Leia a edição 1216 desta sexta-feira (10) na íntegra

Page 1

[3]

Tapume e caçamba de entulho contra saques em lojas [4]

Tempo Novo

FOTO: ANA PAULA BONELLI

Agentes alertam para risco de colapso também nos presídios [8]

FOTO: DIVULGAÇÃO

Guarda Municipal vai para a rua da Serra sem arma

NAL O JOR MAIS A NTE D E U L F E IN CIDAD MAIOR ADO T DO ES

SERRA (ES) | 10 A 17 DE FEVEREIRO DE 2017 | Nº 1.216 - ANO XXXIII | FUNDADO EM DEZEMBRO DE 1984

Vida do capixaba segue infernal sem acordo entre PM e Governo

[8]

FOTO: MARLOM MAX

Três mil homens das Forças Armadas e Força nacional no fim de semana [6]

Vereadores querem decreto de situação de emergência [5]

De portas fechadas, comércio perde R$ 225 milhões [6]

Carnificina sem controle tira a vida de mais de 110 pessoas [5]

Clima de guerra prejudica serviços públicos essenciais [3]


P2 | TN | SERRA (ES), 10 a 17 de fevereiro de 2017 | OPINIÃO

MESTRE ÁLVARO

olhar da cidade leoNardo Bis | bisdossantos@yahoo.com.br

O medo dos bárbaros Falecido no último dia 07 de fevereiro, o filósofo e ensaísta Tzvetan Todorov publicou o livro “O medo dos bárbaros”.

por BrUNo lYra

Responsabilidades na desgraça É provável que o Espírito Santo esteja vivendo os piores dias de sua história em relação à segurança pública. Possível também que o clima de terror enfrentado pelos capixabas seja inédito até na história do Brasil. Não há registro de que em algum momento outro estado tenha registrado tantos homicídios, assaltos, saques, de forma tão generalizada, da região metropolitana às cidades do interior. A capilaridade e velocidade das redes sociais – hoje na palma da mão de grande parte da população – ajudaram a disseminar o pânico. Principalmente com a avalanche de boatarias, concorrendo com as notícias reais. Por outro lado, essas redes também auxiliaram as pessoas a cooperar entre si e amenizar as dificuldades. Embora fosse difícil – se não impossível – prever que um cenário tão devastador pudesse acontecer, a crise da segurança está longe de ser algo isolado. A despeito da tentativa do Governo do ES de vender a imagem de que é modelo e da presunção de que pilota o estado no rumo certo, a realidade aqui é bem

outra. A crise econômica que atinge o país aqui é muito pior. Seca, paralisação da Samarco, fim do Fundap, perda dos royalties, desinvestimentos da Petrobrás. Uma sequência de desgraças que fez nosso PIB despencar dois dígitos em 2016. Isso num contexto de crise política nacional; poucas vezes na história as instituições políticas e até o judiciário foram tão questionados quanto agora. Não dá para creditar ao governador Paulo Hartung todos os problemas, mas ele é co-responsável. A nossa fragilíssima (um problema histórico) representação política em Brasília também tem sua conta nessa fatura. Nesse caso específico da greve da PM, é difícil acreditar que o governo não tenha percebido os sinais de radicalização do movimento dos policiais, que há tempos reivindicam melhorias salariais. Da mesma forma que é difícil acreditar que tal movimento e a crise institucional que ele está gerando seja exclusivamente por questões salariais.

Embora fosse difícil prever que um cenário tão devastador pudesse acontecer, a crise da segurança está longe de ser algo isolado

Polícia Militar e sociedade civil O clima nas ruas é de terror com a barbárie imperando. Se os capixabas (e grande parte dos brasileiros) nunca puderam usufruir seus direitos constitucionais de forma plena, agora praticamente lhes foi tirado tudo. Ir e vir, acesso à saúde, educação, trabalho, lazer. Tudo porque a segurança foi suprimida pelo motim da Polícia Militar, que recusa a fazer seu papel constitucional e ousa desobedecer os poderes constituídos. Como falou bem o arcebispo do Espírito Santo, Dom Luiz Mancilha, não se pode exigir aumento salarial a qualquer custo. Claro que é justo que os policiais

TEMPO NOVO www.portaltemponovo.com.br edição fiNaliZada em 09 de fevereiro de 2017, Às 14h

da base e que estão no front da luta contra o crime – soldados, cabos e sargentos – mereçam melhores condições. Para as altas patentes isso é muito duvidoso. A justificativa da PM de que não vão às ruas por estarem impedidos por seus familiares é cena de um teatro burlesco. Por mais erros que o governo Hartung venha cometendo – e não são poucos – na gestão do ES, a opinião pública não aprova o movimento. O que está acontecendo no Espírito Santo não pode se alastrar pelo resto do país. A imagem da Polícia Militar está cada vez mais arranhada. É uma instituição que deve servir a socieda-

de e não o contrário. Outras categorias, quando protestam, são reprimidas com violência pela PM. Porque essa mesma Polícia não usa dessa força para retirar os gatos pingados que supostamente estão obstruindo os quartéis? É o questionamento que não apenas se ouve em todo o ES, mas que também já levou a população civil (que paga a conta) a tentar retirar tais manifestantes da frente dos quartéis, aumentando o risco de uma carnificina ainda maior. É bem provável que essa situação amplie o debate sobre a desmilitarização da polícia.

Lançado no Brasil em 2010, a obra reflete sobre os termos civilidade e barbárie. Logo no início do livro, nos alerta: “o medo dos bárbaros é o que ameaça converternos em bárbaros” (p. 15). Civilizado, para nossa sociedade, é aquele que se alimenta usando talheres, que cobre suas partes íntimas, que obedece uma alguma religião dominante e que tenha hábitos sociáveis com a maioria. Estamos assistindo uma crise na segurança pública no estado do Espírito Santo. Esta nos faz refletir sobre os conceitos de civilidade e barbárie. Assassinatos, assaltos, linchamentos físicos e verbais, arrastões e saques, aliados a informações desencontradas por parte de lideranças políticas e outras tantas veiculadas nas redes sociais por anônimos, provocaram um ambiente de pavor na população. Observa-se que pessoas, que até então estavam acima de qualquer suspeita (então chamados civilizados), passam por um processo de ‘tornar-se bárbaro’ diante do contexto vivenciado. Este cenário não é exclusividade cultural da população capixa-

ba. Em 2005, a passagem do furacão Katrina em New Orleans, nos EUA, foi seguida por uma onda de saques, estupros e assassinatos. Muitas pessoas envolvidas não haviam praticado transgressões até então: ‘foram motivados pela oportunidade’, como diz o jargão popular. Nada diferente do que estamos vivenciando no ES. Muitas das pessoas envolvidas, vistas nas telas da televisão ou em fotografias distribuídas pelo whatsapp e facebook, nunca antes estiveram presentes em situações como as que agora então sendo divulgadas, saqueando comércios e transeuntes. Pessoas ‘de bem’ sendo bárbaros... Estamos vendo a ausência de regras sociais, que garantem minimamente a integridade física e patrimonial – principalmente à noite –, potencializado por uma disseminação de ódio e medo. Mesmo em periferias, em que tacitamente haviam regras – questionáveis e proporcionadas pela ausência do Estado – de proteção aos moradores por parte da criminalidade local, o pânico tem atingido limites que chegam à reclusão: é como se a população estivesse cumprindo prisão domiciliar. Em tempos de pós-verdades, teorias sociológicas escritas a partir do século XVI ainda são capazes de explicar comportamentos sociais hoje. Difícil tem sido justificar os comportamentos políticos por trás desse movimento. Por fim, Todorov nos ensinou que “bárbaros são aqueles que negam a plena humanidade dos outros” (Todorov, 2010, p. 27).

Carta ao leitor do TN Em virtude da crise na segurança pública, que mergulhou o Espírito Santo desde sexta-feira (03) passada numa epidemia de crimes, o Jornal Tempo Novo não irá veicular a versão impressa. Disponibilizaremos apenas uma versão digital do jornal, contento as últimas informações do caos na segurança e as análises voltadas a perspectivas da Serra. Em 33 anos de existência do Jornal Tempo Novo, nunca enfrentamos um situação tão preocupante e calamitosa quan-

do essa vivida nestes últimos sete dias. Uma semana de terror e que irá marcar para sempre a vida dos capixabas. Que Deus olhe e proteja o nosso estado e nossas famílias. A escolha do nome “Tempo Novo”, dada pelo proprietário Eci Scardini, no final de 1983, é devido ao desgaste da então ditadura militar, onde se vislumbrava um tempo novo. Acreditamos que hoje é exatamente disso que os capixabas precisam, de um tempo novo, capaz de reparar as cicatrizes que irão ficar nos corações do nosso povo.

JorNal Tempo Novo lTda me | cNpJ: 01.543.441/0001-00 | iNsc. esTadUal: isento | iNsc. mUNicipal: 017.199-0 | Registro nº 200.707.86.283 na Junta Comercial do Estado do Espírito Santo, em 25 de setembro de 2007.| eNdereço: Rua Euclides da Cunha, 394 - Sl. 104 - P. R. Laranjeiras, Serra ES. CEP 29165-310 | TelefoNe: 27- 3328-5765 | email: jornaltemponovo@gmail.com | direTor geral: Eci Scardini | ediTor-chefe: Bruno Lyra - brunolyra.jtn@gmail.com | direTor de marKeTiNg: Yuri Scardini | gereNTe comercial: Karla Alvarenga | impressão: Gráfica Metro | Tiragem: 8000 exemplares

empresa filiada ao


| SERRA (ES), 10 a 17 de fevereiro de 2017 | TN | P3

Especial #caosnasegurançapúblicadoES FOTO: DIVULGAÇÃO

Serranos divergem sobre André Garcia

A greve dos policiais militares tem ultrapassado os limites da segurança pública e chega ao debate político. A troca de farpas e acusações entre lideranças do Estado envolve aliados e críticos do governo de Paulo Hartung (PMDB). Uma das pessoas centrais nesse cabo de guerra é o secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, André Garcia. Deputados estaduais com domicílio eleitoral na Serra divergem sobre a permanência do secretário no posto. “Entendo que o afastamento do secretário André Garcia não é uma demanda dos grevistas e que este não é o momento para esta discussão. Além disso, não compete ao Legislativo afastá-lo, pois isso não passa pelo crivo da Assembleia Leforam nomeados 56 agentes que estarão nas ruas portando apenas coletes a prova de bala, disse um dos aprovados

Guarda Municipal da Serra vai para as ruas hoje (10)... desarmada

Agentes da guarda afirmam que a Prefeitura não conseguiu liberação junto à Polícia Federal para o porte de armas de fogo conceição nascimento

A

pós o colapso da segurança pública, o prefeito da Serra, Audifax Barcelos (Rede), anunciou na última quarta (08) a nomeação de 56 agentes da Guarda Municipal Armada. Estes agentes devem estar atuando nas ruas da cidade hoje (10), porém estarão desarmados. Apesar da ação, outros aprovados no concurso, realizado em 2016, cobram mais nomeação e dizem que o número não é suficiente. Segundo um dos agentes aprovados, que não quis se identificar, a primeira turma irá para as ruas sem armas. “Usarão apenas um colete, pois a prefeitura não conseguiu a liberação junto à Polícia Federal para que portemos armas. Os documentos para tal liberação foram entregues pelos aprovados em outubro de 2016. Mas a administração não

providenciou o porte e a guarda atuará sem armamento”, disse. O agente acrescentou que com parte da primeira turma confirmada para atuar a partir de hoje (10), a preocupação é com o tempo de espera dos outros, que já aguardam desde o ano passado. “A situação da segurança está caótica e é preciso convocar os outros agentes, um total de 114. Como patrulhar uma cidade com 56 agentes desarmados?”, questiona. E acrescenta: “Os aprovados estão descrentes com datas passadas pela prefeitura, mas que não são cumpridas. A única coisa que nos passam é que existe um impasse de contrato com a Funcab (responsável pelo concurso), e que não tem previsão para que seja solucionado, o que gera descontentamento e desconforto”. Ele comentou ainda a importân-

cia da atuação da Guarda, a exemplo do que ocorre nos municípios de Vitória e Vila Velha. Em nota, a Prefeitura da Serra informou que até as 14h30 desta quinta-feira, 40 aprovados no concurso da Guarda Civil Municipal da Serra havia entregue a documentação à prefeitura. Destes, 39 estão aptos para tomar posse do cargo e iniciar as atividades nesta sexta-feira. Inicialmente o efetivo começa a atuar sem arma de fogo e por isso vai atuar em conjunto com outros agentes de segurança. O porte de arma institucional é individual e é fornecido pela Polícia Federal, cumprindo as exigências estabelecidas em Lei. A equipe de administração recebe os documentos dos convocados nesta quinta até às 18 horas. Na sexta, o atendimento será de 8 às 12 horas, no Pró-Cidadão, em Portal de Jacaraípe.

gislativa. Acredito que a demanda da PM seja por melhoria de trabalho e salarial, o que deve ser debatido diretamente com o Executivo”, disse Jamir Malini (PP). Já Bruno Lamas (PSB) utilizou as redes sociais para lamentar o movimento de aquartelamento da PM capixaba e defende a saída de Garcia. “Chegamos então ao fundo do poço. Vamos falar de forma transparente e clara: não há mais clima para permanência do secretário de Segurança, André Garcia. Assassinatos e um prejuízo incalculável ao comércio local. Viramos manchete negativa no Brasil e no mundo. Ou o Governo abre de vez o diálogo e a PM volta, ou não sabemos o que será do nosso Estado”, disse.

Colapso na segurança prejudica serviços públicos na cidade e ES A crise na segurança do Espírito Santo afetou a sociedade em cheio nos serviços públicos. Da última segunda-feira (06) até a tarde de ontem (09), saúde, educação, transporte público, coleta de lixo, assistência social e correios foram afetados. Alguns não funcionaram, outros parcialmente. Os serviços essenciais como fornecimento de água e energia elétrica seguiram sendo distribuídos sem maiores prejuízos, conforme informaram as assessorias de imprensa da Cesan e da EDP Escelsa. O panorama não deve mudar no fim de semana. Na Serra, a coleta de lixo até a última quinta (9) seguia normalmente em todos os bairros do município. Já em cidades vizinhas como Cariacica e Viana, a coleta de lixo foi prejudicada. Também

foram prejudicados os demais serviços prestados pelo município da Serra – escolas e creches (o ano letivo começaria nesta semana), postos de saúde, Sine, centros de vivência, assistência social. Nem mesmo a Prefeitura abriu, tal qual o Fórum da Serra. E caso a situação não se normalize, deverão continuar sem funcionar nesta sexta- feira (10). Apenas as maternidades de Carapina e as Upa’s funcionaram para atender urgência e emergência. Além disso, os serviços de Defesa Civil, agentes de trânsito e guarda-vidas foram mantidos, segundo a assessoria de imprensa da prefeitura da Serra. Pelo Governo do Estado, o Hospital Jayme Santos também está atendendo urgência e emergência. FOTO: DIVULGAÇÃO

NA QUARTA (8) uma usuária quebrou a porta da UPA de Carapina com uma pedra. A Prefeitura da Serra confirmou o problema e disse que iria resolver a situação ontem (9)


P4 | TN | SERRA (ES), 10 a 17 de fevereiro de 2017 | FOTO: DIVULGAÇÃO

Até caçamba de entulho e tapume viram proteção ANA PAuLA BONELLI

A crise na segurança pública do Estado tem causado muito medo nos capixabas, principalmente em comerciantes que têm sido alvo de bandidos e aproveitadores. Muitos comércios tanto na Serra, quanto em Vila Velha, Cariacica, Vitória e no interior do Espírito Santo, têm sofrido com arrombamento e furto de, muitas vezes, todas as mercadorias do estabelecimento. Pensando em se proteger de possíveis arrombamentos, tanto em Jacaraípe, quanto em Laran-

jeiras, alguns empresários têm alugados caçamba de entulho, lotada de resíduos, e colocado as mesmas em frente às lojas. O objetivo é impedir que saqueadores usem veículos para arrebentar as portas. Na Avenida Central de Laranjeiras, maior polo comercial da Serra, que teve muitas lojas saqueadas, em frente à loja Bahamas, que vende roupas de diversas marcas está apostando na ideia. Por lá, além das caçambas, o proprietário também colocou tapumes nas vitrines para proteger o negócio. FOTO: ANA PAULA BONELLI

Bandidos u saram caminhonete para invadir loja na avenida Abdo Saad, em Jacaraípe, em plena luz do dia

“Tudo que ganhei em 4 anos foi levado nessearrombamento”

Pequenos empresários e comerciantes da Serra contam o drama de serem vítimas de saqueamento e a incerteza sobre o recomeço thiago albuquerque

P

or mais que as cifras milionárias do prejuízo com os saques nos últimos dias ao comércio capixaba impressionem, quando se pega o caso particular de pequenos empresários da Serra é que se percebe o quanto o caos na segurança está arruinando a vida econômica das famílias de empreendedores. Por questão de segurança, os nomes dos que se dispuseram a falar nesta reportagem não será divulgado. Na Serra Sede, uma das lojas que sofreu com o saque é a Prenda Multi Shop que fica em frente ao cartório. “Aconteceu na madruga da última segunda-feira (06). Saquearam tudo, levaram cerca de três mil peças. Ainda não conseguirmos contabilizar o valor do prejuízo. Quebraram a porta, vidros, móveis, alarme e computadores quebrados. Existe a possibilidade de nem voltar a abrir a loja”, conta o proprietário. No bairro de Feu Rosa, uma loja de confecção de roupas masculina ficou com um prejuízo entre R$ 15 e R$ 20 mil reais após arrombamento na madrugada de segunda-feira

(06). “Tudo que fiz em quatro anos foi levado nesse arrombamento, quebraram a porta da loja com o carro, o estoque todo foi levado, todas as roupas, espero conseguir voltar a abrir em 10 dias, não sei direito. Só sei que não posso parar”, conta o lojista. Outro empresário, dono de loja de celular em Laranjeiras, teve prejuízo de mais de R$ 50 mil, com cerca de 300 aparelhos de celular roubados em arrombamento. Ele está a base

de remédio para suportar a situação. “Não sei o que fazer, ontem cheguei a passar mal, fui para o hospital a loja foi arrombada com muita violência, levaram todos os aparelhos sendo alguns de clientes também. Quebraram todas as vitrines, não sei como vou abrir a loja sem ter o que oferecer aos clientes”, desabafa. Até a manhã da última quintafeira (09), a reportagem apurou que houve arrombamento e saque em pelo menos 13 lojas no município. FOTO: DIVULGAÇÃO

assim ficou loja de eletrodoméstico na Avenida Central de Laranjeiras

Caçambas de entulho e tapumes em frente à loja em Laranjeiras


| SERRA (ES), 10 a 17 de fevereiro de 2017 | TN | P5

Carnificina cresce e ES já tem 110 assassinatos

Com a paralisação da PM no último final de semana, a violência explodiu na Serra e em quase todo o Espírito Santo Ana Paula Bonelli

C

ento e dez pessoas foram mortas no Espírito Santo em cinco dias. A informação é do Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo (Sindipol-ES). Segundo o coordenador do Departamento Jurídico do Sindipol, Jânio Araújo, este número se refere ao período de sábado (4) até às 13 horas da quinta-feira (9). Ainda não se tem informações de quantos destes homicídios aconteceram na Serra. Desde que familiares e amigos dos PM´s fecharam a saída dos batalhões, movimento iniciado no último final de semana, os militares alegam que não conseguem sair para patrulhar as ruas. A situação começou na noite da sexta-feira (3) e ficou intensa a partir do sábado (4). Desde então uma onda de assaltos, arrastões, homicídios e arrombamentos tomou conta do Estado, fazendo com que a população não saísse mais de dentro de casa. Homens das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança estão

no Estado para reforçar a sensação de segurança dos capixabas. A expectativa é de que 3 mil homens estejam no ES até o final de semana. É o que garante o general de brigada Adilson Carlos Katibe, Mesmo assim, muitas pessoas continuam trancadas dentro de casa. É o caso de Bárbara Souza, moradora de São Patrício, região de Jacaraípe. “Trabalho em Vila Velha e não consigo ir na empresa desde segunda. Não me sinto segura. Ouço tiros, tem pessoas estranhas andando nas ruas. Não aguento mais ficar dentro de casa, sinto-me prisioneira dentro de minha própria residência”, declara. A fisioterapeuta Raquel Pereira mora em Feu Rosa e desde sábado não vai para casa. “Estou abrindo minha empresa que fica em Morada de Laranjeiras, pela manhã e à tarde eu fecho. A sensação de insegurança é muito grande e prefiro não arriscar. Por enquanto estou ficando na casa de uma tia em Laranjeiras”.

FOTO: DIVULGAÇÃO

corpo de Mulher assassinada no meio da rua em Planalto Serrano: banho de sangue aterroriza a população capixaba

Vereadores querem decreto de Situação de Emergência FOTOS: ARQUIVO TN

os parlamentares Pastor Ailton, Nacib, Aécio e Fábio entregaram o documento para o coordenador de Governo da Serra

conceição nascimento

Enquanto a Câmara de Vereadores permanece fechada em função da onda de violência que permanece sobre o Estado, especialmente na Grande Vitória, quatro vereadores da Serra encaminharam ao prefeito Audifax Barcelos (Rede) uma indicação para que seja decretado o Estado de Emergência sobre a Segurança Pública na cidade, na prática a solicitação prevê que o Governo Federal envie Força de Segurança Nacional exclusivamente para a Serra. O documento é assinado pelos vereadores Aécio Leite (PT), Ailton Rodrigues, o Pastor Ailton (PSC), Fábio Duarte e Nacib Haddad (ambos PDT). No texto, os parlamentares sugerem ainda a criação da Comissão Municipal de Segurança, formada por membros do Executivo, Câmara de Vereadores, Federação das Associações de Moradores da Serra e Associação dos Empresários (Ases). A comissão deve acompanhar e debater questões relacionadas ao tema.

Os vereadores alertam que a Serra é o município com a maior população do Estado, com histórico de elevados índices de violência. Pedem ainda que sejam nomeados os 170 agentes aprovados para compor a Guarda Municipal e que seja ativada imediatamente a central de vídeomonitoramento na cidade. “ Após nosso pedido, e a pressão do povo nas redes sociais, o prefeito afirma ter nomeado 56 guardas municipais para ocupar as ruas da cidade, isso é muito pouco diante do prometido, mas é um começo. Encaminhamos um pedido para que o prefeito decrete Estado de Emergência para Segurança Pública na Serra. Precisamos que os homens da Força Nacional e do Exército ocupem os bairros da Serra. Precisamos de medidas urgentes e firmes do nosso Executivo para o retorno da ordem. Entregamos o documento ao coordenador de governo, Jolhiomar Massariol Nascimento, e nos colocamos à disposição para somar forças e vencer este desafio”, disse o vereador Ailton Rodrigues.


P6 | TN | SERRA (ES), 10 a 17 de fevereiro de 2017 | FOTO: ANA PAULA BONELLI

opinião do leitor thiago andrade | monitoria.thiago@gmail.com

Triste capítulo Lawrence Cohen ensina que o aumento da taxa de criminalidade não evolui por meio das características dos criminosos, mas a partir das circunstâncias que o crime ocorre.

assim ficou a Avenida Central de Laranjeiras, principal área comercial da cidade, entre segunda e a tarde da quinta-feira (9)

Comércio capixaba tem prejuízo de R$ 225 milhões

O valor é só com a perda das vendas nos últimos cinco dias, quantia aumenta quando contabilizado prejuízo com arrombamentos conceição nascimento yuri scardini

A

economia capixaba que já vinha sentindo os impactos da crise econômica está mergulhando numa situação ainda mais dramática com o caos na segurança pública que vem assolando o ES com o aquartelamento da Polícia Militar. Segundo dados da Federação do Comércio e Bens, Serviços e Turismo do Estado do Espírito Santo (Fecomércio-ES), a estimativa é que o comércio capixaba tenha prejuízos em torno de R$ 45 milhões por dia. De segunda-feira (06) – dia que efetivamente o comércio começou a fechar até hoje sexta (10) a estimativa de perda é de R$ 225 milhões. A instituição não leva em consideração as ocorrências de depredações e assaltos, apenas a perda

com a queda e até mesmo ausência de vendas. O levantamento, realizado considera o PIB do comércio do Espírito Santo (IBGE-2014 atualizados pelo IPCA 2016) diário, como o valor máximo que poderia ser perdido pelo comércio em um dia parado e a quantidade de dias úteis perdidos. Porém a Fecomércio alerta que o número pode ser ainda maior, já que a sensação de insegurança ainda é grande para o cliente retornar as lojas. A Fecomércio estima que até hoje (10) haja uma perda de 30% no faturamento em fevereiro. Segundo estimativas da entidade, até o momento mais de 300 lojas foram saqueadas ou depredadas até a sexta-feira (10) apenas na Grande Vitória. O prejuízo com as depredações e saques gira em

torno de R$ 25 milhões. A Federação alerta ainda que a arrecadação do Governo do Estado e Prefeitura também deverão despencar, agravando mais ainda a situação fiscal capixaba. Mas neste caso não deu estimativas.

Neste sentido, apresenta três elementos essenciais para que o crime ocorra: a existência de um infrator motivado; a existência de um alvo disponível e, por fim, a falta de vigilância capaz de prevenir o crime. Nos últimos dias, com o movimento organizado por familiares de militares estaduais, impedindo que a polícia ostensiva estivesse nas ruas, passamos por um cenário prático com relação à teoria citada. Agentes motivados para cometerem crimes, vítimas potenciais e, claro, falta de vigilância. Ou seja, meio social totalmente favorável à prática de crimes. A população capixaba experimentou as múltiplas formas de manifestações da violência: tiros em via pública, arrastões, assaltos – em desfavor de pessoas nas ruas ou em suas residências, furtos em

estabelecimentos comerciais, veículos foram abordados por criminosos nas principais avenidas e os motoristas, no desespero, circularam pela contramão das vias. Mensagens, fotos e vídeos enviados através das redes sociais contribuíam para disseminar o medo e foi difícil distinguir: realidade, imaginação e paranoia. Números apresentados pelo Sindicato dos Policiais Civis retratam a barbárie: da madrugada de sábado (04) até as 11 horas de quarta-feira (08), mais de 90 homicídios foram registrados em todo Estado. Entre esses óbitos, consta o do Policial Civil Mário Marcelo Albuquerque, que atuava na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, que foi alvejado após tentar intervir no roubo de uma motocicleta na BR 259, em Colatina, região Noroeste do Estado. De acordo com a Federação do Comércio ES (Fecomércio), mais de 100 lojas foram saqueadas e depredadas desde que a PM saiu das ruas, gerando um prejuízo incalculável. Com uma situação sem precedentes e visando restabelecer a ordem, totalmente alterada pela situação, o Governo solicitou junto ao Ministério da Defesa o apoio do Exército Brasileiro, bem como o envio da Força Nacional. Sem dúvidas, um dos capítulos mais tristes da história deste Estado. * Professor Universitário e Mestre em Segurança Pública


| SERRA (ES), 10 a 17 de fevereiro de 2017 | TN | P7 FOTO: LIVIA ALMEIDA

O nó da gravata jornaltemponovo@gmail.com

Delegacia de política

Forças Armadas com 3 mil homens para conter o caos NA TARDE de ontem (9) h omens do Exército estavam patrulhando em frente ao Sesi, em Laranjeiras

Ana Paula Bonelli

A

té o final de semana, está prevista a vinda de mais uma leva de homens das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança. Com a chegada, a expectativa é de que o efetivo chegue a 3 mil homens, garantiu o general de brigada Adilson Carlos Katibe,. O Exército e a Força Nacional começaram a patrulhar as ruas de algumas cidades do ES no início da noite da última segunda- feira (06), quando já chega a seis dias o aquartelamento de toda a tropa da Polícia Militar do Espírito Santo. A PM é proibida por lei de fazer greve e alega que não e vai às ruas

porque mulheres, filhos, outros parentes e amigos dos policiais fazem cerco aos quartéis, movimento iniciado ainda na noite da última sexta –feira (03). Dentre as reivindicações, é pedido aumento de 43% no salário dos militares, auxílio alimentação, plano de saúde e melhores condições de trabalho. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, anunciou na última quartafeira (8) que a Operação Capixaba – nome dado à ação que está sendo realizada para suprir a ausência recebeu o reforço de 550 militares das Forças Armadas. Além disso, mais 100 integrantes da Força Nacional de Segurança Pública chegarão a Vitória até hoje e fa-

rão patrulhamentos em municípios do interior. Eles se juntam aos dois mil homens do Exército e aos 200 da Força Nacional que já estão patrulhando as ruas da Região Metropolitana. Estava prevista também o envio de parte do efetivo para cidades do interior. O governo do Espírito Santo também transferiu na última quartafeira (8) o controle operacional dos órgãos de segurança pública para o general de brigada Adilson Carlos Katibe, comandante da força-tarefa conjunta e autoridade encarregada das operações das Forças Armadas. O objetivo é promover a garantia da lei e da ordem no estado até 16 de fevereiro.

Indústrias da Serra param por causa da crise na segurança bruno lyra

O colapso na segurança pública do Estado atingiu em cheio o coração econômico da mais industrializada cidade do Espírito Santo. Até a tarde de ontem (09) pelo menos metade das indústrias da Serra estavam com a produção suspensa por falta de segurança. O restante funcionava com dificuldade, pois nem todos os funcionários conseguiram chegar até as unidades. Só na Serra, a Federação das In-

dústrias do Estado do Espírito Santo (Findes) calcula perdas diárias de R$ 5 milhões a R$ 8 milhões no faturamento. E de acordo com o representante da entidade no município, José Carlos Zanotelli, com a situação o município deixa de arrecadar em média R$ 700 mil em impostos diariamente. José Carlos disse ainda que na terça (07) e na quarta-feira (08) a situação estava pior, com a paralisação de cerca de 80% das empresas. Na Serra a atividade industrial corresponde a 25% do PIB, que em 2015 foi de 14

bilhões, o que corresponde a 10% de toda a riqueza produzida no Espírito Santo. Até as gigantes, como a Vale, que tem condição de fazer transporte de funcionário e pagar segurança privada, estão tendo dificuldade com a violência. Segundo a assessoria de imprensa da Vale, os funcionários do horário comercial não estão indo e os que atuam por escala tiveram turno alterado. Apesar disso, a assessoria afirmou que a produção não foi afetada por enquanto.

Em meio à crise na segurança pública no ES, um fato que chamou a atenção no município da Serra foi a possibilidade de fechamento de seis delegacias na cidade. A partir da enorme repercussão que o caso ganhou, lideranças políticas vêm debatendo sobre a responsabilidade do fato. A prefeitura é quem paga o aluguel dos espaços, mas anunciou que não fará mais por conta da crise econômica. Enquanto aliados do prefeito Audifax Barcelos apontam que a Serra é a única cidade cuja administração é responsável pelo aluguel de delegacias, opositores do prefeito criticam a suspensão do pagamento. E como era de se esperar na Serra, o caso foi politizado.

Delegacia de política II

Uma das vozes de oposição no município, Vandinho Leite (PSDB) criticou a Prefeitura por se negar a pagar o aluguel das delegacias. “A Serra tem mais homicídios que Vitória, Cariacica, Guarapari e Vitória juntas, e o prefeito que disse que a casa estava financeiramente arrumada não tem R$ 25 mil para pagar aluguéis da Polícia Civil” disparou.

onda de violência e criminalidade que assola nosso Estado. Reconhecemos a importância, bem como a luta dos Policiais Militares do Espírito Santo por melhores salários e condições de trabalho. No entanto, não podemos penalizar a população capixaba que neste momento é a mais prejudicada. Dessa forma, nos colocamos à disposição do Estado e dos militares para contribuir com o fim deste impasse”.

Promessa

Greve adiada

Apesar do anúncio alarmante, representantes do Governo Estadual vieram a público adiantando que as unidades não serão fechadas. Já o secretário municipal de Administração, Alexandre Viana, disse que a Prefeitura da Serra “não pode assumir todas as obrigações do Estado”.

Apelo de Vidigal

O deputado federal Sérgio Vidigal (PDT) enviou nota à coluna sobre seu posicionamento acerca da greve da PM. “Fazemos um apelo ao Governo do Estado e a Polícia Militar para que abram um canal de diálogo que coloque fim à

Recesso forçado

A paralisação dos médicos na Serra, cuja primeira agenda seria nesta quinta-feira (9) foi suspensa, em função da greve da Polícia Militar, deflagrada no último dia 4/2. Segundo a assessoria do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), o movimento foi adiado, já que não existem condições para reunir os diversos sindicatos mobilizados para a manifestação (Enfermeiros, Psicólogos, Odontólogos, Professores e outros). A reivindicação é a melhoria das condições de trabalho e contra a redução/cortes nos vencimentos do funcionalismo, medida aprovada na Câmara de Vereadores no último dia 13/1.

A greve da PM capixaba impactou no funcionamento de órgãos e secretarias em todo o Estado. Na Serra permaneceram fechadas a Câmara de Vereadores, Prefeitura, Fórum, Ministério Público e Cartórios Eleitorais. A orientação é de que os locais permaneçam fechados até a normalização da segurança no Espírito Santo.


P8 | TN | SERRA (ES), 10 a 17 de fevereiro de 2017 |

Queda de braço entre Governo e PM parece não ter fim FOTO:DIVULGAÇÃO

bruno lyra

U

ma semana após o início da greve na Polícia Militar do Espírito Santo (PM-ES), o entendimento entre as partes parece estar longe do fim. Nesta quinta-feira (9), uma reunião entre representantes do Governo do Estado e da PM durou dez horas sem que se chegasse a um acordo. O encontro reuniu as mulheres dos militares e os secretários da Casa Civil, José Carlos da Fonseca Júnior, da Fazenda, Paulo Roberto; Controle e Transparência, Eugênio Ricas e de Direitos Humanos, Julio Pompeu. “Sinto que não haverá acordos”, disse um membro do Governo presente na reunião. O encontro tinha como objetivo por fim ao impasse, com a ida dos PMs às ruas nesta sexta-feira (10) e a garantia do Governo de que não seriam aplicadas punições à categoria, como aplicação de multas. Também estavam em debate o compromisso do Executivo de apresentar uma pauta de promoções para os militares; a carga horária de trabalho; salários e outros. Não houve acordo. Segundo o presidente da Associação de Cabos e Soldados do Espírito Santo, Renato Martins Conceição, o movimento é confuso e que algumas mulheres se ausentaram das negociações após sofrer ameaças e que as associações de policiais do ES, um

MULHERES DE pm’S estão em frente ao Quartel de Maruípe desde o sábado (4)

total de 5, vão se retirar das negociações. “Não estamos participando da mesa denegociaçõesetemosdificuldadesparafazerainterlocuçãopornãoestarmos sendo legitimados por estas mulheres. Existem pessoas de fora influenciando. Mas é nítido que elas querem no apoio e quenossopapeltemmuitarepercussão e tudo ecoa de maneira intensa. Vamos nos retirar da mesa de negociação, tendo em vista que os familiares não nos legitima como interlocutores. Acredito que muitas mulheres têm uma inten-

ção nobre, que estão fazendo algo bom, mas a impressão que algumas pessoas têm agido de maneira odiosa” disse Renato Martins. A reportagem tentou contato com o Secretario da Casa Civil, José Carlos da Fonseca, mas sei telefone estava fora de área.

Paulo Hartung admite que sabia do movimento antes da greve bruno lyra

No fim da noite de ontem (09), enquanto as negociações entre representantes do Governo e do movimento da Polícia Militar ainda se arrastavam em Vitória, um canal de notícias de abrangência nacional exibiu entrevista com o governador Paulo Hartung (PMDB) feita pela jornalista capixaba Míriam Leitão. Nela admitiu que sabia da movimentação dos PM’s antes da greve estourar. Hartung endureceu o tom na queda de braço com a PM. Afirmou que fará uma reestruturação completa da instituição e que “não sobrará pedra sobre pedra” ao se referir aos policiais que estariam por trás da greve. Além de reforçar que o ato é ilegal

e repetir que o mesmo é uma chantagem, o governador afirmou que alguns oficiais não só foram coniventes como estimularam o movimento, do qual classificou como “corporativismo de baixa qualidade”, mas não citou nomes. Hartung sequer mencionou o movimento das mulheres dos PM´s. “A sociedade capixaba está desconfiada dessa sequência de crimes”, disparou. O governador disse que nos últimos sete anos o Estado deu aumento de 38% para os praças e entre 38% e 52% para os oficiais. Os representantes do movimento da Polícia Militar garantem que no período não houve melhorias salariais e esta seria a principal causa da greve. Hartung também admitiu que sabia do movimento antes de ser defla-

grado, mas que estava combinado negociação até o carnaval. “Ao saber da minha cirurgia resolveram agir. É um ato quase desumano comigo, covarde”, falou. Voltou a repetir que fez o dever de casa em relação a situação fiscal do ES e que a queda da arrecadação impede a concessão de reajustes. Mais uma vez, defendeu a reforma da previdência. Por fim o governador criticou a decisão do estado do Rio de Janeiro que na última quarta-feira (08) concedeu reajuste de 10% a PM e que voltará a cadeira de governador nesta segunda-feira (13). Por hora quem responde oficialmente pelo governo é o vice César Colnago (PSDB).

Caos na segurança pode chegar aos presídios do ES Thiago Albuquerque

Uma nova ameaça pode mergulhar a segurança pública do ES em um caos maior. Quem afirma essa situação de alarme é o presidente do Sindaspes – Sindicato dos Penitenciários do Espírito Santo, Sostenes Araújo. Com a paralisação da Polícia Militar e o agravamento da crise de segurança, os presídios capixabas podem se tornar alvo de bandidos no sentido de promover fugas e rebeliões. Perguntado sobre a possibilidade de haver fugas e rebeliões nos presídios, o presidente do Sindaspes, foi claro, “Com certeza, principalmente com os caos que a sociedade está vivendo, não sabemos até onde essa milícia vai agir, uma vez que o sistema penitenciário está lotado, sem servidor suficiente, existe sim uma preocupação”, frisa. Sobre uma possível greve dos agentes penitenciários, que seria um agravante para uma crise nos presídios, Sostenes afirmou que a

categoria irá seguir as orientações do Sindipol – Sindicato dos Policiais Civil do Espírito Santo, que na tarde de ontem (09) decidiu não entrar em greve agora. Mas pode ocorrer, caso o Governo do Estado não inicie as negociações com a categoria numa prazo de 14 dias. Ele fala de um movimento paredista, que luta pelos direitos não tão diferentes como os da PM, como melhores condições de trabalho, concurso público, benefícios, reajustes de salário. “Estamos sofrendo com a falta de segurança, e outro problema que vamos enfrentar é quantas pessoas serão presas após essa situação? O que vai virar depois com mais presos nas cadeias que não suportam mais ninguém?”, questiona. Apesar da fala alarmante do Sindaspes, há dois dias a reportagem do Jornal Tempo Novo entrou em contato com a Secretaria de Estado da Justiça que afirmou que não há risco de revoltas ou fugas em massa nos 35 presídios do Espírito Santo.

Polícia Civil não entra em greve agora, diz sindicato ana paula bonelli

No meio de tanta desgraça, pelo menos uma notícia razoável para os capixabas. O Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo (Sindipol-ES) decidiu em Assembleia realizada na tarde desta quinta-feira (9) não entrar em greve, pelo menos por enquanto. A informação é do presidente da entidade Jorge Emílio Leal. Emílio disse que a categoria deu prazo de 14 dias para que o Governo do Estado atenda a reivindicação dos Policiais Civis, para que também não parem as atividades, como os Militares na noite do último dia 03. “Estamos indignados e insatisfeitos com a realidade vivenciada pelo Espírito Santo. Por isso em respeito à sociedade estamos dando este prazo para o Governo. Se não houver resposta neste período, vamos mobilizar uma greve geral da Polícia Civil no Estado”, ameaça o presidente. Dentre as reivindicações, melhores condições de trabalho, recursos materiais, revisão salarial anual que, segundo o Sindipol não está sendo cumprida, incorporação da escala especial de 12 horas e o reconhecimento do nível superior da atividade dos agentes de polícia. “Estamos fazendo isso em respeito à sociedade, que está amargando um preço muito caro (com a greve da PM) e vamos continuar mantendo o diálogo para buscar uma solução para a segurança pública capixaba e toda nossa categoria”, frisa.

Delegacias podem fechar Delegacias da Serra, localizadas em bairros considerados violentos, podem ter o atendimento suspenso neste período de greve da Polícia Militar, quando o número de ocorrências está em crescimento. Segundo o presidente da Associação dos Investigadores de Polícia Civil do Espírito Santo (Assimpol), Júnior Fialho,”serão escolhidas as delegacias sem efetivo e, por questão de segurança, fechando tais unidades, atendendo na Regional, na Serra, ao lado do Terminal de Laranjeiras”. Ele citou entre as unidades que devem ter o atendimento suspenso André Carloni, Novo Horizonte, Jacaraípe e outras em estudo, que devem ser deslocadas para Laranjeiras. Fialho explicou que o movimento começou nesta semana e que, aos poucos, o atendimento será centralizado em Laranjeiras, ao lado do Terminal Rodoviário. Na última terça-feira (07), a Delegacia de Jacaraípe foi atacada a tiros por bandidos. FOTO: DIVULGAÇÃO AGÊNCIA BRASIL

A CATEGORIA e xige entre outras coisas revisão salarial anual


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.