Caderno Bairros - 06/04/2011 - JORNAL SEMANÁRIO

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Bairros

Quarta-feira, 6 de abril de 2011

A VOZ DOS BAIRROS BETTINA SCHÜNKE

Esgoto entupido no Santa Helena página 3 BETTINA SCHÜNKE

Literatura Amigas se unem e criam biblioteca em uma casa no bairro Universitário

página 3 BETTINA SCHÜNKE

Poesia O professor, poeta e escritor do bairro Santa Marta página 7 DIVULGAÇÃO

Em busca de um lar

Milhares de gatos e cachorros andam pelas ruas de Bento Gonçalves sem destino certo. Para a maioria deles, a rua se transforma em moradia. Eles vivem em busca de um pouco de atenção e carinho. páginas 4 e 5

Cruzeirinho Equipe do bairro São Roque deixou sua marca na história do futebol página 8


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Editorial Dizem que o cachorro é o melhor amigo do homem. Talvez seja mesmo porque é uma relação recíproca, tanto da parte dos criadores como do cãozinho. Se bem tratado, tanto na alimentação, cuidados com a higiene, saúde e, principalmente, dando-lhe carinho e atenção, você terá com certeza um grande amigo e aliado para todas as horas. Isto vale também para gatos e outros bichinhos de estimação. É muito gratificante você chegar em casa e ver a alegria do seu cachorrinho. Ele pula, sacode o rabo, late, fica em sua volta demonstrando que está feliz por ter você do lado dele. Para quem gosta de vê-los assim, também é uma alegria. Pena que algumas pessoas não têm essa consciência e, muitas vezes, descuidam de seus animais, abandonam e, por vezes, até maltratam. Em Bento Gonçalves muitos animais, tanto cachorros como gatos, são abandonados por seus donos por muitos motivos, e acabam fazendo das ruas da cidade sua casa. Hoje em dia, graças a pessoas que se envolvem em trabalhos e projetos voluntários, pensando na melhoria e bem-estar destes animais, alguns são resgatados das ruas e ganham uma nova vida. Mas todo este problema seria evitado se, na hora de adotar um animal de estimação, o proprietário verificasse se tem condições de ter um bichinho em sua residência. Um animal envolve muitas despesas e muita atenção. É preciso estar consciente no momento da adoção de que ele será seu companheiro por muitos anos, e você não poderá descartar o animal assim como faz com o lixo.

Caderno

Bairros Este caderno faz parte da edição 2705, de quarta-feira, 23 de março de 2011, do Jornal Semanário

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Bairros

ARTIGO

Autoestima: alternativa para uma vida melhor Os tempos realmente são outros e as exigências também. O acúmulo de coisas consome energias e capacidades. Esse contexto faz com que o ser humano perca, em muitos casos, o gosto pela vida, ocasionado por um esgotamento físico e emocional derivado de tais exigências. O homem precisa encontrar alternativas para modificar a situação e sentir que tem o controle sobre as coisas e que não é um ser passivo, repetidor e consumidor do que lhe é apresentado. Tarefa difícil, mas possível. Segundo Augusto Cury, “Apesar dos nossos defeitos, precisamos enxergar que somos pérolas únicas no teatro da vida e entender que não existem pessoas de sucesso e pessoas fracassadas. O que existem são pessoas que lutam pelos seus sonhos ou desistem deles”. A autoestima é um tema contemporâneo e falar sobre ela requer uma avaliação que a pessoa faz de si mesmo. É a opinião e o sentimento que cada pessoa tem de si. É ser capaz de respeitar, confiar e gostar de si, aceitar as próprias fraquezas e erros. Ela esta intimamente ligada a autoaceitação e a autoconfiança. A pessoa que tem autoestima não se deixa levar pelas circunstâncias externas, mas vive a partir dos seus valores interiores, fundamental para uma vida saudável. Mesmo nas situações mais dramáticas e trágicas da vida sempre teremos algo a aprender. É necessário sentir-se capaz de lidar com os fatos complicados tendo reações flexíveis. Viver com autoestima é dar um enfoque positivo para as realidades presentes na nossa

Enquete:

existência. Na rede social e educacional precisamos incentivar a autoestima como peça chave no processo de aprendizagem. O diálogo nos permite meios de compreensão e de relação satisfatória com o outro no direcionamento da nossa vida. Somos alimentados em nossa autoestima quando, independente da faixa etária, somos respeitados em nossas opiniões e desejos, quando somos amados, valorizados e encorajados a confiar em nós mesmos. Precisamos a cada instante alimentar a autoestima como o impulsor do nosso ânimo. Isso nos conduz a felicidade, que é essencial para viver plenamente. Portanto, um grande desafio surge no processo educacional. Enquanto pais e educadores, temos o papel fundamental de intervir, de corrigir, mas sempre de modo muito respeitoso, generoso e amoroso, mesmo sabendo que em alguns momentos precisamos ter atitudes fortes e firmes na educação, pensando no bem e no desenvolvimento pessoal e continuo. Educar é complexo, pois somos seres únicos em nossa essência e personalidade, mas é gratificante ver alguém se tornando o autor e protagonista de sua vida com a convicção de que precisa ser ele mesmo, acreditando que está no lugar certo e que é capaz de enfrentar as adversidades e vencê-las. Michele Nunes Diretora da E E E F General Amaro Bittencourt

O cachorro é o melhor amigo do homem? FOTOS BETTINA SCHÜNKE

“Depende de cada caso. Existem outros animais que também são companheiros, como gatos e pássaros” Celso de Rossi, 55 anos Maria Goretti

Edição: Bettina Schünke bairros@jornalsemanario.com.br Colaboração: Noemir Leitão Revisão: Márcia Ferreira redacao@jornalsemanario.com.br Diamagramação: Maiara Alvarez diamagrador@jornalsemanario.com.br Projeto Gráfico: Maiara Alvarez

“Acho que sim. Eu tenho uma cachorra que é muito companheira. Cuida da casa e a minha filha adora brincar com ela”. Daniela Bernich, 22 anos Medianeira

Direção: Henrique Alfredo Caprara jornal.semanario@italnet.com.br SEDE Wolsir A. Antonini, 451 Bairro Fenavinho Bento Gonçalves, RS Fone: 54 3455-4500

“Eu concordo, porque o cachorro é muito amigo, companheiro. Hoje não tenho mais, mas eu já tive e ele cuidava de mim e da minha casa” Vitória Trevisan, 50 anos Progresso

Leia também o blog Bairros, no site www.jornalsemanario.com.br


Bairros Universitário

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A VOZ DOS BAIRROS

Livros e histórias para toda a comunidade Estudantes da 8ª série cuidam de biblioteca comunitária no bairro Bettina Schünke

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hainá Tavares e Emanuele Marcon são estudantes da oitava série da Escola Municipal de Ensino Fundamental Ernesto Dorneles. Em razão do gosto pela leitura, desde 2007 a dupla de amigas – ambas de 13 anos – cuida e organiza uma biblioteca comunitária. Com o nome de Biblioteca Mario Quintana, o espaço está montado no porão da casa de Thainá, localizada no bairro Universitário. A ideia de montar uma biblioteca surgiu das próprias garotas. “Meu pai queria montar um cantinho para estudar e aí surgiu a ideia de abrir o

espaço para toda a comunidade”, explica Thainá. Com mais de seis mil exemplares, entre livros didáticos, de literatura e revistas, as garotas foram arrecadando os exemplares através de doações, batendo de porta em porta na casa dos vizinhos e também através de doações de escritores que apoiaram a iniciativa. A biblioteca esta à disposição de todos os moradores da cidade para o empréstimo gratuito de livros. Quem reside na região procura o local para leitura e estudos. “Muita gente vem aqui para fazer os trabalhos escolares”, conta Emanuele. Com dez anos de idade, as BETTINA SCHÜNKE

As amigas leitoras possuem mais de 6 mil livros para empréstimo

garotas receberam notoriedade e foram homenageadas pela Feira do Livro da cidade, com a distinção de “Amigas do Livro” e receberam o troféu Adyles Ros de Souza. Lendo atualmente o livro “Morro dos ventos uivantes”, obra da autora Emily Bronte, Thainá conta que o porão de sua casa já não comporta o número de livros e falta estante para expor todas as obras arrecadadas. “A ideia é mantê-la no mesmo local, mas precisamos de estantes para continuar recebendo as doações e emprestar os livros”, disse. Hoje, a biblioteca não possui a mesma procura inicial, mas a intenção é, mesmo assim, seguir com o trabalho por tempo indefinido. Emanuele, disse que, quando surgiu a biblioteca, o espaço era bem movimentado. “Agora, a procura está bem fraca. Acho que as pessoas esqueceram que aqui tem um espaço para elas. Falta também o hábito de ler”, disse a leitora da coleção de Harry Potter. A biblioteca Mario Quintana aceita doações de estantes e funciona, no turno da tarde, na rua Ferrúcio Fasolo, 141, no bairro Universitário bairros@jornalsemanario.com.br

Noemir Leitão

narleitao@gmail.com

No bairro Santa Helena, os moradores reclamam da situação dos esgotos que estão entupidos. Quando chove, como nas últimas semanas, há muitos alagamentos em todo o prolongamento das ruas. Até mesmo as residências que ficam na parte baixa do bairro acabaram sendo prejudicadas com as águas que adentram em vários cômodos causando transtornos para as pessoas. O bairro quer uma definição na questão do tratamento e de uma nova canalização. Na rua Ari da Silva, no bairro Vila dos Eucaliptos, existe muito lixo jogado nas encostas da rua e que, muitas vezes, fica à espera da coleta. Os moradores colocam os resíduos em locais próximos dos barrancos, pois não há lixeiras suficientes para suprir o acúmulo de lixo orgânico neste local. Eles querem mais coletores em pontos estratégicos para que o lixo não seja espalhado e, com isso, venha a causar transtorno. E continua a luta dos moradores da avenida São Roque, para resolver a questão dos estacionamentos, já que, com a criação da nova circulação do trânsito, ficou difícil de se achar lugar apropriado para estacionar. Quem sofre com tudo isso, sem dúvida, são os comerciantes que reclamam da falta de critério para que não haja prejuízos aos seus clientes. Além disso, há a dificuldade dos pedestres em transitar pelo local. Uma travessia difícil de ser feita ocorre no bairro Fenavinho. Nos cruzamentos das ruas Aldo Francisco Valenti, Giovanni Grando Filho e Wolsir Antonini, e que dá acesso para a Humberto de Alencar Castello Branco, não há semáforo e, tão pouco, sinalização. Nos horários de pico, a situação complica ainda mais, pois os estudantes também estão envolvidos para cruzar estas ruas. Todo o cuidado é pouco, já que o movimento tende a aumentar ainda mais. Uma reivindicação dos moradores e dos motoristas do bairro São Francisco diz respeito à reformulação asfáltica da rua Marques de Souza. Em todo o seu prolongamento há falhas e muitos buracos, pois ocorreram obras de manutenção das redes de água e esgoto, o que deixou bem ruim a pista. Já foram solicitados os trabalhos para a Secretaria Municipal de Obras do município, porém, ainda não há retorno para os moradores. Quase todo mundo reclama da situação das praças da cidade. Elas estão sendo revitalizadas dentro do possível, mas algumas ainda vivem em estado de abandono. No bairro Humaitá, por exemplo, um morador e frequentador deste espaço afirmou que até mesmo os balanços foram colocados sobre as árvores. Falta areia no local e uma melhor estrutura para os bancos.


4 FOTOS DIVULGAÇÃO

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Abandono

À procura de um la Bettina Schünke

O Brigithe

Miguel

s animais estão presentes na vida dos seres humanos desde os primórdios do mundo. Conforme consta na bíblia cristã, os animais foram criados no sexto dia, no mesmo dia da criação do homem. Quem anda pelos bairros de Bento Gonçalves, normalmente, se depara com um problema que há muito tempo vem preocupando os moradores da cidade: os animais de rua. Não existe uma estatística de quantos bichos circulam pelas ruas da capital da uva e do vinho, o que se sabe é que muitos cães e gatos fazem das ruas o seu lar. Era a situação de cinco animais que andavam perdidos pelas ruas do bairro Zatt. Pelé, Fantini, Diana, Brinquedo e Pitchuca andavam sem rumo pelas ruas da região até serem adotados pela família Souza. “Resolvi adotar os bichos porque eu gosto deles”, disse a matriarca da família, Ieda Souza, 46 anos. Ieda e sua família cuidam de animais de rua há mais de 15 anos. Sem nenhuma ajuda, além dos cinco cachorros, a família Souza tem mais 12 gatos e já chegou a ter mais de 15 animais em sua pequena residência. “Ninguém nos ajuda. A prefeitura apenas castrou

os animais. Eu recebo ajuda da minha patroa, que paga os veterinários quando precisa”, conta a empregada doméstica. “Tem muito cachorro de rua no nosso bairro. Temos reclamações de moradores de cachorros grandes e perigosos circulando pelas ruas. Tem cachorro de rua entrando até na escola do bairro”, conta o presidente da Associação de moradores do bairro Zatt, Antônio Dallasen. Responsabilidade O município não possui canil público, nem entidades com capacidade para abrigar cachorros de rua. Segundo conta a coordenadora do Departamento de Vigilância Ambiental de Bento Gonçalves, Analiz Zattera, é necessário a construção de um canil público. “Hoje, a gente não tem um espaço para abrigar os animais de rua. O que temos são contratos com clínicas veterinárias para fazer a castração dos animais. É complicado”, revela Analiz. Entretanto, o departamento está na luta pela construção de um abrigo para os animais em situação de risco. “Eu pleiteio a construção de um canil, mas não um canil para recolher os animais de rua, porque não temos como recolher todos.

Mas um canil para recolher os animais em situação especial, como doenças, e os animais que apresentem algum perigo para os moradores”, completa Analiz. Animais de rua podem trazer várias doenças como sarnas, pulgas, carrapato, bicho de pé além de toxoplasmose, verminoses e a transmissão da raiva. Conforme explica Analiz, o departamento de vigilância ambiental está dentro da secretaria municipal de Saúde e possui uma verba anual de cerca de 90 mil para realizar o trabalho com os animais. “Por estarmos dentro de um órgão da saúde, nosso foco é a saúde humana, por isso, não podemos investir na saúde e bem-estar dos animais”, explica a veterinária. Desde 2008 está sendo realizada a castração – cirurgia onde são retirados os órgãos reprodutivos – de gatos e cachorros, evitando que haja mais filhotes e animais abandonados. O primeiro bairro a receber a visita dos veterinários foi o Municipal. Agora é a vez dos animais de rua do bairro Aparecida. Mas a coordenadora adverte: “Apenas 1% dos animais que castramos são de rua. O resto tem dono. Nós recomendamos para que, quem tem animal de estimação o mantenha em casa, impedinBETTINA SCHÜNKE

Chico

Pablito Jorge Souza e sua familia adotaram cinco cachorros que estavam circulando pelas ruas do bairro


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FOTOS DIVULGAÇÃO

ar para os peludos do que ele vá para rua e traga problemas para a vizinhança”, pede Analiz. Além disso, o departamento de vigilância ambiental entregou em 2008 cerca de cinco mil unidades da cartilha “Programa de posse responsável de animais de estimação”, para alunos de escolas públicas. Associação para os animais A luta da Associação Voluntária de Proteção Animal de Bento Gonçalves (Apabg) é pela conscientização da população pela posse responsável. Para a voluntária da associação, Juliana Brunetto Tonus, 33 anos, existem vários motivos para o abandono dos bichos. “Ás vezes eles são abandonados porque crescem demais, porque choram muito quando filhotes, porque latem, porque desobedecem, porque fazem xixi no lugar errado. As pessoas precisam se mudar e ‘esquecem’ de levá-los, e simplesmente, não os querem mais. Pura covardia, ignorância e falta de compaixão”, disse Juliana. Com três cachorros e um cavalo que adotou no ano passado de uma entidade de Porto Alegre, Juliana disse que a “Apa”, como é carinhosamente chamada a entidade, não recolhe animais abandonados, pois os recursos da instituição

são bem limitados, mas ajuda os animais a encontrarem um lar através da divulgação, em redes sociais, ou acomodando eles em algum lar temporário até que sejam adotados. “Atualmente temos pouco mais de 30 cães sob nossa responsabilidade. Eles são prioridade, pois foram encontrados doentes, atropelados ou espancados. Passaram por tratamento veterinário e hoje se encontram em uma de nossas hospedagens pagas”, explica. A colaboradora da instituição, Renata Ducatti, recomenda que, antes de adotar um bicho, a pessoa planeje e verifique as condições de sua residência. “O animal dá despesa e precisa de cuidados. Ele precisa ter uma casinha para se proteger da chuva e do sol, condições de higiene, espaço para correr e brincar e precisa, principalmente, de atenção e carinho”, disse Renata. A associação foi fundada em 1999, mas poucos anos depois parou de funcionar por falta de recursos físicos e financeiros. Apenas em 2005 os trabalhos foram retomados quando um grupo de amigos decidiu encarar novamente o desafio. Formada por mais de 15 voluntários, a entidade atua de forma anônima em defesa do bem-estar dos animais desenvolvendo

projetos voluntários voltados à educação e conscientização da comunidade para convivência responsável e harmônica com os animais e a natureza. “Temos vários projetos que, infelizmente, sem dinheiro e sem apoio, acabam ficando só no papel, mas estamos fechando uma bela parceria e, se tudo der certo, ainda neste ano vamos começar um programa de conscientização, que deverá ocorrer em mais de 20 escolas do município”, comemora a tesoureira da entidade, Juliana. Mesmo com todo o esforço dos voluntários, a Apabg vem lutando para existir e continuar com o trabalho que vem realizando. A entidade sobrevive apenas de doações. Por não possuir uma sede própria, cães e gatos são abrigados em lares temporários ou hospedagens pagas (diárias que variam de R$ 3,50 a R$ 5 por animal), até serem adotados. Enquanto o animal não encontra uma família, todas as despesas ficam por conta da entidade. “Estamos precisando de ração, cobertinhas e casinhas para os animais. Estamos fazendo o possível pra tirar a Apa do buraco e manter as atividades. Caso contrário, ela corre o risco de fechar as portas”, disse Juliana.

Pipo

Nicole

bairros@jornalsemanario.com.br DIVULGAÇÃO

Dalila

Como ajudar

Juliana Tonus tem três cachorros e um cavalo adotados de ONGs

A Apabg está promovendo uma campanha chamada “Seja um padrinho/ madrinha legal”. A proposta consiste em um carnê com 12 boletos, que podem ser pagos em qualquer banco, com data de vencimento e valor a ser definido pela própria pessoa. A ação também é válida para empresas, com o nome “Empresa amiga dos animais”. Além disso está sendo feita uma “Ação entre amigos”, com a venda de uma rifa no valor de R$ 10. O primeiro prêmio é uma TV LCD 32. A rifa está a venda com os voluntários. A entidade também aceita doações de material de limpeza, medicamentos, potes de alimentos e água, caminhas, entre outros objetos. Toda arrecadação será destinada ao pagamento das dívidas. Você também pode ajudar adotando alguns dos animais das fotos. Uma voluntária conversa com as pessoas interessadas pra ver se as condições oferecidas são ideais ao cão escolhido. Depois de tudo acertado, a pessoa é convidada a assinar um termo de adoção responsável e a entidade monitora a adoção por algum tempo. Os interessados devem mandar e-mail para apabg@apabg ou buscar informações pelo telefone 9962-1583.


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Sociais

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Bairros DIVULGAÇÃO

São Roque

Os casais festeiros da Paróquia São Roque, Gilberto e Joceli Faccin, Delmar e Fabiane Franciskivicz, Luiz e Ana Inês dos Santos, Aneli e Maria Cimadon e Odair e Ângela Cimadon, já estão se preparando para a festa em honra ao padroeiro que será realizada no dia 14 de agosto NOEMIR LEITÃO

Aniversariantes

A equipe de professores e funcionários da Escola Estadual de Ensino Fundamental Amaro Bittencourt, localizada no bairro Aparecida, que completou 58 anos de fundação no dia 12 de março BETTINA SCHÜNKE

NOEMIR LEITÃO

Os casais de festeiros da 26º Festa em honra a São José Operário. O evento ocorreu no dia 20 de março

BETTINA SCHÜNKE

Pai e filha

Marcos Fracalossi com a filha Maria Eduarda, de um ano e nove meses, no Jantar em homenagem aos festeiros jubilares da Paróquia Santo Antônio, ocorrido no dia 18 de março

Flores

Valentina Pessutto, de um ano e meio, entre as flores da casa de sua avó, localizada no bairro Universitário


Bairros Anônimos

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BELEZA

Letras que traduzem emoção e sabedoria

Eleitas as soberanas do bairro Zatt

KG PRODUÇÕES/ESPECIAL

Morador do bairro Santa Marta escreve contos e poemas há 32 anos Bettina Schünke

A

s letras do alfabeto sempre tiveram importância na vida de Nilo Feldman, de 76 anos. O professor aposentado, morador do bairro Santa Marta, escreve contos e poesias há mais de 30 anos. Leitor assíduo de romancistas como Machado de Assis, Manuel Bandeira e Fagundes Varela, Feldman conta que começou a escrever poesias quando tinha 17 anos, e estudava no Seminário de Taquari. “Sempre fui de ler muito. Faço poemas inspirados na natureza, na vida do homem. Também já fiz muitas poesias para as gurias, depois que casei, para a esposa, e também pros filhos. Escrevo de acordo com o que estou vivendo”, explica Feldmann. Sem saber exatamente quantos contos e poemas já escreveu, o escritor faz um chute: “Acho que já passa de mil”. Sua primeira poesia se chama “A

primeira rosa do meu jardim”, inspirado em sua poesia preferida “Vida de Flor”, do autor Fagundes Varela. Segundo explica Feldman, o gosto pelas letras é herança de família. “Quando eu era pequeno, a minha tia havia escrito um livro de poesias e pediu que eu lesse para as crianças. Acho que foi daí que me veio a inspiração para escrever também”, disse. Espalhados por toda a casa, seus poemas e contos encantam a todos. “O poeta nunca se contenta com o que escreveu. Ele está sempre reescrevendo e reinventando”, afirma. Seu maior sonho é publicar um livro com os escritos. Sua última poesia foi inspirada em uma senhora que o acolheu na cidade de Coronel Pilar, onde trabalhou por muitos anos. Professor de português e inglês, o aposentado sempre foi muito estudioso e chegou a falar 12 línguas. “Falava inglês, francês, alemão, esperanto, ita-

liano, e assim por diante. Mas com a falta da prática, e também com o passar do tempo, fui perdendo e esquecendo”, disse Feldman. Natural de Estrela, interior do Estado, se mudou para Bento Gonçalves em 1975 e lecionou em escolas públicas como a do bairro Universitário, General Amaro Bittencourt, e em escolas rurais do interior. “Sempre tive muito carinho por Bento. Antes de morar aqui, vinha visitar parentes que moravam em Garibaldi, e vinha para a cidade a pé”, lembra ele. Cheio de vida e vontade de realizar grandes projetos, o aposentado agora quer ser contador de histórias. “As crianças adoram escutar histórias. E eu adoro contá-las. Por isso quero ser contador de histórias em escolas. Quero fazer alguma coisa para me inteirar novamente na sociedade”, disse Feldman. bairros@jornalsemanario.com.br

BETTINA SCHÜNKE

Semana Santa Semana de derrubar os muros da separação. E voltar a amar os excluídos de coração. Os discriminados, amar a cada irmão. Demoli os muros do preconceito. Da cor, da raça. Ter o respeito, ajudar os da praça. O pobre, o velho, o doente. Sabes que o tempo passa quando de repente... podes estar tu naquela praça. Então pedirás água. Então pedirás pão. Não fiques com mágoa de não ter ajudado teu irmão. Agora é tempo. Aproveita agora. Neste momento. As coisas sem demora. Se esvaem, somem. O espírito não passa. Material? Terra come Só no além permanece o santo. Bendito seu nome. Junto a Deus Feliz na eternidade. O pedido que eu fiz: fiz de verdade. No céu, feliz. Contigo dar glória a Deus. O sem fim amar. Amém. Estimativa de Feldman é que ele já tenha escrito mais de mil textos

Nilo Feldmann

As novas belas da localidade representarão o bairro em eventos

O bairro Zatt elegeu, no dia 12 de março, as suas soberanas para o ano de 2011. Pâmela da Silva, de 14 anos, foi eleita a Mais Bela Comunitária, seguida por Gabriela Haschilo e Vanessa Klaus, como primeira e segunda princesas, respectivamente. O título de Miss Simpatia foi para Eduarda Galvan. Ao todo foram 10 meninas, com idade entre 15 e 24 anos, desfilando na passarela para um júri composto por 13 pes-

soas. Pâmela da Silva irá representar o Zatt no concurso “Mais Bela Comunitária”. Organizado pela Associação de moradores, mais de 500 pessoas estiveram presentes no o ginásio da Madecenter Após o desfile, a comunidade participou do baile com animação de Adelar dos Teclados. Segundo o presidente da associação, Antônio Dallasen “o papel das meninas é divulgar e representar o nosso bairro em eventos sociais”, disse.

SANTO ANTÃO

Festa do padroeiro reúne centenas de fiéis No domingo, 3, a comunidade do bairro Santo Antão homenageou o seu padroeiro. Cerca de 500 pessoas estiveram reunidas para as festividades que iniciaram às 6h, com a alvorada festiva. A celebração religiosa teve início às 10h45min com uma missa ao livre realizada pelo padre Nivaldo Pauleti. Após, o almoço foi servido no salão da comunidade.

Lisete Bruski, da diretoria da comunidade, disse que cerca de 80 pessoas estiveram trabalhando no evento. “A diretoria anterior deu um grande impulso para a festa pelo trabalho realizado no ano passado”, disse. A festa foi organizada pelos casais festeiros Ronaldo e Flávia Anceski, Jorge e Leni Peterle, Valdecir e Maria Pinto e Marcelo e Simone Anceski. MARCILEI ROSSI

Festa em honra a Santo Antão teve a presença de mais de 500 fiéis


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ESPORTES

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Memória Esportiva

Cruzeirinho, quantas saudades Time do bairro São Roque fez história no futebol amador da década de 70 e deixou sua marca na vida dos moradores Noemir Leitão

O

s mais antigos moradores do bairro São Roque lembram, com muita saudade, do Esporte Clube Cruzeiro, o Cruzeirinho como era carinhosamente chamado pelos torcedores. O bairro Aparecida ainda não existia, tudo era São Roque. O Cruzeiro era o símbolo futebolístico da comunidade daquela época. Fundado por um grupo de desportistas do bairro, que depois começou a criar adeptos fanáticos pelo clube, a equipe surgiu no início dos anos 70, e durou pouco mais de 15 anos. Adão Vilson de Paula, o popular “Doti”, foi um dos fundadores da equipe e, juntamente com Irineu Ribeiro, o “Pulli”, Flávio Aurélio dos Santos, ou “Preto”, e Darci Rodrigues, conhecido também como “Russo”, que tiveram importante participação na formação do grupo do Cruzeiro. O time disputou diversos

torneios e amistosos e agregava dois grupos, o principal e o aspirante. Mas foi de 1975 até 1977 que a equipe ganhou notoriedade no futebol amador da cidade. Com a disputa do famoso campeonato municipal ou citadino, o Cruzeiro conseguiu ser vice-campeão em um destes eventos esportivos e chamou a atenção das pessoas, principalmente, daquelas que mantinham uma admiração pelo clube. Os jogos, quando eram realizados na praça de esporte do clube ou no campo do 6º BCom, sempre estavam lotados de torcedores, a maioria do bairro, incentivando a equipe. Adão de Paula, 57 anos, hoje um mero torcedor, conta que a torcida era, na sua maioria, formada pelos familiares e moradores que se apaixonaram pelo Cruzeiro. “Eles vinham em bom número e, muitas vezes, não tinha espaço para acomodar tanta gente. Éramos imbatíveis em nosso campo e todos respeitavam e

ARQUIVO

temiam o Cruzeirinho”, disse. Nos jogos fora do seu reduto, a equipe levava uma quantidade enorme de torcedores, o que fazia com que o prestígio aumentasse ainda mais. Muitas vezes, as pessoas eram conduzidas por quatro ônibus lotados que os levavam até os locais das partidas que o clube iria jogar. Adão ressalta ainda que, “sempre buscávamos o melhor para o grupo, mas na intenção de alegrar nossa torcida nos domingos à tarde, e também nas quartas-feiras à O time do Cruzeirinho, do bairro São Roque, alegrava os moradores noite, já que o campo do Batalhão tinha iluminação”, conta. Torcedores apaixonados camisa do clube. Era um apaiUm time de luxo xonado eterno pelas cores do Alguns dos jogadores do Cruzeirinho. Assim, o clube tiCom o passar do tempo, Cruzeirinho já faleceram, mas nha o incentivo deles, e de muio Cruzeirinho começou a muitos ainda residem na ci- tos outros, nas arquibancadas competir em nível regional. dade e lembram com muita durante os 90 minutos, e que A torcida sempre estava lá saudade daquele saudoso time jamais abandonaram a equipe, para prestigiar o clube que, imbatível, que dava a alegria mesmo nas horas mais difíceis. entre 1975 e 1977, teve uma para os moradores do bairro Paixão de coração. Era assim formação especial e de qualiSão Roque. Eles hoje são me- com estes três torcedores. dade, segundo os torcedores. ros torcedores que, também Antes mesmo do final da A escalação, que fica na mena época, se apaixonaram pelo década de 80, o clube acabou, mória dos moradores, tinha belo futebol que compunha a mas deixou saudades e lemPaulo Lopes, Pedro, Kieza, equipe. Mas, três torcedores branças de animados dominCarlinhos, Paim, Meio, Donsão destaques daquele time. gos que alegravam a comuga, Gilmar, Sérgio Barbosa, Marcilio Lopes de Abreu, nidade do bairro São Roque. Zulu, Quaraí, Cabeça, e ainda Cândido Cardoso (Candinho) Durante os anos de glória da contava com atletas do quae Coraldino de Melo foram os equipe do Cruzeiro, um dos dro “B”, que despontavam grandes protagonistas desta atletas, que hoje é músico, Alcomo possíveis substitutos paixão pelo clube. Eles eram tair Fernandes, escreveu um como Raul, Juarez, Dutra, fanáticos e não perdiam ne- hino que ficou famoso entre Balisa, Feijão, Dotti, Áuber, nhum jogo em São Roque e os torcedores da época. A letra Machado, Maneco, Valdemar, mesmo fora dele. Marcilio, falava do amor pelo clube e o Ivan, entre tantos outros. Um por exemplo, tinha uma ami- refrão ficava assim: “Cruzeiro, destes atletas era Edson Lozade com os atletas e, antes de eu não me engano, tu és popes de Freitas, o Donga, hoje iniciar a partida, os jogadores bre, mas eu te amo”. com 53 anos, mas que na époouviam seus conselhos. Ele ca atuou na equipe Juvenil do até dormia com a bandeira e a narleitao@gmail.com Clube Esportivo. Poucos saNOEMIR LEITÃO bem, mas Donga era titular e tinha como seu reserva Renato Portaluppi, hoje técnico do Grêmio. Donga afirma que o Cruzeirinho era uma equipe que dava prazer de jogar, pois tinha organização, direção e uma excelente comissão técnica. “Jogávamos por amor a camisa e tínhamos um dos melhores time da cidade em uma época que outros times de Bento Gonçalves também eram fortes, mas para vencer o Cruzeiro tinha que suar muito”, afirma emocionado. O meia atacante Donga lembra com saudades dos velhos tempos


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