O São Paulo - 3331

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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ano 66 | Edição 3331 | 28 de janeiro a 2 de fevereiro de 2021

Editorial Em seu pontificado, Francisco exorta à centralidade da relação pessoal com Deus

Página 4

Encontro com o Pastor

www.osaopaulo.org.br | R$ 2,00

São Paulo Apóstolo inspira a missionariedade na metrópole Luciney Martins/O SÃO PAULO

‘São Paulo nasceu para ser uma cidade boa para todos’ Página 2

Espiritualidade ‘O Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho’ Página 5

Liturgia e Vida Jesus Cristo ensinava como quem tem autoridade, pois falava em nome do Pai Página 15

Comportamento Com cuidados necessários, voltemos a frequentar as igrejas para a Santa Missa Página 7

Padre José Weber: ‘A música sacra deve estar ligada à ação litúrgica’ Ao O SÃO PAULO, o músico e compositor, de 88 anos, fala sobre sua experiência e contribuição para a música sacra e como a Igreja deu passos significativos para o resgate do verdadeiro sentido da música nas celebrações. Página 11

Cardeal Scherer preside missa da Solenidade da Conversão de São Paulo Apóstolo, dia 25, na Catedral da Sé

Brasil define prioridades de vacinação contra a COVID-19

Caritas Arquidiocesana intensifica atendimentos a refugiados na pandemia Página 16 Celam

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Celam inicia itinerário para Assembleia Eclesial em novembro

A Conversão de São Paulo Apóstolo foi comemorada com uma missa solene presidida pelo Cardeal Odilo Pedro S c h e re r, A rc e b i s p o Metropolitano, na segunda-feira, dia 25, na Catedral da Sé, no c e n t ro d a cidade. A celebração também marcou o 467º aniversário de fundação da capital paulista. “Olhamos para o Apóstolo São Paulo e invocamos sua proteção e ajuda sobre esta cidade que traz o seu nome e lhe é devotada”, afirmou Dom Odilo Scherer, na homilia, recordando que a cidade nasceu do propósito evangelizador dos missionários jesuítas, o qual deve ser continuado por todos aqueles que, assim como o Apóstolo, perguntam: “O que devemos fazer, Senhor?” Página 3

Em mensagem, Papa convida comunicadores a ver as realidades humanas de perto Página 14

Os impactos da pandemia do coronavírus sobre a saúde mental e emocional Janeiro Branco

O Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) apresentou no domingo, 24, o caminho sinodal da Assembleia Eclesial que acontecerá de 21 a 28 de novembro na Cidade do México, com o tema “Somos todos discípulos missionários em saída”. Em mensagem à Igreja na América Latina, o Papa Francisco definiu a iniciativa como “um encontro do povo de Deus”. A Assembleia retomará reflexões feitas na Conferência de Aparecida, do ano de 2007.

No ‘Janeiro Branco’, especialistas falam de ações individuais, corporativas e governamentais diante do problema.

Página 15

Páginas 8 e 9


2 | Encontro com o Pastor | 28 de janeiro a 2 de fevereiro de 2021 |

cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

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omemoramos, no dia 25 de janeiro passado, o 467º aniversário da fundação de São Paulo. Em virtude da pandemia de COVID-19, a cidade não teve festa nem as costumeiras comemorações, com espetáculos, presença de multidões e todo tipo de iniciativas culturais. São bem compreensíveis as restrições impostas pelas autoridades que nos governam, a fim de evitar o contágio pelo coronavírus. Mesmo assim, isso não nos impediu de rezar pelo povo de São Paulo, pelas autoridades que têm uma enorme responsabilidade para prover o bem de tão grande população, por tantos doentes, pobres e aflitos, que, em boa parte, se tornaram invisíveis, até mesmo por causa das restrições aos deslocamentos, visitas e encontros. Além de rezar, também refletimos e “projetamos” uma cidade melhor, ao menos no pensamento... Ainda bem que pensar e rezar não traz riscos de contágio pela COVID-19. Meu pensamento se voltou para o

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Um projeto para São Paulo Pateo do Collegio, onde se conserva a memória do berço de nossa metrópole. Foi lá que tudo começou, numa missão dos Jesuítas, que celebraram, em 25 de janeiro de 1554, a missa de inauguração da pequena escola para os indígenas, no centro do núcleo inicial da missão “São Paulo Apóstolo”. Era o método de evangelização dos Jesuítas, fundado pouco tempo antes por Santo Inácio de Loyola e seus companheiros. No centro, havia a capelinha, a escola, a casa dos missionários e outros espaços públicos. Ao redor, iam sendo agrupados os lugares de trabalho e as habitações. Falamos sempre de São José de Anchieta como “fundador” de São Paulo. Talvez também citamos o Padre Manuel da Nóbrega. É preciso, no entanto, sermos justos: Anchieta estava no grupo, porém ainda nem era padre, e quem celebrou a primeira missa foi o Padre Manuel de Paiva. Ao todo, os missionários eram 13, e todos eles podem ser considerados “fundadores de São Paulo”. Foram eles: Padre Manuel da Nóbrega, Padre Manuel de Paiva, Padre Leonardo Nunes, Padre Vicente Rodrigues, Irmão José de Anchieta, Irmão Mateus Nogueira, Irmão Diogo Jacome, Irmão Manuel de Chaves, Irmão Pero Correia, Irmão João de Sousa, Irmão Leonar-

do do Vale, Irmão Gregório Serrão e Irmão Antônio Rodrigues. A eles se somaram também os chefes indígenas, entre os quais Tibiriçá, que acolheram os missionários e os ajudaram a constituir o núcleo inicial da povoação. Anchieta e Nóbrega foram os que, depois, se destacaram como maiores lideranças na missão. Nossa reflexão “em tempos de pandemia”, na festa da cidade de São Paulo, não tem a mera pretensão de reconstituir crônicas da história, mas refletir sobre os propósitos e projetos dos fundadores de São Paulo. Eram sacerdotes e religiosos, impulsionados pelo desejo de levar o conhecimento de Jesus Cristo e dos bens da vida cristã aos povos indígenas. Seu ideal missionário era, nas palavras de São Paulo, animado pelo desejo de “ganhar para Cristo” o maior número possível de irmãos (cf. 1Cor 9,19), anunciando-lhes o Evangelho e os caminhos da vida sobrenatural e da virtude. Sem esquecer, porém, as necessidades e situações humanas das pessoas que evangelizavam: saúde, alimentação, moradia, educação, cultivo da terra, pacificação, promoção do respeito e da dignidade no convívio. A preocupação com a saúde das pessoas era uma das prioridades, e os missionários não poupavam esforços no cuidado dos doentes, proporcio-

nando-lhes não apenas os “remédios da alma”, mas, também, a medicina para o corpo. Podemos afirmar, sem medo de errar, que o plano inicial da cidade de São Paulo foi inspirado nos valores do Evangelho do Reino de Deus, que é justiça, paz, alegria e vida para todos. Nesse projeto, havia lugar para todos e ninguém devia ser esquecido ou excluído. Todos deviam respeitar uns aos outros e viver fraternalmente. De modo simbólico e significativo, a capela e a escola ficavam no meio da aldeia, como centros de referência para todos. Na igreja, aprendia-se a lei de Deus e a sabedoria do Evangelho. Na escola, aprendia-se a sabedoria humana para a convivência e o relacionamento comum. Sem dúvida, esse ideal não era perfeito nem isento de falhas. No entanto, ele oferecia valores e referências seguras para a vida comum. Voltando-nos para nossa metrópole atual, podemos nos perguntar: será que esses ideais de vida comum ainda contam? Não fazem falta? Seria oportuno refletir novamente sobre as bases da vida comum, para assegurar a todos um ambiente de acolhida, respeito e dignidade. São Paulo nasceu para ser uma cidade boa para todos.

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa e online em www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator-chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Padre Bruno Muta Vivas e Fernando Geronazzo • Auxiliar de Redação: Flavio Rogério Lopes • Revisão: Padre José Ferreira Filho e Sueli Dal Belo • Opinião e Fé e Cidadania: Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP • Fotografia: Luciney Martins • Administração e Assinaturas: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Jenniffer Silva • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação: Rua Manuel de Arzão, 85 - Vila Albertina - 02730-030 • São Paulo - SP - Brasil • Fone: (11) 3932-3739 - ramal 222• Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 2,00 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


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| 28 de janeiro a 2 de fevereiro de 2021 | Geral/Atos da Cúria | 3

‘Invocamos a proteção de São Paulo sobre a nossa cidade’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

Uma missa na Catedral da Sé, na segunda-feira, 25, marcou a Solenidade da Conversão de São Paulo Apóstolo e o 467º aniversário de fundação da capital paulista. A celebração foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, e concelebrada por diversos bispos e sacerdotes. A missa contou com a participação de autoridades civis e militares, além da presença de representantes de outras comunidades cristãs e tradições religiosas. Dom Odilo iniciou a homilia recordando todas as pessoas doentes, idosas e impossibilitadas de sair de casa, especialmente as atingidas pelos impactos da pandemia. Também rezou por todos aqueles que têm cargos de responsabilidade na cidade e as autoridades, para que desempenhem a sua missão em favor do povo, sobretudo de quem mais precisa.

A conversão O Cardeal Scherer ressaltou que essa solenidade recorda um momento importante do início do Cristianismo, quando Saulo de Tarso, fariseu zeloso, implacável perseguidor da nascente comunidade cristã, foi surpreendido por uma luz tão forte que o deixou cego e, dessa luz, ouviu-se a voz do próprio Cristo, no caminho para Damasco, onde se dirigia para capturar alguns dos seguidores de Jesus. O texto bíblico narra, ainda, que Saulo, então, indagou a Cristo: “O que devo fazer, Senhor?”. “Imediatamente, aquela luz entrou na sua consciência e o tocou. Começa, então, a história da conversão, da mudança de vida de Saulo para Paulo, que dá os passos do aprendizado na lei do Evangelho, no ensino cristão, e passa a ser o grande apóstolo missionário de Jesus Cristo”, destacou o Arcebispo, acrescentando que, de perseguidor, Paulo se tornou o maior missionário do Evangelho, que levou o testemunho de Jesus ao maior número de povos, dilatando as fronteiras da pregação da Boa-Nova de Cristo.

Membros do clero arquidiocesano concelebram missa presidida pelo Cardeal Scherer, na Solenidade da Conversão de São Paulo, na segunda-feira, 25

esta cidade que traz o seu nome e lhe é devotada. Sobretudo, invocamos sua ajuda e proteção pelos muitos doentes, os pobres, as pessoas que sofrem. Olhamos para o apóstolo e dele aprendemos a nos perguntar diante de todas essas situações: ‘Senhor, o que devemos fazer?’”, continuou o Cardeal. Dom Odilo enfatizou que, ao olhar para a cidade de São Paulo com seus inúmeros desafios, em especial a atual pandemia, o desemprego, a pobreza, cada um deve fazer a pergunta que o apóstolo fez a Cristo. O Arcebispo recordou que a capital paulista nasceu do propósito de levar o Evangelho aos povos que habitavam nessa região, no projeto missionário dos Jesuítas, que tinha à frente o Padre Manuel da Nóbrega e do grupo desses missionários, dentre os quais o jovem São José de Anchieta. “Passados 467 anos, somos postos diante da mesma pergunta, nes-

ta imensa metrópole tão plural, com tantas manifestações e interesses diversos: o que somos chamados a fazer para que esse projeto inicial que era bom e continua válido também hoje marque a vida desta cidade?”, refletiu o Arcebispo.

Testemunho de generosidade Por fim, Dom Odilo salientou que, geralmente, os paulistanos são mais levados a olhar para os problemas e desafios da cidade, mas se esquecem das potencialidades, como a capacidade de generosidade e altruísmo de seu povo, como foi visto nas muitas manifestações de solidariedade ao longo da pandemia no último ano. Essa generosidade também foi expressa na coleta da missa, que foi revertida para o estado do Amazonas, que enfrenta uma situação crítica com o aumento de casos de COVID-19 e o colapso do sistema de saúde.

Agradecimento No início da celebração, Ricardo Nunes, prefeito em exercício de São Paulo, fez uma breve saudação em nome da cidade, ressaltando que, embora todo aniversário seja motivo de comemoração, não é possível deixar de recordar que essa data é comemorada em um contexto diferente, marcado pela pandemia do novo coronavírus, que tirou a vida de milhares de paulistanos. Nunes destacou que a conversão de São Paulo inspira a população a uma conversão para cuidarem uns dos outros. Ele recordou, de maneira especial, os muitos profissionais da saúde, assistência, educação, entre outras áreas, que atuam no enfrentamento da pandemia. “Em nome do prefeito Bruno Covas, da cidade de São Paulo, no nosso aniversário de 467 anos, nosso cumprimento a todas as pessoas que estão ajudando nesta luta contra a COVID-19. Parabéns ao nosso povo”, afirmou o prefeito em exercício, renovando o agradecimento à Igreja pelo apoio dado.

Reprodução da internet

Bruno Mello

Live dominical – No programa “Diálogos de Fé”, transmitido pela rádio 9 de Julho e pelas mídias digitais, no dia 24, o Cardeal Odilo Pedro Scherer destacou a celebração do Domingo da Palavra de Deus, a Solenidade da Conversão de São Paulo e os 467 anos da capital paulista. O Arcebispo novamente manifestou satisfação pelo início da vacinação contra a COVID-19 no Brasil, e renovou a recomendação para que sejam mantidos os cuidados preventivos para evitar o contágio. Para assistir, acesse: https://tinyurl.com/y56stnlk.

Missas matinais – Após uma breve pausa nas primeiras semanas de janeiro, as missas diárias presididas pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer voltaram a ser transmitidas pela rádio 9 de Julho e pelas mídias digitais da Arquidiocese, às 7h. Desde março de 2020, quando iniciaram as medidas de isolamento social para conter o avanço da pandemia, a Eucaristia celebrada na residência arquiepiscopal é acompanhada por internautas e ouvintes de São Paulo e de outras partes do Brasil e do mundo.

Protetor da cidade “Olhamos para o apóstolo Paulo e invocamos sua proteção e ajuda sobre

Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO: Em 15/01/2021, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia São Miguel Arcanjo, no bairro Jardim da Conquista, na Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Rodrigo Aparecido Domingues, MSC, pelo período de 06 (seis) anos.


4 | Ponto de Vista | 28 de janeiro a 2 de fevereiro de 2021 |

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Editorial

A mensagem de Francisco

O

Papa é o sucessor de Pedro, a quem Cristo disse: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. As portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18). É reconfortante saber que, seja quem estiver na terra à frente da Igreja, Deus sempre o protege e o confirma na fé. Como católicos, devemos pedir a Deus que renove a nossa fé nesse mistério – maravilhoso mistério – do Papado. E uma manifestação dessa fé é procurar compreender bem o que cada Papa, em sua respectiva época, nos ensina e orienta. Não é uma tarefa fácil. Às vezes, temos contato com palavras do Papa que foram extraídas do contexto ou mesmo distorcidas. Em outras vezes, somos nós mesmos que temos dificuldades de entendê-las. Nem sempre o nosso coração é terra fértil, apta a produzir os muitos frutos que Deus espera. Na tarefa de discernir o que o Papa Francisco nos tem dito ao longo dos quase oito anos de pontificado, podem

nos ajudar umas palavras do biógrafo papal, Austen Ivereigh, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. No fim do ano passado, Francisco e Austen Ivereigh publicaram juntos o livro “Vamos sonhar juntos: O caminho para um futuro melhor”. Questionado sobre a pandemia e o atual pontificado, Austen Ivereigh respondeu: “A Igreja mudou durante a crise, que acelerou o que já era claro: que a fé já não se transmite pela lei, pela cultura, pela instituição e pela família, mas pelo testemunho e pela experiência. Entender essa mudança é a chave do pontificado de Francisco”. Qual é exatamente essa mudança, que Austen Ivereigh qualifica nada mais nada menos que a chave do atual pontificado? Francisco quer resgatar a centralidade da relação pessoal com Deus frente ao que se poderia chamar, de uma forma ampla, de institucional: lei, cultura, família, instituições. Não que isso seja agora desimportante, mas sua relevância está precisamente em favorecer o testemunho vivo e a experiência pessoal com Cristo Ressuscitado.

Francisco quer evitar o perigo de transformar a vida cristã numa espécie de batalha por determinadas estruturas humanas, mas que acaba por relegar o principal – que é a relação pessoal com Deus. Presente em todos os ensinamentos de Francisco, essa proposta é muito clara, por exemplo, na recente carta apostólica Patris corde, sobre São José. A promoção de leis justas faz parte de uma cidadania responsável, e é preciso estimular que muitas pessoas de boa vontade, católicas ou não, participem ativamente do debate público. No entanto, cada coisa deve estar em seu âmbito. A fé não é assegurada por uma lei boa, assim como uma lei má é por si só incapaz de destruir a fé. Outro exemplo: ciente da importância de formar bem a juventude, a Igreja promoveu, ao longo dos séculos, muitas escolas católicas. Trata-se de um trabalho louvável, que produziu e continua a produzir muitos frutos para a Igreja, para as famílias, para toda a sociedade. O esforço por manter as escolas católicas continua sendo neces-

sário. Não podemos nos iludir, porém, achando que a promoção dessas instituições resolverá por si só a tarefa de preservar e transmitir a fé. Francisco quer destacar o que é verdadeiramente essencial no Cristianismo. Por mais vistosas que sejam e despertem especiais saudades em alguns, não são as estruturas humanas que asseguram a fé. Não se deve atribuir um caráter de fim ao que é meio. Não se deve tornar absoluto o que é uma solução histórica. A fé deve informar a família, a cultura, as leis e as instituições. Para isso, porém, ela precisa ser antes, de fato, fé vivida e praticada – e não mera cultura, costume ou ideologia. A proposta de Francisco não significa nenhuma ruptura. A Igreja é una, rezamos no Credo. Essa plena continuidade entre os sucessores de Pedro pode ser constatada lendo-se a primeira encíclica de Bento XVI (Deus caritas est), na qual se diz que, no início da vida cristã “não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte”.

Opinião

A oração dos desesperados

Arte: Sergio Ricciuto Conte

ANA LYDIA SAWAYA Nos momentos mais difíceis da vida, muitas vezes não sabemos o que pedir nem como rezar. Não são exatamente nestes momentos, porém, que mais precisamos fazê-lo e temos necessidade de ajuda? Há uma oração muito especial e fortíssima para essas circunstâncias. Escrita para ser dirigida a quem a Tradição da Igreja reconhece, por experiência própria, ser a pessoa ideal para nos ajudar nessas horas difíceis, Maria. Ela, como ninguém, ajuda a quem a ela recorre, conduzindo ao bom porto todos os viajantes perdidos em meio às tempestades da vida. Por isso, Maria foi chamada de Estrela do Mar. Quem experimentou sabe que é verdade e, por isso, pode dar testemunho que ela sempre nos responde. É Maria quem melhor nos conduz a Cristo. Essa oração, chamada Respice stellam, voca Mariam (Olha para a estrela, invoca Maria), foi escrita por São Bernardo de Claraval (1090-1153), monge francês e Padre da Igreja. Diz assim:

Quem quer que você seja, que se dá conta que neste tempo estamos vivendo como náufragos perdidos no meio de tempestades e ondas, em vez de caminhar em terra firme, não tire os olhos dessa estrela, se não quiser ser varrido pelas tempestades. Se surgirem os ventos das tentações, se você despencar nos

penhascos das tribulações, olha para a estrela, invoca Maria. Se for derrotado pelas ondas do orgulho e da ambição, da difamação, da rivalidade amarga, olha para a estrela, invoca Maria. Se a raiva ou a mesquinhez, ou o desejo desenfreado despedaçarem o navio da sua mente, olha para a estrela, invoca

Maria. Se estiver preocupado com a magnitude de seus pecados, confuso com a consciência de seu grande erro, apavorado com o terror do julgamento divino e começar a ser engolido pelo abismo da tristeza e cair no fosso do desespero, pensa em Maria. Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria. Seguindo-a, você não se perde. Ao rezar a ela, você não se desespera. Pensando nela, você não erra. Se ela o(a) segurar, você não cairá. Se ela o(a) proteger, você não terá medo. Se ela o(a) guiar, você não se esgotará. Se ela lhe for favorável, você alcançará a meta. Esta é a experiência do povo de Deus ao longo dos dois milênios de Cristianismo, a demonstrar que Maria é um porto seguro, a estrela do mar ou estrela-guia dos momentos mais difíceis da vida. Recorramos a ela para que nos ajude. Nessa oração há um segredo: você só o compreende se a rezar muitas vezes. Ana Lydia Sawaya é professora da Unifesp, fez doutorado em Nutrição na Universidade de Cambridge. Foi pesquisadora visitante do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e é conselheira do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.


| 28 de janeiro a 2 de fevereiro de 2021 | Regiões Episcopais/Fé e Vida | 5

brasilândia

Em Perus, paróquia organiza atividades para o Ano de São José Padre Cilto José Rosembach

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Por ocasião dos 150 anos do aniversário de declaração de São José como padroeiro universal da Igreja, o Papa Francisco, por meio da carta apostólica Patris corde, publicada em dezembro de 2020, instituiu um ano especial dedicado ao Santo, que será concluído em 8 de dezembro de 2021. Em sintonia com a carta apostólica, a Paróquia São José, em Perus, irá vivenciar este tempo de graça, espiritualidade e devoção a seu padroeiro. Por isso, organizou a peregrinação de São José para acudir as pessoas abatidas; infundir esperança nas desanimadas; consolar as feridas por tantos sofrimentos e perdas; e, também, para fortalecer a devoção, a espiritualidade ao padroeiro e a fé. No contexto da atual pandemia de COVID-19, trata-se, ainda, de um chamado para que os fiéis redescubram a grandeza da devoção ao Santo e com ele aprendam a trilhar os caminhos do Evangelho e fortalecer a esperança e o compromisso eclesial.

A equipe de liturgia já elaborou um subsídio, com base na carta apostólica Patris corde, com indicativos de subtemas que poderão ser refletidos nas comunidades e grupos durante os encontros de oração, entre os quais “Pai amado”, “Pai na ternura”, “Pai na obediência”, “Pai no acolhimento”, “Pai com coragem criativa”, “Pai trabalhador”, “Pai com ações discretas”, “São José, o homem do silêncio e da oração”, “São José e sua missão na Sagrada Família”, além de reflexões, orações e o hino a São José. Um paroquiano construiu uma capelinha para a imagem de São José, que peregrinará pelas comunidades, permanecendo um mês em cada uma delas, conforme um calendário previamente elaborado. No dia 19 de cada mês, sempre às 20h, haverá uma missa votiva a São José em nível paroquial. Nessas celebrações, a comunidade que estiver com a imagem do padroeiro irá partilhar a experiência de oração devocional vivenciada e passará a imagem para a comunidade seguinte.

Pascom da Paróquia São José

Imagem de São José na igreja matriz

No dia 19 deste mês, houve o início das atividades do Ano de São José, com uma missa na qual os fiéis apresentaram símbolos que representam as comunidades que compõem a Paróquia. Fernando Fernandes

[SANTANA] No domingo, 24, Dom Jorge Pierozan presidiu a missa de início da novena da padroeira da Paróquia Nossa Senhora da Candelária, Setor Vila Maria. Concelebraram os Padres Octaviano Pinto da Silva, Marcelo Alves dos Reis, Rodrigo Lopes e Ronaldo Rodolpho, todos da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, com a participação do Diácono Permanente Marcelo dos Reis. (por Fernando Fernandes)

[LAPA] Por meio das redes sociais, Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, fez uma reflexão sobre o “Domingo da Palavra de Deus”, celebrado no 3° Domingo do Tempo Comum. Ele ressaltou que os fiéis devem celebrar, meditar e divulgar todos os dias a Palavra de Deus, com a finalidade de que tenham mais familiaridade com ela. A íntegra da mensagem pode ser vista no link a seguir: https://cutt.ly/Gj7fgfu. (por Benigno Naveira) [LAPA] Após permanecer por mais de um mês na UTI, o Padre Júlio César de Mello Almo, Diretor-Geral da Sociedade Joseleitos de Cristo (SJC), teve melhora em suas condições de saúde e foi transferido para o quarto. A Região Lapa continua a pedir aos fiéis orações pela recuperação do Sacerdote, que já foi Pároco na Paróquia Nossa Senhora do Líbano. (por Benigno Naveira)

[LAPA] Em 4 de fevereiro, às 20h, o Padre Geraldo R. Pereira, Pároco da Paróquia Santa Domitila, no Setor Pirituba, será o assessor da noite de formação da Semana Catequética Arquidiocesana On-line. Ele refletirá sobre o tema “Espiritualidade do catequista, vida pessoal, familiar e comunitária”. A semana ocorrerá entre os dias 1º e 5. Outros detalhes podem ser consultados no portal da Arquidiocese: http://arquisp.org.br. (por Benigno Naveira)

[SANTANA] Dom Jorge Pierozan presidiu missa na Paróquia Santa Inês, Setor Pastoral Mandaqui, no dia 21, por ocasião da memória litúrgica da padroeira. Concelebraram os Padres Candido da Costa, Pároco, e Edival Alves, Vigário Paroquial. (por Silvano J. Sousa)

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Nossa Senhora da Assunção e São Paulo Pessoal Nipo-Brasileira de São Gonçalo Praça João Mendes 108, Tels. 3106-8110 e 3106-8119

Espiritualidade O Reino de Deus está próximo Dom Eduardo Vieira dos Santos

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BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA REGIÃO SÉ

texto do Evangelho do 3º Domingo do Tempo Comum tem como tema central a conversão. Logo depois que João Batista foi preso, Jesus deu início à sua missão de anunciar a chegada do Reino de Deus entre nós com um forte apelo de mudança de vida: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Ao declarar próximo o Reino de Deus, Jesus chama a atenção para a urgência de sua acolhida, pois não existe

mais razão para perder tempo, ou seja, não há mais tempo a perder, faz-se necessário iniciar, urgentemente, um processo de conversão, de mudanças de comportamento e de vida. O convite feito aos discípulos nos indica que Jesus conta com cada um para expandir o domínio do seu Reino de amor, de paz e de perdão: “E, passando à beira do mar da Galileia, Jesus viu Simão e André, seu irmão, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. Jesus lhes disse: ‘Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens’”. (...) “Caminhando mais um pouco, viu também Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estavam na barca, consertando as redes; e logo os chamou” (Mc 1,16-17.19). No chamado para segui-lo, Jesus nos pede que creiamos no seu Evangelho, sinal de conversão: “Convertei-vos e crede no Evangelho”. Crer no Evangelho e na pessoa de Jesus é necessário para crescer e perseverar numa mudança de vida tão radical que nos faz passar do egoísmo à

comunhão e à solidariedade, do preconceito à acolhida, da injustiça à prática do amor. Neste tempo de pandemia do novo coronavírus, vimos como temos necessidade de verdadeiras conversões, como se faz necessária a disposição de mudar de vida, de comportamento, de hábitos que não nos permitem viver plenamente. Vimos neste tempo de isolamento que a vida comunitária nos faz falta, que um simples abraço nos salva da solidão, que a presença de pessoas ao nosso redor nos alegra e nos faz sentir confiantes, que necessitamos o tempo todo uns dos outros, pois ninguém pode viver isolado neste mundo. Seguir Jesus como os discípulos aceitaram seguir significa se deixar guiar por Ele e por suas palavras, ouvi-lo. Converter é isto: é acreditar no Evangelho, condição exigida para a construção de um mundo novo, sem exclusão, sem preconceitos, sem injustiças e sem morte. Como cristãos batizados, somos interpelados todos

os dias a nos abrir ao apelo que Jesus nos faz de uma verdadeira conversão que brota da fé na sua Palavra. Não há outro caminho que conduza a uma verdadeira liberdade, a uma vida plena de sentido, a uma verdadeira realização humana que não a Palavra de Jesus, o acolhimento da sua pessoa e do seu projeto de amor para toda a humanidade. Os primeiros discípulos que abandonaram tudo para seguir Jesus fizeram essa descoberta, foram capazes de renunciar aos seus projetos pessoais para se formar na escola de Jesus, inteiramente voltada para o alto, para onde está a única razão de viver de toda pessoa humana, Deus. Que neste tempo de pandemia, tenhamos também nós a coragem de nos deixar encontrar com Jesus no seu Evangelho, na Eucaristia, na pessoa dos irmãos, sobretudo daqueles que sofrem, para que mais facilmente possamos iniciar um processo de verdadeira conversão e seguir Jesus.


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Paróquia São João Batista completa 81 anos de fundação Benigno Naveira

Benigno Naveira

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

Na segunda-feira, 25, na Festa da Conversão de São Paulo Apóstolo e aniversário de 467 anos da cidade de São Paulo, os fiéis da Paróquia São João Batista, na Vila Ipojuca, Setor Pastoral Lapa, também celebraram os 81 anos de criação da Paróquia. A missa em ação de graças foi presidida pelo Padre Fabiano de Souza Pereira, Pároco. Na homilia, o Sacerdote refletiu sobre o Evangelho do dia (Mc 16,15-18) e destacou que Jesus deu aos seus apóstolos uma missão: “Vão pelo mundo todo, proclamem o Evangelho a toda criatura”. Padre Fabiano recordou, também, que Saulo, antes perseguidor da Igreja, se converte ao experimentar a verdade de Cristo, passa a se chamar Paulo e se torna missionário entusiasta da causa abraçada. O Sacerdote afirmou, ainda, que sempre é tempo de formar com São Paulo Apóstolo uma Igreja de convertidos. Em conversa com a Pastoral da Comunicação (Pascom) da Região Lapa, Padre Fabiano falou de sua alegria e contentamento neste dois anos em que está à frente da Paróquia. Há mais tempo

Padre Fabiano de Souza celebra o aniversário de 81 anos da Paróquia

São Paulo Apóstolo é festejado na Paróquia Santo Inácio de Loiola Ken Shu

pelo Padre Claudiano Avelino dos Santos, SSP, Superior Provincial dos Paulinos, e concelebrada pelo Por ocasião da Festa da ConPároco, Padre Mário Pizetta, SSP. versão do Apóstolo São Paulo, a Na homilia, Padre Claudiano aprofundou os aspectos da narrativa da Paróquia Santo Inácio de Loiola, Conversão de São Paulo descritos Setor Pastoral Paraíso, festejou o pelo próprio Apóstolo. O SacerPadroeiro da Arquidiocese com dote destacou que em cada missa um tríduo preparatório, entre os deveria acontecer “uma pequena dias 22 e 24, e missa solene na segunda-feira, 25. conversão” de cada pessoa. No final de sua homilia, ele informou A missa de abertura do tríduo foi presidida pelo Padre Padres Nilo Luza e Mário Pizetta na abertura do tríduo a todos que o Cardeal Scherer, Arcebispo Metropolitano, acolheu o Nilo Luza, SSP. Na homilia, ele refletiu sobre o apóstolo Paulo e a Igrepedido dos Padres Paulinos para que São Conselho Provincial dos Paulinos. Na ja. No sábado, 23, o Padre Manoel da Paulo Apóstolo também seja Padroeiro da homilia, ele ressaltou a importância da Conceição Quinta, SSP, falou, durante a Paróquia. Palavra na vida do apóstolo Paulo, como homilia, sobre o Apóstolo e a conversão, A organização do Tríduo foi coordeé possível perceber nas cartas que escreveu às comunidades para a formação da nada pelo Pároco, com a ajuda de alguns destacando a relação com a Família dos Igreja. paroquianos e do Diácono Deivid RodriPadres Paulinos. No domingo, 24, o presidente da celebração foi o Padre Paulo go dos Santos Tavares, também paulino. No dia da Festa de Conversão de São (Colaborou: Pascom paroquial) Sérgio Bazaglia, SSP, que faz parte do Paulo Apóstolo, 25, a missa foi presidida

Memorial em homenagem às vítimas da COVID-19 é inaugurado Na manhã da segunda-feira, 25, no aniversário de 467 anos da cidade de São Paulo, foi inaugurado o Memorial em homenagem às vítimas da COVID-19, no Parque do Carmo, em Itaquera, na zona Leste, na área de abrangência da Diocese de São Miguel Paulista. O Padre Antônio Sagrado Bogaz, PODP, Pároco da Paróquia Nossa Senhora Achiropita, da Região Episcopal Sé da Arquidiocese de São Paulo, foi convidado para dar a bênção no local. Também participaram alguns coroinhas da Paróquia. O monumento simboliza um ipê-branco e contém uma Pascom da Paróquia Nossa Senhora Achiropita

cápsula do tempo dentro de um globo terrestre, onde as pessoas poderão deixar mensagens de condolências ou ainda contar suas experiências no enfrentamento desta doença. Outros detalhes sobre a inauguração e a bênção do monumento podem ser vistos em http://www.arquisp.org.br/regiaose. (CPRS) (Colaborou: Pascom da Paróquia Nossa Senhora Achiropita)

(Redação, com informações do Facebook do Santuário São Judas Tadeu) Fernando Fernandes

[SANTANA] No dia 20, na Paróquia São Sebastião, na Vila Guilherme, Setor Pastoral Vila Maria, Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu missa em louvor ao padroeiro, concelebrada pelo Padre Luiz Cláudio Vieira, Administrador Paroquial. (por Fernando Fernandes) Luciney Martins/O SÃO PAULO

[SÉ] Na manhã do sábado, 23, a São Paulo Schola Cantorum apresentou, na igreja do Pateo do Collegio, o concerto “Cânticos de Fé das Cartas de São Paulo Apóstolo”. O público acompanhou a execução de 19 músicas e uma antífona “Saulo, Saulo, por que tu me persegues?”, criada especialmente para a solenidade, todas extraídas de textos do Apóstolo Paulo e compostas pelo Padre José Weber, 88, sacerdote do Verbo Divino (verbitas). A regência foi do maestro Delphim Rezende Porto, diretor de música da Catedral da Sé. A reportagem completa pode ser lida no site do jornal O SÃO PAULO, no link a seguir: https://cutt.ly/fj5tApU. (por Redação)

[SÉ] Entre os dias 1º e 5 de fevereiro, sempre às 20h, acontecerá a Semana Catequética Arquidiocesana On-Line. Os interessados em participar não precisam se inscrever previamente e poderão acompanhar as atividades pelo Facebook da Região Sé (@regiaose).

Festa de São Brás 2021 A Paróquia Bom Jesus do Brás realizará a Festa de São Brás, com a seguinte programação: Quarta-feira, 03/02, missas às 9h (presidida pelo Padre Anderson Banzatto), 12h (Padre Thales), 15h (Monsenhor Sérgio Tani, Pároco) e 18h (Dom Eduardo Vieira dos Santos), seguida de procissão. Sábado, 06/02, missas às 12h (Monsenhor Sérgio Tani) e 18h (Padre Wellington Laurindo).

Padre Antônio Bogaz abençoa o Memorial no Parque do Carmo

[IPIRANGA] Na segunda-feira, 25, Dom Ângelo Ademir Mezzari, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, presidiu missa solene em ação de graças pelos 81 anos de fundação da Paróquia São Judas Tadeu. Concelebraram os Padres Cláudio Weber, Daniel Aparecido de Campos, Cleiton Guimarães, Guilherme Silva e Fábio Dahora, todos da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, que atuam no Santuário.

nas atividades da comunidade paroquial está Shirlei Nóbile, hoje com 82 anos de idade. Ela recordou que frequenta a Paróquia há 66 anos, e que naquela igreja sua filha e seus netos foram batizados. Ela vai à missa todos os domingos e participa das atividades paroquiais. Em 25 de janeiro de 1940, em decreto assinado pelo então Arcebispo de São Paulo, Dom José Gaspar d’Afonseca e Silva, foi criada a Paróquia São João Batista, desmembrada das Paróquias Nossa Senhora da Lapa e do Calvário. O primeiro Pároco foi o Padre Walter Schewiora, que permaneceu nesta função por 29 anos.

Sé POR CENTRO DE PASTORAL DA REGIÃO SÉ

Reprodução do Facebook

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omingo, 07/02, missas às 9h, 11h e 18h, com D a bênção da garganta em todas elas. * Haverá barracas de Ficazzela, Ficazzellas, Le Chambellas di San Biagio bentas, bolo de São Brás e bebidas. Outras informações pelo telefone (11) 3329-1404. A matriz paroquial está localizada na Avenida Rangel Pestana, 1.421, Brás.


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| 28 de janeiro a 2 de fevereiro de 2021 | Regiões Episcopais/Viver Bem/Fé e Vida | 7

Fé e Cidadania

belém

Casais recitam o Terço de São José em ano especial dedicado ao Santo Fernando Arthur

Leonardo Provasi

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

Esposos, noivos e namorados reuniram-se na Paróquia São José, no Belém, no dia 19, para recitar o Terço de São José, no contexto da celebração do Ano de São José, convocado pelo Papa Francisco em dezembro e que prosseguirá até 8 de dezembro de 2021. A reza foi conduzida pelo Padre Marcelo Maróstica Quadro, Pároco. Cinco casais recitaram os mistérios do Terço, que contemplam as ações de São José na vida e missão de Jesus. No início da oração, Fernando Arthur e Larissa Bernardo, namorados, explicaram o sentido da oração do Terço: “O principal aspecto da vocação de São José foi o de ser guardião da Sagrada Família, esposo da Virgem Maria e pai de Jesus. Nesta noite, somos convidados

Namorados durante encontro na Paróquia

a recriar a mesma atmosfera de comunhão íntima, de amor e oração que se vivia na Sagrada Família”, afirmaram, fazendo alusão à carta apostólica Patris

corde, por meio da qual o Papa Francisco instituiu o Ano de São José. A cada mistério do Terço, lia-se uma passagem bíblica. Em seguida, o Padre Marcelo Maróstica fazia uma reflexão referente ao texto. Ao final, foi rezada a Ladainha de São José, recomendada no decreto da Penitenciaria Apostólica, publicado em conjunto com a carta apostólica. “Fala-se muito da oração pessoal, da oração familiar, da oração comunitária; mas o Terço de São José foi bonito no sentido de dizer que o casal deve rezar junto. É importante isso para manter a solidez da família e do relacionamento”, afirmou o Padre Marcelo Maróstica. Durante todo o Ano de São José, acontecerão na Paróquia mais momentos de oração, celebrações e vivências especiais como a realizada no último dia 19.

Comportamento Voltemos à Santa Missa VALDIR REGINATO Iniciamos 2021 falando da vacina que serve a todos: a oração. Nela, encontramos três elementos fundamentais para a proteção da vida: saúde, paz e esperança, em doses diárias de encontros com Deus (O SÃO PAULO 13/01/2021, pág. 7). Precisamos voltar a nos encontrar com Deus! É verdade que podemos fazê-lo em todos os lugares e a qualquer hora, em nosso coração. Contudo, assim como se ama a pessoa amada em todos os instantes da vida, como uma mãe não esquece jamais um filho, mesmo nos afazeres diários, como um pai leva o filho no coração nas horas de trabalho, sentimos todos a necessidade de termos momentos especiais entre aqueles que se querem muito. Um lugar, condições ambientais, um tempo em que toda a existência se concentra naquele encontro único. Assim também nos quer Deus, e assim deveríamos querer a Ele. E este encontro ocorre na Santa Missa. Precisamos retornar, urgentemente, à Santa Missa. Durante quase todo o ano de 2020, pelos motivos conhecidos, e tanto comentados neste espaço, ficamos afastados presencialmente do Senhor. Um esforço enorme se fez para que, pelos meios de comunicação a distância, as pessoas pudessem acompanhar a Santa Missa. No entanto, o núcleo central deste Sacramento Maior não poderia ser transmitido, não poderia ser oferecido: a Eucaristia. A presença física do corpo e sangue, alma e divindade de Jesus Cristo nos permanecia a distância. Essa situação levou a todos os que têm habitualmente a oportunidade de comungar o Senhor a verificar a dificuldade

que milhões de nossos irmãos têm pelo mundo, pela falta de um número maior de sacerdotes. As comunhões espirituais, realizadas com fervor, passaram a ter uma importância até então pouco conhecida. Nada, porém, absolutamente nada, substitui, na sua plenitude, o sacrifício eucarístico. Aos poucos, fomos retornando à participação nos encontros presenciais da missa. Com protocolos, que não discuto aqui, mas que em algumas vezes pareciam condenar a própria hóstia sagrada como um possível agente transmissor, para a difusão da maldita pandemia! Enquanto isso, feiras e mercados, lojas e padarias retornam “quase normais”, porque a vida segue. Encontros sociais, muitas vezes abusivos e irresponsáveis, se propagam numa população exausta do medo e que precisa viver. Porém, em muitas igrejas, ainda, os bancos, outrora insuficientes, esperam pelos fiéis. É fato que o esforço em difundir cada vez mais a evangelização pelas redes sociais, canais de tevê etc. permanece; mas não deixemos bancos vazios na companhia ao Senhor no sacrário, que nos aguarda, paciente e cheio de misericórdia. Não adiemos mais a nossa volta ao Senhor! Todos sabemos de nossas responsabilidades diante dos problemas de saúde que se apresentam, sem data para terminar. Não quero voltar aqui a falar da pandemia, mas da necessidade que temos, como cristãos e católicos, de retornar a frequentar o Sacramento da Santa Missa. Talvez alguns possam julgar como uma atitude cega medieval, de colocar a fé acima dos recursos da ciência para que nos salvemos desta peste: fatos distintos. O que não podemos substituir para nossa salvação é

uma esperança total numa vacina, sem garantias, ainda, e continuarmos privados, pelo medo, da companhia e da comunhão com o Senhor. O homem é um ser que esquece. Já o sabemos. Parece que menos de um ano foi o suficiente para que se deixasse a necessidade, repito, necessidade, e não digo obrigação (ainda que seja), de participarmos da Santa Missa. Podemos ficar duas horas dentro de um ônibus, uma hora no mercado, tempos intermináveis em filas de bancos, e desempregados... Mas não podemos ir à missa porque lá pegaremos a doença? As notícias dos primeiros dias de 2021 já são o suficiente para projetar que o caminho não será fácil. A expectativa de esperança da vacina para bilhões no mundo não se faz tão rapidamente, ainda mais com as variantes do vírus que continuam, estrategicamente, surgindo. Diante disto, porém, a nossa verdadeira e única esperança, Naquele que nos traz a verdadeira paz e saúde para o corpo e a alma, não pode ficar na companhia de bancos vazios. Voltemos com fé a frequentar as igrejas na Santa Missa. Não somente uma fé que nos livre dos males do corpo, mas uma fé que permita levar Cristo aos demais. Assim, muitos viveram em séculos anteriores, com dificuldades maiores, para que pudéssemos chegar aqui. Assim deveremos viver para anunciar a Boa-Nova aos que virão: “Não se vendem dois pardais por uma moedinha? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai. (...) Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais” (Mt 10,29-31). Valdir Reginato é médico de família. E-mail: reginatovaldir@gmail.com.

A educação para a fraternidade na Querida Amazônia PADRE DENÍLSON GERALDO, SAC A exortação apostólica pós-sinodal Querida Amazônia (QA), publicada em 12 de fevereiro de 2020, trata, em quatro capítulos, de diversos temas sobre a região amazônica. O capítulo terceiro da exortação convida a contemplar um sonho ecológico para os povos que vivem naquela região, bem como para toda a humanidade. Inicialmente, recordamos a encíclica Laudato si’ ao tratar da ecologia integral, com grande repercussão em 2015 em razão de uma visão humana, social e eclesial da ecologia, inclusive com novos parâmetros para a educação e para o aprofundamento da teologia da criação. Em outras palavras, alterando o modus vivendi, também teremos uma mudança na condução do poder político, econômico e social, demonstrando que tudo está interligado, em favor de uma ecologia integral. Desse modo, a solução para a problemática ecológica não está na internacionalização da Amazônia, mas na confluência de interesses dos governos federais e locais em diálogo internacional. Assim, é um direito dos povos nativos receber a “formação básica, a informação completa e transparente dos projetos, com a sua amplitude, os seus efeitos e riscos, para poderem confrontar esta informação com os seus interesses e com o próprio conhecimento do local” (QA, 51), promulgando um “sistema normativo que inclua limites invioláveis e assegure a proteção dos ecossistemas” (QA, 52). A ecologia integral requer a educação e a exigência de novos hábitos menos vorazes, mais serenos, mais respeitadores, menos ansiosos, mais fraternos nas pessoas e nos grupos humanos. Quando o coração da pessoa está vazio, tanto mais necessita consumir e não aceita que a realidade lhe coloque limites. O consumismo não educa para a relação fraterna, mas para o domínio que gera crises sociais e familiares, revelando um egoísmo que pode justificar a morte do irmão para satisfazer os interesses pessoais. É necessária uma educação para o diálogo e para a fraternidade humana que saiba reconhecer em cada cultura um valioso patrimônio para toda a humanidade. Trata-se de uma relação existencial, humana e espiritual como um lugar teológico, um espaço onde o próprio Deus Se manifesta e chama os seus filhos. Padre Denílson Geraldo é Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Late ranense de Roma. Atualaente, na Sociedade do Apostolado Católico (Palotinos), é membro do Conselho-Geral dos Padres e Irmãos Palotinos e presidente da Comissão Jurídica Internacional, além de diretor do Istituto Pallotti di Roma.


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Aumenta a preocupação com a saúde mental durante a pandemia OPAS

Campanha ‘Janeiro Branco’ alerta para as ações individuais, corporativas e governamentais diante do problema. Especialistas falam ao O SÃO PAULO sobre políticas públicas viáveis em vista do bem-estar emocional da população Daniel Gomes

osaopaulo@uol.com.br

Alterações de humor, perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração, culpabilidade, distúrbios de sono e de apetite e, em caso extremos, tentativas de suicídio. Esses são sinais típicos da depressão, um mal que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), afeta, ao menos, 11,5 milhões de brasileiros. O dado é do ano de 2017, quando a OMS também divulgou que 18,6 milhões de pessoas no Brasil têm distúrbios relacionados à ansiedade, como apreensão, inquietação, aflição, medo de que algo ruim aconteça, preocupação demasiada com o futuro, taquicardia, tremores, entre outros.

‘Janeiro Branco’ Atento ao desalinho da saúde mental dos brasileiros, o psicólogo Leonardo Abrahão criou, em 2014, com outros colegas psicólogos, a campanha ‘Janeiro Branco’ (https://janeirobranco.com.br), que anualmente convida a sociedade a refletir sobre o tema e estimula as autoridades a discutir estratégias e políticas públicas a respeito. O nome faz alusão ao hábito de, no começo do ano, as pessoas colocarem em uma “página em branco” suas metas, para que incluam entre estas o bem-estar da saúde mental. Abrahão afirma ser necessário um pacto em favor da saúde mental, alicerçado em três eixos: inicialmente, na sensibilização, psicoeducação e conscientização dos cidadãos, instituições e autoridades públicas a respeito da importância da saúde mental; depois, no comprometimento dos cidadãos, instituições e autoridades públicas, com investimentos em estratégias individuais e coletivas, particulares e institucionais, em prol de uma cultura da saúde mental; e, posteriormente, no desenvolvimento, por parte dos poderes públicos, de políticas públicas dedicadas à temática.

Quando é a hora de pedir ajuda? De acordo com o psicólogo, o cuidado da saúde mental se dá por três níveis de efetivação. “Em um primeiro momento, as pessoas devem realizar uma auto-observação e buscar entender se precisam, ou não, de alguma ajuda externa. Caso percebam que, sozinhas, não estão dando conta de lidar com questões que as incomodam ou as levam a sofrimentos intermináveis ou a reações disfuncionais [comportamentos que prejudicam a alimentação, o sono, a qualidade das relações interpessoais, a produtitividade saudável no trabalho, o manejo dos sentimentos e a disposição para lidar com as questões do dia a dia], podem procurar ajuda de familiares ou pessoas próximas que sejam da sua confiança. Caso isso não seja suficiente, devem procurar ajuda de profissionais da saúde mental, notadamente psicólogos(as)”, detalha Abrahão ao O SÃO PAULO, lembrando que o monitoramento da saúde mental pode se dar entre os familiares e amigos.

Situação ainda mais sensível na pandemia

Em outubro, a OMS informou que a demanda pelos serviços de saúde mental aumentou com a pandemia de COVID-19, em razão, especialmente, das situações de luto, isolamento social e perda

de renda. Ao mesmo tempo, os serviços de saúde nesta área sofreram algum tipo de interrupção em 93% dos 130 países consultados pela Organização. No Brasil, também em outubro, o Ministério da Saúde revelou dados da primeira fase de uma pesquisa sobre a saúde mental na pandemia, por meio da qual se constatou elevada proporção de ansiedade (86,5%); moderada presença de transtorno de estresse pós-traumático (45,5%); e baixa proporção de depressão (16%) em sua forma mais grave. “A pandemia intensificou problemas econômicos, políticos e sociais que já afetavam, negativamente, a saúde mental de muitas pessoas, especialmente no Brasil – e gerou efeitos colaterais danosos à saúde psíquica de parte significativa da nossa população. Transtornos de ansiedade, transtornos de humor (como a depressão) e o uso abusivo e inadequado de substâncias psicoativas foram alguns dos principais problemas agravados”, comenta Abrahão, destacando, ainda, que a forma como as autoridades têm lidado com a pandemia e seus efeitos no Brasil impacta a saúde mental: “Abandono e inconsequências políticas geram ansiedade, insegurança e desesperança no psiquismo das pessoas”.

Políticas públicas em saúde mental Um estudo da OMS, feito antes da pandemia de COVID-19, revelou que

em todo o mundo menos de 2% dos orçamentos dos países são destinados para políticas de saúde mental. Diante de recursos escassos, o uso adequado das estruturas sociais já existentes é um caminho para se chegar a bons resultados, conforme avalia a psicóloga Maria Evangelina Jorge Piragino, mestra em Psicologia Clínica pela PUC -SP, com décadas de experiência na atenção básica em Saúde Mental e Educação Profissional: “Nós nos tornaremos mais potentes para essa questão se estruturas que já existem nos territórios se reunirem e pensarem uma micropolítica para a região. A questão principal da saúde mental do indivíduo é sua emancipação, seu protagonismo”. Tinda, como é mais conhecida, ressalta que as políticas públicas nessa área, em especial nas comunidades mais pobres, devem considerar as redes de proteção social que uma pessoa já possui, como a família, a vizinhança, as igrejas e os centros comunitários. O Conselho Federal de Psicologia, em uma nota pública do ano de 2017, indica que “o cuidado com a saúde mental vai além da prevenção e do encaminhamento do indivíduo em sofrimento à psicoterapia. Nesse sentido, a efetivação das políticas públicas e inclusivas baseadas nas prerrogativas da universalidade, da integralidade e da equidade, buscando a interlocução com outros saberes e práticas profissionais, mostra-se imprescindível para a promoção da saúde mental”.


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Em São Paulo Na capital paulista, há cerca de 200 estabelecimentos dedicados aos cuidados da saúde mental, conforme dados da Prefeitura. Além dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que atendem os transtornos mentais severos, persistentes e em crise, existem os Centros de Convivência e Cooperativa (Cecco), voltados à reabilitação psicossocial, à convivência pela via da sociabilidade e às estratégias de geração de renda; as Residências Terapêuticas (RT), as Unidades de Acolhimento (UA) e as equipes de saúde mental nas Unidades Básicas

de Saúde (para casos mais leves ou estáveis) e o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Também há leitos para tratamento de saúde mental em hospitais gerais. Em razão da pandemia, as equipes da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do município têm priorizado as visitas domiciliares e os atendimentos individuais para os pacientes mais graves, e os acompanham também por teleatendimento. Detalhes sobre onde encontrar atendimento em saúde mental na rede municipal podem ser obtidos no site Busca Saúde (http://buscasaude.prefeitura.sp.gov.br). Com experiência de atuação nos

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CAPS, em São Paulo, a assistente social Rosislei Aparecida do Nascimento Ferreira dos Santos, pós-graduada em Saúde Mental Multidisciplinar, destaca que deve haver maior divulgação sobre os serviços: “É necessário que se desfaça esse estigma de que a saúde mental é só para as pessoas que têm transtorno”. Especialista em Saúde Pública, a psicóloga Solange da Rocha, que já atuou em cargos de gerência e direção de CAPS, alerta que neste momento as políticas em saúde mental também devem mapear a situação da população de classe média: “Ela perdeu renda por causa da pandemia e

O que fazer em benefício da própria saúde mental

não está contemplada nos programas sociais. Pode não ter mais condições de pagar um plano de saúde, não tem o hábito de conhecer os serviços dos SUS, e com as medidas de isolamento social perdeu muitos dos vínculos anteriores. Tudo isso pode ter efeito na saúde mental dessas pessoas”. Maria Evangelina, Rosislei e Solange idealizaram a Ibutumy – Consultoria e Assessoria em Saúde Mental, com serviços em âmbito pessoal, empresarial e para cidades. Detalhes sobre a iniciativa podem ser obtidos pelo e-mail ibutumysaudemental@gmail.com.

Cuidados em meio à pandemia

1) Investir em autoconhecimento, em autono-

rocure manter as rotinas de P sono; Faça exercícios físicos regularmente e tenha uma alimentação saudável; Pratique a solidariedade: faz bem para quem a recebe e para quem a oferece; Não se exponha tanto às informações ao longo do dia. Procure fontes fidedignas e em alguns horários específicos; Evite o uso de tabaco, álcool e outras drogas; Mantenha o contato virtual com familiares e amigos frequentemente; Explique aos idosos como podem se proteger da doença e procure acalmá-los; Ajude as crianças a se expressarem, com atividades criativas e lúdicas.

mia existencial, em técnicas terapêuticas acessíveis (por exemplo, meditação, mindfulness, arteterapia); 2) Investir em vínculos sociais profundos e significativos, mesmo que on-line; 3) Realizar atividades culturais criativas, autênticas e genuínas; 4) Desenvolver espiritualidades saudáveis, sensatas e harmônicas; 5) Respeitar as orientações científicas relativas à qualidade de vida; 6) Praticar exercícios físicos de forma regular e consciente; 7) Reconhecer-se um ser ecológico e desenvolver relacionamentos com a natureza; 8) Cultivar sentidos existenciais, sociais e profissionais autênticos e próprios; 9) Desenvolver rotinas, mas ser flexível e sensato em relação a elas; 10) Promover um acordo/equilíbrio honesto e respeitoso entre as necessidades biológicas do corpo (qualidade de sono, qualidade alimentar, qualidade hormonal) e os compromissos da vida moderna.

Fontes: OMS e Organização Pan-Americana de Saúde

*Dicas do psicólogo Leonardo Abrahão, idealizador do Janeiro Branco

Em paróquias, psicólogos e psicanalistas auxiliam em questões de saúde mental Ao procurar o sacramento da Reconciliação, o fiel relata ao confessor comportamentos e sentimentos que transcendem a orientação espiritual e envolvem questões de saúde mental. Nestes casos, o que fazer? A recorrência dessas situações motivou o Padre Jorge Bernardes, Pároco da Paróquia Santa Rita de Cássia, na Região Episcopal Ipiranga, a convidar quatro profissionais das áreas de Psicologia e Psicanálise para atuarem voluntariamente na igreja. “Quando a pessoa vem se confessar comigo, dependendo do que relata, eu a aconselho a procurar um desses nossos profissionais voluntários. Eles não vão fazer a terapia com a pessoa, mas podem encaminhá-la para terapia”, detalhou o Sacerdote, que é formado em Psicanálise. Desde o primeiro momento, o fiel é informado que os procedimentos não devem ser confundidos. “Ele precisa ter a certeza que uma coisa é o transtorno emocional e outra é o direcionamento espiritual, que, embora possam estar interligadas, são distintas. Meu papel é o de

aconselhamento espiritual. Sou orientador espiritual”, comentou. O Pároco cita o caso de um jovem que diz ter uma compulsão e a atribui a uma maldição. O rapaz busca se confessar antes de todas as missas. Recentemente, o Padre o convenceu a buscar um dos profissionais voluntários. “Ele começou a reconhecer que seu problema é emocional, e já aceita que não se trata de uma maldição. ‘Agora eu percebo que Deus gosta de mim, que eu não sou amaldiçoado’, falou-me da última vez. Assim, tenho conseguido trabalhar com ele nesses dois aspectos: em seu psiquismo abalado e em sua questão espiritual, mostrando a misericórdia de Deus”, explicou. Também na Paróquia Santo Antônio, na Barra Funda, na Região Sé, duas psicólogas auxiliam o Padre Luiz Claudio de Almeida Braga, Pároco. “A ação pastoral se dá na percepção da necessidade e no direcionamento do atendimento terapêutico, a partir da aceitação do fiel. Tudo começa com o desejo de o fiel ser ajudado. Nada pode ser forçado”, comentou o Sacerdote.

“Os sinais que me alertam para um encaminhamento terapêutico estão nas histórias reveladas (traumas vividos), nas relações interpessoais (entre pais e filhos, maridos e esposas, irmãos...). Na Confissão ou orientação espiritual, busco perceber nas falas, nos gestos corporais (reações), na própria emoção da pessoa (muitos vêm às lágrimas) o peso que cada um traz consigo de suas histórias vividas”, detalhou Padre Luiz Claudio. Há quase dois anos, a psicóloga clínica Cláudia Yaísa Gonçalves da Silva, especialista em Psicanálise e doutoranda em Psicologia Clínica pelo Instituto de Psicologia da USP, atua voluntariamente na Paróquia Santo Antônio. “Entre os fiéis que procuram o Padre Luiz Claudio, ele identifica que, em alguns casos, além da orientação espiritual, a pessoa precisa de um acompanhamento psicológico mais apurado, e, então, direciona para um profissional da Psicologia que realiza o trabalho psicoterapêutico individual”, detalha. “Percebo que as pessoas que chegam até a mim mantêm a sua fé e conti-

nuam buscando a orientação do sacerdote. Porém, ainda precisam trabalhar mais a fundo as demais questões que afetam diretamente o aspecto emocional, como experiências traumáticas de vida e comportamentos enraizados há muito tempo, que atuam de forma inconsciente, mas afetam diretamente seu cotidiano”, comenta Cláudia. “A soma do trabalho de orientação espiritual com o da Psicologia oferece às pessoas uma melhor capacidade de desenvolver competências úteis para enfrentar os desafios da vida, possibilitando uma recuperação mais satisfatória da sua saúde mental”, conclui. Tanto o Padre Luiz Claudio quanto o Padre Jorge Bernardes asseguram que muitas das pessoas que os procuram para a Confissão ou orientação espiritual estão impactadas emocionalmente em razão da atual pandemia, por situações como conflitos nos relacionamentos familiares, medo de se infectar com o coronavírus e angústias com as consequências da pandemia, como o aumento do desemprego. (DG)


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COVID-19 no Brasil

Quem já vai tomar a vacina e por quê? Governo do Estado de São Paulo

Daniel Gomes

osaopaulo@uol.com.br

A vacinação contra a COVID-19 no Brasil começou no dia 17, após a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso emergencial de dois imunizantes: a CoronaVac, desenvolvida pela farmacêutica Sinovac Biotech, em parceria com o Instituto Butantan; e a Covishield, mais conhecida como AstraZeneca/Oxford (nome de seus desenvolvedores), produzida em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Por que uso emergencial?

Geralmente, a liberação de doses de uma vacina no Brasil ocorre após o imunizante obter o registro na Anvisa. No entanto, diante da atual emergência de saúde pública, os fabricantes de vacinas contra a COVID-19 solicitaram a permissão para uso emergencial. Trata-se de uma autorização temporária e que não permite ampla vacinação da população, tampouco que as vacinas sejam comercializadas, o que só será possível quando elas obtiverem o referido registro.

Quantas já há disponíveis?

Até a tarde da quarta-feira, 27, um total de 6,9 milhões de doses da CoronaVac e de 2 milhões de doses da Covishield já haviam sido distribuídas para aplicação nos grupos prioritários em todo o País, em conformidade com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação (PNOV), elaborado pelo Ministério da Saúde.

Quantas mais podem ser disponibilizadas em breve?

Até o fim de janeiro haverá mais 1,8 milhão de doses da CoronaVac. Depois, mais 1,4 milhão deste imunizante, ainda como parte de seu segundo lote. Conforme houver a liberação, por parte da China, do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), serão produzidas mais 35 milhões de doses da CoronaVac até abril e 50 milhões da Covishield. O Ministério da Saúde assegura que somados o que já se tem em contrato para a compra desses dois imunizantes e a quantidade de vacinas que receberá por meio do consórcio Covax Facility, coordenado pela Organização Mundial da Saúde, o Brasil terá 354 milhões de doses de vacinas contra a COVID-19 disponíveis neste ano.

Em quantas doses e em qual intervalo?

Tanto para a CoronaVac quanto para a Covishield, as fabricantes recomendam duas doses por pessoa. No

Vacinação começa por grupos prioritários: trabalhadores da área da Saúde, indígenas e pessoas que vivem em instituições de longa permanência

caso da primeira, o intervalo máximo é de 28 dias entre as aplicações; já para a segunda, pode chegar a até três meses. Além disso, a Fiocruz já sinalizou ser possível, inicialmente, que apenas uma dose da Covishield seja aplicada em cada pessoa.

O quanto a vacina protege?

No caso da CoronaVac, a eficácia geral – capacidade de evitar que quem a receba adoeça – é 50,38%. Para quadros leves da doença, ou seja, aqueles em que a pessoa apresenta sintomas, mas não há necessidade de internação, a eficácia foi de 78%. Por fim, 100% dos que receberam a vacina na fase de testes não tiveram casos graves. “A CoronaVac mostra, portanto, o potencial de reduzir pela metade o número de casos leves da doença, e de reduzir a um quinto o número de casos que precisam de atendimento médico”, explicam, em artigo, os pesquisadores Carlos Orsi e Natalia Pasternak, do Instituto Questão de Ciência (IQC). Já a vacina Covishield tem eficácia geral de 73% e protege em 100% de sintomas graves da doença e de hospitalização. Dado o momento de pandemia, a Organização Mundial da Saúde recomenda que sejam aplicadas vacinas com eficácia geral mínima de 50%. Assim, tanto a CoronaVac quanto a Covishield são eficazes e seguras.

Prioridade para trabalhadores da área da Saúde

Os trabalhadores da área da Saúde estão entre os primeiros a receber a vacina, e a preferência é para aqueles que atuam no atendimento a pacientes com a COVID-19. Chefe da Vigilância Hospitalar, do

Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER), a médica infectologista Ana Angélica Bulcão Portela recebeu a primeira dose da CoronaVac na semana passada. “Ao vacinar os profissionais da Saúde, além de tirá-los de maior risco de se infectarem com o coronavírus, se mantém uma força de trabalho essencial durante a pandemia”, afirmou ao O SÃO PAULO.

Pessoas em instituições de longa permanência e indígenas

Idosos e pessoas com deficiência que vivem em instituições de longa permanência, como os asilos, por exemplo, também estão sendo vacinados. Ana Angélica explica que, entre os idosos, muitos têm comorbidades, e essa tem sido a população que mais morre por complicações da COVID-19. Outro grupo prioritário são os indígenas que vivem em aldeias. “Sabe-se que a população indígena não é muito heterogênea, além de não ter anticorpos para inúmeros agentes. Assim, eles não têm o mínimo de imunidade montada no corpo e são muito vulneráveis a qualquer vírus”, detalhou a infectologista.

E aos demais, quando?

Os prazos serão estabelecidos conforme houver a disponibilidade de vacinas. O que já se sabe é a ordem de prioridade da fase 1 de vacinação, conforme a última atualização do PNOV, feita no dia 22: equipes de vacinação que estiverem envolvidas na etapa dos primeiros 6 milhões de doses; trabalhadores das instituições de longa permanência de idosos e de pessoas com deficiência; trabalhadores dos serviços de saúde públicos e privados, envolvidos diretamente na atenção/referência para os casos suspeitos e confirmados da COVID-19 e outros trabalhadores da Saúde.

Nesta última revisão, o Ministério não menciona como ficará a imunização dos demais brasileiros. Anteriormente, os que tomariam a vacina na fase 2 seriam todos os idosos acima de 60 anos, e na fase 3 as pessoas com comorbidades, como diabetes, obesidade e doenças cardíacas. Foram acrescidos aos grupos prioritários os trabalhadores industriais, portuários, do transporte coletivo e os transportadores rodoviários de cargos. Apenas após serem vacinados todos os dos grupos prioritários haverá um plano de imunização para o restante da população. Importante: o Ministério da Saúde não está fazendo qualquer tipo de agendamento para a vacinação. Golpes nesse sentido já foram registrados no País, fazendo com que as pessoas forneçam seus dados a terceiros.

A vacinação e o combate à pandemia

De acordo com o Ministério da Saúde, o grupo prioritário para receber a vacinação totaliza 77,2 milhões de pessoas, ou seja, pouco mais de 36% dos cerca de 212 milhões de pessoas que vivem no Brasil. A infectologista Ana Angélica lembra que a vacinação é uma estratégia fundamental de saúde pública para controlar a pandemia, mas, como o número de vacinas ainda é pequeno, a manutenção de medidas como o uso da máscara, a higienização frequente das mãos e o distanciamento social deve ser observada por todos. “As outras medidas não podem ser afrouxadas, porque ainda não se conseguiu alcançar uma margem de população que esteja vacinada em quantidade que permita proteger a todos. Este não é o momento de ser egoísta, de se pensar na proteção individual”, concluiu. (Com informações de Gov.Br, Agência Brasil, G1, Instituto Questão de Ciência, Instituto Butantan, Fiocruz e Ministério da Saúde)


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| 28 de janeiro a 2 de fevereiro de 2021 | Com a Palavra | 11

Padre José Henrique Weber

‘Cantar a essência da Palavra de Deus unida à Liturgia’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

Roseane Welter

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Padre José Henrique Weber, 88, da Congregação dos Missionários do Verbo Divino, é formado em Música pelo Pontifício Instituto de Música Sacra em Roma, com ênfase em canto gregoriano e composição, e especialista em Música pelo Institut Catholique de Paris, na França. Entre 1967 e 1983, foi Assessor de Música Litúrgica da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Como compositor litúrgico, deu vida a canções como “Prova de amor maior não há”, “Eu vim para que todos tenham vida”, “Sim, eu quero”, entre tantas conhecidas nacional e internacionalmente. Também já musicou todo o Novo Testamento, inclusive a literatura epistolar do apóstolo Paulo. Por ocasião da Festa da Conversão de São Paulo e dos 467 anos de fundação da capital paulista, o concerto “Cânticos de Fé das Cartas de São Paulo Apóstolo”, de sua autoria, foi apresentado pela São Paulo Schola Cantorum, no Pateo do Collegio, no sábado, 23. Nesta entrevista, o Padre fala sobre sua experiência e contribuição para a música sacra e como a Igreja deu passos significativos no campo da música litúrgica, resgatando as fontes e o verdadeiro sentido da música nas celebrações.

O SÃO PAULO – Como surgiu o concerto “Cânticos de Fé”? Padre José Henrique Weber – As cartas paulinas são de uma profunda riqueza teológica, espiritual e pastoral. Em seus escritos, o apóstolo resgata os primórdios do Cristianismo, a essência do verdadeiro encontro com Cristo, e compartilha a dinâmica da vivência comunitária. Paulo nos convida, por meio de sua literatura, à vivência da fé pautada na verdade e nos valores do Evangelho. O concerto tem por objetivo favorecer os fiéis a uma escuta musical dessa experiência profunda de fé, a exemplo do Apóstolo dos Gentios. Uma coisa é ler os textos sagrados, outra é ouvi-los com a eloquência cantada, no ritmo, nas notas apropriadas. É uma vivência que conduz o cristão a uma escuta orante. Qual foi o critério de escolha das cartas de Paulo para compor o concerto? Cantar as cartas paulinas é cantar o sagrado. Primeiro, selecionei alguns trechos fortes que relatam a essência paulina de fé, por exemplo, “Alegrai-vos no Senhor”(Fl 4,4), “Quem vos chamou é fiel” (1Ts 5,24), “Que a Palavra do Senhor permaneça entre vós” (Cl 3,16), e outros que mostram a profundidade exegética, e os musiquei. Assim, a mensagem de que o

povo de Deus, conhecendo as bases da nossa fé cristã, por meio das cartas de São Paulo, cresça na caridade, na fé, na vida cristã. Falo que São Paulo foi o autor da letra e eu, da música, de modo que somos parceiros na evangelização. Desejo que cada cristão possa sentir a música como expressão de fé: ouvir com os ouvidos do coração e acolher a mensagem para além das palavras cantadas. Como avalia o percurso histórico da música sacra no Brasil? A música é um tesouro de inestimável valor, que complementa as expressões de fé litúrgicas. Uma canção bem cantada conduz a uma experiência divina que deixa marcas profundas de contemplação e fé. A música religiosa precisa sempre manter os olhos fixos à essência litúrgica e bíblica. Os ministérios de música precisam caminhar seguindo as orientações que a Igreja apresenta em seus documentos. Ao longo dos tempos, teve progressos, e deslizes, precisa de avaliação e aperfeiçoamento. A música sofreu influências, surgiram novos jeitos de cantar, que por vezes fogem da essência da música sacra. Eu insisto que não se pode perder a essência litúrgica. Participar, conscientemente, de todo o rito litúrgico é fundamental para adentrar no mistério celebrado. A música sacra nos remete à vivência orante da presença de Cristo. O Concílio Vaticano II (1962-1965) resgatou a função ministerial da música na ação litúrgica. O que mudou desde então?

Primeiro, a função ministerial da música indica que ela ajuda o povo a crescer na fé, por meio da Palavra de Deus cantada, em que o canto e a música estão intrinsecamente ligados ao rito litúrgico. Sobre as mudanças, voltemos ao Concílio Vaticano II: a reforma litúrgica foi, certamente, a mais visível e, por essa razão, a de maior impacto no povo de Deus. Antes da reforma conciliar, a assembleia só assistia, de forma passiva, à celebração, que era presidida em latim e com o sacerdote de costas. Outra mudança é a música litúrgica. Na busca de tornar a Liturgia um espaço de celebração da vida em comunidade, a renovação conciliar inspirou uma nova forma musical não só de novos ritmos, mas capaz de expressar uma verdadeira experiência de fé que brota do povo orante. No Brasil, no âmbito do processo da renovação litúrgica, vem-se fazendo grande esforço para criar uma música na linguagem do povo, enraizada tanto na tradição bíblico-litúrgica quanto na experiência eclesial. Preocupase em oferecer cursos formativos para animadores de canto, músicos, regentes, instrumentistas. Assim, a Igreja assume uma nova postura frente ao povo, estabelecendo uma comunicação clara e participativa. Quais aspectos levam a perceber que nem tudo o que se canta nas celebrações é música sacra? A música sacra deve estar intimamente ligada à ação litúrgica. Para nós, cristãos, cantar na Liturgia é usar

a Palavra de Deus com a música, para que a Palavra seja mais elevada à comunidade cristã. Ressalto a indispensável coparticipação entre o coro musical e a assembleia de fiéis. Creio que é tempo de retomarmos os nossos coros, seguindo, como orientado nos documentos da Igreja: não deve ser nem o coro sozinho, nem o povo sozinho, mas, sim, as duas coisas juntas. É preciso entoar cantos relacionados à liturgia do momento, de maneira a conduzir os fiéis à oração e compreensão do mistério celebrado. Quais devem ser os critérios para a orientação e escolha dos cantos litúrgicos celebrativos? A celebração é um momento de silêncio, oração e contemplação. Não deve ser show, nem ocasião para dispersão. É necessário estudar e conhecer as orientações pastorais sobre a música na liturgia. Existem cantos para a missa e cantos para outras ocasiões. Assim, é preciso saber diferenciá-los. Precisa haver adequação dos cantos a cada tempo litúrgico, a cada festa, a cada tipo de celebração e assembleia, escolhendo cantos que favoreçam a experiência de fé da assembleia. Dar o melhor para Deus e para a Liturgia. A música é uma arte construída ao longo dos séculos, não pode ser museu preso ao passado, mas atualizada ao contexto atual sem perder a essência. Como a música religiosa pode conduzir os fiéis a uma experiência de Deus? A música compõe o cotidiano: ouve-se música no rádio, no celular, no trânsito. Na Igreja, o canto tem a função de promover a comunhão, a alegria, a esperança. É uma via do encontro de Deus conosco e do encontro pessoal com Cristo. O canto litúrgico expressa de modo eminente a natureza da própria ação sacramental. Outro modo de entrar em estado meditativo e orante são os concertos, o canto gregoriano. Mesmo em tempos de pandemia, o senhor tem feito projetos musicais. Pode nos falar sobre alguns deles? A COVID-19 nos privou de muitas coisas: limitou a participação nas celebrações, fechou eventos religiosos. Apesar de ser um ano fatídico, 2020 foi um ano produtivo. Com o maestro Delphim Rezende Porto, musicamos as antífonas do Ano Litúrgico, de todos os dias, dos anos A, B e C. Outro projeto que me alegra são as missas na Catedral da Sé com as antífonas e orações próprias cantadas, um trabalho bonito de evangelização e aproximação do povo ao mistério orante da Palavra cantada, entre outros projetos que estão em andamento.


12 | Reportagem | 28 de janeiro a 2 de fevereiro de 2021 |

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Ler em família: hábito cultivado na infância gera bons frutos para toda a vida Arquivo pessoal

Um estudo da Universidade de Nova York, em colaboração com o IDados e o Instituto Alfa e Beto, publicado em 2016, mostrou que: leitura em família proporA ciona um aumento de 14% no vocabulário e de 27% na memória de trabalho de crianças. A leitura frequente dos pais para as crianças leva à maior estimulação fonológica, o que é essencial para a alfabetização. O hábito cria também maior estimulação cognitiva e menos problemas de comportamento, pois proporciona momentos de interação entre pais e filhos. Fonte: Agência Brasil

O que ler em cada idade?

Por meio da leitura, as crianças têm o primeiro contato com inúmeros lugares, personagens e aprendem a conviver e aceitar as diferenças

Nayá Fernandes

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

O que ler e como ler para e com as crianças durante as férias? A pergunta é sempre pertinente, sobretudo quando existem restrições externas, como viagens e idas a parques, devido à pandemia de COVID-19. E, como ajudar as crianças e adolescentes a se interessarem pela leitu-

ra, de forma a criar um repertório que os ajude, seja na formação humana, seja em vista de uma carreira profissional? De acordo com a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, realizada pelo Instituto Pró-Livro (IPL), Itaú Cultural e Ibope Inteligência, divulgada em setembro de 2020, a única faixa etária que apresentou aumento no número de leitores no País foi a de 5 a 10 anos de idade, que passou de 67% (em 2015) para 71% (em 2019). Os dados do Sindicato Nacional dos Editores de Livros apontam que as vendas de livros em livrarias, supermercados e lojas de autoatendimento também aumentaram significativamente em 2020, quando foram vendidos 2,95 milhões de cópias no Brasil. Maria Luiza Custódio dos Santos Souto, 61, e Douglas Teixeira Souto, 60, são casados e proprietários da livraria Companhia Ilimitada, na zona Norte da capital paulista. A livraria surgiu em maio de 1997 como consequência do trabalho realizado nas escolas daquela região da cidade. “Nosso acervo é voltado, principalmente, para a área de literatura infanto -juvenil. A intenção, desde o início, foi a de criar um ambiente aconchegante e estimulador da leitura. Nesses 23 anos, promovemos vários encontros com autores e contadores de histórias”, disse Douglas Souto, em entrevista ao O SÃO PAULO.

“Sempre nos colocamos à disposição de professores e coordenadores para assessorar a criação de ‘Cirandas de Livros’ ou projetos afins de estímulo à leitura”, continuou o proprietário.

Hábito que transforma a vida O casal tem quatro filhos já adultos, e a leitura em casa com eles quando crianças fazia parte do ritual para a hora de dormir. “Eles cobravam se não lêssemos! Às vezes histórias curtas, livros ilustrados; outras vezes, livros maiores, um capítulo por noite, que criavam uma expectativa para o dia seguinte. Era um momento muito prazeroso, tanto pra eles como para quem lia”, disse o pai. Além do aspecto relacional, Souto se recordou da experiência pessoal que a leitura literária proporciona: “Não é informação, e sim formação! Formação da pessoa, da personalidade, formação do caráter! A possibilidade de, por meio da leitura, conhecer inúmeros lugares, compartilhar uma infinidade de experiências vividas pelos personagens, nas mais variadas situações, alimenta a capacidade de aceitar diferenças, o respeito pelo outro. Traz autoconhecimento e crescimento. O grande desafio hoje é conseguir manter o equilíbrio entre a leitura e os atrativos oferecidos pela rápida expansão da tecnologia”. Sobre a dificuldade que muitos pais encontram em tornar a leitura um momento prazeroso e não obrigatório, Souto salientou que é importante viver o processo sem cobranças, provas, resumos, fichas, atividades ou desenhos, além de deixar que o leitor – criança, adolescente ou mesmo adulto – escolha o próprio livro. Outro hábito indicado por ele é o de frequentar livrarias para que a escolha aconteça: “Pais e filhos juntos na livraria: maravilha! Vale também procurar indicações de pessoas que sejam leitoras, e pesquisar autores, livros premiados, clássicos, lançamentos etc.”. (Com informações de Cenecep e MidiaMax)

Maria Luiza e Douglas Teixeira fizeram uma lista de dicas de livros de acordo com as faixas etárias das crianças: Bebês e crianças de até 2 anos: livros cartonados, por serem mais resistentes, e bem coloridos! Animais - Col. Dedinhos - Editora Catapulta O bloco - Marcello Araújo - Editora Panda 1, 2, 3 quem está na fazenda Editora Brinque-Book Crianças de 3 a 5 anos: O grúfalo - Julia Donaldson / Axel Scheffler - Editora Brinque-Book O sapo bocarrão - Keith Faulkner / Jonathan Lambert Editora Companhia das Letras Mas papai... - Mathieu Lavoie / Marianne Dubuc - Editora Jujuba O homem da chuva - Gianni Rodari / Francisco Degani - Editora Biruta Crianças em fase inicial da alfabetização: O pote vazio - Demi - Editora Martins Fontes A primavera da lagarta - Ruth Rocha / Madalena Elek - Editora Salamandra O passeio - Pablo Lugones / Alexandre Rampazzo - Editora Gato Leitor O sapo e o canto do passarinho - Max Velthuijs - Editora WMF Crianças leitoras: Asas - Maya Hanoch / Ofra Amit - Editora Peirópolis A máquina de retrato - Lúcia Hiratsuka - Editora Moderna A extraordinária jornada de Edward Tulane - Kate DiCamillo - Editora WMF A mulher que matou os peixes - Clarice Lispector / Mariana Valente - Editora Rocco


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| 28 de janeiro a 2 de fevereiro de 2021 | Geral/Fé e Vida | 13

Projetos acompanhados pela Pastoral do Menor são beneficiados com a doação de livros Fotos: Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

A Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo recebeu da Paulinas Editora a doação de mais de 4 mil exemplares de livros infantojuvenis de 14 títulos diversos, além de dezenas de exemplares de doadores anônimos. Ao todo foram direcionados mais de 4,2 mil livros para 125 projetos assistidos pela Pastoral do Menor: 34 deles são das unidades de internação da Fundação Casa e oito são de unidades de semiliberdade.

INCENTIVO À LEITURA As doações beneficiaram e fortaleceram os espaços para leitura já implantados nos projetos e contribuíram para a implementação de novos, pois muitas dessas instituições não recebem o apoio público e vivem de doações, o que dificulta a atualização e renovação dos acervos, conforme ressaltou Sueli Camargo, coordenadora arquidiocesana da Pastoral do Menor. Sueli destacou, ainda, que nas unidades da Fundação Casa esse material é muito utilizado para o processo de alfabetização dos internos que ingressam na instituição com dificuldades de aprendizagem ou sem escolarização. “As cores, linguagens e conteúdos desse tipo de literatura estimulam o interesse dos adolescentes e favorecem a aprendizagem. Por isso, a doação foi bem acolhida pela coordenação pedagógica da instituição”, relatou. Tanto os internos quanto os educadores têm acesso a essas bibliotecas e são incentivados a recorrer a tais espaços no processo socioeducativo. PRESENÇA ATIVA A atuação da Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo na Fundação Casa se dá em três eixos. O primeiro é voltado à evangelização, por meio do Programa de Assistência Religiosa, viabilizado pelo próprio Governo, conforme prevê a Constituição Federal. Esse trabalho é realizado por

Projetos parceiros da Pastoral recebem livros para implementar bibliotecas ou renovar acervos

meio de grupos que visitam semanalmente as unidades da instituição para atividades evangelizadoras, como catequese, orações e acompanhamento espiritual. O segundo eixo concentra-se nas medidas socioeducativas em meio aberto, com iniciativas que acolhem e acompanham os menores que, por determinação da Justiça, gozam de liberdade assistida, prestando serviços comunitários e outras atividades. Por fim, a Pas-

toral também ajuda no âmbito da defesa dos direitos humanos em relação aos adolescentes em medida socioeducativa, acolhendo denúncias de violações desses direitos, feitas, por exemplo, por familiares, e encaminhando-as às autoridades competentes. Para Sueli Camargo, a presença e o conhecimento da Pastoral do Menor sobre as necessidades da Fundação Casa viabilizaram o encaminhamento das doações dos livros. “Acreditamos que a

Doações também são enviadas pela Pastoral do Menor a diferentes unidades da Fundação Casa

medida socioeducativa é um processo integral e, por isso, o estímulo à leitura é fundamental”, disse.

ESTÍMULO À CRIATIVIDADE Os livros doados também foram entregues a outras entidades e projetos acompanhados pela Pastoral. “Em muitos deles não existia uma biblioteca e, por meio dessa doação, foi possível a implantação e o fortalecimento dos espaços já existentes com os novos livros”, enfatizou. Segundo a coordenadora, com os livros será possível realizar trabalhos lúdicos e metodologias diversificadas. “As crianças e os adolescentes têm prazer em pegar o livro, folhear, aprender, e isso possibilita, de uma forma muito positiva, uma viagem no imaginário”, afirmou. “Os livros também são dirigidos aos educadores dessas crianças e adolescentes que podem realizar trabalhos educativos como teatro, encenação, criação de personagens etc. Isso trará um grande benefício para o desenvolvimento pedagógico”, complementou. DIMINUIR AS DIFICULDADES Uma das instituições beneficiadas foi o Centro de Convivência para Crianças e Adolescentes (CCA), do Serviço Franciscano de Solidariedade (SEFRAS), localizado no Jardim Pery Alto, na zona Norte de São Paulo. “Era urgente diversificar o nosso acervo com temas variados e assim manter elevado o interesse na leitura”, enfatizou Angela Assis, coordenadora da instituição, destacando a importância da doação não apenas para estimular a leitura das crianças e adolescentes atendidos, mas diminuir as dificuldades de leitura e escrita que muitos possuem. “Serão beneficiadas diretamente 120 crianças e adolescentes atendidos no contraturno escolar. Nossa biblioteca também é comunitária e as crianças e adolescentes também podem levar os livros por empréstimo para familiares e amigos”, disse à reportagem. (Colaborou: Flavio Rogério Lopes)

Você Pergunta

A comunhão deve ser dada a quem não se confessa há muito tempo? PADRE CIDO PEREIRA

osaopaulo@uol.com.br

“Meu marido vai à missa e comunga, mas sua confissão foi no nosso casamento, 45 anos atrás. E agora?” A pessoa que me mandou essa pergunta preferiu não se identificar. Mas é curioso isso, minha irmã. Eu garanto que seu marido, todas as tardes, quando chega do serviço, antes de tomar a refeição gostosa que você preparou com amor para ele, faz questão de tomar um

banho. Assim, ele descansa, se purifica, pode participar da refeição e aproveitá-la melhor. Também quando ele é convidado para um almoço, não vai de qualquer jeito. Vai alinhado, banho tomado, roupa nova. É uma forma de carinho e respeito por quem o convidou. Não se confessar e ir comungar sempre é complicado. Pode esconder a presunção de ser imune do pecado. E a experiência do pecado faz parte de nossa condição humana. Comungar sempre sem buscar a purificação pela Confissão pode também

esconder uma falta de consciência da importância do sacramento da Penitência. E é complicado valorizar um sacramento e desprezar outro, não acha? Você, minha irmã, quer saber se seu marido está pecando. Seria muito fácil dizer que sim, que ele está pecando. Acontece que há uma santa que nos livra do pecado. É a “santa ignorância”. Quando eu não tenho noção de que minhas atitudes estão desagradando a Deus, eu não estou cometendo pecado. A Igreja ensina que para haver pecado é preciso

que haja matéria grave, consciência de que é pecado e vontade de pecar. Em vez de falar que seu marido está pecando, eu prefiro, então, acreditar que ele está precisando crescer na fé e na consciência do que Deus espera dele. A falta de evangelização provoca atitudes como a de seu esposo. Creio, porém, que ele deve ser um bom esposo. E Jesus que ele recebe sempre na Comunhão um dia haverá de transformar a vida dele para melhor. Fique com Deus, minha irmã. Que Ele abençoe você e sua família.


14 | Papa Francisco | 28 de janeiro a 2 de fevereiro de 2021 |

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‘Na Palavra de Deus, Jesus se faz próximo de nós’ Filipe Domingues

Especial para O São Paulo

Por meio da leitura, meditação e do encontro com a Palavra de Deus, “Jesus se faz próximo de nós”, disse o Papa Francisco em pregação do domingo, 24. O chamado “Domingo da Palavra de Deus”, o terceiro do Tempo Comum, é uma data litúrgica instituída por ele para que a Igreja dedique maior atenção ao encontro com Deus por meio da leitura bíblica. “A Palavra de Deus nos permite tocar com a mão essa proximidade porque não é distante de nós, é próxima ao nosso coração”, escreveu o Papa em sua homilia, lida pelo Arcebispo Rino Fisichella em missa na Basílica

Lembrança das vítimas do extermínio nazista: ‘Pode acontecer de novo’ No Dia Internacional da Lembrança do Holocausto, o Papa Francisco recordou “todas as pessoas perseguidas e deportadas pelo regime nazista”. Em 27 de janeiro de 1945, houve a libertação do campo de concentração de Auschwitz, criado pelo regime totalitário. “Recordar é estar atentos porque essas coisas podem acontecer de novo, começando de propostas ideológicas que querem salvar um povo e terminam por destruir um povo e a humanidade”, disse o Papa na quarta-feira, 27. “Fiquemos atentos sobre como começou essa estrada de morte, de extermínio, de brutalidade”, acrescentou. “Recordar é uma expressão de humanidade. Recordar é um sinal de civilidade.” (FD)

de São Pedro. Por causa de uma crise no nervo ciático, o Papa não pôde presidir a celebração. O texto bíblico “é o antídoto para o medo de ficar sozinho diante da vida”, acrescentou. “O Senhor, de fato, por meio da sua Palavra, consola, isto é, está com quem está só. Falando a nós, Ele nos recorda de que estamos no seu coração, somos preciosos aos seus olhos, protegidos nas palmas de suas mãos.” Quem cultiva a Palavra de Deus descobre que a vida não é o tempo para se afastar dos outros e proteger a si mesmos, “mas ocasião para ir ao encontro dos outros em nome do ‘Deus próximo’. A Palavra, semeada no terreno do nosso coração, nos leva a semear esperança por meio da proximidade. Assim como faz Deus conosco”.

Dia Mundial das Comunicações Sociais: ‘Gastar as solas dos sapatos’ e ir ao encontro das pessoas onde elas estão Em sua tradicional mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, publicada no sábado, 23, o Papa Francisco defendeu o trabalho realizado por jornalistas na comunicação da verdade e pediu que os comunicadores saiam ao encontro das pessoas onde quer que elas estejam. Francisco diz aos comunicadores que precisam “gastar as solas dos sapatos” e não só escrever nas redações ou redes sociais, “sem jamais ir para a rua”. A crítica remete à fala do jornalista Gay Talese, que define o jornalismo como “a arte de sujar os sapatos”.

Vatican Media

bar tendo uma “dupla contabilidade”, ou seja, ignorar o que acontece entre os mais pobres. “Quem nos contará sobre a espera pela cura nas vilas mais pobres da Ásia, da América Latina e da África?” Nada substitui “ir e ver” pessoalmente o que acontece, diz ele.

Contradição das redes Embora as redes sociais possam amplificar a ressonância das mensagens e do compartilhamento, elas também vêm com “riscos de uma comunicação social privada de verificação”. Informações falsas se difundem na internet e, “embora não possamos demonizá-las”, Papa Francisco: ‘Todos somos responsáveis pela comunicação que fazemos’ Ir e ver isso nos pede “uma maior capacidade de disNa comunicação e no anúncio do Evangecernimento e um senso de responsabilidade lho, ele orienta, baseado nas palavras de Jesus: “Vinde mais maduro”. nos colocar diante de uma realidade aumentada na e vede” (Jo 1,39), convidando cada pessoa a entrar em “Todos somos responsáveis pela comunicação que qual parecemos estar imersos”. “Curiosidade, abertura relação com Ele. “Natanael vai e vê, e desde aquele mofazemos, pelas informações que damos, pelo controle e paixão devem mover o trabalho dos comunicadores”, mento sua vida muda. A fé cristã começa assim.” que juntos podemos realizar sobre notícias falsas, descompleta. mascarando-as. Todos somos chamados a ser testeDiz o Papa Francisco: “Se não nos abrimos ao enAlém de agradecer aos jornalistas o seu trabalho, contro, permanecemos espectadores externos, apesar munhos da verdade: a ir, ver e compartilhar”, escreve o a mensagem os convida a ver os problemas de perto. das inovações tecnológicas que têm a capacidade de Santo Padre. (FD) Como no caso da pandemia, outras crises podem aca-


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| 28 de janeiro a 2 de fevereiro de 2021 | Pelo Mundo/Fé e Vida | 15

Igreja latino-americana inicia itinerário de Assembleia Eclesial O lema deste caminho sinodal é ‘Somos todos discípulos missionários em saída’

Celam

Filipe Domingues

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Recordando o encontro dos bispos da América Latina e do Caribe ocorrido há 14 anos em Aparecida (SP), a Igreja na região realizará uma Assembleia Eclesial entre 21 e 28 de novembro na Cidade do México, no México. Esse grande encontro terá como lema “Somos todos discípulos missionários em saída” e foi apresentado no domingo, 24, por meio de uma transmissão pelas plataformas digitais do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam). O Papa Francisco enviou mensagem à Igreja latino-americana após a divulgação do itinerário de encontros e definiu a assembleia como “um encontro do povo de Deus”. Trata-se de um encontro sinodal, ou seja, promove um caminho de Igreja compartilhado entre todos os povos da América Latina e do Caribe. “O lema nos lembra de que desde o mo-

mento do Batismo, fazemos parte da vida da comunidade cristã”, disse Dom Jorge Eduardo Lozano, Secretário-Geral do Celam. O famoso “Documento de Aparecida”, resultado da 5ª Conferência Geral do Celam, em 2007, vai orientar as reuniões desta Assembleia. Em nota, o Celam explica que o objetivo é “contemplar a realidade de nossos povos, aprofundar os desafios do continente, reacender o compromisso pastoral e buscar novos caminhos em chave sinodal”. A proposta é que a reflexão se estenda ao longo do ano seguinte. Em mensagem de vídeo, Dom Miguel Cabrejos Vidarte, Arcebispo de Trujillo e Presidente do Celam, recordou que a Assembleia Eclesial será voltada não só aos que ocupam

cargos e responsabilidades formais na Igreja, aos agentes pastorais organizados ou aos especialistas em Teologia Pastoral, mas a todos os fiéis, e o apelo é para uma “teologia da sinodalidade que abra os novos caminhos que os fiéis percorrem na rota evangelizadora e do anúncio do Reino”.

Mensagem do Papa “Gostaria de lhes dar dois critérios para acompanhá-los neste tempo, um tempo que abre novos horizontes de esperança para nós. Primeiro, junto com o povo de Deus: que esta Assembleia não seja uma elite separada do santo povo fiel de Deus”, disse o Papa Francisco, em mensagem enviada à Igreja da região. “Junto com o povo: não se esqueça, somos todos parte do povo de Deus, somos todos parte dele. Que o povo de Deus que é infalível ‘in credendo’, como nos diz o Concílio, é o que nos dá a pertença”, acrescentou o Papa. Vale lembrar que o encontro será realizado aos pés de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina e do Caribe. Atualizações sobre as atividades da Assembleia Eclesial podem ser obtidas no site https://asambleaeclesial.lat. Fontes: Celam e Vatican News

Jérôme Lejeune: médico, cientista e defensor da vida se torna ‘Venerável’ O Papa Francisco reconheceu as virtudes heroicas do médico e cientista francês Jérôme Lejeune, cuja maior realização foi a descoberta da causa da síndrome de Down. Isso quer dizer que desde o dia 21 ele passou a ser chamado de “Venerável” e iniciou seu processo de beatificação – caso haja milagres, pode chegar à canonização. Lejeune nasceu em 1926 e morreu em 1994, na França. Seu processo de beatificação foi aberto em 2007. Em 1959, aos 33 anos, Lejeune revelou para o mundo a causa da síndrome de Down: a presença de um cromossomo extra no DNA. A explicação para a causa da síndrome revolucionou a forma como pacientes e familiares lidam com a socialização e permitiu o desenvolvimento de tratamentos adequados para seus portadores. As descobertas de Lejeune lhe renderam a aclamação acadêmica, e ele ganhou uma série de prêmios. Católico, também foi nomeado por São João João Paulo II o primeiro

Foundation Jérôme Lejeune

Presidente da Pontifícia Academia para a Vida, em 1994.

A vida é inviolável Ao mesmo tempo, Lejeune encontrou grande resistência na comunidade científica e na política porque sabia que sua descoberta poderia levar à seleção de embriões humanos considerados “perfeitos” – isto é, sem a síndrome de Down. Ao descobrir que a causa era genética, abriria as portas para esse tipo de manipulação. Em outras palavras, ele chegou a uma explicação que lhe rendeu prestígio, mas também temia que ela le-

vasse à eugenia e ao aborto. Lejeune usou argumentos técnicos e científicos, e não religiosos, em suas falas na defesa da inviolabilidade da vida humana. “Se um óvulo fecundado não é por si só um ser humano, ele não poderia se tornar um, pois nada é acrescentado a ele”, declarou. “A natureza humana do ser humano, desde a sua concepção até sua velhice, não é uma disputa metafísica. É uma simples evidência experimental”, dizia ele. Referia-se aos pacientes com síndrome de Down como “meus pequeninos”, atendia os pobres com baixos honorários, em sua clínica privada. Para isso, sacrificava tempo relevante de pesquisa, renunciando, assim, a incrementar a própria renda. Em 1997, São João Paulo II visitou o túmulo de Lejeune, na França, onde se recolheu em oração por alguns minutos. O Papa e amigo o descreveu como modelo do leigo cristão que “utilizou a ciência somente para o bem do homem”. Fontes: Aleteia e Foundation Jérôme Lejeune

Liturgia e Vida 4º Domingo do Tempo Comum 31 de janeiro de 2021

‘Ensinava como quem tem autoridade’ PADRE JOÃO BECHARA VENTURA São Marcos conta como, já no início da pregação de Nosso Senhor, “todos se admiravam com o seu ensinamento”. À diferença dos escribas, Ele “ensinava como quem tem autoridade” (Mc 1,22). Mas, afinal, o que conferia “autoridade” a Jesus? Em primeiro lugar, a autoridade de Cristo decorre de ser Ele o Deus encarnado, a Palavra pela qual o mundo passou a existir. Naquele momento, contudo, o povo ainda não era capaz de reconhecer que Jesus é o Cristo e Filho de Deus. Mesmo assim, a sua autoridade transparecia dos seguintes fatos. Jesus não fala em nome próprio, mas em nome do Pai. Os falsos profetas e demônios podem até confessar: “Tu és o Santo de Deus” (Mc 1,24). Porém, o fazem em nome e em proveito próprio, sem mandato divino. Jesus, ao contrário, cumpre estritamente a vontade de Deus Pai. Comunica tudo e somente o que lhe é confiado (cf. Dt 18,18.20), e sem vantagem pessoal. O Senhor diz a verdade toda, sem mistura de erro. Os demônios e falsos profetas – como lobos vestidos em pele de cordeiro – dizem a verdade, mas a mesclam sutilmente com mentiras. Usam, assim, a Palavra de Deus como uma camuflagem para seus enganos, um condimento para tornar o seu veneno tragável. Afinal, o diabo possui conhecimento aguçado sobre Deus e os homens, mas não tem caridade; ele é “mentiroso e pai da mentira” (Jo 8,44). Por isso, ainda que diga algo correto, Cristo o intima: “Cala-te e sai!” (Mc 1,25). Jesus manifesta unidade de vida. Há coerência entre o que ensina e o que pratica. Neste ponto, Ele se distingue dos escribas e dos fariseus. Sobre estes, diria com ironia: “Fazei tudo quanto eles vos disserem, mas não imiteis suas ações, pois dizem mas não fazem” (Mt 23,3). A coerência se manifesta em toda a vida do Senhor! A bondade; a coragem; a compaixão; a justiça; a atenção aos pobres e enfermos; a lealdade a pequenos e grandes, sem acepção de pessoas; a oração contínua; a castidade na ação, no olhar, na fala; a austeridade; a morte em favor das ovelhas (cf. Jo 10,11). Enfim, a autoridade emana das curas físicas e espirituais que Jesus realiza. Indo ao seu encontro à noite, o fariseu Nicodemos reconheceria: “Ninguém pode fazer os sinais que fazes, se Deus não estiver com ele” (Jo 3,2). A transformação da água em vinho, a cura de enfermos, leprosos e cegos, a libertação de endemoninhados e tantos outros milagres levariam Pedro a anunciar na casa de Cornélio que Cristo “passou fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo diabo, porque Deus estava com Ele” (At 10,38). Ainda hoje, a integridade de vida, a renúncia ao lucro, a penitência e a oração intensas permitem que homens humildes operem, por meio dos sacramentos e sacramentais da Igreja, curas e exorcismos em nome de Jesus. Isso não se dá para o espetáculo, mas em vista da fé e da edificação dos irmãos. E o deslumbramento continua: “Um ensinamento novo é dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!” (Mc 1,27).


16 | Geral | 28 de janeiro a 2 de fevereiro de 2021 |

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Caritas Arquidiocesana adapta serviços e intensifica atendimento a refugiados na pandemia ACNUR/Miguel Pachioni

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

A Caritas Arquidiocesana de São Paulo (CASP), por meio do Serviço de Acolhida e Orientação para Refugiados, divulgou uma prévia dos dados sobre os atendimentos realizados em 2020. O relatório identificou que o número de novas chegadas à instituição ultrapassou o registrado nos anos anteriores e cresceu a procura por ajuda por parte de refugiados e solicitantes de refúgio em decorrência dos impactos da pandemia. O serviço de atendimento aos refugiados é realizado pela Caritas em convênio com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). Em entrevista ao O SÃO PAULO, Cleyton Abreu, advogado e coordenador do Serviço de Acolhida e Orientação para Refugiados da CASP, explicou que nesse relatório ainda faltam os dados dos atendimentos realizados em dezembro e, por isso, a previsão é que o relatório definitivo seja concluído até 15 de fevereiro. “Também faremos um mapa georreferenciado dos atendimentos de 2020, que ficará pronto entre maio e junho. Esse mapa social é muito rico e pode ajudar na melhor construção de projetos pela CASP e desenvolvimento de políticas públicas pela Prefeitura”, acrescentou o coordenador Até novembro, a entidade contabilizou 5,8 mil atendimentos gerais pelo Serviço de Acolhida. Segundo o relatório, em 2020 houve 3.647 novas chegadas, enquanto em 2019, foram 3.426. Durante a assembleia ordinária da entidade, realizada em novembro, o Diretor da CASP, Padre Marcelo Maróstica Quadro, chamou a atenção para o crescimento do atendimento a crianças e idosos em situação de refúgio. “Todos os programas do nosso Serviço de Acolhida têm como eixos de trabalho acolher, proteger, pro-

Presencialmente e on-line, CASP mantém ações em favor de refugiados e solicitantes de refúgio

mover e integrar migrantes e refugiados, verbos que o Papa Francisco utilizou na campanha da Caritas Internacional sobre migração e refúgio”, destacou.

Atendimento remoto Com a pandemia e as medidas de isolamento social, a entidade teve que readaptar sua estrutura de serviços presenciais para o modelo de atendimento remoto. Com uma equipe reduzida, setores como acolhida, assistência, integração, proteção e saúde mental enfrentaram os desafios da modalidade virtual de atendimento. No entanto, na avaliação de Cleyton Abreu, esse pode ser um dos fatores que favoreceram o aumento de atendimentos. Ele explicou que, no atendimento presencial, havia restrições do fluxo de pessoas e do horário de atendimento, que, de certa forma, limitavam o acesso. “Quando mudamos para o formato virtual, essas barreiras caíram”, destacou. Para viabilizar o atendimento virtual, foram disponibilizados 15 canais no WhatsApp, sendo três desses para registro das pessoas e triagem dos casos. Além disso, foi necessário digitalizar as pastas com informações dos atendidos para que

www.osaopaulo.org.br No site do jornal O SÃO PAULO, você acessa conteúdos atualizados sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publicados recentemente. Os Papas e os apelos à consciência do mundo diante da ameaça atômica https://cutt.ly/Hj7AHyA Dom Odilo: ‘Unamo-nos diariamente ao santo sacrifício de Cristo’ https://cutt.ly/Sj7AX4T Semana Catequética Arquidiocesana será on-line entre os dias 1º a 5 de fevereiro https://cutt.ly/Yj7A9Go JMJ 2023: lançado o hino oficial com o título ‘Há pressa no ar’ https://cutt.ly/zj7A7CZ Francisco: ‘Que a Santíssima Trindade nos faça crescer na unidade’ https://cutt.ly/hj7SwtJ

os atendentes tivessem acesso remoto ao banco de dados. “Graças ao ACNUR, conseguimos recursos para a digitalização de mais de 380 mil páginas com informações sobre nossos beneficiários”, ressaltou o coordenador do serviço.

Impacto econômico Outro fator apontado pelo advogado para o aumento da procura por atendimento foi as “outras pandemias de 2020”, como o desemprego, a fome, a insegurança habitacional, a desesperança e a ansiedade, que atingiu especialmente os mais vulneráveis, dentre os quais a população refugiada e solicitante de refúgio. Por essa razão, a CASP manteve o atendimento presencial uma vez por semana, para entrega de itens de higiene, limpeza, roupas e cestas básicas. “Essas entregas, previamente agendadas com os beneficiários, contavam com uma boa logística para maior agilidade e respeito às novas normas sanitárias. O Serviço para Refugiados da Caritas entendeu a gravidade do momento e conseguiu responder da melhor forma possível”, salientou Abreu. O aumento da demanda de atendimento e a diminuição do número de aten-

dentes, devido às restrições da pandemia, aumentaram o risco de desgaste físico e mental desses agentes. “Por isso, desde julho passado, mantemos uma parceria com o Instituto Sedes Sapientiae, grande polo de apoio à saúde mental de São Paulo, para auxiliar a equipe nesse tema”, informou o coordenador.

No Brasil e no mundo Segundo dados do ACNUR, o número mundial de pessoas em deslocamento forçado chegou a um patamar sem precedentes no final de 2019 – com 79,5 milhões (sendo 3,7 milhões de venezuelanos), 85% vivendo em países em desenvolvimento. O Brasil atingiu o maior reconhecimento de pessoas em situação de refúgio, com 49.004 pessoas, de 60 nacionalidades. Apenas no primeiro semestre de 2020, o número cresceu sete vezes mais, comparado a dezembro de 2019. As principais nacionalidades atendidas pelo serviço da Caritas Arquidiocesana em 2020 foram: venezuelanos (58%), colombianos (6%), congoleses (5%), sírios (5%) e angolanos (4%). Perspectivas para 2021 Para este ano, o Serviço para Refugiados manterá o atendimento virtual e a entrega semanal de materiais. A entidade pretende, ainda, melhorar o monitoramento e controle sobre a quantidade possível de atendimentos diários. “Daremos bastante atenção para aqueles serviços que auxiliam na integração da população atendida (educação, inserção laboral e empreendedorismo). Também é importante destacar que todo o trabalho desenvolvido na Caritas tem um custo e a captação de recursos é vital para manutenção desse histórico trabalho, o que também está entre nossas prioridades”, completou Abreu. (Colaborou: Jenniffer Silva)

Dom Odilo convida religiosos para a celebração do Dia Mundial da Vida Consagrada Luciney Martins/O SÃO PAULO

do novo coronavírus e ressaltou que a igreja que acolherá a celebração é No dia 2 de fevereiro, bastante ampla e possibilifesta litúrgica da Apresenta acolher muitas pessoas tação do Senhor, a Igrecom o devido distanciaja também celebra o Dia mento e segurança. Mundial da Vida ConsaA celebração também grada. Nesta data, às 15h, será ocasião de rezar pelos religiosos doentes e na Basílica Nossa Senhora Missa será na Basílica Nossa Senhora do Carmo, dia 2, às 15h falecidos, além das outras do Carmo, na Bela Vista, o intenções da Igreja e da Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, preum momento de graça e de fé, lemvida religiosa consagrada. sidirá uma missa com os religiosos brando que somos todos “testemuOs que não puderem participar nhas de Deus nesta cidade imensa”. que vivem e atuam na Arquidioceda missa foram convidados pelo se de São Paulo. O Arcebispo recordou que, deCardeal Scherer a se unirem em oravido às limitações impostas pela ção por meio das mídia sociais, por Na carta enviada a religiosos e atual pandemia, todos devem leonde será transmitida a celebração. religiosas da Arquidiocese de São var em conta as recomendações já Para ler a íntegra da carta, acesPaulo, na terça-feira, dia 26, Dom se: https://tinyurl.com/yxru2jrr. conhecidas para evitar o contágio Odilo disse que a celebração será Redação

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