30/07/2014 - Variedades - Edição 3049

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Quarta-feira, 30 de julho de 2014

Variedades Cultura, diversão e entretenimento

e t r A preconceitos para romper

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o gosto pela cultura hip hop nasceu a ideia de formar um grupo para reunir os adeptos da arte. Sem um espaço físico apropriado, os jovens costumavam se encontrar nas ruas de Bento Gonçalves e, em 2009, criaram o Coletivo Nest Panos para incentivar a dança e a grafitagem. Depois de enfrentar dificuldades financeiras e preconceitos, o grupo vem conquistando mais apoio da comunidade e, atualmente, participa de concursos nacionais e internacionais. “Nos aproximamos por esse gosto em comum e percebíamos que não tinha nada na cidade voltado para essa cultura, então começamos a nos organizar”, lembra Pedro Festa, um dos fundadores do Nest Panos. “Começamos pela diversão, mas queremos fazer isso crescer em Bento Gonçalves”, diz William Balestrin, outro fundador. Hoje, eles estimam que cerca de 50 pessoas do município colaboram ou participam do grupo. O hip hop é uma subcultura que nasceu nas ruas de Nova York durante a década de 1970 e, em Bento Gonçalves, não foi diferente. Os fundadores

lembram que os dançarinos encontravam-se nas praças da cidade, mas enfrentavam muito preconceito. “Meus pais me apoiavam, mas queriam que eu levasse como hobby. Nas ruas era diferente. A gente era visto como drogado e a polícia sempre fazia paredão [revista] quando estávamos reunidos”, conta Festa ao observar que as informações relacionadas a essa cultura são mais disseminadas e o hip hop tem maior aceitação na comunidade. “Hoje é mais exposto na mídia e as escolas abriram as portas para isso, viram que os alunos se interessam e tentam se aproximar mais. Acabou invertendo a situação, temos mais apoio inclusive do poder público”. Desde o início do ano, o grupo tem um espaço para ministrar oficinas de dança na Fundação Casa das Artes, mas os integrantes continuam se encontrando semanalmente na praça Vico Barbieri. “Levamos tapetes, rádios e organizamos rodas de dança nos fins de tarde”, diz Festa. “Comecei na brincadeira, mas hoje vivo disso. Gosto porque hip hop me faz bem, sinto que me faz evoluir como pessoa”, afirma Ballestrin.

comunidade e do poder público para continuar em atividade

DIVULGAÇÃO

Silvia Dalmas geral3@jornalsemanario.com.br

Nest Panos vem ganhando apoio da

Sobre o grupo

Sem espaço, dançarinos costumavam se reunir nas ruas e praças

O coletivo Nest Panos foi criado em 2009 por Pedro Festa, Wesley Kikuti, William Ballestrin, Bruna Ferreira, Eduardo Bertochi e Vinícius Zanellato, mas hoje tem aproximadamente 50 pessoas ligadas a ele. O nome significa “nem eu sei tudo” e a ideia inicial era criar uma loja para vender camisetas e assim arrecadar fundos para viagens. O grupo se reúne semanalmente na Praça Vico Barbieri para dançar e também realiza oficinas nas terças, quartas e quintas-feiras, às 18h, na Fundação Casa das Artes.

Festivais Um dos principais objetivos de criar o Coletivo Nest Panos era arrecadar fundos para participar de festivais em outros países, através da venda de camisetas pintadas a mão. Os integrantes já estiveram presentes em eventos em 10 estados do Brasil e também na Argentina, Uruguai, Paraguai, Alemanha, Ucrânia e Eslováquia. Em todos os concursos que participaram, sempre ficaram entre os 16 melhores em cada categoria. O grupo também realiza, há cinco anos, um festival em Bento, chamado Battle in the Cypher. A edição de 2014 aconteceu em abril e reuniu 500 pessoas de diversos países em oito dias de evento.

Mas essa falta de apoio financeiro é uma dificuldade que ainda persiste para o grupo. “Sempre temos que tirar dinheiro do bolso para as viagens”, afirma Festa. Atualmente, eles estão arrecadando fundos para um festival que acontece na Suiça, em setembro. “Temos uma vaga para participar, mas precisamos pagar as passagens para três integrantes, que custam R$ 3 mil cada uma”, comenta Ballestrin, que complementa: “Muitos colegas desistiram, pois não viam retorno financeiro e a maioria tem outro emprego. Hoje, eu vivo disso, está se profissionalizando em Bento, porque aqui tem aquela cultura do trabalho braçal, mas vejo que está mudando”.

SILVIA DALMAS

Grupo bento-gonçalvense Coletivo


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