O São Paulo - 3316

Page 1

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

www.arquisp.org.br |

ano 65 | Edição 3316 | 23 a 29 de setembro de 2020

Editorial O diálogo com Deus a partir da leitura da Bíblia e da oração

Página 4

Encontro com o Pastor

www.osaopaulo.org.br | R$ 2,00

Dom Ângelo Mezzari é ordenado bispo pelo Cardeal Scherer Adriana Silva/Comunicação do Santuário SCMJ

Bem-vindo, Dom Ângelo, para se integrar ao esforço comum da Igreja

Página 2

Espiritualidade São Pio de Pietrelcina, um santo sacerdote do nosso tempo

Página 5

Comportamento

Novas propostas tão fortes como um castelo de cartas de baralho

Página 7

Liturgia e Vida Não é sincera a religiosidade sem a prática cotidiana da vontade de Deus

Página 15

Pessoas com deficiência vivem o desafio de uma comunicação acessível A pandemia evidenciou que a acessibilidade das pessoas com deficiência não diz respeito apenas à mobilidade, mas também à comunicação, apesar de já existirem muitos recursos e linguagens disponíveis. Páginas 8 e 9

Pais e instituições educativas buscam igualdade de acesso ao Fundeb Proposta de regulamentação limita que escolas comunitárias, confessionais e filantrópicas pleiteiem verbas deste fundo público apenas para a educação infantil. Página 11

Santa Dulce será padroeira de nova paróquia na periferia de São Paulo Localizada no Jardim Felicidade, na zona Norte, a Paróquia Santa Dulce dos Pobres será erigida no sábado, 26, às 18h, em missa presidida pelo Cardeal Scherer. Página 16

Dom Ângelo Mezzari recebe a ordenação episcopal pela imposição das mãos do Cardeal Odilo Scherer, no sábado, 19, na Diocese de Criciúma

Pela imposição das mãos do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, o Monsenhor Ângelo Ademir Mezzari foi ordenado bispo no sábado, 19, no Santuário Sagrado Coração Misericordioso de Jesus, em Içara (SC), na Diocese de Criciúma. Dom Odilo ressaltou que o novo bispo se une ao colégio episcopal para receber e compartilhar a missão dada por Jesus aos apóstolos.

“Desejo viver pessoalmente esta graça que transforma a minha vida, muda a minha existência e me coloca em movimento, faz com que eu me doe ainda mais por causa de Jesus Cristo e seu Evangelho, a serviço do Reino de Deus”, expressou Dom Ângelo, que tomará posse do ofício de Bispo Auxiliar da Arquidiocese, em 4 de outubro, às 11h, na Catedral da Sé. Página 13


2 | Encontro com o Pastor | 23 a 29 de setembro de 2020 |

cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

N

o dia 19 de setembro, Dom Ângelo Ademir Mezzari, nomeado pelo Papa Francisco como Bispo da sede titular de Florentino e Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, recebeu a ordenação episcopal no Santuário do Sagrado Coração Misericordioso de Jesus, em Içara, na Diocese de Criciúma (SC). Ele nasceu naquela diocese, perto de Forquilhinha, e lá vivem ainda sua mãe, irmãos e familiares. O pai, Antônio Mezzari, faleceu em 2010; mas a mãe, Maria Etelvina, acompanhou, emocionada, a ordenação episcopal do filho. Dom Ângelo vem de família simples, muito religiosa e trabalhadora. Desde menino, quis ser padre e recebeu a formação religiosa e sacerdotal nos seminários da Congregação dos Rogacionistas do Sagrado Coração. Como religioso e sacerdote dessa Con-

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Bem-vindo, Dom Ângelo! gregação, serviu a Igreja em Curitiba (PR), São Paulo (SP) e Bauru (SP), desempenhando também as responsabilidades de formador dos candidatos rogacionistas, Superior Provincial e Superior-Geral da sua Congregação. Assessorou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em muitas iniciativas vocacionais, como é próprio do carisma de sua Congregação. Dom Ângelo será acolhido na Arquidiocese de São Paulo e tomará posse do seu cargo de bispo auxiliar no dia 4 de outubro, na Catedral Metropolitana da Sé, na missa das 11h. A partir daí, ele vai se integrar plenamente ao serviço da Igreja em São Paulo, como Vigário-Geral e Episcopal para a Região Ipiranga e assumirá também outros encargos pastorais em âmbito arquidiocesano, assim como fazem os demais bispos auxiliares. Com o Arcebispo e os outros seis bispos auxiliares, o clero, religiosos e religiosas e as lideranças leigas, a Arquidiocese de São Paulo inteira é chamada a seguir no testemunho do Evangelho do Reino de Deus nesta imensa e amada cidade de São Paulo, con-

forme o dom que cada um recebeu. De maneira especial, queremos prosseguir nosso caminho sinodal, momentaneamente suspenso por causa da pandemia de COVID-19, mas que será retomado assim que for possível. Temos pela frente a assembleia sinodal arquidiocesana, para a elaboração das propostas e diretrizes do sínodo para o período pós-sinodal. Atentos àquilo que o Espírito Santo diz à nossa Igreja em São Paulo, prosseguiremos no “caminho de comunhão, conversão e renovação missionária” em nossa Arquidiocese, para sermos, conforme a missão dada por Cristo à Igreja inteira, testemunhas de Deus nesta cidade. Dom Ângelo traz consigo uma rica experiência de trabalho vocacional, como é próprio do carisma de sua Congregação Rogacionista. Seu lema episcopal, “Rogate ergo” (“Pedi, pois, ao Senhor da messe, que envie operários à sua messe”, Mt 9,38), nos recorda a ordem de Jesus dada aos discípulos para pedir a Deus o envio de trabalhadores na obra do Reino de Deus. A vida e a missão da Igreja chamam em causa o trabalho de muitas pes-

soas, dispostas a se dedicar com amor à missão e ao trabalho da Igreja. O sínodo arquidiocesano nos recorda que a Igreja é uma comunhão de bens espirituais, que recebemos da mão misericordiosa de Deus. A Igreja, no entanto, também é missão, que requer a participação generosa de todos os seus membros. Na Igreja, todos são chamados a ser “operários da vinha do Senhor” (cf. Mt 20,1). Seja, pois, bem-vindo a São Paulo, Dom Ângelo, para se integrar, como “operário especializado e qualificado”, neste esforço comum de toda a nossa Igreja. Somos gratos ao Papa Francisco que o escolheu e enviou! Agradecemos à sua Congregação, que o preparou para esse novo e grande serviço ao povo de Deus. Pedimos que Deus recompense a sua família, que o entregou à Igreja, ainda em tenra idade, e o acompanhou em todo o seu caminho religioso. Muito gratos somos a você, por ter aceitado servir esta amada Igreja em São Paulo conosco e os demais bispos auxiliares e o clero, dedicado às muitas missões desta Arquidiocese. Bem-vindo, Dom Ângelo!

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa e online em www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator-chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Padre Bruno Muta Vivas e Fernando Geronazzo • Auxiliar de Redação: Flavio Rogério Lopes • Revisão: Padre José Ferreira Filho e Sueli Dal Belo • Opinião e Fé e Cidadania: Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP • Fotografia: Luciney Martins • Administração e Assinaturas: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Jenniffer Silva • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação: Rua Manuel de Arzão, 85 - Vila Albertina - 02730-030 • São Paulo - SP - Brasil • Fone: (11) 3932-3739 - ramal 222• Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 2,00 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 23 a 29 de setembro de 2020 | Geral/Atos da Cúria | 3

Seminário Redemptoris Mater São Paulo Apóstolo comemora dez anos de aprovação Seminário Redemptoris Mater

CAMINHO NEOCATECUMENAL “Há que se fazer das coO Cardeal Odilo Pedro munidades cristãs como a Sagrada Família de Nazaré, que Scherer, Arcebispo de São Paulo, vivam em humildade, simpresidiu, no dia 16, a missa pelos plicidade e louvor. O outro é 10 anos de aprovação do Seminário Missionário ArquidioceCristo.” Essa foi a inspiração sano Internacional Redemptoris que o pintor espanhol Francisco Gómez Argüello (Kiko) Mater São Paulo Apóstolo, no recebeu de Nossa Senhora Jaraguá, zona Noroeste da capital. para fundar, em 1964, o Caminho Neocatecumenal, nas A Eucaristia foi concelebrada pelos padres formadores, favelas de Palomeras Altas, dentre os quais, o Reitor do Seem Madri, na Espanha, junminário, Padre José Francisco to com a catequista Carmen Vitta. Hernández. Os seminários missionários Cardeal Scherer, Arcebispo Metropolitano, preside missa no Seminário Redemptoris Mater São Paulo Apóstolo Inspirados pelas renovações trazidas pelo Concílio Redemptoris Mater foram idevivência pastoral nas paróquias como Vaticano II, o Caminho consiste em alizados por São João Paulo II na década que também os seculares, isto é, aqueles diáconos e dois anos na diocese como um itinerário de formação católica para de 1990 e estão presentes em vários paíque estão vinculados a uma diocese ou ses, sob a orientação do Caminho Neopresbíteros, antes de serem enviados em adultos que tem como objetivo redesarquidiocese, sem pertencer a uma concatecumenal, com o objetivo de formar gregação ou instituto de vida religiosa cobrir as riquezas do Batismo. Por essa missão, sobretudo para os lugares onde padres diocesanos para as missões. consagrada, devem desempenhar a dirazão, possui esse nome, pois tem como seu movimento de origem está presente. mensão missionária. “Essa é a vocação do Embora tenha sido instituído canoniinspiração o processo de preparação Esses sacerdotes também ficam à dispocamente em 2011, o Redemptoris Mater sição da Igreja Particular para atuar em Seminário Redemptoris Mater e de vocês para o Batismo na Igreja primitiva, chamado de catecumenato. de São Paulo foi aprovado em 15 de serealidades de urgência pastoral. que estão se preparando para ser padres tembro de 2010, sendo o segundo a ser Faz parte da natureza do Caminho Na homilia, o Arcebispo ressaltou que missionários na própria diocese ou para instalado no Brasil, depois do localizado Neocatecumenal a dimensão missioo serviço missionário não deve ser visto além dela, onde a Igreja precisa, clama por nária, pois suas famílias são chamadas em Brasília (DF). como um “departamento à parte” na vida ajuda missionária onde existe necessidade”, exortou o Cardeal aos seminaristas. a implantar a Igreja onde ela ainda não da Igreja, do qual apenas alguns devem se FORMAÇÃO Por fim, Dom Odilo renovou o deexiste. Por isso, o movimento conta ocupar, enquanto os demais não precisaOs candidatos desse seminário são riam pensar em ser missionários. “Todo sejo que deu origem a esse seminário: com famílias nas missões ad gentes em vocacionados provenientes de comunicristão é missionário a partir do Batismo, contribuir na formação de um clero cidades que não são tradicionalmente dades do Caminho Neocatecumenal e mesmo quando não parte para terras dismissionário na grande metrópole, para cristãs. Hoje, existem no mundo 125 tantes, é missionário pela própria razão de recebem a mesma formação teológica que, no futuro, “possamos enviar muiseminários diocesanos missionários Retos sacerdotes diocesanos para missões demptoris Mater. ser cristão”, sublinhou. de outras casas de formação diocesanas. Em seguida, realizam um ano de (Colaborou: Jenniffer Silva) em outras partes do mundo”. Por essa razão, Dom Odilo sublinhou Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

A Igreja Católica é apostólica, está assentada no testemunho dos apóstolos Daniel Gomes

osaopaulo@uol.com.br

O programa “Diálogos de Fé”, do domingo, 20, veiculado pela rádio 9 de Julho e pelas mídias sociais da Arquidiocese de São Paulo, foi feito pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer diretamente de Içara (SC), na Diocese de Criciúma, onde, no dia anterior, o Arcebispo Metropolitano de São Paulo presidiu a missa de ordenação episcopal de Dom Ângelo Ademir Mezzari, nomeado Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo pelo Papa Francisco (leia mais na página 13). Dom Ângelo tomará posse do ofício em

missa na Catedral da Sé, em 4 de outubro, às 11h. Dom Odilo ressaltou que a ordenação de um bispo é um momento da graça de Deus, pois se recorda que a Igreja Católica é apostólica, está fixada no testemunho dos apóstolos, dos quais os bispos são sucessores, unidos ao Papa. O Arcebispo lembrou que todo bispo católico é nomeado pelo Sumo Pontífice e que a cerimônia de ordenação é feita por, ao menos, três bispos católicos que impõem as mãos sobre aquele que será ordenado. A ordenação de Dom Ângelo no Santuário Sagrado Coração Misericordioso

de Jesus, em Içara, aconteceu seguindo todos os protocolos sanitários recomendados diante da atual pandemia de COVID-19. No programa do domingo, Dom Odilo lembrou que os cuidados preventivos ao novo coronavírus precisam ser mantidos pelas pessoas: “Se não cuidarmos da própria saúde, colocaremos em risco a saúde dos outros”. O Arcebispo de São Paulo falou, ainda, sobre o Evangelho do 25º Domingo do Tempo Comum (Mt 20,1-16a), em que Jesus conta a seus discípulos a parábola do patrão que paga a todas as pessoas que contratou um mesmo valor, independentemente do horário em

que começaram a trabalhar, após terem sido por ele convidados. Dom Odilo lembrou que, nesta passagem, Jesus ensina que “Deus nos dá conforme sua generosidade, e não por nossos méritos. Não temos nada o que reclamar se Ele é generoso para com todos”. “Devemos confiar na providência divina, trabalhar com generosidade e alegria, pois o certo é que Deus recompensa muito mais do que nós esperamos”, disse o Arcebispo. A íntegra do programa do último domingo pode ser vista neste link: https://cutt.ly/bfLZz4j (Colaborou: Flavio Rogério Lopes)

Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL: Em 09/09/2020, foi nomeado e provisionado Administrador Paroquial, “ad nutum episcopi”, da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no bairro de Pirituba, na Região Episcopal Brasilândia, o Reveren-

díssimo Padre Maycon Wesley da Silva. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL: Em 09/09/2020, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial, “ad nutum episcopi”, da Paróquia Nossa Senhora Mãe de Jesus, no bairro Jardim Celeste,

na Região Episcopal Ipiranga, o Reverendíssimo Padre José Maria Leite Barbosa, SJS. POSSE CANÔNICA: Em 23/08/2020, foi dada a posse canônica como Pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro Vila Anglo, na Região Episcopal Lapa, ao Re-

verendíssimo Padre José Donizetti Fiel Rolim de Oliveira. Em 09/09/2020, foi dada a posse canônica como Administrador Paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no bairro de Pirituba, na Região Episcopal Brasilândia, ao Reverendíssimo Padre Maycon Wesley da Silva.


4 | Ponto de Vista | 23 a 29 de setembro de 2020 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Editorial

Fala, Senhor, que teu servo escuta!

E

m nossos tempos, subsiste ainda, em muitas pessoas, a ideia de que o hábito de ler a Bíblia “é coisa de protestante, não de católico”. Trata-se, é claro, de um estereótipo bastante inadequado. Na verdade, a Igreja, já desde seus primórdios, venerava as Sagradas Escrituras: diante das perseguições do Império Romano, muitos católicos pagaram com a própria vida, tornando-se, assim, mártires, por sua recusa em entregar os manuscritos sagrados para serem queimados. Sempre havia, também, a consciência acerca dos frutos espirituais da leitura orante e assídua da Bíblia. Em sua troca de correspondências, São Jerônimo († 420) recomendava a seu amigo Eustóquio a meditação assídua da Palavra, de modo a que “o sono o encontrasse com a Bíblia nas mãos, e que sua cabeça, quando cedesse ao sono, descansasse na página sagrada”. O mesmo São Jerônimo escrevia à mãe cristã Leta que todo dia tomasse de sua filha um relato sobre sua leitura bí-

blica: a menina deveria estudar primeiro os Salmos e aproveitar suas melodias; depois ler os Provérbios e o Eclesiastes, para aprender sobre sabedoria; e a história de Jó, sobre a paciência. Na sequência, deveria passar aos Evangelhos – os quais desde então permaneceriam sempre em suas leituras diárias – e ao restante do Novo Testamento. Apenas depois de conhecer bem este tesouro é que se deveria passar a ler o restante do Antigo Testamento: a Lei e os Profetas (cf. encíclica Spiritus paraclitus, 41-43, do Papa Bento XV). É verdade, porém, que já houve, na história da Igreja, algumas heresias surgidas de uma leitura apressada das Escrituras e desvinculada do ensinamento dos apóstolos. E não nos referimos apenas ao protestantismo: séculos antes de Lutero (1483-1546), a Bíblia já desde o século XIII vinha sendo abusada pelos cátaros, pelos valdenses e pelos lolardos, para justificar todo tipo de erro, a partir de traduções tendenciosas para os idiomas vernáculos. Em tais contextos, foram

adotadas algumas cautelas com relação à circulação dessas traduções não autorizadas da Escritura – pois a lei suprema da Igreja é a salvação das almas, colocada em perigo por estas correntes heréticas. De todo modo, quem desejar se aprofundar nos motivos pelos quais os princípios protestantes da livre interpretação e do Sola Scriptura não encontram apoio na história da Igreja e no ensinamento dos apóstolos pode consultar o saboroso livro “Todos os caminhos levam a Roma”, no qual o ex-pastor presbiteriano Scott Hahn conta a história de sua conversão ao catolicismo a partir de um estudo aprofundado da própria Escritura. O cisma protestante, no entanto, já aconteceu há muito tempo, e no último século a Igreja tem cada vez mais “exortado os fiéis a ler diariamente os Evangelhos, os Atos e as Epístolas, para deles extrair alimento da alma” (Spiritus paraclitus, 43). Em 1943, o Papa Pio XII nos lembrou da gratidão que devemos ter à “amorosíssima Providência de Deus, que do trono da sua

majestade nos mandou esses livros como cartas do Pai celeste aos próprios filhos” (encíclica Divino afflante Spiritu, 13). E o Concílio Vaticano II “exorta com ardor e insistência todos os fiéis (...) a que aprendam ‘a sublime ciência de Jesus Cristo’ (Fl 3,8) com a leitura frequente das divinas Escrituras”. O mesmo Concílio adverte, porém, que “a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada de oração, para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem; porque ‘a Ele falamos, quando rezamos, a Ele ouvimos, quando lemos os divinos oráculos’” (Dei verbum, 25). Para quem ainda não tem acesso a um bom curso de estudos bíblicos, um jeito simples e tradicional de tomar mais contato com a Bíblia é ler os quatro evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), um capítulo por dia, separando 10 ou 15 minutos para uma leitura meditada. Leiamos, pois, a Escritura, e digamos a Jesus “Loquere, Domine, quia audit servus tuus” – “Fala, Senhor, que teu servo escuta!” (1Sm 3,9).

Opinião

A encíclica Humanae vitae, de São Paulo VI, nos dias de hoje Arte: Sergio Ricciuto Conte

Renato Rua de Almeida Na encíclica Humanae vitae, publicada em 1968, São Paulo VI tratou da paternidade responsável, da abstinência da relação sexual entre os cônjuges durante o período fértil da mulher e dos métodos naturais de regulação da natalidade moralmente admissíveis pela Igreja Católica. Na ocasião, essa encíclica se mostrou muito controversa. Hoje, 52 anos depois de sua publicação, pode-se dizer que São Paulo VI agiu providencialmente ao publicá-la, porque, com a evolução de novos métodos naturais de regulação da natalidade, ela é plenamente viável, constituindo-se para os casais católicos em um verdadeiro instrumento na vida sacramental do matrimônio cristão. A propósito da paternidade responsável dos cônjuges, o Papa Francisco afirmou na exortação apostólica Amoris laetitia (AL): “A encíclica Humanae vitae evidenciou o vínculo intrínseco entre amor conjugal e geração da vida, quando o amor conjugal requer dos esposos uma consciência da sua missão de paternidade responsável. (...) O exercício responsável da paternidade implica, portanto, que os cônjuges reconheçam plenamente os próprios deveres para com Deus, para consigo mesmos, para com a família, para com a sociedade, em justa hierarquia de valores” (AL, 68). Quanto à abstinência sexual no

período fértil da mulher, tendo em vista a paternidade responsável, São Paulo VI, na encíclica, diz ser a única forma que se coaduna com a natureza antropológica da relação sexual entre os cônjuges e com a dimensão sacramental do matrimônio cristão. A esse respeito, também afirma o Papa Francisco na exortação apostólica Amoris laetitia: “É preciso redescobrir a mensagem da encíclica Humanae vitae, de São Paulo VI, que sublinha a necessidade de respeitar a dignidade da pessoa na avalição moral dos métodos de regulação da natalidade” (AL, 82). O Catecismo da Igreja Católica (CIC) assim se expressa a respeito das

questões intimamente relacionadas à paternidade responsável e à abstinência sexual entre os esposos no período fértil da mulher: “Chamados a dar a vida, os esposos participam do poder criador e da paternidade de Deus (...), são cooperadores do amor de Deus criador e como que seus intérpretes. (...) Um aspecto particular dessa responsabilidade diz respeito à regulação da paternidade. (...) Segundo os critérios objetivos da moral” (CIC 2367-2368). Por fim, é preciso dizer algumas palavras sobre os métodos naturais que possibilitam aos cônjuges delimitar os dias infecundos, tendo em vista a paternidade responsável. Quando foi aprovada a encíclica Humanae vi-

tae, o método natural Ogino-Knaus era o mais conhecido para orientar os cônjuges na regulação da natalidade. Atendia bem a mulheres que tinham o ciclo menstrual regular, mas nem tanto às demais. Desde então, no entanto, houve grande evolução científica na descoberta de novos métodos naturais de regulação da natalidade, sendo mais conhecido o Método de Ovulação Billings (MOB), divulgado internacionalmente pela Organização Mundial do Método de Ovulação Billings (Woomb, na sigla em inglês) e cuja entidade representante oficial no Brasil é a Confederação Nacional de Planejamento Natural da Família (Cenplafam), mais conhecida como Cenplafam Woomb Brasil (outras informações em www.cenplafam.com. br), que assegura praticamente 100% de eficácia aos cônjuges, como critério objetivo da moralidade cristã na regulação da natalidade. O Método de Ovulação Billings teve grande impulso no Brasil a partir da adesão da Irmã Martha Silvia Bhering, religiosa pertencente às Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Descendente da família de Frei Galvão, ela atuou como enfermeira e obstetra ao atender mulheres pobres no Hospital São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e no Amparo Maternal. Renato Rua de Almeida é presidente do Instituto Jacques Maritain do Brasil.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.


| 23 a 29 de setembro de 2020 | Regiões Episcopais/Fé e Vida | 5

ipiranga

Fiéis festejam a padroeira da Paróquia Santa Cândida Daniele Santos

Daniele Santos

Pascom da Região Santana

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

No domingo, 20, foi celebrada a festa da padroeira da Paróquia Santa Cândida, com missas presididas pelos padres Anderson Marçal, Pároco, e João Gualberto, Vigário Paroquial, ambos membros da Comunidade Canção Nova. Uma novena preparatória foi realizada nos dias anteriores, e uma das missas foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, e outra por Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga. A cada missa, os fiéis receberam a bênção da saúde com as relíquias de Santa Cândida, padroeira das famílias e dos enfermos. Mesmo em meio à pandemia e com capacidade de público restrita, as celebrações litúrgicas contaram com presença significativa de muitos paroquianos e visitantes. “Foi uma experiência celeste podermos estar juntos na nossa Paróquia. Tudo superou as expectativas.

Padre Anderson Marçal preside missa na festa da padroeira da Paróquia Santa Cândida

Muitos paroquianos retornaram depois de seis meses de confinamento social”, afirmou o Padre Anderson Marçal. Além disso, coordenadores das pastorais e voluntários organizaram, junto com os padres, o drive-thru da Santa Cândida: aqueles que adquiriram seus

cupons puderam retirar no estacionamento da igreja matriz uma galinhada e uma feijoada. Foi um momento de confraternização que permitiu aos fiéis colaborar com a manutenção das obras da Paróquia.

[SANTANA] No sábado, 19, na Paróquia Nossa Senhora da Consolata, Setor Pastoral Imirim, pela imposição das mãos de Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, foi conferida a ordenação sacerdotal a Rodrigo Lopes de Araújo, pertencente à Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos). O Bispo, na homilia, lembrou que ser padre no mundo de hoje é uma missão muito desafiadora, mas que não é impossível vivê-la junto com o povo de Deus. Ele também exortou que o neossacerdote confie o seu ministério à Cruz de Cristo. (por Padre Salvador Armas)

Pascom da Região Santana

(Colaborou: Danusa Rego)

Setor Juventude promove diálogo on-line sobre racismo Matheus Pereira

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

O Setor Juventude da Região Episcopal Ipiranga realizou no sábado, 19, uma roda de conversa virtual sobre o racismo. O objetivo foi debater sobre como tal prática é manifestada na sociedade e de que formas, sob a luz do Evangelho, os cristãos podem contri-

buir para a superação dos males ocasionados pelas manifestações racistas. A roda de conversa foi mediada pela jovem Mariana Mariano, da Paróquia São José, Setor Pastoral Ipiranga. Participaram o Padre Valdenício Antônio da Silva, NDS, Pároco, e Elenice Salatiel, agente pastoral da Paróquia Nossa Senhora das Mercês, Setor Pastoral Anchieta. Após as exposições dos debate-

dores, os jovens puderam fazer perguntas e comentários complementares. A iniciativa deu início a uma série de debates e rodas de conversas virtuais que o Setor Juventude promoverá sobre diversos temas atuais na sociedade e na Igreja, a fim de que os jovens possam refletir sobre como exercer sua missão cristã na atualidade.

[SANTANA] No dia 15, Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu a missa solene na festa da padroeira da Paróquia Nossa Senhora das Dores, no bairro da Casa Verde. Concelebrou o Cônego Antônio Aparecido Pereira (Padre Cido), Pároco, e houve a participação do Diácono Francisco Donizete. (por Padre Salvador Armas)

Espiritualidade São Pio de Pietrelcina: a mensagem de um santo do nosso tempo Dom Carlos Lema Garcia

BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA REGIÃO IPIRANGA E VIGÁRIO EPISCOPAL PARA A EDUCAÇÃO E A UNIVERSIDADE

A

Igreja celebra, em 23 de setembro, a memória de São Pio de Pietrelcina, um santo sacerdote do nosso tempo, falecido em 1968 e canonizado em 2002. Mesmo sendo sempre um bom religioso, enfrentou durante a sua vida todo tipo de sofrimento: a perseguição dos colegas, as calúnias, a incompreensão por parte dos superiores e de autoridades da Igreja. Ao mesmo tempo, era um verdadeiro místico: em suas celebrações eucarísticas, tinha visões, entrava em êxtases. Além disso, tinha o dom de realizar milagres, fazer profecias, desvendar os corações dos penitentes que

se confessavam com ele. São João Paulo II, ainda como Bispo Auxiliar de Cracóvia, na Polônia, tinha veneração por ele e, por seu intermédio, conseguiu o milagre da cura do câncer de uma senhora polonesa. Outra característica surpreendente para um santo do nosso tempo: a presença dos estigmas nas mãos, nos pés e no peito, como sinal da sua identificação com as chagas de Cristo. Frei Raniero Cantalamessa, capuchinho como o Padre Pio, explica que os seus “estigmas não eram um troféu de glória, mas justa punição de Deus pelos pecados dos homens. Suscitavam-lhe pavor, não prazer. Era o que tinham sido para Jesus, na Cruz”. De fato, o Padre Pio nos ensinava que “o amor se conhece na dor” e dizia: “Nada desejo, exceto amar e sofrer”. O Padre Pio deixa uma mensagem muito importante para toda a Igreja: antes de tudo, o amor a Cristo crucificado e à Virgem Maria, que são os grandes amores que guiaram e orientaram toda a sua vida. Fazer a vontade de Deus, fazer aquilo que o Senhor quer, também quando o Senhor

quer. Queremos aprender deste santo sacerdote a demonstrar nosso amor a Jesus crucificado com a nossa disposição de abraçar as cruzes diárias, a não nos conformarmos em fazer o mínimo, porque o amor – tanto divino quanto humano – se manifesta na doação generosa de nós mesmos, na disposição de nos sacrificarmos por Deus e pelas pessoas. Como São Josemaría nos ensina, precisamos ter uma postura clara diante da presença da cruz em nossas vidas: “Há no ambiente uma espécie de medo à Cruz, à Cruz do Senhor. É porque começaram a chamar cruzes a todas as coisas desagradáveis que acontecem na vida, e não sabem levá-las com sentido de filhos de Deus, com visão sobrenatural. Até arrancam as cruzes que os nossos avós plantaram pelos caminhos... Na Paixão, a Cruz deixou de ser símbolo de castigo para se converter em sinal de vitória. A Cruz é o emblema do Redentor: in quo est salus, vita et resurrectio nostra – ali está a nossa saúde, a nossa vida e a nossa ressurreição” (Via Sacra, II, 5). A esse propósito, lembro-me da histó-

ria daquele rapaz que amava muito a sua namorada: trabalhava o dia inteiro e estudava à noite, com o propósito de juntar umas reservas para poder se casar com ela. Como não podia visitá-la todos os fins de semana, escrevia cartinhas de amor (eram tempos em que não havia a facilidade de hoje com o uso do celular com mensagens, áudios, vídeos etc.), em que declarava seu desejo de se casar e, por isso, explicava que não poderia vê-la como desejava, em razão das provas e trabalhos que devia realizar. Assim, as semanas foram-se passando e ele, na maior parte das vezes, somente podia enviar uma carta à namorada. Adiantando-nos ao final da história: a moça acabou se casando com o carteiro... porque, na prática, quem se sacrificava todas as semanas, com calor ou frio, sol ou chuva, para chegar à casa da moça, era o carteiro... Vamos tirar as nossas conclusões: aprender do exemplo dos santos a amar a Deus com todas as nossas forças, a abraçar a nossa cruz de cada dia, a não colocar condições em nosso amor ao próximo: assim será verdadeiro e sincero o nosso amor.


6 | Regiões Episcopais | 23 a 29 de setembro de 2020 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

belém

Centro Pastoral São José apoia ação solidária aos povos indígenas Fernando Arthur

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Diante da atual pandemia de COVID-19, famílias e comunidades indígenas têm ainda mais dificuldades para obter alimentos, produtos de limpeza e higiene. Nesse contexto, a Pastoral Indigenista da Arquidiocese de São Paulo e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) de São Paulo realizam uma campanha de solida-

riedade, para a arrecadação de doações destinadas aos povos indígenas. Desde março, mais de 400 famílias estão sendo acompanhadas mensalmente, e já foram arrecadadas mais de 10 toneladas de alimentos e produtos de limpeza e higiene. O Centro Pastoral São José, no Belém participa da iniciativa, sendo um dos espaços para armazenamento, organização e higienização das doações,

antes que sejam enviadas às famílias e comunidades indígenas. Doações para a campanha podem ser feitas pela seguinte conta bancária: Banco Bradesco: (Agência 0614 CC: 065070-6 - Pastoral lndigenista - Mitra Arquidiocesana de São Paulo - CNPJ: 63.089.825/0001-44). O envio do comprovante deve ser feito para o seguinte e-mail, pelo qual também é possível obter mais informações sobre a iniciativa: pastoralindigenista.sp@gmail.com. Anderson Caique

Missa pelos 70 anos do movimento da Mãe Peregrina no Brasil No sábado, 19, foi celebrada na Paróquia Imaculada Conceição a missa em ação de graças pelos 70 anos do movimento da Mãe Peregrina no Brasil. A missa, presidida pelo Padre Everton Augusto e concelebrada pelo Padre Lauro Wisnieski, teve a participação de representantes do movimento nos setores Conquista, São Mateus e Sapopemba. Na homilia, o Padre Everton recordou a inauguração do Santuário em Santa Maria (RS), onde surgiu a Campanha da Mãe Peregrina de

Schoenstatt, iniciada por João Luiz Pozzobon, em 10 de setembro de 1950. O Sacerdote ressaltou a importância do trabalho realizado pelos missionários nas famílias e quão significativa é a presença de Maria nos lares com o seu filho Jesus. Ao término da missa, Padre Lauro, recordando a celebração de Nossa Senhora das Dores, no dia 15, destacou que Maria permaneceu ao lado da cruz de Cristo, e Ele a todos recomendou que sejam fortes, firmes, tenham esperança e permaneçam em pé como a Virgem Santíssima, mesmo diante das dificuldades. (FA)

Padre Everton e participante do movimento com as capelinhas da imagem da Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt

Devotos comemoram Santa Ifigênia, a padroeira da moradia Reprodução da internet

Divulgação

Nos dois últimos domingos, dias 13 e 20, às 12h30, na Paróquia Nossa Senhora da Conceição – Santa Ifigênia, Setor Catedral, aconteceu a festa de Santa Ifigênia, a padroeira dos lares. No dia 13, houve a participação dos cantores líricos Ademilson dos Santos e Cris Henicka; e, no dia 20, foi realizado o concerto musical do Grupo de Metais e Percussão da Banda Filarmônica de São Paulo, apresentado pela pianista clássica Juliana D´Agostini. As duas apresentações aconteceram com pú[SÉ] No sábado, 19, a Pastoral do Menor promoveu uma reunião on-line com o grupo em formação na Paróquia Nossa Senhora da Consolação, para encaminhar o projeto de implantação da Pastoral na comunidade. A reunião foi organizada pela Irmã Josefa de Medeiros, Coordenadora da Pastoral na Região Sé.

blico presencial de, no máximo, 20% da capacidade da igreja, em razão das exigências e normas estabelecidas pela vigilância sanitária como consequência da atual pandemia de COVID-19. Após as missas presididas pelo Pároco, Padre Antônio Ruy Barbosa Mendes de Moraes, SSS, e pelo Vigário Paroquial, Padre José Regivaldo dos Passos, SSS, as apresentações foram transmitidas ao vivo pelas redes sociais da Paróquia. Durante a festa, alimentos foram arrecadados em prol das obras assistenciais da igreja. A arrecadação continua neste mês. Interessados em colaborar podem se informar pelo telefone (11) 3229-6706. Bianca Rabelo

(por Andréa Campos)

Saudável

Vida

Apresentação dos cantores líricos Ademilson dos Santos e Cris Henicka

POR PASCOM PAROQUIAL

ATENDIMENTO GRATUITO

AJUDA PSICOTERAPÊUTICA Você pode viver bem, ter vida saudável melhorando seu modo de ver a si mesmo, os outros e o mundo. O Dr. Bruno e o Dr. José darão a você ajuda continuada, indicando o caminho a seguir Os interessados devem comparecer as quartas-feiras, às 14h, nas instalações das paróquias:

Nossa Senhora da Assunção e São Paulo Pessoal Nipo-Brasileira de São Gonçalo Praça João Mendes 108, Tels. 3106-8110 e 3106-8119

[SANTANA] No dia 14, Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu missa na Capela Santa Cruz, da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, Setor Pastoral Jaçanã, por ocasião da Festa da Exaltação da Santa Cruz. Concelebraram os Padres Luís Molento, Pároco, e Claudir Costerano, MS. (por Padre Salvador Armas)


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 23 a 29 de setembro de 2020 | Regiões Episcopais/Viver Bem/Fé e Vida | 7

Lapa Paróquias do Setor Butantã realizam encontros on-line sobre a Bíblia Benigno Naveira

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO DA REGIÃO

Neste Mês da Bíblia, o livro da Sagrada Escritura escolhido para ser refletido é o do Deuteronômio. A sugestão da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é que a oração, a reflexão e os estudos sejam feitos em família ou em grupos de convivência – como amigos e colegas de trabalho – que te-

nham uma espiritualidade bíblica. Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, tem incentivado que as paróquias formem os grupos e realizem o estudo da Bíblia. Assim tem sido feito em duas paróquias do Setor Butantã semanalmente: na Santo Alberto Magno, cujo Pároco é o Padre Antonio Francisco Ribeiro, o estudo é aberto aos paroquianos por meio de um aplicativo para reuniões; e na Santa Maria Goretti, cujo Pároco é o

Padre Geraldo Evaristo Silva, o estudo se dá por meio de uma plataforma aberta ao público. A Pastoral da Comunicação Regional conversou com o Diácono Antônio Geraldo de Souza, que colabora nestas duas iniciativas. Ele disse que muitas pessoas se surpreendem com o livro do Deuteronômio, que pertence ao conjunto do Pentateuco e traz ensinamentos de como lidar com a natureza, com os animais e construir uma sociedade baseada na justiça e no direito.

Reprodução

[LAPA] No dia 14, o Diácono Permanente Antônio Geraldo de Souza, Coordenador da Caritas Núcleo Butantã Lapa, realizou uma reunião on-line com os agentes da Caritas e colaboradores, com a presença de Paulo Ramiceli e Maria Tiemi, coordenadores da Pascom Lapa. Na ocasião, houve o planejamento do 3° evento “Dia de Ação de Graças”, que será realizado em 8 de novembro. (por Benigno Naveira)

Comportamento Postura conservadora VALDIR REGINATO Recentemente, circulou a notícia de que os organizadores do Oscar, a maior premiação às produções da indústria cinematográfica, deixaram o seguinte recado: será exigido dos filmes que quiserem concorrer ao prêmio apresentar a participação de temas e/ou personagens, assim como membros da equipe de trabalho, que sejam representantes das minorias que compõem as “novas diversidades” de comportamentos da sociedade atual. Em outras palavras, deve-se aceitar, queira-se ou não, os novos “normais”. Uma exigência radical para o fim do chamado tradicional e conservador na arte do cinema (ou no planeta). Aos que estão acompanhando a evolução dos fatos, que acontecem nos quatro cantos do mundo, isso não é bem uma novidade. A História é o registro das transformações ao longo dos séculos. O que se verifica agora, entretanto, é a tentativa de banir toda e qualquer atividade que apresente uma manifestação vinculada aos valores fundamentais da civilização, quer no âmbito cultural, quer no moral, quer no religioso, e de modo particular os valores cristãos. É uma ruptura, uma explosão da essência, levando a crer que tudo o que sustentou as civilizações até agora foi um grande erro, que deve ser corrigido à luz da “nova sabedoria”. Concretamente, exemplifica-se como o fim das tradições; da aceitação inquestionável do comportamento de novos agrupamentos ditos “familiares”; da aprovação da morte antecipada, seja pelo aborto, seja pela eutanásia; da liberação sexual sem limites, inclusive com a descriminalização da pedofilia; e até o ponto da negação das diferenças de sexos, pela sua natureza, substituída pela ideologia de gênero. Vários desses itens já são uma realidade cotidiana em diversos lugares do mundo, e invadem um número maior de países, inclusive com valores cristãos, identificados em passado recente. Ser conservador se tornou sinônimo de obsoleto, anacrônico, ignorante e, até mesmo, anticientífico. Tudo o que está relacionado a modelos pétreos milenares e de referência se torna ridículo, ultrapassado, inútil e sem sentido. As novas propostas se ancoram em argumentações tão fortes como um castelo de cartas de baralho, em que o que importa é “estar feliz”, hoje e agora. Se cair, constrói-se outro. Nada mais deve ser considerado definitivo. Tudo é descartável.

A verdade tornou-se relativa, pessoal e transitória. Tudo muda e é permitido; desde que não se retorne aos valores conservadores, sobretudo os cristãos. Por outro lado, emerge uma onda de resistência a este avanço, na qual se faz valer a força das tradições, dos valores morais indispensáveis para a convivência social, para o olhar da transcendência na religião e do amor ao próximo. Se o homem é transitório nesta passagem na terra, o mesmo não se diga da sua esperança e fé na sua eternidade. A responsabilidade por nossas atitudes não se esgota com a nossa finitude, mas vai muito além naqueles que aqui permanecem e são atingidos, bem ou mal, pelas decisões passadas. A herança transmitida por gerações não são somente caracteres genéticos físicos de seus progenitores, mas, também, decorrentes do que lhes foi agregado como essencial no comportamento humano na sua plenitude, incluindo tradições, a moral e a religião. Isso é compatível com o progresso, na sua prudência, em avançar para o alto sem destruir os alicerces. É preciso saber quem sou, das minhas origens, dos meus objetivos e por quais caminhos quero alcançá-los. Ocupamos um lugar privilegiado na obra da Criação. Não somos criaturas decorrentes de um acaso determinado por um caos molecular. Fazemos parte de uma harmonia divina que nos supera a compreensão, mas nos indica a Verdade e o Caminho. Se acreditamos na Verdade e no Caminho que nos preserva pela Vida digna, não é possível compactuar com a quebra de valores decorrentes desta Verdade. Não se iguala o Caminho por atalhos enganosos. Não se mata ou maltrata a Vida, negando a sua dignidade e eternidade. Se ser conservador é manter-se fiel a estes princípios, na crença da Verdade pelos valores cristãos da família e pela dignidade da vida, da concepção até a morte; se ser conservador é acreditar na relação de amor conjugal de um homem com uma mulher com o dever e alegria da transmissão da Vida; se ser conservador é conviver com a liberdade, sem ser exigido abandonar o Caminho que norteia a Esperança pela fé nos valores religiosos alicerçados em Deus; se tudo isso, e o que daí decorre virtuosamente, é ser conservador, então, o serei, para sempre, porque se esforçar por zelar pela Verdade, pelo Caminho e pela Vida é o sentido para a felicidade. Valdir Reginato é médico de família. E-mail: reginatovaldir@gmail.com.

Fé e Cidadania Abre tua mão ao teu irmão PADRE ALFREDO J. GONÇALVES, CS Todos os anos, desde 1971, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) dedica o mês de setembro ao estudo e à contemplação da Palavra de Deus, com a instituição do Mês da Bíblia. Neste ano de 2020, a frase que lhe serve de lema foi extraída do livro do Deuteronômio. Convém, de início, citar por inteiro tal versículo: “Nunca faltarão pobres na terra e, por isso, dou-te esta ordem: abre tua mão ao teu irmão necessitado ou pobre que vive em tua terra” (Dt 15,11). Aliás, o número de pobres e necessitados, tanto na face de todo o globo quanto na do País em que vivemos, parece ter aumentado com a pandemia de COVID-19. Na verdade, além de desmascarar a pobreza oculta e silenciada, o flagelo do coronavírus os trouxe às ruas e praças, e contribui, por sua vez, para criar novos desempregados e subempregados, que, como aves de arribação, erram de um lado para outro ao sabor dos ventos e das migalhas do capital. O contexto daquele preceito, entretanto, deve ser buscado um pouco mais adiante no mesmo livro bíblico: “Quando colheres as uvas da tua vinha, não deves colher os cachos que ficaram. Deixa-os para o estrangeiro, o órfão e a viúva. Lembra-te de que tu também foste escravo no Egito. Por isso te ordeno que procedas assim” (Dt 24,21-22). Por trás desse comportamento diante dos mais necessitados – estrangeiros, órfãos e viúvas –, está a lembrança inesquecível da escravidão no Egito. A experiência da escravidão em um país estranho deve servir de antídoto para qualquer tipo de opressão futura. Uma vez que foste escravo sob a tirania de faraó, deves cuidar do estrangeiro que vive a teu lado! A esse trinômio dos prediletos de Deus, que aparece repetidamente no Antigo Testamento, porém, não seria difícil acrescentar outros rostos igualmente marcados por séculos de abandono, penas e dores, como “feições sofredoras de Cristo”. É o que fez, por exemplo, o documento final da Assembleia dos Bispos da América Latina e Caribe de 1979, em Puebla, no México. “Desfilam, entre outros, os rostos de crianças, jovens e anciãos, bem como de indígenas e afro-americanos, camponeses e desempregados” (Documento de Puebla, 31-39). Já na assembleia de Aparecida, os rostos se ampliam, incluindo não somente os migrantes e os dependentes de drogas, como também os enfermos, os prisioneiros, as mulheres e o meio ambiente, este último como face devastada e dilacerada do planeta Terra (Documento de Aparecida, 411-475). Emerge com força o conceito de cuidado, tão caro ao Papa Francisco, seja na encíclica Laudato si’, de 2015, seja em sua atitude solidária para com os imigrantes e refugiados. Cuidado, em primeiro lugar, com o teu irmão de sangue, que, às vezes, mesmo no interior de casa e da família, debaixo do mesmo teto, se sente abandonado e esquecido. Cuidado, em seguida, com o teu irmão pobre, excluído e descartável, órfão de trabalho, de direitos e de pátria, errando à deriva pelas estradas do êxodo, do exílio e da diáspora. Cuidado, enfim, com a preservação do ar, das águas e do meio ambiente, “nossa casa comum”, no sentido de que ninguém nela se sinta jamais estrangeiro, mas convidado a uma cidadania universal e sem fronteiras, sinal e antecipação da Boa-Nova do Reino de Deus. Padre Alfredo José Gonçalves, CS, pertence à Congregação dos Missionários de São Carlos (Scalabrinianos). As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.


8 | Reportagem | 23 a 29 de setembro de 2020 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Comunicação acessível:

Um direito e uma possibilidade Equiplano

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

Na segunda-feira, 21, comemorou-se o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, que tem o objetivo de conscientizar a população sobre a importância do desenvolvimento de meios de inclusão das pessoas com deficiência (PcDs) na sociedade. Segundo a Lei Brasileira de Inclusão (nº 13.146/15), também conhecida como o Estatuto da Pessoa com Deficiência, é considerada PcD quem “tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”. A deficiência atinge diferentes níveis e pode ser classificada em quatro tipos: física, auditiva, visual e mental. O atual contexto da pandemia apenas evidenciou os muitos desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência. O principal deles é a acessibilidade. Se antes as dificuldades mais percebidas eram em relação à mobilidade, o isolamento social mostrou outro grande obstáculo: o da comunicação. Confinadas em casa, como a maioria da população, as PcDs também precisam recorrer aos meios e tecnologias da comunicação para realizar atividades cotidianas, relacionadas ao trabalho, educação, compras, relacionamentos, vivência da fé, lazer. No entanto, assim como ainda há unsuficiência de rampas, corrimãos, elevadores, calçadas niveladas e sinalização nas ruas para as pessoas com deficiência, faltam recursos e, mais do que isso, uma cultura da comunicação que lhes favoreça a acessibilidade, sobretudo daquelas que têm deficiência auditiva e visual.

DIREITO A Lei Brasileira de Inclusão considera, ainda, a comunicação como uma “forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres Luciney Martins/O SÃO PAULO

ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos, os meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias da informação e das comunicações”. “É fundamental que cada um olhe o outro como a si mesmo, colocando-se no seu lugar e agindo da forma mais adequada. Os ouvintes, quando se comunicam com pessoas surdas, devem interpretar a Libras como uma das linguagens essenciais à comunicação, e não achar que é algo secundário; afinal, ela é a primeira língua de mais de 160 mil pessoas apenas no Brasil”, destacou Adriana Peres Almeida Santos, uma das autoras de um estudo publicado pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP) sobre a acessibilidade da informação para PcDs. O SÃO PAULO apresenta, a seguir, os principais recursos e linguagens de acessibilidade de comunicação.

BRAILLE O sistema Braille é um processo de escrita e leitura baseado em símbolos em relevo, resultantes da combinação de pontos dispostos em colunas, por meio dos quais é possível fazer a representação tanto de letras quanto de algarismos e sinais de pontuação. Há mais de 70 anos, a Fundação Dorina Nowill, em São Paulo, tem um trabalho voltado à integração social do cego na sociedade. Na área de acesso à comunicação, a instituição conta com uma das maiores gráficas braille do mundo. Além de livros didáticos e literários, são impressos cardápios, catálogos, cartões de visita, contas de consumo, entre outros materiais. Para as pessoas com baixa visão, são produzidos impressos com fonte ampliada (letras grandes) e alto contraste. Outro formato é o tinta-braille, que une os dois recursos, permitindo que pessoas cegas, com baixa visão e disléxicos utilizem o mesmo material.

Áudio Outro recurso essencial é o áudio, que consiste na conversão do conteúdo de materiais impressos, como livros, bulas, contratos, jornais e revistas para uma versão gravada na voz humana. A audiodescrição traduz imagens em palavras, permitindo que pessoas cegas ou com baixa visão consigam compreender conteúdos audiovisuais, como filmes, fotografias, peças de teatro, liturgias e eventos em geral. Feito ao vivo ou gravado, esse recurso é mais do que simplesmente ouvir o que está sendo dito nos diálogos ou discursos, mas, como o nome diz, descrever o que está acontecendo, de modo que a pessoa “veja” os detalhes daquilo que não é audível. Também é desenvolvido, na Fundação Dorina Nowill, o trabalho de adaptação de conteúdos para a versão em áudio. Com o auxílio de locutores profissionais, é feita a gravação de impressos diversos. No caso da gravação de uma revista, por exemplo, o locutor não apenas lê em voz alta o que está escrito nas reportagens e artigos, mas descreve os elementos gráficos, como fotografias, diagramação e cores. Luciney Martins/O SÃO PAULO


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

As pessoas com deficiência auditiva contam com o recurso da Língua Brasileira de Sinais, de modalidade gesto-visual, por meio da qual é possível se comunicar com gestos, expressões faciais e corporais. É considerada uma língua oficial do Brasil desde 2002, sendo, portanto, uma importante ferramenta de inclusão social. Atualmente, o Ministério das Comunicações exige “recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência, na programação veiculada nos serviços de radiodifusão de sons e imagens e de retransmissão de televisão”. Além da janela de Libras, os recursos de acessibilidade obrigatórios na televisão brasileira incluem a legenda oculta (closed caption), a dublagem e a audiodescrição.

Acessibilidade econômica

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Libras

| 23 a 29 de setembro de 2020 | Reportagem | 9

Arthur Acosta Baldin

especial para o são paulo

Softwares de leitura

#PraCegoVer

Também as novas tecnologias oferecem recursos indispensáveis para a comunicação das PcDs. Os leitores de tela são softwares que transformam automaticamente os textos em áudios, permitindo que uma pessoa com deficiência visual tenha acesso ao que está sendo apresentado pela mídia digital. Esses recursos podem funcionar de três formas: lendo toda a página, somente os links ou apenas os cabeçalhos. Vai depender da maneira como o usuário opta por fazer a navegação. Para facilitar o funcionamento desses softwares, é importante que os sites sejam desenvolvidos de forma que permitam a “leitura” e conversão do texto em áudio. Um desses cuidados é, por exemplo, com a descrição das imagens publicadas na página, que pode ser feita por meio de uma legenda visível ou por meio de um formato que somente esses leitores digitais reconhecem.

Muitos sites de páginas nas redes sociais adotam a prática de, ao divulgar uma imagem ou vídeo, disponibilizar uma descrição daquele material para que a pessoa com deficiência visual tenha acesso ao que foi publicado, acompanhada da hashtag que já se popularizou: #PraCegoVer.

PARA OS SURDOS Também existem ferramentas tecnológicas criadas para suprir as necessidades das pessoas com deficiência auditiva. “Como alguns surdos possuem dificuldade para formular a mensagem e a estrutura de frases mediante a linguagem escrita, foram desenvolvidos programas que possibilitam escrever por meio de símbolos, que imitam gestos utilizados na Libras. Estes recursos se baseiam nos mecanismos dos chats, messengers ou softwares que possibilitam a conversa instantânea entre duas pessoas”, destacou Adriana Peres.

Hand Talk

CELULARES Cada vez mais indispensáveis, os smartphones também possuem recursos de acessibilidade para as pessoas com deficiência. São várias as opções e interfaces que dão acesso às funções para que esse público utilize os celulares de forma adaptável. Para pessoas com deficiência auditiva, existem alguns recursos de fábrica, como: compatibilidade com aparelhos auditivos; alternativas visuais ao som, como legendas e transcrições; alertas visuais para diversas funções, como ligar e desligar, bateria fraca, recebimento de chamada etc.; e ajuste do volume automático de acordo com o nível de ruído externo. Para os usuários de Libras, existe um aplicativo que traduz simultaneamente texto e áudio em linguagem de sinais e vice-versa, sendo útil para surdos e ouvintes que desejam se comunicar com pessoas com deficiência auditiva. Todo o texto digitado ou falado no aplicativo é interpretado por uma personagem virtual que dá vida a essa funcionalidade.

Além do desenvolvimento de tecnologias e linguagens, as pessoas com deficiência precisam de acessibilidade às condições para usufruir desses equipamentos e recursos. Concretamente, isso significa a necessidade de políticas públicas inclusivas. Contudo, em um País que, por exemplo, ocupa o 34ª lugar no ranking mundial de inclusão digital da população, esse é um longo caminho a ser percorrido. A atriz cadeirante Mona Rikumbi destacou à reportagem que, enquanto se discute, por exemplo, a isenção de taxas para a aquisição de um carro zero-quilômetro, “não se pensa em um celular mais acessível, ainda que este seja essencial para uma pessoa com deficiência estar conectada com o mundo?”. Bruna Barros e Morais, que atua no Projeto Cadê Você, do Instituto Mara Gabrilli, que atende pessoas com deficiência e moradores de comunidades carentes, chamou a atenção para o impacto da falta de acessibilidade de comunicação das PcDs nas escolas públicas, o que se agravou neste momento de pandemia. Ela relatou que, recentemente, perguntou à coordenadora pedagógica de uma escola na Grande São Paulo sobre como estavam seus alunos com deficiência. “Sua resposta foi: ‘Ligo com frequência, converso com os pais e acompanhamos dessa forma. Não tenho recursos tecnológicos disponíveis para eles no momento e sinto que eles perderam com o convívio social’. Conversar com os pais não é dar acesso, é apenas monitorar se estão lá ou não. Como incluir, neste momento de pandemia, quem não tem recursos, quem já é historicamente violado de direitos?”, contou. Marina Guimarães, bailarina cega da Associação de Ballet Fernanda Bianchini, também citou como exemplo o desafio da acessibilidade na educação, pois muitas escolas possuem materiais específicos para ajudar as pessoas com deficiência visual no processo de educação, contudo, para serem utilizados exclusivamente em sala de aula. Uma vez em casa, não há tais recursos.

Já as pessoas com deficiência visual contam com recursos como: resposta tátil e sonora das teclas; identificação sonora de cada tecla quando pressionada; reconhecimento de fala para realização de chamadas; menu acessível por comando de voz; controle de brilho e de contraste da tela; zoom no navegador; leitura de SMS integrada. Os smartphones também oferecem recursos de leitores de tela que descrevem tudo o que aparece no visor. Por meio do comando de voz, também é possível enviar mensagens, fazer ligações ou pesquisar na internet. Alguns sistemas operacionais oferecem um recurso que apresenta respostas por voz aos usuários com deficiência visual. Além de ajudar na navegação do celular, o aplicativo descreve as ações e alertas de notificações recebidas e permite o uso de gestos simples para ativar funções mais complexas.

Uma data para rememorar os desafios Para Ana Laura Schliemann, professora do curso superior de Psicologia da PUC-SP, a data de 21 de setembro deve sempre colocar em destaque as questões que envolvem a vida das pessoas com deficiência, e a busca de uma sociedade mais inclusiva. “Qual foi a militância de Jesus? Olhar para estas pessoas e aceitá-las”, afirmou, destacando a necessidade de que todos se aproximem das pessoas com deficiência e entendam suas questões. Talvez essa compreensão possa ser alcançada a partir da arte, que lida com o sensível: quando uma orquestra, um grupo de balé, uma companhia de teatro e de dança se apresenta tendo integrantes com e sem deficiência, há um impacto em cada pessoa na plateia, que pode se disseminar em uma percepção coletiva sobre as peculiaridades das pessoas com deficiência, levando à maior conscientização e luta por políticas públicas inclusivas.

(Colaborou: Jenniffer Silva)

(Colaborou: Maria Aparecida Valença)

NA TELA


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Fotos: Divulgação

10 | Geral | 23 a 29 de setembro de 2020 |

Andrea Matarazzo (PSD)

Antonio Carlos (PCO)

Arthur do Val (Patriota)

Bruno Covas (PSDB)

Celso Russomanno (Republicanos)

Filipe Sabará (Novo)

Guilherme Boulos (PSOL)

Jilmar Tatto (PT)

Joice Hasselmann (PSL)

Levy Fidelix (PRTB)

Márcio França (PSB)

Marina Helou (Rede)

Orlando Silva (PCdoB)

Vera Lúcia (PSTU)

Disputa à Prefeitura de São Paulo deve ter 14 candidatos Conheça os nomes escolhidos nas convenções partidárias e veja as recomendações da CNBB sobre os critérios para a hora do voto Daniel Gomes

osaopaulo@uol.com.br

Com o término do prazo para que todos os partidos realizassem suas convenções até o dia 16, nas quais definiram suas coligações e os candidatos a prefeito e vereador, já há um primeiro panorama da disputa à Prefeitura de São Paulo: 14 candidatos, três a mais do que nas eleições de 2016. As candidaturas devem ser registradas no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) até 26 de setembro e aguardar a validação da Justiça Eleitoral. A seguir, O SÃO PAULO apresenta um breve perfil dos candidatos (por ordem alfabética). Andrea Matarazzo (PSD): Paulistano, tem 63 anos, é filiado a este partido desde março de 2016. Esteve anteriormente no PSDB, tendo sido líder de bancada na Câmara Municipal. Foi, ainda, embaixador na Itália e ministro-chefe da Secretaria de Comunicação no governo Fernando Henrique Cardoso. No estado de São Paulo, ocupou as funções de secretário de Energia e de Cultura. Na capital paulista, já atuou como subprefeito da Sé e secretário de Serviços e das Subprefeituras. Terá como vice Marta Rocha (PSD). Antonio Carlos (PCO): Tem 57 anos, é carioca, vive em São Paulo há mais de 30 anos e é professor de Matemática na rede pública estadual. Na política, integra a executiva nacional do partido e é o responsável pela Corrente Sindical Causa Operária. Foi um dos fundadores do PT. Terá como vice Henrique Áreas, do mesmo partido. Arthur do Val (Patriota): Nascido em São Paulo, tem 34 anos e atualmente é deputado estadual. Como empresário, tem atuação nos segmentos de transporte, combustíveis, construção civil e resíduos metálicos. Integra o Movimento Brasil Livre (MBL), que ganhou projeção nas manifestações pró-impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Nas redes sociais,

é conhecido como “Mamãe Falei”. Terá como vice Adelaide Oliveira (Patriota). Bruno Covas (PSDB): Natural de Santos (SP), é neto do ex-governador Mário Covas, já falecido. Bruno foi eleito vice-prefeito da capital paulista em 2016. Assumiu a Prefeitura em abril de 2018, com a renúncia de João Doria para concorrer ao governo do estado. Anteriormente, foi deputado estadual, federal e secretário do Meio Ambiente do estado de São Paulo. Aos 40 anos de idade, tentará a reeleição, tendo como vice o vereador Ricardo Nunes (MDB). Celso Russomanno (Republicanos): Está em seu sexto mandato como deputado federal e, aos 64 anos de idade, disputará a eleição para prefeito de São Paulo, sua cidade natal, pela terceira vez. Nas duas anteriores, 2012 e 2016, não chegou ao 2º turno. Terá como vice Marcos da Costa (PTB), ex-presidente da OAB-SP, que desistiu da candidatura a prefeito para compor chapa com Russomanno. Filipe Sabará (Novo): Empresário do ramo de cosméticos, tem 37 anos e é paulistano. Na política, já atuou como secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social durante a gestão de João Doria. Posteriormente, presidiu o Fundo Social do Estado de São Paulo, no qual ficou até outubro de 2019. Terá como vice Marina Helena, do mesmo partido. Guilherme Boulos (PSOL): Paulistano, tem 38 anos, é coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e membro da direção do movimento “Frente Povo Sem Medo”. Em 2018, concorreu à Presidência da República, mas não chegou ao 2º turno das eleições. Terá como vice a deputada federal Luiza Erundina (PSOL), que foi prefeita de São Paulo, entre 1989 e 1992. Jilmar Tatto (PT): Natural de Corbélia (PR), tem 55 anos, já foi deputado federal por São Paulo por dois mandatos e deputado estadual, além de secretário municipal de Abastecimento, Transportes, de Subprefeituras e de Governo nas gestões petistas de Marta Suplicy (2001-2004) e Fernando Haddad (2013-2016). Terá como vice o deputado federal Carlos Zarattini, do mesmo partido. Joice Hasselmann (PSL): Tem 42 anos e nasceu em Ponta Grossa (PR). Iniciou sua carreira política em 2018, ano em que foi

eleita deputada federal por São Paulo. Foi líder do governo Bolsonaro no Congresso Nacional, mas foi destituída pelo presidente deste papel de articulação em outubro de 2019. Terá como vice Ivan Sayeg (PSL). Levy Fidelix (PRTB): Nascido em Mutum (MG), tem 68 anos, disputa a eleição para prefeito de São Paulo pela quinta vez. As anteriores foram em 1996, 2008, 2012 e 2016. Já foi candidato ao governo do estado e nos anos de 2010 e 2014 também à Presidência da República. Terá como vice Jairo Glikson (PRTB). Márcio França (PSB): Natural de São Vicente (SP), foi vereador e prefeito daquela cidade por dois mandatos; e também secretário estadual de Turismo e de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação nas gestões de Alckmin, de quem foi vice-governador. Em 2018, assumiu o comando do estado, após o tucano deixar o cargo para concorrer às eleições presidenciais. Tentou se reeleger ao Palácio dos Bandeirantes em 2018, mas foi derrotado no 2º turno. Aos 57 anos, terá como vice Antonio Neto (PDT). Marina Helou (Rede): Eleita deputada estadual por São Paulo em 2018, fundou, naquele mesmo ano, o movimento Vote Nelas, que atua para eleger mais mulheres para o Legislativo em todo o País. É ainda fundadora da Rede Empresarial de Inclusão Social. Paulistana, 33, terá como vice Marco Dipreto, do mesmo partido. Orlando Silva (PCdoB): Ministro dos Esportes entre 2006 e 2011, nas gestões petistas de Lula e Dilma, tem 49 anos e nasceu em Salvador (BA). Entre 2013 e 2015, foi vereador em São Paulo e atualmente está em seu segundo mandato como deputado federal. Já foi presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e é fundador da União de Negros pela Igualdade (Unegro). Terá como vice Andrea Barcelos (PCdoB). Vera Lúcia (PSTU): Nascida em Inajá (PE), tem 53 anos e foi candidata à Presidência da República pelo partido em 2018. Já integrou movimentos sindicais e estudantis. Está no PSTU desde 1994, após ter deixado o PT em 1992. Anteriormente, foi candidata a prefeita de Aracaju (SE) em 2004, 2008 e 2012, mas não chegou ao 2º turno. Terá como vice Lucas Shimabukulo, do mesmo partido.

O que levar em consideração na hora de escolher um candidato?

Na cartilha “Os cristãos e as eleições”, elaborada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), são apresentadas algumas orientações para que o eleitor decida seu voto: Que o candidato tenha boa índole: o eleitor deve buscar informações sobre a história, família, valores e princípios que regem a atuação do candidato na sociedade e em seu trabalho social. Que o partido, em seus estatutos, defenda a vida desde a sua concepção até o fim natural, seja favorável à família, à dignidade humana e aos direitos dos mais vulneráveis. Que o candidato tenha competência, ou seja, capacidade de liderança política e de administrar os recursos públicos, que saiba delegar atividades e escolher os mais bem preparados colaboradores para cada área. Que o político seja ficha limpa: não se deve votar em quem está ou já esteve envolvido em corrupção ou foi condenado pela Justiça. O eleitor deve conhecer a proposta de governo do candidato, como pretende executá-la e com quem está comprometido. Para tal, é preciso se informar além do que é apresentado na propaganda eleitoral. Se é candidato à reeleição, recomenda-se que o eleitor avalie como foram os mandatos anteriores, se o político trabalhou em favor do bem comum e se esteve envolvido ou foi conivente em casos de escândalo e corrupção.


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 23 a 29 de setembro de 2020 | Reportagem/Fé e Vida | 11

Mobilização propõe que escolas comunitárias e confessionais tenham pleno acesso ao Fundeb Daniel Gomes

osaopaulo@uol.com.br

Com a promulgação da Emenda Constitucional 108, em agosto, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) se tornou uma verba permanente e serão aumentados gradualmente, até 2026, os percentuais de participação da União dos atuais 10% para 23%. O repasse dos recursos do Fundeb, porém, ainda depende de regulamentação, que já está em análise na Câmara dos Deputados, por meio do projeto de lei (PL) 4372/20. Este, em seu artigo 7º, indica que o fundo pode contemplar instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, que estejam conveniadas com o poder público. No entanto, o repasse só será permitido para a etapa da educação infantil, de 0 a 3 anos de idade, e para as pré-escolas que atendam crianças de 4 a 5 anos, respeitando-se, porém, a limitação do período de convênio de, no máximo, seis anos. O Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade da Arquidiocese de São Paulo, o Vicariato da Educação da Arquidiocese do Rio de Janeiro, a Confederação Nacional da Família e da Educação (CNFE), a Frente Cristã por um Brasil Melhor, a Associação Nacional de Escolas Católicas (Anec), o Fórum Nacional das Instituições Filantrópicas e parlamentares de diferentes partidos têm se mobilizado para que esse repasse seja extensivo a toda a Educação Básica – Infantil, Fundamental e Médio –, uma vez que a Constituição e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) não fixam este limite apresentado no PL 4372/20. Segundo Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar de São Paulo e Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade, o Vicariato, com o apoio de dirigentes de escolas e líderes de comunidades, está em contato permanente com parlamentares municipais, estaduais e

federais para conseguir o apoio a essa proposta. “Também estamos fazendo um trabalho de conscientização das escolas filantrópicas da Arquidiocese que se encaixariam nessa regulamentação de escolas comunitárias, além de diversas novas comunidades que já promovem escolas ou estão se mobilizando para isso”, detalhou o Bispo à reportagem.

Geridas pela comunidade e pelas famílias Edivan Mota, diretor-executivo da CNFE, explicou ao O SÃO PAULO que as escolas comunitárias são montadas

Ilona Becskehazy, doutora em Política Educacional e ex-secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, assegurou que as parcerias dos municípios com as escolas comunitárias na educação infantil têm gerado bons resultados no Brasil, e que em países como Inglaterra, Estados Unidos e Canadá isso também se verifica nas escolas católicas em todas as etapas da Educação Básica. “É um direito da família lutar pelo tipo de educação que deseja dar a seus filhos. Desde que o aluno aprenda certo tipo de conteúdo e habilidade, não deveria haver problema algum em qual será o Governo do Estado de São Paulo

Fundeb é o principal financiador da Educação Básica, mas há restrições para acesso ao fundo

por grupos de famílias, com a meta de alcançar a excelência na aprendizagem dos estudantes. “Uma das pedras fundamentais do nosso modelo curricular é a participação efetiva da família, o que respeita o artigo 205 da Constituição, o qual diz que a educação é dever do Estado e da família. Hoje em dia, infelizmente, a família não é escutada. É chamada na escola apenas para receber o boletim do estudante ou quando ele tem mau comportamento. Nas escolas comunitárias, o artigo 205 será posto em prática”, enfatizou Mota. Consultora pedagógica da CNFE,

provedor deste serviço. Hoje, o espírito comunitário da escola e da educação, que está refletido no artigo 205 da Constituição, está sendo desrespeitado, pois as famílias não podem contar com o Fundeb, que é um dos principais financiadores da educação brasileira”, apontou Ilona.

Estrutura preparada Mota afirmou que muitas das paróquias que mantêm atividades de contraturno escolar ou administram creches e pré-escolas conseguiriam, com poucas adaptações, receber também estudantes do Ensino Fundamental e Médio. “Te-

mos mobiliário, espaço físico e até recursos humanos para isso, mas manter uma estrutura educacional é algo caro. Se haverá mais dinheiro do Governo Federal no Fundeb, por que não democratizar o uso desses recursos? Por que não torná-los mais próximos das comunidades?”, indagou.

Um direito dos pais, os primeiros educadores Dom Carlos recordou que no Compêndio da Doutrina Social da Igreja se aponta que os pais têm o direito de fundar e manter instituições educativas e que as autoridades devem assegurar que se distribuam as subvenções públicas para tal (cf. CDSI, 241). “A razão é que os pais são os primeiros responsáveis pela educação de seus filhos. A prerrogativa de poder constituir uma escola comunitária permitirá que aquelas famílias que desejam dar uma educação de acordo com seus valores religiosos possam ter acesso a uma escola adequada, uma vez que os recursos públicos poderão subsidiar tais escolas. Assim se corrigirá uma desigualdade: as famílias que não têm recursos para custear uma escola particular são discriminadas”, explicou o Bispo. Dom Carlos ressaltou, ainda, que os pais procuram as escolas católicas por confiar que nelas seus filhos terão uma formação de acordo com os princípios éticos e morais da Igreja. Ele também recordou um discurso do Papa Francisco em uma plenária da Congregação para a Educação Católica, em fevereiro de 2014: “Os institutos de educação católicos oferecem a todos uma proposta educacional que visa ao desenvolvimento integral da pessoa e que corresponde ao direito de todos de aceder ao saber e ao conhecimento, mas são igualmente chamados a oferecer a todos – no pleno respeito da liberdade de cada um e dos métodos próprios do ambiente escolar – a proposta cristã, ou seja, Jesus Cristo como sentido da vida, do cosmos e da História”.

Você Pergunta Um momento de revolta contra Deus tem perdão? PADRE CIDO PEREIRA

osaopaulo@uol.com.br

“Minha mãe sofreu um acidente e, em casa, estamos vivendo sérios problemas. Num momento de raiva, quando do acidente, eu disse que odiava a Deus. Acho que estou sendo castigado por minha blasfêmia. Será isso, Padre?” Quem pergunta é o Daniel, que preferiu não dizer seu sobrenome. Meu irmão, quem nunca, diante de um sofrimento, reclamou contra Deus? Quem nunca se perguntou desconfiado: “Será que Deus exis-

te mesmo? E, se existe, por que permitiu que me acontecesse este sofrimento?” As perguntas realmente são muitas, Daniel, quando a nossa vida passa por reviravoltas que maltratam tanto a nós quanto a quem amamos. Só o tempo vai nos fazer entender que mágoas, dores, sofrimentos, doenças, desentendimentos, acidentes fazem parte da aventura humana. Só o tempo vai nos fazer entender que nós, por sermos cristãos, católicos praticantes, homens e mulheres de oração, não estamos vacinados contra o mal físico, espiritual, moral. Só o tempo

vai nos fazer entender que o amor de Deus por nós permanece o mesmo na riqueza e na pobreza, na alegria e na dor, na harmonia e nos conflitos. O apóstolo Paulo nos dá uma lição de vida imensa quando reflete que nada neste mundo pode nos separar do amor de Deus. E ele relata o que Deus lhe disse ao coração quando pediu socorro na hora da tribulação: “A ti basta-te a minha graça!” (cf. 2Cor 12,8). E Paulo pôde concluir que, quando ele é fraco, aí sim é que é forte, porque age nele a fortaleza de Deus. Outra coisa, Daniel: Deus não se irrita,

não se enche de fúria, não castiga nossa revolta revelada nos desabafos que fazemos diante do inevitável da dor, da cruz, da morte. Deus é um pai paciente que dá um tempo para que possamos nos refazer e perceber que Ele nada tem a ver com os problemas pelos quais passamos. Esses problemas não são da vontade Dele, porque Ele nos ama. Não são castigos Dele, porque Ele só quer nossa felicidade. Esses problemas fazem parte de nossa vida, nem sempre construída segundo os planos deste Pai cheio de bondade. Fique tranquilo, meu irmão. Deus nunca desiste de nós.


12 | Pelo Mundo | 23 a 29 de setembro de 2020 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Espanha

Em carta pastoral, Bispo fala sobre a crise de fé e a necessidade do ‘primeiro anúncio’ João Fouto

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Dom Juan Antonio Reig Pla, Bispo de Alcalá de Henares, na Espanha, publicou recentemente a carta pastoral “Para gestar nuevos cristianos – Monstra te esse Matrem” (“Para gestar novos cristãos – Mostra que és Mãe”, em português), na qual, entre outras coisas, anuncia a convocação de um jubileu por ocasião dos 450 anos da vitória de Lepanto contra os muçulmanos, no século XVI. O principal assunto da carta, porém, é a necessidade de anunciar o Evangelho em uma sociedade descristianizada como a espanhola – isto é, trata-se já de um “primeiro anúncio”, como quando a sociedade era pagã. “O que aconteceu conosco, católicos espanhóis? Como pudemos estar tão pouco atentos às vozes proféticas de São João Paulo II e Bento XVI? Em que momento nos encontramos agora e o que podemos fazer?”, se pergunta o Bispo.

‘Uma crise profunda de fé’ Dom Juan Antonio assinala que “sendo testemunha direta de todo este naufrágio, sou também testemunha daquilo que é capaz de promover a fé cristã, o encontro com Cristo e a potência da Palavra de Deus e da Eucaristia quando configuram autênticas comunidades cristãs chamadas a ser o fermento na

Vatican Media

massa. Nossa crise não se resolve chamando-a de crise política ou crise social, moral ou religiosa. O que caracteriza nosso momento atual […] é uma crise profunda de fé e uma ausência de pensamento crítico patrocinado pela mesma fé em Cristo”. E acrescenta, em uma autocrítica: “A Igreja na Espanha continuou a dar a fé por suposta, naturalmente, por causa da aparência do catolicismo sociológico, e não soube Dom Juan Antonio Reig Pla, Bispo de Alcalá de Henares elaborar, para além das minorias, propostas sérias de iniciação cristã. Trata-se de uma mem à conversão para poder reconstruir ‘desmemória’ epocal. Habituados aos de novo a cidade e plantar nela a Cruz.” ‘costumes cristãos’, esquecemos como ‘Recuperar o primeiro gestar novos cristãos e como revitalizar anúncio’ a fé de nosso povo”. Por causa disso, Dom Juan AntoIsso agora se traduz, segundo o Bispo, nio diz ser urgente “renovar a iniciação na falta de matrimônios cristãos, na alta cristã” e “recuperar o primeiro anúncio, taxa de rupturas familiares, na baixíssima que propõe o encontro com a Pessoa de natalidade, na cultura da morte e no laicismo cada vez mais crescente. “Estamos Cristo que vive em sua Igreja: é o que diante de uma enfermidade profunda que os últimos papas chamaram ‘primeira reclama de todos nós uma longa etapa de evangelização’. Esta urgência nasce pela purificação. O Senhor nos situa de novo presença de outras religiões ou espiritualidades na vida ordinária, pela frequente no exílio e nos faltam profetas que cha-

renúncia das famílias a dar testemunho da fé e transmiti-la aos filhos (quando eram o sujeito tradicional do primeiro anúncio) e por um crescente desvio moralista-humanista da transmissão da fé ou, inclusive, por uma difusa tendência a uma religiosidade vaga, sem os contornos pessoais de uma adesão a Jesus Cristo e uma consciente pertença à comunidade cristã”. Dada essa situação, o Bispo propõe aos sacerdotes e responsáveis paroquiais que promovam “o ‘primeiro anúncio cristão’, o anúncio do Querigma, tanto na pregação quanto na Catequese de todas as idades e para todas as condições dos destinatários, incluindo os aleijados ou debilitados em sua fé”. Para tal, exorta a “estudar e dar a conhecer as distintas modalidades do ‘primeiro anúncio’ e apresentar as diversas iniciativas e movimentos que existem na Igreja centrados no anúncio do Querigma e na evangelização”. “Do mesmo modo, as paróquias e as delegações podem dar a conhecer estas modalidades e solicitar a presença dos movimentos e realidades eclesiais que os possam ajudar. O objetivo, para além do anúncio do Querigma, que deve ser permanentemente aprofundado, é ir reconduzindo a iniciação cristã, fazendo-a desembocar na gestação de novos cristãos e de novas famílias e comunidades cristãs”, acrescentou o Bispo. Fonte: Religión en Libertad

Síria Em Aleppo, padres missionários morrem devido à COVID-19 Gustavo Ramos

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Quatro dos cincos padres que permaneceram na cidade de Aleppo, na Síria, contraíram o novo coronavírus e dois deles morreram, segundo o Padre

Ibrahim Alsabagh, Pároco da Paróquia de Rito Latino na cidade. Ao site Crux, Padre Ibrahim afirmou que a porcentagem alta de contágio entre os sacerdotes é similar àquela entre os fiéis das paróquias. Para ele, a atual situação se deve à precariedade e falta de hos-

pitais, remédios, médicos e enfermeiros. Todos os sacerdotes da cidade pertencem à Ordem Franciscana, e o Padre Ibrahim foi o único a ainda não ter sido infectado pelo vírus, o que, segundo ele, foi “providência”, pois isso permitiu que cuidasse dos dois padres que sobreviveram à doença, ao mesmo tempo que podia manter as atividades de sua Paróquia. Em carta escrita ao Crux, de 14 de setembro, Padre Ibrahim criticou o governo sírio por não ter adotado medida alguma de isolamento contra o vírus e afirmou que sua Paróquia tentou manter informados os fiéis acerca da importância de medidas sanitárias para conter o avanço da doença. O número oficial de mortes causadas pelo coronavírus não é tão alto, se comparado ao de

outros países: 160. Entretanto, as Nações Unidas afirmam que há uma severa subnotificação na Síria e que a doença está espalhada em todo o território sírio. “Para compreender completamente quão precária é a nossa situação de tratamento e prevenção, é suficiente dizer que, por muito tempo, enterrávamos dez cristãos por dia, mortos pela doença”, afirmou o Padre, em sua carta. “Além disso, temos nove anos acumulados de guerra em nossos ombros, que deixaram feridas que nunca serão curadas”, disse. Entretanto, os frades franciscanos em Aleppo “continuam o acompanhamento espiritual às pessoas, de modo pessoal ou comunitário, usando os meios de comunicação e passando horas e horas por dia ao telefone, para saber a situação dos paroquianos”. Além da ajuda espiritual, a Paróquia colabora materialmente com milhares de pessoas, distribuindo comida, pagando contas de hospital e auxiliando as famílias a preparar o aquecimento de suas casas para o inverno que se aproxima. Fonte: Crux Now


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 23 a 29 de setembro de 2020 | Reportagem | 13

Dom Ângelo Mezzari é ordenado bispo Nomeado Bispo Auxiliar de São Paulo pelo Papa Francisco, o Sacerdote Rogacionista recebeu a ordenação episcopal em Santa Catarina

Adriana Silva/Comunicação do Santuário SCMJ

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

“Rogai ao Senhor da messe que envie operários para sua messe” (Mt 9,38). Foram essas palavras de Jesus que, há 52 anos, motivaram o jovem Ângelo Ademir Mezzari, com apenas 11 anos, a deixar sua casa, na zona rural da comunidade de Sanga do Engenho, município de Nova Veneza, atualmente Forquilhinha (SC), para ingressar no seminário. Na ocasião, sua mãe, Maria Etelvina Ronchi Mezzari, Como parte do rito de ordenação episcopal, o Cardeal Odilo Scherer unge a cabeça de Dom Ângelo Mezzari com o óleo do Crisma, no sábado, 19 passou a noite costurando as roupas que Ângelo levaria nomeados pelo Papa e recebem a impara o seminário, pois, no campo, a de julho, a assembleia entoou o refrão do ministério episcopal: o anel, sinal da posição das mãos de outros bispos verúnica “roupa nova” que o menino tinha “Enviai, Senhor, muitos operários para fidelidade à Igreja; a mitra, símbolo da dadeiros. Estão, portanto, em estreita era a com a qual ia à missa aos domina vossa messe, pois a messe é grande e santidade da Igreja; e o báculo, sinal do gos. Naquela noite, Ângelo não dormiu comunhão com o Papa e com os outros os operários são poucos”, baseado naserviço pastoral e cuidado do rebanho. queles versículos bíblicos que norteade tanta ansiedade. Logo cedo, ele parbispos”, afirmou, acrescentando que é tiu com seu pai, Antonio Mezzari, para ram sua vocação. TESTEMUNHA DE JESUS isso que garante a ininterrupta sucessão Em entrevista ao O SÃO PAULO, embarcar no único ônibus que passava Por isso, o lema episcopal de Dom apostólica. Dom Ângelo Mezzari afirmou que esna comunidade para seguir até o semiÂngelo não podia ser outro senão “Ro“O bispo será, assim, ministro de nário, em Criciúma (SC). gate ergo” (Rogai, pois), em alusão ao pera viver o episcopado, antes de tudo, Cristo e dispensador dos mistérios de Cinco décadas depois, na tarde do apelo vocacional de Jesus. “Rezar insiscomo um grande chamado à santiDeus, pois a ele foi confiado testemutentemente, de forma suplicante e pernhar a verdade do Evangelho e o mificação pessoal. “Em primeiro lugar, sábado, 19, seus familiares e amigos se severante, para que o Senhor da messe nistério do Espírito e da santidade”, desejo viver pessoalmente esta graça reuniram no Santuário Sagrado Coração Misericordioso de Jesus, em Içara, continue a enviar seus operários. Desde reforçou Dom Odilo, enfatizando que que transforma a minha vida, muda a na Diocese de Criciúma, para celebrar muitos anos, coloquei-me nesse camio episcopado é um serviço e não uma minha existência e me coloca em monho em primeira pessoa e, agora, tamvimento, faz com que eu me doe ainum novo envio vocacional de Mezzari, honra. “O bispo deve distinguir-se mais bém dei o meu ‘sim’ para servir à Igreja da mais por causa de Jesus Cristo e que agora se torna Bispo da Igreja, supelo serviço prestado do que pelas honcessor dos apóstolos. rarias recebidas”, acrescentou. “Escocomo Bispo”, afirmou Dom Ângelo. seu Evangelho, a serviço do Reino de lhido pelo Pai para dirigir sua família, Deus”, expressou. CELEBRAÇÃO VOCACIONAL SUCESSOR DOS APÓSTOLOS lembra-te sempre do Bom Pastor, que O novo Bispo recordou que viveu A ordenação episcopal foi presidiNa homilia, Dom Odilo destacou conhece as suas ovelhas e é por elas cocerca de 20 anos em São Paulo como da pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, nhecido. Ele não hesitou em dar a vida que a ordenação de um bispo lembra estudante, religioso e sacerdote. “Certamente, a cidade mudou e a Igreja Arcebispo Metropolitano de São Paulo, pelo rebanho”, completou. um aspecto fundamental expresso na avançou na sua caminhada. São tanque foi um dos bispos ordenantes, asProfissão de Fé: a Igreja é apostólica. “A sim como Dom Jacinto Inácio Flach, RITOS E SÍMBOLOS tos outros novos desafios que surgem. Igreja vem dos apóstolos, permanece O momento central do rito de ordeBispo de Criciúma (SC), e Dom RuEspero, no entanto, que a experiência na fé dos apóstolos e continua a missão bens Sevilha, O.C.D., Bispo de Bauru nação episcopal é a imposição das mãos vivida nesta cidade como religioso e apostólica”, afirmou. (SP). Concelebraram diversos bispos dos ordenantes sobre a cabeça do eleito, sacerdote possa contribuir de alguma “Por isso, como fizeram os apóstolos no início da Igreja, ao escolher seus e sacerdotes, dentre os quais, padres seguido dos demais bispos, como sinal forma para o meu serviço como Bispo sucessores para continuar sua missão da Congregação dos Rogacionistas do de comunhão no mesmo ministério e Auxiliar, colaborando com o Arcebispo, nas funções para as quais serei dee responsabilidade, impondo-lhes as Coração de Jesus, à qual o novo Bispo a prece de ordenação. Esse é o mesmo signado”, destacou. mãos, invocando o Espírito Santo, nós pertence. gesto feito pelos apóstolos ao constituir “Sei que a Arquidiocese vive este canos encontramos hoje para ordenar um No primeiro banco, estava dona seus primeiros sucessores. minho sinodal e desejo entrar nele, busbispo, que será unido ao colégio episcoEtelvina, bastante emocionada. O seAssim como na ordenação dos panhor Antonio, já falecido, foi recordado pal para receber e compartilhar a misdres, o ordenando é ungido com o óleo cando conhecer e me informar sobre o são dos apóstolos”, ressaltou o Arcebiscom emoção pelo filho, que ressaltou do Crisma. No entanto, em vez das sínodo. Quero, com todos, ser mais uma po de São Paulo. que a família foi o berço e fonte de sua mãos, o novo bispo tem a sua cabeça testemunha de que Deus habita esta cidade”, completou Dom Ângelo, que tovocação, tendo seus pais como os priungida, como sinal de sua participação meiros promotores vocacionais. MINISTRO DE CRISTO mará posse do ofício de Bispo Auxiliar na plenitude do sacerdócio de Cristo. O Cardeal Scherer enfatizou que o Logo após a leitura do mandato de São Paulo no dia 4 de outubro, em Depois de receber das mãos de episcopado não é um título que alguém apostólico do Papa Francisco que nomissa na Catedral da Sé, às 11h. Dom Odilo o livro dos Evangelhos, meava o Padre Ângelo como Bispo atribui a si mesmo. “Os bispos autênLeia mais sobre o ministério episcoDom Ângelo recebeu as insígnias episticos na Igreja são aqueles que foram copais, isto é, os símbolos do exercício pal em: https://tinyurl.com/y5bop8zd. Auxiliar de São Paulo, publicado em 8


14 | Papa Francisco | 23 a 29 de setembro de 2020 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Troca no comando do Sínodo dos Bispos Filipe Domingues

Especial para O SÃO PAULO

O Cardeal Lorenzo Baldisseri deixou a secretaria do Sínodo dos Bispos no dia 16, quando o Papa Francisco aceitou sua renúncia. Ele se aproxima da idade-limite para ocupar um cargo na Cúria Romana, 80 anos. Para o seu lugar foi nomeado o bispo maltês Dom Mario Grech. Dom Lorenzo é bem conhecido no Brasil, pois foi núncio (representante diplomático) no País por cerca de dez anos, até 2012. Depois, ocupou a função de secretário da Congregação para os Bispos, atuando como

secretário do conclave que elegeu o Papa Francisco. Após essa participação, foi nomeado ao cardinalato e à secretaria do Sínodo. Ele liderou a organização de duas assembleias a respeito da Família, uma sobre os Jovens e outra para a Amazônia, dando ao Sínodo maior voz e visibilidade, conforme desejo do Papa. Dom Mario Grech, por sua vez, já participou do Sínodo para a Amazônia na condição de pró-secretário e vem trabalhando na preparação do próximo, sobre a Sinodalidade, a ser realizado em outubro de 2022. (FD)

Vatican Media

Dom Mario Grech em audiência com o Papa Francisco

Devemos recuperar a ‘centralidade do ser humano’, diz Cardeal A crise humanitária provocada pela atual pandemia de COVID-19 é um convite a repensar prioridades e urge “recuperar a centralidade do ser humano e redefinir suas responsabilidades”, afirma o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, em carta enviada à Universidade Católica do Sacro Cuore, na segunda-feira, 21.

“A pandemia está condicionando a vida de toda a humanidade”, recordou. Por isso, todas as áreas do conhecimento, da Economia ao Direito, Filosofia e outras ciências, devem propor critérios de desenvolvimento que tragam o ser humano de volta ao centro das ações e dos objetivos. “Desafios enormes ligados ao am-

biente, à educação, às migrações exigem análises e soluções inovadoras inspiradas no bem integral da pessoa, na justiça, na fraternidade e na pacífica convivência entre os povos”, declara o Cardeal. Somente com a colaboração e novas formas de sinergia será possível formar “aliados para o futuro”, diz. (FD)

Nova encíclica ‘Fratelli tutti’ será publicada em 4 de outubro A festa de São Francisco de Assis, em 4 de outubro, é a data escolhida pelo Papa Francisco para publicar sua nova encíclica, intitulada “Fratelli tutti” (Todos irmãos). O Vaticano confirmou, no dia 16, que o texto será assinado na véspera, quando o Papa celebrará a missa na basílica onde está enterrado o Santo dos pobres.

De acordo com o diretor editorial do Vaticano, Andrea Tornielli, o título do documento será mantido na língua italiana em todos os idiomas, pois se refere a uma citação de texto escrito por São Francisco de Assis. O tema desta que será a terceira encíclica do Papa Francisco é a “fraternidade” e a “amizade social”

“Francisco escolheu as palavras do Santo de Assis para inaugurar uma reflexão que considera muito importante” e que, portanto, “se refere a todos os irmãos, a todos os homens e mulheres de boa vontade que populam a terra”, afirma Tornielli. “A todos, de modo inclusivo e jamais excludente.” (FD)

Papa: Deus está ‘sempre em saída’ e não exclui ninguém do seu amor Ao refletir sobre a conhecida parábola dos trabalhadores na vinha (cf. Mt 20,116a), o Papa Francisco disse que Deus tem um modo de agir “surpreendente” aos olhos humanos e que está “sempre em saída”, sem deixar ninguém de fora nas suas manifestações de amor. “Deus continua a chamar a todos, convida a qualquer hora, para trabalhar no seu Reino”, disse o Pontífice. “Esse é o estilo de Deus, que somos chamados a receber e a imitar. Ele não está fechado no seu mundo, mas ‘sai’. Deus está sempre em saída, buscando-nos, não fica fechado. Deus sai. Sai continuamente em busca das pessoas, porque quer que ninguém seja excluído do seu desenho de amor.” Conforme a parábola contada por Jesus no Evangelho, o patrão de uma vinha contratou um grupo de trabalhadores e pagou aos que chegaram primeiro o mesmo valor que deu àqueles que foram convocados mais tarde. Na reflexão de Francisco, essa imagem remete à forma como Deus nos recompensa. “Sempre Deus paga o máximo: não falta a metade do pagamento. Paga tudo. E aqui se entende que Jesus não está falando do trabalho e do justo salário, que é um outro problema, mas do Reino de Deus e da bondade do Pai celeste, que sai continuamente a convidar e paga o máximo a todos”, comentou. Deus “é mais que justo”, pois não analisa os nossos resultados, “mas a disponibilidade, a generosidade” com que nos empenhamos em seu serviço, acrescentou. Isso é o que chamamos de “graça”, resumiu. (FD)


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 23 a 29 de setembro de 2020 | Fé e Vida | 15

Diário Espiritual: um contato cotidiano e profundo com a Palavra de Deus Editora Ave Maria/Divulgação

GUSTAVO CATANIA RAMOS

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Um dos métodos para a leitura das Sagradas Escrituras é o Diário Espiritual, popularizado, principalmente, pelo Monsenhor Jonas Abib, fundador da Comunidade Canção Nova. Em seu livro, “A Bíblia no meu dia a dia”, Monsenhor Jonas detalha as razões para escrever um diário espiritual e dá indicações de como fazê-lo frutuosamente. O objetivo do Diário Espiritual é evitar um conhecimento superficial da Bíblia, ao mesmo tempo em que impede uma leitura meramente intelectual, propiciando a todos a possibilidade de ter um contato diário e profundo com as Sagradas Escrituras. Dessa forma, o texto bíblico pode ser verdadeiramente assimilado e se tornar “carne da nossa carne”. Com isso, a Palavra estará fincada no coração e ninguém poderá retirá-la de lá. Antes de descrever o método de leitura e de redação do Diário, Monsenhor Jonas Abib aponta algumas regras de ouro a serem consideradas por todos os que desejam se aproximar da Bíblia por esse método. A primeira delas é que a Bíblia deve ser lida todos os dias, para que a alma se alimente constantemente. Para isso, é necessário que haja um hora marcada para a leitura, para que se crie um verdadeiro hábito. Cada pessoa deverá encontrar a hora do dia em que pode ler a Bíblia com mais atenção. Outra regra de ouro é a marcação do tempo da leitura, para que em todos os dias haja uma constância. No começo, às vezes apenas 10 minutos por dia é suficiente. À medida que cresce a nossa intimidade com a Bíblia, sentiremos a necessidade de aumentar o tempo diário de leitura. Além disso, é necessário escolher um bom lugar, silencioso e que facilite a concentração e a oração. A última regra fundamental do método é ler com caneta ou lápis à mão, para que seja possível uma leitura ativa da Bíblia. Dessa forma, é possível sublinhar as passagens que mais nos tocam e anotar ao lado do texto algo que nos ocorra. Além disso, Monsenhor Abib recorda que tudo precisa ser feito num ambiente de oração, com a clara consciência de que não se deve fazer essa leitura como um estudo intelectual, mas como uma conversa íntima entre Deus e o homem.

Como fazer o Diário Espiritual Respeitadas as regras de ouro, reserve num caderno uma folha

para cada dia de leitura da Bíblia. No alto da página, coloque a data da leitura. Depois, comece a leitura e o Diário considerando cinco pontos: 1º) Promessas de Deus: Copiar no Diário todas as promessas que Deus fez na passagem lida no dia. As promessas de Deus devem sempre estar gravadas em nós, pois elas nos dão ânimo na vida da fé. São exemplos de promessas de Deus: “A todos que o receberam, aos que creem em seu nome, deu-lhes poder de se tornar filhos de Deus” (Jo 1,12) ou “E estais certos de que cada um receberá do Senhor a recompensa do bem que tiver feito” (Ef 6,8). 2º) Mandamentos e ordens de Deus: Copiar todas as ordens e mandamentos divinos presentes na passagem, porque eles são guias seguros para a nossa vida. São exemplos de versículos desse tipo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13,34) e “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho” (Mc 16,15). 3º) Princípios eternos do Reino de Deus: Copiar no Diário todas as passagens que falam e descrevem o Reino de Deus e seus princípios, como “o Reino de Deus é conquistado à força” (Mt 11,12) ou “Porque nada trouxemos a este mundo, tampouco nada poderemos levar” (1Tm 6,7). 4º) Mensagem de Deus para mim hoje: Nesse ponto, após anotar no Diário as passagens, deve-se escrever a mensagem que Deus deseja nos dar a partir delas. Essa mensagem é íntima e pessoal, e as mesmas passagens, em períodos diferentes da vida, podem ocasionar mensagens diversas. Nesse ponto, é necessário estar atento ao que Deus pede concretamente a

nós a partir de sua Palavra. 5º) Como posso aplicar isso em minha vida? Nessa parte do Diário, são anotadas as resoluções tomadas a partir da mensagem de Deus, para que mudemos algum ponto concreto em nossa vida. É importante anotar os propósitos de mudança, para que sempre seja possível lê-los e considerar se estamos realmente progredindo.

A ordem de leitura do livros da Bíblia A Bíblia é uma coleção de 73 livros, escritos de modos e estilos diversos. Alguns livros são de mais difícil compreensão que outros. Por essa razão, é bom que sejam lidos em uma determinada ordem, para que a aproximação com o texto bíblico seja frutuosa. Recomenda-se que se comece a leitura com o Novo Testamento. Além disso, Monsenhor Jonas Abib aconselha, em seu livro, que o Diário comece a ser feito com a Primeira Carta de São João, porque é uma epístola que anuncia, de maneira clara, a mensagem da salvação. Após ler um capítulo por dia da carta, recomenda-se que ela seja relida mais uma vez. Depois, nessa ordem, o Evangelho de São João, de Marcos, as pequenas cartas de São Paulo, o Evangelho de São Lucas, os Atos dos Apóstolos, a Carta aos Romanos, o Evangelho de São Mateus, a Primeira e Segunda Carta aos Coríntios, a Carta aos Hebreus, a de São Tiago e as de Pedro, a Segunda e Terceira Carta de João, a de Judas e o Apocalipse. Entretanto, a ordem proposta pode ser outra, de acordo com a conveniência e necessidade de cada um. Depois de terminado o Novo Testamento, pode-se começar o Diário com os livros do Antigo Testamento, também seguindo um determinado plano de leitura.

Liturgia e Vida 26º Domingo do Tempo Comum 27 DE SETEMBRO DE 2020

‘Os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem’ PADRE JOÃO BECHARA VENTURA No templo, Cristo foi interrogado por alguns chefes dos sacerdotes e anciãos que, sem acreditar na sua pregação e na de João Batista, queriam saber com que autoridade realizava tantas obras. Vendo que O colocavam à prova, tendo o coração fechado à verdade, o Senhor os deixou sem resposta e lhes propôs esta parábola. Um pai pediu a cada um de seus dois filhos: “Vai trabalhar hoje na vinha”. O primeiro respondeu com franqueza: “Não quero”. Mais tarde, porém, sentiu remorso e acabou obedecendo. O segundo respondeu com solicitude e respeito: “Sim, senhor, eu vou”. Contudo, não foi. Sabemos por experiência pessoal a decepção causada por pessoas que dizem “já vou, já vou” e não fazem nada; ou que formulam belas promessas, mas, na hora da necessidade, desaparecem… A fim de capturar os interlocutores no próprio erro, Jesus perguntou qual dos dois fez a vontade do pai. A resposta óbvia – “o primeiro” – constituía, na boca dos chefes e dos anciãos, uma autocondenação. Esses homens eram ciosos da Lei de Moisés, jactavam-se por pertencer ao povo eleito, ocupavam funções importantes na comunidade de Israel… Agora, porém, que estavam finalmente diante do cumprimento das promessas divinas – na presença do Messias –, recusavam-se a acreditar e a converter-se! Com belas palavras nos lábios e com costumes “respeitáveis”, cometiam uma impostura irremediável, pois eram incapazes de obedecer. Eram os “senhores” da própria vida! Apesar da aparência de “reverência”, a religião era para eles um ganha-pão, meio de projeção social, mas não um exercício de humildade e obediência. Não à toa, o segundo filho da parábola chama o pai de “senhor”… É um lembrete de que “nem todo aquele que diz ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade do Pai que está nos Céus” (Mt 7,21). Não é sincera uma religiosidade que não visa ao conhecimento e à prática da vontade de Deus na existência cotidiana. Para alertar a respeito da contradição de suas vidas, o Senhor profere palavras tão duras quanto verdadeiras: “Os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus”. Não se trata aqui de concessão ao pecado destes últimos. Vendo as obras e a pregação de João e de Jesus, muitos deles haviam acreditado e se convertido sinceramente. É o caso, por exemplo, do publicano Mateus, que se tornaria apóstolo e evangelista. Afinal, “quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e observa o direito e a justiça, conserva a própria vida. Arrependendo-se de todos os seus pecados, com certeza viverá; não morrerá” (Ez 18,27-28). Os chefes e anciãos, ao contrário, mesmo conhecendo o Precursor e Salvador, “não se arrependeram para crer” (Mt 21,32). Fazendo promessas de fidelidade e levando o nome “Senhor” à boca, não realizaram o mais importante: crer, converter-se e obedecer. Que Deus nos conceda uma piedade sincera, acompanhada do cumprimento dos seus mandamentos e de nossos deveres de estado!


16 | Geral | 23 a 29 de setembro de 2020 |

www.osaopaulo.org.br Diariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publicados recentemente. Luciney Martins/O SÃO PAULO

Dom Odilo comemora 71 anos de vida https://cutt.ly/zfXeRF2 Quando você doa sangue, pode salvar até 4 vidas https://cutt.ly/ofXe3nG Arcebispo de São Paulo abençoa Hospital Santa Dulce dos Pobres https://cutt.ly/6fXeFYn A genialidade da ‘Missa Solemnis’ de Beethoven, em seus 250 anos https://cutt.ly/rfXeZHj Vatican Media

Papa a crianças autistas: como as flores, cada um de nós é belo aos olhos de Deus https://cutt.ly/4fXeIhy Em carta, Congregação para a Doutrina da Fé condena todas as formas de eutanásia e de suicídio assistido https://cutt.ly/8fXe2DY Cardeal Scherer expressa solidariedade ao Padre Julio Lancellotti https://cutt.ly/RfXe85i

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Arquidiocese terá paróquia em honra a Santa Dulce dos Pobres Luciney Martins/O SÃO PAULO

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

No próximo sábado, 26, às 18h, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, presidirá a missa na qual será erigida uma nova Paróquia na Arquidiocese de São Paulo. Localizada no Jardim Felicidade, na periferia da zona Norte da capital paulista, a Paróquia terá como padroeira Santa Dulce dos Pobres, religiosa baiana canonizada em outubro de 2019. Seu território, até então Área Pastoral São José, foi desmembrado da Paróquia Natividade do Senhor, com sede no Jardim Fontalis. Na mesma celebração, tomará posse o primeiro Pároco, Padre Antonio Pedro dos Santos, que já atua na Área Pastoral dede 2016.

PARÓQUIA O Direito Canônico define como Paróquia “uma determinada comunidade de fiéis, constituída estavelmente na Igreja particular [diocese ou arquidiocese], e seu cuidado é confiado ao pároco, como seu pastor próprio, sob a autoridade do bispo diocesano”. Portanto, a Paróquia não se limita ao templo, que é a matriz ou sede paroquial, mas ao território no qual a Igreja está inserida. “A Paróquia é, acima de tudo, uma comunidade de pessoas, uma porção do povo de Deus, que se congrega concretamente e de forma organizada em nome de Cristo”, enfatizou o Arcebispo, na Carta Pastoral “Paróquia, torna-te o que tu és”, publicada em 2011. HISTÓRIA A história da comunidade que deu origem à Paróquia Santa Dulce dos Pobres começou há 27 anos, quando o bairro ainda não existia oficialmente. Assim como todos os bairros do entorno, o Jardim Felicidade é fruto das ocupações de famílias que se fixaram no extremo norte da cidade, no entorno da Serra da Cantareira, em busca de um lugar para viver. Em março de 1993, o presidente da associação de moradores, Manuel José Benedito, doou um terreno para a construção de uma capela. Maria Ericelda Fernandes Borges, 67, participa dessa história desde o início. Ela recordou que no dia em que encontraram o terreno, era 19, Solenidade de São José, e, por isso, desde então, a comunidade passou a invocar a proteção do patrono universal da Igreja. CAMPO DE MISSÃO Maria Ericelda relatou, ainda, que nessa época não havia nenhuma infraes-

Templo no Jardim Felicidade, na zona Norte, terá Santa Dulce dos Pobres como padroeira

trutura. “Os ônibus não chegavam até aqui, os taxistas não queriam entrar aqui porque tinham medo. Era muito difícil”, lembrou. Essas dificuldades, contudo, não impediram a ação missionária. “Nós organizamos a oração do Terço nas casas. A maioria das pessoas ainda morava em barracos, e nós íamos em meio ao barro mesmo. Nossa preocupação era evangelizar aquelas pessoas”, acrescentou. A primeira missa foi celebrada no terreno em 1995, e, no ano seguinte, iniciou-se a construção da capela. Aos poucos, a comunidade eclesial ia tomando forma e se organizando, com a ajuda de diversos padres da região, até que, no ano 2000, chegou o Padre Andrés Gustavo Marengo, Pároco da então recém-criada Paróquia Natividade do Senhor, à qual a comunidade pertencia. A comunidade cresceu e se estruturou. Em 2011, tornou-se uma área pastoral, primeiro passo para ser uma paróquia. A sede era Comunidade São José, tendo mais três comunidades. Em 2016, o Padre Antonio foi nomeado Vigário Paroquial da Paróquia Natividade do Senhor com a missão de acompanhar diretamente a Área Pastoral, a fim de estruturá-la para a elevação a Paróquia.

A PADROEIRA A princípio, os membros da comunidade desejavam que a nova Paróquia

mantivesse o nome de São José. Porém, como são muitas as paróquias na Arquidiocese com esse título, inclusive no mesmo setor pastoral já havia uma, começou-se a busca por um novo patrono, até que o Cardeal Scherer propôs que a padroeira fosse Santa Dulce dos Pobres. “Os fiéis gostaram muito da proposta, pois, além de ser uma santa brasileira e do Nordeste – aqui há muitos nordestinos –, Santa Dulce tem uma história de vida com a qual os nossos fiéis se identificam”, frisou o Padre. “O povo desta comunidade é marcado por um grande testemunho de partilha. Mesmo vivendo em meio a uma situação de pobreza, as pessoas tiram do pouco que têm para dividir com os irmãos. Assim como Santa Dulce vivia da providência divina e da caridade do povo, nossa comunidade experimenta essa providência no dia a dia”, acrescentou o futuro Pároco. Sacerdote há quase seis anos, Padre Antonio ressaltou que a criação da Paróquia unirá para sempre a história do seu ministério com a comunidade, pois o Pároco e a Paróquia nascerão juntos. “Para mim, é uma grande graça ver a alegria do povo ter seu grande sonho realizado e ter a oportunidade de dar a minha vida aqui, ajudando a edificar essa comunidade. Isso, sem dúvida, fortalece o meu ministério”, afirmou.

Arquivo paroquial

foto da semana Grupo de paroquianos da Paróquia Santa Rita de Cássia, da Região Episcopal Ipiranga, distribui marmitas à população em situação rua nas proximidades do Pateo do Collegio. Leia a reportagem completa neste link: https://cutt.ly/FfXeNlm. Viu algo que lhe chamou a atenção na cidade? Fotografe e mande para o nosso e-mail osaopaulo@uol.com.br, com o título “Foto da Semana”.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.