O São Paulo - 3346

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SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO SPAULO

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Ano 66 | Edição 3346 | 19 a 25 de maio de 2021

www.osaopaulo.org.br | R$ 2,00 Reprodução da internet

Editorial

Fotos: Arquivo pessoal

Jornalista, que o outro possa tocar as realidades da vida pelo teu trabalho

Página 4

Encontro com o Pastor

Celam: a comunhão sinodal e missionária das Igrejas do continente

Página 2

Espiritualidade Uma intensa semana de oração pela unidade e a ação missionária cristãs

Página 5

Liturgia e Vida

O Senhor envia o Espírito Santo e assegura sua perene presença conosco

Página 19

Comportamento Com bons hábitos na infância, os filhos atingem o máximo de seu potencial

Página 7

Fé e Cidadania

A encíclica Rerum novarum e os 130 anos da Doutrina Social da Igreja

Página 7

Cardeal Odilo Pedro Scherer participa de live com agentes da Pastoral da Comunicação. Ao lado, imagens de jornalistas ouvidos pelo O SÃO PAULO

‘Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são’ No 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, comemorado no domingo, 16, o Papa Francisco convidou os comunicadores a “gastarem as solas dos sapatos”, indo até a realidade das pessoas.

Para celebrar a data, o Cardeal Odilo Scherer participou de uma live com agentes da Pastoral da Comunicação e os incentivou na missão de testemunhar a vida da Igreja nas comunidades.

Ao O SÃO PAULO, os jornalistas Aldo Quiroga, Carlos Alberto Di Franco, Manuela Castro e Márcio Campos partilharam suas experiências à luz das reflexões do Papa. Páginas 9 a 11 Vatican Media

Dom Carlos Silva conclui visitas a todas as paróquias da Região Brasilândia Luciney Martins/O SÃO PAULO

Ordenado bispo em fevereiro e designado pelo Cardeal Scherer como Vigário Episcopal para a Região Brasilândia, Dom Carlos Silva, OFMCap, estabeleceu como propósito quaresmal a visita a todas as paróquias desta porção da Igreja em São Paulo. Ele conta que encontrou leigos, religiosos e padres dispostos a evangelizar e que inovam em seu agir pastoral, em sintonia com o itinerário de “comunhão, conversão e renovação missionária” proposto pelo sínodo. Página 13

Em assembleia, Celam definirá readequações de suas próprias estruturas Página 20

Dom Odilo e autoridades civis expressam pesar pela morte de Bruno Covas Página 15

Papa Francisco abençoa gestante e seu bebê durante evento sobre natalidade na Itália, dia 14

Papa Francisco exorta famílias à generosidade e à abertura para a vida Em audiência com os participantes de um evento sobre a natalidade na Itália, o Pontífice afirmou que os filhos são a esperança de um povo. Diante do

decréscimo demográfico na Europa, o Santo Padre defendeu uma cultura que valorize mais “a coragem de doar-se”. Página 16


2 | Encontro com o Pastor | 19 a 25 de maio de 2021 |

CARDEAL ODILO PEDRO SCHERER Arcebispo metropolitano de São Paulo

O

Conselho Episcopal L at i n o - A m e r i c an o (CELAM) encontra-se reunido em sua 38ª Assembleia Geral Ordinária, de 18 a 21 de maio. A assembleia deveria ter sido realizada em Porto Rico, mas, por causa da pandemia de COVID-19, acontece de maneira virtual. Participam, além da presidência do próprio organismo, os presidentes das conferências episcopais de todos os países da América Latina e do Caribe, e, também, os bispos delegados, junto do CELAM, dessas conferências episcopais. Fundado em 1951, o CELAM tem as características de um organismo de comunhão, colegialidade episcopal, discernimento e ajuda entre as conferências episcopais. Sendo um Conselho, possui atribuições diversas das conferências episcopais. Na sua sede, em Bogotá (Colômbia), o CELAM mantém um secretariado-geral e alguns serviços disponibilizados para as conferências episcopais, como cursos de formação teológica e pastoral e,

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CELAM faz assembleia sobretudo, para o acompanhamento das realidades eclesiais, religiosas e sociais do Continente. Mantém também um diálogo estreito e constante com a Santa Sé. As iniciativas de maior relevância do CELAM foram as cinco conferências gerais do Episcopado da América Latina e do Caribe: Rio de Janeiro (RJ), Medellín (Colômbia), Puebla (México), Santo Domingo (República Dominicana) e Aparecida (SP). Essas conferências gerais, com a participação de bispos representantes de todas as conferências episcopais dos países-membros do CELAM, sempre foram convocadas pelo Papa e ajudaram a moldar o rosto da Igreja pós-conciliar na América Latina e a história de sua atuação no Continente, em cada época sucessiva a elas. A última, a de Aparecida, de maio de 2007, ainda possui muito potencial para produzir frutos. Ela acabou sendo importante para a Igreja inteira, por causa da eleição do Papa Francisco, que desempenhou um papel importante na Conferência de Aparecida. A Assembleia Geral Ordinária anterior do CELAM, de maio de 2019 em Tegucigalpa (Honduras), decidiu que o organismo precisava ser renovado, para se adequar melhor às novas realidades e desafios pastorais de Igreja. Percebeu-se, com o passar do

tempo, que o CELAM havia assumido mais e mais as características de uma Conferência Episcopal continental, o que não é da sua natureza. Por outro lado, era preciso assimilar melhor os princípios da sinodalidade e da subsidiariedade na maneira de ser e agir do organismo. Portanto, a nova Presidência, eleita em Tegucigalpa, foi encarregada de promover uma ampla reflexão e preparar uma proposta para a reestruturação do CELAM. Durante dois anos, houve muitas consultas e trabalho intenso de assessorias para elaborar a proposta de um novo CELAM, a ser submetida à assembleia, que está em andamento nesta semana. A proposta prevê um organismo menos executivo e menos promotor de iniciativas pastorais, cuja competência é mais propriamente das conferências episcopais e das dioceses, para se tornar um organismo de supervisão, reflexão, articulação e promotor da comunhão sinodal e missionária entre as Igrejas do Continente. Prevê-se um CELAM mais atento aos processos em curso no meio dos povos e na Igreja dos diversos países do Continente, para promover o discernimento e a proposta de ações para acompanhar esses processos e a ação evangelizadora da Igreja no Continente. O novo CELAM terá

quatro “centros de gestão”, com atribuições próprias e com comissões episcopais para acompanhá-los: gestão do conhecimento, de comunicação, de formação e de programas e redes de ação pastoral. Na proposta de reestruturação, as quatro regiões subcontinentais (América Central e México; Países do Caribe; Países Bolivarianos; Cone Sul) serão acrescidas de mais uma: a Região Pan-Amazônica, cujas características especiais foram bem evidenciadas no Sínodo para a Amazônia. Em cada uma dessas regiões, há características que aproximam cultural e historicamente os países que delas tomam parte. E, também, há maior proximidade entre as Igrejas dessas respectivas regiões. O CELAM, com suas novas características, procurará seguir com atenção e discernimento as realidades desses grupos de países, em vista do estímulo à realização eficaz da missão da Igreja. A Assembleia Geral Ordinária está sendo acompanhada atentamente pelo Papa Francisco, por meio da Congregação para os Bispos. A Igreja na América Latina tem oferecido impulsos interessantes para a renovação da Igreja inteira. Espera-se que isso seja possibilitado ainda melhor com a renovação e reestruturação do CELAM.

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa e online em www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator-chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Padre Bruno Muta Vivas, Ira Romão e Fernando Geronazzo • Auxiliar de Redação: Flavio Rogério Lopes • Revisão: Padre José Ferreira Filho e Sueli Dal Belo • Opinião e Fé e Cidadania: Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP • Fotografia: Luciney Martins • Administração e Assinaturas: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Daiane Santos • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação: Rua Manuel de Arzão, 85 - Vila Albertina - 02730-030 • São Paulo - SP - Brasil • Fone: (11) 3932-3739 - ramal 222• Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 2,00 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


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| 19 a 25 de maio de 2021 | Geral/Atos da Cúria | 3

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Cardeal Scherer preside missa na Paróquia São José, na Vila Palmeira JULIO CESAR DOS SANTOS ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Dom Odilo preside missa na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no Imirim, na quinta-feira, 13

A Virgem Maria sempre está próxima, sobretudo diante das aflições e tristezas DANIEL GOMES

osaopaulo@uol.com.br

Na quinta-feira, 13, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, presidiu missa na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no Imirim, Região Episcopal Santana, por ocasião da memória litúrgica da padroeira. A missa, concelebrada pelos Padres João Luiz Miqueletti, Pároco, e Hermenegildo Ziero, Vigário Paroquial, teve a participação presencial de fiéis, no âmbito dos limites estabelecidos para a atual fase da pandemia, e foi transmitida pelas mídias sociais da Paróquia. Na homilia, o Arcebispo lembrou que a melhor forma de devoção a Nossa Senhora é imitar suas virtudes e viver seu exemplo. Ao refletir sobre as aparições marianas registradas ao longo da história, como a ocorrida em Fátima, Portugal, em 1917, quando Nossa Senhora apareceu a três pastorinhos – Lúcia, Francisco e Jacinta –, Dom Odilo afirmou que este é um sinal da preocupação da Mãe com aqueles a quem Jesus lhe entregou como filhos e a estes a deu como mãe. Essa presença maternal, lembrou Dom Odilo, pode ser sentida ainda mais nos

momentos de aflição da humanidade, como agora na pandemia de COVID-19, e na época das aparições em Fátima, quando ainda estava em curso a 1a Guerra Mundial (1914-1918), bem como a Revolução Russa, com o avanço do comunismo ateu, que ameaçava a fé católica, com perseguições e martírios. Dom Odilo afirmou, ainda, que uma segunda razão para as aparições de Nossa Senhora é a de lembrar a humanidade das verdades do Evangelho e da necessidade do permanente seguimento a Cristo – “Fazei tudo o que Ele vos disser”, como é relatado nas Bodas de Caná (Jo 2,1-11). O Arcebispo lembrou, ainda, que a Virgem Maria sempre está junto com Jesus, e ela, como mãe, se faz próxima de seus filhos, “sobretudo nos momentos de aflição e tristeza”, e convida à acolhida das verdades do Evangelho, a fim de que, unidos a Cristo, todos tenham vida plena e alcancem a salvação. Ao fim da missa, Dom Odilo exortou que os fiéis tenham coragem e esperança e motivem os demais, mesmo diante das adversidades. A íntegra da reportagem pode ser lida no site do O SÃO PAULO no link a seguir: https://cutt.ly/obNjj2A.

Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ASSISTENTE ECLESIÁSTICO: Em 11/05/2021, foi nomeado como Assistente Eclesiástico da Pastoral da Saúde da Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre Benedito Raimundo de Siqueira, pelo período de 02 (dois) anos. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL: Em 11/05/2021, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial, “ad nutum episcopi”, da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, no bairro de Vila Pompeia, na Região Episcopal Sé, o Reverendíssimo Padre Juliar Nava, MI. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE CAPELÃO: Em 11/05/2021, foi nomeado e provisionado Capelão da Capela do Hospital das Clínicas da FMUSP, no bairro de Cerqueira César, na Região Episcopal Sé, o Reverendíssimo Padre Ademar Rover, MI, pelo período de 03 (três) anos.

POSSES CANÔNICAS: Em 09/05/2021, foi dada a posse canônica como Vigário Paroquial da Paróquia Santa Terezinha, no bairro de Santa Terezinha, na Região Episcopal Sant’Ana, ao Reverendíssimo Padre Marco Biaggi, SDB. Em 08/05/2021, foi dada a posse canônica como Pároco da Paróquia Santa Luzia, no bairro do Mandaqui, na Região Episcopal Sant’Ana, ao Reverendíssimo Padre Osvaldo Bisewski. Em 08/05/2021, foi dada a posse canônica como Pároco da Paróquia São Domingos Sávio, no bairro de Vila Aurora, na Região Episcopal Sant’Ana, ao Reverendíssimo Padre Salvador Ruiz Armas. Em 08/05/2021, foi dada a posse canônica como Pároco da Paróquia São Luís Gonzaga, no bairro de Bela Vista, na Região Episcopal Sé, ao Reverendíssimo Padre Jonas Carvalho de Moraes, SJ.

Na Solenidade da Ascensão do Senhor, no domingo, 16, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, presidiu missa na Paróquia São José, na Vila Palmeira, Região Episcopal Brasilândia. Concelebraram os Padres Marcio Campos, CSCh, Pároco, e José Ferreira Filho, Secretário do Arcebispo, com a participação do Diácono Paulo Roberto. Por ocasião do Ano de São José, Dom Odilo tem presidido missas nas paróquias da Arquidiocese dedicadas ao Patrono Universal da Igreja Católica. A ce-

lebração ocorreu no 55º Dia Mundial da Comunicações Sociais, ocasião em que todas as coletas das missas na Arquidiocese foram destinadas à rádio 9 de Julho. No fim da celebração, Dom Odilo rezou aos pés da imagem do padroeiro, orando especialmente pelos enfermos, por todas as vítimas da COVID-19 e pela família do prefeito Bruno Covas, o qual faleceu no mesmo dia, em decorrência de um câncer (leia mais na página 15). Esta foi a segunda vez que o Cardeal esteve na matriz paroquial. A primeira foi há cinco anos, quando foram celebrados os 65 anos de criação da Paróquia São José. Julio Cesar dos Santos

Dom Odilo e padres concelebrantes, em oração, junto com fiéis, diante da imagem de São José Reprodução


4 | Ponto de Vista | 19 a 25 de maio de 2021 |

Vem e verás

N

o domingo, 16, ao mesmo tempo em que recordava a Ascensão do Senhor, a Igreja celebrou também o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Não se trata de uma associação fortuita, pois nosso Senhor, quando subiu aos Céus, “mandou aos apóstolos que pregassem a todos (...) o Evangelho” (cf. Mc 16,15-19; constituição dogmática Dei verbum, 7). O pregão público, o querigma (do grego kerygma, “anúncio”, “proclamação”), é para a Igreja algo que faz parte de sua essência desde a sua fundação (cf. 1 Jo 1,2-3), como especifica o jornalista Carlos Alberto Di Franco, em entrevista nesta edição do O SÃO PAULO – e é por isso natural que haja muitas zonas de intersecção e diálogo para com o universo do Jornalismo. É nesse sentido que o Papa Francisco indica, na mensagem que dedicou às Comunicações Sociais neste ano de 2021, vários sintomas de uma “crise editorial” que se vem alastrando nos

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Editorial meios de comunicação: a multiplicação de “jornais fotocópia”, que se limitam a replicar informações “construídas nas redações, diante do computador, nos terminais das agências”, sem que os jornalistas cheguem a “gastar a sola dos sapatos”, tomando contato direto com a realidade. Trata-se de diagnóstico compartilhado também por alguns representantes da própria comunidade jornalística: o citado Di Franco lamenta o fato de que “o jornalismo foi perdendo a capacidade de olhar o mundo real: estamos pensando a respeito dos fatos, mas sem olhá-los”. Como aponta o jornalista Aldo Quiroga, em outra entrevista especial para O SÃO PAULO, as causas desta crise editorial envolvem, de um lado, a “precarização da atividade profissional, com menos trabalhadores, mas metas altas”, em razão da redução da entrada de recursos financeiros com publicidade e assinantes, e de outro, o poder “dos controladores dos meios de comunicação, aqueles que fazem valer a decisão editorial”.

A verdade é que, no fundo, a perda de prestígio e influência dos veículos de mídia tradicionais é um fenômeno amplamente perceptível na sociedade. Como se poderá salvar, então, este outrora chamado “Quarto poder” – o qual, quando exercido com retidão e honradez, é indispensável à fiscalização e responsabilidade dos governantes e das instituições democráticas perante o povo? O problema comporta, inicialmente, uma solução técnico-humana, e depois também uma inspiração mais particularmente cristã. No nível puramente humano, os veículos de comunicação precisam se adaptar às novas condições de tecnologia e mercado: se a internet tornou praticamente infindável a quantidade de novas informações divulgadas, os veículos tradicionais precisam se distinguir pela qualidade com que transmitem suas notícias. Nas palavras de Di Franco, é preciso “escolher alguns aspectos e temáticas no universo jornalístico e cobrir esses temas extraordinariamente bem”.

A outra estratégia é bem particularmente cristã: o “método ‘vem e verás’”, como o chamou o Santo Padre. A extraordinária expansão do Cristianismo no mundo antigo não foi resultado de um esforço sistemático de propaganda institucional: antes, foi fruto da verificação da fé de forma visível na vida dos cristãos – uma experiência que convidava a outra, e assim por diante. Foi assim, aliás, que teve início o colégio apostólico, e, como afirma o Papa, este “convite a ‘ir e ver’, que acompanha os primeiros e comovedores encontros de Jesus com os discípulos, é também o método de toda a comunicação humana autêntica”. Repitamos, então, aos jornalistas de nosso tempo o conselho que dava outrora o Beato Manuel Lozano Garrido, primeiro jornalista a ser beatificado, a seus colegas de profissão: “Abre, maravilhado, os olhos ao que vires e deixa as tuas mãos cumularem-se do vigor da seiva, de tal modo que os outros possam, ao ler-te, tocar com as mãos o milagre palpitante da vida”.

Opinião

Pandemia, contas públicas e o compromisso social do Estado Arte: Sergio Ricciuto Conte

ANTONIO CARLOS ALVES DOS SANTOS Esta economia mata, afirmou o Papa Francisco (Evangelii gaudium, EG, 53). Será, porém, que é o tipo de economia, no caso a economia de mercado, ou as pessoas que, ao agirem egoisticamente, são a causa de todos os problemas? Como explicar o agir dessas pessoas? Neste momento doloroso pelo qual estamos passando, essas dúvidas novamente aparecem como um dilema moral colocado ao responsável pela política econômica do País e para a elite política como um todo. O responsável pela política econômica deve tomar decisões que não coloquem em risco a estabilidade macroeconômica duramente conquistada. Entretanto, deve, também, preocupar-se em preservar a vida da pessoa humana mais pobre, que, para garantir o seu sustento e o da sua família, é obrigada a se expor ao risco de contrair a terrível doença. A ajuda emergencial foi importante para garantir a sobrevivência das pessoas que perderam o emprego e permitiu, também, evitar que nossa economia mergulhasse em um poço profundo. Com a renda no bolso, o pobre consegue comprar os alimentos de que precisa e ajuda, naturalmente, a economia local. Como preservar a vida da pessoa humana e, ao mesmo tempo, respeitar o teto de gastos? Uma saída, de-

fendida pelos chamados economistas desenvolvimentistas, é simplesmente esquecer o teto de gastos, já que será realmente impossível mantê-lo. É uma proposta que resolve a questão de curto prazo, mas não nos desobriga a pensar em como evitar a perda de controle da questão fiscal e colocar em risco todo o trabalho já realizado desde o Plano Real. Além disso, simplesmente dar adeus ao teto de gastos sinalizaria ao mercado falta de compromisso com os bons fundamentos macroeconômicos. Seria simplesmente uma decisão voluntarista, cujas consequências não seriam nada benéficas aos mais pobres, que pagariam, de novo, a conta de

mais um arroubo desenvolvimentista. Manter o equilíbrio fiscal do governo não é a mesma coisa que defender o Estado mínimo ou a desobrigação do governo para com os mais pobres. Pelo contrário, significa ter um Estado capaz de cumprir com suas obrigações sociais. O imposto de solidariedade criado na Alemanha para financiar a modernização da ex-Alemanha Oriental é um exemplo do que pode ser pensado para resolver o problema dos gastos para combater a pandemia, preservar a vida dos brasileiros e manter a economia funcionando. Enquanto se discute como resolver a questão do financiamento dos gastos

da pandemia, é fundamental manter a ajuda emergencial por um período maior e corrigir a equivocada redução no seu valor, que é um grande desrespeito à dignidade da pessoa humana. Felizmente, há programas adotados por governos e municípios que ajudam a tornar menos dolorosa essa longa travessia rumo à normalidade. É o caso, por exemplo, do Auxílio Emergencial Gaúcho, que segundo o governo local, beneficia 19.458 empresas do Simples Gaúcho, 58.410 microempreendedores individuais, 18.530 desempregados e 8.161 famílias em situação de vulnerabilidade. A Renda Básica Paulistana também é uma boa iniciativa, ainda que o valor seja muito baixo e por um período aquém do desejado. O Programa Bolsa Trabalho, em análise na Assembleia Legislativa de São Paulo, é uma boa proposta, com valor e período de validade razoáveis. Além desses programas, há sempre espaço para a atuação de Organizações Não Governamentais dedicadas ao trabalho com a população mais vulnerável e, para tanto, é fundamental a generosidade daqueles com situação financeira mais confortável. Nesse cenário desolador, a caridade continua sendo fundamental para garantir um mínimo de dignidade à pessoa humana. Antonio Carlos Alves dos Santos é doutor em Economia, pela Fundação Getulio Vargas, em São Paulo (SP), e professor titular da FEA, da PUC-SP.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.


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| 19 a 25 de maio de 2021 | Regiões Episcopais/Fé e Vida | 5

No dia da padroeira, 8 missas acontecem no Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima

(Colaborou: Alexandre José Motta)

Crianças realizam a coroação da imagem de Nossa Senhora de Fátima, dia 13

IPIRANGA

Pandemia e aspectos psicossociais dos presbíteros são assuntos na reunião do clero CAROLINE DUPIM

COLABORADORA DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

O clero atuante na Região Episcopal Ipiranga realizou no dia 10, de modo on-line, a sua reunião geral, com a participação do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano. O encontro foi conduzido por Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo

LÍVIA MIRANDA E RUY HALASZ COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Luciney Martins/O SÃO PAULO

POR CENTRO DE PASTORAL DA REGIÃO SÉ Na quinta-feira, 13, no Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima, no Setor Perdizes, foram realizadas oito celebrações para comemorar a memória litúrgica da padroeira: às 7h, 8h30, 10h, 11h30, 15h (para os doentes), 16h, 18h30 e 20h. Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, presidiu a missa das 18h30, concelebrada pelo Pároco, Frei Jair Roberto Pasquale, TOR. Nessa celebração, realizou-se a coroação de Nossa Senhora, e, devido ao grande número de fiéis presentes, parte deles participou no templo, e outra porção, do lado de fora. Nos dias 13 e 16, aconteceu um drive-thru, das 7h30 às 18h, com a venda de bolinhos de bacalhau fritos e/ou congelados, pastéis de Belém e ainda garrafas de vinho.

Novo assistente eclesiástico da Pascom regional é apresentado

Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, e pelo Padre José Maria Mohomed Junior, Coordenador Regional de Pastoral. Padre Wojciech Mittelstaedt, SVD, mais conhecido como Padre Alberto, da Congregação Religiosa do Verbo Divino, também psicopedagogo e psicólogo clínico, atuante no Instituto Acolher (ITA), conduziu uma palestra

sobre a pandemia e os aspectos psicossociais na vida do presbítero, impactos e perspectivas. O palestrante convidou os membros do clero a refletirem sobre tópicos como aspectos sociais, psíquicos e os impactos na vida pastoral, sentimentos dos presbíteros na pandemia e possíveis atitudes, resoluções e estratégias diante desta realidade.

Na sexta-feira 14, os coordenadores paroquiais da Pastoral da Comunicação (Pascom) da Região Sé, sob a coordenação de Lívia Miranda, estiveram reunidos virtualmente para a apresentação do novo Assistente Eclesiástico da Pastoral na Região Sé, o Padre Carlos André Romualdo, indicado recentemente por Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar na Região Sé. A reunião contou com representantes de paróquias dos setores Aclimação, Brás, Cerqueira César e Perdizes, que expuseram suas principais atividades e desafios, assim como discutiram formas de contribuição para a atual campanha de combate à fome na Arquidiocese de São Paulo, “Animando a Esperança”. [IPIRANGA] O projeto “Ação Solidarizando”, da Paróquia Nossa Senhora das Mercês, Setor Pastoral Anchieta, promoveu no domingo, 16, uma live musical, a fim de conseguir cem padrinhos para as famílias assistidas pela comunidade paroquial. O projeto, iniciado há dois meses, já arrecadou cerca de uma tonelada de alimentos, 500 itens de higiene pessoal e limpeza, que foram doados para as cem famílias assistidas pela Paróquia. (por Caroline Dupim)

[BELÉM] Na sexta-feira, 14, festa do apóstolo São Matias, Dom Luiz Carlos Dias presidiu missa na Paróquia São João Batista, na Vila Carrão, e conferiu o sacramento da Crisma a 21 jovens da Paróquia e do Colégio Mary Ward, das Irmãs da Congregação de Jesus. (por Fernando Arthur)

Espiritualidade A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos

DOM LUIZ CARLOS DIAS

N

BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA REGIÃO BELÉM

o trajeto entre as solenidades da Ascensão do Senhor e de Pentecostes, a Igreja no Brasil convida as comunidades a orar pela unidade dos cristãos. É um evento promovido pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e pelo Conselho Mundial de Igrejas. No hemisfério Norte, a Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC) ocorre entre 18 e 25 de janeiro, desde o ano de 1908. Propor a unidade é convidar à construção de algo que confere beleza e alegria à realidade, pois unir significa integrar e harmonizar os elementos existentes. A isso os gregos chamavam cosmos, um conjun-

to bem ordenado, orgânico. E o contrário, caos, palavra ainda muito utilizada como temida, pois indica confusão e desordem, normalmente resultante de situações conflitivas, esgarçadoras da unidade. O anseio pela unidade perpassa os relatos bíblicos como as narrativas da criação, o caminhar das doze tribos de Israel e do grupo dos Doze, assim como a história da Igreja. No entanto, a construção da unidade não é tarefa das mais fáceis. Os relatos da criação têm o contraponto no desacordo total em Babel; os filhos de Jacó conheceram uma cisão irreversível; entre os Doze, houve quem discordou e entregou Jesus; e fraturas são conhecidas ao longo do percurso dos cristãos. É oportuno recordar, também, um fato recente, ocorrido na realização da última Campanha da Fraternidade, quando grupos e pessoas preferiram ressaltar e lançar luz a fatores de divisão, causando grande desconforto ao que seria um momento de avanço da experiência ecumênica entre a Igreja Católica e outras Igrejas cristãs. Nesse sentido, um tempo específico para orações pela unidade dos cristãos é bem-vindo, e se inscreve no realismo cristão, sa-

bedor de que algumas realizações só ocorrem com a intervenção da graça de Deus, mesmo em relação aos melhores intentos. O Papa Francisco, em reflexão sobre o tema da unidade dos cristãos, na Audiência Geral do dia 20 de janeiro de 2021, disse que “a unidade só pode vir como fruto da oração... humilde, mas confiante participação na oração do Senhor”. E perguntava se rezamos nessa intenção, “pois a fé do mundo depende disto; com efeito, o Senhor pediu a unidade entre nós para que o mundo creia”. Esse argumento se encontra muito claro no documento conciliar Unitatis redintegratio, quando aponta a divisão entre os cristãos como um escândalo para o mundo e prejuízo para o anúncio do Evangelho (cf. UR, 1). As comunidades inseridas na mesma missão do Senhor não podem perder de vista que o fator unidade é condição sine qua non para o “sucesso” das iniciativas missionárias, como para a credibilidade da mensagem cristã. A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, proposta no hemisfério Sul, entre as solenidades da Ascensão do Senhor e de Pentecostes, oferece um belo

itinerário para os discípulos missionários cumprirem este “dever”. A Ascensão do Senhor ressalta a vitória do Ressuscitado sobre os males geradores de divisão, e convida a empenhos pela causa do Reino, fazendo ressoar aos seus seguidores: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!” (Mc 16,15). No entanto, a missão não se realiza sem a condução do Espírito Santo, menos ainda sem ser precedida pela obra do mesmo Espírito, ou seja, a unidade da comunidade no amor. Nesse sentido, para iluminar e nortear as orações por esta causa foi apresentado o tema: “Permanecei no meu amor e produzireis muitos frutos” (Jo 15,5-9). É missão do Espírito dar forma ao desejo profundo manifestado pelo Senhor aos seus seguidores nesse texto, para libertar as pessoas do fechamento em seus próprios interesses, e abrirem-nas ao encontro enriquecedor de partilha de experiências oriundas do seguimento de Jesus Cristo e esforços pelo anúncio do Reino de amor e paz. Que sejam dias de intensa oração por uma causa fundamental para a ação missionária das Igrejas cristãs.


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LAPA Fiéis festejam a padroeira da Paróquia Santa Flávia Domitila Benigno Naveira

BENIGNO NAVEIRA

[IPIRANGA] No domingo, 16, Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, presidiu missa na Paróquia São João Clímaco, Setor Pastoral Anchieta, durante a qual 13 pessoas, entre jovens e adultos, receberam o sacramento da Crisma.

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

Com o tema “Com Santa Flávia Domitila construir fraternidade”, os fiéis da paróquia localizada no Parque Santa Domitila, Setor Pirituba, festejaram a padroeira, cuja memória litúrgica é celebrada no dia 7 de maio. Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, presidiu a missa solene, concelebrada pelo Padre Geraldo Pereira. O Sacerdote, momentos antes da celebração, interagia com os que acompanhariam a missa pelas redes sociais da Paróquia. Houve a participação presencial dos fiéis, em conformidade com os limites de ocupação do templo para o atual momento da pandemia de COVID-19. Durante a novena, Padre Geraldo enfatizou, em suas homilias, as virtudes de Santa Flávia Domitila, uma jovem que tinha como principais qualidades a humildade, a simpli-

(por Caroline Dupim)

Dom José Benedito em foto com paroquianos e o Padre Geraldo na Paróquia Santa Flávia Domitila

cidade e o amor imensurável a Jesus Cristo. “Somos uma Igreja comprometida com a vida. Foram muitas vidas doadas e que se doam em prol da comunidade. O passado é lembrado pela longa história, e o presente nos pede dinamismo, testemunho e a ação evangelizadora para continuarmos nossa caminhada como discípulos missionários de Jesus Cristo. Graças à união, ao esforço e ao trabalho de todos, obteve-se o êxito esperado na arrecadação de alimentos”, afirmou o Sacerdote.

Em conversa com a Pastoral da Comunicação (Pascom) da Região Lapa, Padre Geraldo recordou que a festa deste ano foi preparada seguindo todos os cuidados recomendados pelas autoridades de saúde, tendo sido possível a participação de paroquianos e demais devotos nas celebrações, por meio das redes sociais e, de forma restrita, presencialmente. Além disso, durante a novena, realizou-se a arrecadação de alimentos para as Pastorais da Criança e dos Idosos.

BRASILÂNDIA Pascom regional realiza série de lives em Semana da Comunicação TAÍSE CORTÊS

COLABORADORA DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

A coordenação regional da Pascom Brasilândia realizou, entre os dias 10 e 15, a Semana da Comunicação, por ocasião do 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado por toda a Igreja no domingo, 16. Por meio de uma série de lives, os padres que atuam na Região contaram sobre suas experiências de evangelização, sobretudo durante este período de pandemia, em que tiveram que adaptar as formas de se comunicar com o povo e estruturar tanto a Pastoral da Comunicação em suas paróquias quanto a preparação dos agentes para o melhor uso dos canais de comunicação. O primeiro a participar foi o Padre Cilto José Rosembach, Pároco da Paróquia São José, Setor Perus, e vice-diretor da Associação Cantareira, que fez uma retomada da história da comunicação na Região e da criação da Pascom Brasilândia. A segunda live foi com o Padre Orisvaldo Carvalho, Assessor da Pascom

Laize Teixeira

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Brasilândia e Administrador Paroquial da Paróquia Cristo Rei, Setor Perus, que trouxe a perspectiva sobre a evangelização na pandemia. Padre Gleidson Novaes, Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Paz, Setor Jaraguá, foi o terceiro entrevistado, e compartilhou seu aprendizado a partir da experiência de comunicação na pandemia, suas mudanças de comportamento e posicionamento a partir do uso das diferentes redes sociais para levar o Evangelho ao povo. Para finalizar a série, o Padre Aldenor Alves Lima (Padre Aldo), Pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Souza, Setor São José Operário, refletiu sobre os diferentes aspectos da mensagem emitida pelo Papa Francisco para o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais. No sábado, 15, os agentes da Pastoral participaram da live promovida pela Arquidiocese com o Cardeal Scherer, Arcebispo Metropolitano, sobre o Dia Mundial das Comunicações Sociais. No domingo, 16, a Pascom Brasilândia publicou um agradecimento especial a todos os comunicadores da Região. Robson Francisco

A íntegra das lives pode ser vista nas redes sociais da Pascom, pelo link a seguir: https://cutt.ly/AbNdfAx.

[BRASILÂNDIA] Na memória litúrgica de Nossa Senhora de Fátima, na quinta-feira, 13, Dom Carlos Silva, OFMCap, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, presidiu missa na Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em Pirituba, concelebrada pelo Padre Maycon Wesley, Pároco. (por Bruno Melo) João Carlos Gomes

[BELÉM] No sábado, 15, Dom Luiz Carlos Dias, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, presidiu missa na Paróquia São Marcos Evangelista, no Setor Conquista, durante a qual conferiu o sacramento da Crisma a 22 jovens e adultos. (por Fernando Arthur) Pascom da Paróquia Nossa Senhora da Expectação

Drica Lobos

[SÉ] Na quinta-feira, 13, na Catedral da Sé, o Padre Juarez de Castro presidiu missa na memória litúrgica de Nossa Senhora de Fátima, concelebrada pelo Cura, Padre Luiz Eduardo Baronto. A celebração também ocorreu em sufrágio da alma de Hebe Camargo, falecida em 2012. Entre os participantes estiveram Marcello Camargo, filho da apresentadora, e a empresária Lydia Sayeg, amiga de Hebe. O Padre Antônio Maria cantou o “Ave Maria” na entronização da imagem de Nossa Senhora de Fátima que pertencia a Hebe Camargo, que sempre manifestou publicamente sua devoção mariana. (Com informações de Fernando Arthur, da Comunicação da Catedral da Sé) Fernando Fernandes

[BRASILÂNDIA] Na Solenidade da Ascensão do Senhor, no domingo, 16, Dom Carlos Silva, OFMCap, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, presidiu missa na Paróquia Nossa Senhora da Expectação, concelebrada pelo Pároco, Padre Carlos Ribeiro. A celebração ocorreu no terceiro dia da 200ª Novena do Divino Espírito Santo. (por Marta de Oliveira Gonçalves) [SANTANA] Na quinta-feira, 13, os fiéis da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no Setor Imirim, festejaram o dia da padroeira, participando presencialmente ou assistindo on-line às missas realizadas. A das 12h foi presidida por Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, e a das 15h, pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano (leia mais na página 3). Outra missa ocorreu às 19h, após a reza do Santo Terço. (por Renatinha Antonelli)

[SANTANA] No domingo, 16, durante missa realizada na Paróquia Sagrada Família, Setor Mandaqui, Dom Jorge Pierozan conferiu o sacramento da Crisma a 24 pessoas. Concelebrou o Padre Erly Avelino Guillen Moscoso, Pároco. [SANTANA] No sábado, 15, na Capela São José, na Cúria Regional de Santana, Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar, presidiu missa no contexto da celebração do 55° Dia Mundial das Comunicações Sociais, comemorado no domingo, 16. Concelebraram os Padres Maurício Luchini, Pároco da Paróquia Santo Antônio, e Salvador Ruiz

Armas, Assessor Eclesiástico da Pascom Regional. Na Região Santana, essa pastoral é coordenada pelo senhor Henrique Monfré. Em cada setor pastoral, existe um coordenador setorial, com o objetivo de animar, servir e apoiar a missão da Pascom em cada paróquia, pastorais, movimentos e novas comunidades. (por Robson Francisco)

(por Silvano J. Sousa)

[SANTANA] No dia 12, Dom Jorge Pierozan presidiu a missa de encerramento do tríduo da padroeira na Capela Nossa Senhora de Fátima, que pertence à Paróquia Santa Inês, Setor Mandaqui. Participou o Diácono Márcio Cesena. (por Silvano J. Sousa)

[SANTANA] Dom Jorge Pierozan presidiu no domingo, 16, missa na Paróquia Santa Rita de Cássia, Setor Vila Maria, por ocasião do quarto dia da novena em louvor à padroeira. Concelebrou o Pároco, Frei Cássio Ramon Nascimento, OSA. (por Fernando Fernandes)


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Fé e Cidadania

BRASILÂNDIA

Capela Santa Luzia é reinaugurada Wellington Tomaz

GIOVANA BELINI

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

No domingo, 16, a Capela Santa Luzia, que está sob os cuidados da Comunidade de Aliança Cristo Libertador, Setor Pastoral Pereira Barreto, foi reinaugurada após ter passado por reformas. A parte externa começou a ser reformada em setembro de 2020 e a interna, em fevereiro deste ano. Houve intervenções no telhado para conter vazamentos, pintura da fachada e do salão, troca do piso interno, reformas dos banheiros e da sacristia, colocação de revestimento nas escadas e corredores e a aquisição de novas imagens sacras, sacrário e vasos. A missa de reinauguração foi presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia. Ele motivou a comunidade, a exemplo de Santa Luzia, a

PADRE ALFREDO JOSÉ GONÇALVES, CS

Dom Carlos Silva preside missa de reinauguração da Capela Santa Luzia, no domingo, 16

enxergar a vontade de Deus e desejou que a Capela seja um local para isso. Todas as quartas-feiras acontece a adoração ao Santíssimo Sacramento, das 7h às 19h, e missa às 19h30. Na Capela também há atividades da

Comunidade de Aliança Cristo Libertador, com a programação disponível em suas redes sociais. Interessados em colaborar com o custeio das reformas podem fazê-lo pelo site https://cutt.ly/6bNxLKt.

Comportamento A importância dos hábitos na primeira infância SIMONE RIBEIRO CABRAL FUZARO Como já é de conhecimento de todos, o processo de aprendizagem é fundamental na vida da pessoa. O ser humano é o animal que nasce menos pronto, ou seja, menos guiado por instintos e, por isso mesmo, precisa aprender a viver. Quando observamos a maioria dos animais, percebemos, com clareza, que sabem o que e como fazer. Tive a experiência de observar o parto de uma cachorrinha que adotamos aqui em casa: ela começou a ter um comportamento “estranho”, fez um enorme buraco na terra, num cantinho escondido do quintal, ficava lá bastante tempo. Quando comentamos com a veterinária, ela logo disse: “Em breve, ela dará cria”. E assim foi: nasceram os cachorrinhos e ela cuidava deles naturalmente, sem precisar de ajuda. Isso é viver de instinto – tudo está genética e biologicamente programado e o animal age em decorrência dessa programação. Com a criança, no entanto, não é assim: praticamente precisa aprender tudo o que diz respeito à vida: andar, comer, sentar, falar, enfim, viver. Isso é possível porque somos seres racionais. Não somos conduzidos por instintos, mas, sim, pela razão. Exatamente pelo fato de o ser humano ter inteligência e nascer tão pouco “pronto” é que pode chegar tão longe – a pessoa tem um enorme potencial e um caminho imprevisível a priori. Tudo dependerá de seu processo de aprendizagem, de sua estimulação familiar, de sua história de vida.

130 anos da Doutrina Social da Igreja

Se quisermos levar nossos filhos ao máximo de seu potencial, precisamos começar a educá-los desde o início da vida. Ajudá-los a crescer em todos os aspectos, especialmente em inteligência, vontade e afetividade. Um dos modos de começar esse rico processo de educação é transmitir bons hábitos. Na primeira infância, os principais hábitos são: sono, alimentação, higiene e ordem. Na verdade, como são muito pequenos e inaptos a aprenderem racionalmente sobre o mundo, ensinamos-lhes os hábitos, fazendo com que aconteçam de modo saudável e natural na rotina dos pequenos. O sono e a alimentação são hábitos que se adquirem quase que em conjunto – um bebê que dorme bem, descansa o número de horas necessárias, acaba se alimentando bem e vice-versa. Por isso, é muito importante iniciarmos a educação em relação ao sono desde cedo: colocar o bebê para dormir num local adequado, sem luz, sempre no mesmo horário, cuidando para que não desperte durante a noite. Hoje em dia, é muito comum os pais adaptarem a rotina dos filhos às suas necessidades de trabalho, mas, se fizerem sempre assim, não criarão um hábito saudável para os pequenos. Outro risco dos nossos tempos é que os pais digam: “Ele não consegue dormir cedo, ele é noturno”. Outro grande erro: o bom hábito do sono precisa ser criado, independentemente do querer da criança. Mesmo que não sinta sono no horário adequado estipulado pelos pais, a criança deve ser levada para a cama sempre no mesmo horário e ser

introduzida numa rotina de sono: pouca luz, uma oração, canção, história ou outro recurso que a família considere melhor, ela acabará conseguindo pegar no sono nesse horário. Importante: toda virtude requer repetição para ser aprendida e, assim, se configurar um hábito. É preciso que os pais sejam constantes para introduzi-lo. Se tentarem algumas vezes e desistirem, as crianças não o acolherão. Repetir, repetir e repetir – esse é o segredo para estabelecer um hábito. Não se deixem levar por choros, chantagens e resistências: eles são esperados e fazem parte da situação. O importante é que os pais tenham clareza do bem que um bom hábito traz para a vida e sejam firmes para determiná-lo. Igualmente importante: não se iludam acreditando que não é preciso criar os hábitos tão cedo, achando que, quando forem maiores e compreenderem melhor as coisas, as crianças os observarão. Quando crescem sem cultivar esses hábitos, torna-se muito mais difícil adquiri-los depois, por mais que entendam sua importância. Além do mais, sempre se coloca em risco o valor desses hábitos – afinal, se eram tão importantes assim, por que os pais não os transmitiram desde pequenos? Os pais são os protagonistas, os primeiros e principais educadores dos filhos. Os valores que não forem ensinados em casa, na relação familiar cotidiana, dificilmente serão aprendidos no futuro. Vale a pena o empenho em formar bem os filhos! Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora. Mantém o site www.simonefuzaro.com.br. Instagram: @sifuzaro.

O documento inaugural da Doutrina Social da Igreja (DSI) foi publicado em 1891, pelo então Papa Leão XIII. Trata-se da encíclica Rerum novarum (RN), que versa “sobre a condição dos operários”. Convém não esquecer que a segunda metade do século XIX corresponde ao auge da Revolução Industrial, o que explica a preocupação com os trabalhadores das fábricas incipientes. Eram também tempos de muito movimento: a força do vapor movia trens, navios, carros e outras máquinas. Além disso, dezenas de milhões de emigrantes deixavam o Velho Continente em busca das novas terras da América, da Austrália e da Nova Zelândia. Aos 130 anos do surgimento da DSI, convém citar a abertura do texto para dar-se conta de seu vigor e atualidade: “A sede de inovações, que há muito tempo se apoderou das sociedades e as tem em uma agitação febril, devia, tarde ou cedo, passar das regiões da política para a esfera vizinha da economia social. Efetivamente, os progressos incessantes da indústria, os novos caminhos em que entraram as artes, a alteração das relações entre os operários e os patrões, a influência da riqueza nas mãos de um pequeno número, ao lado da indigência da multidão, a opinião, enfim, mais avantajada que os operários formam de si mesmos e a sua união mais compacta, tudo isso, sem falar da corrupção dos costumes, deu em resultado final um temível conflito” (RN, 1). O conflito assinalado, na época, restringia-se ao âmbito de “patrões e operários”. Hoje, as tensões e contradições da economia globalizada são bem mais amplas, diversificadas e complexas. Envolvem praticamente todos os países, centrais, emergentes e periféricos. O acúmulo da riqueza “nas mãos de um pequeno número” continua contrastando com a “indigência da multidão”. Também podemos afirmar que a “sede de inovações” e a “agitação febril” ainda continuam sendo marcas registradas da sociedade atual. Alguém pode perguntar se antes disso a Igreja permanecia indiferente aos problemas sociais. Não é bem assim! Outros pontífices que precederam Leão XIII também se preocuparam, e muito, com a situação concreta da população, em especial os estratos mais pobres e vulneráveis. Essa preocupação, porém, vinha explicitada por meio de algumas linhas ou parágrafos em meio a escritos cujo tema central versava sobre a Teologia, Cristologia, Mariologia, Credo e dogmas, assuntos ligados à fé, esperança, caridade ou santidade, e assim por diante. A Rerum novarum tornou-se o primeiro documento inteiramente dedicado à chamada “questão social”. Nessa carta, a centralidade do olhar e da solicitude pastoral convergem sobre a condição real dos trabalhadores e suas famílias. O documento aborda aspectos como o trabalho e suas condições de salubridade, o salário justo para cobrir os custos de um grupo familiar, a relação entre empregador e empregados, o direito de organização dos operários... A data convida a percorrer esse tesouro da DSI, no qual muitas pérolas mantêm o valor e o brilho da fonte, onde a água é mais cristalina. Padre Alfredo José Gonçalves, CS, pertence à Congregação dos Missionários de São Carlos (Scalabrinianos).


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Arquidiocese promove formação litúrgico-musical para Pentecostes e Corpus Christi “Não convém entoarmos outros cantos no lugar dessas antífonas. Existem vários hinos e cantos cujas compoA Arquidiocese de São Paulo realisições partem dessas antífonas.” zou no sábado, 15, um encontro on-line O maestro Delphim explicou que a de formação litúrgico-musical voltado escolha do repertório musical para as às solenidades de Pentecostes e Corpus celebrações litúrgicas segue critérios Christi. possíveis de serem aplicados em todo Promovido pela Comissão Arquio Brasil. “Existe muita coisa bem-feita, diocesana de Liturgia (CAL), o enconrealizada ao longo dos últimos 50 anos, tro foi transmitido pelas plataformas depois da renovação do Concílio [Vatidigitais da Catedral da Sé e contou com cano II]... Portanto, tivemos o cuidado a participação do Cardeal Odilo Pedro de preservar aquilo de bom que tem Scherer, Arcebispo de São Paulo, de sido feito no País”, disse. Dom José Benedito Cardoso, Bispo AuO músico também esclareceu que xiliar da Arquidiocese na Região Epismateriais como o Hinário Litúrgico copal Lapa e Referencial da CNBB possuem versões Reprodução da internet para a Liturgia, do maestro adaptadas de alguns hinos Delphim Rezende Porto e com aprovação da Santa Sé da cantora e preparadora e, por isso, podem substituir vocal Regiane Martinez. textos contidos no LecioEssa formação compõe a nário, livro litúrgico oficial série de iniciativas da CAL de leituras, salmos e cântidestinadas à formação litúrcos da missa. São exemplos gica, a partir do repertório desses hinos as versões das musical do folheto litúrgico sequências de Pentecostes e Povo de Deus em São Paulo de Corpus Christi que costupara essas duas celebrações. mam ser entoadas no Brasil. Historicamente, o subsí“O Lecionário é a pridio arquidiocesano é orienmeira fonte dos textos litúrtado para o canto do texto gicos, assim como o Missal bíblico e de fontes como o Romano [livro que contém o Hinário Litúrgico da Conferito da missa]. Mas também rência Nacional dos Bispos temos outros livros, como o do Brasil (CNBB). Em 2019, ‘Gradual Romano’, que oferehouve uma renovação do ce mais opções de antífonas”, repertório musical do folheacrescentou Delphim, ressalCardeal Odilo Scherer, Dom José Benedito e membros do Coro da Catedral da Sé na formação litúrgico-musical to, com o auxílio do Padre tando a riqueza da liturgia José Weber, liturgista, comcatólica. “A nossa liturgia não positor e um dos principais músicos “Essa história continua na Igreja, foram compostos para a celebração eutem apenas 50 anos, mas 2 mil anos. Ela responsáveis pela renovação da música que não só a recorda, mas acontece carística. É importante ter esse cuidaé expressão de uma Igreja que peregrina litúrgica na Igreja do Brasil. hoje. Deus continua a caminhar conosdo”, afirmou. com muitos rostos e cantos”, completou. co no tempo, na história e continua a Os cadernos com as partituras das TESTEMUNHO E EXPRESSÃO DE FÉ se revelar. Nós somos convidados a dar FIDELIDADE AOS músicas, assim como os folhetos litúrAo abrir o encontro, Dom Odilo desa nossa resposta de fé e acolher a mão TEXTOS BÍBLICOS gicos das missas, estão disponíveis para tacou que o serviço à liturgia é, ao mesestendida de Deus, da sua misericórdia Dom José Benedito também saliendownload na página do folheto Povo de mo tempo, testemunho e expressão da para conosco, e caminhar na esperantou a importância de manter a fidelidaDeus em São Paulo no portal da Arquifé, serviço à glória e à adoração de Deus. ça das realizações das suas promessas de às referências bíblicas de cada celediocese (https://tinyurl.com/yhjb9bva) “O Concílio Vaticano II diz que a também para nós. Isso tudo acontece bração e aos textos propostos para cada ou pelo app ArquiSP. liturgia é o ponto alto de toda a vida e na liturgia”, completou o Arcebispo. liturgia, como as antífonas, pequenos Assista à íntegra do Encontro de missão da Igreja e a fonte da qual a vida versículos introdutórios para os diferenFormação Litúrgico-Musical em: da Igreja tira sua força e vitalidade. Tudo TEORIA E PRÁTICA tes momentos da missa, como a entrada, https://youtu.be/4wNWDjNtrdE caminha para a celebração da liturgia e O curso uniu reflexões teóricas e aclamação ao Evangelho e Comunhão. (Colaborou: Flavio Rogério Lopes) FERNANDO GERONAZZO

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da liturgia tudo recebe. Na liturgia, celebramos o encontro vivo com Deus e com Jesus Cristo, abastecemos a nossa fé, esperança e caridade”, afirmou. Em seguida, o Cardeal explicou que, ao longo do ano litúrgico, os cristãos perpassam a história da salvação e do caminho de Deus com a humanidade. “O grande acontecimento da salvação de Deus para a humanidade e manifestação da sua vontade amorosa foi a encarnação do Verbo, do Filho de Deus, da sua vida humanamente entre nós e o mistério de sua Páscoa – Paixão, Morte e Ressurreição –, que culmina com Pentecostes, o envio dos discípulos em missão.”

práticas sobre os cantos entoados nas missas, com ensaios e explicações sobre a escolha do repertório musical. Dom José Benedito fez uma introdução sobre a origem dessas duas solenidades litúrgicas e sobre a importância de preparar bem as celebrações nos seus diferentes aspectos, incluindo os cantos. Referindo-se à celebração de Pentecostes, o Bispo enfatizou que não basta escolher qualquer canto que mencione o Espírito Santo se, porém, não for litúrgico. “Existem cantos bonitos, compostos para outras ocasiões, como grupos de oração, retiros, mas que não

Você Pergunta ‘Por que o canto de Maria na casa de Isabel se chama Magnificat?’ PADRE CIDO PEREIRA

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A pergunta é da Maria de Lourdes. Minha irmã, para você entender o significado da palavra Magnificat é preciso que lembremos, primeiro, que durante quase 2 mil anos a língua oficial da Igreja foi o latim. E ainda é, de certo modo. Tanto que os grandes documentos da Igreja são escritos em latim e as

duas ou três primeiras palavras de cada documento é que dão nome a eles. Alguns exemplos: o documento conciliar sobre a Igreja chama-se Lumen gentium; o sobre a Palavra de Deus é o Dei verbum; a encíclica do Papa Bento XVI sobre o amor de Deus recebeu o nome de Deus caritas est; enfim, em determinadas circunstâncias, o latim ainda é a língua oficial da Igreja, uma vez que os documentos são escritos primeiro neste idioma.

Pois bem, Maria de Lourdes, alguns hinos também são chamados pela primeira palavra deles escrita em latim. Por isso, o hino que Nossa Senhora cantou quando visitou sua prima, Santa Isabel, começa assim: “Engrandece minha alma ao Senhor”. Como é que se diz isso em latim? Assim: “Magnificat anima mea dominum”. Este hino, então, seguindo a Tradição da Igreja, passou a ser chamado pela primeira palavra que o compõe em latim.

A palavra Magnificat significa “engrandece”, ou seja, é um louvor à grandeza de Deus. Eu deixo aqui outro exemplo para você: quando o anjo anunciou a Nossa Senhora que ela seria a mãe de Jesus, Maria disse ao anjo: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”. “Faça-se”, em latim, se diz “Fiat”. Então, o sim de Maria a gente chama de “Fiat”.


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‘O Jornalismo deve olhar para a vida real’, diz Dom Odilo em live da Pastoral da Comunicação Reprodução da internet

NO ENCONTRO VIRTUAL, O CARDEAL TROUXE REFLEXÕES SOBRE A MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O 55º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS E RESPONDEU A DÚVIDAS RELACIONADAS À ATUAÇÃO DA PASCOM IRA ROMÃO

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Na tarde de sábado, 15, o Arcebispo Metropolitano, Cardeal Odilo Pedro Scherer, se encontrou virtualmente com padres e leigos representantes da Pastoral da Comunicação (Pascom) das seis regiões episcopais da Arquidiocese de São Paulo. A live, que ocorreu na véspera do domingo da Ascensão do Senhor, foi transmitida pelo YouTube e Facebook da Arquidiocese e teve como foco a mensagem do Papa Francisco para o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, neste ano celebrado em 16 de maio. Com o tema “Vem e verás”, extraído do Evangelho de João (Jo 1,46), a mensagem do Pontífice reflete sobre alguns princípios do Jornalismo e tem por lema “Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são”. O encontro, mediado pelo Assessor Eclesiástico da Pascom Arquidiocesana, Padre Luiz Claudio de Almeida Braga, foi acompanhado pelo Coordenador da Pascom do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Padre Tiago Barbosa. MEIOS DE COMUNICAÇÃO E O ANÚNCIO DO EVANGELHO No início da live, Dom Odilo lembrou que Jesus, ao dizer aos discípulos para ir e proclamar o Evangelho, não usou nenhum meio de comunicação disponível naquele tempo – o discurso, a poesia ou o teatro. Ele, por sua própria pessoa, fez isso diretamente. No entanto, Dom Odilo frisou que Jesus não excluiu o uso de nenhum meio de comunicação para anunciar o Evangelho. “Os ambientes de comunicação hoje são tantos e tão variados que temos possibilidades enormes de realizar o que Jesus pediu”, disse o Cardeal. “O Dia Mundial das Comunicações Sociais existe justamente para estimular a Igreja a fazer melhor uso da comunicação para o anúncio do Evangelho.” IR AO ENCONTRO DOS FATOS Trazendo o texto de Jesus “Vem e verás” ao mundo da comunicação, o Arcebispo afirmou ser “um convite aos comunicadores para se aproximarem dos fatos e das pessoas, fazendo, assim, comunicação com base na verdade e na realidade vista, testemunhada e acompanhada de perto.”

Cardeal Scherer fala a agentes da Pascom sobre os pontos centrais da mensagem do Papa para o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais

Dom Odilo mencionou a crítica do Papa à “imprensa fotocópia” que não parte mais dos fatos. “Praticamente, se você ler um jornal, leu tudo, porque um vai repetindo o que o outro já disse. Fica-se na superfície e se perde a oportunidade de entrar em contato com os acontecimentos e de experimentar, em primeira pessoa, o que se quer noticiar.” O Cardeal alertou sobre a criação de “narrativas descoladas da realidade” e que são espalhadas, sobretudo, nas mídias sociais. “Narrativas que, propositadamente, criam factoides e que são passadas para frente, reafirmando mentiras.” “Por isso, o Papa convida o comunicador a gastar as solas dos sapatos e ser testemunha dos fatos, para não ser simplesmente o repassador de notícias ouvidas”, reforçou Dom Odilo. O Arcebispo advertiu que as agências de notícias são orientadas por um filtro que atende aos interesses de seus proprietários e que, portanto, “nem sempre usam o olhar da objetividade”. Por isso, o jornalista deve ir a campo checar “as coisas como elas são e como não são”, assim como fez Natanael, na passagem do Evangelho, ao aceitar o convite de Filipe para conhecer Jesus, que o deixou impactado. MISSÃO DA PASCOM Dom Odilo destacou que, como evangelizadora, a Pascom deve “estimular as pessoas a se interessar, a dar um passo a mais, a ver o fato pessoalmente, a fazer uma experiência”, assim como Filipe fez com Natanael. “Neste momento, temos [na Arquidiocese] a campanha de combate à fome. Ao tratar disso, a Pascom precisa impactar as pessoas para que reflitam: ‘Preciso e posso fazer minha parte também’”, exemplificou o Cardeal. Citando o agradecimento do Papa aos

comunicadores que noticiam a realidade de minorias perseguidas pelo mundo, o Arcebispo fez uma provocação a todos os que acompanhavam a live, perguntando quem, ao longo do dia, havia lido alguma notícia sobre a África ou quem sabia como estava a vacinação contra a COVID-19 no continente africano. “Os holofotes das notícias estão sobre alguns conflitos e áreas de interesse da finança”, ilustrou Dom Odilo. Sobre esse cenário dos dramas esquecidos, o Cardeal orientou que “o Jornalismo, no sentido pastoral, embora possa contar alegrias, também deve olhar para a vida real que acontece ao redor”. Dom Odilo elucidou que a notícia pode promover a solidariedade, ainda mais em meio à pandemia. “Dar voz a quem já está no palco brilhando é fácil. Dar atenção e importância aos esquecidos que estão lutando e sofrendo sozinhos é nossa missão”, pontuou. COMUNICAÇÃO NOS DIAS DE HOJE Ao falar sobre os atuais meios de comunicação que geram grande volume de informações, Dom Odilo disse que, embora sejam “maravilhosos, podem colocar todos diante de uma série de riscos”. Como exemplo, o Cardeal citou o risco de manipulação das mídias sociais, ambiente em que todos podem se tornar comunicadores, o “banal narcisismo”, mencionado pelo Pontífice, e o perigo de as pessoas se fecharem em grupos de iguais. “Nesses grupos, as pessoas se sentem confortáveis. Neles não se confronta nem se aprofunda uma reflexão que conduza ao senso crítico diante das coisas”, refletiu Dom Odilo. O Arcebispo elucidou porque nada substitui o ver pessoalmente: “O ‘Vem e verás’ deve se transformar, justamente, na experiência pessoal de testemunha dos

fatos, porque testemunha é quem esteve presente e pode, então, comunicar as coisas a partir de uma verdade percebida pessoalmente”. Dom Odilo recomendou a todos que tenham cuidado para não produzir um discurso vazio, que nada comunica, e que pode ser agressivo. “O Papa nos previne que devemos sempre publicar a verdade com amor e para a edificação. A verdade, se for preciso, para correção, mas não para a destruição.” Assim como o Pontífice, o Cardeal lembrou que São Paulo foi um “comunicador fantástico”. Mais do que a capacidade de falar, porém, o que realmente impactou em sua comunicação não foi o meio utilizado, mas, sim, “sua fé, seu testemunho pessoal de adesão a Jesus Cristo e seu amor ao Evangelho”. SANANDO DÚVIDAS Na segunda parte da live, o Arcebispo respondeu às perguntas feitas pelos representantes das regiões episcopais. Uma das questões foi sobre como a Pascom pode auxiliar no retorno presencial gradativo das celebrações nas comunidades. O Arcebispo esclareceu que “no pós-pandemia, a Pastoral da Comunicação poderá contribuir para que o presencial e o virtual caminhem juntos, pois um não substitui o outro”. Dom Odilo também enfatizou que “a fé católica não dispensa a expressão presencial”. Questionado sobre como as ações caritativas podem se tornar testemunhas reais do “Vem e verás”, Dom Odilo exortou os comunicadores da Pascom a mostrar a realidade dos necessitados. “Sua comunicação da realidade será um convite para outros. Isso é uma forma de ajudar as pessoas. O povo é muito generoso e aberto a ajudar o próximo. Os apelos bem fundamentados são correspondidos”, disse o Cardeal.


10 | Reportagem | 19 a 25 de maio de 2021 | PARA JORNALISTAS, PAPA FAZ CONVITE A REFLEXÕES OPORTUNAS PARA A PROFISSÃO

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55º Dia Mundial das Comunicações Sociais Daniele Cataldi – registro anterior à atual pandemia

FERNANDO GERONAZZO

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CLEIDE BARBOSA

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

“Vem e verás” (Jo 1,46) e “Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são”: estes são, respectivamente, o tema e o lema com os quais o Papa Francisco convida os comunicadores a refletir sobre a própria profissão e missão na sociedade, por ocasião do 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado no domingo, 16. Na mensagem, publicada em 23 de janeiro, véspera da memória de São Francisco de Sales, doutor da Igreja e padroeiro dos jornalistas, o Pontífice enaltece a missão dos profissionais da comunicação, ressaltando que ir às realidades e vê-las com os próprios olhos é algo insubstituível para o bom exercício do Jornalismo. “Seria uma perda não só para a informação, mas para toda a sociedade e para a democracia se faltassem essas vozes: um empobrecimento para a nossa humanidade”, escreve o Santo Padre. Uma das frases emblemáticas de Francisco no texto é a de que o jornalista precisa “gastar a sola dos sapatos”, a fim de encontrar as pessoas, procurar histórias e verificar informações. Para comentar o conteúdo da mensagem do Papa, o jornal O SÃO PAULO e a rádio 9 de Julho ouviram alguns jornalistas que enfatizaram o quanto as reflexões do Pontífice são oportunas para o momento enfrentado por essa área profissional. OLHAR O MUNDO REAL “De alguma maneira, o Jornalismo foi perdendo a capacidade de olhar o mundo real. Essa é a essência do Jornalismo. Se nós ficamos fechados entre as quatro paredes da redação, estamos pensando a respeito dos fatos, mas sem olhá-los, pensamos a respeito das pessoas, mas sem olhar seus rostos, os dramas, problemas e, também, as coisas positivas, nós já estamos deixando de fazer Jornalismo”, ressaltou o jornalista, professor e consultor de Comunicação Carlos Alberto Di Franco. Para o jornalista Aldo Quiroga, editor-chefe e apresentador do “Jornal da Tarde”, da TV Cultura, e professor do curso de Jornalismo na PUC-SP, a mensagem do Pontífice é um chamado a todos os profissionais de Comunicação ao compromisso com a busca da verdade, com a atenção especial aos que estão à margem das decisões econômicas e políticas. “Não há a possibilidade de reportar as dificuldades enfrentadas pelas famílias que ficaram sem sustento ou que perderam pessoas queridas na pandemia se não formos até elas”, afirmou.

‘Na comunicação, nada pode jamais substituir o ver pessoalmente’, diz o Papa na mensagem para o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais

IR ÀS PESSOAS A jornalista Manuela Castro, repórter e apresentadora da TV Brasil e assessora de comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sublinhou que, no exercício da sua profissão, nada substitui ver a realidade com os próprios olhos. “Com esta pandemia, vivemos um grandíssimo desafio, pois temos a dificuldade do contato, do ir até as pessoas. E sentimos falta. Ao longo da minha carreira, sempre saí muito da redação. É o que o Papa, na mensagem, nos chama a fazer: ir ao encontro das pessoas, não ser um jornalista sentado numa cadeira, fazendo tudo no computador. Neste momento, há limitações por causa da pandemia. Sinto muita falta desse contato com as pessoas”, disse Manuela. Repórter e apresentador do Grupo Bandeirantes há mais de 20 anos, o jornalista Márcio Campos reforçou que o Jornalismo é feito de testemunho dos fatos. “Um dos momentos mais ricos do Jornalismo é quando o repórter ouve o povo. Mais importante do que falar e escrever é ver, escutar, ser coerente e preciso na hora de transmitir a

mensagem captada nessa experiência”, disse. A vivência de Manuela Castro como repórter rendeu o livro “A praga: o holocausto da hanseníase. Histórias emocionantes de isolamento, morte e vida nos leprosários do Brasil”, lançado em 2017. A obra, resultado de um profundo trabalho de campo, deu visibilidade a uma realidade ainda considerada tabu na sociedade brasileira, que até a década de 1980 possuía leprosários. Hoje, a doença tem tratamento na rede pública de Saúde, mas o estigma faz com que muitos não busquem ajuda médica. VACINA CONTRA DESINFORMAÇÃO Usando uma analogia comum no contexto da atual pandemia, Aldo Quiroga considera o Jornalismo como a “vacina contra a desinformação”, chamando a atenção para o fenômeno das fake news, que inclusive foi tema da mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações de 2019. “A desinformação é, antes de tudo, um ataque à democracia e ao direito fundamental de todo ser humano a uma informação de qualidade. Faz par-

te desta lógica o ataque aos jornalistas e à imprensa, como se tem visto cotidianamente no Brasil”, frisou o profissional da TV Cultura. Ainda sobre a busca da verdade, Carlos Alberto Di Franco salientou que o Jornalismo consiste na “busca da verdade possível”. “O Jornalismo não é metafísica; é uma busca, muitas vezes difícil, escorregadia, pois a captação da verdade exige empenho e esforço muito grandes. Mas tem que haver esse esforço. Deve haver, da parte do jornalista, o propósito, em primeiro lugar, de entender que a verdade é possível ser alcançada. Segundo, é um dever alcançá-la. E, terceiro, simplesmente reproduzir versões a respeito da verdade não é fazer bom Jornalismo”, afirmou. Com experiência de décadas no Jornalismo opinativo, Di Franco salientou que ir ao encontro da realidade não é uma exigência reservada apenas aos repórteres. “O Jornalismo opinativo verdadeiro também demanda a busca do fato. Só posso opinar após conhecer a realidade. Eu ofereço a minha visão e interpretação do fato, mas sempre a partir da realidade”, disse.


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Leia, a seguir, os principais trechos das entrevistas com os jornalistas: Fotos: Arquivo pessoal

CONTAR HISTÓRIAS DAQUELES QUE NÃO SÃO VISTOS

CONFRONTO COM AS REALIDADES Hoje, está muito fácil reproduzir e replicar a informação. Isso é muito perigoso e, muitas vezes, reverbera algo de um site que se diz jornalístico, mas não é, não tem a responsabilidade do Jornalismo profissional de pegar uma informação e checá-la. A mensagem também é transmitida por gestos e olhares. Por isso, o confronto pessoal com as realidades permite que as informações sejam captadas com maior profundidade e verdade. Atualmente, já existem tecnologias que escrevem aquilo que falamos. Mas jamais teremos robôs que, por exem-

plo, ocupem o lugar do jornalista, pois somos humanos, temos coração, e isso vai prevalecer. A máquina não sente o olhar, sentimentos e gestos. A rua nos dá a possibilidade de transmitir e receber amor no sentido mais amplo da palavra, como nos ensinou São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas: “Tudo o que se faz por amor é amor”. Márcio Campos – repórter e apresentador do Grupo Bandeirantes

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SERVIÇO À SOCIEDADE

O fazer jornalístico, tão atacado e desacreditado neste tempo, tem uma sequência de etapas a serem cumpridas para que seja realizado adequadamente. Muitas pessoas desconhecem isso e confundem a possibilidade atual de publicar qualquer coisa por qualquer pessoa com a atividade profissional que é o Jornalismo. Uma dessas etapas a serem cumpridas de forma adequada é a apuração: é necessário ter clareza da função social do jornalista, a quem ele presta serviço. Em última instância, é à própria sociedade, em particular aos mais vulneráveis. O Jornalismo faz parte do núcleo

duro de instituições democráticas que devem exercer um esforço civilizatório em defesa do Estado democrático de direito. Em uma democracia jovem e incompleta como a nossa, é fundamental que o jornalista tenha consciência dessa responsabilidade. Para responder a ela, esses profissionais não precisam vir das camadas populares. Mas é imperativo que saibam como vivem os mais vulneráveis. Aldo Quiroga – editor e apresentador da TV Cultura e professor da PUC-SP

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Na alegria de ser jornalista, descobrimos muitas histórias e algumas coisas que, muitas vezes, são bastante veladas, como é o caso da hanseníase no Brasil. Eu me assustei ao saber que existiram leprosários no Brasil até 1986. Quando lancei o livro [“A praga”], muitas pessoas me procuraram e disseram ter casos de hanseníase na família, mas que até hoje não querem falar deste assunto, apesar de ser uma doença que não leva à morte, existe tratamento na rede pública e cura. Não descobrimos a verdade apenas recebendo a informação de terceiros. Precisamos ir atrás das pessoas. Não dá para fazer um Jornalismo de balcão. Precisamos saber o que está acontecendo com o outro, principalmente aquele que não tem muita voz, que não aparece na mí-

dia, como é o caso dos hansenianos, e tem dificuldades para contar suas histórias. Todo jornalista tem a obrigação de pensar um pouco sobre isto: “O que eu estou fazendo para dar voz a quem tem pouca voz? Será que eu só dou voz às mesmas pessoas, sempre?” […] Este é um serviço do Jornalismo. É preciso ter um objetivo. Quando você conta a história que descobriu indo até as pessoas, isso vai trazer um benefício para diversas pessoas: diretamente para aquelas envolvidas, mas, também, para os leitores, telespectadores, ouvintes. O Jornalismo é feito disso. Manuela Castro – repórter da TV Brasil e assessora de Comunicação da CNBB

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COERÊNCIA COM OS VALORES

Se nossas convicções são verdadeiras e sinceras, necessariamente transcendem, aparecem, ainda que não se esteja fazendo declarações de fé todos os dias. Aparecem no modo de viver, de atuar, de ver os fatos, na maneira com que se preocupa com a correção do trabalho realizado. Não apenas no Jornalismo, mas em qualquer atividade profissional. É difícil imaginar um cristão em qualquer campo da atividade humana, em que a sua fé, de alguma maneira, não transcenda no seu comportamento e atitudes. Portanto, há uma relação muito estreita e, daí, a responsabilidade de ser coerente com os valores que possui.

Algo que faz um mal enorme é justamente a incoerência. Alguém que teoricamente vive uma fé e, de alguma maneira, desconstrói ou desmente essa fé com o seu comportamento prático. Por isso, o Dia Mundial das Comunicações Sociais é um momento oportuno para fazermos uma autocrítica, uma reflexão pessoal para confirmar as nossas posições ou melhorar aqueles aspectos que percebemos que precisam ser aprimorados. Carlos Alberto Di Franco – jornalista, professor e consultor de Comunicação

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Obras jesuíticas em São Paulo

Igreja e Museu Anchieta no Pateo do Collegio PERCIVAL TIRAPELI

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

A igreja do Pateo do Collegio é o marco da fundação de São Paulo e, durante quatro séculos, o centro urbanístico da cidade, ao redor do qual toda urbe se desenvolveu. Segundo Lúcio Costa (1902-1998), arquiteto e urbanista, a igreja jesuítica deveria sempre ser localizada na trama urbana, diante de um terreiro onde o povo pudesse se reunir e andar livremente. A primitiva capela de 1554 foi substituída. Em sua segunda construção, fez-se uma grande torre, depois demolida, sobre a qual Lúcio Costa comenta que tinha acabamento agu-

Percival Tirapeli

do, mas com telhado, por ser em estrutura de pedra e barro e, assim, exigir proteção adequada. O conjunto paulistano foi transformado em Palácio do Governo em 1759 e assim permaneceu até 1936. Sua igreja ruíra em 1886, mas foram conservadas partes de seus ricos altares. Todo o conjunto desapareceu em 1953 e, no aniversário dos 400 anos da cidade, o terreno foi devolvido aos jesuítas, que em 1968 construíram um conjunto fac-similar, inaugurado em 1979. Lá colocaram partes dos antigos altares, retirados em 2010, depois de intensa reforma no presbitério. O terreno foi devolvido aos jesuítas pela Prefeitura em 1986 e, em 2015, o local do nascimento da cidade foi reconhecido e tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP). A NOVA IGREJA Na igreja redesenhada no início do século XXI, há um novo presbitério de linhas contemporâneas. O forro da capela-mor foi concebido à maneira antiga de caixotões. No Memorial de São José de Anchieta, à esquerda, junto à entrada, está a preciosa relíquia, no caso, o fêmur do inaciano. Anchieta é reconhecido pelas inúmeras subidas pelos caminhos da Serra do Mar, entre Santos e São Vicente, estendendo-se até o estado do Espírito Santo, onde faleceu. O MUSEU ANCHIETA O Museu Anchieta mostra, logo na entrada, a maquete do local da fundação da vila em 1554 e obras alusivas à primeira missa celebrada em Piratininga. Entre as preciosas obras da antiga capela, duas imagens em argila, de São Francisco Xavier e Santo Inácio, e duas colunas originais do retábulo-mor. São testemunhas da missão de ensino da Companhia na formação de artífices indígenas que executaram as talhas dos altares. Nas fundações da nova construção, denominada Cripta, conservam-se as fundações da segunda igreja do ano 1671. A este testemunho arquitetônico soma-se a parede de taipa de pilão (1630), salva da demolição de 1953 – atualmente visível no café do pátio interno. A escultura Evangelho na Selva representa Anchieta catequizando Bartira, filha do cacique Tibiriçá. Como lembrança do colégio reformado pela arquitetura eclética,

Monumento Glória imortal aos fundadores de São Paulo

há três grandes capitéis – parte superior de coluna – em estilo jônico. O quarto capitel está na base do altar da Catedral da Sé. HOMENAGEM AOS JESUÍTAS Glória imortal aos fundadores de São Paulo é o grande monumento feito por Amadeo Zani (1869 – 1944), instalado no Pateo do Collegio em 1925, e mostra a ação dos jesuítas: a Confederação dos Tamoios, na qual Anchieta teve papel de intermediador e refém; a Catequese dos índios, com o Padre Manoel da Nóbrega em uma canoa; o Apaziguamento das tribos, por Tibiriçá e, por fim, Diálogos da fé, com a celebração da missa pelo Padre Manoel de Paiva. Quatro medalhões homenageiam Martim Afonso de Souza, o rei Dom João III, o Papa Júlio III e Nóbrega. Acima dos fundadores, o árduo trabalho dos indígenas para a construção do colégio, com jarros de água e terra para fazer a taipa de pilão, construída pelo padre Afonso Braz. PATEO DO COLLEGIO Praça Pateo do Collegio, 2 Centro Histórico de São Paulo CEP: 01016-040 – São Paulo (SP) Telefone: (11) 3105-6899 Fábio Nunes

Templo, redesenhado no início do século XXI, tem novo presbitério com demarcadas linhas contemporâneas


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Dom Carlos Silva, OFMCap

‘Se queremos evangelizar, nós precisamos criar proximidade’ Arquivo pessoal

DANIEL GOMES

osaopaulo@uol.com.br

Uma semana antes de sua ordenação episcopal, em 13 de fevereiro deste ano, Dom Carlos Silva, Bispo Auxiliar da Arquidiocese, percorreu o território da Região Brasilândia, para a qual foi designado como Vigário Episcopal pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano. Já ordenado, assumiu o propósito quaresmal de visitar todas as paróquias e comunidades da Região, e assim o fez, para além dos dias da Quaresma, incluindo algumas semanas do Tempo Pascal. Nesta entrevista, o Bispo, de 58 anos, religioso da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFMCap), fala sobre as situações que presenciou e do testemunho de fé e caridade da Igreja nas diferentes realidades da metrópole.

O SÃO PAULO – O que motivou o senhor ao propósito quaresmal de visitar todas as paróquias da Região Brasilândia? Dom Carlos Silva – A primeira motivação foi a de que somente amamos aquilo que conhecemos. Como poderei trabalhar em uma região se não conheço seus padres e suas lideranças? Com a missão de ser bispo nesta realidade, queria vê-la com meus olhos, senti-la com minhas próprias mãos e pés, ouvir os padres e o povo, para conhecer as suas histórias, sonhos, expectativas e esperanças. Por isso, fui ver o rosto das pessoas e localizar-me geograficamente. No fim, essas visitas ultrapassaram a Quaresma e chegaram ao tempo da Páscoa. Estive nas 36 paróquias, duas áreas pastorais e entrei em 181 comunidades. Visitei as religiosas, conversei com cada padre e conheci líderes nas comunidades. Acredito que se queremos evangelizar, precisamos criar proximidade. Feitas as visitas, o senhor já tem uma espécie de diagnóstico sobre essa múltipla realidade? Há apenas três meses pisei na Brasilândia. Além disso, vivemos um tempo especial, de pandemia. Assim, ainda é cedo para um diagnóstico, mas já posso falar em primeiras impressões. Esta é uma Região que tem uma longa e bela história, com lutas sociais e pastorais, contadas pelas próprias pessoas. Já passaram por aqui grandes bispos, religiosas e padres fantásticos, lideranças pastorais que deram a vida por essas comunidades. Percebi, ainda, uma Região bem organizada, de modo que hoje o que precisamos é rearticular melhor a vida pastoral, que talvez tenha sido um pouco desanimada pela pandemia. Por exemplo: cada paróquia tem trabalhos

sociais, de caridade, maravilhosos, mas “cada um no seu quadrado”. Assim, percebo que falta uma melhor articulação em nível regional. Notei, ainda, que a Igreja conquistou seu espaço nas redes sociais e tem atuado nelas, e, também, se mantém presencialmente. Em uma das comunidades que visitei, por exemplo, um casal que pertence à Pastoral Litúrgica leva a imagem de Nossa Senhora, três vezes por semana, até a porta da casa daquelas pessoas que são do grupo de risco e não podem ir à igreja. Com a companhia de outro casal, eles chegam, batem palmas, e, da porta, tocam e cantam uma música para essas pessoas. Olhe que iniciativa! Isso é reinventar a ação pastoral em tempos de pandemia. Quais foram os principais anseios relatados pelos fiéis e os padres? Por meio das poucas pessoas com as quais tive contato nas comunidades, foi possível entender que há uma necessidade de que estejamos próximos, de que haja missas presenciais, há o anseio de celebrar, de estar junto, de poder abraçar. Quanto aos padres, conversei com todos, conheci suas histórias, sonhos e preocupações. Percebi que são homens como qualquer outro ser humano e que precisam de ajuda e atenção. A partir disso, tenho ligado para eles, mandado mensagem para saber como estão. Muitos deles não têm retirado sua côngrua [remuneração mensal a que têm direito, equivalente ao salário], para poder pagar os funcionários. Vemos entre as paróquias, padres e lideranças que a fraternidade tem sido um princípio motivador.

O que mais o surpreendeu nessas visitas? Nos dois últimos anos, trabalhei em Roma como Conselheiro-Geral da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Era algo mais de cunho administrativo. Assim, foi uma surpresa muito grande voltar a essa realidade de missão, na qual não “caio de paraquedas” porque, ao longo destes quase 29 anos de sacerdócio e como religioso, tive a oportunidade de estar em realidades extremas, referentes à violência e pobreza. Mergulhar na vida deste povo é resgatar aquele amor primeiro. No começo de sua vida religiosa, o senhor viveu em uma favela em Piracicaba (SP) e, como missionário, esteve nas periferias do México. Algo vivenciado nessas visitas recentes lhe foi impactante, inesperado? Eu estive em uma comunidade, em Perus, que está em uma favela. Fomos recebidos por alguém que já sabia que iríamos. Com um radiocomunicador na mão, ele perguntou: “Vocês são os bispos?” Estávamos o pároco, o coordenador da comunidade e eu. “São? Então, podem entrar”, disse a pessoa. Em frente à comunidade da igreja, havia um garoto, que certamente não tinha mais do que 13 anos, com um bolo de dinheiro na mão e um saco. Ali era uma “biqueira”, como se diz aqui sobre os locais de venda de drogas. Diante de uma realidade assim, você se pergunta: “O que fazer?” Entretanto, ali, naquela pequena comunidade, está a presença de Deus, pois as pessoas continuam re-

zando, acreditando, tendo esperança de que aquela situação toda pode mudar. E, diante daquele adolescente, o que podemos esperar? Ou melhor: o que ele pode esperar da Igreja? E o que nós, como Igreja, podemos oferecer? Como o caminho de “comunhão, conversão e renovação missionária” proposto pelo sínodo tem sido vivido por essas paróquias? O Vigário Episcopal anterior da Região Brasilândia, Dom Devair Araújo da Fonseca, atual Bispo de Piracicaba, foi secretário do sínodo e começou a aplicar aqui na Região tudo o que é proposto pelo caminho sinodal. Neste tempo de pandemia, as paróquias e suas comunidades, em comunhão, renovaram seus métodos de evangelização, e realizam a partilha e a solidariedade com os mais necessitados. Tudo isso é gesto missionário de conversão. Resta ainda o desafio sobre como fazer com que as propostas do sínodo – que são as mesmas feitas por Jesus Cristo e seu Evangelho – atinjam o coração de todos. Como formiguinhas, aos poucos, estamos criando redes de solidariedade e, dessa maneira, esse caminho de comunhão, conversão e renovação missionária tem se tornado uma realidade. Quais são os passos seguintes à realização dessas visitas? Eu já me reuni com os sacerdotes de cada um dos seis setores pastorais para uma primeira avaliação sobre as visitas. O próximo passo é uma reunião com o conselho formado pelos padres que atuam na Região. Também conversarei com os diáconos. Depois disso, pensamos em fazer, no segundo semestre, uma assembleia com os padres e o povo. O senhor também é o Bispo Referencial das Pastorais Sociais na Arquidiocese. Como tem dialogado com os agentes? Tenho participado, sempre na primeira segunda-feira do mês, de uma reunião on-line. Na última, propus aos membros das pastorais sociais que gostaria de conhecê-los, de saber o que têm feito, como começaram os trabalhos. Na última semana, já tive encontros com sete desses grupos. Meu propósito é conhecer a todos, para buscarmos caminhos de trabalho. Todas as pastorais sociais estão entrelaçadas e, portanto, temos que pensar em como fortalecer a comunhão eclesial entre esses grupos, a fim de que a ação de cada um concorra para construir o bem e o Reino dos céus, nas várias situações que vivemos na nossa sociedade. A grande palavra do momento é reinventar-se, e o Espírito de Deus, o Espírito Santo, sempre nos move.


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Projeto que regulamenta homeschooling avança na Câmara Andrea Piacquadio/Pexels

FERNANDO GERONAZZO

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O recente caso da adolescente Elisa Flemer, 17, que, apesar de ter sido aprovada no vestibular para cursar Engenharia na USP, não foi aceita pela instituição de ensino por não ter concluído o Ensino Médio na escola, mas em casa, ganhou repercussão nacional no fim de abril e colocou novamente em destaque e em debate o homeschooling. Também conhecida como educação domiciliar, nessa modalidade de ensino os pais assumem o processo global de educação dos filhos, ou seja, além da transmissão de valores, hábitos, costumes e crenças, também se responsabilizam pela formação acadêmica que, geralmente, é dever da escola. No Brasil, no entanto, não há regulamentação para essa prática, embora se estime que há cerca de 11 mil famílias adeptas de tal modalidade, segundo informações da Associação Nacional de Educação Domiciliar (Aned). Esta semana, foi apresentado à Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), o texto substitutivo de um dos projetos de regulamentação do homeschooling, cuja relatora é a deputada Luísa Canziani (PTB-PR). O texto poderá ser votado em plenário até junho. Para chegar à versão final do projeto, a relatora organizou oito debates, entre abril e maio, com especialistas em Educação, parlamentares ligados ao assunto, representantes da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), fundações de apoio à infância, associações ligadas ao homeschooling e pesquisadores da área. PROCESSO ANTIGO O debate sobre o tema existe há quase três décadas no Brasil. Nos últimos 27 anos, projetos de lei foram apresentados para a legalização do homeschooling, que já é reconhecido em mais de 60 países. Na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e na Câmara Municipal de São Paulo, também há projetos de lei para regulamentar a modalidade. Em 2018, houve um passo significativo no movimento de educação domiciliar, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a prática não é inconstitucional, mas precisa de uma normatização para ser permitida. PROJETO O texto apresentado ao plenário prevê a exigência de Ensino Superior de pelo menos um dos pais; a criança ou adolescente deverá ser matriculado em escola, que será uma espécie de instituição parceira das famílias. Os alunos não irão frequentar essa escola, mas farão provas anuais nessa instituição de ensino, para a qual os pais precisarão apresentar relatórios bimestrais sobre as atividades pedagógicas dos filhos.

Nesta forma de ensino, os pais assumem o processo global da educação dos filhos, ou seja, a transmissão de valores e a formação acadêmica

Uma vez vinculados ao sistema educacional, os estudantes da educação domiciliar deverão seguir a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), assim como as escolas formais. Segundo o substitutivo apresentado pela deputada Luísa Canziani, os pais devem garantir a convivência familiar e social das crianças e adolescentes. O projeto também prevê que pais que tenham sido condenados ou estejam cumprido pena não poderão adotar a prática do ensino domiciliar. Pessoas que estejam respondendo por casos de violência doméstica, sexual ou crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) também não poderão ensinar os filhos em casa. O jornalista Jônatas Dias Lima, presidente da Associação de Famílias Educadoras do Distrito Federal (Fameduc-DF), acompanha de perto esse debate. Em entrevista ao O SÃO PAULO, ele destacou que alguns pontos do projeto ajudam a esclarecer dúvidas quanto à viabilidade do homeschooling no Brasil. “Há, ainda, a previsão de acompanhamento dos pais pelo Conselho Tutelar, além de prever igualdade de direitos en-

tre alunos do sistema escolar e domiciliar. Isso daria garantias para situações como a da jovem Elisa Flemer”, destacou Lima. DECISÃO DO STF O presidente da Fameduc-DF enfatizou, ainda, que o projeto em tramitação corresponde ao que foi decidido pelo STF em 2018. “A decisão do Supremo não apenas diz que o homeschooling não é inconstitucional como dá a ‘receita’ de como deve ser a lei”, disse. No julgamento, a maioria do STF entendeu que é necessária a frequência da criança à escola formal, para ser garantida a convivência com os estudantes de origens, valores e crenças diferentes, por exemplo. Os ministros argumentaram, ainda, que, conforme a Constituição federal, o dever de educar implica cooperação entre Estado e família, sem exclusividade dos pais. Para a maioria do Supremo – Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Rosa Weber, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Marco Aurélio e Cármen Lúcia – a prática poderá se tornar válida se aprovada uma lei que permita avaliar não só o aprendizado, mas, também, a socialização do estudante educado em casa. Divulgação

FAMÍLIA E ESTADO Lima assinalou, ainda, que a suprema corte deixa claro que a única possibilidade de haver educação domiciliar no Brasil é a que prevê a avaliação periódica, acompanhamento e fiscalização do Estado. Nesse sentido, ele sublinhou a distinção entre homeschooling e unschooling, que poderia ser traduzida por “desescolarização”, isto é, um modelo de educação que não possua nenhuma espécie de vínculo com a educação formal, tampouco com o Estado. “Esse seria um formato inconstitucional, porque a nossa Constituição prevê solidariedade entre Estado e família”, reforçou. “O homeschooling discutido no Brasil nunca foi esse desvinculado totalmente do Estado. A criança não terá frequência à escola, mas estará matriculada em uma instituição de ensino, fará seus estudos em casa e a família poderá, se desejar, solicitar orientação pedagógica e terá o dever de cumprir com a sua parte na educação dos filhos”, completou o jornalista, recordando que esse é o formato mais usado nas legislações de outros países, como nos Estados Unidos, Portugal, França e Rússia. IGUALDADE DE DIREITOS Um dos incisos do texto do projeto apresentado à Câmara destaca: “Garantia de isonomia de direitos e vedação de qualquer espécie de discriminação entre crianças e adolescentes que recebam educação escolar e aquelas educadas domiciliariamente, inclusive no que se refere à participação em concursos, competições, eventos pedagógicos, esportivos e culturais (...)”. Se aprovada a lei, serão necessários outros passos, como a criação de diretrizes específicas para a viabilização da proposta. “A lei cria o direito e estabelece diretrizes mínimas. Em seguida, porém, haverá a necessidade de outras normatizações por parte do Ministério da Educação e das secretarias estaduais de Educação.”


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O adeus a Bruno Covas PREFEITO MORREU NO DOMINGO, 16, AOS 41 ANOS, EM DECORRÊNCIA DE UM CÂNCER. ELE ESTAVA LICENCIADO DO CARGO DESDE O DIA 2. RICARDO NUNES ASSUME A PREFEITURA

Luciney Martins/O SÃO PAULO - jan.2019

tendo como vice Ricardo Nunes (MDB), que em 3 de maio deste ano assumiu a Prefeitura, após o licenciamento do então prefeito.

RICARDO NUNES, O NOVO PREFEITO Com a morte de Bruno Covas, Ricardo Nunes assumiu definitivamente a Prefeitura de São Paulo. Na segunda-feira, 17, o político do MDB assegurou que dará continuidade à DANIEL GOMES osaopaulo@uol.com.br linha de atuação do antecessor. “A gestão é a do Bruno Eleito prefeito de São PauCovas, não existe nenhuma lo em novembro de 2020, com mudança, nenhuma alteração. mais de 3,1 milhões de votos, Quando ganhamos a eleição, Bruno Covas Lopes (PSDB) tino dia 29 de novembro do ano nha um objetivo para o mandapassado, iniciaram-se os diáto: “Contribuir para diminuir as logos para compor o governo. desigualdades sociais no nosso E eu participei com o Bruno município. Isso exige sensibilida composição. Então, é um dade social e sentido de urgêngoverno que nós fizemos juncia. Nossa cidade é enorme e tos, sob liderança do Bruno, suas demandas, maiores ainda. evidentemente, sob a forma de Tomo posse ciente dos desafios pensar dele e não tem por que enormes que aguardam a mim não dar continuidade”, afirmou Bruno Covas, no Marco Zero de São Paulo, na Praça da Sé; ele governava a capital paulista desde abril de 2018 e a minha equipe”, afirmou em Nunes em coletiva de imprensa. 1o de janeiro deste ano. Ricardo Nunes tem 53 anos Além da tarefa de governar a maior liados do seu partido, o PSDB. Sua garra Em 2016, compôs a chapa vencede idade e é filiado ao MDB desde os 18. cidade do País, Bruno travava, desnos inspira e seu trabalho nos motiva”. dora das eleições à Prefeitura de São Por dois mandatos, entre 2012 e 2020, foi de 2019, uma batalha contra o câncer. Paulo como vice de João Doria. Com a vereador em São Paulo, tendo aprovado “Minha doença me fez promover um DESPEDIDA renúncia do prefeito, em abril de 2018, 58 leis, 17 das quais de sua autoria. Na reencontro comigo mesmo, me obrigou O corpo de Bruno Covas foi velaassumiu o Executivo paulistano, não Câmara, teve destacada atuação na Coa selecionar o que realmente importa e do no começo da tarde do domingo no se afastando do cargo mesmo após ser missão de Finanças. o que vale a pena”, declarou na apresenhall monumental do Edifício Matarazzo, diagnosticado com câncer, em outubro O primeiro ato do novo prefeito, aintação de seu plano de governo no ano sede da Prefeitura, no centro da cidade. de 2019. da no domingo, foi decretar luto oficial passado. A missa de corpo presente, restrita a faEm 2020, Bruno Covas concorreu à de sete dias na cidade por ocasião da A luta chegou ao fim no domingo, 16, miliares e amigos do prefeito, foi presidireeleição e venceu a disputa em 2o turno, morte de Bruno Covas. quando, aos 41 anos, o prefeito, que se lida pelo Padre Rosalvino Moran Viñayo cenciara do cargo no dia 2, faleceu, no e concelebrada pelo Padre William de Reprodução Hospital Sírio-Libanês, em decorrência Lima, ambos do clero da Diocese de São das complicações do câncer no sistema Miguel Paulista, cujo território está na digestivo, com metástase nos ossos e no cidade de São Paulo. fígado. Após a celebração, o caixão foi levado a um carro do Corpo de Bombeiros CONDOLÊNCIAS na parte externa da Prefeitura. PopulaAinda na manhã do domingo, o Carres homenagearam Bruno Covas com deal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Meaplausos. tropolitano, emitiu nota de pesar (leia a ínO cortejo fúnebre percorreu algumas tegra ao lado) pelo falecimento do prefeito. das principais vias da cidade, como as “Que seu idealismo e dedicação ao povo avenidas São João, Ipiranga e Paulista, e de São Paulo permaneçam como exemdepois, em um carro funerário, o corpo plo para os homens públicos e, sobretudo, foi levado até a cidade de Santos (SP), para as novas gerações”, escreveu o Arceterra natal de Bruno Covas, onde foi sebispo. “Manifesto minha solidariedade aos pultado no jazigo da família no Cemitéfamiliares, peço a Deus que os conforte rio do Paquetá. neste momento de dor e que, na sua misericórdia, acolha o falecido Prefeito, conTRAJETÓRIA POLÍTICA cedendo-lhe a recompensa pelo bem que Nascido em Santos, em 7 de abril de praticou”, consta em outro trecho. 1980, Bruno Covas Lopes era graduado Também em nota, o presidente da em Direito, pela USP, e em Economia, Câmara Municipal de São Paulo, Milpela PUC-SP. ton Leite, destacou que o prefeito era um Filiado ao PSDB desde 1998, Bruno “homem público preocupado e apaixoelegeu-se deputado estadual em 2006, nado por seu trabalho, Bruno sempre se com 122 mil votos. Na Assembleia Legismostrou um ser humano sensível e muilativa do Estado de São Paulo, foi autor to honrado”. de mais de 60 projetos de lei. Reeleito ao Colega de partido e governador de Legislativo paulista em 2010, licenciouSão Paulo, João Doria manifestou que “a -se do cargo em 2011 para se tornar seforça de Bruno Covas vem do seu exemcretário estadual de meio ambiente. Em plo e do seu caráter. Foi leal à família, aos 2014, concorreu à Câmara dos Deputaamigos, ao povo de São Paulo e aos fidos e foi eleito com 352 mil votos.


16 | Papa Francisco | 19 a 25 de maio de 2021 |

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Francisco: ‘Famílias, sejam o centro do presente para que haja futuro’ Vatican Media

PREOCUPADO COM O DECRÉSCIMO DEMOGRÁFICO NA ITÁLIA E NA EUROPA, O PAPA EXORTOU OS CASAIS A SEREM GENEROSOS E ABRIREM-SE À VIDA FILIPE DOMINGUES

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Quando a família está bem, tudo fica bem. Assim resume o Papa Francisco quando fala desse tema. “Se as famílias não estão no centro do presente, não haverá futuro. Se a família se recupera, tudo se recupera”, afirmou na sexta-feira, 14, em audiência aos participantes de um evento sobre a natalidade na Itália. A fala veio num contexto de debates sobre a queda dos nascimentos na Europa. A Itália vive, atualmente, uma profunda crise de natalidade: morrem mais pessoas do que nascem. E não se trata apenas de uma preocupação dos religiosos. Os governos buscam alternativas para incentivar as famílias a terem mais filhos – ao mesmo evento compareceu o primeiro-ministro italiano Mario Draghi. “A Europa está se tornando o velho continente, não mais por sua história, mas pela idade avançada”, alertou Francisco. Ele notou que, a cada ano, a Itália perde mais de 200 mil habitantes – e isso precede as mortes pela COVID-19. “Em 2020, chegamos ao número mais baixo de nascimentos”, disse o Papa. “É um

Papa Francisco abençoa gestante durante um evento sobre natalidade, na sexta-feira, 14

inverno [demográfico] cada vez mais rígido.” VENTOS DESSE INVERNO A tendência de queda da natalidade, na Europa de forma geral, vem desde os anos 1970, quando aumentou o acesso à contracepção. Em alguns países, o aborto vem sendo legalizado e ampliado desde então. Além disso, porém, há outros fatores sociais e econômicos. Conforme reportagem publicada na revista italiana Panorama, em março de 2018, nenhum dos 28 países da União Europeia atinge o chamado “nível de substituição” – que seria ter nascimentos suficientes para superar as mortes. A taxa média de fertilidade é de 2,1 filhos por mulher. Os países com a taxa mais baixa são a Alemanha, a Itália e a Espanha. Em alguns, como a França, os imigrantes tendem a ter mais filhos do que os europeus. O impacto sobre o sistema previdenciário, que passa a ter poucos contribuintes, e a manutenção

do Estado social são problemas que preocupam os governos. Segundo a Panorama, entre as causas estão a precariedade do trabalho, a queda na renda familiar, a falta de estruturas adequadas para educação infantil, a normalização das jornadas duplas e triplas das mulheres e a ausência de flexibilidade nos horários de trabalho. CULTURA DO DOM “Para que o futuro seja bom, é preciso cuidar das famílias”, afirmou o Papa, no evento Estados Gerais da Natalidade. “Os filhos são a esperança que faz renascer um povo”, disse, defendendo uma cultura que valorize mais “a coragem de doar”, pois “a cultura do futuro não pode se basear sobre o indivíduo e a mera satisfação dos seus direitos e necessidades”. Essa cultura se promove por meio da solidariedade, acrescentou Francisco, construindo uma sociedade que permita aos jovens trabalhar, sustentar-se e, ao mesmo tempo, constituir uma família.

Proteção dos menores é um dever de todos Os Estados devem atuar para proteger os menores de abusos, e a sociedade em geral deve criar estruturas de prevenção e denúncia, declarou o Papa Francisco no sábado, 15, em discurso aos membros da associação italiana “Meter”. “O abuso de menores é uma espécie de homicídio psicológico e, em muitos casos, um apagamento da infância”, disse o Pontífice. Os Estados “são chamados a identificar traficantes [de menores] e abusadores”, enquanto escolas, realidades esportivas, recreativas e culturais, comunidades religiosas e indivíduos devem se unir na proteção dos mais vulneráveis, com especial atenção às vítimas, declarou ele. (FD)

‘Espiral de morte e destruição’ na Terra Santa O Papa Francisco lamentou o que chamou de uma “espiral de morte e destruição” que está ocorrendo nos últimos dias na Terra Santa. Após a oração do Regina Coeli no domingo, 16, ele afirmou acompanhar, “com grandíssima preocupação”, os eventos recentes no conflito entre Israel e palestinos. “Muitas pessoas ficaram feridas e muitos inocentes morreram. Entre eles até mesmo crianças, e isso é terrível e inaceitável”, reclamou o Santo Padre. Em sintonia, o jornal vaticano L’Osservatore Romano publicou uma foto com crianças mortas em sua primeira página na segunda-feira, 17. Francisco disse que somente o diálogo pode tirar os dois países do ódio e da violência. “Faço um apelo à calma e, a quem tem responsabilidade, de fazer cessar o choque das armas”, declarou. (FD)


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Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe dá espaço às múltiplas vozes da Igreja TODOS OS CATÓLICOS PODEM PARTICIPAR DO PROCESSO DE ESCUTA POR MEIO DE UM SITE ESPECÍFICO CRIADO PELO CELAM IRA ROMÃO

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Escutar todo o povo de Deus no continente é a proposta da atual etapa de preparação para a primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, organizada pelo Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam). O encontro da assembleia acontecerá de 21 a 28 de novembro, presencialmente, no entorno do Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, na Cidade do México, no México, e de forma remota em outros lugares da América Latina e do Caribe. Com o lema “Somos todos discípulos missionários em saída”, a assembleia tem por orientação a V Conferência Geral de Aparecida, ocorrida em 2007, e propõe contemplar a realidade e seus desafios, e reafirmar o compromisso pastoral, mirando novos caminhos para 2031 e 2033 – quando serão celebrados, respectivamente, os 500 anos da aparição mariana em Guadalupe e os 2 mil anos da Redenção de Cristo. “Se quisermos enfrentar a assembleia como ela quer ser enfrentada, nós não podemos desprezar essas três palavras: escuta, consulta, sinodalidade”, disse Dom Joel Portella Amado, Secretário-Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), durante um encontro neste mês com os animadores nacionais da Assembleia Eclesial Latino-Americana. “Só este fato de escutar tem uma força interpeladora imensa. Só o fato de fazer consulta, a mais aberta, a mais ampla possível, já é um grande testemunho de uma Igreja que, servindo ao Evangelho do Ressuscitado, não se fecha em si, mas se esvazia para ouvir, para escutar, pois a Igreja sabe que o Espírito sopra onde quer”, destacou Dom Joel. COMO PARTICIPAR A escuta é aberta a todos: agentes de pastoral, bispos, presbíteros, diáconos, religiosos e leigos, que poderão apontar como acompanhar Jesus encarnado atualmente no meio do povo. Abaixo está o passo a passo para fazê-lo: Acesse o site da assembleia: https://asambleaeclesial.lat/ Selecione a seção “ESCUTA” Faça um cadastro no endereço para oferecer a contribuição na plataforma

Ainda no site, é possível acessar os materiais que auxiliam na preparação: o “Documento para o caminho”, que traz conteúdo para as reflexões, na estrutura ver, julgar e agir, conforme o número 19 do Documento de Aparecida; e o “Guia metodológico”, que apresenta a forma de realização das consultas e da assembleia. ESCUTA O período de escuta se estende, a princípio, até o fim deste semestre, e é aberto a todos, permitindo a participação por meio de contribuição individual, atividades grupais (pastoral ou movimento), fóruns temáticos e enquetes. “Esse momento de escuta não é somente no sentido de ouvir. É uma escuta que olha, toca, sente e percebe, porque o Papa Francisco pediu oração e que se faça uma assembleia que convoque o povo de Deus. Que não seja para um pequeno grupo separado, mas para todos”, comentou o Padre David Jasso Ramírez, Secretário-Geral Adjunto do Celam. O Sacerdote lembra que, além do processo de escuta, faz parte da preparação para a assembleia o caminho espiritual, que é permanente, e a busca para encontrar novos itinerários pastorais. “Desta maneira, podemos dizer que o método ‘ver’, ‘iluminar’ (’julgar’) e ‘agir’ é considerado. Olhamos a realidade, discernimos e deixamos nos iluminar por Jesus Cristo e por Aparecida”, pontua Padre David. “Assim, buscamos novos caminhos pastorais que respondam à pergunta-chave: ‘Quais são os novos desafios dos discípulos missionários hoje e para o futuro da Igreja na América Latina?’” Ao falar sobre o que se espera desse momento, o Secretário do Celam afirma acreditar que o “Espírito Santo trará surpresas” e acrescenta que, embora haja uma base para reflexão, estão “completamente abertos para receber contribuições sobre qualquer problemática, urgência, esperança, luz ou sombra do povo”. OPORTUNIDADE DE PARTICIPAÇÃO Para Alan Faria Andrade, advogado, doutorando em Direito pela Pontifí-

cia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e membro de um dos grupos de universitários participantes do evento “Economia de Francisco”, o processo de escuta da assembleia eclesial possibilita vivenciar a dimensão comunitária da Igreja, que está na raiz do Cristianismo, e tem proporcionado a partilha de experiências entre os participantes, que, embora inseridos em diferentes situações próprias de cada país, vivenciam coisas em comum, como as mazelas sociais que afetam as populações. O contador e empresário Diego Hernández, que também participa de um dos grupos da “Economia de Francisco”, enalteceu a possibilidade de ampla participação na assembleia eclesial. “O povo tem voz e precisa ser escutado. Portanto, deve participar e ser protagonista de tudo isso. E não somente ouvir, mas se incluir no processo. É importante que todos participem da construção da Igreja”, salientou. Hernández acredita que esse movimento de participação de todos para falar das realidades está em desenvolvimento. “Chegará um tempo em que poderemos ver de maneira mais plena e ampla essa participação, pois ela vai se construindo aos poucos.” O sociólogo e mestre em serviço social pela PUC-SP, Edson Silva, vem contribuindo com a etapa de escuta por meio do Conselho de Leigos da Arquidiocese de São Paulo (CLASP). Ele afirma que, entre os participantes, há a grande expectativa para o “reavivamento dos trabalhos, missão e testemunho” da Igreja, além da possibilidade de promover maior diálogo entre o laicato e todas as instâncias eclesiais.

www.osaopaulo.org.br Diariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publicados recentemente. Há 40 anos, São João Paulo II sofreu um atentado e mostrou ao mundo a força do perdão https://cutt.ly/Hb1cP46 Semana de Oração pela Unidade Cristã acontece no hemisfério sul de 16 a 23 de maio https://cutt.ly/mb1cggz Projeto da campanha ‘Junho Verde’, proposto pela CNBB, é aprovado pelo Senado https://cutt.ly/1b1cNv3 Luciney Martins/O SÃO PAULO

Morre Irmã Maria Alba Vega, religiosa e comunicadora paulina https://cutt.ly/vb1x3Tr Em 2015, Eva Wilma falou ao O SÃO PAULO sobre sua devoção à Virgem Maria https://cutt.ly/sb1crDd São Paulo: 33,5% dos adultos já tiveram a COVID-19, diz Prefeitura https://cutt.ly/Ab1cEjr


18 | Pelo Mundo | 19 a 25 de maio de 2021 |

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Israel/Faixa de Gaza

O que explica o atual conflito entre israelenses e palestinos? Reprodução

eles ou outros judeus possuíam antes de 1948”, explica Yehia. “A lei israelense permite que A delicada relação entre israjudeus reivindiquem a proprieelenses e palestinos sofreu mais dade judaica antes da guerra de um revés na semana passada, 1948, mas proíbe os palestinos de depois que militares do Hamas recuperarem propriedades que – grupo islâmico consideraperderam na mesma guerra, aindo uma facção terrorista pela da que residam em áreas controUnião Europeia e pelos Estados ladas por Israel”, acrescenta. Unidos –, sediados na Faixa de Isso significa que os palestiGaza, dispararam mísseis connos não podem retomar o que tra Israel, que por sua vez inteneram suas casas na parte oeste da sificou os contra-ataques aéreos cidade antes de 1948. à medida que a agitação se espa“O status legal preciso da lhava por cidades e regiões além propriedade da terra está sujeito Com um crescente número de mortos e feridos, a população de Gaza sofre com os bombardeios de Israel de Jerusalém. a uma decisão adiada da SupreOs embates já deixaram um ma Corte”, informa Yehia. “Era rastro de violência e destruição, com 212 israelenses – daí a ameaça de despejo de últimos anos, sobre o número crescente propriedade de judeus, antes da guerra civis mortos, mais de 1,5 mil feridos e 58 famílias palestinas. de colonos judeus que chegam”, explica de 1948, que deixou Jerusalém dividida. mil refugiados. Mohamed Yehia, jornalista e editor local Uma organização de colonos adquiriu o EXPLICANDO A SITUAÇÃO da rede britânica BBC. título da terra e iniciou um processo leCOMO TUDO COMEÇOU Para entender essa disputa, é precigal para obtê-la, com o plano de instalar As recentes mortes de adolescentes so voltar ao ano de 1948, quando, após O QUE DIZ A LEI JUDAICA judeus.” israelenses e palestinos em incidentes a primeira guerra árabe-israelense, JeNa prática, a divisão de Jerusalém em distintos na região da Cisjordânia já rusalém foi dividida em duas partes: Je1948 levou a um cenário em que os paO QUE ESPERAR causavam preocupação às autoridades. rusalém Oriental, sob controle árabe; e lestinos que viviam no oeste e os judeus Para Jeremy Bowen, jornalista, esConsidera-se, no entanto, que o prováJerusalém Ocidental, nas mãos de Israel. que viviam no leste tiveram que deixar pecialista em assuntos da região, editor vel desfecho da situação que envolve um A parte oriental de Jerusalém ficou suas casas. e apresentador da rede britânica BBC, o grupo de palestinos tenha sido o estopim sob controle da Jordânia até 1967, quanPor um lado, a chamada Lei de Proque acontece em Sheikh Jarrah simbolipara a atual onda de hostilidade armada do, durante a Guerra dos Seis Dias, Israel priedade Ausente permite que Israel za a luta por um dos pontos centrais do entre as partes. assumiu o controle efetivo de toda a ciconfisque propriedades de palestinos conflito israelense-palestino: o destino Assim, o que começou no dia 6, dade. que, segundo a legislação judaica, abande Jerusalém Oriental. Israel considera como uma série de tumultos contra os A cidade velha fica em Jerusalém donaram ou fugiram de suas casas dua cidade inteira como sua capital, emplanos de despejo de seis famílias paOriental, onde alguns dos lugares relirante o conflito. Por outro lado, a Lei de bora não seja reconhecida como tal pela lestinas em Sheikh Jarrah, um bairro giosos mais sagrados do mundo estão loAssuntos Jurídicos e Administrativos maioria da comunidade internacional. palestino de Jerusalém Oriental, escacalizados: a Cúpula da Rocha e a própria permite que os judeus que consigam Assim, nos últimos anos, o governo lou para o lançamento de foguetes da mesquita Al Aqsa, dos muçulmanos; o comprovar um título de posse de imóisraelense e grupos de colonos trabalhaFaixa de Gaza contra Israel e a resposta Monte do Templo e o Muro das Lamenveis ou terras anterior a 1948 reivindiram para estabelecer judeus em áreas padas forças israelenses com ataques aétações, dos judeus, e a Basílica do Santo quem suas propriedades em Jerusalém. lestinas próximas à cidade velha. Por sua reos contra Gaza. Sepulcro, dos cristãos. “Na maioria dos casos, os represenvez, os palestinos reivindicam Jerusalém Isso porque é exatamente nesse bair“A importância de Sheikh Jarrah retantes dos colonos judeus tentam expulOriental como a futura capital de um esro palestino que um grupo de colonos side no fato de ele ser um dos principais sar os palestinos de suas casas, aplicando tado independente há muito aguardado. judeus está reivindicando algumas de bairros palestinos de Jerusalém Oriena lei israelense que permite aos judeus (Com informações de CNN Brasil, BBC Brasil, suas terras e propriedades em tribunais tal. E os palestinos têm reclamado, nos reivindicar a propriedade de imóveis que Vatican News e Diário do Nordeste) JOSÉ FERREIRA FILHO

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Etiópia Religiosos denunciam os horrores da ‘guerra escondida’ no norte do país Segundo fontes religiosas de Tigray, ao norte da Etiópia, os casos extremos de violação de direitos humanos nessa região do país africano têm sido constantes. Meninas de 8 anos e mulheres idosas são violentadas por tropas da Etiópia e da Eritreia na frente de seus parentes, crianças são atingidas por tiros no peito em ruas movimentadas, enquanto seus cadáveres são deixados como alimento para as hienas. O conflito começou no fim de 2020, após o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2019, acusar os governantes da região de Tigray de terem atacado duas bases militares. Logo após o pronunciamento, Ahmed iniciou uma ofensiva contra a localidade.

A região é governada pela Frente de Libertação do Povo Tigray (FLPT), partido nacionalista que há meses vinha se rebelando contra o Executivo central da Etiópia, o segundo país mais populoso da África. Desde então, vêm ocorrendo confrontos armados entre os dois lados, com ataques aéreos realizados pelo Exército federal. DESLOCADOS Em poucos meses, a região de Tigray retrocedeu 40 anos, quando o regime marxista causou a fome que ficou famosa em todo o mundo. De acordo com a ONU, pelo menos 5,2 milhões de pesso-

as precisam de assistência e, até o início de maio, apenas cerca de 350 mil foram atendidas. Dezenas de milhares de pessoas deslocadas pelos combates continuam a ser despejadas em campos nas periferias das cidades. De Mek’ele, a capital do estado de Tigray, a ONG etíope Shadaida, que acolhe 3,8 mil deslocados em nome da ONU, confirma a falta de água, alimentos e medicamentos. Anestésicos, reagentes químicos e desinfetantes são difíceis de encontrar nos hospitais da região que escaparam da destruição. COMUNIDADE INTERNACIONAL Os Estados Unidos expressaram

profunda preocupação com a crescente polarização étnica e política na Etiópia, onde as eleições que ocorreriam no início de junho foram adiadas por tempo indeterminado. Washington declarou que trabalhará com os aliados por um cessar-fogo e para processar aqueles que violaram os direitos humanos. Os norte-americanos informaram que pediram ao presidente da Eritreia, Isaias Afewerki, para retirar imediatamente seus soldados do Tigray. A União Europeia também fez o mesmo pedido novamente, recordando que a utilização da ajuda como arma de guerra é um crime internacional. (JFF) (Com informações de Avvenire e ONU News)


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| 19 a 25 de maio de 2021 | Geral/Fé e Vida | 19

Beato Francisco Jordan: um incansável proclamador do Evangelho Sociedade do Divino Salvador/Divulgação

REDAÇÃO

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Presente em mais de 50 países, a Família Salvatoriana – Sociedade do Divino Salvador e Congregação das Irmãs do Divino Salvador – rendeu graças a Deus no sábado, 15, pela beatificação de seu fundador, o Padre Francisco Maria da Cruz Jordan (1848- 1918), ocorrida na Basílica de São João de Latrão, em Roma. “A intuição carismática do Beato Francisco guiou muitas mulheres e homens, de diferentes nações e línguas, para o seguimento do Evangelho e, graças à obra da Família Salvatoriana, contribuiu para a difusão da mensagem de salvação”, afirmou o Cardeal Angelo De Donatis, Vigário do Papa para a Diocese de Roma, durante a missa com o rito de beatificação. O Cardeal ressaltou que o Beato deixou como legado três importantes itens a serem considerados: o testemunho de meditação das Sagradas Escrituras; o empenho no anúncio das verdades de fé a todas as pessoas, a fim de que alcancem a salvação; e a comunhão apostólica, ou seja, a unidade a que todos são chamados a viver. O Beato Francisco Jordan foi lembrado pelo Papa Francisco durante a oração do Regina Coeli, no domingo, 16, na Praça São Pedro: “Ele foi um incansável proclamador do Evangelho, usando todos os meios que a caridade de Cristo inspirou nele. Que seu zelo apostólico seja um exemplo e um guia para todos aqueles na Igreja que são chamados a levar a palavra e o amor de Jesus a todos os ambientes”. BIOGRAFIA Francisco Maria da Cruz Jordan nasceu em 16 de junho de 1848, em Gurtweil Baden, Alemanha. Foi ordenado sacerdote em 1878 e, inspirado por Deus, fundou, em 8 de dezembro de 1881, a Sociedade do Divino Salvador (Salvatorianos), cuja missão é anunciar Jesus por todos os modos e meios que a caridade de Cristo inspira. Em 1888, também deu início à Congregação das Irmãs do Divino Salvador (Salvatorianas). Em 1890, a Congregação para a Evangelização dos Povos confiou aos Salvatorianos a prefeitura apostólica da missão em Assam, no nordeste da Índia. Posteriormente, a obra do Padre Francisco Jordan estendeu-se por vários países da Europa e da América. Em 1915, com a intensificação dos conflitos da 1a Guerra Mundial, o

Padre Francisco Jordan, fundador dos Salvatorianos, é beatificado, no sábado, 15

governo da Sociedade, até então situado em Roma, foi transferido para a Suíça. Naquele país, na cidade de Tafers, o Padre Francisco Jordan faleceu em 8 de setembro de 1918. Em 1956, seus restos mortais foram transferidos para Roma e colocados na capela lateral da Casa Mãe da Sociedade do Divino Salvador. PROCESSO E MILAGRE O processo de beatificação do fundador dos Salvatorianos teve início em Roma em 1942. Padre Francisco Jordan foi declarado Venerável em 14 de janeiro de 2011 pelo Papa Bento XVI e o decreto do milagre atribuído à sua intercessão foi aprovado em 19 de junho de 2020 pelo Papa Francisco. O milagre reconhecido pela Igreja aconteceu em 2014 na cidade de Jundiaí (SP). Um jovem casal, Fernando Ferreira da Silva e Gisele Cardoso Santos Silva, esperava seu primeiro bebê e, após várias investigações, foi informado por médicos e especialistas que o feto sofria de uma doença óssea incurável (displasia esquelética). Membro de um grupo de leigos Salvatorianos, o casal começou a rezar pela intercessão do Venerável Padre Jordan, e convidou outros integrantes da Família Salvatoriana a fazerem o mesmo. Em 8 de setembro de 2014, na data do aniversário de morte do Padre Francisco Jordan, a menina Lívia Maria Cardoso Silva, filha do casal, nasceu com plena saúde. Após os procedimentos canônicos exigidos serem concluídos com sucesso, o Santo Padre declarou que a cura milagrosa foi operada por Deus

por intercessão do Venerável fundador da Família Salvatoriana. “A vida do Padre Francisco Jordan nos encoraja a uma santidade apostólica. Ele é o exemplo de um homem apostólico e missionário que deseja conduzir todos a Jesus Cristo, o Salvador do mundo”, escreveram as lideranças da Família Salvatoriana no Brasil, em uma carta enviada aos bispos brasileiros, por ocasião da beatificação. AÇÃO DE GRAÇAS Nas paróquias confiadas aos padres Salvatorianos em todo o mundo, o fim de semana foi marcado por missas em ação de graças pela beatificação do Padre Francisco Jordan. Em Jundiaí, onde a Família Salvatoriana atua desde 1922, a celebração foi na noite do domingo, 16, na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, na Vila Arens, e contou com a participação de pessoas que acompanharam a fase diocesana do processo de beatificação. Também na Arquidiocese de São Paulo, nas duas paróquias confiadas aos padres Salvatorianos, os fiéis renderam graças a Deus pela beatificação. Na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Moema, Região Episcopal Ipiranga, um quadro com a representação do Beato foi colocado no presbitério. Já na Paróquia São João Batista, no Jardim Colonial, Região Episcopal Belém, a imagem do Beato esteve ao lado do altar. No território da Arquidiocese estão a Sede Provincial dos Religiosos Salvatorianos – o Instituto Doze Apóstolos – e o Seminário Internacional Salvatoriano de Teologia, ambos no bairro do Jabaquara. (Colaborou: Padre Samuel Alves Cruz, SDS)

Liturgia e Vida SOLENIDADE DE PENTECOSTES 23 DE MAIO DE 2021

Vinde, Espírito Santo! PADRE JOÃO BECHARA VENTURA Subindo aos Céus, Nosso Senhor não nos deixou órfãos e não se distanciou da Igreja. Dez dias após a Ascensão, enviou o Espírito Santo, conforme havia prometido. Assegurou, assim, a sua presença perene “conosco” e “dentro” de nós. O divino Paráclito foi comunicado aos Apóstolos no dia de Pentecostes e será, até o fim dos tempos, infundido em cada cristão por meio dos sacramentos da Igreja. A sua presença, porém, será mais fecunda e perceptível na medida em que formos mais assíduos na oração, na penitência e nas boas obras. Ele é o Doce Hóspede, que, no Batismo, vem habitar a alma: “Deus enviou o Espírito de seu Filho em nossos corações, o qual clama Abbá, ó Pai” (Gl 4,6). É Ele a Luz dos Corações, que afugenta a escuridão do pecado, tornando-nos filhos de Deus e semelhantes a Jesus Cristo. Sem a sua divina Presença, é impossível agradar ao Senhor, pois nada resta de inocente em nós. Sem Ele, não há fé, uma vez que “ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, a não ser no Espírito Santo” (1Cor 12,3). Sem Ele, não há esperança, nem amor, nem verdadeira paz! Sendo o grande Santificador, atua silenciosamente por meio dos sacramentos. Com a palavra poderosa de Cristo, absolve os pecados, realiza o milagre da Transubstanciação, atualiza o Sacrifício do Senhor e eleva as almas. Assim como realizou de uma vez por todas a Encarnação do Filho de Deus no ventre de Maria, é o Espírito Santo quem nos traz Jesus diariamente. Ele lava nossa sordidez; irriga a aridez das almas fechadas para Deus e prisioneiras de raciocínios meramente humanos; cura a fraqueza da vontade; esclarece as inteligências; e purifica as memórias mais sujas. Como Consolador Ótimo, Ele é o doce alívio nos sofrimentos; o refrigério no calor das tribulações; e o bálsamo em meio às lágrimas. Por isso, é chamado também de Pai dos Pobres. O seu divino esplendor não sente nojo ou indiferença ao ver nossa miséria. Se nos voltarmos para Ele com fé e confiança, se lhe implorarmos caridade, não se recusará a nos revestir de sua beleza incomparável e a nos enriquecer com o seu setenário de sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. Como os apóstolos em Pentecostes, unimo-nos hoje à Virgem Santíssima, criatura absolutamente repleta do Espírito Santo. Imploramos a Deus Pai, em Nome de Jesus, pela Igreja inteira: “Derramai por toda a extensão do mundo os dons do Espírito Santo, e realizai agora no coração dos fiéis as maravilhas que operastes no início da pregação do Evangelho” (Coleta). Que haja um “novo Pentecostes” de fé, de coragem, de generosidade, de pureza e de amor a Deus! Pedimos ao divino Paráclito que, ao descer como um Raio de Luz dos Céus, para realizar a renovação grandiosa da terra, não deixe de se lembrar de nosso pobre coração: “Lava o que está sujo, rega o que está árido, cura o que está ferido, dobra o que está rígido, aquece o que está frio, endireita o que está desviado” (Sequência de Pentecostes). Amém.


20 | Geral | 19 a 25 de maio de 2021 |

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Dom Eduardo Vieira dos Santos é nomeado Bispo da Diocese de Ourinhos (SP) Luciney Martins/O SÃO PAULO

REDAÇÃO

Ourinhos será no dia 3 de julho, às 15h, em local a ser definido.

O Papa Francisco nomeou Dom Eduardo Vieira dos Santos como Bispo da Diocese de Ourinhos (SP) na quarta-feira, 19, transferindo-o da sede titular de Bladia e do ofício de Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, onde é Vigário Episcopal para a Região Sé desde 2015. Dom Eduardo sucederá Dom Salvador Paruzzo, que, conforme prevê o Direito Canônico, apresentou sua renúncia do ofício de bispo diocesano após alcançar a idade de 75 anos. Em entrevista ao O SÃO PAULO, por telefone, Dom Eduardo afirmou que acolhe com alegria a nova missão confiada pelo Papa. “Uma vez padre e bispo, pertencemos à Igreja. Portanto, a Igreja chama, e acolho essa nomeação com muita serenidade e esperança, acreditando poder contribuir para o bem na Diocese de Ourinhos”, manifestou.

SAUDAÇÃO DE DOM ODILO Em mensagem enviada a Dom Eduardo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, saudou o Bispo pela nomeação e desejou que o Espírito Santo o ilumine na sua nova missão, fazendo “frutificar abundantemente” sua dedicação pastoral à Igreja particular de Ourinhos. Dom Odilo também agradeceu a Dom Eduardo os anos dedicados à Arquidiocese de São Paulo. “Tenho a certeza de que a experiência pastoral adquirida nesse serviço lhe será agora útil no desempenho das suas novas responsabilidades. Agradeço particularmente toda colaboração e a fraterna amizade”, manifestou.

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Dom Eduardo Vieira, nomeado Bispo da Diocese de Ourinhos (SP)

GRATIDÃO E ESPERANÇA Há 34 anos vivendo em São Paulo, sendo os últimos seis como Bispo Auxiliar, Dom Eduardo destacou que levará consigo uma rica experiência da Igreja na capital paulista. “Levo, também, muita gratidão a esta Arquidiocese que me ordenou padre e que me acolheu como bispo. Aqui pude aprender muito com os leigos, os padres, religiosos, religiosas, de modo muito particular com o Arcebispo e, com ele, o Conselho de Bispos”, afirmou. Ao povo da Diocese de Ourinhos, o Bispo nomeado transmitiu a primeira mensagem de “Paz e bem”. Ele recordou que esta é uma diocese jovem, criada há 22 anos, e ressaltou o trabalho realizado por Dom Salvador Paruzzo. “Desde já, acolho no meu coração todo o povo da Diocese de Ourinhos. Que possamos, na alegria, na esperança, caminhar juntos como irmãos, como cristãos”. A posse de Dom Eduardo como Bispo Diocesano de

BIOGRAFIA Dom Eduardo nasceu no dia 18 de março de 1965 em Bom Sucesso (PR). Em 1988, ingressou na Congregação de Santa Cruz, em São Paulo, chegando a emitir os votos solenes e a receber a ordenação diaconal no mesmo instituto. Em 15 de dezembro de 2000, foi ordenado presbítero e incardinado no clero da Arquidiocese de São Paulo. Na Arquidiocese exerceu diversos ofícios, como Pároco da Paróquia São João Gualberto, na Região Episcopal Lapa, Vice-Reitor do Seminário de Teologia Bom Pastor, Chanceler do Arcebispado e Cura da Catedral da Sé. Nomeado Bispo Auxiliar de São Paulo em 10 de dezembro de 2014, pelo Papa Francisco, recebeu a ordenação episcopal em 7 de fevereiro de 2015, na Catedral da Sé, pela imposição das mãos do Cardeal Odilo Pedro Scherer.

Em assembleia geral, Celam aprofunda seu processo de renovação e reestruturação FERNANDO GERONAZZO

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Além de tratar de temas relacionados aos desafios enfrentados pela Igreja na América Latina e no Caribe em decorrência da pandemia de COVID-19, a 38ª Assembleia Geral do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), que acontece entre os dias 18 e 21, de forma virtual, tem como principal tema a reformulação do plano de reestruturação e renovação da entidade. Participam do evento os presidentes e delegados das 22 conferências episcopais do continente. Fundado em 1955 pelo Papa Pio XII, a pedido dos bispos da América Latina e do Caribe, o Celam é um organismo eclesial de comunhão, formação, pesquisa e reflexão a serviço das conferências episcopais. Atualmente, o Presidente do Celam é Dom Miguel Cabrejos Vidarte, Arcebispo de Trujillo, no Peru; o 1º Vice-Presidente é o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo; o 2º Vice-Presi-

dente é o Cardeal Leopoldo José Brenes Solórzano, Arcebispo de Manágua, na Nicarágua; e o Secretário-Geral é Dom Jorge Eduardo Lozano, Arcebispo de San Juan de Cuyo, na Argentina. PROCESSO DE ESCUTA Coube à atual presidência, eleita na 37ª Assembleia Geral do Celam, em 2019, assumir o processo de reestruturação da entidade. No mesmo ano, foram elaborados um plano de trabalho e uma consulta ao Papa Francisco e às conferências episcopais e demais organizações eclesiais, como a Conferência Latino-Americana de Religiosos (CLAR). O Cardeal Scherer ressaltou que, por ser um organismo episcopal, o Celam caminha unido à Igreja universal. “A Santa Sé é o maior organismo da Igreja e, por isso, o Celam se relaciona constantemente com ela. Mais ainda do que o Vaticano, é a Santa Sé, as pessoas que agem com o Papa, e em seu nome. É importante manter o diálogo e a harmonia, com a proposta de amadurecer cada vez mais”, explicou.

APARECIDA Dom Odilo reforçou que o Celam existe para ajudar as conferências episcopais a pôr em prática e a traduzir em novas formas de práxis pastoral as ideias que o Papa Francisco explicita em seu magistério, fortemente influenciado pela V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, realizada em 2007, em Aparecida (SP). “Quase 15 anos se passaram desde a Conferência de Aparecida. De lá para cá, muito mudou na Igreja da América Latina, até na Igreja como um todo, porque as propostas e ideias elaboradas nessa conferência repercutiram em toda a Igreja, inclusive na eleição do Papa Franscisco”, afirmou Dom Odilo. NAS DIOCESES O Arcebispo de São Paulo salientou que o processo de reestruturação a ser apresentado na Assembleia Geral do Celam diz respeito, antes de tudo, à renovação do próprio organismo eclesial e,

Acesse a notícia completa em: https://tinyurl.com/yef3f42n

Celam/Divulgação

portanto, não significa uma proposta de reestruturação da Igreja no continente. “O Celam não é uma conferência episcopal, é proposto muito mais como um órgão de reflexão, subsidiário, um órgão que está atento às várias realidades continentais e que estimula o caminho de reflexão”, explicou Dom Odilo, assinalando que “é nas dioceses que deve ocorrer a verdadeira renovação da Igreja na América Latina e no Caribe”. “É um longo processo. Mas a Igreja está se renovando, o que talvez não seja percebido a curto prazo”, concluiu Dom Odilo. Acesse o conteúdo completo em: https://tinyurl.com/yz4725mz


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