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Literatura, Pensamento & Arte
Ano XVI - nº 171 - junho de 2010 - Saquarema, Araruama, Cabo Frio, Arraial do Cabo, S. Pedro da Aldeia, Petrópolis, Teresópolis, Rio de Janeiro
Fotos: Camilo Mota
A poesia que nasce da vida
Baixadas Litorâneas realizam conferência de cultura em Saquarema Página 11
Junior Carriço, Pavão da Gaita e Edmilson Santini durante o evento na Casa da Poesia.
Espuma da Praia Music Fest Página 6
É da vida vivida que nasce o fazer poético. A literatura de cordel é uma dessas manifestações que estão visceralmente integradas ao
cotidiano popular. Sua riqueza de estilo e manifestação foi tema de um encontro realizado pela Casa da Poesia em Arraial do Cabo mês
passado. No evento, o professor João Moreno falou sobre a obra do poeta popular cabista Cicero Barros. Páginas 7 e 8.
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nº 171 - junho de 2010 EXPEDIENTE
O Jornal Poiésis - Literatura, Pensamento & Arte é uma publicação da Mota e Marin Editora e Comunicação Ltda. Editor: Camilo Mota Diretora Comercial: Regina Mota Conselho Editorial: Camilo Mota, Regina Mota, Fernando Py, Sylvio Adalberto, Gerson Valle, Marcelo J. Fernandes, Marco Aureh, Celso Caciano Brito, Francisco Pontes de Miranda Ferreira, Charles O. Soares Jornalista Responsável: Francisco Pontes de Miranda Ferreira, Reg. Prof. 18.152 MTb Diagramação: Camilo Mota CAIXA POSTAL 110.912 BACAXÁ - SAQUAREMA - RJ CEP 28993-970 ( ( ( (
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jornalpoiesis@gmail.com www.jornalpoiesis.com Distribuição dirigida em: Saquarema, Araruama, São Pedro da Aldeia, Iguaba Grande, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Petrópolis, Teresópolis e Rio de Janeiro. Fotolito e Impressão: Tribuna de Petrópolis Colaborações devem ser enviadas preferencialmente digitalizadas, em formato A4, espaço simples, fonte Times New Roman ou Arial, com dados sobre vida e obra do autor. Os originais serão avaliados pelo conselho editorial e não serão devolvidos. Colaborações enviadas por e-mail devem ser anexadas como arquivo do Word (.doc ou .docx). Os textos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Jornal Poiésis.
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O que vem por aí... em junho TEATRO - O Teatro Municipal Mario Lago tem uma variada programação em junho, com atrações para crianças e adultos, com destaques para a apresentação do Coral Escola que Canta, no dia 24, e para a peça “Mulheres solteiras procuram”, no dia 11, trazendo para Saquarema os atores Pitty Webo e Daniel Del Sarto, da Turma do Didi. 04/06 - Barney e seus amigos - Cia Paulista de Teatro - 17h 11/06 - Mulheres solteiras procuram - A3 Produções e Eventos - 21h 13/06 - A Princesa e o Sapo - R&A Produções - 17h 18 e 19/06 - A Velha na Janela Cia Baiana de risos - 21h 24/06 - Apresentação CORAL Escola que Canta - Colégio Mun. Castelo Branco - 19h 27/06 - As férias do Scooby Doo Arte no Tom Produções - 17h
eleger as três ruas com a melhor ornamentação para a Copa do Mundo. A premiação são três kits de churrasco, com direito a bebida, carne e fogos de artifício. As inscrições podem ser feitas até 18 de junho na Secretaria de Promoção Social (Bacaxá), na Secretaria de Turismo (Centro), na Administração Regional de Sampaio Corrêa, e na Escola Municipal Ismênia Barros (Jaconé). Mais detalhes no site www.saquarema.rj.gov.br.
MINHA RUA É UM SHOW DE BOLA - A Prefeitura de Saquarema está promovendo um concurso para
SERTANEJO UNIVERSITÁRIO - Show com a dupla Junior e Luciano, dia 11 de junho, na Back
ANTOLOGIA DA REGIÃO DOS LAGOS - A Academia de Letras e Artes da Região dos Lagos (ALEART) reunirá em volume poemas de vários autores do país através de sua primeira antologia. Para saber mais detalhes do projeto e participar basta escrever para o e-mail aleartlagos@hotmail.com.
Door, em Saquarema. Maiores informações pelo telefone (22) 98132505 e pelo e-mail sertanejosaqua@ hotmail.com. MÚSICA AO VIVO NA PRAÇA “Namorados na Praça” é o nome do show preparado por Jean Beta, dia 12 de junho, sábado, a partir das 20 horas, na Praça Oscar de Macedo Soares, em Saquarema. A organização é da Associação Profissional dos Artesãos Autônomos de Saquarema. NOITE DANÇANTE EM ARARUAMA - O Coletivo Cultural Araruama promove a 1ª Noite Dançante do Shopping Pinho, no dia 12 de junho, a partir das 20 horas, com a Banda Via Midi. Professores de dança estarão presentes em um aulão coletivo de dança pra ninguém ficar parado. Informações pelos fones (22) 2673-5162 ou (22) 9966-4114 (Jaida Mundim) e (22) 9958-4790 (Perla Duarte)
Financiamento de Campanhas Eleitorais Guido Bilharinho Uma das principais causas − se não for a principal − do caixa dois e do financiamento das campanhas eleitorais por grupos econômicos é o alto, às vezes altíssimo custo, dessas campanhas. Para enfrentar as despesas daí decorrentes, os candidatos necessitam, com raras exceções, de recursos. Conforme o cargo pleiteado, de vultosos recursos. Esse mecanismo eleitoral é duplamente nocivo e perverso, além de antidemocrático, já que não dá oportunidades iguais a todos, afastando das eleições pessoas que não têm dinheiro e nem se sujeitam a procurálos nos grupos econômicos, dos quais ficariam reféns, como fica a maioria absoluta dos eleitos. Nocivo justamente por isso. Nos cargos, não representam os eleitores e a sociedade da qual emergem, mas, os grupos financiadores, que investem com o intuito de obter favores e vantagens da máquina pública. Duas seriam as medidas eficazes
para solucionar tais problemas. Uma, o financiamento público das campanhas. Porém, não injetando, para essa finalidade, recursos nos partidos políticos e, muito menos, nos candidatos, mas, os próprios órgãos públicos (Prefeituras, Estados e União, sob a égide e direção da Justiça Eleitoral devidamente aparelhada) viabilizariam diretamente os meios publicitários, reservando, por renúncia fiscal ou mesmo remunerando, quando o caso de inviabilidade da renúncia, espaço e tempo na imprensa, rádios e televisões, montando palanques e infra-estrutura em determinados locais para os comícios e fixando grandes placas nas principais praças públicas e locais estratégicos com espaços iguais para todos os candidatos.
Os modos operacionais desses eventos (cívicos) são facilmente exequíveis e executáveis, bastando vontade, determinação e competência. A segunda medida − imprescindível − é a proibição, absolutamente total, da realização de campanhas eleitorais fora do âmbito de sua veiculação pública. A fiscalização disso é facilmente praticável, a começar que os próprios candidatos seriam fiscais uns dos outros, bem como os eleitores de modo geral. Fora desses parâmetros, é impossível sanear e moralizar as campanhas eleitorais e injetar seriedade, responsabilidade e efetiva representatividade nos mandatos. A sociedade e suas entidades e instituições têm de se compenetrar da necessidade absoluta dessas medidas de profilaxia eleitoral, a fim de que, efetivamente, sejam representadas pelos eleitos. Guido Bilharinho é advogado em Uberaba, ex-candidato ao Senado Federal e autor de livros de literatura, cinema e história regional.
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nº 171 - junho de 2010
Fieis celebram a Festa do Divino em Saquarema
Vem aí mais um Moto Rock
O Pecadores Moto Clube organiza o evento que acontece anualmente em Saquarema
O Pecadores Moto Clube promove nos dias 18, 19 e 20 de junho, na Praça de Eventos de Saquarema, o VIII Saquá Moto Rock, um dos mais significativos encontros de motociclistas da Região dos Lagos. O evento deste ano conta mais uma vez com feira temática, praça
de alimentação e área de camping para receber representantes de motoclubes de todo o país. Estão confirmados shows com as bandas Apothrock, Rock 4 Ever, Oscaravelhos, Epidemia, Protocolo e Big Bee. Os shows começam na sexta e no sábado às 18 horas. A entrada é franca.
Regina Mota A Festa do Divino Espírito Santo foi realizada em Saquarema no domingo, dia 23 de maio. A procissão percorreu a parte central da cidade e finalizou em frente à casa paroquial, onde muitas pessoas já aguardavam com uma mesa farta de pães e farinha, os quais foram abençoados e distribuídos entre os presentes. Trazida de Portugal na época da colonização, a comemoração data de 1321, quando banquetes e esmolas eram oferecidos aos mais necessitados. A “Festa do Divino”, uma das festas mais importantes do catolicismo, é uma celebração feita 50 dias após a Páscoa, para comemorar o Dia de Pentecostes, dia em que, segundo a Bíblia, o Espírito Santo desceu entre os apóstolos de Jesus, no momento que os mesmos estavam pregando a pessoas de diversos países, havendo completa compreensão da Palavra. Na cidade de Saquarema o culto ao Divino Espírito Santo tem passado de pai para filho, fato notório durante a celebração. Enquanto os adultos entoavam cantigas com um
linguajar típico da terra, acompanhados por um violeiro e um triângulo tocado por uma das devotas, as crianças prestavam atenção e cantavam durante os refrões. A coroa, carregada durante a procissão, compôs a mesa. Antes do pároco da igreja Nossa Senhora de Nazareth, padre Zito, benzer os alimentos, a bandeira do Divino, com a imagem de uma pomba branca, era passada em formas de cruz sobre a farinha colocada sobre a mesa. Em seguida o sinal da cruz era feito em cada monte do cereal, simbolizando a benção ao “pão de cada dia”. Tudo sempre acompanhado pela cantoria dos Foliões do Divino. Após a benção do pároco foi servido almoço a todos os presentes. “Os judeus tinham festa agrícola, em sinal de agradecimento. Mais tarde, quando Jesus ressuscitou, antes de partir Ele disse que enviaria o Divino, seria alguém espiritual que viria do Pai”, explicou padre Zito. ”A benção – continuou ele – é para que ninguém passe fome. Em sentido de união.” As fotos podem ser vistas no site: www.novasaquarema.com.br
Poesia na Rua Varal de Poesia e Música ao Vivo
Fotos: Regina Mota
Batizado de Capoeira no Primeiro Passo
Foi realizado no dia 23 de maio o batizado de Capoeira e entrega de cordas para 25 crianças e um adulto que participam do Projeto Primeiro Passo na Colônia de Pescadores Z-24, em Saquarema. O evento contou com a participação de pessoas da comunidade e de professores de outras escolas de Capoeira da Região dos Lagos, bem como de seus alunos. Treze cordas verde e cinza foram entregues a crianças entre 3 a 12 anos, uma corda amarela e cinza, uma azul, dez cordas verdes e uma verde e branca ao professor de Segundo Grau Zorro, que a recebeu
das mãos do Mestre Zezeu, vice-presidente da Federação da Federação de Capoeira e presidente do IBPC – Instituto Brasileiro dos Profissionais de Capoeira. “Os profissionais têm que trabalhar mais na educação, disciplina e respeito ao próximo, para não banalizar o esporte”, disse Zorro. O Projeto Primeiro Passo irá receber uma homenagem no Festival Mama África e Brasil de Capoeira, que será realizado no Sesc de Niterói, dia 26 de junho. O troféu será entregue pelo reconhecimento ao trabalho desenvolvido em Saquarema.
Dia 12 de junho - 16 horas na Livraria Templar em Bacaxá
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nº 171 - junho de 2010
CANÇÃO LÚCIDA
NÔMADE
POEMA DE AMOR
Anderson Braga Horta
Márcio Salerno
Camilo Mota
Transformar em beleza a própria dor... Fora glória demais! fora ventura imerecida! Arder a criatura na fogueira solar do Criador...
Estranho, perdido mental não vejo coisas que não estão lá estranho, viajante mental fugindo da realidade letal
Seja, entanto, ilusão, crime, o que for, é mais alto o que anseia, o que procura esta alma em seu destino de loucura, este peito em seus dédalos de amor. Mais que tornar o pranto em flor, quisera transfigurar do tédio a morna esfera nesta nuvem de sonhos em que estou. O que ousara, o que desejo é ser como a canção de um desejo tocado pelo cego que não sou. Brasília, 28.XI.1998 Anderson Braga Horta, em 2010, acaba de lançar “Signo – Antologia Metapoética”, (Thesaurus Editora), com poemas seus, desde a juventude, de diversas formas de Metapoesia e em prosa algumas notas sobre Poesia. Este soneto integra o livro.
CDF
Peregrino das ideias mochileiro cerebral perdido na existência vagabundo mental (a noite prega peças fatais)
Não vejo coisas que não estão lá não sei se percebo o real serei percebido por ele? maluco beleza, amaldiçoado mental?
O que vejo, está lá o que quero, acolá o que preciso, sei lá estranho, tuaregue mental fugindo da realidade letal
MÁRCIO SALERNO é escritor, jornalista, artista plástico e tradutor
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Amo, sim, a Nostalgia e sua forma de fêmea seminua: o corpo branco, como o leite a derramar-se nas horas do primeiro encontro. Na busca essencial de meu hálito mais franco sorvo de um copo de luz o toque do lábio (doce ainda) — gosto de amora em fim de verão. Ela canta para mim a música noturna do campo imenso das Gerais antigas. Canta como o sino a vibrar barroco e rouco em ladeiras de Ouro Preto — quem sabe em que cidade habita o mesmo amor? Nostálgica fêmea balança as ancas e ri como quem arranca, à força, o velho sonho de quem partiu sem dizer adeus. E na estação, sem apito nem condutor, o bilhete pousa Como um rito vago do trem de outrora, Que virou fuligem, mas não perdeu a memória. Amo, sim, a vaga mulher de corpo branco. Nostálgica sombra, e seu vestido branco. Camilo Mota é editor do Jornal Poiésis, membro da Aleart e da Academia Brasileira de Poesia. Reside em Saquarema-RJ.
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nº 171 - junho de 2010
unidade intensiva
NO OLHO DO OLHO
Marcelo J. Fernandes
Dino Gilioli
por um triz seria uma rima não seria uma solução outra vida
É fácil expressar palavras e iludir o trabalhador com o canto [das sereias
desejo de retê-la em todos os segundos, lacunas [e frestas do dia que não finda. assumir dores, aflições seqüelas orientar sondas, cateteres, sofrer punção. mas o cartão, o carro, a luz, os juros, o gás, o penhor salvai, Nosso Senhor, a minha mulher, não; a mãe dos meninos meus que estamos sós estamos ímpares sem norte, hora nem metro. a casa em vão a mesa sem aresta a bissetriz no lençol o reparte entre mim e a falta não quero,meu Deus, não posso mais
Difícil é dizer no olho do olho tirar das vistas a porção de areia É fácil chegar primeiro para os aplausos da hora ensaiar a mesma cena ler as mesmas rubricas o mesmo palco, enfim quero só o riso no fim salvai, sim, salvai, Nosso Senhor, a minha mulher, para que eu reverencie os que [a curam e inveje, de novo, os que lhe sabem por dentro
Difícil é construir estradas e sedimentar o tempo que não se [encerra agora É fácil pegar o dinheiro e esquecer ligeiro o motivo da [história Difícil é alertar para o que virá e juntar forças para o que será
É fácil se entregar pros homens feito quem não tem nome Difícil é alimentar a esperança e cultivar a confiança É fácil cada um no seu quadrado sem se importar com o outro do [lado
É fácil mirar-se apenas no bolso e limitar-se no aqui e agora
Difícil é unir forças e apostar numa saída mais [coletiva
Difícil é mostrar calabouços e o que está por trás da memória
É fácil feito manada não pensar em nada
- nunca mais me fariam feliz.
É fácil fingir labuta e se apropriar da luta dos outros
Difícil é estimular a reflexão e deixar um mundo melhor para [os que virão
Marcelo J. Fernandes é membro da Academia Brasileira de Poesia e professor universitário.
Difícil é unir o povo para que não se deixe enganar [feito bobo
É fácil. É difícil. É difícil. É fácil.
por um triz não seria uma rima outra solução o peito dói e diz:
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Espuma da Praia Music Fest Saquarema ganhou no mês do seu aniversário dois grandes shows que ficarão marcados na história da cidade. O Espuma da Praia Music Fest, que aconteceu nos dias 22 e 23 de maio na Praça de Eventos, trouxe atrações artísticas que conseguiram agradar ao público que marcou presença à beira da lagoa. No dia 22 a banda carioca Tchakabum contagiou a galera, estimada em mais de cinco mil pessoas. Com seu som eletrizante fez todo mundo cantar e dançar sem parar. Músicas como “Olha a Onda”, de Fuzuê e Marcelo Menezes, e “Meteoro”, de Sorocaba e gravada por Luan Santana, fizeram parte do animado repertório. Algumas pessoas da plateia foram chamadas ao palco para terem os “cinco minutos de fama”, ao lado dos artistas. Segundo os patrocinadores master do evento, Emerson e Fátima Frutuoso, da Pousada Espuma da Praia, a oportunidade de trazer um evento como este para o município foi uma forma tanto de incentivar o turismo como também de oferecer uma opção de lazer de qualidade para a população. Já no domingo, dia 23, a dupla Mauricio & Mauri subiu ao palco para mostrar o que há de melhor em termos de música sertaneja. Os irmãos de Chitãozinho e Xororó, acompanhados da banda afinadíssima formada por mais quatro componentes, fizeram um show inesquecível. Além de músicas de sua autoria, a dupla lembrou ainda “Saudade de Minha Terra”, de Goiá e Belmonte, puxada por uma sanfona que fez ressoar toda a riqueza musical do sertão brasileiro. O Espuma da Praia Music Fest foi uma realização da Associação Cena Aberta, com apoio do Ministério do Turismo e Prefeitura Municipal de Saquarema, e patrocínio do Restaurante Pimenta Vermelha, Doun Pepone, Galáxia Marítima, Restaurante Marisco, Empréstimos Bom Rio, Frutuoso Empreendimentos, Cerveja Devassa, Itograss e Tornado Motos.
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Sob o ritmo do cordel em Arraial do Cabo
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Camilo Mota “Mas o poeta quer sobreviver. E recomeça, eterno, A invenção da utopia.” (Anderson Braga Horta)
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TRATAMENTOS
Edmilson Santini, João Moreno e Wilnes Martins na Casa da Poesia
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A esperança de ver o mundo modificado, com maior valorização das relações humanas e o olhar direcionado para a cultura é o que parece mover algumas pessoas. Talvez elas sejam poucas, mas são essenciais na construção de uma nova história, com novos paradigmas, gerando uma força contagiante ao seu redor. É assim que percebo as ações que estão sendo desenvolvidas através de alguns projetos em andamento na Região dos Lagos, como o da Casa da Poesia, em Arraial do Cabo. Com amplo apoio do empresário Paulo Ribeiro e sua esposa Maria Luisa Barreto, o pequeno espaço sediou nos dias 7 e 8 de maio um evento sobre literatura de cordel que deve ficar marcado no coração e mente de muita gente. Sob a coordenação de Fernanda Machado, o evento foi aberto na noite do dia 7 como uma confraternização de cultura popular. Com decoração temática, a Casa da Poesia serviu de cenário para performances do ator e cordelista pernambucano Edmilson Santini, do jovem ator Diego Sá, e dos músicos Junior Carriço e Pavão da Gaita, além de outros artistas que se somaram ao grupo, numa celebração à vida e à arte, sob o manto sereno de um flamboyant que complementa a paisagem do local. Também houve espaço para a reflexão acadêmica, com o escritor Wilnes Martins fazendo uma abor-
dagem sobre a história da literatura de cordel, e o professor João Moreno abrindo um leque de múltiplas leituras sobre o poeta e pescador Cecílio Barros Pessoa, tema de sua dissertação de mestrado. A “celebração” teve continuidade no sábado pela manhã na feira livre do município, onde Santini expôs sua obra e apresentou o rico e variado repertório cordelista para o povo local. E na noite do dia 8, o evento foi encerrado com a exibição do filme “Patativa do Assaré”. A simplicidade dos versos dos cordéis revela a riqueza da cultura popular. Através de um sistema habilmente estruturado de rima, métrica e oração — como tão bem frisou Edmilson Santini durante o evento —, os poemas ganham uma função social plenamente integrada ao seu meio. O cordelista pernambucano, vestido a caráter como um colorido trovador de outros tempos, inserido em nosso contexto pós-moderno, ressaltou a importância do verso popular na formação cultural dos jovens. “A literatura de cordel pode ser uma excelente ferramenta também na educação”, disse, fazendo referência ao projeto que desenvolve em escolas no Rio de Janeiro, onde são realizadas oficinas de criação de cordel. O evento realizado pela Casa da Poesia mostra que ainda há espaço para sermos sublimes, para cultivarmos a beleza e respeitarmos as muitas raízes que sustentam a cultura popular nas pequenas cidades do país. Camilo Mota é poeta e jornalista, editor do Jornal Poiésis (camilomota. blogspot.com)
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Cecílio de Barros Pessoa – um poeta pescador
João Resende Moreno A palavra Cordel é originária da Península Ibérica. A denominação é representativa de um tipo de poesia popular, de caráter essencialmente narrativo, que migrou para o Brasil no Séc. XVI, por força da colonização portuguesa. Recebe esse nome pelo fato de os folhetos ficarem presos em barbantes ou cordas (daí a palavra Cordel), para exposição e venda em praças, ruas, feiras e mercados populares. Entretanto, a expressão “poesia popular” não deve ser confundida com um tipo de manifestação artística oriunda de qualquer classe social. Nesse sentido, é pedagógico esclarecer que, para entendermos o significado dessa expressão, tomamos como exemplo o caso da música, que, em seus diversos gêneros, ocorre a denominação “música popular”. Refletindo sobre o que diz Ariano Suassuna, isto é, que nem tudo que é popular advém do povo pobre do Brasil, devemos enfatizar que a poesia popular a que estamos nos referindo é aquela oriunda das camadas desprestigiadas da sociedade, isto é, a que está assentada na base da pirâmide social e que, historicamente, foi motivo de preconceito da chamada “História Oficial”. Suassuna utiliza, para essa representação, a terminologia “arte popular feita pelo povo pobre do Brasil”, para deixar claro que essa arte nasce das relações e práticas sociais, sentimentos e sonhos, e que é, além de uma arte feita para alegrar e descontrair, é, essencialmente, uma manifestação da resistência do homem sertanejo, do agricultor, do artesão, dos tocadores de viola, do carpinteiro, do pedreiro, do vaqueiro; enfim, do povo pobre do Brasil. Exemplo mais evidente do tipo humano a que se refere Suassuna é Patativa do Assaré, poeta nordestino (nascido no Ceará) que se tornou, no Século XX, o maior gênio da literatura de cordel, cuja contribuição faz projetar esta arte para além das fronteiras do Brasil. E embora poetas como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, João Cabral de Melo Neto, entre muitos outros, tenham tocado em temas essencialmente populares, em suas poesias, não podemos afirmar que esses poetas produzem poesia popular, uma vez que entre eles e os poetas de cordel há dois divisores fundamentais; o primeiro é que pertencem a uma classe média, que tem um padrão econômico elevado, que permite o acesso a bens de consumo próprios dessa classe, como por exemplo o acesso à
academia e, consequentemente, a uma “cultura dita superior”; o segundo, é que, em razão de suas possibilidades, a literatura que produzem tem um outro nível de elaboração que não está accessível àquelas camadas sociais referidas por Ariano Suassuna. Na música, esse comportamento não é diferente, basta, como exemplo, citarmos tantas composições feitas por Chico Buarque, Tom Jobim, Edu Lobo, Roberto Menescal, João Gilberto, entre outros, para percebermos que, embora esses artistas trabalhem sobre temas fundamentais do cotidiano da população pobre, “Gente Humilde” é um exemplo claro de uma letra feita por Vinícius e Chico Buarque, todos esses artistas pertencem a uma classe média privilegiada da sociedade carioca dos anos 60. São artistas que, de certa forma, se preocuparam com a vida social do homem simples e sofrido deste país, e que se colocaram em defesa dessa gente humilde “que vai em frente sem nem ter com quem contar”. Conforme diz Suassuna, o que fazem não é arte popular; é, sim, uma arte que tem profundas características populares, mas que não tem origem no povo pobre do Brasil. Dito isto, retornamos ao tema de nosso texto: a literatura de cordel e sua presença em Arraial do Cabo. Lembramos, ademais, que é a partir do encontro entre o imigrante português e o escravo africano, que surgem as primeiras manifestações dessa arte popular. O início dessa literatura no Brasil está intimamente ligado à divulgação de histórias tradicionais, narrativas de velhas épocas, que a memória popular foi conservando e transmitindo; são os chamados romances de cavalaria, de amor, de narrativas de guerra ou viagens ou conquistas marítimas. Entretanto, nesse mesmo tipo de poesia, começam a aparecer a descrição de fatos recentes, de acontecimentos sociais que prendiam a atenção da população, e antes que surgissem os meios de comunicação modernos, como os jornais, esta literatura era fonte de informação, como acentua o eminente estudioso desse tema em Portugal, Te-
Anita Mureb (1978)
ófilo Braga. Essa tradição literária popular chegou ao Brasil no início da colonização portuguesa, e encontrou fértil ambiência no Nordeste Brasileiro, em razão de nessa região encontrarem-se, entre os elementos (portugueses e escravos), as características culturais ideais para fixar-se e desenvolver-se. A partir da segunda metade do sec. XIX, começam a ser impressos os folhetos brasileiros, com características próprias daqui. Leandro Gomes de Barros é considerado o primeiro autor da literatura de cordel que se tem notícia. Nos folhetos, os escritos são ilustrados por xilogravuras que representam importante espólio do imaginário popular, e seus temas estão quase sempre ligados aos fatos do cotidiano, episódios históricos, lendas e temas religiosos. Funcionam como divulgadores da arte cotidiana, das tradições populares e dos autores locais, além de terem grande valor na preservação e perpetuação das identidades locais e das tradições literárias regionais, contribuindo para a persistência do folclore nacional. A força e exuberância dessa arte popular irradiou para os quatro cantos do Brasil e chega a Arraial do Cabo no início do Século XX, tendo como expoente maior o poeta Cecílio Barros Pessoa. A poesia em Cecílio conserva as mesmas características do cancioneiro popular nordestino e segue os idênticos padrões, seja na forma (estrofes em sextilhas setessilábicas), seja na métrica dos versos (redondilho maior ou menor), e ainda, nas décimas (estrofes com dez versos), forma também consagrada na literatura de cordel, com raízes no Brasil sertanejo, conforme nos aponta o grande estudioso do folclore brasileiro, Luís da Câmara Cascudo. No que toca ao conteúdo e aos temas, esses também seguem os modelos do cordel nordestino, com a abordagem dos temas tradicionais e dos fatos circunstanciais e de repercussão social; entretanto, a poesia de Cecílio é tecida com natural obediência aos valores e características peculiares à formação cultural e étnica da população de Ar-
raial do Cabo, e, além disso, por seu olhar sobre a paisagem natural e o espaço social. O mar e o pescador são as suas maiores preocupações e constituem temas centrais em seus textos. O poeta Cecílio Barros nasceu em 30 de outubro de 1902, no bairro Praia dos Anjos; era poeta nato, sobrevivia do seu trabalho na pesca artesanal e, por meio dele, sustentava sua família; a poesia era uma atividade cultural cotidiana, projetada e calcada em sua sensibilidade, face às relações humanas que se travavam nesse pequeno território, que é Arraial do Cabo, com suas ricas heranças culturais, e suas fortes contradições internas, em razão do seu caráter histórico e contextual de sua imigração. Por necessidade e contra seu desejo, Cecílio trabalhou por algum tempo na Companhia Nacional de Álcalis, época em que a pesca estava escassa. Começa a criar suas poesias aos 12 anos, quando teria recebido uma “mensagem vinda de cima”, confissão que fizera a seu filho primogênito, Mires Barros Pessoa, segundo o qual, ele teria feito “mais de 800 poesias, todas de memória”, e recitava-as a qualquer momento. “Meu pai era uma fonte inesgotável”, relata Mires. O poeta foi o grande responsável por documentar, por meio da poesia mnemônica, toda uma época da vida de Arraial do Cabo, narrando seus costumes, suas festas, os “causos engraçados”, os naufrágios de pescadores, os elementos religiosos, os fatos políticos e de repercussão social, as lendas e o folclore. Sua produção contribuiu decisivamente para determinar o tipo de relação humana existente no Arraial dos anos 20 até os anos 70 do Século passado, sendo importante destacar que, em suas poesias, Cecílio colocava em evidência um elemento essencial da cultura do povo cabista, isto é, um tipo peculiar de linguagem, deixando patente a marca de um vocabulário inerente a uma comunidade de “descendentes do isolamento”, e que conservava, por força da tradição oral, uma estrutura morfológica e fonológica tradicional no seu modo de expressar. Cecílio Barros faleceu no dia 21 de fevereiro de 1981, numa terçafeira de carnaval, aos 79 anos. João Resende Moreno é Pós-Graduado em Língua Portuguesa e Literatura pela Fundação Educacional da Região dos Lagos (FERLAGOS) e Professor De Língua Portuguesa na Rede Pública de Ensino de Arraial do Cabo
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A raiva de Ricota
Conto de Gerson Valle O apelido Gouda pegou. Os colegas do curso de História até se esqueciam que seu nome era Antônia. Frederico apenas fizera um trocadilho entre o gordo queijo holandês e o fato dela ser gorda e loura. Da mesma maneira, uma amiga dela que cursava Biologia na mesma universidade, também teve um apelido dado por Frederico. E também pegou. Era magrinha, branquela como quem nunca foi à praia, seca, insegura, nervosa. Frederico a apelidou de Ricota, o queijo sem graça de dieta, e não houve jeito mais da universidade inteira chamá-la por outro nome. Nesta época Saionara ainda namorava Frederico. E comentou amargamente tais apelidos. Vingava-se, assim, dos sussurros dele com a “ruivinha” Maria da Graça durante as aulas. Não sabia fugir da rotina de seus ciúmes. Mas como não desconfiar do coleguismo sonso por trás da voz de meiguice tingida como a cor do cabelo? — Que falta de imaginação! Você só sabe dar nome de queijos a minhas amigas! Por que esta obstinação por queijos? Será porque prendem teu intestino? Lembra-se do que Freud escreveu sobre intestino preso? Parece que tem alguma relação homossexual nisto... — Vá à merda! — e não se falaram mais nesta noite. Aliás, esta foi a noite em que Frederico “ficou” mesmo com a Graça, e que Saionara soube, e ele até confessou-lhe cinicamente, argumentando que “ficar” é uma coisa saudável na mente evoluída da modernidade. Princípio da ruptura do namoro. Saionara saiu com Gouda da sala de aula, e, dirigindo-se para a saída de faculdade, deram com Ricota brigando na secretaria. Estava fora de si. Tudo começara porque encontrara seu nome de batismo, Antígoa, na pauta de uma disciplina. Já havia um ano que ela entregara uma de-
cisão judicial na secretaria que mudava seu nome de Antígoa para Antígona. Na verdade, seu pai, porteiro de um prédio em frente a um teatro, encantou-se com o nome Antígona quando a peça de Sófocles estava anunciada num grande cartaz. Querendo batizá-la assim, houve a confusão no registro. A infância e adolescência inteiras dela foram perturbadas com as brincadeiras com o seu nome. Como podia ser “antiga” se era tão novinha? Então ela era avó de todo mundo, na verdade? E outras bobagens assim. Maior, conseguiu provar na justiça que tal nome a ridicularizava. Gouda, ao vê-la berrar com o pessoal da administração, tentou, no seu gênio conciliador, brincar: — Oi, minha nega (contrastando com sua brancura), que barraco ocê tá armando? — Esta desgraçada da Ciça voltou a me colocar o nome errado numa pauta. A gente paga esta joça de faculdade achando que tudo vai funcionar e a incompetência dessa turma apronta essa! Eu quero que isto vá à diretoria! Se erram o nome da gente, o que pode acontecer com o lançamento das notas? Ninguém tem responsabilidade de nada aqui! É só arrecadar o que a gente paga!? Faculdade de merda, isto sim! Ciça, a funcionária acusada, apesar de ter confundido a cópia da nova pauta com uma antiga, não se sentia nem um pouco conivente se acaso a faculdade era de merda, só querendo explorar os alunos ou não. Não podia admitir ser assim destratada. E respondeu que a merda era de aceitarem alunos sem preparo, educação... Ricota retrucou numa raiva crescente. Dedos em riste,
Mas, no fundo, o despeito de Ricota pela sociedade orgulhosa dos ricos não só a revolta, mas a faz desejar não ser do lado pobre. Por isto parece querer vingar-se nos parceiros da sorte, quando pode. É isto a raiva? Uma confusão na identificação de valores?
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ambas se acusavam. Saionara, cansada já de tanta merda, que começara com o namorado a mandando para lá, nem se despediu das amigas. Era muito mau cheiro. Foi direto para casa. E raciocinava: Como melhorar o cheiro do ar? Ela própria ajudara nisto. Não fora excessivamente agressiva com Frederico? Aquela ruivinha de merda (de novo?) a açulara. Onde é que a raiva se inicia? E por que não termina, nos põe obstinados, burros, não sabendo sair do sentimento negativo que nos vai roendo por dentro, tomando nosso coração, enfraquecendo-o, e destruindo, como fogo, tudo que lhe passa pela frente? Nesta noite parecia mesmo que um fogo devastador atingia todos os lugares por onde passava. Como se seu ciúme por um cara que, apesar de atraente e até culto, podia ser um torpe safado apenas, com que ela perdia tempo? Era disto que tinha raiva? Mas, o que se sabe do motivo da raiva? Ricota (até ela se deixava levar pelo apelido dado pelo cara) não estava lá brigando com uma secretária que, coitada, era tão empregada sem culpa como seu pai, porteiro de edifício, com o mesmo tipo de vida sacrificada, que ela deveria reconhecer como igual? Mas, no fundo, o despeito de Ricota pela sociedade orgulhosa dos ricos não só a revolta, mas a faz desejar não ser do lado pobre. Por isto parece querer vingar-se nos parceiros da sorte, quando pode. É isto a raiva? Uma confusão na identificação de valores? A justificativa das guerras ao longo da História? É este o caso de árabes e judeus no Oriente de hoje em dia? Que foi da guerra fria? Nós sempre iguais, odiando nossa forma aparentemente
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desigual, por não ter crescido em nossa casa, mas na casa igual do vizinho? Merda, merda, merda! A palavra do dia estava correta! Era este seu aprendizado novo! Lembra-se de um filme francês com sete histórias sobre os sete pecados capitais. A ira tinha roteiro do Ionesco. Durante uma pacata refeição numa família burguesa, uma mosca cai na sopa. Surge a raiva num, transmitida a outro, e todos brigam. A discussão chega à vizinhança, toma o bairro inteiro, a cidade, o mundo! Tudo termina com a imagem de uma explosão atômica planetária. Curioso que assistira por acaso há alguns anos este filme num cineclube. Parece-lhe que os cinéfilos não lhe dão grande importância. Da mesma forma nossa História oficial não é cheia de esquecimentos de fatos que poderiam influir na reflexão de seu sentido? Às vezes, no entanto, o absurdo é tão evidente, que não há muito a refletir. Como mostra o roteiro de Ionesco, a ira é uma doença transmissível, manifestando-se igual à coceira ou masturbação. Basta começar. Depois segue o absurdo incontrolável das paixões. Dias depois, já com o namoro terminado, incorreu ainda no mesmo comportamento guerreiro que tanto a incomodava e de que tentava escapar. Encontrou Frederico conversando com um amigo na rua, um rapaz negro, cuja pele era cheia de manchas devido ao vitiligo. Os dois tinham amizade de irmãos. Foram criados juntos, de fato, desde que a mãe solteira do rapaz faleceu atropelada em frente a sua casa, onde fora empregada. Saionara desconheceu a presença de Frederico, cumprimentando apenas o rapaz de pele marcada pelo vitiligo, e, numa vingança aos apelidos “queijíferos” dados às amigas, foi sarcástica: — Como vai, Gorgonzola, tudo bem? Pelo que sofreu horrendo arrependimento. Mas, estava feito. A raiva absurda da Ricota perseguia-a com sua devastação...
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O Imperador da Seresta morreu? Viva o Imperador da Seresta! Sylvio Adalberto
Marilda Varejão Fiquei sabendo que ‘seu’ Agenor nos tinha deixado só alguns dias depois. Por isso não fui ao seu enterro. E foi um choque. Muito embora soubesse nos últimos meses que andava doente e tenha acompanhado de longe suas internações hospitalares graças à amizade com a diretora do Hospital Alcides Carneiro, Dra. Ana Lucia Teixeira Pinto que, como eu, era sua fã. Porque o julgava um pouco imortal, já que além de dar a volta por cima na enfermidade, quando o vi pela última vez no Sabor Amigo, o seresteiro soltou seu vozeirão com o vigor de sempre: “Proteger as matas/do Brasil inteiro, é obrigação do bom brasileiro...”, ensinava cantando. E emocionava os mais românticos: “Eu não nasci pra você/ nem você nasceu pra mim/Tudo que tem mal começo/ tem sempre um amargo fim/ Não, não convém meu amor/, cair num erro banal/ não vamos com nossas mãos/ procurar o nosso mal...”. Como sempre, não terminou a seresta sem jogar, do alto de seus 88 anos, seu charme às moçoilas presentes. Nessas horas, acompa-
Agenor Costa em sua última apresentação, na reinauguração do Centro Cultural de Nogueira, em Petrópolis
nhado pelo inigualável violão sete cordas de Arezi Belli, andava em direção às mesas, derramandose na música Menina, uma composição memorável de Jair Maia, o mesmo autor da já referida Eu não nasci para você): “Menina, respeita meus cabelos brancos/ o amor já me deu tantos trancos/ que com ele não quero brincar/ Menina, deixa o amor ficar quietinho/ se lhe der o meu carinho/ seu papai não vai gostar./ Depois – sempre penso no depois –/ e por isso, entre nós dois/ este amor não pode entrar...”. Quem teve a ventura de ouví-lo, jamais esquecerá esse petropolitano que iniciou a carreira ainda em 1932 e, depois de cantar ao lado de sua irmã Marieta Costa
(ela no 5º ano do curso de piano, ele cantava as letras de suas partituras musicais), começou a se apresentar nos botequins da cidade aos 16 anos para, em 1941, já estar no microfone da Rádio Difusora de Petrópolis. Mas o nosso Imperador da Seresta não se limitou à Cidade Imperial: depois de ter sido crooner da igualmente inesquecível Orquestra Kolling, quando embalou o romance de muitos petropolitanos que, à época, tinham como programa máximo bailes de clubes como o Petropolitano, Serrano, Coral Concórdia e Luzeiro, por exemplo, Agenor, em 1943, passou a se apresentar na Rádio Clube do Brasil, ao lado de nomes como Zezé Gonzaga, Waldyr Azevedo, Dilermando Reis e tantos outros. Mais: em 1945 o nosso seresteiro foi parar em São Paulo, chegando inclusive a assinar um contrato de seis meses para cantar na Escola de Dança Salão Verde de Bauru. Entretanto, como na conhecida A volta do boêmio, ele voltou: o boêmio voltou novamente. Para felicidade de Petrópolis e, em especial, para os que vivem e curtem a Mosela, ‘seu’ Agenor se apresentaria inúmeras vezes na
Serenata Imperial, no Palácio de Cristal, e no bar Sabor Amigo, sempre às primeiras sextasfeiras do mês, onde tive o imenso prazer de conhecê-lo e onde, sempre ao lado do companheiro Arezzi, ele foi imortalizado no Espaço Cultural Arezi Belli e Agenor Costa. Nada mais merecido. `Seu`Agenor, que sempre soube incentivar os seresteiros mais jovens – tinha ouvidos para reconhecer os novos talentos e generosidade para promove-los: “Bernardo Grazzinolli é o meu sucessor!”, disse muitas vezes – ficará na memória de todos nós: sua voz poderá sempre ser ouvida no CD Tributo a Compositores Petropolitanos; e sua figura elegante e alegre está guardada em nossos corações. Descanse em paz, amigo! E faça agora suas serenatas para Maria: tenho certeza que a Mãe de Deus não só o abençoará, como também já deve ser sua fã de carteirinha... Marilda Varejão é jornalista, jurada do Prêmio Maestro Guerra Peixe de Cultura e uma das fundadoras do Movimento Mosela Viva, em Petrópolis-RJ.
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Conferência debate rumos culturais das baixadas litorâneas A cultura sendo conduzida por uma gestão amplamente democrática, com inclusão de todos os setores, de todas as cidades do interior do Estado do Rio. Assim está se configurando um novo paradigma a partir dos debates gerados nas conferências de cultura (municipais e regionais) que estão sendo organizadas nos últimos três anos pela Secretaria Estadual de Cultura (SEC). Não poderia ter sido diferente na Conferência das Baixadas Litorâneas, realizada no dia 29 de maio, em Saquarema, reunindo cerca de 380 representantes de 12 municípios. Além da cidade sede, estiveram presentes Araruama, Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Casimiro de Abreu, Iguaba Grande, Maricá, Rio Bonito, Rio das Ostras, São Pedro da Aldeia e Silva Jardim. O encontro em Saquarema contou com a presença da secretária de Cultura do Estado, Adriana Rattes, que teve oportunidade de fazer uma exposição abrangente das principais ações de sua Secretaria, ressaltando o objetivo de tornar o órgão realmente relevante para o Estado, como instrumento de política pública, partindo do princípio de que cultura é um direito de todas as pessoas e um dever do estado. “Das políticas públicas, a cultura — assim como a educação — tem uma característica um pouco diferente das outras: a cultura trabalha com a potência humana e não com a fraqueza”, propôs a secretária, como forma de se refletir um novo olhar sobre o futuro na condução do fazer cultural nos municípios e sua integração regional.
Fotos: Camilo Mota
Camilo Mota
Coral Escola Que Canta
Folia de Reis Estrela do Oriente O Grupo de trabalho com representantes eleitos de cada um dos municípios participantes vai aprofundar o diagnóstico da cultura na região
A Conferência proporcionou ainda a oportunidade de debater a formação de um consórcio de cultura da Região dos Lagos, com o objetivo de criar uma visão e uma ação estratégicas para o fortalecimento das bases da administração cultural entre as cidades, de forma integrativa e funcional. Já a historiadora Nilma Accioli apresentou uma pequena e rica palestra sobre a história da região das baixadas litorâneas. Ao final do evento, foi apresentado o diagnóstico preliminar sobre a cultura regional e eleitos os representantes de cada município que integrarão o grupo de trabalho para os debates e estudos mais aprofundados que serão realizados nos próximos meses, antecedendo a segunda conferência deste ano, prevista para ocorrer entre setembro e outubro. Além das atividades regulares da ENTREGA GRÁTIS EM DOMICÍLIO
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conferência, houve apresentações de artistas e grupos locais, mostrando a diversidade da produção cultural saquaremense, como a banda Santo Antonio, o grupo teatral do Centro Cultural Casa do Nós, o Núcleo de Poesia Alberto de Oliveira, a Folia de Reis Estrela do Oriente e o Coral Escola Que Canta. “Saquarema já está podendo sentir grandes mudanças a nível cultural; nós temos anseios e vontades de que a cultura seja reconhecida de verdade tal qual ela merece, e tenho certeza de que conferências como esta contribuem para o fortalecimento do princípio de se elaborarem políticas públicas que deem sustentação real a tantas manifestações em cada um dos municípios fluminenses”, ressaltou a secretária municipal de Educação e Cultura de Saquarema, Ana Paula Giri Fortunato.
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Segurança - O Conselho Comunitário de Segurança se reúne toda primeira quarta-feira de cada mês. As reuniões acontecem no DPO de Saquarema, em frente ao Lake’s. Na foto alguns representantes do Conselho com a presidente Emygdia Gomes de Melo e o Secretário de Segurança, Coronel Jorge Romeu.
Apoio à cultura - Os amigos Paulo Ribeiro (ao centro) e Luiz Neri (à esquerda) são dois grandes apoiadores da cultura em Arraial do Cabo. Talvez não existam palavras para traduzir a importância de ambos, principalmente para a juventude que faz arte naquela bela cidade da Região dos Lagos.
Regina Mota
Cultura em Saquarema - A secretária municipal de Educação, Ana Paula Giri, tem trabalhado muito em prol da cultura. Um dos exemplos foi a realização da Conferência Regional de Cultura, realizada na CBV dia 29 de maio. Gincana da Baenspa - Flávio Rangel (ao centro) foi o vencedor da gincana promovida pela Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia, prestigiada por artistas como o presidente da Aleart, Carlos Fouraux (à direita). Parabéns, Flávio!
WQS 2010 - O repórter Vinicius Assis e o cinegrafista Willian Correia estiveram nas areias de Itaúna, Saquarema, para a cobertura do mundial de Surf. É sempre bom vê-los por perto. Aloha!
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Corujinha na Cinéia - A Casa Escola Corujinha fez uma belíssima festa em homenagem às mães na Cinéia House Fest, em Saquarema. Um dos momentos mais marcantes foi a apresentação da turminha do balé, com a professora Patrícia Beltrão.
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