Semanário da Arquidiocese de São Paulo
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ano 65 | Edição 3318 | 7 a 14 de outubro de 2020
Editorial
Só atrairemos as pessoas a Cristo se permanecermos bem junto Dele
Página 4
Encontro com o Pastor
www.osaopaulo.org.br | R$ 2,00
Fratelli tutti: convite a repensar as relações humanas Vatican Media
Jesus Cristo disse: ‘Um só é o vosso Mestre e vós todos sois irmãos’
Página 2
Espiritualidade Aproveitamos o isolamento social para saber mais sobre a nossa fé?
Página 10
Liturgia e Vida Que jamais nos encontremos despojados da graça e das boas obras de Deus Página 17
Comportamento Os pais podem se tornar missionários para a recristianização do mundo
Página 9
Vidas ceifadas no ventre materno Neste mês, a série “Infância Roubada” alerta para o avanço do aborto em todo o mundo e para as tentativas de descriminalização de tal prática no Brasil, por meio de subterfúgios jurídicos e da relativização da dignidade dos nascituros.
No sábado, 3, o Papa assinou a encíclica Fratelli tutti na basílica em Assis onde está sepultado São Francisco; documento foi publicado no dia 4
Em sua mais recente encíclica, intitulada Fratelli tutti e publicada no domingo, 4, o Papa Francisco exorta a humanidade a avaliar o convívio entre as pessoas e nações, para que se construa um mundo mais justo e fraterno. O texto tem como pano de fundo a crise atual, decorrente da pandemia de COVID-19, que deu
mais visibilidade a problemas já existentes, como a desigualdade entre os países, a indiferença com os mais pobres, as guerras, o drama dos migrantes e os confrontos pelas redes sociais. O SÃO PAULO apresenta os principais tópicos da nova encíclica. Páginas 18 e 19 Luciney Martins/O SÃO PAULO
Páginas 12 e 13
O SÃO PAULO inicia série de entrevistas com candidatos a prefeito Andrea Matarazzo é o primeiro entrevistado. Serão ouvidos nas próximas edições: Bruno Covas, Russomanno, Boulos, Jilmar Tatto e Márcio França. Página 14
Igreja Nossa Senhora do Monte Serrate celebra 460 anos Em missa presidida por Dom Odilo Pedro Scherer, no sábado, 3, foi comemorada a existência secular da comunidade de fé que deu origem à Paróquia e ao bairro de Pinheiros. Página 15
Cardeal Scherer cumprimenta Dom Ângelo Mezzari, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo
Dom Ângelo Mezzari toma posse como Bispo Auxiliar da Arquidiocese O novo Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, Dom Ângelo Ademir Mezzari, tomou posse do ofício no domingo, 4, em missa na Catedral da Sé, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer. Na ocasião, Dom Ângelo também recebeu a nomeação de Vigário Episcopal para a Região Ipiranga. Em seu discurso de agradecimento, Dom Ângelo expressou o desejo e a disposição de “conhecer, fazer parte da vida, da missão, das lutas, dos sofrimentos, das alegrias e esperanças, dos sonhos e projetos pastorais da Igreja em São Paulo”. Página 3
2 | Encontro com o Pastor | 7 a 14 de outubro de 2020 |
cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
N
o dia de São Francisco de Assis, 4 de outubro, o Papa Francisco fez publicar sua nova encíclica – “Fratelli tutti – [Vós todos sois irmãos], sobre a fraternidade e a amizade social”. O título da nova encíclica traz as palavras de Jesus às multidões e aos discípulos ao adverti-los contra a falsidade e sede de poder e prestígio de escribas e fariseus: “Quanto a vós, não vos façais chamar de mestre, pois um só é o vosso Mestre e vós todos sois irmãos” (Mt 23,8). Essas palavras de Jesus estão no coração da mensagem “social” do Evangelho: o amor ao próximo está inseparavelmente vinculado ao amor a Deus. As relações entre as pessoas devem orientar-se sempre por esta verdade: somos irmãos uns dos outros. Se isso vale para as pessoas em geral, vale muito mais ainda para quem tem fé em Deus e é cristão. Há um só Deus e Pai; e um só é o nosso Mestre, o Cristo, a quem devemos reverência e obediência incondicional. Somos unidos
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Jesus disse: ‘Vós todos sois irmãos’ por laços naturais e sobrenaturais, que nos irmanam e nos unem uns aos outros. A partir desse princípio, acabam-se as pretensões de superioridade de uns sobre os outros, baseadas em critérios culturais, sociais, econômicos, raciais ou quaisquer outros. E também deveriam ser superadas as tendências ao fechamento aos outros embasadas em nacionalidades, religiões, ideologias e partidos. Deveriam cessar discussões sobre quem tem mais direitos que os demais e que seja reconhecido a cada um o justo direito, em conformidade com a mesma dignidade de todos os irmãos, membros da grande família humana, filhos do mesmo Pai do céu. A fraternidade muda a percepção dos outros: um olhar ambicioso e ganancioso sempre está atrás de vantagens para si e de postos acima dos outros, da afirmação do próprio direito sem se importar com o direito dos outros. O olhar ávido de bens, poder e vaidades é um grande mal e introduz desordem, discórdias e violência em todos os níveis da comunidade humana, comunidade familiar, urbana e nacional, até se instalar nos mais altos níveis da comunidade internacional. Numa comunidade de irmãos, procura-se
harmonizar o lugar e o justo direito de todos e se tem um olhar especial para os membros mais frágeis e necessitados da família humana. Vivemos tempos de uma cultura doentia, contagiada gravemente por diversos vírus destruidores, como o ódio e o fechamento em relação a quem é diverso ou pensa diversamente de nós; e também o vírus do egoísmo e do individualismo, da insensibilidade diante do sofrimento alheio e da afirmação exacerbada dos direitos particulares, ou supostos direitos, contra os direitos fundamentais e universais. Tudo isso leva o mundo aonde? Que futuro isso prepara para a humanidade? A nova encíclica do Papa Francisco, Fratelli tutti, se insere na Doutrina Social da Igreja e traz uma contribuição importantíssima para a vida social, econômica e política. Ela parte de um princípio cristão fundamental, a fraternidade, e vai às suas consequências para o convívio humano em todos os níveis. O Papa vai à raiz dos problemas e do sofrimento social da humanidade: falta de fraternidade e de verdadeira amizade entre as pessoas, grupos e povos. Nesse sentido, a encíclica oferece um remédio capaz de curar a cultura enferma em que vivemos,
que continua a produzir os males da injustiça, pobreza, guerras, humilhações e sofrimentos. Francisco não parte da afirmação de direitos, embora não os subestime. Também não parte simplesmente da condenação da guerra, embora isso não signifique sua aprovação como meio de solução de conflitos. O Papa se dirige à consciência e chama à conversão pessoal, social, econômica e política. Essa conversão requer desde a mudança de rumos e da lógica interna a comportamentos e atitudes geradoras de males, para orientar-se pela fraternidade e amizade, capazes de produzir atitudes sanadoras de tantos males que afligem o mundo. Francisco não se dirige somente aos membros da Igreja, mas a toda a humanidade. No primeiro domingo do mês missionário, ele realiza uma ação de “Igreja em saída”, uma ação evangelizadora de grande significado. E, no dia de São Francisco, “irmão universal”, que propôs um estilo de vida fraterna para o mundo, partindo do coração do Evangelho, o Papa presta uma homenagem ao Santo que, ao longo dos séculos, vai atraindo tantos à beleza da simplicidade e da vida fraterna, conforme o Evangelho.
Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa e online em www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator-chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Padre Bruno Muta Vivas e Fernando Geronazzo • Auxiliar de Redação: Flavio Rogério Lopes • Revisão: Padre José Ferreira Filho e Sueli Dal Belo • Opinião e Fé e Cidadania: Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP • Fotografia: Luciney Martins • Administração e Assinaturas: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Jenniffer Silva • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação: Rua Manuel de Arzão, 85 - Vila Albertina - 02730-030 • São Paulo - SP - Brasil • Fone: (11) 3932-3739 - ramal 222• Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 2,00 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.
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| 7 a 14 de outubro de 2020 | Geral/Atos da Cúria | 3
Dom Ângelo Mezzari: ‘Eis-me aqui, teu servidor’ Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
Fernando Geronazzo
osaopaulo@uol.com.br
O novo Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, Dom Ângelo Ademir Mezzari, tomou posse do ofício no domingo, 4, em missa na Catedral da Sé, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano. Na ocasião, Dom Ângelo também recebeu a nomeação de Vigário Episcopal para a Região Ipiranga. A Eucaristia foi concelebrada pelos demais bispos auxiliares da Arquidiocese e representantes do clero. Participaram da missa grupos de fiéis da Paróquia Nossa Senhora das Graças, em Bauru (SP), onde Dom Ângelo era pároco, e da sua diocese de origem, Criciúma (SC). Nomeado Bispo Auxiliar de São Paulo pelo Papa Francisco em 8 de julho, Dom Ângelo recebeu a ordenação episcopal no dia 19 de setembro, no Santuário Sagrado Coração Misericordioso de Jesus, em Içara, na Diocese de Criciúma.
Dom Ângelo Mezzari toma posse do ofício de Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, dia 4
riência de Deus, acolhendo este dom e chamado confirmado pela Igreja”, afirmou Dom Ângelo, acrescentando que, de repente, ele foi novamente levado a deixar tudo, despojar-se de tantas coisas e se deixar conduzir, de coração aberto, para aceitar a nova missão. “Eis-me aqui, teu servidor, faça-se em mim a vontade do Pai, não a minha”, afirmou. Em seguida, Dom Ângelo reforçou seu desejo de, como o Bom Pastor, ter um coração compassivo e servir com amor nas missões que lhe forem confiadas, especialmente na Região Ipiranga. “Que se aumente o clero, cresça a vida consagrada, multipliquem-se os dons, carismas, serviços e ministérios, para a glória de Deus e a obra da evangelização. Vamos rezar e trabalhar muito para que não faltem bons operários da messe, já que não há evangelização sem evangelizadores”, manifestou.
EM CAMINHO O novo Bispo Auxiliar afirmou, ainda, que se coloca “em caminho”, referindo-se ao sínodo OPERÁRIO DA MESSE arquidiocesano de São Religioso da ConPaulo. “Caminho, unido gregação dos Rogacioao pastor [Dom Odilo], nistas do Coração de aos demais bispos auxiJesus, Dom Ângelo adoliares e a todo o povo de tou como lema episcoDeus... Quero conhepal a expressão “Rogate cer, aprender, fazer parte ergo”, retirado do versída vida, da missão, das culo do Evangelho que lutas e sofrimentos, das inspira sua congregação Cardeal Scherer e os bispos auxiliares Dom Eduardo, Dom Devair, Dom José, Dom Ângelo, Dom Carlos, Dom Jorge e Dom Luiz Carlos alegrias e esperanças, – “Rogai ao Senhor que dos sonhos e projetos envie operários para sua Em seu discurso de agradecimensa casa dos Rogacionistas. Perdido, uma messe” (Mt 9,38). pastorais da Igreja em São Paulo e da Reto, no fim da celebração, Dom Ângelo gião onde servirei”, disse. alma generosa se aproximou e perguntou “Dom Ângelo, ajude-nos, em nossa recordou a primeira vez que chegara a Ao tomar posse do ofício, Dom Ânquem eu era e aonde ia. E, tomando migrande Arquidiocese, a sermos operários nha pequena mala, ajudou-me a chegar”, gelo se une aos outros seis bispos auxiliaSão Paulo, em 1976, aos 19 anos, quando da vinha do Senhor. Que Deus possa nos res da Arquidiocese: Dom Carlos Lema relatou. veio de ônibus de Criciúma para iniciar enviar e faça de nós bons servidores da sua Garcia, Dom Eduardo Vieira dos Santos, os estudos na capital paulista. “Sem nada messe, boas videiras do seu campo, da sua CHAMADO Dom Devair Araújo da Fonseca, Dom conhecer, apenas por indicações, cheIgreja. Que possamos produzir o fruto do guei à Estação da Luz, tomei o trem até “Desde o convite da minha nomeaJorge Pierozan, Dom José Benedito Cartestemunho do Evangelho em nossa cidade”, manifestou Dom Odilo, na homilia. ção, tenho vivido uma profunda expedoso e Dom Luiz Carlos Dias. a Estação Água Branca, indo para a nosReprodução Luciney Martins/O SÃO PAULO
EDITAL DE CONVOCAÇÃO Convocamos o Revmo. PE. PAULO ALMEIDA DE OLIVEIRA, sacerdote incardinado na Arquidiocese de São Paulo, a comparecer na Chancelaria do Arcebispado de São Paulo, que está situada na Av. Higienópolis, 890 – Higienópolis, 890 – Higienópolis – São Paulo – SP, no dia 09 de outubro de 2020, às 14h, para tratar de assunto de seu interesse. São Paulo, 05 de outubro de 2020.
No domingo, 4, o Cardeal Odilo Pedro Scherer conduziu o programa “Diálogos de Fé”, transmitido pela rádio 9 de Julho (AM 1600 kHz) e pelas mídias digitais da Arquidiocese. Como costume, o Arcebispo de São Paulo respondeu questões dos internautas e ouvintes. Assista ao vídeo em: https://tinyurl.com/y3zkylre.
4 | Ponto de Vista | 7 a 14 de outubro de 2020 |
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Editorial
A alma de todo apostolado
Q
ue São João Maria Vianney seja escolhido como padroeiro dos padres diocesanos não é espantoso: afinal, o Cura d’Ars deu sua vida como pastor das almas daquele pequeno vilarejo da França. No entanto, como entender que a padroeira do trabalho missionário da Igreja seja Santa Teresinha do Menino Jesus? Que relação pode haver entre uma monja carmelita de clausura e o apóstolo que busca no mundo as ovelhas desgarradas de Cristo? Por trás da escolha dessa padroeira, a sabedoria da Igreja nos quer lembrar, em primeiro lugar, que não existe verdadeira cisão entre a vida ativa e a contemplativa. Seria, por isso, um engano supor que ter uma sólida vida interior é “coisa de monge”. Pelo contrário: a oração – íntima, convicta, determinada –, que faz crescer nossa vida espiritual e nos aproxima de Jesus, é mesmo “a alma de todo apostolado”, na feliz expressão de Dom Chautard.
Com efeito, Jesus nos escolheu para sairmos e produzirmos frutos perenes (cf. Jo 15,16); Ele nos advertiu também que, perdendo a íntima conexão com Ele, somos como ramos separados da videira – absolutamente estéreis (cf. Jo 15,1-6). Confirma este ensinamento a vida dos grandes apóstolos da caridade: a mesma Madre Teresa de Calcutá, que espantava o mundo com seu zelo pelos leprosos e pelos moribundos, era irredutível quanto à necessidade de um diálogo generoso e cotidiano com o Senhor Eucarístico. Ao jovem padre, que antepunha as atividades pastorais à vida de oração, ela censurava: “Achas que eu conseguiria praticar a caridade se não pedisse todos os dias a Jesus que enchesse o meu coração com o Seu amor? Achas que eu poderia percorrer as ruas à procura dos pobres se Jesus não comunicasse à minha alma o fogo da Sua caridade? Sem Deus, somos pobres demais para ajudar os pobres!”.
Não por acaso, a primeira palavra de Jesus a seus discípulos foi “Vinde” (Jo 1,39), e sua última palavra, “Ide” (Mc 16,15). Todo verdadeiro apóstolo deve primeiro “vir” ao Mestre, conviver com Ele, aprender como Ele se porta – e só depois poderá “ir” ao mundo, e comunicar o Evangelho. Além do fato de que o apostolado só existe como superabundância da vida interior, a escolha de Santa Teresinha como padroeira das missões se justifica, em segundo lugar, pelo mistério da Comunhão dos Santos. Como ensina nossa religião, os méritos e preces de cada membro da Igreja, mesmo que feitos em oculto, podem aproveitar a todos os demais, e inclusive operar a conversão de pecadores. As preces amorosas de Santa Mônica, afinal, trouxeram à fé seu rebelde filho Agostinho; e a intercessão de Padre Pio de Pietrelcina, a pedido do então bispo Karol Wojtyla, curou milagrosamente a polonesa Wanda Póltawska, mãe de qua-
tro filhos que estava a ponto de morrer de câncer em 1962. Na vida de Santa Teresinha, seu apostolado da oração foi fecundo mesmo antes de sua entrada no carmelo: tendo lido no jornal acerca da prisão de Henri Pranzini, que havia matado três mulheres em Paris no “Crime da Rua Montaigne” e recusava a Confissão, ela pôs-se a rezar insistentemente e oferecer sacrifícios por sua conversão. O criminoso resistiu impenitente durante todo o tempo de sua prisão, até que, subindo já o cadafalso para ser executado, tomou de repente o crucifixo do padre ali presente e beijou-o três vezes – no que Teresinha viu um sinal divino de que suas preces haviam sido atendidas. Se hoje é a nós que Nosso Senhor convoca para evangelizar o mundo inteiro, tenhamos sempre em mente os exemplos dos santos, e especialmente de Santa Teresinha: só poderemos atrair as pessoas a Cristo se nós mesmos permanecermos sempre bem junto Dele.
Opinião
O que a COVID-19 evidencia na Fratelli tutti? Gerd Altmann/Pixabay
Klaus Brüschke Teço aqui algumas impressões de uma primeira leitura da encíclica Fratelli tutti, do Papa Francisco, a partir da experiência da pandemia, pela qual todos passamos. Como o próprio Francisco afirma, o novo coronavírus não provocou, com a crise sanitária, novas crises; ele agudizou os problemas de uma “sociedade doente”. Não passarei tais problemas em revista, alguns notórios, outros sutis, outros ainda desconhecidos ou invisibilizados. Em sua complexidade, abrangendo esferas humanas tão diversificadas, o Papa evidencia: tudo está interligado, somos todos interdependentes. Poderíamos, então, afirmar que seu denominador comum é um deficit de fraternidade. “O individualismo radical é o vírus mais difícil de vencer”, afirma Francisco. Na encíclica, o Papa explica a fraternidade a partir da visita de São Francisco ao sultão Malik-al-Kamil, demonstrando a grandeza de um amor desejoso de abraçar a todos, “submisso a toda criatura humana por amor de Deus”, como ordenava a seus discípulos. Para os cristãos, o princípio da fraternidade é simples: Deus é Pai de todos os seres humanos; por conseguinte, somos todos irmãos uns dos outros. Princípio tão cristalino, mas de muitas e profundas consequências, tratadas ao longo de toda a encíclica. Como chave de leitura, o Papa pro-
põe a parábola do Bom Samaritano – texto cristão cujo ensinamento ele crê que possa ser partilhado por todas as pessoas de boa vontade –, de cujo tesouro o Pontífice tira “coisas novas e velhas”, esmiuçando-a, ressignificando-a e atualizando-a para os dias de hoje. A fraternidade se concretiza no caminho da humanidade com as atitudes de “olhar” e “cuidar” do samaritano. Se a indiferença para com os que sofrem, os excluídos e descartados da sociedade é um drama da contemporaneidade, somos interpelados a voltar-lhes o olhar, para além de todas as barreiras e diferenças. A fundadora do Movimento dos Focolares, Chiara Lubich, diria: sair à procura dos inúme-
ros rostos do Cristo, que clama “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”, clamor por vezes surdo no ensurdecedor frenesi da vida moderna. Cuidar pode ser uma declinação do amor fraterno, verbo tão rico de significado, muitas vezes empregado por Francisco. Nos tempos da pandemia, assistimos a inúmeros testemunhos de cuidado fraterno: de quem o faz por profissão e se desdobrou em situações amiúde de sobrecarga, de quem exerce ofícios muitas vezes invisíveis, mas indispensáveis, dos pesquisadores de vacinas e medicamentos, e, especialmente, de tantas pessoas que voluntária e generosamente doaram víveres, produtos de higiene e dinhei-
ro, mas, sobretudo, doaram seu tempo, doaram a si mesmas. “A solidariedade manifesta-se concretamente no serviço, que […] é, ‘em grande parte, cuidar da fragilidade’”, afirma Francisco. Há um tipo de cuidado que é chamado “assistencial”, sempre necessário e benfazejo. Há também, contudo, um cuidado que é “estrutural e estruturante”, aquele voltado a mudar “as estruturas de pecado” da sociedade. O Papa dedica amplo espaço a isso, tratando de economia, política, educação, comunicação… Penso haver aqui uma tarefa que cabe especialmente aos cristãos leigos e a quem mais se compromete com a fraternidade humana: traduzir adequadamente esse conceito para os vários campos da vida em sociedade. Refiro-me, por exemplo, ao estudo referencial do professor de Filosofia Política Antonio Maria Baggio sobre a fraternidade como categoria política e jurídica, bem como aos educadores que aceitaram o convite do Pontífice ao Pacto Educativo Global, e aos jovens economistas que pensam numa “economia mais justa, inclusiva e sustentável”, a Economia de Francisco. Decerto as impressões do leitor enriqueceriam muitíssimo estes sucintos comentários, levando a uma compreensão do documento mais completa e fraterna. Klaus Brüschke é membro do Movimento dos Focolares, ex-publisher da Editora Cidade Nova, articulista e integrante do projeto do Instituto Universitário Sophia na América Latina e Caribe.
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
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| 7 a 14 de outubro de 2020 | Balanço | 5
MITRA ARQUIDIOCESANA DE SÃO PAULO CNPJ 63.089.825/0001-44
BALANÇO PATRIMONIAL
DEMONSTRAÇÕES DE RESULTADOS
Exercícios findos em 31 de dezembro de 2019 e 2018 (Valores expressos em milhares de reais)
Exercícios findos em 31 de dezembro de 2019 e 2018 (Valores expressos em milhares de reais)
Ativo Nota 2019 2018 Circulante Caixa e equivalentes de caixa................................... 4 10.773 59.016 Aplicação financeira.................................................. 5 95.361 34.900 Contas a receber....................................................... 6 5.567 2.012 Adiantamentos a funcionários................................... 262 695 Adiantamento a fornecedores................................... 7 2.546 37 Empréstimos concedidos.......................................... 8 8.912 8.894 Despesas antecipadas.............................................. 58 62 Outros ativos............................................................. 612 607 Total circulante........................................................... 124.091 106.223 Não circulante Realizável a longo prazo Contas a receber longo prazo................................... 6 14 Empréstimos concedidos.......................................... 8 643 665 Título Público a receber - Municipal.......................... 9 1.865 1.785 CEPAC - Certif.Potencial Adic.Construtivo................ 10 13.980 14.930 Investimentos............................................................ 1.468 1.259 17.970 18.639 Imobilizado................................................................ 11 106.259 106.042 Intangível................................................................... 12 444 440 Propriedade para investimento.................................. 13 33.560 33.560 140.263 140.042 Total não circulante................................................... 158.233 158.681 Total do ativo................................................................ 282.324 264.904 .
As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras
Passivo Nota 2019 2018 Circulante Fornecedor................................................................ 14 6.128 553 Salários, férias e encargos sociais a pagar............... 15 3.761 2.238 Obrigações tributárias a recolher.............................. 16 329 142 Tributos parcelados................................................... 17 197 186 Empréstimos e financiamentos................................. 2.503 4.584 Repasses de coletas a pagar.................................... 18 7.056 6.024 Outras contas a pagar............................................... 1.448 1.596 Total circulante........................................................... 21.422 15.323 Não circulante Exigível a longo prazo Tributos parcelados................................................... 17 854 993 Total não circulante................................................. 854 993 Patrimônio líquido...................................................... 19 Ajustes avaliação patrimonial ................................... 21.603 21.603 Superávit acumulado................................................. 226.092 195.777 Títulos públicos.......................................................... 893 893 Resultado do exercício.............................................. 11.460 30.315 Total patrimônio líquido............................................ 260.048 248.588 Total do Passivo........................................................... 282.324 264.904 As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.
DEMONSTRAÇÕES DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Exercícios findos em 31 de dezembro de 2019 e 2018 (Valores expressos em milhares de reais)
Superávit Superávit Ajuste de Títulos acumulado exercício avaliação públicos Total patrimonial (precatórios) Saldos em 1º de janeiro de 2017..................................................................... 190.373 424 21.603 893 213.293 Transf. resultados acumulados.......................................................................... 424 (424) - - Superávit do exercício........................................................................................ - 4.980 - - 4.980 Saldos em 31 de dezembro de 2017............................................................... 190.797 4.980 21.603 893 218.273 Transf. resultados acumulados.......................................................................... 4.980 (4.980) - - Superávit do exercício........................................................................................ - 30.315 - - 30.315 Saldos em 31 de dezembro de 2018............................................................... 195.777 30.315 21.603 893 248.588 Transf. resultados acumulados.......................................................................... 30.315 (30.315) - - Superávit do exercício........................................................................................ - 11.460 - - 11.460 Saldos em 31 de dezembro de 2019............................................................... 226.092 11.460 21.603 893 260.048 As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.
NOTAS EXPLICATIVAS ÀS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Para exercícios findos em 31 de dezembro de 2019 e 2018 (Valores expressos em milhares de reais)
1 Contexto operacional A Mitra Arquidiocesana de São Paulo, também conhecida por Mitra de São Paulo, de caráter religioso, educacional e de assistência social, sem fins lucrativos, designada canonicamente “Arquidiocese de São Paulo” fundada e constituída pelo Papa Bento XIV, em 06 de dezembro de 1745, pela Bula “Candor Lucis aetamae”, como circunscrição da Igreja Católica Apostólica Romana e inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica sob o nº 63.089.825/0001-44. A Mitra Arquidiocesana de São Paulo, como instituição eclesiástica, entidade civil beneficente, tem por escopo realização de atividades religiosas, educacionais, culturais e de assistência social, inclusive de assistência à saúde, e nesta condição integra, abrange e representa sob sua personalidade jurídica, as paróquias, freguesias, templos católicos, confrarias, irmandades, devoções, invocações, cúria arquidiocesana e órgãos de administração eclesial, detendo em consequência, a titularidade de todos os bens e direitos de uso e serventia que lhe são próprios, dentro dos limites territoriais da Arquidiocese de São Paulo e submetidos à autoridade canônica do Arcebispo Metropolitano. Atualmente a Mitra Arquidiocesana de São Paulo compreende cerca de 480 unidades das quais podemos citar 302 paróquias e suas comunidades distribuídas dentro do território. 2 Base de Preparação 2.1 Declaração de conformidade (com relação às normas IFRS e às normas do CPC) As demonstrações financeiras foram elaboradas de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. 2.2 Base de mensuração As demonstrações financeiras foram preparadas com base no custo histórico com exceção pelos instrumentos financeiros mensurados pelo valor justo por meio do resultado. 2.3 Moeda funcional e moeda de apresentação Essas demonstrações financeiras são apresentadas em Real, que é a moeda funcional da Mitra. Todas as informações financeiras apresentadas em reais foram arredondadas para o milhar mais próximo, exceto quando indicado de outra forma. 2.4 Uso de estimativas e julgamentos A preparação das demonstrações financeiras da Mitra Arquidiocesana de São Paulo requer que a Administração faça julgamentos e estimativas e adote premissas que afetam os valores apresentados de receitas, despesas, ativos e passivos, bem como as divulgações de passivos contingentes, na data-base das demonstrações financeiras. Revisões com relação a estimativas contábeis são reconhecidas no período em que as estimativas são revisadas e em quaisquer períodos futuros afetados. As informações sobre incertezas de premissas e estimativas que possuam um risco significativo de resultar em um ajuste material dentro do próximo exercício financeiro e julgamentos críticos referentes às políticas contábeis adotadas que apresentam efeitos sobre os valores reconhecidos nas demonstrações financeiras estão incluídos nas seguintes notas explicativas: • Determinação da vida útil do ativo imobilizado. O resultado das transações e informações quando da efetiva realização podem divergir dessas estimativas. 3 Principais políticas contábeis As políticas contábeis descritas em detalhes abaixo têm sido aplicadas de maneira consistente aos períodos apresentados nessas demonstrações financeiras. 3.1 Transações em moeda estrangeira Transações em moeda estrangeira são convertidas para as respectivas moedas funcionais da Mitra pelas taxas de câmbio nas datas das transações. Ativos e passivos monetários denominados e apurados em moedas estrangeiras na data de apresentação são convertidos para a moeda funcional à taxa de câmbio apurada naquela data. O ganho ou perda cambial em itens monetários é a diferença entre o custo amortizado da moeda funcional no começo do período, ajustado por juros e pagamentos efetivos durante o período, e o custo amortizado em moeda estrangeira à taxa de câmbio no final do período de apresentação. 3.2 Instrumentos financeiros Ativos financeiros não derivativos A Mitra reconhece os recebíveis e depósitos inicialmente na data em que foram originados. Todos os outros ativos financeiros são reconhecidos inicialmente na data da negociação na qual a Mitra se torna uma das partes das disposições contratuais do instrumento. A Mitra não reconhece um ativo financeiro quando os direitos contratuais aos fluxos de caixa do ativo expiram, ou quando a Mitra transfere os direitos ao recebimento dos fluxos de caixa contratuais dele em uma transação no qual essencialmente todos os riscos e benefícios da titularidade do ativo financeiro são transferidos. Eventual participação que seja criada ou retida pela Mitra nos ativos financeiros é reconhecida como um ativo ou passivo individual.
Os ativos ou passivos financeiros são compensados e o valor líquido apresentado no balanço patrimonial quando, e somente quando, a Mitra tenha o direito legal de compensar os valores e tenha a intenção de liquidar em uma base líquida ou de realizar o ativo e liquidar o passivo simultaneamente. A Mitra tem os seguintes ativos financeiros não derivativos: ativos financeiros registrados pelo valor justo por meio do resultado e recebíveis. Ativos financeiros registrados pelo valor justo por meio do resultado Um ativo financeiro é classificado pelo valor justo por meio do resultado caso seja classificado como mantido para negociação e seja designado como tal no momento do reconhecimento inicial. Os ativos financeiros são designados pelo valor justo por meio do resultado se, e somente se a Mitra gerencia tais investimentos e toma decisões de compra e venda baseadas em seus valores justos de acordo com a gestão de riscos documentada e a estratégia de investimentos da Mitra. Os custos da transação, após o reconhecimento inicial, são reconhecidos no resultado como incorridos. Ativos financeiros registrados pelo valor justo por meio do resultado são medidos pelo valor justo, e mudanças no valor justo desses ativos são reconhecidas no resultado do exercício. Recebíveis Recebíveis são ativos financeiros com pagamentos fixos ou calculáveis que não são cotados no mercado ativo. Tais ativos são reconhecidos inicialmente pelo valor justo acrescido de quaisquer custos de transação atribuíveis. Após o reconhecimento inicial, os recebíveis são medidos pelo custo amortizado através do método dos juros efetivos, decrescidos de qualquer perda por redução ao valor recuperável. Os recebíveis abrangem caixa e equivalentes de caixa e outros créditos. Caixa e equivalentes de caixa Caixa e equivalentes de caixa abrangem saldos de caixa, bancos conta movimento e aplicações financeiras com vencimento original de três meses ou menos a partir da data da contratação, os quais são sujeitos a um risco insignificante de alteração no valor, e são utilizadas na quitação das obrigações de curto prazo. 3.3 Passivos financeiros não derivativos A Mitra reconhece títulos de dívida emitidos e passivos subordinados inicialmente na data em que são originados. Todos os outros passivos financeiros são reconhecidos inicialmente na data de negociação na qual a Mitra se torna uma parte das disposições contratuais do instrumento. A Mitra baixa um passivo financeiro quando tem suas obrigações contratuais retirada, cancelada ou vencida. A Mitra tem os seguintes passivos financeiros não derivativos: fornecedores, diferenças salariais e outras contas a pagar. Tais passivos financeiros são reconhecidos inicialmente pelo valor justo acrescido de quaisquer custos de transação atribuíveis. Após o reconhecimento inicial, esses passivos financeiros são medidos pelo custo amortizado através do método dos juros efetivos. Instrumentos financeiros derivativos A Mitra não possuía em 31 de dezembro de 2019 e 2018 nenhuma operação com instrumentos financeiros derivativos, incluindo operações de hedge. 3.4 Contas a receber Representam basicamente operações ocorridas no Cemitério Gethsêmani. O reconhecimento do ajuste para créditos duvidosos foi constituído em montante considerado suficiente pela Administração para fazer face, a eventuais perdas na realização destes ativos e é calculada levando-se em consideração os índices históricos de recuperação em suas diversas modalidades. Estes índices são revisados anualmente buscando uma melhor estimativa para a mensuração desses valores. 3.5 Passivo circulante e não circulante Os passivos circulantes e não circulantes são demonstrados pelos valores conhecidos ou calculáveis acrescidos, quando aplicável dos correspondentes encargos, variações monetárias e/ou cambiais incorridas até a data de levantamento do balanço patrimonial. 3.6 Provisões Uma provisão é reconhecida no balanço patrimonial quando a Mitra possui uma obrigação legal ou constituída como resultado de um evento passado, e é provável que um recurso econômico seja requerido para saldar a obrigação. As provisões são registradas tendo como base as melhores estimativas, de escritórios jurídicos, independentes do risco envolvido. 3.7 Imobilizado Reconhecimento e mensuração Itens do imobilizado são mensurados pelo custo histórico de aquisição ou construção, deduzido de depreciação acumulada e perdas de redução ao valor recuperável (impairment) acumulada. Ganhos e perdas na alienação de um item do imobilizado são apurados pela comparação entre os recursos advindos da alienação com o valor contábil líquido do imobilizado e são reconhecidos em outras receitas/despesas operacionais no resultado.
Nota 2019 2018 Receitas operacionais Receitas com serviços religiosos.............................. 24.993 25.602 Receitas com produtos religiosos.............................. 6.369 6.691 Receitas com festividades......................................... 31.297 25.804 Receitas com locação............................................... 21.377 21.988 Receitas com donativos e contribuições................... 126.041 119.400 Receitas com cemitério............................................. 5.072 4.312 Outras receitas.......................................................... 1.284 1.346 Receitas operacionais líquida..................................... 20 216.433 205.143 Despesas/Receitas operacionais Despesas com salários, férias e encargos sociais.... 21 (89.867) (85.016) Despesas com serviços ............................................ 22 (29.295) (27.608) Despesas paroquiais................................................. 23 (12.461) (8.566) Despesas com pastorais........................................... 24 (50.247) (50.673) Despesas com água, luz, correios, telefone e gás.... 25 (10.249) (9.619) Despesas com expediente........................................ 26 (10.030) (8.128) Despesas com locações............................................ 27 (2.438) (1.956) Despesas com manutenção...................................... 28 (16.735) (11.489) Despesas com viagens e estadias............................ (303) (255) Outras despesas administrativas.............................. 29 (1.299) (1.838) Despesas com depreciações e amortizações........... (7.123) (6.802) Provisões para processos e créditos de liquidação.. (40) (1.203) Despesas com o cemitério........................................ (35) (165) Outras despesas/receitas.......................................... 30 15.871 35.801 Total de Despesas/Receitas operacionais................. (214.251) (177.517) Superávit operacional antes do resultado financeiro.... 2.182 27.626 Receitas financeiras.................................................. 31 11.177 4.406 Despesas financeiras................................................ 31 (1.899) (1.717) 9.278 2.689 Superávit do exercício................................................. 11.460 30.315 As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.
DEMONSTRAÇÕES DOS RESULTADOS ABRANGENTES Exercícios findos em 31 de dezembro de 2019 e 2018 (Valores expressos em milhares de reais)
2019 2018 Superávit do exercício ................................................ 11.460 30.315 Superávit abrangente total ......................................... 11.460 30.315 As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.
DEMONSTRAÇÕES DOS FLUXOS DE CAIXA (MÉTODO INDIRETO) Exercícios findos em 31 de dezembro de 2019 e 2018 - (Valores expressos em milhares de reais)
2019 2018 Fluxo de caixa das atividades operacionais.............. (38.779) 33.604 Superávit do exercício............................................... 11.460 30.315 Mais: Despesas com depreciações e amortizações. 7.123 32 Mais: Provisões para processos e créditos de liquidação 39 454 Superávit ajustado....................................................... 18.622 30.801 Recebimento parte do CEPAC - Certificado Potencial Adicional Construtivo................................. 733 4.080 Recebimento pela venda do imóvel para Sociedade Beneficente São Camilo.......................... - 16.500 Pagamentos de obrigações sociais e trabalhistas.... (20.634) (19.214) Pagamentos a fornecedores de materiais e serviços e outras contas a pagar............................... (238.552) (8.319) Pagamentos de obrigações, impostos, taxas e tributos (1.529) (1.105) Variação (aumento/diminuição) contas de ativos...... (66.176) (19.829) Variação (aumento/diminuição) contas de passivos.. 268.757 30.690 Fluxo de caixa das atividades de investimento........ (7.383) (33.667) Aquisição de imobilizado........................................... (8.667) (5.868) Diminuição em outras atividades de investimento.... 1.284 (27.799) Fluxo de caixa das atividades de financiamento...... (2.081) 2.018 Empréstimos e financiamentos................................. 329 2.120 Diminuição/Aumento em outras atividades de financiamento....................................................... (2.410) (102) Aumento líquido de caixa............................................ (48.243) 1.955 Caixa e equivalentes de caixa no início do período.. 59.016 57.061 Caixa e equivalentes de caixa no final do período.... 10.773 59.016 Variação do caixa e equivalentes de caixa................ (48.243) 1.955 As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.
Depreciação As vidas úteis estimadas para os períodos corrente e comparativo são as seguintes: Imóveis.................................................................... 25 anos Móveis e utensílios.................................................. 10 anos Computadores periféricos de informática................ 5 anos Máquinas e equipamentos...................................... 10 anos Instalações.............................................................. 10 anos Ferramentas............................................................ 10 anos Veículos................................................................... 5 anos Outras imobilizações............................................... 10 anos Os métodos de depreciação, as vidas úteis e os valores residuais serão revistos a cada encerramento de exercício financeiro e eventuais ajustes são reconhecidos como mudança de estimativas contábeis. 3.8 CEPAC (Certificado de Potencial Adicional Construtivo) Este direito é um título ao portador e pode ser comercializado no chamado “mercado secundário”, e atende a premissa de expectativa de geração de benefício econômico para a Mitra. O valor apresentado nas demonstrações financeiras indica a expectativa da Administração da Mitra quanto à sua realização, em conjunto com os esforços de negociação deste título para o qual, quando efetivamente negociado, prevalecerá o valor de mercado na data de cada negociação. 3.9 Receitas e despesas financeiras As receitas financeiras abrangem receitas de juros sobre aplicações financeiras e juros sobre contas a receber. A receita de juros é reconhecida no resultado, através do método dos juros efetivos. As despesas financeiras abrangem despesas com juros sobre empréstimos, despesas com juros e multas sobre passivos em abertos. Custos de empréstimo que não são diretamente atribuíveis à aquisição, construção ou produção de um ativo qualificável são mensurados no resultado através do método de juros efetivos, além dos encargos financeiros incidentes sobre tributos parcelados junto ao Governo. 4 Caixa e equivalentes de caixa Caixa matriz e filiais ................................................ Bancos conta movimento........................................
2019 2018 5.086 58.626 5.687 390 10.773 59.016
As disponibilidades da instituição ficam sob a responsabilidade da Matriz e de suas filiais (paróquias, regiões episcopais, seminários, cemitério entre outros). 5 Aplicações financeiras Aplicações financeiras.............................................
2019 2018 95.361 34.900 95.361 34.900
As aplicações financeiras de curto prazo referem-se, substancialmente, aos fundos de renda fixa e são remunerados a taxas praticadas pelo mercado. Existem ainda aplicações em certificados de depósitos bancários remunerados a taxas que variam entre 92% a 98% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI).
6 | Balanço | 7 a 14 de outubro de 2020 |
www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
MITRA ARQUIDIOCESANA DE SÃO PAULO 6 Contas a receber 2019 2018 Clientes (produtos religiosos)......................................... 817 817 Clientes (locações)......................................................... 198 197 Cheques devolvidos....................................................... 471 394 Cartões de crédito.......................................................... 634 604 Outros valores a receber (a).......................................... 3.461 5.581 2.012 Classificados como: Circulante................................................................ 5.567 2.012 Não circulante.......................................................... 14
(a) Outros valores a receber, trata-se das parcelas a receber em 2020 do CEPAC - CERTIF. POTENCIAL ADIC.CONSTRUTIVO, os demais valores compreendem basicamente a operações ocorridas no Cemitério Gethsêmani.
7 Adiantamento a fornecedores 2019 2018 Fornecedores de material (adiantamento).............. 47 Fornecedores de serviço (adiantamento)................ 2.499 37 2.546 37
Pagamento antecipado na aquisição de bens ou serviços para recebimento futuro.
8 Empréstimos concedidos 2019 2018 Empréstimos concedidos (curto prazo).......................... 8.912 8.894 Empréstimos concedidos (longo prazo)......................... 643 665 9.555 9.559 Referem-se aos empréstimos realizados para atender às necessidades gerais da Mitra Arquidiocesana, suas paróquias, regiões, etc.
2019 2018 1.865 1.785 1.865 1.785
Refere-se à execução contra a Municipalidade de São Paulo, autos processuais nº 20251/05 em tramitação na Vara de execuções contra a Fazenda Pública, setor Municipal, do Fórum da Fazenda Pública da Comarca de São Paulo/SP, por sua vez decorrente da ação de desapropriação nº 053.77.131437-9. A atualização monetária do valor ocorre de acordo com o INPC (IBGE), índice do Tribunal de Justiça de São Paulo destinado às desapropriações. 10 CEPAC – Certificado de Potencial Adicional Construtivo CEPAC - Certif.Potencial Adic.Construtivo..............
2019 2018 13.980 14.930 13.980 14.930
Em 15 de Setembro de 2015, a Mitra obteve Declaração de Potencial Construtivo Passível de Transferência SMDU/DEUSO 0099/15, conforme publicação no Diário Oficial da Cidade de São Paulo. O diretor do Departamento do Uso do Solo DEUSO da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano - SMDU, nos termos do que dispõem os artigos 122 a 132 da Lei nº 16.050, de 31 de julho de 2014, declarou que o imóvel situado na Avenida Nazaré, 993, Distrito do Ipiranga, São Paulo/SP, registrado no 6º Cartório de Registro de Imóveis da Capital e tombado pela Resolução nº 05/2007 e 06/2007 do Conpresp, dispõe de 35.011,40m2 (trinta e cinco mil, onze metros e quarenta decímetros quadrados) de potencial construtivo passível de transferência, originado sem a doação de terreno. Cada CEPAC equivale a determinado valor de m² para utilização em área adicional de construção ou em modificação de usos e parâmetros de um terreno ou projeto. Este valor mobiliário é um título ao portador e pode ser comercializado no chamado “mercado secundário”, e atende à premissa de expectativa de geração de benefício econômico para a Mitra. O recebimento deste direito foi reconhecido como receita na demonstração do resultado do exercício. CEPAC - Ativo não circulante...................................... Em R$ mil Em m2 Saldo em 31 de dezembro de 2017...................... 36.708 35.011,40 Venda CEPAC em 13/08/2018 .............................. (2.668) -4.915,38 Deságio pela venda 13/08/2018 ............................. (2.486) Atualização CEPAC- valor de mercado.................. (15.212) Venda CEPAC em 10/08/2018................................ (1.412) -2.600,32 Saldo em 31 de dezembro de 2018 ..................... 14.930 27.495,70 Venda CEPAC em 16/12/2019 ............................... (3.665) - 5.710,43 Ágio pela venda 16/12/2019 .................................. 564 Atualização CEPAC- valor de mercado.................. 2.151 Saldo em 31 de dezembro de 2019...................... 13.980 21.785,27 Em 13 de agosto de 2018 houve a negociação de 4.915,38 metros quadrado do CEPAC ao preço de R$ 542,79, totalizando R$ 2.668 recebido até o encerramento do exercício. Como o valor do metro quadrado era inferior ao M2 registrado na contabilidade, esta operação gerou um deságio de -R$ 2.486. Os valores registrados na contabilidade foram atualizados ao valor unitário do M2 da venda, ou seja, a atualização do CEPAC ao valor de mercado resultou em uma variação negativa de –R$ 15.212. Em 10/08/2018 houve a negociação de 2.600,32 metros quadrado do CEPAC pelo preço de R$ 582,42 o M2, a venda totalizou R$ 1.412 de recurso para instituição. Em 16/12/2019 foi negociado 5.710,43 metros quadrado do CEPAC pelo preço de R$ 543,01 o M2, o valor da venda resultou em R$ 3.664. Os valores registrados na contabilidade foram atualizados ao valor unitário do M2 da venda, ou seja, a atualização do CEPAC ao valor de mercado resultou em uma variação positiva R$ 2.151. O saldo em 2019 do CEPAC é de R$ 13.980 e 21.785,27 M2. 11 Imobilizado (a) Composição do saldo 2019 2018 Custo Custo
Custo Depreciação
Líquido Líquido
Terrenos 2.639 - Prédios e edificações 57.807 (4.419) Moveis e utensílios 21.099 (9.060) Computadores e periféricos de informática 5.350 (4.433) Máquinas e equipamentos 9.608 (3.737) Instalações 5.962 (4.193) Ferramentas 21 (4) Veículos 15.283 (12.670) Imagens 663 (259) Esculturas 426 (132) Quadros 142 (52) Biblioteca/videoteca 390 (234) Construções em andamento 609 - Outras imobilizações não espec. anterior. 2.578 (1.601) Benfeitorias imóveis próprios 25.489 (1.959) Bens em aquisição (Leasing) 9 - Bens em aquisição (Consorcio) 937 - 149.012 (42.753)
Biblioteca/Videoteca 390 Construções em Andamento - Outras Imobilizações não Espec. Anterior. 2.322 Benfeitorias imóveis próprios 24.730 Bens em Aquisição (Leasing) 9 Bens em Aquisição (Consorcio) 907 Total 141.791
- 630
- (21)
390 609
Depreciação 31/12/2018 Adições Baixas 31/12/2019 Prédios e edificações (2.299) (2.120) - (4.419) Moveis e Utensílios (8.540) (520) - (9.060) Computadores e Periféricos de Informatica (4.179) (254) - (4.433) Máquinas e Equipamentos (2.861) (876) - (3.737) Instalações (3.651) (542) - (4.193) Ferramentas (2) (2) - (4) Veículos (11.254) (1.416) - (12.670) Imagens (194) (65) - (259) Esculturas (102) (30) - (132) Quadros (38) (14) - (52) Biblioteca/Videoteca (195) (39) - (234) Outras Imobilizações não Espec. Anterior. (1.479) (122) - (1.601) Benfeitorias em imóveis próprios (955) (1.004) - (1.959) Total (35.749) (7.004) - (42.753) Total líquido 106.042 1.692 (1.475) 106.259
261 (5) 2.578 767 (8) 25.489 - - 9 30 - 937 8.696 (1.475) 149.012
Compreendem os ativos da Instituição. Esses bens estão reconhecidos pelo custo de aquisição sendo deduzidas as depreciações. 12 Intangíveis
9 Título Público a receber – Municipal Título Público a receber - Municipal........................
2.639 53.388 12.039
2.459 55.508 10.869
917 5.871 1.769 17 2.613 404 294 90 156 609
513 4.915 2.229 3 3.177 437 106 97 195 -
977 843 23.530 23775 9 9 937 907 106.259 106.042
(b) Movimentação dos custos e das depreciações acumuladas Custo 31/12/2018 Adições Baixas 31/12/2019 Terrenos 2.459 180 - 2.639 Prédios e edificações 57.807 - - 57.807 Moveis e utensílios 19.409 1.861 (171) 21.099 Computadores e periféricos de informática 4.692 685 (27) 5.350 Máquinas e equipamentos 7.776 2.070 (238) 9.608 Instalações 5.880 84 (2) 5.962 Ferramentas 5 24 (8) 21 Veículos 14.431 1.788 (936) 15.283 Imagens 631 63 (31) 663 Esculturas 208 246 (28) 426 Quadros 135 7 - 142
(a) Composição do saldo
2019 2018 Custo Custo Amortização Custo Líquido Líquido
Software Outros Intangíveis Total
218 (68) 490 (196) 708 (264)
150 294 444
97 343 440
(b) Movimentação dos custos e das amortizações acumuladas 31/12/2018 Adições Baixas 31/12/2019 Custo Software 151 77 (10) 218 Outros Intangíveis 490 - - 490 Total 641 77 (10) 708
31/12/2018 Adições Baixas 31/12/2019 Amortização Software (54) (14) - (68) Outros Intangíveis (147) (49) - (196) Total (201) (63) - (264) Total líquido 440 14 (10) 444
13 Propriedade para investimentos
Saldo de 31 de dezembro de 2017..................................................... Registro contábil do imóvel valor venal............................................... Atualização do imóvel ao valor de mercado........................................ Saldo de 31 de dezembro de 2018................................................... Atualização do imóvel ao valor de mercado........................................ Saldo de 31 de dezembro de 2019...................................................
21.894 11.666 33.560 33.560
Detalhamento Terreno – Avenida Nazaré, 1.139 ....................................................... 7.353 Prédio – Avenida Nazaré, 1.139.......................................................... 26.207
14 Fornecedor Fornecedores de materiais................................................ Fornecedores de serviços................................................. Autônomos a pagar...........................................................
2019 896 5.208 24 6.128
2018 10 511 32 553
Referem-se aos fornecedores de materiais, serviços e autônomos. A Mitra está implementando um sistema ERP, em 2019 foi concluída a implantação do módulo financeiro, o que possibilitou uma melhoria nos registros contábeis dos títulos a pagar que são oriundos de Notas Fiscais. A variação é decorrente da melhora nos controles e registros dos títulos a pagar. 15 Salários, férias e encargos sociais a pagar 2019 2018 Salários, férias e outras obrigações a pagar..................... 733 704 INSS, FGTS e PIS............................................................. 1.701 455 Previsões de férias............................................................ 1.327 1.079 3.761 2.238 Referem-se basicamente às obrigações trabalhistas junto aos funcionários da Instituição. 16 Obrigações tributárias a recolher IRRF ................................................................................. PIS/COFINS/CSLL............................................................ ISS..................................................................................... Outras obrigações.............................................................
2019 2018 149 137 91 4 88 1 1 329 142
17 Tributos parcelados 2019 2018 PPI municipal (i)................................................................ 1.051 1.179 Total.................................................................................. 1.051 1.179 Circulante.......................................................................... 197 186 Não circulante.................................................................... 854 993 (i) PPI Municipal – A Mitra Arquidiocesana de São Paulo aderiu ao PPI (Programa de Parcelamento Incentivado) da Prefeitura do Município de São Paulo em Abril de 2015, em que o saldo foi dividido em 120 parcelas corrigidas mensalmente pela taxa Selic. Em 31 de dezembro de 2019, restavam 64 parcelas a pagar, compostas da seguinte forma: 2019 Pagamento estimado em 2020(circulante).......................................... 197 Pagamento estimado em 2021(não circulante)................................... 197 Pagamento estimado em 2022(não circulante)................................... 197 Pagamento estimado em 2023(não circulante)................................... 197 Pagamento estimado em 2024(não circulante)................................... 197 Pagamento estimado em após 2025(não circulante).......................... 66 1.051 18 Repasses de coletas a pagar 2019 2018 Repasses de coletar a pagar............................................. 7.056 6.024 7.056 6.024 Refere-se a valores coletados para repassar à obras sociais (repasses para obras no Brasil e exterior) 19 Patrimônio líquido Superávit acumulado......................................................... Superávit do exercício....................................................... Ajuste avaliação patrimonial.............................................. Títulos públicos (i).............................................................
2019 2018 226.092 195.777 11.460 30.315 21.603 21.603 893 893 260.048 248.588
O Patrimônio líquido é composto de todas as doações de bens, bem como dos superávits gerados ao longo dos exercícios sociais. Destacamos que as receitas, decorrentes de doações e contribuições para custeio, recebidas pela Mitra são empregadas integralmente nos seus objetivos sociais. (i) O valor registrado em títulos públicos, conforme mencionado na nota explicativa nº 9, refere-se à execução contra a Municipalidade de São Paulo decorrente da ação de desapropriação. 20 Receitas operacionais líquida 2019 2018 Receitas com donativos e contribuições Dízimos paroquiais......................................................... 57.167 54.838 Coletas de missa............................................................ 37.794 36.076 Donativos........................................................................ 30.122 27.546 Dízimos sacerdotais....................................................... 958 940 126.041 119.400 Receitas com serviços Taxas paroquiais............................................................. 13.534 13.109 Casamentos................................................................... 4.729 5.660 Batizados........................................................................ 2.241 2.349 Esportulas de missas..................................................... 2.006 1.909 Cursos............................................................................ 1.217 1.207 Taxa de processos.......................................................... 1.176 1.139 Outros serviços............................................................... 90 229 24.993 25.602 Receitas com produtos religiosos Velas, vinhos e hóstias................................................... 2.797 3.124 Livros e periódicos.......................................................... 729 1.092 Imagens, santinhos, crucifixos e terços.......................... 2.843 2.475 6.369 6.691 Receitas com festividades Festividades e promoções.............................................. 14.426 12.598 Quermesses................................................................... 16.871 13.204 31.297 25.802 Receitas com locação Aluguel de imóveis.......................................................... 18.656 19.065 Aluguel de espaços físicos............................................. 3.679 3.787 Repasse/abatimento de aluguel de imóveis................... (958) (864) 21.377 21.988 Receitas com cemitério (i) Concessão de uso de jazigos e gavetas........................ 2.477 2.033 Receita de manutenção.................................................. 1.669 1.453 Receita de velório........................................................... 654 531 Receita de sepultamento................................................ 194 181 Receita de lapides.......................................................... 116 110 Outras receitas do cemitério........................................... 316 263 Participação do incorporador do cemitério..................... (354) (259) 5.072 4.312 Outras receitas Folhetos.......................................................................... 829 924 Hospedagem.................................................................. 241 225 Estacionamento.............................................................. 187 199 Outros............................................................................. 27 1.284 1.348 Receitas operacional líquida.......................................... 216.433 205.143 As receitas auferidas são revertidas para os objetivos sociais da Instituição. (i) Referem-se a receitas do Cemitério Gethsêmani em suas operações. 21 Despesas com pessoal 2019 2018 Desp. c/salários e ordenados............................................ (27.166) (26.335) Desp. c/côngruas e verbas de representação................... (22.970) (21.563) Desp. c/INSS, FGTS e PIS................................................ (15.835) (14.610) Desp. c/assistência médica e odontológica....................... (14.392) (12.246) Desp. c/férias e 13º salário................................................ (4.978) (4.899) Desp. c/cesta básica e vale refeição................................. (2.069) (2.632) Desp. c/rescisões contratuais............................................ (1.416) (1.440) Desp. c/vale transporte...................................................... (573) (726) Outros benefícios sociais.................................................. (160) (241) Desp. c/seguro de vida...................................................... (264) (281) Desp. c/auxílio creche....................................................... (12) (7) Desp. c/treinamento de pessoal........................................ (32) (36) (89.867) (85.016)
Refere-se a despesas e gastos com pessoal da instituição.
22 Despesas com serviços 2019 2018 Desp. c/serv. construção civil e reformas.......................... (14.034) (13.543) Desp. c/serv. autônomos................................................... (5.596) (8.462) Desp. c/serv. segurança patrimonial.................................. (3.828) (2.611) Desp. c/serv. limpeza patrimonial...................................... (1.951) (1.157) Desp. c/serv. assessoria e consultoria.............................. (2.644) (987) Desp. c/serv. comunicação................................................ (476) (318) Desp. c/Serv. estagiários................................................... (85) (161) Desp. c/serv. representação.............................................. (80) (126) Outras despesas com serviços......................................... (601) (243) (29.295) (27.608) 23 Despesas paroquiais 2019 2018 Desp. c/alimentação e refeição......................................... (7.057) (4.997) Desp. c/higiene e limpeza................................................. (1.887) (1.259) Desp. c/serviços médicos.................................................. (613) (745) Desp. c/medicamentos e mat. hospitalares....................... (704) (586) Desp. c/roupas e paramentos........................................... (469) (427) Desp. c/utilidades copa e cozinha..................................... (725) (399) Desp. c/utilidades cama e banho...................................... (289) (76) Outras despesas paroquiais.............................................. (717) (77) (12.461) (8.566) 24 Despesas pastorais 2019 2018 Desp. c/donativos e contribuições..................................... (10.174) (11.965) Desp. c/taxas para região episcopal................................. (14.199) (13.699) Desp. c/ quermesse .......................................................... (5.165) (5.151) Desp. c/velas, vinhos e hóstias......................................... (2.719) (2.867) Desp. c/confecções, impressões e cartazes..................... (3.133) (2.194) Desp. c/verba pastoral....................................................... (2.104) (2.231) Desp. c/espórtulas de missas pagas................................. (2.026) (1.823) Desp. c/materiais para as pastorais.................................. (1.366) (2.044) Desp. c/ornamentações..................................................... (1.589) (1.330) Desp. c/cursos/encontros e retiros.................................... (1.694) (1.428) Desp. c/material de escritório............................................ (864) (1.064) Desp. c/livros..................................................................... (1.303) (914) Desp. c/imagens, santinhos e terços................................. (1.101) (981) Desp. c/alfaias e medalhas............................................... (506) (565) Desp. c/condução e transportes........................................ (180) (140) Desp. c/processos/custas judiciais.................................... (188) (169) Desp. c/cartório/xerox........................................................ (25) (101) Outras despesas pastorais................................................ (1.911) (2.007) (50.247) (50.673) 25 Despesas com água, luz, correios, telefone e gás 2019 2018 Desp. c/energia elétrica..................................................... (4.538) (4.132) Desp. c/água e esgotos..................................................... (3.543) (3.420) Desp. c/telecomunicações................................................. (1.314) (1.354) Desp. c/correios e malotes................................................ (374) (370) Desp. c/gás........................................................................ (480) (343) (10.249) (9.619)
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| 7 a 14 de outubro de 2020 | Balanço/Fé e Vida | 7
MITRA ARQUIDIOCESANA DE SÃO PAULO 26 Despesas com expediente 2019 2018 Desp. c/bens de natureza permanente............................. (2.423) (1.886) Desp. c/combustíveis e lubrificantes................................. (1.158) (1.210) Desp. c/internet, tv. a cabo................................................ (991) (1.102) Desp. c/assinat.de jornais e revistas................................. (657) (930) Desp. c/eventos................................................................. (1.753) (689) Desp. c/seguros patrimoniais/veículos.............................. (794) (648) Desp. c/brindes e presentes.............................................. (287) (351) Desp. c/contribuição a entidades de classe...................... (86) (135) Desp. c/refeições............................................................... (161) (287) Desp. c/transporte público e taxi....................................... (108) (164) Desp. c/estacionamento.................................................... (112) (113) Desp. c/materiais de informática....................................... (320) (109) Desp. c/pedágio................................................................. (53) (50) Desp. c/uniformes.............................................................. (226) (41) Outras despesas com expediente..................................... (901) (413) (10.030) (8.128) 27 Despesas com locações 2019 2018 Desp. c/condomínio........................................................... (773) (690) Desp. c/locações de imóveis............................................. (1.060) (752) Desp. c/locações de máquinas e equipamentos............... (390) (327) Desp. c/locação de veículos.............................................. (138) (104) Desp. c/locações de móveis e utensílios........................... (40) (83) Desp.c/locação e cessão de espaço................................. (37) (2.438) (1.956)
30 Outras receitas e outras despesas
31 Resultado financeiro
2019 2018 Total de outras receitas (i)................................................. 15.879 53.510 Total de outras despesas (ii).............................................. (8) (17.709) Resultado (outras receitas e despesas)........................ 15.871 35.801
2019 2018 Despesas Tarifas bancárias............................................................... (981) (1.039) Juros e encargos sobre empréstimos bancários............... (424) (392) Encargos financeiros sobre IPTU parcelado (PPI)............ (86) (77) Desp. com tarifas de cartões............................................. (263) (108) Outras despesas financeiras............................................. (145) (101) (1.899) (1.717) Receitas Juros sobre aplicação financeira....................................... 4.043 3.774 Ganhos com título de capitalização................................... 50 2 Receitas financeiras - das operações............................... 161 156 Descontos obtidos............................................................. 434 6 Atualização monetária de títulos públicos (i)..................... 81 64 Outras receitas financeiras................................................ 6.408 404 11.177 4.406 (i) C onforme mencionado na nota explicativa nº 9, refere-se à execução contra a Municipalidade de São Paulo decorrente da ação de desapropriação. O valor registrado corresponde a atualização monetária do valor de acordo com o INPC (IBGE), índice do Tribunal de Justiça de São Paulo destinado às desapropriações.
2019 2018 Outras receitas: (i) Reconhecimento Imóveis – prédio e terreno (a)............... - 21.894 Propriedade p/ investimento (atualização vl. mercado) (b) - 11.666 Receitas c/ganhos na alienação de bens (c)..................... 2 16.547 Recuperação despesas diversas...................................... 6.630 3.396 Atualização do valor justo – CEPAC (d)............................ 2.714 7 Outras receitas operacionais............................................. 6.533 15.879 53.510
(a) R efere-se ao registro contábil do imóvel da avenida Nazaré, 1.139, o mesmo não constava na contabilidade até 2017. Como a atual norma contábil não permite o registro contábil diretamente no Patrimônio líquido, realizamos o registro do imóvel via resultado (receitas não recorrentes). (b) O registro contábil do imóvel da avenida Nazaré, 1.139 foi realizado inicialmente por seu valor venal. Como o imóvel está mantido para auferir valorização de capital (propriedades para investimentos), a Mitra adotou o método de valor justo para melhor refletir o seu negócio e por entender que é a melhor informação para análise de mercado. O valor justo do imóvel da avenida Nazaré, 1.139, está suportado por laudo de avaliação elaborado por avaliadores independentes. (c) Refere-se ao ágio com a operação de venda do imóvel da Avenida Pompéia, 1214/1260 para Sociedade Beneficente São Camilo. (d) O CEPAC – Certificado de Potencial Adicional Construtivo, estava registrado na contabilidade ao valor de R$ 543,01 M2, a operação de venda de parte do CEPAC em 2019, ao valor de R$ 641,70 M2, causou a necessidade de reconhecermos um ágio de R$ 98,69 por M2, o que totalizou o ágio de R$ 2.714.
28 Despesas com manutenção 2019 2018 Desp. c/manut.de imóveis(consertos/reparos).................. (9.236) (6.894) Desp. c/manutenção de máquinas e equipamentos......... (3.828) (2.118) Desp. c/manutenção de sistemas..................................... (2.400) (1.684) Desp. c/manutenção de veículos...................................... (912) (720) Desp. c/manutenção de moveis e utensílios..................... (359) (73) (16.735) (11.489)
29 Outras despesas administrativas 2019 2018 Desp. c/IPTU..................................................................... (226) (525) Desp. c/taxas municipais/estaduais diversas.................... (510) (347) Desp. legais, judiciais, custas e emolumentos.................. (263) (542) Desp. c/seguro obrigatório de veículos............................. (31) (145) Desp. c/multas por infração a legislação........................... (118) (113) Desp. c/IPVA...................................................................... (90) (98) Desp. c/licenciamentos de veículos.................................. (61) (68) (1.299) (1.838)
2019 2018 Outras despesas: (ii)....................................................... Deságio pela venda do CEPAC (a)................................... - (17.704) Outras despesas............................................................... (8) (5) (8) (17.709) (a) O CEPAC – Certificado de Potencial Adicional Construtivo, estava registrado na contabilidade ao valor de R$ 1.048,46 M2, a operação de venda de parte do CEPAC em 2018, ao valor de R$ 542,79 M2, causou a necessidade de reconhecermos o deságio de R$ 505,67 por M2, o que totalizou o deságio de R$ 17.709.
32 Cobertura de seguros A Mitra adota a política de contratar cobertura de seguros para os bens sujeitos a riscos por montantes considerados suficientes para cobrir eventuais sinistros, considerando a natureza de sua atividade. 33 Aprovação das Demonstrações Financeiras As demonstrações financeiras da Mitra Arquidiocesana de São Paulo para o exercício findo em 31 de dezembro de 2019, nos termos do Cânone 493, do Código de Direito Canônico, foram aprovadas e autorizadas para publicação após consulta ao Conselho de Assuntos Econômicos da Arquidiocese de São Paulo, promovida em 18 de setembro de 2020. Conselho de Assuntos Econômicos Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer Presidente do Conselho de Assuntos Econômicos
Padre João Júlio Farias Júnior Procurador da Mitra Arquidiocesana de São Paulo
Padre Dr. José Rodolpho Perazzolo Procurador da Mitra Arquidiocesana de São Paulo
Padre Zacarias José de Carvalho Paiva Procurador da Mitra Arquidiocesana de São Paulo
Edivaldo Batista da Silva Contador CRC 1SP212622/0-2
Mensagem – DNJ 2020
Você Pergunta
Nossos jovens saem do sofá – Dia Nacional da Juventude em 2020
A mulher não pode ir à igreja de calça comprida?
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Dom Carlos Lema Garcia ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
Guardamos boas recordações da última celebração do Dia Nacional da Juventude (DNJ), no ano passado, no Campo de Marte: uma verdadeira multidão de jovens esbanjou alegria e animação durante as apresentações das bandas, a celebração da Santa Missa, as confissões e a Bênção com o Santíssimo Sacramento. Este ano não pudemos nos encontrar devido ao isolamento físico recomendado pelas autoridades sanitárias. No entanto, a nossa juventude da Arquidiocese está viva e atuante desde o início do ano, e isso é um grande motivo de gratidão para todos nós. Primeiramente, os jovens foram muito prestativos em ajudar as suas paróquias a atuar nas redes sociais, atualizar as webpages delas, ajudar a montagem dos equipamentos para a transmissão das celebrações via internet: tenho recebido muitos comentários positivos dos padres sobre a presença e apoio dos jovens em suas paróquias; sem eles, os padres não teriam aprendido a utilizar melhor as redes sociais para entrar em contato com os paroquianos e estar presentes em suas casas por meio de mensagens, orações, vídeos e transmissão de celebrações ao longo destes meses.
Jovens participam do Dia Nacional da Juventude em 2019, no Campo de Marte
Além disso, os jovens são realmente protagonistas nas iniciativas de nossas paróquias em relação ao recolhimento de mantimentos e distribuição de cestas básicas: quando as pessoas de grupo de risco devem ficar em suas casas, os jovens comparecem e mostram o rosto da Igreja misericordiosa. Na retomada das celebrações, no início do mês de julho passado, novamente os padres puderam contar com a presença e a disponibilidade de inúmeros jovens que, com sorriso, recebem as pessoas para as celebrações, na observância dos protocolos de segurança estabelecidos pela Igreja. Se não pudemos celebrar o Dia Nacional da Juventude todos juntos neste ano de 2020, podemos, com certeza, dizer que celebramos, em todos os dias da pandemia, a participação ativa da juventude. Isso nos enche o coração de alegria: estamos realmente juntos!
Ao pensar nisso, lembrei-me das palavras do Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Cracóvia (Polônia), ao comentar que Maria Santíssima não se fecha em casa, não se deixa paralisar pelo medo. Maria não é daquelas pessoas que, para estar bem, precisam de um bom sofá onde possam ficar cômodas e seguras. Não é uma jovem-sofá! Ela não perde tempo e põe-se imediatamente a caminho para servir a sua prima idosa. (cf. Discurso na Vigília, Cracóvia, 30/07/2016). Sim, nossos jovens mostraram, ao longo deste ano de pandemia, que Deus pode contar com eles não só nos momentos de festa e de alegria, mas quando sua presença e atuação são mais necessárias. Vamos nos preparar desde já para comemorarmos com muita alegria o próximo DNJ de 2021! Dom Carlos Lema Garcia é Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e Referencial para o Setor Juventude.
PADRE CIDO PEREIRA
osaopaulo@uol.com.br
A Maria Neusa tem uma colega evangélica que diz que as mulheres não devem usar calça comprida, porque isso é para os homens. “Existe isso na Bíblia? Onde?”, ela pergunta. O jeito de se vestir varia com o tempo e com as culturas e, muitas vezes, é imposto pela moda. No caso da calça comprida, por exemplo, a afirmação de que ela é uma vestimenta unicamente masculina não corresponde à verdade. Tanto que as calças compridas masculinas e femininas se diferem no corte, no formato, nas cores, na combinação com outras vestes. É bom que a gente pense ainda, Maria Neusa, que o jeito de se vestir é influenciado também pelo clima e pelos diferentes papéis exercidos pelo homem e pela mulher. Num clima frio, a roupa é mais fechada, mais pesada; num clima quente, a tendência é que ela se torne mais leve. No exercício profissional também há formas diferentes de se vestir. E, mesmo no correr do ano, há roupas para as diferentes estações. Agora vamos à Bíblia. O que a Bíblia reprova é a mulher se vestir de homem e o homem se vestir de mulher, e não a roupa em si. Tudo isso que eu estou falando, Maria Neusa, é para dizer a você que a Bíblia não indica nenhum tipo de roupa para homem, tampouco para mulher. A Bíblia só quer preservar a identidade destes dois seres, as mais perfeitas criaturas que saíram das mãos de Deus, homem e mulher feitos um para o outro, os dois diferentes na estrutura física, na visão do mundo, na sensibilidade, mas que se completam numa relação de amor. Muitas vezes, ao ler a Bíblia, nós temos que ir além do texto escrito para encontrar a verdade que está sendo anunciada por trás das palavras. Ficar apenas na letra é correr o risco de mergulhar em um fundamentalismo perigoso e doentio. Maria Neusa, use calça comprida à vontade e ame a Deus com o coração de uma mulher cristã e de muita fé.
8 | Regiões Episcopais | 7 a 14 de outubro de 2020 |
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Reprodução da internet
sé
[SÉ] No domingo, 4, Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, presidiu missa no Santuário São Francisco de Assis, por ocasião da memória litúrgica do Santo. (por Centro de Pastoral da Região Sé) Benigno Naveira
[LAPA] Na quinta-feira, dia 1º, foi celebrada a padroeira da Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus, no Jardim Regina, Setor Pastoral Pirituba, com missa presidida pelo Padre Daniel Koo, Pároco. Na homilia, o Sacerdote lembrou que a Santa foi proclamada padroeira das missões em 1927 – mesmo sem nunca ter saído do Carmelo em Lisieux –, padroeira secundária da França em 1944, e é Doutora da Igreja. A festa da padroeira continuará durante este mês, sendo encerrada no dia 25, com missa presidida por Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa. (por Benigno Naveira) Bianca Rabelo
[SANTANA] Em 28 de setembro, na Capela São João Batista, da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, Setor Pastoral Jaçanã, Dom Jorge Pierozan presidiu missa em ação de graças por um ano de sua ordenação episcopal, nesta mesma data em 2019, quando também foi designado como Vigário Episcopal para a Região Santana. Concelebrou o Padre Luís Isidoro, Pároco. Ao longo de todo o dia, o Bispo recebeu manifestações de carinho, especialmente pelas redes sociais. (por Pascom da Região Santana) Giuseppe D’Aleo
[SANTANA] Entre os dias 2 e 4, a Paróquia São Benedito, Setor Pastoral Jaçanã, realizou o tríduo em preparação à festa do padroeiro, no qual se refletiu sobre a santidade nascida na simplicidade da família, a caridade operante de Benedito e sua confiança inabalável na providência de Deus. No domingo pela manhã, foi realizada uma carreata pelo bairro. (por Marcia Bertolino)
Aborto é crime no Brasil, ressaltam participantes da Semana Nacional da Vida Reprodução da internet
POR CENTRO DE PASTORAL DA REGIÃO SÉ
A Região Episcopal Sé participou das ações da Semana Nacional da Vida, organizada pela Pastoral Familiar da Arquidiocese de São Paulo. Na sexta-feira, 2, às 18h, houve a meditação e reza do Terço na Paróquia Santo Eduardo, com intenções contra o aborto e todas as formas de violência contra as mulheres, e pelas almas dos nascituros mortos em razão de tal prática. Na sequência, às 20h, aconteceu a live “Aborto, aspectos jurídicos”, com a participação de Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese, Vigário Episcopal para o a Educação e a Universidade e Referencial para a Pastoral Familiar; da professora Regina Beatriz Tavares, pós-doutora em Direito da Bioética pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (Portugal); e de Miguel Vidigal, advogado e atual diretor-tesoureiro da União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp). Após conduzir a oração inicial, Dom Carlos destacou que, de acordo com o Código Penal, o aborto é crime. Vidigal detalhou legislações, incluindo a própria Constituição, que especificam que o aborto não é legalizado no Brasil, embora não impliquem
Live com Dom Carlos, Dra. Regina e o advogado Miguel Vidigal
punições em algumas circunstâncias restritas. O advogado enfatizou que já no útero materno há vida e que, portanto, é um crime interrompê-la, reforçando, assim, que no Brasil não há “aborto legal”. Fazendo referência a dados científicos, a Dra. Regina enfatizou: “Somos os mesmos desde quando fomos fecundados”. Ela lembrou que legalizar o aborto “é autorizar o homicídio, é a autorização para matar o ser que já tem a
forma humana” e que o Brasil adotou o tratado pela vida, por meio do Pacto de San José da Costa Rica, e, assim, o País tem a responsabilidade de resguardar a inviolabilidade da vida. A especialista comentou que a sociedade deve estar mais bem informada sobre o tema, para que assim possa defender a vida dos nascituros e das gestantes. A programação da Semana Nacional da Vida está disponível no site www.regiaose.org.br
ipiranga
Contra o suicídio, conhecer para prevenir e cuidar Angela Alonso
COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO
A Pastoral da Comunicação (Pascom) da Paróquia Imaculada Conceição organizou uma transmissão ao vivo em suas redes sociais em 30 de setembro, em apoio ao “Setembro Amarelo”, iniciativa alusiva à prevenção ao suicídio. Participaram os paroquianos Mônica Guarnieri, médica e teóloga; Fabiana Goto, psicóloga; e Gustavo dos Santos, antropó-
logo, que moderou o encontro. Ao longo do encontro, destacou-se que é preciso aprender a ouvir sem julgar e conhecer os sinais de quem precisa de apoio, pois o suicídio não é o desejo de morrer e sim fruto de não saber como viver. Mônica explicou que não existe um perfil do suicida, e que tal atitude extrema não está necessariamente ligada à depressão e a problemas de saúde mental, podendo ser consequência de um
episódio único para uma pessoa. “Quem está em sofrimento psíquico não tem forças de buscar ajuda sozinho. O suicida precisa romper esse silêncio e reconhecer a dor, aliviar a angústia e a tensão, abrir-se com alguém de confiança!”, orientou a psicóloga Fabiana. O Centro de Valorização da Vida (CVV) presta assistência para evitar que as pessoas cometam suicídio. Basta ligar para 188. A íntegra da live pode ser vista neste link: https://cutt.ly/ogqLGjk Padre Orisvaldo Carvalho
Pascom da Região Santana
[SANTANA] Na quinta-feira, dia 1º, na memória litúrgica de Santa Teresinha do Menino Jesus, Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu missas na Paróquia dedicada à Santa, no Setor Jaçanã (foto), concelebrada pelo Cônego Laerte da Cunha e pelo Padre José Roberto Novaes; e na Capela Santa Teresinha, pertencente à Paróquia Nossa Senhora da Piedade, neste mesmo setor pastoral, concelebrada pelos Padres Luís Isidoro, Pároco, e Claudir Costenaro, MS. (por Pascom da Região Santana e Bianca Rabelo)
[BRASILÂNDIA] Na quinta-feira, dia 1º, na Paróquia Santa Cruz de Itaberaba, aconteceu a reunião presencial do clero atuante na Região Brasilândia, com a participação do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, e de Dom Devair Araújo da Fonseca, Bispo Auxiliar da Ar-
quidiocese na Região. Na ocasião, foi apresentado o panorama do trabalho da Igreja na Região e houve a escolha de dois representantes para o Conselho Arquidiocesano de Presbíteros: o Padre Luciano Andreol e o Cônego José Renato Ferreira. (por Jorge Vicente)
[LAPA] No dia 24, das 15h às 16h, na Paróquia São João Maria Vianney, Setor Pastoral Lapa, Dom José Benedito Cardoso, Padre Raimundo Rosimar Vieira, Pároco, e o Padre José Carlos dos Anjos, Promotor Vocacional, irão realizar um momento de diálogo com os vocacionados da Arquidiocese, após o qual o Bispo presidirá missa.
[SANTANA] No sábado, 3, Dom Jorge Pierozan presidiu missa na abertura da novena da padroeira da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim São Paulo. Concelebrou o Padre Humberto Robson de Carvalho, com a participação do Diácono Gilson Crema. (por Juliana Bacci Lima)
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LAPA
Missas e bênção dos animais na festa do padroeiro da Paróquia São Francisco de Assis Benigno Naveira
Benigno Naveira
COLABORAdor de comunicação dA REGIÃO
Na memória litúrgica de São Francisco de Assis, no domingo, 4, os fiéis da Paróquia dedicada ao Santo, no Setor Pastoral Butantã, festejaram o padroeiro em sete missas – cinco na igreja matriz e duas na Capela São Francisco. Houve, ainda, a bênção dos animais, às 11h e às 16h30. Além disso, aconteceu um tríduo preparatório entre os dias 1º e 3. A missa das 19h do domingo foi presidida por Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, tendo como concelebrante o Padre Edilberto Alves da Costa, Pároco, com a participação do Diácono Marcos Adriano de Souza. Dom José, na homilia, destacou a vida e a missão de São Francisco: “Era alguém incansável, que se encontrou com Cristo e gastou toda sua vida anunciando o Evangelho de Jesus; homem que tinha como ideal viver de bem com todas as criaturas”. O Bispo lembrou que o Santo foi proclamado patrono dos ecologistas, em
Francisco Borba Ribeiro Neto
Dom José preside missa na Paróquia São Francisco de Assis
1979, por São João Paulo II, além de protetor dos animais, entendeu que cada criatura é um dom de Deus, e, por isso, viveu em função dos pobres, acolhendo os humildes e necessitados.
Comportamento Família missionária VALDIR REGINATO Outubro é dedicado às missões no calendário da Igreja Católica. Quando nos chega aos ouvidos “missionários”, de imediato vem à memória a era dos descobrimentos, quando jesuítas foram enviados aos quatro cantos do mundo para catequizar os povos. Missionários estão ligados a tarefas em lugares distantes, onde é preciso anunciar Cristo àqueles que não O conhecem. Assim, na África ainda há muitos missionários, assim como no Extremo Oriente. A eles também atribuímos a coragem de permanecer em trabalho em lugares difíceis, como a Amazônia, nos quais somente pela fé sobrevivem às constantes dificuldades da região. Podemos, porém, ser missionários nas grandes metrópoles, já cristianizadas? Seremos missionários em lugares em que as dificuldades não estão nos acidentes da região, mas no comportamento das pessoas? É possível ser missionário sem se deslocar para lugares longínquos, mas permanecendo na própria casa, e quem sabe com vizinhos e a própria família? Quando São João Paulo II afirmou que seria necessário “recristianizar” a Europa, ele não estava fazendo uso de uma figura de linguagem. Pelo contrário, era a simples constatação do que já vinha ocorrendo no Velho Continente que cristianizou o mundo, e agora caminha, a passos gigantes, para um ateísmo proselitista. Não é preciso ir à Europa: a Terra de Santa Cruz (Brasil), cristianizada pelos jesuítas, e que 50 anos atrás contava com quase 90% de católicos, hoje alcança pouco mais de 50% em algumas regiões. É preciso recristianizar o Brasil! Pode parecer que falte aqui o respeito às demais manifestações religiosas, com as quais se deve conviver. Por que teríamos que desejar ampliar a recristianização? Isso não é uma questão político-partidária, mas o cumprimento de uma ordem de Cristo: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei” (Mt 28,19-20). Não é difícil perceber o que está acontecendo nos lugares do mundo onde estas palavras foram esquecidas ou desdenhadas. Fanatismo? Não. É uma decisão pessoal cumprir o que você diz acreditar, ou fazer o “politicamente correto”. E a missão inicia-se em casa, na família. As pessoas estão se tornando “órfãos de fé” pelo despreparo e falta
Fé e Cidadania Fratelli tutti e os artífices de um novo mundo
de comportamento condizente de seus pais. “Órfãos de fé”, que saem como qualquer criança órfã em busca de um lar que as acolha. Vão em busca de alguém que se interesse por elas. Querem saber quem são, como chegaram ao mundo, que caminho devem seguir, que sentido devem dar à própria vida. E, diante da omissão dos pais, “comem” o que aparece pela frente. O risco de “intoxicações alimentares” é grande, principalmente quando, em virtude da boa aparência enganosa, se come muito, sem imaginar os efeitos tardios. “Vou deixar meu filho crescer e escolher o que quer seguir, a religião deve ser livre, não forçada.” Então, espere pelo seu filho decidir o que quer comer, se vai se agasalhar no frio, se deseja ir à escola, tomar pinga em vez de suco, e usar drogas ao invés de evitá-las. Caso sobreviva, poderá, quem sabe, fazer uma escolha. Os “órfãos de fé” crescem porque os pais deixaram de assumir a sua responsabilidade de educadores religiosos (tema do artigo de 10/09/20 deste jornal, pág. 7). Infelizmente, mesmo em vários colégios de origem católica, muitos professores educam para uma formação de igualdade religiosa, que, além de confundir a criança, foge totalmente aos fundamentos do Cristianismo, abrindo as portas para uma aceitação de que “tudo é válido”. O papel missionário em nossos lares já é mais do que urgente! Os pais devem se empenhar ao máximo, a partir de seus exemplos pessoais, em passar aos filhos o catecismo vivo da fé. Isso não significa oferecer uma hora de aula por dia falando de religião em casa. O missionário na família educa em Cristo pelo seu interesse pelos filhos e os demais. No esforço por crescer nas virtudes da fé, da paciência, da laboriosidade, da perseverança, da alegria acolhedora, da compreensão porque ama; e manter a esperança, mesmo quando tudo parece não ir como o esperado. E conforme a idade de cada filho, oferecerá progressivamente meios de desenvolver esta intimidade com Aquele que tudo nos ensinou: Jesus Cristo. Santa Teresinha do Menino Jesus, Doutora da Igreja, tem o título de padroeira das missões, sem nunca ter saído da vida de clausura carmelita. Devem também os pais, pelo comportamento em seus lares, se tornar missionários para a recristianização do mundo. Santa Teresinha, rogai por nós. Valdir Reginato é médico de família. E-mail: reginatovaldir@gmail.com.
Quem é o protagonista da construção do bem comum e da justiça social? Essa pergunta percorre a história humana. Para muitos, numa grande consonância com o Cristianismo, seria o virtuoso, entendido como aquele que procura a justiça e o comportamento reto. Para outros, seriam os líderes “esclarecidos”, cuja sabedoria estaria acima daquela dos demais. O marxismo colocou não algumas pessoas, mas uma classe social, o proletariado, como a única capaz de uma revolução utópica. Muitos pensadores pró-mercado imaginaram que o próprio funcionamento da sociedade capitalista, democrática e liberal resolveria os problemas sociais. O cientificismo colocou suas esperanças na ciência e na técnica. No século XX, pulularam líderes políticos autocráticos que se anunciavam como “salvadores do povo” ou “salvadores da pátria”. Esse elenco de personagens não é meramente ilustrativo. Corresponde às tentações e desvios ideológicos com os quais lidamos todos os dias, quando nos deparamos com questões políticas. Na prática, nenhum deles consegue, por si só, construir o bem comum. O Papa Francisco, na encíclica Fratelli tutti (FT), apresenta outro protagonista: a pessoa solidária, aquela que vive um verdadeiro amor fraterno por todos. Essa é o artífice de um mundo novo, capaz de construir uma realidade mais justa e mais humana para todos. Partindo do exemplo do Bom Samaritano (capítulo II), a encíclica é construída a partir da relação entre essa pessoa solidária e o “forasteiro”– aquele que não tem um lugar próprio no mundo, por ser estrangeiro ou por ser, em seu próprio território, um “descartado”, em função da pobreza, de questões de saúde ou da velhice. Esses excluídos são as grandes vítimas da injustiça e do desamor na sociedade. Para eles, particularmente, deve se voltar uma política baseada na “caridade social e política” (capítulos III, IV e V). O diálogo verdadeiro, que não é relativista, mas procura a verdade contida na posição de cada um, leva à cultura do encontro – em cujo contexto se compreende a necessidade do perdão e da reconciliação, que não esquecem ou deixam impunes a injustiça sofrida, mas criam uma verdadeira superação que torna possível construir juntos (capítulos VI e VII). Francisco tem uma percepção aguda tanto dos dramas sociais quanto dos político-culturais de seu tempo. Identifica, justamente, os “sonhos despedaçados” e a falta de “um projeto para todos” (FT, 11-17), consequências tanto do fracasso das utopias quanto da desilusão com as promessas da economia globalizada. Nesse sentido, procura, com a Fratelli tutti, assim como já havia feito com a Laudato si’, recuperar a esperança e o ímpeto de construção de um mundo melhor, que se encontram, às vezes, sufocados ou esquecidos, no coração de todo ser humano. Fratelli tutti contrapõe o amor, que gera fraternidade e solidariedade, com o individualismo, gerador de exclusão, sofrimento e solidão. Será a fraternidade, porém, uma possibilidade real ou apenas uma ilusão bondosa? Esse é o grande desafio que a realidade apresenta à mensagem do Papa e à experiência concreta de todos nós, cristãos e pessoas de boa vontade. A ele, Francisco responde afirmando que, “a partir do ‘amor social’, é possível avançar para uma civilização do amor a que todos nos podemos sentir chamados. Com o seu dinamismo universal, a caridade pode construir um mundo novo, porque não é um sentimento estéril, mas o modo melhor de alcançar vias eficazes de desenvolvimento para todos” (FT 183). Francisco Borba Ribeiro Neto, sociólogo e biólogo, é coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP. As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.
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Pedro Vite
BELÉM
[IPIRANGA] Na quinta-feira, dia 1º, houve a festa da padroeira da Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, com a celebração de cinco missas, transmitidas pela internet, e a participação dos fiéis, respeitando-se as recomendações sanitárias em razão da atual pandemia. Cada devoto que foi à Paróquia ganhou uma rosa. A última missa do dia foi presidida por Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, e concelebrada pelos Padres Uilson dos Santos, Pároco, e Christopher Velasco, Vigário Paroquial. (por Pascom da Paróquia Santa Teresinha)
[SANTANA] Em 30 de setembro, aconteceu um encontro com jovens e adolescentes em discernimento vocacional na Paróquia Santo Antônio, na Vila Mazzei, com o Padre Maykom Florêncio, Assessor da Pastoral Vocacional na Região Santana. (por Pascom da Paróquia Santo Antônio) Padre João Paulo Risek
[IPIRANGA] No fim de setembro, aconteceu, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Arapuá, um bate-papo com homens casados que têm o interesse de entender melhor o diaconato permanente. A iniciativa foi do Diácono Feliciano Bonitatibus, com o apoio do Padre João Paulo Rizek, Pároco. Na ocasião, foi lembrado que o diaconato permanente não é exclusivamente um serviço litúrgico, mas uma oportunidade de servir à Igreja em várias esferas, inclusive a sacramental. Também foi estudada a carta do Cardeal Scherer sobre o diaconato permanente e o documento conciliar Lumen gentium, e se falou sobre aspectos práticos da formação diaconal, como o tempo de estudo, a adesão da família e o compromisso sagrado com a Igreja. (por Padre João Paulo Rizek)
Padre Marcelo Maróstica celebra jubileu de prata sacerdotal Plavelli Fotografia
Fernando Arthur
COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO
Na noite do sábado, 3, na Paróquia São José do Belém, aconteceu a missa em ação de graças pelo jubileu de prata do Padre Marcelo Maróstica Quadro, Pároco e Coordenador de Pastoral da Região Episcopal Belém. A celebração eucarística foi presidida pelo próprio jubilando e teve entre os concelebrantes Dom Luiz Carlos Dias, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, e o Cônego Marcelo Matias Monge, que conhece o Padre Marcelo desde 1991. “Nestes 25 anos de vida sacerdotal, tenho visto sua vida ser gastada com o outro, com o irmão. Você já assumiu algumas ou várias missões paroquiais, regionais, arquidiocesanas, estaduais e diocesanas. No entanto, você conservou sempre sua humildade e sua docilidade”, disse o Cônego, na homilia, quando também recordou as diversas funções assumidas pelo Padre Marcelo ao longo de seu sacerdócio: Assessor da Juventude, Administrador Paroquial, Pároco, Coordenador da Região Belém, Coordenador do Secretariado Arquidiocesano de Pastoral, Diretor da Caritas Arquidiocesana de São Paulo e membro do Comitê Nacional para Refugiados (Conare).
Padre Marcelo preside missa em ações de graças por seu jubileu sacerdotal
O Cônego mencionou, ainda, a disponibilidade do jubilando nos trabalhos com os bispos que foram vigários episcopais na Região Belém e com os arcebispos de São Paulo ao longo destes 25 anos, além da permanente atenção aos leigos, religiosos, diáconos e padres. Na parte final da missa, muitas foram as menções de gratidão a Deus pelo sacerdócio do Padre Marcelo. Deolinda Maróstica Quadro, sua mãe, afirmou: “Comemorar 25 anos de sacerdócio do nosso filho é uma alegria imensa. Padre é um chamado, é uma vocação, e foi Deus quem o chamou para esta graça”. Dom Luiz Carlos, ao ressaltar o valor inestimável de um sacerdote para a vida da Igreja, agradeceu ao jubilando “pela nossa amizade, por todo o bem que tem realizado no contexto da nossa
Região, de maneira toda especial na coordenação dos trabalhos e atividades das nossas pastorais. E, dessa forma, nós rezamos para que continue a exercer o ministério com todo o vigor”. Por fim, emocionado, Padre Marcelo agradeceu as manifestações de carinho. “Esta semana, eu me perguntava: o que torna um homem um verdadeiro padre? A capacidade de amar. São João Maria Vianney dizia nos seus escritos que o sacerdote é o amor no coração de Jesus. Que desafiador! E me desafiei, e continuo nestes 25 anos a dar este amor para com todos”, afirmou. “Não dá pra ser padre se você não tem alegria, não tem encanto e se não encanta os outros, e não se encanta por Deus”, concluiu. A íntegra da missa pode ser vista por meio deste link: https://cutt.ly/WgwUuP3.
Espiritualidade O que você fez? Dom Devair Araújo da Fonseca
À
BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA REGIÃO BRASILÂNDIA E VIGÁRIO EPISCOPAL PARA A PASTORAL DA COMUNICAÇÃO
medida que nos encaminhamos para o fim do ano, é prática natural que as empresas e o comércio se preparem para fazer um balanço de suas atividades. No entanto, também é preciso fazer uma avaliação da nossa vida e da nossa caminhada cristã. O que fizemos? Quais foram nossas conquistas pessoais? Onde é preciso concentrar mais energias? O que precisamos mudar ou reorientar para melhorar nossa vida e a caminhada como cristãos? O tempo de pandemia e de isolamento social também é um elemento que deve ser considerado nessa
avaliação. Em nosso País, a situação em decorrência do coronavírus se agravou a partir do mês de março, com muitas mudanças. Logo no início da pandemia, os canais de TV a cabo tiveram uma iniciativa bastante intuitiva e pragmática. Diversos deles abriram o sinal, facilitando o acesso às pessoas que ficaram em casa. Grande quantidade de séries, filmes, documentários e programas infantis ficaram à disposição, ou seja, entretenimento, diversão e cultura sem custo adicional. É claro, porém, que não se trata de uma simples benevolência, e sim de um investimento por parte das empresas e dos canais de TV. Certamente, quando os sinais foram novamente fechados, uma parte dos usuários passou a assinar o serviço. No entanto, qual o conteúdo de toda essa programação oferecida gratuitamente? É preciso considerar seriamente que a formação do pensamento recebe informação de muitas fontes, inclusive do que se assiste pela TV ou do que se lê em livros e jornais. Entre as diversas séries que estão à
disposição, com diferentes temáticas, há dois temas que chamam a atenção: um se refere à questão de gênero e, o outro, é de cunho feminista. Sobretudo nas séries, esses temas aparecem frequentemente, apresentando personagens com essas características. Mesmo em histórias mais clássicas ou de época, se faz uma releitura dos personagens, mudando suas características e acrescentando outras, com visão social e cultural diferente, de acordo com novos padrões e influências. Às vezes são homens fracos, superados por mulheres fortes, além dos relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo. Como esse conteúdo influencia a formação de opinião e a mudança de valores? Não se trata, aqui, de fazer uma “operação pente fino”, para excluir esta ou aquela série, nem cancelar as assinaturas de determinados canais. Também não se tem a pretensão de criar uma lista com o que pode ou não ser visto ou lido. A questão é perceber o que fazemos com o nosso tempo e como estamos aproveitando o isolamento e o distanciamen-
to social. Uma vez que as opiniões são formadas a partir das fontes recebidas, e isso vale ainda mais para as crianças, precisamos estar atentos ao conteúdo recebido. Vigilância e atenção são palavras importantes para a espiritualidade cristã: “Não vos deixeis enganar por doutrinas ecléticas e estranhas” (Hb 13,9a). A fé cristã, na sua vivência moral, quer formar pessoas livres e fiéis a Cristo, com capacidade para discernir entre as coisas deste mundo. Respeito, aceitação e convivência com as diferenças não são questões fechadas para a moral cristã. As verdades de fé, contudo, não podem ser substituídas nem se deixar corromper, simplesmente para parecer mais adequadas aos novos tempos. A consciência cristã não se forma sozinha: ela recebe das fontes que são oferecidas. A leitura que fazemos do mundo depende daquilo que conhecemos da nossa fé. Qual será o resultado do nosso tempo de isolamento social? Será que aproveitamos essas circunstâncias para saber mais sobre a fé que professamos?
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| 7 a 14 de outubro de 2020 | Reportagem | 11
Padroeira dos ferroviários, Nossa Senhora Aparecida marca a história de bairro de São Paulo Fotos: Paróquia Nossa Senhora Aparecida/out.2019
Fernando Geronazzo
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Na proximidade da Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, no próximo dia 12, O SÃO PAULO recorda a história de uma comunidade paroquial da capital paulista que tem sua origem em uma antiga devoção marcada por uma “relíquia” histórica da padroeira do Brasil. Localizada na Mooca, na divisa com o Brás, bairros operários tradicionais da capital paulista, a Paróquia Nossa Senhora Aparecida é fruto da fé dos trabalhadores da antiga Estrada de Ferro Central do Brasil, no lugar onde também nasceu a União dos Ferroviários Católicos do Brasil. Há indícios de que a devoção a Nossa Senhora Aparecida por parte dos ferroviários tenha cerca de um século. No entanto, um marco histórico foi o período da revolta paulista de 1924, da qual se desdobrou a Revolução Constitucionalista de 1932. Nessa época, como a ferrovia era o principal meio de transporte, havia muitos ataques e ameaças a essas oficinas. Por isso, os ferroviários confiaram o seu trabalho à proteção de Nossa Senhora e fizeram uma promessa: se nenhum desastre acontecesse às linhas de ferro e nenhum ferroviário fosse morto ou ferido em serviço em decorrência desses conflitos, seria construída uma capela em honra à Padroeira, nas dependências da oficina.
PROTEÇÃO Os ataques se intensificaram e vários pontos da cidade foram bombardeados por aviões federais, inclusive os bairros operários. Foi, então, que o telhado de uma das oficinas foi atingido por um artefato bélico que, para surpresa de todos, não explodiu. De igual modo, os conflitos que se sucederam na Revolução de 1932 também não vitimaram nenhum dos operários daquele trecho, fatos que foram considerados sinais da proteção de Nossa Senhora. Desse modo, os trabalhadores obtiveram a autorização para transformar uma sala da seção de maquinistas em uma capela em honra à Virgem Aparecida. Para adornar o oratório, os ferroviários foram presenteados com uma das primeiras cinco cópias fac-símile da imagem da padroeira feitas no Brasil. A primeira missa aconteceu no pátio da oficina, em 1º de maio de 1934. A data foi escolhida por ser o Dia dos Trabalhadores e, também, devido à celebração do Dia dos Ferroviários, em 30 de abril. Desde então, todos os anos, os operários das ferrovias e das fábricas do Brás se reuniam para celebrar a data com procissões em honra a Nossa Senhora Aparecida. Em 1952, o Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, então Arcebispo de São Paulo, obteve a aprovação do Papa Pio XII para tornar Nossa Senhora Aparecida a padroeira dos ferroviários. PARÓQUIA A comunidade do entorno cresceu e,
Todos os anos, no dia da padroeira, 12 de outubro, paroquianos realizam procissão pelo bairro com a imagem de Nossa Senhora Aparecida
em 1968, foi construída uma capela maior ao lado da oficina, que hoje pertence à Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O templo passou a receber missas semanais, além da grande festa de maio. Em 1975, o Cardeal Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo de São Paulo, erigiu a Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários, com uma missa por ele presidida em 1º de maio daquele ano. Com o passar dos anos, a pequena igreja dos ferroviários não comportava o número de fiéis do bairro, que já havia deixado de ser operário. Por isso, em 1998, foi construída uma nova matriz. Assim, a histórica imagem da padroeira foi trasladada para a nova sede, onde pode ser venerada pelos fiéis. Até hoje, além da festa da padroeira, em 12 de outubro, a comunidade comemora a devoção mariana dos ferroviários em 1º de maio. Atualmente, a antiga capela abriga atividades voltadas à juventude, organizadas pelo Arsenal da Esperança, localizado no bairro.
REFORMA Este ano, a Paróquia se prepara para mais um passo em sua história com a reforma da igreja matriz, logo após a festa da padroeira. O paroquiano Fábio Rodrigues dos Santos explicou ao O SÃO PAULO que a atual sede fora construída em um tempo muito acelerado, com os recursos que a comunidade possuía, e, por isso, não houve um projeto que considerasse o conjunto de suas necessidades. De acordo com o Pároco, Padre Lorenzo Nacheli, o novo projeto tem o objetivo de ampliar as dependências do templo e dar mais funcionalidade à construção. No aspecto arquitetônico e artístico, haverá a reformulação do presbitério, para que seja dado maior destaque à imagem da padroeira, que está no centro da história da comunidade. O trabalho artístico será realizado pelo artista plástico Sergio Ricciuto Conte. O projeto também tem o objetivo de dar maior visibilidade à presença da Igreja no bairro, além de tornar a histó-
Ferroviários e seus familiares participam de procissão na primeira metade do século passado
ria da devoção e da comunidade mais conhecida pelas novas gerações. “Os ferroviários já não estão mais aqui. A Paróquia precisa ser um lugar de referência também para os novos moradores”, ressaltou Santos.
REVITALIZAÇÃO PASTORAL Como a maioria das comunidades próximas do centro da cidade, o território de abrangência da Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários é marcado por um contraste de realidades. Entre o crescimento dos condomínios de apartamentos, há uma presença significativa de moradias coletivas, pessoas em situação de rua, muitos idosos que vivem sozinhos e baixo índice de jovens que residem no bairro. Por outro lado, há a juventude que frequenta o campus de um centro universitário que fez com que a rotina do bairro convergisse em grande parte para o atendimento desse público. “Nossa Paróquia está em uma área marcada por estabelecimentos comerciais, repúblicas estudantis, bares, tudo voltado para a juventude. Por isso, pensamos também em oferecer espaços para a acolhida desses jovens. Antes da pandemia, chegamos até a pensar em deixar a igreja aberta até as 23h, já que havia barzinhos abertos até esse horário, e a igreja fechava às 18h”, relatou Padre Lorenzo, sublinhando que a pandemia prejudicou esse projeto, mas que a comunidade espera retomá-lo quando a rotina se normalizar. Nascida no bairro, a jovem Lívia Miranda não compreende a vida na Mooca sem essa comunidade paroquial em que ela cresceu. Nesse sentido, salientou que a reforma e a revitalização pastoral têm o objetivo de fazer com que a Paróquia continue sendo um lugar onde todos se sintam em casa. “Gostaria que as pessoas, de fato, se sentissem na ‘casa da Mãe’, como eu me sinto aqui desde a minha infância”, afirmou.
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Aborto: a violência que retira o direito de nascer Luciney Martins/O SÃO PAULO
Na série mensal de reportagens sobre as violências que acometem as crianças e os adolescentes no Brasil, O SÃO PAULO fala daquelas cujo direito a existir lhes foi negado: os nascituros abortados Daniel Gomes
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“Não se preocupe, é apenas um amontoado de células”; “O bebê não sente dor”; “Você terá problemas psicológicos e físicos em gerar um criminoso”; “Você tem direito sobre o seu corpo.” Eufemismos como estes são muitas vezes ditos às gestantes para atenuar a gravidade do crime do aborto, delito tipificado nos artigos 124 e 128 do Código Penal, e que só não é punido quando não há outro meio de salvar a vida da gestante ou se a gravidez resulta de estupro, conforme previsto no próprio Código, e ainda para os casos em que o feto é anencéfalo, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), no ano de 2012.
Morte certa de um inocente Seja a prática feita no âmbito dos limites da lei, seja aquela realizada clandestinamente, o fato objetivo é que sempre o aborto provocado resultará na morte do bebê, por meio de procedimentos químicos ou cirúrgicos, como exemplifica Celene Salomão de Carvalho, uma das organizadoras, no Brasil, da ação 40 Dias pela Vida – vigília de oração e jejum realizada em 800 cidades do mundo e que já evitou a morte de centenas de nascituros em todo o planeta. Um dos métodos usados para provocar a morte do bebê em gestação é o envenenamento por solução salina: “A partir da 12ª semana de gestação, retira-se, por meio de uma agulha introduzida no ventre materno, todo o líquido aminiótico que envolve e nutre o bebê, para depois injetar em seu lugar uma solução salina, que provocará queimaduras e a morte por envenenamento ”, detalhou Celene. Há, ainda, procedimentos cirúrgicos, como o aborto por sucção ou aspiração, realizado com até 12 semanas de gravidez: “O colo do útero é forçado a se abrir (rompendo-se com as fibras musculares) com o auxílio de dilatadores de metal, para permitir a introdução de uma cânula ligada a um aparelho sugador, muito potente, que
Desde a concepção, a lei brasileira pôe a salvo os direitos dos nascituros, mas recorrentemente há tentativas de descriminalizar o aborto
irá literalmente aspirar toda a parede uterina até ‘coletar’ o feto”, explicou. Em muitas ocasiões, os bebês abortados ainda sobrevivem à violência que sofrem e a morte precisa ser consumada por quem executa o aborto. De acordo com Celene, as mulheres que o praticam carregam sequelas por toda a vida. No aspecto psicológico, são comuns as ocorrências de síndrome pós-aborto, depressão, transtornos do sono, irritabilidade, rejeição ou obsessão por crianças e até suicídio. No campo fisiológico, há o risco de esterilidade, hemorragias, sangramentos, infecções, câncer de mama, entre outros.
Direito de nascer e viver O artigo 2º do Código Civil diz que “a personalidade civil da pessoa começa a partir do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. Além disso, a Constituição, em seu artigo 5º, aponta que o direito à vida é inviolável. “O direito à vida é assegurado pelo nosso ordenamento jurídico desde a
concepção. E, confirmando esse direito, o nosso ordenamento ainda traz outros direitos aos nascituros, como, por exemplo, no Código Civil, em que se determina o direito de receber doação (artigo 542), de receber herança (artigo 1.798) e de ser curatelado (artigo 1.779)”, detalhou à reportagem o advogado Miguel da Costa Carvalho Vidigal, diretor da União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp). Ele também lembrou que a Convenção Americana de Direitos Humanos, que tem força de lei no Brasil (Decreto 678/92), prevê expressamente que “toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida e que esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção”.
Tentativas de descriminalização Recorrentemente há tentativas de descriminalização do aborto no País. A mais recente é a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442/2017, em tramitação no STF, que propõe a permissão do aborto até a 12ª semana de gestação.
Uma das legislações que ampliaram o acesso ao aborto é a Lei 12.845/2013, pela qual o conceito de violência sexual passou a ser entendido como qualquer relação não consentida, bastando, assim, que a mulher declare que foi vítima em um relacionamento para poder acessar os serviços de aborto em caso de estupro. “Essa lei precisa ser mudada, uma vez que é complicado se comprovar que uma relação não foi consentida. Qualquer pessoa normal tem repulsa à violência sexual e o instinto natural é de que essa repulsa venha acompanhada de um desejo de ver punido o agressor. No caso do aborto oriundo de uma violência desse tipo, contudo, muitas vezes o único punido é o ser inocente que foi gerado e que não tem a menor culpa do ato monstruoso praticado pelo genitor”, apontou Vidigal. Nos últimos anos, outros projetos de lei buscaram ampliar a permissividade ao aborto, valendo-se de subterfúgios linguísticos, a fim de que o aborto esteja contemplado em políticas públicas de garantia da “saúde integral da mulher”, de “atendimento
integral em casos de violência” e de “saúde sexual e reprodutiva”, conforme mostrou O SÃO PAULO, em reportagem no mês de julho, que pode ser lida neste link: https://cutt.ly/Vf0UINP.
Em compasso de espera Há 13 anos tramita no Congresso Nacional o projeto de lei (PL) 478/2007, que dispõe sobre a criação do Estatuto do Nascituro, pelo qual se assegurará proteção integral ao ser humano concebido, mas ainda não nascido, reconhecendo sua dignidade e conferindo-lhe proteção jurídica. Conforme a redação do PL, o Estado e demais pessoas serão impedidos de discriminar o nascituro ou privá-lo de algum direito, “em razão do sexo, da idade, da etnia, da origem, da deficiência física ou mental ou da probalidade de sobrevida” ou de causar-lhe qualquer dano “em razão de um ato delituoso cometido por algum de seus genitores”. O PL 478/2007 está em análise na Comissão da Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados, e desde novembro de 2019 o relator do texto é o deputado Emanuel Pinheiro Neto (PTB-MT), não havendo previsão de quando será apresentada a redação final para a apreciação dos deputados. Dia do Nascituro Com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre o direito à vida daqueles que foram concebidos, mas ainda não nasceram, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) celebra o Dia do Nascituro, em 8 de outubro, que é antecedido pela Semana Nacional da Vida, entre os dias 1º e 7. As atividades são organizadas pela Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família. Este ano, o tema é “Vida: dom e compromisso”. O subsídio “Hora da vida” está disponível para download em http://site.cnpf.org.br. Para este período, são propostos encontros e celebrações de reflexão sobre a dignidade da vida humana, desde seu início até seu fim natural. O momento também é oportuno para ressaltar as muitas iniciativas em favor dos nascituros, como a vigília 40 Dias pela Vida. “Normalmente a fazemos em frente às clínicas e hospitais que praticam o aborto. Não importunamos, ofendemos ou cercamos as pessoas, apenas rezamos e, muitas vezes, mães se aproximam, nós as ouvimos e, se nos pedem, as encaminhamos para pessoas e profissionais capacitados e experientes a ajudá-las”, afirmou Celene.
| 7 a 14 de outubro de 2020 | Especial – Infância Roubada | 13
Rally For Live - Irlanda
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Em meio à pandemia de COVID-19, grupos pró-vida da Irlanda vão às ruas manifestar-se contra a lei que ampliou a prática do aborto
Pelo mundo, legalização da prática amplia a morte de nascituros Mais de 56 milhões de abortos são realizados em todo o mundo a cada ano, conforme estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). O número pode ser ainda maior, pois tal prática é ilegal em muitos países e, assim, há subnotificação dos registros. Estudos e dados oficiais indicam que, nos países onde a prática do aborto foi descriminalizada, houve aumento significativo no número de casos, fato que se contrapõe a argumentos de grupos abortistas de que o “aborto legal” não levará a mais mortes de nascituros, mas apenas assegurará que a mulher o faça sem riscos à própria saúde.
Uruguai Desde 2012, o aborto é permitido até a 12ª gestação no Uruguai, sendo o prazo maior para os casos de estupro (até a 14ª semana) e ainda mais extenso se houver risco de morte para a gestante ou anomalias no feto que, em teoria, inviabilizem que nasça com vida. Conforme uma análise publicada pelo Instituto Politeia, no jornal Gazeta do Povo, no primeiro ano da legalização do aborto houve 6 mil casos, número que aumentou 20% no ano seguinte e foi seguido de um incremento de 9% no terceiro ano da vigência da lei. Em 2017, ocorreram no país quase 10 mil abortos. Crescimento exponencial A análise feita pelo instituto chama a atenção para o crescimento exponencial que foi verificado em alguns países nos dez primeiros anos após a descriminalização do aborto.
Nos Estados Unidos, o aborto foi permitido a partir de 1970, no estado de Nova York. Naquele ano, foram 190 mil registros. Em 1980, já eram 1,297 milhão (+682%). Na Austrália, em 1985, foram 66 mil abortos, número que em 1995 saltou para 92 mil (+39%). Na Espanha, houve 16.766 abortos em 1987 e dez anos depois, 49.578 (+295,7%).
Recordes recentes no Reino Unido Na Inglaterra e no País de Gales, um total de 209,5 mil fetos foram mortos em procedimentos de aborto em 2019, conforme dados divulgados pelas autoridades locais. Trata-se de um recorde desde a legalização do aborto no Reino Unido, em 1967. De acordo com o Departamento de Saúde e Assistência Social da Inglaterra, houve aumento de tal prática por parte de mulheres de todas as faixas etárias acima dos 25 anos. Entre aquelas que praticaram abortos, 40% já tinham feito este mesmo procedimento antes, número 6% superior àquele aferido em 2009, o que indica uma maior naturalização da cultura de morte, potencializada pelo facilitação de acesso aos métodos adotados. Na atual pandemia de COVID-19, por exemplo, uma medida temporária permite à gestante abortar o feto até a 10ª semana de gestação. Para tal, basta que faça uma consulta on-line com um médico e informe que deseja interromper a gravidez. A estimativa das autoridades locais é que, de março a agosto deste ano, 100 mil abortos ocorreram no país.
Na Escócia, 13,5 mil abortos aconteceram em 2019, o segundo maior número já registrado desde 1967. A prática é mais recorrente em localidades pobres: mulheres que vivem nessas regiões abortam, em média, duas vezes mais do que as que moram em áreas menos pobres (18,2 abortos por mil mulheres, nas áreas pobres; e 8,8 por mil, nas outras áreas). O relatório do governo local aponta, ainda, que metade dos abortos foi realizada por mulheres entre 20 e 29 anos. Em 50% do total de casos, as próprias grávidas administram o medicamento abortivo que levará à interrupção da gravidez no início da gestação.
Irlanda Na Irlanda, o número de abortos mais que dobrou no comparativo entre 2018 e 2019, saltando de 2.879 casos para 6.666, conforme informou o governo, em junho. Em março de 2018, os irlandeses aprovaram, em referendo, uma mudança constitucional que ampliou a prática do aborto no país, agora permitido, sob quaisquer circunstâncias, até a 12ª semana de gravidez. A lei entrou em vigor em janeiro de 2019. Dos mais de 6,6 mil abortos feitos no ano passado, somente 24 foram motivados por iminente risco de vida da mãe ou prejuízo à sua saúde. Predominaram, portanto, os abortos prematuros por escolha da mulher, ou seja, ainda que sem qualquer risco para a vida da gestante, a opção foi pela morte do bebê. (DG) (Com informações de Gazeta do Povo, ACI Digital, Catholic Parliamentary Office, CNA e The Times)
14 | Com a Palavra – Eleições 2020 | 7 a 14 de outubro de 2020 |
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ANDREA MATARAZZO
‘A retomada do emprego, da renda das famílias e da economia da cidade são as prioridades’ Assessoria de Imprensa do Candidato
Daniel Gomes
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O jornal O SÃO PAULO inicia a série de entrevistas com os candidatos a prefeito de São Paulo. Foram convidados os seis primeiros colocados na pesquisa Exame/Ideia de 23 de setembro: Bruno Covas, Celso Russomanno, Guilherme Boulos, Márcio França, Jilmar Tatto e Andrea Matarazzo (foto), o primeiro entrevistado. Paulistano, ele tem 63 anos, é administrador de empresas e filiado ao Partido Social Democrático (PSD) desde 2016.
O SÃO PAULO – No entender do senhor, quais os principais problemas da cidade e como pretende resolvê-los? Andrea Matarazzo – A geração de empregos é o principal problema, sobretudo depois da pandemia do coronavírus. Há outras demandas urgentes, como saúde, educação e assistência social, mas a retomada do emprego, da renda das famílias e da economia da cidade são as prioridades absolutas. Meu programa de governo tem três eixos: o primeiro é o desenvolvimento humano, que vai priorizar as pessoas. Precisamos gerar empregos – o que é possível, por exemplo, com as frentes de trabalho em praças e parques. Na Educação, além da escola formal, as crianças e jovens devem ocupar o restante do dia com esporte e cultura, nos diversos equipamentos públicos que já estão à disposição na cidade inteira. Pretendo dobrar os orçamentos de esporte e cultura. Na periferia não há lazer, e, por isso, vamos colocar de novo uma programação integral nos 50 teatros dos Centros Educacionais Unificados (CEUs) e nas 70 bibliotecas municipais espalhadas por toda a cidade. O segundo eixo é a infraestrutura. Vou terminar as obras que existem, fazer algumas obras de prevenção de enchentes, pequenas obras que não são caras. O principal, porém, é urbanizar favelas, dar posse da terra e saneamento básico, gerar emprego, para descentralizar a cidade. O terceiro eixo é desburocratizar, por meio da tecnologia, e assim modernizar e combater a corrupção. Informatizar o licenciamento, a aprovação de projetos – isso combate a corrupção na raiz. A cidade tem muita corrupção. A fiscalização de serviços quem tem de fazer é o morador, usando aplicativos. A população precisa ser atendida nas questões básicas, por isso não dá para fazer como o prefeito Bruno Covas, que gastou quase R$ 100 milhões com uma fonte luminosa no Vale do Anhangabaú. A atual pandemia mostrou as dificuldades das famílias mais pobres em manter o isolamento social em casas
pequenas e comunidades adensadas. Diante disso, quais os planos do senhor para a Habitação? Vamos voltar a fazer a urbanização de favelas, que são 1,3 mil em São Paulo. Precisamos dar moradia digna às famílias que ainda vivem sem endereço. Quando fui secretário de Obras da Prefeitura de São Paulo, fizemos a urbanização de parte de Paraisópolis, levamos saneamento, pavimentação de ruas, entre outros. Depois disso, tudo parou. Outra medida importante é a regularização fundiária, para que os moradores tenham a posse da terra onde já vivem há anos. As pessoas querem continuar morando onde estão, então temos que levar a infraestrutura, já existente no centro expandido, para a periferia. Como planeja recuperar os meses que os estudantes não puderam ir à escola? Como agirá para sanar o déficit de vagas em creches e na pré-escola? A primeira ação é fazer um diagnóstico do impacto da pandemia na formação dos alunos e, a partir daí, elaborar e implementar um plano de recuperação para os mais prejudicados. Vou criar, também, programas para valorizar habilidades e competências, com integração da educação com esporte e cultura. Atenção especial à pré-escola, pois, com a pandemia, a fila pode voltar a existir. Quanto às creches, vou ampliar as vagas na periferia, onde as mães mais precisam. Fazer mais convênios, capacitar e valorizar professores e colaboradores. Na área da Saúde, quais serão as prioridades? Vou ampliar os serviços das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs) e hospitais, que vão oferecer atendimento em todos os turnos e nos fins de semana;
modernizar os hospitais; integrar as unidades de saúde municipais e estaduais com um sistema informatizado; ampliar o atendimento para pessoas com deficiência; criar o programa AMA Sorriso, com pronto-socorro odontológico 24 horas; investir em medicina preventiva e melhorar o Programa Saúde da Família. O senhor tem algum plano para a geração de empregos? Neste período de pandemia, a Prefeitura teve que fazer o lockdown, fechou todas as lojas, todos os serviços. Todo mundo ficou sem receita, mas a Prefeitura continuou cobrando os impostos como se estivéssemos no apogeu da economia. Foi um erro. Eu teria suspendido a cobrança de imposto neste momento de tanta vulnerabilidade. E é preciso lembrar que o Brasil já estava em crise econômica havia quatro anos; a pandemia a agravou ainda mais. Agora a Prefeitura precisa gerar empregos, com frentes de trabalho para manutenção de praças, parques; ajudar os empreendedores e pequenos empresários com crédito, com refinanciamento de impostos; e pode eliminar por um tempo taxas, fazer frentes de trabalho para tentar segurar um pouco o emprego, além de dar apoio ao trabalhador informal. A capital paulista tem ao menos 24 mil pessoas em situação de rua, conforme dados da Prefeitura. Como pretende agir diante dessa realidade? Hoje há 30 mil pessoas nas ruas, metade com dependência química e transtorno mental e a outra metade com falta de emprego ou outras razões econômicas e sociais. A Prefeitura só oferece o albergue à noite, sem atender a todas as necessidades nem adaptações às novas realidades, como as famílias de rua. Para atender a quem tem dependência e
transtornos, vamos fazer parcerias com entidades como Hospital das Clínicas e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), além de instituições que já fazem atendimento, como as igrejas. Para a população sem esses problemas, vamos oferecer cursos de capacitação e requalificação em parceria com o sistema S e sindicatos, a serem ministrados em igrejas e outras entidades. O governo tem o dinheiro e a política pública. Igrejas e entidades têm espaço e mão de obra. Essa é a parceria necessária. O que não podemos é fechar os olhos a esse problema, como se os moradores de rua fossem invisíveis. Como obterá verba para colocar em prática suas propostas de governo? O orçamento para 2021 deve ficar muito próximo do deste ano, em torno dos R$ 67 bilhões. Há dinheiro para financiar os projetos e políticas públicas em todas as áreas. É preciso definir bem as prioridades. O problema é que o atual prefeito gastou mal, muito mal. Foram quase R$ 100 milhões com fonte luminosa no Vale do Anhangabaú e mais R$ 118 milhões de subsídio às empresas de transporte, como “compensação pela perda de passageiros por causa da pandemia”. Injustificável! Esses valores poderiam ter sido usados para a geração de emprego e renda, na criação de um fundo de microcrédito para os pequenos empreendedores ou na entrega de cem creches, por exemplo. Aliás, está no nosso plano de governo: vamos dar transparência à divisão dos recursos, para que a população saiba como e onde o dinheiro do orçamento está sendo gasto. Qual apoio a Prefeitura ofertará às vítimas de abuso sexual que resultem em gravidez, a fim de que evitem recorrer ao aborto? Casos de abuso sexual são os mais dolorosos exemplos do que é a violência doméstica, que por sua vez é um problema multifacetado. Portanto, sua abordagem deve se dar em diversas frentes, desde a assistência social, segurança, educação e saúde. Portanto, as nossas ações deverão ser implementadas em coordenação com as secretarias da Saúde, Assistência Social, Segurança, bem como a participação de parceiros do setor privado e sociedade civil. Dentro dos limites legais, o município deve atuar efetivamente para prevenção e enfrentamento à violência doméstica contra mulheres, bem como atuar no acolhimento daquelas nessa situação. Uma ação concreta que vamos ter é o aumento das Casas Abrigo, que garantem atendimento integral, em alojamento temporário sigiloso, às mulheres em situação de violência doméstica e familiar que estejam em risco iminente.
As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.
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| 7 a 14 de outubro de 2020 | Reportagem | 15
Igreja Nossa Senhora do Monte Serrate
460 anos de evangelização e presença de Deus na metrópole Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
Nayá Fernandes
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
A comunidade de fé que deu origem à Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrate, localizada no Largo da Batata, em Pinheiros, completou 460 anos em setembro de 2020. A história da igreja e da criação da Paróquia misturam-se com aquela do bairro e até mesmo da cidade, pois foi a partir da construção de uma capelinha, em 1560, que a região começou a crescer. No sábado, 3, às 12h, a comunidade de fiéis reuniu-se para celebrar a data, em uma missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, e concelebrada pelo Padre Vandro Pisaneschi, Pároco. “Este é um bairro em transformação. Queremos pedir a Deus, por intercessão de Nossa Senhora do Monte Serrate, por todo o povo que mora aqui, todas as famílias, sem esquecer os pobres, os doentes. Que a presença da Igreja neste templo possa significar que Deus está aqui, que a mãe de Jesus Cristo e de toda a humanidade está olhando por todos”, disse o Cardeal, no início da celebração.
História Após a chegada dos padres jesuítas e a fundação do Pateo do Collegio, os missionários saíram para outras duas aldeias: Pinheiros e São Miguel Paulista. “A primeira capela, construída em 1560, foi dedicada a Nossa Senhora da Conceição dos Pinheiros. O termo ‘pinheiros’ deve-se ao nome do rio ou à presença de muitas árvores dessa espécie na região”, explicou, em entrevista ao O SÃO PAULO, Padre Vandro. O texto “Pinheiros, as resiliências de um sítio urbano”, de Noemi Yolan Nagy Fritsch, publicado na revista eletrônica Labverde, da Universidade de São Paulo (USP), informa que “o núcleo oficial fundado aproveitou-se de uma organização territorial indígena preexistente, estabelecendo-se nas proximidades do rio Jerubatuba, na continuidade de uma aldeia indígena em uma plataforma elevada sobre a várzea inundável, onde a travessia do rio era facilitada devido ao estreitamento de suas margens, tornando-se um trecho obrigatório de diversos caminhos que cruzavam a região, sejam de indígenas ou posteriormente de bandeirantes”. Em 1640, quando os jesuítas foram expulsos do Brasil, os monges do Mosteiro de São Bento, que já estava estabelecido no centro da cidade, assumiram os cuidados pastorais da capela e escolheram como padroeira Nossa Senhora do Monte Serrate, uma devoção que nascera na Espanha.
Padre Vando e o Cardeal Scherer durante a missa no sábado, 3; nova imagem de Nossa Senhora do Monte Serrate foi trazida da Espanha
Projeto arquitetônico A construção do templo, que desde a década de 1940 abriga a Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrate, é um projeto do arquiteto Benedito Calixto de Jesus Neto, o mesmo responsável pelo Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. O pedido para a construção foi feito pelo Padre Septímio Ramos Arante, que assumiu a Paróquia em 1943. O projeto nunca foi terminado. Detalhes decorativos e imagens sacras que ficariam em nichos do lado de fora, além da edificação de altares, por exemplo, não chegaram a acontecer. Além da troca integral do telhado, que causava muitos transtornos para a comunidade, o Padre Vandro foi em busca da história da devoção de Nossa Senhora do Monte Serrate e trouxe da Espanha uma cópia da imagem original, que é feita por monges beneditinos e não se encontra em nenhuma igreja brasileira. “Durante a Quaresma, resolvemos colocar esta imagem, trazida da Espanha, no lugar da que estava antes, e a recepção da comunidade foi muito positiva, ficando fixa no altar”, contou o Padre, que também instalou vitrais contando a história da Paróquia na porta principal da igreja.
Perspectivas O bairro de Pinheiros, que nasceu em torno da pequena capela, cresceu muito. “A Paróquia teve muitos altos e baixos. Se olharmos para a região, aquela com mais pobres e problemas estruturais é esta.
Entretanto, muitos prédios comerciais e residenciais têm sido construídos no entorno e, provavelmente, em cinco ou seis anos, teremos aqui um bairro diferente”, explicou Padre Vandro. Além da retomada da Catequese, das pastorais, da ampliação dos horários das celebrações, de reformas em diversos ambientes do templo, nos últimos meses, antes do início da pandemia, Padre Vandro e a comunidade vinham promovendo atividades culturais com apresentações musicais e artísticas. “Tivemos aqui a Orquestra do Clube Pinheiros e o coral e a orquestra Ouro Preto”, conta o Pároco, que falou ainda sobre a confecção de um presépio que está sendo realizado por um artista mineiro: “A ideia é fazer algo como os presépios napolitanos, mas, no nosso caso, será um presépio paulistano, com muitas figuras e a narração, por meio delas, da história de São Paulo. Cenas da Catedral da Sé, da Avenida Paulista e outros símbolos da cidade farão parte do presépio”.
memória comunitária Francisco Ryoiti Mariya, 76, nasceu em 1944 e passou toda a infância numa casa localizada a cem metros da igreja. “Meus pais sempre foram muito católicos e eu fui batizado na Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrate. Ali recebi os sacramentos da Eucaristia e do Crisma e, também, me casei”, contou. Membro da equipe de cantos, o paroquiano reforçou a importância das reformas para o retorno dos paroquianos. “O sistema de som era muito ruim e muitas
pessoas, sobretudo idosas, deixaram de participar das missas porque reclamavam que não entendiam nada. Além disso, muitas vezes tivemos que cancelar ou interromper reuniões, porque o salão ficava alagado quando chovia. Com certeza, essas reformas vão impactar muito positivamente a todos”, afirmou Mariya. Evelin Melo, 47, é membro da Pastoral da Comunicação (Pascom) e participa da comunidade há mais de um ano. Para ela, a Paróquia, além de ser um patrimônio para o bairro, é um refúgio espiritual não só para os moradores, mas também para quem trabalha ou passa por ali. “Há muita gente nova chegando, e são pessoas que querem efetivamente fazer parte, seja em alguma pastoral, seja participando dos cursos, que eram oferecidos antes da pandemia”, explicou Evelin.
Comunidade eucarística Na homilia da missa de sábado, o Cardeal Scherer recordou a história do bairro e a presença da Igreja na região: “Quando se fala do início de São Paulo, sempre se pensa no Pateo do Collegio e, de fato, lá temos o início da referência da cidade. No entanto, tantos outros lugares são referenciais e um deles é aqui. Recordamos a Igreja como elemento agregador das comunidades. Entre as preocupações estava sempre a defesa dos indígenas, e, por isso, os aldeamentos, mas também a educação, a Igreja – uma igreja onde as pessoas pudessem rezar e fosse ensinada a Palavra de Deus, o Catecismo e a celebração da Eucaristia”. (Colaborou: Jenniffer Silva)
16 | Reportagem | 7 a 14 de outubro de 2020 |
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O testemunho do Evangelho fecunda e transforma a cidade Luciney Martins/O SÃO PAULO
FERNANDO GERONAZZO
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EVOLUÇÃO A partir do século IV, surgem, nas maiores cidades, comunidades eclesiais urbanas com mais autonomia. Ao mesmo tempo, tais comunidades se expandiam para a zona rural, cada vez mais distantes dos centros. Essa dilatação da comunidade urbana deu origem à diocese, uma Igreja particular pastoreada por um bispo, na cidade, e constituída de vários conjuntos de outras comunidades mais distantes, as paróquias. Uma vez que se tornava impossível o bispo se fazer presente nessas paróquias, surge a figura do vigário, que significa
Nos grandes centros urbanos, paróquias como a Nossa Senhora do Monte Serrate, em Pinheiros, acompanham as mudanças de seu entorno
“aquele que faz as vezes de”, que, geralmente era auxiliado por um diácono e outros ministros. Esse vigário, após o Concílio Vaticano II, passou a ser chamado de pároco. A Paróquia acompanhou as transformações da organização da sociedade em cada época, passando pelo feudalismo, burguesia e o surgimento das metrópoles. No século XII, quando houve o desenvolvimento das comunidades cristãs em torno dos grandes mosteiros, deu-se maior relevância às paróquias como um centro de propagação da fé e da organização social, com a criação de escolas, orfanatos, instituições de assistência aos peregrinos e pobres, assim como às atividades das várias irmandades. Alguns historiadores consideram esse período o marco do nascimento do que se entende hoje como paróquia.
NOVAS CONFIGURAÇÕES A instrução pastoral “A conversão pastoral da comunidade paroquial a
serviço da missão evangelizadora da Igreja”, publicada em julho pela Congregação para o Clero, com aprovação do Papa Francisco, sublinha que, desde a sua origem, a Paróquia se coloca como resposta a uma exigência precisa: “Aproximar do Evangelho o povo por meio do anúncio da fé e da celebração dos sacramentos”. “A configuração territorial da Paróquia, todavia, hoje é convidada a se confrontar com uma característica peculiar do mundo contemporâneo, no qual a crescente mobilidade e a cultura digital dilataram os confins da existência”, reforça o documento. O texto enfatiza, ainda, que, para promover a centralidade da presença missionária da comunidade cristã no mundo, “é importante repensar não só uma nova experiência de paróquia, mas também, nessa, o ministério e a missão dos sacerdotes, que, junto aos fiéis leigos, têm o compromisso de ser ‘sal e luz do mundo’ (cf. Mt 5,13-14), ‘lâmpada no candelabro’ (cf. Mc 4,21), mostrando o rosto de uma comunidade evangelizadora, capaz de uma adequada leitura dos sinais
dos tempos, que gera um coerente testemunho de vida evangélica”.
PRESENÇA DE DEUS Na exortação apostólica Evangelii gaudium (2013), o Papa Francisco refletiu sobre o desafio das culturas urbanas, salientando que é preciso identificar a cidade a partir de um olhar contemplativo, “que descubra Deus que habita nas suas casas, nas suas ruas, nas suas praças”. “A presença de Deus acompanha a busca sincera que indivíduos e grupos efetuam para encontrar apoio e sentido para a sua vida. Ele vive entre os cidadãos promovendo a solidariedade, a fraternidade, o desejo do bem, da verdade, da justiça. Esta presença não precisa ser criada, mas descoberta, desvendada”, acrescentou o Pontífice. O Santo Padre afirma que o melhor remédio para os vários males urbanos é o Evangelho. “A proclamação do Evangelho será uma base para restabelecer a dignidade da vida humana nestes contextos, porque Jesus quer derramar nas cidades vida em abundância (cf. Jo 10,10)”, disse, reforçando que viver a fundo a realidade humana e se inserir no coração dos desafios como fermento de testemunho, em qualquer cultura e cidade, melhora o cristão e “fecunda” a própria cidade.
Saudável
Vida
A Paróquia é uma instituição eclesial cuja relação com a cidade existe desde a sua origem. Dando continuidade à série sobre o Mês Missionário, O SÃO PAULO destaca a missão das paróquias nos grandes centros urbanos. Já nos textos bíblicos do apóstolo São Paulo é possível verificar o que pode ser considerada inspiração das primeiras paróquias, quando ele se refere à constituição de pequenas comunidades como Igrejas domésticas, identificadas simplesmente com o termo “casa” ou “domus ecclesiae”. As primeiras comunidades cristãs se formaram nas cidades por onde os apóstolos e seus sucessores passavam e anunciavam o Evangelho. Essas casas eram o lugar de referência onde os fiéis se reuniam para celebrar e ouvir a Palavra de Deus, receber o Batismo, celebrar a Eucaristia e partilhar os dons que possuíam em comum. À medida que mais cristãos aderiam à fé e, consequentemente, as comunidades cresciam, novas casas surgiam e, aos poucos, formava-se uma rede de comunidades, as quais, juntas, constituíam a Igreja na cidade, como, por exemplo, “a Igreja de Deus que está em Roma”, como se referiu São Paulo na Carta aos Romanos.
ATENDIMENTO GRATUITO
AJUDA PSICOTERAPÊUTICA Você pode viver bem, ter vida saudável melhorando seu modo de ver a si mesmo, os outros e o mundo. O Dr. Bruno e o Dr. José darão a você ajuda continuada, indicando o caminho a seguir Os interessados devem comparecer as quartas-feiras, às 14h, nas instalações das paróquias:
Nossa Senhora da Assunção e São Paulo Pessoal Nipo-Brasileira de São Gonçalo Praça João Mendes 108, Tels. 3106-8110 e 3106-8119
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| 7 a 14 de outubro de 2020 | Pelo Mundo/Fé e Vida | 17
Arquivo pessoal
Liturgia e Vida 28º Domingo do Tempo Comum 11 DE OUTUBRO DE 2020
O ‘traje de festa’ PADRE JOÃO BECHARA VENTURA
Carlo Acutis, morto em 2006, aos 15 anos, vítima de leucemia, propagou a fé no ambiente digital e será beatificado no sábado, dia 10
Carlo Acutis, ‘Padroeiro da Internet’, será beatificado Gustavo Catania Ramos
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
No sábado, 10, Carlo Acutis será beatificado em cerimônia na Basílica Superior de São Francisco, em Assis, cidade onde o jovem foi enterrado. A história de Carlo demonstra que a santidade é para todos e é um exemplo, principalmente, para os jovens que desejam viver com radicalidade sua fé no mundo da internet. O milagre que baseou a beatificação de Carlo ocorreu no Brasil, na cidade de Campo Grande (MS), na Paróquia São Sebastião. O Padre Marcelo Tenório, Pároco, incentivou entre os fiéis a devoção ao jovem Carlo Acutis. Em 12 de outubro de 2013, quando dava a bênção com uma relíquia de Carlo, o garoto Matheus Viana aproximou-se, levado por seu avô. Ele sofria de pâncreas anular, uma doença congênita rara, que causava vômitos constantes e o deixava fraco e abatido. Na fila para receber a bênção, o avô disse ao garoto que pedisse a Carlo para parar de vomitar. Quando tocou a relíquia, o garoto disse em voz alta: “Parar de vomitar”. Depois disso, ele nunca mais vomitou. Em exames feitos depois do milagre, constatou-se que o garoto tinha sido curado completamente.
O Padroeiro da Internet Carlo Acutis nasceu em 1991, em Londres, na Inglaterra. De origem italiana, seu pai trabalhava no mercado financeiro e mudou-se para a Inglaterra com a família. Pouco tempo depois de seu nascimento, os Acutis retornaram a Milão, onde Carlo viveu por toda a sua vida. Seus pais não eram católicos “praticantes”. Sua mãe – ainda viva – diz que, antes do nascimento de Carlo, tinha ido à Igreja apenas para a sua primeira Comunhão, para a Crisma e para o seu casamento. Seu pai também não frequentava a Igreja.
Carlo recebeu, de uma empregada polonesa, os primeiros ensinamentos sobre a fé. A tal ponto os ensinamentos da babá foram impressos na alma de Carlo que ele passou a perguntar à sua mãe sobre a fé. Ela, por sua vez, não sabia responder a nenhum dos questionamentos de Carlo. Insatisfeita com a própria ignorância, a mãe foi procurar um sacerdote para que a ajudasse a responder às questões do filho. O sacerdote, então, lhe disse: “A senhora deveria estudar a fé e responder por si mesma às perguntas de seu filho”. Foi o que ela fez. Dessa forma, passou a frequentar a Igreja e se converteu verdadeiramente. Aos 7 anos, Carlo demonstrou um enorme desejo de receber a Eucaristia. Pedia constantemente por ela, a tal ponto que os pais foram procurar o bispo para que autorizasse a Comunhão à criança. O bispo, vendo a seriedade do pedido do garoto, autorizou-o a receber o Corpo de Cristo. Carlo insistia em ir à missa o mais frequentemente possível. Quando os pais não podiam levá-lo, um empregado hindu o acompanhava à celebração. Um dia, conversando com este empregado sobre a Eucaristia, a caminho da missa, Carlo o convenceu a ser batizado na Igreja Católica a fim de poder receber tão grande dom. Com sua bicicleta e um Terço na mão, Carlo parava nas portarias dos prédios para falar com os porteiros sobre Deus. A maioria deles tinha origem hindu ou muçulmana. Carlo viveu no começo da explosão da internet e soube usar o novo instrumento para evangelizar, razão pela qual muitos já o chamam de “Padroeiro da Internet”. Aos 11 anos, começou a criar sites sobre os milagres eucarísticos, as aparições de Nossa Senhora e outros temas da fé católica (as páginas podem ser vistas no seguinte endereço: www.carloacutis.com/pt/association/). Para alimentar de conteúdo as pági-
nas, Carlo viajou o mundo todo para ver de perto sobre o que escrevia. Seus sites se tornaram mostras em museus em muitos países e continuam a ser expostas. Carlo soube usar a internet para o bem. Nas pesquisas feitas depois de sua morte, não se descobriu em seu computador nenhum acesso a site impuro ou, mesmo, que tangenciasse a impureza. Fez vídeos abordando as verdades da fé, sendo que um deles, que pode ser visto no YouTube, explica o mistério da transubstanciação, quando o pão e o vinho se tornam Cristo substancialmente. Essa fé na Eucaristia era um dos sustentáculos de sua vida espiritual. Carlo passava longos períodos diante do sacrário, chegava sempre antes do início da missa para rezar e ficava um bom tempo depois de seu término em ação de graças. Um dia, uma gripe forte atacou Carlo, quando ele tinha apenas 15 anos. A princípio, os médicos desconfiavam que se tratasse de caxumba. Depois dos exames, porém, diagnosticou-se leucemia, e do tipo mais grave. Quando descobriu o diagnóstico, Carlo, com grande serenidade, disse: “Deus acaba de programar o alarme”. Pressentindo a sua morte, quando entrou no hospital para internação, Carlo afirmou à sua mãe: “Daqui, eu não saio mais”. Apenas quatro dias depois, em 12 de outubro de 2006, entregou a sua alma a Deus. Carlo viveu extraordinariamente esse curto período de internação, sem nunca esmorecer ou perder a esperança. Seus pais são testemunhas de que Carlo ofereceu todos os seus sofrimentos decorrentes da doença ao “Papa e à Igreja”. Seu funeral ocorreu em Milão, com a Igreja lotada. Carlo foi enterrado em Assis, devido a um desejo que havia expressado anos antes à mãe, que tinha um jazigo na cidade.
Nosso Senhor compara o Reino dos Céus a um rei que prepara uma festa de casamento a seu filho. Trata-se de um evento não convencional… Como os convidados não quiseram comparecer, as portas foram escancaradas. Para que lugares não ficassem vazios e a abundante comida não se perdesse, “todos” foram convocados para as bodas, tanto os bons quanto os maus. Entretanto, “quando o rei entrou para ver os convidados, observou ali um homem que não estava usando traje de festa” (Mt 22,11). Então, mandou atirá-lo para fora, na escuridão onde “haverá choro e ranger de dentes” (Mt 22,13). A reprimenda excessivamente dura faz ressoar o sentido profundo da “veste” nas Escrituras. Ela simboliza a semelhança com Deus; a condição de filhos em comunhão com Ele. Em estado deplorável depois do pecado, Adão e Eva se envergonharam do Senhor e se cobriram com folhas de figueira (cf. Gn 3,7). Do endemoninhado de Gerasa se diz que “havia muito tempo que andava sem roupas” (Lc 8,27). Ao contrário, como sinal de predileção, Jacó fez uma túnica adornada para seu filho José (cf. Gn 37,3). O pai do “Filho Pródigo”, ao reencontrá-lo, ordenou aos empregados: “Depressa, trazei a melhor túnica e revesti-o com ela!” (Lc 15,22). E Cristo, o Filho de Deus, usava uma túnica sem costura, da qual foi despojado antes da Crucifixão. No Batismo, temos o costume de revestir o neófito com uma roupa branca, pois, conforme as palavras de São Paulo, “todos os que fostes batizados vos revestistes de Cristo!” (Gl 3,27). O Apocalipse descreve, no Céu, uma multidão vestida de roupas brancas, alvejada no sangue do Cordeiro (cf. Ap 7,14). Na Confissão, enxaguamos novamente essa “veste” espiritual no sangue de Cristo. Afinal, a Igreja está aberta e convida a todos… Não basta, porém, participar das funções litúrgicas; é preciso também estar com a veste adequada, envolvidos pela graça santificante. Dar de vestir ao próximo contará como critério no dia do Juízo (cf. Mt 25,36). Os patriarcas Sem e Jafé foram abençoados por cobrirem a nudez de Noé (cf. Gn 9,27), enquanto Canaã foi maldito por vê-la e expô-la aos demais. Além disso, é preciso que, ao nos vestirmos, tenhamos o Senhor – e não somente os homens – diante dos olhos. Segundo Paulo, o cristão se deve vestir com “vestes decentes, enfeitando-se com modéstia e sobriedade, não com cabelos frisados, ouro, pérolas ou vestidos de luxo, mas sim com boas obras” (1Tm 2,9-10)! Temos, sobretudo, de nos “adornar” com a graça e a justiça! Aliás, as roupas podem falar sobre nosso interior. Não devemos nos preocupar se são caras ou baratas, novas ou antigas, de marca ou não… Todavia, as vestes – ricas ou pobres – podem expressar dignidade, respeito, simplicidade, piedade, bom gosto, alegria, originalidade, disponibilidade de servir… Ou, ao contrário, vaidade, desleixo, ostentação, sensualidade, superficialidade, modismos… Que nos vistamos para o Senhor, que é quem nos vê a todo instante! E que jamais nos encontremos despojados da graça e das boas obras que vêm de Deus!
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18 | Papa Francisco | 7 a 14 de outubro de 2020 |
Papa Francisco assina a encíclica Fratelli tutti, em Assis, no sábado, 3, em basílica onde está sepultado São Francisco; documento foi publicado no domingo, 4
Reconhecer o outro e repensar as relações entre pessoas e povos Em nova encíclica social, o Papa Francisco defende ampla revisão dos valores que inspiram a vida no mundo globalizado Filipe Domingues
Especial para O SÃO PAULO
Inspirado nas palavras de São Francisco de Assis, o Papa Francisco defende que um mundo mais justo e fraterno só pode ser construído se repensarmos nossas relações, tanto as pessoais quanto aquelas decorrentes do convívio entre os países. E aponta que devemos lembrar que sem o outro não somos nada: “O amor rompe correntes que nos isolam e nos separam, construindo pontes”, diz o Sumo Pontífice em sua terceira encíclica, Fratelli tutti (Todos irmãos), publicada no domingo, 4.
O documento de oito capítulos é uma abrangente análise das relações humanas. Definido pelo próprio Papa como “encíclica social”, o texto reúne pensamentos já expostos em outras ocasiões, organiza-os, mas também desenvolve alguns elementos novos, em sintonia com a Tradição da Igreja. O texto tem como pano de fundo a crise atual, a pandemia de COVID-19, porém ela aparece apenas como contexto histórico, escancarando problemas já existentes, como a desigualdade entre as nações, a indiferença com os mais pobres, as guerras, o drama dos migrantes e os calorosos confrontos nas redes sociais, por exemplo. O remédio contra o egoísmo e o individualismo são a fraternidade e a “amizade social”, uma forma de amor a ser vivida não só em palavras, mas, também, em fatos, no dia dia. Para tanto, é preciso reconhecer que “estamos todos no mesmo barco”, que a Terra “é nossa casa comum”, e que somente resolvendo os problemas dos outros teremos os nossos próprios simplificados. Como é típico do Papa Francisco, em Fratelli tutti, os pobres e “descartados” assumem grande protagonismo. Além de o Santo de Assis ser a diretriz, o Papa
afirma que a “prepotência dos mais fortes” precisa dar lugar a sociedades mais conscientes das “características e processos próprios”, vividos na base. A seguir, O SÃO PAULO reúne algumas chaves de leitura para um primeiro contato com a encíclica, que, apesar de crítica, também faz um audacioso “convite à esperança”.
Menos muros, mais pontes Citando o poeta e compositor brasileiro Vinícius de Moraes, o Papa Francisco afirma: “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida” (nº 215). Promover a chamada “cultura do encontro” é um objetivo claro da encíclica, pois “como povo, nos apaixona tentar nos encontrar, buscar pontos de contato, construir pontes, projetar algo que inclua a todos”. Esse “estilo de vida” a que todos somos chamados vem sendo desafiado por uma lógica oposta: a da “cultura do descarte”. Ela é feita da tentação de levantar muros, “no coração, muros na terra, para evitar o encontro com outras culturas, com outras pessoas” (27).
Também compõe essa mentalidade “descartável” a falsa noção de que uma boa vida se define em “consumir sem limites” e “cuidar de si mesmos”. Alimentam essa cultura mecanismos políticos que buscam “semear o desânimo e despertar uma desconfiança constante [em relação aos outros], mesmo que disfarçada por detrás da defesa de alguns valores” (15 e 17). As redes sociais, a quem o Papa dedica duras críticas, dão a “ilusão” de que há verdadeira comunicação digital entre as pessoas e os povos. Na verdade, ali “o respeito ao outro se despedaça e, desse modo, ao mesmo tempo que apago, ignoro e mantenho afastado, posso despudoradamente invadir sua vida até o extremo” (42), apontando, inclusive, para os que se dizem cristãos, mas ajudam a difundir “movimentos digitais de ódio e destruição”.
Vítimas do descarte Assim, “partes da humanidade parecem sacrificáveis em benefício de uma seleção que favorece a um setor humano digno de viver sem limites” (8). Como exemplo de vítimas, Francisco menciona os pobres, os deficien-
tes, os que “ainda não são úteis” (os não nascidos) e os “que já não servem” (os idosos). Nesse sentido, ele diz que as mulheres sempre sofrem mais, especialmente como “vítimas da violência e de abusos”, também quando afastadas dos filhos e privadas da infância (227 e 261). Em diversas partes do documento, o Papa também cita o histórico – e há muito inaceitável – problema do racismo. “É um vírus que muda facilmente e, em vez de desaparecer, se dissimula, mas não para de reaparecer” (20). Em suma, os direitos humanos ainda não são universais. Os muros, inclusive físicos, procuram afastar os diferentes. Francisco propõe maior colaboração para ajudar os países de origem dos migrantes – combatendo a fome e a guerra, por exemplo –, mas, também, para acolher com dignidade os que migram. “Nunca se dirá que eles não são humanos, mas, na prática, com as decisões e o modo de tratá-los, se expressa que são considerados menos valiosos, menos importantes, menos humanos” (39).
O perdão na solução de conflitos Um das partes mais originais do documento é o capítulo 7, em que o Papa Francisco propõe “percursos para um novo encontro”. Ele apresenta a misericórdia e o perdão, ou esforços de reconciliação, como resposta para conflitos sociais e globais. “O perdão não implica o esquecimento”, pondera, mas o perdão ajuda a impedir que a mesma “força destruidora” domine a pessoa ofendida e, portanto, evita a vingança. “O perdão é precisamente o que permite buscar a justiça sem cair no círculo vicioso da vingança nem na injustiça do esquecimento” (252), afirma. “A verdadeira reconciliação não escapa do conflito, mas alcança-se dentro do conflito,
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Francisco: o remédio contra o egoísmo e o individualismo são a fraternidade e a amizade social, vividas não só com palavras, mas em fatos
superando-o por meio do diálogo e de negociações transparentes, sinceras e pacientes” (244). O individualismo e a percepção de autossuficiência também afetam as relações entre as nações, e não só entre indivíduos. O Papa Francisco propõe uma nova lógica nas relações internacionais, que coloque o ser humano, e não os territórios e propriedades, em primeiro lugar. Ele também questiona que até hoje países pobres tenham dívidas tão altas com os ricos, o que lhes impede de evoluir (120 e 126). Para regular essas relações, a Organização das Nações Unidas (ONU) precisa ser reformada, favorecendo os mais fracos.
‘Guerra justa’ e pena de morte O Papa Francisco encerra qualquer dúvida remanescente sobre o conceito de “guerra justa” – que tentaria justificar a guerra como meio legítimo – e afirma que “toda guerra deixa o mun-
do pior do que o encontrou” (260 e 261). Fazendo memória de tragédias humanas do passado – ele cita o Holocausto (Shoah), os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki e as perseguições e massacres étnicos –, diz que sempre fará maior bem à humanidade encontrar caminhos de perdão e fraternidade. Também recupera a evolução do ensinamento da Igreja sobre a pena de morte, ao citar São João Paulo II, e oficializa em sua encíclica a certeza de que não há espaço na doutrina para essa forma capital de punição, pois os sistemas penais têm diversos meios mais humanos e eficazes. Francisco também chama a prisão perpétua de “pena de morte oculta”. “Todos os cristãos e pessoas de boa vontade são chamados, portanto, a lutar não só pela abolição da pena de morte, legal ou ilegal, e em todas as suas formas, como também para melhorar as condições carcerárias, em respeito à dignidade humana das pessoas privadas de liberdade” (268).
O papel das religiões Se São Francisco é a primeira inspiração para o documento porque “semeou paz por todas as partes”, também o é pela famosa reunião com o sultão Malik-el-Kamil, no Egito, com quem estabeleceu diálogo amigável, em 1219. Em paralelo, o Papa Francisco recorda sua amizade com o Grande Imã de Al-Azhar, Ahmed al-Tayyeb, com quem assinou o “Documento sobre a Fraternidade Humana”, em 2019. Muitas das linhas de Fratelli tutti são traçadas por esse outro texto. A encíclica, conforme o próprio Papa, “não pretende resumir a doutrina sobre o amor fraterno, mas deter-se sobre sua dimensão universal, em sua abertura a todos” (6). É justamente por crerem em uma “verdade transcendente” orientadora das relações que as religiões devem ser admitidas no debate público sobre questões coletivas. “Deve haver lugar para a reflexão que provém de um fundo religioso que recolhe séculos de experiência e sabedoria” (275), indica o Papa Francisco.
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Missão Belém: 15 anos sendo família para quem não tem família Luciney Martins/O SÃO PAULO
www.osaopaulo.org.br Diariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publicados recentemente.
de maioria idosos. Cerca de 30 moradores ajudam no cuidado com os doentes, grande parte Reviver o mistério de Belém: recuperados. “Jesus que nasce pobre no meio Emanuel Messias Guedes do dos pobres, numa mísera gruta, Nascimento, 42, é o coordenaSemana Nacional da Vida dor da casa. Paraibano, ele cheacolhido com carinho por Madestaca compromisso com a ria e José”. Foi com esse objetivo gou a São Paulo com 17 anos, dignidade humana que, em 2005, surgiu, em um trabalhou, fez alguns cursos, https://cutt.ly/AgwJwTq pequeno barraco de madeira, na mas acabou se entregando ao vício das drogas e morou durante comunidade Nelson Cruz, no cinco anos na rua. Em 2007, se bairro do Belenzinho, na zona Em carta apostólica, Papa surpreendeu quando, no local Leste de São Paulo, a Missão apresenta São Jerônimo como a onde dormia, encontrou o PaBelém, por iniciativa do Padre ‘Biblioteca de Cristo’ dre Gianpietro, Irmã Cacilda e Gianpietro Carraro e da Irmã https://cutt.ly/7gwJtCc os missionários da Missão BeCacilda da Silva Leste. lém, que passaram aquela noite Nesses 15 anos, mais de 80 Reprodução da internet com ele e os demais companheimil pessoas foram acolhidas e ros em situação de rua. Aquela grande parte se deve aos próprios atitude mexeu muito com Nasex-irmãos de rua restaurados e cimento, que resolveu passar que se tornaram missionários. um período no Sítio de Jarinu. Já Hoje, a missão abriga 700 doentes e 1,3 mil irmãos de rua. No são 13 anos de caminhada com total, são 2,2 mil pessoas acolhia Missão Belém. das em 180 casas, tudo isso feito “Na rua tudo é descontrolado e aqui tem uma pessoa e a de forma gratuita e voluntária. Padre Gianpietro e Irmã Cacilda na comunidade Nelson Cruz comunidade às quais devo obeRESTAURAR VIDAS diência; diante das pessoas que “Nós só temos a oferecer uma amização e não de assistência social, quereme acompanham, tenho que fazer as zade e um abraço sem medo, e isso os mos transmitir o amor de Deus e fazer coisas da maneira certa. Isso faz com que órgãos públicos não podem dar. Iniciasentido às pessoas. E esse amor também eu me torne uma pessoa melhor, me faz mos um diálogo familiar, lemos um treé comida, roupa, cuidados médicos etc.”, saber que o irmão aqui de casa depende cho bíblico e fazemos uma oração. As completou o Padre Gianpietro. de mim”, comentou Nascimento. pessoas, muitas vezes, se sentem tocaSanta Teresinha: ‘No coração das, seja pelo relacionamento humano, UM LOCAL DE ACOLHIDA MISSÃO NO HAITI da Igreja, serei o amor’ O Edifício Nazaré, localizado na PraPadre Gianpietro foi ao Haiti em seja pela própria oração, e assim escohttps://cutt.ly/hgwJuPJ lhem sair da Cracolândia e vir conosco”, ça da Sé, desde 2018 acolhe o projeto 2010, logo após o terremoto que devastou o país. Com a Irmã Cacilda, iniciou disse Padre Gianpietro Carraro ao O “Vida Nova”, que diariamente, por períodos de três dias, recebe pessoas que SÃO PAULO. no país um projeto que atende 1,8 mil Mais do que cestas, a O Sacerdote reforçou que essa camidesejam deixar as ruas ou a dependência crianças e adolescentes de 0 a 15 anos tradução do Evangelho nhada de restauração das drogas e do álquímica por meio do projeto da Missão durante dez horas diárias. em gestos concretos na cool é proposta durante seis meses. Após Belém. O Centro Zanj Makenson desenvolParóquia Santa Luzia ve atividades e projetos na área da eduvivenciar a experiência em uma das caDiego da Silva Pereira, 22, chegou do https://cutt.ly/0gwJa3r sas, são convidados a refletir se desejam cação, saúde e profissionalização para os Maranhão com 18 anos para trabalhar retornar à sua família ou ao convívio sojovens. Além da Catequese diária, os aluem São Paulo como padeiro, mas comecial; cerca de 53% desejam permanecer e çou a se envolver com álcool e drogas. O nos têm atividades pedagógicas, esportiApós sete meses fechadas, vas e lúdicas, incluindo cinco refeições. ajudar na acolhida dos irmãos e no cuijovem perdeu o emprego, alguns amigos igrejas reabrem em Bagdá dado dos doentes. Também há um centro nutricional e o acolheram em suas casas, mas o vício o https://cutt.ly/YgwJjww “Deus nos ajuda a entrar na situação uma enfermaria que acompanham cerca levou até a Cracolândia. deles, sentar no chão da calçada e descer de 60 crianças com desnutrição. Há um Foi quando Pereira, em busca de onde eles estão; nesse olhar, começa esse projeto de construção de um centro-escomida, chegou ao Edifício Nazaré. A Arcebispo iraquiano é cola: o objetivo é atender 3 mil crianças e relacionamento, e isso é algo muito inspiintenção era ficar apenas três dias, mas indicado a prêmio pelo rado por Deus. É um ir ao encontro. Eles adolescentes nos próximos anos. a acolhida e o cuidado dos missionários Parlamento Europeu (Sob supervisão de Daniel Gomes) falam que muitas pessoas levam marmio impressionaram. Ele foi enviado ao Síhttps://cutt.ly/lgwJzHN tas, mas não permanecem; nós ficamos”, tio São Miguel Arcanjo, em Jarinu (SP), e disse à reportagem a Irmã Cacilda. foi ali que, ao participar dos momentos de oração e cuidar dos doentes, fez uma Luciney Martins/O SÃO PAULO TRANSMITIR O grande restauração. AMOR E O CUIDADO “Não consigo me imaginar sem cuiA pandemia do novo coronavírus dar dos idosos. Meu serviço era sempre está sendo uma grande preocupação pesado e agora cuido de vidas, algo que para as casas de acolhida, pois a maior nunca passou pela minha cabeça. Deus parte dos irmãos é idosa. Por isso, foram está me capacitando para ter essa responsabilidade, e nisso estou muito feliz; tomadas medidas rígidas de isolamento, a missão é uma família que eu nunca controle de visitas e de higiene. tive”, disse Pereira. Hoje ele é responsáSobretudo neste período de pandemia, foram recebidas muitas doações vel pelos medicamentos na Casa Guadalupe. de máscaras, álcool em gel, além dos alimentos e verduras que chegam diariamente por meio de pessoas, instituições O CUIDADO COM OS IDOSOS A Casa Guadalupe, no bairro do Beou paróquias. lenzinho, acolhe atualmente 96 mora“Insistimos muito no fato de que a Casa Guadalupe, da Missão Belém, acolhe 96 pessoas, a maioria idosos e doentes dores, 64 deles enfermos, sendo a granMissão Belém é uma obra de evangeliFLAVIO ROGÉRIO LOPES
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