Caderno Bairros - 23/03/2011

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Bairros

Quarta-feira, 23 de março de 2011

A VOZ DOS BAIRROS BETTINA SCHÜNKE

Banheiros novos nas praças da cidade página 3 BETTINA SCHÜNKE

Solidariedade Sopão para os moradores do bairro Zatt página 3 ARQUIVO

Comercial O campeão do bairro Universitário página 6 BETTINA SCHÜNKE

Em busca do seu espaço Na terra da uva e do vinho, pouco mais de duas mil pessoas possuem algum tipo de deficiência. Através de iniciativas e união, esta parcela da população busca a garantia de seus direitos. páginas 4 e 5

Santo Antônio Festeiros da paróquia são homenageados página 7


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Enquete:

Qual sua opinião sobre a realização de feiras em Bento? FOTOS BETTINA SCHÜNKE

“É positivo. Fomenta o turismo, faz com que as empresas locais cresçam. Além disso, aumenta o mercado de trabalho” Janete Bianchi, 39 anos Botafogo

“Acho muito bom. Abre espaço para a cidade e municípios da região. É gratificante receber pessoas de várias cidades”. Jair Lagunas, 42 anos Progresso

“Eu acho que é muito bom porque aumenta o turismo e movimenta o comércio de toda a cidade”. Iraci Orsato, 47 anos Linha Paulina

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Editorial

Pouco mais de duas mil pessoas que moram em Bento Gonçalves possuem alguma deficiência. Não é um número tão expressivo se comparamos com os outros 105 mil que residem na cidade. Mas isso não significa que estas pessoas não mereçam atenção. Acolhedora, a cidade sabe receber – e muito bem – os milhares de turistas que aqui visitam, mas precisa aprender a acolher as pessoas que possuem alguma deficiência, seja ela física, auditiva, intelectual, visual, e assim por diante. Mas é só oferecer espaço para as pessoas certas, que as coisas acontecem. Veremos nas páginas centrais iniciativas que servem de exemplo para todos desta cidade. Acompanhe exemplos de pessoas que clamam por um pouco mais de atenção diante de suas dificuldades e deficiências. Mas veremos também que existem cidadãos comprometidos e dispostos a doar parte de sua vida e de seu tempo para abrir novas oportunidades de realização e felicidade desta gente que é gente daqui. Leia e se envolva.

ARTIGO

Lixo que não é lixo

Direção: Henrique Alfredo Caprara jornal.semanario@italnet.com.br SEDE Wolsir A. Antonini, 451 Bairro Fenavinho Bento Gonçalves, RS Fone: 54 3455-4500

A experiência adquirida ao longo de mais de 30 anos militando nas questões ambientais, nos concedeu uma visão, acredito, diferenciada do que efetivamente é lixo. Por questões culturais, muitas vezes, não muito acertadas, convencionamos chamar de lixo, tudo aquilo que, na nossa visão, não presta mais. Entretanto, se observarmos com mais atenção, tudo aquilo que jogamos na lata ou no saco do “lixo”, somente 10% ou 12% que foi colocado lá poderia efetivamente ser chamado de lixo. Que façamos uma espécie de reciclagem das nossas consciências, e depois, arregaçar as mangas e proceder a separação do que é matéria orgânica e inorgânica e não lixo. Com o intuito do bem estar das futuras gerações em relação às questões ambientais, a população necessita adotar a política dos “4Rs”. Inicialmente devemos nos reeducar, alterando nossas atitudes, incentivando familiares e amigos a adotarem posturas que beneficiam a natureza. Outro ponto que devemos trabalhar é a redução na geração dos resíduos, assim menos “lixo” teremos para descartar. Os outros “2Rs” são a reciclagem, onde o material usado, poderá ser transformado em novos produtos para o consumo, evitando o uso e a extração da matéria-prima bruta. E a reutilização, na qual, se utilizamos alguns materiais por mais tempo, aumentamos sua vida útil. Trabalhando nossas atitudes baseadas nessa política e a partir dela dermos alguns pequenos passos, como desenvolver o hábito de lavar ligeiramente os vasilhames de refrigerante, leite, conservas, entre outros, mesmo quando estão separados. Utilizar o resíduo orgânico como adubo a horta de casa. Escolher na hora das compras produtos que utilizam menos embalagens, apenas com um tipo de material e as que não são individualizadas. Se adotarmos essas atitudes estaremos nos tornando consumidores mais responsáveis e estaremos colaborando com as associações de recicladores e com a própria saúde do nosso Planeta. Não podemos esquecer que, quanto mais reciclarmos nossas embalagens, menos estaremos retirando da natureza para produzi-las. Igualmente, acontece com o resíduo orgânico, que se transformado em composto teremos um excelente adubo e com isso devolvemos a terra os nutrientes que dela retiramos. Como se pode observar há muito pouco lixo ao nosso redor se soubermos reciclá-lo . Porém para que isso ocorra, precisamos antes de tudo reciclar nossas atitudes e nossa consciência. Luiz Augusto Signor Presidente da Associação Bento-Gonçalvense de Proteção ao Ambiente Natural (ABEPAN) Caderno

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Este caderno faz parte da edição 2705, de quartafeira, 23 de março de 2011, do Jornal Semanário

Edição: Bettina Schünke bairros@jornalsemanario.com.br Colaboração: Noemir Leitão Revisão: Márcia Ferreira redacao@jornalsemanario.com.br Diamagramação: Maiara Alvarez diamagrador@jornalsemanario.com.br Projeto Gráfico: Maiara Alvarez

Direção: Henrique Alfredo Caprara jornal.semanario@italnet.com.br SEDE Wolsir A. Antonini, 451 Bairro Fenavinho Bento Gonçalves, RS Fone: 54 3455-4500


Bairros Solidariedade

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A VOZ DOS BAIRROS Noemir Leitão

Sopão para os moradores do Zatt

narleitao@gmail.com

Associação Água Viva entrega alimentos para os necessitados do bairro BETTINA SCHÜNKE

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Bettina Schünke

judar as pessoas sempre foi um desejo forte entre os moradores do bairro Zatt, de Bento Gonçalves. E uma das formas encontradas por um grupo de moradores da região tem ajudado muitas famílias que moram tanto no bairro, como também nas localidades próximas. Todos os sábados pela manhã, a Associação Evangélica Água Viva prepara e organiza um sopão, entregue para as famílias carentes da região. O idealizador da ação é Alfeu Siqueira, 43 anos, pastor da igreja pentecostal Fonte de Água Viva, instalada na comunidade há oito anos. Siqueira conta que a ideia surgiu de um sonho pessoal, que era ajudar, de alguma forma, as pessoas necessitadas. “Nossa prioridade é ver as pessoas felizes. Estamos satisfeitos com o trabalho que estamos fazendo aqui”, disse Siqueira. Natural de Marau, interior do Estado, e morando em Bento Gonçalves há 20 anos, Siqueira tem a ajuda de outras seis pessoas, que dedicam há quatro anos, os sábados pela manhã para irem até a sede da associação preparar e distribuir os alimentos. “As comidas para a sopa são arrecadadas através de

Foi lançado no sábado, 19, no bairro Licorsul, o gabinete móvel para atendimento direto nos bairros da cidade. A ideia veio através da vereadora Marlen Peliciolli (PPS), que inova nesta questão para ficar mais próxima da população que tanto necessita. Isso começa a fluir positivamente, pois a iniciativa revela com entusiasmo a busca por soluções para a melhoria da infraestrutura nos locais de difícil acesso do poder público. No bairro Vila Nova III, mesmo que as residências existentes nesta comunidade tenham iluminação pública e boa infraestrutura, está faltando uma reforma das ruas, ou seja, pavimentação em todo o prolongamento das quatro vias que têm no local. Já foram solicitados diversos pedidos no sentido de haver esta pavimentação, mas ainda não existe nada de concreto. Com as fortes chuvas que caíram na cidade, o barro vem tomando conta dos acostamentos e da entrada das casas dos moradores.

Semanalmente, são entregues mais de 200 porções do sopão

parcerias com empresas e moradores do bairro. É tudo feito de forma voluntária e com muito carinho”, completa Siqueira. Para receber o alimento, basta comparecer com uma panela ou pote na associação. Em média, são entregues mais de 200 porções de sopa a cada sábado. Além da sopa, a associação também arrecada roupas e equipamentos eletrônicos, como computadores, para serem entregues às famílias mais carentes do bairro. “O bairro tem mais de mil famílias. Mas nós conhecemos estas pessoas e sabemos de sua situação. A pessoa vem

Vejam na foto abaixo. Esta é a avenida São Roque. Neste trecho próximo à subida da caixa d’água, as calçadas não existem, e muitos pedestres têm que acessar a rua para transitar pelo local. O perigo ameaça, principalmente, os estudantes e as crianças que passam todo o dia no local, sem haver qualquer segurança. Algo deve ser feito com urgência.

aqui e diz que precisa de roupas e nós, na medida do possível, tentamos ajudar”, explica Siqueira. O grupo também auxilia a linha KM2, localizada no distrito de Tuiuty, com a doação de roupas e alimentos. “Nós construímos uma igreja na localidade há cerca de dois anos. Além de alimentos e roupas também doamos sementes e instalamos no local uma horta onde as famílias podem colher frutas e verduras como milho, feijão e verduras”, disse Siqueira. bairros@jornalsemanario.com.br

Os moradores do bairro Progresso reclamam da situação das ruas e dos esgotos que estão com cheiro e ainda da falta de infraestrutura em alguns lugares do bairro. Eles esperam não ser esquecidos pela administração atual, já que o Progresso é um bairro enorme e que precisa de uma melhor atenção. No bairro Zatt, duas reclamações tomam conta da irresignação dos moradores. Os matos estão escondendo a própria escola que existe no local. Até o momento a limpeza esqueceu de passar por lá. Outra solicitação diz respeito à rua Alziro Pedroso Fã que tem os esgotos entupidos e cheirando mau, causando transtornos para quem passa pelo local. É hora é de buscar solução de imediato. Finalmente uma boa notícia. Além dos banheiros públicos da Praça Walter Galassi, no centro que está sendo reformado, existe uma grande possibilidade de serem avaliados os demais banheiros das demais praças, como a Centenário, Vico Barbieri e das Rosas na Cidade Alta. E, se isso ocorrer, com certeza para os eventos que ocorrerem na cidade, os banheiros serão de luxo para a população, principalmente os turistas.


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Inclusão

Suprindo as diferenças e deficiên Bettina Schünke

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ue Bento Gonçalves é uma cidade plural e multicultural não é novidade para ninguém. Com mais de 100 mil habitantes, a capital da uva e do vinho abriga pessoas oriundas de vários países, com vários estilos e formas de viver. Mas Bento Gonçalves também é uma cidade acolhedora. Sabe muito bem receber e acolher todos os que visitam o município, ou vem morar aqui, mas precisa ainda apreender a lidar com as pessoas que possuem uma ou outra forma de deficiência. Pouco mais de 2% da população da cidade, aproximadamente, 2.272 pessoas têm algum tipo de deficiência, seja ela física, auditiva, intelectual, visual, autistas ou down. A pequena e esperta Chaiane dos Santos Pian tem apenas cinco anos. A paralisia nas pernas a impossibilita de caminhar e correr, porém, não impede que a menina procure realizar o maior número possível de atividades. Chaiane nasceu prematura e em razão da pré-eclampsia da mãe, a menina sofreu uma parada respiratória, o que afetou a parte motora, causando a paralisia dos membros inferiores.

A mãe Rosele dos Santos Pian é sua fiel companheira e acompanha a filha em todas as suas atividades. A vida da dupla poderia ser mais fácil se a cidade estivesse preparada para receber pessoas como Chaiane. Segundo conta Rosele, ela encontra dificuldade em transitar com a filha na cadeira de rodas nas ruas de Bento Gonçalves. “Falta calçada, rampa de acesso. Os ônibus adaptados não são frequentes e ninguém sabe dizer quais são os horários que eles circulam. É uma dificuldade só”, explica. A dupla inseparável conta com o apoio incondicional de Evandro, pai de Chaiane, que leva a filha e esposa para a escola e demais atividades. “Todos os dias ela tem alguma coisa. Se não fosse meu marido buscar e levar, seria praticamente impossível sair com ela”, disse Rosele. A família de Chaiane tem condições de pagar por um tratamento adequado mas, se não fosse isso, a mãe acha que seria muito mais difícil ver a evolução da filha. Além de fisioterapia e hidroterapia, a menina também fez equoterapia, atividade que utiliza cavalos para reabilitar e melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência. “O preconceito

sempre existiu, mas eu não me deixo abater. Só tenho a agradecer pela filha maravilhosa que eu tenho”, finaliza Rosele. Reinaldo Rodrigues ficou tetraplégico em 2007, após sofrer um acidente de carro. Com 47 anos, ele se queixa do descaso e da falta de preparo dos profissionais que trabalham com os deficientes. “Aqui em Bento os cuidados com o deficiente são uma lástima. Principalmente, com os menos favorecidos, que não têm condições de pagar por um tratamento particular adequado”, reclama Rodrigues. Ele conta que teve que mandar fazer um adaptador em Porto Alegre, pois não encontrou ninguém na região serrana que fizesse o trabalho. “O município está muito atrasado. É um total descaso com a população que necessita de cuidados especiais”, disse Rodrigues. Para o presidente da Associação dos Deficientes Físicos de Bento Gonçalves (Adef), Jair Lagunas, quando se fala no tema acessibilidade, não se está falando apenas em rampas nas calçadas, mas referimos a prédios e estabelecimentos adaptados para receber qualquer pessoa com as mais variadas deficiências. “Quando se fala em deficiente, tem que olhar

Professor Jeferson Trivelin ensina crianças com deficiência a tocarem instrumentos musicais

como um todo. Em restaurantes, os cadeirantes têm acesso com rampas, mas não tem cardápios em braile, por exemplo”, disse Lagunas. Jair também salienta que é preciso realizar um trabalho de conscientização tanto com os moradores da cidade como com as próprias pessoas com deficiência. “Nossa cidade tem muito o que aprender ainda. As coisas estão sendo feitas, mas temos que aprender a ter mais paciência e aguardar as resoluções”, disse. Coordenadoria para regular Mas a cidade caminha para melhorar a qualidade de vida dos portadores de deficiência. Através da Secretaria de Habitação e Assistência Social (SEMHAS) foi criada em 17 de novembro de 2009 a lei municipal nº. 4.743, que inaugura a Coordenadoria de Acessibilidade e Inclusão da Pessoa com Deficiência - Caispede. A organização tem por finalidade elaborar, coordenar e articular políticas públicas que garantam a cidadania plena das pessoas com deficiência. Segundo conta a coordenadora do Caispede, Marise Gaspari, Bento Gonçalves foi a segunda cidade a implantar a coordenadoria. “O nosso município serve de exemplo para as outras cidades, em relação a projetos que estão dando certo. A visão antes era de que o deficiente tinha que se adaptar à cidade. Mas agora é a cidade que tem que se adaptar para receber estas pessoas”, explica Marise. Articulando ações nas áreas da saúde, educação, trabalho, cidadania, cultura, turismo, esporte, lazer, mobilidade e assistência social, a coordenadoria realizou em 2010, o 1º Encontro Municipal da Pessoa com Deficiência, com o objetivo de qualificar e orientar os profissionais que trabalham na área pública. “Nós não trabalhamos sozinhos, mas sim, com a transversalidade do serviço. Trabalha-

Rodrigues ficou tetraplégico em 2007 e a s

mos com todos os setores da sociedade. É como uma rede de pesca. Estamos todos juntos neste barco” disse Marise. Outro projeto implantado pela Caispede, em seu primeiro ano de trabalho, foi o projeto Reciclando com Arte, onde pessoas com deficiência e seus familiares participaram de um curso de reciclagem de papel, oferecendo qualificação e uma opção de trabalho para eles. Em 2011, a SEMHAS e Caispede estão promovendo cursos sobre a capacitação e desenvolvimento de políticas de inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho e de Libras. Os cursos iniciaram no dia 11, com aulas nas sextas-feiras. São 35 vagas distribuídas conforme orientação da Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas Portadoras de Deficiências e Altas Habilidades do Rio Grande do Sul (Faders) entre CRAS, secretaria municipal da Educação, Sine, Senai, Sesi, além de agências de emprego e entidades que trabalham com deficientes. Já o curso da Língua Brasileira de Sinais (Libras) acontece em parceria com a secretaria de Educação e o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais. A capacitação será desenvolvida em três módulos: básico, intermediário e avançado. Integram essa primeira turma, professores e monitores de escolas mu-

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FOTOS BETTINA SCHÜNKE

ncias

superação está presente em sua vida

nicipais infantis e profissionais interessados na capacitação. “Estamos com outras ideias para este ano, que tem tudo para dar certo. Mas estamos aguardando algumas definições”, finaliza Marlise. Música para as crianças Outro projeto que vem dando certo é na Associação dos Deficientes Físicos de Bento Gonçalves (Adef). A oficina de música tem nove alunos, que se encontram todas as sextas-feiras pela manhã, para uma aula cheia de melodias e ritmos. Instrumentos como triângulo, pandeiro meia lua, escaleta e tarol, são ensinados para as crianças que possuem algum

Rosele Pian e a pequena Chaiane, moradoras do São Roque, encontram dificuldades em circular diariamente pelas ruas do município

tipo de deficiência, e que frequentam a entidade. Sob os olhos atentos da mãe, Gustavo Bianchi, de sete anos, toca um instrumento de percussão chamado tarol. Moradora do bairro Botafogo, a mãe Janete Bianchi conta que o filho está na banda desde o primeiro ensaio e que sempre gostou de música. “A música só tem a favorecer. Ele canta e toca. É uma forma de desenvolver tudo, a fala e os movimentos DIVULGAÇÃO

pede, criada em 2009, está promovendo curso de capacitação e de Libras

corporais”, disse Janete. O menino, que ficou paraplégico com um ano de idade, quando questionado sobre o que gosta mais nas aulas admite: “Gosto de duas coisas. Cantar e tocar”, disse Gustavo. A pequena Ingrid Moiano também está no grupo. Tocando tambor e pandeiro meia lua, a menina de 10 anos que nasceu com mielomeningocele – uma má formação congênita da coluna vertebral – gosta muito de cantar. “No começo ela não gostava muito de vir aos ensaios, mas agora ela se entusiasmou e não quer perder um encontro. Quando ela escuta música no rádio é uma folia só”, disse a mãe Paula Moiano. Quem ministra as aulas é o professor Jeferson Trivelin, de 24 anos. Há cerca de um ano e meio, Trivelin ensina as crianças a tocar instrumentos, acompanhar o ritmo e também a cantar as melodias. “O meu receio era de que o trabalho não fosse acontecer por causa da coordenação motora delas, mas elas aprendem muito rápidos”, disse o professor orgulhoso. Músicas da cultura popular como “Cai, cai balão” e “Ati-

Banda da Associação dos Deficientes Físicos ensaia todas as sextas

rei o pau no gato” fazem parte do repertório da turminha, que realiza apresentações na entidade e também em locais onde recebe convite. “É um desafio novo. Eu adoro dar aula para eles”, completa Trivelin. Gabrielle Orasato é a caçula do grupo. Com apenas cinco anos ela acompanha os alunos com o triângulo. “Gosto muito de tocar”, disse ela. Moradora da linha Paulina, interior de Bento Gonçalves, a mãe Iraci Orasato acorda às 5h da manhã para levar a menina até a asso-

ciação. “Vale muito à pena, pois a música incentiva muito seu desenvolvimento”, disse Iraci. Ieda D’Agostine, coordenadora da Adef, conta que a iniciativa surgiu em 2007, mas a entidade só conseguiu implantar o projeto em 2009. “Nós víamos na TV as crianças dançando e cantando e nós pensamos no que poderíamos oferecer para as nossas crianças, e a música é uma ferramenta que engloba todas elas”, disse Ieda. bairros@jornalsemanario.com.br


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Memória Esportiva

O campeão do Universitário

Equipe da Sociedade Recreativa e Esportiva Comercial durou uma década e conquistou o coração dos moradores do bairro Noemir Letião

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o bairro Universitário, os moradores ainda não esqueceram de uma equipe que fez a alegria dos torcedores da região, por dez anos. A Sociedade Recreativa e Esportiva Comercial foi fundada em 1984, por um grupo de amigos que resolveu trocar o nome do time – que se chamava Cristófoli – para disputar jogos amistosos em competições oficiais da cidade. A equipe do Comercial surgiu com um quadro composto por 32 atletas e diversos membros,

FOTOS ARQUIVO

que atuavam nos gramados do interior. Em 1992, o time participou da Copa JR Marcante de Futebol, organizada por uma empresa da cidade, e que tinha a coordenação do então vereador, Gilmar Pessutto. Esta competição substituiu o campeonato citadino daquele ano. Com os dois quadros – principal e aspirante –, a equipe foi campeã de forma espetacular. Dalcimir Dal Prá foi o primeiro presidente do clube. Ele ressalta que foram realizados encontros e muitas reuniões com os primeiros dirigentes, na busca de formar uma equipe

O Comercial “B” conquistou o campeonato da copa J.R.Marcante de Futebol, em 1992

de ponta no bairro. “Naquele tempo jogávamos por amor à camisa, criamos o nosso estatuto e registramos a equipe, onde a sede era num porão de uma residência, localizada rua Antonio Faggion, no bairro São Roque”, disse. Segundo Dal Prá, o Comercial durou apenas uma década. “Com a chegada de outras equipes estruturadas, como era a nossa, os atletas começaram a ganhar dinheiro nos finais de semana, o que, de fato, iniciou uma depredação do futebol amador. Mas ainda tentamos continuar, o que ficou inviável. Mas, com certeza, deixamos nossa marca e contribuição no futebol amador de Bento Gonçalves”, afirma. O Comercial teve outros importantes nomes na sua direção, como Edemir de Oliveira, o popular “Bianco”, e Vanderlei Klaus, que foi um dos grandes idealistas do clube, ao lado de Dal Prá. Hoje, alguns ex-dirigentes e atletas do clube destacam a sequência de um projeto para viabilizar as equipes amadoras da cidade, mas concordam que as novas gerações não conseguiram manter uma estrutura. Um dos atletas e participantes do time foi Sidney Marcon,

43 anos. Ele conta que acompanhou a trajetória do Comercial desde jovem. “Sempre tínhamos vitórias importantes, o que mostrava o empenho e a dedicação de todos os jogadores. Mas, infelizmente, tudo que era apreciado e bem organizado, não teve sequência. Joguei com bons jogadores, era

uma equipe fantástica, que foi campeã e que venceu diversos amistosos na cidade”, completou. O Comercial está no coração dos moradores e, o que fica na memória, é a saudade de um time que encantou uma comunidade inteira. narleitao@gmail.com

Goleiro Edenir jogou muito tempo no time do Comercial

Lances do jogo final, entre Comercial e Estrela da Serra, em 1992


Bairros Paróquia Santo Antônio

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Homenagem para celebrar a fé Ex-festeiros receberam honrarias, em evento realizado na sexta-feira, 18, pela organização da maior festa do município Bettina Schünke

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a sexta-feira, 18, cerca de 500 pessoas reuniram-se no salão paroquial da igreja Santo Antônio para homenagear os festeiros que, há 25 anos, organizaram a festa em homenagem ao padroeiro da cidade. Os casais Bernardino e Ana Luiza Brandelli, Vitalino e Nair Nichetti receberam as honras como festeiros jubilares. Já os casais Fidelis e Laura Giusti e Carlos e Claudia Tieppo foram homenageados como festeiros jubilares jovens. Todos foram condecorados pelo trabalho realizado no ano de 1986. Os festeiros de 2011 entregaram um buquê de flores, para as mulheres e uma imagem de Santo Antônio, para os homens. Na cerimônia, que teve início às 20h, foi mostrado um vídeo com imagens relembrando a festa. Fidelis Giusti – na época com 22 anos – lembra que o objetivo dos festeiros jovens era trazer e envolver mais a juventude na programação da igreja. “É muito gratificante estar aqui. É reviver o passado. Na época, todos eram namorados e, agora, estão casados. É muita bênção de Santo Antônio”, disse Giusti. Já Laura Giusti lembra que na ocasião, eles não se deram conta da responsabilidade que era organizar o evento. “Foi um desafio que assumimos sem a real percepção do tamanho de nossa responsabilidade. Mas encaramos tudo com muita alegria. Inclusive, faltamos muitas aulas para organizar o evento”, lembra. “Cada festeiro deixa um legado. É muito gratificante ser reconhecido, após tanto tempo, por um trabalho que realizamos com tanto carinho”, disse Carlos Tieppo. No evento foram entregues aos casais de festeiros da edição de 2010, Idalo e Ivone Scotton, Fernando e Teresinha Tureck, Jandiro e Inês Parisotto, João e Inês Strapazzon, José e Lucilene Panizzi e Enio e Maggada

FOTOS BETTINA SCHÜNKE

de Paris, o troféu “Tonito”, homenagem ao santo que passou a ser entregue, todos os anos, aos casais festeiros, como reconhecimento pelo trabalho realizado durante a festa. Segundo conta Fernando Tureck, um sentimento de gratidão toma conta de todos os ex-festeiros. “Nos sentimos gratificados pela lembrança do trabalho que realizamos, de forma espontânea, no ano passado”, disse. Sua esposa Teresinha concorda. “É um sentimento de satisfação. É o maior evento religioso do município, e nos sentimos alegres em colaborar com isso”, disse Teresinha. “Não podemos esquecer dos nossos antepassados. Somos muito agradecidos a eles por terem colocado esta fé em Festeiros jubilares e festeiros jubilares jovens foram homenageados pelos 25 anos de organização da festa nossos corações. Eles foram exemplo de vida para nós, onde aprendemos a nos doar como eles”, disse Enio de Paris. Segundo o padre Izidoro Bigolin, o objetivo é celebrar, agradecer e festejar. “Todos os anos temos centenas de pessoas que colaboram com a paróquia e com a festa de Santo Antônio. Queremos partilhar com a comunidade as homenagens que, são simples, mas revelam gratidão e reconhecimento”. O evento também prestou homenagem a senhora Helena Robbo (in memoriam), cozinheira coordenadora da paróquia, que, através de sua filha Rosa, Em reconhecimento aos serviços prestados, festeiros da edição de 2010 receberam o troféu “Tonito” recebeu uma lembrança pelos anos de trabalho prestados à comunidade. A programação abriu, oficialmente, as atividades da 133ª Festa de Santo Antônio, que ocorrerá no dia 13 de junho. Os festeiros deste ano – Davi e Marli de Toni, Dirceu e Vera Franzoni, Hermes e Juraci Buffon, Nilso e Elena Liviera, Rene e Sirlei Balestro e Valeri e Maria da Glória Pertile – já organizam os preparativos para a festa, que irá receber mais de 15 mil fiéis. bairros@jornalsemanario.com.br

A equipe de festeiros de 2011 já está organizando os preparativos para 133º Festa de Santo Antônio


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Sociais

Bairros FOTOS MARCILEI ROSSI

FOTOS FRANCIELE PICININ

Jantar dançante no São João

Tania e Adilson Coelho

O jantar baile da comunidade São João, no bairro São Vendelino, ocorrido no dia 5 de março foi um sucesso. Cerca de 300 pessoas estiveram no evento organizado pelos casais Airton Dias e Fátima Ribeiro, Claudiomiro e Leonice Nalim, Ademir e Inês Invernizzi, e Auri e Cleci Copat.

Equipe de assadores: Geraldo Pierosan, Geronimo Stanislosaski, Antenor De Toni e Aldino Troian

Almoço para homenagear Nossa Senhora de Lurdes

Mais de 370 pessoas lotaram o salão da Igreja Santa Rita, na festa em honra à Nossa Senhora de Lurdes, no dia 13 de março. A programação começou às 10h30min, com missa. Após foi servido o almoço.

Eduardo Da Campo, Vinicius Da Campo e Susimara Sensi Ariete e Sérgio Pereira

NOEMIR LEITÃO

Lourdes De Toni Ambrosi e Gilmar Ambrosi

Maluquices

Esta é a menina “maluquinha” do bairro Ouro Verde, Valentina Zanchettin, de apenas sete meses. Ela é filha de Bruna Daniella e Rodrigo Zanchettin. Salete Rubbo, Maria Frâncio e Lourdes Torresan


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