Foto: Mauro Adriano Maia
Stella Guida Danças circulares
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Divulgação
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Divulgação/Redes Sociais
Stella pode ser muitas coisas, e não sei dizer nada sobre ela. Sei que tem uma filha linda e que o relacionamento delas é de uma amizade muito bonita! Nunca me preocupei em perguntar qual é sua profissão, se sabe cozinhar, se fala uma língua estrangeira. Porque nossa comunicação é feita inteiramente, completamente da magia das rodas que ela e Ana Comini me ensinaram a amar. Ela é de Minas Gerais, de Itanhandu, e vem a Cachoeira Paulista participar de nossos saraus, espera pacientemente sua vez, e não se importa nem um pouco se somos muitos ou se somos poucos. E nos traz a mesma sensação que tem, que a levou a dançar, como ela mesma disse: a sensação de leveza que a roda traz e a troca de energia com as pessoas que estão na roda. “O que me levou a dançar é a magia que a dança circular tem... A troca de energia que gira dentro das rodas.” Mas não basta aprender os passos e escolher as músicas e repetir tudo mecanicamente, porque senão seríamos todos facilitadores de danças circulares. É preciso acreditar nesta magia e incorporá-la para espalhá-la no ar. Stella entendeu a língua dos magos e faz a gente entender também. É através da oralidade, voz do povo, que se afirma com insistência, de geração em geração, que o homem vive, que se ama a vida. Poesia, música, dança são profundamente moldadas pela natureza, além de simbolizá-las. Todos os elementos rítmicos da música foram primitivamente emprestados do corpo humano, e os ritmos vitais do pulso, do coração e da respiração estão presentes na pulsação da poesia, do canto e da dança: presença real na medida em que sua forma, a estrutura que ela in-forma, é ao mesmo tempo seu conteúdo, o significante e o significado estão em continuidade. A arte participa do real do corpo. E a continuidade é sua essência. Nesta dança circular, mãos nas mãos, harmonizando os passos, elevando os pensamentos, acabamos buscando de forma musical, poética e coreográfica uma forma de nos espiritualizar. Porque esta arte popular - diferentemente da culta guardada em museus ou salas de concerto - conserva o espírito festivo dos Gregos quando todas as artes se uniam para celebrar a condição humana: a voz para cantar a música, a música para fazer o corpo dançar, o corpo faz o homem dançar com o mundo, e o homem por sua vez é ao mesmo tempo seu canto, sua música e sua dança. Stella vem nos mostrar que a roda não é somente uma brincadeira. Aliás, ela a leva muito a sério! Ela está fazendo a continuidade das histórias, das gerações nas rodas, e mostra que elas não se dirigem separadamente ao corpo e ao espírito, mas que são uma coisa só. As danças se preocupam com a saúde física e psíquica, com a ligação social e com o sentido da vida. Em nenhum momento Stella diz isso com palavras, porque as palavras não são necessárias, sentir é suficiente. E no final das contas saímos dali entendendo algumas questões que nos fazemos desde sempre. Acabamos sabendo o que é estar vivo, o que é o homem e como vivem os outros. Nem queremos que acabe essa leveza, essa sensação mágica de que estamos realmente ligados uns aos outros e ao cosmo. Na simplicidade de uma roda! Júnia Botelho Homenagem Jornal Vale Vivo
Ricardo Mendes/Jornal Vale Vivo
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