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Literatura, Pensamento & Arte
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Ano XV - nº 161 - agosto de 2009 - Saquarema, Araruama, Cabo Frio, Arraial do Cabo, S. Pedro da Aldeia, Petrópolis, Teresópolis, Rio de Janeiro
Camilo Mota
Um show para relembrar Noel Rosa Antecipando-se às comemorações do centenário de nascimento de Noel Rosa, o Curso de Música Barcelos preparou um show para relembrar a vida e obra do poeta da Vila. A apresentação, feita inicialmente para ser mostrada em uma das quinzenas musicais pro-
movidas pelo curso, chamou a atenção do público e agora vai ganhar mais espaço e visibilidade. Durante todo o mês de agosto, o show será apresentado aos sábados no Centro Cultural Casa do Nós, em Bacaxá, com entrada franca. Página 3.
Elizabeth Franco e Álvaro Lopes uniram seus talentos para oferecer um novo espaço para o desenvolvimento das artes plásticas na Região dos Lagos. Já está em funcionamento a Casa das Artes, com cursos regulares de pintura e escultura. Página 6.
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Livro de poemas de latuf mucci será lançado dia 8 de agosto
O poeta do verso claro Reynaldo Valinho Alvarez é dos poetas mais formidáveis da literatura contemporânea do Brasil. Nas páginas 8 e 9, apresentamos sua entrevista concedida com exclusividade ao escritor Sylvio Adalberto.
bate-boca no judiciário
Página 10
Divulgação
Cineastas de Cabo Frio se destacam em concursos de curta-metragem
Camilo Mota
Casa das Artes é inaugurada em São Pedro da Aldeia
Gerson Valle escreve crônica sobre novos passos de conscientização pública frente à política nacional. Página 11.
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O Jornal Poiésis - Literatura, Pensamento & Arte é uma publicação da Mota e Marin Editora e Comunicação Ltda. Editor: Camilo Mota Diretora Comercial: Regina Mota Conselho Editorial: Camilo Mota, Regina Mota, Fernando Py, Sylvio Adalberto, Gerson Valle, Marcelo J. Fernandes, Marco Aureh, Celso Caciano Brito, Francisco Pontes de Miranda Ferreira Jornalista Responsável: Francisco Pontes de Miranda Ferreira, Reg. Prof. 18.152 MTb Diagramação: Camilo Mota CAIXA POSTAL 110.912 BACAXÁ - SAQUAREMA - RJ CEP 28993-970 (22) (22) (22) (22) (22)
O humor de Pedro Bismark é o destaque na programação do Teatro Municipal Mario Lago, em Saquarema, no mês de agosto. O humorista mineiro, famoso por seu personagem Nerso da Capitinga, traz para o município o espetáculo “Bobeira pega”, no dia 28, às 20h30. Com piadas consagradas e muitas inéditas, o novo show tem direção de Lúcia Martins, produção e supervisão de Geraldo Magela Lauro, figurinos de Lúcia Sobreira e trilha sonora de Daniel Iasbeck. Durante o espetáculo, o público ainda acompanha, através de um vídeo, a visita do primo carioca do Nerso da Capitinga, o Paulinho Gogó (Maurício Manfrini), durante o período de férias e confere as aventuras que vi-
veram com o primo Gervásio (Tarcísio Santos). Todas estas histórias, piadas e causos, além dos fuxicos de Marieta, da irreverência de Neiva Zelina, e da simplicidade e inocência do Nerso da Capitinga,
se encontram em um espetáculo que é garantia de muita diversão. Confira a programação completa do Teatro Mario Lago para o mês de agosto. Dia 01/08 - Tributo a Renato Russo “COVER OFICIAL” - 20h30 15/08 - O Noviço - 21h 16/08 - Fify e os Floriguinhos - 17h (Menta 02 Produções) 22/08 - Lembranças de outra vida 20h30 (Espetáculo espírita, Direção de Renato Prieto) 23/08 - Timão e Pumba - 17h (Direção: Anacleto Carindé) 28/08 – “Bobeira Pega” com Pedro Bismarck, NERSO DA CAPITINGA 20h30
Filme de Cabo Frio está em 1º lugar de concurso da TV Brasil
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jornalpoiesis@gmail.com www.jornalpoiesis.com Distribuição dirigida em: Saquarema, Araruama, São Pedro da Aldeia, Iguaba Grande, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Petrópolis, Teresópolis e Rio de Janeiro. Fotolito e Impressão: Tribuna de Petrópolis Colaborações devem ser enviadas preferencialmente digitalizadas, em formato A4, espaço simples, fonte Times New Roman ou Arial, com dados sobre vida e obra do autor. Os originais serão avaliados pelo conselho editorial e não serão devolvidos. Colaborações enviadas por e-mail devem ser anexadas como arquivo do Word (.doc ou .docx). Os textos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Jornal Poiésis.
O audiovisual da cidade de Cabo Frio a cada dia está mais forte e vem se profissionalizando. Neste último ano mais de dez curtas metragens e um média foram produzidos por três grupos cabofrienses de Cinema: Taberna, Os 13, e Cinema Possível. No último mês de junho, o grupo “Os 13” – formado por universitários de Cinema, profissionais da Mídia e estudantes do Ensino Médio – terminou seu primeiro curta metragem de ficção, denominado “Fuga”. Passado quase dois meses de lançamento, o curta já disputa os festivais III Curta Cabo Frio (em setembro), Festival Internacional de São Paulo (agosto) e Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro (novembro). E, recentemente, um fato inédito para o grupo, seu filme “Fuga” foi convidado para participar do Festival da Juventude de Berlim, na Alemanha (novembro). – O filme retrata a vida de uma
www.bahai.org.br “Não há paraíso mais admirável para qualquer alma do que ser exposto à influência do Manifestante de Deus em Seu Dia.”
Escrituras Bahá’ís
Lucas Müller
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NERSO DA CAPITINGA É O DESTAQUE DO MÊS NO TEATRO MARIO LAGO Divulgação
EXPEDIENTE
Beatriz Berbert em cena no bairro Manoel Corrêa
adolescente e sua família, que nada mais é do que um retrato de muitas famílias nos dias atuais, onde os laços afetivos estão cada vez mais frios pela solidão que muitas futilidades como televisão, computador, e excesso de trabalho causam entre nós - destacou o diretor Lucas Müller. O “Fuga”, com duração de 18 minutos, foi gravado em diversos bairros de Cabo Frio (do Centro da cidade, a bairros mais periféricos como Ma-
nuel Corrêa e Célula Matter). Cenas diurnas e noturnas contrastam profundamente. Hoje, dentre quase mil vídeos do Festival Tela Digital, da TV Brasil, o curta-metragem cabofriense ocupa a primeira colocação, com cerca de 1600 votos e disputa diretamente o Júri Popular com quatro filmes: de São Luis (MA), São Paulo (SP), Salvador (BA) e Rio de Janeiro (RJ). – O trabalho rendeu e ficou bem interessante. Convidamos todos àqueles que também puderem dar uma força para votar em nosso filme para ser exibido na TV Brasil neste próximo mês de agosto. Seria um passo muito importante, conquistado por todos - pediu a roteirista e protagonista do curta, Beatriz Berbert. O curta metragem “Fuga” pode ser visto e votado pelo site do grupo Os 13: www.os13.com.br. (Ascom/Cabo Frio)
AULAS DE DANÇA na Colônia de Pescadores de Saquarema Jazz - Balé Clássico - Dança Livre Ginástica e Capoeira ( (22) 9829-3056 e 9987-2662
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Noel Rosa em Bacaxá lho de aprender a cantar Noel”, disse Ana Paula. Além de Renato e Ana, participam da apresentação Leo Silvino, Malu, Neyde Falcão, Francisco Rozado, Cristiano Rufino e Gabriel Bravo. No repertório, clássicos como “Feitiço da Vila” e “Filosofia”, além de canções menos divulgadas do compositor carioca. O espetáculo também é recheado com relatos sobre a vida de Noel Rosa, tornando ainda mais rica a apresentação do grupo. É show para não se perder.
Camilo Mota
Um aluno do Curso de Música Barcelos deu a idéia e os professores Renato Barcelos e Ana Paula Lima partiram para a construção de um show que promete ser um marco na cultura de Saquarema. A música de Noel Rosa será apresentada no espetáculo que fica em cartaz todo sábado, às 20 horas, durante o mês de agosto, no Centro Cultural Casa do Nós (Rua Beatriz Amaral, 76, Bacaxá). A entrada é franca. “O interessante é que a maioria do grupo não conhecia as músicas de Noel e foi muito produtivo o traba-
O SOM DOS NEGROS E JUDEUS NA AMERICA Marcio Paschoal* Poucos sabem que uma das músicas preferidas da imortal Billie Holiday era uma composição de um professor judeu do ensino médio do Bronx, em NY, Abel Meeropolum. A canção, “Strange fruit”, tem em seus versos todo o repúdio ao racismo e traduz o que o professor viu, numa tarde mormacenta do início dos anos 30: dois negros americanos que pendiam de uma árvore depois de linchados por uma multidão em Indiana, sul dos Estados Unidos. A letra, forte e indignada, fala da cena horrível e das atrocidades que os homens ainda podem ser capazes de fazer: “Eis uma fruta/ Pra que o vento sugue/ Pra que um corvo puxe/ Pra que a chuva enrugue/ Pra que o sol resseque/ Pra que o chão degluta /Eis uma estranha/ E amarga fruta.” Billie teve imensa dificuldade em poder gravar a música, já que os produtores de sua gravadora (Columbia Records) temiam possíveis represálias. O próprio autor escondeu-se através de pseudônimo, no caso, Lewis Allanele. Os historiadores da cantora registram o fato de ela constantemente encerrar seus shows ao vivo com a canção. Billie exigia
que os garçons parassem de servir e que as luzes se apagassem. Não à toa, “Strange Fruit”, na voz insidiosa de Miss Holiday, se transformou rapidamente num hino contra o racismo. Baseado nessa, e em outras análogas histórias, Carlos Rennó e Jaques Morelenbaum reúnem astros da MPB para interpretar obras que brancos judeus compuseram e que se transformaram em grandes clássicos da música negra americana O produtor Carlos Rennó escreveu as versões, e o maestro Morelenbaum ficou encarregado dos arranjos. O CD, com o nome de “Nego”, apresenta, entre outros destaques, clássicos como “My Romance” com Gal e Carlinhos Brown; “Over the Rainbow” com Zélia Duncan; e “Bewitched” com Maria Rita. Já “Strange Fruit” ficou com o cantor Seu Jorge. De “Porgy and Bess”, a ópera negra de Gershwin, foi selecionada a clássica “Summertime”, na voz de Erasmo Carlos. Uma curiosidade, fruto da pesquisa de Rennó: Frank Sinatra, que gravou “Old Man River”, foi homenageado por Ray Charles, que subiu ao palco e disse: “Frank, você uma vez juntou um monte de músicos brancos num estúdio branco para tocar e cantar essa música negra -que eu agora vou fazer ‘in my way’.” O trocadilho perfeito só não veio com a informação
completa de que a música negra tinha sido feita por brancos judeus (Jerome Kern e Oscar Hammerstein). Esta canção, no CD, está a cargo de João Bosco. “Preto dá duro no Mississippi/ Duro pro branco poder brincar/ Puxando barco não descansando/ Até o juízo final chegar”, diz parte da letra. Entre as décadas de 20 e 40, muito do que há de melhor no cancioneiro popular norte-americano foi produzido. Obras que ficarão para sempre na história das canções. E a maior parte do primeiro time de músicos era formada por judeus de origem simples, que descendiam de estrangeiros vindos da Europa: Gershwin, Irving Berlin, Richard Rodgers e Lorenz Hart são alguns nomes. A explicação para essa relação profunda, onde negros e judeus dos EUA se identificaram tanto, pode ser entendida pela origem de ambos, gente humilde e outsiders. A música era uma forma de desabafo e posterior identificação, quando músicos judeus assimilaram a música e a musicalidade dos negros. Trabalhando juntos com MPB há longo tempo, a dupla Rennó/Morelenbaum planeja o lançamento do CD “Nego” para agosto. * Marcio Paschoal é escritor e crítico musical. (www.marciopaschoal.com)
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O poeta Luiz Vidal está organizando para o dia 18 de agosto, terça-feira, um sarau na Pousada Villa Rosada, na Avenida Excelsior, bairro Jardim Excelsior, Cabo Frio (ao lado da AMPLA). O evento promete ser um grande encontro de arte e cultura. Está programado exposição de artes plásticas, lançamento de livros, muita música, teatro, dança e, lógico, poesia de qualidade, sem contar as surpresas, que sempre aparecem nos eventos organizados pelo Vidal. O sarau está programado para começar às 19h30 e terminar por volta das 23 horas. O evento tem um nome sugestivo, de fácil fixação: “Terceira terça, o sarau de Cabo Frio”, isto porque é intenção do Vidal realizar o evento uma vez por mês, sempre às terças.
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PASSARINHOS
oemas
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QUEM É ECOCHATO?
Gerson Valle
quando todos constatam que o mundo se encontra por ter um piripaque, o sol por desgosto nos bate no rosto, nos fere na pele, e todos desejam que o sol seja posto, o morro azulado descora e aparece o marrom e amarelo, o mar de sargaços mistura-se em merda, nos tira pedaços, geleiras derretidas nos querem trepar por cima das costas, e o ar nos vomita a nossa volúpia de tudo acabarmos, para alguém que ainda queira dormir sobre os fatos, reclame e me chame de alarmista, ecochato no que me resta sem festa da consciência já sem paciência só querendo alertar como tudo cá está, eu respondo: ecochato é a puqueopá! Gerson Valle é poeta, membro do conselho editorial do Jornal Poiésis. Reside em Petrópolis-RJ.
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Camilo Mota
ÍNFIMO
Para o amigo Cid Magioli
Maria Helena Latini
Ando mundo adentro feito pássaro, Trinando a melodia das asas. Recolho os gravetos da terra E componho o ninho das espécies. Sementes distribuo em canteiros muitos. Quando minha mulher amanhece, Ela vai lá fora ouvir de perto os passarinhos. Diz ela que entende as suas falas. E eu, meu amor, escuto as flores. Assim cresci manso E redescubro a serenidade da vida Quando o sol nasce e a lua vem.
Dor escondida roendo: coisa incisa e pouca feito uma frieira no pé, no dedo mínimo. Maria Helena Latini é pósgraduada em Literatura pela UFF. O poema acima faz parte do livro “Fio de prumo” (7 Letras, 2006)
Camilo Mota é editor do Jornal Poiésis.
Saio só, a caminhar
DIAGNÓSTICO
Gustavo Wider
Dinovaldo Gilioli
Saio só, a caminhar na manhã ensolarada. Céu azul brisa fresca, perfumada flor orvalhada.
É tarde E as rugas S’escondem Na carne
Sobre mim, a poesia adeja Como borboleta esvoaçante que ameaça, mas não pousa indo pousar ao sol mais adiante...
Dinovaldo Gilioli é poeta, atua no Sindicato dos Eletricitários de Florianópolis. O poema acima faz parte do livro “Cem poemas” (Editora da UFSC)
PELAS TUAS MARÉS Andityas Soares de Moura Beber vinho das tetas das musas? Se há clarão não se pode desperdiçar o tempo. É que o silêncio roda e roda sem pedir licença. Beber vinho das tetas das musas. Em uma daquelas ruas angulares a sombra de teu cheiro - que nasceu lembrança – enroscou-se nos pãezinhos novos indicando-me o caminho que voltava para casa. Andityas Soares de Moura é poeta, tradutor, professor universitário e mestre em Filosofia do Direito pela UFMG. O poema acima faz parte de seu livro “Fomeforte” (Belo Horizonte: invento, 2005)
Gustavo Wider é membro da Academia Brasileira de Poesia. Reside em Petrópolis-RJ.
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OSSOS NAIVES – 43 Eustáquio Gorgone de Oliveira atribuo esta tristeza à minha permanente distância dos motivos ilusionistas: copos-de-leite gigantes anjos colados em grude tabuleiros de limpar peixe teto em saia-e-camisa ovos de ouro e outras verdades afins que me insuflavam a vida. não é fácil não é fácil mesmo manter-se no cavalo adestrado em todo o percurso. conhecemos o caso do serventuário que viu a tinta secar no tinteiro.
Belvedere Latuf Isaías Mucci Te vejo com um hibisco nos cabelos: vermelho amarelo branco cor rosa. São tantas as cores desta visagem. Floresces pela orla do mar, ondulando lentos os quadris, havaiana daqui. Mais te vejo, mais te amo. E te enrolo no pano de meu sonho. Latuf Mucci é autor de “Águas de Saquarema”, cujo lançamento acontece dia 8 de agosto (vide página 10).
Poemínimo Sylvio Adalberto
Eustáquio Gorgone de Oliveira é poeta, reside em Caxambu-MG.
Passou o tempo de Bilac da máquina de escrever e da caneta tinteiro. O tempo agora é de quem não sabe ler.
José Maria Clara Maia
Sylvio Adalberto é presidente da Academia Brasileira de Poesia
José, sua túnica, as sandálias - da herança de Jesus.
INVEJA Daniel Mazza
José, a nudez do Pai, humílimo. O machado e o desbaste, o cajado. Silencioso, vago - sem dúvida.
Diante do espelho O reflexo híbrido De si e si próprio: Desconexo e impróprio O eu biconvexo.
José, secundário frente à Santa. A estrada dura.
É branco o ódio, É negro o remorso, É cinza o rancor. A inveja é de uma cor Que só vemos no espelho: incolor.
A túnica, as sandálias - Jesus.
MADEIREIRA E MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Iacyr Anderson Freitas Não tive escola, o senhor mire e veja: com tanto livro assim não há quem viva. Ter estudo é não saber se a carqueja é diurética ou depurativa. Como entender quando leitura tanta não nos salva da sarna com arruda? Quando se esquece que com casca-de-anta nenhum homem fraco anda sem ajuda? Quem não cura ferida com arnica? Mal de escarlatina, com mil-em-rama? Catarro sem malva, como é que fica? Sem tal ciência, não se sai da cama. Para reumatismo, açoita-cavalo. Angina se mata com alfavaca. Com anil, ainda que em chá bem ralo, nenhuma prisão de ventre empaca. Pedra nos rins se quebra com abútua, com urtiga-vermelha ou com bardana. Melhor com duas, pois, se a dose é mútua, moléstia alguma, olhe bem, nos engana. Não desculpo estudo assim, tão em pencas, que não sirva à vida: à sua, à minha, às regras que regulo com avencas em tisana, ou com chá de cavalinha. As folhas do meu livro estão na horta, no quintal, no relvado do poejo. Ali nenhuma letra é letra morta, e é literatura tudo o que vejo. Iacyr Anderson Freitas é natural de Patrocínio do Muriaé-MG, reside em Juiz de Fora. O poema acima faz parte do livro “A soleira e o século” (São Paulo, Nankin Editorial; Juiz de Fora, Funalfa, 2002)
Daniel Mazza é natural de Fortaleza-CE. O poema acima faz parte do livro “A cruz e a forca”, premiado em 1º lugar no X Prêmio Ideal Clube de Literatura.
Maria Clara Maia é professora, poeta, reside em Saquarema-RJ.
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Regina Mota Foi inaugurado no dia 15 de julho o mais novo espaço cultural de São Pedro da Aldeia: o Atelier Casa das Artes. O local surgiu com o objetivo de oferecer aulas de escultura, desenho e pintura, bem como de ser um ponto de encontro aos artistas que queiram mostrar suas aptidões. Os idealizadores da Casa, os artistas plásticos Elizabeth Franco e Álvaro Lopes, são nascidos na cidade do Rio de Janeiro e já moram há vários anos em São Pedro da Aldeia. Os dois amigos resolveram se unir para passarem aos alunos as mais variadas técnicas, tanto na tela, como na madeira, por eles aprendidas e desenvolvidas em seus trabalhos. Na inauguração, além da comunidade local, estiveram presentes também diversos artistas plásticos
Projeto Primeiro Passo Fotos: Camilo Mota
Atelier Casa das Artes é inaugurado em São Pedro da Aldeia
Elizabeth Franco e Álvaro Lopes ensinam pintura e escultura no novo espaço cultural
da Região dos Lagos, como o presidente da Academia de Letras e Artes – Aleart, Carlos Alberto Fourreaux, o presidente da Academia Artpop, de Cabo Frio, Carlos Alberto de Souza, além de algumas autoridades, como a Secretária de Cultura de São Pedro da Aldeia, Dulce Menezes Ramos. Algumas obras de Elizabeth e Álvaro podem ser vistas no Atelier Casa das Artes, situada na Rua São Pedro, número 262, Estação. As aulas são ministradas de 2ª a 6ª, das 13h às 17h. Informações poderão ser obtidas através dos telefones: (22) 2625-9882 ou 8834-1936.
Unidos pelo amor à dança, um grupo de amigos decidiu tornar realidade um sonho recente, de fazer nascer nas pessoas o bailarino que mora em cada um, e que talvez por falta de oportunidade ou condição financeira, permanece no silêncio. Assim surgiu o Projeto Primeiro Passo, idealizado pela bailarina Patrícia Beltrão, pela sua mãe Valéria Beltrão, pelo bailarino Sergio Coelho e pelo formado em capoeira Manoel Almeida, o “Zorro”. Patrícia, 23, é formada em Educação Física, pela Universidade Veiga de Almeida, de Cabo Frio, e faz balé clássico desde os 2 anos de idade, ou seja, possui 20 anos de experiência. Sergio, mais conhecido por “Serginho”, 18, foi um
dos talentos descobertos durante o Projeto Arte e Cultura, desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Saquarema. Apesar do pouco tempo de balé, apenas 3 anos, Serginho se apresenta como veterano nos palcos, pela sua habilidade e flexibilidade, rompendo as barreiras do preconceito. Os dois bailarinos contam com a supervisão de Taís Maia, que possui vasta experiência em dança. As aulas, cuja mensalidade tem o valor simbólico de apenas R$ 15, acontecem na Colônia dos Pescadores, em Saquarema (vide box abaixo). Outros locais que também têm aulas com o Projeto Primeiro Passo são a Casa Escola Corujinha, em Itaúna, e o Jardim de Infância Brincando e Aprendendo, no Gravatá. (Regina Mota)
Onde o moderno se junta ao clássico. Rua das Garoupas, 228 - Itaúna Saquarema - RJ (22) 2651-4696 (antiga Pousada Airumã)
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Frederico Motta
O mochileiro e a analista
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Educação, carinho e apoio são os bens mais importantes que um pai pode dar ao filho. O pai apresenta o mundo à criança. O pai ampara, participa, planeja o futuro com o filho. O pai deve ser lembrado todos os dias. FELIZ DIA DOS PAIS! Com carinho, a Direção e Equipe da Casa Escola Corujinha.
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Biancha Mamede* “O mochileiro e a analista”, de Philippe Debled e Maria do Rosário Stotz (Palhoça-SC, Unisul, 2009), oferece a oportunidade de conhecer, através da vida de Phillipe Debled, as aventuras e desventuras de um dependente químico. Fascinantemente, esta história leva o leitor a viagens pelo mundo da psicologia analítica, introduzindo conceitos de forma simples, conduzindo a constantes reflexões sobre paradigmas que fazem parte da vida humana: quem sou? O que realmente quero e desejo? Como me sinto realmente? Sem a pretensão de tornar-se uma narrativa sobre o processo analítico, é na relação que os verdadeiros desafios ocorrem, tanto para a psicóloga Maria do Rosário quanto para Phillipe, o qual organiza construtivamente e espontaneamente fatores que facilitaram sua aproximação das drogas. Tendo como contexto as viagens audaciosas, o livro apresenta a beleza das diversidades culturais através de todo deslocamento geográfico, concomitantemente com as vivências alucinantes com as drogas. Em certos momentos as “viagens” internas interrompem, cortam e transversam as “viagens” externas. Contudo a busca pelo auto conhecimento e o anseio pela “tal” liberdade permanecem no corpo temático, sendo sustentado pelas inferências e
*Biancha Mamede é psicóloga clínica, linha de atendimento cognitivo comportamental, especialista em hipnose (TVP), atende em Saquarema com hora marcada. Tel. (22) 2651-8872 e (22) 9225-6358.
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O POETA DO VERSO CLARO Entrevista com Reynaldo Valinho Alvarez
Poiésis – Sua poesia deixa transparecer um olhar de desencanto sobre nosso século. Você quer dizer com isso, que a arte, no caso a poesia, é o caminho para a redenção do ser humano e instrumento para se ordenar esse caos? Reynaldo Valinho Alvarez A poesia pode não ser o caminho para a redenção do ser humano e o instrumento para se ordenar esse caos. Mas não deixa de ser uma opção, uma tentativa de romper o cerco e buscar a salvação, no sentido de que é preciso quebrar o conformismo e não ceder ao encarceramento cultural, psicológico e social do que há de mais fraterno e solidário no ser humano. Temos de enfrentar todas as pressões que nos oprimem e o desencanto que nos rodeia. Para quem vê na poesia algo mais que um exercício literário, sujeito a modismos e teorizações de todos os gêneros, ou um caminho para o posicionamento e a ascensão no estéril mundo da política cultural, é inaceitável assistir ao empobrecimento a que ela é submetida quando passa a constituir um simples meio de inserção na área difusa da vaidade literária ou um joguete ao sabor dos passageiros e contraditórios ventos da moda ou das ideologias desejosas de confronto e hegemonia. A esse quadro deve contrapor-se uma dedicação que não recua, mas, ao contrário, prossegue em sua procura interminável do belo, em meio ao que há de mais profundo e arraigado na tragicomédia do cotidiano. Cito, a propósito, os versos finais do longo poema “Noite sobre dia”, que faz parte do volume Lavradio, em que me arrisquei a expresssar-me a respeito, opondo, em metáfora, a luz desse desejo à sombra silenciosa da noite vazia:
o poema é teu escudo ergue-te e luta não é a noite essa intrigante bruta que há de roubar-te a luz crê e levanta esse estandarte o poema e a vida canta com a esperança no bolso quebra e espanca a longa mancha dessa noite branca e estilhaça o sofrer a morte o espanto que se esconde em seu pardacento manto aonde fores terás sempre a esperança na forma exata de uma aguda lança para rasgar a noite e achar o dia mesmo que só na tua fantasia talha a pedra que a pedra não te nega tudo que nela operas e te lega a ode clara do dia o alto poema que é da esperança a mais valiosa gema Poiésis – Você foi construindo sua poesia à margem de escolas e correntes literárias e conseguiu a aprovação do público e da crítica. Isso o faz se sentir realizado como poeta? Reynaldo Valinho Alvarez A realização como poeta é uma
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conquista que se faz no dia-a-dia, a cada poema escrito, a cada encontro entre a vida real e a fantasia, o pensamento e a palavra, a razão e a metáfora capaz de expressá-la. Esse é um terreno em que a pretensão, a arrogância e a veleidade não passam de um jogo fátuo e ridículo que se dissipa como a fumaça e apenas cega os ególatras e imprudentes. Todo um caminho se faz e refaz, com humildade e perseverança, a cada verso, a cada imagem, a cada tema percorrido com a curiosidade insopitável de uma criança que se interroga, questionando o mundo à sua volta. Não há ponto de chegada, mas uma peregrinação que tem em si mesma seu próprio destino e sua justificação. Poiésis – Estão presentes em sua poesia a interação do existencial e do social, a paixão pelo artesanato formal, a
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expressão verbal como síntese do novo e do tradicional. Como é que funciona a alquimia dessa interação? Reynaldo Valinho Alvarez A alquimia da interação entre existencial e social, artesanato formal e expressão como síntese do novo e do tradicional é uma exigência da economia do poema, de sua estrutura interna, de sua razão de existir como expressão de uma experiência humana e seu desejo de permanência. O poema é a representação escrita, concreta e real de um estado poético, seja ele resultado de uma emoção, uma sensação, uma idéia, um pensamento organizado, uma circunstância que se deseja preservar do caruncho do tempo, uma aspiração de plenitude e de continuidade no plano estético, inerente à condição humana, sitiada pela iminência indesejada da mortalidade. A poesia pode oferecer um olhar abrangente desse complexo interativo de aspirações e realizações. Poiésis – A presença da morte, a corrosão do tempo, a violência do cotidiano, o isolamento e a solidão da era da internet, parecem clamar na sua voz, por um mundo mais justo e uma humanidade mais livre, somados a resíduos de leituras e vivências pessoais, pode-se dizer que sejam a essência de sua poesia? Reynaldo Valinho Alvarez A essência da poesia, tal como a compreendo, deriva da própria essência do ser humano. Ela está impregnada da vida e dela retira o sumo, a seiva e o sangue de sua existência que se expresssa por intermédio da palavra. É no cerne e no som da palavra que ela explode
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nº 161 - agosto de 2009 com seu encantamento, sua música, sua verdade que se exterioriza na harmonia das sílabas entrelaçadas de um modo que se distingue de qualquer outra forma de comunicação verbal. Poiésis – É verdade que seu fazer poético é sintoma de inconformismo com o que está sendo feito em matéria de poesia, que você quer mais do que o que está sendo feito? Reynaldo Valinho Alvarez Procuro o meu próprio caminho em meio ao arquipélago de estilos, movimentos e tendências que ocupam o lugar outrora tomado pelas escolas literárias. O caráter múltiplo das manifestações contemporâneas tem, ao menos, a vantagem de ninguém passar pelo dissabor de sofrer a ditadura de uma determinada escola, seja ela qual for. É possível que a última tentativa do gênero esteja extinta há cinquenta anos e já se tenha perdido na poeira do tempo, como se dizia em outra época, diferente desta que alguns denominam de pós-moderna. Sob essa ou outra classificação, ela permite a liberdade de expressão atual, marginada, de um lado, pelo caos à beira do absoluto e, do outro, pela teimosa e aleatória pretensão de alguns círculos e grupos de se apresentarem como os donos da verdade. Trata-se de pura ilusão, quando se vive num terreno instável e movediço como este de que estamos falando, em que os cânones, normas, leis e preceitos parecem soar como sinos rachados, tocados em paragens ermas e vazias. É preciso fazer mais, sim, sempre mais, ancorado no presente, mas olhando para frente e para trás, pois nada se cria do nada, quando se trata de uma obra humana. Estamos em cima dos degraus que outros construíram ao longo dos séculos e, no fundo, não estamos criando nada que não esteja contido nos limites insondáveis do fazer humano. Não inventamos o que já está inventado. Podemos, sim,
reinventar, no sentido de renovar e recriar. Poiésis – Os críticos dizem que “sua excepcional capacidade para construir o poema sugere um ressentimento com o individualismo alienador, e parece que você tenta unificar o mundo pela palavra”. Quanto há de realidade nisso? Reynaldo Valinho Alvarez - A solidariedade humana sempre foi e será uma aspiração, um desejo e uma idéia-força mais do que uma realidade que se apresente com frequência no cenário do cotidiano. Toda iniciativa solidária corre o risco de se esgotar na oralidade ou no verbo escrito. Mas, ao contrário, deveria estar presente onde se faz necessária, nos muitíssimos palcos em que se exibe a tragédia da miséria humana. Essa tragédia secular é traduzida em exploração, injustiça, assassínio, guerra, genocídio, inanição, ignorância e toda a coorte fantasmagórica que invade tanto as urbes gigantescas de países desenvolvidos ou atrasados quanto os campos talados pela devastação implacável e irracional dos conflitos de toda natureza. Hoje, há os originados em causas econômicas, sociais, políticas, ideológicas, religiosas, étnicas ou em qualquer outro motivo capaz de levar ao massacre, ao morticínio, ao confinamento em campos de concentração, às execuções, aos atentados ou à solitária bala perdida. A esse horror, temos de opor o escudo e a couraça de uma poesia que procure, em sua humildade, constituir-se num padrão de beleza, num documento afirmativo e num sopro de paz. Poiésis – Dentre tantos livros sobre qual deles recai sua preferência pessoal? Reynaldo Valinho Alvarez - Cada livro tem sua própria história, sua origem, seu momento de concepção, sua razão de ser. É impossível
preferir um aos outros, porque todos fazem parte de um painel composto de muitos mosaicos, de um conjunto solidário, de uma obra em andamento que só terminará com a morte ou a incapacidade física do autor. Há sempre algo melhor a fazer ou o desejo de se fazer melhor, ou ainda a ilusão de se fazer melhor, assim como um dia se sucede a outro dia e nenhum se assume como igual ao outro, mas todos somam nossa presença e nossa passagem no tempo e pelo tempo. Cidade em grito, o primeiro livro publicado, quando o autor já tinha 42 anos, mas escrito aos 27 anos, é um longo poema estruturado, de tema urbano, prefaciado pelo grande escritor português Ferreira de Castro, que ressaltou essa característica do livro. A partir daí, surgiram Canto em si e outros cantos, volume composto de três livros voltados também para a temática urbana, e O solitário gesto de viver, que registra e verbera a reificação do homem citadino, embora repleto de metáforas e imagens campestres, além do cenário gaúcho; O sol nas entranhas, visão de um Rio de Janeiro em que a urbanização se fez sobre a destruição de marcos e referências do passado; Solo e subsolo, formado por três livros, o primeiro com a apresentação de uma paisagem mineira agredida pela ação do homem; o segundo centrado na figura de um Cristo operário e de um São Francisco despojado; e o terceiro que retomou o tema da coisificação do ser humano, com ironia e experimentações poéticas e verbais diversas. Seguiram-se O continente e a ilha, formado por dois livros em que a experimentação estética se une à problematica existencial, à memoria, à historia e à biografia, e Galope do tempo, em que a tônica da passagem dos dias abriga aforismos e alusões conceituais de fundo existencial, ao longo de uma estrutura poética em que se utiliza, com frequência, a técnica experimental no plano do desenvolvimento da obra. Vieram ainda Lavradio, constituído
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por quatro livros: o primeiro, uma viagem ao longo da memória; o segundo, uma reflexão sobre a poesia; o terceiro, a visão trágica de um Rio de Janeiro assolado pela violência e pelo ceticismo; e o quarto, um longo poema sobre a travessia existencial. Depois dele, foram publicados Das rias ao mar oceano, uma ponte entre a Ibéria e o Brasil, com ênfase na memória ancestral galaica, e Corta a noite um gemido, longo poema em que a experimentação com a reinvenção de formas e modelos clássicos conta a história sangrenta e inaceitável dos ataques às populações civis, vindos de onde vierem. Nesse período, apareceram também traduções de alguns livros em países como a Suécia, a Itália, o Canadá e a Espanha, além de uma edição bilíngue em português e francês sob o título O tempo e a pedra / Le temps et la pierre, organizado e traduzido por minha mulher, Maria José de Sant’Anna Alvarez, com a colaboração de vários tradutores, e Diáspora ou aprendiz de galego, livro bilíngue que reúne trinta sonetos que escrevi em galego e traduzi para o português. Estão sendo lançados agora El último día, volume que junta o longo poematítulo sobre a condição humana à coletânea El aullido y los perros, escrita no princípio da década de 1980 e publicada em 2003, e a edição bilíngue com a tradução em italiano do longo poema sobre a América Latina intitulado “Manual de conduta”, já publicado em duas obras anteriores do autor. Em 1999, A faca pelo fio, coedição da Fundação Biblioteca Nacional com a Imago Editora, reuniu seis livros meus: Galope do tempo, O continente e a ilha, Solo e subsolo, O solitário gesto de viver, O sol nas entranhas e Canto em si e outros cantos. Todos eles ajudaram a erguer os andares de uma obra em progresso que está longe ainda de sua conclusão. Assim o desejo e espero.
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nº 161 - agosto de 2009 Opinião
Elzo Souza Silveira
Prevenção: melhor maneira de trabalhar
Um caminhão Vacol, adquirido recentemente pela Prefeitura Municipal de Saquarema, tem ajudado no trabalho de desobstrução de ralos, galerias, manilhas e bocas de lobo para a passagem de águas pluviais. O trabalho silencioso da Secretaria de Serviços Públicos e Transporte já vê resultados, através de ruas que antes ficavam alagadas após as chuvas e hoje podem ser trafegadas normalmente. É a prevenção, aliada à vontade de trazer boas respostas à população saquaremense, eliminando aos poucos os alagamentos em algumas partes da cidade. O caminhão, de uso exclusivo da prefeitura para serviços públicos, deverá atender aos bairros, cujas ruas são manilhadas. Reclamações e solicitações de serviços podem ser postadas no site da prefeitura: www. saquarema.rj.gov.br
Livro de poemas faz homenagem a Saquarema Camilo Mota Uma ode a Saquarema. É como define o autor Latuf Isaías Mucci seu mais recente livro, “Águas de Saquarema” (Tupy Comunicações), cujo lançamento acontece dia 8 de agosto, às 20 horas, na Casa de Cultura Walmir Ayala, no Centro. Natural da Zona da Mata de Minas Gerais, o professor-doutor já percorreu vários países e escolheu o balneário na Região dos Lagos como seu porto seguro. “O livro é um gesto de gratidão para com a cidade que me acolheu”, define o poeta, que reúne nas cerca de 150 páginas textos que fazem um verdadeiro culto à beleza da cidade. Residindo há 30 anos em Saquarema, Latuf Mucci é mais conhecido como ensaísta e como brilhante palestrante, tendo vários livros publicados. “Águas de Saquarema” é sua segunda incursão pela poesia. Professor associado da Universidade Federal Fluminense (UFF), o doutor em Poética também mantém um blog (professorlatuf.blogspot.com), onde tece um diálo-
Associação Flash Dragons de Kung Fu KUNG FU MODERNO E TRADICIONAL
Em Saquarema: Daumas Academia (Itaúna) e Academia Cosmo (Bacaxá) Em Cabo Frio: Academia Body Fitness
Filiada à Liga Nacional de Kung Fu e à Academia Internacional de Kung Fu e IWF
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Joao Carvalho Neto autor do livro “Psicanálise da Alma”
Regina Alves
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go constante com a literatura, a arte em geral, a vida, enfim. Segundo o escritor Juan Arias, Latuf é o professor amado pelos alunos e que une em sua personalidade as qualidades da fonte e da água, resumindo poeticamente a totalidade dessa figura ímpar que habita o dia a dia de Saquarema e que revela agora ao mundo seu olhar de poeta sobre a cidade e seus pares.
Dentista
Dr. Guilherme Bravo Reis
O Projeto Especial de Integração Social da Pesca Artesanal – PEISPA, realizado pela Colônia de Pescadores Z-24 de Saquarema e patrocinado pela Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS, realizou durante o período de agosto de 2008 a julho de 2009, diversos treinamentos voltados para a área da pesca artesanal. Educação Ambiental, Gestão Financeira, Precificação e Empreendedorismo, foram também ministrados, além da constituição de uma Cooperativa de Beneficiamento do Pescado, atingindo um universo de oitocentos e setenta participantes entre pescadores, filhos de pescadores e alunos das escolas municipais da cidade de Saquarema. O Projeto Peispa contou ainda com a participação e o apoio da Prefeitura Municipal de Saquarema, Emater/Rio, Sebrae/RJ, Fiperj e Capitania dos Portos. Cultive em seu filho o hábito da leitura!
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nº 161 - agosto de 2009
Gerson Valle Recentemente, os grandes jornais brasileiros divulgaram um bate-boca entre dois ministros do Supremo, Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes, onde se evidenciaram algumas questões jurídicas que sempre me afligiram como advogado. De um lado um profissional que encara a posição do Direito como a de busca da Justiça e Equidade, dentro dos princípios sabidamente bons e não pervertidos, e de outro alguém que se quer um técnico das leis e manobras jurisprudenciais a serviço da política dominante, independentemente de qualquer preocupação de ordem não jurídica, “relativizando” o que seja bem ou o que seja bom... Ressalta-se, assim, a velha questão dos defensores do Direito Natural (baseado nos fundamentos óbvios para a boa convivência social em qualquer época e lugar) contra os positivistas (do Direito Positivo, aquele que se restringe às normas escritas, dentro das especificações históricas de cada sociedade). Lembro-me de um juiz, nas décadas de sessenta e setenta, que publicou alguns livros teóricos de como se advogar; uma espécie de auto-ajuda ao advogado na formação de seu pecúlio. Demonstrava, então, as táticas profissionais como um “comércio” frio e distante de qualquer humanismo. Num extremo de “positivismo” defendia claramente a idéia na qual, para a defesa do cliente, todos os procedimentos seriam válidos. Isto incluía, é claro, a mentira, considerada simples “tática de defesa”... Um dos primeiros ensinamentos transmitidos nas aulas introdutórias ao Direito é a de que Direito e Moral são matérias diferentes. Direito não é Moral. E de tanto se repetir tal diferenciação, disciplinarmente verdadeira, muitos acabam pensando que o bom Direito pode mesmo ferir a melhor Moral, e entre o Direito e a Moral certos profissionais defendem uma advocacia tão amoral que não se incomoda por ser imoral... Há sempre a desculpa de que a todos deve ser dado o direito de defesa. Mesmo ao pior dos criminosos. E como se defender tal criatura senão mentindo? Às vezes até injuriando suas vítimas ou denegrindo a imagem de uma testemunha, demonstrando, de forma transversa, que elas é que mentiram? Isto ajuda à Justiça, à Equidade, ao Direito? Não. Mas ao bolso do “profissional amoral”, sim, mesmo que mantendo criminosos soltos e inocentes sob dúvida...
Montagem com recortes extraídos da internet
UM BATE-BOCA NO JUDICIÁRIO
Tomo a liberdade de citar uma frase do poeta Ferreira Gullar, quando era presidente da FUNARTE e eu lhe explicava possíveis perigosas conseqüências para a instituição devido a uma recente lei. É claro que não tomei posição a favor da lei abusiva, mas, de tal forma ela feria a sensibilidade do poeta que ele achou, quando a explicava, que a defendesse, e me repreendeu (sem saber que eu penso, neste aspecto, exatamente como ele; afinal, “anch’io sono poeta”, o quê, como profissional, não vinha ao caso): “Fala feito gente, Gerson, e não como advogado!” O doutor Gilmar Mendes é conhecido como um grande jurista por dominar muita doutrina, leis e jurisprudência, usando bem de técnicas e táticas jurídicas. Mas, de que adianta tudo isto, quando é notório que todo conhecimento pode ser usado para a finalidade ideológica que se pretende, e esta pode defender os grandes contra os pequenos, os ricos contra os pobres, poderosos contra necessitados? E, até, a existência de bandoleiros na defesa dos bens privados, dos ganhos lícitos ou não, contra a equidade social. Isto é “falar como gente”? Existe em toda ciência positivista uma grande dose de realismo, sem dúvida. A mesma de políticos “manobreiros”, que se mantém na base da demagogia ou “mentiras técnicas” de sua profissão de políticos, como as dos advogados que seguem a “ajuda” do citado livro de um juiz. Política, para as chamadas velhas raposas, não consiste num ideal, mas na manutenção
da injustiça do estamento de famílias, coronéis, gente rica que o protege em mandatos e outros poderes, contra a “canalha da plebe”, que se engana com pieguismos de palavras e docinhos de festa... Conhecer a situação REAL e saber explorá-la consiste na “boa” prática do político “doutorado” nas falcatruas de nossa realidade e que a leva adiante com seu saber... E o pior é que a maioria julga bom político ou bom advogado aqueles que dominam a “técnica” de suas “profissões” por meio de discursos que possam “dar nó em pingo d’água”. O que faz de advogados e políticos malabaristas safados muito aplaudidos! Mas, as coisas parecem querer mudar. Quando manifestação pública e grande parte da imprensa e na internet proclama-se “Fora Gilmar Mendes” ou “Fora Sarney” despontam passos de conscientização pró-mudança de valores com relação a figuras da política ou da atuação jurídica (seja do advogado ou do Judiciário). É certo que o carisma manipulador das massas e o maquiavelismo de Getúlio Vargas se repetem com Lula. Tudo de mais antigo e fingido e demagógico e antidemocrático. Com a agravante que esta vertente saiu de uma esperança de mudança em tais práticas, o PT. Depois de combater os estratagemas corruptos e/ou conchavistas, atingida a presidência da República, Lula “conchava” com todo corrupto e/ou manobrista do poder, para obter maioria no Congresso, cinicamente, como a prostituta que se esfrega em qualquer cara sujo que
despreza, por “profissionalismo”, onde o nojo e a dignidade não interferem, tal como a Moral com relação ao Direito... Pode-se mesmo desconfiar, por isto, que tudo não passe de uma bem arquitetada política para a manutenção de um poder que leve a uma mudança mais radical que era de se desejar para o Brasil. Alguns teóricos neostalinistas estariam “construindo” a liderança lulista? Tanto o neogetulismo quanto uma ditadura do tipo soviético só podem agravar a postura mentirosa da política tradicional. Por outro lado há manifestações novas repudiando suas práticas nocivas. Temos de ter fé que certos protestos aumentem a conscientização nacional, forçando os velhos mentirosos a mudarem suas táticas. E que Direito e Política tomem um rumo mais compatível com a evolução e espírito de emancipação das velhas fórmulas, como vem ocorrendo com as mulheres e minorias, ou mesmo como despontaram os “verdes” historicamente contra todas as resistências que os apelidaram de ecochatos... Um Cristóvão Buarque, um Pedro Simão, um Joaquim Barbosa, já não seriam indícios das mudanças? Curiosamente, dentre os “verdes”, há dificuldades causadas por certas formações muito voltadas ao fato jornalístico, essencial para a visualização da realidade, mas sem acompanhar uma reflexão mais aprofundada vinda de estudos mais organizados. Presos à moda, deixam-se levar pelo canto de sereia do liberalismo, confundindo-o com a corajosa visão libertária, culpando a estrutura do Estado. Podem, assim, acabar acreditando em linhas enganosas da inteligência de um Fernando Henrique... Por aí voltam a práticas antigas, uma vez que a superficialidade acredita que a realidade é a mestra suprema. Neste pragmatismo aprendem com seus pares políticos, mesmo que dentro de um congresso corrupto. Tudo se repete. Um perigo! Acredito, entretanto, que conscientizações mais idealistas desviem o caminho das repetições de tais “manobras puramente táticas” nos novos tempos. Que a população já não seja ingênua para aceitá-las. Que os profissionais da Política ou do Direito prezem mais a honestidade de seus desempenhos. Que os joaquins rodrigues frutifiquem e os gilmar mendes encontrem o túmulo para seus atos já há muito anacrônicos, por mais que pareça ser a confusão de valores em prol dos ganhadores sem escrúpulos uma realidade necessária...
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Em Foco Regina Mota
Novo secretário - Zezinho Amorim é o novo secretário de Promoção Social e Cidadania de Saquarema. Na foto, a prefeita Franciane Motta dando-lhe as boas vindas.
Casamento - Djair e Céia casaram-se no dia 4 de julho na Cinéia Fest. Que as bençãos divinas continuem sendo derramadas sobre eles, é o que desejamos de coração.
Galera animada - O WQS que aconteceu na praia de Itaúna reuniu centenas de jovens apaixonados por surf. Na foto acima, atores e músicos do Centro Cultural Casa do Nós. Alguns ajudaram na barraca da Secretaria de Saúde, distribuindo preservativos e alertando sobre a AIDS. Mecânica de batom - Adilson Costa Muniz (foto ao lado) foi um dos instrutores do curso promovido pela Via Lagos, Mecânica para Mulheres, que teve alunas de Saquarema, Araruama, Cabo Frio, Rio Bonito e Iguaba.
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Visitas ilustres - A proprietária da Ayuruoca - Pousada do Barão, Angela Maria Pellicione Feingold (no centro da foto), e sua sobrinha Bebel, receberam em julho hóspedes ilustres como os surfistas Sergio Laos e Nasatoshi e a secretária de Turismo de Mar de Espanha, Patrícia. Também prestigiaram a pousada os atores globais Roberto Frota e Marcos Wainberg, que estiveram em Saquarema para apresentação do espetáculo “Diálogo dos Pênis”. Camilo Mota
Waldo Siqueira
Petrópolis florida - As cerejeiras vindas do Japão enfeitaram a entrada de Petrópolis no mês de julho. A Cidade Imperial ficou mais charmosa, combinou com o frio de 4 graus no amanhecer.
Camilo Mota
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