos próximos anos. É indispensável que invoquemos com muita fé a ajuda do Espírito Santo para a realização e o bom fruto do sínodo. Com a sua ajuda, compreenderemos mais facilmente os apelos de Deus e saberemos buscar, unidos e num só coração, o bem da Igreja em nossa Cidade. Será ele o agente principal e nós seremos seus colaboradores. Com sua ajuda, poderemos esperar bons frutos da realização do sínodo arquidiocesano de São Paulo.

| Encontro com o Pastor | 3

Pentecostes Luciney Martins/O SÃO PAULO - mai.2016

O Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, presidirá no domingo, 4 de junho, às 15h, na Catedral da Sé, a missa da festa solene de Pentecostes com a juventude. A celebração será precedida pela concentração dos jovens em frente à Paróquia Nossa Senhora da Consolação (rua da Consolação, 585, centro), seguida de caminhada, às 13h. Outros detalhes sobre a atividade podem ser consultados em facebook.com/ SetorJuventudeSP.

Na Paróquia São Bonifácio A missa de encerramento da festa do padroeiro da Paróquia Pessoal Alemã São Bonifácio, na Região Sé, será presidida pelo Cardeal Scherer, no domingo, 4 de junho, às 10h30. A Paróquia está localizada na rua Humberto I, 1.298, na Vila Mariana.

Solenidade de Corpus Christi Em 15 de junho, a Arquidiocese de São Paulo celebrará a Solenidade de Corpus Christi, com missa na Praça da Sé, às 9h, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, seguida de procissão eucarística pela região central da cidade.


4 | Fé e Vida |

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Liturgia e Vida PENTECOSTES - 04 de junho de 2017

Recebei o Espírito Santo

Você Pergunta Minha amiga de quarto em república questiona minha fé católica. O que fazer? padre Cido Pereira

osaopaulo@uol.com.br

Cônego Celso Pedro

Jesus tinha prometido enviar o Espírito Santo e Ele o fez no dia mesmo da sua ressurreição. Ouvimos na proclamação do Evangelho (Jo 20,19-23) que, “ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana”, Jesus se colocou no meio dos discípulos que estavam juntos, desejou-lhes a paz, soprou sobre eles e disse: “Recebam o Espírito Santo”. Da boca de Jesus saiu um sopro, um vento, saiu o Espírito Santo. Assim como Jesus é a Palavra que sai da boca do Pai, também o Espírito é o vento que sai da boca de Jesus. Na língua grega a palavra espírito, “pneuma”, significa vento; por isso, em português, falamos de pneu, pneumático, pneumonia, dispneia, palavras que têm a ver com o vento, o sopro, o ar, a respiração. No mesmo Evangelho de São João está escrito que “quem nasce do Espírito é espírito” e “o Espírito sopra onde quer” (Jo 3,6.8), ou seja, “quem nasce do Vento é vento e o vento sopra onde quer”. O vento é livre e não pode ser aprisionado por nada e por ninguém. Assim, também o cristão, libertado pelo Espírito de todas as amarras no dia do Batismo, sopra sobre o mundo com a força do mesmo Espírito para renovar a face da terra. Os discípulos de Jesus são no mundo uma ventania que ninguém pode deter e aprisionar. São os adoradores do Pai em espírito, livres das estruturas do templo de Jerusalém e do monte Garizim. (cf. Jo 4, 20-24). Jesus sopra sobre os discípulos e lhes dá o Espírito para que introduzam no mundo o perdão. No mundo não existe o perdão e, no entanto, é o perdão que permite ao mundo continuar existindo. Sem a aproximação dos corações, ninguém consegue sobreviver (cf. Mt 3,24). O Espírito Santo nos perdoa e nos ensina a perdoar. Nós perdoamos e ensinamos os outros que o perdão faz bem. Na primeira leitura (At 2,1-11), o Espírito Santo se manifestou sobre os discípulos reunidos em Jerusalém no dia em que os judeus celebravam a grande Festa das Semanas, chamada de “Shavuot”. Manifestou-se num vento forte e em línguas de fogo que pairaram sobre suas cabeças. Saíram eles para fora do lugar onde se encontravam e com as línguas falaram e com o fogo iluminaram e aqueceram. Todos entendiam o que diziam, porque eles estavam cheios do Amor que é o Espírito Santo. Mais tarde, o Apóstolo São Paulo dirá aos coríntios (1Cor 12, 3-13) que todos nós fomos batizados num mesmo Espírito para formarmos um só corpo, que é a Igreja. Dirá, também, que cada um recebe o Espírito para o bem de todos. Por isso, entre nós há muitos dons e muitos ministérios dados pelo mesmo Espírito para a vida do mundo.

A Isabela, de Tanabi (SP), 17 anos, católica praticante, foi estudar longe de casa. Mora com uma amiga da Igreja Batista que questiona muito sua fé e não aceita o diálogo. “Eu respeito a escolha dela, mas ela não respeita a minha. Não concordo com as escolhas dela, mas eu as respeito. O que faço, padre? Ela não respeita Nossa Senhora e eu me sinto pressionada.” Nossa, Isabel! Vejo que você está mesmo bem pressionada por essa jovem. E vejo também que você, sendo católica, teve uma leve iniciação cristã, mas parou por aí, não cresceu na fé, não alimentou sua fé com a Palavra

de Deus. Agora você está aí, tendo que responder a todos os questionamentos típicos dos evangélicos, particularmente dos que foram católicos e se apegam a determinados pontos para justificar o abandono da fé que receberam de seus pais. E lá vem dúvidas sobre Maria, sobre a virgindade de Maria, sobre a maternidade de Maria. Faça o seguinte, minha irmã: É hora de você dizer com todos os esses, que você respeita profundamente as escolhas e os caminhos que sua amiga fez, mas você exige também respeito pela fé que você recebeu no colo de sua mãe. Não há nada demais duas pessoas de credos diferentes viverem uma amizade bonita, mas isso supõe respeito de ambas as partes.

Lembro a você nosso carinho por Maria, nossa certeza de que ela foi concebida sem pecado para poder gerar no seu ventre puríssimo o Cristo, o Cordeiro sem mancha; que ela foi mãe somente de Jesus, porque não fosse assim, onde estavam seus irmãos quando Ele teve de confiar sua mãe ao discípulo que Ele amava? Lembro a você que Maria é Mãe de Deus, porque não há “dois Jesus”, há um só, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Enfim, Maria está no céu em corpo e alma, porque seu corpo santíssimo, que emprestou a matéria prima para o corpo sagrado de Jesus, não poderia se decompor e ser ruído pelos vermes. Não discuta, porém, com sua amiga. Respeite a opção dela e exija respeito por sua opção.

Atos da Cúria CONCESSÃO DE “NIHIL OBSTAT” Tendo sido apresentada, defendida e aprovada no Pontifício Instituto Oriental, de

Roma, a Tese de Doutorado em Teologia da Liturgia, intitulada “A LUZ DO ORIENTE ILUMINOU A IGREJA UNIVERSAL. A Liturgia dos santuários no Brasil: uma ponte entre Oriente e Ocidente”, do Revmo. Pe. Eduardo

Binna, da Arquidiocese de São Paulo, o Emmo. senhor Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, concedeu o “nihil obstat” pedido, pois nada se vê em contrário à sua publicação no Brasil.


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Espiritualidade

Eu sou dizimista: O Senhor fez em mim maravilhas Dom Sergio de Deus Borges

A

Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana

Virgem Maria, agraciada pelo amor de Deus, cantou: “O Senhor fez em mim maravilhas”. Nas palavras do Papa Francisco, “ela, que experimentou a bondade de Deus, proclamou as grandes coisas que Deus tinha realizado através do seu sim generoso (cf. Lc 1, 46-55). Não confiou nas próprias forças, mas em Deus, cujo amor não tem fim”. Nós, dizimistas, olhamos com carinho para a Mãe de Deus, porque ela é modelo de cristã e intercessora em nossas necessidades e nas de nossas comunidades; e também louvamos: o Senhor fez em nós maravilhas. Ao olhar para a Mãe de Deus como modelo de cristã, nós, dizimistas, aprendemos a não confiar somente em nós, mas no Deus misericordioso e justo. Olhando para a Mãe de Deus que partilha seu amor e sua fé e corre ao encontro de sua prima Izabel, nós, dizimistas, decidimos colocar-nos a serviço da Igreja, que tanto precisa de católicos de coração grande, e auxiliamos generosa-

mente com as necessidades de nossa comunidade, contribuindo com o dízimo. No Ano Mariano Nacional, confiantes que a Virgem Maria sempre intercede pelo Povo de Deus, pedimos sua intercessão para reacender em nossos corações uma fé viva e vibrante, que nos torne capazes de ver as maravilhas que Deus continua realizando em nossa vida, em nossas famílias, e em nossas Paróquias, Comunidade de Comunidades. Felizes por sermos amados por Deus e participando do Jubileu dos “300 anos de bênçãos”, em comemoração do encontro da imagem milagrosa de Nossa Senhora Aparecida no rio Paraíba do Sul, no ano de 1717, nós, dizimistas, pedimos: Mãe, dai-nos a graça de permanecermos sempre fiéis à fé católica e às nossas Comunidades; Mãe, dainos coragem para sermos constantes no caminho do bem e na promoção da vida; Mãe, dai-nos a luz para não desanimarmos diante das adversidades que surgem em nosso caminho; Mãe, ajudai-nos a fazer da contribuição do dízimo um ato que brota da fé. Obrigado, bom Senhor, pela graça de sermos dizimistas, discípulos missionários, e participarmos da edificação de vossa Igreja, Santa e Católica. O Senhor faz maravilhas em nós e em nossa Igreja.

| Fé e Vida | 5

Fé e Cidadania O povo tem a sabedoria de Deus Frei Patrício Sciadini, OCD

O Brasil está no meu coração, não só afetivamente, porque nele morei 40 anos, percorrendo-o de longo em largo, e anunciando como podia o Evangelho de Jesus, mas porque, como cidadão brasileiro, vivo com ânsia o presente e o futuro de milhões de pessoas que ainda sofrem nas mãos de uma “oligarquia” de ricos e poderosos, que não tem outra preocupação senão ser ricos e dominar os outros. Escuto e participo das notícias como posso, e me convenço sempre mais de uma verdade: o povo é inteligente, tem sabedoria e sabe, nos momentos certos, se calar, esperar, e, no momento certo, levantar a voz, gritar e derrubar, como diz o magnificat, “do trono os poderosos” e olhar “a humildade dos seus servos”. A sabedoria do povo não é artimanha e nem caminhos tortos e obscuros, que levam a sentar-se nas rodas dos malévolos e ladrões, mas que anda de cara descoberta e cabeça erguida, porque não tem medo de nada. Quais são os problemas hoje em dia dos povos, da maioria das nações do mundo? Não sou um analista político e nem econômico para detectar os problemas, mas, a olho nu, sem óculos e sem lupas, podemos ver algumas coisas por aí que andam mal. 1. O desejo de dominar. Os governantes querem só serem os maiores e construtores para eles mesmos de pirâmides, que nem a bomba atômica as derrube. Político não é quem começa pobre e termina o seu mandato rico. Dizem

que o Servo de Deus Giorgio La Pira, que foi prefeito de Florença, na Itália, um homem de Deus, tinha as mãos e os bolsos “furados”. O que ganhava o dava aos pobres, ajudava a todo mundo e quando visitava os chefes de Estado ateus, lhes dava de presente uma imagem da Virgem Maria ou um Terço da Virgem Maria, ou uma Bíblia; assim ele evangelizava. 2. O que hoje empobrece o povo não é a pobreza, mas sim as estruturas indignas, pecaminosas e injustas, que geram sempre mais pobreza. O não gerar emprego, trabalho e salários que sejam justos. O povo tem sabedoria e sabe que a um certo ponto é necessário uma atitude de “revolta passiva”, sem destruir, sem por fogo em caminhões e nem derrubar nada... uma revolta evangélica da paz... O Brasil é um país que tem uma sabedoria pessoal interessante, capaz de derrubar os “poderosos dos seus tronos”. Não se pode aceitar nem a corrupção nem a compra e venda de cargo... As alianças devem ser positivas, para o bem do povo e não para conservação de políticos de museus, que ganham e não fazem nada. Se colocarmos o Evangelho no coração do povo, há a possiblidade de um futuro que será melhor. A Bíblia não é nociva para o desenvolvimento do povo. é benéfica. O que é nocivo para o desenvolvimento do povo são os políticos sem religião. As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.


6 | Viver Bem |

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Cuidar da Saúde O autismo não tem cura, mas o diagnóstico precoce faz toda a diferença Cássia Regina

Autismo é um transtorno grave do desenvolvimento, que geralmente aparece nos três primeiros anos de vida. Os sintomas mais comuns incluem dificuldade de comunicação, dificuldade com interações sociais, interesses obsessivos e comportamentos repetitivos. As crianças com autismo normalmente têm dificuldade em brincar de faz de conta, de interagir com outras crianças, fazer amigos, de comunicar-se de forma verbal e não verbal, de repetir palavras ou trechos memorizados, de participar de jogos. A criança autista pode, também, não responder ao contato visual e sorrisos, preferir ficar sozinha, não se assustar com sons altos, achar ruídos normais dolorosos (por exemplo, cobrindo os ouvidos com as mãos), evitar o contato físico, preferir brincadeiras solitárias ou movimentos corporais repetitivos. É importante fazer o acompanhamento médico de rotina nos primeiros anos de vida para que o profissional de saúde possa observar alterações como: não responder com sorriso ou expressão de felicidade aos 6 meses, não imitar sons ou expressões faciais aos 9 meses, não balbuciar aos 12 meses de idade, não dizer nenhuma palavra aos 16 meses, não dizer frases completas aos 24 meses, perder habilidades sociais e de comunicação em qualquer idade. O autismo não tem cura, mas o diagnóstico precoce, as terapias comportamentais, educacionais e familiares podem mitigar os sintomas, além de oferecer um pilar de apoio ao desenvolvimento e à aprendizagem. Não deixe de valorizar a consulta de rotina. Ela é tão importante quanto uma consulta motivada por sintomas. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF). E-mail: dracassiaregina@gmail.com

Comportamento

Privacidade e consciência Valdir Reginato

Sorria, você pode estar sendo filmado enquanto lê este artigo. Começa logo de manhã pela câmera do elevador do prédio onde mora. Depois, outra vê você sair da garagem, e mais uma lhe dá bom dia ao chegar ao serviço. Não há como escapar. Você deixou seu rastro no cartão de crédito ao encher o tanque de gasolina e depois no café que tomou na padaria. O presente surpresa também está revelado no seu cartão de crédito. E até o guia de caminhos do seu celular já sabe quais são as suas rotas mais usadas, chegando a deduzir para aonde você deve ir num determinado dia e horário. Você é vigiado nas lojas, nas ruas e praças, e é bom saber se o seu celular não foi grampeado, caso esteja suspeito de alguma falcatrua. Na hora do almoço, que marcou com o amigo com o qual queria falar sigilosamente, poderá ser filmado ou mesmo fotografado, e acabar no universo do Facebook. Todos saberão o que comeu, com quem almoçou e a que horas, e você nem está sabendo disso. Talvez seja o último a saber, quando alguém mencionar que o viu no ‘Face’ de um amigo. O mesmo poderá ocorrer em uma excursão de férias, na qual nem sequer imaginaria que alguém o estivesse filmando. Não se assuste se descobrir que o amigo do seu filho adolescente colocou na rede várias fotos do interior da sua casa, na festinha de sábado, e agora todos sabem onde e como você vive. A privacidade acabou! E, com isso, as pessoas deixaram de compreender a importância da intimidade,

daquilo que é só seu. A intimidade é um direito que eticamente se define em privacidade – não falar ou revelar o que não quero; e em confidencialidade – falo ou revelo a alguém que se compromete a não passar adiante. Daí provém o famoso sigilo ou segredo – que, por exemplo, manifesta-se com clareza no juramento médico de Hipócrates, pelo qual se promete não revelar o que viu ou ouviu de um paciente, salvo se ele assim o permita. É o sigilo profissional, que só pode ser quebrado em condições excepcionalíssimas. Da mesma forma, o sigilo do confessor – mas este nunca pode ser quebrado, pois se trata de uma conversa com Deus. Não temos que publicar, ou ser publicados em todos os jornais, redes sociais etc. A compreensão da privacidade é algo desenvolvido principalmente a partir da adolescência, como parte do processo de autoconhecimento e como condição para a responsabilidade. É necessário, para nosso desenvolvimento enquanto homens e mulheres, saber zelar pela intimidade como um “terreno” de valorização de si mesmo. A intimidade deve ser compartilhada apenas com pessoas que sabemos que podem nos ajudar a crescer como pessoa. Não é um egoísmo, mas uma questão de amor próprio sadio, para poder se examinar, reavaliar e mudar o que for necessário, e aperfeiçoar o que está bem. Além disso, a rapidez com que os fatos são lançados quebra todas as regras da prudência, do bom senso, sem contar da própria justiça. As calúnias saem como um elefante, com a velocidade de um falcão; e as reparações

se apresentam como pulgas a passos de tartaruga. E, como diria meu pai, “até provar que pulga não é elefante, muitos já se machucaram”. A privacidade está muito ligada à consciência, que é este espaço onde me encontro comigo mesmo e com Deus. Lá, tudo se revela, não podendo haver mentiras, fraudes, corrupção ou leniência. Nesse território – a consciência – tudo é como é, sem máscaras. O homem se encontra nu, e, como Adão, tem vergonha, porque sabe quando e onde desobedeceu. Não há câmeras, gravações ou grampos. Não podemos fugir de nós mesmos e de Deus. Talvez nessa onda de falta de privacidade, em que tudo está controlado e vigiado descaradamente, fazendo os espiões entrarem na fila de desempregados, podemos tirar uma lição proveitosa para nossa consciência. Como falava Abraham Lincoln: “Você pode enganar alguém o tempo todo. Pode enganar todos por algum tempo. Nunca conseguirá enganar a todos o tempo todo.” Aí mora nossa consciência. Não podemos enganar aos demais e nos enganar, pois em cada um e em todos está Deus, que tudo vê e ouve. É uma maneira positiva de encarar essa vigilância permanente, que acabou, desastrosamente, com a privacidade: comportar-se com todos e consigo mesmo, em todos os lugares e circunstâncias como se estivéssemos diante de Deus. Ter uma ficha limpa... Desculpe, quero dizer, uma consciência limpa. Dr. Valdir Reginato é médico de Família, professor da Escola Paulista de Medicina e terapeuta familiar. E-mail: vreginato@uol.com.br


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Destaques das Agências Internacionais

FILIPE DAVID

Correspondente do O SÃO PAULO na Europa

Roma

Filipinas

Jubileu de ouro da Renovação Carismática Terroristas A Renovação Carismática Católica comemora seu jubileu de ouro (50 anos) nesta semana, entre quarta-feira, 31, e o domingo de Pentecostes, 4 de junho. A comemoração será em Roma, a convite do Papa Francisco, e contará com grupos de oração, encontros de teólogos, adoração

e evangelização, entre outras ativitadades. Em 1967, um pequeno grupo de estudantes nos Estados Unidos começou um retiro de fim de semana, com uma experiência intensa de oração, que deu origem ao movimento conhecido como Renovação Carismática Católica. Não se trata

de uma organização unificada, mas de diversos grupos independentes com uma espiritualidade em comum, que cresceu a partir desse pequeno grupo de estudantes nos Estados Unidos até se tornar um movimento mundial com milhões de pessoas.

ataques aos cristãos egípcios nos últimos meses, que mataram dezenas de pessoas. O Vaticano enviou as condolências do Papa Francisco por meio de um telegrama: “Ficamos muito entristecidos ao saber do ataque bárbaro ao Egito central e da perda de vidas e dos feridos causados por esse ato de ódio sem sentido. O Papa Francisco expressa de todo o coração, sua solidariedade para com os afetados por esse ataque violento”, consta no telegrama.

Em 24 de maio, um grupo terrorista ligado ao Estado Islâmico atacou a Igreja de Marawi, na ilha filipina de Mindanao. Foram sequestrados 15 fiéis e um sacerdote – Padre Chito Sunganob. Os terroristas puseram fogo na catedral e na sede episcopal. Além dos fiéis sequestrados, nove fiéis foram assassinados nas portas da cidade. O bispo local, Dom Edwin de la Peña, que felizmente não estava na sede durante o ataque, contou à Agência Fides o que aconteceu: “Os fiéis estavam na igreja para rezar a Maria no último dia da novena. Os terroristas entraram na igreja, fizeram alguns reféns e os levaram para uma localidade desconhecida. Entraram na residência do Bispo e sequestraram o vigário geral, Padre Teresito Soganub. Depois, colocaram fogo na catedral e na sede do episcopado. Tudo está destruído. Estamos consternados”, disse. A cidade foi ocupada pelos terroristas e o presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, declarou lei marcial na região. O combate entre o exército filipino e o grupo terrorista – conhecido como Maute, que recentemente declarou lealdade ao grupo Estado Islâmico –, desde então, já provocou a morte de 13 soldados, dois policiais, 51 terroristas e 19 civis. O trabalho das forças armadas do País não é simples, uma vez que os terroristas se escondem em residências e prédios do próprio governo. Os combates são porta a porta e Dom Edwin teme que os reféns sejam usados como escudos humanos: “Não acredito que os sequestradores queiram dinheiro, mas que pretendem usá-los para salvar suas vidas. Penso que serão usados como escudos humanos”, disse.

Fontes: CNA/ AFP/ NYT

Fontes: ACI/ Fides/ The Guardian

Fontes: ICCRS/ Catholic Fraternity

Estados Unidos

Mãe arrisca a própria vida para dar à luz gêmeos Becky Anderson soube que estava grávida em maio de 2016. Dois meses depois, ela descobriu que tinha câncer do colo do útero. Os médicos deram a Becky um ultimato: encerrar a gravidez com um aborto e começar o tratamento ou arriscar que o câncer se espalhasse e colocar sua vida em risco. “Eu pensava que a vida deles estava apenas começando, enquanto a minha talvez estivesse chegando ao fim”, disse Becky. Mas, em nenhum momento, ela cogitou a possibilidade de abortar: “de maneira nenhuma eu iria perder meus queridos bebês”, contou.

Becky esperou até a 30ª semana para dar à luz e, logo em seguida, foi para a cirurgia para remover o útero e tratar o câncer. Ela levou quatro dias para conseguir ter forças para ver seus bebês. “Eu estava exausta e em agonia, mas quando eles foram colocados no meu colo, eu respirei o cheirinho deles e não podia acreditar que eles estavam aqui”, contou Becky. “Eu chorava um misto de dor e amor, sem conseguir acreditar que eu os estava finalmente carregando nos braços”, concluiu emocionada. Fonte: Life Site News

News Group Newspaper Limited

Becky Anderson resiste aos apelos para abortar

Egito Novo ataque contra os cristãos coptas Um novo ataque contra os cristãos coptas do Egito deixou 29 mortos e 22 feridos. O atentado ocorreu na sexta-feira, 26. As vítimas eram peregrinos que iam de ônibus a um monastério em Minya. Três veículos foram parados por um grupo de oito a dez homens armados, vestindo máscaras e uniformes militares. Muitos dos passageiros foram obrigados a descer do ônibus. Os terroristas roubaram seus telefones e os objetos de valor e depois pediram aos passageiros que dissessem a “Xahada”, a profissão de

fé islâmica. Os que não disseram foram baleados, incluindo crianças. Os terroristas não tiveram tempo para interrogar todos os passageiros, pois viram alguns carros se aproximarem e decidiram atirar a esmo nos ônibus e partir. O grupo Estado Islâmico assumiu a autoria do atentado. Em um comunicado, o grupo chama os cristãos coptas de cruzados – apesar de os cristãos estarem no Egito desde muito antes do surgimento do Islã – e promete novos ataques. Esse foi o mais recente de uma série de

incendeiam catedral, matam e sequestram


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Francisco recebe Donald Trump Bruno Muta Vivas

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Em 23 de maio, o Papa Francisco recebeu em audiência privada o presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump. Trump referiu-se a esse encontro, que durou cerca de 27 minutos, como uma “grande honra”. Na já tradicional troca de presentes entre os chefes de Estado, o Papa ofereceu a Donald Trump as edições em inglês da

mensagem para o Dia Mundial da Paz, dedicada à não violência; das exortações Evangelii Gaudium e Amoris Laetitia, e da encíclica Laudato Si’. Francisco ofereceu também um medalhão do seu pontificado com dois ramos de oliveira entrelaçados, símbolo da paz que se sobrepõe à guerra, explicando detalhadamente o significado. Por sua vez, o líder norte-americano presenteou o Papa com uma coletânea dos cinco livros escritos por Martin Luther King, uma peça do monumento de granito que honra o ativista afro-americano em

Washington e uma escultura de bronze. De acordo com nota da Casa Branca, a peça do monumento em granito é uma “homenagem à esperança, visão e inspiração do ativista para as gerações vindouras”. Já a escultura de bronze representa “a esperança de um amanhã pacífico”, pois evoca dois valores universais: a unidade e a resistência. Segundo a Sala de Imprensa da Santa Sé, nos encontros, foi expressa satisfação pelas boas relações bilaterais existentes entre a Santa Sé e os Estados Unidos e pelo compromisso comum em favor da vida e

O Papa em Gênova No sábado, 27, o Papa Francisco realizou uma viagem pastoral à cidade italiana de Gênova. Em sua primeira atividade, o Santo Padre teve um encontro com o mundo do trabalho na Siderúrgica Ilva, a segunda mais importante indústria da Itália. O Pontífice ressaltou que “sempre houve uma amizade entre a Igreja e o mundo do trabalho, começando por Jesus trabalhador. Onde há um trabalhador, ali há interesse e o olhar de amor do Senhor e da Igreja.” Voltando-se aos empresários, o Papa falou sobre as virtudes que cada um deles deve possuir: “O empresário é a peça fundamental de toda boa economia: não há boa economia sem um bom empresário, sem a sua capacidade de criar, criar trabalho e criar produtos.” Acrescentou, ainda, que “o empresário verdadeiro conhece os seus trabalhadores, porque tra-

balha junto com eles. Partilha as fadigas dos trabalhadores e partilha as alegrias do trabalho.” Depois, dirigindo-se aos trabalhadores, o Santo Padre disse que “devem fazer bem o seu trabalho, porque o trabalho deve ser bem feito. Às vezes, se pensa que um trabalhador trabalha porque é bem pago: esta é uma grave falta de estima dos trabalhadores e do trabalho, pois nega a dignidade do trabalho, que se inicia com o trabalhar bem pela dignidade e pela honra. “Um mundo que não conhece mais o valor do trabalho, não entende mais a Eucaristia, a oração verdadeira e humilde dos trabalhadores. Os campos, o mar e as fábricas sempre foram altares de onde se elevaram orações bonitas e puras, que Deus acolheu. Orações feitas com as mãos, com o suor, com a fadiga do trabalho de quem

das liberdades religiosa e de consciência. Foram feitos votos de uma profícua colaboração entre o Estado e a Igreja Católica nos Estados Unidos, engajada com a população nos campos da saúde, educação e assistência aos imigrantes. Nas conversas, foram também analisados temas relativos à atualidade internacional e à promoção da paz do mundo, por meio de negociações políticas e do diálogo inter-religioso, com uma referência especial à situação do Oriente Médio e à proteção das comunidades cristãs. L’Osservatore Romano

não sabia rezar com a boca. Deus acolheu estas e continua acolhendo orações também hoje”, afirmou o Pontífice.

Santa Missa A visita do Papa encerrou-se com a celebração da Santa Missa. Na homilia, Francisco citou as palavras de Jesus antes da sua Ascensão ao Céu: “Foi-me dado

todo poder no céu e na terra”. Falando desse poder, o Papa afirmou: “Quando Jesus subiu ao Pai, a nossa carne humana cruzou o limiar da porta do Céu; a nossa humanidade está em Deus, para sempre. Deus jamais se separará dos homens. Jesus prepara o lugar para cada um de nós no Céu. Eis o poder de Jesus: manter-nos ligados com o Céu”.

Oração e solidariedade frente aos ataques de terror Na sexta-feira, 26, um ataque terrorista, perpetrado pelo Estado Islâmico, a um ônibus que levava cristãos ao Mosteiro de São Samuel, o Confessor, no Egito, vitimou 29 pessoas, dentre as quais duas crianças de 2 e 4 anos, além de deixar 22 feridos.

No domingo, 28, após a oração do Regina Coeli, o Papa recordou tal massacre: “Manifesto novamente a minha proximidade ao querido irmão, Papa Tawadros II, e a toda nação egípcia, que dois dias atrás sofreu outro ataque feroz de violência. As vítimas, dentre as quais crianças, são fiéis

que iam ao santuário para rezar e foram mortas depois de se recusarem a renegar sua fé cristã. Que Deus acolha na paz essas testemunhas corajosas, esses mártires, e converta os corações dos terroristas.” O Pontífice recordou, também, o atentado do dia 22 em Manchester, na Ingla-

terra: “Rezamos também pelas vítimas do atentado horrível de segunda-feira passada, em Manchester, onde muitas vidas jovens foram ceifadas cruelmente. Estou próximo aos familiares e a todos aqueles que choram por causa dessas mortes.” (Com informações da rádio Vaticano)


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Na Ascensão do Senhor, o dia é também de orações pelas comunicações sociais Luciney Martins/O SÃO PAULO

Vítor Alves Loscalzo

Especial para O SÃO PAULO

Passados 40 dias do Domingo de Páscoa, a Igreja celebrou no domingo, 28, a Solenidade da Ascensão de Cristo, quando Jesus subiu aos céus para sentar-se à direita do Pai, conforme reza a oração do Credo. Na Catedral da Sé, a missa das 11h foi presidida por Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo. “A solenidade da Ascensão do Senhor é uma grande alegria para nós. O que foi uma promessa, agora está plenamente realizado. Em Cristo, tudo aquilo que nós esperávamos, de fato, se cumpriu. Em Cristo, tudo aquilo que nós aguardávamos – aquilo que o pecado havia roubado de nós – nos foi entregue. Em Cristo, com a graça Deus, nós agora teremos um lugar junto ao Pai. Estamos no Mistério de Deus. Cristo é a realização dessa promessa”, disse Dom Devair. Na ocasião, também foi comemorado o Dia Mundial das Comunicações Sociais que, em sua 51ª edição, teve como tema, definido pelo Papa Francisco, “Não tenhas medo, que Eu estou contigo. Comunicar esperança e confiança no nosso tempo”. E quando o assunto “comunicação” e a Igreja Católica se encontram, vem à pauta o tradicional veículo de comunicação da

Comunicadores católicos participam de missa na Catedral da Sé, no Dia Mundial das Comunicações Sociais, presidida por Dom Devair

Arquidiocese, a rádio 9 de Julho. No último domingo, toda a coleta realizada pela Igreja em São Paulo foi para a rádio, que esteve presente com seus ouvintes, colaboradores, amigos e profissionais na missa na Catedral.

Convidados a comunicar Dom Devair, que também é vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação na Arquidiocese de São Paulo, exortou os fiéis a serem mensageiros da Boa Nova do Evangelho. “Pelas palavras de Jesus, somos chamados a levar a mensagem do Evangelho a todas as criaturas. Cada

um de nós se torna também, nesse sentido, um convidado para comunicar a Boa Nova do Evangelho a toda criatura. Não só pela palavra, mas principalmente pelo testemunho”. O assessor eclesiástico arquidiocesano da Pastoral da Comunicação, Padre Luiz Claudio Braga, concelebrou a missa na Catedral. Perguntado pela reportagem sobre a importância de a Igreja Católica ter veículos de comunicação como a rádio 9 de Julho e o jornal O SÃO PAULO, o Padre recordou que “o Concílio Vaticano II pede uma abertura da Igreja e uma aproximação com o povo; e o Papa Fran-

cisco vem nos pedindo que trabalhemos a cultura do encontro. Vejo que os meios de comunicação promovem exatamente isso, pois, fazendo com que a mensagem chegue mais rápida até o interlocutor, eles encurtam laços. Nesse sentido, a rádio e o jornal realizam um trabalho incrível, pois fazem com que a mensagem de esperança e confiança – como pede o Papa Francisco na 51ª mensagem – seja comunicada”. O Padre destacou, ainda, que a Pastoral da Comunicação é a pastoral das pastorais, realizando a articulação entre elas, seja em cada paróquia, região ou mesmo na Arquidiocese.

Comunidade Shalom lança o Projeto Juventude para Jesus em SP REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

Com o tema “Firmes no Senhor”, a Comunidade Católica Shalom realizou nos dias 20 e 21, no Colégio São Luís, na região central da cidade, o retiro para jovens “Keep Up”. Na ocasião, houve o lançamento do Projeto Juventude para Jesus, na missão São Paulo. Conforme informações disponíveis

no site da Shalom, a missão do projeto “é evangelizar os jovens com ousadia e criatividade, à luz do carisma Shalom, através da realização de eventos formativos e querigmáticos, grupos de oração e lazeres. Os jovens assumem, assim, o protagonismo da nova evangelização, tendo como modelo e intercessora Santa Teresinha do Menino Jesus”. Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e

12h - Concentração na Paróquia Nossa Senhora da Consolação

referencial para o Setor Juventude, esteve no retiro e falou aos jovens sobre felicidade e o protagonismo que eles devem ter para a mudança e construção de um mundo melhor, a começar pelos lugares do próprio convívio social. Usando como exemplo a vida de Santo Inácio de Loyola, o Bispo enfatizou que “a felicidade que se procura não está no triunfo humano, mas consiste em fazer o outro feliz”.

Durante o retiro, os jovens participaram de momentos de louvor, shows musicais e ouviram pregações sobre a importância de ter metas na vida, sendo a principal a de viver em Deus e com Deus; sobre a força do autoconhecimento das próprias capacidades e fraquezas; e sobre a necessidade de estarem conectados ao Espírito Santo, em todos os momentos da vida. (Com informações da Comunidade Católica Shalom)

15h - Missa na Catedral da Sé, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer


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Aldo Quiroga

‘Não há esperança sem verdade’ Fundação Padre Anchieta

Fernando Geronazzo

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Jornalista há 20 anos, Algo Quiroga falou, em entrevista ao O SÃO PAULO, sobre o desafio de comunicar a esperança nos dias atuais, tema sobre o qual refletiu no evento “Retratos de Esperança”, promovido no dia 17 pela Arquidiocese de São Paulo por ocasião do 51º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Editor-chefe do “Jornal da Cultura - 1ª Edição”, da TV Cultura, e professor na PUC-SP, Quiroga chamou a atenção para o perigo do “denuncismo” que predomina na cobertura política do Brasil e destacou a importância da verificação dos fatos em meio às muitas informações disseminadas nas redes sociais. Confira a entrevista:

O SÃO PAULO – No evento ‘Retratos de Esperança’, você afirmou que embora o Brasil seja o país da esperança, é difícil comunicála aos brasileiros. Por quê? Aldo Quiroga – Quando eu digo isso, eu olho em duas perspectivas. Uma é de longo prazo, em que temos um contexto histórico de injustiça social que, sob um olhar que não é da esperança, parece que não há solução. A outra é nessa temporalidade mais imediata. Estamos vivendo um contexto nos últimos quatro anos de esfacelamento da esperança. Esse contexto global de virada de milênio, de fim das utopias, que aqui ganhou um ponto alto. A situação hoje no País coloca dificuldades. Tenho conversado com pessoas de roda de amizades, profissionais, familiares, em sala de aula e até tenho retorno de telespectadores que apontam isso. As pessoas não conseguem enxergar saídas, não conseguem ver para aonde estamos caminhando. Penso que muito do que vivemos no País é fruto da desesperança. Comunicar a esperança é urgente. Qual é o maior desafio para o jornalista comunicar essa esperança? Penso que a maior tentação, se podemos usar esse termo, talvez seja se render à manchete pronta, que vende. Não que não devemos dar a informação, mas precisamos nos preocupar em como dar essa informação. A manchete da desesperança em geral já vem pronta. O jornalismo tem que ser mais interpretativo, não pode ser um jornalismo “denuncista”, “manchetário”. E também é preciso tomar cuidado com o jornalismo opinativo, porque ele sempre será apenas uma parte do processo. Esse ‘denuncismo’ no noticiário político, por exemplo, não põe em risco o compromisso do jornalismo com a verdade? A denúncia sempre fez parte do jorna-

lismo. Mas não pode parar na denúncia. No caso das delações e gravações, não só as mais recentes, mas as que vêm desde o início da operação Lava Jato, por exemplo, é muito difícil para o jornalista não entregar para o público uma informação dessa. Não que o jornalista não deva pensar nas consequências, mas, às vezes, as pessoas culpam a imprensa pelos problemas gerados por essa publicação. O problema está em quem cometeu aquilo. Se eu tenho um áudio gravado e eu consigo checar com duas ou três fontes diferentes se aquilo procede e é de interesse público, isso precisa ser publicado. Mas nós vamos parar a cobertura na denúncia? Qual é a contextualização dessa denúncia e como essa investigação está sendo feita e, antes de tudo, a serviço de quem é feita essa denúncia? Porque temos visto coisas que vêm para a imprensa, às vezes, para forçar o avanço de uma investigação em um determinado sentido. Essa manipulação existe e é um desafio para o jornalista. Não há receita pronta. Nesse sentido, o jornalismo tem se adaptado até por conta da internet. As primeiras informações se espalham muito rápido pelas redes sociais, e cabe ao jornalista verificar o quanto disso é fato e como contextualizar. Qual é o papel das redes sociais nesse sentido? Não tenho a menor dúvida dos benefícios que as redes sociais trazem para o mundo atual. É uma praça pública onde muita coisa, boas e não tão boas, acontecem. Felizmente, as redes sociais têm permitido a disseminação de uma série

um desafio para o comunicador, porque não há esperança sem verdade. Há um movimento muito positivo de resposta a isso, que são os esforços de checagem de fatos, o fact-checking. Há isso na Europa, nos Estados Unidos, no Brasil também há ótimas experiências. Isso aponta, inclusive, um caminho para o jornalismo. Muita gente discute a crise do jornalismo, que eu particularmente penso ser uma crise dos negócios, e não propriamente do jornalismo. Se o jornalista não é mais o sujeito que apresenta a informação pela primeira vez, ele precisa encontrar onde é relevante nesse momento. Um caminho é a checagem de fatos, outro é a interpretação dos fatos, e um terceiro, que talvez venha antes dos demais, é a curadoria das notícias, pois o volume de informações que as pessoas têm acesso é muito grande e é preciso que alguém indique o que é mais relevante.

coletivos e mídias alternativas que permitiram furar o bloqueio do qual as pessoas só tinham acesso à informação pela mídia hegemônica. Mas eu chamo muito a atenção dos meus alunos para com o cuidado com as informações disseminadas na rede, pois temos dois riscos. O primeiro é a entrada de notícias falsas e boatos. Por outro lado, há também a seleção por visão de mundo. Na sua timeline [linha do tempo] só chegarão as notícias compartilhadas por aqueles que você permitiu participar da sua rede porque pensam como você, de modo que você não veja toda a história, mas uma parte dela.

Diante da desesperança gerada pela crise política, o que dizer? A sociedade clama hoje por uma renovação na política. Como virá essa renovação se os nossos jovens têm nojo da política, porque ela não foi apresentada a eles na perspectiva da esperança? O discurso de que “tudo o que há de errado no País é culpa da política” é fruto, por exemplo, do “denuncismo” sem contextualização. O jornalismo tem muita dificuldade em fazer a comunicação positiva. Quando apontamos aqueles que estão sendo investigados, é preciso dizer que há outros tantos que não estão sendo investigados. Por mais difícil que seja encontrá-los. A Política, com “P” maiúsculo, visa o bem comum e precisa de pessoas com essa preocupação. E os jovens precisam recuperar essa compreensão para que haja uma renovação. É preciso dizer para as pessoas que há solução.

Isso tem a ver com o conceito de “pós-verdade”, bastante falado atualmente? No jornalismo, especificamente, trabalhamos com a expressão “pós-fato”, que penso ser mais adequada. Isso não é próprio do nosso tempo, mas é próprio da vida. Se aqui cai um copo no chão e quebrar, você terá uma visão dele e eu terei outra. Cada um pode apresentar a sua versão. O desafio não é descobrir um relato que seja único, mas, por meio do conjunto dos relatos, encontrar aqueles que realmente se referem àquele fato para levar isso ao público. Essa ideia de que, na “pós-verdade” a visão individual e o sentimento se sobrepõem ao fato é que é perigoso. E as redes sociais e blogs permitem isso o tempo todo, quando cada um coloca as suas impressões pessoais do que aconteceu e nem sempre essas impressões se aterão ao fato. A “pós-verdade” é, portanto, mais

Como você, enquanto católico, busca comunicar a esperança? A primeira coisa é a oração. Não dá para fazer uma abordagem puramente secular dessa dimensão da comunicação na esperança. Não dá para negligenciar a dimensão espiritual da esperança. O homem e a mulher das últimas décadas têm negligenciado isso. Essa dimensão precisa ser sustentada pela Eucaristia, pelos demais sacramentos, e pela oração no dia a dia, porque é disso que tiramos forças para que possamos fazer a comunicação dessa maneira. O versículo apresentado pelo Papa Francisco na mensagem para o 51º Dia Mundial das Comunicações Sociais – “Não tenhas medo, que eu estou contigo” – precisa ser vivido antes em primeira pessoa pelo comunicador católico para depois ser anunciado. Se eu não tivesse esse olhar e essa vivência de fé, eu teria muita dificuldade para comunicar a esperança.

As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.


12 | Reportagem |

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A voz da Igreja na metrópole

Fernando Geronazzo

vizinhas que compõem a região metropolitana de São Paulo, mas a outros estados brasileiros. “Nós temos ouvintes de Minas Gerais, do Sul do País, e não são pessoas que têm uma sintonia esporádica. São ouvintes que se sentem atendidos nas suas necessidades, principalmente espirituais, com o conteúdo que a gente transmite”, destacou o Diretor, que lembrou, ainda, que na internet (www.radio9dejulho.com.br), a emissora arquidiocesana pode ser ouvida até em outras partes do mundo. Das rádios católicas da metrópole, a 9 de Julho é a primeira colocada em audiência.

“A rádio da Igreja de São Paulo”. Essa definição do Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, expressa a vocação, missão e identidade da rádio 9 de Julho. “Como meio de comunicação da Arquidiocese de São Paulo, ela está a serviço, em primeiro lugar, do anúncio do Evangelho”, afirmou o Cônego José Renato Ferreira, diretor da emissora. Pelas ondas do rádio, a 9 de Julho vai além do território da Arquidiocese, chegando não apenas aos fiéis das dioceses

Voz profética Desde a sua origem, a rádio 9 de Julho destacou-se por ser uma voz profética da Igreja diante das realidades da sociedade e por ir ao encontro das periferias existenciais da cidade. Inaugurada em 1953 e entregue à Arquidiocese em 1956, a 9 de Julho teve seus transmissores lacrados pelo regime militar em 1973, sendo reaberta apenas em 1999. E, nesses últimos 18 anos, continua a cumprir sua missão. “Mesmo em momentos difíceis como estes atuais, o nosso critério é que o Evangelho ilumine a realidade. Somos muito atentos ao que os bispos estão falando, aos documentos do Papa Francisco. É a nossa necessidade

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ser Igreja e levar a Igreja a todos que precisam”, salientou o Cônego José Renato

Programação diversificada Para cumprir sua missão de evangelizar uma cidade plural como São Paulo, a 9 de Julho oferece uma programação diversificada “A rádio sempre foi diversa, até para atender aos diversos movimentos, pastorais, congregações religiosas e espiritualidades da Igreja. E não poderia ser diferente, pois são justamente essas expressões eclesiais que contribuem para a nossa riqueza de conteúdo”, garantiu o Diretor. Há programas de formação, Catequese, espiritualidade, pastoral, oração, entretenimento, jornalismo, cultura, música e devoção popular. Há, ainda, programas com dicas de saúde, alimentação e estética, além de um programa voltado para a realidade da dependência química. “A perspectiva é contribuir para a formação cristã dos nossos ouvintes católicos. Mas há também ouvintes fiéis que são de outras religiões ou outras igrejas cristãs”, informou o Diretor. Em comunhão com a Igreja no Brasil, a 9 de Julho também participa da programação da Rede Católica de Rádio (RCR) com um noticiário matinal, e com a rádio Aparecida, transmitindo a programação religiosa da madrugada. Prêmios A rádio 9 de Julho já recebeu quatro prêmios Microfone de Prata, da CNBB, por seus programas: em 2011, o programa “A caminho do Reino”, na categoria de pro-


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| Reportagem | 13 Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

grama de rádio religioso; em 2012, na categoria entretenimento, o programa “Nossas Igrejas, uma expressão de fé, arte e cultura”; em 2014, na categoria religioso, o programa “Sala Franciscana”; e em 2015, na categoria entretenimento, o programa “Certas Canções”.

isso, é preciso abrir mais espaço para a juventude, adaptar a linguagem, para que os jovens se sintam também reconhecidos na rádio da sua Igreja; ainda que seja AM, pois nossos jovens estão antenados ao FM e às novas tecnologias”, explicou.

Quem faz Enquanto rádio da Arquidiocese, são várias as forças que dinamizam a emissora. Comunicadores leigos, padres, religiosos, voluntários, sacerdotes reconhecidos nacionalmente, como o Padre Reginaldo Manzotti, de Curitiba (PR), e o Padre João Carlos, de Recife (PE). Um dos programas de maior audiência da 9 de Julho, “Bom Dia Povo de Deus”, é comandado pelo Cônego Antonio Aparecido Pereira, mais conhecido como Padre Cido, e por Cidinha Fernandes. Há 15 anos na rádio, Padre Cido iniciou apresentando o “Construindo Cidadania”, um programa de debates sobre temas da atualidade. “Com o tempo, houve a necessidade de apresentar um programa que fosse uma revista diária, para fazermos companhia para as donas de casa. E eu pensei em ‘Bom dia Povo de Deus’ inspirado pela questão do Povo de Deus, do Concílio Vaticano II”, contou o Comunicador. Como o próprio Padre Cido define, o programa é uma verdadeira festa no rádio. “Tocamos violão, cantamos, refletimos sobre o Evangelho e dou Catequese respondendo às muitas perguntas enviadas pelos ouvintes”, relatou o Padre, que usou no rádio o modelo da sessão “Você Pergunta”, publicada no O SÃO PAULO, também assinada por ele. Na 9 de Julho desde 1999, Cidinha Fernandes considera seu trabalho uma missão. “Faço o que gosto, me divirto e aprendo fazendo isso. Não é apenas um trabalho profissional”, afirmou.

Como manter Para sustentar a missão de evangelizar pelas ondas de rádio, a 9 de Julho conta com diferentes formas. Uma delas é a locação de espaços da programação por congregações religiosas, paróquias, entidades ou pastorais. Outra forma de arrecadação é com publicidade. Nesse sentido, Cônego José Renato chama a atenção para a necessidade de que os empresários, especialmente os católicos, estejam mais presentes. “Às vezes, parece que não é politicamente correto vincular o seu produto ou marca a uma realidade confessional. Mas se os católicos não fizerem isso, quem vai fazer? É uma questão de testemunho”, ressaltou.

Ouvintes Segundo o Cônego José Renato, o público da 9 de Julho é mais feminino, a partir dos 40 anos. A relação desses ouvintes com a emissora é muito próxima. “Nós escutamos dos ouvintes: ‘Eu ouço esta rádio todo dia. Esta rádio é minha companhia, ela me ajuda a rezar...’ As pessoas participam direta e indiretamente, por telefone, redes sociais, WhatsApp, e-mails”, disse. O Diretor, no entanto, ressaltou que um dos desafios enfrentados por todas as rádios AM é rejuvenescer o público. “Sem desprezar essa faixa etária predominante, mas toda rádio precisa atingir as novas gerações. Para

Família dos Amigos Mas a forma que mais ajuda a manter a rádio 9 de Julho é a campanha Família dos Amigos, pela qual ouvintes se inscrevem para ajudar financeiramente a emissora com contribuições mensais. No momento, a campanha conta com 4.119 amigos evangelizadores. “É incrível o quanto essas pessoas são generosas, porque são amigos que também ajudam outras rádios e televisões católicas”, salientou o Diretor. A relação dos amigos com a rádio não se limita às contribuições. Os ouvintes participam todo sábado de uma missa celebrada no Mosteiro da Luz, no centro de São Paulo, pelos amigos evangelizadores, presidida pelos padres comunicadores, com a presença de outros profissionais da emissora. “Há grupos que se organizam para cada fim de mês vir à rádio comemorar os aniversários dos comunicadores, dos operadores e demais funcionários. Quando alguém está doente, eles se unem em oração pela sua recuperação. Até entre os ouvintes há uma familiaridade”, destacou o Diretor. ‘Faz parte da minha vida’ A aposentada Maria Goreti Leite Sesma, 64, é uma das amigas evangelizadoras que sempre que pode leva bolos para os funcionários da rádio. Membro da Família dos Amigos há oito anos, Maria contou ao O SÃO PAULO que passa o dia sintonizada na emisso-

ra. “Desde que eu comecei a ouvir a rádio 9 de Julho, não sei que outra rádio existe em São Paulo. A rádio faz parte da minha vida”, disse. Além de ouvinte e colaboradora, Maria é uma grande divulgadora da 9 de Julho entre os amigos e familiares. Na sua paróquia, Nossa Senhora da Consolata, no Jardim São Bento, na zona Norte, a aposentada está sempre falando da rádio do coração. Em casa, ela já conseguiu que seu marido e um de seus filhos colaborassem com a rádio. “Ainda tenho mais dois filhos que estou tentando colocar na Família dos Amigos”, completou. O advogado João Guilherme Barbuto, 72, foi o primeiro membro da Família dos Amigos da rádio 9 de Julho. Ele afirmou que colabora com a emissora por um compromisso com a Igreja em São Paulo. “A rádio é um instrumento de anúncio indispensável. É importante que a Igreja esteja presente nos meios de comunicação falando com o povo”, afirmou João Guilherme, que durante muitos anos foi catequista e encontrou na colaboração com a rádio o seu “algo a mais” para a Igreja. “Quando os ouvintes nos encontram na rua, no metrô, nas missas, sobretudo, a impressão que temos é que nos conhecemos há muito tempo. Como estamos nas casas das pessoas o dia todo, elas já nos têm como membros da família. E para mim é a mesma coisa, como se eu estivesse abraçando a minha mãe, por exemplo. E eles acompanham a nossa vida, no dia a dia. É muito saudável e muito legal”, relatou Cidinha Fernandes. Para o Padre Cido, essa proximidade dos ouvintes com a 9 de Julho é uma expressão da relação da Igreja com seu povo. “Pela nossa rádio, a Igreja se faz presente, muitas vezes, onde os padres não chegam”, afirmou o Comunicador, incentivando os padres a promoverem cada vez mais a rádio da Arquidiocese nas paróquias.


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Destaques das Agências Nacionais

REDAÇÃO

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Há sete anos consecutivos, Semiárido brasileiro sofre com a seca O Semiárido brasileiro está com menos de 17% do volume de água em seus reservatórios e entrou no sétimo ano consecutivo de seca. O dado é do sistema Olho N’Água, do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), e da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba. As instituições fizeram a soma do volume de todos os reservatórios nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Aproximadamente 24 milhões de pessoas, em 1.133 cidades, são diretamente afetadas pela seca. O volume dos reservatórios monitorados está em 16,9% do total. Outro dado é que 50,5% dos reservatórios está com menos de 10% da capacidade máxima. Em reportagem publicada no portal Uol, Salomão de Sousa Medeiros, doutor em Recursos Hídricos e diretor do Insa, afirmou que “é uma situação grave, que ainda não havia sido registrada. Realmente, nunca chegamos a uma situação tão crítica”. Cidades de grande porte no interior

Instituto Nacional do Semiárido

No Semiárido brasileiro, o volume dos reservatórios monitorados está em 16,9% da capacidade

dos estados têm sofrido com racionamentos constantes. Caruaru, por exemplo, que fica a 130km de Recife (PE) tem passado por uma situação grave, pois o reservatório que abastecia a cidade, em Surubim, secou totalmente e os 350 mil habitantes de Caruaru enfrentam desde abril um rodízio no abastecimento de água, que dura até cinco dias com água e cerca de 20 sem ela.

A Companhia de Saneamento de Pernambuco informou que o racionamento foi ampliado devido à diminuição do volume de água da barragem do Prata, localizada no município vizinho de Bonito. A falta de chuvas, que não ocorreram de forma equilibrada nas diferentes regiões desde 2012, é um dos principais problemas da falta de água. Fonte: Portal Uol

Consulta de empregos no Sine Fácil, do Ministério do Trabalho O Ministério do Trabalho lançou o aplicativo Sine Fácil, pelo qual os trabalhadores podem consultar vagas de emprego adequadas a seu perfil profissional. O aplicativo pode ser acessado ou baixado pelo site https://empregabrasil.mte.gov.br.

No Sine Fácil, o trabalhador pode detalhar informações, como o que espera de benefícios, valor do salário, localidade e tipo de contratação. Caso se interesse pela vaga, com um clique em “Quero Esta Vaga”, ele será

direcionado para agendar a entrevista. Atualmente, a rede Sine Fácil conta com 1.440 unidades em todo o País e realiza 300 mil atendimentos diários. Fonte: Ministério do Trabalho

Pastoral da Saúde realiza congresso estadual No domingo, 28, a Pastoral da Saúde do Regional 1 da CNBB (São Paulo) promoveu a 2ª edição do Congresso Estadual da Pastoral da Saúde, no anfiteatro da instituição de ensino Uninove, no bairro da Barra Funda, em São Paulo. Com o tema “O sofrimento humano e a perda dos direitos sociais”, o Congresso debateu a Pastoral da Saúde nos tempos atuais. O perdão e a espiritualidade na vida do integrante da Pastoral de Saúde, Bioética e a espiritualidade do agente da pastoral, e o sofrimento humano diante das perdas sociais foram algumas das questões tratadas no evento. Venâncio Pereira Dantas Filho, médico e doutor em Neurologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, foi um dos palestrantes que, junto a Flávio César de Sá, também médico e professor da Unicamp, falou sobre a Bioética social na conjuntura atual. No Congresso destacou-se que a Pastoral da Saúde é essencial para que as pessoas doentes e hospitalizadas se sintam compreendidas e amparadas não somente nas suas necessidades físicas, mas também humanas e espirituais. Venâncio falou, por exemplo, que hoje é unanimidade que a assistência religiosa-espiritual “é benéfica para os pacientes, familiares e profissionais envolvidos com o atendimento”.

É possível vacinar-se contra a gripe até o dia 9 de junho Até a manhã da quinta-feira, 25, foram vacinados contra a gripe 35,1 milhões de brasileiros nas unidades básicas de saúde de todo o País, 63,6% do público da campanha nacional, que foi prorrogada até 9 de junho, para alcançar a meta de imunizar 90% do público alvo, incluindo a população privada de liberdade, funcionários do sistema prisional e pessoas com comorbidades.

Nesta 19ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza, o Ministério da Saúde adquiriu 60 milhões de doses da vacina. “É importante que a população da campanha se vacine neste período para ficar protegida quando o inverno chegar. A vacina demora 15 dias para fazer efeito no organismo, por isso o Ministério da Saúde planeja a campanha antes do inverno, período de

maior circulação dos vírus da influenza”, disse Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, em entrevista à Agência Brasil. A vacina disponibilizada protege contra os três subtipos do vírus da gripe determinados pela Organização Mundial da Saúde para este ano (A-H1N1, A-H3N2 e Influenza B). A dose é segura e também é consi-

derada uma das medidas mais eficazes na prevenção de complicações e casos graves de gripe. Pessoas com mais de 60 anos, crianças de 6 meses a 5 anos, professores e agentes de saúde estão entre as pessoas mais vulneráveis aos vírus. Outros detalhes podem ser obtidos pelo Disque Saúde, 136, em ligação gratuita. Fonte: Agência Brasil.


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Temer resiste à semana de pressões José Cruz/Agência Brasil

Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

Michel Temer encerra o mês em que seu mandato como presidente da República completa um ano resistindo às diferentes pressões da opinião pública para que renuncie, após a publicação, em 18 de maio, das delações de executivos da JBS. No Supremo Tribunal Federal (STF), o Presidente é alvo de um inquérito por organização criminosa, corrupção e obstrução de Justiça; e na Câmara dos Deputados, até sexta-feira, 26, já haviam sido protocolados 13 pedidos de impeachment contra ele – o mais recente, até então, apresentado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “Este é o ponto central que a Ordem dos Advogados do Brasil leva em consideração: A fita, o áudio da conversa, pode até mesmo ter sofrido alguma adaptação ou alguma interferência, mas o fato de o Presidente da República, nos seus dois pronunciamentos e numa entrevista para um jornal de ampla circulação nacional, não ter negado o teor dos diálogos é que torna esses fatos absolutamente incontroversos e, portanto, na visão da Ordem dos Advogados do Brasil, nós temos aqui presente o crime de responsabilidade do senhor presidente da República”, declarou Cláudio Lamachia, presidente da OAB. Para que tramitem na Câmara, os pedidos de impeachment devem ser aceitos pelo presidente da casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), partido da base aliada de Temer. “Não posso avaliar uma questão tão grave como essa como num drive thru. Não é assim. Temos que ter paciência. Estão dizendo que engavetei. Eu não tomei decisão nenhuma. Não é uma decisão da noite para o dia”, afirmou Maia, no dia 24. Também na última semana, a Polícia Federal iniciou a perícia dos áudios e dos gravadores usados para registrar as conversas dos executivos da JBS com Temer, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDBPR), que já estão afastados de suas funções parlamentares por determinação da Justiça. Temer pede a anulação da validade da gravação com Joesley Batista, presidente da JBS, por haver indícios de que o áudio passou por edições, além de conter trechos inaudíveis. A invalidação da prova poderia levar à anulação do inquérito no STF contra o Presidente.

mo com dez eixos de ação, entre os quais a democratização do Estado, realização da reforma agrária e tributária e garantia de direitos sociais e trabalhistas. A manifestação de maior impacto, no entanto, aconteceu no dia 24, em Brasília, articulada por nove centrais sindicais. Segundo os organizadores, foram mais de 150 mil pessoas que pediram a saída de Temer da Presidência, a convocação de eleições diretas e gerais, e a paralisação das votações das reformas da Previdência e trabalhista. A Polícia Militar estimou em 35 mil o número de participantes. O ato terminou em confusão entre os manifestantes e a Polícia Militar do Distrito Federal, incluindo a depredação de prédios públicos. Os organizadores disseram que o quebra-quebra foi feito por pessoas infiltradas na manifestação. Temer decretou a ‘Garantia de Lei e de Ordem’ em todo o Distrito Federal, autorizando a presença das forças armadas para manter a ordem. O decreto valeria até 31 de maio, mas foi suspenso no dia seguinte. Em protesto à medida do Presidente, deputados da oposição deixaram o plenário da Câmara, no dia 24. As manifestações também repercutiram internacionalmente. Na sexta-feira, 26, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e o Escritório Regional para América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos condenaram a uso excessivo de força por parte da Polícia e também pediram que os manifestantes exerçam o direito a livre manifestação de forma pacífica.

Nas ruas Temer também tem enfrentado a pressão das ruas. No domingo, 28, aproximadamente 50 mil pessoas, incluindo políticos de partidos de esquerda, sindicalistas e artistas, participaram de uma manifestação na zona Sul do Rio de Janeiro, exigindo o impeachment do Presidente e a convocação de eleições diretas. Em São Paulo, na noite da segunda-feira, 29, no teatro Tuca, na zona Oeste, movimentos sociais e sindicais, partidos políticos e parlamentares realizaram o “Ato em Defesa das Diretas Já e lançamento do Plano Popular de Emergência”, este últi-

Premiada demais As bases da delação premiada dos donos da JBS também têm sido alvo de questionamentos. Pelo acordo com a Justiça, tanto Joesley quanto Wesley Batista devem pagar multa de R$ 110 milhões, parcelada em dez anos; podem viver fora do país; e não foram acusados formalmente pelo crime que confessaram à Procuradoria-Geral da República: o pagamento de R$ 600 milhões como suborno a mais de 1,8 mil pessoas para obter vantagens nos negócios da empresa. O Instituto Brasileiro do Direito de Defesa (Ibradd) já protocolou no STF um

mandado de segurança para cassar a decisão do ministro Edson Fachin, que homologou esse acordo de delação premiada em termos fora do comum, pois, geralmente, os benefícios se restringem à redução do tempo de pena. Em entrevista ao O SÃO PAULO, Roberto Parentoni, presidente do Ibradd, explicou por que a entidade entrou com o pedido para cassar a delação. “Primeiro, o chefe de uma quadrilha não pode ter delação premiada. Além disso, se alguém comete um delito durante a delação, ela não é válida. Os donos da JBS logo quando foram para os Estados Unidos tinham a informação privilegiada de que o dólar ia disparar, que a bolsa ia cair. Também as empresas deles ainda não fecharam acordo de leniência com o Ministério Público Federal. A delação precisa ser nula e eles precisam responder pelo que fizeram, se não fica fácil: você comete um crime, delata e vai embora? Isso quer dizer que este é o País da impunidade?”, indagou Parentoni. Caberá ao ministro Celso de Mello, decano do STF, analisar o mandato de segurança. Parentoni enfatizou à reportagem que uma eventual anulação dos termos da delação não vai paralisar o andamento dos processos. “O mandato de segurança é só com relação à delação. As provas contra o Presidente da República, as provas contra o Aécio Neves, não têm relação com o mandato de segurança. Estamos falando do acordo da homologação da delação, não estamos falando das provas. Sobre essas, quem decidirá é o inquérito policial que foi aberto contra o Presidente e o Senador”, detalhou. Em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, em 25 de maio, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu os termos da delação premiada firmada com os irmãos Batista, por conta do alcance obtido com as provas apresentadas por eles. No STF, já há discussões para que a validação da delação da JBS passe pelo aval do plenário do STF. No entanto, há o temor de que a mudança de algo já acertado com os delatores desestimule novas delações na operação Lava Jato. (Com informações do El País, G1, Conlutas, O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e ONU Brasil)

Troca de ministros O presidente Michel Temer anunciou no domingo, 28, a substituição do titular do Ministério da Justiça e Segurança Pública: Torquato Jardim, até então ministro da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União (CGU), foi nomeado para o lugar de Osmar Serraglio (PMDB-PR). A princípio, Temer propôs a simples inversão dos ministros, mas Serraglio recursou a proposta na terça-feira, 30, e voltará a ocupar o cargo de deputado federal, que estava sendo exercido por Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), antes de a Justiça determinar seu afastamento após se tornarem públicos os vídeos das delações da JBS que mostram Loures recebendo R$ 500 mil para acordos ilícitos com a empresa. Sem ocupar cargo no Executivo ou no Legislativo, Loures, que até março era um dos assessores diretos de Temer, poderá perder a prerrogativa do foro privilegiado e ser julgado em primeira instância e não pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Lei da Migração Foi sancionada pelo presidente Temer, na quinta-feira, 25, a Lei da Migração, que determina os direitos e deveres do migrante e visitante, regula a entrada e estada no País e estabelece princípios e diretrizes para as políticas públicas para o emigrante. A nova legislação substitui o Estatuto do Estrangeiro, criado em 1980. Temer vetou alguns pontos do texto aprovado pelo Congresso, entre os quais, o que previa a anistia a imigrantes que entraram no Brasil até 6 de julho de 2016 e a livre circulação de indígenas e populações tradicionais entre fronteiras, em terras tradicionalmente ocupadas. Apesar dos vetos, movimentos que atuam com migrantes viram como positiva a sanção da lei. Corujão da cirurgia A Prefeitura de São Paulo lançou na sexta-feira, 26, o programa Corujão da Cirurgia, pelo qual promete zerar, em um ano e meio, a fila de 68 mil pacientes que aguardam por uma cirurgia. Centros cirúrgicos de cinco hospitais realizarão operações 24 horas por dia. Os pacientes serão contatados por telefone para validação da fila. Em seguida, iniciarão as avaliações pré-operatórias. As cirurgias começarão a ser feitas em 15 de junho. Fontes: Portal Uol, Planalto, Senado Notícias, Prefeitura de São Paulo


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Dica de Leitura A cruz – Vitória sobre os vícios

Esporte Divulgação/Torcida Solidária

Divulgação

Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

Para Fulton Sheen, como todos os sete pecados capitais levaram os inimigos de Cristo a pregá-lo na Cruz, nós podemos encontrar no exemplo de seu sofrimento e morte os meios para superar cada um desses pecados e a chave para entender e cultivar em nossa própria alma as virtudes opostas. Assim, nestas páginas repletas de sabedoria e esperança, o bispo Sheen nos ensina não apenas como derrotar nossa gula, mas também como satisfazer nossa fome espiritual. Aprendemos não apenas como vencer o orgulho, mas o que devemos fazer para nos tornarmos humildes. A partir da santa resposta de Cristo a cada um dos sete pecados capitais que o levaram à crucifixão, o Bispo tira uma lição sobre como eu e você podemos lidar com esses mesmos pecados, quer os encontremos nos outros ou em nós mesmos. Dia após dia, os cristãos lutam para fazer o bem, para evitar o mal, e para aceitar com paciência e amor as cruzes que ameaçam esmagá-los. Para aqueles entre nós que ainda conhe-

Torcida Solidária muda para melhor o jogo da vida cem melhor o pecado que a santidade, Fulton Sheen mostra a luz que a análise do vício lança sobre a virtude e nos ajuda, assim, a compreendê-la melhor e a encontrar os meios de alcançá-la. Se seguir os conselhos dessas páginas, a virtude duradoura será sua em breve, e você terá alcançado a vitória sobre os vícios. Ficha técnica: Autor: Fulton Sheen Editora: Molokai

Filme

O Escarlate e o Negro (1983) Em 1943, durante a segunda guerra mundial, os nazistas tomaram o controle de Roma. Muitos prisioneiros de guerra conseguiram fugir e foram buscar refúgio no Vaticano, assim como muito judeus. O coronel nazista Herbert Kappler era o responsável por encontrar esses fugitivos, capturá-los e enviá-los a campos de concentração. O Monsenhor O’Flaherty, sacerdote do Vati-

cano, organiza uma rede de suporte a esses fugitivos, com a ajuda de outros padres e religiosos, moradores locais e diplomatas de diversos países. Os fracassos de Kappler em capturar os fugitivos tornam-no cada vez mais violento e ele inicia uma perseguição implacável contra o Monsenhor O’Flaherty e seus associados. O filme conta uma história real, com um final emocionante. (FD)

Luciney Martins/O SÃO PAULO

A Rede Cultural Luther King encerrou no domingo, 28, na cripta da Catedral da Sé, a série de concertos “Coragem, Justiça e Paz”, em homenagem ao Cardeal Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo entre 1970 e 1998, morto em dezembro de 2016. Em 25 de junho, às 15h, na Catedral da Sé, acontecerá o concerto “Sinfonia dos dois mundos”. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 99739-4973.

Vítor Alves Loscalzo

Especial para O SÃO PAULO

O projeto Torcida Solidária não poderia encontrar melhor lugar para o seu trabalho se não aqui, no país do futebol, que não carece de qualidade e de títulos, mas ainda não está entre os primeiros quando se fala em ações solidárias. No entanto, é sempre possível virar o placar, e a iniciativa da PayPal vestiu a camisa da solidariedade. Com o objetivo de convergir interesses de diferentes torcedores, o Torcida Solidária propõe o seguinte: a cada R$ 1,00 doado mensalmente pelo torcedor ao seu clube por meio dos programas de fidelidade, a empresa parceira direciona R$ 1,00 para o apoio de projetos sociais, chegando em até R$ 20 mil. “O projeto Torcida Solidária, que é uma parceria entre a PayPal, o São Paulo Futebol Clube e a Fundação Amor Horizontal, visa engajar os torcedores na ‘cultura de doação’”, afirma, ao O SÃO PAULO, a advogada Maria Nazaré Lins Barbosa, que é conselheira da fundação desde seu início. “O importante é engajar cada vez mais as empresas parceiras com a sociedade, ampliando a ‘cultura da doação’. A plataforma do projeto Torcida Solidária é interessante, pois tem um grande potencial de alcançar diferentes perfis de doadores”, opinou Maria Nazaré.

Ações concretas Todo o valor arrecadado é encaminhado às ONGs Fundação Amor Horizontal e Instituto Arredondar, que distribuem a outras ONGs e instituições com distintos projetos sociais. A Fundação, criada pela empresária Caroline Celico, tem a proposta de conscientizar a sociedade sobre a importância da doação. “A fundação apoia 56 instituições sociais que atendem mais de 10 mil crianças e adolescentes. As instituições estão localizadas nas cinco regiões da cidade de São Paulo e nas cidades paulistas de Osasco, Aparecida, Sorocaba e Cajamar, priorizando cinco causas: Abrigos, Educação, Comunidade, Pessoa com Deficiência e Saúde. Em três anos, a fundação

já alcançou mais de 140 metas de doação de produtos, como medicamentos, material escolar, livros paradidáticos, brinquedos, produtos de higiene para bebê, colchão, cobertor, eletrodomésticos, utensílios e itens para a infraestrutura das instituições, beneficiando 21.248 crianças e adolescentes nas instituições apoiadas”, pontuou Maria Nazaré. O primeiro clube de futebol a aderir à iniciativa foi o São Paulo Futebol Clube. Foi no CT do time paulistano, no final de 2016, que o projeto foi apresentado. “Acreditando na necessidade de fazer um clube mais responsável financeiramente e com a ideia de implementar cada vez mais uma organização profissional, a atual gestão busca também se aprimorar em iniciativas relevantes para a sociedade. E o projeto Torcida Solidária é uma grande oportunidade de ampliarmos nossas ações para ajudar a quem precisa de forma correta e transparente com as entidades e com a nossa torcida”, afirmou o diretor de marketing do São Paulo, Vinicius Pinotti, ao portal do clube, quando do lançamento da iniciativa. A meta, porém, não é restringir as parcerias com clubes de futebol. A PayPal Brasil espera sensibilizar outras empresas de diversos segmentos, com o objetivo de aumentar o volume de doações e expandir a cultura da doação no País.

Como funciona o projeto? * No Torcida Solidária, cada pessoa doa todo mês R$1,00. A quantia é dividida entre as organizações Instituto Arredondar e Fundação Amor Horizontal, que apoiam outras ONGs relacionadas à educação no Brasil. * Todo mês é debitado R$1,00 do cartão de crédito do doador cadastrado na conta que ele possui no PayPal. * A qualquer momento é possível cancelar o pagamento das doações. * Ao fazer parte do Torcida Solidária, o torcedor recebe mensalmente, por e-mail, um boletim sobre quais instituições foram beneficiadas com a doação que fez. * PARA PARTICIPAR ACESSE: https://www.paypal-brasil.com.br/torcidasolidaria/spfc


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Ipiranga

Stéfani Lopes Rodrigues da Silva e Padre Jorge Bernardes Colaboração especial para a Região

Festa da padroeira marca os 15 anos da Paróquia Nossa Senhora Mãe de Jesus A Paróquia Nossa Senhora Mãe de Jesus, no Setor Pastoral Cursino, realizou, entre os dias 19 a 27, a novena em louvor à padroeira, com missas, meditações e orações destinadas às famílias, idosos, desempregados, crianças, mulheres, homens, doentes, jovens e pela Igreja, com a coordenação dos padres Sandro Nascimento da Cunha, SJS, pároco, e Mariano Rodrigo da Silva, vigário paroquial. Durante a novena, também houve barracas com comidas e bebidas, brincadeiras para as crianças, além de momentos de entretenimento para as famílias. No sábado, 27, Dom José Roberto Maria da Penha

Santa Rita de Cássia é venerada em paróquia

Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, presidiu a missa conclusiva da novena. Ele destacou que é na paróquia que se vivencia a primeira Catequese com Cristo, e se intensifica a experiência da plenitude da fé, sendo também um local de encontro entre os irmãos que desejam ser edificados pelo Santo Espírito e manter-se firmes no testemunho de seguir uma vocação conforme a vontade de Deus. A conclusão da festa e da comemoração dos 15 anos da Paróquia aconteceu no domingo, 28, na missa das 10h, quando houve a coroação da imagem de Nossa Senhora.

Bel Well Silva

Dom José Roberto preside missa na novena da padroeira da Paróquia Nossa Senhora Mãe de Jesus

Santa Rita de Cássia intercede pelo bairro de Mirandópolis Na memória litúrgica de Santa Rita de Cássia, no dia 22, a paróquia dedicada à Santa no bairro de Mirandópolis, na zona Sul da cidade, concluiu a festa da padroeira, que foi antecedida por um tríduo, no qual os fiéis refletiram sobre as virtudes da Santa reconhecida como a das causas impossíveis.

Nem mesmo a chuva desanimou os devotos que lotaram a igreja-matriz desde às 6h, quando foi celebrada a primeira das sete missas do dia. A das 15h foi presidida por Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga. Ao longo do dia, foram distribuídos

15 mil exemplares da Trezena de Santa Rita, elaborada na própria comunidade paroquial, para ser rezada no dia 22 de cada mês. Também não faltaram as rosas, sinal reconhecido da presença de Deus na vida de Santa Rita. Pessoas e objetos foram abençoados e houve, ainda, o atendimento de confissões.

Lapa

Benigno Naveira

Colaborador de comunicação da Região

‘6º Deus Trino Fest’ leva 2,5 mil pessoas à Paróquia Santíssima Trindade Um dia de festejos com barracas de comidas e shows musicais foi realizado em frente à igreja-matriz da Paróquia Santíssima Trindade, no Setor Rio Pequeno, no sábado, 27. Foi o “6º Deus Trino Fest”, com a participação de mais de 2,5 mil pessoas e a animação musical dos covers dos cantores Roberto Carlos (Raul Nazário) e Sérgio Reis (Paulo Leite). Padre Marcos Roberto Pires, pároco,

em conversa com a Pastoral da Comunicação regional, expressou sua alegria e satisfação com a realização da festa, e salientou que durante estes sete anos como pároco, junto com a comunidade, construiu um novo templo e dinamizou a vida pastoral da Paróquia. Na missa que presidiu no fim da tarde do sábado, o Padre falou sobre a Ascensão do Senhor, celebrada por toda a Igreja na liturgia do domingo, 28. “Cremos que

Arquivo pessoal

Jesus, após a sua Ressureição, foi levado de corpo e alma aos céus”, disse, comentando, ainda, que “a vocação humana é sublime, pois consiste em estar diante de Deus em corpo e alma. É Jesus que dá a última palavra sobre a nossa existência. Na ascensão, Ele revela definitivamente quem é o homem. O Senhor nunca desistiu do ser humano, nunca desistiu de nós. Na ascensão, sua obra se completa. Esse é nosso chamado: estar com Deus, pois o céu é Deus e, desde o Batismo, Ele mora em nós”, enfatizou. Antes do encerramento da festa, Padre Marcos agradeceu a colaboração das

pessoas que trabalharam e participaram da organização do evento, aos artistas que se apresentaram e a todos que foram prestigiar o “6º Deus Trino Fest”. Uma dessas pessoas foi o líder comunitário Alberto Luiz da Silva, mais conhecido como Beto. Ele disse à Pastoral da Comunicação que participa do evento desde o primeiro ano, que considera uma iniciativa importante por reunir muitas pessoas, e também enalteceu o trabalho de evangelização realizado pelo Padre Marcos. O cantor Paulo Leite também elogiou o Sacerdote e a comunidade pela realização da atividade. Benigno Naveira

Vinte membros da Pastoral da Juventude nos setores Pirituba e Leopoldina participaram do Curso de Dinâmica para Líderes (CDL), promovido pelo Centro de Cursos de Capacitação da Juventude, entre os dias 19 e 21, no Lar Santa Maria, da Cáritas, em Cotia (SP), onde também esteve o Padre Elson Lopes, que recémchegado ao Brasil vai acompanhar os trabalhos com a juventude pela Congregação do Espírito Santo (espiritanos).

Cantor Paulo Leite e Padre Marcos Pires, durante o ‘6º Deus Trino Fest’, no sábado, dia 27


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Brasilândia

Julio César dos Santos, Luciene Viera, Gerson Morera, Eliana Lubianco, Juçara Zottis e Ivani Silva Colaboração especial para a Região

A pauta é a espiritualidade do comunicador Comunicadores e comunicadoras atuantes em comunidades, pastorais e movimentos eclesiais participaram, na tarde do sábado, 27, de um encontro promovido pela Pastoral da Comunicação da Região Brasilândia, que tratou sobre a espiritualidade do comunicador. A atividade realizada na Comunidade Missão Mensagem de Paz, no bairro de Pirituba, teve a colaboração da Irmã Maria Celeste Ghislandi, paulina, que falou sobre os conceitos de espiritualidade à luz do Concílio Vaticano II. “Espiritualidade é viver segundo o Espírito Santo. Tenham em vocês os mesmos sentimentos de Cristo”, afirmou. A Irmã destacou que Cristo é o mestre da comunicação. “Jesus estabeleceu um processo de comunicação entre as pessoas. Jesus veio ser um de nós. Como Jesus nos falaria se Ele não conhecesse a nossa vida?”, comentou, destacando

Antonio Dominici

Participantes do encontro ‘A espiritualidade do comunicador’, junto à Irmã Maria Celeste (centro), no sábado, 27, no bairro de Pirituba

também que “é na experiência da comunicação que Jesus ensina, e que não pode faltar ao comunicador a empatia: ir além

das palavras, observar ao seu redor”. Ainda segundo a Religiosa, a escuta é uma experiência que fortalece o diálogo,

o equilíbrio. Ela também lembrou que o comunicador deve provocar reflexões e sempre buscar a verdade.

Elena Lubianco

Julio César dos Santos

No sábado, 27, a Paróquia Santa Cruz de Itaberaba, no Setor Pastoral Freguesia do Ó, realizou mais uma edição mensal do ‘Sopão’, com os trabalhos das equipes de preparo e de entrega. A sopa foi servida com pão à população em situação de rua no centro da cidade.

Aconteceu na Paróquia São José de Vila Palmeira, no domingo, 28, a coroação da imagem de Nossa Senhora das Graças, uma tradição de mais de 50 anos da comunidade paroquial. Neste ano, algumas mães e suas filhas vestidas de anjo coroaram a Mãe de Jesus.

Gerson Morera

Ivani Silva

No domingo, 28, aconteceu na Paróquia Santa Rosa de Lima, no Setor Pastoral Perus, o 3º Encontro Regional do Terço dos Homens, com a participação de 150 pessoas. A missa de encerramento da atividade foi presidida por Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia.

Começou no domingo, 28, a Festa do Divino Espírito Santo e o Cerco de Jericó (reza do Rosário diante do Santíssimo Sacramento exposto), na Paróquia Espírito Santo, no Parque Belém. O tema da festa é “Clamando ao Espírito por seus 7 Dons”. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 3851-7941.

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Belém Em devoção a Nossa Senhora do Sagrado Coração Peterson Prates

Colaborador de comunicação da Região

Com o tema “Maria, Mãe de Deus”, aconteceu no domingo, 28, a 78ª festa da padroeira da Paróquia-santuário Nossa Senhora do Sagrado Coração, na Vila Formosa, e os 160 anos da devoção ao título mariano. “Por isso, nosso coração se alegra”, disse o padre reitor do Pároquia-santuário, Valdecir Soares Santos. Ele destacou que a festa também evoca os 300 anos do achado da imagem de Nossa Senhora Aparecida, o centenário das aparições da Virgem Maria, em Fátima, Portugal, e o Ano Mariano Nacional. Em procissão, a imagem de Nossa Senhora do Sagrado Coração foi conduzida pelas ruas da Vila Formosa. Na sequência, houve a missa solene, presidida por Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, e concelebrada por mais de dez padres,

todos missionários do Sagrado Coração. Aos quase 1,5 mil fiéis que participaram da missa, Dom Luiz Carlos destacou, na homilia, pontos da liturgia que tratou da Ascensão do Senhor. “Jesus voltou para o Pai, mas deixou para os seus o ‘Ide’. Acolhemos esse ‘Ide’, para que não sejamos uma Igreja acomodada”. “Quando olhamos nosso mundo hoje, nós até nos assustamos com a corrupção que aí está. Olhe nosso País”, manifestou Dom Luiz Carlos, dizendo, ainda, que hoje “falta um sentido de justiça, daquilo que é justo, que edifica e que beneficia, de fato, a todos”, disse. A missa também marcou o primeiro ano da acolhida de Dom Luiz Carlos como vigário episcopal para Região Belém, em 28 de maio de 2016, nessa mesma igreja. Ana Maria de Oliveira, 67, professora aposentada, foi em peregrinação de Belo

Peterson Prates

Devotos lotam Paróquia-santuário Nossa Senhora do Sagrado Coração, na Vila Formosa, dia 28

Horizonte (MG) até o Santuário, com um grupo de 12 romeiros. Ela disse que pretende voltar mais vezes ao templo e revelou que em suas orações pede que

“Maria nos ajude a caminhar até o Pai”. Até 18 de junho, todos os sábados e domingos, haverá quermesse, sempre a partir das 18h.

Encontro reforça o zelo da Igreja com a gestão fiscal das paróquias Tesoureiros de comunidades, secretárias paroquiais e integrantes de conselhos de assuntos econômicos participaram, no sábado, 27, no Centro Pastoral São José, de um encontro de formação sobre a questão fiscal e os conselhos de assuntos econômicos paroquiais. A atividade foi pensada para que as paróquias e comunidades cumpram as

diretrizes legais. Também foram apresentados conceitos e termos fiscais, documentos de fiscalização, de permanência e fixação obrigatória, e detalhes sobre a legislação trabalhista e as contratações. Padre Marcelo Monge, ecônomo da Região Belém, ministrou o encontro ao lado do Diácono Marcos Antônio Domingues e de Dom Luiz Carlos Dias, Peterson Prates

bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, que destacou a importância do “empenho, lisura e responsabilidade, buscando sempre a certificação fiscal”. As formas corretas de pagamentos e compras, pagamentos de côngruas, registro de espórtulas, dízimos e ofertas e outras questões relacionadas à gestão paroquial foram apresentadas a partir do Plano de Manutenção da Arquidiocese, que estabelece as orientações para a administração dos bens da Igreja.

O encontro do dia 27 teve a participação de mais de cem pessoas. No dia 20, integrantes de outras paróquias e setores participaram da similar formação. Ao final, Dom Luiz Carlos reiterou o desejo de estruturar os conselhos de assuntos econômicos paroquiais e os conselhos fiscais de instituições ligadas à Região Belém. No entender do Bispo, um conselho fiscal bem constituído tem reflexos na vida pastoral de cada paróquia. Peterson Prates

Dom Luiz Carlos com participantes de formação sobre a questão fiscal e conselhos econômicos Felipe Castelhano

15 mil féis estiveram na Paróquia Santa Rita do Pari, no dia 22, para expressar a devoção à padroeira, popularizada como a Santa das causas impossíveis. Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, presidiu a última missa do dia, após a qual houve procissão pelas ruas do bairro. Os 80 anos da Paróquia foram completados no sábado, 27.

A Rede Um Grito pela Vida e o grupo Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC), ligados à Conferência dos Religiosos do Brasil, realizaram no sábado, 27, no Centro Pastoral São José, uma manhã de formação sobre “Violência, abusos e exploração sexual”, com a assessoria da Dra. Claudia Patricia Luna, presidente da ONG “Elas por Elas - Vozes e Ações das Mulheres”, que falou sobre a exploração sexual de menores e o tráfico de pessoas. Paróquia São Filipe Neri

Na sexta-feira, 26, a Paróquia São Filipe Neri, a comunidade religiosa dos Oratorianos e as Irmãs Auxiliadoras do Oratório celebraram o padroeiro, com três missas, nas quais houve a bênção com as relíquias do Santo. No domingo, 28, aconteceu uma procissão pelas ruas do Parque São Lucas, até a Praça Oratório de São Filipe Neri, onde há um monumento ao Santo. A festa segue nos dias 3 e 4 de junho, das 18h às 22h30, com barracas de comidas típicas.


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Santana Clero em retiro sob a intercessão de Nossa Senhora Aparecida

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

Padres e diáconos atuantes na Região Santana se reuniram em retiro com Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, entre os dias 22 e 25, no Seminário Santo Afonso, em Aparecida (SP), tendo como pregador o Padre Denilson Geraldo, SAC, que falou sobre o tema “Maria na Vida Presbiteral - 300 Anos da Imagem de Aparecida”. Padre Denilson pertence à Sociedade do Apostolado Católico (SAC), mais conhecida como palotinos. Com doutorado em Roma, na Itália, ele atuou por muitos anos na capital paulista, sendo professor de Direito Canônico na da PUCSP. Em 2016, foi eleito para o Conselho Geral dos Padres e Irmãos Palotinos, em Roma. Após falar sobre o papel de Nossa Senhora como mediadora da encarnação do Filho de Deus, Padre Denilson traçou os aspectos da vida de Maria com a realidade sacerdotal, como seu

Diácono Francisco Gonçalves

Dom Sergio de Deus Borges, padres e diáconos participam de missa no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em 25 de maio

profetismo, o olhar da fé sobre a história, a ternura da vida familiar no ministério presbiteral e a alegria do ministério.

O retiro se encerrou com missa presidida por Dom Sergio na Basílica de Aparecida, no dia 25, junto à imagem de Nossa Senhora, e com uma homenagem

aos padres que, em 2016, completam 25 anos de sacerdócio: Adailton Costa, Erly Moscoso, Humberto Carvalho, José Chapron Ribeiro e Jovair Milan.

Sacerdotes lançam livro sobre a espiritualidade do padre diocesano Diácono Francisco Gonçalves

Padre Humberto apresenta seu novo livro sobre a espiritualidade do padre diocesano, dia 25

Em Aparecida (SP), no encerramento do retiro anual do clero atuante na Região Santana (leia mais acima), os

padres Humberto Robson de Carvalho e Fernando Lorenz lançaram o livro “A espiritualidade do padre diocesano”.

Segundo os autores, a espiritualidade do padre diocesano fundamenta-se em Jesus Cristo, o Bom Pastor, como modelo de caridade pastoral, e está alicerçada em quatro elementos essenciais: a diocese, o bispo diocesano, o presbitério e o povo de Deus a ele confiado em uma comunidade paroquial. Se para o padre religioso é o carisma do fundador que determina a sua espiritualidade, para o padre diocesano é na comunidade paroquial, a exemplo de Cristo Bom Pastor, no exercício da caridade pastoral, que se delineia sua vocação e o seu carisma fundamental. Nisso consiste a sua espiritualidade. O livro está organizado em três capítulos. O primeiro aborda as fontes e características da espiritualidade cristã. Consiste em apresentar a compreensão e a identidade da espiritualidade cristã, apontando Cristo como fundamento dessa espiritualidade.

O segundo capítulo apresenta o ministério e a espiritualidade presbiteral no contexto bíblico de alguns textos do Antigo e do Novo Testamento, a espiritualidade do sacramento da Ordem, a dimensão espiritual do ministério presbiteral e a vida litúrgica do presbítero e suas implicações na espiritualidade: presidência e participação litúrgica. O terceiro capítulo reflete sobre a espiritualidade do padre diocesano. Apresenta-o como sinal e portador do amor de Deus; identifica Jesus Cristo, o Bom Pastor, como modelo da caridade pastoral para o padre diocesano; indica algumas fontes de alimento espiritual da vida presbiteral diocesana; perscruta sobre a espiritualidade de pertença e, por fim, defende a expressão da diocesaneidade como riqueza e propriedade fundamental da espiritualidade do padre diocesano.

Paróquia Nossa Senhora Aparecida da Boa Viagem

Pastoral Familiar

Dom Sergio de Deus Borges presidiu, no domingo, 28, missa na Paróquia Nossa Senhora Aparecida da Boa Viagem, no Setor Vila Maria, concelebrada pelo Padre Dorvalino José Silva, pároco. Na celebração, o Bispo crismou 14 jovens.

A Pastoral Familiar da Região Episcopal Santana realizou, nos dias 20 e 21, o 21º Encontro com Jesus, o Bom Pastor, para casais em segunda união, no Recanto Nossa Senhora de Lourdes, com coordenação do casal Toninho e Silvana Ribeiro.


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Sé Pastoral Familiar é implementada nas paróquias do Setor Bom Retiro Lucas Santos e Padre Luiz Claudio Braga Colaboração especial para a Região

Entre 13 de março e 1º de maio, com assessoria do casal Silvio e Ester dos Santos, vice-coordenadores da Pastoral Familiar na Arquidiocese de São Paulo, 17 casais iniciaram a preparação para a implantação dessa Pastoral no Setor Bom Retiro. A ideia surgiu da última assembleia do Setor, quando padres, leigos e religiosas assumiram o compromisso de neste ano ter um olhar mais efetivo para a família. “Mas como, se todas as paróquias sofriam com a evasão das famílias na Igreja? Foi quando decidimos não tentar mais sozinhos em nossas comunidades, e partir para união, para fortalecer a Pastoral”, contou o Padre Luiz Claudio Braga, coordenador do Setor. Foram realizados oito encontros,

tendo como base de estudo o Guia de Implantação da Pastoral Familiar na Paróquia. “Aprofundamos os desafios de ser família nos dias atuais e como a Igreja deve ser parte atuante na continuidade dos valores familiares”, afirmou Leandro Carvalho. Ele e a esposa foram o casal referencial para a implantação do trabalho. Quatro paróquias enviaram representantes para os encontros: Sagrado Coração de Jesus, São Cristóvão, Santo Antônio da Barra Funda e Santo Eduardo. Na quinta-feira, 25, aconteceu, na Paróquia Santo Eduardo, a missa de envio desses casais para implantação nas paróquias, presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé.

Arquivo pessoal

Integrantes da Pastoral Familiar, com Dom Eduardo, durante missa na Paróquia Santo Eduardo

3 paróquias realizam festas em honra a Santo Antônio Ao menos três paróquias da Região Sé terão programação especial no mês de junho por conta das festividades em honra a Santo Antônio. Na Paróquia Santo Antônio do Pari (Praça Padre Bento, s/nº, Canindé), a 103ª Festa de Santo Antônio terá início com a trezena de Santo Antônio, entre 31 de maio e 12 de junho, com missas durante a semana, às 19h, aos sábados, às 17h, e aos domingos, às 18h. Em 13 de junho, na memória litúrgica do pa-

droeiro, haverá missas durante o dia. A celebração solene será às 19h30, seguida de procissão com a imagem do Santo pelas ruas do bairro. Outros detalhes podem ser obtidos pelo telefone (11) 3459-1436. Na Paróquia Santo Antônio da Barra Funda (rua Cônego Vicente Miguel Marino, 421, Barra Funda), haverá missas do tríduo do padroeiro entre os dias 10 e 12, sempre às 18h, sendo que a celebração de abertura será presidida por Dom

Padroeira da Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos Nesta semana, até sexta-feira, 2 de junho, a Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, no Setor Pastoral Aclimação, realiza a reza do Terço, às 19h, e celebrará missa, às 20h. No sábado, 3,

dia da padroeira, haverá missa solene às 10h. A Paróquia fica na Rua Ouvidor Portugal, 598, Vila Monumento. Outras informações podem ser obtidas em (11) 2063-2893.

Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé. No dia do padroeiro, 13 de junho, as missas acontecerão às 8h, 10h, 12h (presidida pelo Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano), 15h e 18h, esta última, precedida de procissão iluminada, será presidida pelo pároco, Padre Luiz Claudio Braga. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 3392-6090. Por fim, na Paróquia São Francisco de Assis (Largo São Francisco, 133, Sé),

haverá a trezena de Santo Antônio entre 31 de maio e 12 de junho, com missas às 15h (exceto nos dias 4 e 11, quando as missas serão às 10h30, e nos dias 5 e 12, quando acontecerão às 12h). Além disso, no domingo, dia 11, uma procissão partirá da Igreja Santo Antônio do Patriarca, às 10h, até a matriz-paroquial. Em 13 de junho, as missas acontecerão às 7h30, 9h, 10h30, 12h, 13h30, 15h, 16h30, 18h e 19h. Outros detalhes podem ser obtidos pelo telefone (11) 3291-2400.

Festa junina da Paróquia São Joaquim A Igreja Nossa Senhora da Glória, da Paróquia São Joaquim do Cambuci, realizará em todos os finais de semana de junho, nos dias 3 e 4, 10 e 11, 17 e 18, e 24 e 25, uma festa junina de rua,

sempre a partir das 18h. O endereço da Paróquia é avenida Lacerda Franco, 02, Cambuci. Outros detalhes sobre a festa podem ser obtidos pelo telefone (11) 3208-3236.

Paróquia Santa Rita de Cássia

Arquivo pessoal

No dia 22, a Paróquia Santa Rita de Cássia, no Setor Pastoral Paraíso, celebrou a padroeira com missas festivas durante todo o dia. À noite, Dom Eduardo Vieira dos Santos presidiu a missa solene, seguida de procissão pelas ruas da Vila Mariana.

No sábado, 27, Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, e o Padre Edilberto Alves da Costa visitaram o Cônego José Pedro dos Santos (na foto ao lado de sua irmã) na Clínica Casa Vita, no bairro do Jaguaré.


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Huntington

‘esconder nunca mais’

Doença genética degenerativa sem cura, cujo diagnóstico pode mudar para sempre a vida de uma pessoa, ainda é pouco conhecida

tor Walmir Galvão de Almeida Passos, da Unicamp, estava pesquisando sobre a doença, e nossa família pôde colaborar com sua pesquisa”, contou Goretti que, um ano depois, fundaria, junto a outras pessoas, a Associação Brasil Huntington (ABH). Huntington, também conhecida como Coreia de Huntington, é uma doença hereditária rara, neurodegenerativa, que afeta o sistema nervoso central. Os sintomas são causados pela perda marcante de células em uma parte do cérebro denominada gânglios da base. Esse dano no cérebro afeta as capacidades motoras, cognitivas (pensamento, julgamento, memória) e psiquiátricas (humor, equilíbrio emocional). Ela recebeu o nome de George Huntington, um médico norte-americano que descreveu a doença em 1872. Os pacientes acabam por ficar em situação de grande dependência e necessidade de cuidados constantes. Embora cada indivíduo seja afetado de modo diferente, todos sofrem perda de sua capacidade funcional, que é a capacidade de realizar não apenas Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD), como cozinhar, arrumar a casa, telefonar, cuidar das finanças domésticas, mas também as suas Atividades da Vida Diária (AVD), ou seja, alimentar-se, vestir-se e cuidar da própria higiene.

que tenham um dos pais afetados pela DH têm 50% de chances de herdar o gene alterado e desenvolverão a doença em algum momento de sua vida. Desde setembro de 1997, a ABH mantém uma sede, primeiro em Campinas (SP) e, depois, na capital paulista, para atender as pessoas que buscam informações sobre a doença. “O nosso principal trabalho é orientar as pessoas que receberam o diagnóstico da doença na família. É uma situação muito delicada, pois muitos vêm até nós questionando-se se devem ou não fazer o teste genético para identificar se herdaram a DH”, explicou Vita Aguiar Oliveira, voluntária na Associação. A primeira coisa que as voluntárias da ABH fazem é tentar acalmar quem as procura. “Não aconselhamos que a pessoa faça o teste imediatamente, mas deixamos que ela decida”, disse Vita.

O benefício da dúvida Saber ou não se herdou o gene alteranayafernandes@gmail.com do da DH é um dilema que pode mudar, instantemente, a vida de uma pessoa. A Estima-se que haja de 13 a 19 mil decisão de ter filhos, os planos para o futuro, estabelecer e repensar prioridades, pessoas com a Doença de Huntington a negociação de um alojamento ade(DH) no Brasil, e que cada uma das pessoas com a doença põe em risco pelos quado, tudo pode mudar. Isso porque a menos outras cinco da família. Mas, não maioria das pessoas afetadas desenvolve é só o número que precisa ser consideraa doença durante a meia-idade, isto é, do. Sendo uma alteração genética que, ao entre 35 e 55 anos. Só aproximadamente se manifestar, causa degenerações neu10% das pessoas desenvolvem sintomas rológicas irreversíveis, a doença pode ser antes dos 20 anos (DH juvenil) e outros Associação Brasil Huntington causa de uma desestruturação familiar 10% depois dos 55 anos. “A Associação foi uma maneira que com consequências difíceis de serem suE, sendo uma doença fatal, que se peradas. encontramos de saber mais sobre a dodesenvolve gradualmente, sua duração ença e buscar forças para enfrentá-la”, Assim foi para Maria Goretti Nunes média é de 15 a 20 anos. Assim, a maioria das pessoas, após esse período, morre disse Goretti, que teve sete irmãos, dos Marques e sua família, quando, em 1996, devido às complicações causadas pelo quais quatro tiveram a doença. A expeapós uma busca intensa para descobrir o riência da família de Goretti confirma estado de fragilidade do corpo, particuque seu pai, Antonio Nunes, tinha, receberam o diagnóstico da doença. “O doularmente por asfixia, em consequência com exatidão a informação de que filhos de o doente se engasgar, L’Osservatore Romano ou por infecções ou parada cardíaca. “As pessoas com Huntington vivem, desde muito jovens, questões éticas seríssimas e os adolescentes sofrem bastante, pois muitos – os que se sabem com Huntington – questionam-se se devem ou não contar às suas namoradas sobre a doença, e muitos que decidem contar acabam vendo o fim do relacionamento”, afirmou Goretti. Além disso, segundo informações da ABH, o número de suicídios entre pessoas com Huntington chega a ser sete a oito vezes maior do que entre Papa Francisco encontra-se com pessoas que têm a Doença de Huntington, em 18 de maio, no Vaticano pessoas que não têm a doNayá Fernandes

ença e, para os doentes com Huntington acima dos 51 anos, esse número chega a ser 20 vezes maior.

Dificuldades e preconceito Por provocar muitos sinais externos, como gestos involuntários e, à medida que a doença progride, a destruição do córtex cerebral (massa cinzenta correspondente à camada mais externa do cérebro), as pessoas com Huntington sofrem muito preconceito, além das dificuldades para conseguir benefícios que são oferecidos a pessoas com outras doenças consideradas raras. Isso acontece porque, no início, a doença pode não apresentar sinais externos perceptíveis, mas a pessoa já sofre consequências como problemas cognitivos ou motores. “Por não estar incluída entre as doenças que dispensam a exigência de carência para a concessão de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez, as pessoas com DH vivem uma longa ‘peregrinação’ até conseguir o auxílio”, disse Goretti, que acompanha pessoas que já têm a doença em nível avançado e ainda estão à espera dos benefícios. Antônio Lopes Monteiro, que é promotor público e integra a Associação Brasil Huntington, disse em reportagem publicada no site do Senado, em 2014, que existe previsão legal para que a lista – das doenças – seja revista a cada três anos, mas isso não acontece. Segundo ele, um dos motivos é o fato de a lista também servir para a dispensa do pagamento de Imposto de Renda. Palavras de esperança Em 18 de maio, o Papa Francisco encontrou-se com pessoas de todo o mundo que vivem com a DH e seus familiares. Em seu discurso, o Papa agradeceu a todos pela presença e disse que escutou as histórias e as dificuldades que as pessoas com Huntington enfrentam cada dia. “Em muitos casos, os doentes e seus familiares viveram o drama da vergonha, do isolamento e do abandono. Hoje, porém, estamos aqui porque queremos dizer a nós mesmos e a todo o mundo: ‘Esconder nunca mais’. Não se trata simplesmente de um slogan, mas sim de um empenho em que todos devem ser protagonistas. A força e a convicção com a qual pronunciamos essas palavras derivam exatamente do que Jesus mesmo nos ensinou”, afirmou Francisco. Em entrevista ao O SÃO PAULO, Vita, que participou do encontro com o Papa, no Vaticano, disse que o evento teve uma repercussão muito boa para as pessoas com Huntington e seus familiares, bem como de divulgação sobre a doença, suas causas e consequências na mídia brasileira.


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desperdício

Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

Tudo começou quando Dani Leite quis fazer uma geleia junto ao filho e precisava de frutas um pouco mais maduras. Ela, então, ligou para a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) perguntando se eles entregariam em sua casa as frutas de que precisavam. Do Ceagesp, um atendente convidou-a para ir até lá e conhecer o setor. Foi quando Dani, advogada que, na época, era editora de uma revista de Yoga, viu as montanhas de frutas separadas, porque mesmo sendo próprias para consumo, não eram suficientemente boas para serem comercializadas. “Perguntei qual seria o destino daquelas frutas, e eles responderam que, provavelmente, seriam descartadas”, contou ela à reportagem do O SÃO PAULO. A ideia de que aquela quantidade imensa de alimentos iria para o lixo fez com que Dani pensasse em algo que pudesse fazer para evitar tamanho desperdício. “Foi quando me ofereci para trabalhar voluntariamente no setor responsável pelo reaproveitamento de alimentos do Ceagesp para ver como funcionava, e pedi que, em troca, eu obtivesse o máximo de informações possíveis”, explicou. Depois de um tempo trabalhando no setor, quando Dani já tinha conseguido elaborar um projeto de cooperação com a Companhia, a direção do órgão mudou, e houve dificuldades para estabelecer uma possível parceria.

Comida Invisível A organização não governamental (ONG) “Comida Invisível” (www.comidainvisivel.com.br) surgiu a partir da inquietação que a visita ao Ceagesp provocou em Dani. Após a experiência, ela começou a pensar em quanta comida é desperdiçada diariamente só na cidade de São Paulo, e em como as pessoas, sem estarem numa situação de necessidade, quase não se preocupam com isso. No mundo, quase 800 milhões de pessoas ainda passam fome, ao mesmo tempo em que, só no Brasil, mais de 40 mil toneladas de alimentos por ano são desperdiçadas. Dani pensou em começar um projeto que fosse ponte entre pessoas em situação de insegurança alimentar e as organizações não governamentais e estabelecimentos comerciais que manuseiam grandes quantidades de alimentos, como hortifrútis e restaurantes. “Existem muitas pessoas dispostas a doar e muitas outras que precisam de ali-

mentos, mas nem sempre elas conseguem se conectar. Nosso objetivo é ajudá-las”, disse. Outro objetivo da “Comida Invisível” é conscientizar as pessoas sobre o reaproveitamento que pode ser feito em casa e sobre o consumo de, por exemplo, cascas de determinadas frutas e legumes. A ONG promove também eventos para venda de comidas preparadas por meio do aproveitamento de alimentos e os vende no Food Truck “Comida Invisível”, emprestado pela Brasil America Trucks. No domingo, 28, foi a vez de promover a atividade no Parque Severo e na Comunidade Jerusalém, no Capão Redondo. Uma das parceiras do projeto é Carol Fiorentino, chefe de cozinha e jurada no programa “Bake Off Brasil”, no SBT.

Reverse Delivery Ser ponte entre as pessoas também é o objetivo do “Reverse Delivery” (www. reversedelivery.com.br). O projeto surgiu para aproveitar as caçambas vazias dos motoboys que voltam para os restaurantes após as entregas. Estima-se que mais de 50 mil pessoas peçam delivery diariamente. A ideia do “Reverse Delivery”, um projeto do Banco de Alimentos, é a de usar essas caçambas vazias para trazer de volta – aos restaurantes participantes – alimentos para pessoas e instituições que precisam deles. Ao receber o pedido, os atendentes informam ao cliente sobre o projeto e o avisam que, se tiverem algum

Divulgação/Comida Invisível

Por um mundo sem Na cidade de São Paulo, projetos como o ‘Comida Invisível’ e o ‘Reverse Delivery’ surgiram para ajudar as pessoas a aprender a reaproveitar os alimentos ou doá-los a quem precisa

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alimento para doar, devem entregá-lo ao motoboy. A Pizzaria Veridiana, localizada na zona Oeste de São Paulo, participa do projeto há um ano. Segundo os proprietários, foi a oportunidade perfeita de abraçar um programa social que se encaixasse perfeitamente na logística do negócio, não exigindo nenhum gasto extra, seja financeiro ou de tempo. “Além disso, tivemos um grande ganho para nossa imagem junto Divulgação/Comida Invisível

aos atuais clientes e também para quem conheceu a pizzaria por meio da mídia”, disse, à reportagem, Lovely Rita Dias Menezes, gerente de marketing da Veridiana. A parte de recolhimento e distribuição dos alimentos arrecadados é realizada pela ONG Banco de Alimentos, que se encarrega de levá-los até instituições filantrópicas cadastradas. Assim como o “Comida Invisível”, o “Reverse Delivery” trabalha com a conscientização sobre o aproveitamento inteligente de alimentos, bem como o não desperdício. Qualquer restaurante delivery pode se cadastrar no projeto. Como incentivo, o novo participante ganha uma mochila personalizada, criada especialmente para facilitar o transporte de doações. Para uma pessoa participar doando alimentos, é preciso consultar, no site da ONG, quais são os restaurantes participantes.

Dicas para cozinhar sem desperdício Prestar mais atenção aos alimentos que estão com data de validade próxima ou frutas e legumes que podem se estragar facilmente na geladeira ou fora dela; Independentemente do local onde você esteja, sirva apenas a porção suficiente para que se sinta satisfeito; Em festas e recepções, procure, sempre que possível, confirmar o número de pessoas, para não cozinhar quantidades muito superiores ao consumo; Tente aprender receitas que aproveitem as cascas de alimentos (suco com a casca do abacaxi – devidamente higienizada – e hortelã, por exemplo, é uma delícia).

Flavia Vendramin, Dani Leite e Sergio Ignácio, sócios do projeto ‘Comida Invisível’

Mais dicas e receitas para aproveitar alimentos você encontra nos sites: www.comidainvisivel. com.br e www.bancodealimentos.org.br.


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Luciney Martins/O SÃO PAULO

Praça Princesa Isabel, na região central da cidade, concentra a maior parte das pessoas que estavam na Cracolândia antes da operação da Prefeitura e do Governo do Estado em 21 de maio

A Cracolândia só mudou de endereço Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

Pouco mais de uma semana após a megaoperação policial na região conhecida como Cracolândia, no centro de São Paulo, realizada pela Prefeitura de São Paulo e o Governo Estadual no dia 21, o que se constata é que o fluxo de usuários de crack disperso da Alameda Dino Bueno apenas mudou de endereço e agora se concentra na Praça Princesa Isabel, a apenas três quadras do ponto anterior. Na sexta-feira, 26, Dom Sergio de Deus Borges e Dom Devair Araujo da Fonseca, bispos auxiliares da Arquidiocese de São Paulo, acompanharam o trabalho dos membros do Vicariato Episcopal para o Povo da Rua, que levaram alimentos e água para os dependentes químicos concentrados na região. “O que nós vimos ali são pessoas numa condição de vida deplorável”, afirmou Dom Devair, em entrevista ao programa “Construindo Cidadania”, da rádio 9 de Julho. O Bispo que já havia visitado a região em outra ocasião, afirmou que, desde então, a situação só piorou. A reportagem do O SÃO PAULO constatou que, sem se intimidar com a presença da imprensa e dos agentes públicos e mesmo da Polícia que circunda o quarteirão, o tráfico e consumo da droga continua acontecendo. Muitos usuários montaram barracas no meio da Praça Princesa Isabel, formando um cenário semelhante ao fluxo disperso pela operação, agravado pela falta de água, de banheiros e o acúmulo de lixo e dejetos humanos na praça, que fica ao lado de um do mais movimentados terminais de ônibus da cidade. A Prefeitura e o Governo do Estado não informaram um número oficial de dependentes químicos concentrados na Praça Princesa Isabel, mas os agentes públicos e voluntários que atuam no local estimam 400 pessoas durante o dia, e entre 800 e mil à noite (antes da operação,

o número de usuários permanentes na Cracolândia era estimado em 1.500). Dom Devair ressaltou que a Cracolândia não acabou, apenas mudou de endereço. “Se fizermos uma definição geográfica do que é a Cracolândia, aquele lugar não existe mais, porque está protegido pela força policial para que as pessoas não voltem para lá... Mas, houve um deslocamento das pessoas de um lugar para outro. O fato é que elas continuam lá nas mesmas condições”, disse o Bispo.

Atendimento Nas ruas “limpadas” pela operação, os únicos usuários vistos são os que voluntariamente procuram as unidades dos programas Redenção, da Prefeitura, e Recomeço, do Governo do Estado, onde agentes de saúde e de assistência social prestam atendimento. Nesses casos, quando manifestam o desejo, os dependentes químicos são encaminhados para a internação em comunidades terapêuticas ou hospitais. Na segunda-feira, 29, em um evento no Palácio dos Bandeirantes, o governador Geraldo Alckmin informou para a imprensa que, desde o dia 21, foram realizados 1.100 atendimentos, e que cerca de 10% dos atendidos foram encaminhados para a internação. Uma agente da Secretaria de Saúde que não quis se identificar informou para a reportagem que nos primeiros dias após a operação, a aproximação aos usuários de crack era muito difícil, pelo fato de muitos estarem sob o efeito da abstinência da droga ou assustados com a presença da polícia. Internação compulsória No final da sexta-feira, a Prefeitura de São Paulo havia conseguido autorização judicial para abordar usuários de drogas e conduzi-los compulsoriamente para uma avaliação médica. Porém, no domingo, 28, a pedido do Ministério Pú-

blico de São Paulo (MP) e da Defensoria Pública, o Desembargador Reinaldo Miluzzi, do Tribunal de Justiça de São Paulo, derrubou a autorização. A Prefeitura informou que vai recorrer da decisão. A Prefeitura chegou a instalar, no fim de semana, uma tenda na esquina da rua Helvetia com a alameda Cleveland, que seria usada como um centro de triagem para as internações compulsórias. Mas, como com a suspensão da liminar, a estrutura está sendo usada para atender os dependentes que procurarem ajuda.

Inserção da Igreja Em meio ao clima de desconfiança dos usuários, a Igreja é uma das poucas instituições que consegue manter um vínculo com os dependentes químicos. Missionários das fraternidades O Caminho, Voz dos Pobres, Missão Belém, Aliança de Misericórdia e agentes da Pastoral do Povo da Rua atuam há muitos anos na região, abordando os dependentes químicos e oferecendo ajuda. “Nós nos aproximamos, conversamos com eles e, aqueles que nos pedem ajuda, nós encaminhamos para nossas casas”, relatou Frei Tarcísio da Santíssima Virgem Maria, da Fraternidade O Caminho, que atua na Cracolândia desde 2013. “Nós acreditamos muito que é preciso estabelecer vínculos com eles. Foram necessárias várias vindas e conversas para que muitos dos irmãos que estão em tratamento se decidissem a sair daqui conosco”. Padre Gilson Frank dos Reis, da Missão Belém, informou para O SÃO PAULO que, nos primeiros dias após a operação policial, o número de usuários que procuraram as casas da comunidade aumentou significativamente. Mas, com a concentração do fluxo na Praça Princesa Isabel e a volta da oferta de crack, a procura voltou ao número anterior. “Por semana, passam na nossa casa por volta de 90 a 120 pessoas”, informou o Padre.

o Tráfico continua A reportagem, enquanto acompanhava os bispos e agentes de pastoral, foi abordada por uma espécie de líder do grupo que, segurando um cachimbo de crack, pediu para que todos se afastassem e os deixassem fazer “a correria”, isto é, comercializar e vender a droga, “em paz”. Frei Tarcísio alertou que os usuários muitas vezes são usados como escudo por parte dos traficantes, para impedir o acesso da Polícia. “Já ouvi relatos de que o próprio traficante oferece drogas para as pessoas, para que possam enfrentar a força pública num primeiro momento”. Segurança Pública Em nota enviada ao O SÃO PAULO a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que desde a megaoperação o policiamento na região continua reforçado com equipes das polícias Civil e Militar. A nota também cita que no dia 21 foram presas 53 pessoas e apreendidos 12,3kg de crack, 6,5kg de maconha, 655 gramas de cocaína, 6 gramas de haxixe, 18 gramas de ecstasy, dois micro-pontos de LSD, 2kg de lança-perfume, além de R$ 49.611,35, dois revólveres e três pistolas. “A PM também continua atuando na região com 212 policiais, sendo 92 da Caep (Companhia de Ações Especiais de Polícia) e do Choque – Cavalaria e Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam), além dos 120 PMs que já atuam regularmente na área. A Polícia continua prestando apoio às equipes de saúde e assistência social, que providenciam o acolhimento dos usuários”, diz a nota. A Secretaria, no entanto, não informou o que está sendo feito para coibir o fluxo de usuários e de tráfico de drogas constatado na Praça Princesa Isabel.


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