Uma Artísta
Espaço AEAL
O DESAFIO DOS NOVOS PREFEITOS É CUIDAR DO LIXO
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“Não entendo, apenas sinto. Tenho medo de um dia entender e deixar de sentir.” Clarice Lispector
FOTO: Olavo Guimarães
Thais Varella Thais Varella é uma artista. Com seu artesanato ela recupera móveis, aproveita tampinha de garrafas, usa as páginas de revistas velhas e faz umas lindezas! Não vive do artesanato, mas faz dele uma vida melhor para alguém. Já me presenteou com os enfeites de festa junina para nossas festas no quintal. Dedicada, cuidadosa, caprichosa, minuciosa, detalhista. Vemos carinho em cada peça, porque gosta do que faz. Nasceu em fevereiro, de vez em quando em vésperas de carnaval - pois é! festa móvel tem disso. Por isso ama ter muita gente em volta, e foi difícil achar uma foto sua sozinha. E gosta de cores, e gosta de viagens, e gosta dos amigos. Eu não posso ficar falando muito sobre isso, porque ela gosta também de sua privacidade. Então voltemos ao artesanato: ela fez um movimento muito interessante esta semana, teve a ideia de usar algumas lãs que ainda tinha para tricotar meias para os idosos dos asilos de Cachoeira Paulista e usou o facebook para pedir apoio. Não tinha o suficiente para conseguir todas as meias, então, inteligentemente, pediu ajuda e “diante de tantas pessoas generosas, já consegui lã pra fazer mais de 35 pares. Agradeço demais as doações e espero dar conta de fazer tantas meias antes do inverno chegar.” Ela conseguiu fazer 57, com a ajuda de sua mãe, Cleisi Silveira. A relação com o idoso não terá, certamente, uma reciprocidade. O que Thais ganha? Um sorriso, um muito obrigado daqueles que ainda conseguem agradecer, pois muitos deles estão quase imóveis, principalmente neste período de fragilidade. Se fôssemos guiados apenas pelo padrão de reciprocidade, muitos que precisam de ajuda nunca a receberiam. Os homens podem estabelecer uma relação de empatia com pessoas frágeis ou pobres ou se imaginar um dia em situação comparável e enfrentando a mesma necessidade de ajuda. Em todos os lugares e em todos os momentos, os homens observaram quantos outros homens, como eles, enfrentaram tempos difíceis, atingidos pelo destino, doença ou ingratidão e como, com o passar do tempo, tudo inevitavelmente envelhece, se cansa, se atrofia, se torna feio, enfraquece, em suma diminui (encolhe, encolhe) de uma forma ou de outra. Ao prever ou vivenciar tais situações, os homens são lembrados de que pode chegar um momento em que eles também precisarão da ajuda de outras pessoas e não poderão dar-lhes nada em troca. Dessa forma, podem se tornar mais conscientes dos riscos de confiar apenas no padrão de reciprocidade. Thais se preocupa com o outro. Tem empatia. Sofre, mas encontra uma solução, que, para ela, “é só um grãozinho no meio do deserto, mas o coração tá leve e feliz em contribuir com um pouquinho para aliviar o frio de alguém. Se cada um fizer um pouquinho, vamos mudar o mundo. Não subestime qualquer ajuda ao outro, pode ser pequena pra você, mas faz a diferença pra alguém. Vamos multiplicar esse pequeno gesto até ele se tornar grande! Hoje entrego nos asilos essas meias. Dá tempo de fazer mais, o frio tá só começando...” Ela disse que talvez esta ação possa motivar outras pessoas a fazer o mesmo, ou outras coisas parecidas. Eu estou divulgando seu gesto para multiplicá-lo. E usar a reciprocidade para os que não podem fazê-lo. Vamos fazer a diferença para alguém! Obrigada, Thais! Júnia Botelho Homenagem do Jornal Vale Vivo
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Arte: Felipe Rodrigues/Jornal Vale Vivo
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GENTE QUE FAZ
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