O São Paulo - 3347

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Semanário da Arquidiocese de São SPaulo

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ano 66 | Edição 3347 | 26 de maio a 1º de junho de 2021

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‘Dia D de combate à fome’ promove a solidariedade em São Paulo Animando a Esperança/Divulgação

Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, com os voluntários do “Dia D de combate à fome”, em frente ao prédio da Fundação Cásper Líbero, na Avenida Paulista

A Arquidiocese de São Paulo, junto com a TV Gazeta, promoveu na sexta-feira, 21, o “Dia D de combate à fome”. O evento é parte da campanha “Animando a Esperança”. Apoiadora da iniciativa, a Fundação Cásper Líbero, sediada na Avenida Pau-

Editorial Na abertura à vida, deve-se agir com precaução e cuidado, não com medo

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Encontro com o Pastor

É preciso que a Igreja tenha o ‘jeito do rebanho’ de Cristo, o único Pastor

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lista, foi um dos locais para a arrecadação de alimentos que serão destinados às pessoas em situação de vulnerabilidade. As doações pudem continuar sendo entregues em todas as paróquias da Arquidiocese. Em entrevista ao programa “Mulheres”,

da TV Gazeta, o Cardeal Scherer agradeceu o empenho dos que doaram mantimentos e daqueles que viabilizaram a realização do “Dia D”. Desejou, também, que a prática da caridade se torne um hábito na vida de todos.

Celam renova sua estrutura para melhor servir à Igreja na América Latina

Na pandemia, famílias dizem ‘sim’ e se abrem ao dom da vida

A 38ª Assembleia Geral Ordinária do Conselho Episcopal Latino-Americano, realizada entre os dias 18 e 21, aprovou a nova estrutura do organismo, voltado ao serviço e à comunhão dos bispos no continente.

O SÃO PAULO fala sobre a natalidade na pandemia, os cuidados para a gestação, fatores que desestimulam a decisão de ter filhos, ações da sociedade em favor das famílias e histórias de gestações bem sucedidas.

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Páginas 11 a 14

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Espiritualidade A vida de Maria é de entrega e cooperação incondicional ao Espírito Santo

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Liturgia e Vida

Deus é a perfeita comunhão de Amor que transborda para as suas criaturas Página 23


2 | Encontro com o Pastor | 26 de maio a 1º de junho de 2021 |

cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

A

lgo novo está acontecendo na Igreja e somos convidados a participar desse caminho novo que se vai definindo. Na América Latina e Caribe, estamos preparando a Assembleia Eclesial da Igreja na América Latina e no Caribe, que acontecerá na Cidade do México, em novembro deste ano. O Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) havia sugerido ao Papa Francisco a convocação de uma nova Conferência Geral do Episcopado, 15 anos depois da 5ª Conferência, realizada em Aparecida (SP), em maio de 2007. Francisco, porém, respondeu que o Documento de Aparecida ainda tem muito para oferecer e, por isso, seria preferível fazer uma ampla avaliação sobre o caminho percorrido depois de Aparecida: avaliar os êxitos e destacar as questões ainda não suficientemente trabalhadas nesse tempo posterior à 5ª Conferência. Ao mesmo tempo, sugeriu que se destacassem as questões emergentes

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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Igreja em caminho sinodal e os novos desafios postos à evangelização e à missão da Igreja no continente americano. Portanto, desde 2020, o CELAM iniciou a preparação de uma Assembleia Eclesial, com a participação mais ampla de membros da Igreja. As Conferências Gerais do continente são episcopais e seus membros são representativos das Conferências Episcopais, com identidade canônica e teológica próprias. A Conferência Eclesial não será apenas episcopal e terá a participação de membros do clero, em geral, dos consagrados e leigos. Portanto, é um sujeito eclesial novo que se reunirá, com competências e representatividades ainda por serem mais bem definidas. A experiência é original e ainda não conta com nenhuma outra da mesma natureza num âmbito tão vasto da Igreja. Certamente, no âmbito das dioceses já existem experiências semelhantes, como certas assembleias diocesanas do povo de Deus e também os sínodos diocesanos. O CELAM encarregou uma Comissão para preparar a Conferência Eclesial do México e orienta que essa preparação já seja uma verdadeira experiência sinodal da Igreja, com a participação dos diversos membros das comunidades

eclesiais locais. Parte dessa preparação é a reflexão, nas comunidades da Igreja, sobre os frutos da Conferência de Aparecida e sobre as orientações dessa Conferência ainda não trabalhadas o bastante. Ao mesmo tempo, as “bases da Igreja” são incentivadas a apontar os novos desafios postos à missão da Igreja nos diversos países e regiões do continente. Enquanto isso, no dia 20 de maio passado, mais uma “novidade sinodal” foi anunciada. O Cardeal Mário Grech, SecretárioGeral do Sínodo dos Bispos, escreveu aos bispos de todo o mundo sobre a preparação da próxima assembleia geral do Sínodo dos Bispos, a ser realizada em outubro de 2023, com o tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. O tema foi definido pelo Papa Francisco, após consulta ao episcopado da Igreja. O objetivo dessa nova assembleia sinodal será, justamente, confrontar-se com essa “configuração sinodal” da Igreja. Naturalmente, ainda há muito para se refletir, compreender sobre esse conceito e sobre quais poderiam ser as implicações e consequências teológicas e práticas de uma Igreja “mais sinodal”. No Concílio Vaticano II, foi

destacada a dimensão da Igreja como “povo de Deus”, com decorrências muito importantes para a prática da vida eclesial. Destacou-se, também, a “colegialidade episcopal”, para mostrar que o episcopado, no seu todo, é corresponsável pela Igreja, junto com o Papa, e que os bispos, por isso mesmo, devem se encontrar e atuar na comunhão colegial entre eles e com o Papa. Na 3ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, realizada em 1979, em Puebla (México), desenvolveu-se o conceito de “comunhão e participação”, para indicar que na Igreja todos devem viver a comunhão de fé, esperança e caridade, mas também a participação nas responsabilidades da vida e da missão eclesial. O Papa Francisco chama a Igreja a aprofundar, agora, a sua dimensão sinodal, que tem a ver com todas essas dimensões destacadas anteriormente. Mas coloca em maior evidência que, na Igreja, é preciso que pastores e ovelhas caminhem juntos e partilhem os bens, alegrias e responsabilidades da vida eclesial. Não basta que os pastores tenham “cheiro de ovelhas”: é preciso que a Igreja inteira tenha “jeito de rebanho” – o rebanho de Cristo, único Pastor.

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa e online em www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator-chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Padre Bruno Muta Vivas, Ira Romão e Fernando Geronazzo • Auxiliar de Redação: Flavio Rogério Lopes • Revisão: Padre José Ferreira Filho e Sueli Dal Belo • Opinião e Fé e Cidadania: Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP • Fotografia: Luciney Martins • Administração e Assinaturas: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Daiane Santos • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação: Rua Manuel de Arzão, 85 - Vila Albertina - 02730-030 • São Paulo - SP - Brasil • Fone: (11) 3932-3739 - ramal 222• Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 2,00 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


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| 26 de maio a 1º de junho de 2021 | Geral/Atos da Cúria | 3

68ª Páscoa Forense é celebrada na Solenidade de Pentecostes Luciney Martins/O SÃO PAULO

Cardeal Scherer é saudado por membros do Judiciário na procissão de entrada da missa, dia 23

REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

Magistrados e servidores do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), bem como seus familiares, participaram no domingo, 23, na Solenidade de Pentecostes, da missa das 11h na Catedral da Sé. A Eucaristia também foi celebrada por ocasião da 68ª Páscoa da Família Forense, uma tradição que começou em 1952, por iniciativa do desembargador Manuel Gomes de Oliveira, e somente em 2020 em razão da pandemia de COVID-19. Força renovadora Ao saudar a todos os que acompanhavam a missa presencialmente ou pelas mídias digitais, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, afirmou que a Solenidade de Pentecostes recorda o início da Igreja, mediante a vinda do Espírito Santo, prometido por Jesus aos apóstolos e que continua a agir na Igreja, renovando-a sempre. Na homilia, o Arcebispo lembrou que após a vinda do Espírito Santo, os apóstolos, que antes estavam com medo, passaram a testemunhar publicamente as coisas que viram e ouviram na convivência com Jesus Cristo.

“O Espírito Santo concedeu aos apóstolos e à Igreja, em seu início, uma força renovadora, uma coragem e destemor, bem como a sabedoria e o discernimento para compreender a verdade, dizê-la sem medo e anunciar a alegria de terem estado com Jesus, para agora testemunhá-lo”, ressaltou o Arcebispo. Dom Odilo recordou que Pentecostes apresenta a imagem da humanidade reunida na linguagem da fé e do amor, de modo que nesta celebração todos são chamados a se colocar em sintonia com o Espírito Santo para colaborar no projeto de salvação apresentado por Jesus, a fim de recriar o mundo, marcado por realidades de dor, sofrimentos e injustiças, frutos da soberba humana. Que o Espírito Santo esteja com o Judiciário Na oração dos fiéis, o Arcebispo rezou para que Deus olhe “por todos os vossos filhos que servem a sociedade no âmbito da Justiça, muitas vezes tão difícil, tão necessitado de discernimento e prudência, mas, também, de decisão e firmeza. Concedei a todos a companhia, a assistência do Vosso Espírito, para que procedam sempre conforme Vossas inspirações”.

Atos da Cúria PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO: Em 13/05/2021, foi prorrogada a nomeação e provisão como Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, no bairro da Vila Alpina, na Região Episcopal Belém, do Reverendíssimo Padre Eduardo Aparecido Araújo, pelo período de 03 (três) anos. POSSES CANÔNICAS: Em 09/05/2021, foi dada a posse canônica como Administrador Paroquial

da Paróquia São Vito Mártir, no bairro de Brás, na Região Episcopal Sé, ao Reverendíssimo Padre Michelino Roberto. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ASSISTENTE ECLESIÁSTICO: Em 14/05/2021, foi nomeado como Assistente Eclesiástico do Cemitério Gethsêmani Anhanguera, da Região Episcopal Brasilândia, “ad nutum episcopi”, o Reverendíssimo Padre Anderson Adriano Teixeira, RCJ.

EDITAL DE CONVOCAÇÃO

PEDIDO DE DECLARAÇÃO DE NULIDADE Pelo presente edital convoca-se o Sr. José Josiel Bezerra de Meneses, (endereço desconhecido) para que compareça de terça a sexta-feira, das 13:00 às 15:00, ao Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo, cito à Av. Nazaré, 993 – Ipiranga – São Paulo – S.P., para tratar de assunto que lhe diz respeito.

Ao fim da missa, falando em nome do lia Forense, “que se une, junto aos pés de TJ-SP, o desembargador Walter Barone, Cristo, para orar e agradecer a vida. Deus presidente da Comissão Preparatória da olhe por todos, notadamente neste momento de tanta dor. Deus olhe por aquePáscoa Forense, recordou que, ao longo les que prestam a jurisdição, perseguem a desta pandemia, “o Poder Judiciário teve paz social e cuidam dos direitos do cidaque se reinventar para que pudesse continuar cumprindo sua missão de fazer a dão e dos necessitados”. justiça acontecer, mesmo durante os peAo fim da celebração, o Arcebispo reríodos de lockdown, e tivemos êxito nessa zou para que o Espírito Santo esteja sempre próximo daqueles que atuam no Poempreitada em virtude da colaboração der Judiciário, a fim de que possam servir de todos”, contou. “Tem sido um período de provação para toda a população, à sociedade com retidão e justiça. (Com informações do Tribunal de Justiça de São Paulo) e não é diferente no seio da Família Forense. Vários colegas e funcionários adoeceram Angelita Lote de COVID-19. Muitos se recuperaram pela misericórdia de Deus, mas outros partiram, deixando-nos a saudade do convívio”, complementou. Após acompanhar a missa pela internet, o presidente do TJ-SP, Na Solenidade de Pentecostes, na manhã do domingo, 23, desembargador Geralna comunidade do Mosteiro da Luz, a juniorista Irmã Teredo Francisco Pinheiro sa Maria de Jesus Crucificado fez seus votos perpétuos na Ordem da Imaculada Conceição (OIC), em rito realizado duFranco, declarou ao site rante a missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, do Tribunal ter sido um Arcebispo Metropolitano de São Paulo. dia especial para a Famí(Com informações da Irmã Maria Aparecida) INSTITUTO THEODORO RATISBONNE

RUA AGOSTINHO GOMES, 1941 - SÃO PAULO - SP CNPJ 61.006.938/0001-03 ..................... BALANÇO PATRIMONIAL ENCERRADO EM 31 DE DEZEMBRO DE 2019 E 2020 ATIVO CIRCULANTE................................................................................................ CAIXA E EQUIVALENCIA DE CAIXA............................................................ APLICAÇÕES FINANCEIRA MAIS DE 90.................................................... CREDITOS A RECEBER............................................................................... (-) ESTIMATIVA PARA LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA........................................ ADTOS/ DESPESAS ANTECIPADAS........................................................... ESTOQUES.................................................................................................... TOTAL DO ATIVO CIRCULANTE................................................................. NÃO CIRCULANTE IMOBILIZADO................................................................................................. (-) DEPRECIAÇÃO......................................................................................... TOTAL DO ATIVO NÃO CIRCULANTE........................................................ COMPENSADO............................................................................................. GRATUIDADES CONCED /IMUNIDADES USUFRUIDAS.......................... TOTAL DO ATIVO COMPENSADO............................................................... TOTAL GERAL DO ATIVO............................................................................ PASSIVO CIRCULANTE................................................................................................ OBRIGAÇÕES SOCIAIS E FISCAIS............................................................. OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS................................................................... OUTRAS CONTAS A PAGAR........................................................................ RECEITA DIFERIDA....................................................................................... TOTAL DO PASSIVO CIRCULANTE............................................................ PATRIMONIO LIQUIDO PATRIMONIO SOCIAL................................................................................... SUPERÁVIT/DÉFICIT DO EXERCICIO........................................................ PATRIMONIO LIQUIDO................................................................................. COMPENSADO GRATUIDADES CONCED /IMUNIDADES USUFRUIDAS.......................... TOTAL DO PASSIVO COMPENSADO......................................................... TOTAL GERAL DO PASSIVO.......................................................................

31.12.2019 4.649.058,75 19.821,97 1.953.985,87 (360.420,17) 185.822,48 165.973,96 6.614.242,86

31.12.2020 6.236.570,24 22.212,02 2.118.328,96 (418.492,53) 200.946,90 626.945,01 8.786.510,60

3.131.761,62 (1.827.352,22) 1.304.409,40

4.007.533,23 (2.148.339,20) 1.859.194,03

7.967.488,01 7.967.488,01 15.886.140,27

8.018.496,79 8.018.496,79 18.664.201,42

31.12.2019 93.026,71 1.179.664,55 643.367,21 225.226,65 2.141.285,12

31.12.2020 92.195,76 1.089.234,46 665.722,64 139.744,50 1.986.897,36

4.097.818,78 1.679.548,36 5.777.367,14

5.777.367,14 2.881.440,13 8.658.807,27

7.967.488,01 7.967.488,01 15.886.140,27

8.018.496,79 8.018.496,79 18.664.201,42

......................DEMONSTRAÇÃO DO SUPERÁVIT OU DÉFICIT EM 31 DE DEZEMBRO DE 2019 E 2020

RECEITASSOCIAIS RECEITAS ..................................................................................................... ATIVIDADES ASSISTENCIAIS...................................................................... ATIVIDADES EDUCACIONAIS..................................................................... ISENÇÕES DE TRIBUTOS........................................................................... GRATUIDADES CONCEDIDAS.................................................................... RECEITAS FINANCEIRAS............................................................................ OUTRAS RECEITAS / RECEITAS PATRIMONIAIS..................................... RECEITAS NÃO OPERACIONAIS................................................................ RECEITAS C/ VENDAS................................................................................. TOTAL GERAL DAS RECEITAS.................................................................. DESPESASSOCIAIS DESPESAS.................................................................................................... DESPESAS C/ PESSOAL ............................................................................. DESPESAS ADM/ SERV PREST PJ/CUSTO............................................... DESPESAS TRIBUTARIAS........................................................................... DESPESAS FINANCEIRAS ......................................................................... GRATUIDADES CONCEDIDAS.................................................................... ISENÇÕES DE TRIBUTOS........................................................................... DESPESAS NÃO OPERACIONAIS.............................................................. TOTAL GERAL DAS DESPESAS................................................................ SUPERÁVIT DO EXERCÍCIO.......................................................................

31.12.2019 224.035,62 21.321.556,80 3.429.750,88 375.919,44 139.657,93 1.066.418,08 1.301.715,82 2.291.130,51 30.150.185,08

31.12.2020 82.486,50 23.608.495,64 3.394.486,57 352.456,44 122.277,37 609.833,58 939.321,72 2.166.558,75 31.275.916,57

31.12.2019 12.550.717,33 6.393.904,80 78.967,59 113.385,86 6.828.097,91 1.152.963,54 1.352.599,69 28.470.636,72 1.679.548,36

31.12.2020 11.839.034,87 5.217.304,27 54.792,00 105.916,69 9.045.740,15 1.186.427,15 945.261,31 28.394.476,44 2.881.440,13

RECONHECEMOS A EXATIDÃO DO BALANÇO PATRIMONIAL ENCERRADO EM 31 DE DEZEMBRO DE 2020, CUJOS VALORES DE ATIVO E PASSIVO IMPORTAM EM R$ 18.664.201,42 (DEZOITO MILHÕES, SEISCENTOS E SESSENTA E QUATRO MIL, DUZENTOS E UM REAIS E QUARENTA E DOIS CENTAVOS). AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS NA ÍNTEGRA ACOMPANHADAS DE SUAS NOTAS EXPLICATIVAS E O RELATÓRIO DOS AUDITORES INDEPENDENTES, ENCONTRAM - SE À DISPOSIÇÃO DOS INTERESSADOS NA NOSSA SEDE SOCIAL. São Paulo, 31 de dezembro de 2020

Donizete Luiz Ribeiro Diretor Presidente

Manoel Ferreira de Miranda Neto Diretor Tesoureiro

Wilson Jose Carpi Contador - CRC 1SP179707/O-2


4 | Ponto de Vista | 26 de maio a 1º de junho de 2021 |

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Editorial

Famílias e COVID-19: cuidar, com amor e sem medo

U

ma indicação recente para que as famílias evitassem a gravidez neste período de pandemia reacendeu o debate sobre o combate à COVID-19 frente à autonomia individual e à prática das próprias convicções pessoais e religiosas. Diante da nova polêmica, O SÃO PAULO apresenta nesta edição uma reportagem especial, com artigos sobre esse tema. Diante das dificuldades enfrentadas pelo Sistema Nacional de Saúde (SNS) – sobrecarregado pelas vítimas da pandemia –, das incertezas sobre as possibilidades de contágio e as consequências da doença, é natural que uma certa apreensão se difunda entre as famílias e os gestores da saúde pública. Esta é, contudo, uma oportunidade para que todos nós cresçamos num justo discernimento cristão diante dos acontecimentos, nem sempre agradáveis, que marcam nossa existência.

A sabedoria cristã nos convida à precaução e ao cuidado com a vida, não ao medo do sofrimento e da morte. São duas posturas diametralmente opostas, ainda que – na confusão moral e existencial que caracterizam a nossa sociedade – uma coisa seja frequentemente confundida com a outra. A precaução e o cuidado, quando bem entendidos, nos levam a uma postura proativa, nos ensinam a amar mais a vida, a descobrir a ternura e a compreender a realidade do nosso próximo. O medo nos paralisa, nos fecha em nós mesmos, gera insegurança, violência e confusão. Procurar adequar o número de filhos à realidade familiar e planejar os nascimentos para períodos adequados é um cuidado justo a ser tomado pelo casal (cf. Amoris laetitia, 222). O Catecismo da Igreja Católica sublinha tanto o valor da fecundidade quanto a possibilidade da “regulação da procriação”, se orientada por uma justa

atitude responsável e não pelo egoísmo (cf. CIC, 2366-2371). Desde a Humanae vitae, de São Paulo VI, a Igreja indica que os chamados “métodos naturais” representam a via adequada para essa regulação (cf. HV, 16). São João Paulo II mostrou a importância dessa postura para o amor e a comunhão no seio da família (cf. Familiaris consortio, 33-35). Essa é uma postura totalmente diferente do medo que nos fecha à vida e não consegue confiar em Deus e ter uma real esperança. Para quem se deixa determinar pelo medo, o inesperado é sempre ameaçador, nunca uma oportunidade de experimentar os dons de Deus, seu amor e sua ternura por nós. A pessoa de fé está acostumada com o fato de que a intervenção de Deus acontece frequentemente de forma inesperada, que a vida deve ser planejada à luz dos imprevistos pelos quais Ele se manifesta. A insegurança

e o medo são, justamente, a negação dessa possibilidade. Levam a um falso planejamento, que inicialmente supõe que o ser humano pode dar conta do próprio futuro, para depois se frustrar diante dos acontecimentos inesperados que inevitavelmente ocorrem – e a COVID-19, em particular, foi, para a maior parte da população mundial, o maior imprevisto ocorrido em gerações. Cuidar de nós mesmos, de nossas famílias e de todos aqueles que estão sob nossa responsabilidade, com precaução, mas sem medo, é o caminho justo ao qual todos nós somos chamados neste tempo de pandemia. Nele, aprendemos a confiar cada vez mais em Deus, a planejar sem nos perdermos nos imprevistos e até mesmo nas catástrofes. Descobrimos, ou redescobrimos, que, na família e no mundo, a pessoa se realiza na doação e no amor aberto a todos, não no egoísmo e no individualismo.

Opinião

O vírus da fome bate à porta

Arte: Sergio Ricciuto Conte

Padre Alfredo J. Gonçalves, CS Como se o número de contaminados pela pandemia COVID-19 fosse pouco (por volta de 16 milhões) e como se fosse pouco também o número de mortes (na casa dos 450 mil), agora é o vírus da fome que bate à porta. Contam-se aos milhões os grupos familiares que vivem abaixo da linha da pobreza. Ao mesmo tempo, os sistemas de saúde público e privado ainda inspiram cuidados, enquanto as funerárias e hospitais vão se desfazendo dos corpos em covas abertas às pressas. As famílias enlutadas nem sequer podem contar com o conforto de uma despedida adequada. A fúria incontrolada da pandemia não só expôs, mas levou às ruas e escancarou o rosto dos trabalhadores invisíveis. Além disso, agravou a situação precária dessa fatia populacional que habita a base da pirâmide socioeconômica. No mercado informal, realizam os trabalhos mais sujos e pesados, mais perigosos e mal remunerados. Vieram à luz do dia em busca do “auxílio emergencial”, e agora, com a diminuição deste em termos de valor e de alcance, tendem a voltar a seus esconderijos.

Isso mesmo! Trata-se de uma parte da população que “não mora, esconde-se”. No fundo dos porões e cortiços instáveis da cidade; nas longínquas, esquecidas e abandonadas periferias; em tendas de plástico espalhadas pelas praças e calçadas – assim vemos crescer dia a dia essa “porção do povo de Deus”. O forte aumento dos aluguéis, dos produtos alimentícios da cesta básica e do combustível vem afetando, em primeiro lugar, os que já se encontram mais vulneráveis. O novo coronavírus, entre outras coisas,

traz consigo o vírus da pobreza, da miséria e da fome. O que fazer frente a tantas vítimas imediatas da pandemia, por um lado, e igualmente vítimas do desgoverno, de outro? Na verdade, muitas iniciativas já se encontram em curso. Movimentos, entidades, associações e organizações de base se mobilizam para socorrer boa parte desse contingente de pessoas desfavorecidas. No caso particular da Igreja Católica, são numerosas as pastorais sociais, comunidades, paróquias e dioceses que passaram

a desenvolver programas de atendimento emergencial. A distribuição de “quentinhas” e de cestas básicas, hoje, é tudo, menos assistencialismo. Está em jogo a preservação de vidas feridas de morte. Ao lado disso, continua valendo a pressão pela imunização de toda a população. Vacina para todos já! Se é verdade que a pandemia nos deixa expostos à mesma tempestade, não é certo que estamos todos no mesmo barco. Enquanto alguns podem se proteger com seu dinheiro e seus iates de luxo, a maioria navega em embarcações frágeis e batidas de todos os lados pelas ondas de várias crises superpostas. Corre-se até o risco de que a própria vacinação seja seletiva, o que, como lembra o Papa Francisco, seria uma das piores injustiças e imoralidades. É hora de focar o que é mais urgente! Comida, imunização e cuidado. Cuidado com o qual Deus acompanha seu povo ao longo de toda a tradição judaico-cristã, ao mesmo tempo em que a Igreja procura manter a dignidade humana por meio dos princípios de sua Doutrina Social. Padre Alfredo José Gonçalves, CS, pertence à Congregação dos Missionários de São Carlos (Scalabrinianos).

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.


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| 26 de maio a 1º de junho de 2021 | Regiões Episcopais/Fé e Vida | 5

sé Dom Eduardo preside missa de Pentecostes no Arsenal da Esperança José Luiz Altieri Campos

Padre Simone Bernardi

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

A missa da Solenidade de Pentecostes, no domingo, 23, no Arsenal da Esperança, da Fraternidade da Esperança, Serviço Missionário da Juventude (Sermig), foi presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, recém-nomeado Bispo da Diocese de Ourinhos (SP) pelo Papa Francisco. Na homilia, Dom Eduardo ressaltou a alegria de celebrar no Arsenal da Esperança, com os acolhidos por aquele espaço e também com os paroquianos das Paróquias Nossa Senhora de Casaluce e

Festa de Santa Rita mobiliza fiéis na Vila Mariana Reprodução da internet

POR CENTRO DE PASTORAL DA REGIÃO SÉ A Paróquia Santa Rita de Cássia, no Setor Pastoral Paraíso, esteve em festa nos dias 21 e 22, por ocasião da memória litúrgica da padroeira. A missa de abertura, na sexta-feira, 21, foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, e concelebrada pelo Padre José Ferreira Filho, seu secretário. Na homilia, Dom Odilo lembrou que Santa Rita, como mãe e esposa, enfrentou as dificuldades da vida com a firmeza da fé, testemunhando, assim, que quem confia em Deus sempre encontra forças para enfrentar as adversidades. “Espera em Deus e tem confiança”, disse o Arcebispo, fazen-

do menção a uma das leituras do dia. No dia 22, na memória litúrgica de Santa Rita de Cássia, aconteceram seis missas. As celebrações das 7h, 9h, 11h,

16h e 18h foram presididas por frades agostinianos e a das 14h, por Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé e recém-nomeado Bispo da Diocese de Ourinhos (SP). A comunidade paroquial se organizou para vender antecipadamente o bolo da padroeira para retirada durante o dia 22. Houve também um bazar de roupas usadas, organizado pelo Grupo do Brechó da Paróquia. Dada a situação da pandemia, a participação presencial nas missas foi de 30% da capacidade da igreja e, por esse motivo, a realização de um maior número de celebrações. Além disso, todas as missas foram transmitidas ao vivo pelo Facebook e pelo YouTube (@santaritavm).

Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários: “Isso é um sinal do amor de Deus, sinal do que o Espírito Santo faz. Ele faz com que todos possam falar a mesma língua, querer a mesma paz, a mesma dignidade... Sem deixar prevalecer apenas os próprios interesses, gostos ou caprichos”. Ao final, o Padre Lorenzo Nacheli, que foi um dos concelebrantes da missa, assim como o Padre Simone Bernardi, lembrou que cada comunidade paroquial tem sua particularidade, mas caminha unida à Igreja, e, dirigindo-se a Dom Eduardo, disse: “Estamos muito contentes por termos caminhado com o senhor. Nós não nos despedimos, pois continuaremos a nos querer bem”. Pascom paroquial

[SÉ] Na Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, Setor Aclimação, a Festa da Rainha foi celebrada no 7º dia do Lucernário, no sábado, 22, na Vigília de Pentecostes. Nas missas realizadas foi acesa uma vela e a comunidade clamou a Nossa Senhora – como no Cenáculo – a vinda do Espírito Santo. Na ocasião, também foi inaugurado o altar dedicado a São José, na entrada do templo. (por Natanael Maia)

Espiritualidade Com Maria, em oração Dom ângelo Ademir Mezzari, RCJ

E

BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA REGIÃO IPIRANGA

stamos concluindo o mês de maio, tempo caracterizado pela devoção mariana. São muitas as manifestações de afeto do povo para com a Mãe de Deus, Mãe de Jesus e nossa, Mãe da Igreja. A oração do Santo Rosário, por exemplo, nos coloca dentro do mistério da salvação em Jesus Cristo, com a presença de Maria, na vida eclesial. De tantos modos e formas, expressamos nosso amor filial à Virgem Santíssima. Por Jesus, na Cruz, nos foi dada por Mãe, e a Ela nos confiou como filhos e filhas amados. E podemos dizer

com tanta piedade: “Vossos olhos misericordiosos a nós volvei”. Sabemos que toda a vida de Maria é entrega e cooperação incondicional ao Espírito Santo. Seu “sim” permitiu a Encarnação do Verbo, esperado por toda a humanidade. Em seu “sim” coerente e perseverante, Maria passou pela pobreza, pela perseguição e pelo exílio. E seu “sim” acompanhou seu Filho Jesus Cristo no caminho da redenção. Tudo isso a faz figura da Igreja peregrina na fé, que neste mundo, como em um “vale de lágrimas”, vai caminhando com esperança. Maria compreende e acolhe a nossa dor, porque ela viveu intensamente a dor e expressou sua solicitude maternal diante do sofrimento humano e da morte. É a Mãe da misericórdia, cheia de graça, a quem recorremos dizendo: “Ave, Maria”. Contemplemos Maria, a Virgem e Mãe orante. Assim nos aparece Ela na visita a Isabel, mãe do Precursor, João Batista, quando o seu espírito se ma-

nifesta em expressões de glorificação a Deus, de humildade, de fé e de esperança. Como não se encantar com o maravilhoso hino do Magnificat, e dizer com Maria: “A minha alma engrandece o Senhor” (cf. Lc 1,46-55). É a oração por excelência de Maria, o cântico dos tempos messiânicos, tempos de paz e alegria, nos quais confluem a exultação do antigo e do novo Israel. Podemos dizer que Maria, exultante de alegria, profetiza o novo tempo da salvação. Esse cântico da Virgem Santíssima, na verdade, prolonga-se, torna-se oração da Igreja inteira, em todos os tempos, na história da humanidade. Maria aparece em oração em Caná da Galileia, onde, ao manifestar ao Filho, com imploração delicada, uma necessidade temporal, obteve também uma graça maior. De fato, Jesus, ao realizar o primeiro dos seus “sinais”, confirmou os discípulos na fé (cf. Jo 2,1-12). Sua atenção materna e cheia de ternura nos conduz a Jesus, pedindo-nos fazer sempre

o que Ele nos disser, aquilo que ensinar. Mãe que nos conduz ao Filho para alcançar todas as graças e bênçãos do céu. Também a última passagem biográfica relativa a Maria nos fala da Mãe em oração no Cenáculo. Os Apóstolos “perseveravam unânimes na oração, com algumas mulheres, entre as quais Maria, a mãe de Jesus, e com os irmãos dele” (At 1,14). Presença orante de Maria na Igreja nascente, e na Igreja de todos os tempos. Assunta ao céu, continua sua missão de intercessão e auxílio dos pecadores. Vamos rezar com fé, seguindo o exemplo de Maria, que se dirigia a Deus Pai com amor, a ponto de dizer “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra”. Que nossa oração seja sempre o cumprimento do projeto de Deus em nós, e digamos com esperança: “Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo”. Assim seja. Amém!


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belém

Dom Odilo Scherer preside missa em paróquia da zona Leste na Vigília de Pentecostes

Renata Silva

Reprodução da internet

Começa a novena da padroeira do Santuário Nossa Senhora do Sagrado Coração

Fernando Arthur

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

No sábado, 22, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, presidiu a Eucaristia na Comunidade Nossa Senhora do Santo Rosário, da Paróquia Divino Espírito Santo, por ocasião da Vigília de Pentecostes. Em sua primeira visita a esta comunidade paroquial, o Arcebispo foi acolhido com uma mensagem de boas-vindas. Na sequência, contou-se um pouco da história do surgimento da comunidade e de como foi criada a Paróquia. Na ocasião, também foram lembrados os 38 anos de sacerdócio do Padre João Batista Dinamarquês, Pároco da Paróquia Divino Espírito Santo.

O Arcebispo também foi saudado pelo Pároco. “Devemos louvar e agradecer a Deus pelo existir da Igreja, que começou na festa de Pentecostes, e esta alegria é ainda maior porque Dom Odilo escolheu nossa Paróquia para celebrar este momento.” Na homilia, o Arcebispo explicou o sentido de Pentecostes e como a ação do Espírito Santo ocorre na vida de todos, com derramamento de graças. Dom Odilo comentou, ainda, sobre os sete dons do Espírito Santo – Sabedoria, Inteligência, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus –, os quais estavam escritos em faixas que foram vestidas por crianças. Ao fim da celebração, Padre João Batista Dinamarquês recebeu homenagens de Dom Odilo e da comunidade.

Na sexta-feira, 21, Dom Manoel Ferreira dos Santos Júnior, MSC, Bispo de Registro (SP), presidiu a Eucaristia no Santuário Nossa Senhora do Sagrado Coração, iniciando a novena preparatória para a solenidade da padroeira. A celebração foi concelebrada pelo Pároco, Padre Reuberson Ferreira, MSC. Em entrevista, ele disse que, embora na festa deste ano ainda não seja possível receber todos os romeiros, em razão da atual pandemia, muitos poderão acompanhar as festividades por meio da transmissão das celebrações pelas redes sociais. O Sacerdote recordou que a igreja, com mais de 80 anos de existência, é uma referência no bairro da Vila Formosa, e que a Festa de Nossa Senhora do Sagrado Coração é uma tradição. “O novenário, inserido nessa preparação para a festa, também é significativo. Este Santuário é como se fosse o coração materno para a Congregação dos Missionários do Sagrado Coração, de modo que todos os padres voltam o seu coração para ele, ainda mais neste tempo de pandemia. A cada noite, um padre que já passou por esta casa vem celebrar”, recordou. A Solenidade de Nossa Senhora do Sagrado Coração será no dia 30 de maio, com uma programação especial, que inclui a missa que será presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, às 10h30. (FA)

lapa Dom José Benedito: ‘Pentecostes nos faz reviver o início da Igreja’ Benigno Naveira

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

Na tarde do sábado, 22, na Comunidade Nossa Senhora Auxiliadora, Jardim Pinheiros, pertencente à Paróquia Santo Alberto Magno, Setor Butantã, Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, presidiu a missa da Vigília de Pentecostes.

Benigno Naveira

A missa teve a participação do Diácono Antonio Geraldo de Souza e ocorreu também no contexto dos festejos da padroeira, Nossa Senhora Auxiliadora, cuja memória litúrgica é celebrada em 24 de maio. Dom José destacou que “a festa de Pentecostes nos faz reviver o início da Igreja, o Batismo da Igreja guiada pela força do Espírito Santo”.

Você Pergunta Qual a origem do título de Nossa Senhora da Penha? Padre Cido Pereira

osaopaulo@uol.com.br

Essa é a pergunta da Alzira dos Santos, do bairro da Vila Clementino, que também quer saber da devoção a Nossa Senhora da Penha na cidade de São Paulo. Olhe, Alzira, que história bonita! Acredita-se que, pelo ano de 1600, um católico francês estava viajando de São Paulo ao Rio de Janeiro. Ele levava uma imagem bonita de Nossa Senhora da Penha de França. Na sua viagem, em lombo de cavalo, ele parou numa colina na

zona Leste da cidade de São Paulo para descansar antes de seguir viagem. No dia seguinte, cedinho, ele continuou a viagem. Pois não é que um dia depois ele se deu conta de que tinha esquecido a imagem de Nossa Senhora? O que fez aquele francês que amava tanto a mãe de Deus? Voltou para buscar a imagem, encontrou-a, guardou-a e seguiu para o Rio de Janeiro. No caminho, porém, ele deu falta da imagem novamente. Achou aquilo esquisito. Voltou e foi encontrar a imagem no mesmo lugar onde a tinha deixado antes.

Isso foi um sinal para ele de que Nossa Senhora gostaria de ser venerada ali. Surgiu uma capela, depois uma Igreja dedicada a Nossa Senhora da Penha e, em torno dela, o bairro ao qual nós chamamos hoje de Penha. A devoção do povo da capital paulista a Nossa Senhora da Penha foi crescendo. Pessoas de toda a cidade iam, em romaria, a pé, a cavalo, de charrete até a igreja para pedir graças, para agradecer os favores da Mãe de Deus. Em tempos de peste na cidade, aumentavam mais ainda as peregrinações.

Nossa Senhora da Penha acabou sendo consagrada pelo povo como a padroeira da cidade de São Paulo. Embora não seja oficial, esse título não precisou ser oficializado pelas autoridades. O povo quis assim. Tanto que, hoje, Nossa Senhora da Penha é a grande padroeira de nossa cidade, que precisa mesmo da proteção de Maria, porque ela se tornou imensa, no tamanho, na população e nos problemas. É isso aí, minha irmã. Fique com Deus e que Ele abençoe você e sua família.


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Diácono Permanente José Mário

Fé e Cidadania Doutrina Social da Igreja: um antídoto contra a polarização Marli Pirozelli N. Silva

[IPIRANGA] No sábado, 22, a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, no Planalto Paulista, Setor Vila Mariana, distribuiu 177 cestas básicas, 177 bandejas com

30 ovos cada uma e 224 sacolinhas com itens alimentícios para as famílias assistidas.

[IPIRANGA] Na memória litúrgica de Santa Rita de Cássia, no sábado, 22, Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, presi-

diu missa na Paróquia Pessoal Francesa São Francisco de Sales, durante a qual conferiu o sacramento da Crisma a três jovens. (por Caroline Dupim)

(por Diácono Permanente José Mario)

Comportamento ‘Família é tudo!’ Valdir Reginato A expressão faz parte da mensagem de WhatsApp de um jovem que manifesta a importância de valorizar a família nos tempos de hoje. É animador que essa exclamação proceda de um jovem, e não de alguém que poderia estar vinculado a um saudosismo, quem sabe até anacrônico, considerado por alguns que não aprenderam ou se esqueceram de que a “família é tudo”! Muitos foram os temas tratados nesta coluna ao longo destes anos nos quais a família ocupou um lugar de destaque em uma variedade de lugares e situações que envolvem o comportamento do ser humano. Neste mês especial de maio, mês mariano, iniciado por São José e dedicado à família, não se poderia deixar de mencionar, repetida e insistentemente, a imprescindível necessidade de se aprofundar cada vez mais na expressão “família é tudo”. Vamos iniciar pelo verbo “ser”: família é tudo. A implicação deste verbo nesta breve afirmação nos transporta ao monte Sinai, quando, à pergunta de Moisés sobre o nome do Senhor, Ele afirma: “Eu sou aquele que sou” (Ex 3,14). O verbo ser indica estado permanente, diferentemente do verbo estar, que se refere a estado circunstancial transitório. Portanto, Deus não é transitório na sua essência, mas é permanente, e mais, atemporal: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim” (Ap 22,13). “Em verdade, em verdade, vos digo: antes que Abraão existisse, Eu Sou” (Jo 8,58). A ideia de família que antecede a própria criação da humanidade foi criada para que ela – família – se comporte no âmbito das condições estabelecidas por Deus: “Por isso, um homem deixa seu pai e sua mãe, se une à sua mulher, e eles se tornam uma só carne” (Gn 2,24). O que Dele procede é fiel e permanente, ainda que respeitada a liberdade humana, sujeita a seus equívocos e fraquezas decorrentes do pecado. Portanto, “família é tudo” está na sua condição de ser vinculada à vontade de Deus, que, sendo perfeita e referência da verdade, não pode ser adulterada por circunstâncias históricas, em que a interferência da liberdade humana queira inverter o seu significado, assim como sugerir novos comportamentos de “verdades”, que tirem o homem do caminho da Verdade, cujo fim nos revela a Felicidade. Chegamos ao “tudo”. O pronome indefinido “tudo” corresponde à totalidade, aquilo que abrange a universalidade da criação e da própria existên-

cia. “Deus viu tudo o que tinha feito: e era muito bom. Houve uma tarde e uma manhã: sexto dia. Assim foram concluídos o céu e a terra, com todos os seus elementos” (Gn 1,31; 2,1). Fica claro que o tudo criado é mais do que o todo que as criaturas poderiam entender, pois pertence somente à sabedoria de Deus. Frequentemente, o homem refere-se a um tudo parcial. “Tudo que se planta nesta terra cresce”, ou “tudo aqui é feito de madeira”... No entanto, o tudo de Deus está ligado à totalidade da criação, onde nada escapa, pois se confunde com a totalidade ilimitada de Deus. O “tudo” em “família é tudo” pertence a este universo da Verdade divina, que compreende a criação do homem como um ser que foi criado para corresponder livremente à vontade divina, por ser esta a única fonte de felicidade na sua plenitude: “O homem é chamado a uma plenitude de vida que se estende muito para além das dimensões da sua existência terrena, porque consiste na participação da própria vida de Deus” (São João Paulo II, Evangelium vitae, 2). Entretanto, adverte-nos São Paulo VI no primeiro capítulo da Humanae vitae: “O gravíssimo dever de transmitir a vida humana, pelo qual os esposos são os colaboradores livres e responsáveis de Deus Criador, foi sempre para eles fonte de grandes alegrias, se bem que, algumas vezes, acompanhadas de não poucas dificuldades e angústias”. Dificuldades e angústias existentes em função do pecado original. Esforçar-se em comportar-se de acordo com o slogan do jovem – “família é tudo” –, torna-se um caminho de santidade, apesar de todas as dificuldades de ambientes, de circunstâncias agressivas, de épocas e gerações. Oxalá sejam estas breves palavras uma referência para conhecer que o nosso comportamento cotidiano seja perseverante na fé, com o olhar na esperança das promessas de Cristo, e que nos permita viver o amor, que permanecerá para a eternidade, modelo vivido pela intercessão de Nossa Mãe, a Virgem Maria, e Nosso Pai, São José. Não nos esqueçamos jamais das palavras deste santo dos nossos dias, das causas cotidianas: “De que tu e eu nos portemos como Deus quer – não o esqueças – dependem muitas coisas grandes” (São Josemaría Escrivá, “Caminho”, 755). Aqui me despeço desta coluna, na qual tive a alegria pela confiança em mim depositada por mais de cinco anos, dando graças se pude levar alguém mais perto de Deus, pela intercessão de Maria e José. Valdir Reginato é médico de família. E-mail: reginatovaldir@gmail.com

Vivemos tempos difíceis. Apesar da atuação corajosa de inúmeros setores sociais visando a atenuar os efeitos da pandemia, continuamos a conviver, diariamente, com a morte de milhares de brasileiros, pobreza, aumento do desemprego e da desigualdade social. A chegada das vacinas não fez desaparecer o sentimento de insegurança e pessimismo quanto às instituições e ao futuro do Brasil. A política, “uma das formas mais preciosas de caridade, porque busca o bem comum” (Evangelii gaudium, 205), foi reduzida a um jogo de interesses, tornando-se objeto de descrença e rejeição. Os discursos agressivos e exacerbados, que apostam na desqualificação do outro, a manipulação de notícias, a recusa em entrar em diálogo com posições diferentes, assim como a crença de que o outro é um inimigo a ser destruído, tornaram-se uma prática comum, revelando uma mentalidade fechada, autorreferenciada, incapaz de acolher a contribuição do outro, a parcela da verdade que ele encerra. Neste contexto, transpor tais camadas ideológicas para identificar formas de atuação à luz do Evangelho se torna uma tarefa difícil para todos nós. Por vezes, prevalecem “determinadas preferências políticas em vez das profundas convicções da sua própria fé”, também entre aqueles que se agarram a certas posições políticas, consideradas a salvaguarda de uma sociedade cristã (Fratellli tutti, 39). Muitos defendem a volta a um passado ilusório, fruto da idealização ou desconhecimento, pois, mesmo nos períodos de hegemonia cultural cristã, a dinâmica social comportava oposições e conflitos. Além disso, o Cristianismo não penetrou nas relações cotidianas pela força de leis ou costumes, mas por força da atração, pelo testemunho daqueles que viviam uma vida nova em Cristo. Movidos pela força do Espírito Santo e imbuídos da caridade, os primeiros cristãos enfrentavam as dificuldades do dia a dia, as epidemias avassaladoras e a morte, oferecendo o cuidado pessoal e criando estruturas de apoio, tais como hospitais, locais para hospedagem e alimentação para os pobres, órfãos, viúvas e estrangeiros. Longe de viverem em comunidades fechadas, os cristãos estavam integrados à sociedade, compartilhavam as conquistas e dificuldades de cada momento histórico, mas não eram determinados por elas (cf. Carta a Diogneto). Da mesma forma, somos chamados a participar ativamente de todas as instâncias sociais, ao lado de todos os que buscam o bem comum, amparados pela Doutrina Social da Igreja (DSI), uma bússola segura para orientar nossa compreensão e atuação social. A DSI não é uma ideologia, não propõe um modelo político ou econômico específico, nem uma terceira via, mas oferece princípios e critérios para refletir, avaliar e orientar a ação. Seus princípios têm valor universal, podendo ser compartilhados pelos seguidores de outras orientações religiosas ou não crentes, pois fazem um apelo à razão, ao reconhecimento daquilo que é conforme a natureza humana, à realização de sua altíssima vocação como filhos de Deus. Dessa forma, o homem não se torna refém de ideias e sistemas e pode exercer sua liberdade frente às teorias econômicas, sistemas sociais ou políticos, avaliando-os livremente. Se temos um farol que ilumina nossa rota – a DSI – por que, então, predominam os embates e a defesa de posições diametralmente opostas em questões políticas e sociais? No próximo artigo, arriscaremos algumas respostas a esta pergunta. Marli Pirozelli N. Silva é graduada em História e mestra em Filosofia da Educação, ambos pela USP. É professora universitária de Doutrina Social da Igreja.


Maria Lene Alves Zuza Kreling

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brasilândia Fiéis comemoram os 24 anos da Comunidade Divino Espírito Santo Fabiana Regina

Luccas Santana

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

[SANTANA] No sábado, 22, Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu missa na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Albertina, Setor Pastoral Tremembé. Na ocasião, receberam o sacramento da Crisma dez catecúmenos da turma de adultos da Iniciação à Vida Cristã. Concelebrou o Padre Jovair Milan, Pároco, com a participação do Diácono Geraldo Aparecido Braga. (por Maria Lene Alves Zuza Kreling)

No domingo, 23, na Solenidade de Pentecostes, os fiéis da Comunidade Divino Espírito Santo, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Souza, reuniram-se para celebrar seu padroeiro e render graças a Deus pelos 24 anos de criação da comunidade. Na homilia da missa, o Padre Aldenor Lima (Padre Aldo), Pároco, relembrou a trajetória da comunidade que foi fundada por dois grupos de rua da Paróquia e, após 17 anos de luta em um espa-

Fernando Fernandes

[SANTANA] A Vigília de Pentecostes foi celebrada na noite do sábado, 22, na Paróquia São Sebastião, na Vila Guilherme, com a participação de representantes das paróquias do Setor Pastoral Vila Maria. A missa foi presidida pelo Padre Luiz Claudio Vieira, Coordenador do Setor. Concelebraram os Padres Edson José Sacramento, CSSp; Aparecido Octaviano Pinto da Silva, SCJ; Efigênio Rodrigues da Rocha; e o Frei Ernane Pereira Marinho, SIA. Assistiu a celebração o Diácono Marcelo dos Reis. (por Fernando Fernandes)

Paróquia Bom Jesus dos Passos completa 46 anos de fundação Flavio Rogério Lopes

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

A Paróquia Bom Jesus dos Passos, Setor Pastoral Freguesia do Ó, completou 46 anos de sua fundação no domingo, 23. Criada na década de 1930, a partir de uma capelinha conhecida como Ca-

CONGREGAÇÃO DOS RELIGIOSOS DE NOSSA SENHORA DE SION RUA XAVIER CURADO, 42 - SÃO PAULO - SP CNPJ 29.234.100/0001-64

BALANÇO PATRIMONIAL ENCERRADO EM 31 DE DEZEMBRO DE 2019 E 2020 ATIVO CIRCULANTE................................................................................................ CAIXA E EQUIVALENCIA DE CAIXA............................................................ APLICAÇÕES FINANCEIRAS MAIS DE 90................................................. CREDITOS A RECEBER / ADTOS................................................................ DESPESAS ANTECIPADAS.......................................................................... TOTAL DO ATIVO CIRCULANTE................................................................. NÃO CIRCULANTE APLICAÇÕES FINANCEIRAS L.P................................................................. IMOBILIZADO................................................................................................. DEPRECIAÇÃO............................................................................................. TOTAL DO ATIVO NÃO CIRCULANTE........................................................ COMPENSADO GRATUIDADES CONCED /IMUNIDADES USUFRUIDAS.......................... TOTAL DO ATIVO COMPENSADO............................................................... TOTAL GERAL DO ATIVO............................................................................ PASSIVO CIRCULANTE................................................................................................ OBRIGAÇÕES SOCIAIS E FISCAIS............................................................. OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS................................................................... OUTRAS CONTAS A PAGAR........................................................................ TOTAL DO PASSIVO CIRCULANTE............................................................ PATRIMONIO LIQUIDO PATRIMONIO SOCIAL................................................................................... REAVALIAÇÃO DE ATIVOS PROPRIOS...................................................... SUPERÁVIT DO EXERCICIO........................................................................ PATRIMONIO LIQUIDO................................................................................. COMPENSADO GRATUIDADES CONCED /IMUNIDADES USUFRUIDAS.......................... TOTAL DO PASSIVO COMPENSADO......................................................... TOTAL GERAL DO PASSIVO.......................................................................

31.12.2019 2.634.142,97 238.576,19 251.326,94 23.849,81 3.147.895,91

31.12.2020 2.895.061,90 246.102,51 343.711,32 20.805,13 3.505.680,86

- 84.244.460,83 (1.142.446,57) 83.102.014,26

81.964.099,07 (1.447.104,67) 80.516.994,40

548.292,38 548.292,38 86.798.202,55

519.340,51 519.340,51 84.542.015,77

31.12.2019 494,87 35.981,90 1.631.129,03 1.667.605,80

31.12.2020 989,35 31.031,44 16.803,17 48.823,96

14.048.488,35 69.122.061,33 1.411.754,69 84.582.304,37

15.703.439,52 67.706.590,38 563.821,40 83.973.851,30

548.292,38 548.292,38 86.798.202,55

519.340,51 519.340,51 84.542.015,77

DEMONSTRAÇÃO DO SUPERÁVIT OU DÉFICIT EM 31 DE DEZEMBRO DE 2019 E 2020

RECEITAS SOCIAIS RECEITAS ..................................................................................................... ATIVIDADES ASSISTENCIAIS...................................................................... ISENÇÕES DE TRIBUTOS........................................................................... GRATUIDADES CONCEDIDAS.................................................................... RECEITAS FINANCEIRAS............................................................................ RECEITAS PATRIMONIAIS........................................................................... OUTRAS RECEITAS...................................................................................... RECEITAS NÃO OPERACIONAIS................................................................ TOTAL GERAL DAS RECEITAS..................................................................

31.12.2019 563.079,57 145.866,74 402.425,64 343.219,97 2.693.720,83 400.991,26 282.356,49 4.831.660,50

31.12.2020 318.593,47 119.698,86 399.641,64 60.946,51 2.766.657,12 89.353,00 268.919,58 4.023.810,18

DESPESAS SOCIAIS DESPESAS.................................................................................................... DESPESAS C/ PESSOAL ............................................................................. DESPESAS TRIBUTARIAS........................................................................... DESPESAS ADMINISTRATIVA .................................................................... SERVIÇOS PRESTADOS PJ........................................................................ DESPESAS FINANCEIRAS ......................................................................... DESPESAS NÃO OPERACIONAIS.............................................................. ISENÇÕES DE TRIBUTOS........................................................................... GRATUIDADES CONCEDIDAS.................................................................... TOTAL GERAL DAS DESPESAS................................................................ SUPERÁVIT DO EXERCÍCIO.......................................................................

31.12.2019 265.054,51 11.493,64 2.270.182,64 26.000,00 9.167,48 289.715,16 145.866,74 402.425,64 3.419.905,81 1.411.754,69

31.12.2020 282.122,76 13.082,59 2.327.524,85 30.000,00 11.329,01 276.589,07 119.698,86 399.641,64 3.459.988,78 563.821,40

. ECONHECEMOS A EXATIDÃO DO BALANÇO PATRIMONIAL ENCERRADO EM 31 DE DEZEMBRO DE 2020, R CUJOS VALORES DE ATIVO E PASSIVO IMPORTAM EM R$ 84.542.015,77 (OITENTA E QUATRO MILHÕES, QUINHENTOS E QUARENTA E DOIS MIL, QUINZE REAIS E SETENTA E SETE CENTAVOS).AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS NA ÍNTEGRA ACOMPANHADAS DE SUAS NOTAS EXPLICATIVAS E O RELATÓRIO DOS AUDITORES INDEPENDENTES, ENCONTRAM - SE À DISPOSIÇÃO DOS INTERESSADOS NA NOSSA SEDE SOCIAL. São Paulo, 31 de dezembro de 2020

Donizete Luiz Ribeiro Superior Geral

ço cedido, conseguiu, em 2014, o terreno para a construção de um ambiente celebrativo próprio. No início do tríduo eucarístico deste ano, foi inaugurada uma iconografia, atrás do altar, com representações das aparições do Espírito Santo, feitas pelo pintor e restaurador sacro Basílio Marcondes, de Araxá (MG). Ao fim da celebração, Padre Aldo destacou que os dons do Espírito Santo devem ser representados não apenas nas palavras, mas, sobretudo, nas ações a serem vividas, fortificando, assim, a caminhada da comunidade.

Manoel Ferreira de Miranda Neto Ecônomo Regional

Wilson Jose Carpi Contador - CRC 1SP179707/O-2

pela Santa Cruz da Família Brito ou da Paineira, ela fazia parte, inicialmente, da Paróquia Nossa Senhora da Expectação. No dia 25 de maio de 1975, o Cardeal Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo Metropolitano, elevou a comunidade a Paróquia Bom Jesus dos Passos. O nome escolhido foi em razão da devoção dos fiéis ao Senhor dos Passos. “Nós nos colocamos aos pés do Bom Jesus e pedimos que Ele continue nos iluminando, nos aguardando e nos conduzindo nesta caminhada rumo ao Reino de Deus”, disse o Padre Airton Pereira Bueno, Pároco, durante a missa na Solenidade de Pentecostes. Em suas redes sociais, a Paróquia tem realizado a série ‘#BJP46ANOS’, com o objetivo de apresentar os espaços e os

Mariana Vieira

detalhes do templo, como a pintura central do presbitério, obra do artista sacro Claudio Pastro, que retrata a Transfiguração do Senhor, solenidade que dá origem à festa do Padroeiro, em 6 de agosto. A série pode ser acessada em https://facebook.com/bjpassos6. Robson Francisco

[SANTANA] No sábado, 22, em missa na Paróquia Nossa Senhora de Loreto, Setor Medeiros, Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, conferiu o sacramento da Crisma a 24 jovens. Concelebrou o Padre Mauro Negro, OSJ, Pároco, com a participação do Diácono Mário José Rodrigues. (por Robson Francisco) [LAPA] No sábado, 29, às 14h, acontece a live Juventude Solidária, com a participação dos Bispos Auxiliares da Arquidiocese de São Paulo, Dom José Benedito Cardoso e Dom Carlos Lema Garcia. A assessoria será do Padre Eduardo Augusto, Assessor da Juventude na Região Lapa. Haverá, ainda, uma oficina do grupo Sons & Dons. (por Benigno Naveira) [LAPA] Em 13 de maio, memória de Nossa Senhora de Fátima, padroeira da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no Setor Pastoral Leopoldina, foram celebradas três missas: a das 15h30, presidida pelo Padre Tarcísio Justino Loro, Pároco, e concelebrada pelo Padre Messias Moraes Ferreira. “Maria é a missionária do Pai. Sua obra não terminou quando gerou o Filho de Deus, nem quando foi assunta ao céu. Ela é a nossa mãe, que cuida de seus filhos. Ela está sempre presente na Igreja. Ela é a nossa fiel intercessora”, disse o Pároco na homilia. (por Benigno Naveira)

[SANTANA] No domingo, 23, Dom Jorge Pierozan presidiu missa na Paróquia Santa Joana D’Arc, no Setor Tremembé. Concelebrou o Padre Antônio Bezerra Moura, Pároco, com a participação do Diácono Ailton Machado Mendes. (por Maria Lene Alves Zuza Kreling)

[LAPA] O Curso de Teologia para Agentes de Pastoral (CTAP) da Região Lapa promove uma formação totalmente on-line sobre o mês da Bíblia 2021. O foco é a Carta de São Paulo aos Gálatas, com o lema “Pois todos vós sois um só, em Cristo Jesus” (Gl 3,28d). O curso acontecerá todas as terças-feiras do mês de junho, das 20h às 22h, pelo Google Meet, e será ministrado pelo professor André Milani, assessor de Filosofia e Teologia do CTAP, CEBI, Curso de Verão e Rede Estadual. Para outras informações: cartaaosgalatas@gmail.com ou em www.facebook.com/CTAPOFICIAL.


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| 26 de maio a 1º de junho de 2021 | Geral | 9

Campanha de combate à fome da Arquidiocese de São Paulo ganha reforço com a adesão da Fundação Cásper Líbero Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

A Fundação oficializou sua adesão à campanha “Animando a Esperança” ao promover a ação “Dia D de combate à fome” para arrecadação de alimentos Ira Romão

osaopaulo@uol.com

Na sexta-feira, 21, a ação “Dia D de combate à fome”, marcou a adesão da Fundação Cásper Líbero e suas unidades de negócios à campanha de combate a fome “Animando a Esperança”, promovida pela Arquidiocese de São Paulo e pela Caritas Arquidiocesana de São Paulo. Sediada na Avenida Paulista, a Fundação é a mantenedora da TV Gazeta, da rádio Gazeta FM, do site Gazeta Esportiva e da Faculdade Cásper Líbero. Durante o “Dia D”, a sede da Fundação se abriu como ponto de arrecadação de alimentos, somando forças com as paróquias e demais entidades da Igreja Católica que recebem doações e as distribuem àqueles que se encontram em situação vulnerável. A campanha “Animando a Esperança” se estenderá ao longo de todo o mês de junho. Os pontos de arrecadação podem ser vistos no mapa do projeto. Parceria “Para nós, esse ‘Dia D’ simboliza a adesão do nosso público ao projeto. Por isso é que pedimos àqueles que pudessem vir aqui, ao edifício-sede, materializar suas doações”, afirmou a Superintendente de Programação da TV Gazeta, Marinês Rodrigues, responsável pela parceria. Marinês disse que o projeto “Animando a Esperança” sensibilizou a todos da Fundação Cásper Líbero; “É um projeto que não é restrito àqueles que professam a fé católica e visa a socorrer os mais necessitados.” O Coordenador do “Animando a Esperança”, Padre Lorenzo Nacheli, comentou que a parceria com a Fundação, por meio da TV Gazeta, permite que mais pessoas sejam animadas à prática da caridade. “A comida é importante, claro, o combate à fome também. Porém, o mais importante é que a Arquidiocese quer dar esperança. Damos comida para dar esperança”, salientou Padre Lorenzo, que é Pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários, Administrador Paroquial na Paróquia Nossa Senhora de Casaluce e atua no Arsenal da Esperança. Padre Lorenzo disse, ainda, que a Igreja não quer a manutenção da pobreza ou da miséria. E trabalha continuamente para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna. A parceria entre as entidades continua

Com o apoio da Fundação Cásper Líbero e de voluntários, a campanha ‘Animando a Esperança’ arrecada alimentos na sede da empresa, dia 21

até o fim de junho. Ao longo desse período, a emissora permanecerá divulgando a campanha e seus pontos de esperança. ‘Dia D’ na prática No “Dia D”, a doação de alimentos foi recebida na entrada principal do edifício da Gazeta e no estacionamento, com o serviço de drive-thru. A ação foi divulgada durante a programação da TV Gazeta e deu resultados imediatos. “Algumas paróquias já nos enviaram fotos das doações que estão chegando”, mencionou o Diretor da Caritas, Padre Marcelo Maróstica Quadro. O Diretor contou que esse movimento era esperado. “A ação aqui na Paulista acaba sendo simbólica, no sentido histórico que a avenida tem para a cidade. Mas, desde o início da parceria, a grande questão era divulgar os pontos de esperança, o que está acontecendo.” O volume arrecadado ao longo da campanha nos pontos de esperança será informado posteriormente pela Arquidiocese.

A satisfação de quem contribuiu Na Paulista, o evento mobilizou moradores do entorno. Andrea Nogueira mora na Bela Vista e soube da ação pela TV. Ela fez questão de levar doações ao local com a filha, Isabela, de 12 anos. “Colaboramos como e onde podemos, pois o pouco para nós é muito para o outro”, pontuou Andrea, destacando ser importante o ponto de doação na região. “É necessário e tem que haver outros, porque é por onde passamos que podemos deixar nossas doações.” Marli Silva mora próximo à Gazeta e ficou feliz por poder doar pelo drive-thru. “Deveria se repetir, até porque, muitas vezes, queremos doar, mas os locais são de difícil acesso. Ter um local aqui perto, para mim, foi ótimo.” Funcionários e colaboradores da Fundação também se sensibilizaram com a causa. João Assiz, que integra a equipe de eventos, foi um deles. “Acredito que é nosso dever como cidadãos. Temos que

TV Gazeta recebe doações de alimentos destinados à população vulnerável

contribuir com quem necessita, ainda mais neste momento de pandemia e de sofrimento.” A ação mobilizou 110 voluntários das seis regiões episcopais da Arquidiocese. A assistente social aposentada e voluntária na Caritas, Maria Luiza Rocha, foi uma das pessoas que doaram seu dia. “Vim com muita vontade de ajudar. Bom seria se as pessoas não precisassem, mas, diante deste momento de pandemia, toda ajuda é necessária para diminuir a situação de pobreza e de dificuldade.” Gratidão Na tarde da sexta-feira, o Cardeal Odilo Pedro Scherer deu entrevista no programa “Mulheres”, apresentado por Regina Volpato, da TV Gazeta, e agradeceu pessoalmente, em nome dos pobres, a todos os que viabilizaram a campanha por meio de doações de mantimentos e pelo envolvimento com a iniciativa. Mencionando sua participação remota no programa, ocorrida no dia anterior ao “Dia D”, o Arcebispo rememorou o antigo ditado que reforçou na ocasião: “Quem dá aos pobres, empresta a Deus”. Dessa forma, incentivou todos a continuar emprestando a Deus, que um dia recompensará a generosidade de cada um. Dom Odilo aconselhou que a caridade se torne um hábito. “Continuemos a doar regularmente para as necessidades do próximo. Por toda parte existem trabalhos sociais com os pobres, doentes e com crianças”, disse o Cardeal. ACESSE NO SITE DO O SÃO PAULO UMA GALERIA DE FOTOS DO “DIA D” https://tinyurl.com/yzmtoe4d


10 | Reportagem | 26 de maio a 1º de junho de 2021 |

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Há 91 anos, os Cônegos Premonstratenses estão à frente da Paróquia São José, no Jardim Europa Luciney Martins/O SÃO PAULO

Ira Romão

osaopaulo@uol.com.br

No sábado, 22, o Arcebispo Metropolitano de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, presidiu missa na Paróquia São José, no Jardim Europa, zona Sul da cidade de São Paulo. A celebração eucarística, que ocorreu durante a Vigília de Pentecostes, foi concelebrada pelo Pároco, Dom Oswaldo Francisco Paulino, pelo Padre José Ferreira Filho e contou com a participação do Diácono Emmanuel Juan Talabera. A missa foi transmitida pelo canal YouTube da Paróquia. História Desde sua construção, a Paróquia São José, localizada na rua Dinamarca, está sob os cuidados pastorais dos Cônegos da Ordem Premonstratense, fundada no ano de 1121 por São Norberto, no vale de Premontré, na França. Neste ano, a Ordem completa 900 anos. A Paróquia foi idealizada pelo então Arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva, motivado pela comemoração de seu jubileu episcopal de prata, pelas necessidades espirituais da grande metrópole de São Paulo e em reconhecimento ao trabalho dos Cônegos Premonstratenses no Seminário Metropolitano, em Pirapora do Bom Jesus (SP). Ela teve dois planos de construção, ambos a serem executados na região dos Jardins, que estava em desenvolvimento. O primeiro previa a edificação de uma Paróquia, na Vila América, que levaria o nome de São Norberto. No entanto, devido a sérios problemas originários do terreno, a obra foi interrompida. Posteriormente, um novo plano foi iniciado após a doação de outro terreno, na Rua Dinamarca, onde a Igreja está até hoje. Em memória ao doador, senhor José Mário Junqueira Netto, após a Ordem ser consultada, São José foi escolhido como titular da Igreja e não mais São Norberto. Em 7 de março de 1930 foi assinado o decreto oficial de sua criação e, no dia 19 de março do mesmo ano, houve a celebração da primeira missa na nova Igreja, pelo primeiro Vigário, o Cônego Melchior Rodrigues do Prado, que era professor no Seminário e foi o primeiro Premonstratense brasileiro. Atuação dos Premonstratenses Há 91 anos, os Cônegos Premonstratenses se dedicam à Paróquia São José, no Jardim Europa, e à evangelização, seguindo o exemplo do Padroeiro. “São José foi escolhido por Deus para guardar seus maiores tesouros, Jesus e Maria. Olhamos para ele e vemos entrega, consagração, dedicação e obediência. Procuramos fazer dessa forma”,

Construída na década de 1930, igreja localizada no elegante bairro do Jardim Europa é uma das mais procuradas para casamentos

afirmou o Pároco, Cônego Oswaldo Francisco Paulino, que também tem o título de “Dom”, que na Ordem é direcionado aos religiosos que são escolhidos como Abade, aquele que organiza e cuida de uma comunidade. “Desde quando Dom Duarte, naquela oportunidade, sentiu no coração o desejo de dar uma paróquia, aqui na capital, aos Premonstratenses, até os dias de hoje existe um trabalho de continuidade e dedicação”, acrescentou o Pároco. Pároco da São José desde 2013, Dom Oswaldo afirmou que ela é, hoje, uma Paróquia afetiva, também de coração. “Não são somente as pessoas do território paroquial que vêm a essa Igreja. Muitas pessoas de outras paróquias e de outros lugares a frequentam, justamente por causa do Padroeiro”, explicou. Ele também acredita que é por ser uma Igreja “acolhedora, pequena e que abraça as pessoas” que tenha se tornado uma das paróquias da Arquidiocese de São Paulo que mais atraem casais em

busca de celebrar o sacramento do Matrimônio. O casamento como fio condutor Dom Oswaldo enfatizou que, desde 2014, a Igreja tem passado por uma reconstrução no que diz respeito à vida pastoral, e que tem tido como aliada o Curso de Noivos. “Nos últimos anos, muitas pessoas que buscaram a Igreja São José para o casamento, após fazerem o curso, acabaram permanecendo”, compartilhou. O Pároco contou que muitas dessas pessoas, no fim do curso, se ofertaram para trabalhos pastorais. “Nós as acolhemos na Pastoral Familiar, que estava em construção e que direciona a do Batismo e a do Curso de Noivos. Assim, os trabalhos pastorais foram se dando por meio dos sacramentos.” Hoje, a vida pastoral da São José é bem ativa nas diferentes pastorais, como a Familiar, Catequese, Curso de Noivos, Batismo e Grupo de Jovens.

Vida pastoral em meio à pandemia Em 2020, a Paróquia completou 90 anos de fundação e havia se programado para celebrar a data. “Há dois anos, começamos uma reforma da Igreja, que foi do telhado ao piso. A intenção era que, após a conclusão da reforma, convidaríamos Dom Odilo para celebrar conosco o Jubileu de 90 anos. Mas, infelizmente, com a pandemia, isso não foi possível.” Em decorrência da pandemia, como todas as demais igrejas, a São José teve que “migrar” a vida pastoral para o ambiente on-line. “Estamos fazendo o máximo possível para estar em contato virtual e manter o vínculo. Dessa forma, temos a participação das pessoas e sabemos como estão. Tem sido assim com todas as atividades, como a Catequese, o Grupo de Jovens, a Pastoral do Batismo, entre outras”, contou Dom Oswaldo. Ele destacou, ainda, que no ano passado, mesmo com a pandemia, a Paróquia teve um grupo com mais de 50 crismandos, mantendo sua média anual. “Foram adultos que acabaram sendo batizados, fazendo a primeira Eucaristia e sendo crismados.” Em relação aos matrimônios, Dom Oswaldo comentou que os cursos continuam a ser realizados de modo virtual e os casamentos estão acontecendo com menos frequência, de acordo com as restrições da Saúde. “Realizamos cinco cursos de noivos por ano. Tínhamos 30 casais em cada um deles. Com a pandemia, reduzimos para dez casais em cada curso”, pontuou o Pároco. Pentecostes Durante a celebração da Vigília de Pentecostes na São José, Dom Odilo frisou a importância da Festa de Pentecostes e advertiu que esse momento não se trata do aniversário do Espírito Santo. “O Espírito Santo é a terceira pessoa da Santíssima Trindade, existe desde sempre, como o Pai e o Filho. Portanto, no dia da Santíssima Trindade, recordaremos o mistério do nosso Deus por inteiro: Pai, Filho e Espírito Santo”, disse o Cardeal. Realçando que o Espírito Santo age e é força, sabedoria e luz de Deus que se manifesta no mundo, Dom Odilo frisou que, ao celebrarem Pentecostes, todos estão sendo chamados a assumir seu papel de pessoas de fé para construir aquilo que o projeto da construção de Babel dispersou. “Se agirmos conforme o Espírito Santo, seremos aquilo que Deus nos encarregou. Zeladores do mundo e da criação, para que aqui seja um jardim vivo, que glorifique a Deus e também seja lugar para nós”, pontuou o Cardeal. Dom Odilo aconselhou ainda que todos se inspirem na obediência e nos ensinamentos de São José.


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| 26 de maio a 1º de junho de 2021 | Reportagem | 11

Sempre é tempo de dizer sim à vida

Daniel Gomes, Fernando Geronazzo e Ira Romão

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A pandemia de COVID-19 tem deixado não apenas o saldo de milhões de mortos pela doença em todo o planeta, mas, também, intensificado uma ten-

dência que já se observava antes do coronavírus: a redução no número de nascimentos. Nos comparativos entre 2019 e 2020, governos e organizações que contabilizam a quantidade de nascidos vivos apontaram para a queda de 6,2% dos nascimentos no Brasil, 4% nos Estados

Unidos e 3,8% na Itália. Ao falar sobre a situação no país europeu e no Velho Continente como um todo, o Papa Francisco, em um evento no dia 14, alertou para aquilo que chamou de “inverno demográfico”, com mais números de mortos do que de nascidos ano a ano. Nesta edição, o jornal O SÃO PAULO

apresenta reportagens sobre a natalidade em tempos de pandemia, com reflexões a respeito dos efetivos riscos clínicos para a gestação, fatores que desestimulam as famílias a ter filhos, ações governamentais que podem ser feitas e histórias de casais que se abriram para gerar a vida, que é sempre um dom de Deus. Vatican Media

Com os devidos cuidados, é possível ter uma gestação saudável durante a pandemia de COVID-19 Diante do aumento de casos de COVID-19 e, consequentemente, de óbitos, nos quatro primeiros meses de 2021, uma recomendação, em abril, do secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Raphael Câmara, chamou a atenção: a de que os casais, se possível, postergassem os planos de gravidez por alguns meses, especialmente quando a mulher estiver com menos de 42 anos de idade. Recomendar às famílias que evitem a gravidez em períodos de incerteza sanitária não é um expediente novo. Assim foi feito pelas autoridades de Saúde,

por exemplo, diante da gripe HIN1, em 2009, e do surgimento do zika vírus, em 2016. Na opinião da ginecologista e obstetra Carolina Delage, contudo, com os devidos cuidados, é possível ter gestação e parto seguros e saudáveis durante a pandemia. Em entrevista ao jornal O SÃO PAULO, Carolina conta algumas de suas experiências recentes, com pacientes que contraíram a COVID-19 durante a gravidez. “Eu atendi casos de pacientes que tiveram a COVID-19 no início da gestação, se recuperaram bem, os bebês nas-

ceram sem qualquer sequela. Também há casos de pacientes que a contraíram no final da gestação, no terceiro trimestre, o que é até mais frequente, com o risco aumentado de parto prematuro. Todas evoluíram bem, os bebês nasceram sem sequelas e elas puderam amamentar normalmente. É uma minoria que não evolui bem, mas estes casos, infelizmente, são os que são mais ressaltados”, relatou a médica. Cuidados especiais Carolina ressalta que o fato de grávidas e puérperas estarem no grupo de

risco para a COVID-19 não significa que a gravidez em si seja um complicador para a doença, mas que as mulheres nessa condição merecem uma atenção ainda maior e cuidados especiais para que não sejam infectadas. “A gestante pode se resguardar fazendo trabalho na modalidade home office, tendo uma boa alimentação, com o cuidado de uma suplementação de vitaminas e minerais, além de bons hábitos de sono e ingestão hídrica, e seguindo as recomendações do uso de máscara, higienização das mãos e de evitar aglomerações”, afirma.


12 | Reportagem | 26 de maio a 1º de junho de 2021 | A idade da mulher faz a diferença? Na avaliação da médica, a decisão pela gravidez ou não durante a pandemia não deve estar condicionada à idade da mulher. “Seria muito simplista dizer ‘mulheres com menos de 40 anos, evitem engravidar por causa dos riscos de COVID-19’, pois, se uma paciente com menos idade não tiver qualquer doença ou outro fator de risco, mas a

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que está com mais de 40 anos os tiver, teoricamente esta pode evoluir para um quadro pior de complicações pelo coronavírus”. A obstetra ressalta que a gravidez é “uma decisão apenas do casal, pois não sabemos por quanto tempo a pandemia vai durar”. Vias de parto Ainda de acordo com Carolina, a

pandemia de COVID-19 não alterou a recomendação de que se priorize os partos normais, até pelo fato de que um procedimento cirúrgico como a cesariana faz com que a mulher permaneça mais tempo no hospital após dar à luz, aumentando, assim, o potencial risco de sua exposição ao novo coronavírus. “Mesmo que a gestante esteja com a COVID-19, ela poderá ter um parto normal. O que determina as vias de

parto é a sua condição clínica e a do bebê”, detalha a obstetra. Carolina lembra, ainda, que entre as gestantes que contraíram COVID-19, 86% evoluíram para quadros leves da doença, em menos de 5% a hospitalização se deu em UTI e, destas, menos de 2% precisaram ser entubadas. “Diante desse percentual pequeno, a COVID-19 não deve direcionar a escolha do casal de adiar a gravidez”, conclui. (DG)

Um momento especial em meio à pandemia Arquivo pessoal

que Deus nos tinha dado, nosso filho”, recorda Thaisa, acrescentando que há tempos tentava engravidar novamente. Thaisa fez seu pré-natal pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e diz que, logo no início da pandemia, ocorreu a suspensão dos encontros do grupo de grávidas, um atendimento do posto de saúde que visa a sanar dúvidas das mães por meio de rodas de conversa. “Consultas também foram atrasadas por causa da pandemia. A médica que me atendia ficou com suspeita de COVID-19 e eu passei um tempo sendo atendida pelo enfermeiro”, relata a professora. Incertezas Thaisa lidou com várias dúvidas durante todo o período gestacional, como as divergentes informações da Saúde, que ora colocavam as grávidas no grupo de risco, ora não; a angústia por não saber se poderia ter acompanhante durante o parto; até a imprecisão de não saber onde dar à luz. Moradora do Ipiranga, na zona Sul de São Paulo, ela queria dar à luz no Hospital Ipiranga, o mais próximo de seu endereço, mas teve que pensar alternativas, pois houve um momento em que esse hospital priorizou o atendimento de casos de COVID-19.

A professora Thaisa de Lima com o marido e os filhos

Gestar um filho é, sem dúvida, uma experiência desafiadora e, ao mesmo tempo, um momento muito especial para uma mulher, que passa por inúmeras mudanças que envolvem transformações corporais, hormonais e psíquicas. Mesmo em meio à pandemia de COVID-19, muitas têm se aberto para o dom de gerar a vida. No 4º mês de gestação A professora Thaisa de Lima, 29, se aproximava do quarto mês de sua segunda gestação quando o governo brasileiro deu início às primeiras ações de combate ao coronavírus, em 2020. Ela conta que foi um misto de sentimentos. “Era muita apreensão sobre o que poderia ou não fazer. Não saía mais para lugar nenhum, somente quando tinha consulta do pré-natal. Mas também pensava muito na bênção

período na casa da mãe e outro na casa da sogra, o que permitiu que ela, mesmo estando em isolamento social, recebesse cuidados de outros membros da família durante a gestação e após o parto. “Foi o ano mais desafiador para nós e cheio de aprendizados. Aprendi muito e sou grata por ter passado por toda montanha russa da vida. Orei muito e continuo orando. Sou grata a Deus por nos ter guiado até aqui”, expõe a professora. Apesar das dificuldades enfrentadas durante a gravidez, Thaisa acredita que tudo valeu a pena. “Tenho gratidão por ter meu filho em meus braços e por ver minha família unida, com saúde, e forte durante o dilúvio e, agora, debaixo do sol. Temos disposição para correr atrás dos nossos objetivos, sem desanimar”, conclui. A surpresa de uma nova vida A gerente de telecomunicação Chiara Andolina, 36, está no oitavo mês de gestação. Mãe de dois filhos, a mais nova com menos de 2 anos de idade, ela estava próxima de uma promoção na carreira quando soube que estava grávida. “Logo que descobri a gravidez, contei à minha chefe porque sabia que estava no ar essa promoção. Então, achei justo comunicar [de imediato] a situação”, pontua a gerente de telecomunicação, destacando Arquivo pessoal

O momento do parto Em agosto de 2020, o filho de Thaisa nasceu no Hospital Ipiranga, como ela desejava. A professora recorda que dividiu o quarto do hospital público com outras quatro mães e seus acompanhantes. “Era intenso o entra e sai das enfermeiras e das pessoas que levavam as refeições, mas todos sempre bem protegidos”. Thaisa também recorda que nesse período de internação houve a partilha de experiências e mútuo apoio entre as mães. “Trocamos dicas para aliviar as dores nos seios e nos pontos da cesárea. Ajudávamos umas às outras na hora de dar banho e no momento de tirar leite. Conversávamos e tentávamos acalmar as mães dos bebês que precisavam de banho de luz ou ficar mais tempo internados”, recorda a professora. Experiências da gestação Ao longo de sua gravidez, Thaisa percorreu um caminho cheio de receios, gerados por diferentes aspectos ligados à pandemia, mas, junto com sua família, conseguiu superá-los. No primeiro ano de pandemia, devido a problemas financeiros, a professora e a família passaram um

A gerente de telecomunicação Chiara Andolina e sua família


que, na conversa, a chefe frisou o quanto ela já havia contribuído com a empresa e que a gravidez não seria um empecilho para a futura promoção profissional, que ocorreu meses depois. Para Chiara, apesar das dificuldades que a pandemia trouxe para todos, a gravidez foi um momento de felicidade. “Recebemos muitos sinais positivos de que quando nos abrimos à vida, tudo se acerta. É só se entregar mesmo”, diz. Gestação e home office Desde o início da pandemia, Chiara está em home office e afirma que essa realidade é o que mais impactou positivamente a sua gravidez, especialmente neste fim de gestação. “Nesta fase, acho bom poder trabalhar em casa, porque não preciso me deslocar durante este período, que é mais cansativo. Lembro que nas minhas outras gestações sempre trabalhei até o fim e era bem pesado”, recordou, pontuando, ainda, que de sua residência, na zona Oeste de São Paulo, ao seu local de trabalho, em Santo André (SP), percorria um trajeto de cerca de duas horas, de carro. Apesar de considerar confortável fazer home office, a gerente de telecomunicação relata uma inquietude por não estar se exercitando durante a gravidez. “Quando trabalhava presencialmente, para ir almoçar, por exemplo, eu saía do escritório e andava um pouco a pé. Em casa, isso foi cortado”. Relação familiar A família de Chiara também teve que se adaptar à rotina imposta pela pandemia. “Não estávamos acostumados a ter esse contato familiar diário por todo esse tempo, o que nos deixou mais próximos”, comenta. Ela também tem vivenciado de forma mais intensa a gestação ao lado dos filhos. “O maior, que tem 4 anos, é bem mais consciente de tudo o que está acontecendo e está bem contente. Já a menor sabe que tem um bebê na minha barriga, mas, talvez, não entenda o que isso significa ainda”. Chiara acrescenta que, aos fins de semana, a doula (assistente de parto) vai à sua casa para auxiliá-la com massagens e exercícios. Nesses momentos, a filha caçula participa, imitando os movimentos e fazendo massagem na mãe. Outra situação positiva em decorrência da gravidez é que os pais de Chiara, que moram na Itália, já se preparam para vir ao Brasil e, assim, irão ajudá-la nos cuidados com a bebê no período do puerpério. Expectativas Chiara realiza o pré-natal em uma rede particular de Saúde. “As consultas continuam na mesma frequência das gestações anteriores. A diferença é que usamos máscaras e mantemos distância”. Sobre o parto, previsto para julho, ela diz que, embora se preocupe com a possibilidade de agravamento da pandemia, está tranquila e acredita que a maior alteração seja a restrição de visitas. Com a chegada do bebê, Chiara planeja, também, passar uma parte da licença-maternidade na Itália, ao lado da família. (IR)

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Papa: ‘As crianças que nascem em tempos de coronavírus são um sinal de grande esperança’ Assim como fizeram seus sucessores e seguindo o magistério da Igreja, o Papa Francisco tem exortado à sociedade como um todo e, de modo especial, aos casais, que se abram à vida. Na exortação apostólica Amoris laetitia, o Pontífice ressalta que todo filho é uma dádiva e fruto de um ato específico de amor, e que o Criador confiou ao homem e à mulher o futuro da humanidade por meio da transmissão da vida (AL,81). Neste tempo de pandemia, o Papa tem enaltecido as famílias que não negam este dom recebido de Deus. Em um tweet em 3 de abril de 2020, o Pontífice agradeceu às jovens mães “que enfrentam os medos compreensíveis. E obrigado também a quem as ampara com afeto, com competência. As crianças que nascem em tempos de coronavírus são um sinal de grande esperança”. No mesmo mês, em uma missa na Casa Santa Marta, rezou pelas grávidas, “a fim de que o Senhor lhes dê a coragem de levar estes filhos adiante, com a confiança de que será certamente um mundo diferente, mas será sempre um mundo que o Senhor amará muito”. ‘Inverno demográfico’ Com essa expressão, o Pontífice alertou, no dia 14 deste mês, para a queda no número de nascimentos no Velho Continente e apontou que “a coragem de escolher a vida é criativa, porque não acumula nem multiplica o que já existe, mas antes se abre à novidade, às surpresas: toda vida humana

é uma verdadeira novidade, que não conhece um antes e um depois na história”. Na ocasião, o Pontífice falou, ainda, sobre a sustentabilidade generacional, alertando que não será possível alimentar a produção e proteger o meio ambiente se não for dada atenção às famílias e às crianças. Criticou, ainda, aqueles que consideram que ter filho é um empecilho para a busca de aspirações pessoais, como o dinheiro e o sucesso. “Essa mentalidade é uma gangrena para a sociedade e torna o futuro insustentável”. Também na encíclica Fratelli tutti, publicada no ano passado, o Papa alerta que “a falta de filhos, que provoca o envelhecimento das populações, juntamente com o abandono dos idosos a uma solidão dolorosa, é uma forma sutil de expressar que tudo termina conosco, que só contam os nossos interesses individuais”. Suporte às famílias Ainda em seu discurso no dia 14, o Pontífice ponderou que as incertezas no mercado de trabalho e os altos custos para sustentar os descendentes são fatores que têm desestimulado muitas famílias a ter filhos. “Temos que dar estabilidade às estruturas que apoiam as famílias e ajudam os partos. Uma política, uma economia, uma informação e uma cultura que valorizem a natalidade são indispensáveis. Em primeiro lugar, precisamos de políticas familiares de longo alcance e visão”, apontou, pedindo, ainda, maior sensibilidade dos

empregadores: “Que maravilha seria ver crescer o número de empresários e empresas que, além de dar lucro, promovem a vida, que se preocupam em nunca explorar pessoas com condições e horas insustentáveis, que vêm distribuir parte dos lucros aos trabalhadores, de forma a contribuir para um desenvolvimento impagável, o das famílias!”. Já em maio de 2019, em um discurso no Vaticano, Francisco lamentava que muitas mulheres “sofrem condicionamentos econômicos, sociais e culturais que as impelem a renunciar àquele dom maravilhoso que é o nascimento de um filho”, e pediu que toda a sociedade “reconheça em cada rosto, até no menor, o rosto de Jesus: ‘Quem receber um menino como este, em meu nome, é a mim que recebe’ (Mt 18,5)”. Um pedido especial às grávidas E diante de um momento de incertezas, como nesta pandemia, um pedido do Pontífice feito às gestantes na Amoris laetitia é sempre atual: “Não permitas que os medos, as preocupações, os comentários alheios ou os problemas apaguem esta felicidade de ser instrumento de Deus para trazer uma nova vida ao mundo. Ocupa-te daquilo que é preciso fazer ou preparar, mas sem obsessões, e louva como Maria: ‘A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da sua serva’ (Lc 1, 46-48)”. (DG)


14 | Reportagem | 26 de maio a 1º de junho de 2021 |

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Como criar uma sociedade que favoreça o desenvolvimento das famílias? O artigo 226 da Constituição federal brasileira diz que “a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”. Tal afirmação indica sua relevância para o desenvolvimento social, que demanda organização e estruturas que favoreçam o bem-estar da instituição familiar e lhe dê condições para seu desenvolvimento. No entanto, a realidade mostra um contexto oposto ao previsto pela Constituição, que, em vez de estimular o desenvolvimento das famílias, muitas vezes, cria obstáculos. Esse é um dos objetos do trabalho do Family Talks, um programa da Associação de Desenvolvimento da Família (Adef), voltado para a atuação na esfera pública, com o intuito de promover ações, trazer informações sobre a importância das relações familiares para o desenvolvimento social, o que implica a promoção de iniciativas de interesse público ou privado voltadas ao fortalecimento das relações familiares. Rodolfo Canônico, especialista em políticas públicas e diretor-executivo do Family Talks, destacou ao O SÃO PAULO que, cada vez mais, identifica-se que as pessoas estão tendo menos filhos do que gostariam, de modo que, não apenas a decisão pessoal conta nesse fenômeno, mas uma série de fatores que desestimulam ou até se tornam barreiras para que pais se abram a mais filhos. Trabalho e maternidade Nesse sentido, a pandemia de COVID-19 acabou acentuando um fenômeno já existente. Em vários países, verificou-se o crescimento de demissões de mulheres que são mães, que, em grande parte, com o fechamento de escolas e creches, não tiveram o suporte necessário e, portanto, não conseguiram equilibrar as demandas familiares e profissionais. Rodolfo apontou como exemplo um recente levantamento do Institu-

to de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que mostra que, em 2020, o percentual de mulheres no mercado de trabalho alcançou o nível mais baixo dos últimos 30 anos (45,8%). A pesquisa mostrou, ainda, que, entre as mulheres com filhos de até dez anos, a parcela que estava trabalhando caiu 7,8%, do terceiro trimestre de 2019 para o terceiro trimestre de 2020 – acima da redução de 7,5% da média geral das mulheres. “Por mais que a situação da atual pandemia tenha exacerbado essa situação, devemos reconhecer que existe uma estrutura que, de alguma forma, pune as pessoas com responsabilidades familiares, sobretudo as mães. E isso é um problema, alertou o especialista. Essa questão não diz respeito somente às mães, mas atinge, em intensidade diferente, os homens que, para garantir o bem-estar econômico da própria família, acabam renunciando à sua presença no ambiente familiar devido às jornadas e sistemas de trabalho que os impedem de harmonizar as duas realidades. Caminhos Na busca de caminhos concretos para diminuir esses obstáculos, o Family Talks se empenha no debate sobre propostas legislativas que mudem esse cenário. Uma delas é o projeto de licença parental, que consiste na possibilidade de pai e mãe alternarem o período de pausa do trabalho para o cuidado dos recém-nascidos. Esse formato, adotado em alguns países, visa a garantir as condições de cuidado das crianças e, ao mesmo tempo, permitir maior autonomia para que a família se organize nos cuidados e responsabilidades dos filhos. Por exemplo: quando termina o período de amamentação exclusiva do bebê e a mãe precisa retornar ao trabalho, haveria a possibilidade de o pai

se licenciar do trabalho para continuar cuidando do filho, de modo que não seja necessário “terceirizar” ou institucionalizar o cuidado da criança em uma fase de desenvolvimento que exige um contato próximo dos pais. O Family Talks também iniciou uma pesquisa para avaliar o programa Empresa Cidadã que prorroga a licença-maternidade de quatro para seis meses, e de cinco para 20 dias a licença-paternidade. Mercado de trabalho O especialista sublinhou que o debate sobre a relação entre trabalho e família não pode desconsiderar a diversidade do mercado de trabalho brasileiro, no qual 50% dos trabalhadores formais estão nas micro e pequenas empresas, além dos cerca de 40 milhões que trabalham na informalidade. “Uma empresa multinacional tem condições de implementar tais práticas e algumas já dão esse exemplo, com ampliação de licenças além do que a legislação prevê. Por outro lado, as micro e pequenas empresas possuem outras dificuldades. Por isso, é interessante um debate sobre a adequação dessas regras que, hoje, servem para todas as empresas, independentemente do seu porte”, afirmou Canônico. Outra frente de debate é o que mundialmente é chamado de Family Supportive Workplaces, que, objetivamente significa a preocupação das empresas para que seus ambientes não sejam desfavoráveis a profissionais que tenham responsabilidades familiares. “Entendemos que o ambiente de trabalho já é um lugar de desenvolvimento pessoal, onde aprendemos uma série de habilidades, desenvolvemos virtudes, fazemos amizades. Tudo isso enriquece a pessoa. E por que as empresas também não podem ser alavancas para o desenvolvimento familiar? Mesmo porque a pessoa é uma só e todas as diferentes esferas da sua vida

precisam estar harmônicas”, explicou Canônico, acrescentando que, entre esses elementos estão o apoio do gestor, a flexibilidade de horários ou de modalidade de trabalho, entre outros. Tributos Um tema pouco debatido no Brasil, mas que tem avançado no exterior, é sobre os regimes tributários que acabam colocando um peso desproporcional a quem tem uma família que, de alguma forma, é “punida” economicamente à medida que tem mais filhos. Na avaliação das organizações de promoção da família, a carga tributária das famílias no Brasil está na contramão da proteção especial prevista na Constituição. “Se tomarmos como exemplo uma família de classe média, cerca de 40% da sua renda vira tributo, seja pelo Imposto de Renda, seja pelos tributos pagos em todos os bens e serviços”, observou o especialista. Rede de apoio Para pensar em um ambiente que favoreça a família, é fundamental considerar o papel da comunidade, mais especificamente das redes de apoio. Isso envolve o âmbito mais próximo das redes de parentes e amigos próximos, como também daquelas constituídas por outros entes da sociedade, como a escola, a Igreja e outras organizações. “Algo que temos insistido é: por que as empresas não podem fazer parte dessas redes de apoio às famílias? Esse é um movimento que começa a surgir em meio à crescente cultura individualista em que vivemos”, destacou o diretor do Family Talks. Na avaliação do especialista, as famílias também podem ser a “instância mediadora” entre Estado e sociedade, quando todos a colocam como prioridade e, assim, favorecem o desenvolvimento humano em todos os seus aspectos. (FG)


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| 26 de maio a 1º de junho de 2021 | Reportagem | 15

Obras jesuíticas em São Paulo

Artes no Museu de Arte Sacra dos Jesuítas, em Embu (SP) Percival Tirapeli

O SÃO PAULO DÁ SEQUÊNCIA À SÉRIE SOBRE AS OBRAS JESUÍTICAS ESPALHADAS PELA CAPITAL PAULISTA E ARREDORES, E QUE PODEM SER FACILMENTE VISITADAS Percival Tirapeli

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Em Embu das Artes, na Grande São Paulo, há o Museu de Arte Sacra dos Jesuítas. A residência anexa à igreja foi construída pelo Padre Domingos Machado, com a ajuda dos índios, em 1740, após a morte do Padre Belchior. O altar-mor, com ornamentos característicos do barroco joanino – sem, portanto, o arco do coroamento –, é dividido em dois corpos e três tramos guarnecidos por apliques laterais. No tramo central, acima do sacrário, está o nicho para o crucifixo e, no corpo superior, o nicho para a padroeira, Nossa Senhora do Rosário,

Museu de Arte Sacra está instalado no complexo que engloba a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e a residência dos jesuítas

encimada por um dossel. Os nichos dos tramos laterais estão ladeados por pilastras e colunas de fuste espiralado. Na parte central, há um nicho encimado por dossel. Sobre as colunas centrais, encontram-se ornamentos verticais (mísulas) com meias-figuras de anjos alados – cariátides – e nas laterais, meninos nus. Os dois altares do arco cruzeiro são mais antigos do que aquele da capela-mor, e, segundo historiadores, teriam sido relocados de outras capelas. São do estilo nacional português, com arcos no coroamento e a lembrança de águias bicéfalas coroadas, ave mítica presente em muitas culturas. O púlpito é peça de grande importância para a oratória, os sermões e os ensinamentos catequéticos. A fotografia do monograma da Companhia, IHS, com os pregos, foi utilizada na abertura do artigo do arquiteto e urbanista Lúcio Costa sobre “A Arquitetura Jesuítica no Brasil”, em 1941. No coro, encontra-se o mais antigo órgão do Brasil. Pinturas da sacristia Na sacristia, as pinturas decorativas contêm pequenas cenas simbólicas da Paixão de Cristo e são emolduradas por faixas vermelhas com os mesmos desenhos de chinesices. Não há uma ordem sobre os fatos ocorridos, entre os quais destacam-se: a lança e fel, os açoites, a coluna da flagelação, a cana-verde, o lenço da Verônica, os três cravos, o cálice com sangue, a luva do soldado e um último danificado. Todas as alegorias estão emolduradas em cercadura poligonal com luzes e sombras, conferindo-lhes relevo a ressaltar de uma cercadura curvilínea. Nas extremidades menores, há penachos azulados e conchas no sentido horizontal, com cabecinhas de anjos também emplumados de cor avermelhada. Folhas acânticas (do acanto, planta que simboliza o triunfo sobre as dificuldades) se unem a margaridas, tocando as molduras de madeira que se abrem para uma parte lisa, onde estão os desenhos de chinesices com paisagens, flores, pagodes, aves do paraíso e cenas com mandarins vagando por pontes e jardins. Acervo jesuítico O museu tem grande acervo escultórico, disposto em dois andares do edifício. Junto à entrada da sacristia, há um pequeno armário embutido na parede por trás da capela-mor, que tem nas portinholas desenhos de quatro santos jesuítas: Inácio de Loyola, Luís Gonzaga, Francisco de Borgia e Estanislau Kotska. Todos vestem a sotaina (batina) negra, têm auréolas de santificados e as mãos cruzadas como em oração. Inácio de Loyola

Manoel Nunes

Interior do templo localizado na cidade de Embu das Artes (SP)

olha de frente e segura o livro dos Exercícios Espirituais, Luís Gonzaga é visto em três quartos e os outros dois de perfil. No piso superior, encontra-se um conjunto de leões funerários que encantaram Germain Bazin, que os classificou da época da dinástica chinesa Tang. Em madeira crua, os quatro leões erguem suas cabeças com bocas abertas e patas hirtas na face frontal. A beleza concentra-se na parte posterior, nos cacheados das jubas, caprichosamente encaracoladas. As caudas elevam-se em forma de anzóis invertidos. O esquife é ornamentado com arcos com talha vazada. O Senhor Morto, obra do Padre Joaquim da Silva Macaé, que fica na urna do retábulo-mor, tem o tamanho certo para anteparo dos leões funerários. No Brasil, só há outro conjunto similar – obra de Antônio Francisco Lisboa, a qual está no Museu Aleijadinho, em Ouro Preto, MG.

Museu de Arte Sacra dos Jesuítas Largo dos Jesuítas, 67 Centro - Embu das Artes (SP) Telefone: (11) 4704-2654

Funcionamento: de terça-feira a domingo, das 9h às 12h e das 13h às 17h Ingressos: R$ 8,00 (inteira) R$ 4,00 ( estudantes, professores e pessoas acima de 60 anos) Grátis (crianças até 7 anos)


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Há 200 anos, o Divino Espírito Santo encontra morada na Freguesia do Ó Luciney Martins/O SÃO PAULO

OS SÍMBOLOS DA FESTA

Pomba Branca: é a representação do Espírito Santo. Bandeira: sempre vermelha, e com uma representação da pomba branca ao centro, tem ainda muitas fitas laterais. Mastro: é afixado no Largo da Matriz (em frente à igreja), com a Bandeira do Divino e a imagem do Espírito Santo enfeitada com flores e fitas. O mastro sinaliza que a Igreja está em festa, aguardando a vinda do Espírito Santo. Império: é o altar montado fora da igreja, sempre enfeitado, onde fica o Divino, a Bandeira, a coroa e o cetro. “Rosquinhas do Divino”: é um pão de forma circular. Depois de abençoadas, são guardadas junto com os alimentos, como símbolo de fartura e abundância. Coroa, cetro e anel: simbolizam a nobreza do imperador da festa, o Espírito Santo.

Imperador e capitão-do-mastro, com suas respectivas esposas; ao centro, a alferes da 200ª Festa e Novena do Divino Espírito Santo

Desde 1821, festividade mobiliza famílias do bairro, em especial os ‘divineiros’, uma tradição que atravessa gerações Daniel Gomes

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Na Solenidade de Pentecostes, no domingo, 23, foi concluída a 200ª Festa e Novena do Divino Espírito Santo, na Paróquia Nossa Senhora da Expectação, na Região Episcopal Brasilândia, uma tradição que, passada de geração a geração, envolve toda a comunidade paroquial e os moradores do bairro da Freguesia do Ó. O primeiro registro que se tem documentado sobre a festa é de 17 de dezembro de 1821, e revela que o então Vigário da Freguesia do Ó, Padre Feliciano Cavalheiro Leite, pediu ao Bispo Diocesano da época, Dom Mateus de Abreu Pereira, a autorização para realizar a Festa do Divino Espírito Santo. Por esta razão, neste ano, a comunidade paroquial comemorou o bicentenário da festividade. “A festa é uma tradição, mas, acima de tudo, uma expressão de fé. Não podemos deixar que seja vista apenas por seu aspecto folclórico”, afirmou o Padre Carlos Alves Ribeiro, Pároco. “Há um grande interesse, especialmente por causa dos símbolos, mas, sobretudo, pela presença do Espírito Santo, que, com leveza, sutileza e beleza, envolve as pessoas e faz esta festa perdurar por tantos anos”, destaca. A fé que atravessa gerações Maria Lúcia Miserochi de Oliveira

Lins é uma das pessoas que preservam e transmitem as tradições relacionadas à Festa do Divino, algo que aprendeu com o pai, já falecido. Junto com outros ‘divineiros’ e o Pároco, ela recebeu a reportagem do O SÃO PAULO na matriz e detalhou aspectos da festividade, que foi trazida ao Brasil pelos portugueses, onde já era uma tradição na Idade Média. “A responsável por levar a festa a Portugal foi a Rainha Isabel, esposa de Dom Diniz, que entregou seu cetro e sua coroa ao Divino Espírito Santo, pedindo a paz para seu país que estava em guerra. Vem daí a tradição de a família imperial se despojar de suas prerrogativas, destinando-as a um local sempre ricamente ornamentado, onde ficam a imagem do Divino Espírito Santo, o cetro e a coroa, simbolizando que é Dele, do Espírito Santo, o reinado durante a festa”, explicou Lúcia, como é mais conhecida. A festividade é sempre iniciada com a novena. No começo de cada missa, há a entrada do cortejo imperial – alferes, capitão-do-mastro e imperador – e ao término das celebrações o cortejo sai pelo corredor central, quando os fiéis podem tocar a Bandeira do Divino. No domingo da Ascensão do Senhor, no Largo da Matriz, acontece o levantamento do mastro com a Bandeira e a imagem que representa o Espírito Santo, além de um saquinho com os pedidos dos fiéis. Excepcionalmente este ano, a fim de evitar aglomerações, o levantamento ocorreu no primeiro sábado da festa, dia 15. É tradição que no Domingo da Festa do Divino ocorra um almoço comunitário, algo que, desta vez, também foi substituído por uma carreata

solidária, no dia 23, na qual se arrecadou alimentos, que serão destinados a famílias carentes. ‘Escolhidos pelo Divino’ É parte da tradição da festa que na missa solene de encerramento haja o sorteio dos festeiros do próximo ano – alferes, capitão-do-mastro e imperador –, que estarão na linha de frente de organização da festa. “As pessoas sorteadas têm a convicção de que foram escolhidas pelo Espírito Santo”, comenta Padre Carlos, detalhando ainda o sentido do Império. “É o Divino que impera, guia, conduz e ilumina a Igreja. Por isso, na festa se monta, em uma sala, o Império do Divino, com a Bandeira, a coroa e uma imagem do Divino Espírito Santo”, explica. Este ano, o sorteio dos novos festeiros ocorrerá em data posterior e não houve a montagem da sala do Império, a fim de evitar aglomerações. Há, ainda, os guardiões da Bandeira: 21 famílias que, ao longo do ano, realizam momentos de evangelização pelo bairro. “Fazemos reuniões com os festeiros e os guardiões em casas de família, rezamos o Terço e a Coroa do Espírito Santo. Os guardiões com suas bandeiras visitam os hospitais, os doentes, ou seja, é um trabalho de fé”, detalha Lúcia. Uma tradição que evangeliza Na Solenidade de Pentecostes de 2019, foram sorteados – ou “escolhidos pelo Divino” – como festeiros Vagner Antonio de Lima (imperador), Milton Pereira de Brito (capitão) e Solange Bento da Silva (alferes). Na ocasião, não imaginavam que teriam as funções por dois anos, já que em 2020 não houve novo

(Com informações de Maria Lúcia Miserochi de Oliveira Lins)

sorteio, em razão da festa ocorrer apenas com missas transmitidas on-line. Como alferes – atribuição que na Paróquia Nossa Senhora da Expectação é destinada apenas às mulheres –, Solange manteve a Bandeira do Divino. “Quando meus irmãos e sobrinhos vão à minha casa, sempre fazemos uma oração em frente à Bandeira, que ficou na sala. Quando rezávamos os Terços na casas, eu também levava a Bandeira”, recorda. O capitão-do-mastro se responsabiliza por guardar a imagem que representa o Espírito Santo. Brito conta que muitas pessoas desejam ver a imagem e fazem pedidos de oração. Ao longo da novena, é o capitão que conduz a Bandeira. “Quando você entra na igreja e passa com a Bandeira, vê que as pessoas se emocionam, querem tocá-la, mostram uma fé tão grande, que isso repercute em você”, relata, emocionado. A emoção também é perceptível no olhar de Lima, ao recordar quando foi sorteado para ser o imperador em 2019. Durante a novena, ele conduz a coroa, o cetro e o anel, e ao longo do ano é o grande motivador para que a festa aconteça. “O imperador também estimula a fé nas pessoas e lhes mostra que é o Espírito Santo que dá a vida. O Espírito é sinal de esperança. Eu senti neste período que o Divino me levou a acreditar que o amanhã será melhor”, comenta. Padre Carlos destaca que a realização da festa só é possível graças ao engajamento dos fiéis, o que ajuda a atrair mais pessoas para a vivência da fé: “Há festeiros que não costumavam vir à missa com frequência ou participar ativamente da comunidade, mas após a festa se encantam e permanecem na igreja”.


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| 26 de maio a 1º de junho de 2021 | Papa Francisco | 17

Vatican Media

Sínodo dos Bispos deixa de ser ‘evento’ e passa a ser um ‘processo’

Se buscamos consolação, o Espírito nos dá Papa Francisco fala do amor de Deus e da unidade da Igreja no Domingo de Pentecostes Filipe Domingues

Especial para O SÃO PAULO

Vivemos no “tempo da consolação”, disse o Papa Francisco na missa do Domingo de Pentecostes, 23. O Espírito Santo, que é “consolador e advogado”, conduz cada um de nós a ser instrumentos de consolação no mundo. Mas não apenas a “consolação terrena, que desaparece rápido”, e sim um conforto que age “no íntimo do coração”. Enquanto a consolação terrena é momentânea, aquela oferecida pelo Espírito Santo vai além da superfície, disse o Papa. “O Espírito Santo, o amor de Deus, faz assim: desce por dentro e, como Espírito, age em nosso espírito. Visita o íntimo do coração, como hóspe-

de doce da alma. É a ternura de Deus mesmo, que não nos deixa sozinhos”, acrescentou o Pontífice. Num momento em que todos nós atravessamos dificuldades e buscamos consolação, o Espírito Santo oferece um conforto profundo. Ele falou da Igreja como “templo do Espírito Santo”, e pediu unidade e colaboração. No mesmo dia, após a oração do Regina Coeli, o Papa declarou que “o Espírito não nos deixa enquadrar as coisas nos nossos esquemas e nos nossos juízos”. Em vez disso, “dá vida às nossas mentes e aos nossos corações”, e assim orienta a Igreja. Três conselhos Durante a missa, celebrada na Basílica de São Pedro com número reduzido de fiéis, o Papa apresentou três conselhos que o Espírito Santo paráclito apresenta: “Viva o presente”, “Busque o conjunto” e “Coloque Deus primeiro do que seu ‘eu’”. Sem nostalgias do passado e precipitações sobre o futuro, é possível deixar agir o Espírito, comentou.

O Espírito Santo forma o conjunto, disse o Papa, pois “no conjunto, na comunidade, o Espírito prefere agir e trazer novidades”. Por isso, quando se escuta o Espírito, “não nos concentraremos mais sobre conservadores e progressistas, tradicionalistas e inovadores, direita e esquerda”, já que esses adjetivos esquecem que a Igreja é um conjunto. O Espírito promove “harmonia na diversidade”, afirmou. Além disso, esvaziar-se a si mesmo é abrir-se à ação do Espírito, disse ele. “Não salvamos ninguém, e nem nós mesmos, com nossas forças. Se em primeiro lugar estão os nossos projetos, as nossas estruturas e os nossos planos de reforma, cairemos no funcionalismo, no eficientismo, no horizontalismo, e não produziremos frutos”, disse. No Regina Coeli, o Papa Francisco completou: “O Espírito Santo coloca em comunicação pessoas diferentes, realizando a unidade e a universalidade da Igreja”. Sem “grupinhos e divisões”, pois “a Igreja é para todos, como mostrou o Espírito Santo no dia de Pentecostes”.

O Sínodo dos Bispos agora começa nas Igrejas particulares, nas dioceses. A Secretaria-Geral anunciou na sexta-feira, 21, o que deve ser a maior consulta já realizada em toda a Igreja. Nas palavras do Cardeal Mario Grech, Secretário-geral, o Sínodo deixa de ser um “evento” e se consolida como um “processo”. “Antes, o sínodo era um evento eclesial que se abria e se fechava em um tempo determinado, três ou quatro semanas”, contou, em entrevista, ao L’Osservatore Romano. Agora, o processo sinodal terá três grandes etapas: uma consulta local, em nível diocesano; uma consulta continental, na qual representantes se reunirão por região do mundo; e a assembleia-geral, que foi adiada para outubro de 2023 – tanto por causa da pandemia quanto para dar mais tempo para a organização do sínodo. Abertura e reuniões locais O processo sinodal será aberto em 9 e 10 de outubro deste ano, pelo Papa Francisco, no Vaticano, com missa e orações. O tema do Sínodo é “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. Serão discutidos os diferentes métodos que a Igreja usa em sua ação evangelizadora e em sua organização institucional. A sinodalidade “é um modo de ser eclesial e uma profecia para o mundo de hoje”, diz o documento que anuncia esse novo formato. “Somente da unidade em Cristo, cabeça, assume significado a pluralidade entre os membros do corpo, que enriquece a Igreja, superando qualquer tentação de uniformidade”, diz o texto. Após a abertura, as Igrejas particulares, ou locais, deverão se organizar com base em um manual proposto pela Secretaria-Geral do Sínodo. Os bispos serão encarregados de liderar as atividades. Haverá um processo parecido nas comunidades religiosas. A ideia é que todos os fiéis batizados tenham a chance de ser ouvidos. Os resultados serão enviados às conferências episcopais, que, por sua vez, organizam os encontros continentais ou internacionais. Por fim, representantes de todo o mundo se reunirão com o Papa, em Roma, na assembleia geral de 2023. (FD)

Como superar as dificuldades para rezar As distrações, a aridez e o desânimo estão entre os maiores desafios para uma boa oração, disse o Papa Francisco na audiência geral do dia 19. Ele vem fazendo uma série de reflexões sobre a Catequese e dedicou esse encontro à vida de oração. A audiência foi em um espaço aberto, o Pátio São Dâmaso, no Vaticano, com número reduzido de peregrinos. Nas palavras do Papa, a distração costuma ser um dos problemas mais co-

muns a serem superados. “Você começa a rezar e depois a mente roda, roda pelo mundo inteiro, o teu coração está ali, a mente está acolá”, lembrou, dizendo que se trata de uma dificuldade comum. Mas a concentração pode ser superada com vigilância. Outro obstáculo é o que ele chamou de “aridez”, ou seja, quando o interior parece estar seco, ou fechado à oração. “Acontece que, às vezes, nos sentimos

abatidos, isto é, não temos sentimentos, não temos consolação, não aguentamos mais”, refletiu. Essa aridez é comum para todos, mas não pode ser levada adiante por muito tempo, diz ele, incentivando a buscar “a luz do Senhor”. Por fim, falou do desânimo, ou “acédia”, que seria uma espécie de falta de vontade ou preguiça de rezar. Pode levar a uma excessiva “presunção” ou “negligência”, e é, inclusive, um dos sete peca-

dos capitais, recordou o Pontífice. Para que se evitem esses obstáculos, o Papa exorta os fiéis a manterem-se perseverantes. Mesmo os santos viveram momentos de desolação, comentou. Mas, apresentando a Deus esses momentos, até mesmo a dificuldade de rezar, “Ele acolherá com amor de um pai, e considerará [nossas expressões] como um ato de fé, como uma oração”. (FD)


18 | Reportagem | 26 de maio a 1º de junho de 2021 |

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Juristas católicos conferem Prêmio Santo Ivo a Roberto Mortari Cardillo Luciney Martins/O SÃO PAULO

Da esquerda para a direita Doutor Luiz Gonzaga Bertelli, Doutor Roberto Mortari Cardillo com esposa e Cardeal Odilo Pedro Scherer

Fernando Geronazzo

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A União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp) realizou na segunda-feira, 24, a 7ª edição do Prêmio Santo Ivo, que, este ano, homenageou o advogado e ex-subprocurador da República Roberto Mortari Cardillo. O evento aconteceu na Paróquia Nossa Senhora do Brasil, no Jardim Paulista, e contou com a presença do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, de Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar de São Paulo e Diretor Eclesiástico da Ujucasp, além dos demais diretores e membros da entidade. Instituído em 2015, o Prêmio Santo Ivo homenageia personalidades da sociedade civil que tenham se destacado no empenho pelo serviço do bem comum, especialmente no campo da justiça, à luz dos ensinamentos cristãos. O nome do prêmio recorda o santo padroeiro dos advogados e dos membros do Judiciário, que exerceu o sacerdócio e a advocacia, colocando seus conhecimentos em benefício das pessoas mais necessitadas, sendo conhecido como o “advogado dos pobres”. Homenageado Roberto Cardillo é formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Especialista em Direito Civil e Comercial e em Direito Tributário, entre 1973 e 1994,

exerceu o cargo de subprocurador da República. É autor de inúmeros artigos e pareceres publicados em revistas e boletins especializados no campo do Direito e das letras jurídicas. O homenageado recebeu o prêmio das mãos de Dom Odilo e do presidente da Ujucasp, Luiz Gonzaga Bertelli. O reconhecimento é representado por uma estátua com a imagem do Santo Ivo, de autoria do artista plástico Claudio Pastro (morto em 2016) e por um diploma, que foi entregue pelo presidente emérito e fundador da entidade, o jurista Ives Gandra da Silva Martins. Ao agradecer, Roberto Cardillo ressaltou que a homenagem é ocasião de ação de graças a Deus, compartilhada com seus familiares e amigos. “Se é certo que devemos ser gratos a Deus quando nos advêm um desencanto e dissabores, pois tudo concorre para o bem dos que amam a Deus, quanto mais devemos dar graças a Deus quando nos concede jubilosa alegria.” O advogado recordou a carta apostólica Novo millennio ineunte, de São João Paulo II, que evoca o convite de Jesus a “avançar para águas mais profundas” (cf. Lc 5,4). “Aceitemos esse convite do Senhor, indo para águas mais profundas, com um novo impulso apostólico, remando, muitas vezes, a favor e, outras, contra a maré, até alcançarmos a meta final que é Deus. Isso por meio de um trabalho diuturno e constante, santificando cada momento, pois a labuta bem-feita, com dedicação

e afinco, é caminho seguro e reto para a santidade”, afirmou. Ao saudar o homenageado, o Cardeal Scherer manifestou seu desejo de que ocasiões como esta sejam incentivo aos advogados que iniciam a carreira para que façam de sua profissão um caminho de santidade, a exemplo de Santo Ivo. “Há muito o que lutar pela justiça, pela superação daquilo que fere o direito e a dignidade da pessoa em todos os sentidos.” O Arcebispo recordou, ainda, que, no último dia 9, foi beatificado o jovem juiz Rosario Livatino, assassinado pela máfia italiana, por ódio à fé, em 1990, sendo chamado pelo Papa Francisco de “mártir da justiça e da fé”. Ujucasp Criada em 20 de março de 2012, a Ujucasp tem como objetivo contribuir para a atividade judiciária, legislativa e administrativa, ocupando-se das questões do mundo contemporâneo, sob a ótica dos princípios da ética católica. A União discute e coloca em foco os valores da família, da vida, da dignidade humana e o bem comum. Participam da Ujucasp magistrados, membros do Ministério Público, advogados, bacharéis e estudantes de direito convidados pelo Arcebispo e sediados em São Paulo. Ao longo desses anos, a Ujucasp já publicou livros que reúnem artigos jurídicos sobre temas, tais como “O Direito e a Família”, “Ideologia de Gê-

nero”, “Imunidade das Instituições Religiosas”, “Inviolabilidade do Direito à Vida”, “Justiça e Economia” e o “Tratado Brasil-Santa Sé”. Santo Ivo Yves Helori de Kermartin, em português Ivo, nasceu na França em 17 de outubro de 1253 e morreu no dia 19 de maio de 1303. Aos 14 anos, foi para Paris e Orleans, onde se dedicou aos estudos de Teologia e Direito Canônico, tendo sido aluno de Santo Tomás de Aquino e São Boaventura. Aluno extraordinário, formou-se e logo passou a atuar como advogado. Ficou conhecido pela defesa de pessoas sem recursos e, muitas vezes, atuava gratuitamente. Foi nomeado juiz e o autor do primeiro “Decálogo do Advogado”, considerado como um sintético tratado sobre a profissão. Santo Ivo foi o primeiro a criar uma república de estudantes, protegendo-os, acolhendo-os; inicialmente compartilhando seus aposentos com compatriotas e, depois, com colegas de turma, para que estudassem, descansassem e se abrigassem do rigoroso inverno. Foi ele quem, sem ferir ou magoar, adotou os ideais de São Francisco de Assis no meio universitário pobre, abrigando, apoiando e auxiliando os estudantes. Pioneiro Santo Ivo instituiu a primeira assistência judiciária gratuita de todo o mundo. Foi o responsável pela criação da conciliação como método de solução de conflitos e formou a primeira Ordem de Advogados. De família nobre, direcionou toda a sua riqueza em favor dos pobres, dos órfãos, dos menores desvalidos, das viúvas, dos estudantes, a quem protegia e ajudava de todas as maneiras. “Santo Ivo foi sempre o extraordinário advogado e juiz na sua edificante passagem por este mundo. Advogado dos pobres, das viúvas e dos órfãos, em cuja defesa produzia notáveis trabalhos jurídicos. Julgava todos os tipos de litígios, menos os processos criminais. Jamais se negava a atender quem o buscava. Foi o primeiro a instituir, na Diocese, a justiça eclesiástica gratuita, para os que não podiam pagá-la”, ressaltou o atual presidente da Ujucasp, Luiz Gonzaga Bertelli. O padroeiro dos advogados morreu, aos 50 anos, em 19 de maio de 1303, por causas naturais, e foi sepultado na Catedral de Tréguier. Em 1347, foi canonizado pelo Papa Clemente VI. Na data de sua memória litúrgica, em 19 de maio, foi celebrada uma missa na Paróquia Santo Ivo, na Região Episcopal Ipiranga, promovida pela Associação dos Advogados (AASP), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Caixa de Assistência (CAASP) e pelo Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP).


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| 26 de maio a 1º de junho de 2021 | Reportagem | 19

Cardeal Scherer preside missa de 7º dia de falecimento de Bruno Covas Luciney Martins/O SÃO PAULO

Fernando Geronazzo

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O Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu uma missa de 7º dia de Bruno Covas, falecido no último dia 16. A celebração ocorreu na Catedral da Sé e contou com a presença de amigos e familiares, entre os quais, seu filho Tomás Covas (15). O governador do Estado de São Paulo, João Doria Júnior, o novo prefeito da capital, Ricardo Nunes e o ex-governador Geraldo Alckmin, participaram da cerimônia, além de outras autoridades civis e militares. Sentido da vida Na homilia, Dom Odilo meditou a partir da primeira leitura, que narra a história de Jó que, mesmo em meio às provações, não perdeu a fé e a confiança em Deus. O Cardeal ressaltou que, diante do sofrimento da morte, o ser humano é chamado a refletir sobre o sentido da vida. “Nós somos chamados a viver não por nossa vontade, mas por uma graça muito especial de Deus. E, uma vez recebida a vida, recebemos uma missão a ser realizada. Uma vida de frutos, de boas ações, dedicada ao próximo”, afirmou o Arcebispo. Em seguida, Dom Odilo sublinhou as palavras de Jesus aos discípulos antes de sua Paixão: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto”. “Jesus ensina que quem quiser reservar a sua vida só para si, sem colocá-la à disposição, a ser-

Missa de 7º dia de Bruno Covas foi celebrada respeitando as normas sanitárias de combate a pandemia do novo coronavirus

viço do próximo, da comunidade, da humanidade, perderá sua vida. É como um grão de trigo que não cumpriu a sua finalidade”, enfatizou o Cardeal. Serviço à vida pública Referindo-se ao prefeito falecido, o Arcebispo ressaltou que, jovem ainda, Bruno Covas realizou muitas obras boas e tinha muitos ideais pela frente, e rezou para que Deus o acolha, concedendolhe a participação do Reino do Céu.

O Cardeal Scherer enfatizou também que a lembrança de Bruno Covas permanecerá como exemplo a muitos jovens que desejam dedicar a vida a serviço da coletividade e recordou o ensinamento de São Paulo VI, segundo o qual, o serviço público e o campo da política podem ser uma “sublime expressão de caridade ao próximo”, sempre e quando exercidos com verdadeira doação, busca do bem comum e edificação da sociedade.

Legado Ao fim da missa, o prefeito Ricardo Nunes fez um breve discurso, no qual destacou o exemplo de fé e confiança de Bruno Covas ao enfrentar a grave enfermidade que o levou à morte. “Foi uma grande lição para todos nós”, disse. Nunes destacou, ainda, que mesmo enfermo, Covas sempre manifestou sua preocupação com a cidade e sua população. “Cabe a cada um de nós honrar a sua memória e dar o melhor para construir uma cidade mais humana para todos”, concluiu.


20 | Com a Palavra | 26 de maio a 1º de junho de 2021 |

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Margareth Dalcolmo

Precisamos vacinar toda a população, e rápido!’ Roseane Welter

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Margareth Dalcolmo é pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Doutora em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ela é membro de Comissões Científicas da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e da Sociedade Brasileira de Infectologia, da REDE TB de Pesquisa em Tuberculose e membro do Steering Committee do Grupo denominado RESIST TB, da Boston Medical School. Integra o Expert Group for Essential Medicines List, da Organização Mundial da Saúde (OMS), e o Regional Advisory Committee do Banco Mundial para projetos de Saúde na África Subsaariana em tuberculose e doenças respiratórias ocupacionais. É docente da Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e presidente eleita para a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia para o biênio 2022-2024. Nesta entrevista, a médica fala sobre sua experiência e contribuição para a saúde pública brasileira no enfrentamento da pandemia a respeito da pesquisa que avalia o uso da vacina BCG na prevenção e redução dos impactos do coronavírus.

O SÃO PAULO – Estamos em meio à chamada “segunda onda” da pandemia. Como a senhora avalia a realidade que temos enfrentado, no que se refere ao alto número de mortes e ao andamento da vacinação no País? Margareth Dalcolmo – Estamos, ainda, em um momento grave da epidemia no Brasil por várias razões: primeira, a taxa de transmissão continua elevada; segunda, a presença de novas variantes circulando pelo País e, ainda, não sabemos ao certo o nível de proteção das vacinas contra essas variantes; terceira, é que, infelizmente, ainda grande parte da sociedade civil não compreendeu a complexidade do momento pandêmico que vivemos. E, a quarta razão, a política de vacinação está muito aquém do desejado. O Brasil errou em não encomendar as vacinas no tempo certo, que era quando estávamos desenvolvendo estudos de Fase 3 de boa qualidade. Isso contribuiu para a atual situação. Para melhorar essa realidade, nós precisamos vacinar 2 milhões de pessoas por dia. E isso não está acontecendo. Os meses de março e abril tiveram um alto índice letal. O que esperar dos próximos meses e quais medidas precisam ser mantidas ou adotadas para frear a pandemia? Neste momento, a população já está cansada de fechamentos, de lockdowns malfeitos, ressalva à cidade de Araraquara (SP), que mostrou que o lockdown funciona e controlou a transmissão epidêmica. Podemos esperar, se não tivermos a “terceira onda”, sem dúvida nenhuma, um grau de estabilidade, considerando-se a taxa de vacinação. Isso é uma equação que tem a ver com a cobertura vacinal, ou seja, quantas pessoas estão vacinadas com as duas doses. Ainda estamos enfrentando, porém, uma alta taxa de mortalidade, com números que superam as 2 mil vidas perdidas, diariamente. Isso, infelizmente, ainda representa um mês de maio muito letal.

É possível uma “terceira onda” no Brasil? Temos chances reais, sim, da “terceira onda” no País. Lamento informar isso, e gostaria muito de estar errada, mas, infelizmente, vamos enfrentar essa nova fase da pandemia. São muitos os fatores que me levam a afirmar que essa nova onda seja realidade: sabemos que o Sar-CoV-2 sofreu mutações e as variantes do vírus já estão em nosso meio e, recentemente, foi anunciada a nova variante indiana no Brasil, que chegou pelo Maranhão.

cípios. Como essa situação afetou o controle da pandemia? Sem dúvida, o controle epidêmico ficou muito prejudicado pela politização que foi impressa no controle sanitário. Evidenciou-se discussões desnecessárias, confusão da opinião pública, prioridades não levadas em conta, o paradoxo entre o discurso científico e o discurso político, tudo isso gerou a tragédia que acompanhamos nos índices de mortalidade e para a disseminação da pandemia no País.

A senhora está na linha de frente desde o começo da pandemia. Imaginou que chegaríamos a esse cenário atual? No registro da História, houve outras epidemias, mas, nenhuma, desde a Gripe Espanhola de mais de 100 anos atrás, foi tão pandêmica como esta. A pandemia se disseminou e o mundo todo notificou casos de COVID-19. Então, desde o início, quando verificamos que a taxa de transmissão era muito alta, que era uma

Como estão as pesquisas que a senhora coordena sobre a eficácia da vacina BCG para a COVID-19? A vacina BCG é muito conhecida no Brasil – utilizada desde 1972 e, por normativa do Ministério da Saúde, desde 1976 para todo recém-nascido no País. Ela é usada como uma forma preventiva contra a tuberculose. É uma pesquisa BRACE Trail, que é um estudo de Fase 3 contra placebo utilizando a BCG. A BCG é uma vacina muito curiosa porque ela provoca uma reação imunológica muito variada. Assim, se ela é capaz de proteger contra outras viroses respiratórias, a hipótese é que ela também possa proteger contra a COVID-19. A pesquisa é de um ano e já terminamos com a inclusão de todos os voluntários e a participação de 2,3 mil profissionais de Saúde do Brasil. Estamos acompanhando e monitorando para fazer uma análise interina ou parcial desses resultados até o meio do ano. O que nós esperamos é que, se não for capaz de impedir a doença, pelo menos será capaz de atenuar a virulência dos episódios de COVID-19.

Arquivo pessoal

doença de transmissão logarítmica, na qual uma pessoa contamina várias outras, imaginamos, sim, que a pandemia poderia ser duradoura, mas não imaginávamos que seria tanto, pois estamos há mais de um ano convivendo com ela. Como avalia a estratégia de vacinação adotada no Brasil? A estratégia teórica, as prioridades definidas, a meu juízo, estão corretas. Entretanto, a disponibilidade pequena e tão aquém do desejável das vacinas é uma grande preocupação. Eu avalio como sofrível o ritmo de vacinação que estamos vivenciando no País. Sim, a solução para todas as viroses agudas, historicamente, é a vacina. A vacina é a única solução. Precisamos vacinar toda a população, e precisa ser rápido. O enfrentamento da COVID-19 esbarrou em uma série de disputas entre o Governo federal, estados e muni-

Há mais de um ano de COVID-19, houve algum momento que considera de mais esperança e um de desesperança? A maior esperança é diante do feito extraordinário de, em poucos meses, idealizar plataformas vacinais, tão espetaculares e eficazes e colocá-las em uso em um prazo relativamente curto. A vacina mais rápida que conhecemos levou quatro anos para ser colocada em uso. Esse foi um feito do ser humano que precisa ser registrado e traz grande esperança. Por outro lado, tivemos muitas decepções com os tratamentos testados. A COVID-19 é uma doença para a qual, até o momento, ainda não há um tratamento medicamentoso eficaz. Espero que a humanidade saia disso tudo um pouco melhor, embora os indícios mostrem o contrário, pois o que temos visto é uma exclusão e uma desigualdade social absolutamente iníquas. Mas tenho esperança de ver o ser humano menos egoísta e mais generoso. Já temos uma previsão para voltar ao “normal”? Como será a vida na pós-pandemia? Teremos, ainda, um ano de 2021 muito difícil e, ao que tudo indica, nos próximos dois anos, o mundo terá que continuar com alguns cuidados coletivos de proteção. A COVID-19 é, com certeza, um fenômeno divisor em nossas vidas e vamos levar tempo para superar. Para mim, não existe um novo ”normal”, existe uma retomada da vida e das atividades. Muitas coisas vão mudar, sobretudo em relação aos locais de trabalho, às relações de consumo... Enfim, a pandemia nos provou que não precisamos de tanto consumismo para viver.


| 26 de maio a 1º de junho de 2021 | Pelo Mundo | 21

Ralf Vetterle/Pixabay

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Países ricos prometem cortar emissões e aumentam pressão sobre o Brasil Entenda de onde vêm as preocupações com o desmatamento no País e qual é a responsabilidade dos grandes emissores de gases que ocasionam o efeito estufa Filipe Domingues

Especial para O São Paulo

O Brasil está entre os dez maiores emissores de gases causadores do efeito estufa no mundo. Mas está longe de ser o primeiro. China, Estados Unidos e Europa, juntos, emitem praticamente metade de todo o carbono jogado na atmosfera. O Brasil aparece apenas em sétimo lugar, com cerca de 3% do total. Por que, então, estamos no centro das atenções no cenário global? “O Brasil se insere nesse contexto principalmente por causa das florestas”, explica ao O SÃO PAULO o diretor de economia verde do WWF-Brasil, Alexandre Prado. “Num planeta que tem o problema do aquecimento, as florestas são os resfriadores e mantenedores de carbono, um estoque de carbono.” Principalmente a Amazônia, que é a maior floresta tropical do mundo, ajuda a reter parte do calor emitido em outras regiões. Não é verdade que ela seja o “pulmão do mundo”, como se dizia, mas sem as florestas há mais seca e, consequentemente, um efeito catalisador de aquecimento. Em novembro deste ano, haverá uma nova cúpula do Clima, em Glasgow, na Escócia, a COP26. Líderes de todo o mundo têm prometido ser mais ambiciosos no combate ao aquecimento global. O problema do aquecimento Desde a segunda metade do século XX, o mundo percebeu que o clima estava mudando. Nos anos 1980 e 1990, climatologistas, físicos, geólogos e meteorologistas concluíram que a elevação das

temperaturas do planeta vinha da ação humana, principalmente da emissão de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2), o metano e os hidrofluorcarbonetos (HFC). Eles retêm o calor na Terra. São gerados, principalmente, em atividades que necessitam da queima de óleo, gás e carvão. “Alguns países como China, Estados Unidos ou a Europa, usam essas fontes para gerar energia elétrica”, explica Prado. Além da produção industrial, há a calefação das casas, pois os invernos são rigorosos. Enquanto no Brasil a principal fonte de eletricidade é hidrelétrica – o movimento da água em turbinas –, nos maiores poluentes a matriz é “suja”. Isso não quer dizer que todos os lugares do mundo estão mais quentes, mas que, por causa da elevação da temperatura média do planeta, variações drásticas do clima podem ocorrer. Alguns lugares terão chuvas excessivas, outros ficarão mais secos, outros com oscilações bruscas de temperatura. Compromissos assumidos Hoje, de acordo com a agência espacial dos Estados Unidos, a Nasa, 97% de todos os cientistas do clima que publicam artigos nas revistas científicas concordam que “o mundo está mais quente e é extremamente provável que isso ocorra por causa da ação humana”. Um dos principais organismos que propõem políticas globais é o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Em relatório de 2018, esse organismo diz que as atividades humanas já causaram cerca de 1°C de aquecimento global acima dos níveis pré-industriais (ou antes da industrialização, a partir de 1750). “É provável que o aquecimento global atinja 1,5°C entre 2030 e 2052, caso continue a aumentar no ritmo atual”, afirma o documento. O compromisso assumido por 195 países no Acordo de Paris, de 2015, é de não deixar a temperatura subir mais do que esse 1,5°C. De preferência, a ideia é que não se chegue a 2°C.

Para isso, a única alternativa é reduzir as emissões. Cada país é responsável por estabelecer as próprias metas e prazos. Essas emissões podem ser compensadas com medidas de neutralização, como replantar florestas, por exemplo. Cerca de 70% da produção global terá que vir de energia solar ou eólica, e a indústria terá que criar formas para emitir menos poluentes, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE). É uma virada radical: em 2020, os combustíveis fósseis ainda forneciam 80% da produção energética global. Para isso mudar, é preciso investir cerca de US$ 3,5 trilhões em novas fontes de energia, diz a AIE. Se nada for feito, esperam-se riscos “para a saúde, os meios de subsistência, a segurança alimentar, o abastecimento de água, a segurança humana e o crescimento econômico”, diz o IPCC. Reverter a trajetória seria chegar a “zero emissão” de carbono até 2050. O que prometem os maiores emissores Embora os países industrializados sejam os maiores emissores, os mais pobres sofrem mais com os impactos. Após um congresso, em 2017, os membros da Pontifícia Academia de Ciências emitiram uma declaração, dizendo que “os mais pobres do planeta, que ainda confiam em tecnologias do século 19 para atender às necessidades como cozinhar e esquentar [comida], estão sofrendo uma pesada carga pelos danos causados pelas atividades econômicas dos ricos”. Entre esses danos, “inundações, megatempestades, temperaturas extremas, secas e incêndios florestais”. No encontro de líderes mais recente, organizado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em abril deste ano, alguns dos maiores emissores atualizaram suas metas. Os Estados Unidos prometem reduzir suas emissões à metade até 2030. A China diz que chegará ao “carbono zero” antes de 2060. A Alemanha quer chegar lá em 2045. O Reino Unido quer diminuir as emissões em 78% até 2035.

A pergunta que se faz é: essas são metas realistas? Segundo Alexandre Prado, do WWF-Brasil, são realizáveis, porém mais poderia ser feito. “Esses compromissos são informais. Podem ser atingidos, mas não são o ideal em termos de necessidade para evitar mudanças climáticas no planeta”, diz. “Quanto menos ambicioso a gente for, maior o risco de ver catástrofes ambientais.” Brasil tem eletricidade limpa, mas destrói florestas O Brasil diz que acabará com as emissões até 2050. Como sua principal fonte de energia elétrica não tem origem na queima de óleo, gás e carvão, e sim no movimento d’água, a maior parte do problema está nos transportes e no desmatamento. O Governo federal afirma ser possível acabar com o desmatamento ilegal até 2030 e promete reverter a atual tendência de aumento. Na Amazônia, o desmatamento vinha caindo desde 2004, atingindo um nível mínimo em 2010, de acordo com o sistema Prodes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em 2020, alcançou o nível mais alto desde então, com 11 mil km² de área desmatada. “Dada a nossa riqueza de biodiversidade, o Brasil tem tudo para ser uma referência de desenvolvimento econômico, com manutenção e uso efetivo dessa biodiversidade”, afirma Prado, em defesa da conservação das florestas. Refere-se às tecnologias para aumentar a produtividade do agronegócio sem desmatar mais, ao manejo de florestas e à expansão da biotecnologia e das ciências médicas com recursos naturais. Isso poderia ser feito, por exemplo, criando “grandes centros de conhecimento e gerando patentes [de medicamentos].” De acordo com Prado, “se o Brasil desflorestar toda a Amazônia, é impossível a gente chegar a 1,5-2°C. O planeta vai sofrer impactos socioambientais significativos”, e é daí que vem toda a pressão internacional. “Os países industrializados emitem mais. Mas os erros deles não justificam os nossos”, avalia.


22 | Pelo Mundo | 26 de maio a 1º de junho de 2021 |

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Espanha/Marrocos Bispos espanhóis denunciam exploração de migrantes em meio à crise Diocese de Cádiz

JOSÉ FERREIRA FILHO

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A conferência dos bispos espanhóis expressou preocupação com o fato de os migrantes estarem sendo usados para ​​ exercer pressão política depois que um influxo migratório nos territórios fronteiriços da África aumentou as tensões entre a Espanha e o Marrocos. Em nota, Dom José Cobo, Bispo Auxiliar de Madri e responsável pelo departamento de migração da conferência, alertou sobre a exploração de migrantes após uma disputa diplomática entre os dois países. “Apelando para o valor supremo da vida e da dignidade humana, lembremse de que o desespero e o empobrecimento de muitas famílias e menores não podem e não devem ser usados ​​por nenhum Estado para explorar as aspirações legítimas dessas pessoas para fins políticos”, diz o comunicado. MIGRAÇÃO INESPERADA As autoridades espanholas foram apanhadas de surpresa no dia 17 de maio, quando cerca de 8 mil migrantes – incluindo mais de 1,5 mil menores desacompanhados – deixaram o Marrocos

Imigrantes do Marrocos, no continente africano, chegam à região litorânea de Ceuta, dia 17

e entraram em Ceuta e Melilla, enclaves espanhóis na fronteira marroquina. De acordo com a BBC News, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, ordenou o envio de tropas do Exército aos territórios para reforçar os controles de fronteira e deportar os migrantes de volta para o Marrocos. TENSÕES DIPLOMÁTICAS O súbito influxo maciço criou uma crise humanitária e política, uma vez que a Espanha acusa o Marrocos de efe-

tivamente lançar uma invasão ao relaxar seus controles de fronteira, enquanto o Marrocos incrimina a Espanha de interferir em seus assuntos internos ao permitir que Brahim Ghali, chefe da Frente Polisário – um grupo que busca a independência do Saara Ocidental do Marrocos –, recebesse tratamento médico para a COVID-19 em um hospital espanhol. REAÇÃO DA IGREJA Dom Rafael Zornoza, Bispo da Dio-

cese de Cádiz e Ceuta, afirmou que, além do que mostram os relatórios, “devemos sublinhar a situação de pânico e instabilidade da ordem pública que isso tem causado na população de Ceuta”. O Cardeal Juan José Omella, Presidente da Conferência Episcopal Espanhola, afirmou: “Peço ao Senhor que ajude nossos líderes políticos a encontrar uma solução para o grave problema que Ceuta está enfrentando. Que os irmãos e irmãs mais vulneráveis não ​​ sejam os mais prejudicados”. SITUAÇÃO ATUAL Metade dos migrantes que entraram em Ceuta foram devolvidos ao Marrocos, incluindo menores desacompanhados que, segundo a lei espanhola, deveriam ter ficado sob os cuidados do Estado. O restante dos 4 mil recém-chegados estão provisoriamente em armazéns industriais superlotados. As ONGs católicas e o escritório local da Caritas, bem como as paróquias da região, abriram as suas portas para tentar acolhê-los, fornecer-lhes alimentos e outros bens necessários, até que seja tomada uma decisão sobre o seu futuro. Fonte: Catholic News Service e Crux Now

Vietnã Jovem morto ao salvar três meninas é celebrado no país Peter Khoa Nguyen Van Nha, um jovem católico vietnamita de 23 anos, deu a vida para salvar três meninas do afogamento. Ele viu que elas estavam sendo arrastadas pelas águas no Mar de Thuan, uma praia turística, e pediam ajuda. Peter Khoa se lançou para resgatá-las e as levou até perto da areia da praia. No entanto, após o grande esforço, ele não conseguiu chegar a um lugar seguro e uma onda violenta o arrastou para o mar. Cerca de 30 minutos depois, seu corpo foi encontrado sem vida pelos salva-vidas da praia.

CORAGEM E HUMANIDADE A mídia vietnamita destacou a coragem, a dedicação e a humanidade do jovem, que se tornou um exemplo para toda a nação. O presidente do Vietnã, Nguyen Xuan Phuc, concedeu-lhe o reconhecimento póstumo de “cidadão vietnamita mártir”. As comunidades católicas destacaram o seu altruísmo e o fato de ter dado “a vida pelos amigos”, a exemplo de Jesus. Peter Khoa nasceu em uma família católica muito pobre. Estudante da Uni-

versidade de Hue, era conhecido como um jovem de caráter e comportamento exemplares para a instituição acadêmica e para a comunidade. Era um leigo comprometido e entusiasta na igreja, pois, além do empenho com os estudos, dava a sua contribuição diligente à vida pastoral e às atividades eclesiais, e pensara, também, na possibilidade de se tornar sacerdote. REALIDADE A comunidade católica no Vietnã, de pouco mais de 7,6 milhões de pessoas,

representa 8% da população do país, que tem 96 milhões de pessoas, em sua maioria budistas. As atividades sociais da Igreja Católica raramente são publicadas nos jornais do Estado e nas redes sociais. No entanto, órgãos eclesiais, instituições e comunidades em todo o país continuam a realizar silenciosamente muitas ações de caridade, humanitárias e sociais às pessoas menos favorecidas e vulneráveis. (JFF) Fonte: ACI Digital e Vatican News

Malta

Presidente diz preferir renunciar a promulgar o aborto O presidente de Malta, George Vella, disse que prefere renunciar ao cargo a promulgar uma lei que descriminalize o aborto no país. Vella, que é médico e preside Malta desde 2019, fez o comentário à agência NETnews no dia 17 de maio. “Jamais assinarei um projeto de lei que envolva a autorização de assassinato”, disse Vella. “Não posso impedir o Executivo de decidir, isso depende do Parlamento. Tenho, porém, a liberdade de, caso não concorde com um projeto de lei, renunciar e ir para

casa, e não teria nenhum problema em fazer isso.” PROJETO DE LEI A República de Malta é um arquipélago no Mar Mediterrâneo com população de meio milhão de pessoas. Mais de 90% dos habitantes são batizados na Igreja Católica. A declaração de Vella se refere ao projeto de lei apresentado pela deputada independente Marlene Farrugia, que descriminaliza o aborto. O texto propõe a remoção de três artigos do código pe-

nal de Malta, que prevê pena de até três anos de prisão a quem busque ou ajude a realizar um aborto. POSICIONAMENTO Respondendo se achava que havia casos em que o aborto deveria ser permitido, o presidente, de 79 anos, disse: “Ou você mata ou não mata, não pode haver meia morte. Eu sou muito claro naquilo que defendo”. Os dois principais partidos de Malta declararam sua oposição ao projeto de lei, tanto por não quererem submeter o

assunto à votação parlamentar quanto por defenderem o direito à vida desde a concepção até a morte. O Arcebispo de Malta, Dom Charles Scicluna, disse que a descriminalização do aborto seria um retrocesso. “O ventre de uma mãe é algo sagrado, é lá que a vida humana pode crescer. Rezemos para que o útero continue sendo um lugar de vida, não um lugar onde a matança aconteça”, disse o Bispo ao jornal Times of Malta. (JFF) Fonte: ACI Digital


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| 26 de maio a 1º de junho de 2021 | Geral/Fé e Vida | 23

Avança na Santa Sé o processo de beatificação do padre brasileiro Gilberto Maria Defina Arquivo pessoal

Nayá Fernandes

Vida em missão Padre Gilberto Maria Defina nasceu em 2 de agosto de 1925 na cidade de Ribeirão Preto (SP), filho

Solenidade da Santíssima Trindade 30 de maio de 2021

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo! PADRE JOÃO BECHARA VENTURA

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

“O Padre Gilberto foi um homem santo, de grandes virtudes humanas e espirituais. Para nós, Irmãos e Irmãs Salvistas, é uma grande alegria, pois vemos na autorização dada pela Santa Sé para o avanço do processo do nosso Fundador, um sinal de Deus para continuarmos trabalhando com afinco na sua Causa de Beatificação”, disse Frater Pedro Josemaria dos Santos, SJS, 34, membro da Comissão Histórica do Processo de Beatificação. Na tarde do sábado, 22, no Santuário Mãe de Deus, na zona Sul de São Paulo, a Diocese de Santo Amaro realizou uma missa em ação de graças pela autorização do início do processo de beatificação. No dia 30 de outubro, haverá a instalação do Tribunal Diocesano e a transladação dos restos mortais do Servo de Deus para uma capela no Seminário Nossa Senhora de Pentecostes. Em entrevista ao O SÃO PAULO, o Frater Santos recordou algumas virtudes do Padre Gilberto, que era conhecido como “padre amor” (leia mais detalhes na parte final da reportagem). “Era um homem de profunda fé e caridade. Acolhia todas as pessoas que o procuravam, sem discriminação. Viveu no cotidiano uma profunda amizade com Cristo. Foi obediente aos bispos, sempre buscava a confirmação de suas ações nos seus superiores”, disse o Frater. No início de seu ministério sacerdotal, foi formador, conselheiro, empreendedor na Arquidiocese de Ribeirão Preto (SP). Já na cidade de São Paulo, dedicou-se à formação dos seminaristas e ao ministério da escuta, por meio do sacramento da Confissão e da direção espiritual. Fundou as Faculdades Associadas do Ipiranga (FAI), hoje Centro Universitário Assunção (Unifai), mantido pela Fundação São Paulo, da Arquidiocese de São Paulo. Na velhice, após viver uma experiência de renovação da fé e do apostolado, passou a reconhecer-se como membro do movimento carismático e fundou a Fraternidade Jesus Salvador, que acolhe vocações específicas da Renovação Carismática Católica (RCC), formando padres, religiosos, religiosas e leigos.

Liturgia e Vida

dos imigrantes italianos Raffaele Defina e Maria Rosa Buonabotta. Criado num lar católico, o menino Gilberto frequentava a Paróquia Nossa Senhora do Rosário, administrada pelos Padres Claretianos. Ainda durante a infância, Gilberto teve um sonho com Jesus, que marcou sua história e do qual ele nunca se esqueceu. No sonho, ele estava na Igreja Matriz e, num canto, onde ficava a imagem de Jesus crucificado, ele viu a cruz vazia e Jesus de joelhos, solitário e em silêncio. Jesus se voltou para ele, olhou-o e subiu para a cruz. Ficou marcada, na memória do menino, a fisionomia de Jesus. O sonho influenciou também a espiritualidade do hoje Servo de Deus Gilberto Maria Defina: oração constante, silêncio, solidão, sofrimento e obediência. Em 1938, órfão de pai, ingressou no Seminário Menor da Ordem dos Claretianos. Em 1942, deixou o seminário religioso para ingressar na Diocese, passando ao Seminário Maior na cidade de São Paulo e, aos 25 anos, foi ordenado sacerdote na Catedral de São Sebastião, em Ribeirão Preto. Nomeado Vigário da Catedral, dedicou-se à formação catequética e espiritual do povo de Deus, à direção espiritual e ao sacramento da Confissão. Atuou também na coordenação pastoral e de movimentos da Diocese, foi diretor e redatorchefe do jornal da Diocese, o Diário de Notícias, e professor de Português e Latim no seminário diocesano. Coordenou e formou na Diocese os movimentos: Cruzada Eucarística, Entronização do Sagrado Coração de Jesus nos Lares, Adoração Noturna e Filhas de Maria. Em dezembro de 1966, foi nomeado Orientador Espiritual dos Seminaristas da Arquidiocese e da Província Eclesiástica no Seminário

Central do Ipiranga, na capital paulista. Formou-se, então, em Direito, fez licenciatura em Filosofia e em Letras (Português e Latim), foi professor em diversos colégios em São Paulo e lecionou em duas faculdades as disciplinas de Português e Introdução à Filosofia. Em 1971, junto com um grupo de sacerdotes formadores do Seminário do Ipiranga, fundou as Faculdades Associadas do Ipiranga (FAI). De 1992 a 1993, aos 68 anos de idade, decidiu fundar o primeiro seminário carismático do mundo. Reuniu um grupo de leigos para ajudá-lo a dar início à fraternidade que seria composta por padres, religiosos, religiosas e leigos, provenientes da Renovação Carismática Católica. Em 17 de setembro de 1994, fundou o Seminário e o Convento Nossa Senhora de Pentecostes, dos Institutos Missionários Servos e Servas de Jesus Salvador. No ano de 2002, diante de suas limitações físicas, o Padre renunciou ao cargo de Superior-Geral de seus institutos e convocou o primeiro Capítulo Geral para eleger os novos priores gerais e para aprovar a última Constituição dirigida por ele. Em 5 de dezembro de 2004, Padre Gilberto faleceu em São Paulo, em odor de santidade. Em 2019, 15 anos após seu falecimento, religiosos da Fraternidade Jesus Salvador iniciaram a fase preliminar de seu processo de beatificação com autorização de Dom José Negri, PIME, Bispo da Diocese de Santo Amaro (SP). Em 2021, a Congregação para a Causa dos Santos concedeu o nihil obstat, documento que permite a abertura do processo diocesano de beatificação e canonização do Servo de Deus Padre Gilberto Maria Defina. (Com informações fornecidas por Frater Pedro Josemaria dos Santos, SJS)

Deus é grande! E nossa grandeza é proporcional à união que estabelecemos com Ele. Para sermos “grandes”, é preciso nos tornamos seus filhos “pequeninos”. Nossa “glória” está em adorá-lo; nossa liberdade, em obedecê-lo; nossa “exaltação”, em nos ajoelharmos diante Dele. Os pássaros bendizem a Deus voando e cantando; as abelhas o louvam polinizando as plantas e produzindo mel… Aos seres humanos, porém, compete algo bem maior do que aos irracionais! Existimos para conhecer, amar e servir livremente o Criador, pois temos uma alma feita à sua imagem. Além disso, assumindo nossa natureza, o Filho de Deus nos elevou ainda mais. O fundamento da existência e da dignidade humana está em se glorificar a Deus Pai e Criador. Por isso, o Senhor Jesus nos ensina a orar dizendo, antes de tudo, “Pai, santificado seja o vosso Nome” (Mt 6,9). “Santificar” é louvar, bendizer, agradecer e propagar continuamente o Nome do Senhor. “Nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17,28); portanto, desprezando-o, o homem degradaria sua própria existência. O nosso nada precisa de sua glória; nossa mortalidade, de sua eternidade; nossa miséria, de sua santidade. Para que o santifiquemos perfeitamente, Deus falou muitas vezes pelos profetas e, na plenitude dos tempos, se fez homem. E o Deus-Homem, Jesus Cristo, revelou-nos o mistério da intimidade divina: Deus é Pai e Filho e Espírito Santo. Há um só Deus em três Pessoas realmente iguais e distintas. O Pai é a fonte e origem; o Filho é a sabedoria que se fez homem; o Espírito Santo é o amor que procede do Pai e do Filho. As três Pessoas não se confundem, pois estabelecem entre si relações distintas; mas, ao mesmo tempo, não se separam, já que são uma única substância divina. Deus é uma perfeita comunhão de Amor que transborda para suas pequenas criaturas e convida-as a participar da sua vida. O Antigo Testamento fala do “Espírito do Senhor” e da “Sabedoria” divina personificada. Entretanto, com a vinda do Filho, a Santíssima Trindade se manifestou de modo sensível no Batismo e na Transfiguração de Jesus. E o Senhor mesmo falou repetidamente sobre sua relação filial com o Pai e sobre o Espírito Santo que comunicaria a vida da graça aos fiéis. Estabeleceu como missão da Igreja “fazer discípulos pelo mundo inteiro e batizar em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). Ao festejarmos a Santíssima Trindade, reavivamos o desejo de orar distintamente a cada uma das Pessoas divinas, estabelecendo assim intimidade com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo. Adoramos profundamente o Deus uno e trino, maravilhados porque, por meio da graça santificante, Ele veio habitar nossas almas. E fazemos o propósito de que toda a nossa vida – escolhas, trabalhos, família, descanso, orações – seja um contínuo hino de louvor ao único Deus que nos criou, redimiu e santifica. Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, assim como era no princípio, agora e sempre e por todos os séculos dos séculos. Amém!


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Prensa Celam

24 | Geral | 26 de maio a 1º de junho de 2021 |

www.osaopaulo.org.br Diariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publicados recentemente. Os dons do Espírito Santo levam à perfeição as virtudes daqueles que os recebem https://cutt.ly/Qnrz6g2 Fundo Mundial de Solidariedade destinou mais de R$ 680 milhões em doações em 2020 https://cutt.ly/inrz3rY

Assembleia Geral do Celam aprova nova estrutura pastoral da entidade Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

Na conclusão da 38ª Assembleia Geral Ordinária, do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), realizada entre os dias 18 e 21, foi aprovada a proposta de reestruturação pastoral desse organismo eclesial de serviço, comunhão e articulação do episcopado na América Latina e no Caribe. Pela primeira vez realizada de forma virtual, devido à pandemia de COVID-19, a assembleia contou com a participação dos presidentes e delegados das 22 conferências episcopais do continente. Além do tema principal da renovação da estrutura da entidade, o episcopado refletiu sobre os desafios das Igrejas nos diferentes países latino-americanos, especialmente no contexto da atual pandemia. Processo de escuta Na mensagem final enviada às conferências episcopais do continente, os participantes da assembleia ressaltaram que o evento foi realizado “em espírito de comunhão e fraternidade, um olhar contemplativo sobre a realidade latino-americana e caribenha, com uma visão universal e esperançosa”. Da mesma forma, “iluminamos essa realidade desde os fundamentos teológicos, eclesiológicos e pastorais do processo de renovação e reestruturação do Celam” e “aprofundamos em uma proposta de pastoral, como Igreja sinodal em saída, para o desenvolvimento humano integral das pessoas e comunidades”. O texto apresentado e aprovado pela assembleia é resultado de um processo iniciado em 2019, quando a atual presidência do Celam assumiu o

mandato. A equipe responsável realizou uma série de reuniões e consultas às conferências episcopais, organismos eclesiais continentais e dicastérios da Santa Sé, que contribuíram no discernimento e reflexões sobre a nova proposta. Eixos fundamentais A nova estrutura prevê a formação de quatro centros pastorais que funcionarão como eixos fundamentais de atuação do Celam, em vez dos antigos departamentos que compunham a entidade. Esses centros trabalharão de forma integrada e articulada. O Centro do Conhecimento terá a missão de “analisar, a partir de uma pastoral discernida, a complexa realidade da nossa região”. O Centro de Formação Bíblico-Teológico-Pastoral para a América Latina e o Caribe, que já existe, assumirá cada vez mais a missão de promover processos formativos de âmbito pastoral. O Centro para Programas e Redes de Ação Pastoral estará a serviço das conferências episcopais para orientação pastoral e intercâmbio de experiências entre essas conferências por meio de redes temáticas e territoriais. Por fim, o Centro de Comunicação, dedicado a promover uma comunicação eficaz entre as conferências episcopais, atenta às novas tecnologias e processos comunicacionais. Reforma dos Estatutos Também foi aprovada a convocação de uma assembleia extraordinária para os dias 20 e 21 de julho para estudar a questão econômica e a renovação dos estatutos do Celam, em vigor desde 2009. Para isso, existe uma comissão que trabalha desde novembro

de 2020 com o auxílio de um comitê jurídico. De acordo com o coordenador dessa comissão, Padre Marcelo Gidi, os princípios orientadores da reforma – eclesialidade, comunhão, colegialidade e sinodalidade – devem se concretizar em serviços ágeis e simplificados, com estruturas descentralizadas. Natureza e identidade O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e 1º Vice -Presidente do Celam, afirmou que, durante a apresentação da proposta à assembleia, os bispos refletiram muito sobre a natureza e identidade da própria entidade. “O Celam é um organismo episcopal, mas não é uma conferência episcopal. É um conselho que está a serviço das conferências episcopais do continente, um serviço subsidiário, ou seja, não é o Celam que coordena as conferências episcopais e as dioceses”, destacou. Nesse sentido, Dom Odilo frisou que, uma vez entendida a identidade e missão do Celam, compreende-se que esse organismo não precisa reproduzir todos os serviços necessários em uma conferência episcopal ou diocese. “A estrutura anterior, dos departamentos, imitava um pouco o que era a atribuição das conferências episcopais. Por isso, o Celam fazia muitas coisas que são próprias das dioceses e acabava não realizando o que realmente era necessário.” “O Celam é, portanto, um organismo de serviço, é articulador, apresenta novas reflexões, escuta as realidades da Igreja e da sociedade no continente e propõe novos caminhos. Por isso, é um desafio pensá-lo em novas categorias, não como uma ‘superconferência episcopal’ do continente”, completou Dom Odilo.

Dom Odilo: ‘Ofereçamos a Deus, todos os dias, o sacrifício de louvor da nossa vida’ https://cutt.ly/2nrzp69 Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em carta aberta, bispos pedem atenção da sociedade brasileira à Amazônia Legal https://cutt.ly/MnrzC1m COVID-19: pessoas com doenças neurológicas crônicas são incluídas na vacinação https://cutt.ly/pnrzAIm Em live, jornalista Rodrigo Alvarez fala sobre livro-entrevista com Dom Odilo Pedro Scherer https://cutt.ly/anrznkf SP mantém medidas mais restritivas de combate ao coronavírus até o fim do mês https://cutt.ly/nnrzEKb

Pastores Além da mensagem às conferências episcopais, a Assembleia Geral do Celam escreveu mensagens ao Papa Francisco e ao povo de Deus. Na mensagem ao Pontífice, os bispos recordaram que o encontro teve lugar no contexto da pandemia de COVID-19, que expôs as limitações e fragilidades do continente, acentuando as desigualdades, como se pôde perceber com o crescimento de 12% na taxa de pobreza per capita. “Como pastores do povo de Deus, queremos colocar um ouvido no grito da terra e o clamor dos pobres com a consciência de que tudo está interligado, e o outro ouvido no Evangelho do Reino de Deus, com a esperança de sairmos desta crise juntos e melhores, animados por suas palavras: ‘Estamos todos na mesma barca’, ‘Ninguém se salva sozinho’”, escreveram.


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