O São Paulo - 3338

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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ano 66 | Edição 3338 | 17 a 23 de março de 2021

São José: Padroeiro da Igreja, protetor e inspirador das famílias Reprodução

www.osaopaulo.org.br | R$ 2,00

Editorial A suspensão temporária das missas presenciais não impede a vivência da fé

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Encontro com o Pastor

A festa de São José deste ano pode ser um marco na renovação da vida cristã

Página 2

Espiritualidade Como o padroeiro universal da Igreja, queremos estar sempre com Cristo

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Liturgia e Vida

Os sofrimentos e a morte são o grão de trigo que, destruído, dará frutos

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Comportamento Ter clareza e assertividade nas ações com os filhos é indispensável

Página 7

União entre pessoas do mesmo sexo não deve ser abençoada pela Igreja

‘Com coração de pai: assim José amou a Jesus’, afirma o Papa Francisco na carta apostólica Patris corde; Ano de São José acontece até dezembro

A Solenidade de São José, celebrada na sexta-feira, 19, tem um sentido especial em 2021, pois acontece no âmbito do Ano de São José, instituído pelo Papa Francisco para celebrar os 150 anos da proclamação do Padroeiro da Igreja Católica. Também nesta data, é aberto oficialmente o Ano “Família Amoris laetitia”, que marca os cinco anos

da exortação apostólica de Francisco sobre o amor na família. O SÃO PAULO traz uma seção especial sobre a vida e a devoção a São José, com destaque para a carta apostólica Patris corde, escrita pelo Papa. Páginas 9, 10, 11, 12 e 19

Cardeal Scherer invoca a bênção de Deus sobre a cidade de São Paulo

Nas adversidades, o cristão é chamado a contemplar o mistério da cruz

Pandemia de COVID-19 avança na África e afeta os mais vulneráveis

No domingo, 14, o Cardeal Odilo Pedro Scherer abençoou com o Santíssimo Sacramento a capital paulista, que enfrenta a fase mais crítica da pandemia de COVID-19. No dia 12, o Arcebispo de São Paulo emitiu novas decisões sobre o funcionamento das igrejas, a realização de missas e de atividades religiosas na Arquidiocese.

Como encarar estes tempos difíceis sob a perspectiva cristã? A resposta está na cruz de Cristo. Tanto a Sagrada Escritura quanto o exemplo dos santos ensinam que à medida que o ser humano se une espiritualmente à Paixão de Jesus, pode encontrar um sentido sobrenatural para o sofrimento e as contrariedades da vida.

Passados 13 meses da confirmação do 1º caso de COVID-19 no continente africano, o acumulado de infectados é superior a 4 milhões de pessoas, das quais 107,8 mil morreram. A maioria dos países do continente já sofre com os impactos da paralisação das atividades produtivas e há incertezas sobre a disponibilidade de vacinas.

Páginas 14 e 15

Página 18

Página 16

Esclarecimento foi feito pela Congregação para a Doutrina da Fé, na segunda-feira, dia 15. Pessoas homossexuais, porém, devem ser acolhidas com respeito na Igreja e incluídas pastoralmente. Página 13

Área Pastoral São Gaspar Bertoni é criada na Região Episcopal Belém Desmembrada da Paróquia São Marcos Evangelista, a Área Pastoral estará sob os cuidados dos Padres Estigmatinos. Página 5

Curso aborda fundamentos jurídicos e pastorais do Matrimônio Em formação on-line, doutor em Direito Canônico ressaltou que o vínculo sacramental entre o homem e a mulher é único e indissolúvel. Página 8


2 | Encontro com o Pastor | 17 a 23 de março de 2021 |

cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

A

festa de São José, dia 19 de março, no ano que lhe é dedicado, deveria ser marcada por muitas manifestações de devoção e apreço pelo “querido São José”. Infelizmente, porém, encontramo-nos numa fase crítica da pandemia de COVID-19 e teremos celebrações sem a participação do povo. A prudência e a solidariedade para com os numerosos enfermos e pessoas já falecidas nos levam a acolher as medidas restritivas de aglomeração de povo nesses próximos dias. Assim, evitando as ocasiões e situações de contágio do vírus, colaboraremos para poupar muitas pessoas dos sofrimentos e lutos por causa da pandemia. E como fica São José? Como podemos perder esta ocasião de festejar o padroeiro universal da Igreja, das famílias, dos trabalhadores, dos enfermos, justamente no dia a ele dedicado? E respondo: nós ainda teremos muito tempo para lhe prestar homenagens

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Querido São José ao longo do ano. Neste momento, porém, perguntemo-nos: o que dará mais alegria a São José - cuidar bem da saúde, evitar que mais pessoas fiquem enfermas e até percam a vida? Ou fomentar aglomerações e participar delas, com grandes riscos para a saúde de muitas pessoas? São José foi um homem sempre aberto às surpresas de Deus em sua vida. Acolheu o mistério da maternidade de Maria, sua noiva, e a tomou como esposa, encarregando-se de cuidar do filho dela; surpresa ainda maior: o filho de Maria era também o Filho de Deus, que, por meio dela, vinha ao mundo. José, envolvido em tudo isso, assumiu com fé pronta e humilde os desígnios de Deus que o envolviam, apesar de nem sempre compreender. José foi surpreendido duas vezes pelo anjo, que lhe trazia ordens de Deus. E ele, prontamente, se pôs a colaborar com Deus. Ao apresentar, com Maria, o menino Jesus no templo, José ouviu as palavras bonitas, mas misteriosas, do velho sacerdote Simeão e da igualmente idosa profetisa Ana sobre o menino Jesus. E o próprio menino Jesus, adolescente, o surpreendeu quando resolveu ficar no templo, em vez de acompa-

nhar a caravana dos peregrinos. José ouviu de Jesus que sua casa não era a de Nazaré, mas o templo, a “casa do Pai”. O bom e justo José ficou pensando no significado de todas palavras e circunstâncias. Por certo, Deus sabia o que fazia e ele se deixava conduzir pela Providência, seguindo em frente, na fé obediente. Não tinha a pretensão de ter tudo sob o seu comando e controle, uma pretensão nossa, que nos leva com frequência a confiar pouco em Deus e aceitar somente, como vindo de Deus, o que estiver adequado às nossas medidas e controles. José é grande porque se deixou conduzir pela mão providente de Deus. Confiar em Deus vai além da confiança em nossas capacidades e realizações. Na festa de São José, nós o honraremos se aprendermos de novo as lições importantes que ele nos deixou, mesmo sem conhecermos uma só palavra do que tenha dito: ele é mestre do silêncio contemplativo e orante, atento aos desígnios misteriosos de Deus, noivo e esposo amoroso, homem devotado à família, pai solícito e de grande coração (carta apostólica Patris corde), trabalhador esforçado, cidadão justo e bom. Ensina a Igreja que a melhor devoção aos santos

consiste na imitação de suas virtudes. Bem por isso, o Papa Francisco propôs este ano especialmente dedicado a São José: para olharmos para ele, conhecendo melhor esse homem extraordinário escolhido por Deus e colocado ao lado de Jesus e Maria. Se Deus confiou a ele os cuidados do núcleo inicial da Igreja, que é a “família de Jesus” e a comunidade “dos irmãos de Jesus”, isso continua valendo nos desígnios insondáveis de Deus ainda hoje. Ele é o “cuidador” e “provedor” da casa de Deus e da família de Jesus. Por isso, neste ano, podemos valorizar mais a presença de São José em nossas famílias e nossos lares. Os homens e esposos podem aprender muito de São José e se dirigir muitas vezes a ele, pedindo ajuda; assim também os namorados e noivos, os trabalhadores, os enfermos e todos os que têm responsabilidades sobre outras pessoas na Igreja e na sociedade. Mesmo sem povo nas missas e sem procissões pelas ruas, a festa de São José, deste ano, pode se tornar um marco na renovação da vida cristã e familiar. Que o bom José nos alcance graça, misericórdia e coragem, e nos defenda de todo o mal.

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PARTICIPAÇÕES DO CARDEAL SCHERER EM ATIVIDADES 11 de março

Colégio Pio Brasileiro Um grupo de trabalho, nomeado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), se reuniu virtualmente para estudar propostas a fim de viabilizar a manutenção e funcionamento do Colégio Pio Brasileiro, em Roma. Pelas tratativas, chegou-se à conclusão de que a instituição acadêmica, destinada ao apoio e formação de sacerdotes que estudam na capital italiana, necessita ser mais bem aproveitada e, acima de tudo, buscar atingir a própria sustentabilidade. Para tanto, torna-se necessário conseguir apoio econômico que possa fomentar o envio de alunos ao Colégio por parte das dioceses, mediante o oferecimento de mais bolsas de estudo. A proposta será apresentada no Conselho Permanente e, posteriormente, na próxima Assembleia Geral da CNBB, a se realizar em abril, de forma virtual.

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Cardeal Scherer concelebra missa pelos 20 anos de ordenação episcopal de Dom Pedro Luiz Dora Santos

12 de março

Presidência do Celam No encontro virtual da presidência do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), a pauta foi a organização da próxima assembleia do organismo eclesial do continente, que acontecerá em maio. Há também em curso um projeto de restruturação do próprio Celam e a preparação da Assembleia Eclesial da Igreja na América Latina e no Caribe, que acontecerá em novembro. A presidência do Celam acompanha, portanto, todas as atividades, havendo uma comissão que trabalha especificamente nos preparativos desses eventos.

Formadores da Escola Diaconal A primeira reunião ordinária do ano com os formadores da Escola Diaconal teve por objetivo o acompanhamento das atividades previstas para 2021. Realizada virtualmente, nela foram tratados detalhes sobre os atuais e futuros estudantes, aulas, encontros formativos para os candidatos ao diaconato, aqueles que ingressarão no Propedêutico, entre outros temas.

Dom Pedro Luiz Stringhini, em missa na Diocese de Mogi das Cruzes (SP), na qual celebra 20 anos de ordenação episcopal

REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

Dom Pedro Luiz Stringhini, Bispo de Mogi das Cruzes (SP) e Presidente do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), comemorou os 20 anos de ordenação episcopal no dia 10, com uma missa por ele presidida na Catedral Sant’Ana, em Mogi das Cruzes. A missa em ação de graças foi concelebrada pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo; Dom Paulo Mascarenhas Roxo, Opraem, Bispo Emérito de Mogi das Cruzes; Dom Luiz Carlos Dias, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo; Monsenhor Antonio Robson Gonçalves, Vigário-Geral de

Mogi das Cruzes e sacerdotes diocesanos. Dom Odilo, na homilia, ressaltou que a missão do Bispo “é pregar, anunciar a Palavra e zelar pelo povo, função que Deus coloca em nossas mãos. Juntos, assumimos uma missão que tem o Senhor Jesus Cristo como pastor, procuramos fazer a nossa parte da melhor maneira possível, seguindo o exemplo Dele, e só com a ação do Espírito Santo conseguimos”, disse, destacando, ainda, que os bispos devem indicar os caminhos de salvação para toda a sociedade. “Força, Dom Pedro, coragem! Continue na sua vida de Bispo, recordando todos os dias os seus filhos e filhas nesta sua diocese dos caminhos de Deus que se expressam na Sua Santa Palavra e nos

Seus mandamentos. Que Deus o ilumine, abençoe e conforte”, desejou Dom Odilo ao fim da homilia. Dom Pedro Luiz Stringhini foi nomeado Bispo Auxiliar de São Paulo por São João Paulo II, em 3 de janeiro de 2001. Sua ordenação episcopal ocorreu em 10 de março daquele ano, pela imposição das mãos do Cardeal Cláudio Hummes, então Arcebispo de São Paulo, que o designou como Vigário Episcopal da Região Belém. Em 30 de dezembro de 2009, o Papa Bento XVI nomeou Dom Pedro como Bispo de Franca (SP), onde permaneceu até 2012, quando foi nomeado pelo mesmo Pontífice para a Diocese de Mogi das Cruzes. (Com informações de Diocese de Mogi das Cruzes)

15 de março

Bispos da Província Eclesiástica de São Paulo Pautados nos assuntos gerais pertinentes à vida da Igreja e das dioceses, os temas em destaque neste encontro virtual dos bispos da Província Eclesiástica foram: como as dioceses estão enfrentando os desafios advindos com a pandemia, o início do ano pastoral, a Quaresma, a Campanha da Fraternidade Ecumênica, além de uma avaliação sobre a visita do Papa ao Iraque, entre outros tópicos.

Reunião com os formadores do Seminário de Teologia Seminário de Teologia Bom Pastor

Dom Odilo reuniu-se com os padres formadores do Seminário de Teologia, no bairro do Ipiranga, e ao final da tarde presidiu missa na capela do seminário, concelebrada pelos sacerdotes, com a participação dos seminaristas (foto).

EDITAL DE CONVOCAÇÃO

Pelo presente edital, fica convocada JADWIGA BARBARA KRZEMINSKA (Parte demandada), com endereço desconhecido para que compareça de terça a sexta feira, das 13h, às 16h, ao Tribunal Eclesiástico Inter-diocesano de São Paulo, à Av. Nazaré, 993 – Ipiranga – São Paulo – SP, para tratar de assunto que lhe diz respeito. São Paulo, 11 de março de 2021. Mons. Sérgio Tani Vigário Judicial

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4 | Ponto de Vista | 17 a 23 de março de 2021 |

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Editorial

A suspensão das missas públicas

C

ompletando-se já um ano desde as primeiras medidas legais de isolamento social por causa da pandemia, eis que se tornou novamente necessário o recrudescimento da quarentena em nosso estado: pelo Decreto nº 65.563/21, publicado no dia 11, ficaram suspensas as missas com presença dos fiéis (artigo 2º, II, “a”). Antes, porém, de sumariamente julgarmos esta medida, nós, católicos, deveríamos nos lembrar de que, como nos ensina a Igreja, nossa inteligência é iluminada por duas luzes complementares: a da fé e a da razão natural. A Tradição católica, com efeito, rejeitou desde seus primórdios um fideísmo que pretendesse invocar a fé para agir contrariamente à razão (cf. encíclica Fides et ratio, de São João Paulo II). E sucede que as medidas de isolamento social determinadas pelas autoridades civis são fundadas em conhecimentos racionais sobre as formas de transmissão do vírus, e em “informações

estratégicas em saúde, que sinalizam risco potencial de colapso da capacidade de resposta do sistema de saúde no estado de São Paulo” (cf. decreto supracitado). Insistir, portanto, em adotar condutas que aumentam o risco de contágio poderia configurar uma atitude contrária à razão, e uma orgulhosa pretensão de “obrigar” Deus a realizar um milagre... Por outro lado, é igualmente verdade que, se não podemos negligenciar a nossa vida biológica, a nossa primeira preocupação deve sempre ser para com a vida espiritual (cf. Mt 6,33; 10,28). Agora, então, que a maioria de nós estará privada da assistência pessoal ao Santo Sacrifício da missa, a quais outros meios podemos recorrer para manter acesa a chama da fé (cf. Mt 25,1-13)? Podemos sempre recorrer às chamadas leituras espirituais – prática antiquíssima e recomendada por todos os santos e mestres da vida interior: diariamente, após um momento de recolhimento e invocação do Espírito Santo, ler com calma e meditação, por dez

Os virtuosos viverão

oração dos salmos no tempo da Igreja, exprimindo o simbolismo do momento do dia, do tempo litúrgico ou da festa celebrada”, e suas leituras bíblicas e patrísticas “revelam mais profundamente o sentido do mistério celebrado, ajudam a compreender os salmos e preparam para a oração silenciosa” (1.177). Para quem ainda não domina o manuseio de um Breviário, um caminho bastante simples é rezar diariamente as Laudes, antes do café da manhã ou do trabalho: não leva mais de 15 minutos e o texto pode ser facilmente localizado em aplicativos ou na internet. Por fim, é fundamental lembrarmos que as igrejas continuam abertas aos fiéis: é possível fazer visitas particulares ao sacrário, buscar o atendimento de Confissões e até mesmo solicitar ao sacerdote a distribuição particular da Sagrada Comunhão, fora do rito da missa. Rezemos ao Senhor que nos conceda frutos de verdadeira conversão, agora que nos aproximamos de Sua Páscoa!

Opinião Arte: Sergio Ricciuto Conte

Arthur Acosta Baldin Com a pandemia, vivemos, há um ano, um tempo atípico. As gerações que estão passando por isso nunca tiveram que viver um isolamento tão intenso, privando-se de uma vida normal, renunciando a coisas, como lazer, conviver com os amigos, ir trabalhar ou até frequentar seus ritos religiosos. Todas essas mudanças revelam a gravidade deste momento. Dois termos entraram na moda: empatia e resiliência. No entanto, tivemos que praticar, com maior rigor, várias virtudes humanas. O desdém de alguns setores da sociedade para com as restrições sanitárias demonstra não só uma falta de empatia, mas, também, falta de caridade e generosidade com as vidas perdidas em hospitais por falta de respiradores. No início de 2021, tivemos as notícias de pessoas se aglomerando no réveillon e cogitando um suposto carnaval em junho, sem levar em conta as 200 mil mortes por COVID-19 até então. Para estes que querem a festa, a celebração, fica a pergunta: onde está o luto? Dentro de nós, há um homem novo e um homem velho. Infelizmente, em muitos casos, o velho fala mais alto. Em meio a uma pandemia, presenciamos algumas atitudes de desrespeito coletivo com as vidas que estão se perdendo e o momento de luto de seus familiares.

ou 15 minutos, a Imitação de Cristo; as Confissões, de Santo Agostinho; a História de uma alma, de Santa Teresinha, ou outro livro consagrado. O Terço diário, atendendo ao pedido de Nossa Senhora em Fátima, pode, inclusive, ser rezado em família, auxiliando a fidelidade e a meditação concentrada dos mistérios da vida de Nosso Senhor. Também tirarão muitos frutos os fiéis que se iniciarem à oração da Liturgia das Horas – que são aquelas orações “como que um prolongamento da celebração eucarística”, desenvolvidas pela Igreja ao longo dos séculos “de modo a consagrar, pelo louvor a Deus, todo o curso diurno e noturno do tempo” (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1.174 e 1.178). O Catecismo, com efeito, “recomenda (...) também aos próprios leigos que recitem” a Liturgia das Horas, “destinada a tornar-se a oração de todo o povo de Deus” (1.175). E isso porque os hinos e preces ali contidos “inserem a

“Atualmente, o paradoxo é que percebemos a necessidade de cada pessoa cooperar com as outras justamente quando devemos nos isolar de todos por razões de saúde. No entanto, é um paradoxo apenas aparente, pois o ato de ficar em casa constitui um gesto de profunda solidariedade. É ‘amar ao próximo como a si mesmo’. Outra lição que a pandemia nos ensina é que, sem solidariedade, liberdade e igualdade não passam de palavras vazias” (palavras do Papa Francisco, proferidas na Academia de Ciências do Vaticano, citadas por João Cortese, em “Heroísmo silencioso”).

Ficar em casa é um ato de amor pelo outro. No entanto, o amor é difícil, pois se baseia na constância e em pequenos atos imperceptíveis aos olhos humanos, realizados por heróis escondidos que não necessitam de aplausos. Já as aglomerações indesejáveis em tempos de pandemia, o discurso de menosprezo aos efeitos do vírus, frente a cerca de 280 mil mortos e o desdém a quem luta para minimizar os efeitos dessa doença, nos mostram o egoísmo explícito em nossa sociedade e a objetificação da vida alheia, tão cara a nós, cristãos. Em tempos atuais, todo tipo de aglomeração desnecessária não

deixa de ser um atentado contra a vida do outro. Por outro lado, deparei-me fazendo um julgamento moral de quem não respeitava a quarentena, rompendo até laços de amizade com pessoas que eu via na rua sem máscara, rotulando-as de ignorantes e genocidas. Apesar de ser bem avesso a essa forma de pensar, percebi que meu julgamento poderia estar imbuído de muito ódio e pouco amor. Muitos aderiram a esta maneira de pensar, pois não têm o que comer e estão desesperados. Outros tantos podem não agir por maldade, mas, infelizmente, não querem renunciar a suas convicções. São Josemaría Escrivá dizia que “as crises mundiais são crises de santos”. A pandemia chegou para mostrar justamente isso. Estamos carentes de amor. Busquemos o caminho das virtudes, pois este criará uma sociedade melhor. Muitos se questionam se a solidariedade que comoveu a todos no início da pandemia irá se perpetuar após este período. Olhando com um olhar apenas humano para tudo o que tem ocorrido, parece que não. Se olharmos, porém, por uma ótica cristã, na qual o cair e recomeçar é uma luta diária, veremos que há esperança em uma sociedade mais virtuosa, mais solidária. Arthur Acosta Baldin é ator e professor de Teatro, com ênfase em Arte e Deficiência.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.


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| 17 a 23 de março de 2021 | Regiões Episcopais/Fé e Vida | 5 Padre Roberto Fernando Lacerda

Belém

Dom Luiz Carlos Dias oficializa criação da Área Pastoral São Gaspar Bertoni Pascom Estigmatinos

POR PASCOM ESTIGMATINOS No domingo, 14, em missa na Comunidade Nossa Senhora das Graças, Dom Luiz Carlos Dias, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, oficializou a criação da Área Pastoral São Gaspar Bertoni, que, além desta comunidade, será composta por mais outras duas, que levam os nomes de Nossa Senhora Aparecida e Maria Mãe dos Migrantes. São Gaspar Bertoni é o padroeiro e fundador da Congregação dos Sagrados Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo, os Estigmatinos, que estarão à frente desta Área Pastoral, com os Padres Elizeu da Conceição e Vidal Valentin Cantero Zapattini. Eles concelebraram a missa, assim como

Dom Luiz, na matriz da Área Pastoral São Gaspar Bertoni, confiada aos Padres Estigmatinos

os Padres Irineu Dossou e Jorge Calderon, Verbitas, e o Padre Jordélio Siler Ledo, Provincial dos Missionários Estigmatinos. A Área Pastoral foi desmembrada da Paróquia São Marcos Evangelista, cujo Pároco é o Padre Irineu. “Hoje, é como os pais que veem seus filhos saírem para o

mundo. Eles querem ver os filhos alçarem voos, mas, ao mesmo tempo, o coração fica apertado com a sua partida. Ainda assim, porém, estou cheio de esperança com o que nossos filhos possam oferecer e dar a vida ao fortalecimento e crescimento de nossas comunidades”, afirmou.

[SANTANA] Atendendo ao pedido da direção de duas Unidades de Atenção Básica de Saúde situadas próximas à Paróquia Santa Rosa de Lima, Setor Pastoral Tremembé, foram montados pontos de vacinação contra a COVID-19 no salão paroquial e no estacionamento da igreja. O funcionamento é sempre às segundas, terças, quintas e sextas-feiras, das 8h às 17h, com imunizantes aplicados conforme os grupos estabelecidos pelas autoridades de saúde. (por Padre Roberto Fernando Lacerda) Arquivo paroquial

Pela intercessão de São José às mulheres de todo o mundo Leonardo Provasi

Fernando Arthur

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO nA REGIÃO

Fiéis rezam o Terço de São José, no dia 8

No Dia Internacional da Mulher, 8 de março, a Paróquia São José do Belém realizou o Terço de São José. “Queremos neste dia colocar nossa oração diante de Deus, para que olhe pela realidade das mulheres no mundo de hoje, para que sejam respeitadas na sua dignidade de ser humano e tenham seus direitos salvaguardados. Neste Ano de São José, queremos apresentar a Deus todas as lutas, dores e sofrimentos, mas, também, as alegrias e esperanças das mulheres”, afirmou o Padre Marcelo Maróstica Quadro, Pároco, no início do Terço.

No primeiro mistério, fez-se a leitura sobre a Criação, durante a qual se pediu pelo fim da desigualdade entre homens e mulheres; no segundo mistério, sobre a origem de Jesus, pediu-se pela conversão da sociedade, a fim de que a mulher não seja vista nem tratada como objeto; no terceiro mistério, rezou-se as intenções do Papa Francisco para o mês de fevereiro, sobre a violência, e se pediu proteção às mulheres que são vítimas de atos violentos. No quarto mistério, rezou-se pelas mães que sofrem pela dor dos filhos vitimados pela violência, fome e injustiça. Por fim, no último mistério, pediu-se para que a Igreja seja espaço de acolhida, recolhimento e de valorização das mulheres.

[BRASILâNDIA] Teve início, no dia 10, a festa do padroeiro da Paróquia São José, Setor Pastoral Perus, com missa presidida pelo Padre Reinaldo Torres, Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças. Outras missas presenciais ocorreram até o domingo, 14. Em razão das atuais medidas de restrição para conter a disseminação do novo coronavírus, as missas da novena têm sido celebradas sem a presença de fiéis, mas com transmissão on-line, pelo link a seguir: https://cutt.ly/3zBqAM9. O mesmo acontecerá no dia da solenidade do padroeiro, na sexta-feira, 19, com transmissão da missa às 19h. (por Pascom da Paróquia São José)

Espiritualidade São José, o silencioso, diz uma só palavra Dom Carlos Lema Garcia

J

BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE E VIGÁRIO EPISCOPAL PARA A EDUCAÇÃO E A UNIVERSIDADE

osé, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,20). Nesse mesmo momento, José recebe de Deus a sua vocação de pai adotivo do Menino, a incumbência de lhe dar o nome de Jesus e a missão de cuidar Dele, de criá-Lo, educá-Lo e lhe dar uma profissão e ofício na vida. Nós sabemos que não há nenhuma palavra de São José anotada nos Evangelhos e, por isso, José é chamado de silencioso. Há somente registro dos seus

pensamentos: por exemplo, quando reparou no mistério da maternidade de Maria, e o anjo comunicou-lhe em sonhos que o Filho fora concebido do Espírito Santo. No entanto, nós podemos, com certeza, saber pelo menos uma palavra que José disse, sem risco de nos enganarmos. Essa palavra foi pronunciada no momento da circuncisão do Menino: “Completados que foram os oito dias para a circuncisão do menino, foi-lhe posto o nome de Jesus, como lhe tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno” (Lc 2,21). Nesse momento, José, em sua função paterna, conforme prescreve a Lei, pronuncia o nome do Menino: Jesus. Essa é a única palavra falada por José, ou que certamente deduzimos que ele pronunciou. Esse fato tem um significado profundo, porque Jesus significa o Salvador, o Messias esperado, o Filho Eterno do Pai. É o único nome por meio do qual somos salvos. O nome era de grande importância entre os judeus: quando se dava o nome a um recém-nascido, desejava-se expressar o que ele havia de ser no futuro. Se não se conhecia o

nome de uma pessoa, não se podia dizer que fosse realmente conhecida. Devemos ter o desejo de pronunciar muitas vezes o nome de Jesus. Andar a seu lado, encontrar a nossa vocação em segui-lo de perto. Aliás, se pensarmos bem, a única pessoa que está conosco e permanecerá para sempre – até o fim da nossa vida – é Jesus. Não somente durante toda a nossa vida, mas também na vida eterna do Céu, quando veremos Jesus face a face. O Papa Francisco comentou sobre isso na homilia de 5 de abril de 2013, na missa cotidiana celebrada na capela da residência Santa Marta. O Pontífice contou a história de um homem humilde que trabalhava havia 30 anos na cúria de Buenos Aires (Argentina). “Era pai de oito filhos, e antes de sair, antes de fazer as coisas, sempre dizia: ‘Jesus!’ E eu, uma vez, perguntei-lhe: ‘Por que você sempre diz Jesus? Quando eu digo ‘Jesus’ – disse-me este homem humilde – eu me sinto forte, sinto poder trabalhar, e sei que Ele está a meu lado, que Ele me protege.” “Este homem – continuou o Papa – não estudou Teologia, tinha somente a

graça do Batismo e a força do Espírito. E esse testemunho – afirmou o Papa Francisco – me fez um grande bem”, porque nos recorda de que “neste mundo, que nos oferece tantos salvadores, somente o nome de Jesus salva... e devemos dar testemunho disso! Ele é o único”. E, ao final, o Papa recordou os presentes de que “Nossa Senhora nos conduz sempre a Jesus”, como fez em Caná, quando disse: “Fazei aquilo que Ele vos disser!”. Assim, confiemo-nos ao nome de Jesus, invoquemos o nome de Jesus, deixando que o Espírito Santo nos impulsione a fazer esta oração confiantes no nome de Jesus. Isso nos fará bem! Precisamos acostumar-nos a chamar Jesus pelo seu nome. A ser verdadeiros amigos de Jesus. A vida cristã consiste em viver com Jesus, concentrar nossa atenção Nele, aprender Dele. Recebê-Lo em nossos corações na Eucaristia. Ele é o nosso melhor Amigo e Mestre, Ele é o Médico que nos cura as feridas dos pecados na Confissão. Nesta Solenidade de São José, queremos aprender com ele a viver sempre na presença de Jesus.


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lapa Região realiza Semana de Animação Bíblico-Catequética Benigno Naveira

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

A Pastoral da Animação Bíblico-Catequética da Região Episcopal Lapa realizou, entre os dias 22 e 25 de fevereiro, a Semana de Animação Bíblico-Catequética, que teve a participação, a cada noite, de aproximadamente 70 pessoas, on-line. O tema central tratado foi o “Diretório dos Sacramentos – um novo olhar: Teológico – Bíblico – Pastoral”, com a coordenação do Padre Geraldo Pereira e a participação dos assessores Padre Silvio Oliveira, Padre Thiago Faccini Paro e Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa.

O objetivo dessa semana catequética foi revisitar o Diretório dos Sacramentos e propor uma reflexão à comunidade e conduzir os catequistas a trabalhar conjuntamente. Padre Geraldo destacou que “cada sacramento é um encontro real, fortíssimo da presença do Senhor Jesus; é um marco na vida das pessoas, sinal da nossa fé. O Diretório dos Sacramentos tem sempre uma reflexão teológica e depois uma proposta para aplicar o sacramento na prática, ou seja, uma orientação pastoral”. Além disso, comentou que, antes de receber um sacramento, é preciso haver boa preparação do fiel, para que o receba como sinal de amor a Jesus e resposta ao

chamado para ser discípulo e missionário. “A dimensão bíblico-catequética na Região Episcopal Lapa tem uma preocupação com a ação evangelizadora destinada ao povo de Deus. Depois de muitos estudos e olhando a realidade, observamos que falta uma ação conjunta de trabalho pastoral. Nesse sentido, nasceu o desejo de revisitar o Diretório dos Sacramentos, pois muitos catequistas ainda não o conhecem, apesar de estar na segunda edição. Algumas coisas precisam ser atualizadas, ter uma linha comum também na orientação e realização dos sacramentos que nos levam a contemplar o mistério de Cristo”, comentou Dom José Benedito.

Dom Eduardo: ‘Deus é rico em misericórdia!’ COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Na manhã do domingo, 14, Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, presidiu missa na Paróquia Santa Francisca Xavier Cabrini, Setor Pastoral Santa Cecília, concelebrada pelo Padre Sérgio Nouh, Pároco. Além da participação presencial dos fiéis, houve transmissão pelo Facebook da Paróquia (@ParoquiaSantaFranciscaXavierCabrini). “Deus é rico em misericórdia! Ele não nos pune, não nos castiga. Deus nos ama!”, afirmou o Bispo na homilia, ao refletir sobre amor e misericórdia divina,

centro das mensagens contidas nas leituras bíblicas do 4º Domingo da Quaresma. “Deus nos ama tanto que deu o Seu Filho unigênito, para que não morra quem Nele crer, mas tenha a vida eterna. O amor de Deus por nós é infinito, desde todos os tempos. Cabe a nós reconhecer e praticar esse amor a exemplo de Jesus Cristo, modelo de vida e salvação. Deus não nos castiga, não nos pune e nos convida a amar, a abrir-nos à misericórdia de Deus nesta Quaresma, que é tempo de reconciliação, de voltarmos para Deus, de não ter medo de rasgarmos as paredes do nosso coração”, disse o Bispo.

Diego Monteiro

A Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários, Setor Pastoral Brás, promoveu no sábado, 13, um bate-papo virtual para ajudar na conscientização dos fiéis sobre a gravidade da atual situação da pandemia de COVID-19 em São Paulo e no Brasil. Padre Lorenzo Nacheli, Pároco, conduziu a conversa entre a comunidade de fiéis e duas profissionais da área da Saúde, ambas paroquianas: a médica Rossana Romão, que atua em pronto-socorro e em

(por Janice Santos)

[LAPA] Duas paróquias dedicadas a São José celebrarão solenemente seu padroeiro na sexta-feira, 19, com missas transmitidas on-line e sem a presença de fiéis, em razão da atual pandemia. Na Paróquia São José, no Jardim Monte Alegre (@saojosejardimmontealegre), a missa será às 18h; e na Paróquia São José, no Jaguaré (@paroquiasaojosedojaguare), às 18h30. [LAPA] Na noite da segunda-feira, 15, aconteceu a reunião virtual da Pastoral da Comunicação da Região Episcopal Lapa.

Dom Eduardo e Pe. Sérgio abençoam fiéis

Paróquia promove bate-papo virtual sobre COVID-19 POR PASCOM PAROQUIAL

[BELÉM] Em missa no domingo, 14, na Área Pastoral São João Paulo II – criada a partir da divisão da Paróquia Divino Espírito Santo, Setor Sapopemba –, Dom Luiz Carlos Dias, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, deu posse ao Padre Haroldo Evaristo Alves da Silva, CSSp, como Pároco, e apresentou o Padre João Chiuzo, CSSp, como Vigário Paroquial.

[LAPA] Será concluída na quarta-feira, 17, a festa do padroeiro da Paróquia São Patrício, com missa, às 18h30, transmitida pelas redes sociais da Paróquia (@paroquiasaopatricio).

sé Diego Monteiro

Jenice Santos

6 | Regiões Episcopais | 17 a 23 de março de 2021 |

UTI, e a nutricionista Tereza Sena, da Santa Casa de Misericórdia. Elas comentaram sobre os efeitos do vírus nos infectados e as principais consequências, assim como a respeito do aumento das internações. Ambas alertaram que a quase total ocupação dos hospitais culmina na falta de atendimento, não somente aos pacientes com COVID-19, mas aos com outras doenças. Lembraram, ainda, que não há quantidade suficiente de profissionais da Saúde capacitados para atender à atual demanda. A médica Rossana relatou essa

falta de profissionais em UTIs e a exaustão daqueles que estão na linha de frente no tratamento dos internados. As duas ressaltaram, ainda, que o distanciamento social continua sendo a melhor alternativa para a diminuição do número de casos. Essa live aconteceu no contexto da retomada da iniciativa Operação Saúde, realizada pela Paróquia em 2020, e que reuniu profissionais da Saúde de diversas áreas para a produção de conteúdo voltado à prevenção da COVID-19 e ao combate às fake news sobre a pandemia.

Pascom da Região Santana

Livia Miranda

[SÉ] A Paróquia São Francisco de Assis, no Largo São Francisco, é um dos pontos de vacinação contra a COVID-19. Os que pertencem às faixas etárias e grupos que já estão autorizados a tomar a vacina, de acordo com as determinações das autoridades sanitárias, podem se dirigir à igreja, de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h. Helder Teixeira

[IPIRANGA] No sábado, 13, Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, conferiu o sacramento da Crisma a 36 jovens, no Santuário São Judas Tadeu, Setor Pastoral Imigrantes. (por Caroline Dupim) Divulgação

[SANTANA] Em missa presidida por Dom Jorge Pierozan, no domingo, 14, o Padre Francisco Ferreira da Silva (à esq. do Bispo) foi empossado como Administrador Paroquial na Paróquia Santa Terezinha, no Jaçanã, Setor Pastoral Tucuruvi. Concelebraram os Padres José Roberto Novaes,

Cícero Alves de França, Antonio Pedro dos Santos, Sandro Ely Oliveira, Edson José Sacramento, José Roberto Abreu de Matos e Sulliver Rodrigues do Prado, com a participação dos Diáconos Jindarley Santos da Silva e Claudines Venâncio. (por Pascom da Região Santana)

[SÉ] Foi lançada, no dia 11, a nona entrevista do canal “Brasil Terra de Santos”, que este mês destaca a Serva de Deus Madre Maria José de Jesus, religiosa carmelita falecida em 1959 e que é considerada a “coluna do Carmelo brasileiro”. Quem fala a respeito é Felipe Motta, estudioso sobre a vida da Serva de Deus, que foi Priora do Carmelo de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. O vídeo já está disponível no YouTube (@brasil.terradesantos). (por Lívia Miranda)


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| 17 a 23 de março de 2021 | Regiões Episcopais/Viver Bem/Fé e Vida | 7

Fé e Cidadania

santana

Desigualdade: marca brasileira

Padre João Luiz Miqueletti assume a Paróquia Nossa Senhora de Fátima POR PASCOM SANTANA No sábado, 13, Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, deu posse ao Padre João Luiz Miqueletti como Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Setor Imirim. Padre João Luiz nasceu em Potirendaba (SP). Ordenado padre em 1993, na capital paulista, por 11 anos ele foi Pároco da Paróquia Rainha Santa Isabel. Depois, atuou por dez anos na Paróquia Sant’Ana e, nos últimos seis anos, como Pá-

roco da Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus. Ele é reconhecido por seus dotes artísticos, despertados desde a infância. “Com o passar do tempo, fui aperfeiçoando meus conhecimentos em pintura, e continuo estudando até hoje. Já como Padre, estudei restauração no Instituto Paulista de Restauro, com o Professor Domingos Telecheia. Exerci o ofício de restaurador por anos e me coloquei a serviço na Comissão de Bens Culturais da Igreja da Arquidiocese”, declarou.

Pascom da Região Santana

Padre João Luiz com Dom Jorge, dia 13

Comportamento Clareza na ação com os filhos Simone Cabral Fuzaro Hoje em dia, um dos maiores desafios dos pais é ter segurança e clareza na ação cotidiana com os filhos. Desde que nascem os pequenos, parece que as dúvidas ganham espaço crescente na mente dos pais – sentem-se inseguros com manejos simples do dia a dia e, em contato com tantas orientações e técnicas que existem disponíveis no mundo virtual, acabam se sentindo “engessados” e, de algum modo, escravizados pelos desejos e sentimentos dos filhos. Entender o porquê de tanta insegurança na formação dos filhos é o primeiro passo para poder superá-la e ganhar a clareza e a assertividade necessárias para uma boa condução desse processo. Vocês podem se perguntar: “É ruim termos acesso a estudos e informações, além de técnicas educativas que são desenvolvidas diariamente?”. Eu respondo: “Não seria se cada um de vocês soubesse com clareza os objetivos que têm na formação dos filhos, certamente teriam condições de escolha. O problema é que a maioria dos pais não tem essa visão clara dos objetivos e de como fazer para alcançá-los e acabam se confundindo com o que encontram nas redes”. Vamos olhar para essa insegurança: o que está por trás dela? Vivemos uma cultura extremamente hedonista, niilista – não há verdade e o que rege as ações é o nível de conforto –, seja da criança, seja dos pais. Mesmo sem percebermos, buscamos o menor nível de desconforto possível para todos. Muitos de vocês que são pais hoje já cresceram nessa perspectiva de

serem atendidos e de buscarem o conforto, o que acaba por deixá-los inaptos a enfrentar e dar suporte ao descontentamento dos filhos. Outro fator importante é o conteúdo do imaginário dos pais! Reina nesse imaginário o medo: medo de traumatizar, medo de perder o amor dos filhos, de exigir coisas desnecessárias. Para caminhar na contramão das incertezas e conseguir uma postura mais convicta e clara, é necessário que consigam formular o que querem para seus filhos. Perguntando assim diretamente, a resposta, quase unânime, será: “Quero que seja uma pessoa feliz!”. Evidentemente, essa é uma sede de todos nós, seres humanos: sermos felizes e formarmos filhos que sejam felizes. O próximo passo, então, é se perguntar: “O que é a felicidade? Que tipo de pessoa meu filho precisa ser para ser feliz?” Não podemos nos esquecer de que na sociedade em que vivemos o conceito de felicidade, assim como o de liberdade, encontra-se completamente deturpado. Podemos nos surpreender imaginando que somos mais felizes quanto mais conseguirmos realizar nossos desejos materiais, quanto mais sucesso profissional tivermos, quanto mais prazeres consigamos obter no dia, quando não temos nenhum compromisso ou responsabilidade séria que exija muito empenho.... ou seja, com facilidade, confundimos vida feliz com vida fácil e confortável. É para isso que queremos criar nossos filhos, para uma vida fácil? Temos controle sobre a vida que terão? Estarão preparados para a vida e as circunstâncias que ela apresentar ou sucumbirão ao primeiro obstáculo maior que surgir? É extremamente urgente uma reflexão séria

sobre isso, especialmente tomando consciência de que as ações educativas tomadas agora, na infância e adolescência, forjarão o caráter e a postura deles. Não adianta querermos formar filhos capazes de enfrentar as dificuldades e os obstáculos da vida com força e atitude, mas acreditarmos que isso é para quando forem adultos, poupando-os agora, enquanto são “pequenos”, dos exercícios necessários para adquirir as virtudes que os capacitarão para isso. Se querem formar pessoas felizes, fortes, resilientes, empáticas, proativas, que não desmoronem diante das adversidades, é preciso treiná-las desde cedo. Portanto, queridos pais, busquem estabelecer os objetivos e, aí sim, terão mais clareza e coragem para agir na educação deles. Quando o objetivo é claro e vale a pena, suportamos o trabalho que ele oferece para ser alcançado, os choros e dificuldades que aparecem pelo caminho. A boa notícia é: vale a pena empreender esse caminho árduo, desafiador e de muita responsabilidade que é formar os filhos e, quanto antes ganharem clareza e assertividade nas ações, antes alcançarão os resultados. Além disso, a mensagem mais importante que transmitirão aos filhos é: “Amo-o tanto que abdico das facilidades, do conforto, do prazer para formá-lo bem”. Os filhos que crescem vendo a luta dos pais por lhes oferecer o melhor valorizam o que recebem, identificam a autoridade deles e levam na memória os valores plantados no peito. Mesmo que errem, que se desviem do caminho, têm claro para onde voltar. Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora. Mantém o site: www.simonefuzaro.com.br Instagram: @sifuzaro.

Fabio Gallo A experiência vivida ao longo da crise sanitária, sem dúvida alguma, trouxe novos comportamentos para toda a sociedade. A solidariedade, particularmente no início do isolamento social, foi algo muito positivo e que nos fez ficar esperançosos. Infelizmente, esse comportamento perdeu força com o passar do tempo. Hoje, várias instituições e grupos estão tendo que lutar para conseguir atender um número mínimo de necessitados. Além disso, a falta de planejamento, o descaso com a coisa pública e a falta de atenção com a população ficaram patentes com a segunda onda da pandemia. Falar das perdas desnecessárias de vidas pode parecer óbvio, mas é preciso. Muitas pessoas, com medo de perderem o presente, acabaram perdendo o futuro. E talvez, pior, provocaram a perda do futuro de outros. Outra marca terrível que está ocorrendo ao longo desse processo é o aumento significativo da desigualdade em nosso Brasil. Uma pesquisa do FGV Social nos mostra que “a renda individual do trabalho do brasileiro teve uma queda média de 20,1% e a sua desigualdade, medida pelo índice Gini, subiu 2,82% no primeiro trimestre completo da pandemia”. Esses indicadores representam recordes negativos históricos. Outros dados dizem que a renda do trabalhador da metade mais pobre caiu quase 28%, ao passo que entre os 10% brasileiros mais ricos a queda da renda foi de 17,5%. Embora todos os pesquisados tenham quedas de renda, alguns grupos sofreram mais, como os indígenas (-28,6%), os analfabetos (-27,4%) e os jovens entre 20 e 24 anos (-26%). Nosso País é o oitavo pior em diferença de renda. Registra o coeficiente Gini de 53,9 (que teria valor 100 para igualdade absoluta). Em dezembro, foi divulgado o ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) relativo a 2019, e o Brasil perdeu cinco posições nessa classificação mundial, apesar de uma leve melhora do índice em si (0,762 para 0,765). Ocupamos a 84ª posição entre 189 países, pior do que a de Chile, Argentina, Uruguai e Colômbia. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-Contínua) 2019 nos traz que o rendimento do 1% que ganha mais equivale a 33,7 vezes o da metade da população que ganha menos. Os rendimentos mais elevados foram de R$ 28.659, ao passo que o montante dos 50% da população com os menores rendimentos foi de R$ 850. Os dados mundiais mostram que, quanto mais pobre a pessoa for, maior o risco de se contaminar ou morrer. Os mil maiores bilionários do mundo recuperam as perdas da pandemia em apenas nove meses. Os mais pobres levarão mais de uma década para voltar ao nível em que estavam antes da crise. O Papa Francisco disse: “Perante a pandemia e as suas consequências sociais, muitos correm o risco de perder a esperança. Neste tempo de incerteza e angústia, convido todos a aceitarem o dom da esperança que vem de Cristo”. É Cristo “que nos ajuda a navegar nas águas tumultuosas da doença, da morte e da injustiça, que não têm a última palavra sobre o nosso destino final” (26 de agosto de 2020). Conclui que a economia está doente, devemos sair melhores da pandemia. Na homilia da missa da Vigília de Natal, em 24 de dezembro de 2020, o Papa criticou a desigualdade entre ricos e pobres e, ainda, a “voracidade consumista” dos homens. Disse que “enquanto uns poucos realizam banquetes esplêndidos, muitos não têm pão para sobreviver”. Para Francisco, o presépio é o “ponto de inflexão” para mudar o curso da história. “O corpo do Menino Jesus no presépio propõe um novo modelo de nova vida: não devorar e monopolizar, mas compartilhar e dar. Deus se faz pequeno para ser nosso alimento. Nutrindo-nos Dele, pão da vida, podemos renascer no amor e romper a espiral da avidez e da cobiça.” Fabio Gallo é professor da Fundação Getulio Vargas, em São Paulo (SP), e ex-professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).


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Matrimônio: ‘O bem da família diz respeito a todo ser humano’ Reprodução da internet

Fernando Geronazzo

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A terceira aula do curso de extensão promovido pela Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e pela Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo, na segunda-feira, 15, abordou as dimensões jurídico-pastorais sobre o sacramento do Matrimônio. O tema foi apresentado pelo Padre Denilson Geraldo, Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, Diretor do Instituto Pallotti di Roma e docente na Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo. Realizado on-line, o curso é destinado a sacerdotes, diáconos, seminaristas, religiosos, leigos, membros de movimentos eclesiais, da Pastoral Familiar, de cursos de preparação para noivos e catequistas de jovens e adultos. Direito Canônico Padre Denilson iniciou sua aula explicando que a dimensão jurídica do sacramento do Matrimônio está fundamentada no atual Código de Direito Canônico (CDC), promulgado por São João Paulo II. Ele ressaltou, ainda, que esse documento é fruto das disposições do Concílio Vaticano II (1962-1965) e, por isso, possui em seu conteúdo os fundamentos e as perspectivas antropológicas, teológicas e pastorais do Concílio. O cânon 1059 do CDC diz: “O Matrimônio dos católicos, mesmo que só uma das partes seja católica, rege-se não só pelo direito divino, mas, também, pelo canônico, salva a competência do poder civil sobre os efeitos meramente civis desse Matrimônio”. O Canonista explicou que a Igreja valoriza a dimensão civil do Matrimônio justamente pelo fato de este possuir em si um aspecto social e civil. “A família não é uma questão somente entre os cônjuges e os filhos, mas da

sociedade”, disse, acrescentando que o bem da família não é preocupação apenas da Igreja, “diz respeito a todo ser humano”. Outro aspecto ressaltado pelo Padre Denilson é que o Matrimônio não é uma celebração privada, mas pública. Por isso, quando é aberto o processo matrimonial em uma paróquia, são publicados na entrada da igreja os proclamas, que informam toda a comunidade que determinadas pessoas pretendem se unir em Matrimônio e, caso alguém tenha conhecimento de algum impedimento para tal, que comunique a autoridade eclesiástica.

1057 §2). Ao comentar esse aspecto, o Professor enfatizou que o ato da vontade do consentimento sempre deve ser livre e, quando não há essa liberdade, o vínculo sacramental é inválido. Uma vez que Jesus Cristo elevou o matrimônio natural à dignidade de sacramento, o CDC enfatiza que, entre pessoas batizadas, “não pode haver contrato matrimonial válido que não seja por isso mesmo sacramento”. Padre Denilson recordou que as propriedades essenciais do casamento são a unidade e a indissolubilidade, que, no Matrimônio cristão, recebem firmeza especial em virtude do sacramento.

Consentimento O CDC também destaca que o Matrimônio se dá por meio do “consentimento das partes legitimamente manifestados entre as pessoas juridicamente hábeis” e ainda sublinha que tal consentimento “não pode ser suprido por nenhum poder humano”. “O consentimento matrimonial é o ato de vontade pelo qual um homem e uma mulher, por aliança irrevogável, se entregam e se recebem mutuamente para constituir o Matrimônio” (cân.

Perspectivas pastorais A segunda dimensão abordada pelo Padre Denilson diz respeito às implicações pastorais da justiça eclesiástica em relação ao Matrimônio, cuja atuação se dá concretamente por meio dos tribunais eclesiásticos. Esses tribunais são responsáveis por julgar aqueles casos em que a validade do vínculo matrimonial é colocada em questão. “Nem todos os que manifestaram publicamente o consentimento na Igreja, diante do padre e das testemu-

nhas, preencheram todos os requisitos necessários para que esse seja válido”, destacou o Canonista. O Professor explicou que há pessoas cujo casamento faliu e as levou à separação. Em muitos casos, vivem uma segunda união sem vínculo sacramental e manifestam o desejo de colocar em juízo a validade daquela primeira união que não deu certo. Assim se dá o processo de verificação de nulidade matrimonial. Nulidade “O que Deus uniu o homem não separa. Portanto, o tribunal não anula o Matrimônio, pois isso seria contrário à Palavra de Deus. O tribunal julga, por meio de um processo canônico, se Deus, de fato, uniu esse casal e se, portanto, essa união pode ser nula”, esclareceu o Sacerdote. Padre Denilson enfatizou, ainda, que somente os cônjuges ou uma das partes podem solicitar a verificação da nulidade, uma vez que os noivos são os ministros do sacramento, enquanto o sacerdote ou diácono é apenas a testemunha qualificada em nome da Igreja. Também por esse motivo, somente a Igreja, que testemunhou e abençoou o vínculo, pode, por meio do tribunal, verificar e declarar sua nulidade. Acompanhamento Por fim, o Professor incentivou os agentes da Pastoral Familiar, Encontro de Casais com Cristo e outros grupos pastorais a estarem atentos e solícitos para ajudar as famílias que vivem situações de fragilidade e rupturas e, quando for o caso, a chegarem até o tribunal eclesiástico. Padre Denilson salientou que muitos desses casais carregam “um fardo pesado” e um grande sofrimento com o fim de uma união que pode não ter sido válida. Ele reforçou que não cabe somente ao sacerdote ajudar essas famílias; as pastorais e grupos têm um papel fundamental nesse acompanhamento e ajuda.

Você Pergunta É correto que o adesivo de distanciamento social na igreja tenha a imagem de Maria? Padre Cido Pereira

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O Gesunildo, da Vila Medeiros, quer saber se é correto se sentar sobre um adesivo com a imagem de Maria ou dos santos. Isso porque, na paróquia onde ele frequenta, adesivos de Nossa Senhora foram colocados nos bancos para demarcar o distanciamento social. Meu querido irmão, primeiramente, quero cumprimentar, sem conhecer, o

padre da sua paróquia. Na verdade, ele não marcou o distanciamento entre as pessoas com o adesivo de Nossa Senhora para elas se sentarem nele. Pelo contrário! Pena que você não entendeu o recado. O adesivo de Nossa Senhora separando as pessoas para evitar o contágio é um meio de comunicação muito forte. “Não sentem no adesivo!” – está dizendo o seu pároco. Mantenham-se distantes fisicamente, separados pela imagem da Virgem Mãe, e que o amor dela una a

todos na celebração eucarística e nos encontros de oração. Eu estou aqui pensando, meu caro irmão, como é triste não poder estar juntos, unidos na mesma fé, cumprimentar com um gesto de paz quem está ao nosso lado, lotar a nossa Igreja e cantar a plenos pulmões a nossa fé. Deus, porém, está exigindo este isolamento para todos nós. De repente, os gestos de carinho que nos unem, abraços, apertos de mão, beijos, devem ser evitados, e o isolamento, que

sempre foi um ato de egoísmo, tornou-se um gesto de amor e de respeito de uns pelos outros. Penso que Jesus gosta de seus seguidores quando são criativos no amor. Vamos em frente, meu irmão. Apoiemo-nos em nossa fé, coloquemo-nos aos cuidados de Deus, deixemo-nos conduzir pelo Evangelho de Jesus, e confiemonos no abraço maternal de Maria. Em breve, cantaremos a vitória do retorno à comunhão plena.


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ORAÇÃO DO PAPA FRANCISCO POR OCASIÃO DO ANO DE SÃO JOSÉ Salve, guardião do Redentor e esposo da Virgem Maria! A vós, Deus confiou o seu Filho; em vós, Maria depositou a sua confiança; convosco, Cristo tornou-Se homem. Ó Bem-Aventurado José, mostrai-vos pai também para nós e guiai-nos no caminho da vida. Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem, e defendei-nos de todo o mal.

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São José: aquele que sempre agiu com o coração de pai Vatican Media

Amém

Imagem de São José e do Menino Jesus na biblioteca do Palácio Apostólico no Vaticano; Papa publicou em 8 de dezembro a carta Patris corde

Daniel Gomes

osaopaulo@uol.com.br

A Solenidade de São José, celebrada na sexta-feira, 19, tem em 2021 um sentido especial, pois acontece no contexto do Ano de São José, instituído pelo Papa Francisco, em dezembro de 2020, para celebrar os 150 anos do decreto Quemadmodum Deus, pelo qual, em 8 de dezembro de 1870, o Beato Pio IX declarou o Esposo da Virgem Maria como Padroeiro da Igreja Católica. Para demarcar as comemorações, o Papa Francisco publicou a carta apostólica Patris corde (Com coração de pai), que tem por objetivo “aumentar o amor por este grande Santo, para nos sentirmos impelidos a implorar a sua intercessão e para imitarmos as suas virtudes e o seu desvelo”, explicou o Papa. Francisco menciona títulos atribuídos a São José ao longo da história (leia mais abaixo), ressalta que o Santo amou Jesus “com coração de pai” e apresenta sete características paternais de São José. Pai amado O Papa faz menção a uma homilia de São Paulo VI, do ano de 1966, na qual se destaca que a paternidade de São José se ex-

primiu “em ter feito da sua vida um serviço, um sacrifício, ao mistério da encarnação e à conjunta missão redentora; em ter usado da autoridade legal que detinha sobre a Sagrada Família para lhe fazer dom total de si mesmo, da sua vida, do seu trabalho; em ter convertido a sua vocação humana ao amor doméstico na oblação sobre-humana de si mesmo, do seu coração e de todas as capacidades no amor colocado a serviço do Messias nascido na sua casa”. Pai na ternura O Pontífice recorda os gestos de ternura de São José com o Menino Jesus, como o de lhe ensinar a andar, de lhe dar o alimento, e lembra que “a vontade de Deus, a sua história e o seu projeto passam também por meio da angústia de José. Assim, ensina-nos que ter fé em Deus inclui também acreditar que Ele pode intervir, inclusive por meio dos nossos medos, das nossas fragilidades, da nossa fraqueza”. Pai na obediência O Santo Padre mostra como São José foi obediente a Deus ao aceitar a gravidez de Maria, fugir com ela e o Menino para o Egito, regressar a Israel e se retirar para Nazaré no momento oportuno.

O Pontífice lembra, ainda, que, com São José, Cristo “aprendeu a fazer a vontade do Pai”. Francisco recorda um trecho da exortação apostólica Redemptoris custos, de São João Paulo II, na qual se aponta que “José foi chamado por Deus para servir diretamente a Pessoa e a missão de Jesus, mediante o exercício da sua paternidade: desse modo, precisamente, ele coopera no grande mistério da Redenção, quando chega a plenitude dos tempos, e é verdadeiramente ministro da salvação”. Pai no acolhimento O Papa retoma uma de suas homilias do ano de 2017, na qual afirma que “José acolhe Maria sem colocar condições prévias. Confia nas palavras do anjo. A nobreza do seu coração fá-lo subordinar à caridade aquilo que aprendera com a lei; (...) apresenta-se como figura de homem respeitoso, delicado que, mesmo não dispondo de todas as informações, se decide pela honra, dignidade e vida de Maria”. Ainda de acordo com o Pontífice, “o acolhimento de José convida-nos a receber os outros, sem exclusões, tal como são, reservando uma predileção especial pelos mais frágeis”.

Pai com coragem criativa Francisco enaltece o Carpinteiro de Nazaré como aquele que, com coragem criativa, soube transformar problemas em oportunidades, “antepondo sempre a sua confiança na Providência”, de modo que “Deus confia neste homem, e o mesmo faz Maria, que encontra em José aquele que não só lhe quer salvar a vida, mas sempre a sustentará, ela e o Menino. Nesse sentido, São José não pode deixar de ser o Guardião da Igreja, porque a Igreja é o prolongamento do Corpo de Cristo na história, e, ao mesmo tempo, na maternidade da Igreja, espelha-se a maternidade de Maria”, escreve o Papa, destacando que todos devem aprender com São José a amar o Menino, sua Mãe, os sacramentos, a caridade, a Igreja e os pobres. Pai trabalhador O Santo Padre recorda que José, um carpinteiro, é sempre lembrado por sua relação com o trabalho. “Com ele, Jesus aprendeu o valor, a dignidade e a alegria do que significa comer o pão, fruto do próprio trabalho”, indicando, assim, “que o próprio Deus feito homem não desdenhou o trabalho”. Pai na sombra A figura de José é para Jesus a sombra, na terra, do Pai celeste, modelo a ser seguido pelos pais na educação dos próprios filhos: “Ser pai significa introduzir o filho na experiência da vida, na realidade. Não segurá-lo, nem prendê-lo, nem subjugá-lo, mas torná-lo capaz de opções, de liberdade, de partir. Talvez seja por isso que a Tradição, referindo-se a José, ao lado do apelido de pai colocou também o de ‘castíssimo’. Não se trata de uma indicação meramente afetiva, mas é a síntese de uma atitude que exprime o contrário da posse. A castidade é a liberdade da posse em todos os campos da vida. Um amor só é verdadeiramente tal, quando é casto. O amor que quer possuir acaba sempre por se tornar perigoso: prende, sufoca, torna infeliz. O próprio Deus amou o homem com amor casto, deixando-o livre inclusive para errar e se opor a Ele. A lógica do amor é sempre uma lógica de liberdade, e José soube amar de maneira extraordinariamente livre. Nunca se colocou a si mesmo no centro; soube descentralizar-se, colocar Maria e Jesus no centro da sua vida”, escreve o Papa.

TÍTULOS ATRIBUÍDOS A SÃO JOSÉ Padroeiro da Igreja Católica

Por meio do decreto Quemadmodum Deus, da Sagrada Congregação dos Ritos, o Papa Pio IX, “consternado pela recentíssima e funesta situação das coisas, para confiar a si mesmo e os fiéis ao potentíssimo patrocínio do Santo Patriarca José (...) solenemente declarou-o Patrono da Igreja Católica”, como consta no documento datado de 8 de dezembro de 1870.

Padroeiro dos Operários

Em 1º de maio de 1955, o Papa Pio XII instituiu a festa de São José Operário e apresentou o Santo como Padroeiro dos Operários. “Trabalhadores e trabalhadoras, agrada-vos o nosso dom? Temos certeza de que sim, porque o humilde artesão de Nazaré não só personifica junto a Deus e à Santa Igreja a dignidade do trabalhador, mas é também sempre providente guardião vosso e de vossas famílias”, declarou o Pontífice na Praça São Pedro.

Guardião do Redentor

Em 15 de agosto de 1989, por meio da exortação apostólica Redemptoris custos, São José foi declarado por São João Paulo II como Guardião do Redentor: “Desejo apresentar à vossa consideração, amados irmãos e irmãs, algumas reflexões sobre aquele a quem Deus ‘confiou a guarda dos seus tesouros mais preciosos’. É para mim uma alegria cumprir este dever pastoral, no intuito de que cresça em todos a devoção ao Patrono da Igreja universal e o amor ao Redentor, que ele serviu de maneira exemplar”.

Padroeiro da Boa Morte

Essa é uma invocação a São José, consagrada pela devoção popular e também mencionada no Catecismo da Igreja Católica: “A Igreja nos encoraja à preparação da hora de nossa morte (‘Livrai-nos, Senhor, de uma morte súbita e imprevista’: antiga ladainha de todos os santos), a pedir à Mãe de Deus que interceda por nós ‘na hora da nossa morte’ (oração da ‘Ave-Maria’) e a entregar-nos a São José, Padroeiro da Boa Morte” (CIC, 1014).


10 | ESPECIAL ANO DE SÃO JOSÉ | 17 a 23 de março de 2021 |

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Homem justo e fiel à vontade de Deus Fernando Geronazzo

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A principal fonte de informações sobre a vida de São José são os Evangelhos. Há, ainda, alguns elementos da tradição oral da comunidade cristã nascente que ajudam a conhecer melhor esse homem que foi escolhido por Deus para ser o pai adotivo de Jesus. O que se sabe é que José era um carpinteiro que morava em Nazaré, na Galileia. Em outra informação, ele era descendente do rei Davi. Quando tinha cerca de 30 anos, foi-lhe prometida em casamento uma jovem chamada Maria, também de Nazaré. Enquanto ainda vivia com os pais, antes de ser desposada por José, a Virgem recebeu a visita de um Anjo que lhe anunciou que, pela ação do Espírito Santo, ela conceberia um menino, a quem seria dado o nome de Jesus, o Filho de Deus.

de José de Nazaré”, o polonês Jan Dobraczynski narra em forma de romance a história deste Santo, por meio de uma série de relatos e diálogos fictícios que ilustram detalhes dos sentimentos e dificuldades humanas vividas por José e, ao mesmo tempo, o quanto ele foi amparado por Deus nessa missão. “José mal podia andar. Ardiam-lhe os olhos devido ao pó das rochas, que a ventania arrastava, misturando com gotas de água. Apesar disso, continuava protegendo Miriam [Maria] e cuidando das passadas do asno”, descreve o autor.

No templo A Lei de Moisés prescrevia que, depois do parto, a mulher era considerada impura, e devia ficar 40 dias segregada se tivesse dado à luz um menino. Depois desse período, deveria se apresentar. A Lei também prescrevia que o filho primogênito deveria ser consagrado a Deus ou, então, apresentava-se uma oferta para o sacrifício. No templo, José e Maria encontraram o profeta Simeão, que se referiu a Jesus como “luz para iluminar as nações” e, quanto a Maria, profetizou que uma espada lhe transpassaria a alma (cf. Lc 2,35).

rodes está procurando o menino para matá-lo” (Mt 2,13). “Logo tudo estava empacotado: um pouco de roupa, alguma comida, umas poucas ferramentas de carpinteiro. José pegou o burrinho, pôs-lhe os arreios. Enquanto isso, Maria vestia Jesus”, narrou Dobraczynski, descrevendo a cena. José foi logo embora com a família (cf. Mt 2,14) para uma viagem de cerca de 500km. A maior parte do caminho foi pelo deserto, infestado de serpentes e outros perigos. A Sagrada Família teve que viver a penosa experiência dos refugiados longe da própria terra, Mosaico. Marko Ivan Rupnik. 2018. Capela da Sagrada Família, Branik, Eslovênia. para que acontecesse, quanto tinha dito o Senhor por meio do Profeta: “Eu chamei o filho meu do Egito” (Os 11,1).

Em Nazaré No mês de janeiro do ano 4 a.C., logo após a morte de Herodes, um Anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito, e lhe disse: “Levanta-te, pega o menino e sua mãe e vai para a terra Um sonho, de Israel; na verdade, morreram aqueles que procuravam um chamado Ao tomar conhecimento matar o menino” (Mt 2,19). da inexplicável gestação daJosé obedeceu às palavras quela que seria sua esposa, a do Anjo e partiu com a família, mas quando lhe chegou a angústia tomou o coração de notícia de que o sucessor de José. O Evangelista São Mateus refere-se ao carpinteiro Herodes era o filho Arquelau, ele teve medo. Avisado de Nazaré como um homem novamente em sonho, foi justo que, não querendo denunciar publicamente Mapara Nazaré, cumprindo-se, ria, despediu-a em segredo. assim, o que fora anunciado O mesmo Evangelista pelos profetas: “Ele será chamado Nazareno”. narra que, enquanto dormia, Foi em Nazaré que a Saapareceu-lhe, em sonho, um grada Família viveu a maior Anjo do Senhor, o qual lhe parte do tempo. Esse é o pedisse: “José, filho de Davi, ríodo da chamada vida oculta não tenhas receio de receber de Jesus, que desperta curioMaria, tua esposa; o que nela sidade em muitas pessoas, foi gerado vem do Espírito mas, na verdade, não possui Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe porás o nome nenhum mistério a não ser de Jesus, pois ele vai salvar o o da vida cotidiana, marcada seu povo dos seus pecados”. pelo trabalho, oração, convívio familiar e a educação do O Anjo explicou, ainda, que menino que, como os Evantudo aquilo havia aconteciMosaico da Sagrada Família, de autoria de Marko Ivan Rupnik, na Capela da Sagrada Família, em Branik, na Eslovênia do para se cumprir o que o gelhos descrevem, “crescia em (Pesquisa: Wilma Tommaso, Doutora em Ciências da Religião e Especialista em Arte Sacra) Senhor dissera pelo profeta: estatura, sabedoria e graça”. “Eis que a Virgem ficará gráJosé também era um pai vida e dará à luz um filho. Ele será chaNatal de família fiel às tradições religiosas e, “José contemplava Simeão estumado pelo nome de Emanuel, que signiAo chegar a Belém, encontraram pefato. Enquanto ele não conseguia como todo bom judeu, peregrinava com fica: Deus conosco”. uma cidade tomada por estrangeiros. descobrir nenhum sinal de qualquer sua família ao templo, em Jerusalém, Quando acordou, conta o Evangelho, José percorreu todas as hospedarias à coisa extraordinária, havia pessoas que para as festas prescritas. Uma dessas ocasiões é narrada por São Lucas, o famoso José fez conforme o Anjo tinha mandaprocura de um lugar para a sua esposa, encontravam no filho de Maria o mido e acolheu sua esposa e o filho em seu lagroso sob a aparência do cotidiano”, episódio da perda e do encontro de Jesus mas as esperanças de encontrar uma boa ventre. escreveu o polonês, sublinhando que entre os doutores da lei. acolhida foram frustradas. Finalmente, José vivia sua missão com simplicidaencontraram acolhida em um lugar onde Rumo a Belém de, sem jamais perder a confiança em Morte ficavam os animais, e lá Maria deu à luz Um decreto do imperador César AuNão há relatos históricos sobre a morDeus. seu filho, que foi colocado em uma mangusto ordenava o recenseamento de todo jedoura (cf. Lc 2,7). te de São José, a não ser a tradição difunFuga para o Egito dida entre os primeiros cristãos. Acredio povo sob domínio romano (cf. Lc 2,1). Ao imaginar a cena, Dobraczynski Outro desafio enfrentado por José ta-se que ele morreu pouco antes de Jesus José partiu com Maria para Belém, cidaescreveu que José pôs as mãos por baide de origem de sua família. A viagem foi xo dele e o ergueu, conforme um antigo foi a fuga para o Egito, depois de novainiciar sua vida pública, por volta do ano mente um Anjo lhe aparecer em sonho muito cansativa, tanto pelas condições costume da época. Depois, ele se sentou 30, provavelmente de velhice, tendo diante de seus olhos aqueles aos quais protee dizer: “Levanta-te, pega o menino e precárias da estrada quanto pelo estado ao lado da manjedoura. “Com a cabeça geu e dedicou a vida e, um dia, contemsua mãe e foge para o Egito, fica lá até de Maria já no fim da gestação. apoiada na mão, contemplava o menino plaria na eternidade: Jesus e Maria. que te avise quando voltar; porque HeNo livro “A sombra do Pai – História adormecido”, acrescentou.


‘Valei-me, São José’

| 17 a 23 de março de 2021 | ESPECIAL ANO DE SÃO JOSÉ | 11

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

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Devoção ao Santo é expressa por diferentes gestos de piedade popular DANIEL GOMES

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“São José, a nós vosso amor / Sede nosso bom protetor / Aumentai o nosso fervor.” Esse refrão, de um dos cantos mais tradicionais ao Patrono da Igreja, expressa a piedade popular àquele a quem os fiéis recorrem para pedir a proteção pessoal e familiar e a intercessão a Deus nos momentos de tribulação. Especialmente em 19 de março, mas também em outras datas do ano, muitos gestos marcam a devoção a São José: a bênção dos lírios, os papéis com intenções embaixo da imagem do Santo dormindo, a sacolinha e o cordão de São José são alguns deles (leia detalhes abaixo). “Cada um desses devocionais nos ajudam a entender uma atitude de São José que nós temos que replicar na vida: quanto ao lírio, remete à pureza do coração, à santidade; com o cordão de São José, fala-se de confiar na proteção contra todos os males e perigos, porque São José foi protegido por Deus nos momentos difíceis da vida; quanto à imagem dormindo, isso está muito ligado à ora-

Devotos recorrem à intercessão de São José diante das dificuldades pessoais e familiares; piedade popular é marcada por muitos devocionais

ção, ao silêncio, ao abandono em Deus, que ajuda a iluminar e discernir. Assim, o foco não está nos devocionais em si, mas nos sentidos que há neles”, explicou, ao O SÃO PAULO, o Padre Marcelo Maróstica Quadro, Pároco da Paróquia São José, na Região Episcopal Belém. Piedade popular Na exortação apostólica Evangelii nuntiandi (EN), ao falar sobre a religiosidade popular, São Paulo VI a classifica como “expressões particulares da busca de Deus e da fé”, que devem ser bem

orientadas para se evitar “deformações da religião, como sejam, por exemplo, as superstições”, de modo a, positivamente, suscitar “atitudes interiores que raramente se observam alhures no mesmo grau: paciência, sentido da cruz na vida cotidiana, desapego, aceitação dos outros, dedicação, devoção etc. Em virtude desses aspectos, nós chamamos-lhe de bom grado ‘piedade popular’, no sentido religião do povo, em vez de religiosidade” (EN, 48). No livro “São José: o lírio de Deus – resgatando a devoção na piedade popular” (Paulus, 2015), o Padre Jerônimo

Gasques fala dos traços de São José que o tornam próximo de todas as pessoas: “São José é o operário sofrido, o retirante nordestino identificado na fuga para o Egito. É o agricultor que amanhece o dia de cara pra cima, à procura de um sinal de chuva, e aposta todas as suas esperanças de inverno no Dia de São José. É o homem sedento de justiça, o pai de família que tenta educar os filhos numa sociedade consumista, ameaçada por todo tipo de violência. É a história do sem-teto que procura uma gruta de Belém para abrigar a família”.

alguns traços da piedade popular a São José L írio de São José: No dia 19 de março, é tradição a bênção dos lírios, que os fiéis levam para acompanhar a procissão com a imagem do Santo. O lírio representa a pureza de coração de São José, a castidade, a fidelidade a Deus e a vitória da vida sobre a morte. I ntenções embaixo da imagem de São José dormindo: “Foi em um momento difícil da vida, em sonho, que São José teve o discernimento de assumir o projeto de Deus, e, assim, não teve medo de assumir Maria e a criança que iria nascer. Isso explica a devoção das pessoas que escrevem a dificuldade que enfrentam ou um pedido e colocam este papel debaixo da imagem, pedindo que São José possa interceder por aquela situação”, explica o Padre Marcelo Maróstica. Este é um hábito também do Papa Francisco, conforme revelou durante a viagem apostólica às Filipinas, em 2015: “Quando tenho um problema ou uma dificuldade, eu o escrevo em um papelzinho e o coloco embaixo de São José, para que ele sonhe sobre isso, para que ele reze por este problema”. Sacolinha de São José: Confeccionada com diferentes tipos

de tecido, no interior desta sacolinha é colocada uma moeda envolta em um papel com a seguinte oração: “Neste saquinho, guardarás tuas economias e terás a proteção de São José em situações financeiras. Nunca te faltará nada. Daqui a um ano, no dia 19 de março, farás 19 saquinhos e os distribuirás após ter assistido à missa de São José. Basta fazer uma vez. Guarde sempre contigo este saquinho com esta mensagem e a moeda que deve ser colocada junto. São José te abençoará”. De acordo com a piedade popular, assim como São José proveu o sustento da Sagrada Família, também intercederá para que nada falte ao devoto e seus familiares.

ordão de São José: Conta-se que na C primeira metade do século XVII, no convento das Agostinianas na cidade de Anvers, na Bélgica, Sóror Isabel Sillevorts sofria de fortes dores com “pedra nos rins”. Devota de São José, ela pediu a um sacerdote que abençoasse um cordão. Depois, Sóror Isabel o cingiu na cintura, suplicou a intercessão de São José e, dias depois, se viu livre das dores do cálculo renal. Desde então, os devotos procuram o cordão não só para alívio das doenças corporais ou para assistência no leito de morte, mas, também, para alcançar a pureza da alma e a castidade. Além do cordão na cintura, há quem o utilize no pulso ou o coloque entre páginas de livros, no carro, na carteira, no travesseiro etc.

edalhinha de São José: Em sua M composição mais comum, São José é retratado com o Menino Jesus nos braços, o que simboliza a paternidade e a proteção contra todos os perigos. O ‘Santo da Chuva’: O dia 19 de março é muito aguardado no sertão nordestino. A piedade popular assegura que, caso chova nesta data ou o clima se apresente fresco, o inverno será um bom período de chuvas, para amenizar o clima seco e proporcionar fartas colheitas. Entretanto, não é somente nesta data que os devotos recorrem a São José. Na Diocese de Crato (CE), por exemplo, no fim de novembro, os fiéis participam de uma missa solene, saem em procissão pelas ruas com a imagem do Santo e, ao final, há a bênção, com pedido por chuvas. São José é ainda o padroeiro do Ceará. Na cidade que foi por primeiro a capital daquele estado, Aquiraz, conta-se que as primeiras embarcações que chegavam traziam a imagem de São José. Naquela cidade cearense e em outras, como na atual capital, Fortaleza, o dia 19 de março é feriado. (Com informações de Paulus, Canção Nova e Diocese de Crato)


12 | ESPECIAL ANO DE SÃO JOSÉ | 17 a 23 de março de 2021 |

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Ladainha de São José

Pelos casais

São José, esposo da Virgem Maria, com confiança clamamos o Vosso patrocínio. São José, esposo da Virgem Maria, pai adotivo de Jesus, ardentemente suplicamos que lanceis um olhar benigno sobre estes casais…(nomes) Protegei, ó Guarda Providente da Sagrada Família, do alto do Céu ajudai a vencer todos os obstáculos dentro do matrimônio. Te pedimos, ó São José, a restauração do matrimônio e do casamento. Que consigam dar o perdão e aceitar o perdão. Libertai ó Deus, por intercessão de São José, de todas as mágoas cometidas dentro do matrimônio, assim como de atitudes e sentimentos errados. Senhor, por intercessão de São José, olhai aqueles casais que estão com o coração dolorido e machucado com tantos acontecimentos ruins. Amparai aqueles que estão com o amor desgastado e com o relacionamento desestruturado. Fortalecei-os no pacto nupcial. Que o perdão cure os ressentimentos e que o amor supere as desavenças. São José, rogai pela família. Amém.

Para obter a virtude da pureza

Ó glorioso São José, Pai e protetor das Virgens, a cuja fiel proteção foram confiados Jesus Cristo, a própria inocência, e Maria, Virgem das Virgens; em nome de Jesus e de Maria, desse duplo tesouro que Vos foi tão caro, Vos suplico que me conserveis isento de toda impureza, para que, com espírito puro e corpo casto, sempre sirva fielmente a Jesus e a Maria. Amém.

Orações a São José Assim como são variadas as devoções ligadas a São José, são muitas as orações da tradição católica para invo-

Súplica

Lembrai-vos, ó puríssimo esposo da Virgem Maria, ó meu protetor, São José, que nunca se ouviu dizer ficasse sem consolo quem invoca vossa proteção e solicita vosso apoio. Cheio de confiança, apresento-me diante de vós e animado de fervor me recomendo a vós. Ah! Não desprezeis minha súplica, Pai nutrício do Redentor, mas dignai-vos acolhê -la piedosamente. Amém.

Proteção

A vós São José, recorremos na nossa tribulação, e depois de ter implorado o auxílio da vossa Santíssima Esposa, cheios de confiança, solicitamos o vosso patrocínio. Por esse laço sagrado de caridade que vos uniu à Virgem Imaculada Mãe de Deus, e pelo amor paternal que tivestes para com o Menino Jesus, ardentemente suplicamos que lanceis um olhar benigno à herança que Jesus Cristo conquistou como o seu sangue, e nos assistais, nas nossas necessidades, com o vosso auxílio e poder. Protegei, ó guarda providente da Divina Família, a raça escolhida de Jesus Cristo;

car a sua intercessão. Nesta edição, O SÃO PAULO apresenta algumas dessas preces: afastai para longe de nós, ó Pai amantíssimo, a peste do erro e do vício; assisti-nos do alto do céu, ó nosso fortíssimo sustentáculo, na luta contra o poder das trevas; e, assim como outrora salvastes da morte a vida ameaçada do Menino Jesus, assim também defendei agora a Santa Igreja de Deus contra as ciladas dos seus inimigos e contra toda a adversidade. Amparai a cada um de nós, com vosso constante patrocínio, a fim de que o vosso exemplo e sustentados com o vosso auxílio, possamos viver virtuosamente, piedosamente morrer, e obter no Céu a eterna bem-aventurança. Amém. (Papa Leão XIII)

Senhor, tende piedade de nós. Jesus Cristo, tende piedade de nós. R. Senhor, tende piedade de nós. Jesus Cristo, ouvi-nos. R. Jesus Cristo, atendei-nos. Deus, Pai dos Céus, tende piedade de nós. Deus Filho, Redentor do mundo, Deus Espírito Santo, Santíssima Trindade, que sois um só Deus, Santa Maria, rogai por nós. São José, Ilustre filho de David, Luz dos Patriarcas, Esposo da Mãe de Deus, Casto guarda da Virgem, Sustentador do Filho de Deus, Zeloso defensor de Jesus Cristo, Chefe da Sagrada Família, José justíssimo, José castíssimo, José prudentíssimo, José fortíssimo, José obedientíssimo, José fidelíssimo, Espelho de paciência, Amante da pobreza, Modelo dos operários, Honra da vida de família, Guarda das virgens, Sustentáculo das famílias, Alívio dos miseráveis, Esperança dos doentes, Patrono dos moribundos, Terror dos demônios, Protetor da Santa Igreja, Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo. R. Perdoai-nos, Senhor. Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo. R. Atendei-nos, Senhor. Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo. R. Tende piedade de nós. V. Ele constituiu-o senhor da sua casa. R. E fê-lo príncipe de todos os seus bens. Oremos: Ó Deus, que por inefável providência Vos dignastes escolher a São José por esposo de vossa Mãe Santíssima; concedei-nos, Vo-lo pedimos, que mereçamos ter por intercessor no Céu aquele que veneramos na terra como protetor. Vós que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. Amém. Pesquisa: Fernando Geronazzo

ALGUMAS DAS IGREJAS DEDICADAS A SÃO JOSÉ NA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO Durante o Ano de São José, todas as igrejas, capelas e oratórios com o título de São José serão lugares de pere-

grinação onde poderão ser obtidas indulgências plenárias, conforme prescreve a Santa Sé. Veja algumas dessas

igrejas: A lista completa das igrejas está disponível em: https://tinyurl.com/yadg5xv9. Fotos: Pascom

REGIÃO EPISCOPAL SÉ Paróquia São José

Rua Dinamarca, 32 – Jardim Europa Telefones: 3085-1506 | 3082-2677 Horário de Funcionamento: Segunda-feira: das 8h às 12h Terça e sexta-feira: das 8h às 16h30 Quarta e quinta-feira: das 8h às 15h30 Sábado: das 8h às 14h30 Domingo: das 8h às 10h30 e das 12h às 16h

REGIÃO EPISCOPAL BELÉM

REGIÃO EPISCOPAL BRASILÂNDIA

REGIÃO EPISCOPAL IPIRANGA

REGIÃO EPISCOPAL SANTANA

REGIÃO EPISCOPAL LAPA

Largo São José do Belém, S/N – Belém Telefone: 2693-1548 Horário de Funcionamento: Segunda, terça, quarta e sextafeira: das 8h às 19h30 Quinta-feira: das 8h às 19h Sábado: das 13h às 18h30 Domingo: das 7h às 20h

Rua Ribeirão das Almas, 337 – Vila Palmeiras Telefone: 3931-5056 – Fax: 39315056 Horário de Funcionamento: De terça a sexta-feira: das 14h às 19h Sábado: das 8h às 12h

Rua Brigadeiro Jordão, 560 – Ipiranga Telefones: 2063-1818 | 2063-2523 Horário de Funcionamento De segunda a sexta-feira: das 9h às 12h30 e das 13h30 às 18h Sábado: das 9h às 12h30

Alameda Afonso Schmidt, 96 – Santana Horário de Funcionamento: Segunda, quinta e sexta-feira: das 8h30 às 12h Terça, quarta e sábado: das 8h30 às 12h e das 13h30 às 17h

Rua Bartolomeu de Ribeira, 33 – Jaguaré Telefone: 3768-2781 Horário de Funcionamento: De segunda a quinta-feira: das 8h às 17h

Paróquia São José

Paróquia São José

Paróquia São José

Paróquia São José Operário

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(Colaborou: Flavio Rogério Lopes)


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| 17 a 23 de março de 2021 | Papa Francisco | 13

Em resposta a dúvidas, Doutrina da Fé diz que Igreja não pode abençoar uniões de pessoas do mesmo sexo

Papa recorda os 10 anos de guerra na Síria Vatican Media

Nota explicativa também reitera necessidade de acompanhamento pastoral para homossexuais Filipe Domingues

Especial para O São Paulo

Desde as últimas duas assembleias sinodais sobre a família, em 2014 e 2015, surgiram algumas dúvidas entre bispos, padres e outros fiéis sobre como lidar concretamente com uniões de pessoas do mesmo sexo. Uma nota explicativa da Congregação para a Doutrina da Fé, autorizada pelo Papa Francisco, esclareceu na segunda-feira, 15, que a Igreja não pode dar a bênção a essas uniões, mas é necessária a atenção pastoral voltada a pessoas homossexuais. O motivo de base para a negativa inicial é o fato de que essas uniões são extraconjugais, ou seja, “implicam prática sexual fora do Matrimônio”. A nota diz que há “elementos positivos” nas relações estáveis de pessoas do mesmo sexo, “que devem ser apreciados e valorizados”, mas uma bênção sobre a união seria uma “imitação do sacramento do Matrimônio”, que, conforme a Tradição da Igreja, só pode ser celebrado entre um homem e uma mulher. A bênção é um “sacramental”, ou seja, consiste em “um sinal sagrado por meio do qual, com uma certa imitação dos sacramentos, são significados e, por ação da Igreja, são obtidos efeitos sobretudo espirituais”, orienta

Congregação para a Doutrina da Fé publicou explicações após a autorização do Papa

o Concílio Vaticano II, citado no documento. Por essa relação direta com os sacramentos, “a bênção das uniões homossexuais não pode ser considerada lícita, pois constituiria, de certo modo, uma imitação ou uma referência de analogia com a bênção nupcial”, isto é, a do Matrimônio, diz a nota da Doutrina da Fé. Atenção pastoral A nota convida pastores e comunidades “a acolher com respeito e delicadeza as pessoas com inclinação homossexual que manifestem a vontade de viver em fidelidade aos desígnios revelados por Deus”. Devem encontrar formas adequadas de incluí-los pastoralmente. A proibição da bênção de uniões, diz o texto, “não pretende ser motivo de discriminação”, mas “esclarecer o rito litúrgico”.

Permanece válida, porém, a bênção a indivíduos. “Deus não deixa de abençoar cada um dos seus filhos peregrinos neste mundo”, acrescenta o documento, assinado pelo Cardeal Luis Ladaria, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, e pelo Arcebispo Dom Giacomo Morandi, Secretário do mesmo organismo. Na exortação apostólica Amoris laetitia, o Papa Francisco incentivou percursos de “crescimento na fé” para que pessoas homossexuais “possam ter a ajuda necessária para compreender e realizar plenamente a vontade de Deus em suas vidas”. Entretanto, conforme comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé, a nota do Vaticano distingue as pessoas da união. “O juízo negativo sobre a bênção de uniões de pessoas do mesmo sexo não implica um juízo sobre as pessoas”, diz o comunicado.

“Há dez anos, começava o sangrento conflito na Síria, que causou uma das mais graves catástrofes humanitárias do nosso tempo”, disse o Papa Francisco, após a oração do Angelus do domingo, 14. “Um número impreciso de mortos e feridos, milhões de refugiados, milhares de desaparecidos, destruição, violência de todo tipo e grande sofrimento para toda a população”, recordou. A guerra na Síria começou em março de 2011, quando uma série de protestos pró-democracia ganhou força no mundo árabe. O governo sírio usou a violência para conter os manifestantes. A hostilidade aumentou e se transformou em guerra civil, até a entrada de outros países que enviaram dinheiro e armas para os conflitos. Entre os envolvidos estão Rússia, Turquia, Estados Unidos, Irã, Afeganistão, Iêmen, Líbano, Reino Unido, França, Arábia Saudita, Qatar e Israel. Tudo isso se somou ao combate de grupos terroristas com o autointitulado Estado Islâmico e a Al-Qaeda. De acordo com o Observatório de Direitos Humanos da Síria, instalado no Reino Unido, mais de 387 mil pessoas foram mortas, sendo quase metade civis. Mais de 200 mil estão desaparecidas. De forma especial, sofrem “os mais vulneráveis, como as crianças, as mulheres e as pessoas idosas”, acrescentou o Santo Padre, que renovou seu apelo de paz na Síria. O Papa pediu que todas as partes envolvidas no complexo conflito possam deixar de lado as armas e reconstruir o tecido social. “Rezemos ao Senhor para que tanto sofrimento na amada e martirizada Síria não seja esquecido, e para que nossa solidariedade reanime a esperança”, pediu Francisco. (FD)


14 | Geral | 17 a 23 de março de 2021 |

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Arcebispo invoca a proteção de Deus sobre a cidade, que vive a fase mais crítica da pandemia Luciney Martins/O SÃO PAULO

Da porta principal da Catedral da Sé, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, abençoa a capital paulista com o Santíssimo Sacramento, no domingo, 14

Fernando Geronazzo

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Na conclusão da missa do 4º Domingo da Quaresma, dia 14, na Catedral da Sé, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, abençoou com o Santíssimo Sacramento a capital paulista, que enfrenta a fase mais crítica da pandemia de COVID-19. Dom Odilo dirigiu-se com Jesus Eucarístico até a porta principal da Sé, diante do marco zero da cidade, e invocou a proteção de Deus sobre toda a população. Na sexta-feira, 12, o Cardeal emitiu novas decisões sobre o funcionamento das igrejas e a realização de missas, outras celebrações e manifestações religiosas na Arquidiocese.

O Arcebispo sublinhou que essas medidas se somam aos esforços de toda a sociedade para conter a crescente disseminação do novo coronavírus. Na quinta-feira, 11, o governo do estado de São Paulo anunciou medidas mais restritivas para a chamada “Fase Emergencial do Plano São Paulo”, que perdurará, ao menos, entre os dias 15 e 30 deste mês. Desde a segunda-feira, 15, as celebrações com a participação presencial do povo estão suspensas. No entanto, as igrejas permanecem abertas para a visitação e oração pessoal dos fiéis, assim como para o atendimento individual, seguindo todos os protocolos sanitários já recomendados. As missas também continuam sendo celebradas de maneira privada e transmitidas pelas mídias.

“Este é um esforço ao qual todos somos chamados a fazer. Precisamos olhar para este momento e ver uma necessidade comum: conter a pandemia. Do contrário, irão morrer muito mais pessoas. Também nós, como Igreja, aderimos a este esforço. Isso não significa renunciar à fé ou à prática religiosa”, afirmou o Arcebispo, convidando as famílias a intensificar as orações e a se reunir para acompanhar as liturgias pelos meios de comunicação. O Cardeal lamentou, ainda, que essa situação extraordinária coincida com o tempo quaresmal, na proximidade da Solenidade de São José e atinja o início da Semana Santa, com a celebração do Domingo de Ramos, no próximo dia 28. “Estamos em um período compli-

cado e precisamos priorizar o cuidado da saúde e salvar vidas. Peçamos a Deus que nos ajude, nos dê forças e nos assista a todos neste tempo. Não deixemos a caridade, os pobres, os doentes abandonados”, continuou o Arcebispo, reforçando que as ações de solidariedade promovidas pelas paróquias continuarão. “Ninguém deve pagar com a própria vida o descuido ou a negação dos riscos da pandemia […]. Enquanto isso, esperamos que a vacinação chegue em breve a toda a população, de maneira que, com o cumprimento do dever das autoridades públicas e a colaboração da população, possamos ficar livres dos males presentes e voltar a uma vida serena”, destacou Dom Odilo, na carta (leia a íntegra na página 15).


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DECISÕES DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO DIANTE DO AGRAVAMENTO DA PANDEMIA

São Paulo, 12.03.2021 Caríssimos Bispos Auxiliares, Párocos, Administradores e Vigários paroquiais, Diáconos permanentes, leigos e leigas: Desejo manifestar mais uma vez minha solidariedade para com todos os familiares e amigos das muitas pessoas das nossas comunidades e famílias que já perderam a vida por causa da pandemia de COVID-19 e em decorrência de várias outras causas durante este último ano. Os enfermos, enlutados e aflitos, contem sempre com minha oração, bem como os sacerdotes e diáconos, que no dia a dia expõem a sua vida a serviço dos irmãos, não estando isentos de riscos. Conforme Decreto Estadual nº 65.563, publicado hoje no Diário Oficial do Estado de São Paulo, entramos na “FASE EMERGENCIAL” de controle da pandemia de COVID-19, durante a qual ficam mantidas as medidas preventivas em vigor durante a “fase vermelha” e passam a vigorar medidas ulteriormente restritivas em relação a horários, circulação e aglomeração de pessoas. O Decreto Estadual veda manifestações que envolvam a participação coletiva em atividades ligadas aos templos religiosos. Portanto, a Arquidiocese de São Paulo adere mais uma vez ao esforço coletivo para salvar vidas, preservar a saúde das pessoas e superar a pandemia. Ninguém deve pagar com a própria vida o descuido ou a negação dos riscos da pandemia. Assim, no que se refere às medidas restritivas necessárias, envolvendo as igrejas e a realização de missas e outras celebrações e manifestações religiosas, a Arquidiocese de São Paulo orienta os sacerdotes a: a) Manter as igrejas abertas entre 6h e 19h30, limpas e ventiladas, apenas para a visita e a oração pessoal dos fiéis. As celebrações com a participação presencial de povo ficam suspensas até nova ordem, a partir de dia 15 de março próximo. No ingresso das igrejas, deve ser feita a verificação da temperatura corporal, o controle do uso de máscara, a distribuição de álcool em gel e a recomendação da distância física entre as pessoas no interior da igreja; b) Acolher os fiéis conforme suas possibilidades, oferecendo o Sacramento da Confissão e/ou a orientação espiritual pessoal, em preparação à Páscoa. Durante alguns horários, o Santíssimo Sacramento pode ficar exposto para a adoração e a oração pessoal; c) Promover celebrações diárias da Santa Missa, sem a participação presencial de povo, mas com a transmissão por alguma das mídias disponíveis (Facebook, Instagram, Youtube etc). Promover, também, outras

formas não presenciais de oração, anúncio da Palavra de Deus e aconselhamento, servindo-se dos mesmos recursos tecnológicos para transmiti-las aos fiéis, para orientar, formar, consolar e encorajar as pessoas a viverem com fé e esperança este tempo de angústia; d) Manter contatos com os paroquianos por meio das várias mídias e outras formas de comunicação pessoal. Somos chamados novamente a encontrar, de maneira virtual, as pessoas e a manter unidas as comunidades, incentivando todos à vivência da fé, esperança e caridade na “igreja doméstica”. Reservar atenção especial aos enfermos e pessoas vulneráveis; e) Lembrar-se dos pobres. Incentivar o povo à prática pessoal e comunitária das obras de misericórdia e da caridade mediante a doação de gêneros alimentícios ou de outros produtos, para a distribuição aos pobres. Lembrar também ao povo as necessidades da manutenção do templo, do culto e da evangelização, bem como do salário dos trabalhadores das igrejas. Essas medidas entrarão em vigor em 15 de março de 2021 e vigorarão até 30 de março de 2021, ou até que se determine diversamente. Durante esse período, celebraremos a festa de São José, no Ano de São José, sem a participação presencial do povo nas igrejas! E daremos início à Semana Santa, com o Domingo de Ramos, sem procissões e cânticos! Comunico ao clero que a Missa do Crisma e da renovação das promessas sacerdotais, prevista para a Quinta-Feira Santa pela manhã, também está suspensa e será remarcada mais adiante, quando houver melhores condições para fazê-lo. Com a graça de Deus, porém, estando vivos e com saúde, esperamos iniciar o sagrado Tríduo Pascal a partir da Missa vespertina da Ceia do Senhor, no dia 1º de abril, com a presença do povo nas igrejas, iniciando a celebração do Mistério Pascal de paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, ao qual somos chamados a nos unir, mais do que nunca, neste ano difícil e dramático para tantos! A vida é mais forte que a morte! Enquanto isso, esperamos que a vacinação chegue em breve a toda a população, de maneira que, com o cumprimento do dever das autoridades públicas e a colaboração da população, possamos ficar livres dos males presentes e voltar a uma vida serena. Deus habita esta cidade, somos suas testemunhas!

Cardeal Odilo Pedro Scherer Arcebispo Metropolitano de São Paulo


16 | Reportagem | 17 a 23 de março de 2021 |

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África supera 4 milhões de casos de COVID-19 Filipe Domingues

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

O continente africano superou a marca de 4 milhões de pessoas contaminadas com a COVID-19, de acordo com os Centros para Controle e Prevenção de Doenças da África (Africa CDC). Em comunicado publicado na segunda-feira, 15, o instituto informou também que o número de mortes é de 107,8 mil, enquanto 3,6 milhões de pessoas se recuperaram da doença. A África do Sul é o país com o maior número de casos na região, seguida de Marrocos, Tunísia, Egito, Etiópia, Nigéria, Líbia, Argélia e Quênia. Embora haja subnotificação dos casos, autoridades internacionais dizem que o coronavírus atingiu a África de forma menos intensa do que se temia

inicialmente. Parte da explicação, conforme especialistas, é o fato de a população africana ser mais jovem do que a da Europa e dos Estados Unidos, por exemplo. Mas os números aumentaram muito nos últimos 12 meses e o surgimento de novas variantes do vírus acendeu sinais de alerta. A África do Sul entrou numa segunda onda de infecções do coronavírus no fim de 2020. O número de casos já recuou novamente, mas o número de mortes permanece elevado. Economia e pobreza Outra grande preocupação, no entanto, é com a economia dos países africanos, já bastante pobres em sua maioria. Estimativas do Banco Mundial indicam uma queda de 3,7% na produ-

ção em 2020. A agência Oxfam afirma que o atraso na luta contra a pobreza é de cerca de 30 anos. De acordo com a Conferência das Igrejas de Toda a África (AACC, na sigla em inglês), a pandemia prejudicou as mulheres de maneira mais impactante, pois elas são as principais responsáveis pelo cuidado dos idosos, das crianças e dos doentes. “Além disso, as dificuldades econômicas resultantes da pandemia ‘expuseram as garotas a um maior risco de exploração, trabalho infantil e violência baseada no gênero’. Sem mencionar que tantos governos têm desviado muitos de seus recursos de saúde destinados a combater o coronavírus, reduzindo ainda mais o acesso das mulheres aos serviços de saúde”, afirma a AACC, conforme nota do Vatican News.

Vacinas em vista A campanha de vacinação começou em alguns países, como a África do Sul, Nigéria, Ruanda, Quênia e Gana, mas outros terão que esperar mais, dependendo, principalmente, de doações do consórcio criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Covax. Governos da Tanzânia, Madagascar e Burundi afirmam que não pretendem comprar vacinas, o que preocupa a comunidade internacional. Segundo o diretor da Africa CDC, John Nkengasong, em breve alguns países africanos, entre eles a África do Sul, Senegal, Tunísia, Marrocos e Egito, devem ser capazes de produzir a própria vacina, o que deve melhorar o acesso dos vizinhos. Fontes: Xinhua, DW, BBC, OMS, Vatican News e Observador Ricardo Franco/Unicef

Primeiro caso de COVID-19 no continente africano foi notificado em 14 de fevereiro de 2020; hoje, doença já matou mais de 107 mil pessoas; situação é mais grave na África do Sul

‘Acesso a vacinas é questão de dignidade humana’, diz agência para refugiados Não é possível curar o mundo sem que todos possam ter acesso à vacina, disse o diretor internacional do Serviço para Refugiados dos Jesuítas (JRS, em inglês). Em nota publicada no dia 9, o padre jesuíta Thomas H. Smolich afirma que o “igual acesso às vacinas é necessário para garantir a saúde de toda a sociedade”. A agência para refugiados, que atua em 56 países, pede às instituições internacionais que não deixem de vacinar a população dos países africanos. “A dignidade de cada pessoa deve ser o norte dos esforços globais e nacionais de vacinação”, acrescenta. Como diz o Papa

Francisco, é preciso promover “cooperação, e não competição, e buscar a solução para todos”, cita a nota. As provisões de vacinas devem considerar, inclusive, migrantes e refugiados. “A vacina traz esperança para acabar com o sofrimento desta pandemia, e toda pessoa tem o direito de compartilhar dessa esperança”, diz o texto. De acordo com as Nações Unidas, atualmente há cerca de 80 milhões de pessoas forçadas a se deslocar por causa da violência. Na mesma linha, em fevereiro, os Cardeais Luis Antonio Tagle e Peter Turkson assinaram uma declaração

conjunta pedindo “ação urgente” das Nações Unidas para a vacinação em países pobres. Eles também pediram a remissão de dívidas e investimentos na produção local de vacinas em países em desenvolvimento da África e da Ásia. “Toda vida é inviolável. Ninguém deve ficar de fora”, afirmaram. O Cardeal Tagle é Presidente da Cáritas Internacional e o Cardeal Turkson é Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. Fontes: Agência Fides e Cáritas

Bispos do Quênia criticam resistência à vacinação “É legal e eticamente aceitável receber todas as vacinas contra COVID-19 reconhecidas pelo Ministério da Saúde como autênticas, saudáveis e eficientes”, afirmam os bispos do Quênia em comunicado emitido no dia 9. Os prelados também se dissociaram de grupos que levantam falsas suspeitas sobre as vacinas contra a COVID-19.

Líderes de 26 dioceses se uniram para manifestar alinhamento com o Papa Francisco e organismos da Santa Sé na defesa das vacinas. Eles pediram que os governos nacionais “trabalhem incansavelmente para garantir que os mais vulneráveis tenham acesso à vacina da COVID-19”. Os bispos também afirmam que se

trata de uma iniciativa pelo “bem comum”, visando proteger especialmente os mais frágeis. Embora respeitem a escolha individual de cada pessoa, “receber a vacina deveria ser visto como um ato de caridade para com outros membros da comunidade, um ato de amor ao próximo e parte de nossa responsabilidade moral pelo bem comum”, acrescentam

os bispos, que pastoreiam 16 milhões de católicos. Conforme orientação da Santa Sé, os que se recusarem a receber a vacina devem encontrar outras formas para não se tornarem veículos do vírus, mantendo o isolamento social e o uso de máscaras, por exemplo. Fontes: La Croix e Catholic News Service


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| 17 a 23 de março de 2021 | Pelo Mundo | 17

Estados Unidos

Família pede a intercessão do Venerável Fulton Sheen por um milagre Arquivo pessoal

JOSÉ FERREIRA FILHO

osaopaulo@uol.com.br

Royce e Elise Hood, pais de cinco filhos e de mais um ainda no útero, descobriram recentemente que o filho em gestação tem a síndrome de Potter. É uma condição rara em que, devido à falta de líquido amniótico, os rins e os pulmões do bebê podem não se formar por completo ou nem mesmo chegar a se desenvolver. Na consulta de ultrassom de 20 semanas de gravidez de Elise, seu médico os informou a respeito e disse que havia 95% de probabilidades de seu bebê não sobreviver após o nascimento. Três dias depois, a família visitou o túmulo do Venerável Fulton Sheen em Peoria, e orou, pedindo um milagre. QUEM FOI O VENERÁVEL Fulton Sheen foi ordenado sacerdote na Diocese de Peoria, sua cidade natal, aos 24 anos. Tempos depois, tornou-se Bispo Auxiliar de Nova York, em 1951, e Bispo de Rochester, em 1966. Começou a fazer programas de rádio, nos quais esclarecia dúvidas acerca da doutrina católica, e se tornou conhecido por sua clareza, profundidade e desenvoltura comunicativa. Tempos depois, dada sua crescente popularidade, passou a ter um programa catequético na TV norte-americana, alcançando a expressi-

Família Hood à espera do novo membro: Fulton Joseph, cujo nascimento ocorrerá este mês

va audiência de cerca de 30 milhões de espectadores, marca notável nos Estados Unidos, país predominantemente protestante. Participou de todas as sessões do Concílio Vaticano II. Trabalhou em estreita colaboração com o então Padre Joseph Ratzinger, futuro Papa Bento XVI. São Paulo VI nomeou Dom Fulton Arcebispo da sede de Newport, no País de Gales, e suas obras fizeram dele um autor consagrado nas décadas de 1950 e 1960, antes de sua morte em 1979. A causa da canonização de Fulton Sheen foi aberta em 2002 pela Diocese de Peoria. Em 2012, o Papa Bento XVI anunciou que a Congregação para as

Causas dos Santos havia reconhecido a vida do Arcebispo Sheen como de “virtude heroica” e o proclamou “Venerável Servo de Deus Fulton Sheen”. Em 2014, o conselho de especialistas médicos que assessorou a Congregação para as Causas dos Santos aprovou unanimemente um milagre relatado, atribuído à sua intercessão, o que permitiria sua beatificação. No entanto, embora tenha sido agendada, fora adiada pouco antes da data prevista para acontecer e nenhuma outra foi então definida. PEDIDO DE INTERCESSÃO Elise Hood disse que foi tomada pela paz enquanto orava no túmulo de Sheen

por seu bebê, pedindo que ele intercedesse e, assim, realizasse um segundo milagre. “Quando estávamos lá orando, sentimos uma sensação de paz e ficamos realmente emocionados com isso”, disse Elise, em uma entrevista ao canal de TV católico EWTN. Ao saberem que seu bebê era um menino, os Hoods o chamaram de Fulton Joseph, em homenagem a Sheen. A família aprendeu rapidamente que não havia “opções médicas viáveis” para o filho – nada a fazer, exceto orar. “A única decisão que tomamos foi nos questionar: ‘Como vamos enfrentar essa cruz juntos, como uma família?’” Royce lembrou durante a entrevista. “Tomamos uma decisão muito difícil e fervorosa de cercar Fulton Joseph com tanta alegria e amor quanto possível.” Por sua vez, Elise admitiu: “Quando finalmente entreguei tudo a Deus, fui tomada por muita paz e tranquilidade, o que me permitiu realmente aproveitar a gravidez e cada momento com Fulton Joseph”. O casal espera que sua história inspire outros casais a escolher a vida. “Se pudermos ajudar ou inspirar alguém a colocar toda a sua confiança em Deus, por meio de nossa história e de nosso pequeno Fulton, ficaríamos muito gratos”, concluiu ela. Fontes: ACI Digital e O fiel católico

Sudão do Sul O mais novo bispo do país se inspira em Santa Bakhita Nascido em Schio, na Itália, em 1977, o Padre Christian Carlassare foi nomeado, no dia 8, como o novo Bispo da Diocese de Rumbek, no Sudão do Sul – um cargo que ficou vago nos últimos dez anos, após seu ocupante, Dom Cesare Mazzolari, morrer em 2011. Considerado um dos bispos mais jovens da atualidade, o agora Dom Christian, 43, foi ordenado sacerdote em 2004 e, no ano seguinte, mudou-se para o Sudão do Sul, onde serviu por meio da Ordem Missionária Comboniana. Em declarações ao jornal italiano Corriere della Sera, o novo Bispo afirmou que sentiu a atração de se tornar um missionário desde que começou a pensar no sacerdócio. No entanto, “devo minha paixão por esta região da África a Santa Josefina Bakhita”, disse ele, referindo-se à ex-escrava sudanesa que se tornou freira e é aclamada como patrona dos sobreviventes do tráfico humano. Sua cidade natal, Schio, é a mesma pequena aldeia italiana onde a santa sudanesa morou.

SANTA BAKHITA Nascida em 1869 no vilarejo de Olgossa, na região de Darfur, no Sudão, Bakhita foi sequestrada por volta dos 8 anos por traficantes de escravos árabes e, nos 12 anos seguintes, foi comprada e vendida mais de uma dúzia de vezes, frequentemente sendo espancada e torturada. Por fim, Bakhita foi vendida ao vice-cônsul italiano Callisto Legani em 1883, que a levou consigo quando voltou para a Itália. Bakhita foi então dada a outra família, para a qual trabalhou como babá. A nova família de Bakhita também tinha laços com a região sul do Sudão e viajava com frequência para lá. Durante uma das viagens de sua senhora, Bakhita foi enviada para ficar com as Irmãs Canossianas de Veneza, com as quais aprendeu sobre o Cristianismo e sentiu o chamado para se juntar à ordem. Quando sua senhora voltou, Bakhita se recusou a partir. Por fim, a irmã encarregada dos candidatos ao Batismo apresentou uma queixa em nome de Bakhita

ao tribunal local, e este concluiu que a escravidão no Sudão fora proibida antes do nascimento de Bakhita, determinando que ela não poderia ser escravizada e, assim, foi declarada uma mulher livre. Bakhita ingressou na ordem canossiana e trabalhou como cozinheira e porteira do convento. Visitou outros conventos e contou-lhes sua história para ajudar a prepará-los para o trabalho na África. Durante a 2ª Guerra Mundial, o povo de Schio a saudou como sua protetora, uma vez que bombas caíram em sua aldeia, porém ninguém morreu. Ela foi canonizada por São João Paulo II em outubro de 2000. MISSÃO DA IGREJA Sobre o que a Igreja pode oferecer a este país com tantas complexidades, Dom Christian disse que a evangelização está no topo da lista, mas, também, a promoção da paz. “O clima de confronto caracteriza todo o país desde os anos 1990, criando difíceis situações de pobreza”, disse.

Arquivo pessoal

Dom Christian Carlassare, Bispo de Rumbek

Com o surgimento de novos conflitos tribais, Dom Christian insistiu que o trabalho da Igreja “é apoiar um caminho de reconciliação e paz, unindo as pessoas, proporcionando um senso de dignidade e, também, novas oportunidades de emprego”. (JFF) Fonte: Crux Now


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Quarentena: ocasião para associar a vida ao mistério da cruz de Cristo Luciney Martins/O SÃO PAULO

Fernando Geronazzo

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“Fique em casa.” Essa expressão começou a fazer parte do cotidiano da população em meados de março de 2020, quando passaram a ser adotadas as medidas de isolamento social para conter o avanço da pandemia de COVID-19. A princípio, imaginava-se que a popular “quarentena” duraria algumas semanas ou, no máximo, poucos meses. Já se passou um ano, porém, o coronavírus não foi contido e, novamente, as restrições voltaram a se intensificar. O longo confinamento tem causado uma série de transtornos e dificuldades de ordem, psicológica, afetiva, econômica e, também, espiritual. A rotina adaptada para unir trabalho, estudo e convívio familiar no mesmo ambiente tem desestabilizado várias pessoas que, em muitos casos, já não conseguem suportar nem mais um dia “presos” em casa. Em outros casos, a impossibilidade de trabalhar gera angústia, ansiedade e a perda de esperança. Além disso, há aquelas pessoas para as quais o isolamento social é sinônimo de solidão ou abandono. Como encarar estes tempos difíceis sob a perspectiva cristã? A resposta está na cruz de Cristo. No entanto, isso não pode ser entendido apenas como uma frase de efeito ou uma tentativa de romantizar uma situação tão séria. Pelo contrário, é uma ocasião de enxergar as situações negativas da vida, sejam elas extraordinárias, sejam cotidianas, com um olhar sobrenatural. Sentido cristão do sofrimento Na carta apostólica Salvifici doloris, São João Paulo II ressalta que, ao experimentar o sofrimento, é inevitável que o ser humano questione o sentido da dor, perguntando-se: “Por quê?” e “Para quê?”. “Ambas as perguntas são difíceis, quando o homem as faz ao homem [...]. Com efeito, o homem não expõe esta questão ao mundo, ainda que, muitas vezes, o sofrimento lhe provenha do mundo; mas a expõe a Deus, como criador e Senhor do mundo”, destacou o Santo Padre. Entretanto, na experiência cristã, Deus não é alguém distante, mas, ao contrário, encarnou-se e assumiu a humanidade, com seus limites e fragilidades. O Papa sublinhou que Cristo acolhe essas questões humanas e quer respondê-las “da cruz, do meio do seu próprio sofrimento”. O Pontífice polonês acrescentou, ainda, que, à medida que o homem toma a sua cruz, unindo-se espiritualmente à cruz de Cristo, manifesta-se mais o sentido salvífico do sofrimento. Em Cristo O apóstolo São Paulo é quem melhor ilustra essa busca da identificação

com Cristo também por meio do sofrimento, quando afirma: “Completo na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo pelo seu corpo, que é a Igreja” (Cl 1,24). Não se alcança esse estágio de identificação com Jesus Cristo, porém, de forma imediata. Trata-se de um processo, uma luta gradual que só é possível por meio do cultivo de uma vida interior e do constante exercício das virtudes. Por isso, não apenas as ocasiões de grande dor e sofrimento são oportunidades para esse encontro com Cristo, mas, an-

tes disso, as pequenas contrariedades e privações, quando enfrentadas sob uma perspectiva sobrenatural, são oportunidades para o amadurecimento da fé e da confiança em Deus. No cotidiano Em uma série de meditações publicadas no formato de podcast, o Padre Francisco Faus, sacerdote catalão com mais de 60 anos de experiência como pregador de retiros e autor de diversos livros de espiritualidade, convidou as pessoas a enxergarem nessa situação excepcional

uma oportunidade para o crescimento humano e espiritual. Para isso, o Sacerdote recorda as palavras de São Paulo, quando escreveu aos romanos: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? Mas, em todas essas coisas, somos mais que vencedores por aquele que nos amou” (Rm 8,35-37). “Nós, muitas vezes, nos queixamos atormentados, nestes dias da pandemia, porque não temos isto ou aquilo, porque não podemos fazer algo, porque agora não dá para praticar aquele esporte, fazer aquele passeio ou aquela viagem... E não percebemos que, mesmo que conquistássemos o mundo inteiro, se não tivermos amor, nada disso tem proveito”, reforçou o Pregador. Padre Faus ainda recomendou que, quando o sofrimento, o tédio, a solidão e tantas outras contrariedades atingem a pessoa, “a voz cálida do Cristo crucificado nos convida a sermos generosos e a subir um degrau na escada do amor”. Culto espiritual Essa oferta dos sofrimentos, incômodos, desconfortos e privações é uma expressão do que o apóstolo dos gentios chama de “culto espiritual”, quando exorta os romanos a se oferecerem “como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12,1). De forma prática, esse ato de louvor se dá por meio das pequenas manifestações de renúncia e de oferta a Deus e ao próximo. O cultivo da paciência com as crianças que, confinadas em casa, agitam-se e atrapalham quem está tentando trabalhar na modalidade home office; a busca da compreensão dos cônjuges um com o outro diante da irritação, do estresse do trabalho e dos afazeres domésticos, a impossibilidade de visitar um parente para não o expor ao risco do contágio. Todas essas são ocasiões de encontro com Deus, quando ofertadas como verdadeiros “sacrifícios de louvor” em favor de si, da família, da Igreja, das pessoas que sofrem, das vítimas da pandemia. Em resumo, essas não são apenas dicas para saber lidar com os limites impostos pela pandemia. Mais que isso, são meios eficazes de santificação, como recorda o Papa Francisco na exortação apostólica Gaudete et exsultate, sobre o chamado à santidade no mundo atual: “Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir. Nesta constância de continuar a caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante. Esta é, muitas vezes, a santidade ‘ao pé da porta’, daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus”.


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| 17 a 23 de março de 2021 | Geral/Fé e Vida | 19

No Ano da Família, é tempo de conhecer melhor a Amoris laetitia Divulgação

Daniel Gomes

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Na sexta-feira, 19, na Solenidade de São José, será iniciado o Ano “Família Amoris laetitia”, instituído pelo Papa Francisco, para que clérigos, religiosos e leigos reflitam sobre o papel indispensável da família na sociedade e aprofundem conhecimentos acerca do que é apresentado pelo Pontífice na exortação apostólica pós-sinodal Amoris laetitia (A alegria do amor), publicada nessa data, em 2016. “Este ano especial será uma oportunidade para aprofundar os conteúdos do documento, por meio das propostas e instrumentos pastorais que estarão à disposição das comunidades eclesiásticas e das famílias”, disse o Papa, em 27 de dezembro de 2020, ao anunciar o Ano da Família, que será concluído em 26 de junho de 2022, com a realização do X Encontro Mundial das Famílias, em Roma. Fruto de um caminho sinodal A exortação apostólica foi publicada após a realização das assembleias do Sínodo dos Bispos sobre a família, nos anos de 2014 e 2015. No texto do documento, Francisco considerou as muitas reflexões feitas ao longo daquele caminho sinodal, referenciou-se no Magistério da Igreja e nos ensinamentos de seus predecessores, bem como nos relatos feitos por conferências episcopais em todo o mundo. “Considerei oportuno redigir uma exortação apostólica pós-sinodal que recolha contribuições dos dois sínodos recentes sobre a família, acrescentando outras considerações que possam orientar a reflexão, o diálogo ou a práxis pastoral, e, simultaneamente, ofereçam coragem, estímulo e ajuda às famílias na sua doação e nas suas dificuldades”, escreve o Papa na introdução do documento, no qual também apresenta orientações para uma renovada ação pastoral com as famílias. Olhar misericordioso e fidelidade à Doutrina Durante as duas assembleias do Sínodo dos Bispos, muito se especulou na opinião pública sobre possíveis mudanças na doutrina e na moral da Igreja a respeito do Matrimônio. Na exortação apostólica, porém, o Papa reafirma as verdades da fé sobre o casamento cristão e a família, e aponta que, “sem diminuir o valor do ideal evangélico, é preciso acompanhar com misericórdia e paciência as possíveis etapas de crescimento das pes-

soas, que vão se construindo no dia a dia” (AL, 308). Ao longo do documento, Francisco menciona os impactos das mudanças socioculturais na família no que se refere à transmissão da vida, à preparação para o Matrimônio, às crises conjugais e à educação sexual das novas gerações. Fala, também, sobre o acolhimento e acompanhamento pastoral daqueles que vivem situações de grande sofrimento ou de incompatibilidade com o modelo de família querido por Deus. “Convido os pastores a escutar, com carinho e serenidade, com o desejo sincero de entrar no coração do drama das pessoas e compreender o seu ponto de vista, para ajudá-las a viver melhor e reconhecer o seu lugar na Igreja” (AL, 312). Composta por 325 parágrafos, a exortação apostólica tem nove capítulos. Apresentamos a seguir algumas chaves de leitura sobre o documento, que pode ser acessado na íntegra neste link: https://cutt.ly/szYgWM1. CAPÍTULOS – CHAVES DE LEITURA

1) À luz da Palavra: meditação sobre

o Salmo 128, sobre a liturgia nupcial, e menções a outros trechos das Sagradas Escrituras que falam das famílias e as histórias de amor. 2) A realidade e os desafios das famílias: olhar a respeito de dilemas que incidem sobre as famílias, como o risco da ideologia de gênero, a mentalidade antinatalidade, a desconstrução jurídica desta instituição e a falta de condições dignas de subsistência. 3) O olhar fixo em Jesus – a vocação da família: apresentação de elementos essenciais sobre o Matrimônio e a família à luz do Evangelho e da Doutrina da Igreja; e a necessidade de cuidado pastoral para as “famílias feridas”. 4) O amor no Matrimônio: detalhada exegese sobre a vivência cotidiana

do amor humano, trazendo até menções às emoções dos cônjuges. 5) O amor que se torna fecundo: atenção aos aspectos da fecundidade, especialmente sobre como acolher na família uma nova vida; e a convivência entre as gerações. 6) Algumas perspectivas pastorais: orientações para a edificação de famílias sólidas e fecundas, bem como para a formação dos sacerdotes, a fim de que lidem melhor com os problemas atuais das famílias, a orientação dos noivos, o acompanhamento dos esposos nos primeiros anos de vida matrimonial e a atenção às pessoas abandonadas, separadas, divorciadas e viúvas. 7) Reforçar a educação dos filhos: aspectos da formação ética e moral dos filhos, a importância da gradualidade educativa e o papel dos pais na transmissão da fé. 8) Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade: o uso dos três verbos no título deste capítulo reforça o olhar misericordioso da Igreja com a família. Fala-se, de modo especial, sobre o necessário discernimento pastoral, por parte dos fiéis e dos pastores, quanto às situações que não correspondem à Doutrina da Igreja sobre o sacramento do Matrimônio. 9) Espiritualidade conjugal e familiar: destaca-se que a convivência familiar deve permitir o crescimento da vida no Espírito. “É uma experiência espiritual profunda contemplar cada ente querido com os olhos de Deus e reconhecer Cristo nele”, escreve o Papa. A exortação apostólica é concluída com a Oração à Sagrada Família.

ACESSE O SITE ESPECIAL SOBRE O ANO ‘FAMÍLIA AMORIS LAETITIA’ https://cutt.ly/NzVWGK7

Liturgia e Vida 5º Domingo da Quaresma 21 de março de 2021

‘Se o grão de trigo não morre, continua só um grão de trigo’ (Jo 12,24) Padre João Bechara Ventura A condição mortal é sujeita à inconstância e ao movimento. Já que não conseguimos manter sempre igual intensidade espiritual, precisamos de tempos especiais, como a Quaresma e o Advento, para intensificar a oração, renovar o amor a Deus e fortalecer os bons propósitos. A cada dia, temos necessidade de reservar alguns minutos – ao menos 20 – para falar com Deus, rezar o Terço ou ler o Evangelho. Do contrário, devido à oscilação humana, seremos absorvidos pelas (pre)ocupações; e Deus se tornará, então, uma lembrança distante. A busca pela constância na vida espiritual é uma das lutas diárias mais importantes! Nossa natureza frágil facilmente se esquece de que precisamos do Senhor. Ainda que não tenhamos “inspiração” e vontade, é preciso dar um “empurrão”: orar, mesmo que não nos sintamos escutados; pôr-se em presença de Deus, mesmo que premidos por coisas “urgentes”; buscá-Lo, mesmo que na aridez e sem “espontaneidade”. Ao fazer isso, exercitamos a virtude da fé, que deve ir muito além da inclinação e dos sentimentos momentâneos. Aliás, a constância deve ser exercitada em tudo! Ao se realizar as tarefas no trabalho; ao se conversar diariamente com os filhos, interessando-se por seus pensamentos e atividades; ao se cultivar amizades; ao se lutar contra as variações do humor; ao se alimentar a esperança em meio a circunstâncias difíceis… Tudo isso exige um empenho constante da vontade. Nesse combate, a oração e a Fortaleza – dom do Espírito Santo – são necessárias. Certas coisas sempre passam. Depois da noite, vem o dia; depois do vigor, a velhice; depois da tempestade, a calmaria; depois da penitência, a força do alto; depois da Quaresma, a Páscoa. Depois da agitação desta vida, virá a morte e, com ela, o encontro com o Senhor. Depois do purgatório, virá a Luz eterna… Esta, contudo, não passará. Pois, “tudo passa, só Deus não muda” (Santa Teresa). Deus, nosso Pai, é o Fim último de toda a existência e permanece para sempre, sem mudança. Sabemos que, depois das variações e inseguranças deste mundo, encontraremos Nele a estabilidade sem fim; depois do desconforto presente, o conforto eterno; depois da inconstância, o Único que não muda; depois do temporal, o eterno. Até lá, porém, muitas coisas passarão. Temos de aceitá-las com amor e coragem, e confiar em Deus! Nesse caminho, a constância da fé nos permite pressentir um pouco da beleza da eternidade. O Senhor diz que “se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto” (Jo 12,24). Ele se referia à sua Paixão, Morte e Ressurreição. De certo modo, também se refere às inumeráveis coisas – em nós e no mundo – que passarão, morrerão, causarão dor e vazio, mas permitirão que a existência seja fecunda, nesta vida e na eternidade. Os sofrimentos, a penitência, as dificuldades e mesmo a morte são o grão de trigo que, destruído, dará muito fruto.


20 | Publicidade | 17 a 23 de março de 2021 |

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PROGRAMA

Em Família

com Cidinha Fernandes

ORAÇÃO; FORMAÇÃO E INFORMAÇÃO PARA FAMIÍLIA

ESTREIA: 19/03/2021 às 14h

De segunda a Sex ta

EM FOCO:

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sintonize:


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