O São Paulo - 3328

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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ano 65 | Edição 3328 | 17 de dezembro de 2020 a 12 de janeiro de 2021

Editorial Uma pandemia invisível e crescente: milhões de abortos por ano

Página 4

Encontro com o Pastor

www.osaopaulo.org.br | R$ 2,00

‘E o Verbo Divino se fez carne e habitou entre nós’

Luciney Martins/O SÃO PAULO

No Natal, voltemos nossas atenções inteiramente para o Filho de Maria

Página 2

Espiritualidade Entre o presépio e a cruz, Nossa Senhora mantém a mesma fé e esperança

Página 5

Liturgia e Vida

Que Jesus Cristo se alegre em vir até nós na Noite Santa!

Página 21

Comportamento Confiança, otimismo e coragem: lições para aprendermos e ensinarmos

Página 7

Cardeal Odilo Scherer ordena 9 diáconos na Catedral da Sé Receberam o 1º grau do sacramento da Ordem, no sábado, 12, seminaristas do Seminário de Teologia Bom Pastor, do Seminário Missionário Redemptoris Mater São Paulo Apóstolo, além de religiosos Agostinianos e Paulinos. Página 20

Frei Carlos Silva é nomeado Bispo Auxiliar de São Paulo pelo Papa Conselheiro Geral da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, em Roma, o Religioso ressaltou que irá servir a Arquidiocese e o povo de Deus da melhor forma. Página 24

Mais expostas às telas, crianças devem ter a monitoria dos pais Série “Infância Roubada” mostra que uso moderado e supervisionado de dispositivos digitais pode ser benéfico às novas gerações. Páginas 18 e 19

Inspirado no estilo napolitano, presépio da Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrate traz o nascimento de Jesus para o cotidiano da capital paulista

No Natal, celebra-se o mistério da encarnação do Filho de Deus. “Esta verdade, tão grande e bela, não pode ficar esquecida, encoberta por exterioridades ou pelos simbolismos que a envolvem”, ressalta o Cardeal Odilo Pedro Scherer, em sua mensagem natalina, publicada nesta edição. Uma das formas de recordar essa festa cristã

é o presépio, como o da Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrate, que retrata a natividade em meio à metrópole. Também se expressa no testemunho de caridade de comunidades da Arquidiocese que se mobilizam para levar esperança ao Natal dos mais pobres. Páginas 9 a 16


2 | Encontro com o Pastor | 17 de dezembro de 2020 a 12 de janeiro de 2021 |

cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

C

abe uma avaliação sobre este ano diferente, que vai caminhando para a sua conclusão. A primeira consideração, geralmente, é esta: foi um ano difícil, complicado, por causa da pandemia, que nos pegou de surpresa já nos primeiros meses e nos obrigou a refazer planejamentos e programações. Muito daquilo que tínhamos previsto para 2020 ficou no papel, sem ser realizado. Ao lado disso, tivemos muita incerteza, angústia, sofrimento, doença e também morte. Chegamos ao fim do ano com quase 200 mil falecidos no Brasil em decorrência da pandemia de COVID-19, e isso não é pouco! Ano difícil para a economia, foi necessário administrar muito bem as despesas, pois as receitas ficaram reduzidas para quase todos. Situação mais difícil foi a dos desempregados e subempregados, que se viram na insegurança completa em relação à sua sustentação diária, além de terem de enfrentar, cada dia, o medo do contágio com o

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Ano diferente, Natal diferente novo coronavírus e as complicações dele decorrentes. Estamos vivos, contudo, e isso conta mais que todos os planos frustrados ou êxitos não alcançados. A vida e a saúde importam mais que tudo! E só podemos dar graças a Deus por estarmos com saúde e por todos os que superaram a doença e estão curados! E aos profissionais da saúde, nossos aplausos e gratidão por sua dedicação generosa. Muitos deles também ficaram doentes e até perderam a vida na luta contra o vírus e na assistência aos doentes. Grande foi também a onda de caridade e solidariedade que vivemos este ano. Graças a ela, muitos pobres sofreram menos e também puderam suprir suas necessidades básicas. Essa experiência mostrou que há sensibilidade social e muito sentimento bom no meio do povo, e isso é uma riqueza impagável! Oxalá isso continue e se perpetue também em “tempos normais”, concretizando-se em estruturas sociais e econômicas menos excludentes e injustas, em que haja lugar e vez para todos! Agora nos vemos diante do recrudescimento da pandemia, talvez, a indesejada “segunda onda”, possivelmente resultante do relaxamento dos

cuidados ainda requeridos, uma vez que ainda não estamos livres do vírus maléfico! Como alguém disse: “Estamos cansados dele, mas ele ainda gosta de nós!” Como celebrar o Natal, com restrições para festas e contatos sociais? Como imaginar a festa de Natal sem reuniões familiares, ceias, distribuição de presentes, abraços e longas convivências, espalhando calor humano? É preciso pensar em celebrar o Natal, por esta vez, deixando de lado alguns “costumes natalinos” tão caros. A saúde pede atenção, o cuidado de uns pelos outros e a responsabilidade social requerem mudanças de hábitos. Isso não significa que deixaremos de celebrar o Natal e de externar nossa alegria e os sentimentos que brotam de nossa fé cristã. É possível participar da missa, ainda que seja apenas pelos meios de comunicação ou por meios virtuais. Não deixemos de nos unir, em atitude de fé e adoração, à Igreja que celebra, proclama a Boa-Nova do Natal à humanidade, acolhendo uma vez mais o presente que Deus nos envia. Não deixemos de manifestar nossa alegria enviando mensagens de muitos modos e por meio das várias mídias às pessoas queridas. Podemos reunir os membros da família, que já vivem

sob o mesmo teto, ao redor do presépio e recontar a história do Natal, entre orações e cânticos. E também podemos nos reunir ao redor da mesa do lar, com a certeza de que “Ele está no meio de nós”, pois o Filho de Deus veio para fazer morada entre nós. O Papa Francisco, há poucos dias, convidou a celebrar o Natal deste ano à semelhança do primeiro Natal, na noite fria de Belém: não houve festa ruidosa, comida e bebida fartas, nem Papai Noel distribuindo presentes supérfluos... Houve apenas um casal, que acolheu um recém-nascido, numa situação muito precária, e o contemplou em silêncio. Houve luz de estrelas no céu, sem barulho de traques e foguetes, apenas melodias de anjos a cantar e pastores atentos aos sinais do céu, que acorreram para ver o que se passava. E puseram-se a contemplar, calados e maravilhados, junto com Maria e José, mais maravilhados que todos. O Papa convidou-nos a celebrar o Natal deste ano no silêncio e na contemplação, atendo-nos ao essencial da festa, voltando nossas atenções inteiramente para o Filho de Maria, Filho de Deus, nosso irmão, Deus na medida do homem... Feliz e santo Natal para todos!

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa e online em www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator-chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Padre Bruno Muta Vivas e Fernando Geronazzo • Auxiliar de Redação: Flavio Rogério Lopes • Revisão: Padre José Ferreira Filho e Sueli Dal Belo • Opinião e Fé e Cidadania: Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP • Fotografia: Luciney Martins • Administração e Assinaturas: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Jenniffer Silva • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação: Rua Manuel de Arzão, 85 - Vila Albertina - 02730-030 • São Paulo - SP - Brasil • Fone: (11) 3932-3739 - ramal 222• Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 2,00 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


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| 17 de dezembro de 2020 a 12 de janeiro de 2021 | Geral/Atos da Cúria | 3

Dom Odilo Scherer preside missa na Capela do Rosário, no centro de São Paulo Ira Romão

sa Senhora do Rosário, no Largo do Paissandu, que é uma tenda do Senhor no meio da cidade”. O Arcebispo disse, ainda, que quando as pessoas se reúnem em nome do Senhor, na caridade, em todo trabalho social e todo socorro ao próximo, isso também é um lugar de encontro com Deus. “Quando fazemos o bem às pessoas abandonadas, desprezadas, muitas vezes sem dignidade e sem direitos recoIra Romão ESPECIAL PARA O SÃO PAULO nhecidos, nós fazemos a Ele”. O Arcebispo alertou ainda que Deus sempre bate à porta. No 3º Domingo do Advento, Se a abrirmos, o encontro será dia 13, o Cardeal Odilo Pedro Cardeal Scherer e Padre Luiz Fernando, durante a missa na Igreja Nossa Senhora do Rosário, domingo, dia 13 feliz. Além disso, deve-se freScherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, presidiu missa quentar a Igreja e convidar os pela manhã na Igreja Nossa Senhora do tornou símbolo de força e de resistência irmãos a fazer o mesmo, pois quando pelos irmãos nigerianos, também aos Rosário, que se prepara para celebrar, em da comunidade negra, que também repreo povo deixa de ir ao templo, a fé deixa domingos, às 10h30. sentava sua fé e luta mediante a elaboração 2021, os 310 anos da Irmandade dos Hode ser cultivada. “Por isso, a celebração mens Pretos. Abrir a porta para de rosários de sementes de capim, cujas de domingo é sempre muito importante, porque é um grande encontro. Indo à Com transmissão pela rede social da o encontro com Deus contas grossas eram chamadas de “Lágrimas de Nossa Senhora”. No Evangelho do dia (Jo 1,6-8.19Igreja, encontramos Jesus na Eucaristia”. Irmandade, a Eucaristia foi concelebrada O primeiro prédio da Irmandade teve 28), a Igreja foi convidada a ouvir São pelo Capelão, Padre Luiz Fernando de Tempo de conversão como endereço o Largo do Rosário, atuJoão Batista, que traz a Boa Notícia, a Oliveira. Além de alguns irmãos e irmãs al Praça Antônio Prado, onde hoje está a Dom Odilo enfatizou que cada peschegada de Jesus: “Eu batizo com água, da confraria, fiéis participaram presencialmente da celebração, seguindo todos soa deve pensar se está tendo tempo para Bolsa de Valores de São Paulo. Em 1903, mas no meio de vós está Aquele que vós os protocolos de segurança sanitária em Deus, e lembrou que Santo Agostinho em decorrência da reformulação da renão conheceis e que vem depois de mim”. gião central, mesmo com muita resistênvirtude da COVID-19. disse uma vez temer que o Senhor pasNa homilia, Dom Odilo ressaltou que cia da comunidade, a igreja foi demolida. sasse por perto, sem que ele o percebesse. São João Batista foi o “preparador do povo A Irmandade dos Homens Somente três anos depois, um novo temNeste tempo de renovar a alegria, a para acolher o Messias” e que ele a todos plo foi inaugurado no Largo do PaissanPretos de São Paulo fé e a esperança, a celebração do Natal convida para reconhecer e acolher aquele Fundada em 2 de janeiro de 1711, du, onde a comunidade permanece até será diferente, com menos festejos e reuque está no meio de nós. “De fato, o tempo do Advento da Igreja nos recorda desta nião de pessoas, em razão das medidas a Irmandade agregou desde o início a hoje. equidade contida em nossa fé cristã e fé de precaução contra a COVID-19. Nesse comunidade negra, inclusive abrigando A Capela fica aberta diariamente das católica. Em nossa vida de fé, é importante sentido, o Cardeal pontuou que recenmuitos escravos e alforriados a partir do 8h às 19h, exceto aos sábados. Já as missas – embora seu número tenha diminutemente o Papa Francisco disse que este acolher a Deus, ir ao Seu encontro”. século XVIII. ído por causa da atual pandemia –, conano talvez a celebração fique parecida O Cardeal reforçou que Deus se faz A devoção a Nossa Senhora do Rosário, introduzida na África pelos portuguetinuam sendo celebradas às segundas, com o primeiro Natal, quando Jesus naspresente de muitas maneiras: “Nossas ses, foi a de maior aceitação entre os neceu em Belém. “Que possamos celebrar quartas e sextas-feiras, às 9h, e aos doigrejas e nossas capelas são imagens da gros no Brasil. Escolhida pelo simbolismo mingos, no mesmo horário. Desde 22 de na oração, na contemplação e na alegria. recordação de que Ele está no meio de da maternidade e de lutas vencidas por sua setembro de 2019, a igreja acolhe a missa Agradecendo a Deus pela grande graça nós. São lugares para encontrarmos a intercessão, a oração do Santo Rosário se da comunidade africana, representada de vir ao nosso encontro”, concluiu. Deus, assim como aqui, a Capela de Nos-

Neste tempo de preparação para o Natal, o Cardeal recordou que Cristo bate à porta e o cristão deve estar PRONTO PARA ACOLHÊ-LO

Fábio Gonzaga

Em ação de graças pelos 74 anos do Instituto Meninos de São Judas Tadeu (IMSJT), uma obra que ampara e cuida de mais de 2 mil adolescentes e crianças na cidade de São Paulo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, presidiu missa no sábado, 12, na Capela São José. Participaram os religiosos do IMSJT e entre os concelebrantes estiveram o Provincial da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus (SCJ), Padre Ronilton Souza de Araújo; o Diretor do Instituto, Padre Cristiano Francisco de Assis; o Vice-Diretor, Padre Rafael Vieira, e o Padre Dionísio Tecilla. (Colaborou: Renata Câmara)

EDITAL DE CONVOCAÇÃO PEDIDO DE DECLARAÇÃO DE NULIDADE

Pelo presente edital, convoca-se o sr. João Carlos Oswaldo Miria, (endereço desconhecido) para que compareça de terça a sexta-feira, das 13:00 hs às 15:00 hs, ao Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo, cito à Av. Nazaré, 993 – Ipiranga – São

Paulo – SP, para tratar de assunto que lhe diz respeito. São Paulo Mons. Sérgio Tani Vigário Judicial do TEI-SP

Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO: Em 04/12/2020, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Nossa Senhora Mãe de Jesus, no bairro Jardim Celeste, na Região Episcopal Ipiranga, o Reverendíssimo Padre Edinaldo Leite Barbosa, SJS (na vida religiosa com o nome de Padre José Maria Leite Barbosa, SJS), pelo período de 06 (seis) anos.

PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ASSISTENTE PASTORAL: Em 04/12/2020, foi prorrogada a nomeação e provisão como Assistente Pastoral, “ad nutum episcopi”, da Paróquia São José, no bairro do Ipiranga, na Região Episcopal Ipiranga, do Diácono Permanente Senhor Rogério Almeida Alves.

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL: Em 25/11/2020, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Santa Teresa de Jesus, no bairro do Itaim, na Região Episcopal Sé, o Reverendíssimo Frei Miguel Guzzo Coutinho, O.Carm., pelo período de 03 (três) anos.

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ASSISTENTE PASTORAL: Em 04/12/2020, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral, “ad nutum episcopi”, da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, no bairro Planalto Paulista, na Região Episcopal Ipiranga, o Diácono Permanente Senhor José Mário Garcia Corral.

Em 04/12/2020, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia São Paulo da Cruz, no bairro de Pinheiros, na Região Episcopal Sé, o Reverendíssimo Padre Leudes Aparecido de Paula, pelo período de 03 (três) anos.

POSSE CANÔNICA: Em 06/12/2020, foi dada a posse canônica como Paróco da Paróquia São José, no bairro Mandaqui, na Região Episcopal Sant’Ana, ao Reverendíssimo Padre Edimilson da Silva.


4 | Ponto de Vista | 17 de dezembro de 2020 a 12 de janeiro de 2021 |

Uma pandemia de abortos

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esde o começo da pandemia até o momento em que escrevemos estas linhas, a COVID-19 ceifou a vida de 1,6 milhão de pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O dado é, sem dúvida, lamentável – mas ele muda um pouco de figura, se colocado em perspectiva com as outras causas de morte. Com efeito, a mesma OMS informa que no ano passado houve no mundo um total de 55,4 milhões de mortes – mas este número não contabiliza os bebês que foram mortos no ventre de suas mães. Aqui, sim, o número é assustador: segundo a OMS (e os mesmos dados são confirmados pelo Guttmacher Institute), entre 2015 e 2019, ocorreram, a cada ano, 73,3 milhões de abortos não espontâneos. Isso significa que, em média, o aborto vem matando, anualmente, 45 vezes mais do que o coronavírus matou neste

Editorial

ano. Se o compararmos com a cardiopatia isquêmica – que depois dele foi a maior causa de letalidade em 2019, com 8,9 milhões –, o aborto ainda mata oito vezes mais. E, mesmo que confrontado com todas as outras mortes juntas (55,4 milhões), o aborto as excede em quase 20 milhões! Diante destes fatos, é motivo de profunda dor que a Câmara dos Deputados da Argentina tenha aprovado, na semana passada, um projeto de lei que legaliza o aborto até a 14ª semana de gestação. Embora a decisão seja ainda precária e dependa da chancela do Senado (que em 2018 já havia barrado uma tentativa análoga), o fomento de um tal morticínio não deveria ser, numa sociedade sadia, nem sequer aventado como proposta. É curioso que este projeto de lei tenha sido aprovado num dia 11 de dezembro – pois também neste mesmo dia do ano de 1979 dizia Madre Teresa

Presente de Natal

de Calcutá, em seu discurso ao receber o Prêmio Nobel da Paz, que “o maior destruidor da paz hoje é o aborto (...). Muitas pessoas estão muito preocupadas com as crianças na Índia, com as crianças na África, que morrem em grande número, talvez por desnutrição, por fome, e assim por diante – porém, milhões de crianças estão morrendo deliberadamente pela vontade da mãe, e este é o maior destruidor da paz hoje”. Já que citamos uma santa canonizada, convém termos clareza de que a condenação do aborto não é, fundamentalmente, uma discussão religiosa – como, aliás, gosta de lembrar o Papa Francisco. A questão, na verdade, é bastante simples: por acaso, é justo que um ser humano elimine a vida de outro, inocente, para resolver um problema? Não é necessário ser religioso para enxergar que não – por isso, o aborto não é uma questão religiosa, é uma questão humana.

Nós, porém, que professamos a fé cristã e estamos próximos do Natal, da chegada deste Príncipe da Paz, podemos muito bem meditar sobre o tema a partir da encarnação do Menino Deus, que também um dia foi feto e nascituro. Quando Ele se encarnou no seio da Virgem Maria, ela pôs-se a caminho da casa de Santa Isabel, para auxiliar sua idosa e gestante parenta. No instante mesmo em que Isabel ouviu a saudação de Maria, “a criança estremeceu no seu seio” (Lc 1,41) – ou seja, um feto (São João Batista) reconheceu a presença de outro (Jesus), e exultou de alegria. Meses depois, quando Cristo nasceu em Belém, o tirano Herodes ordenou a chacina indiscriminada de todos os bebês inocentes da cidade. Comentando o episódio em seu “A vida de Cristo”, o Venerável Fulton Sheen lamentava, irônico: “Há várias formas de praticar o controle de natalidade...”.

Opinião Arte: Sergio Ricciuto Conte

PADRE JOSÉ ULISSES LEVA Amanheci pensando no presente de Natal. De imediato, vislumbrei as luzes que enfeitam as ruas e lojas. De pronto, voltei aos tempos da infância. Encontrar a árvore para ser enfeitada com bolas coloridas e cintilantes e a montagem do presépio. As festividades de fim de ano, de fato, nos remontam aos momentos felizes e ao encontro em família. Natal e Ano Novo são tempos oportunos e gratificantes. Diante dos devaneios dos enfeites natalinos e da preocupação com os presentes, eu me fiz algumas perguntas: Como vamos celebrar o Natal este ano? Como podemos felicitar nossos amigos num ano marcadamente diferente? Como tornar presente a alegria do encontro em um período em que houve tantos desencontros? Terminamos 2019 com tantos sonhos em meio ao colorido das luzes e do frenesi dos transeuntes. Iniciamos 2020 com foco nas melhores realizações. Projetamos esperanças e mergulhamos de cabeça, para que o novo ano trouxesse melhores dias. Os primeiros meses foram sequenciados de um porvir. Entramos em março com a decretação da pandemia de COVID-19, e tudo se modificou. Os planos foram se diluindo frente ao caos epidemiológico,

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acompanhado de uma crise financeira avassaladora. Estamos presentes no mundo e não podemos fugir da realidade. Os meses que se seguiram de março aos nossos dias se tornaram angustiantes e tenebrosos. Alguns dos nossos compromissos foram mantidos, e muitos precisaram ser adaptados. A era digital chegou fortemente, possibilitando a alguns o home office e o estudo remoto, enquanto uma parcela enorme da população perdeu seus postos de trabalho ou teve sua renda diminuída. Muitos estudantes, os mais vulneráveis, não conseguiram bons resultados aca-

dêmicos, por falta das ferramentas essenciais. Diante da realidade pela qual todos nós estamos passando, como pensar o presente e o futuro da nossa geração? Devemos ver os acontecimentos com as mãos cruzadas? Devemos permanecer imóveis? Muitas ações humanitárias aos mais necessitados foram realizadas ao redor do mundo. A caridade cristã mostrou-se atuante nas nossas cidades e, principalmente, nas paróquias e associações católicas. Precisamos continuar nossas atividades humano-cristãs. Temos ouvido que a COVID-19

vai permanecer conosco por um longo tempo. Vamos ter de conviver com esse vírus mortal e projetar um futuro de prevenção e cautela, para permanecermos vivos e ajudar os mais necessitados a se proteger e garantir a sobrevivência. Mas, de fato, amanheci pensando no presente de Natal. Qual a lembrança que devemos trocar com os nossos amigos neste Natal de 2020? O melhor para todos nós é nos voltarmos ao real motivo da festividade: o verdadeiro significado do Natal é lembrarmos e celebrarmos o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Há exatos 2020 anos o Salvador da humanidade nasceu numa manjedoura, para nos salvar. Aos poucos, fomos substituindo Jesus Cristo pelas árvores e ruas reluzentes e as trocas de presentes. Podemos, sim, manter nossas alegrias do tempo da infância e assegurar os sonhos das crianças de hoje. Devemos arrumar as árvores coloridas e montar o presépio em família. Verdadeiramente, o melhor presente para o Natal de 2020 é celebrar o nascimento do Redentor: “Eu vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: nasceu-vos hoje o Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2,10-11). Padre José Ulisses Leva é professor de História Eclesiástica da PUC-SP.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.


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| 17 de dezembro de 2020 a 12 de janeiro de 2021 | Regiões Episcopais/Fé e Vida | 5 Ademir dos Santos Barbosa

lapa

Paróquia Nossa Senhora da Lapa: 109 anos de fundação Benigno Naveira

Benigno Naveira

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO nA REGIÃO

A história da Paróquia Nossa Senhora da Lapa se confunde com a do bairro de mesmo nome, na zona Oeste da cidade. Em 25 de agosto de 1910, o engenheiro Serafim Corso ofertou à Paróquia de Santa Cecília a doação de um terreno situado no bairro da Lapa, exatamente onde está localizada a atual matriz da Paróquia Nossa Senhora da Lapa. Em 9 de outubro daquele ano, o então Arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva, abençoou a pedra fundamental do templo. As obras começaram em março de 1911 e meses depois, em 7 de dezembro, aconteceu a inauguração da Paróquia, desmembrada da Paróquia de Santa Cecília, e a posse do primeiro Vigário, Padre Nicolau Cosentino. No último dia 7, na memória de Santo Ambrósio, foi celebrada a missa solene pelo aniversário de 109 anos da Paróquia, presidida pelo Padre Adalton Pereira de Castro, Pároco. Este ano, em

[BRASILÂNDIA] No sábado, 12, na Paróquia Cristo Libertador, Setor Pastoral Jaraguá, o Padre Fabrício Mendes de Moraes ministrou os sacramentos do Batismo e da Eucaristia para todos os imigrantes venezuelanos da família Parejo Prado. A comunidade paroquial os tem ajudado a se estabelecer no Brasil, incluindo a oferta gratuita de aulas de português. (por Letícia Torres) Patrícia Cappio

Padre Adalton Pereira de Castro, Pároco, durante missa na Paróquia Nossa Senhora da Lapa

razão da atual pandemia, não houve festividades de cunho social. Pároco dessa paróquia há 42 anos, Padre Adalton, em conversa com a Pastoral da Comunicação (Pascom) da Região Lapa, falou de sua alegria e satisfação por este tempo à frente da comunidade paroquial e recordou as celebrações de casamentos, batizados, a primeira CoBenigno Naveira

munhão e crismas de filhos e netos de pessoas que se uniram em Matrimônio na Paróquia. Sacerdote há 47 anos, ele recomenda aos novos padres que tenham muita fé e acreditem sempre que o amor é mais forte que o ódio e, assim, continuem, com muita perseverança e determinação, seu trabalho de evangelização. Andreia Carvalho

[SÉ] No dia 8, na Paróquia Imaculada Conceição, Setor Pastoral Cerqueira César, Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, presidiu missa na Solenidade da Imaculada Conceição. Concelebraram o Pároco, Frei Nilton Cesar Groppo, OFMCap., Frei Ademir Andrade do Nascimento, OFMCap., da Província do Ceará, e o Padre Edson José do Sacramento, CSSP, Pároco da Paróquia São João Batista, na Região Lapa. (por Pascom paroquial) Pascom paroquial

[LAPA] Na Paróquia Santo Alberto Magno, Setor Butantã, no sábado, 12, a Pastoral Social distribuiu 300 sacolinhas de Natal para as crianças da comunidade, que as receberam pelas mãos do Papai Noel. No domingo, 13, foram realizados na matriz paroquial nove batizados pelo Diácono Antonio Geraldo de Souza.

[IPIRANGA] No domingo, 13, foi festejado o padroeiro da Paróquia Santo Afonso Maria Ligório, com missa presidida por Dom Ângelo Ademir Mezzari, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga.

(por Benigno Naveira)

(por Caroline Dupim)

[SÉ] No dia 8, na Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima, Setor Pastoral Perdizes, o Frei Jair Roberto Pasquale, TOR, presidiu a missa em ação de graças pelos 50 anos de atuação do Encontro de Casais com Cristo (ECC) na Paróquia, em conjunto com os integrantes do Curso Intensivo de Vivência Cristã. (por Pascom paroquial)

graças à ação do Espírito Santo. Dessa forma, a experiência daqueles homens e mulheres ganhou a forma de história sagrada. História do encontro com Deus, que caminha com o seu povo. Na plenitude dos tempos, a história do povo de Deus alcançou seu ponto mais alto, quando o Verbo de Deus assumiu a natureza humana. A promessa feita aos nossos antigos pais foi realizada em sua plenitude, e o princípio dessa realização teve início com a palavra de uma jovem. O sim de Maria sintetiza a história do povo eleito. Ela abriu espaço na sua história pessoal para acolher o mistério divino. Mesmo apresentando sua falta de condições para realizar a obra de Deus, ela compreende que tudo é graça e confirma: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).

A graça de Deus fez em Maria uma grande e magnífica obra. Ela foi a única pessoa que testemunhou os dois momentos mais luminosos na vida do Cristo de Deus. Maria gerou e deu à luz o Filho de Deus, depois contemplou sua dor, sua Paixão e Morte de cruz, mas permaneceu firme na fé, até a Ressurreição. Entre o presépio e a cruz, Maria se apresentou com a mesma fé e a mesma esperança. Ela recebeu o Menino em seus braços e o depositou na manjedoura; mais tarde acolheu o corpo de Seu filho descido da cruz, já sem vida. O Natal e a Paixão são dois momentos da vida de Jesus que apenas Maria testemunhou. Que sua intercessão materna nos ajude a ter a mesma firmeza na fé, para acolher nosso Salvador e Senhor, Jesus Cristo.

Espiritualidade Entre o presépio e a cruz Dom Devair Araújo da Fonseca

C

BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA REGIÃO BRASILÂNDIA, NOMEADO BISPO DA DIOCESE DE PIRACICABA (SP)

ontar histórias é parte da nossa tradição e da nossa cultura. Ainda é comum que as pessoas sintam grande alegria em partilhar suas memórias, contando fatos divertidos de sua infância ou juventude. Essas histórias geralmente são narradas numa reunião de família, num almoço ou jantar. As pessoas se alegram e, aos poucos,

vai se formando uma tradição oral, de memórias da família. Nascimentos, namoros, casamentos, festas e mesmo momentos tristes, de dor e sofrimento, vão compondo um álbum de fotos e imagens, que vai se formando na mente de quem escuta as histórias. Contá-las é a maneira de manter viva a memória de fatos importantes em nossa vida e na daqueles que amamos. A Sagrada Escritura também foi escrita a partir de memórias e experiências reais, vividas por homens e mulheres do povo de Deus. Essas pessoas conheceram o amor e a misericórdia de Deus nas mais diversas circunstâncias da vida e contaram suas experiências para outros homens e mulheres. Com o tempo, a tradição oral ganhou a forma escrita, mantendo a originalidade da verdade que foi vivida e experimentada,


Você Pergunta

Para que servem os santos?

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Santana Padre Claudinei assume a Paróquia São Pedro Apóstolo Fotos Mendes

Padre Cido Pereira

osaopaulo@uol.com.br

Alguns conhecidos da Angelina Brugmera, de São Bernardo do Campo (SP), são evangélicos e vivem lhe dizendo que os santos não possuem função alguma na Igreja. Pois bem, Angelina: os nossos irmãos evangélicos têm um grande carinho pela Bíblia. Seria interessante saber se já leram o texto em que Jesus nos pede que sejamos “santos como nosso Pai celeste é santo”. Como será que eles entendem o que “São” significa quando diz que somos um povo chamado a ser santo? Ser santo é a nossa vocação. Será que entre os evangélicos não existem pessoas que vivem de tal modo sua fé e que servem de exemplo para os outros? Será que eles não cultivam, repito, a memória dos seus homens e mulheres de Deus? Como os santos não possuem função na Igreja? Será que eles não sabem que os primeiros cristãos chamavam uns aos outros de santos? Será que a vida destes homens e mulheres que amaram a Jesus e sua mensagem não tem nada a nos ensinar? Sabe, Angelina, está na hora de nós, católicos, pararmos de dar ouvidos às provocações de alguns evangélicos. Digo alguns, porque uma grande maioria nos respeita. Esses que nos criticam e provocam perdem tanto tempo em criticar a nossa fé que acabam não tendo tempo para viver a deles, pois decoram meia dúzia de ensinamentos bíblicos e saem por aí debochando da fé que receberam no dia do Batismo. Para terminar, Angelina, deixe-me dizer uma coisa a você: quando algum evangélico novamente vier conversar com você sobre assuntos de religião, evite discussões, viu? Apenas diga: “Eu não mudo a minha fé. Em vez de trocá-la por outra como você fez, eu prefiro amadurecer a que recebi no Batismo. Fique na sua que eu não me desvio da minha. E pronto, viu? Fique com Deus. Que Ele abençoe você e lhe dê sabedoria para falar das coisas de Deus.

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Robson Francisco

6 | Fé e Vida/Regiões Episcopais | 17 de dezembro de 2020 a 12 de janeiro de 2021 |

[SANTANA] No dia 8, Dom Jorge Pierozan presidiu missa em honra à Imaculada Conceição de Maria na capela a ela dedicada, pertencente à Paróquia Nossa Senhora de Loreto, Setor Medeiros. Concelebrou o Pároco, Padre Mauro Negro, OSJ. (por Robson Francisco) Silvano J. Souza

Padre Claudinei e Dom Jorge Pierozan, durante a missa na Paróquia São Pedro Apóstolo

Edmilson Fernandes

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

O Padre Claudinei de Arruda Lucio é o novo Pároco da Paróquia São Pedro Apóstolo, Setor Tremembé. A posse canônica foi presidida por Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, durante missa no domingo, 13. Concelebram os Padres Salvador Ruiz Armas, Coordenador do Setor Tremembé, Paulo Ramos e Antonio Pedro dos Santos. Também participaram da cerimônia os Diáconos Márcio Cesena, José Nilton e Vinício de Andrade, este último serve na Paróquia São Pedro Apóstolo. Padre Claudinei foi transferido da Paróquia Nossa Senhora das Neves, Setor Tucuruvi, onde ficou nove anos, e

substituiu o Padre Edimilson da Silva, que já tomou posse na Paróquia São José, Setor Mandaqui, depois de dez anos de trabalho na São Pedro. Familiares do Padre Claudinei e dezenas de fiéis das duas paróquias participaram da missa de posse. Durante a homilia, Dom Jorge Pierozan fez uma recomendação ao Padre Claudinei: “O senhor exercerá aqui o ministério da caridade, da escuta e da direção espiritual. Com a ajuda de Deus, deve, em tudo, portar-se de tal modo que sempre reconheçam no senhor o verdadeiro discípulo de Jesus Cristo, que veio para servir e não para ser servido. A comunidade formada por esta Paróquia quer ver no senhor a figura de um bom pastor, um farol, uma luz a iluminar por meio das boas obras. Padre Claudinei, seja a presença do sagrado aqui neste lugar!”. Fernando Fernandes

[SANTANA] No sábado, 12, durante a missa em honra a Nossa Senhora de Guadalupe, foi realizada a entronização do sacrário na respectiva comunidade, que pertence à Paróquia Sagrada Família, Setor Mandaqui. A missa foi presidida pelo Padre Erly Avelino, Pároco. (por Silvano J. Sousa) Fernando Fernandes

[SANTANA] Dom Jorge Pierozan presidiu missa no sábado, 12, na Paróquia Santa Rita de Cássia, Setor Vila Maria, durante a qual conferiu o sacramento da Crisma a jovens e adultos. Concelebrou o Pároco, Frei Cássio Ramon Nascimento, OSA.

[LAPA] No dia 8, o Padre Admário Gama Cambrainha, Administrador Paroquial da Paróquia São José, Setor Pastoral Pirituba, festejou 40 anos de ordenação sacerdotal. (por Benigno Naveira)

[SANTANA] No domingo, 13, Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, conferiu o sacramento da Crisma a jovens e adultos na Paróquia Nossa Senhora da Candelária, Setor Vila Maria, durante missa por ele presidida e concelebrada pelo Pároco, Padre Aparecido Octaviano Pinto da Silva, SCJ, com a participação do Diácono Permanente Marcelo dos Reis. (por Fernando Fernandes)

(por Fernando Fernandes)

[LAPA] No sábado, 12, foram distribuídas 300 sacolinhas de presente de Natal para as crianças e 300 cestas básicas para famílias carentes atendidas pela Paróquia São Francisco de Assis, no Setor (por Benigno Naveira) Butantã.

[SANTANA] Dom Jorge Pierozan presidiu missa em honra à padroeira da Paróquia Nossa Senhora de Loreto, Setor Medeiros, no dia 10, concelebrada pelo Padre Mauro Negro, OSJ.

[LAPA] A última aula on-line da Escola de Catequese da Região Lapa foi realizada no dia 8, com reflexões sobre o Diretório da Catequese. Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, participou da atividade.

(por Robson Francisco)

(por Benigno Naveira)

Padre Orisvaldo Carvalho

Eva Yu beetani

[BRASILÂNDIA] No dia 10, no Santuário Sião do Jaraguá, foi realizada a confraternização do clero atuante na Região Brasilândia, a última com a participação de Dom Devair Araújo da Fonseca, nomeado pelo Papa Francisco como Bispo de Piracicaba (SP). O Prelado expressou sua eterna gratidão pelos quase seis anos em que esteve à frente da Região como Vigário Episcopal. Falando em nome do clero, o Cônego José Renato Ferreira agradeceu ao Bispo. O encontro aconteceu respeitando-se todos os protocolos sanitários recomendados diante da atual pandemia de COVID-19. (por Padre Orisvaldo Carvalho)

[SÉ] No domingo, 13, durante missa na Paróquia Nossa Senhora Achiropita, Setor Pastoral Cerqueira César, Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, conferiu o sacramento da Crisma a 15 adultos e 19 jovens e adolescentes. Concelebraram o Pároco, Padre Antônio Sagrado Bogaz, PODP, e o Vigário Paroquial, Padre Vanderci José Rocha, PODP. Antes disso, nos dias 28 e 29 de novembro e em 6 de dezembro, em missa presidida pelos Padres Bogaz e Edson Teixeira de Lima, PODP, colaborador na Paróquia, receberam a primeira Eucaristia 44 crianças e cinco adultos. (por Eva Yu Bertani)


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| 17 de dezembro de 2020 a 12 de janeiro de 2021 | Regiões Episcopais/Viver Bem/Fé e Vida | 7

Fé e Cidadania

belém

Dom Luiz Carlos Dias preside missa na Paróquia São Pio X e Santa Luzia Pascom da Paróquia São Pio X e Santa Luzia

Fernando Arthur

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO nA REGIÃO

No 3o Domingo do Advento, dia 13, Dom Luiz Carlos Dias, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, presidiu a Eucaristia na Paróquia São Pio X e Santa Luzia, por ocasião da festa da padroeira. A celebração, transmitida pelas redes sociais, foi concelebrada pelo Padre Reginaldo Donatoni, Pároco, e acompanhada por alguns fiéis presencialmente. No início da missa, o Pároco saudou o Bispo: “Dom Luiz, a sua presença muito nos ajuda a crescer espiritualmente, a nos confirmar nesta fé. Peçamos que Santa Luzia interceda por todos nós, de forma muito especial pelo senhor também”. Dom Luiz agradeceu a acolhida e exortou os fiéis: “Abramos, de fato, os nossos corações para este encontro que Deus nos proporciona por meio deste dia e desta Eucaristia”. Na homilia, Dom Luiz lembrou que se não fosse a atual pandemia, certamente a igreja estaria cheia de fiéis por ocasião da festa de Santa Luzia. O Bispo lembrou que todos estão fragilizados diante da COVID-19 e que a humanidade deve recorrer à proteção de Deus e Nele sempre confiar. “Chegamos hoje ao 3º Domingo do Advento, chamado de ‘Domingo da Alegria’ pela proximidade do Senhor, por termos já avançado neste tempo de expectativa pela vinda do Senhor que vem se colocar entre nós”, disse Dom Luiz, ressaltando que Deus jamais desiste da humanidade e sempre suscita o amor em todos. Aofinaldacelebração,DomLuizrezoudiantedaimagemdeSantaLuzia.

Padre Denílson Geraldo, SAC

pletamente a cuidar e acompanhar Maria; e o Menino Jesus, com toda a dedicação, apesar de tudo estar acontecendo de um modo que nunca imaginou antes; os magos, que abriram mão do conforto e abundância para sair em busca do Salvador, enfrentando as adversidades e surpresas do caminho. O que podemos aprender e ensinar com tudo isso para chegarmos à fortaleza? 1. Confiança: cultivar a capacidade de crer nas pessoas que nos rodeiam, nas nossas habilidades para enfrentar a dificuldade e, especialmente, na Providência de Deus que de tudo cuida com carinho, mesmo que de modo diferente do que planejamos. 2. Otimismo: cultivar a disposição de ver as coisas pelo lado bom e esperar que, por mais difícil que a situação pareça, traz um bem para quem a vive. 3. Coragem: estimular em nós mesmos e nos filhos a firmeza de espírito para enfrentar situações difíceis, para encarar o perigo com bravura. Vamos cultivar atitudes que visam à busca de um bem maior e não simplesmente de conforto e prazer. Que toda essa experiência que vivemos em 2020 nos ajude a contemplar a beleza e a grandeza das atitudes desses personagens presentes no presépio e nos capacite a buscar com determinação a virtude tão importante que é a fortaleza.

O Papa Francisco, por meio do motu proprio sobre a autenticidade de um carisma na Igreja (Authenticum charismatis), modificou o cânon 579 do Código de Direito Canônico, exigindo do bispo uma licença por escrito da Santa Sé para erigir uma comunidade de vida consagrada na diocese. A finalidade da nova lei, que entrou em vigor em 10 de novembro de 2020, é integrar harmoniosamente a vida consagrada na diocese para o bem de toda a Igreja (cf. Evangelii gaudium, 130). Todas as formas de vida consagrada – instituto religioso e secular, sociedade de vida apostólica, eremitas, ordem das virgens consagradas, vida contemplativa etc. – nascem e se desenvolvem na Igreja diocesana, e os fiéis, afirma o Papa no motu proprio, “têm o direito de serem avisados pelos pastores sobre a autenticidade dos carismas e a credibilidade daqueles que se apresentam como fundadores”. As afirmações do Papa demonstram que o fundador de uma nova comunidade de vida consagrada não é proprietário de um carisma, mas recebeu de Deus esse precioso dom para colocá-lo a serviço da Igreja e da humanidade. Uma nova forma de vida consagrada não tem o objetivo de formar um “clube” de pessoas simpáticas ao fundador, mas é uma comunidade de fiéis integrada harmoniosamente na Igreja diocesana para o testemunho do Evangelho. Após o Concílio Ecumênico Vaticano II, novas e renovadas formas de vida consagrada surgiram. Em muitos casos, são institutos semelhantes aos que já existem, porém com novos estímulos espirituais e apostólicos. Se, por um lado, a Igreja há de se alegrar perante a ação do Espírito Santo, por outro lado, é necessário discernir os carismas. Importa reconhecer, nas novas formas de vida consagrada, traços específicos e fundados sobre elementos essenciais, teológicos e canônicos que são próprios dela. Processualmente, o primeiro ato jurídico do bispo para reconhecer uma nova comunidade religiosa na diocese será erigir o novo instituto como associação pública de fiéis, mas dotado de todas as características de vida consagrada. Como associação, a nova comunidade religiosa passará por um “tempo de prova” e de discernimento eclesial em contato com o povo de Deus. Contudo, conforme a nova legislação promulgada pelo Papa Francisco, as novas comunidades religiosas precisam de uma licença por escrito da Santa Sé para serem erigidas, demonstrando que o ato de criação diocesana tem uma importância à Igreja universal e não é uma realidade isolada ou marginal, mas está no próprio seio da Igreja como elemento decisivo da sua missão evangelizadora. Portanto, a legislação canônica não é impedimento para o desenvolvimento desta forma estável de vida cristã, mas a protege dos erros e das falsas concepções, pois a vida consagrada será sempre um grande benefício à Igreja. O Papa com o motu proprio quis evitar que a vida consagrada se desvirtuasse e se dissolvesse, exigindo a licença por escrito, para que ela continue a dar frutos de caridade e apostolado.

Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora. Mantém o site www.simonefuzaro.com.br Instagram: @sifuzaro

Padre Denílson Geraldo, SAC, é professor da Faculdade de Teologia da PUC-SP e membro da Cátedra André Franco Montoro de Direito da Família da PUC-SP.

Dom Luiz Carlos preside missa na festa da padroeira

Comportamento Natal 2020 – lições para aprendermos e ensinarmos SIMONE RIBEIRO CABRAL FUZARO Continuando nossas reflexões sobre o que podemos aprender neste ano de 2020 com maior intensidade, passamos agora para a: Lição 2 – Resiliência/Fortaleza – Já há algum tempo, muito se tem falado da importância da resiliência para a vida profissional, para o enfrentamento das situações adversas que surgem no cotidiano. Segundo definição do “Dicionário On-line”, resiliência é a propriedade dos corpos que voltam à sua forma original, depois de terem sofrido deformação ou choque. É a capacidade de quem se adapta às intempéries, às alterações ou aos infortúnios. Tendência natural para se recuperar ou superar com facilidade os problemas que aparecem. A resiliência, em minha opinião, é uma forma reduzida da virtude da fortaleza, uma vez que a segunda, por definição, abarca e supera a primeira. Segundo Francisco Faus, em seu livro: “A conquista das virtudes”, a “fortaleza é uma virtude moral que robustece a nossa vontade, para que sejamos capazes de enfrentar, sem medo, coisas boas que são difíceis; e de irmos atrás do bem custoso, ‘árduo’, sem desistirmos, dispostos a sofrer, por esse bem difícil, sem nos queixarmos nem desistir. A fortaleza tem duas manifestações: 1. A capacidade de enfrentar, de empreender, assumir ideais, tarefas ou deveres difíceis. 2. A capacidade de resistir, de aguentar”. Ela é uma virtude

A autenticidade de um carisma para a vida consagrada

moral que dá firmeza e constância na procura do bem. A resiliência, portanto, se restringe, basicamente, ao segundo aspecto da fortaleza. Não há nela uma preocupação a priori da busca do bem. Neste ano de 2020, a quarentena proporcionou a todos a experiência de vivermos frustrações diárias, sem possibilidade de fugirmos delas; assim, foi preciso suportá-las. Em busca de um bem maior (a saúde), precisamos renunciar a muitas coisas: passeios, almoços em família, encontros com amigos, viagens, compromissos de trabalho já agendados... Enfim, infinitas foram as situações. Os filhos, normalmente atendidos em seus “desejos infantis”, porque nós, pais modernos, temos medo de que não se sintam amados, que fiquem traumatizados ou que não nos amem se não os atendermos, também precisaram lidar com essas perdas momentâneas – não conviver com os colegas, não ir aos parques e escolas, não ver os avós... Na verdade, apesar de todas as perdas, acredito que tivemos a grande oportunidade de fortalecer nossa musculatura interna, de perceber que somos maiores do que os desejos e que podemos criar alternativas para situações difíceis. Olhando para o presépio, vemos exemplos claros de fortaleza: Maria, confiante e corajosa, viajando em condições precárias e dando à luz sem o mínimo conforto; José, dedicado com-


8 | Regiões Episcopais | 17 de dezembro de 2020 a 12 de janeiro de 2021 |

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ipiranga

Há 100 anos, Paróquia São José é presença missionária no Ipiranga Luciney Martins/O SÃO PAULO

REDAçãO

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O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu no domingo, 13, a missa solene em ação de graças pelos 100 anos de criação da Paróquia São José, no Ipiranga, na zona Sul da cidade. A missa foi concelebrada pelo Pároco, Padre Valdenício Antônio da Silva, e demais padres da Congregação dos Religiosos de Nossa Senhora de Sion, responsáveis pelos cuidados pastorais da Paróquia desde a sua fundação.

dades do ano comemorativo. Também foi confeccionada uma edição especial da Bíblia para o jubileu, além do Projeto Benfeitores, que estimulou as famílias da comunidade a colaborar com a Paróquia.

Ano de São José No fim da celebração, o Arcebispo destacou que a comunidade conclui o centenário no início do Ano de São José, convocado pelo Papa Francisco no dia 8 e que se estende até dezembro de 2021, em Dom Odilo Scherer preside missa em ação de graças pelo centenário da Paróquia São José, no domingo, 13 comemoração dos 150 anos da proclamação de São José como padroeiro da Igreja Católica. primeiro Arcebispo de São Paulo, erigiu a dade paroquial se une à alegria celebrada “O Papa Francisco decidiu que voHistória cês podem continuar por mais um ano Paróquia São José do Ipiranga. na liturgia do 3º Domingo do Advento, Embora tenha sido instituída como o centenário, por causa do Ano de São Em 11 de maio de 1921, foram conclutambém conhecido como “Domingo da ídas as obras do baldaquino sobre o altarparóquia em 1920, a história dessa comuJosé, desta vez com toda a Igreja CatóliAlegria”. nidade remonta ao ano de 1912, quando -mor e o forro original da igreja matriz. ca”, comentou Dom Odilo, destacando “Vivam a fé de modo alegre, como os Padres europeus Marc Givilet, Arnaldo Em 20 de agosto do mesmo ano, os três a oportunidade para que a Paróquia recomenda São Paulo, porque Deus está Dante e Charles Hoara chegaram a São sinos do templo foram abençoados e coviva intensamente este ano comemoraperto! Este convite é o que vos faço em meçaram a badalar. tivo, inspirando-se no exemplo de seu Paulo. qualquer contexto, neste ano de muitas Entre as relíquias da matriz paroquial padroeiro. Quatro anos depois, foi adquirido um tristezas, no ano da pandemia, com muitas pessoas padecendo, e, mesmo assim, está o órgão de tubos produzido por ArisO Cardeal acrescentou que, ao conterreno no Ipiranga para ser construída tides Cavaillet Coll, um dos principais favocar este ano especial, o Santo Padre o convite é à alegria. Temos que acolher o uma igreja em honra do padroeiro dos bricantes de órgãos na Europa do período enfatiza que São José auxilia no cuidado Deus que vem, que já está no meio de nós trabalhadores. A terraplanagem começou em 1918 e, em 26 de janeiro do ano romântico. Ele foi construído em abril de da grande família de Jesus, que é a Igreja. de muitas maneiras, estejamos atentos. seguinte, foi lançada a pedra fundamental. 1928, na França, possui dois teclados, pe“A família de Nazaré ficou grande e, neste Que Ele preencha nossa vida de esperandaleira e 13 registros. ça, de alegria”, exortou o Cardeal. A primeira festa de São José foi celeano, de modo muito especial, o Papa nos brada em março de 1920. Na ocasião, houAs comemorações do centenário da convida a olhar especialmente para este ve a primeira Comunhão de um grupo de ‘Alegrai-vos’ Paróquia começaram em novembro de Santo justo, padroeiro da centenária Igreja Ao falar do centenário, Dom Odilo 60 crianças. Em 25 de dezembro do mes2019, com a apresentação de uma cruz judo Ipiranga”, completou. mo ano, Dom Duarte Leopoldo e Silva, bilar que esteve presente em todas as ativi(Colaborou: Mariana Mariano) enfatizou que a ação de graças da comuni-

sé ECC conclui peregrinação da Capelinha e da imagem de Nossa Senhora da Glória José Roberto e Ana Cristina

POR CENTRO DE PASTORAL DA REGIÃO SÉ Desde 18 de outubro, o Conselho Arquidiocesano do Encontro de Casais com Cristo (ECC) tem realizado a peregrinação da Capelinha, réplica da Catedral de Maringá (PR), e da imagem de Nossa Senhora da Glória, tendo como motivação o XVIII Congresso da Região Sul do ECC, que acontecerá em julho de 2021 nessa cidade paranaense. A peregrinação começou pela Paróquia do Santíssimo Sacramento, Setor Paraíso, com a missa presidida pelo Padre Aparecido Silva, Pároco, e continuou em 25 de outubro, na Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, igreja onde foi criado o ECC. Depois, em 8 de novembro, o local foi a Paróquia São Paulo da Cruz – Calvário, no Setor Pastoral Pinheiros, com missa presidida pelo Pároco, Padre Norberto Donizetti Brocardo, CP, quando houve a celebração das bodas de ouro do casal José de Almeida Braga e Dinair dos Santos Braga, membros do ECC, e a comemoração dos 300 anos da Ordem dos Passionistas,

Desde outubro, Capelinha e imagem de Nossa Senhora da Glória peregrinam na Região Sé

congregação responsável pela Paróquia. Em 14 de novembro, a Capelinha e a imagem mariana foram levadas à Paróquia Nossa Senhora do Carmo, Setor Aclimação, e no dia seguinte à Paróquia Nossa Senhora Achiropita, Setor Cerqueira César. No dia 22 de novembro, a peregrinação com a Capelinha e a imagem foi até a Paróquia Santa Teresa de Jesus, Setor Jardins, sendo entregues ao Frei Paulo

Gollarte, O. Carm., que tem reunido os casais do ECC de forma on-line diariamente para celebrar a missa. No mesmo dia, elas foram levadas à Paróquia São Luiz Gonzaga, Setor Santa Cecília. Em 29 de novembro, à Paróquia Santo Antônio do Pari, Setor Pastoral Bom Retiro, sendo entregues ao Pároco e Diretor Espiritual do ECC na Região Sé, Frei Wilson Batista Simão, OFM. No sábado, 12, a Capelinha e a imagem

foram levadas à Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Setor Pastoral Bom Retiro. Na ocasião, foram comemorados os 39 anos de sacerdócio do Pároco, Padre Ademar Pereira de Souza, SDB. Finalmente, no domingo, 13, a peregrinação foi concluída com a celebração do jubileu de 50 anos de criação do ECC, na Paróquia São Joaquim e Nossa Senhora da Glória, Setor Pastoral Aclimação, sendo acolhida pelo Padre José Donizeti Coelho, Pároco. Ele incumbiu os membros do ECC da missão concreta de retomar os trabalhos em 2021 em todas as paróquias da Região, para o resgate das famílias, ainda mais fragilizadas por este momento de pandemia. Em todas as paróquias pelas quais a Capelinha e a Imagem de Nossa Senhora da Glória passaram, foram preparados momentos de reflexão, celebrações e orações em que os casais puderam se reunir presencialmente em suas igrejas, com todos os cuidados e exigências estabelecidos pelos órgãos de vigilância sanitária. (Colaboraram: José Roberto e Ana Cristina, casal diocesano Região Episcopal Sé)


| Especial – Natal 2020 |

Helena Ueno - dez.2018

CARDEAL ODILO PEDRO SCHERER ARCEBISPO METROPOLITANO DE SÃO PAULO

No Natal, celebramos o sublime mistério da encarnação do Filho de Deus, “a humanidade do nosso Deus”. Fazemos festa, cantamos, damos presentes e saudamos os outros com votos de feliz Natal. Procuramos viver em paz e harmonia com todos e abrimos o coração aos pobres. Que bom que tudo isso acontece! A festa cristã acaba contagiando também a quem não crê como nós, nem conhece o motivo. A Igreja proclama e celebra no Natal um mistério inaudito, imensamente grande e, ao mesmo tempo, próximo de nós, que choca e deixa incrédulos a muitos. Cabe aos cristãos recordar e testemunhar sempre de novo o motivo de tanta festa. Mais ainda: cabe-nos convidar todos a acolher o grande mistério celebrado: o Filho de Deus, Jesus Cristo, nosso Salvador, nascido humanamente da Virgem Maria. Esta verdade, tão grande e bela, não pode ficar esquecida, encoberta por exterioridades ou pelos simbolismos que a envolvem. Na fé cristã, nós proclamamos sem meias palavras que o Filho de Deus veio ao mundo e nasceu de uma mulher, a Virgem Maria. Professamos em nossa fé que a segunda Pessoa da Santíssima Trindade uniu a si nossa natureza humana, sem deixar de ser o Filho eterno e permanecendo inseparavelmente unido ao Pai e ao Espírito Santo. Proclamamos que o Filho eterno, nascendo de Maria, tornou-se “Deus visível aos nossos olhos”, uniu a nossa pobre condição humana à sua natureza divina! Mais ainda: o Filho de Deus, vindo ao mundo, uniu em sua pessoa o céu à terra, a divindade à humanidade. Nele,

Cardeal Odilo Scherer, Arcebispo Metropolitano, coloca a imagem do Menino Jesus no presépio de Natal montado na Catedral da Sé em 2018

o grande Deus, imensamente poderoso, tornou-se próximo da humanidade, de cada pessoa, e assumiu também a nossa fragilidade e pequenez e viveu a precariedade de nossa existência humana. Ninguém mais precisa procurar Deus nas nuvens, nem na imaginação abstrata: cada um pode se achegar a Ele, acolhendo a humanidade do Filho de Deus na humanidade de cada irmão, igual à do Filho de Deus. É por isso que cantamos, com os anjos, as glórias de Deus que se manifestaram entre nós no nascimento de Jesus!

Por isso, também, convidamos a todos, cantando: “Ó vinde todos, adoremos!” É por isso, também, que cada ser humano é tão precioso, pois possui uma dignidade altíssima: o Filho de Deus tornou-se semelhante a cada pessoa humana e lhe deu uma dignidade que somente Deus podia dar. E também é por isso que convido todo o povo de São Paulo a viver, com intensa alegria e gratidão a Deus, este dia da fraternidade universal. Em Cristo, somos “Fratelli tutti’ – todos irmãos’”! Ninguém mais nos pode ser indiferente ou parecer

desprezível. É por isso que os cristãos têm uma proposta para a vida em sociedade: edificar um mundo irmão, em que cessem injustiças, violências, preconceitos, ódios, indiferenças, egoísmos. Que a celebração do Natal renove em todos o propósito de edificar um mundo de irmãos nesta casa comum, na qual Deus também fez morada para estar no meio de nós. Desejo feliz e santo Natal a todos! E que o novo ano venha com bênçãos abundantes e nos traga esperança e coragem para testemunhar a boa mensagem do Natal!

É TEMPO DE CELEBRAR O NATAL! Apresentamos, a seguir, a programação de celebrações presididas, no contexto do Natal, pelo Cardeal Scherer, Arcebispo Metropolitano; do Cardeal Hummes, Arcebispo Emérito; e pelos bispos auxiliares da Arquidiocese de São Paulo.

25/12 11h Missa de Natal, na Catedral da Sé * neste mesmo dia, na Catedral será celebrada outra missa às 9h 16h Missa no Arsenal da Esperança (Rua Doutor Almeida Lima, 900, Mooca)

Cardeal Odilo Pedro Scherer

Cardeal Cláudio Hummes

19/12 10h30 Missa no Amparo Maternal 20/12 15h Missa de encerramento “Natal dos Sonhos”, no Ginásio Poliesportivo da Sociedade Esportiva Palmeiras 17h Missa do Natal dos Pobres, organizada pela Aliança de Misericórdia (missa campal no Largo Coração de Jesus, 65, região da Cracolândia) 21/12 15h Missa de Natal no Instituto de Infectologia Emílio Ribas 19h Evento virtual do Centro Islâmico – “Natal, tempo de reflexão e diálogo” 22/12 20h Missa na Paróquia Natividade do Senhor (Rua Augusto Rodrigues, 683, Jardim Fontalis) 24/12 23h 59 Missa da Vigília de Natal, na Catedral da Sé * Antes, às 23h, haverá um concerto natalino

24/12 20h Missa da Vigília de Natal, na Paróquia Divino Salvador (Rua Casa do Ator, 450, Vila Olímpia)

Dom Eduardo Vieira dos Santos (Bispo auxiliar de São Paulo na Região Sé) 24/12 20h Missa da Vigília de Natal, na Paróquia Nossa Senhora da Consolação (Rua da Consolação, 585, Consolação) 25/12 9h Missa de Natal, no Projeto Vida Nova da Missão Belém – Edifício Nazaré (Praça da Sé, 47, Sé)

Dom Carlos Lema Garcia (Bispo auxiliar de São Paulo e Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade)

24/12 12h Missa da Vigília de Natal, na Igreja da Ordem Terceira do Carmo (Avenida Rangel Pestana, 230, Sé) 18h Missa da Vigília de Natal, na Paróquia Nossa Senhora do Brasil (Praça Nossa Senhora do Brasil, 01, Jardim América) 25/12 12h M issa de Natal, na Paróquia Nossa Senhora do Brasil (Praça Nossa Senhora do Brasil, 01, Jardim América)

Dom José Benedito Cardoso

Dom Devair Araújo da Fonseca (Bispo auxiliar de São Paulo na Região Brasilândia, nomeado Bispo de Piracicaba) 24/12 20h Missa da Vigília de Natal, na Paróquia São Luís Gonzaga (Praça Dom Pedro Fulco Morvidi, 1, Vila Pereira Barreto) 25/12 10h Missa de Natal, no Convento Santa Lúcia Filippini (Rua Santa Lucia Filippini, 104, Freguesia do Ó)

Dom Luiz Carlos Dias

(Bispo auxiliar de São Paulo na Região Lapa) 24/12 20h Missa da Vigília de Natal, na Paróquia São José Operário (Rua Doutor Coriolano Pompeu Eliezer, 05, Jardim Sarah)

(Bispo auxiliar de São Paulo na Região Belém) 24/12 20h Missa da Vigília de Natal, na Paróquia Santa Adélia (Rua Cachoeira de Minas, 468, Jardim Santa Adélia)

Dom Jorge Pierozan

Dom Ângelo Ademir Mezzari

(Bispo auxiliar de São Paulo na Região Santana) 24/12 20h Missa da Vigília de Natal, na Capela Nossa Senhora de Fátima (Rua Bruninha Barbosa de Moraes, 24, Jardim Andaraí) 25/12 19h 30 Missa de Natal, na Capela Nossa Senhora da Salette (Travessa Igarapé Progresso, 71A, Jardim Filhos da Terra)

(Bispo auxiliar de São Paulo na Região Ipiranga) 24/12 17h Missa da Vigília de Natal, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Rua Epiacaba, 590, Vila Arapuá) 25/12 10h Missa de Natal, na Paróquia Imaculada Conceição (Avenida Nazaré, 993, Ipiranga) (Apuração: Flavio Rogério Lopes)


10 | Especial – Natal 2020 | 17 de dezembro de 2020 a 12 de janeiro de 2021 |

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Jesus nasce para todos O SÃO PAULO apresenta iniciativas de solidariedade de paróquias e organizações da Arquidiocese que mostram o renovar da esperança neste tempo de Natal

Um mutirão de solidariedade no Arsenal da Esperança Nayá Fernandes

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

O Arsenal da Esperança, instituição fundada há 55 anos e que, no Brasil, acolhe diariamente 1,2 mil homens em situação de rua, arrecada, todos os anos, itens para distribuir aos acolhidos da casa por ocasião do Natal. Com a Campanha de Natal, os 700 acolhidos que lá se encontram atualmente, número reduzido devido à pandemia de COVID-19, e os demais (pessoas que nem sempre dormem no local, mas que sempre buscam ajuda na casa, sobretudo nesta época do ano) receberão um kit que será composto de camiseta, chinelo, meias e cueca. “O objetivo é dar um presente que seja de uso pessoal e que seja útil ao longo do tempo”, explicou, em entrevista à reportagem, o Padre Lorenzo Nacheli, sacerdote da Fraternidade da Esperança, responsável pelo Arsenal. Nelson Juliatto Filho, 39, é voluntário no bazar há cerca de três anos. Ele promoveu uma campanha de arrecadação para o Natal na empresa em que trabalha, RDC Férias, uma operadora de turismo com sede em São Caetano do Sul (SP), que tem cerca de 300 funcionários. “No ano passado, fizemos uma arrecadação de forma espontânea, mas este ano a empresa fez uma campanha chamada Natal Solidário, em que os funcionários foram convidados a doar um ou mais itens para o kit que será entregue no Arsenal. O Departamento de Recursos Humanos me convidou para

Reprodução

participar da organização. Além disso, a empresa doou sete caixas de carnes natalinas para a ceia”, explicou Juliatto Filho. A retirada das doações foi feita no sábado, 12, bem como a entrega no Arsenal. “Eu fiquei muito feliz em participar da Campanha, porque poucas pessoas conhecem o Arsenal da Esperança. Eu não esperava, também, a adesão [dos demais funcionários], que foi muito significativa. Além disso, foi uma experiência compartilhada, com a participação de pessoas de diferentes setores”, disse. Juliatto Filho salientou que, no Arsenal, os voluntários têm grande responsabilidade e ajudam a manter a casa aberta 24 horas por dia: “Tanto os voluntários quanto os acolhidos, bem como os membros da Fraternidade da Esperança e até mesmo os estudantes que visitam a casa, compartilham dessa responsabilidade, e cada pessoa que entra recebe esse convite de se colocar à disposição para que Deus possa agir”. No bazar, os acolhidos têm a oportunidade de comprar roupas de diferentes tipos, itens de higiene e até mesmo alimentos. Além disso, se não tiverem dinheiro, podem pagar com materiais reciclados. Os homens que são hospedados no Arsenal podem, ainda, trabalhar na própria instituição, em setores como limpeza, manutenção, padaria ou em outras áreas. Com o dinheiro recebido, muitos deles adquirem itens no bazar, que funciona de segunda a sexta-feira, das 15h às 19h, e aos sábados e domingos, das 14h às 19h.

As sacolinhas de Natal da Paróquia Nossa Senhora de Casaluce Reprodução

“Sacolinhas de Natal” é uma ação que acontece todos os anos na Paróquia Nossa Senhora de Casaluce, localizada no Brás, por iniciativa da Pastoral da Criança, que coloca em contato crianças e doadores, sugerindo quais presentes comprar. Em geral, todos se encontram numa grande confraternização para a entrega das sacolinhas. “Por causa da pandemia, muitos agentes da Pastoral da Criança não conseguiram continuar atuando, mas decidimos dar continuidade à campanha e estamos pedindo doações em dinheiro para montar as sacolinhas e entregar às crianças”, disse o Padre Lorenzo Nacheli, Pároco. O Sacerdote informou que o número de crianças que se cadastraram para receber os presentes aumentou consideravelmente. “As famílias são, em sua maio-

ria, imigrantes bolivianos ou as que se abrigam nas pontes e viadutos da região. Desde abril, muitas destas famílias têm sido apoiadas pela Paróquia com doação de cestas básicas”, comentou. O objetivo é arrecadar o suficiente para comprar alimentos, roupas, sapatos e brinquedos para todas as crianças que estão cadastradas na Pastoral da Criança. Fábio Rodrigues dos Santos, 27, paroquiano, explicou que a Paróquia chegou a pensar em não fazer as sacolinhas de Natal, mas que, no dia 16 de novembro, alguns voluntários decidiram recadastrar as famílias e começar a campanha, além de estender a idade das crianças atendidas, que era de 6 anos para crianças de até 12 anos. “O número foi de 100 para 230 crianças, e a Campanha está em 90% do valor

estipulado. Porém, como não conseguimos a quantia suficiente para comprar todas as cestas básicas, provavelmente uma parte do valor será usado para este fim. Mas conseguiremos comprar roupas e calçados para todas as crianças e, em vez de brinquedos como carrinhos e bonecas, vamos doar livros infantis, adequados a cada faixa etária”, explicou Santos. Ele salientou ainda que a Paróquia continua recebendo doações, sobretudo para completar as cestas básicas. “Nosso objetivo é convidar as famílias a continuar frequentando a Paróquia. Por isso, criamos grupos no WhatsApp, para que todos possam acompanhar as atividades, rezar conosco e, sobretudo, participar das celebrações”, disse Santos. A entrega das sacolinhas acontecerá no dia 21 de dezembro. (NF)


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| 17 de dezembro de 2020 a 12 de janeiro de 2021 | Especial – Natal 2020 | 11 Arquivo paroquial

Um mutirão de doações na Igreja Natividade do Senhor A Paróquia Natividade do Senhor, localizada no Jardim Fontalis, Região Episcopal Santana, tem por tradição distribuir alimentos e roupas para as crianças e famílias atendidas pela Pastoral da Criança. Este ano, mesmo com as dificuldades provocadas pela pandemia, a Paróquia se mobilizou para conseguir doações, que foram recebidas especialmente pelo sistema de drive thru no domingo, 13. Os fiéis que participaram das missas das 7h, 9h e 19h naquele dia puderam deixar suas doações. Além disso, pela manhã, os jovens se organizaram para receber os itens daqueles

que foram de carro até o templo apenas para doá-los. “São cerca de 450 crianças, apenas na matriz paroquial, mais as atendidas pelas comunidades, que chegam, ao todo, a cerca de 600”, disse Padre Andrés Gustavo Marengo, Pároco. A entrega será realizada no sábado, 19. No dia 25 de dezembro também haverá a distribuição de marmitas para pessoas em situação de rua. O Padre salientou que as cestas básicas que geralmente são distribuídas pela Paróquia receberão mais produtos, por ocasião do Natal. “Além disso, temos, na Paróquia, o Projeto Somos Irmãos, que,

ao longo de todo o ano, distribuiu marmitas para as pessoas em situação de rua e, este ano, além das marmitas, conseguimos entregar presentes para as crianças dessas famílias”, disse. Cida Nogueira Pereira, 58, é coordenadora da Pastoral da Criança na Paróquia e ajuda, todos os anos, a arrecadar doações, montar os kits e entregar os presentes. “Vemos as crianças crescendo e muitas vêm nos agradecer por todo o trabalho realizado. É muito gratificante”, contou. Este ano, o kit para as crianças será composto por brinquedos e doces natalinos. (NF)

Agentes da Pastoral com crianças atendidas

Árvores Solidárias na Paróquia Nossa Senhora dos Remédios Arquivo pessoal

Jenniffer Silva

osaopaulo@uol.com.br

As duas árvores de Natal montadas na Paróquia Nossa Senhora dos Remédios, Setor Aclimação da Região Episcopal Sé, evidenciam o tempo de espera pela chegada do Menino Jesus. Nelas, além dos enfeites decorativos, cartões natalinos indicam quais produtos de higiene pessoal podem ser ofertados pelos paroquianos nesta época, também marcada pela solidariedade. Pelo terceiro ano consecutivo, os itens sugeridos nos cartões colocados nas chamadas “Árvores Solidárias” serão doados ao Instituto de Infectologia Emílio Ribas e ao Amparo Maternal. O Padre Ricardo Anacleto, Pároco, falou à reportagem que a inspiração vem do próprio “mistério do Natal do Senhor – ‘Eles não tinham lugar na hospedaria’. Quantos enfermos nos corredores dos hospitais, quantas mulheres não conseguem dar à luz com dignidade. Queremos manifestar o amor e a acolhida de Cristo a estes irmãos e irmãs”.

Na pandemia, mais fraternidade O Pároco ressaltou que, ao longo do Arquivo paroquial

Iniciativa ‘Shalom Amigo dos Pobres’

Padre Ricardo Anacleto com algumas das voluntárias da iniciativa ‘Árvores Solidárias’

ano, a Paróquia assumiu o compromisso com os mais pobres, sobretudo os atingidos pela crise da COVID-19, tanto que o engajamento de paroquianos e comunidade local no projeto das “Árvores Soli-

dárias” vem sendo maior do que nos dois anos anteriores. Ao todo, 30 voluntários colaboram com a concretização da iniciativa, que continuará até a Solenidade da

Epifania do Senhor, em 6 de janeiro. A ação que ocorre ainda em meio aos altos índices de contaminação pelo novo coronavírus busca seguir os protocolos sanitários e as recomendações da Arquidiocese de São Paulo, sendo respeitado o distanciamento social, uso de máscaras, álcool em gel e luvas: “No contexto da pandemia, o desafio é sempre com os cuidados que não podemos deixar de observar. As pessoas têm sido generosas, trazem doações durante a semana e nos momentos de pouco movimento”, comentou o Pároco.

Em unidade O Padre Ricardo considera que a iniciativa já ultrapassou os limites estruturais da Paróquia e se tornou “um sinal claro de conversão e de expressão da fé católica no bairro”. As entregas no Emílio Ribas e no Amparo Maternal estão previstas para acontecer no início de janeiro. A Paróquia Nossa Senhora dos Remédios está localizada na Rua Tenente de Azevedo, 182, Aclimação. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 3209-3636 ou em facebook.com/nsremediossp.

O Natal dos Pobres na Comunidade Shalom Com a pandemia do novo coronavírus, a Comunidade Católica Shalom criou o projeto “Shalom Amigo dos Pobres”, por meio do qual, todos os sábados, aproximadamente 100 pessoas em situação de rua são beneficiadas com refeições, doação de roupas e itens de higiene. Com a chegada do Advento, a comunidade agora se prepara para a realização do “Natal dos Pobres”, no sábado, 19. “Nos anos anteriores, participamos com toda a Arquidiocese, na Praça da Sé. Em 2020, como comunidade, o Natal dos Pobres será um momento de ação de graças para receber Cristo. (...) Em meio a tantos desafios, não deixaremos de ser a ligação do amor de Deus aos mais pobres”, expressou Raquel Anna Salgado Salles, consagrada da comunidade e coordenadora do Ministé-

rio de Promoção Humana da Shalom. Estima-se que 200 pessoas em situação de rua serão contempladas com a oferta de refeição, roupas, calçados, brinquedos e kits de higiene pessoal, na ação que contará com o apoio de cerca de 60 voluntários. As atividades ocorrerão em dois locais: no Centro de Evangelização Shalom, no bairro da Pompeia, a ação terá início às 7h, com as equipes de intercessão, cozinha, estoque de doações e transporte. Às 10h30, o grupo de evangelização e cuidados médicos estará na Praça Marechal Deodoro, próximo à estação do metrô.

Ser a mão estendida Na avaliação de Raquel, este será um momento em que a “alegria do encontro se dará por sorrisos escondidos nas másca-

ras, abraços dados por meio das refeições e doações e gratidão por meio das lágrimas”. Também será uma forma de resgatar a dignidade moral e espiritual das pessoas que se encontram em situação de rua. Ao comentar o fato de a iniciativa acontecer em um momento de pandemia, Raquel citou como referência as palavras do Papa Francisco na mensagem pelo 5º Dia Mundial dos Pobres, na qual o Pontífice refletiu: “Estender a mão é um sinal: um sinal que apela imediatamente à proximidade, à solidariedade, ao amor (...) Todas estas mãos desafiaram o contágio e o medo, a fim de dar apoio e consolação”. Interessados em colaborar com a iniciativa podem obter mais detalhes em https://linktr.ee/shalomamigodospobres. (JS)


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Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

12 | Especial – Natal 2020 | 17 de dezembro de 2020 a 12 de janeiro de 2021 |

Em presépio da Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrate, artista plástico Rossane Rossi, de Uberlândia (MG), une a cena tradicional do Natal a elementos do cotidiano da metrópole

Em igreja de Pinheiros, presépio retrata o nascimento de Jesus em plena capital paulista Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

A administradora Idalina Amaral, 58, trabalha há cinco anos no bairro de Pinheiros, na zona Oeste de São Paulo. Sempre que possível, ela costuma participar da missa na Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrate, no horário do almoço. Após a celebração, ela se aproximou do presépio inaugurado recentemente na igreja e, ao contemplar a cena da natividade do Senhor, com a Sagrada Família, os pastores, magos e anjos, Idalina identificou alguns elementos familiares: o Natal de Jesus acontecia em plena cidade de São Paulo, mais precisamente naquele bairro que ela conhecia muito bem. “Eu reconheci a nossa cidade ali, nossos monumentos e símbolos históricos. Aquelas pessoas comuns do nosso dia a dia. Eu me reconheci na cena do nascimento de Jesus”, comentou, admirada. Assim como Idalina, muitas outras pessoas têm ficado impressionadas com o presépio montado no interior dessa igreja localizada no famoso Largo da Batata. Inspirada no estilo napolitano, a obra une a tradicional cena do nascimento de Jesus em Belém aos

elementos contemporâneos da capital paulista.

Projeto A ideia de construir um presépio nesse estilo partiu do Padre Vandro Pisaneschi, Pároco desde fevereiro de 2019.

“Sempre me encantei com o presépio no estilo napolitano por inserir a cena da natividade do Senhor na realidade concreta de uma comunidade. Então, surgiu a ideia de procurarmos fazer um presépio assim, contudo adaptado para o cenário da nossa comunidade paroquial, do nosso bairro”, explicou o Padre, destacando que não

bastava simplesmente representar elementos genéricos de uma cidade, mas lugares e referências específicas.

O artista A partir daí, deu início à busca por um profissional que concretizasse essa ideia. Até que uma paroquiana descobriu o artista plástico Rossane Rossi, de Uberlância (MG), conhecido em sua região pela confecção de presépios. No primeiro contato, feito virtualmente, o Pároco reforçou que o presépio devia deixar claro que se tratava da cidade de São Paulo. “O objetivo desse presépio é mostrar para as pessoas que Jesus Cristo nasce em nossa cidade, em meio à nossa realidade e, sobretudo, que as pessoas se identifiquem com as personagens retratadas na cena”, disse o Padre.

Sonho

Sagrada Família, reis magos e anjos são colocados diante da reprodução da matriz paroquial

Rossane gosta de confeccionar presépios desde a infância, tradição que herdou de seu avô. Sua obra mais famosa é o presépio napolitano em exposição na sua cidade natal. Ele relatou ao O SÃO PAULO que fazer um presépio na capital paulista é a realização de um sonho.


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ro que moram até em outras dioceses e municípios. Já nos fins de semana, notamos que cresce o número de moradores do entorno que começam a frequentar nossas missas e atividades. Aos poucos, as pessoas estão voltando a se sentir pertencentes a esta comunidade”, relatou o Pároco O crescimento do fluxo de fiéis à Paróquia no ano passado se deveu, em grande parte, ao aumento da quantidade de missas e do horário de atendimento, além de momentos de oração e atividades culturais.

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

“Sempre venho a São Paulo para visitar uma prima do meu pai. Em uma dessas ocasiões, no ano passado, enquanto andava pelas ruas da cidade, chegando, inclusive, a passar em frente à Igreja do Monte Serrate, pergunteime: ‘Será que um dia eu vou realizar algum trabalho nesta cidade tão grande?’ Foi, porém, um pensamento passageiro”, contou. Um ano depois, o artista foi surpreendido com o convite para fazer o presépio da igreja em Pinheiros.

| 17 de dezembro de 2020 a 12 de janeiro de 2021 | Especial – Natal 2020 | 13

Pesquisa O primeiro contato foi feito em março, e os trabalhos de confecção das peças iniciaram em maio. Impossibilitado de vir a São Paulo, devido à pandemia, o artista fez, a distância, uma minuciosa pesquisa dos monumentos e construções da cidade. “O grande desafio foi unir esses elementos modernos com o cenário tradicional do presépio. Creio, no entanto, que conseguimos concretizar isso”, afirmou.

Personagens Ao contrário do autêntico presépio napolitano, as personagens retratadas não são típicas do século XVIII, mas habitantes atuais da metrópole. É possível identificar os trabalhadores do bairro, crianças, jovens e adolescentes, pessoas em situação de rua e com deficiência. A diversidade cultural da população também é retratada por meio da presença, por exemplo, de personagens com trajes típicos nordestinos. Para a confecção das peças utilizou-se diversos materiais, como madeira, gesso, cerâmica. As 55 personagens foram modeladas individualmente em massa cerâmica, de modo que não há nenhuma idêntica a outra. As roupas também foram feitas manualmente. Para o trabalho, Rossane contou com a ajuda de outros dois colaboradores, porém enfatizou que todas as peças passaram por suas mãos pelo menos para o acabamento.

Monumentos Além de reproduzir com fidelidade grandes marcos religiosos da cidade, como a Catedral da Sé, o Pateo do Collegio e o Mosteiro de São Bento, o presépio reproduz símbolos arquitetônicos como o Museu de Arte de São Paulo (MASP), a Ponte Estaiada, o Mercado Municipal, o Viaduto Santa Ifigênia e o Edifício Tomie Ohtake, um dos símbolos do bairro. Lugares que simbolizam o cotidiano dos paulistanos também fazem parte do presépio, como bares, lanchonetes e até a entrada subterrânea de uma estação de metrô. Os barracos de uma favela e as tubulações que despejam esgoto no poluído rio Pinheiros também estão presentes na obra. Já a cena tradicional da natividade acontece na representação da matriz paroquial. Ao fundo, no horizonte, há um painel que reproduz o Monte Ser-

Encontro Personagens típicos do bairro de Pinheiros são representados na cena da natividade

rate, na Espanha, de onde tem origem a imagem da padroeira da Paróquia.

Montagem A montagem do presépio na igreja durou três dias. “Como nós não acompanhamos a confecção das peças, estávamos ansiosos para ver o resultado. De repente, o artista chegou trazendo as peças em um caminhão. Quando ele começou a montar, ficamos espantados com tamanho realismo”, relatou Padre Vandro. O presépio foi inaugurado e abençoado no 1º Domingo do Advento, em 29 de novembro. Desde então, a obra chama a atenção de todos os que passam pela igreja.

IdentificaçãO O Pároco destacou o relato de uma mulher que caminhava com seu filho na Avenida Paulista quando a criança apontou para um dos edifícios e disse: “Mamãe, eu vi esse prédio lá na igreja”. Outro fato foi relatado pelo próprio artista, que, durante a montagem do presépio, viu uma mulher com os braços tatuados. Ele a chamou para ver que no presépio também havia personagens com tatuagens. “Ela ficou surpresa, e disse que jamais imaginou ser retratada no presépio”, afirmou. O mesmo aconteceu com os jovens

que andam de skate no Largo da Batata, que também ficaram impressionados ao se reconhecerem na cena da natividade. O engenheiro-agrônomo Luís Stefani, 62, mora em Goiânia (GO) e sempre que vem a São Paulo visita a Igreja Nossa Senhora do Monte Serrate. Logo que viu a obra de arte, reconheceu a cidade. “Esse presépio nos ajuda a perceber que tudo na nossa vida se remete ao mistério que dá origem à nossa fé, o nascimento de Cristo, e, assim, nos reconhecemos como Igreja, como comunidade”, disse.

Missão Padre Vandro enfatizou que esse presépio simboliza aquilo que a Paróquia é chamada a ser na cidade: “Um lugar onde o Senhor nasce todos os dias e de onde Ele é anunciado para todo o bairro”. “É um grande desafio que ainda não conseguimos realizar plenamente. Mas buscamos, como Nossa Senhora no presépio, apresentar Deus de uma maneira com que dialoguemos, de fato, com esta cidade”, disse Padre Vandro. Antes da pandemia, a comunidade já estava empenhada em tornar a Paróquia cada vez mais uma referência para o bairro. “Esta é uma igreja de passagem. Percebemos que os fiéis que frequentam a Paróquia durante a semana são, na maioria, trabalhadores do bair-

Hábitos, costumes e símbolos da gastronomia paulistana também estão presentes no presépio

Embora o período da pandemia tenha prejudicado a participação presencial das pessoas, Padre Vandro observou que o investimento da Paróquia nas ações por meio das mídias mostra um crescimento significativo daqueles que se vinculam às atividades da comunidade. Além das transmissões das missas, todos os meses são realizadas novenas, momentos de oração e de devoção, catequeses e palestras, cuja participação tem aumentado gradualmente. “A partir dessa iniciativa, nós conseguimos alcançar pessoas que antes não frequentavam a nossa comunidade. Agora, nossa missão é ir ao encontro delas para que se insiram também nas atividades presenciais que, aos poucos, estamos retomando, seguindo todos os cuidados necessários.” Um exemplo disso foi a novena de Nossa Senhora das Graças, realizada virtualmente, mas com o encerramento em uma missa na Paróquia. “Havia mais de 200 pessoas na celebração. Todas elas foram alcançadas pelas redes sociais”, destacou o Padre.

Resgate histórico Outro aspecto que solidifica a identidade da Paróquia são as iniciativas de resgate da história da comunidade que, este ano, completou 460 anos de existência. “A presença católica aqui se confunde com a origem de nossa cidade, com os missionários jesuítas que constituíram uma comunidade de fé neste lugar. São José de Anchieta passou por aqui e, inclusive, está representado no presépio. O bairro de Pinheiros nasceu em torno desta comunidade”, enfatizou o Sacerdote. A história sobre as origens da Igreja na região está expressa nos vitrais colocados recentemente no templo e recorda momentos e personagens marcantes para a vida da comunidade. “Muitas pessoas que participam da nossa Paróquia há muito tempo não tinham ideia das nossas raízes históricas. Isso gera um encantamento e solidifica o vínculo com a comunidade”, acrescentou o Pároco. Padre Vandro compartilhou que, talvez, o presépio possa ficar exposto permanentemente na Paróquia, como acontece em algumas igrejas pelo mundo, para lembrar constantemente, pelo mistério do Natal, que “Deus habita esta cidade”.


14 | Especial – Natal 2020 | 17 de dezembro de 2020 a 12 de janeiro de 2021 |

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Jovem religiosa encontrou na culinária uma forma de viver a radicalidade da sua consagração Roseane Welter

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Vocação é um chamado para servir a Deus e ao próximo, unido a um carisma, à espiritualidade e a uma missão. Culinária é a arte de cozinhar e encantar por meio de sabores e temperos. Irmã Lorayne Caroline Tinti, 33, religiosa consagrada do Instituto das Co-

munidades de Nossa Senhora da Ressurreição (Irmãs da Ressurreição), participou recentemente do reality culinário “Masterchef Brasil”, transmitido por uma emissora de televisão, e foi a campeã da temporada, levando o troféu de “Melhor Cozinheira”.

Começo de tudo Irmã Lorayne nasceu em Catanduva, cidade do interior de São Paulo. De família humilde, filha de pais espíritas, avó paterna católica e avó materna evangélica, a jovem religiosa afirma ter sido escolhida por Deus para uma missão especial: “Deus me escolheu para seguir seus passos em uma congregação

Despertar de uma nova paixão Lorayne, no início da sua etapa formativa, foi encaminhada para uma casa de missão da congregação em Jequitinhonha (MG), um espaço de acolhimento onde as religiosas oferecem curso de panificação a jovens da região com o intuito de proporcionar dignidade e uma capacitação profissional. “É um ato de ensinar, produzir o alimento com as mãos, servir e saciar a fome de quem mais precisa”, salienta.

‘Foi uma oportunidade de mostrar o rosto jovem da vida religiosa’

religiosa, mesmo em meio à diversidade religiosa da minha família”. Lorayne conheceu a congregação quando seus pais a matricularam no Colégio das Irmãs da Ressurreição. Aos 16 anos, começou a Catequese para adultos e, simultaneamente, encontros vocacionais. Aos 18, ingressou na congregação para as etapas formativas, e, aos 24 anos, professou os votos religiosos. “Hoje, meus pais são ministros da Igreja Católica, participam do Encontro de Casais com Cristo (ECC) e, claro, grande apoiadores da minha vocação”, destaca a consagrada, que pertence ao instituto há 15 anos, onde emitiu seus votos perpétuos.

Irmã Lorayne, vencedora da atual temporada do reality show

Nesse ambiente, resgatou dentro de si uma paixão: a culinária. “Minha mãe, avós e tias são excelentes cozinheiras e isso despertou algo em mim com o desejo de aprender e aprimorar os meus dotes culinários. Sabia cozinhar o básico, mas, aos poucos, fui buscando aprender a fazer comidas mais elaboradas. A abundância da inter-regionalidade no convento é muito enriquecedora, fui apresentada a novos ingredientes, sabores, temperos, é uma verdadeira escola gastronômica.” Atualmente, a freira atua em uma escola de formação integral na qual capacita crianças e adolescentes com aulas de culinária. “Tenho a oportunidade de ensinar as crianças a ter prazer em cozinhar, também de se alimentar de forma saudável.” Também ensina o ofício na comunidade formativa onde reside atualmente. “Costumo dizer que não são aulas de Gastronomia, mas a arte de aprender a dar vida e sabor aos alimentos”, enfatiza. Quem pensa que a jovem freira se cansa de tantos afazeres no dia a dia se engana. Ela ainda cozinha e monta marmitas que são doadas para a “ONG Beija Flor”, que as distribui para moradores de ruas da capital de São Paulo, “gesto concreto de saciar a fome de quem está à margem da sociedade e precisa do básico: um prato de comida”. Reality culinário “O ‘Masterchef Brasil’ é um programa de culinária que sempre me chamou a atenção, pelos desafios, pela superação de cada participante, sem contar as guloseimas que, só de pensar, dão água na boca; participar nunca foi prioridade”, recorda a irmã. Este ano, por causa da pandemia de COVID-19 que abalou o mundo, o reality abriu as portas para cozinheiros amadores e, “quando vi essa novidade, pensei: ‘vou participar’. A madre superiora não concordou, comecei

Bolo natalino Ingredientes: 2 ovos (gemas e claras separadas) 150ml de leite 1 colher bem cheia de manteiga ½ xícara de chá de açúcar 1 xícara de chá de farinha de trigo 1 colher de sobremesa de fermento em pó 100g de frutas cristalizadas 1 colher de sobremesa de essência de panetone 1 colher de café de raspas de laranja ou limão

Fotos: Arquivo pessoal

Um novo jeito de servir a Deus

Modo de preparo: Bata as claras em neve e reserve. Na batedeira, bata as gemas, a manteiga e o açúcar por aproximadamente 3 minutos, até obter um creme. Acrescente o leite, a essência de panetone, as raspas de laranja ou limão e a farinha, e bata ligeiramente, só para misturar os ingredientes. Adicione as claras em neve e misture aos poucos. Passe as frutas cristalizadas na farinha de trigo e retire o excesso (isso evita que elas fiquem só no fundo do bolo) e misture as frutas cristalizadas delicadamente à massa. Acrescente o fermento em pó. Está pronta a massa. Unte a forma. Coloque em cima da massa as frutas cristalizadas para decorar e asse em forno preaquecido a 180ºC por 35 minutos.

uma campanha entre as irmãs que me apoiaram; então, a superiora acabou concordando e foi um momento muito especial”, destaca a freira. Na competição, Lorayne teve duas provas: uma de receita doce e a outra de salgado. Apresentou dois pratos: um tiramisu (sobremesa de origem italiana à base de queijo, chocolate e café) e um strogonoff de camarão. “Confesso, nunca tinha feito um tiramisu na minha vida, só provado uma única vez. Foi Deus que me guiou durante a competição e, claro, os participantes e os jurados foram muito atenciosos e respeitosos, e me deram dicas importantes”. A jovem salienta que participar da competição que tem visibilidade nacional despertou nos jovens que a assistiram um grande interesse em conhecer a missão, carisma e espiritualidade das religiosas: “Houve uma procura significativa de jovens manifestando o desejo de consagrar sua vida a Deus, e outros se expressaram muito felizes e surpresos com a presença de uma freira em um reality culinário. Foi uma oportunidade de mostrar o rosto jovem da vida religiosa”. É, também, “uma maneira de despertar nos jovens a busca da concretização de seus sonhos, mas, para isso, é preciso acreditar, é preciso correr atrás para a sua realização”, confirma a religiosa. O troféu “Melhor Cozinheira” é uma confirmação e uma conquista “para mim e para nós, religiosas, que temos uma opção de vida pautada na radicalidade do seguimento a Cristo, mas que somos humanas e cheias de qualidades, dons e talentos que o mundo precisa conhecer”, finaliza Lorayne. O valor financeiro da premiação a religiosa destinou na íntegra aos projetos sociais em que atua e pretende ensinar culinária a pessoas carentes e capacitá-las a uma profissão digna. A religiosa Masterchef compartilha com os leitores do O SÃO PAULO uma receita fácil de fazer e superdeliciosa. “O bolo natalino é o meu preferido.”


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| 17 de dezembro de 2020 a 12 de janeiro de 2021 | Especial – Natal 2020 | 15

Conheça o maestro brasileiro à frente da Capela Musical do Papa Fotos: Vatican Media

Fernando Geronazzo

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Criada no século XV, a Pontifícia Capela Musical Sistina, coro responsável pela música nas celebrações do Vaticano, tem, pela primeira vez, um brasileiro em seu comando. Paulistano, Monsenhor Marcos Pavan, 58, foi nomeado Maestro Diretor da Capela Pontifícia pelo Papa Francisco, em 22 de novembro, memória de Santa Cecília, padroeira dos músicos. Em entrevista ao O SÃO PAULO, concedida por telefone, Monsenhor Pavan falou a respeito da nova missão e do trabalho que realiza no Vaticano há duas décadas.

Origem Nascido no bairro da Consolação, na região central da capital paulista, Pavan percebia a vocação para o sacerdócio desde a infância, assim como descobriu o dom para a música. “Na escola que eu frequentava, no primário, havia aulas de Música. Com 7 anos, eu já cantava em coral e, logo depois, comecei a estudar piano. Quando concluiu o ensino médio, seu pai o orientou que fizesse uma faculdade antes de seguir a vida consagrada. “Por isso, decidi fazer o curso de Direito, na Universidade de São Paulo”, contou. Depois de se formar em Direito, em 1985, o jovem advogado decidiu viver uma experiência religiosa com os monges beneditinos no Paraná. Após um ano, ele discerniu que sua vocação não era a vida monástica e, por isso, deixou o mosteiro.

Paulistano, Monsenhor Marcos Pavan atua no coro da Capela Sistina, no Vaticano, desde 1998

rando para retornar ao Brasil, em 1998, foi convidado para ser o maestro dos Pueri Cantores, o grupo de crianças da Capela Sistina. “A ideia era que eu exercesse essa função pelo menos até o Jubileu do ano 2000, até porque meu Bispo me esperava para realizar meu trabalho na diocese. Passou, porém, o Ano Santo e pediram que eu continuasse mais um tempo, até conseguirem um substituto, e aqui estou há 23 anos”, contou. Desde julho de 2019, exercia interi-

namente o ofício de Mestre da Capela Musical até ser confirmado pelo Pontífice. “Acolhi essa missão com surpresa, pois, mesmo que já estivesse exercendo o cargo interinamente, não imaginava que seria confirmado para continuar. Ao mesmo tempo, acolhi com serenidade, buscando ver a vontade de Deus se manifestando por meio da escolha do Santo Padre.”

Tempo de graças Nessas duas décadas de serviço ao

Vocação Durante os quatro anos seguintes, Monsenhor Pavan trabalhou profissionalmente no campo da música. Além de piano, ele já possuía conhecimento em teoria musical, técnica vocal, canto gregoriano e direção de coral. Nesse período, foi cantor de ópera e fez parte do coral lírico do Theatro Municipal de São Paulo. “No entanto, o desejo de responder à vocação continuava. Foi quando eu conheci Dom Emílio Pignoli, então Bispo da Diocese de Campo Limpo, que propôs que eu realizasse minha formação para o sacerdócio em Roma, pois lhe havia sido oferecida uma bolsa de estudos.” Monsenhor Pavan formou-se em Filosofia no Centro de Estudos Superiores dos Legionários de Cristo e em Teologia na Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino. Foi ordenado em 29 de julho de 1996, na Paróquia São Pedro e São Paulo, na Diocese de Campo Limpo. Capela musical Logo após a ordenação, Monsenhor Pavan retornou a Roma para fazer o mestrado em Direito Canônico. Quando estava concluindo os estudos e se prepa-

Pontifícia Capela Musical Sistina é composta por 50 cantores, sendo 20 adultos e 30 crianças

Vaticano, além das celebrações do grande Jubileu, Monsenhor Pavan testemunhou o funeral de São João Paulo II, dois conclaves e muitos outros eventos históricos no coração da Igreja Católica. “Tem sido uma grande graça viver esses momentos marcantes aqui. Mas isso não quer dizer que foi sempre tudo fácil. Houve dificuldades, senti e ainda sinto muita saudade da minha família e dos meus amigos. Por outro lado, eu sempre busquei compreender o sentido da minha missão aqui.”

Além da música A Capela Musical Pontifícia possui uma escola de formação integral para as crianças que cantam no coro, mantida pelo Vaticano, que oferece bolsa de estudos a esses integrantes. Lá, estudam crianças de 8 a 13 anos, que recebem toda a formação educacional e musical. A rotina de estudos dos alunos começa às 8h e termina às 17h. Todos os dias, há ensaios musicais de manhã e à tarde. Ao todo, estão matriculadas na escola 60 crianças, sendo que 30 delas já cantam no coro e as demais se preparam para integrar a Capela Musical ou são aquelas que deixam o coro após a mudança de voz, mas permanecem na escola até concluírem o ciclo de estudos. Monsenhor Pavan é responsável pelo ensino religioso das crianças, além de trabalhar na formação musical e seleção dos integrantes do coro. “Acompanhei inúmeras crianças e seus familiares, preparei-as para a primeira Comunhão e para a Crisma. Muitas delas hoje já estão casadas e com filhos. Desse modo, eu vejo os frutos desses anos de serviço à Igreja”, disse. À tarde, o Sacerdote conduz os ensaios com os cantores adultos, constituídos por 20 cantores profissionais, remunerados e com dedicação exclusiva. A maioria dos integrantes é de italianos, mas há alguns músicos de outras nacionalidades. Patrimônio da Igreja Desde 17 de janeiro, a Capela Musical integra o Serviço das Celebrações Litúrgicas papais, após um motu proprio de Francisco. Na ocasião, o Pontífice ressaltou que, “desde sua antiga fundação”, o coro da Capela Sistina tem brilhado na história “como um lugar de alta expressão artística e litúrgica a serviço das solenes celebrações dos papas”. O Santo Padre explicou, ainda, que a decisão foi tomada em acordo com as indicações do Concílio Vaticano II com relação à Sagrada Liturgia, “em vista do decoro da celebração litúrgica”, considerando as escolas de cantores e capelas musicais, “um verdadeiro ministério litúrgico” a ser exercido “com autêntica piedade do modo que convém a tão grande ministério e que o povo de Deus tem o direito de exigir”.


Painel feito a partir da arte de Pixabay/Jeffjacobs1990

16 | Especial – Natal 2020 | 17 de dezembro de 2020 a 12 de janeiro de 2021 |

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UM NATAL DE ALEGRIA E ESPERANÇA

COM OS OLHOS FITOS EM BELÉM

NATAL COM MARIA E JOSÉ

Dom Ângelo Ademir Mezzari, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga

Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana

Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese e Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade

‘Ao celebrar na liturgia este

grande mistério da fé, e contemplar no presépio pequenino o Rei que vem, encontramos tantos sinais de esperança que nascem também da dor e sofrimento que estamos vivendo. Somos marcados por uma pandemia que assola a humanidade, nosso país e cidade, nossa família, transformou nossa vida, derrubou nossas certezas, revelou nossa fragilidade, só em Deus está nossa segurança. Mas nem tudo está perdido, o Pai não nos abandou, seus filhos veio visitar, a paz restabelecer, um novo céu e terra restaurar, em meio a nós habitar, nossa casa é sua morada’ Leia a íntegra em https://cutt.ly/xhGDHSJ

DIANTE DO MENINO DEUS, RENOVEMO-NOS NO DOM DA FÉ Dom Luiz Carlos Dias, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém ‘No Natal, Deus responde a todos os anseios e clamores que chegam aos céus, resultantes do sofrer humano neste mundo, especialmente dos mais desprovidos de meios, bem como da própria criação, a qual também geme como em dores de parto (Rm 8,22). A encarnação do Filho de Deus testemunha de modo concreto a solidariedade de um Pai amoroso com a caminhada dos seus filhos e filhas’ Leia a íntegra em https://cutt.ly/UhGGqmU

‘Não sejamos assintomáticos de solidariedade, altruísmo e disposição para salvar almas. A vida nova nasce agora! Desejo um Natal com menos Papai Noel e mais Jesus Cristo! Maranathá! Vem, Senhor Jesus! Um feliz e abençoado Natal do Senhor a todos! E que o Ano Novo nos encontre mais fortes, “vacinados” e comprometidos com o Reino de Deus!’ Leia a íntegra em https://cutt.ly/jhGDI58

NÃO TENHAIS MEDO Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa ‘Natal é a noite para quem tem mãos cheias e mãos que parecem vazias. Quem está com as mãos cheias, esvazieas, repartindo com quem nada tem. Quem está com as mãos vazias use-as para carregar o Menino, para carregar o irmão. Deste modo, a graça de Deus brilhará sobre todos nós. Feliz Natal’. Leia a íntegra em https://cutt.ly/ChGDiHj.

‘O Natal é por nós muito desejado, porque o Natal é o próprio amor de Deus que vem buscar um abrigo entre os homens. É verdade que a chegada de Cristo é a maior graça que alguém poderia receber. Maria e José têm plena consciência de serem privilegiados: foram escolhidos para acolher o Amor de Deus que entra neste mundo. Recebem a missão de amparar, dar carinho e um ambiente de lar ao Verbo de Deus feito carne’ Leia a íntegra em https://cutt.ly/HhGDS7p

A VERDADE DE FÉ QUE NOS FAZ OLHAR COM ESPERANÇA PARA O FUTURO Dom Devair Araújo da Fonseca, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, nomeado Bispo de Piracicaba (SP) ‘Com o brilho de tantas luzes e tantos papeis coloridos, pode ser que tenhamos nos afastado muito do sentido pleno do Natal, que é a celebração do nascimento do Verbo de Deus, que assumiu a nossa natureza humana. Jesus, o Filho de Deus, nasceu para trazer-nos a salvação, para caminhar conosco. Ele atraiu a si os mais simples e humildes, homens e mulheres de boa vontade. Chamou os pecadores à conversão, abrindo caminho para que voltássemos à comunhão com o Pai. Por isso, temos motivos para celebrar o Natal’ Leia a íntegra em https://cutt.ly/jhGXlyN


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| 17 de dezembro de 2020 a 12 de janeiro de 2021 | Geral | 17

Médicos católicos criam associação em São Paulo Luciney Martins/O SÃO PAULO

Defesa da vida, em oposição à crescente cultura de morte, será o foco da instituição Daniel Gomes

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Promover a integração dos princípios da ética católica à ciência e à ética médica, buscando aplicá-la no exercício da atividade profissional, no ensino e treinamento médico é a missão principal da Associação de Médicos Católicos de São Paulo (AMCSP), cuja assembleia de fundação e de aprovação do estatuto aconteceu no domingo, 13, no Seminário Arquidiocesano de Filosofia Santo Cura D’Ars, na Freguesia do Ó, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano. A entidade de natureza religiosa, científica e cultural começou a ser idealizada há dois anos pela enfermeira Maria Jocelina Fonseca. Preocupada com o avanço de posturas que ameaçam à vida humana, como o aborto e a eutanásia, ela estimulou que médicos católicos formassem uma associação que, à luz dos princípios cristãos, estivesse atenta a essas e outras questões no campo da ética médica e da bioética.

Atuação Entre os focos de atuação da AMCSP estarão defender a vida humana, da concepção à morte natural; promover os princípios da ética médica frente a manifestações que contrariam a postura da Igreja; proporcionar estudos bioéticos relacionados à assistência médica e ao desempenho da profissão; defender a visão cristã da família segundo a lei natural; difundir a Doutrina e o Ensinamento Social da Igreja, bem como contribuir para a difusão dos princípios cristãos na prática da ciência médica, nas atividades institucionais e administrativas, no ensino e na pesquisa, assim como na vida pública e profissional.

Dom Odilo e Padre João Mildner com os membros da diretoria e do conselho consultivo da AMCSP

A associação também se compromete a promover a evangelização na área da Saúde e realizar entre os associados – ou para terceiros – cursos ou palestras para aprofundamento religioso e ético-científico de questões próprias da Medicina, além de desenvolver obras de misericórdia, apresentar soluções e/ou pareceres pautados na fidelidade ao Evangelho e na Tradição da Igreja; e assessorar a Arquidiocese em temas médicos.

Composição A AMCSP será formada por médicos e estudantes de Medicina que professem a fé católica e aceitem explicitamente os princípios da associação. Os integrantes da primeira diretoria-executiva, com mandato de dois anos e possibilidade de reeleição, são: Harold Maluf Barretto (presidente), Nicole Tatit von Schaaffhausen (vice-presidente), Alberto Starzewski Junior (tesoureiro), Fabiano Vanderlinde (1º secretário) e Ana Paula Jafet Vanderlinde (2ª secretária). Há, ainda, um conselho consultivo, com mandato por igual período, composto pelos médicos Gustavo Messi, Regina Maldonado, Verônica Torres da Costa e Silva, Nathalia Müller, Thais Nascimento e Janaina Pires Fernandes, e o estudante de Medicina Joanan Nepomuceno Oliveira.

O Assistente Eclesiástico da AMCSP será o Padre João Inácio Mildner, nomeado pelo Arcebispo durante a assembleia de fundação.

OLHAR CRISTÃO SOBRE O SER HUMANO E A MEDICINA Dom Odilo afirmou que há tempos tem incentivado que se formasse uma associação de médicos católicos na Arquidiocese e se revelou feliz pelo fato de os membros da AMCSP, na sua maioria, serem jovens. Ele disse que a instituição surge com bons ideais, tem potencial para bem se desenvolver ao longo dos anos, mas deve fazê-lo com coragem, paciência e lucidez, sempre atenta à Antropologia cristã e ao Magistério da Igreja. “Certamente, muitos outros profissionais da Saúde vão se unir a vocês, pois pensam de igual modo e estavam esperando uma oportunidade para se agregar a uma iniciativa como esta”, observou o Arcebispo, recordando, ainda, que o anúncio da Salvação, apresentado por Jesus, sempre se liga à saúde, à cura e à vida plena para todos. Desafios e oportunidades Em entrevista ao O SÃO PAULO, o presidente da AMCSP ressaltou que a instituição atuará para difundir os valores cristãos entre os médicos – “muitos

são católicos, mas muitas vezes estão distantes por causa do próprio academicismo” – e, também, incidirá na sociedade, “levando a verdade acima de tudo, uma vez que o próprio cientificismo, por interesses financeiros, acaba relativizando a vida”, comentou. De acordo com Nicole, vice-presidente, a AMCSP não terá qualquer vínculo com movimentos políticos. “Nosso objetivo principal é a defesa da vida, opondo-nos à cultura da morte. Temos outras preocupações também, como a realização das obras de misericórdia corporais e espirituais”, comentou, apontando que a identidade católica da associação não a impedirá de estabelecer diálogo com instituições pró-vida de outras religiões. Joanan, 23, um dos conselheiros, afirmou que a AMCSP também será um sinal de esperança para a formação dos novos médicos. “Grande parte dos estudantes, principalmente aqueles que possuem raízes católicas, quando entra no meio acadêmico pensa que precisa dissociar a religião do conhecimento científico, mas nós, católicos, acreditamos que a fé e a razão provêm da mesma natureza, que é Deus”, avaliou. Com o lema “Fides et Ratio (a fé e a razão)”, a AMCSP será filiada à Federação Internacional das Associações de Médicos Católicos, criada em 1966, e a ela poderão se associar médicos de outras cidades paulistas. O número inicial de associados é de cerca de cem médicos. “Agora, aqueles que são médicos, seguem os princípios católicos e participam da Igreja vão ter uma acolhida muito maior, um espaço para refletir sua situação e seus desafios na área da Saúde”, disse à reportagem o Padre João Mildner, ressaltando que a espiritualidade da associação se dará “a partir da própria mística do bom samaritano, daquele que se despoja e que está a serviço da vida. O verdadeiro médico católico, cristão, vê o ser humano em primeiro lugar e age com misericórdia, assim como Jesus”, concluiu.

Cardeal Scherer dá posse ao novo diretor da rádio 9 de Julho Luciney Martins/O SÃO PAULO

REDAÇÃO

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Padre Michelino e Dom Odilo nos estúdios da rádio 9 de Julho

O Padre Michelino Roberto, 54, foi nomeado, na segunda-feira, 14, pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, como novo Diretor da rádio 9 de Julho. A provisão do mandato é de cinco anos. O Sacerdote substitui Dom Devair Araújo da Fonseca, que era Diretor da rádio desde abril de 2018, mas que deixa a função em razão de sua nomeação, pelo Papa Francisco, como Bispo da Diocese de Piracicaba (SP), da qual tomará posse em 16 de janeiro. Ao apresentar o novo Diretor da rádio, o Cardeal Scherer explicou que a escolha do Padre Michelino ocorre como forma de consolidar a integração dos meios de comunicação da Arquidiocese de São Paulo, uma vez que o Sacerdote é o atual Diretor do jornal O SÃO PAULO e o responsável pelas mídias digitais da Arquidiocese.

Formado em Filosofia e Teologia, Padre Michelino Roberto é mestre em Comunicação Social e Institucional pela Pontifícia Università della Santa Croce, de Roma, e tem ainda formação pelo Journalism School Exchange Scholar Programs – Missouri Columbia University (2005), Columbia, nos Estados Unidos, e máster em Jornalismo e Gestão de Empresas de Comunicação pelo Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS). Durante a posse do novo Diretor, realizada na redação integrada de comunicação da Arquidiocese, no bairro da Freguesia do Ó, com a presença dos bispos auxiliares de São Paulo, o Cardeal Scherer agradeceu o trabalho desempenhado por Dom Devair, como Diretor da rádio 9 de Julho e membro da diretoria da Fundação Metropolitana Paulista (FMP), mantenedora dos meios de comunicação da Arquidiocese de São Paulo. Padre Michelino Roberto também passa a integrar a FMP, assim como Dom Ângelo Ademir Mezzari, Bispo Auxiliar da Arquidiocese e Vigário Episcopal na Região Ipiranga.


18 | Série – Infância Roubada | 17 de dezembro de 2020 a 12 de janeiro de 2021 |

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Telas: amigas ou vilãs da infância? Andi Graf/Pixabay

Com a pandemia de COVID-19, crianças e adolescentes passam mais tempo em frente aos computadores, celulares e tevês. Modo de uso dessas plataformas pode representar riscos ou ganhos no processo formativo Daniel Gomes

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No ano em que a pandemia de COVID-19 levou à suspensão das aulas presenciais, às limitações para contato com amigos e parentes, bem como às restrições de acesso a ambientes para atividades recreativas, o computador, o smartphone e a tevê são os companheiros, por muitas horas diárias, de crianças e adolescentes para atividades de estudo, interações pelas redes sociais ou jogos. Mesmo para os pais mais atentos à rotina dos filhos quanto ao uso das telas, monitorar a frequência e o conteúdo do que veem se tornou ainda mais difícil, pois também os adultos, em muitos casos, têm permanecido por longos períodos conectados para cumprir suas atividades profissionais.

Danos já conhecidos Em junho deste ano, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) emitiu um comunicado com orientações para pais, educadores e pediatras sobre os riscos da exposição excessiva de crianças e adolescentes às telas. No geral, foram reforçadas orientações apresentadas no guia “Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital”, elaborado pela entidade em 2016: evitar que crianças menores de 2 anos sejam expostas às telas (exceto para breves contatos com familiares, gerenciados pelos pais); para as de 2 a 5 anos, limitar o tempo a uma hora diária; para as de 6 a 10 anos, até duas horas; e não mais que três horas para os adolescentes de 11 a 18 anos, incluindo o tempo gasto com os jogos. Os períodos recomendados também levam em consideração as etapas do desenvolvimento cerebral, mental, cognitivo e psicossocial das crianças e adolescentes. No documento de 2016, a SBP enfatiza que jogos on-line com cenas de tiroteios, mortes ou desastres e com recompensas cumulativas não são apropriados em qualquer idade, “pois banalizam a violência como sendo aceita para a resolução de conflitos, sem exporem a dor ou o sofrimento causado às vítimas, e contribuem para o aumento da cultura de ódio e intolerância”. O guia, elaborado com base em mais de 30 pesquisas científicas nacionais e internacionais, lista ainda algumas das

Uso das telas de modo excessivo pode causar prejuízos ao desenvolvimento mental, cognitivo e psicossocial de crianças e adolescentes

consequências sobre o uso excessivo da tecnologia por crianças e adolescentes, como a dificuldade de estabelecer relações em sociedade, aumento da ansiedade, estímulo à sexualização precoce, a adesão ao cyberbullying, o comportamento violento ou agressivo, transtornos de sono e de alimentação, baixo rendimento escolar e maior risco de exposição às drogas. Em recente entrevista à BBC Brasil News, o neurocientista Michel Desmurget, diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde da França, alertou que a exposição excessiva às telas traz impactos para o QI das novas gerações, pois desde muito cedo as crianças gastam mais tempo nisso do que em atividades interativas ou outras que estimulam sua arquitetura cerebral, que tem sua fase mais intensa de desenvolvimento até os 3 anos de idade.

Na medida certa Fonoaudióloga e mestra em Educação – Distúrbios da Comunicação, Simone Ribeiro Cabral Fuzaro afirma que, em relação às crianças menores, os pais devem ter especial preocupação com o período em que elas ficam diante das telas, pois “sofrem prejuízos no que diz respeito ao desenvolvimento cognitivo, somente pelo fato de estarem expostas durante tanto tempo”. Já as crianças maiores e adolescentes, “além dos prejuízos causados pelo tem-

po de exposição, podem ter a formação pessoal bastante comprometida a partir dos conteúdos a que têm acesso”. Simone, que também é consultora em Família e em Educação, alerta que, nas crianças mais novas, o atraso na aquisição da linguagem e a dificuldade de atenção são sinais de que o uso das telas está sendo prejudicial. No caso dos adolescentes, os indícios negativos são as dificuldades de manter relações pessoais fora do mundo virtual, se envolver em atividades que exijam maior tempo de concentração e, em casos mais extremos, uma espécie de dependência do uso de eletrônicos. Para a jornalista Ana Cesaltina Marques, mestra em Comunicação e doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará, privar as crianças e os adolescentes do contato com as mídias não é o melhor a ser feito. “Isso seria criar alguém numa bolha, num ambiente apartado da realidade. O que faz sentido é pensar sobre quais conteúdos queremos levar às nossas crianças e adolescentes. Essa reflexão é importante e deve ser feita pela família, pela escola e por qualquer instituição que converse diretamente com esse público”, afirmou ao O SÃO PAULO, apontando, ainda, que a rotina das crianças seja acompanhada e organizada, “dando a elas tempo de qualidade para a educação, o lazer, a convivência social, os esportes etc. As mídias podem ser qualificadores importantes para todas essas atividades”.

Como a escola pode ajudar? Para Simone Fuzaro, mais importante do que abordar os prejuízos que as telas podem provocar, as escolas devem criar estratégias para que os estudantes vivenciem hábitos saudáveis, “cultivando, no ambiente escolar, um clima agradável de convívio pessoal sem o uso de eletrônicos e, depois, desenvolvendo projetos de acordo com a idade dos alunos, que conscientizem as crianças desses bons hábitos”. Especificamente para este momento de restrições de contatos sociais, a mestra em Educação avalia que as escolas poderiam enviar para a casa dos alunos “sugestões e propostas de atividades manuais, lúdicas e recreativas que não impliquem o uso de eletrônicos”. A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que as escolas realizem atividades com os alunos e palestras de prevenção e proteção; que tratem no currículo escolar de assuntos como sexualidade e exploração sexual on-line, comportamentos de violência, cyberbullying, uso de drogas, os danos de “brincadeiras e desafios perigosos”; além de estabelecer redes intersetoriais com os pais e especialistas para a proteção da escola e deixar sempre em local visível os canais para denunciar casos de violência, sexting (compartilhamento de conteúdos eróticos pelas plataformas digitais) ou cyberbullying.


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Chuck Underwood/Pixabay

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Resguardo da imagem e segurança

Mediação dos pais é essencial para estabelecer o uso correto da tecnologia pelas crianças

Mediação e bons exemplos dos pais Ana Cesaltina considera positivo que haja uma mediação dos pais quanto ao que é acessado pelos filhos, na perspectiva de que ensinem às crianças e adolescentes os critérios para seleção, interpretação e produção de significados dos conteúdos, com base nos próprios valores e crenças. “Uma mediação apenas restritiva não leva em conta a construção de uma criticidade para favorecer uma futura autonomia. O exemplo dos pais, ou daquele que faz esse papel, é também muito importante, tanto sobre o consumo de determinados conteúdos quanto em relação a dispositivos eletrônicos. Como falar de excesso de tempo on-line quando o adulto responsável não faz uso moderado dos dispositivos? É preciso ser coerente”, comenta a doutoranda em Psicologia, que também participa do Laboratório de Pesquisa da Relação Infância, Juventude e Mídia (Labgrim), da Universidade Federal do Ceará. Simone Fuzaro também aponta que o melhor a ser feito é os pais prevenirem os filhos e formá-los para que identifiquem

quais conteúdos estão de acordo com os valores familiares. “Se esse trabalho estiver acontecendo, não será difícil intervir numa situação como essa [de acesso a um conteúdo inapropriado], conversando com o filho e ajudando-o a refletir sobre o assunto. Caso contrário, a partir dessa situação, os pais precisarão conversar e pensar em estratégias que levem o filho a ter um olhar crítico sobre o conteúdo em questão.” Essa dimensão formativa foi tratada pelo Papa Bento XVI, na mensagem para o 41º Dia Mundial das Comunicações Sociais, em 2007, com o tema “As crianças e os meios de comunicação social: um desafio para a educação”. No texto, o Pontífice indicou o papel primordial dos pais nesse processo. “Eles têm o direito e o dever de assegurar o uso prudente dos meios de comunicação social, formando a consciência dos seus filhos a fim de que expressem juízos sadios e objetivos, que sucessivamente há de orientá-los na escolha ou rejeição dos programas disponíveis (cf. São João Paulo II, exortação apostólica Familiaris consortio, 76).”

No guia de 2016, a SBP também recomenda que os pais dialoguem com os filhos sobre as regras de uso da internet, o nível de segurança e privacidade, e reforcem que senhas, fotos ou informações pessoais não sejam compartilhadas com desconhecidos. “A exposição nas redes sociais tem várias implicações, desde o direito à própria imagem da criança até questões da segurança. Quando os pais ou responsáveis publicam uma imagem de suas crianças numa plataforma de redes sociais, aquela imagem passa a circular na rede e não há garantias do percurso que percorrerá ou dos usos

que podem ser feitos. Os próprios pais, muitas vezes, não têm consciência dos riscos que correm ao postar suas próprias imagens e, por vezes, ignoram o respeito à imagem de alguém que ainda não construiu discernimento para decidir. E se a imagem, imediata ou futuramente, vier a ser incômoda para o retratado?”, alerta Ana Cesaltina. “Em alguns casos, essa exposição pode envolver até mesmo segurança física. É o que ocorre quando os responsáveis expõem informações sobre a rotina das crianças ou dos adolescentes que os tornam vulneráveis a violências”, complementa.

Potencial benéfico Questionada pela reportagem se a inserção de crianças e adolescentes no processo de produção de conteúdos para redes sociais e tevês poderia redundar em benefícios para eles e para a sociedade como um todo, Ana Cesaltina afirmou que pesquisas desenvolvidas pelo Labgrim apontam tanto para oportunidades – “desde a aprendizagem formal, o letramento digital, uma maior participação em questões de suas próprias comunidades, o desenvolvimento da criatividade e da capacidade de autoexpressão até a constituição e ampliação de relações sociais” – quanto para riscos – “possibilidade de perdas de recursos financeiros e materiais, exposição de suas imagens, riscos de contatos com pessoas desconhecidas, de cyberbullying, entre outros”. Por isso, a especialista indica ser imprescindível a mediação parental

e escolar, “para favorecer a formação de senso crítico necessário ao consumo e, também, à produção de conteúdos”. Simone Fuzaro deixa quatro recomendações aos pais e educadores, para que o uso das mídias pelas crianças e adolescentes ajude a consolidar os bons valores cultivados em família: Não tomar como natural o uso dos eletrônicos por essas gerações ditas digitais, proporcionando aprendizagens e vivências que não estejam somente relacionadas a eles; Não ter medo de estabelecer regras e limites claros para sua utilização; Dedicar tempo para acompanhar e orientar esse uso de acordo com a idade do filho/aluno; Que pais e professores deem exemplo de utilização equilibrada e inteligente desses instrumentos.

O olhar das crianças sobre as mídias Entender oomo ocorre a expressividade infantil na mídia digital e como isso representa o direito à liberdade de expressão da criança foi o foco da tese da jornalista Mayra Fernanda Ferreira, para a obtenção do doutorado em Comunicação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Mayra realizou uma discussão coletiva, em formato de grupo de intervenção, com 20 crianças, de 9 a 11 anos, de escolas públicas municipais de Bauru (SP), no ano de 2017. De acordo com a pesquisadora, dois aspectos foram mais relevantes: as crianças reconheceram que as mídias digitais, o rádio e a tevê são meios em que elas poderiam se expressar; e reclamaram que os adultos não valorizam a legitimidade da fala infantil. “Para elas, os adultos entendem que a criança só merece ser protegida, controlada e não a veem como uma protagonista. Elas sentem falta desse direito de falar por si e ser reconhecidas como sujeitos sociais”, explicou Mayra. O grupo de estudantes também disse sentir falta de meios para que as crianças realmente saibam o que as outras pensam. “Muitas vezes, o discurso é do adul-

Arte a partir de arquivo pessoal

Crianças ouvidas pela pesquisadora Mayra desejam maior protagonismo infantil na mídia

to para a criança e não de uma criança para outra. Ao longo da pesquisa, elas até propuseram criar um programa de rádio, no qual as próprias entrevistariam outras crianças ou adultos, exatamente para mostrar as opiniões infantis sobre diferentes assuntos. Por exemplo, elas sabem que as crianças não podem trabalhar, mas o que está por trás desse direito? Elas gostariam de ouvir outras crianças a esse respeito e debater”, explica.

As crianças também demonstraram vontade de ter mais espaço para debates em grupos de WhatsApp e páginas do Facebook. “Hoje, pelas políticas do Facebook, crianças não podem ter uma conta, mas muitas burlam isso, o que é um risco para a privacidade infantil, além da exposição on-line. Trata-se, porém, de uma ferramenta potencial, pois as crianças já a utilizam e por isso a entendem como espaço legítimo para que possam

se expressar e defender o que gostam. Hoje, porém, isso é feito com riscos, pois não existem ferramentas adequadas, criadas para o público infantil”, comenta. A pesquisadora ressalta que esse maior protagonismo infantil e a valorização da infância na mídia não devem ocorrer sem a mediação dos principais agentes de socialização: a escola, a mídia e a família. “Com os pais, por exemplo, a proposta é que sejam instigados a pesquisar algo por meio da ferramenta digital e produzir uma mensagem coletiva. Imaginemos que existe um grupo de WhatsApp na família e que alguém tenha compartilhado um meme de uma situação política. Diante disso, a criança pode ter uma curiosidade ou o pai puxar um assunto e, junto com a criança, construir uma mensagem e compartilhá-la nesse mesmo grupo. Será uma mensagem feita a partir da interpretação desses atores sociais, o pai e a criança”, exemplificou. O resultado da tese de Mayra Ferreira pode ser visto no livro “Infância (n)ativa: potencialidades de participação e cidadania das crianças na mídia digital”, publicado este ano pela editora Cultura Acadêmica. (DG)


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Em missa na Sé, Dom Odilo ordena diáconos para a Arquidiocese e para congregações religiosas Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Quem são os novos diáconos Arquidiocese de São Paulo (Seminário Bom Pastor) Diácono Álvaro Moreira Gonçalves: 26 anos, natural de São Paulo. Diácono Claudinês Venancio da Silva: 41 anos, natural de Jequiá da Praia (AL). Arquidiocese de São Paulo (Seminário Redemptoris Mater) Diácono Ignacio Torres Julián: 29 anos, natural de Teruel, Espanha. Diácono Nicolò Stauble: 31 anos, natural de Treviso, Itália.

Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, com os diáconos por ele ordenados na Catedral da Sé, no sábado, 12

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, presidiu, no sábado, 12, na Catedral da Sé, a ordenação de nove diáconos para a Igreja. Recebeu o primeiro grau do sacramento da Ordem um grupo de seminaristas do Seminário de Teologia Bom Pastor e do Seminário Missionário Redemptoris Mater São Paulo Apóstolo, ambos da Arquidiocese, além de seminaristas religiosos da Ordem de Santo Agostinho (Agostinianos) e da Pia Sociedade de São Paulo (Paulinos).

Chamados e acolhidos O rito de ordenação diaconal começou após a proclamação do Evangelho, quando os respectivos formadores e superiores religiosos chamaram cada um dos candidatos, que, ao se apresentarem diante do Arcebispo, responderam “presente”. Em seguida, em um breve diálogo, Dom Odilo perguntou aos responsáveis pela formação se os candidatos eram considerados dignos do ministério diaconal e, depois da resposta afirmativa, o celebrante disse: “Com o auxílio da graça de Jesus Cristo, nosso Salvador, acolhemos estes nossos irmãos para a Ordem do Diaconato”. Na homilia, o Cardeal Scherer ressaltou que esse diálogo ritual expressa o significado da vocação: chamado de Deus e diálogo de fé. “Deus os chamou e a Igreja os preparou por meio do seminário e de seus formadores. Uma vez preparados, a mesma Igreja os chama para que eles se apresentem: ‘Aqui estou, presente, consciente do chamado, fiz

todo o caminho, refleti bem, estou consciente do que isso significa’. A Igreja, portanto, chama e acolhe esta vocação”, destacou o Arcebispo.

Consagrados e enviados Dom Odilo sublinhou, ainda, que a Igreja, por meio de seus pastores, impõe as mãos, invoca o Espírito Santo sobre os candidatos e os envia em missão. “Ser diácono ou padre não é simplesmente fazer uma carreira ou exercer uma profissão em nome pessoal. É sempre um exercício de missão, um serviço realizado em nome da Igreja e na comunhão da Igreja, que é seu corpo missionário”, enfatizou o Cardeal. Referindo-se ao ministério diaconal, Dom Odilo recordou que este é o primeiro grau do sacramento da Ordem, seguido do presbiterado e do episcopado. Ele também lembrou que o Papa Francisco tem sempre colocado em destaque que os diáconos são, por excelência, os “ministros da caridade”. “Este é o primeiro serviço: a caridade em nome da Igreja, com os padres e os bispos, aos quais estão diretamente ligados”, explicou. A serviço dos bens sobrenaturais “Caríssimos irmãos, que este seja um período fecundo no exercício da caridade, das obras de misericórdia em todos os aspectos, lembrando que o serviço da caridade é também a oração pelo povo. Por isso, vocês são encarregados de rezar com o povo, pelo povo e em nome do povo”, exortou o Arcebispo, recordando, ainda, que a catequese é também um ser-

viço de caridade, ao ajudar os irmãos a caminharem na fé e a conhecerem melhor a Palavra de Deus. Além do serviço da caridade e da Palavra, Dom Odilo enfatizou que os diáconos têm por missão a santificação do povo mediante o serviço à Eucaristia, ajudando a preparar não apenas a celebração da missa, como também os fiéis para que bem participem do sacrifício eucarístico. O Cardeal também salientou que o serviço dos diáconos é realizado em vista dos bens sobrenaturais. Por isso, durante a ordenação, é invocado o Espírito Santo sobre eles, após a imposição das mãos sobre suas cabeças. “Resplandeçam neles as virtudes evangélicas: o amor sincero, a solicitude para com os enfermos e os pobres, a autoridade discreta, a simplicidade de coração e uma vida segundo o Espírito”, diz um trecho da prece de ordenação.

Unidade de carismas Em nome dos recém-ordenados, o Diácono Mário Roberto de Mesquita Martins fez o discurso de agradecimento, no qual destacou que a ordenação conjunta foi “um forte sinal de unidade da Igreja, com sua diversidade de dons e carismas, para anunciar o Evangelho e servir o povo de Deus”. “Religiosos e diocesanos, todos somos ministros da Igreja. Que este exemplo de unidade que hoje vivenciamos possa se estender a todo o nosso ministério”, acrescentou o Diácono paulino, que também pediu orações e a intercessão de Nossa Senhora de Guadalupe, cuja festa foi celebrada naquela data.

Pia Sociedade de São Paulo (Paulinos) Diácono Deivid Rodrigo dos Santos Tavares: 35 anos, natural de Aracaju (SE). Diácono Francisco das Chagas dos Santos Galvão: 35 anos, natural de Viçosa do Ceará (CE). Diácono Mário Roberto de Mesquita Martins: 33 anos, natural de Cantanhede (MA). Ordem de Santo Agostinho (Agostinianos) Diácono Abdon de Santana Mendes dos Santos: 32 anos, natural de Igarassu (PE). Diácono Gutemberg de Albuquerque Machado: 31 anos, natural do Recife (PE). Saiba mais sobre os novos diáconos em: https://tinyurl.com/y7kf8lnq.


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| 17 de dezembro de 2020 a 12 de janeiro de 2021 | Pelo Mundo/Fé e Vida | 21

Argentina Igreja e movimentos pró-vida mantêm mobilizações contra a aprovação do aborto Celam

José Ferreira Filho

osaopaulo@uol.com.br

Após longos meses de intensas discussões e manifestações, a Igreja e os demais segmentos pró-vida da sociedade argentina se unem contra a possível legalização do aborto no país. Aprovado na sexta-feira, 11, na Câmara dos Deputados, o projeto de lei que permite a interrupção da gravidez até a 14ª semana de gestação recebeu 131 votos a favor, 117 contrários e seis abstenções. Aguarda, agora, nova votação no Senado, instância que rejeitou uma iniciativa similar há dois anos e a quem caberá a decisão final a respeito.

4º Domingo do Advento 20 de dezembro de 2020

A morada de Deus entre os homens Padre João Bechara Ventura

Grupos pró-vida têm permanente atuação contra a legalização do aborto na Argentina

AS REAÇÕES “Sabíamos que era uma votação muito difícil entre os deputados: o presidente da Câmara é a favor, depois o Executivo pressionava com os ministros e também os quatro presidentes das comissões eram favoráveis”, explicou à imprensa Santiago Santurio, integrante da plataforma Pró-Vida. “O aborto emerge em um contexto de falta de educação, de oportunidades, de desigualdades e de violência contra a mulher, e, em vez de solucionar as causas, passamos a propor que a resolução do problema permaneça na esfera privada das mulheres, oferecendo como única solução a de dar fim à vida da criança”, comentou por sua vez Graciela Camano, parlamentar do bloco do Consenso Federal.

beu o apoio do Papa por meio de uma carta datada de 22 de novembro e endereçada à classe política e aos grupos pró-vida do país, na qual ele reafirma a importância de proteger a vida contra as tentativas de exterminá-la. “Não é preciso crer em Deus para ser contra o aborto”, ressaltou. Na missiva, o Pontífice “agradece sinceramente” às “mujeres de las villas”, rede de mulheres pró-vida, expressando admiração “por seu trabalho e seu testemunho” e encorajando-as a “seguir em frente”. “O país se orgulha de ter mulheres assim”, escreveu Francisco, destacando que “o problema do aborto não é uma questão primordialmente de religião, mas de ética humana, antes mesmo de qualquer denominação religiosa. E faz bem fazer-se duas perguntas: é justo eliminar uma vida humana para resolver um problema? É justo contratar um assassino para resolver um problema?”, escreveu.

A INTERVENÇÃO DO PAPA Nação de maioria católica e terra natal de Francisco, a Argentina rece-

INICIATIVAS EM FAVOR DA VIDA Bispos, sacerdotes, fiéis leigos em geral e uma parte importante da socie-

dade laica argentina se opõem ao projeto há meses. No dia 8 de dezembro, por ocasião da Solenidade da Imaculada Conceição, rezou-se em todas as missas pela proteção dos nascituros. Dias antes da votação, o Presidente da Conferência Episcopal Argentina, Dom Oscar Ojea, convidou os deputados a refletir antes de se posicionar a favor da descriminalização do aborto. Em mensagem de vídeo, o Prelado exortou os legisladores a pensar na importância de respeitar o direito à vida dos concebidos, mas não nascidos. Nos últimos dias, as audiências do Congresso também contaram com a presença do Padre José Maria “Pepe” Di Paola, Coordenador dos “curas villeros”, os sacerdotes que exercem seu ministério nas favelas. Ele disse que “a hipocrisia está em afirmar que o aborto é uma necessidade dos pobres, afirmase fazê-lo por eles”. “A legalização do aborto admite como conduta legal a eliminação de uma vida que exige uma resposta superior”, concluiu. Fontes: Vatican News, Prensa Celam e O Estado de Minas

Haiti Padre brasileiro desenvolve projeto de reciclagem de lixo urbano em Porto Príncipe Menos de 13% do total de lixo produzido em Porto Príncipe é coletado atualmente pelo serviço metropolitano de eliminação de resíduos sólidos. Ruas e áreas públicas em toda a região ao redor da capital do Haiti estão permanentemente tomadas pelo lixo. A situação afetou o Padre capuchinho Aldir Crocoli, nascido no Brasil, desde que chegou ao país caribenho como missionário, no início de 2017. “Eu tinha acabado de começar a estudar a encíclica Laudato si’, do Papa Francisco, com um grupo de irmãos franciscanos. Imediatamente, pensei que deveria fazer algo com todo aquele lixo”, afirmou. Durante férias no Brasil, ele conheceu uma máquina de reciclagem que transformava resíduos plásticos

Liturgia e Vida

em tijolos de construção e percebeu que seria uma boa solução para o lixo da capital do país. A ideia foi aceita pela família franciscana do Haiti. Oito triciclos adaptados e um caminhão ajudarão a coletar os resíduos e levá-los à usina de reciclagem, onde serão triturados e combinados com aditivos para formar telhas e não tijolos. “Não poderíamos competir comercialmente com os tijolos vendidos no mercado local em termos de preço – e isso é importante, porque o projeto tem que se financiar para ser sustentável”, disse o Padre.

DIFICULDADES E EXPECTATIVAS Embora tudo parecesse estar dando certo no início de 2020, a iniciativa ainda não foi lançada. Com a pande-

mia de COVID-19, as máquinas ficaram retidas no porto durante meses e as agências internacionais interromperam o financiamento do projeto. Padre Justin Philippe, que também está trabalhando na iniciativa, afirmou que a Igreja tem um papel a cumprir quando se trata de aumentar a consciência ecológica das pessoas. O projeto do Padre Crocoli inclui um esforço para educar e aumentar a conscientização sobre a reciclagem. “Fizemos convênio com oito escolas locais. Os alunos levarão lixo plástico de suas casas para a escola. Vamos coletar e pagar às escolas o material ”, disse ele. “Algo semelhante será feito nas paróquias e entre as congregações e comunidades religiosas”, acrescentou Padre Philippe. (JFF)

O rei Davi desejava construir um templo – uma “casa” – para Deus, onde pudesse colocar a Arca da Aliança. Esta empreitada viria a ser concretizada por seu filho Salomão. O Senhor disse a Davi: “‘Porventura és tu que me construirás uma casa para eu habitar?’ (…) O Senhor é que te fará uma casa” (2Sm 7,5.11). Com um jogo de palavras, Deus prometeu-lhe aquilo que o rei queria dar: uma “casa”. Entretanto, não primariamente no sentido de “habitação”, mas de uma “descendência”. Um descendente de Davi que reinaria para sempre (cf. 2Sm 7,16). Embora fosse destinado a ser o construtor do Templo, Salomão não era ainda a “descendência” prometida. Após a morte de Davi, ele empregaria toda a riqueza, arte e esplendor ao seu alcance para fazer uma “casa do Senhor” majestosa em Jerusalém. Ali colocou a Arca da Aliança contendo as tábuas da Lei. Todo o engenho humano então existente foi empregado para a edificação de um lugar sublime. Entretanto, tampouco seria esta a habitação definitiva do Senhor entre os homens. Quando o arcanjo Gabriel anunciou a Maria o nascimento de Cristo, disse que “Ele será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi e o seu reino não terá fim” (Lc 1,32s). Nosso Senhor é o cumprimento da promessa; o Filho de Deus “nascido da estirpe de Davi segundo a carne” (Rm 1,3). A Ele nos dirigimos com as palavras confiantes do cego Bartimeu: “Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim!” (Mc 10,47). Ele é a Descendência esperada. “Nascido de mulher” (Gl 4,4), é Deus com o Pai desde o princípio (cf. Jo 1,1) e maior que as tábuas da Lei de Moisés abrigadas no antigo Templo. Deus também fez, contudo, uma “Casa” para si. Afinal, Cristo não veio ao mundo num templo feito por mãos humanas (cf. Hb 9,24). Entrou na história por meio da Virgem Maria. Ela é o Santuário projetado por Deus para este fim. Como a Nuvem que “enchia o templo do Senhor” na trasladação da Arca (cf. 1Rs 8,10), o Espírito Santo habita a Santíssima Virgem em profusão. Por isso, o anjo lhe disse: “Cheia de graça, o Senhor está contigo!”. (Lc 1,28). Livre do pecado original, Ela é como um paraíso ordenado e puro, idealizado por Deus em meio a um mundo decaído. Habitação mais digna para o Senhor, Ela é o Tabernáculo em que se deu um fato único e assombroso: a Encarnação do Filho de Deus. Se queremos celebrar o Natal com sinceridade e devoção, Maria Santíssima pode nos ajudar! Que Ela nos ensine a esperar, acolher e amar seu Filho Jesus. À sua semelhança, sejamos como sacrários vivos, adornados pela graça e prontos para receber o Senhor dignamente na Comunhão. Com a sua atitude de silêncio, contemplação e obediência, nossa alma seja vigilante à espera do Menino. Purificados por uma boa Confissão, sejamos uma Belém acolhedora e limpa para Ele. Que Jesus se alegre em vir até nós na Noite Santa! Que lhe mostremos calor e afeto semelhantes aos que lhe deram sua amadíssima Mãe, São José, os Pastores e os Reis Magos.


22 | Papa Francisco | 17 de dezembro de 2020 a 12 de janeiro de 2021 |

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Em cerimônia reduzida, Papa abençoa imagens do Menino Jesus Gustavo Catania Ramos

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

No 3º Domingo do Advento, dia 13, o Papa Francisco realizou a tradicional bênção das imagens do Menino Jesus que serão colocadas nos presépios no dia de Natal. Há 50 anos, os papas abençoam as imagens da janela dos apartamentos

pontifícios do Palácio Apostólico, após o Angelus. Entretanto, este ano, devido à pandemia, a participação dos fiéis foi limitada. “Este ano, poucos de vocês estão aqui por causa da pandemia, mas sei que muitas crianças e jovens se reuniram nos oratórios e em suas casas e que nos seguem pelos meios de comunicação”, disse o Pontífice, dirigindo-se aos membros

do Centro dos Oratórios Romanos, que organizaram o evento. O Papa abençoou as imagens, inclusive aquelas das pessoas que não puderam estar presentes. Por fim, Francisco convidou os fiéis a deixarem-se “atrair pela ternura do Menino Jesus, que nasceu pobre e frágil no meio de nós, para nos dar o seu amor”. Fontes: ACI Digital e Vatican News

Mensagem de vídeo à Cúpula Mundial da Ambição Climática Por ocasião do quinto aniversário do Acordo de Paris, o Papa Francisco participou no sábado, 12, da Cúpula Mundial da Ambição Climática, evento organizado pela França, Reino Unido e a Organização das Nações Unidas (ONU), com a colaboração do Chile e da Itália. A Cúpula reuniu todos os países signatários do Acordo, que são convidados a apresentar planos e ações para enfrentar a crise climática, e ocorre antes da grande conferência da ONU sobre o clima, que será em novembro de 2021, em Glasgow, na Escócia. Em vídeo, o Papa recordou que a atual pandemia e as mudanças climáticas causam impactos sociais, éticos, econômicos e políticos que afetam, sobretudo, “a vida dos mais pobres e frágeis”. Ele pe-

diu a adoção de medidas inadiáveis para enfrentar as mudanças climáticas, como a redução de emissões líquidas e a educação para uma ecologia integral. O Pontífice comprometeu-se a reduzir a zero as emissões líquidas da Santa Sé antes de 2050, além de intensificar os esforços de gestão ambiental, que permitem o uso racional de recursos naturais como a água e a energia, a eficiência energética, a mobilidade sustentável, o reflorestamento e a economia circular, inclusive na gestão dos resíduos. Por fim, o Papa mencionou o “Pacto Educativo Global” e a “Economia de Francisco” como duas iniciativas do Vaticano para promover uma ecologia integral. (GCR)

Vatican Media

As celebrações de Natal com o Santo Padre Este ano, a programação das celebrações presididas pelo Papa por ocasião do Natal será um pouco diferente, devido à atual pandemia. A Missa do Galo, tradicionalmente celebrada à meia-noite no dia de Natal, horário local, foi antecipada para as 19h30 (15h30 no horário de Brasília). A bênção Urbi et Orbi do dia de Natal, entretanto, permanece no horário comum, ao meio-dia no horário local (8h no horário de Brasília). No dia 31 de dezembro, o Papa celebrará as primeiras Vésperas da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, e rezará o Te Deum em ação de graças pelo ano que passou, às 13h no horário de Brasília. No dia 1º de janeiro, a missa da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, ocorrerá às 6h no horário de Brasília, mesmo horário da Missa da Solenidade da Epifania do Senhor, em 6 de janeiro. A participação dos fiéis nas cerimônias será reduzida, em conformidade com as medidas de proteção para evitar a disseminação do novo coronavírus. Entretanto, todas as celebrações serão transmitidas on-line e em alguns canais de televisão. (GCR) Fonte: Vatican News

Fonte: Vatican News

Santa Sé apoia Fundo da ONU para o Desenvolvimento Agrícola O Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), da ONU, afirmou, em sessão para receber doações, que a ajuda da Santa Sé foi “sem precedentes”. O Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado da Santa Sé, justificando a doação

do Vaticano, afirmou que “não podemos, simplesmente, nos manter quietos diante de tanto sofrimento e adversidade”. “Hoje, mais do que nunca, a comunidade internacional deve somar forças para preparar e alcançar um futuro sus-

tentável, inclusivo e justo para todos”, continuou o Cardeal. O Fida é um dos maiores financiadores do desenvolvimento agrícola e rural, e atua em áreas rurais e remotas em aproximadamente 100 países. Nos últi-

mos 40 anos, o FIDA promove prosperidade, segurança alimentar e proteção contra mudanças climáticas, desastres naturais e aumentos de preço de produtos agrícolas. (GCR) Fontes: Vatican News e FIDA


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| 17 de dezembro de 2020 a 12 de janeiro de 2021 | Reportagem | 23

Por que um Ano de São José? Reprodução

Papa Francisco valoriza e difunde a devoção ao Santo que amou Jesus com o coração de pai Filipe Domingues

Especial para O São Paulo

Depois de Maria, São José é o Santo a quem os papas mais se dedicaram em seus escritos. Ao recordar os 150 anos da proclamação de São José como “Patrono da Igreja”, pelo Papa Pio IX, o Papa Francisco instituiu o “Ano de São José” e traz para o centro das reflexões e orações da Igreja o único homem que amou Jesus “com coração de pai”. O anúncio deste ano celebrativo foi feito pelo Pontífice em 8 de dezembro de 2020, Solenidade da Imaculada Conceição de Maria. A comemoração vai até a mesma data de 2021 e será feita com ampla concessão de indulgências (veja abaixo). O próprio Francisco explicou, em carta pastoral, sua motivação: “Como diz Jesus, gostaria que a boca expressasse o que transborda no coração, para compartilhar com vocês algumas reflexões pessoais sobre essa extraordinária figura, tão próxima à condição humana e a cada um de nós”, conta o Papa, grande devoto de São José. Os meses de isolamento da pandemia fizeram com que o Papa sentisse ainda mais forte a necessidade de destacar uma figura silenciosa, “um homem que passa inobservado”, mas que, na verdade, é “um intercessor, um suporte, um guia”.

‘Patris corde’ O título da carta é Patris corde (“Com coração de pai”). Ela recorda que São José é figura muito importante, especialmente nos Evangelhos escritos por São Mateus e São Lucas. Em todos, porém, Jesus é chamado de “filho de José”, o carpinteiro, o esposo de Maria, um “homem justo”. José era, literalmente, um sonhador: por meio de seus sonhos, Deus se comunicava com ele. José viu o nascimento de Jesus, levou-o ao Egito para protegê-lo da perseguição do rei Herodes, e o acompanhou durante sua infância, ensinando-lhe uma profissão. Doou-se integralmente à família, como dizia São Paulo VI, transformando o “amor doméstico no serviço” ao Filho de Deus. A teologia católica ensina que, tendo sido Jesus concebido do Espírito Santo, José é seu pai adotivo. Assumiu a “paternidade legal” e o chamou “Jesus”, como lhe havia indicado o anjo. Por meio de José, Jesus se torna descendente direto do rei Davi, conforme as escrituras. Aparentemente um santo “de segunda linha”, comenta o Papa, São José assume no relato bíblico “um protagonismo sem igual”.

Francisco explica que “José nos ensina que ter fé em Deus compreende crer que Ele pode operar por meio dos nossos medos, das nossas fragilidades, das nossas fraquezas”. Nas tempestades da vida, escreve o Papa, “não devemos temer entregar a Deus o timão do nosso barco. Às vezes, queremos controlar tudo, mas Ele sempre tem um olhar maior”.

Os sonhos de José Francisco, que difundiu na Igreja a imagem de São José dormindo – embaixo da qual deposita papeizinhos com pedidos –, também medita sobre os sonhos do Santo. No primeiro deles, José recebe do anjo o aviso de que não deve rejeitar Maria, que estava grávida antes do casamento. Ele não pretendia acusá-

Indulgências especiais Para este ano comemorativo, o Papa concede indulgência plenária a quem realizar uma destas propostas, mediante a confissão sacramental, a comunhão eucarística e a oração pelas intenções do Sumo Pontífice: meditar por 30 minutos a oração do Pai-Nosso ou fazer um retiro de um dia com uma meditação sobre São José realizar uma obra de misericórdia corporal ou espiritual, inspirado em São José recitar o Terço em família ou entre namorados dedicar diariamente seu trabalho à proteção de São José invocar com oração a intercessão de São José pelos desempregados e para que o trabalho de todos seja digno recitar ladainhas a São José ou outras orações pela Igreja perseguida e pelo alívio do sofrimento dos cristãos recitar qualquer outro ato de devoção a São José aprovado pela Igreja, no dia 19 de março, no 1° de maio, na Festa da Sagrada Família, no dia 19 de cada mês ou em todas as quartas-feiras para os que estiverem impedidos de sair por causa da pandemia, realizar um ato de devoção, comprometendo-se às três condições iniciais assim que possível

-la publicamente, mas a repudiaria em segredo. “Com obediência, ele superou o seu drama e salvou Maria”, comenta o Papa, aceitando-a sem colocar nenhuma condição prévia. Acreditou plenamente no seu Senhor. Já no segundo sonho, o anjo manda José fugir com Maria e Jesus para o Egito, pois o rei Herodes buscava assassinar o Menino, a quem temia ser uma ameaça ao seu poder. “José não hesitou em obedecer, sem fazer perguntas sobre as dificuldades que encontraria”, observa o Papa. No terceiro, o anjo avisa José sobre o momento certo de voltar a Israel. E, no quarto sonho, dá indicação de irem para a Galileia, quando foram viver em Nazaré. Assim como Maria, diz o Papa, São José acolhe com plena confiança a vontade de Deus. “Na escola de José, Jesus aprendeu a fazer a vontade do Pai”, inclusive em sua “morte de Cruz”, associa.

Patrono da Igreja Em 1870, quando o Papa Pio IX declarou São José “Patrono da Igreja”, o decreto Quemadmodum Deus (“Como Deus”) lembra que José “não só viu o Filho de Deus”, como muitos dos profetas desejaram ver, mas “conversou com Ele, abraçou-o com afeto paternal e o beijou”, permitindo a Jesus chegar ainda hoje até os fiéis, por meio da Eucaristia. “José é o verdadeiro milagre com que Deus salva o Menino e sua mãe. O céu intervém, confiando-se à coragem criativa desse homem, que, chegando a Belém e não encontrando alojamento onde Maria pudesse dar à luz, arranja um estábulo e o reorganiza, para que se torne um lugar acolhedor para o Filho de Deus que vem ao mundo”, reflete o Santo Padre. “A fé que nos ensinou Cristo é a fé que vemos em São José”, afirma o Papa Francisco. O Papa Bento XV recomendou a dedicação de exercícios espirituais voltados a São José, em 1920. O Papa Pio XII o apresentou como “padroeiro dos trabalhadores”, algo já marcado pelo Papa Leão XIII. E São João Paulo II, como “Guardião do Redentor”. Como recorda o Papa Francisco, a devoção popular aclama José, ainda, como “padroeiro da boa morte”. “Deus confia neste homem”, afirma Francisco, e quer que nos dirijamos a ele, pois “a Igreja é a extensão do Corpo de Cristo na história”. José acompanha a Igreja com o mesmo estilo protetor, assim como a maternidade de Maria se reflete na Igreja ainda hoje. “A lógica de José não é a lógica do sacrifício de si, mas do dom de si”, diz o Pontífice. “Jesus e Maria, sua Mãe, são os tesouros mais preciosos de nossa fé”, graças ao Santo que amou Jesus como pai, São José, ensina o Papa.


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Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

24 | Geral | 17 de dezembro de 2020 a 12 de janeiro de 2021 |

www.osaopaulo.org.br Diariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. Veja a seguir algumas das mais recentes publicações:

Papa: o momento é crucial, a resposta é a solidariedade https://cutt.ly/NhJFRBx Bispos filipinos exortam os jovens a manter-se fortes e corajosos diante das dificuldades https://cutt.ly/jhJFYWz ‘Eu me proponho a servir da melhor forma e colocar minha vida a serviço do povo de Deus nesta Igreja’, afirma Frei Carlos Silva

Museu de Arte Sacra

Frei Carlos Silva é nomeado Bispo Auxiliar de São Paulo Fernando Geronazzo

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O Papa Francisco nomeou na quarta-feira, 16, o Frei Carlos Silva como Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo. Atualmente, o Religioso é Conselheiro Geral da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, em Roma, na Itália. O comunicado da nomeação do novo Bispo Auxiliar foi feito pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo. “Agradeço ao Papa Francisco por enviar o Reverendíssimo Frei Carlos Silva para nos auxiliar no serviço à Igreja nesta querida Arquidiocese. E me alegro com o Frei Carlos Silva pelo seu chamado a exercer o ministério episcopal em São Paulo. Seja bem-vindo entre nós!”, manifestou Dom Odilo. Acesse a íntegra do comunicado em: https://tinyurl.com/y8xwp5f3.

Biografia Frei Carlos nasceu em 5 de dezembro de 1962, em Andradina (SP), filho de José Silva e Maria Moura Silva. Em janeiro de 1984, iniciou sua formação religiosa no Seminário Seráfico São Fidélis, em Piracicaba (SP), onde realizou a etapa do postulantado e dos estudos de Filosofia (1984 a 1986). Também em Piracicaba, no Convento Sagrado Coração de Jesus, fez o noviciado (1987) e emitiu seus primeiros votos no dia 10 de janeiro de 1988. Realizou os estudos de Teologia na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (SP) e, em 12 de outubro de 1991, emitiu os votos perpétuos na Comunidade Nossa Senhora Aparecida da Paróquia São Francisco, no Jardim Nova Veneza, Sumaré (SP). No dia 1º de agosto de 1992, foi ordenado sacerdote na cidade de Birigui (SP). Ofícios O Religioso foi Vigário Paroquial

na Paróquia São Francisco de Assis, em Sumaré, e assistente da Fraternidade Missionária do Homem do Campo, em Mirandópolis (SP). Em 1995, realizou estudos de espiritualidade franciscana em Petrópolis (RJ). Em 1996, assumiu a coordenação da Pastoral Vocacional e Missionária da província dos Capuchinhos de São Paulo, em Piracicaba, sendo também Guardião do Seminário Seráfico São Fidélis. De fevereiro de 2004 a outubro de 2013, foi missionário no norte do México, onde exerceu as funções de Vigário Paroquial, Promotor Vocacional, Mestre dos noviços e pós-noviços, Guardião do Convento São Pio de Pietrelcina, em Monterrey, estado de Nuevo León, e Pároco da Paróquia Santíssima Trindade, em Benito Juárez, no mesmo estado. De volta ao Brasil, Frei Carlos foi Ministro Provincial em São Paulo por dois mandatos (2013 a 2018) e Presidente da Conferência dos Capuchinhos do Brasil (CCB). Em setembro de 2018, foi eleito Conselheiro Geral da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos.

‘Como um irmão’ Ao saudar Dom Odilo e toda a Arquidiocese de São Paulo, Frei Carlos afirmou que se apresenta “como um irmão que vem para somar à grande messe do Senhor”. Em entrevista ao O SÃO PAULO, o Bispo eleito afirmou que acolhe a missão confiada pelo Papa Francisco com alegria e consciência da responsabilidade do ministério episcopal. “Acolho com muita humildade, porque sei que não sou o melhor, mas, se Deus me chamou, se o Papa me escolheu, eu aceito e me proponho a servir da melhor forma e colocar minha vida a serviço do povo de Deus nesta Igreja”, destacou.

Na cidade Frei Carlos recordou que exerceu seu ministério em São Paulo por cinco anos, tendo a oportunidade de conhecer a realidade e os desafios da metrópole. “O primeiro dos desafios sociais, a discrepância de realidades tão diversas, multiculturais, é uma cidade que acolhe tantas realidades diferentes, e isso traz desafios pastorais enormes. A Arquidiocese está realizando um sínodo, justamente para buscar caminhos no sentido de responder, como Igreja, a cada uma dessas realidades”, acrescentou o Capuchinho. O Bispo eleito também se lembrou da experiência de mais de dez anos de missão no México: “É uma região onde o narcotráfico provoca muita morte e violência. Tive a oportunidade de trabalhar com os mais pobres, com comunidades indígenas e ser ali um sinal de esperança. Essa é a palavra que me motivou nesse tempo que estive nessa missão de forma particular.” Graça de Deus Sobre o ministério episcopal, Frei Carlos disse que confia em Deus, que lhe dará sua graça para poder realizar essa missão segundo a sua vontade. “Tenho a oportunidade de ser Bispo Auxiliar e ter outros bispos irmãos na Arquidiocese e um Arcebispo com o qual vamos colaborar, trabalhar juntos e aprender a desempenhar esse ministério. Vamos fazer isso de forma colegiada e sinodal, como caminha a nossa Arquidiocese. Sinto-me confiante e esperançoso, e espero responder a esse chamado que Deus me faz, por meio do Papa Francisco, da melhor maneira possível”, completou. A ordenação episcopal de Frei Carlos Silva será no dia 13 de fevereiro de 2021, às 16h, na Catedral da Sé. (Colaborou: Flavio Rogério Lopes)

Museu de Arte Sacra de São Paulo realiza exposições de presépios https://cutt.ly/ihJFPvN Câmara aprova repasses dos recursos do Fundeb para escolas comunitárias, confessionais e filantrópicas https://cutt.ly/0hJFF9m Dom Paulo Cezar Costa toma posse como Arcebispo de Brasília (DF) https://cutt.ly/yhJFVOk Santuário São Francisco

Santuário São Francisco promove 31ª Exposição Franciscana de Presépios https://cutt.ly/OhJFZl7


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