Poiésis 168

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Literatura, Pensamento & Arte

Ano XVI - nº 168 - março de 2010 - Saquarema, Araruama, Cabo Frio, Arraial do Cabo, S. Pedro da Aldeia, Petrópolis, Teresópolis, Rio de Janeiro

Na natureza, de pés no chão Sylvio Adalberto

A natureza respira, intensa, nesta edição do Poiésis. Fonte de recursos de vida, de inspiração para os escritores, de material de estudo para os cientistas, a natureza é, sobretudo, o chão em que pisamos, o ar, os oceanos... nós também, enfim. O poeta, jornalista e tradutor Leonardo Fróes é um exemplo dessa integração. Em entrevista na página 9, ele fala sobre sua convivência com a palavra escrita e

sua opção pela “roça”, pela vida em seu rumo natural. É dele também a bela crônica “O comício dos pássaros” (página 7), que aqui reeditamos. No caminho da preservação e da conscientização ecológica está o projeto do Mosaico Central Fluminense (página 6), que já conta também com um belo trabalho de divulgação através de vídeo, já disponível na internet.

Poiésis faz homenagem às mulheres no Fly Shopping Regina Mota

Crianças da rede municipal de ensino de saquarema ganham tarde de diversão no parque

O Jornal Poiésis realiza no dia 13 de março, a partir das 16 horas, uma grande homenagem às mulheres no Fly Shopping em Bacaxá. O evento contará com apresentações de música, dança, teatro e poesia, além de sorteio de vários brindes. Página 12.

Página 10

Coletivo Cultural Araruama inicia 2010 com grandes planos Página 3

"Roberta", um conto de fernando py Página 11

O Filho Eterno

O fascinante romance de Cristóvão Tezza

Página 2

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nº 168 - março de 2010

O Jornal Poiésis - Literatura, Pensamento & Arte é uma publicação da Mota e Marin Editora e Comunicação Ltda. Editor: Camilo Mota Diretora Comercial: Regina Mota Conselho Editorial: Camilo Mota, Regina Mota, Fernando Py, Sylvio Adalberto, Gerson Valle, Marcelo J. Fernandes, Marco Aureh, Celso Caciano Brito, Francisco Pontes de Miranda Ferreira, Charles O. Soares Jornalista Responsável: Francisco Pontes de Miranda Ferreira, Reg. Prof. 18.152 MTb Diagramação: Camilo Mota CAIXA POSTAL 110.912 BACAXÁ - SAQUAREMA - RJ CEP 28993-970 ( ( ( ( (

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jornalpoiesis@gmail.com www.jornalpoiesis.com Distribuição dirigida em: Saquarema, Araruama, São Pedro da Aldeia, Iguaba Grande, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Petrópolis, Teresópolis e Rio de Janeiro. Fotolito e Impressão: Tribuna de Petrópolis Colaborações devem ser enviadas preferencialmente digitalizadas, em formato A4, espaço simples, fonte Times New Roman ou Arial, com dados sobre vida e obra do autor. Os originais serão avaliados pelo conselho editorial e não serão devolvidos. Colaborações enviadas por e-mail devem ser anexadas como arquivo do Word (.doc ou .docx). Os textos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Jornal Poiésis.

O ROMANCE DO ETERNO RETORNO: “O FILHO ETERNO” Gerson Valle A literatura em língua portuguesa, mesmo com toda crise livresca da era “internética”, continua viçosa. Em Portugal, tem-se até um prêmio Nobel, o José Saramago, com estilo próprio renovador e um humanismo exemplar. Para não pontuar com muitos nomes ainda em plena força produtiva e significativa, basta lembrar o caso do ficcionista extremamente bem sucedido, o moçambicano Mia Couto. No Brasil, não há concurso de conto, romance, poesia, em que não apareçam muitos bons concorrentes, sendo que alguns deles já com bela obra publicada. Às vezes desponta um escritor demonstrando conhecer todos os meandros da narrativa, e ainda com disposição ensaística de pesquisador, o que, para minha concepção literária é de grande valia, como o caso de um João Silvério Trevisan (e a fusão da ficção com a pesquisa e o ensaio, no caso, se fez bem presente em seu romance “Ana em Veneza”, de que sempre lamentei o curso subjetivo da última parte, compreendendo, no entanto, tratar-se de mais uma faceta de afirmação da contemporaneidade). Recentemente, CRISTOVÃO TEZZA arrebatou inúmeros prêmios importantes e a leitura de um público considerável (8 edições em três anos) com seu romance “O filho eterno” (Editora Record, 8ª edição de 2009). Trata-se de um romance escrito de forma propositalmente comedida, dentro de uma concepção que me parece bem delineada de lhe dar uma forma significativa para o próprio tema que trata. Como se na forma o tema ressaltasse. E, conforme demonstra o sucesso obtido, extremamente fascinante na continuidade natural da narrativa, prendendo o leitor em suas 222 páginas. O tema é o do pai que sofre o impacto de início e procura acompanhar o processo existencial de um filho com a síndrome de Down, passando, com a convivência e a própria ternura espontânea do filho a viver com ele as repeti-

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EXPEDIENTE

O escritor Cristóvão Tezza ções de cada dia, integrando-se em seu mundo. Não há razão para se fazer uma sinopse, uma vez que a narrativa não procura linhas evolutivas, mas sim reproduzir o conhecimento da síndrome, através de contatos médicos, fisioterápicos, psicológicos... A síndrome que faz com que a pessoa repita cada dia as mesmas experiências como se fosse a primeira vez, não guardando memória prolongada de nada nesta vida. A idéia de cada dia retornar à estaca zero, passar pelos jogos, emoções e conhecimentos como se nunca nada disto tivesse ocorrido antes se encontra com a filosofia nietzschiana do ETERNO RETORNO. E Nietzsche é mesmo citado pelo narrador do romance (o pai, e é de se supor o próprio autor) algumas vezes. O ETERNO FILHO do título se justifica não só pela dependência eterna e eterna ligação com o pai, mas também com a idéia de um ETERNO que se consubstancia em retornar sempre ao início, sem etapas evolutivas e/ou conclusivas. E o romance assim se constroi. Paralelamente ao “diário” do relacionamento do pai com o filho excepcional, há também a lembrança do narrador de sua juventude, com uma experiência dos tempos da ditadura militar, quando esteve em Coimbra (na época da Revolução dos Cravos) e ilegalmente na Alemanha, num trabalho marginal. Desde jovem se dizendo escritor, acaba se formando em Letras, tornando-se professor de Literatura, e seus livros, depois de ficarem anos na

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gaveta, começam a ser publicados. Há, assim, uma aparente ascensão continuada na vida do narrador que diverge da posição estacada do “diário” com seu filho. E é notável a forma com que tal paralelo é colocado em revezamento (com recursos como o da rima cinematográfica) das descrições da relação pai-filho e síndrome de Down e as memórias dos tempos da mocidade do narrador. Na verdade, no entanto, o temperamento e gostos do narrador-pai não parecem mudar com sua “evolução” de vida. De repente, ele sai de seu carro, furiosamente, querendo brigar com um senhor que simplesmente buzinara atrás do engarrafamento em que se encontrava. Irracionalmente, ao contrário do bom senso esperado de quem demonstra, nas citações, conhecimentos e reflexões mais cultivadas. Há nele também demonstrações de um “eterno retorno” que se adequada à maneira do filho. Ele próprio, aliás, se diz, algumas vezes, “autista”, sem maiores explicações, e, claro que não com significado literal, mas simbólico. Como simbólica é a figura de um “guru” referido sem maiores explicações de quem fosse e de que representaria. Também não delineada é a figura da mulher do narrador. A ação se concentra tanto na relação pai-filho, que a pessoa fundamental nesta relação, a mulher e mãe, não é nunca referida com nome, personalidade, coisa alguma. É como também integrasse a visão de mundo sem contornos precisos da própria síndrome de Down. O que poderia, para muitos, levar ou a um manual sobre a síndrome de Down, ou até numa simples “auto-ajuda” para se “conviver” com o Down, torna-se, nas mãos de um grande escritor, um fascinante romance bem estruturado. Só se pode desejar que continue sua bela carreira, divulgando a boa Literatura.

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nº 168 - março de 2010

A cultura coletiva de Araruama Movimentos culturais nascem de uma necessidade anímica que, vez por outra, toma conta das pessoas. Parece que há condições favoráveis para isso nas cidades do interior. A falta de incentivo por parte do poder público, os poucos espaços destinados à criação e exposição artística e o próprio isolamento (às vezes autoimposto pelos próprios artistas) são elementos que podem colaborar para o surgimento de pequenas ilhas de resistência. É o que se vê, agora, em Araruama-RJ, através da associação Coletivo Cultural Araruama. O grupo reúne artistas de todas as áreas e está empenhado em mostrar ao que veio: ser um ponto de encontro de várias tendências para desenvolver projetos coletivamente. Este foi o meio encontrado para fortalecer a classe, tendo na associação um veículo de negociação junto à Secretaria de Cultura do município. Mas parece que a iniciativa vai conseguir ir muito além disso. É o que se viu durante o “Coquetel Cultural”, realizado entre os dias 19 e

Perla Duarte, Cid Magioli e Jaida Mundim durante o Coquetel Cultural promovido pelo Coletivo Cultural Araruama em fevereiro

Fotos: Regina Mota

Camilo Mota

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Por falar em música

por Renato Barcelos

O PODER DA MÚSICA

Apresentações teatrais marcaram o último dia do evento.

21 de fevereiro. No Centro Comercial Pinho, o Coletivo organizou uma exposição de artes plásticas, apresentação do Coral da Terceira Idade, show de MPB com Grazia Andrade, apresentação do Grupo Teatrama, sarau de poesia, apresentações de dança, cinema... E Divulgação

tudo com grande público! É só esperar, que vem mais por aí. Ou, se preferir, é só se aproximar e ajudar a construir uma cidade com vida cultural ativa e com oportunidade para todos. Mais informações podem ser obtidas no site www.coletivoculturalararuama.com.

O teatro de Déborah Oliveira A atriz e diretora Déborah Oliveira promove no dia 14 de março, domingo, um aulão grátis de teatro em seu estúdio, em Bacaxá. Sob sua direção, será encernada no dia 27 de março, às 17 horas, no Teatro Municipal Mario Lago, a peça “O Espelho Encantado”, tendo no elenco a própria Déborah, Jeferson Oliveira, Mariana Bravo, Dayvson Moura e Thais Oliveira. Maiores informações sobre a peça e sobre o curso de teatro oferecido pela diretora podem ser obtidas através do telefone (22) 8828-2879.

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A música está presente em tudo: nas novelas, na academia, nos postes das ruas, na antessala do dentista, em cartões de natal, no toque do celular, nas igrejas, nas escolas etc. Por quê? A música influencia o indivíduo independentemente do seu conhecimento musical, e ainda é capaz de ativar no cérebro a mesma sensação que temos ao degustar uma bela refeição, por exemplo. Ela pode agir tanto de uma forma positiva quanto negativa, da mesma maneira que nos traz motivação, melhora o humor e diminui a ansiedade, também pode funcionar como um gerador de pensamentos negativos e estimulador da violência, tal seu poder sobre o indivíduo. Os vários exemplos estão aí: em recintos onde são tocadas músicas de caráter perturbador cujas letras muitas das vezes (talvez na maioria) usam palavras de baixo calão e incitam comportamentos que fogem à norma sensata do convívio social, nos “gritos de guerra” de vândalos que se passam por torcedores e vão aos estádios de futebol promover a violência, nas “raves” e em outros tipos de festas onde o consumo de álcool e outros tipos de drogas é o objetivo. Todos esses eventos têm como combustível a “música”. O neurologista britânico Oliver Sacks escreveu: “Ouvir música não é apenas algo auditivo e emocional, é também motor. Acompanhamos o ritmo da música, involuntariamente, mesmo se não estivermos prestando atenção a ela conscientemente, e nosso rosto e postura espelham a “narrativa” da melodia e os pensamentos que ela provoca”. A música, de uma forma geral, é um veículo de influência e mobilização, capaz de sensibilizar e agregar pessoas em torno de um objetivo comum, seja ele bom ou ruim. Querendo ou não, a música faz parte da vida de todos, por isso se faz necessário que ela seja tratada de uma forma mais séria para que seu poder seja sempre positivo. *Renato Barcelos é professor de música (www.cursodemusicabarcelos.com.br).


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O nome da Rosa Marcelo J. Fernandes

Sobre um dos vinte poemas de amor

soava antigo talvez de santa, mártir, pagã ou sóror

Maria Clara Maia

não me vem no ar e ora dissocia imagem do conceito exato melhor seria forjá-lo e instalar uma mentira uma farsa no palato, no córtex e matar esse afã idiota e fugaz mas, como Adso de Melk, queria recobrá-lo retê-lo na boca fazê-lo signo uma só vez para sempre ou para nunca mais. Jan, 2010

Era uma vez um poeta cuja musa queria muda cerrada a boca num beijo. Para que se falassem em silêncio. Ela calada, borboleta de sonho, de cujos olhos tivesse voado, como que se queixando.

Gerson Valle

Ele um poeta que gostava de lhe falar distante, de longe, quando a voz nada alcança e a palavra parece melancolia. E então sua alma parece melancolia: dolorosa como se tivesse morrido uma estrela na noite constelada. Mais simples e mais próxima se faz a idéia de uma lâmpada. Acender alegre que não tenha sido só idéia o sorriso, o estar-se vivo, entre o anel e a aliança. 13/fev./2010

Escrito no chão Afonso Félix de Souza (1925-2002) De água somos. E pó. E choro. E riso. E há um sol que arde em nós. O sol aviva o chão, o chão que piso E nós pisamos. Sós. (do livro “Sonetos aos pés de Deus & outros poemas”)

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Os deuses distantes por vezes se achegam mostrando que também são gente, até meio crianças. Brincam de namorar as mulheres dos outros de forma imatura, achando bom não serem responsáveis. Pegam fogo no quintal do vizinho só para escaparem de alguma perseguição momentânea, guerreiam com rancor inconsequente lançando raios que arrasam bairros. Atropelam pessoas só para fugirem do carro que corre atrás deles, sem quererem saber das razões das posições dos perseguidores. Só querem escapar incólumes da agressão que suscita seu voluntarismo infantil. Destroem a terra toda achando que a sala com lareira e poltrona vai lhes restar para a velhice e a leitura de algum jornal noticiando somente o que se passa em seu pouso espelhado desde o banho e almoço até passeios nos arredores dos natais com os netos e adoradores agregados. Os deuses são sempre a civilização que comanda. Já foram romanos, hoje são norteamericanos. E continuam produzindo filmes do imediatismo da ação, habituando todo mundo a queimar o quintal do vizinho, dormindo descansados enquanto o fogo se aproxima lento, ao longe... Tadinhos...

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nº 168 - março de 2010

QUEM DORME?

A FOGUEIRA DOS AMIGOS

Marco Aureh

Leonardo Fróes

Existe um poeta adormecido em algum canto de mim, Ele me sorri com seus olhos tristes e me pede paciência, Paciência com minha ansiedade, Paciência com minha angústia. Esse poeta tem o rosto dividido, De um lado, a máscara da tragédia, Do outro a da comédia. Ele é metade Pierrô, metade Arlequim; um lado de lágrimas, outro de dentes expostos em gargalhadas sonoras. Existe um poeta adormecido em mim. Ele hoje se comunica em silêncio e silencia aos berros; um ser que me “fantasmAgora” tanto que me provoca medo aos súbitos, e me pego sem ar, sem chão, Esse poeta tem sabedoria enquanto eu acumulo conhecimento, Ele tem vida e eu tenho algo que ainda não consegui definir o que seja, Existe um poeta adormecido, Em algum canto Ele canta, Em algum canto Ele sonha, Existe um poeta, E Ele já não me pede mais nada, Apenas me olha, Vela-me como um pai ao seu filho, pois quem dorme na verdade sou eu.

Tantos anos depois, velhos amigos celebram, ao redor da fogueira, [o reencontro, conversando como sempre. [Rindo um pouco de tudo, mas com espaço para [todos. Todas as opiniões convergindo para o ponto unificador de [harmonia que se cristalizou entre eles. Nem parece que estão passando [horas, nem que o rio do tempo [embranqueceu seus cabelos. Não parece haver separação nem [partes nem vontades opostas no bailado dos seus gestos solícitos. É a fumaça rendilhada nos corpos que delineia as atitudes comuns, todas enlaçadas formando a [mesma figura, expressiva e compacta, de sombra [e luz. A alegria da simpatia que os irmana é uma oferenda à alma do universo. O ato de estar neste conjunto em sintonia com a pureza dos [recortes é a glória da espécie.

Petrópolis, 24/12/2009

CAMINHOS DE PAZ Camilo Mota Ao amigo João Bayones Não guardo mais o vento em garrafas: Libertei os vagalumes da infância Para fazer a noite esverdecer. Alçapões já não prendem asas: Pássaros, pipas e nuvens Espalham-se ao derredor do céu. Leio Alberto, Adélia e Manoel nos olhos de meus irmãos: Eles surgem em meio à mata assustada e atlântica. O cheiro do mato cresce e há paz entre os homens. Não guardo mais as roupas rotas e os lençóis manchados: Visto-me da nudez da alma infantil E sonho-me toda noite de mãos dadas com meu Pai. Não me abandono em desertos: Gosto de olhar o céu porque sou pequeno E de ver a Lua em sua mutação de luz. Estou presente em cada ar que respiro: Em cada vento que toca meu rosto, Reabro as portas e janelas da Vida.

(Poema do livro Chinês com sono, 2005)

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nº 168 - março de 2010

TV MOSAICO: A SERVIÇO DO MEIO AMBIENTE

Alessandro Rifan/PETP

Saúde e Equilíbrio emocional O estado de felicidade acontece quando estamos em harmonia com nosso ser interior, com a alma universal. Quando passamos a ouvir mais as mensagens puras e cristalinas que fluem de nosso íntimo e que passam a ser utilizadas em nosso dia a dia. Quando percebemos que a vida é uma totalidade, regida por nossa espiritualidade e não pelas vicissitudes do mundo material. Para isso, um passo simples é diariamente repetirmos para nós mesmos os 5 princípios do Reiki e meditarmos ativamente sobre eles. Meditação ativa significa transformar a afirmação em realidade, em prática, em atos concretos. Conheça mais sobre Reiki, Florais de Bach e a Terapia Holística acessando www.camilomota.terapeutaholistico.com.br Atendimento e cursos com hora marcada em Bacaxá. Ligue e agende: (22) 8836-8483 e 9201-3349.

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de levar, tanto para as várias unidades de conservação quanto para a sociedade, os principais temas socioambientais da região, fomentando a discussão e a reflexão em busca de soluções para as questões levantadas. A característica do audiovisual, que une imagem e som, tem forte apelo sensorial, o que facilita o entendimento e desperta o interesse da sociedade para o trabalho que vem sendo realizado no Mosaico. Os dois programas produzidos já podem ser acessados no site do Mosaico Central ou diretamente no You Tube através do endereço www. youtube.com/mosaicocentral. A equipe de produção é formada pelo jornalista e geógrafo, Francisco Pontes de Miranda Ferreira, pelo jornalista Roberto Oto e pelo cinegrafista e editor de imagens Breno Sadock.

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nº 168 - março de 2010

Musicoterapeuta Jorge Faria escolhe Saquarema para viver

O comício dos pássaros

Fotos: Sylvio Adalberto

Leonardo Fróes

Regina Mota Saquarema é uma das mais belas cidades do litoral fluminense, com suas praias, lagoas, cachoeiras e montanhas que completam a paisagem que parece estar num quadro, só faltando a moldura. Essas belezas também encantaram o musicista Jorge Faria, que veio passar uns dias na cidade para descansar, gostou e acabou ficando. Formado pela UFRJ, Jorge também estudou no Conservatório Brasileiro de Música, há cerca de 25 anos. Com apenas 6 anos de idade ele já prestava o primeiro vestibular para a Escola Nacional de Música, no Rio, onde estudou iniciação musical, teoria de música e piano. Ele seguiu esse caminho indo contra a vontade da família, que havia escolhido a Faculdade de Direito, o que na visão deles ofereceria mais futuro.

Ao ingressar no trabalho com crianças, ele percebeu que algumas tinham dificuldades em se adaptarem nas escolas, o que fez com que ele começasse a trabalhar com uma nova técnica, onde a música é ensinada coletivamente, cujo objetivo é a socialização do aluno com os demais colegas de classe. O método também trabalha a coordenação motora, além de despertar o interesse da criança pela música. Jorge Faria trabalhou com essa técnica inovadora em várias escolas da cidade do Rio de janeiro. “As aulas, ao invés de iniciarem com a antiga frase ‘volta às aulas’, deveriam ser iniciadas com uma festa, com um espetáculo cujo enredo falasse dos problemas enfrentados pelas crianças, para que elas se identifiquem com os personagens, assim irão entender que não precisam ter medo do novo”, disse Jorge Faria.

Bem-te-vi puxa um lenço e assopra o bico, antes de atirar novas farpas. A multidão impaciente agita as asas, e também discute. Formam-se novelos de pios, trinados e gorjeios que se embaralham. Bem-te-vi pega o megafone outra vez e senta a pua nos homens. O sanhaço não se interessa por nada, cruza a praça de olho aceso mas só quer saber de paquera, repara as que estão de azul e saltita. Uma cambaxirra emburrada vai bicar mesmo assim umas pipocas caídas. Ao vê-la solitária e comendo, o coleiro de bengala tropeça, estica o cordão de isolamento e atinge o tico-tico nas costas. Arma-se uma altercação paralela. A juriti desmaia. Os gaviões do patrulhamento apitam e, quando saem correndo, esmagam alguns filhotes nas patas. Venta, as bandeiras e galhardetes tremulam, a borra dos chicletes adere ao sangue pisado, pássaros de variegada plumagem ficam grudados no visgo e gesticulam à toa. Ali no ponto dos maiores problemas, o tico-tico que caíra se apruma, tosse, dá uma escovada no ombro e endireita o topete, enquanto o aguerrido coleiro bota a boca no mundo, desabotoando o colarinho, é claro, e cuspindo ao falar. O coro das maritacas, para serenar os ânimos, ataca um hino. O sofrê continua como estava, encostado na barraquinha, bebendo. Mas um pintassilgo orgulhoso, que usa aparelho de surdez, ouve o chamamento da banda e estufa o peito patrício. Urubu, mesmo sem querer, sobe ao palanque. Parece que a multidão o empurra e ele está contrafeito. Sente-se particularmente incomodado por não ter tido tempo de reunir estatísticas. Terá de falar, e já o faz, contando apenas nos dedos, nas próprias garras, as inúmeras realizações que fez. Urubu

reclama de que está sendo cobrado, e promete mais. Nega ruidosamente que algum parente se beneficie na moita, como dizem, da carniça pública. E mostra que suas mãos estão limpas, ele que no entanto as meteu, por necessidade, nos buracos mais sórdidos. Sofrê espia, e bebe. A tarde cai e aparece uma estrela na ponta do seu nariz machucado. A emoção cega ao gogó, e oprime, mas nem ele saberia dizer se em forma de soluço ou arroto. Coleiro e tico-tico, no plano terreno, passam para resolver no Distrito, cada qual amarrado pelo rabo a um gavião da lei. Sempre de banda, sanhaço trinca a língua nos dentes, passa pela sábia coruja e arrasta as asas em roda, vidrado nas perninhas aflitas que sustentam raras penugens, bocas desejosas, cabeças oscilantes que parecem pingos de mel. Todas as retóricas juntas zumbem feito moscas no copo. Todos os ruídos, comparações e imagens se depuram, tornam-se impulsos luminosos sem nexo quando entram no funil meio bêbado do ouvido de sofrê matutando. A coruja prega e, quando dobra o livro, sente uma satisfação pelo esforço. Seus óculos estão coalhados de história. Seus partidários se dispersam. O céu repentinamente está roxo. A noite chega, rolam papéis rasgados no chão. O solícito pardal aguarda alguém, de boné, como se fosse um motorista na esquina. As maritacas enfim calam o bico, e os casais eventualmente se formam. Quando a bomba explode, já muito mais tarde, o sofrê ainda espia, ele é o último na barraquinha, e pensa, contempla aquele astro parado que tibum cai no copo — e vira, com a explosão, um sapo-estrela. (Crônica publicada originalmente na Última Hora de 26/8/1986)


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A Comunidade Internacional Bahá’í, com sede em Haifa, Israel, tem recebido apoio de diversos segmentos religiosos no mundo inteiro. A movimentação se deu por causa dos recentes acontecimentos no Irã, berço da Fé Bahá’í, onde alguns seguidores foram presos injustamente, simplesmente por pertencerem à religião. No começo de fevereiro algumas capitais brasileiras como São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia e Brasília, observaram manifestações que concentraram centenas de pessoas que fizeram caminhadas, cujo objetivo principal foi de chamar a atenção das autoridades brasileiras para a situação das lideranças bahá’ís presas. Os movimentos foram de iniciativa da United Religions Initiative –URI, e teve a participação de autoridades políticas, representantes de diversas religiões e entidades ligadas aos direitos humanos. O Grupo de Diálogo

Inter-Religioso (GDI), também se sensibilizou e enviou carta ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, pedindo providências para o caso. A Fé Bahá’í trabalha pela paz no mundo. Seus seguidores, os bahá’ís, acreditam que “o amor é o único meio de assegurar a verdadeira felicidade, tanto neste mundo como no vindouro”, como disse Abdu’l-Bahá, filho de Bahá’u’lláh, Profeta fundador da religião. No mundo existem hoje cerca de cerca de sete milhões de adeptos da religião, sendo cerca de 50 mil no Brasil. A Comunidade Bahá’í é a segunda religião mais difundida do planeta, superada apenas pelo Cristianismo, de acordo com a Enciclopédia Britânica. Os bahá’ís residem em 178 países do mundo, e em praticamente todos os territórios e ilhas. Maiores informações podem ser obtidas no site: www.bahai.org.br

Conselho de Segurança fortalece reivindicações da comunidade em Saquarema Regina Mota Ouvir a população sobre assuntos referentes à segurança, saber de suas dificuldades enfrentadas no dia a dia e procurar ajudar da melhor forma possível. Esse é o objetivo principal do Conselho Comunitário de Segurança Pública de Saquarema, presidida pela advogada Emygdia Gomes de Melo desde setembro de 2009. Funcionando há mais de quatro anos, o órgão iniciou suas atividades informalmente por uma iniciativa do delegado Dennis Ruppter Rathaway Junior, seguido posteriormente por Aglausio Batista Novaes Filho, que o dirigiu por dois anos e meio. Já estabelecido oficialmente no município, o Conselho foi teve como primeiro presidente o advogado Gilvando de Araújo Aguiar. Dentre as vitórias alcançadas pelo Conselho pode-se citar a melhoria da iluminação públi-

Camilo Mota

O mundo religioso se mobiliza em prol da Comunidade Bahá’í

ca de vários bairros, principalmente na orla marítima, onde há grande fluxo de veículos. “O Conselho ajuda cobrando dos órgãos competentes as medidas que devem ser tomadas para que a segurança da cidade seja sempre tratada com prioridade”, informou Emygdia. De acordo com o ISP – Instituto de Segurança Pública, ligado à Secretaria de Estado de Segurança do Estado do Rio, o CCS – Conselho Comunitário de Segurança Pública surgiu como um novo canal de comunicação, e muito mais direto, entre a comunidade e as polícias, na busca comum pela redução da violência.

www.bahai.org.br “Não há paraíso mais admirável para qualquer alma do que ser exposto à influência do Manifestante de Deus em Seu Dia.” Escrituras Bahá’ís

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POIÉSIS ENTREVISTA LEONARDO FRÓES

Gerson Valle – No início da década de 1970 você transferiu com a Regina Lustosa sua residência do Rio de Janeiro para Petrópolis, morando, inclusive, alguns anos em seu sítio de Secretário, onde sequer tinha luz elétrica, e sempre disposto a longas caminhadas no contacto com a natureza. Será correto dizer que seus versos refletem, em suas formas livre e telúrica, a coerência por tais opções e tendências? Leonardo Fróes - A luz chegou, faz tempo, o sítio ainda é o meu refúgio na mata e as caminhadas prosseguem. Meus versos foram espelhos das árvores, bichos e rios, montanhas e silêncios que a essa altura estão gravados no sangue. Escrevo desenhando o que eu vejo.

aspectos gratificantes nas traduções para o poeta Leonardo Fróes? Leonardo Fróes - Sim, sempre. Traduzir, a princípio um meio de vida que me permitiu morar fora das grandes cidades, acabou se tornando parte essencial do meu trabalho. É gratificante por diversas razões. Traduzi muitos romances, por exemplo, e eu mesmo não sei criar enredos, esse dom me falta. Sinto-me realizado, assim, quando copio e reescrevo obras alheias. O poeta, ao traduzir, não se abstém de ser poeta: quando dá corpo às suas frases, mesmo contido pelo original, continua poetando.

Regina Lustosa

Poeta, jornalista e tradutor de atuação sempre renovadora na Literatura, e dos primeiros autênticos ecologistas, Leonardo Fróes é o entrevistado deste mês do Jornal Poiésis. Tendo trocado há quase 30 anos a moradia na badalativa zona sul do Rio pelo bucolismo da serra em Petrópolis, mesmo continuando a trabalhar em jornais como Jornal do Brasil, ou entidades culturais como FUNARTE e Biblioteca Nacional, no Rio, Leonardo Fróes tem uma rica contribuição para a literatura no país. Traduziu, entre outros, Shelley e Goethe. Pela Editora Rocco, publicou “Chinês com sono”, “Vertigens – Obra reunida (1968-1998)”, “Argumentos invisíveis”, “Contos orientais” e “Um outro. Varella”, todos ainda disponíveis em catálogo.

Camilo Mota - O mundo tecnológico-eletrônico de nossos dias está criando um ambiente em que o pragmatismo e a rapidez sejam o paradigma de nossos hábitos. Haverá ainda espaço para escritores que primam pela criação mais aprofundada, como um Guimarães Rosa, por exemplo? Leonardo Fróes - Bem, foi desse mundo que eu fugi, quando passei do Rio à roça, decidido a criar meu espaço para o prazer de ler e escrever. Se o impulso for irresistível, qualquer um acaba dando um jeito de inventar seu caminho. No meu caso, ao procurar a criação mais curtida, acabei projetado além: encontrei a vida plena, na natureza, de pés no chão. Gerson Valle – Além da realização profissional possível a um homem de letras estudioso de vários idiomas, há também

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Marcelo Fernandes - O fato de você também ser poeta influi, natural e positivamente, no trabalho do tradutor. O que quero perguntar é: até que ponto o poeta não “interfere” no tradutor, “mexendo” na forma final? É possível uma isenção, um afastamento “técnico”? Afinal, a máxima é mesmo “traduttore”, tradittore”? Leonardo Fróes - Tradução não é traição: é, como toda leitura, uma interpretação possível. E a tradução não é o original, é um fato novo, coisa que antes não tinha tido existência e que acontece nos limites de uma moldura estreita. Por isso costumo comparar o tradutor a um instrumentista: ele segue a partitura, mas são seus dedos e o sopro que executam a música. Quanto mais for fiel, sem perder o brilho próprio de que possa dispor, mais nos convencerá. Marcelo Fernandes - Você é um tradutor consagrado e tra-

Joao Carvalho Neto autor do livro “Psicanálise da Alma”

Regina Alves

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balhou vertendo obras de autores diversos, de prosa e poesia, de vários estilos de época e tendências. Qual te deu maior satisfação em fazêlo e por quê? Subpergunta: Você não acha que o Swift espetacularmente traduzido por você - era genial e estava pelo menos dois séculos na frente do seu tempo, e , por isso, até hoje não tem a projeção devida e merecida? Leonardo Fróes - Meu maior prazer como tradutor é justamente variar de estilo, de época, de tendência e de língua. Isso cria dificuldades, mas o que é bom é se preparar todo dia para tentar superá-las. Eterno estudante, que sempre tem o que aprender, o tradutor nunca se completa, e é como se ele pudesse, decompondo-se nas formas, decompor-se nas pessoas de outras falas às quais lhe cabe dar voz. Como sempre traduzi bons autores, todos me deram satisfação. Mas o Swift se encontra, de fato, entre os meus prediletos. Pelo que diz e pelo modo como o diz, porque é um grande estilista. Concordo com você: ele é de uma atualidade chocante e nunca foi digerido. Fernando Py - Meu caro Leonardo: Além de poesia você tem publicado, em livros, traduções e mesmo o ensaio sobre Fagundes Varela. Outros ensaios literários têm saído na imprensa. Não seria interessante publicar tais ensaios também em livro? Leonardo Fróes - É uma boa ideia, que eu talvez me anime um

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dia, quem sabe, a pôr em prática. Precisaria de paciência e tempo para organizar minha papelada dispersa. Sylvio Adalberto - Qual a finalidade da poesia no mundo de hoje? Leonardo Fróes - Não sei se a poesia tem finalidades, ou se é um jogo gratuito no qual alguns se viciam. Nem sei se o mundo de hoje é diferente do de ontem, ou se o próprio mundo tem algum destino previsto. Mas, para manter a conversa, admito, por hipótese, uma finalidade: mostrar que o mundo é sem idade e que a poesia, mesmo assim, é tão velha quanto o mundo (so alt wie die Welt, no original e em outro contexto). Camilo Mota - Diante de um mundo mecanizado e cada vez mais dependente de realidades de consumo, como o poeta, em sua individualidade, contribui para redefinir o papel da poesia como geradora/motivadora de sensibilidades na coletividade? Leonardo Fróes - Tentei viver como poeta, à margem dos valores que não me agradam. Não me sinto obrigado a combatê-los, embora provavelmente os critique. Meu recolhimento deve ter sido uma tática: remando contra a maré, pude fazer o que eu queria, sem me obrigar a grandes concessões. Sylvio Adalberto - Na sua opinião, ela vive ou já respira por aparelhos? Leonardo Fróes - Ela vive em cada um que a respira, às vezes mesmo sem querer. A poesia como tradição literária, que se pode delimitar e definir, é uma coisa. Outra é a poesia como forma de vida, que parece incorporada na essência dos seres.

Cultive em seu filho o hábito da leitura!

Uma campanha do Jornal Poiésis

CRIANÇAS DA REDE MUNICIPAL TEM DIA DE LAZER EM PARQUE DE DIVERSÃO A sexta-feira , 26 de fevereiro, foi de festa para cerca de novecentas crianças da rede municipal de ensino de Saquarema. Elas passaram a tarde brincando no parque de diversões Glória Center Parque, que estava instalado na praça de eventos. Inteiramente grátis, os estudantes tiveram acesso a todos os brinquedos, comeram cachorro-quente, beberam refrigerante e participaram de sorteios de mochilas, bonecas e bicicletas. “Estou muito feliz, agora vou para a escola na minha bicicleta”, comemorou José Ricardo Carvalho, de 12 anos, aluno da E.M. Vilatur e ganhador de uma das três bicicletas sorteadas. O evento foi promovido pela direção do parque com o apoio da Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Educação. O Projeto Criança Feliz, que proporciona um dia de lazer e socialização a estudantes de baixa renda, existe há doze anos em municípios da Baixada Fluminense e chegou pela primeira vez a Saquarema graças ao pedido da prefeita Franciane Motta. “Assim que soube do nosso projeto, a Prefeita nos solicitou que atendêssemos às crianças das áreas mais distantes, com menos oportunidades de vir ao nosso par-

Soraia Magalhães/PMS

continuação da página 9

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O projeto “Criança Feliz”, promovido pelo Glória Center Park, contou com apoio da prefeita de Saquarema, Franciane Motta

que. Para nós foi uma grande alegria”, contou a diretora do parque e coordenadora do projeto, Maria da Glória Pinto, a Tia Glória. A prefeita esteve no evento e participou da alegria das crianças sorteando brindes. O passeio reuniu os alunos do primeiro segmento ( 1 a 5 série) de oito escolas: E. M. Madressilva, E.M. Anísia Rosa, E.M. Vilatur, E.M. Sebastião Manuel dos Reis, E.M. João

Machado, E.M. Joaquim Pinto, E.M. Valtemir José da Costa e E.M. Prefeito Valquides de Souza Lima. A empresa Rio Lagos cedeu três ônibus e a Prefeitura disponibilizou os ônibus e vans que fazem o transporte escolar para viabilizar a diversão da criançada. (Marcia Montojos/PMS)

Primeiro Passo inicia atividades em 2010 O ano de 2010 iniciou repleto de atividades para o Projeto Primeiro Passo, em Saquarema. Em fevereiro aconteceram dois bailes pré-carnavalescos: um só para o público infantil, e outro para os alunos de dança de salão e jazz dance. Já no dia 6, houve o I Campeonato Interno de Capoeira, que contou com particpação dos alunos que fazem aula no Projeto, que é desenvolvido na Colônia de Pescadores Z-24. Os itens em julgamento foram técnica, conjunto e evolução. Também houve um júri artístico que avaliou graciosidade, evolução e disciplina. Os participantes receberam troféus, medalhas e diplomas . Todos os capoeiristas do município e mestres da Região dos Lagos foram convidados. O presidente da Federação Fluminense de Capoeira, Joel Pires Marques, esteve presente, bem como o Mestre Zezeu, presidente do Instituto Brasileiro dos Profissionais de Capoeira e o Mestre Canela, além de outros profissionais da Região dos Lagos.

Regina Mota

Alunos da turma de capoeira participaram do primeiro campeonato interno no dia 6 de fevereiro


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ROBERTA

Fernando Py Pretidão de Amor (Camões) Não se deixe envolver tanto nessa dor. Está viúvo, sente muito a falta da mulher, mas já se passaram meses... É moço ainda, não tem filhos, mora sozinho. Faz uma semana, contratou uma empregada para cozinhar e arrumar o pequeno apartamento em que vive agora. E aposto que nem reparou direito nela, nem guardou seu nome. Pois saia dessa casca de angústia, distraia-se, vá recomeçar a vida. Noite quente, você não consegue dormir. Fica apenas de calção, descalço. Sai do quarto. Ao entrar na sala, dá com a empregada descalça, sentada no sofá diante da televisão, só de calcinha e camisola, uma camisola curta que mal cobre os quadris. Ela se desculpa, “esse calor me deixou sem sono, não consigo dormir”, e ensaia levantar-se para voltar ao seu quartinho. Você diz “não se preocupe, pode ficar aqui, eu não vou dormir agora” - senta-se perto dela. É a primeira vez que a enxerga de fato. Bem negra, desse negror brilhoso de um céu estrelado sem lua. Bonitinha, jovem, vinte e poucos anos. E ficam os dois meio pelados, ela toda envergonhada por estar seminua na presença do patrão, você também sem jeito, constrangido - não passa de uma simples empregada. Olham-se a furto, ressabiados, evitam encarar-se. O que é que vou fazer agora? Aos poucos, bem devagar, começa a estabelecer-se entre ambos uma certa familiaridade. Ele pergunta à moça como se chama. “Roberta”, informa ela, ainda enleada, sem coragem de encará-lo. Você diz baixinho que é um belo nome, “bonito como a dona”, acrescenta. Ela se retorce, encabulada, porém exibe um sorriso agradecido. “O senhor acha?” Você afirma que sim. Indaga mais e fica sabendo que a moça é sozinha no mundo, sem pais, irmãos ou parentes próximos. Julga perceber uma sombra de tristeza na sua fisionomia. Aconchega-se a ela, passa um braço pelos seus ombros. Com ternura e carinho lhe acaricia a face, os cabelos, observa-a melhor: bonitinha, só? Vê que é muito mais que isso, a camisola transparente revela um corpo lindo de curvas atraentes, pequenos seios durinhos, cinturinha e

Alexandre Rivero

CONTO

ventre bem modelados. E, ao mesmo tempo que sente crescer o desejo, você percebe que não convém ir adiante. Acende um abajur ao lado do sofá e desliga a TV. Bem de leve, volta a acariciá-la, ficam de dedos enlaçados; ainda sem graça, ela deixa entrever seu próprio desejo. Então você, carinhosamente, lhe segura o queixo e, quase sem querer, deposita um selinho em seus lábios. Porém a moça retesa o corpo num impulso, e se transforma: não é mais a negrinha encabulada, que não ousa encará-lo. Abraça-o num repente, e vai de boca aberta à procura da sua, semeando-a de saliva, penetra de língua em seus lábios abertos. O espanto: afinal é uma empregada e não sua amante, não uma mulher da vida, tarimbada. Ou será? Afasta-a por um momento; a moça acanha-se de novo, murmura uma desculpa, mas seus olhos riem de prazer e alegria. Ele sente-se amolecer, a noite continua quente, roupa nenhuma é possível. Num gesto brusco despe o calção, a moça lhe sorri, seus olhos brilham. Está só de calcinha agora, não há mais enleio entre os dois, estão íntimos, você a põe no colo. Com novo beijo, desta vez mais ousado, conhece o céu daquela boca, e a quentura das línguas, enroscando-se, assinala a diluição total de quaisquer limites entre ambos. Deixam de ser patrão e empregada, são um homem e uma mulher que se desejam e procuram satisfazer seus corpos. Os beijos se multiplicam.

Tira-lhe a calcinha. E, pela primeira vez, vê Roberta inteiramente nua, no esplendor da juventude. Levanta-se, toma-a em seus braços, deita-a de costas no sofá. Por alguns momentos contempla sua esplêndida nudez, o narizinho chato, os lábios cheios, os mamilos, as curvas perfeitas, a redondez dos quadris, o ventre suavemente abaulado, e acaba se jogando sobre aquele corpo convidativo. Ela murmura: “vem, meu amor, meu querido, bota na tua pretinha”. E o gozo não tarda; no auge, ele sente-se grudado dentro daquele corpo feminino, como se Roberta igualmente o possuísse e ambos formassem um todo único a se completar naquele instante. Uma rápida chuveirada para espantar a preguiça e o calor. De corpos colados, os dois beijam-se com avidez sob o jorro d’água. Esfregamse, mãos e seios se tocam e se apertam. “Roberta, Roberta”, você sussurra, enquanto a moça maneja mãos e boca, molhados, em seu corpo. Ri, deliciada, quando as mãos dele percorrem seu corpo nu, demorando-se na bunda, no ventre, nas coxas. (Aquilo foge ao seu controle e você não hesita mais, que patrão sou eu?) De novo na horizontal, a moça de bruços, ele a possui por trás enquanto lhe beija os cabelos, lambe a nuca. A pele de Roberta é macia, acetinada, tem um ligeiro travo de sal - gostosura. E você lhe morde, levemente, o lombo e as nádegas. Deita-se de costas. Roberta vem por

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cima, lambe toda a sua cara, trinca a pele, morde, chupa-lhe a boca, passa a língua no seu ventre, demora-se no pênis, suga-o, desce até as coxas e pernas, chega aos pés como se fizesse uma descoberta. - “Betinha, Betinha, minha Betinha querida”, ele sussurra, excitado, sorvendo-lhe os seios mornos. E, quando se vira de novo, a moça abre as pernas e você cai de língua no seu púbis. Roberta geme, toda entregue ao gozo: “vai mais, vai mais, meu amorzinho, meu querido”. Querido e querida. Não se tratam de outro modo naqueles momentos. Que sucedeu? Como se transformaram daquele jeito? Unidos, os dois se põem de pé. Encaram-se com ardor, afogueados. E, cobertos de paixão, entregam-se de novo um ao outro, no prazer de se verem nus. O negrume da pele de Roberta mais lhe atiça o desejo, e você passeia língua e dedos pelo seu lombo luzidio de suor. A moça aperta-se fortemente a ele como se temesse perdê-lo, ou receasse que esses minutos mágicos se desfaçam está vivendo algo que jamais poderá esquecer. Juntos, unidos, feitos um para o outro? Ele não pensa nisso, o que importa é aquela fêmea, aquela moça que lhe caiu do céu. E vocês partem para novos enlaces, entremeados de idas ao banheiro, até o raiar do sol. Estão moídos, afinal. Uma última chuveirada, ensaboam-se um ao outro, enxugam-se na mesma toalha. Voltam à sala. Você apaga a luz, Roberta recolhe calcinha e camisola e se dispõe a regressar ao seu quartinho. “Nada disso, meu bem. A partir de hoje você vai dormir comigo no meu quarto.” Beijam-se com ternura e amor. E assim, despidos, abraçados pela cintura, vão deitar-se. De maneira vaga, percebem que aquela noite de sensações e novidades mudou completamente suas existências. Nunca mais poderão ser, um para o outro, o que tinham sido até agora. Mas por enquanto são só querido e querida, de todo entregues àquela paixão avassaladora, à mútua revelação de seus corpos, ao amor nascituro. Felizes, agarradinhos, adormecem, enquanto o fulgor do sol invade o apartamento. É dia claro. Petrópolis, janeiro 2010

Fernando Py é membro da Academia Petropolitana de Letras e da Academia Brasileira de Poesia


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Festival da Mulher no Fly Shopping em Bacaxá O Jornal Poiésis realiza no dia 13 de março, sábado, a partir das 16 horas, no Fly Shopping, em Bacaxá, o FESTIVAL DA MULHER. O evento, com entrada franca, é uma homenagem ao Dia Internacional da Mulher e pretende reunir naquele espaço várias atrações culturais, com apresentações de dança, música, teatro e literatura. Já estão confirmadas participações do Curso de Música Barcelos, Projeto Primeiro Passo, Cia Intercap de Dança Contemporânea e Núcleo de Poesia Alberto de Oliveira. Também haverá exposição de artesanato, pinturas e desfile de modas. Todas as mulheres que visitarem e participarem do evento estarão concorrendo ao sorteio de vários brindes. O FESTIVAL DA MULHER é também um espaço para reflexão sobre o cotidiano da mulher, seus desafios e lutas. Para isso, foram convidadas profissionais de várias áreas (saúde, direito, educação, psicologia, etc) para desenvolverem temas relacionados ao universo feminino. REALIZAÇÃO:

13 março

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