O São Paulo - 3444

Page 1

Em assembleia geral, bispos do Brasil elegem a nova Presidência da CNBB

“Esperamos fazer um trabalho à altura daquilo que a CNBB é na história do nosso Brasil”, declarou Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre (RS), na primeira coletiva de imprensa após ser eleito Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, na segunda-feira, 24.

Reunido em assembleia geral em Apa-

Pacem in terris: ontem e hoje, um necessário brado em defesa da paz

recida (SP) desde o dia 19, o episcopado brasileiro também elegeu os demais membros da Presidência da CNBB para o quadriênio 2023-2027: Dom João Justino de Medeiros Silva, Arcebispo de Goiânia (GO), 1º Vice-presidente; Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, Bispo de Garanhuns (PE), 2º Vice-presidente; e Dom Ricardo Hoepers,

Pacem in terris

Nodia11deabril,celebramoso60ª aniversáriodaEncíclicaPacem in terris,de SãoJoãoXXIII.Infelizmente,esseverdadeiro bradoemdefesadapazaindacontinuatão necessárioeurgentequandoporocasião odesuapublicação.Nãosepodedizerque mundonãoavançounoscaminhosda

No mês em que se celebra o 60º aniversário da encíclica publicada por São João XXIII, em 1963, esta edição do Caderno Fé e Cidadania recorda a atualidade dos apelos da Igreja em favor da paz, como tem feito o Papa Francisco diante das recorrentes situações de conflitos no mundo.

paz,masnãosepodeignorarqueaestrada quetemospelafrenteémuitomaislongae dolorosadoquegostaríamos.Sendoassim, esteCadernoFéeCidadanianãopoderiater outrotemacentralquenãoodapaz. Nestaedição,osprofessoresLuizAntônio PierreeWagnerBaleraapresentampontos importantesdaencíclica,eaProfª.Marli PirozelliN.Silvaabordaalgunspontos sobreaconcepçãodoPapaFrancisco

Bispo de Rio Grande (RS), Secretário-geral.

A 60ª Assembleia Geral da CNBB prossegue até a sexta-feira, 28, com deliberações sobre temas relativos à ação evangelizadora da Igreja no Brasil, além de momentos de comunhão, fraternidade e oração entre os bispos.

Páginas 8 e 9

Encontro com o Pastor

Em oração pela vocação sacerdotal, essencial à vida da Igreja

emrelaçãoaoesforçopelapaz.Por m, fazemosumpequenorelatodecomose encontramapazeaguerranomundo atual.Naúltimapágina,emOpinião, doisdenossoscolaboradores,oadvogado RodrigoGastalhoeoteólogoEduardo Cruz,comentamasmudançasque ocorreramrecentementenalegislação sobreplanejamentofamiliareesterilização voluntárianoBrasil.

Editorial

Na missão evangelizadora se compartilha o encontro com o Cristo vivo

Cardeal Scherer nomeia os membros dos grupos pós-sinodais de trabalho

SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO Ano 68 | Edição 3444 | 26 de abril a 2 de maio de 2023 www.osaopaulo.org.br | R$ 3,00 www.arquisp.org.br
Página 4 Página 19 Página 2
Edição 04 26 de abril de 2023 QRCode Cadernoacessar na com mais citados.
Uma encíclica para a paz A encíclica, publicada no dia 11 de abril de 1963, Quinta-feira Santa, assim começa: “A paz na terra, an- seio profundo de todos os homens de todos os tempos, não se pode es- tabelecer nem consolidar dos poderes se adaptarem “à natureza à complexidade dos problemas” e aos APacem in Terris,deSãoJoãoXXIII,propõeoqueéocerne daDoutrinaSocialdaIgreja:respeitoaosdireitoshumanos comocondiçãoparaapazdetodosospovos,naverdade, justiça,caridadeeliberdade. Luiz Antonio Araujo Pierre*
Núcleo Fé e Cultura Sergio Ricciuto Reprodução
60ª Assembleia Geral da CNBB acontece em Aparecida (SP), com a eleição dos membros da Presidência e dos responsáveis pelas comissões episcopais PRESIDENTE DOM JAIME SPENGLER 1º VICE-PRESIDENTE DOM JOÃO JUSTINO 2º VICE-PRESIDENTE DOM PAULO JACKSON SECRETÁRIO-GERAL DOM RICARDO HOEPERS Imprensa CNBB

CARDEAL ODILO PEDRO SCHERER Arcebispo metropolitano

O4º Domingo da Páscoa é conhecido como “Domingo do Bom Pastor”. Nele, lê-se todo os anos um trecho do capítulo 10º do Evangelho de São João, no qual Jesus se apresenta como a porta dos pastores e das ovelhas e, nalmente, como o bom pastor, que se dedica às ovelhas de seu rebanho com amor extremo, até ao ponto de entregar sua vida pelo bem das ovelhas. A comparação de Jesus com o pastor bom é perfeitamente adequada para compreendê-lo na sua Paixão e Morte: Ele é o pastor bom, que entregou sua vida sobre a cruz com grande amor em favor da humanidade.

A parábola do pastor bom (João 10,1-21) está em nítido contraste com a profecia contra os pastores maus, de Ezequiel, no Antigo Testamento (Ez 34,1-31): Deus cobra contas das autoridades encarregadas de cuidar do povo, mas que não cumpriram seu dever e, pelo contrário, só pensaram em se aproveitar das ovelhas em seu próprio benefício: “Ai dos pastores de Israel, que se apascentam a si mesmos! Acaso os pastores não devem apascentar

Servidores do Bom Pastor

as ovelhas?” (34,2). É o lamento sobre a desgraça que se abateu sobre o povo, que foi disperso, escravizado e dizimado, enquanto os “pastores” deram um jeito de salvar a própria pele. Deus cobra contas de quem devia cuidar do povo e do país, e não o fez. E promete resgatar as ovelhas, reuni-las novamente, cuidar delas, Ele mesmo, e defendê-las com amor. E anuncia que enviará um pastor bom, el e justo (23-24).

Na parábola do pastor bom, Jesus anuncia que é Ele o pastor zeloso que Deus prometeu pelos profetas: Ele conhece as ovelhas que são suas e elas o reconhecem pela voz; Ele as conduz e elas o seguem; Ele as leva a boas pastagens e águas frescas, defende-as contra os perigos e ameaças e tem especial cuidado com as ovelhas fracas. Preocupa-se com a ovelha perdida e vai à sua procura, até encontrá-la. Ele não deixa que sejam arrebatadas de sua mão e entrega sua vida para que as ovelhas estejam seguras e tenham vida em abundância.

Não é sem motivo que o Domingo do Bom Pastor é também o dia em que a Igreja, em todo o mundo, reza pelas vocações sacerdotais. Os sacerdotes e bispos são aqueles que, de maneira especial, recebem o chamado para servirem o povo de Deus em nome de Jesus Cristo, o Bom Pastor da humanidade. Mas a inteira Igreja dos batizados

tem parte na missão pastoral de Jesus Cristo e, por isso, é um povo de chamados, ou vocacionados, a fazer sua a missão do Bom Pastor. Nem todos fazem isso do mesmo modo, nem fazem todos a mesma coisa: cada el e membro da Igreja o faz de acordo com o dom que recebeu. O 3º Ano Vocacional do Brasil, que já celebramos desde novembro de 2022, está a nos lembrar que todos temos a nossa vocação e é importante que cada um se pergunte: qual é minha vocação na Igreja? O que Deus me pede no serviço às pessoas e à Igreja? Qual é o sentido maior de minha vida? As vocações podem ser diferentes, mas todos têm vocação, e não apenas alguns.

Contudo, a vocação sacerdotal é essencial à vida e à missão da Igreja e quem a recebeu tem o encargo de representar Jesus Cristo entre as pessoas e cuidar delas em nome de Jesus Cristo, o Bom Pastor. Essa vocação está na linha do chamado dos apóstolos: havia muitos discípulos, mas Jesus chamou apenas alguns, e chamou os que Ele quis, para serem apóstolos. E Ele os quis perto de si, os preparou especialmente para continuarem sua missão, depois Dele, mediante a força e a ação do Espírito Santo. Sem sacerdotes, a Igreja de Cristo entra em colapso. Por isso, a Igreja inteira re ete neste Domingo do Bom Pastor sobre a vocação sacerdotal e reza com fé,

para que muitos sejam chamados, preparados com cuidado e enviados para servirem o povo de Deus em nome de Jesus Cristo Sacerdote, Bom Pastor e Palavra de Deus vinda ao mundo.

Em nossa Arquidiocese, temos urgente necessidade de reorganizar a pastoral das vocações em todas as paróquias. Com o bispo, os padres são os primeiros responsáveis por essa tarefa, que requer falar sobre as vocações, testemunhos vocacionais, oração frequente pelas vocações e pelos seminaristas e sacerdotes e o apoio aos Seminários. Como já tivemos a oportunidade de pedir em diversas circunstâncias, também o fazemos novamente: que em cada comunidade católica haja um trabalho organizado de pastoral vocacional, sob os cuidados diretos do pároco. Que em cada comunidade haja ao menos uma vocação a ser apoiada.

Ao longo do Ano Vocacional, já tivemos a alegria de ordenar bispos, padres e diáconos. E no próximo dia 29 de abril, teremos a ordenação de mais dois sacerdotes para a nossa Arquidiocese. Continuemos a trabalhar com fé e perseverança pelas vocações. O fruto virá a seu tempo. Sem esquecer que o casamento e a família cristã também são vocações bonitas e importantes. Que nossos jovens aprendam a amar novamente o casamento cristão e a família. É dela que brotam todas as demais vocações.

2 | Encontro com o Pastor | 26 de abril a 2 de maio de 2023 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
de São Paulo
• Redação: Rua Manuel de Arzão, 85 - Vila Albertina - 02730-030 • São Paulo - SP - Brasil • Fone: (11) 3932-3739 - ramal 222 • Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700, 3760-3723 e 3760-3724 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: osaopaulo@uol.com.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 3,00 • Assinaturas: R$ 90 (semestral) • R$ 160 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais. SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO
Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa e online em www.osaopaulo.org.br
• Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto
Redator-chefe: Daniel Gomes • Revisão: Padre José Ferreira Filho • Opinião e Fé e Cidadania: Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP • Administração e Assinaturas: Maria das Graças Silva (Cássia) • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Impressão: OESP Gráfica

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL:

Em 27/03/2023, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial da Paróquia

São Rafael, no bairro da Mooca, na Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Wagner Maria Domingos Barbosa, CRSP, pelo período de (01) um ano

PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO:

Em 27/03/2023, foi prorrogada a nomeação e provisão como Pároco da Paróquia

Nossa Senhora Aparecida, na Vila Nova York, na Região Episcopal Belém, do Reverendíssimo Padre Paulo Eduardo Santos, MPS, pelo período de (03) três anos

Em 13/04/2023, foi prorrogada a nomeação e provisão como Pároco da Paróquia

Santa Clara, no bairro Santa Clara, na Região Episcopal Belém, do Reverendíssimo Padre Abério Christie Silva, pelo período de (03) três anos

PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL:

Em 12/04/2023, foi prorrogada a nomeação e provisão como Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Bom Conselho, no bairro da Mooca, na Região Episcopal Belém, do Reverendíssimo Padre Kleber Dias de Oliveira, CSS, pelo período de (01) um ano

Em 27/03/2023, foi prorrogada a nomeação e provisão como Vigário Paroquial da Paróquia Santo André Apóstolo, Área Pastoral Nossa Senhora das Flores, no bairro do Parque das Flores, na Região Episcopal Belém, do Reverendíssimo Padre Romanus Hami, SVD, pelo período de (01) um ano

Em 12/04/2023, foi prorrogada a nomeação e provisão como Vigário Paroquial da Paróquia São Marcos Evangelista, Área Pastoral São Gaspar Bertoni, no bairro do Parque São Rafael, na Região Episcopal Belém, do Reverendíssimo Padre Elizeu da Conceição, CSS, pelo período de (01) um ano

Em 12/04/2023, foi prorrogada a nomeação e provisão como Vigário Paroquial da Paróquia São Marcos Evangelista, Área Pastoral São Gaspar Bertoni, no bairro do Parque São Rafael, na Região Episcopal Belém, do Reverendíssimo Padre Vidal

Valentin Cantero Zapattini, CSS, pelo período de (01) um ano

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ASSISTENTE ECLESIÁSTICO DE PASTORAL:

Em 27/03/2023, foi nomeado e provisionado como Assistente Eclesiástico do Apostolado da Oração da Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Arlindo Teles Alves, pelo período de (02) dois anos

Em 27/03/2023, foi nomeado e provisionado como Assistente Eclesiástico da Pastoral Vocacional da Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Carlos André Romualdo, pelo período de (02) dois anos

Em 27/03/2023, foi nomeado e provisionado como Assistente Eclesiástico da Pasto-

Atos da Cúria

ral da Comunicação da Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Tarcísio Marques Mesquita, pelo período de (02) dois anos

Em 27/03/2023, foi nomeado e provisionado como Assistente Eclesiástico das Novas Comunidades da Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Fabiano Alcides Pereira, pelo período de (02) dois anos

Em 27/03/2023, foi nomeado e provisionado como Assistente Eclesiástico da Pastoral da Criança da Região Episcopal Belém, o Diácono Nilson O. Amâncio, pelo período de (02) dois anos.

Em 27/03/2023, foi nomeado e provisionado como Assistente Eclesiástico da Pastoral da Ecologia da Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Christian Uptmoor, pelo período de (02) dois anos

Em 27/03/2023, foi nomeado e provisionado como Assistente Eclesiástico da Pastoral da Educação da Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Juliano Maroso Gonçalves, pelo período de (02) dois anos

Em 27/03/2023, foi nomeado e provisionado como Assistente Eclesiástico da Pastoral da Pessoas com De ciência da Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Reginaldo Donatoni, pelo período de (02) dois anos

Em 27/03/2023, foi nomeado e provisionado como Assistente Eclesiástico da Pastoral Familiar da Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Jônatas Alex Mariotto, pelo período de (02) dois anos

Em 27/03/2023, foi nomeado e provisionado como Assistente Eclesiástico do Setor Juventude da Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Pierre Rodrigues da Costa, pelo período de (02) dois anos

Em 27/03/2023, foi nomeado e provisionado como Assistente Eclesiástico da Iniciação à Vida Cristã da Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Eduardo Binna, pelo período de (02) dois anos

Em 27/03/2023, foi nomeado e provisio-

nado como Assistente Eclesiástico para a Mãe Peregrina de Schoenstatt da Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Lauro Wisnieski, pelo período de (02) dois anos

Em 27/03/2023, foi nomeado e provisionado como Assistente Eclesiástico da Renovação Carismática Católica da Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Paulo Eduardo Santos, MPS, pelo período de (02) dois anos

Em 27/03/2023, foi nomeado e provisionado como Assistente Eclesiástico do Neocatecumenato da Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Túlio Felipe de Paiva, pelo período de (02) dois anos

Em 27/03/2023, foi nomeado e provisionado como Assistente Eclesiástico do Encontro de Casais com Cristo (ECC) da Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Adilson Pinheiro da Silva, pelo período de (02) dois anos

Em 27/03/2023, foi nomeado e provisionado como Assistente Eclesiástico da Pastoral da Saúde da Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Benedito Ap. Maria de Borba, pelo período de (02) dois anos

Em 27/03/2023, foi nomeado e provisionado como Assistente Eclesiástico da Pastoral das Exéquias da Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Fausto Marinho Carvalho Filho, pelo período de (02) dois anos

Em 27/03/2023, foi nomeado e provisionado como Assistente Eclesiástico da Comissão Missionária da Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Vidal Valentin Cantero Zapattini, CSS, pelo período de (02) dois anos

NOMEAÇÃO DE COORDENADORES DE SETOR DA REGIÃO BELÉM:

Em 10/04/2023, foram nomeados como Coordenadores de Setor da Região Episcopal Belém, para um mandato de (05) cinco anos, os Reverendíssimos: Padre Marcelo Maróstica Quadro – Coordenador Regional de Pastoral;

Padre Christian Uptmoor – Coordenador Pastoral do Setor Belém; Padre Adilson Pinheiro da Silva – Coordenador Pastoral do Setor Carrão/Formosa; Padre Gilberto Orácio de Aguiar – Coordenador Pastoral do Setor Conquista; Padre Cláudio de Oliveira – Coordenador Pastoral do Setor Guarani; Padre Boniface Issaka, SVD – Coordenador Pastoral do Setor São Mateus; Padre João Batista Dinamarques – Coordenador Pastoral do Setor Sapopemba; Padre Lauro Wisnieski – Coordenador Pastoral do Setor Tatuapé; Padre Francisco Reginaldo H. de Miranda – Coordenador Pastoral do Setor Vila Alpina; Padre Paulo Eduardo dos Santos, MPS – Coordenador Pastoral do Setor Vila Antonieta; Padre José Geraldo Rodrigues Moura – Coordenador Pastoral do Setor Vila Prudente.

NOMEAÇÃO DA COMISSÃO DE PRESBÍTEROS DA REGIÃO

IPIRANGA:

Em 31/03/2023, foram nomeados para a Comissão de Presbíteros da Região Episcopal Ipiranga, para compor o mandato de 2020 a 2025, os seguintes membros: Eleitos pelos Setores: Padre Edson Chagas Pacondes – Setor Anchieta; Padre Rodrigo Felipe da Silva – Setor Cursino; Padre Benedito Vicente de Abreu – Setor Imigrantes; Frei Fábio Luiz Ribeiro, OSM – Setor Ipiranga; Padre Jorge Bernardes –Setor Vila Mariana;

Membros Natos:

Padre Uilson dos Santos – Vigário-geral Adjunto; Padre José Lino Mota Freire – Representante da Comissão de Presbíteros do Regional Sul 1 da CNBB; Frei José Maria Mohomed Júnior, O. de M. –Coordenador Regional de Pastoral; Padres eleitos para o Conselho Arquidiocesano de Presbíteros:

Padre Edson Chagas Pacondes; e Padre Jorge Bernardes.

Membro escolhido pelo Vigário Episcopal: Padre Antonio de Lisboa Lustosa Lopes –Ecônomo da Região Episcopal Ipiranga.

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br | 26 de abril a 2 de maio de 2023 | Atos da Cúria/Geral | 3
Divulgação

Anunciar ao mundo a Boa-Nova da salvação Editorial

Na terça-feira, 25, o nome do Cardeal Odilo Pedro Scherer foi con rmado entre os membros do Dicastério para a Evangelização, na Seção para questões fundamentais da evangelização no mundo. Desde 2010, o Arcebispo de São Paulo faz parte deste organismo da Santa Sé, que em sua antiga con guração tinha o nome de Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, criado pelo Papa Bento XVI naquele mesmo ano.

Com a recente reforma da Cúria Romana, promulgada pela constituição apostólica Praedicate Evangelium, o Papa Francisco uniu esse conselho e a Congregação para a Evangelização dos Povos – a famosa Propaganda Fide (propagação da fé), fundada há 400 anos – para criar o novo Dicastério, agora cheado pelo próprio Romano Pontíce, aquele que, como sucessor de Pedro, tem a responsabilidade pri-

mária do cumprimento do mandato apostólico de Jesus.

O nome dessa nova seção do Dicastério nos provoca uma re exão: quais são as questões fundamentais para a evangelização no mundo?

Na exortação apostólica Evangelii nuntiandi (1975), São Paulo VI a rma que evangelizar “é levar a Boa-Nova a todas as parcelas da humanidade, em qualquer meio e latitude, e pelo seu in uxo transformá-las a partir de dentro e tornar nova a própria humanidade”. Anos mais tarde, São João Paulo II, na exortação apostólica Redemptoris missio (1990), sublinha que “toda pessoa tem o direito de ouvir a ‘Boa-Nova’ de Deus que se revela e se dá em Cristo, para realizar plenamente a sua própria vocação”.

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) enfatiza os motivos da evangelização a partir das palavras de São Paulo: “Deus quer que todos os homens sejam salvos e che-

guem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4) e acrescenta que a Igreja, a quem esta verdade foi con ada, deve ir ao encontro de seu anseio, levando-lhes a mesma verdade. Ela tem de ser missionária porque crê no projeto universal de salvação” (CIC 851).

Na Sagrada Escritura, lemos que os apóstolos, movidos pelo Espírito, convidavam todos a mudar de vida, a converter-se e a receber o Batismo. Desde o início do Cristianismo, o Evangelho é anunciado a todas as pessoas, para que acreditem e se tornem discípulos de Cristo e membros da sua Igreja. O espírito cristão foi sempre animado pela paixão de conduzir toda a humanidade a Cristo na Igreja.

A constituição dogmática Lumen gentium salienta que a Igreja é instrumento, “gérmen e início” do Reino de Deus, que não é uma meta puramente humana ou ideológica, mas a presença de Deus na

Dia dos trabalhadores e trabalhadoras

PADRE ALFREDO JOSÉ GONÇALVES, CS

Nas últimas cinco décadas, digamos, quantas pro ssões desapareceram e quantas foram criadas? A pergunta puxa outra: como acompanhar e se preparar minimamente para tamanha velocidade do mercado de trabalho? O paradoxo é evidente: por um lado, quantos jovens depois de formados não conseguem emprego na área para a qual se capacitaram? Por outro lado, quantos postos de trabalho vacantes não podem ser preenchidos por falta de quali cação adequada?

Interrogações dessa natureza bombardeiam hoje, contemporaneamente, o mundo do trabalho e o mundo acadêmico. O País e sua população trabalhadora se revelam descompassados com os avanços tecnológicos recentes e cada vez mais acelerados. O resultado imediato, vale insistir, é constatar que não poucos pro ssionais acabam por aceitar determinados serviços que pouco ou nada têm a ver com sua escolha ou vocação.

Em meados do século passado, havia uma série de instituições públicas de educação técnico-pro ssional, fossem nacionais, estaduais ou municipais, tais como o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), o Sesc (Serviço Social do Comércio) e a

ETI (Escola Técnica Industrial, de São Bernando do Campo). Eram escolas que funcionavam como que portas de entrada para o mercado de trabalho daquele momento, seja na produção industrial, seja no comércio. Porém, o mercado mudou, e mudou em termos rápidos, profundos e gerais. Deixou de ser predominantemente técnico-mecânico, passando ao universo da eletrônica e da internet, em suas mais diversas modalidades.

É certo que a formação humana

vai muito além de uma mera pro ssionalização para o mercado. Requer conhecimentos mais amplos no campo das ciências humanas, sociais políticas etc. Sem centros de pro ssionalização, entretanto, repete-se o enigma já assinalado: muitos pro ssionais indevidamente quali cados e muitas vagas à espera de trabalhadores para áreas especializadas. O enigma pode ser visto por um enfoque diferente: muitos jovens recém-formados migrando para o exterior, enquanto algumas

história, que traz em si também o verdadeiro futuro, aquele de nitivo no qual Ele será “tudo em todos” (cf. 1 Cor 15,28). O Reino de Deus não é uma realidade genérica. É, acima de tudo, uma pessoa, tem o rosto e o nome de Jesus Cristo.

É fato que a evangelização não se realiza apenas pela pregação pública do Evangelho, mas também por meio do testemunho pessoal de cada cristão. Contudo, para testemunhar Jesus Cristo, é preciso conhecê-lo, amá-lo e segui-lo. Isso se dá por meio de uma boa catequese sobre as verdades da fé, da escuta atenta da Palavra de Deus, da vivência dos sacramentos, da busca da santidade e da luta contra o pecado. A missão evangelizadora, portanto, não se limita a um programa ou projeto, mas é compartilhar a experiência do acontecimento do encontro com Cristo vivo e ressuscitado, vivo e presente no meio de nós para nos salvar.

empresas não conseguem encontrar pro ssionais para os serviços que vão surgindo com a velocidade dos tempos contemporâneos.

Qual a solução? Novamente, aqui tropeçamos no tema das políticas públicas. Dois fatores, entre outros, contribuíram para um certo desleixo, e até desmonte, no que se refere às políticas públicas voltadas para a população mais necessitada: a pandemia de COVID-19 e o governo ideologicamente de extrema direita. O momento agora é de acertar o passo com as exigências dos tempos atuais, se queremos concorrer de igual para igual com as demais nações.

Exigência acadêmica e, ao mesmo tempo, de inserção laboral. Exigência de promover e garantir o acesso dos novos formandos ao mercado de trabalho. Exigência de estender a todos o acesso ao mundo eletrônico, à internet e às redes virtuais. Exigência de resgatar milhões de pessoas do desemprego, do subemprego e do trabalho informal. E, ainda, exigência de uma política de salários justos e igualitários para homens e mulheres, negros e brancos, do campo e da cidade. Com justiça, paz e solidariedade, celebramos, então, o 1º de maio.

4 | Ponto de Vista | 26 de abril a 2 de maio de 2023 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
As opiniões expressas na seção“Opinião”são de responsabilidade do autor e não re etem,necessariamente,osposicionamentoseditoraisdojornal O SÃO PAULO
Gerd Altmann/Pixabay
PadreAlfredoJoséGonçalves,CS, pertence à Congregação dos Missionários de São Carlos (Scalabrinianos).
Opinião

Comportamento

A desordem e o pecado original

Confesso que estava pensando em escrever sobre outro tema, mas esta semana um motorista de Uber me fez uma pergunta que merece re exão. Já próximo ao destino, do nada e sem relação com o que conversávamos, exclamou: “O mundo está muito ruim, mas eu não entendo o porquê!?”.

Como o tom era de “pergunta retórica” não respondi, mas me senti como que impelido a escrever a respeito; anal, nós, cristãos, sabemos a resposta.

A origem dessa questão está escondida já na história da criação quando Adão e Eva, envolvidos pelo mal, decidiram trair a Deus. Ao fazer isso, perderam os bens mais preciosos que haviam recebido de Deus: os dons preternaturais.

Entre eles, o que me parece mais precioso e nos faz mais falta é o “pleno ordenamento às coisas de Deus”. Um viver naturalmente centrado em Deus, em que a vontade está submetida à inteligência e esta, ao espírito.

Com a falta deste ordenamento e com a in uência do pecado, nos perdemos no fruto da árvore do conhecimento. Agora, achamos que somos conhecedores do bem e do mal, que podemos “ser como Deus”, mas estamos errados, como bem disse São Miguel Arcanjo: “Quem como Deus?”.

A desordem deu espaço para que

a vontade quisesse comandar tanto a inteligência quanto o espírito. A arrogância, por sua vez, quis seu protagonismo para se sobrepor aos demais e faz troça do espírito, com suas crendices tolas. E o espírito, aquele que nos conecta a Deus, está amordaçado diante de tantos ruídos e sensações com que o mundo nos submete.

Infelizmente, não estamos sozinhos neste exílio do Eden. Uma terça parte dos anjos está investida em nos manter aqui, longe de Deus. Se foi por causa deles que nos metemos nessa desordem, é com a in uência deles que a desordem é promovida em nós e na sociedade.

Internamente, o caminho que nos aproxima de Deus é a escalada da vontade, para a inteligência e dessa para o espírito. Nessa via que nos conecta a Ele por sua vontade e graça, encontramos nossas respostas. Mas o mundo não nos quer nesse caminho.

Ele nos aprisiona no andar da vontade, mantendo-nos confusos sobre nossa identidade, centrados em nós mesmos, escravizados em fazer nosso corpo o rei em tudo o que fazemos. Comer, beber e saciar nossas vontades virou missão de vida.

O andar da inteligência está bloqueado. A cultura do feio, as músicas repetitivas, os ritmos contínuos, a arte sem sentido, a literatura vazia: todos

ngem dar acesso a este andar, mas oferecem uma via sem saída, como que uma escada circular que leva de volta ao andar da vontade.

O espírito está aprisionado. Quem busca seu acesso é tratado como um transgressor. Quem busca dar ouvidos a ele é chamado de tolo. Aquele que é a chave de acesso para a Sabedoria não pode ser encontrado.

O andar que nos aproxima de Deus não pode ser alcançado, de forma nenhuma!

E a verdade? Ah, a verdade...

A verdade foi corrompida por ideologias como o relativismo e a pós-verdade. Nunca foi tão difícil encontrá-la. Ao mesmo tempo, nunca houve tantos poderosos a nos querer dizer o que é a mentira.

Assim, cá estamos imersos nesse mundo, em meio à nossa própria desordem, sob a in uência do pecado e parece não haver saída. O mundo vive lutando contra uma contradição: sofre as saudades do Criador enquanto grita “Barrabás!”.

O desejo pelo Criador está impregnado em nossa natureza à imagem e semelhança de Deus, e não há o que se possa fazer para mudar isso. Por mais que o homem possa lutar, por mais que o mal possa querer se impor, nunca se poderá remover isso do coração do homem.

Enquanto lutar contra isso, o homem não terá paz.

Espiritualidade

Quando os olhos se abrem (Lc 24,13-35)

menos com o que se ouve e discute. Somos seres simbólicos e leitores de símbolos. O que muda a nossa vida não é apenas o que pensamos ou sentimos, mas, também, as coisas e gestos que nos falam por representação. Nem mesmo a presença ou a conversa sobre Jesus foram su cientes para fazer os discípulos de Emaús se convencerem de que Jesus estava vivo. Mas, tudo mudou quando o viram partir o pão.

Como é que dois discípulos caminharam pessoalmente com seu mestre, conversando com ele, sobre os acontecimentos de suas vidas, falando sobre ele, e não conseguiram perceber que falavam com ele? Foi o que aconteceu com os discípulos de Emaús. No entanto, embora possamos nos incomodar com o que lemos no evangelho de São Lucas, essa mesma realidade nos atinge também. O ser humano, ainda que não se dê conta disso, muitas vezes se impressiona mais com o que parece apenas simbólico e

Se lembramos de nossas histórias passadas, sobretudo na infância, somos capazes de recordar inúmeros sinais que tiveram o mesmo efeito na nossa vida. De quantas lembranças que nos unem a um signi cado maior podemos nos dar conta? Algumas coisas nos recordam pessoas. E as pessoas nos fazem trazer de volta inúmeras vivências. Quando percebemos isso, as demais preocupações se tornam irrelevantes também.

Para quem estava deixando o grupo dos discípulos, em razão da decepção com o acontecimento da morte de Jesus,

voltar de repente parecia a coisa mais improvável. Mas, para quem descobriu que Jesus estava vivo, voltar para Jerusalém parecia a única coisa possível. E nossas recordações passadas, quando nos trazem também algum sentido para nossa história pessoal, fazem-nos mudar de postura e de direção: talvez os ensinamentos de nossos pais, o conselho de algum amigo, algum abraço, qualquer presente recebido, quem sabe um lugar onde vivemos coisas importantes etc.

Quantas coisas podem nos fazer pensar sobre a direção que estamos seguindo e a possibilidade de tomar outro rumo. Quem sabe a Eucaristia e nosso imaginário ou memória pessoal possam trazer à tona momentos em que a Santa Missa foi importante para nós no passado. O dia da primeira Comunhão parece ter marcado a vida da maior parte das pessoas.

Para muitos, o dia em que foram crismados marcou um momento de tomada de decisão, de retorno para Deus. Quem sabe também nós tivemos momentos em

Assim, o mesmo que pode parecer para muitos como que uma maldição, a nal nunca se poderá pecar em paz, é também a maior chave de esperança. Essa intranquilidade já trouxe muitos de volta para Deus.

De volta ao nosso amigo, o motorista do Uber, podemos dizer: sim, o mundo está muito ruim, mas entendemos o porquê.

E nossa decisão é bastante direta: ou participamos do mundo ou optamos por Cristo.

A desordem é nossa realidade, o pecado é a nossa batalha, o demônio é o nosso inimigo. Mas não estamos sozinhos nesse deserto. O mesmo Deus que nos colocou no exílio, nos resgatou na cruz e estendeu as mãos do Espírito Santo para nossa ajudar.

Ser cristão, contudo, não é como torcer para um time de futebol, em que basta escolher um lado. Por força do Batismo que nos tornou lhos de Deus e do nosso Crisma, que nos elevou a soldados de Cristo, é preciso nos mantermos éis, próximos de Deus e fortalecidos por Ele nos sacramentos da Sagrada Eucaristia e da Con ssão.

Sigamos, como disse Jesus, “no mundo”, mas não “do mundo”. LuizVianna éengenheiro,pósgraduadoem marketingeCEOdaMult-Connect,umaempresade tecnologia.Autordoslivros“Preparadoparavencer” e“SocialTransformationeseuimpactonosnegócios”, é também músico e pai de três lhos.

que o partir do pão, na recordação do sacrifício do Calvário, nos fez enxergarmos o que a Palavra de Jesus nos falou, do encanto de sua presença e de sua releitura dos acontecimentos de nossa história pessoal. Em outras palavras, será que a Eucaristia também marcou a nossa vida, assim como aconteceu com os discípulos de Emaús? E, como consequência disso, será que estamos dispostos a mudar a direção que estamos seguindo?

A história dos discípulos de Emaús pode ser lida como uma metáfora da nossa vida. Se formos capazes de entender a mensagem por trás da representação, seremos capazes de pensar melhor e re etir sobre a vida. Ou, quem sabe, apesar de não entenderemos nada, a simbologia nos falará mais do que as palavras falaram e os sinais nos farão sentir mais coisas do que as sensações e emoções que sentimos quando as coisas aconteceram do jeito que queríamos e entendemos ou do jeito que não gostaríamos que tivessem acontecido.

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br | 26 de abril a 2 de maio de 2023 | Viver Bem/Fé e Vida | 5
DOM ROGÉRIO AUGUSTO DAS NEVES BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE
NA REGIÃO SÉ
6 | Publicidade | 26 de abril a 2 de maio de 2023 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

A fome em gestantes e crianças repercute por toda a vida e atravessa gerações

ASSUNTO FOI

TRATADO EM EVENTO

Os alertas feitos pela Campanha da Fraternidade de 2023 acerca da fome, e especialmente de como este agelo afeta gestantes, bebês, crianças e adolescentes mais pobres, não passaram despercebidos por dois professores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP): Marco Aurelio Knippel Galletta, do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia; e Alexandre Archanjo Ferraro, do Departamento de Pediatria.

Católicos, eles organizaram o evento “Fome e Saúde: implicações médicas da fome no Brasil”, realizado na quinta-feira, 20, na FMUSP, no qual foi re etido o impacto médico da fome no início da vida e suas repercussões ao longo do tempo. Também houve um panorama sobre as políticas públicas e outras iniciativas de combate à fome no País.

A DESNUTRIÇÃO NA GRAVIDEZ

E O IMPACTO SOBRE O FETO

Galletta destacou que já tem sido possível mensurar nas gestantes os impactos do aumento da fome. Um dos exemplos é que, em média, na gravidez uma mulher tem o acréscimo de peso de 11kg – já que além do feto, terá aumento do peso do útero, a placenta e o liquido amniótico – mas que hoje esta média está em 6kg no Brasil.

Ele explicou que a subnutrição da gestante gera impactos no desenvolvimento do feto, uma vez que a placenta não se forma de modo adequado. Em uma gestante anêmica, por exemplo, há dé cits de nutrientes e de oxigenação para o feto, podendo ocasionar a morte fetal ou que o bebê nasça com peso abaixo do ideal.

“O ambiente ruim da placenta leva a partos prematuros, e, assim, há uma taxa maior de recém-nascidos com baixo peso. Já existem trabalhos que mostram uma maior taxa de desconforto respiratório nessas crianças, até pela complicação da oxigenação intrauterina; e dependendo de quando for a privação alimentar dessas mulheres, teremos maiores taxas de abortamento e de más-formações fetais”, detalhou.

Galletta exempli cou que quando a gestante não consome proteína animal na quantidade ideal, deixa de ingerir aminoácidos essenciais para a boa formação do feto; se é privada de alimentos com cálcio, será mais propensa à hipertensão; e as desnutridas podem ter endometrite, a in amação do endométrio, camada que reveste a parte interna do útero.

MARCAS POR TODA A VIDA

Alexandre Ferraro falou sobre as repercussões a longo prazo da desnutrição intrauterina. Ele mencionou a Hipótese da Programação Fetal, desenvolvida a partir das pesquisas do epidemiologista David Barker (1938-2013), segundo o qual as condições a que um feto ou criança é submetida repercutem por toda a sua vida. Barker notou que a distribuição geográca dos adultos que morreram por doenças cardiovasculares entre 1968 e 1978 na Inglaterra e no País de Gales era similar à distribuição da mortalidade infantil nestes locais entre 1901 e 1910.

Ferraro mencionou outros exemplos de populações que ao longo do século XX viveram situações de extrema privação de alimentos. Os que nasceram sob tais condições tiveram na idade adulta maior incidência de diabetes, doenças cardiovasculares, esquizofrenia, depressão e mau desempenho cognitivo.

Abordando conceitos da Medicina evolucionista, Ferraro recordou que quando o feto se desenvolve em um ambiente que não lhe pareça seguro, ou seja, sua mãe não se alimenta como deveria e vive em condições socioeconômicas ina-

dequadas, já dentro do útero ele busca se adaptar, tendo um desenvolvimento que prioriza a sobrevivência à longevidade. Isso ajuda a explicar o fato de que nas realidades mais pobres nasçam mais crianças prematuras ou com menor peso, e com menos neurônios e néfrons (responsáveis pelo funcionamento dos rins). Além disso, se o bebê for uma menina, já carregará em suas células reprodutivas as marcas de desnutrição sofrida por sua mãe. Assim, se esta menina, quando adulta, tiver uma lha, esta também já terá os sinais da desnutrição: “Já não temos mais só uma questão de mãe e lha, mas transgeracional”, enfatizou. Ferraro ressaltou que deve ser dada ampla atenção às condições de alimentação do ser humano em seus primeiros mil dias de vida – de sua concepção até os 2 anos, mas que até os 20 anos de idade ainda é possível recuperar em parte os dé cits nutricionais. “A fome nos primeiros anos de vida está relacionada a menor escolaridade, menores salários e menor desenvolvimento social. Investir um dólar para combater a fome implica um ganho muito superior se considerarmos os efeitos 30 anos depois”, disse ao O SÃO PAULO

O DIREITO À ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Também participante do evento, a nutricionista Silvia Médici Saldiva detalhou que a alimentação saudável é um direito constitucional e que existem no Brasil a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), com diretrizes voltadas a promover os direitos humanos à saúde e

à alimentação, e a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Losan), que assegura o direito ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade su ciente.

A nutricionista recordou a existência da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, pela qual é possível mensurar a insegurança alimentar das famílias, condição que muitas passaram a vivenciar durante a pandemia de COVID-19.

“O processo de insegurança alimentar começa com a perda da qualidade da alimentação, com a família tendo di culdade de acesso aos alimentos ou falta de dinheiro para comprá-los. O passo seguinte é a privação ou instabilidade no acesso tanto qualitativo quanto quantitativo. Nessa fase, os adultos abrem mão de algumas refeições para que as crianças possam comer. E, por m, a fome afeta as crianças, é o cenário da insegurança alimentar grave”, explicou.

AÇÕES CONCRETAS PARA O COMBATE À FOME

Na parte nal do evento, houve o relato de experiências de combate à fome e à mánutrição.

Gisela Solymos e Bernardo Cury falaram sobre o Centro de Recuperação e Educação Nutricional (Cren), fundado em 1993, que se dedica ao diagnóstico, tratamento, pesquisa e ensino relativo à subnutrição e obesidade infanto-juvenil, com foco na população socioeconomicamente vulnerável.

Cury, que é psicólogo no centro de educação infantil do Cren na Vila Jacuí, na zona Leste, recordou que regularmente são feitas visitas às famílias das crianças atendidas para saber suas condições de vida. Lembrou, ainda, que durante a pandemia aquelas em maior vulnerabilidade passaram a receber cestas básicas, contendo também alimentos como verduras e plantas alimentícias não convencionais (Panc’s), compradas de grupos de agricultura familiar.

Daniel Aparecido, da Aliança de Misericórdia, apresentou os trabalhos feitos por esse movimento eclesial na Comunidade do Moinho, na região central, especialmente com as crianças e adolescentes atendidos no CCA São Domingos Sávio. No local, a Aliança também administra uma escola de ensino fundamental. O foco é o desenvolvimento integral dos estudantes – com a garantia de uma alimentação saudável – e os trabalhos incidem positivamente em toda a Comunidade, que tem cerca de 5 mil pessoas.

A íntegra do evento pode ser vista no link a seguir: https://curt.link/ob3plm

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br | 26 de abril a 2 de maio de 2023 | Reportagem | 7
NA FACULDADE DE MEDICINA DA USP, INSPIRADO NA TEMÁTICA
DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE DESTE ANO
Alexandre Archanjo Ferraro Marco Aurelio Galletta Silvia Médici Saldiva Daniel Aparecido Gisela Solymos Bernardo Cury Fotos: FMUSP
United Nations Photos

‘Esperamos fazer um trabalho à altura daquilo que a CNBB é na história do nosso Brasil’

AFIRMOU DOM

JAIME SPENGLER, ELEITO PRESIDENTE DA CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL

Durante a 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que acontece até a sexta-feira, 28, em Aparecida (SP), foram eleitos os membros da Presidência do organismo para o quadriênio 2023-2027.

Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre (RS), foi eleito 14º presidente da CNBB, após a terceira votação, na manhã da segunda-feira, 24. No mandato atual, ele é o 1o Vice-presidente da conferência.

“Acolho a eleição com muita humildade, com tanta simplicidade, com temor e tremor, mas orientado pela fé de que quem conduz a Igreja é Nosso Senhor... Esperamos fazer um trabalho à altura daquilo que é a CNBB na história do nosso Brasil”, a rmou Dom Jaime, em seu primeiro pronunciamento à imprensa.

Franciscano da Ordem dos Frades Menores, Dom Jaime tem 62 anos e é natural de Gaspar (SC). Foi ordenado sacerdote em 1990 e, em 2010, nomeado Bispo Auxiliar de Porto Alegre pelo Papa Bento XVI, cargo que exerceu até 2013, quando o mesmo Pontí ce o nomeou Arcebispo dessa Arquidiocese.

Entre 2011 e 2015, foi membro da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB. Em 2015, foi eleito Presidente dessa comissão. Entre os destaques de sua atuação, consta a aprovação das novas Diretrizes para a Formação de Presbíteros da Igreja no Brasil, em 2018.

Em maio de 2019, foi eleito 1º Vice-presidente da CNBB. Também é o Bispo Referencial da CNBB para o Colégio Pio Brasileiro, em Roma. Exerce ainda as funções de Vice-presidente da Comissão Especial para o Acordo Brasil-Santa Sé da CNBB e de Bispo Referencial para a Vida Consagrada e Ministérios Ordenados do Regional Sul 3 da CNBB.

VICE-PRESIDENTES

Na manhã da terça-feira, 25, o episcopado escolheu os dois Vice-presidentes da CNBB. Dom João Justino de Medeiros Silva, Arcebispo de Goiânia (GO), foi eleito 1o Vice-presidente, e Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, Bispo de Garanhuns (PE), será o 2o Vice-presidente.

Dom João Justino tem 56 anos e, desde 2015 preside a Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e a Educação da CNBB. É membro da Comissão de Cultura e Educação do Setor Universidades do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam) e é responsável pelas Pastorais de Educação e Cultura no Cone Sul.

Aos 54 anos, Dom Paulo Jackson é o atual Presidente do Regional Nordeste 2 da CNBB, onde também é o Bispo Referencial para a Doutrina da Fé. Entre 2015 e 2019, foi membro da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética.

SECRETÁRIO-GERAL

Para o cargo de Secretário-geral, o eleito foi Dom Ricardo Hoepers, Bispo de Rio Grande (RS) e atual Presidente

da Comissão Episcopal Pastoral para a Família e a Vida.

Dom Ricardo tem 52 anos, é mestre em Bioética pela Academia Afonsiana, de Roma. Também tem mestrado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná e doutorado em Teologia Moral pela Academia Afonsiana. Em 2018, representou a CNBB em uma audiência pública que debateu a descriminalização do aborto no Supremo Tribunal Federal (STF). No Regional Sul 3 da CNBB, articulou o Observatório Regional de Bioética.

O novo Secretário-geral também faz parte da Equipe de Animação Nacional do Sínodo 2021-2024 e presidiu, neste quadriênio, a Comissão Especial de Bioética, articulando especialistas em iniciativas de formação e de embasamento para posições da Conferência na defesa e promoção da vida humana.

Em sua primeira entrevista coletiva após ser eleito, Dom Ricardo explicou que sua nova missão será a de estar à frente para dinamizar, organizar e sistematizar todo o trabalho da conferência nacional, do Conselho Episcopal Pastoral e do Conselho Permanente.

“Estou à disposição da Presidência e de todos os bispos do Brasil para exercermos essa importante tarefa”, a rmou. Inspirando-se no seu lema episcopal, “Escolhe, pois, a vida” (Dt 30,19), Dom Ricardo rea rmou que a promoção e a devesa da vida, da concepção ao seu m natural, são prioridades da CNBB.

DEMAIS VOTAÇÕES

Além da eleição dos quatro membros da Presidência, a programação da última semana de Assembleia Geral prevê as votações dos 12 presidentes das comissões episcopais permanentes; dois representantes da CNBB no Celam, um titular e suplente; e dois bispos que participarão da Assembleia do Sínodo dos Bispos, em outubro, em Roma.

Até o fechamento desta edição, já haviam sido eleitos: Dom Leomar Antônio Brustolin, Arcebispo de Santa Maria (RS), como Presidente da Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética; e Dom Maurício da Silva Jardim, Bispo de Rondonópolis–Guiratinga (MT), para presidir a Comissão Episcopal para a Ação Missionária e a Cooperação Intereclesial.

DIRETRIZES DA EVANGELIZAÇÃO

A atualização das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) estava prevista para acontecer em 2023, quando se encerra o quadriênio vigente. Os bispos, no entanto, decidiram pela continuidade do processo de escuta e incorporação dos resultados do caminho sinodal proposto pelo Papa Francisco para a Igreja em todo o mundo.

8 | Reportagem | 26 de abril a 2 de maio de 2023 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
ESPECIAL
FERNANDO GERONAZZO
PARA O SÃO PAULO, EM APARECIDA (SP)
Fotos: Imprensa CNBB PRESIDENTE DOM JAIME SPENGLER 1º VICE-PRESIDENTE DOM JOÃO JUSTINO 2º VICE-PRESIDENTE DOM PAULO JACKSON SECRETÁRIO-GERAL DOM RICARDO HOEPERS Dom Odilo e bispos auxiliares da Arquidiocese participam da 60ª AG CNBB, na qual ocorre a eleição dos membros da Presidência

Na coletiva de imprensa da quinta-feira, 20, Dom Leomar Antônio Brustolin, Arcebispo de Santa Maria (RS), explicou que a proposta é que a atualização das DGAE seja publicada em 2025, tendo o princípio da fé como eixo principal.

“Estamos identi cando o que há de novo desde a publicação da anterior: o fascínio pelas novas tecnologias, que tanto aproximam quanto distanciam as pessoas; o drama crônico da pobreza e da desigualdade social; jovens não preocupados com o futuro; isso tudo são apelos para nós”, explicou Dom Leomar.

Outros desa os, segundo ele, são o de como transmitir a fé às novas gerações (crianças e jovens); como superar a questão do individualismo, sinal dos novos tempos; e como reacender o senso de pertença eclesial.

O Arcebispo revelou que o texto das novas diretrizes terá como palavras-chave as mesmas que carac-

terizam o processo do Sínodo dos Bispos – “comunhão, participação e missão”. A comunhão, segundo Dom Leomar, envolverá o processo de

como formar comunidades integradas na pluralidade de experiências; e como fazer de cada paróquia casa e lugar de irmãos.

Comunhão, fraternidade e oração

A programação da 60ª Assembleia Geral da CNBB é marcada por momentos de espiritualidade ao longo do dia. Pela manhã e à tarde, os bispos rezam juntos as orações do ofício divino no plenário e, no m da tarde, dirigem-se ao Santuário Nacional para a oração do Terço, com a participação dos éis romeiros, e a celebração da missa.

No sábado, 22, e no domingo, 23, os bispos participaram de retiro espiritual orientado por Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida (SP), que reetiu sobre o tema “O amor de Deus”. Na conclusão dos exercícios espirituais, os bispos saíram em procissão com a imagem de Nossa Senhora Aparecida até o Santuário Nacional, onde concelebraram a missa presidida pelo Núncio Apóstolico no Brasil, Dom Giambattista Diquattro.

Um balanço do quadriênio 2019-2023

Ao concluir o mandato, os membros da Presidência que deixam o cargo à frente da CNBB apresentaram um relatório do trabalho realizado no último quadriênio.

Eleitos em 2019, o Presidente, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte (MG); o 1o Vice-presidente, Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre (RS); o 2o Vice-presidente, Dom Mario Antônio da Silva, Arcebispo de Cuiabá (MT); e o Secretário-geral, Dom Joel Portella Amado, Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro, destacaram, em sete pontos, as principais atividades da Presidência neste período: a missão da CNBB; a CNBB no contexto da pandemia da COVID-19; as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019–2023); a Igreja

no Brasil no caminho sinodal; a contribuição da Conferência na formação integral; a Comunicação e diálogos estratégicos; e a Gestão Eclesial e Pastoral.

Dom Walmor de niu este tempo com a metáfora da Igreja como uma barca numa travessia, mesma gura de linguagem utilizada pelo Papa Francisco em 27 de março 2020 na Praça São Pedro. O Bispo classi cou os últimos quatro anos como os mais difíceis nos 70 anos da CNBB. Contudo, disse ter o coração agradecido e grande alegria pela experiência feita pela Conferência com a contribuição de muitas mãos e muitos corações e colaborações competentes, o que fez muitas iniciativas crescerem, mesmo em meio às di culdades da pandemia e da situação política.

O Arcebispo de Belo Horizonte lembrou a ação emergencial “É Tempo de Cuidar”, desenvolvida pela CNBB no período da pandemia, como importante expressão de solidariedade, que buscou responder à exigência do Evangelho de Jesus Cristo de cuidar dos pobres. E acrescentou: “A CNBB é uma expressão de comunhão dos bispos do Brasil marcadamente sinodal”.

Dom Jaime Spengler, eleito novo Presidente e que foi 1o Vice-presidente na gestão que se encerra, destacou o trabalho de apoio e construção das comissões da CNBB, dos bispos e assessores no último quadriênio. Ele insistiu que sem educação não há transformação da sociedade, fazendo ver a necessidade de reconstruir o tecido social. (FG)

Também não faltam momentos fraternos, como o sarau promovido por um grupo de bispos após os jantares.

AJUDA RECÍPROCA

“A Conferência dos Bispos é um organismo de comunhão, de partilha, de ajuda recíproca e, naturalmente, de ajuda às dioceses. Evidentemente, a CNBB não coordena a vida das dioceses, pois isso é encargo de cada bispo local. Mas a conferência episcopal é importante porque congrega o episcopado, cria laços de fraternidade, organiza trabalhos que bene ciam a todos. Além disso, em nome dos bispos, acompanham inúmeros trabalhos encarregados pela Santa Sé”, enfatizou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, que participa das assembleias gerais desde 2002 e foi Secretário-geral da Conferência de 2003 a 2007. (FG)

(CominformaçõesdaComunicaçãoda60ªAGCNBB)

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br | 26 de abril a 2 de maio de 2023 | Reportagem | 9
Imprensa CNBB

‘Suba ao céu a nossa oração para que aumentem as vocações’

NO 4º DOMINGO DA PÁSCOA, CATÓLICOS SE UNEM PARA REZAR ESPECIALMENTE PELOS VOCACIONADOS AO SACERDÓCIO

“Pedi ao Senhor da messe que envie operários para a sua messe” (Mt 9,38). Citando esta passagem bíblica, São Paulo VI iniciou a radiomensagem com a qual instituiu o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Era 11 de abril de 1964, o 4o Domingo da Páscoa.

“Suba ao céu a nossa oração, desde as famílias, das paróquias, das comunidades religiosas, das enfermarias, dos lábios de crianças inocentes, para que aumentem as vocações ao sacerdócio e para que sejam segundo os anseios do coração de Cristo”, exortou o Santo Padre, também pedindo ao Senhor que aquele chamado também chegasse às mulheres puras e generosas, infundindo nelas “o desejo de perfeição evangélica e dedicação ao serviço da Igreja e dos irmãos necessitados de assistência e caridade”.

A cada ano, desde então, o 4o Domingo da Páscoa, o Domingo do Bom Pastor, é também dedicado à oração pelas vocações na Igreja.

“Ter uma data de referência no calendário nos permite, mais do que rezar, experimentar a graça da unidade da Igreja. É a oração da comunidade. Além disso, a mensagem do Papa sempre nos conduz a re exões importantes da nossa caminhada e a um novo olhar sobre a temática vocacional, à luz da Palavra que é viva. Também devemos mencionar que o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, quando bem vivido em nossas comunidades, pode ser um despertar no coração dos jovens ao chamado de Deus”, explica, ao O SÃO PAULO, o Padre José Carlos dos Anjos, Promotor Vocacional da Arquidiocese de São Paulo.

CULTURA VOCACIONAL

O tema do 60o Dia Mundial de Oração pelas Vocações é o mesmo que anima o 3o Ano Vocacional do Brasil: “Vocação: graça e missão”. Ele é inspirado no Documento Final do Sínodo dos Bispos de 2018, no qual se aponta que “a vocação aparece realmente como um dom da graça e de aliança, como o mais belo e precioso segredo de nossa liberdade”.

O 3º Ano Vocacional tem a meta de promover a cultura vocacional nas comunidades eclesiais, nas famílias e na sociedade, também com o chamado para que os católicos intensi quem as orações pelas vocações.

Na Paróquia Cristo Rei, no Jardim

Britânia, na Região Brasilândia, rezar pelas vocações já é parte da rotina. Antes de cada missa, por exemplo, ocorre a Dezena do Terço pelas vocações. E a oração da comunidade tem sido ouvida pelo Senhor da messe. Atualmente, dois jovens paroquianos estão no Seminário da Arquidiocese de São Paulo e duas leigas são missionárias na Comunidade Aliança de Misericórdia.

“Procuro incentivar o povo a re etir sobre a importância da vocação na vida da Igreja. Além do Terço, há a adoração eucarística e missas voltadas às vocações. Em todas as missas, cada pastoral faz um momento de re exão sobre a vocação na Igreja com a reza do Terço vocacional”, detalha o Padre Orisvaldo da Silva Carvalho, Pároco.

Segundo o Padre José Carlos dos Anjos, é fundamental que as paróquias aproveitem os momentos vocacionais já existentes para rezar pelas vocações, como as adorações, as atividades do Mês Vocacional (em agosto), a oração com as crianças da Catequese e os Terços e dezenas antes das missas. “Momentos especí cos para as vocações também podem ser feitos, como adorações e ofícios vocacionais”, complementa.

O SACERDOTE COMO EXEMPLO

Da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Arapuá, Região Ipiranga, há dois vocacionados em seminários: um jovem no Propedêutico da Arquidiocese e um adolescente no Seminário Menor dos Arautos do Evangelho.

O processo de discernimento vocacional dos rapazes foi iniciado pelo Padre João Paulo Rizek, Pároco, que frequentemente dialoga com as crianças, adolescentes e jovens sobre o sacerdócio e testemunha sua alegria em ser padre.

“A vocação é uma escolha, e, como tal, implica certas renúncias. Por vezes, os jovens têm di culdade em entender sobre essas renúncias. Alguns pensam

que o padre ‘venha pronto do céu’, que não tenha dúvida alguma, nem angústias, mas não é assim. Explicar isso para o jovem é fundamental”, enfatiza.

Ele também considera ser indispensável que o padre volte a ser um personagem ativo da vida social: “Eu procuro estar de batina em todos os lugares em que vou no bairro. Assim, todos os meus paroquianos, mesmo os que não vão à missa, sabem quem é o padre da paróquia, recordam que ali existe um sacerdote e que faz parte de uma sociedade saudável ter a gura do líder religioso. E a consequência disso é que as crianças e os jovens começam a entender que há também uma possibilidade de escolha de vida de seguir o caminho do sacerdócio”.

Padre João Paulo Rizek explica, ainda, que na Paróquia Nossa Senhora Aparecida optou-se por ter apenas meninos como coroinhas, “pois é justamente neste serviço no altar que se abre para eles a perspectiva de querer trabalhar com o Sagrado por toda a vida”. Já as meninas participam como “anjinhas”, auxiliando em outros momentos, como no ofertório.

APOIO AOS VOCACIONADOS

Padre José Carlos dos Anjos lembra que quando alguém se abre ao discernimento vocacional, isso deve ser motivo de gratidão a Deus e de alegria para a comunidade e a família do vocacionado, que devem sustentar este jovem com suas orações. “O pároco também tem papel fundamental nesse processo, pois acaba sendo uma referência para esse jovem. Ele irá acompanhá-lo e inseri-lo de forma mais intensa na comunidade para, posteriormente, encaminhá-lo à Arquidiocese ou congregação religiosa”, comenta.

O Promotor Vocacional da Arquidiocese lamenta, porém, que, por vezes, alguns familiares desmotivem os jovens a seguir o discernimento vocacional – “Seja

pela superproteção dos pais, seja pela dependência afetiva”; ou o próprio clérigo não acolhe o vocacionado como deveria –“Não conversa, não está disponível”.

O Padre José Carlos dos Anjos recorda que o Centro Vocacional Arquidiocesano (CVA) tem encaminhado materiais vocacionais aos padres e que os bispos auxiliares da Arquidiocese falam recorrentemente sobre as vocações nas celebrações, especialmente quando conferem o sacramento da Crisma. “Eu também tenho celebrado missas vocacionais em todos os setores da Arquidiocese, nas quais rezamos pelas vocações. Também foi distribuída para todas as paróquias a Oração Vocacional e os padres são constantemente motivados a ter um olhar atento aos éis”, assegura, lembrando, ainda, que a Arquidiocese tem vivenciado o 3º Ano Vocacional do Brasil.

Padre João Paulo Rizek ressalta o papel indispensável da oração em prol das vocações: “Se a comunidade paroquial não rezar, não haverá padres. Além disso, a comunidade precisa entender que o padre sai das famílias. Às vezes, é muito bonito achar que o lho da vizinha vai ser padre, mas cada família tem que querer que o próprio lho seja padre. Se as próprias famílias estimularem seuslhos, ressaltando a importância do sacerdócio na vida cristã, isso já seria muito bom para estimular as vocações”.

REZE O TERÇO VOCACIONAL!

Veja o material que a Diocese de Foz do Iguaçu (PR) produziu para a reza do Terço Vocacional: https://curt.link/KaZ1sC

CONHEÇA O CENTRO VOCACIONAL ARQUIDIOCESANO (CVA)

Facebook: https://curt.link/1UAFH7

E-mail: cvasp@uol.com.br

Telefone: (11) 3237-2523

10 | Reportagem | 26 de abril a 2 de maio de 2023 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
Fotos: Luciney Martins/ O SÃO PAULO Vatican Media No Dia Mundial de Oração pelas Vocações, no 4º Domingo da Páscoa, a Igreja faz amplo chamado aos fiéis para que rezem pelos vocacionados

Pacem in terris

Núcleo Fé e Cultura

Nodia11deabril,celebramoso60ª aniversário da Encíclica Pacem in terris,de SãoJoãoXXIII.Infelizmente,esseverdadeiro bradoemdefesadapazaindacontinuatão necessárioeurgentequandoporocasião desuapublicação.Nãosepodedizerque omundonãoavançounoscaminhosda

paz,masnãosepodeignorarqueaestrada quetemospelafrenteémuitomaislongae dolorosadoquegostaríamos.Sendoassim, esteCadernoFéeCidadanianãopoderiater outrotemacentralquenãoodapaz. Nesta edição, os professores Luiz Antônio Pierre e Wagner Balera apresentam pontos importantes da encíclica, e a Profª. Marli Pirozelli N. Silva aborda alguns pontos sobre a concepção do Papa Francisco

em relação ao esforço pela paz. Por m, fazemos um pequeno relato de como se encontram a paz e a guerra no mundo atual. Na última página, em Opinião, dois de nossos colaboradores, o advogado Rodrigo Gastalho e o teólogo Eduardo Cruz, comentam as mudanças que ocorreram recentemente na legislação sobre planejamento familiar e esterilização voluntária no Brasil.

Uma encíclica para a paz

A encíclica, publicada no dia 11 de abril de 1963, Quinta-feira Santa, assim começa: “A paz na terra, anseio profundo de todos os homens de todos os tempos, não se pode estabelecer nem consolidar senão no pleno respeito da ordem instituída por Deus.”

Nada contrasta mais drasticamente e contraria tanto esta ordem universal do que a desordem existente entre pessoas e povos, em que as relações são reguladas pela força e não pela concórdia. É preciso imprimir o espírito de solidariedade, de aceitação, de perdão, na convivência humana, nas relações entre as pessoas, dos cidadãos com as respectivas autoridades públicas, nas relações entre os Estados, dos indivíduos com as comunidades políticas e destas com a comunidade mundial, na

A Pacem in Terris, de São João XXIII, propõe o que é o cerne da Doutrina Social da Igreja: respeito aos direitos humanos como condição para a paz de todos os povos, na verdade, justiça, caridade e liberdade. A encíclica trata do que pode ser o maior problema social: o relacionamento, e é a partir dessa visão que aborda os temas políticos.

busca do Bem comum universal.

Todos os cidadãos e grupos civis devem contribuir para esse bem, procurando ajustar os próprios interesses às necessidades dos outros, deixando a ganância e a corrupção, empregando bens e serviços públicos em prol dos mais necessitados, dentro das normas da justiça social. Os atos de autoridade civil não devem ser apenas formalmente corretos, mas também possuir o conteúdo correto que represente, de fato, o Bem comum.

A primeira parte da encíclicafaz uma re exão sobre os direitos e deveres da pessoa humana e dos direitos fundamentais do homem – já levantados por Pio XII em 1942, consagrados pela declaração dos Direitos Humanos das Nações Unidas em 1948 e pelas Constituições federais dos países democráticos em todo o planeta.

A segunda parte estuda as relações entre os indivíduos com e o poder público, alertando sobre a necessidade

dos poderes se adaptarem “à natureza e à complexidade dos problemas” e aos “sinais dos tempos”.

A relação entre as comunidades políticas é o tema da terceira parte, com a a rmação da existência de direitos e deveres internacionais, propondo a verdade, a justiça, a solidariedade e a liberdade para a solução dos con itos, sempre recorrendo ao diálogo e às negociações, nunca às armas. O relacionamento, a iniciar-se entre as pessoas, é o caminho da paz.

O Papa Francisco, citando o Santo Papa Paulo VI, lembra que ainda hoje o caminho da paz é o desenvolvimento integral e que “o diálogo entre gerações, educação e trabalho são instrumentos para construir uma paz duradoura.”

Edição 04 26 de abril de 2023 Use o QRCode para acessar o Caderno Cultural na Internet, com mais artigos e links citados.
* Membro do Movimento dos Focolares. Professor, advogado e sociólogo.
Luiz Antonio Araujo Pierre* Arte: Sergio Ricciuto Conte

Os vetores da Pacem in terris

Wagner Balera

Este momento, de tantas incertezas, é uma oportunidade para re etir sobre a Pacem in Terris, de São João XXIII. Diante da persistente falta de paz, esse Documento, dentre os sociais o mais agudo, permanece sempre atual, pois a paz está no âmago da proposta do Redentor: “Eu vos deixo a paz, Eu vos dou a minha paz...” (cf. Jo 14, 27). A cada ano, a Pacem in terris é relembrada como se fosse quase que uma memória litúrgica. Desde 1968, por iniciativa de São Paulo VI, se celebra, em todo 1º de janeiro, o Dia Mundial da Paz, para o qual o Pontí ce reinante lança uma Mensagem.

A Pacem in terris (PT), para a construir a paz, propõe restaurar as relações de convivência entre os homens, a partir dos vetores da verdade, da justiça, do amor e da liberdade (PT 35-36, 162).

A mentira se mostra presente na raiz de todas as guerras. Assim como o relacionamento interpessoal, também o relacionamento entre as comunidades políticas deve se basear na verdade.

Basear as relações na justiça é dever essencial dos Estados. Para tanto, devem receber dos outros garantias de existência (!) e perspectivas de desenvolvimento. A justiça exige, ademais, que sejam respeitadas as minorias, inclusive mediante o apoio às tradições, cultura, língua e modo de operar econômico. Atenção, porém, a exageros que comprometam a convivência, quando as minorias se fecham em si mesmas. A encíclica refuta todo e qualquer racismo, o que deve ser estendido para toda e qualquer discriminação. É também por justiça que devem ser acolhidos os refugiados, pessoas revestidas de dignidade, que, como tal, devem ser recepcionadas como parte integrante da comunidade que os acolhe.

A verdade e a justiça criam a solidariedade dinâmica, apta a conjugar esforços para a conquista do bem comum universal, que propicia o salutar intercâmbio entre todas as nações. Onde houver divergências estas deverão ser superadas por uma solidariedade dinâmica, a demandar o apelo, que São João XXIII fazia, por uma e ciente autoridade mundial.

A resultante das guerras, além do morticínio em si mesmo atroz, é o ódio que se instaura na sociedade. Por exigência da justiça, deve-se buscar o desarmamento e a extinção das armas atômicas; mas só há um antidoto e caz para o ódio: o amor. “Deus é amor” (1Jo 4, 8). São João XXIII considera que esse amor pode operar a animação e a consumação da ordem social.

Por m, mas de não menor importância, cumpre considerar a liberdade como vetor capaz de proteger as nações da indevida e imprópria pressão de outras que a elas se sobreponham pelo poderio econômico, inclusive com a repugnante interferência em seus negócios. Razão su ciente para que seja conservada a liberdade dos povos é, naturalmente, a sua qualidade de sujeitos do próprio desenvolvimento e seus principais responsáveis. Eis o verdadeiro caminho da paz a que nos conduz o Santo autor da Pacem in terris

A guerra num mundo que procura a paz

Núcleo Fé e Cultura

Cerca de sessenta anos depois da publicação da Pacem in terris, em 2022, o número de con itos bélicos no mundo foi o maior desde a Segunda Guerra Mundial. Na maioria, são con itos internos aos países, envolvendo diferenças étnicas e religiosas, quase sempre associadas ao desrespeito pelos direitos das minorias e/ou à pobreza e à disputa por recursos materiais escassos. Em 2008, 29 países vivenciavam esses con itos. Em 2022, eram 38. A Organização das Nações Unidas estima que, atualmente, dois bilhões de pessoas, ou um quarto da população mundial, vivem em áreas afetadas por con itos. O número de deslocados forçados em todo o mundo aumentou de 31 milhões em 2008 para mais de 88 milhões em 2022. Estima-se que cerca de 274 milhões de pessoas precisam ou virão a precisar em breve de assistência humanitária devido a con itos. Existem 17 países nos quais pelo menos 5% da população está refugiada ou deslocada. O Sudão do Sul tem mais de 35% de sua população deslocada, enquanto a Somália e a República Centro-Africana têm mais de 20%.

Estima-se que, em 2021, no mundo todo, o custo da violência (inclui guerras e ameaças à segurança individual) foi de US$ 16,5 trilhões, ou 10,9% do PIB global, cerca de US$ 2.117 por pessoa. Esse cálculo incluindo tanto as perdas e os gastos com con itos bélicos, armamentos e despesas militares (cerca de 76% do total) quanto com a violência interpessoal (assaltos, homicídios etc.) e sua contenção (prisões, segurança privada etc.). Os gastos com segurança e despesas militares totalizaram cerca de US$ 12 trilhões, ou seja, US$ 1.540 por pessoa.

A gritante desigualdade. Para os dez países mais afetados pela violência e pela guerra, o impacto econômico médio da violência foi equivalente a 34% do PIB, ante 3,6% nos países menos afetados. Desde 2008, os 25 países menos pací cos pioraram de situação, enquanto os 25 países mais pací cos melhoraram.

A maioria dos con itos acontece na Ásia e na África. Nesses dois continentes, são cerca de uma centena de con itos armados ocorrendo atualmente, a grande maioria interno aos países, apesar de frequentemente sofrerem com intervenções de potânciais estrangeiras. No conjunto, essas regiões correspondem também às áreas onde existem mais perseguições e a liberdade religiosa está mais ameaçada no mundo. Alguns con itos são bem noticiados, como os da Síria, um dos países mais afetados no mundo, mas outros passam quase despercebidos, como o de Mianmar e o da Etiópia

Os principais con itos armados da América Latina ocorrem no México e na Colômbia. Um dado signi cativo, em nosso continente, é a estreita associação entre tais con itos, grupos criminosos organizados e cartéis do narcotrá co. Alguns analistas colocam também o Brasil no mapa dos conitos internacionais, por causa dos embates entre

AMOR À PÁTRIA, NACIONALISMOS E AUTORIDADE INTERNACIONAL

O Catecismo da Igreja Católica considera que “o amor e o serviço da pátria derivam do dever da gratidão e da ordem da caridade” (CIC 2239). Contudo, esse justo patriotismo não deve ser confundido com ideologias nacionalistas, que pregam a inimizade entre os povos e a superioridade de uns sobre outros (cf. Fratelli tutti, FT 11, 86, 141). Como adverte o Catecismo, “as nações mais abastadas devem acolher, tanto quanto possível, o estrangeiro em busca da segurança e dos recursos vitais que não consegue encontrar no seu país de origem” (CIC 2241).

As ideologias nacionalistas e antiglobalistas frequentemente questionam também a existência de organismos internacionais, voltados à cooperação, ao desenvolvimento e à promoção humana, à construção da paz. A Igreja Católica sempre teve um respiro universal e, nessa perspectiva, vem apoiando e defendendo a existência tanto desses organismos quanto de uma autoridade internacional capaz de fomentar a paz entre as nações. Declarações nesse sentido foram feitas por São João XXIII (Pacem in terris, PT 136); São Paulo VI (Populorum progressio, PP 78), São João Paulo II (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, CDSI 440), Bento XVI (Caritas in veritate, CV 67) e Francisco (Fratelli tutti, FT 172).

Sendo criações humanas, essas organizações internacionais estarão sempre sujeitas a erros e correções. Contudo, o esforço deve ser feito no sentido de melhorá-las e não de negá-las (CDSI 440). Bento XVI explicita que tal autoridade internacional “deverá regular-se pelo direito, ater-se coerentemente aos princípios de subsidiariedade e solidariedade, estar orientada para a consecução do Bem comum, comprometer-se na realização de um autêntico desenvolvimento humano integral inspirado nos valores da caridade na verdade. Além disso, uma tal autoridade deverá ser reconhecida por todos, gozar de poder efetivo para garantir a cada um a segurança, a observância da justiça, o respeito dos direitos. Obviamente, deve gozar da faculdade de fazer com que as partes respeitem as próprias decisões, bem como as medidas coordenadas e adotadas nos diversos fóruns internacionais” (CV 67).

2 | Fé e Cidadania | 26 de abril de 2023 | www.arquisp.org.br www.osaopaulo.org.br/fe-cultura
* Coordenador do Núcleo de Estudos de Doutrina Social, Faculdade de Direito da PUC-SP

organizações criminosas, tanto nas disputas por espaço quanto nas chacinas cometidas em prisões.

A Europa e a América do Norte são os continentes mais pací cos da atualidade. Mesmo assim, o maior con ito armado internacional de hoje é europeu: a guerra entre Rússia e Ucrânia. É, de longe, aquele que mais vem afetando as economias do mundo, em função do bloqueio econômico à Rússia e da carência de produtos exportados pelos dois países.

O desenvolvimento e a paz. Esse quadro internacional mostra a íntima relação entre paz e desenvolvimento humano integral, tema de uma encíclica que sucedeu à Pacem in terris, a Populorum progressio (PP, de 1967), de São Paulo VI. Não se trata apenas de uma questão econômica, de combate à pobreza material. Esse combate, sem dúvida, é um dos pilares da construção da paz, pois populações em situações de carência serão muito mais facilmente arrastadas para con itos justi cados por questões étnicas ou religiosas, mas que, na verdade, são disputas cruéis por recursos escassos. Contudo, a questão socioeconômica, por si só, é insu ciente para a realização da paz. O desenvolvimento humano deve incluir uma cultura do encontro e do diálogo entre diferentes, uma participação política justa e democrática – deve atender,

EXISTE GUERRA JUSTA?

todas as pessoas, na totalidade de suas dimensões (PP 14), para que o desenvolvimento possa ser realmente o nome da paz (cf. PP 76ss).

Stephen M. Walt, professor de relações internacionais na Universidade de Harvard, observou que existe uma relação recíproca entre paz e desenvolvimento. É verdade que países pobres têm maior probabilidade de enfrentar con itos, mas também é verdade que a paz cria condições adequadas para o desenvolvimento das nações. Por outro lado, lembra Walt, é cada vez mais incerto que um país agressor tenha ganhos signi cativos com uma guerra. Mesmo grandes potências militares, como Rússia e Estados Unidos, tendem a se ver em lodaçais intermináveis, com perdas de vidas, gastos elevados, descrédito político e criação de novos con itos. Tem sido assim no Vietnã, no Oriente Médio e agora na Ucrânia.

O mundo contemporâneo, com sua rapidez de comunicação e de relacionamentos políticos e econômicos entre as nações, a atuação dos organismos internacionais, o custo e o risco crescente da corrida armamentista, a facilidade crescente de organização de grupos insurgentes e de novas estratégias de combate, tem mais recursos e mais consciência da necessidade de construir a paz. Contudo, isso não torna o apelo da Pacem in terris menos atual ou menos urgente.

A invasão da Ucrânia pela Rússia trouxe de volta os questionamentos sobre o que seria uma “guerra justa”, tal como exposta no Catecismo da Igreja Católica (CIC 2309). Nenhuma agressão militar a outra nação é moralmente lícita ( Compêndio da Doutrina Social da Igreja , CDSI 500). A diplomacia do Vaticano muitas vezes evita a condenação explícita ao Estado agressor, mas isso se deve à esperança de uma mediação buscando paz, não uma conivência com a agressão.

A guerra só pode ser tolerada como recurso extremo de autodefesa e desde que: (1) o dano in igido pelo agressor à nação ou à comunidade das nações ser durável, grave e certo; (2) todos os outros meios de pôr m se tenham revelado impraticáveis ou ine cazes; (3) estejam reunidas as condições sérias de êxito; (4) o emprego das armas não acarrete males e desordens mais graves que o mal a eliminar. São critérios ideais, porém de aplicação difícil na prática.

A rendição da Ucrânia teria minimizado os horrores da guerra ou aberto espaço para outros horrores advindos da dominação estrangeira e de uma sanha imperialista que se voltaria contra outras nações? No século XX, a doutrina dos “blocos de poder” supunha que, para a manutenção da paz, os países permitiriam que as potências militares dominassem seus vizinhos mais fracos, sem a intervenção dos demais países. Essa doutrina permitiu que vários países da Europa Oriental permanecessem sob a dominação da extinta União Soviética por décadas.

O posicionamento majoritário no mundo, de apoio à Ucrânia atacada, mostra que a doutrina dos “blocos de poder” vem sendo refutada pela comunidade internacional, em nome de um compromisso maior para com a segurança de todos os países (ainda que muitos, por razões até diferentes, pre ram considerar que as vítimas são culpadas e os poderosos devam ser justi cados). A e ciência das medidas tomadas, no caso especí co dessa guerra, pode e deve ser questionada; bem como a falta de empenho semelhante em outros con itos que ocorrem entre países pobres. De qualquer forma, permanece o preceito de evitar o máximo possível a guerra.

A paz do Papa Francisco

Recentemente, o Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giambattista Diquattro, fez uma apresentação sobre os esforços do Papa Francisco em prol da paz mundial, no evento on-line “A profecia pela paz”, promovido pelo movimento Comunhão e Libertação. Apresentamos a seguir alguns pontos de suas ponderações.

O Papa Francisco intervém no debate político internacional com a autoridade de quem anuncia Cristo, fonte de esperança em meio a um mundo em crise. Sua perspectiva não é geopolítica, mas de proteção aos que sofrem, às vítimas de guerras onde quer que estejam. Não defende um vago paci smo, a neutralidade ou um equilíbrio precário. Ele acredita que os con itos são inevitáveis, estão presentes ao longo da história como fonte de crescimento. Não tem medo de enfrentá-los, procurando colaborar para superá-los, numa prática acompanhada pela oração (uma diplomacia de joelhos).

Para o Papa, a paz está sempre numa tensão para estabelecer a justiça e a misericórdia, empregando todos os esforços para remover as causas estruturais da pobreza, pois, sem o desenvolvimento integral de todos, estaremos sujeitos a novas crises e novas formas de violência. A política, como serviço à sociedade, desempenha um papel central neste processo, tecendo relações para implementar ações efetivas de promoção dos mais frágeis e resolução dos con itos. Como a rma o Papa: “a guerra é o fracasso da política” (Fratelli tutti, FT 261) porque “se alimenta com o veneno que considera o outro como inimigo (Discurso aos jovens do projeto Policoro, 20/03/23).

Em sua visão, o mundo não está dividido entre aqueles que personi cam o mal e os que representam o bem, ao qual devemos nos alinhar. O Reino de Deus não é deste mundo. É preciso e possível dialogar com todas as pessoas. Em sua própria denição, o Papa Francisco pratica a “diplomacia da misericórdia”, isto é, acredita que sempre é possível abrir-se uma brecha de luz em qualquer circunstância e diante de qualquer pessoa. Com sua con ança inabalável em Deus, o Papa nos ajuda a aceitar os pequenos passos, provações, negociações e os longos tempos.

Ele nos lembra que as raízes da violência, assim como as sementes da paz, se escondem no coração do homem; por isto faz um apelo a cada um para ser artí ce da paz, gerando ambientes de acolhimento, diálogo e justiça na família, no trabalho, nas relações econômicas, políticas e internacionais.

www.arquisp.org.br www.osaopaulo.org.br/fe-cultura | 26 de abril de 2023 | Fé e Cidadania | 3
* Professora universitária de Doutrina Social da Igreja, com especialização em Doutrina Social (PUC-Goiás), graduação em História e mestrado
For Future/Pixabay
Peacemedia

Opinião

Conforme veiculado recentemente na mídia, “agora não é mais necessário autorização do cônjuge para realizar um procedimento de esterilização voluntária”, pois, em março de 2023, no Brasil, entrou em vigor a Lei nº 14.443, que altera as regras para a realização de laqueadura e vasectomia, procedimentos de esterilização voluntária para indivíduos que não desejam mais ter lhos.

A idade mínima também mudou: antes, era preciso ter dois lhos vivos e pelos menos 25 anos de idade para estar apto à cirurgia. Agora, a partir de 21 anos já se pode realizar o procedimento, ainda que sem lhos. Os requerentes alegaram que as exigências “vulneravam o princípio da dignidade da pessoa humana, a liberdade individual e o direito à autonomia privada”.

Quanto à exigência de consentimento do cônjuge como requisito obrigatório para a esterilização voluntária, os mesmos requerentes afirmaram que a decisão é personalíssima, não podendo sujeitar-se à anuência de terceiros, sob pena de violação à dignidade da pessoa humana e, no entender dos autores, indevida interferência estatal no planejamento familiar. Dois colaboradores frequentes do jornal O SÃO PAULO, o advogado Rodrigo Gastalho e o teólogo Eduardo Cruz, comentam essas mudanças na legislação, enfatizando seus aspectos jurídicos e culturais – particularmente no que diz respeito à concepção da família como um projeto de vida compartilhado.

O planejamento familiar e a esterilização perante a lei

Rodrigo Gastalho

Moreira*

Tanto a Constituição brasileira (Artigo 226, §7º) quanto a Lei nº 9.263, conhecida como Lei do Planejamento Familiar, de 1996, consideram que o planejamento familiar, compreendido como livre decisão do casal a respeito da maternidade e da paternidade, é um direito, não podendo ser utilizado para ns de controle demográ co ou ser alvo de qualquer forma de coerção.

A Lei nº 9.263 estabeleceu dois casos nos quais a esterilização voluntária é possível. No primeiro caso, por vontade livre de indivíduos civilmente capazes, com ao menos 25 anos de idade e dois lhos vivos. Nessa situação, era preciso que houvesse a decorrência de 60 dias (reduzido agora para 30 dias) entre a manifestação

da vontade e a efetivação da cirurgia, para evitar o arrependimento vislumbrado em mulheres brasileiras submetidas à laqueadura imediata. Sob esse aspecto, mostra-se imperioso garantir sempre que haja prudência a respeito da laqueadura, seus riscos, seus efeitos colaterais, a possibilidade de uso de outros métodos menos invasivos e tão e cazes quanto; no segundo caso, se houvesse risco à saúde ou à vida da mulher ou do futuro embrião, mediante laudo assinado por dois médicos.

Um ponto bastante questionado na Lei referia-se à necessidade de autorização do cônjuge para realização do procedimento, independentemente do sexo. Contudo, o dispositivo foi pensado no intuito de evitar que o casal caísse

Família, o que é isso mesmo?

Segundo a nova legislação em vigor, mulheres agora podem fazer laqueadura e homens vasectomia sem precisar de consentimento de seus parceiros. Bem, sem entrar no mérito da moralidade desses procedimentos cirúrgicos, dois aspectos chamam a atenção. Primeiro, a ironia de se adotar essas medidas justamente quando há uma pressão para não se ter lhos hoje. Segundo, nota-se que mais um passo é dado em se acentuar o individualismo moderno e, consequentemente, em se dissolver a família. De fato, até poucas décadas atrás, “dissolver a família” signi cava que um homem e uma mulher dissolviam os laços do Matrimônio, sob consternação geral, todos ainda

conservando a ideia geral do núcleo familiar e de seu signi cado para a sociedade.

Aceitava-se o preceito do Gênesis de que “por isso deixa seu pai e sua mãe, se une à sua mulher, e eles se tornam uma só carne” (2, 24). Como Jesus enfatizou, esse preceito vem antes de qualquer lei positiva (Mc 10,6-8), pois deriva do estado de coisas na natureza: a reprodução sexuada em todos os organismos superiores. É algo tão natural que o Matrimônio foi o último dos sacramentos a ser considerado como tal, por volta do ano 1200.

Agora, porém, o natural gradualmente deixa de sê-lo, e o que era alternativo, excepcional (arranjos familiares alternativos, que

em um “individualismo egoísta do cada um por si”. Jurista e especialista em Direito Penal Brasileiro, José Henrique Pierangeli sustentava ser imprescindível o consentimento de ambos os cônjuges para a realização da cirurgia, sob o argumento de que a capacidade procriativa não constitui bem estritamente individual, mas, sim, bem comum do casal.

Uma sociedade madura e consciente assume a questão do Planejamento Natural da Família como um projeto global de amor, de vida, de saúde e de justiça. De fato, o princípio da liberdade refere-se ao livre poder de formar comunhão de vida, a livre decisão do casal no planejamento familiar, a livre escolha do regime matrimonial de bens, bem como

a livre opção pelo modelo de formação educacional, cultural e religiosa da prole.

A nova lei em vigor representa um grave retrocesso ao princípio da igualdade de direitos entre o homem e a mulher dentro da relação. Deve existir, sim, necessidade de autorização do cônjuge para realização do procedimento de esterilização, independentemente do sexo, porque o planejamento familiar é livre decisão do casal. Ou seja, ter ou não lhos deve ser uma escolha do casal, em consenso, e não determinada pela vontade arbitrária de um dos parceiros.

sempre existiram), passa a ser valorizado de modo igual ao tradicional arranjo homem-mulher. O foco é no gosto individual: “o que importa é ser feliz”. A sociedade, a moral (e, por tabela, a legislação) não mais podem interferir nas escolhas de dois indivíduos adultos. Dois? Até isso está em xeque. Voltando ao ponto inicial, a reprodução deixa de ser a decisão de dois para estar centrada no indivíduo. Concepção sem o pai já é tecnologicamente possível; o próximo passo é o útero arti cial – não haverá mais homem nem mulher, mas a pessoa de carreira, dentro do mundo capitalista contemporâneo.

Não desejo aqui assumir uma postura de saudosista ranzinza, que

se limita a criticar os que fogem à “moral e os bons costumes”, muito menos ceder ao oportunismo político daqueles que dizem defender a família. Há muito o que se lamentar de tempos passados, como a permissividade da sociedade em face de violências sofridas pelas mulheres. A atitude aqui não pode ser outra senão a do testemunho positivo. Em meio à desorientação geral, a presença de famílias cristãs, que constroem suas casas sobre a rocha e criam seus lhos para serem testemunhas da Boa Nova proclamada por Jesus, é mais necessária do que nunca.

4 | Fé e Cidadania | 26 de abril de 2023 | www.arquisp.org.br www.osaopaulo.org.br/fe-cultura
da Religião da PUC-SP, tendo graus avançados em Física e Teologia; publicou extensamente e fé cristã.
* Advogado, com pós-graduação em Gestão Empresarial pela Universidade Candido Mendes e pós-graduação em Teologia Aplicada pela Universidade de Oxford, Reino Unido.

Mundo Costa do Mar m

Encontro missionário

FILHO osaopaulo@uol.com.br

Realizado a cada dois anos, “Missão da África” foi o tema do aprofundamento do encontro continental das Sociedades Missionárias de Vida Apostólica, concluído na sexta-feira, 21, no Centro Paul Pellet, localizado no campus do Instituto Missionário Católico, em Abidjan, capital da Costa do Mar m.

Superiores e vigários-gerais de oito institutos missionários sediados na Europa e na África se reuniram para um encontro de quatro dias para abordar as oportunidades e os desa os do grande orescimento de vocações missionárias da África, que nas últimas décadas contribuiu com valiosa energia e experiência para a Igreja e, em particular, aos vários institutos.

“Existem cerca de 1,3 mil missioná-

Iraque

rios de origem africana e mais de mil seminaristas pertencentes a seis dessas sociedades missionárias. Eles vêm de cerca de 25 países, incluindo Nigéria, Congo, Costa do Mar m, Quênia, Camarões, Burkina Faso e muitos outros.

A maioria deles trabalha em territórios africanos fora de seu país de origem”, explicou o Padre Antonio Porcellato, Superior-geral da Sociedade das Missões Africanas.

Fonte:AgênciaFides

115 crianças recebem a primeira Comunhão em cidade atacada pelo Estado Islâmico

Dom Benedict Younan Hanno, Arcebispo de Mosul, no Iraque, presidiu recentemente uma missa na qual 115 crianças receberam a primeira Comunhão. A celebração eucarística ocorreu na Igreja de São João Batista, em Baghdida, localizada na cidade iraquiana de Qaraqosh, que anteriormente era controlada pelo Estado Islâmico.

No ano passado, outras 172 crianças haviam recebido a primeira Eucaristia em outra região fortemente atacada por militantes da facção terrorista, que tinha por objetivo exterminar os cristãos.

Entre 2014 e 2016, a cidade de Qaraqosh foi ocupada pelo Estado Islâmico, sendo quase completamente destruída durante o período. Em 2017, após a derrota da organização terrorista, metade da população que havia fugido voltou à cidade, que contou com a ajuda de diversas ONGs na sua reconstrução.

Em 2021, durante sua viagem apostólica ao país, o Papa Francisco visitou a Igreja da Imaculada Conceição, em Qaraqosh. Na ocasião, o Pontí ce se dirigiu aos éis dizendo que “a última palavra pertence a Deus e a seu Filho, o

vencedor do pecado e da morte. Mesmo em meio à devastação do terrorismo e da guerra, podemos ver, com os olhos da fé, o triunfo da vida sobre a morte”. (JFF)

Segundo um relatório divulgado pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da Organização das Nações Unidas (ONU) na segunda-feira, 24, estima-se que até o m do mês a população da Índia, de 1,42 bilhão, ultrapasse a da China, em quase 3 milhões de habitantes a mais. Juntos, os dois países asiáticos detêm mais de um terço da população global, estimada em 8,045 bilhões.

Os dados demonstram que os Estados Unidos estão em um distante terceiro lugar, com uma população estimada em 340 milhões. Em seguida aparece a Indonésia, em quarto lugar, com 278 milhões; o Paquistão, em quinto, com 241 milhões; a Nigéria, em sexto, com 224 milhões; e o Brasil, em sétimo, com 216 milhões de habitantes.

Em termos continentais, a Ásia abriga 58,9% da população mundial. A África, 18,2%, seguida da Europa, com 9,2%; América do Norte, com 7,5%; e América do Sul, com 5,5%.

No ano passado, a população da China caiu pela primeira vez em seis décadas, uma virada histórica que deve marcar o início de um longo período de declínio no número de cidadãos, com profundas implicações para a sua economia e para o mundo.

O crescimento populacional anual da Índia tem uma média de 1,2% desde 2011, em comparação com 1,7% nos 10 anos anteriores, de acordo com dados do governo.

A expectativa de vida global aumentou de 64,2 anos em 1990 para 72,8 anos em 2019. No entanto, durante a pandemia de COVID-19, essa expectativa baixou para 71 anos e, agora, a previsão é de que chegue a 77,2 anos em 2050. (JFF)

Fontes:ThinkGeography,ONUeAgênciaBrasil

Cardeal Scherer fala dos trabalhos realizados pela atual presidência do Celam

REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

Durante a 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em Aparecida (SP), o Cardeal Odilo Pedro Scherer apresentou um informe da gestão da atual presidência do Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (Celam). O Arcebispo de São Paulo representou a CNBB no Celam no último quadriênio e é o atual 1o Vice-presidente desse Conselho.

O Arcebispo lembrou que a atual presidência do organismo, eleita em maio de 2019 e cujo mandato se encerrará na assembleia que acontecerá em Porto Rico, de 15 a 20 de maio, recebeu o encargo para “reformular o Celam e para construir sua nova sede”.

Dom Odilo comentou que a reconfiguração do Celam fez com que este deixasse de ser como que uma superconferência episcopal continental, com departamentos pastorais que executavam uma série de grandes iniciativas nem sempre coordenadas, para se tornar “um organismo mais leve, mais ágil e que estivesse a serviço das conferências episcopais, sem substituí-las”.

Na nova estrutura, o Celam está dividido em quatro centros pastorais: Centro de Gestão do Conhecimento; Centro de Formação (Cebitepal); Centro de Programas e Redes de Ação Pastoral; e o Centro para a Comunicação.

O Cardeal Scherer destacou que esses centros funcionam como espaços de articulação e intercâmbio,

promovendo iniciativas úteis para o acompanhamento da Igreja nos vários países e para servir às conferências episcopais.

Além disso, o Celam está dividido em quatro regiões: Camex (que compreende o México e a América Central), Caribe, Países bolivarianos e Cone Sul, da qual o Brasil faz parte.

Dom Odilo também recordou a construção da nova sede do Celam, em Bogotá, na Colômbia, já em pleno funcionamento.

Um momento marcante do último quadriênio foi a 1ª Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, ocorrida em novembro de 2021, em plena pandemia, sendo “realizada com um método sinodal de grande valor, com mais de mil participan -

tes”, enfatizou o Cardeal Scherer. Sua reflexão foi recolhida no documento “Uma Igreja em saída para as Periferias: 1ª Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe”.

Dom Odilo lembrou o envolvimento do Celam na preparação do Sínodo 2021-2024, tendo organizado a Etapa Continental em quatro assembleias regionais, junto com outra da região amazônica, coordenada pela Conferência Eclesial da Amazônia.

O Cardeal também informou aos bispos brasileiros que, desde 2022, a Santa Sé passou a gestão dos fundos da Fundação Populorum Progressio ao Celam, para apoiar projetos voltados ao desenvolvimento humano integral dos povos indígenas e afrodescendentes. (Com

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br | 26 de abril a 2 de maio de 2023 | Pelo Mundo/Geral | 11
60a AG CNBB)
informações de Comunicação
Índia supera a China e se torna o país mais populoso do globo
aborda as oportunidades e desafios do expressivo florescimento de vocações no continente africano
Fonte: Gaudium Press @qashakaram

Papa renova a nomeação do Cardeal Scherer como membro do Dicastério para a Evangelização

O Papa Francisco nomeou na terça-feira, 25, os membros do Dicastério para a Evangelização, na Seção para questões fundamentais da evangelização no mundo. Entre os quais, foi con rmado para mais um quinquênio o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo.

Além de Dom Odilo, outros dois brasileiros foram nomeados: Irmã Maria Eliane Azevedo da Silva, Superiora-geral das Missionárias do Sagrado Coração de Jesus, e Moysés Louro de Azevedo Filho, fundador e moderador da Comunidade Católica Shalom.

DICASTÉRIO

Com a promulgação da constituição apostólica Praedicate Evangelium, que implementou a reforma na Cúria Romana, em março de 2022, o Pontí ce uni cou a Congregação para a Evangelização dos Povos e o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, formando o Dicastério para a Evangelização.

O Cardeal Scherer já era membro do antigo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. Na Santa Sé, ele também é membro do Dicastério para o Clero, do Dicastério para a Cultura e a Educação e do Conselho para a Economia.

Como membros desse Dicastério, os nomeados são convocados para as assembleias ordinárias e, quando necessário, para os eventos extraordinários.

Esse organismo, presidido diretamente pelo próprio Papa, é constituído de duas Seções: uma, para as questões fundamentais da evangelização no mundo e, a outra, para a Primeira evangelização e as novas Igrejas particulares nos territórios de sua competência. Cada uma das duas seções é regida em nome dele e por sua autoridade por um Pró-Prefeito.

“O Dicastério está a serviço da obra de evangelização, para que Cristo, Luz dos povos, seja conhecido e testemunhado em palavras e obras, e se edi que o seu Corpo místico, que é a Igreja. O Dicastério é compe-

tente para as questões fundamentais da evangelização no mundo e para a instituição, acompanhamento e apoio das novas Igrejas particulares, sem prejuízo da competência do Dicastério para as Igrejas Orientais”, diz a constituição apostólica.

EVANGELIZAÇÃO NO MUNDO

A Seção para questões fundamentais da evangelização no mundo tem como Pró-prefeito Dom Salvatore Fisichella, mais conhecido como Rino Fisichella. É missão da seção “estudar, em colaboração com as Igrejas particulares, as conferências episcopais e as estruturas hierárquicas orientais, os Institutos de vida consagrada e as sociedades de vida apostólica, as questões fundamentais da evangelização e do desenvolvimento de um anúncio e caz do Evangelho, individuando as suas formas, instrumentos e linguagem adequados”. A seção recolhe as experiências mais signi cativas no campo da evangelização, colocando-as à disposição da Igreja inteira.

Por meio de estudos e intercâmbios de experiências, a Seção apoia as Igrejas particulares no processo de inculturação do Evangelho nas diversas culturas e etnias, prestando particular atenção à piedade popular. “Compete à Seção a ereção de santuários internacionais e a aprovação dos respetivos estatutos, de acordo com as disposições canônicas, e compete-lhe cuidar, em colaboração com os bispos diocesanos/eparquiais, as conferências episcopais e as estruturas hierárquicas orientais, da promoção de

uma pastoral orgânica dos Santuários como centros propulsores da evangelização permanente”, diz o documento.

CATEQUESE

É competência dessa Seção do Dicastério para a Evangelização o âmbito da catequese, cuidando para que “o ensino da Catequese seja ministrado de maneira conveniente, e a formação catequética seja dada segundo as indicações expressas pelo Magistério da Igreja”. Compete-lhe igualmente conceder a necessária con rmação da Sé Apostólica para os catecismos e os outros escritos relativos à instrução catequética, com o consentimento do Dicastério para a Doutrina da Fé.

No contexto da evangelização, a Seção a rma e promove a liberdade religiosa em todas as esferas sociais e políticas nas situações reais do mundo, enfatiza a constituição apostólica. Para isso, serve-se também da colaboração da Secretaria de Estado.

Também foram nomeados para o Dicastério os Cardeais José Tolentino de Mendonça, Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação; Kevin Joseph Farrell, Prefeito do Dicastério para Leigos, Família e Vida; Lazzaro You Heung-sik, Prefeito do Dicastério para o Clero. Além deles, Dom Claudio Gugerotti, Prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais, e Paolo Ru ni, Prefeito do Dicastério para a Comunicação, integram a lista, que pode ser vista na íntegra em: https://tinyurl.com/226e7unx

Na mesma ocasião, o Santo Padre no-

meou consultores para o mesmo Dicastério, além do Subsecretário para a Seção para a primeira evangelização e as novas Igrejas particulares, Monsenhor Samuele Sangalli, até agora, O cial do Dicastério para os Bispos.

PROPAGANDA FIDE

Fundada em 1622 pelo Papa Gregório XV, a então Congregação para a Evangelização dos Povos, mais conhecida por seu nome anterior, Sagrada Congregação para a Propagação da Fé (Propaganda Fide), nasceu com o objetivo estimular a disseminação da fé em todo o mundo, com a competência de coordenar todas as forças missionárias, proporcionar diretrizes para as missões, promover a formação do clero e das hierarquias locais, incentivar a fundação de novos institutos missionários e prover a ajuda material às atividades missionárias.

Entre 1970 e 1984, o Cardeal Agnelo Rossi exerceu o cargo de Prefeito desse Dicastério romano, após ter sido Arcebispo Metropolitano de São Paulo.

Desde a criação e conforme as características e necessidades de cada época, vários aperfeiçoamentos foram executados na estrutura e na forma de atuação desse organismo, até chegar à atual con guração.

Tendo como Pro-Prefeito o Cardeal Luís Antonio Tagle, a atual Secção para a primeira evangelização e as novas Igrejas particulares apoia o anúncio do Evangelho e o aprofundamento da vida de fé nos territórios de primeira evangelização e trata de tudo o que diz respeito tanto à ereção de circunscrições eclesiásticas ou suas modi cações, quanto à sua provisão e executa as demais tarefas à semelhança do que realiza o Dicastério para os Bispos no âmbito da sua competência.

Assim como acontecia com a Propaganda Fide, estão conadas a essa Seção as Pontifícias Obras Missionárias: a Pontifícia Obra para a Propagação da Fé, a Pontifícia Obra de São Pedro Apóstolo, a Pontifícia Obra da Infância Missionária e a Pontifícia União Missionária, como instrumentos de promoção da responsabilidade missionária de cada batizado e para apoio das novas Igrejas particulares.

12 | Reportagem | 26 de abril a 2 de maio de 2023 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
FERNANDO GERONAZZO
Vatican Media/Arquivo

Publicado o edital da Medalha São Paulo Apóstolo 2023

POR OCASIÃO DO 3º

ANO VOCACIONAL DO BRASIL, A ARQUIDIOCESE DESEJA CONTEMPLAR

NESTA EDIÇÃO PESSOAS E INSTITUIÇÕES QUE SE DESTACAM NA PROMOÇÃO DAS VOCAÇÕES. INDICAÇÕES PODEM SER

FEITAS ATÉ 31 DE JULHO

REDAÇÃO osaopaulo@uol.com.br

A Arquidiocese de São Paulo publicou na terça-feira, 25, o edital para as inscrições de candidatos à edição de 2023 da Medalha São Paulo Apóstolo, prêmio de reconhecimento que tem como objetivos valorizar, estimular e dinamizar a vida eclesial e pastoral na Arquidiocese.

O edital ressalta que, em 2023, a Igreja no Brasil celebra o 3o Ano Vocacional e, por essa razão, a Arquidiocese deseja contemplar nesta edição pessoas e instituições que se destacam na promoção das vocações.

CATEGORIAS

Como nos anos anteriores, a Medalha São Paulo Apóstolo será concedida a sete categorias de pessoas e três categorias de instituições e entidades. São elas:

PESSOAS Testemunho laical; Serviço sacerdotal; Ação caritativa e de promoção humana; Ação missionária; Inovação na metodologia pastoral; Educação cristã; Defesa e promoção da vida e da dignidade humanas.

INSTITUIÇÕES Cultura; Comunicação; Serviço social.

PRAZO

De acordo com o edital, as inscrições de candidatos podem ser feitas até o dia 31 de julho. Os nomes dos contemplados serão anunciados em 11 de agosto, às 18h, no portal da Arquidiocese de São Paulo.

A cerimônia de entrega da Medalha

será realizada no dia 22 de agosto, às 20h, no teatro Tuca (Rua Monte Alegre, 1.024, Perdizes).

A MEDALHA

A Medalha São Paulo Apóstolo foi instituída em 2015, no contexto das comemorações dos 270 anos de criação da Diocese de São Paulo.

No decreto de instituição da medalha, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, ressaltou que “todos os batizados foram constituídos como povo de Deus e são participantes do múnus sacerdotal, profético e régio do próprio Cristo” e acrescentou que a homenagem também é um “incentivo para que oresça mais abundantemente a vida eclesial e pastoral nesta cidade imensa”.

O edital, bem como a cha de inscrição e o Regulamento da Medalha São Paulo Apóstolo 2023 estão disponíveis em: https://tinyurl.com/27697alm

www.osaopaulo.org.br Diariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publicados recentemente.

Nome de Zilda Arns é incluído no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria

https://curtlink.com/Z3i87Z

Balanço do Fundo Nacional da Solidariedade é apresentado na Assembleia Geral da CNBB https://curtlink.com/N5bC7p

Missal Romano será tema de formação litúrgica arquidiocesana

https://curtlink.com/i86LDj

Papa: é importante reler a história da nossa vida junto com Jesus https://curtlink.com/oovQ2U

COVID-19: Vacina bivalente é liberada para todos os maiores de 18 anos https://curtlink.com/MAT8zM SP tem recorde de mortes no trânsito desde 2016 https://curtlink.com/6lgTr1

Escola Bíblico-Catequética São José de Anchieta inicia aulas no sábado, 29

REDAÇÃO

osaoaulo@uol.com.br

Instituída em março, a Escola Bíblico-Catequética São José de Anchieta, da Arquidiocese de São Paulo, iniciará suas aulas no sábado, 29.

Essa iniciativa pretende proporcionar a compreensão da identidade, da vocação e da missão do catequista no exercício de seu ministério, para saber construir um itinerário de Catequese com inspiração catecumenal e que sua presença e serviço sejam um sinal e caz de adesão ao projeto de Jesus Cristo.

A escola também corresponde às orientações dadas pela Santa Sé para a formação dos catequistas, após o Papa Francisco, em 2021, tornar esse serviço um dos ministérios instituídos pela Igreja.

O jornal O SÃO PAULO responde algumas dúvidas referentes à iniciativa.

A QUEM SE DESTINA?

Leigos catequistas que já atuam há pelo menos cinco anos nas paróquias e comunidades da Arquidiocese. Apenas os catequistas previamente inscritos poderão participar dos encontros, mediante a carta de apresentação do pároco. Com exceção da Região Sé, não haverá inscrição no local.

ONDE ACONTECERÃO AS AULAS?

A formação será presencial sempre nos últimos sábados do mês em cada região episcopal, podendo haver a possibilidade de algumas atividades complementares na modalidade on-line

QUEM SÃO OS FORMADORES?

A formação será ministrada pelos padres assessores das regiões episcopais: Padre Paulo César Gil, Padre Sílvio Costa Oliveira, Padre Eduardo Binna, Padre Geraldo Raimundo Pereira, Padre José Lino Mota Freire e o Diácono Márcio José Ribeiro.

QUAIS TEMAS SERÃO ABORDADOS?

Vocação do catequista

Contexto da Catequese

Catequista testemunho da fé

Catequista mestre e mistagogo Catequista promotor da comunhão

Vida de oração e fé

Agir catequético

Catequista ministro da Palavra

QUAIS SÃO OS CRITÉRIOS

(nas regiões episcopais – 1 ano: encontros formativos e retiro);

Estar ciente de sua importância para a vida da comunidade e de seu ministério a serviço da evangelização;

Ter claro que o seu ministério não é um prêmio, mas fruto de seu testemunho de fé e de vida comunitária;

PARA A INSTITUIÇÃO

DO MINISTÉRIO DE CATEQUISTA?

Ser escolhido pelo pároco e coordenação paroquial – em diálogo com a comunidade eclesial (coordenação paroquial da IVC e outros grupos);

Ter no mínimo 20 anos de idade e acima de cinco anos de atuação na Catequese; Ter uma formação básica; Ter participado da formação específica e imediata para a recepção do ministério

Estar disponível para participar dos projetos de formação continuada em preparação da renovação do ministério (a cada 5 anos);

Antes de receber o ministério instituído, cada candidato passará pelo escrutínio de avaliação com o bispo e/ou equipe designada.

Outras informações sobre a Escola Bíblico-Catequética São José de Anchieta podem ser solicitadas pelo e-mail: ebicatjosedeanchieta@gmail.com.

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br | 26 de abril a 2 de maio de 2023 | Geral | 13

IPIRANGA

Cardeal Scherer recorda a dedicação de Dom Celso à Igreja

KAREN EUFROSINO COLABORADORA DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

Na noite do domingo, 23, na Paróquia Imaculada Conceição, Setor Ipiranga, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu missa em sufrágio da alma de Dom Antonio Celso de Queirós, que morreu no dia 16, aos 89 anos de idade.

Dom Celso, como era mais conhecido, foi Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo entre 1975 e 2000, e Bispo de Catanduva (SP) entre 2000 e 2009.

A missa teve entre os concelebrantes por Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga; Dom Pedro Luiz Stringhini, Bispo de Mogi das Cruzes (SP) e Presidente do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); Dom Valdir Mamede, Bispo de Catanduva (SP); Dom Antônio Gaspar, Bispo Emérito de

Barretos (SP) e Dom Fernando José Penteado, Bispo Emérito de Jacarezinho (PR).

Na homilia, o Arcebispo Metropolitano destacou a inteligência, sabedoria, serenidade e dedicação de Dom Celso, em especial à Arquidiocese de São Paulo e à Diocese de Catanduva.

“Dom Celso amou até o m, como diz seu lema episcopal. Seu exemplo ca como preciosa herança para a Igreja em São Paulo, para Catanduva, para os familiares e para a Igreja no Brasil”, concluiu.

Diversas lideranças pastorais, familiares e amigos de Dom Celso além de padres com quem ele teve proximidade participaram da missa, entre os quais o Padre Sidinei Lang, ordenado pelo Bispo em dezembro de 1982. “Tuas oito décadas de vida regaram muitas rosas nos tantos campos pastorais de nossa bela Igreja no Brasil. Teu perfume de Cristo será sempre lembrado. Somos-lhe eternamente gratos”, escreveu

o Sacerdote, ao se referir a Dom Celso. Solange Cervera, coordenadora da Pastoral Social da Região Ipiranga, lembrou à Pascom Ipiranga que Dom Celso sempre foi alguém acolhedor e incentivador das pastorais sociais: “Ele nunca deixou de ser presença animadora. A Pastoral da Moradia da Região Ipiranga a ele agra-

dece por todas as horas de animação, de escuta, de presença. Nós não o esqueceremos. Continuamos na caminhada que ele nos incentivou a iniciar”.

O corpo de Dom Celso foi sepultado no dia 17, na cripta da Catedral Santuário de Nossa Senhora Aparecida, na cidade de Catanduva.

Em 1923, a família Gaiba construiu uma pequena capela em suas terras, no limite entre os bairros da Vila Brasilina e Vila Moraes, dedicada a Santa Ângela de Mérici, de quem a senhora Angelina Gaiba era devota e cuja imagem havia trazido da Itália. Em 21 de abril de 1960, a pequena capela foi elevada a paróquia.

Para festejar os 63 anos da Paróquia Santa Ângela e São Serapião, Setor Cursino, e os 100 anos de presença evange-

Na sexta-feira, 21, foi celebrado o aniversário de fundação da Paróquia Santuário Santa Edwiges, Setor Anchieta. As comemorações foram iniciadas com a missa, presidida pelo Padre Orestes Monteiro de Melo, OSJ, Pároco, e concelebrada pelos Padres Hilton Carlos Soares, OSJ, e Marcelo Ocanha, OSJ, Vigários Paroquiais. No sábado, 22, e no domingo, 23, aconteceu o Magni cat Fest, com a presença do Neguinho da Beija-Flor, Grupo Samprazer, Renato Vianna e Samba Art O cio, Banda Vida Reluz, Diego Fernandes, Ana Gabriela e Flávio Vitor, nomes de referência da música popular brasileira e da música católica. (por Bruno Lima)

lizadora na Vila Moraes e adjacências, foi celebrada a missa de abertura do ano jubilar, na sexta-feira, 21.

Antes da missa, houve a solene bênção do sino, que em seguida badalou cem vezes. Seu restauro, depois de anos de desuso pelo mau estado, foi patrocinado pelo senhor Dimas Alves, paroquiano que desde criança tem na memória o badalar do sino, que será colocado na torre após a reforma da fachada.

Na celebração de abertura, foram

lançados o selo comemorativo, a oração e o lema do centenário, tirado da vida espiritual de Santa Ângela: “Conduzidos pela caridade e pelo zelo das almas”.

Ao m da missa, o Padre Christopher Velasco, Pároco, anunciou a criação de três comissões: a do Centenário, para resgatar a memória e promover as celebrações; a de Obras; e a de Serviço Missionário Permanente (Semper). (KE)

14 | Regiões Episcopais | 26 de abril a 2 de maio de 2023 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
100 anos de evangelização na Vila Moraes sob a intercessão de Santa Ângela
Comunicação da Região Ipiranga Pascom Paróquia Santa Ângela e São Serapião Pascom paroquial

Festa de São Marcos ressalta a sinodalidade, missão e partilha cristã

FERNANDO ARTHUR COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

Entre os dias 20 e 23, os éis da Paróquia São Marcos Evangelista, no Parque São Rafael, participaram de um tríduo em honra do padroeiro, cuja celebração litúrgica é no dia 25.

Na quinta-feira, 20, primeiro dia do tríduo, com o tema “Com São Marcos, viver o espírito sinodal”, a missa foi presidida pelo Padre Agostinho Janning, SVD, da Diocese de São José dos Campos (SP), que foi Vigário Paroquial entre 1993 e 1997.

Na homilia, o Padre Agostinho ressaltou que a Igreja sinodal é aquela em que todos caminham juntos e se apoiam

para vencer os problemas e di culdades. O Sacerdote a rmou ainda que a Igreja é sempre movida e orientada pelo Espírito Santo. “É do Espírito Santo que precisamos para que o respirar da Igreja seja sempre renovador”.

Já no segundo dia do tríduo, na sexta-feira, 21, presidiu a missa o Padre Leonardo Neno, SVD, que foi Vigário Paroquial em 2016. Ele abordou o tema “Com São Marcos, viver a partilha”.

O terceiro dia, sábado, 22, foi marcado pela presença do Padre Cirineu Kuhn, SVD, Superior Provincial da Congregação do Verbo Divino, que ressaltou o tema da missão.

Durante a homilia, Padre Cirineu destacou a necessidade da coragem mis-

sionária. “Para viver ativamente a missão, não podemos ter medo; o contrário da fé não é a dúvida, mas, sim, o medo. Nós, como comunidade de fé, precisamos entender que a fé é uma graça que nos faz superar os medos”, disse.

As comemorações se encerraram na manhã do domingo, 23, com a missa presidida pelo Padre Adalberto Mittelstaedt, SVD, que foi Vigário Paroquial entre 2012 e 2016. Houve, ainda, a procissão pelas ruas do bairro com a imagem do padroeiro.

A Paróquia São Marcos Evangelista, no Parque São Rafael, promoveu uma palestra com catequistas, crianças, jovens e adultos sobre a importância dos povos originários. O encontro, no sábado, 22, foi assessorado pelo Padre Sérgio Alves Azevedo, MSC, da etnia tukano, na Amazônia. Os participantes puderam ampliar o conhecimento sobre a história e cultura dos indígenas no Brasil, e realizaram a confecção de um grande mural, carimbando suas mãos com tintas feitas a partir de elementos naturais como o urucum, jenipapo e açafrão. (por Província Brasil Centro dos Missionários do Verbo Divino)

Penido Burnier e Irmã Dulce, que compõem a Área Pastoral. O encontro foi conduzido pelo Padre Adalberto Erwinski, CSSp, Administrador Paroquial. (por Fernando Arthur)

No domingo, 23, foi celebrado o padroeiro da Capela São Jorge, no Parque São Jorge. Houve uma procissão nas dependências do Sport Club Corinthians Paulista e em ruas próximas, e uma missa presidida pelo Padre Lauro Wisnieski, Pároco da Paróquia Cristo Rei, no Tatuapé. (por Fernando Arthur)

A Área Pastoral Nossa Senhora das Flores, no Parque das Flores, esteve em festa com a solenidade de sua padroeira, no sábado, 22: a missa foi presidida pelo Padre Miguel McGuinness, SVD, e concelebrada pelos Padres Romanus Hami, SVD, Pároco, e José Tadeu Ferreira da Silva, SVD, Vigário Paroquial. A celebração se iniciou com uma pequena procissão pelas ruas do bairro com a imagem de Nossa Senhora das Flores. (por Rafaela Vitória)

Direito Matrimonial Processual Canônico será tema de curso de extensão

REDAÇÃO osaopaulo@uol.com.br

Com o objetivo de capacitar agentes de pastoral para atuar nas Câmaras Eclesiásticas e atualizar os O ciais das mesmas Câmaras, o Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo oferece um curso de extensão em Direito Matrimonial Processual Canônico.

As aulas acontecerão aos sábados, de 20 de maio a 1o de julho, das 8h às 11h, presencialmente no Centro Pastoral São José do Belém, no Belenzinho. O curso também será oferecido de modo on-line A coordenação é do Monsenhor Dr. Sérgio Tani, Vigário Judicial de São Paulo. O curso é destinado a alunos de gradu-

ação ou pós-graduação em Teologia, graduados em Teologia, o ciais das Câmaras Eclesiásticas das várias dioceses do Brasil e das regiões episcopais da Arquidiocese, pessoas indicadas pelos responsáveis das dioceses, regiões episcopais e congregações, que desejam ajudar as pessoas para mais esclarecimentos sobre os processos de nulidade matrimonial.

No curso, os alunos vão adquirir noções básicas sobre o direito matrimonial canônico e processual, e serão capacitados a realizar a investigação pré-judicial ou pastoral em favor dos éis separados ou divorciados que desejam iniciar o processo de declaração de Nulidade Matrimonial. Além disso, poderão orientar o el sobre a documentação necessária

para entrar com o processo no Tribunal Eclesiástico competente e conhecer a “modulística” própria do tabelião de um tribunal eclesiástico.

O conteúdo programático do curso aborda as estruturas fundamentais do Matrimônio e suas propriedades essenciais; os conceitos gerais sobre o Matrimônio, suas nalidades e bens; consentimento matrimonial, seus vícios e impedimentos; além de destacar a forma do Matrimônio.

A patologia e terapêutica do Matrimônio; Tribunal Eclesiástico e a prática notarial; a reforma do processo de declaração de nulidade matrimonial introduzida pelo Papa Francisco; e investigação pré-judicial ou pastoral também serão temas abordados.

Ao final do curso será oferecido um certificado de participação assinado pela três instituições organizadoras: PUC-SP, Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo e Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo.

As inscrições ocorrem pelo e-mail: secretaria3@tribunaleclesiasticodesp. com.br ou pessoalmente na sede do Tribunal, de terça a sexta-feira, das 13h às 16h, na Avenida Nazaré, 993, no Ipiranga.

O valor da taxa de inscrição é de R$ 60,00, e pode ser paga por transferência via pix CNPJ: 63.089.825/0493-13. Para as inscrições feitas por e-mail, pede-se o envio do comprovante de transferência.

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br | 26 de abril a 2 de maio de 2023 | Regiões Episcopais/Geral | 15
BELÉM
No sábado, 22, a Área Pastoral São João Paulo II, na Vila Alzira, realizou um momento formativo e de espiritualidade com os ministros extraordinários da Sagrada Comunhão das Comunidades São João Paulo II, São Judas Tadeu, Nossa Senhora Aparecida, Padre João Bosco
Flávio Modolin Pascom paroquial Pascom paroquial Rafaela Vitória
Luciney Martins/O SÃO PAULO

Dom José Benedito participa de evento que valoriza os povos originários

nal dos Bispos do Brasil (CNBB), e da Pastoral Indigenista da Arquidiocese de São Paulo.

Por ocasião da comemoração do Dia dos Povos Indígenas, nova designação dada pelo Governo federal ao Dia do Índio, aconteceu, no dia 16, o "Festival Jaraguá é Guarani Yvy Porã" na Terra Indígena Jaraguá, próxima ao Pico do Jaraguá, região Noroeste da capital paulista.

Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, acompanhou o evento e conheceu o Cacique Karai Márcio, com quem conversou sobre o trabalho que a Igreja Católica tem realizado naquele território, por meio do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), órgão vinculado à Conferência Nacio-

Em sua segunda edição, o festival teve por objetivos a valorização e preservação da cultura dos povos originários, o diálogo da cidade de São Paulo com a população guarani presente naquela região e a divulgação do trabalho e geração de renda aos artesãos e artistas das seis aldeias do Jaraguá.

A Terra Indígena Jaraguá é a menor reserva indígena do País, com 1,7 hectare demarcado. No entanto, as lideranças indígenas reivindicam expansão para 532 hectares pois, embora a área já tenha sido declarada como domínio dos indígenas, ainda aguarda homologação.

(Colaborou:TatianaVieira-PastoralFéePolíticadaRegiãoLapa)

Núcleo regional da Caritas promove curso Fé e Finanças

Caritas está promovendo o curso Fé e Finanças, uma formação básica em administração nanceira para classes populares que acontecerá entre os meses de abril e junho nos Setores Rio Pequeno e Butantã, e no decorrer do ano nos demais setores.

orçamento, tipos de aplicações de curto e médio prazo para valores pequenos, quando é melhor optar por poupança ou fundos de investimentos, como organizar a vida nanceira sem recorrer a empréstimos, entre outros.

A Caritas Arquidiocesana de São Paulo, em parceria com o Instituto das Irmãs da Santa Cruz, tornou possível a

execução de projetos de cunho formativo nas regiões episcopais em 2023. Por meio desse acordo, o Núcleo regional da

O curso é gratuito e começou no sábado, 22, na Paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição Aparecida, no Jardim Ester, Setor Rio Pequeno, com ensinamentos sobre como organizar o

Informações, inscrições e datas dos próximos encontros podem ser obtidos na Cúria Regional, pelo telefone (11) 3834-7141, com Tiemi, ou pelo (11) 992324910, com Mônica, do Núcleo regional da Caritas. (BN)

Crianças da Pastoral da Perseverança realizam ações solidárias

A Paróquia São Francisco de Assis, no Jaguaré, Setor Butantã, realizou duas ações solidárias, preparadas pelas crianças da Pastoral da Perseverança, no dia 16, na Comunidade da Fazendinha, no município de Osasco (SP).

Na ocasião, foram distribuídos lanches, sucos, refrigerantes, pipoca e algodão doce, além de 300 brinquedos, 300 caixas de bombons e 300 ovos de Páscoa aos moradores e crianças da comunidade. A Pastoral do Resgate, que também participou da ação, levou a carretinha do banho e peças novas de roupa para as pessoas que tomaram banho.

No dia 17, as crianças da Pastoral preparam lanches e sucos e, acompanhadas dos pais e coordenadoras da Pastoral,

junto com a Pastoral do Resgate, foram até o estacionamento do Mercado Municipal de Osasco para distribuir alimentos

a pessoas vulneráveis e em em situação de rua, as quais também puderam tomar banho e receber uma roupa nova. (BN)

AGENDA REGIONAL:

Sábado, 29, às 8h – Formação da Pastoral Familiar regional, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa. Sábados, 29/04 e 06/05 – Peregrinação da imagem da Sagrada Família na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, no Parque Continental, Setor Butantã, promovida pela Pastoral Familiar . Domingo, 30, às 9h – Missa com Crismas na Paróquia Santa Luzia, Vila Jaguari, Setor Pirituba.

16 | Regiões Episcopais | 26 de abril a 2 de maio de 2023 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
LAPA
Tatiana Vieira
Pascom paroquial Pascom paroquial BENIGNO NAVEIRA COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

No domingo, 23, membros das pastorais e movimentos da Basílica Nossa Senhora do Carmo se reuniram em um almoço de confraternização no claustro do convento. O encontro teve como objetivo celebrar os trabalhos realizados durante a Semana Santa, promovendo a união e o compromisso dos grupos com a comunidade. O Frei Thiago Borges, Pároco, agradeceu aos presentes e falou sobre a importância de uma igreja sinodal, em que todos caminham juntos. (por Leonardo Sasseron)

No dia 19, na Cúria regional, secretárias e secretários paroquiais da Região Sé estiveram reunidos para um momento de oração e formação sobre o sacramento do Batismo, ministrado pelo Cônego Aparecido Silva, Vigário-Adjunto regional e Pároco da Paróquia Santíssimo Sacramento, Setor Paraíso. (por Centro de Pastoral da Região Sé)

A Paróquia San Gennaro, Setor Brás, organizou na semana passada, o II Retiro para Mulheres, que contou com a presença de mais de 120 participantes. O Padre Wellington Laurindo, Pároco, esteve presente. Diversos palestrantes direcionaram os momentos de espiritualidade e falaram da importância do papel da mulher na sociedade, na Igreja e, principalmente, na família. (por Pascom paroquial)

Para dar início às comemorações dos seus 35 anos, a Pastoral Afro da Paróquia Nossa Senhora Achiropita promoveu no domingo, 23, a Festa de São Benedito. A missa foi presidida pelo Padre Roberto Silva, PODP, Pároco, e concelebrada pelo Padre José Geraldo da Silva, PODP, Pároco da Paróquia São Luís Orione, de Xai Xai, Moçambique. Após o ato penitencial, houve a procissão que percorreu a Rua 13 de Maio até a igreja, na qual a celebração inculturada teve continuidade. (por Cida Godoy)

Na sexta-feira, 21, dia do nascimento de São Vicente Pallotti, a Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, Setor Aclimação, celebrou a data com uma missa presidida pelo Padre José Elias Fadul, SAC, Pároco, que deu a bênção nal com as relíquias do Santo. (por Patrícia Midões)

No dia 17, a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Jardim Paulistano, Setor Jardins, fez a sua 20ª ação solidária “Perpétuo Socorro com o povo das ruas”. (por Pascom paroquial)

SANTANA

O domingo, 23, foi um dia especial para os Vicentinos do Brasil e do mundo. Neste dia, no ano de 1833, um grupo de jovens católicos, liderados por Antônio Frederico Ozanam, fundou a Sociedade de São Vicente de Paulo, um movimento de leigos católicos que se dedicam ao serviço de Cristo na pessoa dos irmãos mais necessitados, formando assim a rede de caridade sonhada por Ozanam e seus companheiros. Os Vicentinos das Regiões Santana, Brasilândia e Lapa comemoraram a data com uma missa na Paróquia Santa Cruz, Setor Mandaqui, seguida de uma confraternização pelos 190 anos de fundação da Sociedade de São Vicente de Paulo.

(por Pedro Rosolen)

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br | 26 de abril a 2 de maio de 2023 | Regiões Episcopais | 17
Pedro Rosolen
Patrícia Midões Pascom paroquial Leonardo
Divulgação
Sasseron Centro Pastoral da Região Sé

Liturgia e Vida

4º DOMINGO DA PÁSCOA

30

DE ABRIL DE 2023

BRASILÂNDIA

PADRE JOÃO BECHARA VENTURA

Jesus diz “Eu sou o bom Pastor” (Jo 10,14) porque continuamente nos apascenta. Nos Evangelhos, mostra-nos a direção a seguir; na Eucaristia, alimenta-nos; na Con ssão, cura-nos; e dá-nos habitação em sua Igreja. Ele nos liberou da condenação eterna por meio da morte de Cruz; por isso, a rma também que “o bom Pastor dá a vida pelas ovelhas” (Jo 10,11).

A característica das ovelhas é a seguinte: “conhecem a sua voz” (Jo 10,4-5). Escutá-lo é condição para não nos perdermos. A voz do bom Pastor não é meramente subjetiva; pode ser identi cada e obedecida mesmo em um mundo ruidoso e confuso. Para isso, precisamos de instrução – conhecer bem os seus ensinamentos – e de atenção.

“Jesus viu uma grande multidão e teve compaixão, pois eram como ovelhas sem pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6,34). A doutrina revelada por Cristo impede-nos de criar um “Jesus” falso e subjetivo. Por isso, o Mestre ordenou: “Ide, fazei todas as nações discípulos meus, batizando e ensinando a observar tudo quanto vos ordenei” (Mt 27,19). Os seus ensinamentos se encontram no Novo Testamento; nas vidas e escritos dos santos; no Catecismo; e no Magistério de sempre dos papas.

Além da instrução, é preciso que haja união com o Senhor. Isso acontece principalmente na Eucaristia. A missa e a Comunhão devem ser continuamente preparadas por duas práticas que nos levam a escutá-lo melhor: a adoração e a oração mental. Adorando a Eucaristia, cremos no mistério da Presença real de Cristo, afastando o risco de recebê-Lo de modo super cial ou sacrílego. Damo-nos cada vez mais conta do valor in nito da Hóstia consagrada e de que ali está o Senhor. Por isso, diz Santo Agostinho: “Ninguém come esta Carne sem antes a adorar; pecaríamos se não a adorássemos”. Celebração eucarística e adoração são inseparáveis.

Na oração mental, aprendemos a deixar que Deus nos fale no silêncio. Conversamos com Ele de coração a Coração. Com os olhos xos no Sacrário, encontramos forças, conselho, alegria e paz. No princípio, oramos por pouco tempo, cerca de dez minutos. Falamos apenas daquilo que Ele já sabe: sobre a vida, sentimentos, acontecimentos, alegrias, medos, vitórias, pecados… Com um pouco mais de prática, recorremos à ajuda de alguma leitura: os Evangelhos ou algum bom livro como “Imitação de Cristo”, “A Prática do Amor a Jesus Cristo”, “Caminho”, “Filoteia” etc. Então, aprendemos a meditar em silêncio sobre alguma passagem ou tema. Lemos e silenciamos; lemos mais e falamos um pouco ao Senhor; lemos novamente e O adoramos, pedimos, agradecemos, exercitamos o desejo de Deus… Silenciamos mais um pouco e, quase imperceptivelmente, o Senhor nos con rma, adverte e conforta o coração. Podemos, então, aumentar o tempo de oração para 15, 20, 30 minutos, fazendo-a diariamente. A adoração e a oração mental permitem reconhecer, cada dia mais nítida, a voz do bom Pastor, e segui-Lo. A nal, “as ovelhas o seguem porque conhecem a Sua voz”.

Ministros extraordinários da Palavra participam de encontro formativo

O Setor Jaraguá promoveu no domingo, 23, o 1º Encontro Setorial de Formação para os ministros extraordinários da Palavra, na Paróquia Nossa Senhora Mãe e Rainha.

Com a presença de cerca de 70 ministros, a assessoria foi feita por Rodnei Rivers, que falou sobre o

tema “A espiritualidade do ministro da Palavra”. Ele destacou o compromisso de evangelizar com humildade e a importância de a Palavra estar ligada à vida do ministro e à realidade em que vive, devendo este sempre servir com alegria e fé, e dar um autêntico testemunho cristão.

Padre Cilto José Rosembach, Pároco da Paróquia Nossa Senhora Mãe e Rainha, dirigiu palavras de

apoio e estímulo aos ministros, além de sugestões a respeito da necessidade de continuar o estudo da Palavra, preparar a homilia e aprender técnicas de comunicação, pois todos são comunicadores da Palavra.

O Encontro encerrou-se com a missa, presidida pelo Padre Walter Merlugo Júnior, Coordenador do Setor e Administrador Paroquial da Paróquia Nossa Senhora das Dores, e concelebrada pelo Padre Cilto.

No sábado, 22, jovens da Paróquia São Francisco de Assis, Setor Dom Paulo Evaristo, se reuniram com o Padre Gutemberg Pereira, Administrador Paroquial, e membros das Conferências Vicentinas na Comunidade Nossa Senhora Aparecida, que pertence à Paróquia. Na ocasião, foi apresentada a vocação da Sociedade de São Vicente de Paulo, desde sua origem com Frederico Ozanam até os dias de hoje. A proposta do encontro foi ajudar os jovens a descobrir sua vocação, mostrando-lhes os trabalhos realizados por várias pastorais e grupos que atuam na Igreja. Os jovens saíram motivados para participar do Dia Mundial de Oração pelas Vocações, no Domingo do Bom Pastor, 30, que terá a presença na Paróquia do Padre João Henrique Novo do Prado, Reitor do Seminário Propedêutico da Arquidiocese, e dos seminaristas que se encontram nesta etapa da formação.

(por Padre Gutemberg Pereira e Marcos Rubens Ferreira)

Em continuidade às missas dominicais mensais realizadas no Memorial Parque Jaraguá, cemitério localizado na Rodovia Anhanguera, aconteceu, no domingo, 23, a missa presidida pelo Padre Carlos Shimura, Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, Setor Jaraguá, com a presença das equipes de ministros, liturgia, canto e animação, e com a participação de pessoas que estavam no local velando seus entes queridos e encontraram, na celebração, palavras de alento para o momento. (por Rogério Rodrigues)

No domingo, 23, na Paróquia Santíssima Trindade, Setor Perus, aconteceu a tarde cultural com o Padre Ednilson Turozi de Oliveira, doutor em Ciência da Religião, que palestrou sobre o pensamento de Santo Agostinho, com o tema “Iluminação, graça e amor”, a partir de questões sobre a consciência humana e as potencialidades da alma, tratadas em sua obra “Meditar com Santo Agostinho em sete níveis”. (por Pedro Silva)

Na ocasião, o Cônego José Renato Ferreira, Pároco, ressaltou que o momento de ser cristão é agora. Na homilia, provocou a re exão sobre as escolhas que fazemos: “Se, por um lado, a fé é um dom de Deus, por outro, ela é uma resposta humana. Temos que pedir a graça de acreditar, de fortalecer essa fé pela vida de oração, pela vida de caridade e pela escuta da Palavra de Deus. Não existe fé isolada”, exortou. (por Priscila Rocha)

18 | Fé e Vida/Regiões Episcopais | 26 de abril a 2 de maio de 2023 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
‘Seguem-no, porque conhecem a sua voz’
No dia 19, na Comunidade Santo Expedito, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Zatt, cerca de 100 pessoas celebraram a festa do padroeiro. EDNEIA PEREIRA E PADRE CILTO JOSÉ ROSEMBACH COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO Edneia Pereira Beatriz Silva Antonio Dominici Caio Cezar

Cardeal Scherer nomeia membros dos grupos pós-sinodais de trabalho

REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, nomeou na terça-feira, 25,

1. REFORMULAÇÃO DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA PASTORAL NA ARQUIDIOCESE

Dom Odilo Pedro Scherer

Dom Carlos Silva, OFMCap.

Pe. Tarcísio Marques Mesquita

Pe. Antônio de Lisboa Lustosa Lopes

Côn. José Renato Ferreira

Côn. José Arnaldo Juliano dos Santos

Pe. Marcelo Maróstica Quadro

2. ELABORAÇÃO DE UM DIRETÓRIO DA PASTORAL

Dom Carlos Silva, OFMCap.

Côn. José Arnaldo Juliano dos Santos

Pe. Tarcísio Marques Mesquita

Côn. Sérgio Conrado

Sra. Laura Maria Inglez dos Santos

3. REVISÃO E ADEQUAÇÃO DO PLANO DE MANUTENÇÃO DA ARQUIDIOCESE

Dom Odilo Pedro Scherer

Pe. Zacarias José de Carvalho Paiva

Pe. João Júlio Farias Júnior

Pe. José Rodolpho Perazzolo

Pe. Everton Fernandes dos Santos Moraes

Côn. Severino Martins da Silva Filho

4. ATUALIZAÇÃO DO DIRETÓRIO DOS SACRAMENTOS

Dom Rogério Augusto das Neves

Pe. Sidnei Fernandes Lima

Pe. Tarcísio Justino Loro

Pe. Roberto Carlos Queiroz Moura

Ir. Veronice Fernandes

Pe. Aldenor Alves de Lima

5. ELABORAÇÃO DE UM DIRETÓRIO LITÚRGICO PARA A ARQUIDIOCESE

Dom José Benedito Cardoso

Pe. Valeriano dos Santos Costa

os membros dos grupos pós-sinodais de trabalho. Os nomeados estão convocados pelo Arcebispo para uma reunião no dia 10 de maio, às 8h30 no Centro Pastoral São José, na Região Belém, para as orientações gerais sobre o trabalho a ser feito. A partir desta data, os

grupos terão o prazo de dois meses para a apresentação de um plano de ação sobre o que lhes está sendo conado.

Abaixo leia a íntegra da carta do Arcebispo e a lista com os nomeados.

Reprodução

Pe. Helmo César Faccioli

Pe. Eduardo Binna

Pe. Luiz Eduardo Pinheiro Baronto

6. ELABORAÇÃO DE UM REGIMENTO DA CÚRIA METROPOLITANA

Dom Carlos Lema Garcia

Dom Jorge Pierozan

Pe. Everton Fernandes dos Santos Moraes

Pe. Zacarias José de Carvalho Paiva

Pe Uilson dos Santos

7. CRIAÇÃO DE UM VICARIATO EPISCOPAL PARA A ÁREA DA SAÚDE

Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ

Pe. João Inácio Mildner

Sr. José Carlos Gimenes

Sra. Sandra Salles

Pe. José Wilson Correia da Silva, MI

8. CRIAÇÃO DE UM VICARIATO EPISCOPAL PARA A CATEQUESE

Dom José Benedito Cardoso

Pe. Geraldo Raimundo Pereira

Ir. Ivonete Kuerten

Pe. Sílvio Costa Oliveira

9. REVISÃO E ADEQUAÇÃO DO DIRETÓRIO ARQUIDIOCESANO DA FORMAÇÃO PRESBITERAL

Dom Cícero Alves de França

Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ

Pe. José Adeildo Pereira Machado

Pe. Frank Antônio de Almeida

Pe João Henrique Novo do Prado

Pe. Boris Agustín Nef Ulloa

Pe. Fausto Marinho de Carvalho Filho

Pe. José Carlos dos Anjos

10. ORGANIZAÇÃO DO VICARIATO PARA A EDUCAÇÃO E A UNIVERSIDADE

Dom Carlos Lema Garcia

Nei Márcio Oliveira de Sá

Pe.Vandro Pisaneschi

Pe. Rodrigo Felipe da Silva

Ir. Lourdes Maria Trombeta

11. ORGANIZAÇÃO DO CONSELHO DA CARIDADE SOCIAL

Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ

Pe. Júlio Renato Lancelotti

Diácono Permanente Márcio José Ribeiro

Sueli Maria de Lima Camargo

Pe. Paolo Parise, CS

Paula Lorenna Alves Pirolo

Frei José Francisco de Cássia dos Santos, OFM

12. ELABORAÇÃO DE UM NOVO PLANO DE PASTORAL

Dom Odilo Pedro Scherer

Dom Carlos Silva, OFMCap.

Pe. Tarcísio Marques Mesquita

Côn. José Arnaldo Juliano dos Santos

Pe. Andrés Gustavo Marengo Macagnoni

Pe. Marcelo Maróstica Quadro

Pe. Pedro Augusto Ciola de Almeida

Frei José Maria Mohomed Júnior

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br | 26 de abril a 2 de maio de 2023 | Geral | 19

Missão e serviço: a visão do Papa Francisco para o ministério dos leigos na Igreja

Duas palavras resumem a essência da presença doséis leigos na vida da Igreja: missão e serviço. Essa é a visão do Papa Francisco para a participação plena e ativa dos leigos nos seus ministérios, que ele apresentou em um discurso sobre “Os leigos e a ministerialidade na Igreja sinodal”, durante a reunião plenária do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, no sábado, 22.

Essa visão não trata apenas de permitir que os leigos façam mais coisas – o que seria uma abordagem puramente funcional – mas de prepará-los para participar intensamente da vida eclesial e testemunhar os valores cristãos no mundo. “Todos os ministérios, na verdade, são expressão da única missão da Igreja, e todos são formas de serviço aos outros”, declarou Francisco.

O que reúne todas as formas de atuação na Igreja é “a vontade de servir os irmãos e, neles, servir Cristo”. Referindo-se à exortação apostólica Evangelii gaudium, acrescentou o Papa: “Só assim, cada batizado poderá descobrir o sentido da própria vida, experimentando com alegria uma missão sobre esta terra, ou seja, chamados, em modos e formas diferentes, a iluminar, bendizer, vivi car, aliviar, curar, libertar e deixar-se acompanhar.”

A ORIGEM DOS MINISTÉRIOS

O Papa procurou diferenciar os ministérios “instituídos” das atividades de caráter ordinário, cotidiano, na vida da Igreja e no mundo. Viver e realizar um ministério, analisou, é “participar à função sacerdotal,

profética e real de Cristo, não só dentro da Igreja, mas também nos ambientes em que se está inserido”.

Entre os ministérios instituídos, os leigos podem ser leitores, acólitos e catequistas. “Esses ministérios se caracterizam por uma intervenção pública da Igreja, um ato especí co de instituição, e por uma certa visibilidade [do leigo]. Eles estão ligados ao ministério ordenado [bispos, padres e diáconos], porque comportam vários modos de participação, no dever que lhes é próprio, ainda que não exijam o sacramento da Ordem”, explicou. Por outro lado, esses ministérios, os instituídos, “não esgotam a ministerialidade da Igreja”.

A origem dela, a rmou Francisco, está em dois pilares desde o início da Igreja: o Batismo e os dons do Espírito Santo. Enquanto o Batismo torna todos os éis plenamente seus discípulos, “e portanto chamados a tomar parte na missão que Ele con a à Igreja”, também abre cada pessoa aos dons do Espírito.

“A ministerialidade dos éis, e dos leigos em particular, nasce dos carismas que o Espírito Santo distribui ao povo de Deus para a sua edi cação: primeiro, aparece um carisma suscitado pelo Espírito; depois, a Igreja reconhece esse carisma como um serviço útil para a comunidade; en m, em um terceiro momento, se introduz e se difunde um especí co ministério”, comentou o Santo Padre.

ÁREAS A PRIVILEGIAR

Ele incentivou os leigos a irem ao encontro das exigências do mundo de hoje, atendendo àqueles que precisam de “acolhimento e solidariedade”, como os pobres e os migrantes, por exemplo, além dos que vivem “novas formas” de sofrimento e isolamento na sociedade atual. “O ministério se torna, assim, mais do que um simples empenho social, uma bela experiência pessoal e um grande testemunho, um verdadeiro testemunho cristão”, declarou.

O Papa também pediu atenção especial às famílias, principalmente nas “situações de crise matrimonial, a problemática dos separados e divorciados, e de quem vive uma nova união”. Ele recordou a missão “educativa da família como ministério de evangelização” e de iniciação na fé cristã. Há ministérios, lembrou Francisco, que dependem do sacramento do Matrimônio e da vida familiar como base fundamental.

De todo modo, ele observou que os ministérios nunca devem se tornar “autorreferenciais”, ou seja, não podem ser vistos como títulos ou cargos a serem ocupados e nem devem levar a benefícios “sociais, políticos e econômicos”. De igual modo, o Papa disse que é preciso evitar o clericalismo dos leigos.

Viagem à Hungria, na Europa com ‘os ventos gelados da guerra’

REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

Entre a sexta-feira, 28, e o domingo, 30, o Papa Francisco irá a Budapes-

te, na Hungria “como peregrino, amigo e irmão de todos e para encontrar suas autoridades, os bispos, os sacerdotes, os consagrados, os jovens, os estudantes universitários e os pobres”, disse, dirigin-

do-se a éis hungaros após a oração do Regina Coeli, no domingo, 23.

“Será também uma viagem ao centro da Europa onde continuam soprando os ventos gelados da guerra

enquanto os deslocamentos de tantas pessoas colocam na ordem do dia questões humanitárias urgentes”, recordou o Pontí ce. Fonte: Vatican News

20 | Papa Francisco | 26 de abril a 2 de maio de 2023 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
FILIPE DOMINGUES ESPECIAL PARA O SÃO PAULO, EM ROMA
Vatican Media

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.