O São Paulo - 3353

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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ano 66 | Edição 3353 | 7 a 13 de julho de 2021

www.osaopaulo.org.br | R$ 3,00 Vatican Media

Junto com patriarcas, bispos e pastores, o Papa Francisco participa, no Vaticano, do dia de oração e reflexão pela paz no Líbano, na quinta-feira, 1º; país tem sofrido com crise política e econômica

‘Deus é Pai e deseja a concórdia entre os filhos’, diz Francisco em dia de oração pelo Líbano Preocupados com a crise política e econômica sem precedentes que atinge o Líbano, no Oriente Médio, o Papa Francisco, patriarcas, bispos e pastores clamaram, no dia 1º, pela misericórdia de Deus sobre o povo libanês. “Nós, pastores, sustentados pela oração do povo santo de Deus, neste momento escu-

Editorial Deus é o próprio fundamento pelo qual vivemos, nos movemos e existimos Página 4

Encontro com o Pastor Todo católico deve ouvir o Papa e acolher com respeito e fé o que ele ensina Página 2

ro, procuramos, juntos, orientar-nos à luz de Deus. E, na sua luz, vimos, antes de tudo, as nossas sombras: os erros cometidos quando não testemunhamos o Evangelho com toda a coerência, as ocasiões perdidas no caminho da fraternidade, reconciliação e plena unidade”, discursou o Sumo Pontífice. Nesta semana, o Papa está em recupe-

ração de uma cirurgia que realizou no domingo, 4, para tratar de um problema no sistema digestório. No Brasil, naquela data, houve a coleta para o Óbolo de São Pedro, por meio do qual o Santo Padre subsidia ações caritativas e emergenciais em favor dos mais pobres. Páginas 12 a 15

Dom Eduardo Vieira dos Santos é empossado na Diocese de Ourinhos (SP)

Seminaristas da Arquidiocese participam de simpósio missionário

Nomeado pelo Papa em 19 de maio, o até então Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo tomou posse no sábado, 3. “Venho para me inserir e dar continuidade ao trabalho de evangelização já começado”, afirmou.

O Seminário da Arquidiocese de São Paulo realiza um simpósio missionário até o dia 8, que acontece em substituição à missão de férias dos seminaristas, que não pôde acontecer devido à atual pandemia.

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Espiritualidade O chamado de Jesus é individual, mas a missão se faz de modo comunitário Página 5

Liturgia e Vida ‘Existimos para amar o Senhor e o próximo com coração generoso’ Página 23


2 | Encontro com o Pastor | 7 a 13 de julho de 2021 |

cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

A

cabamos de comemorar na Liturgia a solenidade do martírio de São Pedro e São Paulo, os dois grandes apóstolos que marcaram os inícios da Igreja de Cristo. Pedro foi constituído por Jesus como chefe dos apóstolos e recebeu o encargo de manter a Igreja na mesma fé e na verdade do Evangelho, na mesma esperança sobrenatural que vem das promessas de Jesus e unida na caridade, conforme recomendação de Jesus. Paulo, convertido ao Evangelho após a ressurreição de Jesus e fascinado por Ele, tornou-se o grande missionário, que alargou os horizontes da pregação do Evangelho para o meio dos povos pagãos, atraindo-os para Cristo. Por seu entusiasmo pelo Evangelho e seu amor a Cristo, Paulo marcou fortemente a vida da Igreja nos seus inícios. Ele representa a Igreja missionária, que vai ao encontro dos povos, culturas e religiões diversas, dia-

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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O nome do Papa é Francisco loga com eles e os atrai a Cristo. Pedro e Paulo são lembrados na Igreja de Roma, onde deram seu testemunho de sangue por Cristo e onde seus túmulos são venerados ainda hoje por multidões de peregrinos, que, junto deles, renovam sua fé e seu amor a Cristo. A Igreja é comunhão e missão. Ambas essas dimensões são necessárias para a sua fidelidade a Cristo e ao Evangelho. Na comunhão, ela encontra a sua identidade e sua força dinâmica. Na missão, ela encontra a sua razão de ser e se revitaliza constantemente. Sem a missão, a Igreja fecha-se em si mesma, envelhece e deixa de produzir frutos; sem a comunhão, ela se dilui, perde a sua identidade e a força do seu testemunho em favor de Cristo e do Evangelho. Ambas essas dimensões da Igreja estão presentes na missão do Papa, Sucessor do Apóstolo Pedro, primeiro Bispo de Roma. Ao Papa, com os bispos em comunhão com ele, cabe manter a Igreja unida na mesma fé, esperança e caridade, confirmando os irmãos na verdade do Evangelho e na autenticidade da vida cristã. Cabe-lhe também animar constantemente a Igreja no cumprimento da missão recebida de

Cristo. O Papa aponta para os imensos desafios missionários de cada época, chama, orienta e envia missionários, desperta a Igreja para novos discernimentos sobre os seus desafios missionários. O Papa tem a missão de Pedro e de Paulo. Na comemoração de São Pedro e São Paulo, a Igreja rezou especialmente pelo Papa Francisco, conforme tradição que vem dos tempos apostólicos. De fato, quando Pedro estava preso e Herodes queria apresentá-lo ao povo, não para ser aclamado e acolhido, mas para ser condenado a morrer, Deus enviou seu anjo para libertar Pedro da prisão e das mãos de Herodes. Enquanto isso, “a Igreja rezava continuamente a Deus por ele” (At 12,5). Ainda hoje, a Igreja reza pelo Papa em cada celebração eucarística, para que Deus o conserve com saúde e sabedoria e o livre da mão dos inimigos. Além de rezar, todo católico deve também ouvir o Papa e acolher com respeito e sincera fé seus ensinamentos, mantendo-se em comunhão com ele. Isso não depende de simpatia ou qualquer outro sentimento humano, mas decorre da nossa fé cristã. Reconhecemos e acolhemos com fé e

sincero coração que o Papa recebeu de Jesus Cristo um chamado especial para zelar pela Igreja inteira e que ele conta com a especial assistência do Espírito Santo. É questão de fé e não cabe dúvida no ensinamento da Igreja: Pedro e seus sucessores, legitimamente constituídos na sua missão, recebem um carisma especial do Espírito Santo para o desempenho de sua grande e difícil missão. A união com o Papa é fator identificador da unidade e da catolicidade da Igreja de Cristo. É contraditório e falso quando alguém recusa sua união com o Papa e continua a se considerar católico. O Papa Francisco chama continuamente a Igreja a se manter unida na verdade do Evangelho e a tomar parte de uma “Igreja em saída missionária”. Com certa frequência, ainda há quem afirme que a Igreja atual tem dois Papas: Bento e Francisco. Não é verdade. Bento, homem sábio e de uma grandeza imensa, não é mais Papa, uma vez que renunciou ao Pontificado. O Papa, agora, é Francisco e somente ele. Com ele, devemos estar unidos e por ele devemos rezar continuamente, como ele mesmo pede: “Não se esqueçam de rezar por mim!”

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| 7 a 13 de julho de 2021 | Geral | 3

Cardeal Scherer: ‘Madre Assunta viveu a caridade de modo extraordinário’ Arquivo pessoal

Daniel Gomes

osaopaulo@uol.com.br

Em 27 de outubro de 1895, a jovem italiana Assunta Marchetti, então com 24 anos, chegava a São Paulo para cuidar de crianças órfãs, a pedido de seu irmão, o Padre José Marchetti, também missionário em terras brasileiras. No orfanato feminino no bairro da Vila Prudente, na zona Leste, onde viveu a maior parte do tempo, até morrer em 1º de julho de 1948, Madre Assunta também dava assistência aos doentes e demais pessoas necessitadas. Na quinta-feira, dia 1º, na memória litúrgica da Madre que foi beatificada em São Paulo em 25 de outubro de 2014, o Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu missa na Capela da Casa Madre Assunta, que fica nas dependências do antigo orfanato, onde hoje ainda há ações voltadas a crianças no contraturno escolar.

Exemplo a ser seguido

Na homilia, o Cardeal Scherer destacou que a Beata é modelo de quem se consagrou a Deus e esteve sempre atenta ao próximo. “Madre Assunta viveu a caridade de modo extraordinário, na dedicação

Os santos são pessoas de carne e osso”, recordou.

O chamado atual à caridade

Dom Odilo Scherer preside missa na capela da Casa Madre Assunta, na quinta-feira, dia 1º

aos órfãos, aos doentes e aos imigrantes”, ressaltou, recordando que ela foi cofundadora da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu (Scalabrinianas), hoje presente em 28 países. Recordando o Evangelho proclamado na missa (Mt 25,1-13) – no qual Jesus, em parábola, fala das dez virgens que com suas lâmpadas saíram ao encontro do esposo, mas algumas delas deixaram que o óleo acabasse e, assim, sem luz, não puderam encontrá-lo –, o Arcebispo lembrou que sempre é preciso estar preparado para a entrada no Reino

dos Céus, estando com a lâmpada acesa – ou seja, a fé – e com óleo suficiente para sustentá-la – as boas obras, as obras de misericórdia. Madre Assunta assim o fez, e sua imagem com uma barca nas mãos retrata não só seu itinerário missionário, mas, também, uma vida repleta de boas obras, com as quais se apresentou diante de Deus. “É um convite muito concreto para que nós olhemos para ela, recordando sempre o que fez. Ela viveu aqui. Os santos não são fantasia, não são mito.

O Arcebispo Metropolitano também recordou que Madre Assunta chegou ao Brasil poucos anos após a abolição da escravatura, em 1888, e a proclamação da República, em 1889; e em um contexto de grande vinda de imigrantes ao País, com muitas pessoas que viviam em dificuldade e que precisavam das ações caritativas da Igreja. Madre Assunta e o Padre José Marchetti se dedicaram com gestos de caridade aos mais vulneráveis, atitude que hoje deve ser imitada, pois há muitos que precisam de uma mão amiga e caridosa, como os mais pobres, as crianças, os doentes e os imigrantes que vivem em São Paulo, vindos da África, do Oriente Médio e de países da América Latina. “É este trabalho concreto de caridade que precisamos continuar a fazer, a exemplo do que ela fez. Que a Beata Assunta interceda por nós e que, imitando o seu exemplo, nós mantenhamos a lamparina da nossa vida bem alimentada de óleo, com boas obras, fazendo o que é possível para ajudar o próximo”, disse o Arcebispo.

Medalha São Paulo Apóstolo: inscrições devem ser feitas até o dia 30 REDAÇÃO

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A Medalha São Paulo Apóstolo, que reconhece iniciativas que valorizam, estimulam e dinamizam a vida eclesial e pastoral na Arquidiocese de São Paulo, está com inscrições abertas até 30 de julho para a indicação de nomes a serem premiados. Os contemplados serão anunciados no dia 5 de agosto, às 18h, no portal da Arquidiocese de São Paulo. A cerimônia de entrega da Medalha acontecerá em 26 de agosto, em local a ser informado na ocasião do anúncio dos contemplados.

Ampla mobilização

O edital da edição 2021 – cuja íntegra pode ser lida em https://cutt.ly/rmhiV9W – ressalta o período singular marcado pela pandemia de COVID-19, o qual “exige a mobilização especial de todos para atender às necessidades da população mais vulnerável, dos doentes e dos pobres”. No documento, explica-se, ainda, que por essa razão, por recomendação do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, e dos bispos auxiliares, a Arquidiocese deseja reconhecer e valorizar o trabalho solidário e de apoio aos pobres e doentes, realizado nas paróquias, comunidades e organizações eclesiais, e a ação de profissionais da Saúde, médicos, enfermeiros e auxiliares, que se empenham nos hospitais e nas instituições de assistência social. “Da mesma forma, merecem reconhecimento especial as iniciativas de orações, celebrações e ações de evan-

gelização realizadas presencialmente e transmitidas pela internet e pelas mídias sociais”, consta no edital.

Pessoas e instituições

A Medalha São Paulo Apóstolo foi instituída em 2015, no contexto das comemorações dos 270 anos de criação da Diocese de São Paulo. Como nos anos anteriores, o prêmio será concedido a sete categorias de pessoas e três categorias de instituições e entidades. Pessoas: Testemunho laical; Serviço sacerdotal; Ação caritativa e de promoção humana; Ação missionária; Inovação na metodologia pastoral; Educação cristã; Defesa e promoção da vida e da dignidade humanas. Instituições: Cultura; Comunicação e Serviço Social. No decreto de instituição da Medalha, Dom Odilo Pedro Scherer ressalta que “todos os batizados foram constituídos como povo de Deus e são participantes do múnus sacerdotal, profético e régio do próprio Cristo” e acrescentou que a homenagem também é um “incentivo para que floresça mais abundantemente a vida eclesial e pastoral nesta cidade imensa”.


4 | Ponto de Vista | 7 a 13 de julho de 2021 |

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Editorial

Deus não é nosso rival

E

screvíamos num recente editorial sobre a felicidade que um dos desafios da evangelização atual é desvincular o Cristianismo, no imaginário popular, das “supostas proibições arbitrárias, que cerceariam nossa liberdade e impediriam a tranquila fruição da vida” (JOSP, 3.351; 23-29/06/2021). De fato, uma característica marcante de nossos tempos é a “fuga defensiva de Deus”, tido como um rival que “quereria privar os homens do seu espaço vital, da sua autonomia, do seu poder; um rival que (...) impõe limites à nossa vida e não nos permite dispor da existência a nosso bel-prazer” (Francisco Faus, Procurar, encontrar e amar a Cristo, Cultor de Livros, 2018; cf. Bento XVI, Homilia na Epifania de 2011). O Papa Francisco fala dessa tendência de fuga de Deus: “Alguns creem-se livres quando caminham à margem de Deus, sem se dar conta de que ficam existencialmente órfãos, desamparados,

sem um lar para onde possam sempre voltar. Deixam de ser peregrinos para se transformarem em errantes, que giram indefinidamente ao redor de si mesmos, sem chegar a lado nenhum” (Evangelii gaudium, 170) Essa mentalidade, em rigor, nos acompanha desde a Queda: a instigação a comer do fruto proibido mais não era do que a tentação de ocupar o lugar de Deus, decidindo por nós mesmos da bondade ou malícia das coisas. A tentação da serpente, pai da mentira, convenceu nossos primeiros pais de que Deus era seu rival, que os pretendia privar de um bem superior (cf. Gn 3,4-5). Contrariamente a essas concepções de rivalidade, no entanto, a tradição católica, apoiada no relato da sarça ardente e em Deus que se define como “Aquele que é”, desenvolveu a noção de que Deus se relaciona com suas criaturas de forma não competitiva: sendo o fundamento de tudo o que existe, dizia Santo Tomás

de Aquino, Deus não é o ens summum (o mais elevado dentre os diversos seres), mas o ipsum esse (o próprio ato de ser). Esta intuição teológica é fundamental porque “uma das marcas mais evidentes das naturezas finitas e mundanas é que elas existem de forma mutuamente excludente” – as coisas finitas, precisamente como de-finidas, opõem-se reciprocamente entre si. Mas Deus, a própria fonte do ser, não é um ser entre vários – e assim pode se aproximar de suas criaturas sem que elas sejam destruídas ou comprometidas em sua integridade. Contrastemos esta teologia com as visões pagãs, segundo as quais a relação de Deus com o cosmo seria sempre marcada por uma nota de violência ou submissão: as teomaquias ou guerras entre os deuses mitológicos, ou a agressiva imposição de uma forma na amorfa matéria primeva. Pense-se aqui no mito da jovem Sêmele, mãe de Dionísio: seduzida por Zeus, que lhe aparecera em

forma de águia, ela lhe pede revelar-lhe sua glória divina – e é incinerada pela transcendência da visão. Para nós, cristãos, a lógica é exatamente inversa: Deus, “Aquele que é”, não rivaliza com suas criaturas – antes, é o próprio fundamento no qual “vivemos, nos movemos e existimos” (cf. Ex 3; At 17,28). A presença de Deus leva a sarça a arder em fogo, mas sem se consumir. A mesma presença leva São Paulo a exclamar, ardoroso: “Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim!” (Gl 2,20). Ousará alguém negar que a literatura paulina transborda da inteligência, da fibra e do caráter peculiares deste homem? Tomado pelo verdadeiro Deus, ele se tornava mais completamente si próprio: ardia em chamas, sem se destruir. Dizia Santo Irineu de Lião, já no século II: gloria Dei homo vivens (“a glória de Deus é que o homem viva em plenitude”) – Deus não quer nossa repressão, mas nosso mais consumado afloramento.

Opinião

Engenharia comportamental e COVID-19 Arte: Sergio Ricciuto Conte

Dener Luiz da Silva Há conhecimento suficiente nas ciências do comportamento sobre quais elementos são necessários para controlar comportamentos sociais (modos de convívio, cuidados coletivos etc.). Nós não apenas aprendemos aquilo que é reforçador – por exemplo, a andar na faixa de pedestres, o que aumenta as chances de não sermos atropelados –, mas, igualmente, aprendemos pela observação das consequências que se seguem à aprendizagem de outros – não roubar, porque vi consequências dessa ação na vida de pessoas que conheço. Aprendizagem por reforço e aprendizagem mimética (por observação) são duas das mais poderosas forças para construção de hábitos e comportamentos coletivos. Porém, são raros os casos em que governantes usam de modo consciente e adequado tais “leis da aprendizagem” para moldar ou aproximar ações coletivas de comportamentos desejados (Engenharia Comportamental). É famosa a experiência de Estocolmo, na Suécia, na qual se transformou escadas de uma das estações de metrô em “teclas de um piano gigante”. Buscava-se estimular o exercício físico e, de fato, em um primeiro momento, houve aumento considerável de comportamentos nessa direção. Por uma certa construção histó-

rico-cultural própria de sociedades “modernas”, contudo, é mais frequente vermos governantes apostarem na “punição” como modo de gerir o comportamento indesejado. Multas, impostos, mandados de segurança nada mais são do que tentativas mal sistematizadas de controle dos comportamentos. Se invertessem a lógica – em vez de punir e, com isso, buscar arrecadar mais com multas – e começassem a ofertar benefícios para quem “anda na linha” (descontos nos impostos, valor das taxas, facilitação para efetivação de contratos etc.) –, teríamos, certamente, uma revolução compor-

tamental notável e, provavelmente, maior arrecadação. Há exemplos de grande porte que podem nos servir de modelo, caso de empresas que implementam esquemas de participação nos lucros e obtêm maior satisfação e produtividade. Não somos meros robôs ou organismos que possam ser totalmente controlados. Por isso, certamente tais medidas haveriam de mostrar seus limites. Um governo que, conscientemente, tomasse a frente nessa “inversão”, se surpreenderia com as mudanças alcançadas. Em relação às mudanças comportamentais envolvendo a situação da

pandemia de COVID-19, teríamos aí enorme contribuição dessa mudança de lógica. Selos ou declarações públicas de “Esta empresa respeita as normas” ou fiscalizações nas quais se pontuasse ou presenteasse com algum estímulo sabidamente reforçador pedestres que se comportem adequadamente, “viralizariam” em ondas de mudança positiva e coletiva. Poderíamos, justamente, nos perguntar: “Mas o uso de uma tal ‘engenharia comportamental’ não iria contra a liberdade humana, desde sempre defendida pela doutrina da Igreja?”. Para respondê-lo, teríamos de analisar as duas dimensões envolvidas: coletiva e individual. Em relação à primeira, remeto o leitor a um próximo texto, no qual analisaremos o papel do conceito de “povo” e suas implicações no enfrentamento à pandemia. Em relação à segunda, o cerne é, de fato, o que se entende por liberdade. Se a definirmos como “tudo posso” ou “sem limites”, também os ensinamentos da Igreja irão nos precaver dessa falsa concepção. O que se propõe, no entanto, sem cair necessariamente nos extremos opostos, é uma prática social que valorize comportamentos sabidamente refratários ao individualismo ou liberalismo, ou seja, uma ação individual que se sabe integrada e em equilíbrio com o “nós” coletivo. Dener Luiz da Silva é professor de Psicologia na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.


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Arquivo paroquial

lapa

São Pedro é festejado em paróquia no Central Parque Lapa Benigno Naveira

Arquivo paroquial

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

[LAPA] Na sexta-feira, 2, a Pastoral Social da Paróquia Santo Alberto Magno, no Jardim Bonfiglioli, Setor Butantã, entregou 300 cestas básicas, 300 litros de leite, 300 bandejas de ovos e 500 peças de roupa de frio. Em conversa com a Pastoral da Comunicação da Região Lapa, o Padre Antonio Francisco Ribeiro, Pároco, afirmou que esse trabalho social tem ajudado cerca de 600 famílias, e a cada dia aumenta o número de pessoas entre os mais necessitados. Os trabalhos da pastoral são coordenados pela senhora Vera Lucia Carvalho Pereira. Padre Antonio agradeceu a iniciativa do ato de solidariedade às pessoas que doaram os alimentos e roupas, e àqueles que distribuíram as doações aos mais necessitados. A todos ele invocou as bênçãos de Deus. (por Benigno Naveira)

[BRASILÂNDIA] No sábado, 3, na Paróquia Nossa Senhora da Expectação, Setor Freguesia do Ó, a última turma de catequizandos recebeu o sacramento da primeira Eucaristia. Cumprindo os protocolos recomendados para o atual momento de pandemia, os 60 catequizandos foram divididos em quatro grupos em missas presididas pelo Padre Carlos Alves Ribeiro, Pároco. As celebrações foram transmitidas pelas redes sociais, aos sábados, desde 12 de junho. (por Pascom da Paróquia Nossa Senhora da Expectação)

[BRASILÂNDIA] No sábado, 3, o Padre Genésio de Morais, Pároco da Paróquia São Francisco de Assis, Setor Dom Paulo Evaristo, participou, com a equipe de gestão e comunidade da Escola Estadual Doutor Ubaldo Costa Leite, de um mutirão comunitário para limpeza do terreno escolar, em vista da implantação de uma horta comunitária. Tomaram parte da ação diversos voluntários e fiéis de outras igrejas cristãs. (por Marcos Rubens Ferreira)

Em 29 de junho, após o 3° dia do tríduo da festa do padroeiro da Paróquia São Pedro Apóstolo, no Central Parque Lapa, os fiéis da comunidade comemoraram a solenidade litúrgica do padroeiro, participando da missa presencial e transmitida pelas redes sociais, presidida pelo Padre Marcos Lourenço Cardoso, RCJ, Pároco, e concelebrada pelo Padre Airton Conceição de Almeida, RCJ, Vigário Paroquial. Padre Marcos, na homilia, destacou as virtudes de Pedro, que se chamava Simão e recebeu do próprio Jesus o nome de Cefas, que quer dizer “pedra”, “rocha”. Era filho de Jonas, irmão de André, originário de Betsaida, pescador em Cafarnaum e, depois, apóstolo de Jesus Cristo. O presidente da celebração lembrou ainda que o apóstolo Pedro, depois de ter exercido o episcopado em Antioquia, tornou-se o primeiro Bispo de Roma, de modo que no dia dedicado a este Santo também se celebra o Dia do Papa. No domingo, 4, às 9h, encerrando as festividades, Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, presidiu a missa da Solenidade de São Pedro e São Paulo.

Espiritualidade

Jesus nos envia Dom José Benedito Cardoso

Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa

É

sempre bom voltar para a terra da gente, o lugar da nossa infância. Após longa ausência, Jesus também voltou a Nazaré e, como de costume, no dia de sábado foi para a reunião da comunidade e tomou a palavra, mas o povo não gostou do que ouviu. Jesus deixa Nazaré e começa a percorrer os povoados nas redondezas. Então chama os discípulos e os envia, dando-lhes regras claras e precisas. O chamado é individual, mas a missão se faz em parceria, é comunitária, um trabalho em equipe. É sempre necessária

a companhia de mais um irmão para testemunhar, animar e levantar quando for preciso. Levar um cajado também é importante. Ele é feito de madeira, parece frágil, mas já serviu para abrir o Mar Vermelho, para ser tocado na rocha de onde brotou água no deserto. Ele prefigura o lenho da cruz. Pelo cajado, o povo foi liberto da escravidão, refrigerado pela água da vida e reconciliado com Deus. Na missão, um cajado para amparar no cansaço, proteger do ataque das feras e ser sinal do bom pastor que cuida e protege as ovelhas. Além do cajado, também um par de sandálias para não ferir os pés, o que poderia impedir a realização plena da missão. Diferentemente dos missionários oriundos dos essênios e fariseus que iam para a missão levando sacola, dinheiro e comida, os enviados de Jesus são orientados a não levar nada, nem bolsa, nem comida, apenas uma túnica e sandália nos pés. Ir sem nada significava que confiavam na hospitalidade do povo e que

seriam bem recebidos. A simplicidade e busca de se identificar com os últimos da fila deve ser a principal característica dos seguidores de Jesus. Mesmo com todos os cuidados, o missionário pode ser rejeitado, sua palavra pode encontrar grandes obstáculos. Se isso acontecer, é preciso sacudir até o pó que grudou no calçado (indiferença, rejeição, rancor), para que esta sujeira não o impeça de seguir adiante, firme na missão. Mas, cuidado: tem um pó que é tão nocivo quanto este, o pó daquele que saiu sem nada para a missão e voltou com a sacola cheia em nome de Jesus. As exigências dos comportamentos pessoais, sobretudo a coerência de vida, têm como finalidade atingir o essencial da missão: anunciar a chegada do Reino, propor mudança de vida, expulsar demônios, ungir e curar os doentes. Não é imitação, mas fazer o que Jesus faria se estivesse diante dessas situações, afinal libertar as pessoas do mal e curar os doentes foi o que Jesus mais fez. Cuidou da vida.

Diante desse cenário de despojamento, fica bem lembrar o belo exemplo do profeta Amós. Ele é um simples camponês que deixa suas atividades no campo e sai da sua região para profetizar em Betel, santuário do rei, território dominado pela força e poder de um tirano. Um sacerdote chamado Amasias pede a retirada do profeta, acusando-o de conspirar contra o Estado, de importunar o tirano que ele protege, usando a religião para encobrir seus desmandos. No entanto, Amós não se amedronta diante das ameaças recebidas e, confiando no Deus que o chamou, continua a missão que recebeu. Quem nos inspira hoje: um profeta (Amós) que denuncia os desmandos dos grandes ou um sacerdote (Amasias) que usa a religião para encobrir as falcatruas do seu rei? Uma Igreja sobrecarregada com excesso de bagagem ou uma Igreja pobre, desprovida de privilégios, livre para oferecer o Evangelho em sua verdade mais autêntica?


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Aberta a exposição pelos 200 anos de nascimento de São Kim Degun Elicia Bang

Reprodução

e cartas escritas em latim pelo Padre Kim Degun, que se esforçou para trazer os missionários estrangeiros a seu país. A exposição irá até 27 de novembro, de terça-feira a domingo, das 9h às 12h. É necessário fazer agendamento pré-

vio para a visitação. A Paróquia Pessoal Coreana São Kim Degun localiza-se na Rua Nair de Teffé, 147, Bom Retiro. Outras informações pelo telefone (11) 2128-0401; WhatsApp (11) 97310-2387 ou pelo e-mail paroquia.cb@gmail.com.

Elicia Bang

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Na manhã do domingo, 4, a Paróquia Pessoal Coreana São Kim Degun, Setor Bom Retiro, inaugurou a exposição sobre Santo André Kim Degun. A cerimônia de abertura teve a bênção feita pelo Padre Pius Choi Sang-Soon, Pároco. São Kim Degun foi o primeiro sacerdote coreano a ser martirizado. Durante cem anos, os católicos da Coreia foram perseguidos pelo governo. Muitos foram presos e pressionados sob tortura a renunciar ao catolicismo, mas dezenas de milhares escolheram morrer defendendo a fé. Um deles foi o Padre Kim Degun. A Santa Sé, reconhecendo a virtude do martírio heroico do Padre Kim Degun, o beatificou em 5 de julho de 1925, e, no dia 6 de maio de 1984, ele foi canonizado por São João Paulo II junto com outros 102 mártires. Para comemorar os 200 anos de nascimento de São Kim Degun, a Igreja Católica na Coreia declarou 2021 como ano jubilar, e a Unesco o elegeu como Patrimônio Cultural Imaterial em 2021, por sua importância histórica, cultural e religiosa.

Na exposição na Paróquia Pessoal Coreana São Kim Degun são apresentados detalhes da vida do Santo, bem como da história do catolicismo na Coreia e a origem da própria Paróquia Coreana no Brasil. Há uma cópia do mapa da Coreia

Pastoral da Escuta se mobiliza para participação na Assembleia Eclesial Ligia Terezinha Pezzuto

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

A Pastoral da Escuta da Região Sé se reuniu por videoconferência, na quinta-feira, dia 1º, para responder ao questionário do Processo de Escuta da Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe. Os sete participantes da reunião refletiram sobre as perguntas à luz da 5ª

Conferência Geral de Aparecida. Previamente, cada um deles fez a leitura do material enviado, o que facilitou o trabalho. Além disso, foi combinado que cada um responderia com antecedência às questões individualmente e, num segundo encontro, que aconteceu no sábado, 3, eles as responderam como grupo de reflexão, diretamente no site da assembleia, sob a orientação da senhora Silvia Bacarelli Ren-

A Paróquia São Domingos, Setor Pastoral Perdizes, possui uma Comissão Socioambiental Inter-Religiosa, que, nos dias 30 de junho e 1º de julho, com o apoio do Pároco, o Padre Márcio Alexandre Couto, OP, apresentou o seminário on-line “Nosso lixo de cada dia”, por meio do canal do YouTube, disponibilizado pelo Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Uma das motivações foram os apontamentos e propostas da

encíclica Laudato si´, do Papa Francisco, que trata da ecologia e do cuidado com a casa comum. No dia 30, a professora doutora Wanda Gunther, titular em Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da USP; o consultor ambiental Leonardo Machado Maglio, especialista em Gestão Ambiental pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), em São Paulo; e o médico e ambientalista Gilberto Natalini, que já foi vereador em São Paulo por cinco mandatos, falaram sobre a gestão do lixo.

Rafaela Vitória

nar, que integra a Pastoral da Escuta. Participaram deste encontro o Diácono Permanente Vicente de Paulo Nogueira, Assistente Eclesiástico da Pastoral da Escuta na Região Sé, e toda a equipe de apoio da Pastoral: Dora Lúcia de F. Costa, Claudio Dolci, Quinto Piazza, Ligia Terezinha Pezzuto, Vera Lúcia Borges e Flavia Maria Palavéri, além do Padre Deolino Pedro Baldissera, salvatoriano, e Frei Hipólito Martendal, OFM.

Paróquia São Domingos promove seminário on-line sobre a temática do lixo POR PASCOM PAROQUIAL

belém

Em 1º de julho, o seminário forneceu exemplos de como é possível implementar tal gestão. Falaram a respeito a irmã franciscana do Sagrado Coração de Jesus, Mayara Affonso, assistente social; o engenheiro ambiental e sanitarista Adilson Alves Gonzaga Jr., que atua como consultor ambiental; e o senhor Telines Basílio, presidente da Cooperativa de Coleta Seletiva da Capela do Socorro (Coopercaps). A íntegra do seminário está disponível no YouTube do Regional Sul 1 da CNBB: https://youtube.com/cnbbsul1.

[BELÉM] Na quinta-feira, dia 1º, na Paróquia Santo André Apóstolo, foi celebrada a missa votiva pelos quatro anos de sacerdócio do Padre Sebastião Júnior, Vigário Paroquial. Ele foi ordenado em 2017 na Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, em Brasília, e chegou a essa Paróquia em agosto de 2018. Em São Paulo, Padre Sebastião também faz parte da 10ª Comunidade Neocatecumenal da Paróquia Santa Bernadette, na Vila Industrial. Alguns integrantes da comunidade participaram da missa, assim como os fiéis da Paróquia Santo André Apóstolo. A celebração também foi transmitida pelo Facebook da Paróquia. Concelebrou o Padre Neidson Gomes, Pároco. (por Nathalia Ferreira)


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santana

Começam os preparativos para o centenário da Paróquia São Pedro Apóstolo Edimilson Fernandes

Edmilson Fernandes

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

A elaboração da “Oração do Jubileu de 100 anos da Paróquia São Pedro Apóstolo”, pelo Padre Claudinei de Arruda Lucio, Pároco, em maio, foi o primeiro ato de preparação do centenário dessa Paróquia no bairro do Tremembé, que ocorrerá em 2026. A oração começa com um agradecimento a Jesus e a todas as pessoas – leigos e dezenas de padres e religiosos consagrados – que ajudaram a propagar o Evangelho neste pedaço arborizado de São Paulo, ao pé da Serra da Cantareira, na Região Episcopal Santana. Padre Claudinei tomou posse em 13 de dezembro do ano passado e é o 19º padre a atuar na São Pedro, fundada em 1º de dezembro de 1926, por Dom Duarte Leopoldo e Silva, então Arcebispo Metropolitano de São Paulo. A pintura da parede atrás do altar (foto) também faz parte de uma grande reforma pela qual a igreja vai passar até o jubileu. “É um privilégio celebrar os 100 anos. Uma grande responsabilidade recapitular e valorizar o trabalho de inúmeros leigos que aqui contribuíram para a construção da Paróquia e dos padres que por aqui passaram. A data vai ser uma marca para o bairro”, avalia Padre Claudinei, que conta com a colaboração do Diácono Permanente Vinicio de Andrade para as atividades na igreja matriz e nas Comunidades Nossa Senhora Aparecida e Santa Rosa de Lima.

Igreja viva e ativa

As restrições da pandemia não impediram que dezenas de leigos engajados fizessem o Drive Thru de São Pedro – em todos os fins de semana de junho e no dia do padroeiro. Ao longo do último mês, três grupos de crianças e alguns adultos também receberam o sacramento da primeira Eucaristia. Atualmente, a Paróquia São Pedro tem ativos os grupos da Pastoral do Batismo, Crisma, Catequese Familiar; do Dízimo, Juventude e da Liturgia. “Nós nos sentimos privilegiados em poder proclamar a Palavra”, relata Sonia Kramper, que coordena o grupo litúrgico da missa das 8h aos domingos. O Ministério da Música, coordenado até recentemente por

Paulo de Tarso Marques, também conta com uma escala para todas as celebrações. “O louvor chega a Deus como forma de amor e gratidão. É parte fundamental das missas,” lembra o músico Pedro Gomes. Movimentos tradicionais, como o Apostolado da Oração e os Vicentinos, também atuam na Paróquia. Entre as obras sociais estão a Creche CEI Pedro Apóstolo e o Abrigo dos Velhinhos Frederico Ozanam. Em junho, houve a chegada da Banda Theotókos (Mãe de Deus), cujos integrantes, além de cantarem em algumas celebrações, também “botaram a mão na massa” nos quatro fins de semana do Drive Thru de São Pedro. “Isso nos fez renovar o sentimento de acolhida ao sermos recebidos pelo querido Padre Claudinei, o Diácono Vinicio e sua comunidade. Hoje, nós nos somamos a esta grande família paroquial, unida pelo amor, pela gratidão e pela fé”, destacam Simone, Marinna e Miguel, da família Ozelin.

Ícone e referência para o Tremembé

A Paróquia São Pedro foi criada oficialmente em 1926, mas a história começou bem antes. Em 1914, o prédio da igreja já estava sendo erguido. A escolha do padroeiro foi uma homenagem a Pedro Vicente de Azevedo, marido de Maria Amália Lopes de Azevedo, que dá nome a uma das principais ruas do bairro. “Foi construída por mestres de obras da região”, conta a ativista cultural Regina Maura Mendonça, assistente social aposentada, que mantém um blogue e uma página no Facebook para resgatar a história do bairro. Nos anos 1920, havia apenas 6 mil habitantes no Tremembé. Hoje, são mais de 200 mil moradores. Mesmo após tantas mudanças durante mais de nove décadas, porém, a Igreja de São Pedro continua se destacando. E não apenas na paisagem. “É um ícone do bairro, que ajudou a integrar as famílias”, aponta Regina Maura.

Fé e Cidadania A fome Fabio Gallo Estamos em pleno século XXI, vivendo grandes avanços em todos os campos. A revolução digital é uma realidade, a inteligência artificial entra em nosso dia a dia. Enfim, grandes conquistas a largos passos. No entanto, a fome é o maior problema de saúde da humanidade. E neste ano está piorando. Obviamente, a crise trazida pela pandemia de COVID-19 agrava a situação, mas não é a única responsável por seu agravamento: os conflitos e as mudanças climáticas também são fatores importantes. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), hoje 24% da população mundial vive em áreas de insegurança alimentar, sendo que 9% das pessoas estão em áreas de insegurança alimentar grave. E pior: esses números podem muito bem subir devido às mudanças climáticas que afetarão cada vez mais as cadeias alimentares globais. Como prováveis consequências deverá ocorrer queda da produção de alimentos em virtude de maiores concentrações de CO2 na atmosfera, temperaturas mais altas e aumento da escassez de água. As estatísticas mundiais sobre a pandemia de COVID-19 mostram que ocorreram mais de 3,8 milhões de mortes desde o seu início em 2020. Enquanto somente em 2021 já perderam a vida mais de 4,1 milhões pela fome e doenças relacionadas. Isso significa que 25 mil pessoas morrem de fome por dia ao redor do mundo. Dentre essas mortes, temos 10 mil crianças – uma criança morre de fome a cada 10 segundos. Esse cenário torna ainda mais forte e importante as palavras do Papa Francisco, quando diz: “Não há democracia com fome, nem desenvolvimento com pobreza, nem justiça na desigualdade”. Um grande esforço para a redução da fome tem ocorrido, como mostram dados da ONU. Desde 1990, o número de pessoas afetadas pela fome diminuiu perto de 190 milhões. Nos últimos anos, porém, o desenvolvimento positivo parou. Hoje são mais de 820 milhões de pessoas famintas no mundo. Isso compromete o atingimento do importante Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU de Fome Zero até 2030. Ainda em 2019, o Papa Francisco manifestou sua preocupação sobre a situação da desigualdade: “Estou preocupado por notar que surgem vozes, especialmente de alguns doutrinários, que tentam explicar que os direitos sociais são velhos, estão desatualizados e não têm nada com que contribuir para as nossas sociedades. Dessa forma, confirmam políticas econômicas e sociais que levam os nossos povos à aceitação e justificação da desigualdade e da indignidade”, advertiu. Um fato dramático é que, a despeito de todos os avanços da humanidade, ainda são imaturos social e politicamente. Hoje, a maioria das pessoas vive em estado de pobreza. Sendo que uma em cada dez pessoas estão no grupo de extrema pobreza. E, até 2021, mais 150 milhões de pessoas devem se juntar a essa terrível estatística, devido à COVID-19 e à recessão global. Mostrar a realidade dos fatos é essencial e tem que ser algo motivador e orientador de ações concretas de todos. Como cristãos, devemos observar exemplos e ações efetivas que busquem a redução do sofrimento de nossos irmãos. Um deles é o trabalho de acolhimento às pessoas em situação de rua realizado pelo Padre Júlio Lancellotti. Não podemos nos isentar da luta contra a fome e todas as formas de injustiça. Estaremos atendendo ao nosso maior mandamento: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. Fabio Gallo é professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e ex-docente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).


8 | Regiões Episcopais | 7 a 13 de julho de 2021 |

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brasilândia

Dom Carlos Silva preside missa na festa do padroeiro da Comunidade São Pedro Érika Santos e Edna Santos

Marcos Rubens Ferreira

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Os fiéis da Comunidade São Pedro da Paróquia São José Operário, Setor Dom Paulo Evaristo, participaram da festa do padroeiro. A primeira missa do tríduo aconteceu na quinta-feira, dia 1º, presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia. Concelebrou o Pároco, Padre Gilson Feliciano, SV. Na homilia, Dom Carlos Silva falou sobre a história de São Pedro: “Quando os romanos descobriram seu paradeiro, prenderam-no e condenaramno à morte de cruz por ser o líder da Igreja de Jesus Cristo. No derradeiro momento, São Pedro pediu que fosse crucificado de cabeça para baixo, por não se julgar digno de morrer como seu Mestre”. As celebrações da festa patronal continuaram até a Solenidade de São Pedro e São Paulo, no domingo, 4. Antes também ocorreram celebrações eucarísticas presididas pelo Pároco e uma noite com louvor, orações e adoração ao Santíssimo Sacramento, no sábado, 3. Pascom da Paróquia Nossa Senhora da Expectação

Pascom da Paróquia Cristo Rei

[BRASILÂNDIA] A Pastoral do Terço dos Homens da Paróquia Nossa Senhora da Expectação, no Setor Freguesia do Ó, realizou uma campanha de arrecadação de não perecíveis no sábado, 3. No total, foi obtida mais de meia tonelada em doações. (por Pascom da Paróquia Nossa Senhora da Expectação)

[BRASILÂNDIA] No domingo, 4, o Padre João Henrique Novo do Prado foi apresentado como Vigário Paroquial na Paróquia Cristo Rei, Setor Perus. Recentemente, ele voltou ao Brasil depois de um período de estudos em Roma. A missa foi presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, e teve entre os concelebrantes o Padre Orisvaldo da Silva Carvalho, Administrador Paroquial. (por Pascom da Paróquia Cristo Rei)

EDITAL DE CONVOCAÇÃO PELO PRESENTE EDITAL, FICA CONVOCADO LUÍS ANTONIO MATIAS FRANÇA, COM ENDEREÇO DESCONHECIDO PARA QUE COMPAREÇA DE TERÇA À SEXTA FEIRA, DAS 13 ÀS 15 HORAS, AO TRIBUNAL ECLESIÁSTICO DE SÃO PAULO, AV. NAZARÉ 993, IPIRANGA, PARA TRATAR DE ASSUNTO QUE LHE DIZ RSPEITO. SÃO PAULO, 07/07/2021

ipiranga

Jovens de paróquia na Vila Arapuá realizam a distribuição de cobertores João Gabriel Sousa Silva

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Com a chegada do inverno, os jovens da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Arapuá, realizaram a distribuição de cobertores para as famílias assistidas pela Pastoral da Caridade e pessoas em situação de rua. A arrecadação aconteceu no dia 5 de junho, e a entrega em 3 de julho. Foram arrecadados 400 cobertores para pessoas em situação de rua e 200 cobertores para

as famílias assistidas. Cerca de 52 famílias, num total de 188 pessoas, foram beneficiadas com as doações. A Pastoral da Juventude paroquial tomou a iniciativa de realizar o trabalho visando à maior presença dos jovens na vida comunitária, principalmente dos recém-crismados da Paróquia. Uma delas, Rita de Cássia, relata que a ação proporcionou uma experiência muito boa, que lhe permitiu se sentir efetivamente parte da comunidade paroquial.

Arquivo paroquial


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| 7 a 13 de julho de 2021 | Reportagem/Fé e Vida | 9

‘Nossa prioridade é anunciar Jesus’, diz Dom Eduardo Vieira dos Santos ao assumir a Diocese de Ourinhos (SP) Emerson Gonçalves/Diocese de Ourinhos

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

A jovem Diocese de Ourinhos (SP) estava em festa no sábado, 3, para a acolhida de seu novo pastor. Nomeado pelo Papa Francisco em 19 de maio, Dom Eduardo Vieira dos Santos tomou posse como 2º Bispo Diocesano dessa Igreja Particular, no interior paulista, durante missa solene na Catedral Senhor Bom Jesus. A Eucaristia foi concelebrada pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, e 25 bispos e diversos padres. Dom Eduardo era Bispo Auxiliar da Arquidiocese desde 2015. Após a leitura do decreto de nomeação episcopal, Dom Salvador Paruzzo, 1º Bispo de Ourinhos, agora emérito, conduziu seu sucessor à cátedra, onde Dom Eduardo se sentou para, oficialmente, tomar posse do pastoreio daquela Diocese. Em seguida, os padres membros do colégio de consultores da Diocese se aproximaram do novo Bispo para manifestar, em nome de todo o clero, o juramento de obediência e fidelidade. Depois, representantes dos diáconos permanentes, religiosos e leigos também manifestaram sua acolhida ao novo pastor.

Gratidão e súplica

Ao fazer seu primeiro pronunciamento como Bispo diocesano, Dom Eduardo elevou a Deus sua gratidão pelo dom da vocação sacerdotal e episcopal. Dirigindo-se ao clero e a todo o povo de Ourinhos, pediu orações por ele e por toda a Diocese, para continuar fiel à sua missão.

próprios e, por isso, ele deseja estar com os olhos e os ouvidos atentos para conhecer profundamente a realidade específica dessa porção do povo de Deus ao qual foi enviado para pastorear. “Como Bispo, venho para me inserir e dar continuidade ao trabalho de evangelização já começado”, completou.

Força do Espírito Santo

Dom Eduardo com bispos concelebrantes na missa em que toma posse da Diocese de Ourinhos

Confiando seu ministério à intercessão materna de Nossa Senhora, Dom Eduardo manifestou o desejo de seguir o seu exemplo de fidelidade à vontade de Deus. “Com o povo desta Igreja particular, quero viver a Palavra de Deus. Por isso, peço a todos que me ajudem a ser fiel a essa Palavra”, completou.

lho é sempre uma alegria, seja qual for a realidade, como esta pandemia ou em épocas mais difíceis da história. Portanto, anunciá-lo deve sempre ser para nós motivo de graça. Evangelizar é um dever, uma obrigação... O mundo precisa cada vez mais do testemunho alegre do Evangelho”.

Juntos, evangelizar

O Prelado ressaltou, ainda, que se dedicará a conhecer a realidade da Diocese, suas paróquias, o clero, as organizações pastorais e os leigos atuantes nos mais variados âmbitos da sociedade. Nesse sentido, Dom Eduardo reconheceu que a experiência de seis anos como Bispo Auxiliar de São Paulo o ajudará na nova missão. No entanto, reforçou que a Diocese de Ourinhos tem um contexto social e religioso

Antes da celebração, Dom Eduardo concedeu uma entrevista coletiva aos profissionais da imprensa local. Quando perguntado sobre o que será mais desafiador em sua nova missão à frente da Diocese de Ourinhos, o Bispo respondeu que o maior desafio da Igreja é sempre a evangelização, sua primeira e mais importante missão. “Nossa prioridade é anunciar Jesus Cristo”, afirmou Dom Eduardo, destacando a atenção especial para a Catequese e a formação cristã das crianças, adolescentes, jovens e famílias. Recordando o seu lema episcopal, “Gaudete in Domino” – “Alegrai-vos sempre no Senhor” (Fl 4,4), o novo Bispo de Ourinhos enfatizou: “O Evange-

Ao saudar Dom Eduardo, o Cardeal Odilo Scherer novamente lhe agradeceu o serviço prestado à Arquidiocese de São Paulo como Sacerdote e Bispo Auxiliar: “Você já tem experiência no ministério episcopal que realizou com tanto esmero... Que Deus o ilumine, acompanhe e inspire para a realização da sua missão nesta querida Diocese. Que o Espírito Santo não lhe falte em nenhum momento! Conte sempre com a minha amizade e a do povo de São Paulo”. O Cardeal também saudou Dom Salvador Paruzzo pelo trabalho realizado como 1º Bispo diocesano de Ourinhos. “Dom Salvador deixa a sua missão e fica à disposição, como membro desta Diocese... Que Deus o recompense e o conserve por muitos anos”, disse.

Ver e ouvir

Diocese de Ourinhos A Diocese de Ourinhos foi criada em 30 de dezembro de 1998 por São João Paulo II, tendo seu território composto por regiões desmembradas das Dioceses de Assis e Itapeva, além da Arquidiocese de Botucatu. Seu território abrange 24 municípios, divididos em quatro foranias. Localizada no oeste paulista, faz limite com o estado do Paraná pelo rio Paranapanema. A sede diocesana é a Catedral Senhor Bom Jesus, em Ourinhos. De acordo com dados de 2019, a Igreja Particular de Ourinhos abrange uma área com uma população de 341.234 habitantes, sendo 86,8% católicos. Há cerca de 50 sacerdotes, entre diocesanos e religiosos, e 45 paróquias.

Você Pergunta É errado marcar missa para falecidos e não participar da celebração? Padre Cido Perreira

osaopaulo@uol.com.br

O Silvio Roberto, de Jundiaí (SP), me enviou esta bela pergunta. Pois bem: é costume de muitos católicos entregar uma lista de 20, 30 nomes de falecidos ou dttá-los pelo telefone e não ir à missa. É um tipo de “terceirização” meio esquisito quando se

torna um hábito. Mas é um costume também muito bonito quando se encomenda uma Missa Gregoriana, que consiste na celebração de 30 missas consecutivas para uma alma com ou sem a presença física de quem as encomendou. Existem também muitas pessoas que, sabendo que somos católicos mais fiéis, recomendam as nossas orações por elas.

Quando me pedem, gosto de dizer a elas: rezo sim, mas você também trate de rezar. Agora, meu irmão, neste tempo de pandemia, as pessoas de idade ou com alguma enfermidade podem, sim, marcar missas e assisti-las pelas mídias sociais. A participação na missa é importante porque rezamos em comum, em comunidade, e alimentamos nossa

fé com o Pão da Palavra e da Eucaristia. Aproveito para dizer que a pequena contribuição que você vai dar na coleta ou quando encomendar a missa é um gesto de amor à sua comunidade, em seu nome e no nome do falecido. Isso, porém, nunca deve ser exigido como condição para que a missa seja celebrada. Fique com Deus, meu irmão.


10 | Reportagem | 7 a 13 de julho de 2021 |

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Fazenda da Esperança: há 38 anos, uma obra de amor e solidariedade Fazenda da Esperança

Atualmente, há 156 unidades em 23 países; destas, 96 estão no Brasil e atendem mais de 4 mil pessoas

“Ingressei no mundo das drogas com o álcool, o cigarro, a maconha. Depois, vieram as outras drogas. Cheguei ao fundo do poço. Quando me vi nessa situação, pedi para minha mãe me internar e hoje estou na Fazenda da Esperança de Parelheiros para me recuperar e perto da casa da minha família. Sou um ser humano melhor, grato e à disposição da Fazenda para ajudar outros jovens a buscar ajuda e recuperação.”

Roseane Welter

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Tudo começou numa esquina do bairro de Pedregulho, em Guaratinguetá (SP), onde alguns jovens se reuniam para traficar e consumir drogas. Ali, no início da década de 1980, o jovem Nelson Giovanelli Rosendo dos Santos iniciou a concretização de um ideal: viver o Evangelho, mas inserido no meio daqueles em situação de drogadição. Juntamente com Frei Hans Stapel, da Ordem dos Frades Menores, OFM, nascia ali a Fazenda da Esperança, com o intuito de resgatar homens e mulheres do mundo das drogas. Em 2010, as atividades sociais da Fazenda da Esperança foram reconhecidas pelo Pontifício Conselho para os Leigos da Igreja Católica, sendo chamada Família da Esperança. A Fazenda da Esperança, que há 38 anos atua na recuperação de dependentes químicos, conta com quatro casas para acolhimento de portadores de HIV em fase terminal, várias creches, trabalho de ressocialização de homens e mulheres que vivem em situação especial, retirados de manicômios.

OBRA DE DEUS

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a vulnerabilidade em relação às drogas afeta cerca de 275 milhões de pessoas, o que representa 5,5% da população mundial entre 15 e 64 anos. A Fazenda da Esperança abre suas portas para os que, de certa forma, caíram nesse buraco sem fundo, estendendo suas mãos para reerguer e recuperar a todos. O processo de recuperação, sem fazer uso de medicamentos, está baseado no tripé: espiritualidade, trabalho e vida comunitária. “A espiritualidade como um caminho de descoberta do sentido da vida, fundamentada na proposta de viver a Palavra de Deus na prática da vida e na comunicação dessa vivência. O trabalho é parte integrante da recuperação no sentido da autossutentabilidade, o resgate da dignidade por meio de algo que sustente a pessoa durante o período de recuperação. E a vida comunitária num estilo de vida em família, que possibilita a ressocialização”, disse Santos, destacando ainda que esse é o caminho de transformação da dor em amor. A maioria dos que procuram a instituição necessita de um resgate profundo no âmbito da fé, do sentido da vida, da ressignificação nos aspectos humano, espiritual, ético, moral e social. “Nós nos preocupamos em resgatar a

VIDAS RESTAURADAS

Marcelo César

pessoa em todos os aspectos para que ela encontre o sentido da vida e busque trilhar o caminho da santidade. A vivência da espiritualidade permeia o processo de restauração física e psíquica. O sofrimento causado pela droga e a libertação dos vícios é muito mais do que uma recuperação: é descobrir um novo estilo de vida, é descobrir Deus”, disse Frei Hans. Em 2007, o Papa Bento XVI visitou a sede da Fazenda da Esperança em Guaratinguetá, quando esteve em Aparecida (SP) para presidir a 5ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe (Celam). Na ocasião, ele pediu: “Sejam embaixadores da esperança”.

BUSCAR AJUDA

A Fazenda da Esperança acolhe pessoas entre 18 e 59 anos que desejam livremente se recuperar de drogas, álcool e tantos outros tipos de vícios. O tratamento corresponde a um processo pedagógico de 12 meses de duração. “A quem pretende receber o tratamento em uma das unidades da Fazenda da Esperança, o primeiro passo é escrever uma carta de próprio punho, manifestando os motivos da sua vontade de buscar a recuperação. O pedido de ajuda deve ser enviado à comunidade mais próxima de sua residência”, afirmou Santos, que em 2018 foi nomeado pelo Papa Francisco como membro da Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores. “A pessoa que chega até a Fazenda percebe que não existe um portão com tudo trancado. Quem está ali é porque deseja. Aos que não acreditam mais em nada, esta é uma oportunidade de encontrar um novo estilo de vida”, ressaltou Frei Hans, enfatizando o clima de família. “Os acolhidos têm a experiência de sentar-se

juntos à mesa para as refeições, conviver ao realizar diversas atividades em grupo, como o trabalho e a prática de esportes”, contou, afirmando que viver bem cada etapa é importante para que não aconteça uma recaída mais à frente. O grupo de apoio Esperança Viva é formado por pessoas recuperadas nas Fazendas e que, com seus familiares, se reúnem regularmente com o objetivo de manter a sobriedade. “É uma extensão da missão da Fazenda da Esperança e encaminha novos jovens para o tratamento”, afirmou Santos.

NOVA SEDE

Em fevereiro de 2020, foi inaugurada a sede da Fazenda da Esperança em Parelheiros, extremo sul da cidade de São Paulo (foto acima). A Fazenda Sagrada Família está localizada na Estrada do Taquaral, 250, e atende 33 adictos e pessoas em situação de rua. Jorge Eduardo Cabral Veloso, 33, é o responsável em Parelheiros. É um ex-adicto atendido pela entidade e hoje atua como voluntário. “A Fazenda é um divisor de águas na minha vida. Fui acolhido para minha recuperação, reencontrei o sentido da vida, a importância de ajudar o próximo e hoje posso dar continuidade a essa missão de resgatar vidas como voluntário”, disse. Em breve, na unidade serão inauguradas uma padaria e uma cozinha com o intuito de angariar fundos para a manutenção da casa, que é feita substancialmente por meio de doações de pessoas físicas, empresas e parcerias. As Fazendas proporcionam a milhares de pessoas uma chance de recomeçar. Frei Hans celebrou com gratidão a Fazenda em Parelheiros, “para acolher novas

“Faz 17 anos que eu luto contra o alcoolismo. Abandonei minha casa, minha família e fui viver nas ruas. Comia do lixo. Tinha desistido de mim e da vida. Em junho de 2020, estava dormindo na rua e minha tia me encontrou. Ela falou da Fazenda da Esperança e me mostrou depoimentos de jovens em recuperação na internet. Decidi aceitar o tratamento. No dia 8 de agosto foi a minha acolhida na Fazenda da Esperança. Aqui, todos os dias, tenho a oportunidade de viver a Palavra de Deus. Descobri a minha vocação que é amar, independentemente das dificuldades, e compartilhar o que tenho com os irmãos.” Thiago Martins de Paula

pessoas em uma região marcada pelo alto índice de drogadição”.

FILA DE ESPERA

Com a pandemia de COVID-19, a Fazenda da Esperança, sensibilizada diante do crescente número de pessoas em situação de rua, estendeu sua linha de atuação para acolher mais de 2,1 mil pessoas que não têm onde ficar. Nelson Giovanelli explicou que o objetivo da comunidade, “além de dar um teto, comida e a possibilidade de se proteger do vírus, é dar um sentido de vida a eles, porque não pensamos só na situação deles agora, mas para o futuro”, disse, destacando que, inclusive, há fila de espera de pessoas em situação de rua que buscam a instituição. Desse modo, todo tipo de apoio e doações para continuar transformando vidas é bem-vindo.

CONHEÇA E COLABORE

www.portalfazenda.org Obra Social Nossa Senhora da Glória – Fazenda da Esperança CNPJ 48.555.775/0142-90 Banco Caixa Econômica Federal Ag. 3579 C/C 1267-1 Pix: 48.555.775/0142-90 Telefone: (11) 5926-1200


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| 7 a 13 de julho de 2021 | Geral | 11

A seminaristas da Arquidiocese, Dom Odilo ressalta a natureza missionária da Igreja Luciney Martins/O SÃO PAULO

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

Pelo segundo ano consecutivo, o Seminário da Arquidiocese de São Paulo realizou um Simpósio Missionário entre os dias 5 e 8. A iniciativa, promovida pelas plataformas digitais, ocorre no lugar da missão anual de férias dos seminaristas, que não pôde acontecer devido à pandemia de COVID-19. A programação do simpósio conta com conferências, grupos de estudo e partilha de experiências missionárias. Os seminaristas acompanham as atividades a partir de cada uma das quatro casas de formação sacerdotal da Arquidiocese – Seminário Propedêutico Nossa Senhora da Assunção, Seminário de Filosofia Santo Cura d’Ars, Seminário de Teologia Bom Pastor e Seminário Missionário Internacional Redemptoris Mater São Paulo Apóstolo.

Dimensão essencial da Igreja

Na abertura do evento, o Cardeal Odilo Pedro Scherer enfatizou que a dimensão missionária é parte essencial ao ministério dos padres, como ressaltam as diretrizes da Santa Sé para a formação sacerdotal, intitulada Ratio fundamentalis, que sublinha a missionariedade no mesmo âmbito da pastoral. “O clero diocesano deve ser missionário, quer integrando essa dimensão cada vez mais na pastoral ordinária, quer ao alargar a sua preocupação missionária em relação a toda a Igreja, que, por sua própria natureza, é missionária”, afirmou o Arcebispo Metropolitano, citando um trecho das diretrizes da Santa Sé: “Que os seminaristas sejam animados por um espírito autenticamente católico, amando sinceramente a própria diocese, estejam dispostos, caso lhes venha a ser pedido ou se eles mesmos desejarem, a se colocarem a serviço específico da Igreja universal ou de outras igrejas particulares [dioceses] com generosidade e dedicação”. Retomando os dados do levantamento feito em 2018 durante o sínodo arquidiocesano, o Arcebispo enfatizou a grande lacuna missionária existente na cidade e a necessidade de ir ao encontro do povo católico disperso na metrópole. “É missão do Bom Pastor não apenas cuidar das ovelhas que estão perto, mas

Seminaristas acompanham simpósio missionário on-line, composto por conferências, momentos de estudos e partilhas de experiências

ir até aquelas que se perderam, além de chamar as que nunca ouviram a sua voz”, disse.

Origem missionária

Os seminaristas também refletiram sobre a origem missionária da Igreja em São Paulo. Esse tema foi aprofundado pelo Padre Ney de Souza, professor de História da Igreja na PUC-SP, que falou sobre as fontes da fé na capital paulista. Já o Padre Carlos Alberto Contieri, jesuíta, Diretor do Pateo do Collegio, falou sobre o testemunho dos primeiros missionários da Companhia de Jesus em terras paulistanas. Padre Ney salientou que não é possível realizar a missão evangelizadora sem conhecer o contexto histórico de determinado lugar. No caso de São Paulo, as próprias igrejas históricas conservam a herança missionária e o desenvolvimento do catolicismo na cidade, como a Catedral da Sé, o Mosteiro de São Bento, o Mosteiro da Luz, entre outras. Padre Contieri destacou que “a Companhia de Jesus tem como missão principal a defesa, a propagação da fé e o aperfeiçoamento das pessoas, por meio de pregações públicas, lições e qualquer outro ministério da Palavra de Deus: exercícios espirituais, formação cristã das crianças... Confissão e administração dos outros sacramentos, buscando, principalmente, a consolação espiritual dos fiéis”. “Esse ímpeto missionário, movido pela ação do Espírito Santo, está na origem da nossa cidade e da Igreja no Brasil. Portanto, nós, que vivemos e servimos nesta Arquidiocese, não podemos perder isso”, acrescentou o jesuíta.

Experiências missionárias

O segundo dia de simpósio foi dedicado ao compartilhamento de experiências missionárias feitas por Dom Mário Antônio da Silva, Bispo de Roraima, que falou sobre a realidade pastoral na região amazônica. Entre os desafios, o Bispo destacou as distâncias geográficas e o reduzido número de sacerdotes, a formação das lideranças leigas que animam as inúmeras comunidades, sem contar o contexto socioeconômico da região. Ao mesmo tempo, Dom Mário chamou a atenção para a fé viva das comunidades indígenas, onde é dado grande destaque para a Catequese e a formação cristã, tendo, inclusive, um grande número de catequistas indígenas. O Bispo destacou que para ser missionário não basta levar as malas, é preciso levar o coração, isto é, ter o sincero desejo de se inserir na realidade e na cultura da comunidade local para ajudá-la a descobrir a presença de Deus em seu meio. “Tenho dedicado um período para estar com os missionários no interior. Eles vivem sua missão de forma heroica no meio do povo”, afirmou.

Testemunho de mártires

Dom Carlos Silva, OFMCap, Bispo Auxiliar de São Paulo, compartilhou sua experiência missionária como frade capuchinho no México, mais precisamente na Diocese de Monterrey, na fronteira com os Estados Unidos, de 2004 a 2013. O Bispo ressaltou que a fé cristã no México foi especialmente fecundada pelo sangue de mártires no início do século XX, na chamada Guerra Cristera. Foi uma rebelião provocada pelos cristãos entre 1926 e 1929, causada pela

lei que limitava e controlava o culto católico naquela nação. Houve, ainda, uma segunda onda da Cristiada entre 1936 e 1940. “A Constituição mexicana de 1917 estabeleceu uma política que negava a personalidade jurídica às igrejas, proibia a participação do clero na política, privava as igrejas do direito de possuir bens imóveis e impedia o culto público fora dos templos. Algumas estimativas apontam para o número máximo de mortos em 250 mil, entre civis, membros das forças cristeras e do exército mexicano”, relatou Dom Carlos, acrescentando que os artigos da Constituição mexicana só foram alterados em 1992. “Durante a Guerra Cristera, um número impressionante de pessoas perdeu a vida. No entanto, entre as mortes mais significativas temos a dos mártires, que foram cruelmente torturados antes de serem mortos. Entre os mártires da Guerra Cristera, temos José Sánchez del Río, o filho cristero que tinha apenas 14 anos quando foi preso e morto durante o confronto”, contou o Bispo, lembrando que, em 16 de outubro de 2016, o jovem mártir foi canonizado pelo Papa Francisco.

Programação

A programação do Simpósio Missionário, na quarta-feira, 7, prevê o relato das experiências da Missão Belém no Haiti e da Comunidade Aliança de Misericórdia em Moçambique. Também há um momento dedicado à participação da Arquidiocese na Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe. As notícias sobre as conferências e relatos missionários estão disponíveis no link: https://tinyurl.com/yhb7n6vt.


12 | Reportagem | 7 a 13 de julho de 2021 |

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Até onde chega a caridade do Papa? Vatican Media

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

Todos os anos, os católicos do mundo inteiro colaboram com uma coleta destinada diretamente ao Papa. Trata-se do Óbolo de São Pedro, que é assim chamado por acontecer na Solenidade de São Pedro e São Paulo, cuja data oficial é 29 de junho, mas este ano, no Brasil, foi transferida para o domingo, 4. Por meio da ajuda econômica dos fiéis, o Romano Pontífice subsidia as necessidades da Igreja universal, especialmente as ações caritativas e emergenciais em favor dos mais necessitados. Neste período de pandemia de COVID-19, por exemplo, foram inúmeras as iniciativas de solidariedade e assistência pastoral realizadas graças ao Óbolo de São Pedro. A arrecadação anual para a caridade do Bispo de Roma também serve para ajudar as dioceses e congregações religiosas que não têm condições de sustentar seus ministros e missionários.

Origem bíblica

A prática de apoiar materialmente aqueles que têm a missão de anunciar o Evangelho e de cuidar dos mais necessitados existe desde a origem do Cristianismo, como relatam os textos bíblicos do Novo Testamento. No final do século VIII, os anglo-saxões decidiram enviar, de maneira estável, uma contribui-

Por meio do Óbolo de São Pedro, Papa Francisco auxilia comunidades em todo o mundo com ações caritativas

ção anual ao Santo Padre, o “Denarius Sancti Petri”. Posteriormente, o Papa Pio IX abençoou o Óbolo de São Pedro com a encíclica Saepe venerabilis, de 5 de agosto de 1871.

Como funciona?

As coletas realizadas nas missas em todas as igrejas católicas do mundo, na data estabelecida, são reunidas pelas dioceses, que enviam a quantia à Santa Sé para compor

um fundo destinado apenas para tal finalidade. “Essa coleta não vai para o bolso nem para a conta do Papa e, sim, para um fundo que faz referência ao Santo Padre, para que este faça a caridade às situações de necessidade, de urgência, de catástrofe e sofrimentos do mundo inteiro. Não há terremoto, vulcão, desastre natural ou catástrofe em que o Papa não esteja ajudando em nome da Igreja Católica, para que a caridade,

COVID-19

Roaco

como testemunho veraz do Evangelho, chegue a todos”, explicou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo. Além do envio por parte das dioceses, é possível fazer a oferta por meio do site oficial do Óbolo de São Pedro (www.obolodisanpietro.va) em qualquer época do ano. Veja a seguir, alguns exemplos de ações realizadas graças ao Óbolo de São Pedro:

Vacina para os pobres

Vatican Media

Entre abril e maio, o Vaticano vacinou 1,8 mil pessoas pobres contra a COVID-19, incluindo a população em situação de rua e refugiados. Essas pessoas foram imunizadas com a fórmula da Biontech/Pfizer, a mesma recebida pelo Papa Francisco, o Papa Emérito Bento XVI, colaboradores e funcionários do Vaticano, assim como seus familiares.

Fundo de Emergência

Por meio do Fundo de Emergência da Congregação para as Igrejas Orientais e das agências pertencentes à Reunião das Obras de Ajuda às Igrejas Orientais (Roaco), foram destinados 9,5 milhões de euros para proje-

tos de combate à COVID-19 na Armênia, Belarus, Bósnia-Herzegovina, Bulgária, Cazaquistão, Egito, Eritreia, Etiópia, Geórgia, Grécia, Índia, Irã, Iraque, Líbano, Macedônia, Polônia, Romênia, Síria, Terra Santa (Chipre, Israel, Jordânia e Palestina), Turquia e Ucrânia.


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| 7 a 13 de julho de 2021 | Reportagem | 13

Diocese de Nova Iguaçu

Pontifícias Obras Missionárias O Pontífice enviou 750 mil dólares para o Fundo Emergencial COVID-19 das Pontifícias Obras Missionárias (POM), por meio do qual foram concedidos subsídios para necessidades emergenciais a dioceses na África do Sul, Bangladesh, Colômbia, Guiné, Libéria, Marrocos, Paquistão, São Tomé e Príncipe e Serra Leoa.

Doações diretas

Projetos emergenciais

Em junho, a Fundação Populorum Progressio, confiada ao Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, aprovou 104 projetos de desenvolvimento humano integral e 28 projetos de ajuda humanitária por meio do programa de cestas básicas, que serão executados em 23 países da região, no valor de mais de 2,5 milhões de dólares.

Francisco também fez doações financeiras para regiões e países mais atingidos pela pandemia, como o envio de 20 mil dólares para o Zimbábue, com os quais a Nunciatura Apostólica adquiriu materiais hospitalares que foram distribuídos nos 25 hospitais católicos do país. Outro exemplo foi o envio de R$ 10 mil para as dioceses da Baixada Fluminense (RJ), em junho de 2020. O valor foi utilizado na compra de cestas básicas e kits de higiene, entregues a famílias dos bairros que estão entre os mais carentes do estado do Rio Janeiro.

PUC-GO

Empório da Solidariedade

Doação de respiradores

OUTROS PROJETOS Migrantes e refugiados

Em abril de 2019, o Sucessor de Pedro doou meio milhão de dólares a projetos diocesanos de assistência aos migrantes no México, por onde passam anualmente milhares de pessoas de diversos países da América Latina e Central, na esperança de cruzar a fronteira para entrar nos Estados Unidos. Foram muitas as ajudas do Papa às regiões que recebem um grande fluxo de refugiados. Uma delas é a ilha de Lesbos, na Grécia, para a qual o Santo Padre enviou 100 mil euros, em maio de 2019, à Caritas local, que realiza atendimento às famílias que vivem nos campos de refugiados da região. Vatican Media

Iraque

Durante sua viagem apostólica ao Iraque, em março de 2021, o Papa Francisco fez uma doação de 350 mil dólares destinados a iniciativas de apoio a famílias mais atingidas pelas consequências dos conflitos que assolam o país, somados à crise econômica decorrente da pandemia.

para as Igrejas Orientais. A estes se somam 298 projetos em 22 países, num total de mais de 9 milhões de euros. Também a Esmolaria Apostólica adquiriu respiradores que foram distribuídos com outros materiais hospitalares ao Brasil, África do Sul, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Índia, Papua Nova Guiné, Síria e Zâmbia.

Foram doados respiradores, kits de análise, material para prevenção e contenção de infecções à Eritreia, Etiópia, Iraque, Israel, Líbano, Palestina, Turquia e Ucrânia, num total de 19 projetos e mais de meio milhão de euros alocados diretamente pela Congregação

ACN

Atingidos por desastres naturais

Frequentemente, os pontífices enviam ajudas financeiras para países ou regiões atingidas por desastres naturais. Em janeiro de 2021, foram doados 100 mil euros à Caritas Croácia para apoiar os habitantes da área do terremoto de Banovina. Valor igual foi enviado para a costa setentrional da Albânia, atingida por um terremoto em 2019. Em março de 2019, o Santo Padre destinou 150 mil dólares para Malawi, Moçambique e Zimbábue, após o ciclone tropical Idai devastar a região. Na mesma época, Francisco enviou 100 mil euros para ajudar a população atingida pelas fortes chuvas no Irã. A população do Nepal recebeu 50 mil dólares após o terremoto que causou 9 mil mortes em 2015.

Hospital pediátrico

Por desejo do Papa, foi inaugurado, em março de 2019, um hospital pediátrico na República Centro-Africana, cujos projeto e cuidado foram confiados ao Hospital Menino Jesus, de Roma. Foram contratados médicos, adquiridos mobiliários, equipamentos e medicamentos. Também houve a contribuição para a promoção de ensino a distância a profissionais da Saúde e estudantes de Medicina, concessão de bolsas para pós-graduação, além de um estágio de especialização na Itália para novos especialistas e professores da Faculdade de Medicina de Bangui, capital do país. Vatican Media

O Óbolo de São Pedro também financiou projetos voltados ao suporte das famílias atingidas pelo impacto econômico da COVID-19. Na província italiana de Foggia, por exemplo, a Caritas Diocesana, após uma avaliação, fornece um cartão temporário às pessoas elegíveis que as permite adquirir produtos gratuitamente em um empório criado pela instituição. Também são oferecidos aos beneficiários serviços de orientação, capacitação, inclusão e socialização. Além disso, são promovidas atividades de recuperação e redistribuição dos excedentes alimentares com uma abordagem sistêmica e integrada, graças à rede de empresas apoiadoras do projeto.

Desenvolvimento agrícola

Em dezembro de 2020, a Santa Sé ofereceu 25 mil dólares ao Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), agência da ONU, que, em parceria com governos estaduais e federais, realiza acordos de empréstimos e doações para apoiar o desenvolvimento rural.

Para saber mais sobre os projetos e iniciativas financiadas pelo Óbolo de São Pedro, acesse:

https://tinyurl.com/yjfnv6n7


14 | Reportagem | 7 a 13 de julho de 2021 |

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Que o Líbano seja um projeto de paz e um oásis de fraternidade Vatican Media

O Santo Padre reiterou ser essencial que os detentores do poder se ponham a serviço autêntico da paz e não dos interesses próprios. “Basta os lucros de poucos à custa da pele de muitos! […] Basta usar o Líbano e o Oriente Médio para interesses e lucros alheios! É preciso dar aos libaneses a possibilidade de serem protagonistas de um futuro melhor, na sua terra e sem interferências indevidas”, apelou.

Não perder a coragem

“A vós, cidadãos: não percais a coragem, não desanimeis; encontrai nas raízes da vossa história a esperança de voltar a germinar. A vós, dirigentes políticos: para que, de acordo com as vossas responsabilidades, encontreis soluções urgentes e perduráveis para a crise econômica, social e política atual, lembrando-vos de que não há paz sem justiça”, exortou Francisco.

Compromisso dos cristãos

Clamou o Papa Francisco em jornada de oração pelo País dos Cedros Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

Diante do túmulo de São Pedro, líderes das igrejas e comunidades cristãs libanesas dedicaram um dia inteiro à oração e à reflexão pela paz no Líbano, na quinta-feira, 1º. O evento histórico foi uma iniciativa do Papa Francisco, preocupado com a crise política, econômica e sem precedentes que atinge esse país do Oriente Médio. Reunidos, o Pontífice, patriarcas, bispos e pastores clamaram a uma só voz pela misericórdia de Deus sobre o povo libanês. Os chefes das igrejas de tradição ca-

tólica e ortodoxa presentes no Líbano, além do representante da comunidade evangélica, hospedaram-se na Casa Santa Marta, residência do Papa, de onde seguiram para a Basílica de São Pedro, para um instante de oração na cripta onde estão depositados os restos mortais do Príncipe dos Apóstolos. Em seguida, o grupo se reuniu no Palácio Apostólico para discutir durante todo o dia sobre a situação do País dos Cedros e como as igrejas podem, juntas, ajudar a população libanesa a superar a crise. A jornada de oração e reflexão foi concluída na Basílica de São Pedro, em uma celebração ecumênica que também contou com a presença de diplomatas e libaneses residentes em Roma.

O grito de um povo

“Nós, pastores, sustentados pela oração do povo santo de Deus, neste

momento escuro, procuramos, juntos, orientar-nos à luz de Deus. E, na sua luz, vimos, antes de tudo, as nossas sombras: os erros cometidos quando não testemunhamos o Evangelho com toda a coerência, as ocasiões perdidas no caminho da fraternidade, reconciliação e plena unidade. Disto, pedimos perdão e, de coração contrito, dizemos: ‘Senhor, misericórdia!’ (cf. Mt 15,22)”, afirmou o Santo Padre, no discurso feito no fim da cerimônia. O Bispo de Roma enfatizou que, nestes tempos de desgraça, “queremos afirmar com todas as forças que o Líbano é e deve continuar a ser um projeto de paz”. “A sua vocação é ser uma terra de tolerância e pluralismo, um oásis de fraternidade onde diferentes religiões e confissões se encontram, onde comunidades diversas convivem, sobrepondo o bem comum às vantagens particulares”, completou o Papa.

“Hoje, como cristãos, queremos renovar o nosso compromisso de construir um futuro juntos, porque o futuro só será pacífico se for comum. As relações entre os homens não podem se basear na busca de interesses, privilégios e lucros à parte. Isto não! A visão cristã da sociedade deriva das Bem-aventuranças, brota da mansidão e da misericórdia, leva a imitar no mundo o agir de Deus, que é Pai e deseja a concórdia entre os filhos”, sublinhou o Pontífice, acrescentando que os cristãos são chamados a ser “semeadores de paz e artesãos de fraternidade, a não viver de rancores e remorsos passados, não fugir das responsabilidades do presente, a cultivar um olhar de esperança sobre o futuro”. Por fim, o Papa recordou a imagem de Nossa Senhora do Líbano no alto da colina de Harissa. “As suas mãos abertas estão voltadas para o mar e para a capital Beirute, para acolher as esperanças de todos”, disse.

‘Nosso país está ferido, mas não vai morrer’ A maior crise desde a Guerra Civil Libanesa (1975-1990) teve início em outubro de 2019, quando o sistema bancário do país começou a apresentar escassez de dólares e variações cambiais repentinas. Com isso, vieram à tona denúncias de corrupção contra os governantes, que forçaram a renúncia do então primeiroministro, Saad Hariri. Além da alta inflação, os serviços básicos foram afetados, como abastecimento de água, eletricidade, internet, remédios, e os preços dos alimentos, em grande parte importados, dispararam. A situação se agravou com as explosões que atingiram a zona portuária da capital libanesa, Beirute, em 4 de agosto de 2020, deixando 220 mortos, 6,5 mil feridos e cerca de 300 mil desabrigados.

Novo governo

Em outubro de 2020, o sunita Saad Hariri foi novamente eleito primeiro-ministro e encarregado de formar um novo governo. No entanto, desde então, não conseguiu constituir o novo gabinete. Enquanto isso, a miséria cresce no país, com mais de 60% dos 6,8 milhões de habitantes libaneses vivendo abaixo da linha de pobreza; sem contar os impactos da pandemia de COVID-19, que infectou mais de meio milhão de pessoas e causou a morte de 7,8 mil.

Esperança

Em entrevista ao O SÃO PAULO, o Bispo da Igreja Católica Maronita no Brasil, Dom Edgard Madi, que acabou de retornar do Líbano, relatou que os li-

baneses têm esperança de que o encontro realizado pelo Papa chame a atenção da comunidade internacional para a realidade do país. “Precisamos logo de um governo capaz de fazer nosso povo sair dessa situação e que finalmente encontremos a paz. Nosso povo necessita de soluções concretas, abrir os bancos, liberar o dinheiro, deixar a economia fluir”, destacou o Bispo, sublinhando ser imprescindível uma renovação nos quadros políticos do país, fortemente marcado pela corrupção. A Igreja Maronita, rito católico de origem libanesa, realizou recentemente seu sínodo, que teve como principal tema a preocupação com a crise e como a Igreja pode ajudar a população. No

Brasil, a numerosa comunidade libanesa acompanha com apreensão a situação daquele país. “Principalmente após as explosões, nós nos unimos para enviar dinheiro, comida e remédios”, relatou o Bispo, informando que a Eparquia Maronita, com sede em São Paulo, coordena a remessa dessa ajuda. Dom Edgard afirmou, ainda, que, com o encontro realizado no Vaticano, o Papa mostra que “o Líbano está no coração de Deus”. “O Líbano é mencionado mais de 70 vezes na Bíblia. É um país eterno que está ferido, mas não está morto. O Líbano não vai morrer. Temos essa esperança de que Deus vai nos ajudar. O milagre vai acontecer e o Líbano vai sair desta crise”, completou Dom Edgard. (FG)


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O que define Pedro e Paulo é o encontro com Cristo “Pedro e Paulo são livres só porque foram libertados”, disse o Papa Francisco, na solenidade que celebrou os dois santos e apóstolos “colunas da Igreja”. Na Itália e no Vaticano, a celebração foi em 29 de junho. “Ao centro da história deles não está a coragem, mas o encontro com Cristo que mudou suas vidas”, alertou o Pontífice. Tanto Pedro quanto Paulo, mesmo em suas diferenças, “fizeram experiência de um amor que os curou e libertou e, por isso, tornaram-se apóstolos e ministros de libertação para os outros”. São Pedro, simples pescador da Galileia, tornou-se um “apaixonado discípulo” e recebeu de Jesus a missão de conduzir sua Igreja. Recebeu “as chaves para abrir as portas que conduzem ao encontro com o Senhor e o poder de ligar e desligar: ligar os irmãos a Cristo e desatar os nós e as correntes das suas vidas”, disse o Papa, que é o sucessor de Pedro como Bispo de Roma. Saulo (São Paulo), por sua vez, perseguia os cristãos e “era um fundamentalista”, explicou o Papa. “Disso, Deus o libertou”, acrescentou. Paulo compreendeu que “tudo podemos naquele que nos fortalece’’ e que “nada pode nos separar do seu amor”, declarou. (FD)

| 7 a 13 de julho de 2021 | Papa Francisco | 15

Após cirurgia, Papa Francisco passa bem Hospital Universitário Agostino Gemelli

Filipe Domingues

Especial para O SÃO PAULO

O Papa Francisco se submeteu a uma cirurgia no domingo, 4, mas se recupera bem no hospital universitário Agostino Gemelli, em Roma. O procedimento, que não foi de emergência, estava programado. Os médicos retiraram uma parte do intestino grosso para corrigir um estreitamento (estenose) que dificulta o funcionamento do sistema digestório. A chamada “doença diverticular” é bastante comum em pacientes idosos. A formação de pequenas bolsas no intestino (divertículos) reduz o canal de passagem das fezes e pode causar desconforto.

Em casos mais graves, pode haver inflamação, a chamada diverticulite. O diagnóstico do Papa é de “estenose diverticular do cólon”. A remoção cirúrgica da parte prejudicada é um procedimento bastante comum e a recuperação do paciente pode ser completa. Na segunda-feira, 5, o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, divulgou o boletim médico pós-operatório. O Papa reagiu bem à cirurgia, que precisou de anestesia geral, e passa bem. É previsto que ele fique internado em recuperação por pelo menos sete dias, caso não haja complicações em seu quadro. Segundo o Vaticano, Francisco está consciente e respira naturalmente. Francisco está no 10º andar de um

dos hospitais mais tradicionais de Roma. Ele chegou para a internação por volta das 15h do domingo, no horário local, acompanhado somente do motorista e de um assistente. O Vaticano não havia divulgado que o Papa faria essa cirurgia, mas alguns dias ele pediu orações especialmente intensas para si. As audiências gerais de quarta-feira já estavam suspensas para o mês de julho, que é de verão e de forte calor na Itália.

Viagem agendada para setembro

Após a oração do Angelus do mesmo domingo, o Pontífice anunciou que sua viagem para a Hungria e a Eslováquia está confirmada. A previsão é de que vá em 12 de setembro e retorne ao Vaticano no dia 15. A visita pastoral prevê a ida a Budapeste, na Hungria, onde o Papa celebrará a missa conclusiva do Congresso Eucarístico Internacional. Depois, irá à Eslováquia, país de maioria católica no Leste Europeu, visitando as cidades de Bratislava, Prešov, Košice e Šaštin. A última viagem do Papa foi ao Iraque, em março deste ano.

Encontro das famílias será global O Papa Francisco anunciou na sexta-feira, 2, o tema e formato do próximo encontro mundial das famílias, que será “O amor familiar: vocação e caminho de santidade’’. O evento acontecerá entre 22 e 26 de junho de 2022. O programa foi adiado por um ano

por causa da pandemia de COVID-19. Neste ano, o encontro será realizado também localmente, além de ter uma sede global em Roma. “Nos mesmos dias, cada diocese pode ser um centro de encontro local para as próprias famílias e comunidades. Desse modo,

todos poderão participar”, disse o Pontífice. De acordo com a subsecretária do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Gabriella Gambino, a proposta é ampliar a participação também daqueles que não puderem

ir até Roma. “Queremos fazer Cristo visível na nossa vida cotidiana, tornar extraordinário o que é ordinário. Fazer com que a normalidade da nossa vida familiar possa manifestar a maravilha de Deus”, disse ela ao Vatican News. (FD)


16 | Geral | 7 a 13 de julho de 2021 |

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No 1º ano de pandemia, doações para a solidariedade na Arquidiocese foram equivalentes a R$ 71,3 milhões Dados são do projeto ‘Animando a Esperança’, relativos ao período de março a dezembro de 2020 Daniel Gomes

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Diante da chegada da pandemia de COVID-19 no Brasil, as paróquias e entidades vinculadas à Arquidiocese de São Paulo se mobilizaram para arrecadar alimentos, produtos de higiene e outros itens para as pessoas em situação de vulnerabilidade, como as que vivem nas ruas e as desempregadas. Todas essas iniciativas caritativas foram mapeadas no projeto “Animando a Esperança”, que, por meio da plataforma on-line https://animandoaesperanca.com, disponibiliza um mapa com os locais onde é possível fazer as doações, os chamados pontos de esperança. Recentemente, a coordenação do projeto apresentou um balanço das ações de solidariedade na Arquidiocese entre março e dezembro do ano passado, a partir do que foi informado pelas paróquias, instituições e obras sociais cadastradas. Ao longo de 2020, o número de cestas básicas arrecadadas foi superior a 362 mil. Além disso, foram distribuídas mais de 3,1 milhões de refeições, mais de 1 milhão de peças de roupas, mais de 450 mil máscaras e quase 375 mil kits de higiene. O valor equivalente dessas doações foi de cerca de R$ 71,3 milhões. “Estes números mostram um pouco do que estamos fazendo, mas o total da realidade é bem maior”, assegura ao O SÃO PAULO o Padre Lorenzo Nacheli, um dos articuladores do “Animando a Esperança”, explicando que dos 467 pontos de esperança nem todos enviaram dados sobre o que já foi arrecadado e distribuído. O Sacerdote comenta que, do montante arrecadado, cerca de 50% foi proveniente das ações das paróquias e a outra metade de instituições arquidiocesanas que se dedicam à caridade aos mais vulneráveis, como o Arsenal da Esperança, a Caritas Arquidiocesana de

São Paulo, a Pastoral do Povo da Rua e as novas comunidades.

Muito além de ações pontuais

Durante o primeiro ano do “Animando a Esperança”, mais do que a arrecadação dos itens para a doação, o que se percebeu foi a mobilização das comunidades paroquiais e instituições da Arquidiocese para maior atenção com aqueles mais impactados pela pandemia de COVID-19.

dos itens arrecadados entre as paróquias. Tais ações também ocorreram no 1º semestre deste ano, como o “Dia D de Combate à Fome”, promovido em maio pela Arquidiocese de São Paulo e a Fundação Cásper Líbero, mantenedora da TV Gazeta. A iniciativa tornou o projeto “Animando a Esperança” ainda mais conhecido, além de ter dado visibilidade às ações caritativas que cada paróquia realiza no território em que se localiza.

Animando a Esperança/Divulgação

aponta que a virtude da esperança corresponde ao desejo de felicidade que Deus colocou no coração de todo homem, e que “o ânimo que a esperança dá preserva do egoísmo e conduz à felicidade da caridade” (CIC,1818). Ao falar sobre o “Dia D de Combate à Fome”, em 21 de maio, o Cardeal Scherer desejou que as ações de atenção ao próximo sejam uma constante na vida das pessoas. Ele enalteceu as iniciativas caritativas que têm sido realizadas. “É imenso o trabalho que é feito pelas paróquias e obras das nossas igrejas, grupos e movimentos para ajudar os pobres. São toneladas de alimentos arrecadadas semanalmente, graças a Deus e à generosidade das pessoas. Existe uma grande mobilização para que mais necessitados sejam socorridos em nossa cidade. Por isso, abramos as mãos e o coração para ajudar”, disse o Arcebispo Metropolitano na ocasião. Padre Lorenzo destaca que o “Animando a Esperança” busca “dar visibilidade aos bons projetos que a Arquidiocese organiza, a fim de que as comunidades possam se animar para construir novas maneiras de se fazer o bem”.

Em constante aprimoramento

Famílias e grupos de amigos se mobilizaram para produzir refeições nas casas e entregá-las nas paróquias para serem distribuídas ou se voluntariaram em mutirões para o preparo da alimentação; empresas fizeram doações de itens; e dias especiais de arrecadação foram promovidos nas paróquias, beneficiando não só os mais vulneráveis das comunidades locais, mas também de outros bairros, por meio da partilha

“O ‘Dia D’ foi muito bonito, animou as paróquias para encontrar novas formas de arrecadar alimentos e ajudar as pessoas que mais precisam. Neste período de frio, por exemplo, muitas estão motivando os paroquianos a ajudar aqueles que vivem nas ruas”, comenta o Padre Lorenzo.

Caridade e esperança

O Catecismo da Igreja Católica

O Sacerdote afirma que o “Animando a Esperança” é um projeto dinâmico, e se tem buscado novas ideias para que se ampliem as ações de caridade em favor de quem mais precisa, seja pela obtenção de doações individuais ou de empresas, seja firmando parcerias com o poder público para que doem cestas básicas a serem distribuídas pelas paróquias, por exemplo. Um próximo passo do projeto que vem sendo estruturado é o de ampliação dos locais para a coleta de alimentos, roupas e outros itens na área de abrangência das paróquias. “A ideia é que cada paróquia tenha pontos de arrecadação em outros locais de seu território, para além do próprio templo. Um comércio ou uma loja do bairro, por exemplo, poderá participar da campanha, aceitando que se deixe uma caixa no local para recolher as doações, que depois serão repassadas à paróquia. Ainda estamos planejando melhor essa iniciativa”, adianta Padre Lorenzo.


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| 7 a 13 de julho de 2021 | Reportagem | 17

No Jabaquara, paróquia intensifica obra social para dar assistência aos ‘irmãos de rua’ Arquivo paroquial

Diante das baixas temperaturas, voluntários da Paróquia Nossa Senhora das Graças têm saído às ruas para levar alimentos e oferecer escuta aos mais necessitados

Preparação da ação solidária

Ira Romão

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Munidos de garrafas cheias de café ou chá, lanches, cobertores, agasalhos e dispostos a conversar: é assim que leigos da Paróquia Nossa Senhora das Graças, no Jabaquara, têm saído em mutirão ao encontro dos irmãos em situação de rua desde maio deste ano. A ação solidária ocorre durante a noite aos fins de semana e é inspirada pelo projeto “Animando a Esperança”, da Arquidiocese de São Paulo, que encoraja as paróquias a olhar para os mais necessitados do seu entorno (leia mais na página 16). Essa ação foi também motivada pelas baixas temperaturas que castigam ainda mais quem está nas ruas. “Nós alternamos as saídas. Uma semana fazemos no sábado e na outra, no domingo. Trabalhamos sempre com a população que está nas proximidades, pois há aglomeração nas estações do Metrô Jabaquara e Conceição, e em algumas praças da região”, explicou Jardel Batista Rodrigues, coordenador da ação. Segundo Rodrigues, embora a Paróquia sempre tenha assistido aqueles que batem na porta do templo na zona Sul, como famílias em situação de vulnerabilidade que retiram cestas básicas mensalmente e pessoas em situação de rua que buscam roupas e calçados, muitas, mesmo precisando, têm dificuldade de ir até a igreja pedir ajuda. “Percebendo que há bastante gente [pelas ruas] nas imediações da Paróquia, resolvemos ir até eles. Acreditávamos que, assim, conseguiríamos alcançar um número maior de pessoas”, expôs o coordenador, reforçando que o objetivo não é somente entregar algo para aquecer as noites frias, mas, sim, “emprestar o ouvido para que seja um momento em que eles possam falar sobre suas angústias e necessidades”.

simplesmente dizer que está vivo e bem, respeitamos.” Durante a ação, muitos assistidos também expõem questões de saúde. Na medida do possível, os voluntários tentam informar sobre os serviços públicos de acolhimento disponíveis na região.

Caridade feita de irmão para irmão

De acordo com o Pároco, Padre Ubaldo Steri, que está na Paróquia desde 1972, a ação solidária reflete o modo de atuação da comunidade, que sempre teve por base o envolvimento dos leigos com os “problemas do seu tempo” por meio das ações sociais da Igreja. “Isso é um pouco a história e o clima com os quais trabalhamos. Nossa característica é de espírito comunitário, em que a pessoa seja sensível e solidária com os vizinhos e com os irmãos que realmente precisam”, afirmou Padre Ubaldo: “Não uma coisa teórica, abstrata nem distante, mas direta. Isso é o que mais marca e é o que produz mais resultado também.” O Pároco fala, ainda, que, além de direta, a caridade deve ser “feita de irmão para irmão; de pessoa para pessoa. Que [cada um] olhe para o entorno de si, veja nosso povo que está sofrendo e ajude fazendo doações, cada um na medida do possível, para que sejam redistribuídas também para os nossos”. Ele ressalta que é preciso despertar o testemunho de fraternidade e solidariedade. Rodrigues salienta que, durante as saídas, os voluntários não estipulam tempo para a ação e ficam à disposição dos irmãos em situação de rua que querem conversar. “Levamos o amor de

Deus até o coração deles. Afinal, estamos como Igreja fazendo este trabalho, levando uma mensagem de amor, fraternidade e de paz, para que esse momento possa ir além das roupas e do lanche, que seja também algo espiritual”, disse. A experiência tem proporcionado uma relação de confiança entre os voluntários e os assistidos, que muitas vezes pedem para ouvir uma palavra ou simplesmente querem ser escutados. “Eles falam sobre muitas coisas. Desabafam, choram, cantam. Alguns pedem até para fazer contato com a família”, contou Jardel Rodrigues. Para atender a tais pedidos, os voluntários emprestam seus celulares. “Alguns têm o número [do familiar] anotado ou sabem de cabeça. Então, fazemos a ligação no momento em que solicitam. Caso eles não saibam [o número], tentamos contato pelas redes sociais”, detalhou Rodrigues, pontuando que, ao estabelecer a comunicação, explica ao familiar que está realizando um trabalho social voluntário e que, por isso, aquele número não é da pessoa que está nas ruas. Outro ponto importante é que os voluntários priorizam a vontade do assistido, inclusive se ele quer ou não informar a pessoa do outro lado da linha onde está. “Deixamos isso livre. Se ele quiser

A ação solidária é viabilizada por meio das doações recebidas pela Paróquia – agasalhos, toucas, meias, cobertores, alimentos etc. As saídas contam com aproximadamente 15 voluntários, que chegam à igreja matriz às 16h30 para preparar as refeições, separar as roupas, os cobertores e tudo mais que será doado. Às 18h, participam da Santa Missa, seja no sábado, seja no domingo, e só depois saem com tudo, em seus próprios carros, para distribuírem aos arredores do bairro. “Levamos cerca de 50 lanches, 50 cobertores e uma quantidade ‘x’ de roupas para ser distribuída. Normalmente, por noite, são atendidas, em média, 70 pessoas. Isso porque nem todos lancham. Muitos querem, principalmente neste período mais frio, os cobertores”, discorreu Jardel Rodrigues. O coordenador lembra que, por meio dessa ação, a comunidade está sendo movimentada, pois, mesmo aqueles que não podem estar presentes na distribuição por causa da pandemia, contribuem com as doações e até com a preparação dos alimentos. Isso tem trazido ânimo para os paroquianos. “Como voluntário, percebo que a ação não só é importante para os necessitados, mas para nós também. Estamos indo em nome da Igreja, fazendo aquilo que está no Evangelho, em que o próprio Jesus fala: ‘tive fome e me destes de comer’”, comentou Rodrigues. “Partimos do princípio de que esse trabalho não apenas oferece um pouco mais de dignidade para eles, mas também nos dá, como cristãos, a oportunidade de colocar em prática aquilo que o Evangelho nos chama a viver.”

VOCÊ TAMBÉM PODE COLABORAR

Fundada em 16 de julho de 1950, a Paróquia Nossa Senhora das Graças fica na Região Episcopal Ipiranga. As doações podem ser entregues na igreja matriz: Avenida Engenheiro Armando de Arruda Pereira, 2.313, Cidade Vargas. Outras informações pelo telefone (11) 5588-1227.


18 | Reportagem | 7 a 13 de julho de 2021 |

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Mais do que nunca é hora de economizar energia elétrica Enel/Divulgação

Já neste mês, a conta de luz ficará mais cara em razão do reajuste nacional na bandeira tarifária e do acréscimo no valor do kWh cobrado pela Enel em São Paulo. Veja dicas para reduzir o consumo Daniel Gomes

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A baixa nos reservatórios das hidrelétricas, em razão da escassez de chuvas, e a necessidade de maior acionamento das termelétricas para garantir a geração de energia fizeram com que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) adotasse desde junho a bandeira tarifária Vermelha patamar 2, a que mais eleva o custo do quilowatt-hora (kWh) consumido. Em 1º de julho, começaram a vigorar os reajustes nos valores das bandeiras tarifárias. A Vermelha 2 passou de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 kWh; a Vermelha 1 de R$ 4,16 para R$ 3,971 e a Amarela de R$ 1,34 para R$ 1,874. Há ainda a bandeira Verde, que não ocasiona acréscimos no valor da conta, pois é aplicada quando o nível dos reservatórios está alto e não é preciso o acionamento extra das usinas térmicas.

Seca prolongada, energia mais cara

O volume de chuvas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste entre novembro de 2020 e abril foi o menor registrado desde 1931, o que provocou uma baixa nos reservatórios que alimentam as hidrelétricas da região, as quais respondem por 70% da capacidade de geração de energia do País. Para poupar os reservatórios, foi preciso acionar as termelétricas, que têm custo de produção da energia mais caro. De acordo com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), a situação crítica de escassez de recursos hídricos deve se manter nos próximos meses, razão pela qual a Aneel projeta que a bandeira tarifária no patamar Vermelha 2 seja mantida ao menos até novembro.

Hora de evitar desperdícios e rever hábitos

Não bastassem os aumentos nas bandeiras tarifárias, a Aneel autorizou que em São Paulo a Enel Distribuidora reajustasse desde o domingo, 4, os valores cobrados a cada kWh consumido. Para consumidores de alta tensão, como as indústrias e grandes comércios, a alta foi de 3,67%; para os consumidores residenciais, de 11,4%. Assim, é fundamental observar os próprios comportamentos de consumo de energia para evitar desperdícios, conforme orienta Cíntia Senna, mestra em Educação Financeira e que atua na DSOP Educação Financeira: “Há itens que parecem inofensivos, mas que, ficando ligados o dia todo, ainda que em stand by, consomem energia. Também é preciso olhar para todos os eletrônicos que temos em casa e que estejam conectados à energia elétrica, como os nossos aparelhos celulares”. Cíntia lembra que é indispensável envolver toda a família nesse processo. “Pode-se aproveitar este momento

para se ensinar aos filhos como funciona o consumo de energia em casa e seus custos, além de trabalhar a questão dos desejos, vontades e sonhos. Pensemos que o jovem da família deseje fazer uma viagem ou queira um videogame. Que se faça um trato de que aquilo que for economizado no valor da conta de luz, bem como de outras contas, será usado para realizar esse desejo, projeto”, comenta. Como dica, Cíntia recomenda o acesso ao site das distribuidoras de energia, onde há simuladores de tarifas, pelos quais é possível visualizar o real impacto da redução do consumo no preço final da conta. O simulador da Enel Distribuidora, que pode ser acessado por este link https://cutt.ly/wmhS5rd, permite perceber a relação direta na economia de consumo e do valor a ser pago conforme o menor tempo de uso de itens como o chuveiro elétrico e a tevê, bem como da mudança de hábitos, como o de consumir mais energia preferencialmente fora do horário de pico, das 18h e 21h, quando o custo por kWh é mais caro. A partir da conversa com a especialista e de consultas a instituições do setor energético, o jornal O SÃO PAULO apresenta algumas dicas para reduzir o consumo de energia: Telefone celular: Se estiver em uma atividade que não demande estar conectado, deixe-o no modo avião. Outra dica é desativar notificações de aplicativos que não são usados com frequência e configurar o uso de bateria para o de menor consumo. Essas ações ajudam a manter a carga da bateria por mais tempo, reduzindo a quantidade de recargas.

Chuveiro elétrico: Sempre que possível, não o utilize na máxima potência de aquecimento, pois, quanto maior a temperatura, maior o consumo de energia. Outra estratégia é tomar banho em horários em que a temperatura ambiente esteja mais agradável, o que dispensará o uso da potência máxima. Banhos demorados devem ser evitados. Geladeira: Evite abri-la sem necessidade. A dica de Cíntia Senna é que se fixe uma lista do que há em seu interior, acabando, assim, com o abre e fecha para simples conferência. A Aneel recomenda que não se coloquem panelas quentes, nem se forre as prateleiras gradeadas, pois é por meio delas que há a circulação interna de ar frio. Também é preciso atestar que as borrachas das portas estão vedando bem. Lavar e passar roupas: Acumule as peças a serem lavadas e passe-as de uma só vez. Quanto menos se usar a máquina de lavar e o ferro de passar, menos se consumirá energia. Iluminação: As luzes de um ambiente só devem permanecer acesas quando alguém estiver no local. Para aqueles com mais de um ponto de luz, convém optar por interruptores que permitam acioná-los em separado. “Quando ainda não está completamente escuro, é possível utilizar um ponto só, ir otimizando, até se fazer o uso por completo dos pontos. Outra coisa é tentar aproveitar ao máximo a luz natural”, orienta Cíntia Senna. Eletroeletrônicos em geral: Devem estar ligados apenas quando houver efetivo uso. “Às vezes, há dois ou três ao mesmo tempo, mas só estou prestando atenção em um”, alerta Cíntia. O ideal é que dispositivos de áudio e vídeo só sejam conectados à tomada quando forem ser usados, pois mesmo desligados consomem energia. Refrigeração: A Aneel recomenda que, sempre que for possível, se utilize um ventilador em vez do ar-condicionado, que gasta até dez vez mais energia. No entanto, se a opção for pelo uso deste aparelho, a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) orienta que sua temperatura seja mantida entre 23ºC e 24ºC, pois garantirá o mesmo conforto que se estivesse a 18°C ou 20ºC. A cada grau que se reduz no controle remoto do equipamento, há cerca de 3,5% de aumento no consumo de energia. “Quanto mais quente estiver lá fora, mais esforço a máquina tem que fazer para rejeitar o calor do ambiente e alcançar as temperaturas desejadas, o que pode resultar em cerca de 20% de consumo de energia adicional se você optar por 18ºC ou 20ºC no visor”, alerta a entidade. Ambientes coletivos, como as áreas comuns dos condomínios: Toda a fiação elétrica deve ser verificada, para se atestar que não há perdas de energia. Em acordo, os condôminos podem estabelecer horários para o acionamento da iluminação das áreas comuns, utilização da piscina com a água aquecida e a frequência de serviços de zeladoria que demandem o uso de equipamentos elétricos. Outra alternativa é a instalação de placas fotovoltáicas para a geração de energia a partir da luz solar. Especialistas do setor calculam que, em até quatro anos, o valor investido nesse sistema seja recompensado com o que se economizará na conta de energia.


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| 7 a 13 de julho de 2021 | Reportagem | 19

Prontuário afetivo proporciona assistência mais humanizada a pacientes com a COVID-19 Arquivo pessoal

Ira Romão

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

O prontuário afetivo (PA) é um projeto que vem sendo utilizado em muitos hospitais brasileiros. Ele é diferente do prontuário convencional, composto por questões técnicas da saúde do paciente, como alergias e medicamentos. No PA estão reunidas informações pessoais do paciente, como gosto musical, hobbies, religião, profissão, apelido, nome dos pais, dos filhos, de amigos e do animal de estimação. Desse modo, esse prontuário permite que a equipe médica conheça um pouco mais sobre a pessoa internada. São esses detalhes que têm auxiliado, desde abril, os profissionais do Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), em Fortaleza (CE), a humanizar o atendimento aos infectados pelo coronavírus, que, independentemente de estarem na UTI ou na enfermaria, precisam ficar em isolamento, sem contato com a família. “Com a hospitalização, o paciente enfrenta situações difíceis e uma delas é o processo de total despersonalização. Ele deixa de ser um sujeito e se resume a um número de leito, prontuário e diagnóstico”, pontua a psicóloga da UTI e enfermaria COVID do HGCC, Karleynayra de Castro. “A psicologia utiliza o prontuário afetivo como forma de resgatar a subjetividade desses pacientes internados, muitos deles intubados, sem comunicação e em isolamento, contribuindo para uma assistência mais humanizada”, complementa. Karleynayra aponta que muitos são os resultados alcançados pelo uso do PA. “Fortalecimento do vínculo da tríade paciente, família e equipe, resgate das afetividades que envolvem as relações humanas, resgate da subjetividade, uma assistência mais humanizada e aproximação dos familiares”, lista. Devido às restrições impostas pela pandemia, as equipes médicas não têm mais contato direto com as famílias dos pacientes e, por isso, elas pouco sabem sobre as pessoas internadas que estão aos seus cuidados, principalmente as que estão desacordadas em leitos de UTIs. “O objetivo do prontuário afetivo é mostrar para os profissionais que aquela pessoa é o amor de alguém e, também, levar um pouquinho da família para aquele paciente que está em isolamento”, acrescenta a assistente social do hospital, Tayná Araújo Fragoso.

Prontuário afetivo na prática

A assistente social Tayná compartilha que já esteve do outro lado, quando vivenciou a morte de uma prima em decorrência do coronavírus. Ela reforça que o isolamento social é um processo

Mara Luciana Cavalcante mostra prontuário afetivo; ela permaneceu internada com a COVID-19 por um mês em um hospital em Fortaleza (CE)

muito angustiante tanto para o paciente quanto para os familiares. “É um lugar extremamente desconfortável, nos sentimos impotentes. Vi o quanto era importante trazer a família para junto do cuidado, mesmo com as restrições impostas pela pandemia”, diz a assistente social. Ela também afirma que o prontuário afetivo traz mais do que humanização para o ambiente hospitalar: “Traz um afago para nosso coração neste momento tão difícil que estamos vivenciando”. Quem também compreende bem a importância do prontuário afetivo é a agricultora e estudante Mara Luciana Cavalcante, 26. “Para mim, [o projeto] vem mostrando o carinho e a dedicação que as pessoas da Saúde têm com a gente. O prontuário afetivo é uma maneira de falar para as famílias que o paciente está bem e está sendo bem assistido”, comenta em vídeo cedido pelo HGCC à reportagem do O SÃO PAULO. Mara ficou cerca de um mês internada no César Cals em decorrência da COVID-19 e, como consequência, teve de ficar longe de seus entes queridos. Ela foi uma das primeiras pacientes do hospital a ter um prontuário afetivo. O vídeo cedido pelo HGCC foi gravado durante seu tratamento. Nele, a agricultora também salienta que, mesmo isolada, não se sentia sozinha; pelo contrário, por meio do atendimento humanizado do hospital, sentia a família por perto. “É uma maneira de aliviar e de saber que você ficará bem, para depois, [poder] ficar com todo mundo, família e amigos.”

Trabalho feito a muitas mãos

No Hospital César Cals, o trabalho está sendo desenvolvido de modo multiprofissional, envolvendo toda a equipe médica (enfermagem, fisioterapia, nutrição, psicologia etc.) da UTI e enfermaria de atendimento à COVID-19, assistência social e a equipe de comunicação, que inicia o processo. “É uma equipe médica responsável por passar o boletim clínico do paciente internado na UTI ou enfermaria COVID. Essa comunicação é feita via remota. Nesse contato, os profissionais solicitam informações como hobbies, se [o paciente] é avó, pai, mãe, filho, que música gosta de ouvir, se tem religião, para qual time torce, entre outras coisas”, explica Karleynayra. Ela detalha que esse processo de colher informações também é feito por parte da psicologia durante o atendimento familiar, que pode ser remoto ou presencial. A etapa seguinte é a confecção lúdica do PA. “É elaborado manualmente pela psicologia com muita dedicação, empatia e afeto”, frisa Karleynayra, que trabalha em parceria com a também psicóloga Ana Carolina Aguiar. Os prontuários afetivos são fixados ao lado ou em cima do leito do paciente, de modo que fiquem visíveis para todos os que lhe dão assistência. “Este projeto multiprofissional permite trabalharmos não apenas com a reabilitação orgânica e psicossocial, mas, também, com a recuperação da dignidade humana”, assegura a psicóloga. Ela ressalta que, embora o

PA esteja sendo desenvolvido para os pacientes com COVID-19, o objetivo é que abranja a todos os internados.

O PA em pacientes intubados

No caso dos pacientes de COVID-19 que estão intubados, embora o prontuário afetivo seja elaborado da mesma forma que os daqueles que estão na enfermaria, a execução ocorre por meio do estímulo auditivo. “A família manda áudio para nosso WhatsApp, como se estivesse falando para o próprio paciente. Colocamos esse áudio no ouvido dele ou a música [enviada]. Algumas famílias pedem para lermos um Salmo. Fazemos esses estímulos auditivos à beira do leito”, discorre Karleynayra. A psicóloga também reforça que a própria equipe que dá assistência, vendo o prontuário afetivo, durante os procedimentos médicos conversa com o paciente a partir daquelas informações. Fala dos filhos, dos familiares e dos hobbies. O PA tem sido importante também para estabelecer laços dos plantonistas com os pacientes, uma vez que estes profissionais, que trabalham em esquema de rodízio, nem sempre têm tempo de conhecer os pacientes. “Esse prontuário faz uma vinculação mais afetiva com esses profissionais [plantonistas] que estão mexendo naquele corpo que está doente e precisa ser curado, e que é uma pessoa, um querido de alguém. Assim, reforça ainda mais essa questão da humanização”, assegura a psicóloga.


20 | Reportagem/Geral | 7 a 13 de julho de 2021 |

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Em Guarulhos (SP), circula o trailer do ‘Banho da Esperança’ Banho da Esperança

Projeto oferece – além dos serviços de higiene –, atendimento médico e odontológico, corte de cabelo, doação de roupas e alimentação a pessoas em situação de vulnerabilidade social

Presidente do Regional Sul 1 da CNBB se encontra com o governador de São Paulo https://cutt.ly/gmvBor2 Ministério da Saúde lança guia de estímulo à prática de atividade física https://cutt.ly/XmvBcWJ

Roseane Welter

TRAILER

O trailer é itinerante para oferecer banho e higiene às pessoas que vivem nas ruas. É adaptado, graças às doações de empresas: possui dois chuveiros, bomba-d’água, torneiras, aquecedor e bomba hidráulica, gerador, caixa-d’água, armários e um toldo sob o qual as pessoas podem se abrigar do sol ou da chuva enquanto aguardam a sua vez de tomar banho. “O trailer serve como local móvel para a ação com as pessoas. Após a conclusão de sua adaptação, o veículo é doado a entidades filantrópicas em prol da higiene e resgate da dignidade daqueles que não têm um local para morar”, disse Patricia Strebinger, 52, terapeuta e voluntária, destacando que o projeto dos novos trailers terá, ainda, um “espaço pet, onde o ‘cãopanheiro’ do vulnerável também terá seu momento de banho e dignidade”. Patricia recordou que a iniciativa surgiu após o diálogo com um homem em situação de rua: “Ele me disse: ‘Por meio do banho, tive a esperança de voltar a ser quem já fui um dia. O banho resgatou minha esperança’. Essa frase impactante motivou o nome da ONG Banho da Esperança, que, de fato, busca dignificar e resgatar a essência das pessoas no momento que vivem: abandonadas e sedentas de um cuidado humano”, afirmou. A meta é produzir e doar um trailer por ano. “Nossas ações são voluntárias e contamos com doações. O trailer só é possível graças

Diariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publicados recentemente.

Cardeal Scherer: ‘A Igreja não é o clube dos puros, mas um povo chamado à santidade’ https://cutt.ly/umvBrV7

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

A ONG Banho da Esperança foi fundada em março de 2020, no início da atual pandemia, com o intuito de oferecer dignidade às pessoas em situação de vulnerabilidade social. O objetivo é arrecadar fundos e reunir parcerias para produzir trailers nos quais as pessoas podem tomar banho e doá-los a entidades que atuam em favor das pessoas em situação de rua.

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às empresas, pessoas físicas e parceiros que acreditam e contribuem com o nosso projeto”, afirmou Patricia. Até o momento, a ONG produziu e doou dois trailers: em 2020, para a Pastoral do Povo da Rua de Guarulhos (SP); e, em 2021, para a ONG Grupo de Atitude Social (GAS), que atua na capital paulista.

IMPACTO SOCIAL

Padre Paulo Leandro da Silva é Assessor da Pastoral do Povo da Rua da Diocese de Guarulhos e Pároco na Paróquia Santa Rita, a primeira a receber o trailer da ONG Banho da Esperança. “Quando conheci a ação da ONG, fiquei feliz e me inscrevi para receber o trailer que traz esperança, renova o dinamismo e atuação da Pastoral do Povo da Rua, que tem como missão levar amor, carinho, dignidade e esperança para os que têm a rua como sua casa”, disse o Padre. Há dez anos, ele encabeça um projeto assistencial e comunitário com pessoas em situação de rua, pelo qual busca, com o apoio de voluntários e doações, resgatar a dignidade das pessoas atendidas. “O banho, uma roupa limpa, uma refeição, o corte de cabelo, a barba feita dignificam o ser humano. Na entrada do trailer, há um espelho em que a pessoa, ao entrar, se olha e, ao sair do banho, se olha novamente, agora limpa. Esse gesto é emocionante”, disse o Sacerdote. O Padre promove a ação com o trailer uma vez por mês, mas a meta é atuar semanalmente. Em média são entre 115 e 120 banhos realizados por dia. Além dos serviços de higiene, as ações no trailer envolvem o atendimento médico e odontológico, cabeleireiro, doação de roupas e alimentação. O trailer está acoplado a um veículo da Pastoral e fica no pátio da Paróquia Santa Rita, no Jardim Cumbica, em Guarulhos, onde acontecem os banhos.

O Sacerdote afirma ser grato por ter sido o primeiro beneficiado com o trailer. “É a realização de um sonho. Poder proporcionar aos nossos amigos de rua essa oportunidade é, sem dúvida, a melhor notícia que tivemos em meio a tempos tão difíceis. Esse é um gesto que impacta socialmente muitas vidas”, contou.

COMPROMISSO SOCIAL

Christian Braga é o fundador do Grupo de Atitude Social (GAS), segunda entidade beneficiada com o trailer. “O GAS foi fundado em 2016 para mitigar os danos causados pelo frio, pela fome, e foi se ampliando para minimizar as injustiças sociais que reverberam na nossa cidade, de modo especial aos moradores de rua. Com a chegada da pandemia, expandimos o trabalho às comunidades de extremo risco”, disse, convocando o compromisso das entidades e dos organismos públicos na garantia dos direitos à moradia, à alimentação, à segurança e à assistência social para todos os cidadãos. “O trailer vem para somar nossas atividades de assistência social. Mais que um banho, ele proporciona a valorização humana e dignifica a pessoa para encontrar novas oportunidades na sociedade”, afirmou o fundador. Leila Ferraz, 38, jornalista e voluntária da ONG GAS, destacou que o grupo beneficia mais de 1,5 mil famílias por mês, com cestas básicas, cobertores e itens de higiene. E, ainda, encaminha para a internação aqueles que desejam se livrar do vício das drogas. “Antes da pandemia, contávamos com a colaboração de mais de 400 voluntários e apoiadores. Atualmente, por medidas de segurança, estamos na rua com 40 voluntários e rodamos mais de 400km por noite para atender a quem espera e precisa da

Novena de Natal 2021: reservas do subsídio já podem ser feitas https://cutt.ly/kmbEMEY

nossa ajuda”, enfatizou Leila. “Precisamos da sua ajuda, seja nas ruas, seja doando ou divulgando nosso trabalho”, pediu.

TESTEMUNHOS

“Estava imerso no álcool e nas drogas. Quando fui acolhido pela ONG Banho da Esperança e, por meio da ação social do Padre Paulão, resgatei minha autoestima. Aqui, fui colhido, tomei banho, troquei de roupa. Parei com a bebida, deixei as drogas e a cada dia estou resgatando minha vida de volta”, disse Carlos, atendido no trailer. “A ONG Banho da Esperança é um instrumento de Deus em nossas vidas. Todos os dias agradeço a Ele pela atuação desse projeto que beneficia as pessoas que estão assim como eu, na rua. Sou grato por tudo o que aqui recebo”, disse Poeta, como é conhecido.

CONHEÇA E COLABORE! @Pastoral do Povo da Rua – GRU www.banhodaesperanca.com.br https://www.institutogas.org.br


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| 7 a 13 de julho de 2021 | Com a Palavra | 21

Ziza Fernandes

‘A música é uma ferramenta de encontro e de diálogo com Deus’ Arquivo pessoal

Roseane Welter

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Ziza Fernandes é cantora católica, compositora, pianista, mosaicista, professora, escritora e empresária. Mestra em Psicologia pela Universidade Católica de Petrópolis, no Rio de Janeiro (RJ), ela é graduada em Musicoterapia pela Faculdade de Artes do Paraná e tem experiência na área de Artes e de Formação Humana. Na trajetória de 30 anos de carreira, celebrados em 2021, produziu 16 álbuns nacionais, cantou em espanhol, italiano e francês, e gravou um DVD. É ainda autora de três livros e idealizadora e diretora-geral da Oficina Viva Produções, que há 20 anos oferece cursos que são ministrados no Brasil e no exterior. Ziza Fernandes se apresentou diante de dois papas em edições da Jornada Mundial da Juventude (JMJ): São João Paulo II, em 2002, e Francisco, em 2013. Nesta entrevista, Ziza conta sua experiência evangelizadora por meio da música, como esta arte expressa a beleza do encontro com Deus e fala dos trabalhos evangelizadores que tem realizado na busca de formar o comunicador integrado.

O SÃO PAULO – Como a música entrou em sua vida? Ziza Fernandes – Costumo dizer que a música nasceu em mim. Cresci ouvindo música e o estímulo musical sempre esteve presente com meu pai, que era músico. Quando criança, eu ia à padaria comprar pão e no caminho sempre ouvia uma senhora tocando piano. O som me fascinava. Eu sentava na frente da casa para escutar o piano. Minha mãe percebeu o meu interesse pela música e pediu para essa senhora me ensinar o instrumento. Assim, começou a minha educação musical, aos 9 anos de idade. Nunca mais parei. Já são 40 anos estudando música. Como surgiu a proposta de unir música e evangelização? Acredito que a música veio como vocação. Nasceu naturalmente da participação na Igreja e nos grupos de oração com os jovens. E, especialmente, porque experimentei a música como ferramenta transformadora em minha vida. Nos encontros de jovens, a música era nossa companhia e aproximação humana e divina. A música se tornou uma ferramenta de busca e de diálogo com Deus. A partir desse encontro pessoal, nasceu o desejo de promover a evangelização por meio da música. E lá se vão 30 anos de caminhada evangelizadora, repleta de alegrias e conquistas, espinhos e recomeços.

Como a música pode ser, além de uma expressão de beleza, um momento de encontro com Deus? A música é uma ferramenta que não encontra barreiras no ser humano. Ela atravessa resistências, abarca culturas, expressa o interior da alma humana, comunica o inaudível, revela sentimentos e sensações. A música, além de uma profunda expressão de beleza, é uma provocadora de encontro com Deus em suas infinitas expressões. Acredito que a face mais bela de Deus é a face musical. Mas, Ele se deixa encontrar nas diversas formas. A música é uma expressão de beleza e, sobretudo, é uma expressão de Deus, ela é uma ponte ao que existe de mais bonito e de mais elevado na alma humana. É um veículo que nos une e promove o encontro com Deus. Qual sua avaliação sobre a produção musical que é feita no Brasil? A busca pelo belo da produção artística está perdendo espaço para um conteúdo mais comercial? A meu ver, a produção musical religiosa no Brasil perdeu um pouco sua essência frente à vertente comercial. A produção do belo no viés artístico também está perdendo espaço frente à busca pelo comercial. Sinto que muitos artistas católicos perderam a razão, o sentido pelo qual estão produzindo e acabam se prendendo à fama e esquecendo o legado cultural que toca e aproxima gerações. A razão pela qual a música está em nós é para servir e não

para ser servida. Ela promove um legado espiritual, cultural e ético na vida das pessoas. O artista precisa estar vigilante para não perder essa essência. Nasceu para morrer para si, é uma vida de sacrifícios. Os músicos são um canal de encontro e de busca de Deus, que se revela por meio da sua Palavra e de seus ensinamentos. Como a música pode contribuir para a evangelização e conversão de jovens e adultos? A música compõe o cotidiano: ouve-se música no carro, no trabalho, na academia, no celular. Na Igreja, a música é uma via de encontro de Deus conosco e do encontro pessoal com Cristo. A música é um veículo de comunicação e informações elevadas, independentemente de ser religiosa ou não. Ela carrega consigo princípios éticos e valores que se tornam fontes de evangelização. A missão dos cantores, compositores e intérpretes é favorecer esse encontro por meio das canções e melodias que evangelizam e convertam jovens e adultos para o Reino. A humanidade atravessa tempos sombrios, e o testemunho da fé, da verdade, da evangelização se faz necessário. Como avalia o percurso histórico da música religiosa no Brasil? A música religiosa em sua trajetória comporta um tesouro de inestimável valor. Grandes nomes como o Padre Zezinho compõem o nosso cenário musi-

cal, com composições magistrais, entre outros intérpretes pautados na essência do Evangelho e dos ensinamentos da Igreja. Uma canção bem cantada conduz a uma experiência divina que deixa marcas profundas de contemplação e fé, canções voltadas para a Liturgia e os vários momentos celebrativos. Os grandes compositores eram dotados de uma envergadura intelectual altíssima e tinham fundamentação teológica e bíblica sobre suas composições. Atualmente, perdeuse um pouco essa dimensão da essência e prende-se ao raso, à liquidez do momento. É preciso voltar às fontes. Você atua em diversas áreas, inclusive na Musicoterapia. Como a Musicoterapia ajuda no desenvolvimento humano e nas ações de evangelização e na Catequese? A Musicoterapia, aliada à evangelização, em seus vários aspectos objetiva integrar o ser humano em sua totalidade, visa a buscar a integralidade do ser. Ela melhora a vida de quem comunica o Evangelho, de quem atua na Catequese ou nas demais áreas, e essa integração permite uma maior abertura para Deus. O desenvolvimento humano encontra seu ápice no encontro com Deus. Conte-nos um pouco sobre o seu trabalho com a Oficina Viva e a atuação na Fazenda da Esperança. A arte e, principalmente, a música expressam uma dimensão de resgate e valorização humana. Esse é o ideal da minha missão: reconduzir as pessoas ao encontro com Deus, com o Sagrado. O projeto Oficina Viva tem por objetivo produzir conteúdo multifocado que colabore na formação e integração do ser humano. A atuação na Fazenda da Esperança se deu a partir de um musical contando a história da instituição, resgatando pessoas para a Igreja e para si mesmos. Mesmo em tempos de pandemia, fale-nos um pouco sobre seus projetos? Graças a Deus, apesar dos tempos difíceis que o mundo atravessa, meus projetos só crescem. Sou uma pessoa inquieta e sedenta. Sempre estou criando coisas com o intuito de acrescentar conteúdo e vivências de fé na vida das pessoas. Recentemente, lancei o ZF Club, um combo de 30 canais de assinatura com conteúdos em português e em outros idiomas em que abordo as várias facetas da vida e as dimensões da fé a partir da minha experiência nestes 30 anos de carreira, entre tantos outros que compõem minha jornada evangelizadora. A criação na vida do artista é sinal da presença de Deus.


22 | Pelo Mundo | 7 a 13 de julho de 2021 |

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Inglaterra / País de Gales

Fracassa a tentativa de introduzir o aborto até o nascimento JOSÉ FERREIRA FILHO

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Um grupo pró-vida afirmou na segunda-feira, 5, que o fracasso de uma tentativa de permitir o aborto até o nascimento na Inglaterra e no País de Gales marcou “uma grande vitória para o nascituro”. “Esta é uma grande vitória para o feto e para as mulheres que enfrentam uma gravidez não planejada”, disse Catherine Robinson, porta-voz da Right To Life do Reino Unido, uma instituição de caridade que luta contra o aborto.

SOCIEDADE E IGREJA UNIDAS

Entre aqueles que expressaram preocupações antes da votação sobre a emenda que modificaria a lei estava Dom John Sherrington, bispo referencial para questões de vida da Conferência dos Bispos Católicos da Inglaterra e País de Gales. “As implicações desta emenda permitiriam a livre escolha do aborto sem restrições. As proteções da legislação atual seriam eliminadas”, disse o Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Westminster. Além de os bispos católicos terem incentivado os cidadãos a contatar seus

parlamentares a fim de convencê-los a não aprovar a medida, mais de 800 profissionais médicos também emitiram uma carta aberta, pedindo a Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, que retirasse a emenda da votação.

ESTATÍSTICAS

De acordo com estatísticas divulgadas no mês passado, uma quantidade recorde de interrupções de gravidezes ocorreu na Inglaterra e no País de Gales em 2020, alcançando a marca de 210.860 abortos, o maior número des-

de que a Lei do Aborto, de 1967, foi introduzida. As estatísticas, publicadas pelo Departamento de Saúde e Assistência Social, mostraram que 3.083 abortos ocorreram em 2020 por motivo de deficiência, sendo que 693 deles foram realizados devido ao fato de os bebês terem síndrome de Down, 35 por terem fenda palatina e 65 por “terminação seletiva”, procedimento por meio do qual os médicos abortam um ou mais fetos de uma mãe que gera múltiplos bebês, uma vez que esta deseja apenas um deles. Fonte: Catholic News Agency

Angola / Espanha / Polônia / Portugal JMJ 2023: tem início a peregrinação da Cruz e do Ícone mariano Patriarcado de Lisboa

Os símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023 já têm calendário para peregrinar. Segundo divulgou a organização do evento, a Cruz peregrina e o Ícone mariano Salus Populi Romani vão percorrer as 21 dioceses de Portugal entre novembro de 2021 e julho de 2023, permanecendo um mês em cada uma delas. Entretanto, antes da peregrinação em solo português, os símbolos da JMJ vão ser levados a Angola, de 8 de julho a 15 de agosto deste ano. Está prevista também a sua passagem pela Espanha e pela Polônia nos meses de setembro e outubro. Vale lembrar, ainda, que entre os dias 4 e 7 de agosto de 2022, a Cruz e o Ícone estarão presentes na Peregrinação Europeia de Jovens, em Santiago de Compostela, na Espanha.

A CRUZ PEREGRINA E O ÍCONE MARIANO

Com quase quatro metros de altura, a Cruz peregrina construída para o Ano Santo de 1983 foi confiada por São João Paulo II aos jovens. A partir daí, já percorreu os cinco continentes e quase 90 países, um verdadeiro sinal de esperança. Desde o ano 2000, a Cruz peregrina conta com a companhia do ícone Salus Populi Romani, que retrata a Virgem Maria com o Menino Jesus nos braços. Com cerca de 1,2 metro de altura, este ícone está associado a uma das mais populares devoções marianas em Roma. O Papa Francisco visita-o, deixando-lhe um ramo de flores sempre que parte para uma viagem apostólica ou dela regressa.

SONHOS DE MISERICÓRDIA

Foi no domingo, 22 de novembro de 2020, na Solenidade de Cristo Rei, que os jovens portugueses receberam das mãos do Papa Francisco, em Roma, os símbolos da Jornada Mundial da Juventude. Na homilia da missa celebrada na Basílica de São Pedro, o Santo Padre exortou os jovens a não renunciarem aos “grandes sonhos”. Francisco pediu-lhes para serem “capazes de sonhar” e abraçarem as “obras de misericórdia”: “Queridos jovens, queridos irmãos e irmãs: não renunciemos aos grandes sonhos. Não nos contentemos com o que é devido. O Senhor não quer que restrinjamos os horizontes, não nos quer estacionados nas margens da vida, mas correndo para metas altas, com júbilo e ousadia. Não fomos feitos para sonhar as férias ou os fins de semana, mas para realizar os sonhos de Deus neste mundo. Ele tornou-nos capazes de sonhar, para abraçar a beleza da vida. E as obras de misericórdia são as obras mais belas da vida. Se tens sonhos de verdadeira glória – não da glória passageira do mundo, mas da glória de Deus –, esta é a estrada; porque as obras de misericórdia dão mais glória a Deus do que qualquer outra coisa”, disse Francisco. “A opção diária situa-se aqui: escolher entre o que me apetece fazer e o que me faz bem. Desta busca interior, podem nascer escolhas banais ou escolhas de vida. Depende de nós. Olhemos para Jesus, peçamos-Lhe a coragem de escolher o que nos faz bem, de caminhar atrás Dele pela via do amor e encontrar a alegria” – afirmou o Papa. (JFF) Fonte: Vatican News

Rússia Avança a causa de beatificação de dez mártires do país A Igreja na Rússia atualizou as causas da beatificação de dez católicos assassinados por ódio à fé no século passado. Esta atualização foi feita na sessão de um tribunal diocesano, presidida pelo Padre Paolo Pezzi, em Moscou. O processo de beatificação, no qual o número de candidatos foi reduzido de 15 para dez, agora é conhecido como “O caso de beatificação ou proclamação dos mártires dos Servos de Deus: Monse-

nhor Antônio Malecki, bispo titular de Dionysiana, administrador apostólico de Leningrado, e nove companheiros assassinados por ódio à fé”. Junto com Monsenhor Malecki, estão as causas dos sacerdotes Constantine Budkiewicz, Jan Trojgo, Pavel Chomicz, Frantiszek Budrys e Antony Czerwinski, da Irmã Catherine Abrikosova, OPL, e a leiga Camilla Krucnickzela, e a estes a Congregação para as Causas dos Santos

permitiu a incorporação de Dom Karol Sliwowski, Bispo de Vladivostok; e do Padre Anthony Dzemeshkevich, que serviu nas paróquias de Nizhny Novgorod e Vladimir. Todas essas pessoas morreram após o estabelecimento do comunismo na Rússia.

OUTROS RELIGIOSOS

Três sacerdotes da Congregação dos Padres Marianos da Imaculada Concei-

ção tiveram suas causas promovidas por sua congregação, assim como a do sacerdote palotino Stanislaus Szulminski (1894-1941). Esta atualização faz com que a causa da beatificação avance. Em pouco tempo, será possível concluir a fase diocesana do processo e enviar os casos para a Congregação para as Causas dos Santos. (JFF) Fonte: Gaudium Press


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| 7 a 13 de julho de 2021 | Reportagem/Fé e Vida | 23

O encontro que aproximou a Igreja e o movimento olímpico Fotos: Reprodução da internet

Em 1905, São Pio X e o Barão Pierre de Coubertin reuniram-se no Vaticano e abriram caminhos para a difusão de bons valores a partir do esporte Daniel Gomes

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Adiada de 2020 para este mês em razão da pandemia de COVID-19, a 32ª edição dos Jogos Olímpicos de Verão terá início no dia 23, em Tóquio, no Japão, com a presença de aproximadamente 11 mil atletas e a atenção de bilhões de pessoas em todo o mundo. Na era moderna, os Jogos Olímpicos aconteceram pela primeira vez em 1896, em Atenas, na Grécia. Naquela edição, bem como nas duas seguintes – Paris 1900 e Saint Louis 1904 –, o evento não teve grande destaque internacional. Seu idealizador, o Barão Pierre de Coubertin, estava preocupado com as dificuldades que já se anunciavam para a realização da Olimpíada em 1908, em Roma, na Itália. O prefeito à época, Ernesto Nathan, não vislumbrava grandes vantagens à cidade em sediar o evento, e, na sociedade italiana, havia muita incerteza sobre os reais benefícios do esporte, uma vez que estava atrelado à prática de apostas, algumas modalidades como o futebol e o rúgbi eram consideradas violentas e havia os que enxergavam o esporte como um instrumento de alienação das pessoas diante dos problemas sociais.

O Barão e o Papa

Ciente dessas resistências, o francês Pierre de Coubertin encontrou-se com São Pio X em 1905, no Vaticano. Os detalhes dessa visita estão no artigo “O Encontro do Barão de Coubertin com o Papa São Pio X: momento-chave para a relação da Igreja com o olimpismo”, publicado por Narayana Astra van Amstel, doutorando na Faculdade de Sociologia na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em coautoria com seu professor orientador, Wanderley Marchi Junior, pós-doutor em Sociologia do Esporte. Amstel recorda que o encontro foi facilitado pelo fato de o Cardeal Giuseppe Melchiorre Sarto (São Pio X) – cujo pontificado ocorreu entre 1903 e 1914 – ter sido praticante e apreciador dos esportes, o que o levou a promover competições de remo entre os gondoleiros do Patriarcado de Veneza, do qual esteve

Liturgia e Vida 15º Domingo do Tempo Comum 11 de julho de 2021

Um coração que ‘voa’ até Deus PADRE JOÃO BECHARA VENTURA

São Pio X

à frente de 1893 até se tornar Papa. “O Barão relata que conseguiu amplo apoio do Papa que mostrou um total interesse em sediar o evento, que seria algo internacionalista e que também ajudaria na promoção da paz, que foi sempre uma preocupação da Igreja. Havia o desejo do Barão de que os católicos também participassem. Naquele tempo, o esporte moderno era controlado na maioria dos casos por instituições secularizadas. Muitos maçons estavam à frente de federações e eles tinham atritos com os católicos. A maioria das federações proibia a menção a santos nos nomes dos clubes, nas indumentárias e nas bandeiras. O encontro foi um sucesso, pois o Papa não só abençoou os Jogos como também incentivou que os católicos participassem deles”, detalha Amstel ao O SÃO PAULO. Como ratificação de seu apoio aos Jogos Olímpicos, São Pio X promoveu, em 1906, um festival de ginástica no Vaticano, com a participação de 400 atletas de 33 clubes. “Um espetáculo muito sintomático, que foi registrado em fotografias e que tem sempre um grande sucesso no conjunto das nossas projeções documentais olímpicas”, manifestou o Barão, ao recordar o episódio em um dos congressos sobre o movimento olímpico.

Maior proximidade

A erupção de um vulcão no Monte Vesúvio, na região de Nápoles, em 1906, causou grande impacto na sociedade italiana e fez com que Roma desistisse de sediar a Olímpiada que aconteceria em 1908, e que acabou sendo transferida para a cidade inglesa de Londres. Esse imprevisto, porém, não destruiu as pontes do diálogo permanente iniciado entre a Igreja e o movimento olímpico em 1905. “Quando o Barão Pierre de Coubertin apresentou ao Papa a proposta do olimpismo, com uma nova forma de trabalhar o esporte, sob uma ótica do fair play, dos atletas como promotores de virtudes e do esporte como elemento forte para a educação e a ética, a Igreja observou nisso

Barão Pierre de Coubertin

uma oportunidade-chave para o uso do esporte como ferramenta educacional para a preparação da juventude e um estilo de vida para os adultos”, ressaltou Amstel à reportagem. No artigo, o pesquisador lista ainda outros bons frutos daquele encontro, como o de ter mostrado que o esporte é uma “manifestação humanista, de todas as nações, crenças e independente de preferências políticas e pessoais”; de reforçar que “atletas católicos poderiam confraternizar internacionalmente nas competições olímpicas, sem medo de serem perseguidos pelo COI [Comitê Olímpico Internacional], algo bem diferente do que vinha ocorrendo nas competições regidas pelas federações italianas anticlericais”; além de se contrapor tanto às visões socialistas de que o esporte era uma atividade alienante quanto a posições nacionalistas, uma vez que o esporte promove a convivência pacífica entre as nações e o respeito mútuo entre os povos.

Valores convergentes

A construção de um mundo melhor a partir do esporte a serviço da humanidade é uma das bases do olimpismo. Nele se ressalta um estilo de vida baseado na alegria do esforço, no valor educacional do bom exemplo e no respeito pelos princípios éticos universais. Entre seus valores principais estão a amizade (que envolve o espírito de equipe e a solidariedade), a excelência (com cada pessoa dando o seu melhor para superar desafios) e o respeito (pelo adversário e pelas regras). Desde o século XX, os papas têm se manifestado sobre a perspectiva cristã do esporte, vendo neste uma ferramenta para a valorização da pessoa humana e a construção do bem comum, com a difusão de valores como a amizade, diálogo, igualdade, respeito, solidariedade. Essa perspectiva da Igreja para o esporte é detalhada no documento “Dar o melhor de si”, publicado em junho de 2018 pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, cuja íntegra pode ser lida no link a seguir: https://cutt.ly/AmxfFCB.

Deus nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos (cf. Ef 1,4). No Batismo, marcou-nos com o selo do Espírito e derramou em nós a riqueza de sua graça. Deu-nos a conhecer sua vontade por meio de Jesus Cristo, por quem recebemos o perdão dos pecados. Somos, por isso, chamados à santidade. Não fomos feitos para o egoísmo, para o materialismo ou para a mediocridade! Existimos para amar o Senhor e o próximo com coração generoso. Alguns, à semelhança dos apóstolos, são chamados a estar exclusivamente com Ele e ser enviados em seu Nome. Os que, pelo sacramento da Ordem, receberam o sacerdócio ministerial, participam dos poderes que pertencem a Deus de expulsar demônios e perdoar pecados por meio da Confissão; de atualizar o Sacrifício de Cristo e torná-lo presente na Santa Missa; de santificar e curar os enfermos pela santa Unção; de anunciar o Evangelho em seu Nome, abençoando, santificando e conduzindo, como pastores, o povo de Deus. Para os ministros ordenados, vale o mandato de “não levar nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura” (Mc 6,8). Um ministério sobrenatural, como é o sacerdócio, embora necessite obviamente de recursos materiais, deve se apoiar primeiramente nos meios sobrenaturais: oração, penitência, caridade e pobreza. Se esses elementos essenciais forem negligenciados, a missão se enfraquece, desorienta-se e deforma-se. Os sacerdotes precisam, sim, de bens materiais, para empregá-los no culto e nas obras de caridade; para Deus e para os irmãos, devem oferecer o melhor! Contudo, se desejam a fecundidade espiritual e apostólica, eles próprios devem viver de modo austero. Também os leigos que querem ser homens e mulheres de oração e desejam aproximar os demais da fé devem aprender o valor das palavras: “Felizes os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,3). A pobreza não se confunde com o espírito de “pão-duro” nem com o desleixo. Consiste em se reconhecer que os bens materiais não são um fim em si mesmos e que, sendo-nos dados pelo próprio Deus (não somente por “nosso trabalho”), são como “talentos” que o Senhor nos empresta para que sejam investidos em vista da sua glória e do bem do próximo. São Paulo situa a avareza – apego desordenado aos bens – ao lado de vícios como a impureza, a imoralidade, as paixões e os desejos maus, e a qualifica como “uma idolatria” (Cl 3,5)! Um coração apegado à riqueza e àquilo que a riqueza traz – poder, prazer e vaidade – estará sempre preso ao chão deste mundo; jamais subirá às alturas do Céus e nunca verá a Deus, cuja face é reservada aos puros de coração (cf. Mt 5,8). O avarento não tem paz, pois vive ávido para ganhar ou aflito para não perder o que já tem. O egoísmo lhe pesa e amesquinha. É preciso, pois, contentar-nos com uma vida justa, sóbria e temperante, livre de excessos. Que Cristo seja nosso grande tesouro e o sumo Bem! Assim, nosso coração será livre para “voar” até Deus e o próximo.


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