Jornal VivaDouro ed53 agosto 2019

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Ano 4 - n.º 53 - agosto 2019

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A sua solução de transporte no Douro Ano 4 - n.º 53 - agosto 2019

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Carla Alves: "Aprecio muito a proximidade com os agricultores"

• Diretora Regional da Agricultura em entrevista exclusiva ao VivaDouro > Págs. 16, 17 e 18

Vindimas 2019:

> Págs. 8 e 9

Condições climatéricas permitem subir produção em relação ao ano passado O VivaDouro vai sortear bilhetes para o Wine & Music Valley - Fique atento ao nosso Facebook PUB

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4 VIVADOURO AGOSTO 2019

Editorial Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org

José Ângelo Pinto

Administrador da Vivacidade, S.A. Economista e Docente Universitário

Caros leitores,

Registo no ICS/ERC 126635 Número de Registo Depósito Legal 391739/15 Diretor: Augusto Miguel Silva Almeida (TE-241A) miguel.almeida@vivadouro.org Tlm.: 916 430 038 Redação: Carlos Almeida carlos.almeida@vivadouro.org Tlm.: 912 002 672 Departamento comercial: Carlos Rodrigues Tel.: 962 258 630 Tel.: 910 599 481 Paginação: Rita Lopes Administração e Propriedade do título: Vivacidade, Sociedade de Comunicação Social, S.A. Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Baguim do Monte Administrador: José Ângelo da Costa Pinto Estatuto Editorial: http://www.public. vivadouro.org/vivadouro

Sumário: Breves Página 6

Freixo de Espada à Cinta Página 11 Sernancelhe Página 12 São João da Pesqueira Página 13 Tabuaço Página 14 Lamego Página 15 Destaque VivaDouro Páginas 16, 17 e 18

Régua Página 20

Próxima Edição 18 SETEMBRO

"A Transição Democrática em Espanha"

Foz Côa Página 10

Detentores com mais de 5% do capital social: Lógica & Ética, Lda. e Augusto Miguel Silva Almeida e Maria Alzira Rocha

Impressão: Unipress Tiragem: 10 mil exemplares Sítio na Internet: www.vivadouro.org Facebook: www.facebook.com/ jornalvivadouro E-mail: geral@vivadouro.org Agenda: agenda@vivadouro.org

Tem sido habitual ver autênticos acampamentos ambulantes em diversos pontos da cidade da régua, uma situação que leva muitos habitantes a queixarem-se do mau cheiro e lixo que fica espalhado pelos locais onde passam.

Reportagem VivaDouro Páginas 8 e 9

Mesão Frio Página 19

Colaboradores: António Costa, António Fontainhas Fernandes, Guilhermina Ferreira, José Penelas, Luís Alves, Manuel Cabral, Paulo Costa, Pedro Ferreira, Ricardo Magalhães, Sandra Neves e Silva Fernandes.

NEGATIVO

Alijó Página 7

NIF: 507632923

Sede de Redação:Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Fânzeres Tel.: 916 894 360 / 916 538 409 Sede do Editor: Travessa do Veloso - 87 4200-518 Porto Sede do Impressor: Arcozelo - Vila Nova de Gaia

As condições climáticas mais favoráveis, que este ano se têm feito sentir, deixam antever colheitas com maior qualidade e quantidade que no ano passado.

Sabrosa Página 23 Torre de Moncorvo | Carrazeda de Ansiães Página 24 Nacional Página 26 Opinião Página 28 Lazer Página 29

FOTO: DR

É um gosto ver investimentos públicos, neste caso das autarquias, a serem bem utilizados o que, felizmente, tem acontecido bastante pela nossa região. Há quem diga que gastar dinheiro na promoção de festas e romarias é um mau investimento, pois nada fica depois da festa, ao contrário do que acontece quando se faz uma rotunda ou uma piscina. Discordo absolutamente. As festas e romarias trazem vida, juventude, cor e movimento concreto às regiões do interior e são, muitas vezes, as únicas formas de atrair forasteiros e turistas para as nossas regiões, estes para lá das pessoas que têm ligações com as vilas e aldeias, os quais, muitas vezes, aproveitam a festa ou romaria para terem boas razões para vir às suas terras. As festas e romarias são, habitualmente, magistralmente organizadas

e com um grande voluntarismo e dedicação das comissões de festas e das associações locais que, na maior parte dos casos, as promovem e as transformam num excelente cartão de visita para quem nos visita. Muitas vezes este trabalho voluntário não é reconhecido pelos que usufruem desse trabalho, esforço e dedicação e que podem dar-se ao luxo de desfrutar da festa ou da romaria sem qualquer trabalho, esforço ou dedicação e muitas vezes sem sequer ajudarem financeiramente. As festas e romarias são uma componente essencial da região. Ajudam a promover a um bem estar psicológico generalizado que faz com que Agosto e Setembro sejam tempos de felicidade e de satisfação para as populações do interior. Todos precisamos de ajudar com responsabilidade para que assim prossigam.

FOTO: DR

POSITIVO

Luís Braga da Cruz Engenheiro Civil

É usual comentar o que se lê no período de férias, como desafio a leituras menos habituais. Pela minha parte, entremeio géneros distintos: história, ensaios, autores clássicos, ficção e biografias... Mas há sempre um livro especial que, pela sua dimensão e densidade só se consegue desbastar nas longas manhãs de Agosto. Desta feita, a escolha recaiu sobre um livro recente (2017), cujo autor conheci em Vila Real, numa iniciativa da Casa de Mateus, em Novembro passado, sobre um tema tão provocador como recorrente para os que se preocupam com as ambições históricas do país vizinho: "Repensar a Ibéria - Uma Reflexão sobre a Europa" . O au-

tor em causa, convidado para o encontro em Mateus, era o Prof. Santos Juliá - catedrático e especialista da história social e do pensamento político espanhol no século XX. Uma das suas obras pesadas é justamente o excelente ensaio que li: "Transición - Historia de una política española (1937-2017)" . Cobre o complexo período de 80 anos que dividiu e continua a pesar sobre a sociedade espanhola contemporânea, desde o meio da guerra civil até aos nossos dias. O que nos ensina esta obra? Que a aspiração para reconstituir a democracia, que o levantamento militar de 1936 interrompeu, é um sentimento que se esboça ainda durante a guerra civil, com a mediação diplomática da Santa Sé, da França, da Inglaterra e o empenho pessoal do presidente espanhol Manuel Azaña. No entanto, as clivagens entre os dois lados eram já de difícil conciliação, o que comprometeu qualquer proposta de armistício ou de período de transição sem vencedores e vencidos. Jaques Maritain, prestigiado pensador católico francês e activo num comité para a paz civil e religiosa em Espanha reconhecia entristecido que "a guerra que se travava em Espanha era uma guerra de extermínio". Franco não aceitava senão rendição sem condições, enquanto do lado governamental só o partido comunista espanhol não queria

ouvir falar em armistício. À guerra de Espanha seguiu-se a 2.ª Guerra Mundial, da qual os países do eixo, que apoiaram Franco, saíram derrotados. Uma nova esperança se formou entre os espanhóis vencidos, que no exílio alimentavam a espectativa de que os aliados exigissem aos falangistas a reconstituição da democracia em Espanha. Mas era difícil garantir uma posição uniforme dos opositores de Franco, dispersos por exílios territoriais distantes e com grande variedade de posições políticas. Por outro lado, também, a tolerância internacional para com Franco permitiu que o seu regime o acompanhasse até ao seu desaparecimento físico, em Novembro de 1975. É de exaltar a progressiva evolução que as forças políticas espanholas construíram no sentido de uma transição evolutiva suave. Transição pressupunha reconciliação e amnistia, que não é esquecimento. Apesar da sagacidade política das duas grandes figuras no primeiro período da transição - o Rei D. João Carlos e o chefe do governo Adolfo Soarez - as feridas não saram facilmente e ciclicamente há novos desenvolvimentos. Face à inevitável comparação com a transição portuguesa, concluímos que a rotura em Portugal terá sido mais traumática e radical, mas que o tema ficou melhor resolvido.


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Breves Vandalismo no recinto das festas de Antas

IKEA chega a Vila Real

Auchan abre supermercado em Murça FOTO: DR

A Auchan abriu um novo supermercado em Murça, no distrito de Vila Real, reforçando o seu número de lojas em regime de franchising. O novo supermercado localiza-se no Centro Comercial Murça XXI e conta com uma superfície comercial de 1170 metros quadrados, cinco caixas de pagamento, serviço de take-away e uma cafetaria com capacidade para 60 lugares sentados.

As instalações sanitárias do recinto de festas na freguesia de Antas, em Penedono, foram vandalizadas. Fotografias publicadas do espaço mostram o resultado: espelhos partidos e gravilha espalhada pelo chão e pelas louças das casa de banho.

FOTO: DR

A famosa marca de mobiliário chega a Vila Real com a abertura, em setembro, de um ponto de recolha para as compras feitas online. A operação deste ponto de recolha será feita por um “parceiro externo” e terá um custo de 25 euros.

Contocontigo apresentou novos contos em garganta O ciclo de contos encenados pela Peripécia Teatro, Contocontigo, apresentou no dia 25 de agosto, em garganta, os novos contos desta temporada. O "sr. Inspector", de domingos monteiro, e "a festa", de Miguel Torga, fizeram as delícias dos presentes, que, entre as já tradicionais expressões "virá lá o copo" "bota lá o conto", deambularam num misto de emoções pelas estórias apresentadas.

Fátima Teles vence Prémio Abel Manta A artista plástica Fátima Teles, natural de Penedono (Viseu), venceu a edição deste ano do Prémio Abel Manta de Pintura, com a obra “Timeless”. O Prémio de Pintura Abel Manta, no valor de cinco mil euros, foi criado para homenagear o pintor Abel Manta (1888-1982), natural de Gouveia, e tem como objetivo “promover artistas plásticos nacionais, proporcionando a apresentação pública dos seus trabalhos”.

Autarquia de Foz Côa alargou a oferta dos livros de fichas a todos os alunos do concelho Trata-se de um investimento nos jovens que estudam em Paulo Sousa Vila Nova de Foz Côa, diz o vice-presidente da câmara, João Paulo Sousa, o vereador refere que o executivo camarário de Foz Côa decidiu acompanhar a medida do Governo e alargar o apoio a todos os alunos do 1º ao 12º ano. João Paulo Sousa diz que esta medida vai no seguimento da política de educação da câmara, com o objetivo de fixar os jovens no concelho.

Prolongamento da exposição «Misericórdia de Lamego.1519-2019» até 29 de setembro

CHTMAD organiza evento para assinalar os 40 anos SNS FOTO: DR

O SNS comemora, no próximo mês de setembro, quatro décadas de existência. Esta data tão importante para os cuidados de saúde em Portugal não poderia passar indiferente ao CHTMAD que, para a assinalar, está a organizar um evento denominado “espaço saúde” com o tema “prevenir para usufruir”.

Hotel de dois milhões avança mesmo em Foz Côa O Tribunal de Contas deu ‘luz verde’ para o projeto de construção do empreendimento “Foz Côa Story House”, no distrito da Guarda, com uma dotação financeira de dois milhões de euros, anunciou o presidente da Câmara, Gustavo Duarte.

Vale do Tua apoia jovens a concorrer ao incentivo Startup Voucher O Parque Natural do Vale do Tua (PNRVT) vai apoiar jovens daquele território a candidatarem-se ao Startup Voucher, uma medida de incentivo ao empreendedorismo que atribui uma bolsa mensal de 691,70 euros.

Inovterra leva workshop sobre a cultura do sabugueiro a Tarouca A Inovterra — associação para o desenvolvimento local, com sede em Vila Pouca-Salzedas, concelho de Tarouca, está a organizar mais um workshop sobre a cultura do sabugueiro. A iniciativa está agendada para o próximo dia 19 de outubro de 2019 e versará sobre a instalação da cultura do sabugueiro.

FOTO: DR

A exposição «Misericórdia de Lamego.1519-2019», organizada numa pareceria entre o Museu de Lamego e a Santa Casa da Misericórdia, celebra os 500 anos de uma das mais antigas e prestigiadas instituições de Lamego. Com 20 mil visitas desde a sua inauguração em maio passado, o bom acolhimento e interesse que a exposição tem despertado junto do público ditam o seu prolongamento por mais um mês. Até 29 de setembro, oportunidade de ver ou rever a exposição que propõe um percurso pela história da instituição, sob o ponto de vista do seu legado histórico e artístico.

EXPODEMO’19 promove 1º festival de estátuas vivas Ao todo serão 12 artistas de rua para 10 performances de imobilidade expressiva. Entre os artistas há recordistas do mundo e premiados nacional e internacionalmente. Há ainda um que esteve nove anos no guiness book of records. Todos eles vão estar presentes na Expodemo, em Moimenta da Beira, no 1º festival de estátuas vivas, evento em que os visitantes vão poder escolher (através de voto) a sua estátua favorita, entre as 10, atribuindo assim o “prémio do público”.

Multiusos de Lamego acolhe programa comunitário diabetes em movimento O centro Multiusos de Lamego vai acolher, entre outubro e junho de 2020, atividades do programa comunitário de exercício físico diabetes em movimento, dirigido a pessoas com diabetes do tipo 2. As atividades, desenvolvidas três vezes por semana, serão monitorizadas por profissionais do exercício e por enfermeiros.


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Alijó

Município promove-se com Alifeira e Sons no Parque Nos passados dias 19, 20 e 21 de julho decorreram a II Edição da ALIFEIRA – Vinhos e Sabores dos Altos e a III edição do Sons no Parque. Três dias dedicados à promoção dos vinhos, dos produtores e dos produtos endógenos do Planalto de Alijó, bem como do tecido social, cultural e empresarial do Concelho. Durante a cerimónia inaugural do certame, José Paredes, autarca alijoense, destacou a importância deste evento na promoção do município, interna e externamente. “Num tempo em que a globalização chega a todos, é importante destacar aqueles que guardam o fator distintivo de uma região, como acontece com os produtores de vinho presentes neste certame. A Alifeira é, e será cada vez mais, uma janela de oportunidades para todos que aqui queiram estar presentes mas é também um espaço de afirmação da economia social, assente nos princípios da solidariedade e dos valores da cidadania. O Sons no Parque completa a programação deste fim de semana e contribui para a atratividade do município de Alijó, rejuvenescendo a imagem externa e interna deste território”. Para o autarca, esta realização é um momento que serve para mostrar aquilo que Alijó tem de melhor, tentando atrair mais investimento para o território de forma a

fomentar a economia, contribuindo para a fixação de população. “Pretendemos, com este certame que abrange tantas áreas, potenciar dinâmicas de fixação de pessoas. Nenhum território se desenvolve sem pessoas e este executivo trabalha todos os dias para que este território seja mais atrativo, sobretudo para o investimento privado, com o intuito que aqui seja criado emprego e, se possível, emprego qualificado. Contudo, não podemos deixar de sublinhar que cabe ao governo central a função de criar políticas de discriminação positiva para o interior, criando robustos incentivos económicos à iniciativa empresarial. O interior não pode continuar a ser o parente pobre do investimento público”. Também presente na inauguração esteve Luís Pedro Martins, Presidente da Entidade Regional do Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), que enalteceu a importância deste tipo de eventos para a atração de mais turismo, sublinhando o potencial de crescimento turístico da região. “O turismo no norte tem crescido exponencialmente, contudo esse crescimento não tem sido igual por todo o território e ao Douro chegam ainda poucos desses turistas, por isso, todo o tipo de eventos que sejam desenvolvidos na região são de grande importância, dando ao turista algo que fazer, permitindo-lhe que aumente a estadia media. Esta região tem tudo para crescer em números de turismo mas é também necessário um trabalho em rede, à semelhança do que se faz em outras regiões do mundo para conseguir esse resultado, só assim poderemos ambicionar trazer mais do que os atuais 4% de turistas que chegam ao Douro, relativamente àqueles que visitam o Norte”. ■

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Reportagem VivaDouro

Vindima 2019: mais quantidade e qualidade, Contrariamente ao que aconteceu em 2018, a vindima deste ano aponta para um crescimento na quantidade de vinho produzido, bem como na qualidade. Contudo, o corte de 8 mil pipas no benefício deste ano tem gerado alguma contestação, em especial entre pequeno e médios produtores. Texto e fotos: Carlos Almeida

O clima mais ameno, a quase inexistência de doenças e os tratamentos preventivos que foram feitos ao longo deste ano resultaram num aumento da produção de vinho estimada na Região Demarcada do Douro (RDD), podendo chegar às 288 mil pipas, assim como um excelente estado sanitário das uvas o que antecipa vinhos de boa qualidade. As previsões são da Associação de Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID), que aponta para uma produção “a rondar entre 263 e 288 mil pipas de vinhos”. A produção declarada no Douro, na última vindima, foi de 199 mil pipas de vinho. “Relativamente à produção dos últimos cinco anos, o aumento é da ordem dos 23%”, avança a diretora-geral da ADVID, Rosa Amador, advertindo, no entanto, que o resultado da próxima vindima vai depender “das condições climáticas e fitossanitárias que se registarem até setembro”. As previsões do potencial de colheita são efetuadas com base no chamado modelo pólen, recolhido na fase de floração da videira, entre abril e junho, nas três subregiões do Douro: Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior.

> Rosa Amador, diretora geral da ADVID

A diretora geral da ADVID diz ainda que, em relação à qualidade, “este vai ser um ano muito bom", já que "não houve problemas fitossanitários e as uvas estão muito sãs”. “Este foi um ano que correu bem aos viticultores", constata a responsável". Não foi um ano de grande pressão das doenças.” As reações que têm surgido na região são muitas, António Lencastre, presidente da Federação Renovação do Douro (FRD), atual responsável pela Casa do Douro, diz-se otimista mas não muito, isto porque, apesar do previsto aumento, a quantidade a ser produzida este ano deverá ainda ficar abaixo da média habitual na região. “É ingrato, e mesmo falacioso, fazer comparações com o ano passado porque foi um ano péssimo. Se crescermos 20 ou 30% em relação ao ano passado ainda estamos a decrescer em relação a 2017. Por muito bem que esta campanha corra eu não

acredito que ela ultrapasse 2017 ou seja, um ano médio baixo. Estamos a caminhar numa aura de otimismo que é perigoso. É uma verdade que estamos melhores este ano mas também se gastou mais dinheiro, depois da experiência vivida no ano passado fizeram-se mais tratamentos. Todas as projeções feitas aconteceram em cima da polonização, que aconteceu em maio, abril. Hoje já temos a contagem de uvas e esses números são mais baixos. Estou otimista mas não muito otimista porque será uma campanha parecida com 2017. Com estas temperaturas mais amenas as graduações não irão de encontro às graduações de anos anteriores”. Também os produtores, em especial os pequenos e médios têm seguido esta linha de pensamento, um otimismo cauteloso, até porque nos últimos anos as quebras têm sido avultadas o que poderá levar a comparações pouco rigoro-

> João Pissarra, consultor vitivinícola

sas. “É bastante melhor do que no ano passado mas pior do que há dois anos. O estado sanitário das uvas é excelente, não houve doenças praticamente nenhumas mas isso também é porque, depois de um ano tão mau como o ano passado, este ano fizemos mais tratamentos preventivos, há alguns pontos onde se notam alguns escaldões mas nada de especial, a previsão é que em teros qualitativos esta seja uma vindima muito boa”, afirma Filipe Brás, produtor-engarrafador de Peso da Régua. “A nível de qualidade a expectativa é boa. Os controlos de maturação estão muito bons, temos um equilíbrio muito bom entre o Ph e a acidez total, não há registo de muitas doenças, apenas alguns sinais de ódio mas em parcelas muito pequenas o que não tem grande expressão. A nível de quantidades esta será uma vindima média, longe de ser uma vindima de


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Reportagem VivaDouro

menos benefício excedentes o que é bom porque significa que estamos a sair de um ciclo de três anos negativos” diz-nos João Pissarra, professor universitário na área da enologia e consultor em diversas propriedades da região. Contudo, aquilo que se supunha ser uma boa notícia para a região acabou por ser um dos fatores que levam os produtores a criticar a decisão do Conselho Interprofissional de cortar em 8 mil o número de pipas em benefício, cifrando este valor nas 108 mil pipas. Corte no benefício A 25 de julho deste ano, o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, IP (IVDP), em reunião do Conselho Interprofissional emitiu o Comunicado Anual de Vindima para este ano onde se lê: “Sem prejuízo do disposto no artigo 4º do Comunicado de Vindima da Região Demarcada do Douro aprovado pelo Regulamento nº 570/2017, de 23 de outubro, a produção de mosto na Região Demarcada do Douro é, para a vindima de 2019, de 108.000 pipas (550 litros)”, um corte de 8 mil pipas quando comparado com a campanha de 2018. O benefício é a quantidade de mosto que cada viticultor pode destinar à produção de vinho do Porto e é uma das principais fontes de rendimento dos produtores durienses. Em dois anos, o benefício diminuiu em 10.000 pipas de vinho, passando de 118.000, em 2017, para as 108.000, em 2019. Este corte anunciado tem sido muito criticado, em especial por pequenos e médios produtores que têm no benefício uma forte fonte de rendimento que lhes permite colmatar os gastos ao longo do ano e que cada vez são mais altos quer nos produtos para os tratamentos, nos combustíveis ou na mão de obra. Em comunicado, a Associação da Lavoura Duriense (ALD), fala num corte “brutal”, conseguido “com a conivência da produção”, acusando a FRD de prejudicar os viticultores. “O Conselho Interprofissional do IVDP reuniu

> António Lencastre, presidente da FRD

para aprovar o Comunicado de Vindima para este ano e decidiu aprovar 108.000 pipas de vinho a ser beneficiado. Assim, os Viticultores têm um brutal corte de 8.000 pipas. Este corte tem a conivência dos atuais representantes da Produção no interprofissional, que votaram ao lado do Comércio, quando o normal seria o voto contra. Como não há almoços grátis, o Comércio impôs o que quis, ou seja, um corte de 8.000 pipas. A Associação FRD abdica sistematicamente da defesa dos Viticultores. É desta forma que paga o apoio incondicional que lhe tem sido dado pela AEVP mas, concretamente neste caso, quem pagou foram os pequenos e médios Viticultores, com um corte no benefício de 8.000 pipas de vinho. A ALD – Associação da Lavoura Duriense, em comunicado recente, alertou para o que se estava a preparar no conselho interprofissional do IVDP. A falta duma verdadeira representação da Produção neste órgão, dá origem a que a AEVP (representantes do Comércio) se “passeie ao seu bel-prazer” no conselho interprofissional e dite as leis que lhe convém. Já os ditos representantes da Produção (a FRD) não passam duma representação fantoche que apenas favorece a posição do Comércio”, lê-se no comunicado. Por sua vez, António Lencastre, em declaração ao nosso jornal afirma que estes valores são os possíveis tendo em conta a realidade do mercado, lamentando que o benefício continue a ser visto por muitos como um subsídio à produção. “Eu acho que foi o número possível, no limite superior. O benefício tem de deixar de ser visto como um subsídio ao viticultor, tem de ser visto como algo que temos de estimar, no sentido de tomar conta, cuidar. Ao longo do tempo a região habituou-se a um debate inflamado em que havia pouca razão e muita emoção quando o contigenciamento deveria ter um propósito puramente económico. Ou seja, estamos a cuidar que o nosso futuro amanhã seja melhor e é essa análise que dificilmente vemos feita na

praça pública. Neste momento temos na mão do comércio uma campanha inteira. Se o comércio decidisse não vir à vindima um ano, teria vinho em casa suficiente para manter o seu negócio. A cada dia que passa, se não tivermos cuidado com o nosso futuro corremos o risco a que amanhã nos venham comprar a quantidade que quiserem, ao preço que quiserem, e é isso que temos de evitar. O resto é pura demagogia é um puro “bitaite de café”. Há quem diga que a produção não tem nada a ver com o comércio mas, se o comércio não vende, fica com mais em casa e no ano seguinte compra menos, é uma pescadinha de rabo na boca. O benefício serve para que o Vinho do Porto seja uma coisa rara, porque só assim é que vale dinheiro”. Visão diferente do presidente da FRD têm os pequenos e médios produtores para quem o corte no benefício significa um corte nos rendimentos mas também um aumento nos excedentes de uva disponível para a produção de DOC’s Douro, o que poderá levar também a um abaixamento do valor pago por pipa para este tipo de vinho, uma dupla penalização para quem o produz. “Esta questão do benefício tem que ser forçosamente repensada, ou seja, até acredito que os valores estejam ajustados mas acho que podia ter sido um pouco mais generoso chegando às 110, 111 mil pipas ou mesmo mantendo os números do ano passado. O problema é que estes valores também se devem ajustar à produção para quem este corte significa uma perda de rendimento. O que está a acontecer é que não estamos a remunerar bem a produção o que faz com que ela não fique o que leva a que deixem de existir os pequenos lavradores, e isso é um caso sério. Normalmente já existe excedente para os vinhos do Douro, o problema é que ao criarmos este excedente com o corte de benefício estamos a introduzir uma certa desvalorização que

acentua a realidade que vivemos ao longo dos anos que é a uva ser vendida abaixo do preço de custo. Isto não é sustentável. Para os transformadores esta vindima pode ser financeiramente positiva mas o pequeno produtor vai ter menos rendimento porque há menos benefício e este ano há mais oferta o que vai provocar uma diminuição do valor da uva”, afirma o consultor João Pissarra. A mesma ideia defende Filipe Brás, contudo o produtor com vinhas em Poiares, Peso da Régua afirma que atualmente as uvas destinadas aos DOC’s já são pagas a um valor aceitável mas esse valor deve ser mantido sob pena da região ficar ao abandono. “O benefício é uma grande fonte de rendimento para nós, não sei avaliar se este corte era necessário ou não mas a verdade é que ao preço a que se vende o Vinho do Porto cada vez há menos interesse em fabricá-lo, é mais aliciante vender DOC’s. Quando vemos uma garrafa de Vinho do Porto, com todos os impostos que lhe são aplicados, a ser vendidos num supermercado a 3 euros, ficamos a pensar que produzir este vinho deixa de ter interesse. A nós este corte causa diferença e acho estranho porque se este ano há mais uvas a lógica seria haver mais vinho do Porto, neste caso vão sobrar ainda mais uvas para DOC’s. Acho que as uvas para DOC’s têm vindo a ser valorizadas, até porque quem precisa de comprar uvas não pode esmagar o fornecedor. Há um limite mínimo para as pessoas poderem granjear as uvas e neste momento isso acontece, se os preços baixarem para níveis de há alguns anos atrás, então aí o Douro ficará a monte. As grandes empresas têm que ter a sensibilidade para comprar as uvas a um preço justo. Acho que é aquilo que se vê este ano no mercado, não há o esmagamento de preços até porque há ainda uma grande carência de vinhos DOC’s, que estão praticamente esgotados nas adegas. Para este negócio ser viável temos que vender a pipa da uva entre os 400 e os 500 euros”. ■

> Filipe e André Brás, irmãos produtores no Douro


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Vila Nova de Foz Côa

Côa Summer Fest anima o município Na sua nona edição, o Côa Summer Fest assume-se já como um dos principais eventos dedicados à juventude na região, arrastando milhares de jovens ao longo de três dias. Para este nono ano a organização decidiu arrancar o festival com uma Glow Bubble, um momento onde a animação, a cor e os sorrisos não faltaram, num desfile que levou os mais de 750 participantes até ao recinto do festival. “A Glow Bubble é uma corrida que desenhamos de acordo com as duas edições anteriores onde tivemos a Glow Run e a Côa Bubble, este ano acabamos por juntar os dois conceitos num só evento. O objetivo é simples, encher as ruas da cidade de espuma e brilho, terminando com uma grande festa no nosso recinto que está pronto para estas três noites de festa”, explica Rui Pedro Pimenta da Associação Juvenil Gustavo Filipe, responsável pela organização do evento. Organizado por um grupo de mais de 50 jovens, este festival pretende não só animar os foz-coenses, como atrair um público jovem ao município. “A nossa organização tem cerca de 50 jovens envolvidos, é difícil encontrar isto num concelho do interior como é Foz Côa. Este evento também é importante para atrair jovens ao interior, este território precisa cada vez mais de

> Milhares de jovens reuniram-se no recinto do festival

jovens, não só dos que são de cá mas também os que se podem mudar para cá. Com este evento queremos colocar Foz Côa no mapa cultural do país. No final o objetivo é que todos saiam daqui dizendo que valeu a pena e com vontade de regressar já no próximo ano.”, afirma Rui Pedro Pimenta. Evento com cariz ecológico Para além dos copos de plástico reutili-

zável e da estreia da trotinetes IOMO nas ruas do município, ao longo dos três dias de festival os participantes foram desafiados a recolher plástico para a execução de uma escultura, de um auroque, neste material. Esta iniciativa visou ainda alertar para o desperdício de plástico e para um uso mais sustentável do mesmo. A obra de arte, desenvolvida por Jorge Mateus, artista plástico da região, que conta com cerca de dois metros de com-

primentos, 1,70 de altura e 60 centímetros de largura, ficará em exibição no Museu do Côa. Durante a 9.ª edição do festival, que ocorreu nos dias 1, 2 e 3 de agosto, passaram pelo recinto mais de 6000 pessoas e estiveram acampados cerca de 1000 festivaleiros. O festival que defende que o “verão não é só praia”, organizado pela Associação Juvenil Gustavo Filipe, volta em agosto do próximo ano. ■


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Freixo de Espada à Cinta

Cartão do Idoso entregue a mais de 250 pessoas Sucesso na adesão de um novo serviço no âmbito da Ação Social, área que está no epicentro da gestão autárquica. Mais de 250 munícipes, provenientes de todo o Concelho, já aderiram ao Cartão do Idoso do Município de Freixo de Espada à Cinta. Com este novo serviço permite-se ras-

trear, de forma mais fidedigna, os Munícipes com idade igual ou superior a 65 anos, suscetíveis de beneficiarem de serviços de saúde e ação social. Das vantagens que o Cartão do Idoso confere, evidenciam-se, em sede de consultas e apoio médico, a comparticipação financeira do Município ao transporte diário dentro do território Concelhio para a Sede de Concelho. Esta iniciativa complementa outras

ações que têm vindo a ser desenvolvidas pelo atual Governo Autárquico na área social, atento que está às particularidades socioeconómicas do Concelho, buscando, sempre, uma atitude pró-activa para as solucionar. Desta forma o município garante um melhor bem-estar para um extrato etário que é mais sensível e carente de uma atenção mais vincada sob o ponto de vista da assistência social. ■ PUB


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Sernancelhe

Summer Fusion anima noites de verão Blaya e Xutos & Pontapés foram os artistas em destaque na edição deste ano do Summer Fusion, em Sernancelhe, iniciativa que decorreu entre 31 de julho e 3 de agosto. Os concertos foram no Expo Salão e o cartaz do evento exibiu ainda vários DJ´s, com Paulo Fragoso, da RFM, à cabeça, tudo para que antes e depois dos concertos as noites fossem animadas, com muita música e luz. Durante quatro dias o Summer Fusion trouxe muita música, com a atuação da Banda “Os Red” e Dj Fantastic, Sérgio Nascimento & The Catwalkers, Dj João Ama-

> Milhares de pessoas encheram o Exposalão

ral, Audio 80 - Tributo aos anos 80, Live is Life, com José Araújo (A.K.A. DJ Zé Mix), Tozé Santos (Perfume), João Silva Camisão (Concurso La Banda RTP), bem como a Eleição da Miss Távora 2019 e Banda Elsa & Dr. Rex. O Summer Fusion é um projeto do Município de Sernancelhe que teve a primeira edição no ano passado com as atuações e Mariza e Dama. Aproveitando as condições excecionais do Expo Salão, tanto no interior como no espaço envolvente, o evento não esconde o objetivo de proporcionar ao Concelho e à Região espetáculos musicais de qualidade, com artistas conceituados, oferecendo um cartaz jovem e que preencha as noites, num ambiente calmo e de convívio. ■


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São João da Pesqueira

Autarquia reduz prejuízo das águas de 70% para 29% O Município de S. João da Pesqueira con¬seguiu em 2018 uma recuperação enor¬me dos prejuízos de 70% para 29% nos serviços de abasteci¬mento de água, águas residuais e resíduos sólidos urbanos. Em 2017 os prejuízos dos três serviços foram de € 1.154.525,00. Em 2018 os pre¬juízos dos três serviços baixaram para € 539.421,00. No relatório da auditoria da ERSAR En¬tidade Reguladora dos Serviços de Aguas e Resíduos, consta o seguinte: “A variação do montante reportado face ao ano transato deve-se essencialmente ao facto de ter existido uma mudança do executivo, que se traduziu numa me¬lhor

eficiência dos serviços; existiu uma maior fiscalização, maior controlo ao nível das cobranças, colocação de conta¬dores onde eles não existiam, sendo que estas ações resultaram num aumento das vendas de água e uma diminuição do res¬petivo consumo.” Esta recuperação permitiu mais do que duplicar o grau de cobertura dos gastos do serviço de água, entre 2017 e 2018, passando de 29% para 70%. Estes resultados são demonstrativos de todo o planeamento e de todo o tra¬balho concreto que tem sido feito no “terreno” por parte dos serviços no sentido de melhorar a sustentabilidade económico-financeira e ambiental do município. ■

Diversas obras nas freguesias do concelho A Câmara Municipal de S. João da Pesqueira está a efetuar diversas obras de pavimentação de estradas e caminhos agrícolas nas freguesias e lugares do

concelho, numa iniciativa da autarquia em articulação com as juntas de freguesia de forma a priorizar as obras mais importantes e necessárias em cada loca-

lidade. Este investimento da Câmara Municipal de S. João da Pesqueira ascende a quase 800.000€, mas é uma medida

considerada fundamental pelo executivo municipal para o desenvolvimento das acessibilidades e infraestruturas concelhias. ■

Município apoia a comunidade educativa com vales escolares No âmbito dos apoios concedidos pelo município aos jovens e famílias do concelho, inclui se a medida do Vale escolar, que consiste num apoio pecuniário atribuído aos alunos que estudem nos estabelecimentos de ensino do concelho. Esta medida visa em simultâneo apoiar economicamente as famílias e dinamizar o tecido empresarial local, e por esta razão o Vale Escolar só pode ser utilizado nos estabeleci-mentos comerciais do concelho, nomeadamente nas papelarias, livrarias, lojas de des-

porto ou outros estabelecimentos comerciais que vendam material escolar. Na lista de materiais permitidos a pagamento pelo Município privilegiam-se os manuais escolares e respetivos cadernos de atividades, materiais de Educação Tecnológica (ET), Educação Visual (EV), Educação Musical (EM) e Educação Física (EF). Para o próximo ano letivo 2019/2020 o Município emitiu já um apoio total de 26.450,00€ (vinte e seis mil, quatrocentos e cinquenta euros) em Vales Escolares. ■


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Tabuaço

Município foi palco do folclore do mundo O município de Tabuaço foi, uma vez mais, palco para o Festival Internacional de Folclore que este ano assinala a V Edição. A Avenida António Augusto da Silva Barradas foi pequena para acolher este evento que de ano para ano atrai cada vez mais espectadores. Organizado pela autarquia tabuacense, o Festival Danças do Mundo teve como anfitriões dois Ranchos Folclóricos da casa, nomeadamente, o de Chavães e o da Granja do Tedo. Em declarações ao nosso jornal, o presidente da Câmara Municipal, Carlos Carvalho, salientou a importância deste evento, na partilha e divulgação da cultura das tradições locais e de cada um dos países convidados. “Entendemos que o folclore tem um peso muito importante na nossa sociedade, seja ela da nossa região ou do nosso país, nas nossas tradições, no legado que os nossos antepassados nos deixaram. A melhor forma de preservar esta memória é através de um evento deste que conta ainda com a participação de grupos de todo o mundo o que nos permite o contacto com outras realidades. Somos um povo que há centenas de anos andou pelo mundo a espalhar a nossa cultura, agora é a nossa vez de receber a cultura de outras latitudes. Esta é já a quinta edição de um evento que tem sempre uma grande adesão por

parte do público e acaba por abrir também os nossos horizontes”. Para o autarca este evento tem ainda uma maior importância por ser o único evento de grande dimensão que se realiza no município durante o período de férias dos emigrantes. “Este evento tem ainda uma importância maior porque esta é a única festa que organizamos durante o período de verão, de férias dos nossos emigrantes, permitindo-lhes ter um cheirinho de festa na sua terra”. Ao longo das várias edições já realizadas, o Festival Internacional de Folclore – Art’s e Danças do Mundo – tem trazido vários grupos folclóricos de todo o mundo. Este ano Tabuaço recebeu o Peru, Taiwan, Argentina, Hungria, México, Letónia, Polónia e Tailândia. ■

> Autarquia ofereceu lembranças do município aos grupos participantes


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Lamego

Música, vinho e gastronomia: conheça o Wine & Music Valley O primeiro festival totalmente inspirado no vinho chega ao Douro, já em setembro! É no Porto Comercial de Cambres que, a 14 e 15 de setembro, se irá realizar a primeira edição do Wine & Music Valley, uma experiência que combina música, vinhos e gastronomia no mesmo espaço. O recinto do evento, que funcionará das 14h00 às 02h00, terá três palcos: dois deles dedicados à música (Douro Stage e Wine Stage, por onde passarão nomes como Bryan Ferry, Seu Jorge,

Mariza, António Zambujo, Xutos e Pontapés, Salvador Sobral, Wet Bed Gang, The Black Mamba, HMB, Fogo Fogo, entre outros) e um terceiro dedicado à gastronomia enquanto en-

tretenimento (Chef ’s Stage), com espetáculos de chefs Michelin como Rui Paula, Miguel Castro e Silva, Vítor Matos, entre outros tão consagrados.

O VivaDouro esteve no recinto que já começa a ganhar forma para conhecer como o espaço será organizado e tudo o que ali irá acontecer ao longo dos dois dias. ■

Douro Stage Deste palco fazem parte grandes nomes nacionais e internacionais, entre eles o lendário Bryan Ferry, que atuará na primeira noite do festival, 14 de setembro. No mesmo dia também atuará Mariza, António Zambujo e Salvador Sobral, que dispensam apresentações. DJ Vibe e Rui Vargas serão os responsáveis por comandar a cabine do DJ durante a primeira noite do Wine & Music Valley. No dia 15 de setembro, o brasileiro Seu Jorge promete um concerto único e intimista, de voz e violão. Neste dia, o palco principal do recinto recebe ainda a atuação dos míticos e eternos Xutos & Pontapés, além do hip hop dos Wet Bed Gang e da encantadora voz de Carolina Deslandes.

Chef ’s Stage O palco que coloca a gastronomia no centro do entretenimento, com espetáculos protagonizados por conceituados chefs, entre live cooking shows e degustações. No dia 14 de setembro estarão neste palco os chefs Miguel Castro e Silva, Vítor Matos e Pedro Pena Bastos. A 15 de setembro, o Chef ’s Stage apresenta-se com os chefs Rui Paula, Tiago Bonito e Tiago Moutinho. Neste palco a música junta-se à gastronomia e no primeiro dia de festival quem ficará responsável pela banda sonora é Fernando Alvim. No segundo dia do evento, a música volta a estar presente no Chef ’s Stage com o projeto Rua das Pretas, criado pelo franco-brasileiro Pierre Aderne, numa performance-tertúlia ao vivo que materializa, num só momento, o conceito do festival, ligando vinho e música.

Boys, Lavradores de Feitoria, Dalva Distinctive Wines, Sandeman, Quinta do Vallado, Quinta de Ventozelo, Titan of Douro, Duorum, 100 Hectares, Marthas Wine & Spirits, Cabeça de Burro, Quinta da Serôdia, Quinta Seara D’ Ordens, Fagote, Oboé Vinhos, Quinta das Chaquedas, Cave Santa Marta, Quinta de São José, Casa do Varais, Adega de Sabrosa, Quinta do Tedo, Odisseia Wines, Rumo, Tapada de Favaios, Monte São Sebastião, Magnum Vinhos, Quinta da Rede, Quinta de Cottas, Quinta Nova de Nossa, Senhora do Carmo, Caves da Raposeira, Vinhos Borges, Quinta do Mosteirô, Teoria Wines, Quinta Holminhos, Quinta da Vacaria, Quinta das Peixotas, Adega de Favaios, Quinta do Portal, Quinta das Lamelas, Quinta do Mourão, Casa dos Migueis, Rola, Bugalha, Quinta do Pessegueiro, Quinta de São Bernardo, Quinta do Zimbro, Quinta da Barroca, Vallegre, Ávidos Douro, Alves de Souza, Quinta Dona Leonor, Quinta dos Torais, Maçanita Vinhos, Conceito, Mãos & Irmãos, Casa das Torres, Morgadio da Calçada, entre outros.

poderá experimentar peeling ou envolvimento de videira vermelha, óleo de grainha de uva, entre outros), massagens, havendo também um dome de madeira onde se realizam terapias como sound healing e outras atividades, e ainda workshops.

Wine Stage O line-up deste palco está carregado de grandes talentos. No dia 14 de setembro atuam os The Black Mamba, OMIRI, Tainá e Serushiô. No dia 15 o destaque vai para o soul dos HMB e para os ritmos de Cabo de Verde dos Fogo Fogo. O cartaz deste dia conta, ainda, com o rock dos portuenses Bang Bang Romance e a fechar o palco nesta primeira edição, DJ set de Xinobi e Anna Prior, também conhecida por ser a baterista dos britânicos Metronomy.

Wine Village É neste espaço central do recinto que estarão representados mais de 70 produtores da região, dando a conhecer os seus vinhos. Aqui provar-se-ão os melhores “néctares” da região, ao som de grandes concertos. É um espaço dedicado aos produtores do Douro e aos winelovers onde marcam presença: Quinta da Pacheca, CARM, Douro

Wine Experience Espaço dedicado a experiências sensoriais e vínicas, com as quais o público vai poder interagir, como ritual de vinoterapia (no qual

VIP Village No VIP Village, a experiência é elevada a um outro patamar! Neste espaço premium, onde só têm acesso os portadores de bilhete VIP, encontra-se uma área lounge exclusiva, um food court exclusivo e WCs exclusivos. Além disso, e para tornar toda a experiência ainda mais única e inesquecível, será também possível aceder a um espaço privilegiado na frente de palco, para assistir aos concertos. Os portadores de bilhete VIP terão, também, acesso a um shuttle dedicado desde o parque de estacionamento até ao recinto do festival e uma entrada exclusiva no recinto do evento. Dentro da VIP Village haverá, também, bares exclusivos, com os melhores vinhos da região. O recinto contará, ainda, com uma roda gigante e uma área de glamping para quem procura uma experiência completa com direito a pernoitar e diversas ativações para animar os festivaleiros. ■


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Destaque VivaDouro Raio-X de Carla Alves Quando foi a última vez que foi ao cinema? Fui há poucos dias com a minha filha ver um de animação É casada? Tem filhos? Casada, com uma filha. Mas acompanho mais três filhos do meu marido, que ficaram sem mãe e eu estou com eles desde pequenos Qual a cidade mais bonita que visitou? A que mais gosto é Paris E o país? É o nosso, Portugal Se não vivesse em Portugal, que país é que escolhia para viver? Espanha. Nasci na fronteira, sou de Bragança, por isso sempre tive uma ligação enorme com Espanha Prato preferido? Casulos com Botelo Música de eleição? Gosto de U2 Que livro está a ler? A fúria das vinhas, do Moita Flores Passatempo preferido? Viajar Praia ou campo? Gosto muito de praia, mas como passo mais tempo no campo, sou mais mulher de campo.

O VivaDouro esteve à conversa com Carla Alves, Diretora Regional da Agricultura, que fez o balanço destes primeiros meses de trabalho. Para iniciar esta conversa, pedíamos-lhe que fizesse uma balanço destes primeiros meses à frente da Direção Regional de Agricultura. Em primeiro lugar, fiquei logo numa primeira fase sem diretores adjuntos e, portanto, foi um bocado mais duro o facto de não ter na direção mais gente para me apoiar, mas de qualquer forma fui muito bem recebida pela casa. É uma casa que tem quase 700 funcionários, mais propriamente 670. É uma casa que demora o seu tempo a conhecer. Nestes meses todos ainda não consegui ir a todo o lado. São 86 municípios, na maioria deles nós temos locais abertos ao público, portanto ainda não consegui ir a todos. A casa depois está dividida em seis delegações e facilita termos um delegado em cada uma dessas delegações que está dividida por áreas territoriais. De qualquer forma, tem sido uma experiência interessantíssima pelo facto de eu ter sido bem acolhida pelos funcionários, mas também pela diversidade de assuntos. O que noto nesta casa é que há uma diversidade enorme de trabalho, de assuntos muito díspares e o facto deste território ser tão diferente, faz com que assim seja. Depois, percebe-se que no dia a dia, conseguimos estar mais vezes com os diretores de serviço, com os chefes de divisão e com esta gente tenho feito tudo para conseguir com eles trabalhar. Temos uma casa numerosa e com muitos trabalhadores, toda esta orgânica da casa acho que está muito bem conseguida, tem 5 diretores de serviço e depois entre delegados e chefes de divisão são cerca de 20. Tem também o núcleo jurídico, outro núcleo que é o núcleo da RAN, que é a Re-

serva Agrícola Nacional, da qual sou presidente dessa reserva agrícola, do qual fazem parte 3 pessoas. Sou eu, mais uma pessoa que é indicada pela associação de municípios que é o presidente da Câmara de Ponte de Lima e mais um técnico da CCDR-n. Também era outra das funções que desconhecia, este trabalho da RAN, que está a ser um trabalho interessante. Nós reunimos quase semanalmente, com uma média de 40 processos por semana que temos que decidir e aí também temos uma boa equipa que está sediada em Braga, onde através de uma série de técnicos nos preparam todos os processos. É com os diretores de serviço, é com as reservas agrícolas e atualmente com os meus adjuntos que trabalhamos mais diariamente. Privilegio muito as reuniões, o contacto aqui dentro com chefias e fazemos muitas das vezes reuniões com as direções de serviço. Outro dos trabalhos que eu tenho gostado muito de fazer, é também a representação da casa. Aprecio muito a proximidade com os agricultores, essa foi também sempre a minha vida, o contacto próximo e direto com os agricultores e em todas as minhas saídas, que foram muitas, por este Norte todo, privilegio muito isso. Tanto as relações institucionais, as associações de agricultores e as confederações de agricultores, como também com o próprio agricultor. Acho que aí tenho uma forma de lidar de grande proximidade, qualquer agricultor, que muitas vezes me aborda, esteja eu numa feira ou num evento, sobre alguma questão que o preocupa, sobre algum assunto que o preocupa em relação à nossa casa e ao nosso ministério, estou sempre disponível para ficar com o contacto,

para ficar com o número do projeto e mais tarde ligar e responder à pessoa sobre o seu problema. De facto, sinto que deve ser assim essa postura, manter um bom diálogo, uma boa proximidade de maneira que as pessoas sintam que o diretor regional é alguém que está cá para os ajudar e não alguém com um estatuto que não os permita chegar. Assim faço, mesmo aqui na casa e seja as horas que estiver aqui, qualquer pessoa que queira vir falar comigo, sem ter hora marcada nem nada disso. Gosto desta forma de estar com os agricultores e quero que eles sintam que estou aqui para os ajudar e que a minha experiência ao longo de anos de contacto com eles, vale para que hoje tenha este tipo de postura que sempre tive e não quero alterar. É claramente uma mulher do terreno. Gosta de ver o que se está a passar no município A e no município B, para ter um contacto mais direto e mais privilegiado com as pessoas, certo? Certo, eu tenho tentado responder à grande maioria das solicitações quer para reuniões, quer para ir a seminários, ou congressos ou debates. Tudo isso, eu tenho tentado responder afirmativamente e é óbvio que isso pesa. Não são só fins de semana, são feriados, seja sair mais tarde, não é isso que me preocupa. Tenho feito um esforço para corresponder. Ainda para mais, este primeiro ano será um ano que daqui a algum tempo, em dezembro, podemos fazer o balanço e gostaria de chegar ao final do ano com uma visão global e ter ido e conhecido todos estes municípios. Faço muitas das vezes com as câmaras munici-

pais uma boa relação, porque muitas delas e isso até me facilita, que é chamarem as suas organizações de agricultores do seu concelho e termos um dia dedicado a esse concelho em que ouço os seus problemas e debatemos todas essas questões com várias câmaras municipais que também as noto com uma melhor visão, se calhar do que tinham há alguns anos, porque se calhar há alguns anos o desenvolvimento rural não era encarado da forma que hoje encaram. Acho que hoje as câmaras municipais, depois de terem criado as infraestruturas necessárias, desde redes viárias, desde as escolas, elas hoje em dia preocupam-se com as questões económicas e com as questões sociais. E quando se fala em economia, grande parte dos nossos municípios daqui com os quais trabalho, são municípios que são fundamentalmente rurais e hoje têm mais uma visão de ajudar e apoiar a agricultura que não tinham há uns anos atrás e daí acho que o ministério da agricultura tem mesmo que ter este papel. Este papel de ligação com as autarquias, porque elas atualmente também estão ligadas às CIMS. É óbvio que, essas ligações com as CIMS têm que existir e devem existir e tenho tido também excelente ligação com as CIMS, mas estou certa que essa proximidade é muito importante porque hoje também as câmaras são as identidades que conseguem ter mais autonomia no terreno, essa autonomia permite-lhe fazer trabalhos que o ministério da agricultura sozinho não consegue e esta parceria quer com os municípios que com as CIMS é muito interessante. Tenho ao longo destes 8 meses privilegiado esse tipo de


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Destaque VvaDouro contactos, tenho-me prontificado sempre com as câmaras municipais a apoiar. Aqui, nesta casa, já recebi mais de duas dezenas de presidentes de câmara, além das visitas que tenho feito aos vários municípios. O que é que mudou nestes 8 meses em que é responsável pela agricultura aqui no Norte na CIM Douro? Com a CIM Douro nós temos tido aqui muitos contactos com presidentes de câmara. Penso que algumas das situações temos conseguido resolver, nomeadamente estou a pensar no caso de Moimenta da Beira com um projeto que vamos avançar agora em parceria para os regadios. A esse nível com vários presidentes da câmara da CIM Douro estamos a trabalhar para que seja realidade dentro de algum tempo, os projetos de barragens e regadios. Também a nível de outras câmaras municipais também da CIM Douro, estou aqui lembrar-me das questões das barragens e de São João da Pesqueira com a utilização de um pequeno espaço do ministério da agricultura para ali fazer uma promoção do vinho que é na nossa Quinta de Santa Bárbara, que era uma vontade do presidente da Câmara e que já conseguimos desbloquear. Tirando a questão dos dois adjuntos, que outro tipo de desafios é que se deparou quando chegou aqui à direção regional? Os desafios são muitos. Porque a casa no fundo é uma estrutura grande e percebi logo à partida que a quantidade de gente que tem muita idade é enorme. Nós estamos com uma média de 57 anos de idade dos nossos funcionários e estamos com cerca de 17% a 20% de reforma por ano e com estes números, daqui a 5 anos estarei com cerca de menos de metade dos funcionários e isso é uma preocupação, ver que vamos ter que reorganizar aqui serviços de alguns concelhos que ficam sem gente pelo menos a tempo inteiro. Esse é um grande problema, da falta de pessoal e de técnicos. Depois outro desafio que foi logo a partir do dia 3 de janeiro que tive, que foi a presença de uma bactéria da Xylella fastidiosa que foi uma análise positiva na zona de Vila Nova de Gaia, que nos obrigou a implementar um projeto de contingência. É um plano de contingência que obriga a trabalhos de intervenção no campo, também de sensibilização grande e até à data nós temos naquela zona 30 focos e tivemos de colocar nesse plano de contingência, reorganizar serviços levar para ali uma série de técnicos para nessa área fazer todo esse trabalho, porque nos importa neste momento travar o progresso da bactéria e enquanto estiver em meio bastante urbano é preferível do que chegar às vinhas ou ao olival. Esse foi um dos principais problemas. Depois perceber também o estado da casa dos recursos humanos bastante envelhecido e ainda o parque automóvel quase obsoleto e sobre isto, temos dois processos a decorrer na ESPAP e espero que ainda este ano receba 27 viaturas que tentamos através de dois processos, com alguma morosidade nestas questões pela quantidade de pareceres que necessitamos e por essa dependência. Sobretudo a questão da bactéria, que poderá ser um problema fitossanitário grave, ou pelo menos está a ser grave noutros países e esperamos que Portugal consiga travar o progresso dessas bactérias para zonas mais agrícolas.

Esses foram os principais desafios, mas depois claro que sinto que a principal questão de trabalho nesta casa, é sem dúvida a questão da PDR (programa de desenvolvimento rural). De qualquer forma, os processos são todos eles muito complexos, a análise de projetos demora muito tempo. Hoje em dia nota-se muito cansaço dos técnicos, muitos deles estavam habituados a ser técnicos agrícolas e de campo, hoje são forçados a serem técnicos da casa, de computador e de gabinete. Tenho notado algum cansaço e a ideia agora é, com a minha vinda motivá-los. Tenho feito algum esforço por acatar muitos dos pedidos aqui da casa de transferência para mais perto do local de trabalho e acho que isso pode vir a ajudar a que eles estejam mais motivados. A ideia é essa, é também promover saídas de campo, que não existiam e que deve de existir. Estes técnicos também têm que ir para o campo, também têm que conhecer, têm que ir por exemplo a feiras, ou a seminários, é óbvio que um técnico destes, que está em análise de projetos também precisa de ter uma noção muito forte do que é realidade e aí acho que tenho dado essa viragem de melhorar aqui com eles da sua qualidade no trabalho, mas sem dúvida que esta questão do PDR é o nosso grande trabalho, é o grande motor desta casa. A missão do diretor regional é fazer avançar este PDR, nós temos que ser céleres, temos que ajudar todas estas candidaturas, todos estes agricultores que vêm pedir apoio. Temos que saber controlar estes projetos, temos também muita gente no controle in loco, mas depois não podemos descurar aquilo que são outras atividades que sempre foram da casa. Atividades ligadas à agricultura, nomeadamente a nossa direção de serviços da agricultura, também o desenvolvimento rural, que é outra direção de serviços de desenvolvimento rural que aí também está muito ligada às questões de formação profissional. Como sabem hoje a obrigatoriedade dos cursos de

"Hoje em dia vamos a Moimenta de Beira ou Armamar e vemos a quantidade e qualidade de pomares que ali existem" condução e operação de máquinas agrícolas, que também é importante porque todas estas questões que vemos quase semanalmente de acidentes de trator, temos que inverter estes números e, portanto, esta obrigatoriedades destes cursos de segurança de condução de máquinas agrícolas são fundamentais e é também a direção regional que faz a delegação e faz a avaliação destes cursos, também os de aplicadores de fitofármacos, que continuamos a realizar e a ser responsáveis e esta é também uma questão muito importante até pelas questões ambientais. Depois, temos ainda que trabalhar com as organizações de agricultores e esse é um desafio meu, colocar a direção de serviços mais próxima dessas organizações, porque depois começa a ficar tudo muito burocrático porque a área é muito grande. A nível agrícola a minha vontade é ter uma direção de serviços forte porque me parece que tem que ser o nosso grande trabalho, um apoio efetivo. Quando se fala agora nas questões de fitossanidade, esse é o desafio de futuro, termos diferentes focos de doenças e pragas espalhados pelo território. Estou certa que aí o papel das direções regionais deve ser preponderante e de apoio direto aos agricultores. Com esta CIM Douro também já conseguimos fazer um protocolo de colaboração com a colocação, nos 19 concelhos, de uma estação meteorológica, acrescentando às 10 ou

11 que a direção regional já tinha, portanto estamos a falar de cerca de 30 estações meteorológicas no Douro. Isso é de extrema importância porque conseguimos obter dados muito concretos para que as circulares que colocamos cá fora sejam também muito precisas. Há sensibilidade do ministério para perceber isto? Em relação ao parque automóvel sim, já temos luz verde para avançar com a aquisição de novas viaturas em sistema AOV (aluguer), já temos o parecer favorável dos ministérios das finanças, agricultura e mar. É um processo lento mas que está em andamento. Quanto aos recursos humanos, com o tempo não vamos precisar de tanta gente, por exemplo, esta direção regional tem 2 oficinas, uma em Mirandela outra em Braga com diversos funcionários alocados. Estas são estruturas com tendência a desaparecer, deixam de fazer sentido porque deixamos de adquirir as viaturas, são alugadas já com contrato de assistência. Acredito que somos capazes de continuar a fazer um bom trabalho com menos gente, temos muitos serviços descentralizados, nos municípios por exemplo, pessoal que podemos gerir de uma melhor forma para tirar mais rendimento. Isto é um trabalho que pode e deve ser coordenado com as autarquias de forma a escolher o melhor dia para estarmos presentes para atender os agricultores, deixamos de ter que estar abertos todos os dias mas estamos presentes sempre que é necessário. Portanto, não vamos contratar gente ao ritmo que estamos a perder, isso não, mas há áreas em que temos que apostar como a questão dos inspetores fitossanitários, aí vamos ter que ganhar gente forçosamente porque há cada vez mais problemas. Há também a questão dos licenciamentos que alguns vão passar para as autarquias o que nos retira algum trabalho. Antes de eu chegar a direção regional conseguiu encaixar 39 técnicos superio-


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Destaque VvaDouro grandes marcas, são verdadeiros casos de sucesso. Depois há ainda a questão do enoturismo, muito ligada ao vinho e que tem tido um papel fundamental na comercialização do produto, há quintas em que a venda direta representa uma boa fatia das suas vendas. No Douro temos também algumas produções de nicho como é o caso da cereja em Lamego que já tem alguma representatividade mas uma outra muito específica que é questão da baga de sabugueiro, em Tarouca e Armamar. Existe já um entreposto grande para este produto que antigamente era vendido em seco e hoje já é vendido em fresco, só no ano passado foram produzidas mais de 800 toneladas de baga que tem como um dos principais mercados a Alemanha.

res, o que para a casa foi muito importante, sobretudo no setor do investimento e do controle, que é exatamente tudo o que gira à volta do PDR. Passando agora para a agricultura diretamente, no Douro quando falamos neste setor automaticamente nos lembramos do vinho mas há outros produtos igualmente importantes na região como os frutos secos, a maçã e o azeite. O que falta a estes produtos para atingirem o patamar dos vinhos? Eu acho que não lhes falta nada, estamos a falar de produtos de grande qualidade, são produtos âncora que, juntamente com o vinho, representam o Douro. É fantástico perceber o aumento de produção que estes produtos tiveram e os projetos que têm sido submetidos nesta área. No caso da maçã o Douro tem duas denominações de origem, a Bravo de Esmolfe e a Maçã da Beira Alta e tem sabido, tecnicamente apurar a cultura da maçã. Hoje em dia vamos a Moimenta de Beira ou Armamar e vemos a quantidade e qualidade de pomares que ali existem. Neste momento aquilo que falta prende-se com a organização dos produtores. Já recebemos aqui alguns dos principais atores ligados à maçã, cooperativas e empresas, que se querem juntar naquilo a que vão chamar Beira Douro Fruits que será uma estrutura da organização da produção forte e que tem já algumas preocupações, desde logo a questão de chegarem a um preço tabelado, mas também o terem escala para exportação e a apresentação de projetos. Por exemplo para a cobertura dos pomares que ganha importância com as alterações climáticas que provocam cada vez mais episódios de granizo. Produz-se ali cerca de 40% da maçã a nível nacional e é absolutamente necessário apoiar aquela produção também na questão da água por exemplo. O Douro tem excelentes exemplos na questão da gestão da água como é o caso de Temilobos mas mesmo com o uso eficiente ela não chega. Estou certa que muitos dos projetos que temos pensados e que irão avançar são essenciais nesta questão como o caso de Moimenta da Beira que já está na fase de elaboração do contrato de parceria entre nós e a autarquia. Há também a questão de Lamego

que pretende reforçar a barragem de Pretarouca, aumentando a quantidade de reserva de água, por exemplo. A castanha é um produto já bem valorizado, que é todo escoado e a um bom preço. Há uma grande cooperativa em Penedono que faz um grande trabalho que ajuda à valorização e ao escoamento da castanha. Hoje em dia o que nos preocupa na castanha é o problema da saúde dos castanheiros onde temos problemas com o cancro ou a tinta, e que persistem mas, mais recentemente a vespa da galha dos castanheiros que irá levar a quebras enormes na produção e o que nós sabemos é que não há nenhum tratamento fitossanitário, há apenas uma luta biológica que não se faz de forma tão célere como desejaríamos, ela arrasta-se por vários anos. Temos atualmente a decorrer uma medida que dá apoio a esta luta. Aqui temos um grupo de trabalho muito preocupado com esta questão, que engloba também a Direção Geral de Veterinária e a RefCast, e que tem um plano para este combate. Temos abertas, até ao final de setembro, candidaturas para que possamos apoiar nesta luta. Quanto aos vinhos parece-me que estamos no caminho certo que é o da reconversão da vinha, não nos podemos esquecer que há aqui a chancela da UNESCO o que nos obriga a uma série de cuidados nas intervenções. Hoje em dia preservar aquela paisagem e torna-la rentável é um desafio, conseguir esta conjugação não é fácil. O que se nota é que os vinhos Douro estão hoje com uma enorme pujança mas o Vinho do Porto terá que ter uma atenção especial no que toca à sua valorização, à sua promoção. Do meu ponto de vista ele não deve ser um produto para toda a gente, para todas as bolsas, tem que ser mais valorizado, o seu crescimento não deve ser em quantidade mas em valor, não podemos continuar a ver nas prateleiras dos supermercados Vinhos do Porto ao preço que vemos, só prejudica na imagem do produto, e isto tem que ser uma estratégia nacional, temos todos que perceber que isto é nosso património. Nos vinhos do Douro a situação já é diferente, já são vinhos bem valorizados. Há também a zona do Varosa que tem dado cartas no setor dos espumantes com

Uma das questões que mais preocupa os agricultores da região são os temporais que ciclicamente vão destruindo culturas. Sabendo que não os conseguimos prever com precisão, pergunto-lhe de que forma é que nos podemos preparar para este tipo de situações? Estas situações têm muito a ver com a questão dos seguros. A esse nível tem havido um grande esforço do Ministério da Agricultura para subvencionar os seguros de colheita, os da vinha tem sido mais fácil e grande parte dos produtores já têm seguro até porque muitos deles estão em cooperativas que elas próprias avançam com os seguros, algo que também já vai acontecendo na maçã. O que me parece mais difícil é que o pequeno produtor, isoladamente, faça um seguro. Acho que também há pouca divulgação para que as pessoas entendam que não é algo que fique muito dispendioso até porque há um apoio do Estado, por isso acho que o que temos de fazer é divulgar cada vez mais esta medida, até porque

há outra questão, o facto de terem seguros é mais um fator de valorização quando são apresentadas candidaturas ao PDR, é compensador. No caso dos pomares há a questão da utilização de redes protetoras que são muito úteis em especial nos casos de granizo. Fora isso o que podemos fazer é apoio técnico e financeiro para o tratamento imediatamente a seguir a uma situação destas, minimizando desta forma as perdas. Como diretora regional, o que tem na sua cabeça que gostaria de concretizar nos próximos dois anos, por exemplo? No fundo era dar cada vez mais e melhor apoio técnico aos agricultores, sentirmos que estamos no campo e que os conseguimos apoiar, sobretudo no que diz respeito aos problemas fitossanitários e que atualmente são uma grande preocupação. Depois gostaríamos de ajudar na valorização dos produtos da região, contribuir para que os produtores vejam o seu produto ser pago a melhor preço. Gostava também de fixar mais gente na agricultura, essencialmente jovens, era fundamental que isso acontecesse para garantir o futuro deste setor, e para isso há diversas medidas em vigor neste momento. Para finalizar gostaria também de conseguir a DOP do azeite para o Douro, acho que seria essencial para o desenvolvimento deste produto. Vamos ter um festival e vinho em Moncorvo, festa das vindimas em Tabuaço e Sabrosa e ainda a Vindouro em São João da Pesqueira, vai estar presente em alguma delas? Sim, estarei já na inauguração da Vindouro e estou sempre disponível para aceitar todos os convites que me façam até porque me permite estar em contacto direto com os agricultores. ■


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Mesão Frio

Unidade de Saúde Pública do ACES Douro I

Rali Município de Mesão Frio teve perto de 60 inscritos No fim de semana de 24 e 25 de agosto, numa organização Câmara Municipal de Mesão Frio em parceria com o Clube Automóvel da Régua, realizou-se a 7.ª edição do Rali Município de Mesão Frio. Este ano, a prova foi pontuável para o Campeonato Norte de Ralis da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK), para o Troféu de Ralis Team Baia e para o 2.º Desafio Kumho Tyre Norte. A dupla Carlos Fernandes e Bruno Abreu, aos comandos de um Peugeot 208 VTI, venceu o Rali Município de Mesão Frio por 5 décimos de segundo de vantagem para os 2ºs, André Cabeças e Ilberino Santos - Mitsubishi Evo IX, entre as mais de 50 equipas inscritas que estiveram em competição, número que ultrapassou todas as expectativas e que veio atestar a consistência deste evento de desporto motorizado. Entre os X5, João Barros e António Costa no Skoda Fabia R5 impuseram-se ao Porsche 911 GT3 de Vítor Pascoal e Ricardo Faria por 38.8s. Durante a manhã e início da tarde de sábado decorreram as verificações administrativas e técni-

cas. O Rali Município de Mesão Frio arrancou com a realização da Super Especial noturna de Mesão Frio Santo André, no sábado, dia 24 de agosto, disputada a partir das 20h45. No domingo, dia 25 de agosto, tiveram lugar, entre a manhã e o início da tarde, as passagens pelas Provas Especiais de Barqueiros, Cidadelhe, Oliveira e Vila Marim. O Rali Município de Mesão Frio tem mostrado ser uma prova versátil, que todos os anos tem vindo a assumir uma nova roupagem. Este ano, o novo troço desde a Ponte de Queijados, até Mesão Frio (9.ª PE – Vila Marim), além de ter sido uma novidade, foi um desafio adicional para a organização e para as equipas participantes, assim como as alterações ao troço de Oliveira. Realizar a prova na Porta do Douro, desenhada maioritariamente nas margens do rio, é um prestígio para os participantes que ficam cada vez mais extasiados com a beleza paisagística e com a forma acolhedora como só os mesão-frienses sabem receber. A 7.ª edição do Rali Município de Mesão Frio atingiu um patamar elevado tanto a nível de números de equipas inscritas, como em qualidade que concede grandes responsabilidades para as edições futuras. Todos os pilotos sem exceção declaram ter gostado muito da competição e que apreciariam repetir. ■

Ana Luísa Santos Emília Sarmento Helena Pereira

Enfermeiras Especialistas em Enfermagem Comunitária

Água é Vida Segundo a Nova Roda dos Alimentos, a água não se encontra inserida em nenhum grupo individualizado, mas sim de forma destacada no centro da mesma e ainda está representada em todos os grupos, pois para além de ser um dos constituintes de cada género alimentício é também muitas vezes necessária na confeção dos mesmos. Sendo esta imprescindível à vida é fundamental que seja ingerida diariamente. A água é fundamental para manter o equilíbrio do organismo e ainda tem como funções: ser componente essencial do sangue, linfa e de todas as secreções corporais, intervir nos processos de digestão, absorção, metabolismo e excreção do organismo; regular a temperatura do corpo; ajudar a controlar e melhorar o peso e ainda contribuir para uma pele e cabelos mais bonitos. O facto de beber água em quantidade insuficiente pode trazer consequências graves para saúde como dor de cabeça e dificuldades de concentração e memória. Chegando a um ponto de desidratação podemos mesmo alcançar um estado de desorientação, lesões musculares, problemas renais e urinários, convulsões e até mesmo choque. Em último caso e se a situação não for tratada e revertida pode mesmo levar à morte. São diversos os fatores que influenciam as necessidades de água diárias, nomeadamente a idade, a gravidez e lactação, a atividade física, o tipo de alimentação, o clima e as perdas aumentadas que podem ocorrer derivadas de vómitos, náuseas, entre outros. No entanto também perdemos líquidos através da urina, fezes, transpiração e respiração e quando estas excedem a quantidade de líquidos ingeridos pode ocorrer desidratação celular. A quantidade de líquidos recomendada por dia é de 1,5 a 2 litros (DGS, 2014), pelo que devemos ter o cuidado de ingerir pelo menos esta quantidade diariamente. Embora existam vários tipos de líquidos, como sumos, refrigerantes, chás, tisana e bebidas alcoólicas, ao escolher uma bebida devemos sempre dar preferência à água. Quando queremos uma bebida que não seja água, por se tratar por exemplo de uma ocasião especial, devemos ter em atenção o rótulo e escolher bebidas com menores teores de açúcar e aditivos. Ler o rótulo pode não ser uma tarefa muito fácil, mas existem estratégias simples que nos podem ajudar. Em relação ao açúcar é possível, e facilitador, estabelecer relação com a medida de uma colher de chá. Por exemplo, uma colher de chá de açúcar corresponde a 6 gramas de açúcar, ou seja, se consumirmos uma lata de refrigerante que tem na sua composição 30 gramas de açúcar, significa que vamos efetivamente ingerir uma quantidade de açúcar equivalente a 5 colheres de chá de açúcar. É fundamental que façamos escolhas conscientes e acertadas no que diz respeito ao líquido com que vamos hidratar o nosso organismo, mas tendo sempre presente que a melhor escolha é sempre a água! A sensação de sede é a forma de o organismo nos manifestar a sua necessidade de água. Muitas vezes não lhe damos atenção e ao longo da vida vamo-la perdendo, pelo que é fundamental criar o hábito de beber água ao longo do dia. Beba água nas quantidades recomendadas, com ou sem sede! E tenha especial atenção se tiver crianças e idosos a seu cargo, eles são especialmente vulneráveis à desidratação!


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Domingos Nascimento Presidente da Agência Social do Douro

O Douro Sul precisa de outra organização dos cuidados de saúde! É a minha opinião pessoal e é a opinião de muitas pessoas com elevada competência técnica na área da gestão de instituições de saúde, de que o Douro Sul não está bem de saúde! Esta opinião advém da experiência, da constatação pessoal e de profunda análise técnica da realidade dos serviços oferecidos à população. O modelo que se defende para o Douro Sul, consideramos ser possível replicar noutras regiões e é por mim defendido em vários fóruns científicos há muito tempo. Defendo uma solução que começa na autonomia do Hospital de Lamego. Isto implica a saída do Centro Hospitalar Trás os Montes e Alto Douro, com sede em Vila Real. Implicaria também a reorganização dos serviços oferecidos no Hospital de Lamego, alterando-se o programa funcional. Aliás, o programa funcional original que não está a ser cumprido. Obviamente o Hospital de Lamego precisaria de recorrer a alguns serviços e em algumas situações especialmente diferenciadas a Vila Real, a Viseu e a outras unidades que melhor respondessem às necessidades concretas das pessoas. Mas isto é comum acontecer noutras realidades. Até o Centro Hospitalar não é autosuficiente. Lembro que uma parte do Douro Sul já referencia prioritariamente, para Penafiel, outra para Viseu e outra para Vila Real, em conformidade com a localização geográfica. E, naturalmente, para outros serviços no Porto ou noutras localidades, em função da diferenciação. Esta autonomia seria sustentável e eficaz em saúde, com a criação em simultâneo de uma estrutura que permita integrar as Unidades dos Cuidados Primários (centros de saúde) com o Hospital. Poderia ser a figura jurídica de ULS - Unidade Local de Saúde, ou outra que se pudesse melhor adaptar. Estrutura que aproveitasse também os recursos na comunidade, municípios e instituições. Esta escala é adequada e permitiria a racionalização e otimização de recursos. O Hospital de Lamego, juntando-se-lhe todos os Centros de Saúde e o Serviço de Urgência de Moimenta da Beira, na tal estrutura de Rede Integrada de Saúde e Social do Douro Sul, permitirá respostas mais próximas e mais eficazes. Não sendo possível nestas poucas linhas sustentar todas as vertentes desta visão, deixo-vos só a certeza de que é exequível técnica, financeiramente e seria melhor para todos, inclusive para Vila Real. Acrescento ainda que, não descurando as questões técnico científicas, seria possível desenvolver mais facilmente, com esta nova estrutura, a hospitalização domiciliária em todos os concelhos do Douro Sul, num modelo ajustado à realidade geodemográfica, trazendo para a solução várias respostas integradas. O Douro Sul é um buraco negro pela falta de soluções integradas e ajustadas às necessidades concretas desta população. Por isso, pior, pior é não mudar nada ..! O Douro Sul mais forte dá mais força ao grande Douro e a Portugal.

Régua

Douro Rock voltou a brilhar com cartaz 100% nacional Junto à margem do Rio Douro, entre pontes, o Douro Rock reafirma-se como uma alternativa no concorrido calendário de festivais de verão privilegiando a qualidade musical e mantendo-se fiel à sua identidade. Jorge Palma, Mão Morta, Dead Combo e Keep Razors Sharp encerraram com chave de ouro a 4.ª edição do Douro Rock, que decorreu no fim de semana de 9 e 10 de agosto no Peso da Régua. Uma noite dedicada ao melhor rock português que se seguiu a um dia de celebração da pop nacional, com David Fonseca e Clã, e das novas sonoridades, com Dino D' Santiago e Profjam. Ao longo de duas noites, foram muitos os momentos inesquecíveis, contudo, um dos mais aguardados e aplaudidos foi a parceria inédita entre Jorge Palma e os Dead Combo que, em trio, tocaram "Estrela do Mar" e "Povo que Cais Descalço". Outro dos momentos altos da edição deste ano foi o regresso dos Mão Morta à régua, 26 anos depois do primeiro concerto da banda de Adolfo Luxúria Canibal que presenteou o público presente com alguns

temas novos do trabalho que está a ser editado, sem esquecer alguns dos maiores sucessos de sempre. Sem deixar nada ao acaso, David Fonseca encerrou a primeira noite em festa. O músico, natural de Leiria, levou o seu espetáculo mais completo para o Peso da Régua contagiando tudo e todos com vários momentos de entretenimento, cor e alegria. Os Clã mostraram que nasceram para os palcos e agarraram o público desde o primeiro momento. Aos temas mais conhecidos juntaram músicas que têm estado a trabalhar em estúdio e a estreia correu muito bem. A viver um grande momento, Dino D' Santiago foi uma das boas surpresas do festival, o músico natutal de Cabo Verde partilhou a sua energia e felicidade com todos e ninguém ficou indiferente. Em palco ou no meio do público, provou ser um artista completo e com muito para dar. Este ano a abertura do Douro Rock ficou a cargo de Profjam que chamou a nova geração à frente de palco e as letras estavam na ponta da língua. A última noite teve os Keep Razors Sharp a fazer as honras de abertura e foi com refinação que o fizeram. Indie rock sofisticado onde as guitarras são o centro das atenções. No final do evento Miguel Candeias, um dos organizadores mostrava-se “bastante satisfeito” com esta edição, deixando já no ar que em 2020 “haverá certamente muita mais música nacional para celebrar nas margens do Douro”. ■


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Eduardo Graça Presidente da direção da CASES

Exposição Sérgio’19 na Câmara Municipal do Porto Pelo cinquentenário da morte de António Sérgio, é inaugurada na Câmara Municipal do Porto no próximo dia 10 de outubro, ficando presente até 6 de dezembro, a Exposição Sérgio´19. O homenageado, António Sérgio de Sousa, ao qual temos vindo a prestar tributo pelo cinquentenário da sua morte, merece ser lembrado pela sua obra e militância cívica em prol da defesa dos valores da cooperação, da democracia e da liberdade. A CASES, herdeira do INSCOOP, ostenta no seu título o nome de António Sérgio o que muito se deve a um seu discípulo direto, o Prof. Henrique de Barros, Presidente da Assembleia Constituinte que, além de ter tido influência decisiva na consagração constitucional do setor cooperativo e social, foi o criador do INSCOOP. A presente Exposição é um repositório documental, composto por originais, necessariamente incompleto mas significativo, do arquivo pessoal de António Sérgio que compete à CASES preservar, tratar e disponibilizar. É o que temos feito nos últimos anos e cujos resultados podem ser acedidos por via eletrónica ou presencialmente, na vivenda da Lapa, que foi sua residência desde 1923. António Sérgio foi uma personalidade complexa. Homem do mundo, cosmopolita, nascido em Damão, filho e neto, pela ascendência paterna, de militares da Marinha, educado para dar continuidade a essa tradição, que contrariou, viajante por gosto do conhecimento ou exilado como resultado da sua obstinada oposição à ditadura e ao cerceamento das liberdades. A sua obra e ação mais relevante foi realizada e publicada na primeira metade do século XX. Em breves palavras, Sérgio foi um insigne “pedagogista” (como se intitulava), sempre focado na questão da educação, de que foi ministro em 1923, por dois meses e pouco, no governo de Álvaro de Castro. António Sérgio foi um ensaísta prolixo e polemista implacável, mentor e figura maior do moderno cooperativismo português, humanista de corpo inteiro e democrata libérrimo por convicção. A sua ação política foi muito influente na oposição ao Estado Novo, desde 1926, apesar de exilado entre 1926 e 1933, tendo cedo a perceção de que a ditadura só cairia “por dentro”, daí ter apoiado, entre muitas outras iniciativas, as candidaturas presidenciais de Quintão Meireles e de Humberto Delgado, da qual foi o verdadeiro mentor. O que mais nos aproxima dele é a sua recusa em aderir a ideários, causas ou programas por outras razões que não fossem a busca da verdade, a defesa estrénua da cooperação, da democracia e da liberdade. Por todas as razões aduzidas, e outras que não cabem nesta breve crónica devemos-lhe grandes e brilhantes contributos para a educação cívica e, em particular, para a conceção, divulgação e construção do moderno movimento cooperativo português prestando-lhe com esta Exposição merecida homenagem.


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Sabrosa

Concerto de António Chainho e Marta Dias homenageou Miguel Torga no seu aniversário

Mais de 500 avós comemoraram o seu dia com excursão à Sra. da Lapa e Sernancelhe

O Espaço Miguel Torga recebeu no dia 12 de agosto, por ocasião do aniversário do poeta e escritor, um concerto de homenagem, protagonizado por António Chainho e Marta Dias, acompanhados por Tiago Oliveira e por Maximo Ciuro.

Foram mais de 500 os avós que no dia 26 de julho aderiram às comemorações do Dia dos Avós, organizadas pelo município de Sabrosa, e que contemplou uma excursão ao Santuário de Nossa Senhora da Lapa e a Sernancelhe. Oriundos de todas as freguesias e lugares do concelho, os avós reuniram-se pela manhã em Sabrosa, para o início da viagem à Sra. da Lapa, onde puderam assistir a uma missa evocativa do dia, bem como perceber a história da Lapa, que começou em 1493 com o aparecimento da imagem de Nossa Senhora debaixo de uma lapa, trazida para aquele local por religiosos que fugiam ao general mouro Al Mansor. A gruta onde a imagem foi descoberta possui uma pedra muito estreia por onde reza a tradição que todos passam, exceto quem tiver pecado grave. Depois de uma manhã muito preenchida, o almoço, oferecido pelo município de Sabrosa, foi servido no Expo Salão de

Como já vem sendo habitual, ano após ano, o Espaço Miguel Torga assinala esta data com um concerto ao ar livre, que conta sempre com uma grande afluência de público. Se fosse vivo, Miguel Torga cumpria neste dia o seu 112º aniversário. ■

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Sernancelhe a todos os avós, com muita animação proporcionada pelo Grupo de Concertinas de Baião, que fizeram as delícias dos presentes com muita música tradicional. Na ocasião, o Presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe fez questão de estar presente, agradecendo ao município de Sabrosa a escolha do seu concelho para a realização desta iniciativa. O Vereador do município de Sabrosa, Mário Vilela, que acompanhou esta atividade, agradeceu a adesão de todos, fazendo votos de que este dia se perpetue no tempo. As comemorações continuaram no período da tarde com uma visita guiada ao centro histórico de Sernancelhe. No regresso, a alegria e o conforto eram os sentimentos dominantes entre os avós, que veem neste tipo de iniciativa o reconhecido por parte do município do seu importante papel na sociedade e no equilíbrio familiar. ■ PUB


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Torre de Moncorvo

6a Etapa da Volta a Portugal em Bicicleta arrancou de Torre de Moncorvo Torre de Moncorvo recebeu o início da 6a etapa da Volta a Portugal em Bicicleta, no dia 7 de agosto, que ligou Torre de Moncorvo a Bragança numa extensão de 189,2km. O Presidente da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, Nuno Gonçalves, e o Diretor da Volta, Joaquim Gomes, participaram na cerimónia protocolar de partida, com o corte da fita. Presente esteve também o Vice-presidente da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, Victor Moreira.

Os ciclistas arrancaram em direção à Via Panorâmica, seguindo pelo acesso ao IP2, dirigindo-se novamente a Torre de Moncorvo e prosseguindo para Freixo de Espada à Cinta, passando ainda nas freguesias de Açoreira e Maçores, no concelho de Torre de Moncorvo. Torre de Moncorvo marcou presença na primeira edição da volta a Portugal e não recebia uma partida desta competição desde 1931, quando se correu a 2a edição. Nuno Gonçalves, Presidente da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo referiu que “é importante para o concelho que passados 88 anos se possa realizar esta partida em mais uma etapa da Volta a Portugal, aquela que considero ser a prova desportiva mais democrática

que conheço, porque envolve todo o país. Tem uma responsabilidade acrescida de dar a conhecer o interior de

Portugal e o nosso território enquanto património edificado, natural e gastronómico.” ■

Carrazeda de Ansiães

Inaugurado edifício dos Serviços de Apoio ao Movimento Associativo No início deste mês de agosto o Município de Carrazeda de Ansiães procedeu à inauguração do Edifício dos Serviços de Apoio ao Movimento Associativo. Este espaço foi requalificado no âmbito das intervenções na área da Regeneração Urbana, financiadas pelo Norte 2020. O imóvel agora inaugurado, vai permitir ao município dispor de um espaço que possibilita o apoio às associações locais no desenvolvimento das suas atividades. Este equipamento cultural está dotado de uma nave multiusos de dimensões generosas, balneários e espaços de armazenamento que permite a realização de eventos de cariz variado, assim como de ensaios, preparação de atividades, entre outros. Para João Gonçalves, autarca de Carrazeda de Ansiães, este é um espaço que permitirá às associações do concelho fazer um trabalho ainda melhor, ganhando assim um espaço para ensaios e apresentações. “É um espaço importante porque nos

dota de ferramentas que serão importantes para fazermos um melhor trabalho junto das associações do nosso concelho. O objetivo não é que este espaço seja visto como uma sede para as associações, o que se pretende é criar uma dinâmica única num espaço onde poderão desenvolver a sua atividade, preparar espetáculos, etc. 500 mil euros, só a requalificação. Aquisição foram cerca de 200 mil euros. Requalificação apoiada pelo PARU com financiamento de 85%”. Além desta obra, a candidatura do Município de Carrazeda de Ansiães ao PARU (Plano de Ação de Regeneração Urbana) engloba ainda as intervenções, já concluídas, nas ruas Doutor José António Marques, Rua Engenheiro Macedo dos Santos, Rua Jerónimo Barbosa, Rua Tenente Aviador Melo Rodrigues, Travessa 1 de Maio e Travessa Luís de Camões e a intervenção na Praça D. Lopo Vaz de Sampaio que se encontra em fase de concurso. As intervenções já realizadas englobam um montante de 859 033,00€ Por fim, foi inaugurada, na praça do Toural, a escultura de Hélder de Carvalho, um espaço que, nas palavras do autarca, “fica mais rico com a presença desta escultura e certamente que quem nos visita irá apreciar esta obra. ■

Mestre Carlos Mendes

Ricardo Pereira

É muito bom termos este tipo de infraestruturas. Neste espaço podemos fazer algumas apresentações e treinos, é um espaço digno para esse efeito.

É importante para podermos ensaiar e guardar algum material. Aqui em Carrazeda temos muitas associações por isso esta estrutura torna-se fundamental ao nosso trabalho


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Nacional

Festival Sete Sóis Sete Luas comemora 10 anos em Alfândega da Fé O Festival Sete Sóis Sete Luas comemora 10 anos de existência em Alfândega da Fé. Chegou em 2010, altura em que o município aderiu à Rede Cultural Sete Sóis Sete Luas. Uma rede composta por 33 cidades de 13 países do Mediterrâneo e do mundo lusófono, cujos objetivos se prendem, principalmente, com a promoção do diálogo intercultural e com a divulgação da cultura e potencialidades das localidades e países participantes. O Sete Sóis Sete Luas faz das artes plásticas e da música popular contemporânea o instrumento privilegiado para a promoção turístico cultural dos diferentes países que o integram, mas também a gastronomia e os sabores destes locais se cruzam nesta festa da multiculturalidade. De Al-

fândega da Fé para todo o Mundo, o chefe Marco Gomes, natural deste concelho, levou em julho, os sabores das terras transmontanas até Itália. Também cá já chegaram aromas e sabores dos vários países desta rede, intensos e ricos como as suas culturas. Guiado pelo diálogo intercultural, o Festival, primeiramente feito entre Itália e Portugal, estendeu-se a países como a Grécia, Espanha, Cabo Verde, França, Marrocos, Israel, Croácia, Brasil, Roménia, Eslovénia e Tunísia. Com uma série de atividades como exposições, residência artísticas, laboratórios de criatividade, degustações e concertos, o Festival passa assim por Alfândega da Fé pelo décimo ano consecutivo, sendo este o único concelho do norte do país onde se realiza. Este ano não é exceção. O final do Verão é marcado pelos ritmos de outras latitudes e longitudes que vêm embalar todos que a eles se queiram juntar. Será a 27a Edição do Festival, que desde há 10 anos tem lugar marcado em Alfândega da Fé. À semelhança do ano anterior, serão dois dias de Festival, em dois fins de semana diferentes de Setembro. As noites, ainda quentes desse mês, são convidativas para uma viagem multicultural, que percorre o Mediterrâneo e o mundo Lusófono, em Alfândega da Fé, no coração do Nordeste Transmontano. ■

Norte 2020 abre concurso de mais de 19 milhões de euros para requalificar e modernizar escolas da região O programa Norte 2020 tem aberto até 15 de outubro um concurso para financiar, com 19,2 milhões de euros de fundos comunitários, a requalificação ou modernização de escolas da região, foi hoje divulgado. Na página oficial do programa regional, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), responsável pela gestão, explica estar em causa financiamento comunitário do Norte 2020, destinado a “recuperar instalações escolares de vários graus de ensino, do pré-escolar ao superior, incluindo equipamentos de formação profissional”. Só não são elegíveis para financiamento “as intervenções de modernização de infraestruturas financiadas há menos de 10 anos”, explica a entidade gestora do Norte 2020. De acordo com a CCDR-N, este concurso visa “a requalificação/modernização das instalações de educação pré-escolar, dos ensinos básico, secundário e superior e dos equipamentos de formação profissional”.

A intenção, acrescenta, é “colmatar situações deficitárias e melhorando as condições para a educação, o ensino e a formação profissional”. Estes investimentos devem estar previstos nos Pactos para o Desenvolvimento e Coesão Territorial (PDCT), dinamizados pelas sete comunidades intermunicipais (CIM) da região Norte e pela Área Metropolitana do Porto (AMP). Dos 19,2 milhões de euros, 4,2 milhões destinam-se a projetos da AMP, seguindo-se, nos primeiros lugares, a CIM do Tâmega e Sousa com 4,1 milhões de euros e a CIM do Alto Minho com 3,7 milhões, com a CIM do Cávado em último com 343,7 mil euros. O Norte 2020 (Programa Operacional Regional do Norte 2014/2020) é um instrumento financeiro com uma dotação de 3,4 mil milhões de euros de apoio ao desenvolvimento regional do Norte de Portugal. Até 31 de maio, data da última atualização dos dados do Norte 2020, foram aprovados 7.456 projetos para a região que representam um apoio UE de 2,1 mil milhões de euros e um investimento total de 3,7 mil milhões de euros. Está integrado no Acordo de Parceria PORTUGAL 2020 e tem como Autoridade de Gestão a CCDR-N. ■


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Opinião

O que se espera do novo ciclo para o Ensino Superior

António Fontainhas Fernandes Reitor da UTAD

O aumento de candidatos face a 2018 nesta fase do acesso ao ensino superior público é um sinal positivo na evolução registada nos últimos anos, em termos do alargamento da base social do ensino superior e da ambição de garantir as metas europeias em 2030. De notar que o contingente de emigrantes inscritos no ensino superior em Portugal também aumentou, desde já, em 66%. Estes resultados confirmam que a qualificação superior é sinal de confiança das famílias, pois per-

mite uma inserção mais rápida dos diplomados no mercado de trabalho, demoram menos tempo a conseguir emprego e têm, em média, ganhos salariais superiores. Trata-se de um investimento com elevado retorno para as famílias e a sociedade. Quando se perspetiva um novo ciclo eleitoral, espera-se que o debate púbico considere o ensino superior, a ciência e a inovação uma prioridade nacional. Dar resposta aos novos desafios da sociedade e da sustentabilidade

e competitividade da economia, exige que o país mantenha um bom desempenho no ensino superior e conhecimento. Para tal, Portugal deve manter um compromisso entre o governo e as Universidades, que permita manter a melhoria da qualificação dos portugueses, promovendo a base social de recrutamento de estudantes e a redução do insucesso e do abandono escolar. Um compromisso que estimule a internacionalização, o emprego científico e o rejuve-

nescimento do corpo docente e de investigação das instituições, mantendo a trajetória de simplificação e desburocratização dos procedimentos administrativos e a dinamização de um programa de modernização das instituições. Mas, a aposta na formação superior e na inovação exige diminuir o subfinanciamento crónico do investimento público no sistema de ensino superior e na ciência, num contexto que se antecipa de grande imprevisibilidade.

Região Demarcada do Douro: mais qualidade, valor superior

Gilberto Igrejas Gilberto Igrejas Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP)

O ano de 2018 continuou a realçar a importância dos vinhos da Região Demarcada do Douro no mercado internacional e nacional,

representando 71% de exportações de vinhos com Denominação de Origem Protegida (DOP) e 46% de exportações de vinhos portugueses. O vinho do Porto continuou com a quota maior nas exportações (81% no valor total comercializado), contribuindo fortemente para que 65% do valor das vendas de vinhos da região com Denominação de Origem Protegida e Indicação Geográfica Protegida (IGP) sejam para exportação. O vinho do Porto, por si só, representou 38% das exportações portuguesas de vinhos e 59% das exportações portuguesas de vinhos com DOP. Um Porto de 1888 protagonizou o primeiro IBO (initial bottling offering) do mundo. Os investidores, que chegaram de geografias diversas incluindo a Europa, a Austrália ou a América do Norte,

rapidamente esgotaram as 100 garrafas, cujo preço de venda era de 2650 euros (+ IVA). A Alti Wine Exchange (AWE), primeira bolsa eletrónica de vinhos para investimento do mundo, surge, assim, como mais um canal de excelência para o escoamento no segmento de luxo do vinho do Porto. Estas vendas não contaram para os 142 milhões de euros transacionados no 1.º semestre de 2019 pelo setor do vinho do Porto. Isto considerando como destino a distribuição e o retalho, mas, incontestavelmente, indiciam a tendência: aumento do preço médio com o consequente incremento do volume de negócios. Na verdade, entre janeiro e junho deste ano foram comercializadas 3,3 milhões de caixas (de 12 garrafas) de vinho do Porto, valor,

esse, que representa uma quebra nas vendas (- 1,7%) quando comparado com o período homólogo de 2018. Todavia, em termos de volume de negócios regista-se um acréscimo (+ 0,8%), sendo de sublinhar o aumento de 2,5% no preço médio. Esta evolução é, em parte, justificada pelo facto de a descida na quantidade se verificar mais acentuadamente nos vinhos sem designação especial (- 1,6%), enquanto a majoração do volume de negócios tem maior enfoque nas categorias especiais (+ 2,8%). E, concomitantemente, o comportamento positivo de alguns dos mercados de destino do vinho do Porto comprovam-no: Dinamarca (+ 21%); Reino Unido (+ 20%); e Estados Unidos da América (+ 3,4%). De facto, esta tríade de países contribuiu para o incremento

de 1,0% do volume de negócios em termos de exportações, ultrapassando ligeiramente os 115 milhões de euros, com a legítima subida de 2,9% do preço médio. Isto mesmo observando o recuo de mercados importantes como a França (0,8%), a Bélgica (- 3,0%) ou a Holanda (- 8,4%). Assim, considerando todos os vinhos da Região Demarcada do Douro com DOP (Porto, Douro, Moscatel Douro, Espumante Douro) e IGP (Duriense, Espumante Duriense), e em termos comparativos, constata-se que se venderam menos garrafas neste primeiro semestre de 2019 (- 6,2%), mas o preço médio global cresceu 5,8%. Assistimos a um rumo de crescimento do preço médio de garrafa que reparamos estender-se aos vinhos Douro e Duriense.

O Douro na mira do Programa IACOBUS e da Cooperação com a Galiza

Graça Fonseca, Subdiretora do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galiza-Norte de Portugal (AECT-GNP)

É notório o incremento da cooperação entre o Norte de Portugal com a região autónoma da

Galiza, uma ligação histórica e assente nas proximidades linguísticas e geográficas e potenciado pela contiguidade espacial do eixo urbano Aveiro-Corunha, cuja dimensão ultrapassa já os 6 milhões de habitantes. Esta é uma dinâmica evolutiva de cooperação com dois marcos históricos. O primeiro, em 1991, com a criação da Comunidade de Trabalho Galiza/ Norte de Portugal , destinada a potenciar os recursos comuns dos territórios, e, fruto trabalho conjunto desenvolvido nas últimas décadas, a fundação do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galiza-Norte de Portugal (AECT-GNP). Trata-se de um organismo centrado na promoção e valorização da competitividade do tecido empre-

sarial, na racionalização de equipamentos básicos transfronteiriços e no aumento da coesão social e institucional desta Eurorregião. Nos últimos anos, o AECT GNP lançou alguns programas muito bem-sucedidos para promover a integração entre as duas Regiões em diferentes áreas, merecendo especial destaque o Programa "IACOBUS". Gerido pelo Agrupamento, em colaboração com a Xunta de Galicia, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e a Fundação “Centro de Estudos Euro-Regionais Galiza – Norte de Portugal”, é cofinanciado através do Programa Europeu INTERREG VA. Trata-se de uma iniciativa de cooperação cultural, científica e pedagógica que fomenta a participação

e o intercâmbio entre os recursos humanos das instituições de ensino superior e dos centros tecnológicos da Eurorregião para a partilha de atividades de formação, de investigação, de transferência de conhecimento e de divulgação. Neste Programa participam sete Universidades, quatro Institutos Politécnicos e, mais recentemente, 22 Centros Tecnológicos homologados da Eurorregião Galiza - Norte e Portugal. Lançado em 2014, o IACOBUS conta já com seis convocatórias para estadias de investigação, tendo apoiado quase 800 de 1400 candidaturas, com um financiamento global de cerca de 880.000 Euros. Os projetos selecionados abrangem diversas áreas do conhecimento e visam contribuir para gerar maior

valor acrescentado, tendo como referência as prioridades definidas nos instrumentos de planeamento estratégico da Eurorregião: o Plano de Investimentos Conjuntos 2014-2020 e a Estratégia de Espacialização Inteligente (RIS3) Transfronteiriça. Também no Douro, o IACOBUS tem sido um fator de dinamização da cooperação, proporcionando intercâmbios que envolveram a UTAD e o Instituto Politécnico de Bragança com as Universidades de Vigo, de Santiago de Compostela e da Corunha. Destacam-se ainda, pela importância deste território-património, projetos dedicados à investigação da vinha e ao vinho, a valorização e promoção de recursos culturais e turísticos, a adaptação às alterações climáticas e a gestão dos recursos hídricos.


VIVADOURO AGOSTO 2019 29

Lazer

DESCUBRA AS SEIS DIFERENÇAS

RECEITA CULINÁRIA VIVADOURO Brownie de Queijo Creme

INGREDIENTES Camada de chocolate 50gr de manteiga sem sal 200gr de chocolate de culinária 100gr de açúcar 1 colher de chá de extrato de baunilha 3 ovos 70gr de farinha 1 colher chá fermento pó Camada de queijo creme: 175gr de queijo creme ( Philadelphia) 100gr de açúcar 1 colher de chá de extrato de baunilha 2 ovo 50 gr Manteiga derretida FOTO: DR

PREPARAÇÃO Pré aqueça o forno a 180ºC. Forre um tabuleiro com papel de vegetal. Derreta depois o chocolate com a manteiga. Adicione o açúcar e a baunilha. Junte depois os ovos, um de cada vez, misturando bem. Junte agora a farinha e o fermento pó. Retire 1/4 da mistura, e coloque o restante preparado na forma já forrada. Bata o queijo creme com o açúcar, a baunilha e os ovos até obter uma mistura cremosa e sem grumos. Coloque esta camada sobre a camada de chocolate. Com a restante massa de chocolate que reservou, coloque colheradas espaçadas sobre a massa de queijo creme, e depois, com a ajuda de um garfo misture grosseiramente as duas massas de modo a formar efeitos de duas cores. Leve ao forno durante cerca de 30 minutos. Quando estiver cozinhado retire do forno e deixe arrefecer. Coloque depois no frigorifico. Cortar em pedaços e decorar com chantilly e noz.

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Amor: evite que a teimosia possa criar mal-entendidos entre os seus familiares. Saúde: Estará em plena forma física, aproveite para se dedicar a um novo passatempo! Dinheiro: Tudo decorrerá dentro da normalidade na sua vida profissional.

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Edição de 2019 da VINDOURO cresce em número de expositores e traz nomes grandes da música nacional. Amor Electro e Pedro Abrunhosa vão garantir a animação de um programa longo e diversificado

VINDOURO – Wine & History – Festa Pombalina ARRANCA A 30 DE AGOSTO Um dos mais antigos eventos do Douro regressa em 2019 com várias novidades no programa. De 30 de agosto a 1 de setembro, S. João da Pesqueira será um pólo de atração. Jantar Pombalino no Palácio de Cidrô, Eco Trail Vindouro, Concurso de Vinhos “Douro em Prova”, Exposições de pintura e Concertos dos Amor Electro e Pedro Abrunhosa são alguns dos destaques da Vindouro deste ano. Depois da mudança de local no ano passado, para a então renovada Praça do Marquês, em S. João da Pesqueira, a VINDOURO – Wine & History apresenta-se em 2019 com um programa que tem várias novidades, ao longo de três longos dias a fechar o mês agosto. A edição que está a pouco dias de começar traz até S. João da Pesqueira um número maior de expositores, comparado com a edição de 2018. Serão cerca de 100 expositores no total, de toda a região do Douro, o que representa um aumento de cerca 50% em relação aos participantes nos anos anteriores. Fica demonstrado assim um novo fôlego e uma nova vida nesta Festa que é indiscutivelmente a maior e a mais representativa da região demarcada.” O evento conta com a habitual animação musical – para além de todo o programa, disponível em detalhe em www.vindouro.com – que este ano é assegurado por nomes bem conhecidos do grande público e com uma grande notoriedade nacional. No dia de abertura, sexta-feira, 30 de agosto, serão os lisboetas Amor Electro a subir ao palco. Esta banda de pop rock, que anima desde 2010 os maiores palcos de Portugal e também da Europa, vai assim garantir a animação no primeiro dia (22h), logo depois do já imperdível Jantar Pombalino. Será, uma vez mais, no Palácio do Cidrô e este ano terá a equipa do chef Rui Paula (Restaurante DOC com uma estrela Michelin) a garantir o melhor serviço gastronómico com

a mais apurada gastronomia alto duriense. “Durante o Jantar Pombalino serão anunciados os vencedores da II edição Concurso de Vinhos “Douro em Prova” – um concurso que, depois da primeira experiência no ano passado, conseguiu aumentar o interesse e o entusiasmo dos produtores de vinho, numa seleção de mais de 100 referências dos vinhos presentes na VINDOURO. Antes do jantar e também do concerto dos Amor Electro, e ainda no primeiro dia, tempo para a abertura oficial (18h), para o início da prova livre de vinhos (18h às 24h) e de duas exposições de pintura (15h e 18h). Conversas sobre o Vinho, Leilão de Vinhos Generosos e Pedro Abrunhosa No sábado, segundo dia de VINDOURO – Wine & History – Festa Pombalina, o evento abre às 12h. A meio da tarde, às 16h, realiza-se uma das várias conversas sobre vinho. “Rosés do Douro” é o tema que promete mostrar a evolução que esta categoria de vinhos foi tendo ao longo dos últimos anos. De seguida, o já habitual Cortejo Pombalino percorre o espaço envolvente ao evento, com início às 17h30. Uma hora depois, tempo para um leilão de vinhos generosos, com a promessa de se encontrarem referências vínicas de excelente qualidade para enófilos e apreciadores de vinho em geral. Na Praça do Marquês, centro de toda uma festa, o palco fica a partir das 22h a cargo de um nome conhecido de todos os portugueses e que há várias décadas faz uma carreira de grande sucesso musical: Pedro Abrunhosa. A VINDOURO – Wine & History – Festa Pombalina é uma organização da Câmara Municipal de S. João da Pesqueira, com produção da Essência do Vinho e apoio da Revista de Vinhos e da Capital Douro Associação Industrial, Comercial e de Serviços de S. João da Pesqueira.


30 ago. a 1set. 2019

FESTA POMBALINA S. João da Pesqueira

Programa SEXTA 30 AGOSTO

SÁBADO 31 AGOSTO

DOMINGO 1 SETEMBRO

10h00

10h00 > 00h00

07h00 > 13h00

II Concurso de Vinhos “Douro em Prova”

Mercado Pombalino

Feira da Sra. do Monte

Museu do Vinho 15h00

Exposição de Pintura Artista Margarida António Museu do Vinho 18h00

Abertura oficial Praça do Marquês 18h00 > 00h00

Mercado Pombalino 18h00 > 00h00

Prova livre com produtores de vinho Praça do Marquês 18h00 > 23h00

Exposição de Pintura ‘’Fui ao Douro às Vindimas’’ Artista Rita Costa Praça do Marquês 19h00

Conversas sobre o Vinho Os novos Vintage 2017.

Ano clássico, os Porto Vintage 2017 prometem entrar para a história como dos mais memoráveis deste século.

Praça do Marquês 20h00

12h00 > 00h00

Prova livre com produtores de vinho Praça do Marquês 16h00

Conversas sobre o Vinho Rosés do Douro.

Vinhos de novo perfil, mais afirmativos e de capacidade gastronómica. Os rosés estão hoje diferentes.

Praça do Marquês 17h30

Cortejo Pombalino 18h30

Leilão de Vinhos Generosos 19h00

Conversas sobre o Vinho Moscatéis do Douro.

Tradição na região, clássicos entre os fortificados portugueses. Mas, conhece verdadeiramente estes moscatéis?

Praça do Marquês 22h00

Pedro Abrunhosa Praça do Marquês 00h00

DJ’s DAMN Sisters Praça do Marquês

Ruas da vila 08h30

Vindouro Eco Trail 11h00 > 00h00

Mercado Pombalino 12h00 > 23h00

Prova livre com produtores de vinho Praça do Marquês 12h00 > 13h00

Missa das Vindimas Igreja de S. João

12h30 > 13h00 | 14h00 > 20h00

Somos Portugal TVI (direto) Praça do Marquês 15h00

XXXIII Grande Prémio Equestre Pista Equestre 16h00

Conversas sobre o Vinho Tintos monocasta.

Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz… Na região da arte do lote há vinhos de uma só casta que merecem prova.

Praça do Marquês 17h30

Cortejo Pombalino

Jantar Pombalino

19h00

22h00

Obtidos a partir de vinhas antigas, algumas até centenárias, prová-los é um desafio ao nosso entendimento.

Palácio de Cidrô

Amor Electro

Conversas sobre o Vinho Tintos de vinhas velhas.

Praça do Marquês

Praça do Marquês

00h00

21h00

DJ Jamituh

Praça do Marquês

Corrida de Toiros à Antiga Portuguesa Campo Municipal de Futebol 22h00

Encontro de Tunas - Noite Académica 00h00

DJ Kove-Lines

Praça do Marquês

Mais informação em:


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