‘Que o Senhor da paz intervenha onde os seres humanos não conseguem construí-la’
Em sua 40ª viagem apostólica internacional, o Papa Francisco visitou, de 31 de janeiro a 5 de fevereiro, a República Democrática do Congo e o Sudão do Sul, no continente africano.
Francisco uniu-se às dores da população que vive grande vulnerabilidade social em territórios marcados por conflitos étnicos
e lutas armadas, frutos de séculos de colonização Ocidental e, mais recentemente, da exploração das riquezas naturais e minerais desses países.
Em celebrações campais e em encontros com autoridades civis, clérigos e religiosos consagrados, o Pontífice reforçou os pedidos de paz e exortou os fiéis a testemu-
nharem o Evangelho e a esperança cristã. Falando aos mais jovens no Estádio dos Mártires, na RD Congo, Francisco apresentou cinco “ingredientes” para a construção de um futuro melhor: oração, vida comunitária, honestidade, a prática do perdão e o serviço ao próximo.
Páginas 10, 11 e 12
Encontro com o Pastor
O Caderno Fé e Cultura deste mês destaca a produção do Cardeal Joseph Ratzinger/Bento XVI, na qual se ressalta uma teologia que integra razão e coração; seu olhar para a Doutrina Social da Igreja a partir do amor; a promoção do diálogo inter-religioso e o zelo pela liturgia.
Editorial
Bento XVI e os alertas sobre os males da ‘ditadura do relativismo’
A vida do cristão deve irradiar a luz recebida de Cristo e do Evangelho Página 3
Cardeal Scherer enaltece otestemunho de fé dos religiosos consagrados
SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO Ano 68 | Edição 3433 | 8 a 14 de fevereiro de 2023 www.osaopaulo.org.br | R$ 3,00 www.arquisp.org.br
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Use o QRCode para CadernoInternet,Cultural com mais artigos citados.e Edição 07 8 de fevereiro de 2023 Arte: Sergio Ricciuto Conte Reprodução
Os aspectos pouco conhecidos da vasta obra de Ratzinger/Bento XVI
Vatican Media
‘Empreendemos esta peregrinação ecumênica de paz depois de ter escutado o clamor de um povo inteiro’, diz o Papa, na chegada ao Sudão do Sul; Pontífice também esteve na RD Congo
CARDEAL ODILO PEDRO SCHERER Arcebispo
Opadre da paróquia de minha infância falava com frequência que os pais devem dar bom exemplo aoslhos; e o mesmo devem fazer os adultos em relação a crianças e jovens. Quem ainda está preocupado com isso? É corrente o ditado popular: “As palavras comovem; os exemplos movem”. São Francisco recomendava aos seus frades que fossem pregar o Evangelho pelas ruas, no meio do povo; se necessário, também com palavras. E Santo Agostinho recomendava aos pregadores: aquilo que dizes com tua boca, não desminta a tua vida.
No sermão da montanha, Jesus ensina: “Vós sois a luz do mundo.
Brilhe a vossa luz diante dos homens, para que eles vejam as vossas boas obras e glori quem o Pai que está nos céus” (cf. Mt 5,14-16).
Esse ensinamento não diz respeito apenas a alguma boa ação praticada, mas à vida inteira do discípulo e do cristão, que deve irradiar a luz recebida de Cristo e do Evangelho do Reino de Deus.
Brilhe a vossa luz
No Batismo, foi-nos entregue uma vela acesa, normalmente no círio pascal, que lembra Jesus ressuscitado, luz do mundo. E o celebrante recomendou aos pais e padrinhos que ajudassem o neobatizado a caminhar na vida como lho da luz. Quem foi batizado fez a renúncia a Satanás, o “príncipe das trevas”, e a todas as suas seduções e suas obras, que resumimos com uma palavra: o pecado. Recebemos a luz da fé, pela graça do Espírito Santo, para irradiarmos ao longo de toda a vida a luz de Cristo através do nosso viver. Ele é a luz do mundo: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (cf. Jo 8,12).
Com razão, por vezes se pergunta: que diferença faz entre ser cristão e não o ser? Se o cristão vive como os demais, que não são cristãos? Se o seu comportamento não se distingue em nada do comportamento daqueles que não são cristãos? Pior ainda, quando um cristão pratica o mal, leva vida desonesta, trata mal as pessoas e dá todo tipo de mau exemplo. Isso equivaleria a mergulhar novamente nas trevas, cultivando todo tipo de ações que São Paulo quali ca como “obras das trevas” (cf. Rm 13,12).
No sermão da montanha, Jesus também ensina: “Vós sois o
sal da terra. Mas se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada do que ser jogado fora e pisado pelos homens” (cf. Mt 5,13). Quando a vida do cristão não faz mais nenhuma diferença e ele vive como quem nunca conheceu a Cristo, acontece isso mesmo: é como o sal que perdeu o seu vigor e já não tem mais efeito.
Menos mal que há uma solução e a vida do cristão “insosso” pode mudar e voltar a ter o sabor de Cristo novamente. E a luz apagada, que virou trevas, pode voltar a brilhar. Nesse caso, faz-se necessário um processo de profunda conversão e renovada busca de Deus e de seus caminhos. A oração, a leitura e a escuta atenta da Palavra de Deus, o arrependimento e a busca do perdão de Deus podem restituir novo sabor e nova luz a quem busca a Deus sinceramente. Ele não rejeita um coração contrito e humilde, que se arrepende e pede perdão.
O tema da luz e seu simbolismo é muito frequente na Bíblia. O profeta Isaías, falando a um povo que se queixava por se sentir abandonado por Deus, por não ver seus rogos atendidos e porque sua vida parecia ter mergulhado nas trevas. E o profeta exorta: repartam o pão
com o faminto, acolham em sua casa os pobres e andarilhos, vistam quem está sem roupa, deixem de lado os instrumentos de opressão, os hábitos soberbos e a linguagem maldosa; acolham o indigente, prestem socorro ao necessitado. Então, a sua luz brilhará e sua vida obscura será como o meio-dia. E Deus os atenderá sem demora (cf. Is 58,7-10). Em poucas palavras, Isaías recomenda o mesmo que Paulo: abandonem as obras das trevas e revistam-se da luz de Cristo (cf. Rm 13,12-14).
As palavras do profeta também estão presentes na passagem do Evangelho, em que Jesus recomenda a prática das obras de misericórdia, sem as quais ninguém participará da luz do paraíso e da glória de Deus (cf. Mt 25,31-46).
Essa passagem retrata a cena do grande julgamento nal. A prática das boas obras fará toda diferença: “Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo; pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber...” (Mt 25,34-35).
O motivo supremo pelo qual devemos irradiar a luz de Cristo em nossa vida é este: para que tenhamos parte na luz de Deus, na vida eterna. Quem não o faz continua nas trevas.
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Bento XVI e a ditadura do relativismo Editorial
Faz pouco mais de um mês que Bento XVI foi sepultado, e o transcurso do tempo não deixará de trazer sempre mais à luz a grande riqueza espiritual que este Papa teólogo nos legou – mas desde agora já podemos nos admirar da clareza e acuidade com que ele penetrava os principais desa os da Igreja e da sociedade de nossos dias. Tornou-se frequente, por exemplo, falar-se de uma “ditadura do relativismo” – expressão por ele cunhada na missa Pro Eligendo Ponti ce, que presidiu em 18/04/2005 como Decano do Colégio de Cardeais, às vésperas de ser eleito, ele próprio, Bispo de Roma. Para entendermos melhor o que o então Cardeal Ratzinger queria dizer com essa expressão – e comprovarmos a pertinência de suas observações – é interessante repassar o conteúdo da conferência que ele havia ministrado poucos dias antes, em 01/04/2005, no Mosteiro de Santa Escolástica, em Subiaco, sobre “A Europa na crise das culturas”.
Naquela ocasião, Ratzinger apontava as de ciências de uma cultura iluminista
radical, que rejeita suas tradições morais e religiosas e erige a autonomia de autoarmação do indivíduo como valor supremo. Esse endeusamento da “liberdade” a qualquer custo acaba redundando, tragicamente, em graves danos ao próprio ser humano: quer pelos inevitáveis conitos entre caprichos e interesses opostos (“O homem sabe clonar outros homens, e usá-los como ‘armazéns’ de órgãos para outros homens, e por isso o faz; porque essa parece ser uma exigência de sua liberdade”), quer pelo aprisionamento da inteligência que se recusa a se abrir à luz da verdade objetiva (como os chamados terianos, pessoas que se identi cam com animais, como lobos ou cachorros, e exigem ser assim tratadas pelos demais membros da sociedade).
A maioria de nós brasileiros, felizmente, ainda acredita que um ser humano não pode pretender ser um lobo sem fazer violência ao mundo real – mas permanece a pergunta: como foi que chegamos ao ponto de debater seriamente esta questão? Ratzinger apontava que a origem do problema está naquela “menta-
lidade tecnicista, que con na a moral ao âmbito subjetivo”. O progresso da técnica ocidental, alcançado pelo rigor metódico das ciências empíricas, é certamente digno de louvor – o problema, no entanto, é quando esta forma de racionalidade passa a se pretender absoluta e universal, e a a rmar que “somente é racional o que pode ser provado com experimentos”. Os atuais instrumentos de observação até poderiam medir a atividade neural de um médico nazista, ao assassinar suas vítimas, ou os batimentos cardíacos de um voluntário das Forças Aliadas, ao se colocar em risco para defender a vida e a liberdade de seus concidadãos – mas nunca conseguiremos medir e observar a maldade ou a bondade de suas ações. Na verdade, a ideologia do cienti cismo, que pretendia justamente “libertar” o homem das amarras da religião e da moral, acaba por desembocar no determinismo de alguns naturalistas radicais, para os quais o ser humano não passa de um animal como outro qualquer, sem qualquer liberdade de decisão ante as leis da física e da matéria.
Opinião
EDUARDO RODRIGUES DA CRUZ
Li outro dia uma coluna que comentava o divórcio de um casal conhecido na TV, após oito anos de união. A notícia passaria batido, tantos são os anúncios de uniões e separações entre artistas, mas essa me chamou a atenção por um motivo relevante: ela queria ter lhos (até por causa da idade), mas ele não. O argumento dele: temia que lhos pudessem atrapalhar a harmonia do casamento.
A colunista explora mais esse último ponto, indicando experiências que todo casal com lhos conhece. De fato, criá-los exige energia e desprendimento, e modi ca a rotina do casal. Mas a lição por ela tirada é algo conformista: “Olhar para o lado e não admirar seu sócio vitalício no empreendimento que toma 24 horas por dia de sete dias na sua semana é frustrante demais”. E ela conclui, dizendo que os dois mencionados “tomaram o terceiro caminho: se separaram antes de um car frustrado por ceder e ter um lho ou de outra car frustrada por ceder e não ter um lho”.
Será que não há um quarto caminho que não seja um car frus-
trado por causa da decisão do outro? E pior, separar-se por causa disso? A única coisa inquestionável que a colunista fala é que, caso todos decidissem não ter lhos, “a humanidade teria acabado há tempos”. Mas o argumento não deve ser de muita serventia para os casais. A mensagem da colunista parece ser: “só tenha lhos depois de muito raciocínio, conversa e consentimento
mútuo”. A decisão de tê-los cou parecida com a de fazer um investimento: só na ponta do lápis. Se no passado os lhos vinham meio que sem controle do casal, a condição hoje é a oposta: planejamento total, gratuidade zero.
Espanta-me a naturalidade com que todas essas coisas sejam ditas. No fundo, há uma concepção de amor por detrás de tudo isso: amor
O relativismo, portanto, com toda a angústia e infelicidade que traz para o homem e para a sociedade, é resultado desse reducionismo da razão humana, e dessa sua relutância em se abrir às suas raízes e tradições losó co-religiosas. Mas qual a solução que propunha Ratzinger para este impasse? Por um lado, relembrarmos que o Cristianismo é, por excelência, “a religião do Logos” (cf. Jo 1,1ss), da razão e da razoabilidade, em que o mundo é concebido como um cosmo ordenado, re exo da racionalidade de seu Criador (cf. Catecismo, nº 346). Apoiados nessa certeza, por outro lado, podemos nos entregar conantes a este Deus, cujo maior desejo e glória não é outro senão o pleno desabrochar de seus lhos. Se o zermos, tornar-nos-emos “homens cuja inteligência Deus ilumina e cujo coração Deus abre, para que nosso intelecto possa falar ao intelecto dos outros e nosso coração possa abrir o coração dos outros. Somente por meio de homens assim tocados por Deus é que Deus poderá retornar depressa aos homens”.
romântico, curtição, paixonite, gostar um do outro. Quanto menos surpresas, melhor. Mas o amor que o Cristianismo proclama vai muito além disso. Trata-se do ágape, do amor ao próximo, da abertura incondicional ao outro. Sim, isso signi ca “24 horas por dia, sete dias por semana”, mas esse é o caminho para o cêntuplo, para um amor que enriqueça a si e todos ao redor. Trata-se da adequada imitação – “Amai-vos um aos outros como eu vos amei” –, mas principalmente como graça, vinculada à fé e à esperança. Amamos porque somos amados.
Para que essa percepção da gratuidade e da riqueza que os lhos representam volte a ser como que natural para nós, um longo processo reeducativo se torna necessário, principalmente por meio do testemunho ativo dos casais cristãos. Sem esse testemunho, a própria noção do casamento ca des gurada (“casar para quê?”), as separações aumentam e o número de crianças diminui – que mundo infeliz esse preparado pelos adultos de hoje!
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As opiniões expressas na seção“Opinião”são de responsabilidade do autor e não re etem,necessariamente,osposicionamentoseditoraisdojornal O SÃO PAULO
Arte: Sergio Ricciuto Conte
EduardoRodriguesdaCruz éprofessortitulardo DepartamentodeCiênciadaReligiãodaPUC-SP, tendograusavançadosemFísicaeTeologia; publicou extensamente sobre o relacionamento entre ciências naturais e fé cristã.
Você Pergunta Comportamento
Curadoria do feto: a defesa do direito de nascer
CRISLEINE YAMAJI
Tem sido muito falada pela imprensa brasileira a determinação da Justiça do Piauí de uma curadoria para o feto no ventre de uma menina, mais de uma vez violentada por seu parente, conforme investigação policial. A imprensa tem ressaltado que a curadoria do feto não se encontra expressamente prevista na legislação brasileira. No caso, entendeu-se pela necessidade de exercício de uma curadoria especial, com determinação de adoção de medidas protetivas pela Defensoria Pública para a defesa da vida e ao direito de nascer do feto.
A curadoria especial, atualmente prevista para o incapaz no Código de Processo Civil, chegou a ser prevista expressamente no projeto de lei que regulamenta o Estatuto do Nascituro, proposto para proteção integral do nascituro; no entanto, desde 2017, este projeto de lei de 2007 se encontra travado e sob apreciação da Comissão de Defesa de Direitos da Mulher, alvo de discussões acaloradas e manifestações fortes de interesses no Congresso Nacional por envolver não somente aspectos de ordem jurídica e política, mas, também, aspectos éticos, morais e religiosos.
A curadoria do nascituro pressupõe proteção de interesses do nascituro que, por si só, não pode defendê-los. É determinada para resguardar seus potenciais direitos após nascer. Apesar de o nascituro não ter uma personalidade civil própria, o Código Civil brasileiro sempre pôs a salvo seus direitos desde a concepção. O nascituro, portanto, tem direitos que dependem de seu nascimento com vida, mas sua proteção
está garantida já no ventre da mãe. Esse regime era majoritariamente pensado para a proteção de direitos patrimoniais sucessórios do nascituro, especialmente os casos de herança ou doação, e encontra previsão também no projeto do Estatuto do Nascituro em debate legislativo, mas, cada vez mais, tem sido requerido para a proteção da vida e do direito de nascer do feto.
Esse caso de curadoria, todavia, não é novo no debate jurídico nacional e já foi trazido para o debate da proteção do nascituro, por exemplo, na decisão sobre interrupção de gestação em casos de anencefalia do feto, na qual o Supremo Tribunal Federal se recusou a conceder a curadoria especial do feto com o argumento de que a manutenção do feto anencéfalo colocaria em risco a vida e a dignidade da gestante.
Toda essa discussão tem sido feita de forma bastante polêmica ao redor do mundo, sempre opondo a mãe ao feto. Na Itália, a polêmica foi retomada recentemente como consequência de uma possível proposta para o reconhecimento de personalidade jurídica ao nascituro, a m de prevenir o aborto de qualquer forma voluntária, legal ou clandestina. Neste caso, o feto, considerado uma pessoa para todos os ns e efeitos de direito, contaria sempre com a necessária nomeação de um curador quando seus interesses e direitos pudessem ser ameaçados ou violados por qualquer razão de conveniência, saúde ou violação de direito.
A polêmica envolve forte carga emocional e polarização, especialmente em situações de violência contra a mulher, ainda mais em casos de
mulher vulnerável. De todo modo, deve-se atentar para a falaciosa e retórica oposição entre direitos da mulher e do feto, como se houvesse sempre uma afronta à liberdade e à dignidade da mulher por se proteger seu lho nascituro.
O debate não deveria nos obrigar a um sopesamento público de vidas e à escolha que resultasse na eliminação da vida do feto por decisão da mãe. Ilusório e conveniente pensar que o feto não tenha direito à vida e à dignidade humana assim como qualquer outro ser humano, escondendo-se atrás de argumentos de relativização de sua personalidade por ainda não ter independência no viver. Primar pela liberdade e pela dignidade da mulher signi ca primar pela liberdade e dignidade de qualquer ser humano que esteja em seu ventre. Deve-se buscar, portanto, desconstruir a lógica conveniente de aborto como manifestação de liberdade e proteção da mulher e de feto (não vida) versus mulher (vida).
Nesse contexto, reforça-se a necessidade de atuação da Igreja como instituição, fora da sacristia e de seus muros, perante os três poderes. É necessário um corajoso advocacy, a m de comunicar uma mensagem inegociável de proteção da vida do feto e de proteção dessa e outras meninas violentadas. Não é aceitável permitir opor a dignidade da menina à dignidade de seu lho. Ambos são vítimas de uma inaceitável e silenciosa violência com a qual nosso Estado tem sido bastante conivente. CrisleineYamaji éadvogada,doutora emDireitoCivileprofessoradeDireitoPrivado. E-mail:direitosedeveresosaopaulo@gmail.com
Há um modo correto para receber a bênção da água?
PADRE CIDO PEREIRA osaopaulo@uol.com.br
A Maria das Graças, do bairro Santo Antônio, quer saber o seguinte: “A água só é benta quando o padre segura e diz ‘abençoe esta água’ ou também vale quando estamos segurando a água?”.
Primeiramente, minha irmã, é bom lembrar que a água benta é um sacramental e não um sacramento. Nós, padres, abençoamos a água, lembrando que ela é sinal de vida e de puri cação. Lembramos, também, as águas do dilúvio, das quais nasceu uma nova humanidade. Lembramos as águas do Mar Vermelho, pelas quais passou o povo de Israel da escravidão do Egito para a liberdade. Lembramos, ainda, o Batismo de penitência e conversão dado por João Batista e o Batismo de Jesus, que não precisava, mas quis ser batizado. En m, lembramos a água do Batismo em que fomos sepultados e ressuscitados para uma vida nova comolhos de Deus, discípulos de Cristo, membros da Santa Igreja. Como é importante a água e seu simbolismo na Doutrina da Igreja. Pedir a bênção da água é lembrar esses simbolismos todos e suplicar ao Senhor que esta água bebida, aspergida sobre as pessoas e sobre casas e objetos, seja sinal de bênçãos e graças. O uso da água benta sempre foi incentivado pela Igreja e muito bem aceito e utilizado na religiosidade popular.
A Igreja tem belas fórmulas de bênção da água, e é bom que peçamos aos nossos párocos que a abençoem. Isso acontece em muitos santuários.
Alguns padres comunicadores costumam benzer a água pedindo às pessoas que coloquem um copo com água junto ao rádio ou à tevê. Eu não tenho o hábito de dar esta bênção pelo rádio, mas não critico quem a dá.
Alerto, porém, que a bênção da água feita pelo sacerdote de forma presencial destaca a comunhão do povo de Deus com sua comunidade.
Eu concluo dizendo a você, minha querida irmã: quando o padre anuncia na Igreja ou no santuário que dará a bênção à água e aos demais objetos de piedade, claro que a bênção é válida. Tenhamos sempre o cuidado, porém, de pedir a bênção da água e de usar a água benta somente após entender o que a Igreja ensina sobre ela.
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Dois grupos de padres e diáconos da Arquidiocese de São Paulo iniciaram na segunda-feira, 6, o retiro espiritual anual, que prossegue até quinta-feira, 9. O primeiro grupo (foto) se reúne na Vila Dom Bosco, em Campos do Jordão (SP), orientado pelo Padre João
Cândido da Silva, da Diocese de São João da Boa Vista (SP). O segundo grupo faz os exercícios espirituais no Mosteiro de Itaici, em Indaiatuba (SP), tendo como pregador o Padre João Geraldo Kolling, jesuíta e diretor-geral desse Mosteiro. (por Redação)
Arquivo pessoal
Fiéis participam de formação sobre a Campanha da Fraternidade
FERNANDO ARTHUR COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO
No sábado, 4, a Região Belém, por meio do Fórum das Pastorais Sociais, promoveu o encontro de estudo da Campanha da Fraternidade 2023, cujo tema é “Fraternidade e fome”, do qual participaram cerca de 200 pessoas.
Antes das apresentações, a Pastoral da Juventude regional conduziu uma reexão sobre a fome no Brasil, expondo diversos aspectos do problema, como a desnutrição, o aumento dos preços dos alimentos e a situação das famílias mais pobres que não têm o que comer.
Padre Marcelo Maróstica Quadro, Coordenador de Pastoral regional, recordou as campanhas anteriores que falaram sobre a fome, destacando a de 1975, cujo tema era “Fraternidade é repartir”. O Sacerdote também recordou o
18º Congresso Eucarístico Nacional, em 2022, que teve como tema “Pão em todas as mesas”, e ressaltou que, muito mais que uma questão biológica, a fome é um desa o social e humanitário.
Colaboraram, também, Regina Maria de Almeida Nagy, do Centro Ecumênico Bíblico de São Paulo, que palestrou e reetiu sobre o texto-base da Campanha a partir da Palavra de Deus; e Vera Villela,
nutricionista e presidente do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (Comusan), que discorreu sobre o problema da fome no Brasil, além de tratar sobre saúde alimentar.
[SÉ] Na quinta-feira, 2, foi celebrado o 109º aniversário da Paróquia Santo Antônio, no Pari, Setor Bom Retiro, com missa presidida pelo Frei Wilson Batista Simão, OFM, Pároco, que, além dos éis, contou com a participação da comunidade boliviana, cuja presença é assídua na Paróquia. Em 2014, ano do centenário, foi inaugurado o novo altar de Nossa Senhora de Copacabana e Nossa Senhora de Urkupiña, padroeiras da Bolívia. (por Centro de Pastoral da Região Sé)
[SÉ] No domingo, 5, o Padre Alcy Maurício da Silva Júnior, SDB, tomou posse como diretor da Casa Inspetorial, centro administrativo dos salesianos em São Paulo, durante missa presidida pelo Padre Cássio Rodrigo de Oliveira, SDB, Vice-Inspetor, e concelebrada pelo Padre Narciso Ferreira, SDB, Vigário Paroquial do Santuário Sagrado Coração de Jesus.
(por Maristela Gomes Nascimento)
[SÉ] A Região Sé promove, dos dias 14 a 16, das 19h30 às 21h30, no Auditório Paulinas (Rua Domingos de Morais, 660 –, Vila Mariana), uma formação litúrgica baseada no documento Desiderio desideravi, sobre a beleza da liturgia. Aberta a todos que tenham interesse em se aprofundar no assunto, a formação é gratuita. Inscrições pelo e-mail centropastoral@regiaose.org.br.
(por Centro de Pastoral da Região Sé)
[BRASILÂNDIA] Em 31 de janeiro, na Paróquia Santos Apóstolos, Setor São José Operário, em missa presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap., o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia deu posse ao Padre Sílvio Costa Oliveira como Pároco e apresentou o Padre Alécio Ferreira Silva como Vigário Paroquial. (por Pascom paroquial)
Na quinta-feira, 2, Festa da Apresentação do Senhor e Dia Mundial da Vida Consagrada, no Mosteiro da Luz, houve a celebração eucarística presidida pelo Cardeal Scherer, Arcebispo Metropolitano, e concelebrada por Dom Rogério Augusto das Neves, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, e por diversos padres, durante a qual se comemoraram algumas datas importantes: a vida religiosa consagrada, com a participação das Irmãs Concepcionistas do Mosteiro; os 50 anos de vida religiosa da Irmã Maria Nazaré Rodrigues, da Congregação das Irmãs Servas do Senhor; o aniversário de 21 anos de episcopado de Dom Odilo; e os 249 anos da fundação do Mosteiro da Luz. (por Centro de Pastoral da Região Sé)
[IPIRANGA] A Paróquia Santa Paulina, Setor Anchieta, recebeu no domingo, 5, Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, para presidir a missa, concelebrada pelo Padre Israel Mendes Pereira, Pároco, durante a qual se destacou o aspecto vocacional e missionário a que todos os éis são chamados. Houve a acolhida do Diácono Seminarista Alysson Antunes, que atuará na Paróquia como Assistente Pastoral durante este ano, e a bênção de duas novas Comunidades Eclesiais Missionárias dedicadas a Nossa Senhora das Graças e à Divina Misericórdia. (por Martinho Wagner)
Região Lapa)
na quinta-feira, 2, a função de Administrador Paroquial da Paróquia Santa Flávia Domitila, no Parque São Domingos, Setor Pirituba. Entre os concelebrantes estiveram o Padre Eduardo Higashi, Pároco da Paróquia São José Operário, na Região Santana, e o Frei Dom José Almir Paim, Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Assunção, Setor Pirituba. (por Benigno Naveira)
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BELÉM
[LAPA] Em missa presidida por Dom José Benedito Cardoso, o Padre Fabrício Mendes de Morais (à esquerda do Bispo Auxiliar da Arquidiocese na
assumiu,
[SÉ]
Fernando Arthur
Pascom paroquial
Martinho Wagner
Benigno Naveira
Facebook Mosteiro da Luz
Pascom paroquial
Padre Ubaldo Steri se despede da Paróquia Nossa Senhora das Graças
No domingo, 5, perto de completar 51 anos à frente da comunidade da Paróquia Nossa Senhora das Graças como Pároco e 60 anos de ministério sacerdotal, o Padre Ubaldo Steri presidiu a missa durante a qual se despediu dos éis.
O paroquiano Lázaro Ferreira destacou: “Quando cheguei aqui, em 1973, não tinha noção do que era participar da missa. O Padre Ubaldo despertou em nós a consciência da participação da Eucaristia. Participei do grupo de jovens, atuei na Pastoral do Batismo, Pastoral da Crisma. Em todos os momentos importantes de minha vida, ele esteve conosco”.
Argemiro Francisco de Paula, 99, que coordenou uma das comunidades de base pertencentes à Paróquia na década de 1980, agradeceu a transformação de vida graças à presença do Padre Ubaldo na comunidade. “Faço um apelo aos jovens: permaneçam juntos, continuem o trabalho que zemos.”
Para Leonardo Ramos, jovem paroquiano que está em discernimento vocacional, a presença do Padre Ubaldo nunca foi ostensiva, e ele se fez um com
a comunidade. “Padre Ubaldo é símbolo de amor pela comunidade. Comigo vou levar o exemplo de sacerdócio; é um homem que doou a vida aos pobres”, concluiu.
Nascido na Sardenha, Itália, em novembro de 1938, Padre Ubaldo foi ordenado em março de 1963, na Arquidiocese de Milão, pelo Cardeal Montini (São Paulo VI). Assumiu como Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em 1972. Criou as Obras Sociais Nossa Senhora das Graças, com atendimento a crianças, jovens e idosos. Grande entusiasta das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), esteve ao lado de Dom Paulo Evaristo Arns na criação da Operação Periferia. Foi Coordenador de Pastoral regional, Diretor da Caritas Arquidiocesana de São Paulo entre 1987 e 2010 e atuou como membro do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) no Ministério da Justiça, em Brasília (DF). “Pude atuar em todos esses projetos porque os leigos da Nossa Senhora das Graças permitiram”, destacou o Sacerdote.
Padre Ubaldo vai morar na Casa São Paulo, no Ipiranga. Em sua mensagem nal aos paroquianos, destacou: “Amem-se uns aos outros como sempre quis que nos amássemos na comunidade. Sejam felizes!”
[BRASILÂNDIA] No domingo, 5, Dom Carlos Silva, OFMCap., apresentou o novo Vigário Paroquial da Paróquia Cristo Rei, na Anhanguera, o Padre Genésio de Morais, durante missa que teve entre os concelebrantes o Padre Orisvaldo da Silva Carvalho, Pároco. Comentando o Evangelho do dia, Dom Carlos comparou o novo vigário, em sua humildade e discrição, ao sal da terra (cf. Mt 5,13), que dá sabor à comida precisamente na medida em que desaparece em meio ao alimento, e prognosticou ainda uma complementação frutuosa com a laboriosidade e iniciativa do atual Pároco, para que as boas obras de seu ministério brilhem como luz diante dos homens (cf. Mt 5,16).
(por seminarista Gil Pierre Herck)
[BELÉM] A Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, na Água Rasa, se prepara para celebrar a sua padroeira, no sábado, 11. As atividades se iniciam às 8h30, com a bênção da água, seguida de missa às 9h.
Às 15h, Dom Cícero Alves de França, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, presidirá a celebração eucarística.
Às 16h45, haverá a recitação do Terço, e, às 18h, a missa de encerramento, com a bênção dos enfermos. Durante o dia todo, haverá a venda de alimentos e bebidas.
A Paróquia Nossa Senhora de Lourdes ca localizada na Rua João Soares, 13, na Água Rasa. (por Pascom Paroquial)
[BRASILÂNDIA] No sábado, 4, na Paróquia Santos Apóstolos, Setor São José Operário, houve a formação sobre a Campanha da Fraternidade, cujo tema deste ano é “Fraternidade e fome”. Participaram Dom Carlos Silva, OFMCap., Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, padres, diáconos, religiosos, agentes de pastorais e leigos. A formação foi conduzida pelo Frei José Francisco de Cássia dos Santos, OFM, e a equipe do Sefras – Ação Social Franciscana. (por Pascom paroquial)
[SÉ] Em 31 de janeiro, no Santuário Sagrado Coração de Jesus, em Campos Elísios, Setor Bom Retiro, em missa presidida pelo Padre Alcy Mauricio da Silva Júnior, SDB, Pároco, celebrou-se a memória litúrgica de Dom Bosco, fundador da Congregação Salesiana. (por Julia Tamiris e Elisa Salinas)
[LAPA] Em 31 de janeiro, os éis da Paróquia São João Bosco, no Alto da Lapa, Setor Leopoldina, comemoraram a memória litúrgica do Padroeiro, participando da missa solene presidida pelo Padre Claudio Andrade Motta, SDB, Pároco. (por Benigno Naveira)
[BRASILÂNDIA] Em missa presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap., Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, na manhã do domingo, 5, foi apresentado o Padre Rafael Araújo Nolli como o novo Administrador Paroquial da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Souza, Setor São José Operário. Mais de 500 paroquianos participaram da celebração. (por Luccas Sant’ana)
[BRASILÂNDIA] No dia 1º, na Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, no Jardim Sydney, Setor Pereira Barreto, Dom Carlos Silva, OFMCap., Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, apresentou o Padre Álvaro Moreira Gonçalves como o novo Administrador Paroquial. (por Eva Nascimento)
[BELÉM] No domingo, 26, às 16h, o Movimento Eucarístico Jovem (MEJ) da Paróquia Santo Antônio de Lisboa, no Tatuapé, promoverá uma roda de conversa com jovens, com o tema “Depressão sem tabu”, na qual a psicóloga Mônica Chagas abordará o tema da depressão em jovens na atualidade. (por Pascom paroquial)
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[SANTANA] A Paróquia Nossa Senhora da Candelária, Setor Vila Maria, realizou, no dia 1º, o nono dia da novena em louvor à Padroeira e também em comemoração dos 90 anos da criação da Paróquia e da presença dehoniana. A missa foi presidida por Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, concelebrada pelo Pároco, Padre Octaviano Pinto da Silva, SCJ; e pelos Vigários Paroquiais, Padres Marcelo Alves dos Reis, SCJ; Ronaldo Rodolfo Ferreira, SCJ, e João Luiz Uzan Malnalcich, SCJ, assistidos pelo Diácono Marcelo Reis e com a participação de éis da Comunidade Nossa Senhora de Fátima e da matriz paroquial. (por Fernando Fernandes)
IPIRANGA
EUFROSINO COLABORAÇÃO ESPECIAL
KAREN
PARA A REGIÃO
Karen Eufrosino
Pascom paroquial Pascom paroquial
Eva Nascimento
Lucas Sant’ana Pascom Santos Apóstolos
[LAPA] No sábado, 4, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa, com a presença de éis, religiosos, membros de movimentos e agentes de pastorais, realizou-se a missa em ação de graças pela abertura do ano pastoral da Região Lapa, presidida por Dom José Benedito Cardoso e concelebrada por vários padres atuantes na Região. (por Benigno Naveira)
[SANTANA] Em razão das fortes chuvas das últimas semanas, o forro da igreja matriz da Paróquia Nossa Senhora das Dores, no Setor Casa Verde, cedeu parcialmente no último m de semana. No momento do ocorrido, a igreja estava fechada e ninguém se feriu. A Paróquia agradece aos que puderem colaborar com a reforma que precisará ser feita. Doações podem ser entregues presencialmente (Rua Lucila, 160) ou feitas via PIX (CNPJ: 63.089.825/0057-07). O comprovante pode ser enviado por e-mail (nsradores@yahoo.com.br) ou pelo telefone (WhatsApp) da secretaria paroquial: (11) 3966-3427. (por Pascom regional)
[SÉ] No domingo, 5, na Paróquia Santa Margarida Maria, Setor Aclimação, houve a comemoração dos 95 anos de vida do Monsenhor Antônio Fusari, completados no dia 2, durante missa presidida por ele e concelebrada pelo Padre Marcelo Delcin, Pároco. “É preciso muita coragem para chegar aos 95 anos. Mas essa coragem vem de Deus, pois é Ele que habita em mim, que con a em mim”, a rmou o Monsenhor, que externou sua profunda alegria pela vida sacerdotal e agradeceu aos pais o apoio em seu despertar vocacional. (por Cláudia Regina Garcia Bartoli)
[IPIRANGA] Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, deu posse ao Padre Je erson Mendes de Oliveira como novo Administrador Paroquial da Paróquia Santo Afonso Maria de Ligório, Setor Cursino, no sábado, 4. A celebração contou com a presença de diversos sacerdotes, paroquianos e outros éis vindos das diversas comunidades nas quais o Padre Je erson trabalhou anteriormente.
(por Karen Eufrosino)
[SÉ] No Colégio Sagrado Coração de Jesus, na Pompeia, no domingo, 5, Dom Rogério Augusto das Neves presidiu a missa de encerramento do Encontro Anual de Casais Responsáveis de Equipe (Eacre) da Região SP Capital II, promovido pelo Movimento das Equipes de Nossa Senhora. O Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé re etiu sobre o tema de estudos deste ano no Movimento: “Servir a exemplo de Maria”, que tem como pano de fundo as Bodas de Caná e a abordagem das diversas situações familiares relacionadas à “falta do vinho”, além da carta encíclica Fratelli tutti, do Papa Francisco, como suporte de estudo. (por Centro de Pastoral da Região Sé)
[IPIRANGA] No sábado, 4, as lideranças do Conselho Regional de Pastoral (CRP) estiveram reunidas com os delegados do sínodo arquidiocesano de São Paulo pertencentes à Região Ipiranga. O Padre Jorge Bernardes, Pároco da Paróquia Santa Rita de Cássia, Setor Vila Mariana, fez memória do caminho sinodal percorrido na Arquidiocese desde 2017 e suas considerações para o desenvolvimento pastoral. Encerrando a reunião, Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, re etiu sobre a importância do acolhimento das propostas do sínodo pelas paróquias e pastorais, que serão apresentadas no m de março.
(por Karen Eufrosino)
[LAPA] No sábado, 4, na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, na Vila Hamburguesa, Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, presidiu a missa durante a qual foi empossado o novo Pároco, o Padre Flávio Heliton da Silva. Entre os concelebrantes estiveram os Padres Raimundo Rosimar Vieira da Silva, Pároco da Paróquia São João Maria Vianney, Setor Lapa; e Tarcísio Justino Loro, Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Setor Leopoldina. (por Benigno Naveira)
[SÉ] Os éis da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Jardim Paulistano, marcaram presença no sábado, 4, em Niterói (RJ), na missa de posse de Dom Geraldo de Paula Souza, C.Ss.R., como Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Niterói. Ele esteve à frente da Paróquia como Pároco entre julho de 2019 e outubro de 2022. Presidida por Dom José Francisco Rezende Dias, Arcebispo daquela Arquidiocese, a celebração contou com a presença do Cardeal Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro, dos Padres Marlos Aurélio da Silva, Superior Provincial dos Redentoristas em São Paulo; Eduardo Ribeiro, C.Ss.R., atual Pároco da Nossa Senhora do Perpétuo Socorro; e Roberto Aparecido de Lima, C.Ss.R. (por Rogério Nakamoto)
[BELÉM] Na manhã do domingo, 5, Dom Cícero Alves de França presidiu missa na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na Vila Diva, durante a qual conferiu o sacramento da Crisma a três jovens. Concelebraram o Cônego Walter Caldeira e o Padre Laurício José Pipper, com a assistência do Diácono Seminarista Yago Ferreira. (por Fernando Arthur)
na qual foram assistidos pelo Diácono Cláudio Bernardo da Silva.
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[LAPA] Dom José Benedito Cardoso deu posse, no domingo, 5, ao Padre Geraldo Raimundo Pereira como Pároco da Paróquia Rainha da Paz, na Vila Ida, em missa
(por Benigno Naveira)
Pascom paroquial
Christopher Velasco
Cláudia Regina Garcia Bartoli
Karen Eufrosino
Fernando Arthur
Benigno Naveira
Benigno Naveira
Rogério Nakamoto
Benigno Naveira
Equipes de Nossa Senhora
Réplicas dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude peregrinam pela Arquidiocese
FERNANDO GERONAZZO
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
Como marco preparatório da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2023, que acontecerá em Lisboa, Portugal, no próximo mês de agosto, o Setor Juventude da Arquidiocese de São Paulo (Sejusp) iniciou no domingo, 5, a peregrinação da réplica dos símbolos da JMJ.
Até o m de julho, as cópias da cruz peregrina e do ícone de Nossa Senhora percorrerão paróquias das seis regiões episcopais da Arquidiocese. Essa atividade recorda a peregrinação dos símbolos originais da Jornada ocorrida em setembro de 2011 na Arquidiocese de São Paulo, em preparação à JMJ de 2013, no Rio de Janeiro.
A atual peregrinação começou com uma missa na Paróquia Nossa Senhora do Brasil, no Jardim América, presidida por Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese e Referencial para o Setor Juventude. Ele destacou que a iniciativa tem o objetivo de motivar os jovens da Arquidiocese a se prepararem para participar do evento, que contará com a presença do Papa Francisco. Além disso, a peregrinação visa a permitir àqueles que não puderem viajar a Lisboa que se unam espiritualmente à JMJ.
No início da celebração, os membros do Grupo de Jovens Divino Coração, da Paróquia, entronizaram os símbolos, colocados no presbitério para serem venerados nos próximos dias.
Na homilia, Dom Carlos Lema recordou que a cruz é o sinal do cristão e do próprio Cristo, o símbolo mais conhecido que existe. “É importante que os jovens que trouxeram a cruz, e todos nós, lembremo-nos de
que a cruz não pode ser apenas um símbolo, mas tem de estar presente na nossa vida. Não há vida cristã sem Cristo e sem a cruz, não encontramos Jesus Cristo”, a rmou. O Bispo ressaltou, ainda, que, “na cruz, está a nossa salvação, a conquista de Jesus sobre a morte, sobre o demônio, sobre o mal; na cruz, adquirimos nossa puri cação e, por meio dela, a nossa felicidade”.
CRUZ E ÍCONE
Conhecida como a “Cruz do Ano Santo”, a “Cruz do Jubileu”, a “Cruz da JMJ”, a “Cruz Peregrina” ou a “Cruz dos jovens”, o símbolo original, confeccionado em madeira e medindo 3,8 metros, foi presenteado por São João Paulo II em 1984, na conclusão do Ano Santo da Redenção, em que se celebravam os 1.950 anos da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. Na ocasião, o Pontí ce criador da JMJ exortou: “Caríssimos jovens, ao término do
Ano Santo, con o-vos o mesmo sinal do Ano Jubilar: a ‘Cruz de Cristo’! Levai-a ao mundo como sinal do amor do Senhor Jesus pela humanidade, e anunciai a todos que só em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção”.
Em 2003, o mesmo Papa con ou aos jovens a imagem de Nossa Senhora Salus Populi Romani (em português “Protetora do Povo Romano”), pintada em estilo bizantino, réplica do histórico ícone venerado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma. Desde então, esses símbolos peregrinam pelos países-sede das JMJs. Este ano, portanto, a peregrinação acontece nas dioceses portuguesas e em alguns países lusófonos.
A cruz que peregrinará pela Arquidiocese de São Paulo é uma réplica el da original, e cava exposta na sede da Comunidade Mensagem de Paz, na Região Episcopal Brasilândia. Já a réplica do ícone
Espiritualidade
Chamados a rezar pelas vocações
cerem Jesus ao repartir o pão, retornam rapidamente para Jerusalém e anunciam que Cristo está vivo. A graça do encontro com Cristo faz arder o coração e coloca os pés dos discípulos a caminho, expressão da missão que vem do Ressuscitado.
Estamos celebrando o 3o Ano Vocacional da Igreja no Brasil, que tem por tema “Vocação: Graça e Missão”, e por lema, “Corações ardentes, pés a caminho”. Dois ícones bíblicos iluminam este Ano Vocacional, a saber: o evangelista Marcos (Mc 3,13-19), em que Jesus chama os seus discípulos para estarem com Ele; e o evangelista Lucas (Lc 24,13-35), no belo e profundo texto de Emaús, que nos mostra o coração dos discípulos que ardem após escutar Jesus que lhes falava das Escrituras. E, após reconhe-
O texto-base do 3o Ano Vocacional nos pede, entre os seus objetivos especícos: “Intensi car a prática da oração pelas vocações em todos os âmbitos: pessoal, familiar e comunitário. O mandamento de Jesus, expresso em Mateus (9,38) e Lucas (10,2), de rezar pelas vocações, não poderia faltar... A oração nos aproxima de Deus e desperta em nós o sentido da corresponsabilidade” (nº 15). Sim, não há ação evangelizadora ou iniciativa pastoral que subsista sem a oração. Por isso, um dos apelos e compromissos fundamentais na vida eclesial é rezar pelas vocações. Somos chamados a rezar pessoalmente. Cada um tem a responsabilidade de dizer cada dia: “Eis-me aqui, Senhor, chama-me, envia-me, estou à tua disposição”. E rezar
também pela vocação de cada irmão, de cada irmã, que despertem e respondam ao chamado de Deus em Jesus Cristo. Neste sentido, rezar é abrir-se às luzes do Espírito Santo para que se possa discernir qual o caminho que se deve seguir e a missão a realizar. A oração pessoal se completa na família, berço e sementeira das vocações, a igreja doméstica, e se pleni ca na oração comunitária. Nestes ambientes, familiar e eclesial, podemos escutar o chamado de Deus e responder com amor. É na comunidade que se revela e se expressa a riqueza e a diversidade de dons, carismas e ministérios. A oração nos aproxima de Deus e nos leva à comunhão com Ele e com os irmãos. Rezar pelas vocações é corresponsabilidade de todos nós.
De fato, o mandato da oração vem do próprio Jesus, que, ao ver as multidões, cansadas e abatidas como ovelhas sem pastor, diz: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie trabalhado-
foi confeccionada a pedido do Sejusp, para acompanhar a cruz.
PROGRAMAÇÃO
Durante o mês de fevereiro, os símbolos peregrinarão por paróquias da Região Episcopal Sé. Depois, esta será a programação:
11 de março – Região Ipiranga
1º de abril – Região Belém
20 de maio – Região Santana
3 de junho – Região Brasilândia
1º de julho – Região Lapa
27 de julho – Celebração de envio dos jovens para a JMJ de Lisboa e encerramento da peregrinação dos símbolos (local a definir).
Embreve,serádivulgadaaprogramação detalhadaemcadaregião.
res para sua colheita” (cf. Mt 9,35-38). O evangelista Lucas, ao falar da escolha e do envio dos discípulos, diz a mesma coisa: “Pedi, pois, ao Senhor da colheita...” (cf. Lc 10,1-2). Rezar pelas vocações é con ar em Deus, o Senhor da colheita, mas é também saber que pela nossa vida de oração e na missão somos convidados a participar desta obra, que também é nossa. É um convite para abrir o coração, deixar-se tocar pelo chamado de Deus, acolher as inspirações do Espírito e responder com alegria e generosidade. Não vamos nos eximir nem fugir daquilo que nos compete e expressa nossa participação e comunhão.
Neste Ano Vocacional, vamos intensicar a oração pelas vocações e pedir que as famílias e comunidades cristãs vivas, fervorosas e felizes, se tornem fontes de vida fraterna e suscitem em muitos o desejo de se consagrarem a Deus e ao serviço da evangelização. E peçamos com fé. Enviai, Senhor, muitos trabalhadores para a vossa colheita.
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DOM ÂNGELO ADEMIR MEZZARI, RCJ BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA REGIÃO IPIRANGA
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Peregrinação dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude começa com missa na Paróquia Nossa Senhora do Brasil, no domingo, dia 5
Ratzinger - Bento XVI desconhecido
O Caderno Fé e Cultura é uma publicação quinzenal do jornal “O SÃO PAULO”, com coordenação editorial do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP. Diretor responsável e editor: Padre Michelino Roberto. Coordenação editorial: Francisco Borba Ribeiro Neto. Revisão: José Ferreira Filho e Daniel Gomes. Diagramação: Jovenal Alves Pereira. Impressão: Grá ca OESP. Conselho editorial: Alexandre Gonçalves, Alline Luiza de Abreu
Use o QRCode para acessar o Caderno Cultural na Internet, com mais artigos e links citados. Edição 07 8 de fevereiro de 2023
Silva, Bruno Muta Vivas, Diogo Chiuso, Gustavo Catania, Ivonete Kuerten, João Cortese, Luís Henrique Marques, Maria Nazaré Lins Barbosa, Rodrigo Pires Vilela da Silva e Vandro Pisaneschi.
Arte: Sergio Ricciuto Conte
Ratzinger - Bento XVI desconhecido
Núcleo Fé e Cultura
Como entender o pensamento de Joseph Ratzinger / Bento XVI? Seu brasão, tanto como bispo quanto como papa, trazia um urso arreado como animal de carga e uma concha do mar. O urso remetia a São Corbiniano (680-730), Bispo de Frisinga, na Baviera, que chamado a Roma pelo papa, teve seu cavalo comido por um urso. O Santo, então, domou o urso, fazendo dele um animal de carga que o ajudasse a chegar a Roma. A concha relembra Santo Agostinho (354-430), que teria visto um jovem tentando colocar toda a água do mar em um buraco na praia. O jovem explicou ao Santo que, assim como era impossível colocar a água do mar no buraco, era impossível ao ser humano entender todo o mistério de Deus.
Os dois símbolos heráldicos remetem à humildade. Todo teólogo deve, humildemente, submeter sua inteligência à grandeza inescrutável de Deus – mas aquele teólogo especí co, J. Ratzinger, se reconhecia como um urso nas orestas acadêmicas da Alemanha, que por obediência à Igreja se colocava como animal de carga nos caminhos do Vaticano. Esse é o primeiro aspecto pouco percebido, que procuramos sublinhar neste Caderno Fé e Cultura: o “rottweiler da fé”, como foi denominado enquanto Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé,
A teologia que integra razão e coração
Monja beneditina camaldolense
Quando, na manhã de 31 de dezembro de 2022, o Papa Emérito Bento XVI voltou à casa do Pai, quais sinais, quais perguntas sua vida deixou para nós? Numa entrevista imediatamente após sua morte, seu secretário, Georg Gänswein, revelou o mistério da vida do Papa falecido: “Com um o de voz, mas de uma maneira claramente distinguível, disse, em italiano: Senhor, eu te amo!”. Foram suas últimas palavras... Falando das últimas horas de Santa Teresinha do Menino Jesus, proclamada Doutora da Igreja em 1997, considerada especialista na scientia amoris. Bento XVI disse: “Faleceu, pronunciando as simples palavras ‘Meu Deus, eu te amo!’ [...] Essas últimas palavras da Santa são a chave de toda a sua doutrina, da sua interpretação do Evangelho. O ato de amor, expresso em seu último suspiro, era como o contínuo respiro de sua alma, como o bater de seucoração”(AudiênciaGeral, 06/04/2011).
E se ele soubesse, naquela audiência, que suas últimas palavras seriam assim e sua passagem ao amor que os esperava tão semelhante! Ele não sabia que falava de si mesmo e, no entanto, continuou o seu discurso como se revelasse o seu próprio humor: “Queridos amigos, também nós, como Santa Teresa do Menino Jesus, devemos poder repetir todos os dias ao Senhor que queremos viver no amor por Ele e pelos outros, aprender na escola dos santos a amar autêntica e totalmente. Teresa é um dos “pequeninos” do Evangelho que se deixam conduzir por Deus às profundezas do seu Mistério. Guia para todos, especialmente para aqueles que, no povo de Deus, desempenham o ministério dos teólogos. Com humildade e caridade, fé e esperança, Teresa entra continuamente no coração da Sagrada Escritura, que contém o Mistério de Cristo. E esta leitura da Bíblia, alimentada pela ciência do amor, não se opõe à ciência acadêmica. A ciência dos santos, de fato, da qual ela mesma fala na última página da História de uma Alma (São Paulo: Loyola, 1996), é a ciência mais elevada”.
A morte dos santos é surpreendente e, como única coisa a dizer, têm a expressão do seu amor: “Senhor, Jesus, eu te amo!”. Não se pode dizer tais palavras no momento decisivo da morte, se não se está
não era um prepotente arrogante, mas, sim, um homem humilde, que esperava dos outros a obediência à Verdade que ele mesmo procurava viver.
Um homem de diálogo, que interagiu fraternalmente com lósofos, cientistas, rabinos e intelectuais islâmicos. Sua absoluta convicção na força da Verdade e na necessidade dos dialogantes se deixarem corrigir um pelo outro o tornaram, porém, um “sincericida” – uma daquelas pessoas que exprime com sinceridade suas convicções, sem se dar conta dos protocolos do “politicamente correto”.
No entanto, o aspecto mais relevante de sua obra, aquele pelo qual ele provavelmente gostaria de ser lembrado, é de ser um pensador determinado pelo encontro com Cristo e por seu amor. Sem reconhecer esse primado do amor, de Deus por nós e, em consequência, de nós por nossos irmãos, toda a obra teológica de Ratzinger / Bento XVI será deturpada – como, aliás, será deturpado todo o Cristianismo.
Neste Caderno Fé e Cultura procuramos mostrar esses aspectos pouco conhecidos de sua obra. Agradecemos como sempre a nossos muitos colaboradores e particularmente à revista Communio International Catholic Review
habituado a repeti-las todos os dias, todas as horas, com cada respiração. O Papa Francisco, na celebração do 65º aniversário da ordenação sacerdotal de Bento XVI, disse: “Numa das tantas páginas bonitas que Vossa Santidade dedica ao sacerdócio, frisa como, na hora da chamada de nitiva de Simão, Jesus, olhando para ele, no fundo pergunta-lhe uma só coisa: ‘Tu Me amas?’. Como é belo e verdadeiro isso! Porque é nisso, Vossa Santidade nos diz, naquele ‘Tu Me amas?’ que o Senhor funda o pastoreio, porque só se houver amor ao Senhor Ele pode apascentar por nosso intermédio: ‘Senhor, tu sabes tudo, tu bem sabes que Te amo’ (cf. Jo 21,15-19). Esta é a característica que domina toda uma vida despendida ao serviço do sacerdócio e da teologia, que Vossa Santidade não hesitou em de nir como ‘busca pelo amado’. Foi isso que Vossa Santidade sempre testemunhou e ainda hoje testemunha: que o aspecto decisivo nos nossos dias — de sol ou de chuva — aquele do qual advém todo o resto, é que o Senhor esteja realmente presente, que O desejemos, que interiormente estejamos próximos Dele, que O amemos, que acreditemos profundamente Nele e, crendo, O amemos realmente. É este amar que nos enche realmente o coração, é este crer que nos faz caminhar seguros e tranquilos sobre as águas, até no
meio da tempestade, precisamente como aconteceu a Pedro. Este amar e este crer é aquilo que nos permite olhar para o futuro não com receio ou saudades, mas com júbilo, até nos anos já avançados da nossa vida”.
A busca pelo amado... Esse é o segredo de toda sua vida e do seu enorme compromisso no campo da teologia. O Papa Bento XVI conheceu a Deus, toda a sua vida foi dedicada a conhecê-Lo, a buscá-Lo com todas as suas forças. Podia ir ao encontro do seu Amado com a con ssão de amor, com as simples palavras ditas no meio da noite. No Prefácio do livro Dio è sempre nuovo. Pensieri spirituali (Libreria Editrice Vaticana, 2022), que reúne os pensamentos espirituais do Papa Bento XVI, Francisco escreve: “O título já exprime um dos aspectos mais característicos do Magistério e da visão de fé do meu predecessor: sim, Deus é sempre novo porque é fonte e razão da beleza, da graça e da verdade. Deus nunca é repetitivo, Deus nos surpreende, Deus traz novidade. O frescor espiritual que brilha por meio destas páginas con rma isso com intensidade [...] O modo como Bento XVI soube fazer interagir coração e razão, pensamento e afeto, racionalidade e emoção, constitui um modelo fecundo de como poder anunciar a todos a força explosiva do Evangelho”.
2 | Fé e Cultura | 8 de fevereiro de 2023 | www.arquisp.org.br www.osaopaulo.org.br/fe-cultura
O olhar de Cristo e o desenvolvimento humano integral
Deus guarda-nos e ampara-nos. Sim, o Senhor ouve ainda hoje o grito das multidões famintas de alegria, de paz, de amor. Hoje, como aliás em todos os períodos, elas sentem-se abandonadas. E, todavia, mesmo na desolação da miséria, da solidão, da violência e da fome que atinge indistintamente idosos, adultos e crianças, Deus não permite que as trevas do horror prevaleçam [...] “Jesus, ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão por elas” (Mt 9,36) [...] A Igreja sabe que, para promover um desenvolvimento integral, é necessário que o nosso “olhar” sobre
o homem seja idêntico ao de Cristo. De fato, não é possível de modo algum separar a resposta às necessidades materiais e sociais dos homens da satisfação das necessidades profundas do seu coração. Isso deve ser ressaltado muito mais numa época como a nossa, de grandes transformações, em que nos damos conta de forma cada vez mais viva e urgente da nossa responsabilidade em relação aos pobres do mundo [...] O “olhar” de Cristo sobre a multidão obriga-nos a a rmar os verdadeiros conteúdos daquele “humanismo total” que, sempre segundo Paulo VI,
consiste no “desenvolvimento integral do homem todo e de todos os homens”. Por isso, a primeira contribuição que a Igreja oferece para o desenvolvimento do homem e dos povos não se consubstancia em meios materiais nem em soluções técnicas, mas no anúncio da verdade de Cristo que educa as consciências e ensina a autêntica dignidade da pessoa e do trabalho, promovendo a formação de uma cultura que corresponda verdadeiramente a todas as exigências do homem.
(Bento XVI, Mensagem para a Quaresma de 2006)
A Doutrina Social da Igreja a partir do amor
Francisco Borba Ribeiro Neto*
O Compêndio da Doutrina Social da Igreja, publicado em 2004, foi uma síntese abrangente do magistério social católico até aquela data. Praticamente todos os princípios que orientam o pensamento sociopolítico católico estão ali enunciados. Até mesmo as bases da posição cristã em relação à questão ambiental, magnicamente desenvolvidas posteriormente na Laudato si’ (2015), estão ali expostas. Contudo, uma sutil mudança (que, diga-se de passagem, vigora ainda com o Papa Francisco) marcou a passagem do ponti cado de São João Paulo II para o de Bento XVI: o amor como ponto de partida da re exão sobre temas sociais. Das três encíclicas publicadas por Bento XVI, duas levam a palavra caritas, amor, no título. Em comparação com o Compêndio, substantivos como amor, caridade, misericórdia, ternura – todos indicativos de um mesmo foco – são cerca de duas vezes mais comuns na encíclica Caritas in veritate (CV, 2009) e cerca de seis vezes mais comuns na segunda parte (dedicada a temas sociais) da encíclica Deus caritas est (DCE, 2005). O título e frequência com a qual uma palavra aparece num texto não revelam sua lógica interna, mas re etem as preocupações do autor. Como entender essa mudança de enfoque entre o Compêndio e as encíclicas sociais de Bento XVI?
Ainda que a Doutrina Social seja uma re exão teológica, ela é destinada a todos. Numa sociedade plural, seus princípios necessitam de uma fundamentação antropológica e sociológica que transcenda a base confessional. A mera apresentação de uma norma, por mais verdadeira e justa que seja, não basta para criar uma base de entendimento numa sociedade pluralista.
Bento XVI repropõe e rea rma, a partir da Deus caritas est (DCE), a compreensão do amor de Deus por nós como base para a Doutrina Social da Igreja: a dignidade e o valor da pessoa humana se evidenciam a partir da experiência de ser amado, o acontecimento do amor nos revela nossa própria dignidade e nos chama à solidariedade. Evidentemente, isso não quer dizer que o amor estivesse ausente nos documentos anteriores, mas esta ênfase merece uma análise. Passa, sem dúvida, por uma característica pessoal do teólogo Joseph Ratzinger, mas também revela uma forma diferente do pensamento social católico se apresentar ao mundo. Nesse sentido, tanto com Bento XVI quanto com o Papa Francisco, o magistério social católico ganha um aspecto renovado que precisa ser devidamente entendido e aplicado.
O reconhecimento da dignidade da pessoa humana foi uma das marcas do século XX. Por mais que, em muitas situações, os princípios fossem e ainda sejam negados, na prática, criou-se um consenso internacional sobre a dignidade e os direitos da pessoa. São João Paulo II, que como acadêmico havia abraçado a loso a personalista, viu ali um ponto de referência compartilhado, que permitiria o diálogo entre a Doutrina Social e os diferentes programas políticos contemporâneos. Assim, tanto na estrutura lógica quanto na ênfase geral, o Compêndio, que não se restringe ao período de São João Paulo II, mas segue a linha central de seu ponticado, é uma obra marcadamente personalista.
Contudo, a percepção da pessoa humana e de sua dignidade deixou de ser considerada como autoevidente ao longo da segunda metade do século XX, sendo cada vez mais vista como um constructo social relativo. A autonomia individual foi consagrada como único valor universal, levando
à relativização de todos os demais. A visão personalista deixou de ser um ponto de referência compartilhado entre católicos e não católicos. O interminável dissenso sobre a questão do aborto e do direito à vida do embrião humano é o exemplo mais clamoroso desse contexto cultural.
Com maior ou menor consciência da situação, para seu posicionamento no diálogo com o mundo secular do século XXI, a Doutrina Social, sem abandonar o princípio personalista, teve que encontrar uma fundamentação mais radical – no sentido de mais próxima às raízes, às origens. A pergunta não formulada, mas implícita no desenvolvimento dos textos pontifícios, é “o que nos permite reconhecer a dignidade da pessoa humana e nos solidarizarmos com ela sem concessões?”.
Bento XVI explicita essa questão em seu discurso inaugural da Conferência de Aparecida: “As estruturas justas são, como já disse, uma condição indispensável para uma sociedade justa, mas não nascem nem
funcionam sem um consenso moral da sociedade sobre os valores fundamentais e sobre a necessidade de viver esses valores com as necessárias renúncias, inclusive contra o interesse pessoal. Quando Deus está ausente, o Deus do rosto humano de Jesus Cristo, esses valores não se mostram com toda a sua força, nem se produz um consenso sobre eles. Não quero dizer que os não-crentes não podem viver uma moralidade elevada e exemplar; digo somente que uma sociedade na qual Deus está ausente não encontra o consenso necessário sobre os valores morais e a força para viver segundo a pauta destes valores, também contra os próprios interesses”.
Uma criança que venha de lares desfeitos ou que não tenha conhecido uma família terá muito mais di culdade para reconhecer a própria dignidade do que a pessoa que conheceu o amor ao longo de seu desenvolvimento humano. Isso não quer dizer que as exigências de dignidade e solidariedade não se apresentem, mas serão mal compreendidas, encaminhando-se para uma postura autocentrada, indiferente e até violenta para com os demais.
Por isso, Cristo, o Pastor que por amor abandona todas as ovelhas em busca da desgarrada (Lc 15,3-7; Jo 10,11-16), o Deus que se deixa matar por amor a suas criaturas, que o traíram e continuam a traí-lo, é o maior anúncio da dignidade da pessoa humana e da solidariedade a ela já feito na história. Bento XVI e, depois dele, Francisco perceberam a necessidade de que o amor cristão crescesse em sua dimensão política (DCE 28-30), tornando-se “amor social”, “amor político” (Fratelli tutti, FT 183-186).
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* Coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP
O legado de Bento XVI sobre política, justiça e amor
Daniela Jorge Milani
Na concepção de Bento XVI, como em toda a Doutrina Social católica, a construção de uma sociedade justa está nas mãos da política. Assim, o primeiro ponto acima traz um retorno à ideia agostiniana de que, sem a justiça, o Estado se reduziria a “um bando de salteadores”, pois a política não é mera técnica administrativa e de elaboração e aplicação de leis. Sua origem e seu m têm natureza ética: a justiça. Contudo, o Estado não é o gigante responsável pela solução de todos os problemas humanos e sociais, mas aquele que apoia iniciativas particulares das mais diversas forças da sociedade, que surgem de seu próprio meio, estão próximas ao cidadão e conhecem suas reais necessidades.
A Igreja se apresenta como uma destas grandes forças da sociedade, não porque pretende imiscuir-se em assuntos de competência estatal, mas porque está a serviço da verdade e da dignidade do homem e, nesse sentido, preocupa-se em orientar sua vocação (cf. Entrevista durante o voo para o Brasil, 09/05/2007).
Ela trabalha no sentido de despertar as consciências sobre o bem, a justiça e o amor, para a construção de estruturas justas.
Todo cidadão é chamado a colaborar para a construção de uma sociedade mais justa. Contudo, como lembra o Catecismo da Igreja Católica (CIC 407), “Ignorar que o homem tem uma natureza ferida, inclinada para o mal, dá lugar a graves erros no domínio da educação, da política, da ação social e dos costumes”. Nas palavras de Bento
Em seu magistério, Bento XVI rea rma o princípio do amor entrelaçado à verdade, como critério orientador de ação moral para a construção de ordens sociais justas no mundo, fundamentadas nos valores da justiça e o bem comum (Caritas in veritate, CV 6). O amor ao próximo é um amor concreto e comprometedor que envolve não apenas o aspecto individual, mas social, posto que o homem não vive em isolamento, mas em contínua interrelação. Na Deus caritas est (DCE),resumearelação própria entre justiça e amor em dois pontos essenciais: (1)odeverdapolíticaéajustaordemdasociedadeedo Estadoe(2)oamorénecessárioàjustiça(DCE26ss).
XVI, “o dado empírico é que existe uma contradição no nosso ser. Por um lado, cada homem sabe que deve fazer o bem e intimamente até quer fazê-lo. Mas, ao mesmo tempo, sente também o outro impulso para fazer o contrário, para seguir o caminho do egoísmo, da violência, para fazer só o que lhe apraz, mesmo sabendo que assim age contra o bem, contra Deus e contra o próximo” (Audiência Geral, 03/12/2008). O mal pode ser praticado por qualquer um que se veja imbuído de um motivo egoísta ou se disponha a buscar a verdade. Por isso, para poder operar retamente, a razão deve ser continuamente puri cada, porque sua cegueira ética, derivada da prevalência do interesse e do poder que a deslumbram, é um perigo nunca totalmente eliminado (DCE 28). E aqui surge a necessidade de falarmos da justiça.
Chega-se aqui ao segundo pon-
to da relação entre amor e justiça de Bento XVI: não se pode falar de amor sem antes falar de justiça, ou seja, o amor pressupõe a justiça, porque não há como dar ao outro algo além, se ele está privado até mesmo do que é seu por direito. Portanto, a justiça é o primeiro passo do amor. Contudo, como pregou no Angelus, em fevereiro de 2007, o mandamento de amar até o inimigo não consiste em ser conivente com o mal, segundo uma falsa interpretação do “oferecer a outra face”. E por qual razão Jesus pede para amar os próprios inimigos, um amor que excede as capacidades humanas? perguntou-se. É que Jesus sabia que no mundo existe violência de mais, injustiça de mais, situações que não podem ser solucionadas de outro modo a não ser com algo mais. Nas suas palavras: “Este ‘algo mais’ vem de Deus: é a sua misericórdia, que se fez carne em Jesus e que so-
Mesmo na sociedade mais justa, teremos necessidade do amor
O amor — caritas — será sempre necessário, mesmo na sociedade mais justa. Não há qualquer ordenamento estatal justo que possa tornar supér uo o serviço do amor. Quem quer desfazer-se do amor, prepara-se para se desfazer do homem como homem. Sempre haverá sofrimento que necessita de consolação e ajuda. Haverá sempre solidão. Existirão sempre também situações de necessidade material, para as quais é indispensável uma ajuda na linha de um amor concreto ao próximo. Um Estado que queira prover a tudo e tudo açambarque
torna-se, no m de contas, uma instância burocrática, que não pode assegurar o essencial de que o homem sofredor — todo homem — tem necessidade: a amorosa dedicação pessoal. Não precisamos de um Estado que regule e domine tudo, mas de um Estado que generosamente reconheça e apoie, segundo o princípio de subsidiariedade, as iniciativas que nascem das diversas forças sociais e conjugam espontaneidade e proximidade aos homens carecidos de ajuda. [...] Embora as manifestações especí cas da caridade eclesial nunca possam confun-
zinha pode ‘inclinar’ o mundo do mal para o bem, a partir daquele pequeno e decisivo ‘mundo’ que é o coração do homem.” (Angelus, 18/02/2007).
Infelizmente, a palavra amor contempla inúmeras realidades, nem sempre análogas ou sequer complementares, que podem até mesmo ser opostas, como quando se diz matar por amor. De todo modo, a Igreja ensina que a vocação do homem é o amor ensinado por Jesus aos seus discípulos: o amor ao próximo, seja quem for, mesmo que seja seu inimigo, seu ofensor. Esse é o amor que abunda nos escritos neotestamentários e que é descrito com a palavra ágape.
O amor que se estende até o inimigo é a magna carta da não violência cristã, que não é mera estratégia, mas um modo de existir no mundo, a maneira de ser de quem está convicto do amor de Deus e não tem medo de enfrentar o mal somente com as armas do amor e da verdade (Angelus, 18/02/2007).
A Igreja, em relação à política, trabalha no sentido de despertar as consciências sobre o bem, a justiça e o amor, para a construção de estruturas justas. Portanto, tratemos de quebrar a corrente do mal, do ódio, da vingança e da injustiça, porque se a justiça induz a dar a cada um o que é seu, o amor induz a dar mais, a dar de si próprio, a fazer renúncias, a perdoar. É assim que Deus age conosco e espera que façamos entre nós.
dir-se com a atividade do Estado, no entanto a verdade é que a caridade deve animar a existência inteira dos éis leigos e, consequentemente, também a sua atividade política vivida como “caridade social” [...] A Igreja nunca poderá ser dispensada da prática da caridade como atividade organizada dos crentes, como aliás nunca haverá uma situação em que não seja preciso a caridade de cada um dos indivíduos cristãos, porque o homem, além da justiça, tem e terá sempre necessidade do amor (Bento XVI, Deus caritas est, DCE 28-29)
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PUC-SP e advogada em São Paulo.
Não possuímos a verdade, ela é que nos possui
O diálogo não visa à conversão, mas a uma melhor compreensão recíproca: isso é correto. Contudo, a busca de conhecimento e compreensão sempre pretende ser também uma aproximação da verdade. Assim, ambas as partes, aproximando-se passo a passo da verdade, avançam e caminham para uma maior partilha, que se funda sobre a unidade da verdade. Quanto a permanecer éis à própria identidade, seria demasia-
do pouco se o cristão, com a sua decisão a favor da própria identidade, interrompesse, por assim dizer, por vontade própria o caminho para a verdade. Então, o seu ser cristão tornar-se-ia algo de arbitrário, uma escolha simplesmente factual. Nesse caso, evidentemente, ele não teria em conta que a religião tem a ver com a verdade. A propósito disso, eu diria que o cristão possui a grande con ança, mais ainda, a certeza ba-
silar de poder tranquilamente fazer-se ao largo no vasto mar da verdade, sem dever temer pela sua identidade de cristão. Sem dúvida, não somos nós que possuímos a verdade, mas é ela que nos possui a nós: Cristo, que é a Verdade, tomou-nos pela mão e, no caminho da nossa busca apaixonada de conhecimento, sabemos que a sua mão nos sustenta rmemente. (Discurso à Cúria Romana, 21 de dezembro de 2012).
O diálogo inter-religioso segundo Ratzinger
Núcleo Fé e Cultura
Discutimos hoje o diálogo inter-religioso no contexto de um mundo que, ao mesmo tempo que se aproxima cada vez mais, tornando-se cada vez mais um único teatro da história humana, é convulsionado por guerras, dilacerado por crescentes tensões entre ricos e pobres e radicalmente ameaçado pelo mau uso do poder tecnológico do homem sobre o planeta. Essa tripla ameaça deu origem a um novo cânone de valores éticos, que resumiria a principal tarefa moral da humanidade neste momento da história em três ideias: paz, justiça e integridade da criação. Embora não sejam idênticas, religião e moralidade estão inseparavelmente ligadas. Portanto, é óbvio que, em um momento no qual a humanidade adquiriu a capacidade de destruir a si mesma e o planeta em que vive, as religiões têm uma responsabilidade comum de superar essa tentação [...]
A questão que se coloca, no entanto, é: como isso pode ser feito? Dada a diversidade das religiões, dados os antagonismos entre elas que muitas vezes se in amam mesmo em nossos dias, como podemos nos encontrar?
Se é que isso é possível, qual tipo de unidade pode haver? [...]
As religiões não possuem, a priori, o conhecimento do que serve à paz aqui e agora; de como construir a justiça social dentro e entre os Estados; de como melhor preservar a integridade da criação e cultivá-la responsavelmente em nome do Criador. Essas questões têm de ser trabalhadas pela razão, num processo que inclui sempre o livre debate entre opiniões diversas e o respeito pelas diferentes abordagens. Sempre que um moralismo religiosamente motivado evita esse pluralismo, muitas vezes irredutível, declarando que um caminho é o único correto, a religião se torna uma ditadura ideológica, cuja paixão totalitária não constrói a paz, mas a destrói [...] Evidentemente, a recusa em transformar a religião em uum moralismo político não
Joseph Ratzinger explicitou sua visão sobre o diálogo inter-religioso num encontro com o Rabino Leonard Sztejnberg ocorrido na Academie sciences morales et politiques, publicado em Communio: International Catholic Review, em 1998. Os trechos aqui selecionados do texto mostram um pensador aberto ao encontro que busca a verdade, imbuído de uma visão humilde dediálogo.Nassuaspalavras“nakenosisdeDeus[seu esvaziamento no sacrifício de Cristo] é o lugar onde as religiões podem entrar em contato sem reivindicações arrogantes de dominação”.
muda o fato de que a educação para a paz, a justiça e a integridade da criação está entre as tarefas essenciais da fé cristã e de todas as religiões — ou que o ditado “pelos seus frutos os conhecereis” pode ser aplicado ao seu desempenho [...]
A pobreza é necessária para o diálogo e a busca da verdade. A kenosis de Deus [seu esvaziamento no sacrifício de Cristo] é o lugar em que as religiões podem entrar em contato sem reivindicações arrogantes de dominação.
O Sócrates platônico ressalta a conexão entre verdade e vulnerabilidade, verdade e pobreza, especialmente na Apologia e em Criton (Coimbra: Edições 70, 2018). Sócrates é credível porque, ao “tomar partido de deus”, não busca nem posição nem posses, mas, pelo contrário, é levado para a pobreza e, nalmente, para a posição de acusado. A pobreza é verdadeiramente a forma divina pela qual a verdade aparece: na sua pobreza, pode exigir obediência sem alienação.
Três observações sobre diálogo e verdade. Resta uma última pergunta: o que tudo isso signi ca concretamente? O que se pode esperar de que tal concepção do Cristianismo contribua para o diálogo inter-religioso? [...] Gostaria de fazer três observações:
1. As religiões só podem encontrar-se umas com as outras aprofundando-se na verdade, não a abandonando. Nem o ceticismo, nem o puro pragmatismo nos unem. Ambos apenas nos abrem para as ideologias, que se tornam mais autocon antes. A renúncia à verdade e às suas convicções não eleva o homem, mas o deixa submetido ao cálculo utilitarista e rouba-lhe a grandeza. O que é necessário, entretanto, é a reverência pela crença do outro, juntamente com a disposição de buscar a verdade no que considero estranho – uma verdade que me diz respeito e que pode me corrigir e me levar adiante. O que é necessário é a vontade de olhar por trás do que pode parecer estranho, a m de encontrar a realidade mais profunda que ali se esconde. Eu também devo estar disposto a deixar minha compreensão estreita da verdade ser quebrada, a aprender melhor minhas próprias crenças, entendendo o outro e, dessa forma, me deixar aprofundar no caminho para Deus, que é maior – na certeza de que eu nunca possuirei totalmente a verdade sobre Deus e sou sempre um aprendiz, um peregrino cujo caminho para ele nunca está no m.
2. Embora devamos sempre buscar o positivo no outro, devemos também nos ajudar a encontrar a verdade. Por isso, não podemos nem devemos prescindir de críticas.
A religião contém, por assim dizer, a preciosa pérola da verdade, mas também a esconde continuamente e corre sempre o risco de perder a sua própria essência. A religião pode adoecer e tornar-se um fenômeno destrutivo. Pode e deve levar à verdade, mas também pode nos afastar dela [...] Pode ser relativamente fácil para nós criticar a religião dos outros, mas também devemos estar prontos para aceitar críticas a nós mesmos, à nossa própria religião [...] Karl Barth estava certo ao a rmar que mesmo a religião dos cristãos pode adoecer e se tornar superstição [...] A religião concreta na qual os cristãos vivem sua fé deve ser incessantemente puri cada pela verdade [...]
3. O diálogo, no qual ajudamo-nos uns aos outros a sermos melhores cristãos, judeus, muçulmanos, hindus e budistas não pode substituir a atividade missionária. Tal substituição seria uma completa falta de crença. Sob o pretexto de promover o melhor do outro, deixaríamos de levar a sério a nós mesmos e ao outro e acabaríamos renunciando à verdade. A resposta, penso eu, é que a missão e o diálogo não devem continuar a ser antíteses, mas devem penetrar-se mutuamente. O diálogo não é uma conversa aleatória, mas visa à persuasão, à descoberta da verdade. Caso contrário, é inútil. Por outro lado, os futuros missionários não podem mais pressupor que estão dizendo a alguém, até então desprovido de qualquer conhecimento de Deus, no que ele tem que acreditar. Esta situação pode, de fato, ocorrer e talvez ocorra com frequência crescente em um mundo que em muitos lugares está se tornando ateu. Mas entre as religiões, encontramos pessoas que por meio de sua religião ouviram falar de Deus e tentam viver em relação com Ele. A pregação deve, portanto, tornar-se um evento dialógico [...] O pregador não é simplesmente um doador, mas também um receptor.
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A herança litúrgica do Papa Bento XVI
Dom Antonio
Luiz Catelan Ferreira*
A liturgia é um dos temas mais caros ao Papa Bento XVI. Ele dedicou-lhe muita atenção e re exão, tanto em sua produção teológica pessoal quanto em seu Magistério Pontifício.
A produção teológica de J. Ratzinger a respeito da liturgia é marcada principalmente por duas obras:
A Festa da Fé (1981) e O Espírito da Liturgia: uma introdução (2000). Na coleção que reúne sua produção teológica, o volume 11 recolhe diversos artigos, conferências, apresentações e homilias sobre o tema. Na língua original, soma 757 páginas (Herder, 2008), na tradução brasileira (Ed. CNBB, 2ª edição revisada, 2019), soma 751.
O texto em que ele desenvolve seu pensamento de modo mais sistemático e completo é do ano 2000. O título da obra se assemelha muito ao do livro de um de seus autores favoritos, Romano Guardini, O Espírito da Liturgia (São Paulo: Cultor de Livros, 2018), publicado originalmente em 1918. Com isso, ele indica que pretende retomar aspectos de uma corrente do Movimento Litúrgico que não receberam a mesma atenção no caminho da liturgia ao longo do século XX. A história da liturgia e de seus principais elementos é apresentada na perspectiva da continuidade fundamental e o que se assemelha a rupturas ele demonstra serem evoluções necessárias do fundamento posto por Deus desde o ato criador do cosmos. Essa perspectiva se manifesta já na relação entre o Antigo e o Novo Testamento. Nesse livro, o estudo dos fundamentos bíblicos da liturgia recebe atenção primorosa. Dialoga com os autores das principais pesquisas e as passa em resenha para discutir as ideias principais ou mais difundidas. Dá grande atenção ao desenvolvimento da liturgia ao longo da história da Igreja, em perspectiva de crescimento orgânico, vital, sem rupturas bruscas. Destaca-se sua exposição sobre o signi cado da participação ativa de todos os éis nas celebrações: trata-se não simplesmente de fazer ou dizer coisas, mas de tomar parte na ação fundamental, que é realizada por Cristo por meio de sua Igreja. Os éis não são meros espectadores, tomam realmente parte no ato de culto, suas ações exteriores são extremamente importantes. Bastaria, para compreender a importância que J. Ratzinger atribui a elas, a leitura do capítulo quarto desse livro, a respeito da forma litúrgica, no qual trata do signi cado espiritual do rito, do corpo com suas posições e gestos, da voz, da veste e da matéria que entra no ato de culto.
Em seu Magistério Pontifício, destacam-se duas exortações apos-
tólicas e uma carta apostólica. Os textos maiores, as exortações apostólicas, são: Sacramentum Caritatis (SC, 2007) e Verbum Domini (VD, 2010). No primeiro, a opção por apresentar a Eucaristia a partir da fé, da celebração e da vida, assume a perspectiva mistagógica. Essa perspectiva caracteriza grande parte de suas homilias sobre temas litúrgicos. Destacam-se as proferidas por ocasião das celebrações anuais da Missa Crismal (manhã de Quinta-Feira Santa), dos Batismos celebrados na Festa do Batismo do Senhor e das Ordenações. Sua compreensão da mistagogia se encontra no magní co número 64 dessa exortação.
Ele considera que essa é a forma fundamental da formação liturgia, formar pela liturgia mais que para ela (embora valorize muito também essa modalidade). Não menos importante é a noção de culto espiritual que se encontra no número 70, que exprime como o mistério crido e celebrado se torna “princípio da vida nova” e “forma da existência cristã”.
A exortação apostólica Verbum Domini trata da Palavra de Deus de modo geral, mas dedica os números 52 a 71 à Palavra de Deus na liturgia. Entre a compreensão do signi cado teológico da Palavra de Deus, sua difusão pastoral e a
atuação da Igreja no mundo consequente à fé, está, como a fazer conexão e transição, a Palavra na celebração. Aí se destaca a noção de sacramentalidade da Palavra (VD 56). É a primeira vez que essa expressão ocorre em um documento pontifício, e isso ocasionou muitos estudos e publicações. Em analogia (comparação que leva em conta semelhanças e diferenças) com a encarnação do Filho de Deus e com os sacramentos, ele expõe a e cácia da Palavra, que produz em nós o que signi ca. Destaca-se a analogia com a presença real de Cristo na Santíssima Eucaristia, pois em sua Palavra Ele está realmente presente e se dirige a nós, o que tem consequências para a vida espiritual dos éis e para a vida pastoral da Igreja. Por m, a carta apostólica (motu proprio) Summorum Ponti cum (2007), trata do uso da liturgia romana anterior à reforma litúrgica de 1970. Levando em conta o impulso da liturgia para a vida espiritual, para o fortalecimento da religião e da piedade do povo cristão, dá continuidade a ações de seu predecessor, São João Paulo II, que permitiram cada vez mais ampla e facilmente o uso da edição do Missal de 1962. Na introdução aos 12 artigos, demonstra que a coexistência dos dois Missais e dos dois rituais (o da forma típica reformada e o anterior, compreendido como forma extraordinária) não fere a concordância que deve haver entre as Igrejas particulares e a Igreja universal quanto à doutrina da fé, aos sinais sacramentais e aos usos universalmente aceitos. Também não põe em risco a correspondência entre a regra da oração e a regra da fé na Igreja (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 3ª ed. típica, nº 397). Isso porque na liturgia há crescimento e progresso, mas na continuidade, sem rupturas. Juntamente com a carta apostólica, escreve uma Carta aos Bispos no qual pede generosidade com relação aos grupos que solicitam celebrações na forma extraordinária como também prudência no acompanhamento, pois “não faltam exageros e algumas vezes aspectos sociais indevidamente vinculados à atitude dos éis ligados à antiga tradição latina” (Carta).
Talvez mais até do que o aspecto doutrinal do Magistério litúrgico de Bento XVI, sua forma de celebrar e de pregar durante as celebrações sejam o aspecto mais precioso de seu legado. Ele viveu o que ensinou: “A melhor catequese sobre a Eucaristia é a própria Eucaristia bem celebrada” (SC 64).
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* Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro, Membro da Comissão Teológica Internacional, Professor da PUC-Rio e Secretário da Sociedade Ratzinger Brasil
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Bento XVI, o Magno
Paulo Henrique Cremoneze*
Certa vez, um amigo sacerdote e que trabalhava em Roma foi a Munique para uma atividade religiosa quando, coincidentemente, o então Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina e Fé, visitou sua terra natal para resolver problemas da Igreja na Alemanha. Numa entrevista coletiva para a imprensa alemã e de outros países, um repórter fez uma longa introdução à sua pergunta, capciosa, venenosa, falando muito mal da Igreja. Disse que a Igreja agonizava na Alemanha, que os éis já não eram tão éis assim, que havia escândalos, e mais uma porção de a rmações infundadas ou pouco verídicas. Todos esperavam que o Cardeal fosse responder algo duro. Ratzinger, com olhar paradoxalmente rme e doce, voz calma, serena e elegante, própria de quem fala com autêntica autoridade, agradeceu a pergunta e se limitou a responder “mas é exatamente para ajudar a resolver esses problemas que estou aqui”. Simples, direto, o Cardeal desarmou o jornalista e o calou de forma absolutamente cristã. Com sabedoria, impediu o alongamento da maldade em curso e a discussão estéril, improdutiva. Espero sempre me lembrar desse gesto de caridade
Joseph Ratzinger foi, disso não há dúvidas, um dos grandes teólogos do nosso tempo e uma das mentes mais brilhantes da história da Igreja. Papa, teólogo, intelectual, bom pastor, foi, gosto de pensar, alguém que conseguiu unir harmoniosa e paradoxalmente ortodoxia e vanguarda. Eu o vi de perto algumas abençoadas vezes e me emociono ao lembrar. Seu carisma não era vulgar, marcado pelo sentimentalismo, e, sim, da autoridade de seu saber e do seu zelo pela sã doutrina. Sua morte me deixou bastante comovido e em oração con ante. Firmeza não signi ca agressividade, nem convicção inabalável quer dizer verborragia belicosa. A humildade de Bento XVI, um dos maiores intelectuais da Igreja de todos os tempos, é um exemplo para todos nós, algo a ser re etido e imitado.
do eterno Papa e, com isso, ser a cada dia um homem melhor.
Sua postura sempre foi a de quem tem conteúdo cultural e muita oração, de quem vive com o livro na mão e o joelho no chão. A sabedoria exige esforço contínuo e um coração aberto à Verdade, como foi, é e será eternamente o do magno Cardeal, o querido Papa Emérito Bento XVI. Sacerdote, autoridade eclesial, teólogo, Papa, um homem justo, quem sabe…
santo! Nunca me esquecerei de seu ponti cado. Sou-lhe profundamente grato. Em um tempo de liquefação de valores, de esvaziamento cultural, de incensamento da emotividade excessiva, de vulgarização da fé e da razão, de desprezo por protocolos e tradições, ele foi a doce contradição, aquele que dava esperança de ser possível não se deixar arrastar pelos gostos muito duvidosos do mundo. Grande estudioso da fé, homem
justo, cooperador da Verdade, defensor da ortodoxia e um el trabalhador da vinha do Senhor. Sua envergadura intelectual era (e é) tanta, que certa vez ouvi de um professor de teologia, simpatizante de corrente doutrinária não exatamente admiradora do Papa Emérito, que o “problema de Bento XVI é que ele escreve bem demais, inegavelmente profundo”. Evidentemente que coloco muito entre aspas a palavra “problema” e ressalto com entusiasmo a a rmação “inegavelmente profundo”. Ele foi e sempre será o Papa da minha vida.
Reverenciar a memória do Papa Emérito é abraçar a catolicidade e se sentir seguro de pertencer à Igreja que o Senhor fundou e que sempre presenteou com pastores zelosos, dedicados, enamorados da Verdade e, não poucos, com reluzente brilho intelectual. Descanse em paz, Sumo Pontíce. Seu nome para sempre será anelado ao da Eterna Roma. Que Nosso Senhor o receba de braços abertos na Jerusalém Celeste e lhe dê o descanso eterno e a luz que não se apaga.
Outrora a “Sapienza” era a universidade do Papa, mas hoje é uma universidade laica com aquela autonomia que, na base do seu próprio conceito constituinte, sempre fez parte da natureza da universidade, que deve estar vinculada exclusivamente à autoridade da verdade. Na sua liberdade de autoridades políticas e eclesiásticas, a universidade encontra a sua função particular, nomeadamente na sociedade moderna, que tem necessidade de uma instituição desse gênero [...]
O que é que pode e deve dizer o Papa no encontro com a universidade da sua cidade? [...] O Papa fala como representante de uma comunidade crente, na qual, durante os séculos da sua existência, amadureceu uma determinada sabedoria da vida; fala como representante de uma comunidade que guarda em si um tesouro de conhecimento e de experiência ética, que se revela importante para toda a humanidade: nesse sentido, fala como representante de uma razão ética.
[Os cristãos dos primeiros séculos acolheram] a sua fé não de forma positivista, ou como a via de fuga de desejos
não realizados; compreenderam-na como uma diluição da neblina da religião mitológica para deixar espaço à descoberta daquele Deus que é Razão criadora e, ao mesmo tempo, Razão-Amor. Por isso, o interrogar-se da razão sobre o Deus maior e sobre a verdadeira natureza e o autêntico sentido do ser humano era, para eles, não uma forma problemática de falta de religiosidade, mas parte da essência do seu modo de ser religiosos. Por conseguinte, [...] podiam, aliás deviam, acolhê-lo e reconhecer como parte da sua própria identidade a árdua busca da razão para alcançar o conhecimento da verdade inteira [...]
A verdade, porém, nunca é apenas teórica. Agostinho, ao estabelecer uma correlação entre as Bem-Aventuranças do Sermão da Montanha e os dons do Espírito mencionados no capítulo 11 de Isaías, notou uma reciprocidade entre scientia e tristitia: o simples saber deixa-nos tristes. E, realmente, quem se limita a ver e apreender tudo aquilo que acontece no mundo, acaba por car triste. Verdade, contudo, signica mais do que saber: o conhecimento da verdade tem como nalidade o conheci-
mento do bem. Este é também o sentido do questionamento socrático: Qual é o bem que nos torna verdadeiros? A verdade torna-nos bons, e a bondade é verdadeira: tal é o otimismo que vive na fé cristã, porque a esta foi concedida a visão do Logos, da Razão criadora que, na encarnação de Deus, se revelou conjuntamente como o Bem, como a própria Bondade [...]
O que é que o Papa tem a fazer ou a dizer na universidade? Seguramente, não deve procurar impor de modo autoritário aos outros a fé, a qual pode ser dada somente em liberdade. Para além do seu ministério de Pastor na Igreja e com base na natureza intrínseca desse ministério pastoral, é sua missão manter desperta a sensibilidade pela verdade; convidar sempre de novo a razão a pôr-se à procura da verdade, do bem, de Deus e, neste caminho, estimulá-la a entrever as luzes úteis que foram surgindo ao longo da história da fé cristã e, assim, sentir Jesus Cristo como a Luz que ilumina a história e ajuda a encontrar o caminho rumo ao futuro.
na Universidade de Roma “La Sapienza”, 17/01/2008)
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Universidade Católica de Santos, vice-presidente da UJUCASP – União dos Juristas Católicos de São Paulo.
A busca pela verdade e a tristeza pelas desgraças do mundo
J. Ratzinger - Bento XVI: roteiros de leitura
Rudy Albino de Assunção*
Muitos me perguntam como começar a ler Ratzinger - Bento XVI. A resposta depende sempre dos objetivos do interessado. De qualquer modo, eu sugiro que todos comecem com a autobiogra a dele (Lembranças de minha vida, São Paulo: Paulinas, 2007) e biogra as sérias, como as de Pablo Blanco, Peter Seewald, Elio Guerriero. Familiarizem-se com as pessoas e os lugares da vida do teólogo e papa alemão. Para aqueles que querem estudá-lo para ns acadêmicos, sugiro que obedeçam à lógica que ele mesmo deu às suas Obras Completas (em fase de publicação pelas Edições CNBB) seguindo os seguintes temas: Santo Agostinho e a doutrina sobre a Igreja; São Boaventura, Revelação e Teologia da História; O Deus da fé e o Deus dos lósofos; Introdução ao Cristianismo; Criação – Antropologia – Mariologia; Jesus de Nazaré. Cristologia Espiritual; O Concílio Vaticano II, evento e hermenêutica; Eclesiologia e Ecumenismo; Revelação, Escritura e Tradição; Escatologia – Ressurreição e vida eterna; Teologia da Liturgia; Teologia do ministério ordenado. Lembro, ainda, que a sua obra está disponível em língua portuguesa ainda de forma muito fragmentada. Então, que se tenha consciência de que será preciso lê-lo em outros idiomas, com um certo investimento de tempo e de dinheiro, para sair do diletantismo para a especialização.
Mas se os objetivos dos leitores forem menos audaciosos, mais livres – mas não menos legítimos do que os acadêmicos – só para ns de crescimento pessoal, intelectual ou espiritual, ou para o seu serviço eclesial, depois da parte biográ ca eu indicaria a leitura da trilogia Jesus de Nazaré (São Paulo: Edições Planeta, 2020) e de A lha de Sião (São Paulo: Paulus, 2013) seguidos por Introdução ao Espírito da Liturgia (São Paulo: Loyola, 2013), que embora bastante técnico, trata de um tema muito familiar, o que pode ser de alguma ajuda na compreensão; O novo povo de Deus (São Paulo: Molokai, 2019) e, se tiver fôlego e alguma base losó ca, O Deus da fé e o Deus dos lósofos (Tubarão, SC: Escola Ratzinger, 2022) e Introdução ao Cristianismo. (São Paulo: Loyola, 2005). Não sugiro Introdução ao Cristianismo como uma introdução a Ratzinger. Nesse segundo percurso, os leitores terão passado pelas grandes áreas às quais ele se dedicou: cristologia, mariologia, eclesiologia, liturgia, teologia fundamental e ao dogma de modo geral. A vantagem desse segundo itinerário é que (quase) tudo já está em língua portuguesa e em comercialização. Se os nossos leitores estiverem
A produção intelectual de Joseph Ratzinger / Bento XVI foi vasta, abrangente e profunda. Leituras parciais e interpretações deturpadas frequentemente di cultaram aindamaisacompreensãodesuaobra.Oroteiroaseguir pode ajudar a uma boa compreensão de sua obra.
mais interessados no Papa do que no teólogo, recomendo que se concentrem inicialmente nas suas encíclicas – Deus caritas est, Spe salvi, Caritas in veritate e, por que não, naquela publicada por Francisco mas escrita em sua maior parte por Bento XVI, Lumen dei – passando às suas catequeses sobre os Apóstolos, sobre Paulo, sobre os Padres e os Doutores da Igreja, os Mestres Medievais e as Santas Mulheres, para concluir com aquelas com as quais ele começou a tratar do Ano da Fé. Se os leitores forem sacerdotes ou seminaristas, não percam o que ele falou no Ano Sacerdotal. Nesta lista, não poderiam faltar os grandes discursos de Bento XVI que tratam de fé e razão, fé e ciência, fé e política: a lectio na Universidade de Regensburg (12/09/2006); para o mundo da cultura em Paris, no Collège des Bernardins (12/09/2008); para a Universidade
La Sapienza, não pronunciado por uma insensata oposição de alguns professores e alunos daquela instituição, mas felizmente publicado (15/01/2008); e aqueles para os Parlamentos inglês (17/09/2010) e alemão (22/09/2011). Sua visão sobre o Vaticano II e a sua hermenêutica do evento aparecem no seu discurso natalício à Cúria Romana, no início do seu ponti cado (22/12/2005) e naquele a braccio ao clero romano, no m dele (14/02/2013). Não há como entender o nosso autor sem o pano de fundo do último Concílio universal.
Por m, aos leitores que querem uma vista panorâmica do pensamento de Ratzinger sobre os temas mais variados, digo-lhes que sigam a trilha dos seus livros-entrevista: o primeiro, Relatório sobre a fé (Tubarão, SC: Escola Ratzinger, 2021) com o italiano Vittorio Messori; os seguintes com o alemão Peter Seewald, já
mencionado, que são O sal da terra (Campinas: Ecclesiae, 2021), Deus e o mundo (São Paulo: Molokai, 2021), Luz do mundo (Campinas: Ecclesiae, 2021), Últimas conversas (Amadora, Portugal: Dom Quixote, 2016) ou Último Testamento (São Paulo: Planeta, 2017).
Aos corajosos e curiosos, aos admiradores e críticos, eu digo o mesmo: vamos às fontes de Ratzinger - Bento XVI. Deixemos de lado as caricaturas, a favor dele ou contra ele. Ele é irrotulável: não pode ser reduzido a martelo dos progressistas nem a um grande curador de museu tradicionalista ou reacionário. Foi teólogo católico, papa da Igreja católica, em pleno sentido. Viveu na Igreja e para a Igreja. Sabendo que ela é do Senhor, não dos bispos e –para a surpresa de muitos – nem dos teólogos.
Ratzinger - Bento XVI serviu à Igreja escrevendo a lápis e é no papel que vamos encontrar o seu espírito, o seu legado, não como letra morta, mas como algo vivo que nos conduz a Cristo.
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Catarina (UFSC). Um dos maiores especialistas brasileiros no pensamento de Bento XVI, é o (contato@escolaratzinger.com.br).
Luciney Martins/O SÃO PAULO
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Francisco sabe que a África não é esquecida, é explorada – e pede paz
FILIPE DOMINGUES
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO, EM ROMA
Não dá para dizer que a região centro-leste da África, onde estão localizadas a República Democrática do Congo (RDC) e o Sudão do Sul, seja ignorada pelo mundo. Pelo contrário, é uma zona explorada por séculos de colonização ocidental e que, nas últimas quatro décadas, vive uma nova forma de colonização – aquela em que grupos de poder político e econômico, nacionais e internacionais, disputam entre si o controle e a in uência, somando-se a con itos étnicos históricos e a lutas armadas entre governos e milícias.
Estamos falando de dois países muito sofridos a quem o Papa Francisco se apresentou como “peregrino de paz e reconciliação” em sua viagem recente. A paz foi aclamada por ele, politicamente, com denúncias de dois tipos: primeiro, ao dizer “Tirem as mãos da África”, quando visitou a RDC, o Papa Francisco fez um alerta às potências internacionais – hoje, a região sofre grande in uência dos países europeus, além dos Estados Unidos, China e Rússia.
A intenção era dizer algo como “nós sabemos o que vocês fazem por aqui”. E o que se vê não é bonito. Francisco vem denunciando o comércio global de ar-
Destaques
CHEGADA À RD CONGO – 31/01
mas, que alimenta guerras intermináveis em países africanos, além de fome, miséria e subdesenvolvimento. A morte de jovens e crianças deixa esses países sem esperança de futuro. A eles, pediu que “não se desencorajem”, e continuem buscando uma vida de honestidade, vinculados à comunidade.
Francisco também critica a exploração sem limites dos recursos naturais da África – a RDC é particularmente rica nesse sentido –, especialmente de minérios e petróleo. “Parem de sufocá-la, porque a África não é uma mina a ser explorada ou uma terra a ser saqueada”, disse em Kinshasa.
PERDOAR E SER PERDOADO
A guerra leva milhões de pessoas a migrar dentro do continente africano. A República Democrática do Congo é, em grande parte, formada por refugiados dos genocídios de Ruanda e Burundi, na década de 1990. E o Sudão do Sul vive hoje uma das maiores crises migratórias do mundo – a maior da África –, com milhões de pessoas desalojadas. Por isso, o Papa declarou que “não dá mais para esperar” para conquistar a paz, pois há jovens demais crescendo em campos de refugiados. É preciso paci car.
A segunda denúncia, portanto, é a de tipo local, humano e individual. O Papa Francisco pediu que as pessoas se
perdoem. A paz é impossível sem reconciliação, e não há paz sem perdão, disse ele. É preciso que os líderes de diferentes etnias se unam, cheguem a acordos e levem seus povos a se respeitar. O Santo Padre defendeu que as mulheres sejam protegidas e respeitadas, porque são “a chave para transformar um país”.
Vale lembrar que, em 2019, Francisco convidou líderes políticos do Sudão do Sul para um retiro no Vaticano. Em uma das imagens mais fortes de seu ponti cado, ele se ajoelhou para beijar os pés de cada um deles, implorando pelo perdão e pela paz. Quatro anos depois, o país continua preso em complexos con itos entre povos, grupos paramilitares e soldados. À época, o Papa disse a eles que poderiam discordar entre si, mas sempre em privado. “Diante do seu povo apareçam sempre apertando as mãos”, a rmou. E isso não tem acontecido.
FONTES DE PAZ
O mundo sabe o que acontece por ali. A dor da África não é uma tragédia, é provocada. Como líder religioso, no entanto, a mensagem do Papa é claramente carregada dos valores do Evangelho, que o inspira. Na missa em Kinshasa, o Pontí ce recordou que Cristo saudou seus discípulos dizendo: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19). A paz de Cristo, “entregue
em nós em cada missa”, deve ser distribuída ao mundo.
Os cristãos, como Cristo, devem ser “fontes de paz” e “consciência de paz”, disse ele. “Diante das misérias de quem o negou e abandonou, Cristo mostra as feridas e abre a fonte de misericórdia”, declarou.
Da mesma forma, ao Sudão do Sul, país mais novo do mundo e que nunca teve em sua história um só instante de paz, ele viajou junto com outros dois líderes cristãos: o Arcebispo de Cantuária, Justin Welby, principal líder religioso da Igreja Anglicana, e o moderador da Igreja Escocesa, de tradição presbiteriana, o Reverendo Iain Greenshields.
Tanto a RDC quanto o Sudão do Sul têm mais da metade da população cristã, o que signi ca que as guerras – orientadas por critérios não religiosos – colocam os irmãos na fé uns contra os outros. Diante dessa dor, que tem causas, mas cuja solução é difícil, o Papa rezou, na oração ecumênica realizada em Juba. E frisou que qualquer ação ou iniciativa pela paz deve ser acompanhada da oração partilhada, pois ela nos lembra que “somos uma só família humana”.
É preciso rezar “para que o Senhor da paz intervenha onde os seres humanos não conseguem construí-la”. Para isso, “é preciso uma oração de intercessão tenaz, constante”, comentou o Papa Francisco.
da viagem do Papa à RD Congo e ao Sudão do Sul
“Largamente saqueado, este país não consegue se bene ciar su cientemente dos seus recursos imensos: chegou-se ao paradoxo de os frutos da sua terra o tornarem ‘estrangeiro’ para os próprios habitantes. O veneno da ganância tornou os seus diamantes ensanguentados [...] Tirem as mãos da República Democrática do Congo, tirem as mãos da África!”
No discurso, o Papa criticou a exploração das riquezas da África pelas grandes potências, enquanto a população vive em condições paupérrimas
Fotos:
MISSA PELA PAZ E JUSTIÇA – 01/02
“[...] nós que pertencemos a Jesus, não podemos deixar prevalecer em nós a tristeza, não podemos permitir que se insinuem resignação e fatalismo. Se ao nosso redor se respira este clima, que não seja por nossa causa: num mundo desanimado com a violência e a guerra, os cristãos fazem como Jesus [...] somos chamados a assumir e proclamar ao mundo este inesperado e profético anúncio de paz.”
Na missa realizada no Aeroporto de N’dolo, em Kinshasa, o Papa indicou que o perdão, a vida comunitária e a missão são as três nascentes para a paz
ORAÇÃO COM SACERDOTES, DIÁCONOS E CONSAGRADOS – 02/02
“Deus abre caminhos nos nossos desertos e nós, ministros ordenados e pessoas consagradas, somos chamados a ser sinal desta promessa e realizá-la na história do povo santo de Deus. Mas, em concreto, a que é que somos chamados? A servir o povo como testemunhas do amor de Deus. [...] por vosso intermédio, também hoje o Senhor quer ungir o seu povo com o óleo da consolação e da esperança.”
Neste encontro, na Catedral de Nossa Senhora do Congo, em Kinshasa, o Papa alertou os consagrados e ministros ordenados de três tentações a serem vencidas: a mediocridade espiritual, a comodidade mundana e a super cialidade na formação
COM AS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA NA RD CONGO – 01/02
“As vossas lágrimas são as minhas, a vossa dor é a minha dor. A cada família enlutada ou desalojada por causa de aldeias incendiadas e outros crimes de guerra, aos sobreviventes das violências sexuais, a cada criança e adulto ferido, digo: estou convosco, quero trazer-vos a carícia de Deus [...] É, sobretudo, a guerra desencadeada por uma insaciável ganância de matérias-primas e de dinheiro que alimenta uma economia de guerra que exige instabilidade e corrupção.”
Na sede da Nunciatura Apostólica, o Papa ouviu os relatos de familiares e de sobreviventes de con itos na porção Leste do país
ENCONTRO COM OS BISPOS – 03/03
“Amados irmãos bispos, partilhei convosco o que sentia no coração: cultivar a proximidade com o Senhor para ser sinais proféticos da sua compaixão pelo povo. Peço-vos para não transcurardes o diálogo com Deus e não deixardes que o fogo da profecia se apague por cálculos ou posições ambíguas com o poder, nem por uma vida cômoda e rotineira. À vista do povo que sofre e da injustiça, o Evangelho pede que levantemos a voz.” Este encontro na sede da conferência episcopal foi o último compromisso do Papa na RD Congo
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Vatican Media
ENCONTRO COM JOVENS E CATEQUISTAS NA RD CONGO – 02/02
“Tu [jovem] és uma riqueza única, irrepetível e incomparável. Ninguém, na história, pode substituir-te. Pergunta-te, então: ‘Para que servem estas minhas mãos? Para construir ou destruir, dar ou reter, amar ou odiar?’ Vê! Podes apertar a mão e fechá-la, torna-se um punho; ou podes abri-la e colocá-la à disposição de Deus e dos outros. Jovem que sonhas com um futuro diferente, é das tuas mãos que nasce o amanhã; das tuas mãos, pode vir a paz que falta a este país.”
Neste discurso no Estádio dos Mártires, em Kinshasa, o Papa fez uma analogia dos cinco dedos das mãos com os cinco “ingredientes” para um futuro melhor: oração, vida comunitária, honestidade, perdão e o serviço ao próximo
SAUDAÇÃO NA CHEGADA AO SUDÃO DO SUL – 03/02
“Empreendemos esta peregrinação ecumênica de paz depois de ter escutado o clamor de um povo inteiro que, com grande dignidade, chora pela violência que padece, pela perene falta de segurança, pela pobreza que o a ige e pelos desastres naturais que assolam. [...] Que não seja em vão este sofrimento extenuante; que a paciência e os sacrifícios do povo sul-sudanês, desta gente jovem, humilde e corajosa, interpelem a todos e, como sementes que, enterradas, dão vida à planta, vejam desabrochar rebentos de paz que produzam fruto.”
No discurso no Palácio Presidencial, o Papa destacou que peregrinava ao país na companhia do Arcebispo de Cantuária, Justin Welby, principal líder religioso da Igreja Anglicana, e do moderador da assembleia geral da Igreja da Escócia, de tradição presbiterana, o Reverendo Ian Greenshields
ENCONTRO COM DESLOCADOS INTERNOS – 04/02
“Um número enorme de crianças nascidas nos últimos anos só conheceu a realidade dos campos de desalojados, esquecendo-se do ambiente de casa, perdendo a ligação com a própria terra de origem, com as raízes, com as tradições. O futuro não pode ser nos campos de desalojados [...] É preciso assumir o risco estupendo de conhecer e acolher quem é diferente, para encontrar a beleza de uma fraternidade reconciliada e experimentar a aventura inestimável de construir livremente o próprio futuro juntamente com o da comunidade inteira. E é absolutamente necessário evitar a marginalização de grupos e o levantamento de guetos dos seres humanos.”
No discurso, realizado no Freedom Hall, em Juba, o Papa destacou o papel-chave das mulheres para transformar o Sudão do Sul
COM
OS BISPOS, SACERDOTES, DIÁCONOS
E CONSAGRADOS – 04/02
“Esta deve ser a especialidade dos pastores: caminhar no meio… no meio das tribulações e no meio das lágrimas, no meio da fome de Deus e da sede de amor aos irmãos e irmãs. [...] Quero repetir aquela importante palavra: juntos. Não a esqueçamos: juntos. Bispos e padres, padres e diáconos, pastores e seminaristas, ministros ordenados e religiosos (nutrindo sempre respeito pela maravilhosa especi cidade da vida religiosa): procuremos entre nós vencer a tentação do individualismo, dos interesses parciais.” No discurso na Catedral da Santa Teresa, o Papa recorreu à história de Moisés e exortou que os ministros ordenados e os consagrados se inspirem na docilidade do profeta à iniciativa de Deus e em sua intercessão em favor do povo
O CONTEXTO VIVIDO PELOS PAÍSES VISITADOS
RD Congo: O segundo maior país do continente africano é independente desde 1960, mas ainda hoje sofre com o legado da era colonial, sendo visto como um local de exploração de riquezas naturais e minerais, altamente valorizadas no mercado internacional. O controle dos locais onde estão tais recursos, em especial na porção Leste do país, é a principal causa dos crimes contra a população civil.
Sudão do Sul: É o país mais jovem do mundo, independente desde 2011. É um dos mais pobres também: 2/3 da população vive algum nível de insegurança alimentar. A guerra civil e os confrontos de diferentes etnias já resultaram em 400 mil mortos nos últimos seis anos. As mudanças climáticas têm colaborado para elevar o nível de miséria. O número de deslocados internos chega a 4 milhões de pessoas.
ORAÇÃO ECUMÊNICA NO MAUSOLÉU JOHN GARANG – 04/02
“É maravilhoso que, no meio de tanto con ito, a pertença cristã nunca tenha desagregado a população, mas foi, e é ainda, fator de unidade. A herança ecumênica do Sudão do Sul é um tesouro precioso, um louvor ao nome de Jesus, um ato de amor à Igreja sua esposa, um exemplo universal para o caminho de unidade dos cristãos. É uma herança que deve ser guardada com o mesmo espírito: que as divisões eclesiais dos séculos passados não se repercutam sobre quem é evangelizado, mas possa a sementeira do Evangelho contribuir para gerar maior unidade; que o tribalismo e o faciosismo que alimentam as violências no país não afetem as relações interconfessionais; pelo contrário, derrame-se sobre o povo o testemunho de unidade dos crentes.”
Neste discurso, proferido após a oração feita com Justin Welby e o Reverendo Ian Greenshields, o Papa exortou a um trabalho conjunto por uma paz que integre diversidades, difunda o estilo de não violência de Jesus e permita caminhar com passos concretos de unidade e caridade
MISSA NO MAUSOLÉU – 05/02
“Em nome de Jesus, das suas Bem-aventuranças, deponhamos as armas do ódio e da vingança para embraçar a oração e a caridade; superemos as antipatias e aversões que, com o passar do tempo, se tornaram crônicas e correm o risco de levar à contraposição de tribos e de etnias; aprendamos a colocar nas feridas o sal do perdão, que arde, mas cura. E, mesmo que o coração sangre pelas injustiças sofridas, renunciemos de uma vez por todas a responder ao mal com o mal, e sentir-nos-emos bem cá dentro; acolhamo-nos e amemo-nos sincera e generosamente como Deus faz conosco.”
Na homilia da missa, o Pontí ce se deteve no Evangelho do 5º Domingo do Tempo Comum – “Vós sois o sal da terra. (...) Vós sois a luz do mundo” (Mt 5, 13-14). Ao m da missa, exortou que os sul-sudaneses jamais percam a esperança em dias melhores nem as oportunidades para a construção da paz
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Fotos: Vatican Media
(Edição dos textos sobre aViagem Apostólica: Daniel Gomes)
Liturgia e Vida
6º DOMINGO DO TEMPO COMUM 12 DE FEVEREIRO DE 2023
Análise O Papa ‘silenciado’ pela grande mídia
JOSÉ MANUEL VIDAL
PADRE JOÃO BECHARA VENTURA
Longe de abolir os Mandamentos, Cristo levou-os à perfeição: “Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento” (Mt 5,17). Ele, inclusive, impôs uma exigência ainda maior no cumprimento da justiça para com Deus e para com os homens. O mero cumprimento externo das normas não basta; Jesus pede uma total adesão de nosso coração!
Por isso, Ele ensina: “Ouvistes o que foi dito: ‘Não matarás! Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo” (Mt 5,21). Não basta se abster do mal; é necessário não querê-lo! Não praticar imoralidades sexuais, por exemplo, é uma obrigação óbvia. Cristo pede-nos muito mais: “Todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la já cometeu adultério com ela no seu coração” (Mt 5,27).
Desse modo, o Senhor ensina que é possível pecar inclusive por meio dos pensamentos e que é preciso que nos esforcemos para sermos justos na intimidade, quando somente Deus nos vê e ouve. No ato penitencial da Santa Missa, dizemos: “Pequei muitas vezes, por pensamentos e palavras, atos e omissões”. Inclusive pecados mortais podem ser cometidos, se consentirmos plenamente em pensamentos e desejos contrários à Lei de Deus! Se alimentamos deliberadamente propósitos de vingança, homicídio, impurezas sexuais, ressentimentos, cobiça, juízos temerários e desprezo pelo próximo, pecamos contra Deus e perdemos a sua graça santi cante. Neste caso, temos de, humildemente, pedir perdão a Ele na Con ssão e suplicar-lhe a graça da vigilância e da conversão.
Além do recurso ao sacramento da Conssão, o cristão que quiser aprender a amar a Deus e ao próximo de verdade deverá afastar energicamente – com o emprego da vontade –todos os maus pensamentos que lhe advierem. É normal que nos venham pensamentos ruins de ira, impureza, orgulho, vaidade etc. Ter um pensamento mau em si não é pecado. O pecado surge quando consentimos ou alimentamos tal pensamento. Portanto, é preciso repelir prontamente, com um ato de amor a Deus, as más sugestões que vêm à nossa cabeça ou ao coração.
Como fazer uma limpeza dos pensamentos e da imaginação? Guardando a vista: não olhando com curiosidade tudo aquilo que nos interessa ou atrai, especialmente se é algo pecaminoso! Deter o olhar em algo que pode nos colocar em ocasião próxima de pecado já é, em si mesmo, um pecado. A nal, somente entrará na casa do Senhor “aquele que fecha os olhos para não contemplar o mal” (Is 33,15). Protejamos o coração de lmes, séries, sites, músicas e ambientes que fomentam a cobiça, a violência ou a sensualidade. Jamais olhemos para algo ou para alguém com o m de satisfazer a nossa concupiscência.
“Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal; ele receberá aquilo que preferir” (Eclo 15,18). Escolhamos ter os olhos e os pensamentos sempre colocados no Senhor. Somente assim é possível percorrer os seus caminhos, manter o coração inocente e ter uma vida profunda de oração.
Silêncio quase completo. Silêncio sinistro, criminoso e, portanto, cúmplice. Os grandes grupos midiáticos do mundo (e nacionais) não estão fazendo eco à visita do Papa Francisco à África. Primeiro, à RDC [República Democrática do Congo] e, depois, ao Sudão do Sul. Mais ainda, escondem sistematicamente as denúncias que ele vem fazendo. Denúncias claras, contundentes e proféticas contra o mundo ocidental e as grandes potências (Estados Unidos, China e Rússia) que estão espoliando a África e semeando exploração, destruição e sangue em abundância.
Francisco explicou isso com a parábola dos diamantes manchados de sangue. Ele a encenou, recebendo as vítimas da guerra do Leste da República Democrática do Congo, que depositaram diante do cruci xo e junto ao Papa os facões com os quais foram assassinados os seus familiares.
Ele gritou com palavras claras, contundentes, sinceras, emocionadas e evangélicas contra o “silêncio cúmplice” da comunidade internacional. Com manchetes como estas “Ponham m à guerra” e “Chega de enriquecer-se à custa dos mais fracos com recursos e dinheiro manchado de sangue!”. E acrescentou: “Conde-
no a violência armada, os massacres, os abusos, a destruição e ocupação de aldeias, o saque de campos e gado, que continuam a ser perpetrados na República Democrática do Congo. E também a exploração sangrenta e ilegal das riquezas deste país, bem como as tentativas de fragmentá-lo para poder controlá-lo”.
“É a guerra desencadeada por uma ganância insaciável de matérias-primas e dinheiro, que alimenta uma economia armada, que exige instabilidade e corrupção. Que escândalo e que hipocrisia: pessoas são atacadas e assassinadas enquanto negócios que causam violência e morte continuam a prosperar”, disse Francisco.
“Depois do colonialismo político, tem se desencadeado um ‘colonialismo econômico’ igualmente escravizador... O veneno da ganância ensanguentou seus diamantes. É um drama ao qual o mundo economicamente mais avançado tende a fechar os olhos, os ouvidos e a boca”, a rmou.
“Não podemos nos acostumar com o sangue que corre neste país há décadas, causando milhões de mortes sem que muitos saibam. Que se conheça o que está se passando aqui. Que os processos de paz que estão em marcha, aos quais estimulo com todas as minhas forças, se apoiem em
atos e que se mantenham os compromissos”, a rmou.
Entretanto, os grandes conglomerados de mídia dependem dos mesmos que estão saqueando a República Democrática do Congo e toda a África, e, por isso, encobrem as denúncias papais com o mais absoluto dos silêncios.
Por via das dúvidas e como concessão à super cialidade reinante, publicam alguma foto com algum grupo congolês dançando uma dança típica do país. Nem sequer uma breve menção às imagens espetaculares das missas com mais de 1 milhão de pessoas ou o encontro com 100 mil jovens no Estádio dos Mártires de Kinshasa. As denúncias papais não interessam e são acobertadas porque expõem os mestres da mídia. É para isso que servem os meios “laicos” do poder explorador. E, depois, até se permitem dar lições de ética. Onde cou a informação como serviço público para os cidadãos? Entre as malhas da mídia transformadas em puro negócio, pagos pelo capitalismo feroz e selvagem que mata e quer escondê-lo.
José ManuelVidal é diretor do site ReligiónDigitalumportal denotíciasreferência eminformaçãoreligiosaemespanhol. Otextofoioriginalmentepublicadono portalwww.religiondigital.org
Destruição e milhares de mortos após forte terremoto na Turquia e Norte da Síria
REDAÇÃO
osaopaulo@uol.com.br
Após um terremoto de magnitude 7.8 na Escala Richter (a escala varia de 0 a 10), ocorrido na madrugada da segunda-feira, 6, as populações da Turquia e do Norte da Síria buscam reconstruir a vida.
Até a noite da terça-feira, 7, segundo as autoridades locais, o número de mortes já se aproximava de 8 mil pessoas, e tende a aumentar, pois as buscas de desaparecidos nos escombros das cidades afetadas prosseguiam.
Trata-se do terremoto mais poderoso registrado na Turquia desde 1939. Desta vez, os estragos também foram potencializados pelos quase 300 tremores secundários que se sucederam. De acordo com o governo turco, mais de 5,7 mil prédios foram destruídos e ao menos 20,4 mil pessoas caram feridas.
Ainda na segunda-feira, 6, o Papa Francisco, por meio do Secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal Pietro Parolin, enviou um telegrama ao Núncio Apostólico na Turquia, Dom Marek Solczyński, expressando pesar pelo ocorrido, assegurando “sua
proximidade espiritual a todos os afetados” e “con ando aqueles que morreram à amorosa misericórdia do Todo-Poderoso”.
O Pontí ce também enviou mensagem ao Núncio Apostólico na Síria, o Cardeal Mario Zenari, na qual também expressou sua profunda tristeza pela “signi cativa perda de vidas causada pelo terremoto”, no Norte do país.
A Organização das Nações Unidas (ONU), por meio de seus diferentes organismos, bem como algumas nações, tem enviado ajuda aos dois países. Já a Cáritas Internacional deu início a uma campanha global para ajuda às populações da Turquia e da Síria. Os detalhes podem ser vistos pelo site: https://www.caritas.org/earthquake-syria-turkey
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‘Se o teu olho é ocasião de pecado, arranca-o’
(CominformaçõesdeONUNewseVaticanNews) Padre Antuan Ilgit, SJ
Liceu Coração de Jesus passa a atender 500 alunos de forma gratuita
APÓS PROCESSO DE REESTRUTURAÇÃO, TRADICIONAL
COLÉGIO SALESIANO FIRMOU PARCERIA COM A PREFEITURA PARA RECEBER ESTUDANTES DOS ENSINOS INFANTIL E FUNDAMENTAL I DA REDE PÚBLICA
O imponente complexo localizado na Alameda Dino Bueno, no bairro de Campos Elísios, região central de São Paulo, se tornava ainda maior quando visto pelos olhos da pequena Maiara, que sonhava em ser mais uma dos muitos alunos que encontravam ali sua formação para o futuro. O tempo passou e na segunda-feira, 6, aos 33 anos de idade, ela nalmente pôde conhecer as salas de aula do Liceu Coração de Jesus — não para estudar, mas para acompanhar a lha, Manuella, contemplada com uma das vagas oferecidas pela Secretaria Municipal de Educação.
Ao saber que o Liceu rmaria uma parceria com a Prefeitura de São Paulo e que, por ela, 500 estudantes da rede pública de ensino teriam a oportunidade de estudar no local, Maiara não pensou duas vezes em realizar a inscrição da lha.
FORMAÇÃO INTEGRAL
Maiara é vendedora e mora a 300 metros do Liceu. Ela contou que sempre soube da qualidade do ensino oferecido pela instituição, que tem como base a formação integral dos estudantes.
Segundo Maiara, ela e a lha foram bem acolhidas pelo colégio desde o dia da matrícula.
A pequena Manuella está no 2o ano do ensino fundamental I, mas a vivência com a proposta salesiana de educar vem desde a educação infantil, já que ela foi aluna do Cei Coração de Jesus, também administrado pelos Salesianos de Dom Bosco.
TODOS OS POVOS
Uma das características históricas do Liceu é que seus primeiros alunos eram lhos de imigrantes de diferentes nacionalidades, muitos deles vindos para São Paulo no contexto do desenvolvimento da cidade.
Atualmente, a capital paulista continua sendo o local escolhido por muitos imigrantes que buscam melhores condições de trabalho e desenvolvimento familiar, sobretudo na região central.
É este o caso de Elisa Salinas Moreno, natural do Paraguai e mãe de Cleber Adriano, um dos novos alunos do 2o ano no Liceu.
Ela, que é autônoma, a rmou que se sente abençoada por seu lho ter sido
contemplado com a vaga, e reconheceu, ainda, o histórico de acolhimento da instituição aos imigrantes que residem na região.
RESPOSTA À REALIDADE ATUAL
Em 2022, o complexo fundado em 1885, administrado pelos Salesianos de Dom Bosco, passou por um processo de reestruturação de seu espaço. Com isso, o ensino básico, antes oferecido por meio da rede privada de educação, foi suspenso e novos projetos começaram a ser estudados para o melhor funcionamento do local. Desde o início da reformulação, a principal preocupação dos Salesianos foi atender às necessidades da região na atualidade. Diálogos com o poder público e instituições privadas vinham sendo realizados para garantir o acesso da população mais vulnerável à infraestrutura do Liceu. A princípio, a proposta tinha como foco a oferta de cursos pro ssionalizantes.
O prédio é a segunda Casa Salesiana no Brasil e, durante seus 137 anos, já passou por diversas transformações. Uma delas ocorreu em 1924, ao longo da Revolução Paulista, quando o local foi atingido por um dos bombardeios lançados em direção à antiga sede do Governo, à época, localizada nas proximidades do complexo.
Segundo o Diretor Presidente do Liceu Coração de Jesus, Padre Marco Biaggi, SDB, esta nova etapa corresponde ao princípio fundamental da missão inspirada por Dom Bosco de contribuir com o desenvolvimento social e atendimento de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social.
“O Liceu foi construído para ser uma resposta às necessidades da região em que está localizado. Como instituiçãolantrópica, sempre buscou atender aqueles que mais precisam. Agora, nós damos um passo importante nesta missão, a partir da parceria realizada com a Prefeitura, que irá atender 500 alunos da rede pública de ensino, já que essa população está no centro do nosso trabalho”, explicou Padre Marco.
PARCERIA
Neste processo de reformulação, ao m de 2022, o Liceu Coração de Jesus e a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo rmaram uma parceria por meio de um programa educacional.
Desde fevereiro deste ano, o Liceu Coração de Jesus passou a atender 500 alunos da rede pública de ensino nas modalidades Infantil e Fundamental I, ambos em período integral.
A Prefeitura irá custear o projeto, que faz parte das iniciativas municipais de revitalização do centro da cidade, já que o Liceu está localizado em um ponto estratégico para as futuras iniciativas. Além disso, a parceria permitiu que a EMEI João eodoro, no bairro do Bom Retiro, também pudesse atender em período integral, a partir do ano letivo de 2023.
“A presença do Liceu inserido na comunidade é de grande importância, principalmente para as crianças da região, que estudarão mais perto de casa. É garantia de uma educação de qualidade, segurança alimentar e prevenção à evasão escolar. Atender as crianças no Liceu é mais uma ação da Prefeitura de São Paulo para revitalização da região”, a rmou Fernando Padula, secretário municipal de Educação.
Aos Salesianos, cabe a parte administrativa, o papel de educar os alunos com sua infraestrutura e pedagogia, sempre respeitando o currículo da Secretaria Municipal de Educação, que inclui em seu projeto a laicidade.
INÍCIO DAS AULAS
No início do ano letivo da rede municipal de educação, na segunda-feira, 6, o Liceu Coração de Jesus recepcionou os novos alunos, seus familiares e responsáveis.
O momento de acolhida contou com a presença do Inspetor Salesiano, Padre Justo Ernesto Piccinini; do Diretor Presidente, Padre Marco Biaggi; da diretora, Nilza Souza; e das coordenadoras pedagógicas Lúcia Helena Olegário e Ariadne Dauzacker, além da responsável pela Coordenadoria de Gestão e Organização Educacional, Fátima Cristina Abrão.
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Diariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publicados recentemente.
Unicef: mundo terá 300 milhões de crianças precisando de ajuda ainda este ano https://bityli.com/n1rrO
4 cidades brasileiras estão entre as piores em tempo perdido no transporte público https://bityli.com/5KG8V
Após ser atropelada, Loredana Vigini, missionária italiana, morre em SP https://bityli.com/9fo3L
Tratado global contra poluição plástica pode car pronto até 2024 https://bityli.com/G2LJn
SP adota lei que obriga medidas de auxílio a mulheres em situação de risco https://bityli.com/0ERsN
Conheça a Igreja: Qual é o signi cado do sacerdócio católico? https://bityli.com/6hYWw
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Arquivo pessoal
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
JENNIFER SILVA
Giuliano Celms
Estudantes da rede municipal de ensino são recepcionados no 1o dia do ano letivo no Liceu Coração de Jesus, na segunda-feira, dia 6
31º DIA MUNDIAL DO ENFERMO
Papa pede que haja compaixão e proximidade com os doentes
DANIEL GOMES osaopaulo@uol.com.br
“A doença faz parte da nossa experiência humana. Mas pode se tornar desumana se for vivida no isolamento e no abandono, se não for acompanhada pelo desvelo e a compaixão.”
Assim começa a mensagem do Papa Francisco para o 31o Dia Mundial do Enfermo, a ser celebrado no sábado, 11, na memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, padroeira dos doentes. “‘Trata bem dele!’ A compaixão como exercício sinodal de cura” é a temática escolhida para este ano.
O Pontí ce faz um convite para um caminhar conjunto – “segundo o estilo de Deus, que é proximidade, compaixão e ternura” –, diante da experiência da fragilidade e da doença. Recordando a passagem do livro do profeta Ezequiel em que o Bom Pastor assegura que procurará as ovelhas perdidas e tratará da que está doente (cf. Ez 34,15-16), o Papa ressalta que a doença e as fragilidades não devem ser motivo para exclusão de ninguém do povo de Deus, mas que, pelo contrário, se deve aprender do Senhor a “ser verdadeiramente uma comunidade que caminha em conjunto, capaz de não se deixar contagiar pela cultura do descarte”.
Aludindo à parábola do Bom Samaritano, o Papa recorda que ainda hoje muitos são aqueles que acabam renegados pelos demais irmãos na hora em que mais precisam de ajuda, como diante de uma enfermidade, mas que a superação de tal situação depende, inicialmente, de “um momento de atenção [com o próximo], o movimento interior da compaixão”.
ORAÇÃO, PROXIMIDADE E AÇÃO CONJUNTA
O Santo Padre lembra, ainda, que as pessoas não estão preparadas para
adoecer e que existe uma cultura de se negar a doença e de não se aceitar a fragilidade humana: “Então, pode acontecer que os outros nos abandonem ou nos pareça que devemos abandoná-los a m de não nos sentirmos um peso para eles. Começa, assim, a solidão, e envenena-nos a sensação amarga de uma injustiça, devido à qual até o Céu parece fechar-se-nos. Na realidade, sentimos di culdade de permanecer em paz com Deus, quando se arruína a relação com os outros e com nós próprios”.
Diante disso, o Papa faz um chamado a toda a Igreja para que se coloque na atitude como a de um ‘hospital de campanha’, pronta à prestação de cuidados, compassiva, que busca se aproximar, cuidar e levantar os irmãos que mais sofrem.
“O Dia Mundial do Enfermo não convida apenas à oração e à proximidade com os que sofrem, mas visa, ao mesmo tempo, a sensibilizar o povo de Deus, as instituições de saúde e a sociedade civil
para uma nova forma de avançar juntos”, diz o Pontí ce, mencionando que a pandemia de COVID-19 mostrou os limites estruturais dos sistemas de assistência social e que agora é chegado o momento de, em cada país, haver uma “busca ativa de estratégias e recursos a m de serem garantidos a todo ser humano o acesso aos cuidados médicos e o direito fundamental à saúde”.
Por m, o Papa ressalta que todos devem ter compromisso com os enfermos e mais fragilizados, e recorda uma passagem da Fratelli tutti: “Fomos criados para a plenitude que só se alcança no amor. Viver indiferentes à dor não é uma opção possível” (FT, 68).
“As pessoas doentes estão no âmago do povo de Deus, que avança juntamente com eles como profecia de uma humanidade em que cada qual é precioso e ninguém deve ser descartado”, conclui o Papa, con ando à intercessão de Maria todos os que estão enfermos, bem como os seus cuidadores.
‘QUE BONITO QUANDO NÓS, IGREJA, SOMOS UM HOSPITAL DE CAMPANHA’
O alerta do Papa de que é preciso atenção para que os doentes não quem isolados e abandonados é um dos aspectos centrais da mensagem do 31o Dia Mundial do Enfermo, de acordo com o Padre João Inácio Mildner, Assistente Eclesiástico da Pastoral da Saúde na Arquidiocese de São Paulo.
“Percebemos que todos os doentes mostram alegria quando são visitados pela Igreja, alegria por serem lembrados e de não estarem sozinhos na luta contra a enfermidade. Muitas vezes, esse irmão só quer um ombro para chorar, um abraço amigo, uma mão que segure a sua e que diga ‘você não está sozinho e juntos vamos vencer toda a dor, o sofrimento e a enfermidade”, ressalta o Padre, que há 31 anos também é Capelão do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.
Padre João lembra que essa missão não é apenas da Pastoral da Saúde, mas de toda a comunidade eclesial. “Que bonito quando nós, Igreja, somos um ‘hospital de campanha’, que acolhe os sofredores, aqueles que carregam em seu corpo os sofrimentos do próprio Cristo. Não se pode entender como uma comunidade, uma paróquia, não possa ter um trabalho de atenção aos enfermos”, prosseguiu, destacando que esse agir pastoral também deve ser missionário, ou seja, não basta esperar que o enfermo vá até a igreja: “Precisamos ir pelo mar da vida, ir às casas, aos apartamentos, aos condomínios, hospitais, asilos, onde quer que estejam os doentes”. Em março, terão início os cursos para agentes da Pastoral da Saúde nas regiões episcopais e o curso da Pastoral Hospitalar. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 3660-3743 (de segunda a sexta-feira, das 14h às 17h), pelo Facebook (saude.arquidiocesedesaopaulo) ou e-mail pastoraldasaudesp@gmail.com.
14 | Reportagem | 8 a 14 de fevereiro de 2023 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
Vatican Media
Quando ‘bate à porta’, o Alzheimer não afeta apenas quem adoece
EM TODO O MUNDO, CERCA DE 55 MILHÕES DE PESSOAS CONVIVEM COM DOENÇAS QUE ATINGEM O CÉREBRO E AS FUNÇÕES
COGNITIVAS. NO BRASIL, CUIDADORES FAMILIARES CRIAM REDE PARA MÚTUO APOIO
DANIEL GOMES osaopaulo@uol.com.br
De uma hora para outra, a pessoa começa a não se lembrar de fatos recentes. Lentamente, vai perdendo a capacidade de realizar as atividades cotidianas de sempre e, por m, se torna completamente dependente de alguém para tudo.
A cada três segundos, alguém no mundo é diagnosticado com doenças que afetam a memória e outras habilidades cognitivas e comportamentais, sendo a principal delas a doença de Alzheimer, cuja incidência de casos é maior em idosos.
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), 55 milhões de pessoas vivem com tais doenças, e destas, 1,2 milhão estão no Brasil. Até 2030, em âmbito global, serão mais de 82 milhões os atingidos pelo Alzheimer, e em 2050 este número pode saltar para 152 milhões de pessoas.
O mal de Alzheimer, como também é chamado, não tem cura, mas se descoberto precocemente e devidamente tratado pode avançar de modo mais lento, como busca alertar todo ano a campanha Fevereiro Roxo.
‘APRISIONADOS’ PELA DOENÇA
Em 2006, o pai da arquiteta Míriam Morata Novaes começou a apresentar os sinais típicos de alguém com Alzheimer (leia detalhes ao lado). O alerta máximo se deu quando o senhor Rubens largou o carro ligado e com as portas abertas no meio da rua, mas não se lembrava disso. Tempos depois, veio a con rmação do diagnóstico da doença.
Míriam, à época, não tinha conhecimento algum sobre o Alzheimer e muito pouco encontrou a respeito, em linguagem compreensível, ao pesquisar na internet. Diante disso, ela criou um blog para relatar o que estava vivendo. “Pensei: ‘Alguém vai ver o blog e conversar comigo, e daí podemos nos juntar e buscar orientações’. Muita gente lia, mas ninguém falava comigo. Em um ano, meu pai teve todos os sintomas do Alzheimer. Ele faleceu em 2007 e eu parei com o blog”, recordou ao O SÃO PAULO
Em 2013, o mal de Alzheimer voltou a “bater à porta” da família. Dessa vez, a doença afetou a mãe de Míriam, a senhora Encarnação, ou Nena, como era mais conhecida. O diagnóstico seria con rmado no ano seguinte.
“Ela tinha lapsos de lucidez e, de repente, entrava em surto. A partir de novembro de 2014, ela não saiu mais da minha casa [Míriam mora em um sítio na Serra da Cantareira, já seus pais viviam no Parque Novo Mundo, na zona Norte de São Paulo], e até ela falecer, em 14 de dezembro de 2015, eu quei 24 horas por dia cuidando da minha mãe: ela parou de andar, de comer, tinha delírios, medos”, recordou Míriam.
COMPARTILHANDO DORES E SOLUÇÕES
Quando soube que a mãe estava com a doença de Alzheimer, Míriam retomou as postagens no blog: “Descobri que não era a única pessoa do mundo que cuidava de alguém amado, sem saber nada sobre saúde, direitos, terapias, coragem, medos, angústia, morte lenta. Eram muitos os ‘órfãos de pais vivos’”.
Em 2017, ela lançou o livro “Alzheimer – Diário do esquecimento”, recordando tudo o que passou com seus pais. Com o objetivo de divulgar trechos do livro, também criou uma página no Facebook e dois grupos nesta mesma rede social, que atualmente reúnem cerca de 56 mil membros.
“Hoje nos grupos, as pessoas trocam dúvidas, fazem relatos, contam suas situações, e isso é importante porque um vai ensinando o outro. Na época em que o meu pai foi diagnosticado com Alzheimer, não existia nada assim”, recordou. Míriam, que também é mestra em Ciências da Religião, criou ainda grupos no WhatsApp, que hoje contam com mais de 300 pessoas, e escreveu mais um livro: “Alzheimer –Recolhendo os pedaços”.
CUIDA DE MIM
Ao longo dos anos, Míriam procurou as pessoas que escreviam relatos e dúvidas nos grupos e foi assim que, aos poucos, surgiu o projeto “Cuida de mim – Alguém que eu amo tem Alzheimer”, destinado a apoiar os cuidadores familiares.
“A doença de Alzheimer é muito mais que um simples esquecimento. Atinge a família inteira, ou melhor, uma pessoa em
especial: aquela que acaba cando para cuidar do doente. E sempre será a mesma pessoa, pois as demais dirão que não podem por algum motivo”, enfatizou .
Um dos ramos do projeto são os mutirões para orientações e esclarecimento de dúvidas dos cuidadores familiares, com a participação de pro ssionais como médicos, psicólogos, advogados e sioterapeutas. Antes da pandemia, aconteceram duas edições dos mutirões em diferentes cidades. A terceira está programada para maio deste ano. Além da partilha de saberes, nos mutirões há a distribuição de uma cartilha especialmente criada para os cuidadores familiares e são feitas pesquisas para melhor conhecê-los.
Em 2020, Míriam iniciou um canal no YouTube, já tendo sido realizadas mais de 40 lives sobre a temática do Alzheimer. Com o avanço do projeto, foi criada a Rede Cuida de Mim, acessível pela plataforma Cuboz – https://www.cuboz.com/cuidademim Nela, o usuário encontra vídeos, lives, cursos, artigos, livros e a cartilha para os cuidadores. Além disso, cuidadores familiares, pro ssionais, estudantes, pesquisadores e demais interessados podem trocar informações e dialogar.
Também a partir do projeto, surgiu o Grupo de Apoio Mútuo (GAM), no qual os cuidadores familiares compartilham seus desa os cotidianos, e pro ssionais de diferentes áreas oferecem treinamento e informações con áveis.
RECONHECIMENTO LEGAL DO CUIDADOR FAMILIAR
Os participantes do projeto Cuida de mim também têm se mobilizado para que tramite no Congresso Nacional um projeto de lei com o objetivo de reconhecer a função de cuidador familiar, com os devidos detalhamentos sobre seus direitos e deveres. Outra meta é que se assegure suporte nanceiro e psicológico a estes cuidadores após a morte do paciente com Alzheimer.
“Depois que o paciente morre, o cuidador não tem força para retomar a vida de antes. A pessoa convive com a culpa
do ‘será que eu z tudo que podia?’. Fica um medo enorme, cansaço, revolta por ter cuidado sozinho do doente. Assim, esse cuidador vai precisar de apoio psicológico, terapias, medicamentos. Também queremos que ele possa ter apoio nanceiro, linha de crédito com juros baixos para poder recomeçar a vida”, detalhou Míriam. A responsabilização civil dos lhos ou cônjuges que tenham abandonado alguém com Alzheimer e o eventual ressarcimento nanceiro ao cuidador familiar também estão contemplados no projeto de lei. A íntegra da petição pode ser vista na plataforma Change.org, acessível pelo link a seguir: https://bityli.com/De8jm
“Há quem permaneça por nove, dez anos, cuidando de um parente com Alzheimer. Esses cuidadores morrem um pouquinho por dia, precisam de ajuda, de apoio, por isso digo que o projeto Cuida de mim é um exercício de compaixão”, concluiu Míriam.
SINTOMAS MAIS COMUNS DA DOENÇA DE ALZHEIMER
Falta de memória para acontecimentos recentes; Repetição da mesma pergunta várias vezes; Dificuldade para acompanhar conversações ou pensamentos complexos; Incapacidade de elaborar estratégias para resolver problemas;
Dificuldade para dirigir automóvel e encontrar caminhos conhecidos; Dificuldade para encontrar palavras que exprimam ideias ou sentimentos pessoais; Irritabilidade, desconfiança injustificada, agressividade ou passividade; Interpretações erradas de estímulos visuais ou auditivos; Tendência ao isolamento.
www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br | 8 a 14 de fevereiro de 2023 | Reportagem | 15
Fonte: Ministério da Saúde
Matthias Zomer/Pexels
A doença de Alzheimer atinge a memória e as habilidades cognitivas e comportamentais; por isso, o doente precisa de cuidados permanentes
‘Por sua vida, os religiosos consagrados são uma pregação do Reino de Deus’
consagra a todos nós se a Ele nos unimos pela fé”, a rmou.
Em seguida, Dom Odilo ressaltou que a vida consagrada religiosa tem seu signicado na consagração de Cristo. “Antes de falarmos dos conselhos evangélicos, das bem-aventuranças, temos que falar de Jesus consagrado por amor, dom gratuito em benefício da humanidade”, disse, acrescentando que a vida consagrada se explicita por meio das palavras do Evangelho, do exemplo de vida de Jesus, da sua pregação, do mistério do Reino de Deus e da missão dada aos apóstolos e à Igreja, dizendo: “Vocês são minhas testemunhas”.
AFIRMOU O CARDEAL ODILO PEDRO SCHERER, AO CELEBRAR O DIA MUNDIAL DA VIDA CONSAGRADA NA CATEDRAL DA SÉ
FERNANDO
Os religiosos e religiosas consagrados que vivem e atuam na Arquidiocese de São Paulo celebraram o Dia Mundial da Vida Consagrada com uma missa na quinta-feira, 2, festa litúrgica da Apresentação do Senhor.
A Eucaristia, organizada pelo Regio-
nal São Paulo da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB-SP), foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, na Catedral Metropolitana de São Paulo.
A celebração também foi em ação de graças pelo 21º aniversário da ordenação episcopal de Dom Odilo. Nomeado Bispo Auxiliar de São Paulo por São João Paulo II em 28 de novembro de 2001, ele recebeu a ordenação episcopal em 2 de fevereiro de 2002, na Catedral de Toledo (PR), pela imposição das mãos do Cardeal Cláudio Hummes, então Arcebispo de São Paulo.
Esta festa litúrgica é marcada pelo rito de bênção das velas na entrada da igreja, que depois são acesas, recordando
que Jesus, apresentado no templo, é a luz que ilumina os povos.
RIQUEZA PARA A IGREJA
Na homilia, o Arcebispo enfatizou que a vida consagrada religiosa é uma grande riqueza da vida da Igreja. Ele acrescentou que, assim como Jesus foi apresentado no templo e humanamente consagrado a Deus, os religiosos são pessoas especialmente consagradas a Deus para darem testemunho de Cristo no meio do povo de Deus.
“Jesus é o consagrado por excelência: sua vida dedicada inteiramente a Deus e à humanidade, até versar o seu sangue sobre a Cruz, sua glori cação e o envio do Espírito Santo, selando, dessa forma, a graça da redenção que nos trouxe e
“Por sua vida, os religiosos consagrados são uma pregação do Reino de Deus. Por isso, caríssimos e caríssimas, deem esse testemunho de fé, corajosamente. O restante do que fazem, se não for acompanhado de um forte testemunho de fé, não tem diferença em relação àqueles que não têm fé”, exortou o Arcebispo. Por m, o Cardeal manifestou seu apreço por todos os consagrados e expressou sua admiração pela presença deles como testemunhas de Jesus Cristo na cidade, por meio de seus diferentes carismas e obras.
HOMENAGEM
No m da celebração, a Irmã Helena Gesser, coordenadora da CRB-SP, saudou Dom Odilo pelo seu aniversário de ordenação episcopal e agradeceu-lhe por seu empenho, interesse e carinho com que acompanha e cuida da vida religiosa consagrada na Arquidiocese.
“Obrigada pelo que vocês são e pelo bem que fazem ao povo de Deus. Obrigada pelo testemunho, pelo profetismo e pela doação incansável na promoção da vida e no anúncio do Evangelho de Jesus Cristo”, disse Irmã Helena.
16 | Reportagem | 8 a 14 de fevereiro de 2023 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
GERONAZZO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Dom Odilo em missa na Catedral da Sé no Dia Mundial da Vida Consagrada, 2, data em que ele comemorou 21 anos de sua ordenação episcopal