O SÃO PAULO - 3154

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 62 | Edição 3154 | 7 a 13 de junho de 2017

R$ 1,50

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Encontro com o Pastor A Igreja tem origem no desígnio e na ação da Santíssima Trindade Página 3

Com o Espírito Santo, para fazer novas todas as coisas Luciney Martins/O SÃO PAULO

Editorial O agir de trabalhadores e empresas à economia voltada ao bem comum Página 2

Espiritualidade Dom Devair da Fonseca: O túmulo está vazio, mas o sacrário não Página 5

Comportamento Simone Fuzaro: Os pais são a referência fundamental de seus filhos

Página 24

Página 6

Junto ao Papa, Renovação Carismática comemora jubileu

Parques à iniciativa privada: será bom à cidade? A Prefeitura de São Paulo deve lançar, no 2º semestre, licitações para a concessão de 14 parques municipais. Especialistas no tema divergem sobre os possíveis impactos financeiros e sociais da medida. Página 16

Jovens participam de procissão com a imagem de Nossa Senhora Aparecida pelas ruas do centro, dia 4

Os 50 anos da Paróquia Imaculada Conceição

As recentes ações da Prefeitura de São Paulo e do Governo do Estado para dispersar o fluxo de usuários de crack e traficantes na região conhecida como Cracolândia trazem novamente à tona a reflexão sobre o problema social da dependência química dessa droga, que leva seres humanos a uma condição de escravidão e que há três décadas tem marcado a dinâmica de bairros do centro velho da capital paulista. Páginas 14 e 15

Jovens e adolescentes crismandos de diferentes paróquias da Arquidiocese de São Paulo participaram da celebração da Solenidade de Pentecostes, na Catedral da Sé, no domingo, 4, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer. O Arcebispo metropolitano enfatizou que o Espírito Santo é o espírito da juventude da Igreja e ajuda os cristãos a permanecerem sintonizados em Deus. Antes da missa, os crismandos andaram em procissão pelas ruas do centro da cidade com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, por ocasião do Ano Mariano Nacional.

Na Solenidade de Pentecostes, no domingo, 4, foram comemorados os 50 anos da Paróquia Imaculada Conceição, no Ipiranga. O projeto do jubileu, organizado desde fevereiro de 2015, tem apontado as necessidades da comunidade. Página 17

Em oração, cristãos buscam viver a unidade Celebrações ecumênicas nas regiões episcopais Ipiranga e Santana marcaram a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, entre os dias 28 de maio e 4 de junho, cujo tema foi “Reconciliação: é o amor de Cristo que nos move”. Páginas 17 e 20

“Uma corrente de graça do Espírito!”, assim o Papa Francisco definiu a Renovação Carismática Católica, na vigília pelos 50 anos do movimento, no sábado, 3. O SÃO PAULO entrevistou Oreste Pesare, um dos representantes mundiais da RCC. Páginas 10 e 11

Capela Santa Luzia, no antigo Hospital Matarazzo, será restaurada A Capela Santa Luzia faz parte do complexo do antigo Hospital Umberto I, posteriormente “Hospital Nossa Senhora Aparecida e Casas de Saúde Matarazzo”, entre a rua Itapeva e a alameda Rio Claro, na Bela Vista. Construída em 1922, a Capela está sendo restaurada para voltar a acolher fiéis para missas, administração dos sacramentos e Catequese. A inauguração do empreendimento, financiado pelo Grupo Allard, deve acontecer no fim de 2018. Páginas 12 e 13

Luciney Martins/O SÃO PAULO


2 | Ponto de Vista |

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Editorial

Um outro mundo do trabalho

D

ia 27 de maio último, o Papa Francisco teve um encontro com o mundo do trabalho em Gênova, na Itália. Das respostas que deu às perguntas que lhe foram feitas, nasce a visão de um outro mundo do trabalho, que representa não só a sabedoria histórica da Igreja, mas também as conclusões de muitos estudos sobre eficiência, produtividade e desenvolvimento econômico das nações. “No nosso trabalho, lutamos contra muitos obstáculos: a excessiva burocracia, a lentidão das decisões públicas, a falta de serviços e infraestruturas adequadas” – diz o representante dos empresários (e não podemos deixar de constatar que a Itália e o Brasil têm

Um apelo

muitas coisas semelhantes). “A nossa preocupação é que esta nova fronteira tecnológica e a retomada econômica e produtiva que chegarão mais cedo ou mais tarde, não tragam consigo novos empregos de qualidade, mas contribuam para aumentar a precariedade e dificuldades sociais” – diz a representante sindical. Aos problemas e às justas reivindicações que lhe foram apresentados, o Papa responde salientando o valor do trabalho e do trabalhador. Apesar das mudanças tecnológicas, da necessidade de se adaptar às exigências de economias cada vez mais competitivas, as empresas ainda devem se organizar considerando que o respeito ao trabalho e ao trabalhador, a solidariedade e a

ele só pensa no seu interesse particular. Os ganhos advindos da competição, de uma falsa meritocracia que só justifica as oportunidades desiguais são, a médio e longo prazo, menores do que aqueles que advém da solidariedade e da valorização do trabalhador. No trabalho, encontra-se a raiz de todo o “pacto social” que organiza as nações. Quando falta o trabalho, toda a sociedade se desorganiza. No final do artigo, o Papa apresenta o trabalho como “amigo da oração” e termina seu discurso com uma prece pelos trabalhadores. O discurso, em seu conjunto, é uma obra primorosa que merece ser lido e está disponível na Internet (ver “Encontro com o mundo do trabalho em Gênova”).

Opinião Arte: Sergio Ricciuto Conte

Klaus Brüschke Reli recentemente “Memorie d’un cristiano ingênuo” (“Memórias de um cristão ingênuo”), autobiografia do jornalista, escritor e político italiano Igino Giordani (1894-1980), cujo processo de beatificação está em andamento na Santa Sé. Nascido numa família profundamente religiosa, Giordani logo percebeu a distância entre as práticas políticas e sociais de seu entorno e o ensinamento do Evangelho. Obrigado a combater na Primeira Guerra Mundial, “não entendia como fosse possível gerar para a vida um jovem, obrigado a se desgastar no estudo e nos sacrifícios, a fim de maturá-lo para uma ação em que deveria matar pessoas desconhecidas e inocentes e, por sua vez, ser morto por gente a quem não havia feito nenhum mal”. Ferido, saiu do campo de batalha para entrar na batalha da educação, do jornalismo e da política. Tornou-se um apaixonado estudioso dos Padres da Igreja. Inspirado por seus ensinamentos, enfrentou uma corrente muito forte de setores católicos de então, contrários à república e à democracia, defendendo até uma aliança com o fascismo. Crítico do regime, teve de ser “abrigado” pelo monsenhor Montini, futuro Papa Paulo VI, na Biblioteca Vaticana, onde atuou como bibliotecário. Com o fim da Segunda Guerra, voltou à atividade política. Estava

consciência da própria responsabilidade são virtudes morais necessárias para que cada pessoa se realize humanamente, para que as empresas prosperem e a economia se desenvolva favorecendo o bem comum. Francisco faz uma contraposição entre o empresário, que ama o fruto do seu trabalho, aquilo que sua empresa construiu, os trabalhadores, que de alguma forma são seus parceiros na tarefa da vida, e o especulador, que só se interessa pelo lucro, não tem paixão pela empresa e nem respeita os trabalhadores que garantem o seu aparente sucesso. Com o empresário pode haver uma justa colaboração para a construção do bem comum, com o especulador essa colaboração não é possível – pois

convencido de que “era obrigação dos leigos sobretudo traduzir em leis, instituições e costumes, no campo político, cultural e econômico, os princípios do Evangelho”, embora tivesse restrições à criação de um partido católico, pelo risco de o catolicismo (“universalismo”) ser reduzido a uma parte, um partido. Todavia, convencido por Montini, ingressou no Partido Democrata Cristão, pelo qual se candidatou a deputado constituinte da Itália pós-guerra, sendo reeleito para a legislatura seguinte. Foi um dos autores da lei de objeção de consciência ao serviço militar. Suas posições pacifistas – em tempos

de escalada armamentista da Guerra Fria – e a capacidade de diálogo com todas as correntes políticas, inclusive os comunistas, nem sempre encontrou compreensão na sociedade. De fato, não foi mais reeleito. Giordani sofria pela situação do leigo de então, o “proletariado da Igreja”, a quem só cabia “ficar em pé, sentado ou de joelhos…” Anos depois, o Concílio Vaticano II afirmaria a importância do laicato e de seu protagonismo. De modo especial, não encontrava um caminho adequado de santidade, a qual lhe parecia reservada somente aos que viviam nos mosteiros e conventos.

Em 1948, conheceu Chiara Lubich, a fundadora do Movimento dos Focolares. Em sua espiritualidade, encontrou o “ingresso à santidade” que tanto procurava, tornando-se um estreito colaborador de Chiara, que o considerava um cofundador do Movimento. Foi um artífice da abertura dos Focolares às questões da humanidade, com desdobramentos nos campos da política, da economia, da educação etc. Giordani também deu uma notável contribuição ao ecumenismo. De “martelo dos hereges”, tornou-se o “mantello (manto) de irmãos”, admitia. Nos difíceis momentos pelos quais o Brasil hoje passa, pessoas como Igino Giordani são de inspiração para a qualidade da presença e da atuação dos cristãos leigos no campo sociopolítico. Em última análise, a profunda crise pela qual passamos, multidimensional, é um apelo a que assumamos com maior responsabilidade o compromisso de traduzir em novas práticas, leis e instituições o tesouro de ensinamento do Evangelho, aprofundado pelos Padres da Igreja e pelo Ensino Social Cristão. Talvez seja essa a maior dádiva que possamos oferecer à nossa sociedade hoje, que, mesmo sem o saber, por ela espera ansiosamente. Klaus Brüschke é membro do Movimento dos Focolares, ex-publisher da Editora Cidade Nova e articulista da revista Cidade Nova.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa e online em www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Padre Bruno Muta Vivas, Filipe David, Nayá Fernandes e Fernando Geronazzo • Institucional: Rafael Alberto • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

A

Liturgia deste período do ano é marcada por celebrações profundamente significativas para a fé cristã. Apenas concluído o tempo pascal, centrado no mistério de Jesus Cristo, Filho de Deus, celebramos Pentecostes, cujo centro é o Espírito Santo, terceira pessoa da Trindade Santa. Logo chega a solenidade da Santíssima Trindade, que nos traz a contemplação do Mistério Santo de Deus, uno na substância e na natureza, trino nas pessoas divinas. Aquilo que nossa fé professa, a Liturgia celebra e nos leva a adorar e testemunhar. Sobre Deus, podemos afirmar muito e é importante que conheçamos e digamos o que é coerente com aquilo que o próprio Deus revelou de si mesmo aos homens, especialmente por meio de Jesus Cristo; deve ser coerente também com o que os apóstolos ensinaram. A Igreja, ao longo de sua história bimilenar, permaneceu fiel à fé apostólica sobre Deus, mesmo enfrentando dificuldades para se inserir e se expressar de modo fiel nas culturas e linguagens dos povos. Se é importante manter-nos firmes na unidade da fé em Deus, que a Igreja recebeu dos apóstolos, não é menos importante contemplar, adorar e bendizê-Lo com as expressões da oração, da

Igreja, à imagem da Trindade Liturgia, da arte e da vida mística, em comunhão com a Trindade. O mistério de Deus, central na fé e na vida cristã, está na origem, no centro e no final de toda a nossa existência. Disso nos deu o exemplo mais completo o próprio Jesus Cristo durante a sua vida na terra. O mistério de Deus Trindade também é a fonte inesgotável e a referência imprescindível para a identidade, a vida e a missão da Igreja de Cristo. O Pai Eterno, por seu livre desígnio, sabedoria e bondade, criou o homem para participar de sua vida divina. O Filho Eterno, desde sempre presente junto do Pai e inspirador de toda a criação, veio ao encontro do mundo e do homem para nos mostrar o caminho para chegar ao Pai. O Espírito santificador, enviado pelo Pai e pelo Filho sobre os homens, dá-lhes a possibilidade de viver a condição de redimidos, santificados e adotados por Deus como “filhos no Filho”. Assim, retomando uma expressão de São Cipriano de Cartago e de outros Padres da Igreja, o Concílio Vaticano II afirma que “a Igreja inteira se apresenta como o povo reunido na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (LG 4). Por isso mesmo, o primeiro ato de ingresso e de pertença à Igreja é praticado no Batismo “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. A realidade da Igreja, como um todo, é marcada pelo amor providente e misericordioso do Pai, pela fraternidade amorosa do Filho e pelo dom vital e dinâmico do Espírito Santo. A comunhão e a unidade são

dimensões essenciais da Igreja. Uma Igreja dividida é contraditória com sua natureza e sua missão. Não foi sem razão que, nas palavras de despedida dirigidas aos apóstolos na última ceia, Jesus recomendou tanto a unidade e o amor recíproco aos apóstolos (cf. Jo 17): isso devia ser no mundo um testemunho constante do amor e da comunhão existentes na Trindade Santa. Sempre é bom lembrar que a Igreja não existe como fruto de um “contrato social”, nem pode ser, simplesmente, reduzida a uma organização humana: ela tem sua origem no desígnio e na ação providente da Trindade Santa; sua vida e missão são marcadas e acompanhadas de maneira permanente pelo dom e a graça do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Fora disso, a Igreja seria uma organização apenas humana, não diferente de uma ONG ou de uma associação, como as demais. O sínodo arquidiocesano, que estamos para celebrar, deverá ser um caminho de busca da unidade e da comunhão; busca feita juntos, para correspondermos à vida e à missão da Igreja em São Paulo, no momento atual da história e no contexto cultural e social onde estamos inseridos. A comunhão e a unidade, no entanto, não excluem nem dispensam a variedade de dons e contribuições, necessárias à boa realização da vida e da missão da Igreja. Pelo contrário, o caminho sinodal e da unidade eclesial vai requerer uma contribuição rica e dinâmica de todos os membros da Igreja.

| Encontro com o Pastor | 3

Conselho Arquidiocesano de Pastoral

Rafael Alberto

Na sexta-feira, 2, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu a reunião do Conselho Arquidiocesano de Pastoral (CAP), organismo com representantes da organização pastoral, incluindo leigos, padres e bispos. Entre os temas tratados da reunião, falou-se sobre a organização do Sínodo Arquidiocesano. O Arcebispo apresentou um texto com reflexões sobre o Sínodo que vai ser promulgado, no dia 15, na Solenidade de Corpus Christi.

Paróquia São Bonifácio

Paróquia Pessoal Alemã São Bonifácio

O Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, presidiu no domingo, 4, a missa solene da festa do padroeiro da Paróquia Pessoal Alemã São Bonifácio, na Vila Mariana. A comunidade católica alemã em São Paulo existe há 116 anos, quando os imigrantes procuraram assistência espiritual no Mosteiro de São Bento, onde começaram a ser celebrados os sacramentos em língua alemã. Na década de 1960, foi construída a igreja atual, inaugurada em 5 de junho de 1966.


4 | Fé e Vida |

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Liturgia e Vida solenidade da santíssima trindade 11 de junho de 2017

Santíssima Trindade Cônego Celso Pedro

A Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. Deus é o centro da nossa vida, é o único absoluto que nós adoramos e que se revelou a nós como Pai, Filho e Espírito Santo. As leituras da liturgia de hoje mostram que nossa fé tem fundamento e que os escritos sagrados do início da Igreja já se referiam a Deus como Uno e Trino. Nós cremos que há um só Deus em três pessoas realmente distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Na Primeira Aliança se dá a revelação de um só Deus clemente e misericordioso, paciente, fiel e cheio de bondade. A Ele, Moisés se dirigiu, pedindo-lhe que caminhasse com o povo, apesar de ser um povo pecador e de cabeça dura. Pediu que ele mesmo e o povo todo fossem acolhidos como propriedade de Deus. No tempo de Moisés, os povos pagãos adoravam muitos deuses. Moisés, porém, se dirige a um único Deus, porque sabia que há um só Deus e não pode haver mais do que um. Mais tarde, no Novo Testamento, o apóstolo São João escreve aos cristãos do início da Igreja que “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigêni-

Você Pergunta

to para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna”. João fala do Deus de seus pais e de seu povo, o Deus do Antigo Testamento, mas afirma que Ele tem um Filho e o chama de unigênito ou único gerado, que foi enviado ao mundo para a salvação de todos nós. Quem tem filho é pai. O Deus dos hebreus já era chamado de Pai, e agora com maior razão por nos revelar que tem um Filho. Este Filho é Jesus Cristo, que veio salvar o mundo e nos falará muitas vezes do Pai, e falará também de outro defensor, o Espírito Santo, que virá até nós, nos unirá e santificará e fará de nós a sua morada. Ele está em nós e mora em nós com toda a Trindade Santíssima. São Três Pessoas, mas inseparáveis por serem um só Deus. Jesus mandou que fôssemos batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e não “nos nomes” do Pai, do Filho e do Espírito. Jesus mesmo nos revelou que o único Deus era também Trino e esta foi a fé dos cristãos desde o início. Começamos as nossas Eucaristias desejando o que Paulo desejou aos coríntios: que a graça de Jesus, o amor de Deus Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos. Não compreendemos o mistério de Deus, mas sabemos que são Três Pessoas que vivem em íntima comunhão de vida. Suas relações são perfeitas. Feitos à imagem e semelhança de Deus e chamados a sermos perfeitos como Deus é perfeito, pedimos a graça de que as nossas relações tenham um pouco da qualidade das relações da Santíssima Trindade. Reprodução

Todos temos uma alma e ela permanece conosco pela vida afora? padre Cido Pereira

osaopaulo@uol.com.br

A Mariana Gabriela, de Osasco (SP), que saber se todos nascemos com uma alma e se esta alma nos acompanha até o fim da vida, independentemente de nossas atitudes erradas. Oi Mariana. A primeira parte de sua pergunta eu já respondo logo: sim. Nós, seres humanos, fomos criados por Deus com um corpo material e uma alma espiritual. O corpo é finito, se acaba pela velhice, pelas enfermidades, pela violência do mundo. A alma é eterna. Enquanto nossa alma anima o nosso corpo, nós estamos vivos. Quando nossa alma se separa do nosso corpo, morremos. Nenhum comportamento, nenhum pecado, nenhum erro separa a alma do corpo. Só a morte. Na morte, nosso cor-

po volta à terra de onde foi tirado e nossa alma voa para a eternidade, feliz ou não, dependendo das escolhas que fizemos em vida. Somos todos chamados à felicidade perpétua junto de Deus agora e no final dos tempos, quando nossa alma retornará ao nosso corpo. Nós rezamos no Credo – lembra-se? – “Creio na ressurreição da carne e na vida eterna”. A vida eterna a que somos destinados, porém, dependerá de nossa vida no amor de Deus e ao próximo, na justiça, no bem. Nada está perdido quando erramos, quando cometemos um pecado. Deus é misericórdia e perdão e sempre nos perdoará. Basta correr a Ele como fez, na parábola, o filho pródigo. Não podemos jamais desistir da salvação. Por maior que seja nosso pecado, infinitamente maior é a misericórdia de Deus.

Atos da Cúria PRORROGAÇÃO DA PROVISÃO DE PÁROCO Em 23 de maio de 2017, foi prorrogada a provisão de Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, na Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Imigrantes, do Revmo. Pe. Ubaldo Steri, pelo período de 02 (dois) anos.

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL Em 23 de maio de 2017, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Esperança, na Região Episcopal Ipiranga, Setor Pastoral Vila Mariana, o Revmo. Pe. Edson Donizete Toneti, em nomeação que entrou em vigor em 26 de maio de 2017 e terá validade de 01 (um) ano. Reprodução


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Dom Devair Araújo da Fonseca

Bispo auxiliar da Arquidiocese na região brasilândia e vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação

Antes da Paixão, o Senhor reuniu os seus discípulos e celebrou a ceia pascal com eles. Três dias depois, os discípulos foram ao túmulo, mas o corpo não estava lá. O que aconteceu, e como o corpo sumiu? Os judeus logo disseram que o corpo foi roubado, essa era a saída e a solução mais rápida e fácil, mas para a fé isso não serve. A ressurreição é o ponto chave para compreender que em toda a sua pregação, Jesus falava e agia como filho de Deus, como o “servo sofredor”. O profeta Isaías, no capítulo 42, no primeiro versículo, diz assim: “Eis o meu servo que eu sustento, o meu eleito, em quem tenho prazer. Pus sobre ele o meu espírito, ele trará o julgamento às nações”. Mas, para chegar a uma resposta de fé, que passe da morte de cruz para a ressurreição, não basta apenas uma leitura dos profetas. Durante a sua pregação, mais

de uma vez, Jesus anunciou que a paixão e a morte estavam em estreita ligação com a vontade de Deus. Isso provocou o escândalo mesmo entre os discípulos. Mas se isso faz parte do projeto, no seu todo, a morte não pode ser o fim, porque as profecias falavam de vitória de Deus, e a cruz parece uma derrota. Quem sabe se a prova fosse escondida, isto é, o corpo, não se poderia melhorar a história? O encontro entre o Ressuscitado e os discípulos é o ponto de confronto com as profecias e aquilo que foi anunciado por Jesus: o medo foi substituído pela alegria, e o desânimo foi vencido pela esperança. O túmulo vazio indica, mas é no encontro que a fé cristã se afirma. O corpo do Ressuscitado não foi encontrado por Maria Madalena, assim cel bramos com o Evangelho no domingo da ressurreição; mas guardou os sinais da paixão, foi a narrativa no segundo domingo da páscoa; no terceiro domingo, com os dois discípulos de Emaús, recordamos que a obra de Jesus estava já implícita na Lei e nos profetas, e foi reconhecida ao partir o pão; o quarto domingo pascal lembrava que o Ressuscitado é o “Bom Pastor”, que deu

a vida por suas ovelhas; antes da celebração da ascensão, memória de quando Jesus Ressuscitado voltou para junto do Pai, até o dia da sua segunda vinda na glória, no quinto e sexto domingo pascal, a sequência do Evangelho apresentava Jesus e os discípulos na última ceia. No Domingo de Pentecostes, apagamos o círio pascal, e isso nos remete para a presença sacramental de Cristo, que é obra do Espírito. O Paráclito impulsiona a Igreja fazendo com que cada sacramento seja ação de Cristo, e, particularmente, que a Eucaristia seja presença real do Senhor. Assim, o túmulo realmente está vazio, mas em todos os sacrários de nossas comunidades temos a certeza da presença do Ressuscitado. Dessa forma, a Eucaristia, que primeiro celebramos para alimentar a comunidade dos discípulos reunida, mas que também reservamos para levar aos doentes e para a adoração, nos impele para realizar a obra do Senhor. Podemos dizer que a Eucaristia, Pão da Vida, alimenta a “Igreja em saída”, que se compromete com as realidades do mundo, no serviço aos irmãos, principalmente aos mais pobres.

Fé e Cidadania O todo, a parte e as reformas Francisco Borba Ribeiro Neto

O Papa Francisco oferece à Doutrina Social da Igreja, na Evangelii Gaudium (EG 221ss), quatro “princípios” inovadores (que alguns preferiram chamar de “postulados”): (1) “o tempo é superior ao espaço”; (2) “a unidade prevalece sobre o conflito”; (3) “a realidade é mais importante do que a ideia”; (4) “o todo é superior à parte”. Esse quarto princípio (“o todo é superior à parte”, EG 234-237) nos remete à necessidade de “articular o todo com a parte”. Para quem está preocupado com as questões gerais que afligem a sociedade, significa retomar a visão do pequeno, do local, do caso específico. Para quem está preocupado com o seu problema particular, significa olhar para o conjunto, se desvencilhar de um olhar talvez excessivamente autocentrado para pensar no bem de todos. Será que o governo, os partidos de oposição, os grupos pró e contra as reformas que estão sendo propostas, como a trabalhista e a da Previdência, estão olhando realmente o todo da sociedade brasileira e todos os fatores em jogo nas reformas ou estão preocupados apenas com seus interesses partidários ou corporativos? Esse princípio também nos remete à ideia do bem comum e, como tal, não pode ser corretamente entendido, à luz da Doutrina Social da Igreja, desvinculado da percepção de que são os mais pobres, os mais fragilizados na sociedade, que nos mostram o quanto o bem comum está sendo contemplado (EG 197-208). Até que ponto aqueles que estão justamente preocupados com o futuro do País, com as bases econômicas necessárias para a sustentação do bem comum, têm considerado os casos específicos e a situação dos mais fragilizados na estrutura social? E até que ponto os que defendem os direitos dos mais pobres estão considerando que existem problemas globais, contextos mais amplos que devem ser enfrentados – ainda que com sacrifícios – para garantir os próprios direitos desses mais pobres? Respostas esquemáticas com certeza não atenderão a esse princípio. O todo é mais amplo e precisa ser considerado para se garantir o bem comum. Na prática: reformas sempre são necessárias tendo em vista a garantia do bem comum. Mas, elas têm que ser pensadas considerando tanto a situação dos mais pobres quanto a globalidade do contexto sociopolítico e econômico. Esse quarto princípio nos convida a superar nossos partidarismos e corporativismos, a olhar para a situação atual e futura dos mais fragilizados e pensar os problemas numa perspectiva global, que não exclui nem os aspectos econômicos nem os sociais. Um grande desafio, mas também a possibilidade de pensar as reformas necessárias para o País de um modo muito mais sábio, humano e solidário. As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.

Saudável

Vida

Espiritualidade O túmulo está vazio, mas o sacrário não...

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ATENDIMENTO GRATUITO

AJUDA PSICOTERAPÊUTICA Você pode viver bem, ter vida saudável melhorando seu modo de ver a si mesmo, os outros e o mundo. O Dr. Bruno e o Dr. José darão a você ajuda continuada, indicando o caminho a seguir Os interessados devem comparecer as quartas-feiras, às 14h30, nas instalações das paróquias:

Nossa Senhora da Assunção e São Paulo Pessoal Nipo-Brasileira de São Gonçalo Praça João Mendes 108, Tels. 3106-8110 e 3106-8119


6 | Viver Bem |

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Comportamento

Ele ‘nunca’ fez isso antes... Simone Ribeiro Cabral Fuzaro

O convívio com crianças pequenas é muito rico e dinâmico. Lidamos muito mais com idealizações do que com realidades. É muito comum encontrarmos pais aflitos diante de situações corriqueiras, como: “ele nunca tinha batido antes”, “ele nunca disse que não gostava da escola”, “ele nunca tinha mentido para

mim”, “ele nunca tinha mordido”... “deve ter aprendido na escola” é o que se costuma concluir. Vamos pensar sobre isso? Em primeiro lugar, vamos considerar o que significa “nunca na vida” para uma criança pequena (2 ou 3 anos)? Como podemos considerar estranha a primeira história sem fundamento real de alguém de 3 anos que até os dois sequer falava? Ou mesmo, como podemos dar tanta importância para uma

declaração: “não gosto da escola”, de alguém que talvez nem saiba ao certo o que significa gostar ou não de algo? Os pequenos lidam com os sentimentos e com o sentido das palavras de modo ainda muito diferente de nós adultos. Gostar para eles é passageiro, efêmero, muitas vezes resultado de algo pontual que aconteceu ou mesmo de uma necessidade de chamar a atenção dos adultos.

Na primeira infância, estamos lidando com as bases da formação, estamos convivendo com seres humanos em franco desenvolvimento, apropriações e aprendizagens. Muitos comportamentos que “nunca” apresentaram, com certeza surgirão; muitas falas “nunca” ditas serão pronunciadas; muitos comportamentos que julgamos inadequados e que “nunca” ensinamos aparecerão no cotidiano. Tudo isso é natural. As crianças veem tudo, percebem o entorno, experimentam comportamentos, dizem pequenas mentiras.... Sim, mentiras no sentido de que dizem coisas que não correspondem a acontecimentos factuais. Evidentemente, não sabem as consequências que tais falas podem gerar e, por isso, cabe a nós, adultos, sermos sensatos e sóbrios diante disso tudo. Algumas preocupações surgem quando os pais percebem comportamentos diferentes dos que esperam de seus filhos: “o que estão ensinando para o meu filho?” ou “onde estou errando?”. Alguns, mais resistentes, tendem a achar que o problema está nos outros – “meu filho jamais mente”. Aqui, apresentamos algumas dicas importantes para enfrentarmos essa situação: 1. Nunca perca de vista que seu filho é novo, está mudando e ainda mudará muito, e isso é ótimo; muitos comportamentos e falas inadequadas podem aparecer, mas se vocês estiverem atentos e lidarem com isso com sabedoria, tudo ficará muito bem. 2. Vocês, pais, serão a referência fundamental de seus filhos – aquilo que ensinarem e viverem de modo coerente será determinante na conduta e comportamento deles, apesar de todas as experiências e informações diferentes. “São as atitudes dos pais que dão rumo aos pequenos, até que possam escolher seu próprio modo de vida... É na coerência dessas atitudes que está a chave. O importante é que os pais mantenham a sua postura e as regras dadas aos seus filhos. Esse é o suporte de referências” (Capelatto, Moisés e Minatti, 2006). 3. Errar faz parte do percurso, e pode ser sinal de envolvimento e empenho. Pior do que o erro é a omissão: assistir aos erros e escolhas imaturas do pequeno sem oferecer o cuidado que ele precisa e que muitas vezes “grita” com seu comportamento para receber. Oferecer-se como referência, estabelecer limites, estar inteiro na relação e dedicar tempo ao filho, deixa marcas positivas e forma pessoas equilibradas, apesar dos erros de percurso. Basta que tenhamos a maturidade de olhar para os erros e corrigi-los – até esse é um excelente exemplo para nossas crianças. Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora e mantém o blog http://educandonacao.com.br


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| Balanço | 7

Fundação Capella Menino Jesus e Santa Luzia CNPJ nº56.462.237/0001-49 Demonstrações financeiras em 31 de dezembro de 2016 e 2015

Balanços patrimoniais

3 Resumo das principais práticas contábeis

Exercícios findos em 31 de dezembro de 2016 e 2015 (Valores expressos em reais)

Ativo Nota 2016 2015 Circulante Caixa e equivalentes de caixa 4 100.543,03 78.638,82 Impostos a recuperar 1.483,94 1.407,19 Adiantamentos à funcionários - 77,69 102.026,97 80.123,70 Não circulante Imobilizado Imobilizado 5 480.981,81 477.742,42 480.981,81 477.742,42 Total Ativo

583.008,78

Passivo Circulante Obrigações com pessoal e social 6 15.250,16 Adiantamentos de outras empresas 7 17.000,00 Fornecedor a pagar 5.576,78 Obrigações tributárias 155,99 37.982,93 Não circulante Patrimônio líquido 8 Patrimônio social 120.000,00 Superávits acumulados 407.112,64 Superávit do exercício 17.913,21 545.025,85 Total Passivo

583.008,78

557.866,12

Reclassificado 18.865,78 11.786,28 101,42 30.753,48

120.000,00 361.270,34 45.842,30 527.112,64

557.866,12

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

Demonstrações dos resultados Exercícios findos em 31 de dezembro de 2016 e 2015 (Valores expressos em reais)

Nota 2016 2015 Receita operacional líquida 9 281.387,08 306.998,33 Despesas operacionais Despesas com pessoal 10 (155.398,22) (136.061,50) Despesas paroquiais 11 (35.665,28) (39.034,75) Despesas com serviços de terceiros 12 (25.575,00) (27.311,85) Despesas administrativas e gerais 13 (25.078,10) (18.302,11) Despesas com serviços públicos 14 (7.000,40) (8.947,54) Despesas com manutenções 15 (10.724,04) (23.540,28) Despesas com depreciações e amortizações (8.392,92) (7.062,95) Despesas com impostos e taxas - (167,67) Total de despesas operacionais (267.833,96) (260.428,65) Superávit operacional antes do resultado financeiro 13.553,12 46.569,68 Receitas financeiras 6.286,96 2.487,57 Despesas financeiras (1.926,87) (3.214,95) Superávit do exercício 17.913,21 45.842,30 As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

Demonstrações dos resultados abrangentes Exercícios findos em 31 de dezembro de 2016 e 2015 (Valores expressos em reais)

2016 Superávit do exercício 17.913,21 Superávit abrangente total 17.913,21

2015

45.842,30 45.842,30

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

Demonstrações das mutações do patrimônio líquido Exercícios findos em 31 de dezembro de 2016 e 2015 (Valores expressos em reais)

Patrimônio Superávits social acumulados Saldos em 01 janeiro de 2015 120.000,00 381.696,57 Transferência para resultados acumulados - (20.426,23) Déficit do exercício - - Saldos em 31 de dezembro de 2015 120.000,00 361.270,34 Transferência para resultados acumulados - 45.842,30 Superávit do exercício - - Saldos em 31 de dezembro de 2016 120.000,00 407.112,64

Déficit / Superávit do exercício (20.426,23) 20.426,23 45.842,30 45.842,30 (45.842,30) 17.913,21 17.913,21

Total 481.270,34 45.842,30 527.112,64 17.913,21 545.025,85

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

Demonstrações dos fluxos de caixa – método direto Exercícios findos em 31 de dezembro de 2016 e 2015 (Valores expressos em reais)

2016 2015 Fluxos de caixa das atividades operacionais Valores recebidos por venda de artigos religiosos e doações 281.387,08 306.998,33 Valores pagos a empregados (159.012,90) (108.782,50) Valores pagos a fornecedores e prestadores de serviços (103.197,75) (144.982,88) Captação de recursos outras instituições 10.000,00 7.000,00 Caixa gerado pelas operações 29.176,43 60.232,95

Receitas financeiras recebidas 6.286,96 2.487,57 Despesas bancárias (1.926,87) (3.214,95) Caixa líquido usado/gerado nas atividades operacionais 33.536,52 59.505,57 Fluxos de caixa das atividades de investimentos Aplicações e regastes de CDB´s - 9.613,58 Aquisição de imobilizado (11.632,31) (26.600,00) Caixa líquido usado nas atividades de investimentos (11.632,31) (16.986,42)

Caixa líquido usado/gerado no período 21.904,21 42.519,15 No início do exercício 78.638,82 36.119,67 No fim do exercício 100.543,03 78.638,82 Aumento/Diminuição de caixa e equivalentes de caixa 21.904,21 42.519,15 As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

Notas explicativas às demonstrações financeiras (Expressos em Reais)

1 Contexto operacional A Fundação Capella Menino Jesus e Santa Luzia é uma Entidade sem fins lucrativos, e tem por finalidade propugnar pela formação cívica, moral, cultural e religiosa do povo brasileiro. A Fundação é isenta da tributação do imposto de renda e da contribuição social, de acordo com a Lei nº 9.532/97, que estabelece no seu art. 15, que a Fundação deverá reunir as seguintes condições, cumulativamente, para fazer jus a essa isenção: a.Não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados. b. Aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais. c. Manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão. d. C onservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, assim como, a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial. e. Apresentar, anualmente, a declaração de rendimentos. Todas as condições apresentadas são rigorosamente atendidas pela Fundação. 2 Base de preparação (a) Declaração de conformidade (com relação às normas IFRS e às normas do CPC) As demonstrações financeiras foram elaboradas de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. A presente demonstração financeira inclui dados não contábeis e dados contábeis como, operacionais, financeiros. (b) Base de mensuração As demonstrações financeiras foram preparadas com base no custo histórico com exceção pelos instrumentos financeiros mensurados pelo valor justo por meio do resultado. (c) Moeda funcional e moeda de apresentação Essas demonstrações financeiras são apresentadas em Real, que é a moeda funcional da Fundação e atualmente usada no país.

a. Apuração do superávit do exercício O reconhecimento das receitas e despesas é efetuado em conformidade com o regime contábil de competência de exercício. A receita com vendas de artigos religiosos são reconhecidas no resultado em função de sua realização. Uma receita não é reconhecida se há uma incerteza significativa na sua realização. b. Estimativas contábeis A elaboração de demonstrações financeiras de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil requer que a Administração use de julgamento na determinação e registro de estimativas contábeis. A Fundação revisa as estimativas e premissas pelo menos anualmente. c. Ativo circulante e não circulante • Caixa e equivalentes de caixa Caixa e equivalentes de caixa abrangem saldos de caixa, banco conta movimento e aplicações financeiras com vencimento original de três meses ou menos a partir da data da contratação, os quais são sujeitos a um risco insignificante de alteração no valor, e são utilizadas na quitação das obrigações de curto prazo. • Demais ativos circulantes e não circulantes São apresentados ao valor líquido de realização. d. Ativo imobilizado Registrado ao custo de aquisição, formação ou construção, inclusive juros e demais encargos financeiros capitalizados. e. Passivo circulante e não circulante São demonstrados pelos valores conhecidos ou calculáveis, acrescidos, quando aplicável, dos correspondentes encargos e variações monetárias incorridas até a data do balanço. f. Demonstrações financeiras comparativas As demonstrações financeiras do exercício findo em 31 de dezembro de 2015 tiveram alguns saldos reclassificados para uma melhor comparabilidade com as demonstrações financeiras do exercício corrente. 4 Caixa e equivalentes de caixa 2016 2015 Caixa e bancos conta movimento 313,53 3.083,28 100.229,50 75.555,54 Aplicações financeiras livre de risco (a) 100.543,03 78.638,82 (a) Essas aplicações possuem características de equivalentes de caixa em função de estarem em aplicações de curtissímo prazo e livres de risco. 5 Imobilizado 2016 2015 Imóveis 401.009,33 401.009,33 Móveis e utensílios 2.377,00 2.377,00 94.232,31 82.600,00 Benfeitorias em imóveis próprios 497.618,64 485.986,33 (16.636,83) (8.243,91) Depreciações e amortizações Imobilizado líquido 480.981,81 477.742,42 6 Obrigações com pessoal e social 2016 2015 Salários a pagar 4.060,00 6.511,47 Férias e encargos a pagar 8.500,86 9.150,42 INSS sobre folha de pagamento a recolher 1.986,02 2.299,22 FGTS a recolher 610,81 676,97 PIS sobre folha de pagamento a recolher 92,47 147,70 - 80,00 Contribuição sindical e assistencial a pagar 15.250,16 18.865,78 Estas obrigações referem-se àquelas relacionadas com a remuneração de empregados e os respectivos encargos sociais incidentes sobre essas remunerações. 7 Adiantamento de outras empresas 2016 2015 17.000,00 11.786,28 Mitra Arquidiocesana de São Paulo (a) 17.000,00 11.786,28 (a) Refere-se a adiantamento financeiro realizado pela Mitra à Capella utilizado para honrar obrigações trabalhistas, bem como outras despesas operacionais. 8 Patrimônio líquido O Patrimonio Social da Fundação, no motante de R$ 120.000,00, conforme escritura de alteração e consolidação dos estatutos da Fundação registrado, microfilmado e digitalizado no Primeiro Oficial de Registro de Títulos e Documentos Civil de Pessoa Juridica, sob o nº 298.644, em 22 de março de 2004. As doações, geralmente, ocorrem em dinheiro e são registradas em contas de resultado. 9 Receita operacional líquida Reclassificado 2016 2015 Artigos religiosos 70.560,70 34.880,20 Receita com doações 95.771,81 236.340,76 Receita com dízimos 98.425,07 35.777,37 16.629,50 Receita com arrecadações (eventos) 281.387,08 306.998,33 10 Despesas com pessoal Reclassificado 2016 2015 Salários e ordenados (61.109,04) (51.952,19) Côngruas (22.400,00) (26.400,00) Encargos sociais (25.859,71) (22.514,82) Benefícios sociais (31.074,76) (23.744,16) Férias (8.005,63) (6.537,42) 13º. salário (5.475,48) (4.799,61) Rescisão contratual (1.473,60) - (113,30) Outras despesas com pessoal (155.398,22) (136.061,50) Esses gastos referem-se a despesas com pessoal, sendo incluso eventuais benefícios sociais ofertados aos funcionários. 11 Despesas paroquiais Reclassificado 2016 2015 Velas (22.226,00) (18.385,00) Artigos religiosos e imagens (8.367,36) (13.106,45) Espórtula de missa (3.390,00) (4.580,00) (1.681,92) (2.963,30) Vinhos e frascos (35.665,28) (39.034,75) 12 Despesas com serviços de terceiros 2016 2015 Desp. Serviços de segurança patrimonial (16.400,00) (17.513,76) Desp. Serviços de limpeza patrimonial (2.980,00) (3.182,38) Desp. Serviços de estagiários (2.490,00) (2.659,10) Desp. Serviços de lavanderia (3.050,00) (3.257,13) (655,00) (699,48) Desp. Serviços de ilustração (25.575,00) (27.311,85) 13 Despesas administrativas e gerais 2016 Alimentação (9.487,01) Donativos (5.180,00) Copa e cozinha (2.843,63) Material de escritório (2.130,50) Material de limpeza (1.413,66) Festividades e homenagens (1.131,00) Transporte (1.060,00) Contribuições a entidades de classe (828,92) Gastos com eventos (610,09) Jornais e revistas - (393,29) Outras despesas administrativas (25.078,10) 14 Despesas com serviços públicos 2016 Telefone (1.532,79) Energia elétrica (4.135,63) (1.331,98) Água e esgoto (7.000,40)

2015 (6.861,28) (4.615,00) (1.497,01) (378,27) (877,56) (857,00) (1.755,19) (722,44) (738,36) (18.302,11) 2015 (3.658,37) (4.515,96) (773,21) (8.947,54)

Despesas oriundas de utilização de serviços públicos e infraestrutura consumida, diariamente, nas atividades paroquiais. 15 Despesas com manutenções 2016 2015 Manutenção e reparos – infra estrutura (8.763,96) (18.397,46) Manutenção de sistemas (1.340,08) (1.580,20) (620,00) (3.562,62) Manutenção de máquinas e equipamentos (10.724,04) (23.540,28) Esses gastos referem-se a despesas com manutenção e reparos de bens.

Padre Zacarias José de Carvalho Paiva Diretor Financeiro

Edivaldo Batista da Silva Contador - CRC 1SP212622/O-2


8 | Pelo Mundo |

7 a 13 de junho de 2017 | www.arquisp.org.br

Destaques das Agências Internacionais

Filipe David

Correspondente do O SÃO PAULO na Europa

Estados Unidos/Nações Unidas

Aquecimento global: Estados Unidos saem do Acordo de Paris O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu sair do Acordo de Paris, que estabelece, para cada país, metas de redução de emissão dos gases do efeito estufa, com o objetivo de impedir ou limitar o aquecimento global a partir de 2020. Segundo o presidente norte-americano, o acordo era desfavorável à economia do País e desvantajoso para os Estados Unidos em comparação com outras nações, como a Índia e a China. Ainda segundo o Presidente, o Acordo custaria à economia norte-americana 3 trilhões de dólares e 6,5 milhões de empregos. O Acordo de Paris foi escrito no final de

2015 e tem como objetivo limitar o aquecimento global a 2 graus Celsius em comparação com a temperatura anterior à revolução industrial. A teoria do aquecimento global é que a industrialização e o aumento da emissão dos gases do efeito estufa – devido ao uso de fontes de energia não renováveis, como o petróleo e o carvão – causariam, com o passar dos anos, um aumento na temperatura média do planeta. Para limitar esse efeito, cada país precisaria limitar o seu uso de energias não renováveis, o que implica um aumento do custo da energia e um efeito negativo na economia. O grupo de cientistas da Convenção

sobre a Mudança do Clima da Organização das Nações Unidas endossa de forma unânime a teoria do aquecimento global, mas muitos outros cientistas a questionam, dizendo que a temperatura do planeta muda naturalmente de uma época para outra e que a industrialização e as emissões de gases do efeito estufa têm muito pouco ou nenhuma relação com a temperatura global. A saída do Acordo de Paris ocorreu pouco depois da visita de Trump ao Papa Francisco, na qual o Pontífice presenteou o presidente norte-americano com uma cópia assinada de sua carta encíclica Laudato

Si’, na qual menciona o aquecimento global. A saída do Acordo tem sido vista como uma derrota político-diplomática do Vaticano. Diversas autoridades eclesiásticas criticaram a decisão. O Cardeal Peter Turkson, presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, disse que a saída “é algo que esperávamos que não acontecesse”. Diversos bispos norte-americanos também se pronunciaram contra a decisão, como Dom Oscar Cantu of Las Cruces, que afirmou que a encíclica Laudato Si’ foi feita para incentivar os países a protegerem o planeta. Fontes: BBC/ CNA

Iraque This is Christian Iraq

Jovens muçulmanos e cristãos ajudam a reconstruir o Monastério de São Jorge, no Iraque

Cristãos e muçulmanos ajudam a reconstruir monastério Agora que as forças iraquianas têm conseguido manter a maior parte da cidade de Mossul livre do grupo Estado Islâmico, alguns jovens muçulmanos se uniram aos cristãos para ajudar a recontruir o Monastério de São Jorge, que foi vandalizado pelo grupo terrorista – janelas foram destruídas, a cruz foi derrubada e o domo foi danificado.

O Monastério data do século XVII e pertence aos católicos caldeus, fiéis de rito oriental em plena comunhão com o Vaticano. Uma nova cruz já está no lugar da que foi derrubada e a colaboração dos jovens muçulmanos traz um pouco de esperança com relação ao respeito à minoria cristã no Iraque em um futuro próximo. Fonte: CNA

Grã-Bretanha Menos educação sexual, menos adolescentes grávidas Um novo estudo indica que o corte de verbas governamentais para a educação sexual nas escolas levou a uma redução do número de adolescentes grávidas. O estudo comparou dados antes e depois do corte de verbas para programas de educação sexual baseados na difusão de contraceptivos. Os pesquisadores da Universidade de Ne-

gócios de Nottingham e da Universidade de Sheffield publicaram suas conclusões no Journal of Health Economics (revista de economia da saúde). A Inglaterra foi obrigada a cortar seus gastos com educação sexual e os pesquisadores quiseram determinar qual foi o efeito do corte no número de adolescentes que ficaram grávidas.

CONVOCAÇÃO

ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA

Conforme Estatuto Social, em seu artigo 19, a Venerável Irmandade de São Pedro dos Clérigos vem pela presente convocar seus membros para se reunirem em Assembleia Geral Ordinária. A Assembleia Geral Ordinária terá a seguinte pauta: 1 – Oração inicial; 2 – Leitura da Ata da Assembleia Geral Ordinária realizada em 05/07/2016; 3 – Prestação de contas do Exercício de 2016; 4 – Assuntos Gerais; 5 – Almoço de confraternização. Data: 26 de junho de 2017. Hora: 9h30h em 1ª convocação e 10h em 2ª convocação, conf. Art. 16. Local: Salão de Eventos da Churrascaria Radial Grill Radial Leste nº 3.300 – à 100 mts da Estação Belém do Metrô Estacionamento próprio São Paulo, 06 de junho de 2017. Venerável Irmandade de São Pedro dos Clérigos Côn. Walter Caldeira - Provedor

O resultado é que esse número caiu 42,6%. Ou seja: com menos educação sexual baseada em contracepção, menos adolescentes ficaram grávidas. A queda foi maior nas áreas em que houve mais redução da educação sexual, o que indica uma forte relação entre as duas variáveis. A explicação é que os programas de

educação sexual baseados na contracepção acabam estimulando as adolescentes a iniciar uma vida sexual cada vez mais cedo ou a ter relações sexuais com mais frequência, o que provoca o aumento do número de adolescentes grávidas, apesar de todo o incentivo ao uso de anticoncepcionais. Fonte: Catholic Herald

EDITAL DE CONVOCAÇÃO A FUNDAÇÃO SANTA TEREZINHA, CNPJ/MF nº 69.273.050/0001-49, nos termos do artigo 7º, letra h, do Estatuto alterado e consolidado em 16.12.2003, livro nº 1485, fls. nº 029, 27º Tabelião de Notas da Capital - SP, convoca os membros da sua Mesa Administrativa para a Assembleia Geral Extraordinária a realizar-se em sua sede à Avenida Higienópolis nº 890, sala 14, São Paulo, SP, na data de 26 de junho de 2017, às 16:30 horas, em primeira chamada, com todos os membros da Mesa Administrativa presentes; e, às 17:00 horas, em segunda chamada, com os membros da Mesa Administrativa que estiverem presentes. A Assembleia Geral Extraordinária terá como pauta: 1 – Apresentação, apreciação e aprovação do Balanço Patrimonial do exercício de 2016 da Fundação Santa Terezinha; 2- Outros assuntos elencados em caráter de urgência. São Paulo, 06 de junho de 2017. Provedor da Fundação Metropolitana Paulista.

EDITAL DE CONVOCAÇÃO A FUNDAÇÃO CAPELLA MENINO JESUS E SANTA LUZIA, CNPJ/MF nº 56.462.237/0001-49, nos termos do artigo 7º, segunda parte, do Estatuto alterado e consolidado em 16.12.2003, livro nº 1485, fls. nº 025, 27º Tabelião de Notas da Capital–SP, convoca os membros da sua Diretoria para a Assembleia Geral Extraordinária a realizarse em sua sede à Avenida Higienópolis nº 890, sala 12, São Paulo, SP, na data de 26 de junho de 2017, às 15:30 horas, em primeira chamada, com pelo menos 2/3 dos membros da sua Diretoria presentes; e, às 16:00 horas, em segunda chamada, com os membros da sua Diretoria que estiverem presentes. A Assembleia Geral Extraordinária terá como pauta: 1 – Apresentação, apreciação e aprovação do Balanço Patrimonial do exercício de 2016 da Fundação Capella Menino Jesus e Santa Luzia; 2- Outros assuntos elencados em caráter de urgência. São Paulo, 06 de junho de 2017. Presidente da Fundação Capella Menino Jesus e Santa Luzia.


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| Papa Francisco | 9

Papa aos bispos: ‘Não se pode santificar seu clero se não se estiver próximo a ele’ BRUNO MUTA VIVAS

osaopaulo@uol.com.br

O Papa Francisco devotou seu discurso para a Assembleia Plenária da Congregação para o Clero, reunida na quinta-feira, dia 1º, à reflexão sobre os jovens sacerdotes e ao acompanhamento feito pelos bispos àqueles que estão iniciando seu ministério em meio ao entusiasmo dos primeiros projetos e os medos e responsabilidades do labor apostólico. Voltando-se aos bispos, o Papa indagou como cada um deles vem tratando as jovens vocações: “é importante

para os jovens sacerdotes ter padres mais velhos e bispos encorajando-os, e não só esperando por eles pela necessidade de preencher buracos vazios. Não preencham esses buracos com pessoas que não foram chamadas pelo Senhor. Testem a vocação desses rapazes. Acolher pessoas só porque estamos em necessidade é hipotecar a Igreja!”, afirmou o Papa. Logo após, Francisco recomendou aos bispos proximidade com o seu clero: “Não deixem seus padres sozinhos. Proximidade! Um padre solitário pode cair em duas tentações: a da rigidez e a de se perder, e desistir de tudo. Não se é

possível governar uma diocese sem essa proximidade, não se pode fazer crescer e santificar o seu clero, se não se está próximo dele com solicitude paternal”. Além da proximidade, o Papa recomenda uma oração incansável como solução para a vida sacerdotal: “Orai sem cessar, porque só podemos ser pescadores de homens, se antes reconhercermo-nos como pescados pela ternura de Deus. Se não estamos intimamente ligados a Ele, nossa pesca não pode ter sucesso”. Francisco adicionou, ainda, que, mesmo que a vida pastoral seja um tanto desorganizada e até mesmo cruel, o padre deve encontrar algum tempo

durante o dia para se colocar diante do sacrário. Por fim, o Romano Pontífice sublinhou qual é a essência do sacerdócio: “A vida presbiteral não pode ser um ofício burocrático ou um conjunto de práticas religiosas e litúrgicas que devem ser cumpridas. Ser sacerdote é viver para o Senhor e para os irmãos e irmãs, trazendo na própria carne as alegrias e angústias do povo, gastando tempo para curar as feridas dos outros. É partilhar o coração, não somente como um amigo, mas como alguém que participa concretamente das vicissitudes de suas vidas”. (Com informações do Vatican Insider)

Pentecostes: um coração novo para um povo novo Na manhã do domingo, 4, o Papa Francisco presidiu na Praça de São Pedro, a Santa Missa da Solenidade de Pentecostes, ainda nas comemorações do Jubileu de Ouro da Renovação Carismática Católica. Na homilia, o Papa destacou duas novidades trazidas pelo Espírito Santo: a criação de um povo novo a partir dos discípulos de Cristo, e a criação de um coração novo dentro desses discípulos. Ao falar sobre a primeira novidade do Espírito Santo, o Santo Padre recordou a passagem dos Atos dos Apóstolos, que descreve a ação do Espírito Santo quando desce sobre os Apóstolos: “Primeiro, ele pousa em cada um e, depois, coloca todos em comunicação. A cada um, dá um dom e coloca todos na unidade. Em outras palavras, o mesmo Espírito cria a diversidade e a unidade e, assim, molda um povo novo, diversificado e unido: a Igreja universal”.

L’Osservatore Romano

E assim, “temos a unidade verdadeira, que não é uniformidade, mas unidade na diferença”, enfatizou o Pontífice. Duas tentações se colocam aqui: “A primeira é procurar a diversidade sem a unidade. Dessa maneira, escolhe-se a parte e não o todo,

pertença primeiro a isto ou àquilo e só depois à Igreja; tornam-se ‘adeptos’ em vez de irmãos no mesmo Espírito.” Depois, se corre o risco da tentação de procurar a unidade sem a diversidade: “Desse modo, a unidade torna-se uniformidade, obriga-

ção de fazer tudo juntos e tudo igual, de pensar todos sempre do mesmo modo. Assim, a unidade acaba por ser homologação, e já não há liberdade”. Por fim, Francisco começou a tratar sobre a segunda novidade trazida pelo Paráclito: “Quando Jesus apareceu aos discípulos após a ressurreição, não os condenou por o terem renegado e abandonado, mas dá a eles o Espírito do perdão; o Espírito é o primeiro dom do Ressuscitado, tendo sido dado, antes de mais nada, para perdoar os pecados. Eis o início da Igreja, eis o cimento que une os tijolos da casa: o perdão. Com efeito, o perdão é o dom elevado à potência infinita, é o amor maior, aquele que mantém unido não obstante tudo, que impede de soçobrar, que reforça e solidifica. O perdão liberta o coração e permite recomeçar: o perdão dá esperança. Sem perdão, não se edifica a Igreja”. (Com informações da rádio Vaticano)


10 | Com a Palavra |

7 a 13 de junho de 2017 | www.arquisp.org.br

Oreste Pesare

‘Seremos capazes de dar a vida pela unidade’ Catholic Charismatic Renewal

FILIPE DOMINGUES

Especial para O SÃO PAULO, em Roma

Celebrar os 50 anos da Renovação Carismática Católica em Roma foi uma ideia do Papa Francisco, mas a organização do encontro para 50 mil pessoas no sábado, 3, coube a um grupo internacional de líderes carismáticos. Um deles foi Oreste Pesare, diretor-executivo da associação International Catholic Charismatic Renewal Services (ICCRS), instituída sob o Papa João Paulo II e reconhecida pelo Vaticano como representante da Renovação no mundo. À frente da agência desde 1996, Pesare iniciou seu caminho no movimento em 1984, com uma forte experiência espiritual. Desde então, se dedica à promoção da Renovação Carismática no coração institucional da Igreja: o Vaticano. Em entrevista a O SÃO PAULO, ele defendeu que a essência da corrente carismática é a unidade dos cristãos. Quando toda a Igreja perceber que todas as diferenças são capazes de se conectar, de se amar, de se acolher, uns com os outros, seremos capazes de dar a vida pela unidade do Corpo de Cristo.

O SÃO PAULO - O que é a Renovação Carismática? Oreste Pesare - É uma corrente do Espírito. Uma corrente de graça que nasceu no século XX, formando as primeiras comunidades pentecostais. Difundiu-se nas igrejas históricas evangélicas, mas em 1967 foi aprovada na área católica. Um grupo de estudantes estava reunido, em fevereiro de 1967, justamente para refletir sobre os Atos dos Apóstolos e sobre um Cristianismo vivo nas igrejas pentecostais. E o Espírito Santo se manifestou de forma surpreendente, sensível, não somente teórica. Sentiram uma presença pessoal, que chorava, que sorria, que os fez cantar em línguas, como na história narrada nos Atos. Sentiram a presença de Deus, se ajoelharam, se prostraram, como descrito muitas vezes na Bíblia. Estava vivo entre eles. Desde então, nestes 50 anos, essa presença, que nós chamamos de batismo no Espírito Santo, se difundiu em 220 nações do mundo, entre 160 milhões de católicos. Nossos irmãos [de outras igrejas], reúnem 600 milhões de cristãos que fizeram essa experiência. Qual é a diferença entre o movimento carismático católico e em outras comunidades cristãs? Na substância, não há diferença. É o mesmo Espírito que está agindo em diferentes denominações cristãs para realizar o sonho de Jesus: que todos sejam uma coisa só. Que finalmente o mundo pos-

so Jubileu de Ouro”. Se sentia envolvido nisso. Seja bendito o nome do Senhor! Como descreve o momento atual da Renovação? O que mudou desde o começo até hoje? Mudou tudo. Mudaram as pessoas, a sociedade, mudamos nós, a ciência. Tudo. Mas, a ação do Espírito Santo muda, conforme muda o mundo. Isso é normal, mas muda ao interno de uma comunidade, essa grande corrente de graça que é a Renovação. É tempo de exprimir uma maturidade na experiência humana. Quando a experiência espiritual é real, te faz crescer na dimensão humana. Portanto, depois de 50 anos, superamos grandes barreiras, divisões, separações, distinções. São João Paulo II dizia: “Espero de vocês uma maturidade eclesial feita de empenho e comunhão”. Creio que Francisco esteja nos acompanhando nessa direção.

sa crer que o Pai do Céu mandou Cristo para salvar o mundo e a humanidade. Então, o “batismo no Espírito” é uma experiência espiritual? O batismo no Espírito Santo é essa experiência. E quem a faz sabe bem que a faz. É uma experiência de oração, um encontro pessoal com Jesus. Ele não foi só um personagem na história, mas alguém que você e eu podemos encontrar. Essa experiência que nós chamamos de batismo no Espírito Santo é um encontro profundo, no íntimo do nosso coração. E quando você o encontra, sabe que não pode voltar atrás. Tem um antes e um depois. A sua vida será tocada para sempre. Você encontrou Deus. Como nasceu a celebração do Jubileu em Roma? Foi organizado por mais de um ano e meio, a convite específico e pessoal do Papa. Encontrando toda a Renovação Carismática em 2014, no Estádio Olímpico de Roma, ele convidou a viver com ele o jubileu dos 50 anos na Solenidade de Pentecostes de 2017. Foi uma grande alegria sermos convidados para festejar essa obra do Espírito, sempre nova e sempre antiga, pois o Espírito se renova na história. O Papa Francisco convidou os grupos pentecostais. O que isso representa? Foi ideia dele fazer uma vigília ecumênica, por causa do desejo de conciliar. Também são 500 anos da Reforma Protestante, portanto, providencialmente foi uma data incrível para fazer um grande salto em direção à unidade absoluta e verdadeira das igrejas. Uma unidade na

diversidade. O Papa Francisco não procura uniformidade. É o próprio Espírito, diz ele, que criou a diversidade. Ninguém pode se sentir patrão ou fundador de uma obra que é peculiarmente nascida e conduzida pelo Espírito Santo. Somos só servidores e damos glória a Deus por essa honra . O Papa falou da tentação de viver unidade sem diversidade ou diversidade sem unidade… Certo. Se alguém me perguntasse qual é o carisma da Renovação Carismática, não tenho dúvidas ao dizer que o mais profundo é a unidade do Corpo de Cristo. Quando toda a Igreja perceber que todas as diversidades são capazes de se conectar, de se amar, de se acolher, uns com os outros, seremos capazes de dar a vida pela unidade do Corpo de Cristo. Podemos dizer que o Papa Francisco é um pouco carismático? Devo te dizer que a Igreja é toda carismática. Infelizmente, há aqueles que não veem. Eu digo que a Igreja é como um avião, que precisa de duas asas para voar: a dimensão institucional e aquela carismática. Uma sem a outra faz fracassar o projeto de Deus. Precisamos uns dos outros para nos salvarmos, e isso é caridade. É o fundamento de toda dimensão cristã. O Papa vive isso, então? O Papa Francisco é plenamente carismático. Seja institucionalmente, o seu dom para o carisma que recebeu de Deus, por ter aceitado a se abrir a uma nova unção do Espírito Santo, já quando ele era cardeal. Foi uma grande humildade se colocar entre católicos e pentecostais que rezam por ele. Ele falava do “nos-

O senhor conhece a Renovação no Brasil? Claro! Fui várias vezes. Seja nas comunidades da aliança, grupos de oração e encontros. Tive a honra de acompanhar o primeiro encontro de jovens carismáticos no mundo, em Foz do Iguaçu (PR), em 2012… E qual seria uma característica do movimento no Brasil? Creio que o povo brasileiro vive essa alegria do Espírito Santo. Essa abertura, mesmo nas dificuldades. Há uma boa organização, mas o principal é a abertura à novidade, ao diálogo. É a nação com o maior número de carismáticos católicos no mundo. Podemos fazer um convite ao povo brasileiro da Renovação: ir além da graça recebida a si mesmo, que é imensa, e doar-se a Deus sendo missionários em todo o mundo. Levar essa alegria de ser cristãos no século XXI. No Brasil, os carismáticos foram criticados por serem personalistas, seguindo mais a figura de um sacerdote, ou um líder, do que a comunidade na Igreja. Mas parece que isso está mudando. O que acha? Isso faz parte de um crescimento. São fases da vida. Nós não esperamos de uma criança as reações que esperamos de um adulto. Uma criança olha para a sua mãe e aquela é toda a sua realidade. Isso é uma coisa positiva para aquela idade. Depois, a criança chega à adolescência, começa a olhar em volta e pode até ser que se envergonhe do beijo da mãe. Seu olhar é para fora. A maturidade do indivíduo é como a de um grupo, de um corpo grande e complexo, que, neste caso, é a Renovação Carismática Católica.

As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.


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50 anos da Renovação Carismática Católica

Papa Francisco: ‘Vocês são uma corrente de graça’ Catholic Charismatic Renewal

FILIPE DOMINGUES

Especial para O SÃO PAULO, em Roma

Se o Espírito Santo se expressa em diversas línguas, isso ficou evidente na Vigília para a Solenidade de Pentecostes com o Papa Francisco, no sábado, 3, em Roma. Mais de 50 mil pessoas de pelo menos 128 países, entre católicos e cristãos de outras comunidades, se encontraram para comemorar o jubileu dos 50 anos da Renovação Carismática Católica (RCC). Na verdade, foram cinco dias de encontros e orações, para refletir sobre o carisma de uma vertente da Igreja que, embora ainda jovem, já alcança a sua maturidade. “É o mesmo Espírito que está agindo em diferentes denominações cristãs para realizar o sonho de Jesus: que todos sejam uma coisa só”, afirmou ao O SÃO PAULO um dos organizadores do Jubileu, Oreste Pesare, diretor-executivo da associação International Catholic Charismatic Renewal Services (ICCRS). Essa agência foi reconhecida em 1993 para representar a Renovação Carismática junto ao Vaticano. “O Espírito de Jesus está atravessando toda a face da terra e está pronto, hoje, para encontrar cada pessoa.” A Renovação Carismática Católica é “uma corrente de graça do Espírito!”, afirmou o Papa Francisco, na vigília convocada por ele mesmo em 2014. “Claramente, nessa corrente nasceram muitas expressões que são obras humanas inspiradas pelo Espírito, com vários carismas, e todas a serviço da Igreja”, resumiu o Pontífice. Para ele, agora que a Renovação é “cinquentona”, é preciso refletir sobre o passado e planejar o futuro. “Eu diria a vocês: é o momento para ir em frente com força, deixando para trás a poeira do tempo que deixamos acumular, agradecendo pelo que recebemos e enfrentando o novo com a confiança na ação do Espírito Santo”.

Louvor sim, mas também ação Segundo o Papa, a Solenidade de Pentecostes é “o aniversário da Igreja”, con-

Papa Francisco com representantes da Renovação Carismática Católica no Vaticano, dia 3

forme os Atos dos Apóstolos. O Espírito Santo desceu sobre os discípulos e a Mãe de Jesus em línguas de fogo e os inspirou a sair pelo mundo e evangelizar. “Pentecostes faz nascer a Igreja. O Espírito Santo, a promessa do Pai anunciada por Jesus Cristo, é Ele que faz a Igreja”, exclamou o Pontífice. Francisco agradeceu aos carismáticos por viverem a “alegria que vem do Espírito”, especialmente nas suas orações de louvor. Mas, ponderou que é preciso ir além. “Posso louvar em modo profundo, mas se não ajudo os mais necessitados, não basta.” Desse modo, recordou que, conforme o Evangelho de Mateus, Jesus diz: “O que vocês fizeram para estes meus pequeninos irmãos, a mim o fizeram.”

Unidade na diversidade Para Oreste Pesare, o verdadeiro carisma da RCC “é a unidade do Corpo de Cristo”. De fato, também o Papa Francisco tocou nesse aspecto fundamental na homilia da missa de Pentecostes, no domingo, 4. “O Espírito Santo cria a diversidade e a unidade e, desse modo, forma um novo povo, variado e unido: a Igreja

universal”, sintetizou. “O mesmo Espírito realiza a unidade, liga, reúne, recompõe a harmonia.” Por isso, ele alertou para duas tentações de todo cristão. A primeira, buscar a diversidade sem unidade. É “quando alguém quer ser diferente, quando se formam divisões e partidos e se enrijecem sobre posições excludentes”. Nesse caso, pensam ser os donos da verdade. “Tornam-se torcedores, em vez de irmãos e irmãs no mesmo Espírito. Cristãos de esquerda ou de direita, antes que de Jesus. Protetores inflexíveis do passado ou vanguardistas do futuro, antes de filhos humildes e gratos da Igreja.” A segunda tentação é buscar unidade sem diversidade. “Assim, a unidade se torna uniformidade, obrigação de fazer tudo juntos e tudo igual, de pensar todos sempre do mesmo modo. A unidade termina sendo homologação e não há mais liberdade. Mas, diz São Paulo, onde há o Espírito do Senhor, há liberdade”, explicou.

Viver a fé dentro da Igreja O prefeito do novo Dicastério para Leigos, Família e Vida, Dom Kevin Fa-

Vaticano estuda incardinar padres nos movimentos eclesiais Em reunião do Papa com os líderes da Cúria Romana, na segunda-feira, 29, discutiu-se a possibilidade de incardinar sacerdotes diretamente nos movimentos eclesiais. A informação foi publicada no site italiano Vatican Insider. A proposta é de que os padres não tenham que ser vinculados às dioceses para poder atuar nos movimentos, mas que possam servir a essas comunidades cristãs de forma independente, com jurisdição própria, mas dentro da Igreja. A prática já é prevista para prelazias pessoais e ordinariatos militares. O Opus Dei, por exemplo, tem cerca de 1,8 mil padres que, em última análise, obedecem ao seu bispo prelado. Atualmente, os movimentos de leigos não podem ter sacerdotes independentes do bispo diocesano, o que, em alguns casos, limita a sua atuação. O Vaticano não comentou oficialmente a proposta. A reunião dos chefes de dicastério é realizada, habitualmente, duas vezes por ano. (FD) rell, elogiou o movimento carismático na missa da sexta-feira, 2, e destacou a sua capacidade de agregar. Ele os estimulou a não viver uma jornada de fé “privada”, mas “dentro da Igreja”. Para o Cardeal, essa unidade não é “somente organizacional ou diplomática, mas, acima de tudo, a presença de Cristo entre nós”. Às milhares de pessoas presentes, disse: “Vocês tiveram a imensa graça de receber o Espírito Santo. Sejam, agora, uma nova presença consoladora. O Espírito é o criador da unidade de toda comunidade cristã e de toda a Igreja.” Portanto, segundo Dom Farrell, “os problemas da diocese são os nossos problemas e os problemas da paróquia são os nossos problemas. A Renovação Carismática Católica é geneticamente eclesial”, exortou. “Vocês nasceram na oração da Igreja. Vivam em comunhão com outros grupos e comunidades. A Igreja é e sempre permanecerá carismática.” Catholic Charismatic Renewal


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Capela Santa Luzia ganha nova Luciney Martins/O SÃO PAULO

Capela está sendo restaurada e fará parte de um grande projeto idealizado pelo Grupo Allard, no bairro da Bela Vista Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

Aberta em 1922, a Capela Santa Luzia está passando por uma significativa transformação, assim como todos os edifícios que estão ao seu redor, na “Cidade Matarazzo”. Localizado entre a rua Itapeva e a alameda Rio Claro, no bairro da Bela Vista, o antigo “Hospital Umberto I” ou “Sociedade de Beneficência em São Paulo – Hospital Nossa Senhora Aparecida e Casas de Saúde Matarazzo”, foi construído em 1904 e, no início do século XX, tornouse símbolo do crescimento da cidade e da imigração italiana no Brasil, que se deu principalmente em terras paulistas. Francesco Antonio Maria Matarazzo, que chegou ao Brasil em 1881 junto à sua esposa, Filomena, começou ali um empreendimento que marcou definitivamente a história de São Paulo e que agora está ganhando vida após a aquisição do complexo pelo Grupo Allard, cujo proprietário é Alexandre Allard. Empresário e admirador da cultura brasileira, ele sonha transformar São Paulo numa das cidades mais criativas do mundo com a inauguração da “Cidade Matarazzo”, prevista para o fim de 2018. O complexo de 27 mil m² deve conservar as características originais das edificações, incluindo novos projetos, como a Torre Rosewood, assinada por Jean Nouvel em parceria com o franco-brasileiro Triptyque, que dividirá espaço com um complexo comercial e um centro de criatividade, onde haverá exposições artísticas e um auditório para eventos. No caminho entre a capela e o edifício que abriga a atual recepção do empreendimento, é possível ver a estátua de Francisco Matarazzo e os relictos da Mata Atlântica que estão preservados. Palmeiras construídas com borrachas de pneus velhos compõem a cena e recordam a “Invasão Criativa”, que aconteceu entre setembro e outubro de 2014 e ocupou todos os espaços do antigo hospital, abandonado por 20 anos. Cem artistas de 28 países participaram do evento, que recebeu 130 mil visitantes durante os 25 dias de exposição. O objetivo foi chamar a atenção para a vida e a cultura, num lugar que por mais de 90 anos foi referência de saúde para os paulistanos.

Capela Santa Luzia O encontro entre Júlio Roberto Katinsky, arquiteto e pós-doutor pela FAUUSP, Roberto Toffoli Simoens da Silva, também arquiteto, com atuação em projetos de restauro, e a reportagem do O SÃO PAULO aconteceu inicialmente na pada-

A Maternidade Condessa Matarazzo, dedicada à esposa do Conde Franscisco Matarazzo, é um dos edifícios que terá a fachada restaurada

por isso, a restauração da capela é essencial. O mentor do ria que fica exatamente em frente à Capela Santa Luzia, na alameda projeto, Alexandre Allard, quer ressacralizá-la, para que Rio Claro. continuem acontecendo nela as funções religiosas como Katinsky participou do restauro da Faculdade de Medicina e do missas, casamentos e batizados”, continuou ele. Instituto Oscar Freire, da USP, bem como das primeiras diretrizes de “Estamos num momento muito bom para conversar discussão e de restauro do Hospital Matarazzo. Entre os edifícios que sobre a relação entre a Arquidiocese e o empreendimenforam restaurados sob responsabilidade de Toffoli está a Igreja Luteto feito aqui. No que se refere ao tombamento histórico rana e o Convento e a Basílica de Nossa Senhora do Carmo, no bairro dos edifícios, que aconteceu em 1986, a Capela tem nível da Bela Vista. “O restauro acontece num âmbito institucional, ou seja, de restrição mais alto do que as demais construções do com dimensões universais. Qualquer coisa pode ser restaurada desde complexo e, consequentemente, tem que ser restaurada que se reconheçam certos valores culturais. Esses valores vêm da hisa partir das suas características primeiras. Temos a maior tória do bem em questão e a forma com que a religião se desenvolveu empatia de que ela se torne Capela novamente, pois isso num determinado período é constituinte do valor que estamos discugarantirá sua conservação”, afirmou Toffoli. tindo ou das qualidades arquitetônicas que ele tem, o que chamamos A Capela será inteiramente restaurada, inclusive obde estética”, explicou Toffoli. jetos como bancos e imagens. O altar de mármore, que Katinsky disse também que “a igreja a ser restaurada tem sinais provavelmente não foi feito no Brasil, está protegido, e da presença católica; e esses sinais, ao nosso ver, devem ser preservaos detalhes da pintura serão igualmente recuperados. dos”. Considerado um dos nomes mais importantes do restauro no Assinada pelo arquiteto Giovanni Batista Bianchi (1885– Brasil, Katinsky salientou a questão de o Matarazzo ter trazido para o 1942), que chegou a São Paulo em 1911, a Capela conPaís muitas inovações tecnológicas e científicas. “O Conde Francisco tém fachada neoclássica em amarelo Sienna, que imita Matarazzo investiu muito dinheiro para construir o Hospital; ele tio mármore, seguindo a técnica milenar Scagliola, muito nha uma visão industrial e sabia que a manutenção das suas indústrias usada na Itália. dependia de uma massa de gente que precisava receber algum apoio. A construção da Capela, por sua vez, deve-se ao Acervo da Província Camiliana Brasileira fato de que a família Matarazzo era católica, bem como 90% da população brasileira. Porém, o Hospital foi incorporado às Indústrias Reunidas Matarazzo e quando elas faliram, o Hospital faliu também”, comentou. O primeiro pavilhão do Complexo é de 1904 e tem elementos florentinos (escola de pintores italianos influenciados pelo estilo naturalista desenvolvido na cidade de Florença). Outros pavilhões indicam elementos neoclássicos franceses, que é a grande escola de arquitetura a partir dos séculos XVII e XVIII. Toffoli disse ainda que há diferença entre preservação e restauro. “A preservação tem um sentido mais amplo e o restauro é a intervenção propriamente dita. Sobre o Matarazzo, descobrimos que é o primeiro hospital secular de São Paulo, mas sempre que restauramos um edifício tomProcissão de Nossa Senhora de Lourdes em frente à Capela Santa Luzia, em 1958 bado, precisamos dar uma atualização de uso e,


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vida junto à ‘Cidade Matarazzo’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

Hospital e os responsáveis legais, inclusive com as assinaturas de Mariangela Matarazzo e José Matarazzo, membros da famílias e presidentes do Hospital. Há também registros da quantidade de batizados, casamentos, confissões e missas realizadas anualmente nas dependências do Hospital. Para se ter uma ideia, no ano de 1952 aconteceram 8.525 confissões, 37.370 comunhões, 343 administrações dos santos óleos (Unção dos Enfermos), 235 batismos, 51 casamentos e 460 missas. Outros documentos interessantes são as trocas de correspondências em que os capelães pediam aumento dos honorários recebidos pelo Hospital que, segundo eles, estavam abaixo do valor necessário para que pudessem se manter, uma vez que a dedicação ao serviço no Hospital era contínua, “dia e noite”.

Alexandre Allard, presidente do Grupo Allard, é o idealizador do projeto, que contará com um hotel e um centro comercial e de criatividade

Suspensa No momento da visita da reportagem à “Cidade Matarazzo”, as obras na Capela estavam a pleno vapor, e Katinsky explicou que o projeto de engenharia feito para que a estrutura da Capela não seja ameaçada é pioneiro no País. Isso porque estão previstos oito subsolos na região abaixo da Capela, que serão utilizados para estacionamento. “À medida que se fosse escavando, poderia haver modificações na estrutura. Acredito ser a primeira vez que esse trabalho de engenharia esteja sendo realizado no Brasil, ao menos com essa intensidade. O engenheiro é um dos melhores de São Paulo, o professor Mario Franco. É um homem cultíssimo, além da sua condição de engenheiro. Estão dando à Capela grande importância. Aliás, todos esses edifícios históricos estão sendo tratados como nunca foram. As vigas estrategicamente colocadas permitirão que a Capela fique praticamente suspensa quando as escavações começarem”, salientou Katinsky. Alexandre Samara, engenheiro que acompanha as obras na Capela, comentou sobre o monitoramento das fissuras, feito diariamente para que nada comprometa a estrutura do edifício.

“In Extremes” A história do serviço religioso realizado no então “Hospital Nossa Senhora Aparecida e Casas de Saúde Matarazzo” é contada por diferentes documentos que estão espalhados nas paróquias próximas e no Arquivo Metropolitano de São Paulo. “A maior parte dos registros que temos aqui são ‘In Extremes’, ou seja, em situações extremas, quando a criança ou adulto batizado estão correndo algum risco de vida”, explicou Jair Mongelli, responsável técnico pelo Arquivo, que contém os documentos referentes à vida e organização pastoral da Arquidiocese de São Paulo. Além dos registros de Batismo e Matrimônio que estão no Arquivo e constam desde 1926, parte dos livros de tombo, com registros que datam de 1960 a 1972, estão nas igrejas São Luiz Gonzaga e Imaculada Conceição, paróquias que ficam territorialmente próximas à Capela Santa Luzia – pois quando houve a desativação do Hospital, em 1993, os livros foram transportados para as igrejas do entorno. Algumas cartas e registros estão também no Arquivo da Província dos Padres Camilianos no Brasil, localizado na Vila Pompeia. Quando chegaram ao Brasil, em 1922, os Padres Camilianos, cuja missão é atuar junto aos doentes, perceberam que o então Hospital Umberto I poderia ser um local oportuno para a atuação da Congregação. Assim, os Camilianos dirigiram-se aos CaLuciney Martins/O SÃO PAULO puchinhos, que eram, até então, os responsáveis pela Capelania, pedindo para assumir as funções religiosas no local. À época, trabalhava também no Hospital, o Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, congregação que chegou ao Brasil em 1900. As religiosas começaram a trabalhar no Hospital em 1907 e foi ali que encontraram os Padres Camilianos, aos quais cabia a organização e orientação dos serviços religiosos, desde 1922. Naquele ano, segundo relatos dos Padres Camilianos, descritos no livro “Reminiscências Históricas da Fundação Camiliana no Brasil”, o Hospital contava com cem leitos e estava na iminência da construção de novos pavilhões, bem como de uma igreja. No Arquivo da Província Camiliana há várias corresponFundação original da Capela, aberta em 1922, passará por processo de restauro dências entre os novos capelães que foram ao

Viver a experiência “Eu acho que cada ser humano tem uma alma e cada lugar carrega em si uma história. Aqui tem uma história muito especial e positiva. As pessoas que estão na origem do Hospital Matarazzo estavam vendo o Brasil positivamente. Tivemos também a comunidade italiana, que viveu uma experiência religiosa católica a partir das referências culturais que tinha, que é diferente daquela de Portugal, por exemplo”, disse em entrevista ao O SÃO PAULO, Alexandre Allard. Foi dele igualmente a decisão de que a Capela precisaria voltar a ser católica, que nela aconteçam as atividades que existem em qualquer paróquia. “Vamos restaurar a Capela, construir uma casa paroquial e salas para Catequese. Vou fazer uma doação para a Igreja, porque gostaria que aqui houvesse uma comunidade. Somos humanos, temos uma vida e a vida é essa mistura de encontros. Aqui a vida vai ser valorizada”. Ao ser perguntado sobre a valorização da cultura brasileira, Allard explicou que o projeto não se trata simplesmente de uma construção, mas de um espaço em que os visitantes poderão fazer uma viagem pela cultura brasileira, da qual a religião faz parte. “Esta é, para mim, a visão de futuro para projetos urbanos, que não podem existir sem integrar a realidade da vida de cada lugar. No futuro, não haverá lugar sem conteúdo cultural. Em dez anos, qualquer pessoa poderá comprar tudo utilizando um simples telefone. As pessoas sairão de casa para viver uma experiência, não para comprar. A cultura é uma experiência. Gostaria que a religião católica fosse viva. Como a religião pode viver? É importante que haja uma paróquia, um pároco, pois, uma capela não vive sem organização. E na Capela, teremos cem, duzentas, quinhentas ou até mil pessoas por dia, que virão com um objetivo e se misturarão às outras pessoas que visitam o lugar. Essa troca fará da ‘Cidade Matarazzo’ um lugar verdadeiro, fiel às suas raízes”.


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Arte: Jovenal Pereira sobre foto de Luciney Martins/O SÃO PAULO

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A pedra que escraviza Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

A megaoperação policial realizada na região conhecida como Cracolândia, no centro de São Paulo, em 21 de maio, e a migração do fluxo de consumo de crack para os arredores do bairro nos dias sucessivos, trouxeram novamente à tona, em toda sua complexidade, esse problema social, que existe há três décadas na cidade.

Sensação imediata Forma solidificada da base da cocaína misturada com bicarbonato de sódio e água, o crack é uma substância psicoativa, cuja ação no cérebro é quase que instantânea. “A sensação de prazer e euforia causada por ela é tão imediata e intensa que torna essa experiência muito mais impactante do que a da cocaína”, explicou, ao O SÃO PAULO, o psicólogo Ivanildo Andrade, especialista em Saúde Pública, com ênfase em dependência química e que acompanha há muitos anos a situação da Cracolândia. Segundo o especialista, a euforia causada pela droga alcança rapidamente um pico elevado e na mesma velocidade leva à sensação de ausência do prazer experimentado. “Assim, se desenvolve a dependência química. Essa busca constante de alívio de uma sensação ruim causada pela falta da droga se transforma em compulsão. É uma condição de escravidão”, ressaltou o Psicólogo. Danos O crack traz danos irreversíveis ao usuário, que acabam interferindo no padrão de funcionamento do cérebro, deixando-o condicionado à substância. Desse modo, independentemente da condição social ou cultural do usuário, as degradações humanas e sociais serão as mesmas. A compulsão pela droga faz com que o dependente perca a capacidade crítica e o controle das emoções e desejos, sem perceber os efeitos negativos causados. Por esse motivo, o dependente de crack acaba se habituando a ambientes extremamente insalubres, com condições mínimas de higiene, chegando a ficar dias sem se alimentar e exposto a doenças como tuberculose e sífilis. “Hoje, por exemplo, existe um surto de sífilis, uma doença do século XIX entre os usuários de crack”, alertou Ivanildo. Em igual rapidez, o crack rompe os vínculos afetivos e sociais do dependente. “Trabalho, vida social e familiar... De fato, o dependente abandona tudo e a todos em função do crack. Os vínculos são menos prazerosos que a própria experiência da droga”, completou o especialista. Tratamento A dependência química é uma síndrome que não possui um único sintoma ou característica, mas traz prejuízos na saúde física, emocional e social. Por isso, seu tratamento requer igual complexidade. “O tratamento exige a utilização de todos os métodos possíveis e inimagináveis à disposição”, enfatizou Ivanildo Andrade. A primeira forma para o tratamento contra o crack é a desintoxicação. “Muitos desses

dependentes devem passar por uma avaliação clínica, às vezes com a utilização de algum fármaco”, explicou o especialista, frisando a importância dessa avaliação para que todo o projeto terapêutico seja realizado de modo que contemple a visão integral da pessoa. Em seguida, depois de estabilizado emocionalmente, o dependente químico é encaminhado para a internação em clínicas ou comunidades terapêuticas. A partir daí, começa a etapa de ressocialização. Indica-se sempre que possível que a família seja inserida nesse processo para ajudar a compreender o histórico da pessoa e a sua ressocialização. A reinserção na sociedade também precisa ser acompanhada com a prevenção de recaídas, entrada no mercado de trabalho e um ambiente familiar que favoreça sua permanência longe da droga. “Quando não há esse ambiente, é preciso criar equipamentos que permitam a essa pessoa fazer tal transição, a chamada moradia assistida, por exemplo”, destacou Ivanildo, sem deixar de lembrar que “o dependente químico está sempre em processo de recuperação”.

Instituições religiosas São muitas as organizações religiosas que atuam junto aos dependentes químicos da Cracolândia e oferecem tratamento. Uma dessas comunidades é a Missão Belém, que atualmente acolhe 2,2 mil pessoas em 167 casas. A primeira acolhida da maioria delas é feita no Centro Guadalupe, no Belém, na zona Leste. Por semana, passam em média 120 pessoas pela casa, onde permanecem temporariamente até serem encaminhadas para uma das unidades da comunidade para tratamento. Entre esses acolhidos está Reginaldo Assumpção, 46, que usou drogas por 26 anos, sendo 12 consumindo crack. Ele chegou à Missão Belém pela primeira vez em 2010, mas após três meses teve uma recaída e voltou para a Cracolândia. Nessa ocasião, contraiu sífilis e, por não fazer tratamento, a doença atingiu o sistema nervoso central, deixando-o paraplégico. “Mesmo doente, eu ainda fiquei quatro dias usando crack. Só quando acabou a minha droga, eu pedi para me levarem ao hospital”. Há 16 anos sem contato com a família, Reginaldo encontrou na Missão Belém o ambiente familiar para se recuperar da dependência. “Aqui, eu tenho aprendido a cada dia a me restaurar com as orações e formações da casa, mas principalmente ao ver a recuperação de cada um. Mas é uma luta de todos os dias. Eu não quero voltar para aquela vida”, disse o rapaz, que está há quatro anos longe do crack. Para Ivanildo Andrade é possível pôr fim à Cracolândia. Mas, para isso, são necessários muito investimento e trabalho. “É preciso fazer uma revolução social; criar oportunidades de trabalho, educação, serviços de saúde e assistência social de qualidade, prevenção, segurança pública. É preciso trabalhar em uma rede intersetorial, deixando de lado quaisquer ideologias, olhando numa perspectiva de longo prazo de um coletivo, em que todos possam viver em harmonia para que, de fato, a Cracolândia possa acabar”.


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Entre as ruas, a linha férrea e a antiga rodoviária Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

Mais do que se localizar em ruas específicas, a Cracolândia tem sua história em diferentes ambientes dos bairros dos Campos Elísios, Luz e Santa Ifigênia, no chamado centro velho de São Paulo. Esses bairros tiveram desenvolvimento impulsionado com a instalação das estações de parada da estrada de ferro que passou a ligar, em 1867, os cafezais do Oeste paulista ao Porto de Santos. Segundo reportagem da revista aU- Arquitetura e Urbanismo, de junho de 2005, já no fim do século XIX, começaram a ser construídos nestes bairros hotéis e pensões para viajantes e imigrantes, cortiços, cômodos para aluguel e algumas residências para fazendeiros de café. Nos anos 1950, houve a ampliação da quantidade de cortiços. Nos anos 1960, o número de habitações precárias no entorno aumentou com a instalação da estação rodoviária de São Paulo, na Praça Júlio Prestes, que ficaria neste espaço da cidade até 1982, quando foi transferida para o Terminal Tietê.

Nesse ambiente de habitações precárias, carente de serviços públicos e envolto por grandes avenidas, como a Rio Branco e Duque de Caxias, usuários de crack – droga que chegou ao Brasil na segunda metade dos anos 1980 – encontraram um “refúgio” no início dos anos 1990. Muitos iam ao que inicialmente se chamou de “Quadrilátero do Crack” - ruas Guaianases, Vitória e Mauá e a avenida Duque de Caxias – após contraírem dívidas impagáveis com traficantes ou cometerem pequenos delitos nos bairros onde moravam nas regiões periféricas da cidade. Ao longo dos anos, diferentes intervenções policiais e programas da Prefeitura e do Governo do Estado de São Paulo (veja histórico de ações ao lado) foram realizadas para tentar acabar com a Cracolândia ou diminuir seus impactos negativos para a cidade. No entanto, a maioria das intervenções resultaram apenas na mudança do fluxo de usuários e traficantes. “É possível notar que a ação da polícia os leva a sair rapidamente das calçadas onde estão situados, migrando para outro local próximo; por fim,

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Histórico de tentativas para o fim da Cracolândia

1995 Governo de SP cria delegacia específica para tratar das questões do crack;

em intervalos de tempo variáveis, retornam aos pontos anteriores de concentração. Alguns seguranças privados também fazem, em menor escala, algum tipo de ação quanto à permanência e à circulação desses usuários. A maior parte deles consome o crack nas calçadas (vários ocultam a prática sob cobertores), embora haja também o uso de hotéis e pensões do entorno para tanto, além dos mocós em casas, sobrados ou prédios abandonados ou lacrados pela Prefeitura”, detalham, no artigo “Territorialidades da(s) Cracolândia(s) em São Paulo e no Rio de Janeiro”, Heitor Frúgoli Junior, professor do Departamento de Antropologia da USP, e Mariana Cavalcanti, do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, da Fundação Getulio Vargas, com base em visita realizada na região da Cracolândia no ano de 2007. Após a mais recente ação da Prefeitura e do Governo do Estado na Alameda Dino Bueno e na rua Helvétia, em 21 de maio, traficantes e usuários passaram a se concentrar, principalmente, na Praça Princesa Isabel. (Com informações da Folha de S. Paulo e revista aU) Luciney Martins/O SÃO PAULO

1997 Governo de SP lança Operação Tolerância Zero, para prender traficantes na Cracolândia, mas o resultado foi dispersão de usuários para região central;

1999 e 2000 – Intensificação da ação da PM no fechamento de pontos de tráfico e uso de drogas na região central;

2001 Prisão de 5 policiais envolvidos

com o tráfico na região da Cracolândia;

2005 Prefeitura lança o Projeto Nova

Luz, com a meta de revitalizar a Cracolândia, em parceria com a iniciativa privada. Projeto foi extinto em 2013;

2008 –2012:

Ação Integrada Centro Legal – Parceria do Governo de SP e da Prefeitura propunha atendimento a dependentes químicos que quisessem sair de tal situação. No decorrer dos anos, houve intervenções da Polícia, com megaoperações para prender traficantes e dispersar usuários;

2013 Governo de SP lança o programa Recomeço, prevendo tratamento ambulatorial para os usuários de drogas. Foco da ação são as pessoas na Cracolândia;

2014 Prefeitura de São Paulo lança o programa Braços Abertos, após ação de limpeza e retirada de usuários da Cracolândia. Meta era que gradativamente as pessoas deixassem o vício. Em contrapartida, ganhariam moradia e capacitação profissional;

Fluxo de usuários de crack, na rua Helvétia, na Cracolândia, antes das ações da Prefeitura de São Paulo e do Governo do Estado, em maio

A experiência de Nova York Locais que concentram usuários e traficantes de drogas são uma realidade em grandes cidades pelo mundo, não apenas em São Paulo. Em Bucareste, capital da Romênia, por exemplo, os becos para consumo de entorpecentes são os antigos túneis do sistema de aquecimento da cidade e as estações de tratamento de esgoto desativadas. Nos anos 1980, Nova York, nos Estados Unidos, também passou a enfrentar problemas com o tráfico e consumo de crack, que a partir dos bairros periféricos, como o Bronx, se espalhou para os prédios abandonados e ruas de Manhattan, o mais antigo distrito daquela cidade. Inicialmente, houve o reforço do efetivo policial para dispersar os usu-

ários das ruas e prender traficantes. Contudo, tais medidas se mostraram ineficientes diante do surgimento das “crack houses”, prédios onde aconteciam o comércio e consumo de crack. Posteriormente, o foco foi o combate às organizações criminosas nos bairros, com policiais infiltrados entre os usuários para comprar drogas e identificar os traficantes. Houve, também, com o auxílio dos moradores, o monitoramento policial das regiões com maior incidência de usuários. Além disso, adotou-se maior rigor na aplicação de penas para quem fosse flagrado com drogas, como parte de uma política de tolerância zero com qualquer tipo de ilícito, como pichações, por exemplo, medida polêmica, que angariou críticos e adeptos.

O passo seguinte, já na segunda metade dos anos 1990, foi a instituição dos “drugs courts”, tribunais voltados a atender casos envolvendo usuários de drogas, com membros jurídicos, especialistas em serviço social e saúde mental. Às pessoas flagradas com uma pequena quantidade de drogas, era dada a possibilidade de frequentar um programa de internação voluntária para se tratar. Em troca, tinham sua sentença reduzida e, em alguns casos, até a ficha criminal era cancelada, caso não tivessem cometido delitos graves. Hoje, locais como o Bryan Park, antigo reduto do comércio e consumo de drogas a partir dos anos 1970, são totalmente seguros à visitação pública. (DG) (Com informações da Veja, UOL e TV Globo)

2015 Ação integrada do Governo de SP e da Prefeitura dispersa usuários e traficantes, mas cenário volta ao que era antes poucas semanas depois.

2016 Operação policial prendeu 32 pessoas em agosto na região central, incluindo traficantes no Cine Marrocos e na Cracolândia.

2017 Prefeitura lança o programa Redenção, para recuperar os usuários a partir de tratamento clínico. Uma das ações da iniciativa foi a retirada de usuários e traficantes da Cracolândia, em 21 de maio, com uso de força policial. Tráfico e consumo de drogas estão espalhados pela região central da cidade, principalmente na Praça Princesa Isabel. Fontes: Reportagens publicadas na imprensa entre 1995 e 2017 (Pesquisa: Daniel Gomes)


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Algo pode mudar quando você for ao parque Joca Duarte

Daniel Gomes

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Tendo como um dos argumentos a economia de até 40% do orçamento de R$ 180 milhões destinados anualmente para a manutenção de 107 parques municipais, a Prefeitura de São Paulo concederá à iniciativa privada a gestão de 14 desses equipamentos públicos, entre os quais os parques Ibirapuera e da Aclimação. O Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), a partir do qual a Prefeitura receberá estudos sobre projetos de investimentos, contrapartidas e outras ideias para a concessão, foi publicado no Diário Oficial do Município, em 10 de maio. A partir dessas manifestações, o Executivo municipal definirá o modelo de concessão e lançará o edital de licitação, o que deve acontecer no segundo semestre deste ano. Segundo a Prefeitura, independentemente do modelo adotado, será mantida a gratuidade de acesso a esses parques e a gestão de tais espaços caberá aos concessionários, que também deverão fazer investimentos e buscar formas de integração com quem já possui permissão para trabalhar nos parques.

Vantagens e desvantagens Em declarações à imprensa sobre esse processo de concessão, o prefeito João Doria tem enfatizado que a meta da Prefeitura não é obter ganhos financeiros, mas, sim, melhorias operacionais e de gestão dos parques. Na avaliação de Rafael Wallbach Schwind, mestre e doutor em Direito do Estado pela USP, “um dos pontos positivos na concessão é que o poder público passa a não mais aplicar recursos públicos tão significativos nesses parques. Isso libera a aplicação de verbas para outras atividades que eventualmente sejam até mais essenciais para a população”, comentou ao O SÃO PAULO. Ao recordar a experiência de concessão – nos moldes de parceria público privada (PPP) – da Rota das Grutas Peter Lund, no Parque Estadual do Sumidouro, em Minas Gerais, Schwind destacou que outro aspecto positivo pode ser a remuneração do concessionário com base em critérios de eficiência. “Ele tem uma garantia de remuneração mensal ou anual e precisa mostrar

Ibirapuera será um dos 14 parques concedidos à iniciativa privada pela Prefeitura de São Paulo

eficiência para o poder público, no sentido de manter a conservação do parque melhor. Se não cumprir a meta, vai ser remunerado com menos recursos do que caberia se estivesse sendo eficiente”, detalhou, apontando, ainda, que é possível estabelecer em contrato que o concessionário tenha outras obrigações, como incentivar a economia local e a produção artística e artesanal. Entendimento diferente para a questão tem o sociólogo Américo Sampaio, da Rede Nossa São Paulo. Ele pondera que mesmo que ainda não se saiba como será o modelo de concessões, pois não foi publicado o edital de licitação, já há a preocupação “de que se crie um grupo de parques de elite e outros secundários. A Prefeitura disse que fará pacotes articulando um parque de uma área mais nobre com um parque de outros pontos da cidade, mas só essa medida não assegura que a empresa garanta o mesmo padrão de qualidade dos dois parques”, afirmou, destacando, ainda, que os concessionários poderão fazer cobranças específicas no interior dos parques, “o que seria uma forma de promover uma certa elitização, cobrando, por exemplo, o estacionamento ou um passeio específico dentro do parque”. Sampaio também vê incertezas quanto aos mecanismos de controle social nesses parques e ao tratamento que será dado a quem já tem permissão para trabalhar nesses locais. Ele também acredita que este não seja o melhor momento para as concessões.

CONCESSÃO DE PARQUES À INICIATIVA PRIVADA Serão 14 parques Ibirapuera; Aclimação; Anhanguera; Buenos Aires; Carmo; Cemucam; Chácara do Jockey; Chuvisco; Cidade Toronto; Independência; Jardim da Luz; Trianon; Vila Guilherme – Trote; e Vila Prudente. Etapas - Publicação do Edital de Procedimento de Manifestação de Interesse -PMI (fase atual); - A partir das manifestações de interesse, a Prefeitura irá definir o modelo de concessão; - Haverá uma consulta pública; - A última fase é a licitação para a concessão dos grupamentos de parques.

Pontos básicos da iniciativa - Não será cobrado ingresso dos frequentadores dos parques; - As concessionárias assumirão todas as despesas de operação; - As concessionárias devem fazer investimentos nos parques; - Deve ser fomentada a integração com quem já tem permissão para trabalhar nos parques; - Caberá à Prefeitura, a fiscalização dos resultados acordados em contrato; - Todas as regras referentes aos parques e áreas verdes deverão ser respeitadas e terão seu cumprimento fiscalizado pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente.

“Estamos em crise em econômica, quando os ativos ficam com o valor depreciado: vai se vender um parque, um estádio, muito barato. Além disso, o dinheiro entra no cofre da Prefeitura este ano, só que depois não há mais o ativo para vender”. Schwind pensa diferente. Ele considera que a concessão dos parques contribui para a redução dos gastos públicos e pondera: “Não se sabe se esse momento atual de crise vai se estender pelo contrato todo, portanto, conceder o parque agora não é necessariamente um mau negócio para o poder público. Talvez não seja o momento ideal, mas pode ser que ele nunca exista. O momento atual não me parece tão ruim para a concessão de parques”, opinou.

A autorização do Legislativo é necessária? Ainda não há clareza se as concessões precisarão de autorização da Câmara de Vereadores. Conforme lei municipal sancionada em 16 de maio, caberá ao recémcriado Conselho Municipal de Desestatização e Parceria – composto apenas por membros do Poder Executivo – definir quais bens municipais podem ser privatizados, repassados a concessões ou geridos por meio de parcerias público privadas. No entanto, a Lei Orgânica do Município prevê que no caso de privatizações e concessões deve haver autorização do Poder Legislativo Municipal. Além dos 14 parques, a Prefeitura já iniciou os trâmites para a concessão do Complexo do Pacaembu (estádio e centro poliesportivo) e da bilhetagem dos transportes (em parceria com o Governo do Estado), e deve fazer o mesmo com o Complexo do Anhembi e o Autódromo de Interlagos. A reportagem buscou por três vezes esclarecimentos complementares sobre o processo de concessão dos parques, mas a resposta enviada pela assessoria de imprensa da Prefeitura limitou-se a reproduzir um texto publicado em 10 de maio no site www.capital.sp.gov.br, sobre o lançamento do edital de PMI. (Com informações da Rede Nossa São Paulo, Site Justen, G1, Prefeitura de São Paulo e Câmara Municipal)

Rocha Loures Preso pela Polícia Federal, no sábado, 3, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDBPR) deve prestar depoimento nesta semana. Em março, Loures foi flagrado recebendo uma mala com R$ 500 mil, que, segundo as delações dos executivos da JBS, seria uma propina para intermediar negociações em favor da empresa junto ao Executivo e o Legislativo. Loures foi assessor direto do presidente Michel Temer até março. Essa proximidade foi alvo de uma das 82 perguntas que o Presidente recebeu da Polícia Federal na tarde da segundafeira, 5, com prazo para respondê-las até a sexta-feira, 9. Temer é alvo no STF de um inquérito por organização criminosa, corrupção e obstrução de Justiça. Chapa Dilma-Temer O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retomou na noite da terça-feira, 6, o julgamento da ação que pede a cassação da chapa formada por Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) para as eleições presidenciais de 2014. O presidente do TSE, Gilmar Mendes, marcou quatro sessões para analisar o processo, nos dias 6, 7 e 8 deste mês. Na ação, o PSDB pede a cassação da chapa, alegando que há irregularidades na prestação de contas. O julgamento poderá ser interrompido se um dos sete ministros do Tribunal pedir vistas ao processo, ou seja, mais tempo para analisá-lo. Henrique Eduardo Alves Foi preso pela Polícia Federal na manhã da terça-feira, 6, em Natal (RN), Henrique Eduardo Alves, ex-deputado federal e ex-ministro do Turismo. Ele é suspeito de corrupção e lavagem dinheiro por participar de desvios de até R$ 77 milhões nas obras da Arena das Dunas, uma das sedes da Copa do Mundo de 2014. Acordo de Paris O presidente Michel Temer promulgou na segunda-feira, 5, o compromisso do Brasil com o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas. Com isso, até 2030, o País terá que reduzir a emissão de gases de efeito estufa em 43% dos níveis alcançados no ano de 2005 e aumentar para próximo de 18% o uso de bioenergia sustentável em sua matriz energética. Fontes: G1, UOL, EBC e Palácio do Planalto


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Ipiranga

Padre Edilson Kaspchak e angela Alonso Colaboração especial para a Região

No amor de Cristo, pela reconciliação dos cristãos Na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, entre 28 de maio e 4 de junho, com o tema “Reconciliação: é o amor de Cristo que nos move” (2Cor 5, 14-20), a Pastoral do Ecumenismo da Região Episcopal Ipiranga organizou uma celebração ecumênica, no dia 31, na Paróquia São Vicente de Paulo, no Moinho Velho. Participaram mais de cem cristãos das Igrejas Católica, Anglicana, Luterana, Metodista e Presbiteriana. Entre os momentos marcantes esteve o pedido de perdão e a montagem de um muro, simbolizando as divisões, mas que com a oração e a Pa-

lavra de Deus foi transformado em cruz para o amor de Jesus Cristo. Estar juntos em oração pela unidade dos cristãos é uma necessidade, conforme afirma o texto para a Semana, organizado pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic): “O mundo precisa de agentes da reconciliação, que destruirão barreiras, construirão pontes, promoverão a paz e abrirão portas para novos caminhos de vida, em nome daquele que nos reconciliou com Deus, Jesus Cristo” (2017, p.12). Sentimentos como a união entre as

Arquivo paroquial

Celebração ecumênica é realizada na Paróquia São Vicente de Paulo, em 31 de maio

Igrejas, testemunho da Boa Notícia do Evangelho pelo mundo, solidariedade entre os cristãos e reconciliação com Deus e

com o próximo foram destacados como fundamentais pelos participantes para que a unidade dos cristãos aconteça.

Há 50 anos, sob a intercessão da Imaculada Conceição Andreia e Silva

Padre Boris e Dom Odilo inauguram placa comemorativa do jubileu de ouro paroquial, dia 4

O jubileu de ouro da Paróquia Imaculada Conceição, no Setor Ipiranga, foi festejado no último fim de semana. No sábado, 3, após a missa presidida pelo Padre Juarez de Castro, três corais se apresentaram na “Noite Cultural”: o Coral da Fundação Nossa Senhora Auxiliadora; o Coral Scholla Cantorum, do ABC, da

Igreja Luterana; e o Coro e Orquestra da Primeira Igreja Batista da Penha. O domingo, 4, teve início com o “Bazar do Jubileu”, com peças produzidas por membros da comunidade. Às 18h30, ocorreu a missa solene, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano. Nessa celebração de Pentecostes,

foram crismados 18 paroquianos adultos. Dom Odilo, na homilia, parabenizou o Padre Boris Agustín Neff Ulloa, pároco, e o Padre Israel Mendes Pereira, vigário paroquial, pelo trabalho realizado e incentivou a todos a seguirem “em frente com empenho, fazendo com que cada ano vindouro seja mais pleno e mais bonito”. O Cardeal enfatizou, ainda, que “uma paróquia é um ícone visível de toda a Igreja”, portanto deve se mostrar plena na evangelização. Ao final, foi descerrada a placa comemorativa do jubileu de ouro paroquial, e Dom Odilo e os padres Boris e Israel participaram das comemorações junto aos paroquianos. A comemoração da Solenidade de Pentecostes na Paróquia foi precedida de uma novena, com o tema “Eu vos escolhi para que produzais frutos e que o vosso fruto permaneça” (Jo 15,16), durante a qual, em

28 de maio, Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, presidiu uma das missas. O Bispo lembrou que “a bondade e o bem são ações do Espírito Santo em nós”. Afirmou, também, que “nós, cristãos, somos chamados a uma resposta diferente sempre, nunca retribuindo o mal com mal, mas agindo como pessoas que refletem essa bondade de Deus em todo tempo e lugar”. O Projeto Jubileu vem sendo organizado desde fevereiro de 2015, com a implantação do Censo Paroquial, objetivando levantar, com a participação de todos, as reais necessidades da comunidade para, a partir daí, criar atividades e projetos. Do total de projetos discutidos, 95% foram implantados e estão em andamento, como a criação da “Equipe de Missão e Caridade”, reorganização do Conselho Paroquial de Pastoral (CPP) e Projeto Oratório, entre outros.

Lapa

Padre Antonio Francisco Ribeiro e Benigno Naveira Colaboradores de comunicação da Região

Secretárias paroquiais tomam ciência do 12º Plano de Pastoral e do Sínodo Em encontro de formação na Cúria Regional da Lapa, em 30 de maio, secretárias e secretários paroquiais da Região tiveram uma reflexão sobre o Sínodo Arquidiocesano e o 12º Plano de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo. Os temas foram detalhados pelo Padre Antonio Francisco Ribeiro, coor-

denador de Pastoral da Região. Inicialmente, ele explicou que este sínodo será o primeiro realizado na Arquidiocese, e que tem como propósito rever e revitalizar o agir pastoral, refletindo os diversos aspectos da realidade nos dias de hoje. O Sacerdote explicou que a palavra sínodo significa “caminhar juntos”, uma

Benigno Naveira

excelente oportunidade de rever o trabalho de evangelização na cidade e o que é preciso mudar para alcançar e envolver mais pessoas com a mensagem de fé, organizando propostas que possam tornar a evangelização mais eficaz na Arquidiocese. O Sínodo será feito em etapas e se espera grande participação dos fiéis. Padre Antonio também apresentou os objetivos e a forma como foi elaborado o 12º Plano de Pastoral, que orienta e promove a “pastoral de conjunto”, e no

qual as urgências elencadas devem inspirar projetos e programas de ação. A própria realização do Sínodo está prevista no 12º Plano de Pastoral, que tem vigência de 2017 a 2020. Por fim, o Padre disse que, durante esse período, outros momentos de formação serão organizados para ajudar os secretários e secretárias paroquiais e principalmente os fiéis e membros das pastorais a refletir sobre cada etapa do Sínodo e a aplicação do 12º Plano de Pastoral. Arquivo pessoal

A festa no arraial das paróquias da Região Episcopal Lapa começou no último fim de semana, dias 3 e 4, com diversas atrações e comidas típicas, e grande presença de público. Em muitas paróquias, a festança continua todos os finais de semana deste mês. Na imagem, a festa da Paróquia São João Batista, na Vila Mangalot.

Secretárias e secretários paroquiais participam de encontro formativo na Cúria Regional da Lapa


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Belém CEBs diante dos desafios urbanos

Peterson Prates

Colaborador de comunicação da Região

Lideranças das comunidades eclesiais de base (CEBs) da Arquidiocese de São Paulo participaram de uma manhã de formação, no sábado, 3, no Centro Pastoral São José, com o tema “CEBs e os desafios no mundo urbano”, assessorada pelo Padre Nicolau João Bakker, verbita. Padre Nicolau, nascido na Holanda, é pastoralista e cientista social, atuou por diversos anos em comunidades de base no meio urbano e rural, foi professor do Instituto de Teologia de São Paulo e vereador por dois mandatos em Holambra (SP). Além dos integrantes das CEBs, participaram do encontro os membros do Conselho Regional de Pastoral (CRP) da Região Episcopal Belém. O coordenador de pastoral da Região, Padre Marcelo Maróstica, manifestou alegria com a presença das CEBs arquidiocesana. “É uma alegria para o centro pastoral acolher as CEBs nessa caminhada rumo ao 14° Intereclesial”, afirmou. “Nós sabemos da importância do Intereclesial não só para as CEBs, mas para a vida da Igreja no Brasil”, continuou Padre Marcelo, ao lembrar que no sábado, 10, o CRP se reunirá novamente

para discutir as reflexões do encontro. No início da atividade, após a reza do ofício divino das comunidades, Padre Nicolau pediu que todos partilhassem um pouco das dificuldades enfrentadas pelas comunidades. Houve apontamentos sobre o não surgimento de novas lideranças, falta de apoio do clero, desmotivação, desânimo e clericalização dos leigos. Entre as soluções encontradas foi indicada a formação de grupos de rua e de reflexão bíblica. “Nós temos de retomar às origens das CEBs”, manifestou Padre Nicolau, ao afirmar que as comunidades devem ir na contramão de tendências do mundo urbano. Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé e referencial arquidiocesano das CEBs, esteve no encontro para saudar os participantes e motivou a todos para que sigam com a missão das comunidades, “de construir comunhão e de caminhar juntos”. Ao final da atividade, foram preenchidas as fichas dos participantes do próximo Intereclesial. Os delegados ainda

Brasilândia

Peterson Prates

Padre Nicolau João Bakker conduz manhã de formação para integrantes das CEBs, no dia 3

vão participar de uma série de formações em nível de região episcopal e do encontro estadual das CEBs, que reunirá todos os representantes do Regional Sul 1 da CNBB, em Jales (SP), em setembro. Na Arquidiocese de São Paulo, as comunidades eclesiais de base se concentram, principalmente, nas regiões episcopais Belém e Brasilândia, especialmente em bairros mais periféricos, onde as CEBs têm a ação pastoral integrada com a vida e a realidade sociopolítica que as cerca. Em janeiro de 2018 acontecerá a 14ª edição do Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base, em Londrina

(PR). Com o tema “CEBs e o desafios no mundo urbano” e lema “Eu vi e ouvi os clamores do meu povo e desci para libertá-lo” (Ex 3,7), a atividade visa discutir as particularidades da vida urbana e seus reflexos na vida da Igreja, de modo especial nas comunidades de base. A Arquidiocese de São Paulo será representada no Intereclesial por 70 pessoas, e na delegação arquidiocesana também estarão representantes de outras denominações cristãs, de povos indígenas da cidade, das pastorais sociais e de movimentos populares, além de religiosos e clérigos que acompanham as comunidades.

Anderson Braz, Ivani Santos e Juçara Zottis Colaboração especial para a Região

Ivani Santos

Juçara Zottis

Aconteceu no domingo, 4, na Paróquia Espírito Santo, no Setor Pastoral São Jose Operário, a missa de encerramento da Festa do Divino Espírito Santo, presidida pelo Padre Joao Henrique Novo do Prado, pároco.

Dois setores realizaram reunião de seus conselhos de pastoral, no sábado, 3: o Setor Dom Paulo Evaristo, no salão da Paróquia Santa Terezinha (foto), na Vila Terezinha; e o Setor Jaraguá, na Paróquia Nossa Senhora Mãe e Rainha, no Jd. Panamericano.


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Frei Nilton César Groppo, Roberta Silva e Marcela Silvério Colaboração especial para a Região

Mandato a Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão do Setor Aclimação Mais de 160 Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão atuantes no Setor Aclimação receberam o mandato de seu ministério em celebração solene presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, em 27 de maio, na Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos. Durante a missa, o Bispo explicou que a função dos Ministros Extraordinários vai além de distribuir a sagrada comunhão, e ressaltou que o compromisso de

cada um deles é também levar a alegria de ser cristão a todos os lugares: em casa, no trabalho e na comunidade. Além do pároco da Rainha dos Apóstolos, Padre Emerson José da Silva, participaram da missa o Padre Enivaldo Santos do Vale, da Nossa Senhora dos Remédios; o Padre José Donizete Coelho, da Paróquia São Joaquim; o Padre Vando Valentini, da Nossa Senhora do Carmo; e o Padre Wellington Laurindo dos Santos, da Paróquia Santa Margarida Maria.

Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos

Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão na Paróquia Nossa Sra. Rainha dos Apóstolos

Setor Cerqueira César realiza formação para os Mesc Setor Pastoral Cerqueira César

Participantes da formação de Mesc no Setor Pastoral Cerqueira César

Nos dias 30 e 31 de maio e em 1º de junho, o Setor Pastoral Cerqueira César realizou o Curso de Formação para os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão (Mesc). A assessoria coube ao Padre Helmo César Faccioli, responsável pela animação litúrgica na Região Sé, que durante duas noites apresentou os fundamentos do serviço litúrgico-pastoral confiado aos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão. No último dia de formação, Padre Antônio Sagrado Bogaz, pároco da Paróquia Nossa Senhora Achiropita, refletiu sobre a história e os fundamentos teológicos da Ceia Eucarística. Arquivo pessoal

Durante as três noites de formação, participaram aproximadamente 150 candidatos a Mesc, que vivenciaram momentos de intensa reflexão e espiritualidade eucarística, bem como de vivência e partilha das realidades eclesiais, dos desafios e exigências próprias do exercício desse ministério. O Setor Cerqueira César compreende as paróquias Assunção de Nossa Senhora, Imaculada Conceição, Nossa Senhora Achiropita, Nossa Senhora Mãe da Igreja, Basílica Nossa Senhora do Carmo e as capelanias dos hospitais Santa Catarina e Beneficência Portuguesa. Paulo Fernandes Rodrigues Cruz

Em 31 de maio, Dom Eduardo Vieira dos Santos se reuniu, na Catedral da Sé, com os padres e leigos atuantes no Setor Pastoral Catedral. Paróquia Pessoal Alemã São Bonifácio

Aconteceu, em 30 de maio, a 1ª Assembleia Extraordinária da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Paulo, na Basílica Menor de Nossa Senhora da Conceição – Santa Ifigênia, com a mediação de Dom Eduardo Viera dos Santos, juntamente com o Padre Reni Nogueira, capelão da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos; Padre José Enes de Jesus, assistente eclesiástico da Pastoral Afro; e Padre Antônio Ruy Barbosa de Moraes, SSS, pároco. A assessoria foi do Dr. César Augusto Candido Xavier e dos membros da Irmandade. Paróquia Nossa Senhora de Casaluce

Na quinta-feira, dia 1º, Dom Eduardo Vieira dos Santos presidiu a missa de abertura do tríduo a São Bonifácio, na Paróquia Pessoal Alemã São Bonifácio, no Setor Paraíso. Paróquia Nossa Senhora Aparecida

No domingo, 4, Dom Eduardo dos Santos conferiu o sacramento da Crisma a jovens e adultos, durante missa na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Setor Pastoral Pinheiros, concelebrada pelo Padre Domingos Geraldo Barbosa de Almeida Junior, pároco.

Em 28 de maio, a Paróquia Nossa Senhora de Casaluce, no Setor Pastoral Brás, celebrou a festa da padroeira, com missa presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos, e concelebrada pelo Padre Lorenzo Nacheli, administrador paroquial. Após a celebração, aconteceu uma procissão pelas ruas do bairro.


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Santana Em oração pela unidade cristã

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

A Região Episcopal Santana promoveu, na quinta-feira, dia 1º, um culto ecumênico na Paróquia Sant’Ana, presidido por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, com participação de padres, pastores e fiéis cristãos de várias Igrejas, por ocasião da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que sempre acontece entre as festas da Ascensão do Senhor e de Pentecostes. O pregador da noite foi o Pastor Ernani Ropke, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, já que 2017 marca os 500 anos da Reforma Protestante. Também participaram do culto os reverendos Emerson Reis, da Igreja Presbiteriana Independente da Casa Verde, e Ivan Vieira, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil. Além de Dom Sergio, a Igreja Católica foi representada pelo

Diácono Nilo Carvalho e pelos padres Maurício de Souza, pároco da Paróquia Sant’Ana; Luis Carlos Santos, atuante na Região Belém; Nelson da Silva, da Diocese de Santo Amaro; e Paulo Gozzi, assessor da Comissão Regional de Ecumenismo. Durante a celebração ecumênica, os dirigentes que presidiam o culto desmancharam um muro, formado por vários tijolos, que representava a barreira das divisões que foram construídas ao longo da história. Com os tijolos que eram retirados do muro, foi sendo montada uma cruz no chão, sinal de reconciliação, tema central da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos deste ano. “Todos os anos, a Igreja se reúne em oração, suplicando ao Espírito Santo a graça da unidade de todos os cristãos, seguidores de Jesus Cristo, que ao longo dos séculos foram se separando uns dos Diácono Francisco Gonçalves

Diácono Francisco Gonçalves

Dom Sergio de Deus e representantes de várias igrejas cristãs oram pela unidade dos cristãos

outros, formando Igrejas e comunidades isoladas entre si. Hoje, estamos vendo como urgente e necessária a tarefa de buscar meios de reencontro e reintegração”, disse o Padre Paulo Gozzi.

Festa da Paróquia Santa Terezinha do Jaçanã Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidirá, em 2 de julho, às 10h, a missa em ação de graças pelos 80 anos da Paróquia Santa Terezinha do Jaçanã. Na ocasião, também haverá a inaugura-

A Pastoral Familiar da Região Santana realizou, no sábado, 3, no Centro Pastoral Frei Galvão, uma formação das equipes de preparação de noivos de diversas paróquias. Na ocasião, foram estudados os documentos da CNBB que tratam do tema do encontro e houve uma palestra de Dom Sergio de Deus Borges. O casal coordenador regional da Pastoral Familiar, Antônio e Silvana Ribeiro, e sua equipe estão indo nas paróquias para auxiliar na criação da pastoral Pré-Matrimonial paroquial.

Na Região Santana, a Comissão de Ecumenismo atua no campo da busca da unidade, por meio da formação e de atividades ecumênicas. A principal iniciativa é a oração.

ção de monumento a Santa Terezinha. Neste mês de junho, nos dias 10, 11, 17, 18, 24 e 25; e também em 1º e 2 de julho, sempre das 17h às 23h, acontecerá uma quermesse na igreja-matriz da Paróquia (avenida Guapira, 2.055). Paróquia Santa Joana D’Arc

Diácono Francisco Gonçalves

Com missa presidida por Dom Sergio Borges, em 28 de maio, foram crismados 18 jovens na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, no Setor Jaçanã. Concelebraram os padres Alfredo dos Santos, pároco, e Renildo Brito, vigário paroquial.

Em 30 de maio, Dom Sergio de Deus Borges presidiu missa na Paróquia Santa Joana D’Arc, no Setor Pastoral Tremembé, na festa da padroeira, sendo acolhido pelo pároco, Padre José Roberto Mattos, e pelo Diácono Ailton Mendes. Diácono Francisco Gonçalves

FUNDAÇÃO SANTA TEREZINHA CNPJ nº. 69.273.050/0001-49 BALANÇO PATRIMONIAL Encerrado em 31 de dezembro de 2016 - Em R$ (reais)

ATIVO NÃO CIRCULANTE 46.376,00 Imobilizações Total do Ativo 46.376,00

PASSIVO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Patrimônio Social Total do Passivo

46.376,00 46.376,00

NOTA EXPLICATIVA

Não houve movimentação financeira no exercício de 2016, haja visto o fato de os 02 (dois) apartamentos pertencerem à Fundação, estarem em comodato, conforme relatório de atividades.

Padre João Julio Farias Júnior Primeiro Secretário

Edivaldo Batista da Silva CRC/SP 1SP 212622/O-2 - Contador

Dom Sergio Borges presidiu, em 27 de maio, missa na Paróquia Nossa Senhora da Penha, no Setor Pastoral Mandaqui, concelebrada pelo Padre Pietro Plona, pároco. Durante a celebração, o Bispo ministrou o sacramento da Crisma a 53 jovens e adultos.


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REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

Campanha Junho Vermelho quer aumentar número de doadores de sangue

Na noite da quinta-feira, dia 1º, várias esculturas foram iluminadas com a cor vermelha com um objetivo: lembrar o início da Campanha Junho Vermelho, que incentiva as pessoas a doarem sangue durante o inverno, quando há baixa nos estoques e um crescimento na demanda, devido às complicações de saúde que, sobretudo em idosos e crianças, aumentam nesse período. O Memorial da América Latina, na zona Oeste de São Paulo, e outros prédios como a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, o Palácio dos Bandeirantes e a Sala São Paulo foram iluminados em apoio à iniciativa. O mesmo aconteceu em monumentos nos estados do Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. A iniciativa é do Movimento “Eu Dou Sangue”, que lembra às pessoas a importância de doações periódicas. “Somente quem vive a dificuldade de conseguir sangue sabe a importância das doações. Depois de sentir na pele o que é isso, decidimos disseminar e promover a conscientização para que esse seja um hábito permanente no

Fundação Pró Sangue/Divulgação

Brasil”, comenta Diana Berezin, que junto com sua irmã, Debi Aronis, criou a iniciativa em 2011. O sucesso da ação é comprovado pelos números registrados durante as campanhas anteriores. Em junho de 2016, as doações de sangue no Estado de São Paulo aumentaram 30% na

comparação com o mesmo período de 2015. No site do Hemocentro de São Paulo é possível encontrar detalhes dos requisitos para doação de sangue e os locais onde fazê-la: www.prosangue.sp.gov.br.

bro. Previsto inicialmente para o dia 16 de junho, o pagamento desse lote foi antecipado em razão do feriado de Corpus Christi. O valor total disponível ultrapassa R$ 10,9 bilhões. As pessoas que fizeram aniversário

Destaques das Agências Nacionais

Mais de 59 mil assassinatos no Brasil em 2015

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgaram na segunda-feira, 5, o Atlas da Violência. O estudo registra 59.080 assassinatos no país em 2015. De acordo com a pesquisa, de cada 100 mil habitantes, 28,9 morrem vítimas de homicídio. Apesar de ser 3,1% menor que a de 2014, a proporção é 10,6% maior que a registrada em 2005. A variação da taxa de homicídios se deu de forma desigual no País entre 2005 e 2015. Em seis estados do Norte e Nordeste, a taxa cresceu mais de 100%, enquanto em todo o Sudeste o indicador caiu. No Rio Grande do Norte, a taxa de homicídios aumentou 232%. Em São Paulo, houve queda de 44,3%. A pesquisa também fez análises no nível municipal e apontou que, entre as cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes, Altamira (PA) teve a maior taxa de homicídios do País em 2015, com 105,2 casos para 100 mil pessoas. Na outra ponta da tabela, Jaraguá do Sul (SC) é o município com mais de 100 mil habitantes que registra a menor violência letal. Foram cinco assassinatos em 2015 e uma taxa de homicídios de 3,1 casos para cada 100 mil habitantes. Fonte: Agência Brasil

Regional Sul 1 realiza assembleia em Aparecida

nos meses anteriores ainda podem sacar os valores ou transferi-los para suas contas-correntes. A previsão é que o último lote, para nascidos em dezembro, seja pago a partir de 14 de julho.

O Regional Sul 1 da CNBB, que reúne as dioceses do Estado de São Paulo, realiza sua 80ª Assembleia, entre os dias 6 e 8, em Aparecida (SP). O tema central do evento é “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade: Sal da terra e luz do mundo”. Também estão em pauta assuntos como o relatório das comissões episcopais pastorais; prestação de contas; revisão do regulamento do conselho episcopal regional; e propostas para a Assembleia das Igrejas Particulares, que acontece de 20 a 22 de outubro.

Fonte: Agência Brasil

Fonte: Regional Sul 1 da CNBB

Fontes: Correio Braziliense e Fundação Pró-Sangue

Caixa antecipa novo lote de saque do FGTS No sábado, 10, começa a quarta fase de pagamentos das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para 7,5 milhões de trabalhadores que fazem aniversário em setembro, outubro e novem-

| Pelo Brasil | 21


22 | Balanço |

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Fundação Metropolitana Paulista CNPJ nº50.951.847/0001-20 Demonstrações financeiras em 31 de dezembro de 2016 e 2015

Balanços patrimoniais

Em 31 de dezembro de 2016 e 2015 - Valores expressos em reais Ativo Nota 2016 2015 Circulante Caixa e equivalentes de caixa 4 645.788,49 528.881,03 Aplicações financeiras 5 45.606,09 40.057,38 Contas a receber 6 165.667,81 221.896,22 Adiantamentos concedidos 7 14.307,00 20.585,77 Despesas antecipadas 4.040,39 Impostos a Recuperar 843,32 477,14 876.253,10 811.897,54 Não Circulante Imobilizado 8 939.797,20 773.043,13 (-) Depreciações acumuladas (414.131,31) (352.060,12) 525.665,89 420.983,01 Intangível 9 32.857,54 32.857,54 (-) Amortizações acumuladas (8.677,75) (5.487,91) 24.179,79 27.369,63 549.845,68 448.352,64 Total do ativo 1.426.098,78 1.260.250,18 Passivo Nota 2016 2015 Circulante Reclassificado Obrigações trabalhistas e sociais 10 352.614,16 315.232,25 Fornecedores 11 37.544,15 29.684,14 Saldo bancário a descoberto 12 91.744,91 Obrigações fiscais 7.940,03 5.671,37 Outras contas a pagar 1.069,38 3.000,00 490.912,63 353.587,76 Patrimônio líquido 13 Fundo social 160.747,27 160.747,27 Superávits acumulados 745.915,15 931.935,31 Resultado do exercício 28.523,73 (186.020,16) Total do patrimônio líquido 935.186,15 906.662,42 Total do passivo 1.426.098,78 1.260.250,18 As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

Demonstração dos resultados

Em 31 de dezembro de 2016 e 2015 - Valores expressos em reais

Nota 2016 2015 Reclassificado Receitas operacionais líquidas 14 5.352.645,93 5.045.002,30 Custos dos serviços prestados (Jornal e Rádio) 15 (1.185.167,88) (998.158,90) Resultado bruto 4.167.478,05 4.046.843,40 Despesas operacionais Despesas com pessoal 16 (2.193.302,06) (2.053.773,50) Despesas gerais e administrativas 17 (1.312.636,74) (1.315.370,05) Despesas com serviços 18 (245.201,74) (363.176,51) Despesas com manutenção 19 (131.051,22) (137.180,36) Despesas com depreciação e amortização (65.261,03) (148.344,31) Constituição de devedores duvidosos (6.528,00) (5.102,00) Reversão/Despesas com contingências judiciais 3.000,00 (9.000,00) Outras despesas operacionais (3.945,02) (3.191,26) Total de despesas operacionais (3.954.925,81) (4.035.137,99) Resultado operacional antes do resultado financeiro 212.552,24 11.705,41 Receitas financeiras 20 14.078,51 14.202,13 Despesas financeiras 21 (198.107,02) (211.927,70) Resultado financeiro líquido (184.028,51) (197.725,57) Superávit/Déficit do exercício 28.523,73 (186.020,16) As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

Demonstrações dos resultados abrangentes Em 31 de dezembro de 2016 e 2015 - Valores expressos em reais

Superávit/ Déficit do exercício Superávit/ Déficit abrangente total

2016 28.523,73 28.523,73

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

2015 (186.020,16) (186.020,16)

Demonstrações das mutações do patrimônio líquido Em 31 de dezembro de 2016 e 2015 - Valores expressos em reais

Saldos em 01 de janeiro de 2015 Transferência para resultados acumulados Déficit do exercício Saldos em 31 de dezembro de 2015 Transferência para resultados acumulados Déficit do exercício Saldos em 31 de dezembro de 2016

Patrimônio Social 160.747,27 - - 160.747,27 - - 160.747,27

Superávits Acumulados 776.796,49 155.138,82 - 931.935,31 (186.020,16) - 745.915,15

Resultado Exercício 155.138,82 (155.138,82) (186.020,16) (186.020,16) 186.020,16 28.523,73 28.523,73

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

Total 1.092.682,58 (186.020,16) 906.662,42 28.523,73 935.186,15

Demonstração dos fluxos de caixa – Método direto Em 31 de dezembro de 2016 e 2015 Valores expressos em reais

2.016 2.015 Fluxos de caixa das atividades operacionais Valores recebidos de clientes 4.325.288,48 4.002.824,46 Doações recebidas 1.077.057,86 1.008.135,34 Valores pagos a empregados (2.163.808,80) (1.984.018,61) Valores pagos a fornecedores (2.855.007,57) (2.794.527,93) Valores pagos de obrigações tributárias, taxas e processos judiciais (2.036,13) (18.490,39) Caixa gerado pelas operações 381.493,84 213.922,87 Receitas financeiras recebidas 8.529,80 14.202,13 Despesas bancárias (198.107,02) (210.407,32) Caixa líquido proveniente das atividades operacionais 191.916,62 17.717,68 Fluxos de caixa das atividades de investimentos Aquisição de imobilizado (166.754,07) (70.790,96) Aquisição de intangível - (18.239,30) Aplicações Financeiras - CDB´s - (4.636,07) Caixa líquido aplicado nas atividades de investimentos (166.754,07) (93.666,33) Fluxos de caixa das atividades de financiamentos Saldo bancário a descoberto 91.744,91 Amortização de empréstimos bancários - (2.582,12) Juros pagos s/empréstimos bancários - (52,63) Caixa líquido aplicado nas atividades de financiamentos 91.744,91 (2.634,75) Aumento/Diminuição saldo de caixa e equivalentes de caixa 116.907,46 (78.583,40) Demonstração Aumento/Diminuição caixa e equivalentes de caixa No início do exercício 528.881,03 607.464,43 No fim do exercício 645.788,49 528.881,03 Aumento/Diminuição saldo de caixa e equivalentes de caixa 116.907,46 (78.583,40) As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

Notas explicativas às demonstrações financeiras Exercícios findos em 31 de dezembro de 2016 e 2015 (Expressos em Reais)

1 Contexto operacional A Fundação Metropolitana Paulista é uma Entidade sem fins lucrativos, mantenedora da Rádio 9 de Julho e do Jornal “O São Paulo”, fundada em 23 de maio de 1962. A Fundação tem por finalidade propugnar pela formação cívica, moral, cultural e religiosa do povo brasileiro. A Fundação cumpre seus objetivos sociais, aplicando integralmente no país os recursos por ela gerados em jornais, rádios, emissoras, serviço de televisão, prestando relevantes serviços à comunidade na qual está inserida, com destacada atuação na área social. Dentre as principais atividades desenvolvidas destacam-se os serviços subsidiários de natureza assistencial para o povo em geral, sem distinção de espécie alguma. A Fundação está isenta da tributação do imposto de renda e da contribuição social de acordo com a Lei nº 9.532/97, que

estabelece no seu art. 15, que a Fundação deverá reunir as seguintes condições, cumulativamente, para fazer jus a essa isenção: a. Não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; b. Aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; c. Manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão; d. Conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, assim como, a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial; e e. Apresentar, anualmente, a declaração de rendimentos. Todas as condições apresentadas são rigorosamente atendidas pela Instituição. 2 Base de preparação (a) Declaração de conformidade (com relação às normas IFRS e às normas do CPC) As demonstrações financeiras foram elaboradas de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. A presente demonstração financeira inclui dados não contábeis e dados contábeis como, operacionais, financeiros. (b) Base de mensuração As demonstrações financeiras foram preparadas com base no custo histórico com exceção pelos instrumentos financeiros mensurados pelo valor justo por meio do resultado. (c) Moeda funcional e moeda de apresentação Essas demonstrações financeiras são apresentadas em Real, que é a moeda funcional da Fundação e atualmente usada no país. (d) Uso de estimativas e julgamentos A preparação das demonstrações financeiras da Fundação requer que a Administração faça julgamentos e estimativas e adote premissas que afetam os valores apresentados de receitas, despesas, ativos e passivos, bem como as divulgações de passivos contingentes, na data-base das demonstrações financeiras. Estimativas e premissas são revistas de maneira contínua. Revisões com relação a estimativas contábeis são reconhecidas no período em que as estimativas são revisadas e em quaisquer períodos futuros afetados. As informações sobre incertezas de premissas e estimativas que possuam um risco significativo de resultar em um ajuste material dentro do próximo exercício financeiro e julgamentos críticos referente às políticas contábeis adotadas que apresentam efeitos sobre os valores reconhecidos nas demonstrações financeiras estão incluídas nas seguintes notas explicativas: • Determinação da vida útil do ativo imobilizado (nota explicativa nº 8); O resultado das transações e informações quando da efetiva realização podem divergir dessas estimativas. 3 Principais políticas contábeis As políticas contábeis descritas em detalhes abaixo têm sido aplicadas de maneira consistente aos períodos apresentados nessas demonstrações financeiras. a.Transações em moeda estrangeira Transações em moeda estrangeira são convertidas para as respectivas moedas funcionais da Fundação pelas taxas de câmbio nas datas das transações. Ativos e passivos monetários denominados e apurados em moedas estrangeiras na data de apresentação são convertidos para a moeda funcional à taxa de câmbio apurada naquela data. O ganho ou perda cambial em itens monetários é a diferença entre o custo amortizado da moeda funcional no começo do período, ajustado por juros e pagamentos efetivos durante o período, e o custo amortizado em moeda estrangeira à taxa de câmbio no final do período de apresentação. b. Instrumentos financeiros Ativos financeiros não derivativos A Fundação reconhece os recebíveis e depósitos inicialmente na data em que foram originados. Todos os outros ativos financeiros são reconhecidos inicialmente na data da negociação na qual a Fundação se torna uma das partes das disposições contratuais do instrumento. A Fundação não reconhece um ativo financeiro quando os direitos contratuais aos fluxos de caixa do ativo expiram, ou quando a Fundação transfere os direitos ao recebimento dos fluxos de caixa contratuais dele em uma transação no qual essencialmente todos os riscos e benefícios da titularidade do ativo financeiro são transferidos. Eventual participação que seja criada ou retida pela Fundação nos ativos financeiros é reconhecida como um ativo ou passivo individual. Os ativos ou passivos financeiros são compensados e o valor líquido apresentado no balanço patrimonial quando, e somente quando, a Fundação tenha o direito legal de compensar os valores e tenha a intenção de liquidar em uma base líquida ou de realizar o ativo e liquidar o passivo simultaneamente. A Fundação tem os seguintes ativos financeiros não derivativos: ativos financeiros registrados pelo valor justo por meio do resultado e recebíveis. Ativos financeiros registrados pelo valor justo por meio do resultado Um ativo financeiro é classificado pelo valor justo por meio do resultado caso seja classificado como mantido para negociação e seja designado como tal no momento do reconhecimento inicial. Os ativos financeiros são designados pelo valor justo por meio do resultado se, e somente se a Fundação gerencia tais investimentos e toma decisões de compra e venda baseadas em seus valores justos de acordo com a gestão de riscos documentada e a estratégia de investimentos da Fundação. Os custos da transação, após o reconhecimento inicial, são reconhecidos no resultado como incorridos. Ativos financeiros registrados pelo valor justo por meio do resultado são medidos pelo valor justo, e mudanças no valor justo desses ativos são reconhecidas no resultado do exercício. Recebíveis Recebíveis são ativos financeiros com pagamentos fixos ou calculáveis que não são cotados no mercado ativo. Tais ativos são reconhecidos inicialmente pelo valor justo acrescido de quaisquer custos de transação atribuíveis. Após o reconhecimento inicial, os recebíveis são medidos pelo custo amortizado através do método dos juros efetivos, decrescidos de qualquer perda por redução ao valor recuperável. Os recebíveis abrangem caixa e equivalentes de caixa, contas a receber provenientes de prestação de serviços. Caixa e equivalentes de caixa Caixa e equivalentes de caixa abrangem saldos de caixa, bancos conta movimento e aplicações financeiras com vencimento original de três meses ou menos a partir da data da contratação, os quais são sujeitos a um risco insignificante de alteração no valor, e são utilizadas na quitação das obrigações de curto prazo. c. Passivos financeiros não derivativos A Fundação reconhece títulos de dívida emitidos e passivos subordinados inicialmente na data em que são originados. Todos os outros passivos financeiros são reconhecidos inicialmente na data de negociação na qual a Fundação se torna uma parte das disposições contratuais do instrumento. A Fundação baixa um passivo financeiro quando tem suas obrigações contratuais retirada, cancelada ou vencida. A Fundação tem os seguintes passivos financeiros não derivativos: empréstimos e financiamentos junto a instituições financeiras, fornecedores, e outras contas a pagar. Tais passivos financeiros são reconhecidos inicialmente pelo valor justo acrescido de quaisquer custos de transação atribuíveis. Após o reconhecimento inicial, esses passivos financeiros são medidos pelo custo amortizado através do método dos juros efetivos. Instrumentos financeiros derivativos A Fundação não possuía em 31 de dezembro de 2016 e 2015 nenhuma operação com instrumentos financeiros derivativos, incluindo operações de hedge. d. Contas a receber rádio Representam, basicamente, os créditos em aberto dos serviços prestados pela Rádio 9 de Julho, conforme demonstrado na nota explicativa nº 6. O reconhecimento do ajuste para créditos duvidosos foi constituído em montante considerado suficiente pela Administração para fazer face, a eventuais perdas na realização das negociações a receber e outros ativos a receber e é calculada levando-se em consideração os índices históricos de recuperação em suas diversas modalidades. Estes índices são revisados anualmente buscando uma melhor estimativa para a mensuração desses valores.. e. Passivo circulante e não circulante Os passivos circulantes e não circulantes são demonstrados pelos valores conhecidos ou calculáveis acrescidos, quando aplicável dos correspondentes encargos, variações monetárias e/ou cambiais incorridas até a data de levantamento do balanço patrimonial. f. Provisões Uma provisão é reconhecida no balanço patrimonial quando a Fundação possui uma obrigação legal ou constituída como resultado de um evento passado, e é provável que um recurso econômico seja requerido para saldar a obrigação. As provisões são registradas tendo como base as melhores estimativas, de escritórios jurídicos independentes, do risco envolvido. g. Imobilizado Reconhecimento e mensuração Itens do imobilizado são mensurados pelo custo histórico de aquisição ou construção, deduzido de depreciação acumulada e perdas de redução ao valor recuperável (impairment) acumuladas. Ganhos e perdas na alienação de um item do imobilizado são apurados pela comparação entre os recursos advindos da alienação com o valor contábil líquido do imobilizado e são reconhecidos em outras receitas/despesas operacionais no resultado. Depreciação A depreciação é calculada pelo método linear (da linha reta) sobre o valor depreciável, que é o custo de um ativo, deduzido do valor residual, ao longo de sua vida útil estimada. As vidas úteis estimadas para os períodos corrente e comparativo são as seguintes: Máquinas e equipamentos 10 anos Móveis e utensílios 10 anos Equipamentos de informática 5 anos Veículos 7 anos Aparelhos telefônicos 10 anos Instalações 10 anos Benfeitorias em imóveis de terceiros 5 anos h. Ativos intangíveis Ativos intangíveis com vida útil definida adquiridos separadamente são registrados ao custo, deduzido da amortização e das perdas por redução ao valor recuperável acumuladas. A amortização é reconhecida linearmente com base na vida útil estimada de dez anos. A vida útil estimada e o método de amortização são revisados no fim de cada exercício e o efeito de quaisquer mudanças nas estimativas é contabilizado prospectivamente. i. Benefícios de curto prazo a empregados Obrigações de benefícios de curto prazo a empregados são mensuradas em uma base não descontada e são incorridas como despesas conforme o serviço relacionado seja prestado.


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Fundação Metropolitana Paulista O passivo é reconhecido pelo valor esperado a ser pago, se a Fundação tem uma obrigação legal ou construtiva de pagar esse valor em função de serviço passado prestado pelo empregado, e a obrigação possa ser estimada de maneira confiável. j. Receita de serviços As receitas incluem as atividades de veiculação em rádio e publicação em jornal impresso, além da venda de assinaturas. As receitas são registradas no mês em que os serviços são prestados. k.Receitas e despesas financeiras As receitas financeiras abrangem receitas de juros sobre aplicações financeiras e juros sobre contas a receber. A receita de juros é reconhecida no resultado, através do método dos juros efetivos. As despesas financeiras abrangem tarifas bancárias, juros sobre empréstimos, juros e multas sobre passivos em abertos, descontos concedidos, entre outros. Os custos de empréstimo que não são diretamente atribuíveis à aquisição, construção ou produção de um ativo qualificável são mensurados no resultado através do método de juros efetivos. l. Demonstrações Financeiras comparativas As demonstrações financeiras do exercício findo em 31 de dezembro de 2015 servem para uma melhor comparabilidade com as demonstrações financeiras do exercício corrente. m. Reclassificações Alguns saldos de 2015 foram reclassificados para permitir a comparação com as demonstrações financeiras de 2016, sem impacto no resultado nem no patrimônio líquido de 2015. 4 Caixa e equivalentes de caixa 2016 2015 Descrição Caixa e bancos conta movimento 12.740,68 21.780,04 Aplicações financeiras (a) 633.047,81 507.100,99 645.788,49 528.881,03 (a) Essas aplicações possuem características de equivalentes de caixa em função de estarem em aplicações de curtíssimo prazo e livres de risco. 5 Aplicações financeiras 2016 2015 Descrição Aplicações financeiras - CDB 45.606,09 40.057,38 45.606,09 40.057,38 As aplicações financeiras referem-se a Certificado de Depósito Bancário (CDB), atualizados com base na variação do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), remuneradas a taxas que variam entre 92% e 99% do CDI para os períodos abrangidos por estas demonstrações financeiras. 6 Contas a receber (rádio)

2016

2015

Descrição Contas Provisão Contas Provisão a receber para perdas Líquido a receber para perdas Líquido Rádio 9 de Julho 285.227,37 (119.559,56) 165.667,81 334.927,78 (113.031,56) 221.896,22 O saldo de contas a receber de clientes representa os créditos em aberto dos serviços prestados pela Rádio 9 de Julho. 7 Adiantamentos concedidos 2016 2015 Adiantamentos de férias(a) 13.807,00 3.118,35 Empréstimos a funcionários - 2.800,00 Adiantamentos a fornecedores 500,00 14.667,42 14.307,00 20.585,77 (a) Referem-se a adiantamentos concedidos a funcionários da Fundação. Esses valores serão objeto de descontos nos pagamentos no mês posterior. 8 Imobilizado 2016 2015 Tx. Média de Custo de Depreciação/ Valor Valor Depreciação Aquisição Acumulada Residual Residual % a.a. Máquinas e equipamentos 10,00% 443.737,43 (211.322,71) 232.414,72 255.165,40 Móveis e utensílios 10,00% 67.995,12 (32.260,29) 35.734,83 21.947,41 Equipamentos de informática 20,00% 135.540,32 (92.496,32) 43.044,00 39.576,03 Veículos 14,30% 26.984,55 (10.793,86) 16.190,69 17.218,69 Aparelhos telefônicos 10,00% 3.343,27 (3.343,27) - 153,48 Instalações 10,00% 42.696,51 (42.696,51) - Benfeitorias em imóveis de terceiros 10,00% 219.500,00 (21.218,35) 198.281,65 86.922,00 Total 939.797,20 (414.131,31) 525.665,89 420.983,01 9

Intangível

Descrição Sistemas Aplicativos Marcas e Patentes Total

2016

Tx. Média de Custo de Amortização Valor Amortização Aquisição Acumulada Residual % a.a. 10,0% 31.898,54 (8.677,75) 23.220,79 959,00 959,00 32.857,54

(8.677,75)

10 Obrigações trabalhistas e sociais Salários a pagar Férias e encargos a pagar INSS sobre a folha de pagamento a recolher FGTS a recolher PIS sobre a folha de pagamento a recolher Contribuição sindical/assistencial a pagar 11 Fornecedores Fornecedores Referem-se aos fornecedores de materias, serviços e autonomos.

24.179,79

2015

Valor Residual

26.410,63

959,00 27.369,63

2016 86.222,27 213.045,69 37.495,95 12.393,54 3.456,71 497,92 353.112,08

2015 77.047,83 184.415,66 37.827,55 11.770,27 3.595,76 575,18 315.232,25

2016 37.544,15 37.544,15

2015 29.684,14 29.684,14

12 Saldo bancário a descoberto Instituição financeira Natureza Garantia Tx.de juros Banco Bradesco S.A Capital de Giro - 16,08% a.a. Passivo circulante Passivo não circulante

2016 91.744,91 91.744,91 -

2015 -

13 Patrimônio líquido O patrimônio social da Fundação, no motante de R$ 160.747,27, conforme escritura de alteração e consolidação dos estatutos da Fundação registrado, microfilmado e digitalizado no 3º Oficial de Registro de Títulos e Documentos Civil de Pessoa Jurídica, sob o nº 481.831, em 07 de abril de 2004. 14 Receitas operacionais líquidas Receita da Rádio 9 de Julho Receita do Jornal O São Paulo Receitas imobiliárias Donativos e auxílios

2016 2.314.120,01 1.541.268,06 420.200,00 1.077.057,86 5.352.645,93

15 Custos de serviços prestados (Jornal e Rádio) Correios e malotes Impressões Combustíveis Propaganda e publicidade Brindes Viagens e representações Comissões sobre vendas Outros custos com serviços

2016 (128.249,49) (825.425,00) (32.791,30) (161.550,34) (25.946,00) (9.965,75) (1.240,00) - (1.185.167,88)

16 Despesas com pessoal Salário e ordenados Encargos sociais Benefícios sociais Férias 13º Salário Côngruas Rescisão contratual Outras despesas com pessoal

2016 (1.087.411,85) (444.773,51) (295.497,85) (131.951,25) (103.650,16) (90.360,00) (16.394,13) (23.263,31) (2.193.302,06)

17 Despesas gerais e administrativas 2016 Direitos autorais (590.412,94) Energia elétrica (499.631,03) Telecomunicações (75.644,34) Brindes e presentes (7.016,59) Alimentação (24.544,75) Locação de Máquinas e Equipamentos (26.600,00) Utilidade copa e cozinha (14.683,39) Seguros (11.627,88) Materiais de informática (4.080,00) Condução (5.973,81) Material de escritório (15.025,39) Donativos e auxílios (5.448,00) Festividades e Homenagens (729,78) Bens de natureza permanente (3.560,16) Outras despesas administrativas (27.658,68) (1.312.636,74) 18 Despesas com serviços Serviços prestados – Pessoa jurídica Serviços prestados – Pessoa física 19 Despesas com manutenção Manutenção de máquinas e equipamentos Material de limpeza

2015 2.170.001,39 1.446.865,57 420.000,00 1.008.135,34 5.045.002,30 2015 (124.795,82) (695.052,00) (32.357,21) (111.942,32) (23.435,73) (3.318,42) (4.690,00) (2.567,40) (998.158,90) 2015 (999.661,69) (429.500,42) (267.884,41) (121.259,74) (92.146,95) (58.312,00) (13.617,84) (71.390,45) (2.053.773,50) 2015 Reclassificado (547.286,02) (526.504,40) (74.310,86) (36.854,84) (25.706,30) (17.813,00) (13.229,54) (10.423,51) (8.966,80) (7.478,73) (7.192,81) (7.131,86) (6.249,50) (2.140,36) (24.081,52) (1.315.370,05)

2016 (110.933,46) (134.268,28) (245.201,74)

2015 (188.737,50) (174.439,01) (363.176,51)

2016 2015 (127.359,93) (134.919,99) (3.691,29) (2.260,37) (131.051,22) (137.180,36)

20 Receitas financeiras Juros sobre aplicações financeiras Outras receitas financeiras

2016 14.067,39 11,12 14.078,51

2015 13.225,66 976,47 14.202,13

21 Despesas financeiras Gerais de cobrança Impostos s/ rendimentos de aplicação financeira Outras despesas financeiras

2016 (194.607,25) (1.829,11) (1.670,66) (198.107,02)

2015 (208.455,01) (1.952,31) (1.520,38) (211.927,70)

22 Cobertura de seguros A Fundação adota a política de contratar cobertura de seguros para os bens sujeitos a riscos por montantes considerados suficientes para cobrir eventuais sinistros, considerando a natureza de sua atividade.

Padre João Julio Farias Junior Diretor Geral

Edivaldo Batista da Silva Contador - CRC 1SP212622/O-2

Fé e Cultura

Nas trevas Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

No folheto paroquial de Bourg-la-Reine (França) de dezembro de 1917, lê-se: “Dentre todos os mortos dos quais anunciamos os funerais, que nos seja permitido uma menção particular de Léon Bloy, escritor de pena potente e original, que deixa grande número de obras. Outros falarão de sua impetuosidade polêmica, das qualidades do seu estilo que o faziam admirado pelos letrados, até mesmo por seus adversários. Nós falamos do cristão de convicção que vimos todos os dias à Santa Mesa até o momento em que, vencido pela doença, não pôde mais sair de casa. Ele tinha muitos ami-

gos convertidos; um deles me disse no dia seguinte ao seu velório: ‘Somos muitos os que, graças a ele, retornamos de longe (à fé)’. Se houve algum exagero e violência em sua linguagem, Deus terá em conta todo o bem que ele quis fazer e todo o bem que ele fez”. Léon Bloy escreveu o livro “Nas trevas” não muito antes de sua morte, em 1917. Ele foi publicado postumamente no ano seguinte. Nele estão contidas algumas reflexões espirituais sobre o mundo de sua época, boa parte das quais permanece muito pertinente ainda hoje. Algumas foram proféticas, se considerarmos a segunda guerra mundial e os regimes totalitários do século XX. Ficha técnica: Autor: Léon Bloy Editora: Ecclesiae

O homem que não vendeu sua alma

Em 1534, o rei Henrique VIII exigiu que seus súditos lhe jurassem fidelidade não apenas como rei, mas também como cabeça da Igreja na Inglaterra, rejeitando, assim, a autoridade espiritual do Papa. Henrique VIII também queria que todos reconhecessem sua união com Ana Bolena como legítima, o que, na prática, significaria o reconhecimento do divórcio com sua primeira esposa. A grande maioria dos que foram chamados a proferir esse juramento solene obedeceu. São Tomás Moro, no entanto, decidiu não obedecer, sabendo que sua resistência poderia lhe custar a vida. Ele foi executado no dia 6 de julho de 1535 e foi canonizado pela Igreja Católica como mártir.

O filme “O homem que não vendeu sua alma” (1966) conta a história de Tomás Moro, sua vida como chanceler, como lidou com o divórcio de Henrique VIII, como se manteve fiel ao rei na medida do possível, sem violar sua consciência moral em nenhum momento, e como sua fidelidade a Deus e à Igreja acima de tudo lhe custaram a vida, que ele ofereceu de bom grado. Pouco antes de ser decapitado, São Tomás Moro perdoou seu carrasco e disse: “Eu morro como um fiel servidor de sua Majestade, mas Deus vem primeiro”. O filme é um verdadeiro clássico, com Paul Scofield no papel principal e Robert Shaw como rei da Inglaterra. (FD)


7 a 13 de junho de 2017 | www.arquisp.org.br

Luciney Martins/O SÃO PAULO

24 | Geral |

Pentecostes, a festa do ‘Espírito da juventude’ da Igreja Cardeal Scherer presidiu missa na catedral da sé, com participação de crismandos da Arquidiocese Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

A Arquidiocese de São Paulo celebrou a Solenidade de Pentecostes no domingo, 4, reunindo os adolescentes e jovens crismandos das suas paróquias e comunidades para a tradicional missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, na Catedral da Sé. Este ano, por ocasião do Ano Mariano Nacional, o evento realizado pelo Setor Juventude da Arquidiocese de São Paulo (Sejusp) começou com uma procissão com a imagem de Nossa Senhora Aparecida pelas ruas do centro da cidade. Com cantos e louvores, a juventude comemorou os 300 anos do encontro da imagem da Padroeira do Brasil. Também participaram da celebração jovens estudantes dos colégios Marista Arquidiocesano e Marista Glória, por ocasião das comemorações dos 200 anos de fundação do Instituto Marista, e 120 anos de presença em São Paulo. Na missa, durante a Sequência de Pentecostes (cântico que invoca o Espírito Santo), jovens representantes de movimentos e novas comunidades entraram na Catedral com tochas simbolizando os sete dons do Espírito Santo – sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus.

Eterna juventude Na homilia, Dom Odilo afirmou que o Espírito Santo é o espírito da juventude da Igreja. “A ele nós sempre recorremos, pedindo que renove a face da

Terra. A Igreja proclama que o Espírito Santo faz novas todas as coisas. O Espírito da eterna juventude que, na Igreja, nos conduz sempre a novas expressões e atitudes de fé”, disse. O Cardeal recordou ainda que o dia de Pentecostes lembra o início da Igreja, quando os apóstolos, reunidos com a Virgem Maria no Cenáculo de Jerusalém, receberam o Espírito Santo. “Os apóstolos, que eram tímidos e medrosos, saíram a anunciar o Evangelho com toda a coragem, a darem o testemunho de Jesus. E com a força do Espírito Santo, a palavra deles tocava os corações e conseguia converter muitas pessoas a Cristo”. Dom Odilo salientou que a missão que Jesus recomendou aos apóstolos ainda continua por meio da Igreja e precisa ser anunciada a todos os povos. “Há muitas pessoas no mundo que nunca ouviram falar de Jesus Cristo... E não só longe de nós. De repente, começamos a nos dar conta que também perto de nós muita gente nunca ouviu falar do Evangelho”. O Arcebispo afirmou que o Espírito Santo é a força que orienta e conduz

a Igreja, “é Deus que se dá a si mesmo para estar conosco para sempre, como Jesus prometeu”, disse. “O Espírito Santo nos ajuda a produzir bons frutos na vida pessoal de cada um e na vida do mundo. Quem tem o Espírito de Deus procura realizar o que é bom, justo, digno e honesto”, completou. Aos crismandos, o Cardeal explicou que a Crisma é “o sacramento, o dom do Espírito Santo para nós, para que o acolhamos e lhe sejamos fiéis e para que ele oriente nossa vida todos os dias na prática daquilo que é bom”. Usando uma expressão mais própria da juventude, Dom Odilo afirmou que o Espírito Santo os ajuda a permanecer sintonizados ou “plugados” em Deus, e recomendou que todos os dias invoquem sua força e inspiração. Dom Odilo também destacou a realização do Sínodo Arquidiocesano, que será convocado no próximo dia 15, com o objetivo de fazer uma grande avaliação, uma tomada nova de consciência sobre a missão da Igreja em São Paulo. “Vamos pedir muito ao Espírito Santo que ajude a renovar a vida em nossa Arquidiocese. Queremos nos

Padre José Roberto Pereira

Noite de vigília No sábado, 3, movimentos e novas comunidades da Arquidiocese de São Paulo participaram da Vigília de Pentecostes, presidida pelo Cardeal Odi-

lo Pedro Scherer na Catedral da Sé. Na mesma noite, em diversos setores pastorais, paróquias também reuniram os jovens para a celebração de vigílias.

colocar de maneira nova sob a ação de Deus para fazermos aquilo que Jesus continua dizendo para nós: ‘Vós sois as minhas testemunhas’”.

Expressão de unidade Ao saudar o Arcebispo em nome do Setor Juventude, Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese, vigário episcopal para a Educação e a Universidade e referencial para a Juventude, destacou que o evento reuniu grupos de jovens de todas as regiões episcopais, de novas comunidades e realidades eclesiais. “Todos vibrantes e unidos, viemos em procissão, trazendo Nossa Senhora Aparecida com muita alegria, rezando pela nossa cidade e por todas as autoridades que nela atuam”, afirmou. “Toda a força da nossa juventude está aqui. Podem contar conosco. Esses são jovens que estão comprometidos com a Igreja. São o futuro da nossa Arquidiocese”, acrescentou o Bispo. Lucas Monteiro Brito, 22, um dos coordenadores do Sejusp, explicou ao O SÃO PAULO que o organismo, responsável por articular as ações das pastorais, movimentos eclesiais e novas comunidades que atuam junto aos jovens, está aprendendo a trilhar o caminho da unidade em meio à diversidade de carismas e expressões. “É a unidade que fará com que a Igreja saia em missão e alcance a juventude que vive na cidade”. Claudia Ferreira Macedo, 13, é crismanda da Paróquia Espírito Santo, na Região Brasilândia, e participou pela primeira vez da celebração na Catedral. Ela contou à reportagem que foi uma experiência maravilhosa poder ter contato com muitos outros adolescentes e jovens na mesma caminhada e perceber que a Igreja em São Paulo é muito maior. “Eu não tinha ideia que existiam tantos grupos de jovens que buscam viver a sua fé na Igreja. Volto mais feliz para minha paróquia sabendo que não estamos sozinhos”.


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